patrocínio

apoio

parceria

“Eu vou comer neve, mamãe?” Antes de embarcar para o Valle Nevado Ski Resort, no Chile, a convite

do Inverno QUEM 2013, essa foi a pergunta que a apresentadora Astrid Fontenelle, 52 anos, mais ouviu do filho, Gabriel, de 5, que ela adotou com 3 meses de vida, em 2008. “Nos últimos tempos, ele tem manifestado essa vontade. Acho que foi por causa de um jogo no celular que tem um boneco que faz snowboard”, diz ela. E bastou o

garoto colocar os pés em uma das pistas da estação de esqui mais ba-dalada do Hemisfério Sul para que o sonho da mãe e o desejo do filho se realizassem.

Acompanhada também do ma-rido, Fausto Franco, 34, produtor--executivo da banda Chiclete com Banana, a jornalista falou, na en-trevista a seguir, sobre o lúpus, do-ença autoimune que faz com que o organismo destrua as células do próprio corpo, diagnosticada em janeiro de 2012, além do sucesso do programa Chegadas e Partidas, exibido pelo canal pago GNT.

astrid com o marido, Fausto, e o filho, Gabriel

“Estou

um sonho de meu filho”

realizando

a apresentadora Astrid Fontenelle leva Gabriel, de 5 anos, para conhecer a neve da cordilheira dos andes, a convite do inverno QUeM 2013. ela fala sobre o lúpus, a doença autoimune que destrói as células do organismo que lhe foi diagnosticada em 2012, e a excelente fase na vida profissional com o programa chegadas e partidas Por AurorA AguiAr

Férias inesquecíveis: astrid Fontenelle passou alguns dias no Valle nevado Ski resort, no chile, acompanhada do filho, Gabriel, de 5 anos

Veja MaiS conteúdo no tablet

Foto

S: d

eco

ro

dri

GU

eS/e

d. G

lob

o

QA672p096_101.indd 96-97 25/07/2013 12:45:42

AF: Morro de medo. Em uma das duas primeiras gravações que fize-mos, encontramos até uma mulher que viaja com as cinzas do marido. Tipo Almodóvar (risos).

QUEM: Esperava esse sucesso todo?AF: Não! O Chegadas e Partidas é um programa holandês. O formato é muito bom porque é simples. O cara que criou estava no aeroporto um dia, esperando a mãe. O voo atrasou e ali ele viu aquelas cenas cândidas de despedidas e bolou o programa. Recebo retorno nega-tivo, do tipo “não assisto mais ao programa porque me faz chorar”. Isso para mim é elogio.

QUEM: Por que as pessoas choram?AF: É o que me pergunto o tempo todo. Ninguém verbaliza isso, mas acho que o aeroporto é o local onde você tem medo do corte total,

medo da morte. A última vez que vão se ver. Então, vamos falar aqui-lo que a gente nunca falou. QUEM: Acredita que esteja na sua melhor fase profissional?AF: Já acreditei outras vezes, na época da MTV, por exemplo. Mas em um determinado momento você acha que já está bom e entra em uma zona de conforto. Eu estaria bem se estivesse fazendo, ainda, o Happy Hour. Faria até o resto da minha vida. Mas, quando você vê que o negócio subiu nova-mente, você fala “opa, que bacana, que bom!”.

QUEM: A MTV foi também um mar-co na sua carreira...AF: A MTV foi bastante importan-te porque foi o meu momento de colocar uma televisão no ar. Eu apenas lamento o fechamento. Foi uma derrota coletiva. Isso porque

não era apenas um canal de tele-visão. Era um canal de comporta-mento jovem e o que unia tudo era a música. Uma geração de músicos veio e fez sucesso graças a ela.

QUEM: Precisou de alguma autori-zação médica para vir para cá?AF: Eu não estou proibida de viajar, mas tenho que ter cuidados. O tal do lúpus tem um cuidado básico e bem importante que é o sol. Ele é o meu inimigo número 1. É muito protetor solar, muita roupa UV. E o que eu fiz foi antecipar em 15 dias os exames que faço a cada dois meses.

QUEM: Como encara certas limitações?AF: Pelo fato de eu ter um otimismo muito grande, médicos excelentes, que me zeraram, hoje o lúpus está controlado. E isso, claro, me deixa muito segura. Não posso abrir mão das coisas boas da vida. Tenho um

QUEM: Teve alguma dificuldade para conciliar a agenda profissional para poder vir para cá?AsTrid FonTEnEllE: Não abro mão de férias. A gente tem tido esse período de descanso roubado pelo sistema e roubado por nós mesmos. Muitos têm medo de per-der o emprego, achando que dez dias está ótimo, que já descansou. Os estudos falam que bom mesmo são 30 dias, que a partir do vigé-simo você despluga. O que eu fiz com o Gabriel foi dar uma quebra-da: pedi 15 dias agora, e, no fim do ano, eu saio de novo.

