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ESTUDO SOBRE O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE DOS HOSPITAIS DE JOÃO PESSOA-PB por Cristine Helena Limeira Pimentel Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal da Paraíba para obtenção do grau de Mestre João Pessoa - Paraíba janeiro - 2006 Universidade Federal da Paraíba Centro de Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana - mestrado -

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ESTUDO SOBRE O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS

SÓLIDOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE DOS HOSPITAIS DE

JOÃO PESSOA-PB

por

Cristine Helena Limeira Pimentel

Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal da Paraíba para obtenção do grau de Mestre

João Pessoa - Paraíba janeiro - 2006

Universidade Federal da Paraíba Centro de Tecnologia

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana - mestrado -

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ESTUDO SOBRE O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS

SÓLIDOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE DOS HOSPITAIS DE

JOÃO PESSOA-PB

Dissertação submetida ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Urbana da Universidade Federal da Paraíba como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre

Cristine Helena Limeira Pimentel

ORIENTADORA: Profa. Dra. Claudia Coutinho Nóbrega

João Pessoa - Paraíba janeiro – 2006

Universidade Federal da Paraíba Centro de Tecnologia

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana - mestrado -

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P363c Pimentel, Cristine Helena Limeira Estudo do gerenciamento dos

resíduos sólidos dos serviços de saúde dos hospitais de João Pessoa-PB/ Cristine Helena Limeira Pimentel. – João Pessoa, 2006.

142 p. Orientadora: Claudia Coutinho

Nóbrega. Dissertação (mestrado) – UFPB/CT 1.Resíduos Sólidos 2. Engenharia

Urbana 3. Hospitais 4. Resíduos de Serviços de Saúde.

UFPB/BC CDU: 621.01.1

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“ESTUDO SOBRE O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOS

SERVIÇOS DE SAÚDE DOS HOSPITAIS DE JOÃO PESSOA-PB”

Por

Cristine Helena Limeira Pimentel

Dissertação aprovada em 10 de janeiro de 2006

Professora Dra. CLAUDIA COUTINHO NÓBREGA - UFPB Orientadora

Professora Dra. CÉLIA REGINA DINIZ - UEPB Examinadora Externa

Professora Dra. CARMEM LÚCIA M. GADELHA - UFPB Examinadora Interna

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Aos meus pais UBIRATAN E

NEVELINE por todo esforço e

dedicação pelo meu engradecimento

pessoal e profissional e incentivo nas

horas de desânimo.

Dedico.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por todas as bençãos sobre mim derramadas e por iluminar tão bem o meu caminho.

Aos meus pais Ubiratan e Neveline, pela motivação, pelos ensinamentos e paciência, por me

incentivarem tanto e nunca terem me deixado desistir ou parar.

A Professora Claudia Coutinho Nóbrega, pela orientação, incentivo, dedicação, sugestões e

principalmente pela paciência.

Ao meu amor, Fábio pelo apoio e pela contribuição.

As minhas irmãs Catarine e Carol, pela cooperação e incentivo.

A todos os meus familiares e amigos, especialmente Tia Lala e Tia Flávia pelo incentivo e aos

primos Diogo e Ramon, pela revisão deste trabalho e Mário, pela arte.

A bolsista do Pibic, Magdalena pela companhia e por dividir comigo momentos tão

inusitados.

Ao meu sogro, Carlos Ronele que despertou-me o desejo pela área da pesquisa.

Aos colegas de estudo, em destaque Eugênio e Nayra, por compartilhar os conhecimentos

adquiridos na área dos resíduos, e Nádia e Danilo, pela amizade e apoio nas horas de

trabalhos e incentivo nas horas de desânimo.

Aos professores do curso de Pós-Graduação em Engenharia Urbana, pessoas que realmente

contribuíram no meu crescimento profissional.

Enfim, a todos que de alguma maneira contribuíram para a realização desta produção

científica.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................

15

CAPÍTULO 2

2 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.................................................................... 19

2.1 Os Resíduos e o Meio Ambiente.................................................................. 19

2.2 Definição de Resíduos Sólidos Urbanos....................................................... 22

2.3 Classificação dos Resíduos Sólidos.............................................................. 23

2.4 Histórico sobre os Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde.......................... 26

2.5 Definição de Resíduos de Serviços de Saúde............................................... 30

2.6 Classificação dos Resíduos de Serviços de Saúde........................................ 32

2.7 Composição e Quantidade dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde...... 37

CAPÍTULO 3

3 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NOS SERVIÇOS DE

SAÚDE ..................................................................................................................

40

3.1 Aspectos Legais do Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde....... 41

3.2 Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde........................ 46

3.3 Etapas do Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde...................... 48

3.3.1 Segregação.................................................................................. 49

3.3.2 Acondicionamento...................................................................... 51

3.3.3 Identificação................................................................................ 62

3.3.4 Transporte Interno....................................................................... 62

3.3.5 Armazenamento Temporário...................................................... 64

3.3.6 Armazenamento Externo ............................................................ 65

3.3.7 Coleta e Transporte Externo ....................................................... 66

3.3.8 Tratamento e Disposição Final ................................................... 67

CAPÍTULO 4

4 METODOLOGIA APLICADA........................................................................... 78

4.1 Caracterização da Pesquisa........................................................................... 78

4.2 Universo e Amostra da Pesquisa................................................................... 78

4.3 Instrumentos de Coleta de Dados.................................................................. 79

4.4 Tabulação dos Dados Coletados.................................................................... 80

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CAPÍTULO 5

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................................. 81

5.1 Os Hospitais Pesquisados.............................................................................. 81

5.2 O Gerenciamento de Resíduos Sólidos dos Hospitais de João Pessoa.......... 83

5.3 Os Profissionais que Lidam com o Gerenciamento de Resíduos

Sólidos...........................................................................................................

106

5.4 O Envolvimento das Diretorias dos Hospitais em Questões Ambientais..... 110

5.5 Estimativa da Quantidade de Resíduos de Serviços de Saúde Gerados nos

Hospitais de João Pessoa...............................................................................

113

CAPÍTULO 6

6 CONCLUSÕES..................................................................................................... 118

6.1 Análise do Gerenciamento dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde

dos Hospitais de João Pessoa e do Cumprimento às Exigências

Legais............................................................................................................ 118

6.2 Resumo da Estimativa das Quantidades de Resíduos Sólidos de Serviços

de Saúde Gerados.........................................................................................

119

CAPÍTULO 7

7 SUGESTÃO PARA NOVOS TRABALHOS..................................................... 121

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 122

ANEXOS 127

ANEXO I...................................................................................................................... 128

ANEXO II...................................................................................................................... 130

APÊNDICES................................................................................................................. 131

APÊNDICE I................................................................................................................. 132

APÊNDICE II............................................................................................................... 140

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LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 - Ciclo da matéria-prima e da geração de resíduos....................... 20

Figura 2.2 - Classificação dos resíduos sólidos............................................. 26

Figura 3.1 - Etapas do gerenciamento segundo ANVISA (2004) e

CONAMA (2005)......................................................................

48

Figura 5.1 - Abrangência da pesquisa realizada nos hospitais de João

Pessoa, no período de 01/03/2005 à 30/06/2005........................

81

Figura 5.2 - Distribuição dos hospitais pesquisados por competência de

atuação no município de João Pessoa........................................

82

Figura 5.3 - Número de leitos por competência de atuação dos hospitais

do município de João Pessoa/PB................................................

83

Figura 5.4 - Percentual de estabelecimentos que possuem alguma técnica

de gerenciamento de resíduos sólidos no município de João

Pessoa/PB................................................................................... 84

Figura 5.5 - Hospitais da cidade de João Pessoa que possuem

PGRS..........................................................................................

85

Figura 5.6 - Tempo de implantação do PGRS nos hospitais da cidade de

João Pessoa/PB...........................................................................

86

Figura 5.7 - Execução do plano de gerenciamento nos hospitais da cidade

de João Pessoa/PB......................................................................

87

Figura 5.8 - Dificuldades na execução do plano de gerenciamento nos

hospitais da cidade de João Pessoa/PB......................................

88

Figura 5.9 - Necessidade das exigências legais referentes ao

gerenciamento de resíduos sólidos dos serviços de saúde.........

89

Figura 5.10 - Complicações decorrentes das exigências legais referentes ao

gerenciamento de resíduos sólidos dos serviços de saúde da

cidade de João Pessoa/PB..........................................................

90

Figura 5.11 - Percentual dos hospitais que concordam com a

responsabilidade da coleta e destino final dos RSS................... 90

Figura 5.12 - Estabelecimentos hospitalares de João Pessoa/PB que separam

algum tipo de resíduo reciclável..................................................

91

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Figura 5.13 - Armazenamento externo dos resíduos de hospital público I no

município de João Pessoa/PB.....................................................

93

Figura 5.14 - Armazenamento externo dos resíduos de hospital público II

no município de João Pessoa/PB................................................

93

Figura 5.15 - Armazenamento interno e expurgo de um hospital do

município de João Pessoa/PB.....................................................

94

Figura 5.16 - Armazenamento interno e outras utilidades de um hospital do

município de João Pessoa/PB......................................................

94

Figura 5.17 - Armazenamento interno sem coletor de transporte e com

resíduos depositados no chão de um hospital do município de

João Pessoa/PB............................................................................ 95

Figura 5.18 - Armazenamento interno sem coletor de transporte, porém

com recipiente para acondicionamento temporário de um

hospital do município de João Pessoa/PB................................. 95

Figura 5.19 - Freqüência da coleta interna de RSS nos hospitais do

município de João Pessoa/PB.....................................................

96

Figura 5.20 - Coleta interna em um hospital do município de João

Pessoa/PB...................................................................................

97

Figura 5.21 - Freqüência da limpeza do local de armazenamento interno dos

hospitais de João Pessoa/PB.......................................................

97

Figura 5.22 - Célula no Aterro Sanitário Metropolitano de João Pessoa/PB

destinada aos

RSS......................................................................

98

Figura 5.23 - Responsabilidade da coleta externa dos RSS dos hospitais no

município de João Pessoa/PB......................................................

99

Figura 5.24 - Bambonas no local de armazenamento externo em um hospital

do município de João Pessoa/PB................................................

100

Figura 5.25 - Caminhão fazendo a coleta em um hospital do município de

João Pessoa/PB..........................................................................

100

Figura 5.26 - Freqüência da coleta externa dos RSS dos hospitais do

município de João Pessoa/PB.....................................................

101

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Figura 5.27 - Freqüência da limpeza do local de armazenamento externo

dos hospitais do município de João Pessoa/PB..........................

101

Figura 5.28 - Incinerador de um dos hospitais filantrópicos do município de

João Pessoa/PB...........................................................................

102

Figura 5.29 - Destino final dos resíduos de serviço de saúde dos hospitais

do município de João Pessoa/PB...............................................

102

Figura 5.30 - Destino final dos resíduos líquidos dos hospitais do

município de João Pessoa/PB....................................................

103

Figura 5.31 - Hospitais do município de João Pessoa/PB que procuram

reduzir a quantidade gerada de RSS........................................... 104

Figura 5.32 - Variação nos custos após a implantação do PGRS nos

hospitais do município de João Pessoa/PB................................

104

Figura 5.33 - Variação na quantidade de RSS gerados nos hospitais de João

Pessoa/PB após a implantação do plano de gerenciamento ...... 105

Figura 5.34 - Percentual da possibilidade de redução da quantidade de RSS

gerada após a implantação do PGRS......................................... 106

Figura 5.35 - Percentual de responsabilidade do serviço de limpeza e

coleta interna nos hospitais do município de João Pessoa/PB.. 107

Figura 5.36 - Percentual dos profissionais que foram capacitados para

manusear os RSS nos hospitais do município de João

Pessoa/PB.................................................................................. 108

Figura 5.37 - Freqüência de treinamentos referentes a cursos de capacitação

sobre os resíduos sólidos........................................................... 109

Figura 5.38 - Percentual de participação dos médicos nos treinamentos

relativos ao PGRS nos hospitais do município de João

Pessoa/PB.................................................................................. 110

Figura 5.39 - Percentual dos hospitais que têm uma política de compra de

materiais com menos embalagens, embalagens recicladas ou

devolução de embalagens.......................................................... 111

Figura 5.40 - Percentual da reutilização de embalagens ou

produtos....................................................................................... 112

Figura 5.41 - Detalhe de uma embalagem para acondicionamento de RSS

perfuro-cortantes..........................................................................

112

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Figura 5.42 - Geração de RSS por competência (kg/dia) dos hospitais de

João Pessoa/PB...........................................................................

115

Figura 5.43 - Geração de RSS por leito (kg/dia) nos hospitais de João

Pessoa/PB...................................................................................

117

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 - Acontecimentos da história dos RSS........................... 27

Quadro 2.2 - Classificação dos RSS segundo ANVISA e CONAMA............ 34

Quadro 3.1 - Cronologia da legislação dos RSS............................................. 43

Quadro 3.2 - Normas da ABNT referentes aos RSS....................................... 45

Quadro 3.3 - Serviços de estabelecimento de saúde e tipos de resíduos que

podem gerar ............................................................................... 49

Quadro 3.4 - Resumo dos métodos de tratamentos e disposição final

recomendados por grupo de RSS .............................................. 74

Quadro 3.5 - Comparação das características de alguns processos de

tratamentos de RSS ................................................................... 75

Quadro 6.1 - Resumo dos dados quantitativos................................................ 119

LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1

- Quantitativos da geração de RSS no município de João Pessoa.

114

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A

ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e

Ambiental

ABIH Associação Brasileira de Infecção Hospitalar

ABLP Associação Brasileira de Limpeza Pública

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

APECIH Associação Paulista de Estudos e Controle de

Infecção Hospitalar

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ART Anotação de Responsabilidade Técnica

C

CAGEPA Companhia de Água e Esgoto do Estado da

Paraíba

CNEC Conselho Nacional de Energia Nuclear

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CT Centro de Tecnologia

E

EMLUR Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana

EPA Agência de Proteção Ambiental

EUA Estados Unidos da América

EPI Equipamento de Proteção Individual

F

FBH Federação Brasileira dos Hospitais

FUNASA Fundação Nacional da Saúde

H

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

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I

IBAMA Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

N

NBR Norma Brasileira Registrada

P

PGRS Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

PPGEU Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Urbana

R

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

RSS Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde

S

SBAC Sociedade Brasileira de Análises Clínicas

SBHH Sociedade Brasileira de Hematologia e

Hemoterapia

SBI Sociedade Brasileira de Infectologia

SBMic. Sociedade Brasileira de Microbiologia

SBPC Sociedade Brasileira de Patologia Clínica

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SUDEMA Superintendência de Administração do Meio

Ambiente da Paraíba

U

UEPB Universidade Estadual da Paraíba

UFPB Universidade Federal da Paraíba

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

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RESUMO

Os Resíduos de Serviços de Saúde são aqueles gerados em farmácias, clínicas veterinárias, laboratórios, postos de saúde, hospitais, clínicas médicas, entre outros. A variável volume de resíduos gerados não é tão levada em consideração, uma vez que a produção dos Resíduos de Serviços de Saúde é relativamente pequena, se comparada com os resíduos domiciliares de uma comunidade. A especificidade desse tipo de resíduo apóia-se nos riscos que os mesmos podem representar para o meio ambiente, para a saúde pública e do trabalhador. Devido à possibilidade de existência de risco potencial e a diversidade de resíduos, estes merecem cuidados especiais e, principalmente, um gerenciamento adequado. O gerenciamento de rotinas e procedimentos dos estabelecimentos, com base em legislações, permite administrar as relações entre as atividades do estabelecimento e o meio ambiente. Visando a avaliar a situação do gerenciamento dos resíduos de serviço de saúde dos hospitais de João Pessoa, esta produção científica traz, em seu bojo, uma avaliação de recomendações presentes na literatura e na legislação. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi estudar o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde gerados nos hospitais de João Pessoa, considerando que estes são obrigados a gerenciarem seus resíduos de acordo com o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, documento que deve ser elaborado por profissional habilitado, conforme as características do estabelecimento e aprovado em órgão competente. Para isso, foram elaborados um formulário de entrevista estruturada e um roteiro para análise sistemática a serem aplicados em cada hospital de João Pessoa. As visitas ocorreram no período de março a julho de 2005, sendo primeiramente realizadas as entrevistas e, em seguida, era percorrido todo o hospital, analisando-se todas as fontes geradoras e as formas de acondicionamento, armazenamento, coleta, percurso dos resíduos, enfim, buscando observações relativas ao gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde, desde a geração, até o seu destino final. Para a análise estatística dos dados coletados, foi utilizado o software Sphinx Plus 2. Dentre os resultados relevantes pode-se destacar que 15% dos hospitais não se dispuseram a participar da pesquisa; dos hospitais entrevistados, 90% possuem o Plano de Gerenciamento de resíduos sólidos; os maiores geradores são os hospitais filantrópicos, que geram 1,37 kg/leito/dia e os menores são os privados com uma geração de 0,30 kg/leito/dia. Analisando-se os resultados, pode-se concluir que a maioria dos hospitais já implantou o plano de gerenciamento de resíduos e procuram cumprir as legislações correspondentes.

Palavras-chave: Resíduos sólidos, Resíduos de Serviço de Saúde, Gerenciamento de Residuos, Hospitais

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ABSTRACT

The Health Service Residues are those generated at drugstores, veterinarian clinics, laboratories, health care stations, hospitals, medical clinics, among others. The variable volume of generated residues is not considered as it should, once that the production of the health service residues is relatively small if compared with the communities’ domestic residues. The characteristics of this kind of residues, relies in the risks that they may represent to the environment, to the public health and the workers’ health. Due to the possibility to the existence of potential risk and the diversity of residues, these deserve special attention and, specially an adequate management. The management of the routine and procedures of institutions, based in legislations, permit to administrate the relations between the health activities and the environment. Aiming to evaluate the management of health service residues’ situation of the João Pessoa’s hospitals, this scientific research brings an evaluation of recommendations existing in the literature and legislation. Therefore, the objective of this work was to analyze the management of health care residues generated at João Pessoa’s hospitals, considering that those are obliged to manage its residues according to the Solid Residues Management Plan, document that must be elaborated by a qualified professional, in conformity to the characteristics of the establishment and approved by a competent institution. For that purpose, it was created an interview form structured and a script for systematic analysis to be applied on each hospital at João Pessoa. The visits took place on a period from March to July of 2005, being first realized the interviews and after that an inspection at the entire hospital, analyzing all the sources, handling, storage, collection, residues’ passage, at last, aiming specific observations to the management of the health care residues, from its generation until its final destination. To analyze statistically the collected data, it was used the software Sphinx Plus II. Among the relevant results, it may be found that 15% of the hospitals didn’t agree to take part on the research; from the studied hospitals, 90% have the Solid Residues Management Plan; the greatest sources of residues are the philanthropic network hospitals, that generate 1,37 kg/day/stream bed and the smaller sources are particular hospitals, generating 0,30 kg/day/stream bed. Analyzing the results one may find that major part of the hospitals have already implanted the Solid Residues Management Plan and are trying to fulfill the correspondent legislations.

Keywords: Solid Residues, Health Care Service Residues, Residue Management, Hospitals.

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INTRODUÇÃO

Há, na sociedade dos dias atuais, um consumismo desenfreado e diferenciado por

camadas sociais. Esse consumismo apresenta-se, não só nos lares, como também no setor

produtivo, induzindo, assim, ao aumento dos custos energéticos necessários na produção de

matérias-primas de bens de consumo e, conseqüentemente, no aumento da produção de

resíduos sólidos (lixo).

A Revolução Industrial desencadeou um crescimento progressivo dos centros urbanos

e de rejeitos, necessitando de locais apropriados para a disposição dos mesmos. Sisinno

(2000) relata que, após a Revolução Industrial, surge a sociedade de consumo e, com ela, a

necessidade de infra-estrutura e a dificuldade, para encontrar locais para disposição final dos

resíduos sólidos, uma vez que isso implica, até os dias atuais, grandes divergências, devido

ao incômodo sentido pelas comunidades adjacentes, desvalorização do imóvel etc. Desse

modo, nasce um dos grandes, se não o maior problema, no que concerne aos resíduos

sólidos: o local apropriado para a destinação final. A questão do lixo se agrava, devido à

produção, em larga escala, de lixos não-orgânicos, sem decomposição natural, e devido à

falta de espaço para a disposição final.

A sociedade, independente do grau de desenvolvimento, não está muito voltada a

práticas relativas à geração, manejo, tratamento ou destino final dos resíduos que produzem.

Talvez, por reflexo das sociedades primitivas, que, durante muito tempo, preocupavam-se

apenas em afastar das proximidades de suas habitações tudo o que sobrava de suas

atividades diárias, não se preocupando quanto ao destino final do lixo. A essa época,

remonta-se a prática do lançamento dos resíduos sólidos ao ar livre ou em cursos de água.

O desenvolvimento tecnológico gera uma complexidade nas relações humanas com o

meio ambiente, a partir do aumento na utilização dos bens naturais e da produção industrial

de novos produtos. A sobrevivência dessa nova sociedade consumista e arbitrária depende

do desenvolvimento de novas técnicas que possam ser, aos poucos, incluídas no cotidiano.

Essa simbiose entre a evolução tecnológica e a preocupação com o meio ambiente deve-se

dar de forma harmoniosa e natural, para que se mantenha a sintonia entre o homem e o seu

meio.

Um aumento da população mundial implica o crescimento do uso de reservas do

planeta, da produção de bens e também da geração de lixo.

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16

As estatísticas apresentadas pela Agenda 21, Conferência Mundial do Meio Ambiente,

Rio de Janeiro – 1992, afirmaram que, globalmente, o volume de lixo urbano produzido

dobraria até o fim do século XX e dobraria novamente, até 2025. Afirmou ainda que 5,2

milhões de pessoas (incluindo 4 milhões de crianças) morrem por ano de doenças

relacionadas ao lixo.

Percebe-se que os danos ambientais causados pelas catástrofes estão, cada vez mais,

presentes nos noticiários. Não seriam as catástrofes causadas pelos danos ambientais? Tudo

conseqüência do desequilíbrio ambiental. Nesse desequilíbrio, está incluso tudo que faz

parte do meio natural: o ar, o solo, a água e todos os seres que possam habitar esses meios,

inclusive o homem.

De acordo com Schneider et al.. (2001) a geração de resíduos e o seu irresponsável

abandono desenvolvem processos físico-químicos naturais que chegam a contaminar os

alimentos, uma vez que a falta de gerenciamento adequado ao resíduo causa impactos no

solo, nos corpos hídricos e também no ar. Assim, os resíduos, quando mal gerenciados, são

capazes de causar sérios problemas ao meio ambiente e, por conseqüência, ao homem. A

mesma autora ainda afirma que o envolvimento dos resíduos sólidos de serviços de saúde

nessa problemática integra assuntos um pouco mais complexos, pois, além da saúde

ambiental, eles também interferem na salubridade dos ambientes que os geram, tendo como

conseqüência as infecções hospitalares, na saúde ocupacional e pública. Assim o

gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde apresenta-se como uma necessidade

urgente .

Segundo Orofino (1996), os serviços de saúde geram resíduos sólidos que somente

representam pequena parcela do total produzido em uma cidade: 1 a 2 %. Apesar disso,

requerem cuidados especiais, principalmente, em função de parte deles serem constituídos

por materiais com alta concentração de organismos patogênicos, representando riscos à

saúde e ao meio ambiente, quando gerenciados de forma inadequada.

Confortin (2001) observa que os Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde (RSS)

constituem os resíduos sépticos, ou seja, que contêm ou potencialmente podem conter

germes patogênicos. São produzidos em estabelecimentos que prestam serviços de saúde,

tais como hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias, postos de saúde,

entre outros.

A responsabilidade na disposição final dos resíduos sólidos urbanos atenuaria, em

parte, o problema dos resíduos sólidos de serviços de saúde, uma vez que se conseguiria

isolar, ao menos, esses resíduos da ação de catadores.

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Estudar as características e quantitativos dos resíduos hospitalares é um dos primeiros

passos que facilitarão adequar o sistema de gerenciamento estabelecido pelas normas à

realidade. De acordo com Confortin (2001), parâmetros como taxa de geração kg/leito/dia,

porte do hospital e quantidade geradas dos diferentes tipos de resíduos deverão ser os

primeiros dados a serem levantados em estudos sobre gerenciamento de resíduos. A falta

dessas informações certamente levará a um gerenciamento inadequado, com problemas,

podendo contribuir com riscos ao trabalhador, à saúde pública e ao meio ambiente

(CONFORTIN, 2001).

Nesse contexto, dado à falta de informações sobre os Resíduos de Serviços de Saúde

observada na cidade de João Pessoa/PB, observa-se a importância de um estudo sobre a

avaliação do gerenciamento dos RSS.

Sendo assim, esta dissertação teve como objetivo geral averiguar o gerenciamento dos

resíduos sólidos de serviços de saúde nos hospitais públicos e privados no município de

João Pessoa. Para tanto, foram elaborados estrategicamente alguns objetivos específicos,

como metas a serem alcançadas, de forma que se cumprissem, da melhor maneira possível,

as informações pertinentes à pesquisa. Assim, são os objetivos específicos da pesquisa:

Estimar a quantidade de resíduos sólidos gerados em cada hospital.

Estimar a quantidade de resíduos sólidos gerados por leito.

Verificar qual a competência que gera maior quantidade de resíduos sólidos.

Verificar se os hospitais estão seguindo as normas e legislações brasileiras para o

gerenciamento dos resíduos sólidos de serviços de saúde.

A pesquisa foi realizada em duas etapas distintas. A primeira etapa constou de um

estudo da bibliografia disponível e da legislação existente no país, sobre os Resíduos de

Serviços de Saúde, em termos de terminologia, de classificação e de gestão. A segunda

etapa refere-se à constatação “in loco” do gerenciamento dos resíduos de serviço de saúde,

em cada unidade hospitalar de João Pessoa.

A escolha do tema Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde se dá pelo fato de ser um

assunto pouco abordado na realidade brasileira, com pouca bibliografia, legislação recente e,

acima de tudo, por perceber que os hospitais são grandes geradores de resíduos, tanto em

diversidade, como em quantidade.

