ESTUDO DE CASO APLICADO A CADEIA PRODUTIVA DE … · utilizaÇÃo de material reciclado na...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE MESTRADO EM LOGÍSTICA E PESQUISA OPERACIONAL
MARILENE GONDIM DA SILVA
ESTUDO DE CASO APLICADO A CADEIA PRODUTIVA DE
ASFALTO: AVALIAÇÃO DOS BENEFÍCIOS ECONÔMICOS NA
UTILIZAÇÃO DE MATERIAL RECICLADO NA RESTAURAÇÃO DE
PAVIMENTOS
FORTALE ZA – CE
2012
MARILENE GONDIM DA SILVA
ESTUDO DE CASO APLICADO A CADEIA PRODUTIVA DE
ASFALTO: AVALIAÇÃO DOS BENEFÍCIOS ECONÔMICOS NA
UTILIZAÇÃO DE MATERIAL RECICLADO NA RESTAURAÇÃO DE
PAVIMENTOS
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Logística e Pesquisa Operacional da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciência (MSc.) em Logística e Pesquisa Operacional.
Orientador: Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues
FORTALEZA – CE
2012
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará
Biblioteca de Pós-Graduação em Engenharia - BPGE
G617a Silva, Marilene Gondim
Método de avaliação de desempenho da reciclagem de pavimentos através de indicadores estratégicos: um estudo de caso aplicado em uma empresa da cadeia produtiva do asfalto / Marilene Gondim da Silva. – 2012.
72 f.: il. Color. enc. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós- Graduação. Programa de Mestrado em Logística e Pesquisa Operacional, Fortaleza, 2011.
Área de Concentração: Gestão Logística
Orientação: Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues
1. Asfalto. 2. Reciclagem. 3. Indicadores. 4. Produtividade. 5.Logística Reversa.
CDD 003
MARILENE GONDIM DA SILVA
ESTUDO DE CASO APLICADO A CADEIA PRODUTIVA DE
ASFALTO: AVALIAÇÃO DOS BENEFÍCIOS ECONÔMICOS NA
UTILIZAÇÃO DE MATERIAL RECICLADO NA RESTAURAÇÃO DE
PAVIMENTOS
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Logística e Pesquisa Operacional, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Logística e Pesquisa Operacional. Área de concentração: Gestão Logística
Aprovado em: ___/___/___
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues (Orientador) Universidade Federal do Ceará – UFC
__________________________________________
Prof. Dr. Fernando Ribeiro de Melo Nunes Universidade Federal do Ceará – UFC
__________________________________________
Profª. Drª. Ana Augusta Ferreira de Freitas Universidade Estadual do Ceará
AGRADECIMENTOS
A Deus, em quem deposito toda minha fé e confiança.
A minha família, que me deu o apoio necessário para que pudesse atingir meus
objetivos e compreenderam minha ausência.
Ao meu orientador e amigo, professor Maxweel Veras Rodrigues, que muito me
auxiliou na conclusão desse projeto.
Aos professores João Bosco Furtado Arruda, João Welliandre Carneiro Alexandre e
Fernando Ribeiro de Melo Nunes, que me proporcionaram grandes aprendizados no decorrer
do curso.
Ao meu grande amigo Rodrigo Frank de Souza Gomes, que sempre esteve ao meu
lado em todo o curso, com todo seu empenho, dedicação e disciplina. Um exemplo de homem
e amigo.
Aos meus amigos do GESLOG que acreditaram: “vai dar tudo certo”.
Ao diretor da Betunel, Sr. Maurício Souza, que muito me auxiliou com seus ricos
conhecimentos.
A família Betunel, da qual faço parte há 11 anos e me permitiu ausentar-me quando
necessário para realização desse projeto.
A todos os meus amigos que sempre estiveram próximos, mesmo à distância.
A todas as pessoas que participaram de alguma forma da elaboração desse trabalho e
acreditaram na realização desse sonho.
RESUMO
Um dos principais problemas para o crescimento sócio econômico de uma região é a situação
das rodovias responsáveis pelo escoamento da sua produção. O objetivo deste trabalho
consiste em apresentar um método adequado de avaliação de desempenho que permita definir
indicadores estratégicos que podem ser obtidos ao utilizar a reciclagem de pavimentos como
uma solução ecologicamente correta para recuperação de rodovias. Segundo FRESAR (2009)
nos últimos 30 anos tem havido um crescimento expressivo na restauração de pavimentos
através da reciclagem dos materiais da camada betuminosa e bases granulares, uma vez que a
fundação das estruturas dos pavimentos sofre menor deterioração e tem sua vida útil mais
longa, atingindo assim objetivos técnicos e econômicos ao construir rodovias eficientes e
seguras com um menor consumo de energia e menores impactos ambientais, quando
comparada a manutenção convencional de pavimentos.
A recuperação das rodovias pode ser realizada através de processo convencional, sem utilizar
os resíduos gerados na fresagem do pavimento, ou utilizando esses resíduos como agregados
através da reciclagem. A reutilização desses resíduos através de uma rede reversa permitirá o
aproveitamento desses materiais proporcionando uma redução de custos aos processos de
recuperação das rodovias evitando o acúmulo e destinação indevida desses resíduos. Através
de uma análise comparativa entre as duas situações, o estudo busca a maximização dos
recursos nesse processo com foco nos benefícios que podem ser atingidos através da geração
de indicadores estratégicos, objetivando minimizar os custos e através da logística reversa,
reduzir os impactos ambientais proporcionados pela destinação incorreta dos resíduos da
restauração dos pavimentos. O trabalho permite conhecer os custos relevantes aos processos
convencionais e de reciclagem e toda a cadeia de suprimentos do asfalto, bem como o
detalhamento de como ocorre o processo de reciclagem para se apresentar ao final, os
benefícios que podem ser atingidos com processo de logística reversa e que serão
representados através de indicadores.
Palavras-chave: asfalto, reciclagem, indicadores, produtividade, logística reversa.
ABSTRACT
One of the main problems for the socio-economic growth of a region is the situation of the
roads responsible for disposing of their production. The objective of this study is to provide a
suitable method of performance evaluation that allows defining strategic indicators that can be
obtained when using the pavement recycling as a solution for environmentally friendly
recovery of highways. According MILLING (2009) in the last 30 years there has been
significant growth in the restoration of flooring material through recycling of bituminous
layer and granular bases, since the foundation of the pavement structures suffer less
deterioration and has a longer lifespan, thereby achieving technical and economic objectives
to build efficient and safe highways with lower energy consumption and lower environmental
impacts when compared to conventional pavement maintenance.
The recovery of the highways may be accomplished by conventional process, without using
the machining waste generated in the pavement, or by using these residues as aggregates
through recycling. The reuse of such waste through a network will reverse the use of these
materials providing a cost reduction to the recovery process of the roads avoiding undue
accumulation and disposal of such waste. Through a comparative analysis between the two
situations, the study seeks to maximize resources in this process with a focus on the benefits
that can be achieved through the generation of strategic indicators, aiming to minimize costs
and through reverse logistics, reduce environmental impacts provided by Incorrect disposal of
waste from restoration of pavements. The work allows to know the relevant costs to
conventional processes and recycling and the whole supply chain of asphalt, as well as
detailing the recycling process is to provide the end, the benefits that can be achieved with
reverse logistics process and to be represented by indicators.
Keywords: asphalt, recycling, indicators, productivity, reverse logistics.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Estrutura do modelo proposto para apresentação das vantagens competitivas
do processo de reciclagem................................................................................
31
Figura 2 Arquitetura da cadeia de suprimentos de asfaltos............................................ 37
Figura 3 Fluxograma simplificado de obtenção de asfalto............................................ 37
Figura 4 Agentes da cadeia de asfaltos e suas atuações................................................ 38
Figura 5 Tanques de armazenamento de produtos asfálticos........................................ 39
Figura 6 Caminhão-tanque para transporte de materiais asfálticos.............................. 40
Figura 7 Descarga de um navio direto para o caminhão-tanque no Porto Mucuripe
(CE)................................................................................................................
41
Figura 8 Aplicação de pavimento em rodovia.............................................................. 42
Figura 9 Trem de reciclagem utilizado na reciclagem a frio in situ.............................. 44
Figura 10 Reciclagem a frio m usinas............................................................................. 45
Figura 11 Ilustração das etapas de composição de um pavimento................................. 52
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Valores de referência para composição de custos............................ 52
Tabela 2 Custo referente ao serviço de fresagem conforme tabela DNIT..... 53
Tabela 3 Custo referente ao serviço de limpeza e pintura de ligação conforme tabela DNIT.................................................................... 53
Tabela 4 Custo referente ao serviço de usinagem de material reciclado conforme tabela DNIT....................................................................
54
Tabela 5 Custo referente ao serviço de usinagem de material virgem conforme tabela DNIT...................................................................
55
Tabela 6 Custo referente ao serviço de usinagem de material virgem conforme tabela DNIT...................................................................
55
Tabela 7 Custo referente ao serviço de transporte de material conforme tabela DNIT....................................................................................
55
Tabela 8 Custo referente ao serviço de transporte de material conforme tabela DNIT....................................................................................
56
Tabela 9 Custo total de recuperação com utilização da reciclagem de pavimentos......................................................................................
56
Tabela 10 Tabela de resultado de indicadores................................................. 57
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABEDA Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfaltos
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ADP Asfalto diluído de petróleo
ANP Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis
ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres
ARRA Asphalt Recycling & Reclaiming Association
CAP Cimento asfáltico de petróleo
CM Cura média
CNT Confederação Nacional do Transporte
CR Asfalto diluído de cura rápida
CRQ Conselho Regional de Química
DECONCIC Departamento da Indústria da Construção
DERT Departamento de Edificações Rodovias e Transportes do Ceará
DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre
EAC Emulsões Asfálticas Catiônicas
FIESP Federação da Indústria do Estado de São Paulo
IBAMA Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis
IBP Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Combustíveis
LUBNOR Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
PETROBRAS Petróleo Brasileiro S/A
REDUC Refinaria de Duque de Caxias
REFAP S/A Refinaria Alberto Pasqualini
REGAP Refinaria Gabriel Passo
REMAN Refinaria de Manaus
REPAR Refinaria Presidente Getúlio Vargas
REPLAN Refinaria do Planalto paulista
REVAP Refinaria Henrique Lage
RLAM Refinaria Landulpho Alves
SEMACE Superintendência Estadual do Meio Abiente
SICRO Sistemas de Custos Referenciais de Obras do estado do Ceará
SMS Segurança, Meio Ambiente e Saúde
SUMÁRIO
1 Introdução……......................................................................................... 13
1.1 Problema.................................................................................................... 14
1.2 Objetivos.................................................................................................... 15
1.2.1 Objetivo Geral........................................................................................... 15
1.2.2 Objetivos Específicos................................................................................ 15
1.2.3 Estrutura do Trabalho............................................................................. 15
2 Fundamentação Teorica.......................................................................... 17
2.1 Cadeia produtiva de asfaltos.................................................................... 17
2.2 Resíduos de asfaltos gerados na recuperação de pavimentos............... 21
2.3 Indicadores estratégicos de desempenho econômico em empresas da cadeia de asfalto........................................................................................
23
2.4 A logística reversa no processo de reciclagem de asfaltos..................... 27
2.5 Considerações finais................................................................................. 29
3 Metodologia do Estudo…………............................................................ 30
3.1 Metodologia da Pesquisa.......................................................................... 30
3.2 Estrutura do Método................................................................................ 30
3.2.1 Etapa 1 – Analisar a cadeia produtiva do asfalto.................................. 32
3.2.2 Etapa 2 – Analisar o processo de reciclagem dos pavimentos.............. 34
3.2.3 Etapa 3 – Definir o conjunto de indicadores estratégicos para avaliação de desempenho do processo de logística reversa através da reciclagem de pavimentos………………………………………………
33
3.2.4 Etapa 4 – Realizar análise comparativa entre os projetos de recuperação de uma rodovia utilizando a reciclagem de pavimentos com outras técnicas...................................................................................
