ESTRUTURAÇÃO DOS FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO...
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ESTRUTURAÇÃO DOS FATORES
CRÍTICOS DE SUCESSO PARA GESTÃO
DO CONHECIMENTO EM EMPRESAS
DE SOFTWARE POR MEIO DO
MÉTODO DEMATEL
Sandra Miranda Neves (UNESP)
Valerio Antonio Pamplona Salomon (UNESP)
Carlos Eduardo Sanches da Silva (UNIFEI)
Aneirson Francisco da Silva (UNESP)
O objetivo desta pesquisa é propor uma estrutura que indique os
fatores críticos de sucesso para auxiliar iniciativas de gestão do
conhecimento em micro e pequenas empresas de desenvolvimento de
software. O método de pesquisa adotado foi a modelagem. Utilizou-se
o Decision Making Trial and Evaluation Laboratory (DEMATEL) para
construir o mapa de relacionamento entre os critérios, permitindo
converter as relações de causa e efeito em um modelo estruturado. Por
meio da análise de especialistas, obteve-se como resultado uma
estrutura hierarquica mais próxima da realidade das empresas de
desenvolvimento de software.
Palavras-chaves: Gestão do conhecimento, Micro e pequenas
empresas, Desenvolvimento de software, DEMATEL
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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1. Introdução
As empresas de desenvolvimento de software têm relação direta com o processo de inovação
e conhecimento intensivo. Esse conhecimento é dinâmico e evolui de acordo com tecnologia,
mudanças nos processos de desenvolvimento de software e cultura organizacional (AURUM;
DANESHGAR; WARD, 2008).
Geralmente micro e pequenas empresas utilizam mais do conhecimento para competir do que
outros recursos tradicionais. Entretanto, uma maioria significativa das micro, pequenas e
médias empresas (PME), não estão usando técnicas de gestão do conhecimento (MAGUIRE;
KOH; MAGRYS, 2007). Portanto, propõe-se como questão de pesquisa: Quais são os fatores
de sucesso a serem considerados pelas MPE de desenvolvimento de software na implantação
de iniciativas de gestão do conhecimento (GC)?
Neste contexto, o objetivo deste trabalho é propor uma estrutura que indique os fatores
críticos de sucesso (FCS) para auxiliar iniciativas de GC em micro e pequenas empresas
(MPE) de desenvolvimento de software. Esses fatores são necessários para que se possa
preparar a empresa para programas de GC (CHONG; CHONG; LIN, 2010; WONG, 2005).
Adota-se GC como “a atuação sistematizada, formal e deliberada no sentido de capturar,
preservar, compartilhar e (re)utilizar os conhecimentos tácitos e explícitos criados e
empregados pelas pessoas durante as tarefas de rotina e de melhoria dos processos
produtivos, de modo a gerar resultados mensuráveis para a organização e para as pessoas”
(MUNIZ Jr; TRZESNIAK; BATISTA Jr., 2009).
Este trabalho se justifica pelas seguintes constatações:
• Relevância da identificação de FCS para a implantação de iniciativas de GC em PME
(VALMOHAMMADI, 2010a; WONG, 2005);
• Importância de estudo de processos de GC para promover a adaptação de PME às
mudanças do mercado e realização de projetos inovadores (CANTÚ; CRIADO; CRIADO,
2009);
• Carência de iniciativas de GC em MPE de desenvolvimento de software (NEVES, 2010);
• Predominância de estudos teóricos e práticos de GC em grandes empresas (WONG;
ASPINWALL, 2005).
O método de pesquisa adotado para este trabalho foi a modelagem matemática (BERTRAND;
FRANSOO, 2002), por meio do método de auxílio à decisão denominado Decision Making
Trial and Evaluation Laboratory (DEMATEL). O DEMATEL foi utilizado porque permite
converter as relações de causa e efeito entre os critérios em um modelo estruturado, em outras
palavras, quando não se sabe como será estruturada a hierarquia de critérios e subcritérios o
método DEMATEL pode ser utilizado, para solucionar tal problema.
