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Publicidade Este suplemento é parte integrante do Jornal de Negócios nº 3409, de 3 de Janeiro de 2017, e não pode ser vendido separadamente.

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Este suplemento é parte integrante do Jornal de Negócios nº 3409, de 3 de Janeiro de 2017,e não pode ser vendido separadamente.

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CONFERÊNCIA VISÕES PARA UMA FLORESTA DE FUTURO

MEDIDAS DO SETOR

“Reformadaflorestatemdeserpensada”MINISTROrCapoulas Santos sublinha que resultados da reforma serão visíveis nas próximasdécadas ESPECIALISTAS rConsideram que o trabalho só terá resultados se envolver as pessoasAURELIANA GOMES

Areforma da floresta não épanaceia, nem tem ne-nhuma solução imedia-

tista”.Foidestaformaqueomi-nistro daagricultura, CapoulasSantos, respondeu às críticassobre a reforma do setor emconsultapública até ao finaldejaneiro. O temafoiumdos maiscontroversos da conferência

‘Visões para uma Floresta deFuturo’, inserida no PrémioFloresta e Sustentabilidade,com especialistas da área flo-restalamostraremdesconfian-çaemrelação àreforma.

“Não vemos medidas nesta

reformaquealteremmuitoasi-tuação atual. São as pessoas quevão mudar o território e é paraelas que temos de trabalhar”,alertou Rosário Alves, da FO-RESTIS(AssociaçãoFlorestaldePortugal). João Soveral, da

Confederação dos Agricultoresde Portugal(CAP), por suavez,salientouquenovasmedidasnosetor são necessárias, mas dei-xou o aviso de que têm de serponderadas. “A reforma dasflorestas é importante, mas tem

de ser pensada”, esclareceu. Oministro deixou a certeza deque com o trabalho que estáaser feito “está-se apenas adaro primeiro passo daquele queseráo percurso afazer nas pró-ximas décadas”.n

PORMENORES

Banco Nacional de TerrasA nova reforma do setor prevê acriação de um Banco Nacionalde Terras. O objetivo é juntar atotalidade dos prédios rústicoscom aptidão agrícola, silvopas-toril ou florestal do domínio pri-vado do Estado, bem como osque venham a ser identificadoscomo não tendo dono.

Fundo de MobilizaçãoO Fundo de Mobilização de ter-ras apresenta-se como instru-mento financeiro de gestão dobanco. As suas receitas vãopermitir novas aquisições deprédios rústicos com vista à re-novação do património do ban-co de terras.

Informação cadastralDa reforma do setor, em con-sulta pública, consta tambémum sistema de informação ca-dastral simplificado. O objetivodesta medida é fazer o conheci-mento dos limites e da titulari-dade da propriedade, impres-cindível para o planeamento,gestão e apoio à decisão sobrea ocupação e uso do território.

REFORMA PRECISA DASIDEIAS DE TODOSu A discussão está em cima da mesa. Capoulas Santos diz que só com o contributo de todos, desde governan-tes, autarcas, instituições e proprietários se conseguirá elaborar uma ferramenta de trabalho capaz de responder aos principais desafios do setor florestal. n

As florestas são funda-mentais para a proteção dos recursos hídricos mundiais e para a regulação do ciclo global da água.

As florestas contribuem para o sustento de 1,6 biliões de pessoas no Mundo, sen-do que 60 milhões são total-mente dependentes delas.

FLORESTA OCUPA38% DO TERRITÓRIOu A mancha florestal portu-guesa ultrapassa os 3,3 mi-lhões de hectares, equiva-lendo a cerca de 38% do território nacional.n

MAIOR PARTE DE ÁREAFLORESTAL É PRIVADAu Cerca de 2,8 milhões de hectares de floresta são propriedade privada, com 84,2% da área total detida por pequenos proprietários e famílias.n

Capoulas Santos, ministro da Agricultura, falou da importância da reforma do setor durante conferência no Porto