34
3.3 Considerações Finais................................................................................ 34
4 Aplicação do Método Proposto……………........................................... 35
4.1 Caracterização da Empresa..................................................................... 35
4.2 Definição do cenário para analise dos indicadores................................ 35
4.3 Aplicação do Método................................................................................ 36
4.3.1 Etapa 1 – Analisar a cadeia produtiva do asfalto.................................. 36
4.3.2 Etapa 2 – Analisar o processo de reciclagem dos pavimentos.............. 42
4.3.3 Etapa 3 – Definir o conjunto de indicadores estratégicos para avaliação de desempenho do processo de logística reversa através da reciclagem de pavimentos. ......................................................................
46
4.3.4 Etapa 4 – Comparar projetos de recuperação de uma rodovia utilizando a reciclagem de pavimentos com outras técnicas.................
48
4.4 Considerações Finais................................................................................ 57
5. Conclusão.................................................................................................. 59
5.1 Análise dos Resultados Obtidos............................................................... 59
5.2 Considerações Finais................................................................................ 60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 62
ANEXOS.................................................................................................... 66
13
1. Introdução
O setor rodoviário brasileiro é o mais expressivo modal de transportes de cargas do
país, atingindo praticamente todos os pontos do território nacional. O Sistema Rodoviário
Nacional teve seu ápice de crescimento no período de 1960 a 1980. Segundo dados da CNT –
Confederação Nacional do Transporte, de 2008, o Brasil, possui entre Municipais, Estaduais e
Federais, 1.751.872km de rodovias pavimentadas e não pavimentadas, de um total de
8.514.876 km² de extensão territorial brasileiro. Dessa extensão rodoviária, 14,4% são de
rodovias estaduais, 78,8% são de rodovias municipais e 6,7% são de rodovias federais. As
estradas não pavimentadas são a maioria, representando 88,8% contra 11,1%, ou seja,
196.093km de rodovias pavimentadas. O Estado do Ceará é composto por uma rede
rodoviária de 53.325,4km, considerando toda a malha rodoviária, municipal, estadual e
federal, sendo 5.767,6km de rodovias estaduais pavimentadas e 04.890,3 km não
pavimentados (DERT, 2010).
Somando-se a escassez de recursos e o baixo volume de obras de implantação e
pavimentação de novas rodovias, a malha viária brasileira encontra-se penalizada. O
pavimento das rodovias é um valioso patrimônio público e deve ser conservado com
prioridade pelo setor de infraestrutura. O estado de conservação do pavimento das rodovias
impacta significativamente na economia do país, de uma região e da sociedade. A falta de
manutenção ou novos projetos rodoviários impactam diretamente no custo operacional dos
veículos, onerando os fretes, aumentando o tempo das viagens e influenciando no valor final
dos produtos transportados, bem como na sociedade em geral.
Dessa forma uma malha viária bem conservada permite o escoamento das safras,
acelerando o desenvolvimento da região, contribuindo assim para promover a indústria e o
comércio, para melhorar a viabilidade das zonas urbanas, com o aumento dos empregos, com
a educação e com a geração de novas oportunidades (QUEIROZ et al., 1992).
Alem disso a mecanização exige grandes investimentos em equipamentos de alto custo
e exige serviços relacionados planejados e executados, o que só pode ser adquirido através de
empresas de alto padrão de eficiência (RICARDO, 1990). É fato que a alocação racional dos
recursos necessários à execução desses serviços pode reduzir significativamente os custos das
obras, conhecendo com precisão as quantidades e destino dos materiais das diversas seções
14
em corte, assim como a origem e disposição dos materiais utilizados como agregados,
originários das extrações das jazidas que são usados nas diversas soluções de pavimentações.
Portanto a reutilização dos agregados do pavimento deteriorado, para serviços de
reconstrução, restauração e conservação, propicia uma redução da demanda de novos
materiais. Com objetivo de aproveitar parte da vida útil da rodovia, existem soluções de
fresagem, processo onde é extraída uma camada do pavimento ainda em boas condições,
gerando uma grande quantidade de resíduos e aplicando tecnologias que aproveitam até 100%
desse material extraído, e, em seguida aplicando uma nova camada asfáltica que recupera e
rejuvenesce o pavimento. Esse processo de reciclagem é definido como uma reutilização dos
materiais existentes nos pavimentos, depois de alguns procedimentos técnicos, com objetivo
de conservar os agregados dos ligantes asfálticos, preservando o meio ambiente e mantendo
as condições geométricas existentes.
Por sua vez a conservação desse material representa uma redução de custos
proporcionada pela reciclagem do material, onde a quantidade de asfalto adicionado pode
variar de 1 a 3% no processo, enquanto em uma nova mistura, é necessário 6% de asfalto no
processo de uma nova rodovia, além dos custos com transporte que também reduz de forma
considerável.
1.1 Problema
O crescimento da população e a quantidade de resíduos gerados por estes vêm
provocando altos custos e grandes transtornos nas grandes metrópoles. Os resíduos gerados
pelo recapeamento decorrente da manutenção e recuperação das vias e rodovias provocam
grandes impactos ambientais devido à disposição irregular dessas matérias, na maioria das
vezes ficando a margem da rodovia ou sendo direcionados a aterros.
A reutilização desses resíduos como agregados através de uma rede reversa permitirá o
aproveitamento desses materiais reduzindo custos ao projeto de recuperação das rodovias e
evitando o acúmulo e destino indevido dessas sobras que na maioria das vezes encontra-se em
bom estado.
Objetivando conhecer esses custos relevantes a reciclagem de pavimentos, sua
participação e importância na composição dos custos da obra, levantou-se o seguinte
questionamento:
15
Como comprovar a efetividade dos benefícios econômicos na utilização de material
reciclado na restauração de pavimentos dentro da cadeia produtiva do asfalto?
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste estudo é avaliar os benefícios obtidos através da reciclagem dos
resíduos de pavimentos dentro da cadeia produtiva do asfalto, estabelecendo parâmetros que
alicercem as escolhas dos órgãos públicos, empresas privadas e profissionais que desejem
optar por essa solução.
1.2.2 Objetivos Específicos
• Analisar a utilização de resíduos reciclados na cadeia produtiva de asfaltos e a
importância econômica para o desenvolvimento de uma região;
• Justificar a utilização de resíduos como agregados na composição de novos
pavimentos pelas empresas privadas;
• Analisar como ocorre o processo de reciclagem de pavimentos;
• Apresentar a importância da reciclagem de resíduos para a cadeia produtiva de
asfaltos e os benefícios obtidos através da Logística Reversa.
1.2.3 Estrutura do Trabalho
O presente trabalho encontra-se estruturado em seis capítulos, descritos a seguir:
O capítulo 1 aborda a introdução do trabalho apresentando a justificativa e delimitação do assunto, os objetivos gerais e específicos, e a estrutura a ser seguida.
O capítulo 2 apresenta através da fundamentação teórica, a cadeia produtiva de asfaltos, os resíduos de asfaltos gerados na recuperação de pavimentos, os indicadores de estratégicos de desempenho que auxiliarão na análise dos processos, os aspectos relevantes a composição dos custos inerentes a reciclagem de pavimentos, bem como conceito de logística reversa e seus benefícios ao meio.
O capítulo 3 aborda a metodologia do estudo iniciando com a metodologia da pesquisa e em seguida apresentando cada uma das etapas do método proposto.
O capítulo 4 apresenta a aplicação do método através de dados reais de empresas que atuam no mercado de reciclagem de pavimentos asfálticos, identificando a atuação dos componentes da cadeia em estudo e todas as suas etapas.
16
O capítulo 5 traz a análise dos resultados, considerações finais sobre o trabalho e as recomendações para trabalhos futuros.
Ao final deste trabalho, encontram-se as referências bibliográficas e os anexos que serviram de base para a elaboração desta dissertação.
17
2. Fundamentação Teórica
Esse capítulo pretende apresentar a cadeia produtiva de asfaltos e seus componentes
desde o refino do asfalto até o consumidor final, onde o produto é aplicado, com ênfase nos
resíduos gerados nessa cadeia e os indicadores de desempenho estratégicos para as empresas
envolvidas no processo. O capítulo também destaca um entendimento acerca do conceito de
logística reversa e sua aplicabilidade ao processo.
2.1 Cadeia produtiva de asfaltos
A importância da cadeia produtiva do asfalto se torna ainda mais clara quando se leva
em consideração todos os benefícios que seu desenvolvimento traz ao país. Um dos maiores
custos dos produtos brasileiros está diretamente ligado à qualidade dos pavimentos que
permite escoar a produção das regiões do país em direção aos centros consumidores e portos.
A qualidade das rodovias do país influi diretamente nos custos dos fretes e no
consumo geral de todos os veículos. A má qualidade das rodovias aumenta o consumo de
combustíveis e por consequência uma maior quantidade de emissão de gases na atmosfera,
aumentando o efeito estufa.
O asfalto, material que compõe o pavimento, é um produto de consistência variável,
aderente, altamente impermeabilizante e durável. É constituído predominantemente de
betume, que pode se obtido diretamente de jazidas ou por meio do refino de petróleo. As
primeiras aplicações de asfalto para pavimentação datam do início do século XX em países
como a França, Estados Unidos e Inglaterra. No Brasil a primeira aplicação de asfalto em
pavimentação foi feita em 1906, na cidade do Rio de Janeiro, utilizando asfalto natural de
Trinidad (IBP, 1999).
Esse asfalto moderno é um constituinte natural do petróleo. A maioria dos óleos crus
contém um pouco de asfalto; às vezes o óleo cru pode ser inteiramente constituído de asfalto,
contudo, existem alguns óleos crus que não contém asfalto.
O petróleo cru dos poços de exploração tem seus constituintes ou frações separados na
refinaria. O meio principal de proceder à separação é a destilação. Após a separação, os
constituintes sofrem refino ou processamento adicional para a obtenção de produtos que
18
atendem a requisitos específicos. Portanto, as refinarias de petróleo fornecem asfalto,
parafina, gasolina, óleo lubrificante e outros produtos (INSTITUTO DE ASFALTO, 1989).
Considerando que o asfalto é a base do óleo cru, não ocorre sua evaporação ou
ebulição ao se destilar esse produto. Dessa forma, o asfalto é um resíduo ou produto residual
valioso e essencial para uma variedade de aplicações na engenharia.
O asfalto também é um material betuminoso porque contém betume, que é um
hidrocarboneto, solúvel no bissulfeto de carbono. Esse asfalto do petróleo utilizado em
pavimentos é chamado usualmente de asfalto de pavimentação ou cimento asfáltico, de modo
a distingui-lo do asfalto próprio para utilizações que não sejam de pavimentação, tais como
em impermeabilização e finalidades industriais (INSTITUTO DE ASFALTO, 1989).
O termo pavimento asfáltico é aplicado genericamente a todo pavimento cuja
superfície seja construída com asfalto. Normalmente, consiste numa camada superficial de
agregado mineral revestido e cimentado pelo asfalto e de uma ou mais camadas de apoio.
Pavimento é uma estrutura construída sobre a superfície obtida pelos serviços de
terraplenagem com a função principal de fornecer ao usuário segurança e conforto, que devem
ser conseguidos sob o ponto de vista da engenharia, isto é, com a máxima qualidade e mínimo
custo (SANTANA, 1993);
Alem disso, para que ocorra a distribuição desse material asfáltico, existe a exploração
do petróleo que é à base da cadeia produtiva do asfalto. Essa atividade de exploração e refino
é executada pela Petrobras (Petróleo Brasileiro S/A) em todo o território nacional.
No território nacional a Petrobrás produz os asfaltos CAP e ADP em 09 refinarias de
petróleo: Refinaria de Manaus – REMAN; Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste
– LUBNOR; Refinaria Landulpho Alves – RLAM; Refinaria Gabriel Passo – REGAP;
Refinaria de Duque de Caxias – REDUC; Refinaria Henrique Lage – REVAP; Refinaria do
Planalto paulista – REPLAN; Refinaria Presidente Getúlio Vargas – REPAR e Refinaria
Alberto Pasqualini – REFAP S/A.
