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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE BIOLOGIA PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROIMUNOLOGIA PAULO EMÍLIO CORRÊA LEITE ESTUDO DO POSSÍVEL ENVOLVIMENTO DA SUBUNIDADE α7 DO RECEPTOR NICOTÍNICO DE ACETILCOLINA NA ATIVAÇÃO DA INFLAMAÇÃO NO MÚSCULO ESQUELÉTICO DE CAMUNDONGOS MDX COM DISTROFIA MUSCULAR DO TIPO DUCHENNE Niterói 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE BIOLOGIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROIMUNOLOGIA

PAULO EMÍLIO CORRÊA LEITE

ESTUDO DO POSSÍVEL ENVOLVIMENTO DA

SUBUNIDADE α7 DO RECEPTOR NICOTÍNICO DE

ACETILCOLINA NA ATIVAÇÃO DA INFLAMAÇÃO NO

MÚSCULO ESQUELÉTICO DE CAMUNDONGOS MDX

COM DISTROFIA MUSCULAR DO TIPO DUCHENNE

Niterói 2007

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PAULO EMÍLIO CORRÊA LEITE

ESTUDO DO POSSÍVEL ENVOLVIMENTO DA

SUBUNIDADE α7 DO RECEPTOR NICOTÍNICO DE

ACETILCOLINA NA ATIVAÇÃO DA INFLAMAÇÃO NO

MÚSCULO ESQUELÉTICO DE CAMUNDONGOS MDX

COM DISTROFIA MUSCULAR DO TIPO DUCHENNE

Dissertação submetida à coordenação do curso de pós-graduação em Neuroimunologia do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Neuroimunologia. Área de concentração: Patologia Celular.

Orientadoras

Prof.a Dr.a Thereza Quirico dos Santos

Prof.a Dr.a Edna Nanami Yamasaki

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FICHA CATALOGRÁFICA

LEITE, Paulo Emílio Corrêa

Estudo do possível envolvimento da subunidade α7 do receptor

nicotínico de acetilcolina na ativação da inflamação no músculo esquelético de camundongos mdx com distrofia muscular do tipo Duchenne – Niterói: UFF, 2007.

96 f.

Dissertação – Mestrado em Neuroimunologia

Universidade Federal Fluminense

1. Distrofia Muscular 2. Camundongo mdx 3. Músculo Esquelético

4. Acetilcolina 5. Receptor de Acetilcolina 6. Macrófago

7. Via colinérgica anti-inflamatória

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PAULO EMÍLIO CORRÊA LEITE

ESTUDO DO POSSÍVEL ENVOLVIMENTO DA

SUBUNIDADE α7 DO RECEPTOR NICOTÍNICO DE

ACETILCOLINA NA ATIVAÇÃO DA INFLAMAÇÃO NO

MÚSCULO ESQUELÉTICO DE CAMUNDONGOS MDX

COM DISTROFIA MUSCULAR DO TIPO DUCHENNE

Dissertação submetida à coordenação do curso de pós-graduação em Neuroimunologia do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Neuroimunologia. Área de concentração: Patologia Celular.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Newton Castro (UFRJ)

Prof. Dr. Wilson C. Santos (UFF)

Prof. Dr. Oswaldo Nascimento (UFF)

Prof.a Dr.a Jussara Lagrota-Cândido (Suplente e Revisora - UFF)

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Dedico esta tese

À minha família, em especial aos meus pais Emílio

Ramos Leite e Elizia Corrêa Leite, não só por me apoiarem e

incentivarem de forma incondicional, mas principalmente por

terem julgado prioridade me educar nos termos da ética e

honestidade.

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AGRADECIMENTOS

• A Deus, por ter me concedido uma família maravilhosa e por ter

colocado as pessoas ideais em meu caminho.

• A meus pais, meus melhores amigos, presentes em todos os momentos

marcantes de minha vida.

• Às minhas orientadoras Profas Thereza Quírico-Santos e Edna Nanami

Yamasaki, que com suas excelências como pesquisadoras semearam

em mim a forma correta e ética de pesquisar.

• À Louise Moraes, pelos ouvidos sempre acessíveis, pelo incentivo e

companhia irrestrita. Agradeço também pela essencial colaboração para

a execução da técnica de imuno-histoquímica.

• Às minhas grandes amigas Bartira e Nina, pela amizade, pelo auxílio

nas técnicas laboratoriais além de serem ótimas companheiras de

trabalho e bate-papo.

• Aos amigos Délcio e Cristiane, por terem me incentivado e apresentado

à pesquisa.

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vii

• Aos amigos Douglas, Bernardo, Lívia e Guilherme, que tiveram

participações fundamentais nos experimentos para o desenvolvimento

desta tese, e principalmente por terem se mostrado amigos fiéis.

• Ao amigo Ricardo Noboro, pela ajuda essencial no processamento

tecidual, e ao Prof. Marcelo Santiago, pela grande ajuda na microscopia

confocal.

• À amiga Jaíne, por ter me auxiliado inicialmente na técnica de western

blot.

• Ao amigo Erick, pelos conselhos e por ter se mostrado um amigo fiel.

• Aos amigos Marcela, Kristiane e Rafael, pela amizade e esforço em

disponibilizar camundongos suficientes para a pesquisa.

• A todos os meus amigos do laboratório, que pelo simples fato de

fazerem parte da rotina laboratorial, deram suas contribuições para o

desenvolvimento desta tese.

• A todos os meus colegas de pós-graduação e professores, tanto da

UFRJ quanto da UFF.

• A possibilidade de utilizar camundongos no trabalho, pois sem eles não

haveria pesquisa, e sem pesquisa não haveria saúde.

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"Desde que eu fui uma criança, tenho tido esse impulso instintivo por

expansão e crescimento. Para mim, a função e dever de um ser humano

de qualidade é o honesto e sincero desenvolvimento de seu potencial”.

Bruce Lee

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A parte experimental deste trabalho foi executada nos laboratórios

de Patologia Celular do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Neurobiologia da Retina, e Neurobiologia Celular e Molecular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IBCCF – UFRJ).

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x

SUMÁRIO Página

AGRADECIMENTOS.......................................................................................... vi

LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................... xii

LISTA DE TABELAS..........................................................................................xiv

LISTA DE FIGURAS...........................................................................................xv

RESUMO........................................................................................................... xvi

ABSTRACT....................................................................................................... xvii

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 1

1.1 Características gerais da distrofia muscular de Duchenne....................... 1

1.2 Distrofina e o complexo............................................................................. 3

1.3 Receptores Nicotínicos de Acetilcolina (AChRs)...................................... 5

1.3.1 Estrutura molecular e distribuição............................................................. 5

1.3.2 Diferenças nos sítios de ligação................................................................ 8

1.4 Regulação neural autônoma da imunidade............................................... 9

1.4.1 Subdivisões do sistema nervoso............................................................... 9

1.4.2 Inflamação mediada pelo Fator de Necrose Tumoral-α (TNFα)............. 10

1.4.3 Via colinérgica anti-inflamatória e o reflexo inflamatório......................... 13

1.4.4 Mecanismos de comunicação e integração do sistema imune e SNC... 15

1.4.5 Modelo hipotético do reflexo inflamatório................................................ 17

1.5 Metaloproteases de matriz (MMPs)........................................................ 19

1.6 Tecido muscular...................................................................................... 21

1.6.1 Características gerais.............................................................................. 21

1.6.2 Sinalização na sinapse neuromuscular................................................... 24

1.6.3 Ação muscular......................................................................................... 27

1.7 Modelos animais de distrofinopatia......................................................... 28

2. OBJETIVOS............................................................................................ 30

2.1 Gerais...................................................................................................... 30

2.2 Específicos.............................................................................................. 30

3. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 31

3.1 Animais.................................................................................................... 31

3.2 Processamento Tecidual......................................................................... 32

3.3 Western Blot............................................................................................ 33

3.4 Extração de RNA Total............................................................................ 34

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xi

3.5 Dosagem de RNA................................................................................... 35

3.6 Transcrição Reversa do RNA (RT-PCR)................................................. 35

3.7 PCR......................................................................................................... 36

3.8 Eletroforese de RNA............................................................................... 37

3.9 Zimografia............................................................................................... 37

3.10 Ensaio de imuno-histoquímica................................................................ 38

3.10.1 Microscopia convencional....................................................................... 38

3.10.2 Microscopia de fluorescência.................................................................. 39

3.12 Análise Quantitativa................................................................................ 41

3.13 Análise Estatística................................................................................... 41

4. RESULTADOS........................................................................................ 42

4.1 Ensaios de Western Blot......................................................................... 42

4.1.1 Expressão de AChRα7 no músculo esquelético..................................... 42

4.1.2 Expressão de TNFα no músculo esquelético de camundongos mdx..... 46

4.1.3 Expressão de β-Actina no músculo esquelético...................................... 47

4.1.4 Relação entre as isoformas solúvel e membranar da proteína TNFα..... 48

4.1.5 Relação entre as proteínas AChRα7-2 e TNFα solúvel.......................... 49

4.1.6 Equilíbrio entre TNFα solúvel e a AChRα7-2.......................................... 50

4.2 Ensaios de RT-PCR................................................................................ 51

4.2.1 Expressão de mRNA da proteína AChRα7 no músculo esquelético...... 51

4.2.2 Expressão de mRNA da proteína TNFα no músculo esquelético........... 53

4.2.3 Expressão de mRNA da proteína β-Actina no músculo esquelético....... 54

4.3 Atividade de metaloproteases no músculo esquelético.......................... 55

4.4 Análise Imuno-histoquímica.................................................................... 58

4.4.1 Microscopia convencional....................................................................... 58

4.4.2 Microscopia de fluorescência.................................................................. 59

5. DISCUSSÃO........................................................................................... 62

6. CONCLUSÕES....................................................................................... 80

7. PERSPECTIVAS FUTURAS................................................................... 83

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 85

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xii

LISTA DE ABREVIATURAS

αBgtx Alfa-bungarotoxina

αBgtx-AChR Receptor de acetilcolina sensível à alfa-bungarotoxina

ACh Acetilcolina

AChR Receptor de acetilcolina

AChRα7 Subunidade alfa 7 do receptor de acetilcolina

AChRα7-2 Isoforma 2 da subunidade alfa 7 do receptor de acetilcolina

ACTH Hormônio adrenocorticotrófico

AP Área postrema

ATP Adenosina tri-fosfato

BBB Barreira hemato-encefálica

CMD Distrofia muscular congênita

COX-2 Cicloxigenase -2

DGC Complexo de glicoproteínas associadas à distrofina

DMD Distrofia muscular de Duchenne

DMN Núcleo motor dorsal do nervo vago

HMGB1 Proteína do tipo high mobility group box 1

HPA Hipotálamo-pituitária-adrenal

ICAM-1 Molécula de adesão intercelular -1

IL Interleucina

LPS Lipopolissacarídeo

MAPK Proteína quinase ativada por mitógeno

MCP-1 Proteína quimioatrativa de monócitos -1

MHC Miosina de cadeia pesada

MMP Metaloprotease de matriz

MP Metaloprotease

mRNA RNA mensageiro

NA Núcleo ambíguo

nAChR Receptor de acetilcolina não-sensível à alfa-bungarotoxina

NTS Núcleo do tracto solitário

PGE2 Prostaglandina E2

SDS Dodecil sulfato de sódio

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xiii

SNC Sistema Nervoso Central

TGFβ Fator de transformação de crescimento β

TIMP Inibidor tecidual de metaloprotease

TNFα Fator de necrose tumoral alfa

V-CAM-1 Molécula de adesão vascular -1

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xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela Página

1. Anticorpos primários usados para imunodeteccção............................... 40

2. Seqüência de oligonucleotídeos utilizados............................................. 40

3. Síntese dos resultados obtidos............................................................... 79

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xv

LISTA DE FIGURAS

Figura Página

1. Complexo Distrofina-Glicoproteínas......................................................... 4

2. Modelo esquemático do receptor de acetilcolina...................................... 7

3. Domínio N-terminal extracelular da AChRα7 homopentamérica.............. 8

4. Estágios da migração de leucócitos........................................................ 12

5. Vias anti-inflamatórias humoral, colinérgica e simpática........................ 13

6. Sistema nervoso parassimpático............................................................ 14

7. Órgãos do sistema retículo-endotelial..................................................... 19

8. Representação esquemática do músculo esquelético............................ 22

9. Organização do músculo estriado esquelético....................................... 23

10. Fotomicrografia de uma unidade motora................................................ 25

11. Fotomicrografia de um botão sináptico................................................... 26

12. Fotomicrografia de uma placa motora.....................................................26

13. Expressão da AChRα7-2 no músculo esquelético.................................. 45

14. Expressão de TNFα no músculo esquelético de camundongos mdx..... 47

15. Expressão da proteína β-actina no músculo esquelético........................ 47

16. Relação entre a expressão muscular de TNFα solúvel e membranar.... 49

17. Relação entre a expressão muscular da AChRα7-2 e TNFα solúvel..... 50

18. Equilíbrio entre a expressão muscular de TNFα solúvel e AChRα7-2... 51

19. Expressão de mRNA da proteína AChRα7 no músculo esquelético...... 52

20. Expressão de mRNA da proteína TNFα no músculo esquelético........... 54

21. Expressão de mRNA da proteína β-actina no músculo esquelético....... 54

22. Atividade de metaloproteases no músculo esquelético.......................... 56

23. Atividade das MMP -9, pró -2 e -2 ativa no músculo esquelético........... 57

24. Imuno-histoquímica convencional de camundongos mdx com S12....... 58

25. Co-localização de F4/80 e AChRα7 no infiltrado inflamatório.................59

26. Imuno-histoquímica de fluorescência amplificada 20x de mdx com S12 60

27. Imuno-histoquímica de fluorescência amplificada 40x de mdx com S12 61

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xvi

RESUMO

Camundongo mdx, modelo animal da distrofia muscular de Duchenne, desenvolve uma miopatia inflamatória recessiva ligada ao cromossomo X caracterizada por degeneração progressiva das fibras do músculo esquelético e substituição por tecido conjuntivo. A ativação do receptor de acetilcolina AChR, regula pela “via colinérgica anti-inflamatória”, a produção de citocinas inflamatórias em diferentes modelos de inflamação. Este trabalho teve como objetivo analisar o possível envolvimento da subunidade α7 do receptor nicotínico de acetilcolina (AChRα7) na ativação da inflamação no músculo esquelético gastrocnêmio de camundongos mdx com distrofia muscular do tipo Duchenne. Foram incluídos camundongos machos mdx nas idades correspondendo às diferentes fases da miopatia: lactentes (S2), mionecrose (S4), regeneração (S8 e S12) e fibrose (S24 e S48). Como controle pareado foram incluídos camundongos C57BL10 machos nas mesmas idades. Foram utilizadas as técnicas de western blot (WB) e RT-PCR para analisar a expressão protéica e do mRNA da AChRα7 e do fator de necrose tumoral alfa (TNFα); zimografia para determinar a atividade local das metaloproteases MMP-9 e MMP-2, e a técnica de imuno-histoquímica por microscopia confocal para demonstrar e quantificar a co-localização de AChRα7 em macrófagos com marcador F4/80 nas áreas da lesão. Neste trabalho foi possível demonstrar pela primeira vez, a modulação na expressão da isoforma funcional AChRα7-2 nas diferentes fases da miopatia. Comparado ao controle C57, o camundongo mdx mostrou aumento na expressão da AChRα7-2 na idade de S4 (predomínio de inflamação / mionecrose) até a idade de S12 (predomínio de regeneração), seguido de diminuição da expressão em S48, correspondendo à fibrose muscular. A produção de TNFα solúvel no gastrocnêmio do mdx foi maior no pico da inflamação (S4) quando comparado a S2 (p<0,05), então correspondendo à inflamação, com significativa redução (p<0,0005) em S8, S12 e S24. A expressão da isoforma protéica AChRα7-2 no músculo gastrocnêmio do camundongo mdx era inversamente proporcional à quantidade do TNFα solúvel presente em todas as idades, exceto no mdx lactente (S2). A atividade da MMP-9, relacionada com a migração de células inflamatórias e clivagem proteolítica do TNFα, estava aumentada no estágio inicial da doença em S4 quando comparado com S12 (p<0,05). A forma inativa pro MMP-2 estava aumentada em todas as idades, porém a forma ativa da MMP-2 que indica remodelamento tecidual estava aumentada somente no mdx com S8 e S12. Mdx com S12 mostrou aumento marcante (p<0,0005) de macrófagos co-expressando AChRα7-2 nas áreas de lesão muscular. Os resultados deste trabalho indicam um papel relevante da isoforma AChRα7-2 na fisiopatologia da lesão muscular do camundongo mdx influenciando a migração de células inflamatórias, a produção local de TNFα e a remodelagem tecidual através da ativação da “via colinérgica anti-inflamatória”.

