Estado Novo - Deus, Pátria, Família & O Sucesso Económico

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Escola Secundária c/EB de Santa Maria da Feira Ano Lectivo 2009/2010 4 DE JANEIRO DE 2011 Estado Novo DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIAE o sucesso económico Discente Ricardo Lima nº 26 Turma: I Ano: 12º Curso: Línguas e Humanidades Disciplina: História A Docente ANTÓNIO REIS

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Escola Secundária c/EB de Santa Maria da Feira Ano Lectivo 2009/2010

4 DE JANEIRO DE 2011

Estado Novo DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA…

E o sucesso económico

Discente

Ricardo Lima nº 26 Turma: I Ano: 12º

Curso: Línguas e Humanidades

Disciplina: História A

Docente

ANTÓNIO REIS

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I – Índice

II – Introdução ...................................................................................................... 3

III – “Deus” ............................................................................................................ 4

IV – “Pátria” .......................................................................................................... 5

V – “Família” ......................................................................................................... 6

INTERTEXTUALIDADE .................................................................................... 6

VI – Intervenção Económica ................................................................................ 7

CONTROLO FINANCEIRO & RURALISMO .................................................... 7

OBRAS PÚLBICAS ........................................................................................... 7

LIMITAÇÃO INDUSTRIAL E POLÍTICA COLONIAL ........................................ 7

VII – Impacto na primeira década do século XXI ................................................. 8

VIII – Conclusão ................................................................................................... 9

IX – Bibliografia .................................................................................................. 10

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II – Introdução

«Sei muito bem o que quero e para onde vou». Foi com esta convicção

que António Oliveira Salazar subiu ao governo como Ministro das Finanças e,

em poucos anos, elevar-se a Chefe do Governo de Portugal, estando até acima

do próprio Presidente da República. Com o objectivo central de estabilizar a

economia portuguesa, o espaço de tempo em que Salazar governou teve o

nome de Estado Novo (1933-1974), com uma série de características que o

levariam a ser odiados por muitos, mas aclamado por alguns. À semelhança de

outros países da Europa (França, Espanha), o chefe de governo português

adoptou medidas austeras, numa ditadura altamente rigorosa e repressiva,

teoricamente inscritas na Constituição de 1933.

Através deste documento pretendo abordar duas características

marcantes do Estado Novo e avaliar a sua importância e impacto na primeira

década do século XXI: o lema “Deus, Pátria, Família” e o estado económico

que, um pelo seu conservadorismo, outro pelo seu sucesso, continuam

presentes actualmente.

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III – “Deus”

Na “Trilogia da Educação Nacional” (expressão propagandista dos

cartazes ao serviço do regime que ditava três conceitos inquestionáveis), o

primeiro valor a ser defendido e que deveria estar acima de tudo era “Deus” –

num termo mais abrangente, a religião.

Desde cedo, o catolicismo foi definido como a religião da Nação

portuguesa, protegida ferozmente e reforçada através do Santuário de Fátima e

pelo papado vigente (Pio XII) através da Concordata de 1949 que veio, aliás,

fortalecer ligações precedentes (Concordatas de 1857 por Pio IX e de 1886 por

Leão XIII).

A religião católica foi considerada um elemento fundamental e

indispensável para o enquadramento da população e teve o poder de fundar e

dirigir escolas. Bispos, sacerdotes e outros ao serviço de Deus, receberam

privilégios e as personalidades católicas subiram ao expoente das figuras

nacionais mais importantes.

Esta forte ligação consagrou-se de tal forma que se pôde afirmar que a

Igreja Católica e o Estado passaram a caminhar lado a lado, na medida em que

o Catolicismo serviu, diversas vezes, de justificação a acções do Estado.

Apesar de toda esta união, foram algumas as vozes discordantes da

natureza e da acção colonial da política salazarista (bispos que acabaram

destituídos, outros que ficaram impedidos de entrar novamente em Portugal,

etc). São exemplos os padres Américo Monteiro de Aguiar (1887-1956) e Mário

de Oliveira que criaram textos críticos ao Estado Novo.

Figura 1 – Crucifixos na escola pública. [Com retratos do Presidente da República (direita) e do Chefe de Estado (esquerda)].

