Estudo de Residuos de Milho
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UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADE CATARATAS
FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS GERADOS NA PRÉ-LIMPEZA DE GRÃOS DE MILHO EM SANTA FÉ DEL PARANÁ, PARAGUAI
NATANAELEN CRISTINE BAIL KAZIENKO
Foz do Iguaçu - PR 2009
I
NATANAELEN CRISTINE BAIL KAZIENKO
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS GERADOS NA ETAPA PRÉ-LIMPEZA DE GRÃOS DE MILHO NA FAZENDA SÃO FRANCISCO DE
ASSIS SANTA FÉ DEL PARANÁ, PARAGUAI
Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora da Faculdade Dinâmica de Cataratas – UDC, como requisito parcial para obtenção de grau de Engenheiro Ambiental. Orientadora: Ana Carolina B. Kummer, Ms.
Foz do Iguaçu – PR 2009
II
TERMO DE APROVAÇÃO
UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS GERADOS NA ETAPA PRÉ-LIMPEZA DE GRÃOS DE MILHO EM SANTA FÉ DEL PARANÁ, PARAGUAI
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM ENGENHARIA AMBIENTAL
Aluno: Natanaelen Cristine Bail Kazienko
Orientadora: Ana Carolina Barbosa Kummer
Conceito Final
Banca Examinadora:
Prof. Douglas Guedes Batista Torres
Prof. Elisandro Pires Frigo
Foz do Iguaçu, 27 de novembro de 2009.
III
Dedico este trabalho ao Marcos pelo amor, compreensão, auxílio na realização
dos trabalhos e presente em todos os momentos.
IV
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai, pela dedicação que tem por mim.
A minha mãe pelo apoio dedicado.
Ao José Lino Albino e a Marlete Giacomelli Albino por ter concedido o
empreendimento para o estudo.
Ao Giovani Giacomelli Albino pela colaboração.
A todos os meus familiares e amigos pelo apoio e colaboração.
Aos colegas de curso pela convivência, colaboração e incentivo.
Á todos os professores que no decorrer do curso contribuíram de forma
valiosa para minha formação profissional.
Em especial a professora Ana Carolina Barbosa Kummer pela orientação,
amizade, disponibilidade de tempo e apoio nos momentos necessários.
E acima de tudo, Deus.
V
“A mente que se abre para uma nova idéia jamais voltara ao seu tamanho original”.
Albert Einstein
VI
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................. 9 ABSTRACT............................................................................................................. 10 1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 11 2. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................. 13 2.1 Situação Brasileira de Produção e Armazenamento de Grãos.............. 13 2.2 Unidade de Processamento e Armazenamento de Grãos..................... 15 2.3 Pré-limpeza de grãos............................................................................. 19 2.4 Milho....................................................................................................... 21 2.5 Resíduos Sólidos Agroindustriais......................................................... 24 3. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................... 28
3.1 Área de Estudo..................................................................................... 28 3.2 Descrição do Ciclo do Produto na Unidade.......................................... 29 3.3 Identificação e Quantificação dos Resíduos Gerados......................... 30 3.4. Caracterização Físico-Química dos Resíduos..................................... 31 3.5 Destinação dos resíduos gerados pelas agroindústrias da região....... 31
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 41 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA....................................................................... 43 APÊNDICE............................................................................................................... 47
VII
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Quantidade de resíduo gerada por 30 toneladas de milho..................... 35 Tabela 2: Dados da utilização do resíduo gerado na limpeza de grãos pelas
Unidades de processamento e armazenamento de grãos de Santa Fé del Paraná................................................................................................... 37
Tabela 3: Análise das propriedades físicas e químicas dos resíduos...................................................................................................... 38
VIII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Esquema do fluxo do produto nos componente da máquina de pré-limpeza........................................................................................................ 21
Figura 2: Unidade de Processamento e Armazenamento de Grãos da Fazenda São Francisco de Assis............................................................................... 23
Figura 3: Máquina de pré-limpeza........................................................................... 29 Figura 4: Ciclo do produto na unidade..................................................................... 30
IX
KAZIENKO, Natanaelen Cristine Bail. Gerenciamento de Resíduos Agrícolas Gerados na Pré-limpeza de Grãos de Milho Santa Fé del Paraná, Paraguai. Trabalho Final de Graduação (Bacharelado em Engenharia Ambiental) - Faculdade Dinâmica de Cataratas.
RESUMO Os resíduos sólidos agroindustriais são gerados desde a escolha e seleção de matérias-primas, nas etapas de beneficiamento, como também nas diversas fases de fabricação. O objetivo desse trabalho foi propor possíveis utilizações para os resíduos sólidos gerados na etapa de pré-limpeza de grãos de milho, caracterizando os resíduos sólidos gerados por essa máquina e quantificando o volume produzido na agroindústria. Para isso foram analisados parâmetros físico-químicos como: fósforo, nitrogênio, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, carbono, matéria orgânica, cobre, zinco, manganês, ferro, boro, pH e umidade. Os valores de fósforo, nitrogênio e cálcio foram maiores para palha de milho do que nos outros resíduos. Os teores de potássio foram maiores para o sabugo de milho grosso. Para o cálcio, o cobre, o zinco, o manganês, o ferro e o boro os maiores teores foram encontrados no resíduo do pó do exaustor. Os teores de enxofre, carbono e matéria orgânica foram maiores no quebradinho de milho grosso. O pH foi similar em todos os resíduos. Esses resíduos podem servir como alternativa para vários fins, como na alimentação de animais, para fins energéticos, entre outros, dando a esses resíduos um uso mais nobre. Palavras-Chave: processamento de grãos – subprodutos – restos culturais.
X
KAZIENKO, Natanaelen Cristine Bail. Management of agricultural waste generated in maize grain cleaning Santa Fe del Paraná, Paraguay. Foz do Iguacu, 2009. Completion of course work (Bachelor of Environmental Engineering) - Faculdade Dinâmica de Cataratas.
