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24 julho 2014 O RIBATEJO 19 Qual foi o contexto para a criação do CTIC? O CTIC nasceu numa altura em que a indústria de curtumes estava em franca expansão, nos anos 80, quando acontecia também a expan- são da indústria de calçado, que representava 90% do destino das peles produzidas em Portugal. Com esse boom da indústria do calçado, os curtumes deram resposta. Foi nessa altura que se fez a moder- nização tecnológica da indústria, que ficou equiparada aos maiores países produtores de peles. Os empresários sentiram a neces- sidade de um suporte tecnológico, precisavam de uma entidade reco- nhecida que garantisse a qualida- de dos seus produtos. Aí surgiu o CTIC por iniciativa dos próprios industriais, mas com o incentivo do Governo da altura, que deu suporte à criação de outros centros tecnológicos nos chamados setores tradicionais. Quando e porquê aconteceu o alargamento dos vossos serviços a outros setores? Ao trabalharmos com as empresas de curtumes criámos competên- cias, que nos deram a capacidade de nos colocarmos no mercado de forma competitiva. Entrámos pela área do ambiente – até pela expe- riência que já tínhamos no setor dos curtumes – mas rapidamente avançámos para a área da certifica- ção de empresas. O facto de termos diversificado os nossos clientes a outros setores teve a ver com uma necessidade de rentabilização da estrutura. Para satisfazermos os pedidos da indústria de curtumes é preciso ter massa crítica e, para isso, é preciso ter estrutura. Mas para ter estrutura temos que ter algum volume de negócios e isso foi conseguido com o alargamento dos nossos serviços. A diversificação dos nossos serviços teve também a ver com um período em que a região não teve acesso aos fundos comunitários por estar na região de Lisboa e Vale do Tejo. Este período empurrou-nos para a procura do mercado. Qual é a importância dos fundos comunitários para a vossa ativi- dade? Os quadros comunitários de apoio são fundamentais para nós. Desen- volvemos os nossos próprios pro- jetos de investigação mas também apoiámos as empresas no desenvol- vimento dos seus projetos, através do acompanhamento de candida- turas e, depois, nalguns casos, na execução desses projetos. É um serviço chave-na-mão. As empresas dos curtumes têm aproveitado os fundos comunitá- rios para se modernizarem? Sim, têm feito alguns investimen- tos produtivos mas sobretudo têm aproveitado os apoios para a inter- nacionalização, para a presença e pesquisa em mercados externos e em feiras. Há 20 anos, o cenário do setor dos curtumes era outro. A evolução foi muito significativa porque era difí- cil continuar a concorrer com os produtos oriundos de outras zonas do mundo, da América Latina, dos mercados asiáticos. Houve alguma contração no número de empre- sas, mas houve uma evolução em termos qualitativos e um posicio- namento no mercado em segmen- tos, médios, médios superiores e mesmo superiores. Quais são as vossas prioridades para o próximo quadro comuni- tário? Vamos continuar a fazer projetos de inovação e de desenvolvimento tecnológico, sempre em conjunto com empresas e universidades, apostando na melhoria das cara- terísticas técnicas do produto e de novas propriedades funcio- nais. Hoje estão muito em voga as nanotecnologias e nós integramos o Centro de Nanotecnologias, em Famalicão, em conjunto com ao Centro Tecnológico dos Têxteis, as Universidades do Minho, de Aveiro e do Porto. Há dois novos conceitos que esta- mos a desenvolver com este centro que podem dar origem a projetos: a pele “fácil de limpar” e a pele “lim- pável” (ver projetos tecnológicos). Estamos também a desenvolver um outro projeto para tornar a pele mais leve e isso terá muita utilidade em diversos setores, sobretudo na moda, onde se quer uma pele resis- tente mas mais flexível. O mesmo se aplica ao setor da aeronáutica. Nós estamos ainda integrados em redes europeias de centros tecno- lógicos e nessa área continuaremos a ter projetos. Em conjunto com outros setores, que não só os curtumes, estamos a tentar desenvolver um projeto que permita juntar resíduos de peles com outros subprodutos e obter novos produtos para novas utili- zações. O objetivo é criarmos um consórcio, que envolva as empresas e as universidades. A formação continuará a ser uma prioridade e estamos a aguardar que abram novos programas. Só em 2013, tivemos cerca de 1100 formandos. Continuaremos a apostar muito no desenvolvimento dos nossos serviços. Nos últimos anos, existiu a ferramenta do “Vale Inovação”, que era bastante atraente para as empresas porque, ao recorrer aos nossos serviços, recebiam um incentivo de 75% na aquisição desses serviços. É um incentivo do lado da procura e foi bastante importante para infraestruturas como os centros tecnológicos que, em Portugal, infelizmente não têm qualquer suporte do Estado para se manterem, ao contrário do que se passa na generalidade dos países europeus. Qual é o papel do CTIC na melhoria do sistema de tratamento de resí- duos de Alcanena? Estamos a colaborar como “braço” tecnológico da AUSTRA na procura das melhores soluções, de parceiros e de especialistas para a remodela- ção da ETAR e da rede de coletores. Temos tido aí um papel bastante ati- vo na adequação das melhores solu- ções já existentes ao setor específico dos curtumes. Temos trabalhado, há muitos anos, em soluções de valo- rização de resíduos dos curtumes. Desenvolvemos o projeto VERICA, para a valorização do biogás, que era viável do ponto de vista técnico e económico. Só que não houve finan- ciamento para o projeto arrancar. Estamos a estudar ainda uma outra solução de extração de gordura e proteína dos resíduos dos curtumes para aplicações diversas. É um pro- jeto que requer um investimento mais pequeno e estamos, por isso, a aguardar a abertura do novo quadro comunitário. Entrevista O Centro Tecnológico das Indústrias do Couro (CTIC) está a assinalar 20 anos de existência. Este centro está desde sempre ligado ao setor da pele mas alargou o leque de competências a vários outros setores de atividade. A entrevista com o diretor do CTIC, Alcino Martinho. CTIC vinte anos ao serviço da inovação regional especial 20 anos 1994 - 2014 Este suplemento faz parte integrante do Jornal O Ribatejo - edição 1494 de 27 Julho 2014 Alcino Martinho, diretor do Centro Tecnológico das Indústrias do Couro • • •

