Estética, identidade visual e design
-
Upload
eloisa-lages -
Category
Design
-
view
866 -
download
4
description
Transcript of Estética, identidade visual e design
Funções da Imagem
Em um olhar panorâmico em direção ao mundo
das imagens, poderemos nelas encontrar
diversas funções: mágicas, religiosas, políticas,
estéticas, informativas, decorativas, persuasivas
ou até comerciais.
Além da função simbólica, que parece ser
inerente à sua condição de imagem, uma ou
mais funções podem se realizar em uma mesma
imagem.
Funções da Imagem
Por exemplo, o que em determinado contexto cultural
teve funções religiosas e persuasivas pode, em outro
espaço, deixar de tê-las, mesmo que permaneçam
outras funções, como a simbólica e a estética. Servem
como exemplo as igrejas que são ou que contêm
relevantes obras de arte sacra, e que hoje estão
transformadas, praticamente, em museus, pois são
abertas permanentemente à visitação – e muitas delas
cobram ingressos-, já que nelas raramente são
oficiados atos litúrgicos.
Funções da Imagem
Cartazes de espetáculos,
como os que foram
criados no início do
século por Toulouse-
Lautrec, perderam ao
longo do tempo sua
função informativa, mas
neles ainda restam as
funções simbólicas e
estética.
Funções da Imagem Outros tipos de imagens podem servir de exemplo
para a ocorrência de mudança na função das imagens.
É o caso das pranchas de botânica, aquelas dos
cartazes escolares ou mesmo as reproduzidas nos
livros de ciências, contendo como ilustração de cada
planta o desenho do fruto “aberto” e “fechado”, da flor,
da folha, da árvore inteira. Muitos exemplares dessa
categoria de imagens são comercializados em galerias
de arte.
Funções da Imagem
Para ampliar ainda mais os exemplos, lembramos das
imagens produzidas pelos viajantes europeus que
estiveram no Brasil, como Rugendas, Debret ou
Eckhout. Eles desenharam a flora, a fauna, os trajes,
os costumes, os tipos físicos encontrados na época,
com a principal finalidade de mostrar, em terras
distantes, como a vida acontecia por aqui. As
exposições desses trabalhos têm levado muita gente
aos museus onde se realizam. Hoje, são considerados
arte.
Funções da Imagem
Assim, parece claro que as imagens se prestam
para diversas finalidades, que podem ser
chamadas de funções, e que essas funções
podem se alterar ao longo do tempo.
Fica então registrado que o parâmetro da
funcionalidade pode contribuir para o estudo da
imagem, mesmo não sendo absoluto nem
definitivo.
Estética
Existem diferentes usos para a palavra estética;
pode ser um adjetivo (como no caso da
expressão “imagem estética”) ou um substantivo
(a Estética, uma área da Filosofia – voltada para
a reflexão do belo).
Como se observa, estética é uma palavra
usada, geralmente, como sinônimo de beleza.
Estética Usos da palavra Estética Quando vemos um texto verbal escrito bem organizado (margens, espaços, parágrafos padronizados e bem definidos) usamos a palavra estética para defini-lo.
No Rio Grande do Sul, estética é o Salão de Beleza, ou o Cabeleireiro.
Cirurgia estética é aquela destinada a modificar partes do corpo de uma pessoa, buscando, como resultado, que ela atinja determinado padrão de beleza.
Se digitarmos no Google a palavra estética vamos perceber que existem vários complementos à ela.
Estética
Origem da palavra Estética
Derivada do grego; vem da palavra “aisthetikós”, que por sua vez deriva de “aisthanasthai”, e quer dizer perceber, sentir. Estética, como aplicada hoje em dia, foi empregada pela primeira vez pelo filósofo alemão Alexander von Baungarten, no século XVIII, para designar o estudo das sensações ou a teoria da sensibilidade.
Estética de Baumgarten
Em síntese, faziam parte da Estética de Baungarten os fenômenos ligados à percepção por meio dos sentidos, referindo-se então a um campo de estudos definido dentro da Filosofia.
Este filósofo só reuniu este conjunto de conhecimentos e os batizou de Estética, pois muito já se pensou e escreveu acerca da natureza e da arte, de suas formas, o conceito de belo e do modo como o ser humano as percebe e as sente.
