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ESTUDO COMPARATIVO DE MÉTODOS PARA REGULARIZAÇÃO DAS
SUPERFÍCIES DE CORPO DE PROVA, RETIFICAÇÃO E NEOPRENE.
COMPARATIVE STUDY OF METHODS FOR REGULARIZATION OF TEST BODY,
RETIFICATION AND NEOPRENE SURFACES.
RESUMO
Este trabalho tem o intuito de analisar a resistências do concreto através de ensaio de resistência a compressão axial com dois tipos de regularização das superfícies dos corpos de provas, são eles: a retificação de topo e o neoprene. Uma regularização das superfícies adequada é de suma importância para dar mais veracidade ao ensaio, visto que sem uma regularização adequada não haverá uma distribuição de tensões de forma igualitária nas faces do concreto, influenciando no teste, através da resistência final do concreto ensaiado. Este trabalho se trata de uma pesquisa experimental, que analisou a resistência à compressão de corpos de provas de concreto com 7, 14 e 28 dias de idade, fazendo ensaios com seis corpos de provas retificados e com outros seis utilizando o neoprene em cada idade. Pode se observar que a resistência do concreto nos ensaios utilizando neoprene foi um pouco maior do que os que foram ensaiados com retificação. Palavras-chave: Compressão Axial; Concreto, Retificação e Neoprene.
ABSTRACT
This work intends to analyze the strength of the concrete through axial compression strength test with two types of regularization of the surfaces of the test bodies, they are: top grinding and neoprene. Proper surface regularization is of paramount importance in order to give more accuracy to the test, since without adequate regularization there will be no even distribution of stresses on the faces of the concrete, influencing the test, through the final resistance of the concrete tested. This work is an experimental research that analyzed the compressive strength of 7, 14 and 28 day old concrete test bodies, making tests with six rectified test bodies and with six others using neoprene at each age. It can be seen that the strength of the concrete in the tests using neoprene was slightly higher than those that were tested with rectification. Keywords: Axial Compression; Concrete, Rectification and Neoprene
Michael Vinícius Martins Caldeira1, Bárbara Gomes Ferreira2, Ângela Helena Silva Mendes Stival3, Denner Viana Rabelo4, Naiana Pereira de Souza5
1 Docente da Universidade de Gurupi – UnirG, Engenheiro Civil, Tecnólogo em Construção de Edificios, Especialista em Projetos, Execução e Controle de Estruturas e Fundações [email protected] 2Docente da Universidade de Gurupi – UnirG, Engenheira Civil, Especialista em Gestão de Projetos [email protected] 3 Docente da Universidade de Gurupi – UnirG, Engenheira Civil, Especialista em Gestão de Projetos [email protected] 4 Engenheiro Civil [email protected] 5 Acadêmica de Engenheira Civil, Universidade de Gurupi - UnirG. [email protected]
Caldeira, M. V. M., Ferreira, B. G., Stival, A. H. S. M., Rabelo, D. V., Souza, Naiana Estudo Comparativo De Métodos Para Regularização das Superfícies De Corpo De Prova, Retificação E Neoprene.
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INTRODUÇÃO
Os primeiros materiais utilizados nas construções de casas foram às pedras e a
madeira. Para um material ser considerado bom, exigem que este seja resistent’’e e
durável, a pedra é durável e consideravelmente resistente à compressão, porém, ela não
resiste bem a tração, já a madeira ela possui uma razoável resistência, mas possui uma
durabilidade muito curta, foram por causas dessas duas variáveis que esses materiais
deixaram de ser usado homogeneamente e com o passar do tempo começaram a ser
usados juntos com outros materiais de tal forma que resistam a tração, caso sejam exigidos,
e a compressão e necessitam que sejam duráveis.
Atualmente a mistura mais usada nas obras que atende essas exigências é o
concreto. O concreto é formado por aglomerantes e agregado graúdo e miúdo, esta mistura
tem por finalidade resistir aos esforços de compressão.
Este trabalho tem o intuito de analisar a resistências do concreto através de ensaio
de resistência a compressão axial com dois tipos de regularização das superfícies dos
corpos de provas, são eles: a retificação de topo e o neoprene.
Uma regularização das superfícies adequada é de suma importância para dar mais
veracidade ao ensaio, visto que sem uma regularização adequada não haverá uma
distribuição de tensões de forma igualitária nas faces do concreto, influenciando no teste,
através da resistência final do concreto ensaiado.
