ESTUDO DE CASO APLICADO A CADEIA PRODUTIVA DE … · utilizaÇÃo de material reciclado na...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE MESTRADO EM LOGÍSTICA E PESQUISA OPERACIONAL MARILENE GONDIM DA SILVA ESTUDO DE CASO APLICADO A CADEIA PRODUTIVA DE ASFALTO: AVALIAÇÃO DOS BENEFÍCIOS ECONÔMICOS NA UTILIZAÇÃO DE MATERIAL RECICLADO NA RESTAURAÇÃO DE PAVIMENTOS FORTALE ZA – CE 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE MESTRADO EM LOGÍSTICA E PESQUISA OPERACIONAL

 

 

 

 

MARILENE GONDIM DA SILVA

 

 

 

 

ESTUDO DE CASO APLICADO A CADEIA PRODUTIVA DE

ASFALTO: AVALIAÇÃO DOS BENEFÍCIOS ECONÔMICOS NA

UTILIZAÇÃO DE MATERIAL RECICLADO NA RESTAURAÇÃO DE

PAVIMENTOS

 

 

 

 

 

 

FORTALE ZA – CE

2012

 

MARILENE GONDIM DA SILVA

ESTUDO DE CASO APLICADO A CADEIA PRODUTIVA DE

ASFALTO: AVALIAÇÃO DOS BENEFÍCIOS ECONÔMICOS NA

UTILIZAÇÃO DE MATERIAL RECICLADO NA RESTAURAÇÃO DE

PAVIMENTOS

 

 

 

 

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Logística e Pesquisa Operacional da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciência (MSc.) em Logística e Pesquisa Operacional.

Orientador: Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues

   

 

 

 

 

FORTALEZA – CE

2012

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Pós-Graduação em Engenharia - BPGE  

 

G617a Silva, Marilene Gondim

Método de avaliação de desempenho da reciclagem de pavimentos através de indicadores estratégicos: um estudo de caso aplicado em uma empresa da cadeia produtiva do asfalto / Marilene Gondim da Silva. – 2012.

72 f.: il. Color. enc. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós- Graduação. Programa de Mestrado em Logística e Pesquisa Operacional, Fortaleza, 2011.  

Área de Concentração: Gestão Logística

Orientação: Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues      

1. Asfalto. 2. Reciclagem. 3. Indicadores. 4. Produtividade. 5.Logística Reversa.

CDD 003

 

 

 MARILENE GONDIM DA SILVA

ESTUDO DE CASO APLICADO A CADEIA PRODUTIVA DE

ASFALTO: AVALIAÇÃO DOS BENEFÍCIOS ECONÔMICOS NA

UTILIZAÇÃO DE MATERIAL RECICLADO NA RESTAURAÇÃO DE

PAVIMENTOS

 

 

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Logística e Pesquisa Operacional, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Logística e Pesquisa Operacional. Área de concentração: Gestão Logística

 

Aprovado em: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues (Orientador) Universidade Federal do Ceará – UFC

__________________________________________

Prof. Dr. Fernando Ribeiro de Melo Nunes Universidade Federal do Ceará – UFC

__________________________________________

Profª. Drª. Ana Augusta Ferreira de Freitas Universidade Estadual do Ceará

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

Aos meus companheiros, Amarildo Rolim

e Victor Gondim

 

AGRADECIMENTOS

 

A Deus, em quem deposito toda minha fé e confiança.

A minha família, que me deu o apoio necessário para que pudesse atingir meus

objetivos e compreenderam minha ausência.

Ao meu orientador e amigo, professor Maxweel Veras Rodrigues, que muito me

auxiliou na conclusão desse projeto.

Aos professores João Bosco Furtado Arruda, João Welliandre Carneiro Alexandre e

Fernando Ribeiro de Melo Nunes, que me proporcionaram grandes aprendizados no decorrer

do curso.

Ao meu grande amigo Rodrigo Frank de Souza Gomes, que sempre esteve ao meu

lado em todo o curso, com todo seu empenho, dedicação e disciplina. Um exemplo de homem

e amigo.

Aos meus amigos do GESLOG que acreditaram: “vai dar tudo certo”.

Ao diretor da Betunel, Sr. Maurício Souza, que muito me auxiliou com seus ricos

conhecimentos.

A família Betunel, da qual faço parte há 11 anos e me permitiu ausentar-me quando

necessário para realização desse projeto.

A todos os meus amigos que sempre estiveram próximos, mesmo à distância.

A todas as pessoas que participaram de alguma forma da elaboração desse trabalho e

acreditaram na realização desse sonho.

 

 

 

 

 

 

 

RESUMO

Um dos principais problemas para o crescimento sócio econômico de uma região é a situação

das rodovias responsáveis pelo escoamento da sua produção. O objetivo deste trabalho

consiste em apresentar um método adequado de avaliação de desempenho que permita definir

indicadores estratégicos que podem ser obtidos ao utilizar a reciclagem de pavimentos como

uma solução ecologicamente correta para recuperação de rodovias. Segundo FRESAR (2009)

nos últimos 30 anos tem havido um crescimento expressivo na restauração de pavimentos

através da reciclagem dos materiais da camada betuminosa e bases granulares, uma vez que a

fundação das estruturas dos pavimentos sofre menor deterioração e tem sua vida útil mais

longa, atingindo assim objetivos técnicos e econômicos ao construir rodovias eficientes e

seguras com um menor consumo de energia e menores impactos ambientais, quando

comparada a manutenção convencional de pavimentos.

A recuperação das rodovias pode ser realizada através de processo convencional, sem utilizar

os resíduos gerados na fresagem do pavimento, ou utilizando esses resíduos como agregados

através da reciclagem. A reutilização desses resíduos através de uma rede reversa permitirá o

aproveitamento desses materiais proporcionando uma redução de custos aos processos de

recuperação das rodovias evitando o acúmulo e destinação indevida desses resíduos. Através

de uma análise comparativa entre as duas situações, o estudo busca a maximização dos

recursos nesse processo com foco nos benefícios que podem ser atingidos através da geração

de indicadores estratégicos, objetivando minimizar os custos e através da logística reversa,

reduzir os impactos ambientais proporcionados pela destinação incorreta dos resíduos da

restauração dos pavimentos. O trabalho permite conhecer os custos relevantes aos processos

convencionais e de reciclagem e toda a cadeia de suprimentos do asfalto, bem como o

detalhamento de como ocorre o processo de reciclagem para se apresentar ao final, os

benefícios que podem ser atingidos com processo de logística reversa e que serão

representados através de indicadores.

Palavras-chave: asfalto, reciclagem, indicadores, produtividade, logística reversa.

 

 

 

 

 

 

ABSTRACT

 

One of the main problems for the socio-economic growth of a region is the situation of the

roads responsible for disposing of their production. The objective of this study is to provide a

suitable method of performance evaluation that allows defining strategic indicators that can be

obtained when using the pavement recycling as a solution for environmentally friendly

recovery of highways. According MILLING (2009) in the last 30 years there has been

significant growth in the restoration of flooring material through recycling of bituminous

layer and granular bases, since the foundation of the pavement structures suffer less

deterioration and has a longer lifespan, thereby achieving technical and economic objectives

to build efficient and safe highways with lower energy consumption and lower environmental

impacts when compared to conventional pavement maintenance.  

The recovery of the highways may be accomplished by conventional process, without using

the machining waste generated in the pavement, or by using these residues as aggregates

through recycling. The reuse of such waste through a network will reverse the use of these

materials providing a cost reduction to the recovery process of the roads avoiding undue

accumulation and disposal of such waste. Through a comparative analysis between the two

situations, the study seeks to maximize resources in this process with a focus on the benefits

that can be achieved through the generation of strategic indicators, aiming to minimize costs

and through reverse logistics, reduce environmental impacts provided by Incorrect disposal of

waste from restoration of pavements. The work allows to know the relevant costs to

conventional processes and recycling and the whole supply chain of asphalt, as well as

detailing the recycling process is to provide the end, the benefits that can be achieved with

reverse logistics process and to be represented by indicators.  

 

Keywords: asphalt, recycling, indicators, productivity, reverse logistics.

   

 

 

 

 

 

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estrutura do modelo proposto para apresentação das vantagens competitivas

do processo de reciclagem................................................................................

31

Figura 2 Arquitetura da cadeia de suprimentos de asfaltos............................................ 37

Figura 3 Fluxograma simplificado de obtenção de asfalto............................................ 37

Figura 4 Agentes da cadeia de asfaltos e suas atuações................................................ 38

Figura 5 Tanques de armazenamento de produtos asfálticos........................................ 39

Figura 6 Caminhão-tanque para transporte de materiais asfálticos.............................. 40

Figura 7 Descarga de um navio direto para o caminhão-tanque no Porto Mucuripe

(CE)................................................................................................................

41

Figura 8 Aplicação de pavimento em rodovia.............................................................. 42

Figura 9 Trem de reciclagem utilizado na reciclagem a frio in situ.............................. 44

Figura 10 Reciclagem a frio m usinas............................................................................. 45

Figura 11 Ilustração das etapas de composição de um pavimento................................. 52

 

 

 

 

 

       

   

 

 

 

 

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Valores de referência para composição de custos............................ 52

Tabela 2 Custo referente ao serviço de fresagem conforme tabela DNIT..... 53

Tabela 3 Custo referente ao serviço de limpeza e pintura de ligação conforme tabela DNIT.................................................................... 53

Tabela 4 Custo referente ao serviço de usinagem de material reciclado conforme tabela DNIT....................................................................

54

Tabela 5 Custo referente ao serviço de usinagem de material virgem conforme tabela DNIT...................................................................

55

Tabela 6 Custo referente ao serviço de usinagem de material virgem conforme tabela DNIT...................................................................

55

Tabela 7 Custo referente ao serviço de transporte de material conforme tabela DNIT....................................................................................

55

Tabela 8 Custo referente ao serviço de transporte de material conforme tabela DNIT....................................................................................

56

Tabela 9 Custo total de recuperação com utilização da reciclagem de pavimentos......................................................................................

56

Tabela 10 Tabela de resultado de indicadores................................................. 57

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEDA Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfaltos

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ADP Asfalto diluído de petróleo

ANP Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis

ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres

ARRA Asphalt Recycling & Reclaiming Association

CAP Cimento asfáltico de petróleo

CM Cura média

CNT Confederação Nacional do Transporte

CR Asfalto diluído de cura rápida

CRQ Conselho Regional de Química

DECONCIC Departamento da Indústria da Construção

DERT Departamento de Edificações Rodovias e Transportes do Ceará

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre

EAC Emulsões Asfálticas Catiônicas

FIESP Federação da Indústria do Estado de São Paulo

IBAMA Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis

IBP Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Combustíveis

LUBNOR Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PETROBRAS Petróleo Brasileiro S/A

REDUC Refinaria de Duque de Caxias

REFAP S/A Refinaria Alberto Pasqualini

REGAP Refinaria Gabriel Passo

REMAN Refinaria de Manaus

REPAR Refinaria Presidente Getúlio Vargas

 

REPLAN Refinaria do Planalto paulista

REVAP Refinaria Henrique Lage

RLAM Refinaria Landulpho Alves

SEMACE Superintendência Estadual do Meio Abiente

SICRO Sistemas de Custos Referenciais de Obras do estado do Ceará

SMS Segurança, Meio Ambiente e Saúde

 

 

 

SUMÁRIO

1 Introdução……......................................................................................... 13

1.1 Problema.................................................................................................... 14

1.2 Objetivos.................................................................................................... 15

1.2.1 Objetivo Geral........................................................................................... 15

1.2.2 Objetivos Específicos................................................................................ 15

1.2.3 Estrutura do Trabalho............................................................................. 15

2 Fundamentação Teorica.......................................................................... 17

2.1 Cadeia produtiva de asfaltos.................................................................... 17

2.2 Resíduos de asfaltos gerados na recuperação de pavimentos............... 21

2.3 Indicadores estratégicos de desempenho econômico em empresas da cadeia de asfalto........................................................................................

23

2.4 A logística reversa no processo de reciclagem de asfaltos..................... 27

2.5 Considerações finais................................................................................. 29

3 Metodologia do Estudo…………............................................................ 30

3.1 Metodologia da Pesquisa.......................................................................... 30

3.2 Estrutura do Método................................................................................ 30

3.2.1 Etapa 1 – Analisar a cadeia produtiva do asfalto.................................. 32

3.2.2 Etapa 2 – Analisar o processo de reciclagem dos pavimentos.............. 34

3.2.3 Etapa 3 – Definir o conjunto de indicadores estratégicos para avaliação de desempenho do processo de logística reversa através da reciclagem de pavimentos………………………………………………

33

3.2.4 Etapa 4 – Realizar análise comparativa entre os projetos de recuperação de uma rodovia utilizando a reciclagem de pavimentos com outras técnicas...................................................................................

