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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL ESTUDO COMPARATIVO DO USO DE QUATRO BIOPRODUTOS DO CERRADO NO CONTROLE DA SARNA SARCÓPTICA EM SUÍNOS Adriana Marques Faria Orientador: Prof. Dr. Luiz Augusto Batista Brito GOIÂNIA 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

ESTUDO COMPARATIVO DO USO DE QUATRO BIOPRODUTOS DO

CERRADO NO CONTROLE DA SARNA SARCÓPTICA EM SUÍNOS

Adriana Marques Faria

Orientador: Prof. Dr. Luiz Augusto Batista Brito

GOIÂNIA

2013

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ADRIANA MARQUES FARIA

ESTUDO COMPARATIVO DO USO DEQUATRO BIOPRODUTOS DO

CERRADO NO CONTROLE DA SARNA SARCÓPTICA EM SUÍNOS

Dissertação apresentada para obtenção do

grau de Mestre em Ciência Animal junto

à Escola de Veterinária e Zootecnia

da Universidade Federal de Goiás

Área de Concentração:

Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Linha de Pesquisa:

Patologia animal, experimental e comparada

Orientador:

Prof. Dr.Luiz Augusto Batista Brito - EVZ/UFG

Comitê de Orientação:

Prof. ª Dr.ª Moema Pacheco Chediak Matos - EVZ /UFG

Prof.ª Dr.ª Veridiana Maria Brianezi Dignani de Moura - EVZ /UFG

GOIÂNIA

2013

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AGRADECIMENTOS

À minha família, por todo o carinho, suporte e ajuda que me foi

concedida, não só durante a confecção desse trabalho, mas sempre que me foi

necessário. Em especial à minha filha, Stella, que sempre entende as minhas

ausências e me recebe de braços abertos e o sorriso mais perfeito no rosto;

À minha família da patologia, Hugo, Júlia, Denise, Adriana, Ramon,

Hidelbrando, que estão sempre presentes nos momentos bons e ruins, é sempre

bom estar com vocês!

Aos meus amigos lindos e maravilhosos colegas de profissão, Lorena,

Itallo, Lorraine, Gustavo Henrique e Thiago que fizeram da graduação e do

mestrado um tempo de felicidade e de muita qualidade também;

Às minhas melhores amigas Maria Clara e Thaís pela presença e

amizade de irmã desde o início das minhas lembranças;

Ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Augusto Batista Brito, pelo carinho e

oportunidade de realização do mestrado, além da ajuda na confecção desse

trabalho;

Às minhas co-orientadoras, Prof.ª Dr.ª Moema Pacheco Chediak Matos

e Veridiana Maria Brianezi Dignani de Moura pela ajuda na realização desse

trabalho, especialmente à professora Moema que com todo o carinho me ensinou

e me guiou em diversos momentos em que precisei;

Aos colegas do Setor de Patologia Animal, especialmente Aline,

Natália, Rakel e Lorena, que compartilharam momentos de aprendizado ou

mesmo de dificuldades, podendo ainda tornar o dia-a-dia mais divertido e mais

aproveitável;

Às professoras doutoras do Setor de Patologia Animal, Ana Paula

Iglesias Santin e Regiane Nascimento Gagno Porto pelo excelente convívio

durante todos esses anos e por me receberem sempre com a maior disposição e

atenção;

Ao LPPN, pela ajuda e fornecimento de todos bioprodutos necessários

à realização desse trabalho, principalmente ao Prof. Dr. Edemilson Cardoso da

Conceição e à mestranda Natasha Cardoso que foram sempre muito prestativos

e clarearam muitas das minhas dúvidas;

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Aos técnicos, Antônio Souza da Silva pela ótima convivência e ensinos

nos últimos anos; Helton Freires Oliveira pelo auxílio, paciência e ensino

incomparáveis; Lorena Cintra, pela ótima convivência, amizade e confecção das

lâminas;

Ao proprietário da Estância Ciranda, Senhor Antônio Júlio, por

conceder prontamente a propriedade e os animais para a realização do

experimento;

Aos funcionários da Estância Ciranda, especialmente o Gerente da

Granja Luiz Antônio, por nos ajudar sempre que necessário e facilitar a realização

desse trabalho de maneira prodigiosa;

À CAPES pela bolsa fornecida durante todo o período do mestrado;

Ao CNPQ pelo financiamento essencial à realização de todo o projeto;

À Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás,

pela formação profissional e por ter me abrigado durante tanto tempo;

À coordenação da Pós-graduação pelas boas condições fornecidas

para a realização deste estudo;

Aos amigos, parentes, colegas e anônimos que de alguma forma

puderam contribuir para a realização desse trabalho e tornaram minha vida mais

completa e feliz;

A todos vocês e muitos outros mais, um agradecimento sincero e de coração.

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“Eu busco meu caminho

Eu busco meu caminho para algo

Eu busco meu caminho para algo melhor

Eu me forço a ficar

Eu me forço a ficar para algo

Eu me forço a ficar para algo melhor

Eu planto as sementes

Eu planto as sementes que tenho

Eu planto as sementes que considero verdadeiras

Este espinho em mim

Este espinho em mim é de uma árvore

Este espinho em mim é de uma árvore que plantei

Isso me corta e eu sangro

E eu sangro.”

James Hetfield

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS .......................................................... 1

1. Introdução........................ ................................................................................... 1

2. Morfofisiologia do Sistema Tegumentar ............................................................. 3

3. Sarna sarcóptica ................................................................................................ 5

3.1 Sarcoptes scabiei ............................................................................................. 6

3.2 Sintomatologia clínica e diagnóstico................................................................. 8

4. Tratamento convencional com Ivermectina ...................................................... 10

5. Viabilização de fitoterápicos do cerrado no controle e tratamento da sarna

sarcóptica ............................................................................................................. 11

5.1 Barbatimão ..................................................................................................... 12

5.2 Copaíba................................ .......................................................................... 13

5.3 Pacari..................................................................................................... ......... 14

5.4 Sucupira............................................................................................. ............. 15

6. Justificativa e objetivo ...................................................................................... 16

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 16

CAPÍTULO 2 - ESTUDO IN VITRO DA ATIVIDADE ACARICIDA DOS EXTRATOS

ETANÓLICOS DE BARBATIMÃO, E PACARI, E ÓLEORRESINAS DE COPAÍBA

E SUCUPIRA. ...................................................................................................... 24

INTRODUÇÃO................................................................................ ...................... 26

MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 27

Teste de atividade acaricida in vitro ..................................................................... 28

Analise estatística ................................................................................................ 29

RESULTADOS....................................................................................................... 30

DISCUSSÃO.......................................................................................... ............... 34

CONCLUSÃO................................................... .................................................... 37

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 38

CAPÍTULO 3 - BIOPRODUTOS DO CERRADO NO CONTROLE DA SARNA

SARCÓPTICA EM SUÍNOS NAS FASES DE CRESCIMENTO E REPRODUTIVA.

...............................................................................................................................43

INTRODUÇÃO................................................................................ ...................... 45

MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 46

Suínos em fase de crescimento ........................................................................... 47

Suínos em fase de reprodução ............................................................................ 47

Administração dos tratamentos ............................................................................ 47

Avaliação clínica. .................................................................................................. 49

Avaliação microscópica ........................................................................................ 50

Análises Estatísticas............................................................................................. 50

RESULTADOS............. ........................................................................................ 51

Suínos em fase de crescimento ........................................................................... 51

Suínos em fase reprodutiva .................................................................................. 50

DISCUSSÃO.......................................................................................................... 59

CONCLUSÕES..................................................................................................... 62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... .................................................................. 62

CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................... 66

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS

FIGURA 1 - Esquema representativo do tegumento, evidenciando epiderme,

derme e anexos cutâneos. EC: estrato córneo, EL: estrato lúcido,

EG: estrato granuloso, EB: estrato basal, EE: estrato espinhoso,

DS: derme superficial. ................................................................... 4

FIGURA 2 - Representação esquemática do ciclo de vida do ácaro Sarcoptes

scabiei na epiderme de hospedeiro, mostrando as formações em

galerias. ........................................................................................ 7

CAPÍTULO 2 - ESTUDO IN VITRO DA ATIVIDADE ACARICIDA DOS EXTRATOS

ETANÓLICOS DE BARBATIMÃO, E PACARI, E ÓLEORRESINAS DE COPAÍBA

E SUCUPIRA.

FIGURA 1 - Placas de petri com diferentes soluções e emulsões-teste e suas

respectivas identificações.................................................................28

FIGURA 2 - Fotografia de exemplares de Sarcoptes scabiei em

esteromicroscópico (setas pretas). ......................................... 29

FIGURA 3 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes

concentrações de óleorresina de Copaíba, água destilada e Tween

20. ................................................................................................... 31

FIGURA 4 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes

concentrações de óleorresina de Sucupira, água destilada e Tween

20. ................................................................................................... 32

FIGURA 5 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes

concentrações de extrato etanólico de Pacari, água destilada e

Tween 20. ..................................................................................... 33

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FIGURA 6 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes

concentrações de extrato etanólico de Barbatimão, água destilada

e Tween 20. .................................................................................. 34

CAPÍTULO 3 - BIOPRODUTOS DO CERRADO NO CONTROLE DA SARNA

SARCÓPTICA EM SUÍNOS NAS FASES DE CRESCIMENTO E REPRODUTIVA.

FIGURA 1 - Administração de bioprodutos em suínos. A: Crostas na região

auricular. B: Crostas no Glúteo. C: Linha dorsal. D: Região dorsal

de animal após aplicação de bioproduto ..................................... 48

FIGURA 2 - Escore de dermatite em suínos. Fonte: Adaptado de

SOBESTIANSKY et al. (2012). ................................................. 49

FIGURA 3 - Suíno, leitão. Biopsia de pele por punch de 5mm. A: Inserção de

punch na pele. B: Excisão de fragmento de pele. C: Fragmento

de pele em evidência. D: Biopsia de pele, antes (seta branca) e

após o período de tratamento (seta preta). ............................... 50

FIGURA 4 - Suínos, leitões com sarna sarcóptica, grupo Sucupira antes e após

o tratamento: A: Pápulas na região dorso-cervical, grau 2 no

escore de dermatite. B: Pápulas na região ventral e do membro

anterior esquerdo, grau 1 no escore de dermatite. ..................... 51

FIGURA 5 - Suínos, leitão com sarna sarcótica, grupo GIv1 antes e após o

tratamento. A: Pápulas na região dorso-cervical, grau 1 no

escore de dermatite. B: Ausência de pápulas, grau 0 no escore

de dermatite. ............................................................................. 52

FIGURA 6 - Fotomicrografia de tegumento de suíno, evidenciação do ácaro e

reação inflamatória predominantemente eosinofílica, coloração

HE, objetiva 40x. ......................................................................... 54

FIGURA 7 - Suíno adulto com sarna sarcóptica, grupo Ivermectina2. A: Lesões

crostosas na região do glúteo e cauda, antes do tratamento. B:

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Lesões crostosas na região do glúteo e cauda, após o tratamento.

.................................................................................................... 55

FIGURA 8 - Suíno adulto com sarna sarcóptica, grupo Pacari2. A: Lesões

crostosas na região dorso-cervical, antes do tratamento. B:

Lesões crostosas na região dorso-cervical, após o tratamento .. 55

FIGURA 9 - Suíno adulto com sarna sarcóptica, grupo Sucupira2. A: Lesões

crostosas na região do glúteo esquerdo, antes do tratamento. B:

Lesões crostosas na região do glúteo esquerdo, após o

tratamento. .................................................................................. 56

FIGURA 10 - Fotomicrografia de tegumento de suínos adultos com sarna

sarcóptica, grupo Sucupira2, coloração HE. A: Infiltrado

inflamatório, antes dos tratamentos, 10x. B: Infiltrado

inflamatório, após os tratamentos, objetiva 10x. ....................... 57

FIGURA 11 - Fotomicrografia de tegumento de suínos adultos com sarna

sarcóptica, grupo Pacari2, coloração HE. A: Hiperplasia

epidérmica moderada, hiperqueratose moderada, antes dos

tratamentos, objetiva10x. B: Hiperplasia epidérmica discreta,

hiperqueratose discreta, após os tratamentos, objetiva 10x. .... 58

FIGURA 12 - Fotomicrografia de tegumento de suínos adultos com sarna

sarcóptica, grupo Sucupira2, coloração HE. A: Contaminação

secundária, antes dos tratamentos, objetiva 10x. B: Ausência de

contaminação secundária, após os tratamentos, objetiva 10x. . 58

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Diluições das soluções-teste Lafoensia pacari A.St.-Hil e

Stryphnodendron adstringens Mart e emulsões-teste de Pterodon

emarginatus. Vogel 1837 e Copaifera sp, com respectivas

legendas indicando suas concentrações......................................28

TABELA 2 - Percentual de mortalidade acumulada de ácaros fêmea adulta de

Sarcoptes scabiei em bioensaio in vitro de acordo com as

concentrações de cada fração botânica em triplicata.

........................................................................................................30

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RESUMO

Na produção de suínos, a sarna sarcóptica é uma doença oportunista que gera

extensas perdas indiretas como depreciação da pele, gastos excessivos com

medicamentos e desinfecção, além de redução na conversão alimentar. A

utilização de tratamentos fitoterápicos é uma alternativa para evitar a resistência

dos agentes patogênicos a fármacos convencionais e a contaminação ambiental,

entre outros fatores. O descobrimento de novas substâncias faz-se necessário

encontrar alternativas terapêuticas aos tratamentos convencionais. Para testar

novas substâncias e avaliar o seu potencial acaricida frente ao ácaro Sarcoptes

scabiei foi realizado estudo em duas etapas. A primeira foi baseada no bioensaio

in vitro utilizando o ácaro S. scabiei como micro-organismo teste. Fez-se o teste e

a comparação da atividade acaricida de espécies botânicas: Stryphnodendron

adstringens Mart., Copaifera sp., Lafoensia pacari A.St.-Hil., e Pterodon

emarginatus. Vogel 1837. Para isso, foi colhido crostas do pavilhão auricular de

matrizes suínas que apresentavam alto grau de infestação por S. scabiei. Os

ácaros foram selecionados e separados em placas de petri contendo as

bioprodutos em triplicatas, em diferentes concentrações, para avaliar a provável

atividade acaricida de cada uma. Foram contabilizadas as mortalidades dos

ectoparasitos em cada placa de petri num período total de 6 horas. A análise

estatística demonstrou diferença significativa entre as espécies botânicas

testadas, sendo que os óleorresinas de Copaifera sp. e de Pterodon emarginatus.

