ESTUDO CLÍNICO E HISTOLÓGICO DAS PÁLPEBRAS, … · deste trabalho. Em especial ao Prof. Dr. Luiz...

58
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL ESTUDO CLÍNICO E HISTOLÓGICO DAS PÁLPEBRAS, CONJUNTIVA E CORNEA HÍGIDAS SUBMETIDAS A TRATAMENTO LOCAL COM SOLUÇÕES ANESTÉSICAS EM COELHOS Andréia Vitor Couto do Amaral Orientador: Prof. Dr. Nilo Sérgio Troncoso Chaves GOIÂNIA 2005

Transcript of ESTUDO CLÍNICO E HISTOLÓGICO DAS PÁLPEBRAS, … · deste trabalho. Em especial ao Prof. Dr. Luiz...

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

ESTUDO CLÍNICO E HISTOLÓGICO DAS PÁLPEBRAS, CONJUNTIVA E CORNEA HÍGIDAS SUBMETIDAS A

TRATAMENTO LOCAL COM SOLUÇÕES ANESTÉSICAS EM COELHOS

Andréia Vitor Couto do Amaral

Orientador: Prof. Dr. Nilo Sérgio Troncoso Chaves

GOIÂNIA

2005

i

ANDRÉIA VITOR COUTO DO AMARAL

ESTUDO CLÍNICO E HISTOLÓGICO DAS PÁLPEBRAS, CONJUNTIVA E CÓRNEA HÍGIDAS SUBMETIDAS A

TRATAMENTO LOCAL COM SOLUÇÕES ANESTÉSICAS EM COELHOS

Dissertação apresentada para

obtenção do grau de Mestre em

Ciência Animal junto a Escola de

Veterinária da Universidade Federal de

Goiás.

Área de concentração: Patologia,

clínica e cirurgia animal.

Orientador: Prof. Dr. Nilo Sérgio Troncoso Chaves - EV/UFG

Comitê de Orientação: Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva - EV/UFG

Prof. Dr. Eugênio Gonçalves de Araújo - EV/UFG

GOIÂNIA

2005

ii

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(GPT/BC/UFG)

Amaral, Andréia Vitor Couto do. A485e Estudo clínico e histológico das pálpebras, conjuntiva e córnea hígidas submetidas a tratamento local com solu- ções anestésicas em coelhos / Andréia Vitor Couto do A- maral. – Goiânia, 2005. xii, 39 f. : il. color. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Escola de Veterinária, 2005. Bibliografia: f. 35. Inclui lista de figuras, de quadros, de tabelas. Anexos.

1. Coelho - Histologia 2. Coelho – Clínica veteriná- ria I. Universidade Federal de Goiás. Escola de Veteri- nária II. Título CDU: 636.92

iii

Dedico à minha família, base e

alicerce da vida.

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, à minha família, especialmente a minha mãe,

Eni Vitor Couto do Amaral e meu pai, Alberto César do Amaral, sempre presente na

minha vida, dando o amor e força necessários, compreendendo a minha ausência

e superando as dificuldades para a realização de meus sonhos.

Ao professor, orientador deste trabalho e futuro orientador em meu

doutorado, Dr. Nilo Sérgio Troncoso Chaves, por repartir seus conhecimentos, pela

incontestável orientação e por creditar confiança em meu trabalho.

Ao Prof. Dr. Luiz Augusto Batista Brito, Prof. Dr. Jurij Sobestiansky, Prof.

Dr. Eugênio Gonçalves de Araújo, Profª Drª Maria Clorinda Soares Fioravanti, Profª

Drª Neusa Margarida Paulo, Profª Drª Maria da Conceição, Profª MSc. Moema

Pacheco Chediak Matos, Profª MSc. Ana Paula Iglesias Santin, Profª MSc. Regiane

Nascimento Gagno Porto, Prof. Dr. Olízio Claudino da Silva, Prof. MSc. Paulo

Henrique Jorge da Cunha, pelo aprendizado, dedicação ou simplesmente convívio

no decorrer do mestrado. Ao Prof. MSc. Adilson Donizeti Damasceno e Prof. MSc.

Afonso Henrique Miranda, pela amizade e apoio insubstituível para realização

deste trabalho. Em especial ao Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva, por sua

amizade, por seus ensinamentos e ajuda constante.

Ao Prof. MSc. Luiz Fernando Fleury e Prof. MSc. Marcos de Almeida

Souza, pela inestimável colaboração na leitura dos cortes histológicos.

Aos alunos de graduação Marcelo Santos Rocha, Alessandra

Nascimento de Souza e Flávia Gontijo de Lima, pela dedicação e responsabilidade

no tratamento dos animais.

Ao diretor do Hospital Veterinário da EV-UFG, MV. MSc. Apóstolo

Ferreira Martins, pela ajuda na execução deste estudo.

Aos colegas e companheiros de curso: Kellen de Sousa Oliveira, Liliana

Borges de Menezes, Meryonne Moreira e Rodrigo Oliveira França pela amizade e

convivência de um tempo que deixará saudades.

Aos meus amigos: Profª. MSc. Alana Flávia Romani, MV. MSc. Luiz

Felipe Ramos de Carvalho, MV. Ediane Batista da Silva, pelo apoio e carinho.

v

Ao Técnico de Laboratório Sr. Antônio Souza da Silva, pelo aprendizado

e pelo processamento das lâminas deste estudo.

Agradeço com indisfarçável admiração e franca sinceridade ao Prof. Dr.

Fernando Antônio Bretas Viana, da Escola de Veterinária da Universidade Federal

de Minas Gerais, pela amizade, por eu amar a oftalmologia veterinária e ter um

profissional em quem espelhar.

À Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE) pelo apoio financeiro

parcial do projeto e ao CNPq pela bolsa de mestrado.

vi

“O valor das coisas não está no tempo

que elas duram, mas na intensidade com

que acontecem. Por isso existem

momentos inesquecíveis, coisas

inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.

Fernando Pessoa

vii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................viii LISTA DE QUADROS .............................................................................................. ix LISTA DE TABELAS ................................................................................................. x RESUMO.................................................................................................................. xi ABSTRACT ............................................................................................................. xii 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................1 2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................5 2.2 Anatomia e fisiologia da córnea e da superfície ocular .......................................5 2.3 Alterações promovidas por colírios anestésicos na superfície ocular .................7 3. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................11 3.1 Local..................................................................................................................11 3.2 Animais de experimentação ..............................................................................11 3.3 Manejo dos animais ..........................................................................................11 3.4 Tratamentos ......................................................................................................12 3.4.1 Grupos experimentais ....................................................................................12 3.4.2 Soluções Oftálmicas.......................................................................................13 3.5 Avaliação clínica................................................................................................14 3.5.1 Protocolos de avaliação clínica ......................................................................14 3.6 Eutanásia ..........................................................................................................17 3.7 Estudo histológico .............................................................................................17 3.7.1 Avaliação histológica......................................................................................18 3.8 Análise estatística .............................................................................................18 4. RESULTADOS ....................................................................................................19 4.1. Avaliação clínica...............................................................................................19 4.2. Avaliação Histológica .......................................................................................22 4.2.1 Córnea............................................................................................................22 4.2.2 Conjuntiva ......................................................................................................24 4.3 Análise estatística .............................................................................................27 5. DISCUSSÃO .......................................................................................................29 6 CONCLUSÃO.......................................................................................................34 7 REFERÊNCIAS....................................................................................................35 ANEXOS .................................................................................................................40

viii

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Animais que receberam tratamento com colírios anestésicos: olho direito de um animal tratado por três dias com colírio de cloridrato de tetracaína apresentando blefarite com presença de secreção mucóide (A); olho direito de um animal tratado com colírio de cloridrato de tetracaína por sete dias, ao quinto dia de tratamento, apresentando ceratite puntiforme em grau leve (B); olho direito de animal tratado com colírio de proparacaína apresentando discreta hiperemia conjuntival (C); olho esquerdo de animal tratado com colírio de tetracaína apresentando quemose e secreção mucóide........................21

FIGURA 2 Fotomicrografias histológicas de córnea de coelho submetido ao tratamento com colírio anestésico: (1) epitélio; (2) estroma; (3) membrana de Descemet; (4) endotélio; (A) tratamento de 15 dias com colírio de cloridrato de tetracaína a 1%: perfeita integração do endotélio corneano e membrana de Descemet e disposição normal das fibras colágenas estromais (HE, 125X); (B) tratamento de sete dias com colírio de tetracaína 1%: detalhes do arranjo normal das camadas epiteliais e estroma subjacente (HE, 1000X); (C) tratamento de 15 dias com colírio de cloridrato de proparacaína a 0,5%: detalhes da camada endotelial e da membrana de Descemet, tecido corneano sem alterações (HE, 400X); (D) tratamento de três dias com colírio de cloridrato de proparacaína a 0,5%: regularidade das fibras colágenas (Mallory, 250X). ......................................................................................23

FIGURA 3 Fragmentos de conjuntiva palpebral de coelhos tratados com colírio de cloridrato de tetracaína a 1%, corados pela hematoxilina-eosina: animal tratado por sete dias (A): edema intenso na região entre o estroma e a lâmina própria (estrela), hiperplasia de células globosas (seta) (125X); animal tratado por sete dias (B): edema acentuado (estrela) envolvendo estroma e epitélio (125X); animal tratado por três dias (C): hiperemia (seta vermelha), discreto edema estromal (estrela preta), discreta hiperplasia de células globosas (seta preta), região do fórnix conjuntival (seta vermelha), onde foi encontrada a maior parte das alterações deste estudo (400X); animal tratado por quinze dias (D): intensa hiperplasia de células globosas (seta preta), infiltrado inflamatório com presença de eosinófilos (seta vermelha). (400X) ........27

ix

LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Distribuição dos grupos em função da solução utilizada e a duração

do tratamento .....................................................................................13

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Resultados da avaliação clínica dos olhos em que se instilou colírio de cloridrato de proparacaína a 0,5%, no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO.................................................................19

Tabela 2 Resultados da avaliação clínica dos olhos em que se instilou colírio de cloridrato de tetracaína a 1%, no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO.................................................................22