34

3.3 Considerações Finais................................................................................ 34

4 Aplicação do Método Proposto……………........................................... 35

4.1 Caracterização da Empresa..................................................................... 35

 

4.2 Definição do cenário para analise dos indicadores................................ 35

4.3 Aplicação do Método................................................................................ 36

4.3.1 Etapa 1 – Analisar a cadeia produtiva do asfalto.................................. 36

4.3.2 Etapa 2 – Analisar o processo de reciclagem dos pavimentos.............. 42

4.3.3 Etapa 3 – Definir o conjunto de indicadores estratégicos para avaliação de desempenho do processo de logística reversa através da reciclagem de pavimentos. ......................................................................

46

4.3.4 Etapa 4 – Comparar projetos de recuperação de uma rodovia utilizando a reciclagem de pavimentos com outras técnicas.................

48

4.4 Considerações Finais................................................................................ 57

5. Conclusão.................................................................................................. 59

5.1 Análise dos Resultados Obtidos............................................................... 59

5.2 Considerações Finais................................................................................ 60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 62

ANEXOS.................................................................................................... 66

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

    13  

1. Introdução

O setor rodoviário brasileiro é o mais expressivo modal de transportes de cargas do

país, atingindo praticamente todos os pontos do território nacional. O Sistema Rodoviário

Nacional teve seu ápice de crescimento no período de 1960 a 1980. Segundo dados da CNT –

Confederação Nacional do Transporte, de 2008, o Brasil, possui entre Municipais, Estaduais e

Federais, 1.751.872km de rodovias pavimentadas e não pavimentadas, de um total de

8.514.876 km² de extensão territorial brasileiro. Dessa extensão rodoviária, 14,4% são de

rodovias estaduais, 78,8% são de rodovias municipais e 6,7% são de rodovias federais. As

estradas não pavimentadas são a maioria, representando 88,8% contra 11,1%, ou seja,

196.093km de rodovias pavimentadas. O Estado do Ceará é composto por uma rede

rodoviária de 53.325,4km, considerando toda a malha rodoviária, municipal, estadual e

federal, sendo 5.767,6km de rodovias estaduais pavimentadas e 04.890,3 km não

pavimentados (DERT, 2010).

Somando-se a escassez de recursos e o baixo volume de obras de implantação e

pavimentação de novas rodovias, a malha viária brasileira encontra-se penalizada. O

pavimento das rodovias é um valioso patrimônio público e deve ser conservado com

prioridade pelo setor de infraestrutura. O estado de conservação do pavimento das rodovias

impacta significativamente na economia do país, de uma região e da sociedade. A falta de

manutenção ou novos projetos rodoviários impactam diretamente no custo operacional dos

veículos, onerando os fretes, aumentando o tempo das viagens e influenciando no valor final

dos produtos transportados, bem como na sociedade em geral.

Dessa forma uma malha viária bem conservada permite o escoamento das safras,

acelerando o desenvolvimento da região, contribuindo assim para promover a indústria e o

comércio, para melhorar a viabilidade das zonas urbanas, com o aumento dos empregos, com

a educação e com a geração de novas oportunidades (QUEIROZ et al., 1992).

Alem disso a mecanização exige grandes investimentos em equipamentos de alto custo

e exige serviços relacionados planejados e executados, o que só pode ser adquirido através de

empresas de alto padrão de eficiência (RICARDO, 1990). É fato que a alocação racional dos

recursos necessários à execução desses serviços pode reduzir significativamente os custos das

obras, conhecendo com precisão as quantidades e destino dos materiais das diversas seções

    14  

em corte, assim como a origem e disposição dos materiais utilizados como agregados,

originários das extrações das jazidas que são usados nas diversas soluções de pavimentações.

Portanto a reutilização dos agregados do pavimento deteriorado, para serviços de

reconstrução, restauração e conservação, propicia uma redução da demanda de novos

materiais. Com objetivo de aproveitar parte da vida útil da rodovia, existem soluções de

fresagem, processo onde é extraída uma camada do pavimento ainda em boas condições,

gerando uma grande quantidade de resíduos e aplicando tecnologias que aproveitam até 100%

desse material extraído, e, em seguida aplicando uma nova camada asfáltica que recupera e

rejuvenesce o pavimento. Esse processo de reciclagem é definido como uma reutilização dos

materiais existentes nos pavimentos, depois de alguns procedimentos técnicos, com objetivo

de conservar os agregados dos ligantes asfálticos, preservando o meio ambiente e mantendo

as condições geométricas existentes.

Por sua vez a conservação desse material representa uma redução de custos

proporcionada pela reciclagem do material, onde a quantidade de asfalto adicionado pode

variar de 1 a 3% no processo, enquanto em uma nova mistura, é necessário 6% de asfalto no

processo de uma nova rodovia, além dos custos com transporte que também reduz de forma

considerável.

1.1 Problema

O crescimento da população e a quantidade de resíduos gerados por estes vêm

provocando altos custos e grandes transtornos nas grandes metrópoles. Os resíduos gerados

pelo recapeamento decorrente da manutenção e recuperação das vias e rodovias provocam

grandes impactos ambientais devido à disposição irregular dessas matérias, na maioria das

vezes ficando a margem da rodovia ou sendo direcionados a aterros.

A reutilização desses resíduos como agregados através de uma rede reversa permitirá o

aproveitamento desses materiais reduzindo custos ao projeto de recuperação das rodovias e

evitando o acúmulo e destino indevido dessas sobras que na maioria das vezes encontra-se em

bom estado.

Objetivando conhecer esses custos relevantes a reciclagem de pavimentos, sua

participação e importância na composição dos custos da obra, levantou-se o seguinte

questionamento:

    15  

Como comprovar a efetividade dos benefícios econômicos na utilização de material

reciclado na restauração de pavimentos dentro da cadeia produtiva do asfalto?  

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste estudo é avaliar os benefícios obtidos através da reciclagem dos

resíduos de pavimentos dentro da cadeia produtiva do asfalto, estabelecendo parâmetros que

alicercem as escolhas dos órgãos públicos, empresas privadas e profissionais que desejem

optar por essa solução.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Analisar a utilização de resíduos reciclados na cadeia produtiva de asfaltos e a

importância econômica para o desenvolvimento de uma região;

• Justificar a utilização de resíduos como agregados na composição de novos

pavimentos pelas empresas privadas;

• Analisar como ocorre o processo de reciclagem de pavimentos;

• Apresentar a importância da reciclagem de resíduos para a cadeia produtiva de

asfaltos e os benefícios obtidos através da Logística Reversa.

1.2.3 Estrutura do Trabalho

O presente trabalho encontra-se estruturado em seis capítulos, descritos a seguir:

O capítulo 1 aborda a introdução do trabalho apresentando a justificativa e delimitação do assunto, os objetivos gerais e específicos, e a estrutura a ser seguida.

O capítulo 2 apresenta através da fundamentação teórica, a cadeia produtiva de asfaltos, os resíduos de asfaltos gerados na recuperação de pavimentos, os indicadores de estratégicos de desempenho que auxiliarão na análise dos processos, os aspectos relevantes a composição dos custos inerentes a reciclagem de pavimentos, bem como conceito de logística reversa e seus benefícios ao meio.

O capítulo 3 aborda a metodologia do estudo iniciando com a metodologia da pesquisa e em seguida apresentando cada uma das etapas do método proposto.

O capítulo 4 apresenta a aplicação do método através de dados reais de empresas que atuam no mercado de reciclagem de pavimentos asfálticos, identificando a atuação dos componentes da cadeia em estudo e todas as suas etapas.

    16  

O capítulo 5 traz a análise dos resultados, considerações finais sobre o trabalho e as recomendações para trabalhos futuros.

Ao final deste trabalho, encontram-se as referências bibliográficas e os anexos que serviram de base para a elaboração desta dissertação.    

    17  

 

2. Fundamentação Teórica

Esse capítulo pretende apresentar a cadeia produtiva de asfaltos e seus componentes

desde o refino do asfalto até o consumidor final, onde o produto é aplicado, com ênfase nos

resíduos gerados nessa cadeia e os indicadores de desempenho estratégicos para as empresas

envolvidas no processo. O capítulo também destaca um entendimento acerca do conceito de

logística reversa e sua aplicabilidade ao processo.

2.1 Cadeia produtiva de asfaltos

A importância da cadeia produtiva do asfalto se torna ainda mais clara quando se leva

em consideração todos os benefícios que seu desenvolvimento traz ao país. Um dos maiores

custos dos produtos brasileiros está diretamente ligado à qualidade dos pavimentos que

permite escoar a produção das regiões do país em direção aos centros consumidores e portos.

A qualidade das rodovias do país influi diretamente nos custos dos fretes e no

consumo geral de todos os veículos. A má qualidade das rodovias aumenta o consumo de

combustíveis e por consequência uma maior quantidade de emissão de gases na atmosfera,

aumentando o efeito estufa.

O asfalto, material que compõe o pavimento, é um produto de consistência variável,

aderente, altamente impermeabilizante e durável. É constituído predominantemente de

betume, que pode se obtido diretamente de jazidas ou por meio do refino de petróleo. As

primeiras aplicações de asfalto para pavimentação datam do início do século XX em países

como a França, Estados Unidos e Inglaterra. No Brasil a primeira aplicação de asfalto em

pavimentação foi feita em 1906, na cidade do Rio de Janeiro, utilizando asfalto natural de

Trinidad (IBP, 1999).

Esse asfalto moderno é um constituinte natural do petróleo. A maioria dos óleos crus

contém um pouco de asfalto; às vezes o óleo cru pode ser inteiramente constituído de asfalto,

contudo, existem alguns óleos crus que não contém asfalto.

O petróleo cru dos poços de exploração tem seus constituintes ou frações separados na

refinaria. O meio principal de proceder à separação é a destilação. Após a separação, os

constituintes sofrem refino ou processamento adicional para a obtenção de produtos que

    18  

atendem a requisitos específicos. Portanto, as refinarias de petróleo fornecem asfalto,

parafina, gasolina, óleo lubrificante e outros produtos (INSTITUTO DE ASFALTO, 1989).

Considerando que o asfalto é a base do óleo cru, não ocorre sua evaporação ou

ebulição ao se destilar esse produto. Dessa forma, o asfalto é um resíduo ou produto residual

valioso e essencial para uma variedade de aplicações na engenharia.

O asfalto também é um material betuminoso porque contém betume, que é um

hidrocarboneto, solúvel no bissulfeto de carbono. Esse asfalto do petróleo utilizado em

pavimentos é chamado usualmente de asfalto de pavimentação ou cimento asfáltico, de modo

a distingui-lo do asfalto próprio para utilizações que não sejam de pavimentação, tais como

em impermeabilização e finalidades industriais (INSTITUTO DE ASFALTO, 1989).

O termo pavimento asfáltico é aplicado genericamente a todo pavimento cuja

superfície seja construída com asfalto. Normalmente, consiste numa camada superficial de

agregado mineral revestido e cimentado pelo asfalto e de uma ou mais camadas de apoio.

Pavimento é uma estrutura construída sobre a superfície obtida pelos serviços de

terraplenagem com a função principal de fornecer ao usuário segurança e conforto, que devem

ser conseguidos sob o ponto de vista da engenharia, isto é, com a máxima qualidade e mínimo

custo (SANTANA, 1993);

Alem disso, para que ocorra a distribuição desse material asfáltico, existe a exploração

do petróleo que é à base da cadeia produtiva do asfalto. Essa atividade de exploração e refino

é executada pela Petrobras (Petróleo Brasileiro S/A) em todo o território nacional.

No território nacional a Petrobrás produz os asfaltos CAP e ADP em 09 refinarias de

petróleo: Refinaria de Manaus – REMAN; Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste

– LUBNOR; Refinaria Landulpho Alves – RLAM; Refinaria Gabriel Passo – REGAP;

Refinaria de Duque de Caxias – REDUC; Refinaria Henrique Lage – REVAP; Refinaria do

Planalto paulista – REPLAN; Refinaria Presidente Getúlio Vargas – REPAR e Refinaria

Alberto Pasqualini – REFAP S/A.

