estrutura organizacional

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO Estrutura Organizacional e Gestão do Conhecimento EDOARDO PERROTTI Orientador: Prof. Dr. Eduardo Pinheiro Gondin de Vasconcellos São Paulo 2004

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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO E

    CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAO

    Estrutura Organizacional e Gesto do Conhecimento

    EDOARDO PERROTTI

    Orientador: Prof. Dr. Eduardo Pinheiro Gondin de Vasconcellos

    So Paulo 2004

  • EDOARDO PERROTTI

    Orientador: Prof. Dr. Eduardo Pinheiro Gondin de Vasconcellos

    Estrutura Organizacional e Gesto do Conhecimento

    Dissertao apresentada ao Departamento de Administrao da Escola de Administrao, Economia e Contabilidade da Universidade de So Paulo, como exigncia parcial para obteno do Ttulo de Mestre em Administrao.

    So Paulo 2004

  • Aos meus amados filhos, minhas fontes de energia,

    Stefano e Bernardo.

    Lel, minha querida, que sempre

    esteve ao meu lado com sabedoria, simpatia e amor.

    Mame, amor e apoio constantes

  • AGRADECIMENTOS Daquelas pessoas de quem menos se espera,

    delas que no vir nada mesmo

    Baro de Itarar

    Esta dissertao representa os resultados acumulados de um processo de

    2 anos e meio de prazerosos mergulhos bibliogrficos e contatos com seres

    humanos interessantssimos. queles que mais me ajudaram nesta caminhada

    deixo registrada minha gratido.

    Ao Prof. Dr. Eduardo Vasconcellos pelas sbias orientaes que

    desembaavam a viso e clareavam o caminho em cada encontro.

    Banca Examinadora do exame de qualificao, Prof. Dr. Isak

    Kruglianskas e Prof. Dr. Jos Cludio Cyrineu Terra, pelas inestimveis

    contribuies ao desenvolvimento deste trabalho.

    Aos Srs Jlio Fenner, Srgio Parada e Thomas Hildinger, respectivamente

    Presidente, Vice-Presidente e Gerente Geral de Engenharia da Voith Siemens

    Hydro, pela confiana no meu trabalho e pela oportunidade que me deram ao

    permitir a continuao dos meus estudos.

    Ao Sr. Osvaldo San Martin, diretor da Voith Paper, pelo valioso apoio

    implantao de uma cultura de valorizao do conhecimento no grupo Voith.

    s empresas AES Eletropaulo, Camargo Corra e Siemens por abrirem

    suas portas e colaborarem com este trabalho.

    Aos entrevistados, Sr. Arnaldo Silva Neto, Sr. Ricardo Achilles e Sr. Milton

    Romera, da empresa AES Eletropaulo; Sr. Jos Renato Santiago Jr. e Sr.

    Ronaldo Fujiwara, das empresas Camargo Corra e Nethighway; Sr. Filipe

    Cassapo, Sra. Elaine Soares, Sra. Loraine Baroni e Sra. Monika Sengberg, da

    empresa Siemens; por terem dedicado parte do seu tempo a este projeto.

  • Aos colegas da equipe de implantao de Gesto do Conhecimento na

    Voith, Alexandre Loureno, Armando Percorare, Cludio Cinaqui, nio Sanches,

    Flvio Martins, Luiz Secco e Roberto Tanaka, pelas contribuies ao

    aprofundamento do tema durante nossas tardes de debate.

    Aos colegas do Departamento de Engenharia de Novas Unidades da Voith

    Siemens Hydro pela compreenso nos momentos de ausncia.

    Ao Prof. Dr. Isak Kruglianskas, demais professores e colegas do programa

    de ps-graduao.

    Ao Prof. Dr. Lino Rodrigues, pelos ensinamentos durante o perodo de

    monitoria.

    Ao amigo Newton por facilitar o acesso aos entrevistados na AES

    Eletropaulo.

    Ao Dr. Pimont e Mame pelos livros, pelas trocas de conhecimentos e

    pelo carinho nos finais de semana em Bragana.

    minha amada esposa, Lel, pela pacincia na reviso do texto, pelo

    apoio, incentivo e compreenso constantes.

  • RESUMO

    Determinar quais os efeitos dos subsistemas componentes da estrutura

    organizacional na gerao e disseminao do conhecimento o objetivo principal

    proposto nesta pesquisa.

    Para isto h necessidade de entender como o conhecimento e as

    informaes circulam dentro das organizaes, quais tipos de conhecimento so

    estes, quais processos so utilizados para disseminao dos novos

    conhecimentos adquiridos, como so gerados os conhecimentos nas

    organizaes, como a empresa est estruturada, dentre outros temas relevantes

    para o estudo.

    Com os dados gerais obtidos atravs da aplicao das entrevistas, foi

    elaborada uma anlise qualitativa para deteco de correlao efetiva entre

    questes e variveis.

    O presente estudo permitiu concluir que a Estrutura Organizacional pode

    ter efeito substancialmente positivo sobre a Gesto do Conhecimento,

    principalmente quando adotadas as prticas de trabalho com equipes

    multidisciplinares para resoluo de problemas ou projetos de melhoria e quando

    coexistirem sistemas de comunicao e ambiente propcios para o

    desenvolvimento de uma cultura de aprendizagem e compartilhamento do

    conhecimento atravs do contato pessoal, com adequado suporte de tecnologia.

  • ABSTRACT

    The main goal of this research is to determinate how the Organizational

    Design Systems can impact the generation and dissemination of knowledge.

    It is necessary to understand how the information and knowledge flow

    within the organizations, which types of knowledge are that, which processes are

    used to disseminate the new generated knowledge, how the knowledge is

    generated within the organizations and how the organization is designed, among

    other relevant matters.

    The raw data obtained through interviews were analyzed in order to detect

    an effective correlation between questions and variables.

    The current study allows the conclusion that the Organizational Design

    have positive effect on Knowledge Management, mainly when practices of working

    with multidisciplinary teams are adopted to solve problems or to develop

    innovation projects and when suitable communication systems and environment

    for the development of a learning and knowledge sharing culture through face to

    face contacts supported by appropriated technology coexist.

  • Sumrio CAPTULO 1: Introduo.................................................................................. 2

    1.1 Justificativa do Tema: A era do conhecimento......................................... 3 1.2 Objetivo e Questo de Pesquisa.............................................................. 7 1.3 Estrutura da Dissertao.......................................................................... 7 1.4 Delimitao ............................................................................................ 10

    CAPTULO 2: Estrutura Organizacional ......................................................... 12 2.1 Introduo .............................................................................................. 12 2.2 Estrutura Organizacional: conceitos bsicos ......................................... 14

    2.2.1 Definies ....................................................................................... 14 2.2.2 A Funo e os Benefcios da Estrutura Organizacional.................. 16

    2.3 Componentes da Estrutura Organizacional ........................................... 17 2.3.1 Nvel de Formalizao (Estruturas Formais e Informais) ................ 19 2.3.2 Departamentalizao ...................................................................... 22 2.3.3 Atribuies ...................................................................................... 24

    2.4 Condicionantes da Estrutura Organizacional ......................................... 29 2.4.1 Fator Humano................................................................................. 30 2.4.2 Fator Tecnolgico ........................................................................... 31 2.4.3 Fator Objetivos/Estratgia .............................................................. 31 2.4.4 Fator Ecolgico (Ambiente) ............................................................ 31

    2.5 Abordagens para Estruturas Organizacionais........................................ 32 2.5.1 Estruturas Mecanicistas e Orgnicas: O modelo de Burns e Stalker 33 2.5.2 Estruturas Tradicionais ................................................................... 36 2.5.3 Estruturas Inovativas ...................................................................... 37

    CAPTULO 3: Gesto do Conhecimento ........................................................ 42 3.1 Introduo .............................................................................................. 42 3.2 Conhecimento: Interpretaes, conceitos e definies .......................... 43

    3.2.1 Teoria Filosfica.............................................................................. 43 3.2.2 Teoria Contempornea ................................................................... 44

    3.3 Classificao do Conhecimento Organizacional .................................... 45 3.3.1 Conhecimento Tcito e Conhecimento Explcito............................. 46

    3.4 Caractersticas do Conhecimento .......................................................... 49 3.4.1 Dado x Informao x Conhecimento x Competncia ...................... 49 3.4.2 O Ciclo do Conhecimento ............................................................... 52

    3.5 Gesto do Conhecimento ...................................................................... 56 3.5.1 Mapeamento de Competncias e Conhecimentos ......................... 58 3.5.2 Aprendizagem Organizacional ........................................................ 60 3.5.3 Inteligncia Competitiva.................................................................. 66

    3.6 Gesto do Conhecimento: modismo, idealismo ou realidade? .............. 69 CAPTULO 4: A Estrutura Organizacional Como Elemento Facilitador da Gesto do Conhecimento..................................................................................... 73

    4.1 Introduo .............................................................................................. 73 4.2 Cultura Organizacional........................................................................... 74 4.3 Gerao de Conhecimento e Criatividade ............................................. 79 4.4 Disseminao do Conhecimento e Comunicao.................................. 81 4.5 Comunidades de Prtica........................................................................ 87 4.6 O Papel do Lder na Empresa Estruturada para o Conhecimento ......... 89 4.7 O Trabalhador do Conhecimento........................................................... 91

  • 4.8 Estrutura Organizacional e Gesto do Conhecimento ........................... 93 4.8.1 Novos Desenhos Organizacionais: Estruturas Especficas para Organizaes do Conhecimento ................................................................... 94 4.8.2 Delegao de Poderes ................................................................... 98 4.8.3 Diretor do Conhecimento (CKO - Chief Knowledge Officer) ..........100 4.8.4 Diretoria do Conhecimento ............................................................103

    4.9 Exemplos ..............................................................................................105 4.9.1 O Exemplo da Skandia ..................................................................105 4.9.2 O Exemplo da BUCKMAN LABORATRIOS ................................108 4.9.3 Concluso dos Exemplos ..............................................................112

    CAPTULO 5: Metodologia de Pesquisa........................................................114 5.1 Conceitos Bsicos.................................................................................115

    5.1.1 Tipos de Pesquisas........................................................................116 5.1.2 Tipos, Fontes e Formas de Coleta de Dados ................................117

