Estradas+A_2015
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PPUUCC -- CCaammppiinnaass
CEATEC – Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL
desenho da capa: Glauco Pontes Filho
2015
Estradas A
PUC-Campinas Engenharia Civil
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. PIMENTA. C. R. T. & OLIVEIRA, M. P. Projeto Geométrico de Rodovias. Editora Rima,
São Carlos, 200_.
2. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (DNIT).
Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais. Rio de Janeiro, 1999 - disponível para
impressão em: http://ipr.dnit.gov.br/indexmanuais.php.
3. ____ (DNIT). Manual de Implantação Básica. Rio de Janeiro, 2010 - disponível para
impressão em: http://ipr.dnit.gov.br/indexmanuais.php.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
4. FOGLIATTI, M. C.; FILIPPO, S.; GOUDARD, B. Avaliação de Impactos Ambientais –
Aplicação aos Sistemas de Transporte. Editora Interciência, Rio de Janeiro, 2004.
5. PONTES FILHO, G. Estradas de Rodagem - Projeto Geométrico. Editora Glauco Pontes
Filho, São Carlos, 1998.
6. DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO
(DER/SP). Manual de Sinalização. São Paulo, 2006 - disponível para impressão em:
http://www.der.sp.gov.br/documentos/manuais_tecnicos.aspx.
7. ____ (DER/SP). Instruções de Projeto Geométrico. São Paulo, 2006 - disponível para
impressão em: http://www.der.sp.gov.br/website/Documentos/normas_tecnicas.aspx.
8. SENÇO, W. Manual de Técnicas de Projetos Rodoviários. Editora PINI, São Paulo, 2008.
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO
A avaliação basear-se-á:
nas provas referentes aos conteúdos ministrados no 1º e 2º bimestres letivos;
no projeto desenvolvido;
em exercícios e trabalhos desenvolvidos;
A média na disciplina será calculada pela expressão: M = 0,2xN1 + 0,8xN2
M = Média
N1 = Nota 01 = Nota do projeto
N2 = Nota 02 = Média das notas das provas P1 e P2
As notas das atividades serão somadas na nota
Se M 5,0 Aprovado
Se M 5,0 em Recuperação
Recuperação (nova prova) da 1ª ou 2ª prova = PR
2)21(2
)21(2
PouP
PRPouPRN
N2R = Nota média das provas após a Recuperação
MR = Média com a recuperação = 0,2xN1 + 0,8xN2R
Se MR 5,0 Aprovado
Se MR 5,0 Reprovado
Professor José Liberato Bozza
Professora Régia Mara Petitto
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1 - O traçado de uma estrada
O problema da escolha do traçado de uma estrada nasce, em linhas gerais, da necessidade
ou da conveniência da ligação entre dois locais. Raramente a linha reta que une esses locais
(caminho mais curto) poderá ser tomada como eixo da ligação, em virtude de uma série de
condicionamentos existentes na área intermediária entre os locais a serem ligados.
Esses condicionamentos interferem e assumem importância porque, dentro da
conceituação da engenharia, não basta pensar na ligação pura e simples; é necessário também
que essa ligação seja feita de forma a atender melhor aos interesses da comunidade com o menor
custo possível.
É preciso, portanto, que haja um balanço entre o custo total da obra a ser executada,
incluindo custos de levantamentos, projetos, construção, desapropriações e manutenção, e os
benefícios diretos e indiretos advindos da implantação da obra.
Assim, um bom projeto deve atender às necessidades de tráfego, respeitar as
características técnicas de um bom traçado em planta e de um bom perfil, estar em harmonia com
a região atravessada e, na medida do possível, ter custo mínimo.
A escolha dessas características deve também levar em consideração possíveis variações
de volume ou mesmo de características que o tráfego possa sofrer durante a vida útil da estrada
visto que grande número de veículos muda suas características ao longo do tempo, alterando seu
comportamento nas estradas. Interesses diversos podem causar mudanças no uso dos diversos
meios de transportes, alterando os volumes e a composição do tráfego das estradas ao longo dos
anos. Assim, deve-se ter um cuidado especial com a projeção das necessidades de transporte.
1 1 - Fatores que Influenciam a Escolha do Traçado
Na escolha do local por onde passará a estrada, todos os fatores que possam influir no
custo ou nas características do projeto deverão ser avaliados e balanceados para que se possa
conseguir um local adequado à construção de uma estrada de boas características técnicas e de
custo mínimo.
A variedade de fatores a serem analisados é muito grande, o que pode tornar muito difícil
maximizar condições técnicas e minimizar custos.
Topografia - Na maioria dos projetos, a topografia é o fator predominante para a escolha
da localização da estrada. O movimento de terra, que geralmente representa parcela significativa
no custo total de construção da estrada, depende da topografia do local atravessado. O projeto
tem parâmetros mínimos que devem ser respeitados. Em conseqüência, uma região
topograficamente desfavorável pode levar a grandes cortes e aterros, de elevado custo, ou até à
necessidade de obras civis caras, como túneis e viadutos.
Para melhor caracterizar essas influências, os projetistas de estradas classificam a
topografia da região em três grandes grupos:
Terreno plano - Quando a topografia da região é suficientemente suave, de forma
a permitir um projeto com boas condições de visibilidade, pequeno movimento de terra e sem
necessidade de obras caras.
Terreno ondulado - Quando o terreno natural possui inclinações não muito fortes
e/ou algumas escarpas ocasionais que exigem um movimento de terra médio.
Terreno montanhoso - Quando a topografia apresenta mudanças significativas nas
elevações do terreno, sendo necessários grandes movimentos de terra e, algumas vezes, túneis e
viadutos para obter-se um perfil aceitável para a estrada.
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Condições geológicas e geotécnicas - As características do solo dos locais por onde
passará a estrada também são importantes. A dureza do material a ser escavado pode exigir
técnicas especiais de escavação, gerando custos adicionais; cortes que atingem o lençol freático
geram obras adicionais de drenagem; problemas de estabilidade de taludes de cortes podem
exigir obras caras. Em alguns casos, obras de contenção de taludes ou de estabilização de aterros
sobre solos moles podem ter custo muito elevado. Locais com condições geotécnicas
desfavoráveis devem ser evitados, sempre que possível.
Hidrologia - O traçado deve ser escolhido de forma a reduzir ao mínimo travessias de
rios e córregos, de forma a minimizar o número de obras civis, como pontes e galerias. Quando
as travessias são inevitáveis é importante escolher locais e posições favoráveis (o mais
perpendicular possível), a fim de reduzir o tamanho das obras civis necessárias e evitar obras de
retificação dos rios ou dos córregos atravessados.
Desapropriações - A existência de benfeitorias nos locais escolhidos para a estrada
aumenta os custos das desapropriações. Construções, loteamentos etc. devem ser evitados
sempre que possível pois acarretam o problema do deslocamento de populações.
Interferências no ecossistema - A estrada, devido a suas dimensões incomuns (uma
grande extensão com pequena largura), é geralmente um agente agressivo ao meio ambiente. Por
onde passa, divide a região em duas áreas isoladas entre si. Em regiões onde a preservação do
meio ambiente é relevante, deve-se sempre procurar traçados alternativos que evitem o
problema. O projetista deve sempre ter em mente que a construção da estrada exige a derrubada
da vegetação e que a execução de cortes e aterros altos podem acarretar danos ao ecossistema
local.
Outros fatores de interesse local, social, estratégicos regionais ou mesmo nacionais podem
influir tanto na escolha do traçado como na definição dos demais elementos do projeto.
1.2 – Estudos necessários para a construção de uma estrada
Os trabalhos para construção de uma estrada iniciam-se por meio de estudos de
Planejamento de Transporte. Esses estudos têm por objetivo verificar o comportamento do
sistema viário existente para, posteriormente, estabelecer prioridades de ligação com vistas às
demandas de tráfego detectadas e projetadas, de acordo com os dados sócioeconômicos da região
em estudo.
As principais atividades para elaboração de um projeto viário são:
Estudos de tráfego;
Estudos topográficos;
Estudos geológicos e geotécnicos;
Estudos hidrológicos;
Projeto geométrico;
Projeto de terraplenagem;
Projeto de drenagem, de obras de arte correntes e obras de arte especiais;
Projeto de desapropriação;
Relatório de impacto ambiental.
Orçamento da obra e plano de execução;
Estudos de viabilidade econômica;
Outras atividades para elaboração de um projeto viário:
Projeto de pavimentação;
Projetos de interseções, retornos e acessos;
Projeto de sinalização;
Projeto de elementos de segurança;
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1.3 – Fases do estudo do traçado de uma estrada
O projeto geométrico de uma estrada comporta uma série de operações que consistem nas
seguintes fases:
• Reconhecimento ou Anteprojeto;
• Exploração ou Projeto;
• Locação ou Projeto Definitivo.
1.3.1 – Reconhecimento ou Anteprojeto
É a primeira fase da escolha do traçado de uma estrada. Tem por objetivo principal o
levantamento e a análise de dados da região necessários à definição dos possíveis locais por onde
a estrada possa passar. Nesta fase são detectados os principais obstáculos topográficos,
geológicos, hidrológicos e escolhidos locais para o lançamento de anteprojetos.
1.3.1.1 – Elementos necessários para a fase de reconhecimento
a) Localização dos pontos inicial e final da estrada;
b) Indicação dos pontos obrigatórios
b.1) Pontos Obrigatórios de Passagem: são pontos estabelecidos antes de qualquer
estudo, condicionando a construção da estrada à passagem por eles. São determinados por fatores
não técnicos, como fatores políticos, econômicos, sociais, históricos etc.
b.2) Pontos Obrigatórios – obstáculos a contornar: são pontos selecionados no terreno,
durante o reconhecimento, pelos quais não será tecnicamente mais vantajoso passar a estrada
(seja para se obter melhores condições de tráfego e/ou para possibilitar obras menos
dispendiosas). A escolha desses pontos é, portanto, um problema essencialmente técnico.
c) Retas que ligam os pontos obrigatórios de passagem.
c.1) Diretriz Geral: É a reta que liga os pontos extremos da estrada, representando a
solução de menor distância para a ligação entre os pontos extremos.
c.2) Diretriz Parcial: É cada uma das retas que liga dois pontos obrigatórios
intermediários. Do estudo de todas as diretrizes parciais resulta a escolha das diretrizes que
fornecerão o traçado final da estrada.
Para exemplificar o exposto anteriormente, consideremos a ligação entre dois pontos A e
B, em uma determinada região, esboçada na figura a seguir.
Figura 1 – Diretriz geral de uma estrada
Assim, na figura os pontos A e B são os pontos extremos. A reta AB, ligando esses
pontos, é a diretriz geral da estrada. A cidade C e o porto D às margens do rio, que serão
servidos pela estrada a construir, são os pontos obrigatórios de passagem e são determinados
pelo órgão responsável pela construção. A topografia da região pode impor a passagem da
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estrada por determinados pontos. A garganta “G” é um exemplo, constituindo-se também num
ponto obrigatório de passagem.
