ESTRATÉGIA INTEGRADA PARA AVALIAÇÃO DO IMPACTO …

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UNIVERSIDADE POSITIVO NATÁLIA DE ALBUQUERQUE VITA ESTRATÉGIA INTEGRADA PARA AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL AQUÁTICO DE MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS EM PRODUTOS COSMÉTICOS ENXAGUÁVEIS CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE POSITIVO

NATÁLIA DE ALBUQUERQUE VITA

ESTRATÉGIA INTEGRADA PARA AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL

AQUÁTICO DE MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS EM PRODUTOS COSMÉTICOS

ENXAGUÁVEIS

CURITIBA

2016

i

NATÁLIA DE ALBUQUERQUE VITA

ESTRATÉGIA INTEGRADA PARA AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL

AQUÁTICO DE MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS EM PRODUTOS COSMÉTICOS

ENXAGUÁVEIS

Dissertação apresentada como requisito para

obtenção do título de Mestre em Biotecnologia

Industrial, do Programa de Mestrado Profissional

em Biotecnologia Industrial, Universidade

Positivo.

Orientadora: Profª. Drª. Camila Miranda de

Carvalho

CURITIBA

2016

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Biblioteca da Universidade Positivo - Curitiba - PR

V835 Vita, Natália de Albuquerque.

Estratégia integrada para avaliação do impacto ambiental aquático de

matérias-primas utilizadas em produtos cosméticos enxaguáveis / Natália de

Albuquerque Vita. ― Curitiba : Universidade Positivo, 2016.

141 f. : il.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Positivo, Programa de Pós-

graduação em Biotecnologia Industrial, 2016.

Orientador: Profa. Dra. Camila Miranda de Carvalho.

1. Toxicologia ambiental. 2. Impacto ambiental. 3. Ecologia aquática. I.

Carvalho, Camila Miranda de. II. Título.

CDU 504.4

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Universidade Positivo pela oportunidade concedida com bolsa parcial

para a realização do Mestrado Profissional em Biotecnologia Industrial.

À minha orientadora, Profª. Drª. Camila Miranda de Carvalho, agradeço pela

orientação, disponibilidade, confiança, carinho, amizade e incentivo constante.

Ao Grupo Boticário pela oportunidade concedida com o financiamento do

projeto.

À minha colega de trabalho Andrezza pela ajuda, participação e amizade. Agradeço

especialmente a Odivânia Kruger, Carla Brohem, e ao Márcio Lorencini por todo incentivo

e confiança no meu trabalho.

Ao meu marido, Pedro, meu amor, companheiro e colega de mestrado, que

passou por tudo isso junto comigo, sem você seria muito mais difícil.

Aos meus pais, Ozana e Carlos, que sempre me apoiaram e incentivaram. Obrigada

pelo amor e carinho incondicional de vocês.

À minha irmã Mayra, pela amizade, conversas e pelos ensinamentos em todos os

momentos.

E a todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.

RESUMO

O aumento da preocupação da indústria cosmética em assegurar produtos com baixo

impacto ambiental estão cada vez mais fazendo a indústria verificar toda a sua cadeia de

fornecimento, desde a sustentabilidade das matérias primas até a conservação da biodiversidade.

O objetivo deste trabalho é propor uma estratégia integrada de avaliação de impacto ambiental

gerado por estas substâncias por meio de avaliação de parâmetros relevantes em âmbito

internacional e do uso de métodos biotecnológicos. Este estudo considerou 40 matérias-primas

utilizadas em produtos cosméticos enxaguáveis, entre estas filtros solares, tensoativos,

conservantes, condicionantes e umectantes, devido ao maior impacto ambiental deste tipo de

produto, definindo parâmetros para a avaliação de risco e predição dos efeitos em organismos

aquáticos, com base nos parâmetros estabelecidos por órgãos de referência internacional, como

a Environmental Protection Agency (EPA), Cradle to Cradle (C2C) e o Regulamento Europeu

1272/2008. Para analisar o impacto ambiental destas matérias-primas os seguintes parâmetros

foram avaliados: bioacumulação, biodegradação, toxicidade aquática aguda e a relação

PEC/PNEC, PEC - Predicted Environmental Concentration (Concentração previsível no

ambiente) e PNEC - Predicted No Effect Concentration (Concentração Previsível sem Efeitos).

Para os dados que não estavam disponíveis em bancos de dados, experimentos foram realizados

para determinação dos dados de biodegradação, bioacumulação e toxicidade aquática aguda,

seguindo protocolos padronizados pela OECD (Organization for Economic Co-operation and

Development). Os resultados obtidos neste estudo mostram que estratégias e parâmetros

definidos permitem integrar diferentes dados que caracterizam a toxicidade aquática de produtos

cosméticos. Foi possível analisar diferentes classes de cosméticos e verificar que a classe que

apresentou maior impacto ambiental foram os filtros solares (Homosalate, Butyl

Methoxydibenzoylnethane, Octocrylene, Ethylhexyl Methoxycinnamate e Ethylhexyl Salicylate),

o bactericida Triclosan e o emoliente Mineral Oil. Portanto, esse trabalho disponibilizou uma

ferramenta eficiente para prever impactos ambientais de matérias- primas presentes em

produtos cosméticos enxaguáveis, possibilitando a substituição de ingredientes com maiores

riscos ambientais, como os filtros solares, o triclosan, óleo mineral, oferecendo produtos

cosméticos mais sustentáveis seguindo as principais diretrizes internacionais.

Palavras-chave: Ecotoxicidade; Matérias-primas; Impacto Ambiental; Toxicidade Aquática.

ABSTRACT

The concern of cosmetic industries to ensure products with low environmental impact

are increasingly making industry check all its supply chain from raw materials sustainability to

biodiversity conservation.Whereas few studies are published on ecotoxicity of cosmetics raw

materials, the aim of this work was to propose an integrated environmental impact assessment

strategy generated by these substances through evaluation of relevant international parameters.

This study considered 40 common raw materials used in rinse-off products, due to their greater

environmental exposure concern by defining parameters for risk assessment and effects

prediction on aquatic organisms. To analyze the aquatic environmental impact of ingredients the

following parameters were evaluated: Bioaccumulation; Biodegradation, Acute Aquatic

Toxicity and PEC/PNEC (Predicted Environmental Concentration/Predicted No Effect

Concentration), which is the risk quotient that evaluates environmental exposure and aquatic

toxicity. Through databases research, scientific literature review, international legislations and

also considering parameters established by international agencies, such as Environmental

Protection Agency (EPA), Cradle to Cradle (C2C) and European Regulation (EC) No

1272/2008. For unavailable data, in vitro test were done to evaluate biodegradation data,

bioaccumulation and acute aquatic toxicity following standardized protocols by OECD

(Organization for Economic Co-operation and Development). The results obtained in this study

showed strategies and set parameters to integrate different data of cometics aquatic toxicity. It

was possible to evaluate different classes of cosmetic’s raw materials and the sunscreens

showed the highest environmental impact (Homosalate, Butyl Methoxydibenzoylnethane,

Octocrylene, Ethylhexyl Methoxycinnamate and Ethylhexyl Salicylate), followed by the

bactericide Triclosan and the emolient Mineral Oil. Therefore, this work proposes an efficient

integrated tool to predict the environmental impacts of raw materials of rinse-off cosmetic

products, enabling the replacement of ingredients with higher environmental risks, such as the

sunscreens, triclosan and mineral oil, making ecofriendly cosmetic products following the main

international guidelines

Keywords: Ecotoxicity; Raw Materials Environmental Impact; Aquatic Toxicity.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

CAPÍTULO II

FIGURA 1 - Esquema sobre PEC/PNEC...............................................................................71

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO I

TABELA 1- Critério para Avaliação de Toxicidade Aquática (EPA)...............................................24

TABELA 2- Critério para Avaliação de Persistência/Biodegradação (EPA)....................................24

TABELA 3 - Critério para Avaliação da Bioacumulação (EPA)......................................................25

TABELA 4 - Categorias de classificação para substâncias perigosas para o ambiente aquático de

acordo com o Regulamento1272/2008...............................................................................................27

TABELA 5 - Valores de corte para classificação do potencial de bioacumulação de acordo com o

C2C.....................................................................................................................................................29

TABELA 6 - Diretrizes para a classificação do perigo para persistência/biodegradação de acordo

com o C2C..........................................................................................................................................30

TABELA 7- Critérios para classificação de toxicidade aquática aguda em vertebrados,

invertebrados e algas de acordo com a C2C.......................................................................................31

TABELA 8- Critérios para classificação de toxicidade aquática crônico em vertebrados,

invertebrados e algas de acordo com a C2C.......................................................................................32

TABELA 9 -Critérios para classificação de cada órgão (EPA, C2C e Regulamento 1272/2008)

............................................................................................................................................................34

TABELA 10- Aplicabilidade dos métodos de biodegradação..........................................................38

CAPÍTULO II

TABELA 1 - Compilado dos órgãos EPA, C2C e Regulamento 1272/2008..................................63

TABELA 2 - Adaptação da classificação com base nos órgãos EPA, C2C e Regulamento

1272/2008...........................................................................................................................................64

TABELA 3 - INCI name e CAS number das matérias-primas selecionadas.....................................64

TABELA 4 - Concentrações das matérias-primas testadas................................................................70

TABELA 5 -Valores para cálculo PEC/PNEC..................................................................................72

TABELA 6 - Matriz para avaliação do impacto ambiental....................................................... .......73

TABELA 7 - Resultados da avaliação das matérias-primas.............................................................74

TABELA 8 - Resultados de PEC e PNEC das matérias-primas.......................................................84

TABELA 9 - Resultados da classificação com base na matriz........................................................86

TABELA 10 -Comparativo de fórmulas fictícias na avaliação do impacto ambiental....................100

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BAF Bioacumulation factor (Fator de Bioacumulação)

BCF Bioconcentration Factor (Fator de bioconcentração)

CAS number Chemical Abstracts Service Number (Número CAS)

C2C Cradle to Cradle

CO2 Dióxido de carbono

EC50 Effect Concentration (Efeito de concentração)

ECHA European Chemicals Agency (Agência de Químicos da Europa)

EPA Environmental Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental)

GHS Globally Harmonised System (Sistema Harmonizado Globalmente para

Classificação e Rotulagem de produtos)

INCI International Nomenclature of Cosmetic Ingredient (Nomenclatura

Internacional de Ingredientes Cosméticos)

ISO International Standardization Organization (Organização Internacional

de Normatização)

IUCLID International Uniform Chemical Information Database (Banco de Dados

de Informações Químicas Internacional)

Kg Quilograma

LC50 Lethal Concentration (Concentração letal)

LOEC Lowest Observed Effect Concentration (Menor Concentração de Efeito

Observável)

Log Kow Log Octanol water partition coeficient (Coeficiente de Partição Octanol

Água)

m3/dia Milímetros cúbicos por dia

mg/L Miligramas por litro

ng/L Nanogramas por litro

NICNAS National Industrial Chemicals Notification and Assessment Scheme

(Notificação Nacional de Produtos Químicos Industriais e de Avaliação)

NIOSH National Institute for Occupational Safety and Health (Instituto Nacional

de Segurança e Saúde Ocupacional)

NOEC No Observed Effect Concentration (Concentração sem Efeito Observável)

OECD Organization for Economic Co-operation and Development (Organização

para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)

PBT Persistent, Bioacumulative and Toxic (Persistente, Bioacumulativo e

Tóxico)

PEC Predicted Environmental Concentration (Concentração Previsível no

Ambiente)

pH Potencial Hidrogeniônico

PNEC Predicted No Effect Concentration (Concentração Previsível sem Efeitos)

QSAR Quantitative Structure-Activity Relationship (Relação Quantitativa

Estrutura Atividade)

REACH Registration, Evaluation, Authorization and Restriction of Chemicals

(Registro Avaliação, Autorização e Restrição de Químicos)

T1/2 Tempo de meia vida

TOXNET Toxicology Data Network (Rede de Dados de Toxicologia)

vPvB Very persistent and very Bioacumulative (Muito Persistente e Muito

Bioacumulativo)

$ Cifrão dólar

µg/L Micrograma por litro

3Rs Reduction, Refinement, Replacement (Redução, Refinamento e

Substituição)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 12

CAPÍTULO I ........................................................................................................................... 15

PARÂMETROS PARA AVALIAÇAO DO IMPACTO AMBIENTAL AQUÁTICO DE

PRODUTOS COSMÉTICOS...................................................................................................15

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 16

2. CRITÉRIOS MAIS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO DA TOXIDADE

AQUÁTICA ....................................................................................................................... 17

2.1. Toxidade Aquática Aguda ..................................................................................... 19

2.2. Toxidade Aquática Crônica ................................................................................... 19

2.3. Bioacumulação ...................................................................................................... 20

2.4. Biodegradação ....................................................................................................... 21

3. GLOBALLY HARMONIZED SYSTEM (GHS) E O AMBIENTE AQUÁTICO ......... 22

4. ÓRGÃOS E REGULAMENTO DE REFERÊNCIA INTERNACIONAL ................. 22

4.1. Environmental Protection Agency (EPA) .............................................................. 23

4.2. Regulamento 1272/2008 ........................................................................................ 25

4.3. Cradle to Cradle (C2C) ......................................................................................... 27

4.4. Comparativo entre órgãos EPA, C2C e Regulamento 1272/2008 ......................... 32

5. MÉTODOS ALTERNATIVOS IN VITRO .................................................................... 35

5.1. Teste de Biodegradação ......................................................................................... 37

5.2. Determinação do Coeficiente de Partição – Bioacumulação ................................. 39

5.3. Toxicidade Aguda em Algas ................................................................................. 39

6. IMPACTO AMBIENTAL DAS PRINCIPAIS CLASSES DE MATÉRIAS-PRIMAS

UTILIZADAS EM PRODUTOS COSMÉTICOS ENXAGUÁVEIS ........................... 40

6.1. Filtros UV .............................................................................................................. 42

6.2. Conservantes .......................................................................................................... 44

6.3. Tensoativos ............................................................................................................ 46

6.4 Silicones..................................................................................................................48

7. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 48

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 49

CAPÍTULO II ........................................................................................................................ 57

ESTRATÉGIA INTEGRADA PARA AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL

AQUÁTICO DE MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS EM PRODUTOS COSMÉTICOS

ENXAGUÁVEIS......................................................................................................................57

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 58

2. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 62

2.1. Definição do Método de Análise e Acesso a Banco de Dados .............................. 62

2.2. Seleção das Matérias-Primas Analisadas ............................................................... 64

2.3. Métodos Alternativos ao uso em animais .............................................................. 67

2.3.1. Teste de Biodegradação (OECD, 301B/1992) ........................................ 67

2.3.2. Determinação do Coeficiente de Partição- Bioacumulação (OECD,

107/1995) .......................................................................................................... 68

2.3.3. Toxicidade Aguda em Algas (OECD, 201B/2011) ................................ 69

2.4. Cálculo PEC/PNEC ............................................................................................... 70

2.5. Matriz de Impacto Ambiental ................................................................................ 72

3. RESULTADOS .................................................................................................................. 74

4. DISCUSSÃO ...................................................................................................................... 91

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 101

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 101

CONCLUSÕES .................................................................................................................... 110

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 111

ANEXO I .............................................................................................................................. 123

12

1 INTRODUÇÃO

O Brasil está em terceiro lugar no ranking internacional dos maiores mercados de

cosméticos, movimentando $43.454,00 milhões de dólares no ano de 2014. Em 2009 este

valor era $28.041,90 milhões de dólares, mostrando o aumento no consumo de cosméticos no

mercado nacional, ficando atrás somente da China, em segundo lugar, com $47,806,30

milhões de dólares e dos Estados Unidos, em primeiro lugar, com $76.276,00 milhões de

dólares. No mundo foram movimentados $464.957,60 milhões de dólares neste tipo de

mercado em 2014 (EUROMONITOR, 2014). Isso mostra a importância neste cenário que

vem crescendo a cada ano. Além deste crescimento no mercado, o consumidor torna-se cada

dia mais informado, exigente e preocupado com o impacto ambiental das indústrias e seus

produtos. Entretanto, ainda não existe uma orientação ou mesmo uma recomendação sobre

como a indústria de cosméticos deve agir para produzir mais com menor impacto ambiental,

oferecendo produtos mais sustentáveis em relação à escolha de matérias-primas no

desenvolvimento dos seus produtos.

Apesar dos ingredientes de produtos de cuidados pessoais estarem entre os

contaminantes emergentes mais encontrados nas águas superficiais no mundo, a maioria das

informações disponíveis na literatura sobre ecotoxicidade se refere principalmente a produtos

farmacêuticos, pesticidas, lubrificantes, produtos de limpeza e ingredientes utilizados na

indústria química que são utilizados em grandes volumes, apresentando maiores riscos para o

meio ambiente. (BRAUSCH et RANDI, 2010). Produtos de cuidados pessoais são

continuamente liberados no ambiente aquático. Muitos desses compostos são usados em

grandes quantidades e estudos recentes têm indicado que muitos são persistentes

ambientalmente, bioativos e com potencial para se bioacumularem (BRAUSCH et RANDI,

2010).

Os produtos de cuidados pessoais são geralmente apenas levemente transformados ou

mesmo inalterados nas estações de tratamento de águas e consequentemente tem acesso ao

ambiente aquático (BU et al., 2013).

Pesquisas adicionais são necessárias para entender concentrações ambientais, o

potencial tóxico das misturas, efeitos endócrinos e potencial de bioacumulação dos produtos

de cuidados pessoais de modo a identificar com precisão o potencial risco dos produtos de

cuidados pessoais liberados no ambiente aquático (BRAUSCH et RANDI, 2010). Existem

evidências de que alguns desses compostos são persistentes no meio ambiente, impactando os

13

organismos em várias formas como, por exemplo, mudanças na reprodução (JJEMBA, 2004).

Os produtos enxaguáveis como shampoos, condicionadores, sabonetes, óleos corporais

e filtros solares ao serem utilizados vão diretamente para o tratamento de esgoto e

consequentemente o efluente para um corpo d’água receptor. Assim sendo, é de fundamental

importância a análise de parâmetros relacionados à ecotoxicidade de matérias-primas

utilizadas nestas categorias de produtos, por meio da seleção de matérias-primas mais

sustentáveis para o meio aquático priorizando produtos cosméticos ecofriendly, de menor

impacto ambiental. Diante da necessidade da indústria de cosméticos em desenvolver

produtos que sejam mais sustentáveis com um menor impacto ambiental, a proposta deste

trabalho foi desenvolver uma ferramenta para avaliação da toxicidade aquática das principais

matérias-primas utilizadas em produtos cosméticos enxaguáveis por meio de métodos

biotecnológicos utilizando organismos vivos e informações disponíveis em banco de dados

internacionais e literatura.

A biotecnologia vem contribuindo com técnicas e métodos alternativos para avaliação

dos principais parâmetros de ecotoxicidade aquática. A biotecnologia pode oferecer diversos

benefícios ambientais e econômicos, como por exemplo a produção sustentável de produtos

existentes e novos. A preocupação ambiental impulsiona as indústrias a explorararem

diferentes maneiras de empregar a biotecnologia para seu benefício, visando novas

oportunidades para a produção sustentável de produtos e serviços (GAVRILESCU et CHISTI,

2005).

A biotecnologia ambiental pode e deve desempenhar um papel importante na

resposta aos desafios relacionados ao ambiente aquático como novos modelos para a pesquisa

e cooperação da indústria (KALOGERAKIS et al., 2015). Produtos seguros, eficazes, menos

poluentes e persistentes do que os convencionais estão surgindo, gerando assim uma redução

do impacto ambiental e maior sustentabilidade. Sem dúvida a biotecnologia contribui de

forma significativa para transformar a produção industrial em uma base mais compatível com

o meio ambiente (GAVRILESCU et CHISTI, 2005).

Os seguintes parâmetros foram avaliados: bioacumulação, biodegradação, toxicidade

aquática aguda e o PEC/PNEC, PEC - Predicted Environmental Concentration

(Concentração previsível no ambiente) e PNEC - Predicted No Effect Concentration

(Concentração previsível sem efeitos).

A presente dissertação está dividida em dois capítulos. O primeiro capítulo consiste

em uma revisão de literatura sobre os parâmetros de ecotoxicidade utilizados pelas

agências e órgãos ambientais, e o segundo capítulo refere-se ao artigo científico

14

experimental resultante da presente pesquisa seguindo as normas propostas pela revista

selecionada Environmental International, à qual pretendemos submeter o trabalho (Anexo

I).

15

CAPÍTULO I

PARÂMETROS PARA AVALIAÇAO DO IMPACTO AMBIENTAL AQUÁTICO DE

PRODUTOS COSMÉTICOS

VITA, N.A¹,²; BROHEM, C.A¹; CANAVEZ, A.D.P¹; KRUGER, O3

;, LORENCINI, M¹;

CARVALHO C.M¹,².

1. Grupo Boticário, Departamento de Avaliação de Segurança e Eficácia, São José dos

Pinhais, Paraná.

2. Programa de Mestrado em Biotecnologia Industrial, Universidade Positivo, Curitiba,

Paraná.

3. Grupo Boticário, Departamento de Pesquisa Tecnológica, São José dos Pinhais, Paraná.

Contato: Natália de Albuquerque Vita, Grupo Boticário, Departamento de Avaliação de

Segurança e Eficácia, São José dos Pinhais, Paraná.

Email: [email protected]

Apoio Financeiro: Grupo Boticário

RESUMO

A preocupação crescente da indústria cosmética sobre o impacto gerado no meio

ambiente, com a cadeia de fornecimento, sobre a sustentabilidade das matérias-primas e a

biodiversidade aumenta a necessidade de assegurar um menor impacto ambiental do produto

final. O objetivo desta revisão é sintetizar e comparar as informações disponíveis nos órgãos e

legislações internacionais sobre os principais critérios utilizados para a avaliação de matérias-

primas em relação à toxicidade aquática, além dos métodos alternativos mais indicados para a

obtenção dos parâmetros de avaliação. Por meio da literatura disponível em banco de dados,

revisão da literatura científica e legislações internacionais, são abordados e comparados os

parâmetros estabelecidos por órgãos internacionais como Environmental Proctetion Agency

(EPA), Cradle to Cradle (C2C) além da legislação europeia, o Regulamento Europeu

1272/2008 para a avaliação do impacto ambiental. A definição dos parâmetros de

ecotoxicidade das principais classes de matérias-primas constituintes dos produtos cosméticos

16

enxaguáveis, pode permitir o desenvolvimento de produtos mais sustentáveis para o meio

ambiente, priorizando substâncias que ofereçam menor impacto ambiental.

Palavras-chave: ecotoxicidade; matérias-primas; impacto ambiental; toxicidade aquática.

1. INTRODUÇÃO

Produtos de cuidados pessoais são aplicados nas partes externas do corpo para limpar,

proteger e manter o corpo em boas condições. Depois do seu uso, uma quantidade

significativa destes produtos entra na rota do tratamento de esgoto, podendo acabar no

ambiente aquático (TOLLS et al., 2009). Produtos farmacêuticos e de cuidados pessoais,

entram no ambiente aquático e, seus potenciais efeitos tóxicos na biota, particularmente nos

organismos aquáticos, são de preocupação considerável (KIM et al., 2008). A presença destes

produtos nos esgotos, em diferentes países, é na unidade de ng/L a µg/L e alguns autores

relatam que a eficiência de remoção destes produtos pelo tratamento convencional

(floculação, sedimentação e tratamento do lodo ativo) é limitado (LIU et WONG, 2013).

Poucas pesquisas foram realizadas para avaliar o impacto ambiental de produtos de

cuidados pessoais, embora eles sejam utilizados mais frequentemente e em maiores

concentrações do que os produtos farmacêuticos (BRAUSCH et RANDI, 2010). Existem

algumas evidências de que alguns desses compostos são persistentes no meio ambiente,

impactando os organismos em várias formas como, por exemplo, mudanças na reprodução e

alterações dos ciclos biogeoquímicos (JJEMBA, 2004).

Muitos ingredientes utilizados em produtos de cuidados pessoais se tornaram compostos

de crescente preocupação ambiental, sendo frequentemente detectados principalmente em

águas receptoras (CASSANI et GRAMATICA, 2015).

Apesar de alguns dados de algumas classes de matérias-primas estarem disponíveis,

pesquisas adicionais ainda são necessárias para entender as concentrações ambientais, o

potencial tóxico das misturas, efeitos endócrinos e potencial de bioacumulação dos produtos

de cuidados pessoais de modo a identificar com precisão o potencial risco deste tipo de

produto quando liberado no ambiente aquático (BRAUSCH et RANDI, 2010).

Com base nessas considerações, há uma necessidade de se ampliar o conhecimento

sobre as propriedades dos produtos de cuidados pessoais, para entender melhor o seu

comportamento ambiental e sua sustentabilidade, não só para o impacto imediato sobre o

meio ambiente, mas para as implicações a longo prazo, bem como, e seu potencial perigo

17

ambiental, em particular bioacumulação, persistência e toxicidade (CASSANI et

GRAMATICA, 2015).

E ainda visto que a bioacumulação pode acontecer pela captação de alimentos

(biomagnificação), sendo o parâmetro mais crítico, pois ao se bioacumular pode passar pela

cadeia trófica inteira (HERMANN et al., 2015).

Como ainda não existe uma orientação ou mesmo uma recomendação sobre como a

indústria de cosméticos deve agir para produzir mais com menor impacto ambiental, o

objetivo desta revisão é sintetizar e comparar as informações disponíveis nos órgãos e

legislações internacionais sobre os principais critérios utilizados para a avaliação de matérias-

primas em relação à toxicidade aquática, além dos métodos alternativos biotecnológicos mais

indicados para a obtenção dos parâmetros de avaliação. Por meio da análise da ecotoxicidade

gerada pelas principais matérias-primas constituintes dos produtos cosméticos enxaguáveis,

será possível desenvolver produtos mais sustentáveis para o meio ambiente, priorizando

substâncias que ofereçam menor impacto ambiental.

2. CRITÉRIOS MAIS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE

AQUÁTICA

O principal propósito para uma classificação ambiental é fornecer informações sobre

as propriedades ambientalmente relevantes das substâncias e de como evitar ou minimizar a

exposição ambiental de substâncias perigosas (TIŠLER et ZAGORC-KONÈAN, 2003).

