ESTUDO DA RESISTÊNCIA À CORROSÃO...

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CAROLINA MARIANO ESTUDO DA RESISTÊNCIA À CORROSÃO NAFTÊNICA DE REVESTIMENTOS Nb/Mo DEPOSITADOS POR ASPERSÃO TÉRMICA CURITIBA 2014

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CAROLINA MARIANO

ESTUDO DA RESISTÊNCIA À CORROSÃO NAFTÊNICA DE REVESTIMENTOS Nb/Mo DEPOSITADOS POR

ASPERSÃO TÉRMICA

CURITIBA 2014

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CAROLINA MARIANO

ESTUDO DA RESISTÊNCIA À CORROSÃO NAFTÊNICA DE REVESTIMENTOS Nb/Mo DEPOSITADOS POR

ASPERSÃO TÉRMICA

Tese apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Engenharia e Ciência dos Materiais do Programa de Pós Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais - PIPE da Universidade Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Ramón Sigifredo Cortés Paredes.

CURITIBA 2014

3

À Deus e minha FAMILIA.

4

AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, por ter me concedido saúde

e determinação para o desenvolvimento deste trabalho.

À minha família, por terem me encorajado em todas as horas.

Ao meu orientador Profª. Dr. Ramón Sigifredo Cortés Paredes.

À Universidade Federal do Paraná e ao Programa de Pós-Graduação em

Engenharia e Ciências dos Materiais – PIPE, pela oportunidade de realização

deste trabalho.

Ao apoio financeiro da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis (ANP), da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e

do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) por meio do Programa

de Recursos Humanos da ANP para o Setor Petróleo e Gás – PRH-ANP/MCTI

Agradeço a todos que não foram incluídos nesta lista, mas contribuíram para a

conclusão deste trabalho.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - TORRE DE DESTILAÇÃO ........................................................... 13 FIGURA 2 - ESTRUTURA GENÉRICA DE ÁCIDOS NAFTÊNICOS ............... 15 FIGURA 3 - ESQUEMA DE REGIÕES SUSCEPTÍVEIS À CORROSÃO EM UNIDADE DE DESTILAÇÃO ........................................................................... 16 FIGURA 4 - REPRESENTAÇÃO DOS PROCESSOS DE CORROSÃO NAFTÊNICA E POR SULFIDAÇÃO ................................................................. 18 FIGURA 5 - COMPONENTES DE EQUIPAMENTOS AFETADOS POR CORROSÃO NAFTÊNICA ............................................................................... 20 FIGURA 6 - CARACTERÍSTICAS DA FORMAÇÃO DA CAMADA DEPOSITADA POR AT E PERFIL TRANSVERSAL DE UM REVESTIMENTO ......................................................................................................................... 34 FIGURA 7 – CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DE REVESTIMENTO TERMICAMENTE ASPERGIDO ...................................................................... 35 FIGURA 8 - ESQUEMA DO PROCESSO DE ASPERSÃO ............................. 35 FIGURA 9 - PISTOLA DE ASPERSÃO TÉRMICA A CHAMA ......................... 39 FIGURA 10 - EQUIPAMENTO DE ENSAIO DE DOBRAMENTO .................... 45 FIGURA 11 - CRITÉRIO VISUAL DE AVALIAÇÃO DA ADERÊNCIA DE REVESTIMENTOS ........................................................................................... 46 FIGURA 12 - SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE CORROSÃO NAFTÊNICA. ....... 50 FIGURA 13 - ASPECTO VISUAL DO REVESTIMENTO DE NIÓBIO (A) APÓS ASPERSÃO ; (B) APÓS TESTE DE DOBRAMENTO ...................................... 51 FIGURA 14 - ASPECTO VISUAL DO REVESTIMENTO DE NB20MO (A) APÓS ASPERSÃO ; (B) APÓS TESTE DE DOBRAMENTO ..................................... 52 FIGURA 15 - ASPECTO VISUAL DO REVESTIMENTO DE NB30MO (A) APÓS ASPERSÃO ; (B) APÓS TESTE DE DOBRAMENTO ...................................... 52 FIGURA 16 - ASPECTO VISUAL DO REVESTIMENTO DE NB30MO (A) APÓS ASPERSÃO ; (B) APÓS TESTE DE DOBRAMENTO ...................................... 52 FIGURA 17 – MORFOLOGIA DO REVESTIMENTO DE NIÓBIO METÁLICO (A)SUPERFICIE, AUMENTO 500X (B) TRANSVERSAL, AUMENTO 1000X.53 FIGURA 18 – MORFOLOGIA DO REVESTIMENTO DE NB20MO (A) SUPERFÍCIE, AUMENTO 500X; (B) TRANSVERSAL, AUMENTO 1000X. .... 54 FIGURA 19 – MORFOLOGIA DO REVESTIMENTO DE NB30MO (A) SUPERFÍCIE, AUMENTO 1000X; (B) TRANSVERSAL, AUMENTO 1000X.... 54 FIGURA 20 – MORFOLOGIA DO REVESTIMENTO DE NB20MO (A) SUPERFÍCIE, AUMENTO 1000X; (B) TRANSVERSAL, AUMENTO 1000X.... 54 FIGURA 21 – ESPECTRO OBTIDO PELO REVESTIMENTO DE NIÓBIO ..... 56 FIGURA 22 – ESPECTRO OBTIDO PELO REVESTIMENTO DE NB20MO ... 57 FIGURA 23 – ESPECTRO OBTIDO PELO REVESTIMENTO DE NB30MO ... 57 FIGURA 24 – ESPECTRO OBTIDO PELO REVESTIMENTO DE NB40MO ... 58

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - CARACTERÍSTICAS DOS PROCESSOS DE ASPERSÃO ........ 37 TABELA 2 - COMPOSIÇÃO DAS MISTURAS DE PÓS UTILIZADOS ............ 41 TABELA 3 - COMPOSIÇÃO AÇO AISI316 – NORMA AISI ............................. 42 TABELA 4 - PARÂMETROS DE JATEAMENTO ............................................. 43 TABELA 5 - PARÂMETROS INICIAIS DE ASPERSÃO TÉRMICA A CHAMA . 44 TABELA 6 - CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO ENSAIO POR DOBRAMENTO. ......................................................................................................................... 46

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 10

1.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................. 11

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................... 11

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 12

2.1. O PROCESSO DE DESTILAÇÃO ...................................................... 12

2.2. TORRE DE DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA ....................................... 13

2.3. TORRE DE DESTILAÇÃO A VÁCUO ................................................. 14

2.4. CORROSÃO NAFTÊNICA .................................................................. 14

2.5. MORFOLOGIA DA CORROSÃO ........................................................ 19

2.6. AVALIAÇÃO DA CORROSÃO ............................................................ 21

2.7. PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS .................................................... 25

2.7.1. Métodos Utilizados na Indústria ....................................................... 25

2.7.2. Nióbio e Molibdênio ......................................................................... 27

2.7.3. Aspersão Térmica ............................................................................ 33

2.7.4. Aspersão Térmica a Chama – FS (Flame Spray) ............................ 38

3. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS.............................. 41

3.1. PREPARAÇÃO DOS PÓS DE REVESTIMENTO ............................... 41

3.2. PREPARAÇÃO DAS SUPERFÍCIES .................................................. 42

3.3. PROCESSO DE ASPERSÃO TÉRMICA A CHAMA – PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO E DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS ............................. 43

3.4. CARACTERIZAÇÃO DOS REVESTIMENTOS OBTIDOS .................. 44

3.5. ANÁLISE DE ASPECTO VISUAL ....................................................... 45

3.6. ENSAIO DE ADERÊNCIA POR DOBRAMENTO ............................... 45

3.7. TESTE DE ADERÊNCIA POR COLA ................................................. 46

3.8. MICROSCOPIA ÓTICA ....................................................................... 47

3.9. FRAÇÃO DE ÁREA DE ÓXIDOS E POROS ...................................... 47

3.10. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA .......................... 47

3.11. DIFRATOMETRIA DE RAIOS-X ...................................................... 48

3.12. TESTE DE MICRODUREZA VICKERS ........................................... 48

3.13. RESISTÊNCIA TÉRMICA ................................................................ 48

3.14. AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À CORROSÃO NAFTÊNICA ....... 49

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 51

4.1. CARACTERIZAÇÃO DOS REVESTIMENTOS ................................... 51

4.2. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA.............................. 53

4.3. - Análise Química por Energia Dispersiva de Raios (EDS) ................. 55

5. CONCLUSÃO ............................................................................................ 59

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................... 60

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RESUMO

O petróleo apresenta composição química bastante complexa, sendo

formado por hidrocarbonetos e por impurezas como compostos orgânicos

sulfurados, nitrogenados, oxigenados, organometálicos, água, sais minerais e

areia. Alguns desses elementos são responsáveis pela ação corrosiva do

petróleo, como os compostos naftênicos causadores da chamada corrosão

naftênica. Os equipamentos que apresentam susceptibilidade à corrosão

naftênica são componentes de unidades que processam petróleo em elevadas

temperaturas como é o caso das torres de destilação atmosférica e a vácuo,

unidade responsável pela separação do óleo cru. Por esse motivo, um dos

grandes desafios encontrados atualmente pela indústria petrolífera é o

desenvolvimento de tecnologias e materiais que forneçam maior tempo de vida

útil a esses equipamentos. A substituição do material de um determinado local

por outro que apresente maior resistência pode apresentar um custo elevado,

sendo assim os revestimentos que visam proteção por barreira podem ser uma

excelente alternativa para a redução de custos com manutenção e,

principalmente, aumento de vida útil de equipamentos. O presente trabalho

avalia a obtenção de revestimentos de misturas de Nióbio e Molibdênio pelo

processo de aspersão térmica. Este processo já é utilizado com êxito na

indústria para obtenção de revestimentos para proteção à corrosão, cavitação e

desgaste. Foram avaliados diferentes composições de pós de Nióbio,

Pentóxido de Nióbio e Molibdênio depositados pelo processo de Aspersão

Térmica a Chama-pó. A avaliação dos revestimentos obtidos foi realizada

através de caracterização morfológica, avaliação de resistência mecânica e de

resistência à corrosão. Com os resultados obtidos foi possível concluir que é

possível obter um revestimento através da mistura de Nióbio e Molibdênio com

excelente aderência e coesão com panquecas bem distribuídas. A boa

distribuição das panquecas e baixa porosidade residual são componentes que

conferem proteção por barreira ao revestimento formado.

Palavras Chave: compostos naftênicos; corrosão naftênica; Nióbio; Molibdênio;

aspersão térmica.

