ETAPA 1_ ART 1_ADMINISTRAÇÃO É CIÊNCIA OU ARTE
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FACULDADE CEARENSE
DEVANIA GOMES DA SILVA
RESENHA DO ARTIGO CIENTÍFICO: “ADMINISTRAÇÃO É CIÊNCIA OU ARTE?” O QUE PODEMOS APRENDER COM ESTE MAL ENTENDIDO?
Fortaleza/CE
2013
FACULDADE CEARENSE
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO E GERENCIA I
GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
DATA: 27/02/2013
RESENHA DO ARTIGO CIENTÍFICO: “ADMINISTRAÇÃO É CIÊNCIA OU ARTE?” O QUE PODEMOS APRENDER COM ESTE MAL ENTENDIDO?
Trabalho apresentado à disciplina de Fundamentos de Administração e Gerência I, como requisito parcial de avaliação, orientado pelo professor Leandro Belizário.
Fortaleza/CE
2013
“ADMINISTRAÇÃO É CIÊNCIA OU ARTE?” O QUE PODEMOS APRENDER COM ESTE MAL ENTENDIDO?
MATTOS, Pedro Lincoln C. L. de.
I. Resenhista
Devânia Gomes da Silva, graduanda em Administração de Empresas, Faculdade
Cearense – CE, Brasil.
II. Autor
MATTOS, Pedro Lincoln C. L. de. Professor do Centro de Ciências Sociais
Aplicadas, Universidade Federal de Pernambuco – PE, Brasil. [email protected]
III. Obra
Atribui grande importância ao processo de esclarecimentos sobre administração
ser ciência ou arte.
Total de 12 páginas.
Ao iniciar cada texto o autor lança indagações e, apresenta como possíveis
respostas, a citação de autores sobre o assunto em questão.
O artigo foi aprovado em Maio de 2009.
O artigo tem dois objetivos: “desvendar a ambiguidade da pergunta e, a partir
dela, examinar a adequação de discutir-se “cientificidade” em nosso saber”. A idéia é
estimular a discussão em públicos de classes e palestras de introdução à administração. A
princípio, a controvérsia é analisada pelo senso comum do grupo. Para análise aprofundada,
usa-se linguagem pragmática e semântica para o primeiro objetivo, para o segundo, teoria da
ciência. A obra incita a polêmica visando mostrar que administração é considerada ciência
por se tratar de um campo de estudo (saber), por outro, é arte no que diz respeito às
habilidades, competências baseadas na intuição, conforme autores citados no texto.
O DICTUM
Segundo Mattos (2009), para estimular a discussão do público de classes ou
palestras de introdução à administração, apraz ao professor lançar a pergunta: “O que vocês
acham: Administração é ciência ou arte?”. A polêmica inicia baseando-se no senso comum.
Para conceituar, o autor cita Pereira, Ferreira e Reis (1997, p. 17): “Costuma-se considerar
que um campo de estudos é uma ciência (...). Já a arte é considerada uma habilidade, o
desenvolvimento de habilidades ainda baseadas essencialmente na intuição (...). Arte é a
competência para conseguir um resultado concreto desejado”. (grifos do original). A
discussão estende-se pelos próximos tópicos com perguntas sucessivas que serão analisadas
por meio de linguagem pragmática, semântica e teoria da ciência.
POR QUE E QUANDO ALGUÉM FARIA ESSA PERGUNTA?
Para Mattos (2009), faz-se esta pergunta em determinadas situações de vida. Um
exemplo disso é o caso de professores ou palestrantes incitarem a curiosidade dos
participantes para a natureza da administração ou da competência administrativa. Outra
forma seria apenas para ativar a dúvida ou por quem procura certeza, embora tenha uma
resposta prévia. Conforme o autor, faria esta indagação, pessoas que se julgam
administradores racionais, ou outras que sentissem sua vocação intuitiva ameaçada.
A QUE ESTÁ SE REFERINDO MESMO QUEM FAZ A PERGUNTA?
