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VIDA ATRAVÉS DA MORTE Charles Stanley Tradução: Mário Persona Estudo da Epístola aos Romanos ÍNDICE Introdução -- A "Carta Magna" da Humanidade Capítulo 1 -- Um Evangelho de Poder

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VIDA ATRAVÉS DAMORTE

Charles StanleyTradução: Mário Persona

Estudo da Epístola aosRomanos

ÍNDICE Introdução -- A "Carta Magna" daHumanidadeCapítulo 1 -- Um Evangelho de Poder

Para o Homem MoribundoCapítulo 2 -- O Inevitável Juízo de DeusCapítulo 3 -- Diagnóstico e AntídotoCapítulo 4 -- O Substituto Para UmaRaça de PecadoresCapítulo 5 -- A Posição do Crente emCristoCapítulo 6 -- Vida de SantidadeCapítulo 7 -- Duas Naturezas emConflitoCapítulo 8 -- Experiência VitoriosaCapítulo 9 -- A Eleição Divina Por Meiode Uma NaçãoCapítulo 10 -- A Proclamação da PerfeitaJustiçaCapítulo 11 -- A Fidelidade de DeusCapítulo 12 -- Cristianismo Prático

Capítulo 13 -- Deveres e DiscernimentoCapítulo 14 -- SensibilidadeEspiritualcap15Capítulo 15 -- Um em CristoCapítulo 16 -- Instruções Finais

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INTRODUÇÃOA "CARTA MAGNA" DA

HUMANIDADEO AUTOR destas notas gostaria muitode recomendar ao leitor um estudominucioso desta epístola, em oração,como preparação para todo oconhecimento das Escrituras. Lembro-mebem do benefício que obtive por haver,

durante quase dois anos, deixado de ladotodas as outras leituras e estudado estaepístola junto com mais algumas pessoas.Isso foi há cerca de quarenta anos,quando ainda jovem.Não nos surpreendemos com fato de elaconter um alicerce tão sólido da verdade,quando nos lembramos de que foi escritaà assembléia situada naquela que era ametrópole do mundo de então.É importante e de real auxílio que, ao lerqualquer um dos preciosos livros ouepístolas das Sagradas Escrituras, seobserve o caráter e o plano de cada livro,além de sua ordem e divisões. Assim, ficaclaro que o objetivo do Espírito Santonesta epístola foi revelar orelacionamento de Deus com o homem, edo homem com Deus -- a maneira como

Deus poderia ser Justo em justificar ohomem. É este o fundamento de toda averdade.O leitor atento logo irá perceber as trêsdivisões da epístola. Os capítulos 1 ao 8revelam Deus, o Justificador; o evangelhode Deus aos judeus e gentios, semdistinção -- a mesma graça igualmentedispensada a cada um. Do capítulo 9 ao11 é mostrado que Deus não Se esqueceude Suas promessas para Israel, mas que,em seu tempo determinado, todas elas secumprirão para eles como nação. Ocapítulo 12, e os seguintes, contém a partedidática.Há, todavia, uma subdivisão de grandeimportância nos oito primeiros capítulos.Até o capítulo 5, versículo 11, é tratada aquestão da justificação dos pecados;

então, a partir daí até o final do capítulo8, o assunto está mais relacionado àjustificação e libertação do pecado.Passemos agora para o primeiro capítulo.

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CAPÍTULO 1

UM EVANGELHO DE PODERPARA O HOMEM MORIBUNDO

"PAULO, servo de Jesus Cristo." (Rm1.1) Ele não era um servo ligado aqualquer sociedade ou partido, mas umservo de Jesus Cristo. Quão poucospodem repetir, juntamente com Paulo,estas simples palavras! E quão importanteé que possam fazê-lo, isto se a intençãofor de servir de um modo que agrade a

Cristo. Será que você já analisou esteaspecto em relação a toda a sua vida e aoseu serviço para Deus? É isto o que farádiferença no dia da recompensa."Chamado para apóstolo" seria melhortraduzido como "apóstolo por chamado".Quando o Senhor Jesus chamou a Paulo,não foi para que ele fosse aos outrosapóstolos para ser ensinado ou preparadopor eles, ou ainda ordenado para ser umapóstolo; não, ele foi constituído apóstoloimediatamente, e sem que se fizesse usode qualquer autoridade humana; ele foichamado a atuar e pregar como umapóstolo por ser um apóstolo, e não parase tornar um. (Veja também Atos 26.15-19; Gálatas 1.10-16.) Foi assim que Paulofoi "separado para o evangelho de Deus".(Rm 1.1) Bem sabia o Espírito que na

própria Roma tudo isso seria invertido.Sim, este primeiro versículo é de grandesignificado para nós, se quisermos fazer avontade de Deus. Lembre-se: Paulo já eraapóstolo há algum tempo quando, emAtos 13.1-4, o Espírito o separou e oenviou, com a aprovação dos anciãos, emuma viagem especial de serviço.Vemos aqui, então, Paulo como servo deJesus Cristo, um apóstolo por chamadoou vocação, separado para o evangelho deDeus. Esta palavra, "separado", é bastanteabrangente. Separado do mundo, dojudaísmo e da lei, para as gloriosas boasnovas de Deus. Não é a igreja o assuntodesta epístola, mas o evangelho de Deus.A igreja não era o assunto da promessa,mas o evangelho sim: "O qual antes haviaprometido pelos Seus profetas nas Santas

Escrituras". (Rm 1.2) Sim, as Escrituras,desde Gênesis 3, contém abundantespromessas do evangelho de Deus, "acercade Seu Filho", Jesus Cristo, nosso Senhor.(Rm 1.3) Cada promessa tinha em vista adescendência, que é Cristo. É bom queguardemos isto: O evangelho não é algoacerca de nossos feitos ou sentimentos,mas "acerca de Seu Filho", Jesus Cristo,nosso Senhor. Que esta bendita Pessoaseja sempre o princípio e o fim doevangelho de Deus que pregamos!Há, então, só duas partes no verdadeiroevangelho: a obra consumada por Jesusna carne; e Sua ressurreição de entre osmortos. "Que nasceu da descendência deDavi segundo a carne." (Rm 1.3) Nele,como Filho de Davi, foi cumprida toda apromessa. Que manifestação do amor de

Deus -- o Santo de Deus ter sido feitocarne; tornando-se verdadeiramenteHomem e descendo de Sua eterna glóriapara o meio de uma raça caída, culpada,sob pecado e juízo, e, naquela condiçãode humanidade sem pecado, ter ido até acruz! Ele próprio, tão puro e, no entanto,ser feito pecado, para ir até a mortecarregando o juízo extremo que o pecadomerecia. Sim, ir até a morte, livrando-nosdo direito e poder que ela tinha sobre nós-- ser entregue por causa de nossasiniquidades.Devemos encontrar nisto o grande temade nossa epístola -- a morte expiatória deJesus em seu duplo aspecto, depropiciação e substituição. Mas, apesar dehaver Se tornado homem em aparência decarne pecaminosa -- mas sem possuir uma

humanidade caída ou pecaminosa -- Elenão Se corrompeu. Ele sempre foi oSanto de Deus, e foi deste modo,determinado, ou "declarado Filho deDeus em poder, segundo o Espírito desantificação, pela ressurreição dos (ou"dentre os") mortos". (Rm 1.4)Contemplemos, então, o Filho de Deus,puro e imaculado, em toda a extensão deSeu andar aqui; Santo não apenas emSeus benditos atos, mas em Sua natureza,segundo o Espírito de Santidade. Assim,embora cercado pelo mal, Ele andou emamor, compartilhando conosco de toda atristeza decorrente do pecado; sendotentado de fora para dentro em todos osaspectos que também o somos, muitoembora, em Si mesmo, a Sua santanatureza fosse inteiramente separada do

pecado. Isso tudo ficou expresso pelo fatode que, após completar nossa redenção,Ele foi, por Deus, ressuscitado de entreos mortos. A própria morte não tinhanenhum direito sobre Ele -- Ele nãopodia ser retido por ela.Uma vez que Ele era Santo segundo oEspírito de Santidade, era mister queDeus, em justiça, O ressuscitasse de entreos mortos e O recebesse em glória. Eleglorificou a Deus na natureza humana eagora, como Homem, está ressuscitado deentre os mortos segundo o Espírito desantidade; está agora no céu como oHomem que glorificou a Deus. É bomque se entenda claramente o que Ele é emSi mesmo, para que então se possacompreender melhor o que Ele fez pornós e o que Ele é para nós agora,

ressuscitado de entre os mortos.Esperamos poder apresentar estasverdades de forma detalhada mais adiante.Foi deste Santo ressuscitado de entre osmortos que Paulo veio a receber "graça eo apostolado, para a obediência da féentre todas as gentes pelo Seu nome".(Rm 1.5) Isto é algo importante de seressaltar: por mais que Paulo fosse umapóstolo, tudo era por graça recebida.Porventura não tinha sido o SenhorQuem brilhara no caminho de Paulo, empuro e livre favor, justamente quando estese encontrava furioso -- sim, excedendo-se em fúria -- contra Cristo? Acaso nãohavia sido Ele Quem, em um gratuito eimerecido favor, chamara a Paulo,fazendo dele Seu apóstolo escolhido parair aos gentios? E não é este o mesmo

princípio que vale para todos os casos?Não importa qual seja o serviço quepossamos estar fazendo para Cristo --acaso não se trata da mesma graça, domesmo livre favor?Era assim que o apóstolo via os santosem Roma; a mesma graça havia sidodemonstrada a eles. "Entre as quais soistambém vós chamados para serdes deJesus Cristo." (Rm 1.6) Assim brilha agraça em todo o seu esplendor. Aqueleque encontrou Saulo em seu caminhopara Damasco, o próprio Jesus Cristo,como Senhor, havia chamado a cadacrente em Roma. "A todos os que estaisem Roma, amados de Deus, chamadossantos: Graça e paz de Deus nosso Pai, edo Senhor Jesus Cristo." (Rm 1.7)A simples introdução, pelos tradutores,

de duas palavras em algumas versões,"chamados para serdes santos", mudacompletamente o significado destaimportante passagem, e tem sido a causade sérios enganos no que se refere àsantidade. O significado aqui é o mesmoda palavra que é usada no primeiroversículo: "chamado (para ser) apóstolo";ou, "um apóstolo por chamado". Assimcomo a palavra "santo" significa"santificado", também a expressãosignifica "santificado por chamado". Não"chamados" para procurar alcançarsantidade -- o que é um engano comum --mas, da mesma forma como Paulo foiconstituído um apóstolo pelo Senhor queo chamou, assim também todos os crentesem Roma foram feitos santos porchamado. Foi essa a base sobre a qual eles

foram exortados a caminhar: emconformidade com aquilo que já eram.Todo crente é santo por chamado,santificado por chamado. É nascido deDeus, participante da natureza divina, aqual é santa. O cristão é santo pelo novonascimento. Ele está morto com Cristo,ressuscitado em Cristo -- sim, Cristo, quepassou através da morte, e que é aressurreição e a vida, é a vida do cristão."Quem tem o Filho tem a vida." (1 Jo5.12) E se tem a vida do Santo de Deus,esta vida, da qual o crente é agoraparticipante, é uma vida tão santa quantoeterna. Todos os crentes têm a vida eternae, por conseguinte, todos têm uma vidasanta. Tentar alcançar, por quaisquermeios, uma ou outra coisa pormerecimento é não compreender em sua

totalidade a nossa vocação e nossoselevados privilégios.Toda a Escritura proclama esta verdade.A exortação quanto a ser santo estábaseada neste princípio: "Como filhosobedientes... como é Santo Aquele queVos chamou sede vós também santos emtoda a vossa maneira de viver, porquantoescrito está: Sede santos, porque Eu souSanto". (1 Pd 1.14-16). Sim, é por teremsido introduzidos em uma viva esperança-- mantidos pelo poder de Deus porserem nascidos de Deus -- que os crentes,como filhos, têm purificado suas almasem obediência à verdade. Em suma, jáque eles eram santos por chamado e pornatureza, e possuíam o Espírito Santo,deviam procurar ser santos em suas vidase em seu proceder.

João revela a santidade da nova naturezacomo nascida de Deus. "Qualquer que énascido de Deus não comete pecado." (1Jo 3.9) Em cada epístola será encontrado,em primeiro lugar, a vocação santa, vindodepois o andar santo como resultado(compare 1 Tessalonicenses 1.1 com 5.23).É importante notar o lugar que a palavraocupa, aplicada pelo Espírito Santo, tantono novo nascimento como na santidadeprática. "Segundo a Sua vontade, Ele nosgerou pela palavra da verdade." (Tg 1.18)"Santifica-os na verdade: a Tua palavra é averdade." (Jo 17.17) Quão triste é vermostudo isso colocado de lado em nossosdias, e os homens, aos milhares, tentandose tornar santos por meio de sacramentose cerimônias. E não somente eles, masmuitos dos que escrevem e ensinam sobre

santidade ignoram totalmente aquilo quetodo cristão é feito por vocação e novonascimento, e por ser feito habitação doEspírito Santo. Não há dúvida de que sejaisso a causa de grande fraqueza, engano ede um andar que deixa muito a desejar.Não nos deixemos vagar indiferentestambém por cima destas preciosaspalavras: "Graça e paz de Deus nosso Pai,e do Senhor Jesus Cristo". (Rm 1.7) Quemudança do judaísmo! -- o livre favor deDeus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo,e paz a todos os amados de Deus emRoma. Será que nossas almas penetramnisto? Ao invés da lei exigindo, comjustiça, a perfeita obediência da parte dohomem, temos agora perfeita paz comDeus, fundamentada no princípio do livree imerecido favor. Israel, se tivesse sido

fiel, tão somente teria conhecido a Deuscomo Jeová; nós O conhecemos comoPai. Veremos, nesta epístola, como Suagraça e paz podem fluir livremente paranós em perfeita justiça.Como esta epístola revela o terreno ondeo pecador encontra-se diante de Deus,podemos notar que a primeira coisa pelaqual o apóstolo dá graças a Deus, porintermédio de Jesus Cristo, por elestodos, é esta: "Por todo o mundo éanunciada a vossa fé". (Rm 1.8) A fé tem,assim, o primeiro lugar. Amado leitor:será que a sua fé é bem evidente, ou seráque ainda não ficou bem claro se vocêrealmente crê em Deus? Este é o primeiroponto que deve ficar claro; tudo o maisserá uma consequência disto. Vemos que,se você crê em Deus, então é capaz de

dizer: "Sendo, pois justificados pela fé,temos paz com Deus, por nosso SenhorJesus Cristo". (Rm 5.1) Pode você dizeristo com inteira confiança? Se assim for,então beba daquele manancial de graça epaz que flui perene de Deus nosso Pai, edo Senhor Jesus Cristo.Que exercício de coração era aquele paraPaulo! Ele diz: "Porque Deus, a Quemsirvo em meu espírito, no evangelho deSeu Filho, me é testemunha de comoincessantemente faço menção de vós,pedindo sempre em minhas orações".(Rm 1.9,10) Que profundo amor paracom aqueles que ele nunca havia visto!Não se tratava de um mero serviçoexterior, mas "em meu espírito". Tudofeito para Deus no evangelho de SeuFilho. Será que é assim também conosco,

ou, em nosso caso, tudo não passa demera e fria imitação? Porventura não eraesse o segredo do sucesso de Paulo? E sefaltar isso em nós, não é certo quefracassaremos?Paulo desejava muito ver os santos emRoma, mas até então tinha sido impedido.Vemos aqui uma prova da sabedoria eantecipação de Deus. Se Paulo ou Pedrotivessem fundado a assembléia em Roma,que desculpa não teria sido isto para a,assim chamada, sucessão apostólica! Nãohá evidência quanto a quem o EspíritoSanto possa ter usado na formaçãodaquela importante assembléia. Não háevidência de que qualquer apóstolo tenhaestado ali naquela ocasião, muito emboraa fé daquela assembléia, ou melhor, detodos os chamados santos, era anunciada

e bem conhecida de todos. É tambémnotável que não sejam chamados de igrejaem Roma, como acontece nas outrasepístolas.Paulo desejava ter mútua comunhão comeles, e colher algum fruto entre eles, fossepela conversão de almas ou pelacomunicação de algum bem espiritualàqueles que já tivessem sido levados aCristo. Com tamanho tesouro, como é oevangelho, colocado em suas mãos, ele sesentia devedor em compartilhá-lo comtodos, tanto judeus como gentios. Elechegava a dizer: "Quanto está em mim,estou pronto para também vos anunciar oevangelho, a vós que estais em Roma".(Rm 1.15) Que completa prontidão e,ainda por cima, na mais real dependênciade Deus somente. Se ele tivesse sido servo

de homens, teria sido preciso receber umaconvocação dos mesmos para pregar emRoma, ou então ter algum tipo deautorização humana. Mas não há tal idéiaaqui. E por que não poderia ser assimtambém agora? Paulo podia dizer: "Estoupronto". Sim, sim, com o mundo atrás desi, podia dizer: "Estou pronto tão logomeu Deus abra o caminho". Oh, ondeencontraremos hoje pessoas como Paulo?Que Deus possa nos despertar, enquantopensamos no andar daquele devoto servode Deus.Começamos agora a nos aproximar daquestão: O que é o evangelho? "Porquenão me envergonho do evangelho deCristo, pois é o poder de Deus parasalvação de todo aquele que crê; primeirodo judeu, e também do grego." (Rm 1.16)

A razão pela qual ele não se envergonhado evangelho é colocada de forma clara.A lei mandava, mas não tinha nenhumpoder para libertar do pecado; não, elafora dada para que abundasse, não opecado, mas a ofensa. Mas, em contrastedireto, o evangelho é o poder (não dohomem, mas) de Deus, para a salvação.Há um enorme significado nisto. Vamostentar tornar isto claro aos nossos jovensleitores, usando alguns exemplos.Você já deve ter lido e escutado muitascoisas que debilitam esta verdade, pois hámuita pregação que fala ao pecador queele deve abandonar seus pecados eseparar-se deles antes de ir a Deus ereceber o perdão dos pecados e asalvação. Isto pode parecer bem razoávele plausível. Tome este exemplo: Vamos

nos colocar um pouco acima das cataratasdo Niágara. Repare como o rio corretranquilo! Plano como um vidro, equanto mais perto das quedas, mais planoele fica. Um barco é visto descendo pelacorrente. Há dois homens nele. Elesescutam o crescente bramido daspavorosas quedas. Um está consciente deseu perigo: mais alguns minutos e o barcodespencará. O outro parece estupefato.Ambos estão igualmente perdidos; ambosestão no mesmo barco navegando tãosuavemente rumo à completa destruição.Agora chame-os; tente anunciar-lhes oevangelho do homem. Diga a eles queabandonem aquele barco; que deixemaquele poderoso rio; que venham para amargem antes que despenquem, e que, sefizerem assim, você irá ajudá-los!

Homem, você está lhes dizendo parafazer o impossível. Porventura não seráisto zombar deles? Porventura não é cruelzombar deles desse jeito? Em um ou doisminutos eles estarão acabados. O que épreciso é poder para salvá-los.Acaso não está o pecador, na correntezado tempo, despencando para umadestruição muito pior? Sim, ele dirá, opoder do pecado me carrega. Ele despertapara seu perigo, para a morte e o juízo aoalcance da mão. Ele escuta o bramido;mas será que pode salvar-se a si próprio?Será que pode sair do rio? Se puder, nãoprecisa de um salvador. Uma boa notícia,para aquele homem descendo pelacorrenteza fatal, seria chamá-lo eassegurar-lhe que há Alguém pronto ecapaz de salvá-lo completamente. Sim, e é

assim que Deus fala ao pecador que estáperecendo perdido e culpado, conformeiremos ver mais adiante: "Porque todoaquele que invocar o nome do Senhorserá salvo". (Rm 10.13)Tome outro exemplo. Você escuta osúbito clamor de "Fogo, Fogo!" Você nãoanda mais que poucos metros e vê umprédio incendiando-se. As chamas saemde todas as janelas do andar de baixo.Sabe-se que há algumas pessoas no quartoandar, as quais encontram-se dormindoou desmaiadas pela fumaça. Se elastiverem poder para escapar, não hánecessidade de se tentar um resgate. Mas aescada é colocada de forma a alcançar ajanela. Veja agora aquele hábil e corajosobombeiro. O que é que ele faz? Será quemeramente diz aos de dentro que devem

primeiro sair da casa incendiada que,então, irá salvá-los? Não; ele sobe pelaescada, quebra a janela, e entra na cena doperigo. Ele os traz para fora: estão salvos.O mesmo acontece em uma tempestadeno mar. O navio avariado está afundandorapidamente para sua final destruição,levando consigo sua pobre tripulação. Deque serviria um barco que fosse salvá-los,se o capitão deste permanecesse, de longe,gritando para aqueles homens queperecem, que devem primeiro abandonaro navio destroçado e nadarem até a praia,para, então, serem salvos pelo salva-vidas?Assim é o evangelho do homem. Ohomem deve primeiro salvar-se a sipróprio; e então Cristo o salvará. E omais estranho é que os homens adorem eaceitem uma tolice como essa.

Todavia, o evangelho de Deus étotalmente oposto a isso: Ele enviou SeuFilho amado para buscar e salvar o queestava perdido. Sim, PERDIDO, assimcomo aqueles no barco, tão perto dasensurdecedoras cataratas. PERDIDOS,como os moradores do prédioincendiado. PERDIDOS, como aquelesmarinheiros afundando com osescombros de seu navio. Sim, se oshomens tão somente soubessem, ereconhecessem sua condição de perdidose incapazes, eles reconheceriam que oevangelho do homem é uma completatolice que ordena que eles se salvem a simesmos e que, só então, Deus irá salvá-los.Tome mais esta ilustração. Um homemfoi julgado e considerado culpado. Ele

está agora preso e condenado. Será quevocê iria dizer-lhe para sair daquela cela;para abandonar seus pecados, suasalgemas, a prisão, e a sentença que já lhefoi dada; e então, mas só então, ele seriaperdoado? Não seria isto uma cruelzombaria para um homem naquelascondições? Todavia é esta a verdadeiracondição do pecador e, portanto, "não meenvergonho do evangelho de Cristo, poisé o poder de Deus para salvação de todoaquele que crê". (Rm 1.16) A pergunta nocoração daquele que descobre que estánavegando em direção à queda, ou aosrecifes, ou que é um pecador culpado sobo juízo e sem forças para suportá-lo, éesta: Como posso ser salvo? Como eu, umpecador condenado, posso ser justificado?É esta, portanto, a verdadeira questão que

é tratada e explicada na primeira parte daepístola. Sim, é esta a própria razão dePaulo não estar envergonhado doevangelho. "Porque NELE se descobre ajustiça de Deus de fé" (ou, sobre oprincípio da fé) "em fé, como está escrito:Mas o justo viverá da fé." (Rm 1.17) Nãose trata da justiça do homem, pois estenão tem nenhuma. E como poderia tê-lase é alguém culpado e sob o juízo? Emesmo que a tivesse, seria justiça dohomem e não de Deus.Veremos que a justiça de Deus está emdireto contraste com a justiça do homem.Ela nem poderia ser pela lei, pois Deusnão pode estar sujeito à lei. Foi Ele quemdeu a lei. Se o assunto fosse a "justiça deCristo", então seria uma outra verdade.Mas trata-se da justiça de Deus revelada,

no evangelho, sobre o princípio da fé, "defé em fé". Ela foi repetidamenteanunciada no Antigo Testamento, mas foiagora explicada, ou revelada. "E não háoutro Deus senão Eu; Deus Justo eSalvador não há fora de Mim. Olhai paraMim, e sereis salvos, vós, todos os termosda terra." "De Mim se dirá: Deveras noSenhor há justiça e força." (Is 45.21-24)"Em Teu nome se alegrará todo o dia, ena Tua justiça se exaltará." (Sl 89.16)Devemos ter em mente que a justiça deDeus é a primeira, e principal, questãotratada nesta epístola. Este é o assuntotratado em primeiro lugar; então vem oamor de Deus. Isto porque o amor deDeus não apaga a ira de Deus. A questãoda justiça é imediatamente levantada,"porque do céu se manifesta a ira de Deus

sobre toda a impiedade e injustiça doshomens, que detém a verdade em justiça".(Rm 1.18) Essa ira ainda não foiderramada, mas não se pode ter dúvidasquanto à ira que há, da parte de Deus,contra toda a impiedade dos homens --contra o pecado. Ela pode ser vista nodilúvio, na destruição de Sodoma e noSanto de Deus tendo sido feito pecadopor nós. Ela é também revelada no fatode que Ele virá em juízo, tomandovingança. O ímpio certamente serálançado no lago de fogo.E será que sou um pecador culpado? Seassim for, de que proveito me seria contarsó com o amor de Deus no dia da justaira contra toda a impiedade? Deve, assim,ficar evidente que a primeira grandequestão é a justiça de Deus em justificar o

pecador que nEle crê. Como é que Deuspode ser Justo em reputar um tamanhopecador como eu como justo diante dEle?Que tremenda questão!Esta questão da justiça de Deus é tratadanovamente no capítulo 3.21. Então, qual éo objetivo do Espírito nesta grandeporção das Escrituras, que vai do capítulo1.17 até o 3.21? Acaso não é,principalmente, descartar completamentetoda a pretensão de justiça no homem,esteja ele sem lei ou sob a lei? Isto é algoque precisa ser feito, pois não existe nadaa que o homem se apegue mais do que osesforços para estabelecer sua justiça-própria. Assim, cada alegação do homemé examinada.O eterno poder de Deus foi manifestadona Criação e, uma vez mais, no dilúvio.

Com certeza, Deus era conhecido de Noé,e também de seus descendentes. Estes,"tendo conhecido a Deus, não oglorificaram como Deus, nem lhe deramgraças". (Rm 1.21) Pelo contrário,mergulharam na idolatria. Apostataramde Deus, até que Deus os entregou, ouabandonou. Por três vezes isto é repetido:"Pelo que também Deus os entregou àsconcupiscências..." (Rm 1.24); "Pelo queDeus os abandonou às paixões infames..."(Rm 1.26); "Deus os entregou a umsentimento perverso..." (ou "pervertido")(Rm 1.28). Leia a terrível lista deimpiedades nas quais mergulhou todo omundo gentio. Onde é que havia justiçano homem? Abandonar é o ato judicial deDeus em juízo. Ele assim abandonou osgentios, e vemos em que se tornaram.

Sabemos também que quando os judeusrejeitaram completamente o testemunhodo Espírito Santo, Deus os abandonou,no presente momento, como povo. Esteserá também o fim da cristandadeprofessa, "porque não receberam o amorda verdade para se salvarem. E por issoDeus enviará a operação do erro, paraque creiam a mentira; para que sejamjulgados todos os que não creram averdade, antes tiveram prazer nainiquidade". (2 Ts 2.10) Portanto, o fatode Deus haver abandonado os gentios aosterríveis desejos de seus corações, provasua completa apostasia de Deus. E toda ahistória secular corrobora esta descriçãoinspirada da impiedade humana.Pode-se perguntar: Porventura nãoexistiram legisladores, reis e magistrados,

que tenham decretado leis contra aimpiedade e punido os crimes? "Os quais,conhecendo a justiça de Deus (que sãodignos de morte os que tais coisaspraticam), não somente as fazem, mastambém consentem aos que as fazem."(Rm 1.32) Assim, tanto então, comoagora, a maior impiedade é encontradanos legisladores ou chefes. Como provadisto basta lermos qualquer doshistoriadores da antiguidade. Se o homemé deixado a seu bel-prazer, quanto maiorfor o poder que tiver em suas mãos,maior será a sua maldade. Ésurpreendente vemos o grau de crueldadee horrível impiedade do paganismo. Talera o mundo ao qual Deus, emmisericórdia, enviou Seu Filho. A justiçaera algo que não podia ser encontrado no

mundo gentio. As multidões, como um sóhomem, corriam aos anfiteatros parasaciar seus olhos com a cruel impiedade.

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CAPÍTULO 2O INEVITÁVEL JUÍZO DE DEUS

A CONSCIÊNCIA deixa o homeminescusável. Há no homem um senso deresponsabilidade e, devido à queda, umconhecimento do bem e do mal. O fatode um homem julgar o outro é uma provadisto: "Porque te condenas a ti mesmonaquilo em que julgas a outro; pois tu,que julgas, fazes o mesmo". (Rm 2.1) Equão verdadeiro é isto, tanto acerca dejudeus e gentios, como de cristãos

professos! E o homem não pode enganara Deus. "E bem sabemos que o juízo deDeus é segundo a verdade sobre os quetais coisas fazem. E tu, ó homem, quejulgas os que fazem tais coisas, cuidasque, fazendo-as tu, escaparás ao juízo deDeus?" (Rm 2.2,3) Que questão solene!Podemos julgar e punir a outros por suasmás ações neste mundo, mas se formoscolocados, com todos os nossos pecados,diante do juízo -- e o juízo certamentevirá, e será "segundo a verdade" -- comopoderemos escapar? A punição do malem todas as nações prova que admitimosque o mal deva ser punido. Do mesmomodo, o justo governo de Deus exige quehaja um julgamento após a morte. Presteatenção nisto. Leitor: Será que você pensaser capaz de escapar do juízo de Deus?