Tabela 3 Resultados da avaliação clínica dos olhos dos grupos tratados com cloridrato de proparacaína, grupos tratados com cloridrato de tetracaína e grupos tratados com solução fisiológica (controle) e sua relação com a cor da pelagem, sexo, olho e tratamento utilizado no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO. ............40

xi

RESUMO

O propósito deste estudo foi comparar, utilizando parâmetros clínicos e histológicos, as alterações córneo-conjuntivais promovidas pelo uso local de solução anestésica a base de cloridrato de proparacaína a 0,5% e de solução anestésica a base de cloridrato de tetracaína a 1% em coelhos. Foram utilizados 63 coelhos da raça Nova Zelândia, espécie Oryctolagus cuniculus, saudáveis, com peso corpóreo médio de 2500g, com três a quatro meses de idade. Desses, 21 eram de pelagem vermelha, sendo 13 machos e 8 fêmeas, e 42 albinos, sendo 31 machos e 11 fêmeas, distribuídos, por meio de sorteio, em nove grupos de sete animais (G1, G2, G3, G4, G5, G6, G7, G8 e G9). Os animais pertencentes aos grupos G1, G2 e G3 foram tratados com colírio a base de cloridrato de proparacaína a 0,5%, aqueles que constituíram os grupos G4, G5 e G6 com colírio a base de cloridrato de tetracaína a 1% e, aqueles que pertenciam aos grupos G7, G8 e G9 com solução fisiológica a 0,9%. Os animais pertencentes aos grupos G1, G4 e G7 foram tratados por três dias, aqueles pertencentes aos grupos G2, G5 e G8 por sete dias e, aqueles que compuseram os grupos G3, G6 e G9, por 15 dias. O protocolo terapêutico instituído foi o mesmo para todos os grupos, constando de instilação de uma gota da solução em cada olho, a cada duas horas, durante doze horas do dia, perfazendo um total de seis instilações diárias em cada olho. Ao final dos tratamentos, os animais foram submetidos à eutanásia utilizando injeção de thiopental sódico, na dose de 65 mg por quilograma de peso vivo, na veia marginal da orelha. Para a avaliação histológica foram utilizados dois animais machos albinos de cada grupo experimental, perfazendo um total de 36 olhos. Nos animais tratados com colírio de cloridrato de tetracaína verificaram-se alterações clínicas que incluíram conjuntivite em 100% dos animais, blefarite e presença de secreção do tipo mucosa em 69,05 a 100% dos olhos, sendo que, apenas um animal apresentou ceratite puntiforme em um olho ao quinto dia de tratamento. A única alteração clínica apresentada nos olhos dos animais tratados com cloridrato de proparacaína caracterizou-se por discreta hiperemia em até 21,43% dos olhos. Clinicamente, não foi verificada diferença estatística entre os grupos tratados com cloridrato de proparacaína e aqueles que receberam solução fisiológica. Histopatologicamente, foi observada uma toxicidade ao cloridrato de proparacaína menor do que a causada pela tetracaína e não foi observada diferença estatística quando se comparou ao grupo controle, tratado com solução fisiológica. As lesões histológicas nas conjuntivas constituíram em edema, hiperemia, linfoangiectasia, hiperplasia de folículos linfóides e de células globosas e infiltrados inflamatórios do tipo mononuclear com presença de eosinófilos. Diante dos resultados, permitiu-se concluir que o tratamento com as soluções anestésicas não produziu alterações estatisticamente significativas nas córneas hígidas de coelhos e, o colírio a base de cloridrato de tetracaína a 1% promoveu alterações significativas nas pálpebras e conjuntiva ocular hígidas de coelhos. Palavras-chave: coelho, conjuntiva ocular, colírios anestésicos, córnea, proparacaína, tetracaína

xii

ABSTRACT

The aim of this study was to compare, using clinical and histological parameters, corneal and conjunctival alterations due to local use of 0,5 % proparacaine hydrochloride and 1% tetracaine hydrochloride anesthetic solutions in rabbits. Sixty three healthy New Zealand rabbits from specie Oryctolagus cuniculus, with average weight of 2,500 g and age from three to four months were used. Twenty one had red fur (13 male and 8 female) and 42 were albinic (31 male and 11 female) were randomly distributed in nine groups with seven animals each (G1, G2, G3, G4, G5, G6, G7, G8 e G9). Animals from G1, G2 and G3 were treated with 0,5% proparacaine hydrochloride eyedrops, G4, G5 and G6 had instilled 1% tetracaine hydrochloride eyedrops and G7, G8 and G9 received 0,9% saline solution ocular drops. G1, G4 and G7 were treated for three days, G2, G5 and G8 for seven days and G3, G6 and G9 for fifteen days. The therapeutic protocol established was the same for all groups and based in instillation of one drop in each eye, every two hours, during twelve hours of the day, totalizing six daily instillation for each eye. At the end of treatment the animals were sacrified using sodium thiopental in a dosis of 65 mg/kg in ear marginal vein. For histological study it was used two albinic male animals from each experimental group, totalizing thirty six eyes. Animals treated with 1% tetracaine hydrochloride showed clinical changes characterized by conjunctivitis in 100%, blepharitis and mucous secretion in 69,05 to 100% of the eyes, and only one showed pinpoint ceratitis in one eye at the fifth day of treatment. The only clinical abnormality showed on animals eyes treated with 0,5% proparacaine hydrochloride was a mild hyperemia in 21,43%. Clinically, it wasn’t observed statistical difference between animals treated with propacaraine hydrochloride and those treated with physiologic solution. In the histological study, the toxicity of the use of proparacaine hydrochloride was lower than the toxicity of tetracaine hydrochloride which was not statistically different when compared to the groups treated whith physiological solution. Conjuntival injuries were edema, hyperemia, lymphangiectasia, lymphoid follicles and round cells hyperplasia and mononuclear inflammatory infiltratration with presence of eosinophils. According to the results, we may conclude that the treatment with anesthetic solution didn’t show statistically significant changes in normal cornea of rabbits and 1% tetracaine hydrochloride eye drops induced significative changes in eyelids and ocular conjunctiva of the rabbits. Key words: anesthetic eyedrops, cornea, ocular conjunctiva, proparacaine, rabbit, tetracaine

1. INTRODUÇÃO

A superfície ocular, especialmente a córnea, é amplamente inervada

por terminações sensitivas da primeira divisão do trigêmio, sendo que, em

algumas regiões a densidade destas inervações pode ser de 300 a 600 vezes

maior que a pele (ROZSA & BEUERMAN, 1982). Os troncos nervosos penetram

no estroma junto ao limbo, avançando radialmente em direção à córnea central,

onde se ramificam repetidas vezes, terminando no epitélio como terminações

nervosas livres (COLLINS & RENDA, 1996; DAMASCENO & CHAVES, 2003).

Por esta razão, o emprego de colírios anestésicos nos procedimentos

diagnósticos e cirúrgicos oftalmológicos é de fundamental importância para

garantir o conforto do paciente e facilitar a inspeção e exploração ocular

(COUTINHO, 1988).

Os colírios anestésicos desempenham um papel de fundamental

importância na oftalmologia humana e veterinária. Manipulações simples para fins

diagnóstico, tais como a tonometria e a inspeção em busca de corpo estranho

ocular, seriam praticamente impossíveis sem a utilização destes fármacos. Estas

substâncias bloqueiam, de forma reversível, a transmissão de estímulos

nervosos, sendo sua principal ação farmacológica a interrupção do processo de

excitação e condução do estímulo nervoso em fibras periféricas. O papel

reversível da ação da droga é necessário de maneira a garantir a integridade das

estruturas atingidas (COUTINHO, 1988).

Os mecanismos de ação desses fármacos se processam na membrana

celular, diminuindo a permeabilidade transitória aos íons sódio. À medida que

avança a ação anestésica, o limiar para excitação elétrica é aumentado, até o

nível que se dá o bloqueio. Os anestésicos locais, portanto, possuem a

propriedade de bloquear a entrada de sódio na fibra nervosa (MARCONDES,

1999; GELATT, 1999).

As teorias propostas para explicar os mecanismos de ação dos

anestésicos locais podem ser classificadas em duas categorias: a que atribui o

efeito anestésico à ligação destes à proteína canal de sódio e a que considera a

interação dos anestésicos locais com lipídios da membrana, também conhecida

como “hipótese do lipídio”, como mecanismo responsável pelas alterações no

2

canal. Na primeira categoria enquadram-se inúmeras tentativas de explicar a

ligação direta dos anestésicos locais em um ou mais sítios específicos do canal

de sódio, alterando sua conformação e levando à inativação temporária do canal.

Na hipótese do lipídio considera-se que as alterações causadas pelos anestésicos

nas propriedades estruturais e dinâmicas da matriz lipídica como a separação

lateral de fases, aumento da fluidez ou lise celular, levariam a mudanças

conformacionais no canal de sódio, causando sua inativação (FRACETO, 2003).

Os anestésicos mais comumente utilizados em oftalmologia humana e

veterinária são o cloridrato de tetracaína e o cloridrato de proparacaína

(RAPUANO, 1990; GRANT & ACOSTA, 1994; MARCONDES, 1999; STILES et

al., 2001).

O cloridrato de tetracaína é um derivado do ácido para-aminobenzóico.

Soluções para uso oftalmológico a 0,5% e a 2% podem ser instiladas diretamente

no fundo de saco conjuntival. A tetracaína é o mais potente anestésico local e o

de maior penetração na córnea, daí a sua grande utilização. O cloridrato de

proparacaína, que também recebe a denominação brasileira de cloridrato de

proximetacaína, é um derivado éster do ácido benzóico e possui características

similares às da tetracaína. O fármaco é apresentado numa solução de 0,5%, e o

tempo para início da anestesia é em torno de 13 segundos, perdurando por 15

minutos em média. (GRANT & ACOSTA, 1994; CAMPOS et al., 1994;

BARTFIELD et al., 1994; MARCONDES, 1999).

A utilização de colírios anestésicos é freqüentemente associada ao

aparecimento de uma série de fenômenos tóxicos no epitélio da córnea, sendo

que, a lesão clássica decorrente do abuso destes fármacos consiste num infiltrado

em forma de anel no estroma corneal. Seu uso vem sendo proposto no pós-

operatório de intervenções corneanas, especialmente na ceratectomia

fotorrefrativa (PRK), procedimento onde é realizado uma ampla desepitelização

da córnea, deixando exposto o estroma, o que causa intensa reação dolorosa.

Porém, instilações repetidas destes fármacos potencializam lesões corneanas e

retardam sua cicatrização interferindo na regeneração epitelial, tanto na mitose

como na migração celular. A Microscopia confocal mostrou que o plexo nervoso

no estroma anterior permanece intacto, sendo responsável pelas severas

manifestações de dor no pós-operatório, especialmente nas primeiras 24 horas

3

(SEILER & WOLLENSAK, 1991; CHERRY et al., 1994; VERMA & MARSHALL,

1996; ARSHINOFF et al., 1996; MOREIRA et al., 1999; TANI et al., 2002).

O mecanismo exato da toxicidade destes fármacos não foi esclarecido,

porém sabe-se que possuem efeito tóxico direto sobre a célula e diminuição da

ação trópica das fibras nervosas (GRANT & ACOSTA, 1994). A tetracaína, por

exemplo, promove dano à membrana podendo causar eventualmente morte

celular (BOLJKA et al., 1994). Alterações na morfologia celular indicam que a

tetracaína pode acometer o citoesqueleto, resultando em diminuição da

viabilidade celular (MOREIRA et al., 1999).

Uma possível explicação para a ocorrência do infiltrado em forma de

anel induzido pelo abuso de colírios anestésicos foi proposta por

ROSENWASSER et al (1990). O autor e colaboradores postularam que a

liberação de um fator antigênico induziria a dissociação de complexos de

motilidade baseados na vinculina, resultando em uma resposta antígeno-

anticorpo. A reação imune seria responsável pela destruição primária do epitélio,

o que classificaria a ceratite “tóxica” secundária ao abuso de colírios anestésicos

como um tipo de ceratite imunomediada.

Conhecido o efeito tóxico à córnea, tentou-se reduzir ou eliminar esta

característica do cloridrato de proparacaína empregando-o em menores

concentrações em preparados de uso ocular (BRADY et al., 1994). BISLA &

TANELIAN (1992) especularam que a instilação de anestésico diluído poderia

promover anestesia corneana efetiva. MAURICE & SINGH (1985) não

constataram alterações no epitélio corneano quando instilado cloridrato de

proparacaína a 0,3% em coelhos durante uma semana. SHAHINIAN et al. (1997)

demostraram, em humanos, que o uso de colírio a base de cloridrato de

proparacaína a 0,05% induziu analgesia e não anestesia corneana, não

desencadeando toxicidade epitelial corneana. Os autores concluíram que a sua

utilização na primeira semana após PRK foi segura.

Devido ao aumento no número de cirurgias corneanas, nas quais é

necessário minimizar a dor no pós-operatório, a escassez de medicações locais e

sistêmicas eficazes, decidiu-se investigar o efeito tóxico de colírios anestésicos,

disponíveis comercialmente. O propósito deste estudo foi comparar, utilizando

parâmetros clínicos e histológicos, as alterações córneo-conjuntivais promovidas

4

pelo uso local de solução anestésica a base de cloridrato de proparacaína a 0,5%

e de solução anestésica a base de cloridrato de tetracaína a 1% em coelhos.