Vogel 1837 apresentaram os melhores resultados com mortalidade de até 100%

dos ácaros. Os extratos etanólicos de Stryphnodendron adstringens Mart. e de

Lafoensia pacari A.St.-Hil. demonstraram menor atividade em relação aos

óleorresinas, porém, superior as dos grupos controle testados. O bioensaio in vitro

demonstrou ser um teste eficaz, confiável, de baixo custo e de fácil execução. A

segunda etapa deste estudo foi realizada em uma granja comercial de suínos,

que apresentava alta infestação pelo ácaro, onde testou-se os bioprodutos do

cerrado Stryphnodendron adstringens Mart., Copaifera sp., Lafoensia pacari A.St.-

Hil., e Pterodon emarginatus. Vogel 1837 para o tratamento da sarna sarcóptica

em suínos. Foram selecionados 42 suínos em fase de crescimento e

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posteriormente 16 suínos em fase reprodução, para avaliação macro e

microscópica de lesões cutâneas antes e após os tratamentos. Os animais foram

avaliados clinicamente e os fragmentos de pele foram colhidos antes e após o

tratamento para comparação. Conclui-se que o extrato etanólico de Lafoensia

pacari A.St.-Hil. e óleorresinas de Copaifera sp. e Pterodon emarginatus. Vogel

apresentaram efeitos favoráveis na redução do índice de prurido e escore de

dermatite, resultando em considerável decréscimo no acometimento da epiderme

e derme, o que pode ser confirmado pelos resultados histológicos. De acordo com

a análise estatística não houve diferença entre os grupos e parâmetros

observados. No entanto, se observou uma forte tendência à contaminação

secundária na derme de animais não tratados.

Palavras-chave: Bioensaio; Sarcoptes scabiei; produtos do cerrado; leitões;

matrizes, cachaços; escabiose.

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ABSTRACT

In present Day, the bioproducts are used as an alternative treatment to avoid

factor as resistance of pathogenic agents to conventional drugs and environmental

contamination. The discovery of new substances is necessary to find therapeutic

alternatives to the conventional treatments. To test new substances and evaluate

their acaricidal potencial in relation to the mite Sarcoptes scabiei, it was realized a

study divided in two stages. The first was based in a in vitro bioassay using S.

scabiei as a test microorganism This work had as main object, to test and

compare the acaricidal activity of four bioproducts: Stryphnodendron adstringens

Mart.; Copaifera sp., Lafoensia pacari A.St.-Hil and Pterodon emarginatus. Vogel

1837. Crusts of the ear pinna of highly infected with S. scabiei sows, were

colected to perform this test. The mites were selected and separated in petri

dishes that contained the bioproducts in triplicates, with different concentrations, to

evaluate potential acaricidal activity of each one. The mortality of the mites was

counted in every petri dish for five hours straight. The statistical analyses

demonstrated differences between the bioproducts tested, the oleoresin of

Copaifera sp. and Pterodon emarginatus. Vogel 1837. presented the best results

with mortality as high as 100% of the mites. The ethanolic extracts of

Stryphnodendron adstringens Mart.and Lafoensia pacari A.St.-Hil demonstrated

lower acaricidal activity when compared to the ones founded in the oleoresins,

tough it was superior to the control groups tested. The in vitro bioassay

demonstrated to be an efficient, reliable, low cost and easy accomplishment.The

second stage of this study was conducted in a comercial pig farm, which

presented animals that were highly infected with the mite, where it was tested the

savanna bioproducts Copaifera sp., Lafoensia pacari A.St.-Hil and Pterodon

emarginatus. Vogel 1837 to treat the sarcóptica mange in the animals. First, it

were selected 42 piglets and than 16 sows and boars to evaluate macro and

microscopically of lesions before and after the treatments. The animals were

clinically evaluated and skin fragments were obtained before and after treatments

to compare. The Ivermectin demonstrated to be highly efficient in piglets with mild

case of the disease, while in the older animals in reproduction phase; there were

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reduction of the lesions in the skin but no resolution of the disease. It was

observed that the ethanolic extract of Lafoensia pacari A.St.-Hil and oleoresin of

Pterodon emarginatus Vogel 1837 presented substantial effects in the treatment of

the disease in animals in the reproduction phase, where there were reduction in

the affection of the skin macroscopically, as it was observed too in the epidermis

and dermis in the histological analyses. According to statistical analyses there was

no difference between the groups or the parameters observed. However, it was

observed a strong tendency to secondary contamination in the dermis of the

untreated animals.

Keywords: Bioassay; Sarcoptes scabiei; savanna products; piglets; boars; sows;

scabies.

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CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS

1 INTRODUÇÃO

A carne suína é a fonte de proteína animal mais consumida no mundo,

sendo responsável por substancial produção e demanda de produtos na

atualidade. Ao contrário das populações asiática, europeia e norte-americana, no

Brasil o consumo de carne suína ainda é reduzido quando comparado com outras

carnes como as de aves e bovina. A falta de uma base sólida no mercado interno,

a crescente dependência nas exportações concentradas em poucos parceiros

comerciais e o aumento nos custos de insumos, associados aos problemas

sanitários no rebanho e as barreiras comerciais geram quadro de incerteza futura

e maior pressão competitiva no país. No entanto, as estatísticas mais recentes,

veem demonstrando um crescimento exponencial tanto do consumo interno,

quanto da produção e exportação de carne suína na última década (ABIPECS,

2011).

A partir da consolidação do melhoramento genético, do avanço

sanitário, do manejo sanitário e nutricional, a produção de carne suína vem

crescendo praticamente de forma ininterrupta desde a década de 80. A

competitividade da produção suína é decorrente de melhorias contínuas na

produtividade, ambiente e gestão do empreendimento (DIAS et al., 2011).

No Brasil, a produção de suínos é uma atividade cíclica, visto que

alterna períodos de alta e baixa rentabilidade, definidos pelo trinômio preço do

milho, do farelo de soja e do suíno (ROCHA et al., 2007). A suinocultura brasileira

é uma atividade importante na geração de trabalho e renda não só no meio rural,

mas também nas áreas urbanas emergentes. O fato de mais de 70% da produção

suinícola ser destinada ao processamento industrial gera um efeito multiplicador

em outros setores da economia, com forte reflexo no meio urbano (TALAMINI et

al., 2005).

Nos dias atuais, a atividade passa por um processo de adaptação às

exigências do mercado consumidor, preocupando-se cada vez mais com

segurança alimentar, restrição ao uso de antimicrobianos, proteção ambiental e

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conceitos de bem-estar animal. A necessidade crescente da instalação de

cadeias de produção de suínos com padrão de qualidade definido, contemplando

a rastreabilidade dos animais e produtos cárneos que sejam seguros do ponto de

vista alimentar, ambientalmente sustentável, com respeito ao bem-estar animal,

baseia-se nas expectativas e exigências do consumidor nos últimos anos (DIAS et

al., 2011).

O bem-estar animal é incorporado a uma busca por alimento de origem

animal sem resíduos, e tem se tornado tema de discussões pelo mundo,

principalmente na Europa. No Brasil, o tema também tem ganhado espaço nas

discussões entre os produtores ou suas associações, onde se buscam

alternativas ao sistema atual de produção, como a do suíno orgânico ou o uso de

medicamentos fitoterápicos em substituição aos industrializados. Os produtos

orgânicos vêm ganhando espaço mundialmente devido ao apelo por alimentos

mais saudáveis, especialmente com menor contaminação por resíduos químicos.

No nosso país, embora o poder aquisitivo da população seja um entrave para a

expansão da produção orgânica, se apenas 1% da população consumir carne

suína orgânica in natura ou processada, pode-se estimar uma demanda mensal

de 50 mil suínos orgânicos abatidos (LUDKE et al., 2004).

No Brasil, a qualidade da carne suína, em termos organolépticos (cor,

sabor, odor e textura) já é bem reconhecida, sendo que o diferencial agora está

no desenvolvimento de métodos para obtenção do reconhecimento pela

qualidade ética dos produtos, que, em outras palavras, significa respeito ao meio

ambiente, sustentabilidade e bem-estar animal (BNDES, 2011).

Em sistemas intensivos de produção de suínos a sarna sarcóptica

representa uma doença de alta relevância em saúde animal pela significativa

morbidade em animais domésticos, selvagens e de produção. O ácaro Sarcoptes

scabiei variedade suis é o causador de sarna sarcóptica em suínos, sendo

considerado o ectoparasita de destaque na produção suinícola por determinar

extenso acometimento da pele dos animais entre outras ações prejudiciais. Os

suinocultores geralmente ignoram essa infestação na granja, mas suas perdas

indiretas podem ocasionar intenso prejuízo econômico (DAS et al., 2010).

A suinocultura é uma atividade que demanda grande quantidade de

fármacos e outros agentes antimicrobianos para no intuito de se tornar rentável

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aos produtores de suínos. As pesquisas na área de sanidade de suínos,

especialmente direcionados ao entendimento e controle de doenças zoonóticas,

são de grande importância para a área de produção desses animais e,

consequentemente, para a qualidade do produto destinado ao consumidor final

(SILVA, 2005).

2. MORFOFISIOLOGIA DO SISTEMA TEGUMENTAR

O tegumento é o maior órgão do organismo, composto pela pele e seus

anexos, constitui 16% do peso corpóreo animal. É caracterizado como um órgão

de revestimento, atuando como barreira mecânica entre o ambiente externo e

interno (GARTNER & HIATT, 2007). Histologicamente o tegumento é composto

principalmente por duas camadas distintas, conhecidas como epiderme e derme

separadas pela lâmina basal (Figura1) (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999).

A epiderme é uma estrutura avascular originária do ectoderma,

formada por tecido epitelial estratificado pavimentoso queratinizado, constituindo

a camada mais externa da pele. Os tipos celulares predominantes nessa camada

são principalmente os queratinócitos, seguido dos melanócitos e células de

Langerhans, que compõem os estratos epidermais. Estes são distribuídos em

cinco estratos de acordo com o formato de suas células, denominados a partir da

derme para o meio externo, respectivamente, estratos basal, espinhoso,

granuloso, lúcido e córneo (MILLS, 2007).

A derme é uma estrutura de origem mesodérmica, formada

principalmente por tecido conjuntivo localizado na região mais interna do órgão.

Esta é a porção vascular do tegumento que confere sustentabilidade a epiderme e

vitalidade a todo o tecido. É constituída pela camada papilar, imediatamente

abaixo da epiderme, e a camada reticular, mais densa e mais profunda. Nestas,

encontram-se inseridos vasos sanguíneos, linfáticos, fibras protéicas, glândulas,

folículos pilosos, músculos eretores do pêlo, nervos e órgãos sensoriais

associados (GARTNER & HIATT, 2007).

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FIGURA 1 - Esquema representativo do tegumento, evidenciando epiderme,

derme e anexos cutâneos. EC: estrato córneo, EL: estrato lúcido,

EG: estrato granuloso, EB: estrato basal, EE: estrato espinhoso,

DS: derme superficial. Fonte: Adaptado de HARGIS & GINN

(2009).

Este órgão de importância vital compreende a primeira linha de defesa

do organismo, tanto nos seres humanos quanto nos animais visto que

desempenha uma série de funções primordiais para a manutenção da fisiologia

animal, protegendo o organismo contra a penetração de agentes externos e

injúrias físicas, químicas ou microbiológicas (ABBAS et al., 2012).

As células de Langherhans são apresentadoras de antígenos da

epiderme, funcionam como células imunológicas reconhecendo antígenos e os

apresentando a linfócitos T. Os melanócitos produzem melanina que fica

estocada em melanossomas, e posteriormente, estes são transportados a

queratinócitos adjacentes, onde podem proteger o organismo contra efeitos

deletérios da radiação solar. Os queratinócitos são responsáveis pelo processo de

queratinização, bastante importante na impermeabilidade da pele a diversas

substâncias e microorganismos. Quando adequadamente estimulada ou se há

alguma injúria na epiderme é capaz de produzir moléculas pró-inflamatórias com

atividade direta na derme (MILLS, 2007).

A derme também possui funções imunológicas, pois em sua

composição natural possui células dendríticas, linfócitos, mastócitos, macrófagos

EC

EL

EG

EB

EE

EPIDERME

DERME

DS

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teciduais e outros leucócitos migrantes. Os linfócitos intradermais residentes

compreendem 2% da população total de linfócitos maduros no organismo. Os

mastócitos são elementos essenciais para desencadear a inflamação na derme,

estes secretam o fator de necrose tumoral α (TNF- α), que induzirá a adesão de

moléculas específicas, necessárias na sinalização inicial da inflamação e na

atração de células imunes como linfócitos T e macrófagos para o local

correspondente (RAO, 2010).

Pela sua extensão e localização anatômica o tegumento é exposto,

frequentemente, a ação de inúmeros agentes lesivos que rompem e danificam

sua estrutura, podendo ainda servir de porta de entrada à patógenos até a

corrente sanguínea e outros tecidos normalmente menos expostos (BLANES,

2004).

3. SARNA SARCÓPTICA

Em 1687, os italianos Giovan Cosimo Bonomo e Diacinto Cestoni

descreveram pela primeira vez a relação entre um micro-organismo e as lesões

de pele típicas provocadas por sua infestação, a sarna sarcóptica. O primeiro

relato demonstrando a possibilidade de uma doença ser causada por um

organismo microscópico foi o da sarna sarcóptica (HEUKELBACH & FELDMEIER,

2006).

A sarna sarcóptica é a doença causada pela invasão, presença e

reprodução dos ácaros Sarcoptes scabiei na epiderme dos animais domésticos e

silvestres. É bastante contagiosa, sendo que todos os estágios evolutivos são

parasitas e encontram-se no hospedeiro, com curta sobrevivência no ambiente

(GODDARD, 2003).

É causada por diferentes variedades de Sarcoptes scabiei, que

recebem a denominação conforme o hospedeiro que estão parasitando. É uma

ectoparasitose profunda e as fêmeas de S. scabiei formam galerias na epiderme

de diversos mamíferos domésticos, silvestres e inclusive do homem

(LJUNGGREN, 2005).

