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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI JÚLIA MARANGONI ESTUDO DA TRANSFORMAÇÃO DE FASE INDUZIDA POR DEFORMAÇÃO EM AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX São Bernardo do Campo 2015

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI

JÚLIA MARANGONI

ESTUDO DA TRANSFORMAÇÃO DE FASE INDUZIDA POR DEFORMAÇÃO EM

AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX

São Bernardo do Campo

2015

JÚLIA MARANGONI

ESTUDO DA TRANSFORMAÇÃO DE FASE INDUZIDA POR DEFORMAÇÃO EM

AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX

Dissertação de Mestrado apresentada ao Centro

Universitário da FEI, como parte dos requisitos

necessários para obtenção do título de Mestre em

Engenharia Mecânica com ênfase em Materiais e

Processos, orientada pelo Prof. Dr. Rodrigo

Magnabosco.

São Bernardo do Campo

2015

Marangoni, Júlia

Estudo da transformação de fase induzida por deformação em aço

inoxidável superdúplex / Júlia Marangoni. São Bernardo do Campo,

2015.

140 f. : il.

Dissertação de Mestrado - Centro Universitário da FEI.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Magnabosco

1. Aço inoxidável superdúplex. 2. Deformação plástica a frio. 3.

Transformação de fases. I. Magnabosco, Rodrigo, orient. II. Título.

CDU 669.14.018.89h

Centro Universitário da FEI

Aluno: Júlia Marangoni Matrícula: 213118-3

Título do Trabalho: Estudo da transformação de fase induzida por deformação em aço inoxidável

superdúplex.

Área de Concentração: Materiais e Processos ORIGINAL ASSINADA

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Magnabosco

Data da realização da defesa: 19/02/2015

A Banca Julgadora abaixo-assinada atribuiu ao aluno o seguinte:

APROVADO REPROVADO

São Bernardo do Campo, 19 de Fevereiro de 2015.

MEMBROS DA BANCA JULGADORA

Prof. Dr. Rodrigo Magnabosco

Ass.: ____________________________________________

Prof. Dr. Gustavo Henrique Bolognesi Donato

Ass.: ____________________________________________

Prof.ª Dr.ª Danieli Aparecida Pereira Reis

Ass.: ____________________________________________

APRESENTAÇÃO DE DISSERTAÇÃO

ATA DA BANCA JULGADORA

Programa de Mestrado de Engenharia Mecânica

PGM-10

VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO

ENDOSSO DO ORIENTADOR APÓS A INCLUSÃO DAS

RECOMENDAÇÕES DA BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Aprovação do Coordenador do Programa de Pós-graduação

_______________________________________ Prof. Dr. Agenor de Toledo Fleury

A Deus, à minha família e a todos que

participaram direta ou indiretamente.

AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a Deus por todas as oportunidades que apareceram na minha vida

e aos meus pais, Madalena e Roberto que viabilizaram a realização destas sempre me apoiando.

A todos meus amigos e familiares, principalmente meus pais, tios, primos, avós e as

amigas Cinthia de Borba Mendes e Mariana Belle Granja Rodrigues pelo apoio dado nos

momentos de cansaço e pela compreensão de minhas ausências.

Ao meu orientador Prof. Dr. Rodrigo Magnabosco pelos aprendizados, importante

parcela no meu desenvolvimento pessoal e profissional, paciência, compreensão, amizade e

apoio.

Ao Professor William Naville pelo suporte nos ensaios de compressão e a amizade.

Aos professores Júlio César Dutra e Gustavo H. B. Donato pela disponibilidade de

participar da banca de qualificação com comentários altamente construtivos que auxiliaram no

desenvolvimento do trabalho.

Aos funcionários do Centro de Desenvolvimento de Materiais Metálicos (CDMat-M),

especialmente Geleci Ribeiro da Silva, Ricardo Alexandre Vieira, Jailson Soares da Gama,

Lucian Cordeiro da Silva, Caio Duarte Bezerra, Marcela P. L. Gomes e Adelaide Bispo de Sá

pela paciência, compreensão, amizade e apoio.

Aos amigos mestrandos João Ricardo Ortega Alves e Juliana Gutierrez Caruso pelo

apoio, cumplicidade e amparo nos momentos difíceis.

A empresa Tupy Fundição S. A. e especialmente ao coordenador das engenharias de

produtos e processos, Anderson José S. Tomaz da Silva, por entender e permitir minhas

ausências no serviço e apoiar o desenvolvimento do mestrado.

E a todos que participaram direta ou indiretamente ao longo do desenvolvimento deste

trabalho.

Seja você quem for, seja qual for a posição

social que você tenha na vida, a mais alta

ou a mais baixa, tenha sempre como meta

muita força, muita determinação e sempre

faça tudo com muito amor e com muita fé

em Deus, que um dia você chega lá. De

alguma maneira você chega lá.

Ayrton Senna

RESUMO

Aços Inoxidáveis Dúplex (AID) possuem uma estrutura de bandas alternadas de ferrita

e austenita. Alguns estudos indicam que a aplicação de deformação plástica a frio em AID leva

à redução da fração de ferrita presente. Tal evidência sugere que nestes aços pode ocorrer uma

transformação da ferrita em austenita induzida por deformação, similar a uma transformação

martensítica reversa induzida por deformação. Para investigar essa observação, é necessário o

estudo da influência da quantidade de deformação plástica na fração de ferrita de um AID, este

trabalho tem como objetivo avaliar esta transformação de fase em um aço inoxidável

superdúplex (UNS S32750 ou SAF 2507) pela medida da fração de volume de ferrita usando

medidas magnéticas, técnicas de caracterização de fases através de difração de raios X (DRX),

microscopias óptica e eletrônica de varredura. O material conforme recebido apresentou apenas

ferrita e austenita, o que foi constatado por DRX e análise microestrutural. A redução da fração

de ferrita foi constatada através das medidas magnéticas sem que ocorresse a formação de novas

fases. Os resultados de quantificação de fases através da DRX não foram conclusivos,

possivelmente por conta da presença inevitável de textura. Não foram observadas diferenças

significativas entre as composições químicas de ferrita e austenita obtidas por EDS e simulações

computacionais realizadas com o auxílio do software Thermo-Calc. Observou-se ainda que

existem indícios de que em baixas deformações ocorre a transformação martensítica induzida

por deformação de austenita em ferrita anterior a transformação martensítica reversa de ferrita

em austenita.

Palavras-chave: Aço inoxidável superdúplex. Deformação plástica a frio. Transformação de

fases. Quantificação de fases.

ABSTRACT

Duplex Stainless Steels (DSS) have a structure of alternated bands of ferrite and

austenite. Some studies indicate that the application of cold plastic deformation in DSS leads

to a reduction of the ferrite fraction. Such evidence suggests that in these steels may occur a

transformation of ferrite into austenite induced by strain, similar to a reverse martensitic strain

induced transformation. This study has as objective the evaluation of this phase transformation

in a superduplex stainless steel (UNS S32750 or SAF 2507) by the measurement of ferrite

volume fraction using magnetic measurements, phase characterization techniques through X

ray diffraction (XRD), optical and scanning electron microscopy, in order to investigate the

influence of the amount of plastic deformation in the ferrite fraction of a DSS. The as received

material presented only ferrite and austenite, as verified by XRD and microstructural analysis.

The reduction in the ferrite fraction was detected by magnetic measurements without the

formation of new phases. The results of the ferrite quantification by XRD were inconclusive,

possibly due to the inevitable presence of texture. No significant differences were observed

between the chemical compositions of ferrite and austenite obtained by EDS and computer

simulations carried out by Thermo-Calc software. It was also observed that there are indications

that at low deformation levels occurs a strain-induced martensitic transformation of austenite

into ferrite prior to the reverse martensitic transformation of ferrite in austenite.

Keywords: Superduplex stainless steel. Cold plastic deformation. Phase transformation. Phase

quantification

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 - Equação para determinação do parâmetro PREN................................................ 19

Equação 2 – Equação para determinação do teor de níquel equivalente..................................23

Equação 3 – Equação para determinação do teor de cromo equivalente.................................23

Equação 4 – Equação do potencial termodinâmico para que a transformação martensítica

ocorra........................................................................................................................................28

Equação 5 – Equação para determinação da porcentagem de trabalho a frio...........................35

Equação 6 – Equação para determinação da energia livre........................................................36

Equação 7 – Equação de igualdade entre energia livre e energia interna.................................36

Equação 8 – Equação da hipótese de constância de volume.....................................................37

Equação 9 – Equação para determinação da tensão para um dado escoamento do material....38

Equação 10 – Equação para determinação da tensão para área de um círculo.........................38

Equação 11 – Equação para determinação da tensão para a hipótese da constância de volume

...................................................................................................................................................38

Equação 12 – Equação do tensor das tensões para o estado triplo de tensões..........................39

Equação 13 – Equação para determinação da deformação verdadeira.....................................40

Equação 14 – Equação para determinação da deformação plástica efetiva total......................40

Equação 15 – Equação para quantificação de fases pelo método de Moser et. al....................46

Equação 16 – Equação para determinar o fator de espalhamento do material..........................47

Equação 17 – Equação para determinar o valor do parâmetro de rede.....................................48

Equação 18 – Equação para converter a redução de espessura proveniente da laminação em

deformação plástica efetiva.....................................................................................................119

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Número PREN e propriedades mecânicas para os aços inoxidáveis dúplex...........20

Tabela 2 – Composição química (%peso) do aço inoxidável dúplex em estudo fornecida pela

Villares......................................................................................................................................41

Tabela 3 – Dados para quantificação de fases de DRX para a fase austenita...........................47

Tabela 4 – Dados para quantificação de fases de DRX para a fase ferrita...............................47

Tabela 5 – Procedimento utilizado na realização da preparação metalográfica...................... 50

Tabela 6 – Comparação das medidas da fração de ferrita via DRX e ferritoscópio das amostras

sem deformação........................................................................................................................80

Tabela 7 - Resultados da composição química em percentual mássico dos pontos destacados

na Figura 123, referente a amostra sem deformação tratada a 1000°C...................................109

Tabela 8 - Composição química das fases presentes a 1000°C em percentual mássico obtida

pelo Thermo-Calc®................................................................................................................109

Tabela 9 - Resultados da composição química em percentual mássico dos pontos destacados

na Figura 127, referente a amostra tratada a 1100ºC com deformação verdadeira de 0,70....110

Tabela 10 - Composição química das fases presentes a 1100ºC em percentual mássico obtida

pelo Thermo-Calc®................................................................................................................112

Tabela 11 - Resultados da composição química em percentual mássico dos pontos destacados

na Figura 130, referente a amostra tratada a 1200ºC com deformação verdadeira de 0,70....115

Tabela 12 - Resultados da composição química em percentual mássico do ponto 5 destacado

na Figura 130, referente a amostra tratada a 1200ºC com deformação verdadeira de 0,70....114

Tabela 23 - Composição química das fases presentes a 1200ºC em percentual mássico obtida

pelo Thermo-Calc®................................................................................................................116

Tabela 3 - Comparação entre as composições químicas da ferrita determinadas por TC nas

três temperaturas de tratamento..............................................................................................117

Tabela 15 – Comparação entre as composições químicas da austenita nas três temperaturas de

tratamento................................................................................................................................117

Tabela 16 – Comparação da redução total da fração de ferrita em média entre diferentes

estudos.....................................................................................................................................120

Tabela 17 - Resultados da composição química em percentual mássico dos pontos destacados

na Figura 137, referente a amostra tratada a 1000ºC com 0,42 de deformação verdadeira....133

Tabela 18 - Resultados da composição química em percentual mássico dos pontos destacados

na Figura 144, referente a amostra tratada a 1100ºC com 0,42 de deformação verdadeira....135

Tabela 19 - Resultados da composição química em percentual mássico dos pontos destacados

na Figura 144..........................................................................................................................136

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Comparação entre quantificação do volume de ferrita, por meio de técnicas

magnéticas e metalografia quantitativa, na seção longitudinal das amostras de aço inoxidável

dúplex UNS S31803. ................................................................................................................ 15

Figura 2: Evolução dos resultados metalográficos e magnéticos de ferrita em relação à

quantidade de encruamento. ..................................................................................................... 16

Figura 3: Amostra de aço inoxidável SAF 2205 solubilizada a 1250°C por uma hora, e resfriada

em água. Ferrita (preta) e austenita (clara). Ataque: Beraha modificado. ................................ 18

Figura 4: Seção isotérmica a 1300°C do ternário Fe-Cr-Ni. .................................................... 21

Figura 5: Seção isotérmica a 1200°C do ternário Fe-Cr-Ni. .................................................... 22

Figura 6: Seção isotérmica a 1100°C do ternário Fe-Cr-Ni. .................................................... 22

Figura 7: Seção isotérmica a 1000°C do ternário Fe-Cr-Ni. .................................................... 23

Figura 8: A influência do cromo na corrosão atmosférica de um aço baixo carbono após 52

semanas de exposição. .............................................................................................................. 24

Figura 9: Austenita de reequilíbrio (γr) na forma de halos ao redor de grãos de austenita original

(γ) na amostra envelhecida por 1 minuto a 850oC. Ataque: Beraha Modificado. .................... 26

Figura 10: Fração de ferrita das amostras solubilizadas em função do trabalho a frio sofrido.27

Figura 11: Diagrama de energia livre de Gibbs das fases austenita (γ) e martensita (α’) para

concentração de carbono constante. ......................................................................................... 28

Figura 12: Microestrutura do material em estudo no plano de laminação em (a) conforme

recebido e (b) depois de aplicada 85% de redução de espessura. ............................................. 30

Figura 13: Diagrama esquemático das mudanças necessárias para transformar empilhamento

CCC para CFC no plano (110)CCC. ........................................................................................... 31

Figura 14: Fração de ferrita, em função da deformação plástica em aço inoxidável SAF 2205.

.................................................................................................................................................. 33

Figura 15: Comparação dos difratogramas raios X em função da deformação plástica aplicada

em aço inoxidável dúplex SAF 2205. ....................................................................................... 34

Figura 16: Diagrama esquemático de energia livre de Gibbs das fases austenita (γ) e ferrita (α)

de um aço dúplex que passaria por transformação martensítica reversa induzida por

deformação. .............................................................................................................................. 35

Figura 17: Diagrama de tensão em função da deformação. ..................................................... 36

Figura 18: Representação esquemática do estado triplo de tensão. .......................................... 39

Figura 19: Ilustração dos eixos de deformação dos corpos de prova. ...................................... 40

Figura 20: Barra cilíndrica composta do aço inoxidável superdúplex UNS S32750. .............. 41

Figura 21: Ilustração esquemática da obtenção dos corpos de prova de compressão, cujas

dimensões estão em milímetros, a partir do disco usinado na serra de corte. .......................... 42

Figura 22: Dimensões em milímetros do corpo de prova de compressão utilizado nos estudos

exploratórios. ............................................................................................................................ 42

Figura 23: (a) Máquina de ensaios Universal MTS. (b) Suportes e garras utilizados para

realização dos ensaios. .............................................................................................................. 44

Figura 24: (a) Ferritoscópio FISCHER modelo MP30 do CDMatM-FEI. (b) Padrões de

calibração. ................................................................................................................................. 45

Figura 25: Regiões de medida com o ferritoscópio. ................................................................. 45

Figura 26: Demonstração da variação de seno em função da variação do ângulo. .................. 49

Figura 27: Exemplo de correção do parâmetro de rede proposto por Nelson e Riley (1944). . 49

Figura 28: Fração de ferrita medida por medidas magnéticas em diferentes regiões do corpo de

prova da amostra sem deformação. .......................................................................................... 53

Figura 29: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra

sem deformação. ....................................................................................................................... 54

Figura 30: Amostra sem deformação, seção longitudinal, do corpo de prova de compressão

antes da deformação. A ferrita é a fase escura e a austenita a clara. Ataque: Beraha. ............. 54

Figura 31: Curva de compressão tensão verdadeira em função da deformação verdadeira para

a, ............................................................................................................................................... 55

Figura 32: Curva de compressão tensão verdadeira em função da deformação verdadeira para

a, ............................................................................................................................................... 55

Figura 33: Curva de compressão tensão verdadeira em função da deformação verdadeira para

a, ............................................................................................................................................... 56

Figura 34: Curva de compressão tensão verdadeira em função da deformação verdadeira para

a, ............................................................................................................................................... 56

Figura 35: Curva de compressão tensão verdadeira em função da deformação verdadeira para

a, ............................................................................................................................................... 57

Figura 36: Curva de compressão tensão verdadeira em função da deformação verdadeira para

a, ............................................................................................................................................... 57

Figura 37: Curva de compressão tensão verdadeira em função da deformação verdadeira para

a, ............................................................................................................................................... 58

Figura 38: Curva de compressão tensão verdadeira em função da redução de altura para a

Amostra 8, RA = 0,40. .............................................................................................................. 58

Figura 39: Curva de compressão tensão verdadeira em função da redução de altura para a

Amostra 9, RA = 0,45. .............................................................................................................. 59

Figura 40: Curva de compressão tensão verdadeira em função da redução de altura para a, .. 59

Figura 41: Curva de compressão tensão verdadeira em função da redução de altura para a ... 60

Figura 42: Curva de compressão tensão verdadeira em função da redução de altura para a ... 60

Figura 43: Curva de compressão tensão verdadeira em função da redução de altura para as ε =

0,30 e RA = 0,69, respectivamente. .......................................................................................... 61

Figura 44: Fração de ferrita da área lateral dos corpos de prova em função da redução de altura

aplicada. .................................................................................................................................... 62

Figura 45: Fração de ferrita da área do topo e da base dos corpos de prova em função da redução

de altura aplicada. ..................................................................................................................... 63

Figura 46: Fração de ferrita da seção transversal dos corpos de prova em função da redução de

altura aplicada. .......................................................................................................................... 63

Figura 47: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra

0,05 de deformação verdadeira. ................................................................................................ 65

Figura 48: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra

0,10 de deformação verdadeira. ................................................................................................ 65

Figura 49: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra

0,15 de deformação verdadeira. ................................................................................................ 66

Figura 50: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra

0,20 de deformação verdadeira. ................................................................................................ 66

Figura 51: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra

0,25 de deformação verdadeira. ................................................................................................ 67

Figura 52: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra

0,30 de deformação verdadeira. ................................................................................................ 67

Figura 53: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra

0,69 de deformação verdadeira. ................................................................................................ 68

Figura 54: Comparação dos difratograma de raios X em função da deformação plástica aplicada.

.................................................................................................................................................. 69

Figura 55: Amostra 1, ε = 0,05, plano longitudinal do centro do corpo de prova de compressão.

Ataque: Beraha. ........................................................................................................................ 69

Figura 56: Amostra 2, ε = 0,10, plano longitudinal do centro do corpo de prova de compressão.

Ataque: Beraha. ........................................................................................................................ 70

Figura 57: Amostra 3, ε = 0,15, plano longitudinal do centro do corpo de prova de compressão.

Ataque: Beraha. ........................................................................................................................ 70

Figura 58: Amostra 5, ε = 0,25, plano longitudinal do centro do corpo de prova de compressão.

Ataque: Beraha. ........................................................................................................................ 70

Figura 59: Amostra 7, RA = 0,35, plano longitudinal do centro do corpo de prova de

compressão. Ataque: Beraha. ................................................................................................... 71

Figura 60: Amostra 10, RA = 0,50, plano longitudinal do centro do corpo de prova de

compressão. Ataque: Beraha. ................................................................................................... 71

Figura 61: Amostra 10, 50% deformada, seção longitudinal do corpo de prova de compressão.

(a) com 50x de aumento e (b) com 100x. Ataque: Beraha Modificado. .................................. 72

Figura 62: Fração de ferrita medida por medida magnética em diferentes regiões do corpo de

prova da amostra sem deformação nas três temperaturas de tratamento térmico. ................... 73

Figura 63: Diagrama de equilíbrio do aço superdúplex SAF 2507 pela simulação do software

Thermo-Calc. ............................................................................................................................ 75

Figura 64: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

sem deformação tratada a 1000ºC. ........................................................................................... 76

Figura 65: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

sem deformação tratada a 1100ºC. ........................................................................................... 76

Figura 66: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

sem deformação tratada a 1200ºC. ........................................................................................... 77

Figura 67: Micrografia da região central do corpo de prova sem deformação tratado a 1000ºC.