"Ou desprezas tu as riquezas da Suabenignidade, e paciência e longanimidade,ignorando que a benignidade de Deus televa ao arrependimento?" (Rm 2.4)Quantos são os que estão agindo assim?No entanto, a maneira como oarrependimento é pregado tende a levaros homens a desprezarem e ignoraremcompletamente a maravilhosa graça deDeus. Muitos pregam o arrependimentocomo se fosse uma obra para a salvação,como se precedesse a fé nas riquezas dabondade de Deus. Mas é porconhecermos, e crermos na bondade deDeus em ter enviado Seu Filho amadopara morrer por nossos pecados, quesomos levados ao arrependimento. É istoque produz arrependimento em nós. Naverdade, é só pelo conhecimento das

profundezas às quais Ele teve que descerpara nos salvar, que podemos conhecer asprofundezas de nosso pecado e culpa.Desta forma, a bondade de Deus nos levaa uma completa mudança de atitude; a umcompleto juízo de nós mesmos, emprofunda aversão aos nossos pecados etotal confissão deles a Deus, produzindoem nós, ao mesmo tempo, uma completamudança de pensamento acerca de Deus.Assim, a diferença entre verdade e erro éesta: Não é nosso arrependimento quenos leva à bondade de Deus, ou a tornaválida para nós, mas é a bondade de Deusque nos leva ao arrependimento; queproduz arrependimento em nós. Oh,cuidado para não desprezar a graça deDeus e acabar entesourando "ira para tino dia da ira e da manifestação do juízo

de Deus". (Rm 2.5) Note bem que, ou é abondade de Deus agora, earrependimento aqui, ou então o justojuízo de Deus naquele dia reservado paraa ira.Alguns têm dificuldade para compreendero capítulo 2.6-29; outros distorceramestas afirmações como se ensinassem asalvação por obras. Se assim fosse, estariaem total contradição a todo o ensino daepístola. Então, o que é que aprendemosaqui? Primeiro, a justiça de Deus, emrecompensar tanto o judeu sob a lei,como o gentio sem lei. Isto é clara edistintamente afirmado. Então, emsegundo lugar, vem a pergunta: Acasoexiste qualquer judeu ou gentio queatenda a estes requisitos de Deus para quepossam ser, deste modo, recompensados?

Começamos, então, com a certeza de que,no dia da ira e revelação do justo juízo deDeus, Ele "recompensará cada umsegundo as suas obras; a saber: a vidaeterna aos que, com perseverança emfazer bem, procuram glória, e honra eincorrupção..." (Rm 2.6,7) Do mesmomodo, naquele dia, "tribulação e angústiasobre toda a alma do homem que obra omal..." (Rm 8.9) É esta, portanto, a basedo justo juízo no qual Deus irá agir: "Nodia em que Deus há de julgar os segredosdos homens por Jesus Cristo, segundo omeu evangelho". (Rm 2.16) A polícia saiàs ruas e prende os homens, levando-os ajulgamento por seus crimes públicos; masporventura não é igualmente verdade quea Morte sai pelas ruas como um policialde Deus, para levar homens que, após a

morte, terão julgados todas as coisas quefizeram em segredo? Poderá vocêenfrentar uma julgamento assim? Deusjulgará em justiça. "Tribulação e angústiasobre toda a alma do homem que obra omal." (Rm 2.9) E tudo revelado -- até ascoisas ocultas!É bom que se tenha isto em mente: Porocasião daquele justo juízo não haverácomo se escapar. Quando o homem édeixado à sua própria sorte, acabaafundando cada vez mais na prática domal. Como já vimos, todo o mundogentio afundou no mais grosseiro pecado.O que dizer, então, do judeu, o homemreligioso? Sim, o que dizer do homemreligioso; não seria ele superior em todosos aspectos? Ele repousa na lei, gloria-seem Deus -- no único Deus verdadeiro.

Ele conhece a vontade de Deus, éinstruído e é um instrutor: um confianteguia de cegos. Se ele conhece a vontadede Deus, e a faz; e tem a lei, e a guarda,será que isto não dará a ele ousadia no diado justo juízo? Mas, e se ele não foralguém que faça o bem, mas sim um quetransgride a lei, que vantagem terá emcomparação com o gentio que não temlei? Nenhuma; pelo contrário, suasituação é ainda pior. Então, como é queo judeu sob a lei pode se encontrar comDeus em juízo?Leitor, se for esta a sua posição -- umhomem religioso sob a lei, desejando comtoda a sinceridade guardá-la e, aindaassim, transgredindo-a; sabendo a vontadede Deus, e não a cumprindo -- como éque você poderá encontrar-se com Deus

em justo juízo e, não importa o quãoreligioso você tenha diante dos homens,ter todos os seus segredos expostos paraserem julgados? Acaso todos os seusesforços dão a você qualquer confiançapara olhar de cabeça erguida para aqueledia de inevitável juízo? Todavia, o judeutinha uma grande vantagem.

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CAPÍTULO 3DIAGNÓSTICO E ANTÍDOTO

O JUDEU possuía os oráculos de Deus,assim como você. Que imensa vantagem épossuir a própria Palavra inspirada deDeus! E os oráculos de Deus haviam sidoentregues a eles.

Vemos, no versículo 3, de que formanotável a fé é mais uma vez apresentada.A justiça de Deus sempre repousou sobreo princípio da fé. "Pois quê? Se algunsforam incrédulos, a sua incredulidadeaniquilará a fidelidade de Deus?" (Rm3.3) No entanto, o grosso da nação nãocreu, e até aqui nem a sua incredulidade,nem a sua injustiça mudaram a Deus --Ele permanece o mesmo; Ele continualeal aos imutáveis princípios de certo eerrado; de outro modo, como poderiajulgar o mundo? Ao deixar-se de lado alei como meio de se obter justiça, istopode ser distorcido, como alguns ofizeram e afirmaram que o apóstoloensinava que devemos praticar o mal paraque disto provenha o bem. Isto éenergicamente condenado; a justiça de

Deus permanece no julgamento de todosos que praticam o mal. O apóstolo apelaagora para as próprias Escrituras dosjudeus, e prova, a partir delas, que todoseram culpados: "Como está escrito: Nãohá um justo, nem um sequer" Não háninguém que entenda; não há ninguémque busque a Deus". (Rm 3.10,11)Não podemos ignorar o fato de que aspalavras do versículo 19 foram escritaspara aqueles que estavam sob da lei. Eque terrível descrição esta do homem soba lei! Toda boca é, assim, fechada, e todoo mundo é culpado diante de Deus. Sim,repare bem que não se trata daquilo que ohomem é diante de seus semelhantes, masdo que ele é diante de Deus. E se todosos que estão debaixo da lei, e todos osque não estão debaixo da lei, são

culpados, o que pode a lei fazer peloculpado? A própria perfeição da lei, comouma regra perfeita para o homem, podetão somente condenar o transgressor dalei. Se um comerciante usa uma balançaenganosa em sua loja, o que mais poderáfazer o teste de peso, executado pelasautoridades, senão condená-lo? O pesousado como padrão irá demonstrar oquão fora do padrão ele está; e se ele estáfora do padrão, o teste de peso nãopoderá demonstrar que sua balança éjusta. A lei não podia ir além disso,"porque pela lei vem o conhecimento dopecado". (Rm 3.20) Portanto, são todosculpados, evidentemente, "por issonenhuma carne será justificada diantedEle pelas obras da lei". (Rm 3.20)O homem é, assim, posto de lado, bem

como todos os seus esforços e pretensõesà justiça pelas obras da lei. "Mas agora semanifestou sem a lei a justiça de Deus,tendo o testemunho da lei e dosprofetas." (Rm 3.21) Trata-se de algocompletamente novo e distinto de tudo oque provém do homem. Não se trata dajustiça do homem, pois ele não a tem emqualquer medida. Que tremendo fato, queem todo este mundo não tenha sidoencontrado um só justo! Não, nemmesmo um. Trata-se da justiça de Deus,em sua totalidade e aparte da lei --daquilo que Deus é em Si mesmo, e doque Ele é para o homem. Deus nãopoderia ter sido justo em justificar ohomem por meio da lei, pois a lei podiatão somente condená-lo. O homem eraculpado. Certamente Deus sempre foi

justo em Seu proceder para com ohomem -- perfeitamente coerente comSua própria glória. Mas agora a justiça émanifestada aparte da lei, emboratestemunhada pela lei e pelos profetas. Éesta, portanto, a revelação, "isto é, ajustiça de Deus pela fé em Jesus Cristopara todos e sobre todos os que crêem;porque não há diferença, porque todospecaram e destituídos estão da glória deDeus". (Rm 3.22,23)Com que clareza a fé em Jesus Cristotoma agora o lugar da lei, e isto paratodos, tanto judeus como gentios!Portanto, a justiça de Deus diz respeitoao que Ele é em Si mesmo, e ao que Ele épara nós. E isto aparte da lei; pois não há,e nem poderia haver, uma lei oumandamento para Deus. Isso tudo

provém totalmente de Deus. Ele amou detal maneira a ponto de dar Seu Filhoamado para que, por meio de seusacrifício na cruz, pudesse sereternamente justo em nos justificar, ouem nos reputar por justos."Sendo justificados gratuitamente pelaSua graça." (Rm 3.24) Sim, reputados porjustos graciosamente, sem nada quepudesse provir de nós, exceto crermosnEle -- e até mesmo a fé é um dom deDeus: provém de Sua graça, Seu livrefavor. Mas como pode Deus ser justo emnos justificar gratuitamente por imerecidofavor, "pela redenção que há em CristoJesus"? (Rm 3.24) Não meramentejustificados de toda acusação de pecado,por mais bendito que isto possa ser; nãomeramente abrigados do juízo, como

Israel foi protegido, no Egito, pelosangue do Cordeiro; mas redimidos,totalmente libertos, pela redenção que háem Seu precioso sangue.Mas, dirá você, tudo isso é muito bendito,mas como saber se posso desfrutar disso?Como posso ficar assegurado de que issose aplica a mim? Bem, uma vez que Deusé justo em nos justificar gratuitamente,pela redenção que há em Cristo Jesus,vamos investigar que redenção é esta, ecomo você pode saber que ela veio, e seaplica, a você.O que é redenção? A emancipação, ouredenção, de todos os escravos deTrinidad-Tobago há alguns anos iráilustrar o que é redenção. Uma grandeimportância foi paga, proposta pelogoverno britânico, para a completa

redenção dos escravos. Eles foram, porassim dizer, redimidos para sempre --emancipados para sempre, libertados damiserável escravidão.Porém, quando a proclamação, ou as boasnovas de redenção chegaram emTrinidad-Tobago, como os escravospoderiam saber se elas se aplicavam aeles? Vamos supor que um velho escravo,com muitas cicatrizes dos açoites e dascorrentes, dissesse: -- Sim, não tenhodúvidas de que foram pagos milhões; nãotenho dúvidas de que a proclamação deredenção, emancipação, e liberdade parasempre é boa e gloriosa; mas como possosaber se ela se aplica a mim?O que você responderia? “Ora, você nãoé um escravo? Acaso essas cicatrizes nãosão prova disso? Acaso você não nasceu

escravo? Se você fosse um homem livre,certamente não se aplicaria a você, masuma vez que você é um escravo, ela devese aplicar, e se aplica, a você; aproclamação de redenção é feita paravocê. Ao crer na proclamação agoramesmo, você fica, em perfeita justiça, livrepara sempre.”Não é isto o que você lhe diria? Ah, senos colocássemos em nosso verdadeirolugar, e reconhecêssemos nossaverdadeira condição como escravos denascença, concebidos em pecado eformados em iniquidade, então toda adificuldade para compreender isto iria sedissipar tão logo enxergássemos que aredenção se aplica a nós. Será que você járeconheceu, ou, será que você reconheceque, por natureza, você nasceu escravo do

pecado, vendido ao pecado? Os pobresescravos de Trinidad-Tobago talvezpudessem fugir de seus senhores, masvocê já deve ter percebido que étotalmente incapaz de escapar do pecadoe de Satanás. Por acaso você já não temalguma feia cicatriz deixada pelo pecado?Se você pensa, mau como você é, queDeus irá ajudá-lo a guardar a lei, e que nofim você poderá ter alguma esperança dechegar no céu, é porque não reconhecesua necessidade de redenção.Se o governo britânico dispendeu umasoma tão grande, proposta peloParlamento, quanto maior não será ovalor do resgate que Deus determinou emSeus conselhos eternos? Será que Eledecidiu dar prata ou ouro por suaredenção? Não; Ele decidiu dar Seu Filho

amado. Sim, Ele é Aquele "ao qual Deuspropôs para propiciação pela fé no Seusangue". (Rm 3.25) Pobre e incapazescravo do pecado: Esta redenção é paravocê. Se é esta a sua condição, ela só podeser para você. Sim, o escravo que creu naproclamação estava livre a partir daquelemomento. O mesmo se dá com você.Deus garante isso aos milhares que lêemestas linhas.Querido jovem cristão, é da maiorimportância que compreenda isto: vocênão está apenas justificado gratuitamente(com todos os seus pecados perdoados eDeus não vendo mais iniquidade emvocê), mas você está também redimidopelo precioso sangue de Cristo. Sim,liberto daquela condição de escravidãopara todo o sempre. Se aquela grande

soma em ouro colocou os escravos emliberdade para sempre, porventura apropiciação infinita de Cristo não poderános libertar, nos redimir para sempre?Será que devemos nos permitir qualquersombra de dúvida? Não; Ele Se entregoupor nós -- tudo por gratuito e imerecidofavor. Não fizemos nada para nossaredenção; ela foi toda realizada antesmesmo que tivéssemos um desejo oupensamento sequer de redenção. E agoraescutamos as boas novas que são paranós, pobres escravos do pecado; cremos, eficamos livres para sempre.

Glória, Glória eternaSeja Àquele que suportou a cruz.

Mas devemos inquirir mais de como ajustiça de Deus é afetada em tudo isso."Ao qual Deus propôs para propiciaçãopela fé no Seu sangue, para demonstrar aSua justiça pela remissão dos pecadosdantes cometidos, sob a paciência deDeus; para demonstração da Sua justiçaneste tempo presente, para que Ele sejajusto e justificador daquele que tem fé emJesus." (Rm 3.25,26) Você irá notar queDeus apresentou a propiciação de Cristopara declarar duas coisas. Sua justiçaprecisava ser revelada nestas duas coisas:em deixar impunes, em indulgência, ospecados que são passados; e em poder serjusto, e o Justificador daquele que tem féem Jesus.Cabe aqui alertar nossos leitores de umsério erro que normalmente é cometido

com respeito à expressão "pecados dantescometidos", como se significasse ospecados que foram cometidos até nossaconversão a Deus; como se quizesse dizerque os pecados até nossa conversãoteriam sido perdoados, ou remidos, pelapropiciação de Cristo; e que Deus seria,por conseguinte, justo, pela morte deCristo, em perdoar dessa maneira ospecados cometidos <B>antes<D> daconversão. Este erro leva o crente àcompleta confusão quanto aos pecadosque possa vir a cometer depois daconversão; mais ainda, tal idéia deixa ocristão numa posição pior que a do judeu,pois este podia contar com outro dia deexpiação, que acontecia a cada ano.Porém, se o sacrifício propiciatório deCristo valeu somente para nossos

pecados, ou expiou nossos pecados, até odia de nossa conversão, então já não restaremédio para os pecados cometidosdepois da conversão. Pois "já não restamais sacrifício pelos pecados". (Hb 10.26)Quem poderia ser salvo com uma idéiatão finita do sacrifício propiciatório deCristo? O sacrifício único e infinito teveque valer para todos os pecados de umpecador finito, desde o primeiro até oúltimo.O que significa, então, esta passagem?Simplesmente isto: Deus passou por cima,em indulgência, dos pecados de todos oscrentes antes que Cristo morresse; eagora Ele é o Justificador de todosaqueles que crêem, reputando-os porjustos como se nunca houvessem pecado.Mas a grande questão era esta: Como

Deus poderia ser justo em fazer ambas ascoisas? Como poderia isto ser revelado,declarado, e explicado? Se não houvesseresposta a esta pergunta, como poderiaqualquer alma ter paz com Deus?Se todos eram culpados, como poderiaDeus ser Justo em passar por cima dospecados daqueles que creram, sejamjudeus ou gentios? E se todos provaramser culpados agora, se você foi provadocomo sendo culpado -- como pode Deusdeclarar a respeito de você, como fez arespeito de Israel no passado, que Ele nãoviu, e não vê, iniquidade em você?Certamente Ele não poderia ser justocom base em qualquer coisa que fosseencontrada em nós, ou praticada por nós,sob a lei ou aparte da lei. É aqui que oolhar da fé deve pousar unicamente no

sangue de Jesus -- "para propiciação pelafé no Seu sangue". (Rm 3.25) Isto por sisó explica e declara a justiça de Deus,tanto no que diz respeito aos pecados doscrentes do passado, como dos nossosagora.Lembremo-nos, sempre, de que, sobre opropiciatório, o sangue era colocadodiante dos olhos de Deus! "E tomará dosangue do novilho, e com o seu dedoespargirá sobre a face do propiciatório,para a banda do oriente; e perante opropiciatório espargirá sete vezes dosangue com o seu dedo." (Lv 16.14) Issotinha que ser feito vez após outra; osangue de um novilho tinha que serespargido diante de Deus naquelepropiciatório de ouro uma vez por ano. Etambém o sangue de outras vítimas

precisava ser derramado com frequência.O mesmo não se deu com o sangue deCristo; aquele sangue, uma vezderramado e espargido, não pode jamaisser derramado ou espargido novamente.Oh, minha alma, pense no que aquelesangue é para os seus pecados diante dosolhos de Deus! O sangue, espargido sobreo ouro, demonstra o que é o sangue deCristo, atendendo, defendendo,declarando a justiça de Deus. Sim, Ele foijusto em justificar Davi mil anos antes dosangue ter sido derramado; tão justoquanto Ele é agora em nos justificar mil eoitocentos anos após ter sidoderramado.* Era preciso que Jesussofresse por ambos.*O autor viveu no século 19. (N. do T.)Vemos assim o grande erro daqueles que

dizem que a justiça de Deus é aquela pelaqual Ele nos torna justos. Não; a justiçade Deus é aquela pela qual Ele próprio éjusto, em considerar a nós, pobrespecadores, justos. A diferença é imensa.Se a voz daquela que a si própria sedenomina "A Igreja" diz uma coisa, e aPalavra de Deus diz outra, em qual devocrer? Sem dúvida, na última."Ao qual Deus propôs para propiciaçãopela fé no Seu sangue, para demonstrar aSua justiça pela remissão dos pecadosdantes cometidos, sob a paciência deDeus; para demonstração da Sua justiçaneste tempo presente, para que Ele sejaJusto e Justificador daquele que tem féem Jesus." (Rm 3.25,26) Preste atenção acada sentença. Por acaso não é a justiça deDeus que Ele seja Justo? Você crê em

Jesus -- que Ele glorificou assim a Deuspor Seu sacrifício expiatório -- que agora,neste tempo, por meio daquela morte, Eleé, em justiça, capaz de justificar todoaquele que crê? É Deus, dessa forma,revelado Justo à sua alma em considerarvocê como justo?Portanto, já que a justiça é totalmente deDeus, através da redenção que há emCristo Jesus, "onde está a jactância"? (Rm3.27) Será que está nas obras quepraticamos? Não, um pensamento assimestá descartado. "Por qual lei? Das obras?Não; mas pela lei da fé." (Rm 3.27) Jávimos, pois, que a fé encontra a justiça emDeus. Não posso, portanto, me jactar deter sido, ou de ser, justo em mim mesmo,já que fomos provados como sendoculpados. Sabemos que isto é verdade, e,

se depender da lei ou das obras, sópodemos ser condenados. Não podehaver justificação baseada nisto, nãoimporta o quanto nos esforcemos emconsegui-la deste modo.Sendo assim, a justificação deve estarfundamentada em outra coisa."Concluímos pois que o homem éjustificado pela fé sem as obras da lei."(Rm 3.28) O que mais poderia a Escrituraconcluir uma vez que todos são culpados,e que a justificação não depende do quesomos para Deus, mas do que Ele é paranós revelado em Cristo? Não mistureestas duas coisas. Deixe que sua salvaçãoseja totalmente com base na fé -- naquiloque Deus é para você.Sermos justificado pela fé é o que Deus épara nós através de Cristo. As obras da lei

estão fundamentadas naquilo que nóssomos para Deus. Oh, graça sublime!Somos justificados por uma coisa (a fé),sem a participação da outra (a lei). E nistoa doutrina do "não há diferença" (Rm3.22) fica plenamente mantida. Trata-se damesma justiça de Deus para com todos,judeus ou gentios, sobre o princípio da fé,e por meio da fé.Aqueles que afirmam que ainda estamossob a lei a tornam nula, pois elaamaldiçoa os que se encontram sob ela, jáque não a guardam. Aqueles que estavamantes sob a lei precisaram ser redimidosde sua maldição pela morte de Jesus.Sendo assim, se as Escrituras nos colocamsob a lei novamente, então seria precisoque Jesus morresse outra vez para nosredimir da maldição da lei. (Veja Gálatas

3.10-13; 4.4,5.) "Anulamos, pois, a lei pelafé? De maneira nenhuma, antesestabelecemos a lei." (Rm 3.31) Jesusrevelado aos olhos da fé, levando amaldição da lei transgredida, no lugardaqueles que se encontravam sob ela -- seisto não estabelece as reivindicações da leide Deus, o que mais pode fazê-lo? Mas sefôssemos novamente colocados sob a leientão suas reivindicações teriam que sernovamente estabelecidas, ou ela seriatornada nula.

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CAPÍTULO 4O SUBSTITUTO PARA UMA RAÇA

DE PECADORES

DEVEMOS ter em mente que nãoestamos tratando aqui da justiça diantedos homens. Para tratarmos dissoteremos que nos voltar para a epístola deTiago. Ali encontramos a questão dajustificação de um ponto de vistacompletamente diferente. Um homemnão é justificado diante de seu próximopela fé, mas pelas obras, que provam agenuinidade de sua fé. (Veja Tiago 2.18-26.)Pode ser que agora alguém pergunte: Setoda a raça humana foi achada culpadadiante de Deus, judeus e gentios, sobreque princípio alguém poderia serjustificado? É claro que ninguém poderiater sido justificado sobre o princípio dalei, aquilo que condena o culpado, e doisdos mais marcantes casos são citados

como prova disso: ninguém menos doque Abraão, o próprio pai dos judeus; eDavi, o doce cantor de Israel. Um foijustificado quatrocentos e trinta anosantes da lei ter sido dada; o outro, cercade quinhentos anos depois, e isso quandomerecia sua maldição por uma terríveltransgressão.No que se refere a Abraão, se existissealguém que pudesse ser justificado porobras, certamente seria ele; e se fossediante dos homens, como está em Tiago,ele teria de que se gloriar, "mas nãodiante de Deus". (Rm 4.2) Trata-se aindada solene questão do homem diante deDeus. Bem, o que diz a Escritura acercadesse homem, antes que a lei tivesse sidodada a ele ou a qualquer um? "CreuAbraão a Deus, e isso lhe foi imputado

como justiça." (Rm 4.3) Esta é a respostada Escritura e o princípio sobre o qualum homem pode ser justificado sem asobras da lei. Abraão creu em Deus, e isso(sua fé) lhe foi imputado como, e nãopara, justiça.Uma grande parcela da compreensãodepende do verdadeiro significado dapalavra que é traduzida como "imputado"neste capítulo. No original, significa"reconhecido como tal", ou "estimadocomo tal". O significado não ésimplesmente o de "imputado" ou"colocado em conta" de uma pessoa; apalavra que tem este significado éencontrada somente duas vezes no NovoTestamento, em Romanos 5.13: "Mas opecado não é imputado, não havendolei". Não é colocado em conta da pessoa

como sendo uma transgressão da lei,quando nenhuma lei foi dada para quepudesse assim ser transgredida. Ela étraduzida melhor e mais corretamente emFilemon 18: "Se te fez algum dano, ou tedeve alguma coisa, põe isso à minhaconta", ou seja, impute isso a mim.Vamos dar uma ilustração das duaspalavras. Uma coisa é quando dizemosque determinada pessoa depositou umcerto valor na conta de outra; foicolocado na conta dela. Outra, quandoum nobre se casa com uma mulher pobre.Será ela considerada pobre depois disso?Ela não tem um centavo de si mesma,mas é considerada, ou reconhecida como,tão rica quanto seu marido; ela éjudicialmente reputada assim, oureconhecida assim. Abraão creu em Deus,

e isso foi reconhecido como justiça.Talvez isto possa ser visto confirmado emAbel. "Pela fé Abel ofereceu a Deusmaior sacrifício do que Caim, pelo qualalcançou testemunho de que era justo,dando Deus testemunho dos seus dons",etc. (Hb 11.4) Em ambos os casos oprincípio da fé é o mesmo. Abel creu emDeus, e trouxe o sacrifício. Abraão creuem Deus. Ambos foram consideradoscomo justos. E isto não sobre o princípiodas obras, não sobre o terreno do queAbraão ou Abel eram para Deus, masDeus imputou-lhes a fé como justiça."Mas aquele que não pratica, mas crênaquele que justifica o ímpio, a sua fé lheimputada como justiça." (Rm 4.5)Outro dia encontrei um homem idoso,com cabelos brancos como a neve, e

disse-lhe: “Você professou a Cristo, deum modo ou de outro, por muitos anos, emesmo assim não sabe se tem vida eterna;você não tem certeza se está justificado e,se morrer, não tem a certeza de que vaipartir para estar com Cristo.”Seu idoso semblante descaiu; elerespondeu-me: “Isto é totalmenteverdade.”Permita-me, então, que lhe diga a razãodisso. Você nunca chegou a ver o pontode partida de Deus. Você tem seesforçado por todos esses anos, de ummodo ou de outro, para ser piedoso,crendo que Deus justifica aquele que épiedoso. Você nunca chegou a crer queDeus justifica o ímpio, e é aí que está oponto de partida. A piedade virá depois."Mas aquele que não pratica, mas crê

naquele que justifica o ímpio, a sua fé lheé imputada como justiça." (Rm 4.5)“Eu nunca antes enxerguei a coisa assim”Disse-me o velho homem.Pergunto agora a você, leitor, algo bemsolene: Você já tinha visto isso antes, ecrido em Deus que justifica o ímpio?Talvez você tenha estado se esforçandohá muito tempo para ocupar o lugar deum homem piedoso diante de Deus pelasordenanças dos homens, e pelas assimchamadas boas obras, tentando por todosos meios falsificar esta passagem dasEscrituras. Sim, com frequência leva-setoda uma vida de fracasso para fazer umaalma chegar a este verdadeiro ponto departida de graça. Certamente deve serbaseado em algum princípio diferente dalei o fato de Deus poder justificar o

ímpio. Não àquele que pratica, mas aoque crê.Vamos ver agora a explanação inspirada,dada por Davi, a respeito deste assunto."Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deusimputa a justiça sem as obras, dizendo:Bem-aventurados aqueles cujas maldadessão perdoadas, e cujos pecados sãocobertos. Bem-aventurado o homem aquem o Senhor não imputa o pecado"(Rm 4.6-8); ou, "a quem o Senhor jamais imputará pecado". (Rm 4.8 -- AlmeidaVersão Atualizada) Não é que sejamconsiderados justos aqueles que nuncapecaram, pois todos pecaram; mas aquelescujos pecados são cobertos, cujasmaldades foram perdoadas. Nem se tratade somente os seus pecados passados

terem sido cobertos pela morte expiatóriade Cristo, mas temos esta declaraçãoadicional da infinita graça, e isto emperfeita justiça, que é: "O Senhor jamaisimputará pecado". Certamente isto émaravilhoso, e está, ao mesmo tempo, emperfeita harmonia com toda a Escritura.Tal é a eficácia daquele único sacrifício;tal é o valor do sangue de Jesus, que nospurifica de todo o pecado. Não há maisnecessidade de sacrifícios pelos pecados --mais nenhum; e Deus não se lembra dospecados, os quais foram removidos deuma vez para sempre. (Hebreus 10; 1 João1.7.)Assim, no que diz respeito a imputar aculpa, ou os pecados, aos justificados, elessão considerados justos, tão justos comose nunca tivessem pecado. No que diz

respeito à sua posição diante de Deus, opecado não é de modo algum imputadoao homem justificado; ele é, assim,verdadeira e continuamente bem-aventurado. Acaso um amor como esse,uma salvação eterna como essa, iria fazercom que aquele que dela desfruta ficassedescuidado e dissesse: Continuemos,então, no pecado para que a graça possaabundar? Vamos tratar disso maisadiante. Mas acaso não é exatamente estaa verdade revelada aqui? Eracompletamente impossível para Deus terjustificado o ímpio deste modo sobre oprincípio da lei; mas a propiciação, porintermédio do sangue do Filho eterno deDeus, explica a justiça de Deus em, dessaforma, não imputar os pecados àqueleque crê.

Pode-se ainda perguntar: Será que aquelapropiciação aplica-se ao futuro tantoquanto ao passado? É exatamente isto oque as Escrituras ensinam, e, por estranhoque possa parecer, o conhecimento distonos é dado para que não pequemos."Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo,para que não pequeis: e, se alguém pecar,temos um Advogado para com o Pai.Jesus Cristo, o Justo. E Ele é apropiciação pelos nossos pecados." (1 Jo2.1,2) E em outro lugar, falando acercados crentes: "(Cristo), levando Ele mesmoem Seu corpo os nossos pecados sobre omadeiro". (1 Pd 2.24) E mais uma vez:"Havendo feito por Si mesmo apurificação dos nossos pecados, assentou-Se à destra da majestade nas alturas". (Hb1.3) Oh, tremenda graça -- livre graça!

