Estudo comparativo das alterações degenerativas dos ... · Comissão de Terminologia Anatômica...

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ALEXANDRE CARNEIRO BITAR Estudo comparativo das alterações degenerativas dos meniscos medial e lateral na artrose do joelho em varo Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Área de concentração: Ortopedia e Traumatologia Orientador: Prof. Dr. Gilberto Luis Camanho São Paulo 2006

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ALEXANDRE CARNEIRO BITAR

Estudo comparativo das alterações degenerativas dos

meniscos medial e lateral na artrose do joelho em varo

Dissertação apresentada à Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo para

obtenção do título de Mestre em Ciências

Área de concentração: Ortopedia e Traumatologia

Orientador: Prof. Dr. Gilberto Luis Camanho

São Paulo

2006

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ALEXANDRE CARNEIRO BITAR

Estudo comparativo das alterações degenerativas dos

meniscos medial e lateral na artrose do joelho em varo

Dissertação apresentada à Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo para

obtenção do título de Mestre em Ciências

Área de concentração: Ortopedia e Traumatologia

Orientador: Prof. Dr. Gilberto Luis Camanho

São Paulo

2006

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Preparada pela Biblioteca daFaculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

reprodução autorizada pelo autor

Bitar, Alexandre Carneiro Estudo comparativo das alterações degenerativas dos meniscos medial e lateralna artrose do joelho em varo / Alexandre Carneiro Bitar. -- São Paulo, 2006. Dissertação(mestrado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Departamento de Ortopedia e Traumatologia. Área de concentração: Ortopedia e Traumatologia. Orientador: Gilberto Luiz Camanho.

Descritores: 1.Meniscos tibiais/lesões 2.Joelho 3.Osteoartrite 4.Artroplastiado joelho 5.Microscopia

USP/FM/SBD-378/06

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A motivação de realizar esta dissertação

e prosseguir na carreira acadêmica está em exercer a ortopedia com

credibilidade e respeito ao paciente.

À minha esposa Ana Claudia,

pela compreensão e apoio integral durante os diversos momentos de

ausência familiar para o desenvolvimento desta dissertação e de minha

recente vida profissional.

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Ao Prof. Dr. Gilberto Luiz Camanho, pelas oportunidades, postura,

ensinamentos e contribuição em minha vida acadêmica e profissional,

tornando-se grande orientador e amigo, não só desta dissertação como

também de minha recente carreira.

À Dra. Cláudia Regina Gomes Mendes Cardim Oliveira e à Dra.

Reneé Von Filippi, patologistas do Instituto de Ortopedia e Traumatologia

do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São

Paulo (IOT-HC-FMUSP-SP), que gentilmente me ofereceram todo o suporte

necessário para realizar a leitura de minhas lâminas e todo o

acompanhamento anatomopatológico, além de sugerirem uma classificação

das características microscópicas dos meniscos.

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Ao Dr. George Bitar, meu pai, pelos ensinamentos e importante

exemplo de postura, ética e humanismo por toda a minha vida.

À minha esposa Ana Claudia, pelo incentivo diário, amor, amizade, e

por ser a grande responsável do prazer que sinto na realização de minhas

atividades, tanto na esfera profissional, quanto pessoal.

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AGRADECIMENTOS

Ao Dr Frederico Zanqueta Poleto, pelo auxílio na realização da

análise estatística.

Aos técnicos (as) do Laboratório de Anatomia-Patológica do

Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IOT-HC-FMUSP-

SP), pelo trabalho competente, profissional e prestativo, ao me auxiliarem

em atividades neste importante laboratório do nosso instituto.

Ao Prof. Dr. Arnaldo José Hernandez, pelo incentivo à minha carreira

acadêmica, por seus ensinamentos durante minha formação na

especialidade de joelho e por suas críticas, sempre construtivas, em minha

qualificação.

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A todos os colegas assistentes do Grupo de Joelho do Instituto de

Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo (IOT-HC-FMUSP-SP), pelos

ensinamentos durante minha formação nessa especialidade ortopédica e por

me auxiliarem na parte prática desta dissertação, em especial ao Dr. José

Ricardo Pécora e ao Dr. Roberto Freire Mota e Albuquerque, pela

participação e críticas construtivas na banca de qualificação.

Ao Dr. Caio Oliveira D’Elia, Dr. Alexandre Leme Godoy dos Santos

e ao Dr. João Alberto Ramos Pereira Maradei, pelo fundamental auxílio na

parte prática deste estudo.

Ao Dr. Marcos Hideyo Sakaki, pelos ensinamentos na especialidade

do trauma, pelo exemplo de postura profissional durante minha formação na

residência e, atualmente, como traumatologista .

Aos colegas assistentes do Grupo de Ombro e Cotovelo do Instituto

de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo (IOT-HC-FMUSP-SP), pela

confiança e apoio em minha nova especialidade, além da compreensão para

finalizar esta dissertação.

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A todos os colegas do Instituto Vita, por incentivarem minha carreira

acadêmica, tornando-se responsáveis por meu desenvolvimento e

conquistas profissionais.

Aos pacientes do ambulatório do Grupo de Joelho e de

Artroplastias do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das

Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IOT-

HC-FMUSP-SP), que se prontificaram e colaboraram para a realização deste

estudo.

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NORMALIZAÇÃO ADOTADA

Esta dissertação está de acordo com:

Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals

Editors (Vancouver).

Terminologia Anatômica em Português conforme a TERMINOLOGIA

ANATÔMICA INTERNACIONAL DA FEDERATIVE COMMITTEE ON

ANATOMICAL TERMINOLOGY - FCAT (COMISSÃO FEDERATIVA DE

TERMINOLOGIA ANATÔMICA – CFTA) aprovada em 1998 e traduzida pela

Comissão de Terminologia Anatômica da Sociedade Brasileira de Anatomia

– CTA-SBA. 1. Ed. (Brasileira) São Paulo, Editora Manole Ltda 2001. 248p.

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Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de

Biblioteca e Documentação. GUIA DE APRESENTAÇÃO DE

DISSERTAÇÕES, TESES E MONOGRAFIAS. Elaborado por Anneliese

Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi, Maria F. Crestana, Marinalva

de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena. São Paulo:

Serviço de Biblioteca e Documentação; 2005.

A terminologia e as definições estatísticas foram utilizadas conforme o

GUIA PARA EXPRESSÃO DA INCERTEZA DE MEDIÇÃO, Segunda Edição

Brasileira do Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement (BIPM,

IEC, IFCC, ISSO, IUPAC, IUPAP, OIML, 1983). Edição Revisada (Agosto de

1998) – Rio de Janeiro: ABNT, INMETRO, SBM, 1998.

Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com LIST OF

JOURNALS INDEXED IN INDEX MEDICUS (1992) e na LILACS -

LITERATURA LATINO-AMERICANA E DO CARIBE EM CIÊNCIAS DA

SAÚDE (1995).

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SUMÁRIO

Lista de Abreviaturas

Lista de Siglas

Lista de Símbolos

Lista de Figuras

Lista de Gráficos

Lista de Tabelas

Resumo

Summary

1 INTRODUÇÃO ……………………………………………………...................... 1 a 4

2 OBJETIVOS ………………………………………………………...................... 5 a 6

3 REVISÃO DE LITERAURA

3.1 Epidemiologia ……………………………………………………............... 8 a 9

3.2 Aspecto anatomopatológico dos meniscos …………………................. 10 a 12

3.3 Aspecto biomecânico da artrose do compartimento medial ................. 13 a 15

3.4 Relação da lesão meniscal com a evolução para artrose-Aspecto Clínico ………………………………………………………………................................... 16 a 23

3.5 Relação da lesão meniscal com a evolução para artrose-Aspecto

Anatomopatológico …………………………………………………..................... 24 a 27

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4 MÉTODOS

4.1 Avaliação clínica e radiográfica …………………………………............. 29 a 30

4.2 Casuística ………………………………………………………................. 31 a 33

4.3 Avaliação Anatomopatológica ………………………………................... 34

4.3.1 Lesão meniscal …………………………………………................... 34 a 35

4.3.2 Grau de artrose …………………………………………................... 36

4.3.3 Avaliação microscópica ………………………………..................... 37 a 40

4.4 Análise estatística ……………………………………………................... 41

5 RESULTADOS

5.1 Tipo e freqüência da lesão meniscal e sua relação com o grau de deformidade em varo dos joelhos…………………………………………..................................... 43 a 46

5.2 Grau de artrose e sua relação com a lesão meniscal ……................... 47 a 50

5.3 Avaliação microscópica ……………………………………..................... 51 a 57

6 DISCUSSÃO ………………………………………………………..................... 58 a 69

7 CONCLUSÕES ……………………………………………………..................... 70 a 71

8 ANEXOS …………………………………………………………….................... 72 a 75

9 REFERÊNCIAS …………………………………………………….................... 76 a 84

Apêndice

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LISTA de ABREVIATURAS

DP desvio padrão

Dr. doutor

ed. edição

et al e colaboradores

Fig. Figura

Ltda. Limitada

MAX máximo

M média

MIN mínimo

N número de casos

p. página

Prof. professor

rev. revista

tF teste de Fisher

U teste U de Mann-Whitney

v. volume

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CFTA Comissão Federativa de Terminologia Anatômica

FCAT Federative Committee on Anatomical Terminology

HE Hematoxilina e Eosina

IOT-HC-FMUSP-SP Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital

das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências em

Saúde

RNM Ressonância Nuclear Magnética

SBA Sociedade Brasileira de Anatomia

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LISTA DE SÍMBOLOS

α alfa

mm milímetros

% por cento

p. página

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LISTAS DE FIGURAS

Figura 1: Tipos de lesão meniscal .............................................. 35

