Espectroscopia de Sistema Atômico -...

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Espectroscopia de Sistema Atômico Os elétrons em um dado átomo estão distribuídos em níveis de energia de acordo com suas energias e o princípio de exclusão de Pauli. Um elétron pode transitar de um estado para outro emitindo ou absorvendo energia, como os estados são quantificados a maneira com que ele emite ou absorve energia fornece informações da estrutura interna do átomo ou do material em que ele está presente. Dependendo como a energia é absorvida e dissipada pelo átomo, uma técnica de espectroscopia tem lugar, como é mostrado na tabela 1. Tabela 1. As diferentes formas de energia e o resultado de sua interação com átomos e moléculas. (precisa ser re-escrita) Forma de Energia Absorvida Forma de Energia Dissipada Técnica de Espectroscopia Calor Luz Emissão Luz Calor Absorção Luz Luz Fluorescência Luz Movimento dos Elétrons Fotoeletroscopia Energia de Ligação Luz Quimi-luminessência Aqui estamos interessados em duas técnicas de espectroscopia, a absorção e a fluorescência. Discutiremos brevemente essas técnicas básicas de espectroscopia nas seções seguintes. Emissão Atômica Um esquema do aparato usado nessa técnica é mostrado na figura 5. Os átomos ou moléculas do material são excitados para um nível mais energético, devido ao calor gerado pela combustão de um gás que contem o material estudado. A luz emitida é direcionada ao monocromador e medida a intensidade emitida em função do 1

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Espectroscopia de Sistema Atômico

Os elétrons em um dado átomo estão distribuídos em níveis de energia de acordo

com suas energias e o princípio de exclusão de Pauli. Um elétron pode transitar de um

estado para outro emitindo ou absorvendo energia, como os estados são quantificados a

maneira com que ele emite ou absorve energia fornece informações da estrutura interna

do átomo ou do material em que ele está presente. Dependendo como a energia é

absorvida e dissipada pelo átomo, uma técnica de espectroscopia tem lugar, como é

mostrado na tabela 1.

Tabela 1. As diferentes formas de energia e o resultado de sua interação com átomos

e moléculas. (precisa ser re-escrita)

Forma de Energia

Absorvida

Forma de Energia

Dissipada

Técnica de

Espectroscopia

Calor Luz Emissão

Luz Calor Absorção

Luz Luz Fluorescência

Luz Movimento

dos Elétrons

Fotoeletroscopia

Energia de Ligação Luz Quimi-luminessência

Aqui estamos interessados em duas técnicas de espectroscopia, a absorção e a

fluorescência. Discutiremos brevemente essas técnicas básicas de espectroscopia nas

seções seguintes.

Emissão Atômica

Um esquema do aparato usado nessa técnica é mostrado na figura 5. Os átomos

ou moléculas do material são excitados para um nível mais energético, devido ao calor

gerado pela combustão de um gás que contem o material estudado. A luz emitida é

direcionada ao monocromador e medida a intensidade emitida em função do

1

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comprimento de onda. Como os níveis de energia do átomo são discretos, apareceram

linhas espectrais características de cada elemento ou composto.

hν1

hν2

hν2 Monocromadorhν

Detector

Chama

Figura 1. Aparato para medida de emissão atômica.

Absorção Atômica

Na apostila de Interação da Radiação Eletromagnética com a Matéria encontramos

os cálculos para o coeficiente de absorção para um sistema atômico sendo excitado por

uma radiação de frequência ω. O quanto o material absorverá de cada frequência está

relacionado com sua organização a nível molecular. Na figura 6 temos o esquema de uma

montagem para medir o espectro de absorção de um dado material.

Figura 2. Esquema experimental para medida de absorção.

A fonte de luz do esquema é normalmente uma lâmpada que emite radiação

eletromagnética de ampla faixa espectral, o monocromador seleciona um comprimento de

onda que incide na amostra e o sinal é coletado num detector. Para se ter o valor do

coeficiente de absorção, inicialmente se faz uma varredura no espectro da lâmpada, sem

amostra, para se levantar a curva base. Comparando essa curva com o espectro medido

com a amostra se tem o valor da absorção.