"Bem-aventurado o homem a quem oSenhor não imputa o pecado." (Rm 4.8)Ele não o fará -- não poderá fazê-lo -- nãopoderá, em justiça, nos imputar pecado.Veremos isto ainda mais amplamenteexplicado à medida que seguirmosadiante.Leitor: Você crê realmente em Deus? Sim,esta é a questão, enquanto lemos estaspáginas das riquezas de Sua graça, cremosem Deus? Lembre-se de que estamosainda só na porta de entrada do próprioevangelho de Deus. Acaso esta bem-aventurança vem somente sobre os queestavam debaixo da lei, isto é, oscircuncisos, ou sobre os incircuncisos?Bem, tratava-se de algo evidente, que osjudeus em Roma não poderiam negar,que a fé havia sido imputada como justiça

a Abraão quando ele era aindaincircunciso, bem antes da lei ter sidodada. Que argumento arrasador, portanto,de que tudo deve ser por graça e não pelalei! E note bem, ele recebeu o sinal dacircuncisão, um selo da justiça da fé quetinha quando era ainda incircunciso. Istoé, a circuncisão era uma marca de suaseparação para Deus: ele era a primeirapessoa, o pai dela; mas, note bem, acircuncisão nada tinha a ver com suajustificação -- ele foi considerado justoprimeiro, totalmente aparte de todas asobras ou da circuncisão. E não dá-se omesmo com todo crente? Sua separaçãopara Deus e uma vida santa são um sinalde que ele já foi considerado justoprimeiro, aparte da lei e das obras. PoisDeus o chama e o justifica enquanto

ímpio. Quer dizer, é ali que Deus começacom o homem. Será que foi assim que Elecomeçou com você, ou você estáprocurando ser justificado por obrasquando se tornar piedoso?Há agora outro princípio de grandeimportância que nos é apresentado. Apromessa depende claramente só deDeus, e esta foi dada a Abraão muitotempo antes da lei; portanto não poderiaser pela lei, mas pela justiça que vem dafé. O concerto do monte Sinai estava emdireto contraste com a promessa: ali abênção dependia da obediência dohomem, e ele fracassou totalmente emguardar o concerto. O homem podiafracassar sob o concerto, e assim perder odireito de qualquer reivindicação combase nas obras; e certamente ele fracassou.

Mas Deus não poderia fracassar, portantoa promessa continuou sendo fiel paratodo aquele que crê. "Portanto é pela fé,para que seja segundo a graça, a fim deque a promessa seja firme a toda aposteridade..." (Rm 4.16)Assim Abraão creu na promessa de Deus,porque Deus não poderia falhar. "E nãoduvidou da promessa de Deus porincredulidade, mas foi fortificado na fé,dando glória a Deus; e estando certíssimode que o que Ele tinha prometidotambém era poderoso para o fazer. Peloque isso lhe foi também imputado comojustiça." (Rm 4.20-22) Ele não atentoupara o seu próprio corpo. Agora, umaconfiança como essa em um concerto deobras teria sido confiança em si mesmo, oque não teria sido fé, mas presunção. Sua

fé tem a ilimitada confiança em Deussomente: na promessa de Deus. Portantoa fé foi imputada como justiça. Ele, opróprio Abraão, foi justificado pela fé,considerado justo diante de Deus. Isso foiescrito depois de Abraão, ou seja, paranós. Pois, por mais bendito que tenhasido para Abraão crer na promessa deDeus, há algo ainda mais bendito, paranós, "a quem será tomado em conta; osque cremos naquele que dos mortosressuscitou a Jesus nosso Senhor; o qualpor nossos pecados foi entregue, eressuscitou para nossa justificação". (Rm4.24,25) Abraão creu na promessa deDeus. Nós cremos nestes dois fatos deDeus: na promessa, e que ela se cumpriu.Somos assim considerados justos diantede Deus.

Mas talvez alguém possa perguntar: Nãohá ainda muitos que confiam a salvaçãode suas almas às promessas? Eu pergunto:O que você acharia de uma mulher quedescansasse na antiga promessa de seumarido como uma evidência de ser elahoje sua esposa? Isto não mostraria queela estaria ainda em dúvida se omatrimônio houvera sido realizado ou seseria válido; ou, pelo menos, que ela nãoestaria compreendendo o matrimônio? Enão acontece algo semelhante quandotentamos descansar nas promessas?Haverá necessariamente alguma dúvidaou falta de entendimento acerca dessesdois fatos já consumados diante de nós.Certamente há muitas promessaspreciosas sobre as quais fazemos bem emdescansar. Mas, o assunto que estamos

tratando já não é mais uma promessa! Ajustiça nos é imputada, crendo naqueleque ressuscitou a Jesus nosso Senhor deentre os mortos. Ela nos é imputada: nãoé uma promessa. Não, se somos crentes, ajustiça de Deus está sobre nós. Somosconsiderados justos. Isto porque aressurreição de nosso Senhor não é agoraum assunto de promessa. Deus járessuscitou Jesus de entre os mortos. Ese não o fez, então não há evangelho, enós continuamos em nossos pecados.(Leia 1 Coríntios 15.14-17.) Vamos agora prosseguir com muitaatenção. Deixe-nos antes apenas assinalarque ocorre uma mudança na linguagem.Já não se trata da morte de Cristo vistasob o aspecto do propiciatório, como nocapítulo 3.22-26. Ali, essa morte

glorificou primeiramente a Deus. Estandoo sangue diante dEle, Sua justiça émantida, estabelecida sobre o Seu trono,o propiciatório; e, por conseguinte, hámisericórdia disponível para todos semque isto venha a comprometer a justiça deDeus. Porém aqui, no capítulo 4.24,25,Cristo é o Substituto de Seu povo,cumprindo o papel do segundo bode daexpiação. Os pecados de Israel eramtransferidos para aquele bode --colocados sobre ele e levados embora. Éo que temos aqui. "O qual por nossospecados foi entregue." (Rm 4.25)Será que Ele foi entregue pelos pecadosdo mundo todo, como seu Substituto,para levá-los embora? Se assim fosse, ospecados todos teriam sido levadosembora, uma vez que Deus aceitou o

Substituto, o que é verdade por Deus Oter ressuscitado de entre os mortos.Todavia, isto seria ensinar o erro fatal daredenção universal. É por isso quedevemos cuidadosamente notar que estaspalavras estão distintamente limitadas aoscrentes. "Os que cremos." (Rm 4.24)Abraão creu em Deus, e isto foi imputadoa ele como justiça. Cremos em Deus, queEle "dos mortos ressuscitou a Jesusnosso Senhor; o qual por nossos pecadosfoi entregue, e ressuscitou para nossajustificação". (Rm 4.24,25) O capítuloseguinte também irá mostrar que istodeve estar limitado aos crentes. "Sendopois justificados pela fé, temos paz comDeus, por nosso Senhor Jesus Cristo."(Rm 5.1) Tentar aplicar estas palavras atodas as pessoas é procurar destruir o seu

efeito sobre todas elas, sendo o mesmoque ensinar falsamente que todos serãosalvos.Vamos então juntar os fatos por suaordem. Deus nos está falando aqui.Cremos nEle, que Ele ressuscitou Jesusde entre os mortos? Só isto não seriasuficiente, pois os demônios sabem queassim é, e há muitos inconversos que nãoduvidariam desse fato. Mas repare bem noque vem a seguir: "O qual por nossospecados foi entregue". (Rm 4.25) Se fossedito "nossas transgressões", então nãoincluiria os gentios, os quais não seencontravam sob a lei, porém esta é umapalavra que abrange todos os nossospecados -- daqueles sob a lei, como sendotransgressões, ou daqueles sem lei.Então, será que você crê realmente que

Jesus foi entregue nas mãos cruéis dehomens, sim, pregado numa cruz, e esteveali para receber, e recebeu, a ira de Deusdevida aos seus pecados, aos pecadospertencentes a você mesmo, leitor? Antesde ler outra linha, suplicamos a você queresponda a esta pergunta diante de Deus.Será que você pode olhar para trás e ver oSanto de Deus carregando os seuspecados, leitor, tão verdadeiramentecomo se não houvesse nenhuma outrapessoa além de você, cujos pecados Elelevou sobre a cruz? Oh, que cena vocêpode contemplar: o seu Substituto!E, se podemos nos expressar assim, Suamorte não só executou o infinitopagamento que a infinita justiça exigia,mas Ele "ressuscitou para nossajustificação". (Rm 4.25) Deus

demonstrou, assim, a sua aceitação peloresgate -- a morte de nosso Substituto;mas Ele não poderia, de maneiranenhuma, ter demonstrado de forma maisclara o eterno alívio de nosso fardo, doque ressuscitando o Substituto para nossajustificação. Oh, quão tremendo é! Ele foiressuscitado de entre os mortos para que,crendo em Deus, pudéssemos justamenteser considerados, reputados, por justosdiante dEle; tendo sido nossos pecadosverdadeiramente levados, para nunca maisserem imputados a nós, como se nuncativéssemos pecado -- justificados,considerados justos diante de Deus, e porDeus, nosso Pai.Temos, assim, mais do que uma promessa-- tudo é um fato consumado. Todos osnossos pecados -- pois eram todos

igualmente futuros então -- foram levadospor Jesus. "O qual por nossos pecados foientregue." (Rm 4.25) Deus O ressuscitoupara nossa justificação. Crendo em Deus,somos justificados, considerados justos.Note bem: "Ressuscitou para nossajustificação" não poderia nunca significarque ressuscitou porque fomosjustificados; um tal pensamento põe a fétotalmente de lado. Trata-se,evidentemente, de ter ressuscitado "para",com o objetivo de, com o propósito denossa justificação; isto é, quando, porgraça, cremos. "Sendo pois justificadospela fé" -- sendo considerados justossobre o princípio da fé -- "temos paz comDeus, por nosso Senhor Jesus Cristo."(Rm 5.1)Muitas almas estão angustiadas com a

dúvida acerca de estarem tendo o tipocerto de fé -- "justificados pela fé". Sesepararmos este versículo do final docapítulo anterior, acabaremos ocupadoscom a fé como sendo um assuntoabstrato; e acabaremos fazendo da fé algoque, de um modo ou de outro, mereça ajustificação, passando, então, a ser umaquestão de ficarmos examinando nossospróprios sentimentos. Alguém poderádizer: Mas não houve "muitos" que,"vendo os sinais que fazia, creram no Seunome. Mas o mesmo Jesus não confiavaneles, porque a todos conhecia"? (Jo 2.23)É verdade; mas em que foi que elescreram? Sem dúvida creram nele como oMessias, quando viram os milagres quefez. Mas tratava-se de algo bem diferentedaquilo que temos diante de nós aqui.

Bem, poderá você dizer, estou certo deque almejo ter paz com Deus, mas nãotenho certeza de tê-la conseguido. Comopode ser isso? Você me diz que, em parte,é porque eu fico perguntando a mimmesmo se tenho o tipo certo de fé, mas oque acontece na realidade é que meushorríveis pecados e iniquidades erguem-sediante de mim e me oprimem, até quequase chego a concluir que não tenhoparte alguma em Cristo. E minhaconsciência também confirma que assimé.Acaso não foi Jesus, o Santo, o Santo deDeus, entregue por essas mesmasiniquidades? Você crê que Deus Oressuscitou de entre os mortos -- Ele, "Oqual por nossos pecados foi entregue"?Trata-se de algo bem diferente de

milagres, não importa quão importanteseles sejam no seu devido lugar. Note bemque aqui trata-se de uma real substituição-- Cristo, o Substituto do Seu povo e docrente, entregue. Não podemos confundiristo com a propiciação, a qual não foiapenas por nós, mas por todo o mundo.Deus está glorificado acerca do pecado,portanto o perdão gratuito é pregado atoda criatura -- a todos os homens.Vamos usar de um tipo, ou figura, disto, aque esta própria passagem se refere.Depois que o sangue de um bode eraespargido sobre o propiciatório de ourodiante de Deus, demonstrando a justiçade Deus atendida pelo sangue de Jesussob as vistas de Deus -- "então fará chegaro bode vivo. E Aarão porá ambas as suasmãos sobre a cabeça do bode vivo, e

sobre ele confessará todas as iniquidadesdos filhos de Israel, e todas as suastransgressões, segundo todos os seuspecados: e os porá sobre a cabeça dobode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mãodum homem designado para isso. Assimaquele bode levará sobre si todas asiniquidades deles à terra solitária; eenviará o bode ao deserto". (Lv 16.21)Compare agora isto com outra passagem:"Mas Ele foi ferido pelas nossastransgressões, e moído pelas nossasiniquidades: o castigo que nos traz a pazestava sobre Ele, e pelas Suas pisadurasfomos sarados. Todos nós andamosdesgarrados como ovelhas; cada um sedesviava pelo seu caminho: mas o Senhorfez cair sobre Ele a iniquidade de nóstodos... Ele levou sobre Si o pecado de

muitos". (Is 53.5-12) As Escrituras nãoensinam que Ele tenha levado os pecadosde todos; mas, como Substituto, levou ospecados de muitos; e isto em contrastecom a perdição daqueles que O rejeitam,e devem, portanto, ser julgados. Sim, notebem o contraste. "E como aos homensestá ordenado morrerem uma vez, vindodepois disso o juízo, assim tambémCristo, oferecendo-Se uma vez, para tiraros pecados de muitos, aparecerá segundavez, sem pecado, aos que O esperam paraa salvação." (Hb 9.27,28)Portanto, fé não é crer no que sinto, ouno que creio. Você crê neste maravilhosofato, que Deus O ressuscitou de entre osmortos; a Ele que foi, como seuSubstituto, entregue por nossas ofensas?Esta é a primeira questão que diz respeito

a todas as suas iniquidades. Foram elastransferidas para Cristo; foram elascolocadas sobre Ele? Não apenas ospecados de um ano, como acontecia comIsrael no dia da expiação, mas todos osseus pecados e iniquidades tendo sidocolocados ali, antes mesmo que vocêtivesse nascido. Assumiu Ele a totalresponsabilidade por esses pecados, emconformidade com os justos requisitos deDeus? Terá Ele vindo, e sido entregue,exatamente para esse propósito? Terá sidopor estar suportando a ira de Deus contraos pecados que pertenciam a você, queEle clamou: "Deus meu, Deus meu, porque Me desamparaste"? (Mt 27.46) Oh,um amor tal que vai muito além daspalavras ou do pensamento! Terá Elefracassado? Não, absolutamente; escute

Suas palavras: "Está consumado". (Jo19.30) Sim, aquela obra que Ele veiocumprir está consumada. Deus estáglorificado. Nossas iniquidades foramcolocadas sobre Ele, transferidas para Ele,levadas por Ele; não apenas alguns denossos pecados, mas todas as nossasiniquidades foram postas sobre Ele. OSenhor Jeová as colocou sobre Ele. E estáconsumado. Oh, minha alma, ponderebem nisto -- "Está consumado!" Ele já feza sua paz com Deus por Seu própriosangue. E agora o que é que Ele diz avocê? "Paz seja convosco." (Jo 20.19) Seráque você diz: Oh, mas e os meushorríveis pecados? Ele responde queforam todos colocados sobre Ele; "pazseja convosco". Ele mostra Suas mãos eSeu lado. Mas, diz você, eu Te tenho

negado, Senhor, nas horas em que maisdeveria ter confessado a Ti. "Paz sejaconvosco."Será que agora que Deus já julgou emSeu Filho todos os nossos pecados, todasas nossas iniquidades, poderá, em justiça,julgá-las em nós novamente? Talvez vocêdiga: Em momento algum duvido queJesus morreu na cruz como meuSubstituto, e levou meus pecados sobreSeu próprio corpo no madeiro; todavia,ainda assim não tenho a bendita certezade estar justificado, e de ter paz comDeus; não sinto a alegria que deveriasentir. Será que esta passagem, ouqualquer outra, diz que estamosjustificados e que temos paz pelo quesentimos? Será que diz que devemosolhar para nossos sentimentos em busca

de evidência de que estamos justificados?Deus fez algo para dar à fé a certeza denossa justificação, e esse algo que Ele fezexatamente para esta finalidade, tem sidograndemente ignorado. Jesus não somentefoi entregue por nossas ofensas, maslemos que "ressuscitou para nossajustificação". (Rm 4.25) Sim, Deus Oressuscitou de entre os mortos, nãoporque estávamos justificados, mas parao expresso propósito de, uma vez crendonEle, pudéssemos ser justificados. Assim,se Cristo não ressuscitou, estamosenganados e continuamos em nossospecados. (1 Coríntios 15.17.) Mas Eleressuscitou; para a fé a questão toda estáresolvida.Acaso você diz: Mas será que não devoaceitar a expiação de meu Substituto?

Não, neste caso foi Deus Quem mostrouque já aceitou o único sacrifício pornossos pecados, ressuscitando Jesus deentre os mortos, e dando a Ele um lugaracima de todos os céus. E agora, no quediz respeito aos nossos pecados, queridoleitor, onde é que eles estão? Foramtransferidos para nosso Substituto. Bem,eles não poderiam estar sobre você esobre Ele ao mesmo tempo. Não. Ondeestão eles, então? Estarão eles sobreCristo? Não. Mas devem estar sobre Ele,se é que devem estar sobre alguém, já queEle tomou toda a responsabilidade delesdiante de Seu Deus. Mas não estão sobreEle. E portanto não podem tampoucoestar sobre você. Oh, que tremenda graça!Deus diz que nunca mais se lembrarádeles. E se lembrasse, teria que fazê-lo

como estando sobre Cristo, o que éimpossível. Cristo está claramente napresença de Deus na luz. Você, portanto,está justificado de todas as coisas -- e nãoespera estar. Será que poderia haver algoque desse mais certeza do que descansarnas próprias palavras de Deus? Acaso nãoentregou Ele o Seu Filho amadoexatamente com este objetivo, de quepudéssemos ter irrestrita paz com Ele? Eentão por que deveríamos duvidar dEle?

*****

CAPÍTULO 5A POSIÇÃO DO CRENTE EM

CRISTOLIGANDO, portanto, este versículo -- na

verdade, ligando os primeiros onzeversículos -- com o capítulo 4 que oprecede, temos três coisas que nos sãoasseguradas. Primeiramente, sendojustificados, considerados justos diante deDeus, temos, com respeito a todos osnossos pecados, paz com Deus, enquantoreconhecemos plenamente Sua santidadee justiça; e isso, não por meio de qualquercoisa que tenhamos feito, mas por nossoSenhor Jesus Cristo; a paz que éresultante do bendito conhecimento, pelafé, de que todos os nossos pecados foramlevados embora pelo sangue de Jesus, demodo que Deus não pode mais nosacusar de nenhuma culpa. Temos pazcom Deus, por nosso Senhor JesusCristo. Quanto ao passado, tudo estálimpo.

Então, em segundo lugar: "Pelo qualtambém temos entrada pela fé a estagraça, na qual estamos firmes". (Rm 5.2)Entramos, pela fé, no pleno edesimpedido favor de Deus. Esta graçainclui o favor gratuito revelado naredenção que temos, sendo justificadosgratuitamente. É este o nosso feliz lugar;é aí que estamos firmes. Que tremendapaz a que já temos! Desnecessário é dizerque isto não poderá ser desfrutado seestivermos andando descuidadamente, oupermitindo qualquer tipo de pecado emnossa vida.E, em terceiro lugar, no que diz respeitoao futuro, "nos gloriamos na esperança daglória de Deus". (Rm 5.2) Não esperamosser justificados, ou ter paz -- isto játemos -- mas esperamos, com regozijo,

pela glória de Deus. Porventura não é umgozo, para nossos corações, saber quelogo iremos estar no cenário onde tudo épara a glória de Deus; onde tudo éadequado a Ele; tudo puro por dentro epor fora? Sim, pureza sem pecado,adequada a Ele, quando Ele, que nosredimiu, vier e nos levar para Si mesmo.Poderia qualquer outra coisa trazersemelhante gozo ao nosso coração, alémdesta, que é estarmos com Ele e sermoscomo Ele é?"E não somente isto", (Rm 5.3) nãosomente o fato de termos a paz comDeus; o presente acesso ao gratuito favorde Deus, e o ardente almejo por Suaglória, mas isto nos capacita ainda atambém nos gloriarmos nas tribulaçõespresentes. "Sabendo que a tribulação

produz a paciência, e a paciência aexperiência, e a experiência a esperança. Ea esperança não traz confusão,porquanto o amor de Deus estáderramado em nossos corações peloEspírito Santo que nos foi dado."Devemos frisar que costuma-se cometerum erro muito comum com respeito aestes versículos. É comum que sejamlidos como se significassem exatamente ooposto daquilo que estão dizendo, comose precisássemos passar por umaexperiência assim para que o amor deDeus pudesse ser derramado em nossoscorações; é como se, caso orássemosbastante e fôssemos bem diligentes napaciência, experiência e esperança,pudéssemos esperar que o Espírito Santonos fosse dado. Não há palavras para

expressar o quão errada é tal idéia. OEspírito Santo nos é dado porque Jesusterminou a obra da redenção; e, estandoEle agora glorificado, somos selados peloEspírito, e o amor de Deus é derramadoem nossos corações. Sendo assim, suporque o Espírito Santo venha a ser dadopor causa de nossos esforços, nossaexperiência ou devoção própria, édesprezar a perfeita obra de Cristo. Noentanto, acontece justamente o contrário;toda essa bendita experiência vem porcausa do amor de Deus ser derramado emnossos corações pelo Espírito Santo quenos foi dado.Suponha que você fosse convidado parajantar com Sua Majestade, a Rainha, e queela dispenssasse a você toda a atenção egentileza possíveis; e que, ao invés de

você desfrutar daquela gentileza, passassea expressar, diante dos presentes, o desejosincero de ter uma rainha, e uma rainhaque lhe demonstrasse gentileza. O queela, ou qualquer outra pessoa, pensaria deuma tal conduta? Só pessoas cegas esurdas poderiam cometer um enganoassim. Não há dúvida de que aqueles queconhecessem melhor uma rainha assim,mais leais seriam; e aqueles que sabemque o amor de Deus é derramado em seuscorações pelo Espírito Santo que lhes édado, irão amar a Deus mais ainda, eterão essa bendita experiência por causadaquilo que já receberam dEle.O que dizer do que é espiritualmentecego e surdo que nada pode perceber doamor de Deus para conosco, ou de comoele é derramado em nossos corações, mas

que acaba transformando esta passagemem legalismo, pensando e dizendo queDeus nos amará enquanto nós Oamarmos? Que quanto mais amarmos aDeus, mais Ele nos amará?! Talpensamento encontra-se na raiz de umagrande parcela do vão esforço que é o debuscar santidade no homem. Muitosficariam surpresos se vissem isto colocadode forma nua e crua. O que você diria deter que se esforçar para tornar sua carnesanta a fim de que Deus pudesse amarvocê? E não é isto o que milhares depessoas estão tentando fazer? Será queisto não é repetir, na prática, o velhopensamento de que EU preciso ser santoa fim de que Deus me ame? Certamenteque a carne deve ser subjugada, mas nãopara que Deus me ame, e sim porque

Ele me ama. Vamos agora considerarcomo Ele nos tem amado, e em queestado nos encontrávamos quando Elenos amou."Porque Cristo, estando nós ainda fracos,morreu a seu tempo pelos ímpios." (Rm5.6) Será que nossos corações já serenderam a este fato? Nós não éramosapenas culpados, mas não tínhamosforças, éramos incapazes de melhorar.Enquanto estávamos exatamente nessacondição, nos foi demonstrado o amorinfinito: Cristo "morreu a seu tempopelos ímpios". Não existiam outros meiospossíveis para Deus justificar o ímpio,senão pelo Seu Filho morrendo peloímpio. Sim, é exatamente nisto que oamor de Deus vem resplandecer em nossofavor. "Mas Deus prova o Seu amor para

conosco, em que Cristo morreu por nós,sendo nós ainda pecadores." (Rm 5.8)Será que isto aconteceu sobre o princípiode que quanto mais amamos a Deus, maisEle nos amará? Poderá haver maiorexibição do Seu amor do que esta: "Cristomorreu por nós"? Impossível! Noentanto, isso aconteceu quando éramosainda pecadores.Oh, pare um pouco e medite no amor deDeus para conosco. Sim, não em umamor nosso para com Deus que pudesseexistir primeiro. Não que tenhamosamado a Deus, mas que Ele assim nosamou. Quanto mais isto tomar posse denossas almas, mais iremos amá-Lo.Será que você está dizendo que tudo issoé verdade com respeito ao passado, masque podemos fracassar no futuro, e então

Deus deixaria de nos amar? Não,absolutamente; será que após havermosconhecido o amor de Deus, seríamos porfim abandonados à eterna ira? Vamosouvir a resposta do Espírito Santo paraesta questão tão solene. Se Deusdispensou de tal modo o Seu amor paraconosco, a ponto de, quando aindaéramos pecadores, Cristo haver morridopor nós, "logo muito mais agora, sendojustificados pelo Seu sangue, seremos porEle salvos da ira". (Rm 5.9) Presteatenção: "sendo justificados pelo Seusangue" é algo que nunca muda; não setrata de termos sido justificados uma vezpelo Seu sangue, e precisarmos serjustificados novamente, mas, "sendojustificados" é algo que semprepermanece. Seu sangue é sempre o

mesmo diante de Deus, tendo feitoexpiação por todos os nossos pecados.Não há alteração. Portanto, não apenassomos, como "seremos por Ele salvos daira". Oh, infinita e preciosa graça!E há ainda mais: "Porque se nós, sendoinimigos, fomos reconciliados com Deuspela morte de Seu Filho, muito maisestando já reconciliados, seremos salvospela Sua vida". (Rm 5.10) Oh, quantocuidado tem nosso Pai em nos convencerde Seu eterno e imutável amor! Pense sónisto: toda a obra expiatória para nosreconciliar com Deus foi feita pela mortede Seu Filho. Deus foi glorificado; nossospecados, todos os nossos pecados, foramtransferidos para Cristo, e levados porEle, quando éramos ainda inimigos! Eagora somos justificados de todas as

coisas, redimidos para Deus, feitos filhosSeus. Aquele que nos reconciliou por Suamorte vive para servir, para lavar nossospés, para salvar-nos até o fim, por Seusacerdócio e mediação, se porventurafalharmos. "Muito mais, estando járeconciliados, seremos salvos pela Suavida." (Rm 5.10) Esta certeza quanto aofuturo remove agora qualquerimpedimento para o pleno gozo docoração em Deus. Não apenas temos estacerteza de sermos salvos até o fim porSua vida, "mas também nos gloriamos emDeus por nosso Senhor Jesus Cristo, peloqual agora alcançamos a reconciliação".(Rm 5.11)Isto encerra toda a questão quanto aosnossos pecados. Deus é absolutamentejusto no modo como tirou nossos

pecados pela morte de Seu Filho. Elesforam colocados sobre o Substitutoexpiatório, em infinito amor paraconosco, quando éramos ainda inimigos,sem força nenhuma. Aquele que um dialevou os pecados sobre Seu própriocorpo está ressuscitado de entre osmortos para nossa justificação. Estamosjustificados, e temos paz com Deus. Oamor de Deus é derramado em nossoscorações pelo Espírito Santo que nos foidado. O amor de Deus e a justiça deDeus estão plenamente reveladas edemonstradas em reconciliar-nos a Simesmo pela morte de Seu Filho. Nossalibertação futura e salvação prática detoda ira é algo absolutamente certo. Noque concerne ao pecado, recebemos emnossas almas o pleno efeito de tudo isso.

