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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
ESTUDOS ECOLÓGICOS E AGRONÔMICOS DE Lafoensia
pacari St.Hil. (LYTHRACEAE) NA REGIÃO DE BARRA DO GARÇAS-MT
LAÉRCIO WANDERLEY DOS SANTOS
CUIABÁ-MT
2006
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
ESTUDOS ECOLÓGICOS E AGRONÔMICOS DE Lafoensia
pacari St.Hil. (LYTHRACEAE) NA REGIÃO DE BARRA DO GARÇAS-MT
LAÉRCIO WANDERLEY DOS SANTOS
Eng° Agrônomo
Orientadora: Profª. Drª. MARIA DE FÁTIMA BARBOSA COELHO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, para a obtenção do título de Mestre.
CUIABÁ-MT 2006
S237e Santos, Laércio Wanderley dos Estudos ecológicos e agronômicos de
Lafoensia pacari St. Hil. (Lythraceae) na região de Barra do Garças-MT / Laércio Wanderley dos Santos. – 2006.
60p. : il. ; color. Dissertação (mestrado) – Universidade
Federal de Mato Grosso, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Programa de Pós-Graduação em Agronomia Tropical, 2006.
“Orientação: Profª Drª Maria de Fátima Barbosa Coelho”.
CDU –631.86/.87:581.9(817.2) Índice para Catálogo Sistemático 1. Lafoensia pacari St. Hi. (Lythraceae) 2. Mangava brava – Adubação orgânica – Barra
do Garças (MT)
3. Mangava brava – Estudos ecológicos 4. Plantas medicinais – Mato Grosso 5. Flora medicinal – Mato Grosso 6 Flora – Cerrado – Fenologia
“...Feliz daquele que aprende ensinando...”
Cora Coralina
À minha esposa Ciraide pelo apoio e aos meus filhos Tayná e Laércio Júnior que dão significado à minha vida.
AGRADECIMENTOS
À Profª Drª Maria de Fátima Barbosa Coelho, pela orientação, apoio e
paciência. Que não poupou esforços para que este momento fosse possível.
À Profª Drª Maria Cristina de Figueiredo e Alburquerque,
coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical, pelo
apoio e correções do projeto de dissertação.
À Profª Drª Oscarlina dos Santos Weber, pelo apoio recebido.
Ao Prof° Dr. Eduardo Guimarães Couto, pelo apoio na classificação
do solo.
Ao Prof° Dr. Germano Guarim Neto, do DCBS/UFMT pelas
referências bibliográficas.
Aos membros da banca de qualificação: Profª Dª Maria de Fátima
Barbosa Coelho, Profª Drª Maria Cristina de Figueiredo e Alburquerque e
Profª Drª Oscarlina dos Santos Weber
À profª MSc. Maria Celeste Saad Guirra, do ICLMA/UFMT pela
correção ortográfica.
Aos Professores do Curso de Pós-Graduação em Agricultura Tropical,
pelos conhecimentos adquiridos.
A todos os colegas de mestrado, pelo apoio e agradável convivência.
Aos colegas Jorge e Marcelo pelo apoio nas digitações.
Ao ICLMA/UFMT pelo apoio logístico.
HOMENAGEM ESPECIAL
PROF. TEODORIO FRANCISCO DE SALES (In Memorian). Você partiu deixando um imenso vazio. Se agora conquisto mais uma
vitória, é porque um dia esteve ao meu lado e me ensinou a seguir pelo bom
caminho.
Hoje, especialmente, a saudade é mais forte, mas a lembrança de tê-
lo tido como professor, membro da família e amigo, apoiando meu trabalho,
tornou mais amena esta jornada.
A você que faz parte deste momento, minha gratidão.
SUMÁRIO Página
1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 122 REVISÃO DE LITERATURA............................................................. 142.1 Caracterização da Espécie............................................................ 142.1.1 Ocorrência................................................................................... 142.1.2 Descrição Botânica..................................................................... 15 2.1.3 Propriedades Fitoterápicas......................................................... 172.1.4 Outros Usos................................................................................ 182.1.5 Aspéctos Ecológicos .................................................................. 192.1.6 Cultivo ........................................................................................ 192.2 Fenologia ...................................................................................... 192.3 Adubação Orgânica ...................................................................... 203 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................ 233.1 Àrea de Estudos ............................................................................ 233.1.1 Local ........................................................................................... 233.1.2 Vegetação .................................................................................. 233.1.3 Clima .......................................................................................... 233.1.4 Solo ............................................................................................ 253.2 Estudos Fenológicos ..................................................................... 273.3 Estudos Sobre Crescimento .......................................................... 273.3.1 Em Condições Naturais .............................................................. 273.3.2 Em Plantio .................................................................................. 273.4 Prepero do Solo ............................................................................ 273.5 Adubação ...................................................................................... 283.6 Produção de Mudas ...................................................................... 283.7 Plantio das Mudas ......................................................................... 283.8 Observações de Campo ................................................................ 293.9 Análises Estatísticas ..................................................................... 294 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................... 304.1 Fenologia ...................................................................................... 304.2 Estudos Sobre Crescimento .......................................................... 33
4.2.1 Em Condições Naturais .............................................................. 33
4.2.2 Em Plantio .................................................................................. 35
4.2.2.1 Germinação ............................................................................. 35.
4.2.2.2 Observações de Campo ........................................................... 375 CONCLUSÕES ................................................................................. 52
5.1 Aspéctos Ecológicos ...................................................................... 525.1.1 Fenologia ..................................................................................... 525.2 Aspéctos Agronômicos ................................................................... 525.2.1 Germinação ................................................................................. 525.2.2 Adubação Orgânica ..................................................................... 526 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................
53
ESTUDOS ECOLÓGICOS E AGRONÔMICOS DE Lafoensia pacari St. Hil.
(LYTHRACEAE) NA REGIÃO DE BARRA DO GARÇAS-MT RESUMO – Lafoensia pacari St. Hil., é uma espécie da flora do Cerrado,
usada na medicina popular como anti-úlcera, antifúngica, antibactericida,
anti-inflamatória, febrífuga, para emagrecimento e no tratamento de
pneumonia, dores de estômago e coceiras. Este trabalho teve o objetivo de
avaliar a fenologia e a adubação orgânica nessa espécie, na região de Barra
do Garças-MT. Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente
casualizado, no esquema de parcelas subdivididas com cinco repetições.
Nas parcelas foram distribuídos três tratamentos: sem adubação verde;
adubação verde com mucuna preta, Mucuna aterrima (Piper et Tracy)
Holland. e adubação verde com feijão de porco, Canavalia ensiformes L.. As
sub-parcelas foram assim constituídas: sem adubação no plantio, com 5 kg
de esterco bovino e com 0,3 kg de torta de mamona por cova no plantio.
Verificou-se que as plantas que foram submetidas à adubação com esterco
bovino apresentaram o maior desenvolvimento em altura, diâmetro, número
de folhas, número de ramos e brotações, em todos os tipos de adubação
verde aplicados, principalmente com feijão de porco. As fenofases das
plantas de L. pacari, observadas em Barra do Garças-MT são sazonais, com
floração nos meses de abril a agosto, frutificação de junho a setembro e
queda de folhas de julho a setembro, no final da estação seca.
Palavras-chave: Mato Grosso, plantas medicinais, mangava brava.
ECOLOGICAL END AGRONOMIC STUDIES OF Lafoensia pacari St. Hil.
(LYTHRACEAE) IN THE BARRA DO GARÇAS-MT
ABSTRACT – Lafoensia pacari St. Hil. Is a specie of the scrub flora. It is
used in popular medicine in numerous ways: as an anti-ulcerous, anti-
fungica, anti-bactericidal, anti-inflammatory and febrifuge medication. It is
also used to loose weight, treat pneumonia, stomach-ache as wel as against
itching. This work intends to evaluate the phenology and the organic
fertilization of the specie in Barra do Garças-MT. We have applied
experimental delineation entirely at random but subdivided into five
repetitions. Three treatments were applied to the parcels: no green
fertilization, green fertilization with velvet bean, Mucuna aterrima (Piper et
Tracy) Holland. end with jack bean, Canavalia ensiformes L. Sub-parcels
thus had been constituted: no fertilization; 5 kg of cattle waste end 0,3 kg of
Ricinus communis pie perhollow at planting. It was verified that the plants
submitted to the fertilization with cattle wastehave presented the biggest
developments in height, diameter, number of leaves, number of branches
and sprouts, in all the applied types of green fertilization, mainly with jack
bean. It was observed that phenophases of plants of the L. pacari in Barra do
Garças-MT are seasonal, with budding occurring from april to august,
flowering from june to september and foliage falling from jujy to september at
the end of the dry season.