5

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.2 Anatomia e fisiologia da córnea e da superfície ocular

A superfície ocular é composta pelos epitélios da córnea, limbo e

conjuntiva, sendo o revestimento do epitélio da córnea contínuo com o epitélio

conjuntival (conjuntiva bulbar). A transição entre a esclera e a córnea ocorre

abruptamente na junção córneo-escleral, denominada limbo (BANKS, 1991). Os

três epitélios apresentam características comuns, porém diferenciam-se tanto

fenotípicamente quanto funcionalmente. São do tipo pavimentoso estratificado,

não queratinizado e repousam sobre uma membrana basal composta

basicamente de colágeno do tipo IV e proteínas da matriz extracelular.

Externamente encontram-se revestidos pelo filme lacrimal, apresentando uma

íntima relação metabólica (GOMES et al., 2002).

A córnea é a única porção transparente da túnica fibrosa do globo

ocular, sendo sua função mais importante a transmissão e a refração da luz, além

de ser uma barreira física, impermeável e resistente entre as estruturas internas

do olho e o meio ambiente (GELLAT, 1999; SLATTER, 2001). A efetividade óptica

da córnea é dependente da integridade física e funcional das camadas que a

compõe (PHILIPS & MAGRANE, 1957). A transparência é garantida pela

ausência de queratina no epitélio; manutenção do grau de turgescência

(desidratação relativa) do estroma em aproximadamente 81%; ausência de vasos

sanguíneos, vasos linfáticos e pigmentos; superfície anterior lisa conferida pelo

filme lacrimal; número reduzido de células e alto conteúdo de

mucopolissacarídeos no estroma; arranjo organizado das lamelas de colágeno e

pela manutenção de um espaço regular de 55 nm entre as fibras colágenas,

mantidas na posição pelos componentes da matriz fundamental do estroma

(BLOGG, 1980; STADES et al., 1999; SLATTER, 2001).

A córnea é composta por quatro camadas: epitélio anterior, estroma,

membrana de Descemet e endotélio. O epitélio consiste de uma camada de

células colunares, aderidas à membrana basal, duas a três camadas de células

poliédricas e duas a três camadas de células escamosas não queratinizadas. A

6

camada de células basais está firmemente aderida por hemidesmossomos à

membrana basal, por sua vez composta por fibrilas de colágenos tipo IV, VI e VII,

além de laminina, fibronectina e hialuronato. O estroma compõe cerca de 90% da

espessura total da córnea e é formado por fibrilas de colágeno (tipo I, III, V, VI e

XII), queratinócitos e fibras nervosas amielínicas. Sua matriz extracelular contém

glicosaminoglicanos (sulfato de condroitina 4 e 6, sulfato de dermatana, sulfato de

queratana) que são essenciais para a manutenção da adequada hidratação da

córnea. A membrana limitante caudal (membrana de Descemet) separa a camada

estromal do endotélio, é acelular e composta por fibrilas de colágeno dispostas de

forma ordenada. A face posterior da córnea é revestida pelo endotélio, constituído

por células pavimentosas que formam um revestimento celular estreitamente

interdigitado, separando-a do humor aquoso presente na câmara anterior

(BANKS, 1991; GELATT, 1999; SLATTER, 2001; MEEK & BOOTE, 2003).

A água penetra na córnea sob a influência da pressão intra-ocular

exercida pelo humor aquoso e por atração pelo colágeno e mucopolissacarídeos

do estroma. A turgescência é mantida as custas da integridade estrutural e

fisiológica do epitélio e endotélio (SLATTER, 2001). O epitélio controla o conteúdo

de água prevenindo a entrada da porção aquosa do filme lacrimal pré-corneal.

Contudo, verifica-se que uma interferência no suprimento de oxigênio para o

epitélio intensifica a glicólise anaeróbia causando um acúmulo de lactato e água,

provocando edema. Caso ocorra uma lesão epitelial, a espessura corneana pode

dobrar e o edema resultante irá se restringir à área lesada (MAGRANE, 1977;

BARRETO, 1996).

O endotélio procura manter o teor hídrico da córnea através de uma

bomba metabólica (transporte ativo dependente de oxigênio), que remove a água

excedente do estroma de volta ao humor aquoso, contra o gradiente de pressão

(BLOGG, 1980; SLATTER, 2001). Quando o endotélio é lesado, a córnea absorve

uma grande quantidade de água, aumentando sua espessura em três a quatro

vezes (BARRETO, 1996). Esta intensa edemaciação justifica-se pela maior

pressão hidrostática exercida pelo humor aquoso quando comparada à pressão

exercida pelo filme lacrimal (MILLER, 1960). Os fluidos acumulados entre as

lamelas do estroma alteram a orientação paralela das fibras colágenas,

produzindo opacidade (MEEK & BOOTE, 2003).

7

A conjuntiva é uma membrana mucosa fina que se dobra nos fórnices

superior e inferior, formando um espaço chamado saco conjuntival, que se abre

na fissura palpebral. É subdividida em conjuntiva bulbar, fórnice, dobra semilunar

e conjuntiva palpebral (LIMA et al., 1999). A conjuntiva bulbar consiste de células

epiteliais (seis a nove camadas no homem), além de células califormes secretoras

de mucina, linfócitos, melanócitos e células de Langerhans; está firmemente

aderida ao limbo, onde seu epitélio é contínuo com o epitélio corneano, assim

como a conjuntiva palpebral, contínua ao epitélio da pálpebra. O estroma

conjuntival é formado por tecido conjuntivo frouxo e contém glândulas e folículos

linfáticos (linfócitos, mastócitos, plasmócitos e neutrófilos) na camada superficial

e, na camada fibrosa, vasos sanguíneos e nervos. O epitélio do limbo contém

melanócitos, células de Langerhans e células precursoras do epitélio corneano

(GELATT, 1999; GARTNER & HIATT, 1999; GOMES et al., 2002).

A terceira pálpebra, ou membrana nictante, possui nódulos linfóides em

sua face bulbar e seu esqueleto é representado por uma cartilagem hialina em

forma de “T”, tecido conectivo denso irregular, músculo esquelético, tecido

adiposo e glândulas do tipo serosa e mucosa. A superfície é recoberta por epitélio

escamoso estratificado não-queratinizado e a face bulbar possui um número

maior de células caliciformes ou globosas (NUR & UNAL, 2002).

2.3 Alterações promovidas por colírios anestésicos na superfície ocular

Soluções a base de tetracaína para uso ocular provocam ardor e

sensação de queimação local por aproximadamente 30 segundos, quando se

instala o efeito anestésico (FLECKNELL, 1987; MARCONDES, 1999). A

proparacaína é confortável ao uso, bem tolerada pelos pacientes e apresenta

baixa toxicidade quando comparada à tetracaína, características que a tornam um

anestésico muito utilizado em oftalmologia, apesar de não penetrar na córnea e

conjuntiva tão bem quanto a tetracaína (GRANT & ACOSTA, 1994; CAMPOS et

al., 1994; BARTFIELD et al., 1994; MARCONDES, 1999)

VERMA et al. (1995) realizaram um estudo clínico para avaliar o

desempenho de anestésicos tópicos no controle da dor pós-operatória de

8

pacientes submetidos a PRK. Os autores concluíram que o cloridrato de

tetracaína a 1 % instilado a cada 30 minutos durante as primeiras 48 horas não

promoveu retardo na cicatrização.

Como principais manifestações clínicas do uso excessivo de colírios

anestésicos, o epitélio corneano desenvolve ceratite superficial puntiforme, edema

e opacificação corneana e há perda de epitélio da área central (DASS et al., 1988;

ZAGELBAUM et al., 1994). Infiltrados estromais e dobras na membrana de

Descemet também foram evidenciados (RAPUANO, 1990; KIM et al., 1994;

ROCHA et al., 1995). Foram também observados danos à membrana plasmática

e alterações na morfologia celular, podendo alterar o citoesqueleto epitelial,

promovendo ruptura das fibras de actina (SEABAUGH et al., 1993; VARGA et al.,

1997).

Alguns estudos revelaram que os efeitos tóxicos dos agentes

anestésicos sobre a córnea ocorrem com seu uso indiscriminado por mais de três

dias (VERMA & MARSHALL, 1996; ZAGELBAUM, 1994). BOLJKA et al. (1994).

Ceratite superficial, infiltrados e granulações e dobras na membrana de Descemet

foram observados após uma semana de uso contínuo de colírios anestésicos

(GRANT & ACOSTA, 1994; ROCHA et al., 1995). Já MARCONDES (1999)

postulou que os efeitos tóxicos imediatos à droga, que incluem a ceratite

puntiforme superficial e edema estromal acentuado, podem se instalar em até 30

minutos após seu uso.

Os efeitos de preparados anestésicos em córnea de coelhos foram

estudados por BREWITT et al. (1980) utilizando microscopia de varredura. Foram

observados diminuição do número de microvilos e escurecimento de uma grande

área do epitélio corneano com apenas uma aplicação de pomada oftálmica a base

de cloridrato de proparacaína no saco conjuntival. Com três aplicações

evidenciou-se erosão da superfície epitelial com perda de epitélio com

descamação e ruptura do espaço intercelular.

Alterações promovidas pelo uso de soluções anestésicas foram

observadas em culturas de células epiteliais corneanas. DASS et al. (1988)

estudaram os efeitos do cloridrato de proparacaína no citoesqueleto de actina in

vitro em células do epitélio corneano de coelhos, onde observaram ruptura e

desorganização das fibras de actina e junções celulares, porém houve reversão

9

destas alterações após um período de ausência da droga. GRANT & ACOSTA

(1994) avaliaram a citotoxicidade in vitro de soluções anestésicas, descrevendo

presença de vacuolizações e granulações citoplasmáticas, marcante

pseudopodia, além de extensas alterações morfológicas e destruição celular,

sendo que, o cloridrato de tetracaína mostrou-se ser cerca de quatro vezes mais

tóxico do que o cloridrato de proparacaína em culturas primárias de epitélio

corneano de coelhos.

A avaliação da reparação do epitélio corneano após trauma constitui

modelo de experimentação útil para o estudo de mecanismos e influências de

diversos fatores na cicatrização, inclusive devido ao uso de drogas, tais como os

anestésicos tópicos (HANNA & BRIEN, 1960; PEYMAN et al., 1995). Em

experimento realizado por MEDEIROS et al. (1999), em que se estudou o efeito

de colírios anestésicos em defeito superficial no epitélio corneano, observou-se

que a proparacaína nas concentrações de 0,05 e 0,5% não induziu alterações

significantes, enquanto que, a tetracaína na concentração de 0,5% retardou a

cicatrização corneana em 36 horas em relação ao grupo controle, sugerindo a

existência de toxicidade epitelial corneana associada ao uso tópico de

proparacaína.

MOREIRA et al (1999) verificaram o efeito de colírios disponíveis no

comércio de cloridrato de tetracaína 0,5 % e de proparacaína 0,5% diluídas em

três concentrações (0,001%, 0,01%, 0,1% e 0,25%) em culturas de queratócitos

estromais. Os autores observaram que ambos os fármacos apresentaram efeitos

tóxicos sobre queratócitos, relativo não somente pela concentração da droga, mas

também ao tempo de exposição, acentuando a hipótese de que anestésicos

locais podem interferir na cicatrização da ferida cirúrgica por meio de fenômenos

tóxicos que resultam em alterações morfológicas do citoesqueleto.