Figura 2: Padrão microscópico da Vascularização ..................... 52

Figura 3: Padrão microscópico da Degeneração Mixóide .......... 53

Figura 4: Padrão microscópico de Calcificação e clone de

condrócitos.................................................................. 54

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico1 : Distribuição dos 21 joelhos, segundo ausência ou presença

de lesão meniscal macroscópica ........................................ 43

Gráfico 2: Distribuição dos tipos de lesão meniscal.............................. 44

Gráfico 3: Distribuição das lesões, segundo o menisco

acometido............................................................................ 45

Gráfico 4: Distribuição dos joelhos, segundo o grau de artrose........... 47

Gráfico 5: Distribuição de casos com e sem lesão meniscal nos

pacientes com artrose grave de joelho ............................... 48

Gráfico 6: Distribuição de casos com e sem lesão meniscal nos

pacientes com artrose moderada e leve de joelho.............. 49

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição dos casos, segundo sexo, idade, lado acometido

e grau de varismo................................................................ 32

Tabela 2: Escore de Mankin modificado para menisco........................39

Tabela 3: Estatística descritiva do grau de varismo dos joelhos (em

graus), segundo ausência ou presença de lesões

meniscais.............................................................................46

Tabela 4: Distribuição da freqüência absoluta e relativa do grau de

artrose dos joelhos, segundo ausência ou presença de lesão

meniscal...............................................................................50

Tabela 5: Distribuição das alterações na vascularização dos

meniscos..............................................................................55

Tabela 6: Distribuição das alterações na superfície dos

meniscos..............................................................................56

Tabela 7: Distribuição das alterações de degeneração mixóide dos

meniscos..............................................................................56

Tabela 8: Distribuição das alterações das calcificações distróficas dos

meniscos..............................................................................57

Tabela 9: Distribuição das alterações de clones de condrócitos nos

meniscos..............................................................................57

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RESUMO

Bitar AC. Avaliação das alterações degenerativas dos meniscos na

artrose do joelho em varo [Dissertação]. São Paulo. Faculdade de Medicina,

Universidade de São Paulo; 2006. 84 p.

Na prática clínica, a queixa de dor no joelho em pacientes, a partir da quinta

década de vida, é muito freqüente e comumente atribuída à lesão meniscal

degenerativa. A relação entre a lesão degenerativa do menisco e a artrose é

controversa, assim como a relação do varo e a evolução para artrose do

joelho. Foram estudadas as alterações macroscópicas e microscópicas dos

meniscos em 21 pacientes com deformidade em varo submetidos a

artroplastia total do joelho, decorrente de artrose do joelho. Analisou-se,

também, a relação destas lesões com o grau de artrose e varismo dos

pacientes. Foram encontrados 9 de 21 meniscos com lesões, sendo o

menisco mais acometido o medial e a lesão mais freqüente em clivagem

horizontal. Neste modelo clínico de artrose com joelho em varo, afirma-se

que: 1) Não foi possível estabelecer correlação entre o grau de artrose e a

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maior ocorrência de lesões meniscais macroscópicas; 2) Não se observou

relação entre a maior gravidade da deformidade angular em varo dos joelhos

com o aumento da ocorrência de lesões meniscais; 3) Quando ocorreram, as

lesões meniscais preponderaram no menisco medial e as mais freqüentes

foram as em clivagem horizontal; 4) Os meniscos apresentaram alterações

microscópicas significativas resultantes do processo de artrose dos joelhos;

no entanto, não há evidência que a presença de lesões é estatisticamente

diferente entre os meniscos lateral e medial.

Descritores: 1.Meniscos tibiais/lesões 2.Joelho 3.Osteoartrite 4.Artroplastia

do joelho 4.Microscopia

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SUMMARY

Bitar AC – Evaluation of degenerative meniscal changes in varum knee

arthrosis [Master’s dissertation]. São Paulo: “Faculdade de Medicina,

Universidade de São Paulo”; 2006. 84 p.

In clinical practice, the knee pain complaint by patients from the fifth life

decade is very frequent and commonly assigned to degenerative meniscal

injury. The relationship between degenerative meniscal injury and arthrosis is

controversial, as well as the relationship between genu varum and evolution

to knee arthrosis. Macroscopic and microscopic meniscal changes in 21

patients with varum deformities undergoing total knee arthroplasty secondary

to knee arthrosis were also studied. The relationship between these injuries

and the degree of arthrosis and varism of patients were also studied. Of 21

menisci, 9 were found to have injuries, the most affected being the medial

meniscus and the most frequent was the horizontal cleavage meniscal injury.

In this clinical model of arthrosis with varum knee (1) it was not possible to

establish any correlation between the degree of arthrosis and the higher

occurrence of macroscopic meniscal injuries; (2) no relationship was

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observed between higher severity of genu varum angular deformity and

increase of meniscal injury occurrence; (3) meniscal injuries prevailed in the

medial meniscus, horizontal cleavage meniscal injuries being the most

frequent; (4) the menisci presented significant microscopic changes resulting

from the knee arthrosis process; however, no evidence was found that the

presence of injuries is statistically different between lateral and medial

menisci.

Descriptors: 1- Menisci tibial/injuries 2-Knee 3-Osteoarthritis 4-Arthroplasty

replacement 5-Microscope

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1. INTRODUÇÃO

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2

Na prática clínica, o sintoma de dor no joelho em pacientes, a partir da

quinta década de vida, é muito freqüente e comumente atribuída à lesão

meniscal.

A ocorrência de lesões meniscais degenerativas tem sido descrita por

vários autores. A lesão em clivagem horizontal é descrita por Smillie, em

1967, como um tipo específico de lesão meniscal degenerativa.

Alguns estudos demonstram a incidência de lesão meniscal

degenerativa em necrópsias, analisando a presença de lesões meniscais em

joelhos de cadáveres, o que torna impossível estabelecer uma correlação

entre a queixa clínica e as lesões encontradas. Noble e Hamblen, em 1975,

estudam cem cadáveres nos quais encontram 73% de incidência de algum

tipo de lesão meniscal.

Embora a alta incidência de lesão meniscal degenerativa não seja

contestada, a correlação entre a existência de comprometimento da

anatomia do menisco e a queixa decorrente deste comprometimento é

questionada com freqüência.

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3

O diagnóstico por imagem, impulsionado pelo desenvolvimento da

ressonância magnética, tem confirmado a alta incidência de lesões em

pacientes a partir da quinta década de vida, portadores de lesões meniscais.

Estes diagnósticos levaram a um aumento significativo na indicação de

meniscectomias.

A relação da meniscectomia com a artrose de joelho é defendida por

alguns autores (Englund et al, 2003) e questionada por outros (Lotke,

Lefkoe e Ecker, 1981; Pearse e Craig, 2003).

Mais controversa ainda é a relação entre a lesão degenerativa do

menisco e a artrose. A literatura se divide em dois grupos: o primeiro

questiona tal associação, enquanto o segundo grupo defende a relação

entre a lesão degenerativa meniscal e a artrose.

Na artrose de joelho, a deformidade mais freqüente é o varo. Sua

relação com a evolução da condição de artrose é biomecanicamente

estabelecida; porém a relação com as lesões meniscais foi questionada por

Khon et al, em 1993, e Sugita et al, em 2001. Os últimos autores estudam

apenas o compartimento medial e encontram meniscos preservados, apesar

do varo.

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4

Ao analisar a ocorrência e o padrão das lesões anatomopatológicas

que acometem os meniscos de pacientes submetidos a artroplastia total do

joelho, surgem evidências sobre as causas de sua ocorrência.

A controvérsia evidente sobre o tema demonstra que há algo ainda não

esclarecido na relação entre a lesão meniscal degenerativa e a deformidade

em varo, o grau de artrose do joelho e sua evolução para artrose.

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2. OBJETIVOS

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6

Os objetivos do presente estudo são:

1) Relacionar as alterações macroscópicas dos meniscos com o grau

de deformidade em varo e com o grau de artrose dos joelhos.

2) Estudar e comparar as alterações anatomopatológicas dos meniscos.

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3. REVISÃO DA LITERATURA

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3.1. EPIDEMIOLOGIA

Smillie (1967), após realizar 6.500 meniscectomias em 25 anos,

analisa as últimas mil e descreve a clivagem horizontal como um tipo de

lesão meniscal padrão para a condição degenerativa. Revisa aspectos

clínicos e da história para a lesão meniscal e propõe uma teoria para a

evolução desta lesão em clivagem para uma osteoartrose.

Hede et al (1990) apresentam estudo no qual demonstram uma

incidência anual de 60 casos por cem mil habitantes para as lesões

meniscais, podendo ser divididas em relação à etiologia em traumáticas ou

degenerativas.

Greis et al (2002), em revisão sobre os meniscos, referem que a

incidência média anual de lesões meniscais é de 60 a 70 casos por cem mil

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9

habitantes, mais comum em homens. Relatam que as lesões mais

freqüentes são as oblíquas e as longitudinais.

Issa e Sharma (2006), em estudo recente, destacam a prioridade em

identificar os fatores de risco para a artrose, sua evolução e os principais

elementos relacionados à deterioração funcional ligada à mais comum das

artrites. Destacam o papel do mau-alinhamento em varo-valgo no

desenvolvimento da artrose do joelho.

Arden e Cooper (2006) recentemente lançam edição interessante

sobre a artrose, com abordagens sobre a epidemiologia, fatores de risco,

fisiopatologia, abordagem e tratamento sobre tal condição clínica, freqüente

em nosso meio, em razão do crescente aumento da sobrevida populacional.

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3.2. ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DOS MENISCOS

Lidge et al (1970) analisam 35 joelhos de 31 pacientes submetidos à

meniscectomia. Os achados cirúrgicos demonstram degenerações múltiplas

nos meniscos mediais extraídos, além dos aspectos microscópicos que se

seguem: áreas irregulares e fragmentadas de fibrocartilagem com

revascularização focal do estroma cartilaginoso; alterações degenerativas

manifestadas por fibras basofílicas e edematosas; infiltração linfocitária

sobre a área do menisco coberta por cartilagem; sinovite papilar e

hipervascular, e fibrocartilagem com perda do arranjo e fragmentação das

fibras e matriz.