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Embora diversos mamíferos possam ser infestados pelo ácaro, a

infecção cruzada entre diferentes espécies de hospedeiros é limitada, originando

um quadro de dermatite localizada, autolimitante e de cura espontânea

(HEUKELBACH & FELDMEIER, 2006).

3.1 Sarcoptes scabiei

Ácaros são seres microscópicos que pertencem à ordem Acarina,

classe Arachnida, subfilo Chelicerata do filo Arthropoda. A sua diversidade de

espécies e abundância é incomparável, e possui supremacia em relação aos

insetos e outros artrópodes devido ao seu poder de dispersão, adaptabilidade,

hábitos alimentares, fecundidade e vários modos de reprodução. Essas criaturas

singulares tem distribuição universal podendo estar presente tanto em lugares

inimagináveis, como desertos e em água salgada, quanto na matéria orgânica e

parasitando animais (CHHILLAR et al. 2007).

Considerado um dos grupos de maior heterogeneidade no planeta, os

ácaros ultrapassam 45.000 espécies identificadas, com estimativas de que

possam existir mais de 500.000 (ADIS, 2001). Dentro de tamanha variedade

apenas três subordens são parasitas de animais vertebrados: Mesostigmata;

Acaridida e Actinedida. A subordem Acaridida é constituída por três famílias,

Acaridae, Pyroglyphidae e Sarcoptidae (VARMA, 1995). A última família é a de

maior relevância e destaque na qual se encontra o principal ácaro de interesse

econômico e em saúde pública na atualidade: Sarcoptes scabiei.

O nome do gênero, Sarcoptes, é advindo do grego sarx, que significa

pele, e koptein, que significa cortar. O nome da espécie, scabiei, advém do latim

scabere, que significa arranhar (HENGGE et al., 2006). Os ácaros dessa espécie

possuem o corpo arredondado, medindo 0,2 - 0,5 mm, com quatro pares de patas

curtas, que não ultrapassam as bordas do corpo e na região dorsal apresentam

numerosas estrias transversais, espinhos e escamas angulares. Considerados

ácaros “astigmatas”, diferem da grande maioria de outras espécies do grupo pelo

fato de não possuírem aparelho respiratório ou stigma, sendo assim, suas trocas

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gasosas ocorrem prioritariamente pelo tegumento por meio de difusão simples

(EVANS, 1992).

No ciclo evolutivo, a fêmea adulta invade a epiderme e o macho

explora a pele a procura de uma fêmea não fertilizada. As fêmeas sobrevivem por

quatro a seis semanas no hospedeiro. A oviposição se dá no interior dos túneis

escavados na epiderme, as larvas hexápodes eclodem em três ou quatro dias.

Estágios ninfais (protoninfa e tritoninfa) e adultos são semelhantes de acordo com

o número de patas, e sua distinção é feita por tamanho e outras características

morfológicas específicas (MCCARTHY et al., 2003).

FIGURA 2 - Representação esquemática do ciclo de vida do ácaro Sarcoptes scabiei

na epiderme de hospedeiro, mostrando as formações em galerias.

Fonte: Adaptado de LJUNGGREN (2005).

Os ácaros vivem exclusivamente na superfície ou em túneis no interior

da epiderme, tendo uma sobrevida de aproximadamente um mês no hospedeiro e

poucos dias no ambiente devido a sua alta susceptibilidade ao dessecamento

(LJUNGGREN, 2005).

Sua especificidade quanto ao seu parasitismo é qualificada por muitos

cientistas como subespécies ou raças, visto que não apresentam diferenças

morfológicas ou genéticas entre si, e por isso recebem a denominação conforme

o hospedeiro que estão parasitando (GODDARD, 2003).

OVO

LAR

VA

NINFA

ADULTOS

ADULTOS

2-3 SEMANAS

SEMANA 0

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3.2 Sintomatologia clínica e diagnóstico

Os sinais clínicos observados na sarna sarcóptica são lesões máculo-

papulares esparsas localizadas nas regiões de pele hirsuta. Prurido intenso

evidente, com consequente arranhadura, escoriação e inflamação da pele. As

regiões mais acometidas são em torno dos olhos, nariz, orelhas, axilas e nas

zonas de pele mais fina (SOBESTIANSKY et al., 2012). Essa sintomatologia é

causada pela presença do ácaro na pele e as substâncias autógenas (excretas,

saliva) que libera durante a invasão da epiderme e subsequente desenvolvimento

no hospedeiro (WALTON & CURRIE, 2007), ativando resposta imunológica

humoral e celular simultaneamente (ABBAS et al, 2012).

A avaliação de lesões papulosas em carcaças no abatedouro também

é um método para avaliar a prevalência e a severidade da sarna sarcópica em

suínos principalmente em abatedouros. O método da análise através de um

escore de lesões foi descrito por POINTON et al, (1992), no qual as categorias

são definidas de acordo com a severidade das dermatites, com escores de lesão

variando de 0 – 3, ausência de lesões a lesões severas e generalizadas

(SOBESTIANSKY, et al., 2012).

A forma hiperqueratótica, encontrada em animais com seis meses ou

mais é causada pelo mesmo agente etiológico, mas proporciona sinais clínicos

diferenciados dos comumente observados na doença, com aparecimento de pele

áspera e seca, recoberta com crostas e formando pregas grandes, o que confere

à pele um aspecto espessado (FERREIRA, 2010). É caracterizada por uma

infestação que pode chegar a milhões de ácaros por hospedeiro, que se

desenvolvem e se mantém no interior de crostas de pele hiperqueratótica. A

distribuição das lesões é vista principalmente nas extremidades do corpo e

ocasiona prurido intenso. A fisiopatologia dessa variante da doença ainda não é

bem compreendida, sendo relatada uma hiperproliferação da epiderme,

proliferação e hiperpermeabilidade de capilares dérmicos e infiltrado inflamatório

composto por eosinófilos e linfócitos T (WALTON et al, 2008).

A prevalência da sarna sarcóptica nos diferentes países é muito

variável, diversos cientistas relatam que esse dado é normalmente subestimado

devido ao difícil diagnóstico conclusivo da doença (GALUPPI et al., 2007).

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Os sinais da infestação, apesar de característicos e de grande

relevância clínica, podem não ser suficientes para estabelecer um diagnóstico

conclusivo da doença. Existem várias provas específicas, com evidente custo e

grau de dificuldade elevado. Diante dos estudos atuais, um raspado de pele

adequado com consequente observação de ácaros à microscopia óptica é o

método diagnóstico mais acurado, de fácil realização e de predileção para que os

profissionais da área identifiquem a doença (MORA, 2008).

O índice de prurido (IP) é um método simples e acurado de detectar a

presença e mensurar a gravidade da sarna em propriedades suinícolas. O IP

baseia-se na observação durante 15 minutos, no mínimo, de 25 a 30 animais em

uma mesma sala e anotar todos os episódios de coçar (SOBESTIANSKY et al.,

2012).

Dados obtidos de países de zonas climáticas temperadas indicam que

a incidência de sarna é maior no inverno em relação ao verão, provavelmente por

causa da aglomeração física dos indivíduos durante a estação fria e porque os

ácaros não suportam altas temperaturas por muito tempo. Em áreas com pouca

variação de temperatura ao longo do ano, como Brasil, Bangladesh e Gambia, a

incidência de sarna sofre pouca alteração independente da estação

(HEUKELBACH & FELDMEIER, 2006).

A sarna sarcóptica é uma doença negligenciada mundialmente e de

problemática evidente em saúde pública pelos surtos endêmicos e epidêmicos,

causando baixa mortalidade e alta morbidade, predispondo, via de regra,

infecções secundárias em animais imunossuprimidos e sadios (HEUKELBACH &

FELDMEIER, 2006). Em diversas regiões do globo, as complicações ocasionadas

pela doença são frequentes e consideradas graves, isso porque em determinados

países é a principal porta de entrada pra as “superbactérias” no organismo

(ALASAAD et al., 2011).

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4. TRATAMENTO CONVENCIONAL COM IVERMECTINA

A Ivermectina é um fármaco cuja descoberta teve início em meados da

década de 70, quando um microorganismo, Streptomyces avermitilis (mais tarde

renomeado de S. avermectinius), com potente bioatividade foi isolado em território

japonês. Após a sua utilização em reações de fermentação com sucessivas

liberações de substâncias previamente desconhecidas, foi isolado o componente

ativo e nomeado de avermectina (a sem + verm verme + ect ectoparasita + in

produto farmacêutico) (ÕMURA, 2008).

Pela fermentação do S. avermitilis são produzidos oito tipos de

avermectinas: A1a, A1b, A2a, A2b, B1a, B1b, B2a, e B2b (SILVA, 2008). Segundo

SHOOP & SOLL (2002), devido ao amplo espectro de parasitos suscetíveis e a

elevada eficácia, as avermectinas do tipo B1a são as de maior eficácia

antiparasitária, porém, em escalas industriais a separação do grupo B1a e dos

outros grupos é inviável. Dessa forma, os produtos comerciais são uma mistura de

90% do grupo A e 10% do grupo B, sendo a atividade biológica destes dois

homólogos quase idêntica.

A Ivermectina (22, 23-dihydro-avermectinB1) é o primeiro e principal

produto comercializado desse extenso grupo até os dias atuais. É um produto

autorizado desde 1981 para uso em animais e desde 1987 em humanos,

apresentando alta tolerância, efeito prolongado após sua administração e amplo

espectro de ação antiparasitário (YANG, 2012).

O mecanismo de ação desse grupo é baseado na sua interação com

os canais de cloro do tecido nervoso e resultam em interferência na transmissão

das sinapses, paralisia e morte do parasito. Também é observado, que as

avermectinas estimulam a liberação pós-sináptica de um neurotransmissor

específico, o ácido gama amino butírico (GABA), e aumentam a ligação aos seus

receptores pós-sinápticos. O GABA é um neurotransmissor inibitório das

respostas motoras em artrópodes e nematelmintos (ROCK, 2007). Assim, as

avermectinas causam bloqueio neuromuscular, resultando em paralisia flácida e

eventual morte do parasito (MCKELLAR & BENCHAOUI, 1996). Nos mamíferos,

apresentam boa margem de segurança pelo fato de serem compostos de alto

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peso molecular, logo, não conseguem ultrapassar a barreira hematoencefálica

(XAVIER et al., 2008).

Esse grupo de fármacos possui boa absorção por qualquer via de

aplicação, visto que são bastante lipossolúveis. Embora a via parenteral possua a

vantagem na rapidez e absorção do produto, a via tópica representa uma maior

facilidade no momento da aplicação e uma diminuição dos custos com seringas e

agulhas. Existem também apresentações na forma de cápsulas e bolus que são

bem absorvidos pela via enteral, utilizados no tratamento de suínos e ruminantes,

respectivamente (VERCRUYSSE, 2002)

A utilização da Ivermectina como tratamento padrão para erradicação

da sarna sarcóptica em animais domésticos e em seres humanos é uma prática

comum e consolidada há décadas. Entretanto, seu uso prolongado e sem critérios

pode determinar falhas no tratamento, recrudescência e reiinfecção, mesmo após

múltiplas doses do fármaco (CURRIE et al., 2004). A ocorrência de relatos de

resistência de parasitos à Ivermectina, aliada à procura por produtos sustentáveis

e de baixa toxidade, são os principais fatores que deram início a pesquisas por

novos produtos para tratar doenças que há muitos anos existem e causam

prejuízos à saúde humana e animal.

5 VIABILIZAÇÃO DE FITOTERÁPICOS DO CERRADO NO CONTROLE E

TRATAMENTO DA SARNA SARCÓPTICA

A incomensurável variedade de espécies de plantas, animais e micro-

organismos existentes no ecossistema brasileiro, sem dúvida representa um

importante diferencial para o desenvolvimento de medicamentos para o país

(SIMÕES et al., 2007). O Brasil possui cerca de 10 % de toda a flora mundial,

ainda que já tenha proporcionado à humanidade produtos com propriedades

extraordinárias, continua a apresentar muitas potencialidades. Estima-se que

apenas 1% das espécies vegetais brasileiras foram analisadas sob o ponto de

vista químico e farmacológico (CUNHA, 2009).

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O bioma cerrado corresponde a 23% da área do Brasil, sendo que as

plantas desse bioma apresentam um grande valor para a população local,

constituindo-se, muitas vezes, seu único recurso terapêutico (TOLEDO et al.,

2010). O uso dessas plantas na manipulação dos fitoterápicos traz vantagens

para o país, como redução da importação de medicamentos promovendo, assim,

a autossuficiência e proporcionando à sociedade medicamentos mais baratos e a

valorização das tradições populares (VIEIRA et al., 2010).

Estudos realizados na última década comprovam a atividade biológica

de extratos brutos e compostos isolados de plantas do cerrado para diversas

finalidades terapêuticas (REICHLING et al., 2009). A identificação de substâncias

intrínsecas de alguns vegetais foi e ainda é porta de entrada para novas

descobertas no ramo da farmacologia e todas as áreas relacionadas. A

assimilação de funções específicas aos chamados metabólitos secundários trouxe

nova perspectiva a substâncias que anteriormente eram consideradas “excreção”

dos vegetais (WINK, 1990).

Os metabólitos secundários surgiram como uma forma de adaptação

ao ambiente onde cada vegetal se instala, garantindo vantagens para

sobrevivência e perpetuação de determinada espécie. Dentro desse grupo,

encontram-se diferentes substâncias como taninos, saponinas, flavonóides,

cumarinas, terpenos, além de muitas outras que subsidiam atividades que podem

estar tanto ligadas à defesa contra parasitas e predadores, quanto à perpetuação

da espécie propriamente (SANTOS, 2007).

Trabalhos recentes na literatura científica já identificaram importantes

metabólitos secundários em diversas plantas do país (VIEIRA et al., 2010), dentre

elas, podemos observar quantidade considerável de estudos sobre as espécies

botânicas Stryphnodendron adstringens Mart, Lafoensia pacari A.St.-Hil,

Copaifera sp. e Pterodon emarginatus. Vogel 1837.

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5.1 Stryphnodendron adstringens Mart.

O Stryphnodendron adstringens Mart, conhecido popularmente como

Barbatimão, é classificado na divisão Angiospermae, Classe Magnoliopsidae,

Ordem Fabales, Família Leguminosae (GLASENAPP, 2007). No Brasil, possui

ampla distribuição com ocorrência nos estados do Goiás, Ceará, Minas Gerais,

Maranhão, Piauí e São Paulo. Embora apresente várias espécies, pode ser

descrito como uma árvore de pequeno a médio porte, de tronco retorcido e

coberto de casca grossa que é rica em taninos (GILBERT et al., 2005).

