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PROTEÇÃO GALVÂNICA CONTRA CORROSÃO EM ESTRUTURAS DE CONCRETO Vector Corrosion Technologies David Whitmore, P.Eng.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

VALMARA DE SOUZA SANDES

Estudo sobre a qualidade dos blocos de concreto em fábricas de Feira de Santana

Feira de Santana 2008

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VALMARA DE SOUZA SANDES

Estudo sobre a qualidade dos blocos de concreto em fábricas de Feira de Santana

Trabalho monográfico apresentado ao Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana para obtenção de título de bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof°. Elvio Antonino Guimarães.

Feira de Santana 2008

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VALMARA DE SOUZA SANDES

Estudo sobre a qualidade dos blocos de concreto em fábricas de Feira de Santana

A presente monografia foi analisada e aprovada pelos membros em destaque no intuito da aprovação da graduanda no Trabalho de Conclusão de Curso realizada pela disciplina Projeto Final II do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de

Santana.

Feira de Santana 2008

Banca Examinadora:

___________________________________________________ Prof. Mestre Elvio Antonino Guimarães

(Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS)

___________________________________________________ Prof. Mestre Cristóvão César Carneiro Cordeiro

(Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS)

___________________________________________________ Prof. Mestre Eduardo Antonio Lima Costa

(Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus pela força que me foi concedida nessa caminhada.

Aos meus pais por terem me oferecido à oportunidade de continuar meus estudos.

A minha irmã, Valcieny que mesmo estando distante sempre acreditou no meu potencial

me dando todo apoio.

Aos meus tios e primos pelo apoio oferecido.

Aos meus amigos e colegas de curso pela força e ânimo que me ofereceram durante esse

trabalho, principalmente a Karine de Paula que sempre esteve do meu lado com toda

disposição.

Aos meus companheiros de república, principalmente à Fabi e Fellipe pelo apoio, conselhos

e incentivos oferecidos para que eu pudesse vencer mais essa grande etapa na minha vida.

Ao professor Elvio pela orientação e empenho oferecido nesse trabalho.

À professora Eufrosina pela paciência e preocupação com todos os formandos da disciplina

Projeto Final II.

Aos funcionários do LABOTEC pelo apoio nos ensaios: Gildenberg, Gilvaneide, Uiliana,

Mirela, Nilson e Suane.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS

LISTA DE FIGURAS

RESUMO

ABSTRACT

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

1.1 Justificativa .............................................................................................................. 2

1.2 Objetivos .................................................................................................................. 3

1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................... 3

1.2.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 3

1.3 Metodologia ............................................................................................................. 4

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 5

2.1 Histórico ................................................................................................................... 5

2.2 Alvenaria .................................................................................................................. 6

2.2.1 Bloco cerâmico ................................................................................................. 6

2.2.2 Bloco solo-cimento ........................................................................................... 7

2.2.3 Bloco de concreto ............................................................................................. 8

2.3 Alvenaria estrutural ................................................................................................ 10

2.3.1 Componentes da alvenaria estrutural com bloco de concreto ......................... 11

2.3.2 Modulação nos Blocos de concreto ................................................................ 12

2.3.3 Unidades de bloco de concreto ....................................................................... 13

2.4 Processo produtivo do bloco de concreto ............................................................... 13

2.5 Fatores que influenciam no desempenho dos blocos de concreto .......................... 15

2.5.1 Cura ................................................................................................................. 15

2.5.2 Tempo de adensamento .................................................................................. 17

2.5.3 Consistência de moldagem ............................................................................. 17

2.5.4 Teor de água e cimento ................................................................................... 17

2.5.5 Composição granulométrica dos agregados ................................................... 19

2.5.6 Estocagem do material .................................................................................... 19

2.5.7 Uso de aditivos ................................................................................................ 20

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2.6 Ensaios para avaliar a qualidade dos blocos de concreto ....................................... 20

2.6.1 Absorção ......................................................................................................... 21

2.6.2 Análise da massa do bloco .............................................................................. 22

2.6.3 Coloração ........................................................................................................ 22

2.6.4 Arestas ............................................................................................................ 23

2.7 Cuidados no recebimento dos blocos ..................................................................... 23

2.8 Normalização ......................................................................................................... 24

3 MÉTODOS ................................................................................................................... 28

3.1 Fábricas selecionadas ............................................................................................. 29

3.2 Ensaio de análise dimensional ............................................................................... 34

3.3 Ensaio de resistência à compressão ........................................................................ 35

3.4 Ensaio de absorção de água .................................................................................... 38

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................ 40

4.1 Análise dimensional ............................................................................................... 40

4.2 Resistência á compressão ....................................................................................... 41

4.3 Ensaio de absorção de água .................................................................................... 43

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 45

5.1 Conclusões ............................................................................................................. 45

5.2 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................................ 46

6 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 47

ANEXO ................................................................................................................................ 51

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Traços utilizados .................................................................................................. 18

Tabela 2 – Resistência dos blocos ........................................................................................ 18

Tabela 3 - Dimensões reais (NBR 6136:2006). .................................................................... 24

Tabela 4 – Designação por classe, largura dos blocos e espessura mínima das paredes dos

blocos (NBR 6136:2006). ..................................................................................................... 25

Tabela 5 – Requisitos para resistência característica à compressão, absorção e retração.

(NBR 6136:2006) ................................................................................................................. 27

Tabela 6– Valores de ψ em função da quantidade de blocos ................................................ 37

Tabela 7 - Resultados do ensaio de análise dimensional dos blocos: comprimento, largura e

altura. .................................................................................................................................... 40

Tabela 8 - Resultados do ensaio de análise dimensional dos blocos: espessura das paredes e

raio da mísula. ....................................................................................................................... 40

Tabela 9 - Resultados do ensaio de resistência à compressão dos blocos de vedação. ........ 41

Tabela 10 - Resultados do ensaio de absorção...................................................................... 43

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Raio da mísula do bloco. ....................................................................................... 26

Figura 2 - Blocos das empresas B, A e C vistos da esquerda para a direita. ........................ 29

Figura 3 - Estocagem dos blocos da fábrica B. ..................................................................... 31

Figura 4 - Máquina pneumática com misturador acoplado utilizada na fábrica B. .............. 31

Figura 5 - Máquina hidráulica utilizada na fabricação dos blocos na fábrica B. .................. 32

Figura 6 - Máquina utilizada na produção dos blocos da fábrica C...................................... 33

Figura 7 - Estocagem dos blocos da fábrica C. ..................................................................... 34

Figura 8 - Ensaio dimensional com paquímetro eletrônico. ................................................. 35

Figura 9 - Prensa utilizada no ensaio de resistência à compressão dos blocos. .................... 36

Figura 10 - Blocos capeados para o ensaio de resistência à compressão.............................. 36

Figura 11 - Ensaio de absorção dos blocos de concreto ....................................................... 39

Figura 12 – Resistência característica à compressão ............................................................ 42

Figura 13 - Absorção dos blocos de concreto ....................................................................... 43

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RESUMO

Na busca de opções que ofereçam racionalização e baixo custo tem-se observado o

crescimento do uso de blocos de concreto na construção civil. O mercado de Feira de

Santana/Ba tem acompanhado o forte crescimento desse setor, o que torna necessário o

conhecimento da qualidade dos produtos locais. Dessa forma, esse trabalho visa verificar a

qualidade dos blocos de concreto em fábricas da cidade, mostrando o comportamento atual

deste produto. Foram recolhidas amostras de 3 diferentes fabricantes de blocos de concreto

da cidade. Os blocos de concreto foram submetidos a uma análise dimensional, verificação

da resistência à compressão e absorção de água, seguindo as indicações das normas NBR

6136:2006 e NBR 12118:2006, que trata de blocos vazados de concreto simples para

alvenaria. Com os dados dos ensaios verificou-se que os blocos de vedação de duas das três

fábricas estudadas estão em conformidade nos três requisitos estudados: resistência à

compressão, absorção e análise dimensional. Porém uma delas apresentou-se em

desconformidade quanto às dimensões, sendo reprovada. Um fato importante constatado no

estudo é que o ensaio de resistência apresentou valores bem acima do mínimo exigido pelas

normas. Isso mostra que, nas fábricas estudadas, há uma carência de conhecimentos

técnicos, principalmente no que se refere à dosagem dos blocos de concreto, o que acarreta

a elevação dos custos de produção, diminuindo a competitividade das empresas.

Palavras-chave: Bloco de concreto; alvenaria de vedação, qualidade; construção civil.