As refinarias produzem dois tipos de asfaltos de pavimentação: o CAP (cimento
asfáltico de petróleo) e o ADP (asfalto diluído de petróleo). Os asfaltos para pavimentação são
comercializados em quatro formas: i) cimentos asfálticos de petróleo (CAP); ii) asfaltos
19
diluídos de petróleo (ADP); iii) emulsões asfálticas (EAC); e iv) asfaltos modificados
(asfaltos polímeros) (DECONCIC, 2009).
O CAP é um produto termossensível que exige transporte e armazenamento adequados
que o mantenha aquecido entre 140ºC e 177ºC. Essa característica exige um controle
constante durante todas as etapas da logística e manuseio do produto seja pelo produtor, como
pelos distribuidores e consumidores, para manutenção da temperatura adequada em cada
etapa da cadeia produtiva.
O ADP resulta da diluição do CAP por nafta em processo simples de homogeneização.
O resultado são produtos menos viscosos que podem ser aplicados a temperaturas próximas
da ambiente, e que após a evaporação de seus componentes de diluição deixa como resíduo o
próprio CAP. No Brasil os asfaltos diluídos são classificados em duas categorias: CR – asfalto
diluído de cura rápida; e CM – asfalto diluído de cura média.
As emulsões asfálticas são ligantes betuminosos que utilizam água como veículo para
torná-los aplicáveis em pavimentação a temperaturas próximas da ambiente. Tais emulsões
são utilizadas para diversos serviços em pavimentação como pintura de ligação, tratamentos
superficiais simples, duplo e triplo, micro revestimento etc. (ABEDA, 2010).
Por fim, têm-se os asfaltos modificados que podem ser agrupados em: i) agentes de
reciclagem/agentes de rejuvenescimento: são materiais utilizados na reciclagem de
revestimentos asfálticos, para aproveitamento do ligante envelhecido; ii) asfaltos modificados
por produtos naturais: buscam modificar o CAP, melhorando suas propriedades mecânicas; e
iii) asfaltos modificados por polímeros ou por borracha: incorporação ao CAP de polímeros
ou pó de borracha de pneus inservíveis em quantidades apropriadas.
Além da produção dos asfaltos pela Petrobras, ainda existe a possibilidade de
importação de asfaltos para atender a demanda do mercado.
Dando sequencia a cadeia produtiva de asfaltos, após deixar a refinaria, o asfalto (CAP
e ADP) é predominantemente transportado por distribuidoras credenciadas pela Agência
Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A ANP tem como umas das
principais atribuições à implantação da regulação da qualidade de derivados de petróleo dos
interesses dos consumidores quanto ao preço, qualidade e oferta dos produtos.
20
As distribuidoras são autorizadas pela ANP a realizarem serviço de transporte dos
asfaltos para as suas áreas de aplicação, além de poderem executar modificações no produto.
Com isso, as distribuidoras podem criar emulsões asfálticas ou asfaltos modificados com
polímeros a partir dos produtos retirados nas refinarias. Neste segmento da cadeia também
aparecem as transportadoras com autorização específica da Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT). As transportadoras podem ser contratadas por consumidores finais que
compram asfaltos diretamente das refinarias ou são subcontratadas por distribuidoras. As
transportadoras têm autorização apenas para transportar o produto asfalto, não podendo
realizar qualquer outro tipo de serviço relacionado à transformação ou comercialização do
produto.
A distribuição de asfaltos é uma atividade considerada de utilidade pública, que
compreende a aquisição, armazenamento, transporte, ativação, industrialização, misturas,
comercialização, controle de qualidade e assistência técnica ao consumidor (Art. 1°, § Único
da Resolução ANP n° 2, de 14/01/05), pela qual o distribuidor de asfaltos somente poderá
executar tal atividade por meio de autorização prévia da ANP. Os distribuidores também
produzem asfaltos modificados e emulsões asfálticas de alta tecnologia que contribuem para a
maior durabilidade das ruas e estradas na quais são aplicados.
No mercado nacional, a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de asfaltos
– ABEDA representa a maioria das empresas distribuidoras e produtoras de produtos
asfálticos para os setores de pavimentação e da construção civil.
A cadeia do segmento de asfalto encerra-se com o consumidor final, com quem o
distribuidor comercializa os materiais asfálticos que são os órgãos públicos federais, estaduais
e municipais através das diversas modalidades de licitação, seguido das concessionárias
privadas e construtoras em geral, que são empresas privadas de construção civil, contratada
pelos órgãos públicos para executar as obras de pavimentação. Nas duas situações, os
consumidores adquirem o produto para consumo final, caracterizando o fim da cadeia
produtiva de asfaltos.
As construtoras produzem ou recebem de terceiros, materiais pétreos ou agregados
como pedras e areais, conforme requisitos de qualidade específicos, que quando misturados
ao produto asfáltico constituem as misturas asfálticas. Em geral, as misturas asfálticas são
feitas em usinas fixas ou em equipamentos móveis apropriados, que também podem ser da
própria construtora ou de terceiros.
21
Assim se encerra a cadeia produtiva de asfaltos com cerca de 95% dos produtos
asfálticos utilizados na pavimentação de obras públicas e privadas de pavimentação viária,
tornando os governos federal, estadual e municipal os principais consumidores, seguidos das
concessionárias de rodovias e construtoras.
2.2 Resíduos de asfaltos gerados na recuperação de pavimentos
A reciclagem de resíduos gerados pela indústria da construção vem se consolidando
como uma prática importante para a sustentabilidade, seja pelo impacto ambiental gerado pelo
setor ou pela redução de custos para as organizações.
O resíduo é o resultado de processos de diversas atividades da comunidade de origem:
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e ainda da varrição pública,
(DONATO, 2008). Os resíduos apresentam-se nos estados sólido, gasoso e líquido.
Graças à industrialização, advento de novas tecnologias, crescimento populacional e
aumento de pessoas nos grandes centros urbanos e diversificação do consumo de bens e
serviços, os resíduos se transformaram em graves problemas urbanos com um gerenciamento
oneroso e complexo, considerando o volume e massa acumulados.
Uma solução adequada para os problemas gerados é a reciclagem de resíduos, onde a
construção civil tem um grande potencial de utilização desses materiais. De uma forma geral,
estes ciclos para a construção tentam aproximar a construção civil do conceito de
desenvolvimento sustentável, entendido aqui como um processo que leva a mudanças na
exploração de recursos, na direção dos investimentos, na orientação do desenvolvimento
tecnológico e nas mudanças institucionais, todas visando à harmonia e ao entrelaçamento nas
aspirações e necessidades humanas presentes e futuras. Este conceito não implica somente
multidisciplinaridade, envolve também mudanças culturais e educação ambiental.
Embora a redução na geração de resíduo seja sempre uma ação necessária, ela é
limitada, uma vez que existem impurezas na matéria-prima, envolve custos e patamares de
desenvolvimento tecnológico (SOUZA et al., 1999; JOHN, 2000).
O tema reciclagem vem ganhando bastante espaço em diversas áreas da Engenharia.
Um dos principais fatores que alavancaram a preocupação com o assunto está relacionado
com o meio ambiente e com as fontes básicas de produtos que serão extintos um dia, como o
petróleo.
22
No Brasil, a reciclagem de resíduos ainda é muito tímida, se comparado com países do
primeiro mundo. Este atraso se deve a vários fatores como problemas econômicos,
tecnológicos e sociais. Assim, em larga medida a questão ambiental no Brasil, ainda é tratada como
sendo um problema de preservação da natureza.
A reciclagem de pavimento asfáltico, introduzida no mercado brasileiro no início da
década de 90, é hoje uma realidade nas grandes cidades brasileiras, viabilizando a reciclagem
tanto do asfalto quanto dos agregados do concreto asfáltico.
Essa solução tem o objetivo de reaproveitar integralmente os resíduos de demolição de
pavimentos no processo de produção de um novo concreto asfáltico, após surgimento da
necessidade de manutenção e recuperação da rodovia (ARRA, 2001).
Para que ocorra a reciclagem, alguns trechos de algumas rodovias são estudados e,
depois de identificado as características do pavimento existente, é feito um tratamento nos
locais que apresentaram problemas. Essa manutenção ocorre através da fresagem de uma
parte do pavimento, que em seguida recebe uma nova camada de pavimento.
Nesse processo de fresagem é gerada uma quantidade de resíduo que não tem uma
destinação correta, ficando a margem da rodovia ou sendo destinado a aterros. No mercado,
existem tecnologias que reciclam 100% desse material fresado de asfalto, reutilizando esse
resíduo como agregado na aplicação dessa nova camada do pavimento (BONFIM, 2000).
A fresagem é uma operação capaz de recuperar condições funcionais da superfície
existente. É, por definição, um processo de corte superficial, de forma controlada, de parte da
espessura do pavimento, que promove a correção de natureza funcional melhorando as
condições da estrutura existente.
Através da fresagem, é possível realizar a reciclagem do pavimento. A reciclagem de
pavimentos é uma técnica que tem como objetivo transformar o pavimento degradado numa
nova estrutura homogênea e adaptado ao tráfego para qual foi projetado. Essa técnica consiste
em reutilizar os materiais existentes numa das camadas da rodovia, na construção de uma
nova camada, mediante a desagregação desse material numa determinada profundidade,
adicionando um aglomerante, água e aditivo com dose específica baseada em testes e ensaios
específicos para o trecho da rodovia em análise, de acordo com as normas da ABNT.
23
Dessa forma a extração e beneficiamento de pedra britada produz forte impacto no
meio ambiente. A preparação de uma jazida para exploração requer a remoção de vegetação e
camada de solo, provocando alterações no ecossistema e o processo produtivo polui o ar ao
lançar pó de rocha e gases de explosivos na atmosfera.
O resíduo de demolição de pavimentos asfálticos é composto por esses mesmos
componentes, que podem ser reinseridos integralmente no processo produtivo do novo
concreto asfáltico.
Dessa forma, através da reciclagem e adoção de um programa de gerenciamento dos
resíduos decorrentes da fresagem de pavimentos asfálticos e seu posterior aproveitamento é
possível ocorrer reduções e benefícios significativos como:
• Redução do consumo de recursos naturais não renováveis, quando substituídos
por resíduos reciclados (JOHN, 2000 apud ÂNGULO et al., 2001);
• Destinação correta para os resíduos decorrente de fresagem de pavimentos
asfálticos (BONFIM, 2000);
• Redução no consumo de recursos naturais não-renováveis, quando
substituídos por resíduos reciclados (JOHN, 2000);
• Redução de áreas necessárias para aterro, pela minimização de volume de
resíduos pela reciclagem(PINTO, 1999).
• Redução do consumo de energia durante o processo de produção (JOHN,
2000).
• Embora a redução na geração de resíduo seja sempre uma ação necessária, ela
é limitada, uma vez que existem impurezas na matéria-prima, envolve custos
e patamares de desenvolvimento tecnológico (SOUZA et al., 1999; JOHN,
2000).
2.3 Indicadores estratégicos de desempenho econômico em empresas da cadeia de
asfalto
A medição tradicional tem como principal preocupação a medição em termos de uso
eficiente dos recursos. A relação entre os indicadores de custos e produtividade é intrínseca e
indissociável, considerando que todo aumento ou redução de custos tem um efeito direto
sobre a produtividade da organização.
24
A preocupação com a qualidade, produtividade e competitividade nos mercados
interno e externo, bem como o ajustamento às necessidades dos consumidores, geram a
necessidade de se estudar com mais precisão os custos que envolvem o processo produtivo.
Dessa forma, as empresas devem ter conhecimento de todos os custos, pois estes estão
intimamente relacionados com a produção de itens.
Com isso, os indicadores de desempenho mais abordados nesse cenário serão os de
produtividade visando a redução dos custos.
A análise dos indicadores estratégicos de desempenho nesse processo visa à
maximização do resultado econômico da cadeia, buscando a redução dos custos no processo
de reciclagem de pavimentos e preservando o meio ambiente através da aplicação de técnicas
da logística reversa.