Em sua composição são encontrados heterosídios flavonóides,

heterosídios saponínicos, taninos, cumarinas e resinas. Aos taninos são admitidas

as principais atividades farmacológicas da planta. De acordo com avaliação fito-

química da espécie, existem diferenças significativas na composição da planta de

acordo com o órgão, bem como entre espécies da mesma família (OLIVEIRA &

FIGUEIREDO, 2007).

A infusão da casca da planta é utilizada popularmente em distúrbios

gastrointestinais, como anti-inflamatório e antioxidante, e principalmente na

cicatrização de feridas (LOPES et al., 2003). De acordo com ORLANDO (2005), o

extrato etanólico da planta tem atividade bactericida sob inúmeros bacilos e

cocobacilos. Estudos de SILVA et al. (2009) relataram a sua ação fungistática. A

atividade acaricida do barbatimão apenas foi observada em estudo de POTENZA

et al. (2006) para o tratamento de plantações de feijões infestados, e WEBBER

(2009) comprovou sua atividade larvicida em lagartas-do-cartucho (Spodoptera

frugiperda).

Tradicionalmente seu uso esta relacionado a exploração de sua casca

para a extração de taninos destinados à indústria de couros. Possui o uso

difundido na medicina popular, sendo indicado para várias aplicações

fitoterápicas, sendo bastante conhecido nas comunidades rurais devido à sua

toxidade a bovinos que se alimentam de seus frutos, que podem causar

intoxicações graves, provocando aborto e, em muitos casos até a morte do animal

(SILVA-DE-ANDRADE et al., 2006).

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5.2 Copaifera sp.

O gênero Copaifera é composto por 72 espécies conhecidas como

copaíferas, a maioria de importância para a etnofarmacologia e pertencentes a

Família Fabaceae. Da copaíba é extraído um óleo, que é um material resinoso

amplamente utilizado na medicina popular (MACIEL et al., 2002).

A utilização de óleorresina de Copaíba na medicina popular remete aos

primeiros relatos históricos em nosso país, sendo amplamente utilizado como

anti-inflamatório e cicatrizante principalmente (PAIVA, 2004).

Avaliações farmacológicas determinaram a presença de grande

quantidade de terpenos presentes em diversas partes da Copaíba. A composição

química exata dos óleos e substâncias presentes na planta é bastante variável de

acordo com a espécie e condições ambientais (IZUMI et al., 2012).

Estudos farmacológicos com o óleorresina de Copaíba mostram que o

seu uso pelos silvícolas é plenamente justificado como fitoterápico. Avaliação in

vivo e in vitro vem demonstrando que os óleos de várias espécies de copaíferas

possuem atividade anti-inflamatória, cicatrizante, antiedematogênica, antitumoral,

tripanossomicida e bactericida (MENDONÇA & ONOFRE, 2009). A maior parte

dos estudos sobre essa espécie vegetal destaca sua atividade anti-inflamatória,

porém já foi observada sua ação larvicida e no combate a carrapatos adultos

(FERNANDES & FREITAS, 2007).

5.3 Lafoensia pacari St. Hill

Uma espécie vegetal também muito utilizada e extraída pela população

e por “raizeiros” é a Lafoensia pacari St. Hill, pertencente à Família Lythraceae,

conhecida popularmente como Pacari (FACHIN & GUARIM, 1995). A planta é

característica do bioma cerrado e encontra-se na lista de espécies medicinais e

aromáticas com prioridade para conservação (VIEIRA & SILVA, 2002).

Estudos fitoquímicos revelaram a presença de ácido elágico e gálico

em diversas partes do vegetal, substâncias que constituem parte fundamental do

amplo espectro de atividades farmacológicas comprovadas da planta. Ainda,

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grande quantidade de taninos já foi previamente observado e muitas funções

atribuídas a tais compostos (LIMA et al., 2006)

A infusão da casca do Pacari é utilizada na medicina popular em

tratamento da úlcera gastrointestinal e para a limpeza de feridas e na forma de pó

é utilizada como cicatrizante (GUARIM NETO, 1987). As atividades anti-

inflamatórias e imunoestimulantes da planta foram evidenciadas em roedores por

PORFÍRIO et al. (2009). O pó das folhas e dos frutos dessa espécie apresentou

ação deletéria sobre o artrópode Acanthoscelides obtectus em feijão armazenado,

ocasionando repelência e mortalidade sobre adultos, não sendo observado efeito

nocivo na oviposição de acordo com MAZZONETTO & VENDRAMIM (2003).

5.4 Pterodon emarginatus. Vogel 1837

A espécie Pterodon emarginatus. Vogel 1837 conhecida popularmente

como sucupira é uma espécie arbórea da Família Fabaceae, nativa do cerrado

brasileiro, podendo ser encontrada nos Estados de Goiás, Minas Gerais, São

Paulo e Mato Grosso do Sul, seu uso, destaca-se pela importância medicinal e

florestal (SANTOS et al., 2010).

No gênero Pterodon já foi revelada a presença de compostos variáveis

como alcaloides na casca, isoflavonas e alguns triterpenos no caule e diterpenos

e isoflavonas em óleo das sementes. Há uma grande diversidade de substâncias

terpenoides na composição da planta, e a essas são atribuídas as principais

ações anti-inflamatória e de hiperalgesia características (MORAES et al., 2012).

A espécie nativa, largamente distribuída na região central do Brasil, é

muito utilizada em forma de infusão na medicina popular no tratamento de

reumatismo e dores de garganta. A utilização terapêutica da sucupira é bastante

variada, com relatos de sua utilização tanto no tratamento de sinais de

inflamação, quanto em atividades antimicrobiana, leishmanicida e larvicida

(DUTRA et al., 2008). Os extratos alcoólicos obtidos a partir das sementes destas

espécies são usados pela medicina popular como, antireumático, anti-inflamatório

e analgésico (SANTOS et al., 2010).

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6. JUSTIFICATIVA E OBJETIVO

A demanda crescente por alimentos produzidos sem o uso de

agrotóxicos e com pouca interferência no processo natural de crescimento e

terminação dos animais tem levado pesquisadores a buscar alternativas para o

tratamento e controle de doenças comuns nos sistemas de produção de suínos.

Em coerência com essa demanda, o crescimento da suinocultura orgânica em

muitos países do mundo têm impulsionado estudos envolvendo o uso de extratos

de plantas medicinais. A grande variedade da flora do bioma cerrado

compreende potencial fonte para o estudo dessas alternativas e o

desenvolvimento de bioprodutos que resultem em produção animal sustentável.

Esse estudo visa à utilização de bioprodutos presentes no bioma

Cerrado no tratamento de sarna sarcóptica em suínos. Não existem estudos a

respeito da utilização desse tratamento em suínos ou em outros animais, e com

isso pretende-se descobrir a real potencialidade de tais bioprodutos e aplicação

terapêutica dos mesmos.

A utilização de bioprodutos à base de Barbatimão, Copaíba, Pacari e

Sucupira, é justificada pelas evidências de atividades antimicrobianas que todos

esses bioprodutos apresentam em potencial, de acordo com a literatura científica

recente.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ABBAS, A.K.; LICTHMAN, A.H.H; PILLAI, S. Cellular and Molecular

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3. ADIS, J. Taxonomical classification and biodiversity. In: J. ADIS Amazonia

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4. ALBUQUERQUE, D. A.; NERY, A. F. Efeito do extrato hidroalcoólico de

Lafoensia pacari A.St.-Hil sobre células da corrente sangüínea. In:

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Capítulo 2 - Estudo in vitro da atividade acaricida dos extratos etanólicos de

Stryphnodendron adstringens Mart e Lafoensia pacari A.St.-Hil e

óleorresinas de Copaíba Copaifera sp. e Pterodon emarginatus. Vogel 1837.

RESUMO

O bioensaio in vitro utilizando o ácaro Sarcoptes scabiei como micro-organismo

teste, é um método de estudo e avaliação viável para diversos fármacos com

propriedades acaricidas, entre outras utilizações. Este trabalho teve como objetivo

testar e comparar a atividade acaricida de quatro bioprodutos: Stryphnodendron

adstringens Mart, Copaifera sp., Lafoensia pacari A.St.-Hil e Pterodon

emarginatus. Vogel 1837. Para isso, foi colhido crostas do pavilhão auricular de

matrizes suínas que apresentavam alto grau de infestação por S. scabei.Os

ácaros foram selecionados e separados em placas de petri contendo os

bioprodutos em triplicatas, em diferentes concentrações, para avaliar a provável

atividade acaricida de cada uma. Foram contabilizadas as mortalidades dos

ectoparasitos em cada placa de petri num período total de 5 horas. A análise

estatística demonstrou diferença significativa entre as bioprodutos testados,

sendo que os óleorresinas de Copaifera sp. e Pterodon emarginatus. Vogel 1837.

apresentaram os melhores resultados com mortalidade de até 100% dos ácaros.

Os extratos etanólicos de Stryphnodendron adstringens Mart e Lafoensia pacari

A.St.-Hil demonstraram menor atividade em relação aos óleorresinas, porém,

superior aos grupos controle testados. O bioensaio in vitro demonstrou ser um

teste eficaz, confiável, de baixo custo e de fácil execução.

Palavras-chave: Bioensaio; Sarcoptes scabiei; bioprodutos; cerrado.

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ABSTRACT

The in vitro bioassay using Sarcoptes scabiei as a test microorganism is a study

and viable evaluation method for diverse drugs with acaricidal properties, among

other uses. This work had as main object, to test and compare the acaricidal

activity of four savanna bioproducts: Stryphnodendron adstringens Mart, Copaifera

sp., Lafoensia pacari A.St.-Hil e Pterodon emarginatus. Vogel 1837. Crusts of the

ear pinna of highly infected with S. scabiei sows, was colected to perform this test.

The mites were selected and separated in petri dishes that contained the

bioproducts in triplicates, with different concentrations, to evaluate potential

acaricidal activity of each one. The mortality of the mites was counted in every

petri dish for five hours straight. The statistical analyses demonstrated differences

between the bioproducts tested, the oleoresin of Copaifera sp. and Pterodon

emarginatus. Vogel 1837presented the best results with mortality as high as 100%

of the mites. The ethanolic extracts of Stryphnodendron adstringens Mart and

Lafoensia pacari A.St.-Hil demonstrated lower acaricidal activity when compared

to the ones founded in the oleoresins, tough it was superior to the control groups

tested. The in vitro bioassay demonstrated to be an efficient, reliable, low cost and

easy accomplishment.

Keywords: Bioassay; Sarcoptes scabiei; bioproducts; savanna.

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INTRODUÇÃO

O ácaro Sarcoptes scabiei é o agente causal da sarna sarcóptica, uma

doença de pele endêmica comum em muitas populações debilitadas e

responsável por surtos epizoóticos em animais domésticos e selvagens (PENCE

& UECKERMANN, 2002). O ácaro é conhecido por seu grande impacto

econômico em diversos países em desenvolvimento (WALTON et al., 2004).

Por meio de bioensaios in vitro podem ser detectados efeitos gerais de

compostos acaricidas sobre tais organismos-teste ou ainda, avaliar o

desenvolvimento de possível resistência frente a determinados produtos

(TABASSAM, et al., 2008). A preocupação com os crescentes casos de

resistência a fármacos convencionais são foco de estudo em diversos modelos

experimentais (BRIMER et al, 1995; WALTON et al., 2000; CURRIE et al., 2004;

DU et al., 2008; XU et al., 2010; NONG et al., 2012).

As primeiras evidências da resistência do ácaro a fármacos

convencionais surgiram em meados da década de 90, notando-se inicialmente a

necessidade de aumento na dosagem, no número ou intervalo entre

administração dos mesmos (MOUNSEY et al., 2010). Nessa mesma década

foram adaptados bioensaios para avaliar essa possível situação (BRIMER et al.,

1995), mas apenas no início da década passada que se comprovou de fato que

tal microrganismo conseguira resistir a tais fármacos. Os primeiros relatos de

resistência à fármacos de uso cotidiano surgiram, primeiramente nas variedades

que parasitam humanos (CURRIE et al., 2004), e mais tardiamente nas parasitas

de animais (TERADA et al., 2010).

Desde então, diversos novos compostos estão sendo testados visando

encontrar novas substâncias químicas com atividade acaricida e como

alternativas para o controle de S. scabiei ao redor do globo (WALTON et al., 2004;

ABDEL-GHAFFAR et al., 2008; DU et al., 2008; NONG et al., 2012; DENG et al.,

2012).

No Brasil, os estudos que se baseiam no conhecimento popular aliado

a discretas evidências científicas, estão revelando possíveis qualidades em

determinadas plantas, que podem vir a ser benéficos do ponto de vista econômico

e sanitário (JESUS et al., 2009).

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O bioma Cerrado constitui uma das maiores floras disponíveis,

compondo um cenário de exuberante diversidade biológica e influente no

arcabouço cultural das populações que nele vivem (VILA VERDE et al., 2003).

Nos vegetais deste bioma, já foram identificadas, bem como isoladas substâncias

com alto potencial no tratamento e prevenção de doenças infecciosas e

parasitárias (BRANDÃO et al., 2006; VIEIRA et al., 2010)

Nesse contexto, plantas como Barbatimão (Stryphnodendron

adstringens Mart), Copaíba (Copaifera sp.), Pacari (Lafoensia pacari A.St.-Hil ) e

Sucupira (Pterodon emarginatus. Vogel 1837) despertam a curiosidade e o

interesse de pesquisadores, pois possuem composição singular, abrindo um

amplo espectro de possibilidades e descobertas. Este trabalho teve como objetivo

avaliar a atividade acaricida, por meio de bioensaio in vitro, do ácaro S. scabiei

submetidos a diferentes concentrações dos extratos etanólicos Stryphnodendron

adstringens Mart e Lafoensia pacari A.St.-Hil, e óleorresinas de Copaifera sp. e

Pterodon emarginatus. Vogel 1837.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram produzidos extratos etanólicos de Lafoensia pacari A.St.-Hil e

Stryphnodendron adstringens Mart com doseamento de taninos totais e os

óleorresinas de Pterodon emarginatus Vogel 1837 e Copaifera sp foram

caracterizados no Laboratório de Pesquisa em Produtos Naturais (LPPN), da

Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Foram realizados raspados cutâneo e auricular de três matrizes suínas

que apresentavam sinais clínicos evidentes de sarna sarcóptica, com o auxílio de

uma lâmina de bisturi nº 15. A partir dos raspados se obteve material crostoso e

ceruminoso, o qual foi acondicionado em placas de petri de 10 cm, posteriormente

identificadas e vedadas com fita-adesiva. Esse procedimentofoi realizado em uma

granja comercial de suínos localizada no município de Morrinhos, Goiás.