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1. INTRODUÇÃO

As fontes de petróleo na América do Sul, incluindo o óleo brasileiro, estão

entre as mais ácidas do mundo. Tal acidez é responsável por muitas

dificuldades na utilização desta matéria-prima nas refinarias e no

aproveitamento de seus resíduos. O principal problema causado pela acidez é

conhecida como corrosão naftênica. [1]

A corrosão causada por ácidos naftênicos afeta equipamentos utilizados

em torres de destilação principalmente em regiões que operam entre 200ºC -

400ºC e velocidade de até 120m/s. Portanto, o problema de pesquisa é

determinar qual é a eficiência de revestimentos de Nióbio/Molibdênio

depositados por aspersão térmica a chama-pó na proteção de equipamentos

que trabalham na presença de óleos com elevado teor de compostos

naftênicos sob condições de elevada temperatura e elevada velocidade de

fluxo de petróleo processado.

Segundo Bernardes [12] e Baptista [13] os aços liga 5%Cr0,5%Mo ou

9%Cr1%Mo e aço inoxidáveis contendo molibdênio, como os aços AISI 316 e

317 podem ser empregados em regiões onde ocorre corrosão naftênica. WU et

al. [14] investigaram o comportamento de corrosão ácida naftênica de

revestimentos de aços inoxidáveis com 0-7% em peso de molibdênio

depositados por aspersão térmica de elevada velocidade (HVOF) concluindo

que aumentando o teor de molibdênio aumentou consideravelmente a

resistência à corrosão ácida dos aços inoxidáveis e dos revestimentos

depositados por HVOF. Carvalho [15] estudou revestimentos de nióbio e

Pentóxido de Nióbio mostrando que estes apresentam excelente resistência à

corrosão naftênica. Mariano [18] avaliou e comprovou resistência à corrosão

salina de revestimento de nióbio metálico e pentóxido de nióbio depositados

por aspersão térmica. Regis [17] comprovou a eficiência de revestimentos de

pentóxido de nióbio quando misturados com Cu, Ni e Al na proteção de

estruturas enterradas de torres de transmissão [1-7].

11

Com base em pesquisas realizadas é possível afirmar que há

possibilidade de se obter revestimentos de nióbio e molibdênio depositados por

aspersão térmica com potencial para aplicação em ambiente corrosivo.

1.1. OBJETIVO GERAL

O presente trabalho teve como objetivo obter misturas de pós de

Nióbio/Molibdênio com diferentes composições, realizar deposição por

aspersão térmica a chama e avaliar sua resistência à corrosão naftênica. Isto

foi realizado através da deposição de misturas de pós em substratos de aço

inoxidável austenítico AISI316 pela técnica de aspersão térmica a chama-pó.

Também foi realizada rigorosa caracterização morfológica dos revestimentos

formados, além da avaliação da resistência mecânica, térmica e à corrosão.

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Depositar misturas de pós de nióbio/molibdênio nas condições puros e

misturados nas proporções 80%-20%, 70%-30% e 60%-40% em

substratos de aço inoxidável austenítico AISI316 utilizando o processo

de aspersão térmica a chama-pó;

• Realizar as deposições das misturas considerando as melhores

condições de preparação de superfície do aço inoxidável AISI316 e de

condições de pré aquecimento;

• Qualificar os revestimentos depositados através da avaliação das

propriedades mecânicas de aderência pelos ensaios de dobramento e

tração, e medição da microdureza;

• Realizar ensaios de corrosão;

• Realizar caracterização dos revestimento através de microscopia óptica

(MO), microscopia eletrônica de varredura (MEV), espectroscopia de

energia dispersiva (EDS) antes e depois dos testes de corrosão para

avaliação microestrutural, caracterizaçao da superfície e identificação de

produtos de corrosão;

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. O PROCESSO DE DESTILAÇÃO

A destilação é um processo de separação e purificação muito antigo. A

separação dos componentes de uma mistura de líquidos miscíveis é baseada

na diferença dos pontos de ebulição dos seus componentes individuais. É um

processo tão importante para uma refinaria de petróleo que é usado na quase

totalidade dos seus processos de refino por que passa o petróleo e seus

derivados. Dentro de uma refinaria de petróleo a destilação é o único processo

que tem como carga o óleo crú. Dependendo do tipo de petróleo esta unidade

gera produtos finais e outros (intermediários) que servirão como cargas ou

serão misturados com produtos de outros processos em tanques ou em linhas.

Todos os processos na refinaria dependem, direta ou indiretamente, de alguma

saída da destilação. [1,8]

As torres de destilação funcionam de acordo com os princípios da

destilação fracionada, onde a separação de componentes se dá por intermédio

de vaporizações e condensações sucessivas que, devido às diferentes

volatilidades das substâncias, torna-se possível a obtenção de dois produtos,

um com teor elevado dos componentes mais voláteis e outro nos menos

voláteis. Cada estágio da destilação fracionada é constituído fisicamente por

uma chapa especial metálica denominada bandeja ou prato. Nestes pratos é

necessário dar condições ao vapor proveniente de um prato inferior para

borbulhar no líquido em ebulição, que escoa pelo prato considerado, e ao

líquido para escoar horizontalmente através de um gradiente hidráulico, ou

seja, um desnível entre o ponto de chegada e descida do líquido. A torre deve

ser dotada de dispositivos que permitam o escoamento do vapor e do líquido, o

que garantirá o contato entre eles e a consequente transferência de calor e

massa. Estes dispositivos podem ser dos seguintes tipos: pratos, recheios ou

enchimentos e chicanas.

A destilação se realiza em torres de dimensões variadas que possuem,

ao longo da coluna principal, uma série de pratos ou um recheio em várias

alturas. O petróleo é pré-aquecido em fornos e introduzido na região inferior da

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torre. Como a parte de baixo da torre é mais quente, os hidrocarbonetos

gasosos tendem a subir e se condensar ao passarem pelos pratos ou recheio.

Nesta etapa são recolhidos como derivados da primeira destilação,

principalmente gás, GLP, nafta e querosene. Essas frações retiradas nas várias

alturas da coluna, ainda necessitam de novos processamentos e tratamentos

para se transformarem em produtos ou servirem de carga para outros

derivados mais nobres. A FIGURA 1 apresenta a foto de uma torre de

destilação em uma unidade de refino de petróleo.[1,8]

FIGURA 1 - TORRE DE DESTILAÇÃO

2.2. TORRE DE DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA

É a principal torre da unidade, onde é retirada a maior parte dos

produtos. Quando não existe a torre de pré-fracionamento, pelo topo sai a nafta

leve não estabilizada (nafta leve +GLP); como produtos laterais saem a nafta

pesada, o querosene e os gasóleos atmosféricos leves e pesados, e como

produto de fundo sai o resíduo atmosférico (RAT), que será carga da torre de

destilação a vácuo. Quando existe a torre de pré – fracionamento, o produto

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de topo é a nafta pesada e os cortes laterais são o querosene e os gasóleos

atmosféricos leves e pesados.

2.3. TORRE DE DESTILAÇÃO A VÁCUO

É usada para retirar do petróleo as frações mais pesadas, conseguindo

fracionar o resíduo atmosférico (carga da torre), sem que haja craqueamento

térmico, o que pode ocorrer quando a temperatura alcança valores maiores que

370°C. Usando pressões absolutas da ordem de 2,7 kPa a 13,5kPa no ponto

gasóleos de vácuo, leve e pesado (GOL e GOP) que, normalmente constituem

a carga para a unidade de craqueamento catalítico.

2.4. CORROSÃO NAFTÊNICA

Entre os elementos agressivos presentes no petróleo encontram-se os

ácidos naftênicos, caracterizados como carboxílicos monobásicos com fórmula

geral do tipo RCOOH, onde R representa a porção naftênica consistindo de

derivados de ciclopentanos e de ciclohexanos. Apresentam ponto de ebulição

na faixa de 177 a 343ºC e pesos moleculares variando de 200 a 700g/mol. Um

único tipo petróleo pode conter uma grande quantidade de ácidos naftênicos,

chegando a 1500 compostos diferentes. A FIGURA 2 apresenta a estrutura

genérica de ácido naftênicos. Quanto maior é o peso molecular destes ácidos,

maior é o ponto de ebulição, então eles estão distribuídos ao longo da

destilação conforme seu peso molecular e se concentram nas frações pesadas

com maior ponto de ebulição [7, 9, 10, 11, 12,15].

15

FIGURA 2 - ESTRUTURA GENÉRICA DE ÁCIDOS NAFTÊNICOS (NALCO) [7]

A corrosão causada por ácidos naftênicos é a forma mais agressiva de

degradação encontrada em plantas de refino de petróleo. No Brasil, a corrosão

naftênica tem sido verificada desde a década de 80, quando se iniciou o

processamento de petróleos classificados como ácidos oriundos da Bacia de

Campos. Estes ácidos encontram-se dissolvidos no petróleo em composição e

quantidade variadas e se concentram nas frações mais pesadas, ou seja,

frações com hidrocarbonetos de cadeia longa. A presença desses ácidos tem

sido detectada em diversas partes dos equipamentos de refino, principalmente

em linhas de transferência e torres de destilação atmosférica e a vácuo. A

FIGURA 3 mostra esquematicamente as regiões mais susceptíveis ao ataque

por compostos naftênicos. [9, 10, 11, 12,15]

Grupo metálico Grupo carboxilico

Anel ciclopentano

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FIGURA 3 - ESQUEMA DE REGIÕES SUSCEPTÍVEIS À CORROSÃO EM UNIDADE DE DESTILAÇÃO [1]

Em plantas de destilação, os locais preferenciais são tubos de saída de

fornos, tubulação de transferência de forno para torre, descargas de bombas e

algumas seções das torres atmosféricas e a vácuo.

A corrosividade dos ácidos naftênicos é geralmente avaliada através do

Índice de Acidez Total (IAT) do óleo, medida por titulação potenciométrica da

quantidade em mg de Hidróxido de Potássio (KOH), necessária para neutralizar

1 grama de petróleo cru (ASTM D664 e ASTM D974), também chamado de

Número de Neutralização (NN). Quando o IAT é inferior a 0,5mg KOH/g de

petróleo cru a corrosão naftênica é irrelevante. Acima deste valor a taxa de

corrosão varia linearmente com o IAT. Este modelo clássico tem-se mostrado

inadequado pois não associa a influência da estrutura química dos ácidos. Qu

et al. (2007) associou a corrosividade desses ácidos às suas propriedades

químicas avaliando coeficiente de difusão dos ácidos carboxílicos com relação

ao peso molecular e estrutura. Moléculas maiores geralmente possuem

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menores coeficientes de difusão alcançando a superfície do metal mais

lentamente que as moléculas menores. Para moléculas com mesmo peso

molecular a corrosividade é afetada pela isomeria dos compostos. Ácidos

menos ramificados possuem maiores coeficientes de difusão, sendo mais

corrosivos. [9-19]. Para TEBBAL, mesmo com o NAT (numero de acidez total)

de um corte sendo baixo, durante a condensação pode ocorrer uma

concentração alta de ácido na superfície do metal. Nas temperaturas

intermediárias da coluna, correspondendo às condições de condensação de

um corte de alto NAT, a corrosão atinge seu máximo. Assim nas colunas a

vácuo, há pouco efeito da velocidade. A corrosão ocorre na fase líquida e é

principalmente uma corrosão por condensado diretamente relacionada ao

conteúdo, peso molecular e ponto de ebulição dos ácidos naftênicos.