Monocromador h

Amostra

ν

DetectorFonte de Luz

2

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Fluorescência Atômica

Quando uma amostra é irradiada e ocorre a absorção, ela pode ser reemitida em

todas as direções em comprimentos de onda maiores que a radiação incidente. O aparato

usado é bastante parecido com o da absorção atômica e é mostrado na figura 7.

Amostra

Figura 3. Aparato experimental para espectroscopia atômica.

A diferença deste arranjo experimental para o de absorção é que temos mais um

monocromador para varrer o espectro da radiação emitida pela amostra.

Do ponto de vista energético, o que acontece na fluorescência é que o elétron é

excitado, pela radiação incidente, para um nível de maior energia. O elétron pode decair

para um outro nível, que não seja o inicial, emitindo luz.

Figura 4. Processo de Fluorescência Atômica com a emissão de um fóton.

EstadoFundamental

EstadoExcitado

hνabs

hνemt

hνemit

Detector

Fonte de Luz

Monocromador

Monocromador

3

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Níveis de energia do Er3+

0

5000

10000

15000

20000

25000

Ener

gia

(cm

-1)

4F7/22H11/24S3/2

4F9/2

4I9/24I11/2

4I13/2

4I15/2

Er3+

800 nm

520 nm 488 nm

540 nm 660 nm

Figura 5. Diagrama de níveis de energia do Erbio trivalente, indicando os processos de absorção de

estado excitado que podem gerar conversão ascendente de energia sob bombeio em 800 nm.

4

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O Experimento de Espectroscopia de Terras Raras

Nesta seção serão descritos os experimentos de absorção, transmissão e

fotoluminescência, realizados em amostras cristalinas dopadas com Er3+. A amostra a ser

estudada é:

- LiNb: Er3+

A seguir passaremos à descrição dos experimentos e análise dos resultados

obtidos.

A. Absorção óptica

O equipamento utilizado para este experimento está descrito abaixo:

1. Uma lâmpada de filamento de tungstênio;

2. Três lentes convergentes de ~10 cm de foco;

3. Um porta amostras, constituído de uma chapa metálica com um furo de

aproximadamente 3 mm de diâmetro;

4. Um chopper;

5. Um monocromador de 0.3 m, com três grades de difração (grade 1 com 2400

linhas/mm, grade 2 com 1200 linhas/mm e grade 3 com 600 linhas/mm). O

comprimento de onda selecionado pelas grades é proporcional ao valor da leitura

feita nomonocromador. As constantes de proprocionalidade são 1/2, 1 e 2 para as

grades 1, 2 e 3 respectivamente . A grade 3 do monocromador está descalibrada

em -27 nm;

6. Um detetor de Ge da marca EG&G cuja curva de sensibilidade está representada

na figura 17.

7. Um amplificador Lock-In marca PAR modelo xxx;

8. Um micro-computador equipado com uma placa de aquisição e um programa

escrito em Q-BASIC.

A figura 18 mostra o arranjo experimental utilizado no experimento de absorção

óptica. A luz da lâmpada de filamento é focalizada na abertura do porta amostras pela

lente L1. As lentes L2 e L3 fazem a coleta da luz e focalizam-na na fenda de entrada do

monocromador. O detetor de Ge absorve a luz dispersada e o sinal é enviado ao

amplificador Lock-In. O chopper localizado próximo à fenda de entrada do

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monocromador, modula a luz com a frequência de referência (veja no apêndice A, o

princípio de funcionamento do amplificador Lock-In). O sinal amplificado é então

enviado ao micro-computador. Este está equipado com uma placa de aquisição e um

programa que faz a gravação dos dados (veja nos apêndices B e C, uma descrição da

placa e do programa de aquisição utilizados).

Figura 6. Detetividade em função do comprimento de onda para vários detetores

fotovoltáicosi. A seta indica o detector utilizado nos experimentos descritos neste

texto.