ABSTRACT
The waste solids are produced from the choice and selection of raw materials, in stages of processing, but also in the various stages of manufacture. The goal of this work was to propose possible uses for the solid waste generated by maize grain in pre-cleaning machine, characterizing the solid wastes generated by that machine and quantifying the volume produced in agribusiness. The chemical-physical parameters analyzed were: phosphorus, nitrogen, potassium, calcium, magnesium, sulphur, carbon, organic matter, copper, zinc, manganese, iron, boron, pH and moisture. The values of phosphorus, nitrogen and calcium were higher for maize straw than in other wastes. Potassium’s levels were highest levels were found for corn on the cob thick. For calcium, copper, zinc, manganese, iron and boron the higher levels were found in the residue of the powder of the hood. The levels of sulphur, carbon and organic matter were higher in the pinch of corn thick. The pH was similar in all waste. These residues may serve as an alternative for various purposes, and may be in animal feeding, for energy purposes, among others, giving the waste a nobler use. Keywords: grain processing – by-products – cultural remains.
11
1 INTRODUÇÃO
As unidades de processamento e armazenamento de grãos são uma
alternativa viável para agregar valor ao produto, pois formam estoques que permitem
a distribuição cronológica dos produtos e impedem as flutuações de preços, que
resultam das safras e entre-safras. O número dessas unidades esta crescendo nas
propriedades rurais, fazendo com que mais resíduos sejam gerados (WEBER,
2005).
O armazenamento de produtos agrícolas é importante para manter a
qualidade do produto e conservá-los até a venda, evitando assim perdas, diminuindo
os custos, sendo necessário uma menor demanda de mão-de-obra e permite a
mecanização do processo.
12
Os resíduos agroindustriais são gerados desde o processamento
dos grãos em unidades de processamento, como nas diversas fases de fabricação e
beneficiamento, o que gera uma grande quantidade de resíduos gerados.
Esses resíduos além de criar potenciais problemas ambientais,
como poluição do solo, poluição da águas superficiais e subterrâneas, representam
perdas de matérias-primas e energia, exigindo investimentos significativos em
tratamentos para controlar a poluição. Muitos dos tratamentos não eliminam
realmente os resíduos gerados, apenas os transferem para outro meio que não os
esperava (Timofiecsyk e Pawlowsky, 2000).
Os resíduos podem ser transformados em matérias primas para
processos secundários ou serem convertidos em produtos comerciais. Fazendo com
que esses resíduos deixem de ser um problema ambiental, sendo utilizado para um
fim mais nobre.
O objetivo desse trabalho foi propor possíveis utilizações para os
resíduos agroindustriais gerados por grãos de milho na máquina de pré-limpeza de
grãos, sendo necessário para alcançar esse objetivo caracterizar os resíduos
gerados e quantificar o volume produzido na agroindústria.
13
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO
2.1 Situação Brasileira de Produção e Armazenamento de Grãos
Segundo dados da CONAB (2009) o Brasil conta com uma área
plantada de 47,6 milhões de hectares (2008/2009), representando um acréscimo de
0,5 % sobre a área cultivada nos anos de 2007 e 2008, sendo as principais culturas
cultivadas de algodão, amendoim, arroz, feijão, girassol, mamona, milho, soja,
sorgo, cereais, cevada e trigo.
Embora de forma desordenada, a rede armazenadora do Brasil
cresceu e foi para o interior dos estados para atender a demanda provocada pela
formação de novas fronteiras agrícolas. Essa rede é formada por grandes unidades
de silos e armazéns graneleiros, que em sua maioria, são dotados de tecnologias
14
modernas que permitem atender com razoável sucesso o papel de guardar e
conservar as safras (REZENDE, 2003).
Segundo Weber (2005) a questão da armazenagem no Brasil é
muito grave, devido ao crescimento lento da capacidade armazenadora e o rápido
crescimento agrícola.
A capacidade estática das estruturas armazenadoras existentes, no
Brasil, registrada em dezembro de 2006 é de até 121,96 milhões de toneladas,
distribuídas em 16.382 unidades cadastradas, de diferentes modalidades: armazéns
convencionais, com 26,8 milhões de toneladas; e de armazéns graneleiros, com
95,1 milhões de toneladas, representando respectivamente 22,0% e 78,0% da
capacidade total cadastrada no País (CONAB, 2006).
Para Weber (2005) capacidade estática de um silo é volume interno
útil, não aumenta nem diminui com o tempo e é dada em toneladas ou metros
cúbicos.
A expansão da capacidade nacional não se fez de forma uniforme e
o déficit de armazenagem ainda existe em determinadas regiões. No norte e
nordeste o volume de armazéns não é suficiente para a colheita, enquanto no
sudeste sobram armazéns e no sul, o volume disponível para armazenamento é
compatível com a produção existente. A maior parte da capacidade estática está
concentrada em zona urbana, com 47% da capacidade total, porém a capacidade de
armazenagem em fazenda esta crescendo, com 15% da capacidade total (CONAB,
2006).
O percentual de armazéns instalados nas propriedades rurais de
outros países é superior ao do Brasil, na Argentina esse percentual é de 30 %, na
15
Austrália 40%, no Canadá 85%, nos Estados Unidos 65% e na Europa 50%
(CONAB, 2006).
Segundo Weber (2005) a capacidade armazenadora no Brasil é
pequena, devido a isso é necessário exportar e os países importadores o sabem
dessa dificuldade de armazenamento e forçam os preços para baixo. Sendo assim o
país precisa de uma rede armazenadora estratégica para armazenar os excedentes
agrícolas não comercializados imediatamente, mas que podem ser exportados ao
longo do ano em melhores condições.
2.2 Unidade de Processamento e Armazenamento de Grãos
A produção, armazenagem, comercialização e consumo de
alimentos é uma cadeia de atividades vitais às pessoas, às famílias e às nações,
motivo pelo qual a agricultura é uma atividade das mais antigas e importantes
(WEBER, 2005).
Uma rede armazenadora de grãos é o aparelhamento destinado a
receber a produção de grãos, conservá-los em perfeitas condições técnicas e
redistribuí-los, posteriormente. Para a agricultura, a rede armazenadora se constitui
em um elemento indispensável para o incentivo da produção. Para o consumidor, é
um dos principais fatores para estabilizar os preços além de garantir um
abastecimento normal (PUZZI, 2000).
O sistema de depósito de grãos a granel, em silos, é uma forma
mais eficiente e mais rápida na conservação de grandes montantes de grãos. Esse
16
sistema permite a mecanização e automação da carga e descarga, facilitando a
operação dos mecanismos de manejo de grãos (SILVA, 2002).