DANNAKER et al. (2001) relataram um caso de dermatite por contato,

provavelmente de origem alérgica, com presença de eczemas e prurido periocular

em um paciente que usou dois colírios, um a base de cloridrato de proparacaína e

outro de cloridrato de tetracaína. Relatos de reação eczematosa em pálpebras de

pacientes que utilizaram colírios anestésicos não são raros, sendo que, alguns

autores sugerem a reação de hipersensibilidade do tipo IV como responsável pelo

desencadeamento dos sinais e sintomas (MARCH & GREENWOOD, 1968;

10

HENKES & WAUBLE, 1978). Histologicamente, após exposição ao antígeno e

conseqüente sensibilização, a reação de hipersensibilidade do tipo IV é

caracterizada por um infiltrado inflamatório composto principalmente de células

monucleares que invadem a derme e conjuntiva em até 24 horas, com formação

de edema e hiperemia (COTRAN et al., 1994; TIZARD, 1996).

Medicamentos oftálmicos disponíveis no comércio geralmente são

associados a preservativos que podem causar danos oculares (BURSTEIN,

1980). GASSET et al. (1974) estudaram a toxicidade de preservativos,

demonstrando que o cloreto de benzalcônio pode possuir efeitos tóxicos, porém,

quando empregado na concentração de 0,04% mostrou-se seguro e efetivo. A

ação da fenilefrina em preparados anestésicos oculares é devido a sua ação

vasoconstritora (ANDRADE, 2002; FRAUNFELDER et al., 2002; HIGAKI et al.,

2005).

11

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Local

O estudo foi realizado no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da

Universidade Federal de Goiás (EV/UFG) e no Laboratório de histopatologia do

Departamento de Patologia da EV/UFG, no período de abril de 2004 a janeiro de

2005.

3.2 Animais de experimentação

Foram utilizados 63 coelhos da raça Nova Zelândia, espécie Oryctolagus

cuniculus, saudáveis, com peso corpóreo médio de 2500g, com três a quatro

meses de idade, obtidos de criatório comercial no Município de Goiânia – Goiás.

Desses, 21 eram de pelagem vermelha, sendo 13 machos e 8 fêmeas, e 42

albinos, sendo 31 machos e 11 fêmeas.

Previamente ao estudo experimental, os animais foram avaliados

clinicamente para exclusão de qualquer anormalidade sistêmica ou ocular que

pudessem interferir com os resultados.

3.3 Manejo dos animais

Na recepção, previamente à transferência às gaiolas, os animais

receberam duas identificações por meio de sorteio, sendo a primeira

correspondente ao número de identificação (1 a 63) e a segunda correspondente

ao tratamento ao qual seria submetido. Os animais foram numerados na face

externa da orelha esquerda utilizando caneta marcador atóxica (Permanent

Marker – Starpie, EUA) e na face interna da mesma utilizando Tatuador.

12

Os animais foram mantidos em gaiolas próprias para a espécie, e para

instilação dos colírios, foi utilizada bancada de madeira de localização próxima às

gaiolas.

O manejo alimentar constituiu-se de ração balanceada e água à vontade

uma vez ao dia.

A rotina diária de manejo dos animais incluiu limpeza do local, no período

da manhã, utilizando água e sabão e higienização das gaiolas, bebedouros e

comedouros no período da manhã e da tarde.

Os animais foram tratados conforme normas estabelecidas pelo Colégio

Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) (GOLDENBERG, 2000) e Código

de Ética no Uso Científico de Animais (DUNIN & SOUZA, 1996).

3.4 Tratamentos

3.4.1 Grupos experimentais

63 coelhos foram distribuídos, por meio de sorteio, em nove grupos de

sete animais (G1, G2, G3, G4, G5, G6, G7, G8 e G9). Os animais pertencentes

aos grupos G1, G2 e G3 foram tratados com colírio a base de cloridrato de

proparacaína a 0,5% (ver alínea “a”, item 3.4.2), aqueles que constituíram os

grupos G4, G5 e G6 foram tratados com colírio a base de cloridrato de tetracaína

a 0,5% (ver alínea “b”, item 3.4.2) e, aqueles que pertenciam aos grupos G7, G8 e

G9 foram tratados com solução fisiológica a 0,9% (Halex Istar Indústria

Farmacêutica Ltda, Anápolis – GO). Os animais pertencentes aos grupos G1, G4

e G7 foram tratados por três dias, aqueles pertencentes aos grupos G2, G5 e G8

foram tratados por sete dias e, aqueles que compuseram os grupos G3, G6 e G9,

por 15 dias (Quadro 1).

O protocolo terapêutico instituído foi o mesmo para todos os grupos,

constando de instilação de uma gota da solução em cada olho, a cada duas

horas, durante doze horas do dia, perfazendo um total de seis instilações diárias

em cada olho.

13

QUADRO 1 - Distribuição dos grupos em função da solução utilizada e a duração do tratamento

Período (dias) Tratamento

3 7 15

Proparacaína 0,5% G1 (7 animais,

n=14)

G2 (7 animais,

n=14)

G3 (7 animais,

n=14)

Tetracaína 1% G4 (7 animais,

n=14)

G5 (7 animais,

n=14)

G6 (7 animais,

n=14)

Fisiológico 0,9% G7 (7 animais,

n=14)

G8 (7 animais,

n=14)

G9 (7 animais,

n=14)

3.4.2 Soluções Oftálmicas

a) Solução oftálmica a base de proparacaína (Anestalcon – Alcon Laboratórios do Brasil Ltda, São Paulo – SP):

- Cloridrato de proparacaína ....................... 0,5%

- Veículo q.s.p (*). ........................................ 5 ml

(*) Veículo constituído de glicerol, cloreto de benzalcônio como

preservativo e água destilada q.s.p.

b) Solução oftálmica a base de tetracaína (Colírio Anestésico – Allergan Produtos Farmacêuticos Ltda, São Paulo – SP).

- Cloridrato de tetracaína .......................... 1%

- Fenilefrina ............................................... 0,1%

- Veículo q.s.p (*). ..................................... 10 ml

(*) Veículo constituído de ácido bórico, cloreto de benzalcônio como

preservativo e água purificada q.s.p.

14

3.5 Avaliação clínica

Durante o período correspondente a cada tratamento os animais foram

submetidos diariamente a exame clínico ocular para avaliação da superfície da

córnea e conjuntiva. Para tal, foram utilizados fonte de luz, lupa e oftalmoscópio

direto (Miroflex – Heine, Alemanha).

Para o exame clínico avaliou-se a superfície corneana, considerando-se,

principalmente, a ausência ou presença de opacidade e os graus do leucoma

puntiforme e de opacidade corneana. Avaliou-se também a superfície conjuntival

e palpebral, considerando-se, principalmente, a ausência ou presença de

hiperemia, quemose, secreção, blefaroespasmo, epífora e prurido.

3.5.1 Protocolos de avaliação clínica

Para tabulação dos resultados do exame clínico, em cada animal, foram

adotados os seguintes critérios:

a. Conjuntiva e pálpebra

– Secreção

(0) Ausente

(1) Grau leve: Traços de secreção no fundo de saco

conjuntival ou aderida às margens palpebrais

(2) Grau moderado: Pequena quantidade de secreção,

facilmente visível na conjuntiva e margem

palpebral

(3) Grau acentuado: Grande quantidade de secreção

conjuntival e palpebral, permitindo, porém, a

observação do bulbo ocular

(4) Grau intenso: Grande quantidade de secreção conjuntival e

palpebral, dificultando a abertura da fenda

palpebral

15

– Conjuntivite

(0) Ausente

(1) Grau leve: Discreta hiperemia episcleral

(2) Grau moderado: Hiperemia episcleral em grau moderado,

discreta quemose e epífora

(3) Grau acentuado: Moderada a intensa hiperemia episcleral,

discreta quemose e epífora

(4) Grau intenso: Intensa hiperemia episcleral, quemose,

epífora e blefaroespasmo

- Blefarite

(0) Ausente

(1) Grau leve: Discreta hiperemia palpebral

(2) Grau moderado: Hiperemia moderada e discreto edema

palpebral

(3) Grau acentuado: Hiperemia acentuada e moderado edema

palpebral, prurido

(4) Grau intenso: Intensa hiperemia e edema palpebral, prurido

- Secreção ocular (tipos)

-Serosa: secreção límpida e transparente

- Seromucosa: presença de fração serosa e uma fração mucosa

- Mucosa: secreção esbranquiçada

- Purulenta: secreção amarelada na vigência de infecção

16

b) Córnea

- Ceratite superficial puntiforme:

(0) Ausente

(1) Grau leve: Ceratite ponteada que envolve área

correspondente a um quadrante da superfície da

córnea

(2) Grau moderado: Ceratite ponteada que envolve área

correspondente a dois quadrantes da superfície

da córnea

(3) Grau acentuado: Ceratite ponteada que envolve área

correspondente a três quadrantes da superfície

da córnea

(4) Grau intenso: Ceratite ponteada que envolve toda a área

da superfície da córnea

- Ceratite superficial

(0) Ausente

(1) Grau leve: Discreta opacidade da córnea, com visualização

da íris com detalhes

(2) Grau moderado: Moderada opacidade da córnea, com

visualização da íris sem detalhes

(3) Grau acentuado: Moderado a acentuada opacidade da

córnea, com visualização da íris sem detalhes

em algumas áreas

(4) Grau intenso: Acentuada opacidade de córnea sem

visualização da íris

17

3.6 Eutanásia

Ao final dos tratamentos, todos os animais foram submetidos à eutanásia

utilizando injeção de thiopental sódico (Thiopental – Cristália, São Paulo – SP) na

dose de 65 mg por quilograma de peso vivo na veia marginal da orelha, conforme

procedido por MEDEIROS et al. (1999).

3.7 Estudo histológico

Para a avaliação histológica foram utilizados dois animais (quatro olhos)

machos albinos de cada grupo experimental (G1, G2, G3, G4, G5, G6, G7, G8 e

G9), perfazendo um total de 18 coelhos (36 olhos). Imediatamente após a

eutanásia, realizou-se enucleação subconjuntival, além de retirada das pálpebras

e terceira pálpebra. Os tecidos foram transferidos para frascos contendo formol

tamponado a 10% na proporção de 20 vezes o volume do fixador em relação ao

volume da peça para sua fixação, sendo devidamente identificados.

Os tecidos ficaram imersos por 72 horas, quando foram então realizadas

as coletas dos fragmentos para análise histológica. Para tal, o globo ocular foi

seccionado ao meio, assim como as pálpebras e terceira pálpebra. No caso das

duas últimas estruturas, após secção da estrutura ao meio, retirou-se um

fragmento de aproximadamente 30 mm de espessura como amostra. Os tecidos

foram então transferidos para cassetes de histologia devidamente identificados

para serem então novamente imersos em solução de formol tamponado a 10%,

onde permaneceram até o momento do processamento.

O processamento histológico foi realizado conforme rotina do Laboratório

de histopatologia do Setor de Patologia Animal da EV/UFG, que consistiu em

desidratação dos tecidos em álcool etílico (Álcool etílico absoluto PA – Vetec

Química Fina Nacional), em série crescente de 70% até álcool absoluto, seguido

da clarificação da peça em xilol (Xileno PA – Cromato Produtos Químicos Ltda) e

inclusão em parafina histológica (Histotec pastilhas – Merck KGaA) com ponto de

fusão a 56°C.

Na etapa seguinte, as amostras colhidas foram seccionadas numa

espessura de 4 e 6 µm, em micrótomo rotativo (Micrótomo Spencer 820 –

18

American Optical), utilizando navalhas descartáveis (Navalhas descartáveis –

Leica Instruments GmbH). Os cortes obtidos foram corados pela hematoxilina e

eosina (HE) e Tricômio de Mallory, conforme descrito por LUNA (1968). Para

montagem das lâminas empregou-se solução de tolueno (Permount – Fisher

Scientific).

As Lâminas foram examinadas em fotomicroscópio óptico de campo

claro (Microscópio triocular – Modelo Jenaval – Carl Zeiss, Alemanha), sendo as

imagens selecionadas registrados por máquina filmadora (CCD Color câmera

SAC – 410ND – Sansung) acoplada ao microscópio e armazenadas digitalmente

empregando o software PCTV Vision (PCTV Vision (versão 1.04) – Pinacle

Systems Inc).

