11ºº SimpSimpóósio do Comitê de sio do Comitê de ÉÉtica em tica em Pesquisa da Universidade de Franca Pesquisa da Universidade de Franca

ÉÉtica e desenvolvimento moraltica e desenvolvimento moral

Telma VinhaFaculdade de Educação – Unicamp

Em uma folha em branco – colocar :

�Ano de nascimento

�Sexo

�Curso/função

1) O que você faz que o deixa satisfeito?

2) O que você faz que o deixa insatisfeito?

3) Tem alguma coisa que as pessoas fazem que deixa você

com raiva ou indignado? O que?

4) O que você admira nas pessoas?

5) O que as pessoas podem admirar em você?

IntroduIntroduççãoão

�Ética em pesquisa diz respeito a pessoas que pautam suas decisões pela moral

� mais que juízo – ações morais

� o que leva uma pessoa a agir moralmente?

�Um comitê de ética é formado por pessoas que possuem níveis diferentes de desenvolvimento moral e valores divergentes

��EnfoqueEnfoque: a dimensão ética da conduta

�� SituaSituaçções: suborno, batida israel, ões: suborno, batida israel,

calcalçça desviada e pesquisa falseadaa desviada e pesquisa falseada

�� Sofremos no cotidiano as Sofremos no cotidiano as

consequências da falta de pessoas consequências da falta de pessoas

mais mais ééticas...ticas...

�� Que pessoas queremos conviver em Que pessoas queremos conviver em

nossa sociedade?nossa sociedade?

�� Todavia, seguir valores morais não Todavia, seguir valores morais não éé ffáácil...cil...

�� pode significar pode significar ““ perdasperdas”” concretasconcretas

�� O que leva uma pessoa a ser moral numa O que leva uma pessoa a ser moral numa situasituaçção de perda concreta? ão de perda concreta?

�� Conhecimento Conhecimento

�� Desenvolvimento intelectual Desenvolvimento intelectual –– condicondiçção necessão necessáária, ria, mas não suficientemas não suficiente

A dimensão cognitiva e a A dimensão cognitiva e a

educaeducaçção no Brasil:ão no Brasil:

Alguns dados sobre a Alguns dados sobre a

aquisiaquisiçção do conhecimentoão do conhecimento

�O INAF vem sendo apurado anualmente, desde 2001, os níveis de alfabetismo funcional da população brasileira entre 15 e 64 anos de idade -residentes de zonas urbanas e rurais de todas as regiões do Brasil, quer estejam estudando quer não

�Segmenta os brasileiros em quatro níveis, de acordo com suas habilidades em leitura/escrita (letramento) e em matemática (numeramento).

Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf), do Instituto Paulo Montenegro: leitura, escrita e matemática

DADOS REFERENTES A 2007

�Apenas 28% da população brasileira de 15 a 64 anos é plenamente alfabetizada

� 72% da nossa população não seria capaz de ler e compreender um texto ou artigo de revista

�Só 23% consegue resolver um problema matemático que envolva mais de uma operação e apenas esse mesmo grupo tem capacidade para entender gráficos e tabelas

�Somente 47% dos que cursaram o Ensino Médio atingem o nível pleno de alfabetismo, esperado para este grau de escolaridade, outros 45% ainda permanecem no nível básico.

�O INAF mostra que este aumento da escolaridade ainda não garanteresultados positivos em termos de alfabetismo funcional

PISA - Programa Internacional de Avaliação de Alunos - prova da OCDE - compara o desempenho de estudantes (15 anos) de 57 países a cada 3 anos

�Mede o conhecimento de ciências, a capacidade de leitura, inclui noções de matemática e avalia como os estudantes aplicam esses conhecimentos para resolver problemas do dia-a-dia.

