ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

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CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA MESTRADO EM ANÁLISE GEOAMBIENTAL ELISETE GIOVANA BALISA ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE GUARULHOS, SP. Orientador: Prof. Dr. Anderson Targino da Silva Ferreira. Coorientador: Prof.Dr. Antônio Manoel dos Santos Oliveira. Guarulhos 2016

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CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

MESTRADO EM ANÁLISE GEOAMBIENTAL

ELISETE GIOVANA BALISA

ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO

MUNICÍPIO DE GUARULHOS, SP.

Orientador: Prof. Dr. Anderson Targino da Silva Ferreira. Coorientador: Prof.Dr. Antônio Manoel dos Santos Oliveira.

Guarulhos

2016

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ELISETE GIOVANA BALISA

ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO

MUNICÍPIO DE GUARULHOS, SP.

Dissertação apresentada à Universidade Guarulhos, como parte das exigências dо

Programa dе Pós-Graduação Stricto-Sensu em Análise Geoambiental, para obtenção dо título

de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Anderson Targino da Silva Ferreira. Coorientador: Prof. Dr. Antônio Manoel dos Santos Oliveira.

Guarulhos

2016

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Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas Fernando Gay da Fonseca

AGRADECIMENTOS

B186e

Balisa, Elisete Giovana

Estudo de serviços ecossistêmicos no município de Guarulhos, SP. / Elisete

Giovana Balisa. -- 2016.

73 f.; 31 cm.

Orientador: Prof. Dr. Anderson Targino da Silva Ferreira.

Dissertação (Mestrado em Análise Geoambiental) – Centro de Pós-Graduação

e Pesquisa, Universidade Guarulhos, Guarulhos, SP, 2016.

1. Serviços ecossistêmicos 2. Temperatura Aparente da Superfície 3. Cobertura

da terra 4. Guarulhos I. Título II. Ferreira, Anderson Targino da Silva, (Orientador).

III. Universidade Guarulhos

CDD. 551.4

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Sou imensamente grata por ter em minha vida muitas pedras preciosas. Meus diamantes são meus pais, Marciano e Eliza que me proporcionaram toda educação e suporte necessários para uma vida melhor. Tenho muitas pedras preciosas que chamo de amigos. Uma destas pedras se chama Múcio Whitaker, que me encorajou a entrar neste caminho de evolução, sempre me ajudando a prosseguir. Neste caminho conheci outras pedras, a uma delas dou o nome de Antonio Manoel, que iniciou o processo de orientação desta dissertação, acreditando em meu tema e, o mais importante, acreditando em mim. Pedras fundamentais para que minha dissertação alcançasse o planejado se chamam William Queiroz e Anderson Targino. Sem vocês, os mapas apresentados nesta dissertação não teriam nascido. Agradeço o apoio de Edmilson Batista Santos, meu companheiro e amigo. Ao auxílio da Janaína Goulart, bibliotecária dedicada. A Gisele da Silva Dueñas, secretaria prestativa e Regina de Moraes Arruda, coordenadora do curso, sempre pronta a ouvir e orientar. A outras preciosidades que acompanharam a finalização desta dissertação, dou o nome de Anderson Targino da Silva Ferreira – que acompanhou a dissertação e se tornou meu orientador na fase final, Fabrício Bau Dalmas e Alessandra Rodrigues Prata Shimomura, que participaram do processo de qualificação e defesa, dedicando parte de seu tempo para me fazer evoluir um pouco mais nesta trajetória. A cada um de vocês fica meu apreço e muito obrigada por participarem da minha vida em um momento tão especial.

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Lista de Quadros

Quadro 4.3.1 – Serviços Ecossistêmicos .................................................................. 26

Quadro 4.3.2 - Serviços Ecossistêmicos e Funções ................................................. 27

Quadro 5.2.1 – Classificação da prestação dos Serviços Ecossistêmicos em função

das classes de Cobertura da Terra. .......................................................................... 42

Quadro 6.1.1 - Solos de Guarulhos: características e comportamentos erosivos

esperados.................................................................................................................. 48

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Lista de Figuras

Figura 3.1.1 - Localização do Município de Guarulhos ............................................. 17

Figura 3.1.2 – Bairros de Guarulhos. . ...................................................................... 19

Figura 4.2.1 - Evolução da entropia com o tempo a partir de uma interferência no

sistema. ..................................................................................................................... 24

Figura 4.3.1.1.1 – Vista do High Line Park ................................................................ 30

Figura 4.3.1.2.1 – Reservatórios de Catskill Mountains ............................................ 32

Figura 4.3.1.3.1 – OysterBay em Nova Iorque .......................................................... 33

Figura 4.3.1.4.1 – Plantação de Arroz ....................................................................... 34

Figura 4.3.1.4.2 – Mangue da Província de Soc Trang ............................................. 35

Figura 4.3.1.5.1 – Realizações do PIV ...................................................................... 37

Figura 5.1 - Fluxograma das etapas da pesquisa. .................................................... 39

Figura 6.1.1 - Mapa geológico de Guarulhos. ........................................................... 46

Figura 6.1.2 - Mapa geomorfológico do Município de Guarulhos. ............................. 47

Figura 6.1.3 - Mapa de solos predominantes de associações pedológicas de

Guarulhos. ................................................................................................................. 48

Figura 6.2.1 – Exemplo de pontos selecionados através da amostragem aleatória

simples para verificação dos fragmentos de “vegetação arbórea” e das outras classes

de uso e ocupação do solo realizado através das imagens de alta resolução espacial

do Google Earth Pro (GOOGLE, 2015) para 29/08/2015 (a, c). Corroboradas através

de fotografias aéreas oblíquas a partir de um sobrevoo de helicóptero nas datas de

06/10/2015 (b, d). ...................................................................................................... 49

Figura 6.2.2 – (a) Mapa da Cobertura da Terra. (b) Mapa das Zonas de prestação dos

serviços ecossistêmicos identificados de acordo com as classes de Cobertura da

Terra. ......................................................................................................................... 51

Figura 6.3.1 - Diagrama de dispersão e regressão linear dos valores de Temperatura

Aparente da Superfície ºC (TAS) e porcentagem de áreas vegetadas por bairro de

Guarulhos. Ambos observados através da imagem do sensor orbital Landsat-8

08/02/2014. ............................................................................................................... 53

Figura 6.3.2 – (a) Mapa da Temperatura Aparente da Superfície ºC (TAS).. ............ 54

Figura 6.3.2 – (b) Mapa das áreas com vegetação arbórea superior a 1 ha. ............ 55

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Figura 6.3.2. – (c) Mapa da TAS média por bairros de Guarulhos. ........................... 56

Figura 6.3.2. – (d) Mapa da porcentagem média de vegetação por bairros de

Guarulhos. ................................................................................................................. 57

Figura 6.4.1 – Diagrama de dispersão e regressão linear dos valores da Distância

média dos Logradouros para as Áreas Vegetadas (DLV) e da Arborização do Entorno

dos Domicílios (AED) por bairro de Guarulhos. Respectivamente derivados do satélite

Landsat-8 08/02/2014 e dos dados do Censo do IBGE de 2010 (IBGE, 2015). ....... 58

Figura 6.4.2 – (a) Mapa da Distância média dos Logradouros para as Áreas Vegetadas

(DLV). (b) Mapa da Arborização do Entorno dos Domicílios (AED). ......................... 59

Figura 6.5.1 – (a) Mapas da Autocorrelação Espacial da TAS por bairros de

Guarulhos. ................................................................................................................. 61

Figura 6.5.1 – (b) Mapas da Autocorrelação Espacial da VEG por bairros de

Guarulhos. ................................................................................................................. 62

Figura 6.5.1 – (c) Mapas da Autocorrelação Espacial da DLV por bairros de

Guarulhos. ................................................................................................................. 63

Figura 6.5.1 – (d) Mapas da Autocorrelação Espacial da AED por bairros de

Guarulhos. ................................................................................................................. 64

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Lista de Tabelas

Tabela 5.1.1 - Elementos e valores da fórmula de conversão para radiância extraídos

dos metadados da imagem do Landsat-8, banda 10 (USGS, 2014). ........................ 40

Tabela 5.1.2 - Elementos e valores da constante de calibração extraídos dos

metadados da imagem Landsat-8, banda10. (USGS, 2014). .................................... 41

Tabela 6.2.1 – Porcentagem de áreas das Classes de cobertura da terra e prestação

de serviços ecossistêmicos. ...................................................................................... 50

Tabela 6.3.1 – Estatística descritiva dos valores da Temperatura Aparente da

Superfície ºC (TAS) de acordo com o tipo de cobertura da terra. ............................. 52

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AED Arborização no Entorno dos Domicílios

CO2 Dióxido de carbono

DLV Distância dos Logradouros para as Áreas Vegetadas

DMS Dimetil sulfido

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

N Nitrogênio

O2 Gás oxigênio

O3 Gás ozônio

ONU Organização das Nações Unidas

P Fósforo

PIV Programa Ilhas Verdes

SEB Serviços Ecossistêmicos da Biosfera

Sox Lei Sarbanes-Oxley, também conhecida como Sarbox

TAS Temperatura Aparente da Superfície

UNESCO Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura

UVB Radiação Ultravioleta B com faixa de comprimento de onda (nm) de 290

nm – 320 nm

VEG Cobertura da Terra

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 15

3 ÁREA OBJETO DE ESTUDO ................................................................................ 16

3.1 Localização ...................................................................................................... 16

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 20

4.1 Cobertura da terra ............................................................................................ 20

4.2 Degradação Ambiental ..................................................................................... 22

4.3 Serviços Ecossistêmicos .................................................................................. 24

4.3.1 Casos históricos......................................................................................... 28

4.3.1.1 High Line Park (Nova Iorque) .............................................................. 29

4.3.1.2 Catskill Mountains (Nova Iorque) ......................................................... 31

4.3.1.3 Ostras em Manhattan (Nova Iorque) ................................................... 32

4.3.1.4 Delta do Mekong (Vietnã) .................................................................... 33

4.3.1.5 Programa Ilhas Verdes (Guarulhos) .................................................... 36

5 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................... 39

5.1 Mapa de Temperatura da Superfície ºC (TAS) ................................................ 40

5.2 Mapas de Cobertura da Terra, Vegetação (VEG) e Serviços Ecossistêmicos . 41

5.3 Mapa da Distância dos Logradouros para as Áreas Vegetadas (DLV) ............ 43

5.4 Mapa de Arborização no Entorno dos Domicílios (AED) .................................. 43

5.5 Mapas dos agrupamentos (clusters) ................................................................ 43

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 45

6.1 Aspectos físicos do município de Guarulhos ................................................... 45

6.2 Análise da Cobertura da Terra e dos Serviços Ecossistêmicos ....................... 49

6.3 Análise da Temperatura Aparente da Superfície (TAS) e da Vegetação (VEG)

............................................................................................................................... 51

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6.4 Análise da Distância dos Logradouros para as Áreas Vegetadas (DLV) e da

Arborização do Entorno dos Domicílios (AED) ...................................................... 57