As refinarias produzem dois tipos de asfaltos de pavimentação: o CAP (cimento

asfáltico de petróleo) e o ADP (asfalto diluído de petróleo). Os asfaltos para pavimentação são

comercializados em quatro formas: i) cimentos asfálticos de petróleo (CAP); ii) asfaltos

    19  

diluídos de petróleo (ADP); iii) emulsões asfálticas (EAC); e iv) asfaltos modificados

(asfaltos polímeros) (DECONCIC, 2009).

O CAP é um produto termossensível que exige transporte e armazenamento adequados

que o mantenha aquecido entre 140ºC e 177ºC. Essa característica exige um controle

constante durante todas as etapas da logística e manuseio do produto seja pelo produtor, como

pelos distribuidores e consumidores, para manutenção da temperatura adequada em cada

etapa da cadeia produtiva.

O ADP resulta da diluição do CAP por nafta em processo simples de homogeneização.

O resultado são produtos menos viscosos que podem ser aplicados a temperaturas próximas

da ambiente, e que após a evaporação de seus componentes de diluição deixa como resíduo o

próprio CAP. No Brasil os asfaltos diluídos são classificados em duas categorias: CR – asfalto

diluído de cura rápida; e CM – asfalto diluído de cura média.

As emulsões asfálticas são ligantes betuminosos que utilizam água como veículo para

torná-los aplicáveis em pavimentação a temperaturas próximas da ambiente. Tais emulsões

são utilizadas para diversos serviços em pavimentação como pintura de ligação, tratamentos

superficiais simples, duplo e triplo, micro revestimento etc. (ABEDA, 2010).

Por fim, têm-se os asfaltos modificados que podem ser agrupados em: i) agentes de

reciclagem/agentes de rejuvenescimento: são materiais utilizados na reciclagem de

revestimentos asfálticos, para aproveitamento do ligante envelhecido; ii) asfaltos modificados

por produtos naturais: buscam modificar o CAP, melhorando suas propriedades mecânicas; e

iii) asfaltos modificados por polímeros ou por borracha: incorporação ao CAP de polímeros

ou pó de borracha de pneus inservíveis em quantidades apropriadas.

Além da produção dos asfaltos pela Petrobras, ainda existe a possibilidade de

importação de asfaltos para atender a demanda do mercado.

Dando sequencia a cadeia produtiva de asfaltos, após deixar a refinaria, o asfalto (CAP

e ADP) é predominantemente transportado por distribuidoras credenciadas pela Agência

Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A ANP tem como umas das

principais atribuições à implantação da regulação da qualidade de derivados de petróleo dos

interesses dos consumidores quanto ao preço, qualidade e oferta dos produtos.

    20  

As distribuidoras são autorizadas pela ANP a realizarem serviço de transporte dos

asfaltos para as suas áreas de aplicação, além de poderem executar modificações no produto.

Com isso, as distribuidoras podem criar emulsões asfálticas ou asfaltos modificados com

polímeros a partir dos produtos retirados nas refinarias. Neste segmento da cadeia também

aparecem as transportadoras com autorização específica da Agência Nacional de Transportes

Terrestres (ANTT). As transportadoras podem ser contratadas por consumidores finais que

compram asfaltos diretamente das refinarias ou são subcontratadas por distribuidoras. As

transportadoras têm autorização apenas para transportar o produto asfalto, não podendo

realizar qualquer outro tipo de serviço relacionado à transformação ou comercialização do

produto.

A distribuição de asfaltos é uma atividade considerada de utilidade pública, que

compreende a aquisição, armazenamento, transporte, ativação, industrialização, misturas,

comercialização, controle de qualidade e assistência técnica ao consumidor (Art. 1°, § Único

da Resolução ANP n° 2, de 14/01/05), pela qual o distribuidor de asfaltos somente poderá

executar tal atividade por meio de autorização prévia da ANP. Os distribuidores também

produzem asfaltos modificados e emulsões asfálticas de alta tecnologia que contribuem para a

maior durabilidade das ruas e estradas na quais são aplicados.

No mercado nacional, a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de asfaltos

– ABEDA representa a maioria das empresas distribuidoras e produtoras de produtos

asfálticos para os setores de pavimentação e da construção civil.

A cadeia do segmento de asfalto encerra-se com o consumidor final, com quem o

distribuidor comercializa os materiais asfálticos que são os órgãos públicos federais, estaduais

e municipais através das diversas modalidades de licitação, seguido das concessionárias

privadas e construtoras em geral, que são empresas privadas de construção civil, contratada

pelos órgãos públicos para executar as obras de pavimentação. Nas duas situações, os

consumidores adquirem o produto para consumo final, caracterizando o fim da cadeia

produtiva de asfaltos.

As construtoras produzem ou recebem de terceiros, materiais pétreos ou agregados

como pedras e areais, conforme requisitos de qualidade específicos, que quando misturados

ao produto asfáltico constituem as misturas asfálticas. Em geral, as misturas asfálticas são

feitas em usinas fixas ou em equipamentos móveis apropriados, que também podem ser da

própria construtora ou de terceiros.

    21  

Assim se encerra a cadeia produtiva de asfaltos com cerca de 95% dos produtos

asfálticos utilizados na pavimentação de obras públicas e privadas de pavimentação viária,

tornando os governos federal, estadual e municipal os principais consumidores, seguidos das

concessionárias de rodovias e construtoras.

2.2 Resíduos de asfaltos gerados na recuperação de pavimentos

A reciclagem de resíduos gerados pela indústria da construção vem se consolidando

como uma prática importante para a sustentabilidade, seja pelo impacto ambiental gerado pelo

setor ou pela redução de custos para as organizações.

O resíduo é o resultado de processos de diversas atividades da comunidade de origem:

industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e ainda da varrição pública,

(DONATO, 2008). Os resíduos apresentam-se nos estados sólido, gasoso e líquido.

Graças à industrialização, advento de novas tecnologias, crescimento populacional e

aumento de pessoas nos grandes centros urbanos e diversificação do consumo de bens e

serviços, os resíduos se transformaram em graves problemas urbanos com um gerenciamento

oneroso e complexo, considerando o volume e massa acumulados.

Uma solução adequada para os problemas gerados é a reciclagem de resíduos, onde a

construção civil tem um grande potencial de utilização desses materiais. De uma forma geral,

estes ciclos para a construção tentam aproximar a construção civil do conceito de

desenvolvimento sustentável, entendido aqui como um processo que leva a mudanças na

exploração de recursos, na direção dos investimentos, na orientação do desenvolvimento

tecnológico e nas mudanças institucionais, todas visando à harmonia e ao entrelaçamento nas

aspirações e necessidades humanas presentes e futuras. Este conceito não implica somente

multidisciplinaridade, envolve também mudanças culturais e educação ambiental.

Embora a redução na geração de resíduo seja sempre uma ação necessária, ela é

limitada, uma vez que existem impurezas na matéria-prima, envolve custos e patamares de

desenvolvimento tecnológico (SOUZA et al., 1999; JOHN, 2000).

O tema reciclagem vem ganhando bastante espaço em diversas áreas da Engenharia.

Um dos principais fatores que alavancaram a preocupação com o assunto está relacionado

com o meio ambiente e com as fontes básicas de produtos que serão extintos um dia, como o

petróleo.

    22  

No Brasil, a reciclagem de resíduos ainda é muito tímida, se comparado com países do

primeiro mundo. Este atraso se deve a vários fatores como problemas econômicos,

tecnológicos e sociais.  Assim,  em  larga  medida  a  questão  ambiental  no  Brasil,  ainda  é  tratada  como  

sendo  um  problema  de  preservação  da  natureza.    

A reciclagem de pavimento asfáltico, introduzida no mercado brasileiro no início da

década de 90, é hoje uma realidade nas grandes cidades brasileiras, viabilizando a reciclagem

tanto do asfalto quanto dos agregados do concreto asfáltico.

Essa solução tem o objetivo de reaproveitar integralmente os resíduos de demolição de

pavimentos no processo de produção de um novo concreto asfáltico, após surgimento da

necessidade de manutenção e recuperação da rodovia (ARRA, 2001).

Para que ocorra a reciclagem, alguns trechos de algumas rodovias são estudados e,

depois de identificado as características do pavimento existente, é feito um tratamento nos

locais que apresentaram problemas. Essa manutenção ocorre através da fresagem de uma

parte do pavimento, que em seguida recebe uma nova camada de pavimento.

Nesse processo de fresagem é gerada uma quantidade de resíduo que não tem uma

destinação correta, ficando a margem da rodovia ou sendo destinado a aterros. No mercado,

existem tecnologias que reciclam 100% desse material fresado de asfalto, reutilizando esse

resíduo como agregado na aplicação dessa nova camada do pavimento (BONFIM, 2000).

A fresagem é uma operação capaz de recuperar condições funcionais da superfície

existente. É, por definição, um processo de corte superficial, de forma controlada, de parte da

espessura do pavimento, que promove a correção de natureza funcional melhorando as

condições da estrutura existente.

Através da fresagem, é possível realizar a reciclagem do pavimento. A reciclagem de

pavimentos é uma técnica que tem como objetivo transformar o pavimento degradado numa

nova estrutura homogênea e adaptado ao tráfego para qual foi projetado. Essa técnica consiste

em reutilizar os materiais existentes numa das camadas da rodovia, na construção de uma

nova camada, mediante a desagregação desse material numa determinada profundidade,

adicionando um aglomerante, água e aditivo com dose específica baseada em testes e ensaios

específicos para o trecho da rodovia em análise, de acordo com as normas da ABNT.

    23  

Dessa forma a extração e beneficiamento de pedra britada produz forte impacto no

meio ambiente. A preparação de uma jazida para exploração requer a remoção de vegetação e

camada de solo, provocando alterações no ecossistema e o processo produtivo polui o ar ao

lançar pó de rocha e gases de explosivos na atmosfera.

O resíduo de demolição de pavimentos asfálticos é composto por esses mesmos

componentes, que podem ser reinseridos integralmente no processo produtivo do novo

concreto asfáltico.

Dessa forma, através da reciclagem e adoção de um programa de gerenciamento dos

resíduos decorrentes da fresagem de pavimentos asfálticos e seu posterior aproveitamento é

possível ocorrer reduções e benefícios significativos como:

• Redução do consumo de recursos naturais não renováveis, quando substituídos

por resíduos reciclados (JOHN, 2000 apud ÂNGULO et al., 2001);

• Destinação correta para os resíduos decorrente de fresagem de pavimentos

asfálticos (BONFIM, 2000);

• Redução no consumo de recursos naturais não-renováveis, quando

substituídos por resíduos reciclados (JOHN, 2000);

• Redução de áreas necessárias para aterro, pela minimização de volume de

resíduos pela reciclagem(PINTO, 1999).

• Redução do consumo de energia durante o processo de produção (JOHN,

2000).

• Embora a redução na geração de resíduo seja sempre uma ação necessária, ela

é limitada, uma vez que existem impurezas na matéria-prima, envolve custos

e patamares de desenvolvimento tecnológico (SOUZA et al., 1999; JOHN,

2000).

2.3 Indicadores estratégicos de desempenho econômico em empresas da cadeia de

asfalto

A medição tradicional tem como principal preocupação a medição em termos de uso

eficiente dos recursos. A relação entre os indicadores de custos e produtividade é intrínseca e

indissociável, considerando que todo aumento ou redução de custos tem um efeito direto

sobre a produtividade da organização.

    24  

A preocupação com a qualidade, produtividade e competitividade nos mercados

interno e externo, bem como o ajustamento às necessidades dos consumidores, geram a

necessidade de se estudar com mais precisão os custos que envolvem o processo produtivo.

Dessa forma, as empresas devem ter conhecimento de todos os custos, pois estes estão

intimamente relacionados com a produção de itens.

Com isso, os indicadores de desempenho mais abordados nesse cenário serão os de

produtividade visando a redução dos custos.

A análise dos indicadores estratégicos de desempenho nesse processo visa à

maximização do resultado econômico da cadeia, buscando a redução dos custos no processo

de reciclagem de pavimentos e preservando o meio ambiente através da aplicação de técnicas

da logística reversa.