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24 julho 2014 O RIBATEJO 19

Qual foi o contexto para a criação do CTIC?O CTIC nasceu numa altura em que a indústria de curtumes estava em franca expansão, nos anos 80, quando acontecia também a expan-são da indústria de calçado, que representava 90% do destino das peles produzidas em Portugal. Com esse boom da indústria do calçado, os curtumes deram resposta. Foi nessa altura que se fez a moder-nização tecnológica da indústria, que fi cou equiparada aos maiores países produtores de peles. Os empresários sentiram a neces-sidade de um suporte tecnológico, precisavam de uma entidade reco-nhecida que garantisse a qualida-de dos seus produtos. Aí surgiu o CTIC por iniciativa dos próprios industriais, mas com o incentivo do Governo da altura, que deu suporte à criação de outros centros tecnológicos nos chamados setores tradicionais.

Quando e porquê aconteceu o alargamento dos vossos serviços a outros setores?Ao trabalharmos com as empresas de curtumes criámos competên-cias, que nos deram a capacidade de nos colocarmos no mercado de forma competitiva. Entrámos pela área do ambiente – até pela expe-riência que já tínhamos no setor dos curtumes – mas rapidamente avançámos para a área da certifi ca-ção de empresas. O facto de termos diversifi cado os nossos clientes a outros setores teve a ver com uma necessidade de rentabilização da estrutura. Para satisfazermos os pedidos da indústria de curtumes é preciso ter massa crítica e, para isso, é preciso ter estrutura. Mas para ter estrutura temos que ter algum volume de negócios e isso foi conseguido com o alargamento dos nossos serviços.A diversifi cação dos nossos serviços teve também a ver com um período

em que a região não teve acesso aos fundos comunitários por estar na região de Lisboa e Vale do Tejo. Este período empurrou-nos para a procura do mercado.

Qual é a importância dos fundos comunitários para a vossa ativi-dade?Os quadros comunitários de apoio são fundamentais para nós. Desen-volvemos os nossos próprios pro-jetos de investigação mas também apoiámos as empresas no desenvol-vimento dos seus projetos, através do acompanhamento de candida-turas e, depois, nalguns casos, na execução desses projetos. É um serviço chave-na-mão.

As empresas dos curtumes têm aproveitado os fundos comunitá-rios para se modernizarem?Sim, têm feito alguns investimen-tos produtivos mas sobretudo têm aproveitado os apoios para a inter-nacionalização, para a presença e pesquisa em mercados externos e em feiras. Há 20 anos, o cenário do setor dos curtumes era outro. A evolução foi muito signifi cativa porque era difí-cil continuar a concorrer com os produtos oriundos de outras zonas do mundo, da América Latina, dos mercados asiáticos. Houve alguma contração no número de empre-sas, mas houve uma evolução em termos qualitativos e um posicio-namento no mercado em segmen-tos, médios, médios superiores e mesmo superiores.