Para uma medida de absorção óptica, primeiramente deve ser feita uma aquisição

da linha de base (I0), ou seja, uma medida da convolução entre a emissão da lâmpada e a

6

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resposta do detector na faixa de comprimentos de onda que se deseja obter a absorção.

Esta medida é feita com o porta amostras colocado como na fig.18. Em seguida, coloca-

se a amostra no porta amostras de modo que esta cubra a abertura do porta amostras, e

faz-se uma nova medida (I) com os mesmos parâmetros utilizados para a linha de base.

Os pontos adquiridos serão transformados em absorbância (ABS) de acordo com a

relação ABS=Log10 (I0/I). O resultado final é mostrado na tela do computador em

unidades de absorbância. Conforme a seção I.A, a absorbância é a quantidade medida

pelos espectrofotômetros (aparelhos comerciais destinados à medida de absorção e

transmissão óptica) e o coeficiente de absorcão é inferido a partir da eq. 16.

200 400 600 800 1000 1200 1400 16000.00

0.25

0.50

0.75

1.00

1.25

1.50

1.75

2.00

L-Treonina Eixo x Eixo y Eixo z

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Chopper Monocromador

Lock-in

Detetor

AmostraPortaAmostra

Lâmpada L3L2L1

7

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Figura 7. Arranjo experimental para medidas de absorção e transmissão óptica.

Os resultados de absorbância obtidos com os vidros dopados com Er3+ e Nd3+

estão representados nas figuras 19 e 20. Nestas figuras está também mostrado um

espectro de absorção feito em um espectrofotômetro Perkin-Elmer. A concordância entre

os dois espectros é satisfatória em ambos os casos. As bandas de absorção estão

assignadas de acordo com a figura 11. Pode-se notar uma banda de absorção em torno de

800 nm presente em ambas as amostras. Esta banda será usada para absorver a luz do

laser de diodo nos experimentos de fotoluminescência. A seção de choque de absorção é

definida pela expressão:

NABS

=σ , (43)

onde N é o número de íons por cm3 na amostra. O valor de N depende da composição da

amostra e seu cálculo está descrito no apêndice D. Para as amostras estudadas neste texto,

temos que NEr = 4.4x1020 íons/cm3 e NNd = 4.2x1020 íons/cm3. Obtemos então para as

seções de choque de absorção os valores σer = 1.14x10-22 cm2 e σNd = 1.48x10-21 cm2.

Pode-se notar que a seção de choque do íon Nd3+ é uma ordem de grandeza maior que do

Er3+ em torno de 800 nm. Deste modo, se pode esperar uma maior eficiência de

conversão da luz incidente em sinal de luminescência para o íon Nd3+.

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400 600 800 1000 1200 1400 16000.0

0.5

1.0

1.5

2.0

4I15/22 G

9/2

2 H9/

2

4G11/2

4 F 5/2,

3/2

4F7/2

2H11/2

4S3/2

4F9/2 4I9/2

4I11/2

4I13/2

Arranjo experimental Espectrofotômetro Perkin Elmer

absorção do Er3+ em vidro óxido

abso

rbân

cia

comprimento de onda (nm)

Figura 8. Espectro de absorção do Er3+ em vidro óxido. A linha cheia corresponde

ao espectro obtido no espectrofotômetro comercial Perkin-Elmer. Os círculos

abertos correspondem à medida efetuada no arranjo experimental da figura 18.

nde

ao espectro obtido no espectrofotômetro comercial Perkin-Elmer. Os círculos

abertos correspondem à medida efetuada no arranjo experimental da figura 18.

400 600 800 1000 1200 1400 1600

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

1.1

1.2

4D

2 K 13/2

2 G5/

2,7/

2

2H11/2

4F9/2

4F7/2

4F3/2

4F5/2

4I9/2

Arranjo experimental Espectrofotômetro Perkin Elmer

absorção do Nd3+ em vidro óxido

abso

rbân

cia

comprimento de onda (nm)

Figura 9. Espectro de absorção do Nd3+ em vidro óxido. A linha cheia corresponde

ao espectro obtido no espectrofotômetro comercial Perkin-Elmer. Os círculos

abertos correspondem à medida efetuada no arranjo experimental da figura 18.