REFORMAPREVÊGESTÃOEORDENAMENTODOTERRITÓRIOFLORESTAL

DISCUSSÃOPÚBLICAESTÁEM CIMADAMESAATÉAOFINALDOMÊSDEJANEIRO

LINHASDEFINIDASNAREFORMATERÃORESULTADOSEM 10ANOS FO

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Auditório da Biblioteca Almeida Garret foi palco de discussão sobre a floresta

MINISTRO DA AGRICULTURA

Debatessobresetorsãopontodepartidaparaosucessou Capoulas Santos consideraque areflexão sobre aflorestaéo caminho paraprojetarumse-tor que poderá vir a tornar-sena alavanca do desenvolvi-mento do País. O ministro daAgricultura lembrou que Por-tugal tem uma área florestalcom características próprias edistintivas, mas onde pouco ounadase teminvestido.

“Areflexão sobre o futuro dasflorestas é uma das tarefas quedeve preocupar-nos a todos,

não só os responsáveis políti-cos, como tambémtodas as en-tidades do setor. É através dodebate de ideias que consegui-mos chegar a medidas que vãoao encontro de quem está noterreno”, frisou. O governanteacreditaqueotrabalhoconjun-to será o garante do sucesso dareforma. “O futuro da florestaconstrói-se hoje e a participa-ção na formulação dos instru-mentos de políticaflorestalsãofundamentais”, concluiu. n

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ENGENHARIA FLORESTAL

FormaçãoajudanaproteçãodaflorestaLICENCIATURArSetorprecisa de mão de obraespecializada FUTUROrEngenheiros serãoapoio na prevenção

AURELIANA GOMES

Aflorestaé o petróleo destePaíseosseusrecursosde-vem ser aproveitados ao

máximo”. Domingos Lopes,docente dalicenciaturade En-genheira Florestal da UTAD,consideraque o setor temmui-toparadaraoPaís,maséneces-sária uma aposta forte na for-mação especializada. Apesardea licenciatura de EngenhariaFlorestal ser considerada im-portante, tendo em conta amancha verde que existe noPaís, são cadavez menos aque-les que escolhemeste curso.

A Universidade de Trás-os-–Montes e Alto Douro tem re-gistadoumamenorprocuranosúltimosanos,comapenascincojovens a frequentar o primeiro

ano do curso, neste ano letivo.Questionado sobre a fraca

procura de uma licenciaturafundamental na gestão e pro-moção do desenvolvimentoflorestal, Do-mingos Lopesdestaca di-versosfatores,entre eles, aincapacidadedemostrarassuaspotencialidades no mercado detrabalho.“Afaltadedinamismoque existe e a incapacidade demostrar a importância destaformação académica são doisdosprincipaisentravesàinscri-

ção de alunos nanossauniver-sidade”, explicou. Comas mu-danças climatéricas e do ecos-sistema, o engenheiro tem es-perançaque avisão dos gover-

nantes e dosjovens se alte-re e que, embreve, se per-ceba a impor-

tância da formação nesta área.“Jáse começamanotar altera-ções, mas aindanão é suficien-te. Mesmo anívelinstitucional,osengenheirosflorestaiscome-çamaganhar terreno e aseremmais solicitados”, lembrou.n

PORMENORES

Engenharia FlorestalA UTAD tem em funcionamento,desde os anos 70, a licenciaturade Engenharia Florestal. É a úni-ca no Norte do País com estaformação.

Licenciatura em riscoFalta de alunos pôs em risco oarranque do ano letivo 2016/17,mas a visão estratégica do rei-tor levou a que, com apenas cin-co alunos, o curso avançasse.

Curso na base da UTADLicenciatura em EngenhariaFlorestal é um dos três pilaresda criação da Universidade deTrás-os-Montes e Alto Douro.

Estudam área florestalCom as alterações climáticastorna-se cada vez mais neces-sária a intervenção de mão deobra especializada. A UTADprepara jovens para o terreno.

PORMENORES

DesafiosSão três os grandes desafios dafloresta: titularidade da pro-priedade; gestão e ordenamen-to florestal; defesa da florestanas vertentes de prevenção ede combate aos incêndio.

Regime fiscalA gestão profissional da flores-ta será feita “através da criaçãode sociedades de gestão flores-tal, que serão beneficiárias deum regime fiscal especial”, se-gundo Capoulas Santos.