Para leitura das lâminas, analisou-se os seguintes requisitos: infiltrado

inflamatório na córnea, pálpebra e terceira pálpebra

3.7.1 Avaliação histológica

Para leitura das lâminas, analisou-se os seguintes requisitos de forma

subjetiva: infiltrado inflamatório, hiperemia, edema, hiperplasia de células

globosas (ou caliciformes), hiperplasia de folículos linfóides e linfoangiectasia.

3.8 Análise estatística Para cada animal foi feita a soma dos escores das alterações clínicas de

cada olho, obtendo-se com isso um escore final. Então, utilizou-se teste de

Kruskal-Wallis para se avaliar o efeito dos diferentes tratamentos e do dia da

avaliação clínica sobre o referido escore. Além disso, pelo teste de Wilcoxon

verificou-se o efeito do sexo, cor da pelagem e olho de aplicação sobre o escore

final. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o software estatístico

SAEG e adotando-se um nível de significância de 0,05 (UFV, 2003).

19

4. RESULTADOS

4.1. Avaliação clínica

Nos grupos tratados com o cloridrato de proparacaína a 0,5% a única

alteração evidenciada clinicamente foi a hiperemia da conjuntiva em grau leve

(Tabela 1), sendo que, nos animais observados após três dias de tratamento este

sinal foi verificado na freqüência de 16,67% (sete olhos); após sete dias de

tratamento em seis casos (21,43%), e, nos animais tratados por 15 dias a

hiperemia foi constatada em 2 olhos (14,28%). Não foi verificada nenhuma

alteração nas córneas ao exame clínico nos olhos tratados com este fármaco.

Tabela 1 - Resultados da avaliação clínica dos olhos em que se instilou colírio de cloridrato de proparacaína a 0,5%, no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia-GO.

Avaliação Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite

Leve 0 7 (16,67%) 0 0

Moderada 0 0 0 0

Acentuado 0 0 0 0

Intensa 0 0 0 0 3º d

ia

(n=

42)

Total 7 (16,67%)

Leve 0 6 (21,43) 0 0

Moderada 0 0 0 0

Acentuado 0 0 0 0

Intensa 0 0 0 0 7º d

ia

(n=

28)

Total 6 (21,43)

Leve 0 2 (14,28%) 0 0

Moderada 0 0 0 0

Acentuado 0 0 0 0

15º d

ia

(n=

14)

Intensa 0 0 0 0

Total 2 (14,28%)

20

Nos animais em que foi instilado colírio de cloridrato de tetracaína

verificou-se conjuntivite em 100% dos casos, sendo que, nos animais avaliados

após três dias de tratamento esta alteração ocorreu em grau moderado em 21

(26,19%) olhos, de forma acentuada em 19 (54,24%) e de forma intensa em dois

(4,76%) casos; naqueles observados após sete dias de tratamento evidenciou-se

o grau moderado em dez olhos (35,71%) e acentuado em 18 (64,29%) e, nos

olhos tratados por 15 dias, observou-se conjuntivite em grau moderado em quatro

(28,57%) olhos, acentuado em sete (50%) e de forma intensa em três (21,43%)

casos.

A blefarite esteve presente em 50% dos olhos observados após três

dias de tratamento, sendo de grau leve em seis (14,29%), moderada em 13

(30,95%) e de forma acentuada em dois casos (4,76%); em 96,86% dos olhos

observados após sete dias de tratamento, constando de nove casos (32,14%) em

grau leve, 12 (42,86%) de forma moderada e cinco (17,86%) de forma acentuada

e, naqueles tratados por 15 dias, verificou-se blefarite em 100% dos animais,

sendo quatro casos (28,57%) em grau leve, seis (42,86%) moderado, três

(21,43%) em grau acentuado e um (7,14%) em grau intenso.

A presença de secreção foi verificada em 69,05% dos olhos

observados após três dias de tratamento, sendo de grau leve em 11 casos

(26,19%), moderada em 15 (35,72%) e acentuada em três (7,14%); em 100% dos

casos após sete dias, desses, dez (35,71%) em grau leve, oito (28,57%) de forma

moderada e dez (35,71%) na forma acentuada e, nos animais tratados por 15 dias

a presença de secreção também foi evidenciada em 100% dos olhos, sendo em

grau leve em dois (14,29%), moderada em seis (42,86%) e acentuada em cinco

(35,71%).

A ceratite puntiforme, em grau leve, foi verificada em um olho de um

animal que recebeu colírio de cloridrato de tetracaína por sete dias, sendo

observada ao quinto dia após o início do tratamento. Não foi observada qualquer

alteração clínica na córnea dos animais que receberam colírio por três dias e em

nenhum coelho tratado por 15 dias com o fármaco em questão.

Observou-se também que após a instilação deste colírio, as conjuntivas

que estavam hiperêmicas, tornavam-se normocrômicas por um período médio de

30 minutos. Verificou-se também que os animais apresentavam blefaroespasmo

21

intenso imediatamente após a instilação do colírio, chegando a permanecer com

as pálpebras fechadas por alguns segundos.

FIGURA 1 Animais que receberam tratamento com colírios anestésicos: olho direito de um animal tratado por três dias com colírio de cloridrato de tetracaína apresentando blefarite com presença de secreção mucóide (A); olho direito de um animal tratado com colírio de cloridrato de tetracaína por sete dias, ao quinto dia de tratamento, apresentando ceratite puntiforme em grau leve (B); olho direito de animal tratado com colírio de proparacaína apresentando discreta hiperemia conjuntival (C); olho esquerdo de animal tratado com colírio de tetracaína apresentando quemose e secreção mucóide (D).

A B

C D

22

Tabela 2 - Resultados da avaliação clínica dos olhos em que se instilou colírio de cloridrato de tetracaína a 1%, no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia-GO.

Avaliação Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite

Leve 11 (26,19 %) 0 6 (14,29%) 0

Moderada 15 (35,72 %) 21 (50%) 13 (30,95%) 0

Acentuada 3 (7,14%) 19 (54,24%) 2 (4,76%) 0

Intensa 0 2 (4,76%) 0 0 3º d

ia

(n=

42)

Total 29 (69,05%) 42 (100%) 21 (50%) -

Leve 10 (35,71%) 0 9 (32,14%) 1

Moderada 8 (28,57%) 10 (35,71%) 12 (42,86%) 0

Acentuada 10 (35,71%) 18 (64,29%) 5 (17,86%) 0

Intensa 0 0 0 0 7º d

ia

(n=

28)

Total 28 (100%) 28 (100%) 26 (92,86%) 1 (3,57%)

2 (14,29%) 0 4 (28,57%) 0

6 (42,86%) 4 (28,57%) 6 (42,86%) 0

5 (35,71%) 7 (50,00%) 3 (21,43%) 0

15º d

ia

(n=

14)

0 3 (21,43%) 1 (7,14%) 0

Total 14 (100%) 14 (100%) 14 (100%) -

4.2. Avaliação Histológica

4.2.1 Córnea

As córneas de todos os grupos experimentais apresentaram-se em

arranjo perfeito, com continuidade entre as camadas epiteliais e o estroma

subjacente, com organização do estroma corneano, das células endoteliais

dispostas ordenadamente e sem alterações citoplasmáticas.

23

FIGURA 2 Fotomicrografias histológicas de córnea de coelho submetido ao tratamento com colírio anestésico: (1) epitélio; (2) estroma; (3) membrana de Descemet; (4) endotélio; (A) tratamento de 15 dias com colírio de cloridrato de tetracaína a 1%: perfeita integração do endotélio corneano e membrana de Descemet e disposição normal das fibras colágenas estromais (HE, 125X); (B) tratamento de sete dias com colírio de tetracaína 1%: detalhes do arranjo normal das camadas epiteliais e estroma subjacente (HE, 1000X); (C) tratamento de 15 dias com colírio de cloridrato de proparacaína a 0,5%: detalhes da camada endotelial e da membrana de Descemet, tecido corneano sem alterações (HE, 400X); (D) tratamento de três dias com colírio de cloridrato de proparacaína a 0,5%: regularidade das fibras colágenas (Mallory, 250X).

1

A B

C D

2 2

2

2

1

3

4

4

3

24

4.2.2 Conjuntiva

a) Hiperemia

No grupo tratado com solução oftalmológica a base de cloridrato de

tetracaína por três dias (G4) foram observados hiperemia na conjuntiva palpebral

em 100% dos olhos, sendo de grau leve em um olho (25%), de grau moderado

em dois olhos (50%) e de grau intenso em um (25%); Hiperemia na conjuntiva da

terceira pálpebra em grau leve em dois olhos (50%); Hiperemia na conjuntiva

bulbar em 100% das amostras, sendo de grau leve em duas (50%) e de grau

moderado em duas (50%); hiperemia na conjuntiva da terceira pálpebra em grau

leve em dois animais (50%).

No grupo tratado com solução oftalmológica a base de cloridrato de

tetracaína por sete dias (G5) foram observados hiperemia na conjuntiva palpebral

em 100% dos olhos, sendo de grau leve em um olho (25%) e moderado em três

(75%); hiperemia na conjuntiva bulbar em grau moderado em dois olhos (50%) e

intenso em um (25%); hiperemia na conjuntiva da terceira pálpebra em grau leve

em dois animais (50%).

No grupo tratado com solução oftalmológica a base de cloridrato de

tetracaína por 15 dias (G6) foram observados hiperemia na conjuntiva palpebral

em 100% dos olhos, desses, um (25%) em grau leve, dois (50%) em grau

moderado e um (25%) em grau intenso; hiperemia da conjuntiva bulbar em 75%

dos casos, sendo dois (75%) em grau leve e um (25%) de grau moderado;

hiperemia da conjuntiva da terceira pálpebra em grau leve em um caso (25%).

b) Edema

Observou-se edema na conjuntiva palpebral em 75% dos olhos

tratados com cloridrato de tetracaína durante três dias (G4), desses, dois (50%)

foram de grau moderado e um (25%) de grau intenso; edema na conjuntiva bulbar

25

em grau leve em dois olhos (50%); edema na terceira pálpebra em grau leve em

dois olhos (50%).

No G5 foi observado edema na conjuntiva palpebral em 100% dos

casos, sendo dois (50%) em grau leve e dois em grau moderado; edema na

conjuntiva bulbar de grau leve em dois (50%) olhos.

No G6 observou-se edema conjuntival em 100% dos olhos tratados,

sendo dois em grau leve e dois em grau intenso; edema na conjuntiva bulbar de

grau leve em dois (50%) olhos; edema na conjuntiva palpebral em um caso

(25%).

c) Hiperplasia de células globosas

Esta alteração foi observada em dois olhos (50%) pertencentes ao G1

em grau leve. No G4 observou-se hiperplasia de células globosas do epitélio

conjuntival palpebral em três (75%) olhos, sendo dois (50%) de forma moderada e

um (25%) de forma intensa. No G5 esta alteração foi observada em 100% dos

casos, sendo um (25%) de grau leve, dois (50%) moderados e um (25%) de forma

intensa. No G6 foi observada hiperplasia das células globosas em grau leve em

um caso (25%) e dois (50%) de forma moderada.

d) Hiperplasia de folículo linfóide

Foi encontrada hiperplasia de folículo linfóide na conjuntiva palpebral

em grau leve em dois olhos (50%) do G2, animal tratado com colírio de

proparacaína por sete dias.

Verificou-se hiperplasia de folículo linfóide na conjuntiva palpebral em

50% dos casos em grau leve no G4; dois (50%) em grau intenso no G5 e, no G6

um (25%) de grau leve e em dois (50%) olhos de forma moderada.

