Espiral 51

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boletim «Espiral», Fraternitas Movimento

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espiral Boletim da Associação FRATERNITAS MOVIMENTO – N.º 51 – abril 2013-abril 2014

[email protected] | http://fraternitasmovimento.blogspot.pt

Futuro da Fraternitas discute-se em Fátima

FERNANDO FÉLIX, presidente

Por vontade dos sócios da Associação Fraternitas Movimento, exerço, desde abril de 2011, a função de Presidente. Sou o quarto coordenador deste Movimento. Em abril será eleita a nova direção.

Somos padres casados, dispensados do exercício do ministério, e formamos famílias sacerdotais com as nossas mulheres. Estimamos o sacerdócio. Valorizamos os sacerdotes. Apoiamos a fidelidade à vocação recebida de Deus. Temos o celibato como dom de Deus para o cumprimento de uma missão. Somos, igualmente, sensíveis à nova situação daqueles que pediram dispensa das obrigações sacerdotais e abraçaram uma nova condição de vida. Uns, porque crêem que era hora de corrigir um caminho vocacional equivocado, outros porque estão convictos de que é possível coexistirem o sacerdócio casado e o sacerdócio célibe. Sabemos que nem sempre são felizes, porque precisam de apoio. E, por outro lado, também aqueles que encontraram paz na nova condição gostam de partilhar as suas alegrias e de ajudar quem precisa de ajuda.

Graças ao Cónego Filipe Figueiredo, a Fraternitas nasceu com seis objetivos (aprovados pela Conferência Episcopal Portuguesa na Assembleia Plenária de 2 a 5 de maio de 2000):

1. Ajudar espiritualmente os seus membros, proporcionando-lhes um espaço de encontro fraterno e acolhedor, onde se possam sentir compreendidos e encorajados;

2. Fomentar a amizade, a convivência e a solidariedade entre todos os seus membros;

3. Apoiar os membros que se encontrem em dificuldades de qualquer ordem;

4. Estudar em Igreja formas de colaboração visando o aproveitamento das capacidades e potencialidades dos seus membros, nomeadamen-te nas áreas da ação social e da educação religiosa e cívica, bem como em atividades pastorais consentâneas com a sua situação;

5. Proporcionar apoio espiritual aos padres que deixaram o ministério e de modo particular aos que ainda não regularizaram a sua situação;

6. Memorar espiritualmente os membros falecidos e diligenciar assistência material e espiritual aos seus familiares.

Para os cumprir, a Fraternitas: organiza retiros; realiza encontros-convívio; colabora em cursos, palestras e atividades culturais e teológicas; promove ações sociais; publica o boletim Espiral e marca presença na Internet; colabora com a comunicação social e com entidades eclesiais.

Objetivos cumpridos? Conhecemos e ouvimos falar de padres

diocesanos e de membros de congregações religiosas que pediram a dispensa das obrigações sacerdotais ou que iniciaram o processo ou, mais recentemente, que se autodispensam… Será útil apresentar-lhes a Fraternitas?

E nós, como nos vemos como Associação, e como Movimento? Continuamos a sentir-nos família, a ser apoiados? Gostamos de partilhar com os demais membros as graças recebidas?

Este boletim é quase uma carta longa. Precisamos que abram o vosso coração no 36.º Encontro Nacional, em Fátima, de 24 a 26 de abril. Participem! Façam-se presentes!

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Reflexões sobre o 34.º Encontro Nacional, de abril de 2013, em Fátima

URTÉLIA SILVA, secretária.

Decorreu na Casa Nossa Senhora das Dores, em Fátima, o 34.º Encontro Nacional, com o tema «Que Fraternitas queremos, para que Igreja?», de 26 a 28 de abril de 2013, tendo contribuído no período da tarde de sábado, com o tema «Nós Somos Igreja: Que Movimento para que Igreja?», Pedro Freitas, presidente cessante do Movimento Nós Somos Igreja Internacional (MINSI), atualmente responsável pela presença na Internet. Em Portugal, é um dos dois responsáveis pela informação na Internet (nsi.pt) e a Fraternitas está inscrita na sua rede.

Inscreveram-se 41 pessoas, sendo 34 associados (10 casais, 13 singulares e a Tita) e 7 não associados (1 casal e 5 individuais). Participaram 38 pessoas. O casal não associado é da Igreja Batista, sendo ele pastor (e gere o blogue http://fimdocelibatoja.blogspot.pt). Na assembleia geral, participaram 35 associados.

Para este encontro, para além do convite dirigido a padres dispensados e à espera de dispensa não associados com endereço electrónico, foram enviadas 15 cartas pelos CTT. Foram quatro não associados a transmitirem a impossibilidade de participação. Regista-se o “recado” de José Rodrigues Lima, residente em Viana do Castelo: «Não deixem cair o profetismo. (…) Votos de uma boa vivência fraternal, com o coração centrado em Cristo Ressuscitado.» E foram vários os associados que “justificaram” a não participação, a maioria por motivos de doença dos próprios e/ou de familiares a seu cargo.

As Orações da manhã e da tarde, e a “Tertúlia: Poesia do Pão e do Vinho” foram preparadas e conduzidas pelo casal A. Carlos Reis e Glória Marques, de Vila Nova de Gaia.

O sábado de manhã foi dedicado a encontros por grupos ao nível de regiões: Norte/Nordeste, Centro e Lisboa/Sul e destinados à “Definição de estratégias para a realização de encontros regionais”. As equipas responsáveis organizarão e comunicarão oportunamente.

Da Assembleia Geral O secretariado informou que a média da idade

dos associados, apenas dos padres dispensados do exercício ministerial, é de 73,55 anos.

Deu a conhecer a proposta de sócios – Olindo Pinto Marques e Maria Evelina Ribeiro de Oliveira, residentes em Marrazes/Leiria. Terão o n.º 113. O casal tem duas filhas – a Cátia, em Zurique, e a Joana, estudante, já participantes em vários encontros nacionais. O Olindo é entendido em música, ajudou e tem ajudado na animação litúrgica, tocando órgão.

Comunicou o pedido de desvinculação do casal Viana Pereira (Manuel e Maria Dolores Varanda Machado), residentes em Rio Tinto.

O tesoureiro, Fernando Ribeiro Neves, devido aos problemas de saúde, foi substituído por António Almeida Duarte, também vogal da direcção.

Foram aprovados os documentos da vida específica da Associação (relatório e plano de atvidades), ficando os da tesouraria para apreciação e aprovação numa próxima assembleia geral.

O presidente da mesa, José Serafim Alves de Sousa, anterior presidente da direção, apresentou as suas diligências na busca de um assistente espiritual. Aceitou D. Jacinto Tomás de Carvalho Botelho, que, após proposta da direção à Conferência Episcopal Portuguesa, esperamos, em esperança, a sua nomeação. D. Jacinto esteve presente no término da assembleia geral e presidiu à Eucaristia, no encerramento do Encontro. É BEM-VINDO!

D. Jacinto Botelho nasceu a 11 de setembro de 1935, em Prados de Cima, Vila de Rua, Moimenta da Beira. Foi ordenado presbítero em 15 de agosto de 1958. A nomeação episcopal aconteceu a 31 de outubro de 1995 para Auxiliar de Braga, com o título de Tácia Montana, e a ordenação episcopal celebrou-se a 20 de janeiro de 1996, na Sé de Lamego.

Foi bispo de Lamego de 20 de janeiro de 2000 até 19 de novembro de 2011, data da sua resignação. É Bispo Emérito de Lamego desde 29 de janeiro de 2012.

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«Na procura de caminhos novos» ANTÓNIO DUARTE, tesoureiro e vogal.

No domingo seguinte ao Encontro Nacional da Fraternitas, em Fátima, visitei, na Gulbenkian, em Lisboa, uma exposição hostórico-científica. Esta destacava o impacto que as grandes viagens oceânicas de portugueses e espanhóis (séculos XV e XVI ) tiveram no conhecimento do mundo e na ciência europeia. No termo desta visita, impressionou-me uma frase de Francis Bacon (1620), que registei: «Seria lamentável se, no nosso tempo (1620), em que as regiões do globo material foram abertas e reveladas, o globo intelectual permanecesse encerrado dentro dos estreitos confins das antigas descobertas.» Esta frase conduziu-me ao guião temático do Encontro Nacional: «Que Fraternitas queremos, para que Igreja?»

a) Uma Igreja de inclusão – acolhedora e clemente – ou uma Igreja centralista e monárquica, blindada nos seus ritos e nos seus dogmas?

b) Uma Igreja de comunhão na diversidade de dons ou uma Igreja formatada e

monolítica, que impede o sopro do Espírito Santo? Atente-se na lei do celibato obrigatório: uma lei

imperativa que atropela o direito natural. Com um sacerdócio ordenado plural – pelo qual a Fraternitas se bate – daria mais crédito e fecundidade ao sacerdócio celibatário e resolveria gravíssimos problemas de evangelização.