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IV – “Pátria”

Salazar devia ser visto como o “Salvador da Pátria”, tal como a

propaganda e o culto do chefe ditavam. A defesa da Pátria foi também uma

prioridade nas políticas salazaristas, tal como os fascismos europeus, que

levaram ao extremo o nacionalismo exacerbado. O slogan “Tudo pela Pátria,

nada contra a Pátria” exigia uma actuação comum e que funcionasse para o

bem da Nação Portuguesa.

Uma série de medidas tiveram como objectivo engrandecer o povo

português. Recorrendo ao passado histórico, Salazar enalteceu o povo

dominador e conquistador de todo o mundo, dotado de capacidades únicas e

pioneiras, novamente através do forte aparelho “publicitário” do Estado

(socorrido, por exemplo, pelo Secretariado da Propaganda Nacional).

No que diz respeito às colónias, afirmava-se “a missão histórica

civilizadora dos Portugueses nos territórios ultramarinos” e “incutia-se no povo

português uma mística imperial (como se o Império fosse a razão da existência

histórica de Portugal!)” (in O Tempo da História 12; parte 1; Porto Editora;

2009; p. 202-203)

Figura 2 – Cartaz elucidativo da importância de Salazar na defesa da Pátria portuguesa.

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V – “Família”

Uma das medidas enquadradas no rigoroso regime salazarista era o

ideal de “verdadeira família portuguesa”, que devia ser: dotada de austera

moralidade e liderada pelo “chefe de família” que deveria ser o homem, com a

função de afastar o agregado de vícios. À mulher deveria caber o trabalho

doméstico e servir o marido, cuidar dos filhos, uma mãe sacrificada e esposa

como fonte de feminilidade. Praticamente sem direitos, a mulher devia ser

“ouvida”, embora não tivesse poder nenhum nas decisões familiares. Na vida

política, a mulher não tinha o direito de voto. O matrimónio tinha o carácter

indissolúvel. As filhas deveriam ser educadas para serem donas de casa,

aprendendo artes como costurar e cozinhar.

A opinião de Salazar era firme e clara: «Ensinai aos vossos filhos o

trabalho, ensinai às vossas filhas a modéstia, ensinai a todos a virtude da

economia. E se não poderdes fazer deles santos, fazei ao menos deles

cristãos».

INTERTEXTUALIDADE

No seu percurso como fadista, Amália Rodrigues cantou “Uma Casa

Portuguesa”, com letra de Reinaldo Ferreira, que ilustra o ideal de família

tradicional portuguesa no tempo do Estado Novo:

Numa casa portuguesa fica bem

pão e vinho sobre a mesa.

Quando à porta humildemente bate

alguém,

senta-se à mesa co'a gente.

Fica bem essa fraqueza, fica bem,

que o povo nunca a desmente.

A alegria da pobreza

está nesta grande riqueza

de dar, e ficar contente.

Quatro paredes caiadas,

um cheirinho á alecrim,

um cacho de uvas doiradas.

(…)

No conforto pobrezinho do meu lar,

há fartura de carinho.

A cortina da janela e o luar,

mais o sol que gosta dela...

Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar

uma existéncia singela...

É só amor, pão e vinho

e um caldo verde, verdinho

a fumegar na tijela.

(…)

É uma casa portuguesa, com certeza!

É, com certeza, uma casa portuguesa!

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VI – Intervenção Económica

O principal objectivo na subida de Salazar ao poder era conseguir

segurar e estabilizar a economia portuguesa. Para isso, foram criadas medidas

em diversos âmbitos.

CONTROLO FINANCEIRO & RURALISMO

A criação de novos impostos, o aumento de tarifas alfandegárias, a

melhor administração de dinheiros, o maior e rigoroso controlo dos gastos de

todos os ministérios, a redução do consumo externo, foram aplicados segundo

um ideal de autarcia.

A lavoura portuguesa foi aproveitada e recebeu muita importância por

parte de Salazar. Construíram-se barragens que permitiram a melhor irrigação

do solo, fixou-se a população no interior, plantaram-se massivamente árvores e

aumentou-se a produção da vinha, arroz, batata, fruta, trigo, etc. A autarcia

esteve novamente na base destas medidas.

OBRAS PÚLBICAS

De forma a reduzir a população desempregada e simultaneamente dotar

o país de infra-estruturas importantes, levou-se a cabo uma política de grandes

construções de obras públicas. À luz da Lei de Reconstituição Económica,

construíram-se e repararam-se estradas, o que facilitou o comércio nacional e

internacional. Construíram-se também pontes, portos, melhoraram-se a

telefonia e a telegrafia e expandiu-se a rede eléctrica.