6.5 Análise dos agrupamentos (clusters) ............................................................... 59

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 65

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 67

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RESUMO

O objetivo deste estudo é a análise da distribuição dos serviços ecossistêmicos no município de Guarulhos (SP) com base no mapa de cobertura da terra e a relação da Temperatura Aparente da Superfície (TAS) com a vegetação nos bairros do município, na qual se considera a TAS como indicador da existência dos serviços ecossistêmicos. A metodologia adotada consistiu no levantamento bibliográfico, na geração de mapas da TAS, Cobertura da Terra (Vegetação - VEG), Distância dos Logradouros para as Áreas Vegetadas (DLV) e Arborização no Entorno dos Domicílios (AED), para a elaboração da análise integrada dos resultados. Constatou-se no mapa de cobertura da terra, que na porção sul do município há o predomínio de área urbana enquanto que ao norte predomina área com vegetação arbórea. Na análise da cobertura da terra e do serviço ecossistêmico, foi possível observar que 57% do município encontra-se com falta de oferta de serviços ecossistêmicos ou com serviços ecossistêmicos ofertados com prejuízo. Na análise cruzada entre a TAS e a VEG ficou evidente que as maiores temperaturas (superiores a 40ºC) estão na porção sul do município, enquanto que ao norte a TAS apresenta valores inferiores a 20ºC. A análise entre a DLV e AED, respectivamente derivados por satélite e do Censo do IBGE de 2010, apontou um baixo coeficiente de determinação entre elas, devido ao fato de que a pesquisa realizada através do censo do IBGE não trabalha com a porcentagem de área de vegetação no entorno dos domicílios, mas sim com a proporção de pessoas que moram em domicílios cujo entorno possui ou não arborização, o que pode levar a análise a interpretações superestimadas ou subestimadas sobre a arborização urbana. A TAS demonstrou ser um indicador do efeito potencial da vegetação como serviço ecossistêmico e a metodologia utilizada pelo IBGE não foi considerada adequada para classificar a porcentagem de arborização de uma região. Sugere-se a utilização de técnicas de geoprocessamento como mais uma ferramenta de planejamento ambiental urbano. Palavras-chave: Serviços ecossistêmicos, Temperatura Aparente da Superfície, Cobertura da terra, Guarulhos.

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ABSTRACT

The objective of this study is the analysis of the distribution of the ecosystem services

in the city of Guarulhos (SP) on the basis of the map of covering of the land and the

relation of the Surface's Apparent Temperature (SAT) with the vegetation in the city

surroundings, in which if it considers SAT as the indicator of the existence of an

ecosystem services. The adopted methodology consisted of the bibliographical survey,

considering different generation of TAS maps, Land Vegetation Covering (LVC),

Distance of the public parks for the Vegetated Areas (DLV) and Arborization in the

surrounding domiciles (AED), for the elaboration of an integrated analysis of the

results. It was evidenced in the map of land covering, that in the South portion of the

city has the predominance of urban area where as to the North predominates area with

vegetation. In the analysis of the land covering and the ecosystem services, it was

possible to note that 57% of the city meet with lack of offer of ecosystem services or

with offered ecosystems services losses. In the analysis crossed between SAT and

the LVC it was evident that the highest temperatures (over 40ºC) occurs in the south

portion of the city, whereas to the north presents lower values than 20ºC. The analysis

in between DLV and AED, respectively derived from satellite and the Census of 2010

developed by IBGE, indicates a low coefficient of determination between them, had to

the fact of that the research carried through the census of the IBGE does not reflect

the percentage of vegetation area and the domiciles surroundings, evaluating the ratio

of people who live in domiciles whose may have possess or not arborization, what it

can take the analysis the interpretations overestimated or sub estimated on the urban

arborization. It demonstrated SAT to be a pointer of the potential effect of the

vegetation as ecossystem services and the methodology applied by IBGE was not

considered nor adjusted to classify the rate of arborization of a region. It may suggest

the use of geoprocessing techniques to further urban environmental planning.

Keywords: Ecosystem Services, Surface Apparent Temperature, Land cover,

Guarulhos .

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1 INTRODUÇÃO

A importância dos Serviços Ecossistêmicos da Biosfera (SEB) é crescente

desde que a Organização das Nações Unidas (ONU) patrocinou o estudo de

Avaliação Ecossistêmica do Milênio (www.millenniumassessment.org), realizado de

2001 a 2005, tendo revelado, entre outras conclusões, que nos últimos 50 anos houve

perdas irreversíveis da biodiversidade, que a degradação dos serviços constitui

importante barreira para as metas da ONU de eliminação da pobreza e do

desenvolvimento sustentável, havendo necessidade de mudanças significativas nas

políticas e práticas de desenvolvimento (FERREIRA et al., in prep.).

Pesquisas sobre detecção do campo térmico, através do sensoriamento

remoto orbital, em áreas urbanas têm sido desenvolvidas para diversos fins, entre

eles, o da variação do padrão espacial da Temperatura da Superfície (TS) e sua

relação com o uso da terra e a vegetação urbana (WENG et al., 2007; XIAO et al.,

2007; YUAN & BAUER, 2007; ZHANG et al., 2009; LI et al., 2009; BUYANTUYEV &

WU, 2010; ZHOU et al., 2011; DENG & WU, 2013).

Nesse sentido, conhecer a distribuição das temperaturas de superfície, por

meio do sensoriamento remoto orbital, constitui uma forma eficiente de analisar a

distribuição desse fator que nas cidades produz as denominadas ilhas de calor

(LOMBARDO, 1985; OLIVEIRA et al., 2010).

Haja vista que a Temperatura Aparente da Superfície (TAS) controla, entre

outros, o intercâmbio de energia que afetam o conforto dos moradores da cidade

(VOOGT & OKE, 2003), o serviço de regulação da temperatura, proporcionado pela

vegetação, passa a ter relevante papel para o bem-estar humano e para o

planejamento ambiental urbano (ALCAMO et al., 2003).

Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo geral analisar a

distribuição dos serviços ecossistêmicos no Município de Guarulhos, através das

imagens orbitais, com base no mapa de cobertura da terra, bem como da TAS e sua

relação com a vegetação nos bairros do município de Guarulhos.

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2 OBJETIVOS

O objetivo geral desta pesquisa é analisar a distribuição dos serviços

ecossistêmicos no município de Guarulhos (SP), através de imagens orbitais.

Como objetivos específicos desta pesquisa, destacam-se:

Análise da distribuição dos serviços ecossistêmicos por bairros com base no

mapa de cobertura da terra;

Análise da Temperatura Aparente da Superfície (TAS) e sua relação com a

vegetação nos bairros de Guarulhos. Considerando a TAS como indicador da

existência dos serviços ecossistêmicos.

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3 ÁREA OBJETO DE ESTUDO

3.1 Localização

O munícipio, objeto de estudo, situa-se na Região Metropolitana de São

Paulo (RMSP) e possui uma área de 318 km², com população estimada em 1.191.700

habitantes, conforme o censo de 2010. Localiza-se entre os paralelos 23°16’23” e

23°30’33” de latitude Sul e entre os meridianos 46°20’06” e 46°34’39” de longitude

Oeste. O município encontra-se na latitude do Trópico de Capricórnio, que passa na

altura do km 215 da Rodovia Presidente Dutra, no bairro de Cumbica (OLIVEIRA et

al., 2009).

O município de Guarulhos é um dos 39 municípios que compõe a Região

Metropolitana de São Paulo. Tem como limites os municípios de Nazaré Paulista (ao

norte), de Santa Isabel (a nordeste), de Arujá (a leste), de Itaquaquecetuba (a

sudeste), de São Paulo (ao sul e oeste) e de Mairiporã (a noroeste).

As principais rodovias de acesso ao município são:

Rodovia Presidente Dutra (BR-116);

Rodovia Fernão Dias (BR-381) e

Rodovia Ayrton Senna da Silva (SP-70).

As descrições dos aspectos regionais do município de Guarulhos foram

fundamentados em “Bases Geoambientais para um Sistema de Informações

Ambientais do Município de Guarulhos, SP (Relatório/FAPESP)” (OLIVEIRA et al.,

2009) e Andrade (1999).

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Figura 3.1.1 - Localização do Município de Guarulhos Fonte: Imagem Landsat-8 de 08/02/2014 (USGS, 2014).

Na Tabela 3.1.1 seguem os 47 bairros do município por ordem de código

de identificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com

população extraída por consulta à tabela 202 – População residente por sexo e

situação do domicílio, de cada bairro do município de Guarulhos e, na Figura 3.1.2,

visualiza-se o mapa do município com as divisões limítrofes dos bairros.

Conforme demonstra a Tabela 3.1.1 de população por bairro, o bairro Porto

da Igreja (34) possui a menor quantidade populacional, com apenas 82 habitantes e,

o bairro Pimentas (32) é o mais populoso do município com 156.748 habitantes, de

acordo com o censo do IBGE de 2010. Em área, o maior bairro é o Morro Grande (28),

com 54.353.300 m² e, o menor bairro é a Tranquilidade (42) com 434.827 m².

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Tabela 3.1.1 – População por bairro do município de Guarulhos.

Nº Código IBGE Nome do Bairro População AREA_m²

1 3518800001 Aeroporto Internacional 499 13.407.200

2 3518800002 Água Chata 7.936 4.801.210

3 3518800003 Água Azul 1.527 6.350.280

4 3518800004 Aracilia 2.710 2.545.550

5 3518800005 Bananal 33.567 8.977.360

6 3518800006 Bela Vista 21.489 1.177.660

7 3518800007 Bom Clima 11.763 1.005.540

8 3518800008 Bonsucesso 93.597 20.753.900

9 3518800009 Cabuçu 45.424 19.721.200

10 3518800010 Cabuçu de Cima Sem dados 24.141.900

11 3518800011 Capelinha 130 14.159.000

12 3518800012 Cecap 12.073 1.358.830

13 3518800013 Centro 17.142 2.826.370

14 3518800014 Cocaia 24.697 1.431.300

15 3518800015 Cumbica 91.772 22.937.100

16 3518800016 Fátima 15.671 1.222.950

17 3518800017 Fortaleza 13.120 6.486.160

18 3518800018 Gopoúva 28.168 2.083.540

19 3518800019 Invernada 14.388 7.020.640

20 3518800020 Itaim 29.401 3.994.970

21 3518800021 Itapegica 21.280 3.188.730

22 3518800022 Jardim Vila Galvão 18.530 1.358.830

23 3518800023 Lavras 10.967 2.708.610

24 3518800024 Macedo 21.744 1.766.480

25 3518800025 Maia 5.981 1.123.300

26 3518800026 Mato das Cobras 10.830 10.191.200

27 3518800027 Monte Carmelo 7.308 507.298

28 3518800028 Morro Grande 354 54.353.300

29 3518800029 Morros 43.159 3.723.200

30 3518800030 Paraventi 13.337 924.007

31 3518800031 Picanço 40.848 3.098.140

32 3518800032 Pimentas 156.748 14.901.900

33 3518800033 Ponte Grande 17.956 3.487.670

34 3518800034 Porto da Igreja 82 3.324.610

35 3518800035 Presidente Dutra 50.625 4.420.740

36 3518800036 Sadokim 4.385 2.907.900

37 3518800037 São João 73.176 7.138.400

38 3518800038 São Roque 2.222 1.050.830

39 3518800039 Taboão 74.933 6.730.750

40 3518800040 Tanque Grande Sem dados 7.854.060

41 3518800041 Torres Tibagy 20.019 1.422.250

42 3518800042 Tranquilidade 6.116 434.827

43 3518800043 Várzea do Palácio 4.333 3.551.080

44 3518800044 Vila Augusta 23.983 2.146.960

45 3518800045 Vila Barros 20.692 1.639.660

46 3518800046 Vila Galvão 29.968 3.116.260

47 3518800047 Vila Rio 47.050 3.886.260

Total 1.191.700 317.359.912

Fonte: IBGE (2015)