Custos referem-se ao valor dos fatores de produção consumidos por uma firma para

produzir ou distribuir produtos ou serviços, ou ambos (LEONE, 2009), ou ainda, os custos são

gastos relativos à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e serviços, ou seja, o

valor dos insumos usados na fabricação dos produtos da empresa (MARTINS, 1992), faz-se

necessário um completo levantamento e análise de informações referentes à estrutura dos

custos de agregados na composição do tratamento de pavimentos.

Com isso, faz-se necessário um completo levantamento e análise de informações

referentes à estrutura de custos e aos preços de agregados na composição do tratamento de

pavimentos, pois, de acordo com os custos referem-se ao valor dos fatores de produção

consumidos por uma firma para produzir ou distribuir produtos ou serviços, ou ambos

(LEONE, 2009). Os custos são gastos relativos à bem ou serviço utilizado na produção de

outros bens e serviços, ou seja, o valor dos insumos usados na fabricação dos produtos da

empresa (MARTINS, 1992).

Para atingir metas, a empresa necessita gerar indicadores que possam mensurar níveis

e quantitativos de atividades desempenhadas. Na busca de obter ganhos na realização de

determinadas atividades, é necessário monitorar essa tarefa tornando possível a mensuração

das mudanças efetivadas, bem como a garantia e consistência do processo.

O sistema de monitoramento permite que o processo em análise seja controlado e

analisado por um período, desde que ocorrências fora dos padrões estabelecidos sejam

investigadas e tenham suas causas identificadas e eliminadas. Assim, é possível utilizar os

    25  

problemas que surgem como forma de aprendizado e evitar reincidências nos erros. Além

desses benefícios, o sistema pode fomentar o aumento da produtividade através de metas

justas e factíveis.    

Nesse contexto, objetivando o aumento da produtividade, os grandes desafios giram

em torna da busca da racionalização de recursos e serviços, da modernização e da

produtividade, que são indispensáveis a qualidade e produtividade. Para isso, é importante

estudar o desenvolvimento dos sistemas de medição, uma vez que eles fazem parte e auxiliam

o desenvolvimento de programas de aprimoramento.

A medição da produtividade considera a influencia de fatores conjunturais que podem

afetar a produção alcançada. Esse monitoramento de medidas de produtividade ao longo do

tempo pode gerar interpretação errônea se não forem considerados esses fatores conjunturais.

O resultado disso pode ser a redução da produtividade sem que a qualidade tenha sido

reduzida.

A medição da qualidade, por outro lado, também possui seus obstáculos e desafios, já

que para conseguir seus resultados, faz-se necessário um feedback dos clientes. Nesse cenário,

as empresas necessitam além de um sistema de medição, de um sistema de informação que

seja compatível com o monitoramento das atividades.

Para esse cenário, os indicadores estratégicos de produtividade e qualidade serão

analisados na reciclagem de pavimentos. O desempenho dessas atividades e seus impactos

afetam diretamente a eficiência da cadeia de suprimentos de asfaltos, visto que os benefícios

gerados pela reciclagem de pavimentos podem gerar ganhos para as empresas envolvidas e a

sociedade em geral. Com isso, é relevante a atribuição que deve ser dada ao monitoramento

de todas as atividades do processo de reciclagem dentro da cadeia. Quanto mais adequado for

o sistema de monitoramento e controle, mais consistência terão os indicadores que serão

gerados.

Medidas são observações quantificadas de algum aspecto ou atributo de um processo,

produto ou projeto. Elas aumentam nossa capacidade de compreender coisas inacessíveis às

nossas habilidades e inteligência naturais. Dessa forma, um sistema de medição pode ser um

instrumento muito útil para a tomada de decisão. Para Ward (1996, p. 59), medidas

selecionadas adequadamente fornecem a base necessária para atuação de um processo, uma

    26  

vez que apoiam análises eficazes das atividades monitoradas e são essenciais para qualquer

esforço direcionado à melhoria de qualidade. Não se pode controlar aquilo que se pode medir.

O monitoramento é a base para o controle das atividades, e para um melhor e continuo

aprimoramento, o ideal é que todas as atividades desempenhadas sejam medidas. A mera

existência de estimativa de produtividade pode servir de estímulo para que funcionários

passem a raciocinar em termos de eficiência e preocupar-se com elas (MOREIRA, 1991).

Graças a grande importância dos sistemas de medidas para as organizações, é

fundamental selecionar métricas que expressem com precisão o que está se tentando

mensurar. As empresas utilizam sistemas de medição de qualidade e produtividade para:

facilitar a comunicação; identificar áreas que precisam ser melhoradas; obter dados que

ajudam a entender problemas; avaliar alternativas; acompanhar progressos na direção de

metas; quantificar e informar resultados de melhorias; fornecer feedback do desempenho

obtido, além de alimentar as análises estatísticas (BYRNE, 1991).

As medidas de qualidade do serviço devem englobar dois tipos de medidas: as

“essenciais” e as de “valor agregado” (BYRNE, 1991). As essenciais são os indicadores de

produtividade e as de valor agregado são os indicadores de qualidade.

Medir a produtividade implica em medir a eficiência de um processo. O conceito de

produtividade é a razão entre o output real produzido e o input real consumido, onde output é

uma medida do trabalho realizado por uma atividade (exemplo: quantidade de asfalto

utilizado usando o processo de reciclagem x quantidade de asfalto usado usando o processo

convencional – sem reciclar) e o input é uma medida do recurso consumido para realizar o

trabalho (exemplo: relação homem/hora utilizado nos processos de recuperação de

pavimentos com e sem a utilização de reciclagem) (BYRNE, 1991). Ou seja, o conceito

apresentado por ser representado como: produtividade = output-produzido / input-consumido.

Vale ressaltar, conforme coloca o autor que o output-produzido não se trata de “esforço

dispendido”. O objetivo principal de estabelecer um sistema de medição de produtividade

para uma determinada atividade é prover a informação necessária para melhoria da

produtividade.

Nessa análise, é importante monitorar os resultados e compará-los com os valores

históricos e desempenhos obtidos. Vale salientar a diferença entre desempenho (performance)

    27  

e produtividade (output/input). Desempenho é uma medida do nível individual de esforço e

capacidade é a razão entre o output-real e o output-padrão.

Pode ser enganoso o uso da palavra produtividade num sentido genérico (MOREIRA,

1991). Não existe uma, mas sim várias medidas de produtividade. Para cada função, um

grande número de elementos de trabalho pode ser avaliado, cada um com sua unidade de

medida própria.

A produtividade pode ser aumentada de três formas: reengenharia do processo em si,

melhoria da utilização dos recursos e aumento do desempenho através de metas ou outros

incentivos (BYRNE, 1991). Sendo assim, obter maior produtividade, qualidade e controle no

processo de reciclagem de pavimentos pode ser o primeiro passo para justificar a utilização

desses insumos como agregados na execução de novos pavimentos, objetivando maiores

benefícios à cadeia.

2.4 A logística reversa no processo de reciclagem de asfaltos

A Logística Reversa tem sido tema frequente de livros modernos, artigos

internacionais e nacionais, demonstrando sua aplicabilidade e interesse em diversos setores

empresariais e apresentando novas oportunidades de negócios no Supply Chain Reverso,

criado por esta nova área da Logística. O conceito de Logística Reversa vem evoluindo nos

últimos 20 anos, apesar de aparentar um tema recente.

Nos anos 90, foram introduzidas novas abordagens da logística reversa, como a

logística do retorno dos produtos, redução de recursos, reciclagem, e ações para substituição

de materiais, reutilização de materiais, disposição final dos resíduos, reaproveitamento,

reparação e remanufatura de materiais (STOCK, 1992).

Segundo Council of Logistics Management (1993, p. 323), “Logística reversa é um

amplo termo relacionado às habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de redução,

movimentação e disposição de resíduos de produtos e embalagens.... “.  

De acordo com Stock (1998, p. 20),

Logística Reversa é uma perspectiva de logística de negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e remanufatura.

 

    28  

Para Rogers e Tibben-Lembke (1999, p. 22),

A Logística Reversa é definida como processo de planejamento, implementação e controle da eficiência, do custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques de processo, produtos acabados e as respectivas informações, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recapturar valor ou adequar o seu destino.

A evolução desses conceitos tem ampliado a definição de logística reversa tal como

uma nova área da logística empresarial, preocupando-se em equacionar a multiplicidade de

aspectos logísticos do retorno ao ciclo produtivo dos resíduos industriais, por meio da

reutilização controlada do bem e de seus componentes ou da reciclagem dos materiais

constituintes, dando origem a matérias-primas secundárias que se reintegrarão ao processo

produtivo (LEITE, 2000).

Para Dornier et al. (2000, p. 39), “a Logística Reversa abrange áreas de atuação novas

incluindo o gerenciamento dos fluxos reversos”. Hoje, no entanto, essa definição expandiu-se

e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informações.

Já Bowersox e Closs (2001, p. 51) apresentam, por sua vez, a ideia de “Apoio ao Ciclo

de Vida” como um dos objetivos operacionais da Logística moderna referindo-se ao

prolongamento da Logística além do fluxo direto dos materiais e a necessidade de considerar

os fluxos reversos de produtos em geral.

E, mais recente, Donato (2008, p. 19) afirma que,

A Logística Reversa é a área da logística que trata dos aspectos de retornos de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo. Esse processo movimenta materiais reaproveitados que retornam ao processo tradicional de suprimento, produção e distribuição.  

As diversas definições e citações de Logística Reversa até então revelam que o

conceito ainda está em evolução face às novas possibilidades de negócios relacionados ao

crescente interesse empresarial e o interesse de pesquisas nesta área na última década.

Assim, a Logística Reversa pode ser entendida como a área da Logística Empresarial

que planeja, opera e controla o fluxo, e as informações logísticas correspondentes, do retorno

dos bens de pós-venda e de pós - consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, através

dos Canais de Distribuição Reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico,

ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.

Na cadeia produtiva de asfaltos, a logística reversa dos resíduos ou materiais asfálticos

ocorre com a utilização do material fresado como agregado na composição do cimento

    29  

asfáltico a ser aplicado na recuperação do pavimento, utilizando as mais diversas técnicas

existentes no mercado.

 Conforme Tuchumantel (1998), essa reciclagem vai proporcionar uma cadeia de benefícios como:

Aproveitamento dos materiais envelhecidos, contaminados ou de características inadequadas do pavimento existente, bem como a eliminação dos depósitos em aterro dos materiais retirados do pavimento e diminuição da extração de agregados das pedreiras existentes com todas as vantagens ambientais daí resultantes. Possibilita a reabilitação de uma só via da estrada, aspecto bastante importante em estradas de duas ou mais vias em que apenas uma deles está sujeita ao tráfego pesado, diminuindo assim problemas causados ao tráfego, e menor deterioração das estradas secundárias adjacentes, devido ao volume mais reduzido de transporte de novos materiais. Alem disso, proporciona menores custos de reabilitação de pavimentos em estradas em estado de ruína e a realização em simultâneo com o alargamento de uma estrada, o que é um fator importante já que geralmente a reabilitação dos pavimentos está associada a um alargamento da plataforma.

Pode-se, dessa forma, referir a reciclagem de pavimentos como um método de

construção que respeita o meio ambiente e é ao mesmo tempo econômico e sustentável, uma

vez que se reutilizam todos os materiais e reduzem-se os custos.

2.5 Considerações finais

Foram expostos, neste capítulo, aspectos relacionados com a cadeia produtiva de

asfaltos e os resíduos gerados na recuperação de pavimentos, conceito de indicadores de

desempenho estratégicos, bem como a evolução do conceito de Logística Reversa.

Mostrou-se também como a integração desses conceitos pode aumentar a

produtividade e melhorar a qualidade, auxiliando a tomada de decisão dos envolvidos nessa

cadeia. O próximo capítulo faz a explicação da metodologia do estudo detalhando o método

proposto para aplicação desses indicadores de desempenho estratégicos que através da

Logística Reversa, buscam maximizar o resultado econômico da cadeia produtiva de asfaltos,

levando em consideração as especificidades do processo produtivo.

    30  

3 Metodologia do Estudo

Nesse capítulo, será apresentada a metodologia do estudo e as etapas necessárias para

a apresentação dos resultados de forma a facilitar a compreensão do objeto de estudo.

3.1 Metodologia da Pesquisa

Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 83), o método científico é o conjunto das

atividades sistemáticas e racionais, que, com maior segurança e economia, permite alcançar o

objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido,

detectando erros e a auxiliando as decisões do cientista. Método é uma forma de selecionar

técnicas, forma de avaliar alternativas para ação científica. Assim, enquanto as técnicas

utilizadas por um cientista são fruto de suas decisões, o modo pelo qual tais decisões são

tomadas depende de suas regras de decisão. Os métodos são regras de escolha e as técnicas

são as próprias escolhas.