Key words: Mato Grosso, medicinal plants, mangava brava.
1 INTRODUÇÃO
A vegetação nativa do cerrado tem sofrido enorme destruição ao
longo dos últimos anos, principalmente devido à expansão da agricultura
brasileira (Durigan et al., 2004). Se o processo de desmatamento atual não
se reverter, a utilização sustentada de seus recursos bióticos não mais será
possível, e o que restar do cerrado será tão pouco e fragmentado que
certamente não sobreviverá (Dias, 1990).
É com urgência que se deve voltar os olhos para os recursos
renováveis e tratar, realmente, de garantir sua existência no ambiente. O
extermínio das plantas neste continente é evidente, a exemplo do Pau-
Brasil, que há muito é planta rara e do Pau-Rosa, hoje espécie quase
extinta. Os pinheirais do Paraná estão totalmente devastados e vão para o
mesmo caminho a Canela-Sassafrás, os Jacarandás, o Pau-Ferro, as
Perobas, os Cedros, o Mogno, o Acapu, o Pau-Amarelo, o Pau-Cetim e a
Braúna (Rizzini e Mors, 1976).
A demanda crescente, o intenso extrativismo das espécies medicinais
e as constantes queimadas do cerrado, inclusive de Mato Grosso, vêm
paulatinamente inserindo diversas espécies medicinais desse importante
ecossistema na categoria de vulneráveis, causando perdas irreparáveis de
plantas e da fauna associada. Lafoensia pacari Saint-Hilaire, encontra-se na
categoria de planta vulnerável, ou seja, aquela com probabilidade de passar
à categoria de espécie em perigo de extinção, se continuar sendo explorada
excessivamente, se seu habitat for destruído e se sua sobrevivência não
13
tiver sido assegurada (Fachim e Guarim,1995).
O uso de L. pacari, com objetivos terapêuticos, tem reduzido o
número de indivíduos no ambiente natural de sua ocorrência, devido ao
caráter meramente extrativista dessa prática. A retirada da casca, para fins
medicinais leva a planta à morte, causada pelo anelamento do caule
(Tonello, 1997).
É necessário, portanto, assegurar a conservação desse importante
recurso genético. Embora a conservação in situ seja o tipo mais adequado
para populações perenes naturais, esta deve ser complementada pela
conservação ex situ. Neste caso devem-se priorizar as áreas de maior risco
de erosão genética por alterações antrópicas, coletando-se amostras para
conservação em bancos de germoplasma.
Para o estabelecimento de bancos de germoplasma, as coletas
devem ser as mais amplas possíveis, que, conseqüentemente, produzirão
populações heterogêneas com maior base genética, em condições de cultivo
semelhante à natural (Melo et al., 1998).
Para isso, é necessário o estudo de fenologia, com o objetivo de
conhecer o ciclo anual da espécie, o qual está diretamente relacionado às
condições climáticas e ao caráter adaptativo em sua área de dispersão
(Andreis et al., 2005), bem como o estudo de cultivo para avaliar os efeitos
de diferentes adubações no desenvolvimento da espécie.
O presente trabalho teve por objetivo: (1) identificar e quantificar as
fenofases de L. pacari numa população nativa e (2) avaliar o
desenvolvimento das plantas nativas e em condições de cultivo com e sem
adubação orgânica.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Caracterização da Espécie 2.1.1 Ocorrência
L. pacari é uma árvore de fitofisionomia de cerrado sentido restrito,
cerradão, mata ciliar, mata seca (Mendonça et al.,1998; Silva Júnior, 2005) e
florestas de altitude (Lorenzi, 1992). No Brasil está presente no DF e nos
estados da BA, GO, MG, MA, MT, SP, MS, PR, SC, AP, PA e RS em
latitudes variando de 1º 10’ N no Amapá a 29º S no Rio Grande do Sul e
altitudes de 20 m, no Amapá/Pará a 1.300 m em Minas Gerais (Proença et
al., 2000; Carvalho, 1994). A éspécie pode ser observada também em
floresta semi-decidua e savana arbórea no Paraguai e Bolívia (Carvalho,
1994).
No Brasil é conhecida popularmente como: amarelinho e louro-
amarelo (PR); candeia-de-caju, copinho, dedal-do-campo, dedaleiro-
amarelo, jacarandá-capitão, mirindiba, pacari-verdadeiro, dedal cabacinha,
dedal cravo, dedal-róseo e pau-de-dedal (SP); dedal-amarelo, dedal-
cabacinha, dedal-cravo, dedal-róseo, dedaleira e louro (RS); dedaleira-
amarela, e louro-da serra (SC); mangabeira-brava e mangaba-brava (MS);
pacuri, pau-de-bicho, pé-de-pinto e pacari-do-mato, (MG); pequi-amarelo
(BA); mangaba-brava e pacari (DF); mangaba brava, pacari e dedal (GO)
(Carvalho, 1994; Proença et al., 2000). E como morosyvo no Paraguai
(Carvalho, 1994).
15
Em Mato Grosso registrou-se a ocorrência dessa espécie, conhecida
por mangava brava, nos municipios de Água Boa (Felfili et al., 2002), Nova
Xavantina (Ratter, et al., 1973), Nossa Senhora do Livramento, Poconé,
Barra do Bugres, Nobres, Alto Paraguai (Região Sul), Porto Estrela (Serra
das Araras), Chapada dos Guimarães, Campo Verde, Primavera do Leste,
Poxoréu, Rosário Oeste, Rondonópolis, Cuiabá, Quatro Marcos e Vila Nova,
em cerrado perturbado e floresta semidecídua (Tonello, 1997).
2.1.2 Descrição Botânica Esta espécie foi descrita pelo botânico francês Auguste de Saint
Hilaire, que passou pela Serra dos Cristais, em Goiás, no ano de 1818,
tendo ele adotado como epíteto científico o próprio nome popular, pacari,
(nome de origem tupi) prova de que este já era usado na época (Proença et
al., 2000) e Lafoensia em homenagem ao Duque Dom Juan de Lafõens
(1719-1806), da casa de Bragança, membro da Academia de Lisboa (Pott e
Pott, 1994; Carvalho, 1994).
De acordo com o Sistema de classificação de Cronquist, a taxonomia
desta espécie obedece à seguinte hierarquia: Divisão Magnoliophyta
(Angiospermae); Classe Magnoliopsida (Dicotiledoneae); Ordem Myrtales;
Família Lythraceae e Espécie L. pacari; Koehne in Martius, 1.c. 346-347,
369, 351-352; Jahrb. 3: 151. 1882; 4: 405, 1883 (sinonímia botânica:
Lafoensia pacari Saint-Hilaire ssp. petiolata) Koehne (Carvalho, 1994). Árvore decídua, sem exudação, com 5 a 15 m de altura e 20 a 40 cm
de diâmetro à altura do peito (DAP), podendo atingir até 25 m de altura e 60
cm de DAP na idade adulta, na floresta ombrófila mista (floresta com
araucária). No cerrado, é arvoreta com 1 a 10 m de altura. Apresenta tronco
cilíndrico, reto ou levemente tortuoso com diâmetros de até 26 cm;
ramificação cimosa, em forquilha com copa arredondada, umbeliforme, larga
e densifoliada com ramos terminais jovens avermelhados, quadrangulares e
arestados; casca com espessura de até 20 mm. A casca externa (ritidoma) é
cinzenta, rugosa, com cicatrizes e sulcos rasos longitudinais. Quando a
árvore é velha, a casca apresenta fendas longitudinais mais profundas. A
16
casca interna é amarelada (Carvalho, 1994; Pott e Pott, 1994; Silva Júnior,
2005).
As folhas são simples, opostas, cruzadas, elípticas, oblongas ou
obovadas, com 5 a 17 cm de comprimento e 2 a 9 cm de largura; ápices
obtusos, retusos ou agudos, com hidatódios na face inferior da folha; bases
obtusas; margens inteiras e onduladas; nervuras salientes na face inferior,
nervuras secundárias quase paralelas; pecíolos de até 1 cm de
comprimento; com estípulas diminutas e caducas; folhas coriáceas, glabras
discolores, brilhantes na face superior (Silva Júnior, 2005) e com um calo
apical conspícuo (Joly, 1987).