Custos referem-se ao valor dos fatores de produção consumidos por uma firma para
produzir ou distribuir produtos ou serviços, ou ambos (LEONE, 2009), ou ainda, os custos são
gastos relativos à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e serviços, ou seja, o
valor dos insumos usados na fabricação dos produtos da empresa (MARTINS, 1992), faz-se
necessário um completo levantamento e análise de informações referentes à estrutura dos
custos de agregados na composição do tratamento de pavimentos.
Com isso, faz-se necessário um completo levantamento e análise de informações
referentes à estrutura de custos e aos preços de agregados na composição do tratamento de
pavimentos, pois, de acordo com os custos referem-se ao valor dos fatores de produção
consumidos por uma firma para produzir ou distribuir produtos ou serviços, ou ambos
(LEONE, 2009). Os custos são gastos relativos à bem ou serviço utilizado na produção de
outros bens e serviços, ou seja, o valor dos insumos usados na fabricação dos produtos da
empresa (MARTINS, 1992).
Para atingir metas, a empresa necessita gerar indicadores que possam mensurar níveis
e quantitativos de atividades desempenhadas. Na busca de obter ganhos na realização de
determinadas atividades, é necessário monitorar essa tarefa tornando possível a mensuração
das mudanças efetivadas, bem como a garantia e consistência do processo.
O sistema de monitoramento permite que o processo em análise seja controlado e
analisado por um período, desde que ocorrências fora dos padrões estabelecidos sejam
investigadas e tenham suas causas identificadas e eliminadas. Assim, é possível utilizar os
25
problemas que surgem como forma de aprendizado e evitar reincidências nos erros. Além
desses benefícios, o sistema pode fomentar o aumento da produtividade através de metas
justas e factíveis.
Nesse contexto, objetivando o aumento da produtividade, os grandes desafios giram
em torna da busca da racionalização de recursos e serviços, da modernização e da
produtividade, que são indispensáveis a qualidade e produtividade. Para isso, é importante
estudar o desenvolvimento dos sistemas de medição, uma vez que eles fazem parte e auxiliam
o desenvolvimento de programas de aprimoramento.
A medição da produtividade considera a influencia de fatores conjunturais que podem
afetar a produção alcançada. Esse monitoramento de medidas de produtividade ao longo do
tempo pode gerar interpretação errônea se não forem considerados esses fatores conjunturais.
O resultado disso pode ser a redução da produtividade sem que a qualidade tenha sido
reduzida.
A medição da qualidade, por outro lado, também possui seus obstáculos e desafios, já
que para conseguir seus resultados, faz-se necessário um feedback dos clientes. Nesse cenário,
as empresas necessitam além de um sistema de medição, de um sistema de informação que
seja compatível com o monitoramento das atividades.
Para esse cenário, os indicadores estratégicos de produtividade e qualidade serão
analisados na reciclagem de pavimentos. O desempenho dessas atividades e seus impactos
afetam diretamente a eficiência da cadeia de suprimentos de asfaltos, visto que os benefícios
gerados pela reciclagem de pavimentos podem gerar ganhos para as empresas envolvidas e a
sociedade em geral. Com isso, é relevante a atribuição que deve ser dada ao monitoramento
de todas as atividades do processo de reciclagem dentro da cadeia. Quanto mais adequado for
o sistema de monitoramento e controle, mais consistência terão os indicadores que serão
gerados.
Medidas são observações quantificadas de algum aspecto ou atributo de um processo,
produto ou projeto. Elas aumentam nossa capacidade de compreender coisas inacessíveis às
nossas habilidades e inteligência naturais. Dessa forma, um sistema de medição pode ser um
instrumento muito útil para a tomada de decisão. Para Ward (1996, p. 59), medidas
selecionadas adequadamente fornecem a base necessária para atuação de um processo, uma
26
vez que apoiam análises eficazes das atividades monitoradas e são essenciais para qualquer
esforço direcionado à melhoria de qualidade. Não se pode controlar aquilo que se pode medir.
O monitoramento é a base para o controle das atividades, e para um melhor e continuo
aprimoramento, o ideal é que todas as atividades desempenhadas sejam medidas. A mera
existência de estimativa de produtividade pode servir de estímulo para que funcionários
passem a raciocinar em termos de eficiência e preocupar-se com elas (MOREIRA, 1991).
Graças a grande importância dos sistemas de medidas para as organizações, é
fundamental selecionar métricas que expressem com precisão o que está se tentando
mensurar. As empresas utilizam sistemas de medição de qualidade e produtividade para:
facilitar a comunicação; identificar áreas que precisam ser melhoradas; obter dados que
ajudam a entender problemas; avaliar alternativas; acompanhar progressos na direção de
metas; quantificar e informar resultados de melhorias; fornecer feedback do desempenho
obtido, além de alimentar as análises estatísticas (BYRNE, 1991).
As medidas de qualidade do serviço devem englobar dois tipos de medidas: as
“essenciais” e as de “valor agregado” (BYRNE, 1991). As essenciais são os indicadores de
produtividade e as de valor agregado são os indicadores de qualidade.
Medir a produtividade implica em medir a eficiência de um processo. O conceito de
produtividade é a razão entre o output real produzido e o input real consumido, onde output é
uma medida do trabalho realizado por uma atividade (exemplo: quantidade de asfalto
utilizado usando o processo de reciclagem x quantidade de asfalto usado usando o processo
convencional – sem reciclar) e o input é uma medida do recurso consumido para realizar o
trabalho (exemplo: relação homem/hora utilizado nos processos de recuperação de
pavimentos com e sem a utilização de reciclagem) (BYRNE, 1991). Ou seja, o conceito
apresentado por ser representado como: produtividade = output-produzido / input-consumido.
Vale ressaltar, conforme coloca o autor que o output-produzido não se trata de “esforço
dispendido”. O objetivo principal de estabelecer um sistema de medição de produtividade
para uma determinada atividade é prover a informação necessária para melhoria da
produtividade.
Nessa análise, é importante monitorar os resultados e compará-los com os valores
históricos e desempenhos obtidos. Vale salientar a diferença entre desempenho (performance)
27
e produtividade (output/input). Desempenho é uma medida do nível individual de esforço e
capacidade é a razão entre o output-real e o output-padrão.
Pode ser enganoso o uso da palavra produtividade num sentido genérico (MOREIRA,
1991). Não existe uma, mas sim várias medidas de produtividade. Para cada função, um
grande número de elementos de trabalho pode ser avaliado, cada um com sua unidade de
medida própria.
A produtividade pode ser aumentada de três formas: reengenharia do processo em si,
melhoria da utilização dos recursos e aumento do desempenho através de metas ou outros
incentivos (BYRNE, 1991). Sendo assim, obter maior produtividade, qualidade e controle no
processo de reciclagem de pavimentos pode ser o primeiro passo para justificar a utilização
desses insumos como agregados na execução de novos pavimentos, objetivando maiores
benefícios à cadeia.
2.4 A logística reversa no processo de reciclagem de asfaltos
A Logística Reversa tem sido tema frequente de livros modernos, artigos
internacionais e nacionais, demonstrando sua aplicabilidade e interesse em diversos setores
empresariais e apresentando novas oportunidades de negócios no Supply Chain Reverso,
criado por esta nova área da Logística. O conceito de Logística Reversa vem evoluindo nos
últimos 20 anos, apesar de aparentar um tema recente.
Nos anos 90, foram introduzidas novas abordagens da logística reversa, como a
logística do retorno dos produtos, redução de recursos, reciclagem, e ações para substituição
de materiais, reutilização de materiais, disposição final dos resíduos, reaproveitamento,
reparação e remanufatura de materiais (STOCK, 1992).
Segundo Council of Logistics Management (1993, p. 323), “Logística reversa é um
amplo termo relacionado às habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de redução,
movimentação e disposição de resíduos de produtos e embalagens.... “.
De acordo com Stock (1998, p. 20),
Logística Reversa é uma perspectiva de logística de negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e remanufatura.
28
Para Rogers e Tibben-Lembke (1999, p. 22),
A Logística Reversa é definida como processo de planejamento, implementação e controle da eficiência, do custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques de processo, produtos acabados e as respectivas informações, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recapturar valor ou adequar o seu destino.
A evolução desses conceitos tem ampliado a definição de logística reversa tal como
uma nova área da logística empresarial, preocupando-se em equacionar a multiplicidade de
aspectos logísticos do retorno ao ciclo produtivo dos resíduos industriais, por meio da
reutilização controlada do bem e de seus componentes ou da reciclagem dos materiais
constituintes, dando origem a matérias-primas secundárias que se reintegrarão ao processo
produtivo (LEITE, 2000).
Para Dornier et al. (2000, p. 39), “a Logística Reversa abrange áreas de atuação novas
incluindo o gerenciamento dos fluxos reversos”. Hoje, no entanto, essa definição expandiu-se
e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informações.
Já Bowersox e Closs (2001, p. 51) apresentam, por sua vez, a ideia de “Apoio ao Ciclo
de Vida” como um dos objetivos operacionais da Logística moderna referindo-se ao
prolongamento da Logística além do fluxo direto dos materiais e a necessidade de considerar
os fluxos reversos de produtos em geral.
E, mais recente, Donato (2008, p. 19) afirma que,
A Logística Reversa é a área da logística que trata dos aspectos de retornos de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo. Esse processo movimenta materiais reaproveitados que retornam ao processo tradicional de suprimento, produção e distribuição.
As diversas definições e citações de Logística Reversa até então revelam que o
conceito ainda está em evolução face às novas possibilidades de negócios relacionados ao
crescente interesse empresarial e o interesse de pesquisas nesta área na última década.
Assim, a Logística Reversa pode ser entendida como a área da Logística Empresarial
que planeja, opera e controla o fluxo, e as informações logísticas correspondentes, do retorno
dos bens de pós-venda e de pós - consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, através
dos Canais de Distribuição Reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico,
ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.
Na cadeia produtiva de asfaltos, a logística reversa dos resíduos ou materiais asfálticos
ocorre com a utilização do material fresado como agregado na composição do cimento
29
asfáltico a ser aplicado na recuperação do pavimento, utilizando as mais diversas técnicas
existentes no mercado.
Conforme Tuchumantel (1998), essa reciclagem vai proporcionar uma cadeia de benefícios como:
Aproveitamento dos materiais envelhecidos, contaminados ou de características inadequadas do pavimento existente, bem como a eliminação dos depósitos em aterro dos materiais retirados do pavimento e diminuição da extração de agregados das pedreiras existentes com todas as vantagens ambientais daí resultantes. Possibilita a reabilitação de uma só via da estrada, aspecto bastante importante em estradas de duas ou mais vias em que apenas uma deles está sujeita ao tráfego pesado, diminuindo assim problemas causados ao tráfego, e menor deterioração das estradas secundárias adjacentes, devido ao volume mais reduzido de transporte de novos materiais. Alem disso, proporciona menores custos de reabilitação de pavimentos em estradas em estado de ruína e a realização em simultâneo com o alargamento de uma estrada, o que é um fator importante já que geralmente a reabilitação dos pavimentos está associada a um alargamento da plataforma.
Pode-se, dessa forma, referir a reciclagem de pavimentos como um método de
construção que respeita o meio ambiente e é ao mesmo tempo econômico e sustentável, uma
vez que se reutilizam todos os materiais e reduzem-se os custos.
2.5 Considerações finais
Foram expostos, neste capítulo, aspectos relacionados com a cadeia produtiva de
asfaltos e os resíduos gerados na recuperação de pavimentos, conceito de indicadores de
desempenho estratégicos, bem como a evolução do conceito de Logística Reversa.
Mostrou-se também como a integração desses conceitos pode aumentar a
produtividade e melhorar a qualidade, auxiliando a tomada de decisão dos envolvidos nessa
cadeia. O próximo capítulo faz a explicação da metodologia do estudo detalhando o método
proposto para aplicação desses indicadores de desempenho estratégicos que através da
Logística Reversa, buscam maximizar o resultado econômico da cadeia produtiva de asfaltos,
levando em consideração as especificidades do processo produtivo.
30
3 Metodologia do Estudo
Nesse capítulo, será apresentada a metodologia do estudo e as etapas necessárias para
a apresentação dos resultados de forma a facilitar a compreensão do objeto de estudo.
