ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS EM LÍNGUA PORTUGUESA

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ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS EM LÍNGUA PORTUGUESA: uma proposta de ensino a partir da leitura e interpretação do gênero carta de reclamação Martinha Leandro de Faria Schmidt de Souza Fernanda Borges Ferreira de Araújo

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ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS EM LÍNGUA PORTUGUESA:
uma proposta de ensino a partir da leitura e interpretação do gênero carta de reclamação
Martinha Leandro de Faria Schmidt de Souza Fernanda Borges Ferreira de Araújo
ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS EM LÍNGUA PORTUGUESA: uma proposta de ensino a partir da leitura do gênero carta de reclamação
Área de concentração: Linguagens e letramento
Linhas de pesquisa: Leitura e produção textual: diversidade social e práticas docentes
AUTORAS: MARTINHA LEANDRO DE FARIA SCHMIDT DE SOUZA
Possui mestrado Profissional em Letras (Profletras) IFES. Pós-graduada em Letras – Vassouras-RJ, licenciada em Letras Português/francês. Professora efetiva no município de Pancas, Espírito Santo.
FERNANDA BORGES FERREIRA DE ARAÚJO
Doutora em Estudos Linguísticos (2011), com ênfase em Análise do Discurso, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Possui mestrado em Estudos Linguísticos (2006) também pela UFMG; especialização em Estudos Linguísticos (2003) e graduação em Letras-Português (2001) pela Universidade Federal do Espírito Santo. Possui experiência na área de Linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: análise do discurso, enunciação, argumentação, negociação discursiva, internet, blog e discurso. Do-
cente do curso de licenciatura em Letras-Português, presencial e a distância, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), campus Vitória, atuando também nos cursos técnicos e no mestrado (Profletras).
EDITORA DO IFES Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Espírito Santo Pró-Reitoria de Extensão e Produção Av. Rio Branco, 50, Santa Lúcia Vitória – Espírito Santo – CEP 29056-255 Tel.: (27) 3227-5564 E-mail: [email protected]
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS PROFLETRAS Av. Vitória, 1729 – Jucutuquara Vitória – Espírito Santo – CEP 29040-780
COMISSÃO CIENTÍFICA Drª Sandra Mara Mendes da Silva Bassani (IFES) Drª Janayna Bertollo Cozer Casotti
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ISBN: 978-85-8263-399-1
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MÁRCIO ALMEIDA CÓ Diretor de Ensino
CHRISTIAN MARIANI Diretor de Extensão
ROSENI DA COSTA SILVA PRATTI Diretora de Administração
MÁRCIA REGINA PEREIRA LIMA Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação
ANTÔNIO CARLOS GOMES Coordenador do Profletras
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. pág 5 2. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... pág 6 3. DISCURSO E ARGUMENTAÇÃO ......................................................................................... pág 7 4. A SEQUÊNCIA DIDÁTICA .................................................................................................. pág 9
4.1 PÚBLICO ALVO ........................................................................................................... pág 9 4.2 APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO .................................................................................. pág 9 4.3 1ª Etapa - Produção inicial (atividade diagnóstica) .................................................... pág 10
2ª etapa – Apresentação da situação .................................................................................. pág 11 3ª etapa – Módulos ............................................................................................................. pág 14 4ª etapa - Produção final ..................................................................................................... pág 33 Referências ......................................................................................................................... pág 37
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1. APRESENTAÇÃO Neste caderno propomos uma sequência didática que auxilie os(as) professores(as) de Língua Portuguesa no proces-
so de ensino de produção de cartas de reclamação a partir da leitura e compreensão de textos de linguagem argumenta- tiva, buscando amenizar as dificuldades que envolvem a produção desse gênero.
A seguir apresentamos alguns conceitos sobre argumentação e, em seguida, uma proposta de intervenção pedagógica formulada e realizada durante a pesquisa de mestrado da autora Martinha Leandro de Faria Schimidt de Souza (SCHIMI- DT, 2019). A pesquisa foi realizada no âmbito do Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS), intitulada: Estratégias Argumentativas em Língua Portuguesa: uma Proposta de Ensino a partir do Gênero Carta de Reclamação.
Essa sequência foi desenvolvida com base na proposta de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), a qual organiza as ativi- dades em quatro etapas: apresentação da situação, produção inicial, módulos e produção final. Para fundamentar tais re- flexões acerca das estratégias argumentativas, recorremos aos estudos de Patrick Charaudeau (2008) e Emediato (2008), entre outros.
Ressaltamos que a sequência didática apresentada foi aplicada em uma turma do 8.º ano do ensino fundamental. Ao final da última produção de carta de reclamação, enviamos, por meio de correio, a carta ao secretário de Educação.
Nosso desejo é que este material contribua para o trabalho dos(as) professores(as) de língua portuguesa no ensino de produção de cartas de reclamação.
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2. INTRODUÇÃO Atividades que envolvem a produção escrita têm despertado muitas reflexões, tendo em vista o baixo rendimento dos
alunos. Este material tem a finalidade de apresentar uma sequência didática que auxilie o professor no processo de ensino de produção de cartas de reclamação a partir da leitura de textos de linguagem argumentativa.
Em meio ao contexto escolar, é muito comum ouvirmos dos colegas professores de língua portuguesa comentários acerca das lacunas na escrita dos alunos, pois os textos apresentados geralmente têm pouco grau de informatividade ou argumentação. Contudo, o único auxílio que os alunos possuem para que iniciem a produção escrita é um tema ou um texto verbal, sem a presença de uma sequência de estímulos, como leitura de textos e debates sobre a temática.
Desse modo, destacamos a leitura, análise e debate de textos como situações imprescindíveis para que o aluno produ- za um texto.
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3. DISCURSO E ARGUMENTAÇÃO Patrick Charaudeau (2008, p. 7), no prefácio de seu livro Linguagem e Discurso, destaca e prioriza uma profunda re-
flexão sobre a linguagem e o homem. Segundo o autor, “Linguagem é um poder, talvez o primeiro poder do homem”. Ele concebe esse ato como fenômeno da comunicação.
Charaudeau conceitua a linguagem como “uma atividade humana que se desdobra no teatro da vida social e cuja en- cenação resulta de vários componentes, cada um exigindo um ‘savoir-faire’, o que é chamado por ele de competência” (CHARAUDEAU, 2008, p. 7). Assim, o autor faz alusão a três competências: situacional, semiolinguística e semântica.