E nesta procura de caminhos novos, a Fraternitas vai mantendo diálogo cooperante com movimentos e comunidades de base, onde se faz sentir o sopro do Espírito, como é o caso do movimento Nós Somos Igreja, representado no Encontro pelo seu ex-presidente Pedro Freitas; e a comunidade do P.e Rui Santiago, que nos vai estimulando através dos contributos do casal sacerdotal Carlos Reis e Glória. E este intercâmbio fecundo esteve bem presente neste como noutros encontros Fraternitas.

E nele se memoraram, como sempre, todos os membros falecidos, e os viúvos e as viúvas. E nunca como neste Encontro o peso dos singles foi tão visível, mostrando que a idade não perdoa e há que refletir no futuro – futuro em que seremos acompanhados pelo novo assistente espiritual, o emérito bispo de Lamego, D. Jacinto Botelho.

Caminhando para os 20 anos da Fraternitas ANTÓNIO DUARTE, tesoureiro e vogal.

«Não há história definitiva, pela simples razão de que a palavra pronunciada, por mais fundadora e fecunda que possa ser, está ela própria sujeita ao tempo, torna-se ela própria passado, objeto de outras experiências, i que quer dizer que tem de ser constantemente renovada, constantemente pronunciada, para se manter viva. A sua relação com uma instruída Palavra eterna exige a sua atualização constante, para que o tempo não devore tudo» (José Mattoso, A Escrita da História).

Em agosto de 2016, faz a Fraternitas 20 anos de vida – 20 anos de testemunho profético coletivo, cujo significado é lembrar que o Cristianismo nasceu plural e plural Deus o quer, respeitando os carismas e as opções individuais de cada pessoa.

Para manter vivo este elã profético vamos memorar um texto de João Simão, de 31 de

julho de 1999, na Casa Nossa Senhora do Carmo, em Fátima, que marca o espírito e o rumo destes 20 anos de caminhada:

«Era uma vez um padre, e mais outro, e mais outro, e outro ainda, que, por uma razão ou por outra, nesta circunstancia ou naquela, mas geralmente por coerência, um dia deixaram de exercer o ministério. Para conseguir a dispensa oficial, foi necessário dizer muitas coisas sobre a sua sintonia teórica com uma entidade concreta – a Igreja. Mas o objetico era alcançar a paz com a sua consciência e com a Igreja.

Ontem, a dispensa do ministério era uma pena canónica. Hoje, também pode ser uma concessão. Mas as condições inerentes a essa dispensa e a prática seguida após a concessão, quase fazem equivaler as duas situações. Há, todavia, uma diferença: é que agora é possível a paz.

Na sociedade civil estes homens são geralmente cidadãos válidos, com uma situação social conquistada a pulso, colaborativos, reconhecidos pela sua atuação e respeitados. Constituem mesmo a

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tradução prática, no terreno, da doutrina que outrora pregaram.

Mas na sociedade eclesial aquela paz tem o seu preço: a proscrição, a condição de renegado, o «nec nominetur in vobis» («nem sequer se fale entre vós»). Humilhados, sem direitos, constituídos abaixo dos leigos. Isolados por força da formação recebida, nostálgicos dum ideal que lhes animou a alma na juventude – e que não se perde nunca. Disponíveis, mas desaproveitados. Aptos, mas não queridos. Tudo isto em nome de um princípio não fundamental. Par anão abrir brechas num dado ordenamento disciplinar. Para aí estavam, cada um em seu canto, anónimos, marginais, não sabendo uns dos outros. Sem ninguém que verdadeiramente os entendesse.

Um dia surgiu um homem da Igreja que resolveu convocá-los para um retiro. Esse retiro, também mercê da forma como foi conduzido pelo Senhor D. Serafim, acabou por ser o encontro dos desencontrados, a

descoberta dos irmãos e das irmãs, o nascimento de uma nova família, a Fraternitas. Parece que já nos conhecíamos desde sempre! Encontrámos um ambiente onde todos nos entendemos, onde as palavras saídas de dentro são entendidas em toda a sua profundidade. A alma pôde abrir-se porque encontrou eco noutra alma igual. Há lá coisa mais bonita do que sentir-se entre irmãos?

A Igreja do futuro será de pequenas comunidades, constituídas não em função do território, mas das afinidades. Estas unem mais do que aquele. Todas estas comunidades são caminho para o Pai. A sua importância está aí. A Fraternitas pretende ser uma dessas pequenas comunidades dentro da Igreja.

Este homem é o Senhor Cónego Filipe Marques de Figueiredo, filho de Aveiro e sacerdote de Évora. Homem de Deus e dos irmãos, com vocação para os marginalizados. Os membros desta pequena comunidade nascente não podem deixar de manifestar ao Cónego Filipe a sua gratidão pela iniciativa de nos chamar e pelo amparo a nós dispensado. Pedimos a Deus que o “faça” continuar connosco, para nos ajudar a seguir o caminho certo.»

Haver verbo e não haver verba ANTÓNIO DUARTE, tesoureiro e vogal. Este trocadilho sábio ouvi-o no contexto do

III Colóquio Internacional de Teologias Feministas (Lisboa, 15 e 16 de novembro de 2013). Disse-o Teresa Toldy, presidente da Associação Portuguesa de Teologias Feministas na hora de dar conta aos participantes da vida da Associação e do lançamento do livro do II Colóquio Internacional (novembro de 2012). É que, contrariamente a 2011, em que do colóquio houve edição do livro em papel e em suporte digital, de 2012 só foi possível a edição digital, por «haver verbo mas não haver verba».

Este comportamento sensato e tão bem expresso conduziu-me a uma reflexão sobre a situação financeira da Fraternitas, que agora torno pública:

1 – Situação real na captação de ativos certos (ou seja, quotas). Num universo aproximado de 90 sócios pagantes:

a) Em 2011, pagaram quotas 38 casais e 9 individuais.

b) Em 2012, pagaram quotas 37 casais e 9 individuais.

c) Em 2013, até novembro, pagaram quotas 21 casais e 7 individuais.

2 – Face a esta realidade houve necessidade de tomar decisões para garantir a sobrevivência da Fraternitas – corpus profético coletivo a chamar ordeiramente a pluralidade no ministério ordenado e o respeito pelas leis da natureza. Entre as várias decisões a comunicar na próxima Assembleia Geral (25 de abril de 2014, em Fátima), registe-se a suspensão de três edições do «Espiral», de que todos se deram conta.

3 – Apelamos, agora, aos que têm quotas em atraso a conveniência em liquidá-las, ao menos parcialmente, até ao fim de 2014.

Lembramos: a) A quota por casal é de 30 euros e a quota de individual é 20 euros

b) O número da conta da Fraternitas (NIB), no Millennium BCP é 0033 0000 4521 8426 660 05.

4 – Quem tiver dúvidas sobre se tem quotas em atraso, consulte o secretariado ou tesoureiro, que, prontamente, responderá.

5 – Contactos do Tesoureiro: o novo tesoureiro será eleito na Assembleia Geral em abril próximo. Até lá, exerce António Duarte. Telefone fixo 213 620 963; telemóvel 934 915 878. Morada: R. Aliança Operária, 64, 4º Esq.| 1200-049 Lisboa.

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Perante esta crise, confiemos em Deus (Acróstico composto do Livro dos Salmos, por JOÃO DA SILVA, sócio 59)

Povo de Deus, confia n´Ele em qualquer situação. Ele protege a vida dos seus fiéis e liberta-os da mão dos injustos. Reforça o vigor do Seu povo! A esperança dos pobres jamais se frustrará. Nossos antepassados confiavam em Deus … e Ele os salvava. Todo o ser que respira, louve a Javé! Ele é o nosso refúgio e a nossa força. Estão os nossos olhos fixos em Javé, nosso Deus. Se Javé não guarda a cidade, em vão vigiam os guardas. Tem compaixão de nós, Javé, porque estamos fartos de desprezo! A nossa vida está deveras feita do sarcasmo dos satisfeitos… Cada qual mente ao seu próximo …e com grandes intenções. Reconheço agora que Javé dá a vitória ao seu ungido… Inclina o teu Céu e desce Javé … Soberba do injusto persegue o infeliz. Ele não desprezou, nem desdenhou a desgraça do pobre… Celebrai o Deus dos deuses, porque o Seu Amor é para sempre! O Senhor levanta-se, os seus inimigos debandam. Não, os arrogantes não se mantêm na sua presença. Feliz a Nação cujo Deus é Javé. Invocamos o nome de Javé, nosso Deus. Ele está perto de todos aqueles que O invocam… Meus inimigos recuarão, quando eu Te invocar… O indigente não será esquecido para sempre. Sabei que Javé faz maravilhas pelo seu fiel… Ele é um escudo para os que n´Ele se abrigam. Muitos dizem: “Quem nos fará ver a felicidade?” De Ti, Javé, vem a salvação e a bênção para o Teu povo. Eles vão tremer de medo, porque Deus está com os justos. Um descanso para a alma: a Lei de Javé é perfeita. Senhor nosso Deus, como é poderoso o Teu Nome em toda a Terra!