L. pacari apresenta nas folhas glândulas subapicais, estruturalmente
semelhantes às de L. vandelliana, nas quais foi evidenciada a presença de
glicose, frutose e sacarose, o que sugere se tratar também de nectários
extraflorais, uma vez que existem registros de visitas de formigas nas folhas
(Meira, 2000). Suas folhas são anfiestomáticas e é a única espécie do
gênero que apresenta mesófilo isobilateral (Meira, 2000), características
típicas de vegetais que se desenvolvem em ambientes sujeitos à forte
radiação luminosa.
Apresenta enormes flores com receptáculo desenvolvido (Joly, 1987),
de até 8 cm de diâmetro; com até 16 pétalas livres; de cor branca ou
amarelada (Silva Júnior, 2005).
O fruto é seco, deiscente (Silva Júnior, 2005), do tipo cápsula semi-
lenhosa, semiglobosa, com 4 a 8 cm de comprimento por 2,3 a 5,3 cm de
diâmetro, com ápice arredondado, terminando em cone, abrindo-se pela
ruptura irregular das paredes do opérculo que se desprendem na maturação,
na base, para deixar livres numerosas sementes (15 a 190 sementes), tendo
internamente, no fundo, a placenta seminífera, pardo-escura. O fruto em
forma de pião pesa 6,1 a 40,6 g. Frutos imaturos pesam até 105,77 g
(Carvalho, 1994).
As sementes são oblongas, aladas, com testa expandida em duas
asas laterais de amarelo a pardo-avermelhada, com até 37 mm de
comprimento por 13 mm de largura, planas, e regularmente inseridas na
17
placenta basal, tendo o hilo numa das extremidades, não apresentam
endosperma e pesam entre 1 a 9,4 g (Carvalho, 1994).
Suas sementes, provavelmente, são ortodoxas, pois após a
dessecação e armazenamento sob temperaturas de 5 ºC e -18 ºC, não
apresentam perda da germinação inicial (Carvalho, 2000).
2.1.3 Propriedades Fitoterápicas
Muitas espécies de plantas do cerrado ainda são coletadas para fins
medicinais, porém, quando comunidades tradicionais se tornam mais
expostas à sociedade nacional, o conhecimento e o uso de plantas
medicinais podem sofrer inicialmente um acréscimo, com o aumento das
oportunidades de contato com espécies exóticas e informações sobre elas.
À medida que esse processo se aprofunda, ocasiona modificações nas
formas de apropriação e uso da terra, com a substituição de ambientes
naturais por artificiais, novos valores se sobrepoem aos antigos, e aumenta
o acesso a cuidados institucionalizados com a saúde, tendendo, a
diversidade de plantas, utilizadas com fins terapêuticos, a se tornar restrita
às espécies cultivadas (Amorozo, 2002).
Dentre as plantas do cerrado utilizadas com fins terapêuticos destaca-
se L. pacari. Souza et al. (2002) verificaram em Goiás que extratos de folhas
dessa espécie apresentam atividades antifúngica. Lima (1999) verificou que
o extrato da raiz, apresenta grande atividade antifúngica e bactericida. Em
Goiás existem registros do uso contra berne bovina e como cicatrizante e a
entrecasca em infusão no vinho é utilizada contra caspa (Proença et al.,
2000).
Há registros da utilização dos frutos na alimentação de esquilos
(Sciurus ingrami) em Minas Gerais (Alvarenga, 2002) e no tratamento de
pneumonia, pelas populações indígenas Kaiowá e Guarani na reserva de
Caarapó em Mato Grosso do Sul (Bueno et al., 2005).
Em Mato Grosso, é citada como de importância medicinal e usada
para emagrecimento, para o tratamento de coceiras, feridas, dores de
estômago (Tonello, 1997), úlceras (Tonello, 1997; Tamashiro Filho, 1999;
18
Sartori, 1997; Solon, 1999; Silva Júnior, 2005) e como anti-inflamatória
(Tonello, 1997; Rogério, 2002; Solon et al., 2000) e cicatrizante (Guarim
Neto, 1987; Silva Júnior, 2005).
Foi constatada na espécie, presença de saponinas na casca do caule
(Souza Júnior e Rudolf, 1996; Tamashiro Filho, 1999; Solon, 1999) de
esteróides e triterpenóides, fortemente positivo nas folhas e moderadamente
positivo no cerne e na casca do caule, de flavonóides, negativo nas folhas,
fracamente positivo no cerne e na casca do caule, de taninos,
moderadamente positivo no cerne e nas folhas e moderada a fortemente
positivo na casca do caule e de fenóis simples e ácidos fixos (Honda et al.,
1990; Tamashiro Filho, 1999; Solon, 1999).
Sabe-se que a maioria das vezes em que um princípio ativo é isolado
e transformado em um fármaco, a população que tinha, há anos, descoberto
a sua utilidade, perde o acesso a ele (Menezes, 2003).
A produção de drogas terapêuticas, a partir de plantas medicinais
oriundas da biodiversidade brasileira, foi implementada com a criação do
Programa de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos-CEME em
1982. A CEME atuou até 1997, em torno da questão da produção e
distribuição de medicamentos para o consumo da população, notadamente
de baixa renda (Sant’Ana e Assad, 2004).
2.1.4 Outros Usos Em Goiás a madeira é utilizada para eixo de carro de boi, e a base da
flor (receptáculo floral) como dedal, daí o nome popular, dedal (Proença et
al., 2000). A casca, a madeira e as sementes produzem corantes para
tecidos (Silva Júnior, 2005; Tonello, 1997). A madeira dessa espécie
também é usada como lenha e na construção civil, na marcenaria (tacos
para assoalho, tabuados) e na fabricação de cabos para ferramentas e
mourões, é, ainda, recomendada para reposição de mata ciliar e para locais
bem drenados ou com inundações periódicas de rápida duração (Carvalho,
1994) ou para paisagismo (Silva Júnior, 2005).
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2.1.5 Aspectos Ecológicos L. pacari apresenta regeneração após o corte e a ação do fogo
(Tonello, 1997). A flor de L. pacari abre-se à noite, polinizada por morcegos
da família Phyllostomidae: Vampyrops lineatus, Artibeus jamaicensis
planirostris e Anoura geoffroyi geoffroyi e mariposas da família Sphingidae
(Sazima e Sazima, 1975; Silva Júnior, 2005). O néctar atrai beija-flores (Pott
e Pott, 1994) e abelhas das espécies Apis mellifera e Trigona spinipes, não
polinizadoras de L. pacari (Carvalho, 1994; Agostini e Sazima, 2003).
É importante registrar que a polinização por morcegos, que derrubam
as pétalas ao se chocarem com a flor, é valiosa na recuperação de
ecossistemas degradados (Carvalho, 1994).
A dispersão das sementes é anemocórica e os frutos devem ser
coletados quando passam do verde para o castanho-escuro (Carvalho,
1994). A dispersão ocorre no final da estação seca e início da chuvosa
(Tonello, 1997). Para Gouveia e Felfile (1998) o amadurecimento dos frutos
na estação seca é uma estratégia para garantir a dominância de algumas
espécies nesses ambientes, pois as sementes têm melhores chances de
germinação e estabelecimento com o início das chuvas.
2.1.6 Cultivo
É uma espécie heliófita, que tolera sombreamento de média
intensidade na fase jovem; não é tolerante a baixas temperaturas,
principalmente nos primeiros três anos de implantação. Geralmente
apresenta-se bifurcada, com tronco curto e sem dominância apical definida.
Não apresenta desrama natural, necessita de poda periódica de condução
dos galhos, para aumentar a altura comercial (Carvalho, 1994).
O plantio puro, a pleno sol, deve ser evitado em locais com geadas
severas. Recomenda-se plantio misto, a pleno sol, associado com espécies
pioneiras (Carvalho, 1994).
2.2 Fenologia A fenologia é uma ciência que identifica os fenômenos de floração,
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frutificação, brotamento e queda de folhas, objetivando o conhecimento do
ciclo anual das espécies, o qual está diretamente relacionado às condições
climáticas e ao caráter adaptativo de cada espécie em sua área de
dispersão (Andreis et al., 2005).
Os estudos fenológicos são importantes em programas de
recuperação florestal ou qualquer outro que necessite de sementes de
espécies nativas, bem como em projetos que visem ao entendimento de
populações vegetais, indicando o período e os picos de ocorrência das
fenofases de cada espécie (Andreis et al., 2005).