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xvii

ABSTRACT

Mdx mouse, the animal model of Duchenne muscular dystrophy, develops an X-linked recessive inflammatory myopathy characterized by progressive degeneration of skeletal muscle fibers and connective tissue replacement. Acetylcholine receptor AChR activation has been shown to regulate via the “cholinergic anti-inflammatory pathway”, the production of inflammatory cytokines in different experimental models of inflammatory disease. The present work aimed at analyzing the possible involvement of nicotinic acetylcholine receptor subunit α7 (AChRα7) in activation of inflammation in the gastrocnemic skeletal muscle of mdx mice with Duchenne-type muscular dystrophy. Male mdx mice corresponding to different phases of myopathy were include weaning (2w), myonecrosis (4w), regeneration (8w and 12w) and fibrosis (24w and 48w). Male C57BL10 mice were included as paired non dystrophic control at the same ages. For analysis of protein and mRNA expression of AChRα7 and tumor necrosis factor alpha (TNFα), western blot and RT-PCR were used; for measurement of local metalloproteinase activity of MMP-9 and MMP-2, zymography was used; and to demonstrate and quantify co-localization of AChRα7 in macrophages expressing F4/80 cell marker in the muscular lesion, we have used immunohistochemistry with confocal microscopy. Herein we demonstrate, for the first time, the expression and modulation of a new functional isoform of AChRα7 (AChRα7-2) in gastrocnemic skeletal muscles of mdx mice at different phases of the myopathy. Comparing to control C57, mdx mice showed increased expression of AChRα7-2 from 4w of age (inflammation / myonecrosis prevalence) till 12w of age (regeneration prevalence), followed by diminished expression at 48w, corresponding to muscular fibrosis. Soluble TNFα production in mdx gastrocnemic muscle was higher at the onset of inflammation (4w) than at 2w (p<0.05), with significant reduction (p<0.0005) at 8w, 12w and 24w. Expression of the AChRα7-2 protein isoform was inversely related with the amount of TNFα soluble present in the gastrocnemic muscles of mdx mice at all ages except in mdx at 2w (weaning). MMP9 activity, related to migration of inflammatory cells and proteolytic cleavage of TNFα, was increased at early stages of the disease (4w) when compared to 12w (p<0.05). The inactive form pro-MMP2 was increased at all ages, but the active form MMP-2, a marker of tissue remodeling, was marked increased in mdx skeletal muscles at 8w and 12w. Mdx mice at 12w showed in the muscular lesion increased number (p<0.0005) of F4/80+ macrophages co-expressing AChRα7-2. Altogether the results indicate that the AChRα7-2 isoform plays a relevant role in the pathophysiology of mdx muscular lesion by influencing migration of inflammatory cells, local production of TNFα cytokine and tissue remodeling via the “cholinergic anti-inflammatory pathway”.

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Características gerais da distrofia muscular de Duchenne

A Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) é uma miopatia hereditária

recessiva ligada ao cromossomo X que afeta 1 a cada 3500 meninos nascidos

vivos (Voisin and de Ia Porte, 2004). A clonagem completa do gene dmd

mostra que mais de 50% da mutação em humanos envolve ampla deleção no

locus Xp21 (Kapsa et al., 2003), o que determina a ausência ou a expressão da

molécula truncada não-funcional da isoforma de 427 kDa da proteína distrofina

nas células musculares esqueléticas estriadas, células endoteliais e células do

Sistema Nervoso Central (SNC) (Mendell et al., 1995; Van den Bergh et al.,

1995; Mehler, 2000). O gene da distrofina é extremamente grande (3,4 Mb),

contém 79 exons e 2,4 milhões de bases. A sua grande complexidade propicia

uma alta taxa de novas mutações, deleções ou duplicações gênicas que são

evidenciadas em um terço dos pacientes com DMD (Hoffman, 1996).

Alguns pacientes com DMD apresentam retardo mental, porém as

principais alterações clínicas são evidentes ainda na primeira infância, por volta

de 3 a 5 anos de idade, afetando inicialmente os músculos da cintura pélvica e

posteriormente os músculos da cintura escapular. A substituição do tecido

muscular por tecido conjuntivo e adiposo causa pseudo-hipertrofia dos

músculos afetados. A perda da capacidade de deambular ocorre entre oito a

dez anos de idade, havendo a necessidade do uso de cadeira de rodas. A

evolução para o óbito ocorre em torno da segunda década de vida, geralmente

devido à insuficiência cardíaca ou respiratória (Anderson J. L. et al., 2002;

Jejurikar & Kuzon, 2003).

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2

As características histológicas do músculo distrófico no início da doença

são os inúmeros focos de mionecrose, intenso infiltrado inflamatório, miofibras

hipertróficas com tamanhos variados e altos níveis de creatina quinase no soro.

Os ciclos repetidos de degeneração e regeneração esgotam a capacidade

regenerativa das células satélites, e mecanismos fibróticos causam uma

substituição progressiva do tecido muscular contrátil por tecido fibroso (Collins

& Morgan, 2003). As miofibras apresentam também sarcoplasma

grosseiramente granular e vacuolizado, apresentando fragmentação e

nucleação central.

Até o momento não existe uma terapia curativa para os pacientes com

DMD, apenas tratamentos temporários com o uso de corticóides associados à

fisioterapia e/ou cirurgia ortopédica para aliviar a escoliose (Skuk et al., 2002).

A terapia gênica somática com mioblastos transfectados com o gene da

distrofina surgiu como uma esperança para o tratamento da DMD. Contudo,

existem várias dificuldades a serem superadas nesse tipo de tratamento, como

a obtenção de um vetor apropriado para um gene tão grande como o da

distrofina, a expressão limitada de distrofina numa pequena área próxima à

inoculação e a meia-vida curta do mioblasto transfectado (Howell, 1999). Outra

possibilidade terapêutica é o transplante de células de medula óssea em

camundongos imunodeficientes, mostrando que células da medula óssea

migram para áreas de degeneração, passam por diferenciação e participam na

regeneração do tecido muscular (Ferrari et al., 1998). Contudo, estudos com

camundongos mdx mostraram que o número de progenitores miogênicos

recrutados da medula óssea talvez seja insuficiente para restaurar a massa

muscular. A estratégia atual é o desenvolvimento de condições de transplante

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de medula óssea que permitam a expansão seletiva de progenitores

miogênicos in vivo (Cossu & Mavilio, 2000; Ferrari & Mavilio, 2002). Portanto,

estudos recentes indicam como estratégias promissoras no futuro, a terapia

genética e celular (Skuk et al., 2002; Kapsa et al., 2003; Khurana & Davies,

2003; Partridge, 2003).

1.2 Distrofina e o complexo de Glicoproteínas

Distrofina é uma proteína que pertence à superfamília das espectrinas,

sendo a mais abundante na fibra muscular, correspondendo a

aproximadamente 5% do seu citoesqueleto. Possui 427 kDa de peso molecular

formando quatro domínios funcionais.

A distrofina apresenta localização interna no sarcolema formando uma

trama associada a um complexo de glicoproteínas (DGC) constituído pelas

distroglicanas, sarcoglicanas, sintrofinas, distrobrevinas, sarcospan e actina

(Watkins et al., 2000). O domínio N-terminal com 336 aminoácidos permite a

ligação à actina; um domínio com 24 unidades de repetições longas,

constituído de segmentos de tripla hélice com 88 a 126 aminoácidos; um

domínio com 135 aminoácidos rico em cisteína, que se liga às proteínas do

sarcolema, e o domínio C-terminal com 320 aminoácidos e sítios de ligação

para sintrofina e distrobrevina (Figura 1).

A formação do complexo distrofina/DGC é crucial para a ligação da

matriz extracelular com o citoesqueleto (Kapsa et al., 2003). Atualmente

acredita-se que todo esse complexo, além do suporte estrutural, também

participe na transdução de sinais provenientes da interação da fibra muscular

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com a matriz extracelular (Watkins et al., 2000). A organização desse complexo

é essencial para a integridade da fibra muscular e estabilidade do sarcolema.

Figura 1: Complexo Distrofina-Glicoproteínas. (http://www.humgen.nl/lab-vdeutekom/pictures/DGC.jpg)

A deficiência de distrofina e de outras proteínas do complexo DGC

resulta em diferentes tipos de distrofias musculares em várias espécies animais

(Roberts, 1995; Van den Bergh et al., 1995; Nonaka, 1998; Lapidos et al.,

2004). Mutações nos genes que codificam as sarcoglicanas causam as

distrofias musculares da cintura e membros (LGMD) enquanto que mutações

no gene da merosina causam distrofia muscular congênita (CMD) (Allamand &

Campbell, 2000). A perda de distrobrevinas causa distrofia muscular em

camundongos e defeitos em outras proteínas, incluindo colágeno VI, titina,

desmina e caveolina-3, causando miopatias graves em humanos (Martin,

2003).

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1.3 Receptores Nicotínicos de Acetilcolina (AChRs)

1.3.1 Estrutura molecular e distribuição

Os AChRs formam uma família heterogênea de canais iônicos que são

expressos em muitas regiões com organização diferente no Sistema Nervoso

Central e no Sistema Nervoso Periférico. Essas proteínas multiméricas são

formadas pela combinação de diferentes subunidades. Muitos genes que

codificam essas subunidades já foram clonados, e como todos os outros

membros da superfamília de canais iônicos com alça de cisteínas, codificam

peptídeos onde todos têm uma porção extracelular amino-terminal hidrofílica,

seguido por três domínios transmembranares hidrofóbicos (M1, M2 e M3), uma

grande alça intracelular, e um quarto domínio transmembranar hidrofóbico (M4)

(Figura 2) (Sargent 1993; Hoog et al., 2003). Essas subunidades possuem um

ancestral comum e foram altamente conservadas durante a evolução, tendo a

mesma subunidade mais de 80% de homologia dos aminoácidos entre as

espécies de vertebrados (Le Novere & Changeaux, 1995).

No músculo, esses canais iônicos são constituídos por quatro diferentes

subunidades (α, β, δ e ε), sendo que nos músculos embrionário e adulto

desnervado a subunidade γ substitui a ε, conferindo assim diferentes

propriedades eletrofisiológicas ao receptor (Figura 2) (Duclert & Changeaux,

1995; Sala et al., 1996). As duas maiores classes de subunidades dos AChRs

são o tipo α, que inclui dez membros (α1-α10), e o tipo β, com 4 membros (β1-

β4). As subunidades α possuem duas cisteínas homólogas adjacentes

presentes nas posições 192 e 193, enquanto que as subunidades β perdem

esse par de cisteínas adjacentes (Le Novere & Changeaux, 1995).

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As subunidades α4, α5, α7 e β4 são expressas também por células

musculares embrionárias de pinto tanto in vivo quanto in vitro (Corriveau, et al.,

1995; Sala et al., 1996;); e a subunidade α8 parece ser expressa apenas em

galinhas (Schoepfer et al., 1990; Gault et al., 1998), onde não apenas formam

receptores homoméricos, mas também heteroméricos juntamente com

receptores α7 (Keyser et al., 1993; Gotti et al., 1994). A expressão da

subunidade α9 é limitada a células ciliadas cocleares e à glândula pituitária

(Gault et al., 1998), e em embriões de ratos às camadas musculares da língua,

e não por outros músculos esqueléticos (Elgoyhen et al., 1994; Sala et al.,

1996). A seqüência de aminoácidos da subunidade α10 é similar à seqüência

da subunidade α9, mas em experimentos com injeção de mRNAs em ovócitos

não foram detectadas correntes quando a subunidade está sozinha ou em

combinação com subunidades α2-α6 ou β2-β4. Uma corrente distinta dos

receptores homoméricos α9 foi detectada apenas quando mRNAs das

subunidades α9 e α10 foram co-injetadas em ovócitos. Essa nova corrente

possui propriedades funcionais e farmacológicas indistingüíveis dos receptores

colinérgicos endógenos presentes nas células ciliadas cocleares, que possuem

cópias para ambos genes das subunidades α9 e α10 (Elgoyhen et al., 2001;

Sgard et al., 2002).

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Figura 2: Modelo esquemático do receptor de acetilcolina. À esquerda, o AChR como uma glicoproteína heteromérica membranar. No meio e à direita, a topologia das subunidades M1, M2, M3 e M4 representam os quatro domínios transmembranares. (http://www.weizmann.ac.il/home/samson/aster_files/image002.gif)

Com base em suas diferenças filogenéticas, propriedades

farmacológicas e funcionais, essa heterogênea família de subunidades de

AChRs é agrupada em duas classes principais:

• Sensíveis à toxina de cobra (αBgtx-AChRs), formando AChRs

homopentaméricos (α7-α9), com cinco subunidades idênticas formando um

canal iônico (Figura 3); e heteropentaméricos (α7, α8 ou α9 e α10), onde o

canal iônico é formado por mais de um tipo de subunidade (Marks et al., 1986;

Wonnacott, 1986; Alkondon & Albuquerque, 1993; Amar et al., 1993; Zhang et

al., 1994; Lindstrom, 2000). O receptor homomérico é ativado pela acetilcolina

e bloqueado por concentrações nanomolares de αBgtx com alta

permeabilidade ao Ca2+ e rápida taxa de dessensibilização.

• Não-sensíveis à αBgtx (nAChRs) e possuindo ligação à nicotina com

alta afinidade, formando sempre AChRs heteropentaméricos: contêm um par

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A identificação do sítio de ligação dos AChRs foi elucidada pela análise

estrutural por cristalografia da proteína ligadora de acetilcolina de caramujos

Lymnaea stagnalis, secretada nas sinapses colinérgicas (Brejc et al., 2001;

Smit et al., 2001) e é análoga ao domínio de ligação extracelular dos AChRs.

As diferentes subunidades do AChR podem formar quatro conformações

distintas do ponto de vista funcional, podendo estar abertos, fechados, e em

dois estados dessensibilizados fechados (I ou D) que são refratários à ativação

em uma escala de tempo em milissegundos (I) ou minutos (D), tendo alta

afinidade (pM-nM) por agonistas. A ligação da acetilcolina ao sítio de ligação do

receptor ou qualquer sítio alostérico pode modificar o equilíbrio entre os

diferentes estados conformacionais dos receptores (Changeux & Edelstein,

1998).

1.4 Regulação neural autônoma da imunidade

1.4.1 Subdivisões do sistema nervoso

O sistema nervoso é composto por sistemas sensitivos, que detectam o

estado de órgãos e outras estruturas do corpo, e sistemas motores, que

transmitem sinais para essas estruturas corporais. O sistema motor somático

controla os movimentos voluntários, enquanto o sistema motor autônomo

controla funções involuntárias, tais como funções viscerais e inervação de

glândulas. O sistema nervoso autônomo se subdivide em duas vias: a

simpática e a parassimpática, que trabalham em sinergia ou em oposição para

mediar respostas fisiológicas básicas em tempo real, como pressão sangüínea,

batimento cardíaco, freqüência respiratória, mobilidade gastrintestinal e

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temperatura corporal (Tracey, 2002; Czura & Tracey, 2005; Pavlov & Tracey,

2005).

O sistema nervoso autônomo recebe informações de receptores

sensoriais especializados em detectar o estado fisiológico, como baroceptores

que monitoram a pressão sangüínea e quimioceptores que monitoram a

atividade gástrica. O cérebro primitivo, incluindo o sistema límbico, tronco

encefálico e hipotálamo recebem os sinais desses receptores, coordenando

então respostas neurais simpáticas e parassimpáticas para manter a

homeostase e regular a digestão (Tracey, 2002; Czura & Tracey, 2005). As

funções autônomas mediadas pelo nervo vago são integradas e reguladas

centralmente. Interconexões neurais recíprocas entre núcleos autônomos do

tronco cerebral, incluindo o núcleo do tracto solitário (NTS), núcleo motor dorsal

do vago (DMN) e núcleo ambíguo (NA), assim como estruturas cerebrais

superiores como o hipotálamo, amígdala e córtex insular, constituem a rede

autônoma central. Essa rede regula a atividade eferente do nervo vago,

correspondendo a funções viscerais periféricas (Pavlov & Tracey, 2005).

1.4.2 Inflamação mediada pelo Fator de Necrose Tumoral-α (TNFα)

O TNFα é uma citocina pleiotrópica com aproximadamente 17kDa,

produzida principalmente por macrófagos em resposta a patógenos e outros

estímulos danosos (Tracey, 2002; Czura & Tracey, 2005). Possui funções que

podem variar de indução a choque na sepse a necrose de tumores (Peterson et

al., 2005). Baixos níveis de TNFα contribuem para os mecanismos de

imunidade inata do hospedeiro, limitando a resposta inflamatória local,

controlando a invasão microbiana e promovendo o processo de cura (Tracey,

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2002; Czura & Tracey, 2005; Pavlov & Tracey, 2005). Em uma resposta

inflamatória normal, suas atividades protetoras e benéficas predominam,

entretanto a magnitude e duração da liberação de TNFα é limitada, por não ser

secretado sistemicamente (Tracey, 2002).

A produção exacerbada de citocinas pode causar manifestações clínicas

de doenças (Tracey, 2002; Czura & Tracey, 2005; Pavlov & Tracey, 2005),

inclusive os sinais clínicos cardinais de inflamação, incluindo febre, edema, dor

e vermelhidão. O aumento sistêmico de TNFα promove dano tecidual

deprimindo a função cardíaca, induzindo trombose microvascular e mediando a

síndrome sistêmica de fraqueza vascular (Tracey, 2002). Esta citocina pode

também mediar a síndrome de perda muscular, conhecida como caquexia. A

caquexia se manifesta como complicação secundária, mas é potencialmente

letal em doenças crônicas como câncer (Peterson et al., 2005).

TNFα induz leucocitose e ativa nas células endoteliais genes de

moléculas de adesão como ICAM-1 (molécula de adesão intercelular -1),

VCAM-1 (molécula de adesão vascular -1) e diversas outras citocinas como

MCP-1 (proteína quimioatrativa de monócitos -1). Essas moléculas contribuem

para o aumento da adesão de neutrófilos, monócitos e macrófagos ao endotélio

vascular (Peterson et al., 2005; Saeed et al., 2005), facilitando o rolamento,

adesão, ativação e a migração celular (diapedese) (Figura 4) (Ransohoff et al.,

2003; Saeed et al., 2005). O TNFα é capaz de amplificar e prolongar a resposta

inflamatória e dano tecidual (Tracey, 2002) ativando outras células a produzir

citocinas como IL-1 (interleucina -1) e HMGB1 (high mobility group box 1), além

de outros mediadores como eicosanóides e óxido nítrico (NO), promovendo

dessa forma o aumento da inflamação (Tracey, 2002). Anticorpos anti-TNFα

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têm sido utilizados na clínica no tratamento de doenças imune-inflamatórias

como artrite reumatóide e doença de Crohn (Czura and Tracey, 2005; Pavlov

and Tracey, 2005).