.................................................................................................................................................. 77

Figura 68: Micrografia da região central do corpo de prova sem deformação tratado a 1100ºC.

.................................................................................................................................................. 78

Figura 69: Micrografia da região central do corpo de prova sem deformação tratado a 1200ºC.

.................................................................................................................................................. 78

Figura 70: Amostra sem deformação cujo tratamento térmico foi realizado a 1000ºC............ 79

Figura 71: Curvas de compressão das três temperaturas de tratamento térmico estudadas, tensão

verdadeira em função da deformação verdadeira para a ε = 0,14. ........................................... 80

Figura 72: Curvas de compressão das três temperaturas de tratamento térmico estudadas, tensão

verdadeira em função da deformação verdadeira para a ε = 0,28. ........................................... 81

Figura 73: Curvas de compressão das três temperaturas de tratamento térmico estudadas, tensão

verdadeira em função da deformação verdadeira para a ε = 0,42. ........................................... 81

Figura 74: Curvas de compressão das três temperaturas de tratamento térmico estudadas, tensão

verdadeira em função da deformação verdadeira para a ε = 0,56. ........................................... 82

Figura 75: Curvas de compressão das três temperaturas de tratamento térmico estudadas, tensão

verdadeira em função da deformação verdadeira para a ε = 0,70. ........................................... 82

Figura 76: Condição dos corpos de prova depois de efetuado o ensaio de compressão em cada

nível de deformação desejado em (a) vista lateral e (b) vista superior. .................................... 83

Figura 77: Fração de ferrita do topo e da base dos corpos de prova em função do aumento de

deformação verdadeira aplicada referente a 1000ºC de tratamento térmico. ........................... 84

Figura 78: Fração de ferrita do topo e da base dos corpos de prova em função do aumento de

deformação verdadeira aplicada referente a 1100ºC de tratamento térmico. ........................... 84

Figura 79: Fração de ferrita do topo e da base dos corpos de prova em função do aumento de

deformação verdadeira aplicada referente a 1200ºC de tratamento térmico. ........................... 85

Figura 80: Fração de ferrita da seção longitudinal dos corpos de prova em função do aumento

de deformação verdadeira aplicada referente a 1000ºC de tratamento térmico. ...................... 85

Figura 81: Fração de ferrita da seção longitudinal dos corpos de prova em função do aumento

de deformação verdadeira aplicada referente a 1100ºC de tratamento térmico. ...................... 86

Figura 82: Fração de ferrita da seção longitudinal dos corpos de prova em função do aumento

de deformação verdadeira aplicada referente a 1200ºC de tratamento térmico. ...................... 86

Figura 83: Comparação entre a quantidade de ferrita no topo e na base do corpo de prova e em

sua seção longitudinal referente ao lote de 1000ºC de temperatura de tratamento térmico. .... 87

Figura 84: Comparação entre a quantidade de ferrita no topo e na base do corpo de prova e em

sua seção longitudinal referente ao lote de 1100ºC de temperatura de tratamento térmico. .... 88

Figura 85: Comparação entre a quantidade de ferrita no topo e na base do corpo de prova e em

sua seção longitudinal referente ao lote de 1000ºC de temperatura de tratamento térmico. .... 88

Figura 86: Fração de ferrita do topo e da base dos corpos de prova em função do aumento de

deformação verdadeira aplicada nas três temperaturas de tratamento térmico em estudo. ...... 89

Figura 87: Fração de ferrita da seção longitudinal dos corpos de prova em função do aumento

de deformação verdadeira aplicada nas três temperaturas de tratamento térmico em estudo. . 89

Figura 88: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

com 0,14 de deformação verdadeira tratada a 1000ºC. ............................................................ 90

Figura 89: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

com 0,28 de deformação verdadeira tratada a 1000ºC. ............................................................ 90

Figura 90: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

com 0,42 de deformação verdadeira tratada a 1000ºC. ............................................................ 91

Figura 91: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

com 0,56 de deformação verdadeira tratada a 1000ºC. ............................................................ 91

Figura 92: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

com 0,70 de deformação verdadeira tratada a 1000ºC. ............................................................ 92

Figura 93: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

com 0,14 de deformação verdadeira tratada a 1100ºC. ............................................................ 92

Figura 94: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

com 0,28 de deformação verdadeira tratada a 1100ºC. ............................................................ 93

Figura 95: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

com 0,42 de deformação verdadeira tratada a 1100ºC. ............................................................ 93

Figura 96: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

com 0,56 de deformação verdadeira tratada a 1100ºC. ............................................................ 94

Figura 97: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

com 0,70 de deformação verdadeira tratada a 1100ºC. ............................................................ 94

Figura 98: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

com 0,14 de deformação verdadeira tratada a 1200ºC. ............................................................ 95

Figura 99: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

com 0,28 de deformação verdadeira tratada a 1200ºC. ............................................................ 95

Figura 100: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

com 0,42 de deformação verdadeira tratada a 1200ºC. ............................................................ 96

Figura 101: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

com 0,56 de deformação verdadeira tratada a 1200ºC. ............................................................ 96

Figura 102: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra

com 0,70 de deformação verdadeira tratada a 1200ºC. ............................................................ 97

Figura 103: Comparação dos difratogramas de raios X em função da deformação plástica

aplicada das amostras tratadas a 1000ºC. ................................................................................. 98

Figura 104: Comparação dos difratogramas de raios X em função da deformação plástica

aplicada das amostras tratadas a 1100ºC. ................................................................................. 98

Figura 105: Comparação dos difratograma de raios X em função da deformação plástica

aplicada das amostras tratadas a 1200ºC. ................................................................................. 99

Figura 106: Fração de ferrita medida por DRX em função da deformação plástica aplicada para

as amostras tratadas a 1100ºC................................................................................................. 100

Figura 107: Fração de ferrita medida por DRX em função da deformação plástica aplicada para

as amostras tratadas a 1200ºC................................................................................................. 100

Figura 108: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,14 de deformação

verdadeira tratado a 1000ºC.................................................................................................... 101

Figura 109: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,28 de deformação

verdadeira tratado a 1000ºC.................................................................................................... 101

Figura 110: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,42 de deformação

verdadeira tratado a 1000ºC.................................................................................................... 102

Figura 111: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,56 de deformação

verdadeira tratado a 1000ºC.................................................................................................... 102

Figura 112: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,70 de deformação

verdadeira tratado a 1000ºC.................................................................................................... 102

Figura 113: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,14 de deformação

verdadeira tratado a 1100ºC.................................................................................................... 103

Figura 114: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,28 de deformação

verdadeira tratado a 1100ºC.................................................................................................... 103

Figura 115: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,42 de deformação

verdadeira tratado a 1100ºC.................................................................................................... 103

Figura 116: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,56 de deformação

verdadeira tratado a 1100ºC.................................................................................................... 104

Figura 117: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,70 de deformação

verdadeira tratado a 1100ºC.................................................................................................... 104

Figura 118: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,14 de deformação

verdadeira tratado a 1200ºC.................................................................................................... 104

Figura 119: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,28 de deformação

verdadeira tratado a 1200ºC.................................................................................................... 105

Figura 120: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,42 de deformação

verdadeira tratado a 1200ºC.................................................................................................... 105

Figura 121: Micrografias do corpo de prova com 0,56 de deformação verdadeira tratado a

1200ºC sendo as regiões (a) o topo, (b) o centro e (c) a base do corpo de prova. .................. 105

Figura 122: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,70 de deformação

verdadeira tratado a 1200ºC.................................................................................................... 106

Figura 123: Micrografia da amostra sem deformação tratada a 1000ºC indicando os pontos de

determinação da composição química. ................................................................................... 107

Figura 124: Espectro de EDS para o ponto 1 indicado na Figura 123. .................................. 107

Figura 125: Espectro de EDS para o ponto 2 indicado na Figura 123. .................................. 108

Figura 126: Espectro de EDS para o ponto 3 indicado na Figura 123. .................................. 108

Figura 127: Micrografia da amostra com 0,70 de deformação verdadeira tratada a 1100ºC

indicando os pontos de determinação da composição química. ............................................. 110

Figura 128: Espectro de EDS para o ponto 1 indicado na Figura 127. .................................. 110

Figura 129: Espectro de EDS para o ponto 2 indicado na Figura 127. .................................. 111

Figura 130: Micrografia da amostra com 0,70 de deformação verdadeira tratada a 1200ºC

indicando os pontos de determinação da composição química. ............................................. 112

Figura 131: Espectro de EDS para o ponto 1 indicado na Figura 130. .................................. 113

Figura 132: Espectro de EDS para o ponto 2 indicado na Figura 130. .................................. 113

Figura 133: Espectro de EDS para o ponto 3 indicado na Figura 130. .................................. 114

Figura 134: Espectro de EDS para o ponto 4 indicado na Figura 130. .................................. 114

Figura 135: Espectro de EDS para o ponto 5 indicado na Figura 130. .................................. 115

Figura 136: Comparação da queda da fração de ferrita dos resultados deste trabalho com os

demais apresentados na revisão bibliográfica. ....................................................................... 120

Figura 137: Micrografia da amostra com 0,42 de deformação verdadeira tratada a 1000ºC

indicando os pontos de determinação da composição química. ............................................. 129

Figura 138: Espectro de EDS para o ponto 1 indicado na Figura 137. .................................. 130

Figura 139: Espectro de EDS para o ponto 2 indicado na Figura 137. .................................. 130

Figura 140: Espectro de EDS para o ponto 3 indicado na Figura 137. .................................. 131

Figura 141: Espectro de EDS para o ponto 4 indicado na Figura 137. .................................. 131

Figura 142: Espectro de EDS para o ponto 5 indicado na Figura 137. .................................. 132

Figura 143: Espectro de EDS para o ponto 6 indicado na Figura 137. .................................. 132

Figura 144: Micrografia da amostra com 0,42 de deformação verdadeira tratada a 1100ºC

indicando os pontos de determinação da composição química. ............................................. 133

Figura 145: Espectro de EDS para o ponto 1 indicado na Figura 144. .................................. 134

Figura 146: Espectro de EDS para o ponto 2 indicado na Figura 144. .................................. 134

Figura 147: Espectro de EDS para o ponto 3 indicado na Figura 144. .................................. 135

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AID – Aços Inoxidáveis Dúplex

CCC – Cúbico de Corpo Centrado

CFC – Cúbico de Face Centrada

DRX – Difração de Raios X

DSC – Differential Scanning Calorimetry (Calorimetria Exploratória Diferencial)

EDS – Energy Dispersive System (Sistema de Energia Dispersiva)

FWHM – Full Width at Half Maximum

MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura

PREN – Pitting Resistance Equivalent Number

RA – Redução de Altura

RE – Redução de Espessura

LISTA DE SÍMBOLOS

α – fase ferrita

γ – fase austenita

γr – austenita de reequilíbrio

σ – tensão para um dado escoamento do material (no contexto de comportamento

mecânico, ou fase sigma (no contexto de fases presentes no material)

ε – deformação verdadeira

τ – tensão cisalhante

θ - ângulo de difração

A - área da seção transversal do corpo de prova

A0 - área original da seção transversal do corpo de prova

Ad - área após a deformação do corpo de prova

d - distância interplanar

D – diâmetro final

D0 – diâmetro inicial

dG - variação de energia livre

dS - variação de entropia

dU - energia interna

dV – variação de volume

e-2M - fator de temperatura Debye-Waller

F - força aplicada no corpo de prova

F - fator da estrutura

FC - força compressiva

G - energia livre de Gibbs

h – altura final

h0 – altura inicial

hkl - índices de Miller do plano cristalográfico de reflexão

I - intensidade do pico integrada

L/D – relação entre o comprimento e o diâmetro do corpo de prova de compressão

Md - temperatura-limite de transformação martensítica

Ms - temperatura de início da transformação martensítica

n - número de picos da fase

P – pressão

p - fator de multiplicidade

R - fator de espalhamento do material

T0 - temperatura em que as duas fases estão em equilíbrio

T - temperatura

TF – trabalho a frio

U’ - força motriz mecânica

Vi - fração volumétrica da fase i

V - volume da célula unitária

W - trabalho de deformação

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ............................................................................... 14

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 17

2.1 Aços inoxidáveis dúplex ............................................................................................... 18

2.2 Transformação martensítica induzida por deformação ................................................. 27

2.3.1 Termodinâmica da transformação martensítica induzida por deformação ................... 30

2.3 Energia de deformação plástica .................................................................................... 34

2.4 Ensaio de compressão ................................................................................................... 37

3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL ..................................................................... 41

3.1 Confecção dos corpos de prova .................................................................................... 41

3.2 Ensaio de compressão ................................................................................................... 43

3.3 Medições magnéticas .................................................................................................... 44

3.4 Difração de raios X ....................................................................................................... 46

3.5 Análise metalográfica ................................................................................................... 50

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 52

4.1 Estudo exploratório ....................................................................................................... 52

4.2 Efeito da deformação e da temperatura de tratamento inicial ...................................... 73

5 POSSÍVEIS TRANSFORMAÇÕES DE FASES ................................................... 117

6 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 121

7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................. 123

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 124

APÊNDICE A – ANÁLISES MICROESTRUTURAIS E EDS ....................................... 129

ANEXO A – CARTÃO-REFERÊNCIA DO ICDD PARA AUSTENITA ...................... 137

ANEXO B – CARTÃO-REFERÊNCIA DO ICDD PARA FERRITA ............................ 138

ANEXO C – CARTÃO-REFERÊNCIA DO ICDD PARA SIGMA ................................ 139

14

1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Com base em recentes estudos deste grupo de pesquisa (MAGNABOSCO; AVILA;

RABECHINI, 2011; MAGNABOSCO, R., TAVARES, D., FORGAS. A., MOURA, C., 2011;

MAGNABOSCO; SPOMBERG, 2011; MARANGONI, 2012) nota-se que existe a evidência

de que a aplicação de deformação plástica a frio em aço inoxidável dúplex leva à redução da

fração de ferrita presente, o que sugere que nestes aços pode ocorrer uma transformação da

ferrita em austenita induzida por deformação, similar a uma transformação martensítica reversa

induzida por deformação. Sendo assim, o presente estudo tem por objetivo avaliar esta

transformação de fase em um aço inoxidável dúplex (UNS S32750 ou SAF 2507). A

quantificação da fase ferrítica foi feita através de medidas magnéticas, difração de raios X e

análise metalográfica.

Tanto nos estudos de Magnabosco e Spomberg (2011) quanto Magnabosco et al.. (2011)

foram observadas intensas disparidades entre diferentes técnicas de quantificação de fases

(magnética, difração de raios X e metalografia quantitativa), além de não apresentarem

concordância aos resultados e simulação de equilíbrio no software ThermoCalc (TC). Apesar

destas disparidades, tanto as medidas magnéticas quanto a metalografia quantitativa

apresentaram clara tendência de redução da fase ferrítica em função do aumento da deformação

imposta. Magnabosco et al.. (2011) notaram também que as diferenças de quantificação de

ferrita entre seções paralelas, longitudinais ou transversais não são observadas com a mesma

intensidade nas medições magnéticas realizadas com ferritoscópio. Entretanto, o

comportamento de redução da fração de ferrita em função do aumento de deformação plástica

aplicada foi confirmado. A Figura 1 apresenta uma comparação entre as medições de fração

volumétrica de ferrita, com uso de medidas magnéticas e metalografia quantitativa, na secção

longitudinal de amostras laminadas a frio de aço inoxidável dúplex UNS S31803. Tratam-se de

duas técnicas de quantificação que, apesar dos princípios serem totalmente distintos, mostram

a redução da fração de ferrita com o aumento da redução de espessura. A medida magnética

quantifica a fração de fase magnética presente no material através do campo magnético gerado

entre a ponta de prova e a amostra analisada, sendo assim, a presença de textura pode influenciar

nos resultados da técnica. Já no caso da metalografia quantitativa são necessários preparação

metalográfica, ataque para revelar a microestrutura e calibração do software de quantificação

de fases para que os resultados sejam confiáveis, e também está sujeita à influência da textura.

15

Figura 1: Comparação entre quantificação do volume de ferrita, por meio de técnicas magnéticas e metalografia

quantitativa, na seção longitudinal das amostras de aço inoxidável dúplex UNS S31803.

Fonte:Magnabosco et al.., 2011.

Pandi e Yue (1994) também observaram um fenômeno semelhante no qual a

recristalização dinâmica é acompanhada por uma diminuição na fração volumétrica de ferrita

durante a deformação intercrítica em um aço baixo carbono. Segundo os autores, o calor gerado

pela deformação é responsável pela queda observada na fração da fase ferrítica.

Já no estudo de Luo et al.. (2004), também com aços ao carbono e manganês, medidas

dilatométricas das amostras não deformadas mostraram que a transformação termodinâmica

induzida isotermicamente observada deve ser de austenita para ferrita. Portanto, a

transformação de ferrita para austenita após deformação é possivelmente induzida pela energia

de deformação introduzida. O modelo utilizado pelos autores se baseia no fato de que o aço

deformado na zona intercrítica possui uma distribuição de tensão ao longo das duas fases. Os

cálculos executados na modelagem sugerem que houve uma variação de energia armazenada

em ambas as fases, resultante da cinética de recuperação distinta nas mesmas e, este é o possível

motivo da ocorrência desta transformação.

No entanto, foram encontrados até o momento apenas dois estudos externos a este grupo

de pesquisa (SOUTHWICK; HONEYCOMBE, 1980; FANICA et al.., 2011) que indicam a

ocorrência desta transformação de ferrita em austenita induzida por deformação em aços

inoxidáveis dúplex. Segundo os autores Southwick e Honeycombe (1980), a decomposição da

ferrita ocorre por dois mecanismos: nucleação e crescimento a elevadas temperaturas (650 –

1200oC) e por um processo martensítico a baixas temperaturas (300 – 650oC). Entretanto, estas

observações foram feitas a temperaturas acima da ambiente. Fanica et al.. (2011) notaram a

25

35

45

55

65

-10 0 10 20 30 40 50 60

ferr

ita

[%

vo

lum

étri

ca]

redução de espessura [%]

longitudinal - ferritoscópio

longitudinal - metalografia

16

influência do trabalho a frio sobre valores de fração de ferrita obtidos pela estimativa da fração

volumétrica de ferrita pela contagem de pontos de uma grade padrão, conforme a norma ASTM

E562 (2011)e através do ferritoscópio (Figura 2), sendo notável a redução da fração de ferrita

em função do aumento de trabalho mecânico a frio aplicado nas análises do ferritoscópio, sem

a formação de fases intermetálicas, justificando estudo mais detalhado como o proposto no

presente trabalho. Esta aparente diferença entre os dados obtidos através de medidas magnéticas

e estereologia quantitativa pode ser fruto do efeito de textura, visto que este provocará

magnetização não uniforme na amostra em análise, como já observado no trabalho de

Magnabosco et al. (2011). Contudo, é válido ressaltar que os autores não apresentaram o desvio

padrão de cada medida, desta forma, é possível que os valores sejam iguais. Outra observação

é que a aparente redução da fração de ferrita em função do aumento de deformação plástica

poderia na verdade ser confundida com oscilação dos valores, o que poderia ser resultado de

aplicação de deformação não uniforme nas amostras e que os resultados da metalografia

quantitativa provavelmente seria constante caso existissem os valores de desvio padrão. Apesar

destas contestações, trabalhos do grupo de pesquisa amplamente disponíveis e que serão

discutidos na revisão bibliográfica, indicam que existe uma queda da fração de ferrita com o

aumento de conformação plástica a frio utilizando diversas metodologias de quantificação de

fases. Logo, o presente trabalho será conduzido com o objetivo de estudar esta transformação

de fase e quantificar a fração de fase ferrítica em função da deformação plástica aplicada.

Figura 2: Evolução dos resultados metalográficos e magnéticos de ferrita em relação à quantidade de

encruamento.

Fonte: Autor “adaptado de” Fanica et al.. 2011.

Grade Padrão (ASTM E562)

Encruamento (%)

Fer

rita

(%

)

Ferritoscópio

17

2 REVISÃO DA LITERATURA

Aços inoxidáveis possuem grande importância tecnológica e econômica em relação a

outros materiais, e são utilizados na construção de equipamentos que precisam de elevada

resistência à corrosão. Estes equipamentos são encontrados principalmente nas indústrias

química, de petróleo, de processamento e de energia (SEDRIKS, 1996).