Figura 9. Espectro de absorção do Nd3+ em vidro óxido. A linha cheia corresponde

ao espectro obtido no espectrofotômetro comercial Perkin-Elmer. Os círculos

abertos correspondem à medida efetuada no arranjo experimental da figura 18.

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B. Transmissão óptica

Num experimento de transmissão óptica, é medida a relação entre a intensidade

da luz incidente (I0) e da luz transmitida pela amostra (I). O aparato e o procedimento

experimentais são os mesmos já descritos na seção anterior e a diferença reside no

tratamento do sinal gravado pelo computador. No experimento de transmissão, o

resultado final é a razão entre o sinal transmitido e a linha de base. Uma comparação com

o espectrofotômetro Perkin-Elmer também foi feita. Os resultados obtidos para as

amostras com Er3+ e Nd3+ estão representados nas figuras 21 e 23 respectivamente.

400 600 800 1000 1200 1400 16000.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Transmissão de um vidro óxido com 4 mol% de Er3+

Arranjo experimental Espectrofotômetro Perkin-Elmer

Tran

smitâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Figura 10. Transmissão óptica do Er3+. A linha cheia representa o espectro obtido

no espectrofotômetro Perkin-Elmer. Os círculos abertos, o espectro obtido no

arranjo expermiental da figura 18.

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400 600 800 1000 1200 1400 16000.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Transmissão de um vidro óxido com 2 mol% de Nd3+

Arranjo experimental Espectrofotômetro Perkin-Elmer

Tran

smitâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Figura 11. Transmissão óptica do Nd3+. A linha cheia representa o espectro obtido

no espectrofotômetro Perkin-Elmer. Os círculos abertos, o espectro obtido no

arranjo expermiental da figura 18.

3+. A linha cheia representa o espectro obtido

no espectrofotômetro Perkin-Elmer. Os círculos abertos, o espectro obtido no

arranjo expermiental da figura 18.

C. Fotoluminescência C. Fotoluminescência

Utilizando um laser de diodo emitindo em 808 nm, foram feitos experimentos de

fotoluminescência nas duas amostras estudadas. A montagem experimental está

representada na figura 23. Conforme visto nas seções II.B.2.1 e II.B.2.2, as transições

eletrônicas de interesse estão todas localizadas na região do infravermelho (4I11/2→4I15/2

em torno de 980 nm e 4I13/2→4I15/2 em torno de 1530 nm no caso do Er3+ e 4F3/2→4I9/2 em

torno de 1060 nm no caso do Nd3+). Devido a isto, o alinhamento do sinal foi feito

utilizando uma câmera CCD sensível ao infravermelho conectada a um monitor de vídeo.

Utilizando um laser de diodo emitindo em 808 nm, foram feitos experimentos de

fotoluminescência nas duas amostras estudadas. A montagem experimental está

representada na figura 23. Conforme visto nas seções II.B.2.1 e II.B.2.2, as transições

eletrônicas de interesse estão todas localizadas na região do infravermelho (4I11/2→4I15/2

em torno de 980 nm e 4I13/2→4I15/2 em torno de 1530 nm no caso do Er3+ e 4F3/2→4I9/2 em

torno de 1060 nm no caso do Nd3+). Devido a isto, o alinhamento do sinal foi feito

utilizando uma câmera CCD sensível ao infravermelho conectada a um monitor de vídeo.

11

200 400 600 800 1000 1200 1400 16000.00

0.25

0.50

0.75

1.00

1.25

1.50

1.75

2.00

L-Treonina Eixo x Eixo y Eixo z

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Chopper Monocromador

Amostra

Lock-in

Laser

Detetor

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Figura 12. Arranjo experimental para medidas de fotoluminescência

Os espectros de fotoluminescência obtidos estão representados nas figuras 24, 25 e 26.

