estudo 02

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O Livro de Apocalipse – Rev. Jocarli A. G. Junior Igreja Presbiteriana em Tabuazeiro – 2010/2011 20 Estudo Dois: Uma Antecipação da Segunda Vinda [ Apocalipse 1.7-8 ] O comentarista John MacArthur diz que o livro de Apocalipse é como um filme de ação. Apocalipse contém drama, suspense, mistério, paixão e terror. 24 O livro narra a apostasia da igreja, um colapso econômico sem precedentes, guerras e o fim de todos os conflitos. Além disso, o livro de Apocalipse fala das intrigas políticas que levaram à ascensão do ditador mais maligno e poderoso que o mundo já conheceu. Finalmente, o livro descreve o julgamento final e a condenação de todos os rebeldes, anjos e humanos, ao tormento eterno no inferno. O livro do Apocalipse é, portanto, um livro de drama, terror, e guerras. No entanto, surpreendentemente, é também um livro de esperança e alegria, com um final feliz e com o pecado, tristeza e a morte banida para sempre (21.4, 22.3). O apóstolo João dá aos seus leitores uma antecipação do que vai acontecer mais tarde no livro. Ao fazê-lo, ele revela o tema do livro: É um livro sobre a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo, e a vitória de Cristo e de sua Igreja sobre seus inimigos. Nos versículos 7 e 8, João apresenta cinco verdades sobre a segunda vinda do Senhor: a sua necessidade, a Sua glória, o Seu alcance, resposta e certeza a segunda vinda. I. A Necessidade da Segunda Vinda (Ap 1.7a) “Eis que vem com as nuvens...” – Após uma breve introdução e saudações (v. 1-6), o versículo 7 começa com o primeiro grande oráculo profético do livro. A exclamação “Eis” (“idou”, em grego) é um imperativo usado para prender a atenção de alguém. A intenção do apóstolo João é despertar a mente e o coração dos seus leitores para o que se segue. O termo “Eis”, também é usado para enfatizar a mudança de uma cena, uma idéia ou chamar a atenção para um detalhe (Mt 1.20; Lc 2.9). 25 Este é o primeiro dos 30 que aparecem no livro de Apocalipse. Assim, pode-se concluir que este livro é cheio de verdades surpreendentes que exigem atenção redobrada dos seus leitores e ouvintes. O livro de Apocalipse começa e termina com uma antecipação da segunda vinda do Senhor Jesus Cristo. Diante desta verdade, Mathew Hanry corretamente afirma: “Devemos meditar freqüentemente sobre a segunda vinda de Cristo, e manter nossos olhos e a nossa fé na expectativa de sua volta. 26 O apóstolo João chama a atenção para a gloriosa verdade da vinda do Rei da Glória. O versículo 7 é o primeiro das sete referências no Apocalipse para o retorno de 24 MacArthur, J. (1999). Revelation 1-11 (27). Chicago: Moody Press. 25 Swanson, J. (1997). Dictionary of Biblical Languages with Semantic Domains : Greek (New Testament) (electronic ed.) (DBLG 2627, #2). Oak Harbor: Logos Research Systems, Inc. 26 Henry, M. (1996, c1991). Matthew Henry's commentary on the whole Bible : Complete and unabridged in one volume (Ap 1:3). Peabody: Hendrickson.

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Igreja Presbiteriana em Tabuazeiro – 2010/2011 20 24 MacArthur, J. (1999). Revelation 1-11 (27). Chicago: Moody Press. 25 Swanson, J. (1997). Dictionary of Biblical Languages with Semantic Domains : Greek (New Testament) (electronic ed.) (DBLG 2627, #2). Oak Harbor: Logos Research Systems, Inc. 26 Henry, M. (1996, c1991). Matthew Henry's commentary on the whole Bible : Complete and unabridged in one volume (Ap 1:3). Peabody: Hendrickson. [ Apocalipse 1.7-8 ]

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O Livro de Apocalipse – Rev. Jocarli A. G. Junior

Igreja Presbiteriana em Tabuazeiro – 2010/2011 20

Estudo Dois:

Uma Antecipação da Segunda Vinda [ Apocalipse 1.7-8 ]