Mankin et al (1971) apresentam escore microscópico objetivo em

relação às características histológicas da cartilagem.

Ferrer-Roca e Vilalta (1980) realizam estudo macro e microscópico em

70 meniscos e consideram as seguintes lesões degenerativas

macroscópicas: a) degeneração mixóide intrameniscal extensa com áreas

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amareladas opacas dentro da fibrocartilagem; b) cisto parameniscal com

material mucóide e c) calcificação intrameniscal extensa. Microscopicamente

os autores destacam: a) lesões regenerativas (com clones de condrócitos

com aumento de material mucóide ao seu redor); b) lesões degenerativas

(calcificações distróficas, degeneração acelular hialina, calcificação

metastática ou distrófica e degeneração mixóide). Concluem que a

degeneração mixóide mínima no centro do menisco, faz parte de uma

condição de normalidade, enquanto a alteração parameniscal mixóide é um

substrato do cisto meniscal.

Egner (1982) realiza estudo histológico para analisar a microestrutura

dos meniscos em resistir a forças de tração (rede tridimensional de fibras de

colágeno longitudinais) e compressão (fibras diagonais e transversas).

Afirma que a lesão degenerativa meniscal ocorre nas fibras que resistem à

tração, ocasionando lesões longitudinais.

Armstrong et al (1994) modificam o sistema de avaliação das

características microscópicas da cartilagem, proposto por Mankin et al em

1971. Esse sistema leva em consideração a superfície, a hipocelularidade, a

presença de clones de condrócitos e a alcianofilia (territorial e interterritorial),

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sendo estes achados graduados de zero a três, de acordo com suas

características específicas.

Greis et al (2002) descrevem a microestrutura dos meniscos. Referem

que o colágeno responde por 60% a 70% do peso líquido dos meniscos,

sendo 90% do tipo I, com as proteínas não-colágenas e a elastina

perfazendo 13% e 0,6% dos pesos líquidos dos meniscos, respectivamente.

Referem, por meio de microscopia eletrônica, que a disposição das fibras é

circunferencial, com as radiais na superfície e na substância, formando uma

estrutura que resiste ao estresse de deslizamento. Relatam que as células

dos meniscos são denominadas fibrocondrócitos pela aparência e síntese de

matriz fibrocartilaginosa.

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13

3.3. ASPECTO BIOMECÂNICO DA ARTROSE DO

COMPARTIMENTO MEDIAL

White, Ludkowski e Goodfellow (1991) estudam prospectivamente o

compartimento medial de 46 joelhos submetidos a artroplastia

unicompartimental de joelho e demonstram o padrão de desgaste ântero-

medial do planalto tibial, associado à preservação do ligamento cruzado

anterior. Referem que o padrão de desgaste do compartimento medial

ocorre em aproximadamente 90% dos casos de artrose do joelho.

Khon et al (1993) realizam testes biomecânicos em 28 meniscos

obtidos de autópsias e afirmam que as porções mais resistentes à tração

dos meniscos é o corno posterior do menisco medial e o corpo do menisco

lateral. A partir de outros ensaios com tipos de lesões e com meniscectomias

parciais, suportam o conceito de meniscectomia parcial e preservação da

periferia do menisco; porém não podem relacioná-las a um possível

processo de artrose degenerativa.

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14

Riegger-Krugh et al (1998) demonstram que o compartimento medial

do joelho é submetido a maior pressão de contato principalmente durante a

fase de apoio da marcha, o que pode ser um fator causal nos processos

degenerativos no compartimento medial.

Sugita et al (2001) estudam 31 meniscos e planaltos tibiais mediais

retirados durante artroplastias totais de joelho com deformidade em varo.

Estudam as alterações e a localização das mesmas nos meniscos e nas

cartilagens. Em todos os planaltos tibiais mediais, o osso subcondral estava

exposto e ebúrneo. O segmento anterior, o posterior e o médio estavam

preservados em 84%, 35% e 13% dos meniscos, respectivamente. Os

autores sugerem que o deslocamento radial do menisco nos joelhos com

varo e artrose acentuada seria o grande responsável pela preservação do

menisco.

Sharma et el (2001) realizam estudo prospectivo em que analisam a

progressão da artrose de joelhos com deformidade após 18 meses de

seguimento. Concluem que o varo e o valgo promovem uma progressão

radiográfica da osteoartrose do compartimento medial e lateral,

respectivamente, e quanto maior a deformidade, pior a evolução clínica da

artrose.

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15

Cerejo et al (2002) realizam estudo com 230 pacientes com artrose de

joelho radiográfica e clínica, com 18 meses de seguimento, para analisar a

influência do alinhamento na progressão da artrose. Concluem que a

progressão radiográfica da artrose sofreu maior impacto do mau-

alinhamento em varo e valgo nos graus moderados de artrose.

Hunter et al (2005) publicam estudo com 162 pacientes com artrose

sintomática de joelho. Pelo acompanhamento radiográfico e radiológico

durante 15 meses, avaliam a influência do varo e valgo na artrose do joelho.

Apresentam como resultados que o varo tem maior influência na perda da

cartilagem articular e na degeneração meniscal do que outros fatores. O

mesmo se aplica ao valgo e às alterações do compartimento lateral.

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3.4. RELAÇÃO DA LESÃO MENISCAL COM A EVOLUÇÃO PARA

ARTROSE- ASPECTO CLÍNICO

Lidge et al (1970) analisam 35 joelhos de 31 pacientes submetidos a

cirurgia. Consideram que as radiografias dos pacientes com lesão meniscal

degenerativa demonstram artrose devido a um defeito encontrado no côndilo

femoral medial.

Lotke, Lefkoe e Ecker (1981) publicam uma série de 101 casos, com

média de 10,8 anos de seguimento, em que analisam os resultados clínicos

da meniscectomia, correlacionando-os às radiografias pré-operatórias.

Concluem haver relação entre o pior prognóstico nos casos de artrose

degenerativa pré-existente, já que os pacientes com radiografia prévia

normal apresentam 90% de excelentes e bons resultados, contrastando com

20% dos que sofrem alteração degenerativa moderada ou severa.

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Noble e Turner (1986), em revisão sobre função, patologia e

tratamento destacam que a lesão meniscal pode coexistir com cartilagens

articulares em excelentes condições, enquanto articulações gravemente

afetadas podem coexistir com meniscos normais.

Hermann et al (1990) estudam a Ressonância Nuclear Magnética

(RNM) de joelho em 146 pacientes e encontram alterações degenerativas

em 51 pacientes. Destes, 57% apresentam lesões meniscais horizontais

isoladas. Concluem que existe correlação entre lesão degenerativa do

menisco medial e idade; porém não evidenciam correlação entre estas

lesões meniscais e as alterações de cartilagem tibial ou femoral. Por fim,

destacam que não houve correlação significante entre as alterações

degenerativas dos meniscos mediais e a sintomatologia clínica prévia dos

pacientes.

Hough e Weber (1990) apresentam revisão sobre os distúrbios

meniscais e destacam haver relação entre a patologia meniscal degenerativa

em clivagem horizontal e a artrose de joelho, citando artigo de Noble (1976).

Referem que a deposição de vários tipos de cristais é freqüente nos

meniscos e pode provocar dano à cartilagem e ao próprio menisco.

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Camanho (1997) publica série de casos de 46 pacientes acima de 60

anos submetidos à artroscopia de joelho com dois anos de seguimento para

tratamento de lesões meniscais. Todas as lesões apresentam caráter

degenerativo, e somente oito pacientes mostram lesões osteocondrais,

apesar de praticamente todos possuírem algum comprometimento da

cartilagem articular.

Lewandrovski, Müller e Scholmeier (1997) apresentam estudo

retrospectivo com 1.740 artroscopias em joelhos em que encontram alta

correlação entre a degeneração meniscal e a alteração condral em ambos

os compartimentos, mesmo sem estabelecer a relação de causa-efeito.

Messner (1998) realiza estudo clínico correlacionando o alto nível de

atividade com esforços repetitivos ao desenvolvimento radiológico da artrose

do joelho em dez a vinte anos. Refere que os pacientes de risco são os

portadores de várias lesões ligamentares e de menisco associadas.

Moon et al (1998) publicam estudo sobre a regeneração meniscal pós-

meniscectomia em coelhos e sua relação com artrose degenerativa. Afirmam

que os meniscos laterais apresentam incidência significativamente inferior de

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regeneração meniscal quando comparados aos mediais e isso modifica

negativamente as alterações degenerativas na articulação tibiofemoral,

sugerindo pior prognóstico para as meniscectomias laterais.

Rath e Richmond (2000) realizam revisão sobre meniscos e os

avanços no tratamento de suas lesões. Referem que 74 pacientes

assintomáticos apresentam Ressonâncias (RNM) positivas; 13% dos

pacientes com idade inferior a 45 anos e 36% dos pacientes, acima de 45

anos.

Sugita et al (2001), em seu estudo, também verificam boa preservação

do menisco medial, apesar do grau de alteração do compartimento medial

na artrose em varo. Concluem, também, que o padrão de preservação do

menisco foi mecanicamente incompatível com a localização da exposição de

osso subcondral.

Hunt, Jazrawi e Sherman (2002) realizam resumo das indicações e

resultados de procedimentos artroscópicos no tratamento de pacientes com

artrose de joelho. Referem que os melhores e mais persistentes resultados

são obtidos em pacientes com histórias agudas, sintomas mecânicos de

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lesões meniscais ou de cartilagens, sem deformidades angulares e mínimas

alterações radiográficas degenerativas.