Na figura 24, vemos que a transição do Er3+ em 980 nm é totalmente suprimida. Isto se

deve ao fato de que a população do nível 4I11/2 é transferida para o nível 4I15/2 por

decaimentos não radiativos. Este tipo de processo depende da energia dos modos

vibracionais (ou fônons) da matriz onde está inserido o íon. A probabbilidade de ocorrer

um decaimento não-radiativo é dada pela relação:

ωhAE

nr eI−

∝ ,

onde ∆E é a diferença de energia entre os dois níveis e ωh é a energia do fônon.

800 1000 1200 1400 16000.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Er3+

800

nmFotoluminescênciabombeio: laser de diodo em 800 nm

Vidro óxido com 4 mol% de Er3+98

0 nm

1540

nm

Inte

nsid

ade

(uni

d. a

rbit)

Comprimento de Onda (nm)

Figura 13. Espectro de Fotoluminescência do Er3+ em vidro óxido. Note a

inexistência da emissão em torno de 980 nm.

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1000 1200 1400 16000.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

Er3+

800

nm

Fotoluminescênciabombeio: laser de diodo em 800 nm

Vidro fluoreto com 6 mol% de Er3+

980

nm

1540

nm

Inte

nsid

ade

(uni

d. a

rbit)

Comprimento de Onda (nm)

Figura 14. Espectro de Fotoluminescência do Er3+ em vidro fluoreto. Note a forte

intensidade da emissão em torno de 980 nm.

13

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Figura 15. Espectro de Fotoluminescência do Nd3+ em vidro óxido.

800 1000 1200 1400 16000.00

0.25

0.50

0.75

1.00

Nd3+

900

nm

800

nm

Fotoluminescênciabombeio: laser de diodo em 800 nm

Vidro óxido com 2 mol% de Nd3+

1074

nm

1340

nm

Inte

nsid

ade

(uni

d. a

rbit)

Comprimento de Onda (nm)

Em geral, a relação Em geral, a relação ωhE∆ fornece o número de fônons necessários para preencher a

lacuna ∆E. No caso dos vidros óxidos estudados neste trabalho, a energia de fônons está

em torno de 800 cm-1 (é deixado para o leitor a verificação da relação que permite

transformar a unidade de energia para cm-1). A lacuna de energia entre os níveis 4I11/2 e 4I15/2 é de aproximadamente 3.750 cm-1. O número de fônons necessários para promover

o decaimento não radiativo entre os dois níveis está entre 4 e 5 fônons. Este é um número

considerado pequeno e a probabilidade do decaimento não radiativo é alta neste caso, o

que pode ser verificado pela supressão da emissão 4I11/2→4I15/2. Este é um meio bastante

eficiente de bombear o Er3+ no nível 4I13/2, pois este nível recebe toda a população que

estava no nível 4I11/2 e tudo se passa com se o bombeio fosse diretamente no nível de

interesse. Um exemplo contrário ao que acabamos de descrever, é o caso da

fotoluminescência do Er3+ em uma matriz de vidro fluoreto. Este vidro possui a

composição molar: 15% InF3 – 20% GaF3 – 30% PbF2 – 15% ZnF2 - 14% CaF2 – 6%

ErF3 e uma energia de fônons de aproximadamente 500 cm-1. O número de fônons

necessários para preencher a lacuna de energia entre os níveis 4I11/2 e 4I13/2 é agora pouco

mais de 7 fônons. Na figura 25 vemos um espectro de fotoluminescência de uma amostra

14

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de vidro fluoreto com 6 mol% de Er3+. Note agora que a relação de intensidades entre as

duas emissões se inverteu e a transição 4I11/2→4I15/2 é mais intensa que a transição 4I13/2→4I15/2. Obviamente a inversão na intensidade relativa das duas emissões não se

deve unicamente à energia de fônons das duas amostras. Neste último exemplo, outros

fenômenos tais como interações entre íons de Er3+ podem estar ocorrendo, resultando na

redução da emissão em 1500 nm.