O árduo caminho da construção do futuro MANUEL ANTÓNIO RIBEIRO, sócio 81.

Todos os tempos de grandes viragens são sempre causticados pela provação da incerteza e do sofrimento. É o que está a acontecer com as atuais mudanças de paradigma, impostas pela presente crise, fazendo recair brutalmente sobre nós medidas de austeridade muito mais dolorosas do que pensávamos. São realidades particularmente contaminadas por terríveis sinais

de desagregação. Tantas e tão perturbadoras são as ondas de choque que este fenómeno está a provocar na nossa sociedade, e até dentro de cada um de nós, que se torna desnecessário aqui recordá-las. Basta acompanhar as notícias que nos entram pela casa dentro, para confirmarmos que as portas do futuro parecem aferrolhar-se mais em cada dia que passa. Ao vermos que nenhuma luz

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se vislumbra ao fundo da escuridão do nosso presente, cresce em muitos o sentimento de que estamos aprisionados, com medonhos ferrolhos, dentro de uma espiral de desespero.

É neste contexto que os alicerces da nossa Esperança são postos à prova. Não são muitos os que conseguem descortinar sinais que possam levar a acreditar que no ser humano existe o suficiente potencial de energia, capaz de fazer inventar novos caminhos de futuro. Mas aqueles que o conseguem testemunham diante de nós que tudo se torna possível quando acreditamos que a luz de Deus opera na opacidade do mundo. Foi preciso ter chegado esta crise para constatarmos que muitas das realidades em que assentava a nossa confiança eram acenos inebriantes de um espiritualismo desencarnado ou ilusões insensatas de uma cultura fechada à transcendência, que, aos poucos, foi rasurando os laços de comunhão que deveriam plasmar o modo de estar na vida.

A presente crise e as distorções que ela provoca, de que são exemplo a riqueza cada vez mais mal distribuída e o número de vítimas a tornar-se multidão, tem pelo menos o mérito de mostrar como era vã a visão triunfalista com que até há pouco tempo encarávamos a construção do futuro. E o que se passa ao nível social e económico pode também aplicar-se a alguns dos contornos da crise no seio da Igreja, com escândalos de vária natureza, que têm desfigurado o seu rosto. Quando nos críamos muito seguros de nós mesmos, descobrimos, da maneira mais brutal, como eram débeis as realidades em que assentava a construção da nossa confiança. Agora que os acontecimentos nos forçam a conhecer melhor as nossas debilidades, precisamos de aprender como lidar com elas, abrindo-nos à misericórdia de Deus, que transfigura as forças rebeldes que existem dentro de nós.

As palavras e os gestos com que o papa Francisco se apresentou à Igreja e ao mundo surgem como um símbolo indicador do Norte que deve guiar o caminho do futuro da Igreja… e do mundo. É um sinal de esperança termos um papa que no seu ministério de bispo adotou um estilo de vida próximo dos irmãos, compartilhando a condição ordinária do cidadão comum. É um sinal muito significativo que ele, antes de dar a sua bênção aos fiéis reunidos na praça de S. Pedro, lhes tivesse pedido para invocarem de Deus a bênção para o papa. É um sinal iluminador saber que Jorge Mario Bergoglio tenha pautado o seu ministério na Argentina pela

denúncia do poder corruptor do donos do dinheiro, levantando a voz para denunciar as injustiças sociais e a dignidade negada. O mundo precisa destes sinais que mostrem que a Igreja se constrói numa aproximação a cada pessoa, no respeito pelo que ela é, sem um projeto prévio para aqueles a quem se dirige, testemunhando simplesmente o caminhar para o nosso Pai comum, numa relação de não poder, de igualdade e de reciprocidade.

Porque testemunhamos que Deus não desertou deste nosso mundo, não podemos desesperar do nosso tempo, em que a angústia e a ansiedade aferrolham as portas do futuro de muitos dos nossos contemporâneos. João Paulo II, no encontro mundial da juventude de Toronto, em 2002, testemunhava «ter visto muitas coisas na vida para estar convencido de maneira inabalável que nenhuma dificuldade nem nenhum medo podem ser tão grandes que consigam abafar completamente a esperança que brota eternamente do coração». É um testemunho luminoso que nos deverá contagiar no meio da crise por que atravessamos, que é fundamentalmente uma crise de confiança. Não se pode viver exclusivamente do que se vê e se sabe, sem qualquer abertura confiante a um horizonte que está para além de nós. A nossa vida para nada serviria, se perdêssemos as razões de viver, pois o ser humano só desabrocha à medida dos olhares de confiança que sobre ele se lançam. Como nos dizia o irmão Roger, feliz aquele que caminha da dúvida para a claridade de uma humilde confiança em Deus.

Nesta época escurecida por tantas realidades sombrias, os cristãos viveriam de uma confiança ilusória se não agissem nas situações concretas, limitando-se a ser sentinelas adormecidas, num contexto em que a humanidade vende a sua alma nas praças financeiras. Por isso, o tempo de Páscoa, que celebra o acontecimento fundador do Cristianismo deve constituir para os cristãos um acréscimo de motivação para agirem no mundo. Faz-nos bem relembrar que a luz da madrugada da Ressurreição irrompeu, após três dias de densa escuridão, imposta pela morte, que parecia mostrar-se triunfante. É o poeta Carlos Drumond de Andrade que nos lembra que «a escuridão estende-se, mas não elimina o sucedâneo da estrela nas mãos».

Celebrar a Páscoa é sempre a proclamação de que o lugar do túmulo vazio deixou de ser um cemitério de morte para se transformar num

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jardim de vida, mesmo que a nossa condição humana seja tantas vezes a de caminhar à luz de uma estrela no meio da noite. Como se tornaria

mais límpida a nossa confiança, se acolhêssemos o eterno como «esse marulho em nós de um mar profundo», intuído pelo mesmo poeta.

Breves dos associados

URTELIA SILVA, secretária.

Este artigo começou a ser editado para o segundo trimestre de 2013. Foi sofrendo remodelações durante os trimestres seguintes. Ei-lo agora com traços do primeiro artigo, do segundo e do terceiro. É a quarto atualização…

António Carlos Reis – Escreveu a Glória, sua

mulher, em 7 de fevereiro: «Só para vos dizer que ... foi um dia estranho este nosso dia de aniversário (de matrimónio, a 5 de fevereiro, ocorrido em 2000). Na consulta do meio dia, recebemos a informação de que o PET dava notícias das que não se desejam – as sombras/nódulos dos dois pulmões resolveram captar os iões que lhe foram apresentados... o que quer dizer que a tuberculose dos 20 anos, à partida, não deixa esse tipo de possibilidade e é preciso saber o que são. Mas, o exame marcado para dia 13 acabou por ser feito hoje numa vaga que aconteceu inesperada no serviço de imagiologia quando estávamos na consulta de pneumo. Foi só mudar de pavilhão e... Já está! Duas horas de recobro e nova TAC para confirmar que estava tudo bem – durante o exame aconteceram duas hemoptises violentas... e como pode acontecer um pneumotórax quando destas manobras, mais vale prevenir. Graças a Deus tudo estabilizou e não aconteceu mais nada. (…)

Olhando para tudo isto só consigo, (…) dar Graças a Deus pelo Amor vivido nestes 39 anos... e pela gente boa e simpática e cuidadosa que nos tem aparecido pela frente neste Hospital de Gaia... e pelo Amor e amizade e cumplicidade de todos vós, que nos fazem TÃO BEM!!! Um abraço a todos, de nós dois, Glória e Carlos

P.S. 1: E se quiserem saber mais podem ir ao blogue http://derrotarmontanhas.blogspot.pt de 7 de fevereiro.