A competência situacional, segundo Charaudeau (2008, p. 7), “exige que todo sujeito que se comunica seja apto para construir seu discurso em função da identidade dos protagonistas do intercâmbio, da finalidade deste, seu propósito e suas circunstâncias materiais”.
A segunda competência seria a semiolinguística, aquela em que o falante organiza a encenação de acordo com de- terminadas visadas (enunciativa, distributiva, narrativa, argumentativa), recorrendo, assim, às categorias que cada língua oferece. Para tal efeito, é necessária uma atitude para adequar a formalização. Assim, a competência semiolinguística postula que todo sujeito que se comunica e interpreta pode manipular, reconhecer a forma dos signos, suas regras combi- natórias e seu sentido, sabendo que usa para expressar uma intenção de comunicação, de acordo com os elementos do marco situacional e as exigências das organizações do discurso.
A terceira competência consiste em construir sentido com o auxílio de formas verbais (gramaticais, lexicais). Trata- -se do fato de que, para compreender um ao outro, é necessário que ambos os protagonistas do intercâmbio (locutor e interlocutor) recorram a conhecimentos supostamente compartilhados. Esse conjunto de competências constitui o que Charaudeau chama de competência discursiva.
Dessa maneira, Charaudeau (2008, p. 20) ressalta que “o ato de linguagem não pode ser concebido de outra forma a não ser como um conjunto de atos significador. Com o intuito de embasar a análise do gênero carta de reclamação, é preciso entender como se organiza um texto argumentativo, tendo em vista a sua finalidade discursiva.
Segundo Patrick Charaudeau, o modo de organização argumentativo é mais difícil de ser tratado do que o narrativo. Tal- vez porque o narrativo se confronte, levando em conta as ações humanas, com uma forma da realidade visível e tangível. O argumentativo, ao contrário, está em contato apenas com um saber que tenta levar em conta a experiência humana por meio de certas operações de pensamento. (CHARAUDEAU, 2008, p. 201)
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Para que haja argumentação, segundo ele, é necessário: um sujeito argumentante que se engaje em relação a um ques- tionamento e desenvolva um raciocínio problematizador, para tentar estabelecer uma verdade própria ou universal; uma proposição ou tese sobre o mundo que provoque em alguém um questionamento quanto à sua legitimidade; um outro su- jeito para o qual a argumentação se dirija, a fim de convencê-lo a compartilhar do mesmo ponto de vista. (CHARAUDEAU, 2008).
Emediato (2001, p. 157) aponta que nem toda atividade de comunicação tem o objetivo central influenciar. Para ele Toda ação comunicativa é finalizada, ou seja, dirigida a um fim. Esse fim pode ser, por exemplo, o de influenciar um au- ditório ou um interlocutor a fazer algo ou a aderir a uma crença. Por outro lado, uma intenção pode estar simplesmente relacionada com uma finalidade informativa sem que esteja necessariamente a serviço de uma influência. Nem toda in- formação visa intencionalmente a influenciar um auditório. O ato de responder a uma pessoa que nos pergunta as horas dificilmente (salvo má fé) inclui um fim de influência sobre sua crença no tempo. (EMEDIATO, 2001, p.157)
Por outro lado, aponta que Situações marcadas por conflitos de posições e de crenças, onde virtuais ganhos e vantagens se encontram em um jogo, implicam uma outra maneira de ver as coisas. Nesses casos, não estamos na presença de uma simples intenção infor- mativa, pois o roteiro de comunicação se torna bastante importante na realização de ganhos e vantagens. O princípio de influência é então valorizado, e as estratégias de linguagem colocadas em jogo visam a elaborar um discurso capaz não só de transformar as crenças como também de fazê-lo aderir às teses que lhe serão apresentadas. (EMEDIATO, 2001, p.157)
A definição que Chain Perelman e Olbrechets - Tyteca (1970, p.5 apud Emediato 2001, p. 164) dão à retórica não se distingue da que encontramos na retórica clássica. Definem como o
estudo das técnicas discursivas, permitindo provocar ou intensificar a adesão dos espíritos às teses que lhe são apre- sentadas. (EMEDIATO, 2001, p. 164)
Podemos observar, então, que, em termos discursivos, um princípio parece comum entre os pesquisadores: argumentar é um ato que visa provocar em um auditório uma relativa adesão por meio de um enunciado.
Com base nessa perspectiva, apresentamos, a seguir, uma proposta de intervenção didática de produção de cartas de reclamação.
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4. A SEQUÊNCIA DIDÁTICA Para a produção da sequência didática (SD), utilizamos as reflexões e sugestões de Dolz, Noverraz e Schneuwly, 2004, apresentadas no livro “Gêneros orais e escritos na escola”. Segundo os autores (2004, p. 83), a sequência didática tem precisamente a finalidade de ajudar o aluno a dominar melhor um gênero de texto, permitindo-lhe, assim, escrever ou falar de uma maneira mais adequada numa dada situação de comunicação.
Figura 1: Esquema da sequência didática
Fonte: DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEUWLY (2004, p. 83)
Ressaltamos que a SD trazida por este caderno do professor deve ser ajustada a outras realidades mediante a apresen- tação da produção inicial, com o intuito de modalizar os melhores recursos e a quantidade de atividades.
4.1 PÚBLICO ALVO Alunos do 8º ano do Ensino Fundamental II.
4.2 APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO É importante, antes de começar a sequência, explicar aos alunos que estarão envolvidos no processo e nos objetivos
dos trabalhos, a fim de que tenham uma visão do que se pretende alcançar. Esse diálogo torna-os mais comprometidos com a aprendizagem. No entanto, a linguagem utilizada precisa ser clara e simples, sem termos técnicos, aproximando o
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conteúdo da realidade deles.
Essa SD está dividida em quatro etapas. Na terceira etapa, temos seis módulos. Durante as aulas, serão realizadas leituras, observação e reflexão de textos argumentativos e com a temática a ser explorada. A atividade inicial servirá de avaliação das necessidades da turma e reorientação para o desenvolvimento da SD. Na última etapa, os alunos refarão a produção inicial, resgatando o processo de planejamento da escrita, constituindo, dessa forma, um processo crítico e reflexivo diante da produção inicial. Essa é uma atividade de extrema importância para que o aluno tome conhecimento do seu progresso.
