ESTUDO SOBRE A OLIMPIADA DE MATEMATICA DO 5º ANO … · ESTUDO SOBRE A OLIMPIADA DE MATEMATICA DO...
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Rev. Educação Matemática em Revista - FAMPER, Ampére, v.3, n. 01, p.100 –
111, edição especial. 2016. ISSN 2359-5213
ESTUDO SOBRE A OLIMPIADA DE MATEMATICA DO 5º ANO DO CURSO
DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA DA FAMPER
Josemar da Silva de Oliveira1
Odete da Costa Reas2
Aline Kieskoski3
Resumo: O ensino de matemática nas séries iniciais deve ser levado como requisito para seguir para as
séries posteriores, pois quando esse processo fica desestruturado, poderá vir a prejudicar tanto os alunos,
assim como o trabalho do professor das séries finais. Este estudo tem por objetivo analisar duas escolas
municipais de Ampére no desempenho da resolução das provas da Olimpíada de matemática do 5º ano da
Faculdade de Ampére (FAMPER). O trabalho possibilita o levantamento de conteúdos e fatores que
estejam defasados no processo de ensino-aprendizagem de matemática nessa série, transcorrendo assim a
possibilidade de melhoria desse processo. Sendo que o trabalho não tem o cunho de criticar, somente
auxiliar no processo de aprendizagem dos alunos desta etapa.
Palavras-chave: Ensino de matemática. Processo de aprendizagem. Séries iniciais.
1. INTRODUÇÃO
Ensinar e aprender matemática, nem sempre é uma tarefa fácil. Ao longo da
história, a matemática tornou-se uma disciplina temida e rejeitada pelos alunos. A apatia
gerada a partir dessa concepção ressalta que, a conduta do educador em sala de aula
pode refletir no desempenho dos alunos.
A matemática é uma disciplina de muita importância no currículo, segundo os
parâmetros curriculares. Apesar de sua importância a matemática é considerada uma
disciplina difícil. Silveira (2002) denota que existe um sentido pré-constituído nos
alunos, falando que a matemática é difícil. Esse conceito dificulta a aprendizagem da
matemática, pois esse pensamento faz com que o aluno tenha apatia tanto pelo
professor, quanto pela disciplina.
Tratando-se então da educação básica, os aspectos denotam que ela deve ser
estreitamente zelada pela excelência na aquisição do conhecimento. Com base nisso,
temos:
1 Acadêmico do curso de Matemática com ênfase na computação - Faculdade de Ampére. Email:
[email protected]. 2 Acadêmica do curso de Matemática com ênfase na computação - Faculdade de Ampére. Email:
[email protected]. 3 Professora Mestre e orientadora do trabalho.
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A Secretaria de Educação Básica zela pela educação infantil, pelo ensino
fundamental e pelo ensino médio. A educação básica é o caminho para
assegurar a todos os brasileiros a formação comum indispensável para o
exercício da cidadania e fornecer-lhes os meios para progredir no trabalho e
em estudos posteriores. Atualmente, os documentos que norteiam a educação
básica são a Lei nº 9.394, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Básica e o Plano Nacional de Educação, aprovado pelo Congresso Nacional
em 26 de junho de 2014.
Portanto, a lei nº 9.394, assegura ao aluno a aprendizagem básica. Entrando no
campo da matemática é extremamente importante analisar essa colocação, pois ela
mostra o quanto é importante o papel do professor em sala, onde o mesmo deve fornecer
amparo para aprendizagem matemática, assim como, possuir uma formação adequada.
O primeiro contato com a matemática ocorre na educação infantil, no Brasil
(2010), nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, ressalta-se que as
crianças devem recriar, em contextos significativos, relações quantitativas, medidas,
formas e orientações espaço temporal.
No âmbito da educação infantil, a mesma tem extrema importância na
aprendizagem matemática, principalmente nos últimos anos dessa etapa. Segundo
Gigante (2012, p.18), ao final do 5º ano os alunos devem ter adquirido uma gama de
habilidades, assim como um conjunto de conceitos matemáticos devem estar
constituídos.
Pode-se ressaltar que existe uma dificuldade no ensino de matemática nos
primeiros anos, pois essa aprendizagem está ocorrendo muitas vezes de forma
mecânica. Segundo Pereira (1989, p.15), alunos e professores estão envolvidos em torno
de uma rotina de enunciar, decorar e repetir, muitas vezes porque o educador não
conhece ou não domina o conteúdo que ensina. Com base nisso, se torna extremamente
importante uma reanálise do ensino de matemática nos anos iniciais.