Os traçados são representados graficamente através de um anteprojeto geométrico em
planta e perfil. Em planta, consiste no lançamento de tangentes e curvas circulares, observadas as
condicionantes expostas anteriormente. Em perfil, consiste no lançamento do greide preliminar
das alternativas dos traçados, podendo ou não ser concordado por curvas verticais, dependendo
da escala das plantas. Todas as alternativas de traçado da estrada serão orçadas em nível
preliminar, para servir de base na avaliação técnico-econômica. Neste orçamento, deverão ser
levadas em conta a movimentação de terra e as obras de grande vulto (pontes, viadutos, muros de
arrimo, túneis etc.).
1.3.2 – Exploração ou Projeto
Na fase de reconhecimento da estrada seleciona-se uma ou duas alternativas de traçado,
cujos estudos topográficos foram desenvolvidos a partir de levantamento de natureza expedita.
Com o objetivo de realizar o Projeto Final, executa-se uma segunda etapa de estudos,
com mais detalhes, possibilitando a obtenção de todos os demais elementos para a elaboração de
um projeto inicial da estrada. Esta nova etapa é denominada Exploração ou Projeto.
Durante a fase de exploração são desenvolvidos outros estudos, além dos topográficos,
como os relativos à tráfego, hidrologia, geologia, geotecnia etc. Estes estudos possibilitam a
elaboração dos projetos geométrico, drenagem, terraplenagem, pavimentação etc.
1.3.2.1 – Trabalhos de campo
Os trabalhos de campo, na fase de exploração, compreendem classicamente três estágios:
a) Lançamento do eixo da poligonal
É uma etapa muito importante na exploração, devido ao fato de que a poligonal a ser
implantada será a linha de apoio para os demais serviços topográficos, com o objetivo de colher
elementos que possibilitem a representação gráfica do relevo do terreno ao longo da faixa.
O lançamento da poligonal de exploração deverá ser feito com base em medidas lineares
(distâncias horizontais) e angulares (azimutes e/ou deflexões) dos alinhamentos.
Figura 2 – Poligonal de Exploração com os pontos notáveis
Observamos que os pontos de mudança de direção, quando não coincidentes com estacas
inteiras (o que geralmente acontece) são indicados pela estaca inteira imediatamente anterior
mais a distância do ponto a essa estaca. Assim, a estaca fracionária resulta quando a extensão do
alinhamento não é divisível por 20. Por exemplo, se o alinhamento tem uma extensão de
125,00m e tem início na Estaca Zero, a sua outra extremidade fica caracterizada pela Estaca 6 +
5,00m. Também pode existir estaca fracionária entre duas estacas inteiras, quando houver um
acidente topográfico, travessia de curso d’água ou outro acidente digno de nota.
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b) Nivelamento e Contranivelamento da poligonal
O eixo da poligonal deverá ser nivelado em todas as estacas, portanto, com o objetivo de
determinar as cotas dos pontos do terreno, para traçar o perfil longitudinal.
A cota inicial deverá ser transportada de uma referência de nível (RN) existente na região
ou arbitrada, quando tal não puder acontecer.
Como a poligonal é aberta e geralmente não apoiada, comumente não tendo as suas
extremidades caracterizadas por cotas previamente conhecidas para controle da qualidade do
nivelamento, torna-se necessário que o eixo da poligonal seja contranivelado.
c) Levantamento das Seções Transversais:
Para possibilitar a representação gráfica do relevo do terreno, ao longo da faixa de
exploração, procede-se ao levantamento de seções transversais, a partir do eixo de exploração,
conforme indica a figura a seguir.
Figura 3 – Seções Transversais
É interessante observar que a seção a ser levantada num ponto de mudança de direção é
aquela que corresponde à bissetriz do ângulo formado.
1.4 - Representação Gráfica do Projeto
A representação gráfica tradicional do projeto geométrico de um trecho de estrada é feita por
um conjunto de desenhos denominado: planta, perfil longitudinal e seções transversais.
A planta é a representação, em escala conveniente, da projeção da estrada sobre um
plano horizontal.
O perfil longitudinal é a representação, em escala conveniente, da interseção da estrada
com a superfície cilíndrica vertical que contém o eixo da estrada.
Seções transversais são representações, em escala conveniente, de cortes da estrada
feitos por planos verticais, perpendiculares ao eixo da estrada. São normalmente localizadas nas
estacas inteiras (em intervalos de 20 metros) e em outros pontos onde necessárias.
Assim, um determinado trecho de estrada é representado por uma planta, por um perfil
longitudinal e por várias seções transversais, tantas quantas forem necessárias para a perfeita
definição do projeto. O projeto geométrico total da estrada é representado pelo conjunto de
desenhos de seus diversos trechos.
Com a evolução dos métodos e dos equipamentos topográficos, o uso da
aerofotogrametria, o GPS etc., atualmente é possível a digitalização da topografia do terreno no
qual se pretende construir a estrada e a informatização dos projetos.
Existem vários programas, disponíveis para computadores, que calculam, analisam e
desenham projetos de estrada, utilizando alinhamentos escolhidos pelo projetista. Alguns
programas, além dos desenhos tradicionais, executam perspectivas que auxiliam muito na
visualização do projeto.
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A representação do projeto geométrico por meio do conjunto de desenhos - planta, perfil
longitudinal e seções transversais - normalmente é suficiente para a definição da estrada a ser
executada; entretanto, esse tipo de representação não permite ao projetista uma perfeita
visualização de seu projeto.
Em uma estrada, elementos da planta, em conjunto com elementos do perfil e das seções,
geram curvas tridimensionais que deverão satisfazer à segurança e ao conforto, além de serem
agradáveis para quem as percorre. Uma boa planta e um bom perfil são necessários, mas não
suficientes; o importante é que a combinação da planta com o perfil gere uma estrada
tecnicamente boa.
2 – Elementos básicos para projeto geométrico
Os diversos elementos do projeto geométrico devem ser escolhidos de forma que a
estrada possa atender aos objetivos para os quais foi projetada, dando condições de escoamento
de tráfego que justifique o investimento feito.
No projeto geométrico são geralmente definidos os seguintes elementos básicos: número
de faixas de tráfego, pistas, acostamentos, separadores centrais e faixas para drenagem formando
a plataforma da estrada, além de taludes dos cortes e aterros.
Faixa de tráfego é o espaço destinado ao fluxo de uma corrente de veículos.
Pista de rolamento é o conjunto de duas ou mais faixas de tráfego num sentido.
A largura de uma pista é a soma das larguras das faixas de tráfego que a compõe, a
largura de cada faixa deverá ser a largura do veículo padrão acrescida de um espaço de
segurança.
Figura 4 – Seções transversais tipo
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3 – Noções de tráfego
No que diz respeito a uma rodovia, um dos principais elementos que vai determinar as
suas características futuras é o tráfego que a mesma deverá suportar, cujo atendimento constitui a
principal finalidade da rodovia. O projeto geométrico de uma estrada de rodagem é
condicionado, principalmente, pelo tráfego previsto para nela circular.
O tráfego permite o estabelecimento da Classe de Projeto da Estrada e o adequado
dimensionamento de todos os seus elementos. Assim, um dos principais aspectos a considerar na
Classificação Técnica das Estradas é, certamente, o aspecto operacional, o qual depende,
basicamente, da demanda de tráfego, ou seja, o seu volume de tráfego.
3.1. Algumas considerações a respeito do tráfego
3.1.1. Volume de Tráfego
É o principal parâmetro no estudo do tráfego. Por definição é o número de veículos que
passa por uma determinada seção de uma estrada, num determinado intervalo de tempo.
Dependendo do objetivo do estudo, os volumes podem ser referidos a um ou aos dois sentidos do
movimento. Os volumes mais utilizados são os seguintes:
a) Volume Anual
É a quantidade total de veículos que passa numa estrada durante o período de um ano. Ele
é utilizado quando se deseja estimar a receita para a implantação de pedágios, quando se quer
determinar índice de acidentes ou quando se quer estudar as tendências de crescimento do
volume para fins de determinação do volume de tráfego da estrada no ano-horizonte de projeto.
b) Volume Diário Médio (VDM)
É a quantidade média de veículos que passa numa seção da estrada, durante um dia. Ele é
utilizado para avaliar a distribuição do tráfego, medir a demanda atual de uma estrada,
programação de melhorias etc. É também empregado, na linguagem corrente, a expressão
equivalente Volume Médio Diário (VMD).
3.1.2. Variações de Volume
Os fluxos de tráfego apresentam variações contínuas nos seus volumes. As variações de
volume mais importantes ocorrem em função do tempo e de uma maneira cíclica. As principais
variações são:
a) Variações Horárias
Refletem a variação do tráfego durante as vinte e quatro horas do dia. A flutuação padrão
apresenta “picos” pela manhã e ao fim da tarde, coincidindo com os horários do início e fim de
expediente administrativo, nas áreas urbanas. O intervalo das 12 às 14 horas também apresenta
um volume relativamente alto, embora inferior aos de pico da manhã e da tarde.
b) Variações Diárias e Semanais
São variações que ocorrem durante cada semana, conforme os dias da semana. De uma
maneira geral, em vias urbanas, os volumes diários variam pouco no curso dos dias úteis da
semana, com segunda-feira e sexta-feira apresentando valores um pouco acima da média e, os
mínimos volumes ocorrem nos domingos e feriados. Em vias rurais, geralmente, observa-se um
comportamento inverso àquele das vias urbanas. Normalmente, os maiores volumes ocorrem nos
fins de semana e feriados.
c) Variações Mensais
Ocorrem durante os diversos meses do ano, sendo a flutuação verificada através dos
volumes observados mensalmente. As variações são mais sensíveis nas vias rurais do que nas
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urbanas, sofrendo influências ditas sazonais. A expressão sazonal deriva da palavra inglesa
“season”, que significa estação, período, temporada. As influências sazonais são decorrentes,
por exemplo, dos períodos de colheita, das férias escolares etc.
d) Variações Anuais
São variações que ocorrem de ano para ano, como uma decorrência, basicamente, do
desenvolvimento econômico da região, resultando no crescimento da demanda de tráfego. São
informações relativas aos volumes anuais, que poderão ser utilizadas nos estudos de projeções de
tráfego para obtenção da demanda no ano-horizonte de projeto.
3.1.3. Classificação do Tráfego
Podemos classificar o tráfego de uma rodovia em 3 tipos principais:
Tráfego Existente (Atual)
É o tráfego que utiliza – ou vai utilizar – a estrada no ano em que se faz o estudo. A
determinação do tráfego existente de uma estrada é efetuada através de contagens volumétricas
ou análises estatísticas de demanda.
Tráfego Desviado
É o tráfego existente em outras estradas e que passa a utilizar a estrada em questão, no
momento em que são realizados melhoramentos ou no momento em que é terminada a
construção da mesma.
Tráfego Gerado
É o tráfego potencial que não existia e que passa a existir pelo efeito do melhoramento ou
da construção, com conseqüente desenvolvimento da região. Sua determinação é bastante difícil
e imprecisa. Ela é normalmente efetuada através de estudos econômicos.
3.2 – Composição do tráfego em uma rodovia
A corrente de tráfego é composta por veículos que diferem entre si quanto ao tamanho,
peso e velocidade. Sua composição é a medida, em porcentagem, dos diferentes tipos de veículos
que a formam. Os veículos, de uma maneira geral, são classificados em leves (automóveis,
camionetes, etc.) e pesados (caminhões, ônibus etc.).