A agressividade da corrosão naftênica pode ser influenciada pela

temperatura de processamento do petróleo, aumentando continuamente com a

temperatura acima de 230-250ºC. Acima de 400ºC os ácidos naftênicos se

decompõem produzindo compostos neutros. A velocidade de fluxo de petróleo

durante processo de refino também é um dos fatores que mais influenciam o

ataque naftênicos, pois quanto maior a velocidade, maior a possibilidade de

remoção de produtos de corrosão que podem se formar com características

protetoras. O aço carbono apresenta corrosão com velocidades acima de

25m/s, enquanto que nos aços inoxidáveis AISI316 a corrosão é evidenciada

em velocidades superiores a 120m/s. A velocidade é diretamente proporcional

ao grau de vaporização, que é uma função da taxa de carga, da temperatura,

da densidade do óleo e da taxa de vapor. A presença de vapor também

favorece a degradação de materiais por corrosão naftênica, pois na fase vapor

e na interface vapor-líquido há maior concentração de ácidos naftênicos [9-19].

Para Tandy, a fase vapor apresenta uma corrosividade muito maior que a fase

líquida. Para Scattergood a corrosão é mais severa na interface líquido-vapor.

Segundo Carvalho a experiência industrial mostra que as corrosões mais

severas ocorrem em condições de fluxo bifásico (50% líquido – 50% vapor),

principalmente em saídas de fornos e linhas de transferência.

A presença de compostos de enxofre também influencia na

corrosividade do petróleo, pois devido à presença concomitante de compostos

18

de enxofre e ácidos naftênicos a corrosão naftênica ocorre simultaneamente

com a corrosão por compostos de enxofre. As faixas de temperatura são

coincidentes e ambas são fortemente influenciadas pela velocidade de fluxo de

óleo. O ataque por compostos naftênicos e de enxofre ocorre de acordo com

equações 1, 2 e 3 e FIGURA 4 [16].

Fe + 2RCOOH = Fe(RCOO)2 + H2 (1)

Fe + H2S = FeS + H2 (2)

Fe(RCOO)2 + H2S = FeS + 2RCOOH (3)

FIGURA 4 - REPRESENTAÇÃO DOS PROCESSOS DE CORROSÃO NAFTÊNICA E POR SULFIDAÇÃO [16].

A equação 01 representa o ataque por ácido naftênico, enquanto a

equação 02 representa a corrosão por ácido sulfídrico. A equação 03

representa a reação entre ácido sulfídrico e naftenato de ferro produzindo ferro

e ácido naftênico [16]. O H2S reage com o naftenato de ferro destruindo o

equilíbrio químico entre o ácido naftênico e o metal, acelerando a corrosão

naftênica [19]. O resultado dessa reação é a regeneração do ácido naftênico,

19

deixando-o livre para atacar de novo. Assim, quando se tem presente no meio,

tanto ácidos naftênicos quanto ácido sulfídrico, se tem um processo combinado

de corrosão onde as duas reações corrosivas competem entre si.

Segundo Laredo, presença de enxofre no meio é capaz de inibir o

processo corrosivo por ácidos naftênicos, uma vez que a formação de uma

camada de sulfeto de ferro aderente ao metal protegeria a matriz metálica.

Para formar a camada protetora, os óleos crus precisam conter entre 2% a 3%

de enxofre e este filme protetor formado não pode ser removido por outros

fatores, como o fluxo das correntes. Um óleo cru com um número relativamente

alto de ácidos naftênicos e baixo enxofre parece ser mais corrosivo à alta

temperatura que um óleo cru com o mesmo conteúdo de ácidos naftênicos e

alto conteúdo de enxofre.

Para Kane, a corrosão naftênica é diferenciada da corrosão sulfídrica

pelo mecanismo de corrosão e pela morfologia do ataque. A corrosão sulfídrica

é geralmente conhecida pela perda geral de massa da superfície exposta e

pela formação de uma camada de sulfeto de ferro como produto de corrosão. A

corrosão naftênica é tipicamente caracterizada por possuir um ataque mais

localizado, principalmente em áreas de alta velocidade, e em alguns casos,

onde ocorre a condensação dos vapores ácidos concentrados. O ataque é

frequentemente conhecido por deixar a superfície metálica sem produtos de

corrosão, isto é, a matriz metálica fica exposta.

2.5. MORFOLOGIA DA CORROSÃO

Dependendo de onde ocorre e das condições de serviço de onde ocorre

a corrosão naftênica ela se apresentada de diferentes formas:

- corrosão generalizada: com aspecto superficial uniforme lembrando uma

“casca de laranja”. Este tipo de corrosão pode ser observado nos lados de

baixo das bandejas onde altas concentrações de ácido condensam do vapor.

Áreas mais finas também ocorrem quando o ácido condensado escorre na

parede de um vaso.

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- corrosão por pite: ocorre geralmente em tubulações ou em soldas. Pites

possuem normalmente bordas acentuadas e semi-esféricas, podem estar

agrupados, ou associados ao formato das soldas ou outras características

geométricas da superfície. Normalmente o metal ao redor dos pites é coberto

por uma camada espessa escura de sulfito, enquanto a superfície dos pites

apresentam apenas uma fina camada de cobertura;

- processo combinado de erosão-corrosão: relacionado à velocidade do

fluido.

A regra derivada dessas observações é que quanto mais complexa a

corrosão: desde o filme uniforme pite erosão-corrosão, mais baixo é o

valor do IAT no qual o processo corrosivo é iniciado.

A FIGURA 5 mostra exemplos de componentes de equipamentos

atacados por corrosão naftênica.

FIGURA 5 - COMPONENTES DE EQUIPAMENTOS AFETADOS POR CORROSÃO NAFTÊNICA [1,33]

21

Segundo Deyab [33], quando o ataque corrosivo acontece por

escoamento (tubos de fornos e tubulações), e é localizado, o aspecto da

superfície é liso, sem produto de corrosão e com alvéolos de bordas aguçadas.

Para LAREDO [7] et al a temperatura de condensação de alguns ácidos

específicos está associada com a corrosão naftênica, pois é característica

dessa corrosão ser mais severa no ponto de condensação, onde o vapor se

torna líquido sobre o metal [33].

Com o estudo da composição naftênica do petróleo é possível relacionar

as taxas de corrosão com as estruturas moleculares dos ácidos naftênicos.

Mas como essa composição muda com o óleo como a própria composição de

um poço de extração muda com o tempo, e como as técnicas para se

quantificar os ácidos naftênicos quanto a sua estrutura molecular são

dispendiosas e inviáveis de se utilizar em campo, outras opções devem ser

preferidas para o estudo das taxas de corrosão. Os trabalhos realizados na

área de corrosão naftênica se concentram na tentativa caracterizar os ácidos

naftênicos encontrados no petróleo, entender o mecanismo de corrosão

causado por estes ácidos, no efeito sinérgico dos compostos de enxofre e

ácidos naftênicos e em procurar um método eficiente para proteger

equipamentos que operam na presença destes.

2.6. AVALIAÇÃO DA CORROSÃO

A avaliação da corrosão naftênica normalmente utilizada é realizada em

sistema de ensaio composto por autoclave, suportes giratórios para os corpos

de prova instalados na região de líquido, suporte fixo para corpo de prova para

a região de vapor, tanques de alimentação e descarte, balança de precisão,

sistema de bombeio e sistema de controle e aquisição de dados. Este sistema

possibilita simular as principais condições de unidades de processos de

refinarias como torres, linhas de transferência e equipamentos. A autoclave

utilizada é fabricada em Hastelloy C-276 com capacidade para 10 litros e

permite trabalhar com temperaturas da ordem de 350°C e pressões superiores

a 1000psi. Acoplado à autoclave é instalado um controlador de temperatura

para assegurar que as condições operacionais do ensaio sejam mantidas. Este

ensaio é baseado na norma ASTM G1.05.04 e consiste na imersão de cupons

22

dos materiais a serem estudados em óleo de elevado IAT, e submetê-los a

condições pré-estabelecidas de pressão e temperatura. Antes do início do

ensaio os corpos de prova são retificados, desengordurados com acetona,

pesados em balança analítica com precisão de 0,1mg e a área dos cupons

calculada e então colocados na autoclave. O tempo de ensaio pode variar entre

60 a 120 horas. Após ensaio durante período de até 72 horas os cupons são

removidos da autoclave para limpeza. Para a remoção do óleo da superfície o

clorofórmio é o que apresenta melhores resultados. Após registro fotográfico os

filmes são removidos por raspagem e decapagem e então pesados para

cálculo de perda de massa. Os produtos de corrosão são analisados

quimicamente. A expressão genérica aplicada ao cálculo da taxa de corrosão

generalizada é dada por:

𝑇𝑥 =∆𝑀.𝐾𝜌.𝐴.∆𝑇

Onde:

Tx= taxa de corrosão

∆M= massa inicial- massa final

ρ= densidade do material

A= área do corpo de prova

∆T= tempo de imersão

K= constante ajustada em função das unidades utilizadas.[4,5]

Por ser composto por equipamentos de elevado custo e por exigir

grande atenção na manutenção das condições de ensaio este teste é realizado

apenas no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez

de Mello – CENPES/RJ. Há também uma planta de pesquisa de corrosão

naftênica na unidade de pesquisa da Petrobras de São Mateus do Sul/PR –

Petrosix.

23

Ensaios eletroquímicos também podem ser utilizados na avaliação da

corrosividade de ácidos naftênicos. A avaliação da corrosividade de um fluido

não aquoso por técnica eletroquímica constitui desafio considerável, pois a alta

resistividade (baixa condutividade) do meio dificulta a determinação dos

parâmetros quantitativos de corrosão. Porém as técnicas eletroquímicas são

fundamentais na caracterização dos mecanismos de corrosão [57].

Polarização Linear e a Voltametria Cíclica são métodos eletroquímicos

que podem ser empregados na avaliação da corrosão naftênica. Tais técnicas

permitem a aplicação do Método de Extrapolação de Tafel, que fornece

parâmetros importantes sobre o processo estudado.

Estes métodos fazem uso de propriedades elétricas mensuráveis

(corrente elétrica, diferenças de potencial, acumulo interfaciais de carga, entre

outros) a partir de fenômenos nos quais uma espécie redox interage física e/ou

quimicamente com demais componentes do meio. Tais interações são

observadas quando se aplicam perturbações controladas ao sistema, como por

exemplo uma diferença de potencial entre eletrodos de uma célula

eletroquímica. Essas medidas podem ser relacionadas com algum parâmetro

químico intrínseco da espécie. Varias técnicas eletroanalíticas têm sido

utilizadas para várias aplicações como monitoramento ambiental e controle de

qualidade de produtos e processos industriais.