4.3 1ª ETAPA - PRODUÇÃO INICIAL (ATIVIDADE DIAGNÓSTICA) A atividade diagnóstica objetiva auxiliar o professor na identificação de quais habilidades os alunos já possuem com
relação à produção de uma carta de reclamação e quais eles ainda precisam adquirir, minimizando esforços desneces- sários em determinada ação e potencializando em outras de maior fragilidade. Tal atividade busca melhor organização e foco no planejamento e execução da sequência, a fim de que se efetive a aprendizagem.
Conteúdo Produção de texto diagnóstico.
Objetivos • Incentivar e orientar para a produção inicial. • Avaliar as dificuldades e habilidades dos alunos.
Tempo estimado 1 aula de 55 minutos.
Recursos Folha de papel impressa.
Avaliação Analisar os textos para verificar o que os alunos já sa- bem a respeito da carta de reclamação, a fim de contri-
buir para a adaptação da SD.
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Desenvolvimento:
Numa folha previamente impressa, o professor solicitará que os alunos escrevam uma carta de reclamação ao secretário de Educação, falando sobre as dificuldades encontradas na escola onde estuda e solicitando melhorias.
2ª ETAPA – APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO A partir da análise da produção inicial, o professor apresentará a temática de cidadania e direito com a intenção de
contextualizar.
Mas por que contextualizar? Essa palavra tem origem no latim e quer dizer “colocar alguém a par de algo”. Quando con- textualizamos, queremos apresentar a conjuntura de uma situação, ou seja, todas as circunstâncias – sociais, históricas, culturais, políticas, econômicas – em torno de um acontecimento.
Intenciona-se também abordar as especificidades do cidadão nos seus aspectos de direitos e deveres e assim superar as dificuldades encontradas na primeira produção. Nesse momento, serão apresentados quatro vídeos curtos motivado- res e um mapa conceitual. Após a apresentação, haverá discussão sobre o tema.
Conteúdo Cidadania e direitos.
Objetivos
• Apresentar vídeos com a questão de cidadania e direitos. • Analisar e discutir o mapa conceitual. • Obter informações que servirão de base para defesa de ponto de
vista. • Ampliar a competência discursiva. • Discutir a questão de cidadão nos seus aspectos de direitos e
deveres. • Superar as dificuldades de informação encontradas na primeira
produção.
Recursos Pen-drive com vídeos baixados, Datashow.
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Avaliação Observação da atenção e participação do aluno durante o debate.
Desenvolvimento:
O professor inicia a aula explicando que assistirão a vídeos que servirão para compreender o que é ser cidadão e seus di- reitos e deveres. Logo após, passar cada vídeo parando nos pontos necessários para a discussão ou ao final dele. Abaixo colocamos algumas sugestões de questionamentos que poderão ser feitos:
1. Primeiro vídeo: O que é cidadania?
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Ar9HMYZIlDk
1. O que significa cidadania? 2. O título do vídeo é “Que espécie de cidadão sou eu?” Como você responderia a essa indagação? 3. O que significa ser um cidadão autêntico? 4. Cite algumas ações que nos fazem cidadão autêntico. 5. Segundo o vídeo, trabalhar juntos exige algo. O quê?
2. Segundo vídeo: Cidadania para crianças Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=d-1Soy6zATY
1. Onde e como conhecer nossos direitos e deveres? 2. Cite alguns diretos e deveres do cidadão. 3. O que é bem público? 4. O que significa tributo? Para que serve? 5. Resuma a história contada pelo pai da garota. É importante conhecê-la? Por quê? 6. O que é orçamento público? 7. Qual lei obriga o governante a prestar contas do dinheiro público?
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3. Terceiro vídeo: Saúde pública Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Mj5wezumiK8
1. Reconhecendo o que é tributo e para que serve, você acha justo o desabafo da médica? Explique. 2. A seu ver, o que poderia ser feito?
4. Quarto vídeo: Caos na educação Disponível em : https://www.youtube.com/watch?v=LMIzfKH0Luw
Seria importante, antes de passar o vídeo, falar sobre o entrevistado, professor Cortela. 1. Antes da entrevista, há uma reportagem. Qual a importância dessa apresentação inicial? 2. O repórter inicia perguntando a Cortela o que está errado se investimos mais com a educação do que a Coreia do
Sul. Ele responde fazendo citações. Quais? 3. Ele fala a respeito da má qualificação docente. Você concorda? Por quê? 4. A respeito de grupos de debates, você considera importante? Por quê? 5. O que você entendeu sobre a democratização da gestão? 6. Você sabia a respeito do Conselho Municipal de Gestão? Conhece alguém que participa dele? 7. Uma frase dita por Cortela: “Os ausentes nunca têm razão”. O que essa frase tem relacionada ao contexto? 8. O que você entendeu sobre o painel comparativo dos países com melhor índice, comparando com o Brasil? 9. A questão da sonegação de impostos. Qual o seu posicionamento? 10. Diante de todo esses vídeos, a que conclusão chegou?
5. Mapa conceitual Disponível em: https://www.diegomacedo.com.br/mapa-mental-de-direito-constitucional-principios-fundamentais/
Você já viu um mapa conceitual?
Observe esse e tente descrever o que se trata.
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Módulo I - Exibição do filme
Exibição do filme pré-selecionado de acordo com a especificidade das turmas do 8.º ano, envolvidas na aplicação da SD. Foi selecionado o seguinte filme: “Cartas para Julieta”. A intenção desse módulo é contextualizar o gênero e demonstrar para o aluno o uso da carta como um meio de comunicação eficiente, visto que, muitas vezes, ele o considera como ultra- passado, sendo preterido em relação à comunicação nos meios virtuais.
De forma geral, contextualização é o ato de vincular o conhecimento à sua origem e à sua aplicação. A ideia de contex- tualização entrou em pauta com a reforma do ensino médio, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB n.º 9.394/96), que acredita na compreensão dos conhecimentos para uso cotidiano. Além disso, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que são guias que orientam a escola e os professores na aplicação do novo modelo, estão estruturados sobre dois eixos principais: a interdisciplinaridade e a contextualização.