Utilizou-se do exame parasitológico direto, para a observação da

presença ou não de ácaros do gênero Sarcoptes scabiei. Para a realização de

bioensaio in vitro foram selecionados com a ajuda de um estereomicroscópico

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(Leica EZ4) os ácaros de acordo com o tamanho, para que se pudesse distinguir

as fêmeas adultas ingurgitadas, que apresentam aproximadamente 0,4 mm de

acordo com EVANS (1992). Após a identificação e distinção dos ectoparasitas,

esses eram colocados em grupos de 10 ácaros por placa de petri, delicadamente

transferidos com auxilio de agulha de 8mm desgastada, segundo metodologia

adaptada de BRIMER et al. (1995).

Teste de atividade acaricida in vitro

Seguindo a metodologia proposta por WALTON et al. (2000) as

soluções-teste Lafoensia pacari A.St.-Hil e Stryphnodendron adstringens Mart e

emulsões-teste de Pterodon emarginatus. Vogel 1837 e Copaifera sp foram

dispersas em placas de petri de 5cm, nas concentrações de 25, 50, 75 e 100 por

cento respectivamente (Tabela 1), permanecendo em temperatura ambiente por

aproximadamente 60 minutos. Para as diluições foram utilizados água destilada e

2% de tween 20 como surfactante. Todos os grupos e concentrações foram feitos

em triplicatas, identificados conforme o horário inicial de observação dos ácaros,

produto testado e de acordo com sua concentração. Para os grupos controle

foram utilizados água destilada e solução de tween 20 diluído a 2% em água

destilada.

TABELA 1 - Diluições das soluções-teste Lafoensia pacari A.St.-Hil e Stryphnodendron

adstringens Mart e emulsões-teste de Pterodon emarginatus. Vogel 1837 e

Copaifera sp, com respectivas legendas indicando suas concentrações.

S. adstringens L. pacari Copaífera sp. P. emarginatus

SSA25% SLP25% ECS25% EPE25%

SSA50% SLP50% ECS50% EPE50%

SSA75% SLP75% ECS75% EPE75%

SSA100% SLP100%

As placas de petri permaneciam em câmara climática a 25ºC e 80% de

umidade, sendo retiradas apenas para observação por cinco minutos a cada hora,

totalizando cinco horas de avaliação. A cada intervalo de 01h00min eram

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contabilizados o número de ácaros mortos em cada placa de petri. Para avaliação

da morte dos ácaros foram observados os seguintes parâmetros: imobilidade

persistente e não reatividade a estímulo com agulha, seguindo critérios propostos

por WALTON et al. (2000) (Figura 2).

FIGURA 2 - Fotografia de exemplares de Sarcoptes

scabiei em esteromicroscópico (setas

pretas).

Análise estatística

Para as variáveis quantitativas que apresentaram distribuição normal

utilizou-se ANOVA, com delineamento casualizado. Para as variáveis

quantitativas que não apresentaram distribuição normal, utilizou-se do teste não-

paramétrico de Kruskal-Wallis (SAMPAIO, 1998), com o auxílio do software R .

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RESULTADOS

O exame parasitológico direto realizado a partir de três amostras de

raspados cutâneo e auricular revelou inúmeros ácaros de tamanhos diferentes

nas placas de petri. Os ácaros de acordo com o seu hospedeiro, foram

identificados como exemplares de Sarcoptes scabiei variedade suis.

No bioensaio in vitro foi observada uma mortalidade acumulada inferior

a 10% até a quinta hora de observação no Grupo Controle água destilada. O

Grupo Tween 20 obteve mortalidade acumulada de 16,6% em igual período. A

análise estatística demonstrou diferença significativa entre os dois grupos (Tabela

2).

TABELA 2 - Percentual de mortalidade acumulada de ácaros fêmea adulta de Sarcoptes scabiei em bioensaio in vitro de acordo com as concentrações bioproduto em triplicata.

Tratamentos Médias de mortalidade acumulada (%)

SSA25% 11,6cd

SSA50% 12,3cd

SSA75% 18,0cd

SSA100% 12,8cd

SLP25% 22,0cd

SLP50% 9,6d

SLP75% 23,3bc

SLP100% 19,3cd

ECS25% 44,0a

ECS50% 35,6ab

ECS75% 40,0a

EPE25% 42,0a

EPE50% 35,6ab

EPE75% 38,3a

ÁGUA 9,6d

TWEEN 20 16,6cd

Valor de P <0,001*

*Médias seguidas por letras diferentes na mesma coluna apresentam diferença estatística

(P<0,05)

A ECS25% foi a que apresentou a maior taxa de mortalidade dentre

todos os grupos e concentrações testados, com mortalidade de todos os ácaros,

100% , no período observado. Nas concentrações de 50% e 75% as emulsões-

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teste também resultaram em índices de mortalidade bastante satisfatórios, 73,3%

e 83,3% respectivamente. A análise estatística demonstrou diferença significativa

de todos os grupos em relação aos grupos controle, havendo ainda diferença

significativa entre os grupos ECS25% e ECS75% quando comparados com o

grupo ECS50% (Figura 3).

FIGURA 3 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes

concentrações de Emulsão-teste de Copaífera sp., água destilada e

Tween 20.

A EPE25% também mostrou alto desempenho na atividade acaricida

com mortalidade de 28 ácaros (93,3%) no período observado. Nas concentrações

de 50% e 75%, foram observados 80% e 66,6% ácaros mortos, respectivamente.

A análise estatística demonstrou diferença significativa de todos os grupos em

relação aos grupos controle. Os grupos EPE 25% e EPE75% também

demonstraram diferença significativa em relação ao grupo EPE50% (Figura 4).

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FIGURA 4 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes

concentrações de Emulsão-teste de P. emarginatus, água destilada e

Tween 20.

A SLP demonstrou melhor desempenho em duas concentrações

diferentes, 25% e 75%, nas quais houve uma mortalidade de nove dos 30 ácaros

(30%). As SLP 50% e SLP100% apresentaram mortalidade de três e seis dos

ácaros (10% e 20%), respectivamente. A análise estatística demonstrou que não

houve diferença significativa em relação ao grupo controle Tween 20, havendo

apenas diferença entre estes e o grupo controle água destilada (Figura 5).

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FIGURA 5 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes

concentrações de extrato etanólico de L. pacari, água destilada e Tween

20.

No grupo SSA75% verificou-se o índice de mortalidade de 20% em um

total de 30 ácaros. No SSA25% foram contabilizados cinco ácaros mortos ao final

da contagem (15,5%). Nos grupos SSA50% e SSA100% a mortalidade foi de

quatro e três (13% e 10%) ácaros mortos respectivamente (Figura 6). De acordo

com a análise estatística, não houve diferença significativa entre as quatro

diferentes concentrações testadas e em relação ao grupo controle Tween 20 ou

ao grupo controle água destilada.

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FIGURA 6 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes

concentrações de extrato etanólico de S. adstringens, água destilada e

Tween 20.

DISCUSSÃO

O exame parasitológico direto foi realizado como método de triagem

com o intuito de confirmar a presença do ácaro S. scabiei nas amostras

selecionadas para os bioensaios. O parâmetro morfológico se restringiu à

identificação do agente e de fêmeas adultas, seguindo os parâmetros

preconizados por EVANS (1992).

Os resultados alcançados com os bioensaios in vitro validaram a

atividade acaricida dos compostos botânicos estudados. Os resultados

encontrados estão de acordo com WALTON et al. (2000) que caracterizaram os

bioensaios in vitro como um método simples para avaliar a eficácia de diversos

fármacos ou extratos botânicos com atividade acaricida, utilizando o ácaro S.

scabiei como organismo-teste.

O experimento em tela demonstrou que a utilização de fêmeas adultas

como amostras experimentais é oportuna por serem mais facilmente visualizadas

e distinguidas. A opção pela utilização das fêmeas contraria as citações de DU et.

al (2008); NONG et al. (2012); DENG et al. (2012) que optaram pela utilização de

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larvas hexápodes para testes semelhantes. No entanto, de acordo com ARLIAN

et al. (1989), a escolha da fase do ácaro é decisiva principalmente no tempo de

sobrevivência do ácaro, podendo influir especificamente nos resultados obtidos

visto que as fêmeas adultas são sabidamente menos susceptíveis ao

ressecamento fora do hospedeiro natural, sendo consideradas mais resistentes

que o macho e outros estágios de vida do ácaro.

As emulsões-teste de óleorresinas de Copaífera sp. e P. emarginatus

apresentaram a maior atividade acaricida quando mais diluídas. Primariamente

este fato pode ser explicado pela solubilidade e homogeneidade de tais emulsões

aumentarem de acordo com a quantidade e contato com o surfactante Tween 20,

aumentando a disponibilidade e desprendimento de substâncias com potencial

acaricida (DAVANÇO et al., 2007).

A emulsão-teste composta por óleorresina de Copaífera sp.

demonstrou a atividade acaricida mais alta dentre todos os produtos testados,

principalmente na concentração de 25%, fato esse que pode ser justificado pela

grande quantidade de metabólitos secundários de origem terpenoide, que

possuem sabidamente atividade contra vários artrópodes (SOARES et al., 2003).

O cariofileno e seu óxido, também compostos de origem terpenoide, possuem

relatos na literatura científica, evidenciando atividades como: antiedêmico,

antiinflamatório, antitumoral, antialérgico, fagorrepelente, bactericida, além de

inseticida (VEIGA JUNIOR & PINTO, 2002).

A atividade acaricida do óleorresina de P. emarginatus, na

concentração de 25%, resultou na mortalidade de mais de 90% dos ácaros, sendo

o segundo bioproduto de maior eficácia dentre todos testados. Isto pode ser

explicado pela grande quantidade de flavonoides, heterosídeos saponínicos,

resinas, traços de esteroides e triterpenoides com atividades tóxicas sobre o

micro-organismo como demonstra BUSTAMANTE et al. (2005). Igualmente a

elevada presença no óleorresina de Sucupira de compostos como a γ-muuroleno,

biciclogermacreno, lupeol entre outros hidrocarbonetos terpenoides é um fator

considerado positivo na ação acaricida do bioproduto (SANTOS et al., 2010).

Estes resultados são semelhantes ao encontrados por PRIETO et al. (2010) que

estudando outros compostos observou também atividade inseticida e microbiana

destas substâncias.

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Na última década, diversos estudos comprovaram a eficácia acaricida

de diversos compostos de origem terpenoide, especialmente sobre o ácaro

Sarcoptes scabiei. A descoberta dessas substâncias e seu potencial como

pesticida já é uma realidade em diversos países da Ásia e Oceania, sendo sua

utilização terapêutica no controle da sarna sarcóptica uma prática oficial e

rotineira para a sociedade médica e veterinária na região (POPPENGA, 2007; XU

et al., 2010; WALTON et al., 2010; DENG et al., 2012; NONG et al., 2012).

O extrato etanólico de L. pacari teve uma melhor atividade acaricida na

concentração de 75%, onde se obteve a menor sobrevivência de ácaros por

período observado. A mortalidade pode ser atribuída principalmente aos altos

níveis de taninos presentes no extrato líquido da planta, tendo o ácido elágico

como principal representante (ROGERIO et al., 2008). A literatura cita que o ácido

elágico possui excelentes propriedades anti-inflamatórias e antioxidante

(GUIMARÃES et al., 2010), com relatos de propriedades antimicrobianas

(PORFÍRIO et al, 2009) e antifúngicas (SILVA JÚNIOR et al., 2009).

MAZZONETTO & VENDRAMIM (2003) relataram repelência e mortalidade de

insetos da Ordem Coleoptera na fase adulta, quando expostos ao pó de folhas e

frutos de Pacari.

Os extratos etanólicos de S. adstringens foram os que demonstraram

menor eficiência in vitro dos compostos testados e o que apresentou menor

diferença estatística quanto a sua ação acaricida em relação aos demais

tratamentos. Entretanto, a concentração de 75% foi a que revelou maior taxa de

mortalidade no período observado. Sabe-se que nas folhas de S. adstringens

Mart., existem numerosos compostos das classes de metabólitos secundários,

que poderiam ter ação acaricida (OLIVEIRA & FIGUEIREDO, 2007). Para

THOMAZI (2010) os taninos são as substâncias mais abundantes nos extratos

líquidos da planta e agregam uma grande quantidade de Galato de

epigalocatequina, que possui ação antioxidante, anti-inflamatória e antimicrobiana

comprovadas, entre outras atividades. WEEBER (2009) estudando a atividade

inseticida do Barbatimão observou alta taxa de mortalidade em larvas de insetos

da Ordem Lepidoptera frente ao extrato aquoso, resultado este, diferente do

encontrado no presente estudo onde a taxa de mortalidade foi baixa para o

Barbatimão.

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Os modelos experimentais disponíveis na literatura utilizando extratos

botânicos de S. adstringens ou L. pacari descrevem principalmente as atividades

anti-inflamatória e bactericida de taninos condensados, com relatos comuns de

atividades antimicrobiana e até tripanossomicida (ROGÉRIO, 2008; PORFÍRIO,

2008; DE PAULA et al., 2010).

As baixas taxas de mortalidade decorrentes das aplicações dos

extratos etanólicos de S. adstringens e L. pacari, observados no presente estudo,

não necessariamente refletem a baixa atividade acaricida dos produtos, visto que

os taninos e entre outros metabólitos secundários são influenciados pela

sazonalidade da planta, além de fatores geográficos e climáticos, expressando

maior ou menor quantidade das substâncias de acordo com as necessidades

fisiológicas da planta (SANTOS 2007). A solubilidade e disponibilidade desses

compostos em relação a membranas e proteínas é muito variável (CUNHA, 2009),

e pode ser um diferencial no estudo da atividade acaricida frente ao organismo-

teste em questão.