As demais seções do artigo estão organizadas da seguinte forma. Na seção 2 é apresentada a
fundamentação teórica sobre FCS em GC e na seção 3 a fundamentação teórica sobre o
método DEMATEL, sendo contemplados os passos para sua aplicação. Posteriormente, a
seção 4, contempla a aplicação do método e os resultados obtidos e na seção 5 a análise dos
resultados e a estrutura proposta. Por fim, na seção 6, são apresentadas as conclusões e
direcionamento para pesquisas futuras.
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2. Fatores críticos de sucesso em iniciativas de gestão do conhecimento
Para Jennex, Smolnik e Croasdell (2009), sucesso em GC é um conceito multidimensional
que é definido como capturar o conhecimento certo, para o usuário certo, de forma a melhorar
o desempenho organizacional e/ou individual. O que corrobora com o conceito de Rockart
(1979) que define FCS como as poucas áreas de atividade nas quais resultados favoráveis irão
assegurar um desempenho competitivo e de sucesso para a organização.
Pesquisadores têm fornecido diferentes fatores de sucesso e fatores de insucesso em
iniciativas de GC. A Tabela 1 apresenta pesquisas recentes que consideraram FCS de forma
geral ou específicos para empresas de desenvolvimento de software e aquelas com foco em
MPE. Destaca-se, em negrito, o principal fator indicado pelo autor e priorizado por algum
método (por exemplo, escala Likert).
FCS
Autores
Wo
ng
e A
spin
wa
ll
(200
5)
Ch
on
g e
Ch
oi
(200
5)
Jen
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(200
5)
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ale
(2
01
0)
Ch
on
g, C
ho
ng
e
Lin
(2
01
0)
To
tal
Cultura organizacional x x x x x x x x x x 10
Liderança x x x x x x x x 8
Tecnologia x x x x x x x x 8
Estratégia x x x x x x x x 8
Treinamento e educação x x x x x x x x 8
Medição do desempenho x x x x x x x 7
Infraestrutura organizacional x x x x x x x 7
Processos e atividades x x x x x 5
Recompensa e motivação x x x x x 5
Recurso x x x x x 5
Gestão de recursos humanos x x x x x 5
Capturar/Adquirir o
conhecimento
x x x 3
Estrutura do conhecimento x x x 3
Benchmarking x x 2
Compartilhar conhecimento x x 2
Armazenar o conhecimento x x 2
Identificar o conhecimento x x 2
Auditar o conhecimento x x 2
Aprendizagem organizacional x 1
Segurança do conhecimento x 1
Utilizar o conhecimento x 1
Criar o conhecimento x 1
Piloto x 1
Rede de especialistas x 1
Reengenharia de Processos x 1
Equipe de GC x 1
Trabalho em Equipe x 1
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Envolvimento dos trabalhadores x 1
Empowerment x 1
Mapeamento do conhecimento x 1
Tabela 1 – FCS em GC identificados na literatura
A seguir, são descritos de forma sintética os FCS mais citados (acima de oito citações) de
acordo com a Tabela 1:
Cultura organizacional: compreende motivação, sentimento de pertencer, empowerment,
confiança, respeito, reconhecimentos bem estabelecidos no decorrer da criação,
compartilhamento e uso do conhecimento (AKHAVAN; JAFARI; FATHIAN, 2006).
Liderança: Refere-se à capacidade que a organização possui em alinhar a GC com as suas
estratégias, identificar oportunidades, promover os valores da GC, comunicar as melhores
estratégias, facilitar a evolução da aprendizagem organizacional e fornecer métricas para se
avaliar o impacto do conhecimento (CHONG; CHONG; LIN, 2010).
Tecnologia: refere-se à infraestrutura de ferramentas, sistemas, plataformas e soluções
automatizadas que permitam melhorar o desenvolvimento, aplicação e distribuição do
conhecimento organizacional (CHONG; CHONG; LIN, 2010).
Estratégia: se refere a objetivos e metas para os envolvidos. Du Plessis (2007) apresenta
quatro passos para elaboração da estratégia: (1) Entendimento de como os recursos de
conhecimento devem ser abordados para alcançar resultados sustentáveis em alinhamento
com a estratégia do negócio; (2) Definição do papel que o conhecimento irá desempenhar
na criação de valor; (3) Inclusão de projetos integrados, progressivamente ao longo tempo,
incluindo vitórias rápidas, bem como benefícios a longo prazo e indicar os riscos
associados à implantação do programa; (4) Identificação das necessidades organizacionais
e fornecimento de estrutura para tratar destas questões.
