ESTUDO DA DIFUSÃO DAS ARTES VISUAIS NOS...
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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES
ESTUDO DA DIFUSÃO DAS ARTES VISUAIS
NOS MUNICÍPIOS E OS SEUS DIFERENTES
MODELOS DE INFRAESTRUTURAS CULTURAIS,
PARTINDO DA ANÁLISE A QUATRO
EXEMPLOS NACIONAIS
Ensaio para um modelo de centro de Arte Contemporânea
para o Município de Loures
Claudia Sofia Simenta Rodrigues
Trabalho de Projeto
Mestrado em Crítica, Curadoria e Teorias de Arte
Trabalho de Projeto orientado pela Profª. Doutora Cristina Azevedo Tavares
e pelo Doutor Paulo Jorge Piteira Leão
2016
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DECLARAÇÃO DE AUTORIA
Eu Claudia Sofia Simenta Rodrigues, declaro que o presente trabalho de projeto de mestrado
intitulada “Estudo da difusão das Artes Visuais nos municípios e os seus diferentes modelos
de infraestruturas culturais, partindo da análise a quatro exemplos nacionais. Ensaio para um
modelo de centro de Arte Contemporânea para o Município de Loures”, é o resultado da
minha investigação pessoal e independente. O conteúdo é original e todas as fontes
consultadas estão devidamente mencionadas na bibliografia ou outras listagens de fontes
documentais, tal como todas as citações diretas ou indiretas têm devida indicação ao longo
do trabalho segundo as normas académicas.
A Candidata
____________________________________
[assinatura]
Lisboa, ____ de ___________ de 2016
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RESUMO
O presente estudo tem por objetivo a conceção de um projeto de centro de arte para o
Concelho de Loures, que mais do que um simples espaço de apresentação de Arte
Contemporânea, seja também uma estrutura fomentadora da relação da comunidade local
com a Arte.
Assim, durante o biénio de 2014-2015 foram inquiridas vinte e quatro infraestruturas
culturais de génese municipal (centros de arte, centros culturais, fóruns culturais, entre
outras), com programação específica na área da Arte Contemporânea, para que fosse possível
perceber o seu modo de funcionamento, a sua adaptação à realidade envolvente e a
recetividade da comunidade local às mesmas.
Das vinte e quatro ICGM inquiridas foram selecionadas apenas quatro por se considerar
serem as mais significativas, pela sua estrutura organizativa, missão e objetivos
diferenciadores. Procedeu-se, assim, a uma análise mais profunda ao Centro de Arte
Contemporânea Graça Morais (Bragança), ao Centro de Artes Visuais (Coimbra), ao Centro
de Arte Manuel de Brito (Algés) e ao Centro de Artes de Sines (Sines), avaliando aspetos
como a arquitetura do espaço, a forma de organização, a programação, os públicos e a gestão
do acervo museológico destas instituições culturais.
A partir desta análise foi possível conceber um modelo de centro de arte para o Município
de Loures, adaptado à realidade do território e que se crê poder vir a promover uma relação
de maior proximidade entre a Arte e a população do concelho.
É desta forma que surge o TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures, que se pretende que
seja um estímulo à produção artística local e ao estreitar da relação entre a comunidade local,
a arte e os artistas, estimulando ainda a participação de agentes e produtores culturais locais,
empresas, estabelecimentos de ensino, entre outros.
O TEIA terá como principal objetivo, fomentar uma comunidade mais participativa e
empenhada e consequentemente mais interessada em cultura, promovendo os aspetos que
distinguem Loures, enquanto comunidade, das demais.
Palavras-Chave:
Loures, centro de arte, Artes Visuais, Arte Contemporânea, identidade cultural.
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ABSTRACT
The purpose of this study is to present a proposal of an art centre project for the Municipality
of Loures which, more than a simple space for the presentation of Contemporary Art,
intends to be a fostering structure of the relationship between the local community and Art.
During the biennium 2014-2015, 24 municipal cultural infrastructures (art centres, cultural
centres, and cultural forums, among others) with specific programming in the area of
Contemporary Art, were surveyed, in order to perceive their operating mode, their adaptation
to the surrounding reality and the receptivity of the local community to these structures.
Of the 24 ICGM surveyed, only four were chosen due to the fact they were considered the
most significant in terms of organizational structure, mission and objectives. A more in-
depth analysis was carried out on the Graça Morais Contemporary Art Centre (Bragança),
the Centre for Visual Arts (Coimbra), the Manuel de Brito Art Centre (Algés) and the Sines
Arts Centre (Sines), evaluating aspects such as the architecture of the space, the organization,
the programming, the public and the management of the museological collection of these
cultural institutions.
From this analysis it was possible to design a model of art centre for the Municipality of
Loures, more adapted to the reality of this territory and which we believe will be able to
promote a closer relationship between Art and the local population.
This is how the TEIA – Loures Visual Arts Centre emerges, a space intended to stimulate
local artistic production and to strengthen the relationship between the local community, art
and artists, and encourage the participation of local cultural agents and producers, companies,
educational establishments, among others.
Therefore, TEIA’s main objective will be to foster a more participative and committed
community and consequently more interested in Culture, promoting the aspects that
distinguish the Loures community from other communities.
Keywords:
Loures, art centre, Visual Arts, Contemporary Art, cultural identity.
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AGRADECIMENTOS
À minha filha Sara, pelas horas “roubadas” de brincadeira, pelos bons momentos passados no
nosso “ateliê de pinturas”, e pela companhia na realização dos “nossos
trabalhos da escola”.
Ao Luís,
pela paciência, compreensão, e pelos dias forçosamente encerrado em casa.
Aos meus pais, por tudo.
A minha avó Mariana,
pela capacidade de perspetivar o futuro.
Ao meu tio Zé,
Pela grande lição de persistência, nunca desistindo daquilo que nos realiza.
E ainda de forma muito particular:
À Professora Cristina Azevedo Tavares e ao Professor Fernando Rosa Dias, pela orientação, ensinamentos e possibilidade de voltar a lidar de perto com
matérias que tanto me dizem.
Ao Dr. Paulo Piteira, pela incansável disponibilidade para as necessárias sessões de discussão,
orientação e aconselhamento, que em muito contribuíram para a produção
deste estudo.
Ao João Pedro Vale e ao Nuno Alexandre Ferreira,
Pela abertura e rápida resposta ao desafio proposto.
A todos os colegas e amigos, sem distinção, pelo apoio sempre demonstrado.
Ao Município de Loures,
Pela oportunidade de trabalhar naquilo que me realiza e promover, através da Arte, a construção de uma sociedade melhor, mais esclarecida, com
sentido crítico e capaz de se exprimir das mais diferentes formas.
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ÍNDICE
RESUMO ............................................................................................................................................................................. 5
ABSTRACT......................................................................................................................................................................... 7
ÍNDICE .............................................................................................................................................................................. 11
Introdução ........................................................................................................................................................................ 13
1. O surgimento dos museus e a situação atual ao nível do território nacional ................................................. 15
1.1. A difusão da cultura e da arte nos municípios .................................................................................................. 17
1.2. Tipologia de equipamentos ............................................................................................................................... 20
1.3. Programação e a gestão das coleções................................................................................................................ 21
1.4. Públicos .............................................................................................................................................................. 22
1.5. Quatro exemplos nacionais - Análise ao seu funcionamento, programação e estrutura organizativa ............ 24
1.5.1. Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança ................................................................ 24
1.5.2. Centro de Artes Visuais, em Coimbra ..................................................................................................... 26
1.5.3. Centro de Arte Manuel de Brito, em Oeiras ........................................................................................... 29
1.5.4. Centro de Artes de Sines, em Sines......................................................................................................... 31
1.5.5. Nota reflexiva ........................................................................................................................................... 34
2. Loures e a cultura, ontem e hoje. ......................................................................................................................... 39
2.1. Caracterização cultural de Loures – arte, indústria e comunidade .................................................................. 41
2.2. Infraestruturas culturais existentes de gestão municipal .................................................................................. 45
2.3. As Galerias Municipais e a difusão das Artes Plásticas no Concelho de Loures ............................................ 48
2.4. O Plano de Intervenção Municipal para as Artes Plásticas .............................................................................. 49
2.5. Os produtores culturais ...................................................................................................................................... 50
2.6. O ensino e o papel das escolas .......................................................................................................................... 52
2.7. Os públicos ........................................................................................................................................................ 55
2.8. Acervo Municipal de Artes Plásticas ................................................................................................................ 57
3. Um Centro de Artes Visuais para o Município de Loures ............................................................................... 59
3.1. TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures ...................................................................................................... 60
3.2. Missão e objetivos ............................................................................................................................................. 61
3.3. Estrutura de funcionamento .............................................................................................................................. 62
3.4. Programação ...................................................................................................................................................... 63
3.5. O acervo municipal e a definição de uma Política de Gestão de Acervos ...................................................... 67
3.6. Marketing cultural – Comunicar o espaço cultural .......................................................................................... 70
3.6.1. O papel do merchandising nos espaços culturais ................................................................................... 73
4. Operacionalização do projeto “TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures” ............................................... 74
4.1. Edifício ............................................................................................................................................................... 74
4.1.1. Localização .............................................................................................................................................. 75
4.1.2. Condicionantes do edifício ...................................................................................................................... 76
4.1.3. A arquitetura do edifício e a definição dos seus espaços ....................................................................... 77
4.2. Recursos humanos e serviços disponíveis ........................................................................................................ 78
4.3. A curadoria e as exposições .............................................................................................................................. 80
4.4. A gestão do acervo ............................................................................................................................................ 81
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4.4.1. O estudo da coleção ................................................................................................................................. 83
4.5. O serviço educativo e a mediação cultural ....................................................................................................... 84
4.5.1. LEA - Laboratórios de Experimentação Artística .................................................................................. 85
4.5.2. Oficinas pedagógicas ............................................................................................................................... 86
4.5.3. Ações de formação e educação artística.................................................................................................. 87
4.5.4. Visitas orientadas ..................................................................................................................................... 88
4.6. O atendimento e a receção ao público .............................................................................................................. 88
4.7. Rede de Recursos do TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures................................................................... 89
4.8. Marketing e comunicação – definição de uma estratégia de atuação .............................................................. 90
4.8.1. Definição de um plano de comunicação ................................................................................................. 90
4.8.2. Merchandising - promoção, divulgação e sustentabilidade ................................................................... 91
4.9. Apoios e parcerias ............................................................................................................................................. 92
Conclusão .......................................................................................................................................................................... 93
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................................. 97
ANEXOS ......................................................................................................................................................................... 107
Anexo 1 – Ilustrações
Anexo 2 – Proposta de Regulamento para o TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures
Anexo 3 – Arquitetura do espaço
Anexo 4 - Programação de exposições do TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures (1º quadrimestre)
Anexo 5 – Política de Gestão de Acervos
Anexo 6 – Normas de funcionamento dos LEA
Anexo 7 – Rede de Recursos do TEIA
Anexo 8 – Plano de Comunicação
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Introdução
O presente estudo parte da necessidade de criação de um espaço em Loures, capaz
de assegurar de forma eficaz, a produção e difusão da arte no seio do território, assim
como estimular a formação artística e a literacia cultural da sua população, contribuindo,
ainda, de forma ativa para a preservação da história e da identidade do Concelho de
Loures.
Partindo desse pressuposto e com o intuito de perceber que tipo de infraestrutura
faria sentido a Loures, foi realizado entre 2014 e 2015 o levantamento de algumas
infraestruturas culturais de génese municipal (ICGM), dentro do território nacional, com
o objetivo analisar aspetos como o modo de funcionamento, a missão e os objetivos de
cada uma destas mesmas estruturas. Foram assim inquiridas vinte e quatro IGCM para,
dentro das funcionalidades, características e eficiência de cada uma delas, avaliar o
modelo (ou modelos) mais adequado à realidade do Município de Loures.
Tendo como ponto de partida a ideia subjacente à criação do Musée du Gâteau
Basque, em Sare (País Basco), museu que desenvolve a sua atividade em torno de uma
temática muito particular da história e da tradição basca – o gâteau basque – surgiu a ideia
de criação de uma estrutura que pudesse, da mesma forma, promover alguns dos aspetos
e particularidades que mais caracterizam e identificam o Concelho de Loures, cruzando
estes com expressões artísticas contemporâneas, fundamentalmente com as Artes Visuais.
O presente estudo encontra-se organizado em quatro capítulos, sendo que o
primeiro faz o enquadramento e a apresentação daquela que é, atualmente, a realidade
nacional. Partindo da origem do museu enquanto instituição dedicada à preservação da
história e à promoção do conhecimento, é feita uma breve análise à forma de difusão da
cultura (e em particular da Arte) nos municípios e à tipologia, modo de funcionamento,
programação, gestão das coleções e públicos, das ICGM vocacionadas para a
apresentação de Arte Contemporânea a nível nacional. Para tal, são descritos quatro
exemplos de ICGM de referência, selecionados de acordo com as suas especificidades,
identificadas após o desenvolvimento de uma criteriosa avaliação e estudo.
O segundo capítulo aborda a realidade local de Loures e apresenta a evolução da
situação da cultura e das Artes Visuais, no território, ao longo dos tempos, através da
análise das infraestruturas culturais existentes e do papel das galerias municipais na
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difusão da Arte, do plano de intervenção municipal criado especificamente para a
promoção e desenvolvimento das Artes, da possibilidade de instituição de uma
colaboração mais ativa com produtores e agentes culturais, agentes educativos e
comunidade local, na definição de uma programação mais apelativa, das medidas
tomadas no sentido de se aprofundar o conhecimento que se tem dos públicos e, por
último, da riqueza histórica e local existente passível de ser artisticamente explorada.
Por fim, o terceiro e quarto capítulos são dedicados à elaboração de um projeto para
criação de centro de Arte Contemporânea para o Município de Loures. Desta forma, no
terceiro capítulo, apresenta-se o TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures segundo as
linhas orientadoras para o seu funcionamento, missão e objetivos, definição de
programação, gestão de acervos e promoção do mesmo enquanto equipamento cultural
(marketing cultural). No quarto e último capítulo, concretizam-se as ideias apresentadas
no capítulo anterior, através da operacionalização do projeto, apresentando aquela que é
a estrutura proposta para o centro de arte, com a respetiva definição de espaços, equipa,
curadoria de exposições, gestão de acervo, estudo da coleção, programação pedagógica e
promoção e comunicação do equipamento e da sua atividade cultural.
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1. O surgimento dos museus1 e a situação atual ao nível do território nacional
Data de 1836 a criação do primeiro museu em Portugal instalado em edifício de
raiz. Da responsabilidade de John Francis Allen, comerciante de vinhos e colecionador
de origem britânica, o Museu da Restauração, sediado na cidade do Porto, era espaço
dedicado à exibição de diversas coleções (arte, história natural e epigrafia). Dos que lhe
antecederam, sempre em espaços adaptados, podemos nomear o Real Museu de História
Natural e Jardim Botânico da Ajuda (1768), o Museu de História Natural e Jardim
Botânico da Universidade de Coimbra (1772) ou o Museu Pacense (1791).
É com o século XIX que, numa lógica de concretização de ideais liberais como a
promoção do ensino e a liberdade de pensamento, são criados espaços públicos como o
Museu Portuense de Pinturas e Estampas2 (1833), no Porto, e a Galeria Nacional de
Pintura da Academia Real de Belas Artes (1868), em Lisboa, para acomodação do vasto
património nacionalizado no âmbito da extinção das Ordens Religiosas (1834).
Devido às precárias condições do Convento de São Francisco, onde se encontrava
instalada a Galeria Nacional de Pintura, é criado, em 1884, no Palácio Alvor-Pombal (Rua
das Janelas Verdes), o Museu Nacional de Belas-Artes e Arqueologia3, espaço adquirido
pelo Estado para ali instalar os designados Museus Centrais4.
No início do século XIX, a situação dos museus em Portugal era muito diferente do
que se passava a nível europeu. Perante um Estado falido eram, na grande maioria, os
privados que possuíam capacidade económica para aquisição dos bens confiscados às
ordens religiosas, pelo que os museus que aqui e ali iam surgindo eram quase sempre
particulares e tutelados por uma pequena elite.5
Durante muito tempo Portugal foi entendido como uma nação culturalmente
homogénea cujo centro era Lisboa, o que fomentou a ideia de uma comunidade nacional,
despida de quaisquer particularidades regionais ou locais. Neste contexto, é também no
1 De acordo com a definição do ICOM/UNESCO (art. 3º, Estatutos do ICOM, 24 de agosto de 2007) um
museu é uma «instituição permanente, sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu
desenvolvimento, aberto ao público, e que adquire, conserva, estuda, comunica e expõe testemunhos
materiais do homem e do seu meio ambiente, tendo em vista o estudo, a educação e a fruição.» 2 Mais tarde, Museu Soares dos Reis. 3 Mais tarde, Museu Nacional de Arte Antiga. 4 ANTT - Academia Nacional de Belas Artes. Lisboa: Direcção-Geral de Arquivos. 5 PIMENTEL, Cristina - O sistema museológico português (1833-1931): em direcção a um novo modelo
teórico para o seu estudo, 2005, apud MAGALHÃES, Fernando Paulo Oliveira – op. cit., p. 104.
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decorrer do século XIX, que tem lugar a primeira tentativa de instalar, em todas as capitais
de distrito, espaços museológicos - os denominados Gabinetes de Raridades - cujo
objetivo seria «a inculcação da identidade nacional.»6
A instabilidade política sentida nessa altura inviabilizou, contudo, as intenções do
Estado, só voltando a ser possível considerar a criação de novos espaços museológicos
com o advento da Primeira República. É com o Decreto nº 1 de 26 de Maio de 1911 e
com a consequente revalorização dos «museus regionais como complemento fundamental
do ensino artístico e elemento essencial da educação geral»7 que, entre 1912 e 1924, são
criados em Portugal treze destes museus8, estruturas, contudo, de pouco sucesso face à
falta de verbas e à «ausência de uma definição político-administrativa das regiões
portuguesas».9
Grande parte das “entidades autodesignadas museus” 10 existentes hoje em dia
(figura 1) são relativamente recentes tendo a maioria iniciado o seu funcionamento nas
décadas de 80-90. É, no entanto, a partir da década de 70, com a Revolução de Abril e
com a emergência do poder local democrático, que começa a ser notório um crescente
interesse por este tipo de equipamento cultural.11 Contudo, com a publicação da Lei-
Quadro dos Museus Portugueses12, em 2004, têm sido verificadas algumas dificuldades
na operacionalização do conceito de museu, nomeadamente no que respeita ao modelo de
gestão definido para cada uma das entidades museológicas existentes. Esta situação é
mais frequentemente verificada ao nível da Administração Local, onde o modelo de
6 GOUVEIA, Henrique Coutinho - Acerca do Conceito e Evolução dos Museus Regionais Portugueses
desde finais do século XIX ao regime do Estado Novo, 1985, p. 149, apud MAGALHÃES, Fernando Paulo
Oliveira – op. cit., p. 105. 7 RAMOS, Paulo Oliveira – “Breve história do museu em Portugal”. In TRINDADE, Maria
Beatriz Rocha (coord.) Iniciação à Museologia. Lisboa: Universidade Aberta, 1993, pp. 19-62, apud
MAGALHÃES, Fernando Paulo Oliveira - op. cit., p. 105. 8 GOUVEIA, Henrique Coutinho - op. cit., p. 164-165, apud MAGALHÃES, Fernando Paulo Oliveira -
op. cit., p. 105. 9 MAGALHÃES, Fernando Paulo Oliveira - op. cit., p. 106. 10 Conforme referido por José Soares Neves, Jorge Alves dos Santos e Joana Saldanha Nunes, na
comunicação Os museus em Portugal: politicas publicas e dinâmicas do sector em Portugal nos anos mais
recentes, proferida em Junho de 2008 no VI Congresso de Sociologia “Mundos Sociais: Saberes e Práticas”,
na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa .
11 NEVES, José Soares – “Museus em Portugal: Elementos para uma caracterização”. In IV Congresso
Português de Sociologia. Coimbra, 2000, p. 2. 12 Lei n.º 47/2004, de 19 de Agosto.
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gestão adotado reflete a rentabilização de recursos financeiros, logísticos e humanos,
através da opção por estruturas como os museus polinucleados ou redes de museus.13
É a partir da década de 90 (com maior incidência já nos anos 2000), que por todo o
território nacional começa a surgir uma outra tipologia de entidade museológica de
estrutura mais atual e contemporânea e com uma componente fortemente experimental –
os denominados Centros de Arte ou Centros Culturais14.
1.1. A difusão da cultura e da arte nos municípios
Vivemos numa época de exaltação de igualdades e nivelamentos estruturais,
esquecendo-nos muitas vezes que a nossa riqueza reside naquilo que nos caracteriza
enquanto indivíduos, naquilo que nos distingue e nos torna únicos.
Nos últimos anos tem sido observado um boom no surgimento de instituições,
passíveis das mais diferentes denominações, alicerçadas numa sempre premente
necessidade de “democratização da arte” com o simples objetivo de trazer para a periferia
e para a chamada “província”, o que de melhor existe em termos de produção artística.
Partindo deste pressuposto, trabalhamos para apresentar aos nossos públicos apenas
“mais do mesmo”15, tornando as nossas louváveis intenções em fontes de frustração,
promotoras de salas de exposições vazias de público, mas também de conteúdo.
Obviamente, não deixa de ser importante a proliferação de espaços para apresentação de
produção artística nacional e internacional, contudo dever-se-á ter em conta, antes de
mais, aquilo que torna cada local, cada território, único e apelativo aos diversos tipos de
público.
Com o fortalecimento da democracia portuguesa, primeiro com a Revolução em
Abril de 1974 e, dois anos depois, com a institucionalização do poder local democrático
por meio de eleições livres16, criou-se uma nova dinâmica cultural ao nível das autarquias.
13 NEVES, José Soares; SANTOS, Jorge Alves dos; NUNES, Joana Saldanha – “Os museus em Portugal:
políticas públicas e dinâmicas do sector em Portugal nos anos mais recentes”. In VI Congresso Português
de Sociologia. Mundos Sociais: Saberes e Práticas. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de
Ciências e Humanas, 2008, p.5. 14 Quando associados a múltiplas formas de expressão artística. 15 Um pouco talvez no seguimento de uma ideia, fomentada pelo Estado Novo, de um Portugal
culturalmente homogéneo, concebido à imagem da sua capital, Lisboa. 16 SILVA, Augusto Santos - “Como abordar as políticas culturais autárquicas? Uma hipótese de roteiro”.
In Sociologia, Problemas e Práticas. Lisboa: ICS-ISCTE, nº 54, 2007, p. 12.
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Da mesma forma, com a entrada de Portugal na União Europeia (1986), houve um
crescimento gradual do investimento no sector da cultura, o que se veio a refletir ao nível
da administração central e local. Contudo, e segundo José Soares Neves17, tem sido um
investimento que flui ao sabor dos ciclos eleitorais, sendo notório um aumento do volume
de investimento em anos de eleições, a que se seguem períodos, mais ou menos
prolongados, de abrandamento desse mesmo investimento. De ressalvar, no entanto, o
decréscimo de investimento que tem vindo a ser sentido nos últimos anos, certamente
reflexo da crise em que ainda nos encontramos mergulhados, e que nos fez atingir níveis
de investimento muito próximos dos de 2000 (figura 2).
Apesar da situação que hoje vivemos, é inegável que a integração europeia abriu
novas possibilidades de financiamento e desenvolvimento cultural ao nível da
administração central, que se repercutiram, de forma mais ou menos acentuada, na
administração local. Estas, contudo, surgiram sem qualquer avaliação de públicos e de
hábitos de consumo, assumindo-se simplesmente que a procura seria semelhante à dos
grandes centros e a oferta uma réplica da produzida nos equipamentos culturais centrais.
Desde a década de oitenta que se tem sentido um crescente investimento na
construção em infraestruturas culturais de génese municipal (entre as quais se incluem os
denominados centros culturais), sendo que desde 2000 o aparecimento desses
equipamentos tem sido exponencial, com especial incidência no ano de 2005 (figura 3).
Assim, é na Região de Lisboa e na Região Norte que tem sido feito o grande investimento
financeiro na área da cultura, particularmente na construção de equipamentos, ficando a
produção e a programação culturais em segundo plano, dado o menor índice de
visibilidade que podem proporcionar aos executivos municipais.
Nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto a situação é notoriamente diferente
da que encontramos no restante território português. Encontrando-se num patamar de
desenvolvimento cultural diferente servem de “modelo” à definição da procura e da oferta
de bens culturais nos municípios, o que se reflete nas estruturas de organização funcional
das instituições implementadas em todo o território nacional.
Ao nível municipal são as câmaras as protagonistas na definição das chamadas
“políticas culturais autárquicas”, não havendo praticamente qualquer participação por
17 NEVES, José Soares - Despesas dos Municípios com Cultura [1986-2003]. Lisboa: Observatório das
Atividades Culturais, 2005, p. 5-6.
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parte das chamadas estruturas inframunicipais (juntas de freguesias) e supramunicipais
(associação de municípios e áreas metropolitanas). Não obstante, a fraca participação das
demais instituições públicas, os desafios e exigências lançados pelas políticas do Estado
e a quase inexistente iniciativa empresarial local tornam a atuação do poder autárquico
numa «variável decisiva»18 mesmo quando esta prima pela pequenez e pela incoerência.
Na cultura, ao contrário do que acontece nas áreas do abastecimento de águas e no
tratamento de resíduos, é escassa a implementação de planos de cooperação
intermunicipais, conhecendo-se apenas algumas situações pontuais e muito específicas.
É o caso, por exemplo, da associação Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, criada em
1992 entre o Norte de Portugal e a Galiza; da Artemrede, formalmente constituída, em
2005, entre catorze autarquias nacionais19; e da parceria estabelecida em 2013 entre Elvas
e Badajoz, que resultou na criação da Eurocidade Badajoz-Elvas. Ressalve-se que nestes
dois casos as parcerias são muito abrangentes não se restringindo apenas à cooperação ao
nível da cultura.
Desta forma, e segundo Augusto Santos Silva, é notória a incapacidade de
construção de políticas culturais diferenciadas e individualizadas, ao nível autárquico, o
que inviabiliza qualquer possibilidade de diferenciação política20, situação que se verifica
na grande maioria dos municípios nacionais. O não assumir da cultura como área de
destaque entre as prioridades da estratégica autárquica, leva a que o investimento neste
campo, a nível municipal, varie de acordo com a conjuntura económica, sendo um dos
primeiros setores a sofrer em épocas de crise. Este posicionamento não invalida que o
discurso político surja como legitimação das opções tomadas ao nível do investimento
em cultura, justificando-se o mesmo de acordo com as necessidades da comunidade local.
A matriz dos discursos e políticas culturais autárquicas tem sido ao longo dos
tempos os programas políticos definidos pela administração central (nomeadamente redes
de bibliotecas, arquivos e museus), sendo as câmaras municipais meros recetores e não
18 SILVA, Augusto Santos - “A dinâmica cultural das cidades médias: uma sondagem do lado da oferta”.
In FORTUNA, Carlos; SILVA, Augusto Santos (orgs.) - Projecto e circunstância: culturas urbanas em
Portugal, Porto: Afrontamento, 2002, p 81, apud MELO, Sara – “Santa Maria da Feira: A função das artes
de rua para a definição e projecção de uma política cultural local”. In Actas dos ateliers do V Congresso
Português de Sociologia. Sociedades Contemporâneas: Reflexividade e Acção. Braga: Universidade do
Minho, 2004, p. 88. 19 Abrantes, Alcanena, Alcobaça, Almada, Barreiro, Lisboa, Moita, Montijo, Oeiras, Palmela, Santarém,
Sesimbra, Sobral de Monte Agraço e Tomar. 20 SILVA, Augusto Santos - op. cit., p. 13.
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produtores das suas políticas culturais. Os governos tendem a solicitar a participação do
poder local na partilha dos custos de investimento de capital e na gestão de equipamentos,
e este vê nesta participação uma grande oportunidade de desenvolvimento cultural.
É, assim, neste contexto que temos vindo a assistir, nos últimos anos, ao
aparecimento de uma tipologia de equipamentos culturais muito particular, os já
anteriormente referidos “Centros Culturais” ou, mais especificamente, “Centros de Arte”.
1.2. Tipologia de equipamentos
No seguimento do levantamento efetuado no decorrer de 2015 no âmbito do
Mestrado de Crítica Curadoria e Teorias da Arte, foi possível verificar a existência de
uma grande panóplia de ICGM, diferenciadas entre si não só pela forma como são
denominadas, como igualmente pelas suas atribuições e competências específicas. Entre
Museus de Arte, Centros de Arte, Centros Culturais, Fóruns Culturais, Centros de Artes
e Ofícios, entre outros, encontramos espaços exclusivamente dedicados à Arte
Contemporânea, mas também a outras formas de expressão artística, entre as quais o
cinema, a música, o teatro e a dança.
Mas qual é de facto a diferença entre um museu de Arte Contemporânea e um centro
de Arte Contemporânea, tendo em conta que ambas as estruturas assumem a
responsabilidade de «garantir um destino unitário a um conjunto de bens culturais e
valorizá-los através da investigação, incorporação, inventário, documentação,
conservação, interpretação, exposição e divulgação, com objetivos científicos,
educativos e lúdicos [assim como] facultar acesso regular ao público e fomentar a
democratização da cultura, a promoção da pessoa e o desenvolvimento da sociedade»21?
Da análise feita a ambas as tipologias de equipamento no decorrer do levantamento
efetuado, a principal diferença que conseguimos identificar passa pelo fator de
experimentação que se encontra muito presente em todos os centros de arte avaliados e
que se reflete na apresentação de projetos únicos e diferenciadores, muitas vezes resultado
de residências artísticas desenvolvidas no seio dos mesmos ou de programações de
“autor”, realizada por criadores e/ou curadores externos às instituições. Por seu lado, os
museus de arte são instituições mais tradicionalistas, mais fechadas e, por conseguinte,
21 Conforme disposto no artigo 3º da Lei nº 47/2004 de 19 de agosto (Lei Quadro dos Museus Portugueses).
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mais elitistas e direcionadas para um público muito específico e especializado, pelo que,
talvez por essa razão, se encontrem frequentemente instalados em grandes centros
urbanos e capitais de distrito, como Lisboa, Porto, Braga, Beja, entre outros.
1.3. Programação e a gestão das coleções
Para alguns autores «a programação é uma metáfora do poder»22 elaborada com
base no «cruzamento de territórios culturais, políticos, económicos, sociais, legais,
demográficos e tecnológicos».23 Mas o que é, de facto, programar? Para José Bastos,
diretor do Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), «é escolher e gerir um conjunto de
informação em prol de um fim que procura ir ao encontro da missão de cada estrutura»24,
produzindo uma oferta de qualidade e diversa, vocacionada para a formação dos públicos.
No seguimento ao inquérito remetido às vinte e quatro ICGM nacionais analisadas
(Portugal Continental), foi possível verificar que, na generalidade, a escolha da
programação recai maioritariamente sobre abordagens de cariz mais contemporâneo, o
defendido por José Bastos, de que vivemos «no mundo num determinado momento», e
que devendo a arte estar sempre «à frente do seu tempo […] não faria sentido ter uma
programação que não fosse, no mínimo, contemporânea e, nalgumas situações, de
vanguarda».25
Tratando-se de equipamentos municipais, a responsabilidade dessa programação
assenta maioritariamente na figura do dirigente máximo e/ou área funcional da Unidade
Orgânica a que a ICGM se encontra afeta, ou ainda do seu diretor artístico, podendo a
curadoria das exposições ser, por vezes, atribuída a entidades externas à tutela.
Paralelamente à programação das exposições é habitualmente definida uma programação
complementar, que pode contemplar a realização de colóquios, oficinas, visitas guiadas,
workshops, música, dança, teatro, entre outros e que é usualmente da responsabilidade do
diretor artístico e/ou do serviço educativo.
22 LOPES, Eliana Raquel Silva Ramalho - Programação Cultural enquanto exercício de poder. Lisboa:
Universidades Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 2010, p. 5. 23 Idem, p. 9. 24 Idem, 2010, p. 81. 25 Idem, 2010, p. 83.
- 22 -
Das ICGM inquiridas, a maioria posiciona-se, assim, na persecução da promoção e
do apoio às artes e aos artistas e na formação dos seus públicos por intermédio das
atividades realizadas no âmbito da sua programação.
No que concerne ao acervo das ICGM, quando existente, este ou tem origem em
coleções privadas cedidas sob determinadas condições (ex.: comodato, depósito, etc.) ou
é municipal, resultando de aquisições por compra, doações e/ou concursos. A gestão das
coleções é, na maioria dos casos, feita pelos técnicos dos equipamentos, sendo rara a
existência de estudos exaustivos das mesmas ou a publicação de catálogos raisonné (mais
frequente no caso das coleções privadas, como é o caso do Centro de Arte Manuel de
Brito).
Algumas das ICGM inquiridas surgiram como resposta à necessidade de criação de
um espaço para apresentação pública de uma coleção pré-existente (normalmente de
origem privada), sendo disso exemplo o Centro Internacional de Artes José de Guimarães
e o Centro de Arte Manuel de Brito. Em ambos os casos a programação de exposições
destes espaços é pensada partindo das coleções residentes e com o objetivo de promoção
do diálogo destas com as demais obras patentes nas exposições organizadas.
1.4. Públicos
Os públicos são a razão de existir dos espaços culturais e, por essa razão, as
entidades que os gerem estão cada vez mais atentas a esta realidade, tentando acompanhar
e suprir as necessidades dos mesmos. Mas como podemos definir o conceito de público
de cultura? Joana Bernardo aglutina diversas informações recolhidas na literatura da
especialidade, chegando à sua própria definição de “público” que apresenta como
«estrutura dinâmica, não amorfa, capaz de ser sugestionada, provocando a sua
participação e interacção com as propostas de obra e espectáculos culturais. […] é
composto por agentes activos, críticos e intervenientes, configurando-se como um
conjunto complexo, não estabilizado, atravessado por perturbações internas.»26
Os motivos que levam o público a empreender uma visita a um espaço museológico
podem ser muito diversos: sociabilização, convivência, apreensão ou transmissão de
26 BERNARDO, Joana Margarida Pinheiro da Cruz - Os não-públicos da cultura, Lisboa: Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa, 2009, p. 23.
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conhecimento, entre outros. Existem uma série de variáveis sociográficas relevantes para
a tipificação e definição dos públicos de cultura e que têm influência na frequência e nas
suas preferências culturais, nomeadamente a idade, a ocupação profissional, o estado civil
e sobretudo o capital escolar próprio e familiar.27 Para uma receção mais participada é
imprescindível trabalhar no sentido da «partilha de códigos de linguagem e interpretação
que devem ser trabalhados e construídos pelos públicos e com os públicos da cultura»28.
Para a viabilidade dessa partilha de códigos muito contribui uma maior qualificação
escolar e cognitiva dos públicos, promovida pelos serviços educativos dos museus e pela
mediatização fomentada pela comunicação social.
Os públicos dos museus são na sua maioria constituídos por visitantes estrangeiros
e nacionais em contexto de lazer (ex.: turistas) e visitantes em contexto escolar.29 Por
outro lado, os visitantes dos espaços expositivos são em geral de uma classe etária mais
elevada do que os frequentadores de espetáculos de artes performativas, e mais
qualificados em termos de ocupação socioprofissional e nível de escolaridade.30
Da análise feita aos dados obtidos através do inquérito realizado no âmbito do
presente mestrado, foi possível verificar que parte dos visitantes dos equipamentos
contactados (figura 4) são, na sua maioria, adultos, idosos e público em idade escolar31.
Foi, ainda, possível verificar que grande parte destes equipamentos não possuem
programação direcionada para o público portador de deficiência, tendo apenas um – o
Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor - referido receber visitas deste tipo de público.
Um dos grandes desafios dos museus de hoje é a manutenção/fidelização de
públicos, para além da sua captação. Sendo os apoios dados pelo Estado extremamente
limitados e seletivos, torna-se crucial a demonstração da essencialidade destas
instituições no bem-estar e desenvolvimento intelectual da população. Neste contexto,
27 CARVALHO, Carla Raquel Antunes de - Casa das Histórias Paula Rego. Estratégias Comunicacionais
e suas Implicações no Visitantes. Lisboa: ISCTE-IUL, Departamento de Sociologia, Cultura e Tecnologias
da Informação, 2010,p. 13. 28 Idem, p. 14. 29 NEVES, José Soares - “Constituição de redes de equipamentos e os seus impactos: o caso da Rede
Portuguesa de Museus”. In AAVV - Públicos da cultura. Lisboa: Observatório das Actividades Culturais,
2004, p. 235. 30 SANTOS, Maria de Lourdes Lima dos (coord); NEVES, José Soares; LIMA, Maria João - Cartografia
cultural do Concelho de Cascais. Lisboa: Observatório das Actividades Culturais, 2005, apud
CARVALHO, Carla Raquel Antunes de - op. cit., p. 15. 31 Necessário referir que só foi possível obter informação relativamente a sete das vinte e quatro ICGM
inquiridas, pelo que a amostra conseguida é representativa de apenas 70% dessas entidades.
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revestem-se de suma importância os estudos de públicos realizados pelas diversas
instituições culturais para aferição da aceitabilidade das mesmas por parte da população.
Os públicos, enquanto entidades legitimadoras da atividade do museu, são ainda o
resultado de um esforço de comunicação e divulgação, por parte da instituição, no sentido
de uma maior democratização da cultura. Um maior conhecimento dos públicos dos
museus «permite perceber quais os interesses e as motivações de quem os visita, […]
adequar as actividades à população já frequentadora, bem como alargar o espectro de
visitantes».32
1.5. Quatro exemplos nacionais - Análise ao seu funcionamento, programação e
estrutura organizativa
1.5.1. Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança
Inaugurado a 30 de junho de 2008, o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais
(CACGM), situa-se em pleno centro histórico da Cidade de Bragança, no nº 105 da Rua
Abílio Beça (figura 5), no antigo solar setecentista dos Sá Vargas (ou dos Veiga Cabral),
edifício foi reabilitado pelo arquiteto Eduardo Souto Moura. Ao corpo principal juntaram-
se dois novos corpos de linhas direitas e linguagem assumidamente contemporânea, tendo
sido intervencionada uma área total de cerca de 2105 m2 (figuras 6 e 7).
Alberga no seu rés-do-chão uma zona de receção, loja/livraria, cafetaria, instalações
sanitárias e o acesso à esplanada exterior e jardim (figura 8) e, no piso superior, uma área
de exposição com sete salas – o Espaço Graça Morais (figura 9) - para apresentação da
obra da artista. No novo corpo do edifício, composto por outros dois pisos e destinado à
apresentação de exposições temporárias de referência nacional e internacional, a
atribuição de funções foi em tudo semelhante ao definido para o edifício principal: o piso
térreo foi destinado a serviços, com área de receção de obras, sala de reservas/acervo,
oficinas e monta-cargas, ficando os 240 m2 do piso superior, com os seus 8,30 m de pé
direito, destinados apenas a área de exposição (figuras 10). Como elo de ligação entre
estas duas estruturas, foi construído um terceiro elemento, também ele para apresentação
de exposições temporárias (figura 11) e albergando, simultaneamente, diversos serviços
32 CARVALHO, Carla Raquel Antunes de - op. cit., p. 22.
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de apoio (sala de reuniões, as salas do serviço educativo, o gabinete administrativo e o
centro de documentação33).
Em 2002, a Câmara Municipal de Bragança formalizou a sua candidatura ao
programa INTERREG IIIA com o Projeto Transmuseus, no qual se encontrava integrada
a construção do CACGM. A obra, iniciada em outubro de 2004 e que veio a possibilitar
a recuperação de um edifício histórico classificado como Imóvel de Interesse Municipal,
exigiu um investimento de cerca de 5 milhões de euros, provenientes de fundos
comunitários (menos de 2 milhões de euros) e de verbas municipais.
Apostando na cultura como fator de modernização e competitividade, o projeto foi
desenhado numa perspetiva de descentralização cultural e fomento da relação entre as
cidades de Bragança e Zamora (Espanha), para implementação do conceito de Pólo
Cultural Transfronteiriço34 e integração deste nas rotas culturais nacionais e
internacionais.
Tendo como parceiros a Fundação de Serralves (Porto)35 e o Museu Baltasar Lobo
(Zamora)36, a missão do CACGM passa por «sensibilizar e promover o conhecimento da
arte contemporânea, nacional e internacional, em geral, e da obra da pintora Graça
Morais, em particular.»37
A coleção do centro é municipal, possui cerca de 125 obras, e resulta de aquisições
por compra, doações e depósitos. É gerida pela instituição e reflete o programa expositivo
que vem sendo realizado, apresentando exposições de Arte Contemporânea e da Coleção
Graça Morais. Não existindo um estudo aprofundado da mesma, não foi ainda possível
produzir um catálogo raisonné.