JUSTIFICATIVA
A importância de se fazer esse estudo experimental comparativo entre os dois
sistemas de regularização se dá pelo fato de que é preciso conhecer a real resistência do
concreto para o desenvolvimento de projetos mais eficientes. O ensaio de resistência à
compressão axial deve revelar o mais real possível à resistência do concreto, afim da
criação de projetos mais seguros e mais econômicos.
A execução do ensaio com uma má regularização das superfícies pode distorcer a
capacidade de resistir aos esforços ao concreto solicitado. Quando o ensaio apresenta
erroneamente uma resistência menor do que é esperado, pode causar um alarme quanto
à segurança e consequentemente aumente os gastos com reforços desnecessários.
OBJETIVOS
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Objetivo geral:
Estudo comparativo para determinar qual tipo de regularização das superfícies dos
corpo de provas, apresenta os melhores resultados quando analisado a resistência à
compressão axial em diferentes tempos de vida de cura dos corpos de provas.
Objetivo específico:
• Confecção de corpo de provas
• Ensaio de resistência à compressão axial, com rompimento dos corpos de
provas com 7, 14 e 28 dias, com diferentes tipos de nivelamento;
• Definição da resistência média, desvio padrão e dispersão em cada idade.
1. REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 Materiais que compõe o concreto
O concreto é o composto mais utilizado na construção civil, por ter uma boa
resistência, durabilidade e ser econômico. Este composto é basicamente constituído de
água como solvente, aglomerante, que pode ser cal, gesso ou cimento, misturado com
agregados graúdos e miúdos, o primeiro pode ser utilizado a brita e o segundo o pó de brita
ou areia.
1.1.1. Aglomerante
O Aglomerante mais utilizado na fabricação do concreto é o cimento, ele é o
componente mais significante para que o concreto seja considerado bom. Conforme a NBR
11578/1991
O cimento portland é um aglomerante hidráulico
produzido pela moagem do clínquer ao qual se adiciona,
durante a operação, a quantidade necessária de uma ou
mais formas de sulfato de cálcio. (ABNT, NBR 11578/91)
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O cimento portland é classificado em cinco classes variando com os materiais
usados na sua fabricação e nas suas características, podendo o cimento ser CP-I, CP-II,
CP-III, CP-IV ou CP-V. Cada um desses grupos possui características próprias.
O CP-I, é puro, não possui nenhuma característica especial, é normatizado pela NBR
5732/1991
O CP-II é o que tem mais variedades entre os CP´s. O CP-II responde por 75% da
produção industrial brasileira, a NBR 11578/91 o subdividi em outros três grupos, o CP-II
E, CP-II F, CP-II Z.
Abaixo tabela dos tipos de CP-II e suas respectivas composições em porcentagem:
Tabela 1: Tipos de CPII e o teor de suas composições (Adaptado de ABCP, 2002)
Conforme a ABCP (2002), o CP-III é o chamado cimento ecológico, ele recebe esse
título pelo menor uso do clínquer e menor emissão de CO2 na atmosfera ajudando de forma
indireta o meio-ambiente. O CP-III é mais conhecido como cimento de alto forno, ele possui
um teor escoria de 35% a 70% da sua massa, dando a ele propriedade como baixo calor
de hidratação, fazendo com que ele seja ideal para obras que precisam de grande volume
de concretagem, maior impermeabilidade e durabilidade, a NBR 5735 é a norma que
regulamenta esse tipo de cimento.
Segundo a ABCP (2002), CP-IV é comumente chamado de CP-IV Pozolâmico, assim
como o CP-III ele possui um baixo calor de hidratação que também o torna ideal para a
concretagem de grandes volumes e sobre elevadas temperaturas. O teor de Pozolana
nesse tipo de cimento varia entre 15% e 50%, proporcionando segurança no uso em
ambientes agressivos como ataque ácidos, e em especial o sulfato e com agregados
reativos.
Conforme a ABCP (2002), o CP-V ARI, é o cimento de alta resistência inicial, ele
possui essa característica de atingir alta resistência em poucos dias depois de lançados,
graças a uma moagem mais intensa desse cimento e uma dosagem diferente de calcário e
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argila na hora da produção do clínquer, esses dois fatores fazem com que o cimento se
torne rígido pouco tempo depois de reagir com a água.