A presente dissertação é composta de sete capítulos. O primeiro introduz o trabalho

discorrendo, de forma sucinta, sobre o assunto, os objetivos e a metodologia a ser utilizada

no referido trabalho; o segundo apresenta a revisão bibliográfica sobre os resíduos sólidos

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de um modo geral, conceitua os resíduos de serviços de saúde e os classifica; o terceiro

conceitua o gerenciamento dos resíduos e mostra as etapas do Plano de Gerenciamento; o

quarto compreende a metodologia empregada nas diversas etapas do trabalho; no quinto

capítulo mostra-se a análise e discussão dos resultados; o sexto apresenta as conclusões a

que se chegou com esta produção científica e o sétimo, e último capítulo, apresenta

sugestões para trabalhos futuros.

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2 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

2.1 Os Resíduos e o Meio Ambiente

Dentre os vários conceitos de meio ambiente, tem-se o de Coimbra (apud

TAKAYANAGUI, 1993, p.06), que o considera como sendo o conjunto dos elementos físico-químicos, ecossistemas naturais e sociais em que se insere o homem, individual e socialmente, num processo de interação que atenda ao desenvolvimento das atividades humanas, à preservação dos recursos naturais e das características essenciais do entorno, dentro de padrões de qualidade definidos.

Com esta definição, percebe-se a interação que há entre os ambientes naturais e

sociais.

Historicamente o homem foi acostumado a que o lixo produzido diariamente deve ser

jogado fora, é sujo e é fonte de problemas. Depreciam-se não somente os espaços, como as

pessoas ligadas ao lixo. O que realmente se quer, é livrar-se do lixo o mais rápido possível

(CONFORTIN, 2001).

No entanto, o homem se deparou com uma nova realidade ambiental, o que,

juntamente com o avanço dos conhecimentos científicos, contribuiu, para que percebesse

que ele próprio provoca um intenso desgaste no meio ambiente, principalmente, em relação

aos recursos naturais não-renováveis, de uma forma muito mais rápida do que o tempo

necessário para a natureza se recompor, colocando-nos diante da espantosa realidade de uma

"Terra limitada e deteriorada pelas várias sociedades que a povoam e exploram"

(COIMBRA apud TAKAYANAGUI, 1993, p.05).

O homem começou a produzir mais resíduos no século XX, por isso antes nunca

precisou se preocupar tanto com os seus despejos. Tudo isso advém dos conceitos culturais

estabelecidos pela sociedade industrial, que induzem a padrões de consumos altíssimos. Um

agravante aparece, quando se nota um grande índice de materiais descartáveis.

Vale ressaltar que essa nova cultura implica negativamente no meio ambiente, não

apenas do ponto de vista dos resíduos, mas, para atender a demanda, precisa-se de matéria-

prima, e de onde será que vem essa matéria, senão do meio ambiente?

Assim, tem-se a destruição de milhares de hectares de florestas, para a fabricação de

papel, milhares de rios destruídos, com sua flora e sua fauna arrasadas, por conta de milhões

de litros de efluentes industriais neles lançados por grandes indústrias, além dos imensos

lençóis de água sendo contaminados por causa de disposição inadequada dos resíduos

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sólidos despejados em lixões a céu aberto, ao lado de explorações desenfreadas dos recursos

minerais, sem falar do mal irreparável que podem causar as usinas nucleares. Assim,

somam-se a estes grandes danos à natureza, de cuja dimensão ainda não se chegou a um

consenso, a nível científico, embora já se tenha consciência de que o próprio homem está

modificando profundamente o meio ambiente, tornando-o nocivo para si próprio (DUBOS

apud TAKAYANAGUI, 1993).

Percebe-se, então, que os estudos relacionados aos resíduos estão diretamente ligados

ao meio ambiente, pois envolvem quantitativos gerados, depositados e, por precedência,

extraídos do mesmo. A relação entre o meio ambiente e os resíduos está expressa no ciclo da

matéria, na Figura 2.1. A partir dele, pode-se observar que, quanto mais se retira do meio

ambiente, mais resíduos ter-se-á a depositar no mesmo, causando muitos impactos.

Figura 2.1 – Ciclo da matéria-prima e da geração de resíduos

A Resolução número 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente — CONAMA

considera impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e

TRANSFORMAÇÃO

DE MATÉRIA-

PRIMA

MEIO AMBIENTE

EXTRAÇÃO DE

MATÉRIA-PRIMA

GERAÇÃO DE

RESÍDUOS

RELAÇÃO

PROCESSO

PRODUTIVO

X GERAÇÃO

DE

RESÍDUOS

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biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante

das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V - a qualidade dos recursos ambientais.

Os impactos ambientais causados pelo resíduo da atividade humana são bem

perceptíveis, quando analisadas as conseqüências no solo, na água e no mar, e Feld (apud

TAKAYANAGUI, 1993) afirma que os resíduos sólidos podem provocar alterações

intensas, não só no solo, como na água e no ar, se inadequadamente dispostos, além da

possibilidade de causarem danos a todas as formas de vida, trazendo problemas que podem

aparecer, com freqüência, anos depois da disposição inicial.

Impactos dos resíduos no solo

Fonseca (2001), considerando o lixo composto por muita matéria orgânica e por água,

afirma que, quando disposto no solo, sem nenhum tratamento, transforma-se em um

excelente habitat para os macro (moscas, baratas, ratos, urubus, porcos e outros) e micro-

vetores (bactérias, fungos, vírus, entre outros). Os primeiros não chegam a poluir o solo, e

estes, devido a sua ação patogênica, além de contaminarem o solo, também são nocivos ao

homem.

A decomposição dos resíduos se dá essencialmente, por um processo respiratório ou de

oxidação, que pode ocorrer com a presença ou não de oxigênio (decomposição aeróbia e

anaeróbia, respectivamente). Na decomposição aeróbia, o carbono, constituinte da matéria

orgânica complexa (glicose), combina-se com o hidrogênio e com o oxigênio do ar,

formando gás carbônico e água, não resultando em gases nocivos ou em odor desagradável

ao olfato humano (NAJM apud TAKAYANAGUI, 1993). Na decomposição anaeróbia, ou

fermentação, que demanda muito mais tempo, com a ausência do oxigênio, o carbono

presente na matéria orgânica combina-se com o hidrogênio, formando o gás metano (CH4) e

outros compostos complexos liberando odor fortemente desagradável e podendo

comprometer a qualidade do ar. O metano pode ser reaproveitado como fonte de calor.

Os dois tipos de decomposição podem formar um líquido, conhecido como líquido

percolato, ou chorume, mais elevado na decomposição anaeróbia, o qual ao infiltrar-se no

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solo, é percolado, podendo comprometer a qualidade da água presente nos lençóis

subterrâneos (NAJM apud TAKAYANAGUI, 1993).

Impactos dos resíduos na água

Quando os resíduos são lançados inadequadamente, nos afluentes, provocando

poluição física, química e biológica.

Impactos dos resíduos no ar

Todas as composições gasosas oriundas das reações físico-químicas dos resíduos e

emitidas na atmosfera.

Além dos impactos causados no ar, no solo e na água, o lixo também gera problemas

de ordem social, como a atividade de catação desenvolvida por questões, muitas vezes, de

sobrevivência.

Os problemas ambientais, sanitários, econômicos e sociais decorrentes da geração de

resíduos se agravam ou se atenuam, de acordo com o seu potencial de risco e com o

adequado gerenciamento.

2.2 Definição de Resíduos Sólidos Urbanos

Resíduo sólido, popularmente conhecido, como lixo, é tudo aquilo descartado pelo

homem como algo sem utilidade. A sociedade em que vivemos tem como cultura a imagem

de que o lixo está sempre relacionado a sujeira, podridão, algo que deve ser descartado mais

rápido e mais distante possível (CONFORTIN, 2001). Bertussi Filho (2002) define como

lixo todo resíduo sólido resultante da atividade de aglomerações urbanas.

Segundo Schneider et al. (2001), os resíduos sólidos apresentam caráter antropogênico

e inesgotável. Antropogênicos, pois são gerados exclusivamente pelo homem, em suas

atividades, e inesgotáveis pois o homem está aumentado sua população e seus

conhecimentos, gerando, cada vez mais, novos produtos e, consequentemente, mais

resíduos.

Nóbrega (2005) identifica outros fatores que interferem na geração dos resíduos

sólidos urbanos: número de habitantes, hábitos e costumes da população, poder aquisitivo,

hábitos higiênicos, nível de educação, entre outros, e afirma que um dos fatores mais

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importantes na geração de resíduos é a economia, e isso é percebido nas estações de

tratamento e disposição final, sem esquecer do fator sazonalidade, que atua em algumas

áreas da economia e em algumas regiões, nos períodos da alta estação. Nos hospitais,

também é perceptível o fator sazonal; apesar de sem explicações e estudos que certifiquem,

na prática, há meses em que as internações diminuem, e conseqüentemente, a geração de

resíduos também.

A Norma 10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas — ABNT (2004),

classifica os resíduos sólidos quanto ao seu risco ao meio ambiente e à saúde pública,

definindo resíduos sólidos como: resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da comunidade de origem: urbana, agrícola, radioativa e outros (perigosos e/ou tóxicos). Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível. (ABNT, 2004)

É importante salientar que, quando se diz resíduo sólido,

nem sempre, pode-se associar aquele a um estado sólido.

2.3 Classificação dos Resíduos Sólidos

A norma NBR 10.004 — ABNT (2004) classifica os resíduos sólidos em duas

categorias:

Resíduos Classe I Perigosos

Resíduos Classe II Não Perigosos

IIA – Não Inertes

IIB - Inertes

Segundo a mesma norma, os resíduos perigosos são aqueles que apresentam

características de periculosidade, ou seja, apresentam, por meio, de suas propriedades

físicas, químicas ou infecto-contagiosas, riscos à saúde pública, provocando mortes,

incidência de doenças ou aumentando seus índices. Os resíduos classe I, perigosos, são os

que apresentam, pelo menos, uma das seguintes características:

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- inflamabilidade;

- corrosividade;

- reatividade;

- toxicidade;

- patogenecidade.

A patogenicidade é característica inerente aos RSS pela potencialidade em

apresentar, em sua composição, agentes infectantes, como microorganismos ou toxinas por

estes produzidos, que possam afetar principalmente a saúde humana.

Os resíduos da Classe II A – Não Inertes – podem ter propriedades como a

solubilidade em água, combustibilidade e biodegrabilidade, e não se enquadram na Classe I

(Perigosos) nem na Classe II B (Inertes). Segundo Pinheiro (2005), nesta categoria,

enquadram-se os papéis, papelão, matéria vegetal e outros.

Os resíduos da Classe II B – Inertes – são aqueles que, submetidos a testes de

solubilização, não tenham nenhum de seus constituintes solubilizados, em concentrações

superiores aos padrões de potabilidade de águas, excetuando-se os padrões: aspecto, cor,

turbidez e sabor. Como exemplo destes materiais, pode-se citar rochas, tijolos, vidros e

certos plásticos e borrachas que não são decompostos prontamente.

Segundo Jardins et al. (1995) os resíduos sólidos têm variadas classificações que serão

apresentadas a seguir:

• Domiciliar: aquele originado da vida diária das residências, constituído por restos de

alimentos (cascas de frutas, verduras etc.), produtos deteriorados, jornais, revistas, garrafas,

embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande diversidade de

outros itens. Contém, ainda, alguns resíduos que podem ser tóxicos.

• Comercial: aquele proveniente dos diversos estabelecimentos comerciais e de

serviços, tais como: supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares etc.

• Público: os originados dos serviços da limpeza pública urbana (limpeza das vias

públicas, praias, galerias, córregos e de terrenos, restos de podas de árvores etc.), e de

limpeza de áreas de feiras livres, constituídos por restos de vegetais diversos, embalagens

etc.

• De serviços de saúde e hospitalar: constituem os resíduos sépticos, ou seja, que

contêm, ou potencialmente podem conter germes patogênicos. São produzidos em serviços

de saúde: hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias, postos de saúde

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etc. São produtos, tais como agulhas, seringas, gazes, bandagens, algodões, órgãos e tecidos

removidos, meios de culturas e animais usados em testes, sangue coagulado, luvas

descartáveis, remédios com prazo de validade vencido, instrumentos de resina sintética,

filmes fotográficos de raios X, dentre outros. Os resíduos assépticos desses locais,

constituídos por papéis, restos da preparação de alimentos, resíduos de limpezas gerais (pós,

cinzas etc), e outros materiais que não entram em contato direto com pacientes ou com os

resíduos sépticos anteriormente descritos, são considerados domiciliares.

• De portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários: constituem os

resíduos sépticos, que contêm, ou potencialmente podem conter germes patogênicos trazidos

aos portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários. Basicamente, originam-se de

material de higiene, de asseio pessoal e de restos de alimentação que podem veicular

doenças provenientes de outras cidades, Estados e países. Também nestes locais, os resíduos

assépticos são considerados domiciliares.

• Industrial: aqueles, originados nas atividades dos diversos ramos da indústria:

metalúrgica, química, petroquímica, papeleira, alimentícia, entre outros. O resíduo sólido

industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos

alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros,

cerâmicas etc. Nesta categoria, inclui-se a grande maioria do lixo considerado tóxico.

• Agrícola: resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária, como embalagens

de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita etc.

• Entulho: resíduos da construção civil: demolições e restos de obras, solos de

escavações, entre outros.

A Figura 2.2 apresenta a classificação supracitada dos resíduos sólidos urbanos.

Cada uma dessas fontes infere aos resíduos composições específicas.

Percebe-se que a legislação e as normas dos resíduos sólidos de serviços de saúde

(ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, CONAMA e ABNT) são bem mais

criteriosas e detalhistas que a bibliografia que trata da classificação (JARDINS et al.,1995).

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Figura 2.2 – Classificação dos resíduos sólidos Fonte: Adaptado de Fonseca (2001)

A composição gravimétrica ou caracterização física é o termo utilizado, para descrever

os componentes individuais que constituem os resíduos sólidos urbanos e sua distribuição

relativa. A grande quantidade de fontes geradoras faz com que os resíduos tenham uma

composição muito variada e heterogênea. A informação sobre a composição dos resíduos

sólidos urbanos é importante, para dimensionar a quantidade de equipamentos necessários,

sistemas de tratamento e os planos de gestão. A composição dos resíduos sólidos de serviços

de saúde - RSS é, por exemplo, bem variada constando de resíduos, segundo a ABNT,

perigosos e não perigosos.

2.4 Histórico sobre os Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde

Alguns acontecimentos marcaram a história dos RSS do século XIX aos dias atuais. O

Quadro 2.1 mostra alguns acontecimentos que fazem a história dos RSS no Brasil e no

mundo.

RSS

De aeroportos,

rodoviárias e

afins

Industrial

Agrícola

Entulho

Domiciliar

Comercial

Público

RESÍDUOS

SÓLIDOS

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Quadro 2.1 – Acontecimentos da história dos RSS

PERÍODO ACONTECIMENTO

1874 Em Nottinghan, na Inglaterra, aconteceu a construção de um dos

primeiros incineradores, com a finalidade da queima do lixo.

1891 Foi instalado o primeiro incinerador nos EUA.

1896 Foi construído o primeiro incinerador no Brasil, na cidade de Manaus.

Década de

40

A incineração começa a ganhar importância, principalmente porque são

publicados vários trabalhos sobre esse método de tratamento.

Década de

50

Os resíduos radioativos começam a ganhar interesse e serem enfocados.

1967

Em São Paulo (capital), é instalado o incinerador do bairro de

Vergueiro, e, 3 anos mais tarde, a incineração dos RSS é tornada obrigatória

em todo o Estado, através de um decreto estadual.

Década de

70

Nos EUA, o Estado de Nova York recomenda a incineração como

método de tratamento de RSS, ou qualquer outro método aprovado pelo

Departamento de Saúde.

Década de

70

Começa a surgir uma preocupação com a emissão de poluentes gasosos,

inclusive àqueles provenientes dos incineradores.

1976 O Ministério do Interior concede a portaria nº 231 em 24/04/1976 para

estabelecer padrões de qualidade do ar.

1979 A incineração se torna obrigatória em todo o território nacional;

1979

A Agência de Proteção Ambiental (EPA) é encarregada de avaliar os

impactos dos resíduos infectantes na saúde pública e no meio ambiente,

concluindo que não existe evidência epidemiológica, e retira os resíduos

infectantes da classe de resíduos perigosos.

1982

É registrado o primeiro caso de AIDS (Síndrome da Imunodeficiência

Adquirida) no Brasil. Com a transmissão dessa doença a partir do sangue

contaminado, os resíduos perfurocortantes se tornam potencialmente

perigosos.

1985 A ABNT normatiza o acondicionamento dos RSS em sacos de cor

branca leitosa, através da NBR nº 9190 (ABNT, 1985).

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Quadro 2.1 – Acontecimentos da história dos RSS (continuação)

1988

Nos EUA, o Congresso sofreu intensa mobilização, provocada pelos

incidentes ocorridos nas praias de alguns Estados e em terrenos próximos a

consultórios médicos e laboratórios, quando crianças foram encontradas

brincando com RSS como seringas, agulhas e frascos de sangue, alguns

contaminados com HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana). Isso ocorreu

devido a métodos de destinação final inadequados de resíduos que, ao serem

despejados no mar, eram trazidos à praia, ou eram dispostos em terrenos à céu

aberto.

1988

Esses incidentes, anteriormente citados, resultaram no Medical Waste

Tracking Act, que foi o primeiro programa federal de RSS nos EUA e

representou o primeiro passo para o desenvolvimento de regulamentações

nacionais uniformes para manuseio e destinação final de resíduos infecciosos.

1991

Em abril, os processos relacionados à incineração recebem várias

críticas e restrições, criando-se uma Câmara Técnica especial, para avaliar e

emitir parecer.

1991

Em setembro, no Brasil, fica desobrigada a incineração ou qualquer

outro tratamento de queima dos resíduos sólidos provenientes dos

estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos.

1993 No Brasil, a ABNT propõe normas para a terminologia, classificação e

procedimentos de RSS, através das NBR´s 12.807, 12.808 e 12.809;

1993

No Brasil, a incineração ou a esterilização a vapor se tornam métodos de

tratamento de resíduos infectantes recomendados pela legislação federal

(Resolução CONAMA nº 05 de 05 de agosto de 1993) e não mais

obrigatórios. Essa mesma Resolução já determinava a elaboração do Plano de

Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

2000

A proposta de Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos

de Serviços de Saúde é levada à Consulta Pública nº48, em julho de 2000.

Vários órgãos de áreas distintas enviam sugestões à consulta, como a

Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental — ABES , o

CONAMA, Fundação Nacional de Saúde — FUNASA, Conselho Nacional de

Energia Nuclear — CNEN, Associação Brasileira de Limpeza Pública —

ABLP, Federação Brasileira dos Hospitais — FBH, entre outros.

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29

Quadro 2.1 – Acontecimentos da história dos RSS (continuação)

2001 Em 12 de julho é publicada a Resolução nº283 do CONAMA, visando a

aprimorar a Resolução 05/1993.

2001

Em dezembro, a ANVISA reúne representantes de instituições que

enviaram sugestões à Consulta Pública e também da área de controle de

infecção em serviços de saúde (Associação Brasileira dos Profissionais em

Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar — ABIH, Associação

Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar — APECIH), além de

outras entidades consideradas por ela como de participação necessária, com a

finalidade de discutir o assunto.

2002

Em setembro, a ANVISA convoca representantes da ABIH, Sociedade

Brasileira de Infectologia — SBI, da Sociedade Brasileira de Microbiologia —

SBMic., da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica — SBPC, da Sociedade

Brasileira de Hematologia e Hemoterapia — SBHH, da Sociedade Brasileira

de Análises Clínicas — SBAC e da Universidade Federal de Minas Gerais —

UFMG , com o intuito de promover discussão específica dos resíduos com

conteúdo biológico, tendo sido produzido documento final consensual sobre o

assunto.

2003

Após amplas discussões, as sugestões pertinentes foram incorporadas ao

texto do Regulamento Técnico, que foi o resultado das discussões que

definiram os requisitos necessários ao gerenciamento seguro dos Resíduos de

Serviços de Saúde. Este Regulamento, que se aplica a todos os geradores de

Resíduos de Serviços de Saúde, foi disposto na Resolução de Diretoria

Colegiada - RDC nº33 de 25/02/2003, que passou a obrigar a incineração de

resíduos que pudessem estar contaminados.

2004 A ANVISA publica, em dezembro, a RDC nº306, que trata de um

Regulamento Técnico para o Gerenciamento de RSS, com o objetivo de

aprimorar a RDC nº33/2003 e harmonizar-se com a legislação federal.

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30

Quadro 2.1 – Acontecimentos da história dos RSS (continuação)

2005

Em abril, o CONAMA publica a Resolução nº358 considerando a

necessidade de aprimoramento, atualização e complementação dos

procedimentos contidos na Resolução CONAMA no283, de 12 de julho de

2001, relativos ao tratamento e disposição final dos resíduos dos serviços de

saúde, com vistas a preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente.

2.5 Definição de Resíduos de Serviços de Saúde

Risso (apud SCHNEIDER et al., 2001) afirma que os Resíduos Sólidos de Serviços de

Saúde (RSS) apresentam-se como componentes representativos dos resíduos sólidos

urbanos, não pela quantidade gerada, mas pelo potencial de risco que representam à saúde

pública e ao meio ambiente.

Os resíduos de serviços de saúde são geralmente considerados apenas aqueles

provenientes de hospitais, de clínicas médicas e de outros grandes geradores, tanto que os

resíduos de serviços de saúde são, muitas vezes, chamados de lixo hospitalar. Entretanto,

resíduos de natureza semelhante são produzidos por geradores bastante variados, incluindo

farmácias, clínicas odontológicas e veterinárias, assistência domiciliar, necrotérios,

instituições de cuidado para idosos, hemocentros, laboratórios clínicos e de pesquisa,

instituições de ensino na área da saúde, entre outros. Até a década de 80, os resíduos

considerados perigosos incluíam aqueles provenientes somente de hospitais (CONFORTIN,

2001).

Morel (apud NÓBREGA, 2000) define o RSS como sendo aquele gerado por

prestadores de assistência médica, odontológica, laboratorial, farmacêutica, instituições de

ensino e de pesquisa médica, relacionados à população humana, bem como veterinários,

possuindo potencial de risco, em função da presença de materiais biológicos capazes de

causar infecção, produtos químicos perigosos, objetos perfuro-cortantes, efetiva ou

potencialmente, contaminados, e mesmo rejeitos radioativos, necessitando de cuidados

específicos de acondicionamento, transporte, armazenagem, coleta e tratamento.

Segundo Oliveira (2002), a atividade hospitalar é uma grande geradora de resíduos. Os

Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde, mais comumente denominados de "Resíduo

Hospitalar", sempre se constituíram em problemas bastante sérios para os administradores

hospitalares, devido principalmente à falta de informações a seu respeito, gerando mitos e

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fantasias entre funcionários, pacientes, familiares e, principalmente, na comunidade vizinha

às edificações hospitalares e aos locais onde são depositados estes resíduos. O termo resíduo

de serviço de saúde foi muito bem empregado e ampliou o conceito envolvendo todo o

resíduo gerado pelos estabelecimentos que prestam serviços de saúde.

Os termos lixo hospitalar e resíduo hospitalar continuam sendo utilizados, dentro dos

hospitais e também fora deles, por alusão aos grandes geradores desse tipo de resíduo: os

hospitais. No entanto, percebeu-se que esse termo merecia abranger e relacionar todos os

outros setores que geram resíduos com características similares, assim o termo resíduos de

serviços de saúde foi empregado. Takada (2003) conceitua RSS como aquele que, embora

possua características dos resíduos sólidos em geral, possui

a especificidade da atividade de saúde em que é produzido. A ABNT — Associação Brasileira de Normas Técnicas – foi mais sucinta, quando

definiu, na Norma Brasileira (NBR) 12.807 (1993) os resíduos hospitalares (ou de serviços

de saúde) como aqueles resíduos produzidos pelas atividades de unidades de serviços de

saúde (hospitais, ambulatórios, postos de saúde etc.).

A ANVISA, através da sua Resolução número 306, e o CONAMA, por meio da

Resolução número 358 de 2005, definem RSS como todos aqueles resultantes de atividades

exercidas nos serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive

os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de

produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de

embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina legal; drogarias

e farmácias, inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e de pesquisa na área

de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos,

importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro;

unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem,

dentre outros similares. Por suas características, essas atividades necessitam de processos

diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua disposição final.

Os resíduos dos serviços de saúde, assim como os domiciliares, contêm, em sua

composição, itens que representam riscos para a saúde humana e para o ambiente. Não

necessariamente, nas mesmas proporções e concentrações, mas componentes de resíduos

domiciliares são encontrados nos hospitalares, da mesma forma que componentes de

resíduos hospitalares são encontrados no lixo domiciliar, quando do tratamento de doentes

em casa.

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Os RSS representam uma parcela significativa dos resíduos

sólidos e são compostos por diferentes frações geradas nas

suas seções, compreendendo desde os materiais

perfurocortantes contaminados com agentes biológicos, peças

anatômicas, produtos químicos tóxicos e materiais perigosos

como solventes, quimioterápicos, produtos químicos

fotográficos, formaldeído, radionuclídeos, mercúrio e até

vidros vazios, caixas de papelão, papel de escritório,

plásticos descartáveis e resíduos alimentares, que, se não

forem gerenciados de forma adequada, representam fontes

potenciais de impacto negativo no ambiente e de disseminação

de doenças, podendo oferecer perigo para os trabalhadores do

estabelecimento de saúde, bem como para os pacientes e para a

comunidade em geral (TAKADA, 2003).

Monreal (apud SCHNEIDER et al., 2001) expõe que os RSS apresentam riscos e

dificuldades especiais no seu manuseio, devido ao caráter infectante de alguns componentes,

além de objetos perfurantes e cortantes, e, ainda, quantidades menores de substâncias

tóxicas, inflamáveis e radioativas de baixa densidade. Essas características conferem aos

RSS o caráter de periculosidade, segundo a NBR 10.004 (ABNT, 2004).