Na figura 26, está representado o espectro de fotoluminescência do Nd3+.

Podemos observar que a emissão de fotoluminescência mais eficiente é aquela em torno

de 1074 nm. Este é um fato observado em diversas matrizes de dopadas com Nd3+. Neste

caso, temos que as separações em energia entre os níveis 4I9/2, 4I11/2, 4I13/2 e 4I15/2 são

muito próximas e não justifica a relação de intensidades. O fato é que o cálculo da

probabilidade de transição radiativa mostra que a transição 4F3/2→4I11/2 é a que possui

maior probabilidade de ocorrer. Isto se deve ao fato de que a superposição de funções de

onda entre os dois níveis envolvidos é maior neste que nos outros casos. Como a

probabilidade de transição é proporcional à superposição das funções de onda dos dois

estados em questão, isto explica a maior intensidade da transição 4F3/2→4I11/2. Este fato

torna o íon Nd3+ muito atraente para a construção de lasers de estado sólido utilizando a

transição 4F3/2→4I11/2.

Objetivos

• Estudar as diferentes fontes de luz a serem utilizadas na prática: lâmpada de

tungstênio, led azul, led UV. Notar que o monocromador a ser utilizado possui 3

redes de difração, cada uma opera numa faixa espectral, e é necessário

descriminar espectros harmônicos. Utilizar os diferentes detectores disponíveis: Si

e Ge. Faça o estudo obtendo os gráficos de intensidade de luz vs comprimento de

onda.

• Estudar os espectros de absorção e de transmitância de diversas amostras:

KCl:Yb2+/CN-, LiNbO3:Er3+ e vidro dopado com Nd3+.

• Estudar os espectros de luminescência das amostras usadas anteriormente na

absorção.

15

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Apêndice C - programa de aquisição

O programa de aquisição utilizado nesta prática se chama LAB2 e utiliza

basicamente a rotina de conversão analógica digital para a leitura do sinal e a porta

paralela para movimentar o motor de passo. A tela principal contém as opções de

aquisição (transmissão, absorção e luminescência), a opção de sair do programa, a opção

de mover o motor de passo, a opção de graficar espectros já aquisicionados e a opção de

copiar arquivos para disquete.Todas estas podem ser escolhidas apertando a tecla

correspondente. A seguir será feita uma breve explanação de cada uma das alternativas

mencionadas.

AQUISIÇÃO POR FOTOLUMINESCÊNCIA, ABSORÇÃO OU TRANSMISSÃO.

Ao escolher quaisquer das alternativas de aquisição, aparecerá uma tela onde se

deve entrar com os dados do experimento, tais como: nome, passo, ponto inicial, ponto

final etc. A entrada dos dados é feita usando as setas para movimentar o cursor e

apertando a tecla “enter” para selecionar um parâmetro, depois de entrar com o valor

através do teclado deve-se apertar a tecla “enter” para confirmar o valor e poder passar

para um novo parâmetro. Depois de entrar com todos os parâmetros do experimento, a

aquisição começa quando se escolhe a opção “AQUISIÇÃO”. No caso de experimentos

de transmissão ou absorção, depois de aquisicionada a linha de base, a tela para a entrada

dos parâmetros aparece novamente. Neste momento se pode mudar o nome do arquivo,

número de médias e amplitude deixando todos os outros parâmetros imutáveis para que o

sinal possa ser devidamente corrigido pela linha de base.

A tela em que são plotados os pontos experimentais indica que tipo de medida

está sendo feita (linha de base, absorbância, transmissão ou luminescência), o nome do

arquivo que está sendo aquisicionado, a opção para reprogramar o ponto final da medida

(apertando a tecla R) e a opção para abortar a medida e voltar à tela principal (apertando

a barra de espaço). Depois de terminada a aquisição, o arquivo é gravado no computador

e o motor de passo retorna a grade de difração para a posição inicial.