P.S. 2: Para além disto, penso, há o carcinoma da glândula salivar direita... mas ESTAMOS BEM! A Graça de Deus é IMENSA e nos acompanhará sempre. Acreditamos e serenamos nessa certeza.... (…).»

Momentos depois acrescentava: «Interna-mento às 8h30 de segunda-feira próxima. Cirurgia em ORL.»

E a operação decorreu bem. Quanto à comunicação entre nós, adiantou: «(…) Faz como for melhor, mas, se mandares a alguém, pede que aguardem notícias que nós daremos assim que houver. Mandaremos depois essas para ti para reencaminhares. Não vale a pena por meio mundo em sobressalto...»

António de Jesus Branco – Foi submetido a uma intervenção cirúrgica ao coração (problemas na válvula mitral), pela segunda vez, em meados de 2013.

António José L. Regadas e Carla Paula M. Moura – Contraíram o matrimónio (o rescrito finalmente chegou!) em 30 de abril, lado a lado com as duas filhotas – Matilde, de 8 anos, e Marta, de 3 anos. Foi madrinha a associada Lucília Soares.

Antonio Limas (Buenos Aires), dia 20 de março, por correio eletrónico: «No te imaginas la sorpresa y emoción, hasta las lágrimas, que me tomó a mi y a casi todos los argentinos por nuestro Papa Francisco. Un antes y un después, un aire fresco corre por toda la tierra. Gracias.»

António Tavares Cardoso – Na sequência de duas pneumonias, contraídas já nos finais de 2012, surgiu uma bronquite em meados de junho. Sentiu a vida “presa por um fio”.

Armando Marques da Silva – Encontro com o casal em 31 de agosto. Regressaram definitivamente aos EUA, Estado de Montana, em 7 de setembro (Pamela A. Krebsbach é americana). Residentes em Freiria, Caranguejeira, a Pamela há 24 anos em Portugal, deixam a casa, o carro, muitos e muitos livros e outro material doados à paróquia, para se aproximarem dos três filhos, netos e um bisneto que nasceu em janeiro. Sem casa (nem carro) nem muitos «teres e haveres», chegaram finalmente aos seus entes queridos. Ficaram livros editados em Portugal e um ainda em processo de edição do autor, Quem matou a Laurissílvia - o fogo ou a espada?, para abraçar livros editados e a editar nos Estados Unidos. «Mais uma vez a refazer a vida.» A

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despedir-se, afirmou, sorrindo, apoiado na sua bengalinha: «Espero reencontrar-vos a todos, LÁ», apontando para o céu.

Augusto Campos Oliveira – Faleceu o irmão mais novo, com 68 anos, na noite de 24 para 25 de maio. Embora fosse diabético, com alguns problemas cardíacos, teve um internamento recente de uma semana, (…). Partiu «inesperadamente».

Braúlio e Maria José Martins – Batismo do neto no dia de aniversário deste avô.

Carolina Eira e Costa – Foi submetida a uma intervenção cirúrgica em 15 de outubro. As dores artríticas são uma constante.

Aliás, são muitos e muitas a padecerem de «dores nos ossos».

Clara (e Alberto José) Marinho – Enviou um postal com um pensamento de Confúcio, em 11 de abril. Seguem-se excertos: «Neste tempo pascal, em que as nossas quedas foram lançadas no mar da Misericórdia Divina, é tempo de nos alegrarmos e com Ele afastarmo-nos dos pedregulhos que nos possam surpreender. Entretanto, vamos tentando ser Cireneus e deixar que os outros nos dêem uma mãozita. Foi o que aconteceu, na semana antes da Páscoa, quando o meu marido ia para a Eucaristia e levar Jesus a quem não podia ir, que ao atravessar a estrada, beijou o chão, ficando com uma fractura num dedo da mão, e a unha foi fazer parte da terra que pisamos. (…) Esperamos alegremente esse encontro.» (Referia-se à participação no Encontro Nacional, onde afinal não puderam ir, por motivos de saúde.

Fernando Félix, dia 22 de maio, por correio eletrónico, em busca de um dia de fim de semana para a direção reunir – «Em todos os domingos, temos atividades de animação missionária em paróquias. Neste mês de maio já fizemos mais de mil quilómetros. Mas está a ser muito bom, porque alimenta o entusiasmo. E a palavra entusiasmo vem do grego, a partir da junção de três palavras: «en», «theos» e «asm». «Theos» é Deus, «en» é um prefixo que significa dentro e «asm» designa em ação. Portanto, literalmente, entusiasmo significa «Deus dentro de nós em acção». Neste momento, a ida ao Peru está, feliz e entusiasticamente, a consumir-nos o tempo.» O casal partiu dia 7 de julho para voluntariado missionário de um mês.

E, no dia 24 de maio – «Da reportagem que ontem passou na RTP 1, Linha da Frente «Pecado na Igreja», depois de agradecer a colaboração de

Francisco M. Sousa Monteiro e do casal Fernandes, Maria Isabel e Vasco: «O programa foi seguido por 484 500 pessoas. Oxalá o programa, que mexeu com as águas, nos ajude a avançar para o que muito desejamos: que o celibato seja opcional e não obrigatório e que, para quem o deseje, seja possível o exercício do sacerdócio casado.»

Eliseu e Maria de Lurdes Seara – Nasceu o neto Miguel Duarte em 11 de julho. O batizado realizou-se no primeiro fim de semana de outubro.

Fernando Neves (tesoureiro até à assembleia geral de 28 de abril) – Vai esperando em Esperança melhoras do seu estado de saúde, devido à gamopatia monoclonal e à amiloidose, que implicam para além das consultas, hemodiálise, quimioterapia e ozonoterapia, cada um na sua terra. E para a hemodiálise, fez nova fístula no Hospital de S. João no Porto, tendo ainda pontos, já que a primeira feita em junho, aqui em Coimbra, não resultou.

No dia 12 de abril – «(...) Uma palavrinha de gratidão para todos os irmãos da Fraternitas que, em orações e outras presenças de carinho, tanto se têm preocupado com a minha saúde. Domingo próximo, ao meio dia, tomo o avião para Duderstadt, Alemanha, na esperança de que alguma coisa de bom aconteça nesta primeira sessão, de 10 dias, em princípio.» Foi-se-lhe aplicada a primeira vacina.

21 de maio – Parte de novo para Duderstadt, a fim de ser submetido à segunda sessão de tratamentos, incluindo a vacina. No dia 27 foram abordados por uma repórter da TVI, mas não foi visto na reportagem.

Ao longo do ano foi ensaiando uma peça dramática em seis atos, «Paixão de Cristo», sendo exibida na Quaresma duas vezes na Igreja Paroquial da terra onde reside, Palhaça, e outras duas no Centro Cultural de Ílhavo, integrando o programa da Missão Jubilar da Diocese de Aveiro. Esteve presente numa das sessões o bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos.

Cito excertos do artigo no Jornal da Bairrada, de 14 de março: «Oitocentas pessoas assistiram (…) à estreia da segunda temporada da encenação da «Paixão de Cristo», (…) projeto que, desde o ano passado, mobiliza mais de uma centena e meia de pessoas de forma inovadora e completamente voluntária. (…) Peça dramática em seis atos, que embora centrada no mistério pascal de Jesus, não se fica na exploração

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mórbida do sofrimento. Procura ser um forte apelo ao compromisso e à vivência da Fé.»

Francisco M. Sousa Monteiro, dia 20 de abril, por correio eletrónico – «Acontece que recentemente a Pastoral dos Ciganos foi convidada, candidatou-se e foi aceite na Plataforma dos Direitos Fundamentais da Agência dos Direitos Fundamentais da UE. E este organismo convidou-nos para a sua próxima reunião em Viena de 24 a 26 de abril (2013) onde irei representar a ONPC. Por isso, não poderei ir ao Encontro ao qual desejo, no entanto, o maior sucesso no Senhor para o bem da Igreja cheia de esperança.»

Higino Rodrigues Valente, em Diário de Coimbra/Domingo, de 19 de maio: «Santiago da Guarda, no concelho de Ansião, inaugurou a requalificação do polidesportivo e zonas adjacentes, numa cerimónia presidida pelo presidente da Câmara Municipal de Ansião. Na ocasião foi também descerrada a placa toponímica Dr. Higino Rodrigues Valente, que homenageia o primeiro presidente da Câmara local, e foi benzida, pelo Bispo de Coimbra, a primeira pedra das futuras instalações do Centro Social e Paroquial.»

Este associado de mobilidade limitada, serve-se de uma cadeira de rodas para desbravar caminhos.