Quais são as vossas prioridades para o próximo quadro comuni-tário?Vamos continuar a fazer projetos de inovação e de desenvolvimento tecnológico, sempre em conjunto com empresas e universidades, apostando na melhoria das cara-terísticas técnicas do produto e de novas propriedades funcio-

nais. Hoje estão muito em voga as nanotecnologias e nós integramos o Centro de Nanotecnologias, em Famalicão, em conjunto com ao Centro Tecnológico dos Têxteis, as Universidades do Minho, de Aveiro e do Porto. Há dois novos conceitos que esta-mos a desenvolver com este centro que podem dar origem a projetos: a pele “fácil de limpar” e a pele “lim-pável” (ver projetos tecnológicos). Estamos também a desenvolver um outro projeto para tornar a pele mais leve e isso terá muita utilidade em diversos setores, sobretudo na moda, onde se quer uma pele resis-tente mas mais fl exível. O mesmo se aplica ao setor da aeronáutica. Nós estamos ainda integrados em redes europeias de centros tecno-lógicos e nessa área continuaremos a ter projetos.Em conjunto com outros setores, que não só os curtumes, estamos a tentar desenvolver um projeto que permita juntar resíduos de peles

com outros subprodutos e obter novos produtos para novas utili-zações. O objetivo é criarmos um consórcio, que envolva as empresas e as universidades.A formação continuará a ser uma prioridade e estamos a aguardar que abram novos programas. Só em 2013, tivemos cerca de 1100 formandos. Continuaremos a apostar muito no desenvolvimento dos nossos serviços. Nos últimos anos, existiu a ferramenta do “Vale Inovação”, que era bastante atraente para as empresas porque, ao recorrer aos nossos serviços, recebiam um incentivo de 75% na aquisição desses serviços. É um incentivo do lado da procura e foi bastante importante para infraestruturas como os centros tecnológicos que, em Portugal, infelizmente não têm qualquer suporte do Estado para se manterem, ao contrário do que se passa na generalidade dos países europeus.

Qual é o papel do CTIC na melhoria do sistema de tratamento de resí-duos de Alcanena?Estamos a colaborar como “braço” tecnológico da AUSTRA na procura das melhores soluções, de parceiros e de especialistas para a remodela-ção da ETAR e da rede de coletores. Temos tido aí um papel bastante ati-vo na adequação das melhores solu-ções já existentes ao setor específi co dos curtumes. Temos trabalhado, há muitos anos, em soluções de valo-rização de resíduos dos curtumes. Desenvolvemos o projeto VERICA, para a valorização do biogás, que era viável do ponto de vista técnico e económico. Só que não houve fi nan-ciamento para o projeto arrancar. Estamos a estudar ainda uma outra solução de extração de gordura e proteína dos resíduos dos curtumes para aplicações diversas. É um pro-jeto que requer um investimento mais pequeno e estamos, por isso, a aguardar a abertura do novo quadro comunitário.

Entrevista O Centro Tecnológico das Indústrias do Couro (CTIC) está a assinalar 20 anos de existência. Este centro está desde sempre ligado ao setor da pele mas alargou o leque de competências a vários outros setores de atividade. A entrevista com o diretor do CTIC, Alcino Martinho.

CTIC vinte anos ao serviço da inovação regional

especial20 anos

1994 - 2014

Este suplemento faz parte integrante do Jornal O Ribatejo - edição 1494 de 27 Julho 2014

Alcino Martinho, diretor do Centro Tecnológico das Indústrias do Couro

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20 O RIBATEJO 24 julho 2014

ESPECIAL | 20 ANOS ctic

1992 1994 1996 1998 2000 2002 2003 2005 2006 2007 2010 2012 2013

Constituição do CTIC

Inauguração das instalações

Acreditação dos laboratórios e desenvolvimento do primeiro projeto de I&D

Início da prestação de serviços na área dos Sistemas de Gestão da Qualidade nas empresas

Desenvolvimento do Projeto Ecocouro que permitiu tecnologias mais limpas, valorização de resíduos e tratamento de efl uentes, além da modernização do processo produtivo das empresas de curtumes