A discussão está em cima da mesa. Capoulas Santos diz que só com o contributo de todos, desde governan-tes, autarcas, instituições e proprietários se conseguirá elaborar uma ferramenta de trabalho capaz de responder aos principais desafios do setor florestal.

FLORESTAS PROTEGEMRECURSOS HÍDRICOSu As florestas são funda-mentais para a proteção dos recursos hídricos mundiais e para a regulação do ciclo global da água.n

BILIÕES VIVEM DO QUEA NATUREZA DÁu As florestas contribuem para o sustento de 1,6 biliões de pessoas no Mundo, sen-do que 60 milhões são total-mente dependentes delas.n

A mancha florestal portu-guesa ultrapassa os 3,3 mi-lhões de hectares, equiva-lendo a cerca de 38% do território nacional.

Cerca de 2,8 milhões de hectares de floresta são propriedade privada, com 84,2% da área total detida por pequenos proprietários e famílias.

Floresta exige especialização de pessoal para alavancar potencialidades de um setor estruturante no País

APOSTANALICENCIATURADEVESERPROMOVIDAEDINAMIZADANOPAÍS

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Conferência debateu as grandes questões que se colocam ao setor

REFORMA

“Patrimónioaoabandonotem depassaraserbem gerido”uOconjuntodemedidascons-tantes na ‘Grande Reforma daFloresta” - conjunto de 12 di-plomas que se encontram emconsultapúblicaaté31dejanei-ro - temcomo objetivo central,segundo o ministro CapoulasSantos, fazer comque “o patri-mónio ao abandono passe aserbem gerido, num País bem or-denado, criando riquezae em-prego, e reduzindo os riscos deincêndio”. “O Estado assume agestão da propriedade semdono durante 15 anos, ao longodos quais, se a qualquer altura

se apurar a titularidade dosproprietários,apossedasterrasreverte a seu favor”, disse Ca-poulas Santos aquando daaprovação do documento, emConselho de Ministros, e que seencontra em debate públicodesde o dia 7 de novembro.Pretende-se, segundo o minis-tro da Agricultura, Florestas eDesenvolvimento Rural, que se“gere o máximo de consenso,numa matéria cuja reforma sedeseja a muito longo prazo”. Aconferência do Porto foi maisumpasso dado nesse sentido.n

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SENSIBILIZAÇÃCONFERÊNCIA VISÕES PARA UMA FLORESTA DE FUTURO

AURELIANA GOMES

Aflorestadeveseropilardodesenvolvimento estra-tégico, mas não o é.” A

denúncia é de António Louro,vice-presidente da Câmara deMação, autarquiaque temfeitoumtrabalhoexaustivoparami-norar os problemas causadospelos incêndios. Depois de vá-rios fogos que destruíramgran-de parte da mancha verde doconcelho, a autarquia decidiuatuar e criou as ‘Sociedades deGestão’inseridasnaZonadeIn-tervenção Florestal (ZIF), umprojeto-pilotoqueprevê,numalógicade agregação funcionaletotaldasZIF,daspequenaspar-celas de terreno e dos seus pro-prietários, estruturar e ordenara floresta com a criação de ri-queza e, ao mesmo tempo, a

proteção da floresta contra in-cêndios florestais.

“Depois de vários incêndios,tivemosdeatuaresabíamosquepara chamar as pessoas tería-mos de apelar ao afeto que asligava à terra”, disse António

Louro. Com 41 mil hectares deárea, aldeias com cerca de oitomilhabitantes, 90 por cento demancha florestal e mais de 20mil proprietários de pequenasparcelas de terreno (minifún-dio), os maiores entraves eramo abandono rural e o conse-quente desaparecimento daagriculturaque se verificounasúltimas seis décadas. “Em2003fomos fustigados por três in-cêndios que consumiram mi-lhares de hectares no concelho,o que mostrouque algo não es-tava bem e que era precisoatuar, porque o futuro estavacondenadoaproblemasgraves.Mas sabíamos que iríamos terum problema pela frente – osproprietários”, explicou. Aso-lução encontrada pela autar-quiaalentejanatemsidoumsu-