Em termos de projeto, Silva (2004) define uma unidade
armazenadora de grãos como sendo complexos agroindustriais constituídos de
estruturas e recursos para receber, pré-beneficiar, armazenar e expedir a produção
agrícola de uma determinada área de abrangência.
A produção de grãos é periódica, enquanto que a necessidade de
alimentação e a demanda das agroindústrias são ininterruptas. Colhe-se uma safra
de dois meses e esta safra será consumida durante um ano ou mais. As redes
armazenadoras, recebendo a produção que não encontra consumo imediato,
formam os estoques que permitem a distribuição cronológica dos produtos (PUZZI,
2000).
De acordo com Weber (2005), os silos graneleiros projetados e
construídos para grãos a granel contam com todos os recursos de movimentação de
carga e descarga mecanizada, com elevadores e correias transportadoras, moegas,
máquinas de limpeza e secadores, sistema de aeração e termometria.
Segundo Puzzi (2000), o manuseio a granel dos grãos alimentícios e
o seu armazenamento em silos adequados contribui, de maneira eficaz, para o
abastecimento de um país, pois, permite:
· A completa eliminação das perdas, estimadas em alguns casos, em mais de
10%;
· O armazenamento por diversos anos, sem alterações substanciais do
produto, evitando, assim, as flutuações do abastecimento;
· Reduzir o preço do produto em, pelo menos, 10%, com a eliminação da
sacaria e redução do custo de manuseio;
17
· A racionalização do comércio, visto que elimina a identificação de mercadoria
por meio de amostra e passa a caracterizá-la pelas especificações do produto;
· O estabelecimento de um produto uniforme, limpo, livre do ataque de insetos,
roedores e microorganismos, e com suas qualidades alimentícias preservadas;
· A eliminação do especulador, com a distribuição diretamente dos silos aos
varejistas, em pacotes de peso certo, mais barato e de melhor qualidade;
· O controle efetivo dos estoques e a divulgação exata de informações sobre a
distribuição física.
Os silos localizados nas áreas rurais segundo Weber (2005) são
unidades típicas de pequeno produtor, com produção em torno de 10 mil sacas,
sendo também devido à localização geográfica uma unidade em nível de
propriedade rural, que são edificadas na propriedade e serve a uma fazenda.
Segundo Cestari Jr. e Gottardo (2008) a armazenagem de grãos é
uma alternativa bastante viável, provando para os produtores que investir em
equipamentos de armazenagem não é mais um privilégio de grandes latifundiários,
mas também é acessível aos produtores menores.
Os silos com o fundo em “W”, também denominado duplo “V”, possui
a finalidade de evitar escavações com maior profundidade, eliminando problemas
com excesso de umidade ou pedras. Ele tem como vantagem a descarga total por
gravidade e como inconveniente o custo da construção de dupla galeria e sistema
de aeração mais complexo, porém, pode contar com todos esses recursos para
garantir a qualidade de armazenagem (WEBER, 2005).
Os silos metálicos são largamente utilizados no Brasil devido ao seu
preço competitivo, durabilidade e qualidade na conservação dos grãos, simplicidade
de uso, facilidade de ventilação da massa e tratamento através de expurgo. Possui
18
rapidez na instalação e sendo vertical faz economia de espaço e a diversidade de
células permite a separação de tipos e variedades de grãos (WEBER, 2005).
Antes serem armazenados, os grãos passam por diversas etapas. O
processamento tem início na pré-limpeza onde são retiradas as impurezas na massa
de grãos. Depois vão para um secador de grãos onde são submetidos a correntes
de ar aquecido por geradores de calor (fornalhas). Após a limpeza e secagem, o
produto é transportado para o interior do armazém através de elevadores e correias
transportadoras (BARRELLA e BRAGATTO, 2001).
Durante o armazenamento são realizadas algumas operações para
a conservação adequada do produto. A areação, por exemplo, é o movimento
forçado de ar através da massa de grãos, diminuindo e uniformizando a
temperatura, propiciando condições favoráveis para conservação da qualidade
durante o período de armazenamento o que impede a migração de umidade e a
formação de bolsas de calor. A transilagem é o movimento da massa de grãos para
uniformização e diminuição da temperatura. Outra ferramenta que o silo possui é a
termometria que é um conjunto de sensores distribuídos simetricamente no interior
do silo, servido para a medição da temperatura da massa de grãos. Para prevenir o
aparecimento de insetos e eliminá-los é feito o tratamento fitossanitário, sendo
importante também a higienização do armazém para evitar a formação de focos de
infestação de insetos e roedores (FETT e RODEL, 2007).
19
2.3 Pré-limpeza de grãos
Limpeza é a operação que visa reduzir o teor de impurezas,
fragmentos do próprio produto e de matérias estranhas, detritos vegetais, sementes
da vegetação nativa, torrões de terra, existentes na massa de grãos, a nível
satisfatório para fins de armazenamento ou comercialização do produto (PUZZI,
2000).
Segundo Weber (2005) a limpeza do produto é uma operação
indispensável, pois acompanham os grãos vindos da lavoura, contaminantes de
várias espécies, materiais inertes, produtos orgânicos diversos como terra, ervas
daninhas, grãos avariados, palha, folhas, partes de sabugo e outros. Além de
desvalorizar a massa de grãos, promovem o mais rápido aquecimento e
deterioração, apresentam focos de decomposição e o desenvolvimento acelerado de
insetos e fungos.
As impurezas e matérias estranhas, em uma massa de grãos,
dificultam as operações de secagem e aeração. Os grãos armazenados apresentam
um espaço vazio de 40 a 45 % do volume ocupado pelos grãos. Se a massa de
grãos contém um alto teor de pó, fragmentos do produto e corpos estranhos, estes
enchem os espaços vazios e, assim, prejudicam as diversas operações (PUZZI,
2000).
Assim os grãos devem ser armazenados com o menor percentual
possível de impurezas, para facilitar a conservação, entretanto, na prática, é usual
armazenar com 1%. Caso os grãos não sejam adequadamente limpos os espaços
que existem entre eles poderão ficar obstruídos prejudicando a aeração com
prejuízo à boa conservação da massa de grãos armazenada. A impureza
20
remanescente de 1% é distribuída e levada ao silo com os grãos. A secagem é feita
na umidade certa para cada tipo de grão, fazendo com que se evitem prejuízos
consideráveis (WEBER, 2005).