1º Projeto europeu liderado pelo CTIC, no âmbito do Programa Leonardo Da Vinci

Projeto NovoCouro com melhoria da qualidade das matérias-primas e promoção do setor e dos produtos em couro

Alargamento dos serviços do CTIC à área da segurança alimentar. Reforço da aposta na prestação de serviços a mais setores de atividade. Desenvolvimento do projeto VERICA, destinado à valorização de resíduos não curtidos e produção de biogás

O CTIC passa a ser um organismo de normalização setorial, no âmbito da defi nição de normas a nível europeu para o setor

Expansão das instalações e entrada como parceiro na fundação do Centro de Nanotecnologia e Materiais Inteligentes – CENTI

Cronologia

Participa no projeto Benature (desenvolvimento de couro biodegradável)

A prestação de serviços já representa mais de 1 milhão de euros de volume de faturação e 80% dos proveitos do centro. O CTIC passa a ter mais clientes (atinge os 400) e intensifi ca o seu apoio à AUSTRA para a renovação do sistema de tratamento de resíduos.

Passa a ser um organismo certifi cado pela norma ISO 9001 e expande a sua atividade de formação profi ssional. Faz também a atualização tecnológica e de imagem

• • • Qual é a vossa perspetiva sobre o futuro do setor dos cur-tumes?O futuro passa pelas empresas olhar mais para o seu interior em termos de efi ciência, no que é que podem melhorar para con-seguirem melhor produtividade. Penso que é preciso fomentar maior interação entre as empre-sas. Já existem algumas ações concertadas, quando se trata de participação em feiras ou para resolver os problemas ambien-tais. Sei que em Itália há alguma tradição de recorrerem aos ser-viços uns dos outros. As fábricas especializam-se em determinadas fases do processo e conseguem ser mais efi cientes e rentabilizar mais o seu produto. Isso é algo que faz falta cá em Portugal. O setor benefi ciará também se continuar a apostar nos segmen-tos superiores, terá que estar sempre no topo da tecnologia e continuar a manter uma boa relação qualidade-preço. Acho que será importante haver também uma maior articulação com os clientes, mais concreta-

mente com o setor da moda, no desenvolvimento conjunto de produtos. E aí nós gostaríamos de ter também um papel impor-tante. Há que aproveitar ainda as novas oportunidades no mercado inter-no. Já existe muito dinamismo, especialmente junto do setor do calçado, mas essa relação pode ser intensifi cada, porque temos ainda muita importação de peles acabadas. E não podemos esque-cer que, para os clientes euro-peus, as empresas portuguesas são muito importantes. Portugal está próximo do mercado consu-midor e os custos de transporte

e as exigências de qualidade são mais vantajosas. Há alguns anos, houve uma certa corrida ao Oriente mas agora está-se a regressar à Europa porque, espe-cialmente no mercado da moda, os clientes procuram empresas capazes de se adaptarem a faze-rem pequenas séries, com reno-vação e inovação constantes.

O alargamento dos vossos servi-ços também obrigou à diversifi -cação das áreas de conhecimento dos vossos técnicos?Hoje temos profissionais com qualifi cações em áreas diversas, desde as áreas mais técnicas, como as engenharias – química, ambiente, alimentar, segurança no trabalho -, até às áreas mais voltadas para a gestão, para a área fi nanceira, área do marke-ting, consultoria, entre outras. Hoje somos um dos grandes empregadores de licenciados na região. Temos cerca de 20 licen-ciados e temos feito formação contínua de forma muito regu-lar, constituindo uma mais-valia para os nossos clientes.

Projetos educativosO CTIC faz parte da rede nacional de centros tecnológicos e participa em projetos educativos direcionados ao público mais jovem.

Pense IndústriaO principal objetivo deste pro-

jeto é a sensibilização dos jovens, em idade escolar, para as escolhas vocacionais relacionadas com a indústria, nomeadamente, esti-mulando a criatividade e o uso de ferramentas ligadas às tecnologias industriais e à inovação.

Ao longo do ano os jovens podem participar em diversas vertentes do projeto: o concurso “Isto é uma Ideia”; o “Laboratório Pense Indústria Lab-PI ”, que decorre nos centros tecnológicos com a participação de grupos de escolas; “Inside-PI”, que decorre nas esco-las/autarquias/associações, e que consiste em ações pontuais, ani-

madas por técnicos dos Centros Tecnológicos; e ainda o concur-so “F1inSchools” - um desafio tecnológico de Fórmula 1, cujo objetivo é envolver os alunos dos ensinos básico e secundário num projeto de desenhar e construir um modelo de carro de corrida e depois concorrerem entre si, tanto a nível nacional como internacio-nal.