Devido à exposição ao produtos de cuidados pessoais não ser devidamente

controlada, bem como à falta de informações sobre o comportamento persistente,

bioacumulativo e tóxico, essas substâncias devem ser cuidadosamente avaliadas quanto à sua

segurança, antes mesmo de sua comercialização, a fim de minimizar o impacto sobre o meio

ambiente aumentando assim a sustentabilidade ambiental (CASSANI et GRAMATICA,

2015).

Para avaliação da toxicidade aquática, há um número limitado de parâmetros

relevantes que são requeridos pelos órgãos ambientais: toxicidade aguda, toxicidade crônica,

bioconcentração ou bioacumulação e biodegradação ou persistência. (SCHOLZ, 2013).

Os testes de toxicidade aquática podem ser categorizados de acordo com o tempo de

exposição, situação, critérios de efeitos a serem avaliados e organismos a serem testados

(RAND, 2003).

18

Para uma avaliação inicial dos efeitos aquáticos, o impacto do produto químico é

geralmente avaliado com apenas uma ou duas espécies representativas de cada um dos três

níveis tróficos, por meio dos resultados dos ensaios de toxicidade a curto prazo. Ou seja, a

toxicidade para os produtores primários (algas), toxicidade aguda para os consumidores

primários (Daphnia) e toxicidade aguda para os consumidores secundários (peixe)

(AUSTRALIAN ENVIRONMENT AGENCY, 2009). Os peixes uns dos organimos

utilizados para monitorar a ocorrência de persistência dos contaminantes (KAISER et al.,

2011).

As abordagens utilizadas atualmente para a avaliação de risco ecológico são baseadas

na comparação entre um indicador de exposição (Predicted Environmental Concentration ou

PEC) e um indicador de efeito (Predicted No Effect Concentration (Concentração previsível

sem efeitos ou PNEC) (SCIENTIFIC COMMITTEE ON EMERGING AND NEWLY

IDENTIFIED HEALTH RISKS (SCENIHR); SCIENTIFIC COMMITTEE ON CONSUMER

SAFETY (SCCS); SCIENTIFIC COMMITTEE ON HEALTH AND ENVIRONMENTAL

RISKS (SCHER 2012). A estimativa de risco é calculada como a razão entre esses

indicadores (PEC/PNEC). Para a avaliação do risco utiliza-se o PEC (Predicted

Environmental Concentration), que é a concentração de uma substância no meio-ambiente,

com base em informações disponíveis em relação ao seu uso e quantidade descartada, e o

PNEC (Predicted No Effect Concentration (Concentração previsível sem efeitos), que

considera a concentração ambiental, por meio do EC50 (Effect Concentration), da substância

(EUROPEAN CENTRE FOR ECOTOXICOLOGY AND TOXICOLOGY OF

CHEMICALS, 2003).

Na avaliação de risco ambiental, a concentração de baixo risco onde não se espera

efeitos adversos no ecossistema, o PNEC, concentração previsível sem efeito, é calculado.

Esses valores são comparados com as concentrações presentes no ambiente, o PEC, medidos

ou calculados. Quando o PEC excede o PNEC, uma avaliação mais aprofundada ou ação de

gerenciamento de riscos precisa ser considerada (AUSTRALIAN ENVIRONMENT

AGENCY, 2009). Para um resultado satisfatório da avaliação dos riscos ambientais de uma

determinada substância é necessário que a razão do PEC e o PNEC que são referidos como o

quociente de caracterização de risco, seja inferior a um (SCENIHR; SCCS; SCHER, 2012).

Para proteger a saúde humana e o meio ambiente, o regulamento europeu REACH

(Registration, Evaluation, Authorization and Restriction of Chemicals) entrou em vigor desde

junho de 2007. O REACH requer que todas as substâncias produzidas ou importadas na

Europa acima de uma tonelada ao ano deve ser registrada. Os responsáveis por registrar a

19

substância devem fornecer informações físico-químicas, toxicológicas, ecotoxicológicas

dependendo no nível de tonelagem (LOMBARDO et al., 2014).

Ainda, a ECHA (European Chemical Agency) requer que os fornecedores realizem

uma avaliação de segurança da substância. Aspectos importantes como a avaliação do

potencial de causar efeitos adversos na saúde humana e no ambiente para ter limiares, por

exemplo, o PNEC, e a avaliação das propriedades da substância de serem persistentes,

bioaccumulativas e tóxicas (LOMBARDO et al., 2014).

2.1. Toxidade Aquática Aguda

Toxicidade Aquática Aguda é a propriedade intrínseca de uma determinada substância

de causar um dano a um organismo em um curto-prazo, ou seja, é a exposição aquática a uma

substância (PREVENTION, PESTICIDES AND TOXIC SUBSTANCES UNITED STATES

ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (EPA), 1996). A toxicidade aquática é

normalmente determinada utilizando o LC50 96h em peixe, uma espécie de crustáceo EC50

48h e/ou uma espécie de alga EC50 72h. Estas espécies cobrem uma gama de níveis tróficos e

são consideradas como substitutos para todos organismos aquáticos (REGULATION (EC) No

1272/2008 OF THE EUROPEAN PARLIAMENT AND OF THE COUNCIL, 2008).

Basicamente, todos os testes de toxicidade são baseados na exposição da população de

organismos aquáticos a substância a ser avaliada. Esses testes fornecem uma estimativa da

dosagem que afeta 50% da população exposta (mortalidade, inibição da mobilidade,

interferência na reprodução, redução da respiração etc.). A toxicidade aquática é expressa pelo

EC50 (concentração efeito) ou LC50 (concentração letal) (LECHUGA et al., 2015).

Os testes de toxicidade aguda avaliam a toxicidade de uma substância a organismos

aquáticos sob a curta exposição em várias concentrações. Os efeitos em peixes são a

mortalidade, para invertebrados, a imobilidade e perda do equilíbrio, e para algas o

crescimento. Os testes podem ser conduzidos por um determinado período de tempo de

acordo com a espécie, 24 ou 96h LC50 ou 48 ou 96h EC50 (RAND, 2003).

2.2. Toxicidade Aquática Crônica

Toxicidade aquática crônica é a propriedade intrínseca da substância de causar efeitos

adversos no organismo durante a exposição que é determinada em relação ao ciclo de vida do

organismo. Similar à toxicidade aguda, para a finalidade do Cradle to Cradle, peixe

20

(vertebrado), daphnia (invertebrado) e alga são aceitos (cobrem uma gama de níveis tróficos

no ambiente aquático e são geralmente representativos da flora e fauna aquática (CRADLE

TO CRADLE, 2012).

Testes de toxicidade crônica permitem avaliar os possíveis efeitos adversos de uma

substância sob condições de longa exposição em concentrações subletais. No teste de

toxicidade crônica, o organismo é exposto a um ciclo inteiro de reprodutividade a pelo menos

cinco concentrações do material testado (RAND, 2003).

Para toxicidade crônica os valores pesquisados são de NOEC (No Observed Effect

Concentration – Concentração sem Efeito Observável)) e LOEC (Lowest Observed Effect

Concentration - Menor Concentração de Efeito Observável) (OFFICE OF POLLUTION

PREVENTION AND TOXICS (EPA), 2011).

2.3. Bioacumulação

A bioacumulação de uma substância é afetada pelas taxas de captação, metabolismo e

eliminação assim como a capacidade de armazenamento do organismo. A acumulação pode

acontecer através da superfície do corpo a partir do meio ambiente (bioconcentração) ou pela

captação de alimentos (biomagnificação) (HERMANN et al., 2015).

Substâncias com baixa solubilidade em água geralmente tem afinidade por tecidos

gordurosos e podem se acumular e concentrar em tecidos com alto conteúdo lipídico. Esses

hidrofóbicos podem persistir em água e apresentam toxicidade bioacumulativa nos

organismos (RAND, 2003).

A razão entre a concentração de uma substância na biota para a água do ambiente é

chamado de fator de bioconcentração (BCF) e é geralmente obtido e aplicado a partir de

estudos de laboratórios. Se diferentes fontes de exposição contribuem para a concentração da

biota, por exemplo sob condições de campo, essa relação é chamada de fator de

bioacumulação (BAF) (HERMANN et al., 2015).

A bioacumulação é medida pelo BAF, que é a razão da concentração de uma

substância num organismo vivo (mg/kg) para a concentração da substância no meio ambiente

(mg/L para sistemas aquáticos). O potencial para bioacumulação pode ser normalmente

determinado usando o coeficiente partição octanol/água (kow), geralmente determinado como

log kow determinado pela OECD 107 ou 117. Enquanto este representa o potencial de

bioacumulação, o experimental fator de bioconcentração (BCF) fornece uma melhor medida e

21

deve ser usado preferencialmente quando disponível. E O BCF deve ser determinado de

acordo com a OECD 305 (RAND, 2003).

O fator de bioconcentração (BCF) é um tipo de BAF e refere-se a bioacumulação nas

águas nos testes em laboratórios (CRADLE TO CRADLE, 2012).

A bioacumulação de substâncias nos organismos aquáticos pode provocar efeitos

tóxicos a longo prazo mesmo quando as concentrações na água são baixas. A relação entre o

log kow de uma substância orgânica e sua bioacumulação medida como BCF em peixes tem

um considerável apoio na literatura científica. Utilizando um valor de corte de log ≥ 4

destina-se a identificar apenas as substâncias com real potencial de bioacumulação. Enquanto

isto representa um potencial de bioacumulação, um BCF determinado experimentalmente

provê uma medição mais precisa e deve ser usado preferencialmente, se disponível. Um BCF

em peixe ≥ 500 é indicativo do potencial de bioacumulação (REGULATION (EC) No

1272/2008 OF THE EUROPEAN PARLIAMENT AND OF THE COUNCIL, 2008).

Fatores ecológicos, incluindo espécies aquáticas, tamanho (peso e comprimento), teor de

lipídio corporal, local da amostra, podem afetar a bioacumulação das substâncias. Quando a

substância não é metabolizada ou excretada no ritmo que é ingerida, se acumula e a

biomagnificação pode acontecer pela cadeia trófica (FERRERO et al, 2015).

2.4. Biodegradação

Biodegradação é o período de tempo que uma substância pode existir no meio

ambiente antes de ser destruída (isto é transformada) por microorganismos (WILLING, 2001).

O tempo de meia-vida (T1/2) que é uns dos valores utilizados para avaliar a

biodegradação, é a quantidade de tempo que a concentração inicial de uma substância demora

para degradar no ambiente (CRADLE TO CRADLE, 2012).

Os estudos de biodegradação são realizados no mínimo durante 28 dias e os seguintes

níveis de degradação podem ser alcançados: 70% em ensaios baseados em carbono orgânico

dissolvido, 60% do máximo teórico em ensaios baseados em consumo de oxigênio ou

produção de dióxido de carbono. Esses níveis de biodegradação devem ser alcançados dentro

de 10 dias após o início da degradação onde o ponto é tomado como o tempo em que 10% da

substância foi degradada (REGULATION (EC) No 1272/2008 OF THE EUROPEAN

PARLIAMENT AND OF THE COUNCIL, 2008).

22

3. GLOBALLY HARMONIZED SYSTEM (GHS) E O AMBIENTE AQUÁTICO

A classificação dos perigos no ambiente aquático no GHS (Globally Harmonized

System), denominado como Sistema Mundial Harmonizado de Classificação e Rotulagem de

Produtos Químicos, é baseada nos impactos das substâncias nos organismos aquáticos e nos

ecossistemas onde vivem e não nos impactos na saúde pública (REGULATION (EC) No

1272/2008 OF THE EUROPEAN PARLIAMENT AND OF THE COUNCIL, 2008).

Os elementos básicos utilizados para a classificação do perigo ambiental para o GHS

são: toxicidade aquática aguda, potencial para bioacumulação, degradação e toxicidade

aquática crônica. Os elementos do rótulo devem ser utilizados para substâncias ou misturas

que preencham os critérios de classificação nesta classe de perigo, conforme abaixo:

- H400: Muito tóxico para os organismos aquáticos (se for classificada como toxicidade aguda

de acordo com o regulamento 1272/2008, LC50 ≤ 1 mg/L);

- H410: Muito tóxico para os organismos aquáticos com efeitos duradouros (se for

classificada como categoria 1 no regulamento 1272/2008, LC50 ≤ 1 mg/L, não rapidamente

biodegradável ou BCF ≥ 500 (log kow ≥ 4);

- H411: Tóxico para os organismos aquáticos com efeitos duradouros (se for classificada

como categoria 2 no regulamento 1272/2008, > 1 a ≤ 10 mg/L, não rapidamente biodegradado

ou BCF ≥ 500 (log kow ≥ 4);

- H412: Nocivo para os organismos aquáticos com efeitos duradouros (se for classificada

como categoria 3 no regulamento 1272/2008, > 10 a ≤100 mg/L, não rapidamente

biodegradável ou BCF ≥ 500 (log kow ≥ 4);

- H413: Pode provocar efeitos nocivos duradouros nos organismos aquáticos (se for

classificada como categoria 4 no regulamento 1272/2008, sem toxicidade aguda, dados

indicando possível propriedade de perigo ambiental aquático) (REGULATION (EC) No

1272/2008 OF THE EUROPEAN PARLIAMENT AND OF THE COUNCIL, 2008).

4. ÓRGÃOS E REGULAMENTO DE REFERÊNCIA INTERNACIONAL

Dois órgãos e um regulamento foram considerados para revisão dos critérios de

avaliação do impacto ambiental: Environmental Protection Agency (EPA), Cradle to Cradle

(C2C) e Regulamento 1272/2008.

23

Estes órgãos foram escolhidos para avaliação neste trabalho pois a EPA e o

Regulamento Europeu são referências e mostram a visão dos Estados Unidos e da Europa, que

são os pioneiros em legislações e pareceres sobre cosméticos, e o Cradle to Cradle por ser um

órgão de certificação para caso haja o interesse em certificar um produto. Assim temos três

visões diferentes sobre o assunto.

A EPA que por meio do programa Design (DFE - Design for the Environment) para o

meio ambiente desenvolveu critérios de avaliação como alternativa para a avaliação do

perigo, como uma ferramenta transparente de avaliação e diferenciação entre produtos

químicos baseados no perigos humanos e ambientais (OFFICE OF POLLUTION

PREVENTION AND TOXICS U.S. (EPA), 2011).

O Cradle to Cradle é um órgão de certificação que avalia todo o processo na

fabricação de um produto e tem o objetivo de caracterizar os perigos das substâncias presentes

no produto, sendo nesta revisão o foco apenas ambiental (CRADLE TO CRADLE, 2012).

E o Regulamento 1272/2008 da Europa que utiliza critérios de classificações

internacionalmente aceitos e elementos de rotulagem a fim de facilitar o comércio de produtos

químicos e contribuir com os esforços globais para proteção da saúde humana e do meio

ambiente (REGULATION (EC) No 1272/2008 OF THE EUROPEAN PARLIAMENT AND

OF THE COUNCIL, 2008).

4.1 Environmental Protection Agency (EPA)

A EPA foi proposta pelo presidente Richard Nixon e começou a operar em 02 de

dezembro de 1970. É uma agência do governo federal dos Estados Unidos que foi criada com

a finalidade de proteger a saúde humana e do ambiente, escrevendo e aplicando normas

baseadas nas leis aprovadas pelo Congresso. A EPA trabalha com indústrias e todos os níveis

de governo e uma ampla variedade de programas para o meio ambiente, além de aplicação de

multas, sanções e outras medidas (www.epa.gov/aboutepa/epa-history).

O programa Design para o meio ambiente (DFE - Design for the Environment) da

EPA desenvolveu critérios de avaliação como alternativa para a avaliação do perigo como

uma ferramenta para avaliar e diferenciar os produtos químicos baseados no perigos humanos

e ambientais. Para a maioria dos critérios, foram classificados como “alto”, “moderado”, e

“baixo” risco (OFFICE OF POLLUTION PREVENTION AND TOXICS U.S. (EPA), 2011).

Em relação à parte ambiental os critérios utilizados pela EPA para classificação de uma

substância estão apresentadas nas Tabela 1, Tabela 2 e Tabela 3.

24

Para avaliação da toxicidade aquática aguda, são atribuídas às substâncias designações de

perigo baseadas em LC50 ou EC50 em peixes, invertebrados ou algas e para toxicidade aquática

crônica os valores de NOEC (No Observed Effect Concentration) e LOEC (Lowest Observed

Effect Concentration), com classificações de risco muito alto, alto, moderado e baixo conforme

tabela 1 (OFFICE OF POLLUTION PREVENTION AND TOXICS U.S. (EPA), 2011).

Tabela 1 Critério para Avaliação da Toxicidade Aquática (EPA)

Muito alta Alta Moderada Baixa

Toxicidade

Aquática

Aguda (LC50

ou EC50 mg/L)

< 1.0

1 – 10

>10-100

>100

Toxicidade

Aquática

Crônica

(NOEC ou

LOEC mg/L)

< 0.1

0.1 - 1

> 1 - 10

> 10

Para avaliação da persistência ou biodegradação a classificação é realizada com base

nos tempos de meia vida ou no teste de rapidamente biodegradável conforme descrito na

tabela 2.

Tabela 2 Critério para Avaliação da Persistência/Biodegradação (EPA)

Muito alta Alta Moderada Baixa Muito Baixa

½ vida > 180

dias

½ vida de 60-

80 dias

½ vida ≥ 16 –

60 dias

½ vida <16

dias ou

“rapidamente

biodegradável”

Passa no teste

de rapidamente

biodegradável

Para avaliação da bioacumulação os critérios considerados são o BAF/BCF e o log

BAF/BCF que estão na tabela 3 abaixo.

25

Tabela 3 Critério para Avaliação da Bioacumulação (EPA)

Muito alta Alta Moderada Baixa

BAF/BCF >5000 5.000 - 1.000 < 1.000- 100 <100

Log BAF/BCF >3.7 3.7-3.0 <3-2 <2

Quando os dados experimentais de BAF ou BCF não estão disponíveis, a EPA sugere

considerar o coeficiente de partição octanol-água (kow). Se uma substância tem log kow <2, é

considerada baixa bioacumulação e um BAF ou BCF estimado não é necessário. Se os dados

de log kow (coeficiente partição octanol-água) não estão disponíveis, eles podem ser

estimados nos modelos EPI suíte (OFFICE OF POLLUTION PREVENTION AND TOXICS

U.S. (EPA), 2011).

4.2 Regulamento 1272/2008

O regulamento Nº 1272/2008 foi criado pelo parlamento e conselho europeu e entrou

em vigor em 20 de janeiro de 2009, e é relativo à classificação, rotulagem e embalagens de

substâncias e misturas, que altera e revoga as diretivas 67/548/EEC, 1999/45/EC e

Regulamento nº 1907/2006. Este regulamento contribui com o objetivo do GHS que os

mesmos perigos serão descritos e rotulados da mesma forma em todo o mundo, e

complementa o regulamento do REACH (Registration, Evaluation, Authorization and

Restriction of Chemicals) relativo ao registro, avaliação, autorização e restrição de substâncias

químicas.

Este regulamento é composto por critérios de classificações internacionalmente aceitos

e elementos de rotulagem a fim de facilitar o comércio e contribuir com os esforços globais

para proteção da saúde humana e do meio ambiente dos efeitos dos produtos químicos

perigosos. O regulamento garante que os riscos apresentados por produtos químicos sejam

claramente comunicados aos trabalhadores e consumidores na União Europeia por meio da

classificação e rotulagem de produtos químicos. Antes de disponibilizar os produtos químicos

no mercado, a indústria deve estabelecer os potenciais riscos para a saúde humana e meio

ambiente das substâncias e misturas, classificando-as de acordo com os riscos identificados

(REGULATION (EC) No 1272/2008 OF THE EUROPEAN PARLIAMENT AND OF THE

COUNCIL, 2008).

Os produtos químicos são classificados de acordo com suas propriedades físico-

químicas assim como propriedades toxicológicas e ecológicas. A classificação ambiental é

26

baseada no potencial prejudicial inerente de uma substância em um organismo e seu destino

ambiental, potencial de degradação e bioacumulação (TIŠLER et ZAGORC-KONÈAN,

2003).

De acordo com a legislação europeia, os elementos básicos para classificação dos

perigos para o ambiente aquático são:

-Toxicidade aquática aguda;

-Bioacumulação potencial ou real;

-Degradação do produto químico;

-Toxicidade aquática crônica;

O sistema de classificação de substâncias consiste em uma categoria de classificação

aguda e quatro categorias de classificação crônica. As categorias de classificações agudas e

crônicas são aplicadas de forma independente. O critério de classificação de uma substância

na categoria aguda 1 são definidos com base nos dados de toxicidade aquática aguda (EC50 ou

LC50). Os critérios para classificação de uma substância na categoria crônica combina dois

tipos de informações: toxicidade aquática aguda e dados ambientais (biodegradabilidade e

dados de bioacumulação) (REGULATION (EC) No 1272/2008 OF THE EUROPEAN

PARLIAMENT AND OF THE COUNCIL, 2008).

A categoria 1 toxicidade aguda, considera valores apenas de toxicidade aquática com

dados de L(E)C50 de peixes, crustáceos e algas (≤ 1 mg/L). A categoria 1 toxicidade crônica,

considera valores de toxicidade aquática com dados de L(E)C50 de peixes, crustáceos e algas

(≤ 1 mg/L), e também se a substância não é rapidamente biodegradável e se apresenta valores

de BCF ≥ 500, ou log kow ≥ 4. A categoria 2 toxicidade crônica, considera valores de

toxicidade aquática de L(E)C50 de peixes, crustáceos e algas maiores (>1 a ≤ 10 mg/l),

também se a substância não é rapidamente biodegradável e/ou valores de BCF ≥ 500, ou log

kow ≥ 4, ou se a toxicidade crônica NOEC seja > 1 mg/l. A categoria 3 toxicidade crônica,

considera valores de toxicidade aquática com dados de L(E)C50 de peixes, crustáceos e algas

(10 a 100 mg/L) também se a substância não é rapidamente biodegradável e/ou valores de

BCF ≥ 500, ou log kow ≥ 4, ou se a toxicidade crônica NOEC seja > 1 mg/l. E a categoria 4

toxicidade crônica, considera os casos cujos dados não permitem classificação segundo os

critérios acima mas há algum grau de preocupação. Isso inclui, por exemplo, substâncias

pouco solúveis e para quais não são rapidamente degradáveis e tem um BCF ≥ 500 (ou se

inexistente, log kow ≥ 4), indicando um potencial de bioacumulação, serão classificados nesta

categoria a menos que outra evidência científica exista mostrando que a classificação seja

desnecessária. Essas evidências incluem toxicidade crônica NOECs > solubilidade água ou >

27

1 mg/l, ou evidência de rápida degradação no ambiente (REGULATION (EC) No 1272/2008

OF THE EUROPEAN PARLIAMENT AND OF THE COUNCIL, 2008).

Tabela 4 Categorias de classificação para substâncias perigosas para o ambiente aquático de

acordo com o Regulamento 1272/2008

Categoria 1 Toxicidade Aquática Aguda

96 h LC50 (peixe) ≤ 1 mg/L e/ou

48 h EC50 (crustáceos) ≤ 1 mg/L

72 h EC50 (algas) ≤ 1mg/L

Categoria 1 Toxicidade Aquática Crônica

96 h LC50 (peixe) ≤ 1 mg/L e/ou

48 h EC50 (crustáceos) ≤ 1 mg/L e ou

72 h EC50 (algas) ≤ 1mg/L

E a substância não é rapidamente degradável e/ou BCF ≥ 500 (ou na ausência, log kow ≥ 4)

Categoria 2 Toxicidade Aquática Crônica

96h LC50 (peixe) >1 a ≤ 10 mg/L e/ou

48 h EC50 (crustáceos) >1 a ≤ 10 mg/L e/ou

72 h EC50 (algas) >1 a ≤ 10 mg/L

E a substância não é rapidamente degradável e/ou BCF ≥ 500 (ou na ausência, log kow ≥ 4),

ao menos que a toxicidade crônica NOEC seja > 1 mg/l.

Categoria 3 Toxicidade Aquática Crônica

96 h LC50 (peixe) > 10 a 100 mg/L e ou

48 h EC50 (crustáceos) > 10 a 100 mg/L e ou

72 h EC50 (algas) > 10 a 100 mg/L

E a substância não é rapidamente degradável e/ou BCF ≥ 500 (ou na ausência, log kow ≥ 4),

ao menos que a toxicidade crônica NOEC seja > 1 mg/l.

Categoria 4 Toxicidade Aquática Crônica

Casos em que os dados não permitem classificação segundo os critérios acima mas há algum

grau de preocupação. Isso inclui, por exemplo, substâncias pouco solúveis e para quais não

são rapidamente degradáveis e tem um BCF ≥ 500 (ou se inexistente, log kow ≥ 4), indicando

um potencial de bioacumulação, serão classificados nesta categoria a menos que outra

evidência científica exista mostrando que a classificação seja desnecessária. Essas evidências

incluem toxicidade crônica NOECs > solubilidade água ou > 1 mg/l, ou evidência de rápida

degradação no ambiente.

4.3 Cradle to Cradle (C2C)

O programa de certificação do Cradle to Cradle (C2C) foi fundado em 2005 por

McDonough Braungart Design Chemistry (MBDC). Em 2010, William McDonough e

28

Michael Braungart formaram o Cradle to Cradle™ Products Innovation Institute,

organização sem fins lucrativos, para criar um programa de avaliação da qualidade e da

inovação e para gerenciar e administrar o programa de certificação. Até o momento, cerca de

400 produtos e 150 empresas já demonstraram a acessibilidade e as vantagens de desenvolver

produtos de acordo com o programa de certificação Cradle to Cradle (CRADLE TO

CRADLE, 2012).

Cradle to Cradle é uma empresa certificadora com um meio de demonstrar esforços

no design eco-inteligente. A certificação Cradle to Cradle é um selo de sustentabilidade de

terceiros que requer a realização em vários atributos, como utilização de materiais que são

seguros para a saúde humana e para o ambiente em todas as fases de uso, produtos e sistemas

de design para a reutilização de material, tais como a reciclagem ou compostagem, uso de

energia renovável, eficiência no uso de água e responsabilidade social.

A certificação Cradle to Cradle tem uma abordagem de quatro níveis que consiste em

níveis básico, prata, ouro e platina. Este programa de certificação se aplica a materiais,

subconjuntos e produtos acabados. Os critérios utilizados para avaliação ambiental são os

considerados abaixo (CRADLE TO CRADLE, 2012).