Conforme o autor (MATTOS, 2009) do ponto de vista semântico, administração
significa o conhecimento, o saber, e não a prática em si. Em outras palavras, administração é
ciência no tocante ao saber, e arte, quando se referir à prática. Afirma ele que, analisando
dessa forma, ambos (ciência e arte) podem ter o mesmo valor, ou seja, “podem estar sob o
mesmo predicado”. Mostra no decorrer do texto que administração pode ser observada,
calculada, definida, e tem como pretensão a busca da certeza, portanto, cientificamente é
uma ciência. Explica que arte é uma habilidade baseada na intuição, “um jeito de lidar com
as pessoas”, de forma que há liberdade para se pensar e entender como quiser os contra
argumentos.
A SAGA DA CIÊNCIA RACIONAL, MODERNA E EXCLUDENTE
Mattos (2009) usou esse contexto para mostrar a visão de alguns estudiosos em
relação à frase (Administração é ciência ou arte?). Acrescenta que o termo é disjuntivo,
assim, “sendo uma coisa, não pode ser outra”. No Ocidente, defendia-se que a racionalidade
humana levava à verdade. Descartes acreditava na razão, na aplicação da lógica em busca da
certeza, e que arte, embora “fosse do espírito” e compartilhasse espaço com filosofia e
ciência, não contribuiria com “questões de verdade”. A oposição entre ciência e arte foi
oriunda da pretensão de exclusão da ciência empírica, já que aquela com termos exatamente
racionais, “requeria para si o status único da verdade sobre o mundo”. Enfim, após inúmeras
controvérsias, no século XX, fora reformulada a ideia de ciência, ocasionando uma aceitação
da arte e outros termos humanísticos por parte do Ocidente.
MAS ESTÁ A CIÊNCIA TÃO DISTANTE DE UMA ARTE?
O autor afirma que ciência é considerada uma arte (no sentido de craft, ofício),
pois as peças científicas e até mesmo pesquisa – embora baseadas em outras – são originais
e únicas. Ressalta haver “presença de espírito humano, criativo e estético” tanto na produção
artística como científica.
UMA “LINHA DIVISÓRIA” ENTRE CIÊNCIA E NÃO CIÊNCIA?
O texto inicia com uma questão que por muito tempo (desde o Séc. XIX até Séc.
XX) foi motivo de debate por estudiosos: indagar a respeito de um saber se este é ou não
uma ciência. Segundo ele (MATTOS, 2009), havia uma espécie de “linha divisória” entre
ciência e não ciência. Explica que a questão surgiu em decorrência dos diversos ramos do
saber se beneficiar por ser classificado como tal, tendo como referência a física e suas
ramificações. Filósofos e cientistas estudavam a questão da demarcação, cujo objetivo era
encontrar justificativas embasadas em teorias, sobre o que seria diferente ou característico
em ambos. Os interesses principais eram: “afirmar a independência da ciência em relação ao
saber elevado, inclusive o da teologia, distinguir entre teorias mais e menos científicas, entre
outros”. O autor conclui ressaltando ter a questão, tomado rumo diferente, contudo, rompido
a barreira entre ciência da sociologia e filosofia.
O CRITERIO POPPERIANO DA REFUTABILIDADE, DIFERENCIANDO
CIÊNCIA DE NÃO CIÊNCIA
Conforme Mattos (2009), Popper estava insatisfeito com as teorias da época
(1919): “a teoria e história marxista, a psicanálise e a psicologia individual”. Também estava
com dúvidas sobre seu status científico. E passou a compará-las à teoria física, de Newton e
da relatividade. Tendo sido reformulada em sete pontos, concluiu: “Pode-se sumarizar tudo
isso dizendo que o critério do status científico da teoria é sua falsificabilidade, refutabilidade
ou testabilidade”. (p. 37, grifos do original). Método dedutivo de prova – foi o nome dado à
teoria criada por Popper (2006, p. 50). Para Popper, não há teoria geral nem definitiva,
porque sempre devem ser testadas, visando acompanhar os novos inventos. Finalizando,
deixa lições sobre o ser crítico e criterioso na formação, na experiência, nos fatos relatados,
“sob o estereótipo do fato de pura realidade ou fato, argumento definitivo”, proporcionando
uma má orientação e induzindo à prática de erros sem, contudo, obter um aprendizado.