cesso, no entanto, AntónioLouro lamento a falta de apoiodo Governo. O autarcavaimaislongeediznãoentenderporqueé que este projeto não é testadonoutros territórios. “Vivemosnuma sociedade invejosa e osministros não têm coragem dediscriminar e ajudar a testar.Não defendo as sociedades degestão em todo o País, mas de-vem ser estudadas e aplicadasonde for possível”, disse, lem-brando que asolução daautar-quia já foi aplicada em váriaszonas florestais daEuropa, masque,emPortugal,osgovernan-tes continuam a resistir. “Nasflorestas, vamos ter de nos jun-tar e trabalhar em conjunto,mas, para isso, é preciso que,emprimeiro lugar, existaorde-namento”, concluiu.n

MAÇÃO

PORMENORES

Projeto recebe prémioO sucesso já foi premiado emvários países da Europa. Entreas distinções, destaque para oprémio ‘Batefuegos de Oro’, emEspanha.

Material distribuídoA autarquia entregou dezenasde motobombas nas aldeias ecriou o sistema McFire para in-formar o posto de comando so-bre zona de combate.

Abandono das terrasA desertificação que se verifi-cou no concelho levou a um co-berto florestal denso que origi-nou vários incêndios, destruin-do mais de 120 hectares.

AUTARCA rApós vários incêndios que destruíram milhares de hectares de área florestal, autarquia criou projeto-piloto que se temAPELOr Integração dos proprietários na responsabilização e tomada de decisões é fundamental para a manutenção de uma florest

A floresta portuguesa ca-racteriza-se pela sua diversi-ficação, sendo o eucalipto a espécie predominante, com 25,4% de ocupação, seguido do sobreiro, com 23%, e do pinheiro-bravo, que ocupa uma área de 22,3%.

A floresta é a base de um setor da economia que gera 113 mil empregos diretos, o que diz respeito a 2% da po-pulação portuguesa. Repre-senta 10% das exportações nacionais e 3% do Valor Acrescentado Bruto.

1Mancha verde é uma das preocupações da autarquia de Mação, que perdeu milhares de hectares devido a incêndios2António Louro, vice-presidente da câmara, destaca a importância de um projeto-piloto que deve ser aplicado no País

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ABANDONODASTERRASFOI PRINCIPALCAUSADOSPROBLEMASFLORESTAIS

INCÊNDIOSOBRIGARAMAAUTARQUIAACRIARMEDIDADERECUPERAÇÃO

PROJETO-PILOTOTEM-SEREVELADOUM SUCESSONOCONCELHODEMAÇÃO

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‘SOCIEDADES DE GESTÃO’ COM OBJETIVO DEPROPRIETÁRIOS ÀRESPONSABIL

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V

ÃO

Regulam dióxidode carbonouEntre as muitas funções,as florestas desempenhamumpapelfundamentalnaregulação do volume dedióxido de carbono naat-mosfera. Amadeira, acor-tiçae o papelpodemarma-zenardióxido de carbonodurante décadas. No caso damadeira, o dióxido é liber-tado apenas quando é quei-madaouse decompõe.n

m revelado um sucessota saudável

u José Manuel Palma, da Fa-culdade de Psicologia da Uni-versidade de Lisboa, acreditana viabilidade do setor flores-tal, mas aconselha a que sejatraçado rapidamente um ca-minho aseguir, tendo emcon-ta as constantes mutações doecossistema. “Avidaé moldá-velemodeladapeloshumanos.Nosúltimosséculos,assistiu-seagrandes alterações climáticase dos ecossistemas, que vão le-vando à degradação da man-

chaflorestalno Mundo. Quan-to maior a dependência doecossistema da ação humana,maior é a probabilidade de serdestruídaafloresta. Por isso, épreciso, acimade tudo, diver-sificar os ecossistemas, intro-duzir mecanismos agrários,produzir madeira e diminuir afragilidade damesma”, escla-receu. Para o responsável, “asflorestas portuguesas são umeixo fundamental no desen-volvimento de ecossistemas edas comunidades”.n