2.3 Adubação Orgânica
A elevação nos preços dos insumos básicos, principalmente dos
fertilizantes dependentes de petróleo, associada à queda na produtividade
das culturas, decorrente do mau uso do solo, evidencia hoje a necessidade
de se buscar alternativas que ofereçam possibilidades de aumento da
fertilidade, como forma de melhorar os recursos naturais, sem onerar a
produção (Arf et al., 2000).
Uma das técnicas capazes de possibilitar substancial economia de
fertilizantes, principalmente nitrogenados e proteger o solo contra os efeitos
da erosão, é a adubação verde (Arf et al., 2000). A adubação verde é uma
das formas de aporte de matéria orgânica ao solo, uma alternativa para
aumentar a reciclagem de nutrientes e melhorar a produtividade (Henrichs et
al., 2005).
Nos solos agrícolas, a matéria orgânica pode e deve ser conservada,
em parte, mediante o uso de esterco bovino, compostos, adubos verdes ou
tortas, funcionando como um armazém de nutrientes da planta, liberando-os
gradualmente para o uso da cultura e melhorando as propriedades físicas do
solo, do que resulta: maior capacidade de armazenar água; menor erosão e
lavagem; menor formação de crostas e blocos e melhor condição para o
desenvolvimento e o funcionamento das raízes (Malavolta, 1979).
A adoção de sistemas de manejo conservacionistas e a sucessão de
culturas com adubos verdes são práticas que visam preservar a qualidade
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do solo e do ambiente, sem prescindir da obtenção de produtividade elevada
das culturas (Carvalho et al., 2004).
As leguminosas contribuem para elevar os teores de potássio e
magnésio, na profundidade de 0-10 cm, e para diminuir a acidez do solo,
com incrementos significativos de pH e de cátions trocáveis, refletindo
positivamente na CTC e no índice de saturação por bases (Nascimento et
al., 2003).
Estudo realizado por Heinrichs et al. (2005), evidenciou que a
leguminosa feijão de porco (Canavalia ensiformes L), consorciada com o
milho, apresentou maior produção de fitomassa e acúmulo de N, P, K, Ca,
Mg e S, em relação a outros tratamentos com mucuna-anã, guandu-anão e
crotalaria.
Vários estudos foram realizados com cultivos de algumas espécies de
plantas, utilizando-se adubação orgânica com esterco, com mucuna preta,
feijão de porco ou a associação destes, visando à elevação da
produtividade, a reciclagem e a proteção do solo contra os efeitos da erosão.
Adubação de repolho (Brassica oleracea) com vermicomposto de
esterco bovino associada à adubação com boro, em condições de campo,
em solo argiloso com teor médio de boro, elevou a produção em 3,8 t ha-1
(Bergamin et al., 2005).
Experimento realizado no municipio de Colombo-PR, visando verificar
a influência de diferentes dosagens de adubação orgânica (esterco bovino,
curtido) na produção de biomassa e teores de óleo essencial em Lippia alba
(Mill.) N.E.Br. verbenaceae, conhecida como erva-cidreira, apresentaram
aumento da biomassa em todos os tratamentos que receberam adubação,
em relação ao tratamento testemunha, na ordem de 30,00%, 60,95%,
91,27% e 106%, respectivamente (Ming et al., 1998).
Resultados positivos também foram verificados, quando se utilizou
adubação orgânica com esterco de galinha e adubação verde com mucuna
preta, Mucuna aterrima (Piper et Tracy) Holland, na Estação Experimental de
Monte Alegre do Sul (Instituto Agronômico de Campinas), tendo um
acréscimo de 64% na produção e modificação nos teores de fósforo e cálcio
22
(Rodrigues Filho et al., 1996) e de 45,2% na produção de trigo, quando
consorciada com lab lab e incorporada à cultura do trigo, em rotação com
milho, em relação à incorporação única de restos de cultura do milho na
presença ou ausência de adubação nitrogenada sob Latossolo Vermelho
escuro de textura argilosa (Arf et al., 1999).
Scivittaro et al. (2004) constataram que a incorporação da mucuna
preta promoveu aumento da produção de matéria seca e da absorção de N
por plantas de arroz, representando uma alternativa ao suprimento do
nutriente para as culturas, substituindo ou complementando a adubação
mineral.
Ambrosano et al. (2003) estudaram a mineralização do nitrogênio
derivado da mucuna preta, C. juncea, e restos culturais de feijoeiro,
incorporados em dois solos: Latossolo Vermelho eutroférrico textura
argilosa, A moderado (Lvef) e Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico
tetextura arenosa/média, A moderado (Avad) e concluiram que a mucuna
preta contribuiu em maior proporção do nitrogênio mineral do solo,
principalmente na parte aérea, sendo que a mineralização maior foi no solo
Argissolo Vermelho-Amarelo.
A mucuna preta é uma leguminosa anual, empregada como adubação
verde e forrageira (Nakagawa et al., 2005). É a espécie que apresenta maior
taxa de cobertura do solo, em relação a outras espécies como a C. juncea, o
guandu e o feijão bravo-do-ceará (Sodré Filho et al., 2004). Com o objetivo
de avaliar as modificações nas populações de plantas espontâneas por
leguminosas usadas como adubo verde, Favero et al. (2001) verificaram que
a mucuna preta demonstrou maior potencial para cobertura do solo e
supressão de plantas espontâneas em relação a outras leguminosas
utilizadas.
A adubação verde com mucuna preta, Crotalaria juncea L., Crotalaria
ochroleuca G. Don. e guandu (Cajanus cajan L.) nos cerrados do Centro
Nacional de Pesquisa do Solo (CNPS) de Senador Canedo-GO, indicou que
o atraso da semeadura de leguminosas reduz as fitomassas verde e seca,
exceto as produzidas pela mucuna preta (Amabile et al., 2000).
3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Área de Estudo 3.1.1 Local
Os estudos fenológicos foram realizados no Parque Estadual da
“Serra Azul”, no município de Barra do Garcas-MT, com as coordenadas
geográficas 15° 51' 58” de Latitude S e 52º 15' 37” de Longitude W, à 645 m
de altitude (Figura 1).
O local de plantio localiza-se no município de Pontal do Araguaia-MT,
Rodovia MT-100, km 3,5 (Campus do Instituto de Ciências e Letras do Médio
Araguaia-UFMT) com as coordenadas geográficas 15º 55' 08” de Latitude S
e 52º 16’ 44” de Longitude W, medindo 1350 m² e com altitude de 356 m,
distante 5760 m da área de estudos de fenologia. 3.1.2 Vegetação
A vegetação nas duas áreas é caracterizada como cerrado (s.s.) em
diferentes estágios de degradação.
3.1.3 Clima A precipitação e as temperaturas máximas, médias e mínimas estão
apresentadas na Figura 2. A precipitação durante o período de estudo foi de
1586,0 mm em 2004 e 1393,1 mm em 2005, e os valores mensais mais
altos foram 483,7 mm em janeiro de 2004 e 390,1 mm em janeiro de 2005.
Nos meses de junho e agosto de 2004 e julho e agosto de 2005 não choveu.
24
Figura 1. Distribuição das plantas de L. pacari, no Parque Estadual da
“Serra Azul”, em Barra do Garças-MT.
25
As temperaturas mais altas foram registradas nos meses de setembro
de 2004 e novembro de 2005, e as menores de maio a agosto (2004/2005).
Os dados foram coletados na estação meteorológica localizada em
Aragarças-GO, a aproximadamente 4 e 5 km das áreas de estudo de cultivo
e de fenologia, respectivamente.
0
5
10
15
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04fe
v/04
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/04
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/04
tem
pera
tura
(°C
)
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prec
ipita
ção
(mm
)
Temp.médiaTemp.máximaTemp.mínimaPrecipitação
jun/
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ago/
04
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nov/
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v/05
mar
/05
abr/0
5
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/05
jun/
05ju
l/05
ago/
05se
t/05
out/0
5no
v/05
dez/
05meses
O solo utilizado no plantio foi um Neossolo Quartzarênico órtico típico,
conforme o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2005).
3.1.4 Solo
Figura 2. Dados pluviométricos e de temperaturas da região de Barra do
Garças-MT, 2004/2005. Fonte: 10º Disme/Min.Agricultura
(Estação-83368).
O cálcio e o magnésio tiveram teores médios de 0,2-0,5 e 0,2-0,3
cmolc.dm-3, respectivamente, e o teor de alumínio foi de 0,45-1,0 cmolc.dm-3.
De acordo com os resultados da análise química e física do solo na
área de plantio (Tabelas 1 e 2), que seguiram os métodos da EMBRAPA
(1997), verificou-se que o pH da área variou de alta a média acidez (pH 3,5-
4,7).