    5.2 Opo Metodolgica e Delineamento da Pesquisa ..............................118 5.2.1 Opo Metodolgica ......................................................................118 5.2.2 Delineamento da Pesquisa: Roteiro...............................................120

    5.3 Modelo Conceitual: Gesto do Conhecimento......................................121 5.4 Modelo Referencial: a Estrutura Organizacional Facilitando a Gesto do Conhecimento..................................................................................................123

    5.4.1 Definio das Variveis .................................................................123 5.4.2 Hipteses.......................................................................................125 5.4.3 Procedimento de Coleta de Dados ................................................128 5.4.4 Anlise de Dados...........................................................................130

    5.5 Critrio para Seleo dos Casos e Ambiente de Pesquisa...................130 CAPTULO 6: Anlise e Interpretao dos Dados.........................................133

    6.1 Introduo .............................................................................................133 6.2 O Setor: Energia ...................................................................................133 6.3 As Empresas.........................................................................................136

    6.3.1 AES Eletropaulo.............................................................................137 6.3.2 Camargo Corra ............................................................................141 6.3.3 Siemens.........................................................................................145

    6.4 Os Dados Coletados .............................................................................148 6.4.1 Dados dos entrevistados ...............................................................149 6.4.2 Cultura Organizacional ..................................................................149 6.4.3 Estrutura Organizacional ...............................................................151 6.4.4 Aprendizagem................................................................................162

    CAPTULO 7: Resultados e Concluses .......................................................168 7.1 Introduo .............................................................................................168 7.2 Resultados e Concluses .....................................................................168

    7.2.1 Nvel de Formalizao Processos Formais.................................169 7.2.2 Nvel de Formalizao Espaos Fsicos .....................................170 7.2.3 Critrios de Departamentalizao..................................................170 7.2.4 Critrios de Departamentalizao Administrao do Conhecimento 171 7.2.5 Critrios de Departamentalizao Equipes Multidisciplinares.....172 7.2.6 Atribuies Atividades (Papel do Lder) ......................................173 7.2.7 Atribuies Nveis de Deciso ....................................................174 7.2.8 Comunicao.................................................................................175

    7.3 Quadro Resumo dos Resultados ..........................................................177

  • 7.4 Contribuies para o Tema...................................................................179 7.5 Futuras Pesquisas ................................................................................182 7.6 Limitaes do Estudo............................................................................183

    CAPTULO 8: Referncias Bibliogrficas ......................................................186 8.1 Sites Pesquisados (Internet) .................................................................192

    Anexos anexo 1: Roteiro de Entrevista ............................................................................194 Lista de figuras Figura 1. As Eras Econmicas ............................................................................... 4 Figura 2. Estrutura da Dissertao......................................................................... 9 Figura 3. Cadeia de Valor Empresarial ................................................................ 13 Figura 4. Vantagens e Desvantagens da Centralizao e da Descentralizao .. 23 Figura 5. Componentes e Condicionantes da Estrutura Organizacional .............. 32 Figura 6. Exemplo de Estrutura Matricial ............................................................. 38 Figura 7. O Ciclo do Conhecimento: Processo..................................................... 53 Figura 8. O Ciclo da Aprendizagem Organizacional............................................. 64 Figura 9. Definio da Agenda de Competncias Essenciais .............................. 69 Figura 10. Estrutura de Gesto Voltada para o Capital Intelectual......................106 Figura 11. Modelo Conceitual de Gesto do Conhecimento ...............................121 Figura 12. Modelo Referencial de Pesquisa........................................................125 Figura 13. Cultura Organizacional.......................................................................126 Figura 14. Nvel de Formalizao........................................................................126 Figura 15. Departamentalizao .........................................................................127 Figura 16. Atribuies .........................................................................................127 Figura 17. Aprendizagem Organizacional ...........................................................128 Figura 18. Dados dos Entrevistados ...................................................................149 Figura 19. Quadro Resumo dos Resultados .......................................................179

  • CAPTULO 1 Introduo

    A abelha fazendo o mel, vale o tempo que no voou.

    Ronaldo Bastos e Beto Guedes

  • 2

    CAPTULO 1: Introduo

    Esta dissertao trata da influncia entre os temas Estrutura

    Organizacional e Gesto do Conhecimento. So investigadas as relaes entre

    eles, atravs da discusso, apresentao e anlise da bibliografia pertinente e de

    levantamentos empricos realizados com profissionais de empresas intensivas em

    conhecimento do setor energtico.

    Para integrar dois temas to importantes e amplos, cujas razes diferem

    substancialmente em termos de teorias bsicas, mtodos de abordagem e poca

    de surgimento, foi necessria uma extensa e profunda reviso bibliogrfica de

    ambos para que fosse vivel determinar em quais aspectos haveriam relevantes

    graus de inter-relacionamento e influncia. Isto feito, foi possvel concentrar a

    ateno nos elementos escolhidos e, atravs da metodologia, estudar a relao

    entre as diversas variveis de ambos.

    Segundo Argyris (1996:6) um importante aspecto para a produo de

    teorias eficazes de gerenciamento a integrao das disciplinas funcionais

    gerenciais existentes em uma teoria mais abrangente que seja aplicvel ao

    cotidiano das organizaes; o que poder demandar algumas alteraes nas

    estruturas internas destas teorias, bem como na maneira de conect-las.

    A primeira seo deste captulo introdutrio apresenta a justificativa do

    tema. A segunda, o objetivo e a questo de pesquisa. E na terceira seo o leitor

    tomar contato com a estrutura da dissertao.

  • 3

    1.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA: A ERA DO CONHECIMENTO

    Srour (1998:1) credita a Alvin Toffler a genial intuio de uma Terceira

    Onda quando, ainda na dcada de 1960, boa parte dos pesquisadores

    acadmicos mal concebia o que acabou sendo denominado Terceira Revoluo

    Industrial. Toffler distingue-se ao afirmar que a era da chamin (ou da mquina)

    foi superada. No haveria razes para falar de civilizao industrial, mas de uma

    economia supersimblica, que se baseia nos computadores, na troca de dados,

    de informaes e de conhecimento. Toffler confere, assim, um mesmo estatuto

    terico s trs ondas: atual, que denomina Terceira, e que corresponde a uma

    revoluo da informao, Segunda, identificada como revoluo industrial; e

    Primeira, entendida como revoluo agrcola.

    Para Stewart (1998:5) o conhecimento tornou-se um recurso econmico

    proeminente mais importante que a matria prima; mais importante, muitas

    vezes, que o dinheiro. Considerados produtos econmicos, a informao e o

    conhecimento so mais importantes que automveis, carros, ao e qualquer outro

    produto da era industrial.

    Drucker (2001:3) afirma que a prxima sociedade ser a do conhecimento.

    O conhecimento ser o recurso chave e os trabalhadores do conhecimento sero

    o grupo dominante na fora de trabalho desta sociedade. Esta sociedade ser a

    mais competitiva de todas, para as organizaes e para os indivduos.

    As eras econmicas so esquematicamente mostradas na Figura 1.

  • 4

    EErraa EEccoonnmmiiccaa

    CCoonnhheecciimmeennttooIInnddssttrriiaaAAggrriiccuullttuurraa

    Figura 1. As Eras Econmicas Fonte : Adaptado a partir do modelo de consultoria da Arthur D. Little Inc.

    Apesar de no estar explicitamente citado no modelo apresentado acima,

    entende-se que a era do conhecimento compreende, ou uma evoluo, da era

    de Servios e da era da Informao.

    De acordo com Crawford (1994:20) a economia do conhecimento difere

    das suas duas predecessoras nos servios, que so mais do que a produo de

    mercadorias, a forma dominante de emprego. uma economia de processamento

    de informaes na qual computadores e telecomunicaes so elementos

    fundamentais e estratgicos. Pesquisa cientfica e educao so as bases da

    gerao da riqueza. A organizao econmica e social centrada na posse da

    informao, do conhecimento e na utilizao do capital humano.

    Para Gates (1999:389), as eras econmicas anteriores foram marcadas por

    longos perodos de estabilidade, seguidos por curtos perodos de mudana. Hoje,

    as foras da informao digital esto criando um ambiente empresarial em

    constante mudana.

    ury (2000:37 na econom

    co e mais adic des

    at

    Fleury e Fle

    nhecimento, o quividades rotineiras, manuais,) afirmam que

    na valor so amenia baseada no

    inteligentes. As os importantes. io s ativida

    passam a ser cada vez

  • 5

    Segundo Crawford (1994:30) na era econmica do conhecimento novas

    formas de administrao de organizaes so desenvolvidas, utilizando-se

    tecnologia intensiva e enfatizando os recursos humanos.

    Para Thurow (2001:98) por milhares de anos as terras agrcolas vinham

    logo depois da organizao social e do esprito empreendedor como bloco bsico

    de construo na base da pirmide de riqueza. Depois da primeira revoluo

    industrial, os recursos de energia substituram as terras neste papel. A seguir o

    conhecimento passa a ocupar a posio que anteriormente foi das terras e da

    energia.

    Assim como estes, diversos outros autores e pesquisadores perceberam

    nas ltimas duas dcadas o crescimento da importncia do conhecimento para as

    organizaes. Com isto, surgiram muitas teorias sobre como administrar o

    conhecimento e sobre como administrar organizaes intensivas em

    conhecimento, devido necessidade dos gestores controlarem e disseminarem

    aquele que muitos consideram seu ativo mais valioso.

    Para Crawford (1994:27) a fora propulsora para a transio de uma

    economia industrial para economia do conhecimento o aumento da

    produtividade causado por inovaes em tecnologia, organizao e

    administrao.

    Segundo Drucker (1998:107), terra, mo-de-obra e capital os tradicionais

    fatores de produo dos economistas no desapareceram, mas tornaram-se

    secundrios. Eles podem ser obtidos, e com facilidade, desde que haja

    conhecimento especializado. Ao mesmo tempo o conhecimento especializado por

    si s no produz nada. Ele se torna produtivo somente quando est integrado a

    uma tarefa. E por isto que a sociedade do conhecimento tambm um

    sociedade de organizaes: a finalidade e a funo de cada organizao,

    empresarial ou no, so a integrao de conhecimentos especializados em uma

    tarefa comum.

  • 6

    Drucker (1995:165) afirma serem os indivduos fundamentais para a

    sociedade do conhecimento, pois o conhecimento est sempre incorporado a uma

    pessoa. Portanto a passagem para a sociedade do conhecimento coloca a

    pessoa no centro.