� Amostra� as provas da foram aplicadas em 9.345 alunos

de 15 anos matriculados na 7ª ou na 8ª série do ensino fundamental ou em qualquer série do ensino médio de 630 escolas brasileiras de todas as unidades da federação (Inep)

�O Brasil:

� ficou em último lugar em matemática (qdo participaram 40 países)

� 37º em leitura (40 países)

� 52° com relação ao aprendizado em ciências

�Leitura (8º pior do mundo) – escala com 5 níveis� 50% dos estudantes brasileiros apresentam dificuldades

para usar a leitura como ferramenta para obter conhecimentos em outras áreas

� isso significa que a média dos estudantesconsegue apenas localizar informações ou reconhecer temas de um texto, habilidades do nível 1

� organizar informações, descobrir o que é mais relevante, avaliar criticamente e demonstrar a compreensão detalhada do conteúdo lido, habilidades dos alunos com as maiores médias, são distantes do contexto médio do país

Obs. Só estamos à frente de Montenegro, Colômbia, Tunísia, Argentina, Azerbaijão, Qatar e Quirguistão Os melhores na avaliação de leitura são: a Coréia do Sul,a Finlândia e Hong Kong

�Matemática (4º pior do mundo) – escala 6 níveis

� a média brasileira também se encontra no 1º nível

� nesse nível os estudantes conseguem responder a questões envolvendo contextos conhecidos, nos quais todas as informações estão claramente definidas

� não conseguem, por exemplo, generalizar as informações ou aplicar o conhecimento, habilidades de estudantes classificados no nível de maior complexidade

Obs. a frente somente da Tunísia, Qatar e Quirguistão

Os melhores são Taipei, Finlândia e Hong Kong

�Ciências(realizado em 2006)

� 6º pior do mundo

� a Finlândia teve o melhor desempenho, seguida de Hong Kong e Canadá

� o Brasil ficou à frente apenas de Colômbia, Tunísia, Azerbaijão, Qatar e Quirguistão, o pior

�Esses dados mostram que um brasileiro, em média, sabe o mesmo que um finlandês com cinco anos e meio de escolaridade a menos

�Indicam ainda que, em geral, um brasileiro graduado em ensino superior não terá o mesmo nível de compreensão de leitura de um finlandês que possui diploma de curso médio (com relação às habilidades para compreender bem um relatório técnico ou um texto acadêmico)

“Os índices são mesmo assustadores e por si só justificam um levante popular. Metade do Brasil chorou quando o Corinthians foi rebaixado pra segunda divisão”...

Nesse mesmo dia saiu o resultado do PISA. Nos jornais, um grande espaço para abordar a decepção dos corintianos e pequenas notas sobre o péssimo desempenho dos estudantes brasileiros.Nossas escolas fracassam continuamente, são rebaixadas cronicamente “e não brota uma lágrima no rosto de ninguém”.

http://ombudsmae.blogspot.com/2008/03/escola-particular-x-pblica-ii.html

�O Brasil é um dos líderes na utilização de métodos mecânicos

� 91,6 % colocam o conteúdo no quadro-negro para os alunos copiarem

� 64,2% recitam tabelas e fórmulas

� 63,8% das classes repetem sentenças

�O professor emprega um tempo excessivo escrevendo no quadro, os alunos copiando e respondendo perguntas desinteressantes - de 25 a 47% do tempo

Estudo Unesco (2005 e 2007 )

�77% dos professores declararam ser o desinteresse do aluno a razão do fracasso ou da não aprendizagem

Apenas 5% identificam a má qualidade do ensino como responsável (INEP, 2007)

� Todavia, o desinteresse do aluno é consequência e não causa...

�Pesquisa com pais mostram que eles estão satisfeitos com a educação oferecida aos filhos (INEP, 2005)

� 8,6 para a qualidade do ensino

� 8,4 para qualidade do conteúdo ensinado

“Diante dessa realidade, com tais indicadores,

podemos concluir que há um quadro de falência –

ou pré-falência - na educação brasileira, apesar do

que é apresentado pela propaganda oficial.

Essa realidade nos dá a impressão de que o futuro

de nosso país está literalmente penhorado, uma vez

que não estamos sendo capazes de cuidar do maior

patrimônio que uma nação pode ter: a educação de

seu povo, e dos jovens em particular”.

Leite, S. (2007)

Olhando para os valores moraisOlhando para os valores morais

� Não basta somente ter o juízo moral - condição necessária

� é preciso quereragir de acordo com os princípios/regras

� é preciso que esse conhecimento se torne valorpara o sujeito

� Valor? dimensão afetiva

� morais e não morais

� “relativismo”

� Seguir valores implica em um “querer” muito forte...