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ABSTRACT

It is noted a growing of concrete blocks in building construction in order to obtain low cost

and rationalized processes. The knowledge of construction materials quality is necessary,

since it has been seen an increase of construction sector in Feira de Santana. The aim of this

work is to verify the quality of concrete blocks made by companies and show the behavior

of these blocks. The propose of this study is to provide a better performance of buildings. It

was selected specimens of three companies. The properties analyzed in the blocks were

dimensional analysis, compressive strength and water absorption according to the Brazilian

codes: NBR 6136:2006 and NBR 12118:2006. The blocks of two studied companies were

in conformity with three parameters: dimensional analysis, compressive strength and water

absorption. However, the dimensional parameter was not in conformity in the other

company. For this reason, this was rejected. On the other hand, the results showed that the

values of compressive strength of the blocks were superior than the required values of

codes. This fact shows the lack of technical knowledge of those companies as referred to

mix design of concrete blocks. As a consequence, the studied companies have high

production costs and low competitive in the market.

Keywords: concrete block; sealing masonry; quality; building construction.

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1 INTRODUÇÃO

Com o crescimento da economia, inflação controlada e o incentivo do governo em

investimentos, principalmente no que diz respeito à habitação popular, a construção civil no

Brasil tem recebido grande impulso nos últimos anos. Em 1999, a Caixa Econômica

Federal, criou o PAR (Programa de Arrendamento Residencial), no qual o cliente paga por

até 15 anos o valor da prestação e ao final se torna proprietário do imóvel. Esse fato

proporcionou um grande avanço no mercado imobiliário. Como conseqüência observa-se

uma incessante busca pela racionalização e redução de custos nas obras. Assim, várias

alternativas tecnológicas passaram a ser mais utilizadas no país, dentre estas a alvenaria

com blocos de concreto. O bloco de concreto é um material versátil e de fácil execução e

vem conquistando um espaço cada vez maior na construção civil, sendo utilizado em

execução de muros divisórios, piscinas, reservatórios, alvenaria estrutural e de vedação, etc.

O aquecimento da construção civil no Brasil tem levado a muitos investimentos, e diversos

segmentos como o da área de blocos de concreto já começaram a responder com o aumento

da produção. Mas, o ritmo de expansão do número de obras e da cadeia de fornecimento de

insumos não andam lado a lado, persistindo o risco de falta de materiais ou redução da

qualidade dos mesmos (BLANCO, 2008).

Na busca de acompanhar a grande demanda de materiais observa-se o surgimento de novas

fábricas produtoras de bloco de concreto. Entretanto, a abertura de novas fábricas,

geralmente por pequenos empresários, ocorre, na maioria dos casos, sem o conhecimento

adequado sobre o produto. Dessa forma, os produtores adotam, muitas vezes, traços

sugeridos por pessoas não especializadas, produzindo blocos de qualidade inadequada, sem

observância às normas técnicas pertinentes ao assunto e sem a presença de um profissional

técnico na etapa de produção.

Muitos produtores desconhecem o uso de ensaios e controle tecnológico para avaliar seus

materiais. Na prática, o que vem ocorrendo é a inexistência de dosagem e processos de cura

adequados. Apesar disto, esses fabricantes conseguem vender os produtos no mercado,

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devido principalmente ao preço mais baixo, grande demanda e à falta de conhecimento

técnico dos consumidores.

Assim, uma preocupação do setor de blocos de concreto está em adquirir material de

qualidade, o que tem sido um grande problema enfrentado pelas construtoras e

consumidores em geral. A baixa qualidade dos blocos faz com que o número de perda por

quebras chegue, em alguns casos, a 40%, desde a produção até a manipulação no canteiro

de obra, segundo dados da Associação Brasileira de Cimento Portland - ABCP (2007).

Desse modo, tornam-se necessárias pesquisas que avaliem a qualidade dos blocos de

concreto disponíveis nos mercados, como o de Feira de Santana, para a avaliação da

conformidade desse material e, a partir dessas informações, identificar a qualidade do setor

de produção local de blocos de concreto.

1.1 JUSTIFICATIVA

Os blocos de concreto estão ganhando cada vez mais espaço no mercado. Eles são versáteis

e tem diversas aplicações. Porém, apesar dessa grande aceitação ainda existe dificuldades

de se obter blocos de qualidade e dentro dos padrões necessários para que se tenha uma

obra durável e confiável. Essa falta de qualidade dos blocos de concreto tem causado

grandes prejuízos às obras e aumento do surgimento de manifestações patológicas nas

alvenarias.

Diante desse quadro percebeu-se a necessidade da caracterização dos blocos fabricados em

Feira de Santana, já que em diversos mercados, segundo dados do INMETRO (2008), tem

sido identificada a falta de qualidade desse material.

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade dos blocos de concreto de fábricas do

mercado de Feira de Santana identificando as características atuais do seu produto.

1.2.2 Objetivos específicos

• Identificar a capacidade de resistência à compressão dos blocos de concreto;

• Estabelecer as propriedades físicas dos blocos de concreto;

• Avaliar as propriedades geométricas dos blocos de concreto;

Com esses objetivos pretende-se oferecer uma fonte de pesquisa com informações técnicas

sobre a qualidade de blocos de concreto em Feira de Santana, alertando os consumidores

sobre os cuidados na compra desse produto e informando aos fabricantes sobre as normas

que devem ser utilizadas e os fatores que influenciam na produção e qualidade dos blocos.

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1.3 METODOLOGIA

Para possibilitar a avaliação dos blocos de concreto foram traçados como metodologia os

seguintes pontos:

• Realizar uma revisão bibliográfica;

• Pesquisar na telelista a quantidade de empresas fabricantes de bloco de concreto em

Feira de Santana;

• Selecionar empresas fabricantes de bloco de concreto de Feira de Santana;

• Coletar blocos de concreto fabricados no mercado de Feira de Santana;

• Realizar ensaios de resistência à compressão, absorção e dimensional nos blocos de

concreto de acordo com as normas: NBR 12118:2006 Blocos de concreto simples

para alvenaria – Métodos de ensaio, e NBR 6136:2006 Blocos vazados de concreto

simples para alvenaria – Requisitos.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 HISTÓRICO

Na busca de uma maior otimização, racionalização e redução de custos nas obras surgiram

a diferentes materiais como alternativa para construção, dentre esses os blocos de concreto.

Blocos de concreto são elementos vibroprensados e constituídos de uma mistura de cimento

Portland, agregados e água (MANZIONE, 2004).

Esse elemento possibilitou construções sem pilares ou vigas, utilizando apenas alvenaria de

blocos, o que colaborou na execução e redução do custo da obra. De inicio sua fabricação

era manual o que implicava na produção limitada. Com o desenvolvimento das máquinas

foi possível a produção de blocos de concreto em série, tornando-os mais uniformes e

controlados quanto à qualidade, o que contribuiu com o crescimento do uso desse material

(TAUIL, 1998).

Os primeiros blocos de concreto foram desenvolvidos e patenteados por Gibbs na

Inglaterra em 1850, mas a produção em massa começou apenas em 1904, na Virgínia –

EUA por J. Bresser, que desenvolveu as máquinas vibro-prensas automáticas. No Brasil há

indícios da utilização de blocos de concreto para vedação pela primeira vez na década de 40

(ABIBC, 2008).

Na década de 50 surgiram códigos de obras e normas descrevendo processos de cálculo

para alvenaria estrutural na Europa e América do Norte, contribuindo com o crescimento do

sistema. Esse crescimento do uso da alvenaria de bloco de concreto levou ao uso de ensaios

em laboratórios. Com os resultados dos ensaios obtiveram-se diversos parâmetros que

permitiram a modelagem do bloco de concreto contribuindo com a busca da elaboração de

normas técnicas mais precisas para construções desse tipo de alvenaria. A primeira norma

específica de blocos de concreto datada de 1982 foi a NBR 7173/82 - Blocos vazados de

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simples para alvenaria sem função estrutural, a qual padronizou os blocos de concreto para

vedação (ABIBC, 2008; TAUIL, 1998).

2.2 ALVENARIA

A alvenaria é o processo mais antigo de construção empregada pelo homem. Desde a

antigüidade ela tem sido utilizada pelo ser humano em suas habitações (PRADO, 2006). A

evolução da humanidade levou a uma grande variação dos elementos da alvenaria.

Encontra-se no mercado diversos tipos de elementos de alvenaria: bloco cerâmico, bloco de

concreto, solo-cimento, bloco de gesso, etc. Cada um desses elementos possui suas

vantagens e desvantagens devendo ser cuidadosamente analisados na hora de escolher o

tipo de alvenaria a ser utilizado.

A seguir apresenta-se os tipos mais usuais de alvenaria utilizados na Bahia: bloco cerâmico,

bloco de solo-cimento e bloco de concreto.

2.2.1 Bloco cerâmico

A popularidade da alvenaria com blocos cerâmicos, como sistema de fechamento é um

indicador claro do tradicionalismo a que a construção brasileira se mantém fixada, já que a

maioria das construções ainda são executadas com bloco cerâmico.