    Para Sveiby (1997:28) a economia da era do conhecimento oferece

    recursos ilimitados pois a capacidade humana para criar conhecimentos infinita.

    Segundo Stewart (2001:5), prosperar nesta nova economia requer um novo

    vocabulrio, novas tcnicas de gerenciamento, novas tecnologias e novas

    estratgias.

    Em um processo de transio da era industrial para a era ps-industrial

    torna-se relevante que as organizaes insiram como tema fundamental de sua

    viso corporativa estratgica a gesto do conhecimento. a partir da gesto

    desse capital intelectual que, em uma sociedade global, onde a produo fsica se

    comoditiza mais e mais, se poder diferenciar e agregar valor aos produtos e

    servios das organizaes, tendo em vista a expanso de seus negcios e

    conseqentemente, do incremento patrimonial das empresas.

    O desenvolvimento intenso de novas tecnologias, a contnua inovao dos

    produtos e a necessidade de melhorar a competitividade para atender uma

    demanda de mercado cada vez mais sofisticada, exigem das organizaes a

    busca permanente do conhecimento novo pelo homem, muito alm do

    pensamento tradicional. Compe-se, assim, uma economia gil, na qual as

    empresas esto cada vez mais dependentes de sua capacidade de inovar.

    Estruturar convenientemente organizaes que necessitem gerir

    conhecimento revela-se como vital para clientes, empregados, acionistas e

    quaisquer outros associados em um mundo de negcios que se modifica em seus

    valores, mas que na sua essncia depende do intelecto e dos conhecimentos do

    homem para atingir a excelncia. A gesto prpria desse ativo organizacional,

    tratado via de regra como um bem intangvel, torna-se mandatria na gesto das

    corporaes modernas.

  • 7

    Portanto, neste contexto, pode-se afirmar ser de vital importncia o avano

    na construo de conhecimento:

    sobre como transformar conhecimento em instrumento para o sucesso, o crescimento e a perpetuidade de organismos e naes e;

    sobre como criar ou adaptar estruturas e sistemas existentes para esta nova era.

    1.2 OBJETIVO E QUESTO DE PESQUISA

    Mesmo com a quantidade de publicaes sobre o tema Gesto do

    Conhecimento crescendo nos ltimos anos em progresso geomtrica, ainda

    existe dificuldade em encontrar trabalhos que tragam luz e discutam

    argumentos que nos levem a entender como a estrutura organizacional pode

    atuar como elemento facilitador da administrao do conhecimento.

    Desta forma, a dissertao tem como objetivo principal responder

    seguinte questo de pesquisa:

    Quais os efeitos dos subsistemas componentes da estrutura organizacional na gerao e disseminao do conhecimento?

    Os temas referentes a este objetivo sero tratados na reviso bibliogrfica,

    nos captulos 2 a 4, sero utilizados como guias do instrumento de coleta de

    dados e orientaro a anlise dos resultados e as concluses.

    1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAO

    Este trabalho est estruturado em 8 captulos. Abaixo so descritos os

    captulos: seus ttulos e uma pequena explicao dos temas a serem abordados.

    Em seguida, na Figura 2, apresenta-se a estrutura da dissertao de forma

    grfica.

  • 8

    Captulo 1: INTRODUO. Neste captulo descreve-se a formulao do

    problema, as questes de pesquisa, os objetivos, a justificativa do tema e a

    estrutura da dissertao.

    Captulo 2: ESTRUTURA ORGANIZACIONAL. Nesse captulo inicia-se a

    reviso bibliogrfica. So apresentados os conceitos bsicos, a funo e os

    benefcios da estrutura organizacional, seus componentes e condicionantes.

    Prossegue-se discutindo as principais abordagens dos autores para estruturas

    organizacionais, contemplando-se estruturas tradicionais bem como os modos

    alternativos de organizao.

    Captulo 3: GESTO DO CONHECIMENTO. Esse captulo trata da reviso

    bibliogrfica deste outro tema. So abordadas inicialmente as diferentes

    interpretaes, conceitos e definies para o conhecimento. Em seguida

    comenta-se os tipos e caractersticas do conhecimento sob a tica de diversos

    autores.

    Captulo 4: A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL COMO ELEMENTO

    FACILITADOR DA GESTO DO CONHECIMENTO. Aqui debatida a relao

    entre os dois temas. Identificando-se quais elementos da estrutura organizacional

    relacionam-se com os diversos fatores da gesto do conhecimento. Temas como

    disseminao do conhecimento, comunicao, compartilhamento de informaes,

    so vistos sob as duas perspectivas e relacionados convenientemente.

    Captulo 5: METODOLOGIA DE PESQUISA. Esse captulo trata da

    metodologia aplicada pesquisa. As opes metodolgicas, a seleo das

    organizaes, o planejamento e execuo do estudo de campo.

    Captulo 6: ANLISE E INTERPRETAO DOS DADOS. Neste captulo

    descreve-se a pesquisa realizada, o setor, as empresas e os dados primrios e

    secundrios coletados.

    Captulo 7: RESULTADOS E CONCLUSES. Anlises, contribuies para

    o tema, futuras pesquisas, limitaes.

  • 9

    Captulo 8: BIBLIOGRAFIA.

    Captulo 1: Introduo

    Captulo 6: Anlise e Interpretao dos Dados

    Captulo 5: Metodologia de Pesquisa

    Pesquisa de Campo

    Captulo 4: A Estrutura Organizacional como Elemento

    Facilitador da Gesto do Conhecimento

    Captulo 3: Gesto do Conhecimento

    Reviso Bibliogrfica

    Captulo 2: Estrutura Organizacional

    Captulo 7: Resultados e Concluses

    Captulo 8: Bibliografia

    Figura 2. Estrutura da Dissertao Fonte : Elaborado pelo autor

  • 10

    1.4 DELIMITAO

    O estudo concentrou-se na anlise da inter-relao entre os temas

    Estrutura Organizacional e Gesto do Conhecimento. Em particular dentro do

    tema Estrutura Organizacional optou-se por estudar os Nveis de Formalizao,

    os Critrios de Departamentalizao, as Atividades, os Nveis de Deciso e a

    Comunicao. Dentro do tema Gesto do Conhecimento, o foco foi dado na

    Aprendizagem Organizacional. Detalharam-se mais especificamente os

    componentes Gerao e Disseminao do ciclo do conhecimento.

    O estudo restringe-se s empresas que atuem no setor de Energia. A justificativa

    para a delimitao da pesquisa a este setor da economia ser abordada no

    captulo 5.

  • CAPTULO 2 Estrutura Organizacional

    Todo homem do tamanho do seu sonho.

    Annimo

  • 12

    CAPTULO 2: Estrutura Organizacional

    2.1 INTRODUO

    A estrutura organizacional deve ser definida consoante a estratgia de

    negcios das organizaes. A escolha de uma estrutura em detrimento de outra

    inevitavelmente envolve vantagens e desvantagens, privilegiando certos aspectos

    comparativamente a outros. A questo importante a abordar em qualquer

    estratgia de gesto que se focalize nos aspectos mais relevantes e, dessa

    forma, provenha as condies necessrias para que sejam alcanados. Em

    geral, a administrao dessa estrutura deve buscar concentrar-se na cadeia de

    valor horizontal dos negcios : a gesto de suprimentos, produo,

    comercializao, finanas; e na gesto dos talentos humanos, assim como estar

    absolutamente focada na gesto da cadeia de valor vertical do setor onde a

    empresa atua: seu macro segmento, conforme mostra a Figura 3 .

    As estruturas organizacionais, como ser mostrado ao longo deste

    captulo, j foram alvo de estudo de diversos autores. Sobrevoando estas teorias,

    pesquisas e estudos deste ramo da Administrao constata-se que os desenhos

    organizacionais moldaram-se s condies de contorno da poca e s

    circunstncias em que foram utilizados.

    A proposta deste captulo apresentar os principais conceitos que

    envolvem as teorias das estruturas organizacionais e alguns tipos de estruturas

    das organizaes, contrapondo opinies de diversos autores.

  • 13

    Servios aoconsumidor

    VendasProduo

    Desenvolvimentode produtos

    MarketingCompras

    Rede declientes

    Rede defornecedores

    Infra-estruturainterna daempresa

    Distribuio

    Visibilidade dos dadosVisibilidade dos dados

    Montagem e fabricao do pedidoMontagem e fabricao do pedido

    Excelncia no servios ao consumidorExcelncia no servios ao consumidor

    Otimizao da capacidadeOtimizao da capacidade

    Coordenao em tempo realCoordenao em tempo realda oferta e da demandada oferta e da demanda

    SETORPRIMARIO

    PRXIMO ELODA CADEIA

    TRANSFORMAO

    Cadeia Horizontal

    Macro segmento vertical

    TRANSFORMAO

    Figura 3. Cadeia de Valor Empresarial Fonte : Adaptado a partir do modelo de consultoria da PricewaterhouseCoopers visando refletir os componentes da cadeia de realizao horizontal dos negcios, interagindo com a dinmica da nova economia, onde o Capital Intelectual um componente chave da gesto.

  • 14

    2.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL: CONCEITOS BSICOS

    2.2.1 Definies

    Tratando este captulo de organizaes e suas estruturas, deve-se

    conceituar, mesmo que brevemente, alguns termos que sero recorrentes ao

    longo deste texto.

    Muitos foram os autores que externaram seus pontos de vista e suas

    definies a respeito de organizao e estrutura organizacional. Por no ser este

    o objetivo primeiro deste captulo, relacionaram-se as definies que mais se

    aproximam do presente estudo.

    Galbraith (1977:3) define organizao como uma composio de pessoas

    com a finalidade de alcanar algum propsito compartilhado atravs da diviso do

    trabalho, integrado por processos de deciso baseados em informaes,

    continuamente atravs do tempo.

    Segundo Vasconcellos (1989:3) a estrutura de uma organizao pode ser

    definida como resultado de um processo atravs do qual a autoridade

    distribuda, as atividades desde os nveis mais baixos at a Alta Administrao

    so especificadas e um sistema de comunicao delineado permitindo que as

    pessoas realizem as atividades e exeram a autoridade que lhes compete para

    atingir os objetivos organizacionais.