A voltametria é uma técnica eletroanalítica que se baseia nos fenômenos

que ocorrem na interface entre a superfície do eletrodo de trabalho e a camada

fina de solução adjacente a essa superfície. Essa técnica é classificada como

dinâmica, pois a célula eletroquímica é operada na presença de corrente

elétrica (i>0) que, por sua vez, é medida em função da aplicação controlada de

um potencial. As informações sobre o analito são obtidas por meio da medição

da magnitude da corrente elétrica que surge entre o eletrodo de trabalho e o

eletrodo auxiliar ao se aplicar uma diferença de potencial entre eletrodo de

trabalho e eletrodo de referência. As células eletroquímicas utilizadas em

voltametria podem ser compostas por dois, três ou quatro eletrodos. Os mais

comuns são células com dois ou três eletrodos. O parâmetro ajustado é o

potencial (E) e o parâmetro medido é a corrente resultante (i), ou seja i=F(E). O

24

registro da corrente em função do potencial é denominado voltamograma e a

magnitude da corrente obtida pela transferência de elétrons durante o processo

de oxirredução pode ser relacionada com a quantidade de analito presente na

interface do eletrodo e consequentemente na célula eletroquímica.

A voltametria cíclica é a técnica mais comumente usada para adquirir

informações qualitativas sobre processos eletroquímicos. A eficiência desta

técnica resulta de sua característica de rapidamente fornecer informações

sobre a termodinâmica de processos redox, da cinética de reações

heterogêneas de transferência de elétrons sobre reações químicas acopladas a

processos adsortivos. Em um experimento voltamétrico, inicia-se a aplicação

do potencial em um valor no qual nenhuma redução ocorre. Com a variação de

potencial para regiões mais negativas (catódica) ocorre a redução do composto

em solução, gerando um pico de corrente proporcional à concentração deste

composto. Quando o potencial atinge um valor no qual nenhuma reação de

redução ocorre, o potencial é varrido no sentido inverso até o valor inicial. No

caso de uma reação reversível, os produtos que tiverem sido gerados no

sentido direito serão oxidados, gerando um pico simétrico ao pico de redução.

O tipo de voltamograma gerado depende do tipo de mecanismo redox que o

composto em questão sofre no eletrodo, o que faz da voltametria cíclica uma

ferramenta valiosa no estudo de mecanismos.

Segundo Deyab et al [33], poucos trabalhos têm sido desenvolvidos na

avaliação eletroquímica de metais em meio aquoso com ácidos naftênicos. Em

pesquisa desenvolvida, eles avaliaram o comportamento do aço carbono na

presença de diferentes soluções de ácidos naftênicos através das técnicas de

voltametria cíclica e polarização potenciodinâmica. Foram utilizados platina

como eletrodo auxiliar, calomelano saturado como eletrodo de referência e aço

carbono como eletrodo de trabalho. Todos os experimentos consideraram

temperatura constante de 30°C e taxa de varredura de 10mV/s. A relação E/i

foi obtida pela mudança linear do potencial do eletrodo de -2,0V até região

positiva. O voltamograma mostra que a varredura anódica exibe uma transição

ativa-passiva e a densidade de corrente de pico anódico e catódico ficam

melhor definidos com aumento da concentração e ácidos naftênicos. A

presença de região passiva está relacionada com a formação e precipitação de

25

filme óxido na superfície do eletrodo. Verificou-se a direta dependência da taxa

de corrosão com os tipos de ácidos naftênicos, aumentando a taxa com

aumento da massa molar dos ácidos. Através de medidas de polarização

potenciodinâmica pôde-se verificar o efeito protetor de ácido graxos.

Hass et al. sugere método para facilitar monitoramento da corrosão

naftênica através da técnica de Ruído eletroquímico em meio oleoso. Este

método é recente e tem-se mostrado apropriado para soluções de elevada

resistividade iônica . Ruídos eletroquímicos são flutuações espontâneas de

corrente e potencial presente em um sistema devido a processos corrosivos.

Essa flutuação, se registrada, pode ser estudada e gerar um meio para estimar

a taxa de corrosão, assim como avaliar o tipo de corrosão que está ocorrendo.

Estudos mostram que a técnica é hábil para distinguir corrosão generalizada e

localizada, resultando em estimativa da taxa de corrosão sem perturbação

externa [77, 78, 79].

Estudos conduzidos por Hass et al. [34] foram realizados em um reator

eletroquímico cilíndrico de liga de alumínio 6351. Foram utilizados três

eletrodos de trabalho idênticos de aço AISI316, um eletrodo de referencia e um

eletrodo auxiliar. Esses eletrodos foram submersos em solução naftênica de

óleo mineral com adição de diferentes concentrações de ácido. Dados foram

obtido por potenciostato e morfologia foi analisada por EDS. Avaliou-se a

concentração de ácido (0,5; 1,5 e 2,5 mgKOH/g) e temperatura (25, 65 e

120°C). Concluiu-se que a técnica é efetiva para estimar condições para

desenvolver corrosão generalizada e localizada. Técnica também demonstrou

sensibilidade para identificar mudanças no processo corrosivo mesmo em

condições onde a taxa de corrosão aparece muito pequena [77].

2.7. PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS

Algumas ações podem ser realizadas com a finalidade de diminuir os

efeitos provocados pela presença de ácidos naftênicos tais como: extração dos

ácidos naftênicos, Blend (mistura de petróleos crus) com diferentes valores de

IAT (Índice de Acidez Total), injeção de inibidores de corrosão, substituição de

2.7.1. Métodos Utilizados na Indústria

26

materiais de componentes dos equipamentos e neutralização dos ácidos do

petróleo.

A diluição dos petróleos mais ácidos com petróleos menos ácidos nos tanques

de armazenamento (blending), a inspeção e a adequação metalúrgica são os

métodos mais utilizados nas refinarias brasileiras. A seleção adequada dos

materiais é o método mais adequado para controlar a corrosão naftênica em

longo prazo. Em tubulações e seções das torres de destilação, onde a

temperatura está abaixo de 220ºC e não há condensação, o aço carbono ainda

é usado. Os revestimentos cladeados em aços inoxidáveis ferríticos AISI 405 e

410S, encontrados em algumas regiões de torres de destilação atmosférica e à

vácuo, foram selecionados originalmente para resistir à corrosão por

compostos de enxofre em condições de temperaturas mais altas. Estes aços

apresentam resistência à corrosão naftênica maior que o aço carbono, porém,

em regiões onde há condensação ácida de ácidos orgânicos os aços ferríticos

sofrem corrosão.

Vários metais e ligas têm sido avaliados com a finalidade de encontrar

materiais que suportem condições agressivas de operação, porém é difícil

chegar a resultados conclusivos devido à grande quantidade de compostos

naftênicos diferentes que podem existir em um único tipo de petróleo. Segundo

Abreu et. al. atualmente os equipamentos são protegidos por “clad” de aço AISI

405/410S. Essas estruturas são atacadas por corrosão naftênica sendo

recuperadas pela aplicação de “linings” de aço inoxidável AISI316L ou 317L. O

revestimento com tiras soldadas strip lining ou lining é constituído de chapas

finas, resistentes à corrosão, soldadas diretamente no costado dos

equipamentos. Sua aplicação é relativamente simples e atualmente é o

revestimento mais utilizado na manutenção de torres de destilação. Embora

ofereçam boa resistência à corrosão naftênica, surgem durante a operação

trincas na zona afetada pelo calor (ZAC) da solda pela diferença de coeficiente

de dilatação térmica entre o metal base (ferrítico) e o material de “lining”

(austenítico). Segundo pesquisa, o material adequado seria um aço ferrítico

com teor de molibdênio elevado, para aumentar a resistência à corrosão

naftênica. Neste trabalho fundiu-se o aço 444 em lingotes com teores

27

diferentes de Mo e Cr e realizou-se teste de dureza e análise microestrutural.

Aço com maior teor de Cr+Mo (7%Mo15%Cr) apresentou dureza mais elevada.

Huang et al. estudou o efeito sinérgico de ácidos naftênicos e compostos

de enxofre em aço carbono-manganês Q235 e aço inoxidável 316. Foi avaliado

o comportamento desses aços em meio corrosivo contendo diferentes

concentrações de enxofre (0,5 a 5% em peso) e diferentes valores de acidez (3

a 15 mg KOH/g) a 280ºC. Alterando os teores de enxofre ou os valores de

acidez o comportamento dos aços foi semelhante. O aço 316 apresentou

menores taxas de corrosão devido à formação de um filme protetor de sulfeto

de cromo e sulfeto de molibdênio estáveis que evitam o contato do enxofre e

dos ácidos naftênicos com o metal base [19].

Guimarães et al. avaliou a resistência à corrosão naftênica em elevada

temperatura de corpos de prova de aço inoxidável austenítico AISI 316 e

inoxidável ferrítico AISI444 soldados sobre chapas de aço ASTM A516 Gr60. A

resistência foi avaliada por perda de massa. O aço AISI444 foi o que

apresentou menores taxas de corrosão [20].

2.7.2. Nióbio e Molibdênio

Dos elementos de liga presentes em aços avaliados o molibdênio tem

grande influencia na resistência à corrosão naftênica. Quanto maior seu teor,

maior a resistência à corrosão. Ele é um dos elementos que atuam como

estabilizador da fase ferrita e possui grande influência na passividade e na

resistência química dos aços inoxidáveis, sobretudo na presença de cloretos, à

qual o filme de óxido de cromo é pouco estável. Sendo assim o molibdênio, em

associação ao cromo, influencia beneficamente na estabilidade do filme de

passivação na presença de cloretos e é especialmente efetivo no aumento da

resistência ao início da corrosão por pite e corrosão por fresta. Metal refratário

amplamente utilizado na indústria da aspersão térmica para aplicação em

resistência ao desgaste em adesivos, rolamentos, eixos e revestimentos para

prevenção da degradação superficial em componentes que estão em contato.

Possui excepcional resistência e rigidez em altas temperaturas, boa

condutividade térmica, baixa expansão térmica. As características específicas

28

do Mo e suas ligas são a combinação de propriedades de engenharia

superiores a outras ligas convencionais. A combinação de propriedades e

características aumenta a usabilidade do Mo em aplicações em turbinas,

ferramentas, motores a jato e aplicações em elevadas temperaturas. [19, 20,

21,27, 29,30].

O molibdênio é considerado como um dos principais elementos de liga

dos aços inoxidáveis pois aumenta a resistência à corrosão por pite e expande

a região passiva em ácido sulfúrico, fazendo os aço AISI 316 e 317 suportarem

até 90%H2SO4 em temperatura ambiente. Diversas teorias têm sido propostas

para identificar a presença e natureza do molibdênio como espécie dissolvida,

componente de filme passivo e/ou elemento em matriz metálica. As ligas

pesquisadas na proteção à corrosão naftênica são: aço carbono; 5Cr0,5Mo;

9Cr1Mo; aços inoxidáveis 304L; 321; 347; 316; 317; 410 [69].