TABELA 2. Características química e física do solo, Neossolo Quartzarênico órtico típico, na profundidade de 0-20 cm,
quatro meses após a capina das leguminosas usadas como adubo verde.
TABELA 1. Características química e física do solo, Neossolo Quartzarênico órtico típico, na prufundidade de 0-20 cm,
antes da adubação verde.
H+AI AI Ca+Mg K P M.O. Areia Silte Argila SB TpH7,0 V
H2O CaCl2 g.dm-³ %
4,7 3,5 2,96 0,45 0,9 7,04 0,68 99,5 876 74 50 0,9 3,86 22,9
cmolc.dm-³
pH
cmolc.dm-³ Mg.dm-³ g.kg-1
SB = Soma de Bases (Ca + Mg + K); TpH7,0 = SB +H+ Al; V% = TpH7,0/SB x 100
Fonte: Laboratório da FAMEV-UFMT.
P K Ca+Mg2 Ca Mg Al H M.O. N total C/N
H2O CaCl2 g.dm-3 %
Mucuna preta 4,7 4 6,1 23 0,8 0,5 0,3 0,8 2,8 14,4 0,1 0,7
Feijão de porco 4,6 3,9 9,4 22 0,6 0,4 0,2 0,9 2,8 13,9 0,1 0,8
Sem Adubação 4,5 3,8 3,2 20 0,4 0,2 0,2 1 2 11,9 1
H
g.dm-3 cmolc.dm-3Adubação
0,1
P
M
m
26
m
1,0 0,10
0,11
0,10
Fonte: Laboratório Agro Análise (Cuiabá-MT).
4,0
p
27
A percentagem de nitrogênio, aos quatro meses após a capina das
leguminosas, aumentou de 0,07 para 0,11%, nas parcelas sem e com
adubação verde, respectivamente. O solo é de textura arenosa, com 876 g
kg-1 da fração areia contra 74 g kg-1 e 50 g kg-1 das frações silte e argila,
respectivamente. O teor de fósforo variou entre 0,68 e 9,4 mg dm-3, e o de
potássio entre 7,0 e 23 mg dm-3 (Tabelas 1 e 2) . 3.2 Estudos Fenológicos
Num período de 24 meses, de janeiro/2004 a dezembro/2005,
avaliou-se a fenologia e o desenvolvimento de 29 indivíduos, em uma área
de 10.000 m2 (Figura 1).
A cada 30 dias foram observados e anotados o número de flores, de
frutos e de folhas caídas. Também foi observado a cada mês, anotando-se
os meses de ocorrência e de maior intensidade das fenofases.
3.3 Estudos Sobre Crescimento 3.3.1 Em Condições Naturais
Avaliações sobre o crescimento foram realizados com o mesmo grupo
de 29 indivíduos estudados quanto à fenologia, no mesmo período. Para
cada árvore foram tomadas medidas de número de ramificações, altura e
diâmetro à altura do peito (DAP).
3.3.2 Em Plantio 3.4 Preparo do Solo
A área experimental foi queimada e limpa (capina e catação manual
de restos vegetais), após ter sido roçada manualmente. Permaneceu com a
vegetação invasora até o plantio das leguminosas, utilizadas na adubação
verde, em abril de 2004, quando foi feita outra capina. Após o plantio das
leguminosas o local foi cercado com arame farpado e tela, para evitar
entrada de animais silvestres, e irrigada com mangueiras perfuradas. A cada
28
30 dias a área foi carpida para a retirada das plantas invasoras.
3.5 Adubação A adubação da área experimental foi feita utilizando-se os adubos
verdes, mucuna preta e feijão de porco, como fonte de nutrientes. No plantio
utilizou-se de dois adubos orgânicos: o esterco bovino, curtido e a torta de
mamona. Foram aplicados, por cova, 5 kg de esterco bovino e 0,3 kg de
torta de mamona.
As dimensões das covas para o plantio, nos tratamentos com
adubação verde, foram de 20 cm x 50 cm, com uma semente por cova, na
profundidade de 4-5 cm e, nos tratamentos com esterco e torta de mamona,
foram de 30 x 30 x 30 cm. As dimensões das covas preparadas para as
plântulas que não receberam adubação com esterco ou torta de mamona,
foram as mesmas dos tubetes usados na produção das mudas (3,0 x 13,0
cm).
As sementes da mucuna e do feijão de porco foram semeadas no
final do mês de abril de 2004 e a capina foi realizada no final do mês de
agosto, 140 dias após o plantio, para a incorporação no período chuvoso, de
outubro a abril. 3.6 Produção de Mudas
As mudas foram produzidas em viveiro, com sementes coletadas em
setembro de 2004, nos indivíduos, no Parque Estadual da “Serra Azul”. As
sementes de L. pacari, foram previamente selecionadas e colocadas para
germinar em tubetes de polipropileno, com dimensões de 3,0 x 13,0 cm,
previamente preenchidos com o mesmo solo da área experimental, sem
qualquer tratamento. Semeou-se duas sementes de L. pacari por tubete,
posicionadas verticalmente. Quando apresentaram 3-4 cm de altura, foi feita
a repicagem de uma plântula para outro tubete.
3.7 Plantio das Mudas O plantio das mudas na área experimental foi efetuado em janeiro de
29
2005, quando as plântulas estavam com 3 meses de idade, 4-9 cm de altura
e apresentavam 8-12 folhas. As plantas que morreram, de um total de 1350,
foram substituídas até 30 dias após o plantio. Foram realizadas capinas a
cada 60 dias e irrigação, no período mais seco, maio a outubro, durante o
desenvolvimento das plantas, em 2005.
Foi efetuada a semeadura de gergelim nas margens do experimento
como íscas para combater formigas cortadeiras.
3.8 Observações de Campo
Em cada parcela, com dez plantas, foram observados na área
experimental: (1) ”Estande inicial”: obtido por meio de contagem das plantas
com um mês em cada parcela; (2) “Estande final”: obtido por meio de
contagem das plantas no encerramento do experimento. A cada trinta dias
foi medido em cada indivíduo: (3) o diâmetro do colo, e (4) a altura, e
contado: (5) o número de folhas; (6) o número de ramificações; (7) o número
de brotações e (8) o número de folhas caídas, calculado pela diferença da
leitura anterior.
As observações mensais do desenvolvimento das plantas foram
organizadas em gráficos para cada característica.
3.9 Análises Estatísticas
Na condução do experimento, no plantio, foi utilizado o delineamento
experimental inteiramente casualizado no esquema de parcelas sub-
divididas com cinco repetições. As análises dos dados foram feitas
empregando-se o programa SAEG-Sistema Para Análises Estatísticas e
Genéticas (Euclydes,1983), obtendo-se análise de variância e teste de
médias (Tukey a 5% de probabilidade).
30
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Fenologia
As fenofases reprodutivas são dependentes do ambiente onde se
desenvolvem e, portanto, os estudos da fenologia reprodutiva devem ser
específicos, considerando as populações de interesse (Mantovani et al.,
2003).
A distribuição mensal, em percentagem, das plantas de L. pacari com
as fenofases, indicou presença de flores nos meses de abril a julho de 2004
e abril a agosto de 2005, com maior intensidade da fenofase nos meses de
maio de 2004 e junho de 2005 (Figura 3). Tais resultados são similares aos
encontrados por Tonello (1997), de que a floração em Mato Grosso inicia-se
no final das chuvas, em abril, prolongando-se durante a seca, quando ocorre
a frutificação, e por Carvalho (1994), que verificou a floração de L. pacari nos
meses de abril a junho em MT e de abril a agosto em MS.
No sul do país, Carvalho (1994) e Agostini e Sazima (2003)
verificaram a floração nessa espécie, de setembro a março em SP, de
outubro a janeiro em SC, de outubro a março no PR e de novembro a janeiro
no RS. Verificou-se presença de frutos nos meses de junho a setembro de
2004 e de julho a agosto de 2005 (Figura 3). O amadurecimento dos frutos e
dispersão das sementes ocorreram com maior intensidade nos meses de
setembro de 2004 e agosto de 2005, coincidindo com a época de frutificação
verificada por Carvalho (1994).
Para Carvalho (1994) os frutos amadurecem em agosto, no Distrito
31
Federal; em setembro, em Mato Grosso; de fevereiro a junho, no Rio Grande
do Sul; de abril a outubro, no Paraná e em São Paulo. Gouveia e Felfili
(1998), afirmam que o amadurecimento dos frutos das espécies mais
abundantes no cerrado, no final da estação seca, parece ser uma vantagem
competitiva para o êxito dessas espécies.