A remoção de fragmentos do produto e matérias estranhas de uma
massa de grãos baseia-se, principalmente, na diferença de algumas características
físicas entre os grãos e as impurezas que os acompanham. Os grãos são separados
nas máquinas de pré-limpeza pelo tamanho, forma dos grãos e diferença de peso ou
densidade (PUZZI, 2000).
Diferenças de dimensões e formas entre os grãos inteiros e grãos
quebrados ou variedades graúdas ou miúdas e as diferenças entre grãos e
impurezas são utilizadas para a separação através de peneiras desde que
selecionados os furos adequados (WEBER, 2005).
Os ventiladores são equipamentos projetados para funcionar
baseados nas diferenças de peso. A separação de grãos e impurezas ocorre através
de sistema de sucção que é aquele que remove impurezas mais leves, antes dos
grãos chegarem à primeira peneira e através de sistema de insuflação que remove
os grãos chocos e impurezas que não tenham sido removidas pelo sistema de
sucção (PUZZI, 2000).
Na figura 01 é apresentado o esquema de funcionamento da
máquina de pré-limpeza. O sistema de limpeza atua por peneiramento, no qual são
retiradas as impurezas maiores e menores, independendo do peso e por aspiração
onde são retiradas as impurezas leves (OLIVEIRA, 2008).
As maquinas de limpeza do tipo ar e peneira, realizam a limpeza
através dos recursos da ventilação e das peneiras. Elas são destinadas a realizar a
limpeza dos grãos separando as impurezas e retirando outros produtos orgânicos
21
PRODUTO AGRÍCOLA (in natura)
MOEGA DE ALIMENTAÇÃO
MECANISMO DE DISTRIBUIÇÃO
FLUXO DE AR VENTILADOR IMPUREZAS LEVES
SISTEMA DE
VIBRAÇÃO
MECANISMO DE DISTRIBUIÇÃO
IMPUREZAS PESADAS
PRODUTO
estranhos que não podem permanecer na massa de grãos a ser armazenada
(WEBER, 2005).
Figura 01: Esquema do fluxo do produto nos componente da máquina de pré-limpeza. Fonte: PAGÉ, 2007 apud Oliveira, 2008.
2.4 Milho
O milho é uma espécie da família das gramíneas, é o terceiro cereal
mais cultivado no planeta; está espalhado em uma vasta região do globo, em
altitudes que vão desde o nível do mar até três mil metros (LERAYER, 2006).
A importância econômica do milho é caracterizada pelas diversas
formas de sua utilização, que vai desde a alimentação animal até a indústria de alta
22
tecnologia. Na realidade, o uso do milho em grão como alimentação animal
representa a maior parte do consumo desse cereal, isto é, cerca de 70% no mundo
(DUARTE, 2009).
O milho constitui a base energética da dieta de várias espécies
animais, é composto de amido (60%), casca (6,5%), glúten (10%), gérmen (8,5%) e
água (15%) (BARBOSA, 2004).
Segundo Weber (2005) em vários locais do mundo o milho é tido
como o produto mais importante na dieta alimentar humana e utilizado como matéria
prima para a alimentação animal. Com base nos grãos secos a composição do milho
é de aproximadamente 77% de amido, 2% de açúcar, 9% de proteínas, 5% de
azeite; 5% de pentosanas, 2% de cinza, contém ainda, mínimas quantidades de sais
de cálcio, magnésio, fósforo, alumínio, ferro, sódio, potássio e cloro.
Para Teixeira (1998) apud Barbosa (2004) o milho é rico em energia
e pobre em proteína, principalmente lisina. É rico em pró-vitamina A e pigmentantes.
Baixos teores de triptofano, lisina, cálcio, riboflavina, niacina e vitamina D (LANA,
2000 apud BARBOSA 2004). A parte principal da planta é a espiga composta de
70% de grãos, 20% de sabugo e 10% de palhas. O milho pode ser usado de
diversas formas como fonte volumosa ou concentrado energético. É considerado
alimento concentrado energético padrão (BARBOSA, 2004).
Algumas partes da planta do milho não possuem um uso direto, e
neste caso, são subutilizadas. No sabugo a parte central da espiga na qual os grãos
estão presos, é o resíduo gerado após ser derrubado o milho. Para cada 100 quilos
de espigas de milho, aproximadamente 18 quilos (70% base úmida), são formados
pelo sabugo (BASTOS et al. 2007).
23
Segundo Barbosa (2004) o sabugo é um dos resíduos que uma
planta de milho produz, sendo utilizado principalmente para alimentação animal e
junto com a palhada de milho podem ser utilizados como fonte de fibra na dieta de
ruminantes.
A palha de milho, atualmente é destinada para a produção de
cigarros, embalagens de doces, artesanato de cestaria e de bonecas, muito embora
a cultura do milho tenha grande importância no agronegócio brasileiro, com
produção anual de cerca de 35 milhões de toneladas, e as possibilidades de
melhoria na qualidade deste material, especialmente para o artesanato sejam
estratégicos (EMBRAPA, 2008).
Estruturalmente, o sabugo é formado por quatro partes distintas:
palha fina, palha grossa, anel lenhoso, e medula (BAGBY e WIDSTROM, 1984 apud
BASTOS et al., 2007). A palha fina constitui aproximadamente 4,1 % do sabugo do
milho em peso, a palha grossa 33,7 %, o anel lenhoso 60,3% e a medula 1,9%.
Devido às características de dureza e resistência à abrasão, os componentes do
sabugo serviram de base ao início de suas aplicações na indústria (BAGBY e
WIDSTROM, 1984 apud BASTOS et. al., 2007). O pH da superfície granular do
sabugo é 7,4, e no seu interior 4,9. Estes valores contribuem para que o sabugo
funcione como suporte inerte para vários materiais (FOLEY e VANDER HOOVEN,
1981 apud BASTOS et al., 2007).