Sugimoto e Sawada mostram que a adição de Mo em aços austeníticos

promove a formação de um filme passivo constituído de solução sólida de Mo6+

em rede de hidróxido de cromo, o que reduz a densidade de corrente de

corrosão na região ativa para solução ácida. Para Hashimoto et al. o principal

efeito do Mo é diminuir a taxa de dissolução em zonas ativas pela formação e

retenção de hidróxido de Mo ou molibdatos. Ogawa et al. sugere que o

molibdênio é primeiro dissolvido no substrato em solução e então oxidado a

molibdato. Em concordância com isso, MoO42- foi detectado em todos os filmes

passivos formados em ligas forjadas de Mo em soluções ácidas. Outra teoria

inclui enriquecimento de Mo no estado metálico na liga logo abaixo do filme

passivo, enriquece de cromo a camada oxida por dissolução seletiva de Mo,

espessamento do filme passivo e estabilização dos óxidos de Cromo pela

presença de Mo6+ [69]

Trabalho desenvolvido por Pardo et al. avaliou o efeito do Molibdênio e

Manganês na resistência à corrosão dos aços 304 e 316 em H2SO4 30%.Após

imersão em H2SO4 a 25° e 50°C as taxas de corrosão para 316 foram menores

que para 304. A adição de 2,7% de Mo inibe o processo corrosivo a 25°C. A

formação de óxido estável rico em Mo na região ativa do aço inoxidável pode

agir como barreira ativa contra a difusão de espécies através do filme,

29

diminuindo a taxa de dissolução. Mo aumenta a resistência à corrosão

generalizada pela modificação da composição do filme passivo. O manganês

não apresenta a mesma eficiência em meio ácido devido à pequena tendência

a formar compostos insolúveis [69].

Vaidya et al [62] estudou a deposição de Molibdênio pelo processo de

Aspersão Térmica a Plasma. Neste trabalho foram avaliados a morfologia do

pó, distribuição granulométrica e parâmetros de aspersão. Segundo os autores,

partículas menores e maior energia (velocidade e temperatura) produzem

revestimentos com maior espessura e lamelas mais homogêneas com maior

aderência devido à fusão parcial entre as lamelas e substrato, com maiores

valores de módulo elástico e dureza.

Santana et al [63] estudou a resistência a corrosão de liga Co-Mo

depositados por eletrodeposição. A liga com melhor resistência à corrosão foi a

com maior teor de Molibdênio (62%Co38%Mo) com boa aderência e

resistência à corrosão em substrato de Cobre. De acordo com os autores as

ligas metálicas com Molibdênio são bastante conhecidas devido às suas boas

propriedades, elevada resistência à corrosão e ao desgaste e dureza. Para

avaliação da resistência à corrosão foram utilizadas medidas de polarização

potenciodinâmica linear (PPL) e espectroscopia de impedância eletroquímica

(EIE) em meio corrosivo 0,1M NaCl a 30°C. Para análise dos resultados

utilizou-se o processo de Planejamento Fatorial Experimental.

Park et al [64] estudaram soluções sólidas de Molibdênio e Titânio

preparados por “sputter deposition”. A resistência a corrosão do Mo/Ti em 12M

HCl é extremamente alta, sendo superior aos metais Mo e Ti,

espontaneamente passivadas. O potencial de corrosão dessa composição é

levemente menor que o Mo. Analise por XPS revelou que há gradiente de

composição no filme passivo, íons de Mo se concentram na parte exterior do

filme enquanto o Ti aumenta no interior.

Nishimura [65] avaliou o comportamento corrosivo do Titânio e de ligas

de Titânio com 5-25% em massa de Molibdênio em 10-20%NaCl a 100°C.

Encontrou-se que a resistência ao ataque por fresta foi dependente do teor de

30

Molibdênio pela presença de filme óxido estável na superfície de Mo-Ti. Usou-

se os métodos de polarização potenciodinâmica e espectroscopia por

impedância eletroquímica. Medidas de polarização mostraram aumento na

densidade de corrente catódica com o aumento de Mo. Teores de Mo em torno

de 10% o potencial de corrosão ficou dentro da região passiva, menos em

soluções altamente ácidas. 15-20%TiMo tem mais habilidade em manter-se na

região passiva em soluções ácidas a 100°C.

Saboia et al [68] confirmaram o efeito de elemento endurecedor do

Molibdênio. Eles testaram o efeito de diferentes teores de Mo (5, 7 e 9%) em

aços ferríticos com 9% de Cromo. A composição com 9% de Molibdênio

apresentou maiores valores de dureza, limite de escoamento, modulo de

elasticidade, limite de resistência à tração e limite de ruptura.

Comparando o comportamento do aço carbono com as ligas 5Cr1Mo,

9Cr1Mo, 410, 316 em óleo com IAT igual a 4,95mgKOH/g de petróleo cru,

Baptista [13] observou que os aços 410 e 316 apresentaram as menores taxas

de corrosão com valores inferiores a 0,2mm/ano. Qu et al. estudaram o

comportamento das ligas Q235 e 5Cr0,5Mo em petróleo contendo ácidos

naftênicos e compostos sulfurosos. O ensaio foi realizado em meio estático,

com numero de acidez total (NAT) de 10 a 15mgKOH/g em temperaturas da

faixa de 260 a 320ºC por 8horas. A avaliação feita por perda de massa. O aço

5Cr0,5Mo apresentou as menores taxas de corrosão para mesmo valor de NAT

(numero de acidez total). Segundo o NACI (“Naphtenic Acid Corrosion Index”) a

vantagem do aço com adição de molibdênio é a formação de um pseudo filme

passivo de Sulfeto de Cromo (Cr5S8). O molibdênio forma óxido deixando o

cromo livre para formação do filme. A taxa de corrosão em meio contendo

ácidos naftênicos e enxofre foi maior que em meio com apenas ácidos

naftênicos, porém foi menor que em meio contendo apenas enxofre.

Wu et al. avaliou a resistência à corrosão e à erosão- corrosão de

revestimento de aços com diferentes teores de molibdênio (0 a 7% em peso)

depositados por aspersão térmica de elevada velocidade-HVOF. Os testes de

corrosão foram realizados com ensaio estático autoclave e os testes de

corrosão-erosão foram realizados na entrada de alimentação da coluna da torre

31

de destilação atmosférica por 700 dias. Após os testes as amostras foram

submetidas à limpeza e decapagem e avaliação por perda de massa. Os

testes conduzidos em laboratório e em campo mostraram a eficiência dos

revestimentos em meio ácido. Quanto maior o teor de molibdênio menor a taxa

de corrosão. O teor de molibdênio sugerido pelos autores é de 4 a 6% em

peso.[2, 3, 13,14]

Considerando a influência da velocidade de fluxo de petróleo, quanto

maior a velocidade maior deve ser o teor de molibdênio na liga. Utiliza-se ligas

com pequenos teores de molibdênio em velocidades baixas (menos de 1m/s).

Para velocidades críticas (acima de 40m/s) recomenda-se o uso dos aços

inoxidáveis 316 e 317 que apresentam teores de molibdênio entre 2-4%. Não

considerando a influencia da velocidade recomenda-se a utilização das ligas

5Cr0,5Mo ou 9Cr1Mo em regiões onde há corrosão moderada [1, 11, 18]

Em condições de elevada temperatura a utilização de ligas com maiores

teores de molibdênio conferem maior resistência aos equipamentos. Testes

realizados mostram a influência do molibdênio em tais condições. Em mistura

óleo/ácido com IAT igual a 47mgKOH/MG de petróleo cru a 235ºC os cupons

de aço inoxidável AISI 316 apresentaram taxas de 0,018mm/ano enquanto que

amostras de aço carbono apresentaram taxas de 3,1mm/ano.[15]

Pesquisas também têm considerado a influência do nióbio na proteção à

corrosão naftênica. O nióbio, como outros metais reativos, tem sua resistência

proveniente da rápida formação de um filme óxido passivo composto por NbO,

NbO2, Nb2O5 ou pela mistura de deles. A reação do Nióbio com o oxigênio

pode conferir aumento na resistência à tração e dureza. São poucos os

trabalhos desenvolvidos na análise deste material com potencial protetor.

Hsieh avaliou o comportamento eletroquímico de um revestimento de

Nióbio sobre o aço 316L em meio aerado de 3%NaCl a temperatura ambiente.

Destaca-se a ausência de pites a aumento da faixa de passivação para o

revestimento de Nb na varredura de potencial [78].

Asselin et al [49]. estudou as ligas 625, 316, Ni-20Cr e Nb em reator

com solução 1,6m total NH3, 0,2mSO4-2, pH10 (2,4wt%NH3 e 2wt%H2SO4).

32

Três ligas apresentaram perda de massa indicando taxa de corrosão positiva

(20 – 40mm/ano). A liga 625 apresentou maior resistência (18mm/ano)

enquanto que o aço AISI316 apresentou a maior taxa (39mm/ano). As taxas de

corrosão dos cupons de Nióbio foram insignificantes.

Tavares [30] avaliou, através de dados obtidos em campo,

equipamentos revestimentos com Nb2O5 depositados por aspersão térmica a

chama. A avaliação foi realizada por inspeção visual. O revestimento

permaneceu íntegro após dois anos de campanha dos equipamentos em meio

contendo ácidos naftênicos, sulfetos, cloretos e atmosfera industrial. Quando

se comparou corpos de prova revestidos com corpos de prova pintados com

tinta epóxi observou-se superior resistência à corrosão por fresta em amostras

aspergidas, porém houve oxidação devido à porosidade.

Ligas de Nióbio, como a C103 (Nb-10Hf) são amplamente utilizadas na

indústria aeroespacial devido à sua alta resistência mecânica em elevadas

temperaturas (1095-1370°C). A liga Nb-1Zr é empregada na indústria nuclear

por sua boa resistência à corrosão e danos causados por radiação Quando

depositados por vaporização em aço ASI316 a liga aumenta consideravelmente

a resistência à corrosão [ASTM vol02, 2002].