Todos já ouvimos falar de Sócrates, Platão e Aristóteles; neles estão os fundamentos da Estética.
Antes de Baungarten
Até mesmo na Pré-História, pode-se supor a
existência de um pensamento sobre estética, se nos
lembrarmos da produção gráfica das inscrições e das
imagens rupestres elaboradas pelo homem pré-histórico.
Identidade Visual
É o conjunto sistematizado de elementos gráficos que identificam visualmente uma empresa, uma instituição, um produto ou um evento, personalizando-os, tais como um logotipo, um símbolo gráfico, uma tipografia, um conjunto de cores.
Identidade Visual
Quando nos referimos a uma empresa e dizemos ‘ela não tem identidade visual’, isso significa que não há elementos visuais capazes de singularizá-la de maneira ordenada, uniforme e forte no mercado.
Identidade Visual
Neste caso, estamos nos referindo então a uma identidade visual institucional – tanto porque ela se refere a uma instituição (no caso, uma empresa, e não um indivíduo, por exemplo).
Identidade Visual
A identidade visual institucional pode ser, porém, aplicada aos mais diferentes casos: uma exposição, um espetáculo, um produto sazonal, uma campanha institucional (ou seja, uma campanha em prol de alguma causa considerada não lucrativa).
Identidade Visual
Quando se trata de uma identidade visual corporativa o trabalho se complexifica: não se espera que uma empresa dure apenas um determinado período.
Identidade Visual
A identidade visual corporativa integra a imagem corporativa de uma instituição. A imagem corporativa abarca tudo aquilo que, voluntariamente ou não, vai formando a posição da empresa na sua relação com o público.
Identidade Visual
- Missão, Visão e Valores
- A forma com os funcionários lidam com o público;
- As estratégias de marketing empregadas;
- As campanhas publicitárias;
- A arquitetura;
- A decoração;
- A localização de seus pontos de vendas ou serviço;
- A embalagem de seus produtos;
- Etc.
Identidade Visual
Tudo isso vai formando na mente do público uma determinada imagem, que pode ser positiva ou não para este público – e que pode gerar lucros ou, ao contrário, impedir o crescimento desta empresa.
A identidade visual é um dos veículos que geram a imagem corporativa.
Design
Em inglês, a palavra design funciona como substantivo e também como verbo (circunstância que caracteriza muito bem o espírito da língua inglesa). Como substantivo significa, entre outras coisas, “propósito”, “plano”, “intenção”, “meta”, “esquema maligno”, “conspiração”, “forma”, “estrutura básica”, e todos esses e outros significados estão relacionados a “astúcia” e a “fraude”.
Design
Na situação de verbo – to design – significa, entre outras coisas, “tramar algo”, “simular”, “projetar”, “esquematizar”, “configurar”, “proceder de modo estratégico”. A palavra é de origem latina e contém em si o termo signum, que significa o mesmo que a palavra alemã Zeichen (“signo”, “desenho”).
Design
E tanto signum como Zeichen têm origem comum. Etimologicamente, a palavra design significa algo assim como de-signar (ent-zeichnen).
Como é que a palavra design adquiriu seu significado atual, reconhecido internacionalmente?
Design Segundo o Houaiss:
• substantivo masculino
• Rubrica: desenho industrial.
• a concepção de um produto (máquina, utensílio, mobiliário, embalagem, publicação etc.), esp. no que se refere à sua forma física e funcionalidade
• Derivação: por extensão de sentido (da acp. 1).
• m.q. desenho industrial
• Derivação: por extensão de sentido.
• m.q. desenho de produto
• Derivação: por extensão de sentido.
• m.q. programação visual
• 6 Derivação: por extensão de sentido.
• m.q. desenho ('forma do ponto de vista estético e utilitário' e 'representação de objetos executada para fins científicos, técnicos, industriais, ornamentais')
Design
Não estamos pensando em termos históricos, ou seja, não se trata de consultar nos textos onde e quando se começou a adotar o significado atual da palavra.
Trata-se de pensá-la semanticamente, isto é, de analisar precisamente por que essa palavra adquiriu o significado que se lhe atribui no discurso atual sobre cultura.
A palavra design ocorre em um contexto de astúcias e fraudes. O designer é, portanto, um conspirador malicioso que se dedica a engendrar armadilhas.