26

e) Linfoangiectasia

Linfoangiectasia foi observada na conjuntiva palpebral em todos os

grupos tratados com cloridrato de tetracaína em 75% dos casos. No G4 e G5 esta

alteração foi verificada em grau leve em um olho (25%) e dois (50%) de forma

moderada. No G6 foi verificada em grau leve em dois (50%) casos e de forma

moderada em um (25%) olho.

f) Infiltrado inflamatório

Presença de alguns eosinófilos, raros neutrófilos e linfócitos infiltrando

o epitélio da conjuntiva palpebral foram observados em dois olhos (50%) de G1,

dois (50%) de G2 e em um olho (25%) pertencente ao G3, classificando-se como

infiltrado inflamatório de grau leve em todos os animais tratados com colírio a

base de cloridrato de proparacaína.

Foram observados infiltração de células linfócitos, monócitos,

eosinófilos, macrófagos, mastócitos e alguns neutrófilos no epitélio e lâmina

basal. No G4 essa alteração esteve presente em dois olhos em grau leve, um em

grau moderado e um em grau intenso; em 75% dos casos de G5, sendo um

(25%) em grau leve e dois (50%) de grau moderado e em 100% dos olhos de G6,

sendo dois (50%) de forma leve e dois em grau intenso.

27

FIGURA 3 - Fragmentos de conjuntiva palpebral de coelhos tratados com colírio de cloridrato de tetracaína a 1%, corados pela hematoxilina-eosina: animal tratado por sete dias (A): edema intenso na região entre o estroma e a lâmina própria (estrela), hiperplasia de células globosas (seta) (125X); animal tratado por sete dias (B): edema acentuado (estrela) envolvendo estroma e epitélio (125X); animal tratado por três dias (C): hiperemia (seta vermelha), discreto edema estromal (estrela preta), discreta hiperplasia de células globosas (seta preta), região do fórnix conjuntival (seta vermelha), onde foi encontrada a maior parte das alterações deste estudo (400X); animal tratado por quinze dias (D): intensa hiperplasia de células globosas (seta preta), infiltrado inflamatório com presença de eosinófilos (seta vermelha). (400X)

4.3 Análise estatística

De acordo com a análise estatística, (Tabela 3) foi verificado efeito dos

tratamentos sobre o escore das alterações clínicas (p<0,05). Sendo, que pelas

comparações múltiplas foi verificada diferença entre os escores do grupo tratado

A B

C D

28

com cloridrato de proparacaína e o tratado com tetracaína; assim como entre o

grupo tratado com cloridrato de tetracaína e aquele que recebera solução

fisiológica (p>0,05). Porém, entre o grupo tratado com proparacaína e o que se

utilizou solução fisiológica não foi verificada diferença (p>0,05).

Não foi encontrada influência dos dias da avaliação clínica sobre o

escore de alterações (p>0,05). Também, não foi detectado efeito do olho (p=0,47)

e do sexo (p=0,17) sobre o escore das alterações clínicas.

29

5. DISCUSSÃO

Não foram verificadas alterações clínicas nas córneas dos coelhos

tratados com solução anestésica a base de cloridrato de proparacaína assim

como aquelas nos grupos tratados com solução fisiológica, como citadas por

DASS et al. (1988); RAPUANO (1990); KIM et al. (1994); ZAGELBAUM et al.

(1994).

Neste trabalho foi detectada ceratite puntiforme ao quinto dia de

tratamento, no olho direito, na área central da córnea, em grau leve, em apenas

um coelho tratado com colírio de cloridrato de tetracaína, coincidindo com

achados de ROCHA et al. (1995), VERMA (1996) e ZAGELBAUM (1994), que

descreveram a possibilidade de ocorrência desta alteração a partir de três dias de

uso contínuo da droga e ainda corrobora com CHANG (1997), que revelou que

nas reações de natureza tóxica, a córnea pode apresentar uma variedade de

manifestações, incluindo uma ceratite puntiforme leve a ceratopatia ulcerativa

severa.

Embora tenha sido constatada ceratite puntiforme em um coelho

tratado com cloridrato de tetracaína, nos cortes histológicos foi evidenciado

apenas irregularidades na disposição das fibras colágenas do estroma corneano.

Nas outras córneas estudadas não foram evidenciadas alterações quando

tratadas com soluções anestésicas, como presença de infiltrados inflamatórios,

vacuolizações e granulações citoplasmáticas e destruição de queratócitos, sendo

consideradas morfologicamente normais, conforme descrição por PHILIPS &

MAGRANE (1957); BLOGG (1980); BANKS (1991); BARRETO (1996); STADES

et al. (1999); GELLAT (1999); SLATTER (2001); GOMES et al. (2002) e MEEK &

BOOTE (2003).

Os achados clínicos encontrados nas pálpebras e conjuntivas nos

olhos dos coelhos tratados com o cloridrato de tetracaína como, edema,

hiperemia conjuntival, presença de secreção mucosa e prurido, evidenciaram

manifestações de toxicidade e/ou alergia ocular em todos os animais, revelando

explicação semelhante à das córneas, pois a reação alérgica consiste em um

processo de hipersensibilidade do tipo IV, também chamada de hipersensibilidade

tardia, que se desenvolve em algumas horas após exposição ao antígeno. Nos

30

grupos tratados com cloridrato de tetracaína evidenciou-se conjuntivite em 100%

dos casos, variando de grau moderado a intenso; presença de secreção de

aspecto mucoso de grau leve a acentuado de 69 a 100% das observações e

blefarite de grau leve a intenso em, no mínimo, 50% das observações. De forma

semelhante, SANTOS et al. (2003), avaliando a toxicidade córneo-conjuntival de

um colírio a base de iodo-povidona em coelhos, evidenciaram conjuntivite,

secreção esbranquiçada de aspecto mucoso em 100% dos casos dos animais

tratados. Embora a droga utilizada pelos autores acima citados seja diferente

daquelas usadas neste trabalho, as alterações clínicas referentes às pálpebras e

à conjuntiva foram semelhantes, caracterizando uma conjuntivite aguda

responsiva a um fármaco. DANNAKER et al. (2001) relataram um caso de

dermatite alérgica por contato num paciente que utilizou as duas soluções

anestésicas, com presença de conjuntivite e blefarite com prurido periocular,

alterações condizentes às encontradas neste estudo.

As alterações microscópicas observadas nos grupos tratados com o

cloridrato de tetracaína consistiram em hiperemia da conjuntiva palpebral,

hiperemia da conjuntiva bulbar de: hiperemia na conjuntiva da terceira pálpebra;

hiperplasia de folículos linfóides e edema na conjuntiva palpebral, bulbar e na

terceira pálpebra, geralmente acompanhado por linfoangiectasia. Foram também

observados infiltração de eosinófilos, linfócitos, macrófagos, mastócitos e poucos

neutrófilos na epitélio conjuntival palpebral e na lâmina própria. De forma

semelhante ao encontrado neste experimento, SANTOS et al. (2003) também

evidenciaram presença de infiltrados inflamatórios contendo eosinófilos,

macrófagos, linfócitos e monócitos em coelhos com conjuntivite responsiva a um

fármaco. As alterações encontradas na conjuntiva ocular dos animais tratados

com soluções anestésicas, segundo CHANG (1996); ABELSON & UDELL (2000);

TIZARD (1996) e HARGIS (1998), podem ser sugestivas tanto de um processo

tóxico quanto alérgico. De acordo com HARGIS (1998) e MARCONDES (1999) a

reação de hipersensibilidade por contato consiste, histopatologicamente, em

acúmulos de células monucleares e eosinófilos, vistos neste estudo, sendo a

resposta inflamatória linfócito-macrófago característica da reação de

hipersensibilidade. Os eosinófilos, por sua vez, estão classicamente associados

às reações alérgicas TIZARD (1996). No entanto não se pode afirmar que a

31

natureza da patologia decorrente do uso local de anestésicos seja alérgica pelo

fato da presença de eosinófilos, pois LIMBERG et al. (1986) postularam que este

tipo celular foi descrito em pacientes portadores de uma variedade de doenças

oftálmicas de caráter não alérgico.

A hiperplasia de células globosas e de pequenos agregados linfóides

distribuídos ao longo da lâmina própria da conjuntiva ocular, evidenciada nos

animais que receberam colírio de cloridrato de tetracaína e, em menor intensidade

nos animais tratados com o cloridrato de proparacaína, constitui um achado

inespecífico, que, de acordo com SPENCER (1996) e RENDER & CARLTON

(1998), poderia ocorrer em conjuntivite de qualquer natureza, podendo, inclusive,

progredir até formação de folículos gigantes. O edema estromal evidenciado nas

conjuntivas palpebral e bulbar caracterizou-se por afastamento das fibras

reticulares e a presença de linfoangiectasia confirmou a presença de excesso de

líquido a ser drenado. Estas alterações estão de acordo com aquelas

referenciadas por COTRAN et al. (1994) na reação de hipersensibilidade à

presença de um agente químico.

Imediatamente após a instilação do colírio de tetracaína foi observado

intenso ardor ocular, conforme citado por FLECKNELL (1987) e MARCONDES

(1999), visto que os animais apresentavam imediato blefaroespasmo. Esse

sintoma não foi verificado em nenhum animal que recebeu colírio de

proparacaína.

A diminuição da hiperemia conjuntival por aproximadamente trinta

minutos após a instilação do colírio de cloridrato de tetracaína é atribuída à ação

vasoconstrictora da fenilefrina, como referenciado por ANDRADE (2002). A

fenilefrina para uso ocular, na concentração de 5 a 10%, possui potente ação

midriática, podendo apresentar efeitos sistêmicos em alguns casos por ser um

agonista α1 seletivo, tais como aumento das pressões sistólica e diastólica e

bradicardia reflexa (HIGAKI et al., 2005), no entanto, essa droga é associada a

colírios anestésicos em concentrações diminutas, variando de 0,125 a 0,25%, não

sendo observadas as alterações descritas acima. Segundo LIMA FILHO &

BATISTUZZO (2000), a associação da fenilefrina em baixas doses no colírio de

tetracaína possui a finalidade de diminuir a ação irritante desta substância,

32

promovendo um efeito descongestionante, assim como foi observado neste

experimento.

Nos animais em que se utilizou cloridrato de proparacaína evidenciou-

se discreta hiperplasia de células globosas e de folículo linfóide e presença de

infiltrados inflamatórios em grau leve contendo eosinófilos, linfócitos e monócitos.

O único sinal clínico produzido pelo uso de colírio a base de proparacaína, a

hiperemia, assim como as discretas alterações microscópicas, podem ser

atribuídas ao seu efeito tóxico. DANNAKER et al. (1994) e MARCH &

GREENWOOD (1968) descreveram alterações clínicas de maior gravidade do

que as apresentadas neste estudo na pálpebra em pacientes que utilizaram o

colírio de forma indiscriminada, classificando-a como uma dermatite alérgica de

contato.

Foi observada uma toxicidade ao cloridrato de proparacaína menor do

que a causada pela tetracaína e não foi observada diferença estatística quando

se comparou ao grupo controle, tratado com solução fisiológica. Tais resultados

estão de acordo com GRANT & ACOSTA (1994); CAMPOS et al. (1994);

BARTFIELD et al. (1994) e MARCONDES (1999) que descreveram uma maior

toxicidade do cloridrato de tetracaína quando se comparado ao cloridrato de

proparacaína. Não foi observada diferença estatística entre o número de dias de

tratamento, ao contrário do postulado por MARCONDES (1999), que instituiu a

gravidade das lesões, entre outro fatores, ao tempo de uso de colírios

anestésicos.

Neste estudo, o cloreto de benzalcônio esteve presente constituindo o

veículo de ambos colírios, na concentração de 0,01%, não sendo relacionadas

alterações clínicas ou histológicas a sua ação. A literatura consultada descreve

que o cloreto de benzalcônio em concentração menor ou igual a 0,04% não

promove alterações oculares (BURSTEIN, 1980; GASSET et al., 1974).