Testes em câmara de névoa salina mostraram eficácia de revestimentos

de nióbio para aplicação em meio marinho. Testes de corrosão naftênica

realizados em laboratório e em campo com revestimentos de óxido de nióbio

depositados por aspersão térmica indicaram taxas de corrosão inexpressivas

quando comparados com aço carbono, AISI410, 9Cr-1Mo que chegaram a

apresentar taxa de 0,8mm/ano (aço carbono). Estudos realizados com ensaios

de corrosão em autoclave em temperaturas elevadas mostraram o

desempenho do nióbio comparativamente a alguns aços de uso em refinarias

de petróleo. O meio corrosivo foi um óleo cru com elevado índice de acidez

total (1,3 mgKOH/g). Os resultados mostraram a formação de um filme óxido

sobre o nióbio (NbO), cujas características foram a alta aderência, proteção e

inércia química ao meio. As taxas de corrosão (0,001mm/ano) foram, no

mínimo 300 vezes inferiores às do aço que obteve o melhor resultado (AISI 410

e 9Cr) comprovando o comportamento protetor do nióbio. Há também uma

33

patente obtida pelo desenvolvimento de uma tinta anticorrosiva a base de

nióbio como alternativa barata e eficaz contra corrosão em equipamentos

industriais.[4, 5, 7, 22, 23,24,26, 37]

As pesquisas realizadas mostram que a utilização de molibdênio como

elemento de liga em equipamentos que trabalham na presença de ácidos

naftênicos e em condições severas de operação é eficaz, pois a taxa de

corrosão das amostras testadas diminui à medida que aumentou o teor de

molibdênio nos aços. Para alguns autores o teor mínimo de molibdênio

sugerido foi 2,5%, para outros autores, com adição de 1,75% de molibdênio já

é suficiente para obter um material resistente. Todos concordam que quanto

maior é o teor de molibdênio em uma liga menor é a taxa de corrosão

apresentada. Estudos realizados com o nióbio também revelam sua eficiência

na proteção à corrosão naftênica.

Porém as pesquisas limitam-se a dizer se a adição desses metais

promove maior proteção ao aço utilizado em equipamentos. O mecanismo de

formação da camada protetora das ligas estudadas ainda não é entendido. O

comportamento dos elementos nióbio e molibdênio como elementos puros ou

como solução sólida na presença de petróleo com elevado teor de compostos

naftênicos também não é conhecido. Faz-se necessária a continuação de

pesquisas para completo entendimento do comportamento protetor desses

materiais.

2.7.3. Aspersão Térmica

Consiste em um grupo de processos por meio dos quais se deposita,

sobre uma superfície previamente preparada, camadas de materiais metálicos

ou não metálicos. Nos processos de aspersão térmica, os materiais de

deposição são fundidos ou aquecidos em uma fonte de calor gerada no bico de

uma pistola apropriada por meio de combustão de gases, de arco elétrico ou

por plasma. Imediatamente após a fusão, o material finamente atomizado é

acelerado por gases sob pressão contra a superfície a ser revestida, atingindo-

a no estado fundido ou semi-fundido. Ao se chocarem contra a superfície, as

partículas achatam-se e aderem ao material base e na sequência sobre as

34

partículas já existentes, originando-se assim uma camada de estrutura típica e

diferente de qualquer outra forma metalúrgica. [7, 44, 45, 46, 49, 50]

Essas camadas são constituídas de pequenas partículas deformadas em

direção paralela ao substrato (como observado na FIGURAURA 6), com

estrutura típica lamelar contendo inclusões de óxidos, vazios e porosidade. É

usado para depositar uma variedade de camadas protetoras anti-corrosão, de

resistência ao desgaste e outras aplicações. Essas camadas são geralmente

menores do que 1 mm de espessura.

As principais características de um revestimento aspergido e a seção

transversal de revestimentos depositados são apresentadas nas FIGURAS 6 e

7.

FIGURA 6 - CARACTERÍSTICAS DA FORMAÇÃO DA CAMADA DEPOSITADA POR AT E PERFIL TRANSVERSAL DE UM REVESTIMENTO (ADAPTADO, SITE

THERMAL SPRAY SOLUTIONS)

Partícula Inclusões Poros Partículas não fundidas ou óxidos

Microscopia da seção

Cerâmica - ASP

Carbeto - HVOF

Metal – arco elétrico Esquema seção transversal da camada aspergida

35

FIGURA 7 – CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DE REVESTIMENTO TERMICAMENTE ASPERGIDO

A FIGURA 8 apresenta um esquema do processo de deposição por aspersão

térmica.

FIGURA 8 - ESQUEMA DO PROCESSO DE ASPERSÃO (SULZER METCO, 2008)

Geralmente nos processos de aspersão térmica, as distâncias de projeção das

partículas variam de 100 até 300mm. Para se obter uma aderência adequada

ao substrato o revestimento deve ser adequadamente preparado através do

jateamento abrasivo, permitindo com isso obter um substrato limpo, rugoso e

que promova o ancoramento mecânico no momento do impacto.

Para garantir a aderência adequada dos revestimentos ao substrato

deve-se preparar a superfície para permitir que as partículas projetadas no

momento do impacto fiquem totalmente aderidas e livres de impurezas

residuais. Esta preparação é obtida através de limpeza, obtenção de

36

rugosidade adequada por jateamento abrasivo e pré aquecimento obtido pela

chama da própria pistola de aspersão.

Os processos de aspersão térmica podem ser classificados em dois

grupos básicos, de acordo com o método de geração de calor:

- Grupo I ou de combustão: chama (chama convencional e oxicombustivel de

alta velocidade) e detonação; Utiliza gases combustíveis como fonte de calor.

- Grupo II ou elétrico: plasma de arco não-transferido (PSP ou Plasma Spray),

plasma de arco transferido (PTA, Plasma Transfered Arc) e arco elétrico.

Utilizam a energia elétrica como fonte de calor.

Os processos apresentados tem a identificação por meio de siglas, que

são:

FS – Flame Spraying (aspersão a chama oxi-gas com material de adição na

forma de pó ou arame);

AS – Arc Spraying (aspersão a arco elétrico);

HVOF – High Velocity Oxy-Fuel flame spraying (aspersão a chama de alta

velocidade com material de adição na forma de pó)

HVCW – High Velocity Combustion Wire flame spraying (aspersão a chama de

alta velocidade com material de adição na forma de arame);

PS – Plasma Spraying (aspersão a plasma);

D-Gun – Detonation-Gun spraying (aspersão por detonação);

LS – Laser Spraying (aspersão a laser);

CS – Cold Spraying (aspersão a frio).

No processo de AT são utilizados vários gases industriais, cada um com

uma finalidade, podendo conferir ao revestimento características distintas. Os

principais gases utilizados são:

37

Gases de combustão – fornecem energia térmica para o aquecimento e

ativação térmica do material a ser aspergido;

Gases de arraste – conduzem o material a ser aspergido até o fluxo de gás

aquecido ou plasma;

Gases de resfriamento – fazem o resfriamento do substrato ou do próprio

revestimento durante/após o processo de aspersão;

Gases de proteção – empregados na formação de uma cortina gasosa de

proteção durante o processo, evitando, por exemplo, o acesso de oxigênio

proveniente da atmosfera.

Os parâmetros característicos de alguns desses processos e algumas

propriedades são apresentados na tabela---.

TABELA 1 - CARACTERÍSTICAS DOS PROCESSOS DE ASPERSÃO

Processos Fs HVOF Arco Elétrico

Pó Arame Pó Arame

Temperatura da

Chama/ Arco(°C)

2800-3200 2800-3200 2700-3100 4000-6000

Velocidade das

partículas(m/s)

30-150 180-250 600-1200 100-250

Atmosfera da

Chama/ Arco

CO-CO2-H2O N2-CO-CO2-H2O N2-CO-CO2-H2O N2-O2

Aderência (Mpa) 4-20 70-100 10-36

Teor de Oxido

(%)

6-15 4-15 0,2-5 10-20

Porosidade (%) 5-15 5-15 0-2 10-15

38

2.7.4. Aspersão Térmica a Chama – FS (Flame Spray)

Processo que utiliza a queima de combustível como forma de

aquecimento pode ser utilizada com qualquer material que tenha temperatura

de fusão menor que 2760ºC, desde que não sublime. Metais e ligas podem ser

depositados na forma de arame ou pó, cerâmica e polímeros na forma de pó.

Os gases utilizados como combustíveis são o oxigênio e o acetileno devido à

elevada temperatura. Como gás de arraste e atomização normalmente utiliza-

se ar comprimido ou nitrogênio. A variação na porcentagem da mistura de

gases utilizados interfere no aporte térmico fornecido à partícula a ser

aspergida. No processo utilizado, o pó é alimentado no centro da tocha. Este

pó é armazenado em um sistema pressurizado, o que garante a alimentação

contínua.

As principais variáveis que devem ser monitoradas no processo FS são:

pressão e fluxo do ar comprimido, utilizado para transferir as partículas da fonte

de calor até o substrato e para fornecer à turbina a pressão suficiente para

alimentar com arame o bico da pistola e, o fluxo de acetileno e oxigênio para

formar e manter a chama (neutra) que permite a fusão do material.

O “Flame Spray” é caracterizado por atingir velocidade de impacto de

partículas na faixa de 30 a 180 m/s, temperaturas entre 2000 e 2800 °C, tensão

de aderência média, porosidade entre 15 e 20% e 4 a 15% de óxidos. Segundo

SCHIEFLER, este processo provoca surgimento de um maior teor de óxidos

nos revestimentos. Durante o resfriamento, esses óxidos e as partículas que se

apresentam no estado semifundido são responsáveis por um grau de

porosidade mais elevado, uma vez que impedem as partículas aspergidas

subsequentes de preencherem adequadamente os interstícios criados a sua

volta. Outro ponto a ser destacado neste processo é o mecanismo de

aderência que, se processa primeiramente por ancoragem (mecanismo

mecânico) exigindo uma limpeza rigorosa e rugosidade apropriada do

substrato.

Apesar dessas deficiências, o processo FS apresenta valores de

aderência satisfatórios para serviços de menor responsabilidade. Além disso, é

39

um processo ainda muito utilizado pela sua versatilidade, baixo custo, fácil

manutenção e Obtenção de altas taxas de deposição.

Neste processo as partículas podem oxidar, pelo oxigênio contido no ar,

prejudicando a aderência do revestimento. Para minimizar a oxidação utiliza-se

gases inertes, como nitrogênio ou argônio, para o transporte de partículas. A

FIGURA 9 apresenta uma pistola de aspersão térmica a chama, a ser utilizada

nesta pesquisa. [6, 7, 44, 46, 49, 50]

FIGURA 9 - PISTOLA DE ASPERSÃO TÉRMICA A CHAMA – LABATS/UFPR.

A densidade do revestimento depositado depende do tipo de material e

do processo utilizado. As propriedades do revestimento são determinadas pela

espessura, temperatura e velocidade de aspersão, que podem ser modificadas

de acordo com o processo escolhido. As propriedades físicas e mecânicas

normalmente são diferentes do material original. A estrutura resultante é de

forma lamelar e não homogênea, apresentando normalmente baixa ductilidade

e porosidade [70].

As menores velocidades de propulsão do processo FS, quando comparadas

a outros processos de aspersão, tendem a expor as partículas aspergidas a um

“tempo de vôo” mais longo no percurso entre o bico da pistola e o substrato. De

40

acordo com essa situação provoca o surgimento de um maior teor de óxidos

nos revestimentos. Durante o resfriamento, esses óxidos, bem como as

partículas que se apresentam no estado semi-fundido, são responsáveis por

um grau de porosidade mais elevado, uma vez que impede as partículas

aspergidas subsequentes de preencherem adequadamente os interstícios

criados a sua volta. Na interface revestimento/substrato, o mecanismo de

aderência ocorre principalmente por meio de ancoragem mecânica, o que exige

rigorosa limpeza prévia e uma rugosidade apropriada da superfície do

substrato [17,26].