Figura 4: Estágios da migração de leucócitos. Através de uma série de interações programadas com o endotélio, segue-se a transmigração através da lâmina basal. (Ransohoff et al., 2003)

Trabalhos recentes indicaram que a expressão de TNFα é regulada

tanto em níveis transcricionais quanto traducionais (Czura & Tracey, 2005),

porém quando sua produção é interrompida, as células responsáveis por sua

síntese se tornam refratárias à estimulações posteriores. Este é um importante

mecanismo de controle que previne a produção exacerbada de TNFα. Outros

mecanismos conhecidos também são capazes de impedir a secreção

exagerada de TNFα, tais como o eixo hormonal adrenocorticotrópico-

glicocorticóide (ACTH – glicocorticóide), a via anti-inflamatória simpática (dor e

Substância P – adrenalina e noradrenalina) (Figura 5) e a atividade de outros

fatores anti-inflamatórios produzidos durante uma resposta inflamatória normal.

Também a IL-10 (interleucina-10) e o TGFβ (fator de transformação de

crescimento β), são capazes de suprimir independentemente a ativação de

macrófagos e liberação de TNFα. Descobertas recentes (Czura & Tracey,

2005) mostraram que a via colinérgica anti-inflamatória também inibe a

produção de TNFα em macrófagos.

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1.4.3 Via colinérgica anti-inflamatória e o reflexo inflamatório

A via colinérgica anti-inflamatória é um mecanismo fisiológico que

modula as respostas inflamatórias do hospedeiro através de estimulação do

nervo vago (Borovikova et al., 2000; Tracey, 2002; Bernik et al., 2002; Czura &

Tracey, 2005). Esta via é chamada de colinérgica porque a acetilcolina é o

principal neurotransmissor, e anti-inflamatória porque macrófagos expostos a

esse neurotransmissor são eficientemente inibidos em secretar TNFα, IL-1β,

HMGB1 e uma série de outros mediadores inflamatórios (Figura 5) (Tracey,

2002).

Figura 5: Vias anti-inflamatórias humoral, colinérgica e simpática. (Tracey, 2002)

O nervo vago inerva os principais órgãos do corpo, incluindo os que

fazem parte do sistema retículo-endotelial: fígado, pulmões, baço, rins e

intestino (Figura 6) (Tracey, 2002; Czura & Tracey, 2005). Fibras aferentes

sensoriais vagais, que residem no gânglio nodoso, são capazes de detectar a

inflamação através de suas projeções axonais que estão no sítio da

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inflamação, transmitindo esse sinal para estruturas cerebrais envolvidas na

geração do controle neural da inflamação (Figura 5). As fibras aferentes vagais

chegam ao principal local de terminação: o NTS medular, que recebe

principalmente sinais de inflamação local. Os neurônios do NTS se projetam

para neurônios vagais pré-ganglionares no DMN e NA, que se comunicam com

a área postrema (AP), o qual não possui barreira hemato-encefálica (BBB).

(Pavlov et al., 2003; Pavlov & Tracey, 2005). Projeções bi-direcionais também

ocorrem entre o NTS, o hipotálamo e outras estruturas anteriores do cérebro

dentro da rede central autônoma (Loewy, 1990; Pavlov & Tracey, 2005). A AP e

outros órgãos circunventriculares funcionam como portais para citocinas

circulantes sinalizarem para o cérebro a presença de inflamação periférica

(Buller, 2001 apud Pavlov & Tracey, 2005).

Figura 6: Sistema nervoso parassimpático. Nervo vago inervando órgãos do sistema retículo-endotelial. (Czura & Tracey, 2005)

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Os sinais aferentes transmitidos pelo nervo vago ativam o reflexo

inflamatório resultando em uma estimulação eferente. A acetilcolina liberada

pelas terminações sinápticas vagais dentro do sistema retículo-endotelial é

capaz de interagir especificamente com as AChRα7 de macrófagos, que se

localizam nas proximidades. A interação da acetilcolina com as AChRα7 de

macrófagos ocasiona sua desativação, resultando em inibição de secreção de

citocinas. Sinais inflamatórios, portanto, são capazes de ativar uma resposta

anti-inflamatória que rapidamente previne a produção exacerbada de citocinas

inflamatórias. O controle neural de produção e secreção de citocinas provê

uma importante alternativa para a regulação humoral por ser rápido, integrado,

e não dependente de gradientes de concentração (Czura & Tracey, 2005).

1.4.4 Mecanismos de comunicação e integração do sistema imune e SNC

A inflamação periférica é detectada pelo SNC por meio de dois

importantes mecanismos de comunicação: rota humoral e rota neural. Na rota

humoral, o TNFα e a IL-1β são ativamente transportados através da BBB,

enquanto a IL-1α penetra diretamente no cérebro através dos órgãos

circunventriculares onde a BBB é inexistente ou descontínua, induzindo

cicloxigenase -2 (COX-2) que processa ácido araquidônico e libera

prostaglandina E2 (PGE2). Receptores de PGE localizam-se em áreas

cerebrais que possuem importantes funções na resposta inflamatória periférica

como ativação do eixo HPA, febre e anorexia (Tracey, 2002; Czura & Tracey,

2005). As estruturas do complexo dorsal do nervo vago respondem ao aumento

de TNFα circulante, alterando a atividade do nervo (Tracey, 2002), sendo este

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o meio predominante para a comunicação do sistema imune com o SNC

quando os níveis de citocinas estão bem elevados (Czura and Tracey, 2005).

Na rota neural, mesmo quando os níveis de citocinas ainda estão baixos,

o SNC é capaz de ser informado sobre o estado da inflamação via sinais

neurais aferentes. Esta sinalização é possível devido à inervação vagal nos

órgãos e células do sistema retículo-endotelial. A rota neural da inflamação

funciona em baixos níveis de detecção, e ativa respostas mesmo quando os

agentes inflamatórios estão presentes nos tecidos em níveis não suficientes

para alcançar o cérebro pela circulação sangüínea (Tracey, 2002; Czura &

Tracey, 2005). Alguns pesquisadores já observaram que a secção vagal

impede o surgimento de febre em animais expostos a baixas doses intra-

abdominais de IL-1α ou endotoxina (Watkins et al., 1995; Czura & Tracey,

2005). Ainda não está totalmente claro todo o mecanismo de detecção de

mediadores inflamatórios, mas neurônios do nervo vago expressam tanto o

mRNA quanto o receptor de IL-1α (Goehler et al., 2000; Czura & Tracey, 2005).

Estudos eletrofisiológicos também indicaram que o nervo vago pode ser

ativado por TNFα e outras citocinas, mecanoceptores, quimioceptores,

sensores de temperatura e osmolaridade, o qual podem ser ativados no sítio da

inflamação (Tracey, 2002; Berthoud & Neuhuber, 2000; Czura and Tracey,

2005).

Os sinais aferentes humorais e neurais são processados ao chegar no

cérebro, seguido de respostas humorais e neurais coordenadas adequadas. As

fibras aferentes vagais chegam no NTS e AP, regiões ativadas durante a

inflamação periférica (Tracey, 2002; Czura & Tracey, 2005). Em seguida, há

ativação de neurônios de segunda ordem no NTS via atividade de glutamato

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mudanças internas, produzindo uma resposta integrada enviada aos

neurônios vagais eferentes;

3) a via colinérgica anti-inflamatória é ativada e as fibras nervosas vagais

eferentes encaminham o sinal anti-inflamatório à periferia;

4) a ACh liberada nas terminações dos axônios colinérgicos interage com

as AChRα7 das células imunes (macrófagos), resultando na inibição de

secreção de citocinas pró-inflamatórias e restauração da homeostase

imunológica (Figura 7) (Pavlov and Tracey, 2005).

O mecanismo exato pelo qual a ACh liberada nas terminações vagais

exerce seu efeito nos receptores nicotínicos das células imunes ainda precisa

ser melhor pesquisado. É possível considerar o “modelo de difusão”, onde

teoricamente, a ACh liberada de neurônios colinérgicos se difunde pelo

parênquima dos órgãos do sistema retículo-endotelial antes de interagir com as

AChRα7 das células imunes adjacentes às terminações axonais. Entretanto,

neste modelo há uma limitação: o rápido catabolismo da ACh pela

acetilcolinesterase. Por outro lado, a colina, produto da reação mediada pela

acetilcolinesterase, é um agonista natural específico da AChRα7 (Pavlov &

Tracey, 2005). Torna-se então possível que a colina se difunda das

terminações vagais e ative as AChRα7 das células imunes. Isto porque

anatomicamente, os gânglios vagais parassimpáticos localizam-se muito

próximos ou até mesmo dentro dos órgãos inervados. Isso aumenta a

possibilidade de além dos neurônios pós-ganglionares, os neurônios pré-

ganglionares liberem o “neurotransmissor anti-inflamatório” ACh ou o seu

produto, a colina (Pavlov & Tracey, 2005).

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Figura 7: Órgãos do sistema retículo-endotelial. A ACh liberada pelas terminações vagais é capaz de interagir com as AChRα7 de macrófagos nesses órgãos, inibindo assim a liberação de TNFα, HMGB1, IL-1β e outras citocinas pró-inflamatórias. (Tracey, 2002)

1.5 Metaloproteases de matriz (MMPs)

As metaloproteases (MPs) são uma grande família de enzimas que

possuem um íon de zinco no sítio ativo de seu domínio catalítico. As

metaloproteases de matriz (MMPs) fazem parte de um grupo distinto de MPs,

constituído por pelo menos 26 membros o qual inclui: colagenases,

gelatinases, estromelisinas, metaloproteases de membrana, matrilisinas e

metaloelastases (Chandler, et al., 1996; Mannello et al., 2003; Frederiks &

Mook, 2004). Dos muitos tipos de MMPs, focalizaremos mais a MMP-2 ou

gelatinase A, que possui 72 kDa em humanos e 60 kDa em camundongos, e a

MMP-9 ou gelatinase B, com 92 kDa em humanos e 100 kDa em camundongos

(Kherif, et al., 1999; Frederiks & Mook, 2004). As MMPs são endoproteases

dependentes de Ca+/Zn2+ envolvidas na fisiologia de processos patológicos,

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modulando a degradação e re-síntese da matriz extracelular incluindo a

membrana basal.

As MMPs possuem características semelhantes, incluindo o modo

comum de ativação, seqüência de aminoácidos conservados na região de

ligação do sítio ativo, e inibição por proteases inibidoras específicas conhecidas

como inibidores de metaloproteases de tecidos (TIMPs). A atividade de

degradação das MMPs in vivo é resultado da interação com muitos fatores que

controlam a expressão e ativação das enzimas latentes, interação de enzimas

ativas com inibidores, assim como sua ativação e degradação. A maioria das

MMPs são secretadas como pró enzimas latentes, podendo ser ativadas por

muitos fatores, como outras proteases por exemplo (Kherif, et al., 1999). A

ativação das MMPs se dá por duas etapas: primeiramente, ocorre clivagem

inicial por ativadores como citocinas, hormônios, fatores de crescimento e NO

em uma região exposta no peptídeo, desestabilizando a interação entre o Zn2+

e as cisteínas (Zhang et al., 2003); em seguida ocorre clivagem, geralmente

por outra MMP, liberando o radical amino-terminal da enzima madura (Johnson

et al., 1998), caracterizada pela perda de aproximadamente 10 kDa (Kherif, et

al., 1999) referente à seqüência de 80 aminoácidos que sofreu clivagem. O

balanço entre produção e ativação excessiva de MMPs parece ser uma

característica fundamental da patologia de muitas doenças inflamatórias

(Chandler, et al., 1996; Kherif, et al., 1999).

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1.6 Tecido muscular

1.6.1 Características gerais

O músculo esquelético é um tecido complexo composto por células

multinucleadas que formam fibras inervadas por neurônios motores localizados

no tronco cerebral ou no corno ventral da medula espinhal (Hughes et al.,

2006). A miofibra esquelética tem a função primária de gerar força e induzir

movimento (Kandel et al., 2003). As miofibras se formam da fusão de

precursores de mioblastos durante o desenvolvimento embrionário.

Os músculos esqueléticos são ditos estriados porque possuem à

microscopia de alta resolução estrias ou faixas claras e escuras alternadas. As

faixas escuras são constantes em espessura, já as bandas claras possuem

tendência a se alongarem ou contraírem à medida que o músculo se alonga ou

contrai. Seu controle é voluntário, isto é, o consciente comanda a contração e o

relaxamento. O músculo cardíaco compõe predominantemente a parede

cardíaca e apesar de também ser estriado, não possui contração voluntária. O

músculo liso não apresenta estrias, é de contração involuntária e está presente

em estruturas internas, vasos sangüíneos e cavidades viscerais (Spence et al.,

2002; Kandel et al., 2003; Martin, 2003).

As miofibras fazem ligação com a lâmina basal da matriz extracelular. As

proteínas da lâmina basal se ligam a um complexo de proteínas no sarcolema

que se associam às proteínas do citoesqueleto actina/miosina e aos filamentos

intermediários, definindo as bandas 1, A e sarcômeros individuais da linha Z. A

estriação da miofibra é formada pela repetição de unidades iguais - os

sarcômeros, formados pela região da miofibra compreendida entre duas linhas

Z sucessivas e uma banda A separando duas semibandas 1. Estas são

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constituídas de filamentos de actina e filamentos grossos de miosina dispostos

longitudinalmente (Figura 8). Essa organização é mantida por diversas

proteínas como a desmina, que liga as miofibras umas às outras, e a distrofina,

que liga os filamentos de actina às proteínas integrais da membrana

plasmática. A banda M é uma estrutura transversa que atravessa os filamentos

no centro e provê um perfeito alinhamento da banda A na ativação do

sarcômero (Spence et al., 2002; Martin, 2003).

Figura 8: Representação esquemática do músculo esquelético. (http://3dotstudio.com/prenhall/muscle.jpg)

Os músculos esqueléticos de mamíferos co-expressam diferentes tipos

de miosina e somente um tipo de actina, mostrando que a diversidade entre os

tipos de fibras musculares é primariamente causada pela diferença dos tipos de

miosina. A molécula de miosina é formada por duas cadeias pesadas de

miosina e dois pares regulatórios de cadeia leve. A miosina de cadeia pesada

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(MHC) é uma das principais proteínas sarcoméricas responsáveis pela

diferenciação do mioblasto e tem sido usada como um marcador de

diferenciação muscular, que junto com outras proteínas estruturais, formam as

primeiras estruturas do sarcômero (Fulton & Alftine, 1997; Rafael, 2000; Muller

et al., 2001). No músculo esquelético de mamíferos são encontradas sete

isoformas de MHC, quatro dessas no músculo esquelético adulto e uma

adicional predominando no músculo cardíaco (Weiss & Leinwand, 1996).

O tecido conjuntivo presente no músculo são as fáscias, que circundam

as fibras musculares. O epimísio recobre todo o músculo, o perimísio recobre

os fascículos que são feixes de fibras musculares, e o endomísio envolve

individualmente cada fibra muscular. Essa disposição do tecido conjuntivo

mantém as fibras musculares juntas e permite certa liberdade de movimento

entre elas. Esses revestimentos se prolongam do músculo até o tendão rico em

colágeno, cuja função é fixar o músculo ao osso. O tecido conjuntivo também

está presente revestindo os vasos e nervos que irrigam e inervam os músculos

(Figura 9).

Figura 9: Organização do músculo estriado esquelético. (http://academic.wsc.edu/faculty/jatodd1/351/muscle_gross_anatomy)

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O sistema de proteínas actina/miosina/titina é responsável pela geração

de força das miofibras. Isto envolve um caminho complexo em diferentes

pontos da célula, que incluem a linha Z e a transdução de força via sarcômero,

permitindo a interação com a matriz extracelular e costâmeros. Contudo, a

sinalização também pode ocorrer via tecido conjuntivo endomisial e tendão

(Martin, 2003).

1.6.2 Sinalização na sinapse neuromuscular

O axônio de um neurônio motor perde sua camada de mielina e se

subdivide em múltiplas ramificações ao se aproximar da fibra muscular que irá

inervar (Kandel et al., 2003; Ruff, 2003; Hughes et al., 2006). O conjunto de

fibras musculares que contraem quando um potencial de ação se propaga

através das ramificações axonais de um neurônio é chamado de unidade

muscular, e o conjunto juntamente com seu neurônio motor é chamado de

unidade motora, sendo a menor estrutura contrátil que o sistema nervoso pode

ativar (Figura 10). Essas ramificações formam expansões ou varicosidades

múltiplas conhecidas por botões sinápticos ou também por junções

neuromusculares, situados sobre dobras juncionais e sendo estas estruturas

depressões profundas na superfície da fibra muscular pós-sináptica que

abrigam os receptores nicotínicos de acetilcolina (Figura 11). A conexão

funcional entre um neurônio motor e uma fibra muscular é uma sinapse química

chamada “placa motora” (Figura 12) (Kandel et al., 2003).

Ambas membranas pré e pós-sinápticas são separadas por fendas com

cerca de 100nm de largura, onde o neurônio motor libera seu neurotransmissor

ACh presente em vesículas através de uma região da membrana neuronal

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especializada chamada zona ativa. Cada zona ativa na membrana pré-

sináptica está em oposição a uma dobra juncional na membrana pós-sináptica

(Figura 11) (Kandel et al., 2003). A abundância de moléculas de acetilcolina

liberadas do nervo é um fator que promove uma comunicação consistente com

o músculo. A difusão de acetilcolina pela fenda sináptica após sua liberação é

rápida e constante devido à pequena distância a ser atravessada (Land et al.,

1984; Hughes et al., 2006).