24
2.5 Resíduos Sólidos Agroindustriais
Segundo a norma brasileira NBR 10.004 de 2004 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas, resíduos sólidos são: “resíduos nos estados sólido e
semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial,
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. São incluídos
nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles
gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na
rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível”.
Estima-se que, diariamente são gerados no mundo dois milhões de
toneladas de resíduos sólidos domiciliares, somando-se em um ano, 730 milhões de
toneladas. Nos países menos desenvolvidos produz-se bem menos lixo urbano do
que nos países mais desenvolvidos (POLIS, 2007 apud LOPES, 2007).
Nas últimas décadas, a disposição final de resíduos tornou-se um
sério problema a ser enfrentado por todos os países, decorrente não só da escassez
de terrenos disponíveis para aterros sanitários, como também pelo aumento
substancial dos níveis per capita de resíduos sólidos gerados. Esta modificação
global de resíduos foi conseqüência principalmente do processo de industrialização
vivenciado na maioria das economias mundiais, o que gerou significativas alterações
nos padrões de consumo dessas sociedades (BLUNDI e CAMPOS, 1998).
Os resíduos sólidos de origem urbana compreendem aqueles
produzidos pelas inúmeras atividades desenvolvidas em áreas com aglomerações
humanas do município, abrangendo resíduos de várias origens, como: residencial,
25
comercial, de estabelecimentos de saúde, indústrias, da limpeza pública, da
construção civil e os agrícolas (CASTILHOS JR et al., 2003).
Na indústria de alimentos os resíduos sólidos são produzidos desde
a escolha e seleção de matérias-primas, nas etapas de beneficiamento, como
também nas diversas fases de fabricação de enlatados; os elementos residuais,
constituídos por cascas e caroços, sementes, ramas bagaços, etc., são e devem ser
empregados em subprodutos para utilização humana, reservando-se os detritos para
ração animal e adubos. Muitas vezes, os resíduos não são totalmente utilizados e
isso é mais verificado quando os diversos produtores, especializados em diversos
subprodutos não têm condições para utilizar toda matéria-prima excedente
(BASTOS, 2007).
Segundo Laufenberg, et al. (2003), os resíduos podem conter muitas
substâncias de alto valor. Se for empregada uma tecnologia adequada, este material
pode ser convertido em produtos comerciais ou matérias-primas para processos
secundários.
A crescente demanda por uma melhor utilização dos recursos
alimentícios no mundo tem evidenciado a necessidade da utilização de fontes não
competitivas com a alimentação do homem. Portanto, é importante aproveitar esta
habilidade na alimentação de ruminantes com resíduos ricos em fibra que não são
utilizados para a alimentação humana (ALCALDE et al., 2001).
O Brasil possui grandes quantidades de resíduos agroindustriais
com potencial de uso na dieta de ruminantes, caracterizando-se como importante
alimento alternativo. Uma vez utilizados na nutrição animal, são desviados do
ambiente com um acondicionamento adequado, pois existem evidencias de que
esses representam um sério problema de poluição ambiente (ANDRADE, 2001).
26
A quantidade de resíduos agro-industriais situa-se em torno de 70%
e 80%, cuja cadeia é iniciada após a colheita, prolongando-se até o beneficiamento
e comercialização final desses produtos. O aproveitamento integral dos resíduos
ocorre, normalmente, sob a forma de ingredientes para a formulação de rações para
animais, que representam, em média, 50% a 70% do custo total de produção
(NUNES 1993 apud NUNES, 2006).
Muitos autores fizeram estudos baseados na utilização do resíduo
agroindustrial, para a utilização em outros produtos. Monteiro et al. (2008) definiram
meios de cultura sólidos e líquidos, obtidos de grãos ou resíduos da agroindústria,
eficazes para a produção de conídios de B. euphorbiae. No preparo do meio sólido
utilizaram grãos de arroz, trigo e sorgo, quirelas de arroz, milho e trigo, sorgo moído,
farelos de arroz, trigo e soja, cascas de mandioca e soja, casca de mandioca +
farelo de soja, bagaço de cana + amido solúvel. No preparo dos meios líquidos,
utilizaram grãos de arroz, sorgo e trigo, quirela de milho, farelos de trigo, soja e
arroz, casca de mandioca e soja, vinhaça da cana e água de prensa da mandioca.
Nesse estudo foi concluído que a virulência e a viabilidade de B. euphorbiae não são
afetadas pelo preparo de meios sólidos ou líquidos e pela composição nutricional
dos meios de cultura. Na maioria dos meios sólidos ou líquidos obteve-se viabilidade
de conídios maior que 98 %, apenas os conídios produzidos nos meios sólidos de
quirela de arroz, casca de mandioca + farelo de soja e farelos de soja estavam com
viabilidade significativamente menor.
Nunes (2006) utilizaram farelo de trigo adicionado à farinha de
acerola e farelo integral de mandioca adicionado ao sangue bovino in natura como
ingrediente para rações para a carcinicultura, as rações formuladas apresentaram
27
teores de proteína e lipídios dentro dos requerimentos nutricionais recomendados
para o cultivo de camarões, e valor energético superior a ração controle.
Babilonia et al. (2000) avaliaram a utilização de diferentes níveis do
resíduo amonizado da pré-limpeza dos secadores de soja, associado à cana-de-
açúcar, no desempenho consumo voluntário e relação benefício; despesa com a
alimentação de 24 bovinos confinados. Os tratamentos foram formados baseando-se
em um concentrado padrão com 0% de resíduo, em que o milho e farelo de soja
foram substituídos nos níveis 15, 30 e 45 % pelo resíduo. A cana-de-açúcar foi o
alimento volumoso oferecido nos quatro concentrados. E concluíram que o resíduo
foi eficiente ao suplementar a cana-de-açúcar em substituição ao milho e ao farelo
de soja, aumentando-se o lucro.
28
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Área de Estudo
O estudo foi realizado na Fazenda São Francisco de Assis,
município de Santa Fé del Paraná, no estado de Alto Paraná, Paraguai, em uma
unidade de processamento e armazenamento de grãos, figura 02, latitude
25º10’14.51’’S, longitude 54º34’37.70’O.
É uma unidade de fazenda que conta com dois setores de
armazenamento, um em alvenaria, localizado no subterrâneo e o outro é em forma
de tubo metálico, ambos com capacidade para 1500 toneladas cada.