Jacinto Sousa Gil – Mais um livro em quatro Volumes Documentais – CARVIDE” (sua freguesia natal, de Leiria), lançado em 16 de fevereiro, no Salão do Povo, em Carvide, e apresentado pela sua prima, Dr.ª Maria Cecília Gil. O casal Olindo e Maria Evelina participaram na cerimónia, representando a Fraternitas. Demorou uma dezena de anos a escrever, acrescentou o autor, encontrando-se a escrever um outro.

João Tavares, e-moderador do MFPC/Br

(Movimento das Famílias de Padres Casados) e Associação RUMOS, cujo sítio é www.padrescasados.org, enviava-nos diariamente material «para o bem da Igreja cheia de esperança». Atualmente, já não envia, pelo que é de toda o interesse aceder àquele portal.

José e Antónia Sampaio Ferreira – Estão a caminho da sexta neta (a segunda da parte do filho Zé).

José Ramos Mendes, dia 14 de maio, por correio eletrónico – «Cá estou a dar “sinais de vida”, num momento em que a artrite reumatóide

me tem tolhido um pouco a mobilidade física e acarretado uma certa preguiça mental. Mas as notícias que vais enviando, essas devoro-as. Gosto daquela das diaconisas alemãs, sobretudo por ser um cardeal a levantar o problema. O Espírito parece estar hoje mais actuante na Igreja, talvez após a eleição do Papa Francisco. Mas entendo que é tempo também de se pôr já, (e este "já" é já ontem era tarde), o assunto do celibato como opção e não, como está, condição “sine qua non” para a ordenação sacerdotal. Eu que contacto diariamente com a gente humilde das paróquias da minha Região Pastoral ouço os seus desabafos por não terem quem aos domingos lhes celebre a Eucaristia, ficando-se habitualmente por Celebrações da Palavra que, normalmente, são como Deus sabe. Mas certamente não aprova. Parece-me ser este o momento do Espírito actuar. Para isso é indispensável, penso eu, a nossa ação enquanto membros da Igreja, ordenados sacerdotes para bem dos fiéis, e que a hierarquia teima em ignorar, para não dizer hostilizar. A Igreja do nosso tempo precisa de padres que sejam isso mesmo pais, no sentido teológico da palavra, e chefes de família, se for essa a sua opção. Teimar num celibato obrigatório para a ordenação sacerdotal é destruir a própria Igreja, porque é privar os fiéis da assistência espiritual em termos sacramentais a que têm direito e lhes é devida.»

Foi reeleito por mais quatro anos, nas eleições autárquicas últimas, presidente da assembleia municipal do seu concelho natal – Pampilhosa da Serra, residindo contudo em Arganil.

Lúcio e Bárbara Sousa – No dia de parabéns da Bárbara (3 de fevereiro), afirma muito feliz: «E já lá vão três netas, e vem a quarta a caminho – duas do filho mais velho, e uma, do filho do meio, que reside no Japão. O mais novo é pároco em Pias (Alentejo). A mãe faleceu em 10 de junho, tendo 92 anos (12 com Alzheimer).

Manoel Calçada Pombal – Faleceu a mãe, em 15 de outubro.

Manuel e Judite Paiva – Em 24 de abril nasceu o Dinis (quinto neto) de uma gravidez difícil que mereceu um acompanhamento mais cuidado.

Manuel Paiva foi recuperando de vários problemas de saúde, de entre eles, um enfisema pulmonar, uma conjuntivite prolongada que dificultou o trabalho ao computador.

Graças a Deus já estão operacionais para participarem no encontro próximo de abril.

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Manuel Nabais Antunes – Continua secretário da Assembleia Geral da Santa Casa de Misericórdia de Sesimbra, onde também faz parte da direção da Associação Socorros Mútuos.

Maria Isabel Beires Fernandes – Faleceu a mãe no sábado 27 de abril, após vários anos de se encontrar acamada. O irmão que residia com a mãe, teve um enfarte de miocárdio em meados de janeiro. Teve também tias muito doentes, o mesmo se passando com outros familiares da parte do Vasco. O casal foi brindado com mais um neto, o José Maria, que nasceu em 15 de dezembro.

Maria Manuela Frada – Nasceu mais uma neta, Ana, a quarta (com 2 manos e 1 mana), em 6 de fevereiro.

Fausta de Jesus - Em dia de aniversário, 6 de julho, para transmitir os votos natalícios em nome da Fraternidade, sou surpreendida com a notícia que David Simões Rodrigues já falecera há um ano e meio, em 26 de dezembro de 2011, apesar de continuar a enviar o “Espiral” com o nome de ambos. «Continuo a não conviver nada bem com a sua partida, apesar de fazer parte de dois Coros e estar comprometida com tarefas sociais - por exemplo, voluntária no Lar da Santa Casa da Misericórdia. Isto tudo em Santa Maria da Feira.»

David Simões Rodrigues, sócio n.º 91, nasceu em 6 de julho de 1930, em Seiça, concelho de Ourém. Ordenou-se em 19 de dezembro de 1955, em Leiria. Casou em 20 de agosto de 1975 com Fausta de Jesus Ferreira de Barros S.R., na diocese de Leiria, não havendo filhos. O casal residia em Esmoriz, concelho de Ovar, distrito de Aveiro, onde ainda reside a viúva. Participaram no primeiro Retiro e num Encontro no Porto e em Gaia. Foi escrevendo um livro sobre todas as

freguesias do concelho de Ourém, só lhe faltava uma. Volvido este tempo e apesar disso, irá ser publicado oportunamente, prometendo nós anunciá-lo.

Olindo Marques e Maria Evelina Oliveira – São voluntários na Fundação Arca da Aliança, em Fátima, cujo fundador foi o P.e Joaquim R. Ventura. Fazendo parte da Ala dos Amigos, desempenham «alguma função do canal de comunicação», elaborando o boletim Arca da Aliança. Animam também cerimónias litúrgicas.

Em 1 de setembro de 2013, a Aldeia Intergeracional inaugurou o Solar das Bem-aventuranças com capacidade para 80 idosos… Para mais informações consultar www.arca-alianca.org.

Rogério Carpentier e Virgolina Cabrita – A Virgolina, não obstante ser invisual, faz uma leitura nas missas vespertinas, seguindo naturalmente o seu livro em braille. Note-se que o casal trabalhou em conjunto na conversão para a escrita braille de todo o Antigo Testamento, facto inéditob diz ele, afirmando que se saiba, só existe do Novo Testamento – sendo portanto uma edição única e inédita! O Rogério continua com o grande entrosamento paroquial, estando sempre a si confiadas a orientação das cerimónias fúnebres.

Salomão Morgado – Teve um “AVCzinho” nos inícios de novembro, mas «nada de grave», afirmou.

As notícias não escritas, boas e menos boas,

são incomparavelmente bem mais extensivas, que estas abreviadas. As nossas orações de uns pelos outros.

Morreu ou vive para sempre? JOSÉ AUGUSTO S. VIEIRA, padre casado.

Francisco Carlos Martins Valente, sócio fundador n.º 48, nasceu em 16 de maio de 1928, em Constantim, concelho de Vila Real. Ordenou-se em 4 de abril de 1953, em Vila Real.

Era viúvo de Maria Lúcia Guedes da Costa Valente, que faleceu em 6 de julho de 2011. O casal residia em Peso da Régua (onde foi bancário) deixando três filhos: Francisco Carlos, Domingos Belmiro e Graça Maria, em cuja casa (Amarante) passou a viver logo após a viuvez.

«Zé, morreu o meu tio Francisco. Como éreis muito amigos, resolvi telefonar-te.» Foi assim que, naquela tarde do dia 1 de junho de 2013, recebi a notícia da morte de Francisco Carlos Martins Valente.

A vida proporciona-nos episódios que são verdadeiramente desconcertantes. O dia 1 de junho anuncia já que o verão, símbolo da pujança da vida, está próximo. O dia 1 de junho é mundialmente dedicado à criança, a alegria e o amor em botão lentamente a desabrochar. Na tarde desse dia, celebrava o quarto aniversário da

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minha neta mais velha e decorria concomitan-temente o convívio pela realização do baptismo do meu netinho mais novo. Tantas razões para sorrisos de tanta felicidade!... De repente, o telefone toca e anuncia-me que o nosso amigo Francisco acabava de morrer.

Após o ligeiro diálogo com a Maria Joaquina, vesti o silêncio da minha dor e saudade e recolhi-me por instantes na solidão do meu nada. A Maria Joaquina é, por afinidade, sobrinha do Francisco. Estava casada com o Domingos Valente (meu colega de escola primária), o sobrinho mais querido do Francisco, falecido em Janeiro do ano passado.