No caso do CTIC, o centro dis-põe de equipamentos pedagógicos para explicar o funcionamento de um carro movido a hidrogénio e de um aerogerador. A área da robótica tem sido também explo-rada pelo CTIC com a utilização de robots na lógica da sua programa-ção para tarefas específi cas.

Alcino Martinho “Somos um dos grandes empregadores de licenciados na região”

24 julho 2014 O RIBATEJO 21

Laboratórios Os Laboratórios do CTIC estão equipados

para dar resposta às solicitações dos mais variados setores de atividade, abrangendo análises e ensaios nas seguintes áreas: Águas; Efl uentes líquidos; Alimentos / zaragatoas; Efl uentes gasosos, ar e ambiente; Resíduos; Lamas / solos; Produtos químicos; Peles; Ruído. O complexo de laboratórios está divi-dido em várias áreas: LAQ – Laboratório de Análises Químicas; LEFM – Laboratório de Ensaios Físico – Mecânicos; MICROB – Labo-ratório de Microbiologia; NUTECA – Núcleo de Tecnologias Ambientais; NUAR – Núcleo de Acústica e Ruído.

Os laboratórios são acreditados pela nor-ma ISO/IEC 17025 desde 1996. A estrutura técnica realiza ainda recolha de amostras com equipamentos específi cos para cada área. Além de estarem ao serviço dos clien-tes e da comunidade, estes laboratórios são procurados para o desenvolvimento de pro-jetos de I&D e em parcerias com instituições académicas.

Segurança AlimentarA segurança alimentar é um imperativo

legal e uma exigência do mercado e dos con-sumidores. Neste sentido, o CTIC tem vindo a posicionar-se neste setor no desenvolvimento e implementação de Sistemas de Segurança Alimentar (HACCP, NP EN ISO 22000 e BRC / IFS), na prestação de consultoria técnica na área alimentar, na realização de auditorias higio-sanitárias e a pré-requisitos, auditoria de sistemas, na formação e disponibilizando os seus laboratórios acreditados para análi-ses de águas e alimentos.

Ambiente e EnergiaO Departamento de Ambiente e Energia do

CTIC é formado por um quadro de profi s-sionais com uma vasta experiência, capaci-tados para realizar serviços de consultoria e apresentar soluções e serviços especia-lizados, apoiando-as no cumprimento das obrigatoriedades impostas pela legislação. A experiência acumulada na resolução de pro-blemas ambientais na indústria de curtumes fez com que o Centro alcançasse um nível de especialização técnica em vários setores de atividade: agro-alimentar, matadouros e indústrias de carnes, celulose e pasta de papel, indústrias extrativas e de fabrico de pedra, madeira, cortiça, betão/ cimento, cerâmica, têxteis, sector automóvel, autar-quias e serviços municipalizados de água e

saneamento, metalúrgica e metalomecânica, entre outras.

Para o desenvolvimento destas atividades, o CTIC conta ainda com parcerias com vários consultores e empresas especializadas. Nesta área, os principais serviços prestados são: processos de licenciamento; diagnósticos e auditorias ambientais; EIA – Estudos de Impacto Ambiental; controlo da gestão de resíduos; conceção de projetos e monito-rização de ETAR’s; ferramentas de gestão ambiental; planos de gestão de solventes; estudos da altura das chaminés; controlo de emissões gasosas; monitorização ambiental; auditorias e soluções energéticas.

Sistemas de GestãoA certifi cação de uma empresa ou organi-

zação é considerada uma mais-valia no con-texto dos mercados nacional e internacional, tanto como fator de diferenciação como de acesso a novos mercados, redução de custos e aumento da efi ciência da organização. O CTIC funciona como centro especializado para a prestação de consultoria às organiza-ções, independentemente da sua dimensão ou setor de atividade, na implementação dos sistemas de gestão, na formação dos qua-dros e na realização de auditorias nas várias áreas de certifi cação: Qualidade – ISO 9001; Segurança Alimentar - ISO 22000, HACCP, BRC, IFS; Ambiente – ISO 14001; Segurança e Saúde – OHSAS 18001; Responsabilidade Social – SA 8000; Marcação CE; Certifi cação de Produtos; Acreditação de Laboratórios – ISO/IEC 17025; e desenvolvimento de Sis-temas Integrados