FLORESTASDEVERÃOSERUM EIXOFUNDAMENTALNODESENVOLVIMENTODOSECOSSISTEMAS

ESPECIALISTASrAcreditam nas potencialidades de uma floresta com características únicas

José Palma, Universidade de Lisboa

EUCALIPTO COM MAIORPREDOMINÂNCIAu A floresta portuguesa ca-racteriza-se pela sua diversi-ficação, sendo o eucalipto a espécie predominante, com 25,4% de ocupação, seguido do sobreiro, com 23%, e do pinheiro-bravo, que ocupa uma área de 22,3%.n

Floresta dá trabalho a 2%

FLORESTA GERA 113 MILEMPREGOS DIRETOSu A floresta é a base de um setor da economia que gera 113 mil empregos diretos, o que diz respeito a 2% da po-pulação portuguesa. Repre-senta 10% das exportações nacionais e 3% do Valor Acrescentado Bruto.n

DESAFIOSDOSETORDITAM FUTURO

Mudançasvãoditarprogressodafloresta

uA ‘economia verde’ e a bio-energia vão ser as principaispreocupações dos governan-tes. Esta é a convicção de JoãoSoveral, daCAP,Confederaçãode Agricultores de Portugal,quenãotemdúvidasdequenospróximos anos o setor da flo-restavaipassarporgrandes al-terações. “Nos próximos anos,tudo o que vamos discutir dafloresta, sustentabilidade e dasproduções vaiestar relaciona-do com as alterações climáti-

cas, o carbono, a produção debiomassalenhosae comaspe-tos relacionados com o seuconsumo”, explicou.

O responsável acredita que aflorestanão é mais que umins-trumento usado pelas gover-nantes paraatingir outros fins.“Aquilo que vai ser exigido dafloresta está muito ligado àspolíticas energéticas que comela se relacionam. Ela é mera-mente umpretexto dos gover-nantes para atingir os fins quepretendem”, frisou.n

João Soveral, da CAP

‘Economiaverde’deveseraaposta

uRosário Alves, daAssociaçãoFlorestalde Portugal(FORES-TIS), consideraque o setor flo-restal tem muitas potenciali-dades e que vai trazer muitasoportunidades atodos os que aele se dedicarem.

“Estamos aviver umafase detransição e abrem-se muitas enovas oportunidades para afloresta.Temosdeterestaideiabemclara”, disse. No entanto,a responsável entende que,para que o futuro do setor seja

uma realidade, é necessáriocriar mecanismos viáveis econsistentes paraquemse de-dicaaestaárea.“Odesafiopararelançar a floresta passa, semdúvida, pela duplicação dari-quezanos próximos anos. Seráesse o desafio para os proprie-tários. Neste pressuposto, aspessoas são o garante, pois sóelas poderão modelar aflores-ta”,esclareceu,lembrandoqueno futuro “haverá muitasoportunidades,sobretudoparaos pequenos proprietários”.n

Rosário Alves, da FORESTIS

Desafiopassaporgerarriqueza

u“Apesar de os meios digitaisestaremcadavez mais presen-tenoquotidiano,aproduçãodepapel tem um futuro promis-sor, quer sejanaimpressão es-critaoude embalagem.”

CarlosAmaralVieira,daCEL-PA, Associação da IndústriaPapeleira, explica que a pro-dução de papel tem vindo aprogredir nos últimos anos eque os meios digitais são ape-nas um complemento. O res-ponsávelacrescentaaindaque

aindústriapapeleiravaiconti-nuar aser umadas mais-valiasdentro do setor florestal.

“Com tanto sucesso econó-mico,socialeambiental,apro-dução do papel é para conti-nuar”, frisou, no decorrer daconferência ‘Visões para umaFlorestade Futuro’.