� conflito entre os “quereres”

� sentimento de obrigação

� regulação dos afetos

� sensação de “bem estar”

�Como os valores se constroem?

�Processo de desenvolvimento – “ações automatizadas” = senso moral (consciência?)

� adultos

�“Ser valor”� superação do sentimento de inferioridade – expansão

de si (Adler)

�Como eu me vejo – a construção de imagens de como eu sou –representações de si

� O que eu admiro, o que eu me envergonho, o que me satisfaz, do que sinto culpa...

� formam a imagem que eu tenho de mim mesmo, ou seja, de como eu me vejo e de como eu quero ser vista

�A personalidade é um conjunto de representações de si –valores morais e não morais (princípios)

“Quero que me vejam como profissional competente”- generoso, justo, vencedor, elegante, sexy, bonito

�Sistema:

� central e periférica – integração

�elegância e sofisticação x honestidade

�sucesso profissional x família

� integração

�“Quantos momentos em minha vida faltou coragem para fazer a coisa certa”

�O que interfere nesse processo?

� Alguns fatores:

�juízo - conteúdo das críticas e dos elogios

�pessoas que admiram

�fracassos e sucessos

�autoexpectativa

�Todavia, por que mesmo uma pessoa que tem o valor moral da honestidade pode em determinada situação subornar um policial?

Retomando...

�As representações são sempre valor, alguns morais outros não...

�Valores em conflitos que leva a uma decisão na ação(sistema) – moral

�Esse processo se inicia na criança pequena, no sensório motor - sistema de significação – e passa por uma construção

� Anomia

� regulação exterior – valores não se conservamsendo regulados pela pressão do meio - o sujeito modifica o comportamento moral em diferentes contextos

� valores morais são mais periféricos e pouco integrados

� é considerado certo obedecer às ordens das pessoas que detêm a autoridadeou agir da mesma forma que se comportam as pessoas de meio social

� precisa incessantemente de provas de que a moral é, de fato, respeitada por outrem, para que possa dobrar-se às suas exigências

HeteronomiaHeteronomia

�sentimento de aceitação ou de obrigação para com as normas é interno (auto-regulação) sendo fundamentado na equidade e nas relações reciprocidade

�os valores morais são centrais e integrados�há a conservação dos valores - apesar das mudanças

de contextos e da presença de pressões sociais -permanece, na prática, fiel a seus valores e a seus princípios de ação

�vê a si próprio como um representante da humanidade e não apenas de determinado grupo social, concebendo a moral como regras e princípios que regem as relações entre todos os seres humanos

AutonomiaAutonomia

� Autonomia: perdas concretas? sensação de satisfação interior, sentimento da própria dignidade

� psicologia: bem para si e para o outro

� manter a imagem para si e para o outro� fiel a si próprio

� auto-regulação

� sentimentos “reguladores”

� autorrespeito, honra (dignidade, orgulho)

� vergonha

� culpa

“Não há possibilidade de respeitar a outrem na sua dignidade sem, ao fazê-lo, experimentar o sentimento da própria dignidade”.

La Taille (2002)

�Ética e moral�sentir- se mal quando não generoso, justo

�Obs. sobre a ética� quem eu quero ser, mas quando leva o outro em consideração

(no sentido de alter - constituinte de mim)

� se refere a construção do bem comum ou seja, a felicidade -“vida boa”- felicidade para a cidadania no exercício dos direitos e na criação de novos direitos - “felicidadania”

�Moral e ética -Somente terei restrição a minha liberdade se fizer sentido num projeto de vida, numa vida que vale a pena ser vivida

A pergunta da MORAL é: Como devo agir?

A pergunta da ÉTICA é:

Que vida viver?

A moral se coloca na dimensão da obrigatoriedade,

do dever.

A Ética se coloca no lugar da desejabilidade, da excelência,

da felicidade.

� Pesquisa falseada

�“eclipses morais”

�autoestima e autorrespeito

�Roy Baumeister (2003) - fez a revisão de centenas de estudos sobre autoestima

ONFLITO ENTRE OS “QUERERES”

�Conclusão: ter autoestima alta...

� não melhora notas ou realizações na carreira.