A partir dos resultados presentes neste estudo, acredita-se que a

mortalidade dos ácaros in vitro se deu pela a absorção de substâncias voláteis,

principalmente óleos voláteis pelo tegumento do micro-organismo com possível

atividade tóxica sobre os mesmos. Deve-se ainda, atentar ao fato de que as

membranas de revestimento externo do ácaro apresentam alta lipossolubilidade,

facilitando a entrada de substâncias lipofílicas (RITSCHEL & KEARNS, 2009).

CONCLUSÃO

O óleorresina de Copaifera sp.a foi o bioproduto que demonstrou maior

atividade acaricida no bioensaio in vitro dentre todos os bioprodutos testados, e

que apresentou o maior índice de mortalidade, seguido do óleorresina de P.

emarginatus, e os extratos etanólicos de L. pacari e S. adstringens

respectivamente.

O bioensaio in vitro se mostrou um teste eficaz, rápido e barato na

avaliação de substâncias potencialmente acaricidas.

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43

CAPÍTULO 3 - Bioprodutos do cerrado no controle da sarna sarcóptica em

suínos nas fases de crescimento e reprodutiva.

RESUMO

Na atualidade, a utilização de bioprodutos no tratamento de doenças é uma

alternativa para evitar fatores como resistência dos agentes patogênicos à

fármacos convencionais e contaminação ambiental. A sarna sarcóptica é uma

doença oportunista que causa extensas perdas indiretas numa produção

comercial de suínos. Esse trabalho teve como intuito testar os bioprodutos do

cerrado Stryphnodendron adstringens Mart,, Copaifera sp., Lafoensia pacari A.St.-

Hil, e Pterodon emarginatus. Vogel 1837 no tratamento da sarna sarcóptica em

suínos. Para tal fim, foram selecionados 42 suínos em fase de crescimento e

posteriormente 16 suínos em fase reprodução para avaliação macro e

microscópica de lesões antes e após os tratamentos. Os animais foram avaliados

clinicamente e fragmentos de pele foram obtidos antes e após tratamento para

comparação. A Ivermectina demonstrou alta eficácia no tratamento de leitões com

quadro clínico moderado da doença, nos suínos em fase reprodutiva, houve

redução das lesões na pele desses sem total desaparecimento da sintomatologia

clínica. Pode-se concluir que o extrato etanólico de L. pacari e óleorresina de P.

emarginatus apresentaram efeito substancial no tratamento da doença em

animais em fase de reprodução, havendo redução considerável no acometimento

da pele macroscopicamente, sendo o mesmo observado microscopicamente na

epiderme e derme de acordo com as análises histológicas. De acordo com a

análise estatística não houve diferença entre os grupos e parâmetros observados.

No entanto, se observou uma forte tendência à contaminação secundária na

derme de animais não tratados.

Palavras-chave: Leitões; cachaços; matrizes; tratamento; escabiose.

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ABSTRACT

In present day, the bioproducts are used as an alternative treatment to avoid factor

as resistance of pathogenic agents to conventional drugs and environmental

contamination. The sarcoptic mange is an opportunistic disease that causes

extensive indirect loss in a commercial production of pigs. This work intended to

test the savanna bioproducts Stryphnodendron adstringens Mart,, Copaifera sp.,

Lafoensia pacari A.St.-Hil, e Pterodon emarginatus. Vogel 1837 as a treatment to

sarcóptica mange in pigs. First, it were selected 42 piglets and than 16 sows and

boars to evaluate macro and microscopically of lesions before and after the

treatments. The animals were clinically evaluated and skin fragments were

obtained before and after treatments to compare. The Ivermectin demonstrated to

be highly efficient in piglets with mild case of the disease, while in the older

animals in reproduction phase, there were reduction of the lesions in the skin but

no resolution of the disease. It was observed that the ethanolic extract of L. pacari

and oleoresin of P. emargnatus presented substantial effects in the treatment of

the disease in animals in the reproduction phase, where there were reduction in

the affection of the skin macroscopically, as it was observed too in the epidermis

and dermis in the histological analyses. According to statistical analyses there was

no difference between the groups or the parameters observed. However, it was

observed a strong tendency to secondary contamination in the dermis of the

untreated animals.

Keywors: Piglets; boars; sows; treatment; scabies.

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INTRODUÇÃO

A suinocultura atual caracteriza-se pela utilização de recursos

altamente tecnificados, que vão desde a escolha da genética animal aos cuidados

com a nutrição e sanidade. Entretanto, no início do terceiro milênio, as

ectoparasitoses ainda são um grande problema na criação comercial de suínos,

destacando-se entre elas a sarna sarcóptica. Essa doença possui distribuição

mundial e tem como agente etiológico o Sarcoptes scabiei variedade suis, um dos

parasitos cujo comportamento está mais bem adaptado aos sistemas de produção

intensiva Estima-se que só na suinocultura brasileira, a doença é responsável por

perdas econômicas diretas equivalentes a 115 dólares/ matriz / ano

(SOBESTIANSKY et al., 2005).

A sarna sarcóptica é causada por diferentes variedades de Sarcoptes

scabiei, que recebem a denominação conforme o hospedeiro que estão

parasitando. É uma ectoparasitose profunda e as fêmeas de S. scabiei

encontram-se em galerias na epiderme de vários animais domésticos, silvestres

e, inclusive, do homem (BOWMAN, 2009).

O ácaro vive em túneis ou na superfície da epiderme do hospedeiro em

todos os estágios de sua vida, dificultando com isto o seu controle, visto que a

maioria dos fármacos atuais nem sempre apresentam a eficiência desejada,

assim a doença é ubíqua, a menos que métodos especiais de erradicação sejam

utilizados (HENGGE et al., 2006). Os principais prejuízos econômicos relacionam-

se a erradicação do ácaro e aos produtos químicos utilizados, determinando um

baixo ganho de peso e de desenvolvimento corporal (MERCIER et al., 2002).

No Brasil, a doença é endêmica a diversas regiões, como em Goiás,

(SILVA, 2002), Santa Catarina e Rio Grande do Sul (PEDROSO DE PAIVA et al.,

2003). Estima-se que a sua ocorrência em granjas no país, seja mais comum do

que a relatada, em decorrência da carência de laboratórios certificados que

emitam um diagnóstico circunstanciado, podendo isto representar um entrave na

obtenção da certificação em Granjas de Reprodutores Suídeos Certificados

(Granja GRSC) em caso de resultado positivo (OLIVEIRA et al., 2006).

No passado, os primeiros ectoparasiticidas utilizados no controle da

sarna consistiam em ervas medicinais, compostos inorgânicos, compostos

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aromáticos derivados do petróleo e frações botânicas. Com o descobrimento de

substâncias químicas sintéticas modernas, a maioria desses ectoparasiticidas foi

sendo gradativamente abandonadas e várias novas substâncias químicas

entraram no mercado atual (BLAGBURN & LINDSAY, 2003).

A administração de produtos acaricidas convencionais de maneira

preventiva e sem critérios epidemiológicos, com dosagens incorretas e falhas no

manejo, são uma realidade presente na medicina veterinária e levando ao

aparecimento de resistência dos parasitas aos princípios ativos (ANDRADE &

SANTAREM, 2002).

À medida que aumentam as preocupações com a manutenção e

melhoria da qualidade do meio ambiente e a proteção da saúde humana,

inúmeras organizações governamentais e privadas, vem crescentemente voltando

suas atenções para os potenciais impactos de suas atividades, produtos e

serviços. Diante das tendências atuais, que visam tanto a suinocultura orgânica

como a necessidade de obtenção de novas substâncias químicas, recrudesceu o

interesse nos estudos referentes ao uso de produtos de plantas medicinais no

controle de artrópodes de interesse veterinário (GEORGE et al., 2008).

Esse trabalho teve como objetivo avaliar a atividade acaricida de

bioprodutos do cerrado com formulação baseada em extratos etanólicos de

Stryphnodendron adstringens Mart e de Lafoensia pacari A.St.-Hil, e Óleorresinas

de Copaifera sp. e de Pterodon emarginatus. Vogel 1837, no controle da sarna

sarcóptica em suínos.

MATERIAL E MÉTODOS

Os bioprodutos baseados em extratos etanólicos de Lafoensia pacari

A.St.-Hil e Stryphnodendron adstringens Mart e em óleorresinas de Pterodon

emarginatus. Vogel 1837 e Copaifera sp utilizados no presente experimento foram

elaborados no Laboratório de Pesquisa em Produtos Naturais (LPPN), da

Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG).

A partir dos resultados obtidos no bioensaio in vitro, estabeleceu-se a

concentração com maior atividade acaricida para cada bioproduto testado. Para

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os extratos etanólicos de L. pacari e S. adstringens foi utilizada a concentração

de 75% na composição do bioproduto. Para os óleorresina de Copífera sp. e P.

emarginatus foi utilizada a concentração de 25% na composição do bioproduto. À

composição do bioproduto a ser utilizado foram adicionados um veículo específico

composto por 5g de salicilato de metila, 10 mL de álcool etílico, 5 g de Tween 20,

óleo de canola qsp (quantidade suficiente para).

Após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Federal de Goiás (CEUA-UFG), sob o protocolo nº 002/12 foram utilizados um

total de 58 suínos híbridos, divididos em dois experimentos conduzidos em

momentos diferentes em uma granja comercial com histórico pregresso de

infestação por sarna sarcóptica, localizada no município de Morrinhos, Goiás.

Experimento 1 - Suínos em fase de crescimento

Foram utilizados 42 suínos em fase de crescimento com idade entre 40

e 50 dias. Os animais foram divididos em sete grupos de seis indivíduos cada:

grupo Controle1 (GC1); grupo Ivermectina1 (GIv1); grupo Veículo (GV); grupo

Barbatimão (GB); grupo Copaíba (GCb); grupo Pacari1 (GP1); grupo Sucupira1

(GS1).

Foram realizados hemogramas e bioquímicas séricas de todos os

animais, para a certificação das condições de higidez nos seguintes momentos: 1º

dia, ao 14o dia e ao 28o dia do experimento. Para a colheita foram utilizadas

agulhas 40x12 com bisel trifacetado, seringas de 20 mL, tubos de hemograma

com anti-coagulante EDTA e tubos para a bioquímica sérica.

Experimento 2 - Suínos em fase de reprodução

Foram utilizados 16 suínos em fase de reprodução, machos e fêmeas,

com idade superior a dois anos. Os animais foram divididos em quatro grupos

com quatro indivíduos cada: grupo Controle2 (GC2); grupo Ivermectina2 (GIv2);

grupo Pacari2 (GP2); grupo Sucupira2 (GS2).

Tratamentos

Os tratamentos, nos dois experimentos, consistiram em uma aplicação

semanal por um período total de quatro semanas, dos bioprodutos no dorso dos

animais e também naqueles que apresentavam lesões crostosas características

de sarna sarcóptica (Figura 1).

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Nos grupos Controle (GC1 e GC2) não foi aplicada nenhuma

substância. Nos grupos Ivermectina (GIv1 e GIv2), administrou-se duas doses de

1mL/33Kg, com intervalo de 14 dias de Ivermectina a 1%, por via intramuscular.

No grupo Veículo (GV), nos suínos em fase de crescimento, aplicou-se apenas o

veículo utilizado na composição dos bioprodutos, para isentar qualquer atividade

acaricida deste.

FIGURA 1 - Administração de bioprodutos em suínos. A: Crostas na região

auricular. B: Crostas no Glúteo. C: Linha dorsal. D: Região dorsal de

animal após aplicação de bioproduto.

Avaliação clínica e colheita de material

A avaliação clínica e o escore de dermatite foram realizados durante

todo o período de tratamento, e consistia na observação e contabilização do

índice de prurido, visualização de pápulas e eritema cutâneos. A graduação em

escore variando de 0 a 3 era baseada no acometimento da pele, seguindo o

A B

C D

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método preconizado por SOBESTIANSKY et al. (2012b) para suínos em

abatedouro, com adaptações aos animais in vivo (Figura 2).

FIGURA 2 - Escore de dermatite em suínos. Fonte: Adaptado de SOBESTIANSKY

et al. (2012b).

Para as biopsias de pele por punch de 5mm (Figura 3), realizadas

imediatamente antes e após o último dia de tratamento foi efetuado bloqueio

anestésico local com cloridrato de lidocaína a 1%. Após a coleta dos fragmentos

de pele, esses foram acondicionados em frascos plásticos de boca larga com

tampa, contendo formol tamponado a 10%, por um período de 48 horas,

recortados, processados e incluídos em parafina, para obtenção de cortes de

5µm, corados em HE para avaliação microscópica. O procedimento histológico foi

realizado no Laboratório de Histopatologia do Setor de Patologia Animal da

Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG (EVZ-UFG).

A B

GRAU 0 GRAU 1 GRAU 3 GRAU 2

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FIGURA 3 - Suíno, leitão. Biopsia de pele por punch de 5mm. A: Inserção de punch

na pele. B: Excisão de fragmento de pele. C: Fragmento de pele em

evidência. D: Biopsia de pele, antes (seta branca) e após o período de

tratamento (seta preta).

Avaliação microscópica

A avaliação microscópica foi realizada com base nos seguintes

parâmetros: hiperplasia epidérmica; hiperqueratose; hiperemia; hemorragia;

infiltrado eosinofílico; infiltrado linfocitário. Para a graduação de tais parâmetros

utilizou-se dos seguintes escores: ausente (0), discreta (1), moderada (2) e

acentuada (3). Foi também avaliada a ausência ou presença de contaminação

secundária e ácaros.

Análise Estatística

Para as variáveis quantitativas que apresentaram distribuição normal

utilizou-se ANOVA, com delineamento casualizado. Para as variáveis

C D

A B

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quantitativas que não apresentaram distribuição normal, optou-se pelo teste não-

paramétrico de Kruskal-Wallis (SAMPAIO, 1998) com auxílio do Software R.

RESULTADOS

Experimento 1

Pode-se observar macroscopicamente que os animais dos grupos

Copaíba (GCb), Pacari (GP1) e Sucupira (GS1) apresentaram respostas

semelhantes ao tratamento, com melhora progressiva no quadro da doença.

Entretanto o grupo Pacari (GP1) apresentou visível redução no índice de prurido e

de pápulas no dorso a partir da segunda aplicação do bioproduto. Nos grupos

Copaíba (GCb) e Sucupira (GS1) a melhora no quadro sintomático da sarna foi

evidenciada após a terceira aplicação dos bioprodutos, não havendo no entanto

resolução completa da sintomatologia em nenhum dos grupos (Figura 4).