Estes aços são ligas que apresentam teores mínimos de cromo livre na matriz de

aproximadamente 11% em massa. Este elemento de liga é responsável pela formação de uma

película superficial aderente, não porosa e auto-regenerativa, chamada película passiva, a qual

confere aos aços inoxidáveis alta resistência à corrosão, em diversos meios corrosivos

(SEDRIKS, 1996).

Em alguns aços inoxidáveis, a quantidade de cromo pode atingir 30% e vários outros

elementos de liga são adicionados a fim de conferir propriedades específicas ou facilitar a

fabricação destes aços. Alguns destes elementos de liga são: níquel, nitrogênio e molibdênio

que conferem resistência à corrosão; carbono, molibdênio, nitrogênio, titânio, alumínio e cobre

que proporcionam resistência mecânica; enxofre e selênio estão relacionados à usinabilidade; e

o níquel é adicionado para promoção da plasticidade e tenacidade (SEDRIKS, 1996). A adição

de altos teores de elementos de liga pode causar a estabilização da ferrita ou austenita, sendo o

cromo, silício e molibdênio, estabilizadores da fase ferrita, a qual possui estrutura cristalina

cúbica de corpo centrado (CCC). Já o níquel, manganês, cobre, carbono e nitrogênio estabilizam

a fase austenita, de estrutura cristalina cúbica de face centrada (CFC) (SOLOMON; DEVINE,

1982).

Com relação à estrutura metalúrgica, os aços inoxidáveis podem ser divididos em três

grupos principais de interesse neste trabalho: austeníticos, ferríticos e dúplex (SEDRIKS,

1996).

Os aços inoxidáveis austeníticos apresentam a fase austenita estável inclusive em

temperaturas inferiores à ambiente, e para tal, apresentam altos teores de elementos de liga

estabilizadores da austenita – ou alto níquel equivalente, segundo a formulação de Schaeffler.

Devido à presença do alto teor de níquel, apresentam custo elevado, não são magnéticos, têm

alta ductilidade e tenacidade, além da boa soldabilidade, entretanto, são susceptíveis à corrosão

sob tensão (ECKENROD; PINNOW, 1984; SOLOMON; DEVINE, 1982).

Aços inoxidáveis ferríticos têm a ferrita como fase predominante, consequentemente,

apresentam altos teores de elementos estabilizadores da ferrita (ou alto cromo equivalente). São

18

magnéticos, apresentam temperatura de transição de fratura dúctil-frágil, e menores ductilidade

e tenacidade quando comparados com os austeníticos, contudo são imunes à corrosão sob

tensão. Como não possuem o níquel como elemento de liga e apresentam menor teor de cromo

nas classes mais usuais, costumam proporcionar menor custo (POTGIETER; CORTIE, 1991).

2.1 Aços inoxidáveis dúplex

Os Aços Inoxidáveis Dúplex (AID) apresentam uma estrutura de bandas alternadas de

ferrita e austenita (Figura 3), levando à união das melhores propriedades dos aços inoxidáveis

austeníticos e ferríticos, o que é causado pela estrutura típica destes aços, a qual é composta por

frações volumétricas aproximadamente iguais de ferrita e austenita – 40 a 45% de ferrita e 55

a 60% de austenita – obtida através do correto balanço entre os elementos e pelo tratamento

térmico de solubilização entre 1000°C e 1200°C e resfriamento brusco (NILSSON, 1992;

SEDRIKS, 1996; MAGNABOSCO; SANTOS; MELO, 2009).

Figura 3: Amostra de aço inoxidável SAF 2205 solubilizada a 1250°C por uma hora, e resfriada em água. Ferrita

(preta) e austenita (clara). Ataque: Beraha modificado.

Fonte: MAGNABOSCO, R., SANTOS, D., MELO, E.; 2009.

Em relação aos aços inoxidáveis austeníticos, os dúplex apresentam vantagens

relevantes, principalmente a interessante combinação da grande resistência à corrosão

simultânea à alta resistência mecânica, sendo a segunda consequência da estrutura de grãos

α

γ

19

refinados presente neste tipo de aço. Outro fator proeminente consiste na composição do aço

inoxidável dúplex, que apresenta menor teor de níquel do que os austeníticos, o que o torna

economicamente mais atraente (NILSSON, 1992).

As primeiras análises e descrições da microestrutura dúplex surgiram em 1927, e a partir

de 1930 iniciou-se o desenvolvimento deste aço nos Estados Unidos e na Europa. Todavia, este

material passou a ser comercialmente disponível apenas na década de 70, quando foi possível

a obtenção de um material mais refinado, e desde então sua utilização cresceu rapidamente nas

indústrias. O uso deste aço com maior intensidade, contudo, só aconteceu a partir da década de

1990 (NILSSON, 1992).

Os aços inoxidáveis dúplex são feitos pelo processo AOD – Argon-Oxygen

Descarburization – descarburização por sopro combinado de oxigênio e argônio. Nesta técnica

o teor de carbono é extremamente reduzido pelo sopro da mistura gasosa de argônio e oxigênio,

fazendo com que estes aços sejam praticamente imunes à sensitização causada pela formação

de carbonetos de cromo. Uma das vantagens deste procedimento é que o baixo teor de carbono

pode ser obtido a partir de cargas com alto carbono com perdas mínimas e sem oxidação do

cromo. Outro elemento que pode ser significativamente reduzido por este processo é o enxofre,

reduzindo deste modo a presença de inclusões no aço, entre outras características positivas. Este

tipo de aço é frequentemente utilizado em aplicações nas quais a atmosfera corrosiva é de

intensa agressividade, como na indústria de óleo e gás, em plataformas petrolíferas, na indústria

de papel e celulose, em aplicações offshore e em tanques para transporte marítimo de produtos

químicos (SEDRIKS, 1996; ECKENROD e PINNOW, 1984).

Estes aços são comumente classificados em quatro grupos distintos em função do PREN

(Pitting Resistance Equivalent Number), que é o número equivalente de resistência à corrosão

por pite. Segundo Nilsson (1992), este número é diretamente relacionado à composição química

do material, sendo os elementos químicos que o controlam cromo, molibdênio e nitrogênio,

sendo assim, tem-se a Equação 1:

PREN = %Cr + 3,3∙(%Mo) + 16∙(%N) (1)

As quatro classificações em função do PREN são:

a) Lean duplex;

b) Dúplex ou “Standard duplex”;

c) Superdúplex;

d) Hiperdúplex.

20

As características destas quatro categorias estão exemplificadas na Tabela 1.

Tabela 1 - Número PREN e propriedades mecânicas para os aços inoxidáveis dúplex.

Categoria do

aço inoxidável PREN

Limite de

escoamento

(MPa)

Limite de

resistência

(MPa)

Alongamento

(%)min

Dureza

(HRC)

2304 Lean

Dúplex < 30 400 600 25 32

2205 Dúplex

(Standard-

duplex)

30 < PREN < 40 450 620 25 31

2507

Superdúplex 40 < PREN < 50 550 750 25 32

3207

Hiperdúplex > 50 770 950 25 36

Fonte: Autor “adaptado de” RABECHINI, 2014.

2.1.1 Metalurgia física

A composição básica dos aços inoxidáveis dúplex consiste em ferro, cromo e níquel e é

possível estudar a metalurgia física destes aços através de análises do sistema ternário Fe-Cr-

Ni (RAYNOR e RIVLIN, 1988).

O ternário Fe-Cr-Ni apresenta basicamente quatro fases sólidas. Destas, três são

soluções sólidas: austenita (γ), de estrutura cristalina cúbica de face centrada; ferrita (α), cúbica

de corpo centrado e α’, também cúbica de corpo centrado, porém rica em cromo. A quarta fase

sólida é uma fase intermetálica denominada sigma (σ), de estrutura tetragonal, extremamente

dura, frágil e não magnética (RAYNOR e RIVLIN, 1988).

Usualmente, para ligas ferrosas, denomina-se por δ todo sólido de estrutura cúbica de

corpo centrado formado na solidificação; no entanto, diversas referências que tratam sobre o

ternário Fe-Cr-Ni (PUGH e NISBET, 1950; SOLOMON e DEVINE, 1982; RAYNOR e

RIVLIN, 1988) convencionaram a utilização de α para qualquer ferrita formada por reações

dependentes de difusão, fazendo distinção apenas à martensita, cuja formação independe da

difusão. Deste modo, evita-se confusão referente às diferentes nomenclaturas, tornando fácil a

interpretação do ternário citado, como pode ser constatado na Figura 4, que apresenta a seção

isotérmica a 1300°C do ternário Fe-Cr-Ni.

21

Figura 4: Seção isotérmica a 1300°C do ternário Fe-Cr-Ni.

Fonte: Autor “adaptado de” RAYNOR e RIVLIN, 1988.

É possível observar que no ternário apresentado na Figura 4 existe um campo onde há a

presença de ferrita e austenita simultaneamente; sendo assim, a formação da estrutura dúplex

ferrita-austenita pode ser obtida pela correta escolha da composição e da realização de

tratamento de solubilização seguido de resfriamento rápido. O mesmo raciocínio pode ser

efetuado para os demais diagramas de equilíbrio das secções isotérmicas a 1200 oC, 1100 oC e

1000 oC – Figuras 5 a 7, respectivamente. Pode-se perceber que o campo de equilíbrio entre as

duas fases aumenta com a redução de temperatura (POTGIETER et al.., 1991).

22

Figura 5: Seção isotérmica a 1200°C do ternário Fe-Cr-Ni.

Fonte: Autor “adaptado de” RAYNOR e RIVLIN, 1988.

Figura 6: Seção isotérmica a 1100°C do ternário Fe-Cr-Ni.

Fonte: Autor “adaptado de” RAYNOR e RIVLIN, 1988.

23

Figura 7: Seção isotérmica a 1000°C do ternário Fe-Cr-Ni.

Fonte: Autor “adaptado de” RAYNOR e RIVLIN, 1988.

A composição básica dos aços inoxidáveis dúplex consiste em ferro, cromo e níquel,

além dos elementos que se assemelham aos dois últimos na estabilização das fases ferrita e

austenita, gerando o conceito de cromo e níquel equivalentes (SOLOMON e DEVINE, 1982).

Esses equivalentes de níquel (estabilizador de austenita) e cromo (estabilizador da ferrita),

podem ser calculados, em uma base percentual de massa, a partir, por exemplo, das equações

(2) e (3) (SEDRIKS, 1996):

% Ni equivalente = %Ni+% Co +30(%C)+ 25(%N)+ 0,5(%Mn)+ 0,3(%Cu) (2)

% Cr equivalente = %Cr+2(%Si)+ 1,5(%Mo)+ 5(%V)+ 5,5(%Al)+ 1,75(%Nb)+

1,5(%Ti)+ 0,75(%W) (3)

Os elementos de liga têm extrema importância na formação da microestrutura dúplex,

visto que além de possuírem o papel de otimizar as propriedades mecânicas e a resistência à

corrosão do material, têm simultaneamente a competência de agir como estabilizadores de uma

das fases da microestrutura. Estão relacionados a seguir os principais elementos de liga

utilizados e os seus respectivos efeitos (POTGIETER et al.., 1991; SEDRIKS, 1996):

24

a) Cromo: sua principal função está relacionada à resistência à corrosão do material.

O cromo livre em solução sólida na matriz possibilita a formação da película passiva, que

protege o material contra agentes corrosivos, como mostra a Figura 8. No entanto, existe um

limite máximo de cromo que pode ser adicionado, pois o cromo estabiliza a ferrita e aumenta a

temperatura de transição dúctil-frágil, que pode reduzir a ductilidade e tenacidade do material

(POTGIETER et al.., 1991; SEDRIKS, 1996).

Figura 8: A influência do cromo na corrosão atmosférica de um aço baixo carbono após 52 semanas de

exposição.

Fonte: Autor “adaptado de” SEDRIKS, 1996.

b) Molibdênio: provoca o aumento da resistência à corrosão por pite e em fresta. O

limite máximo usual é de 4% em massa, pois este elemento facilita a formação de fase sigma,

deletéria a resistência a corrosão e a tenacidade do aço.

c) Níquel: é estabilizador da fase austenítica e, assim, proporciona boa combinação de

resistência e ductilidade.

d) Carbono: causa endurecimento e aumento da resistência mecânica da liga. Porém,

tem um limite máximo de 0,03% mássico, já que em excesso causa perdas na trabalhabilidade

e na resistência à corrosão (POTGIETER et al.., 1991; SEDRIKS, 1996).

e) Titânio e Nióbio: apresentam importante função na manutenção da inoxidabilidade.

Evitam a combinação do carbono com o cromo, impedindo possíveis perdas de resistência à

corrosão devido à sensitização.

0,00

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

0,09

0,10

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Per

da

de

ma

ssa

[g

/cm

²]

Cromo [%]

25

f) Nitrogênio: aumenta a resistência mecânica da liga a temperatura ambiente, diminui

os riscos de precipitação de carbonetos e surgimento de fases intermetálicas no interior da fase

austenítica, e aumenta a resistência à corrosão. Pode substituir o níquel na função de estabilizar

a austenita.

g) Manganês: provoca aumento da solubilidade do nitrogênio na liga. Portanto é

empregado em combinação com o mesmo para que se possa diminuir a quantidade de níquel

adicionado à liga.

h) Silício: aumenta a resistência à corrosão sob tensão. Contudo, quando adicionado

em porções superiores a 1% em massa aumenta a formação da fase sigma, que pode causar a

perda de outras propriedades além da própria resistência à corrosão (POTGIETER et al.., 1991;

SEDRIKS, 1996).

2.1.1.1 Austenita de reequilíbrio

Alguns trabalhos (MELO; MAGNABOSCO, 2010; SANTOS; MAGNABOSCO, 2010)

relataram a ocorrência do reequilíbrio entre ferrita e austenita durante envelhecimento

isotérmico do aço UNS S31803. Nestes estudos, supõe-se que na temperatura de solubilização

a fração de austenita é menor em relação à fração de equilíbrio na temperatura de

envelhecimento, e no início deste tratamento foi verificado um aumento na fração de austenita

em conjunto a uma redução da fração de ferrita, indicando a formação de austenita a partir da

ferrita, que pode ser denominada austenita de reequilíbrio. Essa austenita de reequilíbrio

acontece devido à busca de um reequilíbrio entre as frações volumétricas das fases presentes

no aço. A fração volumétrica de austenita neste trecho seria a somatória entre as frações de

austenita original e de reequilíbrio.

Segundo Santos e Magnabosco (2010), este reequilíbrio também pode ser percebido

através da análise de micrografias. É possível notar a formação de halos de austenita de

equilíbrio (γr) ao redor dos grãos de austenita original, provavelmente devido a diferenças de

composição química (Figura 9).

26

Figura 9: Austenita de reequilíbrio (γr) na forma de halos ao redor de grãos de austenita original (γ) na amostra

envelhecida por 1 minuto a 850oC. Ataque: Beraha Modificado.

Fonte: SANTOS; MAGNABOSCO, 2010.

Com base em outro estudo (MAGNABOSCO; AVILA; RABECHINI, 2011) foi

possível observar que a fração de ferrita das amostras diminui com o aumento do grau de

encruamento (Figura 10). Esta observação sugere que pode ocorrer a formação de austenita de

reequilíbrio, já relatada em outros trabalhos nos instantes iniciais de envelhecimento (MELO;

MAGNABOSCO, 2010; SANTOS; MAGNABOSCO, 2010), mas que nesta condição

aconteceria como a transformação de ferrita em austenita induzida por deformação.

27

Figura 10: Fração de ferrita das amostras solubilizadas em função do trabalho a frio sofrido.

Fonte: MAGNABOSCO; AVILA; RABECHINI, 2011.

2.2 Transformação martensítica induzida por deformação

Há indícios de que a aplicação de deformação plástica é capaz de induzir a

transformação da austenita em martensita. Caso ocorra o resfriamento rápido de um aço

austenítico até uma temperatura entre o início e o fim da transformação martensítica, o material

apresentará determinada quantidade de austenita não transformada. Se após este procedimento

esse aço for deformado plasticamente nessa temperatura, sucede a transformação dessa

austenita retida em martensita. Entretanto, esse fenômeno também foi observado num aço com

estrutura austenítica acima da temperatura de início da transformação martensítica (Ms),

quando este é deformado plasticamente. Nesta situação existe uma relação entre a quantidade

de austenita transformada em martensita e a temperatura Ms. Quanto mais alta a segunda menos

austenita transformada se tem, tendo uma temperatura-limite (Md), acima da qual essa

transformação não ocorre. Quando acima de Ms essa transformação pode ocorrer mesmo para

tensões correspondentes ao limite elástico. Logo, aços com elementos de liga que caracterizam

Ms abaixo da temperatura ambiente, possuem a capacidade de endurecer com a aplicação de

tensões à temperatura ambiente (PORTER; EASTERLING, 2004; SANTOS, R., 2006).

A Figura 11 mostra exatamente o fenômeno descrito acima, através do diagrama das

energias livres das fases austenita (γ) e martensita (α) de um aço carbono comum em função da

temperatura para teor de carbono constante. T0 é a temperatura em que as duas fases estão em

equilíbrio, ou seja, ∆G=0. Nesta figura, a transformação martensítica ocorrerá somente se a

28

diferença entre as energias livres das fases austenita e martensita atingirem o chamado potencial

termodinâmico crítico (∆GMSγ → α'

), que ocorre na temperatura Ms. Porém, sabe-se que a

nucleação de martensita é extremamente dependente da formação de discordâncias, portanto ao

aplicar uma tensão externa ao sistema, aumentando as deformações internas e portanto as

distorções da rede cristalina, evidentemente facilita-se a geração de discordâncias e,

consequentemente, a formação da martensita. Portanto, nestes casos a transformação

martensítica poderia ocorrer em temperaturas superiores à Ms, como ilustrado na Figura 11 e

na equação (4), onde U representa a força motriz mecânica, devida à deformação plástica

aplicada ao sistema (PORTER; EASTERLING, 2004; SANTOS, 2006; WAYMAN;

BADESHIA, 1996).

∆GMd

α' → γ+ U= ∆GMS

α' → γ (4)

Todavia, há o limite de temperatura acima da qual nenhuma martensita pode se formar

por deformação, esta temperatura é denominada Md. Isto é, o aumento da densidade de

discordâncias por deformação deve aumentar o número de locais de nucleação potenciais,

porém deformação excessiva pode introduzir limitações para a nucleação e crescimento da nova

fase (PORTER; EASTERLING, 2004; SANTOS, 2006; WAYMAN; BADESHIA, 1996).

Figura 11: Diagrama de energia livre de Gibbs das fases austenita (γ) e martensita (α’) para concentração de

carbono constante.

Fonte: Autor “adaptado de” WAYMAN, C.M.; BADESHIA, H.K.D.H., 1996.

29

Segundo Hornbogen (1985), transformações martensíticas podem envolver grande

quantidade de cisalhamento. Estas reações são de primeira ordem e, geralmente nucleadas

heterogeneamente, começam com superresfriamento abaixo da temperatura de equilíbrio

termodinâmico, sendo que esta temperatura é fortemente afetada pela adição de elementos de

liga e pode ser definida como função da tensão crítica interna.

Ainda com relação ao tipo de esforço mecânico aplicado e a ocorrência da

transformação martensítica induzida por deformação, Tessler e Barbosa (1990) notaram que a

martensita α’ é mais facilmente induzida quando as tensões aplicadas são de tração em

comparação às de compressão.

Segundo Tessler e Barbosa (1990), apesar de alguns tipos de aços inoxidáveis

apresentarem a ocorrência da transformação da fase austenita em martensita através de

resfriamento rápido ou até mesmo deformação, existem várias características do material em

estudo e dos processos envolvidos que podem influenciar na intensidade da transformação da

martensita induzida por deformação, sendo estes parâmetros do material, tais como a

composição química, o tamanho de grão e parâmetros de processo tais como temperatura,

velocidade de deformação e o modo de carregamento do material.

Breda et al.. (2015) estudaram a possível transformação de martensita induzida por

deformação no aço inoxidável dúplex SAF 2205 e também ressaltaram sobre a influência da

deformação local, taxa de deformação, direção de deformação, temperatura e estado de tensões

na resposta do material e sua transformação de fases induzida por deformação plástica aplicada.