Para a avaliação das substâncias é utilizado no programa do Cradle to Cradle um

sistema de classificação de perigo por cores.

-Verde: nenhum perigo identificado.

-Amarelo: perigo incerto para algum ponto específico.

-Cinza: sem dados disponíveis para determinar o perigo.

-Vermelho: considerado perigoso para um ponto específico.

O programa visa capturar o perigo intrínseco presente de cada substância. A

probabilidade de uma substância de causar perigo ao humano ou meio ambiente depende do

perigo intrínseco presente, mas também depende amplamente da exposição potencial.

Coletivamente, isso é conhecido como risco, o qual pode ser definido pela simples fórmula

Perigo X Exposição = RISCO. Então, para reduzir o risco é possível minimizar o perigo bem

como a exposição para diminuir a probabilidade de efeitos adversos (CRADLE TO CRADLE,

2012).

As definições e critérios utilizados para avaliação do meio ambiente pelo Cradle to

Cradle serão apresentados a seguir.

Baseados nos valores de BCF, BAF ou kow, a classificação de uma substância como

verde, vermelha, amarela ou cinza para o potencial de bioacumulação é mostrado na Tabela 5

(CRADLE TO CRADLE, 2012).

29

Tabela 5 Valores de corte para classificação do potencial de bioacumulação de acordo com o

C2C

Verde Amarelo Vermelho Cinza

BCF < 100 por

resultados

experimentais, ou

QSAR log kow < 2

ou peso molecular >

1000.

BCF 100 -500

ou resultados de

QSAR

BCF > 500 ou

resultados de

QSAR

Sem dados relevantes

para classificação. Log

kow > 2 e sem

informações adicionais.

*QSAR: quantitative structure-activity relationship (Relação Quantitativa Estrutura

Atividade).

Para determinar o perigo na biodegradação, muitos critérios podem ser considerados

sendo que os testes de biodegradabilidade são os mais indicados e a estimativa de

biodegradabilidade por QSAR o menos preciso. Vários guidelines foram desenvolvidos pela

OECD para biodegradação e eles são usados para os critérios de classificação. Seguem

critérios para biodegradação abaixo na Tabela 6.

30

Tabela 6 Diretrizes para a classificação do perigo para persistência/biodegradação de acordo

com o C2C

Verde Amarelo Vermelho Cinza

T1/2 < 30/90 dias 30/90 dias < T1/2<

60/180 dias

T1/2 > 60/180

dias

Sem dados

relevantes para

classificação ou

substância é

considerada

inorgânica e não

aplicável a este

parâmetro.

Rapidamente

biodegradável (>

70% com 28 dias)

baseado no

protocolo da OECD

301.

< 70% baseado no

protocolo OECD

301

< 10% baseado

protocolos

OECD 301

Ser rapidamente

biodegradável por

resultados QSAR.

< 60% baseado

protocolo OECD

301

Ser degradável com

semanas a esses pelo

QSAR

*QSAR: quantitative structure-activity relationship .

Quando nenhum outro dado está disponível por meio de estudos, QSAR (Quantitative

Structure Activity Relationships), relação estrutura atividade, é indicado para predizer a

toxicidade dos químicos. Em particular, Ecosar desenvolvido como parte do EPA EPI suíte, é

usado para estes propósitos. Tipicamente, toxicidade aguda é mais amplamente disponível do

que toxicidade crônica para espécies aquáticas e subsequentemente é utilizada em muitos

esquemas de classificação com a apropriada combinação de dados de biodegradação e

bioacumulação (CRADLE TO CRADLE, 2012). Abaixo seguem os critérios para toxicidade

aquática aguda nas Tabelas 7 e 8.

31

Tabela 7 Critérios para classificação de toxicidade aquática aguda em vertebrados,

invertebrados e algas de acordo com a C2C

Espécie Verde Amarelo Vermelho Cinza

Vertebrado

(peixe)

96h LC50 > 100

mg/L ou por

*QSAR

96h LC50 10-

100 mg/L ou

por QSAR

96h LC50 < 10

mg/L

H400* muito

tóxico a vida

aquática

Sem dados

relevantes para

classificação.

Invertebrado

(daphnia)

48h L(E)C50>

100 mg/L ou por

QSAR

48h L(E)C50>

10-100 mg/L

ou por QSAR

48h L(E)C50 <

10 mg/L ou

por QSAR

H400*: muito

tóxico a vida

aquática

Sem dados

relevantes para

classificação.

Alga

72/96h 48h

L(E)C50> 100

mg/L ou por

QSAR

72/96h

L(E)C50> 10-

100 mg/L ou

por QSAR

72/96h

L(E)C50 < 10

mg/L ou por

QSAR

**H400: muito

tóxico a vida

aquática

Sem dados

relevantes para

classificação.

*QSAR: quantitative structure-activity relationship (Relação Quantitativa Estrututra

Atividade).

**H400: classificação GHS (Sistema Harmonizado Globalmente para a classificação e

Rotulagem de produtos).

*NA: sem critérios para classificação.

32

Tabela 8 Critérios para classificação de toxicidade aquática crônica em vertebrados,

invertebrados e algas de acordo com a C2C

Verde Amarelo Vermelho Cinza

Peixe, Daphnia, e/ou

Alga NOEC >10

mg/L

Peixe, Daphnia,

e/ou Alga NOEC

=1 – 10 mg/L

Peixe, Daphnia, e/ou

Alga NOEC < 1

mg/L;

H411: Tóxico para a

vida aquática com

efeitos a longo prazo;

H412: perigo a vida

aquática com efeitos a

longo prazo;

H413: pode causar

efeitos a longo prazo a

vida aquática;

Sem dados

relevantes para

classificação.

Para o Cradle to Cradle, a toxicidade aquática pode ser avaliada em peixe

(vertebrado), daphnia (invertebrado) e alga, uma vez que cobrem uma gama de níveis tróficos

no ambiente aquático e são geralmente representativos da flora e fauna aquática. Além disso,

os dados nessas espécies são mais prováveis de estarem disponíveis já que eles são aceitos em

muitos órgãos regulatórios (CRADLE TO CRADLE, 2012).

4.4 Comparativo entre órgãos EPA, C2C e Regulamento 1272/2008

Na Tabela 9 pode-se fazer o comparativo entre os três órgãos avaliados. O

regulamento 1272/2008 não apresenta tantas classificações como a EPA e C2C para

diferenciar as matérias-primas que não apresentam um alto perigo ao meio ambiente. Por

exemplo, para avaliação do parâmetro de biodegradação o regulamento europeu apenas

classifica as substâncias que apresentam biodegradação maior que 70%, abaixo disso não tem

classificação. Para bioacumulação a classificação é apenas para substâncias que apresentam

alto perigo para este parâmetro, BCF>500 e/ou log ≥ 4,0 para as substâncias que apresentem

valores menores não é possível classificar o perigo.

Para a avaliação da toxicidade aquática, o regulamento apresenta diversas

classificações em categorias de 1 a 4, permitindo a classificação das com médio a alto perigo

ambiental, sendo que para substâncias de baixa toxicidade não é possível classificar

33

(REGULATION (EC) No 1272/2008 OF THE EUROPEAN PARLIAMENT AND OF THE

COUNCIL, 2008).

Já a EPA e o C2C são similares nas suas classificações utilizando cores para

identificar o perigo. A EPA é um pouco mais crítica em relação à biodegradação do que o

C2C pois nas classificações de baixo e moderado considera valores mais baixos de tempo de

meia-vida. Para a bioacumulação, o C2C é mais crítico para este parâmetro nas classificações

de moderado e alto, considerando valores de BCF mais restritos. E na toxicidade aquática

ambos consideram os mesmos valores na avaliação (CRADLE TO CRADLE, 2012; OFFICE

OF POLLUTION PREVENTION AND TOXICS U.S. (EPA), 2011).

34

Tabela 9 Critérios para classificação de cada órgão (EPA, C2C e Regulamento 1272/2008)

Classificação

Toxicidade

Aquática

Aguda

mg/L

Toxicidade

Aquática

Cronica

mg/L

Biodegradação

(T1/2 vida/ %)

Bioacumulação

BAF/BCF/ Log

kow

Classificação

Toxicidade

Aquática

Aguda ou

Crônica

mg/L

Biodegradação

(T1/2 vida/ %)

Bioacumulação

BAF/BCF/

Log kow

Classificação

Toxicidade

Aquática

Aguda mg/L

Toxicidade

Aquática

Cronica mg/L

Biodegradação

(T1/2 vida/ %)

Bioacumulação

BAF/BCF/ Log

kow

Muito Alto <1,0 <0,1T1/2 vida >

180dias >5000 vPvB NA

T1/2 vida>

60dias

>5000

log kow ≥5Cinza

Sem dados

relevantes

para

classificação

Sem dados

relevantes para

classificação

Sem dados

relevantes para

classificação é

de considerado

inorgânico

sem dados

relevantes para

classificação

log Kow>2

Alto 1-10 0,1-1,0T1/2 vida 60 -

180 dias 5000-1000 PBT <0,01

T1/2 vida >

40dias

>2000

log kow≥ 4,5Vermelho

96 hour

LC50 < 10

mg/L NOEC < 1 mg/L

T1/2 vida > 60

dias BCF > 500

Moderado >10-100 >1-10T1/2 vida <

60dias ≥16 dias <1,000 – 100 Amarelo

96 hour

LC50 10 -

100 mg/L

NOEC = 1-10

mg/L

30 < T1/2 <

60 dias

Inerentemente

biodegradável

OECD (302,

100 < BCF <

500

Baixo >100 >10

T1/2 vida < 16

dias ou

rápidamente

biodegradável

<100

log kow <2,0Verde

96 hour

LC50 >

100mg/LNOEC >10 mg/L

T1/2 < 30 days

Readily

biodegradable

(>70% within 28

days) based on

OECD

guidelines (301);

BCF < 100 or

log Kow < 2 ou

peso molecular >

1000

Muito baixo N.A N.Arápidamente

biodegradávelN.A

Valores de Referência dos Órgãos

EPA C2CREGULAMENTO 1272/2008

N.A

*vPvB:muito persistente e muito bioacumulativo (very persistent and very Bioacumulative)

*PBT: persistente, bioacumulativo e tóxico (persistent, bioacumulative and toxic)

*N.A: sem critérios para classificação.

35

5. MÉTODOS ALTERNATIVOS IN VITRO

O modelo animal é o mais utilizado nos estudos toxicológicos, entretanto, a utilização

de animais na pesquisa tem sido razão de diversas discussões em função do grande número

necessário e do sofrimento causado. O programa 3Rs (Reduction, Refinement, Replacement),

significa a redução do número de animais utilizados na pesquisa, a melhora na condução dos

estudos, no sentido de reduzir o sofrimento ao mínimo possível, o refinamento metodológico

e a busca por métodos alternativos que, por fim, substituam os testes realizados in vivo

(CAZARIN et al., 2004).

Para produtos de cuidados pessoais, há uma pressão regulatória para reduzir a

quantidade de testes em animais utilizados para avaliação de risco humano e ambiental,

embora para os cosméticos especificamente já ter sido proibido sua utilização a partir de 2013

(BOXALL et al., 2012).

As considerações sobre o bem-estar animal tem cada vez mais questionado os testes de

ecotoxicidade com peixes e estimularam esforços no desenvolvimento de várias alternativas

ou refinamentos nos métodos. Testes com vertebrados são uma parte integrante da

identificação do perigo ambiental e avaliação de risco das substâncias químicas. Estes testes

levantam preocupações com as questões éticas e econômicas e são considerados como

inapropriados para a avaliação de todas as substâncias que requerem testes regulatórios

(SCHOLZ, 2013).

Em setembro de 2004 houve a proibição da realização de ensaios de produtos

cosméticos acabados na União Europeia, e em março de 2009 a proibição da realização de

ensaios de ingredientes para produtos cosméticos em animais e da comercialização de

produtos cosméticos que tenham sido testados em animais na União Europeia. Algumas

exceções existiam até 11 de março de 2013 para testes de toxicidade por doses repetidas,

toxicidade reprodutiva e toxicocinética (DIRECTIVE 2004/38/EC OF THE EUROPEAN

PARLIAMENT AND OF THE COUNCIL, 2004; REGULATION (EC) No 1223/2009 OF

THE EUROPEAN PARLIAMENT AND OF THE COUNCIL, 2009).

Portanto, desde 11 de março de 2013 houve a proibição completa da experimentação

animal de qualquer tipo no que diz respeito aos cosméticos e seus ingredientes. Devido a este

histórico, neste estudo serão apenas considerados os testes realizados com métodos

biotecnológicos alternativos ao uso de animais.

36

É possível reduzir a quantidade de animais utilizando métodos de ensaios, como

métodos in vitro e métodos in silico (QSAR), empregando estratégias de ensaios inteligentes

(BOXALL et al., 2012).

Existe uma margem considerável para o uso de estratégias integradas para a predição

de toxicidade aquática, com a mínima utilização de ensaios em peixes. Isto pode ser

conseguido por meio da utilização de métodos combinados envolvendo predição in silico e

ensaios com células em cultura de tecidos e em organismos inferiores. Pode ser determinado

também os níveis de concentração PNEC a partir dos dados resultantes, que pode ser útil na

avaliação quantitativa do risco (GRINDON et al., 2008).

Para a obtenção dos dados referentes à biodegradação, bioacumulação e toxicidade

aquática das matérias-primas, existem muitos testes in vitro específicos para cada parâmetro,

permitindo a realização completa da análise de impacto ambiental, que por sua vez podem

servir para avaliar a toxicidade aguda de peixes, bioacumulação e outros parâmetros

(SCHOLZ, 2013).

Uma variedade de métodos para testes tem sido desenvolvidos pela EPA, ISO

(International Standardization Organization) e OECD para avaliação do potencial e perigo

das substâncias aos organismos aquáticos e são internacionalmente aceitos. A necessidade de

desenvolver métodos uniformes e padronizados melhoram a comparação dos dados dos testes

(RAND, 2003).

De acordo com a Agência Ambiental do Reino Unido, as algas e os invertebrados são

considerados mais sensíveis do que os peixes e suficientes para estimar a toxicidade

(SCHOLZ, 2013).

Outra abordagem para reduzir o número de peixes utilizados para propósitos

toxicológicos é o uso do QSAR especialmente para a predição do potencial de bioacumulação

das substâncias (BRAUNBECK et LAMMER, 2006).

Várias alternativas estão sendo utilizadas para substituir o uso de animais e preencher

os dados remanescentes. Dentro das alternativas incluem QSAR, que relaciona as

propriedades moleculares da substância e requer dados toxicológicos (de banco de dados ou

diretamente de dados experimentais) que formam a base para o desenvolvimento de modelos

preditivos. Os softwares preditivos QSAR oferecem uma análise rápida, confiável e eficaz

para avaliar a toxicidade quando os dados convencionais são limitados (KRUHLAK et al.,

2006).

37

Várias ferramentas computacionais auxiliam na aplicação do QSAR para predizer

efeitos ambientais como por exemplo, VEGA (www.vega-qsar.eu), Petrotox e Petrorisk

(www.concawe.be), Multicase (www.multicase.com), EPI SUITE

(www.epa.gov/opptintr/exposure/pubs/episuite.htm), Toxtree (www.source-

forge.net/projects/toxtree) e muitos outros. Com o suporte financeiro pela União Europeia, a

OECD desenvolveu a OECD QSAR Toolbox (www.qsartoolbox.org) (SCHOLZ, 2013).

A EPA disponibiliza ferramentas integradas, que na ausência de dados o DFE

permitem a análise por análogos e valores estimados de modelos como EPI suite (Estimation

Programs Interface). EPI suite é um programa baseado nas propriedades físico-químicas e

ambientais desenvolvido pela EPA que possui os seguintes programas: KOWWIN™ (estima

coeficiente partição log octanol-água), BIOWIN™ (estima biodegradabilidade aeróbica e

anaeróbica), BioHCwin (estima biodegradação tempo de meia vida), WSKOWWIN™ (estima

coeficiente de partição octanol-água), WATERNT™ (estima solubilidade água), BCFBAF™

(estima fator de bioconcentração, BCF e BAF), HYDROWIN™ (estima hidrólise e tempo de

meia vida), e ECOSAR que estima a ecotoxicidade também, a toxicidade aquática aguda e

crônica. Esta ferramenta apesenta uma base de dados de mais de 40.000 químicos

(http://www2.epa.gov/tsca-screening-tools/epi-suitetm-estimation-program-interface).

5.1 Teste de Biodegradação

O teste de biodegradação da OECD tem seis variações da metodologia 301, e pode ser

usado de acordo com as características físicas da substância a ser testada, conforme a Tabela

10 (OECD, 1992). Abaixo seguem os seis métodos:

-301 A: DOC Die-Away

-301 B: CO2 Evolution (Modified Sturm Test)

-301 C: MITI (I) (Ministry of International Trade and Industry, Japan)

-301 D: Closed Bottle 301

-301 E: Modified OECD Screening

-301 F: Manometric Respirometry

As metodologias acima são similares em vários aspectos: em todos os testes a

substância de ensaio proporciona a única fonte de carbono orgânico, é diluído num meio de

ensaio contendo uma concentração relativamente baixa de biomassa. Em todos os testes, um

método não analítico e não específico é utilizado para seguir o curso da biodegradação. Isto

38

tem a vantagem de que os métodos são aplicáveis a uma ampla variedade de substâncias

orgânicas e não há necessidade de desenvolver procedimentos analíticos específicos. Estes

métodos também respondem a qualquer resíduo de biodegradação ou produtos de

biotransformação, uma indicação da extensão da biodegradação final é fornecido

(ORGANIZATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT (OECD),

1992).

Pode-se escolher o método ideal de acordo com a característica da substância, se é

pouco solúvel, volátil ou se adsorve, conforme Tabela 10 abaixo.

Tabela 10 Aplicabilidade dos métodos de biodegradação

Teste Método Analítico Substância

Pouco Solúvel

Substância

Volátil

Substância

Adsorve

301A: DOC Die-

Away

Carbônico orgânico

dissolvido - - +/-

301B: CO2 Evolution

(Modified Sturm Test)

Respirometria:

evolução do CO2 + - +

301C: MITI (I)

(Ministry of

International Trade

and Industry, Japan)

Respirometria:

consumo de

Oxigênio

+ +/- +

301D: Closed Bottle

Respirometria:

Oxigênio

dissolvido

+/- + +

301E: Modified

OECD Screening

Carbônico orgânico

dissolvido - - +/-

301F: Manometric

Respirometry

Consumo de

Oxigênio + +/- +

O método mais utilizado e referenciado é o 301B, sendo que o princípio do teste é

avaliar a degradação da matéria-prima durante 28 dias pela determinação de dióxido de

carbono produzido. A amostra é incubada em frascos âmbar contendo meio mineral e inóculo

durante 28 dias e leituras são realizadas em dias pré-estabelecidos titulando-se o CO2

dissolvido em hidróxido de bário até o ponto de viragem. Em paralelo são avaliados controles

39

negativos. O resultado é fornecido em porcentagem de biodegradabilidade da amostra

(OECD, 1992).

5.2 Determinação do Coeficiente de Partição - Bioacumulação

A fim de evitar testes desnecessários com animais, os órgãos como o REACH por

exemplo, consideram o uso de informações já existentes obtidas por meio de métodos in vitro,

métodos in silico, e estratégias integradas para avaliar o potencial de bioacumulação da

substância (SCHOLZ, 2013).

Há uma clara necessidade de desenvolver métodos alternativos para avaliar a

bioacumulação de milhares de químicos que precisam ser avaliados nos próximos anos,

levando em consideração estratégias de testes integradas (SCHOLZ, 2013).

Atualmente, a determinação do BCF é feita pela OECD 305, no geral este método é

custoso e dispensa tempo e o protocolo básico requer no mínimo 108 peixes por substância

(SCHOLZ, 2013). A maioria das alternativas atuais, são QSAR e log kow (SCHOLZ, 2013).

Para determinação da bioacumulação em organismos aquáticos sem a utilização de

animais, uma alternativa disponível é a determinação do coeficiente de partição octanol/água,

usualmente reportada como log kow determinada pela OECD 107/1995 (OECD, 1995).

5.3 Toxicidade Aguda em Algas

Para determinação da toxicidade aguda, o teste de toxicidade em algas, a metodologia

referência OECD 201B/2011 é a mais utilizada (OECD, 2002). O princípio do teste consiste

em determinar os efeitos da amostra no crescimento da alga Pseudokirchneriella subcapitata

durante um período de 72h. A inibição do crescimento é apresentada por meio do EC50, em

mg/L, 72h, a qual é a concentração da substância-teste que causa 50% de inibição do

crescimento das algas. Além disso, pode-se determinar estatisticamente os valores de LOEC

e NOEC (OECD), 2002).

A cultura de células que tem sido uma boa promessa como alternativa ao teste de

toxicidade aguda em peixes. Um considerável número de estudos comparou a citotoxicidade

de substâncias in vitro da linhagem de peixes com a toxicidade e aguda in vivo em peixes e

confirmaram a usabilidade das linhagens de células de peixes. No entanto, a linhagens de

células de peixe ainda não fazem parte de nenhum regulamento (SCHOLZ, 2013).

40

Várias células primárias de peixes e linhagens celulares estão disponíveis para testes

de ecotoxicidade aquática, no entanto um obstáculo para sua utilização e aceitabilidade é a

frequente observação da resposta reduzida as mesmas amostras de testes quando comparado

com os estudos in vivo em peixes. O uso destes testes acaba limitado a triagem e não é

empregado como um substituto completo para os ensaios de toxicidade aguda em peixes

(GRINDON et al., 2008).

6. IMPACTO AMBIENTAL DAS PRINCIPAIS CLASSES DE MATÉRIAS-PRIMAS

UTILIZADAS EM PRODUTOS COSMÉTICOS ENXAGUÁVEIS

Os produtos enxaguáveis como shampoos, condicionadores, sabonetes, óleos corporais

e filtros solares ao serem utilizados vão diretamente para o tratamento de esgoto e

consequentemente para um rio efluente (BRAUSCH et RANDI, 2010).

A ocorrência ambiental e a escassez de informacões sobre a toxicidade do produtos de

cuidados pessoais levam a uma preocupação potencial para seres humanos e animais

selvagens. Alguns dados disponíveis indicam que a maioria dos produtos de cuidados

pessoais não são relativamente tóxicos para os organismos aquáticos em concentrações

ambientais esperadas (CASSANI et GRAMATICA, 2015).

No entanto, há evidências de que alguns produtos de cuidados pessoais têm o

potencial de bioacumulação através da cadeia alimentar e podem ser também potenciais

desreguladores endócrinos, mesmo em concentrações relativamente baixas (CASSANI et

GRAMATICA, 2015).

Produtos farmacêuticos e de cuidados pessoais tem sido encontrados em águas

residuais em todo mundo e pesquisas mostram que certos produtos podem ter um impacto no

meio ambiente com concentrações variando de microgramas a nanogramas por litro com

gama de impactos potenciais (BLAIR et al, 2013). Muitos compostos desta classe de produtos

são persistentes ambientalmente, bioativos e com potencial para se bioacumularem

(BRAUSCH et RANDI, 2010).

Tratamentos de esgoto não são especificamente designados para remover produtos de

cuidados pessoais. Inúmeros ingredientes de produtos de cuidados pessoais são encontrados

em níveis elevados no esgoto doméstico, como antimicrobianos, fragrâncias sintéticas,

tensoativos e filtros. (ROBERTS et al., 2015).

Algumas classes de matérias-primas cosméticas já são reconhecidas por terem certo

41

impacto no meio ambiente, por exemplo, os filtros solares que apresentam grande perigo ao

meio ambiente (SOBEK et al., 2013).

Para atingir altos valores de FPS e UVA, as concentrações de filtros nos produtos tem

aumentado e várias combinações de filtros tem sido utilizadas (MANOVÁ et al., 2012).

O uso dos filtros solares são regulados em muitos países, embora haja diferenças na

sua classificação. Na Europa são considerados cosméticos, nos Estados Unidos como

medicamentos OTC (over-the-counter), e no Japão tanto como cosméticos como

medicamentos (DÍAS-CRUZ et BARCELÓ, 2009).

Estudos recentes mostraram que os filtros UV chegam na superfície das águas (rios,

lagos e costa do mar) durante a liberação de águas residuais (RODIL et al., 2009).

O Triclosan, um bactericida, também apresenta certo impacto ambiental, visto que é

altamente tóxico para o ambiente aquático e que é colocado no meio ambiente via sistema

efluentes de águas residuais (MONTAGNER, et al., 2013). O triclosan é amplamente usado

como agente antimicrobiano em produtos de cuidados pessoais como sabonetes, shampoos,

loções e filtros solares. Tem sido mostrado sua concentração no esgoto e devido sua

hidrofobicidade é reportado sua persistência no esgoto e nas águas (ROBERTS et al., 2015).

Os conservantes, como os parabenos, apresentam risco mínimo ambiental aos

organismos aquáticos (BRAUSCH et RANDI, 2010).

As águas residuais urbanas constituem uma das principais fontes de químicos nos

ambientes aquáticos, e os parabenos não escapam desta regra. De fato, a maioria dos

parabenos são detectados no esgoto. Sendo o methylparaben e propylparaben são os mais

abundantes parabenos no esgoto, com valores até 30,000 ng/L e 20,000 ng/L,

respectivamente. Ethylparaben, butylparaben e isobutylparaben também são detectados, mas

em menores concentrações (HAMAN et al., 2014).

O uso massivo dos tensoativos em detergentes e formulações cosméticas e sua

subsequente liberação em sistemas aquáticos requerem que os tensoativos sejam

ambientalmente amigáveis. Isso implica em baixa toxicidade e tensoativos (LECHUGA et al.,

2015).

Os tensoativos aniônicos são rapidamente biodegradáveis no tratamento de águas e na

superfície da água, limitando sua possível exposição a organismos aquáticos sob condições

ambientais. Ainda tem potencial limitado para bioacumulação e baixas concentrações medidas

em diferentes compartimentos aquáticos, portanto não é esperado desta categoria por risco aos

organismos devido ao baixo nível de exposição e biodisponibilidade na superfície da água

42

(KÖNNECKER et al., 2011).