Os blocos cerâmicos são obtidos a partir da queima da argila. Possui em relação ao bloco

de concreto a vantagem de ter uma baixa densidade e permeabilidade, facilidade de

manuseio e mão de obra convencional. Uma desvantagem desse tipo de bloco é a grande

variação dimensional dos blocos, fato que influencia na qualidade do levante das alvenarias

e aumenta o consumo de argamassa para reboco (NASCIMENTO, 2004).

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Um outro ponto negativo está relacionado à montagem de fábricas de bloco cerâmico, a

qual necessita de um alto investimento, pois é necessária a construção de fornos para a

queima dos blocos, equipamentos caros e mão de obra especializada. Já fabricar blocos de

concreto é muito mais simples e necessita pouco investimento inicial quando comparado a

bloco cerâmico.

2.2.2 Bloco solo-cimento

A preocupação com o meio ambiente levou a busca de materiais alternativos fato que gerou

novos produtos como o bloco de solo cimento. O bloco de solo-cimento é um material

composto de solo, cimento e água. Essa mistura é pouco úmida e “farofada” e depois de

compactada ganha consistência e durabilidade permitindo sua utilização em diversas

aplicações. Uma das vantagens do solo-cimento é seu baixo custo devido ao solo ser um

material local e não haver necessidade de queima.

Esse tipo de alvenaria é mais utilizado em zonas rurais para povoado de baixa renda e os

blocos geralmente são produzidos no próprio canteiro de obra. Pode ser utilizados em

construções de casas, depósitos, galpões, aviários, armazéns, etc (CEPLAC, 2008).

Dentre outras vantagens esse tipo de bloco possui baixo consumo de energia na produção e

a utilização de mão de obra sem qualificação adequada. Blocos de solo-cimento com 10%

de cimento consomem 8 a 16 vezes menos energia que os blocos cerâmicos (WALKER,

1994 citado por PASSOS et al). Apresenta boas condições de conforto comparado aos

tijolos cerâmico se não acarreta condições para instalações e proliferações de insetos

nocivos à saúde pública.

Por outro lado, a durabilidade é fator de grande importância neste tipo de construção e

cuidados especiais devem ser tomados. Como desvantagem do solo cimento tem-se a

necessidade de controle tecnológico e o aumento do consumo de cimento com o teor de

argila do solo (CONCIANI et al., 2008).

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Para aplicação em habitações de baixa renda o uso do solo-cimento é uma alternativa muito

interessante, a qual fica restringida com a falta de uma tecnologia adequada e divulgação

que impediu o crescimento do uso do bloco de solo cimento no Brasil (PASSOS, 2008).

2.2.3 Bloco de concreto

Os blocos de concreto podem ser destinados a fechamento de vãos - bloco de vedação ou à

sustentação das construções tendo função estrutural - blocos estruturais. Os blocos de

vedação e estruturais feitos de concreto são fisicamente semelhantes e a forma de produção

é a mesma. Entretanto, os blocos estruturais possuem paredes mais espessas e maior

resistência a compressão.

Um fator importante que deve ser levantado é o potencial da utilização do bloco de

concreto e a análise do benefício do uso desse material em substituição de outro elemento

de alvenaria. Dentre as vantagens e desvantagens de se utilizar o bloco de concreto

comparado a outros elementos de alvenaria pode-se citar (ABIBC, 2007; VFAZITTO,

2007):

VANTAGENS:

• Medidas mais uniformes;

• Economia de material, já que a parede com blocos de concreto é mais plana que a

do bloco cerâmico;

• Dispensa o chapisco e o revestimento de argamassa em alguns casos;

• Possibilidade de se pintar diretamente sobre o bloco ou deixá-lo aparente;

• Redução de tempo da obra;

• Economia de 15 a 20% do valor da obra;

• Utiliza-se menos blocos por m², cerca de 12,5 blocos por m² ante 25 tijolos.

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DESVANTAGENS:

• Menor conforto térmico;

• Necessita de mão-de-obra especializada;

• Contribui com o aumento do peso da estrutura;

• Maior absorção de água.

No caso de blocos estruturais, por não utilizar pilares e vigas o sistema construtivo de

alvenaria estrutural apresenta uma série de vantagens (ABIBC, 2007; VFAZITTO, 2007):

• Não tem gastos com formas para execução de pilares e vigas;

• Gastos menores de concreto para grauteamento;

• Tubulações passam por dentro dos blocos, evitando o retrabalho de recortes e

passagem de tubos;

• Baixo índice de desperdício de material;

• Economia pode chegar até a 30% do valor da obra;

• Precisão das dimensões e modulação;

• Redução do uso de formas e armaduras;

• Construção limpa, sem muitas quebras e desperdícios;

• Requer menos mão de obra. Um pedreiro produz dez vezes m² a mais com blocos de

cimento;

• Menor exigência de argamassa no assentamento e necessidade da metade de

argamassa usada nos tijolos normais para o reboco;

• O assentamento dos blocos é feito com muito mais rapidez, visto que eles possuem

dimensões maiores que os tijolos convencionais;

• Os blocos podem ser produzidos por uma máquina na própria obra, economizando

no transporte.

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2.3 ALVENARIA ESTRUTURAL

A alvenaria estrutural é um sistema construtivo onde os elementos que desempenham a

função estrutural são os mesmos que desempenham a função de vedação que é a parede de

alvenaria. Dessa forma, esse sistema oferece uma redução de tempo e custo da construção

(ANDOLFATO, 2002).

Inicialmente a alvenaria estrutural não apresentava grande aceitação pelos profissionais. A

sua qualidade era precária, possuía algumas limitações construtivas, que dificultaram,

inicialmente, o avanço dessa técnica, preconceito dos construtores e pouca divulgação do

assunto nas universidades durante o processo de formação do profissional. Porém, mesmo

com todos esses obstáculos o crescente avanço tecnológico permitiu a elaboração de

projetos sofisticados com flexibilidade de layout e maior rigidez estrutural (PRADO, 2006).

A alvenaria estrutural tem uma vantagem que é a fácil incorporação de racionalização,

produtividade e qualidade junto ao fato de obter uma obra com bom desempenho e baixo

custo. Porém muitos projetistas são leigos em relação a este sistema construtivo e preferem

optar pelo concreto armado, o qual estão acostumados.

Casas com blocos de concreto já eram construídas desde 1920, sendo que as primeiras

construções com esse produto foram destinadas a população de baixa renda. Esse fato levou

muitos profissionais e principalmente consumidores a possuir uma visão preconceituosa

desse tipo de alvenaria. Com o desenvolvimento das normas brasileiras pela ABNT e da

indústria de blocos de concreto, os profissionais obtiveram maior confiança na utilização

desse material passando a projetar edifícios cada vez mais altos e até luxuosos. Como

exemplo temos: o Hotel Exclibur, em Las Vegas, EUA, com 28 pavimentos e blocos de 19

cm de espessura suportando toda a carga do edifício; e o Edifício residencial Solar dos

Alcântara, em São Paulo com 21 pavimentos e blocos de 14 cm de espessura (TAUIL,

1998).

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2.3.1 Componentes da alvenaria estrutural com bloco de concreto

Há muitos casos nos quais a alvenaria estrutural é praticada sem planejamento e sem

análise para que se possa escolher a melhor forma de se aproveitar o potencial do sistema.

Para o êxito da construção em alvenaria estrutural é necessário um alto grau de interação

entre projetos e um bom acompanhamento e controle da execução. Tudo visando à

racionalização do processo de produção (MANZIONE, 2004).

Os principais componentes da alvenaria estrutural, segundo Manzione (2004) são: blocos

de concreto, argamassa de assentamento, graute e armadura.

• Blocos de concreto: como se trata de alvenaria com função estrutural é muito

importante a escolha de blocos com rigor na qualidade da produção, devendo-se dar

preferência a blocos fabricados por processo vibropresansados e sob cura à vapor.

Os blocos devem apresentar um aspecto homogêneo e compacto, com arestas vivas,

sem trincas e textura com aspereza adequada à aderência de revestimentos.

• A argamassa tem a função de unir os blocos, transferir esforços e compensar

imperfeições. Este componente deve ter uma boa trabalhabilidade, durabilidade,

resistência inicial para resistir aos esforços da própria construção, etc.

• O graute é um microconcreto de alta plasticidade aplicado em determinados furos

dos blocos para aumentar a resistência da alvenaria à compressão.

• A função da armadura é resistir os esforços de tração da parede e também pode ser

utilizada como elemento de amarração.

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2.3.2 Modulação nos Blocos de concreto

A modulação é uma técnica muito utilizada em alvenaria com blocos de concreto para

otimizar o sistema construtivo. É um processo que oferece viabilidade técnico-econômica

baseado em um sistema de montagem com baixo consumo de argamassa e alto índice de

rendimento e produtividade (MARINS, et al. 2005).