Através de uma revisão bibliográfica na cadeia de suprimento do asfalto, realizou-se

uma pesquisa buscando a fundamentação necessária ao presente estudo, através de conteúdos

publicados em livros, artigos, teses, dissertações e materiais disponíveis na internet. Esse

estudo foi elaborado, considerando como delimitadores as empresas que compõem a cadeia

produtiva de asfaltos referente à área de abrangência da Refinaria de Petróleo da Petrobras

localizada em Fortaleza. Para efeito deste trabalho, estabeleceu-se um cenário real com a

utilização de dados relativos aos indicadores de desempenho estratégicos inerentes a

reciclagem de pavimentos utilizando a Logística Reversa.

O cenário real é apresentado através de um estudo de caso como tentativa de uma

reprodução da realidade para o ensino. O uso de estudos de casos em pesquisa tem sido

apresentado de várias formas, porém a definição de Yin (2010, p.22) é adequada ao afirmar

que o estudo de caso é uma forma de se fazer pesquisa social empírica ao investigar-se um

fenômeno atual dentro de seu contexto de vida real, onde as fronteiras entre o fenômeno e o

contexto não são claramente definidas e na situação em que múltiplas fontes de evidências são

usadas.

3.2   Estrutura  do  Método  

    31  

Este item apresenta a estrutura do estudo realizado para determinar os indicadores de

desempenho e através da logística reversa, buscar maximização do processo de reciclagem de

pavimentos apresentando as suas vantagens competitivas. É aconselhada a utilização do

método proposto em vias e rodovias que necessitam de correções funcionais nos pavimentos

objetivando reaproveitamento de materiais existentes. O estudo foi dividido em quatro etapas

para melhor controle dos dados a serem analisados.

A primeira etapa consiste em analisar a cadeia produtiva do asfalto, ou seja, quais

gargalos existem até o produto final asfalto e os custos que podem ser reduzidos, pois estes

têm influência direta nos resultados que se pretende obter. A segunda etapa corresponde à

análise do processo de reciclagem dos pavimentos e os seus benefícios.

A terceira etapa é a definição do conjunto de indicadores estratégicos para avaliação

de desempenho do processo de logística reversa através da reciclagem de pavimentos.

A quarta e última etapa consiste em apresentar um comparativo entre um projeto de

recuperação de um pavimento utilizando a reciclagem, e outra solução de pavimento sem

utilizar o material da rodovia a ser recuperada como agregado, ou seja, sem reciclar o

pavimento.

A fig. 1 mostra a estrutura do modelo proposto.

Figura 1 - Estrutura do estudo proposto para apresentação das vantagens competitivas do processo de reciclagem.  

   

Fonte: Elaboração própria.  

    32  

3.2.1 Etapa 1 – Analisar a cadeia produtiva do asfalto

Para que se possa entender o processo de reciclagem é necessário que se conheça a

estrutura da cadeia produtiva do asfalto, seu funcionamento e especificidades. Esta primeira

etapa consiste no levantamento e análise de todos os agentes envolvidos na cadeia e a

importância de cada um para ampliação da infraestrutura e o crescimento econômico da

região. Para que se entenda como ocorre o abastecimento de asfalto, é necessário que seja

feito uma análise detalhada considerando todos os parâmetros, que envolvem o planejamento

e crescimento de uma região.

Em cada uma das regiões geográficas do país o asfalto chega ao consumidor final

através de processos semelhantes ao que serão apresentados nesse trabalho, porém, para esse

estudo, serão consideradas as especificidades da cadeia produtiva referente à área de

abrangência da refinaria da Petrobras localizada em Fortaleza, LUBNOR.

Para execução desta etapa, o produto asfalto fará o elo entre todos os agentes da cadeia

produtiva considerando a relação entre as atividades de extração, produção, comercialização,

transporte, fiscalização e aplicação dos produtos asfálticos.

A próxima etapa abordará o processo de reciclagem dos pavimentos que através da

Logística Reversa, permite trazer de volta para a cadeia produtiva, os materiais asfálticos

gastos e deteriorados.

3.2.2 Etapa 2 – Analisar o processo de reciclagem dos pavimentos

Nesta etapa será analisado o processo de reciclagem apresentando seus benefícios do

ponto de vista econômico, se utilizados de forma correta e atendendo as exigências dos

projetos das áreas a serem recuperadas.

A reciclagem visa reduzir custos e os danos ambientais causados pelos resíduos

gerados através do processo de fresagem, considerando o valor econômico agregado e os

benefícios proporcionados por esta técnica. Vale ressaltar que, os benefícios citados não são

os únicos, existindo ainda fatores técnicos e econômicos que serão mensurados.

De posse dessas informações, serão definidos os indicadores estratégicos que

permitirão avaliar o desempenho do processo através da logística reversa, abordados na

próxima etapa.

    33  

3.2.3 Etapa 3 – Definir o conjunto de indicadores estratégicos para avaliação de

desempenho do processo de logística reversa através da reciclagem de

pavimentos.

Esta etapa consiste na definição de indicadores estratégicos para avaliar a eficácia do

processo de reciclagem de pavimento. Através da logística reversa, também será abordado as

vantagens ecológicas advindas de tal processo.

Neste contexto, torna-se importante estudar o desenvolvimento de sistemas de

medição de qualidade e produtividade, uma vez que esses indicadores servem de auxílio ao

desenvolvimento de programas de aprimoramento.

A medição da produtividade considera a influencia de fatores que podem afetar o o

custo final da obra, nesse estudo, os fatores serão monitorados em todos os processos,

buscando manter a qualidade do produto e por sua vez do pavimento que utiliza reciclagem.

Assim, a presente etapa visa apresentar os indicadores de produtividade citados a

seguir, que comparam a relação entre dois projetos de recuperação de pavimentos com as

mesmas especificações com utilização de técnicas diferentes – técnica convencional versus

técnica de reciclagem:

• Percentual de redução de extração de materiais virgens – asfalto, brita, areia,

materiais naturais escassos com características adequadas que tem forte

utilização junto às obras;

• Percentual de redução de destinação de resíduos – resíduos decorrentes da

fresagem do material que após extraído da rodovia, precisam de uma

destinação correta;

• Percentual de redução de custos conforme comparativo entre duas técnicas

apresentadas – ao utilizar o material fresado como agregado para construção de

um novo pavimento, os recursos utilizados serão menores proporcionando uma

redução de custos ao projeto.

Para esse estudo, o sistema de medição se dará através de um comparativo entre as

soluções aplicadas, com análise econômica e sustentável dos processos que será apresentado

na etapa seguinte.

    34  

3.2.4 Etapa 4 – Realizar análise comparativa entre os projetos de recuperação de uma

rodovia utilizando a reciclagem de pavimentos com outras técnicas.

Na presente etapa será realizado um comparativo para avaliar o desempenho de

pavimentos que foram restaurados por reciclagem, com o desempenho de outros pavimentos

que utilizaram outras técnicas.

O objetivo desse comparativo é verificar o desempenho das técnicas, através da

apresentação dos custos que compõem a atividade de pavimentação nas duas formas que serão

avaliadas. Além dos custos, serão avaliados e comparados os resultados de cada análise com

base nos indicadores de desempenho e nos benefícios sustentáveis apresentados.

Para esse comparativo, serão considerados os serviços envolvidos no processo de

restauração com serviço de fresagem com utilização de material virgem versus utilização de

material reciclado. Os serviços nos dois métodos são os mesmos e começam com a fresagem

do pavimento, o transporte do material fresado, a limpeza e pintura de ligação, a usinagem do

material asfáltico, o transporte do material usinado até a obra encerrando com a aplicação e

compactação do produto na rodovia. Os valores considerados para composição dos custos

desses serviços são das tabelas de referencias do DNIT.

Além do comparativo de custos entre os métodos de restauração do pavimento, será

avaliada a qualidade dos trechos executados apresentados no estudo de caso, a produtividade

dos processos e os resultados econômicos e de maior sustentabilidade para a cadeia produtiva

como um todo.    

3.3 Considerações Finais

Foi detalhada, neste capítulo, a metodologia da pesquisa e as etapas da estrutura do

estudo sobre a utilização de resíduos reciclados na cadeia de produção de asfaltos, buscando

apresentar as vantagens competitivas, econômica e sustentável do processo de reciclagem de

pavimentos considerando os agentes envolvidos na cadeia, e comparar soluções visando à

maximização dos resultados e benefícios ao meio ambiente.

No próximo capítulo, será apresentada a aplicação do método proposto a partir de

dados reais relativos a projetos executados em rodovias nacionais.

    35  

 

4 Aplicação da analise proposta

Este capítulo apresenta o método proposto aplicado em uma empresa atuante no ramo

de pavimentação asfáltica com foco em soluções que permitam utilizar a reciclagem de

pavimentos. O método baseou-se em análises de projetos reais desenvolvidos em rodovias no

país utilizando o processo de reciclagem, com a participação dos agentes que compõem a

cadeia de suprimento do asfalto e as despesas e custos referentes à matéria-prima, mão de

obra direta e indireta, extração de recursos naturais e demais fatores de produção.

Para isso, utilizou-se a organização de um cenário empresarial, com objetivo de

apresentar informações e soluções que possam contribuir para uma melhor utilização dos

recursos existentes sem causar danos ao meio ambiente e sem perder a qualidade do produto

final.

Será apresentada a seguir a aplicação do método proposto no capítulo 3 explicando

cada uma de suas etapas.

4.1 Caracterização da Empresa

O estudo foi realizado em uma empresa do ramo de asfaltos presente no mercado há

mais de quatro décadas. O método foi testado através do comparativo de soluções oferecidas

ao mercado utilizando a reciclagem de pavimento com soluções que utilizaram outras técnicas

de recuperação, buscando sempre a participação dos demais agentes da cadeia de produção.

O interesse da empresa é desenvolver um conceito de reciclagem de pavimento com

maior produtividade e qualidade, maximizando os resultados e minimizando a utilização dos

recursos naturais. No próximo item, será apresentado o cenário para aplicação do método.

4.2 Definição do cenário para analise dos indicadores

A analise considerou como cenário da cadeia de suprimentos a refinaria da Petrobras,

localizada em Fortaleza no Ceará e sua área de abrangência. Para análise e comparativo dos

métodos de restauração dos pavimentos, foram considerados projetos executados na região

Sul do país. Os valores de referência para composição dos custos dos serviços convencionais

e de reciclagem foram extraídos das tabelas vigentes do DNIT (Departamento Nacional de

    36  

Infraestrutura de Transportes). Será apresentada a seguir a aplicação do método proposto no

capítulo 3 explicando cada uma de suas etapas.

4.3 Aplicação do Método

A aplicação do método proposto possibilitará uma análise da cadeia de suprimentos do

asfalto e do processo de reciclagem do pavimento apresentando um comparativo baseado em

indicadores de desempenho nas soluções de recuperação de um pavimento, utilizando ou não

o processo de reciclagem. O método é dividido em quatro etapas conforme descritas a seguir:

4.3.1 Etapa 1 – Analisar a cadeia produtiva do asfalto

Nessa etapa, é importante apresentar a estrutura da cadeia produtiva do asfalto,

incluindo o seu funcionamento, mão de obra utilizada, produtos fabricados, impostos

incidentes, entre outros assuntos pertinentes ao meio. A cadeia produtiva da pavimentação

asfáltica, assim como as demais cadeias produtivas de infraestrutura, impacta diretamente

todas as cadeias produtivas que recebem insumos ou escoam produção através da malha

rodoviária. Os dados aqui apresentados se limitam aos valores da cadeia do asfalto

isoladamente e estimam o potencial deste produto.

Na fig. 2, pode-se observar a cadeia produtiva do asfalto nesse contexto liderado pela

refinaria da Petrobras localizada em Fortaleza. O asfalto pode ser distribuído como ligante a

quente para uso em misturas ou pode servir de matéria prima para fabricação de outro

importante ligante rodoviário, a emulsão asfáltica.

 

 

 

 

 

 

 

 

    37  

Figura 2 - Arquitetura da cadeia de suprimentos de asfaltos.