A programação de exposições é da responsabilidade do diretor artístico e financiada
pelo Município de Bragança38. Trata-se de uma programação que se encontra
vocacionada para a apresentação da obra de artistas consagrados e em início de carreira,
que desenvolvam os seus projetos no campo da Arte Contemporânea. Por ano são
realizadas seis exposições, coletivas e/ou individuais, para promoção e apoio aos artistas
33 O Centro de Documentação do CACGM encontra-se vocacionado para a Arte Contemporânea, em geral,
e para a obra da pintora Graça Morais, em particular. 34 Protocolo celebrado entre os dois municípios em fevereiro de 1999. 35 Protocolo celebrado com o Município de Bragança a 26 de fevereiro de 2001. 36 Construído, igualmente, no âmbito da candidatura ao INTERREG IIIA – Projeto Transmuseus. 37 CACGM – Missão. Sítio oficial do Centro de Arte Contemporânea Graça Morais. 38 Conforme descrito no Regulamento Orgânico dos Serviços Municipais do Município de Bragança.
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e para formação de públicos. A curadoria das exposições é da responsabilidade do diretor
artístico e de curadores convidados, e a montagem destas é assegurada por equipas
multidisciplinares municipais.
A programação complementar é definida no âmbito das exposições realizadas, é
igualmente da responsabilidade do diretor artístico e inclui a realização de colóquios,
concertos, cursos, oficinas, palestras, visitas guiadas, workshops, etc. As atividades
promovidas, neste contexto, pelo Serviço Educativo, são direcionadas ao público escolar.
Para cumprimento de todas as suas funções e atividades, o CACGM conta com uma
equipa pluridisciplinar quatro pessoas (um diretor artístico e três assistentes técnicos). O
centro possui, ainda, uma equipa de segurança (dois colaboradores) e uma equipa de
limpeza (dois colaboradores). A administração do espaço é feita em colaboração com a
Divisão de Educação, Cultura e Ação Social da Câmara Municipal de Bragança
(Vereação da Cultura).
Para divulgação da sua programação o centro recorre a meios como a televisão,
rádio, internet (sítio oficial, redes sociais), imprensa escrita e agenda cultural. Como
suportes utiliza os habituais folhetos, catálogos, convites impressos, convites digitais,
cartazes, telas e múpis, sendo a produção dos textos para os catálogos e dos press releases
da responsabilidade do diretor artístico. O centro possui ainda, à venda na sua loja,
merchandise específico para promoção do equipamento e da sua atividade (serigrafias,
blocos, lápis, loiça exclusiva decorada com pinturas de Graça Morais, entre outras coisas).
Funciona de terça a domingo (10h00/12h30-14h00/18h30), encerrando às
segundas, domingos de Páscoa, Dia do Trabalhador, 22 de Agosto, Natal e Ano Novo.
Apesar de pagas para o público em geral, as entradas são gratuitas para grupos/faixas
etárias específicos (crianças até 10 anos) e em determinados dias (domingos de manhã,
Dia Internacional dos Museus e Dia Internacional da Juventude). O número de visitantes
por ano é de cerca de 15.000, sendo na sua maioria crianças, jovens, adultos e estudantes.
1.5.2. Centro de Artes Visuais, em Coimbra
Instalado na ala poente do antigo Colégio das Artes, no nº 10 do Pátio da Inquisição,
em Coimbra (figura 12), o Centro de Artes Visuais (CAV) foi inaugurado a 14 de
fevereiro de 2003, ano em que Coimbra foi Capital Nacional da Cultura. Criado enquanto
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espaço para alojamento do festival responsável pela divulgação e promoção da fotografia
nos anos 80 e 90, o CAV vinha dotar a estrutura organizativa deste evento com um espaço
para o desenvolvimento da sua atividade na promoção das «artes da imagem»39 e, em
particular, da fotografia enquanto meio de expressão artística.
A escolha da sua localização deveu-se não só à vontade de proceder à recuperação
de um edifício histórico do século XVI, classificado como Imóvel de Interesse Público40,
mas também pelo facto deste se encontrar integrado numa zona fortemente turística. O
projeto de requalificação, da responsabilidade do arquiteto João Mendes Ribeiro (figuras
13, 14, 15 e 16), surgiu no contexto do concurso público organizado pela Câmara
Municipal de Coimbra, em 1997, só possível por recurso a fundos municipais, centrais e
europeus. Pela notável intervenção realizada, o trabalho de João Mendes Ribeiro foi
distinguido, em 2003, com o Prémio Municipal de Arquitetura Diogo Castilho.41
Com uma área total de cerca de 1.700m2, o edifício possui dois pisos e integra
diversas valências. No piso térreo surge a receção e a sala de exposições temporárias,
passível de ser modelada por diversos painéis movíveis, que conferem versatilidade ao
espaço e permitem diferentes formas de organização do mesmo (figura 17). Temos ainda
a cafetaria, uma zona de esplanada e a área da primitiva capela. Sob a sala de exposições
encontra-se a zona de escavação arqueológica, a qual é possível visitar graças ao
engenhoso sistema desenhado pelo arquiteto do projeto. O pavimento amovível, inspirado
nos sub-palcos dos teatros, permite com facilidade aceder às áreas de escavação onde se
encontram os vestígios arqueológicos. No piso superior encontramos um segundo espaço
de receção, a sala de exposições e a sala para projetos em vídeo42, o auditório/sala de
conferências (figura 18), os gabinetes de trabalho e as salas de formação, os serviços
administrativos/direção, instalações sanitárias e a biblioteca. Existe ainda a denominada
“Caixa”, espaço criado para revelação, conservação e arquivo de fotografias (figura 19),
que funciona como elemento autónomo das paredes e do chão, o que permite um maior
controlo da temperatura e da humidade relativa no seu interior. Por último temos o sótão,
espaço redescoberto no seguimento da concretização das obras de reabilitação do edifício,
e que é hoje utilizado como acesso para a manutenção do equipamento.
39 CAV – Sítio oficial do Centro de Artes Visuais | Encontros de Fotografia, Coimbra. 40 Decreto 516/71, DG 274 de 22 de Novembro de 1971. 41 FOLGADO, Mariana - O Centro de Artes Visuais. Coimbra: uma intervenção na ala poente do antigo
Colégio das Arte. Lisboa: Universidade Lusíada de Lisboa, Faculdade de Arquitetura e Artes, 2015, p. 78. 42 Programa “Project Room” de apoio à criação emergente nacional e internacional.
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Apesar de ser propriedade da Câmara Municipal de Coimbra, a gestão do CAV é
feita por uma associação de direito privado, através de um protocolo de comodato. Sendo
essencialmente uma estrutura de promoção e divulgação da fotografia e da imagem em
movimento, o CAV tem no entanto consciência que todas as atuais disciplinas artísticas
coexistem num diálogo permanente, pelo que dedica parte da sua atividade à apresentação
de projetos desenvolvidos na área da pintura, da escultura ou do desenho.
Em termos organizativos, o CAV possui uma equipa de quatro técnicos com
formação em diversas áreas de especialidade.
A programação e a curadoria das exposições é da responsabilidade do diretor do
centro43, sendo, por vezes, realizados convites a alguns curadores externos. Suportada por
financiamento do Estado e da Autarquia e, por vezes, por patrocínios ocasionais, a
programação encontra-se vocacionada para a apresentação de projetos de fotografia,
desenvolvidos por artistas consagrados e em início ou meio de carreira, nacionais e
estrangeiros. O número de exposições é de cerca de quatro por ano, na sua maioria
temporárias, coletivas e/ou individuais. A montagem das exposições é assegurada pela
equipa do CAV e estas, além de terem como propósito a promoção e divulgação da Arte
Contemporânea e dos artistas, têm ainda objetivos educacionais e formativos.
O serviço educativo é responsável pela organização/realização de visitas guiadas às
exposições, sendo que algumas delas são também, por vezes, conduzidas pelos artistas e
pelos curadores das mesmas. A participação nas visitas guiadas é gratuita, mediante
marcação. É igualmente da responsabilidade deste serviço, a programação de ciclos de
conferências e colóquios e a concretização de ações de formação.
O CAV dispõe de uma biblioteca especializada em Arte Contemporânea, acessível,
mediante marcação, a quem deseje contactar com bibliografia específica neste domínio.
A sua coleção é privada e resulta do espólio reunido através dos diversos Encontros de
Fotografia organizados, sendo constituída por mais de 2500 obras resultantes de
encomendas e doações. Composta por obras de artistas como André Cepeda, António
Júlio Duarte, Bernard Plossu, Carlos Vidal, Cristina Garcia Rodero, Daguerre, Daniel
Blaufuks, Dieter Appelt, Duane Michals, Edgar Martins, Filipa César, Gerard Castello
Lopes, entre outros, não foi ainda realizado um catálogo raisonné da mesma.
43 Igualmente diretor da Encontros de Fotografia - Associação Cultural e Recreativa.
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A divulgação das iniciativas promovidas pelo CAV é habitualmente feita por meio
do seu sítio oficial, das redes sociais, newsletters e imprensa escrita, assim como,
folhetos/flyers, catálogos e convites impressos e digitais. O CAV não possui merchandise
próprio e encontra-se aberto ao público de terça a domingo (14h00/19h00), estando
encerrando às segundas e feriados (Natal e Ano Novo). A entrada é gratuita, recebendo
por ano cerca de 8.000 visitantes os quais são, na sua maioria, adultos e profissionais da
área.
1.5.3. Centro de Arte Manuel de Brito, em Oeiras
Sediado no antigo Palácio dos Anjos (figura 20), na Alameda Hermano Patrone, em
Algés, o Centro de Arte Manuel de Brito (CAMB) abriu as suas portas ao público a 29 de
novembro de 2006, com o objetivo de dar a conhecer a Coleção Manuel de Brito.
Tratando-se de um edifício histórico, apresenta alguns dos problemas inerentes às
estruturas pré-existentes adaptadas ao desempenho de novas funções, mas também
facilita a identificação da população residente com o centro de arte agora ali sediado.
No âmbito do Programa Integrado de Qualificação das Áreas Suburbanas da Área
Metropolitana de Lisboa (PROQUAL) foi aberto concurso público, em 2003, pela
Câmara Municipal de Oeiras, que veio a destinar um investimento de cerca de 3,5 milhões
de euros44 à recuperação do edifício, realizada pelos arquitetos João Goes Ferreira e
Cristina Coelho (figuras 21 e 22). As fachadas de maior visibilidade (viradas a sul)
mantiveram a sua estrutura original e a área total do edifício foi ampliada com a
construção dos novos corpos a norte, de volumetria mais minimalista e discreta, que não
reduziram o protagonismo do corpo principal do edifício.
A escolha do Palácio dos Anjos para instalação do CAMB não foi por acaso. Ao
intuito de recuperação do edifício histórico juntou-se a sua privilegiada situação
geográfica encontrando-se estrategicamente localizado entre Lisboa, capital e centro
cultural por excelência, e Cascais, zona turística e de veraneio, estando igualmente bem
servido de meios de transporte.
44 Adragão, Maria de Sol - O Centro de Arte Coleção Manuel de Brito – Génese, desenvolvimento e
perspetivas de crescimento da instituição. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas, 2010, p. 48-49.
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Com uma área de construção de 2.500 m245, encontra-se dividido por quatro pisos,
organizados da seguinte forma: o piso -1, com o espaço de reservas de obras de artes e as
instalações sanitárias públicas; o piso 0, com a bilheteira/receção, loja, elevador,
instalações sanitárias para pessoas de mobilidade reduzida, sala de vídeo e sala de
exposições (figuras 23 e 24); o piso 1, com zona expositiva (figura 25), cafetaria interna
e serviço educativo; e, finalmente, o piso 2, com a zona técnica e administrativa e a sala
de reuniões no interior do torreão. No exterior encontram-se a cafetaria/restaurante, o
jardim, o anfiteatro e um espaço multifuncional (figuras 26 e 27).
Sendo um espaço de gestão municipal, o seu funcionamento rege-se pelo protocolo
assinado entre o Município de Oeiras e os herdeiros da Coleção Manuel de Brito. Em
termos de organização e funcionamento, e de acordo com o disposto no seu regulamento
interno, o CAMB possui um coordenador com formação técnica especializada (que
representa a instituição enquanto técnico dependente do próprio Município de Oeiras) e
uma equipa46 de mais de cinco funcionários devidamente habilitados para as funções que
desempenham. A referida equipa é composta pelo Serviço de Inventário e Conservação
(que tem a seu cargo a salvaguarda da coleção, sendo responsável pela inventariação,
conservação e estudo da mesma47), pelo Serviço Educativo e de Animação48 (que
desenvolve um programa de atividades de carácter lúdico, formativo e pedagógico,
destinadas ao público escolar, familiar e geral, tendo como ponto de partida as exposições
patentes no CAMB) e pelo Serviço de Produção e Divulgação (que assegura e acompanha
todos os procedimentos relacionados com a atividade do CAMB, nomeadamente
transporte, seguros, montagens/desmontagens, comunicação, etc.).
A coleção do centro de arte é propriedade da família Brito e conta com cerca de 300
obras de alguns dos mais relevantes artistas nacionais, desde 1914 até a atualidade,
resultado de diversas aquisições feitas, pelo colecionador, ao longo dos anos. Encontra-
45 ENTREPLANOS – Escritórios e Edifícios Públicos. Centro de Arte Manuel de Brito. Arquitetura,
urbanismo e design. Lisboa: Entreplanos-Gabinete de Arquitetura, Urbanismo e Design, 2012. 46 Afeta à Divisão de Cultura e Turismo do Departamento de Educação, Cultura e Promoção do
Conhecimento, conforme descrito no Regulamento orgânico dos serviços do Município de Oeiras. 47 A coleção tem sido, ao longo dos tempos, alvo de um estudo aprofundado, tendo sido produzido um
catálogo raisonné da mesma. 48 A programação deste serviço é trimestral, sendo que as suas atividades são orientadas por um técnico do
próprio CAMB, mas desenvolvidas por instituições, agentes ou monitores externos, como é o caso da Mapa
das Ideias e da Cultideias. Contempla oficinas, visitas guiadas, workshops/ateliês temáticos, ciclos de
concertos e conferências.
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se cedida ao Município de Oeiras, por um período de 11 anos, em regime de comodato,
renovável por períodos de cinco anos.
A programação de exposições do CAMB é bienal, variada, de base temática e
direcionada a artistas consagrados, e tando esta como o material promocional a ela
relacionado, são da responsabilidade da Comissão Consultiva, composta pelo
coordenador do centro e pelo representante da família Brito. Por ano são apresentadas
cerca de quatro exposições, podendo as mesmas ser coletivas, individuais, temporárias e
permanentes/longa duração. A curadoria é externa e as exposições têm um propósito
educacional/formativo.
Para divulgação da sua atividade o CAMB recorre a meios como a televisão, a rádio,
a internet (sítio oficial, sítio municipal, redes sociais), imprensa escrita e agenda cultural,
utilizando como suportes os folhetos, catálogos, convites impressos, convites digitais,
cartazes, telas, múpis, outdoors. Possui, ainda, merchandise próprio para divulgação da
sua atividade e a produção de textos referentes à coleção são da responsabilidade da
representante da família Brito - Maria Arlete Alves da Silva - e de colaborações externas.
O CAMB funciona de terça a sexta (10h00/18h00), aos sábados e domingos
(12h00/18h00) e encerra às segundas e feriados (Páscoa, véspera e Natal, véspera e Ano
Novo, feriados nacionais). A entrada no equipamento é paga para o público em geral,
sendo de custo reduzido ou gratuita para determinados grupos. É, ainda, gratuita ao
domingo, dias de inauguração, no dia do aniversário do centro e no Dia Internacional dos
Museus. Recebe por ano cerca de 11.000 visitantes, número que abrange todos os tipos
de público (crianças, jovens, adultos, idosos, estudantes, profissionais da área e
reformados).
1.5.4. Centro de Artes de Sines, em Sines
O Centro de Artes de Sines (CAS) localiza-se no limite norte do núcleo histórico
da cidade de Sines, na Rua Cândido dos Reis (figuras 28 e 29). Inaugurado a 20 de agosto
de 2005, encontra-se instalado num edifício construído de raiz segundo o projeto dos
arquitetos Francisco e Manuel Mateus, do Atelier Aires Mateus & Associados49 (figura
49 O CAS tem sido alvo de diversas distinções nomeadamente: Prémio Mies van der Rohe 2007 (finalista),
Prémios AICA/MC: Arquitetura 2005, Prémios Instituto do Turismo de Portugal 2005 – categoria Obra
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30). Agrega várias funções num único equipamento e serve todas as camadas da
população, funcionando simultaneamente como parte da cidade e porta de acesso ao
centro histórico.
A implantação de toda a estrutura exigiu um investimento de mais de 9,5 milhões
de euros, financiado pelo Quadro Comunitário de Apoio III e pelo próprio Município de
Sines. A opção pela zona antiga da cidade justifica-se pela necessidade de reabilitação do
centro histórico e a vontade do município de transformar esta construção no novo símbolo
da cidade de Sines. Pela sua volumetria, o edifício assume-se como uma estrutura
monumental e de forte presença no local, surgindo como «uma massa rígida e opaca»50
que, destacando-se dos demais edifícios que o circundam, pouco revela da sua função.
O CAS possui uma área total de 13.209m2 (área bruta)51 dividida por dois corpos
volumetricamente autónomos, cada um fragmentado em dois blocos distintos. É por estas
quatro estruturas que se encontram distribuídas as diferentes funções que o centro de artes
congrega - o arquivo e o auditório (com os seus 175 lugares) de um lado, a biblioteca e o
centro de exposições do outro (figuras 31 e 32). Definido desta forma, o espaço permite
que cada bloco funcione de forma independente, de acordo com as suas competências
funcionais (biblioteca e arquivo distribuídos por dois pisos; centro de exposições52 e
auditório, cada um desenvolvido numa única e ampla sala).
A ligação entre os quatro blocos faz-se no piso subterrâneo por meio de um imenso
foyer, utilizado igualmente como área expositiva (figura 33). É também aqui que se
encontram os acessos de circulação vertical para os restantes blocos, zonas de serviços,
áreas técnicas, instalações sanitárias e arrecadações. No piso -1 temos, ainda, a Black Box
(constituída por duas salas de 70 e de 22 m2), um espaço polivalente de apoio ao auditório
e a outras iniciativas que necessitem de um ambiente mais reservado. É no lado oeste da
construção, onde estão sediados a Biblioteca e o Centro de Exposições, que se encontram
(menção honrosa), Prémio Enor 2006, Prémio ContractAward – categoria Educação, Prémios FAD’06
(nomeação), Prémio de Melhor Obra Ibero-Americana de Arquitetura e Urbanismo 2006 (nomeação). Foi
ainda considerado um dos 10 melhores edifícios portugueses da primeira década do séc. XXI pelo jornal
Expresso, em 2009. 50 DOMINGUES, Rúben Miguel Santos - A identidade do limiar. Um olhar sobre quatro espaços de
entrada na arquitectura contemporânea portuguesa, Coimbra: Universidade de Coimbra, Faculdade de
Ciências e Tecnologia, Departamento de Arquitetura, 2014, p. 71. 51 Desta área apenas 1.585 m2 (área bruta) são dedicados ao Centro de Exposição, sendo que apenas cerca
de um terço desta área é efetivamente espaço útil (538 m2). 52 A área expositiva é constituída por três espaços: a sala principal, o foyer do piso -1 e a denominada sala
da “rampa”.
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valências como o Serviço Educativo e Cultural (figura 34), as duas cafetarias53 (figura
35) e o estacionamento. Existe ainda um terceiro volume - a Casa Preta – elemento de
metal negro que se destaca do conjunto. Trata-se de um espaço autónomo de apoio ao
centro de artes que, possuindo cerca de 47 m2, se encontra equipado com copa e
instalações sanitárias e é, por vezes, utilizado como loja assim como para outras funções.
Em 2012 foi inaugurado o denominado Pátio das Artes (figura 36), uma «praceta
polivalente destinada a acolher acontecimentos culturais, atividades lúdicas e outros
eventos»54. Construído no âmbito do Programa de Regeneração Urbana de Sines, o Pátio
das Artes foi cofinanciado por fundos FEDER/União Europeia do programa operacional
INALENTEJO do QREN 2007-2013.
De gestão pública e da responsabilidade da Câmara Municipal de Sines, o CAS
conta com uma equipa de mais de vinte funcionários e tem por missão a promoção das
artes e da educação no concelho. A programação de exposições é da responsabilidade do
dirigente máximo da Divisão de Intervenção Social/Núcleo da Cultura55. Sendo
vocacionada para a Arte Contemporânea, com espacial enfoque na área da pintura e
propósito educacional e formativo. O CAS realiza entre quatro a oito exposições por ano
(coletivas, individuais, temporárias ou itinerantes), dedicadas à apresentação de artistas
consagrados e em início de carreira. A curadoria é da responsabilidade do município e/ou
externa e a montagem das exposições é assegurada pelos serviços municipais.
A programação complementar é promovida pelo Serviço Educativo e Cultural
dentro do contexto das exposições realizadas e visa «despertar a sociedade para a
importância da arte enquanto área do conhecimento de especial importância para o
desenvolvimento do ser humano»56. As diversas atividades organizadas, nomeadamente
cursos, oficinas, visitas guiadas, workshops, espetáculos de teatro, dança, música, cinema
e lançamento de publicações, são direcionadas em grande medida para o público escolar
não esquecendo nunca o público em geral.
A coleção do CAS é privada e resultante de doações, não tendo sido, até ao
momento, produzido um catálogo raisonné da mesma.
53 No foyer do piso -1 e na cobertura da biblioteca. 54 CÂMARA MUNICIPAL DE SINES - Sines Município-Sítio Oficial do Município de Sines. Sines:
Câmara Municipal de Sines. 55 Conforme descrito no Regulamento dos Serviços Municipais da Câmara Municipal de Sines. 56 CENTRO DE ARTES DE SINES – EA - Semana da Educação Artística 2015. Sines: Câmara Municipal
de Sines, CAS, Serviço Educativo e Cultural, 2015, p. 1.
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Para a divulgação das suas iniciativas o CAS recorre à internet (sítio oficial, sítio
municipal e redes sociais), utilizando como suportes folhetos, convites impressos,
convites digitais, cartazes, telas, múpis e outdoors, sendo os press releases da
responsabilidade do Serviço de Informação, Divulgação e Imagem da Câmara Municipal
de Sines.
O CAS não possui merchandise para a divulgação e promoção do equipamento e
das suas atividades e pratica diferentes horários de abertura consoante a vocação dos seus
espaços. O centro de exposições funciona de segunda a sexta (14h00/20h00), aos fins-de-
semana (14h30/20h00), e encerra na Páscoa, Dia do Trabalhador, Natal e Ano Novo. A
entrada é gratuita e o número de visitantes, na sua maioria crianças, jovens, adultos,
idosos e reformados, ronda os 20.000/ano.
1.5.5. Nota reflexiva
No cômputo das vinte e quatro ICGM analisadas, foram selecionadas apenas quatro
que, pela sua estrutura de organização, missão e objetivos, se consideraram ser casos
muito singulares a nível nacional. Assim, foram abordados os seguintes equipamentos:
- O CACGM, em Bragança, símbolo de uma vontade imperiosa contra o isolamento
e a interioridade a que a maioria da região, pelas suas características geográficas, se
encontra votada e que levou o Município de Bragança a encontrar engenhosas soluções
de combate a essa exclusão, valorizando não só o seu património cultural como a
identidade do próprio território. Assim, foi através da aliança a Zamora, município
espanhol, e da implantação do conceito de Pólo Cultural Transfronteiriço, que Bragança
criou uma das primeiras associações além-fronteiras57, possibilitando a ambas as regiões
assumirem-se como fontes de atração turística, passando a integrar os roteiros nacionais
e internacionais. Neste contexto, foi realizada uma candidatura conjunta ao INTERREG
IIIA, com o Projeto Transmuseus, que viabilizou a construção/adaptação do edifício onde
hoje se encontra sediado o CACGM e do Museu Baltasar Lobo, em Zamora. Por outro
lado, a valorização do património e da identidade regional foi potenciada, ao associar-se
o edifício à obra da artista consagrada e de origem transmontana, Graça Morais.
57 Só comparável ao protocolo assinado pelas cidades de Badajoz e Elvas, a 16 de setembro de 2013, para
criação da Eurocidade Badajoz-Elvas, com o objetivo de atrair investimento e promover o desenvolvimento
das duas cidades.
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- Criado no contexto do evento Coimbra - Capital Nacional da Cultura, o CAV teve
por objetivo albergar os Encontros de Fotografia e a sua coleção. Enquanto espaço
especificamente dedicado à fotografia e à imagem em movimento e sediado no centro do
país, pressentia-se como algo de único neste âmbito, a nível nacional, que surgia como
uma oportunidade de rentabilização de um festival pré-existente, responsável pela criação
de uma coleção de valor incalculável no campo da “arte da imagem”.
- O CAMB que, à semelhança dos dois exemplos anteriores, foi instalado num
espaço pré-existente – o antigo Palácio dos Anjos, em Algés – readaptado para receber a
coleção de Manuel de Brito, um dos mais importantes colecionadores de Arte
Contemporânea portuguesa e munícipe de Oeiras. Sendo uma coleção de grande
relevância nacional, encontra-se instalada num equipamento localizado numa zona de
grande potencial turístico no eixo de Lisboa/Cascais.
- O CAS, projeto monumental e sobredimensionado para o local onde se encontra
inserido - uma cidade ainda vincadamente de origem piscatória - que partindo de um
conceito diferenciador, único tendo em conta a sua localização, congrega em si quatro
valências - Arquivo, Auditório, Biblioteca e Centro de Exposições. Assumindo-se
maioritariamente como promotor das Artes Performativas, o CAS desenvolve grande
parte da sua atividade nessa área, o que leva a algum desequilíbrio na forma de divulgação
das suas diferentes valências, sendo os mais visados o Centro de Exposições e o Arquivo.
Em termos de estrutura arquitetónica, e como já foi referido, três dos casos
apresentados passam por adaptações de espaços (CACGM, CAMB e CAV), enquanto o
quarto caso é representativo de uma construção de raiz (o CAS). Todos eles são projetos
da autoria de arquitetos consagrados e todos eles foram alvo da atribuição de prémios e
distinções no campo da arquitetura e da reabilitação de edifícios.
É conhecida a complexidade de projetos de adaptação de espaços face aos de
construção de edifícios raiz. Estes exigem aos arquitetos e engenheiros envolvidos uma
grande capacidade de redefinição e reestruturação das áreas disponíveis, em resposta às
necessidades impostas pelas novas funções atribuídas ao equipamento em questão,
equipamento esse que, à data da sua construção, teria uma outra função que não aquela
que agora se lhe atribui. Pelo contrário, um espaço construído de raiz permite maior
liberdade de criação, e um menor condicionamento à morfologia de um espaço pré-
existente. Dificuldades à parte, os três casos de readaptação apresentados, são casos de
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excelência, onde a traça original do edificado foi respeitada, tendo-lhes sido impressos,
não obstante, alguns aspetos de modernidade que vieram valorizar os espaços em questão.
Por outro lado, o CAS, o único espaço construído de raiz no conjunto dos quatro
referenciados, surge como projeto de conceção diferenciadora, partindo da ideia de
congregação de diferentes valências num só equipamento e como elo de ligação entre os
dois polos da cidade – o antigo e o moderno. Contudo, dada a sua volumetria de aspeto
colossal (quando comparada à escala das demais construções adjacentes), acaba por nos
surgir como algo de sobredimensionado no centro da cidade, sem espaço de respiração
ou de recuo que viabilize uma observação contemplativa. Um edifício desta magnitude
requer uma envolvência aberta e ampla, condições que o centro de Sines não permite.
À semelhança daquela que foi a opção de Bragança (INTERREG IIIA), também as
restantes edilidades recorreram a meios de financiamento que não (ou não apenas) o
municipal. O edifício do CAV, em Coimbra, foi reabilitado no âmbito da Capital Nacional
da Cultura tendo recebido, nesse contexto, apoio de fundos governamentais e europeus;
Oeiras recorreu a fundos disponibilizados pelo PROQUAL para readaptação do Palácio
dos Anjos; e o CAS teve o apoio de fundos municipais e governamentais/europeus (QCA
III).
Sem pretender desvalorizar as boas intenções inerentes às ações promovidas pelas
autarquias e demais instituições envolvidas no desenvolvimento destes projetos, a
verdade é que é após a abertura dos mesmos que começam a vir à tona alguns dos
problemas relativos ao seu funcionamento. À aposta financeira feita na construção dos
equipamentos, prévia à sua inauguração, segue-se muitas vezes o período em que a
atenção e o investimento dedicado aos mesmos se tornam consideravelmente mais
reduzidos, o que se reflete não só a nível financeiro, mas também a nível da organização,
programação, comunicação/divulgação e recursos humanos. As exíguas equipas afetas
aos equipamentos e disponíveis para assumir as diferentes funções/tarefas exigidas pela
atividade a ser desenvolvida, ficam extremamente limitadas em termos de funcionamento
e de concretização de um programa expositivo, educacional e formativo. Sendo a missão
dos serviços educativos uma das mais importantes para qualquer entidade museológica,
pois é através das suas ações que se estreitam relações entre públicos e equipamentos, se
educa e se abrem horizontes, são raros aqueles que deixam cair este tipo de programação
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vendo-se, muitas vezes, forçados a recorrer a entidades externas ou ao esforço sobre-
humano das suas equipas.
Da mesma forma os recursos humanos disponíveis (em média, equipas de apenas
quatro ou cinco pessoas) dificultam a concretização da programação de exposições dos
equipamentos, uma vez que a curadoria e a montagem das mesmas é frequentemente da
responsabilidade destas equipas, o que limita o número de exposições realizadas a uma
média de seis produções por ano. De referir ainda, que apesar das dificuldades, todos os
casos apresentados promovem uma programação contínua e de qualidade, vocacionada
para a Arte Contemporânea e para a apresentação, não só de artistas consagrados, mas
também de artistas em início de carreira58.
Dos quatro municípios, Oeiras é aquele que mais investe na área da cultura59, e isso
é facilmente verificável através do número de edições publicadas, no contexto das
exposições realizadas, e do volume de publicidade feita para divulgação das iniciativas
promovidas pelo centro de arte. O mesmo já não é verificável nos outros equipamentos,
onde por exemplo, grande parte da publicidade recorre aos meios digitais, (redes sociais
e sítios de internet), meios de grande abrangência e de custos mais reduzidos.
Dos quatro centros de arte, aquele que têm maior número de visitantes é o CAS
(20.000 visitantes/ano), o que poderá resultar de uma certa “contaminação” por parte das
outras valências do centro (Biblioteca, Arquivo e Auditório). O CACGM surge em
segundo lugar, com 15.000 visitantes/ano, em virtude, talvez, da ligação do centro à
identidade local (apresentação da obra da artista transmontana Graça Morais), da
atratividade do equipamento enquanto polo turístico, da sua privilegiada ligação ao
Município de Zamora, facilitador de um certo intercâmbio de público entre as duas
instituições culturais – o CACGM e o Museu Baltasar Lobo – e da inexistência de outros
equipamentos congéneres, nas proximidades, que possam promover a dispersão da
atenção dos públicos.
Os dois equipamentos que recebem menos visitantes por ano são o CAMB e CAV
e muitas poderão ser as justificações para este facto. No caso do CAMB, e ao contrário
do apontado para o CACGM, poderemos referir a variadíssima oferta cultural existente
58 O CAMB direciona a sua programação apenas para a apresentação de artistas consagrados. 59 Dados do INE para 2014: Bragança – € 23.517, Coimbra – € 243.099, Oeiras - € 421.185 e Sines - €
26.450 (Despesas em artes visuais (€) dos municípios por localização geográfica (NUTS – 2013), Tipo de
despesa e domínio cultural (artes visuais); Anual).
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na Área Metropolitana de Lisboa, como causadora da dispersão de públicos. Contudo, no
caso do CAV essa explicação já será menos provável podendo, no entanto, a “culpa”
residir no facto de, conforme referido pelo seu Diretor, Albano Silva Pereira, em
entrevista ao Diário das Beiras (2013), o projeto do centro ser um projeto «esvaziado» e
este estar a ser gerido «com um financiamento que não chega sequer para o
funcionamento do equipamento».60
60 PEREIRA, Lídia - O Centro de Artes Visuais é hoje um projeto esvaziado. Diário As Beiras (07.11.2013).
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2. Loures e a cultura, ontem e hoje.
Em 2001 Loures publicava a sua Carta Cultural, um longo processo iniciado em
1992, com o Levantamento dos Espaços de Divulgação e Produção Cultural, e que tinha
por objetivo conhecer, entre outras coisas, «gostos e práticas socioculturais»61 do
Concelho. Assim, através do estudo aprofundado do território de Loures, das culturas e
identidades comunitárias, do parque estruturas existentes e de produtores e públicos
culturais, foi possível perceber problemas e carências e contribuir, desta forma,
ativamente para uma melhor gestão de equipamentos culturais e demais espaços de
apropriação cultural.62
Apesar dos esforços empreendidos, em 2001, para um conhecimento mais profundo
da realidade do município, Loures permanece, ainda hoje, sem as infraestruturas
socioculturais necessárias à promoção da cultura. Um dos fatores que pode ter contribuído
de sobremaneira para esta situação, conforme anteriormente referido63, prende-se com o
notório desinvestimento na cultura, por parte do poder político, situação sentida em
Loures num determinado período, mas que segue hoje, gradualmente, novos rumos.
Outro fator que contribuiu para a atual situação de Loures, em termos culturais, foi
a separação de Odivelas, em 199864. Com a criação do Concelho de Odivelas, Loures
perdeu cerca de 14% da sua área total e cerca de 40% da sua população residente. Até
1998 Loures compunha-se de três grandes zonas: a Oriental, mais industrial e com centro
em Sacavém; a Ocidental, zona “dormitório” e terciária, polarizada por Odivelas; e a
Norte, mais rural, tendo como centro a freguesia de Loures. Com a divisão administrativa,
Loures passou a ser constituída apenas pelas Zona Oriental e pela Zona Norte.
Desde a sua criação, em 1886, a população de Loures cresceu substancialmente
passando de 20.681 habitantes, em 1890, para 322.158 habitantes, em 199165. Até 1999
Loures manteve-se como o segundo maior concelho do país em número de habitantes66,
situação que se alterou com a criação do Município de Odivelas, tendo passado a ocupar
61 BANHA, Rui [et al] - Diagnóstico Sociocultural de Loures I – Carta Cultural. Cadernos de Estudos
Culturais – Loures: Câmara Municipal de Loures, Departamento Sociocultural, 2001, p. 7. 62 Idem, p. 20. 63 Consultar p. 15 do presente estudo. 64 Lei nº 84 de 14 de dezembro de 1998. 65 Fonte: INE/Censos 91. 66 BANHA, Rui [et al] – op. cit., p. 42.
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a quinta posição. Hoje, em sexto lugar com 205.283 habitantes, é antecedida por Cascais
(209.869 hab.), Porto (216.405 hab.), Vila Nova de Gaia (301.496 hab.), Sintra (381.728
hab.) e Lisboa (506.892 hab.), o concelho do país com maior número de habitantes67.
Loures tem sido ao longo dos tempos pouco eficaz na criação de postos de trabalho
para a sua população ativa68. Em 1991 tinha uma taxa de desemprego que rondava os
6,2%. Em 2001, apesar do grau de empregabilidade ser superior ao registado a nível
nacional e da área da Grande Lisboa69, a taxa de desemprego atingiu os 7,0%. Esta é uma
situação que se tem vindo a agravar com o passar dos anos, exponenciada pela situação
de crise que se abateu sobre Portugal nos últimos anos, e que levou a que a taxa de
desemprego atingisse os 12,9%, em 201170. Em 2001, 55,86% dos lourenses trabalhava
ou estudava noutro município, percentagem muito superior à verificada a nível nacional
(28,48%) e na Grande Lisboa (42,85%)71. Em 2011, estes valores atingiram os 56,39%,
valor que se manteve superior ao registado na área da Grande Lisboa (43,79%).72
Continua a existir a necessidade, por parte da população de Loures, de sair da sua
área de residência para procurar melhores ofertas de emprego ou de ensino, situação que
urge ser avaliada de forma a perceber a razão de ser destas movimentações que levam a
que Lisboa, ainda hoje, se apresente como um mercado de trabalho alternativo, disponível
e próximo. É a mobilidade resultante destas migrações pendulares, características
sobretudo das áreas metropolitanas, que levam a hábitos de vivência e de consumo dentro
dessas mesmas áreas, por parte daqueles que aí circulam, e que são justificadas por uma
aparente facilitação de rotinas familiares, de rentabilização de tempo, e por uma ideia de
oferta de maior de qualidade e diversificação. Assim, também no que diz respeito à
procura de oferta cultural, Lisboa apresenta-se como a referência por excelência.
67 População residente: Fontes de dados: INE - Estimativas anuais da população residente (dados de 2015),
PORDATA, 2016-06-16. 68 No início de 2016, segundo os dados do IEFP, cerca de 9700 pessoas encontravam-se à procura de
emprego no Concelho de Loures. 69 SANTOS, Lúcia [et al] - Actualização do diagnóstico social concelhio – Caderno síntese. Loures:
Câmara Municipal de Loures, Rede Social de Loures, 2011, p. 9. 70 Taxa de desemprego segundo os Censos: total (%), Fontes de dados: INE – X, XII, XIV e XV
Recenseamentos Gerais da População, PORDATA, 2015-06-26. 71 SANTOS, Lúcia [et al] – op. cit., p. 9. 72 COELHO, Maria Eugénia (coord.) [et al] - Actualização do diagnóstico social no Concelho de Loures.
Loures: Câmara Municipal de Loures, Rede Social de Loures, 2014, p. 28.
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2.1. Caracterização cultural de Loures – arte, indústria e comunidade
Loures é um concelho bastante heterogéneo: ainda rural e voltado para os “saber-
fazer” artesanais a norte do concelho, mais industrial e tecnológico na zona oriental,
fortemente residencial na sua zona ocidental, e grande impulsionador de toda esta riqueza
cultural por meio de, entre outras coisas, um movimento associativo extremamente forte
e ativo.
É a norte do Concelho que encontramos grande parte dos ofícios tradicionais muito
característicos deste território que, encontrando-se em situação de franco
desaparecimento, ainda persistem graças aos seus artesãos, mas também ao próprio
município, que apoia a promoção e divulgação dos mesmos através das diversas mostras
que realiza anualmente em eventos como as Festas do Concelho de Loures e a Festa do
Vinho e das Vindimas, em Bucelas. No entanto, e não obstante a importância atribuída
ao artesanato tradicional na definição da identidade local, o artesanato contemporâneo,
dito urbano, tem vindo a ganhar terreno nestas apresentações colocando em segundo
plano os ofícios tão característicos de Loures (figuras 37 e 38).
Bucelas é talvez a freguesia mais rica neste campo, com uma panóplia de ofícios
fortemente ligados à realidade vitivinícola do local, dos quais destacamos a tanoaria73, a
cestaria/empalhamento de garrafões74 e, também, a produção de ferraduras75.
Fanhões, por outro lado, é conhecida como terra de mestres calceteiros76, alguns
dos quais responsáveis por parte dos melhores trabalhos de calçada portuguesa, realizados
não só em território nacional.
73 No final do século XIX a arte da tanoaria, em Bucelas, pela existência de diversos produtores de vinho
na região, era, à época, uma indústria de grande sucesso. Foi da tanoaria que hoje pertence a José Quintão
(José Espiga) que saíram muitos barris, pipas e tonéis para a Camilo Alves. Atualmente a tanoaria ainda
produz, apesar de em menor escala, encontrando-se o espaço onde opera muito degradado. 74 O empalhar de garrafões, em Bucelas, é representado por Laura Paulino (Avó Laura) que aprendeu a arte
com apenas 13 anos de idade, em 1950, com Vítor Cabazeiro, mestre da Casa Camilo Alves. Hoje já não
produz de forma regular, fazendo apenas esporádicas ações de formação ou apresentações do seu ofício em
eventos. 75 Edviges ou Nina, a ferreira como era conhecida, foi mulher de grande determinação e coragem, tendo
escolhido, não por opção, mas por necessidade, um ofício que pela sua natureza era território exclusivo dos
homens. 76 Hoje contamos apenas com alguns profissionais já reformados, dignitários representantes desta arte
secular de origem romana. José da Clara é disso exemplo: ingressou na profissão com apenas 13 anos de
idade e veio trabalhar para a Câmara Municipal de Loures entre 1954 e 1963. Atualmente possui a sua
“Galeria de Calçadas” na Torre da Besoeira, um museu exclusivamente dedicado à calçada portuguesa.