Bennett et al (2002), em modelo inusitado de metodologia radiológica

baseada em macroradiografias microfocais com duplo contraste, alcançando

7 a 9 vezes de magnificação, estudam a relação da lesão dos meniscos em

seus compartimentos. Relatam que no compartimento medial as alterações

dos meniscos são similares às das cartilagens nas tíbias e mais acentuadas

que no lado femoral, provavelmente devido à maior superfície articular dos

últimos, como sugerem os autores. No compartimento lateral, os meniscos

detêm as piores alterações quando comparados, tanto às tíbias, quanto aos

fêmures, porém sempre com alterações mais brandas dos três componentes

se comparados às no compartimento medial.

Moseley et al (2002) publicam estudo polêmico em que contra-indicam

o desbridamento artroscópico nos pacientes com artrose de joelho, já que os

pacientes submetidos a este procedimento não apresentam diferenças

estatisticamente significantes em relação a escores de dor, função e testes

objetivos de marcha, quando comparados com um grupo placebo controle.

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Bhattacharyya et al (2003) realizam estudo radiológico com

Ressonância Nuclear Magnética para avaliar a correlação entre lesão

meniscal e artrose de joelho. Foram selecionados 154 pacientes

sintomáticos com artrose e 45 assintomáticos controles. Apesar de a

prevalência de lesão meniscal ser maior no grupo sintomático (91%),

também foi freqüente no grupo controle (76%). No entanto, em relação aos

escores clínicos e de dor avaliados, não houve diferença entre os grupos.

Englund et al (2003) realizam estudo em 155 pacientes com lesão

meniscal isolada, submetidos a meniscectomia parcial limitada e analisam a

evolução clínica e radiográfica para artrose destes joelhos após dezesseis

anos. Utilizam, também, 68 pacientes como controles para calcular o risco

relativo. A artrose tibiofemoral estava presente em 66 joelhos (43%), dos

quais 39 (59%) foram considerados sintomáticos pelo escore clínico. Houve

correlação entre a lesão meniscal e a artrose clínica e radiográfica. As

lesões meniscais degenerativas apresentam maior risco relativo (7,0) que as

traumáticas (2,7) na evolução da artrose combinada radiográfica e clínica,

em relação à população controle.

Pearse e Craig (2003) realizam estudo retrospectivo com 126

pacientes com degeneração grau IV pela classificação de Outbridge, no

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mesmo compartimento que uma lesão meniscal após a realização de

meniscectomia parcial artroscópica, comparando-os com um grupo controle

de 13 pacientes com exposição óssea tibiofemoral. Concluem que tal

procedimento melhora inicialmente os sintomas dos pacientes e não acelera

a progressão da artrose nesses joelhos.

Bhertiaume et al (2005), pelo modelo radiológico com Ressonância

que quantifica, a cada 6 meses, por dois anos, a perda de cartilagem e as

alterações meniscais, analisam 32 pacientes com artrose sintomática de

joelho. Os resultados evidenciam que a extrusão meniscal e a lesão grave

meniscal estão relacionadas a uma perda cartilaginosa maior e,

conseqüentemente, à progressão acentuada da artrose sintomática de

joelho.

Christoforakis et al (2005) realizam estudo prospectivo de série de

casos em 497 artroscopias de joelho. Afirmam que as lesões em clivagem

horizontal e as complexas, consideradas degenerativas, estão altamente

associadas com o aumento da incidência e severidade da degeneração da

cartilagem, se comparadas a outros tipos de lesões meniscais.

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Hunter et al (2006) realizam estudo em 257 pacientes com artrose

sintomática de joelho por Ressonância Nuclear Magnética, por 15 a 30

meses de seguimento. Há correlação significante entre a perda de

cartilagem articular no compartimento medial e a lesão e o deslocamento do

menisco. Concluem que o menisco intacto e funcionante é importante em

pacientes com osteoartrose do joelho.

Camanho et al (2006) realizam estudo com 435 pacientes com lesão

meniscal isolada, submetidos a meniscectomia parcial artroscópica por um

período de quatro anos. Dividem-se os pacientes em três grupos, de acordo

com a etiologia da lesão meniscal: traumática, degenerativa e por fadiga. Os

piores resultados clínicos são os de menisco com lesões degenerativas

(42,5 %) e os com lesões condrais associadas.

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3.5. RELAÇÃO DA LESÃO MENISCAL COM A EVOLUÇÃO PARA

ARTROSE- ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO

Lidge (1970) analisa os pacientes com meniscectomia em relação às

alterações microscópicas e não traça correlação anatomopatológica entre a

lesão degenerativa e a artrose.

Basset e Harelson (1974) questionam o efeito da meniscectomia na

evolução da artrose. Referem a possibilidade de existir uma lesão em alça

de balde ou longitudinal (traumática) sobre um menisco degenerado e que

os melhores resultados da meniscectomia se encontram justamente quando

se selecionam pacientes com estas características. Questionam, porém, o

estudo de Appel (1970) (apud Basset e Harelson-1974), em que os

autores referem reversão do quadro de degeneração radiográfica em 9 dos

36 pacientes submetidos à meniscectomia.

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Noble e Hamblen (1975) relatam a incidência das lesões em clivagem

horizontal em estudo com cem necrópsias. Sessenta por cento dos

pacientes apresentam no mínimo uma lesão, porém com apenas 29 % de

meniscos lesados em 400 joelhos. Oitenta e cinco por cento dos pacientes

mostram artrose nos compartimentos femoropatelar e femorotibial. A

associação de lesão meniscal com artrose é freqüente. A incidência de lesão

meniscal com o padrão em clivagem horizontal aumenta quanto mais grave

a artrose. Porém, neste mesmo trabalho, constatou-se que 15 das 39

articulações gravemente degeneradas apresentam seus meniscos normais

do ponto de vista macroscópico. A lesão em clivagem horizontal é mais

comum nos meniscos mediais, meniscos maiores, em homens, e

acompanhada de calcificações.

Kulkarni e Chand (1975) estudam os joelhos de 21 autópsias e

encontram alta incidência de lesões em clivagens horizontais e

degenerativas, além de alta correlação entre as lesões e as alterações nas

cartilagens adjacentes. Destacam a maior freqüência das lesões nos

meniscos mediais e maior incidência nas décadas de 60 e 80 e nos homens

da raça negra.

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Casscells (1978) realiza estudo em 300 joelhos de cadáveres e 161

artroscopias e demonstra que aproximadamente metade dos joelhos de

cadáveres com meniscos intactos apresentam graus variados de lesão na

superfície condilar adjacente, fato corroborado em 40 % das artroscopias.

Outro aspecto interessante é que, em 7,5 % dos joelhos e em 20 % das

artroscopias com lesão meniscal, não há lesão da superfície cartilaginosa

adjacente. Conclui que a alteração meniscal não pode ser relacionada com a

lesão adjacente da superfície articular envolvida.

Fahmy, Williams e Noble (1983), em estudo macroscópico em 115

joelhos de cadáveres, encontram alta incidência de fibrilação nos

compartimentos estudados (98% e 93%, nos meniscos medial e lateral,

respectivamente). A maioria das lesões ocorre no menisco medial em

detrimento do lateral (38% e 28 % dos joelhos, respectivamente). Apesar de

a incidência de patologia meniscal estar presente em 57 % dos casos, não

há diferença entre a distribuição e a severidade da degeneração tibiofemoral

em relação à condição meniscal.

Em relação à cartilagem articular, 34% dos compartimentos mediais

foram considerados normais à avaliação, enquanto a maioria dos pacientes

com lesão meniscal apresenta cartilagem normal. Por fim, referem casos

com artrose severa medial com preservação da cartilagem do

compartimento lateral, independentemente da lesão do menisco lateral.

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Sugita et al (2001) estudam, também, microscopicamente os 31

meniscos em joelhos varos submetidos a artroplastias totais os quais,

apesar de estarem poupados das alterações macroscopicamente,

apresentam vários tipos de degeneração histológica. São elas: formações de

condrócitos em clones e depósitos de calcificações na margem livre,

representando fibrilações. Alguns casos mostram proliferação de vasos no

corpo, acompanhados de alterações degenerativas, enquanto outros

evidenciam distorções das fibras de colágeno e matriz edemaciada. Por fim,

demonstram inconsistência mecânica entre a preservação do menisco

medial e a localização da exposição do osso subcondral nos planaltos tibiais.

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4. MÉTODOS

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4.1 AVALIAÇÃO CLÍNICA e RADIOGRÁFICA

Durante o período de julho a dezembro de 2003, os pacientes com

indicação de artroplastia total do joelho pelo Grupo de Joelho do IOT-HC-

FMUSP-SP foram submetidos a anamnese e investigação sobre lesões

intrínsecas associadas, incapacidade funcional devido a artrose, além de

exame físico ortopédico. A seguir, foram submetidos a radiografias para

confirmação do grau avançado de degeneração articular, com incidências

ântero-posteriores e de perfil com apoio monopodálico.

Por fim, realizaram incidência panorâmica de todo o membro inferior

acometido para mensuração do grau de varismo, a partir da intersecção das

linhas do eixo anatômico do fêmur e da tíbia.

Foram incluídos os pacientes com as seguintes características

(Quadro 1):

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30

Quadro 1 - Critérios de inclusão dos pacientes no estudo

Mínimo grau IV da classificação radiográfica de Ahlbäck, modificada por Keys (Keyes et al, 1992)

Deformidade em varo maior que cinco graus à radiografia panorâmica

Ausência de lesão do ligamento cruzado anterior traumática

Ausência de lesão do ligamento cruzado posterior traumática

Ausência de infecção prévia na articulação operada

Ausência de meniscectomia prévia medial ou lateral

Ausência de doenças do colágeno aos exames laboratoriais e anatomopatológico

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4.2 CASUÍSTICA

Foram analisados os meniscos medial e lateral de 21 pacientes

submetidos a artroplastia total de joelho pelo Grupo de Joelho do Instituto de

Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo (IOT-HC-FMUSP-SP) no período de

julho a dezembro de 2003.