Apesar de afirmarem que parte da austenita é transformada em martensita foi notado que a

resistência a corrosão por pite não foi alterada e, além disso, na micrografia apresentada no

trabalho não é possível encontrar martensita após aplicada a laminação, permanece apenas com

a presença de ferrita e austenita (Figura 12). Além disso, a alegada redução na fração

volumétrica de austenita poderia ser entendida como erro experimental da medida das frações

volumétricas das fases, erros estes não informados no trabalho (Breda et al., 2015).

30

(a) (b)

Figura 12: Microestrutura do material em estudo no plano de laminação em (a) conforme recebido e (b) depois

de aplicada 85% de redução de espessura.

Fonte: Breda et al.., 2015.

2.3.1 Termodinâmica da transformação martensítica induzida por deformação

Latapie e Farkas (2003) estudaram transformação de fase induzida por tensão e

nucleação de grãos na ponta de trinca em Fe-α nanocristalino (CCC). Chegaram à conclusão de

que ocorre formação de novos grãos induzida pela tensão; e esta ocorre através de uma

transformação de fase metaestável de CCC para CFC na ponta da trinca presente na amostra.

Com o aumento da intensidade de tensão, a trinca continua a propagar na orientação

cristalográfica mais favorável, parte da região CFC mais próxima à ponta da trinca é

transformada de volta para uma estrutura mais estável CCC. Essa região CCC formada a partir

da fase CFC não tem a mesma orientação cristalográfica que o grão original CCC. Ou seja, a

deformação plástica na ponta da trinca do ferro alfa nanocristalino não está associada somente

à geração de discordâncias, mas também às transformações de fase e nucleação de grãos novos.

Assim sendo, o CCC1 transformou-se em CFC que por sua vez transformou-se em CCC2.

Verifica-se, portanto, que mesmo nos estudos de transformação martensítica induzida por

deformação há indicativos da transformação reversa de ferrita em austenita, como aquela em

estudo neste trabalho e já aventada em outro estudo (MAGNABOSCO; AVILA; RABECHINI,

2011).

Já foram relatados indícios da presença de uma transformação martensítica reversa de

ferrita para austenita em aço nanocristalino (MACLAREN et al.., 2006). Neste mesmo estudo

o aço inicialmente perlítico foi severamente deformado por torção e passou a existir a fase

austenita. Os autores chegaram a conclusão que ocorreu, possivelmente, uma transformação

martensítica em temperatura ambiente ou próxima. Ao efetuar medições de dilatometria (DSC),

31

foi constatado que o material em estudo estava bem distante do equilíbrio, com a energia da

entalpia de aquecimento de 2,5 kJ.mol-1, o que corresponde a cerca de 60% de diferença de

energia livre de Gibbs. Estes mesmos autores afirmam que forças de cisalhamento podem ativar

as transformações martensíticas reversas. Maclaren et al.. (2006) alegaram que a transformação

que estudaram poderia ocorrer por conta do processo de cisalhamento descrito na Figura 13.

Nesta, é mostrado o processo de cisalhamento para a transformação martensítica de ferrita para

austenita, de modo que seja necessário uma discordância parcial de 1/6 na direção [11̅0]CCC

para provocar o cisalhamento que faria com que o empilhamento do tipo ABAB da estrutura

CCC passasse a ser o empilhamento de estrutura ABCABC da estrutura CFC do plano (110)

CCC , sendo que qualquer relaxamento atômico ou cisalhamento secundário faria com que a

simetria cúbica fosse alcançada. Fazendo com que o retângulo torcido pelo cisalhamento da

CCC se transforme no hexágono da CFC.

Figura 13: Diagrama esquemático das mudanças necessárias para transformar empilhamento CCC para CFC no

plano (110)CCC.

Fonte: Autor “adaptado de” Maclaren et al.., 2006.

Foram estudados outros dois artigos que citam a transformação de austenita para

martensita induzida por deformação em aços inoxidáveis. Os autores Moser, Gross e Korkolis

(2014) estimaram a temperatura Md através de ensaios de tração isotérmicos no aço inoxidável

304. Neste caso, foi utilizada a quantificação de fases por difração de raios X. A região do

empescoçamento foi desconsiderada e o teor de martensita foi praticamente constante ao longo

da seção de cada amostra. Já os autores He et al. (2014) estudaram a influência da superfície

livre sobre a estabilidade dos grãos de austenita retida num aço inoxidável dúplex e notaram

que a transformação martensítica ocorre exatamente nesta região. Além disso, chegaram à

conclusão de que a energia de deformação armazenada durante a nucleação da martensita pode

32

ser reduzida através da criação de superfície livre, o que diminui a barreira de energia para a

nucleação da martensita, de modo que a transformação ocorra espontaneamente.

Indícios da ocorrência da transformação de ferrita em austenita induzida por deformação

em aços inoxidáveis, similar a uma transformação martensítica reversa, foram encontrados em

outros dois artigos (SOUTHWICK; HONEYCOMBE, 1980; FANICA et al.., 2011). Southwick

e Honeycombe (1980) afirmam que a decomposição da ferrita pode acontecer por dois

mecanismos: por um processo martensítico a baixas temperaturas (300 – 650 oC) e/ou nucleação

e crescimento a elevadas temperaturas (650 – 1200 oC). Esta reação martensítica é isotérmica,

ou seja, não ocorre durante têmpera de água a partir de 1300 ºC. Fanica; et al.. (2011) notou

que ao realizar trabalho a frio em aços superdúplex há uma relação direta sobre seus resultados

obtidos através do ferritoscópio, ocorrendo redução da fração de ferrita em função do aumento

deste trabalho mecânico a frio aplicado, sem a formação de fases intermetálicas como já

mostrado na Figura 2.

Para averiguar tais observações, criando arcabouço de evidências experimentais que

justifiquem estudo aprofundado de transformação militar de fases induzida por deformação, foi

realizado estudo metódico da influência do grau de encruamento na fração de ferrita presente

num aço dúplex SAF 2205, caracterização por difratometria de raios X (DRX) das fases

presentes, além da avaliação da variação da densidade em função da aplicação do trabalho

mecânico a frio aplicado (MARANGONI, 2012). A Figura 14 mostra a fração de ferrita das

amostras medida com ferritoscópio em função da deformação plástica. Como esperado, o

aumento da quantidade de deformação plástica diminui a fração de ferrita, o que é possível

notar comparando os valores da área com o contorno tracejado vermelho (média dos valores de

fração de ferrita iniciais) e os valores após deformação.

33

Figura 14: Fração de ferrita, em função da deformação plástica em aço inoxidável SAF 2205.

Fonte: MARANGONI, 2012.

Os resultados das medições magnéticas permitiram análise da redução da porcentagem

da fase de ferrita presente em função do aumento de deformação plástica a frio aplicada. Notou-

se que em dada deformação plástica (ou após determinado trabalho de deformação) a fração da

fase ferrítica passa a não decrescer mais com o aumento da deformação e é estabilizada. Então,

existe a possibilidade de existir um mínimo de ferrita presente no material em estudo, de modo

que mesmo introduzindo mais energia de deformação neste aço inoxidável dúplex a

transformação de fases induzida por deformação não ocorra mais. Observou-se que este limite

é de aproximadamente 0,2 de deformação plástica efetiva (reta verde da Figura 14). Uma

possível explicação para este fenômeno é que em determinada deformação existe elevada

quantidade de discordâncias e um grau de encruamento extremamente intenso, de modo que

não haja espaço para que novas discordâncias sejam nucleadas, e nem exista campo de tensões

elásticas necessário a nucleação de martensita.

Depois de aplicadas as deformações plásticas respectivas a cada amostra e feita a análise

de DRX foi notado que todas as amostras apresentaram o mesmo tipo de comportamento, como

mostrado na Figura 15, na qual as intensidades foram deslocadas apenas para mostrar que não

houve variação de intensidade e alteração de posição de picos, de acordo com a quantidade de

deformação plástica aplicada, e as únicas fases presentes são austenita e ferrita. Esta técnica

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Fra

ção

vo

lum

étri

ca d

e fe

rrit

a

(%)

Deformação plástica, ε

34

permitiu a análise de que a transformação da fase ferrítica em fase austenítica induzida por

deformação realmente ocorre sem envolver a formação de qualquer outra fase.

Figura 15: Comparação dos difratogramas raios X em função da deformação plástica aplicada em aço inoxidável

dúplex SAF 2205.

Fonte: MARANGONI, 2012.

2.3 Energia de deformação plástica

O regime de deformação elástica, para a maioria dos materiais metálicos, persiste apenas

até deformações de aproximadamente 0,005. A tensão imposta sobre o material além deste

ponto passa a não ser mais proporcional à deformação e ocorre uma deformação permanente,

não recuperável após a liberação da carga aplicada, denominada deformação plástica

(DOWLING, 1999).

O encruamento é um fenômeno segundo o qual um metal dúctil se torna mais duro e

mais resistente à medida que é submetido a um processo de deformação plástica em uma

temperatura abaixo de suas temperaturas de recuperação e recristalização. Por isso, esse

fenômeno também é chamado de endurecimento por trabalho a frio, pelo fato da temperatura

em que a deformação ocorre impede fenômenos de recuperação e recristalização. Existem aços

estáveis e metaestáveis, e neste segundo caso a resistência é aumentada através do aumento de

densidade de discordâncias e de transformação de fase (DOWLING, 1999; TESSLER, M.;

BARBOSA, C., 1990).

Normalmente é conveniente expressar o grau de deformação plástica como uma

porcentagem de trabalho a frio, em vez de uma deformação. É possível calcular a porcentagem

de trabalho a frio (%TF) através da equação (5):

35

%TF= (A0- Ad

A0

) x 100 (5)

onde A0 é a área original da seção transversal sob deformação e Ad é a área após a

deformação (DOWLING, 1999).

O fenômeno do encruamento é explicado com base em interações entre as discordâncias

e os campos de deformação destas. O aumento de deformação ou de trabalho a frio aplicados

num material metálico promovem o acréscimo de densidade de discordâncias.

Consequentemente, a distância média de separação entre estas diminui, ou seja, ficam

posicionadas mais próximas umas das outras. Sendo assim, ocorre aumento da energia interna

do material, causando, portanto, aumento da energia livre total do sistema. Pode-se relacionar

este fenômeno com as Figura 10 e Figura 11, pois este aumento de energia livre devido a força

motriz (U’) pode ser responsável pela redução da fração volumétrica da ferrita e pela facilitação

da transformação da austenita em ferrita na temperatura Md. Todavia, o presente trabalho

apresenta a ocorrência desta transformação de forma reversa, ou seja, a ferrita torna-se austenita

com a aplicação de trabalho mecânico a frio, como mostra a Figura 16, onde a austenita seria a

fase mais estável, de tal maneira que ao aplicar o potencial termodinâmico a ferrita se

transformaria em austenita.

Figura 16: Diagrama esquemático de energia livre de Gibbs das fases austenita (γ) e ferrita (α) de um aço dúplex

que passaria por transformação martensítica reversa induzida por deformação.

Fonte: Autor “adaptado de” WAYMAN, C.M.; BADESHIA, H.K.D.H., 1996.

O acréscimo de energia associada com a deformação do corpo é denominado de energia

de deformação, ou seja, é o trabalho realizado pelo aumento gradual da carga aplicada neste

Temperatura

G

MS Md T0

U’

Md

MS

α → γ

α → γ

γ

α

∆G

∆G

36

corpo. Também é definida como a energia de deformação por unidade de volume, e corresponde

à área abaixo da curva do diagrama tensão-deformação de um determinado material, como

mostra a Figura 17.

Figura 17: Diagrama de tensão em função da deformação.

Fonte: Autor; 2014.

Ao aplicar trabalho mecânico em um material a fim de deformá-lo plasticamente, uma

pequena parcela da energia imposta é armazenada no mesmo. Esta energia de deformação

armazenada promove um acréscimo de energia interna tornando-a superior a seu equilíbrio

termodinâmico, ou seja, o material torna-se metaestável. Caso a deformação aplicada ocorra à

temperatura e pressão (P) constantes, é possível obter a equação 6, a qual associa a variação de

energia livre (dG) e a energia interna (dU) (SANTOS, 2006; DOWLING, 1999; DIETER;

1988):

dG = dU + P.dV - T.dS (6)

Como a conformação plástica não promove variação considerável de volume (dV) e a

variação de entropia (dS) pode ser considerada desprezível quando comparada com a variação

de energia interna (dU) pode-se obter a equação 7 (SANTOS, 2006).

dG ≅ dU (7)

Deformação verdadeira, ε

Ten

são

ver

da

dei

ra, σ

0,002

Trabalho de

deformação

plástica

37

É esta variação de energia livre a fonte de energia de ativação U’ na Figura 16 para

permitir a nucleação da transformação martensítica reversa de ferrita em austenita na

temperatura Md.

2.4 Ensaio de compressão

O ensaio de compressão é resultado de um esforço axial, no qual o corpo de prova sofre

uma redução de sua altura original. Esta redução de altura é proveniente da deformação aplicada

e passa por dois estágios: deformação elástica e posteriormente plástica, que é permanente. Esta

redução da altura promove aumento da seção transversal por conta do volume do corpo de prova

não ser alterado (DOWLING, 1999).

O ensaio de tração é mais comumente utilizado para os metais em comparação com o

ensaio de compressão, contudo, o primeiro é muitas vezes limitado na máxima deformação

plástica uniforme possível pelo fenômeno de estricção. Uma outra vantagem do ensaio de

compressão é a simplicidade dos corpos de prova (DOWLING, 1999).

Um dos principais problemas do ensaio de compressão é a flambagem, que é a

instabilidade plástica caracterizada quando a amostra sofre flexão transversal devido à

compressão axial aplicada. Para minimizá-la adota-se uma razão entre o comprimento e

diâmetro (L/D) entre 1 e 3, visto que quanto maior o comprimento para um mesmo diâmetro a

possibilidade de ocorrência de flambagem aumenta. Além disso, comprimentos muito pequenos

podem apresentam resultados inválidos por conta do atrito das superfícies do corpo de prova

com a máquina de ensaio. Para minimizar o atrito é comum a utilização de lubrificantes nas

regiões de contato do corpo de prova (DOWLING, 1999).

As propriedades mecânicas resultantes deste ensaio são o limite de escoamento, limite

de proporcionalidade e o módulo de elasticidade. (DIETER, 1988; DOWLING, 1999; ASM,

2000)

O cálculo da tensão e deformação verdadeiras é efetuado a partir da hipótese de

constância de volume, na qual assume-se que o volume antes e a após aplicada a deformação é

o mesmo, conforme demonstrado na equação 8.

πD02.h0 = πD2.h (8)

onde: D0 é o diâmetro inicial

h0 é a altura inicial

38

D é o diâmetro final

h é a altura final

Sabendo que a tensão consiste na relação entre força aplicada e a área que sofre esta

força, tem-se a equação 9:

σ =F

A (9)

onde: σ é a tensão para um dado escoamento do material

F é a força aplicada no corpo de prova

A é a área da seção transversal do corpo de prova

Ao substituir a área A pela equação da área de um círculo obtém-se a tensão verdadeira

produzida pela força compressiva F, conforme mostrado na equação 10:

σ = 4.F

π.D2 (10)

onde: σ é a tensão para um dado escoamento do material

F é a força aplicada no corpo de prova

D é o diâmetro do corpo de prova (DOWLING, 1999)

Aplicando a Lei de constância de volume resulta a equação 11:

σ = 4.FC.h

π.D02.h0

(11)

onde: FC é a força compressiva

h é a altura final do corpo de prova

D0 é o diâmetro inicial do corpo de prova

h0 é a altura inicial do corpo de prova

39

Para o estado triplo de tensões (Figura 18), têm-se a equação 12, que representa o tensor

das tensões:

σij = |

σx τxy τxz

τyx σy τyz

τzx τzy σZ

| (12)

Figura 18: Representação esquemática do estado triplo de tensão.

Fonte: DOWLING, 1999.

É extremamente apropriado ressaltar que as formulações expostas acima pressupõem

manutenção da seção prismática durante a compressão, ou seja, se o corpo de prova após

deformado apresentar as bordas externas curvadas e não mais paralelas, as formulações deixam

de ser válidas, já que neste caso que as tensões não foram uniformes.

Assumindo que as deformações ao longo do diâmetro são as mesmas nas duas direções

x e y e, efetuando-se os cálculos das deformações em cada eixo (x, y e z, considerados os

eixos de deformação dos corpos de prova em estudo da Figura 19, pode ser determinada a

deformação plástica efetiva total (p), com o uso das equações 13 a 14 respectivamente.

Valores típicos num aço inoxidável SAF 2507 dos coeficientes de deformação H e de

encruamento n são, respectivamente, 904 ± 5 MPa e 0,067 ± 0,001, conforme indicado no

trabalho de Magnabosco e Donato (2004).

40

Figura 19: Ilustração dos eixos de deformação dos corpos de prova.

Fonte: Autor.

εx = εz = lnD

D0; εy = ln

h

ho; (13)

onde: ε é a deformação verdadeira

h0 é a altura inicial do corpo de prova

h é a altura final do corpo de prova

εp =√2

3. (εx

2+εy2+εz

2) (14)

41

3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL

O material estudado, fornecido pela empresa Villares Metals, foi uma barra cilíndrica

de 82 mm de diâmetro e 3 metros de comprimento de aço superdúplex UNS S32750 (Figura

20), que foi obtida através do processo de fusão em forno elétrico a arco, posteriormente foi

laminada, passou pelo tratamento térmico de solubilização a 1120ºC por 1h30min e

resfriamento em água e, em seguida, foi acabada pelo processo de descascamento. Esta barra

foi estudada através de equipamentos de propriedade do Centro de Desenvolvimento de

Materiais Metálicos – CDMatM-FEI conforme será apresentado na sequência.

Figura 20: Barra cilíndrica composta do aço inoxidável superdúplex UNS S32750.

Fonte: Autor.

A composição química deste aço fornecida pela Villares é apresentada na Tabela 2.

Tabela 2 – Composição química (%peso) do aço inoxidável dúplex em estudo fornecida pela Villares.

Cr Ni Mo N C Mn Si Ce Al W Cu P S bal.

25,17 6,88 3,61 0,25 0,01 0,60 0,40 0,00 0,01 0,69 0,58 0,03 <0,001 Fe

Fonte: Villares Metals.

3.1 Confecção dos corpos de prova

Para o estudo proposto foram confeccionados corpos de prova para ensaios de

compressão transversais à barra original. Para isto, foram cortados em serra de corte discos de

aproximadamente 10 mm de espessura, sendo que foram retirados de cada disco 7 corpos de

prova de compressão (Figura 21), três da tira central e dois de cada tira lateral, através da

máquina de eletroerosão a fio. A Figura 22 mostra as dimensões do corpo de prova de

compressão usados no estudo exploratório desta dissertação.

80 mm

42

Figura 21: Ilustração esquemática da obtenção dos corpos de prova de compressão, cujas dimensões estão em

milímetros, a partir do disco usinado na serra de corte.

Fonte: Autor.

Figura 22: Dimensões em milímetros do corpo de prova de compressão utilizado nos estudos exploratórios.

Fonte: Autor.

Apesar da literatura apresentada na revisão bibliográfica sugerir que relação L/D possua

valor entre 1 e 3 para que não haja flambagem todavia, conforme será apresentado no item

4.1.2, mesmo utilizando nos corpos de prova da Figura 22 L/D igual a 2, as dimensões deste

corpo de prova permitiram que este fenômeno ocorresse e, desta forma, ocasionando a não

uniformidade da deformação imposta, o que é potencialmente um fator complicador para o

objetivo do estudo. Por isso, após os estudos exploratórios do item 4, foram realizados estudos

43

incluindo também a influência da temperatura de tratamento do aço mantendo-se o diâmetro de

oito milímetros do primeiro modelo de corpo de prova, mas reduzindo a altura dos corpos de

prova, passando de 16 para 7 milímetros. Sendo assim, a razão L/D passou de 2 para 0,9. Para

estudo da influência da temperatura de formação da estrutura ferrítica e austenítica na

transformação de fase induzida por deformação em estudo foram realizadas 3 condições de

tratamento térmico a 1000ºC, 1100ºC e 1200ºC por uma hora e meia e, em seguida, foi aplicada

a deformação plástica através do ensaio de compressão, sempre seguindo os procedimentos

descritos no próximo item.