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No entanto, Loures não é só tanoeiros, cesteiros, ferreiros e calceteiros. Ao longo
da sua história Loures tem sido uma terra rica em ofícios tradicionais77 que têm vindo
gradualmente a desaparecer. É por isso urgente definir estratégias de recuperação dos
mesmos, estimulando o interesse dos jovens pela sua aprendizagem.
Apesar de ser maioritariamente um concelho rural, existem também em Loures
zonas muito industrializadas (figuras 39 e 40) como é o caso de Sacavém, Bobadela, São
João da Talha e Santa Iria de Azóia. 78 Ao contrário da zona norte de Loures,
maioritariamente rural, a zona oriental sofreu, ao longo dos anos, grandes transformações
ao nível da sua paisagem e da realidade sociocultural e económica, resultantes do forte
processo de industrialização a que se encontrou submetida. Ali se estabeleceram fábricas
de cerâmica, curtumes, têxteis, mobiliário, entre outras, aproveitando as condições
favoráveis de transporte, os preços acessíveis dos terrenos e o escoamento de produtos,
pela proximidade de um grande centro de consumo e distribuição como Lisboa79.
Após o final da Segunda Guerra Mundial surgem, em Loures, muitas novas
fábricas80. É neste período que são lançados os denominados Planos de Fomento, que
vêm dar um novo impulso à industrialização em Portugal. Com a criação de produtos
77 Oleiros, latoeiros, marceneiros, sapateiros, albardeiros, ceramistas, correeiros, ourives, entre outros. 78 Em Loures. Tradição e Mudança. I Centenário da formação do Concelho, 1886-1986 é apresentada a
evolução do processo de industrialização do Concelho de Loures, através da análise dos diversos inquéritos
industriais que a partir de 1881 foram sendo realizados por ordem do Ministério das Obras Públicas de
Hintze Ribeiro. Logo no primeiro inquérito de 1881 são mencionadas cinco fábricas sediadas no território
de loures: Estamparia e Tinturaria de Algodão de S. João da Talha (1820), Estamparia e Tinturaria de
Sacavém (1820), de Papel em S. Julião do Tojal (1840), Cerâmica/Louça de Sacavém (1856) e Papel Pardo
em S. Julião do Tojal (1866). Igualmente no Anuário Comercial de 1913 surge a referência a catorze
estabelecimentos industriais, na região de Loures, dos quais cinco são identificados como fábricas de
moagem, três como laticínios, duas como de papel, duas como de adubos químicos, uma como de “louças”
e uma como de estamparia. Já no Inquérito Industrial de 1917 esse número sofre um novo aumento, sendo
identificados vinte e um estabelecimentos industriais e 1298 assalariados, passando Loures a ser um dos
concelhos mais industrializados, à época, no distrito de Lisboa. A indústria existente no concelho de então
era muito diversificada existindo duas fábricas metalúrgicas, duas de cerâmica, três de químicas, seis de
bens alimentares sólidos, uma de bens alimentares líquidos, duas têxteis, uma de peles, duas de madeira e
mobiliário e duas de papel. Em 1930, treze anos após o Inquérito Industrial de 1917, Loures surge já com
noventa e três estabelecimentos industriais instalados no seu território e que assumiam, à data, grande
relevância no seio das comunidades onde se encontravam inseridas, posto que delas dependiam numerosas
famílias não só locais como provenientes de zonas rurais distantes. 79 Das inúmeras unidades fabris que vamos tendo nota ao longo do estudo e análise da história do Concelho
de Loures, existem duas que se destacam de sobremaneira no período do Estado Novo: a Covina (1937) e
a Sacor (1938). Com o desenrolar dos anos, contudo, outras se foram evidenciando como a Fábrica de Loiça
de Sacavém (1856), a Tintas Robbialac (1931), a Cavan (1932), a COPAM – Companhia Portuguesa de
Amidos (1937) ou os Móveis Olaio (1939). 80 Tintas Dyrup (1940), a Manuel da Silva Torrado & Cª, Lda. (1942), a FIMA (1944), a Sociedade
Lisbonense de Metalização (1946), a Companhia Portuguesa de Trefilaria (1947), a Fábrica Nacional de
Munições e Armas Ligeiras (1947) ou a Lever (1950).
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mais orientados para a venda em mercados externos, a entrada de investimento
estrangeiro, a aposta na construção de infraestruturas públicas, e o investimento em
indústrias estratégicas e políticas fiscais e de crédito, entre os anos 50 e 70, o processo de
industrialização ganha um novo fôlego81, apesar dos impasses resultantes da Guerra
Colonial. É assim possível observar um aumento substancial da população residente,
especialmente na zona oriental do concelho, resultante da pujança industrial de Loures
que entre os finais do século XIX e os meados do século XX, se vai fazer sentir.
A história revela-nos que as primeiras associações voluntárias surgiram entre os
séculos XVIII e XIX, tendo por base os ideais defendidos pela Revolução Francesa –
liberté, egalité, fraternité - e a sua proliferação um pouco por todo o mundo, assim como
em Portugal, terá sido devida a condições sociológicas, culturais e económicas,
resultantes da Revolução Industrial e do consequente surgimento de uma classe operária.
Loures não terá sido exceção, tendo também aqui começado a surgir algumas formas de
associativismo promovido por uma classe operária que ia proliferando a partir da
crescente industrialização do Concelho. Encontrando-se inseridas numa comunidade (a
sua comunidade), as associações constituem-se como órgãos defensores e promotores das
identidades socioculturais de cada região, assumindo-se, elas próprias, como «um
elemento de identificação e de criação de identidade local.»82 O Movimento Associativo
surge, assim, como reflexo do dinamismo da própria sociedade civil, que se associa em
nome do bem-estar, da formação e da promoção da cultura da comunidade onde se insere.
Com a consolidação do regime democrático em Portugal houve um crescimento
elevado do número de associações a nível nacional. Isto não significa que as mesmas não
tivessem já um papel relevante antes deste período, em termos sociais, educativos e até
de resistência política (através da cultura) contra a ditadura do Estado Novo, contudo,
cerca de 60% das associações existentes surgiu, efetivamente, após a Revolução de Abril
de 197483. Nos anos 90, o sistema de Sacavém apresentava o maior número de
81 Ao longo destes anos vão surgindo novas indústrias locais das quais destacamos a Triunfo Internacional
(1960), a Alcântara Açúcares (1967), a KILOM (1968) e a Fapajal (1973), ex-Fábrica de Papel da
Abelheira, uma das mais antigas fábricas do Concelho e talvez mesmo do distrito de Lisboa, criada pelos
Cónegos Regrantes de Santo Agostinho do Mosteiro de São Vicente de Fora de Lisboa, após o terramoto
de 1755. 82 BANHA, Rui [et al] – op. cit., p. 135. 83 Atualmente, e de acordo com o descrito no Portal do Movimento Associativo do Município de Loures,
encontram-se oficialmente registadas cerca de 213 associações.
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associações e Loures o menor, onde existiam duas associações especificamente
vocacionadas para as Artes Plásticas – a Quadrante-Associação dos Artistas Plásticos do
Concelho de Loures e a Associação dos Artesãos de Loures.84 Já mais recentemente, em
2000, foi criada, em Santo António do Cavaleiros, a LOAR/Loures Artesanato –
Associação de Artes e Ofícios, com sede na residência de um dos seus sócios fundadores.
O movimento associativo, pelo papel que desempenha no campo da cultura, da
educação, do desporto, da juventude e também a nível social, reveste-se de suma
importância no contexto do desenvolvimento sociocultural local, assumindo
frequentemente o lugar das estruturas com reconhecidas responsabilidades nestes
domínios (Estado, municípios, juntas de freguesia, etc.). Grande impulsionador da
democracia e da cidadania, o associativismo incentiva à participação cívica, fomentando
igualmente a integração social e a luta contra a exclusão. Loures tem reconhecido desde
sempre a sua importância tendo sido definidas, ao longo dos anos, estratégias de apoio a
estas organizações, implementando políticas com o claro objetivo de consolidação das já
existentes no concelho e de estímulo e promoção ao aparecimento de novas.
O movimento associativo (figuras 41 e 42) é hoje, mais do que nunca, uma forte
aposta do Município de Loures, apoio esse que se traduz na comparticipação de projetos
ou outro tipo de financiamentos, em apoio logístico, na realização de ações de formação
a técnicos e corpos dirigentes e na criação do Portal do Movimento Associativo.85
No conjunto das associações atualmente existentes o desporto é efetivamente a
atividade mais comum no universo associativo, a que se seguem as áreas da cultura,
recreio e lazer86. Contudo, mesmo no âmbito cultural, o foco de atuação centra-se nos
jogos tradicionais, na música (escolas, bandas filarmónicas e orquestras ligeiras), nos
ranchos folclóricos e nas festas tradicionais. Sendo o «estímulo à criação artística e o
84 Fundada em 1990, a Quadrante instalou-se, em 1997, nas instalações do CAOS - Centro de Artes e
Ofícios. Este, criado nesse ano pelo Município de Loures e sediado em Odivelas, revelou-se um marco no
incentivo à criação artística e ao associativismo, ao apoiar os artistas e artesãos do concelho na sua
atividade. Com a criação do Concelho de Odivelas, a associação manteve-se no mesmo espaço, alterando
a sua designação para Quadrante-Associação dos Artistas Plásticos dos Concelhos de Loures e Odivelas.
Três anos após fundação da Quadrante era criada a Associação dos Artesãos de Loures e também esta, em
1997, se instalaria nos espaços do CAOS, passando a denominar-se Associação dos Artesãos D. Dinis. 85 O Portal do Movimento Associativo constitui-se como uma ferramenta interativa muito eficaz na
divulgação e promoção das associações e dos seus campos de intervenção/atividade, de partilha das
iniciativas organizadas e de apresentação pública das verbas atribuídas pelo município, ao longo o ano. 86 CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES - Portal do Movimento Associativo. Loures: Câmara Municipal
de Loures.
- 45 -
incentivo ao associativismo […] objectivos da intervenção autárquica»87, existe por parte
do Município de Loures a consciência da necessidade de fomentar o apoio às associações
vocacionadas para as artes e para o artesanato, através da implementação de políticas para
o desenvolvimento local na área da cultura.88
2.2. Infraestruturas culturais existentes de gestão municipal
Segundo Rui Banha89, a partir da observação empírica de locais onde habitualmente
ocorrem iniciativas culturais, formais e informais, podemos chegar à identificação de
duas tipologias de espaços: os efetivos “equipamentos de cultura e recreio”, instalações
públicas ou privadas edificadas especificamente para a produção, preservação ou
divulgação culturais, e os “espaços de sociabilidade” onde a cultura também tem lugar.90
Comparativamente a outros concelhos limítrofes, apesar de Loures ser um concelho
rico em património edificado, parte do mesmo encontra-se na posse de privados, sendo
de acesso limitado e dependente da vontade dos seus proprietários. A intervenção
municipal tem sido, por isso, pautada por uma política de recuperação patrimonial de
edifícios públicos com valor histórico, mas também de reutilização de instalações
diversas em benefício das comunidades locais, com o objetivo de dar resposta a diferentes
necessidades.
Antes da criação do Município de Odivelas, Loures possuía diversos equipamentos
culturais vocacionados não só para a apresentação das Artes Plásticas, como para
realização de outro tipo de eventos culturais e apoio a esses mesmos eventos. Entre estes
equipamentos contavam-se, por exemplo, o Centro Cultural da Malaposta no Olival Basto
87 BANHA, Rui [et al] – op. cit., p. 149. 88 No Concelho de Loures, e de acordo com o Portal do Movimento Associativo, encontram-se atualmente
identificadas quatro associações que integram no seu campo de intervenção, ações dedicadas à
aprendizagem, divulgação e promoção das Artes Plásticas. Referimo-nos à AGITA – Associação Cultural
e Juvenil (Santa Iria de Azóia), UCA - União de Cultura e Ação (Santa Iria de Azóia), Casa do Povo de
Bucelas (Bucelas) e Sacavenense – Cooperativa de Consumo, CRL (Sacavém), sendo que no caso das duas
últimas o foco de ação encontra-se mais direcionado para as artes decorativas. 89 BANHA, Rui [et al] – op. cit., p. 93. 90 Outras dimensões de espaços podem, no entanto, ser consideradas conforme descrito no Diagnóstico
Sociocultural de Loures I – Carta Cultural (p. 95), nomeadamente espaços de vocação marcadamente
comercial mais orientados para as necessidades quotidianas de natureza convivial e societal; espaços de
afirmação patrimonial como centros históricos, praças públicas e outras zonas monumentais reabilitadas;
zonas de lazer e consumo cultural equipadas com grandes estruturas de oferta cultural ou lúdica; e espaços
criados especificamente para eventos culturais ou lúdicos de duração limitada.
- 46 -
(para a organização de exposições, teatro e cinema), o CAOS – Centro de Artes e Ofícios
em Odivelas (dedicado à formação artística e organização de exposições), e a Quinta das
Águas Férreas em Caneças (espaço vocacionado para a organização de eventos
recreativos e alojamento).91 Dos equipamentos culturais que permaneceram sob a gestão
do Município de Loures, uns mantiveram as suas funções iniciais enquanto outros
sofreram significativas alterações no seu modo de funcionamento e missão. São disso
exemplo a Quinta de São José, em Sacavém - antes galeria de arte, agora dedicada à
infância, aos idosos, ao desporto e ao lazer - e a Casa do Adro - outrora Museu Municipal
de Loures e Galeria de Arte, hoje albergando serviços municipais como o Departamento
de Cultura, Desporto e Juventude e o Departamento da Educação.
Não obstante ter sido sujeita a esta fragmentação do seu património municipal,
Loures possui ainda, sob a sua gestão, um significativo parque de equipamentos culturais,
o qual se encontra atualmente em expansão, tendo sido inaugurada no primeiro semestre
deste ano92 a Biblioteca Municipal Ary dos Santos, em Sacavém.
Assim, em linhas gerais, Loures possui hoje sob a gestão municipal duas galerias
(a Galeria Municipal do Castelo de Pirescouxe e a Galeria Municipal Vieira da Silva),
dois espaços multiusos/polivalentes (a Sala Multiusos do Pavilhão do Parque Adão Barata
e a Sala Polivalente do Ed. 4 de Outubro), três museus (o Museu Municipal de Loures, o
Museu de Cerâmica de Sacavém e o Museu do Vinho e da Vinha - Bucelas), uma casa-
museu (a Casa-Museu José Pedro) e diversas outras infraestruturas dedicadas à
apresentação e promoção da cultura, nas suas diferentes vertentes, de que são exemplo o
Cineteatro de Loures93, o Pavilhão Paz e Amizade, o Centro Comunitário e Cultural da
Quinta da Fonte/Apelação, a Casa da Cultura de Sacavém, entre outros.
Apesar de possuir todas estas estruturas, adaptadas ou construídas de raiz, o parque
municipal de equipamentos culturais, apresenta-se ainda deficitário. Este desfasamento
não se prende tanto com o número de existências, mas mais com a tipologia e/ou a
capacidade de resposta às necessidades sentidas pela população, necessidades essas que
permanecem pouco definidas para os serviços municipais.
91 Conforme descrito Diagnóstico Sociocultural de Loures I – Carta Cultural (p. 104), em 1997 Loures
possuía: uma sala de exposição (Odivelas), uma galeria (Sacavém), quatro museus (Loures), um centro
cultural (Odivelas), espaços multifuncionais (um em Loures, um em Sacavém e dois em Odivelas) e
diversas salas polivalentes (vinte e uma em Loures, vinte seis em Sacavém e dez em Odivelas). 92 Dia 4 de junho de 2016. 93 Não é propriedade do Município.
- 47 -
É por isso imprescindível avançar com a concretização de um levantamento
exaustivo que permita ter pleno conhecimento das necessidades da população
relativamente a equipamentos de cultura e recreio e a espaços de sociabilidade. Não
existindo ainda esse levantamento, existe, contudo, da parte do Município de Loures, a
preocupação em regulamentar a construção deste tipo de equipamentos, fazendo-o de
forma equilibrada por todo o território, através da definição de índices de edificabilidade.
Essa preocupação encontra-se expressa não só na atual Revisão do Plano Diretor
Municipal de Loures94 como também na Declaração Ambiental, de Abril de 2015,
resultante do procedimento de Avaliação Ambiental Estratégica da Revisão do PDM de
Loures, a qual se encontra suportada em três objetivos fundamentais, sendo um desses
objetivos a Qualificação Ambiental e Territorial de Loures para o qual foram definidos
diferentes critérios, entre os quais um relacionado com o Património Histórico-Cultural
que prevê «completar o inventário municipal do património; completar o inventário dos
usos e costumes e das tradições locais; implementar normas e orientações integradas
para as ações de recuperação, salvaguarda e valorização do património histórico e
cultural; adotar uma estratégia de dinamização cultural que articule de forma
concertada as vertentes patrimoniais presentes no território concelhio e promova a
valorização do espaço público também em articulação com os equipamentos existentes e
previstos [e] integrar a componente histórico-cultural no desenvolvimento urbano,
turístico e recreativo do concelho.»95
Apesar das intenções que se encontram expressas no atual PDM, a verdade é que,
ao longo dos tempos, tem vindo a surgir uma outra tipologia de equipamentos (os
equipamentos micro96), baseada em critérios de abrangência, flexibilidade e ajustamento
à realidade do território. Esses equipamentos têm sido criados como resposta às
necessidades das comunidades locais (freguesias), e são disso exemplo alguns dos
espaços já anteriormente mencionados, como o Centro Comunitário e Cultural da Quinta
da Fonte/Apelação, e outros como o Centro Cultural de Moscavide97, a Casa da Cultura
94 Aviso nº 6808/2015, D.R. II Série, 117 (2015-06-18) pp. 16339-16380. 95 CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES – Declaração Ambiental. Revisão do Plano Diretor Municipal
de Loures. Loures: Câmara Municipal de Loures, 2015, p. 13. 96 BANHA, Rui [et al] – op. cit., p. 97. 97 Recuperado do antigo cinema de Moscavide, possui uma sala polivalente para a realização de
conferências, seminários, projeção de filmes, etc., possui uma sala de exposições e um espaço destinado à
população mais jovem
- 48 -
José Afonso98 de Moscavide, o Centro de Atividades do Prior Velho, Casa de Cultura de
Santa Iria de Azóia, Espaço Sociocultural e Sala Multiusos de Santo António dos
Cavaleiros, a Casa de Cultura e Recreio de Unhos, entre outros.
2.3. As Galerias Municipais e a difusão das Artes Plásticas no Concelho de Loures
Loures possui duas galerias municipais - a Galeria Municipal do Castelo de
Pirescouxe, em Santa Iria de Azóia, e a Galeria Municipal Vieira da Silva, no Pavilhão
do Parque Adão Barata, em Loures (figuras 43 a 47). Ambas integram a Rede de Galerias
Municipais de Loures, estrutura sob a alçada da Divisão de Cultura, que tem como missão
estimular o contacto dos munícipes com a Arte, gerir o acervo municipal, incentivar a
conservação preventiva de todos os bens culturais, definir a programação dos seus
espaços e estabelecer parcerias com outras galerias e instituições culturais.
Sediadas em extremos opostos do concelho e pertencendo cada uma delas a um dos
dois sistemas do município – Sacavém e Loures – procuram colmatar a inexistência de
um centro de arte de grande dimensão e/ou de equipamentos culturais de maior
abrangência, que possibilitem a difusão da Arte em todas as freguesias do concelho,
promovendo relações de proximidade com cada uma delas. Apresentam-se como espaços
destinados à dinamização cultural, através de uma oferta regular e diversificada, definida
na prossecução de um apoio estruturado, coerente e eficaz às artes e na promoção do
contacto da população com as mais diversas formas de expressão artística.
Enquanto equipamentos culturais ao serviço do Município de Loures, da sociedade
e do seu desenvolvimento, possuem objetivos bem distintos e definidos em regulamento
próprio.99 Assim, a Galeria Municipal do Castelo de Pirescouxe apresenta «exposições
temporárias, individuais ou coletivas, de jovens artistas, artistas em início de carreira
e/ou com projetos inovadores e de qualidade, assim como, de artistas locais com trabalho
desenvolvido no campo das Artes Plásticas, que se destaque pela sua excecional
qualidade.»100, enquanto a Galeria Municipal Vieira da Silva apresenta «exposições
98 Que dinamiza a atividade artística desenvolvida na freguesia pelo movimento associativo. 99 O Regulamento da Rede de Galerias Municipais de Loures encontra-se em fase de avaliação e preparação
para aprovação em Reunião de Câmara. 100 CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES – Regulamento da Rede de Galerias Municipais de Loures
(Proposta). Loures: Câmara Municipal de Loures, Divisão de Cultura/Área de Galerias, 2015-16, p. 6.
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temporárias, individuais ou coletivas, de artistas ou instituições que sejam uma
referência no mercado artístico nacional e/ou internacional.»101 Ambas as galerias
desenvolvem o seu trabalho na promoção e divulgação da Arte, proporcionando um
contacto regular com a produção artística contemporânea, através de uma programação
plural e de qualidade, que explora as suas diferentes disciplinas e a condição
interdisciplinar destas, apresentando iniciativas de âmbito cultural, social, formativo e
performativo. As iniciativas realizadas, que englobam espetáculos de música, teatro e
dança/performance, workshops/oficinas, debates, visitas orientadas, entre outros,
respeitam a filosofia de cada um dos espaços e baseiam-se nas temáticas definidas para
cada uma das exposições.
Além das galerias municipais, existem outros espaços para apresentação de projetos
igualmente desenvolvidos no campo das Artes Plásticas, como a Sala Multiusos do
Pavilhão do Parque Adão Barata (Loures), espaço de características muito particulares,
com alguma dimensão (cerca de 300 m2) e pé direito elevado, onde são apresentados
projetos de carácter mais experimental, e a Sala Polivalente do Edifício 4 de Outubro
(Loures), espaço de dimensões mais diminutas (cerca de 45 m2), localização central e
mais vocacionado para exposições de fotografia ou obras de pequena dimensão. É
também comum a realização de mostras ou projetos site-specific em outros equipamentos
culturais, não tão vocacionados para a apresentação de Artes Plásticas, como a Biblioteca
Municipal José Saramago, o Palácio Marqueses da Praia e Monforte (onde se encontra
sediada a Assembleia Municipal) ou os museus municipais.
2.4. O Plano de Intervenção Municipal para as Artes Plásticas
Criado em 2015, o Plano de Intervenção Municipal para as Artes Plásticas (PIMAP)
surgiu como forma de sistematização das ações desenvolvidas pelo Município de Loures,
no âmbito das Artes Plásticas, e de definição de uma estratégia de atuação para captação
de novos públicos e transformação de Loures num dos concelhos referência nesta área.
Com a implementação do PIMAP pretende-se promover o contacto da população local e
do público em geral com a Arte e estimular o aparecimento de novos criadores no
concelho.
101 Ibidem.
- 50 -
O PIMAP define objetivos para o desenvolvimento de uma programação cada vez
mais exigente e diversificada, com a realização de exposições, ações de formação,
oficinas educativas, debates, entre outros, organizada por uma equipa de técnicos
qualificados e especializados nas diferentes áreas de intervenção em que a Área de
Galerias opera. Por outro lado, identifica algumas daquelas que são as necessidades mais
prementes para o perfeito funcionamento da estratégia agora implementada,
nomeadamente a construção de um plano de comunicação eficaz, que promova
equipamentos e programação cultural e estimule o crescimento dos públicos.
Os objetivos definidos, no PIMAP, orientam a estratégia de atuação do município
por 10 anos «para que as Artes Plásticas possam emergir, no Concelho, de forma
qualificada, sustentável e diferenciada no contexto nacional e internacional»102, período
após o qual o plano deverá ser sujeito a uma reavaliação e reestruturação.
O plano de intervenção encontra-se dividido em sete eixos de intervenção contendo,
cada um deles, diferentes ações (figuras 48 e 49) que, no seu conjunto, têm como missão
o «fomento da educação e da formação por intermédio da Arte, contribuindo para uma
valorização do indivíduo enquanto ser consciente e esclarecido, promovendo a mudança
de mentalidades e lançando os alicerces para uma nova geração de criadores com
origem no Concelho de Loures».103
2.5. Os produtores culturais
Podemos entender por produtores culturais «todos os indivíduos, grupos ou
instituições que produzem obras artísticas ou artesanais, ou que promovem atividades de
carácter cultural, independentemente da área de execução ou intervenção e do nível de
legitimidade que lhes é conferido».104 Existem duas tipologias distintas de produtores
culturais a considerar: os institucionais e os não institucionais. Os produtores culturais
institucionais são aqueles que têm como missão a promoção e realização de atividades
culturais (Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, agentes educativos e associações
102 CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES - Plano de Intervenção Municipal para as Artes Plásticas em
Loures. Loures: Câmara Municipal de Loures, Divisão de Cultura/Área de Galerias, 2015, p. 6. 103 CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES – op.cit., p. 6. 104 BANHA, Rui [et al] – op. cit., p. 114.
- 51 -
voluntárias de cultura e recreio, etc.) e os produtores culturais não institucionais são
indivíduos e/ou grupos criadores de obras culturais de carácter artístico ou artesanal.
«Com o advento da democracia política, em 1974, as populações e os vários
agentes comunitários puderam ver, finalmente, os seus interesses representados ao nível
dos órgãos das autarquias locais.»105 Este processo foi, contudo, instaurado
progressivamente podendo ser destacados dois momentos chave. Numa primeira fase, o
exercício do poder autárquico recaiu essencialmente no desenvolvimento das
infraestruturas de base, na reorganização sócio-urbanística, e na satisfação das
necessidades mais prementes manifestadas pelas populações locais. Só posteriormente
foi possível, ao poder autárquico, inteirar-se de outro tipo de necessidades sentidas pelas
comunidades locais, nomeadamente, naquilo que se prende com as questões de índole
cultural, dando início a programas de gestão e dinamização de equipamentos culturais.
É na prossecução do desenvolvimento e democratização cultural, que as autarquias
assumem responsabilidades na definição de estratégias e políticas culturais, que passam
pela melhoria das condições de criação, pela descentralização de iniciativas e da
organização e programação das mesmas, e pelo estímulo ao alargamento de públicos106.
Partindo destes pressupostos foi criada, em Loures, uma estrutura organizativa, sob a
alçada do Pelouro da Cultura, constituída por um departamento e uma divisão – hoje
Departamento de Cultura, Desporto e Juventude (DCDJ) e Divisão de Cultura (DC) -,
ambos com competências na área sociocultural. Contudo, a intervenção cultural
ultrapassa muitas vezes as competências atribuídas a estas Unidades Orgânicas, sendo
necessário o envolvimento de um conjunto de outros serviços na definição de uma
política/programa cultural municipal. São serviços como a Unidade de Turismo, a
Unidade de Igualdade e Cidania, o Departamento de Educação, entre outros, que
colaboram, com as Unidades Orgânicas responsáveis, na definição de estratégias e de
ações de intervenção no campo da cultura.
105 Idem, p. 115. 106 A Lei n.º 169/99 de 18 de setembro (na redação dada pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro) possibilita
às Câmaras Municipal a delegação de competências, nas Juntas de Freguesia, de atividades constantes das
opções do plano e dos orçamentos municipais. Loures há muito que assumiu esse posicionamento por
intermédio da assinatura de Protocolos de Delegação de Competências, contudo, na lista de competências
delegadas por protocolo, não encontramos nenhuma que se refira à área cultural.
- 52 -
Por outro lado, as Juntas de Freguesias assumem hoje um papel mais proactivo na
elaboração de ações de carácter cultural, definindo já autonomamente o seu próprio
programa e recorrendo apenas aos serviços camarários para apoio logístico.
No que se refere aos agentes educativos, Loures é um concelho que tem apostado
na Educação enquanto motor da sociedade, associando a aprendizagem/apreensão da
cultura ao ensino, produzindo, dessa forma, indivíduos esclarecidos e com elevado
sentido de cidadania. Dos diversos estabelecimentos de ensino secundário existentes em
Loures, a maioria possui oferta formativa no campo das artes, nomeadamente a E. S. José
Afonso (Loures), E. S. Dr. António Carvalho Figueiredo (Loures), a E. S. Arco-Íris
(Portela), a E. S. de São João da Talha e a E. S. José Cardoso Pires (Santo António dos
Cavaleiros).
Também no que diz respeito ao Movimento Associativo, são várias as estruturas
que dedicam parte da sua atividade ao desenvolvimento cultural dos seus públicos, no
âmbito das Artes Plásticas e/ou das artes em geral, no Concelho de Loures. Entre essas
estruturas encontramos A Sacavenense – Cooperativa de Consumo, CRL (Sacavém), a
AGITA – Associação Cultural e Juvenil (Santa Iria de Azóia), a UCA – União de Cultura
e Ação (Santa Iria de Azóia), entre outras.
Por último, e reportando-nos agora a produtores não institucionais, podemos dizer
que não foi realizado, até ao momento, um estudo aprofundado e sistematizado dos
existentes no Concelho de Loures. O conhecimento que o município possui é empírico e
informal, e resulta de um contacto direto, mas pontual, que vai sendo feito no decurso
atividade das galerias municipais. Não obstante, existem alguns exemplos que podemos
nomear, como José Caria, Daniel Malhão e Eduardo Gageiro (fotógrafos), Luísa Rato
(Ceramista), Susana do Ó (escultora), Ricardo Passos e Vítor Pinhão (pintores). Estes são
apenas alguns dos exemplos identificados, mas existirão certamente muitos mais.
2.6. O ensino e o papel das escolas
Para que haja uma maior abertura à Arte, e em particular à Arte Contemporânea,
por parte dos diferentes públicos, o entendimento/receção da mesma implica a pré-
existência, ou pré-apreensão, de códigos de linguagem e interpretação, que requerem um
- 53 -
estado de «permanente reaprendizagem das linguagens estéticas»107. São esses códigos
que desde cedo devem ser construídos e trabalhados pelas instituições de ensino, de forma
a possibilitar o estabelecer de relações de proximidade com a obra de arte, no sentido de
uma «receção “competente”»108 e de promoção de uma literacia cultural109 dos públicos.
Em Loures tem havido sempre a preocupação de incutir um certo sentido de cultura
nos jovens, associando a aprendizagem cultural ao ensino e estimulando o envolvimento
de agentes educativos e associações, com o objetivo de promover, no município, o
aparecimento de cidadãos esclarecidos e produtores culturais ativos.
A educação enquanto processo de desenvolvimento e aprendizagem deve ser
sempre objeto de contextualização, devendo centrar-se naquela que é a realidade do
indivíduo110 (e não apenas ou somente neste), incentivando, simultaneamente, o ensino
formal e informal.
No final dos anos 80 foi criado o projeto Escola Cultural111, que defendia uma
escola pluridimensional, contextualizada112 pela comunidade onde se encontrava inserida,
e que procurava «desenvolver uma aprendizagem virada para o exterior e fora do espaço
tradicional da escola-edifício fechado.»113 Ainda hoje este conceito se encontra bastante
atual, sendo reconhecida a relevância do envolvimento de toda a comunidade no processo
educativo, acreditando-se na sua capacidade de diminuir o insucesso e a rejeição escolar
e desenvolver um maior sentido crítico, de fruição e criação em cada nova geração,
assumindo, ainda, um papel de relevância na redução da exclusão social ao promover uma
maior abertura a outras culturas. Assim, a escola de hoje, enquanto espaço
pluridimensional e democrático, deverá possuir um programa curricular elaborado em
consonância com os interesses de alunos, famílias e comunidade onde se encontra
inserida, proporcionando igualdade de oportunidades a todos quantos a frequentam. Tem
sido com base nesta nova conceção de escola, que visa a aproximação da comunidade
escolar à realidade onde esta se encontra inserida, que têm sido, ao longo dos anos,
107 CONDE, Idalina – op. cit., 1987, p. 48. 108 Idem, p. 178. 109 Idem, 2004, p.180. 110 BANHA, Rui [et al] – op. cit., p. 126. 111 O Projeto Escola Cultural surge no contexto da reforma do ensino (radica-se no artigo 48º da Lei de
Bases do Sistema Educativo – nº 46/84 - que tem por base a formação pessoal e social e articula com o DL
nº 286/89 – reforma dos planos curriculares do ensino básico e secundário (CC, p. 127). 112 BANHA, Rui [et al] – op. cit., p. 129. 113 Idem, p. 127.
- 54 -
apresentadas diversas propostas de oferta curricular nos diferentes ciclos de ensino, sendo
disso exemplo a Área-Escola, as áreas curriculares não disciplinares como a Área Projeto
ou a Formação Cívica e as denominadas Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC).
Com a revisão da estrutura curricular114, tanto o Ensino Básico115 como o Ensino
Secundário116 foram alvos de profundas alterações ao nível da sua oferta formativa. Dado
ser no Ensino Secundário que o aluno inicia um percurso formativo mais vocacionado
para aquela que será a sua opção profissional, além de ser por intermédio deste que terá
acesso ao Ensino Superior, o presente estudo focou-se de forma mais particular nos
estabelecimentos deste nível de ensino, com formação na área das Artes Visuais. Assim,
foi possível constatar que das sete escolas secundárias117 existentes em Loures, apenas a
Escola Secundária de Camarate não possui oferta formativa na área das Artes Visuais. As
restantes têm na sua oferta formativa Cursos Científico-Humanístico e Cursos de Ensino
Vocacional nesta área, o que demonstra que a formação artística é uma forte aposta dos
agentes educativos do Concelho de Loures.118
Não existindo estabelecimentos de Ensino Superior em Loures, os jovens que
finalizam o Ensino Secundário e pretendem prosseguir os seus estudos, são forçados a
fazê-lo fora do Concelho, sendo Lisboa a opção mais direta. Existe na capital uma larga
oferta educativa na área das Artes Visuais, tanto ao nível do ensino privado como público,
sendo a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL), a Escola
Superior de Educação do Instituto Politécnico de Lisboa (ESELx), a Escola Superior de
Tecnologias e Artes de Lisboa (ESTAL) e o Instituto de Arte, Design e Empresa –
Universitário (IADE-U), apenas alguns exemplos.119
114 Decreto-Lei n.º 139/2012 de 5 de julho. 115 O Ensino Básico passou a compreender o ensino geral, os cursos de ensino artístico especializado (EAE),
os cursos de ensino vocacional e o ensino recorrente. 116 Os científico-humanísticos; os cursos com planos próprios; os cursos artísticos especializados; os cursos
profissionais; os cursos de ensino secundário recorrente e os cursos de ensino vocacional. 117 E. S. Arco-Íris (Portela), E. S. de Camarate, E. S. de Sacavém, E. S. de São João da Talha, E. S. Dr.
António Carvalho Figueiredo (Loures), E. S. José Afonso (Loures) e E. S. José Cardoso Pires (Santo
António dos Cavaleiros). 118 Com o intuito de perceber qual o universo de alunos a frequentar (ou que terão frequentado nos últimos
10 anos) cursos de Artes Visuais em estabelecimentos de ensino secundário do Concelho de Loures, foram
direcionados, aos mesmos, pedidos de informação nesse sentido. Contudo, até à data não foi possível
receber qualquer resposta aos mesmos. 119 À semelhança do realizado para os estabelecimentos de ensino secundário de Loures, foi remetido um
pedido de informação para as escolas de Ensino Superior para indicação do número de alunos, provenientes
de Loures, a frequentar (ou que terão frequentado nos últimos 10 anos) os seus cursos. Dos quatro
estabelecimentos contactados, apenas a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa informou que,
- 55 -
Atualmente, em Loures, o apoio aos alunos de Artes Visuais é feito promovendo a
ligação entre a escola e a comunidade, através de projetos a desenvolver no âmbito das
diversas áreas de ação do Município de Loures120, através da organização de eventos que
promovam a integração destes jovens no mercado de trabalho artístico121, e, ainda, por
meio da concretização de estágios122, realizados no seio de alguns serviços municipais
(entre as quais as próprias Galerias Municipais de Loures) com o objetivo de habilitar os
jovens munícipes com as ferramentas necessárias para o desenvolvimento e aplicação dos
conhecimentos adquiridos, na sua área de formação, em contexto laboral.
Outras formas de apoio promovidas pelo Município de Loures traduzem-se na
definição de Acordos de Colaboração com instituições de Ensino Superior (como a Escola
Superior de Educação do IPL), através dos quais se pretende fomentar relações de
proximidade, promover projetos conjuntos desenvolvidos em contexto universitário e
apoiar os alunos munícipes que as frequentam, lançando-os no mercado de trabalho.
2.7. Os públicos
Com Lisboa ali tão perto, mercado de trabalho alternativo, próximo e disponível,
Loures foi encarada durante muito tempo como mero dormitório, espaço sem vida, quer
económica, quer social, quer cultural. Lisboa, por outro lado, tem sido sempre o centro
dos acontecimentos, promovendo hábitos de vivência e consumo facilitados pelas
migrações pendulares tão características das áreas metropolitanas. Ali se trabalha, ali se
vive, ali se procura, ali se consome.
Este preconceito não é, contudo, sentido exclusivamente em Loures, mas em todos
os concelhos periféricos a Lisboa. Gradualmente alguns têm conseguido destacar-se da
no presente ano, se encontram inscritos dezanove alunos provenientes de Loures, estando estes distribuídos
da seguinte forma: Licenciaturas – Arte Multimédia (2), Ciências da Arte e do Património (3), Desenho (2),
Design de Comunicação (4), Design de Equipamento (3), Escultura (2) e Pintura (1); Mestrados – Design
de Equipamento (1) e Escultura (1). 120 Ao nível do ensino básico e secundário podemos destacar iniciativas como o EducArte, mostra de
projetos desenvolvidos nas Atividades de Enriquecimento Escolar; o Mostr’Arte, organizado no âmbito da
Semana da Educação; e a Escola no Adro, mostra de trabalhos escolares do 2º e 3º ciclos. 121 Eventos como a JOV’ARTE, o JOVENS TALENTOS | Prémio Literário Maria Amália Vaz de Carvalho
e o Festival de Música Moderna, surgem para promoção de jovens criadores, no âmbito de diferentes
expressões artísticas (Artes Plásticas, Escrita e Música) com o objetivo de os lançar no mercado de trabalho. 122 Nos anos 90, Loures promovia a “Escola em Palco”, que consistia na atribuição de apoios às instituições
de ensino com formação na área do teatro, disponibilizando formação, meios logísticos, a sala de
espetáculos da Malaposta e respetiva equipa técnica, para realização de peças de teatro em contexto
“profissional”.
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capital, apresentando o seu próprio programa cultural. São disso exemplo Oeiras e Vila
Franca de Xira, os quais possuem equipamentos culturais com grande visibilidade, como
é o caso do CAMB, em Algés, e o Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira.
Loures tem vindo também a traçar o seu caminho no sentido de se instituir enquanto
destino cultural e turístico, promovendo a criação de hábitos de consumo e a formação
dos públicos, através da definição de uma programação mais apelativa, com a qual o
público se identifique. Para tal, este deverá ser chamado a participar na construção dessa
programação, quer de forma direta, quer através da realização de inquéritos.
Este “formar de públicos” não se refere apenas a um aumento quantitativo dos
mesmos, mas acima de tudo a um aumento qualitativo, pela construção de mais
equipamentos, pelo acesso à informação e por uma maior e melhor divulgação das
iniciativas organizadas.
Há muito que a perceção de Loures enquanto território longínquo e marginal se
encontra enraizada fora do concelho, perceção essa que tem consubstanciado uma ideia
de inacessibilidade e ruralidade, entendidas como sinónimo de subdesenvolvimento. Nos
últimos anos, contudo, talvez ainda reflexo da requalificação proporcionada pela
realização da Expo’98, tem vindo a ser cada vez mais notório um crescente interesse pela
zona Oriental de Lisboa (Xabregas, Chelas, etc.), que tem vindo lentamente a estender-se
ao território de Loures. Alguns artistas provenientes da capital têm vindo a manifestar
vontade em realizar exposições nos equipamentos culturais do município e este interesse
tem vindo a cativar também o público proveniente de outros concelhos.
Outro facto que tem contribuído para a “abertura” de Loures ao exterior são as
colaborações que têm vindo a ser encetadas com algumas instituições de Ensino Superior
(ex.: FBAUL e ESE-IPL), e que estimulam o interesse de um nicho de público muito
específico composto essencialmente por alunos, professores e investigadores.
Apesar de há muito não serem realizados estudos de público de forma profunda e
sistemática, desde 2009 que se procede ao registo do número de visitantes das galerias de
arte e outros espaços municipais onde ocasionalmente são apresentadas exposições de
artes plásticas123. Os números recolhidos indicam-nos que as exposições que mais
cativam a atenção do público são as de temática histórica (em particular de história local),
123 CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES – Registo de visitantes da Rede de Galerias Municiais de
Loures. Loures: Câmara Municipal de Loures, Divisão de Cultura/Área de Galerias, 2009 a 2015.