Os pacientes apresentaram a seguinte distribuição, segundo sexo,

idade e grau de varismo (Tabela 1):

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Tabela 1 - Distribuição dos casos, segundo sexo, idade, lado acometido e

grau de varismo

CASO IDENTIFICAÇÃO SEXO IDADE LADO VARO

1 MTL F 83 D 8

2 JAS M 74 D 13

3 GS F 62 E 10

4 JN F 50 D 9

5 MS F 70 E 14

6 HJC F 68 E 8

7 MBC F 68 D 10

8 TM F 58 E 8

9 GMRS F 62 E 11

10 MTB F 59 E 9

11 MJSP F 67 D 11

12 MRG F 73 E 5

13 HAA F 73 E 14

14 MAX F 58 D 11

15 BAC M 70 D 16

16 ES M 75 E 10

17 HM F 78 E 10

18 AAM F 58 E 20

19 EDF F 76 E 10

20 WCM F 70 D 10

21 SPN F 71 E 14

Idade: anos ; Varo: Graus; D: Direito; E: Esquerdo; F: Feminino; M: Masculino

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A idade média dos pacientes foi de 67,76 anos, variando de 50 a 83

anos, sendo 15% de homens e 85% de mulheres. A mediana foi 70 anos e o

desvio padrão de 8,13 anos (vide Tabela 1). O lado esquerdo foi acometido

em 13 pacientes e o direito, em oito.

Em relação ao varismo, a média foi 11 graus, a mediana 10 graus, o

desvio padrão de 3,3 graus, o valor mínimo foi 5 e máximo de 20 graus.

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4.3 AVALIAÇÃO ANATOMOPATOLÓGICA

Durante o procedimento artroplástico realizado de maneira habitual, os

compartimentos dos joelhos foram avaliados em relação à artrose e os

meniscos retirados e analisados macro e microscopicamente. Foram

também colhidas amostras das sinóvias dos joelhos para serem analisadas

anatomopatologicamente e serem excluídas doenças do colágeno.

4.3.1 LESÃO MENISCAL

Os meniscos foram avaliados durante o ato cirúrgico da artroplastia,

suas lesões foram classificadas segundo Englund et al (2003) (Figura 1), e

divididas lesão em clivagem horizontal, ruptura longitudinal, radial e oblíqua.

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Figura 1 - Tipo de lesão meniscal. Vista esquemática dos tipos de lesões

meniscais analisadas: I: lesão longitudinal; II: lesão em

clivagem horizontal; III: lesão oblíqua; IV: lesão radial

Os meniscos foram avaliados em relação à freqüência destas lesões, e

suas correlações com o grau de varismo foram observadas na radiografia

panorâmica e pelas diferenças entre os meniscos mediais e laterais.

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4.3.2 GRAU DE ARTROSE

As articulações foram avaliadas quanto ao grau de comprometimento

articular dos compartimentos medial e lateral da articulação femorotibial e da

articulação femoropatelar, definindo-se a artrose em cada compartimento

como leve, moderada e grave, segundo Noble e Hamblen, 1975.

Na artrose leve, os joelhos apresentavam osteófitos periféricos ou

fibrilação da superfície articular sem franca erosão; na moderada, havia

presença de erosões de cartilagem e, na grave, ocorria ulceração profunda

com osso ebúrneo e osteófitos grosseiros.

A artrose do joelho avaliado era denominada de acordo com o grau de

artrose do compartimento que apresentasse o menor grau de degeneração.

O grau de artrose do joelho avaliado foi relacionado com a presença ou

a ausência de lesão meniscal.

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4.3.3 AVALIAÇÃO MICROSCÓPICA

Após a análise macroscópica sistemática, os meniscos foram

ressecados, identificados e conservados em solução de formol a 10% e os

cornos anteriores de ambos os meniscos foram identificados com uma

sutura de nylon.

O patologista não teve conhecimento de qual menisco estava

examinando (medial ou lateral).

A metodologia do estudo anatomopatológico foi a seguinte:

1. Os espécimes (meniscos medial e lateral) foram fixados com solução

de formol a 10 %, por 24 horas.

2. Cortes transversais, na espessura de três a cinco mm foram feitos dos

cornos anterior e posterior de cada menisco, e cortes longitudinais, nesta

mesma espessura, foram feitos do corpo de cada menisco, com designação

específica da região seccionada.

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3. Os fragmentos obtidos foram submetidos ao processamento

histológico, com inclusão em bloco de parafina e cortes histológicos de

quatro micras.

4. As lâminas foram coradas com Hematoxilina-Eosina (HE).

5. As lâminas foram avaliadas por duas patologistas, com experiência na

área de anatomia patológica do aparelho locomotor.

6. A análise histológica foi baseada no sistema de “escore” de Mankin

modificado, que estabeleceu uma graduação para as lesões da cartilagem

articular, adaptado, com algumas alterações para análise do menisco, e

demonstrado na Tabela 2.

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Tabela 2 – Escore de Mankin modificado para menisco

VARIÁVEL ESCORE

Superfície

0 - normal

1 - rugosa

2 - fibrilação

3 - fissuras e erosões

Clones de condrócitos

0 - normal

1 - clones ocasionais

2 - moderado nº de clones

3 - numerosos clones

Degeneração mixóide

0 – ausente

1 – discreta

2 – moderada

3 – acentuada

Calcificação distrófica 0 – ausente

1 – presente

Vascularização

0 – normal

1 – discreta

2 – moderada

3 – acentuada

Escore para Menisco Modificado do Escore de Mankin modificado (Armstrong et al, 1994) para cartilagem

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40

Um dos meniscos mediais estava ausente durante a artroplastia total do

joelho devido ao grau extremo de degeneração, apesar de excluídos os

casos de pacientes previamente meniscectomizados e, para análise

estatística, consideram-se todas as características microscópicas mais

avançadas.

Além disso, duas lâminas se extraviaram durante a avaliação intra-

operatória e a análise no Laboratório de Anatomia Patológica. Os casos

referentes a estas lâminas foram considerados apenas para análise

macroscópica. Portanto, para análise microscópica, foram totalizados 19

joelhos.

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41

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foi utilizado o teste de qui-quadrado (xq) para comparação dos padrões

de lesões macroscópicas entre os meniscos.

A correlação entre o grau de varismo do joelho e a presença ou a

ausência de lesão meniscal foi realizada por estatística descritiva e pelo

teste U de Mann-Whitney.

A correlação entre o grau de artrose e a presença ou a ausência de

lesão meniscal foi realizada pelo teste exato de Fisher (tF).

Para a análise microscópica, foram utilizados os testes qui-quadrado,

(xq) para avaliação das características mais freqüentes.

Para a análise das distribuições dos joelhos dos níveis de alteração das

variáveis do escore modificado de Mankin entre o menisco medial e lateral

foi utilizado o teste qui-quadrado de Pearson para a hipótese de

homogeneidade de distribuições marginais (Agresti, 2002; Bishop et al.,

1975).

O nível de significância estatística considerado foi α=0,05.

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5. RESULTADOS

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43

5.1 TIPO E FREQÜÊNCIA DE LESÃO MENISCAL E SUA RELAÇÃO

COM O GRAU DE DEFORMIDADE EM VARO DOS JOELHOS

Encontrou-se lesão meniscal macroscópica em 9 joelhos (43%) dos 21

estudados (Gráfico 1).

57%

43%

Sem Lesão (12)Com Lesão (09)

Gráfico 1 – Distribuição dos 21 joelhos segundo ausência ou presença de

lesão meniscal macroscópica

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44

Considerando tanto o menisco medial quanto o lateral e os quatro tipos

de lesão meniscais, descritas por ocasião da Figura 1, os nove joelhos que

tinham alguma lesão apresentaram um total de doze lesões (Anexo A,

Tabela 8.1). A lesão mais freqüente (sete) foi em clivagem horizontal no

menisco medial e as menos freqüentes (zero), em clivagem horizontal no

menisco lateral e oblíqua nos meniscos medial e lateral. Das sete lesões

encontradas em clivagem horizontal, dois pacientes também tiveram lesões

radiais no menisco medial e, um destes, apresentou simultaneamente lesão

radial lateral. Além dos casos previamente descritos, um paciente

apresentou apenas lesão longitudinal medial e, outro, somente lesão

longitudinal lateral (Gráfico 2).

58%17%

0%

25%

Clivagem Horizontal (7)Lesão Radial (2)Lesão Oblíqua (0)Lesão Longitudinal (3)

Gráfico 2 - Distribuição dos tipos de lesões meniscais

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45

Dos nove joelhos com alguma lesão, sete tinham lesões apenas no

menisco medial, um único, somente no menisco lateral e outro, em ambos

os meniscos (Gráfico 3). A freqüência de lesões no menisco medial é

significativamente maior que a do menisco lateral (p=0.035) de acordo com o

teste unilateral para uma proporção (Bussab e Moretin, 2002).

78%

11%

11%

Menisco medialMenisco lateralAmbos meniscos

Gráfico 3 - Distribuição das lesões segundo o menisco acometido

Analisando a relação entre a presença ou a ausência de lesão meniscal

com o grau da deformidade em varo dos joelhos avaliados, verificou-se que

a angulação média dos joelhos com meniscos lesionados foi de 11,6 graus,

com o valor máximo de 16,0 graus e o valor mínimo de 9,0 graus. A

angulação média dos joelhos com meniscos que não apresentaram lesão foi

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de 10,6 graus, com o valor máximo de 20,0 graus e o valor mínimo de 5,0

graus (Tabela 3).