LIMITAÇÃO INDUSTRIAL E POLÍTICA COLONIAL

Aquela que terá sido das intervenções menos favoráveis a Portugal, foi a

limitação industrial a que o país esteve sujeito. Caracterizada como fonte de

vícios e corrupção, a falta de indústria provocou um sério atraso à

modernização portuguesa. Em contrapartida, a política colonial ajudou no

comércio, já que eram preciosa fonte de matéria-prima, e local de escoamento

de produtos.

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VII – Impacto na primeira década do século XXI

Como é sabido, António de Oliveira Salazar conduziu Portugal a um

saldo positivo a que há muito não se via e que o levou a ter credibilidade. Mas

quais serão as consequências de toda a exigência e sacrifício a que os

portugueses estiveram sujeitos?

Hodiernamente e desde 1974 que Portugal nunca viveu dias onde

pudesse respirar de alívio. A partir de 2000, as suspeitas de uma grave crise

económica abalaram o país até que, nos dias que correm, estão a ser postas

em causa valores alcançados pelo Estado Providência. Subsídios e outros

tipos de ajudas estão cada vez mais a desaparecer. Desta forma, são

crescentes as vozes de pessoas que viveram durante o Estado que invocam

um novo Salazar. Mas seria essa a melhor opção? É verdade que Salazar

conduziu a um país sem prejuízos, mas a vida da população portuguesa era

mísera.

Acerca dos costumes conservadores e tradicionais, ainda hoje é

possível observar como há tantas mães que, educadas segundo um regime

muito conservador, continuam a prestar tanta servidão ao marido e tanto

sacrifício aos filhos; tanta gente que ainda hoje está ligada à religião católica

(apesar deste número ter vindo a decrescer) e que desconhece por completo

as origens e alguns passos duvidosos da Igreja Católica.

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VIII – Conclusão

Estudando as medidas do Estado Novo, é possível conhecer traços da

personalidade de Salazar. Determinado, conservador e com pulso firme, o

chefe de estado conseguiu, apesar de sacrificar a população, levar a números

financeiros agradáveis. Com costumes tradicionais e conservadores, as suas

medidas ainda hoje estão presentes nos lares portugueses.

Os valores do Estado Novo estão cada vez mais em desuso, mas agora,

quase quarenta anos depois, são postos em causa por uma população mais

instruída e que conhece um país livre e democrático, não sendo capaz de

abdicar dessa liberdade para obter boas finanças. Os valores católicos são

também postos em causa por gente que estudou o seu passado;

comparativamente com as potências europeias mais importantes e

desenvolvidas mundialmente, como Inglaterra, a maior parte da população é

protestante.

Salazar terá mandado areia para os olhos dos portugueses,

aproveitando-se da sua falta de instrução1 para alcançar os seus objectivos?

1 Falta de instrução

Figura 3 – Gráfico da taxa real de escolarização desde o primeiro ciclo ao ensino secundário em Portugal, desde 1961 a 2009 (Dados PORDATA).

Desde o fim do Estado Novo que o nível de escolaridade em todos os níveis de ensino sobe consideravelmente.

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IX – Bibliografia

INTERNET

4 de Janeiro de 2011

[1] Ditaduras

<http://ditaduras.no.sapo.pt/portugal/portugal_licao_dpf.htm>

[2] Bota Abaixo

<http://botabaixo.forumeiros.com/t2-o-estado-novo-dr-o-salazar-e-o-pensamento-

politico>

[3] História Por Um Canudo

<http://historiaporumcanudo.blogspot.com/2008/06/educao-no-estado-novo.html>

LIVROS

5 de Janeiro de 2011

[1] MARTINS, MANUEL G. 2002. "O Estado Novo e a Igreja Católica em

Portugal (1933-1974)", Trabalho apresentado no Congresso Português de

Sociologia: Passados Recentes. Futuros Próximos, In Actas do IV Congresso

Português de Sociologia: Passados Recentes. Futuros Próximos, Coimbra.

[2] COUTO, CÉLIA P. 2009. “O Tempo da História 12”; 1ª Parte; Porto

Editora, Porto.