 

Fonte: ABEDA (2011)

Para que o produto chegue ao distribuidor na forma de asfalto, existe um processo de

refino do Petróleo realizado pela Petrobras (Petróleo Brasileiro S/A). O asfalto é um material

de consistência variável, altamente impermeabilizante e durável. É constituído

predominantemente de betume e pode ser obtido diretamente de jazidas ou por meio do refino

de petróleo. A fig. 3 apresenta um fluxograma de obtenção do asfalto.

     Figura 3 - Fluxograma simplificado de obtenção de asfalto.  

 

             Fonte: ABEDA (2011).

    38  

Cerca de 98% dos asfaltos utilizados na pavimentação de ruas e estradas são oriundos

do refino de petróleo. Também são utilizados nas aplicações industriais, impermeabilizantes,

isolantes, dentre outros, conforme a Petrobras, empresa responsável pela venda de asfaltos aos

distribuidores no Brasil. Sabe-se ainda que 97% das rodovias brasileiras possuem pavimento

asfáltico, e nesse segmento atuam vários agentes que detêm funções e responsabilidades sobre

o produto final, o pavimento asfáltico.

Conforme citado no capítulo 2 desse trabalho, são fabricados basicamente dois tipos

de asfaltos, cada um com suas aplicações específicas que são: CAP (Cimento asfáltico de

petróleo) e o ADP (Asfalto diluído de petróleo), e desses produtos, os distribuidores através

de beneficiamentos na matéria-prima fabricam outros produtos como as emulsões e os

asfaltos modificados.

Na cadeia produtiva de asfaltos estão presentes alguns agentes conforme apresentado

na figura 2 deste capítulo. Esses agentes detêm responsabilidades específicas em relação ao

produto conforme cada etapa do processo. A cadeia é composta pelo produtor, distribuidor,

transportador, construtor, fiscais de obras, projetistas, etc., conforme fig 4.

Figura 4 - Agentes da cadeia de asfaltos e suas atuações.  

 

           Fonte: PETROBRAS (20-- apud ABEDA, 2011).

 

    39  

Após sair da refinaria, os asfaltos (CAP e ADP) são transportados e vendidos ao

mercado consumidor, às construtoras, ou ainda podem servir de insumos básicos para a

produção e comercialização de outros produtos que também são utilizados na pavimentação e

construção civil, que são as emulsões e asfaltos modificados. Esse papel de distribuir esses

produtos na sua forma original ou beneficiado é o papel do distribuidor, nesse cenário

representado por cerca de 8 empresas que atual na área de abrangência da refinaria de

Fortaleza.

Conforme mencionado no capítulo 2, essa atividade de distribuição é regulamentada pela

ANP e possui uma entidade de classe que representa a maioria das distribuidoras e produtoras

de produtos asfálticos. A ABEDA, promove encontros e seminários objetivando disseminar

estudos e pesquisas tecnológicas, buscando garantir a eficiência e a qualidade dos produtos

asfálticos e a valorização do setor. As distribuidoras, após receberem esse produtos nas suas

unidades, acondicionam esses produtos respeitando suas especificidades conforme figura 5.

               Figura 5 - Tanques de armazenamento de produtos asfálticos.  

 

Fonte: ABEDA (2011).

As distribuidoras além de regulamentadas pela ANP são também fiscalizadas por

órgãos ambientais como IBAMA e regionais como Corpo de Bombeiros, SEMACE,

Ministério do Trabalho, etc. Ainda é responsabilidade do distribuidor, capacitar seus

    40  

colaboradores diretos e indiretos quanto ao correto manuseio e transporte dos seus

produtos.

Esse agente da cadeia deve ainda garantir as especificações técnicas relativas à

qualidade dos produtos asfálticos industrializados por ele, conforme exigências da ABNT –

Associação Brasileira de Normas Técnicas, pelo IBP – Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e

Biocombustíveis, inclusive quando de sua movimentação entre os demais agentes

antecessores ou sucessores a sua atuação na cadeia, ou ainda enquanto estiver nas suas

instalações fabris.

Para garantir a qualidade técnica dos produtos desenvolvidos pelo distribuidor, as empresas

responsáveis pela produção do asfalto mantêm em sua unidade produtora, laboratórios

equipados e profissionais habilitados, químicos e engenheiros químicos que são responsáveis

pelos processos de fabricação dos produtos e soluções de pavimentos perante o Conselho

Regional de Química – CRQ da região, devendo ainda fornecer assistência técnica aos seus

clientes, as construtoras.

             Figura 6 - Caminhão-tanque para transporte de materiais asfálticos.

 

                       Fonte: ABEDA (2011)

Nos processos de recebimento do asfalto da fonte produtora e entrega destes materiais

aos consumidores finais, os distribuidores contratam transportes específicos ou ainda mantém

uma frota própria adequada, para garantir o recebimento e entrega dos produtos devidamente

acondicionados e atendendo as exigências e especificações técnicas dos órgãos

regulamentadores e necessidades dos clientes. O transporte desses materiais é realizado em

caminhões tanques conforme figura 6.

    41  

Os caminhões têm papel fundamental nesse processo de retirada e entrega dos

produtos. Para essa cadeia, o modal utilizado é o rodoviário, considerando as especificações

técnicas exigidas para acondicionamento e transporte do produto.

Apesar de ser um mercado fragilizado, o transportador de asfalto ou distribuidor com

frota própria, preparam-se e investem em suas frotas mantendo seus veículos num alto padrão

de qualidade por serem subordinados a rígidos controles tecnológicos, inclusive quanto à

temperatura de carga e descarga dos produtos respeitando a legislação que regulamenta o

transporte rodoviário e regras de SMS – Segurança, Meio Ambiente e Saúde.

Com praticamente exclusividade de utilização do modal rodoviário, esse setor sofre

com a qualidade da malha rodoviária brasileira e influi diretamente nos custos dos produtos,

representando de forma relevante grande responsabilidade no desenvolvimento econômico do

país.

Figura 7 - Descarga de um navio direto para o caminhão-tanque no Porto Mucuripe, CE.

 

Fonte: ABEDA (2011).

Concluindo o papel do transportador, esse agente também passou a fazer um papel inédito no

abastecimento da cadeia. Recentemente, com o incremento de programas rodoviários específicos

como o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, a Petrobrás não conseguiu atender a

demanda do mercado de asfaltos, em particular nas regiões Norte e Nordeste, e a partir de 2009, deu-

se início a importação de asfaltos. Nesse cenário, o distribuidor através de seu operador logístico, foi

responsável pelo escoamento de todo o asfalto importado diretamente dos navios, conforme Fig 7.

    42  

Após a entrega do material na construtora, também conhecida como empreiteiro e último

agente da cadeia, essas empresas são responsáveis pela pavimentação das vias e rodovias através da

aplicação do material asfáltico nas rodovias

Os empreiteiros, após receberem ou produzirem as misturas asfálticas que podem ser feitas em suas

usinas fixas ou móveis, próprias ou de terceiros, executam o projeto de pavimentação para o qual

foram contratados pelos órgãos públicos conforme Fig 8.

                         Figura 8 - Aplicação de pavimento em rodovia.

 

Fonte: ABEDA (2011).

Essa atividade de usinagem e pavimentação também pode ser feita pelo órgão público,

quando este possui usinas e pessoal capacitado para execução, nesse caso, sendo eles os

próprios responsáveis pela aquisição dos materiais junto aos distribuidores, concluindo essa

etapa da cadeia produtiva de asfalto.

4.3.2 Etapa 2 – Analisar o processo de reciclagem dos pavimentos

O processo de reciclagem de pavimentos consiste na reutilização, após processamento,

dos materiais existentes no pavimento deteriorado. Nesta técnica, toda ou parte da estrutura do

pavimento existente é reaproveitada para a construção de uma nova camada que pode ser

utilizar ou não, o uso de novos materiais.

De acordo com Momm e Domingues (1995),

Por reciclagem de pavimentos entende-se a reutilização total ou parcial dos materiais existentes no revestimento e/ou da base e/ou da sub-base, em que os materiais são remisturados no estado em que se encontram após a desagregação ou tratados por energia térmica e/ou aditivados com ligantes novos ou rejuvenescedores, com ou sem recomposição granulométrica.

    43  

Para utilizar a reciclagem de pavimentos, existem diversas técnicas que serão descritas

nesse conteúdo considerando o objetivo do trabalho, o processo de reciclagem como redutor

de custos e potencial preservador do meio-ambiente. A reciclagem pode ser realizada a frio ou

a quente, com processamento em usina ou no local (in situ). A escolha da melhor técnica a ser

aplicada fica a critérios dos profissionais da área, conforme a necessidade e características

específicas de cada projeto a ser executado.

Atualmente, o uso da técnica de reciclagem constitui uma inovação dentro do

campoda recuperação de estruturas flexíveis (TUCHUMANTEL, 1999 apud CASTRO,

2003).

Segundo MIRANDA et al. (2000, apud CASTRO, 2003) a reciclagem de pavimentos

tem-se mostrado um bom caminho não apenas pela rapidez executiva, mas também pelo

aspecto da preservação ambiental.

A reciclagem deve ser aplicada em pavimentos deteriorados com defeitos localizados

somente no revestimento asfáltico, não havendo problemas estruturais de base com o

propósito de evitar outros problemas superficiais que podem ocorrer como trincas,

irregularidades no pavimento, desgastes e baixa resistência a derrapagens.

O início do processo de reciclagem em qualquer das técnicas utilizadas consiste em

fresar o pavimento existente conforme a profundidade exigida no projeto. A fresagem

proporciona o corte do pavimento, podendo ser realizada a quente ou a frio, resultando em

partículas de dimensões finais que dependem diretamente da profundidade do corte, da

velocidade da máquina, da qualidade do material, das condições do revestimento e das

condições ambientais.

Cinco grandes categorias foram definidas pelo Manual Básico de Reciclagem de

Pavimentos FRESAR (2009) para descrever os vários métodos de reciclagem de pavimentos

betuminosos. São elas:

1. Fresagem a Frio (FF);

2. Reciclagem a Quente;

3. Reciclagem a Quente In-situ (RQI);

4. Reciclagem a Frio (RF);

5. Reciclagem Profunda (RP).

    44  

No processo de fresagem, o material pode ser retirado no local para ser reciclado em

uma usina próxima ao local da obra, ou pode ser reciclado no próprio local da fresagem,

sendo assim conhecido como reciclagem in situ. Esse material fresado pode ser utilizado para

reciclagem a quente e a frio, conforme descrições a seguir.

A reciclagem a frio é definida como um processo em que o material removido do

pavimento é combinado com o ligante asfáltico novo ou com agentes de reciclagem,

resultando em misturas a frio no local ou em usinas próximas ao local do trecho em obras.

Essa mistura é utilizada como camada de base.

Após essa camada de base é aplicado um tratamento superficial ou uma mistura

asfáltica com a função de proteger a camada reciclada. O tipo de tratamento que será aplicado

na superfície da camada reciclada depende do projeto e da intensidade do tráfego, respeitando

as exigências e especificidades da rodovia.

Segundo WIRTGEN (2001), “todo processo de restauração de pavimentos, por mais

bem concebido e elaborado que seja, sempre guarda um componente empírico, isto é, o

desempenho dos materiais em suas respectivas camadas e no conjunto da estrutura do

pavimento”.

         Figura 9 - Trem de reciclagem utilizado na reciclagem a frio in situ.

 

Fonte: ABEDA (2011).

O processo consiste em fresar o pavimento até uma determinada camada sem atingir a

base, nesse caso temos uma reciclagem parcial. A reciclagem também pode ocorrer em

profundidades maiores envolvendo toda a camada e a base, caso ambos apresentem

    45  

problemas. Esse material fresado é misturado com o agente de reciclagem que pode ser uma

emulsão asfáltica ou agente de reciclagem emulsionado, que vai complementar a quantidade

de ligante da mistura, se necessário, possibilitando o reaproveitamento do material conforme

especificidades do projeto. Nas figuras 9 e 10 seguir são apresentados os equipamentos e as

fases da reciclagem de pavimento.  

           Figura  10  -­‐  Reciclagem  a  frio..  

 

             Fonte: ABEDA (2011).

Segundo BERNUCCI, L. B. et al, (2006), os pavimentos são estruturas que, em

geral,não apresentam ruptura súbita, mas sim deterioração funcional e estrutural acumuladas a

partir de sua abertura ao tráfego.

A reciclagem a quente assim com a reciclagem a frio, também consiste em fresar o

material e misturá-lo a quente com agregado virgem, asfalto ou agente rejuvenescedor de

reciclagem para produzir uma nova mistura asfáltica reciclada a quente.