Os veículos pesados, sendo mais lentos e ocupando maiores espaços na pista, interferem
na mobilidade dos outros veículos, acarretando uma diminuição da vazão de tráfego das vias.
Assim, o efeito de um caminhão ou ônibus na corrente de tráfego é equivalente ao efeito de mais
de um automóvel. Em vista disso, é comum adotar um fator de equivalência e transformar um
volume misto num volume equivalente de carros de passeio. Portanto, a influência dos
caminhões, ônibus, e outros veículos maiores, na corrente de tráfego é considerada em termos de
sua equivalência em relação aos carros de passeio.
3.3 – Contagens de tráfego em uma rodovia
As contagens de tráfego são feitas com o objetivo de conhecer-se o número de veículos
que passa através de um determinado ponto da estrada, durante um certo período, podendo-se
determinar o Volume Diário Médio (VDM), a composição do tráfego etc. Tais dados servem
para a avaliação do número de acidentes, classificação das estradas e fornecem subsídios para o
planejamento rodoviário, projeto geométrico de estradas, estudos de viabilidade e projetos de
construção e conservação. Permitem, ainda, aglomerar dados essenciais para a obtenção de séries
temporais para análise de diversos elementos, tais como a tendência de crescimento do tráfego e
variações de volume.
Na avaliação do tráfego existente de uma estrada faz-se contagens volumétricas em
Postos Permanentes (contagem 24 horas por dia, o ano todo), Postos Sazonais (contagem com
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vista às safras, ao turismo, festas regionais etc) e em Postos de Cobertura (contagens periódicas
ao longo do ano, durante 48 horas, com vistas à determinação do VDM). Estas contagens
permitem, quando estatisticamente representativas, estabelecer tendências de crescimento do
tráfego, bem como permitir fazer correções nos dados de tráfego obtidos, considerando as
variações porventura existentes.
Desta forma, poder-se-á fazer projeções de tráfego para o ano-horizonte, definidor da
Classe de Projeto da Estrada (Classificação Técnica), projeções estas também úteis na
programação de melhorias na malha rodoviária.
3.4 – Capacidade de tráfego de uma rodovia
Capacidade de uma via (rua ou estrada) é o máximo número de veículos que pode passar
por uma determinada seção, em uma direção ou ambas, durante a unidade de tempo, nas
condições normais de tráfego e da via. A capacidade nunca poderá ser excedida sem que se
modifiquem as condições da via considerada.
A capacidade de uma via depende de quanto as condições físicas e de tráfego
prevalecentes na referida via distanciam-se das condições consideradas ideais. Para efeito de
análise, define-se como condições ideais:
3.4.1 – Condições Físicas
Largura da faixa de tráfego maior ou igual a 3,60 metros;
Existência de acostamento e que tenha uma distância lateral livre de 1,80 m, sem
qualquer obstáculo que reduza a visibilidade;
Existência de canteiro central (ou separador físico);
Altura livre mínima sobre a via de 4,50 m (gabarito vertical);
Existência de faixas especiais de aceleração, desaceleração e de retorno nos cruzamentos;
Pavimento em boas condições de uso;
Rampa máxima de 2%;
Existência de distância de visibilidade igual ou superior a 450 m.
3.4.2 – Condições de Tráfego
Tráfego composto exclusivamente de veículos de passeio;
Existência de controle total de acessos à via;
Fluxo contínuo, livre de interferências laterais de veículos e pedestres.
A Capacidade de uma via foi definida anteriormente para condições ideais. Diversos
estudos chegaram a fatores de correção que restringem a capacidade de uma via quando não
atendidas, especificamente, cada uma das condições consideradas ideais.
Caso sejam atendidas todas as condições ideais, as capacidades de tráfego das diversas
vias são as seguintes, conforme indica a tabela seguinte.
Capacidade das vias em condições ideais
TIPO DE VIA CAPACIDADE TEÓRICA
Via com várias faixas de tráfego 2.000 automóveis por hora e por faixa.
Via de duas faixas de tráfego e com
duas mãos de direção
2.800 automóveis por hora, total em ambas as
direções.
É muito importante o conhecimento do valor da Capacidade, pois ela dá o valor limite do
número de veículos que poderá passar por uma dada seção. Porém, além desse valor, deve-se
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levar em conta as condições de operação da via. Para medir as diversas condições de operação,
desenvolveu-se o conceito de Níveis de Serviço.
3.5 – Níveis de Serviço
O conceito de Nível de Serviço está associado às diversas condições de operação de uma
via, quando ela acomoda diferentes volumes de tráfego.
É uma medida qualitativa do efeito de uma série de fatores, tangíveis e intangíveis, que
para efeito prático é estabelecido apenas em função da velocidade desenvolvida na via e da
relação entre o volume de tráfego e a capacidade da via (V/C).
Qualquer seção de uma via pode operar em diferentes níveis de serviço, dependendo do
instante considerado. De acordo com o “Highway Capacity Manual”, foram classificados 6
níveis de serviço, desde o A (condições ideais de escoamento livre) até o F (congestionamento
completo). Os diversos níveis de serviço são assim definidos:
• NÍVEL A:
Condição de escoamento livre, acompanhada por baixos
volumes e altas velocidades. A densidade do tráfego é
baixa, com velocidade controlada pelo motorista dentro
dos limites de velocidade e condições físicas da via. Não
há restrições devido a presença de outros veículos.
• NÍVEL B:
Fluxo estável, com velocidades de operação a serem
restringidas pelas condições de tráfego. Os motoristas
possuem razoável liberdade de escolha da velocidade e
ainda têm condições de ultrapassagem.
• NÍVEL C:
Fluxo ainda estável, porém as velocidades e as
ultrapassagens já são controladas pelo alto volume de
tráfego. Portanto, muitos dos motoristas não têm
liberdade de escolher faixa e velocidade.
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• NÍVEL D:
Próximo à zona de fluxo instável, com velocidades de
operação toleráveis, mas consideravelmente afetadas
pelas condições de operação, cujas flutuações no volume
e as restrições temporárias podem causar quedas
substanciais na velocidade de operação.
• NÍVEL E:
É denominado também de Nível de Capacidade. A via
trabalha a plena carga e o fluxo é instável, sem condições
de ultrapassagem.
• NÍVEL F:
Descreve o escoamento forçado, com velocidades baixas
e com volumes abaixo da capacidade da via. Formam-se
extensas filas que impossibilitam a manobra. Em
situações extremas, velocidade e fluxo podem reduzir-se
a zero.
A literatura especializada em Engenharia de Tráfego apresenta, de forma detalhada, a
metodologia que permite determinar a Capacidade e o Nível de serviço de qualquer trecho de
uma via.
3.6 – Classificação das rodovias quanto às condições técnicas
Recomenda-se adotar, como critério para a classificação técnica de rodovias, o volume de
tráfego que deverá utilizar a rodovia no 10° ano após sua abertura ao tráfego (VDM no ano-
horizonte de projeto). Tal tráfego permite o estabelecimento da Classe da Estrada e o adequado
dimensionamento de todos os seus elementos.
Atualmente, além do tráfego, a importância e a função da rodovia constituem elementos
para seu enquadramento em determinada classe de projeto, podendo as estradas, segundo o
DNIT (DNER), serem classificadas em:
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• Classe 0 (via expressa): rodovia do mais elevado padrão técnico, com controle total de
acesso. O critério de seleção dessas rodovias será o de decisão administrativa dos órgãos
competentes.
• Classe I: as rodovias integrantes desta classe são subdivididas em estradas de Classe IA
(pista dupla) e Classe IB (pista simples). A rodovia classificada na Classe IA possui pista dupla
e controle parcial de acesso. Sua necessidade decorrerá quando os volumes de tráfego causarem
níveis de serviço inferiores aos níveis C ou D, numa pista simples. O número total de faixas será
função dos volumes de tráfego previstos para o ano-horizonte de projeto. Já as estradas
pertencentes a Classe IB são caracterizadas por rodovias de alto padrão, suportando volumes de
tráfego, conforme projetados para o 10° ano após a abertura ao tráfego, com Volume Médio
Horário (VMH) > 200 veículos, bidirecionais, ou VDM > 1.400 veículos, bidirecionais.
• Classe II: rodovia de pista simples, suportando volumes de tráfego (10° ano)
compreendidos entre os seguintes limites: 1.400VDM700 veículos, bidirecionais.
• Classe III: rodovia de pista simples, suportando volumes de tráfego (10° ano)
compreendidos entre os seguintes limites: 700VDM300 veículos, bidirecionais.
• Classe IV: rodovia de pista simples, as quais podem ser subdivididas em estradas
Classe IVA (50 VDM 200 veículos, bidirecionais) e estradas Classe IVB (VDM < 50
veículos, bidirecionais). Estes volumes de tráfego referem-se ao ano de abertura ao tráfego.
É interessante observar que pode a mesma estrada de rodagem, na sua extensão territorial,
ocupar várias classes, desde pista simples à Via Expressa ou Autoestrada.
Normalmente emprega-se o termo Autoestrada para designar uma “Freeway” provida de
serviços especiais de postos telefônicos, postos de segurança e de socorro, parques de
estacionamento etc, assegurando, portanto, além de excelentes condições de trafegabilidade,
requintes especiais de conforto e comunicação.
Deve-se definir como Rodovia Classe Especial todas aquelas que têm características
geométricas acima dos padrões estabelecidos para uma rodovia Classe I. Uma estrada de
rodagem com quatro faixas de rolamento, por exemplo, é uma rodovia Classe Especial ou Classe 0.
Finalmente, cumpre ressaltar que os volumes de tráfego que delimitam algumas das
Classes de Projeto são apenas indicativos de ordem de grandeza, não se justificando precisões
absolutas, especialmente tratando-se de projeções de tráfego.
3.7 - Velocidades
A velocidade com a qual um veículo percorre uma estrada depende: da capacidade e
vontade do motorista, das condições e características do veículo, do estado da superfície de
rolamento da estrada, das condições climáticas do momento, do volume e condições de
escoamento de tráfego do momento, das características geométricas do traçado, das restrições
relativas a velocidades máximas e mínimas da estrada, do policiamento e do sistema de controle
de velocidade dos veículos.
Velocidades médias altas só são possíveis em estradas onde a qualidade das características
geométricas permite aos motoristas trafegarem em velocidades altas, com segurança.
3.7.1 - Velocidade de Projeto
A velocidade de projeto (Vp), ou velocidade diretriz, é definida como a máxima
velocidade que um veículo pode manter, em um trecho de estrada, em condições normais, com
segurança.
A escolha do valor a ser adotado para a velocidade de projeto é fator decisivo na
definição do padrão da estrada; todas as características geométricas mínimas terão de ser
definidas de forma que a estrada em todos os seus pontos ofereça segurança ao motorista que a
Estradas A
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14
trafegue na velocidade de projeto; por outro lado, o custo de construção estará diretamente ligado
aos valores mínimos adotados no projeto e a topografia da região atravessada. Em outras
palavras, a escolha de um valor maior para a velocidade de projeto trará como conseqüência uma
estrada de melhor padrão e conseqüentemente de maior custo, especialmente em locais de
topografia acidentada.