O comentarista John MacArthur diz que o livro de Apocalipse é como um filme

de ação. Apocalipse contém drama, suspense, mistério, paixão e terror.24 O livro narra a apostasia da igreja, um colapso econômico sem precedentes, guerras e o fim de todos os conflitos. Além disso, o livro de Apocalipse fala das intrigas políticas que levaram à ascensão do ditador mais maligno e poderoso que o mundo já conheceu. Finalmente, o livro descreve o julgamento final e a condenação de todos os rebeldes, anjos e humanos, ao tormento eterno no inferno. O livro do Apocalipse é, portanto, um livro de drama, terror, e guerras. No entanto, surpreendentemente, é também um livro de esperança e alegria, com um final feliz e com o pecado, tristeza e a morte banida para sempre (21.4, 22.3).

O apóstolo João dá aos seus leitores uma antecipação do que vai acontecer mais tarde no livro. Ao fazê-lo, ele revela o tema do livro: É um livro sobre a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo, e a vitória de Cristo e de sua Igreja sobre seus inimigos. Nos versículos 7 e 8, João apresenta cinco verdades sobre a segunda vinda do Senhor: a sua necessidade, a Sua glória, o Seu alcance, resposta e certeza a segunda vinda.

I. A Necessidade da Segunda Vinda (Ap 1.7a) “Eis que vem com as nuvens...” – Após uma breve introdução e saudações (v.

1-6), o versículo 7 começa com o primeiro grande oráculo profético do livro. A exclamação “Eis” (“idou”, em grego) é um imperativo usado para prender a atenção de alguém. A intenção do apóstolo João é despertar a mente e o coração dos seus leitores para o que se segue. O termo “Eis”, também é usado para enfatizar a mudança de uma cena, uma idéia ou chamar a atenção para um detalhe (Mt 1.20; Lc 2.9).25 Este é o primeiro dos 30 que aparecem no livro de Apocalipse. Assim, pode-se concluir que este livro é cheio de verdades surpreendentes que exigem atenção redobrada dos seus leitores e ouvintes.

O livro de Apocalipse começa e termina com uma antecipação da segunda vinda do Senhor Jesus Cristo. Diante desta verdade, Mathew Hanry corretamente afirma: “Devemos meditar freqüentemente sobre a segunda vinda de Cristo, e manter nossos olhos e a nossa fé na expectativa de sua volta.26

O apóstolo João chama a atenção para a gloriosa verdade da vinda do Rei da Glória. O versículo 7 é o primeiro das sete referências no Apocalipse para o retorno de

24

MacArthur, J. (1999). Revelation 1-11 (27). Chicago: Moody Press. 25

Swanson, J. (1997). Dictionary of Biblical Languages with Semantic Domains : Greek (New Testament) (electronic ed.) (DBLG 2627, #2). Oak Harbor: Logos Research Systems, Inc. 26

Henry, M. (1996, c1991). Matthew Henry's commentary on the whole Bible : Complete and unabridged in one volume (Ap 1:3). Peabody: Hendrickson.

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Cristo (2.25; 3.3, 11; 22.7, 12, 29). Este retorno é público (Dn 7.13, Atos 1.8).27 A palavra “vem” (erchomai), está no tempo presente, sugere que Cristo já está a caminho e, assim, a sua vinda é certa. O tempo presente também enfatiza a iminência da Sua vinda. O termo “vem” (esperado) era um dos títulos para o Messias. João Batista, enquanto estava preso, ouviu a respeito das obras de Cristo, e pediu para que os seus discípulos perguntassem a Ele: “És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?” (Mateus 11.2-3; cf. Lucas 7.19-20, João 3.31, 6.14, 11.27). A palavra grega “Erchomai” é usada nove vezes em Apocalipse para se referir a Jesus Cristo. Assim, o tema do livro de Apocalipse é aquele que vem, o Senhor Jesus Cristo.28

Apesar dos escarnecedores negarem a vinda de Cristo (2Pe 3.3-4), a Bíblia repetidamente afirma que a segunda vinda de Jesus é certa. Essa verdade aparece em mais de quinhentos versículos em toda a Bíblia. Na realidade, um em cada 25 versículos do Novo Testamento faz referência à Segunda Vinda. Além do mais, Jesus falou várias vezes do seu retorno (por exemplo, Mt 16.27, 24-25; 26.64, Marcos 8.38, Lucas 9.26), e advertiu os crentes a estarem prontos para isso (por exemplo, Mt 24.42, 44; 25.13; 12.40 Lucas; 21.34-36). O retorno do Senhor Jesus Cristo a esta terra é, portanto, um tema central nas Escrituras.