2.6 Classificação dos Resíduos de Serviços de Saúde

Os resíduos sólidos de serviços de saúde possuem várias classificações, variando

conforme os parâmetros adotados e o objetivo ao qual se destinam. Estes resíduos são

divididos em três categorias: resíduos infecciosos, especiais e comuns. As etapas envolvidas

no trato desses resíduos são importantes, desde o acondicionamento e o transporte no

interior dos estabelecimentos de saúde, até as operações envolvidas na coleta externa,

tratamento e destino final. Sendo assim, é de grande importância garantir a eficiência nos

aspectos técnicos operacionais, bem como as formas de controle e avaliação do processo

(NÓBREGA, 2000).

A importância da classificação dos RSS é dar subsídios e segurança aos processos de

gerenciamento, tratamento e disposição final dos mesmos.

A classificação dos resíduos de serviços de saúde geralmente é feita por meio de dados

como a natureza do resíduo, seu potencial de risco e o setor que o gerou.

Apesar de utilizarem critérios semelhantes, as normas e legislações brasileiras utilizam

classificações divergentes, que serão apresentadas a seguir:

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a) CLASSIFICAÇÃO DA ABNT/NBR 12.808 (ABNT, 1993b)

CLASSE A Resíduos infectantes

Tipo A.1 - Biológico

Tipo A.2 - Sangue e hemoderivados

Tipo A.3 - Cirúrgico, anatomopatológico e exsudato

Tipo A.4 - Perfurante ou cortante

Tipo A.5 - Animal contaminado

Tipo A.6 - Assistência ao paciente

CLASSE B Resíduo especial

Tipo B.1 - Rejeito radioativo

Tipo B.2 - Resíduo farmacêutico

Tipo B.3 - Resíduo químico perigoso

CLASSE C Resíduo comum

Tipo C.1 - Rejeito das áreas administrativas

Tipo C.2 - Resíduo das limpezas de jardins

b) CLASSIFICAÇÃO DA RESOLUÇÃO CONAMA No 358/2005 e ANVISA

306/2004

Com o entendimento entre os órgãos federais, por meio do Conselho Nacional de

Meio Ambiente/CONAMA, e da Saúde, através da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária/ANVISA, referentes ao gerenciamento de RSS, a Resolução nº358 do CONAMA,

em vigor desde 29 de abril de 2005, que revogou as Resoluções nº283 de 12 de julho de

2001 e nº05 de 05 de agosto de 1993, ambas também desse conselho, e a RDC nº306 da

ANVISA classificam os resíduos de serviços de saúde como mostra o Quadro 2.2.

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Vale ressaltar que até abril de 2005, esses dois órgãos não se entendiam; apesar de

tratarem do mesmo tema, RSS, suas classificações não eram unânimes. Divergiam em

alguns tópicos, o que causou um embaraço muito grande entres os hospitais e órgãos

fiscalizadores, pois uns seguiam a ANVISA, e outros, o CONAMA. Quem não seguia nem

um dos dois aproveitava-se dessa situação.

Essa divergência na classificação entre normas, segundo Takayanagui (1993), ocorre

inclusive, em países do Primeiro Mundo.

Quadro 2.2 – Classificação dos RSS segundo ANVISA e CONAMA

A1

1. culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos

biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos

ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência,

inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação

genética;

2. resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com

suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4

(ANEXO 1), microrganismos com relevância epidemiológica e risco de

disseminação ou causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente

importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido;

3. bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por

contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas

oriundas de coleta incompleta;

4. sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos,

recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo

sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;

A2 1. carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de

animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de

microorganismos, bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de

serem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de

disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou

GRUPO A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas

características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção.

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35

confirmação diagnóstica;

Quadro 2.2 – Classificação dos RSS segundo ANVISA e CONAMA (continuação)

GRUPO A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas

características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção.

A3 1. peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem

sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros

ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou

legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares;

A4

1. kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados;

2. filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de

equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares;

3. sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e

secreções, provenientes de pacientes que não contenham nem sejam suspeitos de

conter agentes Classe de Risco 4 (ANEXO I), nem apresentem relevância

epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo causador de doença

emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de

transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons.

4. resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou

outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo;

5. recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que

não contenham sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;

6. peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de

procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação

diagnóstica;

7. carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de

animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de

microorganismos, bem como suas forrações;

8. bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.

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A5 1. órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou

escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou

animais, com suspeita ou certeza de contaminação com príons.

Quadro 2.2 – Classificação dos RSS segundo ANVISA e CONAMA (continuação)

GR

UPO

B

a) produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos;

antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-

retrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e

distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos

farmacêuticos dos medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas

atualizações;

b) resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo

metais pesados, reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados

por estes;

c) efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores);

d) efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas; e

e) demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR

10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

C a) enquadram-se neste grupo quaisquer materiais resultantes de laboratórios

de pesquisa e ensino na área de saúde, laboratórios de análises clínicas e serviços de

medicina nuclear e radioterapia que contenham radionuclídeos em quantidade

superior aos limites de eliminação.

GRUPO B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à

saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade,

corrosividade, reatividade e toxicidade.

GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham

radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas

da Comissão Nacional de Energia Nuclear—CNEN e para os quais a reutilização é imprópria

ou não prevista.

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Quadro 2.2 – Classificação dos RSS segundo ANVISA e CONAMA (continuação)

D

a) papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis

de vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em anti-sepsia e

hemostasia de venóclises, equipo de soro e outros similares não classificados como

A1;

b) sobras de alimentos e do preparo de alimentos;

c) resto alimentar de refeitório;

d) resíduos provenientes das áreas administrativas;

e) resíduos de varrição, flores, podas e jardins;

f) resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde.

2.7 Composição e Quantidade dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde

Assim como no lixo domiciliar, os RSS apresentam, em sua composição, itens que

oferecem riscos para a saúde humana e para o meio ambiente. No entanto, a diferença entre

esses está nos quantitativos. Por mais que existam pessoas contaminadas nas residências,

gerando resíduos contaminados, nos hospitais, devido à sua própria natureza, o potencial de

risco tende a aumentar.

É muito importante para o estabelecimento gerador o conhecimento dos componentes

dos RSS e, melhor ainda, se, para cada uma das áreas, for identificado o resíduo potencial.

GRUPO D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à

saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.

GRUPO E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como lâminas de barbear,

agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas

de bisturi, lancetas, tubos capilares, micropipetas, lâminas e lamínulas, espátulas e todos os

utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de

Petri) e outros similares.

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Com isso, consegue-se agregar ao gerenciamento informações, tornando-o mais adequado à

situação real. A definição da composição dos RSS torna-se menos dispensável quanto maior

for o hospital e mais variados forem os seus serviços. Também é muito significativa a

definição das quantidades geradas por unidade de referência. A unidade mais encontrada, na

bibliografia pesquisada, foi o leito. Com essa quantificação, outras informações são

analisadas, como, por exemplo, os fatores que influenciam na geração, em determinado

setor, os procedimentos médicos que mais geram resíduos e, até mesmo, os profissionais

que atuam conforme o gerenciamento.

As análises quali-quantitativas dos RSS fornecem informações facilitadoras para a

solução adequada dos problemas com resíduos.

Há alguns anos estudos de caracterização e quantificação dos RSS começaram a ser

realizados, e, segundo Rodrigues (apud SCHNEIDER et al., 2001), esses estudos

identificaram uma série de microorganismos presentes na massa dos resíduos, indicando-

lhes o potencial de risco. Foram identificados microorganismos, como coliformes,

Samonella thyphi, Pseudomonassp., Streptococcus, Staphlococcus aureus (bactérias) e

Candida albicans (fungo). A possibilidade de sobrevivência do vírus na massa foi

comprovada para pólio tipo I, hepatites A e B, influenza, vaccínia e vírus entéricos.

Silva (apud TAKAYANAGUI, 1993), ressalta estes microorganismos como fatores

predisponentes de doenças, como febre tifóide, cólera, doenças diarréicas e disentéricas,

tuberculose, antrax, conjuntivite, leptospirose, peste, triquinose e meningite, entre outras, em

situações onde exista acúmulo de lixo inadequadamente disposto ao solo e próximo de

aglomerações de pessoas, que vivem em ambiente pouco higienizado.

Os microorganismos presentes nos resíduos infecciosos, segundo Formaggia (apud

SCHNEIDER et al., 2001) , podem atingir o homem por três principais vias de transmissão:

1. Inalação – agentes patogênicos dispersos no ar ou em partículas em suspensão entram

no organismo através do aparelho respiratório.

2. Ingestão – agentes patogênicos entram no organismo, por meio do consumo de água

e/ou de alimentos contaminados, ou por meio de mãos ou objetos contaminados

levados à boca.

3. Injeção – a contaminação ocorre, via corrente sangüínea, por picadas de insetos ou

mordedura de vetores.

Formaggia (apud SCHNEIDER et al., 2001) ainda afirma que os riscos de

contaminação variam, conforme a exposição direta, durante a manipulação, armazenamento,

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39

transporte e disposição, o contato com vetores, as plantas, solo ou outros animais, a ingestão

e/ou contato com águas ou alimentos contaminados e a disseminação por meio de vias

aéreas. A análise de todos esses aspectos pode levar a uma avaliação do potencial de risco

que os RSS de um estabelecimento representam à saúde pública .

O gerenciamento é tido como um instrumento capaz de minimizar, ou, até mesmo,

impedir os efeitos adversos causados pelos RSS, do ponto de vista sanitário, ambiental e

ocupacional, sempre que realizado racional e adequadamente.

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3 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NOS

SERVIÇOS DE SAÚDE

O gerenciamento dos resíduos sólidos, no Brasil, ainda é falho, apresentando grandes

deficiências nos aspectos de tratamento e disposição final. Isso tem acarretado consideráveis

riscos ao meio ambiente e à saúde. Silva (2004) considera que a preocupação com os

resíduos de serviços de saúde extrapola os serviços de saúde, levando a discussões sobre o

meio ambiente, sugerindo mecanismos para o gerenciamento adequado, minimizando a

poluição do planeta.

A idéia principal do gerenciamento dos RSS é promover um acompanhamento dos

mesmos, desde a sua geração, até a disposição final, passando por etapas e as distinguindo,

visando à minimização ou ao bloqueio dos efeitos causados pelos RSS, no âmbito sanitário,

ambiental e ocupacional. Confortin (2001) consolida essa afirmação, quando afirma que o

gerenciamento tem como finalidade estabelecer todas as etapas do sistema, que vai desde a

geração, até a disposição final dos RSS.

Segundo Mandelli (apud SCHNEIDER, 2001), o gerenciamento refere-se ao conjunto

articulado de ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento baseadas em

critérios sanitários, ambientais, sociais, políticos, técnicos, educacionais, culturais, estéticos

e econômicos para a geração, manejo, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos.

Essa definição resume bem o conceito de gerenciamento, uma vez que engloba as bases

fundamentais para a implantação das técnicas de gerenciamento, os critérios a serem

seguidos e o campo de atuação do mesmo.

O gerenciamento visa ao melhor aproveitamento das áreas destinadas à disposição dos

resíduos e à implantação de técnicas para a minimização, reutilização, reaproveitamento e

reciclagem dos mesmos, além de prover proteção à saúde pública e ao meio ambiente.

Schneider (2001) lembra que o gerenciamento é um fator vital para o planejamento urbano,

embora não tenha ocupado o cenário das discussões com o vigor que seria desejável.

Risso (apud SCHNEIDER, 2001, p. 34) afirma que Esse instrumento tem como finalidade estabelecer em cada etapa do sistema, quais sejam: geração, segregação, acondicionamento, coleta, transporte, armazenamento, tratamento e disposição final, manejo seguro, equipamentos e facilidades necessários à conscientização e treinamento adequado, equipamentos de proteção individual indispensáveis (EPI), além de determinar, em função dos tipos de resíduos, qual o melhor sistema de tratamento e conseqüente disposição final, de modo a garantir o manejo seguro do ponto de vista de saúde pública e do meio ambiente.

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O Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde,

republicado, recentemente, em harmonia com as normas federais dos Ministérios do Meio

Ambiente, por meio do CONAMA (Resolução nº358 de 29/04/2005), e da Saúde, através da

ANVISA (Resolução nº306 de 07/12/2004), referentes ao gerenciamento de resíduos de

serviços de saúde, define gerenciamento como sendo o conjunto de procedimentos de

gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e

legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos

gerados um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos

trabalhadores, à preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente.

Confortin (2001) afirma que, no Brasil, as mudanças e preocupações com o

gerenciamento de RSS ocorreram devido a fatos como:

► Descoberta da AIDS, que obrigou mudanças na conduta, quanto à higiene hospitalar.

► Os resíduos ao terem contato com os pacientes, passaram a ser considerados

infecciosos.

► Pequenos incineradores hospitalares deram lugar a sistemas centralizados, devido a

restrições ambientais e ao aumento da quantidade de resíduos considerados infectantes.

► A partir de 1989, surgiu uma nova filosofia na gestão de tratamento dos resíduos, e

vários países estabeleceram regras nas quais somente pequena parcela dos RSS são

definidos e tratados como especiais.

Enfim, o gerenciamento correto dos resíduos sólidos significa não só controlar e

reduzir os riscos, mas também alcançar a minimização destes, desde o ponto de origem,

observando-se as normas referentes ao acondicionamento, recolhimento intra e extra

unidade, destinando-os, de forma segura e ambientalmente adequada, elevando também a

qualidade e a eficiência dos serviços.

3.1 Aspectos Legais do Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

Schneider (2001) afirma que a política ambiental brasileira tem seus fundamentos

fixados na Constituição da República Federativa do Brasil e na Lei nº6.938 de 1981, que

estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente e constitui o Sistema Nacional do Meio

Ambiente – SISNAMA. O CONAMA é o órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA. O

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Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, criado

em 1989, é o executor da política ambiental em âmbito nacional.

As soluções para a questão dos resíduos advieram consolidadas pela Constituição

Federal, que, no caput do seu artigo 225, dispõe: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).

As normas ambientais, fundando-se neste capítulo da lex fundamentalis, proporcionam

ao cidadão o direito a um ambiente sadio, impondo ao poder público e à coletividade ações

voltadas à sua preservação.

Os RSS são regulamentados por meio de leis e normas técnicas que visam a apresentar

soluções, recomendações e também impor posturas frente à questão da sua geração e

manejo. Confortin (2001) lembra que a participação e a conscientização ambiental são

valores que necessitam ser constituídos com a comunidade. Ela entende que a lei, por si só,

não garante efetivamente a solução para a questão, é preciso a participação da comunidade e

a infiltração de uma cultura que lhe atribua ações, no sentido de fomentar o

desenvolvimento de práticas ambientalmente corretas.

No Brasil, a regulamentação do gerenciamento de RSS se deu com a Resolução

nº05/93 do CONAMA, a qual determina que todos os prestadores de serviços de saúde

devem ter um Plano de Gerenciamento para os Resíduos Gerados diariamente, em seus

estabelecimentos, que contemplem as seguintes etapas: geração/manuseio, segregação,

acondicionamento, coleta, armazenamento interno e externo, transporte interno e externo,

tratamento e disposição final. O plano deve atender às características de cada

estabelecimento, sempre tomando como base as Normas Técnicas Brasileiras, através das

NBR's 12.807, 12.808, 12.809, 12.810, 7.500, 9.190 e 10.004 da Associação Brasileira de

Normas técnicas (ABNT).

Considerando a necessidade de aprimoramento, atualização e complementação dos

procedimentos contidos na norma acima aludida, o CONAMA, em 12 de julho de 2001,

publicou a Resolução nº283, com uma curiosidade: a nova Resolução não revogou a

anterior: complementou-a.

Recentemente, em 29 de abril de 2005, o mesmo órgão publicou a Resolução nº358,

que, por sua vez, revogou as anteriores e tratou de harmonizar-se com as resoluções da

ANVISA.

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43

A ANVISA também passou por um processo de aprimoramento, atualização e

complementação dos procedimentos contidos na Resolução RDC 33, de 25 de fevereiro de

2003, ao publicar a RDC 306, em 07 de dezembro de 2004, além da conformidade com as

normas do CONAMA.

O Quadro 3.1 mostra, de forma reduzida, a evolução da legislação federal referente aos

RSS.

Quadro 3.1 – Cronologia da legislação dos RSS

LEGISLAÇÃO ANO DE

PUBLICAÇÃO

ÓRGÃO

ELABORADOR REFERÊNCIA

Portaria 53 1979 Ministério do

Interior

Disciplina os resíduos sólidos urbanos e

determina que os RSS devem ser

acondicionados e transportados de modo

especial e obrigatoriamente incinerados.

Lei 6.938 1981 Brasil Estabelece a Política Nacional do Meio

Ambiente e constitui o Sistema Nacional

do Meio Ambiente – SISNAMA.

Resolução 01 1986 CONAMA Dá diretrizes gerais para uso e

implementação de avaliação de impacto

ambiental.

Resolução nº06 1991 CONAMA Desobrigou a incineração dos RSS.

Resolução nº05 1993 CONAMA Determina que é responsabilidade do

estabelecimento de serviços de saúde, dos

portos, aeroportos, dos terminais

rodoviários e ferroviários gerenciar seus

resíduos desde a geração até a disposição

final, de modo que atenda aos requisito do

meio ambiente e da saúde pública e

apresentar o Plano de Gerenciamento de

Resíduos Sólidos – PGRS. Recomenda a

incineração como forma de tratamento dos

resíduos.

Lei 9.605 1998 Brasil Lei dos Crimes Ambientais.

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Quadro 3.1 – Cronologia da legislação dos RSS (continuação)

Resolução

nº283

2001 CONAMA Dispõe sobre o tratamento e a destinação

final dos resíduos dos serviços de saúde e

sobre o PGRS. Determina que os RSS

devem passar por um sistema de

tratamento específico, mas não menciona a

incineração. RDC 33 2003 ANVISA Dispõe sobre o Regulamento Técnico para

o gerenciamento de resíduos de serviços

de saúde. Especifica os resíduos que

devem ser incinerados. RDC 306 2004 ANVISA Dispõe sobre o Regulamento Técnico para

o gerenciamento de resíduos de serviços

de saúde revogando a RDC 33.

Resolução 358 2005 CONAMA Dispõe sobre o tratamento e a disposição

final dos resíduos dos serviços de saúde,

dá outras providências e revoga as

resoluções 05/1993 e 283/2001. Esta

Resolução não incluiu os resíduos

oriundos de portos e aeroportos.

Além da legislação federal, cabe aos estabelecimentos de saúde cumprirem as

determinações legais de âmbito estadual e municipal. Entretanto, nem o Estado nem o

Município em estudo possuem legislação referente ao tema discutido. O município possui o

Regulamento de Limpeza Urbana que tem base legal no Decreto Lei 3.316, de 03 de novembro de 1997, que aborda a questão dos resíduos

sólidos urbanos de um modo geral. Paralelamente aos estudos do CONAMA e da ANVISA, a ABNT, entidade técnica de

manutenção privada, criou a Comissão de Estudos de Resíduos de Serviço de Saúde, que

contou, entre outros, com a participação de representantes do Ministério da Saúde,

culminando com a publicação de normas que estão resumidas no Quadro 3.2.

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Quadro 3.2 – Normas da ABNT referentes aos RSS

NORMA ANO PUBLICAÇÃO ASSUNTO

NBR 7.500 1994 Símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais.

NBR 7.501 1989 Transporte de produtos perigosos – Terminologia.

NBR 7.503 1996 Transporte de carga perigosa – Ficha de emergência.

NBR 7.504 1999 Transporte de carga perigosa – Envelope. NBR 8.285 1996 Transporte de carga perigosa – Procedimento. NBR 8.286 1997 Transporte de produtos perigosos –

Preenchimento de ficha de emergência. NBR 8.418 1983 Apresentação de projeto de aterros de resíduos

industriais perigosos – Procedimentos. NBR 8.419 1992 Apresentação de projetos de aterros sanitários

de resíduos sólidos urbanos – Procedimento. NBR 8.849 1985 Apresentação de projetos de aterros

controlados de resíduos sólidos urbanos – Procedimentos.

NBR 9.190 1993 Sacos plásticos – Classificação. NBR 9.191 1993 Sacos plásticos – Especificação. NBR 9.195 1993 Sacos plásticos – Determinação da resistência à

queda livre. NBR 9.734 1998 Equipamento de proteção individual -

Avaliação de emergência e fuga no transporte rodoviário de produtos perigosos.

NBR 9.735 1999 Equipamento de proteção individual – Emergência.

NBR 9.804 1987 Autoclave hospitalar. NBR 10.004 1987 Resíduos sólidos – Classificação. NBR 10.005 1987 Lixiviação de resíduos – Procedimentos. NBR 10.006 1987 Solubilização de resíduos. NBR 10.007 1987 Amostragem de resíduos. NBR 10.157 1987 Aterros de resíduos perigosos – Critérios para

projeto, construção e operação. NBR 10.700 1989 Planejamento de amostragem em dutos e

chaminés de fontes estacionárias. NBR 10.701 1989 Determinação de pontos de amostragem em

dutos e chaminés de fontes estacionárias. NBR 11.174 1990 Armazenamento de resíduos. NBR 11.175 1990 Incineração de resíduos sólidos perigosos –

Padrões de desempenho. NBR 12.235 1992 Armazenamento de resíduos sólidos perigosos

– Procedimento. NBR 12.710 1988 Transporte rodoviário – Extintores. NBR 12.807 1993 Resíduos de serviços de saúde – Terminologia.

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Quadro 3.2 – Normas da ABNT referentes aos RSS (continuação)

NBR 12.808 1993 Resíduos de serviços de saúde – Classificação. NBR 12.809 1993 Manuseio de resíduos de serviços de saúde –

Procedimento. NBR 12.810 1993 Coleta de resíduos de serviços de saúde –

Procedimento. NBR 12.980 1993 Define termos utilizados na coleta, varrição e

acondicionamento de resíduos sólidos urbanos. NBR 13.055 1993 Sacos plásticos para acondicionamento de lixo

– Determinação da capacidade volumétrica NBR 13.056 1993 Filmes plásticos para sacos para

acondicionamento do lixo – requisitos e métodos de ensaio.

NBR 13.095 1998 Transporte rodoviário de produtos perigosos – Extintores.

NBR 13.221 1994 Transporte de resíduos – Procedimentos. NBR 13.853 1997 Coletores para perfurocortantes. NBR 10.004 2004 Resíduos sólidos – Classificação.

As normas da ABNT servem de suporte para a elaboração de um programa de

gerenciamento de resíduos sólidos, mas, por serem elaboradas por uma instituição privada,

só têm valor legal se forem contempladas por alguma legislação. Em caso de discordância

entre a norma e a lei, prevalece a lei.

3.2 Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos — PGRS é um documento a ser

apresentado pelas instituições hospitalares visando ao cumprimento das determinações

legais anteriormente mostradas, as quais apontam e descrevem as ações relativas ao manejo

de resíduos sólidos de serviços de saúde, contemplando os aspectos referentes a geração,

segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição

final, bem como, proteção à saúde pública.

Para Almeida (2003), o PGRS auxilia no gerenciamento dos resíduos gerados em um

estabelecimento de saúde, sendo considerado uma excelente ferramenta, para minimizar os

riscos e impactos ambientais. Para a mesma autora, as vantagens em se implantar um PGRS

são: redução de riscos de contaminação ambiental; redução do número de acidentes de

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trabalho ocasionado no manejo dos RSS; redução dos custos de manejo dos resíduos;

redução do número de infecções hospitalares, reciclagem de materiais, entre outros.

O PGRS deve ser elaborado e ter a responsabilidade de um profissional de nível superior, habilitado pelo seu conselho de classe, com

apresentação de Anotação de Responsabilidade Técnica - ART,

Certificado de Responsabilidade Técnica ou documento similar,

quando couber, para o correto gerenciamento dos resíduos sólidos gerados em

decorrência de suas atividades. Confortin (2001) considera essa exigência muito importante

na questão dos RSS, visto que o gerente de resíduos garantirá a aplicação dos

conhecimentos da área (as quais vão desde regulamentos e legislações, até a elaboração de

um programa seguro e compreensivo sobre um correto gerenciamento), bem como, a

integração dos diversos serviços, a qual implicará em resultados supostamente positivos. É

muito importante que o responsável técnico tenha conhecimento, habilidade, visão e

autonomia para a devida adequação e implantação do PGRS.

O plano de gerenciamento deve ser formulado de acordo com as características

particulares de cada estabelecimento e com a regulamentação e as normas vigentes, devendo

contemplar as alternativas e o gerenciamento viáveis, os recursos indispensáveis e o pessoal

necessário e responsável pela sua implementação. Almeida (2003) concorda, quando afirma

que, para gerenciar os RSS, é necessário conhecer o estabelecimento de saúde, identificar

quais os tipos de resíduos produzidos, riscos relacionados a eles, legislação pertinente ao

assunto, situação dos equipamentos utilizados em seu manejo, impactos ambientais

associados, assim como conhecer qual a forma correta de realizar o manejo dos RSS.

De acordo com a Resolução nº358/2005 do CONAMA, o PGRS é um documento

integrante do processo de licenciamento ambiental, baseado nos princípios da não geração

de resíduos e na minimização da geração de resíduos, que aponta e descreve as ações

relativas ao seu manejo, no âmbito dos diversos serviços de saúde, e contempla os aspectos

referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte,

reciclagem, tratamento e disposição final, bem como a proteção à saúde pública e ao meio

ambiente.

Estes aspectos serão apresentados a seguir, na forma de etapas sucessivas,

preconizadas pelo Plano de Gerenciamento, visando ao trato adequado dos RSS, que vai

desde a geração até o destino final.

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3.3 Etapas do Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

Confortin (2001) afirma que, dependendo de cada autor, o número de etapas

intermediárias, bem como as terminologias, na construção de um plano de gerenciamento,

podem variar.