41

3. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

3.1. PREPARAÇÃO DOS PÓS DE REVESTIMENTO

Na confecção dos revestimentos foram utilizados pós de Nióbio,

Pentóxido de Nióbio e Molibdênio preparados seguindo as composições

(porcentagem em peso) apresentadas na tabela---.

O pó de Nióbio e de Pentóxido de Nióbio foram obtidos por doação pela

Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração – CBMM/MG. Como a faixa

granulométrica do pó obtido era muito grande, foi necessário realizar

peneiramento para separação da faixa granulométrica necessária para o

processo de aspersão. O molibdênio 99,5% de pureza com granulometria 325

mesh de foi adquirido na Var Insumos/SP.

TABELA 2 - COMPOSIÇÃO DAS MISTURAS DE PÓS UTILIZADOS

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Nb 100% --- --- 80% 70% 60% --- --- ---

Nb2O5 --- 100% --- --- --- --- 80% 70% 60%

Mo --- --- 100% 20% 30% 40% 20% 30% 40%

A etapa de preparação dos pós iniciou-se colocando-se os pós em

estufa a 100°C durante dois dias para total eliminação de umidade para

garantir eficiência durante peneiramento. Os pós foram peneirados utilizando-

se peneira vibratória Vibrotech – Modelo CT- 025 e peneira de 250-325 mesh

Tyler . Esta faixa granulométrica foi escolhida, pois não obstrui o sistema de

alimentação do pó da pistola de aspersão. Após peneiramento os pós ficaram

em estufa até momento da deposição, sendo retirados apenas para pesagem e

mistura das composições.

A pesagem dos pós foi realizada em balança de precisão de acordo com

a TABELA 2 totalizando 300g de cada composição, quantidade suficiente para

fazer os corpos de prova. A mistura dos pós, objetivando homogeneização das

composições foi realizado em misturador tipo Y acoplado à um torno com

rotação de 50 RPM por período de duas horas.

42

3.2. PREPARAÇÃO DAS SUPERFÍCIES

As amostras revestidas foram de aço inoxidável austenítico AISI316 com

composição apresentada na TABELA 3. A escolha do material de substrato

deve-se ao fato deste ser um dos materiais utilizados atualmente para

fabricação e recuperação por lining de equipamentos que operam em

condições críticas de refino.

TABELA 3 - COMPOSIÇÃO AÇO AISI316 – NORMA AISI

Composição C Si Mn Cr Mo Ni P S Outros

Teor(%) 0,08

max

0,75

max

2,0

Max

17 2,5 12,0 0,045

max

0,03

max

N-0,1

max

A superfície a ser revestida deve apresentar limpeza e rugosidade

apropriada para que ocorra aderência adequada do revestimento. A boa

aderência é dependente da quantidade de pontos de ancoramento e da área

de contato entre substrato e revestimento. O jateamento abrasivo é o principal

método empregado na preparação da superfície de revestimentos finos, porém

para camadas mais espessas sujeitas a elevadas tensões e/ou que necessitem

de maior aderência, usa-se com frequência usinagem grosseira ou usinagem

seguida de jateamento.[7, 49, 50]

As amostras com dimensões foram previamente preparadas através de

jateamento abrasivo. O jateamento foi realizado de acordo com a Norma

Petrobrás – 2568 para obtenção da rugosidade adequada. A TABELA 4

apresenta as condições de operação de jateamento abrasivo utilizado no

trabalho.

43

TABELA 4 - PARÂMETROS DE JATEAMENTO

Parâmetros Valores

Abrasivo Óxido de alumínio #36 mesh

Tipo de jato Jato por pressão

Pressão 80-90 psi

Distância 120-150 mm

Rugosidade mínima 4,0mmRa

As medições de rugosidade foram realizadas através de rugosímetro

portátil com apalpador mecânico, marca Mitutoyo, modelo SJ201 com

capacidade de medição entre 0,05 e 15mm Ra. Após o jateamento as

amostras permaneceram em estufa a 110ºC por 24 horas até o momento da

deposição.

3.3. PROCESSO DE ASPERSÃO TÉRMICA A CHAMA – PREPARAÇÃO DO

EQUIPAMENTO E DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS

Para a deposição das misturas de pós de Nb/Mo e Nb2O5/Mo foi utilizado

uma pistola de Aspersão Térmica a Chama Oxiacetilenica do tipo 6P-II da

Sulzer Metco seguindo norma Petrobras N-2568 – Revestimentos

Anticorrosivos Aplicados por Aspersão Térmica. Como gás de arraste foi

utilizado e ar comprimido e os parâmetros monitorados foram fluxo de oxigênio,

acetileno e gás de arraste, taxa de alimentação, número de passes e distância

pistola/ corpo de prova.

Os parâmetros de deposição dos revestimentos estão apresentados na

TABELA 5. Esses valores foram baseados em trabalhos anteriores de

desenvolvimento de revestimentos anticorrosivos [6, 7, 5].

Foi avaliado a influência do pré aquecimento das amostras revestidas,

pois superfícies pré aquecidas ajudam a garantir melhor aderência do

revestimento ao substrato. O pré-aquecimento de 250-300°C foi realizado com

a queima de gases de combustão da pistola de aspersão a chama.

44

TABELA 5 - PARÂMETROS INICIAIS DE ASPERSÃO TÉRMICA A CHAMA

Parâmetros Valores

Pré aquecimento 250 - 300ºC

Distância pistola-substrato 100mm

Fluxo de Oxigênio 45

Fluxo de Acetileno 35

Fluxo de gás de arraste 15

Taxa de alimentação 45g/min

Número de passes

A deposição foi realizada com ângulo de 90° em relação à superfície,

reduzindo a formação de salpicos no revestimento depositado, procurando

estabelecer uma espessura média de 200µm.

Para otimização do processo de aspersão térmica foi desenvolvido um

sistema que permite revestir até quatro corpos de prova planos para

caracterização e três corpos de prova utilizados em teste de aderência por

cola. Com auxilio de um torno o suporte com as peças giram 360° sendo

possível ao operador da pistola manter a mesma imóvel. Os passes são

realizados através do movimento do suporte. Com esta técnica é possível obter

revestimento mais homogêneos e com maior quantidade de corpos de prova

em apenas um processo.

3.4. CARACTERIZAÇÃO DOS REVESTIMENTOS OBTIDOS

Para caracterização dos revestimentos foram utilizadas as seguintes

técnicas: teste de aderência por dobramento e por cola. Caracterização

morfológica por análise de aspecto visual, microscopia ótica(MO), microscopia

eletrônica de varredura(EDS), difratometria de Raios-X(DRX) e Espectroscopia

por Energia Dispersiva(EDS) . Através dessas técnicas serão analisados: a

composição, a espessura e a topografia do revestimento, o tamanho e o

aspecto das lamelas, a quantificação e a distribuição dos poros, óxidos e

vazios. Também foram realizados teste de microdureza Vickers e ensaio

eletroquímico de corrosão em meio ácido.

45

3.5. ANÁLISE DE ASPECTO VISUAL

A avaliação inicial dos revestimentos foi em relação ao acabamento

superficial por inspeção visual, para a identificação de defeitos macroscópicos

como trincas, desplacamento e falta de aderência.

3.6. ENSAIO DE ADERÊNCIA POR DOBRAMENTO

Em cada grupo de amostras dois corpos de prova foram preparados

para a realização do teste de aderência por dobramento. Este ensaio fornece

uma avaliação qualitativa da ductilidade com a apresentação ou não de trincas

na superfície da camada. É considerado m ensaio muito agressivo pois

consiste em dobrar a chapa em um ângulo de 180°. Para o ensaio utilizou-se

um equipamento fabricado segundo as recomendações da norma MIL 2138 A e

norma PETROBRAS N-2568, conforme mostra FIGURA 10. Os critérios de

avaliação do ensaio de dobramento são apresentados na TABELA 6 e FIGURA

11.

FIGURA 10 - EQUIPAMENTO DE ENSAIO DE DOBRAMENTO( LAMATS, 2013)

46

TABELA 6 - CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO ENSAIO POR DOBRAMENTO.

Condição Superfície

Ideal Sem micro trincas ou microtrincas

superficiais

Marginal Micro trincas sem desgarramento ou

delaminação da camada

Rejeitada Trincas e fendas com desgarramento

da camada.

FIGURA 11 - CRITÉRIO VISUAL DE AVALIAÇÃO DA ADERÊNCIA DE REVESTIMENTOS

3.7. TESTE DE ADERÊNCIA POR COLA

Outra técnica de avaliação para revestimentos aspergidos será a análise

da aderência segundo norma ASTM C-633, onde um corpo de prova revestido

é colado a outro de mesma dimensão, não revestido, e puxado com auxilio de

uma máquina de tração. A avaliação é feita a partir da tensão necessária para

o rompimento das amostras coladas e do local onde ouve a separação das

mesmas. Tais ensaios foram realizados no Laboratório de Ensaios Mecânicos

do LACTEC.

47

3.8. MICROSCOPIA ÓTICA

A caracterização por microscopia foi realizada em microscópio ótico com

aquisição de imagens através de câmera digital. As imagens obtidas foram

analisadas com software de análise de imagens Image Express. Para tal

análise microestrutural as amostras com corte transversal foram embutidas em

baquelite a quente e suas superfícies lixadas em lixas d’água de carboneto de

silício com a seguinte sequencia: 180, 220, 320, 400, 600 e 1200. Após o

lixamento as amostras foram polidas em solução de alumina 1 e 0,4µm e água

destilada. Através da técnica de microscopia ótica é possível realizar medições

das espessuras das camadas aspergidas, análise de porosidade e fração da

área de óxidos e poros.

3.9. FRAÇÃO DE ÁREA DE ÓXIDOS E POROS

A análise da fração em área dos óxidos será realizada pela conversão

das imagens de tons de cinza para cores RGB (red, green, blue). Nesta técnica

utilizam-se imagens da seção transversal com ampliações de 200x e 500x,

verificando-se a melhor condição para a identificação de poros na estrutura. A

caracterização ocorre pelos tons de cinza dos poros, óxidos e fase metálica,

possibilitando assim calcular a fração em área e cada microconstituinte na

imagem. Para este procedimento utiliza-se o software de análise de imagens

“Clemex Professional”.

3.10. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

Através da microscopia eletrônica é possível observar a morfologia e

integridade dos revestimentos obtidos e fazer análise da composição química

semi-quantitativa por EDS (Espectroscopia de Energia Dispersiva) nos

revestimentos e no metal base para avaliação da influência do processo de

deposição. As análises semi-quantitativas de composição química por EDS

foram realizadas juntamente com o MEV considerando os elementos Nióbio,

48

NB2O5, Mo e oxigênio. Estas análises foram realizadas no laboratório de

materiais do LACTEC e no LAMIR.