� nem mesmo diminui o abuso do álcool

� não diminui a violência de nenhum tipo

�pessoas muito violentas ou agressivas geralmente têm uma opinião muito boa sobre si mesmas, o que derruba a teoria de que as pessoas são agressivas para compensar a baixa autoestima.

� “Conflito de quereres” - o sentimento de obrigatoriedade (quererseguir o valor) não foi forte o suficiente para impedir ações contrárias à moral

�Se uma pessoa age contra uma moral que ela mesma racionalmente legitima é que esse valor não foi forte o bastante para impor-se sobre outros valores não-morais que essa pessoa possui.� o autorrespeito não foi forte o bastante para impor-se

sobre outros valores da autoestima

�o “querer” agir de acordo com a moral, com o dever, éfraco e em caso de conflito, pode “perder” para outros “quereres” não-morais

INTELECTUAL AFETIVO

A moralidade nos obriga a pensar a afetividade e a cognição simultaneamente.

A psicologia moral tem se debruçado a compreender a relação entre a afetividade e cognição, ou razões e sentimentos, que são categorias formadoras das disposições das pessoas em serem morais.

A dimensão moral:A dimensão moral:

Alguns dados sobre os valores Alguns dados sobre os valores

dos brasileirosdos brasileiros

CULTURA DA CORRUPÇÃO: EVIDÊNCIA EM MULTAS DE ESTACIONAMENTO

�Fisman e Miguel (2006)

�Há uma relação entre a corrupção de um país e o comportamento de suas autoridades diante da impossibilidade de serem punidos?

�Dados sobre o “índice de percepção de corrupção” - Transparency International (2008)

�Ranking com 180 países

� Dinamarca, a Nova Zelândia, a Suécia e a Finlândia apresentam o melhor desempenho nesta categoria

� A China ocupa o 72º lugar, a Rússia, o 147º -a Somália e o Iraque estão nos últimos lugares

� Brasil: 80ª posição

� aparece atrás de países como Butão, Botsuana, Gana e Seicheles

� Investigaram o comportamento do corpo diplomático que trabalham na ONU - 146 países� estes diplomatas possuem isenção das multas de

trânsito - as multas de estacionamento proibido podem ser aplicadas, mas não são pagas

�De novembro de 1997 ao final de 2002 foram mais de 150 mil multas não pagas

�Conclusão: as violações de estacionamento apresentam uma forte correlação com o índice de corrupção dos países estudados

�Os diplomatas com maior média de violações de estacionamento no período analisado pertencem aos seguintes países:

1. Kuwait 2. Egito3. Chade 4. Sudão5. Bulgária 6. Moçambique7. Albania 8. Angola9. Senegal 10. Paquistão

�O Brasil ocupa o 29º lugar, com quase 30 violações por diplomata

� contra 246 multas por diplomata do Kuwait

O “UMBIGO NACIONAL”: PENSANDO NO COLETIVO. AGINDO NO INDIVIDUAL. OS BRASILEIROS DE HOJE(LISTENING POST - OGILVY BRASIL, 2005)

�900 participantes (450 homens e 450 mulheres)

� 8 capitais

� todas as classes sociais

� adultos maiores que 18 anos (# faixas etárias)

�Alguns dados indicam a presença de um discurso ético com relação as ações do outro, mas há uma forte condescendência com as próprias ações

�Juízo: � 60% condenam pequenas infrações como quem compra Cd

pirata, falar no celular no trânsito, bater o cartão de ponto para um colega

�Ação: � 66% admitem que não se incomodam em comprar produtos

piratas e 72% das pessoas que dirigem e possuem celular afirmam que falam ao telefone enquanto dirigem

�Juízo:� 95% declaram- se mais interessados em participar da vida em

comunidade

�Ação� apenas 4 % de fato participam ou citam o trabalho social como

sonho ou um dos projetos de vida

�Outros dados:

� A importância de ser elegante, ter produtos de grifes e de estar na moda apareceu com freqüências nas respostas:

�51,3% dos paulistanos, 51% dos brasilienses e 36% dos recifenses concordam parcial ou totalmente com a afirmação: “ter coisas de luxo me faz sentir especial”

�63% afirmam que às vezes compram produtos não originais de grifes em camelôs ou em “lojas informais”

� 72% concordam com a seguinte afirmação: “quem faz a coisa certa não é recompensado”

� 78% acreditam que o individualismo e o egoísmo estão aumentando no país

�Algumas conclusões:

� Apesar de a maioria julgar como “errado”, na prática a maior parte age e considera pequenos delitos como compreensíveis:�cuspir no chão, jogar lixo na rua, furar fila, comprar

produtos piratas, “tráfico de influência”, levar o cachorro para defecar na calçada, nota fiscal mais alta do que o valor real p/ reembolso, estacionar rapidamente em vagas destinadas a deficientes e idosos...