    Para Oliveira (2000:85) a estrutura organizacional o conjunto ordenado

    de responsabilidades, autoridades, comunicaes e decises das unidades

    organizacionais de uma empresa.

    Maximiano (1986:153) explica que para juntar todas as tarefas

    especializadas, necessrio estabelecer uma rede de relaes entre indivduos

    ou grupos de indivduos, de forma que seus trabalhos sejam coordenados e

    coerentes com a tarefa final. Esta estrutura de coordenao chama-se estrutura

    organizacional. A estrutura organizacional, portanto, o produto das decises de

    diviso e coordenao do trabalho, e define no apenas as atribuies

  • 15

    especficas, mas tambm o modo como devem estar interligados os diversos

    grupos especializados, chamados departamentos.

    Na opinio de Robbins (2002:401), um pesquisador do comportamento

    humano da Universidade do Arizona, as organizaes possuem estruturas

    diferentes, que tm impacto sobre as atitudes e comportamentos de seus

    funcionrios. A estrutura organizacional define como as tarefas so formalmente

    distribudas, agrupadas e coordenadas.

    Segundo Myers (1996:2), a performance da organizao o resultado da

    interao da estratgia, contexto organizacional e comportamento individual. Com

    o risco da supersimplificao, isto significa que gerentes precisam escolher a

    abordagem certa para os mercados certos, criar processos para fornecer produtos

    e/ou servios de qualidade para estes mercados, e motivar pessoas para agir

    alinhadas com os objetivos da empresa. A elaborao da estrutura organizacional

    leva em considerao trs fatores crticos de sucesso: estratgia, organizao e

    motivao. Na sua essncia esta abordagem presume que as aes de uma

    pessoa so influenciadas pela situao dela. Muitas prticas derivadas desta

    tradio so baseadas na crena que empresas atingem uma performance eficaz,

    alinhando, ou tornando consistente, diversos componentes organizacionais.

    Intervenes na estrutura organizacional tratam de modificar elementos da

    estrutura de uma organizao, incluindo a diviso do trabalho, a alocao dos

    poderes de deciso, escolhas dos mecanismos de coordenao, delineamento

    das fronteiras da organizao e redes de relacionamentos informais.

    A estrutura organizacional, acrescenta o autor, versa sobre facilitar que um

    grupo de pessoas combine, coordene e controle recursos e atividades a fim de

    produzir valor, tudo de maneira apropriada ao ambiente onde a empresa compete.

    Galbraith (1977:5) argumenta que o conceito de estrutura organizacional

    resulta da combinao da definio de organizao e do conceito de escolha

    estratgica. A estrutura organizacional concebida para ser um processo de

    deciso para trazer coerncia entre os objetivos e propsitos para os quais a

  • 16

    organizao existe, o modelo de diviso do trabalho e de coordenao entre

    unidades e as pessoas que faro o trabalho.

    Para Pinto (2002:42) relevante notar que a estrutura organizacional

    influencia significativamente a performance da organizao.

    2.2.2 A Funo e os Benefcios da Estrutura Organizacional

    Segundo Oliveira (2000:81) quando a estrutura organizacional

    estabelecida de forma adequada, ela propicia para a empresa alguns aspectos:

    Identificao das tarefas necessrias;

    Organizao das funes e responsabilidades;

    Informaes, recursos e feedback aos empregados;

    Medidas de desempenho compatveis com os objetivos; e

    Condies motivadoras.

    Para Child (citado por Chiavenato, 1999:664), o desenho de uma

    organizao constitui uma das maiores prioridades da administrao, pois a

    funo da estrutura organizacional auxiliar no alcance dos objetivos

    organizacionais servindo como:

    Estrutura bsica ao contribuir para a implementao de planos bem como para a alocao de pessoas e de recursos para as

    tarefas que precisam ser feitas e ao proporcionar mecanismos para

    a coordenao dessas tarefas. Nessa circunstncia, assume a forma

    de descries de cargos, organogramas, constituio de conselhos

    e de comisses;

    Mecanismo de operao ao indicar com clareza aos membros da organizao o que deles esperado atravs de elementos

    normativos como procedimentos de trabalho, padres de

  • 17

    desempenho, sistema de avaliao, sistema de recompensas,

    programaes e sistemas de comunicao;

    Mecanismo de deciso suportando o processo de tomada de deciso e seus requisitos de processamento de informao, o que

    inclui o fornecimento de arranjos favorveis obteno de

    informaes do meio externo e procedimentos para tratamento de

    informaes.

    2.3 COMPONENTES DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

    A seguir so apresentadas as vises de diversos autores com relao aos

    componentes da estrutura organizacional.

    Em sua tese, Vasconcellos (1972:145) entende por componentes

    estruturais as variveis cujas configuraes precisam ser determinadas para que

    a estrutura possa ser montada. Estes componentes so:

    Formas da Estrutura. So as vrias alternativas de configurao que a estrutura da organizao pode apresentar. Entre estas

    configuraes temos: Funcional, Linha-Staff, Comisses, Inovativa,

    Matriz. Muito raramente essas configuraes so encontradas de

    forma pura, na maior parte dos casos as estruturas so constitudas

    por combinaes dessas formas principais.

    Divises da Estrutura. So os aglomerados em que a organizao dividida. Uma alternativa para a composio de uma estrutura pode

    ser: Divises Administrativas, formadas por departamentos, que so

    conjuntos de sees que so formadas por unidades

    administrativas.

    Sistema de Comunicao. necessrio para que a estrutura administrativa exista como um sistema integrado.

  • 18

    Amplitude Administrativa. Existe um limite relativo ao nmero de pessoas que o chefe pode supervisionar eficientemente. Este

    nmero chamado de Amplitude Administrativa.

    Autoridade e Responsabilidade.

    Alguns anos depois, em seu livro, Vasconcellos (1989:4) condensa alguns

    itens e sugere um modelo no qual a estrutura organizacional composta dos

    subsistemas de autoridade, comunicao e atividades.

    Oliveira (2000:90-99), concorda com Vasconcellos e descreve como

    componentes da estrutura organizacional os sistemas de responsabilidades

    (anlogo ao subsistema de atividades de Vasconcellos), de autoridade, de

    comunicaes e, ainda acrescenta mais um, denominando de sistema de

    decises.

    Para Robbins (2002:401) existem seis elementos bsicos a serem focados

    pelos administradores quando projetam a estrutura de suas organizaes. So

    eles a especializao do trabalho, a departamentalizao, a cadeia de comando,

    a amplitude de controle, a centralizao e descentralizao e a formalizao.

    Mais recentemente Vasconcellos (2003) adota um novo modelo conceitual

    para definio dos componentes da estrutura organizacional:

    Nvel de formalizao;

    Departamentalizao e;

    Atribuies.

    Foi adotado nesta dissertao o modelo desenvolvido por Vasconcellos

    (2003) pelo fato dos seus subsistemas coincidirem ou englobarem os

    componentes citados pelos demais autores. Esta escolha facilitar a referncia

    desses componentes em captulos posteriores. Nos pargrafos seguintes

    apresenta-se cada um dos componentes da estrutura organizacional e suas

  • 19

    subdivises. Algumas subdivises poderiam ser alocadas em mais de um

    componente, porm adotou-se o princpio da predominncia para evitar repetio.

    2.3.1 Nvel de Formalizao (Estruturas Formais e Informais)

    Este tpico o de maior convergncia de opinies entre os autores.

    Praticamente todos admitem a existncia de uma estrutura informal nas

    organizaes, independente do tipo de estrutura formal adotada.

    Segundo Vasconcellos (1989:7), a estrutura formal aquela explicitada em

    manuais de organizao que descrevem os nveis de autoridade e

    responsabilidade dos vrios departamentos e sees. A representao grfica da

    estrutura formal feita atravs do organograma.

    A escola clssica da Administrao achava que as organizaes operavam

    somente atravs da estrutura formal. Entretanto, vrios fatores concorrem para

    tornar invivel esta premissa:

    praticamente impossvel elaborar um conjunto de normas que cubra todas as possveis situaes;

    h necessidade de solues rpidas para responder a situaes crticas;

    caractersticas do fator humano com respeito liderana e objetivos pessoais influem de maneira intensa na operao da estrutura.

    Assim, muitas vezes a organizao opera de forma diferente daquela

    estabelecida, dando origem estrutura informal. Quando funcionrios de

    diferentes departamentos encontram-se socialmente, eles trocam informaes

    sobre assuntos da empresa sem passar atravs dos canais formais de

    comunicao. Quando um subordinado influi sobre a deciso do chefe de forma

    sistemtica devido sua habilidade de relacionamento pessoal, ele est

    invertendo a estrutura formal.

  • 20

    Pinto (2002:41) enfatiza que no se pode ignorar que a distribuio de

    autoridade e responsabilidades pressupe tambm o estabelecimento de canais

    de comunicao e d origem a arranjos de controle de comportamentos dentro da

    organizao que em ltima instncia visam influenciar a performance

    organizacional.

    Revela notar que essa distribuio feita tanto de modo formal quanto

    informal: na medida que feita formalmente gera a definio e a publicao de

    especificaes acerca de atribuies, poderes e relaes de subordinao bem

    como de padres de comportamentos esperados para os membros da

    organizao, enquanto realizao informal cria redes de relacionamentos

    interpessoais que podem influenciar o processo decisrio. Neste contexto, a

    formalizao representa a expresso dos desejos dos dirigentes no sentido de

    balizar o funcionamento da organizao ao passo que a influncia informal

    representa principalmente a expresso dos desejos dos membros da organizao

    localizados em grupos informais.

    Para Oliveira (2000:82) a estrutura informal a rede de relaes sociais e

    pessoais que no estabelecida ou requerida pela estrutura formal. Surge da

    interao social, o que significa que se desenvolve espontaneamente quando as

    pessoas se renem, portanto apresenta relaes que usualmente no aparecem

    no organograma. A primeira caracterstica da estrutura informal no poder ser

    extinta. H muitas estruturas informais dentro de uma grande empresa. Elas

    existem em todos os nveis. Algumas esto inteiramente dentro da empresa;

    outras so parcialmente externas empresa.

    Segundo Duguid e Brown (2001:73), o papel da organizao criar

    processos e estruturas, para levar vantagem das prticas que se desenvolvem

    espontaneamente em seu interior.