Tabela 3 – Estatística descritiva do grau de varismo dos joelhos (em

graus), segundo ausência ou presença de lesões meniscais

LESÃO MENISCAL GRAU DE VARISMO DOS JOELHOS Presente Ausente

TOTAL

Média 11,6 10,6 11,0

Desvio Padrão 2,5 3,8 3,3

Máximo 16,0 20,0 20,0

Mínimo 9,0 5,0 5,0

Número de Casos 9 12 21

Não se observa relação entre a maior gravidade da deformidade

angular em varo dos joelhos com o aumento da ocorrência de lesões

meniscais, de acordo com o teste de Mann-Whitney (Conover, 1999)

p=0,30).

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47

5.2 GRAU DE ARTROSE E SUA RELAÇÃO COM A LESÃO

MENISCAL

Quatorze joelhos (67%) foram classificados como apresentando grau

moderado, seis casos (29 %) foram considerados graves, e somente um

(5%) foi considerado leve (Gráfico 4). Os casos considerados moderado e

leve foram reunidos para a análise estatística.

29%

66%

5%

Grave (6)Moderado (14)Leve (1)

Gráfico 4 - Distribuição dos joelhos segundo o grau de artrose

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48

Ao analisar a relação da lesão meniscal com o grau de artrose,

verificou-se que dos seis pacientes com artrose grave, três (50%)

apresentaram lesões meniscais e em três (50%) não as apresentaram

(Gráfico 5), de acordo com o teste exato de Fisher (Conover, 1999).

50%50%

Com Lesão (03)Sem Lesão (03)

Gráfico 5 - Distribuição de casos com e sem lesão meniscal nos pacientes

com artrose grave de joelho

Em relação aos 15 pacientes com artrose leve ou moderada, verificou-

se que em seis (40 %) ocorreram lesões meniscais, porém nove pacientes

(60 %) não apresentaram lesão (Gráfico 6).

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49

40%

60%

Com Lesão (6)Sem Lesão (9)

Gráfico 6 - Distribuição de casos com e sem lesão meniscal nos pacientes

com artrose moderada e leve de joelho

A presença de lesão meniscal global, ou seja, independentemente do

grau de artrose, ocorreu em 9 casos (43 %), porém em 12 (57 %) foi

verificada a ausência de lesão meniscal macroscópica (Gráfico 1).

Portanto, não foi possível estabelecer correlação entre o grau de

artrose e a maior ocorrência de lesões meniscais macroscópicas, visto que

não se observou diferença estatisticamente significante (p=1,00). (Tabela 4)

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50

Tabela 4 – Distribuição da freqüência absoluta e relativa do grau de

artrose dos joelhos, segundo presença ou ausência de lesão

meniscal

GRAU DE ARTROSE LESÃO MENISCAL

Moderada/Leve Grave TOTAL

Ausente 9 (42,9%) 3 (14,2%) 12 (57,1%)

Presente 6 (28,5%) 3 (14,2%) 9 (42,9%)

TOTAL 15 (71,4%) 6 (28,5%) 21 (100%)

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51

5.3 AVALIAÇÃO MICROSCÓPICA

Os meniscos foram avaliados segundo cada característica

microscópica, como demonstrado nas tabelas 5 a 9, de acordo com o Escore

Modificado de Mankin (Tabela 2).

Em relação à vascularização (Figura 2), foram observadas alterações

em 97,4% dos meniscos. Quando são agrupadas as alterações moderadas e

acentuadas, ainda pode-se afirmar que foram encontradas alterações. (xq;

p=1) (Tabela 5)

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52

Figura 2 - Vascularização. Lâmina de um menisco analisado,

demonstrando um processo de vascularização no menisco

Em relação aos resultados da característica microscópica superfície,

pode-se afirmar que houve alteração dos meniscos estudados (35 meniscos;

92,1%) (teste qui-quadrado, xq; p=1). Mesmo considerando as

características normal e rugosa isoladamente (13 meniscos, 34,2%),

separando-as das fibrilações e fissuras-erosões (25 meniscos, 65,8 %),

continua-se podendo afirmar que ocorreram alterações nos meniscos (teste

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53

qui-quadrado, xq; p=0,904). Isolando apenas as fissuras e erosões ainda

foram encontradas estas alterações mais avançadas em 50 % dos meniscos

(teste qui-quadrado, xq; p=0,866) (Tabela 6)

Houve aparecimento de alterações moderadas e avançadas de

degeneração mixóide (Figura 3) em 23 meniscos (60,5 %) (teste qui-

quadrado, xq; p= 0,420) (Tabela 7)

Figura 3 - Degeneração mixóide. Lâmina de um menisco analisado,

demonstrando uma degeneração mixóide

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54

Houve aparecimento de calcificação distrófica (Figura 4) em apenas

11 meniscos (28,9 %) (Tabela 8).

Figura 4 - Calcificação e clones de condrócitos. Lâmina de um

menisco analisado, demonstrando a presença de calcificação

distrófica e a formação de clones de condrócitos

Por fim, quando se observa a presença ou não de clones de

condrócitos (Figura 4), os mesmos se apresentaram como ocasionais e

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moderados em 23 meniscos ( 60,6 %) (teste qui-quadrado, xq; p=0,879)

(Tabela 9).

Seguindo a ordenação apresentada na Tabela 2, compara-se as

distribuições dos joelhos dos níveis de alteração das variáveis do escore

modificado de Mankin entre o menisco medial e lateral. De acordo com o

teste qui-quadrado de Pearson para a hipótese de homogeneidade de

distribuições marginais (Agresti, 2002; Bishop et al., 1975), não há

evidências de que as distribuições das alterações dos meniscos medial e

lateral sejam diferentes para as variáveis vascularização (p=0.883, Tabela

5), superfície (p=0.899, Tabela 6), degeneração mixóide (p=0.326, Tabela 7),

calcificação distrófica (p=0.257, Tabela 8) e clones de condrócitos (p=0.592,

Tabela 9).

Tabela 5 - Distribuição de freqüências dos joelhos nos níveis de alteração

de vascularização do menisco medial e lateral

Menisco lateral Menisco medial normal discreta moderada acentuada

Total

normal 0 0 0 0 0 (0%)

discreta 1 4 0 0 5 (26%)

moderada 0 1 6 2 9 (47%)

acentuada 0 0 2 3 5 (26%)

1 5 8 5 19 Total

(5%) (26%) (42%) (26%) (100%)

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56

Tabela 6 - Distribuição de freqüências dos joelhos nos níveis de alteração

de superfície do menisco medial e lateral

Menisco lateral Menisco medial

normal rugosa fibrilação fissuras e erosões

Total

normal 0 1 0 0 1 (5%)

rugosa 2 1 1 1 5 (26%)

fibrilação 0 1 1 1 3 (16%)

Fissuras e erosões 0 2 1 7 10 (53%)

2 5 3 9 19 Total

(11%) (26%) (16%) (47%) (100%)

Tabela 7 - Distribuição de freqüências dos joelhos nos níveis de alteração

de degeneração mixóide do menisco medial e lateral

Menisco lateral Menisco medial ausente discreta moderada acentuada

Total

ausente 0 0 0 0 0 (0%)

discreta 0 5 2 0 7 (37%)

moderada 0 2 3 0 5 (26%)

acentuada 0 1 3 3 7 (37%)

0 8 8 3 19 Total

(0%) (42%) (42%) (16%) (100%)

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57

Tabela 8 - Distribuição de freqüências dos joelhos nos níveis de alteração

de calcificação distrófica do menisco medial e lateral

Menisco lateral Menisco medial

ausente presente Total

ausente 10 2 12 (63%)

presente 5 2 7 (37%)

15 4 19 Total

(79%) (21%) (100%)

Tabela 9 - Distribuição de freqüências dos joelhos nos níveis de alteração

de clones de condrócitos do menisco medial e lateral

Menisco lateral Menisco medial normal ocasionais moderado numerosos

Total

normal 4 2 0 0 6 (32%)

ocasionais 1 4 3 0 8 (42%)

moderado 2 1 0 0 3 (16%)

numerosos 0 0 2 0 2 (11%)

7 7 5 0 19 Total

(37%) (37%) (26%) (0%) (100%)

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6. DISCUSSÃO

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59

O tema sobre as alterações meniscais associadas à deformidade em

varo do joelho é abrangente. No início do trabalho optou-se por estudá-las

durante um estado clínico representativo de um grau avançado de

degeneração articular do joelho, o qual indica a artroplastia total desta

articulação.

A variação expressiva dos meniscos observada durante a realização da

artroplastia total do joelho, desde simples alterações até a completa

degeneração do menisco, foi um dos motivos iniciais para a realização deste

estudo.

A hipótese preliminar sugeria que os meniscos mediais em joelhos com

artroses avançadas e deformidade em varo sofreriam elevada incidência de

lesões macro e microscópicas. Outra hipótese pressupunha que a incidência

de lesões anatomopatológicas dos meniscos mediais seria estatisticamente

diferente das lesões dos meniscos laterais.

Contrariamente a outros estudos que analisam as alterações dos

meniscos na artrose de joelhos em cadáveres (Kulkarni e Chand, 1975;

Lidge, 1970; Noble e Hamblen, 1975; Casscells, 1975; Fahmy e Noble,

1983) ou radiologicamente (Hermann et al, 1990; Lewandrovski, Müller e

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60

Scholmeier, 1997; Englund et al, 20003; Christoforakis, 2005;

Berthiaume et al, 2005), optou-se por um estudo em pacientes com

sintomatologia dolorosa avançada na articulação estudada, de acordo com

outro trabalho, como o de Sugita et al, 2001.

A correlação entre a existência de comprometimento da anatomia do

menisco e a queixa decorrente deste comprometimento é questionada por

autores como Lotke, Lefkoe e Ecker, 1981; Hermann et al, 1990; Rath e

Richmond, 2000; e Hunt, Jazrawl e Sherman, 2002.