Com o objetivo de fazer um estreitamento de relações entre as Escolas
Municipais e a Instituição de Ensino Superior, professores e acadêmicos do curso de
Licenciatura em Matemática da FAMPER (Faculdade de Ampére), criaram a olimpíada
de matemática para o 5º ano do ensino fundamental. A olimpíada consiste em uma
prova com questões abertas para que os alunos resolvam. Além da aproximação de
acadêmicos com o ambiente escolar, espera-se avaliar as dificuldades dos alunos com
relação aos conteúdos de matemática.
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O objetivo desse trabalho é analisar os resultados obtidos com a aplicação da
prova da olimpíada de matemática em um único ano, em duas escolas municipais
diferentes do município de Ampére, no mesmo turno, na zona urbana.
2. BREVE HISTÓRICO SOBRE A IMPLANTAÇÃO DO PROJETO
A olimpíada de matemática do 5° ano foi idealizada pelo curso de licenciatura
em matemática da FAMPER (Faculdade de Ampére), juntamente com professores da
instituição e acadêmicos do curso. Iniciado em 2013, o objetivo do projeto visa discutir
e analisar dados qualitativos e quantitativos de cada escola, podendo assim pontuar as
dificuldades encontradas, assim, como o desempenho favorável do ensino.
Esta interação da IES a rede municipal, também visa buscar dados para instruir
os acadêmicos do curso de matemática sobre as praticas pedagógicas mais adequadas
para resolver possíveis problemas semelhantes que venham a encontrar durante sua
caminhada pedagógica.
Á priori, no primeiro ano de trabalho, o projeto foi aplicado em todas as
escolas municipais da cidade de Ampére-Pr, abrangendo zona rural e zona urbana, com
premiação em forma de medalhas de mérito aos primeiros colocados. Nos anos
subsequentes, o curso, visou estender o projeto a cidades vizinhas, pois o mesmo possui
acadêmicos de várias cidades da região.
O trabalho de desenvolvimento e elaboração da prova é realizado por
professores e acadêmicos do curso. A aplicação é realizada pelos próprios acadêmicos
em suas respectivas cidades.
No ano de 2015 a olimpíada atendeu as cidades de Salto do Lontra, Ampére,
Realeza, Santa Isabel, Santo Antônio do Sudoeste, Pranchita, Bela Vista da Caroba,
Capanema, Planalto, Barracão, entre outras. No respectivo trabalho foram realizadas
análise de duas escolas da cidade de Ampére, cuja aplicação ocorreu neste mesmo ano.
Atualmente o curso de matemática visa atender mais cidades da região
Sudoeste, podendo assim futuramente realizar um trabalho de maior abrangência. Nesse
ano o projeto será desenvolvido e elaborado pela professora Msª Aline Kieskoski
juntamente com acadêmicos do último ano de graduação.
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3. ESCOLAS DE APLICAÇÕES E TURMAS ANALISADAS
Os critérios para escolha das escolas analisadas nesse trabalho deu-se pelo fato
da faculdade estar localizada em Ampére, inicialmente surgiu à necessidade de avaliar
as escolas locais. Dessa forma foram escolhidas a escola A e a escola B, duas escolas
municipais do turno matutino da zona urbana.
3.1. ESCOLA A
Essa instituição de ensino possui um grande número de alunos oriundos da
zona urbana, e a turma escolhida foi o 5° ano A que contava na data de aplicação da
prova com 19 alunos, entre eles um aluno possuí deficiência visual, por esse fato o
aluno necessitou de auxílio na realização da prova.
3.2. ESCOLA B
Essa instituição também contava com um grande numero de alunos oriundos da
zona urbana, e a turma escolhida para análise foi o 5° ano A que contava com 13 alunos
na data de aplicação da prova.
4. APLICAÇÃO DA PROVA NAS ESCOLAS A E B.
As provas foram aplicadas no segundo semestre de 2015, no mês de novembro.
Tratando-se das escolas A e B, a aplicação foi simultânea, no mesmo dia das 08h00min
as 09h00min, onde os alunos tiveram uma hora para resolução da prova. Sendo que as
mesmas foram aplicadas pelos acadêmicos do curso de matemática.
Durante aplicação, os alunos ficaram restritos: ao uso de calculadora, conversas
paralelas, e também não dispuseram em momento algum do auxilio do professor.
4. RESULTADOS OBTIDOS
Levando em consideração, os dados obtidos nas escolas A e B, realizou-se uma
análise das questões, nas quais os alunos obtiveram alto e baixo desempenho. Os
resultados obtidos na escola A estão apresentados no Gráfico 1, e os da escola B no
Gráfico 2.
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Gráfico 1: Resultados da turma da escola A.
Gráfico 2: Resultados da turma da escola B.
Com base nos gráficos evidencia-se que na escola A mais de 50% dos alunos
erraram as questões 5 e 12. Já na escola B, percebe-se um índice elevado de erros na
maior parte das questões, mais de 50% dos alunos erraram as questões 3, 5, 7, 8, 12, 13,
15, 16, 19 e 20.