Treinamento e educação: abrangem o desenvolvimento de habilidades e informações
para que os envolvidos possam cumprir as suas responsabilidades (CHONG; CHOI, 2005).
Optou-se por descrever apenas os critérios mais citados, ou seja, aqueles que a maior parte
dos autores considerou importante. Devido à diversidade dos critérios se faz necessário
estruturá-los por meio de um método específico.
3. Decision making trial evaluation laboratory (DEMATEL)
O DEMATEL é um método por meio do qual se coleta o conhecimento do grupo, analisa as
inter-relações entre os fatores e se visualiza a estrutura do diagrama de relacionamento causa
e efeito (GABUS; FONTELA, 1972, 1973). De acordo com Shimizu (2010), o método
destina-se à elaboração e avaliação de uma estrutura hierárquica baseada na opinião de
especialistas de forma a obter: (a) o nível de relacionamento que um elemento i exerce sobre
outro elemento j e (b) o nível de relacionamento que um elemento j recebe outro elemento i.
Pesquisas apresentam o uso do método DEMATEL em diferentes escopos. Jassbi,
Mohamadnejad e Nasrollahzadeh (2011) utilizaram o método, em associação com a teoria
Fuzzy, para elaborar o diagrama de causa e efeito do mapa estratégico na metodologia
Balanced Scorecard (BSC). Chang, Chang e Wu (2011) para desenvolver critérios para
seleção de fornecedores. Outras pesquisas utilizaram o método para identificar fatores de
sucesso na qualidade de serviços hospitalares (SHIEH; WU; HUANG, 2010) e obtenção do
relacionamento entre critérios na seleção de sistemas de gerenciamento de PME (TSAI;
CHOU, 2009).
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Associando o DEMATEL a pesquisas na área de GC, Wu (2008) combinou o método com o
analytic network process (ANP) para selecionar estratégias de implantação da GC e Tzeng,
Chiang e Li (2007) desenvolveram um modelo de avaliação da eficácia da utilização do e-
learning por meio dos métodos DEMATEL, Analytic Hierarchy Process (AHP) e Fuzzy e da
análise de fatores.
Segundo Shimizu (2010) o DEMATEL pode ser sintetizado nos seguintes passos:
Passo 1 – Construir a matriz de relacionamento cruzado A = [aij]: construir a matriz A,
selecionando um valor que expresse o nível de influência que o elemento i da linha exerce
sobre o elemento j. Requer uma escala de comparação construída de acordo com quatro níveis
de influência: influência ou relacionamento alto (8), influência ou relacionamento médio (4),
alguma influência ou relacionamento (2), influência ou relacionamento nulo ou desprezível
(0).
Passo 2 – Construir a matriz de relacionamento direto D: A matriz D tem como objetivo
expressar o relacionamento direto existente entre os fatores i e j aplicando à matriz A o valor
s. O valor s é obtido pelo inverso do maior valor da coluna ou da linha, conforme mostra a
Equação 1.
1
1 1 1 1
max ,maxmax
n
j
n
i
ijnj
ijni
aas
(1)
Assim, obtém se a matriz D (Equação 2)
)1,2,..., e 0 (para ,D ni, jsasd jiji (2)
Passo 3 - Obter a matriz de relacionamento total F = D (I – D)-1
: A matriz F pode ser
calculada de acordo com a Equação 3.
1DIDF
(3)
Onde I é denominado de matriz identidade e (I-D)-1
é uma matriz inversa.
Passo 4 - Obter os valores normalizados do relacionamento total: A Equação 4 apresenta o
valor normalizado do relacionamento total que o fator i exerce sobre os outros fatores, ou seja,
é a soma dos elementos da linha i dividida pela soma de todas as linhas de F.
A Equação 5 apresenta o valor normalizado do relacionamento total que o fator j recebe dos
outros fatores, ou seja, é a soma da coluna j sobre a soma de todas as colunas de F.
j k kjk kii fffw /)( (4)
i k ikk jkj fffv /)(
(5)
Uma das vantagens do método DEMATEL, além de auxiliar na estruturação da hierarquia, é
que o mesmo não necessita de software proprietário, ou seja, o resultado pode ser obtido, por
exemplo, por meio de uma planilha eletrônica.