No processo de reciclagem de pavimento em usina a quente, o procedimento para

retirada dos materiais é semelhante ao processo de reciclagem a frio. O material é retirado e

transportado até a usina, podendo ser estocado e britado. Após a produção da mistura na

usina, o material é transportado até a pista, aplicado e compactado. Um fato importante que

deve ser considerado é quanto às exigências técnicas do projeto e o aquecimento adequado da

mistura.

A reciclagem a quente in situ também ocorre na mesma forma da reciclagem a frio,

ocorrendo a fresagem do material asfáltico e mistura a quente no local para aplicação imediata

do produto final.

    46  

As reciclagens de pavimentos a frio e a quente têm processos semelhantes

considerando as formas de processamento que podem ocorrer em usinas ou in situ. O maior

diferencial entre as formas de aplicação do produto é pela mistura que será utilizada que é

definida conforme as necessidades e especificações do projeto. Para esse trabalho, faremos o

comparativo através dos indicadores de produtividade e qualidade utilizando a reciclagem de

pavimentos a frio.

4.3.3 Etapa 3 – Definir o conjunto de indicadores estratégicos para avaliação de desempenho do processo de logística reversa através da reciclagem de pavimentos.

Esta etapa consiste na determinação de como os indicadores de desempenho auxiliarão

na avaliação dos resultados e benefícios obtidos através do processo de reciclagem. Para que

se possa quantificar o desempenho de uma atividade, é necessário um sistema de

monitoramento que permita que o processo permaneça sob controle ao longo do tempo,

analisando e investigando as ocorrências fora do padrão, buscando eliminar suas causas. Com

essas ações, o sistema de monitoramento é capaz de aumentar a produtividade de uma

empresa definindo metas justas e factíveis.

As empresas vivem uma busca contínua por melhoria de qualidade e aumento de

produtividade. Na ordem dessas considerações, os grandes desafios estão concentrados na

busca da racionalização, da modernização e da competitividade, para qual são indispensáveis

à qualidade e a produtividade.

Para esse trabalho, serão consideradas as análises dos indicadores de produtividade,

bem como a redução de custos nos processos de recuperação de pavimentos, com objetivo de

apresar maior competitividade para a empresa.

A medição da produtividade considera fatores conjunturais que podem afetar a

produtividade a ser atingida. A influência desses fatores pode causar a redução da

produtividade sem que a qualidade do trabalho seja reduzida. Já a medição da qualidade não

pode ser medida somente e diretamente pelo desempenho da empresa, ficando dependente de

informações externas dos clientes sob o bem ou serviço adquirido para avaliar o resultado.

Com a finalidade de comparar os custos finais na reciclagem de pavimentos, foi

realizado um comparativo de custos nos processos de recuperação de pavimentos, como

também medidas de desempenho e indicadores de produtividades.

    47  

Os indicadores de produtividade serão representados através da relação entre os custos

e os recursos utilizados no processo de recuperação do pavimento, que serão apresentados

nesse estudo pelas atividades envolvidas nos processos. O bom desempenho dessa atividade

de reciclagem vai impactar diretamente na redução de custos da cadeia produtiva do asfalto,

bem como numa menor exploração dos recursos naturais.

A redução desses materiais, tempo e recursos através de melhoria de produtividade e

qualidade, não só reduz os custos com os processos como também traz ganhos para o meio

ambiente com a menor extração de agregados e asfaltos utilizados na composição da nova

acamada a ser aplicada no processo de restauração do pavimento.

Para medir a produtividade da atividade proposta, é necessário estabelecer um sistema

de medição e prover a informação necessária para essa melhoria, alocação de recursos e

desempenho da atividade. Depois de estabelecidas essas medidas, os resultados históricos

devem ser registrados para compará-los com os objetivos e metas definidos para monitorar o

os progressos obtidos. A produtividade designa uma família de relações entre produção e

insumos, alterando-se apenas a relação de quais e quantos insumos serão quantificados.

De acordo com as definições acerca dos indicadores que avaliarão os processos de

recuperação do pavimento utilizando a reciclagem versus outras técnicas, serão comparados

os resultados obtidos considerando as atividades envolvidas nos processos que são:

Para os serviços chamados convencionais:

• fresagem do pavimento existente;

• transporte do material fresado até a usina;

• limpeza e pintura de ligação;

• usinagem do material virgem;

• transporte do material usinado virgem até a obra;

• aplicação e compactação do produto final.

Para os serviços de reciclagem:

• fresagem do pavimento existente;

• transporte do material fresado até a usina;

• limpeza e pintura de ligação;

• usinagem do material reciclado;

• transporte do material usinado reciclado até a obra;

• aplicação e compactação do produto final.

    48  

Na próxima etapa, serão apresentados os números que servirão de comparativos entre

as técnicas utilizadas considerando como valores de referência as tabelas vigentes do DNIT.

4.3.4 Etapa 4 – Comparar projetos de recuperação de uma rodovia utilizando a

reciclagem de pavimentos com outras técnicas

Nessa etapa, serão apresentados os serviços envolvidos em cada uma das técnicas de

recuperação de pavimentos, os valores que estes serviços representam nos projetos e os

recursos envolvidos para elaboração de cada um, inclusive os naturais, visando analisar a

sustentabilidade do resultado.

O motivo principal desse comparativo que compõe o objetivo desse trabalho é a

verificação dos benefícios que se pode obter através da técnica de reciclagem dos materiais

originais que compõem os pavimentos com outras técnicas de restauração.

Segundo SOUZA et al (2000),

Produções diárias da ordem de 1000 metros de extensão, de uma faixa de tráfego de rodovia com 3,50 m de largura, têm sido atingidas em grande parte dos trabalhos de restauração realizados pelas várias empresas especializadas em reciclagem depavimentos...

 

Assim, o planejamento de uma obra de pavimentação se dá em função de um

orçamento, de um cronograma e de um projeto que tem por objetivo o dimensionamento dos

recursos de pessoal, máquinas e equipamentos necessários para executar os serviços e

estabelecer a forma de gerenciamento destes recursos e dos fluxos de informação.

O grau de complexidade e as peculiaridades de cada obra determinam o nível de

detalhamento do projeto, mas muitas atividades certamente são comuns à maioria das obras,

como o suprimento da obra através de aquisição de materiais, gerenciamento dos custos de

transportes de materiais, planejamento e controle da execução dos serviços, etc. Esses

controles podem reduzir os custos das obras através de um planejamento visando à utilização

racional dos recursos.

Para que essas atividades funcionem de forma independente e sem comprometer o

ciclo do processo, é necessário que o planejamento seja elaborado de forma sistêmica,

conforme a obra. A escolha do local para implantação do canteiro deve levar em consideração

assim como as condições de acesso, a infraestrutura de energia e telecomunicações, a

ocorrência de água e o tipo das instalações industriais necessárias à produção ou

    49  

beneficiamento dos materiais asfálticos previstos no cronograma da obra. A concepção do

canteiro deve ter como principal objetivo a minimização dos custos de produção, que de

acordo com LEONE (1997), custos referem-se ao valor dos fatores de produção consumidos

de uma firma para produzir ou distribuir produto ou serviços, ou ambos.

Além de foco na redução dos custos, deve-se definir certos critérios de otimização que

poderiam ser, por exemplo, a minimização dos custos de produção sujeitos a determinadas

restrições, como o cumprimento do cronograma ou o atendimento a padrões de qualidade

predefinidos. Nesse cenário, tem como objetivos apresentar os resultados que podem ser

atingidos ao se utilizar o processo de reciclagem de pavimentos em virtude da quantidade de

variáveis envolvidas e da complexidade dos serviços, mas é um problema que pode ser

abordado por partes, como será visto adiante.

Na construção de uma rodovia sabe-se que os custos dos serviços de movimentação de

terra representam a maior parte do custo total das obras. Os serviços de terraplenagem e

pavimentação, por lidarem com a movimentação de milhares de toneladas de material e um

grande número de equipamentos pesados, requerem uma atenção especial por parte dos

construtores e dos órgãos contratantes. Assim, é necessário que a movimentação dos materiais

entre cortes, jazidas e aterros seja feita de forma racional para que se consiga redução no custo

das obras. No caso dos serviços de pavimentação o processo também não é aplicável no caso

da utilização de misturas de solos, sejam misturados na pista ou em usinas.

A utilização de misturas de materiais usinados tem sido uma solução utilizada com

frequência em obras de pavimentação rodoviária, seja devido à escassez cada vez maior de

materiais que se enquadrem nas especificações, ou então pelo fato de ser uma alternativa

economicamente e ecologicamente mais vantajosa.

A construção de um modelo de distribuição de materiais visa a minimizar o custo total

dos serviços de terraplenagem e pavimentação. Esse custo total é composto de diversas

parcelas equivalentes aos diversos serviços envolvidos, tais como transporte, compactação,

etc.

Por sua vez cada item é calculado em função de suas respectivas composições de

custos. É comum que cada empresa tenha suas próprias composições calculadas em função de

sua estrutura produtiva e organizacional. No caso dos órgãos públicos o mais usual é que

esses custos sejam organizados em forma de tabela de preços calculados em função da

    50  

produtividade média das equipes. Para composição desses preços, são considerados os custos

com carga e descarga, escavação, transporte, aquisição de materiais e processo das misturas.

Embora na construção dos modelos parta-se do princípio de que estes custos são

conhecidos, faz-se necessário discorrer brevemente sobre cada um deles.

A determinação dos custos unitários dos serviços deve ser definida no início do

processo. Deve-se ainda considerar os fatores de produção como os de maior influência na

produtividade e na eficiência do processo.

O tempo de ciclo, que é o tempo de execução da tarefa, depende da velocidade de

operação dos equipamentos e para que se tenha uma produção máxima deve-se ter um tempo

de ciclo mínimo, o que exige velocidade máxima de operação.

O fator de eficiência exprime a relação entre o número de horas efetivamente

trabalhadas e o número de horas que o equipamento fica à disposição da obra para a execução

de uma tarefa.

A grande preocupação em estudos envolvendo a relação entre produtividade e

eficiência é mostrar que existe uma diferença entre os dois conceitos, onde a primeira é uma

razão entre duas quantidades e a eficiência é uma medida adimensional (COELLI et al.,

1998).

Segundo Farrel (1957),

a eficiência de uma firma consiste de dois componentes – eficiência técnica, que representa a habilidade da firma em obter o máximo produto, dado um conjunto de insumos; e a eficiência alocativa, que reflete a habilidade da firma em utilizar os insumos em proporções ótimas, dados seus preços relativos. A combinação de ambas as medidas fornece a eficiência econômica.

 

Sabe-se que uma máquina pode executar certo número de ciclos durante algumas

horas sem que haja paralisações. A produção da equipe referida sempre a uma unidade de

tempo (no caso a hora) é obtida a partir das produções individuais de cada equipamento

componente da equipe.

A produção de hora da equipe depende de vários fatores, alguns deles aleatórios, como

as condições meteorológicas, outros gerenciais, como a organização dos serviços e outros

inerentes à própria obra, como por exemplo, as condições do solo.

    51  

Para composição dos custos de transportes, são consideradas duas opções para essa

atividade. Transporte comercial – compreende a movimentação dos materiais industrializados

desde os respectivos pontos de aquisição até o canteiro de obra. Transporte local – é a

movimentação de materiais terrosos, pétreos e areias, desde o local de extração/aquisição até

o ponto de aplicação na pista ou no canteiro de obras, conforme o caso.

Considerados todos os produtos e serviços necessários para execução dos projetos e

suas composições, será apresentado as planilhas do DNIT referente aos custos e pagamentos

do SICRO 2 – Sistemas de Custos Referenciais de Obras do estado do Ceará refrente a Maio

de 2012 para referencias de valores dessa pesquisa.

Sobre as tabelas divulgadas a seguir, estas são referenciais de preços elaborados com

base em pesquisas de valores dos insumos realizadas pelas Secretarias Regionais dos Estados

e não podem substituir pesquisas dos orçamentistas. O objetivo dessas pesquisas é oferecer ao

DNIT e as demais esferas governamentais e privadas envolvidas na cadeia, um padrão

nacional de referencias de custos dos diferentes componentes de infraestrutura de transportes

de modo a facultar sua correta valoração, através de procedimentos racionais e

cientificamente fundamentados.