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O número máximo de pontos por espectro é de 3.500 e o cálculo do número de

pontos é feito através da equação:

)/()( LpassoPIPFNP ∗−= , (b.1)

onde PF é o ponto final, PI é o ponto inicial, passo é o número de passos e L é a

constante de calibração da grade utilizada. Os valores de L são 0,26; 0,52 e 1,54 para as

grades 1, 2 e 3 respectivamente.

GRAFICAR

Ao escolher a opção de graficar arquivos já gravados, aparece uma tela

perguntando quantos arquivos devem ser graficados. O número máximo de arquivos

graficados é 5, os quais serão exibidos na mesma tela, cada um deles com uma cor. Um

cursor pode percorrer cada um dos gráficos de uma vez, sendo acionado pelas setas.

Conforme percorre o gráfico, o cursor indica a intensidade e o comprimento de onda de

cada ponto. A escolha de qual gráfico será percorrido pelo cursor é feita apertando a tecla

FN correspondente ao arquivo de número N. Por exemplo, se tenho 3 arquivos graficados

na tela com os nomes: teste1, teste2 e teste3. Na parte inferior da tela vai aparecer um

quadro com as indicações:

F1=teste1

F2=teste2

F3=teste3

Se aperto a tecla F1, o cursor irá se movimentar pelo gráfico teste1. A

apresentação dos gráficos pode ser feitas em escala comum ou em escala diferenciada.

Estas opções são feitas apertando a tecla E. Na opção de escala comum, o gráfico com

maior amplitude vai determinar a escala do quadro onde estão expostos os gráficos. Na

opção de escala diferenciada (escala incomum) o gráfico que estiver selecionado, vai

determinar as dimensões do quadro.

Pode ser feito um zoom em uma dada parte do gráfico apertando a tecla Z. Depois

de apertar a tecla Z, a área do zoom deve ser delimitada apertando a tecla “enter” nos

pontos inicial e final do zoom. Para sair do zoom deve-se apertar a tecla Z.

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Para sair desta tela de gráficos e voltar à tela principal deve-se apertar a tecla ESC.

MOVER MOTOR DE PASSO

Ao escolher a opção de mover o motor de passo, aparece uma tela perguntando

em que posição está o monocromador, neste momento deve ser informada a leitura direta

da grade de difração. Depois de informar a posição atual, o programa pede a posição final,

novamente se deve colocar o valor da leitura direta da grade onde deve parar o

monocromador. Depois de entrar com estes dados o motor de passo começa a se

movimentar e ao final o programa retorna à tela principal.

COPIAR ARQUIVOS PARA DISQUETE

Nesta opção o programa pergunta em qual drive está o disquete e depois os nomes

dos arquivos a serem passados para o mesmo. Depois de entrar com todos os nomes, o

programa pede para confirmar os dados, o que deve ser feito apertando a tecla S e depois

a tecla “enter”. Depois de copiados os arquivos o programa volta à tela principal.

SAIR DO PROGRAMA

Nesta opção o programa é abortado e o sistema entra no diretório QB45.

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Apêndice A - Princípio de funcionamento do amplificador Lock-In

O amplificador Lock-In é um instrumento que permite a amplificação de um dado

sinal elétrico sem que o ruído que acompanha este sinal seja amplificado

concomitantemente. Para isto, o amplificador Lock-In utiliza a técnica de detecção

sensível à fase (DSF). Com esta técnica, sinais 20.000 vezes menores que o ruído podem

ser amplificados e medidos com facilidade. Neste apêndice será feito um resumo do

funcionamento do amplificador Lock-In, mais detalhes podem ser encontrados na

apostila “INTRODUÇÃO À ELETRÔNICA” de autoria do Professor Cláudio Magon do

Instituto de Física de São Carlos.