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as mostras de trabalhos de jovens realizados em contexto escolar (ensino básico e
secundário do concelho e superior especializado) ou no âmbito de concursos promovidos
pelo município, as exposições de artistas consagrados e de artistas locais, sendo que,
dentro destas, as que mais despertam a curiosidade são as de cerâmica e as de fotografia.
Assim, há que apostar na promoção de Loures enquanto concelho de características
únicas, capaz de proporcionar uma oferta cultural inovadora, distintiva e promotora da
marca identitária do território, pois é isso que estes dados nos revelam ao “apontarem
baterias” tanto para o passado como para o futuro, através do interesse demonstrado, pelo
público, pela história local e pelo trabalho desenvolvido por jovens artistas.
2.8. Acervo Municipal de Artes Plásticas
O acervo municipal tem sido constituído ao longo dos anos pelos diferentes
executivos municipais de forma mais ou menos sistemática, por intermédio de aquisições,
doações e de realização de bienais. O espólio existente encontra-se inventariado, mas
nunca foi alvo de um estudo aprofundado.
Em 2016 foram definidos Planos de Intervenção Municipal para diferentes áreas de
ação, entre os quais o das Artes Plásticas, tendo sido assumido pelo Município de Loures
a realização de um estudo aprofundado da sua coleção. Nesse pressuposto, encontra-se a
ser realizada a atualização do inventário do acervo e a migração do mesmo do SIDRA
para o INARTE, software de Gestão de Património Cultural Móvel utilizado por
instituições museológicas com responsabilidades na área da salvaguarda do património
cultural.
Foi igualmente instituído pelo PIMAP uma «política de aquisições regulares de
obras de arte»124 tendo sido definida uma dotação orçamental anual125 com o objetivo de
promover o crescimento da coleção municipal e possibilitar a criação de uma carteira de
exposições itinerantes e exposições de longa duração do acervo. Por outro lado, o PIMAP
124 Ação 7 do Eixo de Intervenção 3/Pontes entre a população e as artes – para promoção do contacto da
população com as Artes, do Plano de Intervenção Municipal para as Artes Plásticas. 125 Esta é, assim, uma situação muito recente, que surge após anos de inexistência de uma política de
aquisições para o acervo municipal, sendo que em Loures e durante alguns anos chegou a ser política
municipal a disponibilização anual de uma percentagem do orçamento geral para compra de obras de arte.
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veio também definir «uma política de incorporações regulares»126 com o objetivo de
fomentar o crescimento do acervo, através de doações, depósitos ou outro tipo de regimes.
Sendo constituída por mais de 370 peças, a coleção municipal conta com nomes
como Pedro Cabrita Reis, Malangatana, Júlio Pomar, Júlio Quaresma, Ângelo de Sousa,
Lagoa Henriques, Bartolomeu Cid dos Santos, Gil Teixeira Lopes, Hugo Canoilas, entre
outros. O grosso da coleção é constituído por obras dos anos 80-90 de Arte
Contemporânea Portuguesa, existindo, contudo, algumas peças de Arte Africana e duas
obras datadas do século XVII e XVIII; um Pentecostes atribuído a Bento Coelho da
Silveira, pertencente à Capela do Convento do Espírito da Quinta do Conventinho
(Loures) e um São Mateus atribuído a Pedro Alexandrino de Carvalho, adquirido em
1984.
126 Ação 8 do Eixo de Intervenção 3/Pontes entre a população e as artes – para promoção do contacto da
população com as Artes, do Plano de Intervenção Municipal para as Artes Plásticas.
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3. Um Centro de Artes Visuais para o Município de Loures
«[…] possuímos o sonho de que a cultura se mescle no dia-a-dia da vida dos
munícipes, favorecendo a emergência de uma maioria de cidadãos possuidores de mais
competências, mais participativos, mais solidários e com um sentido mais crítico e
exigente sobre a sociedade e os poderes.»127
A proliferação de equipamentos culturais128, numa lógica de descentralização,
viabiliza a democratização e a democracia cultural, garantindo o acesso à cultura a toda a
comunidade e elevando o patamar de confiança e complexidade da relação entre as
instituições e os públicos. Mais do que a democratização cultural, é a democracia cultural
que assume particular relevância nesta equação, ao permitir a cada indivíduo ser criador
e cidadão ativo nas suas opções culturais129 e não apenas mero espetador/consumidor de
cultura. Hoje, as entidades museológicas abrem-se a uma nova realidade social da qual
emergem outros públicos, contrariando a visão retrógrada de «museus como jazigos de
objectos, espaços fechados, disponíveis apenas a algumas elites»130
Atualmente não existe em Loures uma infraestrutura que assegure, de forma plena
e eficaz, a promoção da arte e a formação artística no seio do Concelho de Loures.
Existem no município, como já referido, duas galerias municipais dedicadas à
apresentação de exposições de arte, contudo, os espaços onde se encontram instaladas
não possuem a estrutura necessária ao cumprimento de algumas das funções inerentes a
um equipamento deste tipo. Referimo-nos a uma estrutura que possibilite a concretização
de um trabalho de características únicas, inovador e de proximidade com as diferentes
comunidades, associações, escolas, artistas, artesãos e jovens do concelho. A criação, em
Loures, de uma infraestrutura cultural com estas características e competências, permitirá
não só a toda a população um acesso mais direto à arte, como também a independência
do território e, consequentemente, da sua população face à capital, Lisboa.
127 BANHA, Rui [et al] – op. cit., p. 8. 128 GOMES, R.; LOURENÇO, V.; MARTINHO, T. - Entidades Culturais e Artísticas em Portugal. Lisboa:
Observatório das Actividades Culturais, 2006, p. 123. 129 LOURENÇO, Carina Paulo - Os Públicos do Centro Cultural Malaposta. Relatório de Estágio realizado
no CCM. Lisboa: Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2011, p. 14. 130 MARECOS, Carla – O conceito de marketing cultural aplicado à museologia contemporânea em
Portugal. Lisboa: Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, Instituto de História de Arte, Volume I,
2009, p. 123.
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Cabe ao executivo autárquico (estruturas infra e supramunicipais inclusas) a
capacidade de avaliação das necessidades específicas da comunidade, devendo focar-se
em pressupostos que garantam e viabilizem o desenvolvimento cultural local, levando as
populações a tomar consciência da “sua” centralidade e das vantagens em sustentá-la de
forma consistente em informação concreta, esclarecida, e de base científica. É fulcral
saber gerir as expectativas do público, procurando corresponder a estas e não desiludir.
«Agir racionalmente e de acordo com as prioridades, quando se tratada da
estruturação da oferta pública de eventos e serviços, é fundamental para que seja
concebida face às necessidades reais»131 devendo ser consideradas, na estratégia de
implantação de qualquer equipamento que preste um serviço público, as necessidades e
os interesses do público a quem se dirige e a dimensão da comunidade em que o mesmo
se encontra inserido. Equipamentos sobredimensionados e com ofertas culturais
descontextualizadas estarão certamente votados ao fracasso.
3.1. TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures
O centro de arte de Loures deverá surgir enquanto núcleo de experimentação,
estudo e investigação em arte, promotor do cruzamento entre diversos campos do saber
e/ou áreas de atividade, estabelecendo, no decurso da sua programação, partilhas,
parcerias, relações de proximidade e, inevitavelmente, sistemas de funcionamento em
rede com outros equipamentos e entidades. Pretende-se, acima de tudo, que seja um ponto
de encontro entre a arte e as comunidades que residem em Loures ou aí confluem, mas
também de promoção dos seus valores culturais.
São estes pressupostos que se encontram subjacentes à denominação escolhida para
aquele que se idealiza como o centro de arte para Loures. O TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures, surge assim como Território de Experimentação e Investigação em
Arte, ou seja, um espaço de criação livre, experimentação e estudo, dedicado à Arte
Contemporânea, e aberto aos artistas que ali se proponham desenvolver os seus projetos,
dentro do contexto previamente definido e que é a base deste projeto – a preservação e a
promoção da identidade de Loures.
131 FIALHO, Vânia - Programação de Eventos e Consumo Cultural: O caso do Concelho de Cascais.
Estoril: Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, 2012, p. 42.
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3.2. Missão e objetivos
Pretende-se que o TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures seja um espaço aberto
à experimentação e à investigação em arte e um polo promotor de Arte Contemporânea
nacional e internacional. A premissa para definição da missão do equipamento está, antes
de mais, no garantir o acesso à arte a toda a comunidade ou, como já referido, no
democratizar da arte e da cultura. Esta é a sua principal missão, complementada por um
trabalho sistemático de promoção da produção artística, por meio de projetos que
estabeleçam pontos de contacto entre a arte, a história local, as tradições, os ofícios, a
paisagem, a indústria e a comunidade, sempre numa lógica de modernidade e inovação.
Assim, o TEIA tem como objetivos prioritários a difusão das Artes Visuais no Município
de Loures, a promoção e preservação dos valores culturais locais, o apoio a artistas e
artesãos e o desenvolvimento de um trabalho que fomente e estimule a identidade do
concelho, ou a denominada «matriz identitária saloia»132, sempre em estreita ligação com
a arte. No cumprimento daquela que é a sua missão, o TEIA desenvolverá a sua estratégia
de incentivo da produção local, promovendo e apoiando os agentes e produtores de arte
do concelho, dando a conhecer o seu trabalho e estimulando a sua integração no mercado
artístico.
Desenvolverá, ainda, um trabalho constante e sistematizado com as escolas locais
com formação ao nível das Artes Visuais, definindo, sempre que possível, parte da sua
programação em consonância com os programas curriculares, para implantação de
práticas pedagógicas integradas e concretização de ações de formação para educadores,
capacitando-os com ferramentas que lhes permitam «utilizar pedagogicamente o
património cultural.»133 No âmbito do trabalho a desenvolver com as escolas serão ainda
envolvidas instituições de ensino superior especializado - futuros criadores e
consumidores de arte e cultura – de forma a promover o contacto dos alunos destas
instituições, com artistas, agentes culturais e com o mercado artístico nacional e
internacional. Subjacente ao estabelecer de parcerias com as escolas encontra-se,
também, o objetivo de estimular a experimentação artística e a especialização profissional
132 BANHA, Rui [et al] – op. cit., p. 9. 133 MARECOS, Carla – op. cit., p. 92.
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através de estágios, de programas integrados de apoio a mestrados e doutoramentos e do
acesso ao primeiro emprego.
No cumprimento da sua atividade, o TEIA trabalhará em grande proximidade com
o Movimento Associativo, considerando que a sua integração na atividade do município
«é vital para a quase totalidade das políticas municipais»134. Assim, e para que as
ligações estabelecidas sejam profícuas e bidirecionais, o TEIA promoverá a qualificação
dos membros das associações municipais, através de ações de formação e da promoção
do contacto com entidades congéneres, artistas e artesãos com carreiras já consolidadas.
As associações e as coletividades possuindo atribuições de cariz social, são espaços
que congregam grupos de cidadãos voluntários e ativos, das mais diferentes
proveniências, com o objetivo de desenvolverem atividades nos mais diversos campos. A
definição e implementação de políticas públicas implicam, habitualmente, um forte
envolvimento por parte da população, sendo, por isso, relevante «tornar os grupos da
comunidade local, em agentes ativos no próprio desenvolvimento, capazes de demonstrar
os seus desejos, necessidades, e insatisfação.»135 Deste modo, torna-se fulcral a
rentabilização do trabalho desenvolvido pelo Movimento Associativo de Loures,
encontrando formas de o integrar na programação do TEIA. A participação ativa da
comunidade local e a exploração das características identitárias do território,
possibilitarão a definição de uma oferta cultural única, distintiva e de incontestável
interesse e relevância, capaz de projetar Loures a nível nacional e internacional.
3.3. Estrutura de funcionamento
O projeto de implantação de um centro de arte não se limita, obviamente, à
definição da sua estrutura arquitetónica136. Mais importante que o invólucro que o irá
receber é o plano estratégico e de funcionamento da organização que assume verdadeira
relevância. Deste deverão constar, entre outras coisas, a identificação da sua missão, a
134 Enquanto produtoras culturais, depositárias de tradições e mobilizadoras dos seus próprios públicos,
conforme defendido por Augusto Santos Silva em “Como abordar as políticas culturais autárquicas? Uma
hipótese de roteiro” (in Sociologia, Problemas e Práticas; nº 54; 2007, p. 26). 135 FIALHO, Vânia – op.cit., pp. 41-42. 136 Na qual deverão participar especialistas de diversas áreas do conhecimento, entre os quais arquitetos,
engenheiros, agentes e produtores artísticos, sociólogos, técnicos de acervo, entre outros.
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definição da equipa (recursos humanos e serviços disponíveis), a regulamentação do seu
funcionamento (criação de regulamento próprio137) e as linhas base da sua programação
cultural (nomeadamente exposições, serviço educativo, encontros, palestras, etc.).
Não existindo, em Loures, um equipamento municipal capacitado para receber uma
organização desta envergadura e não sendo expectável que, no decorrer dos próximos
anos, estejam reunidas as condições necessárias à construção de um equipamento de raiz
ou a uma readaptação de fundo de um espaço pré-existente, a solução possível, a breve
trecho, passará pela definição de um funcionamento em rede com outros equipamentos
municipais (localizados em áreas descentralizadas do concelho), que será gerido a partir
de um polo central.
O funcionamento em rede não é algo de novo para o Município de Loures. Há muito
que vários dos seus equipamentos culturais funcionam dessa forma, assumindo-se «como
opção estratégica principal a descentralização da cultura, na base de criação
progressiva de rede(s) de equipamentos culturais visando o desenvolvimento de
iniciativas culturais nas várias comunidades do Concelho.»138 Têm sido criadas em
Loures, ao longo dos últimos anos, diversas redes de equipamentos como a Rede de
Museus Municipais, a Rede de Bibliotecas Escolares, a Rede Concelhia de Bibliotecas e,
mais recentemente, a Rede de Galerias Municipais e a Rede de Bibliotecas Municipais.
Neste contexto de funcionamento, o polo central ou núcleo do TEIA ficaria, assim,
sediado no Pavilhão do Parque Adão Barata, sendo estabelecidas ligações e/ou parcerias,
a partir daí, com outros serviços municipais, empresas do concelho, instituições de ensino
(básico, secundário e superior), associações, coletividades, artistas, artesãos, entre outros.
No sentido de agilização de procedimentos, deverá ser equacionada a entrada em
funcionamento da Rede de Recursos do TEIA, assim como de alguns dos seus serviços,
de forma gradual de acordo com um cronograma a ser posteriormente definido.
3.4. Programação
É certo que na persecução de um equipamento de sucesso, a sua programação
deverá acima de tudo corresponder às expectativas dos seus públicos (locais e não locais),
137 Ver anexo 2. 138 BANHA, Rui [et al] – op. cit., p. 19.
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pois a «identificação das necessidades da população e em simultâneo dos públicos a que
se destinam as atividades são vetores que fundamentam a sua importância. Conhecer o
público é saber qual é a oferta que deve ser disponibilizada, pois quando se pensa em
produtos e serviços é preciso que estes estejam a par com as necessidades dos potenciais
consumidores».139 Neste sentido, é necessário, antes de mais, possuir um conhecimento
profundo desse público e envolvê-lo, sempre que possível, na definição e estrutura da
programação do equipamento cultural. Este objetivo pode ser conseguido por meio de
inquéritos dirigidos à população e promovendo o envolvimento das instituições
concelhias (associações, coletividades e escolas), da comunidade local, de especialistas
(artistas, críticos, colecionadores, investigadores e outros profissionais da área), ou seja,
de todos aqueles identificados como público-alvo, por excelência, destes equipamentos.
Por outro lado, uma programação que tem por base a realidade local, sustentada nas
tradições e na história do território, será muito mais apelativa do que qualquer outra
formatada em pressupostos do que “deverá ser” a programação de um centro de Artes
Visuais, dado que «é através daquilo que interessa e estimula a comunidade em que se
insere que o discurso da instituição museológica consegue perpassar a sua mensagem de
forma audível.»140 Por esta razão, as estruturas de gestão municipal não se deverão nunca
demitir do papel de produtores culturais dos seus próprios equipamentos, pois só dessa
forma é possível criar a diferenciação necessária à captação de públicos e projetar os
valores distintivos locais. A existência de um equipamento habilitado a apresentar uma
programação sistemática, diferenciadora, versátil e estruturada, irá certamente captar a
atenção do mercado artístico, nacional e internacional, e tornar o território onde se insere
num ponto de referência no campo da arte.
Não tem sentido a criação de espaços ou eventos culturais para replicação de
conceitos. É o carácter distintivo que projeta, que chama a atenção, que nos torna únicos.
Deverá ser definido, antes de tudo, o conceito do equipamento construído, mantendo
sempre o foco nas características diferenciadoras da comunidade onde o mesmo se
encontra inserido. Este facto, aliado a uma programação incisiva, mas plural, fortalecerá
não só os vínculos com a comunidade (que automaticamente se identificará com os
conteúdos apresentados), como também captará muito mais facilmente a atenção do
139 FIALHO, Vânia – op.cit., p. 42-43. 140 MARECOS, Carla – op. cit., p. 21.
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público externo, pois «só a existência de uma oferta cultural diversificada, determina a
atratividade de um espaço. […] Além dos equipamentos, são os eventos […] os grandes
responsáveis por tornar assim um destino mais apelativo aos olhos de quem o visita,
contribuindo sensivelmente para a atividade económica como geradores de receita.»141.
Desta forma estaremos a promover a formação de públicos com vista à sua
fidelização e ao seu crescimento, com o enfoque na população juvenil e escolar,
trabalhando sempre no sentido da democratização e da democracia cultural, para «que o
acesso à cultura esteja ao alcance de toda a população e não só de alguns».142
De acordo com o definido no PIMAP, a programação do TEIA deverá compreender
não só a realização de exposições, como também projetos artísticos diferenciados, ações
de aprendizagem em contexto não formal como oficinas pedagógicas, workshops, visitas
orientadas, e outra tipologia de eventos de abrangência mais alargada. As exposições
poderão resultar, não só, da apresentação da obra de artistas contemporâneos de renome,
de jovens artistas, de artistas em início de carreira e do acervo municipal de Artes Visuais,
como também de parcerias com instituições de ensino superior e/ou instituições culturais,
de apresentação de projetos resultantes dos Laboratórios de Experimentação Artística e
de projetos especificamente concebidos para a Plataforma Artística Digital de Loures143.
Estas exposições decorrerão nas salas de exposição do centro de arte e/ou em espaços
descentralizados integrados na Rede de Recursos do TEIA, devendo ser sempre
assegurado o respeito pelas características e especificidades de cada um dos projetos a
realizar, assim como a tipologia, atribuições e competências dos respetivos equipamentos
disponíveis.
Os já aqui referidos Laboratórios de Experimentação Artística surgirão no
cumprimento daquelas que são as premissas do centro de arte enquanto espaço aberto à
experimentação e à investigação, focado na democratização da arte e da cultura e no
envolvimento da comunidade, promovendo o fortalecimento da ligação entre as pessoas,
a arte e os valores culturais locais. Estes laboratórios serão, assim, direcionados a artistas
que pretendam desenvolver os seus projetos de Arte Contemporânea, no âmbito do
141 FIALHO, Vânia – op.cit., pp. 42 – 43. 142 Idem, p. 41. 143 A Plataforma Artística Digital de Loures encontra-se atualmente em fase de implementação pelo
Município de Loures e que consiste na apresentação de projetos artísticos concebidos especificamente para
o suporte digital. Esta plataforma digital estará acessível ao público por intermédio do próprio sítio oficial
do Município de Loures.
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cruzamento que se propõe entre a arte e a identidade local. Igualmente, neste contexto,
serão criados outra tipologia de laboratórios, desta feita mais vocacionados para a
comunidade escolar, como forma de estímulo ao contacto deste nicho de público com a
arte, promovendo o encontro com artistas, artesãos ou outros profissionais da área e o
desenvolvimento de projetos com a comunidade e para a comunidade. Pretende-se com
estes laboratórios incutir nos jovens o gosto e o conhecimento por aquela que é a sua
história e a sua realidade, desenvolvendo simultaneamente a imaginação, criatividade e o
espírito crítico. Ambos os laboratórios terão como objetivo primordial a apresentação de
projetos desenvolvidos no contexto da realidade e das vivências locais, explorando, entre
outras coisas, os ofícios e saberes tradicionais do concelho utilizando, para tal, a Rede de
Recursos disponibilizada pelo TEIA.
Ainda no contexto da programação a desenvolver pelo centro de arte, torna-se
incontornável a necessidade de criação de contextos de aprendizagem não formais144, que,
paralelamente às exposições, sejam potenciadores e promotores de conhecimento e do
gosto pela arte e pela cultura. É através de uma programação de carácter mais formativo
e pedagógico, centrada não só nas temáticas das exposições do TEIA, mas também
naquela que é realidade das comunidades onde este se insere, que se educa e promove o
gosto pela arte e pela identidade local. É numa oferta cultural inovadora, que privilegia a
relação com o público, despertando o interesse, a curiosidade e a vontade de aprender,
que reside o poder de cativação de novos públicos. Esta não se deve por isso restringir
apenas ao público jovem, mas abranger outras faixas etárias e proveniências, entre os
quais idosos, reformados, artistas, profissionais especializados, tanto nacionais como
estrangeiros, adaptando o discurso e o tipo de atividade a realizar consoante os públicos.
Através da realização de ações de formação (workshops), oficinas pedagógicas e
visitas orientadas, direcionadas para diferentes grupos etários e tipologias de público,
estimula-se a curiosidade pelo que nos rodeia. É, por isso, no campo de uma programação
de carácter mais pedagógico, apoiada num serviço educativo estruturado e competente,
que se poderão efetivamente trabalhar os públicos, estimulando a sensibilidade artística,
144 Em Março de 2006, Portugal recebeu a I Conferência Mundial de Educação Artística a qual teve por
objetivo o debate da importância do ensino das artes (em ambiente formais e não formais) na aprendizagem
em diversas áreas de conhecimento, na melhoria da qualidade do ensino e no reforço e aceitação da
diversidade cultural, assumindo-se a arte e a cultura como elementos fundamentais no desenvolvimento do
indivíduo enquanto ser pleno, esclarecido e com sentido crítico.
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ensinando a “ler” a obra de arte e a ter um sentido crítico perante a mesma, contribuindo
de forma decisiva para a inclusão social. Através de uma programação que motive e
promova a aproximação da comunidade à arte e à cultura, estaremos a trabalhar para esse
fim, chamando à participação associações, coletividades e escolas, e fomentando, desta
forma, «a cooperação coletiva e a estimulação cognitiva»145 dos públicos.
Igualmente numa lógica de estímulo à formação e à especialização, o TEIA
desenvolverá também eventos de outra tipologia, nomeadamente sessões de cinema,
conferências, palestras e seminários, dirigidos a diferentes tipos de público, como artistas,
investigadores, professores, estudantes e público em geral e com a participação de
especialistas na área das Artes Visuais. Os eventos a promover serão realizados no âmbito
de temáticas relacionadas com as exposições em curso ou outros assuntos integrados no
campo de ação do centro de arte. Farão ainda parte da programação do TEIA espetáculos
de música, teatro, dança e performance, sempre num contexto experimental, funcionando
complementarmente à própria programação de exposições.
3.5. O acervo municipal e a definição de uma Política de Gestão de Acervos
Possuindo o Município de Loures um acervo de Artes Visuais, resultado da
concretização, ao longo dos anos, de aquisições por compra, doações e concursos, é
expectável que o mesmo seja integrado no acervo do próprio TEIA. A juntar a este espólio
serão, ainda, integradas peças provenientes de exposições e de projetos desenvolvidos no
contexto dos Laboratórios de Experimentação Artística. Sendo, desta forma, previsível
um considerável aumento do acervo do TEIA torna-se imperativo proceder à definição
de uma Política de Gestão de Acervos (PGA).
A existência de uma PGA revela-se imprescindível na gestão museal, quer como
ponto estratégico de reflexão, quer como ferramenta de qualificação e racionalização do
trabalho da instituição museológica. Assim, uma das prioridades do centro de arte deverá
passar pela definição de uma eficaz gestão de acervos, pois é aí que reside a sua razão de
ser, não devendo nunca ser descurada a preservação e a integridade dos mesmos. Por
outro lado, o acervo é ainda o centro de suporte de grande parte das diferentes ações
desenvolvidas por qualquer instituição museológica no que respeita a gestão de
145 LOURENÇO, Carina Paulo – op. cit., p. 15.
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informação, programação de exposições, pesquisa, projetos educativos e/ou de
comunicação.
A realização do inventário assim como o estudo da coleção será da responsabilidade
da equipa do TEIA, que passará a disponibilizar a estudantes, investigadores, artistas e a
outros profissionais da área, informação sobre a mesma, de uma forma muito mais
estruturada e sistemática. A compilação dessa informação em edições da especialidade e
catálogos de exposição permitirá promover não só o equipamento como também o próprio
acervo. A inventariação e o estudo da coleção permitirá, ainda, elaborar um catálogo de
exposições itinerantes, as quais passarão a estar disponíveis a outras instituições culturais
no âmbito de parcerias ou acordos de colaboração.
É, então, incontornável que o TEIA possua uma PGA estruturada, equilibrada e
eficaz, o que irá implica, entre outras coisas, a definição de procedimentos de inventário
e de normas de documentação do acervo, que tenham por base experiências de sucesso
realizadas no seio de outras instituições com realidades muito próximas daquela que será
a sua. A sua elaboração deverá contar com a participação do corpo técnico do centro de
arte, devendo este ser qualificado e multidisciplinar e composto por museólogos,
curadores, conservadores, entre outros profissionais.
A PGA do TEIA definirá procedimentos para seleção dos bens a integrar na
coleção, a qual deverá ser feita de forma consciente, justificada e devidamente registada,
tendo sempre em conta a missão, vocação e objetivos do centro de arte. Deverá também
definir a concretização de ações de conservação e documentação do acervo, o que
implicará a sua análise e avaliação, nas diferentes categorias (escultura, pintura, cerâmica,
Arte Contemporânea, etc.) e o seu registo e classificação de acordo com o thesaurus
adotado, de terminologia especificamente concebida e adaptada à realidade do TEIA.
Deverá, por último, assentar em três aspetos fundamentais: no posicionamento do centro
de arte em termos museológicos, no seu projeto institucional a longo prazo (o qual deverá
ser definido de acordo com aquelas que são as pretensões e solicitações da comunidade
em que este se encontra inserido, mas também de acordo com as possibilidades,
potencialidades e limitações do próprio edifício) e no perfeito conhecimento daquelas que
são as linhas mestras do acervo, de forma a garantir que o mesmo, enquanto conjunto,
não perca sentido.
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Por outro lado, uma política bem estruturada dos acervos permite avaliar a
necessidade de abatimento de bens culturais no seio do conjunto do acervo. Perante as
linhas temáticas definidas de acordo com a missão do centro de arte, por recurso ao
disposto à PGA, é possível identificar os bens que não têm cabimento naquela que é a
missão do centro ou que, pelo seu estado de deterioração, não justificam o investimento
de recursos no seu tratamento e restauro.
A dimensão dos acervos é sempre variável, podendo aumentar ou diminuir
consoante a situação a cada momento, e «o museu deve ser capaz de estabelecer as suas
necessidades»146. Por isso, a PGA, enquanto conjunto de diretrizes filosóficas e
concetuais, deverá orientar estratégias de ação objetiva no que diz respeito à incorporação
e acolhimento de bens culturais no acervo museológico, as quais poderão configurar-se
na forma de aquisições por compra, doação, depósito, permuta, etc. No que se refere a
aquisições por compra, estas serão suportadas por verba disponibilizada anualmente, em
orçamento, para o efeito. Não obstante a relevância da incorporação ou acolhimento de
determinado bem cultural no acervo, as aquisições deverão ser sempre avaliadas e
ponderadas consoante a capacidade da instituição para receber e/ou expor o bem sem
comprometer a sua preservação.
Entidades internacionais como o Internacional Council of Museums, a American
Alliance of Museums e o Colections Trust defendem a existência de um documento
regulador neste âmbito e reconhecem que «o desenvolvimento e implementação de
políticas de acervo estão no cerne do trabalho do museu e do seu reconhecimento como
tal, uma vez que essa sistematização tem a capacidade de significar e resignificar a sua
própria missão institucional e o sentido da sua existência.»147Assim, o sucesso de toda a
instituição museológica encontra-se vinculado à qualidade da sua política de acervos, pois
só dessa forma é possível assegurar a preservação e divulgação destes e assegurar que os
mesmos respeitam a identidade, missão e filosofia dos equipamentos que os acolhem.
146 PIMENTEL, Thaís [et al] – A teoria, na prática funciona. Gestão de acervos no Museu Histórico Abílio
Barreto. Revista CPC. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006, p. 93. 147 PAASKOSKI, Leena; EKOSAARI, Maija; JANTUNEN, Sari - Checklist para uma política de gestão
de acervos. Belo Horizonte, v. 4, nº8, 2014, pp. 202-203.
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3.6. Marketing cultural – Comunicar o espaço cultural
Fator de suma relevância no sucesso de uma infraestrutura como o TEIA é,
certamente, a forma como se comunica o espaço, as atividades por si desenvolvidas e as
experiências que o mesmo proporciona. Atualmente, as instituições culturais optam pelo
recurso a técnicas de divulgação e promoção, habitualmente utilizadas por entidades
empresariais. Numa tentativa de captação de novos públicos, inserem-se cada vez mais
numa lógica de mercado cultural, transformando-se, assim, «numa espécie de “empresas
culturais”, adaptando as suas práticas de gestão, bens e serviços a um novo cenário que
se lhes apresenta, onde o visitante passivo parece ser substituído pelo “consumidor ou
cliente activo”».148
O marketing cultural surge, neste contexto, como uma ferramenta que visa
«promover estratégias de difusão da arte e dos seus artistas, dos espaços que os acolhem
e dos meios em que se inserem.»149 Tendo como principal objetivo a divulgação e a
promoção da cultura procura, pelo recurso a produtos, preços e promoção de espaços, ir
ao encontro das necessidades daqueles a quem se dirige, atraindo novos nichos de público
e fidelizando os já existentes, por intermédio da renovação das suas ofertas.
Prevalece, ainda, em muitas instituições culturais, um sentimento de desconfiança
face a estas novas ferramentas de promoção da atividade cultural que, reiterando o seu
carácter de instituições sem fins lucrativos, continuam reticentes à inclusão de equipas de
gestão no seu modelo organizativo, permanecendo agarradas a modelos de gestão
obsoletos que transformam a sua existência numa permanente luta pela sobrevivência.150
Face à modernização e readaptação que as entidades museológicas se encontram
atualmente sujeitas, é imperativo o desenvolvimento de novas formas de organização que
«incluam modelos de gestão actuais e consistentes, arraigados nos objectivos da
instituição museológica ou do museu em que se inserem.»151 Contudo, a aplicação destes
modelos de gestão a instituições museológicas carece de uma cuidadosa análise e
148 MARECOS, Carla – op. cit., p. 16. 149 Idem, p. 28. 150 Idem, p. 85. 151 Ibidem.
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avaliação, por parte da entidade gestora, posto que a sua incorreta adaptação poderá
acarretar alguns perigos e não garantir o sucesso das mesmas no seguimento desta opção.
Hoje, mais do que nunca, o público procura experiências, quer estas sejam
«intelectuais, emocionais ou mesmo físicas»152. Há os que procuram conhecimento, os
que o fazem por status e os que necessitam apenas de cortar com a rotina diária. A Arte
Contemporânea, pela sua especificidade e complexidade de leitura, é certamente uma das
áreas mais difíceis de se fazer chegar ao público, requerendo por parte deste um nível de
formação que, mais do que possibilitar a simples apreensão sensorial da obra, permita a
apreensão dos códigos, daquilo que se vê. O público consumidor deste tipo de arte é,
habitualmente, um público com um maior nível de instrução e uma educação aberta à
fruição e ao gosto pelas artes. Este é um tipo de apetência que é adquirida até ao início da
idade adulta (cerca dos vinte anos de idade)153, sendo difícil cativar para este género de
atividade indivíduos mais velhos sem o mesmo tipo de formação e/ou educação.
Um plano comunicacional agressivo aliado a uma estratégia de marketing
competente podem ser peças-chave na divulgação de uma programação cultural mas,
mais do que isso, poderão ser os principais responsáveis pelo incutir de hábitos culturais
em públicos que, só por si, não estariam recetivos a este tipo de oferta. Uma boa
comunicação passa, antes mais por uma gestão sustentável e cirúrgica dos meios a utilizar.
Não basta fazer “muita comunicação”; antes de mais há que fazê-la chegar ao público
interessado e depois, avaliar formas originais e apelativas de captar novos públicos.
É imprescindível em primeiro lugar, definir o posicionamento do TEIA face ao
mercado artístico e associar a esse posicionamento uma imagem que valorize e promova
os produtos e serviços fornecidos pelo equipamento cultural154; um posicionamento que
seja claro e incisivo e que permita criar, nos consumidores, referenciação, ou seja, que
permita, ao público, ter pleno conhecimento daquela que é a missão do equipamento, da
oferta disponibilizada por este e daquilo que mesmo possui de distintivo dos demais.155
A comunicação do TEIA deverá passar não só por meios vocacionados para as
grandes massas (TV, a rádio e a internet), como para o público especializado (jornais e
152 CUVELO, Rita – “Marketing das Artes: importância e actualidade. Entrevista a François Colbert”. In
Comunicação e Cultura. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Ciências Humanas, nº 1,
2006, p. 176. 153 Idem, pp. 177-178. 154 LIMA, Josiane; GASPAR, Fernando – op. cit., p. 107. 155 Idem, p. 106.
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revistas da área, agendas culturais, etc.). Meios igualmente eficazes são os outdoors e
múpis, sítios institucionais, terminais de multibanco, catálogos, desdobráveis, folhetos,
entre outros. Dentro do concelho, é possível recorrer à imprensa local, a entidades do
município (como associações, juntas de freguesia e escolas) e fazer distribuição porta-a-
porta. Um dos melhores meios de divulgação continua a ser o “boca-a-boca”, forma
comunicacional mais eficaz, económica e direta, onde os níveis de confiança e
identificação com o interlocutor são consideravelmente superiores. Todos estes suportes
se traduzem em modos de captação de novos nichos de público, contudo, deverá ser
igualmente reforçado o trabalho de fidelização do público já existente, através de uma
comunicação mais direcionada.
Outra forma de divulgação e captação de públicos reside na criação de novas fontes
de receita, nomeadamente através de lojas, livrarias, cafetarias, cuja mais-valia financeira,
face à diminuição do financiamento público, poderá ser utilizada no cumprimento da
missão e da atividade das entidades museológicas. Esta é, no entanto, uma realidade
pouco viável para equipamentos de gestão municipal, posto que toda a receita obtida é
integrada no orçamento geral camarário, sendo posteriormente redistribuída de acordo
com aquela que é a estratégia política e as necessidades consideradas mais prementes.
Na implantação de uma estratégia de marketing é de extrema relevância a criação
de um plano de comunicação direcionado para os públicos-alvo das instituições
museológicas. É necessário possuir um pleno conhecimento dos gostos, interesses e
expectativas desses públicos de forma a direcionar corretamente a comunicação. São
poucas as instituições culturais que possuem recursos para o desenvolvimento de estudos
aprofundados dos seus públicos, guiando-se apenas pela experiência e pelo conhecimento
empírico. Esta é uma realidade que urge alterar, sob pena de todo o esforço desenvolvido
se revelar inglório. A criação de um plano de comunicação eficaz, assente no
conhecimento concreto da realidade em que o TEIA se encontrará inserido, poderá fazer
toda a diferença entre um projeto de sucesso e um projeto fracassado. Sem uma boa
comunicação não há público e, sem público, não se justifica a existência de um centro de
arte.
- 73 -
3.6.1. O papel do merchandising nos espaços culturais
É, hoje, frequente as instituições culturais possuírem o seu próprio merchandise
para promoção e divulgação do seu acervo, atividade e programação, dando ainda ao
visitante a possibilidade de levar para casa uma recordação através da aquisição de peças
únicas e de design exclusivo, «criações inovadoras que se singularizam no mercado».156
São linhas de produtos que se associam à identidade da própria instituição cultural para
captação de públicos, servindo igualmente como meio de diferenciação entre pares. O
merchandise pode passar por peças de design e/ou de assinatura, material didático e de
papelaria, postais, DVD’s, pen’s, catálogos e/ou outro tipo de publicações. Mais do que
simples recordações, são peças passíveis de serem oferecidas nas mais diversas ocasiões,
e que servem muitas vezes de justificação para uma nova visita ao espaço.
Sendo um meio eficaz de divulgação do próprio equipamento e da sua atividade, o
merchandise produzido, pode ainda ser entendido como «repositório de cultura»157 ao
permitir a reprodução/replicação de formas artísticas ou o registo do conhecimento em
objetos de promoção (souvenirs, catálogos de exposições, etc.). Contudo, a replicação de
obras de arte em objetos comuns do quotidiano é, ainda, fator de cuidadosa análise, por
parte de diretores e gestores de comunicação de entidades museológicas e «aspectos como
a banalização da imagem veiculada e consequentemente da imagem do museu, por
excessiva exposição e comercialização, são sempre tidos em consideração»158.
Não obstante, o merchandising cultural é hoje reconhecido como uma ferramenta
com grandes potencialidades na difusão e promoção de equipamentos culturais. Entidades
como a Fundação Calouste Gulbenkian, o Museu Nacional de Arte Antiga, o Mosteiro
dos Jerónimos, a Casa da Música e a Casa das Histórias Paula Rego, encontram-se no
grupo daquelas que vêm no merchandising uma ferramenta importante, o que pode servir,
de certa forma, de validação a este tipo de opção, assegurando que valerá a pena explorar
a mesma na promoção e divulgação do TEIA.
156 CENTRO NACIONAL DE CULTURA – Uma nova forma de ver o merchandising sair... com o museu
debaixo do braço!. In e-Cultura.pt. Lisboa: Centro Nacional de Cultura. 157 SANTOS, Eugênio dos – Comunicação e Cultura: uma abordagem. Porto: Universidade do Porto,
Faculdade de Letras, 2004, pp. 961-962. 158 MARECOS, Carla – op. cit., pp. 53-54.
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4. Operacionalização do projeto “TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures”
O presente capítulo é uma reflexão sobre o modo de operacionalização do TEIA,
enquanto equipamento cultural dedicado à promoção e divulgação da Arte
Contemporânea. Pretende-se, neste capítulo, apresentar em traços gerais a forma mais
eficaz de implantação deste equipamento no Concelho de Loures, indicando e definindo
objetivamente todos os aspetos relacionados com o seu modo de funcionamento, a sua
estrutura organizativa (recursos humanos, serviços e espaços), o tipo de programação a
desenvolver, a política de gestão de acervos a instituir, etc.
4.1. Edifício
A experiência revela-nos que na criação de uma nova entidade cultural,
independentemente da sua tipologia (museu, centro de arte, teatro, auditório) a melhor
opção será sempre por um edifício construído de raiz em detrimento da readaptação de
um edifício pré-existente. Analisadas as necessidades e os interesses da comunidade
local, definido o posicionamento do equipamento, assim como os seus públicos-alvo, este
poderá ser estruturado de acordo com os seus objetivos e missão, tanto em termos de
equipa, como dos próprios espaços, sendo assim possível garantir as condições exigidas
por cada uma das valências do equipamento em questão.
Não sendo viável esta opção, a solução passará pela reabilitação de edificado local,
habitualmente de valor patrimonial, exigindo esta uma intervenção de maior
complexidade na sua readaptação. A opção por um espaço pré-existente tem, contudo, as
suas vantagens dada a facilidade de identificação da comunidade local com o edifício e a
sua história e, consequentemente, a uma maior aceitação das novas funções atribuídas a
esse equipamento. Pelo contrário, quando construído de raiz existe sempre maior
probabilidade do mesmo ser originador de uma resposta mais defensiva por parte dos
locais.
Independentemente da opção, dever-se-á ter sempre em conta uma localização
privilegiada em termos de acessos viários e de transportes públicos, fatores de extrema
relevância quando se pretende a criação de projetos mais sustentáveis.
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Na atual conjuntura económica e financeira, não se afigura viável, em Loures, a
opção pela construção de um edifício de raiz. Existe um equipamento, no concelho, com
atribuições na área da cultura que, pela sua estrutura e localização, poderá ser uma boa
opção para readaptação e reafectação de espaços neste contexto. Situado no Parque Adão
Barata, parque urbano da Cidade de Loures, encontramos o anteriormente denominado
Pavilhão de Macau (hoje, Pavilhão do Parque Adão Barata), onde se encontram sediados
a Galeria Municipal Vieira da Silva e o serviço responsável pela sua gestão, a Área de
Galerias da Divisão de Cultura da Câmara Municipal de Loures.