1.1.2. Agregado
Segundo Menezes (2011), os agregados são materiais minerais, solido e inerte que
são adicionados na mistura para dar vultuosidade a mistura. Antigamente os agregados
tinham apenas essa função de dar volume a mistura, hoje a utilização dos agregados vai
mais além, eles são responsáveis diretos quanto a retração e ao suporte de tensões ao
composto exigidas, sendo assim imprescindível na qualidade do concreto. São subdivididos
quanto a sua origem, em naturais, artificiais e industrializados, quanto a massa específica
aparente, em leves, normais e pesado, quanto a composição mineralógica e quanto a
dimensão dos agregados em miúdos e graúdos.
1.1.2.1. Agregado miúdo
A NBR 7211/2005 classifica os agregados como miúdo quando os Agregado cuja os
grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,75 mm e ficam retidos na peneira
com abertura de malha de 150 µm, em ensaio conforme a ABNT NBR NM 248, com
peneiras definidas pela ABNT NBR NM ISO 3310-1.
1.1.2.2. Agregado graúdo
Já os agregados graúdos são classificados pela NBR 7211/2005, como aqueles
Agregados cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha de 75 mm e ficam
retidos na peneira com abertura de malha de 4,75 mm, em ensaio orientado pela ABNT
NBR NM 248, com peneiras definidas pela ABNT NBR NM ISO 3310-1.
1.1.3. Água
Conforme Neville (1997), a água é responsável por ativar as propriedades do
cimento, além de provocar a hidratação do cimento, ela também é responsável por dar
trabalhabilidade ao concreto fazendo com que ele preencha todos os espaços vazios de
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uma peça. A trabalhabilidade é um fator importante do concreto para prevenir patologias,
como vazios e nichos.
Segundo Bezerra (2007), a relação água/cimento (a/c) é um dos principais fatores
que influencia na obtenção do suporte de carga exigido. O adicionamento excessivo de
água também pode ser um problema para atingir a resistência exigida pelas cargas, há uma
descentralização dos agregados quando é adicionada uma quantidade superior de água,
fazendo com que apareçam espaços vazios na estrutura, ela também diminui a resistência
mecânica do concreto, além disso, ela facilita a entrada de agentes agressivos no concreto.
Outro problema ocorre quando a água no composto é insuficiente, pois se a mistura
não possuir uma quantidade de água satisfatória não haverá a hidratação do concreto, além
de dificultar o lançamento e o adensamento do material, provocando falhas na
concretagem.
1.2 Características do concreto
O concreto é um composto de vários materiais que juntos desempenham algumas
características quanto fresco e outras características depois de endurecidos, a
trabalhabilidade a resistência a tração e compressão são exemplos dessas características.
1.2.1. Manuseio e trabalhabilidade
O manuseio do concreto está relacionado a sua trabalhabilidade. Em uma obra os
pedreiros e serventes estão sempre em busca do concreto perfeito para se trabalhar,
naturalmente eles optam por um concreto mais fácil de manusear, uma mistura mais
trabalhável, mas isso pode ser um equívoco, visto que muitas vezes é preciso um concreto
com menos trabalhabilidade. Para esses profissionais o melhor concreto é aquele que
tenha uma maior trabalhabilidade, pois não precisa ser aplicada muita força para manuseá-
lo.
Segundo Menezes (2011) a principal propriedade do concreto em suas primeiras
horas de vida é a trabalhabilidade. A trabalhabilidade aponta o manuseio do concreto com
maior ou menor facilidade sem a perda da homogeneidade da mistura.
Segundo Neville (1997), infelizmente, não existe ensaio aceitável para que se possa
medir diretamente a trabalhabilidade de um concreto, foram feitas tentativas para
correlacionar trabalhabilidade com algumas grandezas físicas, mas nenhuma chegou a ser
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inteiramente satisfatória, embora possam fornecer informações úteis dentro de uma faixa
de variação de trabalhabilidade.
1.2.2. Resistência à Tração
A resistência à tração, a retração hidráulica, a absorção de água e a resistência à
compressão, são essas as propriedades que mais tem relevância no concreto em seu
estado endurecido.
Conforme Mehta e Monteiro (2008), concreto é uma mistura que não resiste muito a
tração, comparada com à compressão o concreto só resiste de 8% a 15% do que ele resiste
à compressão.
Como foi exposto anteriormente o concreto é uma mistura que não resiste muito bem
a tração, mesmo sabendo que o composto não resiste a esse tipo de esforço é fundamental
conhecer o quanto a mistura resiste
Para o concreto resistir a tração conforme Santos (2014) a solução para fazer
concreto que resiste a tração foi adição de aço na mistura, formando o chamado concreto
armado. No concreto armado o concreto absorve os esforços à compressão e o aço
absorve os esforços a tração.