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Figura 3.1.2 – Bairros de Guarulhos. Os números de 1 a 47 representam os bairros de Guarulhos: 1 - Aeroporto; 2 - Água Azul; 3 - Água Chata; 4 - Aracilia; 5 - Bananal; 6 - Bela Vista; 7 - Bom Clima; 8 - Bonsucesso; 9 - Cabuçú; 10 - Cabuçú de Cima; 11 - Capelinha; 12 - Cecap; 13 - Centro; 14 - Cocaia; 15 - Cumbica; 16 - Fátima; 17 - Fortaleza; 18 - Gopoúva; 19 - Invernada; 20 - Itaim; 21 - Itapegica; 22 - Jd. Vila Galvão; 23 - São João; 24 - Macedo; 25 - Maia; 26 - Mato das Cobras; 27 - Monte Carmelo; 28 - Morro Grande; 29 - Morros; 30 - Paraventi; 31 - Picanço; 32 - Pimentas; 33 - Ponte Grande; 34 - Porto da Igreja; 35 - Presidente Dutra; 36 - Sadokim; 37 - Lavras; 38 - São Roque; 39 - Taboão; 40 - Tanque Grande; 41 - Torres Tibagy; 42 - Tranquilidade; 43 - Várzea do Palácio; 44 - Vila Augusta; 45 - Vila Barros; 46 - Vila Galvão; 47 - Vila Rio. Fonte: GUARULHOS (2015).

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4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para conceituar os temas acerca dos objetivos deste trabalho, este item

divide-se em três. No subitem de cobertura da terra, demonstram-se as diversas

funções que o solo exerce, conforme agrupamento de Brady e Weil (2013). No subitem

de serviços ecossistêmicos, utiliza-se a abordagem de Alcamo et al. (2003), na qual

definem os serviços ecossistêmicos como sendo os benefícios obtidos dos

ecossistemas para a humanidade, visto que as alterações ocorridas nestes serviços

afetam o bem estar humano. Para os objetivos deste trabalho, o foco está nos serviços

de regulação do clima. Alguns casos foram citados para ilustrar a importância dos

serviços ecossistêmicos. Por fim, o subitem da degradação ambiental, na qual as

modificações climáticas transformaram a natureza do solo .

4.1 Cobertura da terra

Em várias partes do planeta, a capacidade de os solos produzirem alimentos vem diminuindo, e o número de pessoas que precisam ser alimentadas, aumentando. Por todos esses motivos, promover um desenvolvimento global balanceado é o nosso grande desafio. (BRADY; WEIL, 2013, p.2)

De acordo com Braga et al. (2005), o uso da terra está presente no dia a

dia dos homens desde os primórdios. Os nômades se deslocavam pela terra e,

posteriormente, o homem descobre a utilização do solo para semear, extraindo deste

o seu sustento. Com a descoberta da possibilidade de controlar a natureza, surge o

homem sedentário, ou seja, o homem se fixa em um lugar e começa a desenvolver

pequenas vilas, que com o tempo podem se transformar em cidades.

Conforme cita Pilger (2013), com a descoberta da agricultura, o homem

passa a se organizar como sociedade, e a provocar grandes impactos ambientais. A

utilização intensiva do solo pelo homem trouxe como consequências a redução da

fertilidade e produtividade natural dos solos, o que proporcionou um desequilíbrio

ecológico.

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Brady e Weil (2013) afirmam que no século XXI o crescimento populacional

demandará um aumento na procura por bens materiais, enquanto diminuirá os

recursos naturais disponíveis em função da urbanização e da degradação do solo.

Identificam o ar, a água e o solo como os elementos que sustentam a vida no planeta

e salientam que estamos em uma época em que as atividades humanas vêm

alterando a própria natureza desses elementos, portanto, citam como o grande desafio

do século “[...] promover um desenvolvimento global balanceado [...]” (2013, p. 2), e,

para superar este desafio, o estudo da ciência do solo é fundamental e necessário a

fim de obter novos conhecimentos e desenvolver novas tecnologias que garantam a

produção de alimentos para atender às demandas da sociedade e que,

simultaneamente, protejam o meio ambiente.

Para a sustentação da vida no planeta pelos elementos naturais: ar, água

e solo, se faz necessária a interação destes elementos entre si, sendo que o solo

exerce diversas funções. Brady e Weil (2013) agrupam as muitas funções do solo em

papéis ecológicos vitais:

a) O solo como meio para crescimento das plantas: ao fornecer os nutrientes

minerais essenciais para a planta, proporciona o ambiente para as raízes

crescerem e sua massa fornece sustentação física para a planta. Desempenha

também o papel de controlar as variações de temperatura com sua propriedade

isolante.

b) O solo como regulador do abastecimento de água: ao transportar água através

do solo ou sobre sua superfície até os rios, lagos, estuários e aquíferos.

c) O solo como reciclador de matérias-primas: ao transformar grandes

quantidades de resíduos orgânicos em húmus pela conversão dos nutrientes

minerais em formas que podem ser utilizadas por plantas e animais.

d) O solo como agente modificador da atmosfera: influência nos padrões

climáticos por meio da evaporação da umidade do solo que altera a

temperatura e a composição do ar.

e) O solo como habitat para seus organismos: nos poros existentes no solo há

diversidade na quantidade de água, ar, temperatura, material orgânico em

decomposição e, a combinação destes fatores cria ambientes favoráveis para

o desenvolvimento de predadores, presas, produtores, consumidores e

parasitas.

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f) O solo como meio para obras de engenharia: o solo pode ser a base de uma

construção como pode ser parte da construção (ex.: paredes de terra batida)

Os papéis ecológicos vitais do solo descritos por Brady e Weil (2013) são

a base para o entendimento da utilização do solo no mapa de cobertura da terra no

município em estudo.

4.2 Degradação Ambiental

Em um dos significados registrados por Michaelis (2015), degradação

significa “modificação na natureza do solo, em consequência de modificações

climáticas”. E para o verbete ambiente, por Holanda (2015) propõe cinco significados:

1 Conjunto das condições biológicas, físicas e químicas nas quais os seres vivos se desenvolvem. 2 Conjunto das circunstâncias culturais, econômicas, morais e sociais em que vive um indivíduo. 3 Espaço físico delimitado (ambiente fechado). 4 Que envolve ou está à volta de alguma coisa ou pessoa. 5 Que é relativo ao meio físico ou social circundante.

Com a junção das definições, pode-se entender que degradação ambiental

é a transformação negativa ocorrida no meio ambiente em que os seres vivos se

desenvolvem, sendo que esta mudança se dá pela ação da natureza no ambiente e

também pela ação do homem neste mesmo ambiente.

Sobre o meio ambiente, devem-se observar os aspectos: natural, urbano,

cultural e do trabalho, considerando-se que os aspectos não podem ser analisados de

modo isolado, pois há a interdependência entre eles.

Marques (2010, p. 42) exemplifica a análise do meio urbano e sua interação

com os outros aspectos do meio ambiente:

[...] não temos como dissociar dele o meio ambiente natural nele não inserido, pois este pode proporcionar poluição ambiental com queimadas executadas em atividades agrícolas, atingindo as cidades. Da mesma forma, a poluição lançada na água, no ar ou no solo das cidades por indústrias será, inevitavelmente, conduzida ao meio rural, atingindo significativamente o meio físico. Essa degradação poderá proporcionar perda total ou parcial na

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produção agrícola que possibilitaria alimentação para os habitantes das cidades.

Marques (2010) ainda indica os quatro aspectos do meio ambiente e os

resume como:

1) Meio ambiente natural ou físico: composto pelos elementos naturais água, ar,

solo, fauna e flora, sendo que o conjunto desses elementos proporciona vida

ao homem.

2) Meio ambiente cultural: representado por edificações, obras de arte,

monumentos que reflitam as origens e/ou os costumes de um povo.

3) Meio ambiente do trabalho: indicado como a proteção dos trabalhadores e das

pessoas fisicamente localizadas em seu entorno.

4) Meio ambiente urbano: representado por aglomerações humanas dotadas de

edificações e infraestrutura, conhecida como cidade.

Um fator que contribui para a degradação ambiental é a poluição. E, de

acordo com Tommasi (1976, p. 12):

Poluição é qualquer mudança nos fatores ambientais, que afete prejudicialmente a um ser vivo. Mas esse é um conceito muito amplo, por isso consideram-se frequentemente como poluição apenas as mudanças ambientais nocivas ao homem. Há dois tipos de poluição, a natural e a provocada pela ação do homem.

Outro fator que está relacionado à degradação ambiental, é a entropia.

Segundo Priberam (2015), entropia é a medida da desordem ou imprevisibilidade de

um sistema. Gleiser (2002, apud OLIVEIRA, 2014, p.40) complementa que, quanto

mais organizado o sistema, menor é a sua entropia.

Oliveira (2014, p. 40) compara a alteração da entropia à degradação do

meio ambiente e exemplifica:

[...] uma área sujeita a desmatamento e a terraplenagem sofre um aumento imediato de entropia, ou seja, seu nível de desorganização atinge o nível máximo. Esta desorganização se refere ao funcionamento do sistema onde as relações entre os componentes do meio ambiente, físico e biótico, estavam em equilíbrio.

Para ilustrar a evolução da entropia durante um período de tempo

considerando uma recuperação espontânea da área, Oliveira (2014) elaborou a Figura

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4.2.1 na qual demonstra que o decréscimo da entropia se deve ao fato de ter cessado

a atuação das causas de degradação do sistema, sendo este sistema, uma micro

bacia.

Figura 4.2.1 - Evolução da entropia com o tempo a partir de uma interferência no sistema. Fonte: Oliveira (2014, p.40)

Na Figura 4.2.1, os números indicam:

1. Início de uma intervenção (p.ex. desmatamento e terraplenagem).

2. Cessa a intervenção (entropia máxima, com erosão, deposição de sedimentos,

etc.).

3. Recuperação espontânea ainda com processos de degradação do meio físico.

4.3 Serviços Ecossistêmicos

Para o entendimento dos serviços ecossistêmicos, algumas definições e

conceitos se fazem necessários. O texto se desenvolve de forma a mostrar estes

conceitos e definições, culminando no tema de serviços ecossistêmicos.

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Ecossistema é um sistema estável, equilibrado e autossuficiente, apresentando em toda a sua extensão características topográficas, climáticas, pedológicas, botânicas, zoológicas, hidrológicas e geoquímicas praticamente invariáveis. (BRAGA et al., 2005, p. 10)

Conforme Braga et al. (2005), um ecossistema é composto de elementos

bióticos (seres vivos) e abióticos (como água, ar e solo), tendo como característica

fundamental a homeostase – estado de equilíbrio dinâmico – por meio de mecanismos

de autocontrole e auto regulação. É importante salientar que os elementos bióticos e

abióticos interagem entre si, sendo interdependentes.

Um conjunto de ecossistemas é considerado um bioma, ou seja, regiões

de grande extensão geográfica, onde predominam um determinado tipo de vida.