A LDB n.º 9.394/96, no art. 28, indica como isso pode ser feito, por expor que “os sistemas de ensino promoverão as adap- tações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente”. Isso significa que o ensino deve levar em conta o cotidiano e a realidade de cada região, as experiências vividas pelos alunos, quais serão suas prováveis áreas de atuação profissional, como eles podem atuar como cidadãos; enfim, ensinar levando em conta o contexto dos estudantes.
Somente baseado nisso é que o conhecimento ganhará significado real para o aluno. Do contrário, ele poderá perguntar- -se: “Para que estou aprendendo isso?”; “Quando eu usarei isso em minha vida?”. Isso faz com que o aluno passe a rejeitar a matéria, dificultando os processos de ensino e aprendizagem.
Para que isso não ocorra e o aluno sinta prazer e gosto pelo conhecimento, para que o ambiente de aprendizagem fosse eficaz é que optamos pela utilização desse filme.
A ideia da contextualização requer a intervenção do estudante em todo o processo de aprendizagem, fazendo as cone- xões entre os conhecimentos. O aluno será mais do que um espectador, como costumava ser no ensino tradicional, mas ele passará a ter um papel central, o protagonista; será como um agente que pode resolver problemas e mudar a si mesmo e o mundo ao seu redor.
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Desenvolvimento:
Antes de iniciar o filme, o aluno será orientado a pensar sobre a carta e sua importância no desenrolar da temática do filme.
Sinopse do filme “Cartas para Julieta”
Em visita à cidade italiana de Verona com seu noivo ocupado, uma jovem chamada Sophie visita um muro onde os desi- ludidos deixam cartas para a trágica heroína de Shakespeare, Julieta Capuleto. Ao encontrar uma dessas cartas, de 1957,
Conteúdo Reconhecimento da carta no filme “Cartas para Julieta”, do diretor Gary Winick.
Objetivos
• Assistir a filme para contextualização. • Motivar os alunos a vincular cartas como um gênero
de comunicação eficiente. • Discutir o papel da carta na sociedade. • Ampliar a competência discursiva. • Superar as dificuldades de informação encontradas
na primeira produção.
Recursos Pen-drive com filme baixado, Datashow.
Avaliação Observação da atenção e participação do aluno durante o debate.
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a jovem decide escrever à autora, Claire. Inspirada pela atitude de Sophie, Claire decide procurar por seu antigo amor.
Data de lançamento: 14 de maio de 2010 (Canadá)
Direção: Gary Winick
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tmeoGTDN54w
Após o filme, debater sobre o gênero. Seguem abaixo algumas questões que podem ser orais ou escritas:
1. Vocês já escreveram ou receberam alguma carta?
2. Qual a importância do uso da carta em nossa sociedade?
3. Qual a finalidade da carta?
Módulo II – Entrevista sobre posicionamento dos jovens
Conteúdo Entrevista
• Ampliar a competência discursiva. • Selecionar, relacionar, organizar e interpretar opiniões
e argumentos de defesa de ponto de vista. • Superar as dificuldades de informação encontradas
na primeira produção.
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Desenvolvimento
Esse módulo tem como objetivo proporcionar aos alunos a oportunidade de trabalho com a oralidade. Os alunos, divididos em grupos de quatro componentes, realizarão entrevistas com os demais alunos da escola, com o intuito de conhecer a opinião deles sobre a “escola que temos e a que queremos”. Devem também pedir que seus entrevistados justifiquem seus posicionamentos.
Entrevista:
Recursos Folha de papel xerocopiada.
Avaliação Observação das entrevistas, do debate e dos gráficos realizados na aula de matemática.
1. A escola em que estuda quanto à estrutura, você considera-a: Péssima ( ) Boa ( ) Muito boa ( ) Excelente ( )
2. Em relação ao profissionais que aqui trabalham você considera a qualidade do serviço como: Péssima ( ) Boa ( ) Muito boa ( ) Excelente ( )
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Após, construirão gráficos, com o auxílio do professor de Matemática, para a análise das respostas obtidas. Em segui- da, realizaremos debates sobre os resultados obtidos nas entrevistas, no intuito de fornecer aos alunos embasamento para a construção dos argumentos.
Módulo III- Brincando e argumentando
Prosseguindo, propõe-se uma atividade lúdica em torno da capacidade de argumentação – Jogo Q.P._Brasil – Questões polêmicas – Olimpíadas da Língua Portuguesa. Esse jogo propõe uma atividade lúdica em torno da capacidade de argu- mentar. Na sua execução, é possível perceber claramente três movimentos importantes que o uso da linguagem promove:
o primeiro movimento é o da expressão oral planejada, uma vez que existe no jogo um corpo de jurado; no segundo, há a interiorização do outro: observar o que o outro disse para replanejar o seu pensamento ou reafirmá-lo; o terceiro seria o de agir sobre o outro, garantindo a aderência dos jurados.
Em algumas jogadas, pode ser que a sorte determine que o estudante tenha que defender uma ideia contrária ao que pensa. E isso é importante, pois o obriga a colocar-se no lugar do outro. Isso favorece a convivência com a as diferenças fazendo-o, muitas vezes, reavaliar a própria posição, seja para reforçá-la, seja para descartá-la.
Durante a atividade lúdica, o professor passa a criar situações para o desenvolvimento da autonomia, com o incremento de ações que favoreçam as interações, surgindo trocas e exposição de ideias e argumentos.
Conteúdo Argumentação
• Favorecer a interação a convivência com a diferenças. • Apresentar argumentos, contra ou a favor, em relação
a questões polêmicas. • Desenvolver autonomia. • Criar situações para o desenvolvimento da autono-
mia. • Observar o que o outro disse para replanejar o seu
pensamento ou reafirmá-lo. • Avaliar e reavaliar posicionamentos. • Expressar-se de forma oral planejada. • Ampliar a capacidade de argumentar.
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COMO JOGAR Q. P. BRASIL OBJETIVO:
Apresentar argumentos, contra ou a favor, em relação a questões polêmicas.
PARTICIPANTES:
Grupo de quatro a sete participantes. Em cada jogada, há um mediador, um participante a favor e um participante contra. Numa partida, todos exercem esses papéis.