Entretanto, a frutificação de L. pacari durante a seca, período de
maior freqüência de incêndios no cerrado, facilita a queima de suas
sementes, as quais não possuem um envoltório protetor, o que pode ser
considerado como fator limitante na propagação dessa espécie (Tonello,
1997).
A abscisão das folhas iniciou-se no mês de julho de cada ano e
apresentou maior intensidade nos meses de setembro de 2004 e 2005 em
98 e 100%, respectivamente, com queda total das folhas, seguindo um
padrão similar ao encontrado por Pott e Pott (1994) e Silva Júnior (2005),
que observaram a abscisão foliar na espécie, de julho a setembro. Segundo
Tonello (1997) os primórdios foliares surgem entre agosto e novembro, em
Mato Grosso.
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04
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05
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5
mai
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jun/
05
jul/0
5
ago/
05
set/0
5
out/0
5
nov/
05
dez/
05
meses
plantas com flores plantas com frutos plantas sem folhas
Figura 3. Distribuição mensal, em percentagem, de plantas de Lafoensia
pacari St. Hil. com as fenofases ao longo de 2004 e 2005.
Perc
enta
gem
de
plan
ten
of...
.as
esas
com
as
f
32
Figura 4. Lafoensia pacari St. Hil. : planta jovem (A); planta adulta n° 22,
morta em função da retirada da casca (B) e (C); flor (D); fruto (E)
e sementes (F), do Parque Estadual da “Serra Azul”.
33
A floração, a frutificação e a abscisão foliar são sazonais e coincidem
com o período de seca: abril a outubro (Figuras 2 e 4). A sazonalidade em
vegetações do cerrado exerce grande influência nos eventos fenológicos,
com os meses de maio a setembro correspondendo à época seca e os de
outubro a abril, à das chuvas, sendo essas estações, também, as de
menor e maior umidade relativa e temperatura (Felfili et al.,1999). Porém, a
diversidade de estratégias fenológicas entre plantas de cerrado, evidencia
que as variações sazonais não são determinantes exclusivos do processo
reprodutivo (Oliveira, 1998).
4.2 Estudos Sobre Crescimento 4.2.1 Em Condições Naturais
Essa espécie apresenta potencial para paisagismo (Silva Júnior,
2005), pois é uma planta de bela arquitetura, com flores vistosas, justificando
o seu uso como espécie ornamental (Tonello, 1997).
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1/5/
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1/6/
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1/7/
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1/8/
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1/9/
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1/10
/05
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/05
1/12
/05
meses
mifi
caçõ
es
Figura 5. Ramificações em L. pacari, média de 29 plantas, na região de
Barra do Garças-MT, no período de 2004/2005.
núm
ero
da
e r
34
O número médio de ramificações, verificados nessa espécie, no
Parque Estadual da “Serra Azul”, nos anos de 2004 e de 2005 não foi
constante (Figura 5). O maior número de ramificações ocorreu entre os
meses de outubro e dezembro de 2005, durante o período chuvoso do ano
(Figura 2); no restante dos meses houve pouca variação. Daí a importância
desse estudo para justificar a necessidade da irrigação nessa espécie, no
período de seca, quando utilizada para fíns ornamentais.
As plantas observadas no Parque Estadual da “Serra Azul”, em Barra
do Garças-MT, não apresentaram variações relevantes quanto ao diâmetro
do colo e à altura do peito, mas a altura apresentou um acréscimo médio de
50 cm no final das observações (Figura 6). Esse pequeno crescimento do
diâmetro de L. pacari, pode ser um indicativo de que as plantas observadas
já tenham atingido a fase adulta.
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3
4
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/05fev
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5se
t/05ou
t/05
nov/0
5
dez/0
5
meses do ano
diâm
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(cm
)
0
50
100
150
200
250
300
altu
ra (c
m)
Diâmetro a altura do peito Diâmetro do coloAltura
Figura 6. Altura e diâmetros de L. Pacari, média de 29 plantas em condições
naturais (2004/2005).
35
4.2.2 Em Plantio
Resultados verificados em uma área de cerrado em Nossa Senhora
do Livramento-MT por Tonello (1997) evidenciaram que a densidade
absoluta dessa espécie foi de 19,09 e 84,54 plantas ha-1, respectivamente,
em duas áreas amostradas, apresentando um padrão agregado de
distribuição populacional, podendo, portanto, ser realizado plantio com maior
densidade de indivíduos.
4.2.2.1 Germinação O início da germinação de L. pacari ocorreu aos 3 dias após a
semeadura e aos 16 dias apresentou índice de 85% de sementes
germinadas (Figura 7), concordando em partre com Carvalho (1994) e Silva
Júnior (2005) de que a germinação é epígea e inicia-se entre 9 e 60 dias
após a semeadura, com taxas de até 90% em 180 dias.
As plântulas que foram repicadas com 3-4 cm de comprimento, de um
tubete com duas mudinhas, para outro, tiveram menor desenvolvimento do
sistema radicular e, portanto, menor desenvolvimento a campo, em relação
às outras, o que pode ter ocasionado o maior índice de plantas mortas, nos
primeiros meses subseqüentes ao plantio. Do total de 450 mudas que foram
estudadas na área experimental, 43 plantas ( 9,5%) morreram durante a
condução dos experimentos.
Carvalho (1994) recomenda semear em sementeiras e depois repicar
as plântulas para sacos de polietileno com dimensões mínimas de 18 cm de
altura por 7 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno de tamanho
médio. A repicagem deve ser feita quando aparecerem as primeiras folhas
definitivas, duas a quatro semanas após a germinação, tendo a raiz principal
cerca de 5 cm de comprimento: as sementes de L. pacari não apresentam
dormência, uma semana após a semeadura, aumentam consideravelmente
de volume e ficam cobertas por um gel mucilaginoso.
Para Carvalho (1994) e Pott e Pott (1994) mudas com 20 a 60 cm de
altura são adequadas para o plantio, entretanto, as mudas de L. pacari foram
plantadas com apenas 4-9 cm de altura (Figura 7).
36
Figura 7. L. pacari, em janeiro de 2005, 3 a 90 dias após a semeadura.
37
O plantio foi efetuado com as medidas das mudas inferiores às
recomendadas por Carvalho (1994) e Pott e Pott (1994) para coincidir com o
pico do período das chuvas, em janeiro de 2005.
Fatores como o aquecimento do solo, ocasionado pela temperatura
alta no início do ano, janeiro a abril, a evapotranspiração, a precipitação
relativamente baixa (Figura 2), e a textura arenosa do solo, com baixa
retenção de água (Tabela 1), podem ter contribuido para a desidratação
dessas plantas. Quatro plantas, desse total, morreram, após serem cortadas
por formigas e uma, em decorrência do ataque de cupins ao sistema
radicular. 4.2.2.2 Observações de Campo
O maior valor médio em diâmetro, aos 12 meses, foi de 2,9 cm
(Tabela 3). Esse valor condiz com as observações de Carvalho (1994) e
Silva Júnior (2005) que afirmam que no cerrado o crescimento de L. pacari é
lento e as plantas atingem até 26 cm de diâmetro.
TABELA 3. Diâmetro médio das plantas de L. pacari, com um ano de cultivo,
com e sem adubação orgânica, em Pontal do Araguaia-MT,
2005. Adubação no plantio* Adubação verde
Sem
adubação
Com esterco
no plantio
Com torta de mamona
no plantio
Sem adubação 1,0bB 2,5aA 1,3bA
Adubação com feijão de porco 1,1cB 2,9aA 1,8bA
Adubação com mucuna preta 1,7bA 2,4aA 1,8abA
C. V. = 8,93 *As letras minúsculas foram utilizadas para comparar as médias dentro da linha e as letras maiúsculas para
comparar as médias dentro das colunas pelo teste de Tukey a 5%.
Nos tratamentos com e sem adubação verde, verificou-se que o
diâmetro do colo apresentou o mesmo padrão de crescimento ao longo de
um ano (Figura 8).
38
0
0 ,5
1
1 ,5
2
2 ,5
3
3 ,5
jan fev m ar abr m a i jun ju l ago se t ou t nov dez
m eses
diâm
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(cm
)
sem adubação no p lan tiocom este rco no p lan tiocom to rta de m am ona no p lan tio
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jan fev mar abr mai jun ju l ago set out nov dez
meses
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(cm
)
sem adubação no p lantiocom esterco no p lantiocom torta de mamona no p lantio
0
0,5
1
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2
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3
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
meses
diâm
etro
(cm
)
sem adubação no plantiocom esterco no plantiocom torta de mamona no plantio A
C
B
Figura 8. Diâmetro do colo de L. pacari, cultivada sem adubação verde (A),
com feijão de porco (B) e com mucuna preta (C).