O manuseio apropriado dos resíduos hospitalares segue um fluxo de operações que

começa a partir do manejo, que é entendido como a ação de gerenciar os resíduos, em seus

aspectos intra e extra estabelecimento, desde a geração, até a disposição final, incluindo as

etapas (ANVISA, 2004 e CONAMA, 2005) conforme ilustra a Figura 3.1

Figura 3.1 – Etapas do gerenciamento segundo ANVISA (2004) e CONAMA (2005)

IDENTIFICAÇÃO

TRANSPORTE INTERNO

ARMAZENAMENTO TEMPORÁRIO

SEGREGAÇÃO

ACONDICIONAMENTO

TRATAMENTO

ARMAZENAMENTO EXTERNO

COLETA E TRANSPORTE EXTERNO

DISPOSIÇÃO FINAL

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3.3.1 Segregação

Os hospitais são grandes geradores de RSS e possuem uma ampla variedade de

serviços que podem gerar resíduos específicos e diferentes. Uma característica desse tipo de

estabelecimento é a geração de resíduos de mais de um tipo pelo mesmo setor, conforme

pode-se observar no Quadro 3.3.

Quadro 3.3 – Serviços de estabelecimento de saúde e tipos de resíduos que podem

gerar

SERVIÇOS DE UM HOSPITAL TIPOS DE RESÍDUOS

Serviços de internação hospitalar: 01. Salas de internação 02. Salas de cirurgia 03. Salas de parto 04. Central de equipamentos 05. Admissão 06. Serviços de emergência 07. Outros

Resíduos Infecciosos

Serviços auxiliares de diagnóstico e tratamento: 01. Anatomia Patológica 02. Laboratório 03. Radiodiagnóstico 04. Gabinetes 05. Audiometria 06. Isótopos radioativos 07. Endoscopia 08. Citoscopia 09. Radioterapia 10. Banco de sangue 11. Medicina física 12. Outros

Resíduos Infecciosos e Especiais

Serviços de consulta externa: 01. Consulta externa 02. Outros

Resíduos Comuns

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Serviços diretos complementares: 01. Enfermaria 02. Relações públicas e serviço social 03. Arquivo clínico 04. Nutrição 05. Farmácia 06. Outros

Resíduos Especiais e Comuns

Quadro 3.3 – Serviços de estabelecimento de saúde e tipos de resíduos

que podem gerar (continuação)

Serviços gerais: 01. Serviços indiretos 02. Cozinha 03. Lavanderia 04. Almoxarifado 05. Engenharia e manutenção 06. Programa docente 07. Programa de Pesquisa 08. Outros

Resíduos Especiais e Comuns

Fonte: Confortin (2001)

A primeira e mais importante operação é a segregação, pois requer a participação ativa

e consciente de toda a comunidade hospitalar. A segregação, segundo a RDC nº306 da

ANVISA, consiste na separação dos resíduos no momento e no local de sua geração, de

acordo com as características físicas, químicas, biológicas, o seu estado físico e os riscos

envolvidos.

A idéia da segregação é separar os resíduos que possuem risco potencial daqueles

considerados domésticos, mas que também são gerados nas unidades hospitalares, evitando

assim a contaminação desnecessária de resíduos comuns. Bidone e Povinelli (1999) citam

que o acondicionamento conjunto dos RSS com os resíduos comuns leva inexoralvelmente à

contaminação da mistura, resultando em uma massa de resíduos potencialmente infectantes,

com aumento de volume, de custos com transporte, tratamento adequado e destinação final.

A segregação dos RSS permite tanto uma redução de custos, quanto uma redução de

risco de infecção para pacientes e funcionários, e também possibilita que esses resíduos

tenham um destino final seguro, e os resíduos comuns possam seguir cursos diferentes a

partir da coleta, inclusive serem reciclados.

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Ribeiro Filho (2001) afirma que o principal objetivo da segregação é criar uma nova

cultura organizacional de segurança e não desperdício, além de permitir que se adote o

manuseio, embalagens, transporte e tratamento mais adequados aos riscos oferecidos por um

determinado tipo de resíduo, facilitando a ação em caso de emergência ou acidente. Além da

mudança organizacional, a segregação tem outros objetivos, como:

► racionalizar os recursos financeiros destinados aos resíduos sólidos;

► minimizar a contaminação de resíduos comuns;

► oferecer procedimentos específicos para o manejo de cada grupo de resíduos;

► possibilitar o tratamento específico para cada grupo de resíduos;

► reduzir riscos para a saúde das pessoas que estão em contato direto com os resíduos;

► diminuir os custos do manejo dos resíduos;

► permitir a reciclagem ou reaproveitamento de parte dos resíduos comuns (grupo D)

(ALMEIDA,2003).

Takayanatgui (1993) aponta como os objetivos da segregação: racionalizar os recursos,

impedir a contaminação de grande quantidade de lixo, intensificar as medidas de segurança

e facilitar a ação em caso de acidentes ou emergências. Essas duas autoras conseguiram

mostrar, através dos objetivos acima expostos, a real importância de uma eficiente

segregação.

Conforme Orofino (apud CONFORTIN, 2001), por meio do cumprimento rigoroso

dessa etapa, consegue-se:

► Impedir que os resíduos considerados comuns (que se constituem na maior parcela dos

resíduos de serviços de saúde gerados) sejam contaminados pelos resíduos infectantes

que são gerados em menor quantidade.

► Evitar riscos de acidentes para os manipuladores/transportadores de resíduos.

► Possibilitar o tratamento específico para cada tipo de resíduo.

► Racionalizar o volume de recursos gastos com a disposição final dos resíduos.

3.3.2 Acondicionamento

O acondicionamento consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou

recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura.

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Para a ABNT, na sua norma NBR 12.807 - terminologia - acondicionamento significa

o ato de embalar os resíduos de serviços de saúde em recipientes, para protegê-los de risco e

facilitar o seu transporte, de acordo com os procedimentos adotados pela norma NBR

12.809 – Manuseio de Resíduos de Serviço de Saúde. Para completar a NBR 12.807, a

ABNT publicou cinco Normas Técnicas, nas quais são estabelecidas as regras para a

utilização de sacos plásticos no acondicionamento de resíduos sólidos. São elas: a NBR-

9.190 - Classificação; NBR-9.191 - Especificação; NBR-9.195 - Determinação da

resistência à queda livre - Método de ensaio; NBR-13.055 - Determinação da capacidade

volumétrica - Método de ensaio; e a NBR-13.506 - Filmes plásticos para sacos para

acondicionamento de lixo - Verificação de transparência - Método de ensaio.

Segundo a RDC nº306 da ANVISA, a capacidade dos recipientes de

acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo, e a

acomodação deve-se dar em sacos que estejam de acordo com as determinações da NBR

9191/2000 da ABNT. Esses sacos devem estar contidos em recipientes de material lavável,

resistente à punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem

contato manual, com cantos arredondados e ser resistente ao tombamento.

Almeida (2003) destaca que o acondicionamento dos RSS tem a função de isolá-los de

acordo com suas características, reduzindo os riscos de contaminação. Com isso, mantêm-se

os resíduos agrupados, facilitando a identificação, o armazenamento, o transporte e o

tratamento dos mesmos. Os recipientes para o acondicionamento dos resíduos são

estabelecidos com base nas características destes e no grupo a que pertencem. Como o

acondicionamento deverá estar de acordo com o tipo de resíduo, abaixo se encontra a

adequada forma de acondicionamento dos cinco grupos de RSS, conforme determinação da

Resolução nº306/2004 da ANVISA.

GRUPO A:

► A1

Culturas e estoques de microrganismos resíduos de fabricação de produtos biológicos,

exceto os hemoderivados; meios de cultura e instrumentais utilizados para

transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de

manipulação genética. Esses resíduos não podem deixar a unidade geradora sem

tratamento prévio.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

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Devem ser inicialmente acondicionados de maneira compatível com o processo de

tratamento a ser utilizado. Devem ser submetidos a tratamento, através de processo físico ou

de outros processos que sejam validados para a obtenção ou eliminação da carga

microbiana, em equipamento compatível com Nível III de Inativação Microbiana (ANEXO

II). Após o tratamento, se houve descaracterização, devem ser acondicionados e

identificados como resíduo do tipo D; se não, devem ser acondicionados em saco branco

leitoso, que deve ser substituído, quando atingir 2/3 de sua capacidade ou, pelo menos, 1

vez a cada 24 horas.

Resíduos resultantes de atividade de vacinação com microorganismos vivos e

atenuados, incluindo frascos de vacinas com expiração do prazo de validade, com

conteúdo inutilizado, vazios ou com restos do produto, agulhas e seringas.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Devem ser submetidos a tratamento antes da disposição final.

Quando não puderem ser submetidos ao tratamento em seu local de geração, devem ser

recolhidos e devolvidos às Secretarias de Saúde responsáveis pela distribuição, em

recipientes rígidos, resistentes a punctura, ruptura e vazamento, com tampa e devidamente

identificados, de forma a garantir o transporte seguro até a unidade de tratamento.

Após o tratamento, se houve descaracterização, devem ser acondicionados e identificados

como resíduo do tipo D; se não, devem ser acondicionados em saco branco leitoso, que deve

ser substituído, quando atingir 2/3 de sua capacidade ou, pelo menos, 1 vez a cada 24 horas.

Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou

certeza de contaminação biológica por agentes Classe de Risco 4, microrganismos com

relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente

que se torne epidemiologicamente importante, ou cujo mecanismo de transmissão seja

desconhecido.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Devem ser submetidos a tratamento antes da disposição final.

Devem ser acondicionados, em saco vermelho, que deve ser substituído, quando atingir 2/3

de sua capacidade ou, pelo menos 1, vez a cada 24 horas e devidamente identificado.

Devem ser submetidos a tratamento utilizando-se processo físico ou outros processos que

sejam validados para a obtenção de redução ou eliminação da carga microbiana, em

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equipamento compatível com Nível III de Inativação Microbiana (ANEXO II).

Após o tratamento, devem ser acondicionados da seguinte forma:

1. Se não houver descaracterização física das estruturas, devem ser acondicionados, em saco

branco leitoso, que deve ser substituído, quando atingir 2/3 de sua capacidade ou, pelo

menos 1, vez a cada 24 horas.

2. Havendo descaracterização física das estruturas, podem ser acondicionados como

resíduos do Grupo D.

Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por

contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas

oriundas de coleta incompleta; sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou

líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à

saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Devem ser submetidos a tratamento antes da disposição final.

Devem ser acondicionados em saco vermelho, que deve ser substituído, quando atingir

2/3 de sua capacidade ou, pelo menos, 1 vez a cada 24 horas.

Devem ser submetidos a tratamento utilizando-se processo físico ou outros processos que

vierem a ser validados para a obtenção de redução ou eliminação da carga microbiana,

em equipamento compatível com Nível III de Inativação Microbiana (ANEXO II) e que

desestruture as suas características físicas, de modo a se tornarem irreconhecíveis.

Após o tratamento, podem ser acondicionados como resíduos do Grupo D. Caso o

tratamento venha a ser realizado fora da unidade geradora, o acondicionamento para

transporte deve ser em recipiente rígido, resistente à punctura, ruptura e vazamento, com

tampa provida de controle de fechamento, de forma a garantir o transporte seguro até a

unidade de tratamento.

As sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos podem ser

descartadas diretamente, no sistema de coleta de esgotos, desde que atendam

respectivamente as diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos

hídricos e de saneamento competentes.

► A2

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Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais

submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem

como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de

microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram

submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica. Devem

ser submetidos a tratamento antes da disposição final.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Devem ser inicialmente acondicionados de maneira compatível com o processo de

tratamento a ser utilizado. Quando houver necessidade de fracionamento, em função do

porte do animal, a autorização do órgão de saúde competente deve obrigatoriamente

constar do PGRS.

Resíduos contendo microrganismos com alto risco de transmissibilidade e alto potencial

de letalidade (Classe de risco 4) devem ser submetidos, no local de geração, a processo

físico ou outros processos que vierem a ser validados para a obtenção de redução ou

eliminação da carga microbiana, em equipamento compatível com Nível III de

Inativação Microbiana (ANEXO II) e posteriormente encaminhados para tratamento

térmico por incineração.

Os demais devem ser tratados utilizando-se processo físico ou outros processos que

vierem a ser validados para a obtenção de redução ou eliminação da carga microbiana,

em equipamento compatível com Nível III de Inativação Microbiana (ANEXO II). O

tratamento pode ser realizado fora do local de geração, mas os resíduos não podem ser

encaminhados para tratamento em local externo ao serviço. Após o tratamento dos

resíduos do item, estes podem ser encaminhados para aterro sanitário licenciado ou local

devidamente licenciado para disposição final de RSS, ou sepultamento em cemitério de

animais. Quando encaminhados para disposição final, em aterro sanitário licenciado,

devem ser acondicionados em saco branco leitoso, que deve ser substituído, quando

atingir 2/3 de sua capacidade ou, pelo menos, 1 vez a cada 24 horas, e identificado como

“PEÇAS ANATÔMICAS DE ANIMAIS”.

► A3

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Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais,

com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade

gestacional menor que 20 semanas, que não tenha valor científico ou legal e não tenha

havido requisição pelo paciente ou por seus familiares.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Após o registro no local de geração, devem ser encaminhados para:

1. Sepultamento em cemitério, desde que haja autorização do órgão competente do

Município, do Estado ou do Distrito Federal;

2. Tratamento térmico por incineração ou cremação, em equipamento devidamente

licenciado para esse fim.

Se forem encaminhados para sistema de tratamento, devem ser acondicionados em saco

vermelho, que deve ser substituído, quando atingir 2/3 de sua capacidade ou, pelo menos,

1 vez a cada 24 horas, e identificado com a inscrição “PEÇAS ANATÔMICAS”.

O órgão ambiental competente nos Estados, nos Municípios e no Distrito Federal pode

aprovar outros processos alternativos de destinação.

► A4

Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores; filtros de ar e gases aspirados de

área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de

pesquisa, entre outros similares; sobras de amostras de laboratório e seus recipientes

contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem

sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância

epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo causador de doença

emergente que se torne epidemiologicamente importante, ou cujo mecanismo de

transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons; tecido

adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia

plástica que gere este tipo de resíduo; recipientes e materiais resultantes do processo de

assistência à saúde, que não contenham sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;

peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos

cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica;

carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não

submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem

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como suas forrações; cadáveres de animais provenientes de serviços de assistência;

bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Esses resíduos podem ser dispostos, sem tratamento prévio, em local devidamente

licenciado para disposição final de RSS.

Deve ser acondicionado em saco branco leitoso, que deve ser substituído, quando atingir

2/3 de sua capacidade ou, pelo menos 1, vez a cada 24 horas.

► A5

Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e

demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com

suspeita ou certeza de contaminação com príons.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Devem sempre ser encaminhados a sistema de incineração. Ser acondicionados em sacos

vermelhos, que devem ser substituídos após cada procedimento.

Devem ser utilizados dois sacos como barreira de proteção, com preenchimento somente

até 2/3 de sua capacidade, sendo proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento.

Os resíduos do Grupo A, gerados pelos serviços de assistência domiciliar.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Devem ser acondicionados e recolhidos pelos próprios agentes de atendimento ou por

pessoa treinada para a atividade, de acordo com este Regulamento, e encaminhados ao

estabelecimento de saúde de referência.

GRUPO B:

► Resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Quando não forem submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem,

devem ser submetidos a tratamento ou disposição final específicos.

Resíduos químicos no estado sólido.

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Resíduos de produtos cosméticos, quando descartados por farmácias, drogarias e

distribuidores, ou quando apreendidos, se a substância química de maior risco e

concentração, existente em sua composição, enquadrar-se neste grupo.

Os resíduos químicos dos equipamentos automáticos de laboratórios clínicos e dos

reagentes de laboratórios clínicos, quando, misturados e avaliados pelo maior risco,

enquadrarem-se neste grupo.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Quando não tratados, devem ser dispostos em aterro de resíduos perigosos - Classe I.

Os resíduos sólidos devem ser acondicionados em recipientes de material rígido,

adequados para cada tipo de substância química, respeitadas as suas características

físico-químicas e seu estado físico.

As embalagens secundárias não contaminadas pelo produto devem ser fisicamente

descaracterizadas e acondicionadas como Resíduo do Grupo D, podendo ser

encaminhadas para processo de reciclagem. As embalagens e materiais contaminados por

essas substâncias devem ser tratadas da mesma forma que a substância que as

contaminou.

► Resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente.

Resíduos químicos no estado líquido.

Resíduos de produtos cosméticos, quando descartados por farmácias, drogarias e

distribuidores, ou quando apreendidos, se a substância química de maior risco e

concentração existente em sua composição se enquadrar neste grupo.

Os resíduos químicos dos equipamentos automáticos de laboratórios clínicos e dos

reagentes de laboratórios clínicos, quando, misturados e avaliados pelo maior risco,

enquadrarem-se neste grupo.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Devem ser submetidos a tratamento específico, sendo vedado o seu encaminhamento

para disposição final em aterros.

Devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material compatível com o

líquido armazenado, resistentes, rígidos e estanques, com tampa rosqueada e vedante.

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As embalagens secundárias não contaminadas pelo produto devem ser fisicamente

descaracterizadas e acondicionadas como Resíduo do Grupo D, podendo ser

encaminhadas para processo de reciclagem. As embalagens e os materiais contaminados

por essas substâncias devem ser tratados da mesma forma que a substância que as

contaminou.

► Resíduos químicos que não apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Não necessitam de tratamento, podendo ser submetidos a processo de reutilização,

recuperação ou reciclagem.

► Resíduos químicos que não apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente.

Resíduos no estado sólido.

Resíduos de produtos ou de insumos farmacêuticos que, em função de seu princípio

ativo e de sua forma farmacêutica, não oferecem risco à saúde e ao meio ambiente.

Resíduos de produtos cosméticos, quando descartados por farmácias, drogarias e

distribuidores, ou quando apreendidos, se a substância química de maior risco e

concentração existente em sua composição se enquadrar neste grupo.

Os resíduos químicos dos equipamentos automáticos de laboratórios clínicos e dos

reagentes de laboratórios clínicos, quando misturados e avaliados pelo maior risco,

enquadrarem-se neste grupo.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Quando não submetidos à reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser

encaminhados para sistemas de disposição final licenciados.

► Resíduos químicos que não apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente.

Resíduos no estado líquido.

Resíduos de produtos ou de insumos farmacêuticos que, em função de seu princípio

ativo e de sua forma farmacêutica, não oferecem risco à saúde e ao meio ambiente.

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Resíduos de produtos cosméticos, quando descartados por farmácias, drogarias e

distribuidores, ou quando apreendidos, se a substância química de maior risco e

concentração existente em sua composição se enquadrar neste grupo.

Os resíduos químicos dos equipamentos automáticos de laboratórios clínicos e dos

reagentes de laboratórios clínicos, quando misturados e avaliados pelo maior risco,

enquadrarem-se neste grupo.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Podem ser lançados na rede coletora de esgoto ou em corpo receptor, desde que atendam

respectivamente às diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais e pelos gestores de

recursos hídricos e de saneamento competentes.

GRUPO C:

► Os rejeitos radioativos sólidos.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Devem ser acondicionados, em recipientes de material rígido, e forrados internamente,

com saco plástico resistente.

► Os rejeitos radioativos líquidos.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Devem ser acondicionados em frascos de até dois litros ou em bambonas de material

compatível com o líquido armazenado, sempre que possível, de plástico, resistentes,

rígidos e estanques, com tampa rosqueada e vedante, acomodados em bandejas de

material inquebrável e com profundidade suficiente para conter, com a devida margem

de segurança, o volume total do rejeito.

► Os materiais perfurocortantes contaminados com radionuclídeos.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Devem ser descartados separadamente, no local de sua geração, logo após o uso, em

recipientes estanques, rígidos, com tampa, devidamente identificados, sendo

expressamente proibido o esvaziamento desses recipientes para o seu reaproveitamento.

As agulhas descartáveis devem ser desprezadas junto com as seringas, sendo proibido

reencapá-las, ou proceder a sua retirada de forma manual.

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GRUPO D:

► Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao

meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.

papel de uso sanitário, fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário,

restos alimentares de pacientes, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia de

venóclises, equipo de soro e outros similares não classificados como A1;

sobras de alimentos e do preparo de alimentos;

restos alimentares de refeitório;

resíduos provenientes das áreas administrativas;

resíduos de varrição, flores, podas e jardins;

resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Devem ser acondicionados, de acordo com as orientações dos serviços locais de limpeza

urbana, utilizando-se sacos impermeáveis, contidos em recipientes, e receber a devida

identificação.

Os cadáveres de animais podem ter acondicionamento e transporte diferenciados, de

acordo com o porte do animal, desde que submetidos à aprovação pelo órgão de limpeza

urbana responsável pela coleta, pelo transporte e pela disposição final deste tipo de

resíduo.

GRUPO E:

► Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como lâminas de barbear, agulhas,

escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas

de bisturi, lancetas, tubos capilares, micropipetas, lâminas e lamínulas; espátulas,

todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta

sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

FORMA DE ACONDICIONAMENTO

Devem ser descartados separadamente, no local de sua geração, logo após o uso, em

recipientes, rígidos, resistentes a punctura, ruptura e vazamento, com tampa,

devidamente identificados, sendo expressamente proibido o esvaziamento desses

recipientes para o seu reaproveitamento. As agulhas descartáveis devem ser desprezadas

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junto com as seringas, quando também descartáveis, sendo proibido reencapá-las, ou

proceder a sua retirada manualmente.

Tais recipientes devem ser descartados, quando o preenchimento atingir 2/3 de sua

capacidade, ou quando o nível de preenchimento ficar a 5 (cinco) cm de distância da

boca do recipiente, sendo proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento.

O volume dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária

deste tipo de resíduo.

Os resíduos do Grupo E, gerados pelos serviços de assistência domiciliar, devem ser

acondicionados e recolhidos pelos próprios agentes de atendimento ou por pessoa

treinada para a atividade, de acordo com este Regulamento, e encaminhados ao

estabelecimento de saúde de referência.

3.3.3 Identificação

Para a identificação faz-se necessário um conjunto de medidas que permitam o

reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações para

o correto manejo dos RSS. Os sacos de acondicionamento, os recipientes de transporte

externo e interno e os locais de armazenamento devem conter a identificação em local de

fácil visualização e utilizar os parâmetros referenciados na norma NBR 7.500 da ABNT.

Todos os grupos de RSS são identificados por símbolos que representem a sua

categoria. Os RSS, de acordo com a Resolução 306 da ANVISA, devem ser assim

identificados:

► Grupo A: é identificado pelo símbolo de substância infectante constante da NBR-7500

da ABNT, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos.

► Grupo B: é identificado através do símbolo de risco associado, de acordo com a NBR

7500 da ABNT, com discriminação de substância química e frases de risco.

► Grupo C: é representado pelo símbolo internacional de presença de radiação ionizante

(trifólio de cor magenta) em rótulos de fundo amarelo e contornos pretos, acrescido da

expressão REJEITO RADIOATIVO.

► Grupo E: é identificado pelo símbolo de substância infectante constante da NBR-7500

da ABNT, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos, acrescido da

inscrição de RESÍDUO PERFUROCORTANTE, indicando o risco que apresenta o

resíduo.

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3.3.4 Transporte Interno

O transporte interno é o traslado dos resíduos dos pontos de geração até local

destinado ao armazenamento temporário ou ao armazenamento externo, com a finalidade de

disponibilidade para a coleta. Deve ser elaborado previamente um roteiro, de preferência,

em horários não coincidentes com a distribuição de roupas, alimentos ou medicamentos,

com muito fluxo de pessoas ou atividades.

A coleta e o transporte internos têm, como objetivo principal, garantir a movimentação

planejada dos RSS nas áreas de circulação do estabelecimento de saúde, sem oferecer riscos

à integridade física e à saúde dos funcionários e da população.

Os recipientes para transporte interno, a fim de se adequarem às especificações da

norma, devem ser constituídos de material rígido, lavável e impermeável, providos de tampa

articulada ao próprio corpo do equipamento, cantos e bordas arredondados, e identificados

com o símbolo correspondente ao risco do resíduo neles contido. Devem ser providos de

rodas revestidas de material que reduza o ruído. Os recipientes com mais de 400L devem

possuir válvula de dreno no fundo. O uso de recipientes desprovidos de rodas deve observar

os limites de carga permitidos para o transporte pelos trabalhadores, conforme normas

reguladoras do Ministério do Trabalho e Emprego.

Após o transporte diário de resíduos, os carrinhos deverão ser guardados em locais

específicos, não devendo ficar estacionados em corredores ou áreas de acesso ao público ou

a pacientes (CAMPOS, 1998).

Para que a coleta interna principalmente dos RSS, torne-se mais segura e eficaz,

Ribeiro Filho et al. (apud CONFORTIN, 2001) apontam algumas dicas que poderão ser

seguidas:

a) Fechar o recipiente antes da remoção.

b) Trocar os recipientes com frequência suficiente para que não fiquem muito cheios.

c) Nunca abrir recipientes ou transferir o conteúdo da lixeira para outro recipiente.

d) Colocar recipientes rompidos, danificados ou vazando devem ser colocados dentro de

outro.

e) Observar a cor do saco (o saco branco deverá ser sempre substituído por outro saco

branco).

f) As lixeiras para resíduos infectantes deverão ser providas de tampas e identificadas por

cor, símbolo ou inscrição (estas lixeiras hão de ser lavadas, pelo menos, uma vez por

semana, ou sempre que houver vazamento do saco).

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g) A coleta de lixo infectante ou de lixo comum, quando em locais onde haja risco de

infecção para o paciente, seguirá esta rotina:

► Observar a cor do saco e utilizar equipamentos de segurança individual recomendados

para aquele tipo de resíduo.

► Fechar totalmente o saco, amarrando-o com arame ou cordão.

► Retirar o saco da lixeira.

► Pelo menos uma vez por dia, levar a lixeira vazia para a sala de utilidades, a fim de

proceder à sua lavagem.

► Se houver derramamento do conteúdo, cobrir o material derramado com um pano

molhado em desinfetante, recolhendo-se, em seguida, com uma pá, material e pano.