O processo consiste em projetar a alvenaria utilizando-se blocos com medidas,

comprimento e espessura definidas, podendo ou não ser múltiplas umas das outras.

Medidas múltiplas são mais práticas por dispensar a necessidade de elementos especiais

pré-fabricados, o que ocorre com alvenarias ditas quebradas (PRATES, 2008). A montagem

é da mesma forma da alvenaria convencional, porém com mais cuidado na marcação e

assentamento da primeira fiada, a qual é a linha mestra que determinará a qualidade da

alvenaria.

2.3.3 Unidades de bloco de concreto

Diante do crescimento do uso de blocos de concreto torna-se importante conhecer a

influência que as unidades desses blocos exercem sobre a alvenaria. Dentre diversos fatores

que influenciam no desempenho da alvenaria como resistência e características da

argamassa de assentamento, os blocos também são responsáveis pelo desempenho da

estrutura. Sendo as principais características a geometria, resistência e absorção.

Nesse trabalho será dada ênfase nas unidades de blocos de concreto, analisando os fatores

que influenciam na qualidade dessas unidades de fundamental importância no desempenho

da alvenaria.

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2.4 PROCESSO PRODUTIVO DO BLOCO DE CONCRETO

O processo de produção dos blocos de concreto ainda é muito artesanal sendo caracterizado

por métodos empíricos de proporcionamento. Daí a importância de trabalhos com proposta

de contribuir com estudo dos parâmetros que influenciam nas propriedades e na dosagem

do concreto utilizado na produção dos blocos (SOUZA, 2001).

Os principais componentes empregados na fabricação de blocos de concreto são: pó de

brita, areia, cimento e água. Sendo que, em alguns casos são utilizados redutores de água. O

processo de fabricação de blocos de concreto consiste em: proporcionamento, mistura

úmida e “farofada” dos materiais, moldagem do material, vibração, prensagem e cura.

(BARBOSA, 2004). A dosagem ou proporcionamento é o estabelecimento do traço do

concreto, com a especificação das quantidades de cimento, agregados, água, adições e

eventualmente aditivos.

Na dosagem do bloco de concreto deve-se tomar alguns cuidados devido a sua consistência

ser de terra úmida, diferente do normalmente utilizado em estruturas, com consistência

plástica. No concreto para fabricação de blocos existe a presença significativa de ar em

volume e com isso ele não segue a regra do concreto de estruturas, onde menos água

aumenta a resistência. A resistência à compressão é uma propriedade fundamental para os

blocos estruturais, justamente por sua função e também porque a durabilidade, a absorção

de água e a impermeabilidade da parede estão intimamente ligadas a esta propriedade

(BARBOSA, 2004).

Embora o autor acima citado tenha se referido sobre a importância da resistência em blocos

estruturais, esta propriedade é também importante nos blocos de vedação, que necessitam

apresentar uma resistência mínima para ter um desempenho adequado.

Segundo Tango (1994) citado por Souza (2001), para um processo produtivo racional é

indicado alguns passos fundamentais para a produção de blocos com qualidade:

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1) Ajuste dos agregados: o principal parâmetro desse passo é a granulometria dos

agregados. Estes materiais devem ser combinados de modo a se conseguir o máximo

grau de compactação dos blocos durante a moldagem nas vibroprensas. Deve-se

trabalhar com agregados de dimensões máximas inferiores à metade da menor

espessura da parede dos blocos, a não ser que se faça uma verificação experimental

comprobatória da viabilidade de outra dimensão.

2) Estabelecimento da resistência média a ser obtida.

3) Estimativa dos teores de agregado/cimento. Nesse passo, os valores de traço são

escolhidos objetivando a resistência média visada, na idade de interesse. Espera-se que

o traço médio seja a estimativa inicial para a resistência requerida.

4) Determinação da proporção de argamassa e da umidade ótima do traço médio que no

estado fresco deve apresentar bom aspecto superficial dos blocos, massa unitária

elevada e boa trabalhabilidade.

5) Confecção das misturas experimentais e ensaio dos blocos à compressão,

correlacionando os resultados e empregando um diagrama de dosagem.

O nível de sofisticação e organização das fábricas de blocos é muito variável. Existem

desde fábricas com equipamentos de alta produtividade a pequenos galpões onde existem

apenas fôrmas e operários para moldagem manual dos blocos (MEDEIROS, 1994).

Em uma indústria de blocos de concreto, os equipamentos para a produção são

fundamentais para o sucesso de sua implantação. As instalações industriais, adequadas às

necessidades atuais, como galpões para acomodar os equipamentos de fabricação, câmeras

de cura para tratamento dos produtos, laboratórios de controle etc., devem ter como

complemento uma boa equipe técnica e comercial (REVISTA PRISMA, 2008).

Tudo isso acarreta na necessidade de grandes investimentos, os quais muitos produtores

iniciantes de blocos de concreto não possuem, tornando-se importante a conscientização de

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que há necessidade de melhoramento na produção dos blocos para impedir demais

problemas relacionados a má qualidade dos blocos de concreto no mercado.

2.5 FATORES QUE INFLUENCIAM NO DESEMPENHO DOS BLOCOS DE

CONCRETO

Os principais fatores que, segundo Souza (2001) e Medeiros (1994), exercem influência

sobre a qualidade do bloco de concreto são: cura, tempo de adensamento, consistência de

moldagem, composição granulométrica dos agregados, teor de água e cimento, estocagem

dos materiais, utilização de aditivos. Ao contrário do que se possa imaginar esses estudos

comprovaram que a relação água cimento não influencia na resistência dos blocos de

concreto.

2.5.1 Cura

A hidratação do cimento é a reação química do cimento com a água que é responsável pela

pega, endurecimento e resistência do concreto. Segundo Neville (1997), uma hidratação

inicial muito rápida forma um concreto mais poroso e provoca retração.

Para reduzir a retração devida a perda de água do concreto nas primeiras idades, a cura

úmida torna-se essencial durante o período de hidratação mais intensa do cimento e em

decorrência há obtenção de blocos de boa qualidade.

A cura é um procedimento utilizado com o objetivo de evitar a perda de água do concreto

enquanto jovem. Esse processo evita a perda de água para o ambiente, reduzindo a

formação de capilares no concreto, a retração por secagem e a variação da umidade,

tornando o concreto menos poroso e conseqüentemente mais resistente (MEHTA, 1994).

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Assim, um bom processo de cura reduz o consumo de cimento e melhora a resistência dos

blocos de concreto. Os tipos de cura mais utilizados são: ao ar livre, a vapor e por

autoclave.

A cura ao ar livre é a mais utilizada em fabricação manual. Ela consiste na aspersão de água

para manter os blocos úmidos. Nela deve-se ter o cuidado de manter os blocos protegidos

do vento e da ação direta do sol pelo menos na primeira semana. Isso ajudará no controle da

evaporação da água e conseqüentemente na hidratação do cimento. A vantagem desse

método está relacionada ao baixo custo devido ao processo não demandar de consumo de

energia, manutenção, aquisição e operação de máquinas. Em contrapartida esse método

necessita de espaço protegido para o estoque dos blocos em cura, transporte para levá-los

ao local de cura e possibilidade de perda de blocos no transporte (MEDEIROS, 1994).

Quanto à cura a vapor, mais usada em indústrias, é um processo rápido durando cerca de 16

horas, sendo apenas duas horas de aplicação direta do vapor. Os blocos são armazenados

em câmeras a temperaturas de 65 a 82°C. Esse processo mantém o ambiente saturado de

vapor, evitando perda de água do concreto durante a reação do cimento e a cura. Após essa

etapa, as peças permanecem em repouso até o dia seguinte. Essas câmaras são alimentadas

por caldeiras que devem usar água desmineralizada a fim de evitar a obstrução da tubulação

por sedimentação de materiais. Possui a vantagem de menor quantidade de estoque na cura

já que é mais rápida e a desvantagem de manutenção nas caldeiras que pode interromper a

cura (MEDEIROS, 1994).

Finalmente na cura por autoclave os blocos são submetidos à altas temperaturas e pressão,

sendo um método bastante eficaz no desempenho mecânico dos blocos, porém de alto

custo.

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2.5.2 Tempo de adensamento

O tempo de adensamento está ligado ao adensamento, preenchimento e à mistura do

concreto nos moldes e tem grande influência na resistência e permeabilidade dos blocos.

O adensamento deve oferecer uma boa aparência do bloco na desforma, total

preenchimento da mistura no molde, resistência dos blocos na desforma e tem forte

influência na produtividade das operações de fabricação dos blocos. Um ponto ideal de

adensamento é aquele que atende com êxito a esses requisitos (SOUZA, 2001).