Evocar o Francisco, por sugestão do colega Bráulio, é para mim um dever. As cenas do filme da nossa proximidade trazem-me as imagens de um “senhor” (tal como o pai, o senhor Domingos) que, na aldeia, dispensava a toda a gente um sorriso singular e a simpatia de uma disponibilidade imediata. Em férias, era o “ídolo” dos movimentos da paróquia desde a Catequese à Ação Católica e Apostolado da Oração, passando pelos grupos do teatro e desporto. Nas missas dominicais sobressaíam os seus dotes de tenor rivalizando com algumas vozes bem timbradas que sempre houve em Constantim. Ainda vivem admiradoras desses seus dotes. No Orfeão do Seminário de Vila Real, dirigido pelo P.e Minhava, ganhara estatuto de solista tal como o Fernando Costa (também já falecido). Entrei no Seminário no ano letivo de 1951/1952 e quantas vezes me procurava para saber se tudo estava bem ou se precisava de alguma coisa. Em 1953,

adolescente ainda, fui convidado a participar nas cerimónias da sua Missa Nova e no “banquete” oferecido pelos pais na sua própria casa. Já na paróquia de Barqueiros, e eu no 8.º ou 9.º ano, quis que presidisse à visita pascal acompanhado pelo sobrinho Domingos.

Homem de carácter, de princípios e de convicções, contraiu matrimónio, que viveu com felicidade a avaliar por conversas havidas com a esposa e filhos na nossa terra natal que ele adorava visitar. Sofreu muito nos últimos anos por, a vários títulos, não poder realizar esta viagem. Foi, sobretudo, um homem de fé quer no exercício do sacerdócio quer na comunhão do matrimónio.

Por isso, homem de fé, o Francisco não morreu. A morte atinge apenas a matéria, o corpo matéria, o cadáver que desce à terra para se transformar em pó. O corpo espírito e a alma, o ser indestrutível comparece diante de Deus, do Deus Amor, do Deus Misericórdia. Deste mundo visível – o do tempo, do espaço, do biológico, da matéria e do cósmico acontece a ascensão ao mundo do invisível – o do eterno, do infinito e, portanto, do misterioso e do inefável. A morte liberta o ser e o ser liberto pela morte ressuscita para a vida eterna.

Francisco Carlos Martins Valente partiu à nossa frente e, segundo o pensamento de uma jovem de 22 anos expresso num poema de que transcrevo estes versos, ele não morreu mesmo «Porque a Morte é a Ressurreição/a Libertação,/ a Comunicação total/ com o Amor total.»

Ele foi sempre “valente” JOSÉ SILVA PINTO, sócio 67.

Foi chamado prós Anjinhos, este nosso querido e saudoso, duplamente irmão: pelo Batismo e pelo nosso fraterno/irmanado sacramento da Ordem, Francisco Carlos Martins Valente! Coloco ponto de admiração porque ele foi sempre “valente”, quer como estudante, quer como superior do Seminário de Vila Real, onde foi meu Prefeito, mas “perfeito”. Isto é: de ótimo caráter, como o de todos os transmontanos, mas dócil, compreensivo, bom educador, seguindo os mais modernos princípios pedagógicos. Sempre muito atento e solícito às várias necessidades dos seus educandos, vendo-se, perfeitamente, nele

uma dedicação inultrapassável e propondo-se, mui discretamente, exemplo a seguir.

Foi membro do Órfeão, de 70 a 80 elementos, tendo sido “solista” habitual, com o Fernando Costa, desde os «tiples» (voz dos mais novitos), até primeiro tenor, tendo sido louvado pelo nosso querido e admirado maestro, Mons. Ângelo Minhava, atualmente com bons 95 anos, aquando na celebração das Bodas de Ouro da diocese de Vila Real, de cuja organização tive de fazer parte por residir no Porto, onde se conseguiu levarmos dois ótimos grupos corais, então dirigidos por dois ex-seminaristas de Vila Real! Então, o maestro teceu-lhe merecidíssimos louvores! – Em abono da justiça, devo dizer que tinha um cuidado

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especial pelos estudantes residentes a sul de Vila Real, que eram em número muito inferior aos que moravam a norte de Vila Real – no entanto sem benefício de maior para com uns, com qualquer prejuízo para os outros. Conseguiu “agradar a gregos e a troianos”!

Depois de ordenado, foi nomeado pároco de Barqueiros, uma freguesia a confinar, pela margem direita do rio Douro e com a diocese do Porto. Lá, fez um trabalho apostólico de muito valor, em todas as vértices, desde a catequese aos mais novos, passando pelos adolescentes, preparação de noivos, assistência aos recém-casados; lançamento de vários movimentos apostólicos e uma atenção especialíssima aos doentes e aos sós. Tinha, por cuidado máximo, não partir ninguém para o último chamamento divino, sem ir devidamente preparado com os sacramentos e sacramentais que a Santa Igreja tem para todos nós.

Durante a sua doença, muito prolongada, viveu na Régua. Era muito visitado pelos seus antigos

paroquianos e muito respeitado nesta cidade, onde se encontrava com os colegas mais próximos, convivendo um pouco, par descontrair, no Café Nacional ou no Imperial, onde trocávamos ideias sobre as iniciativas pastorais nas paróquias. Já há alguns anos, não saía de casa. Ultimamente, viveu em Amarante em casa de familiares, que não tinha na Régua. Os Anjinhos o vieram buscar em 21 de maio (mês consagrado ao Imaculado Coração de Maria/Nossa Senhora do Rosário de Fátima), indo a sepultar no cemitério do Peso da Régua. A Santa Missa do 7.º dia foi celebrada na Igreja de Nosso Senhor do Cruzeiro, da Régua. Tanto o féretro como esta Eucaristia foram muito concorridas, estando nesta o seu colega Dr. Augusto Pires da Mota, que fez a primeira leitura e o signatário que cantou o Salmo Responsorial, cuja tarefa faz, de muito bom gosto, nas eucaristias vespertinas.

Desejamos PAZ à sua alma, como para nós, quando lá chegarmos.

As minhas bodas de ouro sacerdotais (1963 – 2013) BRÁULIO MARTINS, sócio 36.

No dia 21 de julho celebrei as minhas Bodas de Ouro Sacerdotais (50.º aniversário da minha ordenação sacerdotal). Foi no dia 21 de julho de 1963 que recebi o sacramento da Ordem, que me fez sacerdote para sempre. Durante 12 anos, procurei exercer com dignidade as minhas funções sacerdotais. No entanto, comecei a não me sentir realizado nem como homem nem como padre. O celibato tornou-se para mim um fardo demasiado pesado, conduzindo ao esmagamento da minha personalidade.

Porque sempre procurei ser honesto e coerente comigo mesmo, rejeitando qualquer atitude de vida ambígua, resolvi pedir à Santa Sé a dispensa das obrigações inerentes ao estado eclesiástico.

Iniciei o processo em 10 de maio de 1975. Concedida a dispensa, celebrei o meu casamento com a Maria José no dia 15 de agosto do mesmo ano. Há trinta e oito anos que somos muito felizes na companhia dos nossos três filhos.

Nestes trinta e oito anos de casamento, tenho procurado viver o meu sacerdócio com muita fé e uma paz de consciência como nunca sentira antes. Para tal reconheço que muito tem contribuído o Movimento dos padres casados, Fraternitas, a que

eu e a Maria José pertencemos e onde nos sentimos todos unidos pela amizade e pelo sacramento da Ordem.

É muito rica e gratificante para nós a participação nos encontros do Movimento, em Fátima, sempre que podemos e donde saímos com as baterias carregadas para continuarmos a viver com muita intensidade a fé e o espírito sacerdotal que nos anima.

A celebração das minhas Bodas de Ouro Sacerdotais teve dois momentos: no último domingo de junho e primeira segunda-feira de julho, reunimo-nos em Fátima, como é habitual todos os anos, todos os colegas ainda vivos, que terminámos o curso teológico no ano de 1963. Éramos dez. Um não se ordenou, mas continua muito ligado à Igreja, na diocese de Leiria. Dos nove que fomos ordenados, dois já faleceram, um é bispo e dois casámos.

Nestes encontros participam sempre a Maria José e a esposa do outro colega.

Um dos momentos do encontro deste ano, cujo tema era «As nossas Bodas de Ouro Sacerdotais», foi dedicado ao testemunho de cada um sobre os seus 50 anos de sacerdócio. No meu testemunho comecei por salientar o sentido que fazia para

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mim, padre casado, estar ali a celebrar as Bodas de Ouro Sacerdotais juntamente com os colegas em exercício. É que eu considero-me um padre casado e não um ex-padre. Eu fui dispensado e não excluído. Por isso continua vivo em mim o sacerdote ordenado há 50 anos.