E, oh, maravilhoso privilégio! no que dizrespeito a todos os nossos pecados, nosgloriamos sem detença em Deus! Asalvação provém inteiramente de Deus, enós O conhecemos ao ponto de nosgloriarmos em Deus, nos regozijarmosnEle em tudo o que Ele é.Nem precisamos dizer que algo assimjamais poderia existir por intermédio dalei. Mesmo que a lei pudesse nos terjustificado dos pecados passados -- o queera impossível -- quem é que poderiapermanecer sobre sua própriaresponsabilidade quanto ao futuro, e segloriar em Deus, regozijar-se nEle?Ninguém; portanto tudo só pôde ser pormeio de nosso Senhor Jesus Cristo, doprincípio ao fim. Cuidemos para nãodeixar passar esta graça tão perfeita, ao

permitirmos uma mínima confiança queseja na carne. É Cristo no futuro, assimcomo foi Cristo no passado.Por conseguinte, o versículo 11 encerra aquestão dos pecados. A questão dopecado nos será apresentada agora, se oSenhor assim desejar. Que o EspíritoSanto possa aprofundar em nossas almaso senso da infinita graça de nosso Deus, afim de podermos nos regozijarcontinuamente nEle.Chegamos agora à questão do pecado,ou das duas cabeças das duas famílias:uma cabeça, Adão, pelo qual o pecadoentrou no mundo; e a outra cabeça,Cristo, pelo qual a graça abundou sobre opecado.Muitas almas encontram-seprofundamente angustiadas ao

descobrirem que, apesar de crerem queseus pecados estão para sempreperdoados, ainda encontram sua raiz, opecado, na carne. Boa parte dessaconfusão acontece por não se observarcuidadosamente a diferença entre ospecados e o pecado, como aparece nestaepístola. Como já vimos, o versículo 11encerra a questão dos pecados. Oversículo 12 traz à tona a questão dopecado. "Pelo que, como por um homementrou o pecado no mundo, e pelopecado a morte, assim também a mortepassou a todos os homens por isso quetodos pecaram." (Rm 5.12) Há, assim,duas provas da origem do mal: o pecadoentrou no mundo por um homem; e, detoda a raça humana, todos pecam, e todosmorrem. Quão absoluta a consistência

que há na Palavra de Deus, e istoacompanhada de fatos! E é algo que temsido constatado como verdadeiro, sejacom o homem colocado tanto sob a lei,como sem lei.Depois de haver entrado o pecado, e ohomem ter caído, passaram-se ainda doismil e quinhentos anos antes que fossedada a lei. "Porque até à lei estava opecado no mundo, mas o pecado não éimputado (ou, "colocado em conta"), nãohavendo lei. No entanto a morte reinoudesde Adão até Moisés, até sobre aquelesque não pecaram à semelhança datransgressão de Adão, o qual é a figuradAquele que havia de vir." (Rm 5.13,14)Isto é, eles não tinham transgredido umadeterminada lei; todavia mesmo assimhavia morte, a prova de que o pecado

estava ali. Portanto, o pecado e a morteentraram no mundo por meio de suacabeça, Adão. Assim, a morte não émeramente a penalidade por uma leitransgredida; mas, havendo o pecado umavez entrado, a morte é o seu resultado;ou, como está expressado na Palavra, "osalário do pecado é a morte". (Rm 6.23)Agora, em contraste com aquilo queentrou pelo pecado da criatura, a primeiracabeça -- pecado e morte -- aprouve aDeus nos revelar aquilo que entrou pormeio de uma nova raça, por intermédiodo dom, ou dádiva, de Seu próprio Filho-- justiça e vida. Somente o infinito dom<B>deve<D> prevalecer sobre aquiloque é finito e medonho como foi oresultado do pecado da criatura. Deusnão poderia, em Seu gratuito favor para

conosco, conceder-nos uma dádiva, oudom, que estivesse aquém de nossasnecessidades. Daí vem o cuidado doEspírito Santo em nos mostrar como essedom de gratuito favor abundou sobre opecado, a raiz do mal e da morte queentrou por meio de Adão."Mas não é assim o dom gratuito como aofensa. Porque, se pela ofensa de ummorreram muitos, muito mais a graça deDeus e o dom pela graça, que é dum sóHomem, Jesus Cristo, abundou sobremuitos." (Rm 5.15) Sem dúvida, o efeitoda ofensa do pecado de Adão sobre os"muitos", mesmo sobre sua posteridade, éalgo grande e terrível; e todos nóspertencemos a esses "muitos". A mortepassou a todos os homens. No entanto, sepassamos da morte para a vida na

ressurreta Cabeça da nova criação,devemos agora ver como a graça de Deus,e o dom, pela graça, por meio de Um --Jesus Cristo -- abundou sobre os"muitos" que estão nEle."E não foi assim o dom como a ofensa,por um só que pecou. Porque o juízoveio de uma só ofensa, na verdade, paracondenação, mas o dom gratuito veio demuitas ofensas para justificação." (Rm5.16) Em Adão vemos um pecado, e asconsequências que brotaram dele emjuízo. Olhe agora para o dom gratuito.Veja Jesus, nosso Substituto: todas asnossas iniquidades foram levadas a cairsobre Ele, e isto exatamente com opropósito de podermos, pela fé, serjustificados de todas elas. E, mais ainda,não apenas justificados de todas as nossas

iniquidades pelo Seu sangue, mas Ele,havendo morrido por nossas ofensas,ressuscitou para nossa justificação.Vamos meditar agora sobre este imensofato -- a ressurreição de Jesus de entre osmortos -- e esta com o expresso propósitode nossa justificação -- de nossa plena eabundante justificação. Quando Jesus foiressuscitado de entre os mortos,incorporou a Si próprio aquela vida santaque Ele tinha e que Ele era. Ele podiaassumi-la em perfeita justiça, havendoglorificado a Deus; e tendo redimido os"muitos", em conformidade com aquelaglória, Ele podia agora comunicar a eles --a nós -- aquela mesma e eterna vida, umavida justificada, em justiça, imutável esempiterna. Será muito bendito sepudermos compreender esta justificação

de vida, que reina e prevalece, emboraadmitindo plenamente que nossa vida,como filhos de Adão, foi colocada delado."Porque, se pela ofensa de um só, a mortereinou por esse, muito mais os querecebem a abundância da graça, e do domda justiça, reinarão em vida por um só --Jesus Cristo." (Rm 5.17) Aqui fecha oparêntese do versículo 13. Será que algumde nós pode negar que a morte reina, pormeio do pecado, sobre a raça de Adão?Qual médico é capaz de deter o reino damorte? No entanto, Jesus diz acerca dos"muitos" que são Seus: "E dou-lhes a vidaeterna, e nunca hão de perecer, e ninguémas arrebatará da minha mão". (Jo 10.28) Amorte definitivamente não tem nenhumdireito sobre aqueles que recebem a

abundância da graça e do dom de justiça.Eles reinam em vida por meio de Um --Jesus Cristo. Nada pode deter a suacorrente; ninguém pode tirá-los da Suamão."Pois assim como por uma só ofensa veioo juízo sobre todos os homens paracondenação, assim também por um só atode justiça veio a graça sobre todos oshomens para justificação de vida." (Rm5.18) Isto é, o efeito dos dois atos para osdois "muitos" do versículo 19 -- o pecadode Adão, e a obediência de Cristo até àmorte -- as duas famílias. "Porque, comopela desobediência de um só homem,muitos foram feitos pecadores, assim pelaobediência de um muitos serão feitosjustos." (Rm 5.19) É, contudo, da maiorimportância vermos que esta justificação

de vida está ligada à Sua ressurreição deentre os mortos, sendo um resultado dela.Não está escrito que Ele tenha guardadoa lei para nossa justificação, mas queDeus O ressuscitou de entre os mortosexatamente com este propósito -- paranossa justificação. Não é, e nem poderiaser, a justificação de nossa vida na carnesob a lei; isto não poderia ser de maneiranenhuma. A carne foi julgada e posta delado. A vida que temos agora diante deDeus é a vida dAquele que passou pelamorte por nós; e tudo aquilo que as justasexigências de Deus tinham contra nós foiplenamente satisfeito pela morte de nossoSubstituto. Cristo é nossa vida. Poderáhaver acusação contra Ele, que éjustamente o nosso Substituto? Temos,então, por graça abundante, uma vida

contra a qual não há, e nem pode haver,qualquer acusação -- portanto, uma vidajustificada.Se estamos em Adão, ou na carne sob alei, nada pode justificar a nós ou a essavida pecaminosa. A ela aplica-se o juízo ea morte. Se estamos em Cristo, temosuma vida que prevalece, uma vidacompletamente justificada, que nada podecondenar. Quanto aos nossos pecados,somos considerados justos -- a fé éimputada como justiça, e, sendojustificados, temos paz com Deus.Quanto àquilo que herdamos de Adão --nossa posição, vida e naturezapecaminosa -- não estamos mais nisso,mas em Cristo ressuscitado de entre osmortos; e a vida eterna que temos nEle éuma vida justificada -- e se é nEle, quão

completamente justificada ela é! É damáxima importância abraçarmos logoisto; completamente justificados denossos pecados por Ele; e, como na novacriação, completamente justificados nEleque está ressuscitado de entre os mortos.Em ambos os casos tudo vem de Deus,em Jesus Cristo e por meio de JesusCristo.Querido crente, você reconhece que nãose encontra mais em Adão e nem ligadoàs coisas que pertencem a ele? O pontode grande importância que você deveenxergar é este: "Assim que, se alguémestá em Cristo, nova criatura é: as coisasvelhas já passaram; eis que tudo se feznovo". (2 Co 5.17) Que triste erro vocêestaria cometendo se voltasse, ou seapegasse às coisas velhas -- à lei e à velha

natureza -- e viesse a supor que pudesseexistir algo capaz de melhorar a velhanatureza, ou de justificá-lo estando sob alei, coisas essas já passadas! Entenda quesua justiça e sua vida são agoracompletamente novas, e que tudo provémde Deus. E o que provém de Deus devenecessariamente ser perfeito. Assim,estamos perfeita e eternamentejustificados no Cristo ressuscitado.Oh, que favor gratuito e maravilhoso estede Deus! Talvez você pergunte: Entãopor que a lei foi dada, se o homem nãopode ser justificado por ela, ou se ela nãopode conceder uma vida justificada?"Veio, porém, a lei para que a ofensaabundasse." (Rm 5.20) Pode ter sido istoo que aconteceu com você em suaexperiência passada. A lei pode ter atuado

em você com poder destruidor, e quantomais você se esforçou em guardá-la, maisa ofensa abundou. Quanto você deve terse esforçado para tornar sua carne santa!E quanto mais se esforçou, maisfracassou. "Mas, onde o pecado abundou,superabundou a graça." (Rm 5.20) Vocêcrê em Deus acerca disto? Você podeagora mesmo parar com suas obras edescansar no irrestrito e gratuito favor deDeus? "Para que, assim como o pecadoreinou na morte, também a graçareinasse" -- sim, e esta "pela justiça para avida eterna, por Jesus Cristo nossoSenhor." (Rm 5.21) Não foi somente agraça que reinou -- isto teria sidoindiferença para com o pecado; tampoucofoi só a justiça que reinou, pois então opecador deveria ter sido condenado; mas

a graça pela justiça. Sim, ela reina, e reinaabsoluta para vida eterna.Porém, se somos constituídos justos porCristo e em Cristo, totalmente aparte dequaisquer obras que pratiquemos, tendoos pecados perdoados, e o pecado nãoimputado a nós -- surge então umaquestão quanto à justiça prática --devemos nós continuar na prática dopecado? Os inimigos da graça de Deussempre levantam esta questão, ou acolocam como uma acusação de queaqueles que aceitam as doutrinas da graçasoberana de Deus, insinuam poder viverno pecado para que a graça abunde. Estaé uma acusação tão comum em nossosdias como era a que, naqueles dias, osfariseus lançavam contra o apóstolo. Nopróximo capítulo temos a resposta

inspirada a essa calúnia tão usual. Masdescanse assegurado de que nada menosdo que a abundante graça pode dardescanso à alma.

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CAPÍTULO 6VIDA DE SANTIDADE

ESTA É, portanto, a questão: se a graçaabundou sobre os pecados e sobre opecado -- sobre todas as iniquidades quecometemos, e sobre o pecado queherdamos, e onde o pecado abundou, agraça superabundou -- seria, então,verdade que a graça abundante poderianos levar a continuar na prática dopecado? Desde os dias de Paulo até hoje

os que rejeitam o evangelho têm semprefalado ser assim. Se você estácompletamente justificado, não por suaspróprias obras, mas pela sempiterna eimutável justiça de Deus em Jesus Cristonosso Senhor ressuscitado de entre osmortos, e não só por meio dessa justiça,mas também nessa justiça -- então istoimplica que você admite que pode serdescuidado até ao ponto de praticarpecado!Vamos ver o que o Espírito Santo, pormeio do apóstolo, diz acerca disso: "Quediremos pois? Permaneceremos nopecado, para que a graça abunde?" Longede nós tal pensamento; "De modonenhum. Nós, que estamos mortos para opecado, como viveremos ainda nele?"(Rm 6.1,2) Portanto, aqui está este

princípio -- o princípio da libertação dopecado através da morte -- que é tãoridicularizado. Jamais encontraremosoutra libertação do pecado na Palavra deDeus. Durante séculos, muitas almassinceras buscaram libertação por meio dejejuns e reclusão em mosteiros. Muitasalmas sinceras a buscam agora por meiode esforços em busca de uma falsaperfeição da carne. Mas aqui está a plenaverdade de Deus -- libertação do pecadoatravés da morte.Note bem isto: não se trata da mortefutura de nossos corpos, se viermos amorrer, mas trata-se, isto sim, de "Nós,que estamos mortos para o pecado,como viveremos ainda nele?" (Rm 6.2) Oque é que isto significa, "nós, que estamosmortos para o pecado"? Será que você

responderá que são aqueles que atingirama perfeição? Acaso existe aqui algumpensamento desse tipo? De maneiranenhuma. Para mostrar com quesegurança isto se aplica a todos oscristãos, o apóstolo diz: "Ou não sabeisque todos quantos fomos batizados emJesus Cristo fomos batizados na Suamorte? De sorte que fomos sepultadoscom Ele pelo batismo na morte; para que,como Cristo ressuscitou dos mortos, pelaglória do Pai, assim andemos nós tambémem novidade de vida". (Rm 6.3,4) Ele écuidadoso em demonstrar que esteprincípio de libertação do pecado pormeio da morte se aplica a todos os queforam verdadeiramente batizados namorte de Cristo. Nada poderia ser maisclaro, e, no entanto, nada é menos

conhecido. No entanto é algo que deveriaser bem entendido, pois o apóstolo diz:"Não sabeis?"Você entende, leitor, esta grande verdadeprática da libertação do pecado? Será quevocê diz, como se expressou umconhecido professor há alguns dias, que"somos todos pecadores e inadequadospara o céu; devemos, portanto, procurarde todos os modos melhorar nossanatureza pecaminosa; mas temo que,neste mundo, ela nunca estará preparadapara o céu"? Preparada para o céu!Poderia um cadáver estar preparado parao céu? Ele está morto, e é por demaisrepugnante, tanto para o céu quanto paraa terra. Deve ser sepultado. E será quevocê o sepulta para torná-lo, de uma sóvez ou aos poucos, algo perfeito? Não

passa de uma massa de corrupção; não hávida nele, nem sequer uma partícula, enem pode haver até que seja revelado opoder de Deus em ressurreição.E acaso não é isto o que acontece comtodo o nosso ser moral? Nosso vizinho,por mais sincero que seja, está gastandosua vida buscando se aperfeiçoar --aperfeiçoar sua carne, por meio desacramentos e rituais, mas teme quenunca será capaz de fazê-lo ao ponto dedeixá-la preparada para o céu. Quecegueira é esta para alguém que poderiaaprender até mesmo de seu própriobatismo. O que acontece de fato é quenão cremos em Deus; não cremos que, emnossa carne como filhos de Adão, sejamostão maus, tão vis, tão repugnantes, tãodesagradáveis, tão mortos a tudo o que é

bom, como o próprio Deus afirma quesomos. Será que você já chegou a dizer:Só estou preparado para ser sepultado;ser colocado fora de cena. Sim, enterre-me, sepulte-me bem longe. Não estoupreparado para céu e nem para a terra.Oh, sepulte-me longe, fora da vista deDeus e fora de minha própria vista? Eisaqui água, disse o eunuco, o que impede?Marque bem, então, que a libertação dopecado não é a melhoria do próprio eu,ou da natureza má -- a carne, mas "fomossepultados com Ele pelo batismo damorte". (Rm 6.4) Não somos batizadospara a obra do Espírito em nós, mas paraa morte do Senhor, que morreu por nós eressuscitou. A morte, então, que livra dopecado não é uma morte para o pecadoque nós consigamos operar em nós, mas a

morte de Cristo na cruz, e nossaidentificação com ela -- "sepultados comEle". E se você prestar atenção, verá quenão existe nenhum pensamento acerca debatismo comunicando vida. O batismo éna morte, ou para a morte, e a vida noCristo ressuscitado está além dela. PoisCristo não somente morreu, e ficoumorto, mas Ele "ressuscitou dos mortos,pela glória do Pai". (dRm 6.4) Quãogloriosa é a nova criação! Cristo, oprincípio dessa nova criação, ressuscitadode entre os mortos pela glória do Pai."Assim andemos nós também emnovidade de vida". (Rm 6.4) Não só ascoisas velhas já passaram, e tudo se feznovo, como também estamos agora nanova criação pela glória do Pai. "Porque,se fomos plantados juntamente com Ele

na semelhança da Sua morte, também oseremos na da Sua ressurreição." (Rm 6.5)O aspecto da ressurreição que há nesteassunto nos é apresentado de forma maiscompleta em Colossenses 2. Mas deixe-nos apenas notar aqui que o batismo namorte é o ponto principal que demonstraaquilo que todos os cristãos deveriamsaber -- a verdade da libertação por meioda morte."Sabendo isto, que o nosso homem velhofoi com Ele crucificado, para que o corpodo pecado seja desfeito, para que nãosirvamos mais ao pecado. Porque aqueleque está morto está justificado dopecado." (Rm 6.6) A questão agora é aseguinte: Será que é quando o crenteatinge a, assim chamada, perfeição, paraque a velha natureza deixe de existir, que

o velho homem está crucificado; ou seráque o que realmente acontece é que tudotransforma-se em algo bom? O texto nãotraz nenhuma idéia de que isso seja umestado peculiar a alguns cristãos, emdetrimento de outros. Trata-se da própriaverdade de nossa posição cristã,conhecermos que nosso velho homem foicrucificado. Quando? Quando sentimosisso? Não é este o pensamento aqui, masdiz que "foi crucificado com Ele". Isto,com certeza, ocorreu na cruz. Ele nãosomente levou os nossos pecados sobre acruz, em infinito amor, mas tambémnosso velho homem foi alicompletamente julgado.Certamente isso é algo ótimo deexperimentarmos, quando ficamos assimidentificados com esse Jesus crucificado,

do que o batismo é uma figura. Estamosnós assim identificados com a morte deJesus? Não identificados com a melhoriaou restauração de nossa velha natureza,mas será que podemos olhar para trás,para a cruz, e dizer: Ali eu fui crucificadocom Cristo? Tudo aquilo em que eupoderia confiar precisou ser crucificado.Com toda a certeza foi assim queaconteceu, para que o corpo de pecadopudesse se destruído, tornado incapaz;pois um homem morto é totalmenteincapaz, caso contrário não estaria morto.Vimos como Deus justifica o Seu povode seus pecados pelo sangue de Jesus.Agora vemos como Ele os justifica dopecado, a raiz, ou a natureza. "Porqueaquele que está morto está justificado dopecado." (Rm 6.7) Os pecados estão

perdoados, e agora o pecado não pode serimputado àquele que está morto; ele estájustificado do pecado. Mas não existiriapoder para uma vida santa no simplesfato de se estar morto para o pecado.Vamos ver o que é o verdadeiro poderquando chegarmos a Romanos 8.2, masagora devemos apenas notarcuidadosamente que estamos tãoverdadeiramente identificados com Cristoressuscitado, ou até mais, quanto com Elena morte."Ora, se já morremos com Cristo, cremosque também com Ele viveremos." (Rm6.8) Uma coisa segue a outra. E assim épara sempre. "Sabendo que, havendoCristo ressuscitado dos mortos, já nãomorre: a morte não mais terá domíniosobre Ele. Pois, quanto a ter morrido, de

uma vez morreu para o pecado, mas,quanto a viver, vive para Deus." (Rm6.9,10) Cristo nada mais tem a ver com opecado, e nem o pecado com Ele; Eleesteve aqui uma vez e levou toda amaldição do pecado; Ele foi feito pecado,ou oferta pelo pecado. Que pecado? OdEle? Ele não tinha nenhum. O pecado, onosso pecado, nada mais tem a ver comEle, nem Ele com o pecado. Foi tudotirado da vista de Deus. Aquele que umdia ficou sob o peso do pecado, que foiaté à morte, vive agora para Deus. Oh,que verdade preciosa; como sustenta aalma! E o pecado nada mais tem a vercom Ele, e nem conosco. De uma vez portodas estamos identificados com Ele namorte -- sim, mais do que identificados,vivos nEle para todo o sempre. Oh,

minha alma, acaso você não crê em Deus?"Assim também vós considerai-vos comomortos para o pecado, mas vivos paraDeus em Cristo Jesus nosso Senhor."(Rm 6.11) Será que isto quer dizer que avelha natureza, ou o pecado, estáerradicada, morta? Será que ela não existemais no crente? Não há um talpensamento aqui. Se assim fosse, seestivesse realmente morta, nãoprecisaríamos considerá-la morta. Você jáouviu falar de algum cadáver sendoconsiderado morto? Estamos tãoidentificados com Cristo que Deus desejaque nos consideremos mortos com Ele, evivos nEle. Ele deseja que tratemos avelha natureza como se estivéssemosmortos para o pecado, e vivos no Cristoressuscitado de entre os mortos; só que,

como já vimos, este último vem sempreantes do primeiro. Pois se alguém está emCristo, nova criatura é, em Cristo Jesusnosso Senhor. Temos paz com Deus, noque diz respeito aos nossos pecados, pormeio da obra de nosso Senhor JesusCristo. Mas Deus, que ressuscitou nossoSenhor Jesus Cristo, também nosressuscitou nEle, de modo que estamosvivos para Deus em Jesus Cristo nossoSenhor.Porém não há nada que mais se adequeaos propósitos de Satanás do quedeixarmos isso tudo de lado; tanto a obracompleta de Cristo, pela qual somosjustificados de nossos pecados -- nossaidentificação com Sua morte para opecado, e também a obra de Deus, em nosressuscitar em Cristo, e assim nos libertar

do pecado, vivos para Deus. Sim, apesarda clara verdade ensinada por esteversículo, a libertação do pecado tem sidocompreendida como um alvo futuro docrente, atingido somente por alguns. Éesta a raiz da perfeição de justiça-própriana carne.É somente o que Deus diz nestesversículos que nos dá o único princípiode libertação do pecado. Todos os outrosmétodos não passam de engano. Porémvocê dirá: Descubro que minha velhanatureza não está morta de fato.Exatamente; mas você deve considerar-sea si próprio morto para o pecado, e vivopara Deus em Jesus Cristo nosso Senhor.Descobriremos que muito do que vem aseguir é o desdobramento deste princípiotão importante. Ele irá afetar cada passo

de nosso andar neste mundo. Comodevemos andar para demonstrar nossaidentificação com um Cristo crucificado?Sim, estamos crucificados com Ele.Talvez você conheça muitos que andamcomo se estivessem mortos para as coisasde Deus e de Seu Cristo, e totalmentevivos para o mundo que crucificou Jesus.Que Deus possa usar estas solenesverdades em poder santificador paranossas almas!"Não reine portanto o pecado em vossocorpo mortal, para lhe obedecerdes emsuas concupiscências." (Rm 6.12) Longede nós esteja pensar que devêssemospraticar o pecado a fim de que a graçapudesse abundar. Como já vimos, viverno pecado é exatamente o oposto de estarmorto para o pecado; certamente, o

significado de morto com Cristo, comoprofessado no batismo, não é viver empecado. E agora, vive também para Deusem Jesus Cristo nosso Senhor. "Nãoreine portanto o pecado em vosso corpomortal." Ele não diz que o pecado nãomais existe. Ele não diz que você deveconsiderá-lo extirpado. Se um inimigonão mais existisse em um país, nãohaveria necessidade de dizer: Não deixeesse inimigo reinar.E nem você poderia dizer que devemosobedecer "suas concupiscências", se nãoexistissem mais concupiscênciaspecaminosas para serem subjugadas eresistidas. Mas não devemos permitir quenossos membros sejam instrumentos deinjustiça para o pecado, "mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre os mortos,

e os vossos membros a Deus, comoinstrumentos de justiça". (Rm 6.13) Éexatamente isto, o próprio princípio deum andar santo, que é nossa morte comCristo, e o estarmos vivos para Deus. Nãoé, em momento nenhum, para atingirmosesse estado, mas para nos considerarmosassim mortos, e outra vez vivos, paraassim andarmos. Reconhece-se queevidentemente há o conflito, mas hátambém libertação."Porque o pecado não terá domínio sobrevós, pois não estais debaixo da lei, masdebaixo da graça." (Rm 6.14) Tendo,assim, vida em Cristo, podemos agoraencarar o pecado em nosso velho epecaminoso "eu" como um inimigo,todavia um inimigo que não deveria terdomínio. Que libertação isto traz! Para

aquele que conhece a total vileza da velhanatureza, não há palavras que possamexpressar completamente a grandeza dalibertação do reino do pecado. Podehaver uma súbita tentação -- sim, falhasaté -- mas o pecado não deverá terdomínio -- não deverá reinar. Mas porque o pecado não deve reinar? "Pois nãoestais debaixo da lei, mas debaixo dagraça." (Rm 6.14) Toda a história dacristandade, e a história de cada crenteindividualmente, comprova a verdadedesta afirmação, e também do seu oposto.Na mesma proporção que o gratuitofavor de Deus, por meio de Cristo Jesus,é conhecido e desfrutado, está a libertaçãoda escravidão do pecado, e podermosviver uma vida santa. A lei não pode darpoder àqueles que se encontram sob ela,

mas pode apenas amaldiçoá-los.No momento em que você torna o favorde Deus condicional, seja com respeito àlei de Moisés, ou aos preceitos doevangelho, você começa pelo lado errado,e cedo acabará encontrando nada maisalém de miséria e dúvidas. Você dirá: Nãoguardo os mandamentos de Deus comodeveria; ou, Não amo a Cristo comodeveria; será que sou realmente umcristão? Ora, será que isso é lei ou graça?Está claro que é lei. E a Palavra diz que opecado não terá domínio sobre você, poisvocê não está debaixo desse princípio,mas debaixo da graça. Certamente nãopoderá haver santidade de vida, a menosque o coração esteja perfeitamente livre,descansando no desimpedido, gratuito eincondicional favor de Deus.

Porventura Ele não me levantou, umímpio pecador que merecia o inferno?Não entregou, em puro e imerecido amor,Seu Filho para morrer por nossospecados? Acaso não O ressuscitou deentre os mortos para nossa justificação? Enão nos deu eterna redenção pelo Seusangue? Será que não temos assim pazcom Deus, em conformidade com tudoaquilo que Deus é? Não estamosidentificados com Cristo em todos osméritos de Sua morte; e mais ainda, vivosnEle para Deus? E não foi isso tudo porgraça, livre e absoluta graça, a graçadAquele que não muda? Sim, e agoraestou vivo para Deus e posso meconsiderar, considerar meu velho homem,morto. E estou, assim, livre de mimmesmo, para viver para Deus. E,

dispondo de toda a imutável graça paramim, não estou, portanto, no terreno dalei, ou das condições para vida, salvaçãoou libertação, mas estou absolutamentedebaixo da livre e eterna graça. Oh, agorasou livre para servir o Senhor, emverdadeira separação do mal e emcompleta aversão ao mal. Oh, gloriosaverdade! O pecado não terá domínio.Não há dúvida, querido crente, de quemuitos dirão a você que uma doutrinaassim irá levá-lo a pecar do jeito quegosta sua velha natureza. "Pois quê?Pecaremos porque não estamos debaixoda lei, mas debaixo da graça? De modonenhum", ou, longe de nós talpensamento. (Rm 6.15) Aqueles quefalam assim nunca conheceram o que é agraça de Deus, ou o que é a verdadeira

liberdade -- não liberdade para pecar, masliberdade do pecado. Note bem que estaspalavras não são para aqueles que estãoprocurando experimentar, na prática, queestão mortos para o pecado, ou mortoscom Cristo e vivos para Deus. Nobatismo, eles professaram que estãomortos e sepultados com Cristo,identificados com Ele na morte.Consideram-se a si mesmos mortos parao pecado, e estão assim justificados dopecado e vivos para Deus.Oh, que verdade maravilhosa, e quaseesquecida! Morte para o pecado -- a únicalibertação do pecado. Mas que libertaçãopoderia existir sem vida em Cristo paraDeus? Como pode você andar emnovidade de vida, se você não temnovidade de vida? Se sua velha natureza

estivesse colocada debaixo da lei, então,com certeza, o pecado teria o domínio.Mas porque Deus deu a você uma novavida -- que é um dom gratuito vindo dEle-- e colocou você em Sua própria graça,imutável e desimpedida graça, "pecaremosporque não estamos debaixo da lei, masdebaixo da graça?" (Rm 6.15) Longe denós tal pensamento.Temos certeza de que todos aqueles quegostariam de colocar você debaixo da lei,nunca conheceram verdadeiramente o queé a graça de Deus. E não se esqueça deque tudo isso demonstra a ligação que háentre a graça e a santidade prática, ou ajustiça no andar. Isto está bem claro noversículo seguinte."Não sabeis vós que a quem vosapresentardes por servos para lhe

obedecer, sois servos daquele a quemobedeceis, ou do pecado para a morte, ouda obediência para a justiça?" (Rm 6.16)Outrora éramos escravos do pecado --"fracos". O pecado, como um senhor deescravos, era um dono completo. Fomosredimidos gratuitamente dessa condição,e libertados desse antigo proprietário,pela morte de Jesus. Antes era pecadopara a morte. A que senhor obedecemos,ao pecado para a morte, ou à obediênciapara a justiça? Será que é para obedecerao antigo senhor dos escravos, o pecado,que estamos vivos para Deus? Será esse oobjetivo da graça de Deus? De modonenhum. Então, será que você podeaplicar o versículo 17 a si mesmo? Vocêpode, com gratidão, reconhecer a plenaverdade de que "tendo sido servos do

pecado, obedecestes de coração à formade doutrina a que fostes entregues"? (Rm6.17) Não se esquive deste ponto.Um escravo é levado a fazer aquilo queseu proprietário lhe ordena. Ele não tempoder para resistir, ainda que possa odiarfazer aquilo, não pode recusar-se a fazê-lo. Você já chegou a conhecer essaterrível escravidão do pecado? Já teve opecado como seu dono? Já fez coisas queodiava, por não ter poder suficiente paraescapar desse cruel senhor? Graças aDeus, podemos reconhecer que assim foi;e, graças a Deus, foi ali que Ele nosencontrou. E o que é a "forma dedoutrina" para a qual você foi libertado?Porventura não foi a morte com Jesus,como tipificada no batismo? E você,obedeceu-a? Trata-se da identificação com

Cristo na morte, e nEle vivo de entre osmortos. A resposta, então, é: "Libertadosdo pecado, fostes feitos servos (ouescravos) da justiça" (Rm 6.18)Sim, foi desse modo que você trocou dedono, através da morte, do pecado para ajustiça; e isso tudo em perfeita graça.Enquanto debaixo do pecado, estava livreda justiça; agora, como servos da justiça,estamos livres da escravidão do pecado.Sim, o pecado e a justiça são vistos aquicomo dois senhores. O cristão estáperfeitamente livre do velho tirano."Assim apresentai agora os vossosmembros para servirem à justiça parasantificação." (Rm 6.19)É bem verdade que o homem usou aprópria lei, dada por Deus para provarsua culpa, como meio de estabelecer sua

justiça-própria. E outros podem abusarda graça de Deus como licença parapecar. No entanto está mais do que claroque o objetivo do Espírito Santo aorevelar estas verdades de infinita graça épara que possamos, como vivos paraDeus, apresentar nossos membros comoservos da justiça para a santificação."Porque, quando éreis servos do pecado,estáveis livres da justiça. E que frutotínheis então das coisas de que agora vosenvergonhais? porque o fim delas é amorte." (Rm 6.20) Sim, era essa a nossacondição -- servos do pecado. E, oh, quãoprofunda a vergonha que caiu sobre nósem todos os terríveis frutos daquelaescravidão. Todavia, que imensamudança!"Mas agora, libertados do pecado, e feitos

servos de Deus, tendes o vosso fruto parasantificação, e por fim a vida eterna." (Rm6.22) Devemos notar com cuidado quenão há aqui nenhum ensino de melhoriada natureza pecaminosa, ou deaperfeiçoamento daquela natureza. Não,pois morte não é aperfeiçoamento. Porémo maior de todos os erros acerca destecapítulo é supor que a liberdade dopecado seja algo a ser alcançado. É pelamorte -- a morte de Cristo -- e não pornosso esforço. E nos considerarmosmortos com Ele não é esforço. Portanto,não é servindo a Deus que nos tornamoslivres do pecado; se assim fosse, seria pormérito humano. Acaso não é justamenteo oposto? Leia cuidadosamente estaspalavras: "Mas agora, libertados dopecado, e feitos servos de Deus, tendes o

vosso fruto para santificação, e por fim avida eterna". (Rm 6.22)Assim, cada cristão é libertado do pecado,e "feitos servos da justiça". (Rm 6.18)Não diz que primeiro nos tornamosservos da justiça para depois sermoslibertos do pecado. Não pode existir frutoverdadeiro para a justiça até que sejamoslibertados do pecado. Estas grandesverdades nos ocuparão, se o Senhorquiser, no capítulo 7. Estes são fatosverdadeiros e solenes!"Porque o salário do pecado é a morte,mas o dom gratuito de Deus é a vidaeterna, por (ou em) Cristo Jesus nossoSenhor." (Rm 6.23) Que dom! Oh, quãopoucos crêem nisso! Nada temos paramerecer isto, caso contrário não poderiaser o dom de Deus.