4. Aplicação do método DEMATEL e resultados obtidos
Os critérios para a elaboração da estrutura foram definidos com base na fundamentação
teórica (Tabela 1). Sendo eles: Cultura organizacional (C1), Liderança (C2), Tecnologia (C3),
Estratégia (C4), Treinamento e educação (C5), Medição do desempenho (C6), Infraestrutura
organizacional (C7), Processos e atividades (C8), Recompensa e motivação (C9), Recurso
(C10), Gestão de recursos humanos (C11), Capturar/Adquirir o conhecimento (C12), Estrutura
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do conhecimento (C13), Benchmarking (C14), Compartilhar o conhecimento (C15), Armazenar
o conhecimento (C16), Identificar o conhecimento (C17), Auditar o conhecimento (C18),
Aprendizagem organizacional (C19), Segurança do conhecimento (C20), Utilizar o
conhecimento, (C21), Criar o conhecimento (C22), Piloto (C23), Rede de especialistas (C24),
Reengenharia de Processos, (C25), Equipe de GC (C26), Trabalho em Equipe (C27),
Envolvimento dos trabalhadores (C28), Empowerment (C29) e Mapeamento do conhecimento
(C30).
Para o julgamento foram convidados dois especialistas na área de gestão do conhecimento e
que desenvolvem atividades em micro e pequenas empresas de software (Quadro 1).
Critério de
seleção
Especialistas
1 2
Pesquisas em gestão do
conhecimento
Participa do Núcleo de Otimização
da Manufatura e Tecnologia da
Inovação (NOMATI), abrangendo
pesquisas na área de GC.
Mestrado contemplando GC e empresas
de software e pesquisa de doutorado
abrangendo GC, empresas de software e
riscos.
Experiência (atividades em
micro e pequenas empresas
de software)
Responsável pelo núcleo de
desenvolvimento de produtos de uma
incubadora de base tecnológica.
Desenvolvimento de trabalhos
acadêmicos tendo como objeto de
estudo micro e pequenas empresas
de desenvolvimento de software
incubadas.
Desenvolvimento de trabalhos
acadêmicos tendo como objeto de estudo
micro e pequenas empresas de software.
Responsável por diagnósticos do
processo de desenvolvimento de produto
em micro e pequenas empresas de
software incubadas.
Outros Professor das disciplinas de Gestão
de Projetos e de Desenvolvimento de
Produtos.
Pós-doutorado na área de projetos.
Professor de disciplinas como Gerência
para a produtividade e Gestão de
operações.
Quadro 1 - Descrição dos especialistas
A aplicação do método DEMATEL seguiu as etapas apresentadas na seção 3. A Figura 1
apresenta a visualização parcial da matriz de relacionamento cruzado A = [aij].
Figura 1 – Matriz de relacionamento cruzado (visualização parcial da matriz obtida)
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A Tabela 2 apresenta os resultados da matriz de relacionamento cruzado A = [aij], sendo que
esse resultado se baseia no somatório da média aritmética dos julgamentos dos especialistas.
Critérios Total i Total j Critérios Total i Total j
C1 104 92 C16 98 129
C2 161 105 C17 112 136
C3 96 109 C18 104 99
C4 163 122 C19 132 152
C5 94 118 C20 77 95
C6 105 94 C21 111 145
C7 129 89 C22 106 137
C8 138 128 C23 77 82
C9 118 87 C24 82 96
C10 101 106 C25 63 51
C11 138 109 C26 114 101
C12 120 118 C27 114 109
C13 105 111 C28 110 142
C14 96 83 C29 110 119
C15 116 130 C30 98 98
Tabela 2 - Resultado da matriz de relacionamento cruzado
Desta forma, obtém-se o valor S como sendo: 1 / 163, ou seja, S = 0,00613.
A Figura 2 apresenta a visão parcial da matriz de relacionamento direto D.
Figura 2 – Matriz de relacionamento direto (visualização parcial da matriz obtida)
Efetuando as operações indicadas na seção 3, a matriz F é obtida (Figura 3).
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Figura 3 – Matriz de relacionamento total (visualização parcial da matriz obtida)
A Tabela 3 apresenta os valores normalizados do relacionamento total.