No presente estudo houve preponderância do sexo feminino (85%),

confirmando maior incidência desse sexo na artrose do joelho, citada na

literatura (Lidge et al, 1970; Camanho, 1997), apesar de o sexo masculino

predominar na incidência geral das lesões meniscais (Ferrer-Roca e Vilalta,

1978; Kulkarni e Chand, 1975).

A média de idade dos pacientes foi de 67 anos, com mínimo de 58 e

máximo de 83 anos. A literatura corrobora tais dados em relação à idade

(Lidge et al, 1971; Camanho, 1997; Sugita et al, 2001; Sharma et al,

2001; Cerejo et al, 2002).

A amostra inicialmente previa 30 pacientes; porém, devido aos

resultados obtidos e após a análise estatística de 21 casos, ela foi

considerada suficiente para as conclusões. Sugita et al (2001) utilizam 31

pacientes. Outros trabalhos apresentam amostragem maior; porém com

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61

estudos radiológicos prospectivos (Englund et al, 2003, com 155 pacientes;

Berthiaume et al, 2005, com 32 pacientes), clínicos com avaliação pós-

artroscopias (Lewandrovski, Müller e Scholmeier, em 1997, com 1740

artroscopias; Christoforakis et al, em 2005, com 500 artroscopias) ou

anatomopatológicos com metodologias distintas, em que não se relacionam

alterações meniscais e de artrose com a sintomatologia do indivíduo (Lidge,

1970, com 31 pacientes; Noble e Hamblen, 1975, com cem autópsias;

Kulkarni e Chand, 1975 com 25 cadáveres; Casscells, 1978, com 300

cadáveres e Fahmy, Williams e Noble, 1983, com 115 cadáveres).

Em relação à metodologia empregada, o único estudo na literatura a

relacionar lesão meniscal, deformidade em varo e artrose avançada com

indicação de artroplastia foi o de Sugita et al, em 2001. Na ocasião, os

autores observaram apenas o compartimento medial, e de forma

macroscópica, nos pacientes submetidos à artroplastia unicompartimental de

joelho.

Estudos da estrutura meniscal em animais evidenciam as diferenças

entre as áreas periféricas, mais vascularizadas e as porções centrais, além

das diferenças entre os cornos e o corpo do menisco. (O’Connor et al,

1976; Ishikawa, 1981; Sommer e Sommer, 1983; Kambic e Mc Devitt,

2005). Outros trabalhos demonstram a estrutura histológica dos meniscos, a

preponderância das fibras colágenas tipo I e a rede de fibras para resistirem

a forças de tração e compressão (Egner, 1982; Greis et al, 2002). Embora

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62

sejam escassos, na literatura, os estudos das características histológicas

dos meniscos com parâmetros objetivos de graduação, optou-se por esta

análise.

Para esta dissertação foi adaptado um sistema de graduação já

modificado por Manking (Manking et al, 1971; Armstrong et al, 1994),

inicialmente utilizado para lesões da cartilagem. Esse sistema leva em

consideração a superfície, a hipocelularidade, a presença de clones e a

alcianofilia (territorial e interterritorial), graduando de zero a três esses

achados de acordo com suas características específicas. Para este estudo,

considerando que os meniscos têm características histológicas semelhantes

à cartilagem, fizeram-se alterações, formando um novo sistema de

avaliação, mantendo alguns critérios (superfície, presença de clones) e

incluindo outros, que seriam fundamentais no processo de reação do

menisco ao avanço da artrose (vascularização, degeneração mixóide e

calcificação distrófica), o que resultou na classificação apresentada na

Tabela 2.

É importante ressaltar que as patologistas com experiência na área de

anatomia do aparelho locomotor que participaram da avaliação das lâminas

não tiveram acesso à informação de quais meniscos estavam sendo

analisados; eliminaram o viés do observador, apenas examinando a região,

já que se padronizou a marcação com um ponto de nylon do corno anterior

dos meniscos.

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63

Ao analisar os resultados em relação às características microscópicas,

entende-se que a vascularização representa a resposta biológica

inflamatória ao processo de artrose e foi encontrada em 97,4 % dos

meniscos. A característica de vascularização moderada foi a mais

observada, presente em 44,8 % dos meniscos. Foi marcante o processo

inflamatório de atividade da artrose, corroborando com a sintomatologia

clínica dos pacientes analisados. Devido a essa característica inflamatória,

alguns autores preferem a denominação de artrite (Davis, 1998; Isa e

Sharma, 2006 e Arden e Cooper, 2006).

A ausência de calcificação distrófica em 71,1 % dos meniscos

também corrobora este estado inflamatório ativo, já que a calcificação

distrófica representa um processo cicatricial da artrose.

A presença de clones de condrócitos em aproximadamente 60 % dos

meniscos demonstra um processo de regeneração ativa dos meniscos

avaliados; porém, observando-se que 28 meniscos (73,7 %) apresentaram

ausência de clones e clones ocasionais, sugere-se que a regeneração foi

insuficiente para impedir a evolução do processo ativo já descrito. Esta

regeneração não reflete diretamente o processo inflamatório de artrose.

A degeneração mixóide pode ser considerada a lesão microscópica

mais representativa de um estado clínico de lesão do menisco na artrose,

apesar de Ferrer-Roca e Vilalta, em 1980, discordarem de tal proposição.

Em 23 meniscos (60,5 %), esta degeneração ocorreu tanto de maneira

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acentuada quanto moderada. Ao correlacionar a característica microscópica

mais representativa da lesão clínica meniscal com a distribuição geral das

lesões macroscópicas encontradas, viu-se que apenas 9 joelhos, dos 21

estudados, apresentavam-na. Porém, ao ocorrer uma lesão, o menisco

medial foi mais acometido, isoladamente em sete ocasiões, e a clivagem

horizontal foi a mais incidente.

Em relação à superfície, sugere-se que represente o processo

mecânico da artrose, evidenciada em 92,1% dos meniscos analisados,

sendo que 50% dos meniscos apresentavam as alterações mais avançadas

(fissuras e erosões). Acredita-se que tais resultados tiveram a influência do

tipo de deformidade escolhida. A deformidade em varo é a mais

freqüentemente associada à artrose do joelho. White, Ludkovski e

Goodfellow, 1991, descrevem que em 90% dos casos o desgaste

anteromedial do planalto tibial medial é visualizado.

A relação da artrose em varo com a evolução da artrose do joelho é

biomecanicamente estabelecida (Riegger-Krugh et al, 1998; Sharma et al,

2001 e Cerejo et al, 2002). Porém a correlação com as lesões meniscais foi

questionada por Khon et al, em 1993, e Sugita et al, em 2001. Os últimos

autores estudam, apenas, o compartimento medial e encontram meniscos

preservados, apesar do varo.

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65

Neste trabalho, não foi observada a relação entre a maior gravidade da

deformidade angular em varo dos joelhos com o aumento da ocorrência de

lesões meniscais (U=39,0 / p=0,30) (Tabela 3).

Na literatura, a maioria dos estudos que avalia a evolução da artrose

associada a uma lesão meniscal é feita macroscopicamente. Kulkarni e

Chand, em 1975, analisando 21 autópsias, apresentam correlação entre a

lesão meniscal e as alterações de cartilagem; porém, outros artigos não

conseguem reproduzir esses dados. Lidge, 1970, em 31 pacientes, não

traça relação entre a lesão meniscal e a artrose de joelho. Noble e

Hamblen, 1975, em 100 necrópsias, afirmam que em 39 pacientes com

artrose grave, 15 tinham meniscos normais. Casscels, 1978, num estudo

com 300 joelhos de cadáveres e Fahmy e Noble, 1983, com 115 cadáveres,

também não conseguem estabelecer tal relação. Por fim, Sugita et al, em

2001, em trabalho sobre o compartimento medial em 31 meniscos, concluem

não haver correlação entre lesão meniscal e artrose de joelho.

Outras análises clínicas e radiológicas contribuem para manter a

controvérsia entre a lesão degenerativa do menisco e a artrose do joelho.

Hermann et al, em 1990, em estudo com Ressonância Nuclear Magnética

não evidenciam relação entre lesão meniscal medial e alterações da

cartilagem e os sintomas clínicos. Porém, Lewandrovski, Müller e

Scholmeier, em 1997, em estudo retrospectivo com 1.740 artroscopias,

evidenciam relação entre lesão meniscal e presença de alteração da

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cartilagem adjacente, apesar de não estabelecer relação de causa e efeito.

Tal conclusão é compartilhada por Englund et al, em 2003, após estudo

radiológico e clínico em 155 pacientes com 16 anos de seguimento.

Christoforakis et al, em 2005, em estudo prospectivo em aproximadamente

500 artroscopias, concluem que as lesões em clivagem horizontal e

degenerativa aumentam a incidência e a severidade da degeneração

articular. Por fim, Berthiaume et al, em 2005, em avaliação radiológica de

32 pacientes com osteoartrose sintomática, concluem que a lesão meniscal

grave e a extrusão estão relacionadas à piora da cartilagem e à progressão

da artrose do joelho.

Nesta dissertação, 14 joelhos foram classificados como apresentando

grau moderado, seis casos foram considerados graves, e somente um caso

foi considerado leve. A presença de um joelho com artrose macroscópica

leve ocorreu por ter sido utilizada a classificação de Noble e Hamblen, de

1975. Por ela, os compartimentos são classificados em leve, moderado e

grave. Na artrose leve, os joelhos apresentaram osteófitos periféricos ou

fibrilação da superfície articular sem franca erosão; na moderada, presença

de erosões de cartilagem e, na grave, presença de ulceração profunda com

osso ebúrneo e osteófitos grosseiros. A artrose do joelho avaliado foi

denominada de acordo com o grau de artrose do compartimento que

apresentasse o menor grau de degeneração.