Figura 10: Fotomicrografia de uma unidade motora. (http://www.dmacc.cc.ia.us/instructors/Mtrndpl)

A membrana basal se localiza na fenda sináptica, recobrindo a

membrana muscular e sendo composta por proteínas de matriz extracelular e

por colágeno, sendo este o ancorador da enzima acetilcolinesterase, um rápido

hidrolisador de acetilcolina (Kandel et al., 2003). A ação da acetilcolinesterase

juntamente com a difusão natural da acetilcolina na sinapse finaliza a ação

desta. Já a inibição da atividade da enzima aumenta a ativação dos receptores

nicotínicos e reduz a velocidade de decaimento da corrente induzida pela

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acetilcolina (Katz & Miledi, 1973; McMahan et al., 1978; Hughes et al., 2006).

Isto permite que as fibras musculares respondam prontamente ao próximo

potencial de ação. Vale ressaltar que cada fibra muscular é inervada por

apenas um neurônio motor (Kandel et al., 2003).

Figura 11: Fotomicrografia de um botão sináptico. Setas pretas indicam vesículas neuronais contendo acetilcolina prontas para serem liberadas através de zonas ativas. (http://starklab.slu.edu/neuro/nmj)

Figura 12: Fotomicrografia de uma placa motora. (http://www.bodybuilding.com/fun/peak36a)

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Quando um potencial de ação neural alcança a junção neuromuscular,

ocorre a liberação de acetilcolina na sinapse, que irá ativar os receptores

nicotínicos e canais de sódio voltagem-dependente presentes em alta

densidade no sarcolema da membrana pós-sináptica. A ativação dos

receptores nicotínicos permite a passagem de cátions através de seu poro

central, ocasionando a geração do potencial de ação na fibra muscular e

promovendo dessa forma a sua contração (Hughes et al., 2006).

Para ocorrer uma contração muscular efetiva, é necessário que a

entrada de cátions seja suficiente para elevar o potencial de repouso muscular

de -90mV para -55mV e gerar um potencial de ação que se propague ao longo

da fibra, conduzido pelo sarcolema (Kandel et al., 2003).

1.6.3 Ação muscular

Para alcançar toda a miofibra, o potencial de ação se propaga através

do sistema de túbulos T (“T” de Transverso), o qual começa no sarcolema e

penetra na fibra, causando a liberação do cálcio armazenado no retículo

endoplasmático que se difunde dentro da miofibra. Nos sarcômeros, filamentos

grossos de miosina e finos de actina na proporção de um para seis

respectivamente, deslizam entre si aproximando as bandas Z. Desta forma,

temos a redução do comprimento do sarcômero causando a contração

muscular. O deslizamento entre essas moléculas ocorre devido à presença de

estruturas específicas (“cabeças”) situadas na miosina que podem se ligar à

actina. Quando não há cálcio presente, a miosina não pode se ligar a actina

porque os sítios de ligação desta estão ocupados por outra proteína, a

troponina. Quando ocorre um potencial de ação, o cálcio é liberado e se liga à

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troponina resultando na exposição dos sítios de ligação da actina às “cabeças”

da miosina. Também há alteração na forma da proteína tropomiosina, que

expõe os sítios de ligação da miosina aos da actina. Nesse processo, as

“cabeças” da miosina sofrem uma mudança conformacional que as faz girar,

sendo essa rotação que puxa os filamentos finos de actina, um de cada vez,

como um mecanismo de catraca fazendo o músculo contrair. A contração

continua enquanto o cálcio e o ATP estão disponíveis, sendo uma das funções

do ATP quebrar a ligação entre a miosina e a actina fazendo com que a

miofibra volte ao seu estágio inicial, relaxado. Isso explica a rigidez muscular

cadavérica (ausência de ATP). A quantidade de cálcio liberada pelo retículo

endoplasmático depende da freqüência dos potenciais de ação na fibra

muscular (Kandel et al., 2003). A energia da hidrólise de ATP é convertida em

trabalho mecânico para a contração muscular (Schiaffino & Reggiani, 1996;

Hitomi et al., 2005).

1.7 Modelos animais de distrofinopatia

Alguns animais como o camundongo, gato e o cão são usados como

modelos experimentais da DMD por apresentarem alteração no gene que

codifica a proteína distrofina. Algumas raças de cães, como o labrador golden

retriever, rottweiler, fox terrier, selter e pointer alemão podem também

apresentar deficiência de distrofina (Watchko et al., 2002). A progressão da

doença é acompanhada pelo enfraquecimento e contratura muscular desde os

três meses de idade seguida de morte antes da vida adulta. Nos felinos, a

deficiência de distrofina ocasiona o óbito prematuro devido à hipertrofia da

língua e da parte caudal do diafragma (Watchko et al., 2002). O camundongo

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mdx, um mutante da colônia de C57BL/10ScSn, foi identificado pelos altos

níveis da enzima creatina quinase no soro e lesões histológicas semelhantes a

DMD humana (Bulfield et al., 1984; Nonaka, 1998; Watchko et al., 2002). O

camundongo mdx apresenta uma mutação espontânea no códon terminal do

exon 23 no gene da distrofina (Sicinski et al., 1989), sendo atualmente

considerado o modelo animal mais adequado ao estudo da fisiopatologia da

DMD (Khurana and Davies, 2003). Contudo, os camundongos mdx com 4

semanas apresentam intensa mionecrose e regeneração evidenciada pela

freqüente expressão de fibras com a isoforma da cadeia pesada da miosina

fetal e por fibras com nucleação central (Blake et al., 2002). Essa fase de

degeneração é acompanhada por hipertrofia muscular transitória (Charge &

Rudnicki, 2004) com aumento de fibras com nucleação central e uma

diminuição da expressão da cadeia pesada da miosina fetal (Blake et al.,

2002). Embora ocorra um processo contínuo de degeneração e regeneração

em níveis baixos e relativamente constantes ao longo da vida, os animais

idosos (acima de 15 meses) têm um processo de regeneração defeituoso e

tornam-se extremamente fracos morrendo antes do camundongo do tipo

selvagem (Charge & Rudnicki, 2004).

No diafragma onde a patologia é mais acentuada, ocorre perda de fibra

muscular e alta deposição de colágeno (Coirault et al., 2003). A degeneração

progressiva do diafragma é semelhante à que ocorre nos músculos de

humanos com DMD (Stedman et al, 1991; Coirault et al., 2003), não sendo o

músculo capaz de manter os ciclos repetidos de degeneração e regeneração e

ocorrendo excessiva produção de tecido conjuntivo com progressiva perda de

função e enfraquecimento muscular (Coirault et al., 2003).

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

– Investigar o envolvimento da via colinérgica anti-inflamatória na

regulação da inflamação nas diversas fases da miopatia de camundongos mdx

com distrofia muscular de Duchenne.

2.2 Específicos

1. Analisar a expressão do mRNA e das isoformas protéicas da AChRα7

nas células do microambiente do músculo esquelético nas diferentes fases

da miopatia do camundongo mdx;

2. Analisar a expressão do mRNA do TNFα e de suas isoformas protéicas,

a solúvel (17 kDa) e a membranar (27 kDa) no microambiente do músculo

esquelético nas diferentes fases da miopatia do camundongo mdx;

3. Analisar a dinâmica da expressão das proteínas TNFα solúvel e

AChRα7-2 no microambiente do músculo esquelético nas diferentes fases

da miopatia do camundongo mdx;

4. Analisar a atividade das metaloproteases MMP-2 e MMP-9 e

correlacionar com a expressão de TNFα no microambiente do músculo

esquelético nas diferentes fases da miopatia do camundongo mdx;

5. Correlacionar a expressão das proteínas AChRα7-2, TNFα e atividade

de cada uma das metaloproteases no microambiente do músculo

esquelético nas diferentes fases da miopatia do camundongo mdx;

6. Analisar por imuno-histoquímica a possível existência de co-localização

da proteína AChRα7 em macrófagos de camundongos mdx com S4 e S12

nos sítios com infiltrado inflamatório no músculo esquelético.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Animais

Os camundongos distróficos mdx e C57BL10/J foram mantidos no

Biotério de Patologia Celular do Instituto de Biologia da UFF em gaiolas

plásticas forradas com maravalha de pinus autoclavada, em ambiente

climatizado com temperatura controlada a 21ºC e ciclo de iluminação de 12:12

horas. Em cada gaiola havia no máximo 4 animais da mesma idade, gênero e

sempre da mesma prole, para minimizar o estresse. Os animais receberam

ração Nuvital (Paraná, Brasil), suplementação alimentar semanal com farelo de

trigo e água filtrada em bebedouros com canudo longo. Foi realizado

mensalmente o controle de endo e ectoparasitas, e a cada seis meses os

animais eram vermifugados.

Para a obtenção dos resultados através das técnicas de Western Blot,

RT-PCR, Zimografia e Imuno-histoquímica, foram retirados os músculos

gastrocnêmios de camundongos machos com idades correspondentes ao

período que antecede o desmame (2 semanas) e às principais alterações

histológicas da DMD: predomínio de mionecrose (4 semanas), regeneração (8

e 12 semanas) e fibrose (24 e 48 semanas). Os animais foram anestesiados

com pentobarbital (200mg/kg) e em seguida sacrificados por ruptura da medula

cervical, sendo feita assepsia com solução de álcool iodado e procedida a

retirada dos músculos.

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3.2 Processamento Tecidual

Para a técnica de western blot, os músculos gastrocnêmios dos animais

controle e mdx foram coletados, pesados e homogeneizados (1:5,

peso/volume) em tampão inibidor de protease (Sigma®, EUA) a 4ºC. Após

centrifugação a 12000xG por 15 minutos, as proteínas foram dosadas com

base no método de Bradford. Após estabelecer a mesma concentração de

proteínas para todas as amostras, foram adicionados a elas volumes iguais de

tampão de amostra 3x pH 6,8 (0,173M Tris; 30% glicerol; 3% SDS; 3% β-

mercaptoetanol e 1mg azul de bromofenol), sendo em seguida desnaturadas a

100ºC por 5 minutos.

Para a técnica de zimografia, os músculos gastrocnêmios dos animais

controle e MDX foram coletados e imediatamente congelados em nitrogênio

líquido (-196ºC) para melhor preservação. Os músculos foram pesados e

homogeneizados (1:10, peso/volume) em tampão de extração (100mM Tris-

HCL pH 7,6; 200mM NaCl; 100mM CaCl2 e 1% Triton X-100) a 4ºC. Após

centrifugação a 12000xG por 15 minutos, os sobrenadantes foram divididos em

alíquotas, e a concentração protéica foi determinada através do método de

Lowry.

Para a técnica de imuno-histoquímica, os animais foram anestesiados

com pentobarbital (200mg/kg) e perfundidos rapidamente com solução salina

heparinizada 0,25% para retirar o excesso de sangue existente. Logo após,

foram imediatamente perfundidos com paraformaldeído 4% até 5 minutos após

o surgimento do rigor-mortis, sendo depois perfundidos apenas com solução

salina para retirar o excesso de paraformaldeído. Os músculos gastrocnêmios

foram retirados e pós-fixados sob imersão em paraformaldeído 4% por 6 horas

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a 4ºC. Terminada a pós-fixação, estes foram imersos a 4ºC progressivamente

em soluções de sacarose 10% por 2 horas, 20% por 4 horas e finalmente 30%

por 12 horas, para os tecidos desidratarem devidamente. Após o procedimento

de perfusão e fixação, os músculos foram congelados em OCT por imersão em

nitrogênio líquido. As lâminas foram previamente tratadas com gelatina 0,5% e

depois filmadas com poly-L-lysina (200mg/ml), para os cortes dos músculos

gastrocnêmios feitos em criostato (Leica CM3050 S, Nussloch, ALE) a -22ºC

com a espessura de 10µm aderirem. Vale ressaltar que os cortes tiveram um

espaçamento de 200µm para subseqüente contagem de macrófagos que co-

expressam AChRα7.

3.3 Western Blot

Foram adicionados 50µg ou 20µg de proteína em cada poço dos géis

com 1,5mm de espessura de poliacrilamida (GIBCO, EUA) de 10% ou 12,5%,

para a análise da expressão da AChRα7 e TNFα, respectivamente.

A eletroforese foi realizada juntamente com o seguinte padrão de peso

molecular: Molecular Rainbow Weight Marker™ (Amersham Biosciences, R.U.),

para a separação e identificação futura por peso molecular das proteínas a 90

Volts por um tempo médio de 150 minutos (Power Pac 200 – Bio-Rad, EUA),

sendo em seguida transferidas para membranas PVDF (Hybond™-P,

Amersham Biosciences, R.U.) a 50 Volts por 150 minutos (Power Pac 200 –

Bio-Rad, EUA). Terminada a transferência, as membranas foram bloqueadas

com 5% de leite desnatado, 1% BSA e 1% soro normal de cabra (Sigma®,

EUA) em TBST (tris-buffered saline + 0,05% Tween20) pH 7,4 em temperatura

ambiente sob agitação por 120 minutos. Ao fim do bloqueio, iniciou-se a

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incubação com os anticorpos primários específicos individualmente (Tabela 1),

a 4ºC por 16 horas. Após a lavagem das membranas, foi utilizado o anticorpo

secundário cabra anti-IgG de rato conjugado à peroxidase (Sigma®, EUA) na

diluição de 1:5000 para a marcação do anticorpo anti-AChRα7 em temperatura

ambiente sob agitação por 120 minutos, e streptavidina conjugada à

peroxidase (Extr Avidin®-Peroxidase, Sigma Immuno Chemicals, EUA) para

marcação do anticorpo anti-TNFα biotinilado na diluição de 1:3000, também em

temperatura ambiente e sob agitação por 120 minutos.

As bandas foram detectadas por quimioluminescência com o uso do kit

ECL Plus™ (Amersham Biosciences, R.U.) e subseqüente exposição ao filme

Hyperfilm ECL™ (Amersham Biosciences, R.U.) por 5 minutos.

3.4 Extração de RNA Total

Os músculos esqueléticos gastrocnêmios foram homogeneizados na

proporção de 1ml de Trizol (Invitrogen™, EUA) para 100mg de tecido. A seguir,

as amostras foram centrifugadas a 12.000xG por 10 minutos a 8ºC para

remover o fragmento de tecido não dissolvido no Trizol. Os sobrenadantes

foram retirados e adicionados 200µl de clorofórmio, seguindo-se de uma nova

homogeneização por 15 segundos. Após 2 minutos à temperatura ambiente, a

mistura foi centrifugada a 12000xG por 15 minutos a 8ºC. A fase aquosa foi

coletada e transferida para outro tubo, adicionando-se 500µl de isopropanol. As

soluções foram agitadas e incubadas à temperatura ambiente por 10 minutos

seguindo-se de nova centrifugação a 12000xG por 10 minutos a 8ºC. O pellet

foi lavado com 1ml de etanol 75%, homogeneizado e submetido à nova

centrifugação a 7500xG por 5 minutos a 8ºC. O tubo com o pellet de RNA

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permaneceu aberto na posição horizontal por 5 minutos para secar. Após esta

etapa, o mesmo foi dissolvido em 20µl de água livre de RNAse tratada com

DEPC e incubado por 10 minutos a 55ºC, sendo em seguida imediatamente

estocado a -70ºC.

3.5 Dosagem de RNA

Após a extração do RNA, o mesmo foi diluído (1:200) em água livre de

RNAse (DEPC). A leitura no espectrofotômetro (U-1500, Hitachi Inc., EUA) foi

realizada em luz ultravioleta e com cubeta de quartzo em dois comprimentos de

onda: 260 nm, a fim de medir a concentração de RNA da amostra, e 280 nm,

para medir a concentração de proteína. Em seguida foi realizada a razão

desses valores obtidos nas leituras, sendo esta razão ideal quando maior que

1,8. A partir dos dados da leitura da densidade óptica em 260 nm e da diluição,

foi feito o cálculo da concentração de RNA de cada amostra extraída. Para a

realização da técnica de RT-PCR, calculamos a concentração final de 2µg de

RNA a partir da concentração do RNA de cada amostra.

3.6 Transcrição Reversa do RNA (RT-PCR)

Em um tubo contendo 2µg de RNA após o tratamento com DNAse, foi

adicionado 1µl de DNTP Mix 10mM, 1µl de hexâmero 250ng/ml e água livre de

RNAse, tratada com DEPC para um volume final de 13µl. Os tubos então foram

aquecidos a 65ºC por 5 minutos no termociclador (PCR Express – Thermo

Hybaid), sendo logo em seguida incubados a 4ºC por 2 minutos e adicionado

em cada tubo 7µl do Mix contendo: 4µl de tampão 5x, 1µl de DTT 0,1M, 1µl de

RNAse Out 40 unid./µl e 1µl da enzima Super Script III (Invitrogen™, EUA). As

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amostras foram homogeneizadas e incubadas a 25ºC por 5 minutos, seguidas

de incubação a 50ºC por 60 minutos e logo depois inativadas a 70ºC por 15

minutos, sendo finalmente estocadas a -70ºC.

3.7 PCR

Após a obtenção do cDNA a partir do RT, foi possível realizar o PCR.

Em um tubo foram adicionados 2µl de cDNA. Em outro tubo, foram adicionados

para a produção do mix: 14 µl de água livre de RNAse (DEPC), 2 µl de tampão

IB 10x (PCR-MgCl2), 0.6 µl de MgCl2 50 mM, 0.4 µl de DNTP Mix 10mM, 0.4 µl

de primer F 10mM, 0.4 µl de primer R 10mM e 0.2 µl de TAQ DNA Polymerase

5 U/µl, sendo este tubo agitado e centrifugado rapidamente. O mix foi realizado

com margem de erro equivalente a um tubo, ou seja, com um volume

sobressalente de 18 µl. Os reagentes citados foram adquiridos do fabricante

Invitrogen™, EUA. No tubo com cDNA foram acrescentados 18 µl do mix, para

um volume final de 20 µl.