A figura A.1 mostra uma maneira de se construir um DSF que é o principal

elemento do amplificador Lock-In. Nesta figura, o DSF é baseado num amplificador

inversor/não inversor, que é um amplificador cujo ganho pode ser chaveado entre os

valores +1 e -1 de acordo com o valor de uma tensão de referência. Nos experimentos

descritos neste texto, a tensão de referência é fornecida pelo chopper.

sinal de saída

sinal de entrada

tensão de referência

filtro S

G=-1

G=+1

Figura A.1. Esquema de um amplificador sensível à fase. A tensão de referência

pode ser dada, por exemplo, por um chopper que modula a luz que vai atingir o

detector.

Suponha que o sinal a ser medido esteja sendo modulado por uma frequência igual à

frequência de referência do amplificador inversor/não inversor. Quando a polaridade da

tensão de referência for positiva, a chave S estará posicionada de modo a que o ganho do

amplificador seja +1. Analogamente quando a polaridade da tensão de inverter, a chave

S mudará de posição e o ganho do amplificador será igual a -1. A figura A.2 mostra um

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diagrama ilustrando a relação entre o sinal de referência (VF), o sinal a ser medido (VM),

o sinal gerado pelo amplificador inversor/não inversor (VA) e o sinal DC na saída do

DSF (VC).

VF

VM

VA

VC

Figura A.2 Diagrama temporal do sinal na detecção com Lock-in. O sinal de

referência (VF) modula a posição da chave S na figura A.1. O sinal de interesse (VM)

é amplificado com sinal positivo no meio ciclo positivo da referência e com sinal

negativo no meio ciclo negativo da referência. O sinal amplificado (VA) é então igual

ao sinal de entrada retificado. O sinal integrado (VC) é o sinal de saída do

amplificador Lock-in.

Durante o primeiro meio ciclo, o sinal de referência é de polaridade positiva e

posiciona a chave S na posição não inversora, deste modo, o sinal que aparece na saída

do amplificador é idêntico ao sinal de interesse. Durante o segundo meio ciclo, a

polaridade do sinal de referência é negativa e posiciona a chave S na posição inversora,

deste modo, o sinal na saída do amplificador é então invertido. Este processo se repete

por vários ciclos e o resultado é que o sinal de saída é semelhante ao sinal do

amplificador de entrada retificado. Este sinal passa então por um filtro que o transforma

em sinal DC. Este diagrama mostra claramente que somente é amplificado aquele sinal

que estiver na mesma frequência que o sinal de referência. Como o ruído é geralmente

composto de um sinal aleatório, este se anula nos diversos ciclos de inversão e não

inversão. É claro que existem ruídos com frequências definidas, como por exemplo

aqueles provocados pela rede elétrica, lâmpadas fluorescentes, etc. Nestes casos, deve-se

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evitar que a frequência de referência seja um múltiplo da frequência da rede elétrica local,

pois esta carrega ruídos com frequências bem definidas pelos harmônicos de 60Hz.

No diagrama da figura A.2 os sinais de referência e de interesse estão em fase. A

influência da relação de fase entre estes dois sinais pode mudar drasticamente o sinal DC

na saída do filtro. Como pode ser observado na figura A.3, o sinal na saída do filtro pode

ser positivo, negativo ou nulo conforme a diferença de fase entre os sinais de referência e

interesse. De modo a garantir que o sinal de interesse e o sinal de referência estarão em

fase, os amplificadores Lock-In possuem um defasador calibrado que permite deslocar a

fase do sinal de referência com relação ao sinal de interesse.

VF

VM

VA

VC

Figura A.3 Diagram temporal dos sinais no amplificador Lock-in em diversas situações de defasagem entre o sinal de referência e o sinal de interesse. No caso ideal a defasagem entre o sinal de referência e o sinal a ser medido é zero, neste caso, a amplitude do sinal DC é máxima. Conforme a defasagem aumenta, o sinal pode se tornar nulo e até negativo.

i John H. Moore, Christopher Davis and Michael A. Coplan, Building Scientific Apparatus – A Practical Guide to Design and Construction, Addison Wesley publishing Company, 1983.

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