A readaptação que propomos não passa tanto por uma transformação de fundo dos
espaços, mas antes por uma reafectação dos mesmos e pela consequente alteração das
suas funções. Pretende-se para o TEIA uma organização em rede, ficando o núcleo central
do mesmo instalado no Pavilhão do Parque Adão Barata, sendo posteriormente definidas
ligações a outros serviços159, equipamentos municipais160 e entidades externas à
organização municipal161.
4.1.1. Localização
O núcleo central do TEIA ficará instalado no Pavilhão do Parque Adão Barata, no
centro de Loures, num espaço com grande afluência de público que ali se desloca para a
realização da prática desportiva, passeio/lazer, programas culturais, entre outros.
Durante muito tempo a proximidade a Lisboa, capital e centro urbano fortemente
ativo no referente a uma programação de índole cultural e artística, foi entendida como
fator pouco favorável a Loures, limitando a promoção do mesmo enquanto município
referência no campo das Artes Visuais. Hoje, contudo, esse facto deixou de ser
considerado como uma desvantagem, tendo passado a ser encarado como algo de
positivo, passível de ser rentabilizado. A proximidade a Lisboa passou assim a ser vista
«como fator potenciador da captação de público, nacional e estrangeiro»162.
159 Divisão de Equipamentos Coletivos, Divisão de Atendimento, Informação e Comunicação, Apoio
Logístico, Departamento do Ambiente, Departamento de Educação, entre outros. 160 Galerias, museus, bibliotecas e parques municipais, escolas do concelho, entre outros. 161 Associações, escolas superiores, empresas, entre outras. 162 CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES – Plano de Intervenção Municipal para as Artes Plásticas em
Loures. Loures: Câmara Municipal de Loures, Divisão de Cultura/Área de Galerias, 2015, p. 2.
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A par com a sua excelente localização e centralidade, o Parque Adão Barata é ainda
servido por uma boa rede viária, a qual inclui transportes públicos (Rodoviária de Lisboa
e Barraqueiro Transportes, SA) e bons acessos (A8, CRIL, CREL, Calçada de Carriche,
Eixo Norte-Sul), que permitem ligações rápidas não só à capital, Lisboa, como aos
restantes municípios da área metropolitana. Em consequência dessa privilegiada rede
viária, Loures tem vindo, lentamente, a ganhar alguma notoriedade entre os profissionais
das artes, que surge no prolongamento da redescoberta da própria zona oriental do
Concelho de Lisboa (em particular, locais como Xabregas, Olaias, Chelas e o Parque das
Nações). Esta é, assim, uma ótima oportunidade para rentabilizar este novo olhar sobre
Loures e para darmos a conhecer aquilo que de melhor se faz no concelho.
4.1.2. Condicionantes do edifício
O Pavilhão do Parque Adão Barata, antigo Pavilhão de Macau, foi concebido como
espaço expositivo para a Exposição Internacional de Lisboa que teve lugar em 1998, no
Parque das Nações – a Expo’98. Adquirido pela Câmara Municipal de Loures em 2004,
foi desmantelado em 2005 e transportado para Loures, tendo sido reconstruído entre 2007
e 2008. A 25 de julho de 2008, foi inaugurado com a abertura da Galeria Municipal Vieira
da Silva, cuja cerimónia contou com a presença de Rui Pereira, à data Ministro da
Administração Interna, e Dalila Araújo, Governadora Civil de Lisboa.
Por ter sido concebido como um espaço temporário, projetado para uma utilização
limitada no tempo (de 22 de maio a 30 de setembro de 1998) e depois ter sofrido algumas
intervenções de modo a viabilizar o transporte desde o Parque das Nações até ao Parque
Adão Barata, o pavilhão sofre hoje a nível estrutural de algumas fragilidades, que deverão
ser alvo de análise e avaliação na adaptação às novas funções que aqui se propõem.
Atualmente o espaço é composto por dois corpos. O primeiro corpo, inaugurado em
2008, aloja, no piso 0, a Área de Galerias da Divisão de Cultura, a Loja Ponto Já e a
Unidade de Turismo. No piso 1, encontramos a Galeria Municipal Vieira da Silva, que
recebe, ao longo do ano, diversas exposições de Arte Contemporânea, e a sala de reservas
que alberga a coleção municipal de Artes Visuais. O segundo corpo, apesar de se
encontrar inacabado é utilizado para eventos de diferentes tipologias. No piso 0, zona
aberta, são realizadas atividades de exterior, como é o caso dos OTL/Ocupação dos
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Tempos Livres promovidos pelo Município de Loures. No piso 1 temos a denominada
“sala multiusos”, que foi inicialmente pensada para instalação de um espaço de
restauração – o “Salão de Chá” – e é hoje utilizada para exposições, encontros, concertos
e outro tipo de espetáculos, revelando-se num espaço extremamente versátil,
precisamente pelo seu aspeto inacabado, de paredes em tijolo e chão de betão.
Apesar da controvérsia associada à sua implantação em Loures e da escassa ligação
ao local, o pavilhão é, hoje, um equipamento bem aceite pela comunidade, encontrando-
se plenamente integrado no território. Existem, contudo, algumas vozes dissonantes
relativamente à presença da réplica da fachada da Igreja de São Paulo como elemento
decorativo do edifício. Contruída em materiais de fraca durabilidade é uma estrutura que
requer constantes intervenções para conservação, que constituem uma despesa
incomportável para o município. Neste contexto, é urgente a tomada de algumas decisões
que configurem uma solução definitiva para este problema e viabilizem o edifício como
um equipamento mais sustentável. Acreditamos que essa solução poderá passar pela
substituição da fachada por uma estrutura de carácter mais permanente que, por meio de
uma intervenção artística, remeta para a missão do equipamento aqui proposto.
4.1.3. A arquitetura do edifício e a definição dos seus espaços
Enquanto equipamento direcionado para a promoção, difusão e formação no campo
das Artes, o TEIA deverá possuir as valências necessárias ao seu eficaz funcionamento e
à satisfação dos seus visitantes, nomeadamente salas de exposição, auditório,
biblioteca/centro de documentação, serviço educativo (oficinas), sala de tratamento (para
o acervo), gabinetes de trabalho, espaço de reservas, arrecadações, cafetaria, loja,
sanitários, acesso facilitado a pessoas de mobilidade reduzida, elevador monta-cargas ou
de plataforma, zona para cargas e descargas e estacionamento.
Não sendo possível contemplar todas estas valências, dada a conjuntura económica
atual e as limitações financeiras do município para a concretização de uma readaptação
de fundo no edifício, estas poderão ser garantidas pela futura Rede de Recursos do TEIA.
Falamos, por exemplo, do acesso a acervo bibliográfico no campo das artes que poderá
ser assegurado pelos Centros de Documentação da Rede de Museus Municipais e/ou pela
Rede de Bibliotecas Municipais e de oficinas equipadas para apoio aos laboratórios a
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desenvolver pelo centro de arte, disponibilizadas pela Divisão de Equipamentos
Coletivos, pela Área de Museus da Divisão de Cultura ou outros serviços municipais.
No seguimento da planificação elaborada (anexo 3), baseada nos centros de arte
nacionais analisados e nalgumas ideias que, ao longo dos anos, têm vindo a ser
equacionadas, pelo Município de Loures, para o Pavilhão do Parque Adão Barata163, foi
desenhada uma estrutura para o TEIA, que partindo dos dois blocos existentes e exigindo
um mínimo de intervenção, pretende não só a melhor rentabilização do espaço, tendo em
conta as necessidades inerentes ao funcionamento do equipamento, mas também a
sustentabilidade e viabilidade do mesmo considerando as limitações financeiras atuais.
A par com todas as valências pensadas para o TEIA, este contará ainda com uma
série de infraestruturas, equipamentos e serviços que possibilitem o acesso a pessoas com
necessidades especiais, nomeadamente acessos concebidos de acordo com o disposto na
legislação em vigor164. Estas serão apenas algumas das medidas a implementar visando,
conforme referido, o cumprimento da legislação existente, à semelhança do que tem sido
realizado por outras entidades museológicas que gradualmente têm diligenciado
«esforços no combate à exclusão de pessoas com necessidades especiais.» 165
4.2. Recursos humanos e serviços disponíveis
Ao contrário do que era habitual nos museus oitocentistas, nos nossos dias uma
entidade museológica já não se limita a desenvolver as suas competências nas áreas de
aquisição e preservação de fundos. Nessa altura, para o desempenho destas funções, um
conhecimento de índole científica em história da arte, por exemplo, sustentado pela
experiência adquirida no seio de uma instituição museológica, era o bastante para um
profissional da área e era, nesse contexto, que surgiam os conservadores de museus.
163 Com a abertura da Galeria Municipal Vieira da Silva, em 2008, foi pensada e avaliada, pelo
Departamento de Cultura, Desporto e Juventude e pelo Departamento de Obras Municipais, a criação de
diversos espaços de apoio à atividade do equipamento, entre os quais um salão de chá, uma sala de
acervo/tratamento e um auditório, que ficariam sediados no Bloco B (zona inacabada) do edifício, à
semelhança do aqui proposto, e que foram sendo protelados por diversas razões, nomeadamente de ordem
orçamental. 164 Conforme o Decreto-Lei nº 123/97 de 22 de Maio referente à “adopção de um conjunto de normas
técnicas básicas de eliminação de barreiras arquitectónicas em edifícios públicos, equipamentos colectivos
e via pública para melhoria da acessibilidade das pessoas com mobilidade condicionada”. 165 MARECOS, Carla – op. cit., p. 61.
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Hoje, as alterações sentidas ao nível da organização e funcionamento das entidades
museológicas vieram inscrever no dia-a-dia destas instituições novas prioridades, as quais
requerem a intervenção de outro tipo de profissionais. Entre essas prioridades contam-se
o permitir o acesso das coleções museológicas à sociedade, transformando-as em
ferramentas que contribuam para a formação dos públicos, transformando-as em
fornecedoras de um serviço público competente.166
Estando, atualmente, a atenção destas instituições mais focada nas pessoas do que
nos objetos, foi necessário repensar o conceito e a formação dos seus profissionais, os
quais passaram a ter um outro nível de importância no que concerne ao desenvolvimento
da sua atividade. A formação dos recursos humanos das instituições museológicas passou
assim «a ser considerada como uma prioridade, a exigir atenção e investimento da parte
de diversas entidades»167 nomeadamente de universidades e da comunidade científica.
É neste contexto que se inscreve o TEIA, pelo que, para a eficiente concretização
dos seus objetivos, este deverá possuir uma equipa pluridisciplinar na qual serão
integrados «profissionais com saberes especializados, incluindo os que se referem a
funções de difusão cultural, de modo a assegurar o funcionamento e a garantir uma
atividade regular.»168
A sua organização funcional deverá, assim, compreender os seguintes recursos:
RECURSOS Nº DESCRIÇÃO
Diretor Geral 1 Função normalmente atribuída ao responsável máximo da
Unidade Orgânica que gere o equipamento, sendo, neste caso,
a Chefia da Divisão de Cultura. Deverá assegurar o
funcionamento do centro de arte no âmbito das competências
que lhe foram atribuídas de acordo com o Regulamento da
Estrutura Orgânica da Câmara Municipal de Loures169.
Diretor Artístico 1 Função atribuída ao Coordenador do serviço responsável pela
gestão e funcionamento do equipamento, sendo, neste caso, a
Área de Galerias da Divisão de Cultura. Esta terá como
responsabilidades, entre outras coisas, a coordenação da equipa
do centro de arte, a definição e concretização da programação
do equipamento, a curadoria das exposições e a divulgação,
estudo e preservação do acervo municipal.
Técnicos de Investigação 2 Para o estudo das coleções, apoio científico e investigação e
produção de conteúdos no contexto das exposições a realizar.
166 MENDES, J. Amado – Estudos do Património. Museus e Educação. Coimbra: Universidade de
Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2009, p. 95. 167 Idem, p. 96. 168 GOMES, R.; LOURENÇO, V.; MARTINHO, T. – op. cit., p. 123. 169 Nº 2.1 do art. 12º do Despacho n.º 14190/2015. D.R. II Série B. 235 (2015-12-01), pp. 34961-34977.
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Técnicos de Reservas 2 Para a gestão e inventariação da coleção e apoio à organização
e conceção das exposições.
Técnico de Restauro 1 Para tratamento, restauro e conservação da coleção e apoio à
organização e conceção das exposições.
Técnicos de Serviço Educativo 2 Para definição de uma programação de carácter lúdico,
pedagógico e formativo direcionada a diversos tipos de público,
a partir da temática das exposições.
Técnicos de atendimento 5/6 Para assegurar a abertura e o funcionamento do equipamento
(receção, exposições e loja), apoiar o Serviço Educativo na
concretização das suas atividades (nomeadamente, visitas
orientadas) e desenvolver o estudo sistemático dos públicos.
4.3. A curadoria e as exposições
Para além da responsabilidade de administrar, organizar e cuidar dos bens
culturais integrados no acervo, o Diretor Artístico do TEIA têm igualmente a seu cargo a
curadoria das exposições. Desta forma, cabe-lhe a organização e conceção da exposição,
selecionando um conjunto de obras a partir da coleção do centro de arte ou recorrendo a
artistas ou instituições museológicas. A sua atividade abrange um campo muito extenso,
que passa por uma grande capacidade de comunicação e divulgação da exposição em
questão e pela elaboração da sua estrutura, identidade visual e estratégia de divulgação.
A estas tarefas junta-se ainda a distribuição e apresentação das obras na exposição.
Por todas estas razões a curadoria não pode ser descomprometida, refletindo
sempre a visão do curador, devendo, contudo, assentar em critérios transparentes e
explícitos. Deverá ter por propósito estimular a reflexão tanto do público, como dos
próprios artistas, e levantar questões. Não basta uma apresentação clássica assente numa
evolução cronológica; a curadoria não se restringe a uma mera apresentação linear de
obras. Ela requer imaginação, criatividade e eficácia, não se compadecendo com a
existência de regras. As exposições têm hoje um papel mais ativo, mais interventivo,
devendo resultar de cruzamentos entre o que se apresenta e o mundo que nos rodeia,
estimulando a identificação do público com a temática apresentada.
Não obstante a relevância do papel do curador, o foco não deverá nunca estar nele
mas na exposição e/ou na coleção apresentada. Assim, na elaboração de um projeto
curatorial eficaz, para além do curador, deverão encontrar-se envolvidos profissionais de
outras áreas, entre os quais, historiadores de arte, técnicos de reservas e restauro, artistas
plásticos e animadores culturais. É no seio do grupo de trabalho que são definidas as
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linhas orientadoras, elaborado o projeto, distribuídas tarefas e discutidas todas as demais
questões relativas à exposição que se pretende realizar.
Partindo destes pressupostos, a programação do TEIA será definida por biénio,
sendo realizadas quatro exposições por ano (três temporárias e uma de longa duração). A
exposição de longa duração apresenta a coleção municipal e deverá refletir o conceito que
subjaz à criação do TEIA, promovendo simultaneamente a imagem e a missão do centro
de arte. Sendo renovada anualmente, tem por objetivo a divulgação do acervo municipal
e a promoção do Município de Loures enquanto concelho cultural, assim como a captação
do interesse de investigadores e outros profissionais da área pelo estudo da referida
coleção. A apresentação pública da coleção de arte do Município de Loures poderá surgir,
ainda, em diálogo com outras coleções ou artistas convidados, como forma de relançar
um novo olhar sobre a mesma e promover o interesse não só do público em geral, mas
também de artistas e investigadores. Por outro lado, as exposições temporárias passam
pela apresentação de obras pertencentes a outras instituições, particulares ou artistas e
sendo exposições de grande rotatividade, estimulam o interesse do público levando-o a
visitar o centro de arte.
Partindo do referido, apresentamos no anexo 4 uma primeira abordagem ao que
poderá ser uma proposta de programação para os primeiros 4 meses de atividade do TEIA.
4.4. A gestão do acervo
No seguimento do disposto no ponto 3.5 da presente dissertação, foi definida uma
proposta para uma Política de Gestão de Acervos (anexo 5) que estabelece «a vocação
do acervo e as políticas específicas, critério, práticas, processos e detalhes de
manutenção das colecções.»170 e regulamenta a ação de todos os envolvidos nos
processos de inventariação e de documentação do acervo, tarefas que sendo da
competência dos técnicos das reservas, serão sempre acompanhadas e apoiadas pelo
técnico de restauro e supervisionadas pelo Diretor Artístico do TEIA.
É da responsabilidade destes técnicos o processamento, catalogação e registo da
entrada de novas peças no acervo, assim como a análise, avaliação e monitorização do
seu estado de conservação. É, ainda, da competência destes técnicos o apoio à
170 PAASKOSKI, Leena; EKOSAARI, Maija; JANTUNEN, Sari – op. cit., p. 204.
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concretização das exposições (avaliando as peças que as poderão vir a integrar), o apoio
aos estudos desenvolvidos sobre a coleção municipal e o acompanhamento das peças que
forem cedidas para eventos realizados por entidades externas ao município.
Por outro lado, é da competência do técnico de restauro o acompanhamento do
estado de conservação e preservação do acervo, procedendo às intervenções que forem
sendo exigidas por cada um dos bens culturais à guarda do centro de arte. No caso de se
verificar necessária uma intervenção de fundo a que os meios disponíveis, no TEIA, não
consigam dar resposta, deverá propor a contratação do serviço a uma empresa externa,
apresentando todas informações necessárias à análise e avaliação superior dessa
contratação, nomeadamente, procedimentos técnicos, intervenções a serem realizadas e
custos. No caso de cedência de acervo para exposições realizadas por entidades externas
ao município, uma das contrapartidas requeridas pelo mesmo poderá ser uma intervenção
de restauro na peça alvo de empréstimo, devendo essa intervenção ser totalmente
suportada pela entidade requerente, mas sempre acompanhada pelo técnico do TEIA.
Para a eficaz guarda, controlo e tratamento do acervo deverão ser criadas
instalações adaptadas a essa funcionalidade, ou seja, deverá ser garantida a construção de
salas de reservas e tratamento. As intervenções de conservação e restauro deverão
contemplar a imunização, higienização e acondicionamento do acervo e deverá ser
elaborada uma listagem das peças com prioridade de restauro.
Com o intuito de regulamentar todas estas situações foi criada, então, uma
primeira abordagem a uma política de gestão de acervos, adaptada à realidade e
especificidade do TEIA. Trata-se de um documento em elaboração dado que parte de uma
realidade que não é a do TEIA, mas a da Rede de Galerias Municipais de Loures, e que
não foi elaborado pela equipa do futuro centro de arte, mas pela autora do presente estudo.
Com o referido documento pretende-se apresentar não só a situação atual do acervo
municipal e aquelas que são, no momento, as práticas habituais, como projetar aquelas
que poderão vir a ser as metas futuras da vocação do acervo. Assim, este documento
deverá ser encarado como uma ferramenta de trabalho e um manual de procedimentos
para toda a equipa do TEIA, o qual deverá, no entanto, e previamente à sua implantação,
ser discutido e validado por todos e aprovado pela administração do Município de Loures.
Após a implantação da Política de Gestão de Acervos, a equipa do TEIA,
responsável pela criação do mesmo, deverá reunir regularmente e definir estratégias,
- 83 -
avaliar o estado do acervo, comprovar a posse, aquisição e ampliação do mesmo e
elaborar relatórios anuais com considerações que possam vir a enriquecer as diretrizes
definidas no documento inicial.
4.4.1. O estudo da coleção
A par com a existência, crescimento e conservação do acervo, a investigação
representa, igualmente, um papel de grande relevância naquela que é a missão de qualquer
entidade museológica. No caso particular do TEIA, a investigação encontra-se
vocacionada a Arte Contemporânea, mas também para os aspetos caracterizadores
daquela que é a identidade do Concelho de Loures, assegurando o estudo, divulgação e
valorização da mesma.
Além da investigação realizada pela própria equipa do TEIA através dos seus
técnicos especializados171, o centro de arte apoiará ainda o desenvolvimento de estudos
levados a cabo por entidades externas ao município, como estabelecimentos de ensino
superior, professores, investigadores ou outros profissionais da área. Pretende-se que os
estudos assim desenvolvidos venham a dar origem a publicações para divulgação e
difusão da referida coleção e a conteúdos para inclusão nas exposições (e outros eventos)
organizados pelo centro de arte.
No contexto de estudos realizados por entidades externas ao município, deverão ser
garantidas a integridade dos bens culturais objeto de estudo, a qualidade científica da
investigação desenvolvida, assim como o cumprimento dos direitos de autor, do direito à
prioridade científica ou outras questões de ética de carácter relevante. Deverá, ainda, ser
facultada ao TEIA uma cópia da investigação realizada em formato impresso, no caso da
mesma ter sido editada, ou em formato digital, se a mesma não tiver existência física.
Sempre que exista o apoio do centro de arte, o mesmo deverá encontrar-se expresso nos
materiais de investigação produzidos, de forma clara e visível e nos casos em que seja
feita cedência de documentação fotográfica, audiovisual ou escrita, a mesma deverá ser
corretamente referenciada, indicando a sua origem e outros dados relevantes para a sua
identificação. A cedência destes materiais só será gratuita para fins de investigação,
171 Com formação em História da Arte, Artes Visuais, entre outras.
- 84 -
trabalhos escolares ou académicos, sendo as demais utilizações consideradas com fins
comerciais, havendo lugar, nestes casos, à cobrança de valor a definir pelo centro de arte.
Por último resta dizer que pretende-se que o TEIA seja um organismo vivo,
potenciando a existência de uma dupla relação, por um lado interna, entre o centro e o
seu próprio acervo; por outro externa, entre o centro, a realidade local e a sua comunidade.
Neste contexto, deverão ser estimulados relacionamentos de proximidade entre o centro
de arte, os ex-proprietários dos bens pertencentes ao acervo, os artistas e outros
profissionais da área, de forma a possibilitar um conhecimento rigoroso do acervo
municipal, a viabilizar a realização de estudos profundos e verídicos da coleção existente
e a transmitir sempre informação fidedigna aos visitantes deste equipamento, estimulando
cada vez mais o seu interesse.
4.5. O serviço educativo e a mediação cultural
O serviço educativo enquanto espaço de promoção da educação no seio das
entidades museológicas deverá incluir na sua equipa indivíduos com diferentes
habilitações, formação, idades e vivências, de forma a tornar a experiência das atividades
realizadas mais enriquecedora para quem nelas participa. Mais do que meros promotores
de atividades lúdicas para visitantes e cativadores de público, os serviços educativos
devem ser «territórios de participação»172, fazer a mediação entre a coleção, as
exposições e os visitantes e estimular a reflexão, o conhecimento e o poder crítico. Neste
sentido, o trabalho realizado pelo Serviço Educativo é efetivamente um serviço público
stricto sensu, ao contribuir para a «formação de cidadãos livres e esclarecidos».173
É assim recomendável que na definição de uma política educativa eficaz, a
concretizar no seio de entidades museológicas, se elabore, antes de mais, um plano de
ação educativa que perspetive o trabalho a ser desenvolvido a médio/longo prazo, pela
instituição, devendo este ser operacionalizado em consonância com a política expositiva
e as temáticas apresentadas no contexto da atividade promovida.
A programação definida deverá considerar projetos que apelem à criatividade, à
participação e colaboração recíproca de segmentos públicos de diferentes tipologias,
172 BARRIGA, Sara - Serviços Educativos em Portugal: Ponto da Situação. Documento de Recomendações.
Encontro Nacional de Serviços Educativos em Portugal: Ponto da Situação. Lisboa: ICOM, 2011, p. 2. 173 Ibidem.
- 85 -
faixas etárias, origens e interesses. Deverá, igualmente, perspetivar-se como uma
programação inovadora, capaz de captar a atenção dos públicos e de promover a
instituição junto dos mesmos, dando a conhecê-la fora dos seus limites físicos,
apresentando-a a novos públicos e estabelecendo relações de proximidade com as
comunidades de dentro e fora do território de Loures.
Com base nestes pressupostos, o Serviço Educativo do TEIA deverá abraçar o
desafio de apresentação de uma programação regular nas suas salas de exposições (e
demais espaços a intervir) e de criação de projetos que estimulem a participação dos
estabelecimentos de ensino, associações do município, artistas e artesãos, funcionando
como mediador entre os públicos e o centro de arte. No desenvolvimento da sua atividade,
o Serviço Educativo deverá realizar ações na área da educação e da formação artística,
estimular a integração social e promover o conhecimento, o estudo e a difusão do acervo
municipal, através da definição de um programa diversificado e qualificado contribuindo
para a evolução social e cultural dos seus públicos. As atividades promovidas pelo
Serviço Educativo terão, ainda, um carácter intergeracional, estimulando o contacto e a
aprendizagem entre diferentes faixas etárias.
Integrados na programação a definir teremos os laboratórios artísticos, as oficinas
pedagógicas, as ações de formação e educação artística e as visitas orientadas, atividades
que aprofundaremos nos pontos seguintes.
4.5.1. LEA - Laboratórios de Experimentação Artística
Os Laboratórios de Experimentação Artística foram pensados enquanto espaços de
criação, experimentação e investigação artística, para a realização de projetos
desenvolvidos com a comunidade e para a comunidade.
Os LEA serão regulamentados por documento próprio (anexo 6), o qual se
encontrará disponível no sítio oficial do Município de Loures. Em traços gerais, pretende-
se que cada laboratório tenha a duração de quatro meses, sendo realizados cerca de três
por ano. Estarão abertos à participação de artistas nacionais e estrangeiros, que se
proponham realizar projetos para promoção da “matriz identitária” de Loures, explorando
o cruzamento entre diferentes áreas do conhecimento, os ofícios tradicionais locais, a
paisagem, as tradições, a indústria e a história local. Para o desenvolvimento dos projetos,
- 86 -
terão o apoio da Rede de Recursos do TEIA, a qual envolverá serviços municipais, a
comunidade, as associações, os artistas e os artesãos do concelho.
Após a concretização do projeto, será organizada uma exposição, em local a definir,
para apresentação das obras produzidas durante o laboratório, que será concebida pela
equipa do TEIA em colaboração com o artista. Como contrapartida, caberá ao Município
de Loures a possibilidade de escolha de uma das peças resultantes dos laboratórios, para
inclusão no acervo do centro de arte.
4.5.2. Oficinas pedagógicas
A integração da Educação Artística em sistemas de ensino formal e não formal,
apoiada na cultura, nas vivências e na realidade daqueles que participam nesses mesmos
sistemas «permite cultivar em cada indivíduo o sentido de criatividade e iniciativa, uma
imaginação fértil, inteligência emocional e uma “bússola” moral, capacidade de
reflexão crítica, sentido de autonomia e liberdade de pensamento e ação»174. Decorre daí
a importância da criação de ferramentas que estimulem o conhecimento e a troca de
experiências entre os alunos e o meio em que se encontram inseridos, dando-lhes a
possibilidade de contribuir ativamente para o benefício da sua própria comunidade.
Pela sua vertente prática, as oficinas pedagógicas permitem estimular a
aproximação dos públicos do TEIA à sua coleção, às exposições e às demais atividades
organizadas por este. Sendo desenvolvidas pelo Serviço Educativo, dentro da temática
das exposições, e pelos artistas dos Laboratórios de Experimentação Artística, no
contexto dos projetos desenvolvidos (ou em desenvolvimento), as oficinas pedagógicas
serão concebidas para diferentes faixas etárias e campos de interesse, estimulando, nos
seus frequentadores, a criatividade, a capacidade interpretativa e o sentido crítico.
Integrados nas oficinas pedagógicas e funcionado de forma muito próxima dos
LEA, serão implementados os Laboratórios Escolares Criativos (LEC), que se propõem
como ferramenta para o desenvolvimento de relações de proximidade entre a Arte e a
comunidade escolar. Estes possibilitam aos alunos das instituições de ensino do concelho
a concretização de projetos desenvolvidos para e com a comunidade local, com vista à
174 COMISSÃO NACIONAL DA UNESCO - Roteiro para a Educação Artística. Desenvolver as
capacidades criativas para o século XXI, Lisboa: Comissão Nacional da Unesco. 2006, p. 6.
- 87 -
«transmissão dos valores culturais e das formas de arte locais» através do estímulo do
contacto dos alunos com artistas e artesãos. É, neste âmbito, que serão promovidas
algumas visitas de profissionais da área às escolas, com objetivo de se empreender um
trabalho de maior proximidade com professores e alunos175, associando ao
desenvolvimento cognitivo experiências que promovam igualmente o desenvolvimento
emocional. Desta forma, estaremos ainda a trabalhar no sentido de uma maior integração
social, reduzindo a exclusão e estimulando o respeito e a participação na comunidade e
cultura locais, fomentando simultaneamente o gosto e o respeito pela cultura dos outros.
Só através da promoção de um maior equilíbrio entre o desenvolvimento cognitivo e o
emocional, é possível consolidar o poder de reflexão e discernimento no indivíduo e
contribuir «para o desenvolvimento de uma cultura da paz.»176
4.5.3. Ações de formação e educação artística
As ações de formação (workshops) promovidas pelo TEIA serão desenvolvidas pela
equipa do Serviço Educativo, por formadores convidados (artistas, artesãos e
investigadores) e por artistas dos LEA. As referidas ações poderão ser concretizadas de
acordo com as temáticas das exposições, no contexto da exploração da “matriz
identitária” e dos valores culturais locais ou, ainda, no âmbito de áreas mais diretamente
ligadas à Arte Contemporânea e à história e teoria da arte.
As presentes ações, encontrando-se particularmente direcionadas para o público
escolar, artistas, artesãos, investigadores e outros profissionais da área, visam igualmente
atingir o público em geral, sendo que para este será realizada uma adaptação à linguagem
utilizada e à forma de abordagem das temáticas. Pretende-se, desta forma, promover,
junto dos diferentes públicos, o conhecimento e a aprendizagem de métodos de
descodificação e interpretação da obra artística, que estimulem o gosto e o respeito pela
arte e pelo património cultural.
175 Esta não é uma experiência inovadora tendo sido já realizada noutros países, nomeadamente, nos Estados
Unidos da América e em Espanha, onde as crianças, nas escolas, são estimuladas através de diferentes
formas de aprendizagem, promotoras de um contacto mais participativo e direto com o meio em que se
encontram inseridas, adquirindo, desta forma, competências nas áreas de planeamento e coordenação de
projetos, aprendendo a trabalhar em equipa, a questionar e a ter um maior sentido crítico. 176 COMISSÃO NACIONAL DA UNESCO - Roteiro para a Educação Artística. Desenvolver as
capacidades criativas para o século XXI, Lisboa: Comissão Nacional da Unesco. 2006, p. 21.
- 88 -
4.5.4. Visitas orientadas
As visitas orientadas serão promovidas pelo Serviço Educativo no contexto das
exposições realizadas pelo TEIA. Pretendem estimular a aproximação do público ao
equipamento cultural e às atividades por este desenvolvidas, munindo os seus visitantes
dos códigos de leitura necessários à decifração das obras de arte expostas. Pontualmente,
as visitas orientadas, poderão ser desenvolvidas pelos artistas dos LEA ou outros artistas,
por críticos de arte, investigadores ou demais profissionais da área. Direcionadas
fundamentalmente para o público em idade escolar, visam igualmente atingir outras
faixas etárias, sendo o discurso das mesmas adaptado caso a caso.
Com a realização de visitas orientadas, pretende-se ainda fomentar a existência de
um público mais ativo, mais consciente e com maior sentido crítico relativamente à oferta
cultural que se encontra disponível.
4.6. O atendimento e a receção ao público
O atendimento dos equipamentos culturais é um dos serviços fulcrais de toda a
estrutura organizativa. Os técnicos a ele afetos são a “cara” do equipamento e devem
conseguir garantir que a visita a este se revele numa experiência agradável e a repetir.
Mais do que as exposições, são os técnicos que recebem os visitantes, que “vendem” o
equipamento. Uma boa exposição aliada a uma má experiência de visita, é o bastante para
que a mesma não se repita.
Assim, e no sentido de proporcionar uma boa experiência, os técnicos de
atendimento do equipamento deverão receber quem o visita de forma cordial e agradável,
fornecendo toda a informação imprescindível à compreensão e usufruto da exposição,
assim como relativa às demais valências do equipamento, apetrechando o visitante de
todos dados necessários à concretização da sua visita. O segredo de uma boa experiência
de visita, passa muitas vezes por um fornecimento de informação equilibrado e sem
excessos, de forma a evitar provocar, no visitante, desinteresse e/ou frustração.
Um outro pormenor que não deverá nunca ser descurado prende-se com o período
de abertura do equipamento ao público. Os horários e os dias de abertura do centro
deverão ter em conta a realidade diária dos seus públicos, adaptando-se a essa mesma
- 89 -
realidade. Aberturas de equipamentos em horário laboral (9h às 17h30), com
encerramento à hora de almoço e ao fim-de-semana não vão ao encontro das necessidades
e expectativas do público.
Sabemos que parte da população de Loures é forçada a sair todos os dias de manhã
do seu município de residência em direção ao seu local de trabalho, só regressando ao fim
da tarde177 e que mesmo os que trabalham no concelho cumprem horários que não lhes
possibilitam a visita a equipamentos culturais durante o dia. Desta forma, para este tipo
de público os horários mais apropriados serão sempre após as 18h00 ou durante o fim-
de-semana. Fora deste horário só os estudantes, os desempregados e os reformados terão
a oportunidade de se deslocar ao centro de arte para concretização da sua visita. Neste
sentido, o horário mais indicado para funcionamento do TEIA, será aquele que aposte
fortemente nos fins-de-semana e no horário pós-laboral, não descurando obviamente os
horários habituais de abertura destes tipos de equipamento.
4.7. Rede de Recursos do TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures
Para cumprimento da atividade desenvolvida pelo TEIA, será imperativo garantir
as condições para a realização da mesma, nomeadamente, para o desenvolvimento de
estudos e investigação na área, montagem de exposições, transporte de obras de arte, entre
outras coisas. Neste contexto, será incontornável o envolvimento de entidades internas e
externas à Câmara Municipal de Loures conforme indicado no anexo 7.
Da Rede de Recursos do TEIA, farão ainda parte alguns espaços passíveis de serem
disponibilizados para a realização de exposições descentralizadas por todo o Concelho de
Loures, como a Biblioteca Municipal José Saramago, a Biblioteca Municipal Ary dos
Santos, o Ed. 4 de Outubro ou o Salão Nobre dos Paços do Concelho.
O apoio e o perfeito entrosamento entre todos os elementos que integrarão a Rede
de Recursos do centro de arte, assim como o comprometimento e a plena
consciencialização da importância de cada um, serão fulcrais no garantir do seu eficaz
funcionamento, pois «o sucesso das parcerias depende da mútua compreensão dos
177 Consultar p. 34 do presente estudo.
- 90 -
objectivos para os quais os parceiros estão a trabalhar, e do respeito mútuo pelas
competências de cada um.»178
4.8. Marketing e comunicação – definição de uma estratégia de atuação
É sabido que a forma como se promove a entidade museológica junto do público é
crucial no estreitamento da relação entre ambos. Como tal, a definição e implantação de
uma estratégia de comunicação deverá ter em conta diferentes fatores consoante o tipo de
público a que é direcionada. Idade, grau de escolaridade, o meio em que o equipamento
se encontra inserido, são tudo aspetos a considerar, sendo que diferentes ferramentas de
marketing e códigos deverão ser utilizados consoante os recetores a considerar.
4.8.1. Definição de um plano de comunicação
Para garantir o sucesso de uma campanha comunicação, previamente à
concretização de determinado evento ou exposição, deverão ser contactados «os meios de
comunicação locais, nacionais e internacionais, dependendo da dimensão do evento,
para programar a sua divulgação e promover conferências de imprensa como forma de
publicitação da exposição ou evento.»179 É aqui que se revela fulcral a intervenção da
Divisão de Atendimento, Informação e Comunicação, unidade orgânica responsável pela
comunicação do Município de Loures. O referido serviço deverá, assim, em conjunto com
a equipa do TEIA, elaborar um plano de comunicação eficaz e produzir os materiais
gráficos de promoção e difusão da atividade desenvolvida pelo centro de arte.
Desta forma, no plano de comunicação a elaborar, deverão constar os objetivos a
atingir, os públicos-alvo a quem se dirige a atividade desenvolvida pelo TEIA, os recursos
necessários para concretização do mesmo, a definição do conceito principal, os canais a
serem utilizados, o orçamento necessário e a sua forma de monitorização e avaliação.
Partindo do acima referido, foi indicada em traços muito gerais a informação a
constar no plano de comunicação para divulgação do TEIA e da atividade a desenvolver
por este, informação essa presente no anexo 8.
178 COMISSÃO NACIONAL DA UNESCO – op. cit., p. 11. 179 MARECOS, Carla – op. cit., p. 38.
- 91 -
4.8.2. Merchandising - promoção, divulgação e sustentabilidade
As lojas das entidades museológicas surgem no contexto do reforço dos meios de
divulgação, associados a uma nova visão do que devem ser as instituições culturais no
contexto da museologia contemporânea. As lojas acolhem, assim, diversos produtos para
venda ao público, entre os quais encontramos réplicas de peças dos acervos e outros
produtos inspirados na realidade museológica das próprias instituições. São estruturas que
funcionam como prolongamento das exposições, incentivando a compra de determinado
produto no contexto da visita realizada ou despertando o interesse pelas exposições, ao
disponibilizar produtos que para elas remetem. Esta habilidade de comunicação é
viabilizada por meio do merchandise concebido especificamente para as lojas das
entidades museológicas, que funciona, assim, como “repositório de cultura”.
Permanece ainda nalguns profissionais da área, o receio de uma certa banalização
da cultura, de forma geral, mas muito particularmente dos acervos, provocada por uma
possível massificação da reprodução dos bens museológicos. Assim, com o objetivo de
evitar essa «excessiva banalização da imagem e comercialização»180 dos acervos
museológicos, a disponibilização destes é sempre alvo de uma profunda e cuidada análise,
por parte dos gestores de entidades museológicas.
As lojas, à semelhança dos equipamentos nos quais se encontram inseridas,
procuram não só a captação de novos públicos como a fidelização dos existentes,
recorrendo a diferentes estímulos entre os quais a exclusividade, a qualidade e a
diferenciação dos produtos comercializados. Os produtos para venda resultam
maioritariamente de parcerias com empresas do ramo, designers, artistas e artesãos,
procurando-se sempre objetos inovadores e de qualidade, únicos no mercado, que
promovam a diferenciação entre pares e valorizem a missão da entidade museológica.
A integração da loja no projeto arquitetónico constitui, hoje em dia, uma das
preocupações no seio museológico, dado que a mesma interfere na forma como se
estabelece o diálogo entre o espaço e o público. São de suma relevância questões como o
seu posicionamento no espaço, a sua organização e disposição dos produtos, o
merchandise disponível e a forma como o mesmo é apresentado.
180 Idem, p. 79.
- 92 -
Na loja do TEIA serão comercializados produtos que publicitem a atividade
desenvolvida pelo centro de arte, podendo ser criados “ambientes” para integração dos
produtos que remetam para as exposições em curso. O merchandise que poderemos
encontrar à venda na loja será o resultado de uma proposta realizada pelo serviço
responsável pelo TEIA, no seguimento de projetos concebidos pelo próprio serviço ou
por terceiros (artistas, artesãos, empresas). Existem vários aspetos que, neste contexto,
poderão ser explorados no âmbito da promoção da imagem do TEIA e aplicados a uma
extensa variedade de merchandise, nomeadamente pisa-papéis em rocha calcária (pedra
de calçada), recipientes em vidro empalhados com função decorativa, impressões de
obras do acervo (posters), réplicas de arte pública do concelho, catálogos de exposições,
entre outros.
4.9. Apoios e parcerias
É incontestável que o sucesso do TEIA estará muito dependente de uma grande
capacidade de gestão e articulação da Rede de Recursos a criar, pois sem uma rede de
recursos forte, tornar-se-á muito difícil assegurar o cumprimento da atividade do centro.
Para garantir uma eficaz colaboração entre serviços, deverá haver uma maior
articulação intra e interdepartamental e uma intervenção ativa e integrada no planeamento
urbanístico e de construção de equipamentos culturais. Será igualmente necessário
estimular o estreitamento de relações com instituições culturais, escolas, empresas,
associações, artistas e artesãos, através da celebração de acordos de colaboração.
Também os mecenatos e os patrocínios assumem, hoje, grande importância no
desenvolvimento da atividade museológica, dado o papel relevante dos apoios financeiros
na museologia moderna como forma de «fazer face às inúmeras despesas com que se
depara»181. A associação de entidades museológicas a empresas idóneas, promotoras da
cultura e com grande projeção no mercado, será sempre uma opção a considerar, dado
que o estabelecer de relações de proximidade e de identificação com estas, poderá
providenciar igual nível de projeção às entidades museológicas a elas associadas.
181 Idem, p. 143.
- 93 -
Conclusão
Com o presente estudo pretendeu-se lançar pistas para um modelo de infraestrutura
cultural de génese municipal (ICGM), adaptado à realidade do Concelho de Loures, que
vise a promoção e preservação da denominada “matriz identitária” deste território.