3.11. DIFRATOMETRIA DE RAIOS-X

Com esta técnica é possível analisar qualitativamente as fases

presentes no metal base e no revestimento. Analisou-se a formação ou não de

óxidos protetores. Foram realizados ensaios de difração por Raio-X (Cu Kα) na

face dos revestimentos para identificar as fases presentes em cada

composição.

3.12. TESTE DE MICRODUREZA VICKERS

O penetrador utilizado neste ensaio é uma pirâmide de diamante de

base quadrada aplicável a todos os matérias metálicos, principalmente duros

ou corpos de prova finos, pequenos ou irregulares. A impressão de um losango

regular cujas diagonais são medidas por um microscópio acoplado à maquina

de teste. A medida das diagonais fornecem a dureza por tabela. As medições

foram realizadas transversalmente ao revestimento com carga de até 400g

segundo norma ASTM E384, Standard Test Method for Microindentation

Hardness of Materials, para avaliação da homogeneidade da microestrutura,

influência da composição química na microestrutura e na formação dos

óxidos.[50]

3.13. RESISTÊNCIA TÉRMICA

A estabilidade térmica é uma característica de fundamental importância

no desempenho de componentes que operam em altas temperaturas. Na

indústria petroquímica operações a elevadas temperaturas são bastante

comuns exigindo maior resistência dos materiais utilizados em seus

componentes. Dentre os mecanismos extrínsecos de degradação de

49

revestimentos expostos a elevadas temperaturas, podem ser citados: desgaste,

oxidação, corrosão, erosão, delaminação e fadiga termomecânica.[7, 49, 50]

No presente trabalho foram realizados testes de ciclagem térmica em

forno tubular onde os corpos de prova foram submetidos a ciclos de

aquecimento de 200° e 400ºC durante seis horas e resfriadas em agua com

posterior avaliação microestrutural e das propriedades mecânicas. Tais

temperaturas foram adotadas por ser nesta faixa em que ocorre corrosão por

ácidos naftênicos em componentes de torres de destilação. As amostras foram

cortadas com dimensões de aproximadamente 1cm2 para serem avaliadas

quanto à oxidação a elevada temperatura em função do número de ciclos

térmicos. O equipamento utilizado foi um forno tubular com dispositivo porta

amostras automatizado que permite colocar e retirar amostras em tempos pré-

definidos.

3.14. AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À CORROSÃO NAFTÊNICA

Com os parâmetros de processo e composição que resultaram em

revestimentos com morfologia adequada e maior aderência foram

confeccionadas amostras para os testes de corrosão eletroquímica por

voltametria cíclica e corrosão naftênica em reator contendo solução naftênica.

O ensaio de voltametria cíclica é um método de análise dinâmica, pois a

célula eletroquímica é operada na presença de corrente elétrica que, por sua

vez, é medida em função da aplicação controlada de um potencial. As

informações sobre o analito são obtidas por meio da medição da magnitude da

corrente elétrica que surge entre o eletrodo de trabalho e o eletrodo auxiliar.

Para o estudo da morfologia da corrosão naftênica foi empregado um

reator eletroquímico de formato cilíndrico, do tipo vaso fechado de liga de

alumínio 6351. Usa-se o alumínio como material de construção devido ao fato

do alumínio ser inerte à corrosão por ácidos naftênicos e não apresentar cobre

em sua composição, uma vez que o cobre catalisa a decomposição de ácidos

naftênicos de alto peso molecular.

50

Na região central da tampa, a entrada é maior para que a sonda de

corrosão se encaixe. Ao redor desta, cinco entradas menores, chamadas de

entradas auxiliares, estão distribuídas. As entradas auxiliares foram projetadas

para a saída de gases e para a entrada de um termopar. O reator possui 33,6

cm de altura, com 12 cm de diâmetro interno, e um volume interno de 3,52

litros.

A FIGURA 12 apresenta sistema o sistema montado de reator e sistema

de aquecimento.

FIGURA 12 - SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE CORROSÃO NAFTÊNICA.

51

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. CARACTERIZAÇÃO DOS REVESTIMENTOS

As FIGURAS 13 a 16 apresentam o aspecto visual dos revestimentos

obtidos com as misturas de Nióbio e Molibdênio e o teste de aderência por

dobramento. Observa-se que há formação de revestimento homogêneo com

boa aderência.

(a) (b)

FIGURA 13 - ASPECTO VISUAL DO REVESTIMENTO DE NIÓBIO (A) APÓS ASPERSÃO ; (B) APÓS TESTE DE DOBRAMENTO

52

(a) (b) FIGURA 14 - ASPECTO VISUAL DO REVESTIMENTO DE NB20MO (A) APÓS

ASPERSÃO ; (B) APÓS TESTE DE DOBRAMENTO

(a) (b) FIGURA 15 - ASPECTO VISUAL DO REVESTIMENTO DE NB30MO (A) APÓS

ASPERSÃO ; (B) APÓS TESTE DE DOBRAMENTO

(a) (b) FIGURA 16 - ASPECTO VISUAL DO REVESTIMENTO DE NB30MO (A) APÓS

ASPERSÃO ; (B) APÓS TESTE DE DOBRAMENTO

As FIGURAS 13 a 16 mostram que o revestimento formado apresenta

aspecto visual adequado, com homogeneidade da espessura em toda a

superfície. Através do teste de dobramento comprova-se que a superfície

53

suporta grande tensão de cisalhamento, o que mostra sua elevada aderência.

Observa-se que nas amostras com Nióbio metálico e 30% e 40% molibdênio

há presença de trincas e pequenos desplacamentos de revestimento apenas

na margem dos corpos de prova o que não descaracteriza o revestimento, por

ser esta uma região de elevada energia. Considera-se integridade da região

central do revestimento.

4.2. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

As FIGURAS 17 a 20 apresentam a morfologia da superfície e corte

transversal dos revestimentos formados com Nióbio e Molibdênio obtidos por

microscopia eletrônica de varredura. Através desta análise é possível verificar

se houve obtenção de estrutura lamelar coesa sem poros passantes.

(a) (b) FIGURA 17 – MORFOLOGIA DO REVESTIMENTO DE NIÓBIO METÁLICO (A)SUPERFICIE, AUMENTO 500X (B) TRANSVERSAL, AUMENTO 1000X.

54

(a) (b) FIGURA 18 – MORFOLOGIA DO REVESTIMENTO DE NB20MO (A) SUPERFÍCIE,

AUMENTO 500X; (B) TRANSVERSAL, AUMENTO 1000X.

(a) (b) FIGURA 19 – MORFOLOGIA DO REVESTIMENTO DE NB30MO (A) SUPERFÍCIE,

AUMENTO 1000X; (B) TRANSVERSAL, AUMENTO 1000X.

(a) (b) FIGURA 20 – MORFOLOGIA DO REVESTIMENTO DE NB20MO (A) SUPERFÍCIE,

AUMENTO 1000X; (B) TRANSVERSAL, AUMENTO 1000X.

55

Nessas FIGURAS 17 a 20 é possível observar a estrutura das camadas

formadas por lamelas e poros. Podem-se visualizar os elementos que

constituem o compósito aspergido como poros, vazios em pequenas

quantidades (25%), trincas (que aparecem após o corte dos corpos de prova).

A espessura do revestimento e a estrutura lamelar evita o acesso de

substâncias corrosivas ao substrato a ser protegido. Os poros são

caracterizados por pequenas erupções que ocorrem nas lamelas, causadas

pela presença de gás entre duas lamelas e não são interconectadas. Nas

figuras apresentadas das superfícies aspergidas, obtidas por MEV, observa-se

a existência de espaços vazios, salpicos e lamelas deformadas. Os salpicos

são partículas que se resfriam antes do impacto com a superfície do substrato,

não adquirindo desta maneira, o formato de lamelas, podendo reduzir a

aderência e a coesão entre as lamelas, afetando as propriedades dos

revestimentos. De acordo com as imagens obtidas por MEV é possível

observar que não houve grande alteração na morfologia do revestimento com a

adição de molibdênio. Observou-se a diferença entre o tamanho das lamelas

de Nióbio e de Molibdênio, já que o tamanho das partículas de molibdênio eram

bem menores que as do pó de nióbio. Pode-se observar também, através da

morfologia do revestimento, que houve somente superaquecimento dos pós, o

que permite a obtenção de panquecas, o que mostra a excelente

molhabilidade que as partículas adquirem no momento do impacto com o

substrato. Isto pode ser comprovado com as análises por EDS.

4.3. - Análise Química por Energia Dispersiva de Raios (EDS)

Em conjunto com a análise microanálise realizada pelo EDS foram

obtidos os espectros das composições após a aspersão (revestimento). As

FIGURAS 21 a 24 representam os revestimento das composições de Nióbio e

Nb/Mo. Pelos espectros observa-se e disposição dos elementos na superfície

aspergida.

56

FIGURA 21 – ESPECTRO OBTIDO PELO REVESTIMENTO DE NIÓBIO

57

FIGURA 22 – ESPECTRO OBTIDO PELO REVESTIMENTO DE NB20MO

FIGURA 23 – ESPECTRO OBTIDO PELO REVESTIMENTO DE NB30MO

58

FIGURA 24 – ESPECTRO OBTIDO PELO REVESTIMENTO DE NB40MO

Através da análise dos espectros obtidos por EDS foi possível

comprovar que é possível obter revestimentos com mistura de nióbio e

molibdênio pois não há perda significativa de material. A composição após

deposição permaneceu próxima à composição pré-aspersão. Analisando o

mapeamento da microestrutura por EDS comprova-se que não houve formação

de liga, sim grande compactação das panquecas, comprovado com o teste de

adesão que submete superfície do revestimento formado à elevada tensão de

cisalhamento. Esta observação é possível observando-se a micrografia

colorida, onde cada cor representa um elemento. É possível observar também

a presença de oxigênio, possivelmente na forma de óxidos. Este processo é

inerente ao processo de aspersão onde se utiliza oxigênio para transporte das

partículas.

A análise realizada por EDS oferece uma avaliação qualitativa da

composição do revestimento, apenas detectando a presença dos elementos

Nióbio e Molibdênio na região analisada. Através desta análise não é possível

detectar com precisão a quantidade de cada elemento em uma panqueca,

59

sendo indicado para este caso realização de FRX. Porém é possível afirmar

que há presença de nióbio e molibdênio em uma mesma lamela.

5. CONCLUSÃO

Com os resultados obtidos foi possível concluir que é possível obter um

revestimento através da mistura de Nióbio e Molibdênio com excelente

aderência e coesão com panquecas bem distribuídas. A boa distribuição das

panquecas e baixa porosidade residual são componentes que conferem

proteção por barreira ao revestimento formado. Tal conclusão é o fator principal

na comprovação da tese.

60

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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