3.1 Metodologia da Pesquisa
Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 83), o método científico é o conjunto das
atividades sistemáticas e racionais, que, com maior segurança e economia, permite alcançar o
objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido,
detectando erros e a auxiliando as decisões do cientista. Método é uma forma de selecionar
técnicas, forma de avaliar alternativas para ação científica. Assim, enquanto as técnicas
utilizadas por um cientista são fruto de suas decisões, o modo pelo qual tais decisões são
tomadas depende de suas regras de decisão. Os métodos são regras de escolha e as técnicas
são as próprias escolhas.
Através de uma revisão bibliográfica na cadeia de suprimento do asfalto, realizou-se
uma pesquisa buscando a fundamentação necessária ao presente estudo, através de conteúdos
publicados em livros, artigos, teses, dissertações e materiais disponíveis na internet. Esse
estudo foi elaborado, considerando como delimitadores as empresas que compõem a cadeia
produtiva de asfaltos referente à área de abrangência da Refinaria de Petróleo da Petrobras
localizada em Fortaleza. Para efeito deste trabalho, estabeleceu-se um cenário real com a
utilização de dados relativos aos indicadores de desempenho estratégicos inerentes a
reciclagem de pavimentos utilizando a Logística Reversa.
O cenário real é apresentado através de um estudo de caso como tentativa de uma
reprodução da realidade para o ensino. O uso de estudos de casos em pesquisa tem sido
apresentado de várias formas, porém a definição de Yin (2010, p.22) é adequada ao afirmar
que o estudo de caso é uma forma de se fazer pesquisa social empírica ao investigar-se um
fenômeno atual dentro de seu contexto de vida real, onde as fronteiras entre o fenômeno e o
contexto não são claramente definidas e na situação em que múltiplas fontes de evidências são
usadas.
3.2 Estrutura do Método
31
Este item apresenta a estrutura do estudo realizado para determinar os indicadores de
desempenho e através da logística reversa, buscar maximização do processo de reciclagem de
pavimentos apresentando as suas vantagens competitivas. É aconselhada a utilização do
método proposto em vias e rodovias que necessitam de correções funcionais nos pavimentos
objetivando reaproveitamento de materiais existentes. O estudo foi dividido em quatro etapas
para melhor controle dos dados a serem analisados.
A primeira etapa consiste em analisar a cadeia produtiva do asfalto, ou seja, quais
gargalos existem até o produto final asfalto e os custos que podem ser reduzidos, pois estes
têm influência direta nos resultados que se pretende obter. A segunda etapa corresponde à
análise do processo de reciclagem dos pavimentos e os seus benefícios.
A terceira etapa é a definição do conjunto de indicadores estratégicos para avaliação
de desempenho do processo de logística reversa através da reciclagem de pavimentos.
A quarta e última etapa consiste em apresentar um comparativo entre um projeto de
recuperação de um pavimento utilizando a reciclagem, e outra solução de pavimento sem
utilizar o material da rodovia a ser recuperada como agregado, ou seja, sem reciclar o
pavimento.
A fig. 1 mostra a estrutura do modelo proposto.
Figura 1 - Estrutura do estudo proposto para apresentação das vantagens competitivas do processo de reciclagem.
Fonte: Elaboração própria.
32
3.2.1 Etapa 1 – Analisar a cadeia produtiva do asfalto
Para que se possa entender o processo de reciclagem é necessário que se conheça a
estrutura da cadeia produtiva do asfalto, seu funcionamento e especificidades. Esta primeira
etapa consiste no levantamento e análise de todos os agentes envolvidos na cadeia e a
importância de cada um para ampliação da infraestrutura e o crescimento econômico da
região. Para que se entenda como ocorre o abastecimento de asfalto, é necessário que seja
feito uma análise detalhada considerando todos os parâmetros, que envolvem o planejamento
e crescimento de uma região.
Em cada uma das regiões geográficas do país o asfalto chega ao consumidor final
através de processos semelhantes ao que serão apresentados nesse trabalho, porém, para esse
estudo, serão consideradas as especificidades da cadeia produtiva referente à área de
abrangência da refinaria da Petrobras localizada em Fortaleza, LUBNOR.
Para execução desta etapa, o produto asfalto fará o elo entre todos os agentes da cadeia
produtiva considerando a relação entre as atividades de extração, produção, comercialização,
transporte, fiscalização e aplicação dos produtos asfálticos.
A próxima etapa abordará o processo de reciclagem dos pavimentos que através da
Logística Reversa, permite trazer de volta para a cadeia produtiva, os materiais asfálticos
gastos e deteriorados.
3.2.2 Etapa 2 – Analisar o processo de reciclagem dos pavimentos
Nesta etapa será analisado o processo de reciclagem apresentando seus benefícios do
ponto de vista econômico, se utilizados de forma correta e atendendo as exigências dos
projetos das áreas a serem recuperadas.
A reciclagem visa reduzir custos e os danos ambientais causados pelos resíduos
gerados através do processo de fresagem, considerando o valor econômico agregado e os
benefícios proporcionados por esta técnica. Vale ressaltar que, os benefícios citados não são
os únicos, existindo ainda fatores técnicos e econômicos que serão mensurados.
De posse dessas informações, serão definidos os indicadores estratégicos que
permitirão avaliar o desempenho do processo através da logística reversa, abordados na
próxima etapa.
33
3.2.3 Etapa 3 – Definir o conjunto de indicadores estratégicos para avaliação de
desempenho do processo de logística reversa através da reciclagem de
pavimentos.
Esta etapa consiste na definição de indicadores estratégicos para avaliar a eficácia do
processo de reciclagem de pavimento. Através da logística reversa, também será abordado as
vantagens ecológicas advindas de tal processo.
Neste contexto, torna-se importante estudar o desenvolvimento de sistemas de
medição de qualidade e produtividade, uma vez que esses indicadores servem de auxílio ao
desenvolvimento de programas de aprimoramento.
A medição da produtividade considera a influencia de fatores que podem afetar o o
custo final da obra, nesse estudo, os fatores serão monitorados em todos os processos,
buscando manter a qualidade do produto e por sua vez do pavimento que utiliza reciclagem.
Assim, a presente etapa visa apresentar os indicadores de produtividade citados a
seguir, que comparam a relação entre dois projetos de recuperação de pavimentos com as
mesmas especificações com utilização de técnicas diferentes – técnica convencional versus
técnica de reciclagem:
• Percentual de redução de extração de materiais virgens – asfalto, brita, areia,
materiais naturais escassos com características adequadas que tem forte
utilização junto às obras;
• Percentual de redução de destinação de resíduos – resíduos decorrentes da
fresagem do material que após extraído da rodovia, precisam de uma
destinação correta;
• Percentual de redução de custos conforme comparativo entre duas técnicas
apresentadas – ao utilizar o material fresado como agregado para construção de
um novo pavimento, os recursos utilizados serão menores proporcionando uma
redução de custos ao projeto.
Para esse estudo, o sistema de medição se dará através de um comparativo entre as
soluções aplicadas, com análise econômica e sustentável dos processos que será apresentado
na etapa seguinte.
34
3.2.4 Etapa 4 – Realizar análise comparativa entre os projetos de recuperação de uma
rodovia utilizando a reciclagem de pavimentos com outras técnicas.
Na presente etapa será realizado um comparativo para avaliar o desempenho de
pavimentos que foram restaurados por reciclagem, com o desempenho de outros pavimentos
que utilizaram outras técnicas.
O objetivo desse comparativo é verificar o desempenho das técnicas, através da
apresentação dos custos que compõem a atividade de pavimentação nas duas formas que serão
avaliadas. Além dos custos, serão avaliados e comparados os resultados de cada análise com
base nos indicadores de desempenho e nos benefícios sustentáveis apresentados.
Para esse comparativo, serão considerados os serviços envolvidos no processo de
restauração com serviço de fresagem com utilização de material virgem versus utilização de
material reciclado. Os serviços nos dois métodos são os mesmos e começam com a fresagem
do pavimento, o transporte do material fresado, a limpeza e pintura de ligação, a usinagem do
material asfáltico, o transporte do material usinado até a obra encerrando com a aplicação e
compactação do produto na rodovia. Os valores considerados para composição dos custos
desses serviços são das tabelas de referencias do DNIT.
Além do comparativo de custos entre os métodos de restauração do pavimento, será
avaliada a qualidade dos trechos executados apresentados no estudo de caso, a produtividade
dos processos e os resultados econômicos e de maior sustentabilidade para a cadeia produtiva
como um todo.
3.3 Considerações Finais
Foi detalhada, neste capítulo, a metodologia da pesquisa e as etapas da estrutura do
estudo sobre a utilização de resíduos reciclados na cadeia de produção de asfaltos, buscando
apresentar as vantagens competitivas, econômica e sustentável do processo de reciclagem de
pavimentos considerando os agentes envolvidos na cadeia, e comparar soluções visando à
maximização dos resultados e benefícios ao meio ambiente.
No próximo capítulo, será apresentada a aplicação do método proposto a partir de
dados reais relativos a projetos executados em rodovias nacionais.
35
4 Aplicação da analise proposta
Este capítulo apresenta o método proposto aplicado em uma empresa atuante no ramo
de pavimentação asfáltica com foco em soluções que permitam utilizar a reciclagem de
pavimentos. O método baseou-se em análises de projetos reais desenvolvidos em rodovias no
país utilizando o processo de reciclagem, com a participação dos agentes que compõem a
cadeia de suprimento do asfalto e as despesas e custos referentes à matéria-prima, mão de
obra direta e indireta, extração de recursos naturais e demais fatores de produção.
Para isso, utilizou-se a organização de um cenário empresarial, com objetivo de
apresentar informações e soluções que possam contribuir para uma melhor utilização dos
recursos existentes sem causar danos ao meio ambiente e sem perder a qualidade do produto
final.
Será apresentada a seguir a aplicação do método proposto no capítulo 3 explicando
cada uma de suas etapas.
4.1 Caracterização da Empresa
O estudo foi realizado em uma empresa do ramo de asfaltos presente no mercado há
mais de quatro décadas. O método foi testado através do comparativo de soluções oferecidas
ao mercado utilizando a reciclagem de pavimento com soluções que utilizaram outras técnicas
de recuperação, buscando sempre a participação dos demais agentes da cadeia de produção.
O interesse da empresa é desenvolver um conceito de reciclagem de pavimento com
maior produtividade e qualidade, maximizando os resultados e minimizando a utilização dos
recursos naturais. No próximo item, será apresentado o cenário para aplicação do método.
4.2 Definição do cenário para analise dos indicadores
A analise considerou como cenário da cadeia de suprimentos a refinaria da Petrobras,
localizada em Fortaleza no Ceará e sua área de abrangência. Para análise e comparativo dos
métodos de restauração dos pavimentos, foram considerados projetos executados na região
Sul do país. Os valores de referência para composição dos custos dos serviços convencionais
e de reciclagem foram extraídos das tabelas vigentes do DNIT (Departamento Nacional de
36
Infraestrutura de Transportes). Será apresentada a seguir a aplicação do método proposto no
capítulo 3 explicando cada uma de suas etapas.
4.3 Aplicação do Método
A aplicação do método proposto possibilitará uma análise da cadeia de suprimentos do
asfalto e do processo de reciclagem do pavimento apresentando um comparativo baseado em
indicadores de desempenho nas soluções de recuperação de um pavimento, utilizando ou não
o processo de reciclagem. O método é dividido em quatro etapas conforme descritas a seguir:
4.3.1 Etapa 1 – Analisar a cadeia produtiva do asfalto
Nessa etapa, é importante apresentar a estrutura da cadeia produtiva do asfalto,
incluindo o seu funcionamento, mão de obra utilizada, produtos fabricados, impostos
incidentes, entre outros assuntos pertinentes ao meio. A cadeia produtiva da pavimentação
asfáltica, assim como as demais cadeias produtivas de infraestrutura, impacta diretamente
todas as cadeias produtivas que recebem insumos ou escoam produção através da malha
rodoviária. Os dados aqui apresentados se limitam aos valores da cadeia do asfalto
isoladamente e estimam o potencial deste produto.