Assim, a escolha do valor a ser adotado para a velocidade de projeto deverá ser o
resultado de uma análise cuidadosa entre a possibilidade de obter-se uma estrada de melhor
padrão ou de uma estrada de menor custo, levando-se sempre em consideração a variação dos
custos de construção em função da topografia local.
Deve-se sempre procurar uma velocidade de projeto única para toda a estrada, só sendo
justificável o uso de velocidades diferentes para os diversos trechos quando houver grandes
variações nas condições topográficas da região atravessada ou grandes alterações nas
características do tráfego esperado.
Velocidade de projeto por região - Fonte: DNIT (DNER)
Classes de Projeto Velocidade de Projeto (km/h)
Plana Ondulada Montanhosa
0 100 100 80
I A 100 80 60
B 100 80 60
II 80 70 50
III 70 60 40
IV A 60 40 30
B 60 40 30
3.8 – Veículos de Projeto
Denomina-se veículo de projeto o veículo teórico de uma certa categoria, cujas
características físicas e operacionais representam uma envoltória das características da maioria
dos veículos existentes nessa categoria. Essas características condicionam diversos aspectos do
dimensionamento geométrico de uma via, tais como:
• A largura do veículo de projeto influencia na largura da pista de rolamento, dos
acostamentos e dos ramos de interseções;
• A distância entre eixos influi no cálculo da superlargura e na determinação dos Raios
Mínimos internos e externos das pistas dos ramos das interseções;
• O comprimento total do veículo influencia a largura dos canteiros, a extensão das faixas
de espera etc;
• A relação peso bruto total / potência influencia o valor da rampa máxima e participa na
determinação da necessidade de faixa adicional de subida;
• A altura admissível para os veículos influi no gabarito vertical para as obras de arte.
A escolha do veículo de projeto deve levar em consideração a composição do tráfego que
utiliza ou utilizará a rodovia, obtida de contagens de tráfego ou de projeções que considerem o
futuro desenvolvimento da região.
Existem quatro grupos básicos de veículos de projeto a serem adotados, conforme as
características predominantes do tráfego (no Brasil, normalmente o veículo CO):
• VP: Veículos de passeio leves, física e operacionalmente assimiláveis ao automóvel,
incluindo utilitários, pick-ups, furgões e similares;
Estradas A
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15
• CO: Veículos comerciais rígidos, compostos de unidade tratora simples. Abrangem os
caminhões e ônibus convencionais, normalmente de 2 eixos e 6 rodas;
• SR: Veículos comerciais articulados, compostos normalmente de unidade tratora
simples e semi-reboque;
• O: Representa os veículos comerciais rígidos de maiores dimensões que o veículo CO
básico, como ônibus de longo percurso e de turismo, e caminhões longos.
A tabela a seguir resume as principais dimensões básicas dos veículos de projeto.
Características do veículo Veículo de projeto
VP CO O SR
Largura total 2,1 2,6 2,6 2,6
Comprimento total 5,8 9,1 12,2 16,8
Raio mínimo da roda externa dianteira 7,3 12,8 12,8 13,7
Raio mínimo da roda interna traseira 4,7 8,7 7,1 6,0
4 – Curvas horizontais
4.1 - Introdução
O traçado de uma rodovia é constituído por trechos retos e trechos curvos
alternadamente. Os trechos retos recebem o nome de tangentes, e os trechos curvos, de curvas
horizontais.
Uma forma de definir o traçado é acomodar as retas no terreno em função da topografia,
ao mesmo tempo considerando acidentes geográficos, benfeitorias etc., depois concordá-las por
meio de curvas. Outra forma é localizar os “pontos obrigatórios”, conforme visto na escolha do
traçado, colocar as curvas nestes pontos, depois ligar as curvas com retas tangentes. Dai o nome
tangentes para os trechos retos.
Consideraremos inicialmente as curvas como sendo arcos de circunferência que se ligam
diretamente às tangentes. Dai o nome curvas horizontais circulares.
O raio adotado para cada curva deve ser aquele que melhor adapte o traçado ao terreno,
respeitando o valor mínimo calculado em função da velocidade de projeto, que garanta a
estabilidade do veículo e a visibilidade, conforme veremos mais adiante.
4.2 - Geometria das curvas circulares
Figura 5 – Geometria das curvas circulares
Estradas A
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Relação entre os parâmetros:
No triângulo retângulo O-PC-PI, temos T
Rtg
AC
2 portanto T R tg
AC .
2
temos também DR AC
. .
180 para AC em graus
também GR
1145 9156,
para G em graus
Temos estaca do PC = estaca do PI - T e estaca do PT = estaca do PC + D
Exemplo:
Em uma curva circular são conhecidos os seguintes elementos:
Estaca do PI = 180 + 4,12 m
AC = 45º 30’
R = 200,00 m
Pede-se calcular a tangente, o desenvolvimento, o grau e as estacas do PC e do PT
(estacas de 20 metros).
Resolução:
T R tgAC
.2
= 200 0045 30
2,
,
tgo
= 83,87 m ou 4 estacas + 3,87 m
DR AC
. .
180 =
200 00 45 5
180
, , = 158,82 m ou 7 estacas + 18,82 m
GR
1145 9156,
= 1145 9156
200 00
,
, = 5,729578º ou 5º 43’ 46,5’’
[PC] = [PI] - T = [180 + 4,12] - [4 + 3,87] = 176 + 0,25 m
[PT] = [PC] + D = [176 + 0,25] + [7 + 18,82] = 183 + 19,07 m
4.3 - Geometria das curvas circulares com transição
A definição do traçado de uma estrada por meio de linhas retas concordando diretamente
com curvas circulares cria problemas nos pontos de concordância.
A descontinuidade da curvatura no ponto de passagem da tangente para a curva circular
(PC) e no ponto de passagem da curva circular para a tangente (PT) não pode ser aceita em um
traçado racional.
Quando um veículo passa de um alinhamento reto para um trecho curvo, surge uma força
centrífuga atuando sobre o mesmo, que tende a desviá-lo da trajetória que normalmente deveria
percorrer. Este fato representa um perigo e desconforto para o usuário da estrada.
Em outras palavras, a partir da passagem pelo PC, o veículo segue uma trajetória de
“transição intermediária” entre a tangente e a curva, a qual varia de acordo com a velocidade, o
raio de curvatura e a superelevação. O problema se acentua quando se aumenta a velocidade e se
reduz o raio de curvatura, pois a transição se processa numa distância maior, podendo resultar até
na invasão da faixa adjacente.
Uma rodovia para permitir essa transposição com conforto e segurança deve ter um
alinhamento, o máximo possível, segundo essa transição, ou seja, deve acompanhar a tendência
dos veículos que por ela transitam.
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17
Do ponto de vista teórico, o que se deseja é limitar a ação da força centrífuga sobre o
veículo, para que sua intensidade não ultrapasse um determinado valor. Isso se consegue através
da utilização de uma curva de transição intercalada entre o alinhamento reto (trecho em tangente)
e a curva circular. Esta transição é realizada com o fim de distribuir gradativamente o incremento da
aceleração centrífuga. Esta curva de transição tem o seu raio de curvatura passando gradativamente
do valor infinito (no ponto de contato com a tangente) ao valor do raio da curva circular.
Existem vários critérios diferentes visando orientar o estabelecimento do limite de
emprego de curvas de transição. Para fins de projetos rodoviários convencionais, o DNER
recomenda o critério associado à velocidade diretriz resumido pelos valores constantes da tabela
apresentada a seguir. Segundo esse critério, permite-se a dispensa do uso da curva de transição
quando a aceleração centrífuga a que o veículo é submetido na curva for igual ou inferior a 0,4 m/s2.
Valores limite dos raios R acima dos quais podem ser dispensadas curvas de transição
V (km/h) 30 40 50 60 70 80 90 100
R (m) 170 300 500 700 950 1200 1550 1900
4.3.1 – Tipos de Curva de Transição
De certa forma, qualquer curva cujo raio varie de infinito até o valor do raio circular, em
uma extensão conveniente, pode ser usada como curva de transição; entretanto, algumas curvas,
por suas características geométricas, são melhores, do ponto de vista técnico, para essa função.
As curvas mais usadas são:
a) Clotóide ou espiral de Cornu: de equação R . L = K, em que R é o raio, L, o
comprimento percorrido e K, uma constante.
b) Lemniscata: de equação R . P = K, em que P é o raio vetor.
c) Parábola cúbica: de equação y = ax³, em que ‘a’ é uma constante.
Para o caso normal de traçados, em que o ângulo de transição é pequeno, as três curvas
apresentam resultados semelhantes.
Entre as diversas curvas que podem ser usadas como transição, a clotóide é a mais
vantajosa do ponto de vista técnico e é a mais indicada para um traçado racional porque:
É a curva descrita por um veículo, em velocidade constante, quando o volante é
girado com velocidade angular constante.
O grau de curva G (que é proporcional à curvatura) varia linearmente com o
comprimento percorrido. R . L = K G = K’ . L
Como a aceleração centrípeta varia inversamente proporcional ao raio (ac = V²/R), varia
também linearmente com o grau da curva (ac = V² . G . const) e, portanto, varia linearmente com
o comprimento percorrido.
Assim, variando linearmente a superelevação com o comprimento, o que construtiva-
mente é muito vantajoso, teremos a superelevação e a aceleração centrípeta variando na mesma
proporção. Uma estrada projetada dessa forma oferece aos passageiros dos veículos o mesmo
nível de conforto tanto na curva circular como na transição.
Considerando a maior conveniência técnica do uso da clotóide, estudaremos apenas esse
tipo de curva que também é conhecida como espiral de transição ou simplesmente espiral.
Cada curva atinge o valor Rc após percorrer um determinado comprimento Ls durante um
tempo ts. Esse tempo será usado como um dos critérios para estabelecer o comprimento mínimo.
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Figura 6 – Principais elementos da transição em espiral
Os elementos principais da curva com transição simétrica são:
TS = ponto Tangente-Espiral
SC = ponto Espiral-Curva Circular
CS = ponto Curva Circular-Espiral
ST = ponto Espiral-Tangente
PC’ e PT’ = recuos de PC e PT originais devido à introdução da espiral;
P e P’ = pontos de passagem da espiral
Rc = Raio da Curva Circular
AC = ângulo central ou deflexão das tangentes = 2s + c
s= ângulo central da transição
c = ângulo central da curva circular
Ls = comprimento da curva de transição (escolhido)
Ys e Xs = coordenadas de CS ou SC em relação ao TS ou ST
Vamos supor as tangentes inicialmente concordadas por uma curva circular simples de
centro “O” e raio “R”, cujos pontos de contato com as tangentes são PC e PT. Para a inserção da
transição em espiral, a curva circular original sofre uma translação “t”, o que desloca seu centro
“O” para “O1”. A transição se faz suprimindo parte das tangentes e parte da curva circular. Este
método é denominado de RAIO CONSERVADO, com a transição feita pelo eixo da estrada, porque
mantém os elementos da curva circular (raio, G etc). Assim, é que o ponto de tangência no início
da curva passa a ser denominado TS (tangente-espiral) e é afastado do PC original ao longo da
tangente. O mesmo acontece com o fim da curva, onde o ponto de tangência passa a ser
denominado ST (espiral-tangente).
