Estimativa de rega e fertilização para um pomar de alfarro…

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Estimativa de rega e fertilização para um pomar de alfarrobeiras na região do Algarve. Rega Na rega de pomares de alfarrobeira podem utilizar-se águas de menor qualidade, com condutividade de até 3-5 mm/cm, mas existe muito pouca informação sobre este assunto. Tradicionalmente a alfarrobeira era considerada uma cultura de sequeiro, sendo referido por alguns autores (Leotte, 1900; Daris, 1964; Castro 1952) que as alfarrobeiras regadas originavam “frutos pouco doces e alteráveis”. Actualmente existem pomares novos, com sistemas de rega gota a gota, e considera-se que a rega moderada em alfarrobeiras pode aumentar as produções em mais de 60% e eliminar a alternância na produção. A alfarrobeira, sendo sensível a “armillaria” e outras patologias fúngicas do solo, não gosta de humidades e solos encharcados na zona junto ao tronco, mas beneficia de aportes hídricos estimados entre os 300 a 450 mm anuais, repartidos por regas a aplicar com regularidade nos meses de Maio a Setembro. Face a o exposto e na ausência de dados mais fiáveis poderemos estimar a rega de acordo como os seguintes valores: 1 – Pomares adultos , com densidades da ordem das 208 árvores / ha (compasso de 8 m x 6 m) com sombreamento da copa no solo acima dos 60%. Valores a aplicar em cada rega , regando duas vezes por semana Mês Maio Junho Julho Agosto Setembro M 3 / ha 60-90 70-100 80-120 65-95 50-80 Litros/Arvore 280-430 330-480 380-570 300-450 240-380

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Notas técnicas elaboradas tendo em vista estimar a rega e fertilização para a cultura da alfarrobeira na região do Algarve.

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Estimativa de rega e fertilização para um pomar de alfarrobeiras na região do Algarve.

Rega

Na rega de pomares de alfarrobeira podem utilizar-se águas de menor qualidade, com

condutividade de até 3-5 mm/cm, mas existe muito pouca informação sobre este assunto.

Tradicionalmente a alfarrobeira era considerada uma cultura de sequeiro, sendo referido

por alguns autores (Leotte, 1900; Daris, 1964; Castro 1952) que as alfarrobeiras regadas

originavam “frutos pouco doces e alteráveis”.

Actualmente existem pomares novos, com sistemas de rega gota a gota, e considera-se que

a rega moderada em alfarrobeiras pode aumentar as produções em mais de 60% e eliminar

a alternância na produção.

A alfarrobeira, sendo sensível a “armillaria” e outras patologias fúngicas do solo, não gosta

de humidades e solos encharcados na zona junto ao tronco, mas beneficia de aportes

hídricos estimados entre os 300 a 450 mm anuais, repartidos por regas a aplicar com

regularidade nos meses de Maio a Setembro.

Face a o exposto e na ausência de dados mais fiáveis poderemos estimar a rega de acordo

como os seguintes valores:

1 – Pomares adultos, com densidades da ordem das 208 árvores / ha (compasso de 8 m x 6 m) com sombreamento da copa no solo acima dos 60%.

Valores a aplicar em cada rega, regando duas vezes por semana

Mês Maio Junho Julho Agosto Setembro M3 / ha 60-90 70-100 80-120 65-95 50-80

Litros/Arvore 280-430 330-480 380-570 300-450 240-380

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2 – Pomares não adultos, com densidades da ordem das 208 árvores / ha (compasso de 8 m x 6 m) com sombreamento da copa no solo abaixo dos 60%.

Valores a aplicar em cada rega, regando duas vezes por semana

Nestas condições, podemos estimar a rega reduzindo os valores indicados no ponto 1, na

mesma proporção em que diminui o sombreamento da copa no solo.

Exemplo: - Rega de alfarrobeiras com sombreamento da copa no solo da ordem dos 20 %

(valores arredondados).