A análise de parâmetros relacionados à ecotoxicidade de matérias-primas utilizadas

nestas categorias de produtos cosméticos é de fundamental importância, priorizando as mais

sustentáveis para o meio aquático e que ofereçam menor impacto ambiental.

6.1. Filtros UV

Os filtros UV (ultravioleta) são uma ampla classe de substâncias que tem recebido

atenção na imprensa científica durante muitos anos. São utilizados em uma vasta gama de

produtos cosméticos para proteger os produtos e/ou a pele dos danos causados pelos

ultravioletas (ENVIRONMENT AGENCY, 2008).

Os filtros UV provenientes dos produtos filtros solares são liberados no meio ambiente

aquático diretamente na superfície da água de atividades recreacionais e indiretamente pelo

tratamento de esgoto relacionado as atividades domésticas como banhos, depois do uso de

shampoos por exemplo (RODIL, 2009).

Filtros UV são bem conhecidos por biacumularem e estudos recentes também

indicaram seu potencial para atividade estrogênica (BRAUSCH et RANDI, 2010).

Pseudo-persistência são compostos que podem ser rapidamente degradáveis mas

devido à contínua liberação no meio ambiente, seus níveis ambientais podem ser altos

(LOMBARDO et al., 2014).

Filtros orgânicos UV são considerados como contaminantes ambientais pseudo-

persistentes, embora atualmente pouco se saiba sobre sua distribuição e impacto nos

ambientes aquáticos (VIONE et al, 2015).

Os peixes são considerados pela comunidade científica o organismo mais viável para

monitoramento da contaminação nos ecossistemas aquáticos, mas apesar disso os estudos de

bioacumulação dos filtros UV são escassos nestes organismos (FERRERO et al, 2015).

Apesar do fato da maioria dos filtros apresentarem uma alta lipofilicidade (log kow >

3), eles são levados pela água, terminando no meio ambiente. Portanto, vários filtros solares

tem sido detectados a níveis de ppb ou ppt na superfície da água e nas águas residuais, com

máximas concentrações no verão (VIONE et al, 2015).

Muitos filtros UV tem alta lipofilicidade, com valores de coeficiente de partição

octanol-água (log kow) geralmente maiores que 3. Eles foram detectados em vários

organismos aquáticos como o 4-methylbenzylidene camphor no Salmo trutta fario até 1800

43

ng/g e em mexilhões marinhos até 256 ng/g de ethylhexyl methoxycinnamate (TSUI et al.,

2014).

Os dados de log kow apresentados no trabalho de Rodil et al, são benzophenone-3 log

kow de 3,07, octocylene de 6,88, butyl methoxydibenzoylmethane 4,51, Ethylhexyl

methoxycinnamate 5,80, homosalate log kow 6,16 e ethylhexyl salicylate 5,97 (RODIL,

2009b).

A análise da água de um lago indicou a presença de sete filtros UV com concentrações

neste estudo entre 40 ng/L de Benzophenone-3 e 4381 ng/L octocrylene. Em água residuais

não tratadas vários filtros UV também foram detectados em níveis de concentrações altos

como o octocrylene a 5322 ng/L (RODIL et al., 2009).

Benzophenone-3, Ethylhexyl methoxycinnamate, 4-methylbenzylidene camphor e

octocrylene foram os poluentes predominantes nas amostras de peixes de quatro rios da

Iberia. A concentração máxima foi do Ethylhexyl methoxycinnamate com 241,7 ng/g

(FERRERO et al, 2015).

Geralmente os filtros UV não são rapidamente biodegradáveis mas são eliminados da

fase aquática devido à adsorção e fotodegradação. A ecotoxicidade da maioria destes

compostos é significativa (TOLLS et al., 2009). Quase 50% dos filtros UV investigados

aprovados para uso em cosméticos de acordo com o regulamento europeu e sua classificação

foram identificados como sendo perigosos ao meio ambiente aquático, sendo o Butyl

Methoxydibenzoylmethane classificado como rapidamente biodegradável e com uma

toxicidade aquática entre 1 e 10mg/L, o Ethylhexyl Methoxycinnamate também com

toxicidade aquática de 1 mg/L e BCF >500, o Ethylhexyl salicylate com toxicidade de 1 a 10

mg/L e BCF> 500 e o Octocrylene sendo bioacumulativo e não rapidamente biodegradável

(SOBEK et al., 2013).

Avaliação de risco mostrou que a 4-methylbenzylidene camphor apresentou alto risco

para as algas, enquanto a benzophenone-3 e o ethylhexyl methoxycinnamate apresentaram

maior risco para os peixes e para os corais em Hong Kong (TSUI et al., 2014).

Segundo Rodin e colaboradores em 2009 todos os filtros UV podem ser determinados em

amostras de esgoto em concentrações entre 920 e 3893 ng/g para a maioria dos filtros UV 4-

Methylbenzelidene camphor, Octocrylene e Ethylhexyl triazone (RODIL, 2009b).

Ainda há o acúmulo na cadeia alimentar do ethylhexyl methoxycinnamate, com

concentrações em peixes de seis rios suiçoes de até 337 ng/g. O acúmulo desses compostos

em organismos é um problema por que os filtros UV e seus metabólitos tem mostrado

44

interferir com a função endócrina pela ativação de estrógenos ambientais tanto in vitro como

in vivo (TSUI et al., 2014).

O Ethylhexyl methoxycinnamate é uns dos filtros UVB mais usados no mundo, sendo

incluído na lista de químicos de maiores volumes no Europa com mais de 1000 toneladas por

ano. Ele já foi encontrado em peixes e mariscos a níveis de ng/g, o que sugere que podem se

bioacumular na cadeia trófica. A ocorrência muito difundida no ambiente de ethylhexyl

methoxycinnamate e seus efeitos negativos também na saúde mostra a importância de avaliar

a persistência e transformação ambiental (VIONE et al, 2015).

6.2. Conservantes

Muitos produtos de cuidados pessoais precisam de conservantes para aumentar sua

estabilidade e prevenir crescimento de bactérias e fungos. As concentrações dos conservantes

nos produtos são geralmente pequenas, então suas concentrações no sistema de águas são

abaixo do limiar de ação biocida. Aldeídos, álcools e ácidos, assim como os parabenos usados

como conservantes são rapidamente biodegradáveis e apresentam toxicidade moderada aos

organismos aquáticos com valores de LC/EC50 entre 10 a 100 mg/L. Como resultado, a

avaliação dessas substâncias não indica um risco ambiental (TOLL et al., 2009).

O Triclosan é um bactericida de amplo espectro, altamente tóxico para algas, que é

lançado no meio ambiente via águas residuais de efluentes. Possui log kow de 4,8, o que o faz

persistente e bioacumulativo. Segundo Montagner et colaboradores (2013), o triclosan deve

ser considerado como um poluente prioritário e incluído nas legislações no Brasil para

promover a proteção do ambiente aquático (MONTAGNER, et al., 2013).

Conforme legislação, o máximo permitido no Brasil pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA), é de 0,3% de triclosan em produtos de higiene pessoal,

cosméticos e perfumes (RESOLUÇÃO - RDC Nº 29, 2012). Na Europa esta matéria prima já

foi banida e não pode ser mais utilizado em produtos cosméticos segundo legislação europeia

(COMMISSION REGULATION (EU) Nº 358/201, 2014).

O aumento do uso de triclosan em produtos de cuidados pessoais levou a um aumento

nos níveis ambientais num período curto de tempo. Em 2006, a concentração média de

triclosan na Carolina do Sul foi de 0,63 ng/L. E em 2008 sua concentração alcançou 7,5 ng/L.

Os organismos aquáticos são altamente sensíveis a exposição ao triclosan, sendo sua LC50 de

0,352 mg/L (HOPPER et al., 2015).

45

Os parabenos são conservantes muito utilizados em cosméticos, produtos

farmacêuticos e alimentos. Um estudo relatou que em 1987 mais de 7000 kg de parabenos

foram utilizados em cosméticos e esse número só aumentou nos últimos 20 anos (BRAUSCH

et RANDI, 2010). No início dos anos 2000, a produção dos parabenos na União Europeia

variou de 10 a 100 toneladas por ano (HAMAN et al., 2014).

Apenas em cosméticos, os parabenos são encontrados em mais de 22.000 produtos

com máxima concentração de 0,4% para cada tipo de parabenos e 0,8% em combinações

(HAMAN et al., 2014).

Os parabenos são considerados conservantes ideais pois tem um alto espectro de

atividade antimicrobiana, são altamente estáveis em relação a variação de pH, são

relativamente seguros para uso e tem baixo custo. No entanto, em 2004 um estudo britânico

sugeriu uma relação entre parabenos e o câncer de mama. Estudos anteriores sugeriram os

parabenos como disruptores endócrinos. Durante os últimos anos, os parabenos tem sido

incriminados, embora os resultados sobre seu risco decorrentes de seu uso sejam

inconclusivos (HAMAN et al., 2014).

Segundo Brausch e Randi, 2010, os resultados indicam que há efeitos nos organismos

aquáticos continuamente expostos aos parabenos, no entanto dados preliminares de

concentrações ambientais sugerem apenas um risco mínimo aos organismos aquáticos

(BRAUSCH et RANDI, 2010). Ainda a Agência de Proteção Ambiental da Dinamarca

avaliou o methylparaben e propylparaben e considerou ambos sendo de rápida

biodegradação, que não são esperados se bioacumularem nos organismos aquáticos e

apresentam baixa a moderada toxicidade aquática (DANISH ENVIRONMENTAL

PROTECTION AGENCY, 2015).

De acordo com um estudo realizado por Carlsson et al., (2005), o methylparaben é

altamente biodegradável, não tem potencial de se bioacumular e a sua toxicidade aquática

apresenta os valores de LC50 que variam de 10-100 mg/L, e o PEC/ PNEC de 0,0112, bem

abaixo de 1 o que pode-se concluir que não há risco ambiental (CARLSSON et al., 2005). E a

agência ambiental dinamarquesa concluiu que o methylparaben é rapidamente biodegradável

(>90%) no ambiente aquático, que não tem tendência a se bioacumular baseado no valor do

log kow 1,96, e é considerado moderadamente tóxico ao ambiente aquático com LC50 de 23

mg/L (OFFICE OF PREVENTION. PESTICIDES, AND TOXIC SUBSTANCES, 2005). E

no estudo de Haman e colaboradores o methylparaben apresenta log kow de 1,96 e o

propylparaben log kow de 3,04 (HAMAN et al., 2014).

46

Os parabenos, segundo Haman e colaboradores podem ser rapidamente

biodegradáveis, apresentam tempo de meia vida estimado entre 9,6 e 35,2 horas. Baseado no

fator de bioconcentração e no log kow calculado, o potencial de bioconcentração nos

organismos aquáticos é baixo para o methylparaben, ethylparaben, moderado para

propylparaben e alto para butylparaben (HAMAN et al., 2014).

Outro conservante o phenoxyethanol, muito utilizado nas formulações cosméticas

enxaguáveis foi avaliado pela Agência de proteção ambiental dinamarquesa e foi considerado

rapidamente biodegradável de acordo com a OECD 301, não é esperado se bioacumular e

apresenta baixa toxicidade aquática. (DANISH ENVIRONMENTAL PROTECTION

AGENCY, 2015). Os conservantes e antimicrobianos são amplamente utilizados em

cosméticos e sua presença nas águas dos rios é uma preocupação. Em 13 locais de rios

japoneses contaminados pelo esgoto doméstico ou efluentes industriais, os mais detectados

foram o 2-phenoxyethanol, isopropylmethylphenol, resorcinol, e triclosan, sendo a máxima

concentração detectada de phenoxyethanol de 14000 ng/L. O resultado sugere que a maior

fonte de 2-phenoxyethanol foram cosméticos e detergentes domésticos (KIMURA et al.,

2014).

Os resultados apresentados no estudo de Kimura e colaboradors mostram log kow do 2-

phenoxyethanol de 1,2 do methylparaben de 1, 96; ethylparaben 2,47; propylparaben 3,04;

isopropylparaben 2,91; butylparaben 3,57; e resorcinol de 0,93 (KIMURA et al., 2014).

O conservante benzyl alcohol também foi avaliado pela agência de proteção ambiental

dinamarquesa e foi considerado ter rápida biodegradação de acordo com a OECD 301, não é

esperado se bioacumular, com log kow de 1,1 e tem baixa toxicidade aquática com LC50 460

mg/L em peixes e PEC/PNEC de 0,1 (DANISH ENVIRONMENTAL PROTECTION

AGENCY, 2015).

6.3. Tensoativos

Os tensoativos são classificados em não-iônicos, aniônicos e catiônicos, sendo os mais

usados os aniônicos (COWAN-ELLSBERRY et al., 2014).

Tensoativos aniônicos, historicamente o tipo de tensoativos mais comum e antigo, tem

sido usados com sucesso nos processos biotecnológicos e industriais, incluindo a indústria de

cosméticos (LECHUGA et al., 2015).

47

A maioria dos tensoativos utilizados nos produtos de cuidados pessoais são

rapidamente biodegradáveis, e as formulações de produtos de alto volume apresentam

tensoativos como um ingrediente fundamental em todos os produtos enxaguáveis em

concentrações relativamente altas. Considerando a sua ecotoxicidade e a grande quantidade

utilizada nos produtos, os tensoativos são certamente a categoria de ingredientes mais

relevante para o potencial impacto ambiental dos produtos. (TOLLS et al., 2009).

Tensoativos tem a característica de uma de milhares de cadeias de hidrocarbonetos que

formam uma parte lipofílica da molécula e uma ou milhares de grupos polares que formam a

parte hidrofílica (LECHUGA et al., 2015).

Depois de seu uso, os tensoativos assim como seus produtos são principalmente

descartados no tratamento de esgoto e depois dispersos no meio ambiente pela liberação de

efluentes na superfície das águas. O risco ambiental dos tensoativos dependem da

concentração final atingida no meio aquático. A concentração do tensoativo e portanto seu

possível efeito tóxico são reduzidos pela degradação dos tensoativos através da atividade

microbiana, primeira transformação que ocorre no meio ambiente. Mesmo assim, os produtos

tóxicos liberados no processo de biodegradação podem bioacumular e seus efeitos a longo

prazo não são suficientemente bem conhecidos. Além disso, a degradação do surfactante

depende das condições que a biodegradação acontece. Sob condições aeróbicas, a maioria dos

surfactantes são degradáveis ou rapidamente biodegradáveis. No entanto, sob condições

anaeróbias, são persistentes (LECHUGA et al., 2015).

A avaliação de risco dos tensoativos aniônicos demonstra que embora sejam

utilizados em alto volume e amplamente lançados no meio ambiente, não apresentam risco ao

ambiente aquático nos níveis de concentrações (2011) utilizados (COWAN-ELLSBERRY et

al., 2014). Ainda segundo Konnecker e colaboradores, os tensoativos aniônicos tem rápida

biodegradação, baixa concentração nos compartimentos ambientais e por isso são de baixa

preocupação para o meio ambiente (KONNECKER et al., 2011).

Consequentemente, o uso desses tensoativos não está associado ao risco para

organismos aquáticos, pois são rapidamente biodegradáveis e não diferem muito na

toxicidade aquática (TOLLS et al., 2009).

48

6.4 Silicones

Octamethylcyclotetrasiloxane (D4), decamethylcyclopentasiloxane (D5) e

dodecamethylcyclohexasiloxane (D6), são silicones que estão presentes em 16% dos produtos

cosméticos, sendo o D5 o mais utilizado. A utilização do D5 e D6 aumentou dez vezes nos

últimos 25 anos segundo a EPA para mais de 225,000 e 22,500 toneladas, respectivamente. E

na Europa a quantidade de D4, D5 e D6 usados anualmente em produtos de cuidados pessoais

são estimados pela Agência Ambiental do Reino Unido em 579, 17.300 e 1.989 toneladas em

2004, respectivamente (DUDZINA, et al., 2013).

A ECHA coletou e avaliou vários estudos relevantes das propriedades do D4 e D5 de

persistência, bioacumulação e toxicidade e concluiu baseado nas informações disponíveis que

o D4 atende o critério para persistência, bioacumulação e toxicidade no ambiente e muito

persistente e muito bioacumulativo (vPvB), devido sua persistência nos sedimentos e alta

bioconcentração em peixes (DUDZINA, et al., 2013).

7. CONCLUSÕES

Atualmente somente as grandes empresas do setor de cosméticos atuam na avaliação

ecotoxicológica com o objetivo de minimizar o impacto dos produtos em ambientes

aquáticos.

Pesquisas adicionais são necessárias para entender as concentrações ambientais, o

potencial tóxico das misturas no ambiente e potencial de bioacumulação dos produtos de

cuidados pessoais, de modo a identificar com precisão o potencial risco no ambiente aquático.

Existem evidências, conforme literaturas citadas neste trabalho, de que alguns desses

compostos são persistentes no meio ambiente, impactando os organismos em várias formas, é

necessário que todas as classes de matérias-primas utilizadas nos produtos enxaguáveis sejam

analisadas quanto ao impacto ambiental por meio do uso de estratégias de análises e

quantificação de riscos, pois pode haver diferenças entre matérias-primas pertencentes a uma

mesma classe.

Esta revisão indica a necessidade do desenvolvimento de uma estratégia integrada e

padronizada que permita a avaliação de matérias-primas cosméticas além da identificação dos

potenciais riscos para o meio ambiente aquático. Os critérios estabelecidos pelos órgãos de

49

maior relevância internacional, aliados aos métodos biotecnológicos alternativos atualmente

disponíveis, direcionam para que uma análise do impacto ambiental seja estabelecida,

permitindo a seleção ou substituição das matérias primas de acordo com o impacto ambiental,

gerando assim produtos cosméticos mais sustentáveis para o meio ambiente.

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57

CAPÍTULO II

ESTRATÉGIA INTEGRADA PARA AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL

AQUÁTICO DE MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS EM PRODUTOS

COSMÉTICOS ENXAGUÁVEIS

VITA, N.A¹,²; CARVALHO C.M¹

,². CANAVEZ, A.D.P¹; KRUGER, O3

;; BROHEM, C.A¹;

LORENCINI, M¹;

1. Grupo Boticário, Departamento de Avaliação de Segurança e Eficácia, São José dos

Pinhais, Paraná.

2. Programa de Mestrado em Biotecnologia Industrial, Universidade Positivo, Curitiba,

Paraná.

3. Grupo Boticário, Departamento de Pesquisa Tecnológica, São José dos Pinhais, Paraná.

Contato: Natália de Albuquerque Vita, Grupo Boticário, Departamento de Avaliação de

Segurança e Eficácia, São José dos Pinhais, Paraná.

email: [email protected]

Apoio Financeiro: Grupo Boticário

RESUMO

O aumento da preocupação da indústria cosmética em assegurar produtos com baixo

impacto ambiental estão cada vez mais fazendo a indústria verificar toda a sua cadeia de

fornecimento, desde a sustentabilidade das matérias primas até a conservação da

biodiversidade. O objetivo deste trabalho foi propor uma estratégia integrada que permita

avaliar o impacto das matérias-primas cosméticas por meio de parâmetros relevantes em

âmbito internacional. Este estudo considerou 40 matérias-primas utilizadas em produtos

cosméticos enxaguáveis, entre estas as classes dos filtros solares, conservantes e umectantes,

definindo parâmetros para a avaliação de risco e predição dos efeitos em organismos

aquáticos. Para analisar o impacto ambiental destas matérias-primas os seguintes parâmetros

foram avaliados: bioacumulação, biodegradação, toxicidade aquática aguda e o PEC/PNEC

(Predicted Environmental Concentration (Concentração previsível no ambiente) e Predicted

No Effect Concentration (Concentração previsível sem efeitos), o qual é o quociente de risco

que avalia a exposição ambiental e toxicidade aquática. Por meio da pesquisa em banco de

58

dados, revisão da literatura científica e legislações internacionais, foram considerados e

comparados parâmetros estabelecidos por órgãos internacionais, com a Environmental

Protection Agency (EPA), Cradle to Cradle (C2C) e o Regulamento Europeu 1272/2008. Para

os dados indisponíveis em banco de dados testes experimentais foram realizados de acordo

com OECD (Organization for Economic Co-operation and Development) para determinação

dos dados de biodegradação, bioacumulação e toxicidade aquática aguda. Os resultados

obtidos neste estudo mostram que estratégias e parâmetros definidos permitem integrar

diferentes dados que caracterizam a toxicidade aquática de produtos cosméticos, sendo a

classe que apresentou maior impacto os filtros solares (Homosalate, Butyl

Methoxydibenzoylnethane, Octocrylene, Ethylhexyl Methoxycinnamate e Ethylhexyl

Salicylate), seguida do bactericida Triclosan e do emoliente Mineral Oil. Portanto, esse

trabalho mostrou ser possível por meio da ferramenta desenvolvida prever impactos

ambientais de matérias-primas presentes em produtos cosméticos enxaguáveis de forma

eficiente, possibilitando a substituição de ingredientes com maiores riscos ambientais,

oferecendo produtos cosméticos mais sustentáveis seguindo as principais diretrizes

internacionais.

Palavras-chave: ecotoxicidade; matérias-primas; impacto ambiental; toxicidade aquática.

1 INTRODUÇÃO

A importância do mercado cosmético é reconhecida mundialmente e evidenciado pelo

crescimento e movimentação de milhões de dólares anualmente. Em 2014 foram

movimentados $464.957,60 milhões de dólares no mercado cosmético no mundo, e em 2009

este valor era de $377.307,60 milhões de dólares mostrando o aumento no consumo de

cosméticos no mercado mundial (EUROMONITOR, 2014). Além deste crescimento no

mercado, o consumidor torna-se cada dia mais informado, exigente e preocupado com o

impacto ambiental das indústrias e seus produtos.

Impacto ambiental pode ser definido como o efeito de uma matéria-prima, ingrediente

ou mesmo produto acabado sobre o meio ambiente. Para determinar a extensão desse impacto

deve ser realizada uma análise sistemática do desenvolvimento proposto em relação ao

ambiente existente, sendo um processo que permite antecipar os possíveis efeitos no meio

ambiente causados pelo desenvolvimento de produtos. Isto deve ser realizado em um estágio

no processo, onde ainda podem ser feitas alterações para evitar impactos adversos. Onde os

59

efeitos quando identificados como inaceitáveis, podem ser evitados ou reduzidos durante o

processo de produção (ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 2002).

As abordagens atualmente usadas para a avaliação de risco ecológico representam a

base para o desenvolvimento de regulamentos internacionais e parecem ser suficientemente

protetoras aos ecossistemas (SCENIHR; SCCS; SCHER, 2012).

Apesar dos ingredientes de produtos de cuidados pessoais estarem entre os compostos

mais encontrados na superfície da água no mundo, a maioria das informações disponíveis na

literatura sobre ecotoxicidade se refere principalmente a produtos farmacêuticos, pesticidas,

inseticidas, lubrificantes, produtos de limpeza e ingredientes utilizados na indústria química

que são utilizados em grandes volumes, apresentando maiores riscos para o meio ambiente.

(BRAUSCH et RANDI, 2010). Produtos de cuidados pessoais são continuamente liberados

no meio ambiente aquático. Muitos desses compostos são usados em grandes quantidades e

estudos recentes têm indicado que muitos são persistentes ambientalmente, bioativos e com

potencial para se bioacumularem (BRAUSCH et RANDI, 2010).

Os produtos de cuidados pessoais são geralmente apenas levemente transformados ou

mesmo inalterados nas estações de tratamento de águas e consequentemente tem acesso ao

ambiente aquático (BU, et al., 2013).

A detecção de produtos de cuidados pessoais na superfície da água é uma preocupação

que indica que o tratamento das águas residuais domésticas podem não ser totalmente tratadas

à medida que flui ao longo das águas subterrâneas e descartadas na superfície da água (DEL

ROSARIO, et al., 2014)

Os produtos de cuidados pessoais entram na água pelas águas domésticas. Alguns

componentes não são eficientemente removidos pelo tratamento de água e entram nas águas

sem tratamento apropriado. Componentes de produtos de cuidados pessoais são os compostos

mais comumente detectados nas superfícies das águas ao redor do mundo (KIMURA et al.,

2014).

Produtos de cuidados pessoais são utilizados todos os dias, resultando em substâncias

que podem potencialmente atingir compartimentos ambientais, particularmente a água. A

relevância ambiental é evidente com a produção na Alemanha, por exemplo, de 790,000

toneladas de produtos de cuidados pessoais. Neste contexto deve-se considerar

particularmente o alto volume dos produtos enxaguáveis com alto teor na água, no entanto, os

volumes de produção das substâncias individuais dos vários produtos de cuidados pessoais

variam de 1 a 1000 toneladas por ano (TOLLS et al., 2009).

60

Devido a grande produção anual e sua ampla utilização, particularmente devido ao

aumento do risco de câncer de pele na últimas décadas, umas das classes de matérias-primas

utilizadas em produtos enxaguáveis, os filtros UV, podem entrar no ambiente aquático

indiretamente pelo esgoto, por meio de banhos e descarga industrial, devido sua remoção

incompleta e escoamento superficial (TSUI et al., 2014).

Foi reportado em diferentes pesquisas a frequência de uso dos filtros UV nos produtos

de cuidados pessoais disponíveis no mercado de diversos países; por exemplo, a porcentagem

de produtos de cuidados pessoais contendo ethylhexyl methoxycinnamate foi de 90% na

China e 51% na Suíça, e o butyl methoxydibenzoylmethane foi de 30% e 71% na China

Suiça, respectivamente (TSUI et al., 2015).

Como resultado de sua ampla aplicação e sua liberação contínua no ambiente aquático,

os filtros UV são vistos como contaminantes ambientais e há uma preocupação com seu

potencial impacto ambiental. Eles foram encontrados em várias amostras ambientais como

superfície da água, águas residuais e sedimento (TSUI et al., 2014).

Um total de 39 amostras da superfície foram coletadas de 13 pontos em Hong Kong

em 2012 e 2013 e sete de 11 filtros foram detectados nas amostras, com concentrações médias

de 100 ng/g durante o período de amostragem. Concentrações 1.5-1.7 vezes maiores foram

detectadas na estação do verão, isso pode ter sido devido ao maior uso de produtos de

cuidados pessoais contendo filtros UV durante o verão (TSUI et al., 2015).