A espiral é tal que seu raio de curvatura varia desde o valor infinito, nos pontos de
tangência (TS e ST), até um valor finito, igual ao valor do raio da curva circular, nos pontos de
contato SC e CS, onde as curvas são coincidentes.
Após a inserção da concordância em espiral, o ângulo central AC passará a compreender
os ângulos centrais “s”, de cada ramo da espiral, e o ângulo central “c”, remanescente da curva
circular (arco de círculo entre o SC e o CS) AC = c + 2. s.
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19
4.3.3 – Cálculo dos elementos da espiral
Vamos aqui apresentar apenas as expressões para o cálculo dos elementos da espiral. O
desenvolvimento das expressões pode ser obtido na literatura recomendada.
I. Rc.2
Lss (em radianos) e
Rc..2
Ls.180s
o
(em graus)
II.
216
s
10
s1.LsXs
42
(expressão reduzida) e s em radianos
III.
42
s
3
s.LsYs
3
(expressão reduzida) e s em radianos
IV. Q = Xs – Rc . sens
V. p = Ys – Rc . (1 - coss)
VI. TT = Q + (Rc + p) . 2
ACtg
VII. Dc = (AC – 2 . s) . Rc com Ac e s em radianos
VIII. E = Rc
2
ACcos
)pRc(
IX. TL = Xs – Ys . cotg s
X. TC = ssen
Ys
O valor de TT localiza os pontos TS e ST em relação ao PI; o valor de Q, abscissa do
centro, serve para localizar o centro O’ em relação ao TS (ou ao ST); o valor de p mede o
afastamento da curva circular em relação às tangentes.
4.3.4 – Comprimento mínimo de transição
4.3.4.1 – Critério do Comprimento Mínimo Absoluto
Para fins práticos, o menor comprimento de transição admissível é de 30 m ou o
equivalente à distância percorrida por um veículo, na velocidade diretriz, no tempo de 2
segundos, prevalecendo o maior.
Comprimentos de transição inferiores não teriam resultados práticos desejáveis, podendo
introduzir distorções visíveis nas bordas da pista, comprometendo esteticamente a rodovia.
Representando por V a velocidade diretriz em km/h, o comprimento mínimo, equivalente
à distância percorrida no tempo t = 2 s, será:
Lsmin = 0,556 . V onde:
Lsmín = comprimento mínimo da transição (m);
V = velocidade diretriz (km/h),
4.3.4.2 – Critério Dinâmico de Barnett
Como visto, ao passar um veículo de um alinhamento reto a uma curva circular, há uma
variação instantânea do raio infinito da reta para o raio finito da curva circular, surgindo
bruscamente uma força centrífuga que tende a desviar o veículo de sua trajetória. Para minimizar
este inconveniente, além de se usar uma curva de transição, seu comprimento deve ser adequado
para que o efeito da força centrífuga apareça de maneira gradual.
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20
Como a variação da aceleração centrífuga que atua sobre o veículo deve ser constante, a
variação da aceleração centrífuga que atua num veículo em trajetória circular é dada por:
Ls.Rc
VJ
3
O valor da constante J mede a solicitação radial ou reação transversal que experimentam
os passageiros dos veículos devido à variação da força centrífuga. O valor aceitável para J varia
para cada condutor. Experiências comprovaram que os valores ideais estão entre 0,3 e 0,8 m/s3.
BARNETT, em seu trabalho Transition Curves for Highways, recomenda o valor Jmáx = 0,6 m/s3,
valor este adotado pelo DNER.
Adotando Jmáx = 0,6 m/s3, Rc em metros e V em km/h, o comprimento mínimo do trecho
de transição, em metros, será:
Rc
V.036,0Ls
3
min
Esta é a chamada Fórmula de Barnett O valor de Ls (mínimo) é obtido em metros.
Sempre que possível devem ser adotados para Ls valores maiores do que o mínimo calculado.
4.3.5 – Comprimento máximo de transição
Corresponde a um valor nulo para o desenvolvimento do trecho circular (D = 0), ou seja,
as espirais se encontram. Então:
Lsmax = Rc . AC (AC em radianos) e
180
.AC.RcLsmax para AC em graus
Em geral adota-se:
(Lsmin + Lsmax)/2 ou 3.Lsmin, desde que esses valores sejam menores que Lsmax.
Exercícios:
1) (EXAME NACIONAL DE CURSOS-1997) No projeto básico de um trecho da BR-101, a
primeira tangente fez uma deflexão à direita de 90º, com o objetivo de preservar uma área de
mata Atlântica. Originou-se o PI-1, localizado na estaca 81 + 19,00. Para a concordância
horizontal necessária a essa deflexão, usou-se uma curva circular de raio igual a 600,00 metros.
Quais as estacas dos pontos notáveis da curva (PC e PT)?
2) Em um traçado com curvas horizontais circulares, conforme esquema da figura, temos a
distância entre o PI1 e o PI2 igual a 720 metros e está se desejando fazer R1 = R2:
a) qual o maior raio possível?
b) qual o maior raio que se consegue usar, deixando um trecho reto de 80 m entre as curvas?
4.4 – Superelevação
Quando um veículo trafega em um trecho reto, com velocidade constante, a resultante das
forças que atuam sobre ele é nula (movimento retilíneo uniforme). Ao chegar a uma curva, é
preciso que haja uma força na direção do centro da curva (força centrípeta), sem a qual o veículo
não descreverá a curva, mas continuará em movimento retilíneo pelo princípio da inércia.
PI1
AC1 = 30° AC2 = 48°
PI2
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21
Se a pista for transversalmente horizontal, a força centrípeta será obtida pelo
aparecimento da força de atrito ao girar o volante e colocar os pneus em posição que a superfície
de rolamento exerça uma força de reação sobre eles. A força centrípeta necessária para que o
veículo descreva a curva é Fc = (m . V2)/R e a força de atrito disponível é Fa = N . f = força
normal multiplicada pelo coeficiente de atrito transversal entre o pneumático e o pavimento.
A força de atrito entretanto pode não ser suficiente para formar a força centrípeta
necessária, principalmente se a velocidade for alta ou o raio da curva pequeno.
Chama-se superelevação ou sobrelevação a inclinação transversal da pista, feita com o
objetivo de criar uma componente do peso do veículo na direção do centro da curva que, somada
à força de atrito, produzirá a força centrípeta suficiente para permitir ao veículo executar a
trajetória da curva. A força centrípeta é então formada pela componente do peso do veículo
devido à superelevação da curva e pelo atrito lateral entre os pneus e a superfície da pista.
Figura 7 - Forças atuantes num veículo em curva
A tangente do ângulo (α) formado pelo plano da pista com o plano horizontal define o
valor da superelevação (e), sendo e expressa em porcentagem.
De acordo com o esquema de forças da figura anterior temos:
Como o ângulo é muito pequeno, podemos considerar, sem erro apreciável do ponto de
vista prático, sen tg e cos 1. Nos casos normais de rodovias rurais, o coeficiente de
atrito f e o valor e = tg (superelevação) são pequenos, de modo que o produto (f . tg) se
aproxima de zero. Considerando (f . tg = 0), a equação se reduz a:
Nas unidades usuais, ou seja, R em metros, V em km/h e g = 9,8 m/s2 temos:
4.4.1 – Raio Mínimo de Curvatura Horizontal
Os raios mínimos de curvatura horizontal são os menores raios das curvas que podem ser
Fasenα.Pcosα.Fc N.fsen.Pcos.R
v.m 2
sen.Fccos.P.fsen.g.mcos.R
v.m 2
fe.g
vR
2
fe.127
VR
2
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22
percorridos em condições limite, com a velocidade diretriz e à taxa máxima de superelevação
admissível, em condições aceitáveis de segurança e de conforto de viagem.
A fórmula anterior exprime a relação geral entre valores quaisquer de raio da curva,
superelevação, velocidade e o correspondente coeficiente de atrito transversal. Deve-se observar
que o termo (e + f) exprime uma soma algébrica, em que a superelevação pode ser positiva ou
negativa (conforme a declividade da pista tenha caimento para o lado interno ou externo da
curva, respectivamente). Adotando-se os valores máximos admissíveis para a superelevação e
para o atrito transversal, pode-se calcular o valor do raio mínimo admissível, para uma dada
velocidade. A expressão para o cálculo de Rmin é:
Entretanto, na medida do possível, recomenda-se a utilização de raios superiores aos
mínimos, cuja adoção só é justificável em condições especialíssimas.
4.4.2 – Valores do coeficiente de atrito
Quando um veículo percorre uma curva horizontal, o máximo valor do atrito transversal
(ou atrito lateral) é o valor do atrito desenvolvido entre o pneu e a superfície de rolamento, na
iminência do escorregamento.
É usual adotar-se para o máximo coeficiente de atrito lateral valores bem menores do que
os obtidos na iminência do escorregamento, isto é, valores já corrigidos com um suficiente fator
de segurança. Os valores máximos admissíveis geralmente adotados em projetos rodoviários
para o coeficiente f em rodovias pavimentadas constam na tabela abaixo.
V (km/h) 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
f = fT 0,20 0,18 0,16 0,15 0,15 0,14 0,14 0,13 0,12 0,11
Fonte DNIT (DNER)
4.4.3 – Valores para a superelevação
Os valores máximos adotados para a superelevação, segundo a AASHTO, são
determinados em função dos seguintes fatores: condições climáticas, condições topográficas,
tipo de área (rural ou urbana) e freqüência de tráfego lento no trecho considerado. Valores muito
altos para a superelevação podem provocar o tombamento de veículos lentos com centro de
gravidade elevado. Cada projeto deverá ser especificamente analisado, antes de ser escolhido o
valor final a adotar.
A tabela a seguir resume os valores de emax.
emax (%) Casos de emprego
12 Máximo absoluto em circunstâncias específicas.
10 Máximo normal. Adequado para fluxo ininterrupto. Adotar para rodovias
Classe 0 e Classe I em regiões planas e onduladas.
8 Valor superior normal. Adotar para rodovias Classe I em regiões
montanhosas e rodovias das demais classes de projeto.
6 Valor inferior normal. Adotar para projetos em áreas urbanizadas ou em
geral sujeitando o tráfego a reduções de velocidade ou parada.
4 Mínimo. Adotar em situações extremas, com intensa ocupação do solo
adjacente.
Fonte DNIT (DNER)
maxfmaxe.127
VminR
2
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23
Exemplo:
Calcular o raio mínimo de uma curva, dados:
V = 80 km/h,
fmax = 0,14 e
emax = 10%.
4.4.4 – Valores de superelevação para raios acima dos mínimos
Um estudo feito pela AASHTO levou à indicação da seguinte expressão para o cálculo da
superelevação no caso do raio da curva adotado ser maior que o mínimo.
Exemplo:
Numa rodovia de Classe I, temos: emax = 10%, V = 80 km/h. Se uma curva nesta rodovia
tem raio de 900 metros, calcular a superelevação a ser adotada.
Temos tabelado o valor de fmax = 0,14 para V = 80 km/h.