Naocasião,destacoutambémaspotencialidadesdosetor,so-bretudo no Norte do País, ondese encontram bons exemplosda aposta na área florestal quemerecemser distinguidos.n

Carlos Vieira, da CELPA

Produçãodepapeltem futuropromissor

ALTERAÇÕESCLIMÁTICASEBIOMASSASERÃOASGRANDESPREOCUPAÇÕESAENFRENTARNOFUTURO

OPORTUNIDADEPARAPEQUENOSPRODUTORESQUEINVISTAM NOSETORNOSPRÓXIMOSANOS

PRODUÇÃODEPAPELTEM EVOLUÍDOENÃOSEENCONTRAAMEAÇADAPELOSMEIOSDIGITAIS

ECHAMARLIDADE

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CONFERÊNCIA VISÕES PARA UMA FLORESTA DE FUTURO

PRÁTICAS AMBIENTAIS

IgrejadeveintervirnadefesadaflorestaIGREJArBento Domingues acusa padres de pouco ou nada fazerem na proteção da florestaSENSIBILIZAÇÃO rParóquias deviam ser veículos de promoção de boas práticas ambientaisAURELIANA GOMES

Énecessário criar uma flo-resta de ideias na cabeçadas pessoas para a sal-

var.” Frei Bento Domingues,umdefensor dafloresta, consi-deraque faltaemPortugalumaatitude educacionalparaapro-blemática. Segundo o religioso,para tornar a mancha verdemais saudávele desenvolvidaénecessário haver uma apostana educação, mas, acima detudo, na sensibilização para osproblemas que uma florestadoente pode trazer, acusando

as comunidades cristãs de “fa-zerem ouvidos surdos”. “Ape-sar de o Papa ter elaborado umdocumento onde alerta para aimportância da proteção danatureza, em Portugal não sefez absolutamente nada. Háuma falta de sensibilidade to-tal, o que não se entende. AIgreja fala muito de criação,mas nunca fala de ‘descria-ção’”, disse. Para Bento Do-mingue s de vehaver por par-te das autori-dades reli-

CM

PORMENORES

Dever de informarAs comunidades cristãs e as es-colas têm o dever e a obrigaçãode sensibilizar as pessoas paraa importância da preservação edefesa da floresta.

Papa apoia vítimasA vaga de incêndios que assolouPortugal no verão mereceuatenção do Papa Francisco.O Sumo Pontífice enviou um tex-to de condolências aos madei-renses que perderam familiarese amigos.

Criar responsabilidadeApesar dos apelos para a limpe-za das matas e para os cuidadosa ter com as queimadas, os pro-blemas com fogos florestaiscontinuam a manchar as flores-tas portuguesas. São necessá-rias medidas mais drásticaspara os prevaricadores.

Crise de valoresO maior entrave à preservaçãoda mancha verde prende-secom a crise de valores peloMundo, apesar das muitasações de sensibilização.

ALTERAÇÕES DOCLIMA SÃO DESAFIOu As castástrofes naturais e o aumento do nível do mar fazem das alterações climá-ticas um dos maiores desa-fios da humanidade.n

13 MILHÕESDE FLORESTA PERDIDOSu Segundo a Organização para a Alimentação e a Agri-cultura (FAO), 13 milhões de floresta são perdidos a cada ano por desflorestação.n

As florestas constituem um elemento-chave para o desenvolvimento sustentá-vel das regiões, nomeada-mente na atração de riqueza pelas funções de proteção e pela dinâmica socioeconó-mica que desenvolve.

dos padres e catequistas não vairesolver o problema, mas a suaintervenção é fundamental”,constatou. Para o sacerdote énecessário criar umnovo climae uma nova atitude em relaçãoà floresta. “O trabalho tem decomeçar nas escolas e nas igre-jas. As pessoas têm de ser edu-cadas para a importância dosetor”, concluiu.n

giosas uma posição diferentesobre o assunto de forma a de-fender “o que Deus criou”.Consciente de que este tipo deintervenção não será a soluçãopara o problema, Bento Do-mingues acredita que é maisum passo no sentido de alertar

as pessoas para estaquestão. “Claro que

a intervenção

CAPOULASSANTOS

PARTICIPOUEM MAIS UM

DEBATESOBRE O

FUTURO DAFLORESTA,

NUMAALTURA EM

QUE ESTÁ EMDISCUSSÃO

UMAREFORMADO SETOR.