FIGURA 4 - Suínos, leitões com sarna sarcóptica, Grupo Sucupira1. A: Pápulas na

região dorso-cervical, grau 2 no escore de dermatite, antes dos

tratamentos. B: Pápulas na região ventral e do membro anterior

esquerdo, grau 1 no escore de dermatite, após os tratamentos.

Os suínos do grupo Barbatimão (GB), não apresentaram resposta

positiva em nenhuma das quatro aplicações preconizadas para tratamento, não

havendo com isto alteração do quadro de sarna sarcóptica.

A B

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52

O grupo Ivermectina (GIv1), foi o único que respondeu positivamente

ao tratamento, com ausência total de sintomatologia clínica e lesões cutâneas em

todos os animais ao término do período de tratamento (Figura 5). Os grupos

Controle (GC1) e Veículo (GV) mantiveram altos índices de prurido.

Entretanto,não houve diferença (P>0,05) para o índice de dermatite em nenhum

dos tratamentos.

FIGURA 5 – Suínos, leitão com sarna sarcóptica, grupo Ivermectina1. A: Pápulas

na região dorso-cervical, grau 1 no escore de dermatite, antes dos

tratamentos. B: Ausência de pápulas, grau 0 no escore de dermatite,

após os tratamentos.

Os exames de hemograma e a bioquímica sérica realizados ao longo

do experimento para monitoramento do quadro de higidez dos animais não

apresentaram diferenças do quadro de normalidade para a espécie.

Os exames microscópicos dos fragmentos obtidos antes e após os

tratamentos revelaram a presença de hemorragia e hiperemia, em graus variados,

em todos os animais na região da derme superficial. Em todos os grupos, a

hemorragia e a hiperemia eram discretas em na maioria dos fragmentos

analisados. Após os tratamentos, os grupos GB, GP1 e GS1 demonstraram

redução da hemorragia. Já nos grupos GIv1 e GCb houve aumento da

hemorragia após os tratamentos. Os grupos GC1 e GV permaneceram sem

A B

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53

alteração. Não houve diferença (P>0,05) em nenhum dos dois parâmetros

estudados.

Quanto ao infiltrado inflamatório observou-se a presença de linfócitos e

eosinófilos em graus variados. Os resultados demonstraram que a infiltração

inflamatória estava presente na totalidade dos fragmentos na derme superficial,

tanto antes como após os tratamentos. Notou-se discreta alteração na avaliação

da quantidade de linfócitos e eosinófilos antes dos tratamentos e depois dos

tratamentos. Acrescenta-se ainda a presença de infiltração neutrofílica foi

observada em 33,47% das amostras, relacionada à contaminação secundária do

tegumento. Não houve diferença estatística em nenhum dos grupos em relação à

infiltração inflamatória.

Em relação à hiperplasia epidérmica anterior aos tratamentos,

observou-se que os grupos GV, GIv1 e GS1 tiveram discreta hiperplasia

epidérmica. Os grupos GB, GCb e GP1 apresentaram predominantemente

hiperplasia epidérmica moderada. No grupo GC1 essa alteração era 50%

moderada, 50% discreta. Após os tratamentos, nos grupos GC1, GP1 e GS1

houve redução dessa alteração na epiderme. Nos grupos GV, GIv1, GB e GCb foi

notado aumento na hiperplasia epidérmica ao final dos tratamentos. A

hiperqueratose anterior aos tratamentos era predominantemente moderada nos

grupos GV, GI1, GB, GCb, GP1 e GS1. No grupo GC1 essa alteração era 50%

moderada, 50% discreta. Apenas os grupos GC1, GCb, GP1 e GS1 apresentaram

redução na hiperqueratose após os tratamentos. Não houve diferença (P>0,05)

para esses parâmetros.

A presença do ácaro entre as camadas da epiderme foi observada em

apenas uma amostra do grupo GV (1,2%) de fragmento colhido após o

tratamento. Nesse fragmento, foi notado acentuado infiltrado inflamatório

eosinofílico e neutrofílico (Figura 6). Não houve diferença (P>0,05) quanto à

presença do ácaro na epiderme.

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54

FIGURA 6 - Fotomicrografia de tegumento de suíno, com evidenciação do

ácaro Sarcoptes scabiei, mostrando reação inflamatória

predominantemente eosinofílica, coloração HE, objetiva 40x.

Experimento 2

Os resultados da eficiência dos tratamentos testados demonstraram

variações nas lesões crostosas na pele dos suínos em fase reprodutiva. Nos

grupos GIv2, GP2 e GS2 observou-se uma redução na quantidade de crostas na

região dorsal, no pavilhão auricular e axilas (Figuras 7, 8 e 9). O grupo controle

(GC2) foi o único que apresentou evolução no quadro clínico de sarna, notando-se

um aumento de crostas em dois animais. Entretanto, em nenhum dos animais

houve desaparecimento de todos os sinais clínicos característicos da sarna

sarcóptica. Não houve diferença estatística nessa avaliação.

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FIGURA 7 - Suíno adulto com sarna sarcóptica, grupo Ivermectina2. A: Lesões

crostosas na região do glúteo e cauda, antes do tratamento. B: Lesões

crostosas na região do glúteo e cauda, após o tratamento.

FIGURA 8 - Suíno adulto com sarna sarcóptica, grupo Pacari2. A: Lesões crostosas

na região dorso-cervical, antes do tratamento. B: Lesões crostosas na

região dorso-cervical, após o tratamento.

A

A

B

B

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56

FIGURA 9 – Suíno adulto com sarna sarcóptica, grupo Sucupira2. A: Lesões

crostosas na região do glúteo esquerdo, antes do tratamento. B:

Lesões crostosas na região do glúteo esquerdo, após o tratamento.

A avaliação microscópica dos fragmentos de pele dos suínos adultos

na fase reprodutiva apresentaram escores de lesões semelhantes aos

observados nos suínos em fase de crescimento.

A presença de hemorragia e hiperemia foram observadas em todos os

fragmentos analisados. Em relação à hemorragia, no grupo GC2 a sua presença

era 100% moderada, enquanto no grupo GS2 era 100% discreta. O grupo GIv2

75% discreta e 25% moderada. O grupo GP2 apresentava 50% de hemorragia em

caráter discreta e 50% moderado. Após os tratamentos, os grupos GP2 e GS2

tiveram redução na quantidade desse parâmetro. A hiperemia observada no

grupo GC2 25% discreta e 75% moderada. GIv2 e GS2 50% discreta e 50%

moderada. No grupo GP2 25% acentuada, 50% moderada e 25% discreta. Os

grupos GIv2 e GS2 apresentaram redução da hiperemia ao final do tratamento.

Não houve diferença (P>0,05) para esses parâmetros.

A inflamação presente na derme superficial dos suínos adultos na fase

de reprodução foi bastante evidente nos fragmentos de todos os tratamentos

analisados (Figura 10). O infiltrado inflamatório linfocitário era predominantemente

moderado nos grupos GIv2 e GS2. O grupo GP2 apresentou infiltração linfocitária

A B

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57

discreta na maioria das amostras. No grupo GC2 este infiltrado era 50% discreto e

50% moderado. Após os tratamentos, os grupos GIv2, GP2 e GS2 apresentaram

evidente redução na presença de linfócitos. O grupo controle apresentou aumento

desse infiltrado. A infiltração eosinofílica foi predominantemente moderada em

todos os grupos antes dos tratamentos. Após os tratamentos, houve redução na

presença de eosinófilos nos grupos GIv2, GP2 e GS2. O grupo controle

apresentou aumento desse infiltrado após os tratamentos.

FIGURA 10 - Fotomicrografia de tegumento de suínos adultos, grupo Sucupira2,

coloração HE. A: Infiltrado inflamatório, antes dos tratamentos,

objetiva 10x. B: Infiltrado inflamatório, após os tratamentos, objetiva

10x.

A hiperplasia epidérmica antes dos tratamentos, nos grupos controle,

GP2 e GS2 era discreta na maioria dos fragmentos (Figura 11). No grupo GIv2 a

hiperplasia epidérmica foi moderada na maioria dos fragmentos. Nos fragmentos

dos grupos GIv2, GP2 e GS2 colhidos após os tratamentos a alteração manteve-

se discreta . No grupo controle a hiperplasia epidérmica manteve-se discreta em

50% dos animais e moderada nos outros 50%. Em relação à hiperqueratose,

antes do tratamento, os grupos controle, GIV2 e GS2 a hiperqueratose foi

moderada. No grupo GP2, foi classificada como discreta em 50% da amostras,

moderada em 25% e acentuada em 25%. Após os tratamentos, os grupos GIv2,

GP2 e GS2 apresentaram hiperqueratose discreta. O grupo controle não

apresentou alteração na hiperqueratose nos fragmentos colhidos após o

tratamento. Não houve diferença (P>0,05) para hiperplasia epidérmica e

hiperqueratose.

A B

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58

FIGURA 11 - Fotomicrografia de tegumento de suínos adultos, grupo Pacari2,

coloração HE. A: Hiperplasia epidérmica moderada, hiperqueratose

moderada, antes dos tratamentos, objetiva 10x. B: Hiperplasia

epidérmica discreta, hiperqueratose discreta, após os tratamentos,

objetiva 10x.

O ácaro foi observado apenas em 25% dos fragmentos dos grupos

GIv2, GP2 e GS2, sempre acompanhado de acentuado infiltrado inflamatório,

hiperplasia epidérmica e hiperqueratose. Não foi observada a presença do ácaro

em nenhum fragmento após os tratamentos. A presença de contaminação

secundária foi observada em todos os grupos antes dos tratamentos (Figura 12).

Já após os tratamentos não foi observada contaminação secundária no grupo

GS2, e nos grupos GIv2 e GP2 houve sensível redução dessas. Não houve

diferença (P>0,05) para a presença de ácaros e contaminação secundária.

FIGURA 12 - Fotomicrografia de tegumento de suínos adultos com sarna sarcóptica,

grupo Sucupira2, coloração HE. A: Contaminação secundária, antes dos

tratamentos, objetiva 10x. B: Ausência de contaminação secundária,

após os tratamentos, objetiva 10x.

A B

A B

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59

DISCUSSÃO

Os animais em fase de crescimento acometidos pela doença

apresentavam discretos sinais clínicos e até o final do período do experimento

houve pouca alteração nesse quadro. De acordo com SOBESTIANSKY et al.

(2012a) a sarna sarcóptica em animais jovens é mais frequente na fase alérgena,

onde não há altos índices de prurido e a presença de pápulas e eritemas na pele

limita-se às regiões onde o ácaro tenha entrado em contato. MORA (2008)

caracterizou como rara a presença de Sarcoptes scabiei nas avaliações

microscópicas de raspado de pele e no exame histopatológico, principalmente em

animais jovens devido à presença reduzida do ácaro nesses animais.

Os suínos na fase reprodutiva, diferentemente dos suínos da fase de

crescimento, apresentaram manifestações clínicas acentuadas da doença. Tanto

o prurido quanto o acometimento da pele dos animais por crostas

hiperqueratóticas em diversas regiões do corpo, eram evidentes. A sarna

sarcóptica hiperqueratótica é o resultado de contaminações recorrentes e sem

resolução da doença por longos períodos, por vezes anos (CURRIE et al., 1995).

É uma síndrome clínica resultante da falha na capacidade do sistema imunológico

apresentar uma resposta efetiva e de controlar a infestação com subsequente

prevenção à doença (WALTON et al., 2008).

A utilização no presente experimento, de um veículo específico,

contendo promotores de absorção e isentando-se de substâncias potencialmente

deletérias aos animais, conquistou o objetivo proposto de auxiliar na absorção e

consequentemente na atuação dos Bioprodutos testados. Para CAON (2009) que

estudou diferenças na permeabilidade de fármacos em pele de suínos, a escolha

de um veículo adequado ao modelo de permeação cutânea deve-se a alguns

aspectos básicos como facilitar a penetração de fármacos pelo estrato córneo e

não interferir na atividade desejada a fim de garantir uma eficácia terapêutica.

O tratamento com Ivermectina nos animais na fase de crescimento

apresentaram resposta positiva ao produto, visto que ao fim deste não

apresentaram sinais clínicos da doença em questão. Os animais na fase

reprodutiva apresentaram uma discreta melhora, com redução no índice de

prurido e na presença de crostas no dorso principalmente. Entretanto, de acordo

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60

com TERADA, et al. (2010) existem diversos casos de resistência do ácaro

Sarcoptes scabiei à Ivermectina, sendo este fármaco ainda considerado

tratamento padrão para a doença em diversas espécies animais. CURRIE et al.

(2004) alertam que a dificuldade e eficácia limitada do tratamento pode estar

relacionada à subdosagem ou a dificuldade do fármaco em atingir as crostas para

eliminar o parasita do hospedeiro, com consequente resistência do micro-

organismo ao produto acaricida.

No grupo de animais na fase de crescimento tratados com Bioproduto à

base de L. pacari foi observada uma redução considerável no índice de prurido,

com reduções de pápulas e da inflamação tanto macro quanto microscópicas da

pele. No grupo de animais em fase reprodutiva tratados com o mesmo bioproduto,

observou-se redução tanto no prurido quanto nas crostas, principalmente no

dorso e região axilar. Conforme estudos realizados por ROGERIO et al. (2008) a

casca do caule de L. pacari possui ácidos elágico e gálico, taninos com atividade

anti-inflamatória e antioxidante. Essas substâncias, presentes em alta

concentração na planta, podem intervir na modulação da resposta imunológica e

na cicatrização atuando diretamente na pele, limitando a perda de fluidos por

meio de complexação enzimática (CAMPOS & FRASSON, 2011).

A melhora no índice de prurido e de escore de dermatite observados no

presente ensaio, tanto na fase de crescimento como na fase reprodutiva

decorrente da aplicação do Bioproduto à base de P. emarginatus, pode ser

atribuída às propriedades terapêuticas dos compostos fenólicos e as substâncias

terpenoides presentes no óleorresina de P. emarginatus. Estas propriedades já

tinham sido relatadas recentemente por GALCERAN et. al (2011) que

acrescentou também propriedades anti-inflamatórias e analgésicas ao produto.