Assim, partindo da análise de quatro exemplos nacionais, que se destacam pelas
suas características singulares e distintivas face aos demais equipamentos existentes a
nível nacional e são representativos de formas muito diferenciadas de gestão, organização
e programação, chegou-se a uma proposta concreta de centro de arte, cuja missão,
objetivos e funcionamento foram pensados para a satisfação das necessidades culturais
de Loures, no campo das Artes Visuais e da promoção da identidade cultural do território.
Os equipamentos analisados foram os seguintes: o CACGM, enquanto espaço de
valorização do património e da identidade regional de Bragança (através da apresentação
da obra de Graça Morais); o CAV enquanto espaço de rentabilização e promoção de um
festival pré-existente e único no país (os Encontros de Fotografia); o CAMB, enquanto
espaço de apresentação da coleção de um dos maiores colecionadores de Arte
Contemporânea nacional e munícipe de Oeiras (Manuel de Brito); e, finalmente, o CAS,
espaço de convergência de múltiplas expressões artísticas que o transformam em
promotor e produtor cultural de excelência.
Não sendo o objetivo replicar os exemplos existentes nos grandes centros urbanos,
pretendeu-se apresentar um projeto diferenciador com que a população residente se
identifique, e que simultaneamente cative públicos fora do Concelho. Pela análise da
realidade de Loures, foi possível ter uma maior perceção, entre outras coisas, do número
de equipamentos existentes, de produtores e agentes culturais e de escolas com ensino
artístico.
Partindo destes indicadores, concluiu-se que o TEIA deverá constituir-se como
infraestrutura capacitada para concretização de uma oferta cultural distintiva e inovadora,
com que a população de Loures se relacione e identifique, desenvolvendo uma
programação que promova a estreita ligação entre a arte e o que de mais identificativo
existe no Concelho de Loures: a sua história, as suas tradições, as suas gentes. Esta
equação permitirá, em primeira instância, captar a atenção dos residentes que, podendo
não se identificar ou possuir os códigos de leitura necessários à correta interpretação de
- 94 -
obras de Arte Contemporânea, poderão sempre se relacionar com aquilo que lhes é mais
familiar e imediato: o território de Loures. Da mesma forma, quem vem de fora poderá
encontrar aqui algo de único e exclusivo, resultante da convergência do contemporâneo,
do tradicional e do local, capaz de promover não só as Artes Visuais, como a própria
história de Loures.
Não possuindo Loures condições económicas e financeiras para construção de um
espaço de raiz, pensou-se na possibilidade de readaptação um espaço pré-existente, que
já desempenha funções nesta área – o Pavilhão do Parque Adão Barata. Esta readaptação
deverá, contudo, ser realizada de forma gradual e sustentável, de acordo com cronograma
a ser definido conjuntamente com o executivo municipal.
Em termos de atividade, o TEIA desenvolverá uma programação assente,
precisamente, em alguns dos aspetos mais caracterizadores do território de Loures, tendo
sido, para tal, pensadas iniciativas como os LEA e os LEC, que se propõem como elo de
ligação entre arte/artistas, território e comunidades do Concelho. Pretende-se, assim,
incentivar a produção artística e promover o território de Loures e a sua identidade não
só junto da sua população mas também fora de portas. Para concretização da programação
definida e dadas as contingências económicas e financeiras já mencionadas, propôs-se a
criação de uma rede de recursos, constituída por diferentes equipamentos e serviços
municipais, associações e coletividades do concelho, agentes educativos, entre outros.
Esta rede providenciará o apoio necessário ao cumprimento da programação do centro de
arte, através da disponibilização de espaços, equipamentos, conhecimento e apoio
logístico, sendo que para o sucesso de funcionamento da mesma, deverá existir um
perfeito entrosamento entre cada um dos seus diferentes elementos.
Ainda no desenvolvimento do projeto do TEIA sentiu-se a necessidade de criação
de alguns documentos de apoio que permitissem definir de forma mais concreta o seu
funcionamento e gestão, tendo sido, por essa razão, elaboradas duas propostas – o
regulamento do equipamento e a política de gestão do acervo - que se encontram anexas
ao presente estudo (anexos 4 e 7) e que foram pensadas não como documentos fechados,
mas passíveis de virem a ser revistos e atualizados com a entrada em funcionamento do
centro e no seguimento da concretização da sua programação.
Por último, resta dizer que o sucesso do equipamento proposto dependerá, em
muito, do facto da sua missão, objetivos e posicionamento se encontrarem bem balizados
- 95 -
e definidos e serem avaliados periodicamente de modo a possibilitar a realização de
ajustes sempre que isso se verifique necessário. Neste processo será sempre fundamental
a participação da população de Loures e dos públicos-alvo do referido equipamento, pois
são eles quem justifica a existência do mesmo. Projetando-se como uma estrutura
maleável e adaptável à realidade de cada momento, o TEIA, encontrar-se-á mais
capacitado para, no cumprimento da sua missão e objetivos, ir ao encontro daquelas que
são as necessidades dos seus públicos. Acima de tudo, o TEIA - Centro de Artes Visuais
de Loures foi desenhado e pensado como estrutura habilitada para trabalhar para e com a
comunidade.
- 96 -
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BIBLIOGRAFIA
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- 106 -
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Decreto-Lei nº6/2001. D.R. I Série A. 15 (2001-01-18) pp. 258-265.
(Aprova a reorganização curricular do ensino básico)
Decreto-Lei n.º 74/99. D.R. I Série A. 63 (1999-03-16) pp. 1430-1432.
(Estatuto do Mecenato)
Decreto-Lei nº 100/84. D.R. I Série. 75 (1984-03-29) pp. 1042-1059.
(Revê a Lei n.º 79/77, de 25 de Outubro, que define as atribuições das autarquias locais e
competências dos respetivos órgãos)
Decreto-Lei n.º 123/97. D.R. I Série A. 118 (1997-05-22) pp. 2540-2544.
(Normas técnicas de eliminação de barreiras arquitectónicas em edifícios públicos, equipamentos
colectivos e via pública)
Decreto-Lei nº286/89. D.R. I Série. 198 (1989-08-29) pp. 3638-3644.
(Definição dos planos curriculares dos ensino básico e secundário)
Despacho n.º 142/ME/90. D.R. II Série. 202 (1990-09-01) p. 9757.
(Aprova o plano de concretização da Área-Escola, o modelo organizativo da Área-Escola e as
sugestões de estrutura do programa da Área-Escola, de acordo com o Decreto-Lei 286/89, de
29/08)
Despacho nº 564/2013. D.R. II Série. 6 (2013-01-09) pp. 1301-1316.
(Regulamento dos Serviços da Câmara Municipal de Sines)
Despacho nº 5021/2014. D.R. II Série. 69 (2014-04-08) pp. 9704-9726.
(Regulamento orgânico dos serviços do Município de Oeiras)
Despacho 9265-B/2013. D.R. II Série. 134 (2013-07-15) pp. 22210/(2)-22210/(5)
(Define as normas a observar no período de funcionamento dos estabelecimentos de educação e
ensino público do pré -escolar e 1.º ciclo do ensino básico, bem como na oferta das atividades de
animação e de apoio à família (AAAF), da componente de apoio à família (CAF) e das atividades
de enriquecimento curricular (AEC))
Despacho n.º 14190/2015. D.R. II Série B. 235 (2015-12-01) pp. 34961-34977.
(Regulamento da Estrutura Orgânica da Câmara Municipal de Loures)
Lei n.º 26/2004. D.R. I Série A. 159 (2004-07-08) pp. 4121-4125.
(Aprova o Estatuto do Mecenato Científico e procede à nona alteração do Decreto-Lei n.º 74/99,
de 16 de Março (Estatuto do Mecenato))
Lei n.º 47/2004. D.R. I Série A. 195 (2004-08-19) pp. 5379-5394.
(Lei Quadro dos Museus Portugueses)
Lei nº 79/77. D.R. I Série. 247 (1977-10-25) pp. 2564-2578.
(Atribuições das autarquias e competências dos respectivos órgãos)
Lei nº 84/98. D.R. I Série A. 287 (1998-12-14) pp. 6810-6811.
(Criação do Município de Odivelas)
Lei n.º 107/2001. D.R. I Série A. 209 (2001-09-08) pp. 5808-5829.
(Lei de Bases do Património Cultural)
- 107 -
ANEXOS
ANEXO 1 - ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Entidades museológicas pertencentes à Rede Portuguesa de Museus (data de abertura)
Fonte: DGPC, Património Cultural – Museus e Monumentos/Rede Portuguesa de Museus
Figura 2 – Despesas dos municípios com Cultura (2000 – 2014)
Fonte: INE, Inquérito ao Financiamento das Atividades Culturais,
Criativas e Desportivas pelas Câmaras Municipais
0
5
10
15
20
25
30
35
Museus da RPM
Figura 3 – Abertura de ICGM em Portugal entre o final dos anos 80 e 2014
Levantamento realizado, por inquérito, no âmbito do Mestrado de Crítica, Curadoria e Teorias da Arte
Figura 4 – Tipologia de públicos das ICGM
Levantamento realizado, por inquérito, no âmbito do Mestrado de Crítica, Curadoria e Teorias da Arte
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Abertura de ICGM em Portugal
Tipologia de Públicos das ICGM
Figura 5 - Centro de Arte Contemporânea Graça Morais
Entrada Rua Abílio Beça
Projeto Welcome Nordeste, 2012
Figura 6 - Centro de Arte Contemporânea Graça Morais
Projeto Souto Moura – Arquitectos, S.A
Blogue Arquitectura Portuguesa, 2015
Figura 7 - Centro de Arte Contemporânea Graça Morais
Projeto Souto Moura – Arquitectos, S.A
Blogue Arquitectura Portuguesa, 2015
Figura 8 - Centro de Arte Contemporânea Graça Morais
Jardim/Espaço verde
Fotografia de Claudia Simenta Rodrigues, 2016
Figura 9 - Centro de Arte Contemporânea Graça Morais
Uma das sete salas de exposição do Espaço Graça Morais
Fotografia de Claudia Simenta Rodrigues, 2016
Figura 10 - Centro de Arte Contemporânea Graça Morais
Sala de exposições
Fotografia de Claudia Simenta Rodrigues, 2016
Figura 11 - Centro de Arte Contemporânea Graça Morais
Espaço de exposição
Fotografia de Claudia Simenta Rodrigues, 2016
Figura 12 - Centro de Artes Visuais
Átrio exterior
Blogue olhArquitectura, 2014
Figura 13 - Centro de Artes Visuais
Projeto J. M. Ribeiro, 2010 (Planta piso -1)
Fonte: Mariana Folgado, 2015
Figura 14 - Centro de Artes Visuais
Projeto J. M. Ribeiro, 2010 (Planta piso 0)
Fonte: Mariana Folgado, 2015
Figura 15 - Centro de Artes Visuais
Projeto J. M. Ribeiro, 2010 (Planta piso 1)
Fonte: Mariana Folgado, 2015
Figura 16 - Centro de Artes Visuais
Projeto J. M. Ribeiro, 2010 (Planta sótão)
Fonte: Mariana Folgado, 2015
Figura 17 - Centro de Artes Visuais
Sala de exposições
Blogue Contexto Fotográfico, 2015
Figura 18 – Centro de Artes Visuais
Sala de conferências/auditório.
Fotografia de Mariana Folgado, 2012
Figura 19 – Centro de Artes Visuais
Sala de revelação e arquivo
Fonte: Mariana Folgado, 2015 (Fotografia: Ribeiro, 2010)
Figura 20 – Centro de Arte Manuel de Brito
Palácio do Anjos
Gazeta de Miraflores, 2011
Figura 21 – Centro de Arte Manuel de Brito
Projeto Entreplanos - Piso 0
Fonte: Maria del Sol Adragão, 2010
Figura 22 – Centro de Arte Manuel de Brito
Projeto Entreplanos - Piso 1
Fonte: Maria del Sol Adragão, 2010
Figura 23 – Centro de Arte Manuel de Brito
Sala de exposições – Piso 0
Fotografia de Claudia Simenta Rodrigues, 2015
Figura 24 – Centro de Arte Manuel de Brito
Passagem entre salas de exposição – Piso 0
Fotografia de Claudia Simenta Rodrigues, 2015
Figura 25 – Centro de Arte Manuel de Brito
Sala de exposições – Piso 1
Entreplanos – Arquitectura, urbanismo e design, 2006
Figura 26 – Centro de Arte Manuel de Brito
Gazeta de Miraflores, 2011
Figura 27 – Centro de Arte Manuel de Brito
Sala multiusos/anfiteatro natural
Fotografia de Maria del Sol Adragão, 2010
Figura 28 – Centro de Artes de Sines
Associação Casas Brancas | Rede de Turismo Criativo – Costa alentejana e vicentina, 2014
Figura 29 – Centro de Artes de Sines
Associação Casas Brancas | Rede de Turismo Criativo – Costa alentejana e vicentina, 2014
Figura 30 – Centro de Artes de Sines
Blogue Arquitectura Portuguesa, 2014
Figura 31 – Centro de Artes de Sines
Biblioteca
Fotografia de Claudia Simenta Rodrigues, 2015
Figura 32 – Centro de Artes de Sines
Centro de Exposições
Fotografia de Claudia Simenta Rodrigues, 2015
Figura 33 – Centro de Artes de Sines
Foyer de ligação entre os diferentes blocos (Piso -1)
Fotografia de Claudia Simenta Rodrigues, 2015
Figura 34 – Centro de Artes de Sines
Serviço Educativo e Cultural
Fotografia de Claudia Simenta Rodrigues, 2015
Figura 35 – Centro de Artes de Sines
Cafetarias (Piso -1 e cobertura da Biblioteca)
Fotografia de Claudia Simenta Rodrigues, 2015
Figura 36 – Centro de Artes de Sines
Pátio das Artes
Sines Município, 2012
Figura 37 – Zé Espiga (tanoeiro de Bucelas)
Jornal Regional Valor Local, 2013
Figura 38 – Avó Laura (cesteira/empalhadora de Bucelas)
Jornal Expresso do Oriente, 2011
Figura 39 – Fábrica de Loiça de Sacavém, 1929
Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso
Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures
Figura 40 – Móveis Olaio
Blogue O Alvor, 2016
Figura 41 – Associação do Carnaval de Loures
Associação do Carnaval de Loures, 2015
Figura 42 – Grupo Musical e Recreativo da Bemposta - Núcleo Luís Serra
Câmara Municipal de Loures, 2014
Figura 43 – Pavilhão do Parque Adão Barata (antigo Pavilhão de Macau da Expo’98)
Fotografia de Claudia Simenta Rodrigues, 2015
Figura 44 – Galeria Municipal Vieira da Silva
Sala de exposições
Câmara Municipal de Loures, 2016
Figura 45 – Castelo de Pirescouxe
Fotografia de Claudia Simenta Rodrigues, 2014
Figura 46 – Galeria Municipal do Castelo de Pirescouxe
Sala de exposições de longa duração
Fotografia de Claudia Simenta Rodrigues, 2014
Figura 47 – Galeria Municipal do Castelo de Pirescouxe
Sala de exposições temporárias
Fotografia de Claudia Simenta Rodrigues, 2013
Figura 48 – JOV’ARTE | Bienal Jovem 2015 (7ª edição)
Câmara Municipal de Loures, 2015
Figura 49 – Bienal de Cerâmica Manuel Joaquim Afonso 2016 (3ª edição)
Câmara Municipal de Loures, 2016
ANEXO 2 - PROPOSTA DE REGULAMENTO PARA O TEIA –
CENTRO DE ARTES VISUAIS DE LOURES
REGULAMENTO DO
TEIA – CENTRO DE ARTES VISUAIS DE LOURES
(Proposta)
Preâmbulo
O TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures apresenta-se enquanto espaço destinado à dinamização da
Arte, promovendo uma oferta regular e diversificada, definida na prossecução de um apoio estruturado,
coerente, de qualidade e eficaz às artes e artistas e do contacto entre a população e as mais diversas formas
de expressão artística.
O TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures funciona sob a gestão da Divisão de Cultura do Departamento
de Cultura, Desporto e Juventude da Câmara Municipal de Loures.
Com o intuito de estabelecer um conjunto de normas e procedimentos relativos ao uso, funcionamento e
gestão do TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures, foi redigido o presente documento para
regulamentação daquilo a que esta matéria diz respeito.
Leis Habilitantes
O presente Regulamento é elaborado com fundamento no art. 241º e ao abrigo do disposto no nº 7 do art.
112º, ambos da Constituição da República Portuguesa, bem como da alínea e) do nº 2 do art. 23º, alínea g)
do nº 1 do art. 25º e alínea k) e u) do nº 1 do art. 33º, do anexo I da Lei nº 75/2013 de 12 de setembro.
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1º
Normas aplicáveis
O uso, funcionamento e gestão do TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures rege-se pelo presente
Regulamento e pelas demais normas gerais ou específicas aplicáveis.
Artigo 2º
Gestão
O TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures é gerido pela Câmara Municipal de Loures, adiante designada
por CML, através da Divisão de Cultura do Departamento de Cultura, Desporto e Juventude, adiante
designada por serviço gestor.
Artigo 3º
Âmbito de aplicação
O presente Regulamento estabelece diretrizes e normas relativas ao uso, funcionamento e gestão do TEIA
– Centro de Artes Visuais de Loures, adiante designado por TEIA-CAVL.
Artigo 4º
Objeto
1. O presente Regulamento tem como objeto os serviços prestados pelo TEIA-CAVL, enquanto
equipamento cultural ao serviço do Município de Loures, da sociedade em geral e do seu
desenvolvimento.
2. O TEIA-CAVL enquanto entidade prestadora de um serviço público pretende:
a) estabelecer o contacto dos munícipes com a Arte, promovendo a formação e a mudança de
mentalidades, através da realização de visitas orientadas e outras ações de carácter educativo e
pedagógico;
b) definir a programação do TEIA-CAVL e concretizar as iniciativas programadas;
c) gerir o Acervo Municipal de Artes Visuais;
d) incorporar e salvaguardar todos os bens culturais possíveis e significativos, no seu acervo
museológico, tendo em conta a vocação do mesmo, para a futura elaboração de um discurso artístico,
no âmbito das Artes Visuais, que privilegie o estudo, a difusão de conhecimentos e a formação, além
da própria fruição dos referidos bens;
e) promover e incentivar a conservação preventiva de todos os bens culturais;
f) estabelecer relações de colaboração/parcerias com outros serviços municipais, estabelecimentos de
ensino, associações e outras instituições culturais, no sentido de uma melhor rentabilização da gestão
do TEIA-CAVL.
Artigo 5º
Localização do TEIA-CAVL e arquitetura do espaço
1. O edifício do TEIA-CAVL encontra-se localizado no Parque Adão Barata, em Loures.
2. O TEIA-CAVL constitui-se por:
a) Bloco A - Piso 0
- Átrio/Receção;
- Serviço Educativo;
- Gabinete de Trabalho;
- Sala de Reuniões;
- Sanitários;
- Arrecadações.
b) Bloco A – Piso 1
- Sala de Exposições Temporárias.
c) Bloco B - Piso 0
- Átrio/Receção
- Cafetaria;
- Sanitários;
- Gabinete de Apoio à Juventude/Loja Ponto Já;
- Loja;
- Auditório;
- Arrecadação (mobiliário expositivo);
- Elevador Monta-cargas.
d) Bloco B - Piso 1
- Sala de Exposições de Longa Duração;
- Reservas/Sala de Acervo;
- Sala de Tratamento;
- Sanitários;
- Elevador Monta-cargas.
Artigo 6º
Rede de Recursos
1. A Rede de Recursos do TEIA-CAVL surge como forma do mesmo complementar e potenciar os
serviços que presta enquanto entidade de serviço público.
2. A Rede de Recursos do TEIA-CAVL encontra-se definida segundo três níveis de recursos:
a) Nível I - providenciados por equipamentos e serviços da responsabilidade direta do TEIA-CAVL,
que se configuram em espaços como a Galeria Municipal do Castelo de Pirescouxe e o Edifício 4
de Outubro ou no apoio à montagem de exposições, no desenvolvimento de estudos através do
acesso ao acervo museológico, entre outros;
b) Nível II - providenciados por outros equipamentos e serviços municipais, entre os quais, os Museus
e Bibliotecas Municipais da Divisão de Cultura, o Departamento de Obras Municipais, o
Departamento da Educação, entre outros;
c) Nível III – providenciados por entidades externas à CML, nomeadamente o movimento associativo,
instituições de formação e/ou culturais (associações do Concelho de Loures, escolas de Ensino
Superior, Museus Nacionais, etc.), entre outros.
3. As entidades constantes de cada um dos níveis definidos poderão ser chamadas à participação consoante
os projetos a desenvolver no contexto da atividade desenvolvida pelo TEIA – CAVL.
Artigo 7º
Horário de funcionamento
1. O horário de funcionamento do TEIA-CAVL é definido pelo serviço gestor afixado, em local visível,
nos respetivos equipamentos e difundido pelos meios de divulgação habituais.
2. O horário de funcionamento do TEIA-CAVL poderá ser alterado ou sofrer ajustes, sempre que seja
notória a sua necessidade ou urgência, devendo todas as alterações ser superiormente autorizadas, tendo
em conta a disponibilidade de recursos financeiros, técnicos e humanos da autarquia.
3. O TEIA-CAVL encontra-se encerrado às segundas-feiras, feriados nacionais, feriado municipal, sábado
de Páscoa e sempre que os dias 24, 26 e 31 de dezembro sejam coincidentes com sábados ou domingos.
Artigo 8º
Âmbito de utilização das salas de exposições e outros espaços municipais
1. O TEIA-CAVL promoverá, na sua Sala de Exposições de Longa Duração mostras dedicadas à
apresentação do acervo museológico e à sua promoção junto dos diferentes públicos do centro de arte.
2. O TEIA-CAVL promoverá, na sua Salas de Exposições Temporárias, a apresentação de exposições
temporárias, individuais ou coletivas, de artistas ou instituições que sejam uma referência no mercado
artístico nacional e/ou internacional.
3. O TEIA-CAVL promoverá, em diferentes espaços municipais descentralizados, através da sua Rede de
Recursos, a apresentação de exposições temporárias, individuais ou coletivas, de jovens artistas, artistas
em início de carreira e/ou com projetos inovadores e de qualidade, assim como, de artistas locais, com
trabalho desenvolvido no campo das Artes Visuais, que se destaque pela sua excecional qualidade.
4. Para além da sua programação de exposições, o TEIA-CAVL poderá promover, ainda:
a) iniciativas de carácter cultural, social, formativo e performativo;
b) apresentações de espetáculos de música, teatro e dança/performance que se coadunem com a
filosofia dos espaços e com o calendário de atividades definido;
c) workshops/oficinas e debates no âmbito das temáticas expositivas;
d) visitas pedagógicas realizadas por pessoal técnico habilitado para o efeito.
Artigo 9º
Objetivos da programação
A programação do TEIA-CAVL, definida periodicamente, é da inteira responsabilidade do serviço gestor,
e será norteada pelos seguintes objetivos:
a) Proporcionar um contacto regular com a produção artística contemporânea, através de uma
programação plural e de qualidade, de acordo com os critérios estabelecidos pelo serviço gestor,
constantes no artigo anterior;
b) Divulgar a Arte com base na apresentação de uma programação diversificada que considere as suas
diferentes disciplinas (pintura, escultura, desenho, fotografia, vídeo, instalação, cerâmica, joalharia,
gravura, arquitetura, design, entre outras) e ainda a sua condição interdisciplinar;
c) Divulgar e promover artistas e instituições de reconhecido mérito nacional e internacional e divulgar
e promover jovens artistas e artistas locais, com trabalho desenvolvido no campo das Artes Visuais
que se destaque pela sua excecional qualidade;
d) Promover a matriz identitária de Loures, através da concretização de projetos em colaboração com
artistas nacionais e estrangeiros, que partam dos valores culturais locais e da exploração artística de
aspetos relacionados com a história, a indústria, a paisagem, as tradições e os ofícios locais;
e) Promover ações de formação/informação através da realização de workshops/oficinas e debates;
f) Promover o contacto da população local e do público em geral com as Artes Visuais, captando novos
públicos de forma a impulsionar o crescimento do número de visitantes nos diversos equipamentos
municipais onde o TEIA-CAVL desenvolve a sua atividade;
g) Divulgar e promover outros campos artísticos com a apresentação de projetos inovadores e de
reconhecida qualidade artística, nomeadamente no campo da música, da dança/performance ou do
teatro.
Artigo 10º
Ordem, disciplina e regras de manuseamento
Os utilizadores do TEIA-CAVL deverão respeitar as seguintes regras:
a) Tratar com respeito e urbanidade todos os utilizadores e funcionários a ele afetos, zelando pela
manutenção de silêncio e não provocando qualquer ato de distúrbio ao necessário recolhimento e
concentração no processo de fruição, estudo ou de qualquer outra atividade exercida no interior dos
seus espaços;
b) Respeitar as indicações das zonas de acesso livre, condicionado ou interdito;
c) Respeitar as regras ambientais e de segurança de pessoas, bens culturais ou outros em “atividade no
discurso expositivo”, bem como do edifício e de uso corrente;
d) Manusear cuidadosamente instrumentos de consulta, sendo estritamente proibido qualquer ato que
propicie a lesão do suporte ou o seu conteúdo;
e) Não fotografar ou filmar qualquer dos bens culturais em exposição, salvo mediante pedido prévio
de autorização feito por escrito, ao serviço gestor, em impresso próprio disponibilizado, pelo TEIA-
CAVL, nos espaços a ele afetos e no sítio oficial da CML (em www.cm-loures.pt). O pedido de
autorização deverá discriminar o objetivo da recolha de imagens e as condições de realização da
mesma (uso de flash, remoção do bem cultural do local de exposição, etc.). Após consulta ao artista
ou instituição responsável pelo bem cultural em questão, o TEIA-CAVL informará, por escrito, o
requerente do deferimento/indeferimento do seu pedido;
f) Não utilizar equipamento de telecomunicações no interior dos espaços afetos ao TEIA-CAVL, salvo
em emergências ou exceções devidamente justificáveis;
g) Respeitar as interdições de não comer, beber ou fumar no interior dos espaços afetos ao TEIA-
CAVL.
CAPÍTULO II
Exposições
Artigo 11º
Tipologia das exposições
1. As exposições poderão ser realizadas mediante convite, por parte do serviço gestor, através do
estabelecimento de parcerias com artistas e instituições de formação e/ou culturais, ou por candidatura.
2. As exposições por convite têm prioridade sobre as candidatadas.
3. As exposições realizadas ao abrigo de acordos de colaboração/protocolos/parcerias regem-se pelos
mesmos princípios das exposições por convite.
4. As exposições realizadas no contexto de atividade e programação específica como os LEA -
Laboratórios de Experimentação Artística ou bienais de arte, apresentam-se como casos particulares,
regendo-se de acordo com o estipulado nas normas de funcionamento/participação dos mesmos.
Artigo 12º
Candidaturas
1. As candidaturas para a inclusão de exposições na programação do TEIA-CAVL deverão ser
apresentadas até ao início do 4º semestre do biénio anterior ao pretendido.
2. As candidaturas deverão ser dirigidas ao serviço gestor, acompanhadas da documentação relevante para
apresentação do projeto de exposição a realizar, nomeadamente, memória descritiva/justificativa da
exposição e/ou declaração do artista, curriculum vitae, fotografias e legendas, dos bens culturais a
expor. Toda a documentação deverá ser entregue em formato digital.
3. As candidaturas poderão ser apresentadas por artistas, a título individual ou coletivo, e por instituições
de formação e/ou culturais.
Artigo 13º
Apreciação e seleção de candidaturas
1. O serviço gestor apreciará as candidaturas apresentadas, selecionando-as por critérios de qualidade,
inovação e relevância cultural, integrando-as na programação por ordem de entrada.
2. O resultado da apreciação das candidaturas será comunicado, por escrito, aos interessados, até ao final
do último mês de Novembro do biénio anterior ao pretendido.
3. A resposta aos candidatos cujas candidaturas sejam aceites, far-se-á acompanhar do presente
Regulamento, formalizando assim a concordância com todas as informações presentes no mesmo, assim
como com as datas indicadas para concretização da exposição.
4. As candidaturas aceites, mas para as quais não haja calendário, ficarão em carteira para futura
realização.
5. As candidaturas apresentadas fora do prazo referido no nº 1 do artigo anterior, mas que cumpram os
critérios definidos no nº 1 do presente artigo, só serão consideradas apenas para os períodos ainda vagos.
Caso não seja possível a sua inclusão por inexistência de datas disponíveis para a realização das
exposições, poderão estas vir a ser incluídas na programação do biénio seguinte.
Artigo 14º
Contrapartidas para o Município de Loures
(aplicável a exposições por candidatura)
1. Como contrapartida, aos candidatos será solicitada a entrega de uma obra, ou obras, por artista,
patente(s) na exposição, selecionada(s) de comum acordo entre as partes e até ao valor médio das obras
expostas, passando esta(s) a integrar o acervo museológico do TEIA-CAVL.
2. Em casos excecionais, o serviço gestor poderá ainda solicitar, a título gratuito e segundo condições a
acordar entre as partes, a realização de visitas guiadas à exposição, de workshops/oficinas ou debates,
sempre no âmbito da temática da exposição.
Artigo 15º
Calendarização das exposições
A calendarização das exposições é da exclusiva responsabilidade do serviço gestor.
Artigo 16º
Duração das exposições
Cada exposição estará patente por período a estipular entre o serviço gestor e o artista ou instituição.
Artigo 17º
Montagem e desmontagem
1. A montagem da exposição será da responsabilidade do serviço gestor tendo em conta, sempre que
possível, a opinião concetual do artista ou da instituição, e será efetuada no período estipulado pelo
serviço gestor, sendo necessário que os bens culturais a expor estejam disponíveis na data indicada pelo
mesmo serviço.
2. Os bens culturais patentes na exposição não poderão ser retirados antes do encerramento da mesma,
salvo por razões de força maior, plenamente justificadas e analisadas pelo serviço gestor.
3. A desmontagem da exposição será da responsabilidade do serviço gestor, e será efetuada no decurso da
semana seguinte ao seu encerramento, dentro do horário de funcionamento do TEIA-CAVL.
4. Após a desmontagem da exposição, os bens culturais serão devidamente embalados e acondicionados,
sendo devolvidos ao artista ou instituição, caso se trate de uma exposição por convite ou levantados
pelo artista ou instituição, caso se trate de uma exposição por candidatura.
5. No caso das exposições por candidatura, poderá o serviço gestor anuir em realizar o transporte dos bens
culturais, em situações que se verifiquem justificáveis, e caso esteja salvaguardado o seguro para o
transporte dos mesmos que será da exclusiva responsabilidade do candidato.
6. Finda a exposição, é acordado com o artista ou instituição a data de entrega ou recolha dos bens culturais
(consoante o transporte dos mesmos fique a cargo do serviço gestor ou do artista), sendo a mesma
comunicada por meio de ofício.
7. Os bens culturais que não forem levantados, pelo artista ou instituição, até duas semanas após o
encerramento da exposição deixarão de estar ao abrigo do seguro municipal. O mesmo é aplicado para
os casos em que, sendo o serviço gestor a fazer a entrega dos bens, não exista da parte do artista ou
instituição disponibilidade para receção destes dentro desse mesmo período.
8. Os bens culturais que não forem levantados no período de um ano após o envio do ofício mencionado
no número 6 do presente artigo, passarão a fazer parte do acervo do TEIA-CAVL.
Artigo 18º
Responsabilidade, seguro e transporte
1. No caso de exposição por convite, o serviço gestor encontra-se obrigado a garantir o transporte dos bens
culturais a expor e a segurar os mesmos durante o transporte até ao espaço de exposição, o período entre
a montagem e a desmontagem da mesma, os períodos de armazenamento (antes e depois da exposição)
e o transporte até ao local de entrega.
2. No caso de exposição por candidatura, o serviço gestor encontra-se obrigado a segurar os bens culturais
a expor apenas durante o período entre a montagem e a desmontagem da exposição e os períodos de
armazenamento (antes e depois da exposição), de acordo com os limites definidos pelo nº 7 do artigo
anterior.
3. Nos casos em que determinada exposição, objeto de candidatura, revele ser um projeto cultural de
excecional qualidade, poderá o número anterior ser alvo de reavaliação, aplicando-se o nº 1 do presente
artigo.
4. Para efeitos da contratualização de seguro por parte do serviço gestor, caberá ao artista ou instituição
entregar a lista de valores dos bens culturais a segurar, até trinta dias antes da abertura da exposição.
Artigo 19º
Materiais gráficos
1. Para cada exposição, a CML é responsável pela realização, por intermédio dos serviços competentes,
dos materiais gráficos para a exposição, realizando apenas aqueles que achar convenientes e possíveis,
em cada situação, quer em número quer em tipologia.
2. O artista ou instituição deverá entregar ao serviço gestor do TEIA-CAVL, até sessenta dias antes da
data da abertura da exposição, os conteúdos necessários para a elaboração dos materiais gráficos
(fotografias, legendas para tabelas, curriculum vitae e declaração de artista). Todos os conteúdos
deverão ser entregues em formato digital (os conteúdos escritos deverão ser entregues, em texto corrido,
em formato doc e as fotografias, com 300 dpi, e em formato tiff).
3. A entrega dos conteúdos acima descritos corrobora a concordância, por parte do artista ou da entidade,
na utilização dos mesmos nos materiais gráficos produzidos pelo Município de Loures, não havendo,
desta forma, qualquer contrapartida pecuniária ou de outra natureza.
Artigo 20º
Convite
1. O convite será executado em formato digital e enviado, por correio eletrónico, ao artista ou instituição
para divulgação própria.
2. Em casos específicos poderá o serviço gestor optar pela realização de convites impressos.
Artigo 21º
Catálogo/Brochura
1. Cabe ao serviço gestor a decisão de edição, ou não, de catálogo/brochura.
2. A elaboração dos catálogos/brochuras das exposições será da responsabilidade dos serviços
competentes da CML, de acordo com os modelos gráficos estabelecidos para o TEIA-CAVL.
3. O número de exemplares dos catálogos/brochuras a produzir será estabelecido pelo serviço gestor.
4. Se o artista ou instituição pretender um catálogo/brochura diferente daquele que se encontra pré-
definido, deverá assumir a responsabilidade e o encargo pela sua elaboração e produção, mantendo, no
geral, a linha definida para os catálogos/brochuras do TEIA-CAVL, e devendo a respetiva maqueta ser
submetida à apreciação do serviço gestor.
5. A CML fica sujeita à entrega de três exemplares do catálogo/brochura, ao artista ou instituição, no caso
do mesmo ser realizado pelos serviços camarários. No caso da execução do catálogo/brochura ficar a
cargo do artista ou instituição, o(a) mesmo(a) ficará sujeito(a) à entrega de três exemplares à CML, para
efeitos de arquivo.
6. No caso de exposições coletivas caberá ao serviço gestor decidir o número de catálogos a disponibilizar
a cada artista.
Artigo 22º
Divulgação
Caberá à CML apoiar a promoção e divulgação das exposições, por intermédio dos serviços municipais
competentes e através dos meios que considere adequados para o efeito.
CAPÍTULO III
Gestão do acervo museológico
Artigo 23º
Política de incorporações
A política de incorporações do TEIA-CAVL encontra-se definida de acordo com a sua missão, vocação e
objetivos, tendo em vista o enriquecimento e crescimento do seu acervo museológico.
Artigo 24º
Modalidade e regime de incorporação
1. Conforme descrito no artigo 13.º da Lei n.º 47/2004 de 19 de Agosto, a incorporação representa a
integração formal de um bem cultural no acervo museológico, só podendo ser realizada por meio de
compra (através das dotações orçamentais da CML ou com verbas extraordinárias destinadas
especialmente a esse fim), doação, legado, herança, transferência, permuta, dação em pagamento ou
outras, desde que legalmente admitidas e mediante prova da sua existência legal.
2. A modalidade e o respetivo regime de incorporação deverão ser expressos pela entidade fornecedora,
em documento próprio, no qual deverão ser descritas, caso existam, todas as condições, contrapartidas
e restrições.
Artigo 25º
Requisitos de incorporação
1. A incorporação deverá ser feita mediante prova da sua existência legal e consubstanciar a vocação do
acervo museológico do TEIA-CAVL, devendo ser dada prioridade a obras de Arte Contemporânea
Portuguesa, preferencialmente produzidas por artistas do concelho ou com ligação a Loures, e a obras
que resultem de projetos realizados em parceria com o Município de Loures (ou no contexto de
iniciativas promovidas pelo mesmo) que se considerem pertinentes integrar no acervo.
2. Todas as obras selecionadas deverão encontrar-se em plenas condições de conservação, podendo,
contudo, ser incorporadas obras que, não apresentando boas condições estruturais, se considerem de
substancial valor cultural e histórico no contexto da vocação do acervo.
3. A aceitação da incorporação implica a cedência de todos os direitos de utilização, acessibilidade,
reprodução e comunicação dos bens culturais pela entidade que fornece a obra.
Artigo 26º
Procedimentos prévios à incorporação
1. A incorporação faz-se mediante uma das modalidades referenciadas no artigo 24.º, de acordo com os
seguintes procedimentos prévios, conforme aplicável:
a) Compra: apresentação de proposta de venda ao TEIA-CAVL, com o vendedor devidamente identificado e com a descrição das peças e respetivo valor;
b) Doação, legado ou herança: apresentação de proposta de doação, legado ou herança, ao TEIA-CAVL, a qual deverá identificar devidamente o doador ou testador e incluir uma listagem dos bens culturais em questão, assim como a carta do proprietário a manifestar a intenção e a justificar o porquê da doação, ou documento legal comprovativo da atribuição do legado ou herança (ex.: testamento ou prova de herdeiros por direito próprio). A referida proposta deverá ainda indicar
todas as condições a cumprir, por parte do TEIA-CAVL, para a concretização da referida incorporação;
c) Transferência, permuta, dação em pagamento: apresentação de proposta de transferência ao TEIA-CAVL, com a descrição das obras a transferir e condições específicas a assegurar por parte do referido centro de arte, devendo ser igualmente identificadas as entidades intervenientes. Nos casos de permuta ou dação em pagamento a proposta deverá incluir a descrição das obras e o seu respetivo valor, de forma a permitir uma troca equilibrada e justa entre as partes envolvidas.
2. A existência de uma oferta, proposta ou solicitação de incorporação não é, por si só, vinculativa à sua
aceitação.
3. A incorporação só poderá ser considerada face à existência de condições espaciais e ambientais
adequadas à preservação do bem.
4. A incorporação só poderá ser efetivada mediante a obtenção de um parecer técnico positivo, por parte
da equipa do TEIA-CAVL, assente naquela que é a vocação do seu acervo museológico, bem como na
relevância dos bens a incorporar em termos de valor patrimonial e/ou artístico, estado de conservação,
entre outros.
5. Sem prejuízo do disposto no número anterior, e em casos que se entendam de especial relevância, poderá
ainda ser constituída pelo Presidente da CML ou seu representante, uma comissão de avaliação
composta por três elementos com formação na área e conhecimento técnico para o efeito.
6. A incorporação só terá lugar após aprovação, da mesma, por parte dos órgãos competentes da CML.
Artigo 27º
Procedimentos de incorporação
1. A forma de procedimento na incorporação deverá privilegiar a identificação primária dos bens culturais
in-situ com o subsequente preenchimento de um Auto de Receção, em duplicado, para entrega a ambos
os intervenientes no processo.
2. Os bens culturais a incorporar deverão ser, simultaneamente, submetidos a um registo prévio onde
constem as propriedades essenciais à sua identificação, o seu registo fotográfico e a análise da
necessidade imediata de intervenção por parte de um técnico de restauro.
3. Posteriormente, dever-se-á proceder ao registo no inventário geral sendo, para tal, utilizados os meios
e metodologias convencionados para o registo definitivo.
4. Deverá ser criado um registo duplicado dos bens culturais (registo impresso e digital).
Artigo 28º
Empréstimo de bens culturais
1. Os empréstimos referem-se pedidos de cedência de obras do acervo para fins de exposição temporária
em espaços idóneos e que apresentem as condições necessárias à segurança e preservação/conservação
das mesmas.
2. Os bens culturais que constituem o acervo museológico do TEIA-CAVL só poderão ser cedidos
mediante despacho favorável do Vereador com delegação de competências na área da Cultura, tendo
sempre por base a apreciação do pedido de empréstimo pelo serviço gestor.
3. O período de empréstimo não poderá nunca superior a dois anos.
4. Não serão alvo de empréstimo os bens culturais cuja fragilidade, elevado valor e/ou condições
asseguradas pelo requerente, possam representar possibilidade de risco à integridade física e
conservação do próprio bem.
5. O empréstimo dos bens culturais deve ter em conta a excecionalidade da situação evocada e o contexto
em que a apresentação dos mesmos se torna essencial.