Correio�da�Manhã

FREI BENTODOMINGUESDIZQUEAIGREJAFALADECRIAÇÃOEDESVALORIZAA‘DESCRIAÇÃO’

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BentoDominguesdefendeque padrestêm obri-gação desensibili-zar para adefesa dasflorestas

Mancha verde precisa da ajuda de todos e a Igreja deve estar sensibilizada para apelar à proteção de um bem essencial

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Premiadas boas práticas

PORMENORES

Incêndios propositadosOs incêndios florestais foramum dos temas, com os partici-pantes a deixarem a convicçãode que a maior parte são enco-mendados e de que é precisotravar os criminosos.

Setor sustentávelA sustentabilidade e rentabili-dade foram também temas emdebate. Alertou-se para o factode não haver floresta ambienta-lista responsável se não foreconomicamente viável.

Valorização fiscalOs proprietários alertam que énecessário dar valor fiscal àscoisas sem custo no mercado,sob pena da gestão pendersempre sobre o que é rentável.

FUTURO DAS FLORESTAS

GovernoprometedartodaaatençãoaosetorflorestalDEBATErDepois de duas horas de discussão, as dúvidas sobre a reforma do setor foram colocadas ao ministro da AgriculturaMINISTRO rCapoulas Santos ouviu as queixas dos intervenientes e prometeu tratar o documento com especial atenção

AURELIANA GOMES

Ofuturo do setor florestalesteve em debate naConferência‘Visões para

umaFlorestade Futuro’, naBi-blioteca Municipal AlmeidaGarrett, noPorto. Duranteduashoras, espe-cialistas, in-vestigadores eo ministro daAgricultura,Capoulas San-tos,discutiramospróseoscon-tras de umsetor que temmuitoparao oferecer, mas que neces-sita de “um empurrão”. Numaaltura em que se encontra em

discussão públicaaReformadoSetor, muitos foram os que sejuntaramao debate promovidopelo CM, emcolaboração comoJornalde Negócios e aCELPA, aAssociação da Indústria Pape-leira e com o patrocínio do Mi-

nis t é r io d aAgricultura.

Aproveitan-do a presençado ministro,a l g u n s d o s

participantes falaram sobre aspreocupações de um setor frá-gil, mas que tem muito paraoferecer. “Aflorestasó é viávelse for rentável. E nós temos re-

cursos e formas de atornarsus-tentável”, disse uma das pes-soas do público, depois de ouviros intervenientes. As críticas ànova lei em discussão também

foramunânimes, comos parti-cipantes apediremexplicaçõesaogovernante.“Tenhodúvidassobre o documento. Não acre-ditoemmilagres.Oquevaimu-

dar com a entrada em vigor?”,questionou outro dos partici-pantes. Capoulas Santos ouviuos desabafos e prometeu espe-cialatenção nestamatéria.n

As castástrofes naturais e o aumento do nível do mar fazem das alterações climá-ticas um dos maiores desa-fios da humanidade.

Segundo a Organização para a Alimentação e a Agri-cultura (FAO), 13 milhões de floresta são perdidos a cada ano por desflorestação.

ESSENCIAIS PARA ASUSTENTABILIDADEu As florestas constituem um elemento-chave para o desenvolvimento sustentá-vel das regiões, nomeada-mente na atração de riqueza pelas funções de proteção e pela dinâmica socioeconó-mica que desenvolve. n

Debate no Auditório da Biblioteca Almeida Garrett, no Palácio de Cristal, no Porto, foi palco para a discussão sobre problemas e potencialidades do setor florestal

uAprimeiraedição do Pré-mio Florestae Sustentabilida-de, organizado pelo Correio�da�Manhã, Jornalde Negóciose CELPA, Associação daIn-dústriaPapeleira, pretendereconhecer e distinguir pro-jetos sustentáveis e inovado-

res naáreados recursos flo-restais. Paraparticipar naini-ciativa, que contacomo apoiodo Ministério daAgricultura,os interessados devemins-crever-se no site www.pre-miofloresta.cmjornal.xl.pt,até amanhã.n

Prémio distingue o melhorda florestaPRODUTORESQUISERAMSABERQUAISASGRANDESMEDIDASCONSTANTESNAREFORMAFLORESTAL