A armadura absorve quase todo esforço de tração, contudo é fundamental que o
projetista conheça o quanto o composto pode absorver a tração para evitar uma possível
fissura que possa deixar a armadura exposta aos agentes agressivos.
Entretanto, a determinação da carga em que o concreto inicia sua fissuração é muito
importante ser identificada, uma vez que esta fissuração pode acelerar o processo de
corrosão da armadura, fato que pode comprometer a estabilidade e segurança da estrutura
(CARVALHO & FIGUEIREDO, 2009 apud MENEZES, 2011, p.07).
Os principais ensaios para obtenção da resistência do concreto quanto a tração são
os seguintes: flexo-tração, compressão diametral ou tração indireta e tração direta.
1.2.3. Resistência à Compressão Axial
Conforme Mehta e Monteiro (2008) entendem-se como resistência à compressão, o
valor máximo de suporte das tensões aplicado no concreto, sem que haja o rompimento do
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mesmo. A resistência é obtida através do ensaio de rompimento de corpos de provas
cilíndricos, regulamentado pela NBR 5739 (ABNT, 2007).
Mesmo tendo outros fatores que interferem na qualificação do concreto, o ensaio
de resistência à compressão é o mais utilizado, visto que o ensaio de uma pequena
amostra, revela as características reais de todo o concreto cuja a amostra foi retirada para
ser ensaiada.
Vários fatores podem afetar o ensaio de resistência à compressão e camuflar a
verdadeira resistência do concreto ensaiado, pois a reação do concreto aos esforços nele
aplicado não advém unicamente do esforço solicitado, e sim da relação dos fatores que
afetam a porosidade e conseguintemente as ligações entre os materiais constituinte do
concreto. (MEHTA & MONTEIRO, 1994).
1.2.3.1 Fatores que afetam a Resistência do Concreto
Como foi abordado anteriormente existem fatores que afetam os resultados dos
ensaios, além disso, a composição do concreto também pode variar os resultados do
ensaio, a granulometria e a porosidade dos agregados e o tipo de cimento empregado são
exemplos de composição que afetam a resistência do concreto.
A porosidade dos agregados é responsável pela aderência entre a massa de cimento
e os agregados, essa relação está diretamente ligada a sustentação do concreto.
Segundo Neville (1997), A granulometria do agregado não deve ser contínua, pôs
uma granulometria não contínua facilita o adensamento do agregado no concreto,
preenchendo todos os espaços vazios existentes, já uma granulometria contínua impede
que essa ação aconteça, deixando espaços vazios no concreto reduzindo assim a sua
resistência depois da cura.
E por fim o tipo de cimento, que pode alterar a sua resistência ou a características
desta dependo de qual tipo de cimento será utilizado.
Segundo Santos (2014), no ensaio de resistência à compressão existem outros
fatores que também podem alterar a resistência real do concreto, entre esses estão a
confecção dos Corpos de prova, a cura e o próprio ensaio feito de forma incorreta pode
afetar os resultados do ensaio.
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1.2 Procedimento de moldagem do corpo de prova
Mesmo com a norma regulamentando o procedimento correto para se fazer o ensaio
de resistência à compressão, vários erros afetam o resultado do ensaio, além da cura,
transporte incorretos estão o adensamento e o rasamento inadequado. Qualquer um
desses fatores pode modificar a resistência do concreto ensaiado.
O rasamento é o processo de raspagem do excesso do concreto fresco localizado
na superfície do corpo de prova. “Esse processo pode ser feito com uma régua metálica ou
uma colher de pedreiro apropriada.” (ABNT NBR 5738, 2015, p.5)
Conforme Menezes (2011), o rasamento é um processo que reduz a falta de
ortogonalidade das superfícies do corpo de prova, essa falta de ortogonalidade é um dos
principais fatores que afetam no rompimento precoce do concreto, pois a falta de
ortogonalidade concentra as tensões em apenas um ponto do corpo de prova, fazendo com
que o corpo de prova se rompa naquele ponto.
Existem técnicas apropriadas para deixar a superfície dos corpos de provas planas.
O objetivo principal de deixar as superfícies planas e sem vazios e a distribuição igualitária
das tensões que neles serão aplicado. Entre as técnicas para o nivelamento das superfícies
do corpo de prova estão o capeamento com Neoprene e a retificação de topo.