Possui quatro elevadores para o transporte dos graõs dentro da
unidade, um secador de grãos com capacidade de 30 toneladas, duas moegas com
29
capacidade de 150 toneladas cada. Uma máquina de pré-limpeza, figura 03, marca
COMIL, modelo ML 318 de construção totalmente metálica, com peneiras para três
variedades de cereais, curva de saída do pó, ensacador de impurezas, motores
elétricos de 3 e 5 CV, com ciclone e tem capacidade para 45 toneladas hora-1.
Figura 02: Unidade de Processamento e Armazenamento de Grãos da Fazenda São Francisco de Assis.
Os produtos agrícolas processados e armazenados nesta unidade
dependendo do calendário agrícola são: milho, trigo e soja.
30
Figura 03: Máquina de pré-limpeza de grãos.
3.2 Descrição do Ciclo do Produto na Unidade
As etapas do produto na unidade são a recepção, as moegas, a pré-
limpeza, o secador, o armazenamento e a venda, figura 04. O ciclo produtivo na
unidade começa na recepção aonde o produto chega à unidade através de
caminhão e antes de ser descarregado nas moegas, é realizada a pesagem em
balança para ter o controle da quantidade de entrada de produto.
31
Figura 04: Ciclo do produto na unidade.
Através de elevadores os grãos são transportados da moega para a
máquina de pré-limpeza. Nesta os grãos passam por peneiras com diferentes
tamanhos e formas, onde as impurezas mais leves são aspiradas pelo sistema de
ar. Após esta etapa os grãos são deslocados por elevadores até o secador. Um
alarme avisa quando o secador enche então a maquina de pré-limpeza é desligada.
O secador na unidade em estudo tem capacidade para 30 toneladas,
logo o resíduo gerado pela máquina de pré limpeza é resultado da limpeza de 30
toneladas de grãos de milho. No secador ocorre a perda de umidade do grão para o
ambiente. O ar aquecido promove a transferência de água do grão úmido para o
ambiente através do efeito de gradiente de temperatura.
Após a secagem, o produto é armazenado, onde recebe fluxos de ar
para sua conservação através do sistema de aeração. A aeração é efetuada através
de ventiladores centrífugos e conjunto de aerodutos dispostos adequadamente no
piso dos silos. Este sistema mantém os grãos em temperatura e umidade ideais para
a armazenagem.
32
3.3 Identificação e Quantificação dos Resíduos Gerados
A maquina de limpeza separa os resíduos em cinco compartimentos,
onde em cada um destes resulta um tipo de resíduo (Quadro 1).
Quadro 01: Resíduos agroindustriais de milho gerados na maquina de pré-limpeza. Resíduo Características
Quebrado grosso Fragmentos de grãos de milho de até 5 milímetros
Quebrado fino Fragmentos de grãos de até 1 milímetro e sementes
de ervas daninhas
Sabugo grosso Sabugo de milho em pedaços maiores e restos de
cultura (palha e caule)
Sabugo fino Sabugo de milho em pedaços menores e restos de
cultura (palha e caule menores)
Palha Palha de milho, fragmentos de grãos, fragmentos de
sabugo e sementes de ervas daninhas
Pó do exaustor Casquinha que fica entre o grão de milho e o sabugo.
O sabugo grosso é o resíduo retido no primeiro compartimento
(apêndice 01); o quebradinho de milho grosso é retido no segundo compartimento
(apêndice 02); o quebradinho de milho fino é retido no terceiro compartimento
(apêndice 03); a palha no quarto compartimento (apêndice 04); e o sabugo de milho
fino no quinto compartimento (apêndice 05).
O pó do exaustor (apêndice 06) é o resíduo que sai pelo exaustor da
máquina de limpeza. Esse exaustor promove o fluxo de ar necessário para remover
as partículas mais leves e conduzi-las para um ciclone onde decanta as impurezas e
libera o ar limpo para o ambiente.
33
A quantificação dos resíduos agroindustriais gerados foi realizada
em quatro etapas, onde cada etapa compreendeu a pré-limpeza de
aproximadamente 30 toneladas de grãos de milho.
3.4 Caracterização Físico-Química dos Resíduos
De cada etapa foram retiradas amostras para caracterização dos
resíduos, sendo realizadas análises físico-químicas. Os parâmetros analisados
foram: fósforo, nitrogênio, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, carbono, matéria
orgânica, cobre, zinco, manganês, ferro, boro, pH e umidade. A metodologia
utilizada foi a de Tedesco (1985).
3.5 Destinação dos resíduos gerados pelas agroindústrias da região
Para investigar a destinação dos resíduos pelas unidades de
processamento e armazenamento de grãos foi desenvolvido um questionário
(apêndice 07). Foram realizadas visitas as unidades em funcionamento em Santa Fé
del Paraná, região do estudo. O questionário foi aplicado tanto nas propriedades que
possuem silo, como nas empresas que recebem e revendem grãos.
34
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na pesquisa realizada nos silos em funcionamento da região (Tabela
01), pode-se observar que os resíduos, quebradinho de milho fino e grosso são
destinados à ração animal. Porém antes de serem utilizados na alimentação de
ruminantes eles são torrados em um torrador de resíduos e depois moídos e
misturados com outros alimentos.
A alimentação de ruminantes com grãos de milho foi estudada por
alguns autores entre eles Feijó et al (1999), que mostraram a viabilidade da
utilização dos grãos moídos para alimentação de ruminantes e recomendaram a
moagem dos grãos antes de sua oferta para esses animais. Hamilton et al. (2008) e
Borgatti et al. (2004) concluíram que os grãos de milho finamente resultaram em
aumento da sua digestibilidade no interior do rumem do animal.
35
Moron et al (2000) em seu estudo afirmaram que o tamanho da
partícula exerce um papel importante na degradação do amido e que a redução do
tamanho da partícula promove melhor degradabilidade para os grãos.