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CAPÍTULO 7

DUAS NATUREZAS EMCONFLITO

TEMOS agora em detalhe aquilo de quefomos libertados no capítulo 6. E seráimpossível entender este capítulo se nãotivermos em mente esta ordem. Averdade do capítulo 6 deve estartotalmente assimilada antes de tentarmosentender o capítulo 7. O apóstolo disse:"Porque o pecado não terá domínio sobrevós, pois não estais debaixo da lei, masdebaixo da graça." (Rm 6.14) Esta é umaafirmação muito importante, e o apóstoloagora explica como é que nós (isto é,

aqueles que estavam sob a lei) fomoslibertados. Em seguida ele descreve acondição de uma alma vivificada debaixoda lei, antes de sua libertação. Isto eleexplica de forma bem completa, e, porfim, trata, com gozo, o tema da libertação,levando-nos ao capítulo 8.Portanto, em primeiro lugar, como foique aqueles que estavam debaixo da leiforam libertados dela? "Não sabeis vós,irmãos (pois que falo aos que sabem alei), que a lei tem domínio sobre ohomem por todo o tempo que vive?" (Rm7.1) Este fato demonstra a importância daverdade que já foi apresentada -- aidentificação com a morte de Cristo;considerando-nos mortos com Ele, evivos para Deus. Pois se aqueles queviviam debaixo dela, continuassem a viver

debaixo dela, seriam responsáveis porcumpri-la em cada jota e cada til (Mt5.18), caso contrário ela os amaldiçoaria.Neste caso o cristianismo não seria denenhuma ajuda. O homem poderiacontinuar sob a maldição. A lei tinhadomínio sobre um homem enquanto elevivesse. Sua responsabilidade para com alei só terminava na morte. A lei acerca domatrimônio prova isso: somente a mortedissolve o vínculo de responsabilidade.Enquanto o marido viver, a esposa nãopode se casar com outro; seria adultério.Isto era algo patente a todos os queconheciam a lei.De modo semelhante o crente não pode,por assim dizer, ter dois maridos. Ele nãopode estar vivo na carne, casado com a lei(debaixo da lei), e também estar casado

com Cristo. Não há dúvida de que oshomens dirão que deve ser assim, quevocê deve ter ambos, a lei e Cristo; masnão estamos explicando aqui o que dizemos homens, mas o que dizem asEscrituras. Deus nos diz que nãopodemos ter Cristo e a lei. E do mesmomodo como uma esposa só é liberada doantigo marido pela morte, assim tambémnós só podemos ser libertos do antigomarido, o princípio da lei, pela morte.Embora seja verdade que ainda nãotenhamos morrido, ainda assim, veja aimportância da verdade que aprendemosno capítulo 6, que diz para nosconsiderarmos mortos, identificados comCristo na morte. Só que agora isto é vistoem sua relação com a lei em primeirolugar.

"Assim, meus irmãos, também vós estaismortos para a lei pelo corpo de Cristo,para que sejais doutro, daquele queressuscitou de entre os mortos, a fim deque demos fruto para Deus." (Rm 7.4)Portanto eles estavam mortos para a leipelo corpo de Cristo como se tivessemmorrido de verdade. Passaram de sob oseu domínio para um estadocompletamente novo. Não têm mais nadaa declarar ao antigo marido; mas entramem um novo parentesco, unidos a umnovo marido, a Um ressuscitado de entreos mortos, o próprio Cristo.Mas será que os grandes mestres não irãodizer a você ser isto antinomianismo,estar morto para a lei, nada mais ter a vercom ela, ou ela com você? Dirão que istopoderia levá-lo a produzir fruto para o

pecado. Seria terrível, diriam eles. Mas oque é que Deus diz a este respeito? Elediz que tudo isso é "a fim de que demosfruto para Deus". Isto está perfeitamentede acordo com o que foi apresentadoantes. "Porque o pecado não terá domíniosobre vós, pois não estais debaixo da lei,mas debaixo da graça." (Rm 6.14) Estardebaixo da lei é estar debaixo da suamaldição, pois todos provaram serculpados (Romanos 3). Mas agora somosum com o Cristo ressuscitado, tendotodos os pecados perdoados, e o pecadojulgado, a fim de podermos dar fruto paraDeus."Porque quando estávamos na carne, aspaixões dos pecados, que são pela lei,obravam em nossos membros para daremfruto para a morte." (Rm 7.5) Este

versículo determina o caráter do ensinoque se segue. Você não pode dizer,"Quando estávamos na carne", amenos que tenha sido libertado daqueleestado. Você não poderia dizer, "Quandoestávamos em Londres", a menos quetenha saído de lá. É muito importanteentender isto. Com frequência pergunta-se: Será que esta parte do capítulo 7 trata-se da experiência apropriada a um cristão?Certamente que não, pois se fosse, nãoestaria dizendo "quando estávamos nacarne". Pode ser, como logo veremos, aexperiência pela qual a maioria, se nãotodos, os cristãos já passaram. Mascostuma-se dizer que esta é a experiênciade um inconverso. Tampouco pode seristo; pois os inconversos não têm prazerna lei de Deus no homem interior.

(Romanos 7.22.) Trata-se, evidentemente,da experiência de uma alma vivificada,nascida de Deus, uma nova criatura quese apraz na lei de Deus no homeminterior; mas alguém que ainda continuadebaixo da lei, e ainda não aprendeu oque é a libertação pela morte.O correto seria dizermos que aexperiência descrita do versículo 5 ao 24 éa miserável experiência de uma pessoanascida de Deus, se colocada debaixo dalei. E quando nos lembramos de quantoscristãos estão exatamente nesta condição,não é de se estranhar que tantos sintam-setão miseráveis. Portanto devemosentender que as palavras, "porque,quando estávamos na carne", significamquando estávamos na carne sob oprimeiro marido, a lei. A lei só pode se

dirigir ao homem como estando vivo. Eraassim que ela considerava o homem,ordenando e exigindo obediência, se fosseo caso de alguém, sob ela, vivo na carne.Uma vez morto, todos os mandamentos erequisições cessam. Você não pode dizera um homem morto para amar a Deus ouao seu próximo; mas enquanto estivervivo em uma natureza que só pode pecar,o mandamento só produz transgressão. Alei devia requerer justiça; mas como ohomem não era justo, porém culpado, elatornou-se assim um ministro de justiça emorte.Todavia a porção do cristão é esta:considerar-se morto com respeito à carne,mas vivo para Deus. Uma vidainteiramente nova proveniente de Deus.O assunto todo será bastante simplificado

se mantivermos estas duas coisasdistintas: a velha vida, ou velha natureza,chamada a carne -- o terreno no qual ohomem foi provado sob a lei; e a novavida, ou nova natureza, a qual o crentepossui, a própria vida eterna do Cristoressuscitado. Vimos como fomoslibertados da escravidão do pecado porestarmos mortos para um e vivos para ooutro. Isto não quer dizer que o pecadoestá erradicado, mas que estamos mortospara ele.O versículo 6 trata agora deste mesmoprincípio de morte -- e vida emressurreição em Cristo -- aplicado àquestão da lei. Não é que a lei estejamorta, ou abolida em si mesma, mas nósestamos mortos para ela: "Mas agoraestamos livres da lei, pois morremos para

aquilo em que estávamos retidos; paraque sirvamos em novidade de espírito, enão na velhice da letra." (Rm 7.6)A lei efetivamente produziu toda essaexperiência verdadeiramente miserável,mas agora estamos livres da lei. Será quevocê pode verdadeiramente dizer omesmo? É da maior importância ter estaquestão resolvida antes de examinarmosessa miséria da qual fomos libertados.Pela morte e ressurreição de Cristo nósestamos, não apenas completamentejustificados de nossos pecados, maspassamos de uma condição de pecado emorte, para uma condição inteiramentenova; sim, uma nova criação de vida ejustiça. Do que éramos para o que Cristoé. Em Adão nós estávamos em pecado emorte; agora estamos unidos, somos um

com Cristo em ressurreição; estamosonde Ele está e somos o que Ele é. "QualEle é, somos nós também neste mundo."(1 Jo 4.17) Sua própria vida nos écomunicada. Isto é algo tão real para a féagora, como será para a vista muito embreve. Uma nova criação em Cristo Jesus.Deve ser entendido que trata-se de umaplena e completa justificação dos pecadose do pecado, e da libertação de todas asexigências da lei. Perguntamos outra vez:Você já está liberto assim? É preciso queexista esta completa libertação para que sepossa servir em novidade de vida. Você jápassou assim da carne -- o estado deAdão, para Cristo? Pode você dizer: "Sim,agora tudo é Cristo"? Você dirá que acarne ainda está ali, e que há pecado. Éverdade. E que a lei ainda continua ali.

Certamente. E que você pecou. Sim, istotambém é verdade. Mas para que foi queCristo morreu? Acaso não foi tanto paraos seus pecados como para o seu pecado?Encontra-se você pecando agora oulibertado do pecado? Todavia, veremosisso tudo revelado mais completamenteno capítulo 8.Tão somente insistimos neste ponto:somente uma alma libertada podeentender a horrível experiência descritano que se segue. O inconverso ou oiludido fariseu nada sabem acerca destaamarga experiência. Trata-se exatamenteda ocasião em que a nova e santa naturezafoi implantada, e junto com ela oprofundo anseio por uma verdadeirasantificação; para então descobrir não terpoder na carne para fazer aquilo que

desejaríamos. Sim, a lei do pecado e damorte é como um senhor de escravos, enão há poder para se fugir dele. E quantomais tentarmos guardar a lei, dirigida aoshomens como vivos na carne, maisprofunda será a miséria de fazermos asmesmas coisas que a nova e santanatureza tanto odeia. Sim, algo que nãotraria nenhuma dificuldade para uminconverso, ou para um que não é nascidode Deus, enche a alma vivificada deintensa miséria.Será que é esta a sua condição? Se estivervivificado, e debaixo da lei, estamoscertos de que é esta a sua condição, emalgum grau de intensidade. Oh, o quantoda agitação e dos esforços de nossos diasestá direcionado a encobrir essa suamiséria e fazer com que você se esqueça

dela! Bem, não se desespere; cremos quecada um que é nascido de Deus passa porisso em maior ou menor intensidade; e éfrequente que aqueles que passam por elaem sua maior profundidade são os quemais se decidem a glorificar a Deus.Tanto o que faz deste capítulo aexperiência de um pecador inconverso,como o que a considera como aexperiência apropriada a um cristão,estão igualmente compreendendo mal."Que diremos pois ? É a lei pecado? Demodo nenhum: mas eu não conheci opecado senão pela lei; porque eu nãoconheceria a concupiscência, se a lei nãodissesse: Não cobiçarás." (Rm 7.7) Sefôssemos seguir nossa própria inclinação,mesmo quando há em nós a nova vida, e anova e santa natureza implantada,

acabaríamos naturalmente nos voltandopara a lei, e nos colocaríamos sob ela. Éisto o que sempre acontece quando oEspírito Santo não é reconhecido. Etrata-se de algo notável, nestes versículos,que o Espírito Santo não seja nem umavez citado. Como já dissemos, existempoucas pessoas que não estejam passandoatualmente por esta experiência; e aquelasque já receberam libertação podem olharpara trás e ver o proveito que obtiveramdesse exercício de coração.A primeira coisa, portanto, queaprendemos é esta: que a lei não é pecado;é por ela que aprendemos o que o pecadoé. A lei expôs a raiz. "Porque eu nãoconheceria a concupiscência, se a lei nãodissesse: Não cobiçarás." (Rm 7.7)Quando a nova natureza foi dada, a

espiritualidade da lei foi sentida. Umhomem sem a nova natureza diria que aconcupiscência não é pecado, a menosque você venha a transgredir de fato,cometendo o pecado na prática. Masquando a lei se aloja na consciência, eladetecta a concupiscência, e digo: "Ora,isto é pecado!" Sim, a própriaconcupiscência é pecado; isto é, a própriaraiz é pecado."Mas o pecado, tomando ocasião pelomandamento, obrou em mim toda acouncupiscência: porquanto sem a leiestava morto o pecado." (Rm 7.8) E essaraiz, sendo pecado, toma ocasião, pelomandamento, para operar em mim todotipo de desejo por aquilo que é proibido."Porquanto sem a lei estava morto opecado." (Rm 7.8) Estava inativo. Proíba

uma criança de ir ao jardim e elaimediatamente desejará fazê-lo; e então, sea sua vontade atuar sobre ela, ela irá."E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas,vindo o mandamento, reviveu o pecado, eeu morri." (Rm 7.9) Uma pessoa, antes deser vivificada, pensa que está viva e quepode viver e fazer o que deseja. Sim, eledirá que estava vivo sem lei. Pergunte aum homem natural: Você está salvo?" Eleresponderá: Não sei; espero que sim.Frequento um lugar de adoração e estoufazendo o melhor que posso, e esperoacabar chegando no céu. Oh, sim, dirá ele,estou vivo. Não existe nem sequer a idéia,em seu pensamento, de estar perdido. Elenão diz uma palavra que expresse amínima possibilidade de estar precisandode um Substituto na cruz. E se você

perguntar até mesmo a cristãos professos,ficará surpreso ao receber as mesmasrespostas.Portanto, no momento em que alguém énascido de Deus, tudo isso muda. Oraessa; como pode ser isto?, dirá ele, Tenhouma natureza que deseja exatamenteaquilo que Deus proíbe! Ele volta-se,então, para a palavra da lei de Deus e vêmorrer toda esperança de ser, na carne,aquilo que esperava poder conseguir. "Eeu morri." (Rm 7.9) Sim, estamos agoradiante da difícil morte do velho "EU".Ele anseia por santidade; ele volta-se paraos mandamentos que são ordenados paravida: Quem os fizer viverá por eles (vejaEzequiel 20.11), mas vê que são paramorte. Ele descobre que o pecado tem ocontrole da situação, e que usa o próprio

mandamento para matá-lo. Não seesqueça de que isto se passa "quandoestávamos na carne". (Rm 7.5) Veja sócomo a última esperança de bondade nacarne nos foi tirada!"E assim a lei é santa, e o mandamentosanto, justo e bom." (Rm 7.12) A lei veiode Deus; não era má, e nem pecado; era"santa, e o mandamento santo, justo ebom". (Rm 7.12) Não tornou-se emmorte para mim; "mas o pecado, para quese mostrasse pecado". (Rm 7.13) Oh, oque é descobrir que eu -- minha próprianatureza -- como um filho de Adão, erasó pecado, e que pelo mandamento minhanatureza deveria tornar-se, e tornou-se,excessivamente pecaminosa!E vamos mais além. "Porque bemsabemos que a lei é espiritual; mas eu sou

carnal, vendido sob o pecado." (Rm 7.14)Sim, a lei não podia exigir menos do quejustiça, mas o que encontro em mim?"Sou carnal, vendido sob o pecado." (Rm7.14) Você sabia disso? Será que já sereconheceu como um indefeso escravo dopecado? Isto é tudo o que o velho "EU",a carne, é. Descobrir isto é detestar tudoo que faço; é descobrir que não tenhopoder para fazer o que desejaria; éreconhecer que a lei é boa e que só exigede mim o que é bom."De maneira que agora já não sou eu quefaço isto, mas o pecado que habita emmim." (Rm 7.17) Isto é uma grandedescoberta. Aprendo que há umanatureza, o pecado, que ainda se encontraem mim, apesar de eu poder olhar porcima dele como algo distinto de mim

mesmo, de meu novo "EU". "Bem", digoeu, "O que é que há, então, nessa velhanatureza, no velho EU?" Não há nem umpouquinho de bem em mim, isto é, emminha carne, ou minha velha natureza."Porque eu sei que em mim, isto é, naminha carne, não habita bem algum: ecom efeito o querer está em mim, masnão consigo realizar o bem." (Rm 7.18)Trata-se de algo por demais humilhantedescobrir que eu, como filho de Adão,não tenho nenhum poder para fazer obem -- sim, muito pelo contrário!"Porque não faço o bem que quero, maso mal que não quero esse faço." (Rm7.19) É este o verdadeiro caráter da velhanatureza, mesmo quando a nova naturezadeseja fazer o bem e ser santa -- sim, jáque a nova natureza é santa, por ser

nascida de Deus. De modo que não é anova natureza, o novo "EU", que praticao mal, quando a velha natureza estáfazendo exatamente aquilo que a novanatureza condena."Ora, se eu faço o que não quero, já onão faço eu" -- não mais eu como umanova criatura que sou, -- "mas o pecadoque habita em mim". (Rm 7.20) Há,portanto, dois princípios, ou naturezas,no homem nascido de Deus. O princípioda velha e depravada natureza é chamadode uma lei."Acho então esta lei em mim: que,quando quero fazer o bem, o mal estácomigo." (Rm 8.21) É este o invariávelprincípio da velha natureza -- "quandoquero fazer o bem, o mal está comigo"."Sim", você dirá, "é exatamente isto que

descobri, para minha profunda tristeza;ao ponto de isso ter me levado a concluirque, se sou assim, não posso ter nascidode Deus". Aqueles que não são nascidosde Deus nunca descobriram ser nemmetade ruim do que você descobre que éem seu velho "EU". Mas, acaso aspalavras que vêm a seguir não provamque você é nascido de Deus -- isto é, quevocê possui um novo "EU", ou umanova natureza?"Porque, segundo o homem interior,tenho prazer na lei de Deus." (Rm 7.22)Certamente isto prova que, sem dúvidaalguma, existem duas naturezas; poiscomo poderia a velha natureza, que épecado, se deleitar na lei de Deus?Todavia, "segundo o homem interior,tenho prazer na lei de Deus". (Rm

7.22) "Bem", dirá você, "parece ser umacontradição". É exatamente isto que asduas naturezas são uma para a outra; sim,estão em contradição direta àquelehomem interior que tem prazer na lei deDeus. Veja o versículo 23: "Mas vejo nosmeus membros outra lei que batalhacontra a lei do meu entendimento, e meprende debaixo da lei do pecado que estános meus membros."Portanto, negar a existência das duasnaturezas em um homem nascido denovo é negar o ensino claro da Palavra deDeus. Porventura Jesus não falou que "oque é nascido da carne é carne, e o que énascido do Espírito é espírito"? (Jo 3.6)Trata-se, portanto, de um completo novonascimento; de uma nova natureza, umanova criação, que é do Espírito e que é

espiritual. Aquilo que é nascido de umacarne ou natureza pecaminosa é, ou seja,permanece sendo, carne e pecado. Eaprendemos aqui que se estamos sob a lei,isto é, se estamos no terreno da carne,debaixo da lei com vistas aoaperfeiçoamento da carne, como milharesde pessoas estão, então descobrimos que,na guerra travada pelas duas naturezas,acabamos presos "debaixo da lei dopecado que está nos meus membros".(Rm 7.23) Trata-se de uma realidadeterrível, mas iremos acabar conhecendo amalignidade de nossa velha natureza naprática, se não crermos no que Deus dizacerca dela. Todavia, se for este o caso, ouseja, de um homem nascido de Deus, soba lei, não conhecendo a distinção entre asduas naturezas, ele estará sentindo-se

extremamente miserável, se for sincero eestiver buscando ardentemente por justiçae santidade de vida. É exatamente o queencontramos aqui."Miserável homem que eu sou!" (Rm7.24) E agora já não é mais "Quem meajudará a melhorar a carne?", mas sim,"quem me livrará do corpo desta morte?"Sim, o "EU", o velho homem, o corpodesta morte, deve ser abandonado.Precisamos ter um Libertador, e esteLibertador é Cristo."Dou graças a Deus por Jesus Cristonosso Senhor." (Rm 7.25) Poucaspalavras, mas oh!, que gloriosa vitória elivramento! Após chegar à plenadescoberta de minha completaincapacidade, e da imutável malignidadeda velha natureza, os olhos são agora

levantados para Cristo, e o coração dilata-se no pleno gozo da gratidão. Estalibertação será melhor explicada nopróximo capítulo.Há um erro que é cometido comfrequência aqui, e devemos nos precavercuidadosamente contra ele. É comum quese diga, ou que se insinue, que o quevimos acerca da velha natureza, a carne, alei do pecado nos membros, é verdadeiroacerca do crente antes que ele consiga alibertação; mas que depois sua velhanatureza muda ou é erradicada -- ou que,em todos os seus aspectos, melhoramuito; que é, de repente ou gradualmente,santificada etc. etc., e que não há maisuma natureza má nos santos que sãolibertos, ou santificados. Será que é assim,ou não? Deixemos que as próprias

palavras que se seguem, as quais vêmdepois de nossa libertação e ações degraças, respondam a esta importantequestão."Assim que eu mesmo com oentendimento" (ou o novo homem)"sirvo à lei de Deus, mas com a carne"(ou a velha natureza), "à lei do pecado."(Rm 7.25) Não nos encontramos mais noterreno da carne, como vivendo sob a leie procurando aprimorar a carne -- nãonos encontramos mais na carne. Mas, ofato de que a carne permanece no santolibertado -- na mesma pessoa que, com onovo entendimento, ou natureza, serve alei de Deus, é algo declarado com a maiorênfase possível. Mas a carne, e a lei dopecado, ainda permanecem em mim.Podemos discordar, discutir, ridicularizar,

mas aqui está a verdade da Escritura, e éalgo que cada crente descobre serverdade. Assim nos vemos na necessidadede sermos guardados irrepreensíveis, emnosso espírito, alma e corpo. (Leia 1Tessalonicenses 5.23.) Coloque a velhanatureza sob a lei, tente encontrar algo debom nela e, imediatamente, vocêexperimentará o que está descrito aqui.Uma só questão mais, antes de deixarmoseste assunto. Como pode haver tantoscristãos passando por esta experiência?Simplesmente porque, apesar de nascidosde Deus, estão, por meio de ensinos falsosou incorretos, colocados debaixo da lei, enunca conheceram o verdadeiro caráterda libertação. Passemos, a seguir, aindagar que libertação é esta.

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CAPÍTULO 8EXPERIÊNCIA VITORIOSA

"PORTANTO agora nenhumacondenação há para os que estão emCristo Jesus." (Rm 8.1) Que declaraçãomaravilhosa! Não se trata meramente doque será a justificação do crente quandofor manifestado diante do trono deCristo, mas "agora" não há nada paracondenar naqueles que estão em CristoJesus. Se olho para o que sou na carne, sóencontro o "miserável homem que sou!"Se olho para o que sou em Cristo Jesus,vejo que agora não há condenação. Estoumorto para tudo aquilo que sou como umfilho de Adão -- morto para o pecado,

morto para a lei, mas vivo para Deus emCristo Jesus. Então, sendo agora deoutro, e estando em outro, em CristoJesus ressuscitado de entre os mortos, nãome encontro apenas na posição de umque produz fruto para Deus, mas de umpara quem "agora nenhuma condenaçãohá". Você está assegurado disto? Será quepode existir alguma condenação paraaquele Cristo ressuscitado que está agorana glória de Deus? Portanto, se vocêestiver nEle, como poderá havercondenação para você?As palavras que vêm a seguir, "que nãoandam segundo a carne, mas segundo oespírito", são omitidas nas melhorestraduções; todavia nós as encontraremos,como um resultado, no versículo 4. Emalguma época posterior elas foram

inseridas aqui como se fossem umacondição, uma prevenção. Mas vamos nosdeter na importância deste versículocomo o próprio fundamento dalibertação. Nenhuma alma poderáconhecer a verdadeira libertação do poderdo pecado se não conhecer primeiro oabsoluto favor de Deus em Cristo. Quãomaravilhoso é, após um capítulo deamargas experiências, após haveresgotado completamente toda esperançade encontrar algo de bom em si mesmo,na velha natureza, poder descobrir que,como mortos com Cristo, e vivos de entreos mortos em Cristo, encontramo-nos noabsoluto favor de Deus, sem nenhumacondenação! Que perfeita paz! Nada paranos inquietar; nada para nos condenar. Eé o próprio Deus Quem diz: "nenhuma

condenação".Querido jovem crente: Será este o sólidoalicerce sobre o qual, e no qual, vocêpermanece? Se assim for, podemos passarao versículo 2."Porque a lei do Espírito de vida, emCristo Jesus, me livrou da lei do pecado eda morte." (Rm 8.2) Vimos a lei terrível,ou seja, o poder do pecado; acaso não oconhecemos e sentimos seu poder? Masque nova lei -- ou poder, ou princípio -- éesta? Será o poder de minha novanatureza como nascido de Deus? Não;apesar de que, como nascido de Deus,tive prazer na lei de Deus, mas isso, comojá vimos, não me livrou da lei do pecado.Mas agora sim, esta me livra: a lei doEspírito de vida em Cristo Jesus. Trata-sede Deus, o Espírito Santo, habitando em

nós; já não se trata de morte, mas doEspírito de vida.Então, como já vimos, possuímos umavida justificada. Agora temos o poder -- alei do Espírito de vida. Em outro lugaraprendemos que a vida que agora temos éeterna, e o Espírito é eterno. Portanto opoder que tenho é eterno. Vimos que acarne, ou o pecado, continua em nós --aquilo que é nascido da carne; mas aquiencontramos a libertação do seu poder:libertos da lei do pecado e da morte;libertos pelo infinito, pelo eterno poder, alei do Espírito de vida. Não diz que "melivrará", mas que "me livrou". Nossavelha natureza pecaminosa é tãodepravada que, apesar de ser nascido deDeus, de ter prazer na lei de Deus edesejar guardá-la; ainda assim a lei que há

em meus membros me colocou nocativeiro. E acaso não foi assim queaconteceu? Mas somos agora libertos deseu poder, por um poder maior -- a lei doEspírito de vida em Cristo Jesus. Oh,quão bom seria se pudéssemos ter uma fémais simples na Palavra de Deus; sim, etambém no Espírito Santo que habita emnós! Este versículo resume todo ocontexto do capítulo 6. Trata-se doprincípio de nos reconhecermos mortospara o pecado e vivos para Deus em JesusCristo, princípio este aplicado pelo poderdo Espírito.Ainda assim, há muitos jovens leitoresque podem se deparar com estadificuldade, ao experimentarem acompleta degradação da carne, conformeé descrita no capítulo 7. Talvez alguém

diga: "Vejo como meus pecados foramperdoados; mas, descobrir, a partir deentão, que a velha natureza que possuo écompletamente má; descobrir que não hápoder em se tentar guardar a lei de Deus,não importa o quanto eu gostaria deconsegui-lo; descobrir, para minhasurpresa, uma natureza má, uma lei depecado, que me mantém cativo; queminha própria natureza -- o pecado nacarne -- só praticou aquilo que eu odiavae condenava. Como, então, você pode meafirmar que não há condenação?" Vamosler o versículo seguinte em busca de umaresposta."Porquanto o que era impossível à lei,visto como estava enferma pela carne,Deus, enviando o Seu Filho emsemelhança da carne do pecado, pelo

pecado condenou o pecado na carne; paraque a justiça da lei se cumprisse em nós,que não andamos segundo a carne, massegundo o Espírito." (Rm 8.3,4) Aqui estáo que a lei não podia fazer, e que Deusfez. A lei não podia libertar, nem daculpa, nem do poder do pecado. Ela erafraca tanto para libertar como para ajudaro homem na carne, pois a carne erapecado; e se atuasse sob a lei, só poderiatransgredir, ainda que fosse em alguémvivificado e ansiando por libertação.É bem aqui que surge a pergunta: Será alibertação uma questão de se apreender averdade, ou meramente de se conhecer averdade? A libertação do Egito respondeà nossa dúvida. Assim como uma almavivificada, eles creram na Palavra de Deuspor intermédio de Moisés e Aarão

(Êxodo 3.7-10; 4.31,32), e ansiavam porlibertação (Êxodo 5.1-3), e, por assimdizer, passaram pela experiência deRomanos 7 fazendo tijolos nas olarias doEgito, tornando-se mais desventuradosdo que nunca, e nem um poucolibertados. Acaso foi o aumento deconhecimento, ou de apreensão, que oslivrou? Porventura o conhecimento daspromessas de Êxodo 6 os libertou? Seráque um conhecimento mais profundo dofavor providencial de Deus, do capítulo 7ao 11, os libertou? Nem um pouco. Elesforam libertados verdadeiramente combase na redenção, mas isto foi pelo poderde Deus.Já que não havia nenhum poder na santalei de Deus para libertar, sua únicaprerrogativa era a de amaldiçoar o

culpado. Em Romanos 8.2, portanto,encontro o poder que me libertou da leido pecado e da morte. No versículo 3vemos a incapacidade da lei em libertarpor intermédio da fraqueza da carne, e aseguir, o modo como Deus libertou, e abase na qual a libertação foi operada. Estaparte resolve também a seguinte questão:Como é que não há condenação paramim, uma vez que a carne é tãocompletamente vil? "Deus, enviando oSeu Filho." Exatamente quando tudomais falhou em libertá-los do Egito, ocordeiro precisou ser levantado e morto;o israelita, embora ainda não libertado,estava totalmente protegido pelo sangue.Portanto, a base para a libertação aqui é:"Deus, enviando o Seu Filho emsemelhança da carne do pecado, pelo

pecado (ou, um sacrifício pelo pecado)condenou o pecado na carne." (Rm 8.3)Não somente entregue por nossasiniquidades, e ressuscitado para nossajustificação, como já vimos; mas a morteexpiatória do Filho de Deus enviado porcausa do pecado -- a própria raiz. Éassim que agora, havendo tanto ospecados como o pecado sido amboscondenados, julgados, é que não há,positivamente, nada deixado para sercondenado. É, portanto, com base naobra expiatória do Filho que o Espíritode vida em Cristo Jesus concede completalibertação.Assim como a libertação do Egitosignificava a saída de um lugar, ou de umacondição de escravidão para outra deliberdade, também o crente é, pelo

Espírito de vida, levado para fora de umlugar, ou de uma condição, chamada "nacarne", para outro lugar, ou condição,chamado "em Cristo", havendo o pecadosido perfeitamente julgado, por ter oSanto Filho de Deus sido feito pecadopor nós. E isto não para que pudéssemoscontinuar em escravidão, mas para quefôssemos libertos, a fim de que as justasdemandas da lei pudessem ser cumpridasem nós, que não andamos segundo acarne, mas segundo o Espírito.Israel, que então encontrava-se emescravidão, é agora visto livre; liberto paraservir Jeová. E assim também foiconosco; após termos sido vivificados,continuamos na escravidão da carne, ousob a lei. Aprendemos agora acerca datotal malignidade da carne, e de nossa

incapacidade, deixando assim de buscar oaperfeiçoamento da carne. Não estamosmais nela, mas em Cristo; libertados peloEspírito. Devemos agora andar emconformidade com o Espírito, e oEspírito irá atuar em nós em poder, combase na obra de Cristo.A carne é deixada de lado por aqueles quenão andam "segundo a carne". Uma outraposição é ocupada agora por aqueles queandam "segundo o Espírito". Há, porassim dizer, duas classes. "Porque os quesão segundo a carne inclinam-se para ascoisas da carne; mas os que são segundo oespírito para as coisas do espírito." (Rm8.5) Uma é morte, a outra é vida. E maisainda: "a inclinação da carne é inimizadecontra Deus, pois não é sujeita à lei deDeus, nem, em verdade, o pode ser." (Rm

8.7) Segue-se disso que aqueles que estãoneste terreno, aqueles que estão na carne,não podem agradar a Deus.Acaso você, jovem crente, já chegou aesta conclusão -- que sua velha natureza, acarne, o pecado, é completamente incapazde agradar a Deus? Trata-se de uma raizque só produz o mal, não importa oquanto você tente melhorá-la. Ela é sóinimizade contra Deus. Não dê ouvidos aesse abominável sentimento de que acobiça não é pecado enquanto você nãocometer aquilo que está cobiçando. Opecado é a própria raiz da cobiça, comovimos no capítulo 7, versículo 8. Não,aquela raiz precisou ser julgada, e oinfinito sacrifício foi feito pelo pecado."Àquele que não conheceu pecado, O fezpecado por nós; para que nEle fôssemos

feitos justiça de Deus." (2 Co 5.21) É sócom base nisto que somos libertados daculpa e da condenação que é devida aonosso pecado, a carne; e nesta base nãonos encontramos mais na carne, mas noEspírito. E aqui surge uma questão deprofundo interesse. Quando, e como,podemos concluir, ou saber, que nãoestamos na carne, mas no Espírito? Trata-se de uma questão muito importante, sejapara crentes novos ou velhos. Vamosanalisar isto com mais cuidado.Não há dúvida alguma de que "Aqueleque em vós começou a boa obra aaperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo".(Fp 1.6) Todavia, há diferentes estágios daobra de Deus na alma, como vemostipificado na redenção de Israel.O versículo 9 responderá a esta

importante questão: Quando podemosconcluir que não estamos na carne, masno Espírito? "Vós, porém, não estais nacarne, mas no Espírito, se é que oEspírito de Deus habita em vós." (Rm8.9) Portanto, fica claro que se o Espíritode Deus habita em você, você poderáconcluir com segurança que não está nacarne. Haveria, então, um períododistinto entre a vivificação, ou novonascimento de uma alma, e a habitação doEspírito de Deus em nós? Seja o períodolongo ou curto, as Escrituras sempreapresentam este fato. Sim, no caso deCornélio e dos que estavam com ele,assim como nos crentes batizados emSamaria, que não receberam o EspíritoSanto até que os apóstolos descessem deJerusalém.