O encontro, como sempre, terminou com a celebração da missa, presidida pelo nosso bispo, que eu, intimamente, concelebrei com a certeza de que Deus a aceitou.

O almoço desse dia foi especial, tendo direito a bolo, parabéns cantados e à respectiva foto para mais tarde recordar.

No dia 4 de Agosto, 50.º aniversário da minha missa nova, a festa foi em família, recebendo os parabéns da Maria José, dos filhos e de amigos.

Recordando mais uma vez os dez que terminámos o Curso Teológico, cada um de nós empenhou no caminho escolhido o melhor do seu ser ou do seu saber. Pelo que, se me fosse dada a possibilidade de voltar atrás nos 62 anos contados a partir da minha entrada no Seminário, voltaria a fazer o mesmo trajeto. Terminado o Curso Teológico, prostrar-me-ia de novo nas lajes da Sé Catedral no dia da ordenação e assumiria funções sacerdotais. Estes anos da minha vida não foram um mero acidente.

Só me arrependo das minhas infidelidades no exercício das minhas funções sacerdotais.

À Igreja, não o posso esquecer, devo quase tudo o que sou.

Produção literária dos associados Livros editados no triénio 2000-2002 e em 2013 URTÉLIA SILVA, secretária.

O secretariado encontra-se a inventariar as obras editadas dos associados e vai baseando-se nos dados dos livros de que dispõe, na sequência adotada – os que vão sendo publicados no próprio ano e/ou num triénio recuando no tempo. Para ver os anos de 2003 a 2012, ver boletins Espiral anteriores.

A MORTE do JUSTO, de Artur Cunha de

Oliveira (2013), edição do Instituto Açoriano de Cultura / Angra do Heroísmo, digitação e revisão de Antonieta Lopes Oliveira, [formato 24x17x1,9 com 374 páginas].

Em Nota Prévia: «Este livro foi escrito em 2004 (…). E porque “ressuscitá-lo” agora? Pela simples razão de que se destinava a ser o primeiro de uma série em que me propunha um como que regresso às origens e focar, não à maneira de apologia, mas baseado em critérios científicos, o que me parece essencial no Cristianismo.»

Na Contracapa: «Esta é uma leitura compreensiva e compreensível do “Evangelho da Paixão”. Compreensiva porque, tomando por base o texto do primigénio evangelista Marcos, vamo-nos dando conta de como variam os restantes: Mateus, Lucas e João. Compreensível porque, pela aplicação das regras da hermenêutica bíblica, podemos igualmente ir-nos dando conta do que terá sido a Última Ceia, a Prisão, o Julgamento de Pilatos e a Morte e Sepultura do Senhor Jesus,

apesar de toda a ganga devocional que no decurso do tempo lhes fomos ajuntando. Uma, de facto, é a história fatual. Outra, a história religiosa. E a Bíblia é mais um livro de Religião que de História.

Não se imagina, porém, o peso que, religiosamente, o “Evangelho da Paixão” tem exercido sobre nós. Entra-se no edifício de uma igreja e o que predomina é a imagem do Senhor Jesus crucificado, assim como as catorze estações da Via-Sacra a adornar as paredes de cada lado. E o Senhor Jesus matando a fome aos famintos? E o Senhor Jesus curando as misérias materiais e espirituais de homens e mulheres? E o Senhor Jesus indo ao encontro dos marginalizados de toda a sorte? E o Senhor Jesus denunciando as injustiças e condenando a hipocrisia de oligarcas sacros e profanos?...

Queiramos ou não, é respirando este ar contrafeito da Paixão que facilmente nos esquecemos de que o Cristianismo é, sobretudo, uma religião de compromisso: «E sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e até aos confins do mundo» (Act.1,8b). Testemunhas de atividade e não de passividade. «Dei-vos exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também» (Jo 13, 15).

Pedido a IAC: www.iac-azores.org / [email protected]. Alto das Covas, 67 / 9700 Angra do Heroísmo – AÇORES. Telefone: 295 215 825.

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MISSÃO ABREVIADA do Padre MANUEL COUTO – UM ABEIRAMENTO CONTEXTUADO, de Alberto Osório de Castro (2002), editado pelo Grupo Cultural AQUAE FLAVIAE e autor; patrocínios das Câmaras Municipais de Chaves e de Vila Pouca de Aguiar, [formato 23,6x17x1,5 com 191 páginas].

Do Prefácio, por António Abel Rodrigues Canavarro: «Este estudo, tendo em conta a época (século XIX ) em que viveu o P.e Manuel do Couto e o contexto (Missões Populares) em que nasceu a sua obra (Missão Abreviada), torna vitalmente presente a “Bíblia das Aldeias” à nossa experiência de crentes e abre-nos caminhos de compreensão e interpretação de uma obra que marcou profundamente a vivência cristã dos lugares em que, de modo particular, o “Apóstolo de Trás-os-Montes” desenvolveu a sua atividade pastoral de pregador de Missões Populares e, de um modo geral, todo o país onde a sua obra se divulgou e teve um notável êxito editorial.

Vivendo numa época de grandes mutações político-religiosas e, por isso, difícil de caraterizar e ainda pouco estudada, devido a uma leitura superficial, muitas vezes literal, o P.e Manuel Couto e a sua obra foram vítimas de preconceitos teológicos (jansenismo, tremendis-mo, negativismo, rigorismo) e de uma supra exaltação por parte do povo sempre propenso para o extraordinário do fator religioso (milagres que lhe são atribuídos, fama de santidade que lhe é reconhecida, culto que lhe é prestado).

Na contracapa e da conclusão: «(…) As Missões Populares foram um instrumento essencial na evangelização europeia e também em Portugal, nomeadamente no século XIX , em que atingiram, nomeadamente entre nós, o que poderemos denominar de “idade de ouro”, tal foi a sua importância e impacte. O atual mapa religioso do país reflete bem a sua realização nesse século.

O P.e Manuel Couto, inteligente como era, desprendido e inteiramente devotado à causa da evangelização, compreendeu que a pregação das Missões Populares era uma forma eficaz de evangelizar e recristianizar sobretudo as populações rurais. Aliás, a zona que o P.e Couto percorreu, ainda hoje, na diocese de Vila Real, é a que apresenta maior índice de prática cristã!

Missão Abreviada surgiu como o prolongamento, por escrito, das Missões Populares (…).» De concepção quase linear, simples na linguagem e argumentação,

socorrendo-se dos instrumentos que bem conhecia da prática das Missões Populares, P.e Couto constrói um livro que irá erguer uma determinada forma de cristianismo.

Mas nem sempre o fim e o uso que o autor pensa para a sua obra são perfeitamente atingidos. Julgamos que foi o que aconteceu com Missão Abreviada. Indiscriminada, desordenada e foi utilizada abusivamente. Não integrada em plano ou projeto pastoral, servindo apenas como “muleta” para ausência de formação cristã (recordemos, a não obrigação de homilia nas missas, mesmo ao domingo, o que só com o Concílio Vaticano II foi alterado!), com a facilidade que contém em si mesma de ser, pela sua simplicidade, pela sua linguagem terra-a-terra, facilmente memorizável (e é um dos seus valores!), Missão Abreviada tornou-se o “pronto socorro” de muitos párocos e de responsáveis pela “cura de almas”. O que gerou algum desvirtuamento da obra. Acabou por sofrer um prolongamento de vida, quase até à exaustão, para o que lhe mudou, o último editor, a subtitulação, passando-a de livro “formativo” de e para as missões, a livro de orações, como acabou por ficar conhecido.»

A ORDEM DA TRINDADE E A

SOCIEDADE PORTUENSE – Séculos XVIII, XIX e XX, Boaventura Santos Silveira, (2001 - aquando do evento Porto 2001-Capital Europeia da Cultura), [formato A4, com 392 páginas]

DIÁLOGOS do Homem com o seu Deus no

Tempo Novo – Vol. 1, Salomão Duarte Morgado, (2000), 2.ª edição do autor policopiada (50 exemplares), [formato A4, com 196 páginas].

Na última página: «Tenho formação teológica mas “estou reduzido ao estado laical”, o estado de Pedro. Sou casado como Pedro, com o “trunfo estratégico de, (…) em mim ficar radicalmente desfeita a atual distinção entre clérigo e leigo! E mais: Tu sabes de, como eu, pela minha formação teológica e pela Tua Presença, contra ventos e marés, proclamo o essencial e sei o que fazer do acessório! E outra coisa que me espanta por completo: o Papa para o Tempo Novo deve trazer uma missão especial em relação aos judeus: é preciso proclamar de novo que Tu és o seu Messias e eles não devem esperar outro. Ora tu andas-me sempre a dizer isso e sabes o que sinto da Tua fidelidade às Tuas promessas! Abençoa-me, Jesus, para eu não ficar esmagado!