Tabela 01: Dados da utilização do resíduo gerado na limpeza de grãos pelas Unidades de processamento e armazenamento de grãos de Santa Fé del Paraná
Proprietário Capacidade
do silo (t) Capacidade
do secador (t) Resíduo por
secador (Kg) 1 Destinação resíduo
Proprietário 01 2600 60 700 Ração/adubo
Proprietário 02 5000 55 680 Ração/adubo
Proprietário 03 3000 25 350 Ração/adubo
Proprietário 04 9500 80 1200 Ração/adubo
Proprietário 05 3000 30 380 Ração/adubo
Proprietário 06 1400 35 500 Ração/adubo
Proprietário 07 10000 60 750 Vendido Ração/Adubo
Proprietário 08 3300 60 700 Vendido Ração/adubo
Proprietário 09 1600 35 450 Doação Ração/adubo
Proprietário 10 7000 100 1500 Vendido Ração/adubo
Proprietário 11 3000 80 1300 Vendido Ração/adubo
Proprietário 12 9000 80 1200 Vendido Ração/adubo 1 – Quebrado grosso, quebrado fino, sabugo grosso, sabugo fino, palha, resíduo do exaustor.
Ainda de acordo com a Tabela 01, o sabugo grosso e fino, a palha e
o resíduo do exaustor são devolvidos a lavoura, servindo de adubação verde para a
próxima cultura.
Segundo Cruz (2008) os restos culturais do milho aumenta o
rendimento das culturas, reduz a erosão, reduz o potencial de contaminação do
meio ambiente, a cultura do milho deixa uma grande quantidade de restos culturais
que podem contribuir para reduzir a erosão e melhorar o solo, a palha do milho deixa
uma maior quantidade de nutrientes no solo.
36
Porém estes resíduos podem ser utilizados para outros fins, já que
em algumas propriedades não estão mais dispostos na lavoura sendo recolhidos e
acondicionados em bolsas de 50 quilos para diversos usos. Assim, alguns autores
estudaram a utilização desses tipos de resíduos.
Avaliando o valor nutritivo da palha de milho verde para bovinos e
comparado com outros alimentos considerados de boa qualidade Bagaldo (2007)
concluiu que a palha de milho apresentou perfil interessante para esse fim.
Faftine (2001) comparou o efeito de dietas com palha de milho com
ou sem blocos com multinutrientes na variação de peso de caprinos durante a época
de seca, os resultados encontrados indicam que as dietas com palha de milho e
blocos com multinutrientes podem reduzir as perdas de peso vivo e a taxa de
mortalidade de caprinos durante a época da seca.
Comparando a utilização do sabugo de milho com a casca de arroz,
como fonte de fibra para coelhos, Olivo et al. (1990) concluíram que os animais que
receberam a ração que possui como fonte de fibra o sabugo de milho apresentaram
um menor consumo da ração e uma melhor conversão alimentar.
Avaliando o bagaço de cana, bagaço de cana hidrolisado, o sabugo
de milho e a casca de arroz como fontes de fibra bruta em rações para alevinos de
tilápia-do-nilo, Boscolo et al. (2000) concluíram que o peso final dos animais
alimentados com a ração contendo sabugo de milho foi superior as outras fontes.
Também foi constatado que a maioria das empresas vende os
resíduos para outros agricultores. Já os produtores que tem silo utilizam como
complemento na alimentação de ruminantes e adubo na propriedade.
Na tabela 02 são apresentados os dados da quantidade de resíduos
gerados na limpeza de grãos de milho.
37
Tabela 02: Quantidade de resíduo gerados por 30 toneladas de milho. Resíduos Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Média
Quebrado grosso 233,5 213 225,5 231,5 225,875
Quebrado fino 35 22 30 28 28,75
Sabugo Grosso 10,5 7,5 9 8,5 8,875
Sabugo Fino 85,5 82,5 80 83 82,75
Palha 18,5 16 17 17,5 17,25
Resíduo exaustor 9,5 12 8 8,5 9,5
Total 392,5 353 369,5 377 373
O peso do sabugo fino, sabugo grosso, resíduo do exaustor é baixo,
porém o volume que ocupa é grande, diferente do quebrado de milho grosso, fino e
a palha. A média de resíduo produzido é de 373 Kg a cada 30 toneladas de grãos
limpos. Na unidade foram processadas 1800 toneladas de grãos. Então são
aproximadamente 22 toneladas de resíduos produzidos na safra de milho 2009.
Na Tabela 03 são apresentados os resultados da determinação das
propriedades físicas e químicas dos resíduos agroindustriais analisados.
Os valores de fósforo, nitrogênio e cálcio foram maiores para palha
de milho do que nos outros resíduos. Os teores de potássio foram maiores para o
sabugo de milho grosso.
Para o cálcio, o cobre, o zinco, o manganês, o ferro e o boro os
maiores teores foram encontrados no resíduo do pó do exaustor. Os teores de
enxofre, carbono e matéria orgânica foram maiores no quebradinho de milho grosso.
O pH foi similar em todos os resíduos. Os valores de ferro para todos os resíduos
podem ter sido influenciados pela máquina de pré-limpeza e o exaustor da máquina
de pré-limpeza serem equipamentos antigos com aproximadamente quinze anos de
fabricação.
38
Tabela 03: Análise das propriedades físicas e químicas dos resíduos.