Foram utilizados primers para AChRα7, TNFα e β-actina (Tabela 2),

sendo este último para controle interno. O RNA com seus respectivos primers

utilizados foram amplificados no termociclador (PCR Express – Thermo Hybaid)

a 35, 30 e 19 ciclos (cc) respectivamente. As temperaturas utilizadas foram:

94ºC por 3 minutos, 65º por 1 minuto, e 72ºC por 1 minuto para a AChRα7;

94ºC por 3 minutos, 62º por 1 minuto, e 72ºC por 1 minuto para o TNFα; e 94ºC

por 3 minutos, 58ºC por 1 minuto, e 72ºC por 1 minuto para a β-actina. A

reação foi completada por um último estágio de inativação a 72ºC por 10

minutos. Ao final, as amostras foram estocadas a -20ºC.

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37

3.8 Eletroforese de RNA

As amostras foram descongeladas e para cada 10 µl de amostra foram

acrescentados 2 µl de azul de bromofenol (0.25% bromophenol blue). As

amostras foram aplicadas em poços do gel de agarose a 1,5 % com brometo

de etídio (10mg/ml) submerso em tampão TAE 1X. A eletroforese foi realizada

juntamente com o padrão de pares de base φX174RF DNA Hae III Fragments

(Invitrogen™, EUA) durante tempo médio de 35 minutos a 80 Volts. Após a

eletroforese, o gel foi fotografado em câmara escura com filme Polaroid 667

ISO 3000/DIN 36 (31/4x41/4in., 8.5x 10.8 cm, Black & White Instant Pack Film).

3.9 Zimografia

A zimografia foi executada para determinar a atividade gelatinase das

metaloproteases (MMP-9, pro -2 e -2 ativa). Os géis de separação de

poliacrilamida 7,5% foram impregnados com gelatina tipo A (2mg/ml) de pele

de porco (Sigma®, St. Louis Mo., EUA), e os géis de entrada foram de

poliacrilamida 4%. A eletroforese foi realizada com a concentração de 60µg de

proteína para cada uma das amostras aplicadas nos géis a 165 Volts por um

tempo médio de 60 minutos (Power Pac 200 – Bio-Rad, EUA).

Em seguida, os géis foram lavados duas vezes por 30 minutos em

solução 2,5% Triton X-100 à temperatura ambiente e incubados por 24 horas

em tampão de desenvolvimento (10mM Tris-HCL, 5mM CaCl2, 1µM ZnCl2) pH

7,5 a 37ºC. Os géis foram corados (30% metanol, 10% ácido acético e 0,5%

Coomassie Brilliant Blue R-250) e depois descorados com a mesma solução

sem o corante. A atividade gelatinase foi detectada por bandas não coradas em

fundo azul, representando áreas de proteolise da proteína substrato (gelatina).

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38

3.10 Ensaio de imuno-histoquímica

3.10.1 Microscopia convencional

As lâminas foram sempre lavadas com PBS 10mM pH 7,4 3 vezes por 5

minutos entre uma etapa e outra. Os cortes primeiramente sofreram inibição da

peroxidase endógena com 3% de peróxido de hidrogênio em PBS por 15

minutos em temperatura ambiente. Em seguida, os cortes foram incubados

com a solução de bloqueio (3% BSA, 5% soro de cabra e 1% glicina) em PBST

(phosphate-buffered saline + 0,05% Twen20) por 2 horas também em

temperatura ambiente. Para a detecção da AChRα7, os cortes foram incubados

com o anticorpo primário apropriado (Tabela 1) diluído em PBS BSA 3% a 4ºC

por 16 horas, sendo depois incubados com o anticorpo secundário cabra anti-

IgG de rato conjugado à biotina (Vector Laboratories, EUA) na diluição de

1:200 em temperatura ambiente por 2 horas. Seguiu-se incubando os cortes

com a solução Vectastain® Elite ABC “Avidina – Biotina – Complex” (Vector

Laboratories, EUA) na diluição de 1:50 de ambos reagentes A e B em PBS por

1 hora em temperatura ambiente. Após nova série de lavagens, os cortes foram

incubados em TBS pH 7,6 por 5 minutos objetivando equilibrar o pH para a

próxima etapa. Os cortes foram revelados com o uso do Vector® SG Substrate

Kit for Peroxidase (Vector Laboratories, EUA) na seguinte diluição: 1 gota de

SG + 1 gota de H2O2 para cada 1,67 ml de PBS, expostos por 5 minutos em

câmara escura. Para a detecção da proteína F4/80, um excelente marcador de

macrófagos, em outros cortes seguiu-se incubando com o anticorpo primário

apropriado (Tabela 1) em temperatura ambiente por 2 horas. Em seguida, os

cortes foram incubados com streptavidina conjugada à peroxidase (Extr

Avidin®-Peroxidase, Sigma Immuno Chemicals, EUA) para marcação do

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39

anticorpo anti-F4/80 biotinilado na diluição de 1:200 em temperatura ambiente

por 1 hora. Após nova série de lavagens, os cortes foram incubados em

tampão acetato pH 5,2 por 5 minutos objetivando equilibrar o pH para a

próxima etapa. Os cortes foram revelados com solução AEC 5% H2O2 0,5% em

tampão acetato expostos por 5 minutos em câmara escura. Em seguida, os

cortes foram contra-corados com Hematoxilina de Mayer por 2 minutos para

visualização de núcleos.

As imagens foram adquiridas através de câmera digital acoplada em

microscópio óptico com objetivas de 20x e 40x (Zeiss, ALE).

3.10.2 Microscopia de fluorescência

As lâminas foram sempre lavadas 3 vezes por 5 minutos entre as etapas

com PBS 10mM pH 7,4. Os cortes foram incubados com a solução de bloqueio

(3% BSA, 5% soro de cabra e 1% glicina) em PBST por 2 horas em

temperatura ambiente. Para a detecção da AChRα7, os cortes foram incubados

com o anticorpo primário apropriado (Tabela 1) a 4ºC por 16 horas, sendo

depois incubados com o anticorpo secundário cabra anti-IgG de rato conjugado

à fluoresceína – FITC (Gibco BRL) na diluição de 1:250 a 37ºC por 2 horas.

Para a detecção nesses mesmos cortes da proteína F4/80, seguiu-se

incubando com o anticorpo primário apropriado (Tabela 1) em temperatura

ambiente por 2 horas. Em seguida, os cortes foram incubados com

streptavidina conjugada – Cy3™ (Jackson Immuno Research) juntamente com

TOPRO-3 (Molecular probes, EUA), este último objetivando contra-corar

núcleos celulares, ambos na diluição de 1:1000 em temperatura ambiente por 1

hora.

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40

Os sinais fluorescentes emitidos dos marcadores de macrófagos e

AChRα7 foram detectados usando microscópio confocal Zeiss LSM510 META

(Zeiss, ALE). Foram quantificados 3 campos aleatórios de infiltrado inflamatório

de cada um dos 4 cortes de músculo oriundos de 3 animais mdx diferentes,

sendo depois analisados para co-localização através do programa AxioVert

(Zeiss, ALE).

Tabela 1 Anticorpos primários usados para imunodeteccção

Ac / Clone Tipo Western blot titulação

Imuno-histoquímica titulação Origem

AChRα7 / 319 Rato monoclonal 1:400 1:250 Covance Inc., EUA.

TNF / MP6-XT3 Rato monoclonal Biotinilado 1:3000 - BD Pharmingen™,

EUA.

β-Actina / I -19 Cabra policlonal HRP 1:1000 - Santa Cruz Inc.,

EUA. F4/80 / A3-1 C57BL

Rato monoclonal Biotinilado - 1:40 Serotec Ltda.,

ING.

Tabela 2 Seqüência de oligonucleotídeos utilizados

Primer Forward Reverse Origem

AChRα7 5’-CGC TGG TTC CCT TTT GAT GTG-3’

5’-ATG GTG CTG GCG AAG TAT TGT-3’ Invitrogen, BRA.

TNFα 5’-GGC AGG TCT ACT TTG GAG TCA TTG C-3’

5’-ACA TTC GAG GCT CCA GTG AAT TCG-3’ Invitrogen, BRA.

β-Actina 5’-AGC TGA GAG GGA AAT CGT GC-3’

5’-GAT GGA GGG GCC GGA CTC AT-3' Invitrogen, BRA.

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41

3.12 Análise Quantitativa

A análise quantitativa por densitometria óptica foi realizada utilizando o

programa de análise de imagem Scion Program (National Institutes of Health,

Image Program, USA) para as técnicas de western blotting, RT-PCR e

zimografia. A análise quantitativa para co-localização foi realizada utilizando o

programa AxioVert (Zeiss, ALE).

3.13 Análise Estatística

Microsoft Excel software (Microsoft, Seattle, WA) foi utilizado para

calcular médias e desvios padrões. O teste t de Student´s foi aplicado para

calcular a significância dos resultados.

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42

4 RESULTADOS

4.1 Ensaios de Western Blot

4.1.1 Expressão da AChRα7 no músculo esquelético

Observamos através da técnica de western blot a existência de duas

isoformas da proteína AChRα7. A primeira marcação correspondia a um peso

molecular em torno de 45kDa e a segunda em torno de 30kDa.

Segundo Herber e colaboradores (2004), estas marcações encontradas

em tecido cerebral de camundongos pelo ensaio de western blot poderiam ser

inespecíficas. Entretanto, Severance e colaboradores (2004) mostraram ter

encontrado uma nova isoforma da proteína em neurônios centrais e periféricos

de ratos oriunda da ocorrência de uma clivagem alternativa, havendo inclusão

de um novo exon entre os exons 4 e 5 próximo à região N-terminal, chamado

portanto de exon 4a. Relatam também que a seqüência do exon 4a de ratos

possui 85% de homologia com o intron 4 do gene da AChRα7 de

camundongos, de acordo com a detecção de uma nova isoforma da AChRα7

no cérebro de camundongos em estudos preliminares do grupo. Esta nova

isoforma derivada da inclusão do novo exon 4a foi chamada de AChRα7-2,

formando αBgtx-AChR homopentaméricos funcionais e possuindo diferentes e

peculiares propriedades biofísicas e farmacológicas da proteína AChRα7

clássica (AChRα7-1) quando expressas em ovócitos.

Comparada com a isoforma AChRα7-1, a AChRα7-2 descrita por

Severance e colaboradores é capaz de se dessensibilizar mais lentamente,

possui maior afinidade à ACh e liga-se à αBgtx rapidamente e de maneira

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reversível. Por isso, esta nova isoforma AChRα7-2 é capaz de permear uma

quantidade muito maior de íons Ca+ do que a isoforma clássica.

Por outro lado, Saragoza e colaboradores (2003) também descreveram

uma nova isoforma da proteína AChRα7 (AChRα7-2), mas dessa vez em

camundongos, produto de clivagem alternativa do intron 9, resultando na

inserção de um novo exon entre os exons 9 e 10, chamado exon 9b. Com base

na possível estrutura desta nova isoforma, a proteína codificada pelo seu

mRNA deve ser truncada logo após a terceira região transmembranar (M3),

perdendo a alça intracelular e a quarta região transmembranar (M4). Contudo,

a ocorrência deste fato ocasiona em não-tradução de parte da proteína

AChRα7-2 do camundongo, mais especificamente dos aminoácidos oriundos

de parte do exon 9 e exon 10.

Esses resultados justificam as duas marcações encontradas pelo ensaio

de western blot neste trabalho. Utilizamos o anticorpo monoclonal mAb319

para detectar a AChRα7 que acabou por reconhecer duas isoformas da

proteína. Isto se deve ao anticorpo reconhecer a seqüência de aminoácidos

365-384 relativos ao último exon, exon 10, sendo a inclusão do exon 4a

ocorrida entre os exons 4 e 5. A inclusão do exon 4a fará com que um número

maior de aminoácidos seja traduzido sem alterar a região de reconhecimento

do anticorpo, havendo também produção de uma proteína maior e mais pesada

(em kDa). Portanto, há o reconhecimento de duas isoformas da AChRα7 pelo

mAb319. A AChRα7-2 o qual detectamos não deve ser a descrita por Saragoza

e colaboradores, devido a proteína descrita por esses autores não possuir os

aminoácidos oriundos do exon 10. Dessa forma, o anticorpo mAb319 não seria

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44

capaz de reconhecer esta nova isoforma. Portanto, a nova isoforma descrita

por Severance e colaboradores é a que mais se enquadra com nossos dados.

Observamos através da técnica de western blot que não houve diferença

significativa na expressão da AChRα7-1 entre os camundongos controle e mdx

em nenhuma das idades analisadas, diferente do ocorrido com a AChRα7-2.

A expressão da AChRα7-2 do grupo controle possui uma tendência

linear, diferente do ocorrido com os camundongos mdx. O camundongo mdx

com S2, quando comparado ao grupo controle (C57) de mesma idade, não

apresentou diferença significativa na expressão da AChRα7-2. Contudo, o mdx

com S4 de idade mostrou aumento significativo de 68,8% (±12%, p<0,05) em

comparação ao respectivo controle, sem diferença significativa em relação ao

mdx com S2. Não encontramos diferença significativa entre os grupos com S8

de idade, embora tenha havido significância entre o mdx de S8 e S2 (p<0,005).

Em S12 podemos observar o pico máximo de expressão da AChRα7-2 no

camundongo mdx, correspondendo a um aumento significativo de 56% (±8%,

p<0,005) comparado ao respectivo controle. Como a idade de S12 do mdx

correspondeu ao pico máximo de expressão da AChRα7-2, observamos então

na idade de S24 uma acentuada e progressiva queda, mas ainda assim com

aumento significativo de 30% (±13%, p<0,05) quando comparado ao respectivo

controle. Finalmente, quando o camundongo mdx completou S48 de vida,

apresentou queda na expressão, com redução significativa de 25% (±8%,

p<0,05%) em comparação ao respectivo controle. Observamos também que no

camundongo mdx com S48 de idade, a expressão da AChRα7-2 era parecida à

encontrada na idade de S2 (Figura 13).

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45

Comparando a expressão da AChRα7-2 dos camundongos mdx de S4

com os de S12, sendo essa última idade correspondente ao pico máximo de

sua expressão, observamos que houve um aumento marcante de 74% (±8%,

p<0,005). Já os camundongos mdx com S48 de idade apresentaram redução

na expressão da AChRα7-2 de 50% (±8%, p<0,005) quando comparados aos

camundongos mdx de S12 (Figura 13). Os controles negativos foram

realizados com êxito.

______ ______ ______ ______ ______ ______ S2 S8 S24S4 S12 S48 _______

Expressão da AChR

0

30

60

90

120

2s 4s 8s 12s 24s 48s

Idade (semanas)

Uni

dade

Arb

itrár

ia

C57

MDX

Figura 13: Expressão da AChRα7-2 no músculo esquelético. Western blot (A) e respectiva quantificação (B) de camundongos controle C57 e mdx em diferentes fases da miopatia inflamatória. Cada ponto representa média e respectivo desvio padrão de 3 camundongos por grupo e idade. A análise estatística foi baseada no teste t de Student, onde: ∗ p<0,05 e ∗∗ p<0,005.

C M _______ C M _______ C M _______ C M _______ _______ C M C M

α7-2A

α7-1

∗∗

∗ ∗

∗∗

α7-2

B

∗∗

S2 S4 S8 S12 S24 S48

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46

4.1.2 Expressão de TNFα no músculo esquelético de camundongos mdx

Análise da expressão de TNFα por western blot nos camundongos mdx

teve como objetivo pesquisar um dos principais indicadores de inflamação

local. Os resultados mostraram a existência de duas isoformas de TNFα.

Dados da literatura mostram que a isoforma de 27kDa é encontrada na

membrana celular de inúmeras células, correspondendo ao TNFα membranar

ou forma não-clivada, envolvida na indução de inflamação por contato célula-

célula. A segunda possui 17 kDa, sendo produto da clivagem de enzimas como

por exemplo, a MMP-9, possui capacidade maior de induzir inflamação devido

a sua solubilidade, sendo portanto um indicador de inflamação mais eficiente

(Figura 14 A).

Nos camundongos mdx com S2, o TNFα solúvel (17kDa) estava menos

expresso 47% (±13,5%, p<0,005) que a forma não-clivada (27kDa). Já na idade

de S4, a forma não-clivada diminuiu enquanto que a forma solúvel aumentou

significativamente 48% (±5,5%, p<0,05), porém sem diferença significativa

entre as duas formas nesta idade. Quando comparados o TNFα solúvel das

idades de S4 e S12, observamos queda marcante e significativa de 61% (±5%,

p<0,0005) em sua expressão, sendo que a forma solúvel já se encontrava

menos expressa que a não-clivada na idade de S8 em 32% (±5%, p<0,05) e na

idade de S12 em 42% (±5%, p<0,05). A expressão de TNFα solúvel continuou

a decrescer até a idade de S24, o qual já era significativamente menos

expressa que a forma não clivada em 55% (±2%, p<0,0005). Esta diferença

diminuiu em 28% (±8%, p<0,05) quando os camundongos possuíam S48, onde

a forma não-clivada teve uma forte queda enquanto que a forma solúvel

aumentou discretamente (Figura 14 B).

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Notamos também que na maioria das idades, enquanto uma das formas

do TNFα aumentava, a outra diminuía, salvo em S8, o qual ambas reduziram

(Figura 14). O C57 com S4 mostrou marcação muito fraca para o TNFα

membranar e solúvel. Os controles negativos foram realizados com êxito.