► Procede-se, depois, à lavagem do local e à desinfecção, caso seja necessário. Devem-

se usar avental, botas, luvas e máscaras. Utensílios que entrarem em contato direto

com o material e o pano deverão passar por desinfecção posterior.

► Colocar um saco novo, fixando-o firmemente, nas bordas da lixeira.

3.3.5 Armazenamento Temporário

A guarda temporária dos recipientes contendo os resíduos já acondicionados em local

próximo aos pontos de geração, visando a agilizar a coleta dentro do estabelecimento e

otimizar o deslocamento entre os pontos geradores e o ponto destinado à apresentação para

coleta externa, é denominada armazenamento temporário. Este procedimento é dispensado

nos casos em que a distância entre o ponto de geração e o armazenamento externo justifique.

O objetivo do armazenamento temporário é liberar a unidade geradora da presença de

RSS, possibilitando o armazenamento provisório de resíduos infectantes e químicos em

condições de segurança.

A norma é muito clara, ao vetar o armazenamento temporário com a disposição direta

dos sacos sobre o piso, sendo obrigatória a conservação dos sacos em recipientes de

acondicionamento.

A NBR nº12.809 estabelece que cada unidade geradora de um estabelecimento de

saúde com área superior a 80m² deverá ter uma sala de resíduo apropriada para

armazenamento interno dos recipientes. É dessas salas que, em horários estabelecidos, os

resíduos devem ser recolhidos e levados para os abrigos externos ou para lixeiras, onde

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aguardarão a coleta externa. Ainda conforme a norma supracitada, as salas destinadas ao

armazenamento interno deverão ter as seguintes especificações construtivas:

► Área mínima de 4m² (prevendo espaço para entrada dos carros de coleta), distante das

áreas de manipulação de alimentos, medicamentos e setores de internamento.

► Pisos e paredes de material liso, resistente e lavável, com ralo ligado ao sistema de

tratamento de esgotos.

► Ventilação adequada e telada, com, no mínimo, 1/20 da área do piso e não deve ser

inferior a 0,20m².

► Lavatório com torneira e água corrente.

► Ponto de luz.

► Não exceder o limite máximo de estocagem permitido, que é de 1,20m².

► Período de estocagem não deve exceder 8 horas.

► Manter símbolo de identificação de resíduos infectantes na porta da sala.

O local de armazenamento temporário é facultativo para os pequenos geradores. Para

este estabelecimento, os resíduos gerados podem ser encaminhados diretamente para o local

de armazenamento externo.

3.3.6 Armazenamento Externo

Após a retirada dos resíduos do ambiente hospitalar, eles são encaminhados para o

local destinado à guarda dos seus recipientes, enquanto não ocorre a coleta externa. Esse

ambiente deve possuir acesso facilitado, para que os veículos coletores se aproximem sem

dificuldades.

O armazenamento final tem, como objetivo principal, garantir a guarda dos RSS, em

condições seguras e sanitariamente adequadas, até a realização da coleta externa.

O armazenamento externo, conforme a NBR nº12.807 (Terminologia), refere-se à

guarda temporária adequada, no aguardo da coleta externa. Todo estabelecimento que

produza resíduo infectante ou especial deverá ser dotado de abrigo externo que atenda às

características citadas a seguir:

► Construídos em alvenaria, com aberturas teladas.

► As aberturas de ventilação deverão ser correspondentes a 1/20 da área do piso e não

inferiores a 0,20m², sendo que as portas deverão ser mantidas fechadas a chave.

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► Pisos e paredes de material liso, resistente e lavável, com ralo ligado ao sistema de

tratamento de esgotos.

► Lavatório e torneira, com água corrente, para higienização dos carrinhos de transporte

e demais equipamentos utilizados.

► Ponto de luz.

► As dimensões deverão ser suficientes para abrigar a produção de resíduos de 2 (dois)

dias, se a coleta pública for diária, e de 3 (três) dias se a coleta pública for feita em dias

alternados.

► Ter um local específico para armazenamento das caixas contendo RSS que se destinam

à incineração.

► Somente terão acesso ao depósito, funcionários que estiverem ligados diretamente ao

serviço de coleta.

► Manter placa de advertência contra aproximação de pessoas estranhas e placa com

identificação de “Substância infectante”.

► No local de construção do depósito, deverá ser previsto espaço suficiente para acesso a

manobras de veículo da coleta pública.

► Manter programa de desinsetização e desratização periódico, para impedir acesso de

vetores ao depósito.

3.3.7 Coleta e Transporte Externo

A coleta e o transporte externo consistem na remoção dos RSS do abrigo de resíduos

(armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou disposição final, utilizando-se

técnicas que garantam a preservação das condições de acondicionamento e a integridade dos

trabalhadores, da população e do meio ambiente, devendo estar de acordo com as

orientações dos órgãos de limpeza urbana.

A Resolução nº358/2005 do CONAMA orienta que os veículos utilizados para coleta e transporte externo dos resíduos de serviços de

saúde devem atender às exigências legais e às normas da ABNT.

Para a ABNT (1993), através da norma NBR nº12.810, o veículo coletor utilizado para

esse tipo de coleta deverá ter superfícies internas lisas e cantos arredondados, ser desprovido

de vazamentos líquidos e ter ventilação apropriada. Quando o carregamento for manual, a

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altura da carga deverá ser inferior a 1,20m, e quando possuir sistema de carga e descarga,

este deve operar, de forma a não permitir o rompimento dos recipientes. Para veículos com

capacidade superior a 1t, a descarga deve ser mecânica; para veículos com capacidade

inferior a 1t, a descarga pode ser mecânica ou manual. Devem constar, em local visível, a

municipalidade, o nome da empresa coletora, a especificação dos resíduos transportáveis,

com o número ou o código do estabelecimento, e o número do veículo coletor. Precisa ainda

ser de cor branca e ostentar a simbologia para o transporte rodoviário, conforme a norma

NBR 7.500.

3.3.8 Tratamento e Disposição Final

Segundo a Resolução nº358/2005 do CONAMA, sistema de tratamento de resíduos de

serviços de saúde é o conjunto de unidades, processos e procedimentos que alteram as

características físicas, físico-químicas, químicas ou biológicas dos resíduos, podendo

promover a sua descaracterização, visando à minimização do risco à saúde pública, à

preservação da qualidade do meio ambiente, à segurança e à saúde do trabalhador.

A Resolução nº306 da ANVISA considera, como tratamento dos resíduos, a aplicação

de método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes aos

resíduos, reduzindo, ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais ou

de dano ao meio ambiente. O tratamento pode ser aplicado no próprio estabelecimento

gerador ou em outro estabelecimento, observadas, nestes casos, as condições de segurança

para o transporte entre o estabelecimento gerador e o local do tratamento.

Confortin (2001) enfoca que os métodos de tratamento visam a tratar os RSS, antes de

serem descartados, beneficiando alguns aspectos importantes, como, por exemplo, melhores

resultados econômicos, sanitários e/ou ambientais. Seguindo esse pensamento, pode-se

concluir que o tratamento dos RSS permite a diminuição de problemas sanitários

relacionados com o homem com o meio ambiente.

O tratamento de resíduos de serviços de saúde consiste na aplicação de processos

térmicos, químicos ou biológicos, de eficiência comprovada, visando a descontaminar,

desinfetar ou esterilizar os resíduos infectantes e químicos, com alteração das suas

características biológicas, químicas ou físicas e com a finalidade de minimização ou de

eliminação dos riscos à saúde pública e ao meio ambiente.

O tratamento, assim como outras etapas do manejo, geralmente é realizado fora do

estabelecimento de saúde. Entretanto, alguns hospitais podem optar por possuir, em suas

instalações, o seu sistema próprio de tratamento de RSS.

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O tratamento, tem como objetivos principais, contribuir para a preservação da saúde

pública e do meio ambiente; possibilitar, em condições de segurança, a disposição de cinzas,

resíduos tratados ou incombustíveis em aterros sanitários; minimizar a quantidade de

resíduos a serem dispostos no solo.

As diferentes técnicas de tratamento dos RSS surgiram de acordo com cada realidade,

sendo que, em determinadas situações, apareceram soluções mistas. Dessa forma, surgiram

as diferentes técnicas de tratamento, como, por exemplo, os incineradores, que foram se

aperfeiçoando principalmente na Europa. Porém, a maioria das técnicas que apareceram

levam à contaminação do ar, da água e do solo, seja em níveis toleráveis pela legislação

vigente, seja em níveis incompatíveis com a manutenção e a preservação do meio ambiente.

Portanto, a escolha da melhor técnica a ser adotada para o tratamento dos RSS varia segundo

o potencial de risco, a realidade do país ou da região, os recursos econômicos e naturais, a

população, entre outros fatores a serem analisados (SCHNEIDER, 2001).

Não há uma forma única para tratamento de todos os resíduos. A melhor solução

deverá ser em função do tipo de resíduo a ser tratado, do local, como as condições

geográficas, da infra-estrutura existente, da disponibilidade de recursos e da quantidade e

distribuição dos serviços de saúde (NÓBREGA, 2005).

A escolha da forma de tratamento utilizada por cada hospital depende de variáveis

externas (licenciamento, disponibilidade de venda, oferta de serviços de manutenção) e

internas (disponibilidade de recursos para investimento e custeio, soluções consorciadas de

geradores, para reduzir custos).

A deposição final consiste na disposição de resíduos no solo, previamente preparado

para recebê-los, obedecendo a critérios técnicos de construção e operação, com

licenciamento ambiental (CONAMA, 1997).

A disposição final de resíduos de serviços de saúde utiliza procedimentos técnicos que

visam à deposição de RSS, geralmente no solo, associados a um determinado tratamento

prévio que impeça a disseminação de agentes patogênicos ou de qualquer outra forma de

contaminação, garantindo-se a proteção da saúde e da qualidade do meio ambiente.

São objetivos da disposição final: reduzir a padrões aceitáveis os riscos de poluição do

ar, do solo e de recursos hídricos e a ocorrência ou transmissão de doenças, já que apenas os

resíduos com tratamento prévio, seguro e de eficiência comprovada serão dispostos no solo;

destinar sanitariamente os rejeitos e cinzas gerados nos processos de tratamento.

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A disposição final de resíduos infectantes e químicos, no solo, após tratamento prévio,

deve contemplar resíduos tratados, incombustíveis e cinzas, com características físicas,

químicas e biológicas ajustadas aos padrões aceitos para disposição em aterros sanitários.

A disposição de resíduos infectantes, sem tratamento prévio, em células especiais,

deve ser um sistema independente, separado dos resíduos comuns e sem a utilização da

técnica de compactação. Contudo, deve ser garantido o seu recobrimento imediato com

terra, seguindo uma metodologia de operação e controle próprios, para evitar riscos aos

operadores e garantir condições ideais de proteção ao meio ambiente.

Considerando que, na grande maioria dos municípios brasileiros, não existem aterros

sanitários e que os resíduos sólidos são dispostos em lixões, é importante fomentar a

mudança de atitude sobre a gestão dos aterros municipais, com o objetivo de garantir, ao

máximo, a segurança.

As novas resoluções do CONAMA e da ANVISA (nº358/2005 e nº306/2004,

respectivamente), na maioria das vezes em que fazem referência ao tratamento a ser dado às

diversas classes de resíduos, apenas mencionam que eles devem receber tratamento prévio,

no entanto não especificam qual tipo. Os tipos de resíduos aos quais as resoluções 306/2004

da ANVISA e 358/2005 do CONAMA expressam o tratamento e a disposição final são os

seguintes:

Para o GRUPO A, são feitas as seguintes recomendações:

► A1

Os resíduos do Grupo A1 (Quadro 2.2) devem ser submetidos a processos de

tratamento em equipamento que promova redução de carga microbiana e devem ser

encaminhados para aterro sanitário licenciado ou local devidamente licenciado para

disposição final de resíduos dos serviços de saúde. (CONAMA, 2005)

Devem ser submetidos a tratamento, utilizando-se processo físico ou outros processos

que vierem a ser validados para a redução ou eliminação da carga microbiana, em

equipamento compatível com Nível III de Inativação Microbiana (ANEXO II). (ANVISA,

2004)

► A2 Os resíduos do Grupo A2 (Quadro 2.2) devem ser submetidos

a processo de tratamento com redução de carga microbiana e

devem ser encaminhados para:

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aterro sanitário licenciado ou local devidamente

licenciado para disposição final de resíduos dos serviços

de saúde;

sepultamento em cemitério de animais.

Deve ser observado o porte do animal para definição do

processo de tratamento. Quando houver necessidade de

fracionamento, este deve ser autorizado previamente pelo

órgão de saúde competente (CONAMA, 2005)

Resíduos do Grupo A2, como carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos

provenientes de animais submetidos a processos de experimentação, com inoculação de

microorganismos, bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem

portadores de microorganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação,

os quais foram submetidos ou não a estudo anátomo-patológico, ou tenham obtido

confirmação diagnóstica contendo microrganismos com alto risco de transmissibilidade e

alto potencial de letalidade (Classe de risco 4) devem ser submetidos a tratamento, antes da

disposição final, no local de geração, a processo físico ou outros processos que vierem a ser

validados para a obtenção de redução ou eliminação da carga microbiana, em equipamento

compatível com o Nível III de Inativação Microbiana (ANEXO II) e posteriormente

encaminhados para tratamento térmico por incineração (ANVISA, 2004)

Estes mesmos resíduos, quando não possuírem risco de transmissibilidade e potencial

de letalidade, ou seja, quando não se enquadrarem na Classe de risco 4, devem passar pelo

mesmo tratamento, porém este poderá ser realizado fora do local de geração

► A3 Os resíduos do Grupo A3 (Quadro 2.2), especificados como

peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação, sem sinais vitais, com

peso menor que 500 gramas, estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor

que 20 semanas, os quais não tenham valor científico ou legal, sem que tenha havido

requisição pelo paciente ou seus familiares, devem ser encaminhados:

para sepultamento em cemitério, desde que haja autorização

do órgão competente do Município, do Estado ou do Distrito

Federal;

ou para tratamento térmico por incineração ou cremação, em

equipamento devidamente licenciado para esse fim.

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71

Na impossibilidade de atendimento dessas duas opções

anteriores, o órgão ambiental competente, nos Estados, nos

Municípios e no Distrito Federal, pode aprovar processos

alternativos de destinação (CONAMA, 2005)

Segundo a RDC 306/2004 da ANVISA, após registro no local de geração, devem ser

encaminhados para:

sepultamento em cemitério, desde que haja autorização do órgão competente do

Município, do Estado ou do Distrito Federal;

tratamento térmico, por incineração ou cremação, em equipamento devidamente licenciado para esse fim;

► A4

Segundo a RDC 306/2004 da ANVISA, os resíduos desse grupo podem ser dispostos,

sem tratamento prévio, em local devidamente licenciado para disposição final de RSS.

A Resolução nº358/2005 do CONAMA admite que esses resíduos sejam

encaminhados, sem tratamento prévio, para local devidamente

licenciado, com vistas à disposição final de resíduos dos

serviços de saúde. No entanto, fica a critério dos órgãos

ambientais estaduais e municipais a exigência do tratamento

prévio, considerando os critérios, especificidades e

condições ambientais locais.

► A5 Segundo a resolução do CONAMA nº358/2005, os resíduos do

Grupo A5 (órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes

e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou

certeza de contaminação com príons) devem ser submetidos a tratamento específico, orientado pela ANVISA.

A RDC nº306 da ANVISA recomenda que os resíduos do grupo

A5 devem sempre ser encaminhados a sistema de incineração, de acordo com o definido na

RDC ANVISA nº 305/2002.

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72

Segundo a ANVISA, os resíduos do Grupo A, gerados pelos serviços de assistência

domiciliar, devem ser acondicionados e recolhidos pelos próprios agentes de atendimento ou

por pessoa treinada para a atividade, de acordo com este Regulamento, e encaminhados ao

estabelecimento de saúde de referência.

GRUPO B

Os resíduos pertencentes ao Grupo B (Quadro 2.2), segundo a Resolução nº358/2005

do CONAMA, sem características de periculosidade, não necessitam de tratamento prévio.

Quando no estado sólido, podem ter disposição final em aterro licenciado. Se no estado

líquido, podem ser lançados em corpo receptor ou na rede pública de esgoto, desde que

atendam respectivamente às diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais e pelos gestores

de recursos hídricos e de saneamento competentes.

Para a RDC 306/2004 da ANVISA, os resíduos químicos que apresentam risco à

saúde ou ao meio ambiente, quando não forem submetidos a processo de reutilização,

recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a tratamento ou a disposição final

específicos. Os resíduos químicos, no estado sólido, quando não tratados, devem ser

dispostos em aterro de resíduos perigosos — Classe I. Se no estado líquido, devem ser

submetidos a tratamento específico, sendo vedado o seu encaminhamento para disposição

final em aterros. Os resíduos de substâncias químicas constantes do Apêndice VI da referida

Resolução, quando não fizerem parte de mistura química, devem ser obrigatoriamente

segregados e acondicionados de forma isolada

GRUPO C

Para a RDC nº306 da ANVISA, os rejeitos radioativos devem ser segregados, de

acordo com a natureza física do material e do radionuclídeo presente, e com o tempo

necessário, para atingir o limite de eliminação, em conformidade com a norma NE - 6.05 da

Comissão Nacional de Energia Nuclear — CNEN. Também para a ANVISA, os rejeitos

radioativos não podem ser considerados resíduos, até que seja decorrido o tempo de

decaimento necessário ao atingimento do limite de eliminação.

Os materiais perfurocortantes contaminados com radionuclídeos devem ser

descartados separadamente, no local de sua geração, imediatamente após o uso, em

recipientes estanques, rígidos, com tampa, devidamente identificados, sendo expressamente

proibido o esvaziamento desses recipientes para o seu reaproveitamento. As agulhas

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73

descartáveis devem ser desprezadas junto com as seringas, sendo proibido reencapá-las, ou

proceder a sua retirada manualmente.

A Resolução nº358 do CONAMA estabelece que são considerados rejeitos radioativos

(Grupo C) quaisquer materiais que resultem de atividades exercidas pelos serviços de saúde

e contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados

na norma CNEN—NE-6.02 - Licenciamento de Instalações Radioativas, e cuja reutilização

é imprópria ou não prevista. Eles devem obedecer às exigências definidas pela CNEN.

Os rejeitos radioativos não podem ser considerados resíduos até que seja decorrido o

tempo de decaimento necessário ao atingimento do limite de eliminação. Quando atingido o

limite de eliminação, passam a ser considerados resíduos das categorias biológica, química

ou de resíduo comum, devendo seguir as determinações do grupo ao qual pertencem.

GRUPO D

Os resíduos pertencentes ao Grupo D (Quadro 2.2), quando não forem passíveis de

processo de reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser encaminhados para aterro

sanitário de resíduos sólidos urbanos, devidamente licenciado pelo órgão ambiental

competente. Quando forem passíveis de processo de reutilização, recuperação ou

reciclagem, devem atender às normas legais de higienização e descontaminação e à

Resolução CONAMA nº275, de 25 de abril de 2001.

GRUPO E

Os resíduos deste grupo (resíduos perfurocortantes contaminados com agente

biológico Classe de Risco 4, microorganismos com relevância epidemiológica e risco de

disseminação ou causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente

importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido), de acordo com a RDC

nº306 da ANVISA, devem ser submetidos a tratamento, utilizando-se processo físico ou

outros processos que vierem a ser validados para a redução ou a eliminação da carga

microbiana, em equipamento compatível com Nível III de Inativação Microbiana (Apêndice

IV da Resolução). Dependendo da concentração e do volume residual de contaminação por

substâncias químicas perigosas, estes resíduos devem ser submetidos ao mesmo tratamento

dado à substância contaminante.

Os resíduos contaminados com radionuclídeos devem ser submetidos ao mesmo

tempo de decaimento do material que o contaminou.

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74

As seringas e agulhas utilizadas em processos de assistência à saúde, inclusive as

usadas na coleta laboratorial de amostra de paciente e os demais resíduos perfurocortantes

não necessitam de tratamento.

Para a Resolução nº358 do CONAMA, materiais perfurocortantes ou escarificantes,

tais como lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas

endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, tubos capilares,

micropipetas, lâminas e lamínulas, espátulas, todos os utensílios de vidro quebrados no

laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares devem

ter tratamento específico de acordo com a contaminação química, biológica ou radiológica.

No Brasil, as principais formas de tratamento são a esterilização e a incineração.

Quanto à disposição final dos RSS, utilizam-se os aterros, mais adequados, ou “lixões”,

prática inadequada, que causa problemas ambientais, sociais, sanitários e econômicos

(OLIVEIRA, 2002).

Segundo a AmbBras (apud OLIVEIRA,2002), existem vários processos de

esterilização, como autoclaves, microondas e radio-freqüência. O mais utilizado destes

sistemas é a autoclave, já que os demais foram implantados recentemente, sem ainda uma

comprovação de eficiência reconhecida por completo.

Diaz et al. (2005) apontam formas de tratamento de RSS:

► autoclaves;

► sistemas de desinfecção por microondas;

► tratamento químico;

► incineração;

► disposição em valas sépticas em aterros sanitários.

O Guia de Gestão e Manejo dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde da American

Lung Association – ALA e o Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde,

elaborado pelo Ministério da Saúde, através do Projeto Reforsus, também mostram algumas

formas de tratamento, porém, especificando por grupo de RSS (Quadro 3.4).

Quadro 3.4 – Resumo dos métodos de tratamentos e disposição final

recomendados por grupo de RSS

MÉTODOS DE GRUPOS DE RSS

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75

TRATAMENTO GRUPO A

Risco Biológico

GRUPO B

Risco Químico

GRUPO C

Risco Radioativo

Incineração x x

Autoclave x

Tratamento Químico x

Microondas x

Irradiação x

Decaimento x Fonte: Guía de Capacitación - Gestión y Manejo de Desechos Sólidos Hospitalarios.

Para a seleção do tipo de tratamento mais adequado dos RSS, convém avaliar o

impacto ambiental, os custos de instalação e manutenção, o número de horas diárias de

utilização do sistema em função da quantidade de RSS que serão tratados e ainda fatores de

segurança.

A partir dessa análise, o Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

expõe um quadro comparativo entre as características de alguns processos de tratamento

(Quadro 3.5).

Quadro 3.5 – Comparação das características de alguns processos de tratamentos

de RSS

Processo Redução

de

Volume

Eficiência

Desinfecção

Impacto

Ambiental

Capacidade

de

Tratamento

Custo de

Investimento

Autoclave baixa alta baixa média-baixa média

Tratamento

Químico baixa incompleta média média-alta média

Irradiação baixa baixa média

pequena

unidade média

Microondas baixa alta baixa

pequena

unidade alta

Incineração alta alta(*) baixa sem limites alta Fonte: Guía de Capacitación - Gestión y Manejo de Desechos Sólidos Hospitalarios . (*) Com incineradores de tecnologia avançada

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76

A seguir, será exposto um resumo explanando os pontos positivos e negativos das

formas de tratamento de resíduos sólidos de serviços de saúde.

► Esterilização a Vapor/Autoclavagem

PONTOS POSITIVOS PONTOS NEGATIVOS

Não produz poluição atmosférica.

Pode ser instalada em qualquer lugar e

dispensa o transporte especial para

fora do estabelecimento.

Utiliza pessoal especializado para sua

operação e manutenção normalmente

já empregado do estabelecimento.

Pode ser utilizada para qualquer tipo

de resíduo infectante.

Os resíduos, depois de esterilizados,

são considerados resíduos comuns.

Não reduz volume ou peso dos

resíduos.

Baixa eficácia para resíduos de maior

densidade ou líquidos, elevando o

consumo de energia.

Exige embalagens que permitam a

perfeita penetração do vapor (sacos

plásticos comuns dificultam a

penetração do vapor, mesmo abertos).

Fonte: Descarpak (apud CONFORTIN, 2001)

► Esterilização através de processos químicos

PONTOS POSITIVOS PONTOS NEGATIVOS

Facilidade para o tratamento de

materiais líquidos (indicada para

sangue humano, hemoderivados e

material biológico).

Não exige grande investimento inicial.

Contra indicada para resíduos anátomo

patológicos, animais contaminados e

para parte do material proveniente de

locais de isolamento.

Não elimina o resíduo, constituindo-se

o próprio produto um poluente

químico.

Pode ser ineficaz por excesso de

matéria orgânica, diluição inadequada

ou prazo de validade do produto

vencido. Fonte: Risso (apud CONFORTIN, 2001)

► Radiação Ionizante

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77

PONTOS POSITIVOS PONTOS NEGATIVOS

Não requer vapor.

Não deixa calor residual nos resíduos.

Requer eletricidade nominal e o

próprio desempenho do sistema.

Alto custo inicial

Necessidade de treinamento dos

operadores e suporte.

Grandes áreas para instalação.

Problema da disposição final da fonte

de radiação. Fonte: Risso (apud CONFORTIN, 2001)

► Microondas

PONTOS POSITIVOS PONTOS NEGATIVOS

Os resíduos, após o processo, ficam

irreconhecíveis.

São reduzidos a 1/5 do volume

original.

Não provoca poluição atmosférica.

Alto consumo de energia.

Por ser uma tecnologia recente, pode

dificultar o trabalho técnico.

Fonte: Risso (apud CONFORTIN, 2001)

► Incineração

PONTOS POSITIVOS PONTOS NEGATIVOS

Transformação dos RSS em material

inerte, se bem operados: cinzas e

escórias.

Redução do peso e do volume inicial

dos resíduos em aproximadamente

10%.

Exigência de pequena área para

funcionamento do equipamento.

Possibilita o tratamento de grande

variedade de resíduos.

Redução da proliferação de insetos e

roedores.

Otimiza espaços nos aterros sanitários.

A incineração é um dos tratamentos de

resíduos que apresenta custos

elevados, tanto no investimento inicial,

quanto no custo operacional.

Exige mão-de-obra qualificada.

A variabilidade da composição dos

resíduos pode resultar em problemas

de manuseio de resíduo e operação do

incinerador e, também, exigir

manutenção mais intensa.