39
No período de janeiro a maio houve pouca variação entre os
tratamentos de adubação no plantio, mas a partir de junho a adição de
esterco proporcionou os maiores valores de diâmetro.
Em condições naturais possivelmente o comportamento das plantas
seria diferente, pois nos meses de maio a setembro não há precipitação na
região de estudo. Entretanto, no presente trabalho, a irrigação foi efetuada
no período de seca e, por isso ocorreu crescimento em diâmetro de L.
pacari.
As plantas de L. pacari apresentaram desenvolvimento médio em
altura variando de 52,5 a 181 cm. A maior altura das plantas, média de 181
cm, ocorreu de setembro a dezembro, coincidindo com o período das chuvas
(Tabela 4). Esse maior crescimento ocorreu nas plantas que receberam
adubação verde com feijão de porco e esterco bovino no plantio. (Figura
9B). Verificou-se, entretanto, que aquelas que não receberam adubação no
plantio foram as que tiveram as menores taxas de crescimento.
TABELA 4. Altura média das plantas de L. pacari, com um ano de cultivo,
com e sem adubação orgânica, em Pontal do Araguaia-MT,
2005. Adubação no plantio* Adubação verde
Sem
adubação
Com esterco
no plantio
Com torta de mamona
no plantio
Sem adubação 52,5cB 155,9aAB 86,9bB
Adubação com feijão de porco 64,3cB 181,0aA 118,3bA
Adubação com mucuna preta 96,3bA 147,4aB 117,1bA
C. V. = 18,19 *As letras minúsculas foram utilizadas para comparar as médias dentro da linha e as letras maiúsculas para comparar as médias dentro das colunas pelo teste de Tukey a 5%.
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meses
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sem adubação no plantiocom esterco no plantiocom torta de mamona no plantio
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meses
altu
ra (c
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sem adubação no plantiocom esterco no plantiocom torta de mamona no plantio
0
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40
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80
100
120
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160
jan fev m ar abr m a i jun ju l ago se t ou t nov dez
m eses
altu
ra (c
m)
sem adubação no p lan tiocom esterco no p lan tiocom to rta de mam ona no p lan tio
B
C
A
Figura 9. Altura de L. pacari, cultivada sem adubação verde (A), com feijão
de porco (B) e com mucuna preta (C).
41
O número médio de ramos apresentou pouca variação em todos os
tratamentos (Tabela 5). A maior variação verificada ocorreu nas plantas
cultivadas com adubação verde que receberam esterco no plantio (Figura
10B e 10C).
TABELA 5. Número médio de ramos das plantas de L. pacari, com um ano
de cultivo, com e sem adubação orgânica, em Pontal do
Araguaia-MT, 2005. Adubação no plantio* Adubação verde
Sem
adubação
Com esterco
no plantio
Com torta de mamona
no plantio
Sem adubação 3,4bA 19,1aA 6,0bB
Adubação com feijão de porco 4,4cA 22,7aA 9,6bAB
Adubação com mucuna preta 7,0bA 16,4aA 11,4abA
C. V. = 17,02 * As letras minúsculas foram utilizadas para comparar as médias dentro da linha e as letras maiúsculas para
comparar as médias dentro das colunas pelo teste de Tukey a 5%. Os dados foram transformados em raiz (X+0,5)
antes da análise de variância.
A adubação verde com feijão de porco, antes da aplicação de esterco no
plantio, favoreceu o aumento médio de ramos das plantas (Figura 10B). O
feijão de porco melhora as características químicas em solos arenosos, com
baixa capacidade de retenção de nutrientes, pobres em matéria orgânica,
conseqüentemente, deficientes em N, aumentando os teores de MO, do Ca
trocável e o valor da CTC na camada de 0-10 cm de profundidade (Faria et
al., 2004), resultando, de acordo com Heinrichs et al. (2005), em acúmulo de
macronutrientes.
A adubação verde com mucuna preta, também favoreceu o aumento do
número médio de ramos das plantas de L. pacari, quando estas receberam
incremento de esterco bovino no plantio (Figura 10C). Essa leguminosa
promove aumento da produção de matéria seca e da absorção de N, P e Ca
(Rodrigues Filho et al., 1996; Ambrosano et al., 2003; Scivittaro et al., 2004),
nutrientes importantes na emissão de ramos e brotos.
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essem adubação no p lantiocom esterco no p lantiocom torta de mamona no p lantio
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meses
núm
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sem adubação no p lantiocom esterco no p lantiocom torta de mamona no plantio
0
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jan fev m ar ab r m a i ju n ju l ag o se t ou t no v de z
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de ra
mifi
caçõ
es
s e m ad uba ção no p lan tioco m es te rco no p lan tioco m to rta d e m a m on a n o p la n tio
B
C
A
Figura 10. Número de ramificações de L. pacari, cultivada sem adubação
verde (A), com feijão de porco (B) e com mucuna preta (C).
43
Entretanto, a mucuna não apresentou floração aos 140 dias após o
plantio, não completando assim, o seu ciclo, o que pode ter comprometido a
produção de fitomassa, refletindo em menor resultado na adubação das
plantas de L. pacari, em relação às plantas adubadas com feijão de porco
(Figura 11).
Embora Amabile et al. (2000) terem afirmado que o atraso da semeadura
não reduz as fitomassas verde e seca produzidas pela mucuna preta, estudo
feito por Santos (2001) apresentou resultados diferentes.
Foi verificado que as condições metereológicas afetam a produção de
fitomassa seca, o número de dias para o florescimento e a altura das plantas
de mucuna preta: as maiores produções em fitomassa seca ocorrem nas
semeaduras de novembro, dezembro e janeiro e, o número de dias para o
florescimento nas épocas mais tardias (maio, junho e julho) são afetados
pela redução da temperatura e deficiências hídricas (Santos, 2001).
A mucuna foi plantada na área experimental de Pontal do Araguaia no
final do mês de abril e, no experimento conduzido por Amabile et al (2000),
nos meses de novembro, janeiro e março, portanto, no período das chuvas.
O feijão de porco apresentou floração aos 72 dias após o plantio
(Figura 12). A relação C/N desta leguminosa foi maior do que a da mucuna
preta (Tabela 8), indicando maior disponibilização de nutrientes pelo feijão
de porco. Além desses indicadores, o maior desenvolvimento das plantas de
L. pacari, adubadas com feijão de porco pode ter ocorrido em função de esta
espécie apresentar maior agressividade, ter um sistema radicular mais
desenvolvido e ser menos exigente, produzindo mais fitomassa e
disponibilizando mais nutrientes do que a mucuna.
O número médio de brotações (ramificações novas) também
apresentou pouca variação em todos os tratamentos realizados (Tabela 6 e
Figura 13). O maior nùmero de brotações foi verificado no período chuvoso,
de outubro a dezembro (Figura 2).
44
Figura 11. Mucuna preta aos 140 dias após a semeadura em Pontal do
Araguaia-MT, em 2004.
Figura 12. Feijão de porco, aos 50 dias após a semeadura e aos 72 dias, no
início da floração em Pontal do Araguaia-MT, em 2004.
45
TABELA 6. Número médio de brotações das plantas de L. pacari, com um ano de cultivo, com e sem adubação orgânica, em Pontal do Araguaia-MT, 2005.
Adubação no plantio* Adubação verde
Sem
adubação
Com esterco
no plantio
Com torta de mamona
no plantio
Sem adubação 0,7bA 3,6aA 1,0bA
Adubação com feijão de porco 1,0aA 3,1aA 2,0aA
Adubação com mucuna preta 2,1aA 3,0aA 2,3aA
C. V. = 1,91 * As letras minúsculas foram utilizadas para comparar as médias dentro da linha e as letras maiúsculas para
comparar as médias dentro das colunas pelo teste de Tukey a 5%. Os dados foram transformados em raiz (X+0,5)
antes da análise de variância.
O número de folhas aumentou (Figura 14), sendo que a maior
quantidade, 259 a 302 folhas em média, foi registrada no início da estação
das chuvas, de outubro a dezembro (Figura 2), nas plantas de L. pacari que
receberam esterco bovino no plantio (Tabela 7). O esterco bovino melhora
as condições para o desenvolvimento e funcionamento das raízes,
promovendo grande resposta em crescimento vegetativo (Ming et al.,1998;
Malavolta, 1979).