_____ __________ _____ _____ _____ S2 S48 S4 S8 S12 S24

27kDaAMDX

17kDa

Expressão da proteína TNF

0

25

50

75

100

2s 4s 8s 12s 24s 48s

Idade (semanas)

Uni

dade

Arb

itrár

ia

TNF 27 kDa

TNF 17 kDa

α

B αα

∗∗∗

∗∗

∗∗

∗∗∗

S2 S4 S8 S12 S24 S48

Figura 14: Expressão de TNFα no músculo esquelético de camundongos mdx. Western blot (A) e respectiva quantificação (B) em diferentes fases da miopatia inflamatória. Cada ponto representa média e respectivo desvio padrão de 3 camundongos por idade. A análise estatística foi baseada no teste t de Student, onde: ∗ p<0,05, ∗∗ p<0,005 e ∗∗∗ p<0,0005.

4.1.3 Expressão de β-Actina no músculo esquelético

A marcação da proteína β-actina foi realizada pela técnica de western

blot para fins de controle de carregamento, objetivando igualar a quantidade de

proteína de todas as amostras dos dois grupos estudados (Figura 15).

______ ______ ______ ______ ______ ______ S2 S8 S24S4 S12 S48 ________

Figura 15: Expressão da proteína β-actina no músculo esquelético.

C M ________ C M ________ C M ________ C M ________ ________ C M C M

43kDa

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4.1.4 Relação entre as isoformas solúvel e membranar da proteína TNFα

Com a finalidade de analisar por western blot durante as diversas fases

da miopatia inflamatória a dinâmica de expressão do TNFα solúvel, foi

idealizada uma fórmula para obtenção de um fator (razão).

Fator = TNFα 17kDa ÷ TNFα 27kDa

Observamos que, quando comparados aos camundongos mdx com S2,

os mdx com S4 apresentaram aumento significativo de 70% (±19%, p<0,05) de

TNFα solúvel em relação ao TNFα não-clivado. Os camundongos mdx com

S12 mostravam uma redução marcante de 35,5% (±10%, p<0,05) em

comparação ao mdx com S4 no pico de mionecrose. A expressão de TNFα

solúvel em relação ao TNFα não-clivado quando os camundongos

apresentavam S12 de vida era semelhante ao mdx com S2, mesmo após o

forte aumento encontrado quando os camundongos possuíam S4 de idade. A

diminuição na expressão do TNFα solúvel ainda era percebida nos mdx de S24

(p<0,0005), entretanto, quando apresentavam S48, mostravam aumento

marcante de 62% (±18%, p<0,05) em comparação à idade de S24 (Figura 16).

Todas as idades analisadas apresentaram resultados significativos,

salvo em S4, devido ao fato de não haver diferença significativa entre o TNFα

não-clivado e o solúvel nesta idade (Figura 16), como mostrado e citado

anteriormente no gráfico “Expressão da proteína TNFα” (Figura 14 B).

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Relação TNF solúvel e membranar

0,0

0,4

0,8

1,2

1,6

s 2s 4s s

Idade (semanas)

TNF

olúv

el /

mem

bran

arα

MDX∗∗

∗∗

∗∗∗∗

∗∗∗

s

α

2sS2 4sS4 8S8 1S12 2S24 48S48

Figura 16: Relação entre a expressão muscular de TNFα solúvel e membranar. Análise por western blot em diferentes fases da miopatia inflamatória, onde cada ponto representa média e respectivo desvio padrão de 3 camundongos por idade. A análise estatística foi baseada no teste t de Student, onde: ∗ p<0,05, ∗∗ p<0,005 e ∗∗∗ p<0,0005.

4.1.5 Relação entre as proteínas AChRα7-2 e TNFα solúvel

Com a finalidade de analisar por western blot ao longo das diversas

fases da miopatia inflamatória a dinâmica de expressão da AChRα7-2,

seguimos efetuando a razão com o TNFα solúvel para obtermos um fator

(razão).

Fator = AChRα7-2 ÷ TNF 17kDa

Inicialmente, observamos que não houve diferença significativa na

expressão da AChRα7-2 em relação ao TNFα solúvel entre os camundongos

mdx com S4 e os com S2. Os mdx com S8 de idade já apresentavam aumento

significativo (p<0,0005). Entretanto, o ápice na expressão da AChRα7-2 foi

atingido nos mdx com S12, que apresentaram aumento significativo de 263%

(±4%, p<0,0005) quando comparado aos mdx com S4. A idade do mdx com

S12 correspondeu ao pico máximo de expressão da AChRα7-2 em relação à

inflamação. Foi observado então uma progressiva queda de 40% (±16%,

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50

p<0,0005) em sua expressão até a idade de S48. Ainda assim, a expressão da

AChRα7-2 em relação à inflamação na idade de S24 era significativa

(p<0,0005) e parecida com a encontrada na idade de S8. Todas as idades

analisadas apresentaram resultados significativos em relação ao fator obtido

anteriormente (Figura 17).

Relação AChR

eα7-2 TNF

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51

mdx com S24 ainda apresenta este padrão de progressiva redução de TNFα

solúvel, mas já com diminuição na expressão da AChRα7-2. Quando chegam à

idade de S48, a expressão de TNFα solúvel aumenta enquanto que a AChRα7-

2 diminui, reduzindo a discrepância antes citada (Figura 21).

Equilíbrio entre TNF

sα olúvel e AChR em camundongos mdx

0

4

8

12

8s

Idade (semanas)

Uni

dade

Arb

itrár

ia

α7-2

TNF

AChRα

α7-2

2sS2 4sS4 8sS8 12sS12 24sS24 4S48

Figura 18: Equilíbrio entre a expressão muscular de TNFα solúvel e AChRα7-2. Análise por western blot em diferentes fases da miopatia inflamatória, onde cada ponto representa média e respectivo desvio padrão de 3 camundongos por idade.

4.2 Ensaios de RT-PCR

4.2.1 Expressão de mRNA da proteína AChRα7 no músculo esquelético

A fim de investigar a expressão de mRNA da proteína AChRα7 em

ambos os grupos, utilizamos a técnica de RT-PCR. Observamos a presença de

apenas uma marcação para o mRNA, ao contrário da proteína, que mostrou a

presença de duas isoformas, sugerindo alteração apenas na tradução protéica.

Nossos resultados mostraram que o mdx com S2, quando comparado ao grupo

controle de mesma idade, não apresentou diferença significativa, além de

possuir baixa variação entre as amostras. Contudo, quando o camundongo

mdx apresentava S4, mostrava aumento significativo de 110% (±23%, p<0,05)

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na expressão de mRNA da AChRα7 comparado ao grupo controle de mesma

idade, e aumento marcante de 187,5% (±23%, p<0,05) quando comparado ao

mdx com S2. Por outro lado, quando os mdx completaram S8, passaram a

expressar menos mRNA da AChRα7 em 67% (±20%, p<0,005) quando

comparados ao grupo controle de mesma idade, e significativa redução na

expressão em 200% (±20%, p<0,05) quando comparados aos mdx com S4.

Não houve diferença significativa nas idades de S12 e S24, mas sim uma

tendência a aumento nos animais mdx, devido ao aumento significativo em S48

de 89% (±14%, p<0,05) em comparação com o respectivo grupo controle

(Figura 18). Os controles negativos foram realizados com êxito.

Expressão de mRNA da AChR

0,0

0,5

1,0

1,5

2s 4s 8s 12s 24s 48s

Idade (semanas)

Uni

dade

Arb

itrár

ia

C57

MDX

Figura 19: Expressão de mRNA da proteína AChRα7 no músculo esquelético. RT-PCR (A) e respectiva quantificação (B) de camundongos controle C57 e mdx em diferentes fases da miopatia inflamatória. Cada ponto representa média e respectivo desvio padrão de 3 camundongos por grupo e idade. A análise estatística foi baseada no teste t de Student, onde: ∗ p<0,05 e ∗∗ p<0,005.

______ ____ S2 C M CN ______

____ S4C M ______

____ S8C M ______

____ S12C M ______

____ S24 C M ______

____ S48 C M A

603bp

310bp

α7

B ∗

∗∗∗

S2 S4 S8 S12 S24 S48

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53

4.2.2 Expressão de mRNA da proteína TNFα no músculo esquelético

A fim de investigar a expressão de mRNA da proteína TNFα nos

camundongos mdx e no grupo controle, foi utilizada a técnica de RT-PCR.

Nossos resultados mostraram que os camundongos mdx com S2, quando

comparados ao grupo controle de mesma idade, não apresentaram diferença

significativa além de possuírem baixa variação entre as amostras. Todavia,

quando os camundongos mdx apresentavam S4, era evidente o aumento

significativo de 355% (±13%, p<0,005) na expressão de mRNA do TNFα

comparados ao grupo controle de mesma idade, e forte aumento de 268%

(±13%, p<0,005) quando comparados aos camundongos mdx com S2.

Entretanto, quando os camundongos mdx completaram S8, passaram a

expressar menos mRNA do TNFα em 43% (±11%, p<0,05) comparados aos

mdx com S4. Não foi evidente diferença significativa nas idades de S8, S12 e

S24 dos camundongos mdx em comparação aos respectivos grupos controles.

Entretanto, podemos visualizar uma tendência a aumento o qual culmina em

S48 de 805% (±12%, p<0,0005) em comparação com seu respectivo grupo

controle (Figura 19). Os controles negativos foram realizados com êxito.

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55

4.3 Atividade de metaloproteases no músculo esquelético

As MMPs são secretadas de forma latente e requerem clivagem do NH2

terminal para se tornarem ativas. A exposição de pró-enzimas dos extratos de

tecidos ao SDS durante a eletroforese leva à ativação sem clivagem

proteolítica.

Utilizamos a técnica de zimografia a fim de investigar a atividade da

MMP-9 (100kDa), pro-MMP-2 (60kDa) e a forma ativa da MMP-2 (55kDa) em

ambos os grupos. Não foi observada atividade da MMP-9 em nenhuma das

idades analisadas do grupo controle, assim como nos camundongos mdx com

S2. Os camundongos mdx com S4 apresentaram atividade marcante e

significativa da MMP-9 (p<0,05), seguido de redução de 54% (±17%) na idade

de S8 (p<0,0005). Quando a atividade da MMP-9 foi comparada entre as

idades de S4 e S12 (p<0,0005), observamos significativa redução de 87%

(±14%, p<0,05). Os mdx com S24 e S48 não apresentaram atividade da MMP-

9 detectável pelo ensaio.

A análise da atividade da pro-MMP-2 mostrou que ambos os grupos com

S2 não apresentaram diferença significativa entre si. Enquanto o grupo controle

manteve sua atividade até a idade de S4, os camundongos mdx apresentaram

forte aumento de 159% (±10%, p<0,005), tanto quando comparado ao grupo

controle de mesma idade, quanto comparado aos mdx com S2. A idade de S4

é correspondente ao seu pico máximo de atividade. Comparando os

camundongos mdx com o grupo controle, na idade de S8 observamos aumento

na atividade da pro-MMP-2 de 289% (±16%, p<0,0005) e na idade de S12

aumento de 242% (±9%, p<0,005). Não encontramos diferença significativa

entre os grupos com S24 de idade. Entretanto, os camundongos mdx com S48

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56

apresentaram aumento na atividade da pro-MMP-2 de 257% (±28,5%, p<0,05)

comparado ao grupo controle de mesma idade. Comparando a atividade da

pro-MMP-2 entre os mdx com S4 e os com S12, observamos que houve

marcante redução de 51% (±9%, p<0,005). Notamos também que o grupo

controle tende a seguir uma constância na atividade da pro-MMP-2 enquanto

nos camundongos mdx essa constância é restrita às idades de S24 e S48.

A análise da atividade da forma ativa da MMP-2 mostrou não haver

diferença significativa entre os grupos com S2, da mesma maneira que ocorre

na análise das MMP-9 e pro-MMP-2. O grupo controle ao chegar à idade de S4

não mostrou nenhuma atividade desta MMP, assim como todas as outras

idades posteriores analisadas. O mdx com S4 apresentou aumento significativo

na atividade da forma ativa da MMP-2 (p<0,0005) quando comparado ao

respectivo controle, embora em comparação ao mdx com S2 foi observado

forte redução de sua atividade em 73% (±17%, p<0,05). Quando a atividade da

forma ativa da MMP-2 foi comparada entre as idades de S4 e S12 (p<0,05) dos

camundongos mdx, passando por S8 (p<0,0005), observamos forte e

significativo aumento de 730% (±20%, p<0,005). As idades de S24 e S48 não

apresentam nenhuma atividade da forma ativa da MMP-2 (Figura 22 e 23).

_____ _____ _____ _____ _____ _____ S4 S8 S12 S24 S48 S2 _______ _______

Figura 22: Atividade de metaloproteases no músculo esquelético. Zimogramas de músculo esquelético de camundongos controle C57 e mdx em diferentes fases da miopatia inflamatória.

_______ C M C M C M _______ _______ _______ C M C M C M

MMP-9

pro-MMP-2 MMP-2 ativa

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57

At

ividade da MMP-9

A

0

1000

2000

3000

Idade (semanas)

Uni

dade

Arb

itrár

ia

C57

MDX

2sS2 4sS4 8sS8 12sS12 24sS24 48sS48

Atividade da pró MMP-2

0

4000

8000

12000

2sS2 4sS4 8sS8 12sS12 24sS24 48sS48Idade (semanas)

Uni

dade

Arb

itrár

ia

C57

MDX

Atividade da MMP-2 Ativa

0

400

800

1200

2sS2 4sS4 8sS8 12sS12 24sS24 48sS48Idade (semanas)

Uni

dade

Arb

itrár

ia

C57

MDX

∗∗∗

∗∗∗

∗∗∗

∗∗∗

∗∗

∗∗

∗∗

∗∗

∗∗ ∗

∗∗∗

B

C

Figura 23: Atividade das MMP -9 (A), pro -2 (B) e -2 ativa (C) no músculo esquelético. Cada ponto representa média e respectivo desvio padrão de no mínimo 3 camundongos por grupo e idade. As idades de S2 e S8 de ambos os grupos correspondem a n=4 e n=6 respectivamente. A análise estatística foi baseada no teste t de Student, onde: ∗ p<0,05, ∗∗ p<0,005 e ∗∗∗ p<0,0005.

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4.4 Análise Imuno-histoquímica

4.4.1 Microscopia convencional

Objetivando investigar nos camundongos mdx de S12 a localização da

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4.4.2 Microscopia de fluorescência

Objetivando investigar nos camundongos mdx com S4 e S12 a possível

existência de co-localização da proteína AChRα7 em macrófagos nos sítios de

infiltrado inflamatório, e quantificar o número de células duplamente marcadas,

foi utilizada a técnica de Imuno-histoquímica de fluorescência.

Observamos que houve co-localização da AChRα7 em determinados

macrófagos localizados nos sítios inflamatórios, principalmente em S12

(Figuras 26 e 27), variando em quantidade numérica em comparação com S4.

Quando comparados aos camundongos mdx com S4, os camundongos mdx

com S12 apresentaram aumento marcante e significativo de 908% (±23%,

p<0,0005) no número de macrófagos que expressavam a proteína AChRα7

(Figura 25). O infiltrado inflamatório em S12 continua extenso, como podemos

observar em imagens menos amplificadas (Figura 26). Os respectivos controles

negativos foram realizados com êxito.

Macrófagos expressando AChR

0

1

2

3

4

Núm

ero

de c

élul

as (x

10-3

α7

/ µ m

2 ) 4 semanas

12 semanas∗∗∗

Figura 25: Co-localização de F4/80 e AChRα7 no infiltrado inflamatório. Quantificação do número de macrófagos expressando AChRα7 de camundongos mdx em duas fases distintas da miopatia inflamatória: inflamatória (S4) e regenerativa (S12). A análise estatística foi baseada no teste t de Student, onde: ∗∗∗ p<0,0005.

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60

A AChRα7 B TOPRO

C F4/80 D Merge

Figura 26: Imunohistoquímica de fluorescência amplificada 20x de mdx com S12.

E Merge F

H I

G

Referente ao infiltrado inflamatório do músculo esquelético, onde: (A) Marcação da AChRα7, (B) TOPRO, (C) F4/80 e (D) sobreposição. (E) Visualização de outro campo com sobreposição de imagens. Setas brancas em (D) indicando imagens detalhadas em (F) e (G). Setas brancas em (E) indicando imagens detalhadas em (H) e (I). Escala: 50 µm.

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A B TOPROAChRα7

C F4/80 D Merge

Figura 27: Imunohistoquímica de fluorescência amplificada 40x de mdx com S12.

F

H I

GE Merge

Referente ao infiltrado inflamatório do músculo esquelético, onde: (A) Marcação da AChRα7, (B) TOPRO, (C) F4/80 e (D) sobreposição. (E) Visualização de outro campo com sobreposição de imagens. Setas brancas em (D) indicando imagens detalhadas em (F) e (G). Setas brancas em (E) indicando imagens detalhadas em (H) e (I). Escala: 20 µm.

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63

imunes. Passado este estágio inicial, os níveis de MMP-9 diminuem e a MMP-2

atinge o auge de sua expressão, talvez pela necessidade da degradação do

colágeno tipo IV e outros componentes da membrana basal para a estimulação

de células satélites, via fatores de crescimento que são liberados durante o

processo. As metaloproteases por muito tempo foram consideradas moléculas

pró-inflamatórias, porém atualmente são consideradas imunomoduladoras,

atuando de diferentes maneiras dependendo do contexto fisiológico no qual

estão inseridas, em uma tentativa de retornar à homeostase (Kherif, et al.,

1999). Portanto, as MMPs são importantes e potenciais alvos terapêuticos

(Frederiks & Mook, 2004), bem como o uso de inibidores de MMPs, que já

mostraram eficácia em modelos de câncer e doenças inflamatórias agudas e

crônicas (Chandler, et al., 1997).