Nos animais em fase reprodutiva, observou-se que além da redução no índice de

prurido houve também redução na quantidade de crostas no dorso, região

auricular e axilar. Segundo VIEGAS-JÚNIOR (2007) a ação acaricida conferida

principalmente aos terpenos se deve à capacidade de inibição da

acetilcolinesterase nos parasitas-alvo, havendo indícios de que também atuam na

inibição ou retardo no crescimento, aos danos na maturação, à redução da

capacidade reprodutiva, à ação como supressores de apetite, podendo levar os

artrópodes predadores à morte por inanição ou toxicidade direta dos compostos

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61

terpenoides. A avaliação microscópica de ambos os grupos demonstrou alteração

positiva dos parâmetros avaliados, no entanto sem diferença estatística.

O Bioproduto à base de óleorresina de Coapifera sp. foi utilizado

apenas nos tratamentos dos suínos em fase de crescimento, e apresentou

resultados bastante semelhantes aos observados nos Bioprodutos à base de L.

pacari e P. emarginatus, onde houve redução no índice de prurido com discreta

melhora na avaliação de alterações patológicas macro e microscópica da pele.

De acordo com GELMINI et al.(2012) as propriedades fitoterápicas das copaíferas

são associadas a um extenso número de compostos que agem em conjunto como

anti-inflamatório e antimicrobiano potente. IZUMI et al. (2012) destacaram que a

presença de diversos compostos terpenoides, ácido copálico, ácido abiético, entre

outras substâncias, são um diferencial na composição desse grupo de vegetal e

que influi na sua potencialidade terapêutica parasiticida.

O tratamento a base do Bioproduto S. adstringens foi o que apresentou

o pior resultado tanto macro como microscopicamente, sendo que o prurido e o

estresse dos animais eram mais evidentes durante todo o experimento. A

explicação farmacológica para a menor ação acaricida do barbatimão é atribuída

por SANTOS (2007) a diferenças nas concentrações de metabólitos secundários,

aos quais são imputadas as principais atividades benéficas, e são influenciados

por fatores diversos como sazonalidade da planta e fatores geográficos.

TIZARD (2009) descreve que a presença do ácaro e suas secreções

na pele induz o animal a apresentar hipersensibilidade imediata que se inicia com

a degranulação de mastócitos para início da inflamação aguda. Os linfócitos estão

presentes na inflamação aguda para auxiliar no reconhecimento de antígenos,

mas na hipersensibilidade causada por parasitas são os eosinófilos que

desempenham o papel de maior importância no organismo. No presente estudo,

não foi observada a presença de mastócitos em nenhum dos fragmentos

observados, entretanto evidenciou-se grande quantidade de linfócitos e

eosinófilos em todas as amostras.

A presença de contaminação secundária associada ao acentuado

infiltrado inflamatório neutrofílico foi mais frequente nos fragmentos obtidos antes

do tratamento, em relação aos obtidos após o término do mesmo. Este achado

confirma a afirmativa de WALTON & CURRIE (2007) de que a contaminação

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bacteriana da epiderme e derme, entre outros tecidos, é uma das complicações

mais frequentes na sarna sarcóptica, sendo porta de entrada para outros

patógenos.

CONCLUSÕES

Os tratamentos com Ivermectina e com os Bioprodutos à base de

L.pacari e P. emarginatus demonstraram ser mais eficientes no tratamento da

sarna sarcóptica em suínos, quando comparados com o Bioproduto à base de

Copaifera sp.. O Bioproduto a base de S. adstringens foi o que apresentou menor

eficiência dos quatro bioprodutos testados. Entretanto todos os tratamentos

testados revelaram limitações no controle da sarna sarcóptica em suínos.

Pode-se concluir, entretanto, que com pequenos ajustes da formulação

dos bioprodutos, estes sejam uma opção viável para o tratamento desta

enfermidade.

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Page 84: ESTUDO COMPARATIVO DO USO DE QUATRO … · Na produção de suínos, a sarna sarcóptica é uma doença oportunista que gera extensas perdas indiretas como depreciação da pele,

66

CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização de bioprodutos para tratamento de enfermidades é uma

realidade em diversas partes do mundo. O Brasil possui uma flora muito diversa e

singular, que ainda pouco conhecida cientificamente possui amplo potencial de

novas descobertas. Estudos com enfoque na caracterização e descobrimento de

novas substâncias com propriedades terapêuticas é muito importante nos dias

atuais. A partir desse trabalho foi possível avaliar o potencial terapêutico de

espécies botânicas originárias do cerrado. Com auxílio de técnica de bioensaio in

vitro utilizando o ácaro Sarcoptes scabiei como organismo teste, evidenciou-se a

atividade acaricida com elevada eficácia tanto do óleorresina de Copaífera sp.

quanto o de P. emarginatus, e em menor grau dos extratos etanólicos de L. pacari

e S. adstrigens.

O estudo in vivo, utilizando os suínos em fase de crescimento e

reprodutiva possibilitou colocar-se em prática os resultados obtidos anteriormente

no bioensaio in vitro, bem como testar a formulação preconizada para os

tratamentos nos grupos. A avaliação em caráter qualitativo demonstrou melhora

significativa nos grupos tratados com os bioprodutos à base de Copaífera sp., L.

pacari e P. emarginatus, visto que nos animais na fase de reprodução foi notada

uma melhora substancial no quadro clínico dos animais tratados com os

bioprodutos à base de L. pacari e P. emarginatus.

Os resultados obtidos nos permitiram inferir que os bioprodutos do

cerrado testados, podem ser fontes de novas substâncias químicas com atividade

acaricida e anti-inflamatória, demonstrando preliminarmente ser uma opção

natural ao tratamento ou mesmo complementar da sarna sarcóptica em suínos.

Assim a sua fácil aplicação, a ausência de toxidade para os animais, a não

obrigatoriedade de período de carência para o consumo alimentar e por não

produzirem contaminação ambiental, são pontos atrativos para a utilização destes

bioprodutos.

Os tratamentos acaricidas convencionais são mais amplamente

utilizados tanto em animais de companhia como em rebanhos. O resgate e o

reconhecimento atual dos fitoterápicos alternativos para o tratamento de doenças

surgiu com a necessidade de redução dos gastos e da diminuição da poluição

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67

ambiental. A etnoveterinária vem se destacando e trazendo soluções

sustentáveis com alta eficácia como opção para o tratamento da sarna sarcóptica

entre outras doenças.

A sarna sarcóptica constitui um problema da saúde animal e humana

no mundo atual, determinando não apenas efeitos deletérios como prejuízos

econômicos. Presume-se que ainda há muito a ser pesquisado sobre os efeitos

benéficos e novas utilidades para os produtos naturais e seus derivados. A

continuidade das pesquisas farmacológicas e os ensaios a campo de bioprodutos

constitui-se uma forma de agregar valor à flora fitoterápica nacional e garantir

uma redução na quantidade de resíduos químicos gerados na produção animal

além de estimular a utilização da imensa biodiversidade do país com

responsabilidade sustentável.

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ANEXOS

QUADRO 1: Mortalidade de ácaros Sarcoptes scabiei, fêmeas, em período de 5 horas,

expostas aos Extratos etanólicos de Barbatimão nas concentrações de 25%,

50%, 75% e 100%.

Hora/ Produto%

B1 25%

B2 25%

B3 25%

B1 50%

B2 50%

B3 50%

B1 75%

B2 75%

B3 75%

B1 100%

B2 100%

B3 100%

15:30 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0

16:30 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0

17:30 1 1 1 0 0 1 1 0 0 2 0 1

18:30 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

19:30 1 0 1 3 0 0 0 0 2 0 0 0

20:30 0 1 0 1 0 1 1 0 0 0 0 1

08:30 x x x x x x x x x x x x

QUADRO 2: Mortalidade de ácaros Sarcoptes scabiei, fêmeas, em período de 5 horas,

expostas aos Extratos etanólicos de Pacari nas concentrações de 25%,

50%, 75% e 100%.

Hora/ Produto%

P1 25%

P2 25%

P3 25%

P1 50%

P2 50%

P3 50%

P1 75%

P2 75%

P3 75%

P1 100%

P2 100%

P3 100%

15:30 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 2

16:30 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

17:30 1 1 1 2 0 1 1 0 0 3 0 0

18:30 0 0 0 0 0 0 0 2 3 0 1 0

19:30 2 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0

20:30 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0

08:30 x x x x x x x x x x x x

QUADRO 3: Mortalidade de ácaros Sarcoptes scabiei, fêmeas, em período de 5 horas,

expostas aos Óleorresinas de Copaíba nas concentrações de 25%, 50% e

75%.

Hora/ Produto %

C1 25%

C2 25%

C3 25%

C1 50%

C2 50%

C3 50%

C1 75%

C2 75%

C3 75%

15:30 0 0 0 0 2 0 1 2 3

16:30 0 2 0 2 0 3 3 2 3

17:30 10 0 10 2 8 1 1 4 4

18:30 x 8 x 0 x 0 3 0 x

19:30 x x x 0 x 0 0 0 x

20:30 x x x 0 x 0 0 0 x

08:30 x x x x x x x x x

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QUADRO 4: Mortalidade de ácaros Sarcoptes scabiei, fêmeas, em período de 5 horas,

expostas Óleorresinas de Sucupira nas concentrações de 25%, 50% e 75%.

Hora/ Produto%

S1 25%

S2 25%

S3 25%

S1 50%

S2 50%

S3 50%

S1 75%

S2 75%

S3 75%

15:30 0 0 10 0 1 1 1 0 2

16:30 1 4 x 0 1 5 0 3 3 17:30 2 1 x 3 0 0 9 2 0

18:30 7 3 x 0 0 0 0 0 0 19:30 x 0 x 3 10 0 0 0 0

20:30 x x x 0 x 0 x 4 4 08:30 x x x x x x x x x

QUADRO 5: Mortalidade de ácaros Sarcoptes scabiei, fêmeas, em período de 5 horas,

expostas à água destilada e Surfacactante Tween 20 em concentração de

2%.

Hora/ Produto%

ÁGUA ÁGUA ÁGUA TWEEN 20 2%

TWEEN 20 2%

TWEEN 20 2%

15:30 0 0 0 0 0 0

16:30 0 0 0 0 0 0

17:30 0 0 0 0 1 1

18:30 0 1 1 2 0

19:30 0 0 1 0 1

20:30 4 0 1 0 3 1

08:30 x x x x x x

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FIGURA 1: Escores histológicos avaliados pela coloração de HE em tegumento

de suínos em fase de crescimento acometidos por sarna sarcóptica.

A1: Hiperplasia epidérmica, antes dos tratamentos; A2: Hiperplasia

epidérmica, depois dos tratamentos; B1: Hiperemia, antes dos

tratamentos; B2: Hiperemia, depois dos tratamentos; C1:Hemorragia,

antes dos tratamentos; C2: Hemorragia, depois dos tratamentos; D1:

Hiperqueratose, antes dos tratamentos; D2: Hiperqueratose, depois

dos tratamentos. GC1: grupo Controle1 ; GI1: grupo Ivermectina1;

GV: grupo Veículo; GB: grupo Barbatimão; GCb: grupo Copaíba;

GP1: grupo Pacari1; GS1: grupo Sucupira1.

A1 A2

B1 B2

C1 C2

D1 D2

GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1 GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1

GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1

GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1

GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1

GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1 GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1

GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1

Page 89: ESTUDO COMPARATIVO DO USO DE QUATRO … · Na produção de suínos, a sarna sarcóptica é uma doença oportunista que gera extensas perdas indiretas como depreciação da pele,

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FIGURA 2: Escores histológicos avaliados pela coloração de HE em tegumento

de suínos em fase de crescimento acometidos por sarna sarcóptica.

A1: Infiltrado linfocitário, antes dos tratamentos; A2: Infiltrado

linfocitário, depois dos tratamentos; B1:Infiltrado eosinofílico, antes dos

tratamentos; B2: Infiltrado eosinofílico, depois dos tratamentos. GC1:

grupo Controle1 ; GI1: grupo Ivermectina1; GV: grupo Veículo; GB:

grupo Barbatimão; GCb: grupo Copaíba; GP1: grupo Pacari1; GS1:

grupo Sucupira1.

A1 A2

B1 B2 GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1

GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1 GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1

GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1

Page 90: ESTUDO COMPARATIVO DO USO DE QUATRO … · Na produção de suínos, a sarna sarcóptica é uma doença oportunista que gera extensas perdas indiretas como depreciação da pele,

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FIGURA 3: Escores histológicos avaliados pela coloração de HE em tegumento

de suínos em fase de reprodução acometidos por sarna sarcóptica.

A1: Hiperplasia epidérmica, antes dos tratamentos; A2: Hiperplasia

epidérmica, depois dos tratamentos; B1: Hiperemia, antes dos

tratamentos; B2: Hiperemia, depois dos tratamentos; C1:Hemorragia,

antes dos tratamentos; C2: Hemorragia, depois dos tratamentos; D1:

Hiperqueratose, antes dos tratamentos; D2: Hiperqueratose, depois

dos tratamentos. GC1: grupo Controle1 ; GI1: grupo Ivermectina1; GV:

grupo Veículo; GB: grupo Barbatimão; GCb: grupo Copaíba; GP1:

grupo Pacari1; GS1: grupo Sucupira1.

A1 A2

B1 B2

C1 C2

D1 D2

GC2 GI2 GP2 GS2

GC2 GI2 GP2 GS2 GC2 GI2 GP2 GS2

GC2 GI2 GP2 GS2

GC2 GI2 GP2 GS2 GC2 GI2 GP2 GS2

GC2 GI2 GP2 GS2 GC2 GI2 GP2 GS2

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FIGURA 4: Escores histológicos avaliados pela coloração de HE em tegumento

de suínos em fase de reprodução acometidos por sarna sarcóptica.

A1: Infiltrado linfocitário, antes dos tratamentos; A2: Infiltrado

linfocitário, depois dos tratamentos; B1:Infiltrado eosinofílico, antes dos

tratamentos; B2: Infiltrado eosinofílico, depois dos tratamentos. GC1:

grupo Controle1 ; GI1: grupo Ivermectina1; GV: grupo Veículo; GB:

grupo Barbatimão; GCb: grupo Copaíba; GP1: grupo Pacari1; GS1:

grupo Sucupira1.

GC2 GI2 GP2 GS2

GC2 GI2 GP2 GS2

GC2 GI2 GP2 GS2

GC2 GI2 GP2 GS2 A1 A2

B2 B1