QUEM: A quinta temporada de Chegadas e Partidas está confir-mada. Tem medo de não encontrar boas histórias?

Mãe e filho provam o chocolate Monte bello o pequeno príncipe, da cacau Show

Gabriel conta com a ajuda dos pais para praticar o snowboard

a família chegou ao Valle nevado Ski resort em um Fiat 500 vermelho

98 | Quem Acontece Quem Acontece | 99

Foto

S: d

eco

ro

dri

GU

eS/e

d. G

lob

o

QA672p096_101.indd 98-99 25/07/2013 12:45:57

a família conheceu a escuela de nieve, que possibilita a adultos e crianças aprimorar suas técnicas de esqui e snowboard

para espantar o frio, a jornalista saboreia um delicioso chocolate quente

filho de 5 anos. Não vou trazer o menino para a neve porque eu não posso passar frio? Então, ponho agasalho, tomo meus remedinhos, me cuido e pronto.

QUEM: no ano passado, você disse a QUEM que ia começar a malhar...AF: Comecei a nadar. A natação é um excelente exercício, que me ajuda a fortalecer a musculatu-ra para sentir menos dores nas articulações. E o mais interessan-te disso é que estou aprendendo a nadar. Eu não sabia. Resolvi encarar e pagar o mico, porque tem a vergonha, né? Aprender a nadar aos 52 anos é puxado!

QUEM: Em Amor à Vida, a atriz Klara Castanho vive uma perso-nagem que tem a doença. Tem acompanhado?AF: Assim que soube que ela

faria uma menina portadora de lúpus, corri para o Twitter e deixei um recadinho. Aí, ela me respondeu. Pediu o meu tele-fone e ligou. Ela queria saber o que eu senti quando recebi o diagnóstico. E foi superinteres-sante porque foi meio estudar com ela o personagem. Porque eu não podia dizer o que senti, porque sou uma mulher de 52 anos, tenho um filho. Muito diferente dela, que tem 12 anos. E a interpretação dela é demais!

QUEM: É verdade que gasta mais de 2 mil reais em remédios por mês?AF: Estar doente no Brasil é um desafio. Você precisa de técnica e torcer para encontrar farmacêuticos e médicos com boa vontade para te darem dicas de medicamentos genéricos e laboratórios bons. O remédio que tomo custa 720 reais. Com

Hora de relaxar: na suíte do resort, astrid usa sabonete beauty cream bar dove. e em seguida, segue para uma sessão de massagem feita com a loção hidratante dove deep care complex

o desconto, sai por 690 reais. E ele dura 15 dias. Eu tomo duas caixas por mês. Fora o resto. Então, dá 2 mil reais fácil. Gra-ças a Deus que eu recuperei a minha força e tenho trabalho. Eu ganho para me cuidar. Tenho plano de saúde. Mas não consigo ir a uma farmácia e não sentir o que vejo, prin-cipalmente com gente idosa, e não lamentar a precariedade e a humilhação que é.

QUEM: É verdade que você tem bronca de veículos que identificam o Gabriel como filho adotivo?AF: Eu brinco com os títulos: “Astrid passeia com seu filho adotivo no shopping blá blá blá”. Para que falar que ele é adotado nessa situação, se eu estou passeando com o meu fi-lho? É uma ignorância que vai de cabo a rabo e que eu acho que tenho como obrigação jornalística explicar. Se não por técnica, por delicadeza.

Tecnicamente, ele é meu filho. Eu só quero que a gramática seja cumprida à risca. Não sou um ser superior, não fiz um ato de caridade, eu apenas queria ter um filho. E, para mim, o melhor jeito foi adotando.

QUEM: Como foi a chegada dos 50 anos?AF: Dura foi a dos 40. Depois que vi que tinha chegado bem, ok. Só não deixo o cabelo ficar branco porque ninguém me en-tenderia. Nada me incomoda.

QUEM: E o sexo, melhorou?AF: Ficou mais legal. Porque fica mais tranquilo, menos preocupante. Não preciso mais me preocupar com engravidar, com me cuidar. Passei bem pela chegada da menopausa. você ganha maturidade, a serenidade de falar que você quer transar quando está com vontade, de não fazer hora, de não fazer fita.

Foto

S: d

eco

ro

dri

GU

eS/e

d. G

lob

o

QA672p096_101.indd 100-101 25/07/2013 12:47:04