1.3 Nivelamento do topo do corpo de prova
Como foi dito anteriormente é muito importante que haja um nivelamento nos topos
dos corpos de provas. Segundo BEZERRA (2007), existem três principais sistemas de
revestimento, que são o sistema colado, o sistema não colado e o sistema de desgaste da
superfície. O capeamento serve para distribuir as tensões de forma igualitária na superfície
dos corpos de provas.
Segundo a NBR 5738/2015 o capeamento é o processo de planificação da superfície
do topo do corpo de prova com um material compatível quimicamente com o concreto, este
material deve ser aderente liso e ter a mesma resistência quanto à compressão que o
concreto, para que não influencie na resistência do concreto.
Cada capeamento tem seu modo particular de se comportar quando aderido ao
concreto, mais essas particularidades devem interferir menos possível no ensaio, ela deve
ser inerte e aderida de forma que não haja perca de resistência quanto ao corpo de prova.
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1.3.1. Neoprene
O Neoprene é um exemplo de capeamento. Ele é um material flexível e resistente,
muito usado na confecção de roupas para sufistas. Sua síntese se dá pela junção da
borracha expandida com um revestimento em um dos lados ou até dos dois.
Ele é usado no ensaio de resistência à compressão como uma forma de
capeamento, por se tratar de um material flexível, ele se adere nas imperfeições da
superfície do corpo de concreto e quando a tensão é aplicada sobre ele, todo o esforço
aplicado nele é transmitido para a superfície do concreto de forma uniforme.
1.4 Desgaste mecânico
O desgaste mecânico ou retificação também é uma forma de nivelamento usado nos
corpos de provas. Segundo a NBR 5738/2015, o sistema de desgaste mecânico ou
retificação de topo, consiste na remoção de uma fina camada de concreto da superfície do
corpo de prova, afim de nivelar a superfície do mesmo.
Conforme Ruduit (2006) alguns fatores influenciam na qualidade da retificação entre
eles estão, o tipo de concreto, a porosidade da amostra ensaiada e o tipo de máquina que
usada no procedimento.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho se trata de uma pesquisa experimental, que analisou a resistência à
compressão de corpos de provas de concreto com 7, 14 e 28 dias de idade, em cada idade
utilizando dois diferentes tipos de nivelamento das superfícies dos corpos de provas.
Para a realização do trabalho foram confeccionados 3 lotes de corpos de provas de
concreto, com 40 corpos de prova em cada lote em datas distintas, o primeiro lote foi
confeccionado no dia 01 de outubro, foi descartado por apresentar nicho nos corpos de
prova, o segundo lote confeccionado no dia 12 de outubro, foi o lote selecionado para dá
prosseguimento ao trabalho e o terceiro e ultimo lote foi confeccionado no dia 15 de outubro
apenas como lote reserva.
Na confecção dos corpos foram utilizada água, areia, brita e cimento com o traço em
massa de 1: 1,5: 2,5: 0,5 (Cimento: Areia: Brita: Água), e moldes cilíndricos de 10x20cm
de dimensão.
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Figura 1: Cimento sendo pesado para preparação do traço
Após a mistura foi realizado o slump test, no qual apresentou um valor de 10cm ±2
de deformação no concreto, em seguida ele foi introduzido dentro dos moldes cilíndricos
para confecção dos corpos de concreto.
Figura 2: Slump Test
Após a confecção dos corpos de provas com um correto adensamento foi retirado o
excesso de concreto que estava ultrapassando os limites do molde cilíndricos, feito isso os
corpos de provas foram levados para a cura inicial. Logo em seguida os corpos de provas
foram desmoldados e armazenados, o armazenamento dos corpos de provas foi realizado
em locais apropriado seguindo as orientações da NBR 5738/2015.
Figura 3: Corpos de provas moldado
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Figura 4: Cura dos corpos de provas
Após os sete dias iniciaram os ensaios de resistência à compressão axial, para a
realização dos ensaios foi necessária uma prensa hidráulica e para o nivelamento dos
corpos de provas necessitou-se de uma máquina retificadora com lâmina diamantada e
Neoprene, para realização do ensaio de compressão foi realizada uma parceria com a
Concregell, para o empréstimo da prensa hidráulica.
