ESTUDO DE CASO ACIDENTE ESTAÇÃO PINHEIROS-SP

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ESTUDO DE CASO SOBRE A FUNÇÃO DOS CONCIONAMENTOS GEOLOGICOS EM TÚNEIS: ACIDENTE NA ESTAÇÃO PINHEIROS – SP

A necessidade de oferecer infra-estrutura básica à crescente população da maior metrópole brasileira – São Paulo (a exemplo de outros grandes centros urbanos) é uma maior utilização do espaço subterrâneo, apesar das dificuldades inerentes a tal opção. Para acolher dignamente o incremento populacional em termos de infra-estrutura básica, equivale a construir uma cidade de médio porte anualmente. No entanto, o crescimento anômalo da RMSP origina problemas às administrações, agressões ao meio físico como, por exemplo, aos condicionamentos geológicos existentes e ampliação das diferenças sociais, dificultando qualquer forma de planejamento.

À crescente utilização do espaço subterrâneo, faz-se necessário desenvolver e aperfeiçoar técnicas indiretas de mapeamento geológico-geotécnico, uma vez que as sondagens fornecem dados pontuais, que são insuficientes principalmente em áreas de maior complexidade geológica. Assim, considerando os solos “problemáticos” da Bacia Sedimentar de São Paulo, tornou-se imprescindível determinar parâmetros elásticos dinâmicos dos materiais geológicos, conjunto de técnicas que através de ondas sísmicas e geofones atingem melhores resultados de correlação entre sismos e rochas do subsolo da bacia (litótipos). Apesar de confiável, essa tecnologia demanda muito tempo e pesquisa para coleta de dados para o estabelecimento de melhores correlações, tempo esse muito vezes não despendido face às necessidades de seguir os cronogramas de obras, geralmente apertados, e sob contratos com cláusulas de multas pelo não cumprimento dos prazos.

A despeito da análise de sismos, outras tecnologias bastante experimentadas no Brasil e no mundo como a utilização de shield (tatuzão) e a NPSC (técnica de escoramento e construção de túneis), não foram suficientes para impedir o acidente de grandes proporções na obra de escavação da futura Estação Pinheiros do Metrô, junto à pista interna da Marginal do Rio Pinheiros, no dia 12 de janeiro de 2007 às 15h00.

Da cratera, de 30 metros de profundidade, escutou-se um forte estrondo e em seguida, verificou-se um deslizamento de terra que fez ampliar a cratera de 60 para 80 metros de diâmetro, tragando para o seu interior veículos, alojamentos, escritórios e culminando com a perda de sete vidas entre operários e transeuntes das ruas próximas. O desmoronamento abalou a estrutura de mais de 70 casas e fez com que a Prefeitura interditasse a região, inclusive com o corte de energia elétrica para o transtorno dos moradores e comerciantes.

UFRN – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA - DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

DICIPLINA: CIV0344 - GEOLOGIA APLICADA

DOCENTE: MARIA DEL PILAR DURANTE INGUNZA

DISCENTE: ARTUR RICARDO MACEDO DOS SANTOS

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Segundo Roberto Kochen, Diretor do Instituto de Engenharia, a técnica NATM costuma apresentar acidentes com maior freqüência, porém com menor gravidade. Kochen diz ser comum a presença de rachaduras em túneis com NATM. No shield, a escavação mecanizada é acompanhada da montagem dos anéis, que já dão escoramento ao túnel oferecendo mais segurança à obra. Mas há um nível de alerta para a gravidade e Kochen não sabe se as rachaduras que apareceram quinta-feira estavam no patamar. Para a Odebrecht, empresa principal do consórcio de construtoras da linha 4, a parede ruiu devido à instabilidade do solo às margens do rio Pinheiros, que não poderia ser prevista. Conclui-se então que quando há um solo complicado, é preciso ser mais cuidadoso e gastar mais. Segurança absoluta significa um custo absurdo para a consolidação do solo, que não é praticado nem nos países desenvolvidos.

Ao analisar as condicionantes geológicas podemos apontar possíveis causas para o acidente, tais como: A alteração do método construtivo do shield (mais seguro) para NATM envolveu uma redução de custos na ordem de US$13 mil/metro para US$8 mil/metro; O sistema NATM de construção envolve equipamentos e materiais como retroescavadeiras, dinamites, perfuratrizes e bombas de concreto e possibilita a abertura de várias frentes simultâneas de trabalho. As seguidas detonações e vibrações, além do trânsito da marginal e as chuvas de janeiro tiveram relação direta com o acidente; As estruturas geológicas estavam desfavoráveis, pois sob o maciço rochoso estava apoiada as calotas, ocorrendo à ruptura nas paredes laterais, que foi destapado com o auxílio do dispositivo de investigação das estruturas do túnel e das rochas, com analise de modelos digitais.

A luz do acidente na estação pinheiros – SP, as conclusões extraídas dessa investigação devem ser utilizadas na prevenção de possíveis acidentes, levando em consideração a importância dos fatores geológicos e a tomada de providencias em obras que envolvam escavação de túneis, tais como: a realização de investigação e interpretação geológica-geotécnica adequada para extrair parâmetros do terreno que subsidia no projeto executivo, o mapeamento com detalhes de todas as escavações com objetivo de identificar estruturas e litogias que possam influir no método executivo, a realização de leituras das instrumentações e retroanalises para melhoria do projeto em execução e outras medidas menos importantes do ponto de vista de condicionantes geológicos.

Foto do acidente da Estação Pinheiros – SP, linha 4