Estadinho - Edição de 29/09/2012 - Página 4

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Grimm Uma Cinderela sem sapatinhos de cristal? Sim, ela existe. Há também uma Branca de Neve que não acorda com o beijo do príncipe. E uma Rapunzel que é condenada a viver no deserto! Pode parecer estranho, mas foi assim que dois irmãos contaram essas histórias em 1812, no livro Contos para Crianças e Para a Família. Eram os Irmãos Grimm. Os alemães Jacob e Wilhelm Grimm foram um dos primeiros a colocar essas histórias no papel e são tão importantes para a literatura infantil que, em 2012, o mundo todo comemora os 200 anos de seus contos. No Brasil, além de exposição, a versão original dos livros de 1812 e 1815 será relançada em outubro pela Cosac Naify (R$ 99). É interessante ver como as histórias mudaram com o tempo: eram mais violentas que as da Disney, por exemplo. Ao longo da vida, os Grimm reuniram 240 contos de fadas. Eles podem estar bem diferentes hoje, mas há algo que não mudou: a magia. Entre com a gente na floresta e conheça essas versões em busca do final feliz! O jeito alemão Jacob e Wilhelm Grimm nasceram em 1785 e 1786 em Hanau, região da atual Alemanha. Na época, ela ainda não era um país (o que só aconteceu em 1871) e estava dividida em pequenos estados independentes, mas que tinham muito em comum. Foi para consolidar o que seria a cultura e a identidade alemãs que, em 1806, os irmãos viajaram por várias aldeias ouvindo histórias e fazendo anotações. “Elas ressaltavam os valores alemães da ética e do trabalho”, diz Katia Canton, especialista em conto de fadas. “Quem era bom, recebia o bem”, explica ela. O resultado foi o livro de 1812, com 86 contos. Três anos depois, lançaram outro, com 70 histórias. Quase todas tinham a floresta como cenário e retratavam a crueldade daqueles tempos de fome, pobreza e guerras (a violência de alguns contos vem daí). Wilhelm morreu em 1859 e Jacob em 1863. Cem anos antes... O francês Charles Perrault (1628-1703) se preocupou em transmitir boas maneiras através dos contos. Ele publicou em 1697 um livro conhecido como Contos de Mamãe Gansa, com histórias que circulavam pela França, como Bela Adormecida e Chapeuzinho. Perrault frequentava a corte do rei Luís XIV e suas histórias tinham mais luxo. Foi ele que tornou inesquecível o sapato de cristal de Cinderela. Com reportagem de Bárbara Ferreira Santos, Renato Vieira, Luiza Vieira, Pedro Proença, Thiago Mattos e Breno Pires/Especial para o Estado. Contos de 4 SÁBADO, 29 DE SETEMBRO DE 2012 O ESTADO DE S. PAULO

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Matéria de capa do caderno Estadinho, do jornal O Estado de S. Paulo, no dia 29 de setembro de 2012, aborda o universo dos contos de fadas, tendo como gancho os 200 anos do lançamento do primeiro livro dos Irmãos Grimm, nomes fundamentais para o desenvolvimento da literatura infantil no mundo. Reportagens de Bárbara Ferreira Santos, Renato Vieira, Luiza Vieira, Pedro Proença, Thiago Mattos e Breno Pires/Especial para o Estado.

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GrimmUma Cinderela sem sapatinhos de cristal? Sim, ela existe.

Há também uma Branca de Neve que não acorda com o beijo do príncipe. E uma Rapunzel que é condenada a viver no deserto! Pode parecer estranho, mas foi assim que dois irmãos contaram essas histórias em 1812, no livro Contos para Crianças e Para a Família. Eram os Irmãos Grimm.

Os alemães Jacob e Wilhelm Grimm foram um dos primeiros a colocar essas histórias no papel e são tão importantes para a literatura infantil que, em 2012, o mundo todo comemora os 200 anos de seus contos. No Brasil, além de exposição, a versão original dos livros de 1812 e 1815 será relançada em outubro pela Cosac Naify (R$ 99). É interessante ver como as histórias mudaram com o tempo: eram mais violentas que as da Disney, por exemplo.

Ao longo da vida, os Grimm reuniram 240 contos de fadas. Eles podem estar bem diferentes hoje, mas há algo que não mudou: a magia. Entre com a gente na fl oresta e conheça essas versões em busca do fi nal feliz!

O jeito alemão

Jacob e Wilhelm Grimm nasceram em 1785 e 1786 em Hanau, região da atual Alemanha. Na época, ela ainda não era um país (o que só aconteceu em 1871) e estava dividida em pequenos estados independentes, mas que tinham muito em comum.

Foi para consolidar o que seria a cultura e a identidade alemãs que, em 1806, os irmãos viajaram por várias aldeias ouvindo histórias e fazendo anotações. “Elas ressaltavam os valores alemães da ética e do trabalho”, diz Katia Canton, especialista em conto de fadas. “Quem era bom, recebia o bem”, explica ela.

O resultado foi o livro de 1812, com 86 contos. Três anos depois, lançaram outro, com 70 histórias. Quase todas tinham a fl oresta como cenário e retratavam a crueldade daqueles tempos de fome, pobreza e guerras (a violência de alguns contos vem daí). Wilhelm morreu em 1859 e Jacob em 1863.

Cem anos antes...

O francês Charles Perrault (1628-1703) se preocupou em transmitir boas maneiras através dos contos.

Ele publicou em 1697 um livro conhecido como Contos de Mamãe Gansa, com histórias que circulavam pela França, como Bela Adormecida e Chapeuzinho. Perrault frequentava a corte do rei Luís XIV e suas histórias tinham mais luxo. Foi ele que tornou inesquecível o sapato de cristal de Cinderela.

Com reportagem de Bárbara Ferreira Santos, Renato Vieira, Luiza Vieira, Pedro Proença, Thiago Mattos e Breno Pires/Especial para o Estado.

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4 SÁBADO, 29 DE SETEMBRO DE 2012 ● O ESTADO DE S. PAULO