Determinações Quebradinho
grosso
Quebradinho
Fino
Sabugo
Grosso
Sabugo
Fino Palha
Pó do
exaustor
P (g kg-1) 3,14 4,04 1,27 0,85 4,11 2,85
N (g kg-1) 15,48 19,19 10,63 7,74 23,74 20,12
K (g kg-1) 5,73 7,78 12,93 10,03 10,07 7,23
Ca (g kg-1) 0,28 0,48 0,73 0,78 0,98 2,98
Mg (g kg-1) 1,55 2,10 1 0,85 2,15 2
S (g kg-1) 1,15 0,72 0,61 0,65 0,94 0,72
C (g kg-1) 360,05 350,82 310,19 225,72 352,66 227,11
M O (g kg-1) 619,28 603,40 533,53 388,24 609,58 390,62
Cu (mg kg-1) 3 6 6,5 8 7 12,50
Zn (mg kg-1) 34,5 50 32,5 30,50 49 87
Mn (mg kg-1) 15,5 38,5 26,50 26,50 42 104
Fe (mg kg-1) 284,5 513 150,50 207 537 711,50
B (mg kg-1) 5,6 7,84 5,6 7,84 6,72 8,96
pH 4,93 4,95 5,07 4,82 4,92 4,99
Umidade (%) 28,49 36,01 49,23 46,12 35,1 18,46
Avaliando os efeitos do uso de cobertura morta sobre a nutrição
mineral e produção do milho em diferentes épocas do ano, Carvalho et al (2007)
avaliou as propriedades físicas e químicas da palha de milho, dos grãos de milho e
do sabugo de milho. As concentrações obtidas para a palha de milho foram N 4,5 a
7,8 g kg-1, P 0,4 a 1,2 g kg-1, K 10 a 13,6 g kg-1, Ca 2,8 a 3,6 g kg-1, Mg 1,9 a 2,9 g
kg-1, Fe 72 mg kg-1, Mn 49,4 a 89,4 mg kg-1, Zn 40 a 53,4 mg kg-1.Os resultados do,
magnésio e zinco ficaram dentro da faixa encontrada pelos autores, os valores de
nitrogênio, fósforo e ferro ficaram acima e os valores para cálcio e manganês ficaram
abaixo do encontrado
Para os grãos de milho os mesmos autores obtiveram como
resultados N 10,8 a 13,8 g kg-1, P 1,8 a 4,1 g kg-1, K 1,0 a 1,5 g kg-1, Ca 1,0 a 1,5 g
39
kg-1, Mg 1,0 a 2,4 g kg-1, Fe 47 a 65,3 mg kg-1, Mn 25,6 a 40,9 mg kg-1, Zn 35,5 a
52,4 mg kg-1. Os resultados para fósforo, magnésio, manganes e zinco ficaram
dentro da faixa encontrada pelos autores, o nitrogenio potássio e ferro ficaram acima
e os valores do calcio ficaram abaixo.
Para o sabugo de milho Carvalho et al (2007) encontraram como
resultados N 4,5 a 7,5 g kg-1, P 0,6 a 1,1 g kg-1, K 6,6 a 8 g kg-1, Ca 1,0 a 2,0 g kg-1,
Mg 0,8 a 1,6 g kg-1, Fe 41,1 a 106,4 mg kg-1, Mn 31 a 37,1 mg kg-1, Zn 62,8 a 92,3
mg kg-1. Os valores de fósforo e magnésio ficaram dentro da faixa do estudo, os de
nitrogênio, potássio e ferro ficaram acima e os valores de cálcio, manganês e zinco
ficaram abaixo.
Nesse estudo somente os níveis de magnésio ficaram dentro do
encontrado por Carvalho et al (2007), a diferença entre os outros macro e micro
nutrientes pela adubação utilizada e aos solos serem diferentes, já que na área de
estudo o solo é o latossolo roxo e na estudada por esse autor o solo é latossolo
amarelo que é um solo com baixo teor de matéria orgânica.
Manfredini e Sattler (2005) apresentaram dados qualitativos e
quantitativos relacionados ao consumo de energia de cerâmica vermelha do Estado
do Rio Grande do Sul, entre os combustíveis utilizados pelas indústrias há uma
delas que utiliza o sabugo de milho. O poder calorífico do sabugo milho é de
aproximadamente 3800 kcal kg-1(BENTA, 1997) o que significa que podem ser
utilizados como combustível alternativo sólido.
A empresa Monsanto, vendedora de produtos para a agricultura,
utiliza o sabugo de milho como matéria-prima para a geração de energia na
secagem de sementes de milho e sorgo (Monsanto, 2009).
40
A eficiência da queima esta diretamente associada ao fator umidade,
já que quando este é reduzido, a temperatura da queima aumenta e,
conseqüentemente aumenta a eficiência do produto (BENTA, 1997).
Santos et al ( 2006) avaliou as modificações técnicas e operacionais
em um secador rotativo comercial, quantificando a energia demandada por
quilograma de água evaporada na secagem do café, mantendo as suas qualidades
originais de campo, e entre os combustíveis analisados utilizou o sabugo de milho, a
umidade do sabugo para a queima foi de 11, 54% neste estudo a umidade foi de
49,26% para o sabugo grosso e 46,12% para o sabugo fino sendo necessário
portanto a diminuição dessa umidade para que a queima do sabugo seja eficiente,, a
quantidade de sabugo utilizado foi de 8,9 kg h-1 para a secagem de grãos de café no
secador modificado, sendo que neste estudo a cada 30 toneladas de secagem de
milho geram aproximadamente 91 Kg já da para secar por 10 horas esses grãos.
O pó do exaustor, é um resíduo rico em vários nutrientes,
principalmente em ferro, pode ser destinado a compostagem, porém ele deve ser
misturado com outro resíduo que seja rico em carbono, pois usa relação C/N é 11/1,
sendo baixa para compostagem.
41
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No contexto econômico e social que esta inserida a unidade
estudada, os resíduos quebradinhos grossos e finos moídos podem ser utilizados
como suplemento alimentar na ração animal.
Nesse estudo não foi avaliado a parte nutricional dos resíduos para
serem destinados a alimentação animal, logo fica como sugestão para outros
trabalhos analisar a parte de nutrição animal e comparar com outros alimentos.
O sabugo de milho pode ser utilizado como fonte de energia, na
fornalha para a secagem de grãos, diminuindo o custo do processo, já que tem a
quantidade de resíduos gerados na limpeza de 30 toneladas de milho é suficiente
para utilizar na queima, sendo necessária a secagem do sabugo para diminuir a
umidade.
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43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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APÊNDICES
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Apêndice 01: sabugo de milho grosso
Apêndice 02: quebrado de milho grosso
49
Apêndice 03: quebrado de milho fino
Apêndice 04: Palha de milho
50
Apêndice 05: Sabugo de milho fino
Apêndice 06: Pó do exaustor
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FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
1. Proprietário:________________________________________________
2. Localização da propriedade:____________________________________
3. Área de milho plantado?____________________
4. Rendimento por alqueire?___________________
5. Capacidade do secador?____________________
6. Quantidade de resíduo produzido por secador?__________
7. Tempo de secagem?_____________
8. Destinação do resíduo da pré-limpeza?__________
9. Quantidade de resíduo torrado?_____________
10. Capacidade do silo?_______________
11. Quantidade de milho estocado?_________________
Apêndice 07: pesquisa realizada nos Silos da região de Santa Fé