II. A Glória da Segunda Vinda (Ap 1.7b) “Eis que vem com as nuvens...” – As nuvens na Escritura freqüentemente

simbolizam a presença de Deus. A nuvem era uma manifestação visível da presença de Deus com Israel durante a peregrinação no deserto (Êx 13.21-22; 16.10; Nm 10.34). Na entrega da Lei no Monte Sinai, “uma espessa nuvem sobre o monte” simbolizava a presença de Deus (Êx 19.16, cf. 20.21, 24.15-18). Quando o Senhor falava com Moisés no Tabernáculo, “a coluna de nuvem descia e ficava na entrada da tenda, e o Senhor falava com Moisés” (Êx 33.9 ; cf. 34.5). Tanto o tabernáculo (Êx 40.34-38), quanto o templo (1Rs 8.10-12) foram enchidos com uma nuvem simbolizando a glória de Deus. Além do mais, o Senhor Jesus subiu ao céu numa nuvem (At 1.9); e os crentes subirão com as nuvens no arrebatamento (1Ts 4.17), e, como indica o versículo presente, Cristo voltará com as nuvens (cf. Dn 7.13, Mt 24.30). Nas palavras do salmista: “Ele faz das nuvens sua carruagem” (Sl 104.3).

III. O Alcance da Segunda Vinda (Ap 1.7c) “... E todo olho o verá, até quantos o traspassaram...” – Durante a

encarnação, a glória de Cristo ficou escondida. Apenas Pedro, Tiago e João, tiveram um vislumbre no monte da Transfiguração da majestade do Senhor. Mas, na segunda vinda, todo olho O verá, e a Sua glória vai ser visível a toda raça humana (Lc 17.24). Será algo testemunhado por todo o mundo. Será público, não secreto (Mt 24.30, 31). A expressão “todo olho” está no singular para indicar a inclusão de todas as pessoas – crentes e incrédulos igualmente.29 27

Wiersbe, W. W. (1997, c1992). Wiersbe's expository outlines on the New Testament (796). Wheaton, Ill.: Victor Books. 28

MacArthur, J. (1999). Revelation 1-11 (27). Chicago: Moody Press. 29

KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento, Apocalipse. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004, p. 121.

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João divide aqueles que verão a segunda vinda em dois grupos: os que O traspassaram e todas as tribos.

A expressão “até quantos o traspassaram...” inclui não apenas aqueles que perfuraram o seu lado, mas também todos os demais que O traspassaram mediante sua vida de desobediência (Zc 12.10).

Já a sentença “E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele”, não significa o lamento de arrependimento, mas da desesperança: “como quem chora amargamente pelo primogênito” (Zc 12.10).30 Os incrédulos se esconderão em cavernas e entre as rochas nas montanhas, e dirão: “... Caiam sobre nós e nos escondam dos olhos daquele que está sentado no trono e nos protejam da ira do Cordeiro! Pois já chegou o grande dia da ira deles, e quem poderá agüentá-la?” (Ap 6.16-17; NTLH).

IV. A Resposta à Segunda Vinda (Ap 1.7d) “Certamente. Amém!” – Quando todos virem Jesus Cristo vindo com poder e

glória, muitos que se recusaram a reconhecê-lo como Senhor, compreenderão que é tarde demais para se arrependerem.31 Após ter dado a resposta de ambos, os crentes e os incrédulos diante da segunda vinda de Cristo, o apóstolo João interrompe sua própria resposta. Usando as mais fortes palavras de afirmação, tanto em grego (nai, assim deve ser) quanto em hebraico (amen), João implora para o Senhor Jesus Cristo voltar. Tanto para Judeus quanto para Gentios suas promessas e ameaças são imutáveis.32

V. A certeza da Segunda Vinda (Ap 1.8) “Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de

vir, o Todo-Poderoso” – Neste versículo o Senhor Deus coloca Sua assinatura sobre a profecia da Segunda Vinda registrada no verso anterior. Três de seus atributos divinos garantem a segurança da promessa da volta de Cristo.