Dificuldade de controle de efluentes

gasosos, podendo haver emissão de

dioxinas, furanos e partículas

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78

Minimiza a preocupação, a longo

prazo, com monitoração do lençol

freático, já que o resíduo tóxico é

destruído, e não, guardado.

Destoxificação: destrói bactérias, vírus

e compostos orgânicos.

Parte da energia consumida pode ser

recuperada para geração de vapor ou

eletricidade.

O incentivo a programas de

reciclagem, visto que só deverá ser

incinerado o que não pode ser

reciclado.

metálicas, se o incinerador não for

bem projetado e operado.

Limite de emissões de componentes da

classe das dioxinas e dos furanos: não

existe consenso quanto ao limite de

emissão dos incineradores.

Fonte: Instituto de Pesquisas Tecnológicas (apud CONFORTIN, 2001)

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4 METODOLOGIA APLICADA

4.1 Caracterização da Pesquisa

De acordo com Gil (2002), as pesquisas são classificadas, com base nos objetivos a

serem alcançados, em três grandes grupos: exploratórios, descritivos e explicativos. Está

comprovado que toda e qualquer classificação se faz mediante algum critério.

Gil (2002) define que a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição

das características de determinada população ou fenômeno, e a pesquisa exploratória tem

como finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, tendo em vista a

formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores.

Inúmeros estudos podem ser classificados sob este título, e uma de suas características mais

significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o

questionário e a observação sistemática.

A abordagem metodológica dessa produção científica foi elaborada baseada nos

parâmetros descritivos e exploratórios.

4.2 Universo e Amostra da Pesquisa

Segundo Richardson (1999), o universo da pesquisa é o conjunto de elementos que

possuem determinadas características. Para a abordagem centralizada no estudo do

gerenciamento dos resíduos sólidos hospitalares, utilizaram-se, como universo da pesquisa,

todos os hospitais do município de João Pessoa/PB.

Para isso, fez-se a catalogação de todos os hospitais existentes na capital; essa

catalogação se deu a partir de dados obtidos com a Autarquia Especial Municipal de

Limpeza Urbana — EMLUR, Superintendência de Administração do Meio Ambiente da

Paraíba — SUDEMA, Sindicato dos Hospitais de João Pessoa, Vigilância Sanitária,

Prefeitura Municipal de João Pessoa, Conselho Regional de Medicina, Catálogo Telefônico

e principais Cooperativas Médicas de João Pessoa (Unimed e Geap).

Por meio desse um levantamento dos integrantes da população pesquisada,

constataram-se 34 hospitais de João Pessoa. Houve 5 hospitais que não foram investigados,

no entanto, eles possuem realidades semelhantes aos demais. Segundo Gil (2002), em alguns

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casos, as pessoas podem se negar a responder algumas perguntas, temendo conseqüências

negativas, tais como o aumento de impostos ou desprestígio social.

Dentro do cenário da pesquisa, os sujeitos foram os profissionais responsáveis pela

administração e pelo gerenciamento dos resíduos sólidos, diretores, profissionais, gerentes,

ou aqueles por eles designados como trabalhadores e supervisores que lidam diretamente

com os resíduos sólidos dos hospitais.

4.3 Instrumentos de Coleta de Dados

Para elaboração dos instrumentos de coleta de dados, levaram-se em consideração os

objetivos da pesquisa, o cenário e o universo da pesquisa. Baseou-se também em leituras,

identificação e discussão com técnicos que realizaram trabalhos técnico-científicos com

resíduos, principalmente de serviços de saúde, dissertações de mestrado e teses de

doutorado. A pesquisa de campo foi desenvolvida com o objetivo de obter informações

qualitativas e quantitativas que transpareçam a realidade do gerenciamento dos hospitais de

João Pessoa.

Para os instrumentos utilizados na coleta dos dados foram utilizados dois formulários:

a entrevista estruturada (Apêndice I) e o roteiro para análise sistemática (Apêndice II). No

primeiro foram abordadas diversas questões visando à obtenção de informações quanto ao

gerenciamento dos resíduos, conscientização dos pesquisados quanto à problemática

ambiental, estimativa de quantidades de resíduos, entre outras questões. O segundo

formulário (Apêndice II) roteirizou os dados sobre as informações gerais do hospital e dos

aspectos organizacionais do manejo dos seus resíduos sólidos.

A técnica escolhida para a pesquisa de campo foi a observação direta extensiva. O

formulário estruturado utilizado na pesquisa é um roteiro de perguntas enunciadas pelo

entrevistador e preenchidas por ele com as respostas do entrevistado (MARCONI E

LAKATOS, 2001).

Após estudo do tema da pesquisa, realizou-se a catalogação dos estabelecimentos a

serem pesquisados. Com o cadastro em mãos, passou-se a visitar cada um dos hospitais com

a finalidade, primeiramente, de aplicar um questionário, à administração ou aos funcionários

por ela designados, que abordou as mais diversas questões sobre os resíduos sólidos,

inclusive o seu gerenciamento. Essa etapa foi a mais burocrática, uma vez que o primeiro

contato sempre se dava com a direção do hospital, após agendamento, para que a mesma

deferisse o desenvolvimento da pesquisa no seu estabelecimento. Nesse primeiro contato,

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81

era esclarecida a metodologia da pesquisa, ou seja, explicava-se que a pesquisa constava de

uma entrevista e uma posterior análise sistemática, na qual precisava-se do acesso às

unidades intra-hospitalares. O período de coleta de dados se deu entre 01 de março de 2005

à 30 de junho do mesmo ano.

Assim, em todos os hospitais visitados, foram realizadas entrevistas e análise

sistemática do processo operacional dos resíduos, dentro e fora dos estabelecimentos; esta

etapa da pesquisa foi executada através de um roteiro de observação, que faz parte da

observação sistemática (Apêndice II) e contempla diálogos com os funcionários, visitas aos

diversos setores do hospital e observação visual do gerenciamento de RSS. Os dados foram

recolhidos em anotações e fotografias.

Em resumo, para a coleta dos dados, foram vencidas as seguintes etapas:

a) Contato com os diretores dos hospitais de João Pessoa a fim de conseguir autorização

para efetuar a pesquisa.

b) Condução das entrevistas e observação sistemática para levantamento de dados.

c) Após a coleta dos dados, processamento e análise dos mesmos.

4.4 Tabulação dos Dados Coletados

Os dados referentes a cada hospital foram anotados no respectivo questionário,

juntamente com informações colhidas e observadas, durante a análise sistemática.

Para a tabulação dos dados obtidos na pesquisa, utilizou-se o software Sphinx, que

disponibiliza três versões: Sphinx Primo, Sphinx Plus 2 e Sphinx Léxica os quais se

diferenciam de acordo com a complexidade. O Sphinx Plus 2 é mais sofisticado que o

Sphinx Primo e atende a técnicas de análise mais exigentes, sendo capaz de abrir e processar

várias bases de dados.

Nesse programa, elabora-se uma enquete, e nela tabulam-se todas as questões a serem

analisadas com as suas respectivas variáveis; essa etapa é denominada elaboração

questionário. Em seguida, lançam-se todas as respostas a cada uma das questões. O

procedimento final é a análise dos resultados gerados pelo programa, ou seja, para cada

questão, ele elabora uma tabela e um gráfico de acordo com as incidências.

Em alguns casos, mais específicos, também utilizou-se o software Excel, para

organização de cronogramas, tabelas e, até mesmo, para construção de alguns gráficos, de

forma complementar o Sphinx.

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5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1 Os Hospitais Pesquisados

Com base nos objetivos pré-estabelecidos, os dados coletados serão, neste capítulo,

analisados e discutidos.

A intenção era abordar todos os hospitais catalogados, todavia alguns recusaram direta,

e outros indiretamente, ou seja, sempre dando algumas desculpas. Houve caso de um diretor

de hospital afirmar que “esse tipo de pesquisa só deve ser realizada em hospitais públicos”.

Dos 34 hospitais catalogados, 29 participaram da pesquisa, compondo a sua amostra, e 5 se

recusaram (ver Figura 5.1); destes, 2 eram particulares, 1 filantrópico e 2 da rede municipal.

A Figura 5.1 demonstra a amostra pesquisada, ou seja, 85,29% dos hospitais de João Pessoa

participaram efetivamente da pesquisa, e 14,71% representam os hospitais que se negaram a

participar.

14,71%

85,29%

Hospitais que serecusaramHospitais Pesquisados

Figura 5.1 – Abrangência da pesquisa realizada nos hospitais de João Pessoa, no

período de 01/03/2005 à 30/06/2005

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83

Oliveira (2002) realizou uma pesquisa semelhante, no Estado do Rio Grande do Sul, e

89% dos hospitais participaram do referido trabalho e, os demais se recusaram. O percentual

de participantes dessa pesquisa não foi muito superior ao conseguido na cidade de João

Pessoa.

Os 29 hospitais pesquisados foram divididos em competências, de forma a facilitar a

análise dos dados tabulados, e, para ter-se uma conclusão mais clara e objetiva. Assim, os

hospitais pesquisados ficaram distribuídos conforme mostra a Figura 5.2.

2

2

6

16

3

FederalMunicipalEstadualPrivadosFilantrópicos

Figura 5.2 – Distribuição dos hospitais pesquisados por competência de atuação

no município de João Pessoa

Vale lembrar que na cidade de João Pessoa os hospitais privados constituem a maioria

dos estabelecimentos (18), seguidos, em número, pelos públicos estaduais (6), pelos

filantrópicos (4), pelos municipais (4) e pelos federais (2). No entanto, nem todos

participaram da pesquisa, conforme dito anteriormente.

Em Porto Alegre, segundo Oliveira (2002), 28% dos hospitais são públicos, 72% são

privados e não há referência a hospitais filantrópicos. Neste trabalho, realizado em João

Pessoa, em termos percentuais, foram pesquisados 55,17% hospitais privados, 34,48%

hospitais públicos e 10,34% são os hospitais filantrópicos.

Após a divisão dos hospitais por competência, distribuiu-se o número de leitos

informados por cada uma deles, pois o fato de existirem mais hospitais da rede privada, não

necessariamente, significa que estes gerem maior quantidade de resíduos. É importante

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84

conhecer-se a capacidade de atendimento de cada um deles. Esse dado é obtido, quando

pesquisado o número de leitos de cada estabelecimento, e essa informação encontra-se

expressa na Figura 5.3.

319

217

168

713

1.218

Federal Filantrópico Municipal Estadual Privado

Figura 5.3 – Número de leitos por competência de atuação dos hospitais do

município de João Pessoa/PB

Assim, os hospitais privados, que são maioria, em número de estabelecimentos,

continuam sendo a maioria em número de leitos, seguidos também dos estaduais, logo após

vêm os federais, os filantrópicos e os municipais.

5.2 O Gerenciamento de Resíduos Sólidos dos Hospitais de João Pessoa

A Figura 5.4 mostra que, dos hospitais pesquisados, 79,31% afirmam ter práticas de

gerenciamento de resíduos, no entanto a maioria não tem indicadores que provem essa

prática, como quantidade gerada dos resíduos, caracterização desses resíduos, técnicas de

aproveitamento, percentual por tipo de resíduo, gastos com gerenciamento. Percebe-se que a

grande maioria procura implantar essas técnicas, enquanto 20,69% não procuram implantar

as referidas técnicas.

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85

79,31%

20,69%

simnão

Figura 5.4 – Percentual de estabelecimentos que possuem alguma técnica de

gerenciamento de resíduos sólidos no município de João Pessoa/PB

Dos estabelecimentos entrevistados, a maioria (89,66%) tem o PGRS, exigido pelo

CONAMA e pela ANVISA, e 10,34% afirmaram não possuir (Figura 5.5). Destes, todos

afirmaram que já estavam providenciando, e, em breve, o plano seria implantado no

hospital.

No cenário nacional, Branco (apud SILVA, 2004) realizou estudo sobre o

gerenciamento de RSS em quatro hospitais de São Luís no Maranhão e verificou ausência de

Plano de Gerenciamento de RSS em todas as instituições estudadas.

Viveros (apud ALMEIDA, 2003) declara, no ano de 2002, que, no Brasil, havia

poucos estabelecimentos de serviços de saúde com um plano de gerenciamento de RSS que

estabelecesse procedimentos adequados quanto ao manejo dos resíduos que geravam e

indicadores ambientais e de saúde, resultando, conseqüentemente, um gerenciamento

inadequado, tanto interno quanto externo. No entanto, pelos resultados da pesquisa em

questão (Figura 5.5.), verifica-se que há uma tendência a mudanças no que se refere aos

estabelecimentos de saúde que possuem o PGRS.

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86

10,34%

89,66%

sim não

Figura 5.5 - Hospitais da cidade de João Pessoa que possuem PGRS

A Resolução CONAMA número 05, de 05/08/1993, já exigia a implantação, por parte

dos estabelecimentos de saúde, do PGRS, conforme rege seu artigo 5º:

A administração dos estabelecimentos citados no art. 2°, em operação ou a serem implantados deverá apresentar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, a ser submetido à aprovação pelos órgãos de meio ambiente e de saúde, dentro de suas respectivas esferas de competência, de acordo com a legislação vigente (CONAMA, 1993).

A RDC número 33, de 25/02/2003, da ANVISA, ratificou a Resolução supracitada e

determinou que as Secretarias de Saúde dos Estados e Municípios, os órgãos de Meio

Ambiente e de Limpeza Urbana divulgassem, orientassem e, mais importante, fiscalizassem

o cumprimento do estabelecido, podendo implantar normas de caráter supletivo ou

complementar, a fim de adequá-las às especificidades locais. Caracterizou as multas e

penalidades e deu um prazo de 12 meses, da data da publicação, para que os

estabelecimentos cumprissem as determinações estabelecidas.

No entanto, esse prazo foi estendido por seis meses, assim sendo, os hospitais tiveram

até 25/08/2004, para colocarem em prática seus planos de gerenciamento. Com base nesse

histórico, a Figura 5.6 confere o tempo de implantação dos planos nos estabelecimentos de

saúde da cidade de João Pessoa e mostra que 37,93% dos hospitais implantaram seus planos

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87

há pelo menos, 2 anos; outros 51,73% estão engajados no programa de gerenciamento há

menos tempo, enquanto a minoria (10,34%) ainda não implantou o PGRS.

10,34%

24,14%

27,59%

37,93%

sem respostamenos de 1 anoentre 1 e dois anosmais de dois anos

Figura 5.6 – Tempo de implantação do PGRS nos hospitais da cidade de João

Pessoa/PB

A maioria dos hospitais implantou o PGRS há mais de dois anos, o que se explica pelo

fato de haver sido inaugurado, em agosto de 2003, o Aterro Sanitário Metropolitano,

extinguindo-se o lixão do Róger e as possibilidades de envio para este dos RSS. A

propósito, com a inauguração do Aterro, os RSS deixaram de ser responsabilidade da

Prefeitura, como já determinava a Resolução nº05/93 do CONAMA, entrando no mercado

uma empresa coletora e que faz a incineração dos mesmos. Os 10,34%, que figuram como

sem-resposta, correspondem àqueles que ainda estão preparando seus planos.

A Figura 5.7 mostra que a maioria dos estabelecimentos cumpre o que está delimitado

no plano. Os que não cumprem justificam culpando a onerosidade das técnicas de

implantação.

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88

10,34%

79,32%

10,34%sem respostasimnão

Figura 5.7 – Execução do plano de gerenciamento nos hospitais da cidade de João

Pessoa/PB

A Figura 5.8 mostra eqüidade no que se refere às dificuldades encontradas na

execução do PGRS. Dos que afirmaram não ter dificuldades para aplicação do PGRS,

41,38% citaram que, após a implantação do hábito, os procedimentos ficaram mais fáceis,

enquanto 48,28% encontraram dificuldades variadas. A mais citada foi a questão da

conscientização dos profissionais, os encargos financeiros, as mudanças em aspectos físicos.

Os hospitais públicos ainda sofrem com a burocracia no processo decisório, os filantrópicos,

com a conscientização dos próprios pacientes e acompanhantes, mas, com a importância do

plano, no desenvolvimento das atividades hospitalares, todos concordaram.

As maiores dificuldades encontradas por Oliveira (2002), nos hospitais de Porto

Alegre, foram, primeiro, a conscientização do pessoal, em seguida, a rotatividade de

funcionários, a falta de recursos e, por fim, a área física.

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89

10,34%

41,38%

48,28%

sem respostasimnão

Figura 5.8 – Dificuldades na execução do plano de gerenciamento nos hospitais da

cidade de João Pessoa/PB

Gauszer (apud SILVA, 2004) realizou um levantamento em um hospital do interior de

São Paulo quanto aos resíduos de serviços de saúde gerados, comparando com a legislação

vigente e concluiu que o manejo dos resíduos é realizado de forma aleatória, aumentando os

custos e os riscos para o ambiente dentro e fora da instituição hospitalar.

Todos os procedimentos relativos às atividades envolvendo a geração, o manuseio e a

destinação final dos resíduos são regulamentados pelas normas de âmbito federal, estadual e

até municipal. Sobre essa legislação, 89,66% (Figura 5.9) dos hospitais as consideram

necessárias para o bom desenvolvimento do estabelecimento e do meio ambiente. Todos os

hospitais, inclusive os públicos municipais, estaduais e federais e os filantrópicos recebem

freqüentemente fiscalização dos órgãos competentes; destes, o mais citado foi a ANVISA.

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90

89,66%

10,34%simnão sabe

Figura 5.9 – Necessidade das exigências legais referentes ao gerenciamento de

resíduos sólidos dos serviços de saúde

Apenas 13,79% dos entrevistados informaram que a legislação vigente complica os

procedimentos médico-hospitalares, ao passo que a maioria de 86,21% (Figura 5.10) não

percebe complicações oriundas das imposições legais; pelo contrário, muitos dos hospitais

conseguem otimizar determinados procedimentos, ao cumprir a norma. Mas, ao serem

questionados, quanto à importância da exigência legal, no que se refere à saúde ambiental,

pública e do trabalhador, todos foram unânimes em concordar, ou seja, a discordância

aparece, quando se interfere nos procedimentos médico-hospitalares.

A Figura 5.11 mostra que a maior parte dos geradores de resíduos hospitalares

(62,07%) tem a consciência da responsabilidade pelos seus resíduos. Uma boa parcela dos

entrevistados (31,03%) mostra-se insatisfeita com a imposição legal, a qual determina que

os geradores de RSS sejam os responsáveis pela coleta e destino final dos mesmos. Estes

atribuem essa responsabilidade ao Estado de um modo geral. Vale deixar claro que a

questão não é financeira, uma vez que, antes dessa imposição, os hospitais já pagavam uma

taxa pela coleta diferenciada, entretanto a taxa paga atualmente à empresa privada é superior

à que era paga à Prefeitura, anteriormente, pois a empresa, além de coletar, trata os RSS por

incineração.

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91

13,79%

86,21%

simnão

Figura 5.10 – Complicações decorrentes das exigências legais referentes ao

gerenciamento de resíduos sólidos dos serviços de saúde da cidade de João Pessoa/PB

62,07%

31,03%

3,45%

3,45%

sim nãode ambosnão sabe

Figura 5.11 – Percentual dos hospitais que concordam com a responsabilidade da

coleta e destino final dos RSS

A segregação é a etapa inicial para um correto gerenciamento; sobre esse aspecto, os

hospitais estão cientes, pois todos informaram que fazem a segregação dos RSS.

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92

A Resolução nº358, de 28/04/2005, do CONAMA, no seu artigo 2º, inciso XI afirma

que o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde — PGRS — deve contemplar aspectos referentes à reciclagem

dos seus resíduos. Tendo em vista essa recomendação,

pesquisou-se, nos hospitais, sobre a separação de resíduos

recicláveis, porém a maioria (58,62%) declarou que não

separam nem um tipo de resíduo reciclável, contudo 41,38%

afirmaram que separam alguns resíduos, como papel, papelão,

garrafas plásticas e vidros.

Alguns autores recomendam a reciclagem de materiais do tipo papel, papelão, latas de

alumínio e vidros, desde que não tenham contato com áreas de atendimento de pacientes

(TAKAYANAGUI, 1993).

Para a OPAS/OMS (apud CONFORTIN 2001), a reciclagem dos RSS deve ser

executada, quando consideradas algumas colocações:

o custo de operação dos resíduos deve ser mais econômico que seu transporte, o

tratamento e/ou disposição devem ser adequados, se os responsáveis pelo manuseio

desses resíduos optarem por assegurar a reciclagem;

em cada um dos serviços que compõem um estabelecimento de saúde, deverão ser

adotadas ações, para prevenir a mistura dos resíduos. Deve-se evitar a alteração da

composição de um determinado tipo de resíduo por outro, ou outros resíduos gerados no

mesmo serviço, pois isso compromete sua recuperação ou reciclagem.

41,38%

58,62%

simnão

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93

Figura 5.12 – Estabelecimentos hospitalares de João Pessoa/PB que separam algum

tipo de resíduo reciclável

Quanto ao armazenamento externo, a RDC nº306 da ANVISA determina que deve

haver um ambiente para o armazenamento de resíduos do Grupo A, juntamente com o

Grupo E, e outro separado, para os resíduos dos Grupo D (Quadro 2.2 – Classificação dos

Resíduos). É proibido o acesso a esses ambientes pela via pública, e o mesmo deve ser livre

para a passagem dos coletores de resíduos, deve possuir piso com revestimento resistente à

abrasão, com superfície plana e regular. Essas recomendações do acesso, na maioria dos

casos, são descumpridas, devido às construções terem se dado antes da vigência da

legislação.

Dos hospitais visitados, apenas três possuíam a área de armazenamento mal

dimensionada, todos os outros se encontravam com seus resíduos bem armazenados.

Percebe-se que os melhores são aqueles que não possuíam abrigo e tiveram que construir

segundo as recomendações com piso revestido de material liso, impermeável, lavável e de

fácil higienização, fechamento constituído de alvenaria revestida de material liso, lavável e

também de fácil higienização, com aberturas para ventilação, de dimensão equivalente a, no

mínimo, 1/20 (vinte avos) da área do piso, com tela de proteção contra insetos, canaletas de

escoamento de águas servidas direcionadas para a rede de esgoto do estabelecimento e ralo

sifonado, com tampa que permita a sua vedação.

A RDC 306 da ANVISA recomenda também que, no abrigo de resíduos, defina-se

uma área específica de higienização para limpeza e desinfecção simultânea dos recipientes

coletores e demais equipamentos utilizados no manejo de RSS. Essa área foi identificada em

apenas um hospital; nos demais; a higienização é feita em local não específico.

Comprovou-se que todos os estabelecimentos possuem um local específico para o

armazenamento externo dos resíduos, na área do próprio hospital. A variedade desses

abrigos externos é grande; percebe-se uns bem projetados e elaborados (Figura 5.13)

conforme a RDC nº306 da ANVISA, outros nem tanto, e outros em péssimas condições

(Figura 5.14).

Silva (2005) realizou uma pesquisa no interior do Rio Grande do Sul, em 21 hospitais,

e constatou que, em 85,7% deles, há um local destinado ao armazenamento externo dos

RSS.

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94

Figura 5.13 – Armazenamento externo dos resíduos de hospital público I no município de

João Pessoa/PB

Figura 5.14 – Armazenamento externo de hospital público II no município de João

Pessoa/PB

As Figuras 5.13 e 5.14 se referem a hospitais da rede pública estadual, e isso reflete a

diferente forma de gerenciamento dos resíduos, a importância dada por uns e o descaso de

outros gestores. Como ressalva, garante-se que ambos são da mesma rede pública de

hospitais, ou seja, a verba destinada é oriunda do mesmo Governo. Não há razões, nesse

exemplo, de questões financeiras.

A RDC nº306 da ANVISA dispensa o armazenamento temporário, em casos onde a

distância entre o ponto de geração e o armazenamento externo justifique. Assim sendo,

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95

apenas nove hospitais (31,03%) utilizam um ambiente para o armazenamento interno; nos

demais, os resíduos são coletados e diretamente encaminhados ao armazenamento externo.

Essa sala pode ser compartilhada com outras utilidades, segundo a RDC nº306 da

ANVISA, e justamente isso foi encontrado: o ambiente de armazenamento temporário sendo

aproveitado para utilidades como depósito de compartimento de roupas sujas, materiais de

higienização e também como expurgo (pia de descarte de resíduos líquidos provenientes de

pacientes) do setor (Figuras 5.15 e 5.16).

Figura 5.15 – Armazenamento interno e expurgo de um hospital do município de João

Pessoa/PB

Figura 5.16 – Armazenamento interno e outras utilidades de um hospital do

município de João Pessoa/PB

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96

A irregularidade encontrada é que a referida norma determina que os resíduos devem

ficar acondicionados em coletores de transporte, para posterior traslado, até a área de

armazenamento externo, ou seja, após a disposição no ambiente interno, não deve haver

mais manuseio. Na Figura 5.16, percebe-se um exemplo de um hospital cumprindo essas

determinações, e, na Figura 5.17, apresenta-se um dos hospitais que descumpriu a

recomendação legal supracitada, que ainda veta explicitamente o armazenamento temporário

com a disposição direta dos sacos sobre o piso, sendo obrigatória a conservação dos sacos

em coletores de transporte.

Figura 5.17 – Armazenamento interno sem coletor de transporte e com resíduos

depositados no chão de um hospital do município de João Pessoa/PB

A RCD 306/2004 é bem clara, quando afirma que “no armazenamento temporário não

é permitida a retirada dos sacos de resíduos de dentro dos recipientes ali estacionados”, no

entanto o encontrado, em 55,55% dos hospitais foi um coletor estacionário, para posterior

mudança para um coletor de transporte (Figura 5.18).

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97

Figura 5.18 – Armazenamento interno sem coletor de transporte, porém com recipiente

para acondicionamento temporário de um hospital do município de João Pessoa/PB

Percebe-se cautela, por parte dos hospitais, quando questionados sobre freqüência da

coleta interna: a maioria (48,28%) a faz, pelo menos, diariamente, conforme mostra a Figura

5.19. Essa coleta retira os resíduos dos armazenamentos internos e das fontes geradoras.

Nenhum dos estabelecimentos realiza qualquer tratamento prévio, antes do transporte

interno.