Conforme definição:

Bioma é um conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e que podem ser identificados a nível regional, com condições de geologia e clima semelhantes e que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem, resultando em uma diversidade de flora e fauna própria. (IBGE, 2014, p. 1)

Os biomas podem ser:

a) Terrestre: está diretamente ligada ao clima, solo e vegetação, onde a variação

destes determina a existência dos diferentes tipos de vida. Exemplo: Tundra,

floresta de coníferas (taiga), floresta temperada de folhas caducas, florestas

tropicais, campos e desertos.

b) Aquático: tem a luz como fator limitante e a salinidade da água torna-se

importante na distribuição dos seres aquático, pode-se dividir em água doce e

água salgada. Exemplo: rios, lagos, oceanos e estuários.

Alcamo et al. (2003) definem os serviços ecossistêmicos como sendo os

benefícios que as pessoas obtêm dos ecossistemas. Alterações ocorridas nestes

serviços afetam o bem estar humano. Os serviços ecossistêmicos são divididos

conforme o Quadro 4.3.1:

Serviços de Provisão

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Serviços de Suporte: Serviços necessários para a produção de todos os outros serviços ecossistêmicos.

formação do solo

ciclagem de nutrientes

produção primária

Produtos obtidos dos ecossistemas.

alimentos

água fresca

lenha

fibra

bioquímicos

recursos genéticos

Serviços de Regulação Benefícios obtidos da regulação dos processos dos ecossistemas.

regulação do clima

regulação de doenças

regulação da água

purificação de água

Serviços Culturais Benefício não material obtido a partir de ecossistemas.

espiritual e religiosa

recreação e ecoturismo

estética

inspirado

educacional

sentido de lugar

patrimônio cultural Quadro 4.3.1 – Serviços Ecossistêmicos

Fonte: adaptado de ALCAMO et al. (2003, p. 5)

Costanza et al. (1997) publicaram a síntese da literatura acerca do valor

dos serviços ecossistêmicos global (a partir de mais de 100 estudos). Como resultado

deste estudo, criaram uma tabela onde estimam o valor econômico de 17 serviços

ecossistêmicos para 16 biomas, estimando minimamente o valor de US$ 33 trilhões

por ano a época. O Quadro 4.3.2 demonstra os serviços ecossistêmicos e funções

criadas a partir deste estudo:

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Nº Serviço Ecossistêmico Funções ecossistêmicas Exemplos

1 Regulação de gás Regulação da composição química da atmosfera.

Equilíbrio CO2/O2, O3 para proteção UVB, e os níveis de SOx.

2 Regulação do clima

Regulação da temperatura global, precipitação e outros processos climáticos biologicamente mediados a nível global ou local.

Regulação de gás de efeito estufa, a produção de DMS afetando a formação de nuvens.

3 Regulação de alteração Capacidade, Umidade e pureza do ecossistema em resposta a flutuações ambientais.

Proteção de tempestade, controle de enchentes, recuperação de seca e outros aspectos da resposta do habitat à variabilidade ambiental controlada principalmente pela estrutura da vegetação

4 Regulação da água Regulação dos fluxos hidrológicos.

Abastecimento de água para os processos ou transportes agrícolas (como a irrigação) ou industriais (como a moagem).

5 Fornecimento de água Armazenamento e retenção de água

Abastecimento de água por bacias hidrográficas, reservatórios e aquíferos.

6 Controle de erosão e

retenção de sedimentos Retenção de solo dentro de um ecossistema

Prevenção de perda de solo pelo vento, o escoamento, ou outros processos de remoção, armazenamento de palafitas em lagos e zonas húmidas.

7 Formação do solo Processos de formação do solo Intemperismo de rochas e o acúmulo de matéria orgânica.

8 Ciclagem de nutrientes Aquisição, armazenamento e processamento de nutrientes.

Fixação de nitrogênio, N, P e outros ciclos elementares ou de nutrientes.

9 Tratamento de Resíduos

Recuperação de nutrientes celulares e remoção ou quebra de nutrientes e compostos em excesso

Tratamento de resíduos, controle de poluição, desintoxicação.

10 Polinização Movimento de gametas florais. Provisionamento de polinizadores para a reprodução de populações de plantas.

11 Controle biológico Regulação trófico-dinâmica de populações

Controle de predadores Keystone (espécie chave ou predador trapezoide) de espécies de presas, a redução da herbívora por predadores de topo.

12 Refugia Habitat de população residente e transitória

Viveiros, habitat para espécies migratórias, habitats regionais de espécies exploradas localmente, ou motivos de hibernação.

13 Produção de alimentos A parte da produção primária bruta extraível como alimento.

A produção de peixe, caça, colheitas, nozes, frutas para caça, coleta, agricultura de subsistência e pesca.

14 Matéria-prima A parte da produção primária bruta extraível como matérias-primas

A produção de madeira, combustível ou forragem.

15 Recursos genéticos Fontes de materiais biológicos únicos e produtos.

Medicamentos, produtos para a ciência dos materiais, os genes para resistência a patógenos de plantas e pragas das culturas, espécies ornamentais (animais e variedades de plantas hortícolas).

16 Recreação Proporcionando oportunidades para atividades recreativas

Ecoturismo, pesca esportiva e outras atividades recreativas ao ar livre.

17 Cultural Proporcionando oportunidades para usos não comerciais

Valores estéticos, artísticos, educacionais, espirituais e/ou científicos dos ecossistemas.

* Nós incluímos os "bens" do ecossistema juntamente com os serviços dos ecossistemas.

Quadro 4.3.2 - Serviços Ecossistêmicos e Funções Fonte: Costanza et al. (1997, p. 254)1

1 Os textos em outro idioma foram traduzidos pela autora.

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No ano de 2000, o então Secretário geral da Organização das Nações

Unidas (ONU), Kofi Annan, em seu relatório2 à Assembleia Geral das Nações Unidas,

solicitou a Avaliação Ecossistêmica do Milênio com o objetivo de avaliar as

consequências das mudanças nos ecossistemas e as ações necessárias para

melhorar a conservação e o uso sustentável dos ecossistemas, bem como suas

contribuições para o bem-estar humano. Esta avaliação foi conduzida entre 2001 e

2005 com o suporte do governo de vários países e de diversas instituições

internacionais, tendo como objetivo o fornecimento de bases científicas para uma

gestão sustentável dos ecossistemas, com vistas à continuidade da provisão dos

serviços gerados por estes.

4.3.1 Casos históricos

Com a Avaliação Ecossistêmica do Milênio, pensando nas gerações futuras

e na qualidade de vida que vem se perdendo ao longo das últimas décadas, grupos

de pessoas, governantes das cidades e países passaram a proteger o ambiente

natural, criando protocolos para a redução desta degradação, ou criando projetos que

revitalizem áreas degradadas, pois o crescimento populacional e a ocupação de áreas

em regiões centrais demonstram o desenvolvimento urbano com o adensamento das

áreas construídas e a consequente redução de habitats naturais. Esse relato é

histórico, pois descreve o desenvolvimento dos vilarejos, transformando-se em

centros urbanos, com indústrias, estradas e com a busca de emprego e melhor

condição financeira.

A consequência deste desenvolvimento, deste adensamento urbano e

crescimento populacional localizado é a redução na oferta dos serviços

ecossistêmicos locais. Reduzem-se os ambientes naturais e a temperatura local se

eleva devido à falta de vegetação para regulação do clima, outro exemplo é a

pavimentação das vias que reduz a penetração da água nos solos e aumenta a

2 O relatório intitulado “Nós, os Povos: O Papel das Nações Unidas no Século XXI”. Publicado pelo Departamento de Informação da ONU. Disponível em: <https://www.unric.org/html/portuguese/uninfo /Nosospovos.pdf> Acesso em: 24 nov. 2014.

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retenção do calor. Constroem-se edifícios e a ventilação e iluminação naturais são

reduzidas ou até eliminadas em determinados locais. Dejetos lançados nos canais e

rios, sem tratamento, prejudicam ou até eliminam as vidas existentes nestes, ou seja,

elimina-se os a serviços ecossistêmicos oferecidos. Todas essas ações, feitas pelo

homem, trazem consequências para a humanidade. Neste contexto é possível indicar

alguns casos relevantes de ações que buscam reverter a perda de serviços

ecossistêmicos.

4.3.1.1 High Line Park (Nova Iorque)

De acordo com os relatos de Friends of the High Line (2014, p. 1), em 1934

inicia o funcionamento de uma via férrea elevada na cidade de Nova Iorque com o

intuito de transportar mercadorias de e para o distrito industrial de Manhattan. Com o

crescimento do setor de transporte rodoviário, a via férrea chamada de High Line

cessou sua operação em 1980. Com o final da sua operação, a área foi abandonada

e em 1999 a Prefeitura propôs a demolição e dois jovens fundaram uma associação

local conhecida como Friends of the High Line para lutar pela preservação da antiga

linha e transformá-la em um espaço público aberto.

O local foi transformado em parque público em 2009, e cruza os bairros de

Meatpacking, West Chelsea e Hell’s Kitchen/Clinton, localiza-se a oito metros de altura

e tem 2,3 km de extensão. Na época, estes bairros eram ocupados principalmente por

indústrias e empresas de transportes, porém, com a construção do parque, os galpões

e fábricas estão se transformando em galerias de arte, estúdios, loja, restaurantes,

museus e até residências.

Na Figura 4.3.1.1.1 as imagens (a) e (b) retratam a década de 1930, no

início da atividade da ferrovia, e as imagens (c) e (d) são de fevereiro de 2016.

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(a)

(b)

(c)

(d)

Figura 4.3.1.1.1 – Vista do High Line Park Fonte: Friends of the high line (2016)

Os criadores desenharam o projeto, preocuparam-se em inserir vegetação

ao longo de toda a extensão do parque, de ambos os lados, utilizando plantas que

haviam colonizado o parque durante os seus anos de abandono.

O objetivo dos criadores era o de construir um monumento à história

industrial de Nova Iorque e também passaram a oferecer um modelo de reutilização

de áreas industriais para outras cidades.

Alguns dos resultados relevantes obtidos com a criação do parque são:

A valorização da área, com a construção de mais de 40 edifícios

residenciais e comerciais;

Visitação de mais de 8 milhões de pessoas, sendo mais de 3,7 milhões de

visitantes somente em 2012;

Criação de mais de doze mil empregos, 2.558 novas residências e 1.000

quartos de hotéis;

Manutenção de mais de 300 espécies de plantas, gramíneas, arbustos e

árvores.

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Os criadores do Friends of the high line mantiveram os serviços

ecossistêmicos do local conforme a proposta de Alcamo et al. (2003) em sua

totalidade, ou seja, com serviços de suporte, permitindo a ciclagem de nutrientes no

solo para a produção primária, que fornece alimentos (serviços de provisão),

regulando o clima por toda sua extensão (serviços de regulação) e oferecendo o bem-

estar para a comunidade por meio de recreação, arte e lazer.