O material para o grupo: um tabuleiro, cinco envelopes coloridos: os de cor azul, roxa, verde, e vermelha contêm uma carta com a questão polêmica de um lado e a informação sobre ela do outro, além de 12 cartas de argumentação para cada cor. No envelope laranja, encon- tram-se dez cartas: nove com descrições de situações seguidas por questões sobre essas situações e uma em branco. Uma caixa com 70 fichas de 1 ponto. Uma caixa com 70 fichas de 3 pontos. Uma caixa com cartões SIM e NÃO.
JOGO 1: O jogo da argumentação
REGRAS:
Recursos Jogo QP Brasil disponível nas escolas das redes estaduais.
Avaliação Observação da atenção e participação do aluno durante o jogo.
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1. Os jogadores escolhem um mediador.
2. O mediador gira a roleta para escolher a questão polêmica (pela cor do envelope, exceto a cor laranja).
3. O jogador à direita do mediador argumentará a favor (SIM) e o jogador à esquerda argumentará contra (NÃO).
4. Cada jogador, incluindo o mediador, recebe uma carta SIM e uma carta NÃO, para que possa votar.
5. O jogador que representará o SIM fica com seu cartão na mesa, virado para cima; o jogador do NÃO faz o mesmo com o seu cartão.
6. Os dois competidores recebem cada um uma carta de argumentação (essa carta pertence ao jogador e não será devol- vida ao monte até o fim da partida); como as cartas são entregues de forma aleatória, pode acontecer de o jogador receber a carta de uma posição que não é a sua; nesse caso, terá que comprar outra carta, pagando com uma ficha de 1 ponto. No entanto, o jogador NÃO PRECISA usar a carta, podendo usar um argumento próprio.
7. O jogador SIM apresenta seu argumento.
8. O jogador NÃO apresenta seu argumento.
9. Se desejar, o jogador SIM pode comprar o direito de contra-argumentação (com 1 ponto) e atacar o argumento do ad- versário.
Ganhará o jogo o aluno que obtiver a maior pontuação dada pelo corpo de jurado.
Módulo IV – Estrutura e argumentação na carta de reclamação.
Esse módulo tem como intenção proporcionar aos alunos o conhecimento das características estruturais e argumen- tativas, relativamente estáveis, que materializam o gênero. Serão analisados os elementos constituintes da estrutura do gênero textual: cabeçalho, vocativo, introdução, argumentação, expressão de despedida e assinatura.
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Objetivos
• Perceber a estrutura da carta argumentativa e enten- der a função de cada parte discursiva.
• Destacar as principais etapas discursivas.
• Ler e comentar as cartas de reclamação.
• Reconhecer a carta de reclamação como um exercí- cio da cidadania.
• Reconhecer os diferentes tipos de estratégias argu- mentativas.
• Discutir, interagir e responder atividades em grupo.
• Distinguir carta de reclamação de solicitação.
Tempo estimado 3 aulas de 55 minutos.
Recursos Folhas impressas.
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Quadro adaptado da tese de doutorado da professora doutora Eliana Merlin Deganutti de Barros
Desenvolvimento
Apresentação e discussão de uma carta de reclamação retirada do site Central das Letras. A carta endereçava-se ao Excelentíssimo Senhor Presidente José Sarney, à época, presidente do Senado Federal. Disponível em: <http://centraldasletras.blogspot.com/2009/08/modelo-de-carta-argumentativa.html> Acesso em: 20/05/2017
Entregar aos alunos um texto com a estrutura textual global da carta de reclamação (modelo abaixo).
Discutir sobre a carta com os alunos destacando, principalmente, os argumentos utilizados para convencer o leitor.
Apontar as principais etapas discursivas, com cores diferentes para destacar (como o exemplo abaixo).
Junto com os alunos, discuta cada uma de suas funções, nomeando-as.
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PROCEDIMENTOS DISCURSIVOS EXEMPLOS
Definição De um ser A escolha do inglês como segundo idioma é avassaladora e
chega a 90%.De um comportamento
Comparação
Por semelhança/dessemelhança( igualdade ,extensão)
Assim, é menos trabalhoso acionar o idioma armazenado na- quela região e o cérebro gasta menos energia para fazê-lo. A
fala flui, então, naturalmente.Objetiva/Subjetiva
Imprensa, críticas de cinema ,teatro,ensino religioso ,parábolas
Um aluno do segundo ano do ensino fundamental aparece no corredor da escola e desperta
a atenção da coordenadora geral de inglês, que o interpela: “Shouldn’t you be in class? (Você não deveria estar na aula?)- “I’m gonna play now!” (agora eu vou brincar!), responde ele,
indo para o recreio. Desenvolve um raciocínio “por analogia”
Citação
de um dizer A psicóloga Elizabete Flory, doutora em bilinguismo pelo insti- tuto de Psicologia da USP, fez um levantamento de pesquisas no mundo todo sobre educação bilíngue e constatou que es- ses alunos apresentam vantagens cognitivas (...). Não dá para falar que ele aumenta a inteligência. Mas crescer falando duas línguas pode ter influências positivas em alguns aspectos da
inteligência, frisa “Eles falam inglês no automático”, conta a mãe.
de uma experiência
de um saber
Acumulação ou reiteração
Simples acumulação Elizabete aponta no entanto, que não é sempre que o bilinguis- mo é acompanhado de vantagens cognitivas: “Não dá para fa- lar que ele aumenta a inteligência. Mas crescer falando duas línguas pode ter influências positivas em alguns aspectos da
inteligência”, frisa.
Uma gradação
Tautologia: é , na retórica um termo ou texto que expressa a mesma ideia de formas dife-
rentes
Ainda nesse módulo, será entregue e comentada com alunos uma folha impressa com diferentes procedimentos discur- sivos (CHARAUDEAU, 2008 p. 236 - 243). e atividades relacionadas.
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Questionamento
Incitação a fazer Um adulto pode alcançar a mesma fluência da criança no uso
de um idioma estrangeiro? Pode, mas essa habilidade estará sempre condicionada ao uso frequente do idioma aprendido tardiamente, que, ao contrário do que ocorre no cérebro da criança, estará arma- zenado em uma região neuronal menos conectada com a fala.
Proposta de uma escolha
Verificação de um saber
Atividades relacionadas
Logo após ler e comentar com os alunos sobre os argumentos, em grupo de 3 ou 4, os alunos vão responder às seguintes questões sobre a carta apresentada inicialmente:
1. Qual é a relação lógica (de princípio, exemplificação, autoridade, causa e consequência, comparação ou evidência) que se estabelece no exemplo de carta dado?