Design
Outros termos também bastante significativos aparecem nesse contexto, como, por exemplo, as palavras “mecânica” e “máquina”. Em grego, mechos designa um mecanismo que tem por objeto enganar, uma armadilha, e o cavalo de Tróia é um exemplo disso.
Ulisses é chamado polymechanikos, o que se traduzia no colégio como “o astucioso”.
Design
A própria palavra mechos tem sua origem na raiz “magh-”, que podemos reconhecer nas palavras alemãs Macht e mögen.* Uma máquina é portanto um dispositivo de enganação, como por exemplo a alavanca, que engana a gravidade, e a “mecânica”, por sua vez, é uma estratégia que disfarça os corpos pesados.
* O substantivo Macht significa “poder”, “potência”, e o verbo mögen corresponde, em português, aos verbos “poder” ou “gostar”.
Design
Outra palavra usada nesse mesmo contexto é “técnica”. Em grego, techné significa “arte” e está relacionada com tekton (“carpinteiro”). A ideia fundamental é a de que a madeira (em grego, hylé) é uma material amorfo que recebe do artista, o técnico, uma forma, ou melhor, em que o artista provoca o aparecimento da forma. A objeção fundamental de Platão contra a arte e a técnica reside no fato de que elas traem e desfiguram as formas (ideias) intuídas teoricamente quando se encarnam na matéria. Para ele artistas e técnicos são impostores e traidores das ideias, pois seduzem maliciosamente os homens a contemplar ideias deformadas.
Design
O equivalente latino do termo grego techné é ars, que significa, na verdade, “manobra” (Dreh). O diminutivo de ars é articulum – pequena arte -, e indica algo que gira ao redor de algo (como por exemplo a articulação da mão). Ars quer dizer, portanto, algo como “articulabilidade” ou “agilidade”, e artifex (“artista”) quer dizer “impostor”. O verdadeiro artista é um prestidigitador*, o que se pode perceber por meio das palavras “artifício”, “artificial” e até mesmo “artilharia”.
*que ou aquele que desenvolveu a técnica da prestidigitação, que tem agilidade com
as mãos para iludir os demais
Design
Em alemão, um artista é um Könner, ou seja, alguém que conhece algo e é capaz de fazê-lo, pois a palavra “arte” em alemão, Kunst, é um substantivo que deriva do verbo “poder”, können, no sentido de ser capaz de fazer algo; mas também a palavra “artificial”, gekünstelt, provém da mesma raiz.
Design
Essas considerações explicam de certo modo por que a palavra design pôde ocupar o espaço que lhe é conferido no discurso contemporâneo. As palavras design, máquina, técnica, ars e Kunst estão fortemente inter-relacionadas; cada um dos conceitos é impensável sem os demais, e todos eles derivam de uma mesma perspectiva existencial diante do mundo.
Design
No entanto, essa conexão interna foi negada durante séculos (pelo menos desde a Renascença). A cultura moderna, burguesa, fez uma separação brusca entre o mundo das artes e o mundo da técnica e das máquinas, de modo que a cultura se dividiu em dois ramos estranhos entre si: por um lado, o ramo científico, quantificável, “duro”, e por outro o ramo estético, qualificador, “brando”. Essa separação desastrosa começou a se tornar insustentável no final do século XIX. A palavra design entrou nessa brecha como uma espécie de ponte entre esses dois mundos. E isso foi possível porque essa palavra exprime a conexão interna entre técnica e arte.
Design
Portanto design significa aproximadamente aquele lugar em que arte e técnica (e, consequentemente, pensamentos, valorativo e científico) caminham juntas.
Referências
ABC da ADG. Editora Blucher, 2012.
Imagem também se lê. Edições Rosari, 2009
O design gráfico brasileiro: anos 60. Cosac Naify, 2008
O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. Cosac Naify, 2007.
Referências
- ABC da ADG. Editora Blucher, 2012.
- Imagem também se lê. Edições Rosari, 2009
- O design gráfico brasileiro: anos 60. Cosac
Naify, 2008
- O mundo codificado: por uma filosofia do
design e da comunicação. Cosac Naify, 2007
- Sistemas de identidade visual. 2AB, 2009