6. O empréstimo dos bens culturais pressupõe que os mesmos não sejam de modo algum desvirtuados,
quer na sua existência física, quer no contexto ou discurso em que se encontrem inseridos.
Artigo 29º
Empréstimo externo
1. A solicitação de empréstimo deverá fazer referência expressa a:
a) bens culturais pretendidos;
b) datas do evento a ser realizado;
c) datas previstas de levantamento e entrega dos bens culturais;
d) outros prazos que sejam necessários, nomeadamente para restauro, estudo, registo fotográfico, etc.;
e) entidades envolvidas, nomeadamente, entidades responsáveis pela exposição, seguradoras,
transportadoras, fotógrafos, técnicos de restauro, etc.;
f) contactos dos responsáveis da entidade requerente do empréstimo;
g) condições disponíveis de armazenamento e/ou exposição;
h) outras informações que se considerem relevantes.
2. A entidade requerente do empréstimo deverá assegurar, mediante acordo entre ambas as partes, as
contrapartidas adequadas dentro das seguintes modalidades:
a) Reciprocidade – a entidade requerente do empréstimo compromete-se a ceder também por
empréstimo outros bens culturais de que sejam proprietárias, a fim de figurarem em exposições
organizadas pelo TEIA-CAVL nos espaços a ele afetos ou noutros equipamentos culturais
municipais, salvaguardando que os mesmos possuam todas as condições exigidas para o efeito;
b) Mecenato – a entidade requerente do empréstimo compromete-se a financiar realizações do TEIA-
CAVL como, por exemplo, exposições, edição de catálogos ou outras publicações, restauro do seu
acervo museológico e renovação de instalações ou equipamentos;
c) Conservação e restauro – a entidade requerente compromete-se a custear a conservação e o restauro
dos bens culturais cedidos por empréstimo.
3. O levantamento dos bens culturais alvo de empréstimo será feito mediante preenchimento, em
duplicado, de impresso próprio, e prova, por parte da entidade requerente, da contratação de seguro que
cubra todos os riscos, desde o seu levantamento até retorno ao mesmo local (transporte, armazenamento,
período de exposição e retorno).
4. A entidade requerente é responsável pela contratação de empresa de transporte especializada para
realização do referido transporte, sendo que este deverá cumprir as condições exigidas pelo serviço
gestor e ser realizado como acompanhamento de um técnico do mesmo serviço.
5. A entidade requerente do empréstimo fica obrigada a fornecer ao serviço gestor três exemplares dos
catálogos da exposição em que os bens culturais irão participar.
6. A entidade requerente do empréstimo fica autorizada a fazer reproduções fotográficas dos bens culturais
para efeitos de catálogo ou roteiro da exposição, sendo-lhe vedada a utilização ou cedência para outras
finalidades.
7. Finda a exposição, os bens culturais deverão ser devolvidos nos prazos acordados.
Artigo 30º
Manutenção dos bens culturais no empréstimo externo
1. A entidade requerente do empréstimo deve empregar todos os meios necessários para garantir a
segurança e a integridade dos bens culturais desde a sua saída do local de recolha até ao seu regresso,
tendo especial cuidado no seu manuseamento, embalagem, transporte e exposição, podendo ser exigido
o acompanhamento por técnicos do serviço gestor nas diversas operações.
2. No caso de danos causados aos bens culturais cedidos, a entidade requerente do empréstimo será
responsável pelo respetivo restauro ou, no caso da inviabilidade desta, por ressarcir a CML através do
pagamento de indemnização no valor do seu prejuízo, de acordo com as condições definidas pelo
serviço gestor.
3. A entidade requerente deverá contratar um seguro de acordo com o descrito no nº 3 do artigo anterior.
Artigo 31º
Empréstimo interno
1. Só serão alvo de empréstimo os bens culturais pertencentes ao acervo do TEIA que o serviço gestor
considere cumprirem as condições para cedência, quer pela sua tipologia e estrutura, quer pelo seu
estado de conservação.
2. O empréstimo só será autorizado para salas com acesso público, mas restrito e controlado,
nomeadamente gabinetes e salas de reuniões de altos cargos municipais (entenda-se presidência, vice-
presidência e vereações).
3. A ser alvo de deferimento pelo serviço gestor, o empréstimo não poderá em caso algum ultrapassar
período superior a um ano de duração.
4. O empréstimo de bens culturais, para uso interno dos serviços da CML, deverá ser requerido por meio
de impresso próprio, que deverá depois ser remetido, devidamente preenchido, ao serviço gestor para
análise.
5. O empréstimo de bens culturais pertencentes ao acervo museológico do TEIA-CAVL pressupõe a
atribuição da guarda dos mesmos a um técnico do serviço municipal requerente, que deverá ter sempre
conhecimento da localização e do estado de conservação dos bens culturais cedidos.
6. O empréstimo dos bens culturais pressupõe a contratação de seguro, por parte do serviço requerente do
empréstimo, de acordo com o indicado pelo serviço gestor. Em caso de dano, o serviço requerente é
responsável pelo pagamento da respetiva indemnização ou, quando aplicável, pelo restauro dos bens
culturais cedidos.
7. O transporte dos bens culturais sujeitos a empréstimo será assegurado pelo serviço gestor, por recurso
aos serviços municipais competentes.
8. Sempre que haja necessidade de alteração da localização dos bens culturais cedidos, o serviço municipal
requerente deverá informar o serviço gestor dessa necessidade. Essa alteração só poderá ser efetuada
após autorização do serviço gestor, mediante acompanhamento de um técnico do TEIA-CAVL.
9. Sempre que o serviço gestor considerar necessário remeterá, para o serviço municipal requerente, uma
solicitação de confirmação dos dados presentes no impresso entregue aquando do pedido de
empréstimo.
10. O pedido de empréstimo poderá ser alvo de indeferimento sempre que se considere que o espaço
proposto para colocação do bem cultural em questão, não apresente as condições necessárias à eficaz
conservação do mesmo (nomeadamente em termos de temperatura, humidade relativa e segurança).
11. O serviço gestor realizará visitas regulares aos espaços onde se encontram colocados os bens culturais
objeto de cedência, sempre que se verifique necessário, com o objetivo de avaliar o estado dos bens
cedidos e o cumprimento das condições necessárias à perfeita conservação dos mesmos.
Artigo 32º
Depósito
1. Os depósitos deverão consubstanciar a vocação do acervo museológico do TEIA-CAVL, devendo ser
dada prioridade a obras de Arte Contemporânea Portuguesa, preferencialmente produzidas por artistas
do concelho ou com ligação a Loures, e a obras que resultem de projetos realizados em parceria com o
Município de Loures (ou no contexto de iniciativas promovidas pelo mesmo) que se considerem
pertinentes integrar na estrutura do acervo.
2. A concretização do depósito pressupõe a manifestação de interesse no mesmo, por parte da entidade
proponente, devendo desta constar a identificação do depositante, a listagem e descrição das obras a
depositar e a justificação do porquê do depósito.
3. Os depósitos poderão ser realizados por períodos de duração variável, não superior a cinco anos.
4. Os depósitos só deverão ser concretizados confirmada a capacidade, por parte do TEIA-CAVL, de
assegurar todas as condições de segurança e conservação necessárias ao acolhimento dos mesmos.
5. O depósito é formalizado mediante a assinatura, pelas partes envolvidas, de documento legal no qual
conste toda a informação relativa a este, nomeadamente listagem de bens depositados, descrição e
estado de conservação dos mesmos e indicação das condições sob as quais se rege o referido depósito.
CAPÍTULO IV
Definição de zonas de acesso do TEIA-CAVL
Artigo 33º
Edifício
1. O TEIA-CAVL localiza-se em edifício que satisfaz as condições mínimas de segurança, controlo
ambiental e funcionalidade para os fins a que se destina.
2. Os espaços constituintes do TEIA-CAVL encontram-se claramente definidos e identificados segundo
três tipos de zonas distintas:
a) Zona de “acesso livre”;
b) Zona de “acesso condicionado”;
c) Zona de “acesso interdito”.
Artigo 34º
Zona de “acesso livre” ao público
Por zonas livres entendem-se todas aquelas que não se encontram identificadas como condicionadas ou
interditas, estando acessíveis a todos os funcionários municipais e demais utilizadores.
Artigo 35º
Zona de “acesso condicionado”
As zonas condicionadas encontram-se devidamente identificadas e são apenas acessíveis aos funcionários
municipais do equipamento.
Artigo 36º
Zona de “acesso interdito”
As zonas interditas encontram-se devidamente identificadas e são apenas acessíveis aos técnicos do TEIA-
CAVL com autorização específica.
CAPÍTULO V
Fiscalização e interdições
Artigo 37º
Fiscalização
1. O serviço gestor garante o cumprimento do presente Regulamento e efetua a gestão da manutenção,
conservação e segurança das instalações.
2. Os utilizadores que infrinjam as disposições deste Regulamento, ou quaisquer outras normas de
utilização existentes, serão responsabilizados nos termos do presente capítulo.
Artigo 38º
Interdições
1. Todos os visitantes que perturbem o normal funcionamento do equipamento em questão serão
advertidos e, no caso de desobediência, serão convidados a sair. Caso assim não procedam, será
chamada a autoridade policial.
2. A CML tem a competência de graduar a pena de interdição consoante a gravidade dos atos cometidos,
assim como proceder à sua aplicação.
3. O incumprimento do estipulado no presente Regulamento, assim como qualquer tipo de comportamento
que perturbe o normal e regular funcionamento do equipamento, implica a interdição de acesso pelo
prazo mínimo de 15 dias e máximo de 30.
4. Em caso de reincidência na violação das regras previstas no presente Regulamento e por deliberação da
CML, a interdição de acesso ao referido equipamento poderá ser superior a 30 dias, até ao máximo de
150 dias, sendo definida caso a caso.
Artigo 39º
Responsabilidade civil e criminal
Sem prejuízo da responsabilidade criminal que no caso couber, os danos causados nas instalações,
equipamentos e/ou bens culturais, são imputados ao utilizador ou utilizadores responsáveis e importa a
reposição dos bens danificados no seu estado inicial ou o pagamento do valor correspondente ao prejuízo
causado, nos termos do Código Civil.
CAPÍTULO VI
Disposições finais
Artigo 40º
Ocorrência de acidentes
O serviço gestor declina qualquer responsabilidade em acidentes pessoais que ocorram por utilização das
instalações, salvo nos casos abrangidos nos riscos segurados pela CML.
Artigo 41º
Dúvidas e omissões
As dúvidas e omissões resultantes da interpretação ou aplicação das disposições do presente Regulamento,
serão analisadas e sujeitas a decisão, caso a caso, pela CML, mediante parecer ou proposta do eleito com
competências próprias ou delegadas/subdelegadas no serviço gestor.
Artigo 42º
Revisão
O presente regulamento será revisto no prazo de três anos a contar da data da sua entrada em vigor, devendo
ser recolhidos os elementos úteis resultantes da sua aplicação para introdução das alterações que se mostrem
necessárias.
Artigo 43º
Entrada em vigor
O presente Regulamento entrará em vigor no primeiro dia útil do mês seguinte ao da sua aprovação nos
termos da lei.
ANEXO 3 – ARQUITETURA DO ESPAÇO
ARQUITETURA DO ESPAÇO
ESPAÇO EXTERIOR
Envolvente (figuras I a X) Jardim, pátio central, zonas de cargas e descargas.
BLOCO A
Piso 0
Átrio/Receção (figura XI) Com cerca de 80 m2, é a entrada do TEIA que dá acesso à
escadaria que leva à sala de exposições temporárias.
Serviço Educativo (figuras
XII e XIII)
Sala para desenvolvimento das atividades promovidas pelo serviço
educativo, nomeadamente para a realização de oficinas, mas
também para concretização de ações de formação a serem
asseguradas por artistas ou outras entidades externas ao município.
A sala com cerca de 120 m2 ficará localizada no espaço onde
atualmente se encontra sediada a Unidade de Turismo.
Gabinete de Trabalho (figuras
XIV e XV)
Com cerca de 70 m2, o gabinete de trabalho da equipa do TEIA,
ficará localizado no espaço atualmente ocupado pela Loja Ponto Já
do Gabinete da Juventude e terá a capacidade de receber até doze
postos de trabalho.
Sala de Reuniões (figura XVI) Com cerca de 20 m2, será instalada no atual gabinete da Área de
Galerias com uma capacidade aproximada para cerca de dezasseis
pessoas.
Sanitários Serão mantidos na sua localização atual e contemplam sanitários
para homens, mulheres e pessoas com mobilidade reduzida (9 m2,
9 m2 e 2,5 m2, respetivamente).
Arrecadações Existem atualmente três arrecadações no piso 0: uma no atual
gabinete de trabalho da Área de Galerias com cerca de 9m2, uma na
Loja Ponto Já com cerca de 10 m2 e uma junto aos sanitários com
cerca de 2,5 m2. Todas servirão de apoio à atividade e manutenção
do equipamento.
Piso 1
Sala de Exposições
Temporárias (figura XVII)
Com cerca de 250 m2 e equipada com ar condicionado, alarme e
serviço de videovigilância, diversas paredes amovíveis (que
permitem uma total adaptação e modelação do espaço) e controlo
de intensidade lumínica, a sala de exposições temporárias
continuará a cumprir a sua função de espaço para apresentação de
projetos artísticos contemporâneos.
BLOCO B
Piso 0
Átrio/Receção Com cerca de 43 m2, é a entrada do TEIA que dá acesso à loja,
auditório e ao elevador que leva à sala de exposições de longa
duração.
Cafetaria (figuras XVIII e
XIX)
Com cerca de 80 m2, pretende-se que a cafetaria do TEIA seja um
espaço de lazer para quem visita o centro, com programação
própria, a qual poderá incluir, entre outras coisas, espetáculos de
música ao vivo e tertúlias.
Sanitários Integrados no espaço da cafetaria, contemplam sanitários para
homens, mulheres e pessoas com mobilidade reduzida (5,5 m2, 5,5
m2 e 3 m2, respetivamente).
Gabinete de Apoio à
Juventude/Loja Ponto Já
(figuras XX e XXI)
Com cerca de 39 m2, foi pensado enquanto espaço público
destinado a jovens de dentro e fora do concelho. Disponibiliza
informação de carácter específico para este nicho de público, assim
como as ferramentas e serviços necessários de apoio ao estudo, à
aprendizagem e ao desenvolvimento pessoal.
Loja (figura XXIII) Com cerca de 23 m2, a loja servirá como uma extensão da
programação do centro de arte e um reforço à sua divulgação,
acolhendo diversos produtos para venda ao público, que poderão
ser não só do próprio equipamento como de outros equipamentos
municipais (museus, bibliotecas, etc.).
Auditório (figuras XXII e
XXIV)
Com cerca de 90 m2, o auditório terá uma capacidade máxima de
cerca de 60/70 lugares, podendo ser reduzido ou ampliado
consoante as necessidades. Dividindo o seu espaço com a loja,
pretende-se que o auditório viva em plena simbiose com a loja,
promovendo livros, CD’s, DVD’s, e outros produtos aí
comercializados, através de uma programação muito específica que
incluirá debates, palestras, concertos, performances, entre outros.
Arrecadação de mobiliário
expositivo (figura XXV)
Possuindo uma área de cerca de 40 m2, esta arrecadação servirá
especificamente para a acomodação do mobiliário expositivo do
TEIA, sendo o seu acesso feito pelas traseiras do edifício, pela
entrada de serviço.
Elevador Monta-cargas Com cerca de 9 m2, fará a ligação entre o piso 0 e o piso 1,
garantindo o transporte tanto de pessoas, como de obras e de
mobiliário expositivo de grande dimensão e peso. Com abertura de
ambos os lados, o elevador possibilitará, ainda, o acesso dos
técnicos que, entrando pela porta de serviço, queiram aceder à Sala
de Exposições de Longa Duração ou à Sala de Reservas, e ao
público que, entrando pela porta principal do Bloco B, pretenda
visitar a exposição de longa duração. Para estes, contudo, a Sala de
Reservas encontrar-se-á vedada, só sendo possível acionar essa
porta do elevador, por meio de chave própria.
Zona de Cargas e Descargas
(figura II)
Para apoio à atividade desenvolvida pelo TEIA.
Piso 1
Sala de Exposições de Longa
Duração (figura XXVI)
Com cerca de 138 m2, terá por objetivo a apresentação do acervo
municipal de Artes Plásticas, assim como projetos e estudos
desenvolvidos em torno do mesmo. Dada a existência de um
corredor contíguo à sala de exposições, o mesmo permite que a área
desta seja alargada até aos 167 m2.
Sala de Reservas/Acervo
(figuras XXVI e XXVII)
Com cerca de 118 m2, a sala de acervo possibilitará a guarda e
preservação de todo o acervo municipal, garantindo
simultaneamente as condições de segurança e conservação exigidas
por um espólio como este. Para tal, será necessário proceder à
instalação de ar condicionado, alarme e sistema de videovigilância.
Sala de Tratamento (figura
XXVIII)
Os cerca de 33 m2 da sala de tratamento, possibilitará à equipa do
TEIA realizar corretamente a receção das peças que dão entrada no
acervo, podendo as mesmas ser submetidas a uma avaliação prévia
do seu estado de conservação, antes de serem inventariadas e
acomodadas na sala de acervo. Possibilitará ainda a concretização
das intervenções de restauro necessárias a peças que se encontrem
debilitadas em termos de conservação.
Sanitários Integrados na sala de tratamento, contemplam sanitários para
homens e mulheres (com cerca de 2,5 m2 cada), estando os
mesmos apenas disponíveis para os funcionários do equipamento.
Elevador Monta-cargas Com cerca de 9 m2, fará a ligação entre o piso 1 e o piso 0 do
Bloco B, garantindo o transporte a pessoas, obras e mobiliário
expositivo de grande dimensão e peso. Com abertura de ambos os
lados, o elevador possibilitará, ainda, o acesso dos técnicos que,
estando na Sala de Exposições de Longa Duração ou na Sala de
Reservas, necessitem aceder à zona de cargas e descargas (porta de
serviço), e ao público que, tendo visitado a exposição de longa
duração, pretenda ter acesso à entrada principal do Bloco B. À
semelhança do já referido anteriormente, para estes a entrada de
serviço encontrar-se-á vedada, só sendo possível acionar a porta do
elevador que dará acesso a esse espaço, por meio de chave própria.
PROJETO TEIA – CENTRO DE ARTES VISUAIS DE LOURES (Imagens)
Figura I
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Fachada
Figura II
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Zona de cargas e descargas
Figura III
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Envolvente
Figura IV
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Envolvente
Figura V
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Envolvente
Figura VI
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Jardim interior
Figura VII
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Jardim interior
Figura VIII
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Jardim interior
Figura IX
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Planta do Piso 0 (Blocos A e B)
Figura X
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Planta Piso 1 (Blocos A e B)
Figura XI
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco A – Receção
Figura XII
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco A – Serviço Educativo
Figura XIII
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco A – Serviço Educativo
Figura XIV
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco A – Gabinete de trabalho
Figura XV
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco A – Gabinete de trabalho
Figura XVI
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco A – Sala de reuniões
Figura XVII
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco A - Sala de exposições
temporárias
Figura XVIII
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco B - Cafetaria
Figura XIX
TEIA - Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco B - Cafetaria
Figura XX
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco B - Loja Ponto Já
Figura XXI
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco B - Loja Ponto Já
Figura XXII
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco B - Loja e Auditório
Figura XXIII
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco B - Loja
Figura XXIV
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco B - Auditório
Figura XXV
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco B - Entrada de serviço,
zona de arrecadação de
mobiliário expositivo e entrada
loja e auditório
Figura XXVI
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Bloco B - Sala de exposições
de longa duração e sala de
reservas
Figura XXVII
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Sala de reservas
Figura XXVIII
TEIA – Centro de Artes
Visuais de Loures (proposta)
Sala de tratamento
ANEXO 4 - PROGRAMAÇÃO DE EXPOSIÇÕES DO TEIA –
CENTRO DE ARTES VISUAIS DE LOURES (1º QUADRIMESTRE)
SALA DE EXPOSIÇÃO DE LONGA DURAÇÃO
ARTISTAS: Alice Jorge, Ana Maria Botelho, Ana Rocha de Sousa, António do Carmo, António Fernando,
Artur Bual, Balin, Bartolomeu Cid dos Santos, Carlos Andrade, Cipriano Dourado, Elias Mathonse,
Fernando Sarmento, Gisella Santi, Helena Lapas, Hugo Canoilas, João Duarte, João Pedro Vale, Jorge
Pinheiro, Jorge Vieira, Júlio Quaresma, Lud, Luís Ralha, Maria Gueorguieva, Marieta Miguel, Paulo
Canilhas, Pedro Maia, Rui Macedo, Salete Felício, Sara Barriga, Sérgio Dias, Virgílio Domingues.
TÍTULO: Coleção Municipal de Arte Contemporânea (título provisório).
CATEGORIAS ARTÍSTICAS: Cerâmica, Desenho, Escultura, Fotografia, Gravura, Pintura, Tapeçaria e
Vídeo.
PERÍODO DE EXPOSIÇÃO: Dois anos.
DESCRIÇÃO: Apresentação pública de parte do acervo museológico do TEIA – Centro de Artes Visuais
de Loures, pondo em diálogo obras de artistas consagrados com as obras de artistas em início de carreira
(que tenham participado em concursos promovidos pelo Município de Loures, nomeadamente a
JOV’ARTE).
PROGRAMAÇÃO PARALELA: Visitas orientadas, oficinas direcionadas para o público em idade
escolar, conversas com artistas e outros profissionais da área.
PROMOÇÃO/DIVULGAÇÃO DA EXPOSIÇÃO: Edição de catálogo, merchandise específico, convite
digital, tela de exterior, outdoors, múpis, OCS de referência e da área, sítio municipal e facebook.
OUTRAS INFORMAÇÕES:
> Listagem de obras a expor
Nº Nº de
inventário Imagem Artista Descrição
1 GML 000172
MML 148578
Alice Jorge
Mulheres,
Óleo S/tela
1958
2 MML 338
Ana Maria Botelho A Dualidade
Consentida
3 GML 000340
Ana Rocha de Sousa
Love_In_Progress
Fotografia impressa
em caixa de luz de
madeira e acrílico
2009
4 GML 000030
MML 349
António do Carmo
Alentejo
Guache s/ papel
46x56cm
1985
5 GML 000141
MML 1039
António Fernando
S/ título
1992
6 GML 000171
MML 14857
Artur Bual
S/ Título
Óleo s/ tela
81x60cm
1997
7 MML 14898
Balin S/ título
1997
8 GML 000217
MML 15521
Bartolomeu Cid dos
Santos
Terra incógnita
107x137cm
1993
9 GML 000149
MML 10737
Carlos Andrade
A Mulher e a Hélice
Mármore e metal
1995
10 MML 509
Cipriano Dourado
Duas ceifeiras no
campo
50,5x69,5cm
1992
11 MML 627
Elias Mathonse
S/ título
36,5x56cm
1994?
12 GML 000338
Fernando Sarmento Coador
2008
13
GML 000230
MML 15693
Gisella Santi Vagas
1999
14 GML 000240
MML 15774
Helena Lapas
S/ título
180x150cm
2000
15 GML 000191
MML 14900
Hugo Canoilas
R. Serpa
Pinto/Mafra…
1997
16 GML 000018
MML 337
João Duarte
Menina no Banho
1990
17 GML 000202
MML 15383
João Pedro Vale
Diet-Corset makes my
wait look smaller but I
can't breath
Madeira, metal, latex,
lâmpada, pregos, latas
de bebida energética
150x100x15cm
1999
18 -
Jorge Pinheiro 8/120
1989
19 -
Jorge Vieira 55/100
1982
20 GML 000225
MML 15644
Júlio Quaresma
Aqui te dou do mundo
aos olhos teus
(Cronos)
140x245cm
1991
21 MML 321
Lud - Ludgero Viegas
Pinto
O sonho de uma
rameira
34,5x26cm
1991
22 GML 000215
MML 15519
Luís Ralha
Série "Deambulações"
Óleo s/ tela
85x105cm
1995
23 MML 15722
Maria Gueorguieva Destin
2001
24 MML 15723
Maria Gueorguieva Il est possible et ansi
2001
25 GML 000138
MML 917
Marieta Miguel Húmus
1994
26 GML 000378
Paulo Canilhas All-Around
2016
27 GML 000342
Pedro Maia
Arise (Zona)
Vídeo 35mm
transferido para
DV/Pal 10'00''
2009
28 GML 000023
MML 342
Rogério Ribeiro O Porta-bandeira
1985
29 GML 000185
MML 14894
Rui Macedo
Espaço de circulação
de afectos
Ferro, cobre e madeira
(3x) 185x18x50cm
1997
30 MML 15382
Salete Felício
Uma casa
(4x) 28x28cm
1999
31 GML 000184
MML 14893
Sara Barriga
Do silêncio dos Anjos
Madeira de choupo e
vidro baço
Vol. A: 50x68x41cm
Vol. B: 151x41x26 cm
1997
32 MML 15392
Sérgio Dias
A paixão dos
mosquitos…
ventoinhas
Óleo s/ madeira
104x77x7cm
1999
33 GML 000013
MML 332
Virgílio Domingues
Burgueses
Poliéster
63x64x33cm
1984
PROJETO DA EXPOSIÇÃO (Proposta)
Planta
Entrada
Vistas da exposição
SALA DE EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS
ARTISTAS: João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira.
João Pedro Vale (1976)
www.joaopedrovale.com
Licenciou-se em Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e estudou na Escola
Maumaus. Tem realizado, desde 1999, diversas exposições individuais e coletivas tanto em Portugal como
no estrangeiro. Das suas exposições individuais destacam-se: Galeria Leme, São Paulo (Brasil); NurtureArt,
Nova Iorque (EUA); Fundação PLMJ, Lisboa; Museu do Chiado, Lisboa; Wuestenhagen Contemporary,
Viena (Áustria); Museo Union Fenosa, Corunha (Espanha). Das suas exposições coletivas destacam-se:
Fundação EDP; Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura; Museu do Chiado; Museu de Serralves;
Museu Berardo; Elipse Foundation; CAM - Gulbenkian; Museo Patio Herreriano de Valladolid (Espanha);
Centre PasquArt (Suíça); Estação Pinacoteca e Centro Helio Oiticica (Brasil); Gasworks, Londres (R.U.);
Smithsonian Museum, Washington (EUA). As suas obras fazem parte de coleções particulares e públicas,
entre as quais, Tate (Londres), Fundação de Serralves, Museu do Chiado e Fundação Calouste Gulbenkian.
Em 2002 foi nomeado para o Prémio União Latina e em 2004 ganhou o prémio City Desk de Escultura.
Tem desenvolvido o seu trabalho em meios que vão desde a escultura à fotografia, performances e filmes.
Tem produzido e realizado um conjunto de longas-metragens experimentais com Nuno Alexandre Ferreira,
onde tem colaborado com John Romão ou André Teodósio, apresentadas em Portugal e no estrangeiro.
Nuno Alexandre Ferreira (1973)
www.primeiraavenida.blogspot.com
Estudou Sociologia na Universidade Nova de Lisboa. Desde 2004 que colabora com João Pedro Vale em
projetos onde proliferam meios que vão desde a escultura à fotografia, passando pela produção de
exposições, performances e filmes. Em 2009 apresentaram "Hero, Captain and Stranger" (Cine Paraíso,
Museu Coleção Berardo e SVA Theater em Nova Iorque). Em 2010, “English As She Is Spoke" (Cine
Clube de Ponta Delgada, Cinema Nimas/Festival Temps d'Image e Fundação PLMJ), em 2012 "O Rei dos
Gnomos" (Paço dos Duques/Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura, Galeria Leme – Brasil – e
Teatro do Bairro/QueerLisboa) e em 2013 “Werther Effect” (Lisbon and Estoril Film Festival, Carpe
Diem). Juntos colaboraram com o Teatro Praga em "Sonho de uma noite de Verão" (CCB) e em "Tropa
Fandanga" (Teatro Nacional D. Maria II). Assinaram os cenários e figurinos do bailado "Quebra nozes
quebra nozes" com direção de André E. Teodósio, para a Companhia Nacional de Bailado (Teatro Camões)
e assinaram os figurinos de "Teorema" de John Romão (Rivoli, São Luiz Teatro Municipal, CCVF). Para
o Teatro Maria Matos, criaram o telão "Trouble in Paradise" para o ciclo Gender Trouble (2015). Contam-
se ainda outras performances para o Lux, Festival Walk & Talk, Azores Burning Summer, etc. No campo
da curadoria, foram os curadores de "Intendente" (proposta de curadoria para 11 bares do Intendente, 2014),
"Gente feliz com lágrimas" (curadoria para a galeria Walk & Talk, São Miguel, 2015). Em 2014 criam o
projeto BREGAS com sede no seu ateliê em Xabregas (Lisboa).
TÍTULO: A Rainha de Portugal.
CATEGORIAS ARTÍSTICAS: A definir.
PERÍODO DE EXPOSIÇÃO: Quatro meses.
DESCRIÇÃO: Projeto que parte daquela que é a realidade do Carnaval de Loures, e se desenvolve de
acordo com a visão da dupla de artistas plásticos João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira. Pretende-se
apresentar uma exposição com obras/interpretações artísticas de cariz contemporâneo, associadas à
linguagem dos festejos carnavalescos em Loures, promovendo, simultaneamente, uma reflexão em torno
de questões como a identidade de género.
PROGRAMAÇÃO PARALELA: Visitas orientadas, oficinas direcionadas para o público em idade
escolar, conversas com os artistas e outros profissionais da área e com a Associação do Carnaval de Loures.
PROMOÇÃO/DIVULGAÇÃO DA EXPOSIÇÃO: Edição de catálogo, merchandise específico, convite
digital, tela de exterior, outdoors, múpis, OCS de referência e da área, sítio municipal e facebook.
OUTRAS INFORMAÇÕES:
> Carnaval de Loures - contextualização
Carnaval de Loures - Câmara Municipal de Loures, 2016
O Carnaval de Loures remonta a 1934, sendo um dos mais antigos do país. Tendo-se caracterizado, numa
fase inicial, pelas Cegadas e pelo Teatro de Rua, com críticas irónicas e mordazes a situações da realidade
local e nacional, a estas particularidades veio ainda juntar-se os arremessos de ovos e farinha, os jogos de
água no chafariz do Largo 4 de Outubro, os bailes noturnos, as mastronças e os assaltos a casas de amigos
e conhecidos.
O ponto alto dos festejos é, ainda hoje, o Enterro do Carnaval ou o Enterro do Bacalhau (como é
denominado na região saloia), simbolizando o fim do Carnaval.
Proibido nos anos 40 por decisão da Assembleia Nacional (1933-1974), foram feitos esforços de o reativar,
o que só veio a ser possível em 1970, associando o mesmo à recolha de fundos para construção do quartel
dos Bombeiros Voluntários de Loures. Nessa altura, os festejos incluíam já os corsos, de domingo e terça,
e o Enterro do Entrudo, na 4ª feira de cinzas.
Ao longo da sua existência o Carnaval de Loures sofreu ainda dois interregnos, entre 1985 e 1990 e entre
1994 e 2000.
A 26 de maio de 2000 é criada a Associação de Carnaval de Loures, com o apoio da Câmara Municipal de
Loures e a Junta de Freguesia de Loures, que vem tomar a seu cargo os festejos do Carnaval, agora já sem
interrupções.
O Carnaval de Loures é hoje considerado um dos mais importantes do país, sendo por isso um evento de
grande relevância na promoção do Concelho e da região saloia.
Entre 2006 e 2012, o Carnaval de Loures contou com o apoio de especialistas de escolas de samba do Rio
de Janeiro, tendo a sua programação sofrido bastantes alterações e incrementos ao longo dos anos (Enterro
do Rei D. Ocarário, o Baile Trapalhão e as Mastronças do Moulin Rouge).
ANEXO 5 - POLÍTICA DE GESTÃO DE ACERVOS
GESTÃO DO ACERVO MUSEOLÓGICO DO
TEIA – CENTRO DE ARTES VISUAIS DE LOURES
(Proposta)
O presente documento foi criado com o objetivo de definir aspetos relevantes relativos à gestão do
acervo museológico do TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures (TEIA-CAVL), nomeadamente no
respeitante à sua vocação, administração, preservação e disponibilização ao público.
Assim, deverá o mesmo ser encarado como ferramenta de trabalho em desenvolvimento e objeto de
progressivo aperfeiçoamento, no âmbito do trabalho realizado no contexto da gestão do referido acervo.
As normas aqui definidas deverão ainda servir de base à redação do Regulamento do TEIA-CAVL
no que a gestão do acervo diz respeito.
O presente documento será alvo de revisão e atualização a cada dois anos.
I - O ACERVO MUSEOLÓGICO DO TEIA – CENTRO DE ARTES VISUAIS DE LOURES
Vocação
O acervo museológico deverá estar maioritariamente vocacionado para o estudo e pesquisa da Arte
Contemporânea e para a difusão e preservação da matriz identitária do Concelho de Loures.
Constituição
Presentemente constituído por cerca de 370 obras de Arte Contemporânea Portuguesa, o acervo
museológico resulta do espólio reunido ao longo dos anos, através de aquisições por compra, doação,
prémios aquisitivos ou projetos realizados no âmbito de atividades culturais promovidas pelo Município de
Loures. Além das obras de Arte Contemporânea, encontram-se incorporadas no acervo museológico
algumas peças de Arte Africana e duas obras dos séculos XVII e XVIII (Bento Coelho da Silveira e Pedro
Alexandrino de Carvalho). Estas são, contudo, situações pontuais.
Parâmetros de delimitação
1. Arte Contemporânea;
2. Produção artística local, nacional e internacional;
3. Produção de jovens artistas, com especial enfoque na produção de jovens artistas locais.
Objetivos
Atualmente, o acervo museológico permite conhecer o trabalho realizado pelo Município de Loures, ao
longo dos anos, na promoção e divulgação das Artes Visuais no concelho.
Futuramente, o acervo deverá, ainda, permitir um conhecimento mais profundo da realidade vivencial de
cada uma das diversas comunidades do município, promovendo a preservação dos valores culturais locais.
Relevância
A relevância do acervo museológico deverá residir na incorporação e depósito de obras de Arte
Contemporânea que promovam a matriz identitária do Concelho de Loures e estimulem uma produção
artística com base nos valores culturais locais.
Públicos-alvo
Pretende-se atingir um público diversificado, com especial enfoque na comunidade local e escolar e nos
profissionais da área das Artes Visuais.
Avaliação e impacto do trabalho realizado no âmbito da gestão do acervo
Pretende-se promover o Concelho de Loures, enquanto município amigo das artes, junto do público em
geral, além do reconhecimento, por parte das comunidades local e escolar, dos valores culturais locais.
Pretende-se, ainda, capacitar as mesmas para a utilização desse conhecimento em ações que contribuam
para a melhoria de vida de toda a população.
Para que seja possível avaliar o impacto do trabalho realizado pelo TEIA-CAVL, quer junto dos públicos,
quer no que respeita à promoção das Artes Visuais a nível local, será desenvolvido e implementado um
sistema de avaliação, por questionário, a ser disponibilizado em versão impressa e online.
Legislação aplicável
- Lei nº 47/2004 de 19 de agosto (Lei Quadro dos Museus Portugueses);
- Regulamento do TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures.
Código de ética para museus
O TEIA-CAVL desenvolve a sua atividade e regula a prática profissional do seu pessoal de acordo com o
definido no Código de Ética do ICOM para Museus.
II - SELEÇÃO E INCORPORAÇÃO DE OBRAS DE ARTE
Caracterização da coleção
- Por temática: Arte Contemporânea;
- Por tipologia de objetos: 2D, 3D e 4D;
- Por categoria artística: Cerâmica, Desenho, Escultura, Fotografia, Gravura, Instalação, Medalhística,
Ourivesaria, Pintura, Têxteis e Vídeo;
- Por área Geográfica, na seguinte ordem: 1º - Loures, 2º - Área Metropolitana de Lisboa, 3º - Portugal, 4º
- Outros Países.
Modalidades de incorporação
A integração de uma obra de arte no acervo museológico só poderá ser realizada mediante compra (através
das dotações orçamentais da CML ou com verbas extraordinárias destinadas especialmente a esse fim),
doação, legado, herança, transferência, permuta, dação em pagamento ou outras, desde que legalmente
admitidas, e mediante prova da sua existência legal (artigo 13º da Lei nº 47/2004 de 19 de agosto).
A modalidade e o respetivo regime de incorporação deverão ser expressos pela entidade que fornece a obra
de arte, em documento próprio, no qual deverão ser descritas, caso existam, todas as condições,
contrapartidas e restrições.
Incorporações/ano
A maioria das incorporações resulta de aquisições por compra, realizada de acordo com o orçamento anual
disponível, pelo que o número de obras adquiridas (e incorporadas) é sempre muito variável.
No que diz respeito a outras formas de incorporação, sendo as mesmas de carácter muito pontual, o seu
volume é igualmente de difícil previsão.
Requisitos para incorporação
A incorporação deverá ser feita mediante prova da sua existência legal e consubstanciar a vocação do acervo
museológico do TEIA-CAVL, devendo ser dada prioridade a obras de Arte Contemporânea Portuguesa,
preferencialmente produzidas por artistas do concelho ou com ligação a Loures, e a obras que resultem de
projetos realizados em parceria com o Município de Loures (ou no contexto de iniciativas promovidas pelo
mesmo) que se considerem pertinentes integrar no acervo.
Todas as obras selecionadas deverão encontrar-se em plenas condições de conservação, podendo, contudo,
ser incorporadas obras que, não apresentando boas condições estruturais, se considerem de substancial valor
cultural e histórico no contexto da vocação do acervo. Nestes casos deverá ser definido o valor de restauro
da obra, de forma a se poder avaliar o fator custo-benefício para o acervo museológico do TEIA – Centro
de Artes Visuais de Loures.
A aceitação da incorporação implica a cedência de todos os direitos de utilização, acessibilidade,
reprodução e comunicação das obras de arte pela entidade fornecedora.
Procedimentos inerentes aos processos de incorporação
A forma de procedimento relativamente a processos de incorporação poderá variar mediante a modalidade
em que a mesma é realizada.
Compra: pressupõe a entrega de um valor monetário em troca da obra a incorporar, passando a propriedade
da mesma, de forma definitiva, para o Município de Loures. Na modalidade de compra encontram-se
também incluídos os prémios aquisitivos, resultantes da realização de concursos.
A incorporação de obras de arte adquiridas por compra pressupõe:
- a apresentação de proposta de venda ao TEIA-CAVL, com o vendedor devidamente identificado e com a
descrição das obras e respetivo valor;
- a emissão de um parecer técnico, por parte da equipa do TEIA-CAVL, justificando a mesma com base
em critérios de relevância artística, histórica, social ou outra, tendo sempre presente a vocação do acervo
museológico;
- a sujeição da proposta à análise e avaliação superior, sendo que, só após despacho favorável por parte do
Vereador com delegação de competências na área da Cultura, poderá ser dado início ao processo de compra;
O descrito nos pontos anteriores não se aplica, contudo, a prémios aquisitivos, dado tratar-se de uma
situação prevista e regulamentada por documento próprio (regulamento ou normas de participação do
concurso), não requerendo, por isso, aprovação superior.
Doação, legado ou herança: a incorporação surge no âmbito de uma proposta externa, realizada por meio
de carta ou documento legal específico, e não pressupõe a entrega de qualquer valor monetário, por parte
do Município de Loures, passando, contudo, de forma definitiva a propriedade da obra para este.
A incorporação de obras de arte resultantes de doação, legado ou herança pressupõe:
- a apresentação, ao TEIA – CAVL, de uma proposta de doação, legado ou herança que deverá identificar
devidamente o doador ou testador e incluir uma listagem das obras de arte em questão, assim como a carta
do proprietário a manifestar a intenção e a justificar o porquê da doação, ou documento legal comprovativo
da atribuição do legado ou herança (ex.: testamento ou da prova de herdeiros por direito próprio). A referida
proposta deverá ainda indicar todas as condições a cumprir, por parte do TEIA-CAVL, para a concretização
da referida incorporação;
- a análise das obras alvo de doação, legado ou herança, por parte da equipa do TEIA-CAVL, a qual deverá
ter sempre por base a vocação do acervo, o nível de relevância das mesmas para a coleção, o seu valor
patrimonial e/ou artístico, o seu estado de conservação, entre outros;
- que, sendo considerada pertinente a sua incorporação, independentemente da modalidade, a mesma seja
proposta superiormente e, em caso de deferimento, se inicie o processo para Reunião de Câmara. O referido
processo deverá incluir toda a documentação remetida na proposta inicial, assim como o parecer técnico
por parte da equipa do TEIA-CAVL com a justificação da relevância da incorporação em causa e respetivo
despacho favorável do Vereador com delegação de competências na área da Cultura;
- o envio de um ofício, assinado pelo Presidente da Câmara Municipal de Loures, ao antigo proprietário
das obras incorporadas, a comunicar a concretização da mesma e a agradecer a colaboração.