Mês Maio Junho Julho Agosto Setembro M3 / ha 20-30 25-35 30-40 20-30 15-25

Litros/Arvore 90-140 120-170 140-190 100-150 80-120

Fertilização de manutenção

Tal como a rega também a fertilização desta cultura está pouco estudada e actualmente

ainda não dispomos de dados com suficiente segurança para delimitar os valores das

situações de excesso ou carência, nem de macros nem de micro elementos, para a cultura

da alfarrobeira.

Para pomares tradicionais (20-30 anos) com densidades da ordem das 50 alfarrobeiras / ha

produzindo 2000 a 3000 Kg / ha, encontramos referências para a fertilização que apontam

para os valores seguintes:

N – 50-60 Kg / ha

K2O – 50-70 Kg / ha

P2O5 – 30-40 Kg / ha

Mg – 10 Kg / ha

Todavia nos pomares modernos, em terrenos férteis, com rega da cultura, os compassos de

plantação recomendados (8x6m – 9x6m) originam densidades da ordem das 208 - 185

árvores por hectare, estimando-se que as produções possam atingir 9 a 10 toneladas por

hectare.

Nestas condições, como é evidente, a

fertilização deverá ser igualmente

incrementada.

Assim, na ausência de elementos rigorosos,

baseados em estudos e experimentação,

iremos considerar como referência para a

fertilização os valores seguintes:

N – 60-100 Kg / ha

K2O – 70-120 Kg / ha

P2O5 – 40-70 Kg / ha

MgO – 15-25 Kg / ha

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Estes valores, de preferência, deverão ser aferidos com análises ao solo e água de rega

podendo as quantidades de adubo a aplicar ser menores ou maiores em função da riqueza

do solo e água nos diferentes elementos.

Tal como referido para a rega, pomares novos com produções inferiores, devem de igual

modo reduzir os valores de referência acima indicados para a fertilização.

Na região do Algarve em muitos casos, Zonas vulneráveis de Faro e Luz de Tavira, a água

é rica em Azoto (N) pelo que o valor a aplicar deverá ter esse facto em consideração.

A aplicação dos adubos, nos pomares tradicionais, poderá ser efectuada por incorporação

ao solo através de uma mobilização superficial, a realizar no Outono, após as primeiras

chuvas.

Nos pomares modernos, dispondo de equipamento para realizar a fertirrega, a totalidade

dos adubos ou, no mínimo, a totalidade de Azoto (N) e parte do Potássio (K2O) deverão ser

incorporados juntamente com a água de rega distribuindo a sua aplicação durante o período

de Primavera/Verão.

Nota: - Os valores indicados não foram testados e são meramente orientativos não podendo por isso “em

caso algum” ser tomados como rígidos ou como “receita” aplicando-se apenas na ausência de dados mais

rigorosos.

Documentos consultados

Mati, Juan Tous.: Cultivo del algarrobo. – Hojas divulgadoras Nº 10/84 HD – Ministerio de Agricultura,

Pesca y Alimentación – Madrid 1984.

Correia, P.; Martins Loução, M.A. – Efeito de diferentes dotações de água no crescimento vegetativo em

pomares jovens de alfarrobeira (ceratonia silíqua) – Actas de horticultura – I Congresso Ibérico de Ciências

Hortícolas (Vol. III Fruticultura) – Lisboa 1990

Graça, José M. Valente – Alfarrobeira – Guia do extensionista (Vol. III) . DRAALG- Faro 1994.

Rosa, Armindo J. G. – Fertirrega em Horticultura – Guia de rega. Faro 2004.

INIAP- Laboratório Químico Agrícola Rebelo da Silva.: Manual de fertilização das culturas – Lisboa 2005.

Costa, João. M. G. : Alfarrobeira – Aspectos a ter em conta na instalação de modernos pomares. DRAP

Algarve. Faro-Março/2009.

Melgarejo Moreno, P y Salazar Hernández D. M. – Tratado de fruticultura para zonas áridas Y semiáridas

(Vol.II), pág. 72-74 . Ediciones Mundi-Prensa. Madrid 2003.

Diário de República, 1ª série-116-Portaria nº 259/2012 de 28 de Agosto (Anexo VIII -pág. 4790.

Faro, 19/11/2012

Armindo Rosa