3.2 Ensaio de compressão

A deformação plástica a frio foi aplicada em cada amostra através do uso da Máquina

de Ensaios Universal MTS do CDMatM-FEI – Figura 23a. A Figura 23b representa os suportes e

a garra utilizados. No estudo exploratório utilizou-se o lubrificante Molykote® para minimizar

a influência do atrito nos resultados, já no estudo feito posteriormente utilizou-se o Teflon®.

Foi utilizada uma velocidade de deslocamento das placas de compressão de 2 mm/min. Nesta

etapa calculou-se qual seria a altura final do corpo de prova para que fosse atingido o nível de

deformação verdadeira desejado para que cada ensaio fosse interrompido na deformação

verdadeira calculada. Para o estudo exploratório este nível foi variado de 0,05 a 0,69, sendo que

os valores foram alternados de 0,05 em 0,05 até 0,55 e a amostra da curva total apresentou 0,69

de deformação verdadeira, sendo válido ressaltar que cada ensaio foi realizado em triplicata

vezes para que fosse possível ter maior número de dados e compará-los caso ocorresse alguma

disparidade significativa. Já para o segundo estudo, no qual as alturas dos corpos de prova

haviam sido reduzidas, as deformações verdadeiras foram variadas de 0,14 a 0,70 com passo

de 0,14. Além disso, nesta etapa do trabalho utilizou-se Teflon® como lubrificante, pois

excesso de Molycote® também poderia ter sido causador da flambagem observada no estudo

exploratório, e apresentada no item 4.1.2.

44

(a)

(b)

Figura 23: (a) Máquina de ensaios Universal MTS. (b) Suportes e garras utilizados para realização dos ensaios.

Fonte: Autor.

3.3 Medições magnéticas

No estudo exploratório foi feita a medida da fração volumétrica de ferrita nas doze

amostras a serem estudadas, através de medidas magnéticas, depois de aplicada deformação

plástica a frio. Este procedimento foi efetuado através do uso do ferritoscópio FISCHER

modelo MP30 (Figura 24) do CDMatM-FEI; este aparelho é calibrado com o auxílio de

padrões, tendo como limite de detecção 0,1% de ferrita. É uma técnica simples de quantificação

de fases, que consiste em colocar a ponta de prova do ferritoscópio perpendicularmente sobre

o plano da chapa conformada mecanicamente e o valor da porcentagem volumétrica de ferrita

aparece no visor do aparelho. Dez medições foram realizadas em cada uma das amostras em

cada lateral, no topo e na base dos corpos de prova depois de deformados (Figura 25).

45

(a)

(b)

Figura 24: (a) Ferritoscópio FISCHER modelo MP30 do CDMatM-FEI. (b) Padrões de calibração.

Fonte: Autor; 2012.

Figura 25: Regiões de medida com o ferritoscópio.

Fonte: Autor.

Topo

Base

Lateral 1 Lateral 2

46

Também foi medida a fração de ferrita da seção longitudinal das amostras embutidas

analisando 20 pontos aleatórios desta região a fim de verificar se existem diferenças de

deformação entre a superfície e o centro dos corpos de prova.

No segundo estudo foram medidas as frações ferríticas do topo e da base e da seção

longitudinal dos corpos de prova, sendo medidos 16 e 20 pontos aleatórios nestas regiões,

respectivamente.

3.4 Difração de raios X

A difração de raios X (DRX) foi realizada no equipamento Shimadzu XRD-7000 do

CDMat-M da FEI, na seção longitudinal dos corpos de prova, com radiação de Cu-Kα e

monocromador de Ni; foram varridos os ângulos de difração 35°<2θ<105°, a velocidade de 1

°/min e amostragem a cada 0,02 º, sendo a fonte de raios X excitada a 30 kV e 30 mA. Foi

realizada a DRX em todas amostras, como recebidas e deformadas, a fim de comprovar a

presença das fases em cada amostra, avaliar a possibilidade de quantificação de fases por este

método e possíveis deslocamentos dos picos em função da deformação.

Nas amostras de altura reduzida, para evitar flambagem e deformação não uniforme dos

corpos de prova utilizou-se a metodologia para quantificar a fração de ferrita por DRX proposta

no estudo de Moser et al.. (2014) na qual a estimativa quantitativa de fases baseia-se no uso de

proporções internas. Partindo do princípio de que os grãos estão orientados aleatoriamente, a

intensidade integrada I de uma dada fase i é proporcional à fração de volume da referida fase,

Vi, como mostra a equação 15 adaptada do modelo de Moser para um material bifásico

(austenita e ferrita) em estudo abaixo:

Vi =

1n

∑Ii

Ri

n1

1n

∑Iγ

n1 +

1n

∑Iα

n1

(15)

onde i: fase

Vi: fração volumétrica da fase i

n: número de picos da fase

I: intensidade do pico integrada

R: fator de espalhamento do material

47

O fator de espalhamento do material é calculado através da equação 16.

Rhkl= (1

V2) [|F|2p (

1+ cos² 2θ

sin² θ cos θ)] e-2M (16)

onde: hkl: índices de Miller do plano cristalográfico de reflexão

V: volume da célula unitária

F: fator da estrutura

p: fator de multiplicidade

θ: ângulo de difração

e-2M: fator de temperatura Debye-Waller

No artigo de Moser et al.. (2014) foram disponibilizados os valores de F, p e e-2M para

austenita (Tabela 3) e ferrita (Tabela 4).

Tabela 3 –Dados para quantificação de fases de DRX para a fase austenita.

hkl F p e-2M

111 18,16 8 0,963

200 16,55 6 0,951

220 13,66 12 0,904

311 11,36 24 0,871

Fonte: Fonte: Autor “adaptado de” Moser et al., 2014

Tabela 4 – Dados para quantificação de fases de DRX para a fase ferrita.

hkl F p e-2M

110 18,16 12 0,961

200 15,04 6 0,925

211 12,43 24 0,889

220 11,36 12 0,860

Fonte: Fonte: Autor “adaptado de” Moser et al., 2014

Outro valor necessário para prosseguir a quantificação é o volume das fases presentes,

que corresponde ao parâmetro de rede (representado pela letra a) elevado ao cubo. Sendo assim,

é necessário determinar o valor deste. Sendo as duas estruturas cúbicas é possível calcular o

48

parâmetro de rede da austenita e da ferrita pela equação 17, para cada plano cristalográfico

(uvw) de reflexão que gera pico na DRX.

a = dhkl

2. sin θ√h

2+k

2+l

2 (17)

onde: d é a distância interplanar

Para o cálculo do parâmetro de rede utilizou-se a equação 17 sendo obtidos diversos

valores para cada fase, pois cada pico de cada fase forneceu um valor de distância interplanar

e, consequentemente o de parâmetro de rede. Então, foi calculada a média dos valores do

parâmetro a de todos os picos de cada fase.

Como utilizamos o seno do ângulo é necessário corrigir o valor do parâmetro de rede

calculado, pois ligeiras variações no ângulo podem causar variações de seno deste ângulo

extremamente maiores conforme destacado na Figura 26. O que é possível notar é que quanto

mais próximo dos 90º menor será o erro (também destacado na Figura 27), basta comparar a

variação do seno do ângulo para um ângulo de 20 a 30 º, tem-se um seno de 0,35 a 0,50;

enquanto que para ângulos entre 80 e 90 º tem-se um seno de 0,975 a 1,0. Sendo assim, temos

que o parâmetro de rede depende do seno do ângulo e que o erro do seno será mínimo se o

ângulo tender a 90º.

49

Figura 26: Demonstração da variação de seno em função da variação do ângulo.

Fonte: Autor.

Sendo assim, foram feitas as correções devidas à absorção, erro de medida do ângulo e

a excentricidade conforme apresentado nos trabalhos de Nelson e Riley (1944) para a fase

austenita de um aço inoxidável (Figura 27); ao extrapolar a linha de tendência para x igual a

zero no exemplo para fase austenita tem-se que o parâmetro de rede é 3,59 Å.

Figura 27: Exemplo de correção do parâmetro de rede proposto por Nelson e Riley (1944).

Fonte: Autor.

0,00001

0,0001

0,001

0,01

0,1

1

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

∆se

no

pa

ra ∆

θ=

0,0

1 r

ad

sen

θ

θseno ∆seno para ∆θ= 0,01 rad

y = 0,0135x + 3,5894

R² = 0,9977

3,5900

3,5950

3,6000

3,6050

3,6100

3,6150

3,6200

3,6250

00,511,522,5

a, Å

1/2[(cos2θ/senθ)+(cos2θ/θ)]

50

Para o cálculo do volume faz-se o parâmetro de rede encontrado depois da correção do

parâmetro de rede proposto por Nelson e Riley (1944) elevado ao cubo. As análises por difração

de raios X, contudo, têm como principal objetivo avaliar quais são as fases presentes após a

deformação, pois sem a confirmação de que existam apenas ferrita e austenita, não se poderia

supor a transformação de ferrita em austenita em processo semelhante a uma transformação

martensítica reversa induzida por deformação, alvo principal de estudo desta proposta.

3.5 Análise metalográfica

Após a conformação plástica, os corpos de prova foram preparados metalograficamente

conforme mostrado na Tabela 5. Nesta etapa foi feito uso do equipamento de polimento semi-

automático Struers Abramin localizado no CDMatM-FEI. Para a revelar a microestrutura das

amostras no estudo exploratório foi utilizado o reagente de Beraha modificado para análises no

microscópio óptico.

Tabela 5 – Procedimento utilizado na realização da preparação metalográfica.

Passo Suporte Tamanho

do abrasivo Lubrificante

Força

(N)

Tempo

(minuto) R.P.M.

#1 Dia-Grit 220 grit Água 200 3 150

#2 Dia-Grit 9 m Água 200 3 150

#3 DPMOL 6 m Álcool 200 3 150

#4 DPMOL 3 m Álcool 200 3 150

#5 DPNAP 1 m Álcool 200 3 150

#6 DPNAP 0,25 m Álcool 150 1,5 300

No estudo exploratório a revelação microestrutural foi realizada com o auxílio do

reativo de Beraha modificado, cuja solução base é constituída de 20 mL de ácido clorídrico

(HCl) e 80 mL de água destilada e deionizada, na qual foram adicionados 1 g de metabissulfito

de potássio (K2S2O5) e 2 g de bifluoreto de amônio (NH4HF2), o ataque foi realizado variando-

se o tempo entre 5 e 10 s de imersão ininterrupta. O ataque foi interrompido com água, e a

superfície de observação seca através de evaporação de álcool etílico, auxiliada por jato de ar

frio.

Na segunda etapa do trabalho, as microestruturas das amostras polidas foram reveladas

com o ataque eletrolítico com solução 10% de ácido oxálico. Neste, há uma fonte acoplada a

uma cuba de inox com a solução citada e foi aplicada uma tensão de 6 Vcc. A amostra foi

51

mergulhada nesta substância, variado o tempo de ataque entre 25 e 35 segundos. Nesta situação

a cuba age como catodo e a amostra como anodo, permitindo o fechamento do circuito e com

isso o ataque da amostra. A interrupção do ataque e a secagem da superfície foram realizadas

da mesma maneira já descrita para o ataque de Beraha.

Após os ataques metalográficos, as amostras atacadas foram observadas no microscópio

Olympus do CDMatM-FEI com objetivas de 20x e 50x de aumento, para os ataques de Beraha

e ácido oxálico, respectivamente.

Além disso, foram selecionadas amostras mais representativas apenas polidas e com

ataque eletrolítico para serem analisadas no MEV CamScan CS3200LV dado o longo tempo

demandado para uma análise completa em cada uma, e dentre estas amostras foram examinadas

minuciosamente a sem deformação, duas com valores intermediários de deformação e a mais

deformada plasticamente. O feixe de elétrons incidente fez com que a imagem da microestrutura

fosse gerada por elétrons secundários nas amostras atacadas com ácido oxálico e por elétrons

retroespalhados em algumas amostras polidas. Análises por Espectroscopia de Energia

Dispersiva (EDS) foram realizadas para determinar se as regiões analisadas tinham a

composição química típica de austenita ou ferrita.

52

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste item serão apresentados os resultados e discussão do estudo exploratório, no qual

foram definidas alterações dimensionais no corpo de prova de compressão e, do efeito da

deformação e da temperatura de tratamento inicial na transformação de fases pesquisada neste

trabalho.

4.1 Estudo exploratório

Neste item serão apresentados e discutidos os resultados obtidos ao final da etapa de

qualificação, sendo estes resultados referentes às amostras originais e depois de deformadas dos

corpos de prova com relação L/D=2, na condição de tratamento térmico de fornecimento do

material em estudo.

4.1.1 Material conforme recebido

Primeiramente foram retirados os corpos de prova de compressão da barra cilíndrica

doada pela empresa Villares Metals, e em seguida as análises foram realizadas nestes corpos de

prova conforme recebido, sendo as medições magnéticas efetuadas na área lateral, topo e base

e seção longitudinal do corpo de prova, a fim de quantificar a fração de fase ferrítica presente

(Figura 28). A diferença entre os valores encontrados para as três regiões distintas analisadas

pode ser fruto da imposição de deformação pela ferramenta de usinagem na própria confecção

dos corpos de prova, visto que nas regiões onde ocorreram os cortes (topo, base e área lateral)

apresentam menor valor de fração volumétrica de ferrita e é possível assumir que nestas regiões

a quantidade desta fase presente é extremamente similar.

53

Figura 28: Fração de ferrita medida por medidas magnéticas em diferentes regiões do corpo de prova da amostra

sem deformação.

A análise por difração de raios X na seção longitudinal foi feita varrendo-se ângulos de

difração entre 35 ° e 105 ° (Figura 29), a fim de comprovar quais eram as fases presentes.

Comprovou-se que as únicas fases presentes são ferrita e austenita, com os picos de difração

correspondentes aos planos cristalográficos destas fases identificados nas figuras citadas. A

micrografia da seção longitudinal do corpo de prova antes da deformação, em sua região central,

está exposta na Figura 30 e é possível observar que as únicas fases presentes são austenita e

ferrita.

45,80 48,94 56,88

0

10

20

30

40

50

60

70

Área lateral do corpo-de-

prova

Topo e base do corpo-de-

prova

Longitudinal

Fra

ção

de

ferr

ita

,%

α[%

] co

m

ferri

tosc

óp

io

Regiões de medida da fração de ferrita, %α [%]

54

Figura 29: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra sem deformação.

Figura 30: Amostra sem deformação, seção longitudinal, do corpo de prova de compressão antes da deformação.

A ferrita é a fase escura e a austenita a clara. Ataque: Beraha.

4.1.2 Ensaio de compressão

Através dos ensaios de compressão foi possível gerar as curvas tensão e deformação

verdadeiras para cada nível de deformação apresentado (Figura 31 a Figura 42). Notou-se que

a partir de 0,35 de deformação verdadeira aplicada as curvas obtidas não apresentavam o

comportamento esperado para este tipo de ensaio, ou seja, não cresciam continuamente. Sendo

assim, não se pode afirmar que a equação 11 era então válida, visto que após a ocorrência do

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

γ(1

11) α

(110)

γ(2

00)

α(2

00)

γ(2

20)

α(2

11)

γ(3

11)

γ(2

22)

α(2

20)

55

ponto de máximo certamente o corpo de prova de compressão havia flambado, apesar de ter

sido utilizada a relação h D⁄ ≤ 2.

Figura 31: Curva de compressão tensão verdadeira em função da deformação verdadeira ε = 0,05.

Figura 32: Curva de compressão tensão verdadeira em função da deformação verdadeira ε = 0,10.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05

Ten

são v

erd

ad

eira

, σ

c [M

Pa]

Deformação verdadeira, εc [-/-]

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1

Ten

são

ver

da

dei

ra, σ

c [M

Pa

]

Deformação verdadeira, εc [-/-]

56

Figura 33: Curva de compressão tensão verdadeira em função da deformação verdadeira ε = 0,15.

Figura 34: Curva de compressão tensão verdadeira em função da deformação verdadeira ε = 0,20.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16

Ten

são

ver

da

dei

ra, σ

c [M

Pa

]

Deformação verdadeira, εc [-/-]

0

200

400

600

800

1000

1200

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25

Ten

são v

erd

ad

eira

, σ

c [M

Pa]

Deformação verdadeira, εc [-/-]

57

Figura 35: Curva de compressão tensão verdadeira em função da deformação verdadeira ε = 0,25.

Figura 36: Curva de compressão tensão verdadeira em função da deformação verdadeira ε = 0,30.

0

200

400

600

800

1000

1200

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3

Ten

são

ver

da

dei

ra, σ

c [M

Pa

]

Deformação verdadeira, εc [-/-]

0

200

400

600

800

1000

1200

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35

Ten

são v

erd

ad

eira

, σ

c [M

Pa]

Redução de altura, RA [-/-]

58

Figura 37: Curva de compressão tensão verdadeira em função da deformação verdadeira ε = 0,35.

Figura 38: Curva de compressão tensão verdadeira em função da redução de altura RA = 0,40.

0

200

400

600

800

1000

1200

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4

Ten

são

ver

da

dei

ra, σ

c [M

Pa

]

Redução de altura, RA [-/-]

0

200

400

600

800

1000

1200

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45

Ten

são

ver

da

dei

ra, σ

c [M

Pa

]

Redução de altura, RA [-/-]

59

Figura 39: Curva de compressão tensão verdadeira em função da redução de altura RA = 0,45.

Figura 40: Curva de compressão tensão verdadeira em função da redução de altura RA = 0,50.

0

200

400

600

800

1000

1200

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Ten

são

ver

da

dei

ra, σ

c [M

Pa

]

Redução de altura, RA [-/-]

0

200

400

600

800

1000

1200

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Ten

são

ver

da

dei

ra, σ

c [M

Pa

]

Redução de altura, RA [-/-]

60

Figura 41: Curva de compressão tensão verdadeira em função da redução de altura RA = 0,55.

Figura 42: Curva de compressão tensão verdadeira em função da redução de altura RA = 0,69.

A Figura 43 compara as curvas obtidas para as amostras 6 e 12, ε = 0,30 e RA = 0,69,

respectivamente, e a fotografia destas amostras e da original. Nesta foto é possível evidenciar

a flambagem ausente, iniciada na deformação de 0,30 e extremamente acentuada no corpo de

prova de maior deformação plástica aplicada. Ou seja, ao ocorrer este fenômeno a deformação

0

200

400

600

800

1000

1200

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Ten

são

ver

da

dei

ra, σ

c [M

Pa

]

Redução de altura, RA [-/-]

0

200

400

600

800

1000

1200

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

Ten

são

ver

da

dei

ra, σ

c [M

Pa

]

Redução de altura, RA [-/-]

61

plástica aplicada deixa de ser uniforme ao longo do corpo de prova, inviabilizando o estudo

seguro da influência do grau de deformação a frio numa possível transformação de fase

martensítica reversa induzida por deformação como a proposta neste trabalho.

Figura 43: Curva de compressão tensão verdadeira em função da redução de altura para as ε = 0,30 e RA = 0,69,

respectivamente.

Portanto, todos os resultados obtidos para deformações verdadeiras maiores ou iguais a

0,30 devem ser avaliados com cuidado nas análises deste estudo exploratório, visto que por

terem flambado, é possível afirmar que a partir desta amostra a deformação aplicada não foi

uniforme ao longo de toda a seção do corpo de prova.

4.1.3 Medições magnéticas

As medidas das frações volumétricas de ferrita nas doze amostras em estudo foram feitas

através de medidas magnéticas. Dez medições foram realizadas em cada uma das amostras em

cada lateral dos corpos de prova depois de deformados. Cinco amostras foram medidas também

dez vezes, porém desta vez no topo e na base dos corpos de prova. As seções longitudinais dos

corpos de prova também foram analisadas em 20 campos distintos e aleatórios. Das Figura 44

a Figura 46 tem-se a fração de ferrita das amostras em função da redução de altura – visto que

0

200

400

600

800

1000

1200

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

Ten

são

ver

da

dei

ra,

σc

[MP

a]

Redução de altura, RA [-/-]

εc = 0,30 RA = 0,69

Original 0,30 de

deformação

verdadeira

0,69 de

redução de

altura

62

a partir de 0,30 a deformação passa a não ser uniforme – destas três avaliações, respectivamente.