Os filtros UV tem sido largamente encontrados nas superfícies das águas e águas residuais

em altas concentrações, até 19000 ng/L e 4000 ng/L no influente e efluente das águas

residuais, respectivamente, e até 3000 ng/Lna superfície das águas. Eles estão presentes em

altas concentrações no esgoto e sedimentos devido sua alta lipofilicidade e baixa

degradabilidade (FERRERO et al, 2015).

O triclosan é um agente antimicrobiano usado em vários produtos de cuidados

pessoais e tem sido detectado nos efluentes de tratamento de esgoto em concentrações entre

0,01 e 2,7 mg/L, principalmente devido ao fato de depois de entrar no efluente não ser

completamente removido e consequentemente liberado no meio ambiente. E mesmo depois

de sua proibição em alguns países, ele continua sendo um problema pois se agrega no esgoto e

pode ser transferido para o meio ambiente aquático persistindo por meses a anos (SILVA et

al., 2015).

O triclosan foi detectado em 58% das águas dos Estados Unidos durante 199 e 2000

em 139 córregos de 30 estados com uma concentração média de 140 ng/L e uma concentração

61

máxima medida de 2300 ng/L. E em 2011 um estudo revisou as publicações neste período e

encontrou que o triclosan foi detectado em 56.8% das amostras de águas superficiais numa

concentração média de 50 ng/L. Um dos maiores níveis de triclosan nas águas superficiais

vem dos rios da India, onde concentrações até 5160 ng/L foram encontradas. O aumento do

uso de triclosan em produtos de cuidados pessoais levou a um aumento nos níveis ambientais

num período curto de tempo. Em 2006, a concentração média de triclosan na Carolina do Sul

foi de 0,63 ng/L. E em 2008 sua concentração alcançou 7,5 ng/L. Os organismos aquáticos

são altamente sensíveis a exposição ao triclosan, sendo sua LC50 de 0,352 mg/L (HOPPER et

al., 2015).

Atualmente apenas grandes empresas de cosméticos já atuam na avaliação

ecotoxicológica com o objetivo de minimizar o impacto dos produtos em ambientes

aquáticos, e estas divulgam para o consumidor os planos e metas para o futuro em relação à

sustentabilidade, entretanto os critérios de avaliação na escolha de matérias-primas para o

desenvolvimento de seus produtos não são divulgados, sendo que diferentes critérios de

avaliação podem ser adotados por cada uma delas.

Os produtos enxaguáveis, como shampoos, condicionadores, sabonetes, óleos

corporais e filtros solares ao serem utilizados vão para o tratamento de esgoto e

consequentemente para um rio. Assim sendo, é de fundamental importância a análise de

parâmetros relacionados à ecotoxicidade de matérias-primas utilizadas nestas categorias de

produtos, e como selecionar matérias-primas mais sustentáveis para o meio aquático,

priorizando produtos cosméticos mais sustentáveis, de menor impacto ambiental. Diante da

necessidade da indústria de cosméticos em desenvolver produtos que sejam mais sustentáveis

e que tenham um menor impacto ambiental, a proposta deste trabalho foi desenvolver um

método para avaliação da toxicidade aquática das principais matérias-primas utilizadas em

produtos cosméticos enxaguáveis por meio de banco de dados internacionais, literatura e

alguns testes in vitro.

Os seguintes parâmetros foram avaliados: bioacumulação, biodegradação, toxicidade

aquática aguda e o PEC/PNEC (Predicted Environmental Concentration (Concentração

previsível no ambiente PEC) e Predicted No Effect Concentration (Concentração previsível

sem efeitos).

Sendo assim, esse trabalho traz uma nova estratégia integrada de avaliação de ingredientes

cosméticos quanto aos principais parâmetros relacionados ao potencial de risco de impacto

ambiental das matérias primas presentes em produtos cosméticos. Dessa forma, produtos com

62

menor potencial de toxicidade aquática podem ser produzidos, trazendo ganhos de

sustentabilidade para a indústria, ambiente e sociedade como um todo.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Definição do método de análise e acesso a banco de dados

A busca dos parâmetros de biodegradação, bioacumulação e toxicidade aguda, bem como

dos dados referentes às matérias-primas foi realizada por meio de revisão de literatura e

acesso a banco de dados de órgãos internacionais, como os citados abaixo:

COSING - Cosmetic Ingredients and Substances (Europa)

EPA - Environmental Protection Agency (Estados Unidos)

ECHA- European Chemicals Agency (Europa)

NICNAS- National Industrial Chemicals Notification and Assessment Scheme

(Austrália)

IUCLID- International Uniform Chemical Information Database (Europa)

NIOSH- National Institute for Occupational Safety and Health (Estados Unidos)

TOXNET- Toxicology Data Network (Estados Unidos):

REACH – Registration, Evaluation, Authorization and Restriction of Chemicals

(Europa)

REGULAMENTO 1272/2008 (Europa)

C2C- Cradle to Cradle

OECD – The Organization for Economic Co-operation and Development (Europa)

Depois de realizado o levantamento bibliográfico dos órgãos e o que eles abordavam

em suas análises, para a definição dos parâmetros a serem analisados neste trabalho os órgãos

selecionados para análise foram, EPA, C2C e Regulamento 1272/2008. Esses órgãos foram

escolhidos por representarem uma visão global sobre a toxicidade aquática dos Estados

Unidos, por meio da EPA, Europa, por meio do regulamento 1272/2008 e um órgão de

certificação, o C2C.

Com base nos parâmetros por eles estabelecidos, fez-se uma comparação dos

parâmetros que eram mais críticos de cada órgão e os valores mais críticos de cada um foram

63

considerados formando uma tabela de classificação em relação à ecotoxicidade, atendendo

aos parâmetros de todos os órgãos para a classificação das matérias-primas selecionadas

(OFFICE OF POLLUTION PREVENTION AND TOXICS U.S. (EPA), 2011; CRADLE TO

CRADLE, 2012; REGULATION (EC) No 1272/2008 OF THE EUROPEAN PARLAMENT

AND OF THE COUNCIL, 2008). De acordo com os critérios preconizados pelos três órgãos

citados acima, na tabela 1 é apresentado um compilado de cada órgão para a classificação dos

três parâmetros principais: biodegradação, bioacumulacão e toxicidade aguda.

Tabela 1 Compilado dos órgãos EPA, C2C e Regulamento 1272/2008

EPA C2CRegulamento

1272/2008EPA C2C

Regulamento

1272/2008

EPAC2C

Regulamento

1272/2008

ALTO T1/2 >60 dias T1/2 >60 dias NA BCF >1000 ou

log BCF > 3 BCF >500

BCF >500

log ≥4,0<10 <10

<10

Cat 1

agudo/Cat

cronico 1/cat

MODERADO T1/2 16-60 dias T1/2 30-60 dias NA

BCF 100-1000

ou

log BCF < 3-2

BCF 100-500 NA 10-100 10-10010-100

Cat crônico 3

BAIXOT1/2 < 16 dias

ou rapid.biodeg.

T1/2 >70% em

28 dias ou < 30

dias> 70 %

log kow <2 ou

BCF <100 ou

log BCF < 2

BCF <100

log kow <2

Peso

molecular >

1000

NA >100 >100>100 (sem

classificação)

Biodegradação

T1/2 vida ou

% (em 28 dias)

Bioacumulação

(BCF, log BCF ou Log kow)

Toxicidade Aquática

(mg/L) válido para peixes (96h), daphnia

(48h), algas (72h)Risco

*NA: sem critérios para classificação

Para a classificação de matérias primas utilizadas neste trabalho, foi realizada uma

adaptação dos três órgãos citados acima para que todos os parâmetros pudessem ser

classificados como alto, moderado ou baixo, sendo considerados os parâmetros mais críticos

de cada órgão. Para o critério de biodegradação foram utilizados os critérios da EPA, para

bioacumulação foram utilizados os do C2C, e para toxicidade aquática aguda da EPA e do

C2C visto que são iguais.

Estes foram os critérios estabelecidos para interpretação dos dados ecotoxicológicos

das matérias-primas utilizadas neste trabalho, conforme a tabela 2 abaixo.

64

Tabela 2 Adaptação da classificação com base nos órgãos EPA, C2C e Regulamento

1272/2008

Risco Biodegradação Bioacumulação Toxicidade

Aquática Aguda

ALTO T1/2 >60 dias BCF >500 ou

<10 mg/L Log kow > 3

MODERADO T1/2 16-60 dias BCF 100-500 ou

10-100 mg/L Log kow < 3-2

BAIXO T1/2 < 16 dias BCF <100 ou

>100 mg/L >70% Log kow < 2

2.2 Seleção das matérias-primas analisadas

Após estabelecimento dos parâmetros de classificação (Tabela 2), foram selecionadas 40

matérias-primas utilizadas em produtos enxaguáveis cosméticos. O critério de seleção foi com

base em matérias-primas mais utilizadas em cosméticos e também de classes específicas que

são importantes na formulação deste tipo de produto como, por exemplo, conservantes, filtros

solares e emolientes. A maioria dos dados referentes aos parâmetros de análise previamente

definidos foi encontrada por meio de revisão de literatura e acesso a banco de dados por meio

do INCI name (International Nomenclature of Cosmetic Ingredient) e CAS number

(Chemical Abstracts Service) disponíveis na base de dados COSING (COSMETIC

INGREDIENTS AND SUBSTANCES) (tabela 3).

Tabela 3 INCI name e CAS number das matérias-primas selecionadas (Continua)

Matérias-primas

CAS Number

Função

Homosalate 118-56-9 Filtro Solar

Butyl

Methoxydibenzoylmethane 70356-09-1 Filtro Solar

Ethylhexyl Salicylate 118-60-5 Filtro Solar

Octocrylene 6197-30-4 Filtro Solar

65

Tabela 3 (Continuação)

Matérias-primas

CAS Number

Função

Homosalate 118-56-9 Filtro Solar

Butyl

Methoxydibenzoylmethane 70356-09-1 Filtro Solar

Ethylhexyl Salicylate 118-60-5 Filtro Solar

Octocrylene 6197-30-4 Filtro Solar

Ethylhexyl

methoxycinnamate 5466-77-3 Filtro Solar

Behentrimonium

Methosulfate 81646-13-1 Tensoativo/Antiestático

Paraffinum Liquidum

(Mineral Oil) 8012-95-1 Emoliente/solvente

Cetyl Palmitate 540-10-3 Emoliente

C13-C15 Alkane 64742-46-7 Solvente

Octyldodecanol 5333-42-6 Emoliente

Methylparaben 99-76-3 Conservante

Triclosan 3380-34-5 Conservante/Bactericida

Cetrimonium Chloride 112-02-7 Conservante/tensoativo/ antiestático

Propylparaben 94-13-3 Conservante

Benzyl alcohol 100-51-6 Conservante

Phenoxyethanol 122-99-6 Conservante

Titanium Dioxide (CI

77891) 13463-67-7

Corante/opacificante/filtro solar

físico

Stearyl Alcohol 112-92-5 Emsulsionante/tensoativo/controlador

de viscosidade

Acrylates Copolymer 25133-97-5 Formador de filme/antiestático

66

Tabela 3 (Conclusão)

Matérias-primas

CAS Number

Função

Butyrospermum Parkii

(Shea Butter) 194043-92-0

Controlador de

viscosidade/condicionante da pele

Glycol Distearate 627-83-8 Emoliente/Emulsionante/controlador

de viscosidade

Acrylates /C10-30 Alkyl

Acrylate Crosspolymer ------

Estabilizador emulsão/formador de

filme/controlador de viscosidade

Triethanolamine 102-71-6 Regulador de pH

Polyquaternium-7 25590-05-6 Antiestático/formador de filme

Cocamidopropyl Betaine 61789-40-0 Tensoativo/antiestático

Sodium laureth

sulfate/Disodium laureth

sulfosuccinate

3088-31-1/39354-45-

5 Tensoativo

Sodium Lauryl Sulfate 151-21-3 Tensoativo

Sodium cocoamphoacetate 90387-76-1 Tensoativo

Sodium laureth sulfate 3088-31-1 Tensoativo

Dibutyl Adipate 105-99-7 Emoliente/formador de filme

Isododecane 31807-55-3 Emoliente/solvente

Vitis Vinifera Grape Seed

Oil 85594-37-2 Emoliente/condicionante pele

Sodium Astrocaryum

Murumuruate ----- Emoliente/tensoativo

Ricinus Communis Seed

Oil 8001-79-4 Condicionante da pele

Persea Gratissima Oil 8024-32-6 Condicionante da pele

Glycerin 56-81-5 Umectante/ protetor da pele

Sorbitol 50-70-4 Umectante/condicionante da pele

Propylene glycol 57-55-6 Umectante/condicionante da pele

Hexylene glycol 107-41-5 Condicionante da pele/solvente

Panthenol 81-13-0 Condicionante da pele

67

2.3 Métodos Alternativos ao uso em animais

Existem diferentes metodologias para realizar os testes ambientais, porém como a

indústria cosmética não realiza testes em animais, outras metodologias alternativas são

possíveis de serem utilizadas para realizar as avaliações ambientais.

Quando os dados referentes à bioacumulação, biodegradabilidade e toxicidade da

matéria-prima não estavam disponíveis na literatura ou banco de dados, foram realizados

testes específicos, de acordo com OECD (Organization for Economic Co-Operation and

Development) para determinação das informações necessárias de cada parâmetro para

realização completa da análise de impacto ambiental em institutos que seguiram as

metodologias segundo a OECD de cada método. Para toxicidade aquática os testes foram

realizados no laboratório Biotox Análises Ambientais Ltda (São Carlos, Brasil), para

biodegradação os testes foram realizados no Laboratório Ecolyzer Ldta (São Paulo, Brasil) e

os tetses de coeficiente de partição foram realizados no Grupo Boticário (São José dos

Pinhais, Brasil).

2.3.1 Teste de Biodegradação (OECD, 301B/1992)

O teste de biodegradação seguiu a metodologia da OECD 301 B/1992 (OECD, 1992).

O princípio do teste é avaliar a degradação da matéria-prima durante 28 dias pela

determinação de dióxido de carbono produzido. A amostra é incubada em frascos âmbar

contendo meio mineral e inóculo durante 28 dias e leituras são realizadas em dias pré-

estabelecidos titulando-se o CO2 dissolvido em hidróxido de bário até o ponto de viragem.

Em paralelo são avaliados controles negativos. O resultado é fornecido em porcentagem de

biodegradabilidade da amostra (OECD, 1992).

Outro parâmetro avaliado pelos órgãos utilizados como referências é o tempo de meia

vida que pode ser utilizado para classificar o risco da substância. Tempo de meia vida é o

tempo necessário para decompor metade de um composto quando se fala em biodegradação.

A meia vida é independente da concentração inicial dos reagentes, seguindo a cinética de

primeira ordem (ATTWOOD et al., 2003). Por isso, para padronizar e converter o valor

encontrado em porcentagem de biodegradação em tempo de meia vida foi necessário fazer um

cálculo levando em consideração a cinética de primeira ordem, conforme equação 1, 2 e 3. A

velocidade de uma reação de primeira ordem é diretamente proporcional à concentração do

68

reagente e pode ser descrita conforme a equação 4 abaixo. Assim, substituiu-se o valor de t

pelo tempo que a matéria-prima demora para se biodegradar, no caso do teste de

biodegradação são 28 dias, e a porcentagem que foi degradada durante este tempo, obtendo-se

assim o tempo de meia vida correspondente, levando em consideração que a concentração

inicial sempre será 100% (WWW.IQ.UFRGS,BR/EAD/FISICOQUIMICA/ORDEM-

_UM.HTML).

Equação 1: T1/2 = 0,693

K

Equação 2: K = Tgα = Co = ln [ ]i ÷ t

Ca [ ]f

Equação 3: T1/2 = 0,693

Ln [ ]i ÷ t

[ ]f

Equação 4: T1/2 = 0,693

Ln [100]i × t

[60]f

T: tempo

K1: constante de velocidade

Tgα: tangente de α

Co: cateto oposto

Ca []f: cateto concentração final

Ln[] i: logaritmo neperiano da concentração inicial

Ln[] f: logaritmo neperiano concentração final

2.3.2 Determinação do Coeficiente de Partição – Bioacumulação (OECD 107/1995)

Para a determinação da bioacumulação em organismos aquáticos, o teste realizado foi

por meio da determinação do coeficiente de partição octanol/água, usualmente reportada

como log kow determinada pela OECD 107/1995 (OECD, 1995). O coeficiente de partição é

69

definido como a razão entre as concentrações de equilíbrio de uma substância dissolvida num

sistema de duas fases, constituído por dois solventes praticamente imiscíveis, conforme

equação abaixo. No caso do octanol e água é geralmente dado sob a forma de logaritmo de

base dez.

Equação 5: Pow = C octanol

C água

2.3.3 Toxicidade Aguda em Algas (OECD 201B/2011)

Para determinação da toxicidade aguda foi realizado o teste de toxicidade em algas. O

teste em algas, de acordo com a metodologia referência OECD 201B/2011 (OECD, 2002). O

princípio do teste consiste em determinar os efeitos da amostra no crescimento da alga

Pseudokirchneriella subcapitata em um período de 72h. A inibição do crescimento é

apresentada por meio do EC50 (Effect Concentration), em mg/L, 72h, a qual é a concentração

da substância-teste que causa 50% de inibição do crescimento das algas (OECD, 2002). Uma

série de concentrações das substâncias-testes foram preparadas em solução aquosa e o sistema

teste foi exposto a estas concentrações, assim como a um controle sem a substância-teste, por

um período de 72 horas. O estudo foi conduzido em condições estáticas, isto é, as soluções-

teste não foram renovadas durante o período do ensaio. Os resultados do estudo foram

expressos em: EC50; 72h, a qual é a concentração da substância-teste que causa 50% de

redução na taxa de crescimento das algas expostas.

Foram utilizadas as seguintes concentrações nominais da substância-teste descritas na

tabela 4 abaixo e a densidade de células do inóculo 1,0 x 104 células/mL em cada réplica. Três

réplicas foram utilizadas para cada concentração da substância-teste e seis para o controle. A

inibição do crescimento foi determinada diariamente por meio da contagem do número de

células por volume de solução-teste (densidade celular). Após 72 horas, observou-se a

porcentagem (%) de inibição do crescimento nas concentrações utilizadas. Ao final do ensaio,

foram analisadas se as células algáceas apresentaram-se normais e saudáveis no controle e nas

demais concentrações. Após 72 horas de exposição, estabeleceu-se, por meio de análise de

regressão linear, a concentração nominal que causou 50% de redução na taxa de crescimento

da cultura de algas em relação ao controle (EC50; 72h) e o intervalo de 95% de confiança.

70

Tabela 4 Concentrações das matérias-primas testadas.

Matéria-prima testada Concentrações Utilizadas (mg/L)

Behentrimonium Methosulfate 0,15; 0,45; 1,35; 4,05 e 12,15 mg/L

Cetyl Palmitate 1,0; 3,2; 10,0; 32,0 e 100,0 mg/L

Titanium Dioxide (CI 77891) 6,25; 12,5; 25,0; 50,0 e 100,0 mg/L

Sodium Astrocaryum Murumuruate 4,77; 15,26; 48,83; 156,25 e 500,0 mg/L

Butyrospermum Parkii (Shea Butter) 0,96; 3,05; 9,76; 31,25 e 100,0 mg/L

Isododecane 1,0; 3,2; 10,0; 32,0 e 100,0 mg/L

Vitis Vinifera Grape Seed Oil 0,96; 3,05; 9,76; 31,25 e 100,0 mg/L.

Polyquaternium-7 1,49; 4,77; 15,26; 48,83 e 156,25 mg/L

Sodium Laureth Sulfate/Disodium Laureth

Sulfosuccinate

1,49; 4,77; 15,26; 48,83 e 156,25 mg/L

Sodium Cocoamphoacetate 0,75;2,25; 6,75; 20,25 e 60,75 mg/L

Ricinus Communis Seed Oil 1,0; 3,2; 10,0; 32,0 e 100,0 mg/L

Persea Gratissima Oil 0,96; 3,05; 9,76; 31,25 e 100,0 mg/L

Sorbitol 4,77; 15,26; 48,83; 156,25 e 500,0 mg/L

Panthenol 62,50; 125,0; 250,0; 500,0 e 1000,0 mg/L

2.4 Cálculo PEC/PNEC

As abordagens utilizadas atualmente para a avaliação de risco ecológico são baseadas

na comparação entre um indicador de exposição (PEC) e um indicador de efeito (PNEC)

(Concentração previsível sem efeitos), conforme figura 1.

71

Fig. 1. Esquema sobre PEC/PNEC (adaptado de SCENIHR; SCCS; SCHER, 2012)

A estimativa de risco é simplesmente calculada como a razão entre esses indicadores

(PEC/PNEC). Para a avaliação do risco utiliza-se o PEC (Predicted Environmental

Concentration), que é a concentração prevista de uma substância no meio-ambiente, com base

em informações disponíveis em relação ao seu uso e quantidade descartada, e o PNEC

(Predicted No Effect Concentration), que considera a concentração ambiental, por meio do

EC50 da substância (EUROPEAN CENTRE FOR ECOTOXICOLOGY AND TOXICOLOGY

OF CHEMICALS, 2003).

Para um resultado satisfatório da avaliação dos riscos ambientais de uma determinada

substância é necessário que a razão do PEC e o PNEC que são referidos como o quociente de

caracterização de risco, seja inferior a um (SCENIHR; SCCS; SCHER, 2012).

A fórmula utilizada neste estudo foi adaptada do cálculo PEC encontrado no

Environmental Risk Assessment Prepared by The Edinburgh Centre for Toxicology

(EDINBURGH CENTRE FOR TOXICOLOGY, 1999). Os dados utilizados para o cálculo do

PEC/PNEC estão resumidos conforme tabela 5 e equações 6 e 7.

72

Tabela 5 Valores para cálculo PEC/PNEC

A volume venda estimado ano/ 365= kg/dia = mg/dia

B % maior concentração de uso da matéria-prima (dividir por 100)

C 1 (fator considerando 100% descartado no meio)

D volume rio 763 X 10 3 m3/dia (transf. p/m3/dia)= 659.232 x 102 m3/d x 103**

* Considerou o volume do menor Rio Brasileiro (Parnaíba)- m3/segundos (AGÊNCIA

NACIONAL DE ÁGUAS MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (ANA), 2005)

** Multiplicou o volume final por 1000, para transformação de m3 para litros

O valor do PNEC pode ser calculado de várias maneiras e neste trabalho para

obtenção do PNEC foram utilizados os valores de toxicidade aquática (LC50 ou EC50) de umas

das espécies (peixes, crustáceos, algas) e divide por 1000, e para converter de mg/L para µg/L

multiplica-se por 1000, conforme equação 8. Divide-se o PEC pelo PNEC (valor de

toxicidade aquática) conforme equação 9. Se o resultado for maior que 1, a matéria-prima é

considerada como um risco ao ambiente. Modelo de cálculo do PEC/PNEC adaptado:

Equação 6: PEC = A X B X C

D X 103

Equação 7: PEC= A X B X 1,0

659.232X105

Equação 8: PNEC: EC/LC50 mg/L x 1000

1000

Equação 9: PEC/PNEC: valor PEC

EC50/LC50

2.5 Matriz de Impacto Ambiental

Para uma classificação quantitativa e comparativa das matérias primas selecionadas,

considerando os três parâmetros simultaneamente, foi utilizada como inspiração a matriz de

Leopold (LEOPOLD et al, 1971), e desenvolvida uma matriz para este trabalho por meio de

73

uma escala numérica de 1 a 6.

Abaixo segue a Tabela 6 com a pontuação de 1 a 6 para cada parâmetro avaliado,

seguindo os parâmetros definidos na tabela geral dos órgãos (Tabela 1), apenas inserindo um

risco a mais (muito alto) para diferenciar as matérias-primas de alto risco. Após atribuição de

pontuação para cada parâmetro, é possível somar a pontuação, obtendo um valor final de

classificação do impacto ambiental da matéria-prima avaliada. A pontuação pode ir de 0 a 18,

sendo que se nos três parâmetros a matéria-prima for avaliada em 6 (nota máxima) terá um

impacto final de 18.

Tabela 6 Matriz para avaliação do impacto ambiental

Biodegradação Bioacumulação Toxicidade Aquática

Aguda

Risco Limites T1/2 (dias) BCF Log

kow LC50/ EC50(mg/L) Pontuação

Baixo 0-1

0-8 <10 <1,0 >500,1 0

8,1-16 10,1-100 1,1-2 100,1-500 1

Moderado 2-3

16,1-30 100,1-250 2,1-2,5 50,1-100 2

30,1-60 250,1-500 2,6-3,0 10,1-50 3

Alto 4-5

60,1-120 500,1-2000 3,1-3,7 5,1-10 4

120,1-180 2000,1-

5000 3,8-6,0 1,1-5 5

Muito

alto 6 >180,1 >5000,1 >6,1 <1 6

A matriz relaciona o perigo desta matéria-prima, sem correlacionar com concentrações

de uso. Por isso é importante sempre analisar em conjunto com o PEC/PNEC que seria o

risco desta matéria-prima no meio relacionando com sua concentração de uso e que é

estimada ir para o meio ambiente.

74

3 RESULTADOS

As 40 matérias-primas mostradas na tabela 7 abaixo estão por ordem decrescente de impacto ambiental e mostram os dados para os

parâmetros analisados (biodegradação, bioacumulação e toxicidade aquática aguda).

Tabela 7 Resultados da avaliação das matérias-primas (Continua)

Matérias-primas

Biodegradação

(Porcentagem (%)/ Tempo de

meia vida (T ½)

Bioacumulação

(BCF/ Log kow)

Toxicidade Aquática

Aguda

(LC50/EC50 (mg/L)

Homosalate

Não é rapidamente biodegradável

10% em 28 dias T ½: 182 dias

(ENVIRONMENTAL

AGENCY, 2008)

Log kow> 6.16

(ENVIRONMENTAL

AGENCY, 2008)

LC50 0,24 mg/L peixe

(ENVIRONMENTAL

AGENCY, 2008)

Butyl Methoxydibenzoylmethane

6% em 20 dias T 1/2: 224 dias.