Inovação e Desenvolvimento – I&D

Enquanto infraestrutura tecnológica, o CTIC tem a vocação para realizar projetos de Investigação & Desenvolvimento e de Inovação. Ao longo dos anos, o centro tem colaborado com as mais diversas entida-des na inovação em processos e produtos e na redução de custos de produção e dos impactos ambientais das atividades. Estas ações têm estado integradas em programas de incentivos nacionais ou europeus e são desenvolvidas em conjunto com outras enti-dades do sistema científi co e tecnológico, nacionais e estrangeiras. As empresas têm sido um outro importante parceiro desta área. Alguns exemplos de projetos já desen-volvidos: artigos técnicos e funcionais (antis-sépticos, hidrofugados, laváveis, com repe-lência a óleos, etc.); coleções e catálogos

Segurança e Saúde do Trabalho

O CTIC é entidade autorizada pela ACT – Autoridade para as Condições de Trabalho

para a prestação de serviços externos de Segurança do Trabalho. O CTIC atua com entidade consultora e de acompanhamento técnico nas áreas de Organização dos serviços de Segurança no Trabalho; identifi cação de Perigos e Avaliação de Riscos; elaboração do Plano de Prevenção dos Riscos Profi ssionais; Plano de Emergência Interno; implementação das Medidas de Autoproteção; colaboração na conceção de locais, métodos e organização do trabalho; conceção e desenvolvimento do programa de informação e formação para a promoção da segurança e saúde no trabalho; coordenação nas medidas a adotar em caso de perigo grave e iminente; apoio nas atividades de informação e consulta dos trabalhadores; acompanhamento na execução das medidas de prevenção; elaboração das participações obrigatórias em caso de acidente de traba-lho ou doença profi ssional; coordenação ou acompanhamento de auditorias e inspeções internas; análise de acidentes de trabalho e de doenças profi ssionais; recolha e organização de elementos estatísticos. O CTIC realiza ainda estudos técnicos de avaliação de iluminação, avaliação do conforto e stress térmico, ava-liação dos contaminantes químicos e poeiras e avaliação do Ruído no Posto de Trabalho.

Estudos e Projetos O CTIC especializou-se também na reali-

zação de estudos de natureza setorial e na prestação de serviços e consultoria e apoio na elaboração de candidaturas a programas de incentivos fi nanceiros, nacionais e europeus como, por exemplo, aos quadros comunitá-rios de apoio, QREN, ao PRODER, POPH, e outros. Realiza ainda estudos de viabilidade para empresas e projetos de investimento.

Formação Profi ssionalO CTIC é uma entidade reconhecida pela

DGERT – Direção Geral do Emprego e Rela-ções do Trabalho para a realização de ações de Formação Profi ssional. A formação pode ser ministrada nas instalações das empresas, ou no próprio Centro. O CTIC elabora ainda candidaturas aos incentivos fi nanceiros do POPH. Além disso, o Centro possui um Depar-tamento de Formação que presta apoios na Certificação de entidades formadoras, no diagnóstico de necessidades de formação, na elaboração de planos de formação à medida, no apoio na formação e no acompanhamento técnico-pedagógico de projetos.

Um centro de

conhecimento ao serviço da região

O Centro Tecnológico das Indústrias do Couro, situado em Alcanena, foi fundado em 1992, por iniciativa dos empresários de curtumes, em con-

junto com IAPMEI e o INETI (Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação). Criado com o intuito de potenciar e apoiar a dimensão tecnoló-gica do setor de curtumes em Portugal, a sua estratégia de desenvolvimento,

desde cedo, contemplou a diversifi cação das suas áreas de intervenção, o que se viria a traduzir numa expansão da sua gama de serviços, que se foram ajustan-do às necessidades da realidade empresarial nacional, nos mais variados seto-res de atividade e cobrindo uma carteira de várias centenas clientes.Com uma equipa de profi ssionais qualifi cados, e apoiado nos seus Laboratórios acredi-

tados pelo Instituto Português de Acreditação - IPAC -, o CTIC oferece um leque bastante alargado de serviços em áreas como a Inovação e Desen-

volvimento Tecnológico, o Ambiente, Energia, Segurança e Saúde do Trabalho, Segurança Alimentar, Certifi cação de Sistemas de Gestão.

Além disso, o centro funciona como GAPI - Gabinete de Apoio à Promoção da Propriedade Industrial. Este centro está tam-

bém ele certifi cado pela norma ISO 9001 e é também uma entidade reconhecida para a formação pela

DGERT (Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho).