Na fig. 2, pode-se observar a cadeia produtiva do asfalto nesse contexto liderado pela
refinaria da Petrobras localizada em Fortaleza. O asfalto pode ser distribuído como ligante a
quente para uso em misturas ou pode servir de matéria prima para fabricação de outro
importante ligante rodoviário, a emulsão asfáltica.
37
Figura 2 - Arquitetura da cadeia de suprimentos de asfaltos.
Fonte: ABEDA (2011)
Para que o produto chegue ao distribuidor na forma de asfalto, existe um processo de
refino do Petróleo realizado pela Petrobras (Petróleo Brasileiro S/A). O asfalto é um material
de consistência variável, altamente impermeabilizante e durável. É constituído
predominantemente de betume e pode ser obtido diretamente de jazidas ou por meio do refino
de petróleo. A fig. 3 apresenta um fluxograma de obtenção do asfalto.
Figura 3 - Fluxograma simplificado de obtenção de asfalto.
Fonte: ABEDA (2011).
38
Cerca de 98% dos asfaltos utilizados na pavimentação de ruas e estradas são oriundos
do refino de petróleo. Também são utilizados nas aplicações industriais, impermeabilizantes,
isolantes, dentre outros, conforme a Petrobras, empresa responsável pela venda de asfaltos aos
distribuidores no Brasil. Sabe-se ainda que 97% das rodovias brasileiras possuem pavimento
asfáltico, e nesse segmento atuam vários agentes que detêm funções e responsabilidades sobre
o produto final, o pavimento asfáltico.
Conforme citado no capítulo 2 desse trabalho, são fabricados basicamente dois tipos
de asfaltos, cada um com suas aplicações específicas que são: CAP (Cimento asfáltico de
petróleo) e o ADP (Asfalto diluído de petróleo), e desses produtos, os distribuidores através
de beneficiamentos na matéria-prima fabricam outros produtos como as emulsões e os
asfaltos modificados.
Na cadeia produtiva de asfaltos estão presentes alguns agentes conforme apresentado
na figura 2 deste capítulo. Esses agentes detêm responsabilidades específicas em relação ao
produto conforme cada etapa do processo. A cadeia é composta pelo produtor, distribuidor,
transportador, construtor, fiscais de obras, projetistas, etc., conforme fig 4.
Figura 4 - Agentes da cadeia de asfaltos e suas atuações.
Fonte: PETROBRAS (20-- apud ABEDA, 2011).
39
Após sair da refinaria, os asfaltos (CAP e ADP) são transportados e vendidos ao
mercado consumidor, às construtoras, ou ainda podem servir de insumos básicos para a
produção e comercialização de outros produtos que também são utilizados na pavimentação e
construção civil, que são as emulsões e asfaltos modificados. Esse papel de distribuir esses
produtos na sua forma original ou beneficiado é o papel do distribuidor, nesse cenário
representado por cerca de 8 empresas que atual na área de abrangência da refinaria de
Fortaleza.
Conforme mencionado no capítulo 2, essa atividade de distribuição é regulamentada pela
ANP e possui uma entidade de classe que representa a maioria das distribuidoras e produtoras
de produtos asfálticos. A ABEDA, promove encontros e seminários objetivando disseminar
estudos e pesquisas tecnológicas, buscando garantir a eficiência e a qualidade dos produtos
asfálticos e a valorização do setor. As distribuidoras, após receberem esse produtos nas suas
unidades, acondicionam esses produtos respeitando suas especificidades conforme figura 5.
Figura 5 - Tanques de armazenamento de produtos asfálticos.
Fonte: ABEDA (2011).
As distribuidoras além de regulamentadas pela ANP são também fiscalizadas por
órgãos ambientais como IBAMA e regionais como Corpo de Bombeiros, SEMACE,
Ministério do Trabalho, etc. Ainda é responsabilidade do distribuidor, capacitar seus
40
colaboradores diretos e indiretos quanto ao correto manuseio e transporte dos seus
produtos.
Esse agente da cadeia deve ainda garantir as especificações técnicas relativas à
qualidade dos produtos asfálticos industrializados por ele, conforme exigências da ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas, pelo IBP – Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e
Biocombustíveis, inclusive quando de sua movimentação entre os demais agentes
antecessores ou sucessores a sua atuação na cadeia, ou ainda enquanto estiver nas suas
instalações fabris.
Para garantir a qualidade técnica dos produtos desenvolvidos pelo distribuidor, as empresas
responsáveis pela produção do asfalto mantêm em sua unidade produtora, laboratórios
equipados e profissionais habilitados, químicos e engenheiros químicos que são responsáveis
pelos processos de fabricação dos produtos e soluções de pavimentos perante o Conselho
Regional de Química – CRQ da região, devendo ainda fornecer assistência técnica aos seus
clientes, as construtoras.
Figura 6 - Caminhão-tanque para transporte de materiais asfálticos.
Fonte: ABEDA (2011)
Nos processos de recebimento do asfalto da fonte produtora e entrega destes materiais
aos consumidores finais, os distribuidores contratam transportes específicos ou ainda mantém
uma frota própria adequada, para garantir o recebimento e entrega dos produtos devidamente
acondicionados e atendendo as exigências e especificações técnicas dos órgãos
regulamentadores e necessidades dos clientes. O transporte desses materiais é realizado em
caminhões tanques conforme figura 6.
41
Os caminhões têm papel fundamental nesse processo de retirada e entrega dos
produtos. Para essa cadeia, o modal utilizado é o rodoviário, considerando as especificações
técnicas exigidas para acondicionamento e transporte do produto.
Apesar de ser um mercado fragilizado, o transportador de asfalto ou distribuidor com
frota própria, preparam-se e investem em suas frotas mantendo seus veículos num alto padrão
de qualidade por serem subordinados a rígidos controles tecnológicos, inclusive quanto à
temperatura de carga e descarga dos produtos respeitando a legislação que regulamenta o
transporte rodoviário e regras de SMS – Segurança, Meio Ambiente e Saúde.
Com praticamente exclusividade de utilização do modal rodoviário, esse setor sofre
com a qualidade da malha rodoviária brasileira e influi diretamente nos custos dos produtos,
representando de forma relevante grande responsabilidade no desenvolvimento econômico do
país.
Figura 7 - Descarga de um navio direto para o caminhão-tanque no Porto Mucuripe, CE.
Fonte: ABEDA (2011).
Concluindo o papel do transportador, esse agente também passou a fazer um papel inédito no
abastecimento da cadeia. Recentemente, com o incremento de programas rodoviários específicos
como o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, a Petrobrás não conseguiu atender a
demanda do mercado de asfaltos, em particular nas regiões Norte e Nordeste, e a partir de 2009, deu-
se início a importação de asfaltos. Nesse cenário, o distribuidor através de seu operador logístico, foi
responsável pelo escoamento de todo o asfalto importado diretamente dos navios, conforme Fig 7.
42
Após a entrega do material na construtora, também conhecida como empreiteiro e último
agente da cadeia, essas empresas são responsáveis pela pavimentação das vias e rodovias através da
aplicação do material asfáltico nas rodovias
Os empreiteiros, após receberem ou produzirem as misturas asfálticas que podem ser feitas em suas
usinas fixas ou móveis, próprias ou de terceiros, executam o projeto de pavimentação para o qual
foram contratados pelos órgãos públicos conforme Fig 8.
Figura 8 - Aplicação de pavimento em rodovia.
Fonte: ABEDA (2011).
Essa atividade de usinagem e pavimentação também pode ser feita pelo órgão público,
quando este possui usinas e pessoal capacitado para execução, nesse caso, sendo eles os
próprios responsáveis pela aquisição dos materiais junto aos distribuidores, concluindo essa
etapa da cadeia produtiva de asfalto.
4.3.2 Etapa 2 – Analisar o processo de reciclagem dos pavimentos
O processo de reciclagem de pavimentos consiste na reutilização, após processamento,
dos materiais existentes no pavimento deteriorado. Nesta técnica, toda ou parte da estrutura do
pavimento existente é reaproveitada para a construção de uma nova camada que pode ser
utilizar ou não, o uso de novos materiais.
De acordo com Momm e Domingues (1995),
Por reciclagem de pavimentos entende-se a reutilização total ou parcial dos materiais existentes no revestimento e/ou da base e/ou da sub-base, em que os materiais são remisturados no estado em que se encontram após a desagregação ou tratados por energia térmica e/ou aditivados com ligantes novos ou rejuvenescedores, com ou sem recomposição granulométrica.
43
Para utilizar a reciclagem de pavimentos, existem diversas técnicas que serão descritas
nesse conteúdo considerando o objetivo do trabalho, o processo de reciclagem como redutor
de custos e potencial preservador do meio-ambiente. A reciclagem pode ser realizada a frio ou
a quente, com processamento em usina ou no local (in situ). A escolha da melhor técnica a ser
aplicada fica a critérios dos profissionais da área, conforme a necessidade e características
específicas de cada projeto a ser executado.
Atualmente, o uso da técnica de reciclagem constitui uma inovação dentro do
campoda recuperação de estruturas flexíveis (TUCHUMANTEL, 1999 apud CASTRO,
2003).
Segundo MIRANDA et al. (2000, apud CASTRO, 2003) a reciclagem de pavimentos
tem-se mostrado um bom caminho não apenas pela rapidez executiva, mas também pelo
aspecto da preservação ambiental.
A reciclagem deve ser aplicada em pavimentos deteriorados com defeitos localizados
somente no revestimento asfáltico, não havendo problemas estruturais de base com o
propósito de evitar outros problemas superficiais que podem ocorrer como trincas,
irregularidades no pavimento, desgastes e baixa resistência a derrapagens.
O início do processo de reciclagem em qualquer das técnicas utilizadas consiste em
fresar o pavimento existente conforme a profundidade exigida no projeto. A fresagem
proporciona o corte do pavimento, podendo ser realizada a quente ou a frio, resultando em
partículas de dimensões finais que dependem diretamente da profundidade do corte, da
velocidade da máquina, da qualidade do material, das condições do revestimento e das
condições ambientais.
Cinco grandes categorias foram definidas pelo Manual Básico de Reciclagem de
Pavimentos FRESAR (2009) para descrever os vários métodos de reciclagem de pavimentos
betuminosos. São elas:
1. Fresagem a Frio (FF);
2. Reciclagem a Quente;
3. Reciclagem a Quente In-situ (RQI);
4. Reciclagem a Frio (RF);
5. Reciclagem Profunda (RP).
44
No processo de fresagem, o material pode ser retirado no local para ser reciclado em
uma usina próxima ao local da obra, ou pode ser reciclado no próprio local da fresagem,
sendo assim conhecido como reciclagem in situ. Esse material fresado pode ser utilizado para
reciclagem a quente e a frio, conforme descrições a seguir.
A reciclagem a frio é definida como um processo em que o material removido do
pavimento é combinado com o ligante asfáltico novo ou com agentes de reciclagem,
resultando em misturas a frio no local ou em usinas próximas ao local do trecho em obras.
Essa mistura é utilizada como camada de base.
Após essa camada de base é aplicado um tratamento superficial ou uma mistura
asfáltica com a função de proteger a camada reciclada. O tipo de tratamento que será aplicado
na superfície da camada reciclada depende do projeto e da intensidade do tráfego, respeitando
as exigências e especificidades da rodovia.
Segundo WIRTGEN (2001), “todo processo de restauração de pavimentos, por mais
bem concebido e elaborado que seja, sempre guarda um componente empírico, isto é, o
desempenho dos materiais em suas respectivas camadas e no conjunto da estrutura do
pavimento”.
Figura 9 - Trem de reciclagem utilizado na reciclagem a frio in situ.
Fonte: ABEDA (2011).