�Apesar de não acharem corretos, os participantes sentiam-se constrangidos em “apontar o erro” do outro diante desses fatos e não consideraram essas “pequenas” transgressões como algo que afeta a todos

� “conivência com o desrespeito dos outros”

�Consideram esses pequenos delitos como sendo da esfera privada e não pública

� não se sentem pessoalmente desrespeitados – são condescendentes

O padrão de conduta ética dos servidores públicos (Caldas, 2008)

• Objetivo: investigar a conduta da sociedade civil em geral e do servidor em particular

• Amostra: 1.027 servidores públicos e 1.767 profissionais da chamada sociedade civil (a partir de 16 anos e de várias profissões)

• Alguns resultados referentes a sociedade civil

• 59,4% se consideram éticos

�Opinião da sociedade sobre os servidores públicos:� 42,4% consideram que os servidores atuam para agradar os

políticos que os indicaram, para beneficiar a si mesmo ou aos amigos e família

� 33,3% acreditam que eles estão preocupados com servir a sociedade

� 49,7% acham que os servidores públicos não estão preparados para o trabalho deles

� 50,3% afirmaram que contratariam parentes se fossem políticos ou diretores de repartições públicas

� 41% responderam que caso façam um pedido àadministração pública e não sejam atendidos recorrem as opções de oferecer um agrado (presente), dinheiro ou favores para conseguir que o pedido seja atendido

ALGUMAS CONCLUSÕES

� “Genericamente, o quadro captado pela pesquisa foi o da tolerância em relação a condutas desviantes, principalmente quando desvio em questão rende benefício ao interessado. (...) Havendo vantagem objetiva, vale tudo. (...) É um indicativo de que existe cultura favorável à corrupção. Parece que está havendo flexibilização dos padrões de conduta.”

� “Se pudesse resumir a pesquisa em uma frase, eu diria que a sociedade brasileira não sabe separar o público do privado”.

Caldas, 2008

Pesquisa IBOPE - 09/03/08Valores x Comportamento

• 1.400 entrevistas telefônicas

• Pesquisa quantitativa - aplicação de questionário estruturado

• Amostra: população de 16 anos ou mais com acesso a telefone em casa ou no trabalho

• Coleta dos dados: de 9 a 13 de fevereiro de 2008

VALORES PESSOAIS X DOS BRASILEIROS

Alguns resultados:

�Os brasileiros se consideram bastante progressistas e sem preconceitos, ao mesmo tempo em que projetam para a população brasileira em geral uma atitude muito preconceituosa e conservadora

�Há tendências praticamente opostas nas respostas sobre:

�Respeito e valorização dos idosos: � 92% se auto- classificam positivamente (notas 6 a 10)

enquanto 60% classificam “os brasileiros” negativamente (notas 1 a 5)

�Responsabilidade e cuidado no consumo de bebidas alcoólicas:� 82% positivos sobre si mesmos x 64% negativos sobre “os

brasileiros”

�Respeito e naturalidade com homossexuais: � 69% auto- imagem positiva x 54% imagem projetada para a

população negativa

PESQUISA DE VITIMIZAÇÃO (2006)INST. FUTURO DO BRASIL

Nível de confiança do indivíduo em relação às pessoas com as quais se relaciona

ConfianConfianççaa %%

Pode se confiar nas pessoas 11,2

Deve se ficar com um “péatrás”

88,8

Ajuda a vizinhosAjuda a vizinhos %%

Emprestaria uma xícara de açúcar?

98,5

Emprestaria R$ 20? 79,1

Se você tiver filhos, pediria tomar conta para você?

45,1

Emprestaria seu televisor se fosse viajar?