4.3.1.2 Catskill Mountains (Nova Iorque)

Entre 1905 e 1965, a cidade de Nova Iorque represou vários fluxos em

Catskills para criar seis reservatórios enormes (Cannonsville Reservoir; Pepacton

Reservoir; Neversink Reservoir; Rondout Reservoir; Ashokan Reservoir; Schoharie

Reservoir) que fornecem atualmente 90% da água consumida por metade da

população do Estado. Conforme Escobar (2010), a cidade de Nova Iorque abastece

as torneiras de 8,2 milhões de habitantes com águas vindas direto da natureza por

tubulações que as trazem das montanhas Catskill, localizadas a 200 quilômetros ao

norte da cidade. Para atendimento da legislação local, essas águas recebem apenas

cloro e flúor antes de chegarem às torneiras. Tornou-se exemplo de conservação

quando a Prefeitura de Nova Iorque adotou o pagamento por serviços ambientais, ou

seja, comprou terras no entorno dos reservatórios e paga aos proprietários que vivem

no entorno para não poluir, por meio de programas de boas práticas agrícolas na zona

de influência do manancial. Outro fator importante é que 100% do esgoto desta cidade

é tratado antes de ser lançado nos rios, o que torna a água limpa o suficiente para se

navegar ou nadar nela.

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Figura 4.3.1.2.1 – Reservatórios de Catskill Mountains Fonte: CATSKILLS (2016)

Com a prática adotada pela Prefeitura, houve a manutenção dos serviços

ecossistêmicos locais, principalmente o de regulação da água e da purificação desta,

o que permite com que metade da população do município seja abastecida com água

pura das montanhas.

4.3.1.3 Ostras em Manhattan (Nova Iorque)

Em 28 de outubro de 2012, o furacão Sandy varreu a costa leste dos

Estados Unidos da América e a ilha de Manhattan ficou alagada. No dia seguinte a

ocorrência deste fenômeno natural, Paul Greenberg, colunista do The New York

Times escreveu que Manhattan poderia ter sido salva pelas ostras.

Greenberg (2012) explicou que as ostras, além de filtrarem 50 litros de água

ao dia cada uma, quando agrupadas em colônias, desempenhavam o papel de

estabilizar a linha costeira, quebrando a força das ondas antes de atingirem a costa

com violência. Mas, ao longo de vários anos, a atividade humana na busca de ostras

para consumo, na construção de estradas, no despejo de dejetos e poluentes nos rios,

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minou com a proteção natural. Com isso, as costas ficaram vulneráveis e, é certo que

tempestades como Sandy serão cada vez mais frequentes.

Figura 4.3.1.3.1 – OysterBay em Nova Iorque Fonte: GREENBERG (2012)

O desenvolvimento urbano, desenfreado, trouxe danos aos serviços

ecossistêmicos da linha costeira de Manhattan, reduzindo os serviços de regulação

com a procura de ostras para o consumo e com os dejetos lançados em seu habitat.

Ou seja, a degradação ambiental está clara neste caso.

4.3.1.4 Delta do Mekong (Vietnã)

O Delta do Mekong abrange o Camboja e o Vietnã e possui um sistema de

marés extremamente complexo. Com a construção de uma elaborada rede de diques

e canais de irrigação neste Delta, o Vietnã tornou-se um dos principais produtores

mundiais de arroz. Estes diques à montante evitam que as cheias inundem os campos

de arroz, mas privam as fazendas e as explorações de pesca a jusante. A plantação

de arroz depende de água doce pra prosperar, mas o sistema de marés faz com que

a água salgada invada os campos de cultivo de arroz, criando um ambiente favorável

ao surgimento de bactérias que matam a plantação. A Figura 4.3.1.4.1 mostra um

campo de cultivo de arroz (a) e um camponês na colheita (b).

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(a)

(b)

Figura 4.3.1.4.1 – Plantação de Arroz Fonte: JOHNSON (2014)

Outro ponto importante no Delta é que as florestas de mangue são

essenciais para reduzir os efeitos de tempestades e fornecer um habitat para peixes

e outros animais selvagens.

Conforme publicado em Irin (2008), os habitantes da província de Soc

Trang costumavam cortar as árvores do mangue próximo à suas casas para trocar a

madeira por arroz ou usá-las como lenha e, atualmente, passam os meses de pouco

trabalho agrícola (entre abril e junho), no plantio de árvores nas florestas de

manguezais ao longo da costa da província do Delta do Mekong, no projeto da GTZ

com o governo local, que proporciona emprego para a população.

Em novembro de 1997 o Tufão Linda devastou o sul do Vietnã. De acordo

com a UN - Relatório do Departamento de Assuntos Humanitários da ONU nº 4,

publicado em 14 de novembro de 1997 (ONU, 1997, p. 1), os danos causados por

este tufão no Delta do Mekong foram:

464 pessoas mortas, 857 feridos e 3.218 desaparecidos;

3.122 barcos afundados e 774 barcos desaparecidos;

76.609 casas destruídas e 139.445 casas danificadas;

2.254 salas de aula destruídas e 4.022 salas de aula danificadas;

349.232 arrozais inundados.

Diante desse episódio, a Deutsche Gesellschaftfür Technische

Zusammenarbeit (GTZ) – Agência Alemã de Cooperação Internacional especializada

em projetos de cooperação técnicos e de desenvolvimento sustentável em escala

mundial, com sede na cidade alemã de Eschborn – e o governo local desenvolveram

um projeto para o reflorestamento do mangue, com a função de proteger as

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comunidades costeiras das tempestades cada vez mais frequentes em função das

mudanças climáticas.

(a)

(b)

Figura 4.3.1.4.2 – Mangue da Província de Soc Trang Fonte: IRIN (2008)

Na Figura 4.3.1.4.2 (a) o pescador atua no projeto de restauração do

mangue e, na (b) a floresta de mangue em processo de amadurecimento ao longo da

costa da Província de Soc Trang.

O Delta do Mekong é um exemplo de serviço ecossistêmico que sofre com

as mudanças climáticas. O mangue é um serviço de regulação, tanto do clima quanto

da água e, com a degradação ambiental ocasionada pela população crescente que

eliminavam as florestas do mangue, ocorreu o desequilíbrio nos serviços

ecossistêmicos ofertados, permitindo com que o Tufão Linda devastasse uma grande

área. Além disso, com o aumento do nível do mar, a água salgada penetra por

quilômetros adentro dos canais na estação seca e, com a redução das chuvas há

menos água doce para encher os rios, córregos e canais da região, o que faz com que

a irrigação da plantação em época de seca precise ser bombeada por longas

distâncias.

Page 36: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

36

4.3.1.5 Programa Ilhas Verdes (Guarulhos)

Em agosto de 2008 a Secretaria de Meio Ambiente do Município de

Guarulhos lançou o Programa Ilhas Verdes (PIV) que visa combater as ilhas de calor

por meio da intensificação da arborização urbana. Neste programa identificam-se os

focos de calor com base em dados de mapeamento termal por imagem de satélite e

prioriza-se o plantio maciço de árvores nas áreas identificadas.

Em 24 de agosto de 2009 aprova-se a Lei Municipal 6551/2009, que institui

uma política pública de combate ao aquecimento global por meio da conservação e

estabelecimento de áreas verdes na cidade de Guarulhos.

Diversos Projetos foram criados dentro do PIV, como por exemplo, o projeto

paisagístico no Córrego dos Cavalos (Figura 4.3.1.5.1 (a)) que teve suas obras com

custo zero para a Prefeitura, pois toda a madeira utilizada foi extraída das árvores que

caíram durante temporais e as flores e árvores plantadas foram provenientes do

viveiro de mudas cultivadas no Horto Florestal Municipal. Outro projeto é o Programa

Ilhas Verdes nas Escolas, que realiza palestras com o objetivo de aumentar a

conscientização ambiental, com incentivo aos alunos na distribuição de mudas e no

conhecimento do processo do plantio e sua importância. Na Figura 4.3.1.5.1 (b) alunos

recebem informações sobre o PIV. Há também parcerias com empresas, como a

Cummins Brasil, que em 29 de março de 2011 realizou o plantio de 200 árvores

nativas no Parque Cecap (Figura 4.3.1.5.1 (c)). Também em 2011, o PIV ganhou

novas instalações no Centro e Educação Ambiental Virginia Ranali, no Bosque Maia

(Figura 4.3.1.5.1 (d)). Neste espaço a população pode se orientar sobre arborização.

Uma conquista importante do PIV é o reconhecimento pela UNESCO como

exemplo de política pública (2010). Como fruto deste reconhecimento, em março de

2011 delegações representando a Argentina, Chile, Costa Rica e Peru estiveram no

município para conhecerem o PIV.

Page 37: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

37

(a)

(b)

(c)

(d)

Figura 4.3.1.5.1 – Realizações do PIV Fonte: Guarulhos (2016)

A análise do mapa termal mostra as ilhas de calor existentes no município,

evidenciando que o avanço da urbanização e o aumento no número de indústrias

instaurou o processo de degradação ambiental.

Nos locais em que foram identificadas as ilhas de calor, os serviços

ecossistêmicos não são ofertados, ou são ofertados com prejuízo, e, com os projetos

do PIV, desde 2009 mais de 30 mil árvores foram plantadas em dois anos de

programa. É importante salientar que as árvores prestam importantes serviços

ambientais para o bem-estar humano, pois captam o gás carbônico, aumentam a

umidade relativa do ar, diminuem a temperatura local, proporcionam maior

permeabilização do solo e drenam as águas das chuvas.

Nos casos históricos mencionados é evidenciada a importância dos

serviços ecossistêmicos para o bem-estar humano. Em todos os casos é possível

entender o processo de degradação ambiental e entropia, ou seja, a transformação

negativa proporcionada pelo homem no ambiente em que vive, ocasionando

Page 38: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

38

desordem no sistema natural. Porém, em todos os casos, gerações provenientes do

homem que ocasionou a desordem, é que estão atuando na busca pelo novo

equilíbrio, criando leis, organizações não governamentais, associações, unindo-se a

outros municípios, estados, e até mesmo outros países para resgatar os serviços

ecossistêmicos locais em busco de bem-estar para si e para as gerações vindouras.

Page 39: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

39

5 MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia adotada no presente trabalho consistiu nas seguintes

etapas:

i. Levantamento bibliográfico;

ii. Geração de mapas de Cobertura da Terra e dos Serviços Ecossistêmicos;

iii. Geração de mapas ambientais, e;

iv. Análise integrada dos resultados (cluster).

Figura 5.1 - Fluxograma das etapas da pesquisa. Fonte: dados da pesquisa

O levantamento bibliográfico teve como base artigos científicos, trabalhos

acadêmicos (teses e dissertações), bem como consultas a outros documentos

específicos.

Page 40: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

40

Os mapas ambientais englobaram a Temperatura Aparente da Superfície

(TAS) em graus Celsius, Cobertura da Terra (Vegetação - VEG), Distância dos

Logradouros para as Áreas Vegetadas (DLV) e Arborização no Entorno dos Domicílios

(AED). Sendo que os dois primeiros mapas (TAS e VEG) tiveram como base a imagem

do satélite Landsat-8, cena 219/76 adquirida em 08/02/2014 ás 13:05:18 (USGS,

2014). Enquanto que o mapa de AED teve como fonte os dados do Censo do IBGE

(2015).

Como unidades territoriais básicas de análise, foram utilizados os bairros

do município de Guarulhos. Para tanto, todo o processamento digital, foi realizado

através do software ArcGIS 10.2 da ESRI®3. O sistema de projeção utilizado foi a

Universal Transversa de Mercator, fuso 23 Sul, datum horizontal WGS84.