22 O RIBATEJO 24 julho 2014

ESPECIAL | 20 ANOS ctic

O futuro das pelesO CTIC desenvolve e colabora em projetos de investigação e desenvolvimento tecnológico. Estes projetos são desenvolvidos em conjunto com empresas e outras entidades.

PÉ FRESCO: Desenvolvimento de artigo para forro de calçado e palmilhas com propriedades que contribuem para o con-forto e saúde do utilizador. Trata-se de pele antibacteriana, com incorporação de aromas e com grande poder de libertação do suor (evita os maus cheiros e potencia o conforto). É uma pele antifúngica e pre-vine o aparecimento de doenças cutâneas que frequentemente afetam os pés.

REFLEXÃO NO INFRAVERMELHO: Trata-se de pele que não absorve a radiação solar na zona do infravermelho, diminuindo o sobreaquecimento do artigo, mantendo-o fresco, mesmo quando exposto a este tipo de radiações. Também aumenta a resis-tência das propriedades físicas da pele à exposição à luz solar. Esta tecnologia é especialmente apropriada à aplicação em peles para o setor automóvel.

EASY-CLEAN / SELF-CLEAN: Foram desen-volvidos diferentes processos que per-mitem a obtenção de artigos de cor clara (branco ou cores pastel) que são facilmente limpáveis, dado estarem revestidos de películas que diminuem drasticamente a absorção de sujidade por parte da pele, sendo então mais simples a sua posterior limpeza, apenas com um pano ligeiramente humedecido – Easy-Clean. O conceito Self-Clean está ainda em desenvolvimento tendo resultados preliminares “muito interessantes”. Este tipo de pele possui a capacidade de degradação da matéria-orgânica – suji-dade – apenas por exposição à luz solar. BIONATURE: Desenvolvimento de artigos em pele otimizados do ponto de vista da sua biodegradabilidade. No fi nal de vida do produto, este torna-se uma ótima matéria-prima para compostagem, na produção de fertilizantes.

ISENTAS DE METAIS PESADOS: Esta tem sido uma aposta forte do CTIC nos últimos anos. Vários trabalhos de investigação têm procurado obter novos processos de curtume, sem metais pesados, e também para a melhoria das propriedades físico-mecânicas dos artigos que têm esta base. Os resultados são cada vez melhores, o que contribui para um maior interesse do mercado.

Fernanda Asseiceira Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

Como representante do muni-cípio de Alcanena, entidade par-ceira CTIC desde a sua criação, congratulo-me pelo excelente tra-balho desenvolvido pelo CTIC ao longo dos 20 anos de atividade, esperando que prolongue a sua existência por muitos mais anos, dando provas da experiência e saber adquiridos. Ao longo destes 20 anos, o CTIC demonstrou uma enorme capacidade de adaptação às novas exigências do merca-do, procurou garantir a diversi-fi cação dos serviços prestados, alargando as suas competências muito além da área dos curtu-mes, como sendo o ambiente, a segurança alimentar, a formação profi ssional, entre muitas outras, sendo por isso reconhecida a sua importância nos mais diversifi ca-dos setores da indústria a nível regional e nacional.

É importante garantir a sua continuidade, o que passará cer-tamente pelo acesso a programas específi cos de apoio à investiga-ção e ao desenvolvimento tec-nológico, que certamente serão considerados neste novo quadro comunitário 2014/2020.

O CTIC está também envolvido em vários projetos municipais, como é o caso do Museu do Cur-tume e do Centro de Acolhimento de Iniciativa Empresarial, proje-tos em fase de implementação.

Joaquim InácioEmpresário e presidente da AUSTRA

Temos tido uma parceria de longa data com o CTIC que tem dado e continua a dar excelentes resultados. O CTIC tem-nos asses-sorado na defi nição técnica das intervenções que estamos a fazer

na ETAR e, de forma mais genéri-ca, é o nosso consultor técnico por excelência. Estamos em parceria na implementação de um projeto de defi nição das boas práticas na abordagem à gestão dos resídu-os. O CTIC é o mentor científi co dessa abordagem e esperamos poder ter um manual de boas práticas. Não poderíamos fazê-lo sem um parceiro como o CTIC. Nesta associação, estão as maio-res empresas do setor e a ação do CTIC tem sido indispensável para a indústria em matérias como a certifi cação da qualidade.