48,28%

10,34%

37,93%

3,45%

diariamentedias alternadosduas vezes ao diaoutros

Figura 5.19 – Freqüência da coleta interna de RSS nos hospitais do município de

João Pessoa/PB

A RDC nº306 da ANVISA determina que o transporte interno de resíduos deve ser

realizado atendendo roteiro previamente definido e em horários não coincidentes com a

distribuição de roupas, de alimentos e de medicamentos, em períodos de visita ou de maior

fluxo de pessoas ou de atividades. Deve ser feito separadamente, de acordo com o grupo de

resíduos e em recipientes específicos a cada grupo de resíduos. Quanto aos recipientes para

transporte interno, devem ser constituídos de material rígido, lavável, impermeável, provido

de tampa articulada ao próprio corpo do equipamento, cantos e bordas arredondados, e

serem identificados com o símbolo correspondente ao risco do resíduo neles contidos.

Devem ser providos de rodas revestidas de material que reduza o ruído. Os recipientes com

mais de 400 L de capacidade devem possuir válvula de dreno no fundo. O uso de recipientes

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98

desprovidos de rodas deve observar os limites de carga permitidos para o transporte pelos

trabalhadores, conforme normas reguladoras do Ministério do Trabalho e Emprego.

Entende-se que a fase da coleta e de transporte interno também, assim como as outras

etapas citadas anteriormente, é muito importante para o andamento do gerenciamento dos

resíduos. São operações que necessitam de pessoal treinado e devidamente protegido, com

os EPI's para essas atividades. Do contrário, poderá causar transtornos, principalmente

acidentais, aos funcionários diretamente ligados na gestão dos RSS (CONFORTIN, 2001).

Foi possível flagrar, algumas vezes, a coleta interna, e, em todos os casos, os

profissionais coletores estavam equipados com batas ou aventais, botas e luvas. Em poucos

casos, apenas 33,33%, eles apresentavam ainda gorro, óculos ou máscara (Figura 5.20).

Figura 5.20 – Coleta interna em um hospital do município de João Pessoa/PB

A Figura 5.21 mostra a freqüência da limpeza dos locais de armazenamento interno;

vale lembrar que apenas 9 hospitais utilizam abrigos internos de resíduos.

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99

88,89%

11,11%

diáriadias alternados

Figura 5.21 – Freqüência da limpeza do local de armazenamento interno dos

hospitais de João Pessoa/PB

Como a pesquisa foi realizada no começo de uma nova gestão municipal, percebe-se

um fato diferente do esperado. A Prefeitura, até dezembro de 2004, não coletava nem um

tipo de resíduo de serviços de saúde, pois a coleta era realizada pela única empresa coletora

desses resíduos no município (SERQUIP). Como, no início de 2005, o contrato venceu, o

que coincidiu com o início da nova gestão municipal, a Prefeitura, neste interregno, voltou a

fazer a coleta dos RSS e os dispôs na vala séptica localizada no Aterro Sanitário

Metropolitano de João Pessoa (Figura 5.22), com a permissão temporária do Ministério

Público. Só a partir de junho do mesmo ano, o contrato foi renovado, então, a Prefeitura

deixou de realizar esse tipo de serviço.

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100

Figura 5.22 - Célula no Aterro Sanitário Metropolitano de João Pessoa/PB destinada

aos RSS.

Por esse fato, a Figura 5.23 apresenta o percentual dos hospitais que tinham suas

coletas realizadas pela Prefeitura, inclusive o hospital filantrópico, que ora passava algumas

dificuldades. O elemento marcado por “outro” na Figura 5.23 representa o hospital

filantrópico que incinera seus resíduos.

A coleta externa depende da geração de resíduos de cada hospital, assim 25 hospitais

mantêm um contrato com a SERQUIP, empresa coletora da cidade, e esse é seguido à risca,

ou seja, a empresa só recolhe o lixo colocado nas suas bambonas específicas (Figura 5.24).

Ao ser coletado, imediatamente as bambonas são repostas de acordo com o contrato. Caso o

hospital gere mais que o estabelecido no contrato, não haverá bambonas, e o resíduo não

será coletado. Ao ser solicitado, em casos extraordinários, a empresa disponibiliza mais

bambonas.

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101

86,21%

10,34%3,45%

SerquipPrefeituraoutro

Figura 5.23 – Responsabilidade da coleta externa dos RSS dos hospitais no

município de João Pessoa/PB

A forma de operação mais adequada é a colocação dos RSS em recipientes rígidos que,

durante a operação de carga, poderão ser empilhados no interior do caminhão (Figura 5.25),

reduzindo o risco de ruptura e esmagamento dos sacos. Para isso, a empresa coletora oferece

dois tipos de bambonas: uma de 25kg e outra de 6kg (detalhe da Figura 5.25); dependendo

da demanda, o hospital acerta o contrato determinando o tamanho e a quantidade de

bambonas e a freqüência da coleta, demonstrada na Figura 5.26.

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102

Figura 5.24 – Bambonas no local de armazenamento externo em um hospital do

município de João Pessoa/PB

Figura 5.25 – Caminhão fazendo a coleta em um hospital do município de João

Pessoa/PB

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103

31,03%

10,34%

20,69%

31,03%

6,90%

diariamentedias alternadosduas vezes por semanatrês vezes por semanaoutro

Figura 5.26 – Freqüência da coleta externa dos RSS dos hospitais do município

de João Pessoa/PB

A freqüência da limpeza do local de armazenamento externo é apresentada na Figura

5.27 e, percebe-se uma variação muito grande, pois essa coleta depende do gerenciamento e

do porte de cada hospital.

31,03%

24,14%

13,79%

7,24%

13,79% diáriaapós a coletasemanaldias alternadosoutro

Figura 5.27 – Freqüência da limpeza do local de armazenamento externo dos

hospitais do município de João Pessoa/PB

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104

O destino final dos resíduos sólidos coletados pela Serquip é o incinerador da mesma,

e o destino final dos resíduos de um dos hospitais filantrópicos é o seu próprio incinerador

(Figura 5.28). As cinzas geradas na incineração são dispostas em uma vala séptica no Aterro

Sanitário Metropolitano de João Pessoa. No caso especial, no qual a Prefeitura fazia coleta,

o destino final era uma vala séptica para RSS do referido Aterro (Figura 5.22). Essas

informações são observadas na Figura 5.29.

Figura 5.28 – Incinerador de um dos hospitais filantrópicos do município de João

Pessoa/PB

89,66%

10,34%

IncineradorVala Sética do Aterro

Figura 5.29 – Destino final dos resíduos de serviço de saúde dos hospitais do

município de João Pessoa/PB

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105

A RDC nº306 da ANVISA permite o descarte de resíduos líquidos corpóreos (são

representados pelos líquidos cefalorraquidiano, pericárdico, pleural, articular, ascítico e

amniótico) e provenientes de amostras de laboratório diretamente, no sistema de coleta do

esgoto, desde que atendam as diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de

recursos hídricos e de saneamento competentes. Caso não haja sistema de tratamento do

esgoto, antes do lançamento no corpo receptor, os resíduos líquidos têm que ser

obrigatoriamente tratados, antes de jogados no esgoto. Um único hospital (3,45%) afirmou

lançar resíduos na rede coletora de esgotos, após tratamento. Trata-se de uma maternidade

que tritura as placentas e as trata antes de jogar na rede coletora da Companhia de Água e

Esgoto da Paraíba — CAGEPA (Figura 5.30).

Ao serem questionados sobre a redução da quantidade gerada de resíduos de serviços

de saúde, 62,07% dos entrevistados afirmaram que procuram reduzir essa quantidade; outros

34,48%, porém, acham inviável a busca pela redução, por tratar-se de procedimentos

médicos (Figura 5.31).

3,45%

96,55%

Lançado na rede de esgotoapós tratamentoLançado na rede de esgotosem tratamento

Figura 5.30 – Destino final dos resíduos líquidos dos hospitais do município de

João Pessoa/PB

Com relação aos custos operacionais do hospital, 62,07% (Figura 5.32) apontam para a

variação após a implantação do PGRS. A maioria desses afirma que a variação foi para

mais; primeiramente, porque a coleta, quando realizada pela Prefeitura, pagava-se uma

pequena taxa, e, após a implantação do plano, todos tiveram que aderir à coleta realizada por

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106

uma única empresa que possui concessão para o desenvolvimento dessa atividade. Os

entrevistados questionam sobre a monopolização, ou melhor, eles preferiam que outras

empresas coletoras funcionassem, para haver a escolha por parte deles.

62,07%

34,48%

3,45%simnãonão sabe

Figura 5.31 – Hospitais do município de João Pessoa/PB que procuram reduzir a

quantidade gerada de RSS

62,07%

6,90%

31,03%

simnãonão sabe

Figura 5.32 – Variação nos custos após a implantação do PGRS nos hospitais do

município de João Pessoa/PB

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107

Um dos objetivos do PGRS é a minimização da produção de resíduos, a qual será

obtida a partir de um efetivo gerenciamento das atividades geradoras e por meio da

implantação de técnicas que visem ao seu controle.

A pesquisa constatou que apenas 37,96% (Figura 5.33) dos hospitais conseguiram

reduzir a quantidade gerada de resíduos. Um valor considerado baixo, uma vez que imagina-

se que, sem o plano de gerenciamento, muito mais resíduos eram produzidos.

Dos entrevistados, 27,59% informaram que não reduziram a quantidade dos resíduos

coletados, pois, com a implantação das novas normas e do PGRS, a variedade de resíduos

considerada infectante aumentou, ou seja, materiais que antes não eram classificados como

infectantes, agora são.

Um número que chama atenção é o referente àqueles que não souberam responder:

34,48% (Figura 5.33); pode-se justificar esse dado pela ausência quase total do

gerenciamento dos resíduos há alguns anos atrás gerando, como conseqüência, a

inexistência de dados.

37,93%

27,59%

34,48%

simnãonão sabe

Figura 5.33 – Variação na quantidade de RSS gerados nos hospitais de João

Pessoa/PB após a implantação do plano de gerenciamento No que tange à possibilidade e à capacidade que o plano possui de reduzir a

quantidade gerada de resíduos, 65,52% (Figura 5.34) confiam nessa hipótese, e 7,24% não

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108

acreditam na hipótese, pois acham que a quantidade de resíduos é paradigmática, só irá

reduzir quando da redução dos atendimentos.

65,52%

7,24%

17,24% simnãonão sabe

Figura 5.34 – Percentual da possibilidade de redução da quantidade de RSS

gerada após a implantação do PGRS

5.3 Os Profissionais que Lidam com o Gerenciamento de Resíduos Sólidos

A Resolução nº358/05 do CONAMA exige a presença de um responsável técnico,

devidamente registrado em conselho profissional, para o correto gerenciamento dos resíduos

sólidos gerados em decorrência de suas atividades. Confortin (2001) considera essa

exigência muito importante na questão dos RSS, visto que um gerente de resíduos garantirá

a aplicação dos conhecimentos da área (que vai desde regulamentos e legislações até a

elaboração de um programa seguro e compreensivo sobre um correto gerenciamento), bem

como a integração dos diversos serviços, a qual resultará em resultados supostamente

positivos.

Os PGRS dos hospitais visitados foram todos elaborados por profissionais habilitados

e qualificados. O que se percebe da maioria dos entrevistados é que, na prática, esses planos

são geridos por profissionais das mais diversas áreas, como engenheiros, médicos,

enfermeiros, administradores e, até mesmo, por pessoas que não possuem formação em

cursos superior. É importante que os PGRS sejam elaborados por profissionais habilitados e

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109

que possuam informações necessárias e suficientes dos procedimentos do hospital, de forma

que o plano não seja algo abstrato e inexecutável à realidade hospitalar.

O gerenciamento deve abranger todas as etapas de planejamento, desde os projetos dos

recursos físicos, dos recursos materiais até a capacitação dos profissionais envolvidos no

manejo dos RSS, desde a geração a coleta. Sendo assim, é mister que se conheça quem são,

o que fazem e como se envolvem no processo de gerenciamento de resíduos. Para muitos,

inclusive aqueles da área médica, essa questão de lixo envolve apenas os coletores.

Dos hospitais visitados, apenas três (10,34%), os dois federais e um estadual,

terceirizam seus serviços de limpeza e coleta interna de resíduos (Figura 5.35), assim eles se

eximem do compromisso com treinamentos, mas não da responsabilidade, enquanto, em

89,66% dos hospitais entrevistados, os serviços são realizados por profissionais contratados

e treinados pelo próprio estabelecimento.

89,66%

10,34%simnão

Figura 5.35 – Percentual de responsabilidade do serviço de limpeza e coleta

interna nos hospitais do município de João Pessoa/PB

Confortin (2001) lembra que, para a segregação acontecer adequadamente, é

necessário que todos os funcionários ligados diretamente a essas atividades, estejam

capacitados, para reconhecerem e distinguirem os resíduos infectantes dos demais resíduos.

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110

A maioria dos hospitais (89,66%) promove ou já promoveu algum treinamento

dirigido aos profissionais que manejam RSS. Percebe-se que a maioria dos entrevistados

reconhece o valor da capacitação profissional para um eficiente gerenciamento (Figura

5.36). Quando da terceirização dos serviços de higiene e coleta interna dos hospitais, vale

lembrar que esses treinamentos são exigidos e fiscalizados pelo contratante.

Além do manejo com os RSS, é importante que os profissionais que lidam com a

limpeza das casas de saúde e coleta de resíduos devem ser treinados quanto a questões

envolvendo a coleta seletiva, reutilização e reciclagem de materiais, para que possam, de

maneira mais precisa, auxiliar no gerenciamento dos resíduos e sanar possíveis dúvidas de

profissionais menos desavisados. Assim, as respostas obtidas foram bem distintas: 34,48%

indicaram que sempre promovem treinamentos dessa natureza, ao passo que a mesma

quantidade relata que nunca se preocupou em transmitir tais informações aos colaboradores

(Figura 5.37).

89,66%

6,90%3,45%

simnãonão sabe

Figura 5.36 – Percentual dos profissionais que foram capacitados para manusear

os RSS nos hospitais do município de João Pessoa/PB

Quanto à formação profissional do responsável pelo gerenciamento de RSS, observou-

se a grande incidência de enfermeiros e profissionais com cargos administrativos (zeladoria,

manutenção). Isso ocorre, porque os enfermeiros ocupam muitos cargos nas áreas de apoio

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111

(higienização, controle de infecção), assim como os técnicos administrativos. Em raríssimos

casos, o gerenciamento estava sob a responsabilidade de um médico.

34,48%

31,03%

34,48%

sempreas vezesnunca

Figura 5.37 – Freqüência de treinamentos referentes a cursos de capacitação

sobre os resíduos sólidos A questão do gerenciamento de resíduos deve ser acolhida por todos os integrantes do

hospital, desde o cirurgião, até o coletor de resíduos. Não adianta os profissionais de

limpeza estarem capacitados, por meio de curso, visando à otimização do gerenciamento, se

o corpo médico e o de enfermagem não cooperarem, pelo menos, com a correta segregação.

Afinal, estes são os geradores potenciais, uma vez que compete a eles os procedimentos

médico-hospitalares.

Uma das dificuldades encontradas pelos hospitais, no gerenciamento de RSS, é a

participação dos médicos nesses treinamentos (Figura 5.38), seja por desinteresse ou por

falta de tempo, pois esses profissionais, na maioria dos casos, chegam aos hospitais, para

darem seus plantões, e saem apressados, já para assumir outro, ficando impossibilitados de

participarem dos treinamentos. Mas, há exceções, pois alguns que, mesmo não participando

do corpo clínico do hospital, procuram integrar-se às ações de gerenciamento de resíduos.

A Figura 5.38 mostra que 68,97% dos médicos nunca participaram dos treinamentos e

reuniões informativas, e a justificativa encontrada, para explicar essa baixa participação dos

médicos, é a forma de contrato e a rotatividade dos mesmos. Esse é um problema que deve

ser resolvido internamente, dentro de cada hospital, para evitar que atrapalhe a gestão dos

resíduos. Houve quem afirmasse que os médicos, se escusam, com a desculpa de que,

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112

durante o procedimento, não há tempo, para pensar o que jogar em que lugar. Atribuem a

responsabilidade aos profissionais de enfermagem, que, por sua vez, desempenham muito

bem as atividades de gerenciamento.

Oliveira (2002) justifica que a baixa participação dos médicos é explicada, por estes

não estarem contratados, com dedicação exclusiva, pelo hospital. Fazem atendimento em

dias e horários variados, nem sempre, compatíveis com os dias de treinamento.

10,34%

20,69%

68,97%

sempreas vezesnunca

Figura 5.38 – Percentual de participação dos médicos nos treinamentos relativos

ao PGRS nos hospitais do município de João Pessoa/PB

5.4 O Envolvimento das Diretorias dos Hospitais em Questões Ambientais

O gerenciamento das rotinas e dos procedimentos dos estabelecimentos de saúde

permite a eles administrar as relações entre suas atividades e o meio ambiente. As atividades

desenvolvidas por estes estabelecimentos podem causar impactos negativos ao meio

ambiente, por isso devem-se gerenciar questões como a proteção ao meio ambiente, resíduos

perigosos, minimização dos riscos associados às atividades de serviços de saúde, entre

outras (ALMEIDA, 2003).

Partem da diretoria do hospital as grandes diretrizes de gerenciamento. As ações

relativas ao gerenciamento precisam ser iniciadas e incentivadas por pessoas da

administração. Almeida (2003) afirma que, para se implementar um PGRS, é preciso o

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113

apoio da direção — o compromisso de fazer e implementar deve partir dela. Todo o pessoal

envolvido com o manejo dos resíduos deve ser capacitado e mantido motivado. Além disso,

para que o plano tenha êxito, é necessário disponibilizar recursos, para equipar o

estabelecimento com os equipamentos necessários, a fim de realizar a atividade de forma

eficaz.

A Figura 5.39 mostra que 79,31% dos entrevistados não possuem uma política de

compra de materiais com menos embalagens, embalagens recicladas, ou procuram devolver

embalagens. Um número baixíssimo (3,45%), que representa um hospital, afirmou que

procura introduzir essas técnicas na decisão da compra.

Na mesma pergunta feita aos hospitais de Porto Alegre, Oliveira (2002) concluiu

também que a maioria deles ainda não possui nem uma política de compras, visando à

diminuição do volume de resíduos.

3,45%

79,31%

17,24% simnãonão sabe

Figura 5.39 – Percentual dos hospitais que têm uma política de compra de

materiais com menos embalagens, embalagens recicladas ou devolução de embalagens

No ambiente hospitalar, percebe-se uma rejeição à questão da reutilização de

embalagens ou produtos, no entanto a reutilização só é posta em prática, quando possível.

Nem todos os tipos de resíduos devem ser reutilizados. Mesmo assim, 6 hospitais, 20,69%

(Figura 5.40), já trabalham, de alguma forma, reutilizando embalagens ou produtos. Desde

papéis para rascunho, a embalagens de soro, para acondicionar os materiais perfuro-

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114

cortantes, evitando a compra da embalagem de papelão recomendada, para evitar acidentes

(detalhe da Figura 5.41).

20,69%

75,86%

3,45%simnãonão sabe

Figura 5.40 – Percentual da reutilização de embalagens ou produtos

A grande maioria, 75,86% (Figura 5.40), afirma não reutilizar nem um tipo de

embalagem ou produto. Situação completamente oposta, Oliveira (2002) encontrou, na sua

pesquisa, realizada nos hospitais da capital do Rio Grande do Sul, e concluiu que a maioria

dos hospitais reutiliza embalagens para fins diversos.

Figura 5.41 – Detalhe de

uma embalagem para

acondicionamento de

RSS perfuro-cortantes

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115

5.5 Estimativa da Quantidade de Resíduos de Serviços de Saúde Gerados nos

Hospitais de João Pessoa

Para Bidone e Povinelli (1999) a geração dos RSS, nos estabelecimentos de saúde, é

bastante variável. Similarmente ao que se verifica com a geração dos resíduos sólidos

urbanos, varia de comunidade para comunidade: nesse caso, a geração é dependente do tipo

de hospital, hábitos e procedimentos médico-hospitalares adotados, entre outros.

Rutala et al. (apud CONFORTIN, 2001) afirmam que existe uma relação entre os

quantitativos e o porte do hospital, isto é, o número de leitos disponíveis com a quantidade

de resíduos por eles gerados. Para os autores, a determinação da quantidade de resíduos

gerada por um hospital é um passo de extrema importância, para se estabelecer um

programa de gerenciamento de resíduos. Os autores supracitados afirmam, ainda, que o

termo kg/paciente/dia é conveniente, mas levemente impreciso, visto que ele é encontrado

dividindo-se todos os resíduos gerados em um hospital, incluindo os resíduos de pacientes

externos, visitantes e funcionários, pelo número de pacientes internados. O trabalho desses

autores apurou uma média de 6,93 kg/paciente/dia nos Estados Unidos.

A OPAS/OMS (apud CONFORTIN, 2001) afirma que, na América Latina, a média de

geração de resíduos varia entre 1,0 a 4,5 kg/leito/dia, contudo, desses resíduos, 10 a 40% são

considerados perigosos. Campos, citado pela mesma autora, conclui que a quantidade mais

próxima da realidade, na América Latina, no entanto, deve girar em torno de 1,5

kg/paciente/dia, em média, porém, dessa quantidade de resíduos gerados, apenas 20%

poderia ser considerado infectante e merece tratamento especial. Ainda conforme o referido

autor, a média de resíduos infectantes gerados por paciente, por dia, em uma unidade de

saúde, aproxima-se de 300 gramas, podendo ainda ser reduzida, à medida que a separação

dos resíduos, na origem, torne-se mais rigorosa.

Schneider et al. (2001) explica que, ao adotar uma relação entre a quantidade média

gerada por dia, com o número de leitos ocupados, forma-se um parâmetro comparativo.

Visando a atender o objetivo de estimar a quantidade de resíduos gerada em cada

hospital e por leito, nos hospitais, procuraram-se as informações mais precisas possíveis. O

ideal, na quantificação dos resíduos, é a pesagem dos mesmos, durante um período pré-

estabelecido. A quantificação dos resíduos, em todos os hospitais da cidade, gastaria muito

tempo e inviabilizava a pesquisa, portanto escolheu-se estimar. A maioria dos hospitais

possui um contrato com a empresa coletora dos resíduos, o qual versa sobre a quantidade de

resíduos a ser coletada. Sendo assim, a estimativa da geração de RSS, nos hospitais de João

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116

Pessoa, baseou-se nas quantidades de resíduos recolhidas pela empresa, em um determinado

tempo. Para aqueles que não possuíam tal informação, as estimativas basearam-se nas

informações contidas no PGRS. Todas as informações referentes a quantitativos estão

expostas na Tabela 5.1 que mostra todos os hospitais pesquisados com suas respectivas

competências, seus números de leitos e suas estimativas de quantidades de resíduos geradas.

Em João Pessoa, são gerados, por dia, 1.625,43 kg de RSS; por mês, seriam

48.762,86kg. Da Silva (2005), em sua pesquisa no interior do Rio Grande do Sul, em uma

área de 10.000km2 e população de 492.567 habitantes de 11 municípios, quantificou

24.778,9kg/mês.

A Tabela 5.1 mostra que a especificidade de atendimento dos hospitais influencia na

quantidade gerada de RSS. Os hospitais que na referida tabela encontram-se marcados com

um asterisco são de atendimento e internação psiquiátrica e os números que representam a

quantidade gerada de RSS são os menores encontrados.

Pode-se perceber também uma semelhança entre os maiores geradores de RSS,

aqueles que produzem, em média, mais que 2,00kg/leito/dia. Esses hospitais (representados

na tabela por três asteriscos) são todos da rede pública (1 municipal e 2 estaduais) e o outro

corresponde ao hospital filantrópico que possui incinerador próprio. Desses maiores

geradores de RSS, apenas 1 não possui o PGRS, que é o hospital número 2. Os outros que

ainda não possuem o plano são um hospital privado que foi reaberto há pouco tempo e ainda

não está utilizando todos os seus leitos e um hospital filantrópico infantil.

Tabela 5.1 – Quantitativos da geração de RSS no município de João Pessoa

HOSPITAL COMPETÊNCIA Kg/sem Kg/dia leitos Kg/leito/sem kg/leito/dia 1 Filantrópico 600 85,71 65 9,23 1,32

2(**) Municipal 730 104,29 32 22,81 3,26(***) 3 Privado 100 14,29 65 1,54 0,22 4 Privado 75 10,71 80 0,94 0,13

5(*) Privado 6 0,86 225 0,03 0,004 6(*) Estadual 50 7,14 255 0,20 0,03 7 Privado 100 14,29 49 2,04 0,29 8 Privado 100 14,29 18 5,56 0,79 9 Estadual 525 75,00 37 14,19 2,03(***) 10 Privado 300 42,86 52 5,77 0,82 11 Privado 150 21,43 76 1,97 0,28 12 Estadual 700 100,00 48 14,58 2,08(***)

13(**) Filantrópico 75 10,71 59 1,27 0,18 14 Privado 6 0,86 7 0,86 0,12

15(**) Privado 75 10,71 32 2,34 0,33 16 Privado 100 14,29 32 3,13 0,45 17 Privado 150 21,43 55 2,73 0,39

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117

Tabela 5.1 – Quantitativos da geração de RSS no município de João Pessoa (continuação)

18(*) Privado 6 0,86 193 0,03 0,004 19 Estadual 525 75,00 152 3,45 0,49 20 Privado 100 14,29 44 2,27 0,32 21 Filantrópico 1400 200,00 93 15,05 2,15(***) 22 Federal 175 25,00 19 9,21 1,32 23 Municipal 800 114,29 136 5,88 0,84 24 Privado 1400 200,00 202 6,93 0,99 25 Estadual 1000 142,86 150 6,67 0,95 26 Estadual 700 100,00 71 9,86 1,41 27 Privado 18 2,57 70 0,26 0,04 28 Federal 1400 200,00 300 4,67 0,67 29 Privado 12 1,71 18 0,67 0,10

(*) Hospitais psiquiatrícos (**) Hospitais que não possuem o plano de gerenciamento (***) Maiores geradores

Após a interpretação dos dados, constatou-se que a rede de hospitais que mais gera

resíduos, no município de João Pessoa, é a de competência do Estado (500 kg/dia), apesar de

não serem a maioria em números (são apenas 6 hospitais). Os hospitais privados, que

configuram a maioria aparecem em segundo lugar, gerando 371,14 kg/dia. Os filantrópicos

vêm em terceiro lugar, tanto em número de hospitais (3) quanto em geração (296,43 kg/dia),

os federais e os da rede municipal, que são representados por 2 hospitais cada, estão com

gerações equivalentes, 225,57 kg/dia e 218,57 kg/dia, respectivamente (Figura 5.42).