5.1 Mapa de Temperatura da Superfície ºC (TAS)

Para a obtenção do mapa da Temperatura Aparente da Superfície ºC (TAS)

foi utilizada a imagem com resolução espacial de 30 metros da banda 10, que

correspondente à faixa do infravermelho termal (10,6 – 11,19 µm - micrômetro) do

Thermal Infrared Sensor (TIRS) do satélite Landsat-8 (USGS, 2014).

Assim, para a conversão dos Níveis de Cinza (NC) de cada pixel da imagem

para radiância e posteriormente em Temperatura Aparente da Superfície (ºC), aplicou-

se as Equações 1 e 2 auxiliadas pelas Tabelas 5.1.1 e 5.1.2.

Lλ= ML*Qcal+ AL (1)

Tabela 5.1.1 - Elementos e valores da fórmula de conversão para radiância extraídos dos metadados da imagem do Landsat-8, banda 10 (USGS, 2014).

Lλ Radiância Espectral do sensor em w.m-².sr-1.μm-1

ML Fator multiplicativo de redimensionamento da banda 10 = 3.3420E-04

AL Fator de redimensionamento aditivo específico da banda 10 = 0.10000

Qcal Valor quantizado calibrado pelo pixel em DN = Imagem banda 10

3Empresa especializada na produção de soluções para a área de informações geográficas, fundada em 1969 e situada em 380 New York Street, Redlands, CA 92373 | 909-793-2853, criadora do software ArcGIS 10.2

Page 41: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

41

Fonte: dados da pesquisa

Após a transformação dos NC em valores de radiância aplicou-se a

Equação 2 com a finalidade de se obter os valores da Temperatura Aparente da

Superfície (TAS) em ºC:

TAS (ºC) = {(K2) / (ln (K1 / Lλ + 1)} - 273,15 (2)

Tabela 5.1.2 - Elementos e valores da constante de calibração extraídos dos metadados da imagem Landsat-8, banda10. (USGS, 2014).

TAS (ºC) Temperatura efetiva no satélite em ºC

K1 Constante de calibração 1 = 774.89 (K)

K2 Constante de calibração 2 = 1321.08 (K)

Lλ Radiância Espectral do sensor em w.m-².sr-1.μm-1

Fonte: dados da pesquisa

5.2 Mapas de Cobertura da Terra, Vegetação (VEG) e Serviços Ecossistêmicos

O mapeamento do uso e ocupação do solo foi realizado através da

classificação supervisionada pelo classificador de Máxima Verossimilhança, que se

baseia em critérios estatísticos de média, variância e covariância (CAMARGO et al.,

2007). Como resultado, obteve-se da imagem, 5 classes de Cobertura do Solo (“Zona

urbana”, “Solo exposto”, “Corpo d’água”, “Vegetação arbustiva/herbácea”, “Vegetação

arbórea”). A classificação teve como base a imagem orbital com composição colorida

correspondente as faixas do infravermelho médio, infravermelho próximo e do visível,

respectivamente para os canais vermelho, verde e azul (R7;G5;B3).

As classes de cobertura da terra foram agrupadas de acordo com a

prestação de serviço ecossistêmico indicada no Quadro 5.2.1:

Page 42: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

42

Zona 1 - Serviços ecossistêmicos não ofertados

Área urbana: uso urbano residencial consolidado e não consolidado, equipamentos expressivos em área (aeroporto, estação de transmissão e distribuição de energia, estação de tratamento de água, fábricas/galpões, presídios), equipamentos lineares (rodovias), mineração (pedreira, porto de areia).

Zona 2 - Serviços ecossistêmicos ofertados com

prejuízo

Solo exposto (aterro e corte), equipamentos expressivos em área (tanques, cemitério), outras classes (canal, chácaras e edificações rurais), reflorestamento, campo, cultivo, capoeira, mista.

Zona 3 - Serviços ecossistêmicos ofertados

Vegetação arbórea nativa, corpos d'água.

Quadro 5.2.1 – Classificação da prestação dos Serviços Ecossistêmicos em função das classes de Cobertura da Terra. Fonte: dados da pesquisa

Após a classificação, definiu-se o tipo e o tamanho da amostra, através da

amostragem aleatória simples (Equação 3). Para tanto, utilizou-se como classe de

referência, as áreas mapeadas como “vegetação arbórea”, derivadas da imagem

Landsat-8 de 08/02/2014. De modo que cada elemento mapeado como “vegetação

arbórea” pudesse, depois, selecionar alguns desses elementos de maneira casual.

n = (N*Z²*p*(1-p)) / (Z²*p*(1-p)+e²*(N-1)) (3)

Onde n= amostra calculada; N=população; Z=variável normal padronizada

associada ao nível de confiança (1,96); p=verdadeira probabilidade do evento; e=erro

amostral em um intervalo de confiança de 95%.

Uma vez estabelecido o tipo e o tamanho da amostra, a avaliação da

exatidão da classificação do mapa de uso e ocupação do solo foi realizada através da

técnica analítica do índice kappa (k), que expressa pela Equação 4, a partir de pontos

de controle (N), a medida da diferença e a probabilidade de concordância entre os

dados de referência e da classificação (RICHARDS & JIA, 2006; CONGALTON,

1983;1991; LILLESAND et al., 2004).

k = (N ∑ Xii - ∑ Xi+ X+i)/ (N2- ∑ Xi+ X+i) (4)

Onde, Xii = concordância observada; Xi+ e X+i (produto das marginais),

sendo a concordância esperada e N = total de elementos observados.

Page 43: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

43

Para a observação da presença ou ausência da categoria (sim/não) nos

pontos de controle, foram utilizadas as imagens de alta resolução do Google EarthPro

(GOOGLE, 2015).

5.3 Mapa da Distância dos Logradouros para as Áreas Vegetadas (DLV)

A Distância dos Logradouros para as Áreas Vegetadas (DLV) foi

representada através dos dados vetoriais dos arruamentos do município de Guarulhos

(IBGE, 2015). Estes foram seccionados em intervalos de 50 metros para que

representassem os logradouros e/ou domicílios inseridos nesses. Posteriormente

foram calculadas as distâncias de cada intervalo até as áreas vegetadas superiores a

1ha mais próximas.

5.4 Mapa de Arborização no Entorno dos Domicílios (AED)

O indicador de arborização no entorno dos domicílios foi obtido a partir da

proporção de pessoas que moram em domicílios cujo entorno possui arborização

segundo o Censo do IBGE (IBGE, 2010). A arborização no entorno dos domicílios

considera a existência de árvore tanto na face de quadra onde os domicílios estão

localizados quanto na face confrontante ou no canteiro central do logradouro. Ou seja,

a existência de árvore ao longo do calçada/passeio e/ou em canteiro que divida pistas

de um mesmo logradouro, mesmo que apenas em parte.

5.5 Mapas dos agrupamentos (clusters)

A fim de se avaliar as associações espaciais dos parâmetros de TAS, VEG,

DLV e AED foi aplicada a análise dos Indicadores Locais de Autocorrelação Espacial

Page 44: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

44

de Moran (ILAEM) que permite detectar agrupamentos (clusters), quando os atributos

se apresentam de maneira semelhante no espaço (ANSELIN, 1995; ANSELIN,

SYABRI, & KHO, 2006; GUO et al., 2015).

O ILAEM é calculado através da Equação 5:

𝐼𝐿𝐴𝐸𝑀𝑖 = 𝑛 ∗(𝑥𝑖−��)

∑ (𝑥𝑖−��)2𝑖

∗ ∑ (𝑥𝑖 − ��) = 𝑧𝑖

𝑚0∗ ∑ 𝑤𝑖𝑗𝑧𝑗𝑗𝑗 , (5)

com: 𝑚0 = ∑𝑍𝑖

𝑛𝑖 , (6)

Onde n corresponde ao número de observações; xi é o valor do atributo

considerado na área i; 𝑥 é o valor médio do atributo na região de estudo; wij são os

pesos espaciais da matriz atribuídos conforme a conexão entre as áreas i e j, ezi e zj

são os desvios da média. m0 é a média do total dos desvios de zi.

Os pesos espaciais da matriz (wij) foram padronizados pela soma das suas

linhas a fim de evitar tendências devido ao arranjo amostral e facilitar a interpretação

das estatísticas (ANSELIN, 1995; MITCHELL, 2005).

Como resultado, espera-se quatro tipos de padrões espaciais, são eles:

H-H - alto-alto (hot spots): para agrupamentos estatisticamente significantes de

altos valores rodeados por altos valores;

L-L - baixo-baixo (cold spots): para agrupamentos estatisticamente

significantes de baixos valores rodeados por baixos valores;

H-L- high-low (ilha): para agrupamentos de altos valores rodeados por baixos

valores, e;

L-H - baixo-alto (atol): para agrupamentos de baixos valores rodeados por altos

valores.

Page 45: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

45

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 Aspectos físicos do município de Guarulhos

Conforme Andrade (1999), em termos de domínio climático, Guarulhos tem

como característica predominante o Mesotérmico Brando Úmido, com um ou dois

meses secos. A temperatura média anual está entre 18°C e 19°C, sendo a média do

mês mais quente inferior a 22°C e do mês mais frio inferior a 15°C.

Coutinho et al. (2003), estabeleceram uma relação entre o perfil topográfico

do município de Guarulhos e o aspecto climático, identificaram duas áreas distintas

quanto à altitude: as áreas encontradas num espaço de terras altas, com altitudes

variando entre 700 e 800m, no chamado Planalto Atlântico, que correspondem ao

Clima Tropical Úmido de Altitude do Planalto Paulista, e as áreas do conjunto da Serra

da Cantareira, com altitudes mais elevadas, que variam de 800 a 1.400m, as quais

correspondem ao Clima Tropical Úmido Serrano da Cantareira.

Andrade (1999) descreve o substrato geológico de Guarulhos destacando

os terrenos cristalinos (Pré-Cambrianos) ao norte, em relevo de morros e montanhas.

Ao sul, associados a topos rochosos cristalinos onde ocorrem os terrenos

sedimentares (Terciários) das colinas, morrotes e as planícies aluvionares

(Quaternário) das bacias dos Rios Baquirivú-Guaçu e Tietê.

Oliveira et al. (2009), mostra o mapa geológico de Guarulhos conforme a

Figura 6.1.1.

Page 46: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

46

Figura 6.1.1 - Mapa geológico de Guarulhos. Fonte: Oliveira et al. (2009).

O relevo de Guarulhos encontra-se sob o domínio geomorfológico do

Planalto Atlântico, onde se verificam os seguintes tipos de relevo: planícies

aluvionares, morros e serras. A Serra da Cantareira estende-se ao longo dos limites

com Mairiporã, Nazaré Paulista e Santa Isabel.

A região de Guarulhos ocupa a zona de contato entre as colinas de São

Paulo do Planalto Paulistano, onde ocorrem relevos de morrotes baixos e de colinas

pequenas com espigões locais; e a Serra de São Roque, que é constituída por morros

arredondados, mar de morros, morros com serras restritas e serras alongadas,

segundo Oliveira et al. (2009).

Existem algumas altitudes significativas no município de Guarulhos

conforme descreve Gomes (2008, p. 55):

Altitude Máxima: 1.422m do Espigão da Serra de Itaberaba ou Pico do Gil.