2.5.3 Consistência de moldagem

Consistência de moldagem varia em função do método de moldagem utilizado. Essa

consistência, assim como o tempo de adensamento deve permitir uma boa moldagem e

manuseio do bloco na desforma.

Para se chegar a uma boa consistência de moldagem deve-se ajustar traços até que se

obtenha uma mistura com boa trabalhabilidade (SOUZA, 2001).

2.5.4 Teor de água e cimento

Numa vasta pesquisa na busca de um traço otimizado para obter um proporcionamento

entre os materiais que ofereça baixo custo e boas características nos blocos de concreto,

Adolfato et al (2002) analisou cinco traços diferentes baseando-se na variação do teor de

cimento e na quantidade de água. Dessa forma ele pôde avaliar a influência dos teores de

água e do cimento no desempenho dos blocos de concreto. Os traços utilizados em seu

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trabalho podem ser vistos na Tabela 1, sendo o primeiro traço produzido a partir de um

traço já realizado em fábrica.

Tabela 1 - Traços utilizados

MATERIAIS TRAÇOS

1 2 3 4 5 Cimento (Kg) 40 33 47 40 40 Areia (Kg) 213 213 213 213 213 Pedrisco (Kg) 132 132 132 132 132 Água (L) 7 7 7 14 21

Nos traços 1 a 3, o pesquisador manteve o teor de água e variou o de cimento. Já nos traços

4 e 5 fez o inverso.

O desempenho dos blocos com cada traço podem ser vistos na Tabela 2.

Tabela 2 – Resistência dos blocos

TRAÇO RESISTÊNCIA

(MPa)

1 9,17

2 7,94

3 8,9

4 13,38

5 13,48

Como resultado Adolfato et al. (2002) concluíram que:

• O teor de cimento tem forte influência na rigidez dos blocos, porém não ocorre o

mesmo quanto a resistência a compressão.

• A relação água-cimento não afeta a resistência à compressão dos blocos

• O grau de compacidade tem grande influência na resistência dos blocos e é em

função da quantidade de água.

• A quantidade de água modifica a aparência e textura dos blocos.

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2.5.5 Composição granulométrica dos agregados

Composição granulométrica é a distribuição das porcentagens relativas das partículas de

determinadas dimensões que compõem o agregado. Essa composição é determinada pelo

ensaio de granulometria, o qual consiste em passar os grãos por uma série de peneiras. Com

base no material que fica retido nas diferentes peneiras traça-se a curva granulométrica,

ferramenta esta que possibilita uma melhor avaliação para escolha de uma granulometria

mais contínua (MEHTA, 1994 e NEVILLE, 1997).

Após a determinação da granulometria é necessário escolher a melhor granulometria dos

agregados. Essa característica é importante porque para se obter uma melhor compactação

deve-se combinar agregados em proporção e granulometria adequada. Segundo Medeiros

(1994), a resistência à compressão dos blocos de concreto depende do grau de compactação

da mistura e este grau está diretamente relacionado com a granulometria dos agregados.

Geralmente não é possível escolher agregados com curva granulométrica dentro dos

padrões desejados. Assim, durante a dosagem é necessário adaptar a produção aos materiais

disponíveis. Na prática têm-se conseguido bons resultados variando-se a proporção entre o

agregado graúdo e o miúdo, procurando a máxima compacidade possível para o método de

produção utilizado (SOUZA, 2001).

2.5.6 Estocagem do material

Em muitas fábricas de blocos de concreto não há preocupação com a estocagem dos

materiais que serão utilizados na confecção dos blocos, a qual é feita, geralmente, a céu

aberto. Nessas condições o material fica exposto à umidade, fato que gera problemas na

moldagem dos blocos. Usinas de maior porte utilizam higrômetros nos misturadores,

permitindo a correção dessa umidade.

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Os blocos, depois de fabricados devem ser armazenados sobre terreno plano isolados do

solo, por meio de um lastro de brita ou qualquer outro material semelhante, para evitar

umidade ou contaminação com outros materiais (CASTRO, 2007).

2.5.7 Uso de aditivos

Aditivo é todo produto acrescentado opcionalmente à composição do concreto para

proporcionar ou reforçar certas características no concreto (BAUER, 2000).

Apesar de ser mais usado por fábricas de maior porte e deste setor manter em segredo os

aditivos utilizados e sua quantidade, esse produto também facilita a limpeza das máquinas e

moldagem dos blocos, aumentando a produtividade, a compactação e conseqüentemente a

resistência do bloco.

O uso de aditivos proporciona aumento do custo, porém pode reduzir a quebra dos blocos

durante a fabricação, a qual é um forte fator de aumento de custos na produção e aumentar

a vida útil do bloco.

2.6 ENSAIOS PARA AVALIAR A QUALIDADE DOS BLOCOS DE CONCRETO

A qualidade, segundo Helene (1992) é definida como a adequação de um processo ou

serviço a uma finalidade de forma a satisfazer às necessidades do usuário. Este importante

processo não vem acontecendo, o que pode ser visto no desempenho das edificações, os

quais têm apresentado freqüente deterioração precoce.

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Apesar de conhecer a importância da qualidade ainda são poucos que conseguem alcançá-

la. Isso tem causado insatisfação dos clientes e aumento do custo de manutenção dos

produtos (LIMMER, 1997).

Dessa forma, a qualidade se tornou uma das principais estratégias competitivas nas diversas

empresas e nos diversos setores. Esse processo está intimamente ligado à produtividade, a

melhoria de resultados e ao aumento de lucros. Assim, há uma incessante busca do mercado

pela melhoria de seus produtos, otimizando continuamente seus processos produtivos.

A NBR 12118:2006 trata dos ensaios que devem ser realizados para garantir a qualidade

dos blocos de concreto, são eles: dimensionais, resistência à compressão, absorção e

retração por secagem. Nem todos ensaios fornecem resultados imediatos, alguns somente

são realizados em laboratórios, demandando algum prazo, outros podem ser realizados na

própria obra e são úteis na avaliação da qualidade dos blocos durante o recebimento no

canteiro de obra.

A Revista Prisma (2008) descreve ensaios práticos, os quais estão relacionados com a

verificação da absorção, peso, coloração e geometria dos blocos. Contudo, vale salientar

que esse método serve apenas como orientação e não deve ser o único utilizado para

aprovar ou reprovar um lote do produto.

2.6.1 Absorção

Absorção representa a quantidade de água absorvida pelo material seco com relação a

massa do material e é representado em porcentagem. A penetração e movimentação de água

no concreto é função da quantidade, forma, distribuição e dimensões dos poros do concreto

(MEHTA, 1994).

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Um bloco quando produzido com quantidade de água insuficiente para o perfeito

adensamento apresenta uma superfície porosa, sujeita a absorver água com facilidade. Para

se verificar se o produto tem boa compactação pode ser feito um teste de absorção.

Nesse teste deve-se derramar um pouco de água sobre sua superfície mantendo o bloco na

horizontal. Se a água não penetrar ou penetrar com certa dificuldade a peça pode ser

considerada compacta, sinal de produto bem adensado. A penetração muito rápida indica

grande quantidade de vazios no concreto, que é um forte indicativo de baixa resistência.

2.6.2 Análise da massa do bloco

Para os blocos de mesmos materiais e mesmos traços, a resistência é proporcional à sua

densidade e esta à massa da peça. Desta forma, para peças de um mesmo lote, diferenças de

massa são um indicador de diferença de resistência. Quanto mais leves as peças, mais

porosas e, portanto, menor será a resistência e maior a absorção de água.

2.6.3 Coloração

Quando o produto apresenta grande variação de tonalidade de cor no mesmo lote pode ser

que houve variações na quantidade de água empregada na mistura.

Misturas mais secas tendem a deixar as peças mais escuras, enquanto as misturas com

umidade adequada resultam em produtos levemente mais claros, devido ao afloramento da

pasta de cimento.

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Essa coloração se reflete na compactação do concreto e na densidade da peça. O resultado

são blocos de diferentes densidades e diferentes resistências, acarretando aumento do

desvio padrão e redução das resistências características. (REVISTA PRISMA, 2008)

2.6.4 Arestas

Arestas bem definidas significam misturas bem dosadas e bem compactas. Já uma aresta

irregular indica um produto fabricado com um concreto inadequado (pouca água no

processo de mistura) deixando de oferecer uma coesão e compactação necessária ao

concreto, condições que prejudicam a possibilidade de uma máxima resistência com os

materiais empregados.

2.7 CUIDADOS NO RECEBIMENTO DOS BLOCOS

Antes do recebimento dos blocos deve-se reservar um espaço adequado no canteiro para

suportar de forma organizada a quantidade de material e facilitar a descarga e o transporte.

É importante que os blocos de concreto estejam cobertos e protegidos da umidade do solo.