Transferência, permuta, dação em pagamento: os casos de transferência configuram-se em situações
muito particulares, dado os mesmos não exigirem a troca de uma obra por outra, podendo apenas tratar-se
da sua deslocalização entre espaços. Nestes casos, a proposta de transferência deverá ser acompanhada da
descrição das obras a transferir e todas as condições a assegurar pelo TEIA-CAVL, devendo ser igualmente
identificadas as instituições intervenientes. Nos casos de permuta ou dação em pagamento, a proposta
deverá incluir a descrição das obras e o seu respetivo valor, de forma a permitir uma troca equilibrada e
justa entre as partes envolvidas. Em qualquer dos casos a propriedade passa definitivamente para o
Município de Loures.
A incorporação de obras de arte resultantes de transferência, permuta ou dação em pagamento pressupõe:
- a apresentação de proposta de transferência ao TEIA-CAVL, com a descrição das obras a transferir e
condições específicas a assegurar por parte do centro de arte, devendo ser igualmente identificadas as
instituições intervenientes. Nos casos de permuta ou dação em pagamento a proposta deverá incluir a
descrição das obras e o seu respetivo valor, de forma a permitir uma troca equilibrada e justa entre as partes
envolvidas;
- as propostas de transferência, permuta ou dação deverão sempre ser alvo de discussão entre as entidades
envolvidas e análise e parecer por parte da equipa técnica do TEIA-CAVL. Caso exista interesse na
incorporação, a proposta é remetida para análise e despacho do Vereador com delegação de competências
na área da Cultura, sendo posteriormente, e em caso de deferimento, redigido contrato para deliberação em
Reunião de Câmara;
- aprovado em Reunião de Câmara, o contrato é assinado por ambas as partes, procedendo-se
posteriormente à troca das obras entre instituições.
Em casos que se entendam de especial relevância, poderá ainda ser constituída pelo Presidente da Câmara
Municipal de Loures ou seu representante, uma comissão de avaliação composta por três elementos com
capacidade técnica para proceder à avaliação das incorporações propostas.
Divisão de tarefas na incorporação
- Coordenação do TEIA-CAVL: realização e análise técnica de propostas de incorporação;
- Chefia da Divisão: emissão de parecer para análise da Direção do Departamento;
- Direção do Departamento: emissão de parecer para análise do Vereador com delegação de competências
na área da Cultura;
- Vereador com delegação de competências na área da Cultura: análise da proposta e pareceres emitidos e
produção de despacho deferindo/indeferindo as incorporações;
- Apoio administrativo do TEIA-CAVL: realização e acompanhamento dos trâmites processuais,
nomeadamente, no que diz respeito a requisições internas (para aquisição de obras), produção de ofícios,
entre outros;
- Técnico de Reservas: acompanhamento do processo de incorporação, nomeadamente no que diz respeito
à recolha, registo, inventariação e inclusão das obras no acervo;
- Técnico de Restauro: acompanhamento do processo de incorporação, nomeadamente no que diz respeito
à avaliação do estado de conservação, limpeza/higienização e restauro dessas mesmas obras.
III – EMPRÉSTIMOS E DEPÓSITOS
Razões subjacentes a situações de empréstimo e depósito
São várias as razões que podem levar a situações de empréstimo ou depósito de obras de arte. Estas
encontram-se, contudo, na sua maioria, relacionadas com pedidos para inclusão em exposições de outras
instituições museológicas, no caso dos empréstimos, e com a escassez de espaço de armazenamento face à
dimensão sempre crescente das coleções, no caso dos depósitos. Ambas as situações permitem a construção
de discursos expositivos mais estruturados e completos e maior coerência no contexto da vocação e da
missão dos acervos.
Empréstimos
Os empréstimos surgem no contexto de pedidos de cedência de obras de arte do acervo para fins de
exposição temporária em espaços idóneos que apresentem as condições necessárias à segurança e
preservação das mesmas, só podendo ser cedidas mediante despacho favorável do Vereador com delegação
de competências na área da Cultura, que terá sempre por base o parecer técnico da equipa do TEIA-CAVL.
O período de empréstimo não poderá ser superior a um ano de duração e não serão cedidas obras cuja
fragilidade, elevado valor e/ou condições asseguradas pelo requerente, possam representar possibilidade de
risco à integridade física e conservação da própria obra.
O empréstimo de obras de arte do acervo deve ter em conta a excecionalidade da situação evocada e o
contexto em que a apresentação das mesmas se torna essencial, garantindo, ainda, que estas não são de
modo algum desvirtuadas, quer na sua existência física, quer no contexto ou no discurso em que se
encontrem inseridas.
As situações de empréstimo configuram-se em empréstimos a e de entidades internas e empréstimos a e de
entidades externas ao Município de Loures.
Empréstimos a entidades internas ao Município de Loures
As obras de arte do acervo museológico podem ser, pontualmente, cedidas a entidades internas ao
Município de Loures (serviços municipais) para colocação em espaços municipais com acesso restrito e
controlado, como gabinetes e salas de reuniões de altos cargos municipais (entenda-se presidência, vice-
presidência e vereações), desde que as mesmas garantam as condições descritas no Regulamento do TEIA
– Centro de Artes Visuais de Loures.
Assim:
- só serão alvo de empréstimo as obras de arte que se considere possuírem condições para cedência,
nomeadamente em termos de estrutura e de conservação;
- só serão realizados empréstimos para espaços de acesso público, mas restrito e controlado, nomeadamente
gabinetes e salas de reuniões de altos cargos municipais (entenda-se presidência, vice-presidência e
vereações);
- o pedido de empréstimo de obras de arte, para uso interno dos serviços municipais, faz-se mediante
preenchimento de impresso próprio que deverá ser depois remetido devidamente preenchido, para o TEIA-
CAVL, para emissão de parecer;
- o empréstimo de obras de arte pressupõe a atribuição da sua guarda a um técnico do serviço municipal
requerente, que deverá ter sempre conhecimento da localização e do estado de conservação das mesmas;
- nos casos não abrangidos pela carteira de seguros do Município de Loures, em caso de dano, o serviço
municipal requerente será responsável pelo pagamento da respetiva indemnização ou, quando aplicável,
pelo restauro das obras de arte cedidas, de acordo com as condições definidas pelo TEIA-CAVL;
- o transporte e o acompanhamento das obras de arte sujeitas a empréstimo serão assegurados por técnico
do TEIA-CAVL;
- sempre que haja necessidade de alteração da localização das obras de arte cedidas, o serviço municipal
requerente deverá informar o TEIA-CAVL dessa necessidade. Essa alteração só poderá ser efetuada após
autorização do mesmo, mediante acompanhamento de um técnico do centro de arte;
- sempre que se considerar necessário será remetido, para o serviço municipal requerente, uma solicitação
de confirmação dos dados presentes no impresso entregue aquando do pedido de empréstimo;
- o pedido de empréstimo poderá ser alvo de indeferimento sempre que se considere que o espaço proposto
para colocação da obra de arte em questão, não apresente as condições necessárias à eficaz conservação da
mesma (nomeadamente em termos de temperatura, humidade relativa e segurança);
- um técnico do TEIA-CAVL realizará visitas regulares aos espaços onde se encontram colocadas as obras
de arte objeto de cedência, sempre que se verifique necessário, com o objetivo de avaliar a situação em que
estas se encontram e o cumprimento das condições necessárias à perfeita conservação e segurança das
mesmas.
Empréstimos de entidades internas ao Município de Loures
No contexto da realização de exposições poderá, pontualmente, ser solicitada a determinados serviços
municipais, a cedência de obras de arte que pelo seu valor artístico, histórico e cultural, contribuam para o
discurso expositivo e se enquadrem na missão e objetivos do centro de arte. O empréstimo de obras, neste
contexto, pressupõe, por parte do TEIA-CAVL, o acordo e cumprimento das regras e condicionantes
impostas pela entidade emprestadora.
Empréstimos a entidades externas ao Município de Loures
As obras de arte do acervo museológico podem ser unicamente cedidas para exposições promovidas por
entidades museológicas idóneas que garantam as condições descritas no Regulamento do TEIA – Centro
de Artes Visuais de Loures.
Os empréstimos externos serão concretizados mediante:
- pedido de empréstimo do qual conste:
a) listagem de obras a ceder;
b) datas do evento a ser realizado;
c) datas previstas de levantamento e entrega das obras;
d) outros prazos necessários, nomeadamente para restauro, estudo, registo fotográfico, etc.;
e) entidades envolvidas, nomeadamente, entidades responsáveis pela exposição, seguradoras,
transportadoras, fotógrafos, técnicos de restauro, etc.;
f) contactos dos responsáveis da entidade requerente do empréstimo;
g) condições disponíveis de armazenamento e/ou exposição;
h) outras informações que se considerem relevantes.
- o assegurar, após acordo entre ambas as partes, das contrapartidas adequadas dentro das seguintes
modalidades:
a) Reciprocidade – a entidade requerente do empréstimo compromete-se a ceder também por
empréstimo outras obras de arte de que sejam proprietárias, a fim de figurarem em exposições
organizadas pelo TEIA-CAVL nos espaços a ele afetos ou noutros equipamentos culturais
municipais, salvaguardando que os mesmos possuam todas as condições exigidas para o efeito;
b) Mecenato – a entidade requerente do empréstimo compromete-se a financiar realizações do TEIA-
CAVL como, por exemplo, exposições, edição de catálogos ou outras publicações, restauro do seu
acervo museológico e renovação de instalações ou equipamentos;
c) Conservação e restauro – a entidade requerente compromete-se a custear a conservação e o restauro
das obras cedidas por empréstimo.
- prova, por parte da entidade requerente do empréstimo, da contratação de seguro que cubra todos os riscos,
desde o levantamento das obras até retorno ao local de origem (transporte, armazenamento, período de
exposição e retorno). O levantamento das obras será feito mediante preenchimento, em duplicado, de
impresso próprio, o qual será entregue a cada uma das partes envolvidas.
No seguimento da concretização do empréstimo a entidade requerente fica:
- obrigada a fornecer ao TEIA-CAVL três exemplares dos catálogos da exposição em que as obras de arte
irão participar;
- autorizada a fazer reproduções fotográficas das obras de arte para efeitos de catálogo ou roteiro da
exposição, sendo-lhe vedada a utilização ou cedência para outras finalidades;
- obrigada a devolver as obras de arte dentro dos prazos acordados.
Manutenção das obras de arte no empréstimo externo
A entidade requerente do empréstimo deve empregar todos os meios necessários para garantir a segurança
e a integridade das obras de arte desde a sua saída do local de recolha até ao seu regresso, tendo especial
cuidado no seu manuseamento, embalagem, transporte e exposição, podendo ser exigido o
acompanhamento por técnicos do serviço gestor nas diversas operações.
No caso de danos causados às obras cedidas, a entidade requerente do empréstimo será responsável pelo
respetivo restauro ou, no caso da inviabilidade desta, por ressarcir o Município de Loures através do
pagamento de indemnização no valor do seu prejuízo, de acordo com as condições definidas pelo TEIA-
CAVL.
A entidade requerente deverá contratar um seguro que, de acordo com o já anteriormente referido cubra
todos os riscos desde o seu levantamento até ao retorno da obra ao local de origem (TEIA-CAVL).
Empréstimos de entidades externas ao Município de Loures
No contexto da realização de exposições poderá, pontualmente, ser solicitada a determinada entidade
museológica ou instituição cultural, a cedência de obras que pelo seu valor artístico, histórico e cultural,
contribuam para o discurso expositivo e se enquadrem na missão e objetivos do centro de arte. O
empréstimo de obras, neste contexto, pressupõe, por parte do TEIA-CAVL, o acordo e cumprimento das
regras e condicionantes impostas pela entidade emprestadora.
Procedimentos para empréstimo de obras do acervo museológico do TEIA-CAVL a entidades
internas e/ou externas ao Município de Loures
As obras de arte do acervo só poderão ser cedidas mediante despacho favorável do Vereador com delegação
de competências na área da Cultura, que terá sempre por base o parecer técnico emitido pela equipa do
TEIA-CAVL.
Não poderão ser alvo de empréstimo obras cuja fragilidade, elevado valor e/ou condições de exposições
asseguradas pelo requerente, representem risco à integridade física e conservação das mesmas.
Os procedimentos para empréstimo externo de obras de arte deverão seguir o descrito no Regulamento do
TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures.
Procedimentos para empréstimo, ao TEIA-CAVL, de obras pertencentes a entidades internas e/ou
externas ao Município de Loures
Os procedimentos adotados para pedidos de empréstimo, realizados por parte do TEIA-CAVL, serão
analisados, caso a caso, tendo em conta as regras e condicionantes impostas pela entidade emprestadora.
Depósitos
Os depósitos, no TEIA-CAVL, configuram-se como situações de empréstimo de obras de arte, não
havendo, por isso, transferência de propriedade, podendo o depositante proceder ao levantamento das
mesmas quando assim o entender, ou de acordo com o previamente estipulado entre as partes.
Desta forma, a concretização de um depósito pressupõe o cumprimento de determinadas condições,
nomeadamente:
- que a sua aceitação consubstancie a vocação do seu acervo museológico, devendo, assim, ser dada
prioridade a obras de Arte Contemporânea Portuguesa, preferencialmente produzidas por artistas do
concelho ou com ligação a Loures, e a obras que resultem de projetos realizados em parceria com o
Município de Loures (ou no contexto de iniciativas promovidas pelo mesmo) que se considerem pertinentes
integrar no acervo;
- a concretização do depósito pressupõe a manifestação de interesse no mesmo, por parte da entidade
proponente, devendo desta constar a identificação do depositante, a listagem e descrição das obras a
depositar e a justificação do porquê do depósito;
- os depósitos poderão ser realizados por períodos de duração variável, não superior a cinco anos;
- os depósitos só deverão ser concretizados confirmada a capacidade, por parte da entidade recetora, de
assegurar todas as condições de segurança e conservação necessárias ao acolhimento das obras em questão;
- o depósito é formalizado mediante a assinatura, pelas partes envolvidas, de documento legal no qual conste
toda a informação relativa a este, nomeadamente listagem de obras depositadas, descrição e estado de
conservação das mesmas e indicação das condições sob as quais se rege o referido depósito.
Procedimentos para formalização de depósito no TEIA – CAVL
A formalização de depósito no acervo museológico do TEIA-CAVL pressupõe:
- a manifestação de interesse no depósito, por parte da entidade proponente, devendo da mesma constar a
identificação do depositante, a listagem e descrição das obras a depositar e justificação do porquê do
depósito;
- uma avaliação das obras em questão (nomeadamente no que se refere ao seu estado de conservação,
relevância no contexto da vocação do acervo, valor patrimonial e/ou artístico), e das condições exigidas
pelo depositante (em termos de seguro, restauro, transporte, acolhimento, etc.);
- caso se considere vantajosos o depósito, a emissão de parecer técnico, pelo TEIA-CAVL, a justificar a
concretização do mesmo, o qual deverá ser sujeito à análise e aprovação do Vereador com delegação de
competências na área da Cultura. Em caso de despacho favorável, procede-se à redação de documento legal,
para formalização do mesmo, que deverá ser assinado em duplicado, pelas entidades envolvidas.
Procedimentos para formalização de depósito em entidade externa ao Município de Loures
A formalização de depósito em entidade externa ao Município de Loures pressupõe:
- a manifestação de interesse no depósito, por parte da entidade proponente, devendo da mesma constar a
identificação do depositante, a listagem e descrição das obras a depositar (com fotografia e a indicação dos
pontos sensíveis das peças em matéria de conservação) e justificação do porquê do depósito;
- que sejam asseguradas todas as condições de segurança e conservação para acolhimento das obras em
questão, assim como a embalagem e transporte da peça por operador de transporte especializado;
- que a proposta de depósito seja remetida para análise da equipa do TEIA-CAVL e despacho do Vereador
com delegação de competências na área da Cultura. Em caso de despacho favorável, procede-se à redação
de documento legal, para formalização do depósito, o qual deverá ser assinado em duplicado, pelas
entidades envolvidas;
- que o percurso desde o TEIA-CAVL até ao local de acomodação, na entidade de acolhimento, seja feito
com o acompanhamento de um técnico especializado do referido centro;
- que todas as obras na situação de depósito sejam objeto de vistorias anuais, por parte dos técnicos do
TEIA-CAVL, devendo ser efetuados registos de controlo ambiental para constar do processo existente no
centro de arte.
IV - ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DE ACERVOS
Denominação
Acervo Municipal de Artes Visuais
Formas de classificação
- Áreas: Arte contemporânea, Arte Africana, Arte Barroca e Arte Rococó;
- Categorias artísticas: Cerâmica, Desenho, Escultura, Fotografia, Gravura, Instalação, Medalhística,
Ourivesaria, Pintura, Têxteis e Vídeo.
Valorização das obras em acervo
O valor das obras de arte será atribuído por ponderação de diversos fatores, nomeadamente, importância do
artista e da obra no âmbito da Arte Contemporânea e do mercado artístico nacional/internacional e/ou a sua
relevância no contexto histórico, artístico e/ou social do Concelho de Loures.
Registo, inventariação e acomodação
O registo, inventariação e a organização do acervo museológico deverão ser assegurados por técnico
especializado do TEIA-CAVL.
O procedimento para registo das obras de arte deverá privilegiar a identificação primária das mesmas in-
situ, com o preenchimento de um Auto de Receção, em duplicado, para entrega a ambos os intervenientes
no processo. Só depois se deverá proceder ao registo definitivo, com a atribuição do número de inventário,
tratamento e acomodação da obra na Sala de Reservas.
Assim, o processo registo, inventariação e organização do acervo museológico pressupõe:
- a análise, avaliação e registo provisório da obra de arte com a indicação da necessidade, ou não, da
imediata intervenção por parte da equipa de restauro;
- a realização de um registo fotográfico inicial;
- a transferência da obra de arte para as instalações do TEIA-CAVL;
- a higienização/limpeza e restauro desta, se necessário;
- o registo fotográfico das intervenções efetuadas e do resultado final;
- a atribuição de número de inventário, registado em Livro de Tombo, e colocação do mesmo no tardoz ou
na base da obra (em local pouco visível). No Livro de Tombo deverá ainda ser ainda considerada a
denominação, a descrição sumária e breve análise obra (estado de conservação, grau de integridade física,
descrição de danos visíveis e restauro a que tenha sido sujeita, enquadramento histórico, proveniência, etc.),
modalidade da incorporação (se aplicável), proveniência e data da incorporação ou do depósito (consoante
o caso);
- que toda a informação recolhida, referente à obra em questão, seja incluída na ficha de inventário e na
plataforma de gestão da coleção (INARTE);
- a acomodação da obra de arte na Sala de Reservas de acordo com a sua categoria artística e dimensão.
Registo de imagem
No processo de registo de imagem deverão ser captados todos os lados da peça, assim como o topo, a base
e o tardoz da mesma. Deverão ainda ser captados todos os pormenores considerados relevantes no registo
das mesmas.
Definição do número de inventário
O número de inventário atribuído às obras de arte do acervo museológico deverá ser composto pela
identificação de propriedade (TEIA) ou de depósito (DP), pela categoria artística/coleção a que pertence
(Cerâmica (C), Desenho (D), Escultura (E), Fotografia (F), Gravura (G), Instalação (I), Medalhística (M),
Ourivesaria (O), Pintura (P), Têxteis (T) e Vídeo (V)), no caso de incorporações pela modalidade da mesma
(Compra (C), Dação em pagamento (DEP); Doação (D), Herança (H); Legado (L), Permuta (P), Prémio
Aquisitivo (PA); Transferência (T)) e pelo número de entrada, o qual deverá conter cinco dígitos. Assim,
na sua composição final, o número de inventário terá o seguinte aspeto: TEIA/P/PA/00053, DP/E/00045,
etc.
Catalogação
A catalogação adotada baseia-se nas Normas de Inventário definidas pela DGPC para o MatrizNet
(http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/NormasInventario.aspx), pelo que as denominações adotadas,
com as necessárias adaptações à realidade do acervo museológico do TEIA, serão as seguintes:
- supercategoria: Artes Visuais;
- categorias artísticas: Cerâmica, Desenho, Escultura, Fotografia, Gravura, Instalação, Medalhística,
Ourivesaria, Pintura, Têxteis e Vídeo;
- subcategorias: Cerâmica de Revestimento, Cerâmica de Equipamento, Escultura de Vulto,
Ourivesaria/Joalharia, Pintura/Miniatura e Têxteis/Tapeçaria.
Poderão vir a ser incluídas outras categorias e/ou subcategorias às indicadas, no seguimento do crescimento
do próprio acervo museológico do TEIA-CAVL.
Abatimento de obras
Poderá ser necessário considerar o abatimento de obras de arte ao acervo, perante a existência de casos que
não se enquadrem na missão ou objetivos do TEIA-CAVL. O abatimento de obras deverá ser feito em
consciência, de forma ponderada e obedecendo a critérios previamente definidos, podendo ser apenas
considerado o mesmo para situações de alienação, deterioração natural ou acidental, destruição, furto,
roubo, transferência, troca/permuta e doação.
Desta forma, o abatimento de obras pressupõe:
- a existência de parecer técnico por parte da equipa do TEIA-CAVL, o qual deverá ser remetido para
análise e despacho do Vereador com delegação de competências na área da Cultura;
- que, sendo o abate sempre a última medida a tomar, do processo de abate deverão constar todos os
relatórios e demais informação que corrobore a decisão tomada;
- que o abate seja registado em Livro de Registo próprio, devendo constar no mesmo o número de obras
abatidas, os dados presentes na proposta de abatimento e a data do abate;
- que o número e a ficha de inventário da obra sejam mantidos, com a indicação de que a mesma foi abatida
ao cadastro.
Plataforma de gestão da coleção
A primeira plataforma de gestão da coleção a ser utilizada pelo Município de Loures, para o registo do
Acervo Municipal de Artes Visuais foi o SIDRA, em simultâneo com um sistema de preenchimento manual
de fichas de inventário. Atualmente encontra-se a ser realizada a migração manual do SIDRA para o
INARTE - Sistemas de Futuro, Lda..
Pretende-se, futuramente, assegurar a disponibilização de informação referente à coleção, em plataforma
online (InWeb - Sistemas de Futuro, Lda.), passando a mesma a estar acessível a estudantes, profissionais
da área e público em geral.
Aplicabilidade da plataforma de gestão da coleção
Pesquisa, investigação, intervenções de tratamento e restauro, gestão de reservas, gestão de cedências,
localização das obras de arte, indexação, ligação a documentação e informação específica relacionada com
cada uma das obras.
Documentação e estudo da coleção
Deverá ser desenvolvido um estudo aprofundado do Acervo Municipal de Artes Visuais com o objetivo de
produção de um catálogo raisonné da coleção.
Localização e movimentação do acervo
A localização de cada obra de arte pertencente ao acervo deverá ser registada na plataforma de gestão da
coleção, assim como as suas movimentações no contexto de participação em exposições conforme descrito
no capítulo III do presente documento.
V - CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO DO ACERVO MUSEOLÓGICO
Recursos e procedimentos
O TEIA-CAVL deverá possuir uma Sala de Tratamento, com cerca de 30 m2 e um técnico especializado
para avaliação e restauro das obras de arte do acervo. Pontualmente, em caso de intervenções de maior
complexidade ou delicadeza, poderá ser equacionada a contratação das mesmas ao exterior.
Nível de preservação da coleção
A coleção encontra-se bem preservada, havendo, contudo, algumas obras de arte a necessitar de
intervenção, nomeadamente, em termos de limpeza/higienização, restauro de molduras e substituição de
vidros.
Avaliação e documentação do estado de conservação do acervo museológico e elaboração de um plano
de intervenção
Anualmente deverá ser feita a verificação do estado de conservação do acervo, sendo registado na
plataforma de gestão da coleção a informação recolhida (registo escrito e fotográfico). Recolhida a
informação, deverá ser redigida listagem das obras a necessitar de intervenção, por ordem de prioridade.
Os casos das obras a necessitar de intervenção urgente serão avaliados, mediante o montante de verba
disponibilizado, para o efeito, em orçamento. Todas as intervenções feitas serão registadas na plataforma
de gestão da coleção (registo escrito e fotográfico).
Conservação preventiva e curativa
A conservação das obras de arte pertencentes ao acervo deverá ser assegurada por técnico especializado da
equipa do TEIA-CAVL, o qual monitorizará o controlo da temperatura e da humidade relativa da Sala de
Reservas, a higienização/limpeza das obras e outras situações relacionadas com a conservação preventiva.
Obras com maior nível de deterioração e desgaste, serão alvo de intervenções mais profundas (conservação
curativa), que poderão vir a ser contratadas ao exterior, mediante o seu grau de complexidade e após
avaliação/ponderação dos custos envolvidos.
Financiamento
Deverão ser definidos acordos com entidades externas ao município para apoio à preservação do acervo
museológico, apoio esse que se traduzirá em mecenatos e/ou patrocínios.
Espaço e condições de armazenamento
O TEIA-CAVL deverá possuir uma Sala de Reservas, com cerca de 100 m2, mobiliário específico para
armazenamento e arquivo, sistema de ar condicionado (com controlo de temperatura e humidade relativa)
e sistema de gestão de intensidade lumínica.
Acondicionamento e proteção
Atualmente, todas as obras do Acervo Municipal de Artes Visuais encontram-se envolvidas em plástico de
bolhas para salvaguardar as mesmas de poeiras e eventuais impactos; as obras bidimensionais emolduradas
encontram-se acondicionadas com cantos de proteção, como forma de proteção das suas molduras; e as
peças de Ourivesaria encontram-se colocadas em caixas específicas para objetos sensíveis e de pequena
dimensão.
A Sala de Reservas encontra-se equipada com mobiliário (estantes) para acomodação de obras bi e
tridimensionais de diferentes tamanhos, contudo, trata-se de mobiliário que necessitará, a breve trecho de
atualização e expansão, sendo necessária, por exemplo, a instalação de mobiliário específico para
acondicionamento de obras bidimensionais, realizadas em papel, e não emolduradas.
Segurança
O edifício onde será alojado o Acervo Municipal de Artes Visuais, será equipado com sistema de
alarme/intrusão, sistema de deteção de fumos e de proteção contra incêndio, câmaras de videovigilância e
segurança 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Plano de segurança para salvaguarda do acervo e da informação a ele referente
A informação recolhida na plataforma INARTE, referente ao acervo museológico do TEIA-CAVL, esta
encontra-se guardada em servidor próprio, sendo periodicamente realizada cópia de segurança pelo serviço
municipal responsável.
Para o acervo museológico propriamente dito, será definida uma equipa de prevenção, a qual deverá ser
contactada em eventuais casos de emergência. Será igualmente definido um plano de evacuação de toda a
coleção, que garanta a rápida transferência da mesma para a Sala de Reservas ou de Arquivo mais próxima
(eventualmente, no Museu Municipal de Loures, no Arquivo Municipal de Loures ou na Biblioteca
Municipal José Saramago), de forma a garantir todas as condições de acondicionamento à coleção.
Apólices de seguro
O Acervo Municipal de Artes Visuais deverá encontrar-se seguro por apólice multirriscos que inclua
Incêndio, Queda de Raio e Explosão, Danos por Água, Tempestades, Furto ou Roubo, Choque ou Impacto
de Objetos Sólidos, Derrame Acidental de Sistema de Proteção Contra Incêndio, Fenómenos Sísmicos,
Inundações, Riscos Elétricos, entre outros.
VI - ACESSIBILIDADE E USO DAS COLEÇÕES
Acessibilidade das coleções
O TEIA-CAVL organizará visitas guiadas à Sala de Reservas em dias definidos e mediante marcação
prévia. Fora dos dias definidos poderá ser, pontualmente, avaliada a permissão de acesso, às Reservas, a
determinado tipo de públicos - nomeadamente, investigadores ou profissionais da área - devendo, nestes
casos, ser remetido um pedido por escrito, que será analisado pela equipa do centro de arte tendo em conta
a sua disponibilidade.
Utilizadores e público da coleção
- Técnicos do TEIA-CAVL;
- Artistas e outros profissionais da área;
- Público escolar;
- Público em geral.
Aplicabilidade do acervo
Exposições, pesquisa/investigação, publicações, exploração pedagógica, merchandising e outras formas de
divulgação do centro de arte e da sua coleção.
Uso da coleção em exposições
É passível a cedência de obras do acervo museológico a outras instituições culturais ou serviços municipais,
para realização de exposições, mediante os procedimentos e condições definidos no Capitulo II –
Empréstimos e depósitos e no Regulamento do TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures.
Só serão cedidas obras que possuam as condições estruturais para o efeito ou, não possuindo, sejam alvo
de intervenção de consolidação e conservação, intervenção essa que será suportada pela entidade
requerente.
A sua cedência será registada na plataforma de gestão da coleção e por cada exposição realizada deverão
ser ofertados, ao Município de Loures, três exemplares dos catálogos produzidos no âmbito da mesma.
Uso da coleção em pesquisas
A coleção deverá ser passível de ser utilizada como objeto de pesquisa para estudos a desenvolver no âmbito
de áreas como a História da Arte, as Teorias da Arte ou de investigações e publicações a produzir no âmbito
do próprio acervo. Poderão ainda ser desenvolvidos alguns estudos no contexto dos acordos de colaboração
definidos com instituições de ensino superior, associações culturais ou outras entidades.
Uso da coleção em publicações
A coleção é passível de ser utilizada em publicações municipais, produzidas em contexto de exposições ou
outras atividades. Será, igualmente, possível a utilização em publicações externas ao município, sendo
necessário, nestes casos, uma solicitação por escrito ao TEIA-CAVL que, após analisada, será alvo de
parecer por parte da sua equipa e remetida para aprovação do Vereador com delegação de competências na
área da Cultura. Nestes casos, deverá ser solicitada como contrapartida, para o Município de Loures, a
oferta de três exemplares das publicações editadas.
Uso pedagógico da coleção
A coleção será alvo de exploração pedagógica por meio de programa específico a ser definido pelo Serviço
Educativo do TEIA.
Uso comercial da coleção
Deverão ser definida formas de comercialização e rentabilização da coleção municipal, nomeadamente
através da criação de merchandising próprio ou outras formas de divulgação e promoção do TEIA e da sua
coleção.
Uso da coleção na internet e em dispositivos móveis
A coleção municipal será utilizada na internet e nos dispositivos móveis apenas para promoção e divulgação
de exposições e/ou outras atividades promovidas pelo TEIA-CAVL. Futuramente deverá ser assegurada a
disponibilização de informação referente à coleção através de plataforma online específica (InWeb –
Sistemas de Futuro).
Licenças e taxas para o uso do acervo
Deverão ser definidos níveis de permissão consoante o tipo de solicitações recebidas e os fins a que as
mesmas se destinam, assim como as respetivas taxas a aplicar.
Restrições à utilização do acervo
Não será possível proceder à cedência de obras de arte do acervo museológico que se encontrem demasiado
fragilizadas e/ou em mau estado de conservação, ou caso a sua disponibilização implique o desvirtuar das
mesmas, quer enquanto objetos, quer no contexto ou discurso em que estas se encontrem inseridas.
Legislação de direitos autorais e permissão para uso
A incorporação de obras de arte pressupões a transferência dos direitos de utilização da imagem das mesmas
para o Município de Loures. Assim, qualquer utilização da imagem de obras do acervo, por entidades
externas ao município, deverá ser requerida por escrito ao TEIA-CAVL e aprovada pelo Vereador com
delegação de competências na área da Cultura, após parecer técnico da equipa do centro de arte.
No caso dos depósitos esta situação poderá depender do acordo definido entre as partes envolvidas.
Acordos
Os acordos a realizar no contexto da atividade desenvolvida pelo TEIA-CAVL e da gestão do seu acervo
museológico, resultam de propostas a elaborar pela equipa do referido centro, as quais são remetidas para
análise e aprovação do Vereador com delegação de competências na área da Cultura.
ANEXO 6 - NORMAS DE FUNCIONAMENTO DOS LEA
LABORATÓRIOS DE
EXPERIMENTAÇÃO ARTÍSTICA
Os Laboratórios de Experimentação Artística, organizados pelo TEIA – Centro de Artes Visuais de
Loures, são espaços de criação, experimentação e investigação em Arte, para a concretização de projetos
desenvolvidos com a comunidade e para a comunidade, no contexto daquela que é a realidade do território,
explorando ofícios e saberes locais e promovendo a matriz identitária do Concelho de Loures.
Normas de funcionamento
1. Os Laboratórios de Experimentação Artística decorrem ao longo de todo o ano tendo, cada um, a
duração máxima de 4 meses;
2. Podem candidatar-se, aos LEA, artistas nacionais e estrangeiros, a título individual ou coletivo,
que se proponham desenvolver projetos artísticos no contexto daquela que é a matriz identitária
de Loures;
3. Das candidaturas deverão constar carta de apresentação, curriculum vitae sucinto, portfólio em
formato digital e proposta de projeto a desenvolver;
4. Serão aceites projetos que explorem o cruzamento entre a Arte, diferentes áreas do conhecimento
e os ofícios, as tradições, a paisagem, a indústria, a cultura e a história locais;
5. As candidaturas devem ser apresentadas até dois meses antes da data indicada para o início dos
laboratórios;
6. As candidaturas devem ser remetidas para [email protected];
7. As candidaturas serão alvo da apreciação e seleção do júri dos LEA, o qual será constituído pelo
Presidente da Câmara Municipal de Loures ou seu representante, o Diretor Artístico do TEIA -
Centro de Artes Visuais de Loures e uma personalidade de mérito no campo das Artes Visuais;
8. Os projetos serão avaliados de acordo com critérios de originalidade, experiência e percurso do(s)
candidato(s), assim como viabilidade do mesmo e relevância na defesa e difusão da matriz
identitária de Loures.
9. A decisão do júri é soberana, não podendo ser alvo de recurso;
10. O TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures possibilitará o acesso a espaços e equipamentos para
concretização dos projetos selecionados pelo júri, os quais serão disponibilizados pela rede de
recursos do TEIA, a qual é assegurada pelos serviços municipais e por associações, coletividades,
artistas e artesãos do concelho, entre outros;
11. Finalizado o laboratório, será possibilitada a apresentação, em local a definir, das obras produzidas
durante o mesmo, a qual será organizada pela equipa do TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures
em colaboração com o(s) artista(s);
12. Como contrapartida, caberá ao Município de Loures a seleção de uma peça das concebidas no
âmbito de cada um dos LEA, que passará a integrar o acervo museológico do centro de Artes
Visuais;
13. O T.E.I.A – Centro de Artes Visuais de Loures terá direito de preferência sobre a aquisição das
peças produzidas no contexto do LEA;
14. Pontualmente, as participações nos LEA poderão resultar de convite direto efetuado pelo TEIA –
Centro de Artes Visuais de Loures, a artistas ou coletivo de artistas, nacionais ou estrangeiros,
com percurso inovador, assim como a estabelecimentos de ensino superior artístico e respetivos
alunos, no sentido de desenvolverem projetos de acordo com o disposto no n.º 4 das presentes
normas de funcionamento;
15. Tratando-se de uma participação por convite, não será aplicado o n.º 7 ou o n.º 12 das presentes
normas de funcionamento;
16. Os casos omissos serão resolvidos pela organização.
LABORATÓRIOS DE
EXPERIMENTAÇÃO ARTÍSTICA
Ficha de inscrição
(A preencher pelo(a) artista. Em caso de coletivo de artistas, preencher uma ficha por artista.)
Nome: ______________________________________________________________ Morada: _____________________________________________________________ B.I./C.C.: _____________ Data de emissão: ___ / ___ / _____ Arquivo: __________ Telefone: ___________ Telemóvel: ___________ e-Mail: ______________________ Área de Intervenção: ___________________________________________________ Assinalar o período pretendido:
o novembro/fevereiro o março/junho o julho/outubro
Declaro sob compromisso de honra conhecer as normas de funcionamento dos
Laboratórios de Experimentação Artística, promovidos pelo TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures, as quais compreendo e aceito.
____________________________________ (assinatura)
O júri declara que reuniu e deliberou pela inclusão/exclusão (riscar o que não interessa)
do presente projeto nos Laboratórios de Experimentação Artística promovidos pelo TEIA – Centro de Artes Visuais de Loures, no período pretendido pelo proponente.
Declara, ainda, que a presente candidatura se encontra de acordo com as normas de funcionamento dos referidos laboratórios.
_______________ (assinatura)
_______________ (assinatura)
_______________ (assinatura)
ANEXO 7 – REDE DE RECURSOS DO TEIA
ENTIDADES INTERNAS
Serviços Municipais Apoios
Bibliotecas Municipais (Rede de
Bibliotecas Municipais de Loures) A investigadores, estudantes e comunidade em geral,
disponibilizando bibliografia relacionada com assuntos de
carácter mais geral.
Centros de Documentação (Rede de
Museus Municipais de Loures)
A investigadores, estudantes e comunidade em geral,
disponibilizando bibliografia e documentação especializada,
relacionada com temáticas específicas e de carácter local
(etnográfico, antropológico, histórico).
Divisão de Equipamento Coletivos Na montagem das exposições, construção de mobiliário
expositivo, pintura de estruturas, iluminação, cedência de
espaços e equipamento técnico.
Apoio Logístico (Divisão de Gestão
Documental e Arquivo)
No transporte de obras de arte, mobiliário expositivo ou outro
tipo de materiais
Divisão de Atendimento, Informação
e Comunicação
Na conceção de um plano de comunicação para o TEIA, na
divulgação da sua atividade e na realização de materiais
gráficos
Divisão de Transportes e Oficinas Nas deslocações dos técnicos do TEIA para cumprimento da
atividade programada e no transporte de artistas ou outros
colaboradores do centro de arte
Departamento de Educação Enquanto interlocutor privilegiado junto dos
estabelecimentos de ensino do concelho
ENTIDADES EXTERNAS
Designação Descrição
Produtores culturais institucionais Que desenvolvam atividade no campo das artes, ou seja
associações e coletividades, agentes educativos, juntas de
freguesia, e outras entidades do concelho.
Produtores culturais não
institucionais
Artistas, artesãos, músicos, performers, atores, entre outros.
Outros profissionais da área Curadores, investigadores, críticos de arte, professores, etc.
ANEXO 8 – PLANO DE COMUNICAÇÃO
PLANO DE COMUNICAÇÃO
Ação Promoção do TEIA e da sua atividade.
Período Campanha permanente de divulgação do equipamento cultural, campanhas
calendarizadas de acordo com o início e decurso das exposições e
atividades promovidas pelo equipamento.
Objetivos Dar a conhecer, ao público, o equipamento e a atividade por ele
desenvolvida.
Públicos-alvo Público em idade escolar, estudantes do ensino superior artístico, artistas,
críticos de arte, curadores e outros profissionais da área, reformados,
idosos, público em geral.
Conceito Promoção da matriz identitária de Loures.
Canais TV, rádio, imprensa escrita e internet.
Meios Press releases: divulgação das iniciativas a realizar;
Conferências de imprensa: apresentação das iniciativas junto dos órgãos
de comunicação social, com uma visita às exposições prévia às
inaugurações;
Folhetos/desdobráveis: para distribuição livre em zonas comerciais,
instituições culturais, etc.;
Outdoors: colocados em zonas de grande circulação e em diversos pontos
do país;
Cartazes: colocação em zonas estratégicas;
Publicidade: nos transportes públicos de acesso à capital;
Imprensa escrita: artigos em semanários, revistas de decoração e
informação, revistas de bordo e turísticas, especializadas e agendas
culturais, sinalização informativa, indicativa e direcional;
Online: inclusão de informação no sítio institucional182 e no facebook do
Município de Loures e em sítios especializados;
Mailing – ferramenta de divulgação de baixo investimento e vocacionada
para públicos mais apáticos;
Merchandise – realização de produtos comercializáveis.
Orçamento Definido de acordo com os recursos, canais e meios necessários a
concretização do plano a desenvolver.
Monitorização/Avaliação Para avaliação da eficácia dos meios utilizados, posteriormente ao
lançamento das campanhas estas deverão ser monitorizadas, de forma a ter
a correta perceção da reação do público às mesmas, devendo, ainda, ser
medida a sua taxa de sucesso ou fracasso. Estes resultados poderão servir
a posteriori como forma de promoção da instituição cultural, sendo
difundidos por meio de notas de imprensa, estimulando a curiosidade de
públicos menos atentos para novos eventos ou exposições realizadas.
Todos estes métodos permitem elevar a rentabilidade do equipamento,
tornando-o mais sustentável enquanto organização.
182 O sítio oficial do Município deverá ser dotado de ferramentas que permitam o acesso, à informação
disponível, a utilizadores com necessidades especiais (ex.: sintetizador de fala, conversor de texto para
braille).