Assim já calculamos:
4.5 – Superlargura
Quando o veículo percorre uma curva circular, o ângulo que suas rodas dianteiras
formam com o eixo longitudinal do veículo é constante e a trajetória de cada ponto do veículo é
circular. O anel circular formado pela trajetória de seus pontos externos é mais largo que o
gabarito transversal do veículo em linha reta.
Devido a isto, estradas com pistas estreitas ou com curvas de raio pequeno necessitam de
um alargamento nos trechos em curva, mesmo que a velocidade seja baixa.
Superlargura é então o aumento da largura necessário nas curvas para a perfeita inserção
dos veículos na sua faixa de rolamento.
Para determinação do valor da superlargura (L) é necessário inicialmente que se defina
o veículo tipo – representativo do tráfego – esperado para a estrada, que servirá de base para o
projeto. Geralmente o veículo adotado é o caminhão convencional (chassi rígido).
Temos:
S = LT – LB
LT = 2 . (GC + GL) + GF + FD
onde:
S = superlargura total da pista
LT = largura total em curva da pista de 2 faixas de tráfego
LB = largura básica da pista em tangente
GC = gabarito estático do veículo em curva
m210
14,010,0.127
80
maxfmaxe.127
VminR
22
2
2
R
minR
R
minR2.maxee
m210
14,010,0.127
80
maxfmaxe.127
VminR
22
2
2
R
minR
R
minR2.maxee %1,4041,0
900
210
900
210x2.10,0e
2
2
Estradas A
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24
GL = folga lateral do veículo em movimento
GF = acréscimo devido ao balanço dianteiro do veículo em curva
FD = folga dinâmica, determinada de forma experimental e empírica
Sendo:
L = largura física do veículo, em metros
E = distância entre eixos do veículo, em metros
F = balanço dianteiro do veículo, em metros
R = raio da curva, em metros
V = velocidade diretriz, em km/h
GL = folga lateral do veículo em movimento, em metros
LB = largura básica da pista em tangente, em metros
Fica:
Os valores de GL são adotados em função da largura da pista de rolamento em tangente
(LB), de acordo com a tabela abaixo.
LB (m) 6,00 / 6,40 6,60 / 6,80 7,00 / 7,20
GL (m) 0,60 0,75 0,90
Fonte: DNIT (DNER)
Recomenda-se assumir o valor S = 0,60 m sempre que o cálculo indicar valor menor que
esse. Por outro lado, superlarguras menores que 0,20 m podem ser desprezadas porque o
benefício é muito pequeno para o tráfego. O valor da superlargura adotada geralmente é
distribuído simetricamente para cada lado da pista.
4.6 – Distribuição da superelevação e da superlargura
O processo de variação da seção transversal da estrada entre a seção normal (adotada nos
trechos em tangente) e a seção dos trechos em curva (com superelevação e, se for o caso,
superlargura) deve ser feita de forma a evitar variações bruscas dos perfis das bordas da pista.
Vários processos podem ser utilizados para essa distribuição, sendo o mais usual aquele
que é baseado na posição do centro do giro do pavimento em torno do eixo da pista. Nesta
hipótese, são obtidas as menores rampas de superelevação e as variações altimétricas são
também distribuídas de forma simétrica.
Como nos trechos em tangente a estrada geralmente possui inclinação transversal
simétrica em relação ao eixo a% (em geral 2%), o processo de distribuição pode ser dividido em
duas etapas, conforme figura abaixo.
– a% a% nível 0% a%
e%
1ª etapa 2ª etapa
1ª Etapa: eliminação da inclinação negativa.
2ª Etapa: obtenção da superelevação e% do trecho
LBR10
VRE2F.FRGL
R2
EL.2S 2
2
Estradas A
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25
A figura a seguir mostra a variação da superelevação e da superlargura num trecho com
uma curva de transição.
Figura 8 – Esquema mostrando a variação da superelevação e da superlargura
Estradas A
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26
5 – Perfil Longitudinal
5.1 - Generalidades
O perfil de uma estrada deve ser escolhido de forma tal que permita, aos veículos que a
percorrem uma razoável uniformidade de operação.
A escolha do perfil ideal está intensamente ligada ao custo da estrada, especialmente ao
custo da terraplenagem. Condições geológicas e geotécnicas das áreas atravessadas pela estrada
vão ter grande influência na escolha do perfil, pois, tanto na execução dos cortes como dos aterros,
condições desfavoráveis do solo natural podem exigir a execução de serviços especiais de alto
custo, como escavações em rocha, obras especiais de drenagem ou obras de estabilização de cortes
e aterros. Assim, muitas vezes, a diminuição da altura de um corte ou de um aterro pode reduzir
sensivelmente o custo de um determinado trecho de estrada. Nem sempre essas reduções são
possíveis, devido às características técnicas mínimas exigidas e a existência de pontos obrigados
como concordância com outras estradas, gabaritos mínimos de obras civis, cotas mínimas de
aterros necessárias a colocação da estrada acima dos níveis de enchentes do local etc.
5.2 - Rampas para Projeto
5.2.1 - Inclinações Máximas e Mínimas nas Rampas
Baseando-se no comportamento dos veículos nas rampas podemos tirar elementos para a
determinação das inclinações máximas admissíveis.
Rampas máximas com até 3% permitem o movimento dos veículos de passageiros sem
restrições, afetam muito pouco a velocidade dos caminhões leves e médios e são indicadas para
estradas com alta velocidade de projeto.
Rampas máximas com até 6% tem pouca influência no movimento dos veículos de
passageiro, mas afetam bastante o movimento de caminhões, especialmente caminhões pesados e
são aconselhadas para estradas com baixa velocidade de projeto.
Rampas com inclinação superior a 6% só devem ser usadas em estradas secundárias, de
baixo volume de tráfego, onde a perda de velocidade dos caminhões não provoque constantes
congestionamentos, ou em estradas para o tráfego exclusivo de veículos de passageiros.
Quando a topografia do terreno for desfavorável, poderão ser adotados valores maiores
do que os aconselhados para as rampas máximas, de forma a dar maior liberdade ao projetista,
evitando assim pesados movimentos de terra e traçados com cortes e aterros excessivamente
altos ou mesmo evitando viadutos e túneis que vão onerar a execução da estrada. O uso de tais
medidas só pode ser feito em casos muito especiais, onde uma grande redução de custo justifique
a deficiência do projeto. A tabela abaixo mostra valores das inclinações máximas das rampas
aconselhadas pelo DNIT (DNER) para projeto das estradas.
Rampas mais inclinadas poderão ser usadas em casos especiais, como rampas de acesso
etc., desde que sejam suficientemente curtas.
Estradas A
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27
Nos trechos de estrada onde não existam condições para a retirada de água no sentido
transversal à pista, por exemplo: trechos em cortes extensos, pistas com guias laterais etc., nesses
trechos o perfil deverá garantir condições mínimas para o escoamento das águas superficiais no
sentido longitudinal. Nesses casos é aconselhável o uso de rampas com inclinação não inferior a
0,5% nas estradas de pavimento de alta qualidade e inclinação não inferior a 1% em estradas
com pavimento de média e baixa qualidade.
5.2.2 - Comprimento Crítico das Rampas
Trechos de estrada com sucessão de rampas muito curtas devem ser evitados, pois criam
a necessidade de um grande número de curvas verticais e conseqüentemente problemas de
visibilidade para ultrapassagem que reduzem a capacidade de tráfego e afetam a segurança da via.
Por outro lado, o uso de rampas com grande extensão provoca a redução de velocidade
dos veículos pesados, dificultando o livre movimento dos veículos mais rápidos, também
reduzindo a capacidade de tráfego da estrada e afetando sua segurança.
O comprimento máximo de uma rampa não é um elemento que possa ser prefixado em
um projeto, pois em regiões montanhosas a topografia local pode exigir o uso de rampas de
grande extensão. O termo “comprimento crítico de uma rampa” é usado para o máximo
comprimento de uma determinada rampa ascendente na qual um veículo padrão pode operar sem
uma excessiva perda de velocidade.
O valor do comprimento crítico deve ser determinado em função dos seguintes fatores:
Relação potência/peso do veículo tipo, escolhido como representativo do tráfego da
estrada;
Perda de velocidade do veículo tipo na rampa;
Velocidade de entrada na rampa, fator que vai depender das condições do trecho que
precede a rampa considerada;
Menor velocidade com a qual o caminhão tipo possa chegar ao final da rampa sem
prejuízos acentuados ao fluxo de tráfego da estrada.
O gráfico da figura a seguir, obtido para um caminhão nacional de 20 ton. e velocidade
de entrada na rampa de 80 km/h, permite a determinação do comprimento crítico em função da
inclinação da rampa e do valor da perda de velocidade estabelecida.
Figura 9 - Comprimento crítico das rampas
Estradas A
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28
O uso do gráfico implica na aceitação do caminhão utilizado para elaboração do gráfico,
como o caminhão tipo;
Escolhe-se a maior perda de velocidade com a qual o veículo tipo possa chegar ao fim da
rampa sem causar prejuízos significativos à corrente de tráfego da estrada (geralmente 25 km/h);
Entra-se no gráfico com o valor da inclinação da rampa (i) e tira-se o comprimento crítico
em função da curva de redução de velocidade escolhida.
Quando a rampa analisada é precedida por uma rampa descendente que permita o embalo
dos veículos pesados, esses, geralmente, aumentam suas velocidades na entrada da rampa de
forma a conseguir vencê-la com menor perda de velocidade, esse é um fator que pode ser
considerado no cálculo do comprimento crítico.
Quando projetamos rampas com comprimento maior que o comprimento crítico e
desejamos que o tráfego tenha um escoamento normal, precisamos criar, a partir do ponto onde a
rampa atinge o comprimento crítico, uma faixa de tráfego adicional para os veículos lentos.
As estradas devem ser projetadas de forma que a redução de velocidade dos caminhões
nas subidas não cause condições intoleráveis para os veículos que o seguem tentando ultrapassá-lo.
O comprimento crítico obtido com o uso do gráfico corresponde ao comprimento do
trecho de rampa. Quando uma curva vertical faz parte do trecho de subida o valor obtido para o
comprimento crítico deve ser corrigido para levar em conta a interferência da curva vertical.
5.3 - Desenho do Perfil
Ao contrário da planta, o perfil é representado sobre o desenvolvimento de uma superfície
cilíndrica gerada por uma reta vertical, superfície essa que contém o eixo da estrada em planta.
Geralmente representamos com uma linha pontilhada, denominada perfil do terreno, a
interseção da superfície cilíndrica referida com a superfície do terreno.
A linha que define o perfil do projeto é denominada greide. Assim, o greide é a linha
curva representativa do perfil longitudinal do eixo da estrada acabada, composto de trechos retos
denominados rampas concordadas entre si por trechos curvos denominados curvas de
concordância vertical.
A figura a seguir mostra um exemplo de perfil longitudinal de estrada e a nomenclatura
usual de projeto.
Figura 10 – Perfil Longitudinal - Nomenclatura usual de projeto
Estradas A
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29
5.4 - Curvas de concordância vertical
As curvas verticais têm por objetivo concordar as rampas projetadas e devem ser
escolhidas de forma a atender às condições de segurança, boa estética, boa visibilidade e
permitia a drenagem adequada da estrada.