Como esperado, em ambos os casos, o aumento da quantidade de deformação plástica diminui

a fração de ferrita, o que é possível notar comparando os valores da fração de ferrita da amostra

original e das amostras deformadas. É válido ressaltar que pode se assumir deformação

constante para deformações verdadeiras menores ou iguais a 0,25 e que os valores da

deformação que ocorre na área lateral, no topo e na base do corpo de prova não são conhecidos,

e mesmo que fosse usada a teoria de plasticidade conhecida a geometria final de cada corpo de

prova e admitindo isotropia, não se conseguiria obter medição de ferrita em local preciso o

suficiente para se associar a deformação assim calculada. As deformações utilizadas no eixo X

dos gráficos destas condições foram utilizadas apenas para referenciar as amostras em análise.

Figura 44: Fração de ferrita da área lateral dos corpos de prova em função da redução de altura aplicada.

30

35

40

45

50

55

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80

α[%

], f

raçã

o d

e fe

rrit

a m

edid

a p

or

ferri

tosc

óp

io

Redução de altura, RA [-/-]

%α área lateral do corpo-de-prova Amostra original

63

Figura 45: Fração de ferrita da área do topo e da base dos corpos de prova em função da redução de altura

aplicada.

Figura 46: Fração de ferrita da seção transversal dos corpos de prova em função da redução de altura aplicada.

Através dos resultados obtidos por medições magnéticas, foi possível comprovar a

redução da porcentagem da fase de ferrita presente em função do aumento de deformação

plástica a frio aplicada. Os dados do trabalho desenvolvido por Marangoni (2012) foram

30

35

40

45

50

55

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80

α[%

], f

raçã

o d

e fe

rrit

a m

edid

a p

or

ferri

tosc

óp

io

Redução de altura, RA [-/-]

%α topo e base do corpo-de-prova Amostra original

35

40

45

50

55

60

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80α[%

], f

raçã

o d

e fe

rrit

a m

ed

ida

co

m

ferri

tosc

óp

io

Redução de altura, RA [-/-]

%α seção longitudinal do corpo-de-prova Amostra original

64

analisados e constatou-se uma observação interessante, em dada deformação plástica a fração

da fase ferrítica medida pelo ferritoscópio passa a não decrescer mais com o aumento da

deformação e é estabilizada. Então, há a possibilidade de existir um mínimo de ferrita presente

no material em estudo, de modo que mesmo introduzindo mais energia neste aço inoxidável

dúplex SAF 2205 a transformação de fases induzida por deformação passa a não ocorrer. Este

limite é de aproximadamente 0,2 de deformação plástica efetiva (reta verde da Figura 14). Neste

trabalho este mesmo valor de estabilização não ocorre para as deformações aplicadas. A única

constatação é que por ferritoscópio em todas as condições de deformação a fração de ferrita é

reduzida. Existe diferença entre as medidas do topo e base e as demais regiões, isso ocorre

devido aos locais medidos terem deformações diferentes, o que é agravado nos casos de

flambagem, mas o fato é que existe uma deformação e esta leva a queda da fração de ferrita,

mais uma vez permitindo aceitar a hipótese de uma transformação martensítica reversa de

ferrita em austenita induzida por deformação. Para tal, contudo, é preciso comprovar que apenas

ferrita e austenita estão presentes nas amostras, comprovação esta realizada por DRX, como

mostrará o próximo item.

4.1.4 Difração de raios X

A difração de raios X das amostras foi feita varrendo-se ângulos de difração

35°<2θ<105° (Figura 47 a Figura 53), a fim de comprovar quais são as fases presentes.

Comprovou-se que as únicas fases presentes são ferrita e austenita, com os picos de difração

correspondentes aos planos cristalográficos destas fases identificados nas figuras citadas, nas

quais ε significa deformação verdadeira e a sigla RA significa redução de altura, já que

deformações acima de 0,30 não são mais uniformes por conta da flambagem.

65

Figura 47: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra 0,05 de deformação

verdadeira.

Figura 48: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra 0,10 de deformação

verdadeira.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

γ(1

11)

α(1

10)

γ(2

00)

α(2

00)

γ(2

20)

α(2

11)

γ(3

11)

γ(2

22)

α(2

20)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

γ(1

11)

α(1

10)

γ(2

00)

α(2

00)

γ(2

20) α

(211)

γ(3

11)

γ(2

22)

α(2

20)

66

Figura 49: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra 0,15 de deformação

verdadeira.

Figura 50: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra 0,20 de deformação

verdadeira.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

γ(1

11)

α(1

10)

γ(2

00)

α(2

00)

γ(2

20)

α(2

11)

γ(3

11)

γ(2

22)

α(2

20)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

γ(1

11) α

(11

0)

γ(2

00)

α(2

00)

γ(2

20)

α(2

11

)

γ(3

11)

γ(2

22)

α(2

20)

67

Figura 51: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra 0,25 de deformação

verdadeira.

Figura 52: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra 0,30 de deformação

verdadeira.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

γ(1

11)

α(1

10)

γ(2

00)

α(2

00)

γ(2

20)

α(2

11)

γ(3

11)

γ(2

22)

α(2

20)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

γ(1

11)

α(1

10)

γ(2

00)

α(2

00)

γ(2

20)

α(2

11)

γ(3

11)

γ(2

22)

α(2

20)

68

Figura 53: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105 o, da amostra 0,69 de deformação

verdadeira.

Todas as curvas de intensidade em função do ângulo de difração apresentaram o mesmo

comportamento, mostrado na Figura 54 que representa os valores das condições mais relevantes

ao estudo, sem deformação plástica, com um valor intermediário de deformação plástica e com

o máximo de deformação plástica aplicada. Os picos apresentados são relativos apenas às fases

ferrita e austenita, descartando-se a presença de outras fases nas microestruturas.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

γ(1

11)

α(1

10)

γ(2

00)

α(2

00)

γ(2

20)

α(2

11)

γ(3

11)

γ(2

22)

α(2

20)

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

2θ [º]Amostra 0; ε = 0 Amostra 6; ε = 0,30 Amostra 12; RA = 0,69

γ(1

11

)

α(1

10

)

γ(2

00

)

α(2

00

)

γ(2

20

)

α(2

11

)

γ(3

11

)

γ(2

22

)

α(2

20

)

69

Figura 54: Comparação dos difratograma de raios X em função da deformação plástica aplicada.

4.1.5 Análise microestrutural das amostras deformadas

As micrografias a seguir (Figura 55 a Figura 60) foram realizadas no microscópio

Olympus do CDMatM-FEI com objetiva de 20x de aumento e o ataque utilizado foi o Beraha

modificado, sendo a ferrita a região escura e a austenita a clara, mostrando que em todas

amostras estão presentes apenas ferrita e austenita. O plano longitudinal das amostras foi

analisado. É possível perceber que quanto mais deformado o material, mais refinada e

preferencialmente orientada torna-se a estrutura, e também é possível notar que a partir da

amostra 6 (deformação 0,30) praticamente todas as micrografias apresentaram pontos de

austenita nucleados dentro da fase ferrítica, o que pode ser uma evidência da transformação de

fases em estudo, visto que a redução da ferrita teoricamente originaria esta nova austenita.

Figura 55: Amostra 1, ε = 0,05, plano longitudinal do centro do corpo de prova de compressão. Ataque: Beraha.

70

Figura 56: Amostra 2, ε = 0,10, plano longitudinal do centro do corpo de prova de compressão. Ataque: Beraha.

Figura 57: Amostra 3, ε = 0,15, plano longitudinal do centro do corpo de prova de compressão. Ataque: Beraha.

Figura 58: Amostra 5, ε = 0,25, plano longitudinal do centro do corpo de prova de compressão. Ataque: Beraha.

71

Figura 59: Amostra 7, RA = 0,35, plano longitudinal do centro do corpo de prova de compressão. Ataque:

Beraha.

Figura 60: Amostra 10, RA = 0,50, plano longitudinal do centro do corpo de prova de compressão. Ataque:

Beraha.

As regiões destacadas por círculos vermelhos nas Figura 61a e b podem ser sinais da

transformação de fase induzida por deformação em estudo no presente trabalho. Para melhor

análise da região destacada na Figura 61a tem-se micrografia deste local em maior aumento nas

Figura 61b, usando objetiva de 100x de aumento. Na região destacada com o círculo vermelho

aparentemente a austenita iniciou sua nucleação dentro do grão de ferrita, o que pode ser

observado em mais regiões próximas a este ponto. Além disso, a indicação da seta vermelha

destaca uma região aparentemente residual de ferrita dentro da austenita, ambas as observações

reforçando a hipótese em estudo de transformação da fase ferrita em austenita induzida por

deformação.

72

(a)

(b)

Figura 61: Amostra 10, 50% deformada, seção longitudinal do corpo de prova de compressão. (a) com 50x de

aumento e (b) com 100x. Ataque: Beraha Modificado.

73

4.2 Efeito da deformação e da temperatura de tratamento inicial

Neste item serão apresentados e discutidos os resultados obtidos após o estudo

exploratório apresentado anteriormente, referentes às amostras tratadas em três temperaturas

diferentes, em seis condições de deformação e com o corpo de prova de menor altura para evitar

a flambagem que ocorreu no estudo exploratório.

4.2.1 Material solubilizado sem deformação

Depois de reduzida a altura dos corpos de prova e efetuados os tratamentos térmicos em

três temperaturas distintas 1000 ºC, 1100 ºC e 1200 ºC foram realizadas as medidas magnéticas

efetuadas no topo e base e na seção longitudinal do corpo de prova, com o objetivo de

quantificar a fração de fase ferrítica presente (Figura 62).

Figura 62: Fração de ferrita medida por medida magnética em diferentes regiões do corpo de prova da amostra

sem deformação nas três temperaturas de tratamento térmico.

Analisando a Figura 62 é possível notar que com o aumento da temperatura houve

aumento da fração de fase ferrita, conforme esperado, e que apesar de existirem valores

similares desta fase nas duas regiões do corpo de prova em estudo, ao menos na média é visto

74

que para todas as temperaturas tem-se valores menores de ferrita na seção longitudinal do que

no topo e na base com no mínimo 2,4% de diferença, além disso, os desvios padrão do topo e

base são sistematicamente maiores em pelo menos 32% do que do centro do corpo de prova.

Assim, para avaliação da transformação de fase optou-se pelo estudo da fração de ferrita medida

por ferritoscópio na seção longitudinal das amostras, a mesma usada nas análises de difração

de raios X e análises microestruturais.

Conforme será apresentado adiante, ocorreu a formação de fase sigma a 1000 ºC no

tratamento térmico, o que pode ser explicado através do diagrama de temperatura em função da

fração em massa das fases presentes (Figura 63) do aço em estudo obtido através do software

Thermo-Calc (TC) versão 4.0, base de dados TCFE7. Deve se ressaltar que na simulação foram

considerados os elementos ferro, nitrogênio, carbono, silício, manganês, cromo, níquel,

vanádio, tungstênio e cobre que são os de maior relevância e mostraram-se presentes nas

análises de EDS realizadas posteriormente. Na simulação foi possível observar que em 1000 ºC

tem-se presente cerca de 1% de nitreto de cromo Cr2N (HCP_A3#2); 6% de sigma; 39 % de

ferrita (BCC_A2) e 54 % de austenita (FCC_A1); já em 1100ºC existe 51 % de ferrita

(BCC_A2) e 49 % de austenita (FCC_A1); e em 1200 ºC há a presença de 62 % de ferrita

(BCC_A2) e 38 % de austenita (FCC_A1).

Comparando a média das frações de ferrita medidas com o ferritoscópio das amostras

sem deformação com os valores do TC são encontradas diferenças de 7,7 a 16%, esta diferença

pode ocorrer pelo fato da prática ter algumas variáveis que não são contempladas no TC, como

por exemplo problemas com o resfriamento das amostras, com o próprio forno em que foi

realizado o tratamento térmico, dentre outros.

75

Figura 63: Diagrama de equilíbrio do aço superdúplex SAF 2507 pela simulação do software Thermo-Calc.

A análise de difração de raios X na seção longitudinal foi feita conforme apresentado

na metodologia e foram obtidos os difratogramas apresentados nas Figura 64 aFigura 66, com

o objetivo de identificar as fases presentes. Comprovou-se que as fases presentes nas amostras

tratadas a 1100 °C e 1200 °C são ferrita e austenita, mas na amostra tratada a 1000ºC encontrou-

se também a fase intermetálica sigma, conforme identificado nos difratogramas.

76

Figura 64: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra sem deformação

tratada a 1000ºC.

Figura 65: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra sem deformação

tratada a 1100ºC.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0; 1000ºC

γ(1

11)

α(1

10)

γ(2

00)

α(2

00) γ

(220)

α(2

11)

γ(3

11)

γ(2

22)

α(2

20)

σ(0

02)

σ(4

10)

σ (

202

(411)

σ (

331)

σ (

710)

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0; 1100ºC

γ(1

11

)

α(1

10

)

γ(2

00)

α(2

00

)

γ(2

20

)

α(2

11

)

γ(3

11)

γ(2

22

(22

0)

77

Figura 66: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra sem deformação

tratada a 1200ºC.

Na microscopia óptica foi possível notar que as amostras tratadas a 1000 ºC realmente

apresentavam a fase intermetálica sigma (pontos pretos), além de ferrita (região lisa e em alto

relevo) e austenita (com maclas e baixo relevo). Já as amostras tratadas a 1100 e 1200 ºC

apresentaram apenas ferrita e austenita (Figura 67 a Figura 69).

Figura 67: Micrografia da região central do corpo de prova sem deformação tratado a 1000ºC.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0; 1200ºC

γ(1

11)

α(1

10)

γ(2

00)

α(2

00)

γ(2

20

) α(2

11)

γ(3

11)

γ(2

22)

α(2

20)

78

Figura 68: Micrografia da região central do corpo de prova sem deformação tratado a 1100ºC.

Figura 69: Micrografia da região central do corpo de prova sem deformação tratado a 1200ºC.

Através de 20 imagens automáticas e aleatórias coletadas pelo MEV em imagens de

elétrons retroespalhados (como a da Figura 70) foi determinada a fração da fase sigma na

amostra sem deformação a 1000ºC com auxílio do software AnalySIS Docu do microscópio

Olympus, sendo o valor encontrado 3,68 ± 2,14 %, ou seja de 1,54 a 5,82%.

79

Figura 70: Amostra sem deformação cujo tratamento térmico foi realizado a 1000ºC.

Além de comprovar as fases presentes, a análise de difração de raios X também foi

utilizada para quantificação da fração de ferrita nas amostras que possuíam somente as fases

ferrita e austenita. Os resultados das amostras tratadas a 1100 °C e 1200 °C (que apenas

apresentam ferrita e austenita) sem deformação obtidos por DRX usando o método de Moser,

et al.. (2014) estão apresentados na Tabela 6 e comparados com os valores mensurados pelo

ferritoscópio e com os valores obtidos na simulação de equilíbrio do TC. O valor de austenita

calculado apresentado nesta tabela representa a subtração da ferrita quantificada por medidas

magnéticas e a fração da fase sigma pelo software AnalySis. Nota-se que apesar do ferritoscópio

apresentar a mesma tendência do TC de aumento da fração de ferrita com o aumento da

temperatura de tratamento térmico, não há coincidência entre os valores obtidos

experimentalmente e os obtidos na simulação computacional. Já os dados obtidos por DRX não

mostram a tendência de aumento da fração de ferrita com o aumento da temperatura de

tratamento, indicando que a provável existência de textura cristalográfica invalida a

quantificação de fases por DRX nestas amostras. Inclusive para as amostras sem deformação a

quantificação de fases não mostrou coerência com o embasamento teórico, o valor da fração de

ferrita para 1200 ºC esperado seria maior do que para 1100 ºC e não foi isso que aconteceu.

Uma possível explicação para isto seria que esta metodologia parte do pressuposto de que o

material não possui textura, e mesmo as amostras sem deformação possuem textura, visto que

80

o processamento de obtenção da barra cilíndrica da qual foram retirados os corpos de prova

inclui processo de laminação.

Tabela 6 – Comparação das medidas da fração de ferrita via DRX e ferritoscópio das amostras sem deformação.

Temperatura

de

tratamento

(ºC)

Fração

de

ferrita

(%) –

DRX

Fração de

ferrita (%) -

Ferritoscópio

Fração

de

ferrita

(%) -

TC

Fração de

sigma

(%) -

AnalySIS

Fração

de

sigma

(%) -

TC

Fração

de

austenita

(%) -

DRX

Fração

de

austenita

(%) -

calculada

Fração

de

austenita

(%) -

TC

1000 - 32,77 39 3,68 6 - 63,55 54

1100 43,48 45,94 51 - 0 56,52 54,06 49

1200 42,31 52,45 62 - 0 57,69 47,55 38

4.2.2 Ensaio de compressão

Através dos ensaios de compressão foi possível gerar as curvas tensão vs. deformação

verdadeiras para cada nível de deformação apresentado (Figura 71 a 75). Apesar das diferenças

microestruturais mostradas anteriormente, não se nota grandes diferenças de comportamento

mecânico nas curvas de compressão apresentadas.

Figura 71: Curvas de compressão das três temperaturas de tratamento térmico estudadas, tensão verdadeira em

função da deformação verdadeira para a ε = 0,14.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25

Ten

são

ver

da

dei

ra, σ

c [M

Pa

]

Deformação verdadeira, εc [-/-]

ε = 0,14, 1000ºC ε = 0,14, 1100ºC ε = 0,14, 1200ºC

81

Figura 72: Curvas de compressão das três temperaturas de tratamento térmico estudadas, tensão verdadeira em

função da deformação verdadeira para a ε = 0,28.

Figura 73: Curvas de compressão das três temperaturas de tratamento térmico estudadas, tensão verdadeira em

função da deformação verdadeira para a ε = 0,42.

0

200

400

600

800

1000

1200

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4

Ten

são v

erd

ad

eira

, σ

c [M

Pa]

Deformação verdadeira, εc [-/-]

ε = 0,28, 1000ºC ε = 0,28, 1100ºC ε = 0,28, 1200ºC

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Ten

são v

erd

ad

eira

, σ

c [M

Pa]

Deformação verdadeira, εc [-/-]

ε = 0,42, 1000ºC ε = 0,42, 1100ºC ε = 0,42, 1200ºC

82

Figura 74: Curvas de compressão das três temperaturas de tratamento térmico estudadas, tensão verdadeira em

função da deformação verdadeira para a ε = 0,56.

Figura 75: Curvas de compressão das três temperaturas de tratamento térmico estudadas, tensão verdadeira em

função da deformação verdadeira para a ε = 0,70.

Conforme exposto nas curvas tensão versus deformação, a redução da altura do corpo

de prova sem deformação utilizado para o estudo exploratório atingiu o objetivo esperado de

evitar a ocorrência de flambagem. Outra evidência desta constatação pode ser vista na Figura

0

200

400

600

800

1000

1200

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

Ten

são

ver

da

dei

ra, σ

c [M

Pa

]

Deformação verdadeira, εc [-/-]

ε = 0,56, 1000ºC ε = 0,56, 1100ºC ε = 0,56, 1200ºC

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

Ten

são

ver

da

dei

ra, σ

c [M

Pa

]

Deformação verdadeira, εc [-/-]

ε = 0,70, 1000ºC ε = 0,70, 1100ºC ε = 0,70, 1200ºC

83

76 que demonstra a condição final dos corpos de prova para cada deformação imposta, visto

que a redução de altura foi obtida mantendo o paralelismo das bordas do corpo de prova e o

diâmetro apresentou acréscimo uniforme para todas as direções com o aumento da deformação

compressiva imposta perpendicularmente ao topo e base dos cilindros. Assim, a ocorrência de

flambagem observada no estudo exploratório pode ser descartada, e pode-se então assumir que

a deformação imposta às amostras foi uniforme em toda a seção longitudinal dos corpos de

prova.

(a) (b)

Figura 76: Condição dos corpos de prova depois de efetuado o ensaio de compressão em cada nível de

deformação desejado em (a) vista lateral e (b) vista superior.