O processo consiste em fresar o pavimento até uma determinada camada sem atingir a
base, nesse caso temos uma reciclagem parcial. A reciclagem também pode ocorrer em
profundidades maiores envolvendo toda a camada e a base, caso ambos apresentem
45
problemas. Esse material fresado é misturado com o agente de reciclagem que pode ser uma
emulsão asfáltica ou agente de reciclagem emulsionado, que vai complementar a quantidade
de ligante da mistura, se necessário, possibilitando o reaproveitamento do material conforme
especificidades do projeto. Nas figuras 9 e 10 seguir são apresentados os equipamentos e as
fases da reciclagem de pavimento.
Figura 10 -‐ Reciclagem a frio..
Fonte: ABEDA (2011).
Segundo BERNUCCI, L. B. et al, (2006), os pavimentos são estruturas que, em
geral,não apresentam ruptura súbita, mas sim deterioração funcional e estrutural acumuladas a
partir de sua abertura ao tráfego.
A reciclagem a quente assim com a reciclagem a frio, também consiste em fresar o
material e misturá-lo a quente com agregado virgem, asfalto ou agente rejuvenescedor de
reciclagem para produzir uma nova mistura asfáltica reciclada a quente.
No processo de reciclagem de pavimento em usina a quente, o procedimento para
retirada dos materiais é semelhante ao processo de reciclagem a frio. O material é retirado e
transportado até a usina, podendo ser estocado e britado. Após a produção da mistura na
usina, o material é transportado até a pista, aplicado e compactado. Um fato importante que
deve ser considerado é quanto às exigências técnicas do projeto e o aquecimento adequado da
mistura.
A reciclagem a quente in situ também ocorre na mesma forma da reciclagem a frio,
ocorrendo a fresagem do material asfáltico e mistura a quente no local para aplicação imediata
do produto final.
46
As reciclagens de pavimentos a frio e a quente têm processos semelhantes
considerando as formas de processamento que podem ocorrer em usinas ou in situ. O maior
diferencial entre as formas de aplicação do produto é pela mistura que será utilizada que é
definida conforme as necessidades e especificações do projeto. Para esse trabalho, faremos o
comparativo através dos indicadores de produtividade e qualidade utilizando a reciclagem de
pavimentos a frio.
4.3.3 Etapa 3 – Definir o conjunto de indicadores estratégicos para avaliação de desempenho do processo de logística reversa através da reciclagem de pavimentos.
Esta etapa consiste na determinação de como os indicadores de desempenho auxiliarão
na avaliação dos resultados e benefícios obtidos através do processo de reciclagem. Para que
se possa quantificar o desempenho de uma atividade, é necessário um sistema de
monitoramento que permita que o processo permaneça sob controle ao longo do tempo,
analisando e investigando as ocorrências fora do padrão, buscando eliminar suas causas. Com
essas ações, o sistema de monitoramento é capaz de aumentar a produtividade de uma
empresa definindo metas justas e factíveis.
As empresas vivem uma busca contínua por melhoria de qualidade e aumento de
produtividade. Na ordem dessas considerações, os grandes desafios estão concentrados na
busca da racionalização, da modernização e da competitividade, para qual são indispensáveis
à qualidade e a produtividade.
Para esse trabalho, serão consideradas as análises dos indicadores de produtividade,
bem como a redução de custos nos processos de recuperação de pavimentos, com objetivo de
apresar maior competitividade para a empresa.
A medição da produtividade considera fatores conjunturais que podem afetar a
produtividade a ser atingida. A influência desses fatores pode causar a redução da
produtividade sem que a qualidade do trabalho seja reduzida. Já a medição da qualidade não
pode ser medida somente e diretamente pelo desempenho da empresa, ficando dependente de
informações externas dos clientes sob o bem ou serviço adquirido para avaliar o resultado.
Com a finalidade de comparar os custos finais na reciclagem de pavimentos, foi
realizado um comparativo de custos nos processos de recuperação de pavimentos, como
também medidas de desempenho e indicadores de produtividades.
47
Os indicadores de produtividade serão representados através da relação entre os custos
e os recursos utilizados no processo de recuperação do pavimento, que serão apresentados
nesse estudo pelas atividades envolvidas nos processos. O bom desempenho dessa atividade
de reciclagem vai impactar diretamente na redução de custos da cadeia produtiva do asfalto,
bem como numa menor exploração dos recursos naturais.
A redução desses materiais, tempo e recursos através de melhoria de produtividade e
qualidade, não só reduz os custos com os processos como também traz ganhos para o meio
ambiente com a menor extração de agregados e asfaltos utilizados na composição da nova
acamada a ser aplicada no processo de restauração do pavimento.
Para medir a produtividade da atividade proposta, é necessário estabelecer um sistema
de medição e prover a informação necessária para essa melhoria, alocação de recursos e
desempenho da atividade. Depois de estabelecidas essas medidas, os resultados históricos
devem ser registrados para compará-los com os objetivos e metas definidos para monitorar o
os progressos obtidos. A produtividade designa uma família de relações entre produção e
insumos, alterando-se apenas a relação de quais e quantos insumos serão quantificados.
De acordo com as definições acerca dos indicadores que avaliarão os processos de
recuperação do pavimento utilizando a reciclagem versus outras técnicas, serão comparados
os resultados obtidos considerando as atividades envolvidas nos processos que são:
Para os serviços chamados convencionais:
• fresagem do pavimento existente;
• transporte do material fresado até a usina;
• limpeza e pintura de ligação;
• usinagem do material virgem;
• transporte do material usinado virgem até a obra;
• aplicação e compactação do produto final.
Para os serviços de reciclagem:
• fresagem do pavimento existente;
• transporte do material fresado até a usina;
• limpeza e pintura de ligação;
• usinagem do material reciclado;
• transporte do material usinado reciclado até a obra;
• aplicação e compactação do produto final.
48
Na próxima etapa, serão apresentados os números que servirão de comparativos entre
as técnicas utilizadas considerando como valores de referência as tabelas vigentes do DNIT.
4.3.4 Etapa 4 – Comparar projetos de recuperação de uma rodovia utilizando a
reciclagem de pavimentos com outras técnicas
Nessa etapa, serão apresentados os serviços envolvidos em cada uma das técnicas de
recuperação de pavimentos, os valores que estes serviços representam nos projetos e os
recursos envolvidos para elaboração de cada um, inclusive os naturais, visando analisar a
sustentabilidade do resultado.
O motivo principal desse comparativo que compõe o objetivo desse trabalho é a
verificação dos benefícios que se pode obter através da técnica de reciclagem dos materiais
originais que compõem os pavimentos com outras técnicas de restauração.
Segundo SOUZA et al (2000),
Produções diárias da ordem de 1000 metros de extensão, de uma faixa de tráfego de rodovia com 3,50 m de largura, têm sido atingidas em grande parte dos trabalhos de restauração realizados pelas várias empresas especializadas em reciclagem depavimentos...
Assim, o planejamento de uma obra de pavimentação se dá em função de um
orçamento, de um cronograma e de um projeto que tem por objetivo o dimensionamento dos
recursos de pessoal, máquinas e equipamentos necessários para executar os serviços e
estabelecer a forma de gerenciamento destes recursos e dos fluxos de informação.
O grau de complexidade e as peculiaridades de cada obra determinam o nível de
detalhamento do projeto, mas muitas atividades certamente são comuns à maioria das obras,
como o suprimento da obra através de aquisição de materiais, gerenciamento dos custos de
transportes de materiais, planejamento e controle da execução dos serviços, etc. Esses
controles podem reduzir os custos das obras através de um planejamento visando à utilização
racional dos recursos.
Para que essas atividades funcionem de forma independente e sem comprometer o
ciclo do processo, é necessário que o planejamento seja elaborado de forma sistêmica,
conforme a obra. A escolha do local para implantação do canteiro deve levar em consideração
assim como as condições de acesso, a infraestrutura de energia e telecomunicações, a
ocorrência de água e o tipo das instalações industriais necessárias à produção ou
49
beneficiamento dos materiais asfálticos previstos no cronograma da obra. A concepção do
canteiro deve ter como principal objetivo a minimização dos custos de produção, que de
acordo com LEONE (1997), custos referem-se ao valor dos fatores de produção consumidos
de uma firma para produzir ou distribuir produto ou serviços, ou ambos.
Além de foco na redução dos custos, deve-se definir certos critérios de otimização que
poderiam ser, por exemplo, a minimização dos custos de produção sujeitos a determinadas
restrições, como o cumprimento do cronograma ou o atendimento a padrões de qualidade
predefinidos. Nesse cenário, tem como objetivos apresentar os resultados que podem ser
atingidos ao se utilizar o processo de reciclagem de pavimentos em virtude da quantidade de
variáveis envolvidas e da complexidade dos serviços, mas é um problema que pode ser
abordado por partes, como será visto adiante.
Na construção de uma rodovia sabe-se que os custos dos serviços de movimentação de
terra representam a maior parte do custo total das obras. Os serviços de terraplenagem e
pavimentação, por lidarem com a movimentação de milhares de toneladas de material e um
grande número de equipamentos pesados, requerem uma atenção especial por parte dos
construtores e dos órgãos contratantes. Assim, é necessário que a movimentação dos materiais
entre cortes, jazidas e aterros seja feita de forma racional para que se consiga redução no custo
das obras. No caso dos serviços de pavimentação o processo também não é aplicável no caso
da utilização de misturas de solos, sejam misturados na pista ou em usinas.
A utilização de misturas de materiais usinados tem sido uma solução utilizada com
frequência em obras de pavimentação rodoviária, seja devido à escassez cada vez maior de
materiais que se enquadrem nas especificações, ou então pelo fato de ser uma alternativa
economicamente e ecologicamente mais vantajosa.
A construção de um modelo de distribuição de materiais visa a minimizar o custo total
dos serviços de terraplenagem e pavimentação. Esse custo total é composto de diversas
parcelas equivalentes aos diversos serviços envolvidos, tais como transporte, compactação,
etc.
Por sua vez cada item é calculado em função de suas respectivas composições de
custos. É comum que cada empresa tenha suas próprias composições calculadas em função de
sua estrutura produtiva e organizacional. No caso dos órgãos públicos o mais usual é que
esses custos sejam organizados em forma de tabela de preços calculados em função da
50
produtividade média das equipes. Para composição desses preços, são considerados os custos
com carga e descarga, escavação, transporte, aquisição de materiais e processo das misturas.
Embora na construção dos modelos parta-se do princípio de que estes custos são
conhecidos, faz-se necessário discorrer brevemente sobre cada um deles.
A determinação dos custos unitários dos serviços deve ser definida no início do
processo. Deve-se ainda considerar os fatores de produção como os de maior influência na
produtividade e na eficiência do processo.
O tempo de ciclo, que é o tempo de execução da tarefa, depende da velocidade de
operação dos equipamentos e para que se tenha uma produção máxima deve-se ter um tempo
de ciclo mínimo, o que exige velocidade máxima de operação.
O fator de eficiência exprime a relação entre o número de horas efetivamente
trabalhadas e o número de horas que o equipamento fica à disposição da obra para a execução
de uma tarefa.
A grande preocupação em estudos envolvendo a relação entre produtividade e
eficiência é mostrar que existe uma diferença entre os dois conceitos, onde a primeira é uma
razão entre duas quantidades e a eficiência é uma medida adimensional (COELLI et al.,
1998).
Segundo Farrel (1957),
a eficiência de uma firma consiste de dois componentes – eficiência técnica, que representa a habilidade da firma em obter o máximo produto, dado um conjunto de insumos; e a eficiência alocativa, que reflete a habilidade da firma em utilizar os insumos em proporções ótimas, dados seus preços relativos. A combinação de ambas as medidas fornece a eficiência econômica.
Sabe-se que uma máquina pode executar certo número de ciclos durante algumas
horas sem que haja paralisações. A produção da equipe referida sempre a uma unidade de
tempo (no caso a hora) é obtida a partir das produções individuais de cada equipamento
componente da equipe.
A produção de hora da equipe depende de vários fatores, alguns deles aleatórios, como
as condições meteorológicas, outros gerenciais, como a organização dos serviços e outros
inerentes à própria obra, como por exemplo, as condições do solo.