    O autor elenca ainda algumas vantagens da estrutura informal:

    proporciona maior rapidez no processo;

    reduz distores existentes na estrutura formal;

  • 21

    reduz a carga de comunicao dos chefes; e

    motiva e integra as pessoas da empresa.

    As principais desvantagens so:

    desconhecimento das chefias;

    dificuldade de controle; e

    possibilidade de atrito entre as pessoas.

    De maneira resumida o autor apresenta alguns fatores que condicionam o

    aparecimento dos chamados grupos informais:

    os interesses comuns que se desenvolvem em certo nmero de pessoas e que, por meio deles, passam a sintonizar-se mais

    intimamente;

    a interao provocada pela prpria estrutura formal;

    os defeitos da estrutura formal;

    a flutuao do pessoal dentro da empresa, a qual provoca, normalmente, a alterao dos grupos sociais informais;

    os perodos de lazer; e

    a disputa de poder.

    Por ltimo, a estrutura informal ser bastante desenvolvida e bem utilizada

    quando:

    os objetivos da empresa forem idnticos aos objetivos dos indivduos;

    existir habilidade das pessoas em lidar com a estrutura informal.

  • 22

    2.3.2 Departamentalizao

    O subsistema de departamentalizao composto pelos Critrios de

    Departamentalizao, Centralizao e Descentralizao de reas de apoio,

    Amplitude Administrativa e Nveis Hierrquicos. O produto da

    departamentalizao o organograma.

    Critrios de Departamentalizao. Vasconcellos (1986:9) afirma ser

    departamentalizao o processo atravs do qual as unidades so agrupadas em

    unidades maiores e assim sucessivamente at o topo da organizao, dando

    origem aos diversos nveis hierrquicos.

    Segundo Robbins (2002:403) a base para o agrupamento das tarefas a

    departamentalizao. Uma das formas mais populares de agrupamento de

    atividades se d pelas funes desempenhadas: engenharia, contabilidade,

    produo, compras. Muitas empresas utilizam a departamentalizao por produto:

    sabonete, creme dental, sabo em p. Pode ocorrer tambm a diviso por

    critrios geogrficos: regio sul, regio norte. Ou ainda a departamentalizao por

    processos: fundio, caldeiraria, usinagem, montagem.

    Para Oliveira (2000:114), departamentalizao o agrupamento, de acordo

    com um critrio especfico de homogeneidade, das atividades e correspondentes

    recursos (humanos, financeiros, materiais e equipamentos) em unidades

    organizacionais. Alm das formas de departamentalizao citadas por Robbins,

    Oliveira prope as seguintes: por quantidade, territorial, por produtos (ou

    servios), por clientes, por projetos, matricial e mista.

    Centralizao ou Descentralizao. Segundo Souza (1982:64) a

    centralizao diz respeito distribuio de poder na organizao, no que se

    refere ao processo de tomada de decises, e parcela de influncia que detm

    nesse processo cada um dos indivduos que a compe. Normalmente um alto

    grau de centralizao reflete a viso de que o grupo necessita de superviso

    rigorosa, no estando apto a tomar decises sobre tarefas que lhes dizem

    respeito.

  • 23

    Para Oliveira (2000:190), descentralizao a menor concentrao do

    poder decisrio na alta administrao da empresa, sendo, portanto, mais

    distribudo pelos seus nveis hierrquicos. Ela pode levar ainda a um aumento da

    produtividade pois:

    A amplitude e/ou profundidade dos cargos crescem;

    As pessoas so solicitadas a aceitar maior responsabilidade;

    As percias em deciso aumentam com a prtica e a liberdade para aprender por meio dos enganos cometidos; e

    As empresas podem responder mais rapidamente s necessidades dos empregados e dos clientes.

    No quadro a seguir, Maximiano (citado por Pinto, 2002:61) apresenta

    algumas vantagens e desvantagens da centralizao e da descentralizao.

    VANTAGENS DESVANTAGENS

    CENT

    RALI

    ZA

    O - produz uniformidade e facilita o controle. - os gerentes tm acesso rpido informao e podem cuidar dos problemas medida que ocorrem. - reduz a duplicao de esforos.

    - a avaliao de desempenho sempre depende de critrios estabelecidos pela hierarquia superior. - a busca da uniformidade desfavorece a competio. - tende a inibir a iniciativa e desestimular a criatividade.

    DESC

    ENTR

    ALIZ

    AO

    - permite avaliar os gerentes com base em sua capacidade de tomar decises e resolver problemas. - tende a aumentar a satisfao dos gerentes com o sistema de controle e resultado. - produz um clima de competitividade positiva dentro da organizao. - favorece a criatividade e a engenhosidade na busca de solues para problemas.

    - o controle e o tratamento uniformizado de problemas so difceis em um sistema descentralizado. - pode diminuir as vantagens da especializao devido tendncia auto-suficincia.

    Figura 4. Vantagens e Desvantagens da Centralizao e da Descentralizao Fonte : Maximiano citado por Pinto (2002:61)

    Amplitude Administrativa. Vasconcellos (1972:6) explica que quanto mais a

    firma cresce, mais empregados e supervisores so contratados, passando a

  • 24

    estrutura a ter um nmero maior de nveis. Isto acontece porque existe um limite

    relativo ao nmero de pessoas que o chefe pode supervisionar eficientemente.

    Esse nmero chamado de amplitude administrativa e pode variar caso a caso.

    Oliveira (2000:200) concorda com Vasconcellos e afirma ainda que

    medida que uma pessoa sobe numa estrutura organizacional, sua amplitude de

    controle torna-se menor. Ocorre tambm que, no mesmo nvel hierrquico haver

    uma considervel variao na amplitude administrativa. De qualquer forma existe

    relao entre amplitude administrativa e nveis hierrquicos, pois, quanto maior o

    nmero de subordinados do chefe, menor ser o nmero de nveis hierrquicos, e

    vice-versa.

    Nveis Hierrquicos. Segundo Oliveira (2000:203) os nveis hierrquicos

    representam o conjunto de cargos na empresa com o mesmo nvel de autoridade.

    No delineamento dos nveis hierrquicos, deve-se partir do topo da pirmide e

    parar no momento em que as linhas hierrquicas atingirem o nvel das unidades

    organizacionais, que tm apenas sua vinculao eventualmente modificada,

    permanecendo inalteradas suas atribuies fundamentais.

    2.3.3 Atribuies

    Os principais aspectos deste subsistema so as Atividades, os Nveis de

    Deciso, Delegao, Atribuies das Unidades Administrativas e o Sistema de

    Comunicaes. O subsistema de atribuies est intimamente ligado

    distribuio de poder na organizao. Os produtos da definio de atribuies so

    a lista de atribuies e o organograma linear. Para maiores detalhes sobre o

    organograma linear ver Vasconcellos, Kruglianskas e Sbragia (1981),

    Vasconcellos (1989:189) e Oliveira (2000:120).

    Atividades. Pode-se classificar as atividades em dois grupos principais:

    atividades de linha e atividades de assessoria. Oliveira (2000:148) afirma

    existirem duas formas de diferenciar as atividades de linha e assessoria nas

    empresas. Na primeira forma considera-se que as unidades organizacionais de

    linha tm aes de comando, enquanto as unidades organizacionais de

    assessoria no tm ao de comando, pois apenas aconselham as unidades de

  • 25

    linha no desempenho de suas atividades. A outra forma de apresentar a

    diferenciao considerar as unidades organizacionais de linha como ligadas s

    atividades-fim da empresa, enquanto as unidades organizacionais de assessoria

    como ligadas s atividades-meio da empresa.

    Para Engestrm (citado em Choo, 2003:352) uma caracterstica

    fundamental do sistema de atividades a maneira como mltiplas mediaes

    regulam as interaes entre os elementos: ferramentas e conceitos mediam as

    interaes entre o indivduo e o seu contexto; tradies, rituais e regras fazem a

    mediao entre o indivduo e sua comunidade; e uma diviso do trabalho faz a

    mediao entre a comunidade e as aes de seus membros.

    Para Choo (2003:381) as organizaes so sistemas de atividades

    socialmente distribudas e atividades que interagem de acordo com as teorias de

    ao comuns. As interaes entre indivduos, grupos e padres de ao so

    mediadas por regras, papis e ferramentas definidos em parte pela organizao,

    mas que tambm surgem naturalmente das prticas sociais e tcnicas do sistema

    de atividade.

    Nveis de Deciso. Robbins (2002:127) define deciso de maneira simples

    e direta: a escolha feita entre duas ou mais alternativas.

    Drucker (citado por Oliveira, 2000:94) apresenta duas regras relacionadas

    ao nvel hierrquico onde deve ser tomada a deciso:

    A deciso deve ser tomada sempre no nvel mais baixo possvel e o mais perto possvel da cena de ao;

    A deciso deve ocorrer sempre em um nvel que assegure a considerao plena de todos os objetivos e atividades afetados.

    Neste ponto torna-se interessante relacionar os direitos de deciso com o

    conhecimento. Ou seja, quais seriam as dificuldades e efeitos para performance

    da empresa quando o poder de deciso est distante daqueles que tm o domnio

    do conhecimento.

  • 26

    Para Vasconcellos (1989:4), quando as decises esto excessivamente

    centralizadas no topo da hierarquia tem-se demora nas decises e frustraes,

    sobrecarga na alta administrao e decises desvinculadas da realidade. Por

    outro lado, se as decises esto excessivamente descentralizadas tem-se falta de

    coordenao e dificuldade de controle.

    Ao abordar a importncia do conhecimento na questo da definio da

    autoridade, Jensen e Meckling (1996:19) colocam que quando o conhecimento

    valioso no momento da deciso, existem benefcios em posicionar o poder de

    deciso prximo ao conhecimento que valioso para esta deciso. Existem 2

    maneiras de resolver a questo. A primeira levando o conhecimento para

    aqueles com poder de deciso, a outra levar o poder de deciso para aqueles

    com conhecimento. A segunda recebeu sempre menos ateno dos

    pesquisadores que a primeira.

    A questo pode tambm ser resolvida em termos de custos. O que mais

    caro, levar o conhecimento ou o poder de deciso?