225,57

296,43

218,57500,00

371,14

Federal Filantrópico Municipal Estadual Privado

Figura 5.42 – Geração de RSS por competência (kg/dia) dos hospitais de João

Pessoa/PB

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118

É muito significativo o conhecimento da quantidade de resíduos por leito hospitalar,

particularmente, porque, na determinação de tal quantidade, são aprofundados os fatores que

influenciam na geração deste tipo de lixo.

Schalch et al. (1995) afirmam que no Brasil, os dados referentes à composição dos

RSS são, em geral, escassos e/ou estatisticamente não confiáveis, todavia, no que concerne a

sua quantidade (em Kg/leito/dia), é possível citar as seguintes médias:

Campina Grande/PB: 1,98 kg/leito/dia (ANDRADE, apud SCHALCH et al., 1995).

Garulhos/SP: 1,73 kg/leito/dia(AKUTSU, apud SCHALCH et al., 1995).

São Paulo/SP: 2,63 kg/leito/dia (AKUTSU, apud SCHALCH et al., 1995).

Porto Alegre/RS: 3,17 kg/leito/dia (AKUTSU, apud SCHALCH et al., 1995).

Em alguns países pretende-se estabelecer uma relação entre quilos de RSS/leito/dia;

realizaram-se vários estudos, e apresentaram as seguintes quantidades: no Reino Unido,

produz-se 1,5 a 2,5kg/leito/dia, e, no Canadá, 11,4 kg/leito/dia (FORMAGGIA, 1995).

Bidone & Povinelli (1999) também têm estabelecido a geração per capita de resíduos

de serviços de saúde, à qual atribui-se um determinado peso de resíduos gerados por leito de

hospital e por dia. Esses autores citam alguns quantitativos:

Para o Canadá, são citadas as contribuições de 11,4 kg/leito/dia, 5.0 kg/leito/dia e 8,0

kg/leito/dia.

Nos Estados Unidos, de 1,5 kg/leito/dia.

2,5 kg/leito/dia no Reino Unido.

No Brasil, um trabalho realizado, no final da década de 70, com amostragens de resíduos

de serviços de saúde de cinco hospitais de São Paulo, mostrou valores que variaram de

1,19 a 3,77 kg/leito/dia.

Confortin (2001) mostra que, em um estudo, desenvolvido na Venezuela, houve variação

na geração dos resíduos de serviços de saúde, dos hospitais privados para os públicos,

todavia para o setor privado, encontrou-se o valor de 10,8 kg/paciente/dia, enquanto, para o

hospital do setor público, o valor encontrado foi 4,6 kg/paciente/dia. Verifica-se, neste

estudo, que o setor público produz uma quantidade relativamente menor de resíduos, se

comparado com os hospitais privados.

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119

A análise apenas da geração de quilos por competência pode deixar uma idéia vaga, ou

até mesmo dúvidas, por isso foi realizada a análise da geração das competências com

relação ao número de leitos de cada hospital, conforme a Figura 5.43. Por esse ângulo, os

hospitais filantrópicos são os maiores geradores de RSS (1,37kg/leito/dia); bem próximo

destes, estão os municipais, gerando 1,30kg/leito/dia. Em seguida, aparecem os federais e os

estaduais e, por último, os privados, que geram 0,30kg/leito/dia.

Diferente dos resultados mostrados por Confortin (2001), na Venezuela, em João

Pessoa, os hospitais que menos geram RSS são os da rede privada. Vale destacar, analisando

as informações de João Pessoa, que, dentre os maiores geradores (filantrópicos), há um que

possui um incinerador próprio, e isso pode ser a causa da despreocupação com a redução dos

resíduos, o que não justifica, pois, apesar de não pagarem por quilo, para a coleta externa,

eles precisam manter o incinerador ativado por mais tempo. Quanto aos menores geradores

de RSS, percebe-se um grande empenho, por parte dos hospitais privados, na redução da

geração desses resíduos, mais precisamente, devido às questões financeiras.

0,71

1,370,74

0,70

0,30

Federal Filantrópico Municipal Estadual Privado

Figura 5.43 – Geração de RSS por leito (kg/dia) nos hospitais de João Pessoa/PB

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6 CONCLUSÕES Com base nos objetivos estabelecidos nesta pesquisa pela

metodologia empregada e pelos resultados alcançados, este

capítulo apresentará as principais conclusões fundamentadas

na análise dos resultados obtidos durante o desenvolvimento

da pesquisa.

6.1 Análise do Gerenciamento dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde nos

Hospitais de João Pessoa e do Cumprimento às Exigências Legais

O gerenciamento dos RSS vem se aprimorando, na capital paraibana, principalmente

nos hospitais privados; fato que se atribui a eficaz cobrança da aplicação das determinações

legais. Percebeu-se, por intermédio da pesquisa, que a maior preocupação dos

estabelecimentos hospitalares é a questão da infecção hospitalar, seguida das sanções legais,

da saúde do trabalhador e, por último, vem a preocupação com o meio ambiente.

Há uma obediência às imposições legais, mais precisamente, nos hospitais privados.

Percebe-se uma deficiência no cumprimento das normas em alguns hospitais filantrópicos, o

que refletiu na sua quantidade gerada de resíduos. Vale destacar que, dos 3 hospitais que não

apresentaram o plano de gerenciamento, 2 são filantrópicos. Pode-se concluir, apesar das

falhas encontradas no processo de gerenciamento, que o manejo dos RSS dos hospitais de

João Pessoa é realizado de forma responsável, no qual se percebe, mais precisamente, a

busca pela redução dos custos e dos riscos para o ambiente e para a saúde do trabalhador.

Dos hospitais entrevistados, a maioria possui o plano de gerenciamento, os que não se

enquadram nesse dado já estão providenciando, e, em breve, implantarão. Daqueles que já

possuem o plano, a grande parte já o implantou há mais de dois anos e afirma que cumpre o

que nele está estabelecido. Na prática, não se percebe isso, por mais interesse que o hospital

tenha em seguir o plano, no dia-a-dia, suas técnicas não são aplicáveis; o maior

descumprimento é o aperfeiçoamento dos profissionais por intermédio de cursos e a

seqüência da rota da coleta.

Os hospitais afirmam que, das dificuldades encontradas para a aplicação do plano, as

maiores são a conscientização dos profissionais, os encargos financeiros e as mudanças em

aspectos físicos.

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121

A maioria dos entrevistados busca reduzir a quantidade gerada de resíduos; a minoria

afirma que a redução não é possível por tratar-se de procedimentos médicos.

Com a implantação do PGRS, o que se espera é a redução da quantidade gerada de

resíduos, porém, antagonicamente, o encontrado foi que apenas 37,96% dos entrevistados

conseguiram reduzir essa quantidade, 27,59% informaram que não conseguiram reduzir a

quantidade, pois, com a implantação do plano, a variedade dos RSS aumentou. Um número

considerável não soube responder, isso pode ser explicado pela ausência de dados que

proporcionasse o comparativo. Com a implantação do PGRS, houve uma variação nos custos

operacionais para 62,07% dos entrevistados. Essa variação,

segundo eles, foi para mais, devido ao fato da coleta ser

realizada por uma empresa particular, que ainda incinera os

resíduos, o que não ocorria, na época em que a Prefeitura

realizava a coleta.

6.2 Resumo da Estimativa das Quantidades de Resíduos Sólidos Gerados

Pode-se concluir que os maiores geradores são os hospitais estaduais, porém, quando

relacionados a geração com o número de leitos, os maiores geradores são os filantrópicos. O

esperado era que aqueles que possuíssem maior número de pacientes/leitos, ou seja, de

atendimentos, fossem os maiores geradores. Assim, a expectativa era que os maiores

geradores fossem (nessa ordem): os privados, os estaduais, seguidos dos federais, dos

filantrópicos e dos municipais. Todavia, a ordem de geração encontrada foi: os hospitais

filantrópicos (1,37 kg/leito/dia), os municipais (0,74 kg/leito/dia), em terceiro lugar, os

federais gerando 0,71 kg/leito/dia, seguidos pelos hospitais estaduais (0,70 kg/leito/dia) e

pelos privados que geram 0,30 kg/leito/dia. Essas informações estão compactadas no

Quadro 6.1. que apresenta de forma resumida os quantitativos estimados nos hospitais do

município de João Pessoa/PB.

Quadro 6.1 – Resumo dos dados quantitativos

HOSPITAIS POR

COMPETÊNCIA

GERAÇÃO POR COMPETÊNCIA

(kg/dia)

LEITOS POR COMPETÊNCIA

GERAÇÃO POR COMPETÊNCIA

(kg/leito/dia) Privado 16 Estadual 500,00 Privado 1218 Filantrópico 1,37 Estadual 6 Privado 371,14 Estadual 713 Municipais 0,74

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122

Filantrópico 3 Filantrópico 296,43 Federal 319 Federais 0,71 Federal 2 Federal 225,57 Filantrópico 217 Estaduais 0,70 Municipal 2 Municipal 218,57 Municipal 168 Privados 0,30

A quantidade de resíduos gerada por cada hospital é bem específica. Há variações

quanto ao tipo de hospital (maternidade, infectologia, traumatologia, psiquiatria, etc.),

quanto ao número de leitos, quanto a esfera de competência (filantrópico, privado, estadual,

municipal e federal) e, principalmente, devido a forma de gerenciamento.

Conclui-se que no município de João Pessoa os hospitais da rede pública em geral são

os maiores geradores, fato que pode ser atribuído à lentidão para a implantação de técnicas

de gerenciamento. Os menores responsáveis pela geração de RSS são os hospitais privados

devido à eficácia na aplicação de novos procedimentos de gestão, e também por se

submeterem a uma fiscalização mais enérgica e atuante dos órgãos fiscalizadores.

Os quantitativos dessa pesquisa foram estimados de acordo com a coleta externa e

com as informações do PGRS.

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7 SUGESTÕES PARA NOVOS TRABALHOS

Determinação das características físico-químicas e microbiológicas dos resíduos de

serviços de saúde, bem como sua composição qualitativa e quantitativa como ponto

inicial para um adequado gerenciamento.

Analogia/comparação ou evolução das normas referentes ao gerenciamento dos RSS.

Quantificação dos resíduos gerados por cada hospital, ou por cada esfera de

competência.

Analisar a quantificação por tipo de atendimento do hospital.

Comparar as quantificações dos diferentes setores de um hospital.

Comparação da quantificação dos resíduos com as estimativas expostas neste trabalho.

Elaboração de um material educativo, destinado a profissionais da saúde e a todos que

lidam com os RSS.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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125

_______________. NBR 8.419: Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos – Procedimento. São Paulo, 1992. _______________. NBR 12.235: Armazenamento de resíduos sólidos perigosos – Procedimento. São Paulo, 1992. _______________. NBR 9.190: Sacos plásticos – Classificação. São Paulo, 1993. _______________. NBR 9.191: Sacos plásticos – Especificação. São Paulo, 1993. _______________. NBR 9.195: Sacos plásticos – Determinação da resistência à queda livre. São Paulo, 1993. _______________. NBR 12.807. Resíduos de serviços de saúde: terminologia. Rio de Janeiro, jan. 1993a. _______________. NBR 12.808. Resíduos de serviços de saúde: classificação. Rio de Janeiro, jan. 1993b. _______________. NBR 12.809: Manuseio de resíduos de serviços de saúde: procedimento. São Paulo, 1993. _______________. NBR 12.810: Coleta de resíduos de serviços de saúde: procedimentos. São Paulo, 1993. _______________. NBR 12.980: Define termos utilizados na coleta, varrição e acondicionamento de resíduos sólidos urbanos. São Paulo, 1993. _______________. NBR 13.055: Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – Determinação da capacidade volumétrica. São Paulo, 1993. _______________. NBR 13.056: Filmes plásticos para sacos para acondicionamento do lixo – requisitos e métodos de ensaio. São Paulo, 1993. _______________. NBR 13.221: Transporte de resíduos – Procedimentos. São Paulo, 1994. _______________. NBR 7.503: Transporte de carga perigosa – Ficha de emergência. São Paulo, 1996. _______________. NBR 8.285: Transporte de carga perigosa – Procedimento. São Paulo, 1996. _______________. NBR 13.853: Coletores para perfurocortantes. São Paulo, 1997. _______________. NBR 8.286: Transporte de produtos perigosos – Preenchimento de ficha de emergência. São Paulo, 1997. _______________. NBR 9.734: Equipamento de proteção individual - Avaliação de emergência e fuga no transporte rodoviário de produtos perigosos. São Paulo, 1998. _______________. NBR 13.095: Transporte rodoviário de produtos perigosos – Extintores. São Paulo, 1998. _______________. NBR 7.504: Transporte de carga perigosa – Envelope. São Paulo, 1999. _______________. NBR 9.735: Equipamento de proteção individual – Emergência. São Paulo, 1999. _______________. NBR 10.004 Resíduos sólidos: classificação. São Paulo, 2004. BELO HORIZONTE, Prefeitura Municipal. COPAGRESS. Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde de Belo Horizonte – MG. Belo Horizonte, Prefeitura Municipal, (Publicações COPAGRESS), COPAGRESS, 1999. BERTUSSI FILHO, L. A. Apostila do Curso de Resíduos de Serviços de Saúde. Florianópolis, 2002. BIDONE, F. R. A., POVINELLI, J. Conceitos básicos de resíduos sólidos. São Carlos: EESC—USP, 120p., 1999, São Paulo.

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126

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SILVA, Magda Fabbri Isaac. Resíduos de serviços de saúde: gerenciamento no centro cirúrgico, central de material e centro de recuperação anestésica de um hospital do interior paulista. 107p. 2004. Tese (Doutorado da Escola de Enfermagem) - USP, Ribeirão Preto, 2004. SILVA, Carlos Ernando da. Diagnóstico dos Resíduos de Serviço de Saúde no Interior do Rio Grande do Sul. Engenharia Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro, v. 10 – n. 2, abr/jun. 2005. SISSINO, Cristina Lúcia Silveira (Org.); OLIVEIRA, Rosália Maria de. Resíduos sólidos ambiente e saúde: uma visão multidisciplinar. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2000. 142 p. TAKAYANAGUI, Ângela Maria Magosso. Trabalhadores de Saúde e Meio Ambiente: Ação Educativa do enfermeiro na conscientização para gerenciamente de resíduos sólidos. 180p. 1993. Tese (Doutorado do Programa Interunidades da Escola de Enfermagem) – USP, Ribeirão Preto, 1993. TAKADA, Agda Cristina da Silva. O Plano de Gerenciamento de resíduos de Serviços de Saúde e o Direito do Trabalhador. Monografia (Especialização em Direito Sanitário para Profissionais de Saúde da Fundação Oswaldo Cruz) - Escola de Governo - Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca. Brasília, 2003.

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129

ANEXOS

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ANEXO I

Classificação de Agentes Etiológicos Humanos e Animais - Instrução normativa CTNBio nº 7 de 06/06/1997 e Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com Material Biológico -

Ministério da Saúde - 2004

CLASSE DE RISCO 4

BACTÉRIAS Nenhuma FUNGOS Nenhum PARASITAS Nenhum VÍRUS E MICOPLASMAS Agentes da Febre Hemorrágica ( Criméia-

Congo, Lassa, Junin, Machupo, Sabiá, Guanarito e outros ainda não identificados)

Encefalites transmitidas por carrapatos (inclui o vírus da Encefalite primavera-verão Russa, Vírus da Doença de Kyasanur, Febre Hemorrágica de Omsk e vírus da Encefalite da Europa Central).

Herpesvírus simiae (Monkey B vírus)

Mycoplasma agalactiae (caprina)

Mycoplasma mycoides (pleuropneumonia contagiosa bovina)

Peste eqüina africana

Peste suína africana

Varíola caprina

Varíola de camelo

Vírus da dermatite nodular contagiosa

Vírus da doença de Nairobi (caprina)

Vírus da doença de Teschen

Vírus da doença de Wesselsbron

Vírus da doença hemorrágica de coelhos

Vírus da doença vesicular suína

Vírus da enterite viral dos patos, gansos e cisnes

Vírus da febre aftosa (todos os tipos)

Vírus da febre catarral maligna

Vírus da febre efêmera de bovinos

Vírus da febre infecciosa petequial bovina

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Vírus da hepatite viral do pato

Vírus da louping III

Vírus da lumpy skin

Vírus da peste aviária

Vírus da peste bovina

Virus da peste dos pequenos ruminantes

Vírus da peste suína clássica (amostra selvagem)

Vírus de Marburg

Vírus de Akabane

Vírus do exantema vesicular

Vírus Ebola

OBS : Os microorganismos emergentes que venham a ser identificados deverão ser classificados neste nível até que os estudos estejam concluídos.

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ANEXO II

NÍVEIS DE INATIVAÇÃO MICROBIANA

Nível I Inativação de bactérias vegetativas, fungos e vírus lipofílicos com redução igual ou maior que 6Log10

Nível 2 Inativação de bactérias vegetativas, fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos, parasitas e micobactérias com redução igual ou maior que 6Log10

Nível III Inativação de bactérias vegetativas, fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos, parasitas e micobactérias com redução igual ou maior que 6Log10, e inativação de esporos do B. stearothermophilus ou de esporos do B. subtilis com redução igual ou maior que 4Log10.

Nível IV Inativação de bactérias vegetativas, fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos, parasitas e micobactérias, e inativação de esporos do B. stearothermophilus com redução igual ou maior que 4Log10.

Fonte : Technical Assistance Manual: State Regulatory Oversight of Medical Waste Treatment Technologies — State and Territorial Association on Alternate Treatment Technologies — abril de 1994

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APÊNDICES

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APÊNDICE I

FORMULARIO PARA ENTREVISTA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA MESTRADO EM ENGENHARIA URBANA

FORMULARIO PARA ENTREVISTA

DO HOSPITAL

1. Nome do Hospital

2. Localização

3. Tipo

( ) federal ( ) municipal ( ) filantrópica

( ) estadual ( ) privada

4. Número de leitos

5. Número de funcionários

6. Número de médicos

7. Número de enfermeiros (as)

8. Especialidade:

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135

DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS

9. Existe alguma prática de gerenciamento de resíduos aplicadas neste estabelecimento? ( ) sim ( ) não

10. O estabelecimento possui o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos? ( ) sim ( ) não

11. Há quanto tempo foi implantado? ( ) menos de 1 ano

( ) entre 1 e dois anos

( ) mais de dois anos

( ) outro:_____________________________________

12. Está sendo executado, conforme foi elaborado? ( ) sim ( ) não

13. Tem dificuldades para a aplicação desse plano? ( ) sim ( ) não

14. O que mudaria nele?

15. Acha-o necessário para o desenvolvimento das atividades hospitalares? ( ) sim ( ) não

16. Após a implantação do plano que mudanças foram percebidas?

16.1 FAVORÁVEIS:

16.2 DESFAVORÁVEIS:

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17. Há fiscalização dos órgãos competentes (SUDEMA, EMLUR ou Vigilância Sanitária) em relação ao rss? ( ) sim ( ) não

DA LEGISLAÇÃO VIGENTE

18. O que acha sobre a legislação vigente, no que se refere ao gerenciamento? As exigências são necessárias? ( ) sim ( ) não

19. Complicam o processo dentro do estabelecimento? ( ) sim ( ) não

20. Acha importante a exigência legal, no que se refere à saúde ambiental, pública e condições de trabalho? ( ) sim ( ) não

21. Acha que deve ser responsabilidade do gerador? ( ) sim ( ) não

DOS RESÍDUOS SÓLIDOS HOSPITALARES

22. Os RSS são segregados? ( ) sim ( ) não

23. Em caso afirmativo, desde quando?

24. O estabelecimento separa os resíduos recicláveis?

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137

( ) sim ( ) não

25. Em caso afirmativo, tem definida a quantidade de resíduo reciclável gerado?

26. Há um local para acondicionamento do RSS nas áreas: ( ) interna ( ) externa ( ) não há

27. A coleta interna (resíduos infectantes e especiais) é feita com que freqüência? ( ) diariamente

( ) dias alternados

( ) duas vezes ao dia

( ) outros (____________)

28. A coleta externa (resíduos infectantes e especiais) é feita com que freqüência? ( ) diariamente

( ) dias alternados

( ) duas vezes ao dia

( ) outros (____________)

29. Quem realiza a coleta externa dos resíduos infectantes e especiais? ( ) O próprio hospital

( ) EMLUR

( ) SERQUIP

( ) AQUAMARES

( ) Outro _________________

30. Os resíduos sólidos infectantes e especiais recebem algum tratamento prévio antes do transporte interno? ( ) esterilização em autoclave

( ) processos químicos

( ) outro (_____________)

( ) não

31. Qual a freqüência da limpeza do local de armazenamento interno? ( ) diária ( ) semanal

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( ) dias alternados ( ) após coleta externa

( ) não é feita

( ) Outro _______

32. Qual a freqüência da limpeza do local de armazenamento externo? ( ) diária ( ) semanal

( ) dias alternados

( ) após coleta externa

( ) não é feita

( ) Outro _______

33. Para onde são encaminhados os resíduos sólidos de serviços de saúde (infectantes e especiais)? ( ) incinerador

( ) vala séptica no aterro sanitário metropolitano

( ) outro __________________

34. O que e feito com os resíduos líquidos? ( ) lançado na rede de esgoto com tratamento

( ) lançado na rede de esgoto sem tratamento

( ) lançado na fossa

( ) outro (_____________)

35. Qual a quantidade total de resíduo gerado? 35.1 Infectante 35.2 Comum

36. Quanto é gasto em coleta com resíduo infectante?

37. Procuram, de alguma maneira, reduzir essa quantidade? ( ) não

( ) sim. Como?_______________________________________

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38. Essa quantidade foi reduzida após a implantação do plano? ( ) não

( ) sim. Em quanto?_______________________________________

( ) não sabe

39. Acredita que pode melhorar após a implantação do plano? ( ) não ( ) sim

40. Houve variação nos custos com gerenciamento de resíduos após a implantação da segregação (ou da implantação do plano)? ( ) não ( ) sim ( ) não sabe

DOS PROFISSIONAIS QUE LIDAM COM OS RESÍDUOS

41. Qual a função do encarregado pela coleta interna?

42. O serviço de limpeza é responsabilidade do hospital? ( ) não ( ) sim

43. Foi feito algum treinamento com os funcionários que lidam com os RSS? ( ) não ( ) sim ( ) não sabe

44. Existe algum setor específico responsável pelo gerenciamento dos resíduos? Qual?

45. Qual a formação do responsável pelo setor?

46. Ele(a) tem algum supervisor que analise se os procedimentos vêm sendo seguidos? ( ) não ( ) sim ( ) não sabe

47. Quantos funcionários estão envolvidos diretamente no gerenciamento dos resíduos?

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48. Qual o nível de escolaridade destes funcionários?

49. Que tipo de treinamento é dado na admissão de um novo funcionário?

50. Há algum tipo de treinamento para os funcionários do hospital no que diz respeito à coleta seletiva e gerenciamento dos resíduos?

Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca ( )

51. Se sim, os médicos participam? Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca ( )

52. Qual a freqüência desses treinamentos? ( ) semestralmente

( ) anualmente

( ) outro:______________________________

( ) não sabe

DO ENVOLVIMENTO DA DIRETORIA ÀS POLÍTICAS INSTITUCIONAIS

53. O hospital tem alguma política de compras de materiais com menos embalagens, embalagens recicladas, de materiais reciclados ou devolução de embalagens?

( ) não ( ) sim ( ) não sabe

54. Como funciona esta política?

55. O hospital tem alguma política de incentivo à reutilização de embalagens e produtos quando possível? ( ) não ( ) sim ( ) não sabe

56. A alta gerência participa de seminários, encontros relacionados ao gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, coleta seletiva, meio ambiente:

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Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca ( )

57. A alta gerência incentiva e apóia iniciativas em relação ao meio ambiente, coleta seletiva, redução de geração de resíduos?

Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca ( )

58. A alta gerência mostra-se preocupada com a problemática ambiental, partindo dela algum programa de meio ambiente, coleta seletiva, minimização de resíduos ou outro relacionado ao tema?

Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca ( )

João Pessoa, ___ de ____________ de 2005

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142

APÊNDICE II

ROTEIRO PARA ANÁLISE SISTEMÁTICA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA MESTRADO EM ENGENHARIA URBANA

ROTEIRO PARA ANÁLISE SISTEMÁTICA

HOSPITAL:

Horário e roteiro das atividades de coleta

Plano de gerenciamento

Tem laboratório o Quais os resíduos o O que é feito

Fontes geradoras

Acondicionamento o Saco com tambor aberto o Saco com tambor fechado o Baldes de lixo com pedal

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Armazenamento interno o Limpo o Houve vazamento o Quanto tempo fica

Armazenamento externo o Limpo o Houve vazamento

Locais protegidos com telas e grades

Segregação

EPI o Botas o Luvas o Máscara o Óculos o Gorro o Bata/avental

Pessoal encarregado o Trabalham em outra atividade o Treinamento o Qualificação

Trajeto dos resíduos o Distância

Membros amputados o Tem algum tratamento o Trata e joga fora o Enterra

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o Tem o mesmo destino do infectante o Coleta pública o Não tem esse tipo de resíduo

Placenta o Tem algum tratamento o Trata e joga fora o Enterra o Tem o mesmo destino do infectante o Coleta pública o Não tem esse tipo de resíduo

Peças anatômicas o Tem algum tratamento o Trata e joga fora o Enterra o Tem o mesmo destino do infectante o Coleta pública o Não tem esse tipo de resíduo

Veículo utilizado na coleta o Fechado o Tipo compactador

DATA:

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