A figura a seguir mostra os tipos usuais de concordâncias de rampas com curvas verticais.
Figura 11 – Tipos usuais de concordâncias de rampas com curvas verticais
Problemas de drenagem devem ser cuidadosamente analisados em cada caso específico,
especialmente nas curvas côncavas de tipo I.
As curvas mais usadas como curvas de concordância vertical são as parábolas simples de
eixo vertical, por dar uma boa estética à curva, boa concordância entre as rampas e ser uma curva
onde as cotas de seus diversos pontos podem facilmente ser obtida através de cálculos rápidos.
Figura 12 – Curva vertical parabólica
Lv
Lv/2
L0
L
Estradas A
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30
À interseção dos greides retos dá-se o nome de PIV (ponto de interseção vertical). Os
pontos de tangência da curva vertical com as rampas são denominados de PCV (ponto de curva
vertical) e PTV (ponto de tangência vertical). A medida do comprimento de uma curva vertical
(L ou Lv) é feita sobre a projeção horizontal da curva.
Chamando-se de i a diferença algébrica entre as inclinações das rampas temos i = i2 – i1
Chamando-se de positiva +i as rampas ascendentes no sentido do estaqueamento e de
negativas -i as rampas descendentes, o sinal de i dependerá do tipo de curva analisada e dos
valores de i1 e i2
O comprimento de uma curva vertical Lv é escolhido em função da análise cuidadosa de
diversos fatores condicionantes do projeto, procurando-se obter um greide econômico com
características técnicas satisfatórias.
A parábola simples é uma curva muito próxima a uma circunferência, por isso é usual
referir-se ao valor do raio Rv da curva vertical, que deve ser entendido como sendo o menor raio
instantâneo da parábola, isto é, uma circunferência de raio Rv igual ao raio instantâneo do vértice
da parábola.
Podemos relacionar:
Lv = i . Rv onde:
Lv = comprimento da curva vertical;
i = diferença algébrica dos greides das rampas;
Rv = menor raio instantâneo da curva parabólica.
Convenciona-se adotar para as curvas convexas Rv negativo e para as côncavas Rv
positivo.
5.4.1 - Cálculo das curvas verticais parabólicas
A projeção horizontal da distância entre os pontos PCV e PIV é igual à projeção
horizontal da distância entre os pontos PIV e PTV, e igual a 2
Lv.
A estaca do PCV = estaca do PIV – 2
Lv
A estaca do PTV = estaca do PIV + 2
Lv
Cota do PCV = cota do PIV – i Lv1
2
Cota do PTV = cota do PIV + i Lv2
2
A equação da curva é: y = i
LvL i L
2
21 , sendo L a abscissa de um ponto genérico da
curva em relação ao PCV.
2Lv
L δi f
2
, sendo L a distância entre o PCV ou PTV e o ponto da curva.
8
LvδiF , sendo F a flecha máxima.
Estradas A
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31
Lo = i Lv
i
1
abscissa do Vértice em relação ao PCV - (ponto de máximo ou de
mínimo da curva)
yo = i Lv
i
12
2 ordenada do Vértice em relação ao PCV - (ponto de máximo ou de
mínimo da curva)
Exercício:
Sendo dados os elementos abaixo, pede-se completar a tabela e desenhar o perfil longitudinal do
traçado. i1 = 2% i2 = - 6% Lv = 240m (adotado) Estaca PIV = 80 Cota PTV = 830,000m
EST L (m) Cota da
Rampa
f (pela
rampa "i") y
Cota do
Projeto
Cota do
Terreno
Corte/
Aterro
72 826,800 827,900
73 827,200 828,500
74 827,600 828,000
75 828,000 830,000
76 828,400 830,500
77 828,800 830,300
78 829,200 829,150
79 829,600 828,900
80=PIV 830,000 828,200
81 828,800 827,800
82 827,600 826,400
83 826,400 825,120
84 825,200 824,000
85 824,000 823,000
86 822,800 822,000
87 821,600 821,100
88 820,400 820,800
Se [CP – CT] for (+) a seção no eixo está em aterro; se (–) a seção no eixo está em corte.
Estradas A
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32
6 – Cálculo de Volumes de Terraplenagem
Em rodovias, as seções transversais são utilizadas para a representação da declividade do
terreno no sentido transversal ao caminhamento do estaqueamento, permitindo também o cálculo
dos volumes a serem cortados e/ou aterrados ao longo do perfil longitudinal.
Figura 13 – Planta
Onde:
LP = Largura do Projeto (ou da Plataforma)
LF = Largura da Faixa (do levantamento topográfico transversal)
0e, 1e, 2e, ...ne = pontos levantados à esquerda do estaqueamento
0d, 1d, 2d, ...nd = pontos levantados à direita do estaqueamento
6.1 – Desenho da Seção Transversal de terraplenagem
Figura 14 – Desenho da Seção Transversal
Figura 15 – Elementos da Seção Transversal
0e 1e 2e 3e 4e 5e 6e 7e 8e
LF EIXO 0 1 2 3 4 5 6 7 8 LP
0d 1d 2d 3d 4d 5d 6d 7d 8d
LF
LF
LP
LP
CORTE
ATERRO
crista
CORTE
talude
Plataforma
pé
Plataforma
crista
talude
ATERRO
pé
Estradas A
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33
3/2
1/1 2/3
6.2 – Inclinação dos Taludes
Em função das características geotécnicas dos terrenos, pode-se utilizar:
Taludes de corte H/V = 2/3 ou 1/1
Taludes de aterro H/V = 3/2 e 1/1
Figura 16 – Inclinações típicas de taludes
6.3 – Cálculo da Área da Seção Transversal
A seção transversal poderá ser dividida em 4 triângulos (I, II, III e IV).
A área da seção transversal será a soma das áreas desses quatro triângulos.
CORTE
Figura 17 – Elementos para cálculo da área da seção de corte
Scorte = 2
d.2/LP
2
d.hc
2
e.hc
2
e.2/LP
Sc = de2
hcde
4
LP
ATERRO Figura 18 – Elementos para cálculo da área da seção de aterro
Saterro = 2
d.2/LP
2
d.ha
2
e.ha
2
e.2/LP
Xe Xd
Ce
CT
Ye II
hc III Cd
I Yd
IV
CP
LP/2 LP/2
LP/2 LP/2
CP
I IV Yd
ha
Ye II III Ad
CT
Ae
Xe Xd
Estradas A
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34
Sa = de2
hade
4
LP
Onde:
CT = Cota do Terreno na estaca
CP = Cota da Plataforma na estaca
Xe ; Xd = Afastamentos do talude na estaca
Ye ; Yd = Alturas do talude na estaca
A área da seção transversal pode também ser calculada com o auxílio do planímetro polar.
6.4 – Cálculo de Volumes
Para o cálculo do volume de terra a ser movimentado é necessário supor que existe um
determinado sólido geométrico, cujo volume total poderá ser calculado, inicialmente pelo
volume de cada segmento compreendido entre duas seções consecutivas e, após, considerando
todos os segmentos envolvidos naquele traçado.
Se as duas seções forem de corte, teremos um volume de corte. Se as duas seções forem
de aterro, teremos um volume de aterro. Se tivermos uma seção de corte e uma de aterro ou se
pelo menos uma seção for mista, teremos volume de corte e volume de aterro no mesmo
segmento, que deverão ser calculadas separadamente.
O método usual consiste em considerar o volume como proveniente de uma série de
prismas (sólidos geométricos limitados nos extremos por faces paralelas e lateralmente por
superfícies planas).
O volume do segmento é calculado de forma simplificada multiplicando a média das
áreas pela distância entre as seções. Se as seções forem mistas, multiplicando a média das áreas
de corte pela distância obtém-se o volume de corte e, multiplicando a média das áreas de aterro
pela distância, o volume de aterro. Se uma seção for mista e a outra não, segue-se o mesmo
procedimento, considerando zero o valor da área inexistente nesta última seção.
Figura 19 – Seções Transversais (de corte, mista, de aterro)
Estradas A
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35
Figura 20 – Prisma formado num tramo de rodovia
O volume do sólido é: 2A1A2
LV onde L é a distância entre as seções A1 e A2.
Obtém-se valores exatos para os volumes quando ambas as seções transversais são iguais. Para
outras condições, os resultados são ligeiramente diferentes. Neste caso podemos utilizar a
fórmula do tronco de pirâmide para o cálculo do volume:
Então, 2121 AB.ABABAB3
LV . Na prática, o erro cometido é geralmente
menor que 2%.
6.5 – Distribuição do material escavado
Sempre que possível, o material escavado nos cortes deve ser aproveitado nos aterros
para evitar nova escavação, o que aumentaria o custo da construção desnecessariamente. A esse
aproveitamento do material dos cortes para construção dos aterros, damos o nome de
compensação longitudinal de volumes ou simplesmente compensação de volumes.
Figura 21 – Distribuição dos materiais
Há casos em que o material do corte não se presta para a construção de aterros, por
exemplo, se se tratar de solo brejoso ou rocha. Neste caso o material é descartado, devendo ser
transportado e depositado em local conveniente. A essa operação damos o nome de bota-fora.
Também ocorre quando o volume dos cortes é maior que o volume de terra necessário para
construção dos aterros (sobra de material).
Quando, ao contrário, o volume dos cortes é insuficiente para a construção dos aterros,
efetuamos escavação (ou escavações) complementar em local escolhido em função da
localização, distância e qualidade do solo, e transportamos até o aterro, em operação que
denominamos empréstimo.
Casos em que há material disponível no corte mas o aterro localiza-se à distância tal que
o custo do transporte seja maior que o custo de nova escavação, deve-se, por motivos
econômicos, fazer bota-fora e empréstimo ao invés da compensação longitudinal.
Quando há corte e aterro no mesmo segmento entre seções consecutivas, o volume que
puder ser compensado no próprio local não deve ser transportado, evitando-se assim, transporte
desnecessário. A compensação no mesmo segmento é chamada de compensação transversal ou
compensação lateral.
Estradas A
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36
Se o volume de corte for maior que o volume necessário para aterro no mesmo segmento,
o aterro deve ser feito com material do local, sendo utilizado na compensação longitudinal,
apenas o volume excedente. Pode ainda, conforme o caso, ser feito bota-fora desse volume.
Se, por outro lado, o volume de corte for insuficiente para a construção do aterro naquele
segmento, deve permanecer todo ele no local, vindo, o volume que falta, de outro corte
(compensação longitudinal) ou de empréstimo. Neste caso temos um volume excedente negativo.
O volume da compensação transversal é sempre o menor entre o volume de corte e o
volume necessário para o aterro; e o volume excedente é sempre a diferença entre os dois.
6.6 – Redução
Quando o material escavado nos cortes é colocado nos aterros, precisa ser compactado a
fim de adquirir estabilidade. Além disso, se o aterro for construído com a mesma densidade do
terreno natural, não terá capacidade de suporte em relação ao tráfego. Portanto, a densidade que
o solo apresenta no aterro depois de compactado, é sempre maior do que tinha antes de ser
escavado. Assim sendo, a compactação dos aterros acarreta diminuição no volume do material
escavado.