    Delegao. Para Sisk (citado por Vasconcellos, 1972:147), delegao um

    processo administrativo que permite a transferncia de autoridade do superior

    para o subordinado. Vasconcellos (1972:147) prossegue afirmando que ao

    delegar, o chefe transfere parte de sua autoridade aos subordinados.

    fundamental que ele tenha capacidade de delegar sem perder o poder, caso

    contrrio ele despender tantas energias disputando a liderana com os

    subordinados que ter dificuldade em supervisionar um grande nmero deles.

    Oliveira (2000:182) concorda com Vasconcellos e acrescenta que na

    atribuio de tarefas aos indivduos, deve-se tomar medidas para a continuidade

    do desempenho das tarefas assim delegadas e que no processo de delegao

    deve ser considerada a capacidade real e percebida do chefe, assim como de

    seus subordinados; o fator dominante da deciso da delegao, porm, deve ser

    a determinao da maneira como se pode conseguir melhor o desempenho total

    da empresa.

  • 27

    Gates (1999:392) acredita firmemente que se as empresas atriburem

    poder aos seus empregados na soluo de problemas e lhes derem ferramentas

    potentes para isto, elas iro admirar-se com a criatividade e a iniciativa que

    florescero destas medidas.

    Atribuies das Unidades Administrativas. Segundo Oliveira (2000:161),

    que denomina as unidades administrativas como unidades organizacionais, elas

    representam uma forma de consolidar e representar formalmente todas as

    responsabilidades da unidade considerada. As atribuies das unidades

    organizacionais da empresa tm como base a especializao do trabalho.

    Sistema de Comunicao. Para Litterer (citado por Vasconcellos, 1986:8),

    comunicao o processo atravs do qual uma mensagem transmitida de um

    ponto chamado emissor para outro chamado receptor, atravs de um determinado

    canal.

    Conforme Simeray (1974:49), o funcionamento de uma empresa requer

    trocas e informaes freqentes e de diversos tipos entre os rgos que a

    constituem. Uma ligao estrutural entre dois rgos estabelecida basicamente

    pela comunicao de uma informao.

    Segundo Pinto (2002:57), para o sistema de comunicao devem ser

    definidos os meios e os tipos de comunicao.

    Meios de Comunicao: Para Maximiano (citado por Pinto, 2002:61) os

    meios de comunicao se classificam em trs categorias: comunicao pessoal,

    comunicao escrita e impressa e comunicao por meio de equipamento. A

    escolha dos meios deve se pautar pela velocidade de resposta e pela

    possibilidade de registrar e recuperar a informao.

    Oliveira (2000:95) afirma existirem dois tipos diferentes de formao de

    esquemas de comunicao numa empresa:

    O formal, que conscientemente planejado, facilitado e controlado. Ele segue a corrente de comando em uma escala hierrquica; e

  • 28

    O informal, que surge espontaneamente na empresa, em reao s necessidades de seus membros.

    Tipos de Comunicao: Segundo Maximiano (citado por Pinto 2002:284) os

    tipos de comunicao referem-se direo em que se d a comunicao: para

    baixo, para cima, ou lateralmente.

    Para Oliveira (2000:96), cujas afirmaes convergem com as de

    Maximiano, as comunicaes na empresa podem ser:

    Horizontal, realizado entre as unidades organizacionais diferentes, mas do mesmo nvel hierrquico;

    Diagonal ou transversal, realizado entre unidades organizacionais e nveis diferentes; e

    Vertical, realizado entre nveis diferentes, mas de mesma rea de atuao.

    Para Vasconcellos (1986:27), em ambientes dinmicos o processo de

    comunicao vertical pode levar a organizao ao fracasso porque:

    A freqncia com que estas comunicaes so necessrias muito maior, levando a uma sobrecarga da Alta Administrao, que se

    transformar em uma rede de canais de comunicaes;

    Quanto maior a organizao, maior o nmero de nveis atravs dos quais a comunicao passar, aumentando o nvel de distoro da

    mesma;

    Quanto maior a organizao, maior o tempo gasto para que a comunicao seja completada.

    As principais vantagens de melhores comunicaes para os projetos

    organizacionais, conforme Gerstein (1993:17) so:

    Funcionamento organizacional independente do tempo e distncia;

  • 29

    Maior disseminao da informao e do conhecimento, particularmente s pessoas localizadas em reas remotas;

    Criao de grupos e organizaes ligados eletronicamente;

    Melhoria da comunicao, em proximidade fsica e distncia.

    A preocupao com a comunicao e o processamento das informaes

    tambm foi alvo de um estudo feito por Galbraith (1977:49). Para o autor a

    capacidade de uma organizao em utilizar com sucesso a coordenao do

    estabelecimento dos objetivos, hierarquia e regras depende da combinao de

    freqncia de excees e da capacidade da hierarquia em lidar com elas. Afirma

    ainda que para o desenho de uma estrutura organizacional pode-se optar por

    duas formas, ou ambas combinadas:

    Reduzir a necessidade de processamento de informao;

    Aumentar a capacidade de processar informao.

    2.4 CONDICIONANTES DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

    Vasconcellos (1972:2) prope um modelo no qual o conjunto de variveis

    condicionantes da estrutura organizacional composto por um fator tecnolgico,

    um fator ecolgico, os objetivos organizacionais, o fator estrutura e o fator

    humano.

    Segundo Oliveira (2000:100) os vrios fatores que condicionam o

    estabelecimento de uma estrutura organizacional so: fator humano, fator

    ambiente externo, fator sistema de objetivos e estratgias e fator tecnologia.

    Grau de diversificao de produtos e clientes, nfase nos planos e

    objetivos e alocao de recursos so os fatores que influenciam a estrutura para

    Maximiano (1986:171).

  • 30

    Pinto (2002:46), baseado em diversos autores, afirma que estes fatores

    recebem a denominao de fatores condicionantes do processo de organizar e

    so quatro: meio ambiente, estratgia, tecnologia e recursos humanos.

    J Robbins (2002:418) cita as principais foras identificadas como causas

    ou determinantes de uma estrutura organizacional a estratgia, o tamanho da

    organizao, a tecnologia e o ambiente.

    Os diversos autores pesquisados divergem em alguns pontos mas

    predominantemente foram citados pela esmagadora maioria dos trabalhos os

    seguintes condicionantes da estrutura organizacional:

    2.4.1 Fator Humano

    De acordo com Vasconcellos (1986:93), o fator humano deve ser entendido

    como as caractersticas dos indivduos e grupos que formam a organizao,

    assim como o clima organizacional existente.

    Vasconcellos (1972:94), ressalta ser fundamental para o alcance dos

    objetivos da organizao, a existncia de compatibilidade entre a estrutura

    administrativa e o tipo de pessoas que a compe. O fato do indivduo no ficar

    isolado, mas sim fazer parte de um ou mais grupos dentro da organizao, sugere

    a abordagem ao problema sob dois ngulos: caractersticas individuais e

    caractersticas do grupo.

    Para Oliveira (2000:100), todo executivo deve trabalhar com e por meio de

    pessoas. E estas pessoas realizam os trabalhos que permitem que os objetivos

    sejam alcanados. A eficincia da estrutura depende de sua qualidade intrnseca

    e do valor e da integrao dos homens que ela organiza. Portanto, no

    desenvolvimento de uma estrutura organizacional eficiente deve-se levar em

    considerao o comportamento e o conhecimento das pessoas que tero de

    desempenhar as funes que lhes sero atribudas.

  • 31

    2.4.2 Fator Tecnolgico

    Vasconcellos (1972:107) afirma ser a tecnologia um fator fundamental na

    composio da estrutura administrativa. Ela influencia o tipo de elemento humano

    que forma a organizao, a interao social que ele tem, as tarefas que so

    executadas, a taxa de mudanas na organizao, etc...

    Harvey (citado por Vasconcellos, 1972:107) define tecnologia

    organizacional como sendo os mecanismos ou processos atravs dos quais uma

    organizao elabora seus produtos ou servios. Kazt e Rosenzweig (citados em

    Vasconcellos, 1972:107) por sua vez definem tecnologia como o conjunto de

    conhecimentos sobre o desempenho de certa tarefa ou atividade. A partir destas

    definies Vasconcellos formula um conceito para tecnologia organizacional como

    um conjunto de conhecimentos sobre o desempenho das atividades que levam a

    organizao para seus objetivos.

    2.4.3 Fator Objetivos/Estratgia

    Para Vasconcellos (1972:25) os objetivos da organizao e a forma como

    estes objetivos so atingidos, constituem um importante fator de influncia para o

    desenho da estrutura administrativa. Por objetivo da organizao entende-se no

    apenas um objetivo, mas sim um conjunto de metas globais (lucro, crescimento,

    filosofia para com o pblico, ...), numa hierarquia de prioridades.

    Oliveira (2000:101) cita que o fator objetivos e estratgias tem influncia na

    estrutura organizacional medida que, quando os objetivos e estratgias esto

    bem definidos e claros, mais fcil organizar, pois se sabe o que esperar de cada

    membro do grupo que compe a empresa.

    2.4.4 Fator Ecolgico (Ambiente)

    Chiavenatto (1999:599) afirma ser ambiente tudo aquilo que envolve

    externamente uma organizao (ou um sistema). o contexto em que a

    organizao est inserida. Como a organizao um sistema aberto, ela mantm

    transaes e intercmbio com seu ambiente. Isto faz com que tudo o que ocorre

    externamente no ambiente passe a influenciar o que ocorre na organizao.

  • 32

    Oliveira (2000:191) afirma que este aspecto no est relacionado apenas a

    uma estratgia inicial poca do nascimento da empresa, mas tambm

    avaliao contnua das constantes mudanas no ambiente relevante da empresa

    e o efeito destas em sua estrutura organizacional.

    A ttulo de ilustrao e resumo do contedo descrito nos itens 2.3 e 2.4,

    apresentada na Figura 5 a estrutura organizacional, com seus componentes e

    condicionantes.

    Humano Tecnolgico

    Ambiente Objetivos/Estratgia

    Formal

    Informal

    Nvel deFormalizao

    Critrios deDepartamentalizao

    Centralizao ouDescentralizao

    AmplitudeAdministrativa

    NveisHierrquicos

    Departamentalizao

    Atividades

    Nveis deDeciso

    Delegao

    Atribuies dasUnidades Administrativas

    Sistema deComunicao

    Atribuies

    Estrutura Organizacional

    Componentes

    Fatores Condicionantes

    Figura 5. Componentes e Condicionantes da Estrutura Organizacional Fonte : Elaborado pelo autor

    2.5 ABORDAGENS PARA ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS

    Os autores tambm divergem consideravelmente na definio dos tipos de

    estruturas organizacionais. Na realidade no se trata especificamente de uma

    divergncia mas formas diferentes de abordar o mesmo tema.