40,7

�Exemplos:

� Determinado país : compra

� Brasil – cópia R$ 0,10 – reserva de hotel

�Exemplos do cotidiano que nos indignam....

NOSSA INVESTIGAÇÃO (TOGNETTA E VINHA, 2008)...

�A amostra: 150 sujeitos de ambos os sexos de 12 a 15 anos de escolas públicas e privadas

� “Tem alguma coisa que as pessoas fazem que deixa você com raiva ou indignado? O que?”

QUE SENTIMENTO É ESSE?

�Sentimento negativo próximo à cólera desencadeado por um juízo negativo feito por quem o experimenta para recobrar um direito

�Sente-se indignado quando se é vítima de uma ação considerada imoral

� A indignação refere-se essencialmente a um conteúdo moral: a justiça

RESULTADOS

�Três categorias encontradas:

A – características de certo individualismo:

B- Características de um caráter moral restrito e estereotipado

C- características de um caráter moral e ético

• 35,33% apresentam valores considerados individualistas, pois se indignam quando consideram que seusdireitos foram violados

• exemplos:– Quando eu falo alguma coisa e elas ficam tirando sarro

ou pensam besteira.

– Me irritar e ficar colocando apelido.

– O que me deixa com raiva é falar de mim se eu não fiz nada e que mintam a meu respeito.

• 40,66% : estereótipos sociais e relações próximas

• transmitidos socialmente - decorrentes da heteronomia que elege para a sua moral os valores predominantes em sua comunidade, restringindo-se basicamente ao meio social em que estes sujeitos vivem (corrupção, necessidade de “ser alguém importante”...) – Predomínio de regras convencionais - conjunto de regras de

condutas consideradas obrigatórias para um grupo, mas não universalizáveis.

• Indignação: injustiça ou agressão ocorre com alguém que se relaciona como a família ou os amigos.

• exemplos:– Brincadeiras de mau gosto e falta de educação.– Xingar minha mãe ou meu pai.

• 24% - valores morais e éticos tais como: a honestidade, a justiça, o respeito, a igualdade, a dignidade e a não-violência.– Predomínio de regras morais que são especificamente

relacionadas às questões interpessoais, à resolução de conflitos, à restrição de condutas e à busca da harmonia pessoa e do bem- estar alheio

• exemplos:

– A falta de dignidade, de respeito com o próximo.

– Matar e roubar são os piores, por exemplo, pessoas gananciosas também, pessoas que só pensam em si mesmas.

– A rejeição de uma pessoa ou discriminação racial.

ANÁLISE DOS DADOS:

�76% : senso de justiça auto-referenciado e moral “estereotipada” ou restrita às pessoas próximas

�quando há a menção de contra-virtudes que deixam esses jovens indignados estas se restringem mais à esfera privada e não àdimensão pública que envolve o outro, inclusive aquele não pertencente a minha comunidade

Outros dados ... Outros dados ...

PESQUISAS LEME, M. I. (2004; 2006; 2008); VICENTIN, V. (2008) E CARINA, S. C. (2008)

• Insulto, roubo e danificação de pertences foram as queixas que mais apareceram entre os alunos (Leme, 2008) - concreto

• Estilos de resolução (Deluty): submisso, agressivo e assertivo

• a maior tendência da população brasileira éde resolução submissa

• Exs: “não reaja”, “não arranje confusão”; “melhor não dizer nada”

Pesquisa com 5.000 jovens de São Paulo(Isme -La Taille, 2005)

““ Culpa e vergonha, aliados a um juCulpa e vergonha, aliados a um juíízo zo moral competente, não são frutos de moral competente, não são frutos de construconstruçções psões psííquicas que nascem do quicas que nascem do vazio, mas sim do convvazio, mas sim do convíívio numa vio numa comunidade que cultiva valores morais e comunidade que cultiva valores morais e ééticos, proibiticos, proibiçções, ideais e virtudesões, ideais e virtudes””

La Taille (2002)

“O direito à educação(...) não éapenas o direito de frequentar escolas: é também na medida em que vise a educação ao pleno desenvolvimento da personalidade, o direito de encontrar nessas escolas tudo aquilo que seja necessário àconstrução de um raciocínio pronto e de uma consciência moral desperta”.

Piaget, 1980