Várias técnicas são utilizadas para determinar a presença de proteases

nos tecidos, onde o RT-PCR e o northern blot são utilizados para quantificar

mRNA nos extratos de tecidos, enquanto que a hibridização é utilizada para

localizar mRNA em preparados de células ou em cortes teciduais. Entretanto, a

atividade transcricional não necessariamente reflete na quantidade e atividade

do produto proteína. As técnicas de western blot e imunohistoquímica são

utilizadas para determinar o nível de expressão e localização das proteases,

mas não para se obter informações sobre sua atividade, devido ao fato de

serem sintetizadas em uma forma pró-inativa que requer processamento

proteolítico para ativação. A zimografia é uma técnica simples, sensível e

confiável para a análise da atividade proteolítica em células e extratos de

tecidos. As MMPs possuem a capacidade de renaturação após a remoção do

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SDS e exercer atividade proteolítica em substratos polimerizados, sendo

portanto analisadas por este método (Frederiks & Mook, 2004).

Existem fortes evidências de que as respostas inflamatórias em vários

tecidos possam ser influenciadas tanto pela ACh secretada pelo nervo vago

(Borovikova et al., 2000; Tracey, 2002; Bernik et al., 2002; Wang et al., 2003;

Saeed et al., 2005; Czura & Tracey 2005) quanto pela ACh secretada por

outras células não-neuronais, como células epiteliais e endoteliais (Tracey,

2002; Czura & Tracey, 2005). Os autores supracitados concordam com a

existência de um mecanismo eferente vagal chamado via colinérgica anti-

inflamatória, no qual a ACh é capaz de inibir a secreção de citocinas

inflamatórias em macrófagos localizados em tecidos acometidos.

Borovikova e colaboradores (2000) validaram essa teoria através de

alguns experimentos, mostrando que: a ACh é capaz de se ligar aos AChRs de

macrófagos residentes, e essa interação inibe a síntese de TNFα a nível pós-

transcricional. A ACh inibe a secreção especificamente de citocinas pró-

inflamatórias, sem alterar a liberação da citocina anti-inflamatória IL-10. Além

disso, ratos vagotomizados ficavam mais sensíveis ao LPS produzindo

significativamente mais TNFα e se tornando mais susceptíveis à hipotensão,

porém quando sofriam estimulação elétrica vagal os níveis de TNFα no soro e

no fígado eram fortemente atenuados. Bernik e colaboradores (2002)

afirmaram que a inibição da produção de TNFα em macrófagos era

dependente de αBgtx-AChRs. Os autores mostraram que o tratamento de ratos

Lewis com CNI-1493, uma molécula inibidora da fosforilação da p38 MAPK,

inibia a inflamação sistêmica por via endovenosa ou diretamente nos

ventrículos cerebrais (100 mil vezes mais efetivo), reduzindo os níveis de TNFα

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e atenuando a inflamação sistêmica da mesma forma que a estimulação

elétrica vagal. Entretanto, quando os ratos foram vagotomizados, perderam os

efeitos protetores do tratamento intracerebral com CNI-1493. Mostraram

também que a estimulação vagal foi eficiente em inibir os níveis de TNFα no

coração e fígado, porém falhou em inibir os níveis de TNFα nos pulmões. Estes

dados indicam a especificidade anatômica da via colinérgica anti-inflamatória

em inibir o TNFα, comprovando a existência de órgãos alvo como o coração e

fígado, já que os pulmões sofrem inervação vagal e não apresentaram

alteração desta citocina.

Wang e colaboradores (2003) demonstraram pela primeira vez que a

αBgtx-AChRα7 era expressa em macrófagos humanos. Mostraram que

macrófagos tratados com LPS e expostos a oligonucleotídeos antisenso

(ASα7) eram significativamente menos responsivos à ação inibitória da

nicotina, restaurando a secreção de TNFα. Estudos com camundongos

nocautes evidenciaram uma importante função para a AChRα7 como

componente periférico da via colinérgica anti-inflamatória: o tratamento com

nicotina ou ACh em macrófagos isolados desses camundongos que não

expressavam AChRα7 falhou em inibir a secreção de TNFα quando tratados

com LPS. O nível sérico de citocinas inflamatórias desses animais também

encontrava-se elevado quando comparado aos selvagens, e a estimulação

vagal nos camundongos nocautes tratados com LPS não surtiu efeito ao

contrário dos animais selvagens tratados. Esses dados indicam fortemente que

a AChRα7 é um componente essencial para a inibição colinérgica de secreção

de TNFα em macrófagos de camundongos.

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Nosso trabalho objetivou compreender melhor as distintas fases da

miopatia no camundongo mdx, investigando a regulação da AChRα7. Devido

aos camundongos mdx possuírem primeiramente uma fase de intensa

mionecrose (S4) seguida de fase onde predomina a regeneração (S12),

provavelmente possuem algum mecanismo natural de equilíbrio, pois o curso

da miopatia é benigno.

Os camundongos com S2 de ambos os grupos apresentaram padrão

similar tanto na expressão das isoformas protéicas da AChRα7, quanto na

expressão de mRNA. No camundongo mdx com S2, a expressão da proteína

TNFα solúvel foi significativamente menor que a expressão de TNFα

membranar (p<0,005). Apresentaram também padrão similar na expressão de

mRNA do TNFα ao grupo controle. No mdx com S2 não houve atividade da

MMP-9, enzima esta altamente relacionada com a liberação da forma solúvel

da proteína TNFα por clivagem, embora expressa também por células satélites

ativadas possivelmente para contribuir na degradação da ECM e facilitar sua

migração para regenerar o tecido muscular lesado (Kherif, et al., 1999). Ainda

nesta idade, tanto a pro-MMP-2 quanto o seu produto, a MMP-2 ativa

mostraram padrões similares entre os dois grupos estudados, estando a última

enzima diretamente relacionada com a regeneração muscular (Kherif, et al.,

1999). Correlacionando os dados pesquisados, temos a forte sugestão de que

durante esta fase inicial da vida do camundongo mdx as alterações no

microambiente muscular relacionados com a miopatia sejam menos intensas.

Esta afirmação baseia-se no fato de não ter havido diferença significativa em

nenhum dos parâmetros analisados entre os grupos. Isto pode ser devido ao

camundongo mdx com S2 ainda estar sendo amamentado pela mãe, ingerindo

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hormônios da lactação que estão protegendo todo o sistema do animal.

Lembramos que a musculatura do animal mdx não expressa a proteína

distrofina, responsável por proporcionar suporte estrutural e conectar a matriz

extracelular ao citoesqueleto. Nesta idade de aleitamento, o mdx tem menor

contração da musculatura esquelética, deixando-a menos propensa a atrito,

forças de cisalhamento, e conseqüente surgimento de micro-fissuras e

exposição de material intracelular para o meio extracelular, que acaba por

induzir atividade inflamatória local. A forma ativa da MMP-2 encontrada em

ambos os grupos nesta idade sugere função no desenvolvimento e maturação

muscular, já que não houve atividade em nenhuma outra idade analisada do

grupo controle.

Comparados aos camundongos mdx com S2, os mdx com S4 não

mostraram alteração significativa na expressão total das proteínas AChRα7-2 e

TNFα, embora tenhamos encontrado o importante achado de inversão na

expressão entre as isoformas solúvel e membranar do TNFα. Por outro lado, os

camundongos mdx com S4 apresentaram aumento na expressão de mRNA da

proteína AChRα7 de quase três vezes, e aumento na expressão de mRNA da

proteína TNFα de quase quatro vezes. Todavia, o fato de haver grande

aumento na expressão de mRNA não quer dizer que haverá tradução protéica

proporcional. Nessa fase da miopatia, o camundongo já foi desmamado e está

em constante atividade física, ocasionando atrito muscular e surgimento de

micro-fissuras na membrana basal das células musculares. Como já citado, a

ocorrência dessas micro-fissuras musculares permite que o material intracelular

extravase para o meio extracelular, induzindo atividade inflamatória local.

Células inflamatórias ativadas são induzidas a produzir MMP-9, que por sua

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68

vez são ativadas pela interação com o Ca+ extravasado. A forte sinalização

inflamatória nessa fase em parte pode ser derivada da grande atividade da

MMP-9, que cliva o TNFα com alta afinidade liberando sua forma solúvel, que

por sua vez pode induzir inflamação em grande escala. Este fenômeno justifica

o aumento de TNFα solúvel em relação ao TNFα membranar encontrado

nessa idade. A atividade enzimática da MMP-9 juntamente com a atividade

inflamatória do TNFα solúvel induzem ativação de NFκB em células

inflamatórias e musculares, que acaba por resultar em maior produção de

MMP-9 e TNFα (Kherif, et al., 1999). A pro-MMP-2 aumentou seus níveis em

quase três vezes, embora a sua forma realmente efetiva, a MMP-2 ativa,

reduziu significativamente sua atividade (p<0,05). Isso ocorre provavelmente

pela prevalência do grande estímulo de inflamação sobre o estímulo à

regeneração. Portanto, nota-se a existência de um “círculo vicioso” com

necessidade de modulação. Esses resultados nos sugerem que na idade de S4

do mdx esteja havendo forte sinalização inflamatória, devido tanto ao aumento

de mRNA e da forma solúvel do TNFα, além de forte atividade proteolítica da

MMP-9. Entretanto, esses resultados também nos sugerem a ocorrência de

sinalização anti-inflamatória, embora em menor grau, devido ao não-aumento

de produção total de TNFα mesmo havendo grande aumento de seu mRNA,

resultando em inflamação modulada em níveis pós-transcricionais e de acordo

com Borovikova (2000).

Comparados aos camundongos mdx com S2, os mdx com S8

mostraram aumento significativo na expressão da AChRα7-2 (p<0,005). A

expressão da isoforma membranar e principalmente a solúvel do TNFα em S8

apresentou redução significativa comparada aos mdx com S4 (p<0,0005),

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69

sendo nítida a diferença entre as isoformas nessa idade. A expressão de

mRNA da AChRα7 praticamente voltou ao padrão encontrado em S2, embora

a expressão de mRNA do TNFα tenha reduzido em apenas 43% do encontrado

em S4. A atividade da MMP-9 também foi reduzida em mais de 50%,

contribuindo com a redução de clivagem do TNFα, associado ao forte aumento

da forma ativa da MMP-2 e redução inversamente proporcional da pró MMP-2,

contribuindo para migração de células satélites e conseqüentemente com a

regeneração. Esses resultados nos sugerem que por volta da idade de S8 do

camundongo mdx esteja ocorrendo uma modulação mais eficiente da forte

inflamação encontrada em S4. A drástica redução de ambas as isoformas

protéicas do TNFα em S8, principalmente da forma solúvel, justifica a redução

da prevalência de TNFα solúvel sobre o TNFα membranar; e correlacionado ao

aumento de expressão protéica da AChRα7-2, justifica o aumento da

prevalência da AChRα7-2 em relação ao TNFα solúvel. Dessa forma, estes

dados indicam fortemente a existência de uma efetiva redução da inflamação

por um mecanismo fisiológico próprio, e possivelmente relacionado ao aumento

da AChRα7-2.

Os camundongos mdx com S12 apresentaram o nível máximo de

expressão da AChRα7-2, embora a análise da expressão de seu mRNA tenha

se mostrado próximo do encontrado em S2. Esse dado pode nos sugerir maior

preservação da AChRα7-2 na membrana dos macrófagos, assim como maior

taxa de reciclagem do receptor. Não houve diferença significativa na expressão

do mRNA da proteína TNFα tanto quando comparado ao respectivo grupo

controle quanto aos mdx com S8. A expressão da proteína TNFα solúvel

continuou a reduzir enquanto a membranar aumentava, mostrando claramente

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a proporcionalidade inversa dessas moléculas. Esses dados justificam a

continuada redução da prevalência de TNFα solúvel sobre o TNFα membranar,

bem como o aumento e nível máximo atingido da prevalência da AChRα7-2 em

relação ao TNFα solúvel. A redução na expressão da citocina TNFα solúvel

parece estar intimamente relacionada com a continuada redução de atividade

da MMP-9, o qual acaba por reduzir sua ação de clivagem. Observamos nessa

idade o nível máximo da forma ativa da MMP-2, associado à redução

inversamente proporcional da pro-MMP-2. Notamos que nesta fase da miopatia

foi atingido o nível máximo de expressão da AChRα7-2 e da forma ativa da

MMP-2, bem como próximo do nível mínimo de expressão de TNFα solúvel e

MMP-9. Esses dados nos sugerem fortemente que a diminuição da inflamação

atingiu seu grau máximo e prosseguiu de maneira eficiente, tanto a níveis pré

quanto pós-transcricionais, sugerindo também a existência de alguma relação

de equilíbrio entre as diferentes MMPs.

Os camundongos mdx com S24 ainda apresentavam maior expressão

da AChRα7-2 em comparação com seu respectivo grupo controle, porém

sendo visível uma redução em comparação ao mdx com S12, já que nesta

idade o mdx apresentava o nível máximo de expressão de toda a vida do

animal. Observamos que a expressão da proteína TNFα solúvel estava

reduzida em seu nível máximo nessa idade enquanto a membranar aumentava,

da mesma forma que ocorreu nos mdx com S12, evidenciando a

proporcionalidade inversa dessas moléculas. Não observamos diferença

significativa na expressão de mRNA da AChRα7 e do TNFα nos mdx de S24

tanto quando comparados ao respectivo grupo controle quanto ambos os

grupos com S12. Também não observamos nenhuma atividade da MMP-9.

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Esses dados sugerem que os camundongos mdx com S24 ainda apresentam a

característica de modulação da inflamação ocorrida em S12, embora com

menos vigor, mas suficiente para manter reduzido os níveis de TNFα e

nenhuma atividade da MMP-9. Entretanto, não foi observado a presença da

forma ativa da MMP2, bem como aumento de atividade da pro-MMP2,

indicando a ausência de clivagem. Isso nos indica que possivelmente com S24

não esteja ocorrendo regeneração muscular como ocorria nas idades

anteriores. Isto pode ocorrer devido as células satélites estarem escassas ou

simplesmente ausentes, motivado pelos constantes e ininterruptos ciclos de

mionecrose e regeneração sofrido pelos camundongos mdx. Outra

possibilidade seria pelo equilíbrio direto entre a MMP-9, TNFα solúvel e MMP-

2. Se há ausência de atividade da MMP-9 e a expressão de TNFα solúvel está

controlada em níveis não-deletérios, a forma ativa da MMP-2 poderia ser

reduzida para voltar próximo de sua normalidade e a pró MMP-2

conseqüentemente aumentaria pela ausência de clivagem, estando nossos

resultados coerentes.

Os camundongos mdx com S48 mostraram forte queda na expressão da

AChRα7-2 assumindo padrão semelhante ao encontrado no mdx com S2, e

ainda menor expresso que o respectivo grupo controle. A expressão de TNFα

membranar também mostrou queda enquanto a expressão da forma solúvel do

TNFα se manteve. Isso justifica o grande aumento na prevalência de TNFα

solúvel sobre o membranar, e a redução da prevalência da AChRα7-2 em

relação ao TNFα solúvel. Entretanto, houve aumento na expressão de mRNA

da AChRα7-2, bem como aumento de mais de 8 vezes na expressão de mRNA

do TNFα nesta idade. O aumento na expressão de mRNA da AChRα7-2 e

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principalmente de TNFα não resultaram em aumento de tradução, já que a

expressão protéica da AChRα7-2 diminuiu e a de TNFα praticamente se

manteve. Não observamos atividade da MMP-9 e da forma ativa da MMP-2,

mesmo tendo observado expressão da pro-MMP-2. Esses resultados sugerem

que nesta fase da miopatia não houve modulação tão eficiente da inflamação

como observado nas outras idades do mdx, apesar da ausência de atividade

da MMP-9 e da manutenção na expressão do TNFα solúvel.

Herber e colaboradores (2004) fizeram ensaio de imunohistoquímica por

microscopia convencional utilizando o mAb319 em cortes cerebrais de

camundongos selvagens e nocaute para a AChRα7, onde mostraram ter

detectado a marcação da AChRα7 em ambos os grupos, afirmando que ambas

marcações eram inespecíficas. No presente trabalho foi realizado o ensaio de

imuno-histoquímica criteriosamente sob as mesmas condições como publicado

por Herber, inclusive com o mesmo tipo e marca comercial tanto do anticorpo

secundário biotinilado quanto do conjugado. Porém, realizado em cortes do

músculo gastrocnêmio de camundongos mdx, e como controle negativo a

utilização de PBS ao invés do anticorpo primário. Observamos que além de

haver marcação nos cortes onde não foi utilizado o mAb319, ocorreu o mesmo

padrão de marcação como nos cortes onde o anticorpo foi utilizado, estando o

resultado de nosso experimento absolutamente similar ao mostrado por Herber.

Entretanto, ao realizarmos o ensaio de imuno-histoquímica com o uso do

anticorpo secundário conjugado à fluoresceína observamos a existência de

marcação específica para a AChRα7, já que não houve nenhuma marcação em

nosso controle negativo. Nossas imagens obtidas através de microscopia

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confocal se mostraram conclusivas e validaram o experimento. Esses dados

comprovam falha em ambos ensaios de imuno-histoquímica com imagens

obtidas por microscopia convencional. Em alguns casos neste tipo de imuno-

histoquímica, faz-se necessário a obtenção da maior amplificação possível de

um sinal, que pode ser feito com auxílio de um conjugado de avidina marcada

com peroxidase para interagir com a biotina do anticorpo secundário. Contudo,

este tipo de reação abre precedente para uma ampla gama de interações e

marcações inespecíficas, pois se sabe que muitas proteínas são naturalmente

biotiniladas. Dessa forma, a avidina conjugada à peroxidase liga-se à biotina

associada a alguma proteína tecidual, resultando em marcação inespecífica

quando revelada. Este pode ter sido o motivo das marcações encontradas

tanto por Herber nos cortes cerebrais de camundongos selvagens e nocautes

para AChRα7, quanto por nós nos controles positivos e negativos de cortes do

músculo gastrocnêmio de camundongos mdx.