  • 33

    A estrutura deve ser moldada para tornar-se um meio facilitador da

    consecuo dos objetivos organizacionais. Visto que estes objetivos variam entre

    organizaes, natural encontrarmos estruturas diferentes. Mas principalmente,

    mesmo entre organizaes que compartilham dos mesmos objetivos, a crena de

    como alcan-los de maneira mais eficaz pode variar bastante.

    Neste tpico apresentaremos as diversas abordagens para estruturas,

    cunhadas sob os mais diversos pontos de vista por autores nacionais e

    internacionais, antigos ou novos, tradicionais ou modernos.

    Nesta dissertao optou-se por dividir as estruturas organizacionais em

    trs categorias: Tradicionais, Inovativas e Especficas. As estruturas Tradicionais

    e Inovativas sero tratadas neste captulo. As estruturas Especficas aquelas

    cunhadas para uma determinada aplicao - sero tratadas no captulo 4, quando

    sero abordadas somente aquelas voltadas para as organizaes do

    conhecimento.

    Primeiramente apresenta-se o modelo desenvolvido por Burns e Stalker

    que embora pudesse ser dividido e abordado diretamente dentro dos tpicos de

    Estruturas Tradicionais e Estruturas Inovadoras, preferiu-se, devido sua

    importncia histrica, descrev-lo separadamente.

    2.5.1 Estruturas Mecanicistas e Orgnicas: O modelo de Burns e Stalker

    O modelo desenvolvido por Burns e Stalker citado pela grande maioria

    dos autores que trata do item Estrutura Organizacional.

    Segundo Vasconcellos (1989:21), em um estudo sobre a indstria

    eletrnica na Esccia, Burns e Stalker (1961) propuseram duas categorias de

    organizaes: mecanicistas e orgnicas. O grau de inovao, crescimento e

    satisfao das pessoas foi muito maior nas organizaes do tipo orgnico quando

    elas estavam envolvidas com inovao. Por outro lado, as organizaes voltadas

    para a produo em massa e com ambientes estveis eram mais bem sucedidas

    quando apresentavam caractersticas do tipo mecanicista.

  • 34

    Robbins (2002:411) descreve um modelo que ele batizou como

    burocracia que seria similar ao mecanicista. A burocracia caracterizada por

    tarefas operacionais altamente rotineiras, realizadas atravs da especializao,

    regras e regulamentos muito formalizados, tarefas que so agrupadas em

    departamentos funcionais, autoridade centralizada, pequena amplitude de

    controle e processo decisrio que acompanha a cadeia de comando.

    Para Robbins (2002:417), os modelos de Burns e Stalker so dois

    extremos de estrutura organizacional. O modelo mecanicista geralmente

    sinnimo de burocracia, com extensa departamentalizao, alta formalizao,

    rede limitada de informaes (basicamente comunicao descendente) e pouca

    participao dos baixos escales no processo decisrio. No outro extremo est o

    modelo orgnico. Este lembra bastante a organizao sem fronteiras. Ele

    achatado, utiliza equipes multifuncionais e multiierrquicas, tem baixa

    formalizao, possui uma ampla rede de informaes (utilizando a comunicao

    lateral e ascendente, alm da descendente) e envolve grande participao no

    processo decisrio.

    Souza (1982:41) cita que o modelo mecnico tem como caractersticas a

    maior nfase na especializao, coordenao entre sucessivos nveis

    hierrquicos por parte de um escalo superior, escala hierrquica no que diz

    respeito ao controle, autoridade e comunicao, reforada por um fluxo de

    informaes que caminha dos nveis inferiores para o topo da hierarquia onde a

    coordenao final realizada. Seria basicamente hierrquica dentro dos padres

    da escola clssica, sendo adequada s organizaes tradicionais, inseridas em

    ambiente estvel, com tarefas relativamente rotineiras e definidas, onde o

    elemento humano, por pressuposto, prefere executar tarefas previamente

    programadas do que aquelas que exijam maior criatividade.

    O padro orgnico, em contraposio, ajustar-se-ia melhor a empresas

    inseridas em um ambiente dinmico, onde as tarefas no podem ser programadas

    com muita antecedncia, exigindo por parte dos dirigentes maior flexibilidade e

    criatividade no processo de administrao da empresa. Assim, a unidade de

    comando substituda por uma estrutura reticular de controle, autoridade e

  • 35

    comunicao. Isto , a direo da comunicao ao invs de vertical lateral,

    consistindo mais de conselhos e consultas do que ordens. O centro da autoridade

    no nico e pode estar localizado em qualquer ponto da estrutura, dado que se

    pressupe que a autoridade emana no necessariamente da cpula

    administrativa exclusivamente, mas sim de quem detm o conhecimento relevante

    de determinada funo. pressuposto, por outro lado, que as pessoas, neste

    padro de estrutura, preferem trabalhar levando em conta o risco e grau de

    incerteza do ambiente, o que delas exige maior criatividade na execuo das

    funes, dado que estas no so rotineiras. O padro orgnico, portanto,

    apresentaria maior flexibilidade, em relao ao mecnico, no processo de tomada

    de decises, uma vez que necessitaria estar mais voltado ao ambiente e suas

    possveis mudanas.

    Galbraith (1977:28) cita que Burns e Stalker realizaram um dos primeiros

    estudos sobre a natureza das atividades da organizao. Ao observar 20

    empresas inglesas e escocesas, eles identificaram dois tipos de organizaes:

    mecnica e orgnica. Mais importante, eles deram a entender que ambos eram

    eficazes. A forma mecnica, o tipo sugerido pelos tericos clssicos, era eficaz

    em mercados estveis enquanto que o orgnico, tipo sugerido pelos tericos das

    relaes humanas, era eficaz em mercados e tecnologias que mudam

    rapidamente.

    Terra (2001:128) relata ser amplamente aceito o fato de que o modelo

    estritamente burocrtico de organizao est se tornando cada vez mais

    inadequado para enfrentar os desafios atuais impostos s empresas. As

    empresas burocrticas (ou mecanicistas) so encontradas, em geral, em

    ambientes relativamente estveis enquanto que aquelas que esto rompendo

    com o paradigma burocrtico (as empresas orgnicas ou ps-empreendedoras)

    so, invariavelmente, encontradas nos setores mais dinmicos e intensivos em

    conhecimento.

    O modelo de Burns e Stalker foi amplamente utilizado por vrios autores

    que, embora apontando eventuais restries, fizeram dele a base de suas

    prprias pesquisas.

  • 36

    Fazendo uma relao com a classificao feita nesta dissertao nos itens

    seguintes, a estrutura Mecanicista poderia ser enquadrada como uma estrutura

    Tradicional e a Orgnica como Inovativa.

    2.5.2 Estruturas Tradicionais

    Vasconcellos (1989:6) argumenta que a estrutura de uma organizao

    deve estar em sintonia com a natureza da atividade e seu ambiente. Atividades

    repetitivas e ambientes estveis favorecem as chamadas estruturas tradicionais,

    que possuem as seguintes caractersticas:

    Alto nvel de formalizao;

    Unidade de comando;

    Especializao elevada;

    Comunicao vertical;

    Utilizao de formas tradicionais de departamentalizao.

    Robbins (2002:410) utiliza o conceito de estrutura simples para

    caracterizar esta abordagem mais primitiva de organizao. Possui baixo grau de

    departamentalizao, grande amplitude de controle, autoridade centralizada em

    uma nica pessoa e pouca formalizao. A estrutura simples uma organizao

    achatada: possui geralmente apenas dois ou trs nveis verticais, um grupo

    pouco ordenado de empregados e um indivduo que concentra toda a autoridade

    do processo decisrio.

    O principal ponto forte da estrutura simples est exatamente na sua

    simplicidade. Ela gil, flexvel, de manuteno barata e torna claras as

    responsabilidades. Seu principal ponto fraco que dificilmente pode ser adotada

    seno pelas pequenas empresas.

  • 37

    2.5.3 Estruturas Inovativas

    Ao abordar as mudanas ocorridas nas ltimas dcadas, Vasconcellos

    (1989:23) mostra que com o aumento da complexidade do ambiente tornou-se

    necessria, em alguns setores, a existncia de organizaes inovativas que

    pudessem responder de forma eficaz a estas mudanas. As caractersticas

    estruturais destas organizaes so inversas quelas apresentadas pelas

    organizaes tradicionais:

    Baixo nvel de formalizao;

    Utilizao de formas avanadas de departamentalizao;

    Multiplicidade de comando;

    Diversificao elevada;

    Comunicao horizontal e diagonal.

    Estrutura Matricial. Uma das formas mais utilizadas de Estrutura Inovativa

    a Estrutura Matricial.

    De acordo com Vasconcellos (1989:51) quando duas ou mais formas de

    estrutura so utilizadas simultaneamente sobre os membros de uma organizao,

    a estrutura resultante chama-se matricial. Um aspecto particular da estrutura

    matricial a dupla ou mltipla subordinao. Um determinado especialista

    responde simultaneamente a um gerente funcional e a um gerente de projetos,

    por exemplo.

    A forma matricial apareceu como uma soluo devido inadequao da

    estrutura funcional para as atividades integradas, isto , aquelas que para serem

    realizadas exigem interao entre as reas funcionais. A Matriz uma forma de

    manter as unidades funcionais mantendo relaes horizontais entre elas.

    Para Maximiano (1986:168), neste modelo ideal, o especialista tem

    compromissos funcionais em seu departamento e ao mesmo tempo est

  • 38

    envolvido em um ou mais projetos, ou seja, cada departamento oferece, por meio

    de seus especialistas, determinada contribuio tcnica para a realizao dos

    projetos. Estes especialistas, portanto, ficam numa posio de dupla

    subordinao: esto subordinados ao gerente de seu departamento e,

    simultaneamente, ao coordenador do projeto, conforme mostra a figura abaixo.