Os blocos devem ser separados por tipos e classe de resistência. È essencial que haja uma

verificação visual dos blocos antes e durante o carregamento, lembrando que estes devem

ser homogêneos, compactos, com cantos vivos, e livres de trincas e imperfeições que

possam prejudicar o assentamento ou afetar a resistência e durabilidade da construção

(FARIA, 2007). Por motivos de segurança dos operários, deve-se fazer pilhas de blocos

inferiores a 1,6m de altura.

Após o recebimento devem-se separar as amostras para cada lote, as quais serão

encaminhadas ao laboratório e ensaiadas. As amostras devem ser escolhidas aleatoriamente

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e marcadas identificando a data da coleta e o lote. Os critérios de amostragem podem ser

vistos detalhadamente na NBR 6136:2006.

2.8 NORMALIZAÇÃO

A normalização brasileira define basicamente dois tipos de blocos de concreto, de acordo

com sua aplicação: para vedação e com função estrutural. São duas as normas que

estabelecem as condições para aceitação desses blocos de concreto: A NBR 6136:2006

Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Requisitos e a NBR 12118:2006

Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Métodos de ensaio.

Os requisitos para avaliação dos blocos exigidos pela NBR 6136:2006 são:

• Dimensões (largura, altura, comprimento, espessura mínima e raio das mísulas);

• Resistência à compressão;

• Absorção de água;

• Retração linear por secagem.

Por motivos de disponibilidade de equipamentos no laboratório o ensaio de retração não foi

realizado nesse trabalho.

A. DIMENSÕES

As dimensões reais dos blocos vazados de concreto, especificadas na NBR 6136:2006

devem estar de acordo com a Tabela 3.

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Tabela 3 - Dimensões reais (NBR 6136:2006). FAMÍLIA DE BLOCOS

Designação Nominal 20 15 12,5 10 7,5 Módulo M-20 M-15 M-12,5 M-10 M-7,5

Largura (mm) 190 140 115 90 65 Altura (mm) 190 190 190 190 190 Comprimento (mm) 390 390 390 390 390

As tolerâncias permitidas às dimensões dos blocos indicadas pela NBR 6136:2006 são de

±3,0 mm para a altura e comprimento do bloco e de ±2.0mm na largura. A espessura

mínima de qualquer parede do bloco exigida pela NBR 6136:2006 deve ser a indicada na

Tabela 4 e a tolerância permitida nas dimensões das paredes é de −1,0mm para cada valor

individual.

Tabela 4 – Designação por classe, largura dos blocos e espessura mínima das paredes dos blocos (NBR 6136:2006).

Classe Designação Paredes

longitudinais (1)

(mm)

Paredes transversais

Paredes (1)

(mm)

Espessura equivalente (2)

(mm/m)

A M-15 25 25 188

M-20 32 25 188

B M-15 25 25 188

M-20 32 25 188

C

M-10 18 18 135

M-12,5 18 18 135

M-15 18 18 135

M-20 18 18 135

D

M-7,5 15 15 113

M-10 15 15 113

M-12,5 15 15 113

M-15 15 15 113

M-20 15 15 113

(1) Média das medidas das três paredes tomadas no ponto mais estreito.

(2) Soma das espessuras de todas as paredes transversais aos blocos (em milímetros), dividida pelo comprimento nominal

do bloco (em metros).

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Onde, as classes A, B, C, e D definidas pela NBR6136: 2006 são:

Classe A: blocos de concreto com função estrutural, para uso em elementos de alvenaria

acima ou abaixo do nível do solo.

Classe B: blocos de concreto com função estrutural, para uso em elementos de alvenaria

acima do nível do solo.

Classe C: blocos de concreto com função estrutural, para uso em elementos de alvenaria

acima do nível do solo.

Classe D: blocos de concreto sem função estrutural, para uso em elementos de alvenaria

acima do nível do solo.

O raio das mísulas de acomodação dos blocos (R), deve ser de no mínimo 40mm para os

blocos de classe A e B, e de 20mm para os blocos de classe C. Esse raio possui centro

tomado no encontro da face externa da parede longitudinal com o eixo transversal do bloco,

como mostra a Figura 1.

Figura 1. Raio da mísula do bloco.

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B. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO, ABSORÇÃO E RETRAÇÃO

Os blocos de concreto devem atender aos limites quanto à absorção, resistência e retração

por secagem estabelecidos pela NBR 6136:2006. A Tabela 5 define esses limites:

Tabela 5 – Requisitos para resistência característica à compressão, absorção e retração.

(NBR 6136:2006)

Classe

Resistência

característica

fbk

MPa

Absorção média em %

Retração (1)

% Agregado

normal Agregado leve

A ≥6,0

≤10,0

≤13,0

(média)

≤ 16,

(individual)

≤ 0,065 B ≥4,0

C ≥3,0

D ≥2,0

(1) Facultativo.

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3 MÉTODOS

Para a realização desse trabalho foram escolhidas três fábricas de bloco de concreto, sendo

duas as mais reconhecidas no mercado de Feira de Santana. A escolha dessa quantidade foi

baseada nas fábricas pesquisadas na telelista que se interessaram em participar desse

trabalho.

Inicialmente, foi feita uma primeira visita na qual foi aplicada uma entrevista para conhecer

o sistema de produção, o porte da empresa e o tipo de bloco mais vendido. Essas

informações serão de grande valia na análise do desempenho desse material, já que o

conhecimento dos procedimentos de produção pode ser uma peça chave para explicar o

comportamento dos blocos.

Com base na entrevista foi observado que o tipo de bloco mais procurado pelos

consumidores era o de vedação com dimensões de 9x19x39 cm, o qual foi, por esse motivo,

escolhido para avaliação desse trabalho.

Foram recolhidas 18 amostras de blocos de concreto para vedação (9x19x39 em cada

fábrica para que fossem submetidos aos ensaios previstos pela norma NBR 6136:2006.

Dessas amostras 9 unidades destinaram-se aos ensaios, enquanto as outras 9 permaneceram

no laboratório para caso houvesse necessidade de repetição de algum ensaio. Todos os

blocos recolhidos apresentaram arestas vivas, sem trincas e sem fraturas.

Após a obtenção das amostras dos blocos de concreto de cada empresa, iniciaram-se os

ensaios, os quais foram realizados no LABOTEC (Laboratório de Tecnologia) da

Universidade de Feira de Santana. Os ensaios realizados para a caracterização dos blocos

foram os de análise dimensional, resistência à compressão e absorção de água, os quais

foram realizados de acordo com a NBR 6136:2006 e NBR 12118:2006.

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3.1 FÁBRICAS SELECIONADAS

Com base na entrevista aplicada nas fábricas foi possível conhecer a estrutura e os

procedimentos de cada uma das empresas selecionadas nesse trabalho. Todas as empresas

visitadas utilizam máquinas na fabricação dos blocos de concreto e obtêm potencial de

fabricação inferior a 5000 (cinco mil) unidades de blocos diários.

A Figura 2 mostra o aspecto dos blocos de cada empresa. Nessa figura pode-se observar

que o primeiro bloco (da empresa B) é bastante poroso em relação aos outros e que o

segundo (da empresa A) possui uma superfície bastante lisa.

Figura 2 - Blocos das empresas B, A e C vistos da esquerda para a direita.

A seguir serão mostradas mais detalhadamente as características de cada fábrica

selecionada para este trabalho.

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a) FÁBRICA A:

A fábrica A possui 35 funcionários, uma produção diária de 3600 blocos e 6 anos de

atuação no mercado de Feira de Santana.

Em seu sistema de produção possui uma máquina pneumática ano 1978, a qual produz até 3

blocos de uma só vez. O material utilizado na produção dos blocos é areia, pó de pedra,

cimento CPV ARI e água. Não utiliza nenhum tipo de aditivo.

A empresa aplica o processo de cura ao ambiente durante três dias e armazena os blocos

diretamente sobre o solo. Ensaios de resistência à compressão só são realizados a pedido do

cliente. Quanto ao traço utilizado a empresa fez sigilo, contudo explicou que um fato muito

ocorrente quando há muitos pedidos é o aumento do teor de cimento dos blocos para que

estes possam ser vendidos após 24h de fabricado.

Um custo fixo que a empresa possui está relacionado às trocas periódicas dos paletes da

máquina, as quais desgastam facilmente afetando a homogeneidade dos blocos.

b) FÁBRICA B:

A fábrica B possui 16 funcionários, uma produção diária de 2500 blocos e 5 anos de

atuação no mercado.

Os materiais utilizados na fabricação dos blocos é pó de pedra fino, cimento e água, sem a

utilização de areia. A empresa afirma que não usa areia devido ao fato do traço utilizado

proporcionar muitas quebras do bloco durante a moldagem. A cura é feita por três dias e o

material é estocado em estantes metálicas como mostra a Figura 3.