COMO EVOLUIU A CONTROVÉRSIA DA “DEMARCAÇÃO CIENTÍFICA”?
Conforme relato do autor (MATTOS, 2009), até o fim da década de 1980
buscava-se distinguir ciência de não ciência. Assim surge uma controvérsia: Kuhn, afirmara
ser “impossível explicar historicamente as mudanças ocorridas na ciência”; dois discípulos
de Popper defenderam outra tese contrária, destacando-se; Lakatos ressaltou que não se
poderia excluir a historicidade do problema, e criou o “Programa de Pesquisa” – organização
sobre histórico de teorias; Paul Feyerabend (ex aluno de Popper), nega “programas de
pesquisa” e acrescenta que, “a prática metodológica dos cientistas” não é permanente e
única. Exclama que as regras são abandonadas e, que “o saber dos cientistas é inseparável
dos outros saberes”. Assim, não há como manter a ideia de que, o conhecimento científico
tem maior importância se comparado aos demais, portanto, perde o sentido a questão de
“demarcação”.
UMA CONCEPÇÃO SOCIAL E INSTITUCIONAL NA PRÓPRIA
EPISTEMOLOGIA DA CIÊNCIA
Segundo Mattos (2009), o conceito de ciência do ponto de vista “racional e
verdadeiro” fora modificado graças a estudos históricos sobre a prática científica. Enquanto
a questão da demarcação era esquecida, surgia outra: “Que lugar deve-se atribuir às
circunstancias pessoais, histórico social e cultural na própria obra de um cientista?”. Essa
questão fazia parte da sociologia, onde a ciência era estudada como social e institucional.
Respondendo a indagação anterior, afirma que esses aspectos podem influenciar na escolha
do problema (objeto de estudo) ou resultado da pesquisa. Todavia, há uma linha divisória
clara entre seus campos. Em Filosofia e epistemologia da ciência, a questão era distinguir
entre “contexto de descoberta” e “contexto de justificação”. Segundo o autor, a descoberta
se dá em decorrência de um contexto (pessoal, social, outros); no segundo, o conhecimento
se justifica pela virtude do método racional. Afirma o autor que, as barreiras de legitimidade
entre filosofia e sociologia para falar de cientificidade foram rompidas. A ciência passou a
ter um conceito conotativo mais sociológico do que epistemológico. Finalizando, enfatiza
que perguntar se administração é ciência ou arte dá a entender que houve um mal entendido.
O QUE RESTA DA PERGUNTA INICIAL?
O autor introduz o contexto salientando que se a questão fosse respondida agora,
seria como desconsiderar toda a argumentação vista até este ponto. Contudo, para não deixar
o leitor sem resposta, sugeriu desdobrar em termos de perguntas. Assim, diz que se não é
cabível, então que possa explicar o tipo de saber a que se referiu na frase; tente-se refrasear o
dictum; ou ainda, verificar se algo deixou de ser dito e explicitá-lo. O autor conclui que,
pouco restou da pergunta inicial, enfatizando que a mesma deixa espaço para críticas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se que a frase ambígua serve como base para o desenvolvimento do
texto. Na busca de palavras para conceituar ou esclarecer se “Administração é ciência ou
arte” ou ambos, acaba mostrando versões vistas de vários ângulos – filosofia, sociologia,
epistemologia, empirismo, entre outros. Como o autor enfatizou, chegar ao final e dar uma
resposta pronta seria desconsiderar a argumentação apresentada. Portanto, fica aberto a
críticas.
BIBLIOGRAFIA
MATTOS, Pedro Lincoln C. L. de. “Administração é ciência ou arte?” O que podemos aprender com este mal entendido?. São Paulo, 2009.