Cornélio era, evidentemente, uma almavivificada, assim como toda a sua casa(Atos 10.2), mas não libertada, e é poresta razão que ele permaneceu na carne,até que a Palavra chegou a ele com opoder do Espírito Santo, e, porconseguinte, o próprio Espírito Santo(Atos 10.44). Surge, portanto, a pergunta:Você já recebeu o Espírito Santo? Seainda não, mesmo tendo sido vivificado,você continua na carne, procurando a suamelhoria -- ainda que seja pelas obras dalei. Cornélio não poderia ser consideradoum cristão até haver recebido o EspíritoSanto; e nem você pode considerar-se, nosentido pleno da palavra, até que tenharecebido o Espírito. "Se alguém não temo Espírito de Cristo, esse tal não é dEle."(Rm 8.9)

Outro dia encontramos um homem jáidoso, que disse haver permanecido noEgito por trinta anos. E você, leitor, estáescravizado ou salvo? -- Na carne ou noEspírito? Não se trata de uma perguntapara ser recebida com leviandade.O versículo 10 não implica na erradicaçãodo pecado, ou no aperfeiçoamento danatureza má. "E, se Cristo está em vós, ocorpo, na verdade, está morto por causado pecado." (Rm 8.10) Se a doutrina daperfeição na carne fosse verdadeira, ocorpo não poderia estar morto, e nemmorrer, pois pelo pecado veio a morte.Vemos o efeito do pecado no corpo, eisto inclui a morte. "Mas o Espírito vive(ou "o Espírito é vida") por causa dajustiça." Existe morte em razão dopecado; existe vida em razão da justiça --

não nossa, mas da justiça de Deus,cumprida pela morte de Seu Filho pornós.Deve o corpo, portanto, permanecermorto por causa do pecado? Não. "E, seo Espírito dAquele que dos mortosressuscitou a Jesus habita em vós, Aqueleque dos mortos ressuscitou a Cristotambém vivificará os vossos corposmortais, pelo Seu Espírito que em vóshabita." (Rm 8.11) Quão completa avitória de Cristo! A redenção de nossoscorpos fica assim assegurada. O Espíritode Deus habita em nós? Então avivificação de nossos corpos mortais écerta.Não estamos, portanto, na carne, emboraela esteja em nós; mas não somosdevedores a ela, para vivermos após ela.

O fim do pecado, ou da carne, é morte.Descobrimos, para nossa tristeza, que amorte está sempre pronta para agir nocorpo. "Porque, se viverdes segundo acarne, morrereis; mas, se pelo Espíritomortificardes as obras do corpo, vivereis."(Rm 8.13) Se nossa velha natureza nãotivesse sido deixada para agir em nós, nãoteríamos necessidade de mortificar asobras do corpo. Não se trata demortificar o corpo, mas as obras docorpo. O importante é vermos que isto épelo Espírito. Este é um assuntoapresentado na sua totalidade em Gálatas5.16-25."Porque todos os que são guiados peloEspírito de Deus esses são filhos deDeus." (Rm 8.14) Jesus disse: "O servonão fica para sempre em casa; o Filho fica

para sempre". (Jo 8.35) Não estamos naescravidão, mas na maravilhosa liberdadee privilégios do Filho. Acaso não foi estaa primeira mensagem que Ele,ressuscitado, deu a Maria? "Vai para Meusirmãos e dize-lhes que Eu subo para MeuPai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus."(Jo 20.17) "Vede quão grande amor nostem concedido o Pai: que fôssemoschamados filhos de Deus." (1 Jo 3.1)E qual é a prova de tudo isso? "Todos osque são guiados pelo Espírito de Deusesses são filhos de Deus." (Rm 8.14) Etambém, "se sois guiados pelo Espírito,não estais debaixo da lei". (Gl 5.18) Comtoda a certeza, o Espírito não pode nosguiar sob aquela administração da lei, aqual aboliu (veja 2 Coríntios 3.7-18).Como temos visto até aqui, colocar um

crente sob a lei, ou colocá-lo sob adireção da lei, é colocá-lo sob oministério da morte e da maldição. OEspírito sempre nos levará a refletir aglória do Senhor, e a sermostransformados na mesma glória.O Espírito concede liberdade, nãoescravidão. Qual é a sua porção -- aliberdade dos filhos de Deus, ou aescravidão do servo, do escravo? Osfilhos não deixam de ser filhos paravoltarem a ser escravos. "Porque nãorecebestes o Espírito de escravidão paraoutra vez estardes em temor, masrecebestes o Espírito de adoção de filhos,pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmoEspírito testifica com o nosso espíritoque somos filhos de Deus." (Rm 8.16,17)Poderia um filho deixar de ser filho?

Poderia Cristo, o Filho, deixar de ser oFilho? Porventura não ouvimos de Seuslábios que Deus é nosso Pai, tanto quantoé Pai dEle também? Este parentesco nãopode nunca mudar, não pode nuncadeixar de existir. Oh, as riquezas da Suagraça! Que maravilha é que nós, queestamos cônscios de que tão somentemerecíamos Sua eterna ira, tenhamos sidointroduzidos em um parentesco tãoimutável -- filhos de Deus. Um só espíritocom o Filho. Agora, sem nenhumaescravidão a ser outra vez temida, maspossuindo o Espírito de adoção, será quepor meio dEle clamaríamos, comopecadores distantes de Deus, "Temmisericórdia de nós"? Não! Clamamos,isto sim, Abba, Pai! E, note bem, é este otestemunho do próprio Espírito.

"O mesmo Espírito testifica com o nossoespírito que somos filhos de Deus. E, senós somos filhos, somos logo herdeirostambém, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo: se é certo que comEle padecemos para que também com Elesejamos glorificados." (Rm 8.16,17) Sim,os dois grandes fatos pelos quais oEspírito dá testemunho, são os destapassagem: nossa permanente filiação enossa posição de herdeiros. E, emHebreus 10, Ele testemunha que somosaperfeiçoados para sempre,continuamente, pelo sacrifício único deCristo, de maneira que Deus não Selembrará mais de nossos pecados. Não hánada que seja negado, ou duvidado commaior frequência, do que estes doisbenditos fatos.

Sim, um é o fato de nós, se crentes,sermos perfeitos para sempre. O outro éque somos co-herdeiros juntamente comCristo. O Espírito dá testemunho disso.E, note bem, se somos co-herdeiros detoda a glória vindoura de Jesus -- o Filhodo homem -- não deixe passar por altoestas poucas palavras: "se é certo que comEle padecemos, para que também comEle sejamos glorificados". (Rm 8.17) Paraconstatar que isso foi assim, basta vertoda a história do livro de Atos. Omundo, e especialmente a sua partereligiosa, odiava os discípulos de Cristotanto quanto odiava o Senhor. E osdiscípulos sofriam com Ele. E por quenão acontece o mesmo hoje? É porque omundo religioso agora finge ser cristão; e,oh! nós também acabamos descendo a

esse mesmo nível. Mas, à medida queformos guiados pelo Espírito, acabaremoscertamente sofrendo o ódio do mundo.Será que você, amado leitor, sabe o que éser guiado pelo Espírito? Ou será quevocê está sendo guiado pelas organizaçõese pelos projetos do mundo religioso? Seassim for, não é de admirar que não saibao que é desfrutar do parentesco de umfilho de Deus, ou o que é sofrer comCristo. Acaso você pode afirmar estarsendo guiado pelo Espírito de Deus emsua vida diária -- em suas compras, emseus negócios -- ou será que você ésimplesmente guiado pelas máximas destemundo? Se assim for, você estáentristecendo o Espírito, e não podedesfrutar do bendito parentesco dosfilhos de Deus -- co-herdeiros com

Cristo. Trata-se de algo maravilhoso ter oConsolador, o Espírito Santo, semprehabitando conosco, bem capaz de cuidarde nós e de todos os nossos interessesaqui, como filhos que somos de Deus.Oh, que maravilha é ser guiado por Eleem todas as circunstâncias!Não podemos superestimar e nemsubestimar a obra do Espírito, seja ela emnós, como nos falam os versículos 2 ao13, ou de Sua obra por nós, nosversículos 14 ao 27. Então, até o final docapítulo, encontraremos Deus por nós,em toda a Sua eterna e absoluta soberania-- no Seu derradeiro e tão benditopropósito para conosco, que possamosser também glorificados juntamente comCristo. Sim, lembremo-nos de que é esteo fim que Deus tem em vista, em todos os

nossos sofrimentos e aflições. Que cadaleitor conheça, portanto, que aquele quenão possui o Espírito de Cristo, se nãofor isto o que o caracteriza, esse tal não édEle. E, mais ainda, se não estiversofrendo com Cristo, é de se questionarse alguém assim é um co-herdeiro deCristo, guiado pelo Espírito.Basta recusar-se a ser guiado peloEspírito, e você poderá receber as honrase o aplauso do mundo religioso. Se forguiado pelo Espírito, certamente vocêserá rejeitado, assim como Cristo foirejeitado, e passará a ser seu felizprivilégio sofrer com Ele. Mas, oh!, o queé isto em comparação com a glória a serrevelada em nós? Que contraste há entreser guiado pelo Espírito, e ser guiadopelas modas deste mundo! Oh, quantos

são os que sacrificarão a eternidade emtroca das modas deste pobre e enganadomundo, enquanto, ao mesmo tempo,fingirão, sim, até mesmo pensarão, sercristãos! Engano fatal! Se for este o estadode qualquer leitor destas linhas, que Deuspossa usar estas palavras para despertá-lode seu sono enganador. Certamente todosnós precisamos destas perscrutadoraspalavras: "se é certo que com Elepadecemos"."Porque para mim tenho por certo que asaflições deste tempo presente não sãopara comparar com a glória que em nóshá de ser revelada. Porque a ardenteexpectação da criatura espera amanifestação dos filhos de Deus." (Rm8.18,19) Quem podia, melhor do quePaulo, considerar este assunto? Prisões e

cadeias o esperavam em cada cidade --uma vida de constante sofrimento comAquele a Quem tanto amava servir; eainda assim ele diz: "As aflições destetempo presente não são para compararcom a glória que em nós há de serrevelada". Deveras, "a ardente expectaçãoda criatura espera a manifestação dosfilhos de Deus". Que solução para oespantoso paradoxo de toda a criação! Osgemidos dos campos de batalha cessarão;a miséria, a pobreza e a degradação dasmultidões; os sofrimentos da criação,tudo chegará ao fim."Porque a criação ficou sujeita à vaidade,não por sua vontade, mas por causa doque a sujeitou, na esperança de quetambém a mesma criatura será libertadada servidão da corrupção, para a

liberdade da glória dos filhos de Deus."(Rm 8.20,21) Que dia será aquele! Sim, acriação deve tomar parte na gloriosaliberdade. Ele provou a morte por cadacriatura. Trata-se de um pensamento dosmais agradáveis. Se a miséria e a mortereinaram por tanto tempo, e o pecado dohomem afetou tanto a criação, aindaassim a emancipação da criação deverá sero resultado da gloriosa liberdade dosfilhos de Deus."Porque sabemos que toda a criação gemee está juntamente com dores de parto atéagora. E não só ela, mas nós mesmos, quetemos as primícias do Espírito, tambémgememos em nós mesmos, esperando aadoção, a saber, a redenção do corpo."(Rm 8.22) Repare que não é para asalvação de nossas almas que

<B>esperamos<D>, e ansiamos, maspela redenção do corpo. Isto pode sertanto para os que estão na sepultura,como para os que serão transformadosem um momento. Isto acontecerá navinda do Senhor. No que diz respeito aocorpo, nem mesmo nós estamos livres dosofrimento, e de gemermos, até a vinda denosso Senhor. Ainda não vimos Suavinda e, por conseguinte, só podemosaguardar e ter esperança. Trata-se de umerro fatal supor que isso tudo signifiqueque não sabemos que temos a salvação;pelo contrário, sabemos que temos vidaeterna -- "Aquele que crê no Filho TEM avida eterna". (Jo 3.36) Não há espera paratal. Mas podemos aguardar em paciênciapela redenção do corpo."E da mesma maneira também o Espírito

ajuda as nossas fraquezas; porque nãosabemos o que havemos de pedir comoconvém, mas o mesmo Espírito intercedepor nós com gemidos inexprimíveis. EAquele que examina os corações sabequal é a intenção do Espírito, e é Ele quesegundo Deus intercede pelos santos."(Rm 8.26,27) Isto é algo extremamentebendito para nós. Ele conhece tudo o quenos diz respeito, e não somente a nós,mas conhece também os planos epropósitos de Deus. Podemos estar apoucos dias ou anos da redenção docorpo. Ele certamente sabe o que éapropriado para nós em circunstânciasassim. E Deus, que ouve, conhece qual é aintenção do Espírito. Se não orarmos noEspírito, podemos estar certos de queestaremos pedindo coisas que são bem

inconsistentes com a dispensação ouperíodo em que vivemos.Entraremos agora na terceira ou últimadivisão de nosso capítulo. Talvez nemsempre estaremos aptos a entender, maspodemos dizer: "E sabemos que todas ascoisas contribuem juntamente para o bemdaqueles que amam a Deus, daqueles quesão chamados por Seu decreto". (Rm8.28) Sabemos disso porque Deus ésempre por nós. É isto que é apresentadoaté o final do capítulo. "Daqueles que sãochamados por Seu decreto." Deus nãonos chamou por causa de qualquer bemque pudesse existir em nós, ou dequalquer desejo de nossa parte. Notemosatentamente qual foi o Seu propósito,pois Seu chamado é o resultado de Seudecreto ou propósito.

Este é, portanto, o Seu propósito:"Porque os que dantes conheceu tambémos predestinou para serem conformes àimagem de Seu Filho; a fim de que Eleseja o primogênito entre muitos irmãos".(Rm 8.29) Ele conhecia de antemãoaqueles que iria chamar; e Ele ospredestinou, aqueles que chamou, paraeste destino glorioso, para que sejamcomo Seu Filho, conformados à Suaimagem. Que propósito tremendo este,que Seu Filho fosse o Primogênito entremuitos irmãos! Que imenso privilégio ode termos sido chamados paracompartilhar dessa posição de glória!Não devemos alterar nem uma só palavraa fim de adaptar isto aos pensamentos ouraciocínios humanos. "E aos quepredestinou a estes também chamou: e

aos que chamou a estes tambémjustificou; e aos que justificou a estestambém glorificou." (Rm 8.30) Aqui étudo de Deus, que não pode falhar. Esta éa Sua ordem. Predestinados, chamados,justificados, glorificados. De eternidade aeternidade. Que sequência maravilhosa!Que consolo inestimável para os tãosofridos filhos de Deus! Porventura Elenão nos chamou? Então isto prova quenos predestinou; e Ele nos justificou; enão deixará de nos levar para a glória. Afé certamente confiará nEle. Aincredulidade com prazer deixaria queSatanás introduzisse raciocínios queeliminassem toda esta verdadefundamental. "Que diremos pois a estascoisas? Se Deus é por nós, quem serácontra nós?" (Rm 8.31) Sim, se Deus é

assim por nós, quem ou o quê pode sercontra nós? Veja como aprouve a Deusnos persuadir disto."Aquele que nem mesmo a Seu próprioFilho poupou, antes O entregou portodos nós, como nos não dará tambémcom Ele todas as coisas?" (Rm 8.32)Alguma dúvida? Fica assim manifesto quetodas as coisas devem cooperar para onosso bem, já que Deus não poupou nemSeu próprio Filho. Que amor eterno einfinito teve Ele ao entregá-Lo por todosnós! Podemos esperar seja o que for,tendo em vista a imensidão e o caráterdeste amor.Como já vimos nesta epístola, já que éDeus, em Sua justiça, Aquele que é oJustificador, o Deus que justifica, "quemintentará acusação contra os escolhidos

de Deus?" (Rm 8.33) Quem oscondenará? Se Deus é nosso Justificador,poderá alguma criatura nos condenar? FoiDeus Quem demonstrou a Sua aceitaçãopelo nosso resgate ao ressuscitar Jesus deentre os mortos para nossa justificação.Deus O entregou por todos nós; e Ele Oressuscitou de entre os mortos para ajustificação de nós todos; e Ele é aimutável justiça de todos os eleitos deDeus. "Quem os condenará?" (Rm 8.34)Deus não pode nos condenar semcondenar a Ele que foi levantado de entreos mortos para ser nossa justiça. Nossajustificação não poderia ser mais perfeita,pois tudo vem de Deus. Nossajustificação, portanto, é de Deus, e écompleta e estabelecida eternamente.Resta apenas mais uma questão. Poderá

qualquer circunstância alterar o amor deCristo, ou alterar o amor de Deus emCristo para conosco? Há tantos queduvidam que o amor de Cristo possapermanecer, caso não o mereçamoscontinuamente, que esta acaba sendo umaquestão de grande importância. Será quenão se trata de um grande erro supor quealguma vez tenhamos merecido,merecemos, ou iremos merecer esseamor? Será que são os nossos méritos, oque o Espírito de Deus coloca diante denós?Leia do versículo 34 ao 39. Veja quãobelo e simples é: Ele coloca Cristo diantede nós. Vamos acompanhar a Palavra,uma sentença após a outra. "É CristoQuem morreu." (Rm 8.34) Será que Elemorreu por nós porque merecíamos o

Seu amor? Poderia existir um amor comoeste, e, ainda por cima, amor por nósquando mortos em delitos e pecados?"Ou antes, Quem ressuscitou dentre osmortos." (Rm 8.34) Contemple-O, oRessuscitado de entre os mortos, como oprincípio da nova criação. E isto com opropósito expresso de nossa justificação.E tudo isso, quando o que merecíamosera só a eterna ira."O qual está à direita de Deus." (Rm8.34) Aquele que carregou os nossospecados, e que foi feito pecado por nós,nosso Representante, está à direita deDeus, como se tivesse tomado possedaquele lugar para nós. Então vem oinimigo, que enganou Eva, e diz: "Tudoisso é verdade se você nunca pecar maisapós a sua conversão, mas se algum

cristão pecar, certamente o pecado oseparará do amor de Cristo". Queridojovem crente, veja se seu escudo não estáabaixado quando o diabo lançainsinuações assim contra você. A respostapreciosa é esta: "Também intercede pornós". (Rm 8.34) Sim, "vivendo semprepara interceder por eles". (Hb 7.25)Imagine de quantos pecados estaintercessão nos preserva!Mas será que se um crente, um filho deDeus, por causa de seu descuido, pecar,será que Ele irá, ainda assim, em seuinfinito e imutável amor, interceder pelacausa daquele que caiu? "Meus filhinhos,estas coisas vos escrevo, para que nãopequeis; e, se alguém pecar, temos umAdvogado para com o Pai, Jesus Cristo, ojusto. E Ele é a propiciação pelos nossos

pecados." (1 Jo 2.1,2) Sim, mesmo então,em imutável amor, Ele é o mesmo Jesus,que "também intercede por nós". Assim,tudo provém de Deus e não pode falhar.Leia agora toda a lista apresentada porestes versículos, e fiquemos persuadidos,como estava o apóstolo, de que nada "nospoderá separar do amor de Deus, que estáem Cristo Jesus nosso Senhor". (Rm 8.39)Não há condenação para aqueles queDeus justifica, aqueles que Ele tem porjustos. E não há separação do infinito eeterno amor de Deus para conosco, emCristo Jesus nosso Senhor.

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CAPÍTULO 9

A ELEIÇÃO DIVINA POR MEIODE UMA NAÇÃO

COMO se pode perceber, há agora umamudança na epístola. Os próximos trêscapítulos formam um parêntese. A justiçade Deus já foi completamente revelada eexplicada em Seu proceder, tanto paracom os judeus como para com os gentios,por meio da qual ambos têm acesso aDeus. Ambos igualmente culpados, eagora ambos igualmente justificados; demodo que não há mais condenação, enem separação do amor de Deus emCristo Jesus nosso Senhor. Todavia, seisto é assim, como ficam as promessasespeciais feitas a Israel por meio dosprofetas? Este é o assunto tratado nestestrês capítulos.Teria o apóstolo, que com tanta clareza

trouxe à tona esta verdade de que agoranão há diferença no modo de Deus tratara ambos, deixado de amar a nação deIsrael? Não, seu amor por eles era tãointenso que, como Moisés na Antiguidade(veja Êxodo 32.32), ele, por assim dizer,ficara fora de si. Ele diz: "Tenho grandetristeza e contínua dor no meu coração.Porque eu mesmo poderia desejar serseparado de Cristo, por amor de meusirmãos, que são meus parentes segundo acarne". (Rm 9.2,3) Em alguns casos,aquele amor tão intenso levou-o a agirfora da direção do Espírito Santo, comoem Atos 20.22 e 21.4. Não há dúvida deque o Senhor suportou Seu devoto servo,e transformou tudo em bem -- ao menospara nós -- apesar de Paulo haver sofridoa prisão e a morte. O quanto deve ter isto

acrescentado à sua dor de coração -- serodiado e perseguido em cada cidade poraqueles que ele amou tão profundamente.Que semelhança com seu Senhor, ao Qualele serviu com tanta devoção.Paulo reconhece a totalidade dosprivilégios que eles tinham como nação."Que são israelitas, dos quais é a adoçãode filhos, e a glória, e os concertos, e a lei,e o culto, e as promessas; dos quais são ospais, e dos quais é Cristo segundo a carne,O qual é sobre todos, Deus benditoeternamente: Amém." (Rm 9.4,5)Que privilégios! A nação adotada, com aqual Deus havia habitado no tabernáculo.Esses privilégios nunca haviam sidodados a nenhuma outra nação. O Deuseterno havia Se encarnado, vindo comoUm daquela nação. Tudo isto é

plenamente reconhecido. Ele que é sobretudo, Deus bendito para sempre, no queconcerne à carne, ao corpo, nasceu deMaria, da descendência real daquelanação.Mas um outro princípio é agoraapresentado. Deus havia, sem dúvidaalguma, feito diferença, ainda na própriadescendência de Abraão. Os dadescendência de Abraão não eram todosos eleitos, filhos adotivos da promessa."Em Isaque será chamada a tuadescendência." (Rm 9.7) "Os filhos dapromessa são contados comodescendência." (Rm 9.8) Uma multidãobrotou de Abraão; mas Ismael foirejeitado, e foi só em Isaque que foiescolhida a descendência.O mesmo propósito de Deus havia na

eleição de Jacó. A Sara foi dito, "O maiorservirá o menor". (Rm 9.12) Também foiescrito, embora muitas centenas de anosdepois, por Malaquias, "Amei Jacó, eaborreci Esaú". (Rm 9.13) Este assuntodo livre e soberano favor de Deus é ogrande momento da explanação de Paulo;e nenhum dos que crêem nas Escrituraspoderia duvidar disso nos casos a que nosreferimos acima. E Deus disse a Moisés:"Compadecer-me-ei de quem Mecompadecer, e terei misericórdia de quemEu tiver misericórdia". (Rm 9.15)Portanto, Deus certamente tinha osoberano direito de demonstrarmisericórdia para com os gentios, sendojustamente isto que ofendeu tanto osjudeus. É notável o fato de que todos osque dizem ser judeus agora, ou que

colocam-se no terreno do judaísmo,estejam sempre disputando a soberanagraça de Deus.Muitos homens ilustres negam asoberania divina, mas Deus é mais sábioque os homens. Não podemos nosesquecer de que, pela cruz, ficoucomprovado que o homem encontra-seem inimizade para com Deus. O homemnão tem nada, na sua natureza, que o levea desejar Deus. "Assim, pois, isto nãodepende do que quer, nem do que corre,mas de Deus, que Se compadece." (Rm9.16) Isto é algo extremamentehumilhante, mas certamente é verdadeiro.Faraó é dado como uma amostra daimpiedade do homem, e do justo juízo deDeus sobre ele. Por muito tempo Deussuportou sua ousada infidelidade e

rebelião, até que, no justo governo deDeus, Faraó foi endurecido e abandonadoà sua própria destruição. Que todorebelde contra Deus fique bem atento,caso contrário a maldição de Faraó cairátambém sobre ele. Faraó disse: "Quem é oSenhor, cuja voz eu ouvirei, para deixar irIsrael? Não conheço o Senhor, nem tãopouco deixarei ir Israel". (Êx 5.2) Oescarnecedor de nossos dias que se cuide,caso contrário seu coração poderá serendurecido contra o Senhor, levando-o àeterna destruição."Logo pois compadece-Se de quem quer,e endurece a quem quer." (Rm 9.18) Oshomens podem dizer: Se é isto o queacontece, "por que Se queixa Ele ainda?Porquanto, quem resiste à Sua vontade?"(Rm 9.19) Não resistiu Faraó a Deus?