Observa-se que os alunos de ambas as escolas tiveram dificuldades nas questões
5 e 12, assim priorizou-se a análise dos conteúdos abordados nestas questões.
Na questão 5, mostrada a seguir, abordou-se a conversão de um número
representado em fração para forma decimal.
Outro problema encontrado é na questão 12, mostrada a seguir:
A questão 12 trazia um problema, com uma quantidade representada em fração
e, pedia-se que o aluno associasse a qual porcentagem do todo que esta quantidade
estava representando.
É possível concluir, que nas duas escolas os alunos tiveram dificuldades com as
frações. Não é possível diagnosticar exatamente o que eles sabem sobre frações, mas,
pode-se pressupor que, os alunos têm dificuldade em entender que as frações
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representam uma quantidade numérica e, que esta quantidade pode ser convertida em
outras representações tais como, números decimais. Também, quanto à questão 12, é
possível concluir que os alunos não saibam o significado do símbolo de porcentagem
(%), que pode ser entendido como uma forma simplificada de representar uma fração.
6. ESCOLA A X ESCOLA B
A análise dos resultados em relação às duas escolas deve ser muito abrangente,
pois se devem levar em consideração diversos fatores que levaram ao desempenho dos
alunos, tais como classe social, professores com formação adequada, estrutura e
funcionamento, assim como os materiais disponíveis e as metodologias utilizadas pelo
professor.
Na escola A pode-se pontuar um desempenho mediano na análise de resultados,
a maioria dos alunos obtiveram notas favoráveis na prova (anexo 1), resguardando as
questões com dificuldade tratadas no item anterior.
Já na escola B o resultado não foi tão favorável, talvez se deva levar em
consideração a classe social dos alunos. Nesta escola foi possível verificar muitos erros
individuais, geridos de fatores de desatenção, ou até mesmo por falta de conhecimento
dos alunos. Outrora, também verificamos erros de base comum.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ensinar matemática pode até ser uma tarefa árdua, porém para que ocorra
aprendizagem isso é essencial. Nesse processo de aprendizagem o papel do professor é
extremamente importante, pois ele é o mediador do conhecimento.
Com base nas análises realizadas, pode-se perceber a importância de uma
reestruturação do processo de ensino-aprendizagem nos anos inicias principalmente dos
alunos 5º ano, onde os mesmos necessitam de uma bagagem para prosseguir nas series
posteriores. Quando se fala dessa bagagem, vale ressaltar que na matemática é de suma
importância o domínio das operações básicas.
Quando esse domínio não está não está estruturado no aluno, é muito
complicado para prosseguir nas séries posteriores, tanto para o professor, quanto para o
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aluno. Sendo assim, e visível à quebra de um processo de aprendizagem, pois essa
defasagem faz com que o currículo seguinte seja prejudicado, ou seja, o professor da
série posterior retoma os conteúdos o índice de reprovação virá a aumentar.
Buscando uma explicação para essa defasagem, são inúmeras as possibilidades
que podemos ter. Dentre elas, podemos citar algumas: a formação inadequada dos
professores das séries iniciais, ou até mesmo o desinteresse do aluno, assim como
dificuldades rotineiras de aprendizagem.
Tratando da formação inadequada, se pode pontuar que os profissionais que
trabalham a disciplina de matemática nas séries iniciais, tem um currículo muito restrito
e não possuem especificidade na área. Por isso, defende-se que deveria haver uma
reformulação da proposta curricular dos profissionais do ensino inicial, tendo em vista
que isso facilitaria a processo de aprendizagem nas séries inicias.
Em suma, pode-se concluir que a educação matemática necessita de uma
corrente interligada entre séries iniciais e finais, pois o desempenho dos alunos depende
de um processo continuo de aquisição de conhecimento.
REFERENCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes
curriculares nacionais para educação básica. – Brasília: MEC, SEB, 2010.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes
curriculares nacionais para educação infantil. – Brasília: MEC, SEB, 2010.
GIGANTE, Ana Maria Beltrão. Práticas pedagógicas em Matemática: espaço, tempo
e corporeidade/ Ana Maria Beltrão Gigante e Monica Bertoni dos Santos; ilustrações de
Eloar Guazzeli. – Erechim: Edelbra, 2012.
PEREIRA, Tânia Michel. Matemática nas séries iniciais/ Tânia Michel Pereira (org.)
|Et. al.|.-2. Ed. - Ijuí: Unijuí Ed., 1989
SILVEIRA, Marisa Rosâni Abreu. “Matemática é difícil”: Um sentido pré-
constituído evidenciado na fala dos alunos, 2002. Disponível em:
<http://www.anped.org.br/25/marisarosaniabreusilveirat19.rtf>.
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