4.2.3 Medições magnéticas

Através das medidas magnéticas foi possível notar a considerável redução da fração de

ferrita no topo e na base dos corpos de prova (Figura 77 a Figura 79) e também na seção

longitudinal dos mesmos (Figura 80 a Figura 82) para as três temperaturas de tratamento

térmico. Contudo, antes da redução de fração de ferrita observou-se que para as menores

deformações, levou um pequeno aumento da fração desta fase, o que não havia sido reportado

nos trabalhos anteriormente citados (Magnabosco et al.., 2011; Magnabosco; Avila; Rabechini,

2011; Marangoni, 2012). Assim, pode se supor duas transformações martensíticas induzidas

por deformação: uma ocorrendo à baixas deformações, onde a austenita se transforma em

ferrita, e outra em maiores níveis de deformação, chamada reversa, pois levaria a ferrita a se

transformar em austenita.

84

Figura 77: Fração de ferrita do topo e da base dos corpos de prova em função do aumento de deformação

verdadeira aplicada referente a 1000ºC de tratamento térmico.

Figura 78: Fração de ferrita do topo e da base dos corpos de prova em função do aumento de deformação

verdadeira aplicada referente a 1100ºC de tratamento térmico.

30

32

34

36

38

40

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

%F

erri

ta [

ferr

itosc

óp

io]

ε [-/-]

%α do topo e da base do corpo de prova, 1000ºC

38

40

42

44

46

48

50

52

54

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

%F

erri

ta [

ferr

itosc

óp

io]

ε [-/-]

%α do topo e da base do corpo de prova, 1100ºC

85

Figura 79: Fração de ferrita do topo e da base dos corpos de prova em função do aumento de deformação

verdadeira aplicada referente a 1200ºC de tratamento térmico.

Figura 80: Fração de ferrita da seção longitudinal dos corpos de prova em função do aumento de deformação

verdadeira aplicada referente a 1000ºC de tratamento térmico.

45

47

49

51

53

55

57

59

61

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

%F

erri

ta [

ferr

itosc

óp

io]

ε [-/-]

%α do topo e da base do corpo de prova, 1200ºC

30

32

34

36

38

40

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

%F

erri

ta [

ferr

itosc

óp

io]

ε [-/-]

%α seção longitudinal do corpo de prova, 1000ºC

86

Figura 81: Fração de ferrita da seção longitudinal dos corpos de prova em função do aumento de deformação

verdadeira aplicada referente a 1100ºC de tratamento térmico.

Figura 82: Fração de ferrita da seção longitudinal dos corpos de prova em função do aumento de deformação

verdadeira aplicada referente a 1200ºC de tratamento térmico.

As Figura 83 a Figura 85 mostram os gráficos da comparação da fração de ferrita na

seção longitudinal e no topo/ base dos corpos de prova, medida com o ferritoscópio em função

40

42

44

46

48

50

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

%F

erri

ta [

ferr

itosc

óp

io]

ε [-/-]

%α seção longitudinal do corpo de prova, 1100ºC

40

42

44

46

48

50

52

54

56

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

%F

erri

ta [

ferr

itosc

óp

io]

ε [-/-]

%α seção longitudinal do corpo de prova, 1200ºC

87

da deformação verdadeira aplicada para as três temperaturas de estudo, respectivamente. É

possível notar que na maioria dos casos a seção longitudinal apresentou uma queda mais

acentuada da fração ferrítica. Uma provável explicação deste resultado é a questão de que no

topo e na borda do corpo de prova pode existir algum atrito entre as amostras e as placas de

compressão, ou seja, estas regiões estão expostas a um estado hidrostático mais intenso e a

deformação é menor e menos uniforme, tanto que os desvios padrão desta região na grande

maioria das vezes foram maiores do que os da seção longitudinal.

Figura 83: Comparação entre a quantidade de ferrita no topo e na base do corpo de prova e em sua seção

longitudinal referente ao lote de 1000ºC de temperatura de tratamento térmico.

30

32

34

36

38

40

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

%F

erri

ta d

os

corp

os-

de-

pro

va

[fer

rito

scó

pio

]

ε [-/-]

Topo e base, 1000ºC Seção longitudinal, 1000ºC

88

Figura 84: Comparação entre a quantidade de ferrita no topo e na base do corpo de prova e em sua seção

longitudinal referente ao lote de 1100ºC de temperatura de tratamento térmico.

Figura 85: Comparação entre a quantidade de ferrita no topo e na base do corpo de prova e em sua seção

longitudinal referente ao lote de 1000ºC de temperatura de tratamento térmico.

Além disso, conforme previsto no Thermo-Calc® e o esperado independentemente da

região medida e da quantidade de deformação plástica aplicada, tem-se mais ferrita nas

amostras tratadas a 1200 ºC e menos nas amostras tratadas a 1000ºC, as Figura 86 e Figura 87

40

42

44

46

48

50

52

54

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

%F

erri

ta d

os

corp

os-

de-

pro

va

[fer

rito

scóp

io]

ε [-/-]

Topo e base, 1100ºC Seção longitudinal, 1100ºC

40

45

50

55

60

65

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

%F

erri

ta d

os

corp

os-

de-

pro

va

[fer

rito

scóp

io]

ε [-/-]

Topo e base, 1200ºC Seção longitudinal, 1200ºC

89

mostram esta comparação para as três temperaturas em estudo na região topo / base do corpo

de prova e seção longitudinal do corpo de prova, respectivamente.

Figura 86: Fração de ferrita do topo e da base dos corpos de prova em função do aumento de deformação

verdadeira aplicada nas três temperaturas de tratamento térmico em estudo.

Figura 87: Fração de ferrita da seção longitudinal dos corpos de prova em função do aumento de deformação

verdadeira aplicada nas três temperaturas de tratamento térmico em estudo.

28

33

38

43

48

53

58

63

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8%F

erri

ta d

o t

op

o e

ba

se d

os

corp

os-

de-

pro

va

[f

erri

tosc

óp

io]

ε [-/-]

1000ºC 1100ºC 1200ºC

30

35

40

45

50

55

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

%F

erri

ta d

a s

eção l

on

git

ud

inal

dos

corp

os-

de-

pro

va [f

erri

tosc

óp

io]

ε [-/-]

1000ºC 1100ºC 1200ºC

90

4.2.4 Difração de raios X

A difração de raios X das amostras foi feita varrendo-se ângulos de difração de 35° a

105° (Figura 88 a Figura 102), a fim de comprovar quais são as fases presentes. Comprovou-se

que nas amostras de 1000ºC além de ferrita e austenita existe a fase sigma conforme previsto

na simulação do Thermo-Calc®. Nas demais amostras foram constatadas as presenças de ferrita

e austenita somente.

Figura 88: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra com 0,14 de

deformação verdadeira tratada a 1000ºC.

Figura 89: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra com 0,28 de

deformação verdadeira tratada a 1000ºC.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0,14; 1000ºC

γ(1

11)

α(1

10)

γ(2

00)

α(2

00)

γ(2

20)

α(2

11)

γ(3

11)

γ(2

22)

α(2

20

)

σ(0

02)

σ(4

10

)

σ (

202)

σ (

41

1)

σ (

331)

0

200

400

600

800

1000

1200

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0,28; 1000ºC

γ(1

11

)

α(1

10

)

γ(2

00)

α(2

00

)

γ(2

20

)

α(2

11

)

γ(3

11

)

γ(2

22)

α(2

20

)

σ(0

02

)

σ(4

10

)

σ (

20

2)

σ (

41

1)

σ (

33

1)

91

Figura 90: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra com 0,42 de

deformação verdadeira tratada a 1000ºC.

Figura 91: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra com 0,56 de

deformação verdadeira tratada a 1000ºC.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0,42; 1000ºC

γ(1

11

)

α(1

10

)

γ(2

00

)

α(2

00

)

γ(2

20

)

α(2

11

)

γ(3

11)

γ(2

22

(22

0)

σ(0

02

)

σ(4

10

)

σ (

20

2)

σ (

41

1)

σ (

33

1)

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0,56; 1000ºC

γ(1

11

) α(1

10

)

γ(2

00)

α(2

00

)

γ(2

20

)

α(2

11

)

γ(3

11

)

γ(2

22)

α(2

20

)

σ(0

02

)

σ(4

10

)

σ (

20

2)

σ (

41

1)

σ (

331

)

92

Figura 92: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra com 0,70 de

deformação verdadeira tratada a 1000ºC.

Figura 93: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra com 0,14 de

deformação verdadeira tratada a 1100ºC.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0,70; 1000ºC

γ(1

11

)

α(1

10

)

γ(2

00

)

α(2

00

)

γ(2

20

)

α(2

11

)

γ(3

11)

γ(2

22

)

α(2

20

)

σ(0

02

(41

0)

σ (

20

2)

σ (

41

1)

σ (

33

1)

0

500

1000

1500

2000

2500

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0,14; 1100ºC

γ(1

11)

α(1

10)

γ(2

00)

α(2

00)

γ(2

20)

α(2

11)

γ(3

11)

γ(2

22)

α(2

20)

93

Figura 94: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra com 0,28 de

deformação verdadeira tratada a 1100ºC.

Figura 95: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra com 0,42 de

deformação verdadeira tratada a 1100ºC.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0,28; 1100ºC

γ(1

11

)

α(1

10

)

γ(2

00

)

α(2

00

)

γ(2

20

)

α(2

11

)

γ(3

11

)

γ(2

22

)

α(2

20

)

0

100

200

300

400

500

600

700

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0,42; 1100ºC

γ(1

11)

α(1

10)

γ(2

00)

α(2

00)

γ(2

20)

α(2

11)

γ(3

11)

γ(2

22)

α(2

20)

94

Figura 96: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra com 0,56 de

deformação verdadeira tratada a 1100ºC.

Figura 97: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra com 0,70 de

deformação verdadeira tratada a 1100ºC.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0,56; 1100ºC

γ(1

11

)

α(1

10

)

γ(2

00

)

α(2

00

)

γ(2

20

)

α(2

11

)

γ(3

11

)

γ(2

22

)

α(2

20

)

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0,70; 1100ºC

γ(1

11

)

α(1

10

)

γ(2

00

)

α(2

00

)

γ(2

20)

α(2

11

)

γ(3

11

)

γ(2

22

)

α(2

20

)

95

Figura 98: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra com 0,14 de

deformação verdadeira tratada a 1200ºC.

Figura 99: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra com 0,28 de

deformação verdadeira tratada a 1200ºC.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0,14; 1200ºC

γ(1

11

)

α(1

10

)

γ(2

00

)

α(2

00

)

γ(2

20

) α(2

11

)

γ(3

11

)

γ(2

22)

α(2

20

)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0,28; 1200ºC

γ(1

11)

α(1

10)

γ(2

00)

α(2

00)

γ(2

20)

α(2

11)

γ(3

11)

γ(2

22)

α(2

20)

96

Figura 100: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra com 0,42 de

deformação verdadeira tratada a 1200ºC.

Figura 101: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra com 0,56 de

deformação verdadeira tratada a 1200ºC.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0,42; 1200ºC

γ(1

11

)

α(1

10

)

γ(2

00

)

α(2

00

)

γ(2

20

)

α(2

11

)

γ(3

11

)

γ(2

22

)

α(2

20

)

0

500

1000

1500

2000

2500

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0,56; 1200ºC

γ(1

11)

α(1

10)

γ(2

00)

α(2

00)

γ(2

20)

α(2

11)

γ(3

11)

γ(2

22)

α(2

20)

97

Figura 102: Difratograma de raios X, compreendendo os ângulos entre 35 e 105o, da amostra com 0,70 de

deformação verdadeira tratada a 1200ºC.

Todas as curvas de intensidade em função do ângulo de difração apresentaram o mesmo

comportamento para cada grupo amostral em função da temperatura de tratamento térmico,

conforme mostrado nas Figura 103 a Figura 105, que representam os valores das condições

mais relevantes ao estudo, sem deformação plástica, com um valor intermediário de deformação

plástica e com o máximo de deformação plástica aplicada de 1000, 1100 e 1200 ºC de

tratamento térmico, respectivamente. Os picos apresentados são relativos apenas às fases ferrita

e austenita nas temperaturas de 1100 e 1200 ºC e também de sigma nas amostras de 1000 ºC.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

2θ [º]

ε = 0,70; 1200ºC

γ(1

11

)

α(1

10

)

γ(2

00

)

α(2

00

)

γ(2

20

)

α(2

11

)

γ(3

11

)

γ(2

22

)

α(2

20

)

98

Figura 103: Comparação dos difratogramas de raios X em função da deformação plástica aplicada das amostras

tratadas a 1000ºC.

Figura 104: Comparação dos difratogramas de raios X em função da deformação plástica aplicada das amostras

tratadas a 1100ºC.

99

Figura 105: Comparação dos difratograma de raios X em função da deformação plástica aplicada das amostras

tratadas a 1200ºC.

Através da metodologia utilizada neste trabalho, foi possível calcular a fração de fase

ferrítica pelo tratamento de dados por DRX, comparando estes resultados e os obtidos via

medidas magnéticas (Figura 106 e Figura 107) é possível notar que os obtidos por DRX

apresentaram oscilação elevada e nenhuma tendência definida, além de apresentar quantidade

de ferrita inferiores aos da literatura e aos calculados por Thermo-Calc® (como mostrado na

Tabela 6). Sendo assim, possivelmente devido à presença inevitável de textura, a quantificação

de ferrita por DRX foi inviável neste estudo.

100

Figura 106: Fração de ferrita medida por DRX em função da deformação plástica aplicada para as amostras

tratadas a 1100ºC.

Figura 107: Fração de ferrita medida por DRX em função da deformação plástica aplicada para as amostras

tratadas a 1200ºC.

30%

35%

40%

45%

50%

55%

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8

%F

erri

ta d

os

corp

os-

de-

pro

va

,

110

0ºC

ε [-/-]

DRX Ferritoscópio

30%

35%

40%

45%

50%

55%

60%

65%

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8

%F

erri

ta d

os

corp

os-

de-

pro

va

,

12

00

ºC

ε [-/-]

DRX Ferritoscópio

101

4.2.5 Análise microestrutural das amostras deformadas

As micrografias a seguir (Figura 108 a Figura 122) apresentaram ferrita, região lisa e

em alto relevo, austenita, com maclas e baixo relevo e sigma, os pontos negros corroídos nas

amostras tratadas a 1000°C (Figura 108 a Figura 112). Foi analisada a seção longitudinal dos

corpos de prova. Foi possível perceber que quanto mais deformado o material, mais refinada e

preferencialmente orientada torna-se a estrutura constituindo-se apenas ferrita e austenita no

material, exceto para as amostras tratadas a 1000ºC..

Figura 108: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,14 de deformação verdadeira tratado a

1000ºC.

Figura 109: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,28 de deformação verdadeira tratado a

1000ºC.

102

Figura 110: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,42 de deformação verdadeira tratado a

1000ºC.

Figura 111: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,56 de deformação verdadeira tratado a

1000ºC.

Figura 112: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,70 de deformação verdadeira tratado a

1000ºC.

103

Figura 113: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,14 de deformação verdadeira tratado a

1100ºC.

Figura 114: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,28 de deformação verdadeira tratado a

1100ºC.

Figura 115: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,42 de deformação verdadeira tratado a

1100ºC.

104

Figura 116: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,56 de deformação verdadeira tratado a

1100ºC.

Figura 117: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,70 de deformação verdadeira tratado a

1100ºC.

Figura 118: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,14 de deformação verdadeira tratado a

1200ºC.

105

Figura 119: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,28 de deformação verdadeira tratado a

1200ºC.

Figura 120: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,42 de deformação verdadeira tratado a

1200ºC.

Figura 121: Micrografias do corpo de prova com 0,56 de deformação verdadeira tratado a 1200ºC sendo as

regiões (a) o topo, (b) o centro e (c) a base do corpo de prova.

106

Figura 122: Micrografia da região central do corpo de prova com 0,70 de deformação verdadeira tratado a

1200ºC.

4.2.6 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

As análises das microestruturas assim como da composição química das fases presentes

foram realizadas através do uso do MEV. Entretanto, é válido ressaltar que a composição

química é efetuada num ponto, mas existe um volume no qual os raios X são gerados, ou seja,

não será analisado apenas o ponto identificado, mas também parte de suas regiões vizinhas.

Contudo, caso a transformação de fase em estudo esteja acontecendo, provavelmente a austenita

proveniente da ferrita teria composição química distinta da austenita sem deformação. A Figura

123 representa a micrografia da amostra sem deformação tratada a 1000 ºC, na qual estão

indicados os pontos em que foi realizado o EDS para quantificação dos elementos existentes

em cada fase do material (Figura 124 a Figura 126).

107

Figura 123: Micrografia da amostra sem deformação tratada a 1000ºC indicando os pontos de determinação da

composição química.

Figura 124: Espectro de EDS para o ponto 1 indicado na Figura 123.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

Energia [keV]

Cr

Mn

Fe

Ni

WW

W

Si

Mo

Mo

Cr

Mn

Fe

Cr

Mn FeNi

W W

Ni W WW WW

108

Figura 125: Espectro de EDS para o ponto 2 indicado na Figura 123.

Figura 126: Espectro de EDS para o ponto 3 indicado na Figura 123.

Avaliando as composições químicas da amostra sem deformação tratada a 1000ºC

obtidas pelo MEV (Tabela 7) e pelo Thermo-Calc® (Tabela 8) é possível notar considerável

aderência entre os valores encontrados. O que indica que apesar da análise semi-quantitativa do

EDS não ser pontual e considerar parte das regiões vizinhas os resultados são extremamente

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

dad

e [c

ps]

Energia [keV]

Cr

Fe

Ni

W W

Si

WMo

Mo

Cr

FeCr

Fe

Ni

W Ni

W W WWWW

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

Energia [keV]

Cr

Fe

Ni

Mn

Cu

Si Mo

Mo

Cr

Mn

Fe

Cr

MnFe

NiNi

CuCu Cu

109

satisfatórios. Além disso, não foram observadas diferenças de composição química entre ferrita

e austenita em nenhum momento, visto que a austenita proveniente da ferrita possivelmente

teria composição similar à da fase que a originou. Todavia, as amostras de 1000ºC apresentaram

menor redução de ferrita para a mesma deformação verdadeira aplicada quando comparadas as

amostras tratadas a 1100 e 1200ºC, e assim é interessante efetuar esta análise para estes grupos

de amostras.

Tabela 7 - Resultados da composição química em percentual mássico dos pontos destacados na Figura 123,

referente a amostra sem deformação tratada a 1000°C.

Elemento Ponto 1 - Sigma Ponto 2 - Ferrita Ponto 3 - Austenita

Si 0,50 0,47 0,51

Cr 30,65 28,37 24,73

Mn 0,70 - 0,68

Fe 51,71 59,95 61,88

Ni 4,06 5,09 8,36

Mo 10,15 4,84 3,05

W 2,23 1,27 -

Tabela 8 - Composição química das fases presentes a 1000°C em percentual mássico obtida pelo Thermo-Calc®.

Elemento Sigma Ferrita Austenita

Si 0,01 0,47 0,39

Cr 31,78 27,95 21,51

Mn 0,34 0,48 0,72

Fe 50,12 61,31 64,35

Ni 3,58 4,58 9,00

Mo 11,38 4,02 2,56

W 2,78 0,76 0,44

N 0,00 0,02 0,22

C 0,00 0,00 0,01

Cu 0,00 0,38 0,79

V 0,01 0,02 0,01

Foram analisadas duas regiões da microestrutura da amostra mais deformada

plasticamente e tratada a 1100 ºC conforme mostra a Figura 127, os espectros destas regiões

estão apresentados nas Figura 128 e Figura 129, a quantificação de cada elemento químico

destas regiões sumarizados nas Tabelas 9 e 10 os valores de composição química das fases

110

previsto pelo TC, não existindo diferenças significativas entre as composições de ferrita e

austenita medidas pelo EDS e simuladas pelo TC, repetindo o comportamento já observado

para a amostra sem deformação tratada a 1000ºC.

Figura 127: Micrografia da amostra com 0,70 de deformação verdadeira tratada a 1100ºC indicando os pontos de

determinação da composição química.

Figura 128: Espectro de EDS para o ponto 1 indicado na Figura 127.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

dad

e [c

ps]

Energia [keV]

Cr

Fe

Ni

Mn

Cu

Ni

Cr

Ni

Mn

Fe

Cr

MnFe

SiMo

MoCuCu

111

Figura 129: Espectro de EDS para o ponto 2 indicado na Figura 127.