Não tem você resistido e recusado Deus?"Quem és tu, que a Deus replicas?" (Rm9.20) Será que a mera criatura, a coisaformada, tem o direito de perguntar: "Porque me fizeste assim?" Jamais! AcasoDeus me formou assim? Muito pelocontrário. Seria Ele o Autor de toda arebelião e pecado do homem? Veja queesta não é uma afirmação, mas umapergunta -- "Não tem o oleiro podersobre o barro, para da mesma massa fazerum vaso para honra e outro paradesonra?" (Rm 9.21) Não é Deussoberano? Aqui não está afirmando queEle tenha feito alguém para desonra. Suaira contra toda a impiedade é conhecida,mas por quanto tempo Ele suportou, commuita paciência, os vasos de irapreparados para destruição? Acaso não

foi Faraó quem se preparou a si própriopara destruição? O mesmo pode ser ditode cada pecador.Trata-se, no entanto, de uma verdade dasmais benditas que Ele preparou deantemão os vasos de misericórdia para aglória. No que diz respeito a estes, é tudoo soberano favor em conformidade comas riquezas da Sua glória. "Para quetambém desse a conhecer as riquezas daSua glória nos vasos de misericórdia, quepara glória já dantes preparou." (Rm 9.23)O homem prepara a si próprio para adestruição, como os judeus estavamfazendo. Deus prepara os vasos demisericórdia para a glória."Os quais somos nós, a quem tambémchamou, não só dentre os judeus, mastambém dentre os gentios" (Rm 9.24),

citando Oséias para comprovar isto:"Chamarei Meu povo ao que não era Meupovo; e amada à que não era amada". (Rm9.25) Ele prova, assim, por meio doprofeta do próprio povo de Israel, que amisericórdia seria demonstrada aosgentios.Então ele cita Isaías, e demonstra que ésomente um remanescente de Israel quedeverá ser salvo. Sim, "se o Senhor dosExércitos nos não deixara descendência,teríamos sido feitos como Sodoma, eseríamos semelhantes a Gomorra." (Rm9.29) Certamente, o fato de haveremrejeitado Jesus, O qual Deus fez Senhor eCristo, provou que a culpa deles nuncapoderia ter sido maior. Mas aperversidade humana conseguiu chegarmais além: eles mataram o Justo e Santo

de Deus, e, com tudo isso, aindaapegaram-se à lei para justiça."Que diremos pois? Que os gentios, quenão buscavam a justiça, alcançaram ajustiça? Sim, mas a justiça que é pela fé.Mas Israel, que buscava a lei da justiça,não chegou à lei da justiça." (Rm 9.30,31)Os judeus buscavam justiça pela guardada lei, mas nunca a alcançaram. Nãoacontece o mesmo até hoje? Todos os quese colocam em terreno judaico, e buscamser justos pela guarda da lei -- nãoimporta qual lei -- nunca podem alcançarjustiça. Nunca podem estar certos de queestão suficientemente justos para Deusjustificá-los, e, portanto, nunca chegam ater paz com Deus. Quanto mais religiãoum homem inconverso tiver, mais difícilserá para o evangelho alcançá-lo. E por

que não chegaram à justiça ou àjustificação? "Por quê? Porque não foipela fé, mas como que pelas obras da lei:tropeçaram na pedra de tropeço." (Rm9.32)E como foi que os gentios chegaram àjustiça, e alcançaram a paz com Deus?Por escutarem as boas novas demisericórdia para com eles, por meio dosangue do Redentor; creram em Deus;foram justificados; tiveram, crendo emDeus, paz com Deus. E não é assim queacontece até hoje? O evangelho é ouvidopor uma pessoa que cresceu sob a lei,esperando algum dia poder guardá-la atétornar-se justa, e então espera que, em umoutro mundo, depois do dia do juízo,tenha vida eterna e paz com Deus.Tomada, com frequência, por dúvidas

sombrias -- e até presságios de umacondenação eterna -- ela tenta todos osexpedientes humanos -- um sacerdócio noqual possa depositar, se for uma pessoasincera, a escuridão de sua alma, o pesode seus pecados, e o pavor de seu futuro.Poderá uma pessoa assim alcançar umajustiça que a torne apta para a presença deDeus? Nunca. Poderia algum outroexpediente religioso conceder a benditapaz com Deus? Nenhum.Quão diferente é quando um pobre,culpado, ignorante e sobrecarregadopecador escuta o evangelho e crê nele,como os gentios da Antiguidade! Nãopossuíam a lei, e não buscavam justiçapelas obras da lei. Ouviram a docehistória do amor de Deus para compecadores como eles. Ouviram como

Deus havia Se apiedado deles -- sim, haviadado Seu Filho amado para morrer poreles; que Ele havia morrido, o Justo peloinjusto; que Deus O ressuscitara de entreos mortos. Ouviram as boas novas doperdão de pecados por meio dEle;ouviram, creram, foram justificados detodas as coisas, tiveram paz com Deus.Querido leitor, será que você tambémouviu e creu assim? Estará você jájustificado? Se assim for, não tem já pazcom Deus? Nosso próximo capítulorevelará isto mais completamente.

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CAPÍTULO 10A PROCLAMAÇÃO DE UMA

PERFEITA JUSTIÇAO APÓSTOLO faz aqui uma pequenapausa. Trata-se da pressão do amor de seucoração. "Irmãos, o bom desejo do meucoração e a oração a Deus por Israel épara sua salvação." (Rm 10.1) Eles tinhamzelo por Deus, mas não comentendimento. O apóstolo estavaimensamente triste com os que causavamproblemas, e buscavam inquietar osgálatas, sim, ele desejava até que fossemcortados (Gálatas 5.12). Mas o quanto elechorou sobre a grande multidão dejudeus enganados. Estamos nós tristespela multidão que nos cerca? Podemosdizer que o desejo de nosso coração enossa oração por eles a Deus é quepossam ser salvos?"Porquanto, não conhecendo a justiça de

Deus, e procurando estabelecer a suaprópria justiça, não se sujeitaram à justiçade Deus." (Rm 10.3) Você deve estarlembrado de que a justiça de Deus érevelada no evangelho. (Veja os capítulos1.17 e 3.21-25.) Assim, os judeus querejeitaram o evangelho, permaneceramnecessariamente ignorantes daquelajustiça. E assim acontece até o dia dehoje: todo aquele que rejeita a revelaçãode que Deus é justo e ainda o Justificadordo ímpio, acaba, se estiver ansioso paraser salvo, buscando estabelecer suaprópria justiça, recusando-se, assim, asubmeter-se ao fato de que Deus é justoem justificá-lo gratuitamente, por meio daredenção que há em Cristo Jesus.O encontro do pai com o pródigo emLucas 15 ilustrará este assunto. O

pródigo, assim como o pobre gentio, caiuem si. A parábola toda é surpreendente: opastor tinha vindo para buscar a ovelhaperdida, sim, como sabemos, Ele morreupor ela. O Espírito Santo foi enviadodesde o céu e procura o perdido. E agorao pai tem o seu gozo completo ao recebero filho perdido; ele, o pai, vai ao seuencontro. Um profundo exercício deconsciência havia tomado lugar nopródigo. Um senso de que haviaabundância na casa do pai, e umaprontidão em confessar seu pecado; isto éo que sempre marca a obra do Espírito.Todavia, até aqui ele ignorava acerca domelhor vestido.Ele esperava ser um servo, como aconteceem cada coração humano, mas estavatotalmente ignorante do que lhe estava

reservado. Tudo o que tinha eram seustrapos, sua culpa, sua vergonha. Tudo issoele reconhecia diante de seu pai. Tinha eleuma túnica para apresentar ao seu pai?Não tinha nada senão trapos. Teria o paidito a ele que fizesse uma túnica, umavestimenta que o deixasse adequado paraentrar em sua casa? Não. O pai tinha umatúnica para ele. Oh, olhe para o pai: "E,quando ainda estava longe, viu-o seu pai,e se moveu de íntima compaixão, e,correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e obeijou." (Lc 15.20) É assim que Deus vaiao encontro do pecador arrependido, queestá em seus trapos, sem sequer umatúnica.O pai disse: "Trazei depressa o melhorvestido, e vesti-lho, e ponde-lhe um anelna mão, e alparcas nos pés." (Lc 15.22)

Do mesmo modo o gozo enche o coraçãode Deus ao receber o pecador perdido.Mas não acontece o mesmo com o irmãomais velho, que prefere lutar por umajustiça própria. Que contraste! Um errotriste e fatal! O pródigo não tinha nemuma túnica para apresentar-se ao pai. Elenão tinha nada além de trapos e pecado.O pai tinha a melhor roupa, a justiça deDeus para o pródigo. Sim, e o anel parasua mão, prova de amor eterno; e o andarcondizente também lhe foiprovidenciado, sandálias para seus pés.Tudo novo e tudo proveniente de Deus.Israel, assim como o irmão mais velho,não podia ter essa compaixão ejustificação de Deus. É certo que estavamignorantes acerca disso. "Porquanto, nãoconhecendo a justiça de Deus, e

procurando estabelecer a sua própriajustiça, não se sujeitaram à justiça deDeus." (Rm 10.3) Eles haviam seguido alei da justiça; haviam tentado guardar a leipara serem justos. Haviam tentado fazeruma túnica para apresentarem a Deus;mas não conheciam a melhor roupa queDeus tinha para dar-lhes. Será este o seucaso, leitor? Será que você está tentandoproduzir, fazer uma justiça, paraapresentá-la a Deus? Talvez você estejaperguntando: Não devo tentar guardara lei para ser bom e apto para apresença de Deus? Você não vê ondeestá seu erro? Você não vê que estátentando trazer a túnica para Deus? Qualé a melhor roupa?"Porque o fim da lei é Cristo para justiçade todo aquele que crê." (Rm 10.4) Sim,

Cristo é a melhor roupa -- o fim de todasas exigências, e de todos os sacrifícios dalei, que eram tipos. Deus fez dEle justiçapara nós. Não necessitamos de outrajustiça para entrarmos na presença deDeus nosso Pai. A justiça prática,exercitada diante dos homens, é umaoutra questão, mas não é o assuntotratado aqui."Moisés descreve a justiça que é pela lei,dizendo: O homem que fizer estas coisasviverá por elas." (Rm 10.5) Mas o pródigonão tinha feito estas coisas. E nós nãofizemos estas coisas: somos culpados enão temos justiça para apresentar a Deus.Mas, crendo em Deus, Ele podeconsiderar-nos, e nos considera de fato,justos; e isso por uma obra que já foiconsumada, e não algo que ainda

necessite ser feito. Cristo não descerá docéu para morrer na cruz. Ele já veio aquie morreu por nosso pecados. Ele não teráque ressuscitar de entre os mortos, poistudo já foi feito, tudo consumado. Assimcomo o pai saiu ao encontro do pródigo,"a palavra está junto de ti, na tua boca eno teu coração; esta é a palavra da fé, quepregamos, a saber: SE com a tua bocaconfessares ao Senhor Jesus, e em teucoração creres que Deus O ressuscitoudos mortos, serás salvo". (Rm 10.8,9) Erajustamente isto o que Israel não iria fazer.Eles não confessariam que Deus fezaquele mesmo Jesus, que eles haviamrejeitado e crucificado, Senhor e Cristo.Eles se apegariam à lei para justiça, e emseus corações não iriam crer em Cristocomo a justiça deles diante de Deus. E

quantos estão fazendo o mesmo até hoje!Procurarão ser justos, mas nuncaconseguirão. Nunca conheceram a justiçade Deus em justificá-los no momento emque cressem.Agora o apóstolo cita, como prova, aprópria Escritura que eles possuíam."Porque a Escritura diz: Todo aquele quenEle crer não será confundido." (Rm10.11) Isto prova que haveria um tempoem que a doutrina do "não há diferença"estaria em vigor. "Porquanto não hádiferença entre judeu e grego (ou gentio):porque um mesmo é o Senhor de todos,rico para com todos os que O invocam.Porque todo aquele que invocar o nomedo Senhor será salvo." (Rm 10.12,13; Joel2.32.) Que bendito fato é este: todos, sejajudeus ou gentios, que verdadeiramente

se achegam ao Senhor, invocando-O,estão assegurados das boas vindas, assimcomo aconteceu com o pródigo.O que você prefere, leitor? Nunca terpecado e ter produzido uma justiça que odeixasse apto para comparecer diante deDeus (se fossem coisas possíveis),trazendo assim uma túnica para Deus, ou,reconhecer tudo o que você é, e tudo oque praticou, e agora, como um pecadormerecedor do inferno, confessar com suaboca e crer em seu coração no SenhorJesus, como sua eterna justiça diante deDeus? Não podemos nos detestar muito anós mesmo; mas, oh, que profundacompaixão a que nos encontraexatamente como estamos, e nos vestecom a melhor roupa, com anel esandálias. E como nos é dado conhecer

esta justiça de Deus? Leia os versículos 14e 15 para ter a resposta. Escutando aPalavra, o evangelho da paz que nos foienviado. Que boas novas! Aqueles quebuscavam a justiça pela lei odiaram essasboas novas e os pregadores do evangelho.É exatamente o que acontece até hoje,por todos os que dizem que são judeus enão o são.Não seria este um fato dos maisespantosos que o homem pudesse odiar erejeitar o seu maior bem, o evangelho dapaz? O homem tentará, ou pensa podertentar, atingir algum dia a sua própria pazcom Deus. Mas não terá a paz que é feitapelo sangue de Jesus; a paz que é pregadaàqueles que estão longe, e àqueles queestão perto. Sim, a paz que é proclamadaa todos. "Mas nem todos obedecem ao

evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quemcreu na nossa pregação?" (Rm 10.16) Apalavra do evangelho foi pregada a todo oIsrael: mas não quiseram crer. É pregadaagora, talvez como nunca o foi antes, atoda a cristandade; mas eles não areceberão. Veremos o resultado final detudo isso no próximo capítulo.Deus tem os que Lhe pertencem, apesarde toda a perversidade do homem, sejamjudeus ou gentios, como Isaías claramentedisse: "Fui achado pelos que me nãobuscavam, fui manifestado aos que porMim não perguntavam". (Rm 10.20) Oapóstolo provou, assim, as duas coisastiradas das passagens do próprio AntigoTestamento deles: que não há diferença, eque prevalece a soberania de Deus. Quemquer que seja, judeu ou grego, que

invocar o Senhor será salvo -- e, oh, queverdade que sustenta a alma, Ele terámisericórdia de quem tiver misericórdia.Teria Israel se perdido por Deus nãodesejar salvá-los? "Mas contra Israel diz:Todo o dia estendi as minhas mãos a umpovo rebelde e contradizente." (Rm10.21) Eles não quiseram ir a Ele: elesrecusaram o melhor vestido, o anel e assandálias. Que isto não aconteça com osleitores destas linhas. Aquele que vai aEle, de maneira nenhuma será lançadofora.

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CAPÍTULO 11A FIDELIDADE DE DEUS

"DIGO POIS: Porventura rejeitou Deuso Seu povo? De modo nenhum." (Rm11.1) O próprio Paulo era uma provadisto, pois ele era um israelita. "Deus nãorejeitou o Seu povo, que antes conheceu."(Rm 11.2) Não foi Deus que rejeitou Seuantigo povo: "Todo o dia estendi asMinhas mãos a um povo rebelde econtradizente." (Rm 10.21) É importanteque se veja este lado da verdade -- aperfeita prontidão de Deus para queIsrael -- sim, até mesmo para que todos oshomens -- fosse salvo. O homem é o queé rebelde, o transgressor da lei, e, agora, oque rejeita da misericórdia de Deus.Vem, então, o outro lado da questão.Israel se rebelou de tal maneira contraDeus, ao ponto de Elias haver dito que sóele havia ficado. Ele disse: "Senhor,

mataram os Teus profetas, e derribaramos Teus altares; e só eu fiquei, e buscam aminha alma". (Rm 11.3) Temos aqui aprofunda e universal rejeição e ódio dohomem contra Deus. Trata-se do homemno pleno exercício de sua vontadeprópria. Mas, acaso Deus abandonoutodos os homens à sua própria livreescolha e ao seu ímpio caminho?"Mas que lhe diz a resposta divina?Reservei para mim sete mil varões, quenão dobraram os joelhos diante de Baal."(Rm 11.4) Deus não diz que eles tenhammerecido, ou que tenham se resguardado;não, o que Ele diz é: "(Eu) reservei". Omesmo que já vimos no capítulo 9, e seDeus não tivesse feito assim, todos elesteriam se tornado como Sodoma eGomorra.

"Assim pois também agora neste tempoficou um resto, segundo a eleição dagraça." (Rm 11.5) Sim, nessa mesmaocasião ninguém poderia negar que anação, como tal, estava enlouquecida emsua ira contra Cristo. O próprio Saulo erauma prova do excessivo ódio dosisraelitas contra Cristo. Mas, comoaconteceu nos dias de Elias, houve entãouma eleição de graça, de livre e imerecidofavor de Deus. Querido jovem crente,você será imensamente tentado a rejeitareste abundante e gratuito favor de Deusque elege. Nos dias de hoje há poucosque crêem nisto de coração. Gostaríamosque você abraçasse isto de toda a suaalma. Será que não ficou evidente quetanto Israel como os gentios são tãomaus, são grandes rejeitadores da graça de

Deus, que se não fosse por Sua eleição,em livre graça e favor, ninguém teria sidosalvo? Todos, todos eles teriam sidocomo Sodoma. Sim, a completa ruína dohomem, e a eleição de Deus, são coisasque, ou permanecem juntas, ou caemjuntas. Você não pode verdadeiramentetomar posse de uma e rejeitar a outra.Repare que estas passagens demonstramque não há má vontade da parte de Deus,mas o homem não quer receber a graça deDeus. Quando isto é enxergado, quãoprecioso é, para o crente, a benditaverdade da eleição da graça! "Mas se é porgraça, já não é pelas obras: de outramaneira, a graça já não é graça." (Rm11.6) Isto é evidente. A salvação porobras, de qualquer tipo que seja,necessariamente coloca de lado o livre

favor de Deus. Porventura vocêpermanece no livre, pleno e eterno favorde Deus; ou está procurando alcançá-lapor meio das obras?Era exatamente isto o que Israel estavafazendo, porém "o que Israel buscava nãoo alcançou". (Rm 11.7) Com toda a suaira contra Deus, como foi revelada emCristo, eles estavam, ao mesmo tempo,sendo zelosos da lei, e procurando justiçapelas obras. Rejeitando o livre favor deDeus, nunca poderiam obtê-la pelasobras. Por isso sua cidade foi destruída eeles foram dispersos ou mortos. "Mas oseleitos o alcançaram" (Rm 11.7), ou seja,o livre favor de Deus no qualpermaneceram. Quanto ao restante,aqueles que rejeitaram o livre e imerecidofavor, foram tornados cegos. E as

Escrituras estão cheias de passagens parademonstrar que isto aconteceria assimcomo está escrito nos versículos 8 ao 10.Existem agora dois fatos. Os profetaspreviram que esses rejeitadores seriamentregues à cegueira judicial, e foi isto oque aconteceu ao logo de muitos séculos.Se alguém, que se considere um querejeita da verdade da eleição da graça,estiver lendo isto, oh, você corre o riscode também ser abandonado por Deus àcegueira e endurecimento de coração. Háquanto tempo Deus estende Suas mãos,pronto para receber você? E será quevocê é ainda um daqueles que, comoIsrael em sua justiça própria, continua arejeitar? Deus poderá, em Seu justo juízo,abandonar você à dureza de coração, e àstrevas que rapidamente estão se

espalhando.Mas será que a atual rejeição da graça deDeus por parte de Israel, e suaconsequente cegueira, levam Deus aalterar Seus propósitos e Sua promessa?Devemos agora olhar cuidadosamentepara o lado dispensacional desta questão.Deus transformou a queda deles emgrande bênção para os gentios. E, seassim foi, quão maior não será a bênçãoda sua plenitude? (Romanos 11.12.) Omundo gentio foi abandonado à crassaidolatria, como vimos no capítulo 1. Masagora, se a rejeição de Israel como naçãoresultou na "reconciliação do mundo"(Rm 11.15), o que será quando Deus osreceber,senão vida dentre os mortos? Oapóstolo não está falando aqui davocação, ou privilégios celestiais, da

igreja, mas de privilégios terrenos.Quando Deus chamou Abraão, e oseparou de entre as nações, este tornou-sea oliveira de bênção e promessa sobre aTerra. Sua descendência veio a ser aquelaárvore de privilégios, da qual Abraão eraa raiz. Portanto, não é uma questão deramos em Cristo, mas de ramos daoliveira da promessa ou dos privilégios.Trata-se, também, da questão dasantidade relativa, ou separação domundo. Alguns dos ramos naturais foramquebrados, mas não todo o Israel; algunsapenas. E, levando adiante esta figura, osgentios foram enxertados nesta oliveira deprivilégios.Todavia os gentios não podem se gloriar,pois "não és tu que sustentas a raiz, mas araiz a ti". (Rm 11.18) E, note bem, foi por

causa da incredulidade que foramquebrados. Não foi porque Deus quisquebrá-los, mas por causa de sua própriaincredulidade. E os gentio permanecempela fé. "Então não te ensoberbeças, masteme." (Rm 11.20) Houve juízo, comseveridade, contra Israel, que caiu emrazão de sua incredulidade; mas houvebenignidade para com os gentios -- "sepermaneceres na Sua benignidade; deoutra maneira, também tu serás cortado".(Rm 11.22) Deus é capaz de enxertarIsrael outra vez.Trata-se de algo totalmente contrário ànatureza enxertar a oliveira brava na boa.Na natureza, é sempre a boa oliveira, aboa macieira, que é enxertada na brava.Mas Deus tomou o pobre gentio, a planta"brava", e o enxertou na boa árvore

abraâmica do privilégio. E mais ainda, oapóstolo não os deixa ignorar estaverdade dispensacional, de que "oendurecimento veio em parte sobre Israel,até que a plenitude dos gentios hajaentrado. E assim todo o Israel será salvo,como está escrito, de Sião virá oLibertador, e desviará de Jacó asimpiedades". (Rm 11.25,26) Deste modo,o período do "não há diferença" (Rm10.12) chegará ao fim; o propósito deDeus em tirar para Si um povo de entreos gentios deverá se cumprir; então todoo Israel será salvo, conforme está escrito.Aí, então, todas as promessas que cabema eles se cumprirão. Toda a nação deIsrael, outrora dispersa, será reunida emsua própria terra, e serão então nascidosde Deus, conforme está escrito. É este o

propósito de Deus, embora sejam eles osinimigos mais acirrados no tempopresente; Deus escolheu fazer assim."Porque os dons e a vocação de Deus sãosem arrependimento." (Rm 11.29) Elenunca muda. Nem um jota ou til de SuaPalavra poderá falhar. A tradução literaldos versículos 30 a 31 é importante:"Porque assim como vós tambémantigamente não crestes em Deus, masagora fostes objetos de misericórdia peladesobediência deles, assim também estesagora não creram na misericórdia avós demonstrada, para também seremfeitos objetos de misericórdia". Isto éalgo maravilhoso, e demonstra o seguinteprincípio: Ele terá misericórdia (ou "Secompadece") de quem tiver misericórdia(ou "Se compadecer"). Os gentios não

tinham nenhum direito à salvação;estavam mortos em seus pecados, emincredulidade. Deus mostrou, para comeles, pura misericórdia. Israel não poderiacrer em tal misericórdia e perderam odireito a todos os privilégios por suaincredulidade, a fim de que Deus possa,no final, salvá-los como nação, ainda quecomo objetos de Sua misericórdia."Porque Deus encerrou a todos debaixoda desobediência, para com todos usar demisericórdia." (Rm 11.32) "Óprofundidade das riquezas, tanto dasabedoria, como da ciência de Deus!"(Rm 11.33) Ninguém mais, a não seraqueles que foram salvos como objetos deSua misericórdia, será encontrado naigreja nas alturas, ou no reino de Deussobre a Terra. Em ambos os casos o livre

favor de Deus reina, assim, triunfante.Uma palavra mais, um solene aviso antesde terminarmos este capítulo. Se acristandade gentia não permanecer emSua benignidade, também ela seráquebrada. Será que houve antes umaépoca em que a benignidade de Deus, oSeu livre favor, tenha sido maisevidentemente rejeitada do que nopresente momento? Nunca antes, desdeos dias dos apóstolos, a livre graça deDeus foi pregada tanto, e nunca tambémfoi tão rejeitada. Há pouco tempovisitamos uma grande cidade onde foiconstruído um bom e amplo salão para apregação do puro evangelho da graça deDeus. Estava fechado. Um outro grandeedifício estava ocupado por aqueles que,como Israel na Antiguidade, procuram

alcançar a justiça pelas obras, pelosrituais, e, disfarçadamente, pela missa. Olocal estava lotado, com pessoas, sentadase em pé. Será que Deus irá suportar issopara sempre? Certamente o fim estápróximo. Os ramos gentios devem serquebrados. Foi assim que o Espíritoexplicou acerca deste período de "não hádiferença" nestes três capítulos, Romanos9, 10 e 11. Depois de seu fim haverá adispensação do reino de Cristo, como foianunciado pelos profetas. E nesse tempotodo o Israel será salvo, como objeto deSua misericórdia. "Glória pois a Eleeternamente. Amém." (Rm 11.36)Com isto termina a parte doutrináriadesta maravilhosa revelação da justiça deDeus, em Seu proceder para com ohomem. A leitura desta epístola de nada

valerá se não for validada pelo EspíritoSanto em nossos corações. Será que Ele,como vimos nas maravilhosas páginasdesta epístola, tem usado assim a SuaPalavra? Será que reconhecemosverdadeiramente que somos pecadoresímpios e tão arruinados? Será queaprendemos que nunca houve, e nempode haver, qualquer coisa boa na carne?Será que cremos em Deus que ressuscitouJesus nosso Senhor de entre os mortos, Oqual foi entregue por nossas ofensas? Seráque nós, individualmente, já nosconscientizamos dessas ofensas e asreconhecemos como tendo sidotransferidas para nosso santo Substituto?Será que posso dizer que Ele ressuscitoude entre os mortos para a MINHAjustificação? Se assim for, certamente

estamos justificados pela fé, e temos pazcom Deus, por nosso Senhor JesusCristo. E agora, permanecendo neste livree abundante favor de Deus, comodevemos andar? Sim, depois decompletamente libertos, e possuindo oEspírito de vida, qual deveria ser o frutodisso? Os capítulos que restam dão aresposta a estas questões.

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CAPÍTULO 12CRISTIANISMO PRÁTICO

CHEGAMOS agora à justiça prática, oestado e o andar daqueles que foramfeitos recipientes da graça de Deus,daqueles que foram tomados em

soberano e livre favor, e justificados detodas as coisas; sem nenhuma condenaçãoem Cristo. É por esta mesma compaixãode Deus que estes preceitos lhes sãoendereçados. "Rogo-vos pois, irmãos, pelacompaixão de Deus, que apresenteis osvossos corpos em sacrifício vivo, santo eagradável a Deus, que é o vosso cultoracional." (Rm 12.1) Certamente é precisoum pouco de exercício da razão, no quediz respeito ao nosso corpo, para sujeitá-lo a um culto racional ou inteligente.Estamos "esperando a adoção, a saber,aredenção do nosso corpo". (Rm 8.23) Eleestá para ser conformado ao Seu corpoglorioso. Estamos para levar a imagem doque é celestial. Mesmo no que dizrespeito ao nosso corpo, logo deveremosvê-Lo e ser como Ele é. (Veja Filipenses

3.20,21; 1 Coríntios 15.48; 1 João 3.2.)Portanto, estando cientes de tudo isso,podemos sujeitar nosso corpo desde já,para que pertença a Ele, para ser usadoem santa separação, por Ele e para Ele.Que privilégio! Mas isto não será possívelse estivermos conformados com estemundo -- um mundo em inimizadecontra Ele. E, assim como fomosrenovados em espírito, "transformai-vospela renovação do vosso entendimento,para que experimenteis qual seja a boa,agradável, e perfeita vontade de Deus."(Rm 12.2)Se Deus nos salvou, em pura misericórdiae compaixão, busquemos, então, de modointeligente, procurar conhecer Suavontade, experimentando qual é essavontade. Isto irá exigir inteligência

espiritual quanto ao tempo oudispensação em que nos encontramos. Aboa, agradável, e perfeita vontade de Deusquanto a isso só pode ser conhecida eexperimentada em humildade de espíritoe em completa dependência."Porque pela graça, que me é dada." (Rm12.3) Que necessidade constante há deuma consciência do livre favor que nosfoi individualmente demonstrado, econcedido a cada um de nós! É isto o quenos capacita a termos um conceitohumilde acerca de nós mesmos, e apensarmos com temperança, oupensarmos com sabedoria, conforme amedida de fé que Deus repartiu a cadaum.Assim como houve, na dispensaçãopassada, uma nação na carne, e uma

aliança de mandamentos adequada àqueladispensação, "assim nós, que somosmuitos, somos um só corpo EMCRISTO, mas individualmente somosmembros uns dos outros". (Rm 12.4,5)Que contraste é isto com Israel; edevemos ter entendimento disto, ou nãopoderemos provar a agradável vontade deDeus para conosco neste momento. Nopassado, ninguém poderia estar emCristo. Jesus devia morrer, e ressuscitarde entre os mortos, ou então permanecersó; mas somos agora um corpo em Cristo.E esta verdade deve reger toda a nossaobediência a Cristo. Devemos agir emunião, como acontece com os váriosmembros do corpo humano, pois somosum só corpo em Cristo. Aqui não se tratatanto da doutrina do um só corpo, mas da

prática de todos os membros desse corpo.Devemos estar sempre lembrando que,"tendo diferentes dons, segundo a graçaque nos é dada". (Rm 12.6) Com certeza,qualquer que seja o serviço exercido noum só corpo em Cristo, é tudo puragraça, tudo livre favor. Tendo estabendita consciência do livre favor deDeus, sejamos diligentes no serviço,qualquer que seja ele -- seja profecia,ministério, ensino, exortação ou opresidir. Que tudo seja feito com alegria.Estes preceitos são tão claros que não hánecessidade de explicação, além devermos que tudo deve ser feito emreferência ao um só corpo em Cristo.Todavia, cada um destes preceitos é damaior importância, e só pode serguardado andando-se no Espírito, pois,

na verdade, estes são frutos do Espírito.Poderia a carne, que continua em nós,cumprir o "apegai-vos ao bem", ou o"preferindo-vos em honra uns aosoutros", ou ainda o "abençoai aos que vosperseguem"? (Rm 12.10-14) De modonenhum; ela irá sempre oprimir aquiloque é nascido do Espírito. "Sedeunânimes entre vós; não ambicioneiscoisas altas, mas acomodai-vos àshumildes." (Rm 12.16) Isto é exatamenteo oposto das maneiras deste mundo.Quão prontos somos a esquecer estebendito ensino dos versículos 17 ao 19.Quão pronta está a carne para pagar malcom mal. E quão triste é quando aindolência toma o lugar da busca pelascoisas honestas perante todos os homens.Sim, se não tiver cuidado, o cristão pode

cair em quase todas as formas dedesonestidade universalmente praticadasno mundo. E acaso uma transaçãoenganosa e desonesta não tem o mesmocaráter de um assalto? Estas são palavrasque deveriam estar penduradas na paredede cada escritório, oficina eestabelecimento: "PROCURAI ASCOISAS HONESTAS PERANTETODOS OS HOMENS". Oh, quetenhamos mais fé e uma obediênciaresoluta nas coisas comuns do dia-a-dia.Estamos convencidos de que a falta decuidado nestas coisas, quando não se tratade algo pior ainda do que o descuido, é acausa de muita de nossa fraqueza. E quãopronta está a carne de cada um de nóspara se vingar! Mas estas são as palavrasdo Espírito: "Não vos vingueis a vós

mesmos, amados". (Rm 12.19)Será que Ele, cujo nome tão preciosolevamos, vingou-Se a Si próprio? O diada vingança e do juízo que cairá sobre ummundo ímpio ainda virá, mas não é certoque somos seguidores dAquele que curoua orelha de Seu inimigo? Oh, quepossamos ser mais semelhantes a Ele!Que ternas palavras são estas: "se o teuinimigo tiver fome, dá-lhe de comer: setiver sede, dá-lhe de beber". (Rm 12.20)Onde, além das Sagradas Escrituras daverdade, poderíamos encontrar palavrasassim? Deixe o homem entregue a simesmo; irá ele agir assim? Não, não; estessão os preciosos frutos do Espírito.Possam eles abundar em nós cada vezmais.