(ENVIRONMENTAL

AGENCY, 2008)

Log Kow 4,51

(ENVIRONMENTAL

AGENCY, 2008)

LC50 > 2,4 mg/L peixe

(ENVIRONMENTAL

AGENCY, 2008)

75

Tabela 7 (Continuação)

Matérias-primas

Biodegradação

(Porcentagem (%)/ Tempo de

meia vida (T ½)

Bioacumulação

(BCF/ Log kow)

Toxicidade Aquática

Aguda

(LC50/EC50 (mg/L)

Triclosan

37% em 28 dias

t1/2= 42 (NICNAS NATIONAL

INDUSTRIAL CHEMICALS

NOTIFICATION AND

ASSESSMENT SCHEME, 2009)

BCF 5000 ((NICNAS

NATIONAL INDUSTRIAL

CHEMICALS NOTIFICATION

AND ASSESSMENT

SCHEME, 2009)

LC50 < 1 mg/L peixe

(NICNAS NATIONAL

INDUSTRIAL

CHEMICALS

NOTIFICATION AND

ASSESSMENT SCHEME,

2009)

Octocrylene

Rapidamente Biodegradável

(ENVIRONMENTAL

AGENCY, 2008)

Log kow 6,88

(ENVIRONMENTAL

AGENCY, 2008)

LC50 0,72 mg/L peixe

(ENVIRONMENTAL

AGENCY, 2008)

Ethylhexyl Methoxycinnamate

Rapidamente Biodegradável

(ENVIRONMENTAL

AGENCY, 2008)

*testado OECD 107: Log kow

5,5

LC50 0,91 mg/L peixe

(ENVIRONMENTAL

AGENCY, 2008)

Behentrimonium Methosulfate

*testado 301B: 97,7%

t1/2: 5 dias

*testado OECD 107: log kow

5,00

*testado em algas OECD

201 B: 0,63 mg/L

76

Tabela 7 (Continuação)

Matérias-primas

Biodegradação

(Porcentagem (%)/ Tempo de

meia vida (T ½)

Bioacumulação

(BCF/ Log kow)

Toxicidade Aquática

Aguda

(LC50/EC50 (mg/L)

Mineral Oil

10% em 28 dias. T1/2: 184

dias

(CONCAWE PETROLEUM

PRODUCTS ECOLOGY

GROUP, 2001)

Log kow 4,0 - 6,0 (CONCAWE

PETROLEUM PRODUCTS

ECOLOGY GROUP, 2001)

LC50 <10000 mg/L peixe

(CONCAWE

PETROLEUM

PRODUCTS ECOLOGY

GROUP, 2001)

Ethylhexyl Salicylate

Rapidamente biodegradável

(ENVIRONMENTAL

AGENCY, 2008)

Log Kow 5,97

(ENVIRONMENTAL

AGENCY, 2008)

LC50 0,29 mg/ L peixe

(ENVIRONMENTAL

AGENCY, 2008)

C13-C15 Alkane

30% em 28 dias t1/2= 54 dias

(EUROPEAN COMISSION

EUROPEAN CHEMICALS

BUREAU ID 64742-46-7, 2000i)

Log kow 3,9-6,0

(EUROPEAN COMISSION

EUROPEAN CHEMICALS

BUREAU ID 64742-46-7,

2000i)

LC50 32 mg/L daphnia

(EUROPEAN

COMISSION EUROPEAN

CHEMICALS BUREAU

ID 64742-46-7, 2000i)

Octyldodecanol

70% em 30 dias t1/2= 17

(EUROPEAN COMISSION

EUROPEAN CHEMICALS

BUREAU ID 5333-42-6, 2000a)

Log kow ˃ 6 (EUROPEAN

COMISSION EUROPEAN

CHEMICALS BUREAU ID

5333-42-6, 2000a)

EC50: 100 mg/L algas

(EUROPEAN

COMISSION EUROPEAN

CHEMICALS BUREAU

ID 5333-42-6, 2000a)

77

Tabela 7 (Continuação)

Matérias-primas

Biodegradação

(Porcentagem (%)/ Tempo de

meia vida (T ½)

Bioacumulação

(BCF/ Log kow)

Toxicidade Aquática

Aguda

(LC50/EC50 (mg/L)

Cetrimonium Chloride

28 d (75% ) t1/2=14

(TOXICOLOGY/REGULATOR

Y SERVICES, 2001)

Log kow 3.23

(TOXICOLOGY/REGULATO

RY SERVICES, 2001)

LC50 2.24 mg/L peixe

(TOXICOLOGY/REGULA

TORY SERVICES, 2001)

Cetyl Palmitate

*testado 301B: 73,1%

t1/2: 15 dias

*testado OECD 107: log kow

14,3

*testado algas 201B: 39,35

mg/L

Titanium Dioxide (CI 77891)

*testado 301B: 84,5% T1/2: 10

dias

BCF 2,100 (NATIONAL

CENTER FOR

ENVIRONMENTAL

ASSESSMENT–RTP

DIVISION OFFICE OF

RESEARCH AND

DEVELOPMENT U.S.

ENVIRONMENTAL

PROTECTION AGENCY

(EPA), 2010)

*testado em algas 201B:

24,26 mg/L

Stearyl Alcohol

69% after 29 days

t1/2= 17 (EUROPEAN

COMISSION EUROPEAN

CHEMICALS BUREAU ID 102-

92-5, 2000e)

Log Kow=7,19

(EUROPEAN COMISSION

EUROPEAN CHEMICALS

BUREAU ID 102-92-5, 2000e)

LC50 1000 mg/L daphnia

(EUROPEAN

COMISSION EUROPEAN

CHEMICALS BUREAU

ID 102-92-5, 2000e)

78

Tabela 7 (Continuação)

Matérias-primas

Biodegradação

(Porcentagem (%)/ Tempo de

meia vida (T ½)

Bioacumulação

(BCF/ Log kow)

Toxicidade Aquática

Aguda

(LC50/EC50 (mg/L)

Sodium Astrocaryum Murumuruate

*testado 301B: 96,2%

t1/2: 6 dias

*testado OECD 107: log kow

4,9

*testado algas 201B: 10,28

mg/L

Acrylates Copolymer

1% em 28 dias . t1/2= 2897

(NATIONAL INDUSTRIAL

CHEMICALS NOTIFICATION

AND ASSESSMENT SCHEME

(NICNAS), 2012)

LC50 > 100 mg/L daphnia

(NATIONAL INDUSTRIAL

CHEMICALS NOTIFICATION

AND ASSESSMENT SCHEME

(NICNAS), 2012)

LC50 > 100 mg/L daphnia

(NATIONAL

INDUSTRIAL

CHEMICALS

NOTIFICATION AND

ASSESSMENT SCHEME

(NICNAS), 2012)

Dibutyl Adipate

Rapidamente biodegradável

(EUROPEAN COMISSION

EUROPEAN CHEMICALS

BUREAU ID 105-99-7, 2000b)

Log kow 3.82

(EUROPEAN COMISSION

EUROPEAN CHEMICALS

BUREAU ID 105-99-7, 2000b)

LC50 12 mg/L daphnia

(EUROPEAN

COMISSION EUROPEAN

CHEMICALS BUREAU

ID 105-99-7, 2000b)

Butyrospermum Parkii (Shea

Butter)

*testado 301B: 82,2%

t1/2: 11 dias

*testado OECD 107: log kow

7,2

*testado algas 201B: >

100,00 mg/L

Isododecane

*testado 301B: 88,2%

t1/2: 9 dias

*testado OECD 107: log kow

7,5

*testado algas 201B: >

100,00 mg/L

79

Tabela 7 (Continuação)

Matérias-primas

Biodegradação

(Porcentagem (%)/ Tempo de

meia vida (T ½)

Bioacumulação

(BCF/ Log kow)

Toxicidade Aquática

Aguda

(LC50/EC50 (mg/L)

Glycol Distearate

94% 28 dias

(ENVIRONMENTAL

PROTECTION AGENCY

HAZARD

CHARACTERIZATION

DOCUMENT, 2010)

Log kow 8,8

(ENVIRONMENTAL

PROTECTION AGENCY

HAZARD

CHARACTERIZATION

DOCUMENT, 2010)

LC50 2000 mg/L peixe

(ENVIRONMENTAL

PROTECTION AGENCY

HAZARD

CHARACTERIZATION

DOCUMENT, 2010)

Vitis Vinifera Grape Seel Oil

*testado 301B: 91%

t1/2: 8 dias

*testado OECD 107: log kow

7,5

*testado algas 201B: >100

mg/L

Propylparaben

T1/2: 11 dias

(http://toxnet.nlm.nih.gov/cgibin/

sis/search/a?dbs+hsdb:@term+@

DOCNO+203)

BCF 44

(http://toxnet.nlm.nih.gov/cgi-

bin/sis/search/a?dbs+hsdb:@ter

m+@DOCNO+203)

LC50 9,7 mg/L peixe

(DOBBINS, L.L; et al.,

2009)

Polyquartenium-7

*testado: 301B: 85,5%

t1/2: 10 dias

*testado OECD 107: log kow -

2,3

*testado algas 201B: 5,89

mg/L

Cocamidopropyl Betaine

*testado: 301 B 95,7%

t1/2: 6 dias

BCF 71 (SIDS INITIAL

ASSESSMENT PROFILE,

2006)

EC50: 9,86 mg/L algas

(SIDS INITIAL

ASSESSMENT PROFILE,

2006)

80

Tabela 7 (Continuação)

Matérias-primas

Biodegradação

(Porcentagem (%)/ Tempo de

meia vida (T ½)

Bioacumulação

(BCF/ Log kow)

Toxicidade Aquática

Aguda

(LC50/EC50 (mg/L)

Sodium laureth sulfate/Disodium

laureth sulfosuccinate

*testado 301B: 94,8%

t1/2: 7 dias

*testado OECD 107: log kow

1,62

*testado algas 201B: 15,13

mg/L

Methylparaben

Rapidamente biodegradável

(https://pubchem.ncbi.nlm.nih.go

v/compound/Methyl_4-

hydroxybenzoate#section=Vapor

-Pressure)

Log Kow 1,96

(https://pubchem.ncbi.nlm.nih.g

ov/compound/Methyl_4hydroxy

benzoate#section=Vapor-

Pressure)

LC50 24,6 mg/L peixe

(DOBBINS , L.L; al., 2009)

Sodium Lauryl Sulfate

95% em 28 dias

t1/2= 6 dias (JOHANSSON, O.

et al., 2012)

*testado OECD 107: log kow

0,3

LC50 29 mg/L peixe

(JOHANSSON, O. et al.,

2012)

Sodium cocoamphoacetate

Rapidamente biodegradável

(JOHANSSON, O. et al., 2012)

*testado OECD 107:log kow -

0,23

*testado algas 201B: 44,64

mg/L

Benzyl alcohol

˃90% em 30 DIAS

t1/2=9

(EUROPEAN COMISSION

EUROPEAN CHEMICALS

BUREAU ID 100-51-6, 2000c)

Log kow 1,1

(EUROPEAN COMISSION

EUROPEAN CHEMICALS

BUREAU ID 100-51-6, 2000c)

LC50 400 mg/L peixe

(EUROPEAN

COMISSION EUROPEAN

CHEMICALS BUREAU

ID 100-51-6, 2000c)

81

Tabela 7 (Continuação)

Matérias-primas

Biodegradação

(Porcentagem (%)/ Tempo de

meia vida (T ½)

Bioacumulação

(BCF/ Log kow)

Toxicidade Aquática

Aguda

(LC50/EC50 (mg/L)

Sodium laureth sulfate

65% em 28 dias

t1/2= 18 dias (STEPAN

COMPANY SUBMITTED TO

THE US ENVIRONMENTAL

PROTECTION AGENCY, 2006)

*testado OECD 107: log kow

0,3

LC50 2836 mg/L peixe

(STEPAN COMPANY

SUBMITTED TO THE US

ENVIRONMENTAL

PROTECTION AGENCY,

2006

Ricinus Communis Seed Oil

*testado 301B: 87,5%

t1/2: 9 dias

BCF 56

(http://toxnet.nlm.nih.gov/cgi-

bin/sis/search/a?dbs+hsdb:@ter

m+@DOCNO+5634)

*testado algas 201B: > 100

mg/L

Persea Gratissima Oil

*testado 301B: 97,9%

t1/2: 5 dias

*testado OECD 107: log kow:

1,00

*testado algas 201B: 78,96

mg /L

Phenoxyethanol

75% em 20 dias

t1/2=10

(EUROPEAN COMISSION

EUROPEAN CHEMICALS

BUREAU ID 122-99-6, 2000f)

Log kow 1,16

(EUROPEAN COMISSION

EUROPEAN CHEMICALS

BUREAU ID 122-99-6, 2000f)

LC50 ˃500 daphnia

(EUROPEAN

COMISSION EUROPEAN

CHEMICALS BUREAU

ID 122-99-6, 2000f)

82

Tabela 7 (Continuação)

Matérias-primas

Biodegradação

(Porcentagem (%)/ Tempo de

meia vida (T ½)

Bioacumulação

(BCF/ Log kow)

Toxicidade Aquática

Aguda

(LC50/EC50 (mg/L)

Acrylates /C10-30 Alkyl Acrylate

Crosspolymer

*testado 301B: 97,4%

t1/2: 5 dias

*testado OECD 107: log 0,36

EC50 > 100 mg/L daphnia

(NATIONAL

INDUSTRIAL

CHEMICALS

NOTIFICATION AND

ASSESSMENT SCHEME

(NICNAS), 2012)

Glycerin

93% após 30 dias

t1/2= 8

(EUROPEAN COMISSION

EUROPEAN CHEMICALS

BUREAU ID 56-81-5, 2000d)

Log kow - 2.66

(EUROPEAN COMISSION

EUROPEAN CHEMICALS

BUREAU ID 56-81-5, 2000d)

LC50 > 500 mg/L daphnia

(EUROPEAN

COMISSION EUROPEAN

CHEMICALS BUREAU

ID 56-81-5, 2000d)

Triethanolamine

Rapidamente biodegradável

(EUROPEAN COMISSION

EUROPEAN CHEMICALS

BUREAU ID 102-91-6, 2000g)

*testado OECD 107: log -2,3

EC50 1386 mg/L daphnia

(EUROPEAN

COMISSION EUROPEAN

CHEMICALS BUREAU

ID 102-91-6, 2000g)

Sorbitol

81% em 14 dias T 1/2: 6 dias

(http://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov

/compound/D-

Sorbitol#section=Top)

BCF 3

(http://pubchem.ncbi.nlm.nih.go

v/compound/D-

Sorbitol#section=Top)

*testado algas 201B: >500

mg/L

83

Tabela 7 (Conclusão)

Matérias-primas

Biodegradação

(Porcentagem (%)/ Tempo de

meia vida (T ½)

Bioacumulação

(BCF/ Log kow)

Toxicidade Aquática

Aguda

(LC50/EC50 (mg/L)

Propylene glycol

Rapidamente biodegradável

(SIDS INITIAL ASSESSMENT

PROFILE OECD, 2001)

BCF 1 (SIDS INITIAL

ASSESSMENT PROFILE

OECD, 2001)

LC50 > 18000 mg/L peixe

(SIDS INITIAL

ASSESSMENT PROFILE

OECD, 2001)

Hexylene glycol

Rapidamente biodegradável

(EUROPEAN COMISSION

EUROPEAN CHEMICALS

BUREAU ID 107-41-5, 2000h)

Log kow = < 0,14

(EUROPEAN COMISSION

EUROPEAN CHEMICALS

BUREAU ID 107-41-5, 2000h)

EC50 5410 mg/L daphnia

(EUROPEAN

COMISSION EUROPEAN

CHEMICALS BUREAU

ID 107-41-5, 2000h)

Panthenol

*testado 301B: 92,8%

t1/2: 7 dias

*testado OECD 107: log kow -

1,1

*testado algas 201B:

>1000 mg/L

*Testado segundo a OECD referente ao método analisado (OECD 301B, 107 e/ou 201B).

84

Na tabela 8 abaixo estão os resultados de EC/LC50 e espécie utilizada de cada matéria-prima e seus dados de PEC e PEC/PNEC.

Tabela 8 Resultados de PEC e PNEC das matérias-primas (Continua)

Matéria-Prima PEC PNEC (µg/L)

Homosalate 0,00003159 0,24

Butyl Methoxydibenzoylmethane 0,00000598 2,4

Triclosan 0,00000043 < 1

Octocrylene 0,00002826 0,72

Ethylhexyl methoxycinnamate 0,00021694 0,91

Behentrimonium Methosulfate 0,00013490 0,63

Mineral Oil 0,00181269 <10000

Ethylhexyl Salicylate 0,00001600 0,29

C13-C15 Alkane 0,00012840 32

Octyldodecanol 0,00003335 100

Cetrimonium Chloride 0,00009904 2.24

Cetyl Palmitate 0,00001264 39,35

Titanium Dioxide (CI 77891) 0,00000514 24,26

Stearyl Alcohol 0,00004935 1000

Sodium Astrocaryum Murumuruate 0,00000235 10,28

Acrylates Copolymer 0,00032408 100

Dibutyl Adipate 0,00005308 12

Butyrospermum Parkii (Shea

Butter) 0,00010031 100,00

85

Tabela 8 (Continuação)

Matéria-Prima PEC PNEC (µg/L)

Isododecane 0,00003117 100,00

Glycol Distearate 0,00000723 2000

Vitis Vinifera Grape Seel Oil 0,00053811 >100

Propylparaben 0,00000005 9,7

Polyquartenium-7 0,00002984 5,89

Cocamidopropyl Betaine 0,00032649 9,86

Sodium laureth sulfate/Disodium

laureth sulfosuccinate 0,00027637 15,13

Methylparaben 0,00000028 24,6

Sodium Lauryl Sulfate 0,00001817 29

Sodium cocoamphoacetate 0,00012351 44,64

Benzyl alcohol 0,00000408 400

Sodium laureth sulfate 0,00691571 2836

Ricinus Communis Seed Oil 0,00000670 > 100

Persea Gratissima Oil 0,00001468 78,96

Phenoxyethanol 0,00000870 ˃500

Acrylates /C10-30 Alkyl Acrylate

Crosspolymer 0,00000203 > 100

Glycerin 0,01155683 > 500

Triethanolamine 0,00008937 1386

Sorbitol 0,00003142 >500

86

Tabela 8 (Conclusão)

Matéria-Prima PEC PNEC (µg/L)

Propylene glycol 0,00368264 > 18000

Hexylene glycol 0,00021784 5410

Panthenol 0,00000273 >1000

Na tabela 9 abaixo as matérias-primas estão classificadas na forma da matriz, sendo que foram avaliadas e pontuadas para cada parâmetro

analisado de acordo com os dados disponíveis na tabela 6. A pontuação de cada parâmetro, foi somada e foi possível obter a pontuação final da

matéria-prima na avaliação do seu impacto ambiental, além do cálculo do valor do PEC/PNEC de cada matéria-prima.

Tabela 9 Resultados da classificação com base na matriz (Continua)

Matérias-primas

Biodegradação

Biocumulação

Toxicidade Aquática

Aguda

Índice de

Impacto

Ambiental

PEC/PNEC (µg/L)

Homosalate 6 6 6 18 0,00013160

Butyl

Methoxydibenzoylmethane 6 5 5 16 0,00000249

Triclosan 3 5 6 14 0,00000043

87

Tabela 9 (Continuação)

Matérias-primas

Biodegradação

Biocumulação

Toxicidade Aquática

Aguda

Índice de

Impacto

Ambiental

PEC/PNEC (µg/L)

Octocrylene 0 6 6 12 0,00003925

Ethylhexyl methoxycinnamate 0 5 6 11 0,00023840

Behentrimonium Methosulfate 0 5 6 11 0,00021413

Mineral Oil 6 5 0 11 0,00000018

Ethylhexyl Salicylate 0 5 6 11 0,00005517

C13-C15 Alkane 3 5 3 11 0,00000401

Octyldodecanol 2 6 2 10 0,00000033

Cetrimonium Chloride 1 4 5 10 0,00004421

Cetyl Palmitate 1 6 3 10 0,00000032

Titanium Dioxide (CI 77891) 1 5 3 9 0,00000021

Stearyl Alcohol 2 6 0 8 0,00000005

88

Tabela 9 (Continuação)

Matérias-primas

Biodegradação

Biocumulação

Toxicidade Aquática

Aguda

Índice de

Impacto

Ambiental

PEC/PNEC (µg/L)

Sodium Astrocaryum

Murumuruate 0 5 3 8 0,00000023

Acrylates Copolymer 6 0 1 7 0,00000324

Dibutyl Adipate 0 4 3 7 0,00000442

Butyrospermum Parkii (Shea

Butter) 1 6 0 7 0,00000100

Isododecane 1 6 0 7 0,00000031

Glycol Distearate 0 6 0 6 0,000000004

Vitis Vinifera Grape Seel Oil 0 6 0 6 0,00000538

Propylparaben 1 1 4 6 0,000000005

Polyquartenium-7 1 0 4 5 0,00000507

Cocamidopropyl Betaine 0 1 4 5 0,00003311

89

Tabela 9 (Continuação)

Matérias-primas

Biodegradação

Biocumulação

Toxicidade Aquática

Aguda

Índice de

Impacto

Ambiental

PEC/PNEC (µg/L)

Sodium laureth

sulfate/Disodium laureth

sulfosuccinate

0 1 3 4 0,00001827

Methylparaben 0 1 3 4 0,00000001

Sodium Lauryl Sulfate 0 0 3 3 0,00000063

Sodium cocoamphoacetate 0 0 3 3 0,00000277

Benzyl alcohol 1 1 1 3 0,00000001

Sodium laureth sulfate 2 0 0 2 0,00000244

Ricinus Communis Seed Oil 1 1 0 2 0,00000007

Persea Gratissima Oil 0 0 2 2 0,00000019

Phenoxyethanol 1 1 0 2 0,00000002

Acrylates /C10-30 Alkyl

Acrylate Crosspolymer 0 0 1 1 0,00000002

Glycerin 0 0 0 0 0,00002311

90

Tabela 9 (Conclusão)

Matérias-primas

Biodegradação

Biocumulação

Toxicidade Aquática

Aguda

Índice de

Impacto

Ambiental

PEC/PNEC (µg/L)

Triethanolamine 0 0 0 0 0,00000006

Sorbitol 0 0 0 0 0,00000006

Propylene glycol 0 0 0 0 0,00000020

Hexylene glycol 0 0 0 0 0,00000004

Panthenol 0 0 0 0 0,000000003

91

As matérias-primas mostradas na tabela acima estão por ordem decrescente de

impacto ambiental. Pela pontuação atribuída é possível avaliar o impacto de cada parâmetro

analisado. Valores com pontuação de 0-1 tem risco baixo; 2-3 risco moderado; 4-5 risco alto e

6 risco muito alto, conforme tabela 3. Somando a pontuação dos três parâmetros

(biodegradação, bioacumulação e toxicidade aquática aguda) tem-se o valor final de impacto

ambiental da matéria-prima considerando os três parâmetros, sendo o valor de impacto

ambiental máximo de 18.

Por meio da matriz é possível verificar que as matérias-primas que apresentam maior

impacto ambiental são os filtros solares Homosalate, Butyl Methoxydibenzoylmethane,

seguido pelo Triclosan que é um bacteriostático, além de outros filtros solares, Octocrylene e

Ethylhexyl Methoxycinnamate.

Vale ressaltar sobre o Mineral Oil (óleo mineral), sendo uma de suas desvantagens a

baixa biodegradabilidade e seu potencial de poluição ao meio ambiente a longo prazo

(WILLING, 2001). Além de ser muito utilizado e a base principal para óleos de banho,

(sendo às vezes 80% da fórmula), tendo alto impacto e classificado como o sétimo com maior

impacto dentre as 40 matérias-primas avaliadas neste trabalho.

4. DISCUSSÃO

Este trabalho demonstra que é possível utilizar uma estratégia integrada de análise do

impacto ambiental de cada matéria-prima de forma visual e quantitativa, por meio de uma

matriz para a escolha ou substituição de matérias-primas no desenvolvimento de produtos

cosméticos mais sustentáveis. Na matriz foram utilizados os valores estabelecidos pelos

órgãos internacionais previamente selecionados para esta avaliação, segundo a EPA,

Regulamento 1272/2008 e C2C.

Depois de estabelecida a escala numérica relacionando com os parâmetros definidos,

como biodegradação, bioacumulação e toxicidade aquática aguda, foram atribuídos os valores

respectivos aos dados das matérias-primas e a cada uma foi atribuído um valor de impacto

ambiental, sendo possível comparar e selecionar as melhores opções de matérias-primas no

desenvolvimento dos produtos cosméticos mais sustentáveis servindo como instrumento de

auxílio para planos relacionados a ecotoxicidade.

Concomitantemente, é possível utilizar o valor do PEC/PNEC para avaliar o perigo

desta matéria-prima considerando sua concentração e o volume utilizado pela indústria. O

PEC/PNEC é bastante utilizado, porém não foi encontrado nenhum estudo que apresentasse

92

um cálculo que atendesse a realidade da indústria cosmética, por isso foi necessário fazer uma

adaptação do cálculo de PEC/PNEC segundo o Environmental Risk Assessment Prepared by

The Edinburgh Centre for Toxicology (EDINBURGH CENTRE FOR TOXICOLOGY, 1999)

adequando à realidade. O método da razão PEC/PNEC é um método amplamente aceito para

estimar o risco associado ao lançamento de novas substâncias e a revisão das existentes. A

razão PEC/PNEC fornece um resultado numérico, e é geralmente considerado ser uma medida

quantitativa de risco (CUMMING, 2008).

É preciso sempre analisar o valor do PEC/PNEC que seria a análise do risco da

matéria-prima considerando a concentração de uso e que vai ser destinada ao meio ambiente

com o índice de impacto ambiental gerado pela matriz, que considera apenas o perigo da

matéria-prima sem correlacionar com concentrações de uso.

Assim pode-se observar na tabela 9 que apesar de algumas matérias-primas

apresentarem alto valor de impacto ambiental, devido sua baixa concentração de uso os

valores de PEC/PNEC permanecem baixos e não apresentam risco ao meio ambiente pois

estão todos inferiores a 1.

É importante ressaltar que esta análise é realizada considerando os valores de apenas

um fabricante de produtos cosméticos e se fosse possível realizar o cálculo considerando o

volume utilizado por outras empresas, provavelmente este valor ficaria acima. Por isso é um

valor que demonstra que com o volume utilizado atualmente não há um alto risco, mas é um

valor para orientar no desenvolvimento de novos cosméticos para que não sejam introduzidas

novas matérias-primas de alto impacto. Além disso, neste trabalho não foi considerado o

efeito Hormesis, que é comumente definido como um efeito causado pela exposição a baixas

doses de um químico conhecido por ser tóxico a altas doses (HASHMI et al., 2015).