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Figura 3 - Estocagem dos blocos da fábrica B. A empresa possui duas máquinas na fabricação dos blocos: 1 pneumática que produz 3

blocos de vez e 1 hidráulica que produz 6 blocos de vez. E ainda faz uso de misturador

acoplado à máquina para homogeneizar os agregados. Estas máquinas podem ser vistas nas

Figuras 4 e 5.

Figura 4 - Máquina pneumática com misturador acoplado utilizada na fábrica B.

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Figura 5 - Máquina hidráulica utilizada na fabricação dos blocos na fábrica B.

A proporção de material utilizado pela empresa é:

• 0,1936 m³ de pó de pedra fino para cada 20 Kg de cimento. A quantidade de água

não é medida, sendo baseada em uma determinação visual da consistência.

Esse traço produz cerca de 47 blocos de 9x39x19. A empresa tem encontrado dificuldades

relativas à mão-de-obra adequada. Os funcionários, geralmente não ficam muito tempo na

empresa, não têm experiência e possuem baixa produtividade.

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c) FÁBRICA C:

A fábrica C possui 2 funcionários na área de produção dos blocos. Sua produção diária é de

600 blocos.

No seu sistema de produção possui uma máquina mecanizada, a qual produz até 4 blocos de

vez conforme mostra a Figura 6. O material utilizado na produção dos blocos é areia, pó de

pedra, cimento e água. Também não utiliza nenhum tipo de aditivo.

Figura 6 - Máquina utilizada na produção dos blocos da fábrica C.

A empresa aplica o processo de cura ao ambiente durante 2 dias e armazena os blocos em

placas de madeira colocadas diretamente sobre o solo como pode ser observado na Figura

7. Ensaios de resistência à compressão nunca foram realizados e há um desconhecimento

das normas. Quanto ao traço utilizado a empresa fez sigilo.

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Figura 7 - Estocagem dos blocos da fábrica C.

3.2 ENSAIO DE ANÁLISE DIMENSIONAL

A dimensão do bloco é uma característica importante. Comprimento, altura, largura,

espessura das paredes e mísulas devem atender aos valores mínimos especificados pela

norma NBR 6136:2006 para facilitar o assentamento, estética e desempenho da construção.

O ensaio de análise dimensional dos blocos foi realizado segundo as indicações da NBR

12118:2006. Em resumo, foram realizadas três medidas de largura, comprimento e altura

em cada face do bloco, duas determinações de espessura em cada parede longitudinal, uma

em cada parede transversal e uma medida em cada mísula. O instrumento utilizado foi o

paquímetro eletrônico com precisão de 0,01mm. A Figura 8 ilustra o ensaio dimensional

realizado.

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.

Figura 8 - Ensaio dimensional com paquímetro eletrônico.

3.3 ENSAIO DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

A resistência à compressão confere ao bloco a capacidade de resistir às cargas: tanto as

provenientes do transporte e do assentamento quanto as estruturais (no caso de blocos com

função estrutural). O não atendimento aos parâmetros normativos mínimos indica que a

parede poderá apresentar problemas estruturais como rachaduras e, conseqüentemente,

oferecerá risco à construção. Assim, essa é uma das propriedades de maior importância nos

blocos de concreto.

Os blocos recolhidos das 3 empresas eram de vedação, classe D e foram ensaiados após 28

dias de idade. O ensaio de resistência à compressão foi realizado em uma prensa de unidade

de controle microprocessadora HD-200T da marca Contenco, como mostra a Figura 9.

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Figura 9 - Prensa utilizada no ensaio de resistência à compressão dos blocos.

Antes do rompimento dos corpos-de-prova, as faces dos blocos foram capeadas com uma

mistura de água e cimento de relação 0,34. O capeamento pode ser visto na Figura 10.

Figura 10 - Blocos capeados para o ensaio de resistência à compressão

A velocidade de carregamento progressivo da prensa foi calculada com base na área do

corpo-de-prova (comprimento x largura), a qual foi de 154 Kgf/s.

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A resistência característica à compressão do bloco referida à área bruta foi calculada

segundo a NBR 6136:2006, a qual diz que para a determinação da resistência característica

da amostra (fbk), o valor do fbk deve ser igual a fbk,est, não sendo admitido valor de fbk

inferior a ψfb(1).

A resistência característica estimada foi calculada pela fórmula:

bi

ibbb

estbk fi

ffff −

++∗= −

1

...2 )1()2()1(

,

A resistência característica mínima foi calculada pela fórmula:

)1(, bmínimobk ff ∗=ψ

sendo,

i = n/2, já que n é par, se fosse ímpar seria (n-1)/2.

n é igual à quantidade de blocos da amostra.

fbk,est é a resistência característica estimada da amostra, expressa em megapascals.

fb(1), fb(2),..., fb(i) são os valores da resistência característica individual dos corpos de prova da

amostra ordnados em ordem crescente.

Ψ são valores indicados na NBR 6136:2006 que é em função da quantidade de blocos. A

Tabela 6 indica os valores de ψ .Como nesse estudo foram utilizados 6 blocos o valor de ψ

utilizado nos cálculos foi de 0,89.

Tabela 6– Valores de ψ em função da quantidade de blocos QUANTIDADE DE BLOCOS 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 18

ψ 0,89 0,91 0,93 0,94 0,96 0,97 0,98 0,99 1 1,01 1,02 1,04

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3.4 ENSAIO DE ABSORÇÃO DE ÁGUA

A absorção da água por imersão, segundo a NBR 9778, é o incremento de massa de um

corpo sólido poroso devido à penetração de água em seus poros permeáveis, em relação à

sua massa em estado seco.

A absorção está diretamente relacionada à segurança das construções que, devido ao

acréscimo imprevisto de peso dos blocos sobre as estruturas, podem vir a desabar,

colocando em risco a vida dos usuários. Além disso, as paredes dos blocos de concreto que

não possuem impermeabilidade revelam problemas na aderência da argamassa, pois a água

existente na composição do produto é absorvida, resultando em uma massa seca sem poder

de fixação.

Para determinação da absorção de água foi utilizada uma balança hidrostática adaptada com

resolução de 0,1g e capacidade de 10 000g e estufa com temperatura mantida de (110±5)

ºC.

Inicialmente os blocos foram pesados e em seguida levados à estufa por 24h como

recomenda a NBR 12118:2006. Após as 24h na estuda os blocos foram pesados e levados à

estufa novamente por mais 2h para certificar se estavam totalmente secos, para isso a

diferença de massa (com 24h e 26h) não poderia exceder 0,5%. Após essa verificação e

resfriamento natural dos blocos, estes foram imersos em água por 24h e pesados por meio

de balança hidrostática (obtendo sua massa aparente) e na condição de saturado com

superfície seca. Em seguida os blocos foram mergulhados novamente na água por mais

duas horas e a operação foi repetida, observando-se a tolerância na diferença entre as

massas de 0,5%. A Figura 11 mostra os blocos sendo pesados na balança hidrostática.

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Figura 11 - Ensaio de absorção dos blocos de concreto

O valor da absorção de água foi obtido pela fórmula:

100(%) ∗

−=

s

ssat

M

MMabsorção

sendo,

Msat: massa do corpo de prova saturado, em gramas.

Ms: massa do corpo de prova seco em estufa, em gramas.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 ANÁLISE DIMENSIONAL

As Tabelas 7 e 8 apresentam a média dos resultados do ensaio de análise adimensional

blocos analisados no mercado de Feira de Santana.

Tabela 7 - Resultados do ensaio de análise dimensional dos blocos: comprimento, largura e altura.

Tabela 8 - Resultados do ensaio de análise dimensional dos blocos: espessura das paredes e raio da mísula.

Segundo a NBR 6136:2006 a tolerância permitida para o comprimento e altura dos blocos

de concreto é de ±3,0mm. Como visto nos resultados do ensaio na Tabela 7 as empresas A

e C estão em conformidade com a norma. Já a empresa B falhou quanto à altura dos blocos,

ANÁLISE DIMENSIONAL

EMPRESA COMPR. (mm)

DESVIO DA

MÉDIA (mm)

LARGURA (mm)

DESVIO DA

MÉDIA (mm)

ALTURA (mm)

DESVIO DA

MÉDIA (mm)

A 390 0 91 1 189 -1 B 391 1 89 -1 186 -4 C 390 0 90 0 192 2

Tolerância: ± 2,0mm para a largura e ±3,0mm para a altura e comprimento

ANÁLISE DIMENSIONAL

EMPRESA PAREDE LONGIT. (mm)

DESVIO DA

MÉDIA (mm)

PAREDE TRANSV.