O Manual de Custos de Infraestrutura de Transportes define uma nova metodologia

para elaboração de composições de custos, com a finalidade de unificar práticas correntes na

área rodoviária com as que se utilizam dos demais modais de transporte e no setor de

construção civil de edificações (DNIT, 2012). As planilhas a seguir terão seus valores

compostos com base nos seguintes parâmetros:

• Recuperação do revestimento com espessura de 0,05 cm de capa de um trecho

de 10km (pista simples de 7m sendo 3,5m – ida / 3,5m – volta);

• Base e sub-base em perfeitas condições e tempo de vida útil são semelhantes;

• As condições de tráfego são semelhantes e compatíveis com projeto;

• A distância entre a usina e o local da obra é de 50km.

Além dos parâmetros citados, todas as variáveis apresentam condições de igualdade

para garantir que a comparação é justa e confiável. Para mensurar um quantitativo da

espessura da camada que será recuperada, a figura 11 ilustra a estrutura de um pavimento.

               

 

    52  

Figura 11 - Ilustração das etapas de composição de um pavimento.

 

Fonte: Elaboração própria.

A partir da definição dos parâmetros, foram elaboradas as planilhas para evidenciar a

composição dos custos com base nas tabelas vigentes do DNIT e assim proceder a

comparação dos processos. Para cada serviço foi elaborado uma planilha com base na tabela 1

de valores de referência.

Tabela 1: Valores de referência para composição de custos

 

Fonte: Elaboração própria.

Com os valores de referencia definidos, os serviços para cada processo foram

elaborados conforme planilhas do DNIT que fazem parte dos anexos deste trabalho. A tab. 2

apresenta os valores referentes ao serviço de fresagem conforme Anexo A.

    53  

Tabela 2 - Custo referente ao serviço de fresagem conforme.

 

Fonte: Adaptado de DNIT (2012).

A Tabela 3 apresenta os valores referentes à pintura de ligação conforme anexo B.

Tabela 3- Custo referente ao serviço de limpeza e pintura de ligação.

 

Fonte: Adaptado de DNIT (2012).

A tabela 4 apresenta os valores referentes à usinagem de material reciclado conforme anexo C.

    54  

       Tabela  4  -­‐  Custo  referente  ao  serviço  de  usinagem  de  material  reciclado  

 

         Fonte: Adaptado de DNIT (2012).

A tabela 5 apresenta os valores referentes à usinagem de material virgem conforme anexos D e

E.

Tabela 5- Custo referente ao serviço de usinagem de material virgem.

 

    55  

Fonte: Adaptado de DNIT (2012).

A tabela 6 apresenta os valores referentes à usinagem de material virgem conforme

anexos F e G.

Tabela 6 - Custo referente ao serviço de usinagem de material virgem.

 

Fonte: Adaptado de DNIT (2012).

A tabela 7 apresenta os valores referentes à transporte de material conforme anexo H.

   Tabela 7- Custo referente ao serviço de transporte de material.

 

Fonte: Adaptado de DNIT (2012).

A tabela 8 apresenta os valores referentes ao transporte de material conforme anexo H.

    56  

                 Tabela 8: Custo referente ao serviço de transporte de material.

 

                     Fonte: Adaptado de DNIT (2012).

A partir dos dados dessas tabelas 1 a 8, foram elaboradas duas planilhas de

comparativos para evidenciar a diferença de custos entre os dois processos de recuperação do

pavimento e assim proceder à comparação de resultados.

A tabela 9 apresenta o custo total para recuperação de um trecho nas mesmas

condições com a utilização da reciclagem de pavimentos e através de outras técnicas que não

utilizam o processo de reciclagem, também conhecidas como métodos convencionais.

Tabelas 9: Custo total de recuperação com e sem utilização da reciclagem de pavimentos.

 

Fonte: Adaptado de DNIT (2012).

Tomando-se por parâmetro os comparativos de custos e produtividade entre os dois

métodos, depreende-se que os projetos de restauração de pavimentos por reciclagem, terão

que ser elaborados considerando tal produtividade, ou seja, uma iniciativa de restauração de

pavimentos por processo de reciclagem terá uma maior produtividade que a mesma iniciativa

por métodos convencionais.

    57  

Na tabela 10 são apresentados os resultados dos indicadores de desempenho

considerados nesse trabalho.

Tabelas 10: Tabela de resultado de indicadores.

Fonte: Elaboração própria.  

O resultado de 20,27% de redução de custos no processo final é bem representativo

para esse cenário, e podem ser estendidos aos demais projetos de recuperação de pavimento,

promovendo maiores ganhos na economia. Outros fatores que também devem ser

considerados além do apelo econômico nesse comparativo é o fator social e ecológico,

visando uma melhor utilização dos escassos recursos naturais.

4.4 Considerações Finais

Neste capítulo, foi apresentada uma análise comparativa com valores reais e atuais dos

custos que compõem os serviços necessários para recuperação de um pavimento. No

comparativo está distinta a técnica que utiliza a reciclagem de pavimento e o método

convencional que não utiliza a reciclagem. Para uma melhor compreensão acerca do estudo

realizado e uma melhor apresentação dos resultados, as informações foram apresentadas com

base nos valores vigentes de referência do DNIT.

    58  

No próximo capítulo, serão discutidos os resultados obtidos e feitas as considerações

finais do trabalho.

    59  

5 Conclusão

Este capítulo apresenta a análise dos resultados alcançados no capítulo anterior, além

das considerações finais sobre o trabalho.

5.1 Análise dos Resultados Obtidos

Fazendo um comparativo entre os resultados obtidos, constatou-se uma economia de

20,27% para os dados analisados optando pelo processo de reciclagem do pavimento fresado.

Os indicadores analisados apresentaram individualmente os seguintes resultados:

• Na redução de extração de materiais virgens (asfalto), o resultado foi uma

economia de 32,03% utilizando a reciclagem;

• Na redução de extração de materiais virgens (areia e brita), o resultado foi uma

economia de 46,68% utilizando a reciclagem;

• Na redução da destinação dos resíduos gerados pela fresagem do pavimento,

não está sendo considerado o resultado econômico, apesar de este existir se

avaliados os custos com transportes até os aterros, porém, nesse cenário, o foco

é o percentual de material que será enviado, que representa uma redução de

60% de material destinado aos aterros.

Além do benefício econômico, é importante mensurar a redução dos danos ambientais

causados pela extração de materiais que são utilizados como agregados e pela maior utilização

de recursos naturais com maior utilização de asfaltos no processo de recuperação de um

pavimento. Além dos resultados obtidos através dos demonstrativos de custos, vale ressaltar

nessa conclusão as principais vantagens da utilização das técnicas de reciclagem:

• aproveitamento dos materiais envelhecidos que seriam descartados;

• Eliminação dos depósitos dos materiais retirados do pavimento;

• Redução de extração de agregados em pedreiras;

• Redução do consumo de asfalto utilizado na composição da nova camada;

• Menor investimento com igual ou maior eficácia no desempenho;

• Desenvolvimento da consciência da sustentabilidade através da inclusão da

prática de reciclagem no país.

    60  

Assim, constata-se que a intervenção através reciclagem de pavimento significa ao

projeto grandes vantagens econômicas, já que os resultados aprestam uma redução de custos

num trecho específico de 10 km, e que, se estendido a trechos maiores, proporcionarão

maiores economias aos cofres públicos e a sociedade, sem falar no tempo de vida útil, que

pode ser comparado através de estudos específicos, com objetivo de comparar as tecnologias

e durabilidades das técnicas aqui analisadas.

O uso da solução é também ecológico, por ser um projeto sustentável que permite

através da logística reversa, trazer de volta a cadeia produtiva do asfalto, os resíduos que

seriam descartados no meio ambiente, reduzindo assim o impacto ambiental do projeto.

Através de uma melhor utilização dos recursos naturais, pode respeitar a disponibilidade

desses recursos buscando ajudar o planeta através de ações sustentáveis.

No presente estudo foi abordado o comparativo utilizando a técnica de reciclagem em

usina e demonstrou-se a economia que se pode obter. Além dessa opção de reciclagem em

usina, pode-se optar pela reciclagem in situ, no local de execução da obra, técnica abordada

no decorrer de estudo, que se utilizada, poderia promover uma maior economia ao processo,

já que dentre outros benefícios, não se teria o custo de transporte e movimentação de material

entre o trecho e a usina. Para conclusão do estudo, apresenta-se a seguir as considerações

finais do trabalho.

5.2 Considerações Finais

Este trabalho, buscou realizar um estudo sobre os benefícios econômico com a

utilização de material reciclado, através de um comparativo para demonstrar os benefícios

que se pode obter através da utilização do processo de reciclagem de pavimentos. A principal

conclusão que se pode chegar é que o objetivo principal do trabalho foi atingido ao

demonstrar a eficácia e produtividade da técnica, além dos benefícios ecológicos. O método

resultado quantitativo do processo foi representado através dos números obtidos e o

qualitativo pode ser avaliado através de comparativos técnicos existentes no mercado. A

eficácia do processo foi demonstrada através da redução dos recursos utilizados ao comparar

os projetos utilizando as duas técnicas.

Os objetivos específicos do trabalho também foram atingidos considerando que o

estudo confirmou a diminuição dos custos finais na pavimentação de rodovias, utilizando-se

da técnica de reciclagem, permitindo apresentar a cadeia de suprimentos e suas

    61  

especificidades, buscando maior eficiência nos processos que envolvem o produto asfalto

desde a sua origem até o consumidor final.

Foram apresentados também os recursos naturais que são explorados para compor a

restauração de um pavimento, e a forma sustentável de utilizar esses resíduos através da

logística reversa.

No presente conteúdo foram comparados a recuperação de um trecho com apenas uma

técnica de reciclagem, sabendo-se que existem outras técnicas que podem ser comparadas

considerando todos os indicadores abordados, na busca do método mais eficaz para o projeto.

Com isso, é possível racionalizar e otimizar a aplicação de técnicas em busca de uma melhor

relação de custo/benefício alocados na manutenção das rodovias em todo o país.

De forma geral, é recomendado utilizar as técnicas de reciclagem, já que as rodovias

federais e estaduais recebem manutenção regular, e um plano de manutenção para as rodovias

adotando a reciclagem representariam uma economia significativa para os cofres públicos e

um benefício ecológico para o meio ambiente.

Com o objetivo geral de apresentar a produtividade que se pode atingir através da

utilização da técnica de reciclagem de pavimentos, é possível utilizar a reciclagem em parte

dos processos que necessitem de recuperação de rodovias pelo país. Os indicadores

apresentaram uma economia significativa na utilização dos resíduos através do processo de

reciclagem tendo esses valores sidos mensurados. Para futuros trabalhos, sugere-se que os

indicadores apresentados no presente estudo possam ser utilizados para novos comparativos

utilizando as demais técnicas existentes de reciclagem de pavimentos, destacando outros

benefícios como viabilidade técnica, econômica e ecológica em uma mesma analise com

objetivos de desmitificar o uso da reciclagem, demonstrando como ocorrem os processos,

objetivando uma consciência ecológica ao utilizar os recursos naturais, e expor os benefícios

quantitativos e qualitativos que podem ser alcançados.

 

 

 

 

 

    62  

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    66  

 

ANEXO-A CUSTO UTILITÁRIO DE REFERÊNCIA – FRESAGEM CONTÍNUA DO REVESTIMENTO BETUMINOSO

 

    67  

 

ANEXO-B CUSTO UTILITÁRIO DE REFERÊNCIA – PINTURA DE LIGAÇÃO

 

    68  

 

ANEXO-C CUSTO UTILITÁRIO DE REFERÊNCIA – USINAGEM DE CBUQ PARA RECICLAGEM EM USINA FIXA BC

 

 

    69  

 

ANEXO-D CUSTO UTILITÁRIO DE REFERÊNCIA – USINAGEM DE CBUQ (CAPA DE ROLAMENTO) AC/BC

 

 

    70  

ANEXO-E CUSTO UTILITÁRIO DE REFERÊNCIA – USINAGEM DE CBUQ (CAPA DE ROLAMENTO) AC/BC

 

 

 

    71  

ANEXO-F CUSTO UTILITÁRIO DE REFERÊNCIA – CONC. BETUMINOSO USINADO A QUENTE – CAPA DE ROLAMENTO

 

 

 

    72  

ANEXO-G CUSTO UTILITÁRIO DE REFERÊNCIA – CONC. BETUMINOSO USINADO A QUENTE – CAPA DE ROLAMENTO