    Gerente de Engenharia

    Coor

    dena

    dore

    s de

    Pro

    jeto

    s Engenheiros de Projeto

    Projetistas Figura 6. Exemplo de Estrutura Matricial Fonte : Elaborado pelo autor

    A grande vantagem apresentada pela estrutura matricial decorre

    exatamente do fato de ela combinar dois outros tipos de estrutura. Enquanto a

    organizao funcional favorece a especializao e a acumulao de

    conhecimentos, a organizao por projetos favorece a orientao para algum tipo

    de resultado ou problema a ser resolvido. A estrutura matricial equilibra estes dois

    tipos de vantagens, combinando o potencial de ao (estrutura funcional) com a

    ao propriamente dita, direcionada para o resultado (estrutura por projetos).

    Nesta mesma linha, Vasconcellos (1978:6) afirma que a soluo de

    problemas prticos depende cada vez mais da colaborao de um maior nmero

    de especializaes. A execuo de projetos multidisciplinares s pode ser bem

    sucedida com a necessria adaptao da estrutura administrativa para este tipo

    de atividade.

    Robbins (2002:411) define estrutura matricial como a estrutura que cria

    uma dupla linha de autoridade; combina a departamentalizao funcional com a

    departamentalizao de produtos. A caracterstica mais bvia da estrutura

  • 39

    matricial que ela rompe com o conceito de unidade de comando. Os

    funcionrios destas organizaes tm dois chefes o gerente do departamento

    funcional e o gerente do departamento de produto. Portanto a estrutura matricial

    possui uma dupla cadeia de comando.

    O principal ponto forte da departamentalizao funcional agrupar

    especialistas, o que minimiza o nmero necessrio deles, ao mesmo tempo que

    permite o compartilhamento dos recursos especializados entre os diversos

    produtos. Seu principal ponto fraco a dificuldade de coordenao das tarefas

    dos diversos especialistas funcionais, de modo que as atividades sejam

    concludas dentro do oramento e prazos.

    A departamentalizao por produtos, por seu lado, oferece exatamente o

    contrrio. Ela facilita a coordenao entre os especialistas para o atendimento dos

    prazos e limitaes oramentrias. Alm disto proporciona uma clara

    responsabilidade pelas tarefas relacionadas com cada produto, mas com

    duplicao de atividades e de custos.

    A estrutura matricial tenta aproveitar os pontos fortes de cada uma e evitar

    suas desvantagens. O ponto forte da estrutura matricial est em sua capacidade

    de facilitar a coordenao quando a organizao realiza uma multiplicidade de

    tarefas complexas e independentes.

    Segundo Oliveira Jr. (1999:162) a estrutura matricial uma boa forma de

    colocar as pessoas para trocar diferentes experincias, multiplicando as

    possibilidades de aprendizagem mtua.

    Para Chiavenato (1999:679), o desenho matricial permite satisfazer duas

    necessidades da organizao: especializao e coordenao. Por outro lado o

    autor apresenta algumas limitaes. Embora muito utilizada pelas grandes

    organizaes, como meio de trazer a inovao e a flexibilidade, a estrutura em

    matriz viola a unidade de comando e introduz conflitos inevitveis de duplicidade

    de superviso, enfraquecendo a cadeia de comando e a coordenao lateral. A

  • 40

    rigor, o desenho matricial impe uma nova cultura organizacional, uma nova

    mentalidade e um novo tipo de comportamento organizao.

  • CAPTULO 3 Gesto do

    Conhecimento O que anda nas cabeas, anda nas bocas.

    Chico Buarque

  • 42

    CAPTULO 3: Gesto do Conhecimento

    3.1 INTRODUO

    Na ltima dcada, o interesse pelo tema Gesto do Conhecimento cresceu

    exponencialmente a ponto de coloc-lo em posio de destaque entre os novos

    ttulos bibliogrficos de gesto empresarial, entre os novos cursos para

    administradores inclusive de nvel de ps-graduao e tambm dentro das

    empresas, com a criao de cargos especficos ou de grupos de trabalho para

    implantao de alguma prtica relativa ao assunto.

    Por ser um conceito relativamente recente pode-se ainda afirmar ser um

    conceito em construo diversos pontos de vista surgiram e foram apresentados

    em livros, artigos ou seminrios por autores das mais variadas nacionalidades,

    tendncias e formaes acadmicas. O tema j foi tratado na administrao, na

    engenharia de produo, na psicologia, na cincia da computao, na educao.

    , sem dvida, um dos chamados temas transversais.

    A prpria definio de conhecimento controversa, apesar dos estudos

    nesta rea terem iniciado h sculos.

    O interesse pela Gesto do Conhecimento provavelmente intensificou-se

    quando a sociedade percebeu que a produo intelectual estava conseguindo

    gerar mais riqueza, em comparao com a produo industrial. Outro indicador

    importante foi a constatao que empresas como a Microsoft chegaram a valer

    vinte vezes mais que seus ativos financeiros. Para Stewart (1998:xvi), os ativos

    intelectuais sempre tiveram sua importncia, embora nunca tanto quanto agora.

    Para Nonaka (1997:27), numa economia onde a nica certeza a

    incerteza, a nica fonte garantida de vantagem competitiva o conhecimento.

    Por outro lado a evoluo da tecnologia da informao e os novos sistemas

    de comunicao tambm podem ser apontados como marcos importantes nesta

  • 43

    histria, pois facilitaram aos gestores e aos especialistas compartilhar e

    administrar o conhecimento nas organizaes.

    A Gesto do Conhecimento uma forma de tornar o ambiente favorvel

    para que a organizao identifique suas competncias, encontre os

    conhecimentos que ela j possui, aprenda o que precisa, compartilhe e use estes

    conhecimentos na velocidade necessria ao desenvolvimento dos seus negcios.

    Tipos, formas, caractersticas e o ciclo do conhecimento, bem como

    abordagens para sua gesto em organizaes, so alguns dos temas

    desenvolvidos no presente captulo.

    3.2 CONHECIMENTO: INTERPRETAES, CONCEITOS E

    DEFINIES

    Depois dos filsofos e estudiosos passarem sculos buscando uma

    definio de consenso sobre o conhecimento, parece bvio afirmar-se que este

    tpico no pretende, em hiptese alguma, exaurir o assunto nem de perto

    mas apenas realizar um sobrevo superficial por diversos autores, de base

    filosfica ou contempornea, para ter-se uma idia da diversidade de

    interpretaes e da vastido do tema.

    3.2.1 Teoria Filosfica

    Para Hensen (1964:26) no conhecimento encontram-se frente a frente a

    conscincia e o objeto, o sujeito e o objeto. O conhecimento apresenta-se como

    uma relao entre os dois elementos, que nela permanecem eternamente

    separados um do outro. O dualismo sujeito e objeto pertencem essncia do

    conhecimento. No no objeto, mas sim no sujeito alguma coisa se altera em

    resultado da funo do conhecimento. O conhecimento pode definir-se como uma

    determinao do sujeito pelo objeto. O conhecimento diz-se verdadeiro se o seu

    contedo concorda com o objeto designado.

  • 44

    Segundo Teles (1974:85), o sujeito cognoscente sujeito apenas enquanto

    h um objeto que apreender e vice-versa, o objeto objeto do conhecimento

    apenas enquanto apreendido pelo sujeito.

    Hensen (1964:21) afirma que a teoria do conhecimento pergunta pela

    verdade do pensamento, isto , pela sua concordncia com o objeto. Para Teles

    (1974:82), por outro lado, a teoria do conhecimento vem a ser o estado reflexivo e

    crtico da origem, da natureza, dos limites e do valor do conhecimento.

    Segundo Oliveira (2001:56) a teoria do conhecimento preocupa-se em

    estudar os problemas fundamentais do conhecimento e pode ser dividida em trs

    reas:

    Gnosiologia. Preocupa-se em estudar a essncia do conhecimento, uma forma de conhecer a realidade, as origens ou fontes do

    conhecimento, as formas ou espcies da qual se veste o

    conhecimento, a validade do conhecimento em geral, ou seja, a

    verdade, e qual o seu critrio.

    Epistemologia. Estuda a validade do conhecimento cientfico, das cincias particulares.

    Metodologia. Estuda os meios ou mtodos de investigao do pensamento correto e do pensamento verdadeiro que visa delimitar

    um determinado problema, analisar e desenvolver observaes,

    critic-los e interpret-los a partir das relaes de causa e efeito.

    Para o autor (2001:52) do ponto de vista cientfico gnosiologia o

    conhecimento o reflexo e a reproduo do objeto na nossa mente. Desta forma,

    no processo do conhecimento participam os sentidos, a razo e a intuio.

    3.2.2 Teoria Contempornea

    Davenport e Prusak (1998:6) lembram que os epistemlogos passaram a

    vida tentando entender o que significa conhecer, para salientar a dificuldade de

    definio do tema. Entretanto sugerem uma definio funcional de conhecimento:

  • 45

    Conhecimento uma mistura fluida de experincia condensada, valores,

    informao contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura

    para a avaliao e incorporao de novas experincias e informaes.

    Senge e outros (1999:487) definem conhecimento como a capacidade para

    ao eficaz.

    Oliveira Jr. (1999:206) entende que o conhecimento da empresa o

    resultado de interaes especficas que ocorrem entre indivduos em uma

    organizao e portanto um ativo socialmente construdo.

    3.3 CLASSIFICAO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL

    Manuel Kant (citado por Hensen, 1964:79), fundador do apriorismo, em seu

    livro Crtica da Razo Pura (1781), indica ter o conhecimento dois tipos de

    elementos: a priori e a posteriori. A priori seria o conhecimento adquirido

    absolutamente independente da experincia e de todas a impresses dos

    sentidos. A posteriori seria o conhecimento que s pode ser adquirido por meio da

    experincia, o conhecimento emprico.

    Lakatos & Marconi (2000:16) apontam a existncia de dois tipos de

    conhecimento: o popular e o cientfico. Para as autoras o que os diferencia a

    forma, o modo ou o mtodo e os instrumentos do conhecer.

    Trujillo (citado por Lakatos & Marconi, 2000:18), por sua vez, registra a

    existncia de quatro tipos de conhecimento: o popular, o cientfico, o filosfico e o

    religioso.

    Para Oliveira (2001:70), de acordo com a sua profundidade e aproximao

    da verdade, pode-se distinguir, cinco graus de conhecimento:

    Emprico: fundament