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67

Não foi possível estabelecer correlação entre o grau de artrose e a

maior ocorrência de lesões meniscais macroscópicas, pois não se observou

diferença estatisticamente significante, já que em 50% dos joelhos com

artrose grave não foram observadas lesões meniscais, enquanto o índice

geral de lesões meniscais foi de 42,9 % dos meniscos (Tabela 4). Sugita et

al, em 2001, propõem uma teoria para essa preservação meniscal por meio

de um desvio radial dessa estrutura.

Apesar de a sintomatologia estar presente em todos os pacientes,

inclusive numa situação extrema, acredita-se ter sido decorrente do

processo de artrose.

Quanto à diferença entre os meniscos e sua relação com a

degeneração meniscal, poucos relatos são evidenciados. Moon et al, em

1998, apresentam estudo em coelhos, afirmando que os meniscos laterais

têm menor capacidade regenerativa que os mediais, e que a meniscectomia

desse menisco influenciaria negativamente a evolução para artrose. Não

existe, porém, estudo que demonstre a diferença em relação aos meniscos

no processo degenerativo de artrose, ainda mais com a deformidade em

varo, motivo de análise desta dissertação. Neste trabalho, não se encontrou

diferença estatisticamente significante entre os meniscos mediais e laterais

em nenhuma das características microscópicas analisadas.

Portanto, os resultados microscópicos de tal condição clínica estudada

(artrose num joelho varo) demonstram alterações nos meniscos decorrentes

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68

de tal processo, mas indicam que a artrose é uma patologia que modifica,

macro e microscopicamente, os meniscos de maneira uniforme,

independentemente da deformidade.

Os resultados desta dissertação podem ser aplicados em situações

práticas, aumentando o poder decisório do ortopedista diante de algumas

situações clínicas. O fato de joelhos com deformidade em varo e com

indicação de artroplastia não estarem sempre envolvidos com lesões

meniscais sugere que a lesão meniscal não faça parte obrigatoriamente da

evolução natural da artrose e não seja necessário aguardar o seu

aparecimento para indicar uma prótese de joelho.

Outro aspecto prático a ser abordado é que o paciente com artrose

oligo ou assintomático, com lesão meniscal traumática e quadro

sintomatológico mecânico após a mesma, deve ser tratado. Estudo de

Camanho et al, deste ano, demonstra claramente que esses pacientes

apresentam os melhores resultados clínicos após a realização de

meniscectomia parcial artroscópica.

Porém, quando se trata de lesão degenerativa meniscal associada a

artrose com joelho em varo, há uma preponderância das lesões meniscais

mediais. Clinicamente, não se diferencia o sintoma doloroso meniscal com o

da artrose, porém os resultados de outros estudos, como o recente de

Camanho et al (2006), sugerem que os pacientes com lesões meniscais

associadas a lesões de cartilagem apresentam resultados inferiores quando

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69

comparados ao grupo traumático em relação ao procedimento de ressecção

parcial do menisco por via artroscópica. No mesmo raciocínio, se esse

paciente apresentar uma lesão meniscal lateral, questiona-se a relação com

o processo de artrose, sugerindo-se o tratamento desse menisco como um

fato isolado.

A tendência na resolução desses problemas encontra-se, a meu ver, na

esfera biológica, com estudos tentando conter o avanço da artrose por meio

de medicações que protegeriam a cartilagem, fatores de crescimento de

tecidos específicos, atuando no processo de regeneração, tanto da

cartilagem, quanto do menisco. Para isso, o estudo de fatores de risco, a

fisiopatologia e a evolução da artrose são fundamentais, como propuseram

recentemente Davis, 1998; Isa e Sharma, 2006; e Arden e Cooper, 2006.

Atualmente, porém, estão longe de uma realidade reprodutível a quem

interessa: os pacientes.

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7. CONCLUSÕES

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Neste modelo clínico de artrose com joelho em varo, afirma-se que:

1) Não foi possível estabelecer correlação entre o grau de artrose e a

maior ocorrência de lesões meniscais macroscópicas.

2) Não se observou relação entre a maior gravidade da deformidade

angular em varo dos joelhos e o aumento da ocorrência de lesões

meniscais.

3) Quando ocorreram, as lesões meniscais preponderaram no menisco

medial, e as mais freqüentes foram em clivagem horizontal.

4) Os meniscos apresentaram alterações microscópicas significativas

resultantes do processo de artrose dos joelhos; no entanto, não há

evidência que a presença de lesões é estatisticamente diferente entre

os meniscos lateral e medial.

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8. ANEXOS

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73

8.1. ANEXO A - DISTRIBUIÇÃO DAS LESÕES MENISCAIS POR

PACIENTE

Caso Identificação Sexo Idade (anos) Menisco

Clivagem Horizontal

Lesão Radial

Ruptura Longitudinal

1 MTL F 83 medial 1 lateral 2 JAS M 74 medial 2 lateral 3 GS F 62 medial 3 lateral 4 JN F 50 medial presente presente 4 lateral 5 MS F 70 medial presente 5 lateral 6 HJC F 68 medial 6 lateral 7 MBC F 68 medial 7 lateral 8 TMD F 58 medial 8 lateral 9 GMRS F 62 medial 9 lateral

10 MTB F 59 medial presente 10 lateral 11 MJSP F 67 medial presente 11 lateral 12 MRG F 73 medial 12 lateral 13 HAA F 73 medial presente 13 lateral 14 MAX F 58 medial 14 lateral presente 15 BAC M 70 medial presente presente 15 lateral presente 16 ES M 75 medial presente 16 lateral 17 HM F 78 medial 17 lateral 18 AAM F 58 medial 18 lateral 19 EDF F 76 medial presente 19 lateral 20 WCM F 70 medial 20 lateral 21 SPN F 71 medial 21 lateral

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8.2 ANEXO B - DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES SEGUNDO GRAU DE VARISMO E ARTROSE

Caso Identificação Sexo Idade (anos) Varismo Grau de Artrose 1 MTL F 83 8° grave 1 2 JAS M 74 13° Moderada 2 3 GS F 62 10° Moderada 3 4 JN F 50 9° Moderada 4 5 MS F 70 14° Grave 5 6 HJC F 68 8° Moderada 6 7 MBC F 68 10° Leve 7 8 TMD F 58 8° Moderada 8 9 GMRS F 62 11° Grave 9

10 MTB F 59 9° Moderada 10 11 MJSP F 67 11° Moderada 11 12 MSP F 73 5° Moderada 12 13 HAA F 73 14° Moderada 13 14 MAX F 58 11° Moderada 14 15 BAC M 70 16° Moderada 15 16 ES M 75 10° Grave 16 17 HM F 78 10° Moderada 17 18 AAM F 58 20° Grave 18 19 EDF F 76 10° Grave 19 20 WCM F 70 10° Moderada 20 21 SPN F 71 14° Moderada 21

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8.3 ANEXO C- DISTRIBUIÇÃO DAS ALTERAÇÕES MICROSCÓPICAS POR PACIENTES

Caso Menisco Superfície Clones Degeneração Mixóide

Calcificação Distrófica Vascularização

1 medial fissuras e erosões numerosos acentuada presente acentuada 1 lateral fissuras e erosões moderado moderada presente moderada 2 medial fissuras e erosões normal moderada ausente moderada 2 lateral fissuras e erosões ocasionais moderada presente acentuada 3 medial rugosa ocasionais discreta ausente moderada 3 lateral fissuras e erosões moderado moderada ausente acentuada 4 medial rugosa normal discreta ausente discreta 4 lateral rugosa normal discreta ausente discreta 5 medial fissuras e erosões moderado acentuada ausente moderada 5 lateral fissuras e erosões ocasionais acentuada ausente moderada 6 medial rugosa moderado moderada ausente discreta 6 lateral normal normal discreta ausente normal 7 medial fibrilação normal discreta ausente discreta 7 lateral fibrilação normal discreta ausente discreta 8 medial normal normal discreta ausente discreta 8 lateral rugosa ocasionais moderada ausente discreta 9 medial rugosa normal discreta ausente discreta 9 lateral normal normal discreta ausente discreta

10 medial fissuras e erosões ocasionais moderada ausente moderada 10 lateral fissuras e erosões moderado moderada ausente moderada 11 medial fibrilação ocasionais acentuada ausente acentuada 11 lateral fissuras e erosões moderado acentuada presente acentuada 12 medial fissuras e erosões ocasionais acentuada presente moderada 12 lateral rugosa ocasionais moderada ausente moderada 13 medial fissuras e erosões ocasionais moderada presente moderada 13 lateral fissuras e erosões ocasionais moderada ausente moderada 14 medial fissuras e erosões ocasionais acentuada presente acentuada 14 lateral fissuras e erosões ocasionais moderada presente acentuada 15 medial fissuras e erosões numerosos acentuada presente acentuada 15 lateral fissuras e erosões moderado acentuada ausente acentuada 16 medial fibrilação normal discreta ausente moderada 16 lateral rugosa normal discreta ausente discreta 17 medial rugosa ocasionais discreta ausente moderada 17 lateral fibrilação ocasionais discreta ausente moderada 18 medial fissuras e erosões moderado acentuada presente acentuada 18 lateral rugosa normal discreta ausente moderada 19 medial fissuras e erosões ocasionais moderada presente moderada 19 lateral fibrilação normal discreta ausente moderada 20 medial 20 lateral 21 medial 21 lateral

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9. REFERÊNCIAS

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APÊNDICE

APÊNDICE 1- CLASSIFICAÇÃO RADIOGRÁFICA DE AHLBÄCH MODIFICADA POR KEYES PARA OSTEOARTROSE DE JOELHO

Grau Radiografia em AP Radiografia lateral

1 Redução do espaço articular

2 Obliteração do espaço articular

3 Desgaste do planalto tibial < 5mm

Porção posterior do planalto intacta

4 Desgaste entre 5 e 10mm Desgaste se estende à margem posterior do planalto

5 Subluxação grave da tíbia Subluxação anterior da tíbia > 10mm

AP: Antero-Posterior