2. Como vocês chegaram a esse resultado?
3. Há alguma indicação no texto para essa resposta?
4. As cartas argumentativas de reclamação constituem um exercício de cidadania?
a) Sim, pois todo cidadão tem direito de reclamar.
b) Não, pois nem todo cidadão tem razão ao reclamar.
c) Sim, já que se trata do direito de algumas pessoas.
d) Sim, pois reclamar, apontar soluções, solicitar a resolução de problemas é direito de qualquer cidadão.
e) Não, pois cada um que cuide dos seus problemas
Fonte: freepik
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5.Leia a tirinha acima e responda à questão: Que estratégia argumentativa leva a personagem do terceiro quadrinho a persuadir sua interlocutora?
a) Prova concreta, ao expor o produto ao consumidor.
b) Consenso, ao sugerir que todo vendedor tem técnica.
c) Raciocínio lógico, ao relacionar uma fruta com um produto eletrônico.
d) Comparação, ao enfatizar que os produtos apresentados anteriormente são inferiores.
e) Indução, ao elaborar o discurso de acordo com os anseios do consumidor.
6. Responda ao quadro abaixo observando as cartas que se seguem:
Produtor ou autor do texto
Papel social do produtor ao escre- ver
Interlocutor Papel social do interlocutor
Objetivo
Fonte: Adaptado de Barbosa (2005).
Fonte: Adaptado de Barbosa (2005).
Londrina, 15 de abril de 2015. Ao Instituto Biológico A/C Srº João Cardoso
A Produtora Cinematográfica Ltda. Empresa produtora de propaganda para TV e cinema, vem, por meio desta, solicitar permissão para tirar uma série de fotografias na cobertura do edifício do Instituto Biológico, pois neste momento está produzindo um filme comercial para o cliente Gi Modas.
Informamos que a filmagem está agendada para o dia 23 de agosto e que dispomos de um cachê para locação de espaço.
Certo de podermos contar com vossa valiosa colaboração, agradecemos a atenção e nos colocamos à disposição nos telefones (43) 35241052/(43)9952-2087.
Atenciosamente, Carla de Souza Produtora de locações
Ao Sr. Antônio de Souza Lima Vimos, através desta, comunicar-lhe que recebemos inúmeras reclamações relativas ao barulho vindo de seu apartamento até por
volta das 3 horas da manhã da última quarta-feira.
Não bastasse a rotina (sempre após as 23 horas, quando já vigora a lei do silêncio) do seu aparelho de som, sempre ligado em volu- me alto, a agitada movimentação de diversas pessoas na referida data ultrapassou em muito o bom senso, o que residem mais próximo, incluindo pessoas idosas, enfermas e crianças, que foram acordadas devido ao barulho.
Solicitamos que o senhor tome providencias para que incidentes desta natureza não voltem a ocorrer e, desta forma possamos mante o clima de boa vizinhança.
Atenciosamente, Camila Oliveira Síndica do Edifício Morada do Sol
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Folha de Curitiba, 30 de Dez 2016. Disponível em: <http://www.folhadecuritiba.jex.com.br/>Acesso em: 08 de set. 2016.
Quero protestar contra os vendedores ambulantes e seus alto-falantes, cujo barulho é incontrolável. Eles não respeitam o sossego de nin- guém. Já fiz vários pedidos, mas eles não foram atendidos. Recentemente, li no Fórum de Debates que a Lei nº 11.938, de 19/11/1995, proíbe esse tipo de barulho, mas os órgãos da fiscalização municipais nada podem fazer por falta de regulamentação. Pergunto: até quando vamos aguentar esses barulhentos e a quem devemos reclamar? Ou será que nossa cidade tem governo?
(Antônio Guimaraes dos Santos Curitiba)
7. Pedir aos alunos que colem no caderno as cartas e respondam às seguintes perguntas:
1 - O que os textos 1, 2, 3 têm em comum? 2 - Em algumas cartas, o autor pede algo ao destinatário; em outras, mais do que pedir, ele reclama de algo. Em quais há uma solicitação? E qual delas, além de solicitar, o emissor também reclama? 3 - Em qual o autor acha que tem direito ao que está pedindo? 4 - O fato de alguém solicitar algo que julgue ter direito pode influenciar na forma de escrita? Justifique citando passagens das cartas lidas. 5 - Significado do verbo RECLAMAR: V.T.I. a - Fazer impugnação ou protesto, opor-se (oral ou por escrito) b - Queixar-se, lamentar-se. c - Apontar faltas, manifestar descontentamento. V. INT. d - fazer reclamação ou reclamações; queixa-se. V.T.D. e - Exigir, reivindicar. f - Pedir, demandar, exigir. 6 - Com base nos significados e nas cartas de reclamação que você já leu, o que é uma carta de reclamação? 7 - Qual diferença entre carta de reclamação e carta de solicitação?
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Módulo V– Análise linguística do gênero
Os processos de produção textual demandam, por parte dos interlocutores, recursos linguísticos específicos, que de- vem ser adequados à situação comunicativa. Nesse contexto, serão apresentados aos alunos aspectos lexicais, marca- dores coesivos, emprego pronominal e tempo verbal usado na produção da carta. Para tal apresentação, será utilizado material impresso.
Desenvolvimento:
Distribuir a cada aluno folhas impressas com as atividades abaixo.
Ler e discutir a carta antes de os alunos efetuarem as atividades.
Conteúdo Análise linguística do gênero carta de reclamação.
Objetivos
• Ler, discutir aspectos lexicais e argumentativos da carta de reclamação.
• Destacar a principal ideia defendida na carta de recla- mação.
• Observar parágrafos em que se desenvolve a argu- mentação.
• Observar a linguagem, tempos e modos verbais, mar- cas de persuasão, argumentos utilizados na carta de reclamação.
Tempo estimado 3 aulas de 55 minutos.
Recursos Folhas impressas.
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Atividades:
1. Leia a carta de reclamação abaixo e responda às questões propostas:
São Paulo, 6 de setembro de 1991.
Exmo. Sr. Deputado Paulo Vasconcelos,
Em breve o Congresso Nacional estará revendo a Constituição promulgada em 88. Entre os temas polêmicos que farão parte dessa revisão certamente estará a obrigatoriedade do voto.