Tabela 9 - Resultados da composição química em percentual mássico dos pontos destacados na Figura 127,

referente a amostra tratada a 1100ºC com deformação verdadeira de 0,70.

Elemento Ponto 1 - Austenita Ponto 2 - Ferrita

Si 0,39 0,61

Cr 24,37 27,86

Mn 0,82 -

Fe 61,87 61,03

Ni 8,70 5,50

Cu 0,82 -

Mo 3,02 5,00

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

dad

e [c

ps]

Energia [keV]

Cr

Ni

Cr

Si

Mo

MoNi

Fe

CrFe

Ni

Fe

112

Tabela 10 - Composição química das fases presentes a 1100ºC em percentual mássico obtida pelo Thermo-

Calc®.

Elemento Ferrita Austenita

Si 0,45 0,35

Cr 27,12 22,90

Mn 0,51 0,70

Fe 61,04 62,79

Ni 5,09 8,78

Mo 4,38 2,81

W 0,85 0,53

N 0,05 0,39

C 0,00 0,02

Cu 0,46 0,71

V 0,04 0,04

Por fim, a microestrutura da amostra mais deformada plasticamente e tratada a 1200 ºC

teve 4 regiões analisadas por EDS (Figura 130), cujos espectros estão apresentados nas Figura

131 a Figura 135 e as quantificações dos elementos presentes nestas regiões nas Tabelas 11 e

12. Novamente não foi possível encontrar regiões indicativas da transformação de fases e

alterações nas composições químicas das fases comparadas aos dados obtidos através da

simulação usando TC, Tabela 13, mesmo na amostra mais deformada plasticamente a 1200 ºC.

Figura 130: Micrografia da amostra com 0,70 de deformação verdadeira tratada a 1200ºC indicando os pontos de

determinação da composição química.

113

Figura 131: Espectro de EDS para o ponto 1 indicado na Figura 130.

Figura 132: Espectro de EDS para o ponto 2 indicado na Figura 130.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

Energia [keV]

Cr

Ni

Fe

MoSiMo

Cr FeCr

Fe

Ni

Ni

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

Energia [keV]

Cr

Fe

Ni

Si

Mo

Mo

CrFeCr

Fe

NiNi

114

Figura 133: Espectro de EDS para o ponto 3 indicado na Figura 130.

Figura 134: Espectro de EDS para o ponto 4 indicado na Figura 130.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

Energia [keV]

Cr

Fe

Ni

SiMo

Mo

Cr FeCr

Fe

NiNi

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

dad

e [c

ps]

Energia [keV]

Cr

Fe

Ni

Si

Mo

Mo

Cr FeCr

Fe

NiNi

115

Figura 135: Espectro de EDS para o ponto 5 indicado na Figura 130.

Tabela 11 - Resultados da composição química em percentual mássico dos pontos destacados na Figura 130,

referente a amostra tratada a 1200ºC com deformação verdadeira de 0,70.

Elemento Ponto 1 - Austenita Ponto 2 - Ferrita Ponto 3 - Ferrita Ponto 4 - Ferrita

Si 0,56 0,76 0,64 0,75

Cr 25,26 27,0 27,08 26,88

Fe 62,55 61,21 61,93 61,54

Ni 8,57 6,36 5,89 6,10

Mo 3,06 4,67 4,46 4,74

Tabela 12 - Resultados da composição química em percentual mássico do ponto 5 destacado na Figura 130,

referente a amostra tratada a 1200ºC com deformação verdadeira de 0,70.

Elemento Ponto 5 - Inclusão

O 11,84

Al 9,17

Si 0,42

Cr 24,55

Fe 45,87

Ni 4,69

Mo 3,46

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

Energia [keV]

Cr

Fe

Ni

Al

Fe

Mo

Fe

Cr

Si NiNi

O

Cr

Mo

116

Tabela 13 - Composição química das fases presentes a 1200ºC em percentual mássico obtida pelo Thermo-

Calc®.

Elemento Ferrita Austenita

Si 0,44 0,33

Cr 26,35 23,26

Mn 0,54 0,70

Fe 61,41 62,36

Ni 5,67 8,84

Mo 4,16 2,72

W 0,79 0,53

N 0,08 0,49

C 0,00 0,02

Cu 0,51 0,69

V 0,05 0,05

Nas análises microestruturais feitas no MEV foram encontradas as fases esperadas pela

simulação do TC e identificadas por difrações de raios X. Além disso, apesar da análise semi-

quantitativa feita pelo EDS não ser capaz de medir um ponto exclusivamente, os resultados de

composição química das fases das amostras apresentados mostram bastante aderência com a

composição química obtida pelo TC, conforme apresentado acima nas Tabelas 8, 10 e 13, para

as temperaturas de 1000, 1100 e 1200 ºC, respectivamente. Além disto, não foi possível

verificar regiões com possíveis indícios da transformação de fases em estudo mesmo nas

temperaturas mais altas de tratamento nas quais a redução de ferrita foi mais intensa e nem nas

amostras com maior deformação plástica aplicada. Outras amostras foram analisadas além

destas apresentadas neste item e estão apresentadas no Apêndice A.

117

5 POSSÍVEIS TRANSFORMAÇÕES DE FASES

Analisando os resultados apresentados obtidos pelas medidas magnéticas é possível

notar que houve a redução da fração de ferrita com o aumento de deformação plástica aplicada.

Todavia, as amostras sem deformação tratadas a 1000 e 1100 ºC (Figura 87) apresentam menor

fração de ferrita do que o das amostras deformadas plasticamente, exceto as deformações

verdadeiras de 0,14 e 0,14 e 0,42, respectivamente. Tal fato pode ser encarado como um erro

experimental, mas tal hipótese seria desmentida dados os baixos valores de desvios-padrão das

medidas. Excluindo-se erro experimental, o aumento da fração de ferrita para baixas

deformações pode ser indício de que em baixas deformações ocorre a transformação

martensítica induzida por deformação de austenita em ferrita fazendo com que a deformação

verdadeira de 0,14 tenha maior fração ferrítica em sua microestrutura. Todavia, maiores

deformações levam a redução da fração de ferrita a níveis menores que aqueles encontrados nas

amostras tratadas termicamente, o que leva a aceitação da hipótese de ocorrência de

transformação martensítica induzida por deformação reversa, de ferrita em austenita, para

deformações maiores que 0,14 nas amostras tratadas a 1000°C e 1100°C.

Aparentemente o fato das amostras tratadas a 1000ºC terem apresentado a fase sigma

exerceu influência sobre as transformações de fase em estudo, visto que nestas amostras a

redução da fração de ferrita foi extremamente baixa quando comparada com este estudo e os

demais citados acima.

Nas amostras tratadas a 1200°C não foi observado o aumento da fração de ferrita em

comparação a amostra sem deformação em nenhum dos níveis de deformação estudados,

portanto neste caso hipoteticamente ocorre apenas a transformação de ferrita em austenita

induzida por deformação, ou seja, transformação martensítica induzida por deformação reversa.

Uma possível explicação para este comportamento é a diferença de composição química entre

as amostras tratadas a 1200 ºC e as de 1000 e 1100 ºC, nas análises de TC. É possível notar que

a ferrita a 1200 ºC apresenta menor teor de cromo e maior de níquel e nitrogênio (Tabela 14),

enquanto a austenita mais cromo e nitrogênio, e menos ferro (Tabela 15).

118

Tabela 14 - Comparação entre as composições químicas mássicas da ferrita determinadas por TC nas três

temperaturas de tratamento.

Elemento 1000ºC 1100ºC 1200ºC

Si 0,47 0,45 0,44

Cr 27,95 27,12 26,35

Mn 0,48 0,51 0,54

Fe 61,31 61,04 61,41

Ni 4,58 5,09 5,67

Mo 4,02 4,38 4,16

W 0,76 0,85 0,79

N 0,02 0,05 0,08

Cu 0,38 0,46 0,51

V 0,02 0,04 0,05

Tabela 15 – Comparação entre as composições químicas mássicas da austenita nas três temperaturas de

tratamento.

Elemento 1000ºC 1100ºC 1200ºC

Si 0,39 0,35 0,33

Cr 21,51 22,90 23,26

Mn 0,72 0,70 0,70

Fe 64,35 62,79 62,36

Ni 9,00 8,78 8,84

Mo 2,56 2,81 2,72

W 0,44 0,53 0,53

N 0,22 0,39 0,49

C 0,01 0,02 0,02

Cu 0,79 0,71 0,69

V 0,01 0,04 0,05

Neste trabalho as reduções da fração de ferrita (medidas por ferritoscópio) foram menos

expressivas quando comparadas às dos estudos apresentados na revisão bibliográfica

(Magnabosco et al.., 2011; Magnabosco; Avila; Rabechini, 2011; Marangoni, 2012), conforme

mostrado na Figura 136. O estudo de Magnabosco; Avila; Rabechini, 2011 foi o que explorou

119

maiores deformações plásticas e, consequentemente o que obteve maior redução da fração de

ferrita, como mostra a Tabela 16. A diferença principal entre estes estudos, é que neles os

esforços mecânicos foram aplicados através de laminação, num estado de deformação biaxial

(estado plano de deformação), ao contrário da deformação aqui aplicada, uniaxial de

compressão, onde a deformação uniforme foi garantida.

Para obter a Figura 136 a redução de altura por laminação foi convertida para

deformação verdadeira efetiva, segundo a equação 18, já que se pode admitir que a laminação

de planos impõe estado plano de deformações, e assim adaptando-se a equação (14) tem-se que

a deformação plástica efetiva na laminação pode ser relacionada a redução de espessura

segundo a equação 18.

ε𝑝 = 1,155*(RE/100) (18)

onde: εp: deformação plástica efetiva;

RE: redução de espessura

Deste modo, pode se verificar que o modo de deformação provavelmente afeta a

transformação martensítica induzida por deformação nos aços inoxidáveis dúplex em estudo.

Apenas na deformação uniaxial imposta pelo ensaio de compressão foi possível observar a

ocorrência de dois tipos de transformações martensíticas induzidas por deformação, a reversa

que vem sendo estudada, e a direta, que até o momento não havia sido mencionada em outros

trabalhos. Esta transformação direta foi observada apenas nas amostras tratadas a 1000 e 1100

ºC e a diferença entre estas e as tratadas a 1200 ºC é a composição química das fases, sendo

assim, esta transformação possivelmente ativada também por composição química. Ambas as

suposições, tanto forma de carregamento quanto composição química do material, sugerem a

necessidade de estudos mais aprofundados sobre o tema.

120

Figura 136: Comparação da queda da fração de ferrita dos resultados deste trabalho com os demais apresentados

na revisão bibliográfica.

Tabela 16 – Comparação da redução total da fração de ferrita em média entre diferentes estudos.

1000ºC 1100ºC 1200ºC Marangoni,

2012

Magnabosco

et al.., 2011

Magnabosco;

Avila; Rabechini,

2011

Redução total

na fração de

ferrita (%)

1,89 7,12 15,24 24,68 40,63 36,81

30

35

40

45

50

55

60

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

%F

erri

ta [

ferr

itosc

óp

io]

Deformação plástica efetiva, ε [-/-]

1100ºC 1200ºC

Marangoni, 2012 Magnabosco et al., 2011

MAGNABOSCO; AVILA; RABECHINI, 2011

121

6 CONCLUSÕES

Através da análise dos resultados obtidos e da base teórica desenvolvida foi possível

concluir que:

1. As análises de difração de raios X e análise microestrutural do material como

recebido mostraram que as únicas fases presentes eram ferrita e austenita.

2. As únicas amostras que apresentaram outra fase a não ser austenita e ferrita foram as

solubilizadas a 1000ºC, visto que nestas ocorreu a formação da fase intermetálica sigma.

3. As medições magnéticas mostraram queda da fração de fase ferrítica das amostras

deformadas comparadas com a amostra sem deformação, independentemente da deformação

ser uniforme ou não e da temperatura de tratamento utilizada, exceto nas baixas deformações a

1000 e 1110 ºC.

4. Mesmo depois de aplicada a deformação plástica não ocorreu a formação de novas

fases, mantendo-se as fases preexistentes porém com diferentes proporções. Isto foi

comprovado pelos resultados de DRX e micrografias obtidas. Logo, é possível descartar a

presença de outras fases nas microestruturas que possam participar da transformação de fases.

5. Os resultados de quantificação de fases através da DRX não foram conclusivos,

possivelmente devido a presença de textura.

6. Os resultados de quantificação de fases por medidas magnéticas apresentaram

tendência coerente ao esperado, tanto em redução da fração de ferrita com o aumento da

deformação, quanto ao fato de que quanto mais elevada a temperatura de tratamento térmico

maior é a fração de ferrita presente no material.

7. Não foi possível encontrar diferenças significativas entre as composições químicas

de ferrita e austenita obtidas por EDS e TC.

8. Foram encontrados indícios de que em baixas deformações ocorre a transformação

martensítica de austenita em ferrita induzida por deformação nas amostras das tratadas a 1000

e 1100 ºC.

9. Para deformações em compressão superiores a 0,14 e 0,42 foi observado uma

possível transformação martensítica direta de ferrita em austenita induzida por deformação para

as amostras de 1100 e 1000 ºC, respectivamente.

10. As amostras tratadas a 1200 ºC apresentaram apenas queda da fração de ferrita para

todos níveis de deformação aplicados, ou seja, apenas transformação de ferrita em austenita,

122

provavelmente devido a diferença de composição química das fases a 1200 °C, se comparadas

às obtidas nas outras temperaturas estudadas.

123

7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Para trabalhos futuros sugere-se comparar as transformações martensítica induzidas por

deformação de ferrita em austenita e de austenita em ferrita estudando as características do

material em estudo e dos processos envolvidos que podem influenciar na intensidade desta

transformação de fase, como por exemplo:

a) tamanho de grão;

b) temperatura, apesar do foco deste estudo ser apenas mecânico, seria interessante

avaliar se a temperatura exerce influência na transformação;

c) taxa de deformação;

d) modo de carregamento do material, já que há evidência de que esforços trativos

promovem mais transformação martensítica do que esforços compressivos, fazendo

uso de validações por meio de simulações numéricas;

e) análise microestrutural e quantificação de fases por estereologia quantitativa

utilizando o reagente Beraha modificado;

f) comparar o modo de carregamento para um mesmo corpo de prova padronizado

para qualquer ensaio mecânico.

124

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129

APÊNDICE A – ANÁLISES MICROESTRUTURAIS E EDS

A micrografia da amostra com 0,42 de deformação verdadeira tratada a 1000ºC (Figura

137) teve 6 regiões analisadas por EDS e o espectro de cada uma delas está apresentado da

Figura 138 a Figura 143 e os valores da quantificação de cada ponto estão apresentados na

Tabela 17. Mais uma vez, os pontos analisados apresentam composição química próxima da

prevista pelo TC. Além disso, não foram encontradas regiões com indícios da ocorrência de

transformação de fases, ainda parte da ferrita tornou-se austenita e portanto, esta nova austenita

possivelmente teria composição química similar a da ferrita, contudo isso não pode ser

observado. Todavia, as amostras de 1000ºC apresentaram menor redução de ferrita para a

mesma deformação verdadeira aplicada quando comparadas as amostras tratadas a 1100 e

1200ºC é interessante efetuar esta análise para estes grupos de amostras.

Figura 137: Micrografia da amostra com 0,42 de deformação verdadeira tratada a 1000ºC indicando os pontos de

determinação da composição química.

130

Figura 138: Espectro de EDS para o ponto 1 indicado na Figura 137.

Figura 139: Espectro de EDS para o ponto 2 indicado na Figura 137.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

Energia [keV]

Cr

Fe

Ni

Si

Fe

CrFe Ni

NiMo

Cr

Mo

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

Energia [keV]

Cr

Fe

Ni

Si

Fe

Cr FeNi

NiMo

Cr

Mo

131

Figura 140: Espectro de EDS para o ponto 3 indicado na Figura 137.

Figura 141: Espectro de EDS para o ponto 4 indicado na Figura 137.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

dad

e [c

ps]

Energia [keV]

Cr

Fe

Ni

Si

Fe

Cr FeNi

NiMo

Cr

Mo

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

dad

e [c

ps]

Energia [keV]

Cr

Fe

Ni

Si

Fe

Cr Fe

NiNi

Mo

Cr

Mo

132

Figura 142: Espectro de EDS para o ponto 5 indicado na Figura 137.

Figura 143: Espectro de EDS para o ponto 6 indicado na Figura 137.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

Energia [keV]

Cr

Fe

Ni

Si

Fe

Cr FeNi

NiMo

Cr

Mo

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

dad

e [c

ps]

Energia [keV]

Cr

Fe

Ni

Si

Fe

Cr FeNi

NiMo

Cr

Mo

133

Tabela 17 - Resultados da composição química em percentual mássico dos pontos destacados na Figura 137,

referente a amostra tratada a 1000ºC com 0,42 de deformação verdadeira.

Elemento Ponto 1 -

Austenita

Ponto 2 -

Austenita

Ponto 3 -

Ferrita

Ponto 4 -

Ferrita

Ponto 5 -

Ferrita

Ponto 6 -

Austenita

Si 0,56 0,57 0,78 0,70 0,82 0,56

Cr 25,08 25,21 28,81 28,72 28,92 25,07

Fe 63,06 62,96 61,25 61,17 61,10 63,15

Ni 8,45 8,28 4,90 4,86 4,82 8,38

Mo 2,86 2,98 4,26 4,55 4,34 2,83

A amostra referente à 0,42 de deformação verdadeira e tratada a 1100ºC (Figura 144)

teve 3 pontos de análise de EDS realizados (Figura 145 a Figura 147) e as Tabelas 18 e 19

apresentam os teores de cada elemento nestes pontos analisados. Como já destacado para as

amostras de 1000°C, as composições químicas das fases ferrita e austenita obtidas por EDS

estão próximas das simuladas no TC, impedindo confirmar a hipótese de identificação de

regiões de ferrita ou austenita que tenham se originado das transformações martensítica de

austenita em ferrita ou reversa de austenita em ferrita.

Figura 144: Micrografia da amostra com 0,42 de deformação verdadeira tratada a 1100ºC indicando os pontos de

determinação da composição química.

134

Figura 145: Espectro de EDS para o ponto 1 indicado na Figura 144.

Figura 146: Espectro de EDS para o ponto 2 indicado na Figura 144.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

Energia [keV]

Cr

Fe

Ni

Mn

Cu

Si

Mn

Fe

Cr

MnFe

Ni

Cu CuNiMo

Cr

Mo

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

dad

e [c

ps]

Energia [keV]

Cr

Fe

Ni

Mo

MoW

Cr

CrNi

Fe

Fe

W W

Ni

W

W WWWW

Si

W

135

Figura 147: Espectro de EDS para o ponto 3 indicado na Figura 144.

Tabela 48 - Resultados da composição química em percentual mássico dos pontos destacados na Figura 144,

referente a amostra tratada a 1100ºC com 0,42 de deformação verdadeira.

Elemento Ponto 1 - Austenita Ponto 2 - Ferrita

Si 0,54 0,47

Cr 24,57 27,96

Mn 0,66 -

Fe 61,86 60,09

Ni 8,37 5,44

Cu 0,71 -

Mo 3,30 4,83

W - 1,22

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Inte

nsi

da

de

[cp

s]

Energia [keV]

Cr

Ce

O

Fe

Mg

Ca

Ce

Ni

Ce

CaCe

Cr

Ce

Fe

CeSi

Fe

Cr

CeCa

Ce

Ce Ce

NiNi

Al

S

Ce

136

Tabela 19 - Resultados da composição química em percentual mássico dos pontos destacados na Figura 144.

Elemento Ponto 3 - Inclusão

O 37,68

Mg 3,27

Al 20,62

Si 0,30

S 0,88

Ca 2,03

Cr 3,44

Fe 5,88

Ni 0,44

Ce 25,46

137

ANEXO A – CARTÃO-REFERÊNCIA DO ICDD PARA AUSTENITA

138

ANEXO B – CARTÃO-REFERÊNCIA DO ICDD PARA FERRITA

139

ANEXO C – CARTÃO-REFERÊNCIA DO ICDD PARA SIGMA

140