Respaldado pelos experimentos e observações supracitadas, podemos

afirmar que o mAb319 é totalmente confiável e viável para a detecção da

AChRα7, e que Herber e colaboradores talvez tenham se precipitado em

colocar em dúvida a especificidade do anticorpo em questão.

Wonnacott e Jones (2005) mostraram-se de acordo com Herber, tanto

que publicaram as mesmas imagens sob autorização para justificar a afirmação

de suposta marcação inespecífica do mAb319, inclusive se baseando nesses

resultados para formularem algumas hipóteses. Essas hipóteses tentam

explicar a reação cruzada de outro tipo de anticorpo testado e não do mAb319.

Já com o anticorpo monoclonal mAb306, que reconhece o epítopo

correspondente aos aminoácidos 380 a 400, a reação cruzada pode ocorrer

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devido à existência do mesmo epítopo de reconhecimento em outras proteínas.

Além disso, os autores sugerem que o problema de marcação inespecífica

pode ser exacerbado pela baixa tolerância dos AChRs às condições de fixação,

resultando em redução de ligação específica do anticorpo e fraca taxa de

reconhecimento. No presente trabalho, esta hipótese está descartada porque

os camundongos foram perfundidos, e o mAb319 reconheceu a AChRα7 com

alta especificidade, já que não houve marcação nos controles negativos. Com

base em nossas imagens obtidas por microscopia confocal, o mAb319

reconheceu a AChRα7 com alta especificidade.

Herber e colaboradores (2004) através de western blot, encontraram 2

bandas protéicas com diferentes pesos moleculares, tanto em camundongos

selvagens quanto em nocautes para AChRα7, afirmando que o anticorpo é

capaz de reconhecer múltiplas proteínas e que partilham as mesmas

distribuições celulares e subcelulares. Ainda relacionam que a ocorrência de

transcrições alternativas e mecanismos compensatórios podem comprometer o

uso destes tecidos como controle, como ocorre em humanos. Esses autores

não levaram em consideração as publicações de Saragoza (2003) e

principalmente de Severance (2004), que afirma e comprova a presença de

uma nova isoforma da AChRα7 em ratos e que isso provavelmente ocorre em

camundongos, devido à inclusão do novo exon (4a) possuir 85% de homologia

com o intron 4 do gene da AChRα7 murino e de acordo com a detecção de

uma nova isoforma da AChRα7 no cérebro de camundongos em estudos

preliminares do grupo. Portanto, o que pode estar ocorrendo é um mecanismo

compensatório também nos camundongos através de clivagem alternativa,

podendo até mesmo ocorrer nos camundongos nocautes a longo prazo. Isso

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explicaria as 2 bandas protéicas consideradas inespecíficas encontradas por

Herber e colaboradores (2004).

Wonnacott e Jones (2005) se basearam em experimentos e conclusões

precipitadas de Herber e colaboradores (2004), além de terem também

sugerido hipóteses questionáveis e não considerado os importantes achados

de Saragoza (2003) e Severance (2004). Colocaram vários trabalhos

publicados em dúvida, sem considerar a possibilidade de existência de uma

nova isoforma, como é de fato. Afirmaram como resolução do problema o uso

do antagonista de alta afinidade α-Bgtx conjugado, embora a α-Bgtx possa se

ligar seletivamente também aos receptores homoméricos α8 e α9, receptores

heteropentaméricos α7, α8 ou α9 e α10 já citados na introdução, como

também ao α1 (Yoshikawa et al., 2006). Nota-se, portanto, que a utilização de

α-Bgtx além de não solucionar o problema de inespecificidade, ainda pode se

ligar seletivamente a alguns outros tipos de receptores. Faz-se necessário

primeiramente realizar experimentos com o máximo de critério possível, para

minimizar tanto as eventuais marcações inespecíficas quanto conclusões

errôneas.

Com base em todos os nossos resultados apresentados, podemos

qualificar as idades características de inflamação em S4 e de regeneração em

S12 nos camundongos mdx, e correlacioná-las através da imuno-histoquímica

por fluorescência. As imagens obtidas através de microscopia confocal nos

permitiram evidenciar nos infiltrados inflamatórios do músculo gastrocnêmio

uma importante e crucial diferença entre as idades: o número de macrófagos

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que co-expressavam a AChRα7 na idade de S12 mostrou-se significativamente

superior em mais de 9 vezes à encontrada em S4 (p<0,0005).

Como já citado, a isoforma clássica da AChRα7 não mostrou diferença

significativa no ensaio de western blot tanto entre os grupos quanto entre as

idades estudadas. Apenas a AChRα7-2 mostrou-se variável, e nos

camundongos mdx. Portanto, podemos sugerir que a alteração no número de

co-localizações evidenciada pela imuno-histoquímica é resultante da expressão

em grande maioria da isoforma AChRα7-2 nos macrófagos dos mdx.

Saeed e colaboradores (2005) mostraram que sinais colinérgicos eram

capazes de inibir respostas inflamatórias em células endoteliais, ou seja,

inibição na expressão de moléculas de adesão, como V-CAM e E-Selectina,

tanto in vitro quanto in vivo, devido a ativação das AChRα7. A expressão

destas moléculas é importante na migração de macrófagos ativados e outras

células do sistema imune para o infiltrado inflamatório. Entretanto, quando a

inflamação se torna deletéria e intermitente, como na DMD, se faz necessário

reduzir seus efeitos danosos, já que a própria citocina TNFα é capaz de ativar

maior produção de mediadores inflamatórios. Na linhagem celular HuMVECs, a

nicotina reduziu a translocação nuclear do NFκB após estimulação com TNFα

e LPS, aumentando os níveis citoplasmáticos das proteínas inibidoras de

NFκB: IκBα e IκBε, que se ligam ao NFκB e o retém no citoplasma. Portanto,

sugeriram que a ACh e a nicotina ativariam células endoteliais e monocíticas a

aumentarem seus níveis citoplasmáticos de IκBα e IκBε, resultando em inibição

de translocação nuclear do NFκB e conseqüentemente inibindo a produção de

TNFα induzido por mediadores inflamatórios.

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Yoshikawa e colaboradores (2006) afirmaram que a ativação do NFκB é

causada pela fosforilação em resíduos serina-específicos da proteína inibitória

IκB mediada pela ativação da IKK (I kappa B kinase), permitindo com que a

forma ativa do NFκB se transloque para o núcleo iniciando a transcrição

gênica. Em monócitos humanos, os níveis citosólicos de IκBα não mudaram

após a estimulação com LPS. Entretanto, a fosforilação de IκBα foi induzida

quando os monócitos foram estimulados com LPS, inibida quando tratados com

nicotina, e restaurada com o tratamento concomitante de nicotina e α-Bgtx.

Estes dados sugerem que os efeitos inibitórios da nicotina reduzam a atividade

da IKK, e como conseqüência ocorre inibição da fosforilação de IκBα

resultando em redução na ativação do NFκB.

A produção de TNFα é dependente da ativação e translocação nuclear

do NFκB. Portanto, a AChRα7 tem participação fundamental no controle e

modulação da inflamação, já que sua ativação inibe a fosforilação de IκBα,

impedindo com que o NFκB se transloque para o núcleo e exerça atividade

transcricional de mediadores inflamatórios como TNFα. Embora saibamos que

sinais colinérgicos tenham ação de inibição inflamatória, não se sabe ao certo

se a nicotina modula a transcrição ou a ativação de IκB, ou inibe algum

mediador que previna sua ubiquitinação e subseqüente degradação.

Existem evidências de que a nicotina ativa a via de transcrição Jak2-

STAT3 através da AChRα7, bem como a ocorrência de interação direta da

STAT3 fosforilada com o NFκB em macrófagos. Vale ressaltar que STAT3 é

um regulador negativo da resposta inflamatória, e quando ligado ao NFκB,

impede sua ligação ao DNA.

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Associemos essas evidências com a realidade de nosso trabalho. O fato

do camundongo mdx com S12 comparado ao com S4 possuir quase 2 vezes

mais a expressão da AChRα7 e apresentar mais de 9 vezes o número de

macrófagos a expressando nos sugere que o camundongo nesta fase da

miopatia possui um mecanismo fisiológico próprio para aumentar a captação do

ligante ACh e amplificar sua sinalização. Isso provavelmente se deve à

necessidade de inibição de citocinas inflamatórias para amenizar os danos

causados pela miopatia, como é o caso da forte redução de TNFα solúvel

observada. Sugerimos que nesta fase da miopatia após a detecção local da

inflamação, seguido de modulação da resposta e eferência vagal com

subseqüente liberação de ACh e ativação das AChRα7 de macrófagos, esteja

ocorrendo a redução de atividade dos IKK que por sua vez reduzem a

fosforilação de IκB resultando em inibição de translocação nuclear do NFκB e

contribuindo com a inibição na produção de TNFα observada, bem como outros

possíveis importantes mediadores inflamatórios. A ACh pode também estar

ativando no camundongo mdx a via Jak2-STAT3 através da AChRα7, em

adição à ocorrência de interação direta da STAT3 fosforilada com o NFκB,

impedindo sua ligação ao DNA nuclear em macrófagos e inibindo a produção

de TNFα.

Pela primeira vez no modelo experimental murino in vivo da DMD

humana foi mostrada a co-localização da AChRα7 em macrófagos, além do

envolvimento da nova isoforma AChRα7-2, ambas relacionadas à modulação

da inflamação através da via colinérgica anti-inflamatória.

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Tabela 3 Síntese dos resultados obtidos

- : similar ao controle n : nenhuma atividade

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6 CONCLUSÕES

Os animais de ambos os grupos expressam 2 isoformas da proteína

AChRα7, onde a isoforma clássica AChRα7-1 não mostrou variação entre

eles. A isoforma AChRα7-2 não mostrou diferença entre os animais do

grupo controle, entretanto, nos animais mdx evidenciou variações

significativas.

Observamos a presença de apenas uma marcação para o mRNA da

proteína AChRα7, ao contrário da proteína que evidenciou a presença de

duas isoformas, sugerindo alteração e tradução do intron 4 como se fosse

um exon (exon 4a).

A análise da expressão do mRNA da proteína AChRα7 mostrou forte

aumento no pico da mionecrose (S4), redução em S8 e manutenção em S12

e S24. Entretanto, a expressão protéica da AChRα7 nestas duas últimas

fases foram as maiores encontradas. Isso nos sugere, portanto, preservação

do mRNA em S4 para futura tradução em S8 e S12, maior taxa de

conservação do receptor na membrana e maior taxa de reciclagem. A

expressão do mRNA da AChRα7 aumentou em S48, porém não resultando

em tradução, pois a expressão protéica estava reduzida nesta fase.

A técnica de western blot mostrou a presença de duas marcações para

a citocina TNFα no músculo esquelético do camundongo mdx, a forma

membranar ou não-clivada com 27kDa, e a forma solúvel com 17kDa,

produto da clivagem da isoforma membranar.

Camundongo mdx com S4 apresentava aumento na expressão da

forma solúvel e diminuição na expressão da forma membranar do TNFα,

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indicando clivagem da citocina. Na fase de regeneração com S12, foi

observada forte redução de ambas isoformas.

A análise da atividade da MMP-9 no músculo esquelético mostrou que

esta enzima não é constitutiva no camundongo controle. No pico da

mionecrose (S4) o mdx apresentou o nível máximo de atividade, com

subseqüente redução até não se detectar nenhuma atividade no zimograma

do mdx com S24.

Foi observada modulação na expressão do mRNA da citocina TNFα no

músculo esquelético do mdx. No pico da mionecrose (S4) observou-se forte

aumento, redução em S8, e seguido de aumento em S48, provavelmente

motivada pela forte redução da prevalência da AChRα7-2 sobre a forma

solúvel do TNFα. O aumento do mRNA do TNFα no mdx com S48 pode ser

derivado em parte do aumento no número de fibroblastos no músculo

esquelético para contrapor a grande deposição de tecido não funcional.

A expressão máxima da forma solúvel do TNFα no músculo

esquelético do mdx ocorreu na idade de S4, enquanto a expressão da

AChRα7-2 não foi alterada nesta idade em relação à S2. Entretanto, com

S12 o músculo esquelético do camundongo mdx apresentou a expressão

máxima da AChRα7-2, enquanto a expressão de TNFα solúvel se mostrou

bem próximo do mínimo observado. Em S24 ainda era observado nível

elevado da AChRα7-2 e máxima redução do TNFα solúvel. Em S48

observamos forte redução da AChRα7-2, inclusive com menor expressão

que o encontrado no respectivo controle. Em adição, nesta fase da miopatia

podemos observar aumento da prevalência do TNFα solúvel em relação ao

membranar e à AChRα7-2.

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A análise da expressão protéica da AChRα7-2 no músculo esquelético

do camundongo mdx se mostrou inversamente proporcional à expressão

protéica do TNFα solúvel nas idades estudadas, salvo em S2, pois nessa

idade as alterações no microambiente muscular relacionado a miopatia

parecem ser menos intensas.

A forma pro-MMP-2 estava mais expressa no músculo esquelético do

mdx que no controle nas idades de S4 a S48, salvo em S2 que se mostrou

similar, indicando eficiente sinalização para remodelamento tecidual.

Todavia, a forma ativa da MMP-2, produto da clivagem da pro-MMP-2,

estava aumentada em S8 e atingindo seu ápice em S12, mostrando

atividade inversamente proporcional à pro-MMP-2 e indicando efetivo

remodelamento tecidual.

O número de macrófagos localizados nos infiltrados inflamatórios do

músculo esquelético do mdx que expressavam a AChRα7-2 na idade de S12

foi significativamente maior em 908% (±23%, p<0,0005) comparado à idade

de S4.

Em conjunto, os resultados indicam que a AChRα7-2 possui uma

função relevante na modulação da inflamação no músculo esquelético do

camundongo mdx. A ativação da via colinérgica anti-inflamatória relacionada

também à isoforma AChRα7-2 poderia ser capaz de influenciar a migração

de células do sistema imunológico, a produção local de mediadores

inflamatórios como TNFα e imunomoduladores como MMPs nas fases tanto

de aumento da inflamação e mionecrose, quanto de aumento regenerativo,

influenciando na remodelagem tecidual.

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7 PERSPECTIVAS FUTURAS

O impedimento da translocação nuclear do NFκB como terapia é muito

importante para minimizar os efeitos exacerbados da inflamação em doenças

crônicas como a DMD, pois muitos mediadores inflamatórios além do TNFα

para serem transcritos necessitam de sua ativação e translocação nuclear.

Outras citocinas inflamatórias para serem produzidas são dependentes

também do aumento direto dos níveis de TNFα. Um exemplo é a citocina

HMGB1, induzida pelo TNFα e secretada tardiamente por macrófagos e

monócitos ativados, agindo como mediador inflamatório sistêmico, às vezes

letal. O HMGB1 é passivamente liberado por células em processo de necrose

nas áreas de injúria, amplificando o processo inflamatório ao induzir liberação

de outras citocinas inflamatórias. A ACh é capaz de impedir a secreção de

HMGB1 induzida por LPS, através da inibição de sua translocação do núcleo

para o citoplasma em macrófagos. Entretanto, diferentemente de outras

citocinas, a síntese desta é requerida para sobrevivência dos macrófagos, e a

ACh, por outro lado, não afeta os níveis intracelulares deste mediador. Essas

evidências sugerem que a ACh deve regular a secreção de HMGB1 a nível

pós-traducional, modulando por acetilação ou fosforilação. Além disso, o INFγ é

capaz de induzir maior produção de TNFα e HMGB1 em macrófagos, ficando

claro, portanto, a manutenção de um “círculo vicioso” onde o TNFα está

sempre presente (Rendon-Mitchell et al., 2003).

Possivelmente, o uso terapêutico tanto de nicotina quanto de outros

agonistas específicos para a AChRα7 e AChRα7-2 podem contribuir para

minimizar os efeitos deletérios da inflamação, também na DMD. Sugerimos que

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a alteração no número de co-localizações evidenciada pela imuno-histoquímica

é resultante da expressão em grande maioria da isoforma AChRα7-2 nos

macrófagos dos mdx. Contudo, para investigar essa teoria, será necessário

realizar culturas primárias de macrófagos e de células musculares

separadamente para analisar a expressão de cada isoforma, sem a

interferência da inflamação como ocorre in vivo. Neste contexto, são

importantes os estudos in vivo e in vitro para analisar os mecanismos

envolvidos na ativação da via colinérgica anti-inflamatória em músculos com

diferentes padrões de inervação. Tais estudos também servirão de base para

selecionar um agonista natural ou sintético análogo à ACh, tendo como alvo a

inibição de ativação do NFκB, porém que não seja capaz de dessensibilizar os

receptores se utilizado durante tempo prolongado. Esta estratégia de

tratamento provavelmente possibilitará baixa morbidade e melhor qualidade de

vida, favorecendo a regeneração muscular, mitigando a mionecrose e a

inflamação.

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE BIOLOGIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROIMUNOLOGIA

PAULO EMÍLIO CORRÊA LEITE

ESTUDO DO POSSÍVEL ENVOLVIMENTO DA

SUBUNIDADE α7 DO RECEPTOR NICOTÍNICO DE

ACETILCOLINA NA ATIVAÇÃO DA INFLAMAÇÃO NO

MÚSCULO ESQUELÉTICO DE CAMUNDONGOS MDX

COM DISTROFIA MUSCULAR DO TIPO DUCHENNE

Niterói 2007

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