Figura 5: Ensaio de resistência à compressão axial
O ensaio de resistência à compressão foi executado inicialmente com 12 dos corpos
de provas com sete dias, posteriormente com 14 dias de vida foi realizado um novo ensaio
com mais 12 outros corpos de provas e por fim com 28 dias de vida o terceiro e último
ensaio com outros 12 corpos de provas, vale ressaltar que em cada lote ensaiado 6 dos 12
corpos de provas foram rompido com nivelamento de neoprene e os outros 6 foi apenas
retificado. O método que apresentar os maiores valores de resistência será considerado o
que melhor expressa a resistência do concreto para cada idade.
Com os valores obtidos nos ensaios, foram formulados gráficos para análise das
resistências, obtenção do desvio padrão, média e coeficiente de variação dos corpos de
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provas. A divisão do desvio padrão pela média da resistência dos corpos de provas é igual
ao coeficiente de variação.
A média dos ensaios é dada por:
����∑(��…�)�
O Desvio padrão é descrito da seguinte forma:
= �∑(���� − ���)²� − 1
E o coeficiente de variação é:
� = ���
3. RESULTADOS
Após os ensaios pode se obter os seguintes valores apresentados nas tabelas
abaixo.
As médias da resistência do concreto:
MATERIAL CP-I CP-II CP-III CP-IV CP-V CP-VI MÉDIA 7 DIAS NEOPRENE 22,19 22,66 22,66 22,8 22,8 23,1 22,70
RETIFICADO 18,01 18,15 21,62 22,01 22,05 22,05 20,65 MATERIAL CP-I CP-II CP-III CP-IV CP-V CP-VI MÉDIA 14 DIAS NEOPRENE 23,35 23,4 25,18 25,18 27,16 27,31 25,26
RETIFICADO 21,97 22,27 22,27 22,69 22,94 23,35 22,58 MATERIAL CP-I CP-II CP-III CP-IV CP-V CP-VI MÉDIA 28 DIAS NEOPRENE 33,07 33,44 32,29 32,47 33,38 32,94 32,93
RETIFICADO 30,03 30,05 30,17 30,28 30,31 30,37 30,20
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O Desvio padrão do ensaio com concreto:
Coeficiente de variação da resistência do concreto
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos mostram que nos ensaios de resistência a compressão axial
aos 07, 14 e 28 dias de idade, os corpo de provas onde se utilizaram a regularização da
superfície com o neoprene foram superiores aos ensaios com corpos de provas onde teve-
se a regularização da superfície por meio da retificação do topo. Entende-se que com esses
resultados a distribuição das tensões usando neoprene é mais eficaz do que nos corpos de
provas retificados.
33,07
33,44
32,2932,47
33,38
32,94
30,03 30,05 30,17 30,28 30,31 30,37
28
29
30
31
32
33
34
CP-I CP-II CP-III CP-IV CP-V CP-VI
Resistência do concreto com 28 dias
NEOPRENE
RETIFICADO
TIPO DE NIVELAMENTO Retificado Neoprene
DESVIO PADRÃO 7 DIAS 1,995 0,296
DESVIO PADRÃO 14 DIAS 0,228 2,676
DESVIO PADRÃO 28 DIAS 0,141 0,47
TIPO DE NIVELAMENTO Retificado Neoprene
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO 07 DIAS 9,66% 1,31%
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO 14 DIAS 1,01% 10,59%
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO 28 DIAS 0,47% 1,42%
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Observou-se que o concreto submetido ao nivelamento com neoprene alcançou
68,9% com 07 dias de cura, o retificado 68,7% não tendo diferença significativa. Já quando
analisado os resultados com 28 dias de cura úmida o ensaio com neoprene apresentou
valores de 8,3% maiores do que os ensaios com corpo de prova retificados.
O desvio padrão do ensaio com sete dias utilizando nivelamento de neoprene é
menor do que o retificado, fazendo com que o coeficiente de variação também seja menor.
Já com quatorze dias o desvio padrão do ensaio com neoprene é maior, conseguintemente
o coeficiente de variação também é maior, comparado ao ensaio utilizando retificação como
nivelamento.
Dessa maneira podemos concluir que o ensaio de resistência à compressão axial
utilizando o neoprene como nivelamento, apresenta valores superiores aos que foi utilizada
a retificação como forma de nivelamento. Os resultados também apontam que quanto maior
o tempo de cura do concreto mais cresce a diferença de resistência, deixando como
proposta para trabalhos futuros uma análise da dissipação de tensões nas superfícies dos
corpos de provas e sua influência na resistência final do concreto com diferentes tempos
de cura. E por fim a utilização dos dois métodos de regularização das superfícies de corpos
de provas são validos, pois a diferença de resistência não é tão considerável.
REFERÊNCIAS
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