A discussão sobre esse assunto perde sentido sem uma reflexão sobre seu significado. Durante anos a sociedade brasileira buscou reins- taurar a democracia, regime em que o voto tem papel decisivo, já que é canal privilegiado de expressão da vontade popular.
Se a democracia plena está inevitavelmente vinculada à possibilidade de escolher, o próprio ato de votar deveria ser uma escolha. É assim nos Estados Unidos, país considerado por muitos um país como exemplar modelo democrático.
Portanto, é de se estranhar que, em uma democracia, o direito de voto transforma-se em obrigação. Os votos nulos e brancos quase ganha- ram as eleições de 89 em alguns recantos do país. Boa parte dos eleitores de votos brancos e nulos apenas cumpriram uma obrigação para não sofrerem as penalidades da lei. Estes votos até podem servir para expressar a descrença de inúmeros brasileiros. Mas enquanto não ficar claro que voto é direito, expressão de uma vontade, não estaremos construindo um estado verdadeiramente democrático.
Apenas quando entendermos de fato que o voto é um direito, não obrigação, poderemos também entender o que significa direito à vida, à liberdade, à saúde e educação, à igualdade de oportunidades e outros direitos garantidos pela Constituição, mas não pela prática social.
Por isso gostaria de, enquanto cidadã, ver-me representada por V. Exª.. Conto com a lucidez que tem demonstrado para defender em ple- nário a não obrigatoriedade do voto. Como eu, tenho certeza de que muitos outros brasileiros agradecem seu apoio e decidida vontade de contribuir para a construção de uma verdadeira democracia brasileira.
Respeitosamente,
C.S.S
http://celloperes.blogspot.com/2014/08/carta-argumentativa.html
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Atividades:
01. A carta de reclamação apresenta certas características formais semelhantes à da carta pessoal, tais como data, cor- po do texto (assunto), expressão cordial de despedida e assinatura. Identifique cada uma dessas partes.
02. Como é próprio do gênero argumentativo, a carta de reclamação tem a finalidade de persuadir o interlocutor. Para me- lhor atingir seu objetivo, ela costuma apresentar uma estrutura semelhante à da maior parte dos textos argumentativos. Inicialmente apresenta uma ideia principal que traduz o ponto de vista do autor sobre o assunto; em seguida, essa ideia é desenvolvida por argumentos; por último, a carta é fechada com uma conclusão que pode ser uma síntese das ideias, uma recomendação ou uma sugestão, uma proposta, uma citação, etc. No caso da carta em estudo:
a) Em qual parágrafo se encontra a ideia principal defendida pelo autor? Indique a frase que traduz a ideia principal do texto.
b) Que papel têm os parágrafos anteriores a esse em que se encontra a ideia principal?
c) Quais são os parágrafos que efetivamente desenvolvem o ponto de vista da autora?
d) Que parágrafo é responsável pela conclusão da carta?
e) Que tipo de conclusão é desenvolvida pela autora?
03. O desenvolvimento de uma argumentação pode ser feito por meio de um único argumento (que se desdobra e é trata- do em diferentes aspectos) ou de vários argumentos. Na carta em estudo:
a) O autor desenvolveu um ponto de vista com um ou mais argumentos? Explicite-o(s).
b) Foi utilizada parte da legislação como meio de fundamentar o ponto de vista do autor. Identifique-a. Que lei é essa?
04. Nessa modalidade de carta, a linguagem pode sofrer variações, dependendo do interlocutor a quem ela se dirige e do meio pelo qual é veiculada. Na carta lida:
a) A linguagem é formal ou informal?
b) Em qual(ais) circunstância(s) foram empregadas formas de tratamento? Comente a adequação do emprego desses pronomes ao contexto.
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05. Em quase toda a carta, o autor debate o tema de forma impessoal e sem se dirigir diretamente ao seu interlocutor. Isso não ocorre, entretanto, no penúltimo parágrafo. Observe nele os verbos e responda às questões a seguir:
a) Nesse parágrafo, predomina a 1ª ou a 3ª pessoa?
b) Em que tempo e modo estão predominantemente as formas verbais?
c) A autora emprega a forma verbal gostaria, correspondente ao futuro do pretérito do indicativo. Que efeito de sentido o uso desse tempo verbal tem no contexto?
d) Identifique no texto marcas de pessoalidade que explicitem o posicionamento direto da autora.
e) Identifique marcas que demonstrem a tentativa de influir no pensamento do interlocutor.
f) Levando em consideração as marcas do item anterior, que outra função de linguagem predomina no texto, além da re- ferencial?
06. Considerando o leitor, o texto está escrito de forma que ele circule nos canais de comunicação?
07. Leia o trecho abaixo e responda às questões:
“O horário de verão deveria acabar, pois ele afeta o chamado “relógio biológico” das pessoas, principalmente das mais velhas, trazendo prejuízos à saúde. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 40% dos brasileiros têm distúrbio de sono, sobretudo, no período do horário de verão.”
Oriente os alunos para responderem às questões e defenderem seus argumentos no quadro.
a) Qual é a ideia central defendida nesse trecho? b) Quais os argumentos apresentados para defender essa ideia? c) Assinale os tipos de argumentos utilizados:
( ) explicação ( ) exemplos ( ) dados estatísticos ( ) voz de autoridade ( ) relato de experiência ( ) relação de causa e efeito naqueles que apresentam um fato indiscutível.
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TRECHOS IDEIA DEFENDIDA ARGUMENTOS USADOS
( ) Pancas é a melhor cidade para se viver no Espírito Santo.
( ) Investir na educação de seu povo deve ser prioridade de qualquer governo, tanto no nível municipal, estadual
como federal.
Módulo VI
Conteúdo Autoavaliação do processo de aprendizagem do gênero carta de reclamação.
Objetivos Relembrar para assentar os conhecimentos adquiridos ao longo da SD de forma a ter uma visão do processo.
Tempo estimado 1 aula de 55 minutos.
Recursos Folhas impressas.
Avaliação Leitura e observação da atividade respondida.
Preencha o quadro abaixo com a) naqueles que trazem uma opinião sobre algo discutível, mas sem apresentar argumentos. b) naqueles que apresentam uma ideia sobre algo discutível e argumentos para defendê-la.