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Encontro Nacional Fraternitas, 24-26 de abril «CONCÍLIO VATICANO II – Memória e PROFECIA»

O 36.º Encontro Nacional do Movimento,

para todos os sócios e amigos, tem lugar na Casa Nossa Senhora do Carmo, (casa em frente à capelinha), com este programa: Dia 24 (quinta-feira)

20h 00 – Jantar, antecedido de acolhimento. 21h15 – Encontro: apresentação do orientador

e lançamento do tema. 22h00 – Descanso.

Dia 25 (sexta-feira, feriado) 8h30 – Pequeno-almoço. 9h00 – Oração da manhã. 10h00 – Encontro 11h15 – Intervalo. 11h45 – Encontro. 13h00 – Almoço. 14h00 – ASSEMBLEIA GERAL 20h 00 – Jantar. 21h15 – Conclusão da Assembleia ou Tertúlia.

Dia 26 (sábado) 8h30 – Pequeno-almoço. 9h00 – Oração da manhã. 10h00 – Encontro: escrever carta ao Papa 12h00 – Eucaristia, com ensaio prévio. 13h00 – Almoço INSCRIÇÃO : gratuita para sócios; dez euros

para não sócios. Para a inscrição e informações sobre

alojamento, contactar Urtélia Silva, do Secretariado, pelo telefone fixo 239 001 605 ou telemóvel 914 754 706. Correio eletrónico: [email protected].

Que ninguém deixe de ir por dificuldades financeiras.

Todavia, aproveitemos o Encontro Nacional para pagar as quotas de sócio relativas a 2014 (e/ou de anos anteriores em falta).

Quem desejar contribuir para o fundo de partilha, pode fazê-lo com o tesoureiro ou no ofertório da missa.

Quem não puder estar em Fátima, pode pagar as quotas ou contribuir para o fundo de partilha, fazendo depósito ou transferência bancária para o NIB 0033 0000 5003 2983 24805, do Millennium BCP.

O conferencista Dr. Augusto Rodrigues Nasceu no lugar de Espinheiro, concelho de

Penela, a 30 de outubro de 1936. Fez a instrução primária em Miranda do

Corvo; frequentou os seminários diocesanos de Figueira da Foz e de Coimbra. Em 1955, foi para Roma. Obteve licenciatura em Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana e em Ciências Bíblicas e Línguas Semíticas no Pontifício Instituto Bíblico, entre 1955 e 1962.

Entre 1962 e 1963, frequentou a École Biblique et Archéoligique Française de Jerusalém tendo alcançado o grau de Mestre. Realizou viagens científicas ao Iraque, Irão, Jordânia, Egipto, Síria, Líbano, Chipre, Turquia e Grécia.

Chega à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em 1963, para a regência da cadeira de História do Cristianismo. Nesta Faculdade teve a seu cargo as disciplinas de Hebraico, Árabe, História Comparada das Religiões, História da Cultura e História da Cultura Portuguesa, História da Universidade de Coimbra, entre outras. Também a partir de 1963, regeu no Seminário de Coimbra e no Instituto Superior de Estudos Teológicos cadeiras de Sagrada Escritura.

Em 1975, defendeu a tese de doutoramento A Cátedra de Sagrada Escritura na Universidade de Coimbra – 1537-1640, tendo sido aprovado por “unanimidade e louvor”.

Professor catedrático desde 1960, orientou várias teses de doutoramento e de mestrado.

Participou em congressos e encontros científicos realizados em Portugal e no estrangeiro, apresentando comunicações relacionadas com os seus interesses científicos.

Elaborou ao longo do tempo cerca de trezentos trabalhos e colaborou em diversas Enciclopédias nacionais e estrangeiras. Colabora semanalmente no jornal Correio de Coimbra.

Foi pró-reitor da Universidade de Coimbra para as comemorações dos 700 anos da sua fundação em 1990-1994 e foi director do Arquivo da Universidade de Coimbra entre 1980-2003.

Aposentou-se em 2003 depois de 43 anos ao serviço da “Alma Mater Conimbrigensis”.

É padre dispensado do exercício ministerial. Casado. Foi professor de vários associados da Fraternitas, no Seminário Maior de Coimbra.

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ASSEMBLEIA GERAL Convocatória

Nos termos do Artigo 12.º dos Estatutos convocam-se todos os sócios da Associação Fraternitas Movimento, para a assembleia geral a realizar no dia 25 de abril de 2014, pelas 14h, na Casa Nossa Senhora do Carmo, em Fátima, com a seguinte Ordem de Trabalhos:

1 – Apreciação e votação das duas últimas atas das assembleias de 2012 e 2013.

2 – Apreciação e votação do relatório de atividades abril 2013-abril 2014, e das contas de 2012 e 2013. Parecer do Conselho Fiscal.

3 – Análise da situação da Fraternitas. 3.1 - Eleição dos Corpos Gerentes para o

triénio 2014/2016. 3.2 – Apreciação e votação do plano de

atividades de abril de 2014 a abril de 2015, e do orçamento para 2014.

4 – Outros assuntos.

A sociedade à imagem da família CONFERÊNCIA EPISCOPAL PORTUGUESA

«Muitas vezes a família é encarada como um refúgio que protege de um ambiente hostil da sociedade que nos rodeia, um oásis de harmonia no meio do deserto, um espaço de humanização no meio de um mundo desumanizado. E é assim de facto. Mas também podemos encarar a família de outra perspetiva: como a fonte e o fermento de onde parte a renovação da sociedade. É assim através dos filhos, que se devem proteger das más influências da sociedade, mas que também a esta podem dar muito do que recebem na família.

Os valores que se vivem na família – a pessoa amada e acolhida como ser único e irrepetível, o amor gratuito, a solidariedade espontânea, a autoridade como serviço, o valor do doente e do idoso, a aliança da tradição e da inovação, a unidade e complementaridade das dimensões masculina e feminina, a fidelidade e o compromisso – devem estender-se, por seu intermédio, a toda a sociedade: às empresas, aos serviços públicos, às escolas e hospitais, às comunidades eclesiais, às associações. A família é o modelo, o dever ser de qualquer convivência humana.» (Nota Pastoral A força da família em tempos de crise, 6.)

A nossa Igreja está ferida e sofrida

JOSÉ SILVA PINTO, sócio 67.

Parece-me que já escrevi, uma vez, que nos últimos 10 anos, a nossa Igreja perdeu «dois milhões de católicos» (não são dois mil…). E porquê? Onde estará a causa ou as causas? Pessoalmente estou convicto de que a causa ou causas estão no interior da própria Igreja: nas suas estruturas na sua organização interna e “nos seus encontros com os habitantes deste mundo”, ao serviço do qual ela foi fundada, por quem quis e pôde, por vontade legítima e poder próprio: se quisermos, Deus, a Santíssima Trindade ou Jesus Cristo só!...

Nos “seus encontros” – disse – ou “desencontros” com o mundo: - pecado de co- omissão ou omissão, tendo ambas levado ao desabamento de “dois milhões de pedras vivas” ou muito pouco vivas, mas que iam segurando o grande edifício moral e espiritual desta humanidade, nossos vizinhos, com quem convivemos.

Nestes dez anos, tivemos dois papas: um que está beatificado e outro que é já santificado. Seriam papas para o nosso tempo ou teriam deixado passar tempo a mais?

Nos tempos antecedentes à resignação e durante ela, vieram ao de cima os casos de centenas de sacerdotes (dons sagrados) que brincavam à abjecta pedofilia, que já existia, abertamente, no tempo do beato João Paulo II, como apareceram «quatro purpurados» que confirmaram ter tido casos, neste caso mesmo antes de serem purpurados. Quem os designou eram cegos? Ou os aceitantes não tinham consciência de que tinham recebido sacramentos que imprimem carácter e que as suas vidas tinham a ver com terceiros?

Em finais de abril, ficámos a saber que, sendo Portugal um país de envio de missionários durante séculos, e de milhões de emigrantes, a Igreja de Portugal recebeu muito recentemente quatro sacerdotes (missionários ou não) para assistirem pastoralmente os cristãos portugueses.

Ora, em todas as dioceses de Portugal há sacerdotes dispensados, com a sua vida organizada, que aceitavam de bom grado retomar as funções pastorais, sem objetivos financeiros. Assim o solicitem bispos e párocos.