“Eu sou o Alfa e Ômega” – Enfatiza a onisciência de Deus. Alfa é a primeira letra do alfabeto grego, e Ômega é a última. Todo o conhecimento é transmitido através das letras do alfabeto, assim, a designação do próprio Deus como o Alfa e o Ômega afirma que Ele tem todo o conhecimento. Ele sabe, portanto, a certeza desta promessa.33

“Aquele que é, que era e que há de vir” – Enfatiza a transcendência de Deus, a

eterna presença não se limita ao tempo ou espaço ou qualquer característica ou evento em si. Ou seja, não há nada que Ele não conheça a respeito da Segunda Vinda.

30

HENDRIKSEN, William. Mais que vencedores. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 81. 31

KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento, Apocalipse. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004, p. 121. 32

Jamieson, R., Fausset, A. R., Fausset, A. R., Brown, D., & Brown, D. (1997). A commentary, critical and explanatory, on the Old and New Testaments. On spine: Critical and explanatory commentary. (Ap 1:7). Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc. 33

MacArthur, J. (1999). Revelation 1-11 (34). Chicago: Moody Press.

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“O Todo-Poderoso” – A designação de Deus como o Todo-Poderoso (cf. 4.8; 11.17, 15.3, 16.7, 14; 19.6, 15, 21.22) afirmam sua onipotência.34 Desde que Ele é todo-poderoso, nada pode impedi-lo de exercer sua vontade soberana. Ninguém ou nada pode impedir a gloriosa volta de Cristo, como descrito no versículo 7.

John MacArthur com maestria diz que, Jesus veio pela primeira vez na humilhação, e voltará em exaltação. Ele veio pela primeira vez para ser morto, e voltará para condenar seus inimigos. Ele veio pela primeira vez para servir; e voltará para ser servido. Ele veio pela primeira vez, como o servo sofredor, e voltará como um rei conquistador.35

Logo, o desafio do livro do Apocalipse é fazer com que cada pessoa esteja pronta para o seu retorno. Somente aqueles que “amam a sua vinda” (2Tm 4.8), que o amam e O reconhecem como Rei legítimo, poderão desfrutar das bênçãos de Seu reino.

Conclusão: As Sagradas Escrituras afirmam que o Senhor Jesus Cristo, desde a eternidade,

sempre foi um com o Pai, se esvaziou de seu poder e glória e veio à terra a fim de pagar a dívida de nosso pecado por meio de sua morte e ressurreição, e em Apocalipse nos revela a promessa de seu regresso. O próprio Senhor Jesus proclama as palavras deste texto, como se faz evidente à luz do segmento seguinte (v. 17 e 18), onde Ele se identifica como o primeiro e o último, o vivente que esteve morto, mas que vive eternamente, tendo as chaves da Morte e do Hades. Simon Kistemaker diz que, é relevante observar que o Senhor Jesus Cristo assume o centro do palco nos oito primeiros versículos deste capítulo:36

• Nos versículos iniciais, como agente divino da revelação (v. 1, 2);

• Na saudação, como a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o soberano dos reis da terra (v. 5a);

• Na doxologia, como o redentor e rei (v. 5b, 6);

• No anúncio profético de seu regresso (v. 7);

• E em sua declaração de sua eternidade, divindade e poder (v. 8).

O comentarista John F. Walvoord corretamente conclui: “Se nada mais tivesse sido escrito além do contido nesta porção introdutória do capítulo 1, teria constituído uma tremenda reafirmação da pessoa e obra de Cristo, tal como se encontra em nenhuma seção comparável da Escritura.”37

34

O adjetivo “todo-poderoso” é usado 10 vezes no Novo Testamento, mas, 9 deles em Apocalipse (2Co 6.18; Ap 1.8; 4.8; 11.17; 15.3; 16.7, 14; 19.6, 15; 21.22). Walvoord, J. F., Zuck, R. B., & Dallas Theological Seminary. (1983-c1985). The Bible knowledge commentary: An exposition of the scriptures (2:929). Wheaton, IL: Victor Books. 35

MacArthur, J. (1999). Revelation 1-11 (35). Chicago: Moody Press. 36

KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento, Apocalipse. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004, p. 122. 37

John F. Walvoord, The Revelation of Jesus Christ (Chicago: Moody, 1966), p. 40.