Critérios Wi Vj Critérios Wi Vj
C1 3,18% 2,84% C16 2,97% 3,95%
C2 4,79% 3,18% C17 3,35% 4,10%
C3 2,92% 3,27% C18 3,15% 3,04%
C4 4,87% 3,65% C19 4,02% 4,59%
C5 2,87% 3,58% C20 2,34% 2,89%
C6 3,29% 2,85% C21 3,39% 4,41%
C7 3,94% 2,70% C22 3,23% 4,11%
C8 4,12% 3,83% C23 2,34% 2,52%
C9 3,63% 2,66% C24 2,50% 2,96%
C10 3,04% 3,19% C25 1,96% 1,53%
C11 4,17% 3,31% C26 3,45% 3,07%
C12 3,62% 3,62% C27 3,50% 3,31%
C13 3,17% 3,39% C28 3,36% 4,27%
C14 2,96% 2,59% C29 3,38% 3,62%
C15 3,54% 3,96% C30 2,95% 3,01%
Tabela 3 – Matriz de relacionamento total
Apresenta-se, na sequência, a análise dos resultados obtidos.
5. Análise dos resultados e construção da estrutura
Por meio da análise da Tabela 3 percebe-se que os critérios C2, C4, C7, C8, C11 e C19 exercem
(Wi) forte influência sobre os demais fatores (Vj), estando em um nível hierárquico superior
aos outros critérios. O critério C25 é o que exerce menor influência e também recebe pouca
influência dos demais critérios.
De acordo com Lin et al. (2011), nesta etapa, o p-valor limite será escolhido pelos
especialistas e de acordo com os resultados da revisão de literatura. Assim, optou-se por
selecionar valores Wi (Tabela 3) com percentual igual ou maior do que 4% para a composição
dos critérios. Entretanto, por decisão dos especialistas, o critério C7 (infraestrutura
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organizacional) foi selecionado por estar muito próximo desse percentual (3,94%).
Outra decisão foi por excluir da estrutura o critério C25 (Reengenharia de processos), por
apresentar percentual inferior a 2%. A Figura 4 apresenta a estruturação inicial dos critérios e
subcritérios.
Figura 4 – Definição dos critérios e subcritérios
Para a estruturação dos subcritérios utilizou-se os percentuais obtidos (Vj) considerando como
suporte os resultados da revisão de literatura.
A validação da estrutura proposta foi realizada pelos especialistas. O resultado é apresentado
por meio da Figura 5.
Figura 5 – Estrutura proposta para indicação dos FCS em iniciativas de GC
Ressalta-se que a pesquisa não pretendeu esgotar os fatores de sucesso para a implantação de
iniciativas de GC, sendo que os mesmos devem ser analisados de acordo com a realidade de
cada empresa.
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6. Conclusão
A pesquisa culminou em uma estrutura que indica os FCS para auxiliar iniciativas de GC em
MPE de desenvolvimento de software. O DEMATEL permitiu tratar de forma quantitativa
medidas subjetivas sujeitas a incertezas, obtidas a partir da visão de especialistas sobre o
tema. A estrutura proposta, contribuição acadêmica da pesquisa, possibilita a avaliação de
implantação de iniciativas de GC em pequenas empresas de software.
Os FCS identificados também contribuem para pesquisadores que tratam do assunto GC em
MPE ao apresentar um panorama atual sobre GC, sucesso e MPE. Como contribuição
tecnológica, os gestores das MPE de software podem se orientar pelos FCS identificados para
melhor implantar as iniciativas de GC em suas organizações.
Deve-se observar que o método DEMATEL foi utilizado apenas para construir a hierarquia e
que a análise realizada não indica quais critérios e subcritérios são mais relevantes e em que
contexto. Para tanto, uma nova pesquisa com a utilização do método de auxílio à decisão
Analytic Hierarchy Process (AHP) em diferentes organizações de mesmo segmento (MPE de
desenvolvimento de software) está em andamento.
A análise crítica dos fatores publicados indica que há uma relação entre eles. O
estabelecimento dessa relação é indicado como trabalho futuro.
Agradecimentos
A CAPES por meio da alocação de recursos que possibilitaram a realização desta pesquisa e,
em especial, aos respondentes.
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