Dentre as matérias primas analisadas, os filtros solares foram os que apresentaram um

maior impacto ambiental. A preocupação com os efeitos nocivos da radiação ultravioleta

(UV) em humanos causou um aumento da necessidade de utilização de filtros UV. Eles são

usados nos filtros solares e produtos cosméticos para proteção contra a radiação UV. Os

filtros UV tem acesso ao meio ambiente por meio de duas formas: indiretamente via efluente

ou diretamente desprendendo ao nadar e outras atividades recreacionais. Um estudo estimou

que até 1263 mg de filtro UV são aplicados por pessoa diariamente resultando em até 966 kg

de filtro UV lançado direto nos pequenos lagos na Suíça por ano (BRAUSCH et RANDI,

2010). Embora os filtros UV sejam usados em alta quantidade e entrem no ambiente aquático,

pouco se sabe sobre sua concentração ambiental devido à ausência de métodos analíticos.

Filtros UV são bem conhecidos por bioacumularem e estudos recentes também indicaram seu

93

potencial para atividade estrogênica (BRAUSCH et RANDI, 2010). Geralmente os filtros UV

não são rapidamente biodegradáveis, mas são eliminados da fase aquática devido à adsorção e

fotodegradação.

Os filtros UV mais frequentes em produtos cosméticos segundo estudo de Manová et

al., foram butyl methoxydibenzoylmethane detectado em 82 produtos (71%), ethylhexyl

methoxycinnamate em 59 produtos (51%) e octocrylene em 50 produtos (43%). Estes

apresentaram uma concentração média de uso de 2,6% do butyl methoxydibenzoylmethane,

4% ethylhexyl methoxycinnamate e 6% de octocrylene (MANOVÁ et al., 2012).

Valores relevantes de octocrylene, 89-782 ng/g foram recentemente determinados em

mamíferos marinhos ao longo da costa Brasileira e do Ethylhexyl methoxycinnamate que foi

detectado em crustáceos e moluscos em concentrações até 22,5ng/g e mais do que 300 ng/g

em peixes. A mais alta concentração, acima de 700 ng/g, foi determinada em pássaros

comendo peixes, sugerindo a transferência trófica do Ethylhexyl methoxycinnamate no

ecossistema aquático (FERRERO et al, 2015).

A ecotoxicidade da maioria destes compostos é significativa; com valores de

toxicidade aguda de EC/LC50 de aproximadamente 1 mg/L (TOLLS et al., 2009). Quase 50%

dos filtros UV investigados e aprovados para uso em cosméticos de acordo com o

regulamento europeu foram identificados como sendo perigosos ao meio ambiente aquático.

Dentre os filtros, o Butyl Methoxydibenzoylmethane é classificado como rapidamente

biodegradável e com uma toxicidade aquática entre 1 e 10mg/L; o Ethylhexyl

Methoxycinnamate também com toxicidade aquática de 1 mg/L e BCF >500; o Ethylhexyl

salicylate com toxicidade de 1 a 10 mg/L e BCF> 500 e o Octocrylene sendo bioacumulativo

e não rapidamente biodegradável (SOBEK et al., 2013). Estas informações foram confirmadas

pelos resultados obtidos neste estudo, onde todos os filtros solares avaliados (Homosalate,

Butyl Methoxydibenzoylmethane, Octocrylene, Ethylhexyl salicylate e Ethylhexyl

Methoxycinnamate) apresentaram alto índice de bioacumulação e toxicidade aquática com

classificação na matriz entre 5 e 6, correspondendo a alto risco. Este é um desafio que a

indústria vai ter de encontrar filtros solares que apresentem um menor impacto ambiental e

que tenha uma boa performance nas formulações cosméticas.

O mineral oil é amplamente utilizado no desenvolvimento de produtos cosméticos,

apresenta pouca biodegradabilidade e por isso possui alto potencial para poluição do meio

ambiente a longo prazo (WILLING, 2001) o que confirma a análise realizada neste estudo,

quando apresentou nota 6 (risco alto) para biodegradação e consequentemente nota 5 (risco

alto), para bioacumulação, já para toxicidade aquática apresentou valor zero (risco baixo), e o

94

índice de impacto ambiental final de 11, sendo considerado um impacto altamente relevante.

Muitos produtos de cuidados pessoais precisam de conservantes para aumentar sua

estabilidade e prevenir crescimento de bactérias e fungos. As concentrações dos conservantes

nos produtos são geralmente baixas, então suas concentrações no sistema de águas estão

abaixo do limiar de ação biocida. Aldeídos, álcools e ácidos, assim como os parabenos usados

como conservantes são rapidamente biodegradáveis e apresentam toxicidade moderada aos

organismos aquáticos com valores de LC/EC50 entre 10 a 100 mg/L. Como resultado, a

avaliação dessas substâncias não indica um risco ambiental (TOLLS et al., 2009).

O Triclosan é um bactericida de amplo espectro, altamente tóxico para algas, que é

lançado no meio ambiente via águas residuais de efluentes. Possui log kow de 4,8, o que o faz

persistente e bioacumulativo. Segundo Montagner et al (2013), o triclosan deve ser

considerado como um poluente prioritário e incluído nas legislações no Brasil para promover

a proteção do ambiente aquático (MONTAGNER et al., 2013). Isso corrobora com os

resultados obtidos neste estudo onde o triclosan foi a terceira matéria-prima com maior

impacto ambiental, com valor na matriz de 14, com nota 3 em biodegradação, sendo risco

moderado, e notas de 5 e 6 na bioacumulação e toxicidade aquática respectivamente,

mostrando alto risco. Apesar disso, o valor do PEC/PNEC está baixo 0,00000043, devido sua

baixa concentração de uso. Conforme legislação, o máximo permitido no Brasil pela Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), é de 0,3% em produtos de higiene pessoal,

cosméticos e perfumes (RESOLUÇÃO - RDC Nº 29, 2012). Na Europa esta matéria prima já

foi banida e não pode ser mais utilizado em produtos cosméticos segundo legislação europeia.

(COMMISSION REGULATION (EU) Nº 358/201, 2014).

Os parabenos são conservantes muito utilizados em cosméticos, produtos

farmacêuticos e alimentos. Um estudo relatou que em 1987 mais de 7000 kg de parabenos

foram utilizados em cosméticos e esse número aumentou nos últimos 20 anos (BRAUSCH et

RANDI, 2010). Existem sete tipos de parabenos que podem ser utilizados em produtos

cosméticos (benzylparaben, butylparaben, ethylparaben, isobutylparaben, isopropylparaben,

methylparaben e propylparaben), mas o methylparaben e o propylparaben são os mais

utilizados (BRAUSCH et RANDI, 2010). Segundo Brausch et Randi, 2010, o benzylparaben

e butylparaben foram os mais tóxicos para os invertebrados e peixes enquanto o

methylparaben e ethylparaben foram menos tóxicos, isso indica que o aumento do

comprimento da cadeia dos parabenos aumenta a toxicidade. Os resultados indicam que há

efeitos nos organismos aquáticos continuamente expostos aos parabenos, no entanto dados

preliminares de concentrações ambientais sugerem apenas um risco mínimo aos organismos

95

aquáticos (BRAUSCH et RANDI, 2010). Ainda a Agência de Proteção Ambiental da

Dinamarca avaliou o methylparaben e propylparaben e considerou ambos sendo de rápida

biodegradação, que não são esperados se bioacumularem nos organismos aquáticos e

apresentam baixa a moderada toxicidade aquática (DANISH ENVIRONMENTAL

PROTECTION AGENCY, 2015).

No presente trabalho, foram analisados apenas o methylparaben e o propylparaben,

sendo que o propylparaben teve um índice de impacto ambiental de 6 na matriz, sendo nota 1

para biodegradação e bioacumulação e nota 4 na toxicidade aquática aguda, confirmando que

o aumento no comprimento da cadeia aumenta a toxicidade conforme relata Brausch et Randi,

2010 quando comparado com o methylparaben, que teve índice de impacto ambiental final de

4 e mostrando que o impacto é baixo. De acordo com um estudo realizado por Carlsson et al.,

(2005), o methylparaben é altamente biodegradável, não tem potencial de se bioacumular e a

sua toxicidade aquática apresenta os valores de LC50 que variam de 10-100 mg/L, e o PEC/

PNEC de 0,0112, bem abaixo de 1 o que pode-se concluir que não há risco ambiental

(CARLSSON et al., 2005). E a agência ambiental dinamarquesa concluiu que o

methylparaben é rapidamente biodegradável (>90%) no ambiente aquático, que não tem

tendência a se bioacumular baseado no valor do log kow 1,96, e é considerado

moderadamente tóxico ao ambiente aquático com LC50 de 23 mg/L (OFFICE OF

PREVENTION. PESTICIDES, AND TOXIC SUBSTANCES, 2005). Estas informações

confirmam os resultados obtidos neste estudo, pois o methylparaben apresentou alta

biodegradação com nota 0 na matriz, correspondendo a risco baixo, baixa bioacumulação com

nota 1, sendo baixo risco, toxicidade nota 3 na matriz que corresponde a uma toxicidade

moderada (10-50 mg/L) e PEC/PNEC de 0,00000001 abaixo de 1, mostrando que não há risco

ambiental.

Outro conservante o phenoxyethanol, muito utilizado nas formulações foi avaliado

pela Agência de proteção ambiental dinamarquesa e foi considerado rapidamente

biodegradável de acordo com a OECD 301, não é esperado se bioacumular de acordo com seu

log kow de 1,2 e apresenta baixa toxicidade aquática com LC50 de 344 mg/L em peixes e

PEC/PNEC de 0,0943. Isso correlaciona com os dados encontrados neste trabalho onde o

phenoxyethanol apresentou na matriz um índice de impacto ambiental no valor de 2, sendo

considerado rapidamente biodegradável (T ½ vida de 10 dias) e baixa bioacumulação (log

kow 1,16) com nota 1 da matriz (risco baixo), e baixa toxicidade aquática (LC50 > 500 mg/L)

com nota 0 na matriz (risco baixo) e valor de PEC/PNEC de 0,00000002 (DANISH

ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 2015).

96

O conservante benzyl alcohol também foi avaliado pela agência de proteção ambiental

dinamarquesa e foi considerado ter rápida biodegradação de acordo com a OECD 301, não é

esperado se bioacumular, com log kow de 1,1 e tem baixa toxicidade aquática com LC50 460

mg/L em peixes e PEC/PNEC de 0,1 (DANISH ENVIRONMENTAL PROTECTION

AGENCY, 2015). Esses dados confirmam os valores encontrados neste trabalho, onde o

benzyl alcohol apresentou alta biodegradação (>90%), baixa bioacumulação (log kow 1,1) e

baixa toxicidade (LC50 400 mg/L) todos com nota da matriz no valor de 1 sendo considerado

baixo risco, com índice final de impacto ambiental de 3 e PEC/PNEC de 0,00000001.

O cetrimonium chloride, pode ser utilizado como conservante, tensoativo e

antiestático, foi avaliado pela Agência de Proteção Ambiental dinamarquesa e considerado

sendo de rápida biodegradação segundo OECD 301, bioacumulação com log kow de 3,08, e

toxicidade aquática com LC50 de 0,19 mg/L em peixes e PEC/PNEC de 0,000068, sendo

considerado com alta toxicidade aquática, rapidamente biodegradável e não é esperado se

bioacumular nos organismos aquáticos (DANISH ENVIRONMENTAL PROTECTION

AGENCY, 2015). De acordo com os dados da matriz o cetrimonium chloride apresentou

rápida biodegradação (75%) com nota na matriz no valor de 1 (baixo risco), apresentou log

kow de 3,23 o que correlaciona com o dado da agência dinamarquesa, porém na matriz foi

avaliado com nota 4 (alto risco) e na conclusão final da agência apesar do log de 3,08 foi

considerado como não sendo esperado se bioacumular, já a toxicidade aquática apresentou um

LC50 2,24 mg/L o que teve a nota na matriz com valor 5 (alto risco) o que correlacionou com

a conclusão da agência de que ele apresenta alta toxicidade aquática. Com índice final de

impacto ambiental 10 apresenta um impacto ambiental moderado.

Os tensoativos são classificados em não-iônicos, aniônicos e catiônicos, sendo os mais

usados os aniônicos como por exemplo o Sodium laureth sulfate, Sodium laureth

sulfate/Disodium laureth sulfosuccinate e sodium lauryl sulfate analisados neste trabalho

(COWAN-ELLSBERRY et al., 2014). A maioria dos tensoativos utilizados nos produtos de

cuidados pessoais são rapidamente biodegradáveis, e as formulações de produtos de alto

volume apresentam tensoativos como um ingrediente fundamental em todos os produtos

enxaguáveis em concentrações relativamente altas. Considerando a grande quantidade

utilizada nos produtos, os tensoativos são certamente a categoria de ingredientes mais

relevante para se fazer a avaliação do potencial impacto ambiental dos produtos (TOLLS et

al., 2009). Segundo Cowan-Ellsberry e colaboradores a avaliação de risco dos tensoativos

aniônicos demonstra que embora sejam utilizados em alto volume e amplamente lançados no

meio ambiente, não apresentam risco ao ambiente aquático nos níveis de concentrações

97

utilizados (COWAN-ELLSBERRY et al., 2014). Ainda segundo Konnecker, G.et al, 2011, os

tensoativos aniônicos tem rápida biodegradação, baixa concentração nos compartimentos

ambientais e por isso são de baixa preocupação para o meio ambiente (KONNECKER, G. et

al., 2011). Conforme mostrado neste trabalho, os três tensoativos Sodium laureth sulfate,

Sodium laureth sulfate/Disodium laureth sulfosuccinate e sodium lauryl sulfate apresentaram

índice de impacto ambiental na matriz de 4, 2 e 3 respectivamente, sendo baixo impacto

ambiental, devido à rápida biodegradação e baixa bioacumulação. Estes resultados

corroboram com aqueles citados por Cowan-Ellsberry et colaboradores (2014) bem como

por Konnecker e colegas (2011). O valor de PEC/PNEC do Sodium laureth sulfate foi de

0,00000244 mostrando que tem um baixo risco ambiental.

Já o Sodium lauryl sulfate é rapidamente biodegradavel além de não ter potencial para

se bioacumular e seu PEC/PNEC de 0,088 ficou abaixo de 1 e pode-se concluir que não há

risco ambiental para o sodium lauryl sulfate (CARLSSON et al, 2005). Os dados de

CARLSSON e colaboradores correlacionaram com os dados analisados neste trabalho, tendo

na matriz nota zero para biodegradação e bioacumulação, (risco baixo), e nota 3 para

toxicidade aquática, (risco moderado), mas com índice de impacto ambiental de 3, sendo

baixo impacto.

Segundo Tolls e colaboradores os tensoativos são rapidamente biodegradávei e não

diferem muito na toxicidade aquática, portanto não é esperado um risco ambiental (TOLLS et

al., 2009), porém segundo Brunelli e colaboradores o sodium lauryl sulfate é um tensoativo

aniônico usado em produtos de cuidados pessoais e cosméticos e esses produtos são

descartados no mar onde acumulam, e o LC50 é estimado em 5,32mg/L. Embora a

biodegradação varie de 45 a 95% em 24h, a contínua introdução no meio ambiente mantem a

concentração deste poluente alta. De acordo com o valor de LC50, ele deve ser classificado

como tóxico para peixes. Os resultados obtidos no estudo relatado por Brunelli e

colaboradores estão no intervalo reportado em literatura, embora a toxicidade aguda dos

tensoativos varie, dependendo da espécie e água utilizada (BRUNELLI, E., et al., 2007).

A cocamidopropyl betaine mostrou alta biodegradabilidade com tempo de meia vida

menor que um dia e 90% de biodegradação depois de 5 dias e baixo custo (SUN et al., 2004),

e neste trabalho apresentou 95,7% de biodegradação, sendo nora zero na matriz, o que

correlaciona com o dado encontrado por Sun e colaboradores.

As matérias-primas com impacto ambiental zero, são na maioria os emolientes, como

a Glycerin, Sorbitol, Propylene Glycol, Hexylene Glycol, e entre estes com zero de impacto a

Trietanolamine que é um regulador de pH e o Pantenol, um condicionante.

98

A triethanolamine pertence a família das ethanolaminas e tem uma ampla rede de

aplicações da indústria ao uso doméstico, por exemplo em cosméticos e produtos de cuidados

pessoais. Como consequência de seu amplo uso e aplicações sua segurança humana e

ambiental deve ser avaliada. A triethanolamina foi classificada como não tóxica e apresentou

EC50 em algas de 204 mg/L (LIBRALTO et al., 2009). Segundo estudo de Libralto e

colaboradores na matriz ela seria classificada como impacto 1 (risco baixo) para toxicidade

aquática, e neste trabalho foi classificada como risco baixo e nota zero na matriz para

toxicidade aquática.

O propylene glycol tem a função de solvente, umectante, com baixo nível de

toxicidade e amplamente utilizado em produtos industriais. A quantidade geralmente utilizada

é pequena e suas consequências ambientais são mínimas devido a limitada exposição humana

e rápida biodegradação. Altas concentrações são necessárias para elicitar um efeito tóxico

aguda, o que confirma os resultados da matriz onde apresentou nota zero em biodegradação e

toxicidade aquática (MCMARTIN, 2014).

No estudo de D’avino e colaboradores, a substituição do mineral oil pela glycerin em

fluidos hidráulicos fez a biodegradabilidade aumentar. A aplicação da glycerin como principal

componente em fluido metálicos é vantajosa pois ela é de fonte renovável e pode ser

conseguida uma certificação como biolubrificante, como ecolabel, reduzindo o impacto

ambiental (D’AVINO et al., 2015).

Além da avaliação individual de cada matéria-prima, é possível avaliar o impacto final

da formulação cosmética e verificar se a diminuição da concentração de uso de uma

determinada matéria-prima ou sua substituição na formulação pode gerar uma diminuição do

impacto ambiental por meio da comparação de duas opções de formulação. Talvez para

algumas classes não seja possível obter uma matéria-prima com impacto zero, mas se for

possível substituir um alto risco para um moderado pode significar um ganho significativo em

relação ao impacto no meio ambiente. E entre substâncias que apresentem a mesma nota final

de índice de impacto ambiental, avaliar individualmente os parâmetros e a critério de

desempate sempre optar o que apresentar a menor nota de bioacumulação, visto que a

acumulação pode acontecer pela captação de alimentos (biomagnificação), sendo o parâmetro

mais crítico, pois ao se biocumular pode passar pela cadeia trófica inteira (HERMANN et al.,

2015).

A tabela 10 abaixo mostra um exemplo fictício de uma formulação de um produto

cosmético enxaguável, com duas formulações possíveis: fórmula A com Glycerin a 10% e

fórmula B com Mineral Oil a 10%, sendo a composição do restante da formulação exatamente

99

igual. Dessa forma é possível avaliar o impacto de cada matéria-prima individualmente no

índice de impacto ambiental, na sequência o índice de impacto ambiental de cada ingrediente

considerando sua concentração de uso nestas formulações e por fim o impacto ambiental da

formulação completa, sendo fórmula A impacto ambiental final de 1,577 e da fórmula B de

3,777. O índice da fórmula de cada ingrediente é apenas a multiplicação do índice de impacto

ambiental da matéria-prima pela concentração de uso desta matéria-prima na formulação

dividido por 100. Assim, o índice de impacto ambiental da fórmula final é a somatória dos

valores individuais destas matérias-primas. Neste exemplo foi possível demonstrar que apenas

com a substituição de uma matéria-prima com menor impacto ambiental (mineral oil pela

glycerin) obteve-se uma redução significativa do impacto ambiental da formulação final,

validando o racional da ferramenta proposta neste estudo.

100

Tabela 10 Comparativo de formulações fictícias na avaliação do impacto ambiental

Matérias-primas Fórmula A

(%)

Fórmula B

(%) Biodegradação Bioacumulação

Toxicidade

Aquática Aguda

Índice Impacto

Ambiental

Índice

Fórmula A

Índice

Fórmula

B

Aqua 50,4 50,4 0 0 0 0 0 0

Sodium laureth

sulfate 25,0 25,0 2 0 0 5 1,25 1,25

Octyldodecanol 1,5 1,5 2 6 2 9 0,135 0,135

C13-C15 Alkane 2,0 2,0 3 5 3 8 0,16 0,16

Glycerin 20,0 0,0 0 0 0 0 0 0

Mineral Oil 0,0 20,0 6 5 0 11 0 2,2

Benzyl alcohol 1,0 1,0 1 1 1 3 0,03 0,03

Triethanolamine 0,1 0,1 0 0 0 2 0,002 0,002

100,0 100,0 1,577 3,777

101

5. CONCLUSÃO

Este trabalho permitiu concluir que é possível classificar o impacto ambiental de

matérias-primas utilizadas em produtos cosméticos por meio de critérios de análises

estabelecidos, informações disponíveis em banco de dados, métodos alternativos, cálculo do

PEC/PNEC e utilização de uma matriz.

Por meio do desenvolvimento de uma estratégia integrada de análise de matérias-

primas, foi demonstrado ser possível a seleção ou substituição de matérias-primas com menor

impacto ambiental no desenvolvimento de produtos cosméticos, gerando produtos mais

sustentáveis para o meio ambiente.

Com os resultados obtidos pode-se comprovar o claim de “mais sustentável” ou com

“menor impacto ambiental” de forma quantitativa e auxiliar a indústria cosmética a contribuir

com a preservação ambiental. Este trabalho é inovador, pois até o momento não existem

ferramentas propostas para a avaliação detalhada de produtos cosméticos quanto ao impacto

ambiental. Além disso, o presente estudo contribui com a possibilidade da geração de um

banco de dados internacional para ser empregado no desenvolvimento de produtos cosméticos

mais sustentáveis.

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110

CONCLUSÕES

Inicialmente este trabalho revisa os principais critérios estabelecidos pelos órgãos de

maior relevância internacional, além dos métodos biotecnológicos alternativos atualmente

disponíveis, visando uma análise do impacto ambiental aquático gerado por matérias primas

de produtos cosméticos enxaguáveis. O presente estudo aborda e compara os parâmetros

estabelecidos por órgãos internacionais como Environmental Proctetion Agency (EPA),

Cradle to Cradle (C2C) e Regulamento Europeu 1272/2008 para a avaliação do impacto

ambiental. Os parâmetros de ecotoxicidade das principais classes de matérias-primas

constituintes dos produtos cosméticos enxaguáveis foram definidos, possibilitando o

desenvolvimento de produtos mais sustentáveis para o meio ambiente, priorizando

substâncias que ofereçam menor impacto ambiental.

Em seguida, este estudo disponibiliza uma ferramenta integrada de análise para

classificação de matérias-primas utilizadas em produtos cosméticos enxaguáveis por meio

dos critérios de análise estabelecidos, banco de dados, métodos alternativos e da matriz para a

análise do impacto ambiental. Esta ferramenta foi aplicada em 40 matérias primas de

diferentes classes (filtros solares, emolientes, umectantes, tensoativos e conservantes) e

permitiu a seleção daquelas com menor impacto ambiental, ou ainda a substituição em

formulações existentes, gerando assim produtos mais sustentáveis para o meio ambiente. Com

os resultados obtidos neste estudo pode-se comprovar o claim de mais sustentável ou com

menor impacto ambiental de forma quantitativa. Além disso, este trabalho contribui com a

possibilidade da geração de um banco de dados internacional para ser empregado no

desenvolvimento de produtos cosméticos mais sustentáveis, preservando o meio ambiente.

111

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123

ANEXO I - Environment International- A Journal of Environmental Science, Risk & Health

DESCRIPTION

Environment International covers all disciplines engaged in the field of environmental

research. It seeks to quantify the impact of contaminants in the human environment, and to

address human impacts on the natural environment itself. We recognize that scientific issues

related to environmental health and human welfare are inherently interdisciplinary and,

therefore, we welcome articles that cover the entire spectrum of sources, pathways, sinks and

interactions between environmental pollutants, whether chemical, biological or physical. The

primary criteria for publication are scientific quality and environmental significance.

Benefits to authors

We also provide many author benefits, such as free PDFs, a liberal copyright policy, special

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you require any further information or help, please visit our support pages:

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AUDIENCE

Environmental scientists, ecotoxicologists, environmental chemists, environmental health

specialists, environmental regulators, ecologists, biologists, hydrologists, geologists, marine

and atmospheric scientists.

IMPACT FACTOR

.

2014: 5.559 © Thomson Reuters Journal Citation Reports 2015

ABSTRACTING AND INDEXING

ABI/Inform

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MEDLINE®

EMBASE

Energy Data Base

124

Energy Research Abstracts

Environmental Periodicals Bibliography

Research Alert

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No single format can accommodate all useful contributions to this journal.

Five formats are offered, two of which (Reviews and New Developments), fall within the

Progress in Environmental Science reviews section:

1. Editorial articles are published by the Editor-in-Chief or other Editors, members of the

Editorial Board or invited Guest Editors. These focus attention on contemporary important

environmental issues in relation to environmental health and are designed to stimulate debate

and discussion.

2. Research Articles are up-to-date, original papers that present developments in any scientific

field pertinent to environmental contamination and environmental health. Informative

abstracts are required and articles must be fully referenced. Criteria for publication are

weighted toward scientific quality and environmental significance. The manuscript will be

evaluated on the basis of its conciseness, clarity, and presentation. The work will be assessed

according to its originality, scientific merit, and experimental design. Poorly written

manuscripts will be returned to the authors with a request to improve the quality of the paper

prior to peer review.

3. Correspondence is encouraged. Opinions, perspectives and insight on articles published in

Environment International are very welcome.

4. Reviews represent articles that trace recent developments and discuss trends in a particular

field of research. They may be of a broad nature, providing accounts of specific fields of

125

interest in any relevant area. Authors are encouraged to write in a clear and simple manner so

that the article is understandable to readers from a broad cross section of disciplines. On

average, a text length (excluding references) of c. 8000 words is required. Prospective authors

should contact the Editor in Chief in the first instance to discuss the suitability of proposed

topics. Articles should not be case studies, not reporting of personal research.