Altitude Média: 850m.

Altitude Mínima: 660m que se localiza na Foz do Ribeirão Jaguari, com o rio Jaguari na divisa de Guarulhos, Santa Isabel e Arujá.

Page 47: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

47

O mapa geomorfológico de Guarulhos, representado pela Figura 6.1.2,

indica a distribuição dos tipos de relevo do município, conforme Oliveira et al. (2009).

Figura 6.1.2 - Mapa geomorfológico do Município de Guarulhos. Fonte: Oliveira et al. (2009).

Os solos predominantes no território de Guarulhos são os Latossolos e

Podzólicos, variedade vermelho e amarelo, segundo RadamBrasil (1983 apud

ANDRADE, 1999).

No ano de 1999 a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(EMBRAPA), classificou os solos no município de Guarulhos que ficou dessa forma

caracterizada:

a) Gleissolos (rico em argila e matéria orgânica), encontrado nas várzeas dos rios

Tietê e Baquirivu-Guaçu;

b) Latossolo vermelho-amarelo (argilo-arenoso), encontrado nas porções de

relevo de colinas e morros;

c) Argissolos, encontrado predominantemente em relevo de colinas dos

sedimentos terciários;

Page 48: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

48

d) Mais raramente Neossolos e Cambissolos, associados a afloramentos

rochosos.

De acordo com Oliveira et al. (2009), as características e comportamentos

erosivos esperados dos solos de Guarulhos estão descritos no Quadro 6.1.1:

SOLOS OCORRÊNCIAS

PREDOMINANTES CARACTERÍSTICAS

RELEVANTES COMPORTAMENTO

EROSIVO ESPERADO

Latossolos Morrotes e morros de

terrenos cristalinos Pouco espessos,

argilosos Erosão laminar e em sulcos,

eventuais ravinas.

Argissolos Colinas e morrotes de sedimentos terciários

Pouco espessos, areno/argilosos

Erosão laminar e em sulcos, eventuais ravinas.

Cambissolos Morros de terrenos

cristalinos

Rasos, argilosos e associados aos

latossolos Erosão laminar e em sulcos.

Neossolos Litólicos

Morros e montanhas de terrenos cristalinos

Muito rasos, associados a afloramentos

rochosos Erosão laminar

Gleissolos Fundos de vale,

planícies de inundação

Profundos, com diversas texturas, ricos em matéria orgânica.

Eventuais solapamentos junto aos cursos d’água e sujeitos a

serem cobertos por assoreamento.

Quadro 6.1.1 - Solos de Guarulhos: características e comportamentos erosivos esperados. Fonte: adaptado de OLIVEIRA et al.(2009).

O mapa de solos predominantes de associações pedológicas apresenta-se

na Figura 6.1.3.

Figura 6.1.3 - Mapa de solos predominantes de associações pedológicas de Guarulhos. Fonte: Oliveira et al. (2009)

Page 49: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

49

6.2 Análise da Cobertura da Terra e dos Serviços Ecossistêmicos

A avaliação do resultado da exatidão da classificação do mapa de

Cobertura da Terra para 2014, pelo índice kappa (k), baseou-se em 175 pontos de

controle (N) representativos de feições reconhecidas como “vegetação arbórea” e 200

pontos referentes a outras classes, amostrados aleatoriamente (Figura 6.2.1). O

índice indicou a probabilidade de 82% das categorias mapeadas na Figura 6.2.2 terem

sido classificadas corretamente, representando uma avaliação muito boa, de acordo

com a tabela de referência de Lands; Koch, (1977). Esses resultados apontaram para

uma alta sensibilidade do mapa em classificar as feições reais do terreno.

Figura 6.2.1 –Exemplo de pontos selecionados através da amostragem aleatória simples para verificação dos fragmentos de “vegetação arbórea” e das outras classes de uso e ocupação do solo realizado através das imagens de alta resolução espacial do Google Earth Pro (GOOGLE, 2015) para 29/08/2015 (a, c). Corroboradas através de fotografias aéreas oblíquas a partir de um sobrevoo de helicóptero nas datas de 06/10/2015 (b, d). Fotos: Anderson T. da S. Ferreira.

O mapa da Figura 6.2.2 (a) observou que para a variação espacial da

Cobertura da Terra evidencia que a área urbana (cor vermelha) abrange toda a porção

sul do município, enquanto que ao norte predomina área com vegetação arbórea do

Page 50: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

50

Parque Estadual da Cantareira, destacada pela cor verde escura. Dessa forma, e com

base no tipo de cobertura da terra classificou-se a existência ou não da oferta de

serviços ecossistêmicos para Guarulhos, de acordo com o Quadro 5.2.1 apresentada

no item anterior.

A Tabela 6.2.1 apresenta a porcentagem de área de acordo com o tipo de

classe de cobertura da terra, bem como, de sua prestação de serviços ecossistêmicos

(ServEco). Nesta é possível observar que 57% do município de Guarulhos encontra-

se com falta de oferta de serviços ecossistêmicos (45%) ou com serviços

ecossistêmicos ofertados com prejuízo (12%).

Tabela 6.2.1 – Porcentagem de áreas das Classes de cobertura da terra e prestação de serviços ecossistêmicos.

Cobertura da Terra

Classe Área_-ha ServEco %

Vegetação arbórea 13.472,52 Zona - 3 43%

Corpo d'água 126,46

Vegetação arbustiva/herbácea 3.938,08 Zona - 2 12%

Solo exposto 2.000,29 Zona - 1 45%

Zona urbana 12.306,61

Total 31.843,29 100%

Fonte: dados da pesquisa

Na Figura 6.2.2 observa-se a variação espacial da Cobertura da Terra e da

prestação dos serviços ecossistêmicos para os 47 bairros de Guarulhos (Tabela 3.1)

(barras verticais na Figura 6.2.2 (c). Indicou que 36 perderam mais de 90% de suas

áreas prestadoras de serviços ecossistêmicos (barras verticais vermelhas e amarelas

na Figura 6.2.2 (c). Enquanto que 10 bairros oscilam entre 50% a 90%, ou seja, entre

ofertados com prejuízo ou perda desses serviços. Sendo que apenas um bairro,

Cabuçú de Cima (nº 10 na Figura 6.2.2 (c), manteve 100% de sua área, com total

prestação do serviço ecossistêmico (barra vertical marcada em verde na Figura 6.2.2

(c)). Este último manteve preservado seu serviço ecossistêmico, muito em função da

criação da APA Cabuçu - Tanque Grande, no Parque Estadual da Cantareira

(OLIVEIRA et al., 2009; GUARULHOS, 2010a; 2010b).

Page 51: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

51

Figura 6.2.2 – (a) Mapa da Cobertura da Terra. (b) Mapa das Zonas de prestação dos serviços ecossistêmicos identificados de acordo com as classes de Cobertura da Terra. Sendo: Zona 1 – Serviços ecossistêmicos não ofertados; Zona 2 – Serviços ecossistêmicos ofertados com prejuízo; Zona 3 – Serviços ecossistêmicos ofertados. (c) Histograma de frequência das zonas de prestação dos serviços ecossistêmicos. Os números de 1 a 47 representam os bairros de Guarulhos da Figura 3.1.2. Fonte: dados da pesquisa

6.3 Análise da Temperatura Aparente da Superfície (TAS) e da Vegetação (VEG)

A Figura 6.3.1, observa a distribuição geográfica da TAS e da VEG em todo

o município de Guarulhos. Nesta ficou evidente que as maiores temperaturas (cores

em tons de vermelho nos mapas da Figura 6.3.2 (a) estão naquelas áreas com

ausência de vegetação arbórea (cores em tons de verde nos mapas da Figura 6.3.2-

a, c).

Page 52: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

52

Na Figura 6.3.2 (a) foi possível destacar os hotspots4 de TAS superiores a

40ºC, entre eles, destacam-se os das regiões industriais e do aeroporto internacional

de Guarulhos. Enquanto que valores da TAS inferiores a 20ºC puderam ser

observados na porção NE do município, no Pico do Gil, Serra da Cantareira.

A Tabela 6.3.1 observa que os maiores valores de TAS são aqueles

referentes as “áreas urbanas”, seguidas pelas classes de “solo exposto”, “vegetação

arbustiva/herbácea”, “corpo d’água” e “vegetação arbórea”. A tabela apontou ainda,

que as maiores discrepâncias entre a TAS por tipo de uso do solo e a TAS média, são

referentes à classe de “área urbana”.

Tabela 6.3.1 – Estatística descritiva dos valores da Temperatura Aparente da Superfície ºC (TAS) de acordo com o tipo de cobertura da terra.

Classe TAS ºC

Mín. Máx. Média Méd. Total Méd.-Méd. Total

Corpo d'água 24,84 35,37 28,89

31

-2,11

Vegetação arbórea 22,63 38,89 27,36 -3,64

Vegetação arbustiva/herbácea 23,59 38,97 30,8 -0,2

Área urbana 26,88 40,39 35,39 4,39

Solo exposto 26,75 39,74 32,56 1,56

Fonte: dados da pesquisa

Transformando-se os valores de temperatura e da porcentagem de

cobertura de área coberta por vegetação arbórea superior a 1ha, para cada bairro de

Guarulhos, percebe-se que há uma forte relação entre esses parâmetros. Dessa

forma, a representação da Figura 6.3.1, descreve que cerca de 94% dos dados de

temperatura podem ser explicados pela presença ou não da vegetação. Tal fato pode

ser observado nos mapas da Figura 6.3.2 (c, d), que apontam os bairros com os

maiores valores de TAS são aqueles mais carentes de vegetação (cores em tons de

vermelho).

4Neste trabalho considera-se hotspots somente os pontos em que a Temperatura Aparente da Superfície exceda os 40ºC

Page 53: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

53

Figura 6.3.1 - Diagrama de dispersão e regressão linear dos valores de Temperatura Aparente da Superfície ºC (TAS) e porcentagem de áreas vegetadas por bairro de Guarulhos. Ambos observados através da imagem do sensor orbital Landsat-8 08/02/2014. Fonte: dados da pesquisa

y = -9,4932x + 335,3R² = 0,9374

-20,00

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

25,00 27,00 29,00 31,00 33,00 35,00 37,00 39,00

VE

G %

TAS ºC

TAS x VEG

Page 54: ESTUDO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO MUNICÍPIO DE ...

54

Figura 6.3.2 –(a) Mapa da Temperatura Aparente da Superfície ºC (TAS). Os números de 1 a 47 representam os bairros de Guarulhos da Figura 3.1.2. Fonte: dados da pesquisa

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Figura 6.3.2 – (b) Mapa das áreas com vegetação arbórea superior a 1 ha. Os números de 1 a 47 representam os bairros de Guarulhos da Figura 3.1.2. Fonte: dados da pesquisa

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Figura 6.3.2. – (c) Mapa da TAS média por bairros de Guarulhos. Os números de 1 a 47 representam os bairros de Guarulhos da Figura 3.1.2. Fonte: dados da pesquisa

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Figura 6.3.2. – (d) Mapa da porcentagem média de vegetação por bairros de Guarulhos. Os números de 1 a 47 representam os bairros de Guarulhos da Figura 3.1.2. Fonte: dados da pesquisa

6.4 Análise da Distância dos Logradouros para as Áreas Vegetadas (DLV) e da

Arborização do Entorno dos Domicílios (AED)

A análise entre a Distância Média dos Logradouros para as Áreas

Vegetadas (DLV) e da Arborização do Entorno dos Domicílios (AED), respectivamente

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derivados por satélite e do Censo do IBGE de 2010, apontou um baixo coeficiente de

determinação entre essas informações como mostra o gráfico da Figura 6.4.1.