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Desenvolvimento
Nesse módulo, os alunos serão orientados a produzir uma lista elencando os conhecimentos adquiridos nos módulos an- teriores, sendo esses conhecimentos relacionados às questões de metalinguagem, argumentação e estrutura específica do gênero.
Atividade:
1. Vocês agora vão relembrar e produzir uma lista escrevendo todos os conhecimentos adquiridos sobre carta de recla- mação:
4ª etapa - Produção final Essa última etapa terá por objetivo promover a refacção da produção inicial, resgatando o processo de planejamento da escrita, constituindo, dessa forma, um processo crítico e reflexivo, ante o processo de ensino-aprendizagem da linguagem e da escrita. As cartas escritas, após a correção do professor, serão enviadas ao secretário de Educação, por meio do site da Ouvidoria do Senado ou por correio. No laboratório de informática, os alunos digitarão e farão a postagem das cartas produzidas. (Duração: 1 aula)
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Conteúdo Refacção da carta de reclamação
Objetivos • Comparar e avaliar o processo de aprendizado. • Reescrever a carta inicial.
Tempo estimado 1 aula de 55 minutos. (O aluno poderá, se não der tempo, levar para casa para terminá-la)
Recursos Folhas impressas.
Avaliação Participação dos alunos nas aulas; a escrita e a reescrita do texto.
Desenvolvimento
Para essa reescrita, o professor deverá escolher e utilizar a primeira produção de um aluno como ponto de partida, ficando a seu critério qual recurso utilizará: lousa cartazes, slides. O importante é instigar todas as possiblidades no processo da reescrita do texto. O importante é ativar as memórias de aprendizagem do aluno.
Os alunos trabalharam com problemas específicos da carta de reclamação, agora precisam produzir seu texto. Caso o aluno queira partir da primeira produção para ser reescrita ou fazer uma nova produção querendo mudar o foco da recla- mação, não tem problema.
O processo seguinte constitui-se em três etapas:
1.ª) revisão do texto por um colega de classe;
2.ª) revisão do professor;
Usaremos um instrumento ficha de revisão da carta de reclamação.
Converse com a turma sobre o ato de revisão de textos de colegas. Fonte: freepik
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Diga que é uma prática comum na vida de escritores, de autores de textos científicos, didáticos.
Fale da importância do olhar do outro que consegue enxergar os problemas que o próprio autor não enxerga, pois, ao es- crever, o autor sabe que quer dizer, por isso faz muitas inferências na sua textualidade: vê na escrita aquilo não escreveu.
Organize a sala, para que eles possam escrever ou reescrever a sua carta.
ATIVIDADE 2 - Entregue a ficha de avaliação a seguir
PERGUNTAS PARA ORIENTAR A AVALIAÇÃO. ALUNO REVISOR: AVALIAÇÃO DO PROFESSOR
AVALIAÇÃO DO AUTOR DA CARTA
A carta tem um cabeçalho com local e data? ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
A carta apresenta o assunto. ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
A saudação inicial/vocativo é apropriada para o destinatário (é formal?) ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
No corpo da carta, é descrito ou relatado o problema, ou seja, ele é apresentado de forma detalhada?
( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
É possível verificar o momento em que o autor da carta opina sobre o proble- ma?
( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
Há argumentos para defender a opinião? Esses argumentos são convincentes? São suficientes?
( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
Os argumentos são baseados nas estratégias estudadas? ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
Há um momento para solicitação da resolução do problema? ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
Há uma saudação final? Ela é formal? ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
O autor se identifica no final? ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
Há uso de palavras/ expressões muito informais ou próprias da linguagem oral? ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
A carta, de modo geral, está adequada ao destinatário? ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
Adaptado de Barros (2012a)
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Ao finalizarem a reescrita das cartas de reclamação, os alunos vão digitar as cartas, preencher os envelopes e enviá-las aos destinatários por meio dos correios.
Para a digitação, você pode tanto levar os alunos à sala de informática da escola como pedir que eles digitem em casa. Tudo vai depender do seu contexto específico, das possibilidades (ou impossibilidades) do seu ambiente escolar.
Essa é uma atividade que deve ser feita coletivamente em sala de aula.
Quanto ao envio das cartas ao correio, tudo vai depender novamente do seu contexto de intervenção. Caso tenha possibi- lidade, você pode levar os alunos ao correio.
Registre esse momento com fotos.
Depois das cartas enviadas, acompanhe o seu trâmite, confira o recebimento e, se possível, solicite uma resposta formal ao destinatário: isso será muito relevante para a construção do sentimento de cidadania dos alunos.
Foto: freepik
REFERÊNCIAS BARBOSA, Jacqueline Peixoto. Carta de solicitação e carta de reclamação. São Paulo: FTD, 2005.
BARROS, Eliana Merlin Deganutti de. Gestos de ensinar e de aprender gêneros textuais: a sequência didática como instrumento de mediação. 2012. 358 f. Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina/PR, 2012a.9.
CARTAS PARA JULIETA. Filme.Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tmeoGTDN54w Acesso em 09/07/2017.
CHARAUDEAU, Patrick. Linguagem e Discurso: modos de organização. Editora Contexto, São Paulo.2008.
CIDADANIA PARA CRIANÇAS. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=d-1Soy6zATY Acesso em 09/07/2017.
EMEDIATO, W. A fórmula do texto. Redação, argumentação e leitura. 1. ed. São Paulo: Geração Editorial, 2008.o,2008.
FOLHA DE CURITIBA, 30 de dez. 2016. Disponível em:<http://www.folhadecuritiba.jex.com.br/>Acesso em: 08 de set. 2016. Acesso em 09/07/2017.
LAERTE. Tirinha Disponível em: http://blog.educacional.com.br. http://educacao.globo.com/provas/enem-2012/questoes/106.html. Acesso em 09/07/2017.
SAIÃO, C. S. Carta argumentativa. 2014. Disponível em: <http://celloperes.blogspot.com.br/2014/08/carta-argumentativa.html>. Acesso em: 08 jan. 2018.
SAÚDE PÚBLICA. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Mj5wezumiK8 Acesso em 09/07/2017.
SCHNEUWLY, B; DOLZ, J. Os gêneros escolares: das práticas de linguagem aos objetos de ensino. In: Gêneros orais e escritos na escola. Tradução e organização de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado das Letras, 2004. p. 21-3
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