(mm)

DESVIO DA

MÉDIA (mm)

RAIO DA MÍSULA (mm)

DESVIO DA

MÉDIA (mm)

A 16 1 16 1 21 1 B 21 6 21 6 27 7 C 21 6 16 1 25 5

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a qual foi inferior a mínima exigida pela norma. Quanto à largura, observa-se que esta

também foi atendida (exigência da norma de ±2,0mm) em todas as empresas.

A tolerância da espessura mínima das paredes transversais e longitudinais dos blocos vista

na Tabela 8 deve ser de -1,0mm, sendo a espessura ideal dos blocos igual a 15mm.

Nenhuma das amostras ensaiadas apresentaram espessura inferior a 15mm, respeitando a

espessura mínima exigida.

Quanto ao raio mínimo da mísula, os blocos também estão de acordo com a norma, a qual

considera o raio mínimo de 20 mm.

Com esses resultados conclui-se que em relação às dimensões, os blocos fabricados pela

empresa A e C estão em conformidade com a NBR 6136:2006, porém a empresa B foi

reprovada por não atender os requisitos relativos à altura dos blocos.

4.2 RESISTÊNCIA Á COMPRESSÃO

Os resultados do ensaio de resistência à compressão dos blocos de vedação estudados

podem ser visto na Tabela 9.

Tabela 9 - Resultados do ensaio de resistência à compressão dos blocos de vedação. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

EMPRESA

RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA

Fbk

(MPa) A 3,4 B 4,2 C 4,1

Os dados da Tabela 9 mostram que os blocos das 3 empresas estudadas apresentaram um

desempenho bem acima do mínimo exigido pela norma NBR 6136:2006 para blocos de

vedação, que é de 2,0 MPa para a classe D analisada.

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A Figura 12 representa uma análise proporcional da resistência característica à compressão

dos blocos de cada empresa com a exigência mínima da norma NBR 6136:2006, mostrando

que os blocos das fábricas analisadas no mercado de Feira de Santana chegam a superar em

até mais que o dobro (2,1vezes) a exigência mínima da norma.

RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA À COMPRESSÃO DOS BLOCOS DE CONCRETO

NORMA EMPRESA A

EMPRESA B

EMPRESA C

0

0,5

1

1,5

2

2,5

RESIST

ÊNCIA

(PROPO

RÇÃO)

Figura 1 – Resistência característica à compressão

Os blocos vendidos como Classe D se encaixam segundo os pré-requisitos da NBR

6136:2006 como blocos estruturais da classe B. Esse fato demonstra que há uma

superdosagem na fabricação dos blocos de concreto estudados.

O ajuste da dosagem dos blocos influencia diretamente no custo desse material. Como o

cimento é o material mais caro, uma dosagem adequada reduzirá o custo do produto,

possibilitando uma redução do preço junto ao consumidor e uma maior competitividade da

empresa no mercado.

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4.3 ENSAIO DE ABSORÇÃO DE ÁGUA

A Tabela 10 mostra os resultados médios dos ensaios de absorção dos blocos de concreto

estudados.

Tabela 10 - Resultados do ensaio de absorção. ABSORÇÃO DE ÁGUA

EMPRESA ABSORÇÃO MÉDIA (%)

DESVIO PADRÃO

*CV (%)

A 10 0,49 4,75 B 9 0,91 9,6 C 9 0,69 7,93 *CV é o coeficiente de variação

Sabendo-se que a absorção máxima exigida pela norma é de 10%, observa-se na Tabela 10

que todos os fabricantes estão em conformidade com a norma quanto à absorção.

Pelo gráfico comparativo da Figura 13 observa-se que os blocos comportaram-se

adequadamente quanto à absorção, apesar do valor de absorção estar no limite da exigência

da norma. Esse fato merece maiores cuidados por parte dos fabricantes para que os blocos

não venham a apresentar problemas futuros com absorção.

ABSORÇÃO DOS BLOCOS DE CONCRETO

NORMA

EMPR

ESA

A

EMPR

ESA

B

EMPR

ESA

C

0123456789101112

ABSO

RÇÃO (%

)

Figura 23 - Absorção dos blocos de concreto

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Constatou-se também que o fato do bloco da empresa B ser bastante poroso, por não

utilizar areia, não teve grande influência na absorção. A empresa A, apesar de apresentar

uma superfície bastante lisa, absorveu um pouco mais de água que a B. Isso pode ter

ocorrido devido ao agregado utilizado na empresa B possuir uma granulometria mais

contínua que a da empresa A.

Apesar da empresa A apresentar maior absorção em relação às outras empresas estudadas

pode-se observar através da Tabela 10 que a empresa A é a que possui um menor

coeficiente de variação, possuindo maior confiabilidade dos dados.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 CONCLUSÕES

O bloco de concreto é um material que tem conquistado espaço e confiabilidade na

construção civil. Muitas construtoras em Feira de Santana utilizam blocos de concreto em

suas obras, sejam em muros, fundações, vigas ou até mesmo em paredes estruturais e de

vedação. O uso, cada vez mais contínuo e crescente desses blocos acarretou em uma grande

demanda desse material e conseqüentemente as fábricas têm tentado acompanhar essa

necessidade, porém não possuem oferta compatível. Essa pressão pode levar às empresas a

falharem em aspectos relativos à qualidade. Nesse contexto, torna-se de vital importância, o

que normalmente já é uma necessidade que é a avaliação da qualidade dos blocos de

concreto fabricados em Feira de Santana.

Esse trabalho visa a caracterização de blocos de concreto para vedação fabricados em

empresas de Feira de Santana, fato importante, pois serve como um instrumento para

fornecer às fábricas uma análise do estado atual dos blocos por elas fabricados.

Neste estudo foi observado que os blocos analisados estão de acordo com as normas

regulamentadoras quanto resistência e absorção. Um fato interessante que foi observado é

que os blocos estão superdosados, possuindo uma alta resistência de até 2 vezes maior que

o preconizado apela norma NBR 6136:2006. Com isso, pode-se deduzir que, está faltando

conhecimentos de ordem técnica nos processos de dosagem ou de controle sobre a

produção que possibilite uma produção mais econômica.

Porém, quanto à análise dimensional as amostras da empresa B não encontram-se em

conformidade com os requisitos da NBR 6136:2006, por apresentar altura inferior à mínima

exigida, sendo reprovada.

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Quanto à estrutura das fábricas e produção dos blocos, algumas inadequações foram

identificadas como armazenamento incorreto dos blocos e materiais (diretamente no solo e

exposto à fatores climáticos, exceto na empresa B), desconhecimento, por parte da empresa

C, das normas e realização de ensaios e mão-de-obra desqualificada. Por outro lado todas

possuíam máquina e até misturadores (empresa B) na produção dos blocos, além do

interesse manifestado pelos proprietários em melhorar a qualidade do material fabricado.

Com isso, percebe-se que as fábricas estão em processo de desenvolvimento, necessitando

nessa fase de apoio e maior conhecimento técnico.

Este problema pode ser resolvido com ações conjuntas entre a iniciativa privada e

instituições formadoras de mão-de-obra, como SESI, SENAI SINDUSCON, SEBRAE

Universidades etc. As quais podem tomar algumas iniciativas como cursos de capacitação

de operários e palestras para dar suporte ao setor de fabricação de blocos de concreto,

principalmente nessa fase explosiva da construção civil.

Em geral, pode-se concluir que esse trabalho conseguiu atingir seu objetivo identificando a

qualidade dos blocos analisados, mostrando ainda a necessidade de verificar se o que vêm

ocorrendo nas amostras estudadas é ou não uma característica do setor de blocos de

concreto no mercado de Feira de Santana.

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como sugestão para próximos trabalhos pode-se citar:

• Caracterização das diferentes famílias de blocos comercializadas no mercado;

• Levantamento mais preciso da quantidade de fábricas de blocos de concreto em

Feira de Santana, para que se possa ter uma maior confiabilidade do estado atual do

setor nessa localidade;

• Criação de uma cartilha com orientações sobre processo de produção e controle de

qualidade dos blocos de concreto.

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alvenaria estrutural de blocos de concreto. Ano II, n° 13, 1998.

VFAZITTO COMUNICAÇÃO E ASSESSORIA. A vez dos blocos de concreto.

Disponível em: http://www.vfazitto.com.br/index.php?setor=sala&subsetor=cn&id=207.

Acesso em abr. 2008.

Page 61: Estudo sobre a qualidade dos blocos de concreto em ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/VALMARA DE SOUZA SANDES.pdf · concreto disponíveis nos mercados, como o de Feira de Santana, para

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ANEXO

1. NOME DA EMPRESA 2. PORTE 3. PRODUÇÃO DIÁRIA 4. IDADE DA EMPRESA NO MECADO 5. MATERIAL UTILIZADO NA PRODUÇÃO 6. SISTEMA DE PRODUÇÃO 7. CONTROLE DE QUALIDADE UTILIZADO

8. TRAÇO UTILIZADO *(OPCIONAL)