5. New Developments are short articles presenting the latest developments in scientific,

technological and policy developments relating to environmental contamination and

environmental health. On average, a text length (excluding references) of c.3000 words is

required. Abstracts are not included in these short articles. Readers are encouraged to suggest

subjects for inclusion in this section. Since the journal will serve a multidisciplinary audience,

authors are urged to write for non-specialists. In particular, they are discouraged from using

expressions that are comprehensible only to a select audience. Clarity should be the guide

when preparing manuscripts. All the contributions will be subjected to peer review.

Special issues

Proposals for special themed issues, or special issues arising from conferences, should be

discussed with the Editor-in-Chief Dr Ruth Alcock ([email protected]). Guest Editors

will coordinate the review and submission process of special issue papers and will prepare an

introduction. Special prices for bulk orders of a special issue can be arranged.

Contact details for submission

All manuscripts should be submitted electronically through the Elsevier Editorial System

(EES) which can be accessed at http://ees.elsevier.com/envint/ If you are not able to submit

your paper to ENVINT electronically please contact the Editor-in-Chief, Ruth Alcock, Email:

[email protected] for further instructions.

BEFORE YOU BEGIN

Ethics in publishing

For information on Ethics in publishing and Ethical guidelines for journal publication see

http://www.elsevier.com/publishingethics and http://www.elsevier.com/journal-

authors/ethics.

Conflict of interest

All authors are requested to disclose any actual or potential conflict of interest including any

financial, personal or other relationships with other people or organizations within three years

126

of beginning the submitted work that could inappropriately influence, or be perceived to

influence, their work. See also http://www.elsevier.com/conflictsofinterest. Further

information and an example of a Conflict of Interest form can be found at:

http://help.elsevier.com/app/answers/detail/a_id/286/p/7923.

Submission declaration and verification

Submission of an article implies that the work described has not been published previously

(except in the form of an abstract or as part of a published lecture or academic thesis or as an

electronic preprint, see http://www.elsevier.com/sharingpolicy), that it is not under

consideration for publication elsewhere, that its publication is approved by all authors and

tacitly or explicitly by the responsible authorities where the work was carried out, and that, if

accepted, it will not be published elsewhere in the same form, in English or in any other

language, including electronically without the written consent of the copyright-holder. To

verify originality, your article may be checked by the originality detection service CrossCheck

http://www.elsevier.com/editors/plagdetect.

Changes to authorship

This policy concerns the addition, deletion, or rearrangement of author names in the

authorship of accepted manuscripts: Before the accepted manuscript is published in an online

issue: Requests to add or remove an author, or to rearrange the author names, must be sent to

the Journal Manager from the corresponding author of the accepted manuscript and must

include: (a) the reason the name should be added or removed, or the author names rearranged

and (b) written confirmation (e-mail, fax, letter) from all authors that they agree with the

addition, removal or rearrangement. In the case of addition or removal of authors, this

includes confirmation from the author being added or removed. Requests that are not sent by

the corresponding author will be forwarded by the Journal Manager to the corresponding

author, who must follow the procedure as described above. Note that: (1) Journal Managers

will inform the Journal Editors of any such requests and (2) publication of the accepted

manuscript in an online issue is suspended until authorship has been agreed. After the

accepted manuscript is published in an online issue: Any requests to add, delete, or rearrange

author names in an article published in an online issue will follow the same policies as noted

above and result in a corrigendum.

127

Copyright

Upon acceptance of an article, authors will be asked to complete a 'Journal Publishing

Agreement' (for more information on this and copyright, see

http://www.elsevier.com/copyright). An e-mail will be sent to the corresponding author

confirming receipt of the manuscript together with a 'Journal Publishing Agreement' form or a

link to the online version of this agreement. Subscribers may reproduce tables of contents or

prepare lists of articles including abstracts for internal circulation within their institutions.

Permission of the Publisher is required for resale or distribution outside the institution and for

all other derivative works, including compilations and translations (please consult

http://www.elsevier.com/permissions). If excerpts from other copyrighted works are included,

the author(s) must obtain written permission from the copyright owners and credit the

source(s) in the article. Elsevier has preprinted forms for use by authors in these cases: please

consult http://www.elsevier.com/permissions. For open access articles: Upon acceptance of an

article, authors will be asked to complete an 'Exclusive License Agreement' (for more

information see http://www.elsevier.com/OAauthoragreement). Permitted third party reuse of

open access articles is determined by the author's choice of user license (see

http://www.elsevier.com/openaccesslicenses).

Author rights

As an author you (or your employer or institution) have certain rights to reuse your work. For

more information see http://www.elsevier.com/copyright.

Role of the funding source

You are requested to identify who provided financial support for the conduct of the research

and/or preparation of the article and to briefly describe the role of the sponsor(s), if any, in

study design; in the collection, analysis and interpretation of data; in the writing of the report;

and in the decision to submit the article for publication. If the funding source(s) had no such

involvement then this should be stated.

Funding body agreements and policies

Elsevier has established a number of agreements with funding bodies which allow authors to

comply with their funder's open access policies. Some authors may also be reimbursed for

associated publication fees. To learn more about existing agreements please visit

http://www.elsevier.com/fundingbodies.

128

Open access

This journal offers authors a choice in publishing their research:

Open access

• Articles are freely available to both subscribers and the wider public with permitted reuse

• An open access publication fee is payable by authors or on their behalf e.g. by their research

funder or institution

Subscription

• Articles are made available to subscribers as well as developing countries and patient groups

through our universal access programs (http://www.elsevier.com/access).

• No open access publication fee payable by authors. Regardless of how you choose to publish

your article, the journal will apply the same peer review criteria and acceptance standards. For

open access articles, permitted third party (re)use is defined by the following Creative

Commons user licenses:

Creative Commons Attribution (CC BY)

Lets others distribute and copy the article, create extracts, abstracts, and other revised

versions,

adaptations or derivative works of or from an article (such as a translation), include in a

collective work (such as an anthology), text or data mine the article, even for commercial

purposes, as long as they credit the author(s), do not represent the author as endorsing their

adaptation of the article, and do not modify the article in such a way as to damage the author's

honor or reputation.

Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs (CC BY-NC-ND)

For non-commercial purposes, lets others distribute and copy the article, and to include in a

collective work (such as an anthology), as long as they credit the author(s) and provided they

do not alter or modify the article.

The open access publication fee for this journal is USD 3500, excluding taxes. Learn more

about Elsevier's pricing policy: http://www.elsevier.com/openaccesspricing.

Green open access

Authors can share their research in a variety of different ways and Elsevier has a number of

green open access options available. We recommend authors see our green open access page

129

for further information (http://elsevier.com/greenopenaccess). Authors can also self-archive

their manuscripts immediately and enable public access from their institution's repository

after an embargo period. This is the version that has been accepted for publication and which

typically includes author-incorporated changes suggested during submission, peer review and

in editor-author communications. Embargo period: For subscription articles, an appropriate

amount of time is needed for journals to deliver value to subscribing customers before an

article becomes freely available to the public. This is the embargo period and begins from the

publication date of the issue your article appears in. This journal has an embargo period of 24

months.

Language (usage and editing services)

Please write your text in good English (American or British usage is accepted, but not a

mixture of these). Authors who feel their English language manuscript may require editing to

eliminate possible grammatical or spelling errors and to conform to correct scientific English

may wish to use the English Language Editing service available from Elsevier's WebShop

(http://webshop.elsevier.com/languageediting/) or visit our customer support site

(http://support.elsevier.com) for more information.

Submission

Our online submission system guides you stepwise through the process of entering your

article details and uploading your files. The system converts your article files to a single PDF

file used in the peer-review process. Editable files (e.g., Word, LaTeX) are required to typeset

your article for final publication. All correspondence, including notification of the Editor's

decision and requests for revision, is sent by e-mail.

PREPARATION

NEW SUBMISSIONS

Submission to this journal proceeds totally online and you will be guided stepwise through the

creation and uploading of your files. The system automatically converts your files to a single

PDF file, which is used in the peer-review process. As part of the Your Paper Your Way

service, you may choose to submit your manuscript as a single file to be used in the refereeing

process. This can be a PDF file or a Word document, in any format or layout that can be used

by referees to evaluate your manuscript. It should contain high enough quality figures for

refereeing. If you prefer to do so, you may still provide all or some of the source files at the

130

initial submission. Please note that individual figure files larger than 10 MB must be uploaded

separately.

References

There are no strict requirements on reference formatting at submission. References can be in

any style or format as long as the style is consistent. Where applicable, author(s) name(s),

journal title/book title, chapter title/article title, year of publication, volume number/book

chapter and the pagination must be present. Use of DOI is highly encouraged. The reference

style used by the journal will be applied to the accepted article by Elsevier at the proof stage.

Note that missing data will be highlighted at proof stage for the author to correct.

Formatting requirements

There are no strict formatting requirements but all manuscripts must contain the essential

elements needed to convey your manuscript, for example Abstract, Keywords, Introduction,

Materials and Methods, Results, Conclusions, Artwork and Tables with Captions. If your

article includes any Videos and/or other Supplementary material, this should be included in

your initial submission for peer review purposes. Divide the article into clearly defined

sections. Please ensure your paper has consecutive line numbering - this is an essential peer

review requirement.

Figures and tables embedded in text

Please ensure the figures and the tables included in the single file are placed next to the

relevant text in the manuscript, rather than at the bottom or the top of the file.

REVISED SUBMISSIONS

Use of word processing software

Regardless of the file format of the original submission, at revision you must provide us with

an

editable file of the entire article. Keep the layout of the text as simple as possible. Most

formatting codes will be removed and replaced on processing the article. The electronic text

should be prepared in a way very similar to that of conventional manuscripts (see also the

Guide to Publishing with Elsevier: http://www.elsevier.com/guidepublication). See also the

section on Electronic artwork. To avoid unnecessary errors you are strongly advised to use the

'spell-check' and 'grammar-check' functions of your word processor.

131

Article structure

Subdivision - numbered sections

Divide your article into clearly defined and numbered sections. Subsections should be

numbered

1.1 (then 1.1.1, 1.1.2, ...), 1.2, etc. (the abstract is not included in section numbering). Use this

numbering also for internal cross-referencing: do not just refer to 'the text'. Any

subsection may be given a brief heading. Each heading should appear on its own separate

line.

1.2 Introduction

State the objectives of the work and provide an adequate background, avoiding a detailed

literature survey or a summary of the results.

Material and methods

Provide sufficient detail to allow the work to be reproduced. Methods already published

should be indicated by a reference: only relevant modifications should be described.

Theory/calculation

A Theory section should extend, not repeat, the background to the article already dealt with in

the Introduction and lay the foundation for further work. In contrast, a Calculation section

represents a practical development from a theoretical basis.

Results

Results should be clear and concise.

Discussion

This should explore the significance of the results of the work, not repeat them. A combined

Results and Discussion section is often appropriate. Avoid extensive citations and discussion

of published literature.

Conclusions

The main conclusions of the study may be presented in a short Conclusions section, which

may stand alone or form a subsection of a Discussion or Results and Discussion section.

Appendices

If there is more than one appendix, they should be identified as A, B, etc. Formulae and

equations in appendices should be given separate numbering: Eq. (A.1), Eq. (A.2), etc.; in a

subsequent appendix, Eq. (B.1) and so on. Similarly for tables and figures: Table A.1; Fig.

A.1, etc.

132

Essential title page information

• Title. Concise and informative. Titles are often used in information-retrieval systems. Avoid

abbreviations and formulae where possible.

• Author names and affiliations. Please clearly indicate the given name(s) and family

name(s)

of each author and check that all names are accurately spelled. Present the authors' affiliation

addresses (where the actual work was done) below the names. Indicate all affiliations with a

lowercase superscript letter immediately after the author's name and in front of the

appropriate address. Provide the full postal address of each affiliation, including the country

name and, if available, the e-mail address of each author.

• Corresponding author. Clearly indicate who will handle correspondence at all stages of

refereeing and publication, also post-publication. Ensure that the e-mail address is given

and that contact details are kept up to date by the corresponding author.

• Present/permanent address. If an author has moved since the work described in the article

was done, or was visiting at the time, a 'Present address' (or 'Permanent address') may be

indicated as a footnote to that author's name. The address at which the author actually did the

work must be retained as the main, affiliation address. Superscript Arabic numerals are used

for such footnotes.

Abstract

A concise and factual abstract is required. The abstract should state briefly the purpose of the

research, the principal results and major conclusions. An abstract is often presented separately

from the article, so it must be able to stand alone. For this reason, References should be

avoided, but if essential, then cite the author(s) and year(s). Also, non-standard or uncommon

abbreviations should be avoided, but if essential they must be defined at their first mention in

the abstract itself.

Graphical abstract

Although a graphical abstract is optional, its use is encouraged as it draws more attention to

the online article. The graphical abstract should summarize the contents of the article in a

concise, pictorial form designed to capture the attention of a wide readership. Graphical

abstracts should be submitted as a separate file in the online submission system. Image size:

Please provide an image with a minimum of 531 × 1328 pixels (h × w) or proportionally

more. The image should be readable at a size of 5 × 13 cm using a regular screen resolution of

96 dpi. Preferred file types: TIFF, EPS, PDF or MS Office files. See

133

http://www.elsevier.com/graphicalabstracts for examples. Authors can make use of Elsevier's

Illustration and Enhancement service to ensure the best presentation of their images and in

accordance with all technical requirements: Illustration Service.

Highlights

Highlights are mandatory for this journal. They consist of a short collection of bullet points

that

convey the core findings of the article and should be submitted in a separate editable file in

the

online submission system. Please use 'Highlights' in the file name and include 3 to 5 bullet

points (maximum 85 characters, including spaces, per bullet point). See

http://www.elsevier.com/highlights for examples.

Keywords

Immediately after the abstract, provide a maximum of 6 keywords, using American spelling

and

avoiding general and plural terms and multiple concepts (avoid, for example, 'and', 'of'). Be

sparing with abbreviations: only abbreviations firmly established in the field may be eligible.

These keywords will be used for indexing purposes.

Abbreviations

Define abbreviations that are not standard in this field in a footnote to be placed on the first

page

of the article. Such abbreviations that are unavoidable in the abstract must be defined at their

first mention there, as well as in the footnote. Ensure consistency of abbreviations throughout

the article.

Acknowledgements

Collate acknowledgements in a separate section at the end of the article before the references

and do not, therefore, include them on the title page, as a footnote to the title or otherwise.

List here those individuals who provided help during the research (e.g., providing language

help, writing assistance or proof reading the article, etc.).

Math formulae

Please submit math equations as editable text and not as images. Present simple formulae in

line with normal text where possible and use the solidus (/) instead of a horizontal line for

small fractional terms, e.g., X/Y. In principle, variables are to be presented in italics. Powers

of e are often more conveniently denoted by exp. Number consecutively any equations that

have to be displayed separately from the text (if referred to explicitly in the text).

134

Footnotes

Footnotes should be used sparingly. Number them consecutively throughout the article. Many

word processors build footnotes into the text, and this feature may be used. Should this not be

the case, indicate the position of footnotes in the text and present the footnotes themselves

separately at the end of the article.

Artwork

Electronic artwork

General points

• Make sure you use uniform lettering and sizing of your original artwork.

• Preferred fonts: Arial (or Helvetica), Times New Roman (or Times), Symbol, Courier.

• Number the illustrations according to their sequence in the text.

• Use a logical naming convention for your artwork files.

• Indicate per figure if it is a single, 1.5 or 2-column fitting image.

• For Word submissions only, you may still provide figures and their captions, and tables

within a single file at the revision stage.

• Please note that individual figure files larger than 10 MB must be provided in separate

source files. A detailed guide on electronic artwork is available on our website:

http://www.elsevier.com/artworkinstructions.

You are urged to visit this site; some excerpts from the detailed information are given

here.

Formats

Regardless of the application used, when your electronic artwork is finalized, please 'save as'

or

convert the images to one of the following formats (note the resolution requirements for line

drawings, halftones, and line/halftone combinations given below):

EPS (or PDF): Vector drawings. Embed the font or save the text as 'graphics'.

TIFF (or JPG): Color or grayscale photographs (halftones): always use a minimum of 300 dpi.

TIFF (or JPG): Bitmapped line drawings: use a minimum of 1000 dpi.

TIFF (or JPG): Combinations bitmapped line/half-tone (color or grayscale): a minimum of

500 dpi is required.

Please do not:

• Supply files that are optimized for screen use (e.g., GIF, BMP, PICT, WPG); the resolution

is too low.

• Supply files that are too low in resolution.

135

• Submit graphics that are disproportionately large for the content.

Color artwork

Please make sure that artwork files are in an acceptable format (TIFF (or JPEG), EPS (or

PDF), or MS Office files) and with the correct resolution. If, together with your accepted

article, you submit usable color figures then Elsevier will ensure, at no additional charge, that

these figures will appear in color online (e.g., ScienceDirect and other sites) regardless of

whether or not these illustrations are reproduced in color in the printed version. For color

reproduction in print, you will receive information regarding the costs from Elsevier

after receipt of your accepted article. Please indicate your preference for color: in print or

online only. For further information on the preparation of electronic artwork, please see

http://www.elsevier.com/artworkinstructions.

Figure captions

Ensure that each illustration has a caption. A caption should comprise a brief title (not on the

figure itself) and a description of the illustration. Keep text in the illustrations themselves to a

minimum but explain all symbols and abbreviations used.

Tables

Please submit tables as editable text and not as images. Tables can be placed either next to the

relevant text in the article, or on separate page(s) at the end. Number tables consecutively in

accordance with their appearance in the text and place any table notes below the table body.

Be

sparing in the use of tables and ensure that the data presented in them do not duplicate results

described elsewhere in the article. Please avoid using vertical rules.

References

Citation in text

Please ensure that every reference cited in the text is also present in the reference list (and

vice

versa). Any references cited in the abstract must be given in full. Unpublished results and

personal communications are not recommended in the reference list, but may be mentioned in

the text. If these references are included in the reference list they should follow the standard

reference style of the journal and should include a substitution of the publication date with

either 'Unpublished results' or 'Personal communication'. Citation of a reference as 'in press'

implies that the item has been accepted for publication.

Reference links

136

Increased discoverability of research and high quality peer review are ensured by online links

to the sources cited. In order to allow us to create links to abstracting and indexing services,

such as Scopus, CrossRef and PubMed, please ensure that data provided in the references are

correct. Please note that incorrect surnames, journal/book titles, publication year and

pagination may prevent link creation. When copying references, please be careful as they may

already contain errors. Use of the DOI is encouraged.

References in a special issue

Please ensure that the words 'this issue' are added to any references in the list (and any

citations in the text) to other articles in the same Special Issue.

Reference management software

Most Elsevier journals have a standard template available in key reference management

packages. This covers packages using the Citation Style Language, such as Mendeley

(http://www.mendeley.com/features/reference-manager) and also others like EndNote

(http://www.endnote.com/support/enstyles.asp) and Reference Manager

(http://refman.com/downloads/styles). Using plug-ins to word processing packages which are

available from the above sites, authors only need to select the appropriate journal template

when preparing their article and the list of references and citations to these will be formatted

according to the journal style as described in this Guide. The process of including templates in

these packages is constantly ongoing. If the journal you are looking for does not have a

template available yet, please see the list of sample references and citations provided in this

Guide to help you format these according to the journal style.

If you manage your research with Mendeley Desktop, you can easily install the reference style

for this journal by clicking the link below: http://open.mendeley.com/use-citation-

style/environment-international

When preparing your manuscript, you will then be able to select this style using the Mendeley

plugins for Microsoft Word or LibreOffice. For more information about the Citation Style

Language, visit http://citationstyles.org.

Reference formatting

There are no strict requirements on reference formatting at submission. References can be in

any style or format as long as the style is consistent. Where applicable, author(s) name(s),

journal title/book title, chapter title/article title, year of publication, volume number/book

chapter and the pagination must be present. Use of DOI is highly encouraged. The reference

style used by the journal will be applied to the accepted article by Elsevier at the proof stage.

Note that missing data will be highlighted at proof stage for the author to correct. If you do

137

wish to format the references yourself they should be arranged according to the following

examples:

Reference style

Text: All citations in the text should refer to:

1. Single author: the author's name (without initials, unless there is ambiguity) and the year of

publication;

2. Two authors: both authors' names and the year of publication;

3. Three or more authors: first author's name followed by 'et al.' and the year of publication.

Citations may be made directly (or parenthetically). Groups of references should be listed first

alphabetically, then chronologically.

Examples: 'as demonstrated in wheat (Allan, 2000a, 2000b, 1999; Allan and Jones, 1999).

Kramer et al. (2010) have recently shown ....'

List: References should be arranged first alphabetically and then further sorted

chronologically if necessary. More than one reference from the same author(s) in the same

year must be identified by the letters 'a', 'b', 'c', etc., placed after the year of publication.

Examples:

Reference to a journal publication:

Van der Geer J, Hanraads JAJ, Lupton RA. The art of writing a scientific article. J Sci

Commun 2010;163:51–9.

Reference to a book:

Strunk Jr W, White EB. The elements of style. 4th ed. New York: Longman; 2000.

Reference to a chapter in an edited book:

Mettam GR, Adams LB. How to prepare an electronic version of your article. In: Jones BS,

Smith RZ, editors. Introduction to the electronic age. New York: E-Publishing Inc; 2009. p.

281–304. Note shortened form for last page number. e.g., 51–9, and that for more than 6

authors the first 6 should be listed followed by "et al." For further details you are referred to

"Uniform Requirements for Manuscripts submitted to Biomedical Journals" (J Am Med

Assoc 1997;277:927–34) (see also http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html).

Journal abbreviations source

Journal names should be abbreviated according to the List of Title Word Abbreviations:

http://www.issn.org/services/online-services/access-to-the-ltwa/.

138

Video data

Elsevier accepts video material and animation sequences to support and enhance your

scientific

research. Authors who have video or animation files that they wish to submit with their article

are strongly encouraged to include links to these within the body of the article. This can be

done in the same way as a figure or table by referring to the video or animation content and

noting in the body text where it should be placed. All submitted files should be properly

labeled so that they directly relate to the video file's content. In order to ensure that your video

or animation material is directly usable, please provide the files in one of our recommended

file formats with a preferred maximum size of 150 MB. Video and animation files supplied

will be published online in the electronic version of your article in Elsevier Web products,

including ScienceDirect: http://www.sciencedirect.com. Please supply 'stills' with your files:

you can choose any frame from the video or animation or make a separate image. These will

be used instead of standard icons and will personalize the link to your video data. For more

detailed instructions please visit our video instruction pages at

http://www.elsevier.com/artworkinstructions. Note: since video and animation cannot be

embedded in the print version of the journal, please provide text for both the electronic and

the print version for the portions of the article that refer to this content.

AudioSlides

The journal encourages authors to create an AudioSlides presentation with their published

article. AudioSlides are brief, webinar-style presentations that are shown next to the online

article on ScienceDirect. This gives authors the opportunity to summarize their research in

their own words and to help readers understand what the paper is about. More information

and examples are available at http://www.elsevier.com/audioslides. Authors of this journal

will automatically receive an invitation e-mail to create an AudioSlides presentation after

acceptance of their paper.

Supplementary material

Elsevier accepts electronic supplementary material to support and enhance your scientific

research. Supplementary files offer the author additional possibilities to publish supporting

applications, highresolution images, background datasets, sound clips and more.

Supplementary files supplied will be published online alongside the electronic version of your

article in Elsevier Web products, including ScienceDirect: http://www.sciencedirect.com. In

order to ensure that your submitted material is directly usable, please provide the data in one

of our recommended file formats. Authors should submit the material in electronic format

139

together with the article and supply a concise and descriptive caption for each file. For more

detailed instructions please visit our artwork instruction pages at

http://www.elsevier.com/artworkinstructions.

Database linking

Elsevier encourages authors to connect articles with external databases, giving readers access

to

relevant databases that help to build a better understanding of the described research. Please

refer to relevant database identifiers using the following format in your article: Database:

xxxx (e.g., TAIR: AT1G01020; CCDC: 734053; PDB: 1XFN). See

http://www.elsevier.com/databaselinking for more information and a full list of supported

databases.

Interactive plots

This journal enables you to show an Interactive Plot with your article by simply submitting a

data file. For instructions please go to http://www.elsevier.com/interactiveplots.

Submission checklist

The following list will be useful during the final checking of an article prior to sending it to

the journal for review. Please consult this Guide for Authors for further details of any item.

Ensure that the following items are present:

One author has been designated as the corresponding author with contact details:

• E-mail address

• Full postal address

All necessary files have been uploaded, and contain:

• Keywords

• All figure captions

• All tables (including title, description, footnotes)

Further considerations

• Manuscript has been 'spell-checked' and 'grammar-checked'

• All references mentioned in the Reference list are cited in the text, and vice versa

• Permission has been obtained for use of copyrighted material from other sources (including

the

Internet) Printed version of figures (if applicable) in color or black-and-white

• Indicate clearly whether or not color or black-and-white in print is required.

140

For any further information please visit our customer support site at

http://support.elsevier.com.

AFTER ACCEPTANCE

Use of the Digital Object Identifier

The Digital Object Identifier (DOI) may be used to cite and link to electronic documents. The

DOI consists of a unique alpha-numeric character string which is assigned to a document by

the publisher upon the initial electronic publication. The assigned DOI never changes.

Therefore, it is an ideal medium for citing a document, particularly 'Articles in press' because

they have not yet received their full bibliographic information. Example of a correctly given

DOI (in URL format; here an article in the journal Physics Letters B):

http://dx.doi.org/10.1016/j.physletb.2010.09.059 When you use a DOI to create links to

documents on the web, the DOIs are guaranteed never to change.

Online proof correction

Corresponding authors will receive an e-mail with a link to our online proofing system,

allowing annotation and correction of proofs online. The environment is similar to MS Word:

in addition to editing text, you can also comment on figures/tables and answer questions from

the Copy Editor. Web-based proofing provides a faster and less error-prone process by

allowing you to directly type your corrections, eliminating the potential introduction of errors.

If preferred, you can still choose to annotate and upload your edits on the PDF version. All

instructions for proofing will be given in the e-mail we send to authors, including alternative

methods to the online version and PDF. We will do everything possible to get your article

published quickly and accurately. Please use this proof only for checking the typesetting,

editing, completeness and correctness of the text, tables and figures. Significant changes to

the article as accepted for publication will only be considered at this stage with permission

from the Editor. It is important to ensure that all corrections are sent back to us in one

communication. Please check carefully before replying, as inclusion of any subsequent

corrections cannot be guaranteed. Proofreading is solely your responsibility.

Offprints

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