Pedro CarvalhoPresidente do Conselho de Administração do Grupo Carvalhos (Couro Azul)

O CTIC é fundamental para o setor dos curtumes. É um centro bem dimensionado, não foi um projeto megalómano e, passados todos estes anos, percebemos que o projeto deu certo, é autónomo e autossustentável e tem o seu próprio mercado.

Na Couro Azul temos tido um apoio do CTIC de carater tecnoló-gico, na assistência técnica, como parceiro de projetos de investiga-ção e recorremos frequentemen-te aos seus laboratórios muito bem apetrechados.

O CTIC presta ainda um deter-minante serviço na área da quali-dade, tanto para o setor dos cur-tumes, como para outros seto-res. O mesmo acontece na área ambiental e na área da formação que, no caso dos curtumes, é pensada de acordo com as reais necessidades do setor. Perspeti-vo um futuro muito sólido para o CTIC e penso que o próximo quadro comunitário possa trazer outras possibilidades de parceria. Aliás, considero que os grandes projetos do setor têm que passar pela coordenação do CTIC. Nós empresários não podemos mais estar apenas focados no produto fi nal. Temos que pensar no apro-veitamento dos subprodutos para que deixem de ser um encargo e passem a ser uma fonte de recei-ta. O centro pode ter um papel central nessa mudança. Julgo

mesmo que o centro tem com-petências mais do que sufi cientes para ser um ator-chave noutros setores, sobretudo no agroali-mentar. Só que foram criados projetos duplicados, repetiram-se investimentos tecnológicos neste setor, quando já tínhamos aqui uma infraestrutura mais do que ajustada às necessidades.

Humberto MarquesEmpresário e presidente da APIC

Sem o CTIC, não conseguiría-mos ter o desenvolvimento que temos nesta altura. Aliás, temos tido uma grande parceria entre a AUSTRA, a APIC e o CTIC. Estas são as três instituições de refe-rência no setor dos curtumes em Portugal. A APIC esteve na origem da criação do centro, sendo ainda o maior acionista privado. A rela-ção de parceria tem sido muito estreita ao longo de todos estes anos e atualmente, por exemplo, estamos a desenvolver em con-junto um programa de interna-cionalização para a indústria.

João Vítor MendesGerente da empresa Fio Dourado (Azeite Quinta do Juncal)

A nossa relação com o CTIC tem sido muito profícua e estamos muitos satisfeitos com o trabalho que desenvolvem connosco. Há vários anos que trabalhamos em conjunto e é certamente uma das entidades na região que melhor se ajusta às nossas necessidades. O CTIC presta-nos consultoria na área do sistema HACCP e recentemente conseguimos fazer a certifi cação em três áreas mui-to importantes: qualidade (ISO 9001), ambiente (ISO 14001) e segurança alimentar (ISO 22000). Foi um processo acompanhado de perto pelos técnicos do CTIC

e no qual recorremos ao instru-mento de financiamento Vale Inovação, também através do CTIC. O CTIC realiza também as análises laboratoriais da nossa empresa, faz as monitorizações de ruído e das emissões gasosas. Os nossos técnicos têm também formação regular através do CTIC, nas áreas de segurança alimentar, higiene e segurança no trabalho e gestão ambiental.

Gabriela RosaCurtumes Ibéria

O CTIC é um parceiro que, nes-ta altura, com todas as exigên-cias com que as nossas empresas se deparam, é imprescindível. Contamos com o seu apoio em diferentes áreas, que vão desde a realização de análises quími-cas aos nossos produtos, à can-didatura a projetos importantes para a nossa empresa. O CTIC foi também bastante importante na obtenção do certifi cado de qua-lidade e, presentemente, na sua manutenção. O seu apoio tem sido fulcral em tudo o que diz respeito ao meio ambiente.

Quero dar os parabéns ao CTIC pelos seus 20 anos e agradecer o empenho de todos os seus cola-boradores.

António Cruz CostaAdministrador da Inducol

Por razões diversas o CTIC tem feito um grande trabalho junto das empresas; nem sempre enten-dido convenientemente pelas empresas. A importância para as minhas empresas transcende o imaginário. Nós precisamos de um CTIC forte e ágil a dar-nos os resultados que pedimos sobre as nossas peles, para podermos dar garantias sobre a isenção de produtos aos nossos clientes.

Depoimentos

CTIC - Centro Tecnológico das Indústrias do Couro Apartado 158 - São Pedro 2384-909 ALCANENA PORTUGAL

Tel: +351 249 889190Fax: +351 249 [email protected]

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