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CAPÍTULO 13DEVERES E DISCERNIMENTO

CONTINUA a senda do homem celestialsobre a Terra. Qual deve ser a suaconduta em relação ao governo destemundo? Ele deve sujeitar-se. Devereconhecer os poderes governamentaisque são, como tendo sido escolhidos porDeus. Ele deve ficar longe da ilegalidade eda insubordinação. "E os que resistemtrarão sobre si mesmos a condenação."(Rm 13.2) O cristão deve ser, dentretodos os homens, o mais leal, até mesmopor uma questão de consciência."Portanto dai a cada um o que deveis: aquem tributo, tributo: a quem imposto,

imposto: a quem temor, temor: a quemhonra, honra." (Rm 13.7)Deve ser observado que aqui não hánenhum preceito de que devêssemostomar parte ou lugar na política destemundo, mas tão somente estarmossujeitos. A igreja, ou o cristão, é semprevisto como não sendo do mundo, mas,enquanto nele, deve permanecer emsujeição. Não importa o tipo de governo,a senda do cristão é de sujeição; e,querido jovem crente, Deus é mais sábiodo que nós."A ninguém devais coisa alguma." (Rm13.8) Estas poucas palavras são bem fáceisde se compreender. Não somente osdébitos, mas todas as contas devem serpagas no seu devido tempo. Para poderagir assim, o cristão deveria sempre

procurar viver um padrão de vida inferiorà sua renda, e comprar dentro de suaspossibilidades. Isto pode exigir muitadiligência e renúncia própria, mas quantamiséria pode evitar. Estas palavras,portanto, são importantes quandoaplicadas ao quanto se ganha e ao que segasta. Além disso, qualquer que seja amedida de bondade que nos fordemonstrada, procuremos devolvê-la comgenerosos juros. "A ninguém devais coisaalguma, a não ser o amor com que vosameis uns aos outros." (Rm 13.8) Ah, estaé uma dívida que nunca conseguimospagar totalmente, pois trata-se deamarmos uns aos outros como Ele nosamou.O amor de Deus é derramado em nossoscorações pelo Espírito Santo que nos foi

dado (Romanos 5.5). Agora, nesteexercício, este amor flui a outros -- oamor de Deus em nossos corações peloEspírito -- e o resultado é que "quem amaaos outros cumpriu a lei". (Rm 13.8)Deste modo os mandamentos que dizemrespeito ao nosso próximo estão todoscumpridos. "Amarás ao teu próximocomo a ti mesmo." (Rm 13.9) Isto é feitopelo duplo poder do amor de Deus, jáderramado em nossos corações, e peloEspírito que nos foi dado. Não se trata decolocar o cristão sob a lei novamente, edizer a ele que, se guardar a lei, Deus oamará e lhe dará o Espírito Santo.Tampouco isso é dizer a ele que orepedindo pelo Espírito, para que possaguardar a lei. É o oposto de tudo isso. Oamor de Deus e o Espírito, isso tudo o

cristão já tem, e o amor não faz mal aopróximo. Portanto, o amor é ocumprimento da lei. Quão bela é a ordemde Deus, e o efeito nunca é colocadoantes da causa.Mais uma vez, nos versículos 11 ao 13,deve existir inteligência, como"conhecendo o tempo" etc. Mas se oscristãos não conhecem o tempo, porémsupõem exatamente o contrário, ou seja,que o mundo está para ser convertido, ouem vias de melhorar, ou que a noite não épassada, ou até mesmo que não haja noitenenhuma, mas que estejamos vivendo ogrande dia do desenvolvimento eaperfeiçoamento humano -- se estiveremassim tão obscurecido e equivocados,como poderão conhecer a perfeitavontade de Deus quanto ao andar, ou à

santa separação de um mundoamaldiçoado para juízo? Acaso, numestado como esse, não seria impossívelconhecer a perfeita vontade de Deus?Que palavra oportuna! "Conhecendo otempo, que é já hora de despertarmos dosono; porque a nossa salvação está agoramais perto de nós do quando aceitamos afé. A noite é passada, e o dia é chegado."(Rm 13.11,12) Que motivação para asantidade! Tenha cuidado com todasantidade fingida que não possua estediscernimento e motivação. O quê! OSenhor está à porta, e nós, cristãos,dormimos? Pensemos no gozo queteremos, estando para sempre com oSenhor -- quão perto está agora a nossasalvação -- ou o dia da ira e juízo sobreeste mundo que O rejeitou. "Rejeitemos

pois as obras das trevas, e vistamo-nosdas armas da luz." (Rm 13.12) Se omundo está precipitado na desonestidadedesta noite escura, "andemoshonestamente, como de dia". (Rm 13.13)Que mudança haveria na conduta, até doscristãos, se estivéssemos prontos adespertar, para aguardarmos o Senhor,dia após dia.Será que você gostaria de ser encontradopor Ele andando em "glutonarias" e"bebedeiras"; em "desonestidades" e"dissoluções"; ou em "contendas" e"inveja"? Com certeza que não. "Masrevesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e nãotenhais cuidado da carne em suasconcupiscências." (Rm 13.14) Oh,possamos nós despertar do sono e,aguardando pelo Senhor, nos revestirmos

dEle. O mundo não irá escutar oevangelho -- eles não irão ler Cristo naPalavra. Possam eles, então, ver Cristo emnós, e em tudo o que fizermos -- epístolasvivas, lidas e conhecidas de todos oshomens.Eles nos olharão; eles nos observarão deperto. Eles não sabem o quanto Satanásquer nos fazer tropeçar. Não conhecem astentações e as aflições do crente, e o quãopropensos somos a falhar, se não houveruma constante dependência do poder deDeus. Mas que o mundo nunca nosencontre fazendo provisão para a carne afim de satisfazer suas concupiscências.Que Senhor abençoe estes preciosospreceitos, tanto para o escritor como parao leitor. A noite é passada, e o dia échegado. Oh, quão cedo deveremos estar

para sempre com o Senhor!

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CAPÍTULO 14SENSIBILIDADE ESPIRITUAL

"ORA, quanto ao que está enfermo na fé,recebei-o, não em contendas sobredúvidas." (Rm 14.1) Podemos errar tantode um lado como do outro. Podemos nostornar tão estreitos a ponto derejeitarmos um irmão fraco na fé, oureceber alguém digno de repreensão, combase em questões duvidosas, eespeculações da razão. O Espírito Santogostaria que evitássemos cuidadosamenteambos os extremos. Em muitas coisas,

como comer e beber, considerar certosdias como santos, ou todos os dias iguais-- em todas as coisas como estas, nãodevemos julgar uns aos outros, masdevemos andar juntos em amor."Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu,também, por que desprezas teu irmão?Pois todos havemos de comparecer ante otribunal de Cristo." (Rm 14.10) Não setrata aqui de sermos levados a juízo porcausa de nossos pecados, ou do pecado.Isto já ficou estabelecido antes nestaepístola (capítulo 8.1,33,34). O Senhornos assegura que não seremos levados ajuízo. (João 5.24.) Qual é, então, osignificado aqui? Simplesmente a questãoapresentada. O fato de que todos serãocolocados diante de Deus, O qual nãopode cometer um erro naquilo que Ele

aprova, deveria ser uma prova salutar anos prevenir do injurioso hábito dejulgarmos uns aos outros. "De maneiraque cada um de nós dará conta de simesmo a Deus. Assim que não nosjulguemos mais uns aos outros." (Rm14.12,13)É claro que isto não nos ensina a sermosindiferentes quando a Pessoa de Cristo,ou a verdade que nEle há, é atacada:Paulo teve que resistir até mesmo aPedro. Mas aqui nos é ensinado a "nãopôr tropeço ou escândalo ao irmão". (Rm14.13) Pôr tropeço é não andar segundo oamor. Um irmão fraco, que me vejacomendo coisas oferecidas aos ídolos,pode ser levado a fazer o mesmo, e suaconsciência, sendo corrompida, ele podecair na idolatria, e colocar-se, com o

passar do tempo, sob o poder de Satanáse, no que diz respeito à comunhão,afastar-se de Cristo; na verdade, o mesmolugar onde uma pessoa ímpia precisou sercolocada para a destruição da carne (1Coríntios 5.5). Isto seria destruir umirmão, ao invés de destruir a carne, ou,por outro lado, ter sua consciênciadestruída. Em qualquer circunstância, oamor procuraria não colocar uma pedrade tropeço no caminho de um irmão.Ficamos sabendo de casos como o deuma pessoa que guarda o dia do Senhorcomo se fosse o shabbat (o sábado dosjudeus), com uma piedade tipicamentejudaica, enquanto outra, para mostrar terum conhecimento superior a esserespeito, pratica coisas no dia do Senhorque seriam uma profanação aos olhos da

outra. O resultado, em ambos os casos,tem sido desastroso. Durante anos, tantoa consciência como a comunhão deambos estiveram perdidas ou destruídas.No entanto, não suponha, nem por ummomento, que a expressão "não destruas"possa significar a destruição da vidaeterna. As Escrituras não podem secontradizer. Se parecer significar isto,então ficará evidente que não entendemoso verdadeiro significado de pelo menosum dos textos. Se a vida eterna que temosem Cristo pudesse ser destruída, então jánão seria eterna. E, acerca daqueles quetêm vida eterna, Jesus disse: "Nunca hãode perecer". (Jo 10.28) Isto basta para a fé.Todavia, é da maior importância termosconstantemente diante de nós aconsciência do tribunal de Cristo. Isto

nos preservará de julgarmos demais, oude nos devorarmos uns aos outros.O grande tema aqui é servir a Cristo demodo aceitável a Deus. "Porque o reinode Deus não é comida nem bebida, masjustiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.Porque quem nisto serve a Cristoagradável é a Deus e aceito aos homens."(Rm 14.17,18) Estas são palavraspreciosas: justiça, paz e alegria noEspírito Santo. Se Deus reinar em nossoscorações, haverá consistência; haveráaquilo que é condizente com o santolugar em que nos encontramos. "Sigamospois as coisas que servem para a paz epara a edificação de uns para com osoutros." (Rm 14.19) Isto nos levará aevitarmos fazer qualquer coisa, sejacomer carne ou beber vinho, com que um

irmão possa se escandalizar. Todavia istonão deve nos levar a comprometer oevangelho.Se Paulo tivesse se recusado a comer comos gentios a fim de não escandalizar aPedro, aquilo não teria servido para aedificação, mas teria comprometido oevangelho. Seria o mesmo que dizer queCristo não é suficiente para sua salvaçãoeterna, que você precisa também guardara lei. Isso porque para alguns a lei eraconsiderada superior a Cristo. De modosemelhante, se uma sociedade de homensviesse a dizer que Cristo só não ésuficiente para a libertação de um pecadore para sua completa salvação, e que vocêdeveria assumir perante eles ocompromisso de não beber vinho, nãoseria fé, amor, ou edificação você

comprometer o evangelho sujeitando-se aisso. Isso logo o levaria, como os mestresjudaizantes, a apartar-se de Cristo.Se Cristo não tiver a preeminência, algomais logo terá. Satanás sempre procurausar coisas boas para tirar o lugar que édevido a Cristo. A lei é boa, a temperançaé boa; mas vigiemos para que nenhumadelas venha a roubar-nos de Cristo.Precisamos nos amparar "à direita e àesquerda". (2 Co 6.7) Estes comentáriossão dirigidos para os casos em que atemperança é colocada no lugar de Cristo.Que cada um de nós esteja plenamentepersuadido em sua própria mente, elembremo-nos de que "tudo que não é defé é pecado". (Rm 14.23) Questionemo-nos na presença de Deus: Será quepreciso disto para meu corpo que

pertence ao Senhor? Será que há algumirmão que conheço que ficaráescandalizado se eu tomar isto? Faço-opor fé? É agradável ao Senhor que eutome ou faça isto?E sejamos bem cuidadosos em não nosgloriarmos nestes assuntos, ou emjulgarmos nosso irmão. "Tens fé? Tem-naem ti mesmo DIANTE DE DEUS. Bem-aventurado aquele que não se condena asi mesmo naquilo que aprova." (Rm14.22)

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CAPÍTULO 15UM EM CRISTO

O APÓSTOLO diz: "Mas nós, que

somos fortes, devemos suportar asfraquezas dos fracos, e não agradar a nósmesmos". (Rm 15.1) Por isso, quão ternosdevemos ser neste tempo em que todosestão igualmente fracos e débeis."Portanto cada um de nós agrade ao seupróximo no que é bom para edificação."(Rm 15.2) Não é algo verdadeiramentebelo? Onde é que podemos encontrar istoperfeitamente exemplificado? Oh, há Um,sim, Um só que é perfeito. "Porquetambém Cristo não agradou a Si mesmo."Ele não procurou justificar-Se a Simesmo; "mas, como está escrito: SobreMim caíram as injúrias dos que Teinjuriavam". (Rm 15.3) Seu olhar estavasempre dirigido para o alto, dirigido parao Pai; Ele era a expressão, a revelação doPai, Deus manifestado. E todas as injúrias

que recebeu, sentia serem dirigidas contraSeu Pai. Ele não respondeu; não agradou-Se a Si mesmo, mas Seu inefável prazerestava em suportar tudo, e fazer avontade dAquele que O enviou."Ora o Deus de paciência e consolaçãovos conceda o mesmo sentimento unspara com os outros, segundo Cristo Jesus.Para que concordes, a uma boca,glorifiqueis ao Deus e Pai de nossoSenhor Jesus Cristo." (Rm 15.5,6) Queoração esta! Quão necessária em todas asépocas, mas mais especialmente nestesúltimos dias de tanta discórdia. Aqui estáo modelo perfeito: "segundo CristoJesus". Ele nos recebeu na glória de Deus,sim, como objetos de misericórdia emconformidade com as riquezas da Suagraça. Quando recebermos uns aos

outros, não nos esqueçamos de como Elenos recebeu. As passagens são, então,apresentadas para demonstrar como agraça abundou para com os gentios. Issomostrava aos judeus que não era para elesrejeitarem os gentios. Deve também serobservado que estas passagens terão seupleno cumprimento no reino milenial."Uma raiz em Jessé haverá, e naquele quese levantar para reger os gentios, osgentios esperarão." (Rm 15.12)Segue-se, então, outra oração: "Ora oDeus de esperança vos encha de todo ogozo e paz em crença, para que abundeisem esperança pela virtude do EspíritoSanto". (Rm 15.13) Com que clareza acondição da alma é conectada com avinda do Senhor, mesmo não sendo este otema da epístola! Possamos nós conhecer

nosso Pai como o Deus de paciência e oDeus de esperança.Devemos notar, no versículo 14, que nãohá ali nenhum pensamento acerca de umprimeiro bispo de Roma. "Eu próprio,meus irmãos, certo estou, a respeito devós, que vós mesmos estais cheios debondade, cheios de todo o conhecimento,podendo admoestar-vos uns aos outros."(Rm 15.14) Não é notável que, em todaesta carta inspirada que é endereçada aossantos em Roma, não exista uma únicasentença que pudesse reconhecer ou fazerreferência, ainda que levemente a umsuposto bispo de Roma? Os irmãosestavam capacitados a admoestar uns aosoutros; e cada um era responsável, emconformidade com a medida de graçaconferida a cada um, como vimos no

capítulo 12. O primeiro bispo de Roma eseus sucessores são pura invenção de umaépoca posterior à epístola.Se Pedro, ou qualquer outro irmão,tivesse sido O BISPO de Roma, Paulo oteria reconhecido como tal. Ao contrário,Paulo declara seu próprio apostoladocomo ministro dos gentios (versículos 15-20). Para Paulo era tudo resultado dolivre favor de Deus, "pela graça que porDeus me foi dada; que seja ministro deJesus Cristo entre os gentios". (Rm15.15,16) E o resultado de todo essebendito favor, Paulo podia oferecer aDeus como oferta "santificada peloEspírito Santo". (Rm 15.16) E então,sendo tudo resultado do livre favor deDeus, ele podia se gloriar. "De sorte quetenho glória em Jesus Cristo nas coisas

que pertencem a Deus." (Rm 15.17) Todojovem crente fará bem em ponderarnestes preciosos princípios divinos deserviço -- de como os gentios tornaram-seobedientes ao evangelho. Foi por meio depoderosos sinais e maravilhas; não porsabedoria ou eloquência humana, maspelo poder do Espírito de Deus. E quemissão aquela aos gentios!E repare no verdadeiro trabalho desteevangelista, de não construir sobrefundamento alheio. "E desta maneira meesforcei por anunciar o evangelho, nãoonde Cristo houvera sido nomeado." (Rm15.20) Isto é uma coisa das maisimportantes. Oh, pense que ainda hojeexistem milhares de cristãos nominais nascidades e vilarejos que nunca ouviram oevangelho. E em muitos lugares há uma

verdadeira sede pela simples verdade. Éencorajador saber a maneira como Deus,em Sua soberania, está usando os folhetosevangelísticos. Ainda assim, é agradável aEle que Seus santos não apenasdistribuam esses folhetos, pela fé, noslugares que estão mais além, mas quetambém o evangelista leve as boas novas atodo lugar "e arredores". (Rm 15.19)Alguns poderão dizer que não sãoevangelistas. Não, mas vocês podemajudar os que são; providencie para quetenham sempre um bom suprimento defolhetos e livros: estas coisas ajudamimensamente o evangelista em seubendito trabalho de ganhar almas paraDeus, e em edificá-las quandoconvertidas. Talvez você possa ajudarmais em oração e em simpatia para com o

trabalho do evangelista. Você pode ajudá-lo a conseguir acomodações em algumaaldeia distante. Em suma, se nossoscorações estão movidos na simpatia queCristo tem para com as almas preciosas,Ele nos mostrará uma maneira de sermosauxiliadores nesta obra. Que o Senhorpossa dar-nos mais desse anelo pelasalmas como o que encontramos nestesversículos.Pelo que também muitas vezes tenho sidoimpedido de ir ter convosco... e tendo jáhá muitos anos grande desejo de ir terconvosco." (Rm 15.22,23) Este é um fatoimportante aqui registrado. O EspíritoSanto bem sabia da futura arrogância daigreja professa, e como Roma acabariasendo a cabeça dessas pretensões.Portanto, o Espírito toma o cuidado de

excluir qualquer informação acerca dequem tenha sido o primeiro a pregar aCristo em Roma. Destas palavras, ficaevidente que o apóstolo dos gentios nãotinha ainda estado lá. E nem tampouco háqualquer partícula de evidência de quePedro ou qualquer outro apóstolo tivesseestado ali quando a assembléia foiestabelecida. Ali os irmãos estavamcapacitados a edificar uns aos outros.Aprendemos também que esta epístola foiescrita por volta da época em que Paulosubiu a Jerusalém para levar ascontribuições aos santos pobres. Issoaconteceu um pouco antes de ele serenviado a Roma como prisioneiro (Atos,capítulos 20, 21 etc.). O apóstolo nãosabia quais os meios que o Senhor usariapara levá-lo a Roma. Possamos aprender

disto que o Senhor pode, e quer, cumprirtodos os Seus propósitos."E bem sei que, indo ter convosco,chegarei com a plenitude da bênção doevangelho de Cristo." (Rm 15.29) Sim, etambém duros grilhões e prisões, além doterrível vento chamado euro-aquilão oaguardavam como companheiros daviagem a Roma. Todavia seu Senhor nãoo desapontou. Foi de Roma, e em Roma,que o Senhor usou Paulo na exposição daplenitude do evangelho e na revelação daigreja. E foi dali que Paulo enviou oprecioso manancial de verdade aosEfésios, Filipenses e Colossenses. Assim,nas mais severas tempestades da vida,podemos descansar em paciência,assegurados de que Ele tudo faz bem.Nos versículos 30 e 31 vemos como o

apóstolo valorizava as orações de santosque nunca tinha visto; e o Senhor acabourespondendo àquelas orações à Suaprópria maneira.Neste capítulo Paulo falou de Deus como"o Deus de esperança" (vers. 13), e "oDeus de paciência" (vers. 5). Agora, "oDeus de paz seja com todos vós. Amém."(Rm 15.33) Portanto, é certo queprecisamos conhecê-Lo como o Deus deesperança, paciência e paz. Quãoimportante é que O conheçamos assimnestes últimos e dificultosos dias em quevivemos.

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CAPÍTULO 16

INSTRUÇÕES FINAISTEMOS agora as observações finais e assaudações. O Senhor não deixaria adevota Febe esquecida. Ela era umadiaconisa, ou serva, na igreja em Cencréia."Para que a recebais no Senhor, comoconvém aos santos, e a ajudeis emqualquer coisa que de vós necessitar;porque tem hospedado a muitos, comotambém a mim mesmo." (Rm 15.2) Estesversículos derramam muita luz sobre overdadeiro caráter dos diáconos, queeram nomeados pelos apóstolos antes quea triste ruína tivesse tomado conta daigreja. Não há aqui nem mesmo umasombra da idéia clerical moderna."Hospedado a muitos." Fica evidente quesua atuação era nas coisas temporais. Eladeveria ser recebida no Senhor, naquela

comunhão. E que maravilhoso amor ecuidado vemos aqui. Ela deveria serauxiliada em tudo o que fosse necessárioem Roma. Nisto alguém poderia dizer:Vejam como esses cristão amam uns aosoutros.Nesta ocasião encontramos tambémPriscila e Áquila em Roma, e sua devoçãoé também assinalada. Naquele tempo nãohavia uma basílica de São Pedro, mas "aigreja que está em sua casa". (Rm 16.5) E,até o versículo 16, vemos vários gruposde santos, que parecem pertencer adiferentes casas, formando todos a únicaassembléia de Deus* em Roma. (Veja osversículos 14 e 15.) "E aos irmãos queestão com eles"; ou, "a todos os santosque com eles estão". (Rm 16.14,15)Portanto, existiam aqueles que assumiam

uma supervisão dessas várias companhiasde irmãos, ou santos. Os tais foramchamados de anciãos, ou bispos, emoutras epístolas mais antigas. Mas por quenão há aqui nenhuma referência a umbispo de Roma? Simplesmente porquenão existia uma tal pessoa. E não énotável que não exista nesta epístolanenhuma palavra que possa ser usadapara autorizar o episcopado de Roma?Quão surpreendente é a maneira comoisto demonstra a sabedoria e o pré-conhecimento que Deus tinha das coisasque iriam acontecer ali!*** O autor, que viveu no século 19, usaas expressões "assembléia de Deus" e"igreja de Deus" no seu sentido bíblico, oque inclui todos os salvos. Quando estelivro foi escrito, ainda não existiam as

organizações religiosas que arvoram ostítulos de "Assembléia de Deus" ou"Igreja de Deus". (N. do T.)Compare agora a Roma daqueles diascom a que existe hoje, e veja o contraste.Se voltássemos àquela igreja que estavaem Roma, conforme a vemos nassaudações, o que iríamos encontrar? Nadade papa, ou bispo de Roma, nem cardeais,nem clero, monges ou freiras; nemmesmo um só padre celebrando missa;nem grandes edifícios chamados deigrejas. Encontraríamos, isto sim,diferentes reuniões de santos porchamado, conhecendo que seus pecadoshaviam sido perdoados; justificados detodas as coisas; tendo paz com Deus;estando capacitados a admoestar uns aosoutros. Todas essas assembléias, em casas

ou diferentes lugares, estavam sob oscuidados do Espírito Santo, e irmãos quetrabalham são reconhecidos em cada umadelas -- sendo todos membros do um sócorpo de Cristo. Somos levados areconhecer que não existe nenhumasemelhança entre a igreja em Roma noano 60, e a Igreja de Roma dos diasatuais. Roma é claramente um desvio daverdadeira igreja de Deus.Não é notável que a única pessoa citadacomo tendo um ofício -- se assimconsiderarmos a diaconisa -- é umamulher? E para que as pessoas saudadasnão fossem depois consideradas, oumencionadas, como sacerdotes, ouepiscopoi, há, entre os nomes, mulheresque são citadas. Quão belo era quando osirmãos estavam assim juntos na unidade

do Espírito, e havia alguns irmãos e irmãsque muito trabalhavam no Senhor --como a "amada Pérsida". (Rm 16.12)Querido jovem crente, acaso existiriaalguma razão pela qual não deveríamosnos contentar, nos dias de hoje, com umaigual simplicidade?"E rogo-vos, irmãos, que noteis os quepromovem (ou formam) dissensões (oudivisões) e escândalos contra a doutrinaque aprendestes; desviai-vos deles." (Rm16.17) Há duas coisas que devemos notarcuidadosamente. A divisão é, em simesma, um mal -- é fortementecondenada em outras passagens. (Veja 1Coríntios, capítulos 1 e 3.) Aprendemostambém que, se alguém estivessepraticando algum mal, ao causar ouformar divisões, contrariariamente à

doutrina que haviam recebido, os outrosdeveriam evitá-los; isto é, deveriamseparar-se dos tais. Mas será que oscrentes que se separam e evitam aquelesque formam divisões não estarão tambémformando uma seita, ou divisão? Não; aobediência à Palavra não é divisão. E voumais além: aqueles que causam divisõesdevem sempre ficar cientes do espírito noqual estão agindo. "Porque os tais nãoservem a nosso Senhor Jesus Cristo, masao seu ventre." (Rm 16.18) Nuncaerraremos, se Cristo for nosso únicoobjetivo. Que feliz, portanto, quandopode ser dito que, "quanto à vossaobediência, ela é conhecida de todos.Comprazo-me pois em vós; e quero quesejais sábios no bem, mas símplices nomal." (Rm 16.19) Trata-se de algo

mortífero para a vida espiritual ficarocupado com o mal."E o Deus de paz esmagará em breveSatanás debaixo dos vossos pés." (Rm16.20) Isto é certo: seja perseguindo ouseduzindo, isso só durará por um poucode tempo. Ele continua sendo o acusador,mas muito em breve será esmagado.Enquanto isso, "A graça de NossoSenhor Jesus Cristo seja convosco.Amém." (Rm 16.20) Isto é repetidotambém nos versículos 20 e 24. Sim, agraça, o claro favor, o imutável amor,livre e soberano, "seja convosco". Segue-se, então, a saudação de outros. Mas atéTimóteo é chamado aqui de"cooperador". (Rm 16.21) Que genuínahumildade e amor fraternal!Da mesma forma como Paulo

encomendou os anciãos de Éfeso, emAtos 20, aqui ele diz: "Ora, àquele que époderoso para vos confirmar segundo omeu evangelho e a pregação de JesusCristo, conforme a revelação do mistérioque desde tempos eternos esteve oculto.Mas que se manifestou agora, e senotificou pelas Escrituras dos profetas,segundo o mandamento do Deus eterno,a todas as nações para obediência da fé;ao único Deus, sábio, seja dada glória porJesus Cristo para todo o sempre. Amém."(Rm 16.25-27)Sim, Deus é capaz de confirmar todos oscrentes em conformidade com aquilo quePaulo chama de "meu evangelho", minhasboas novas. As boas novas comissionadasa Paulo têm um amplo espectro. Ofundamento sólido daquelas boas novas já

pudemos ver desdobrados nesta epístola -- a justiça de Deus revelada em justificaro ímpio -- tanto no que se refere aospecados, até o capítulo 5.11, comotambém ao pecado, do capítulo 12 ao18.4. Ela contém também as boas novasde libertação do pecado e da lei; paz comDeus; nenhuma condenação para os queestão em Cristo Jesus, seja com respeitoaos pecados ou ao pecado; e nenhumaseparação possível do amor de Deus quehá em Cristo Jesus.Há aqui também uma breve referência auma revelação que vai ainda mais além, ado mistério que foi mantido em segredodesde o começo do mundo. Este mistérioé explicado na sua plenitude em Efésios 3.Não foi feito manifesto nas Escriturasdos tempos do Antigo Testamento. E

como poderia, já que era mantido entãocomo um profundo segredo? Todavia foirevelado pelas Escrituras proféticas, istoé, aquelas do Novo Testamento. Dequalquer modo, é notável com querapidez esse mistério celestial foi perdido,e a cristandade voltou a um judaísmoterreno. Não apenas colocou-se sob a leiem busca de justiça, mas tambémestabeleceu um governo mundano naigreja, numa imitação do judaísmo, demaneira que muito cedo qualquercaracterística da igreja, conforme é vistanas Escrituras, acabou ficando perdidapor muitos séculos. Assim é o homem.Ele sempre agiu tolamente; toda a suasabedoria não passa de pura tolice.As palavras finais da epístola nos dirigem,não ao homem ou àquela que se chama a

si própria de igreja, mas "ao único Deus,sábio, seja dada glória por Jesus Cristopara todo o sempre. Amém." (Rm 16.27)Não importa o quanto o homem tenhafalhado; não importa o quanto a igrejapossa falhar como um testemunho deDeus sobre a Terra; Deus seráeternamente glorificado, por Jesus Cristonosso Senhor. Amém.