A queda de folhas também não foi significativa para todos os
tratamentos utilizados (Figura 15).
TABELA 7. Número médio de folhas das plantas de L. pacari, com um ano
de cultivo, com e sem adubação orgânica, em Pontal do Araguaia-MT, 2005.
Adubação no plantio* Adubação verde
Sem
adubação
Com esterco
no plantio
Com torta de mamona
no plantio
Sem adubação 73bB 259aA 106bB
Adubação com feijão de porco 92cAB 302aA 156bAB
Adubação com mucuna preta 129bA 234aA 170abA
C. V. = 14,20 *As letras minúsculas foram utilizadas para comparar as médias dentro da linha e as letras maiúsculas para
comparar as médias dentro das colunas pelo teste de Tukey a 5%. Os dados foram transformados em raiz (X+0,5)
antes da análise de variância.
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sem adubação no plantiocom esterco no plantiocom torta de mamona no plantio
A
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meses
núm
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de b
rota
ções
sem adubação no plantiocom esterco no plantiocom torta de mamona no plantio
C
0123456789
10111213141516
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dezmeses
núme
ro de
brota
ções
sem adubação no plantiocom esterco no plantiocom torta de mamona no plantio
Figura 13. Número de brotações de L. pacari, cultivada sem adubação verde
(A), com feijão de porco (B) e com mucuna preta (C).
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200
250
300
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sem adubação no plantiocom esterco no plantiocom torta de mamona no plantio
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50
100
150
200
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meses
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lhas
sem adubação no plantiocom esterco no plantiocom torta de mamona no plantio
B
C
A
Figura 14. Número de folhas de L. pacari, cultivada sem adubação verde
(A), com feijão de porco (B) e com mucuna preta (C).
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núm
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sem adubação no p lan tiocom este rco no p lan tiocom torta de mamona no p lan tio
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3
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meses
núm
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de fo
lhas
caí
das
sem adubação no plantiocom esterco no p lantiocom torta de mamona no p lantio
C
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1
2
3
4
5
6
7
ja n fe v m a r a b r m a i ju n ju l a g o s e t o u t n o v d e z
m e s e s
núm
ero
de fo
lhas
cai
das
s e m a d u b a ç ã o n o p la n tioc o m e s te rc o n o p la n tioc o m to r ta d e m a m o n a n o p la n tio
B
A
Figura 15. Número de folhas caídas de L. pacari, cultivada sem adubação
verde (A), com feijão de porco (B) e com mucuna preta (C).
49
Como os ramos de L. pacari são flexíves, ocasionaram a maior
intensidade de queda de folhas nos meses de setembro a outubro em
função da ação dos ventos que antecedem o período chuvoso.
Os maiores valores de altura, diâmetro, número de folhas, de ramos e
de brotações ocorreram aos doze meses após o plantio, quando se aplicou
esterco bovino no plantio, independentemente da adubação verde (Figura
16).
F
u
d
c
m
f
i
A
B C
ig
m
ife
on
el
olh
nde
ura 16. L. pacari cultivada sem adubação (A), com
com esterco bovino no plantio (C).
No município de Campo Novo dos Parecis-MT
experimento durante 13 meses com plantas de
rentes épocas, submetidas à adubação orgânica
cluiu que a incorporação da matéria orgânic
horia da cultura quanto ao desenvolvimento em
as e ao diâmetro à altura do solo em relação às
pendentemente da época de plantio.
torta de mamona (B) e
, Paula (2003) conduziu
L. pacari plantadas em
com esterco bovino, e
a no solo resultou em
altura, ao número de
plantas não adubadas,
50
Oliveira et al. (2002), avaliando o efeito de doses de esterco bovino,
na presença e ausência de adubo mineral sobre o rendimento do coentro
(Coriadrum sativum L.), verificou que, na ausência de adubo mineral, o
número de molhos de coentro aumentou com a elevação das doses de
esterco, na ordem de 3,0 molhos para cada kg de esterco bovino adicionado
ao solo.
Entretanto, a adubação com torta de mamona não favoreceu o
desenvolvimento das plantas, em nenhum dos tratamentos utilizados com
adubação verde, porém, quando se comparou as adubações no plantio,
verificou-se que a adubação com torta de mamona foi melhor do que o
tratamento sem adubação no plantio (Tabelas 4 a 8).
Sendo que 100 kg de torta de mamona possui de 5-6 kg de N, 2,3 kg
de P2O5 e 1,5 a 2 kg de K2O, enquanto que uma tonelada de esterco bovino
tem 5 kg de N, 2,5 kg de P2O5 e 5 kg de K2O (Malavolta, 1979). Porém, o
resultado da análise química da torta utilizada na adubação de L. pacari,
apresentou percentuais inferiores aos verificados por Malavolta (1979). Em
100 kg de torta verificou-se apenas 0,98 kg de N, 0,96 kg de P2O5 e 0,72 kg
de K2O (Tabela 8).
TABELA 8. Características químicas da torta de mamona, utilizada na
adubação de L. pacari. P2O5 (%) CNA + H2O P2O5 (%) Total K2O (%) Ca (%) S (%) M.O. (%) N (%)
0,67 0,96 0,72 3,6 3,52 44,8 0,98 Fonte: Laboratório Agro Análise (Cuiabá-MT).
Segundo Severino et al. (2004) a decomposição da torta de mamona
é muito mais rápida que a do esterco bovino; ao final de 33 dias de
incubação, apresenta mineralização de 35 mg.kg-1 de CO2 enquanto que no
esterco bovino esse valor é de apenas 5 mg.kg-1 de CO2.
O solo utilizado para o plantio, no presente estudo, é de textura
arenosa, promovendo a lixiviação de parte desses minerais e o maior
desenvolvimento das plantas de L. pacari, apenas na fase inicial. Severino et
al. (2004) explica que, se os nutrientes forem imediatamente disponibilizados
no solo, podem ser perdidos por volatilização (principalmente o nitrogênio),
51
fixação (fósforo) ou lixiviação (principalmente o potássio).
Para Severino et al. (2004) essa rápida decomposição ocorre devido
aos altos teores de nitrogênio, fósforo e potássio presentes na torta, além de
se ter submetido o material a condições ótimas para a atividade microbiana:
alta umidade, boa aeração e temperatura em torno de 28 ºC. Essas
condições são semelhantes às verificadas na área experimental onde foram
cultivadas as plantas de L. pacari, em Pontal do Araguaia-MT.
Por outro lado, o esterco bovino melhora os aspectos químicos,
físicos e biológicos do solo (Ming et al.,1998; Malavolta, 1979), aumenta a
estabilidade de agregados e a retenção de água, favorecendo a
disponibilização dos nutrientes de forma mais lenta que a torta, (Malavolta,
1979; Severino et al., 2004). Observou-se que tais características permitiram
o melhor desenvolvimento das plantas de L. pacari, durante o período de
condução dos experimentos.
Embora essa espécie ocorra em solos ácidos, pedregosos, de textura
que varia de franco-argilosa a argilosa, com pH entre 4,5 e 5,5, com tor de
matéria orgânica variando de médio a baixo e com carência generalizada de
nutrientes como o fósforo e o nitrogênio, além de apresentar com freqüência,
altas taxas de aluminio (Ribeiro e Walter, 1998), essa espécie, em
experimentos, tem crescido melhor nos solos de boa fertilidade, bem
drenados e com textura argilosa (Carvalho, 1994).
5. CONCLUSÕES 5.1 Aspectos Ecológicos 5.1.1 Fenologia
As fenofases das plantas de L. pacari, observadas em Barra do
Garças-MT, são sazonais, com floração nos meses de abril a agosto,
frutificação de junho a setembro e queda de folhas de julho a setembro, no
final da estação seca.
5.2 Aspectos Agronômicos 5.2.1 Germinação A germinação inicia-se no terceiro dia após a semeadura e aos
dezessei dias apresenta índice de 85%.
5.2.2 Adubação Orgânica As plantas de Lafoensia pacari St.Hil., submetidas à adubação com
esterco bovino no plantio, apresentaram maior desenvolvimento em altura,
diâmetro, número de folhas, número de ramos e brotações, em todos os
tipos de adubação verde aplicados, principalmente com feijão de porco.
O esterco bovino, curtido, na proporção de 5kg por cova, é necessária
para obter crescimento significativo sob condições de plantio.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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