Isso se deve, ao fato de que a pesquisa realizada através do censo do IBGE

não trabalha com a porcentagem de área de vegetação no entorno dos domicílios,

mas sim com a proporção de pessoas que moram em domicílios cujo entorno possui

ou não arborização.

Esse tipo de análise pode levar a interpretações superestimadas, ou

mesmo subestimadas sobre a arborização urbana, pois uma única árvore numa rua

pode ser vista por várias pessoas que nela habitam, dando uma falsa impressão de

arborização do entorno. Tornando assim, o mapeamento da vegetação por imagens

orbitais, o método mais indicado para esse tipo de análise.

Numa análise análoga, Araújo (2015) afirmou que considera os dados

apresentados pelo IBGE superdimensionados por não apresentar padrões

urbanísticos que determinem tamanhos uniformes de faces de quadra, e enfatiza o

uso do sensoriamento remoto como o método mais indicado para o mapeamento da

vegetação.

Figura 6.4.1 – Diagrama de dispersão e regressão linear dos valores da Distância média dos Logradouros para as Áreas Vegetadas (DLV) e da Arborização do Entorno dos Domicílios (AED) por bairro de Guarulhos. Respectivamente derivados do satélite Landsat-8 08/02/2014 e dos dados do Censo do IBGE de 2010 (IBGE, 2015). Fonte: dados da pesquisa

y = 0,3715x + 0,8064R² = 0,257

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50

Ln_A

ED

Ln_DVL

DVL X AED

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Nos mapas da Figura 6.4.2 é fácil identificar que bairros classificados como

“distantes” de áreas vegetadas segundo a imagem orbital na Figura 6.4.2(a),

aparecem como “arborizados” e em tons de verde na Figura 6.4.2(b), como por

exemplo: os bairros do Bom Clima (7) e o Jd. Vila Galvão (22). Ou seja, mesmo

classificados como “arborizados”, segundo seus moradores e de acordo com o censo

do IBGE, esses são carentes de áreas vegetadas de porte arbóreo significativas

superiores a 1 hectare, segundo o art. 3º, parágrafo único, inciso “a” da Lei Municipal

4566/94 (GUARULHOS, 1994).

Figura 6.4.2 – (a) Mapa da Distância média dos Logradouros para as Áreas Vegetadas (DLV). (b) Mapa da Arborização do Entorno dos Domicílios (AED). Os números de 1 a 47 representam os bairros de Guarulhos da Figura 3.1.2 Fonte: dados da pesquisa

6.5 Análise dos agrupamentos (clusters)

A análise dos Indicadores Locais de Autocorrelação Espacial de Moran

(ILAEM) ressaltou na Figura 6.5.1(a), áreas em vermelho claro que apontam para o

fenômeno de hotspots (H-H) da TAS. Este ocorre principalmente nos bairros próximo

ao Centro (13) na porção sudoeste de Guarulhos. Esses bairros são caracterizados

como áreas com ausência de vegetação, marcados em azul claro (L-L) na Figura

6.5.1(b).

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Os bairros representados em vermelho claro (H-H) na Figura 6.5.1(c)

aparecem como o conjunto de bairros com as maiores distancias dos seus

logradouros para as áreas vegetadas. Estes mesmos bairros também se encontram

bem marcados nas Figuras 6.5.1(a, b), como bairros agrupados respectivamente em

áreas com altos valores de TAS (H-H) e áreas com baixa porcentagem de vegetação

(L-L).

De maneira contrária, bairros com os menores valores de TAS (L-L)

agrupados em azul claro na Figura 6.5.1(a), são praticamente os mesmos

representadas em vermelho claro (H-H) como agrupamentos de áreas com maior

porcentagem de vegetação na Figura 6.5.1(b), bem como, pelos agrupamentos em

azul claro representando as menores distâncias dos logradouros para as áreas

vegetadas (L-L na Figura 6.5.1c).

Os bairros marcados como outliers5 em azul escuro (L-H) aparecem na

Figura 6.5.1, inicialmente com baixos valores da TAS, (Cabuçú – 9 na Figura 6.5.1a)

rodeado por altos valores de TAS. O bairro do Cecap (12 na Figura 6.5.1c) aparece

como um agrupamento de logradouros com pequenas distâncias das áreas vegetadas

cercado por bairros cujos logradores encontram-se distantes das áreas vegetadas.

É importante destacar que a Figura 6.5.1(d), que trata Arborização do

Entorno dos Domicílios (AED), não apresenta nenhum agrupamento significante (N/S

– Não Significante), nem mesmo outliers de agrupamentos. Reafirmando o observado

no item 6.4, que considera os dados apresentados pelo IBGE inconsistentes e não

correlacionáveis com as informações das Distâncias dos Logradouros para as Áreas

Vegetadas (DLV) extraídas por satélite.

Como o fator da entropia está relacionado à degradação ambiental e esta

é a medida da desordem de um sistema (PRIBERAM, 2015), podemos inferir que a

áreas de hotspots com: H-H de TAS, L-L de ausência de vegetação e H-H de distância

das áreas vegetadas encontradas na Figura 6.5.1, são bairros cujos serviços

ecossistêmicos encontra-se em total desequilíbrio, principalmente aqueles

relacionados a regulação térmica. Desse modo, de acordo com a curva de entropia

(Figura 4.3.1) de Oliveira (2014), esses agrupamentos (clusters) encontram-se numa

posição ascendente entre os pontos 1 e 2, bastante próxima deste último.

5 Neste trabalho considera-se como outlier um bairro com valores da TAS considerado discrepante quando comparado com os bairros do entorno

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Figura 6.5.1 – (a) Mapas da Autocorrelação Espacial da TAS por bairros de Guarulhos. Onde: H-H - alto-alto (hot spots): para agrupamentos estatisticamente significantes de altos valores rodeados por altos valores; L-L - baixo-baixo (cold spots): para agrupamentos estatisticamente significantes de baixos valores rodeados por baixos valores; H-L - high-low (ilha): para agrupamentos de altos valores rodeados por baixos valores; L-H - baixo-alto (atol): para agrupamentos de baixos valores rodeados por altos valores, e; N/S corresponde as áreas Não Significantes. Os números de 1 a 47 representam os bairros de Guarulhos da Figura 3.1.2. Fonte: dados da pesquisa.

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Figura 6.5.1 – (b) Mapas da Autocorrelação Espacial da VEG por bairros de Guarulhos. Onde: H-H - alto-alto (hot spots): para agrupamentos estatisticamente significantes de altos valores rodeados por altos valores; L-L - baixo-baixo (cold spots): para agrupamentos estatisticamente significantes de baixos valores rodeados por baixos valores; H-L - high-low (ilha): para agrupamentos de altos valores rodeados por baixos valores; L-H - baixo-alto (atol): para agrupamentos de baixos valores rodeados por altos valores, e; N/S corresponde as áreas Não Significantes. Os números de 1 a 47 representam os bairros de Guarulhos da Figura 3.1.2. Fonte: dados da pesquisa.

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Figura 6.5.1 – (c) Mapas da Autocorrelação Espacial da DLV por bairros de Guarulhos. Onde: H-H - alto-alto (hot spots): para agrupamentos estatisticamente significantes de altos valores rodeados por altos valores; L-L - baixo-baixo (cold spots): para agrupamentos estatisticamente significantes de baixos valores rodeados por baixos valores; H-L - high-low (ilha): para agrupamentos de altos valores rodeados por baixos valores; L-H - baixo-alto (atol): para agrupamentos de baixos valores rodeados por altos valores, e; N/S corresponde as áreas Não Significantes. Os números de 1 a 47 representam os bairros de Guarulhos da Figura 3.1.2. Fonte: dados da pesquisa.

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Figura 6.5.1 – (d) Mapas da Autocorrelação Espacial da AED por bairros de Guarulhos. Onde: H-H - alto-alto (hot spots): para agrupamentos estatisticamente significantes de altos valores rodeados por altos valores; L-L - baixo-baixo (cold spots): para agrupamentos estatisticamente significantes de baixos valores rodeados por baixos valores; H-L - high-low (ilha): para agrupamentos de altos valores rodeados por baixos valores; L-H - baixo-alto (atol): para agrupamentos de baixos valores rodeados por altos valores, e; N/S corresponde as áreas Não Significantes. Os números de 1 a 47 representam os bairros de Guarulhos da Figura 3.1.2. Fonte: dados da pesquisa.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho apresentou a distribuição geográfica das classes de Cobertura

da Terra, dos Serviços Ecossistêmicos, da Temperatura Aparente da Superfície

(TAS), da Vegetação (VEG), da Distância dos Logradouros para as Áreas Vegetadas

(DLV) e da Arborização do Entorno dos Domicílios (AED) por meio da imagem orbital

do satélite Landsat-8 para os cinco primeiros parâmetros, enquanto que para o último

parâmetro, utilizou-se os dados do censo demográfico do IBGE de 2010.

Ficou evidenciado que de acordo com as classes de cobertura da terra,

Guarulhos encontra-se com 57% de sua área comprometida, com falta ou com seus

serviços ecossistêmicos ofertados com prejuízo. Foi possível ainda, observar que a

TAS é um bom indicador das áreas com ou sem vegetação. Ou seja, a TAS foi um

indicador do efeito potencial da vegetação como serviço ecossistêmico e de qual parte

do município está mais ou menos carente desses serviços, tendo em vista o bem-

estar humano quanto à ilha de calor urbano.

O mapa da Distância dos Logradouros para as Áreas Vegetadas (DLV)

derivado da imagem orbital, quando confrontado com o da Arborização do Entorno

dos Domicílios (AED) construído a partir dos dados do censo demográfico do IBGE

de 2010, apontou para um baixo coeficiente de determinação entre eles. Muito em

função da percepção dos moradores sobre a arborização no entorno dos seus

domicílios que podem superestimar ou subestimar essa informação, deixando

evidenciado que a metodologia utilizada pelo IBGE não foi considerada adequada

para classificar a porcentagem de arborização de uma região.

Os mapas das análises de clusters apontaram que, agrupamentos com

elevados valores da TAS são coincidentes com aqueles agrupamentos com baixos

valores de vegetação e grandes distâncias dos logradouros para as áreas vegetadas

e vice-e-versa. Outliers de TAS e de áreas vegetadas (VEG) foram observadas

respectivamente para os bairros do Cabuçú e Cecap, representando o isolamento

desses bairros em relação aos demais bairros de Guarulhos devido a esses atributos.

Por fim, sugere-se como ferramenta de planejamento ambiental urbano,

além de imagens de sensoriamento remoto termal (GUARULHOS, 2009), a utilização

de técnicas de geoprocessamento como as apresentadas nesse trabalho, como o

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cálculo da distância dos logradouros para as áreas vegetadas e a análise de cluster,

subsidiando não só estudos ambientais urbanos, mas também dando os primeiros

passos para a valoração dos serviços ecossistêmicos no município de Guarulhos

(SP).

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