O valor do coeficiente de redução depende do material e do seu grau de compacidade na
natureza. Para obtê-lo basta fazer ensaio de laboratório com o material do local.
Na ausência do valor real podemos estimar aproximadamente pela tabela abaixo.
SOLO FATOR DE REDUÇÃO
Areia 1,05
Solo comum 1,1 a 1,2
Solo argiloso 1,1 a 1,2
O fator de redução ou de homogeneização é aplicado sobre os volumes de aterro, como
um multiplicador. Na prática, é utilizado ainda um fator de segurança de 5%, de modo a
compensar as perdas que ocorrem durante o transporte dos solos e possíveis excessos na
compactação dos mesmos.
Figura 22 – Variação do volume
Um fator = 1,2 indica que será necessário escavar cerca de 1,2 MCC (Metro Cúbico no
Corte) para obter 1,0 MCCo (Metro Cúbico de aterro Compactado). Observamos que o volume a
ser transportado 1,5 MCS (Metro Cúbico Solto) é também maior devido ao fenômeno do
empolamento.
6.7 – Diagrama de massas
O diagrama de massas, ou de Brückner, facilita sobremaneira a análise da distribuição
dos materiais escavados. Essa distribuição corresponde a definir a origem e o destino dos solos e
rochas objeto das operações de terraplenagem, com indicação de seus volumes, classificações e
distâncias médias de transporte.
Após calcular as áreas das seções transversais e os volumes dos prismóides, pode-se
preparar uma tabela de volumes acumulados, que serve como base para construção do diagrama.
1,2 m³
1,5 m³
1 m³
Estradas A
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37
EST ÁREAS
SOMA DAS
ÁREAS (m²)
SEMI-
DISTÂNCIA
(m)
VOLUME (m³) COMPEN.
LATERAL
(m³)
VOLUME
ACUMUL.
(m³) CORTE ATERRO AT.COR CORTE ATERRO CORTE ATERRO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
COLUNA 1: estacas dos pontos onde foram levantadas as seções transversais. Normalmente são
as estacas inteiras do traçado. Estacas fracionárias são utilizadas nos pontos de
passagem (PP) ou quando o terreno é muito irregular. COLUNA 2: áreas de corte, medidas nas seções.
COLUNA 3: áreas de aterro, medidas nas seções.
COLUNA 4: produto da coluna 3 pelo fator de redução.
COLUNA 5: soma das áreas de corte de 2 seções consecutivas na coluna 2.
COLUNA 6: soma das áreas de aterro de 2 seções consecutivas na coluna 4.
COLUNA 7: semi-distância entre seções consecutivas.
COLUNA 8: volumes de corte entre seções consecutivas.
COLUNA 9: volumes de aterro entre seções consecutivas.
COLUNA 10: volumes compensados lateralmente (não sujeitos a transporte longitudinal).
COLUNA 11: volumes acumulados, obtidos pela soma algébrica acumulada dos volumes
obtidos nas colunas 8 e 9.
Os volumes acumulados se colocam como ordenadas ao final da estaca, chamadas
Ordenadas de Brückner. Estas ordenadas correspondem aos volumes de cortes (considerados
positivos) e aterros (considerados negativos) acumulados sucessivamente. A somatória dos
volumes é feita a partir de uma ordenada inicial arbitrária. Geralmente é escolhida uma ordenada
suficientemente grande para evitar o aparecimento de ordenadas negativas.
No caso de seções mistas, a compensação lateral é obtida de forma automática quando do
cálculo das Ordenadas de Brückner, pois os volumes de corte e de aterro são considerados em
cada seção, de forma que o acréscimo ou decréscimo nas ordenadas será dado pela diferença
entre os dois volumes considerados. Pode-se dizer que a compensação lateral será o menor dos
dois volumes e que o volume disponível para compensação longitudinal, que afeta as ordenadas,
será a diferença entre esses volumes.
As ordenadas calculadas são plotadas em papel milimetrado, de preferência sobre uma
cópia do perfil longitudinal do projeto. No eixo das abscissas é colocado o estaqueamento e no
eixo das ordenadas, numa escala adequada, os valores acumulados para as ordenadas de
Brückner, seção a seção. Os pontos assim marcados, unidos por uma linha curva, formam o
diagrama de Brückner.
A figura a seguir mostra o perfil longitudinal de um trecho de estrada e o diagrama de
massas correspondente.
Estradas A
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38
Figura 23 – Perfil longitudinal e Diagrama de massas
6.7.1 – Propriedades da linha de Bruckner:
a) O diagrama de massas não é um perfil. A forma do diagrama de massas não tem
nenhuma relação com a topografia do terreno.
b) Todo trecho ascendente do diagrama corresponde a um trecho de corte (ou
predominância de cortes em seções mistas).
c) Todo trecho descendente do diagrama corresponde a um trecho de aterro (ou
predominância de aterros em seções mistas).
d) A diferença de ordenadas entre dois pontos do diagrama mede o volume de terra entre
esses pontos.
e) Todo máximo relativo corresponde a um ponto de passagem de corte para aterro e todo
mínimo relativo a um ponto de passagem de aterro para corte.
f) Segmentos com inclinação mais forte (entendendo, aqui, inclinação forte aquela que se
aproxima da vertical), correspondem a maior volume por unidade de comprimento. Mantidas a
largura da plataforma e a inclinação dos taludes, corresponde a maior altura de corte ou aterro.
g) A diferença de ordenada entre dois pontos de um mesmo trecho ascendente ou
descendente representa o volume disponível ou necessário entre esses pontos.
h) Os pontos extremos do diagrama correspondem aos pontos de passagem (PP).
Estradas A
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39
i) Qualquer horizontal traçada sobre o diagrama determina trechos de volumes
compensados (volume de corte = volume de aterro corrigido). Esta horizontal, por conseguinte, é
chamada de linha de compensação (ou linha de terra). A medida do volume é dada pela diferença
de ordenadas entre o ponto máximo ou mínimo do trecho compensado e a linha horizontal de
compensação.
j) A posição da onda do diagrama em relação à linha de compensação indica a direção do
movimento de terra. Ondas positivas (linha do diagrama acima da linha de compensação),
indicam transporte de terra no sentido do estaqueamento da estrada. Ondas negativas indicam
transporte no sentido contrário ao estaqueamento da estrada.
k) O momento de transporte (a área compreendida entre a curva de Brückner e a linha de
compensação) mede o momento de transporte da distribuição considerada de um trecho
compensado.
6.7.2 – Distância econômica de transporte:
É a distância crítica, para a qual o custo da compensação longitudinal é igual ao custo de
bota-fora do volume do corte mais empréstimo do volume correspondente para o aterro.
Para distâncias menores que a distância econômica de transporte, é mais econômico
transportar a terra dos cortes para os aterros; para distâncias maiores, é mais econômico fazer
bota-fora do material do corte e nova escavação para construção do aterro.
A distância econômica de transporte (det) é função dos custos de escavação e transporte e
das distâncias médias de transporte para empréstimo e bota-fora.
Chamando de C1 e C2 os custos das duas alternativas, temos:
C1 = V.Ce + V.d.Ct = custo para compensação longitudinal
C2 = V.Ce + V.dbf.Ct + V.Ce + V.dernp.Ct = custo para bota-fora + empréstimo
sendo: V = volume transportado (m³)
d = distância média de transporte (km)
Ce = custo da escavação ($/m³)
Ct = custo do transporte ($/m³.km)
dbf distância média para bota-fora (km)
dernp = distância média para empréstimo (km)
Igualando os dois custos, temos:
d = dbf + dernp + Ct
Ce = det
Por exemplo, se o custo de escavação for 1,5 R$/m³ o custo do transporte 0,75
R$/(m³.km), e as distâncias médias de bota-fora e empréstimo 0,2 km e 0,3 km respectivamente,
det será :
det = 0,2 + 0,3 + 1,5/0,75 = 2,5 km
6.7.3 – Linha de distribuição
É uma linha horizontal, contínua ou não, que corta todos os trechos ascendentes e todos
os trechos descendentes da linha de Bruckner, cobrindo toda a extensão do projeto com exceção
dos bota-foras e empréstimos. Em outras palavras, é o conjunto das linhas de compensação, que
demarca todos os volumes compensados, bota-foras e empréstimos.
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Figura24 - Linhas de distribuição
Assim, no exemplo simples da figura acima, se quisermos tomar o eixo X, que no
diagrama é chamado linha de terra, como linha de distribuição (linha 1 da figura),é perfeitamente
possível porque satisfaz as condições. Se quisermos tomar a linha que passa pelo ponto final
(linha 2), também é possível. O mesmo vale para qualquer linha intermediária como por exemplo
a linha 3.
6.7.4 – Cálculo simplificado do momento de transporte
Quando é executado um transporte de solo de um corte para um aterro, as distâncias de
transporte se alteram a cada viagem sendo necessária, portanto, a determinação de uma distância
média de transporte, que deverá ser igual à distância entre os centros de gravidade dos trechos de
corte e aterros compensados.
Existem várias maneiras de se executar uma distribuição de terras na terraplenagem. A
cada uma das alternativas corresponderá uma distância média de transporte global e, por
conseguinte, um determinado custo de terraplenagem.
Logo, um projeto racional de terraplenagem deverá indicar a melhor distribuição de
terras, de maneira que a distância média de transporte e o custo das operações de terraplenagem
sejam reduzidos a valores mínimos.
O método mais utilizado para estimativa das distâncias médias de transporte entre trechos
compensados é o método do Diagrama de Brückner. O momento de transporte é igual à área da
onda de Brückner. O cálculo do momento de transporte por meio da área compreendida entre a
linha de Bruckner e a linha de distribuição é muito trabalhoso. Por esse motivo, é comum
calculá-lo de uma maneira não muito rigorosa, porém bem mais simples e rápida.
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Tomemos um trecho onde existe compensação de volume entre um corte e um aterro (ou
parte deles) conforme figura abaixo.
Figura 25 – Trecho com compensação de volumes
O volume transportado é dado pela diferença de ordenada entre a linha de Bruckner no
ponto extremo e a linha de distribuição. Se traçarmos um horizontal pelo ponto médio do
segmento que representa o volume, esta reta encontrará a linha de Bruckner em dois pontos, um
no corte e outro no aterro (A e B na figura).
Descendo uma linha vertical pelo ponto A, obteremos, no perfil, um ponto tal que metade
do volume compensado fica antes, e metade depois. Na maioria dos casos, a abscissa do ponto A
é uma boa aproximação do centro de gravidade do volume de corte compensado. Analogamente,
a abscissa do ponto B em relação ao volume de aterro compensado. Assim, a distância entre A e
B pode ser tomada como uma distância média de transporte aproximada.
Multiplicando-se a distância média pelo volume transportado, temos um valor
aproximado do momento de transporte correspondente àquele segmento.
Define-se então Momento de Transporte como o produto dos volumes transportados
pelas distâncias médias de transporte, da seguinte maneira:
M = V . dm
onde:
M = momento de transporte, em m³.dam ou m³.km.
V = volume natural do solo, em m³.
dm = distância média de transporte, em dam ou km.
Procedendo desta forma em todos os segmentos compensados e somando com os
momentos dos empréstimos e bota-foras, temos o momento de transporte total.