Curiosamente, as alterações promovidas na conjuntiva na terceira

pálpebra decorrente do uso de colírio de cloridrato de tetracaína, foram em menor

número do que na conjuntiva palpebral. Apesar da literatura não relacionar lesões

decorrente do abuso de anestésicos tópicos nesta estrutura, as mesmas

poderiam ser previstas, uma vez que ambas porções anatômicas apresentam sua

conjuntiva semelhante: possuem células globosas (ou caliciformes) na porção

33

bulbar e a presença de folículos linfóides, só que em menor número na terceira

pálpebra quando comparada à pálpebra (NUR & UNAL, 2002). Presume-se que a

conjuntiva palpebral apresentou maior número de alterações devido ao fato de

que o colírio possui uma tendência de se acumular no fundo de saco palpebral até

ser totalmente drenado, o que aumenta o tempo de contato com esta estrutura em

relação à terceira pálpebra. Além disso, a pálpebra, além de possuir um maior

número de folículos linfóides, também possui tecido linfóide difuso.

34

6 CONCLUSÃO

Com base nas avaliações clínicas e estudo histológico por microscopia

óptica, permite-se admitir que:

A instilação de colírio anestésico a base de cloridrato de tetracaína a 1% e

de colírio anestésico a base de cloridrato de proparacaína a 0,5% em olhos

de coelhos sadios, durante 12 horas, com intervalo de duas horas entre

instilações, não produziu alterações corneanas significativas, quando

realizadas em períodos de três, sete e 15 dias. Porém, o colírio a base de

cloridrato de tetracaína a 1% pode causar alterações significativas nas

pálpebras e conjuntiva ocular.

35

7 REFERÊNCIAS

1. ABELSON, M. B.; UDELL, I. J. Allergic and toxic reactions. In: Albert, D. M. Jakobiec, F. A. Principles and practice of ophthalmology. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 2000, p. 781-803.

2. ANDARADE, S. F. Manual de terapêutica veterinária. 2 ed. São Paulo: Roca, 2002, 697 p.

3. ARSHINOFF, S. A.; MILLS, M. D.; HABER, S. The pharmacotherapy of photorefractive keratectomy. Journal of Cataract and Refractive Surgery, Manchester, v.22, p. 1037-1044, 1996.

4. BANKS, W. J. Histologia veterinária aplicada. São Paulo: Manole, 1991, 617 p.

5. BARTFIELD, J. M.; HOLMES, T. J.; RACCIO-ROBAK, N. A comparision of proparacaine and tetracaine eye anesthetics. Academic Emergency Medicine, Lansing, v. 1, p. 364-367, 1994.

6. BISLA, K.; TANELIAN, D. L. Concentration-dependent lidocaine on corneal epithelial wound healing. Investigative Ophthalmology & Visual Science, Rockville, v. 33, p. 3029-3033, 1992.

7. BLOGG, J. R. The eye in veterinary practice. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1980, 586 p.

8. BOLJKA, M.; KOLAR, G.; VIDENSEK, J. Toxic side effects of local anaesthetics on the human córnea. Brazilian Journal of Ophthalmology, São Paulo, v. 78, p. 386-389, 1994.

9. BRADY, M. D.; HUSTEAD, R. R.; ROBINSON, R. H.; BECKER, K. E. Dilution of proparacaine in balanced salt solution reduces pain of anesthetic instillation in the eye. Regional Anaesthesia, Orlando, v. 19, n. 3, p. 196-198, 1994.

10. BREWITT, H.; BONATZ, E.; HONEGGER, H. Morphological changes of the coreal epithelium after application of topical anaesthetic ointments. Ophtalmologica, Orlando, v.180, n. 4, p. 198-206, 1980.

11. BURSTEIN, N. L. Corneal cytotoxicity of topical applied drugs, vehicles and preservatives. Survey in Ophthalmology, v. 25, p. 15-30, 1980.

12. CAMPOS, M.; RAMAN, S.; LEE, M.; MCDONNELL, P. J. Keratocyte loss after different methods of de-epithelialization. Ophthalmology, Baltimore, v. 101, n. 5, p. 890-894, 1994.

13. CHANG, S. D. Toxic conjuntivitis. In: KRACHMER, J. H. MANNIS, M. J. HOLLAND, E. J. Cornea. St. Louis: Mosby-Year Book, 1997, p. 847-856.

36

14. CHERRY, P. M. H.; TUTTON, M. K.; ADHIKARY, H. The treatment of pain following photorefractive keratectomy. Journal of Refractive and Corneal Surgery, New York, v. 10, p. 222-225, 1994.

15. COLLINS, W. W. RENDA, J. A. Olho. In: THOMPSON, R. G. Patologia veterinária especial. São Paulo: Manole, 1996, cap. 127, p. 1086-1092.

16. COTRAN, R. S.; KUMAR, V.; ROBBINS, S. L. Robbins pathologic basis of disease. 5 ed. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1994. 1277 p.

17. COUTINHO, D. Farmacologia e terapêutica ocular. Rio de Janeiro: Pirâmide, 1988. 278 p.

18. DAMASCENO, A. D.; CHAVES, N. S. T. Neuroftalmologia de pequenos animais. Goiânia: Editora UFG, 2003, 68 p.

19. DANNAKER, C. J.; MAIBACH, H. I.; AUSTIN, E. Allergic contact dermatitis to proparacaine with subsequent cross-sensitization tetracaine fron ophthalmic preparation. American Journal of Contact Dermatitis, Dallas, v. 12, n. 3, p. 177-179, 2001.

20. DASS, B. A.; SOONG, H. K.; LEE, B. effects of proparacaine on actin cytoeskeleton of corneal epithelium. Journal of Ocular Pharmacology, New York, v. 4, n. 3, p. 186-194, 1988.

21. FLECKNELL, P. A. Laboratory animal anaesthesia: an introduction for research workers and technicians. San Diego: Academic Press, 1987, 156 p.

22. FRACETO, L. F. Anestésicos locais: interação com membranas e fragmento do canal de sódio voltagem dependente. 2003. 178 f. Tese (Doutorado em Biologia Funcional e Molecular) – Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

23. FRAUNFELDER, F. W.; FRAUNFELDER, F. T.; JENSVOLD, B. Adverse systemic effects from pledgets of topical ocular phenylephrine 10%. American Journal of Ophthalmology, Jacksonville, v. 134, n. 4, p. 624-625, 2002.

24. GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de histologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999, 426 p.

25. GASSET, A. R.; ISHII, Y.; KAUFMAN, H. E.; MILLER, T. Cytotoxicity of ophthalmic preservatives. American Journal of Ophthalmology, Chicago, v. 78, p. 98-105, 1974.

26. GELATT, K. N. Veterinary ophthalmology. 3 ed. Baltimore: Lippincout Willians & Wilkins, 1999. 1544 p.

27. GOMES, J. A. P.; PIRES, R. T. F. ALVES, M. R.; NETTO, A. L. Doenças da superfície ocular: diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2002, 130 p.

37

28. GRANT, R. L.; ACOSTA, D. Comparative toxicity of tetracaine, proparacaine and cocaine evaluated with primary cultures of rabbit corneal epithelial cells. Experimental Eye Research, London, v. 59, n. 4, p. 469-478, 1994.

29. HANNA, C.; BRIEN, J. E. Cell prodution and migration in the epithelial layer of the cornea. Archives of Ophthalmology, v. 64, p. 536-539, 1960.

30. HENKES, H. E.; WAUBKE, T. N. Keratitis from abuse of corneal anaesthetics. Brazilian Journal of Ophthalmology, São Paulo, v. 62, p. 62-65, 1978.

31. HIGAKI, K.; NAKAYAMA, K.; SUYAMA, T.; AMNUAIKIT, C.; OGAWARA, K.; KIMURA, T. Enhancement of topical delivery of drugs via direct penetration by reducing blood flow rate in skin. International Journal of Pharmaceutics, Lawrence, v. 288, p. 227-233, 2005.

32. KIM, J. Y.; CHOI, Y. S.; LEE, J. H. Keratitis from corneal anesthetic abuse after photorefractive keratectomy. Journal of Cataract and Refractive Surgery, Manchester, v. 23, n. 3, p. 447-449, 1997.

33. LIMA FILHO, A. A. S.; BATISTUZZO, J. A. O. Formulário oftalmológico. 6 ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2000, 113 p.

34. LIMA, A. L. H. DANTAS, M. C. N.; ALVES, M. R. Doenças externas oculares e córnea. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1999, 535 p.

35. LIMBERG M. B.; MARGO, C. E.; LYMAN, G. H. Eosinophis in córneas removed by penetrating keratoplasty. Brazilian Journal of Ophthalmology, São Paulo, v. 70, p. 343-346, 1986.

36. MAGRANE, W. G. Disease and surgery of the cornea and sclera. In: ______ Canine ophtalmology. 3 ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1977, p. 107-162.

37. MARCH, C. GREENWOOD, M. A. Allergic contact dermatitis to proparacaine. Archives of Ophthalmology, v. 79, p. 159-160, 1968.

38. MARCONDES, A. M. Anestésicos tópicos. In: VITA SOBRINHO, J. B. Farmacologia e terapêutica ocular. Rio de Janeiro: Cultura médica, 1999, p. 29-34.

39. MAURICE, D. M.; SINGH, T. The absence of corneal toxicity with low-level topical anesthesia. American Journal of Ophthalmology, Chicago, v. 99, n. 6, p. 691-696, 1985.

40. MEDEIROS, F. W.; ALVES, M. R.; CRESTA, F. B.; JOSÉ, N. K. Influência do uso tópico de tetracaína e proparacaína na reparação de defeito epitelial corneano. In: CONGRESSO DE OFTALMOLOGIA DA USP, 2 ed., 1999, São Paulo. Anais..., São Paulo, 1999.

41. MEEK, K. M.; BOOTE, C. The organization of collagen in the corneal stroma. Experimental Eye Research, v. 78, p. 503-512, 2004.

38

42. MILLER, T. K. The normal and pathologic physiology of the córnea. The Southeastern Veterinarian, Georgia, v. 11, n. 4, p. 92-97, 1960.

43. MOREIRA, L. B.; KASETSWAN.; SANCHEZ, D.; SHAH, S. S.; LABREE, L.; MCDONNELL, P. J. Toxicity of topical anesthetic agents to human keratocytes in vivo. Journal of Cataract and Refractive Surgery, Manchester, v. 25, p. 975-980, 1999.

44. NUR, I. H.; UNAL, G. Histological investigations of the nictitating membrane (palpebra III) in the New Zealand rabbit. F. Ü. Saglik Bil. Dergisi, v. 12, n. 2, p. 133-136, 2002.

45. PEYMAN, G. A.; RAHIN, M. H.; FERNANDES, M. L. Effects of morfine on corneal sensitivity and epithelial wound healing: implications for topical ophthalmic analgesia. Brazilian Journal of Ophthalmology, v. 78, p. 138-141, 1994.

46. PHILIPS, S. F.; MAGRANE, W. G. Eyes and eyelids – the cornea. In: MAYER, K.; LACROIX, J. V.; HOSKINS, H. P. Canine surgery. 4 ed. Santa Bárbara: American Veterinarian Publications, 1957, p. 321-332.

47. RAPUANO, C. J. Topical anesthetic abuse: a case report of bilateral corneal ring infiltrates. Journal of Ophthalmic Nursing and Technology, Thorofare, v. 9, n. 3, p. 94-95, 1990.

48. RENDER, J. CARLTON, W. Patologia do olho e ouvido. In: CARLTON, W.; MACGAVIN, M. D. Patologia veterinária especial de Thompson. 2 ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998, p. 590-636.