51
Para composição dos custos de transportes, são consideradas duas opções para essa
atividade. Transporte comercial – compreende a movimentação dos materiais industrializados
desde os respectivos pontos de aquisição até o canteiro de obra. Transporte local – é a
movimentação de materiais terrosos, pétreos e areias, desde o local de extração/aquisição até
o ponto de aplicação na pista ou no canteiro de obras, conforme o caso.
Considerados todos os produtos e serviços necessários para execução dos projetos e
suas composições, será apresentado as planilhas do DNIT referente aos custos e pagamentos
do SICRO 2 – Sistemas de Custos Referenciais de Obras do estado do Ceará refrente a Maio
de 2012 para referencias de valores dessa pesquisa.
Sobre as tabelas divulgadas a seguir, estas são referenciais de preços elaborados com
base em pesquisas de valores dos insumos realizadas pelas Secretarias Regionais dos Estados
e não podem substituir pesquisas dos orçamentistas. O objetivo dessas pesquisas é oferecer ao
DNIT e as demais esferas governamentais e privadas envolvidas na cadeia, um padrão
nacional de referencias de custos dos diferentes componentes de infraestrutura de transportes
de modo a facultar sua correta valoração, através de procedimentos racionais e
cientificamente fundamentados.
O Manual de Custos de Infraestrutura de Transportes define uma nova metodologia
para elaboração de composições de custos, com a finalidade de unificar práticas correntes na
área rodoviária com as que se utilizam dos demais modais de transporte e no setor de
construção civil de edificações (DNIT, 2012). As planilhas a seguir terão seus valores
compostos com base nos seguintes parâmetros:
• Recuperação do revestimento com espessura de 0,05 cm de capa de um trecho
de 10km (pista simples de 7m sendo 3,5m – ida / 3,5m – volta);
• Base e sub-base em perfeitas condições e tempo de vida útil são semelhantes;
• As condições de tráfego são semelhantes e compatíveis com projeto;
• A distância entre a usina e o local da obra é de 50km.
Além dos parâmetros citados, todas as variáveis apresentam condições de igualdade
para garantir que a comparação é justa e confiável. Para mensurar um quantitativo da
espessura da camada que será recuperada, a figura 11 ilustra a estrutura de um pavimento.
52
Figura 11 - Ilustração das etapas de composição de um pavimento.
Fonte: Elaboração própria.
A partir da definição dos parâmetros, foram elaboradas as planilhas para evidenciar a
composição dos custos com base nas tabelas vigentes do DNIT e assim proceder a
comparação dos processos. Para cada serviço foi elaborado uma planilha com base na tabela 1
de valores de referência.
Tabela 1: Valores de referência para composição de custos
Fonte: Elaboração própria.
Com os valores de referencia definidos, os serviços para cada processo foram
elaborados conforme planilhas do DNIT que fazem parte dos anexos deste trabalho. A tab. 2
apresenta os valores referentes ao serviço de fresagem conforme Anexo A.
53
Tabela 2 - Custo referente ao serviço de fresagem conforme.
Fonte: Adaptado de DNIT (2012).
A Tabela 3 apresenta os valores referentes à pintura de ligação conforme anexo B.
Tabela 3- Custo referente ao serviço de limpeza e pintura de ligação.
Fonte: Adaptado de DNIT (2012).
A tabela 4 apresenta os valores referentes à usinagem de material reciclado conforme anexo C.
54
Tabela 4 -‐ Custo referente ao serviço de usinagem de material reciclado
Fonte: Adaptado de DNIT (2012).
A tabela 5 apresenta os valores referentes à usinagem de material virgem conforme anexos D e
E.
Tabela 5- Custo referente ao serviço de usinagem de material virgem.
55
Fonte: Adaptado de DNIT (2012).
A tabela 6 apresenta os valores referentes à usinagem de material virgem conforme
anexos F e G.
Tabela 6 - Custo referente ao serviço de usinagem de material virgem.
Fonte: Adaptado de DNIT (2012).
A tabela 7 apresenta os valores referentes à transporte de material conforme anexo H.
Tabela 7- Custo referente ao serviço de transporte de material.
Fonte: Adaptado de DNIT (2012).
A tabela 8 apresenta os valores referentes ao transporte de material conforme anexo H.
56
Tabela 8: Custo referente ao serviço de transporte de material.
Fonte: Adaptado de DNIT (2012).
A partir dos dados dessas tabelas 1 a 8, foram elaboradas duas planilhas de
comparativos para evidenciar a diferença de custos entre os dois processos de recuperação do
pavimento e assim proceder à comparação de resultados.
A tabela 9 apresenta o custo total para recuperação de um trecho nas mesmas
condições com a utilização da reciclagem de pavimentos e através de outras técnicas que não
utilizam o processo de reciclagem, também conhecidas como métodos convencionais.
Tabelas 9: Custo total de recuperação com e sem utilização da reciclagem de pavimentos.
Fonte: Adaptado de DNIT (2012).
Tomando-se por parâmetro os comparativos de custos e produtividade entre os dois
métodos, depreende-se que os projetos de restauração de pavimentos por reciclagem, terão
que ser elaborados considerando tal produtividade, ou seja, uma iniciativa de restauração de
pavimentos por processo de reciclagem terá uma maior produtividade que a mesma iniciativa
por métodos convencionais.
57
Na tabela 10 são apresentados os resultados dos indicadores de desempenho
considerados nesse trabalho.
Tabelas 10: Tabela de resultado de indicadores.
Fonte: Elaboração própria.
O resultado de 20,27% de redução de custos no processo final é bem representativo
para esse cenário, e podem ser estendidos aos demais projetos de recuperação de pavimento,
promovendo maiores ganhos na economia. Outros fatores que também devem ser
considerados além do apelo econômico nesse comparativo é o fator social e ecológico,
visando uma melhor utilização dos escassos recursos naturais.
4.4 Considerações Finais
Neste capítulo, foi apresentada uma análise comparativa com valores reais e atuais dos
custos que compõem os serviços necessários para recuperação de um pavimento. No
comparativo está distinta a técnica que utiliza a reciclagem de pavimento e o método
convencional que não utiliza a reciclagem. Para uma melhor compreensão acerca do estudo
realizado e uma melhor apresentação dos resultados, as informações foram apresentadas com
base nos valores vigentes de referência do DNIT.
58
No próximo capítulo, serão discutidos os resultados obtidos e feitas as considerações
finais do trabalho.
59
5 Conclusão
Este capítulo apresenta a análise dos resultados alcançados no capítulo anterior, além
das considerações finais sobre o trabalho.
5.1 Análise dos Resultados Obtidos
Fazendo um comparativo entre os resultados obtidos, constatou-se uma economia de
20,27% para os dados analisados optando pelo processo de reciclagem do pavimento fresado.
Os indicadores analisados apresentaram individualmente os seguintes resultados:
• Na redução de extração de materiais virgens (asfalto), o resultado foi uma
economia de 32,03% utilizando a reciclagem;
• Na redução de extração de materiais virgens (areia e brita), o resultado foi uma
economia de 46,68% utilizando a reciclagem;
• Na redução da destinação dos resíduos gerados pela fresagem do pavimento,
não está sendo considerado o resultado econômico, apesar de este existir se
avaliados os custos com transportes até os aterros, porém, nesse cenário, o foco
é o percentual de material que será enviado, que representa uma redução de
60% de material destinado aos aterros.
Além do benefício econômico, é importante mensurar a redução dos danos ambientais
causados pela extração de materiais que são utilizados como agregados e pela maior utilização
de recursos naturais com maior utilização de asfaltos no processo de recuperação de um
pavimento. Além dos resultados obtidos através dos demonstrativos de custos, vale ressaltar
nessa conclusão as principais vantagens da utilização das técnicas de reciclagem:
• aproveitamento dos materiais envelhecidos que seriam descartados;
• Eliminação dos depósitos dos materiais retirados do pavimento;
• Redução de extração de agregados em pedreiras;
• Redução do consumo de asfalto utilizado na composição da nova camada;
• Menor investimento com igual ou maior eficácia no desempenho;
• Desenvolvimento da consciência da sustentabilidade através da inclusão da
prática de reciclagem no país.
60
Assim, constata-se que a intervenção através reciclagem de pavimento significa ao
projeto grandes vantagens econômicas, já que os resultados aprestam uma redução de custos
num trecho específico de 10 km, e que, se estendido a trechos maiores, proporcionarão
maiores economias aos cofres públicos e a sociedade, sem falar no tempo de vida útil, que
pode ser comparado através de estudos específicos, com objetivo de comparar as tecnologias
e durabilidades das técnicas aqui analisadas.
O uso da solução é também ecológico, por ser um projeto sustentável que permite
através da logística reversa, trazer de volta a cadeia produtiva do asfalto, os resíduos que
seriam descartados no meio ambiente, reduzindo assim o impacto ambiental do projeto.
Através de uma melhor utilização dos recursos naturais, pode respeitar a disponibilidade
desses recursos buscando ajudar o planeta através de ações sustentáveis.
No presente estudo foi abordado o comparativo utilizando a técnica de reciclagem em
usina e demonstrou-se a economia que se pode obter. Além dessa opção de reciclagem em
usina, pode-se optar pela reciclagem in situ, no local de execução da obra, técnica abordada
no decorrer de estudo, que se utilizada, poderia promover uma maior economia ao processo,
já que dentre outros benefícios, não se teria o custo de transporte e movimentação de material
entre o trecho e a usina. Para conclusão do estudo, apresenta-se a seguir as considerações
finais do trabalho.
5.2 Considerações Finais
Este trabalho, buscou realizar um estudo sobre os benefícios econômico com a
utilização de material reciclado, através de um comparativo para demonstrar os benefícios
que se pode obter através da utilização do processo de reciclagem de pavimentos. A principal
conclusão que se pode chegar é que o objetivo principal do trabalho foi atingido ao
demonstrar a eficácia e produtividade da técnica, além dos benefícios ecológicos. O método
resultado quantitativo do processo foi representado através dos números obtidos e o
qualitativo pode ser avaliado através de comparativos técnicos existentes no mercado. A
eficácia do processo foi demonstrada através da redução dos recursos utilizados ao comparar
os projetos utilizando as duas técnicas.
Os objetivos específicos do trabalho também foram atingidos considerando que o
estudo confirmou a diminuição dos custos finais na pavimentação de rodovias, utilizando-se
da técnica de reciclagem, permitindo apresentar a cadeia de suprimentos e suas
61
especificidades, buscando maior eficiência nos processos que envolvem o produto asfalto
desde a sua origem até o consumidor final.
Foram apresentados também os recursos naturais que são explorados para compor a
restauração de um pavimento, e a forma sustentável de utilizar esses resíduos através da
logística reversa.
No presente conteúdo foram comparados a recuperação de um trecho com apenas uma
técnica de reciclagem, sabendo-se que existem outras técnicas que podem ser comparadas
considerando todos os indicadores abordados, na busca do método mais eficaz para o projeto.
Com isso, é possível racionalizar e otimizar a aplicação de técnicas em busca de uma melhor
relação de custo/benefício alocados na manutenção das rodovias em todo o país.
De forma geral, é recomendado utilizar as técnicas de reciclagem, já que as rodovias
federais e estaduais recebem manutenção regular, e um plano de manutenção para as rodovias
adotando a reciclagem representariam uma economia significativa para os cofres públicos e
um benefício ecológico para o meio ambiente.
Com o objetivo geral de apresentar a produtividade que se pode atingir através da
utilização da técnica de reciclagem de pavimentos, é possível utilizar a reciclagem em parte
dos processos que necessitem de recuperação de rodovias pelo país. Os indicadores
apresentaram uma economia significativa na utilização dos resíduos através do processo de
reciclagem tendo esses valores sidos mensurados. Para futuros trabalhos, sugere-se que os
indicadores apresentados no presente estudo possam ser utilizados para novos comparativos
utilizando as demais técnicas existentes de reciclagem de pavimentos, destacando outros
benefícios como viabilidade técnica, econômica e ecológica em uma mesma analise com
objetivos de desmitificar o uso da reciclagem, demonstrando como ocorrem os processos,
objetivando uma consciência ecológica ao utilizar os recursos naturais, e expor os benefícios
quantitativos e qualitativos que podem ser alcançados.
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