49. ROCHA, G.; BRUNETT, I.; LEFRANÇOIS, M. Severe toxic keratopathy secondary to topical anesthetic abuse. Canadian Journal of Ophthalmology, Montreal, v. 30, p. 198-202, 1995.

50. ROSENWASSER, G. O. D. Complications of topical anaesthetic. International Ophthalmology Clinical, v. 29, p. 157, 1989.

51. ROZSA, A. J.; BEUERMAN, R. Density and organization of free nerve endings in the corneal epithelium of the rabbit. Pain, v. 14, p. 105-120, 1982.

52. SANTOS, N. C.; SOUSA, L. B.; FREITAS, D.; RIGUEIRO, M. P.; SCARPI, M. J. Toxicidade córneo-conjuntival do colírio de iodo-povidona: estudo experimental. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, São Paulo, v. 66, p. 279-288, 2003.

53. SEABAUGH,V. M.; CHAMBERS, W. A.; GREENS, S.; GUPTA, K. C.; HILL, R. N.; HURLEY, P. M.; LAMBERT, L.A.; LEE, C. C.; LEE, J. K.; LIU, P. T.; LOWTHER, D. K.; ROBERTS, C. D.; SPRINGER, J. A.; WILCOX, N. L. Use of ophthalmic topical anaesthetics. Food and Drug Chemical Toxic, vol. 31, n. 2, p. 95-98, 1993.

39

54. SEILER, T.; WOLLENSAK, J. Myopic photorefractive keratectomy with the excimer laser: one-year follow-up. Ophthalmology, v. 98, p. 1156-1163, 1991.

55. SHAHIAN, L.; JAIN, S.; JAGER, R. D.; LIN, D. T. C. SANISLO, S. S.; MILLER, J. F. Dilute topical proparacaine for pain relief after photorefractive keratectomy. Ophthalmology, Rochester, v. 104, p. 1327-1332, 1997.

56. SLATTER, D. Fundamentals of veterinary ophthalmology. 3 ed. Philadelphia: W. B. Saunders company, 2001, 640 p.

57. SPENCER, W. H. Ophthalmic pathology. 4 ed. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1996, 295 p.

58. STADES, F. C.; BOEVÉ, M. H.; NEUMANN, W.; WYMAN, M. Fundamentos de oftalmologia veterinária. São Paulo: Manole, 1999, 127p.

59. STILES, J.; KROHNE, S.; RANKIN, A.; CHANG, M. The efficacy of 0,5% proparacaine stored at room temperature. American College of Veterinary Ophthalmologists, v. 4, p. 205-207, 2001.

60. TIZARD, I. R. Veterinary immunology. 5 ed. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1996, 531 p.

61. VARGA, J. H.; RUBINFELD, R. S.; STUTZMAN, R. D.; PEELE, K. A.; CLIFFORD, W. S.; MADIGAN, W. Topical anesthetic abuse ring keratitis: report of four case. Cornea, New York, v. 16, n. 4, p. 424-429, 1997.

62. VERMA, S.; CORBETT, M. C.; MARSHALL, J. A prospective, randomized, double-masked trial to evalute the role of topical anesthetics in controlling pain after photorefractive keratectomy. Ophthalmology, Rochester, v. 102, p. 1918-1924, 1995.

63. VERMA, S.; MARSHALL, J. Control of pain after photorefractive keratectomy. Journal of Refractive Surgery, v. 12, p. 358-364, 1996.

64. ZAGELBAUM, B. M.; TOSTANOSKI, J. R.; HOCHMAN, M. A.; HERSH, P. S. Topical lidocaine and proparacaine abuse. American Journal of Emergency Medicine, Philadelphia, v.12, n.1, p. 96-97, 1999.

40

ANEXOS

Tabela 3 - Resultados da avaliação clínica dos olhos dos grupos tratados com cloridrato de proparacaína, grupos tratados com cloridrato de tetracaína e grupos tratados com solução fisiológica (controle) e sua relação com a cor da pelagem, sexo, olho e tratamento utilizado no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO

Animal Pelagem Sexo Tratamento Olho Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite puntiforme

14 2 2 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

13 2 2 1 1 0 1 0 0 2 0 1 0 0

6 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

4 2 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

10 1 2 1 1 0 1 0 0 2 0 1 0 0

33 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

41 2 1 1 1 0 0 0 0 2 0 1 0 0

37 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

40 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

36 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

19 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

28 1 2 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

16 1 1 1 1 0 1 0 0 2 0 1 0 0

27 2 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

17 2 2 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

55 1 1 1 1 0 1 0 0 2 0 1 0 0

54 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

50 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

48 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

47 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

51 1 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

41

Tabela 3 – Resultados da avaliação clínica dos olhos dos grupos tratados com cloridrato

de proparacaína, grupos tratados com cloridrato de tetracaína e grupos tratados com solução fisiológica (controle) e sua relação com a cor da pelagem, sexo, olho e tratamento utilizado no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO (continuação).

Animal Pelagem Sexo Tratamento Olho Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite

puntiforme33 1 1 2 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 41 2 1 2 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 37 1 2 2 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 40 1 1 2 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 36 1 1 2 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 19 1 1 2 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 28 1 2 2 1 0 1 0 0

2 0 1 0 0 16 1 1 2 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 27 2 2 2 1 0 1 0 0

2 0 1 0 0 17 2 2 2 1 0 1 0 0

2 0 1 0 0 50 1 1 2 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 48 1 1 2 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 47 1 1 2 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 51 1 2 2 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 19 1 1 3 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 28 1 2 3 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 16 1 1 3 1 0 1 0 0

2 0 1 0 0 27 2 1 3 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 17 2 2 3 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 47 1 1 3 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 51 1 1 3 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 15 1 2 4 1 0 2 0 0

2 0 2 0 0

42

Tabela 3 – Resultados da avaliação clínica dos olhos dos grupos tratados com cloridrato de proparacaína, grupos tratados com cloridrato de tetracaína e grupos tratados com solução fisiológica (controle) e sua relação com a cor da pelagem, sexo, olho e tratamento utilizado no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO (continuação).

Animal Pelagem Sexo Tratamento Olho Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite

puntiforme11 2 2 4 1 1 3 1 0

2 1 2 1 0 1 2 2 4 1 0 2 0 0 2 0 2 0 0

9 1 1 4 1 1 3 0 0 2 1 2 0 0

2 1 2 4 1 2 3 1 0 2 2 3 2 0

44 2 2 4 1 0 2 0 0 2 0 2 0 0

31 1 2 4 1 0 2 0 0 2 0 2 0 0

45 2 1 4 1 2 3 2 0 2 2 3 2 0

43 2 1 4 1 1 2 0 0 2 1 2 0 0

32 1 2 4 1 2 3 2 0 2 2 3 2 0

25 2 1 4 1 2 3 2 0 2 2 3 2 0

20 1 1 4 1 2 3 1 0 2 2 3 1 0

22 2 1 4 1 2 3 2 0 2 2 3 2 0

23 1 2 4 1 0 2 0 0 2 0 2 0 0

21 2 1 4 1 2 3 2 0 2 2 3 2 0

61 1 1 4 1 2 4 3 0 2 3 4 3 0

58 1 1 4 1 1 2 0 0 2 1 2 0 0

57 1 1 4 1 0 2 0 0 2 1 2 0 0

60 1 1 4 1 1 2 0 0 2 1 3 1 0

46 1 1 4 1 0 2 0 0 2 0 2 0 0

49 1 1 4 1 3 3 2 0 2 3 3 2 0

44 2 1 5 1 2 3 2 0 2 2 3 2 0

31 1 2 5 1 1 2 1 1 2 1 2 2 0

43

Tabela 3 – Resultados da avaliação clínica dos olhos dos grupos tratados com cloridrato de proparacaína, grupos tratados com cloridrato de tetracaína e grupos tratados com solução fisiológica (controle) e sua relação com a cor da pelagem, sexo, olho e tratamento utilizado no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO (continuação).

Animal Pelagem Sexo Tratamento Olho Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite

puntiforme45 2 1 5 1 3 3 2 0

2 3 3 2 0 43 2 1 5 1 3 3 3 0

2 3 3 3 0 32 1 2 5 1 1 3 1 0

2 1 2 1 0 25 2 1 5 1 2 3 1 0

2 2 2 1 0 20 1 1 5 1 3 3 2 0

2 3 3 2 0 22 2 1 5 1 2 3 2 0

2 2 3 2 0 23 1 2 5 1 1 2 1 0

2 1 2 1 0 21 2 1 5 1 3 3 2 0

2 3 3 2 0 57 1 1 5 1 3 3 3 0

2 2 3 2 0 60 1 2 5 1 1 2 1 0

2 1 2 1 0 46 1 1 5 1 1 2 0 0

2 1 2 0 0 49 1 1 5 1 3 3 3 0

2 2 3 3 0 25 2 1 6 1 2 3 2 0

2 2 3 2 0 20 1 1 6 1 3 3 2 0

2 3 3 2 0 23 1 2 6 1 1 2 1 0

2 1 2 1 0 21 2 1 6 1 4 4 4 0

2 3 3 3 0 22 2 1 6 1 2 3 2 0

2 2 3 2 0 46 1 1 6 1 2 2 1 0

2 2 2 1 0 49 1 1 6 1 3 4 3 0

2 3 4 3 0 8 1 2 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

3 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

5 2 2 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

44

Tabela 3 – Resultados da avaliação clínica dos olhos dos grupos tratados com cloridrato de proparacaína, grupos tratados com cloridrato de tetracaína e grupos tratados com solução fisiológica (controle) e sua relação com a cor da pelagem, sexo, olho e tratamento utilizado no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO (continuação).

Animal Pelagem Sexo Tratamento Olho Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite

puntiforme7 2 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

12 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

38 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

35 2 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

34 2 2 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

39 1 2 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

42 1 2 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

18 1 2 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

24 2 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

26 2 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

29 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

30 2 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

52 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

63 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

62 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

56 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

53 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

59 1 1 7 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

38 1 1 8 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

35 2 1 8 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

34 2 2 8 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0

45

Tabela 3 – Resultados da avaliação clínica dos olhos dos grupos tratados com cloridrato de proparacaína, grupos tratados com cloridrato de tetracaína e grupos tratados com solução fisiológica (controle) e sua relação com a cor da pelagem, sexo, olho e tratamento utilizado no período de 1º de Março a 31 de Agosto de 2004, Goiânia, GO (conclusão).

Animal Pelagem Sexo Tratamento Olho Secreção Conjuntivite Blefarite Ceratite

puntiforme39 1 2 8 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 42 1 2 8 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 18 1 2 8 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 24 2 1 8 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 26 2 1 8 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 29 1 1 8 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 30 2 1 8 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 62 1 1 8 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 56 1 1 8 1 0 1 0 0

2 0 0 0 0 53 1 1 8 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 59 1 1 8 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 18 1 2 9 1 0 0 0 0

2 0 1 0 0 24 2 1 9 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 26 2 1 9 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 29 1 1 9 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 30 2 1 9 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 53 1 1 9 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 59 1 1 9 1 0 0 0 0

2 0 0 0 0 Pelagem: albino (1), vermelho (2) Sexo: macho (1), fêmea (2) Tratamento: animais tratados com colírio a base de cloridrato de proparacaína durante três dias (1), sete dias (2) e 15 dias (3); animais tratados com colírio a base de cloridrato de tetracaína durante três dias (4), sete dias (5) e 15 dias (6); animais tratados com solução fisiológica a 0,9% (controle) por três dias (7), sete dias (8) e 15 dias (9) Olho: olho direito (1), olho esquerdo (2) Secreção, conjuntivite, blefarite e ceratite puntiforme: ausente (0), grau leve (1), moderado (2), intenso (3), acentuado (4)