Ética Sexual

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INSTITUTO CATÓLICO DE ESTUDOS SUPERIORES DO PIAUÍ. DISCIPLINA: ÉTICA APLICADA ALUNO: JOÃO PAULO PROFESSOR: MS. PE. JOSÉ ANCHIETA

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INSTITUTO CATLICO DE ESTUDOS SUPERIORES DO PIAU.

INSTITUTO CATLICO DE ESTUDOS SUPERIORES DO PIAU. DISCIPLINA: TICA APLICADAALUNO: JOO PAULOPROFESSOR: MS. PE. JOS ANCHIETA

SEXUALMoral e ticaMoral. sf 1 Parte da Filosofia que trata dos atos humanos, dos bons costumes edos deveres do homem em sociedade e perante os de sua classe. 2. Conjunto depreceitos ou regras para dirigir os atos humanos segundo a justia e a eqidadenatural. Moral crist: a moralidade que em si contm os preceitos evanglicos.tica. sf (gr ethik) 1 Parte da Filosofia que estuda os valores morais e osprincpios ideais da conduta humana. cincia normativa que serve de base filosofia prtica. tica social: parte prtica da filosofia social, que indica as normasa que devem ajustar-se as relaes entre os diversos membros da sociedade.Pelas definies acima, possvel, ento, perceber que moral um conjunto de normas, costumes e princpios que regulam o comportamento individual dentro da sociedade. Isso significa que a moral normativa, ou seja, prescreve regras de conduta. A tica, entretanto, (...) definida como a teoria, o conhecimento ou a cincia do comportamento moral, que busca explicar, compreender, justificar e criticar a moral ou as morais de uma sociedade. A tica filosfi-ca e cientfica.Ningum, ento, tico somente para si mesmo. A finalidade da tica alcanar o bem humano para todas e todos. Nesse sentido, a tica - ou o comportamento tico - visa justia. Para Aristteles, entre outros, a tica uma virtude. Para Kant, o ser humano no naturalmente e espontaneamente tico, portanto, necessrio haver regras morais leis, normas, instrues para poder haver comportamentos ticos. Pegoraro afirma que no basta a virtude, nem tampouco as leis: a convergncia de ambas que possibilitar o viver com tica.Nesse sentido, segundo J. Rawls, citado por Pegoraro, a justia o princpio ordenador das sociedades e se baseia em respeito incondicional s pessoas e na distribuio eqitativa dos bens materiais. Para ele, a justia tem dois aspectos essenciais: um, subjetivo, a virtude moral do sujeito; o outro, objetivo, o princpio da ordem social. Dessa forma, a justia e, portanto, a tica uma virtude pessoal e um princpio social.Definio de Sexualidade pela Organizao Mundial de Sade (OMS)."A sexualidade humana forma parte integral da personalidade de cada um. uma necessidade bsica e um aspecto do ser humano que no pode ser separado de outros aspectos da vida. A sexualidade no sinnimo de coito e no se limita presena ou no do orgasmo. Sexualidade muito mais do que isso. energia que motiva encontrar o amor, contato e intimidade, e se expressa na forma de sentir, nos movimentos das pessoas e como estas tocam e so tocadas.A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, aes e integraes, portanto a sade fsica e mental. Se sade um direito humano fundamental, a sade sexual tambm deveria ser considerada como direito humano bsico. A sade mental a integrao dos aspectos sociais, somticos, intelectuais e emocionais de maneira tal que influenciem positivamente a personalidade, a capacidade de comunicao com outras pessoas e o amor".Declarao dos Direitos SexuaisDurante o XV Congresso Mundial de Sexologia, ocorrido em Hong Kong (China), em 1999, a Assemblia Geral da WAS World Association for Sexology, aprovou as emendas para a Declarao de Direitos Sexuais, decidida em Valncia, no XIII Congresso Mundial de Sexologia, em 1997.Sexualidade uma parte integral da personalidade de todo ser humano. O desenvolvimento total depende da satisfao de necessidades humanas bsicas tais quais desejo de contato, intimidade, expresso emocional, prazer, carinho e amor.Sexualidade construda atravs da interao entre o indivduo e as estruturas sociais. O total desenvolvimento da Sexualidade essencial para o bem estar individual, interpessoal e social.Os direitos sexuais so direitos humanos universais baseados na liberdade inerente, dignidade e igualdade para todos os seres humanos. Sade sexual um direito fundamental, ento sade sexual deve ser um direito humano bsico. Para assegurarmos que os seres humanos e a sociedade desenvolva uma sexualidade saudvel, os seguintes direitos sexuais devem ser reconhecidos, promovidos, respeitados e defendidos por todas sociedades de todas as maneiras. Sade sexual o resultado de um ambiente que reconhece, respeita e exercita estes direitos sexuais.

DIREITO SEXUAL1. O Direito Liberdade Sexual - A liberdade sexual diz respeito possibilidade dos indivduos em expressar seu potencial sexual. No entanto, aqui se excluem todas as formas de coero, explorao e abuso em qualquer poca ou situao da vida.2. O Direito Autonomia Sexual - Integridade Sexual e Segurana do Corpo Sexual - Este direito envolve habilidade de uma pessoa em tomar decises autnomas sobre a prpria vida sexual num contexto de tica pessoal e social. Tambm inclui o controle e o prazer de nossos corpos livres de tortura, mutilaes e violncia de qualquer tipo.3. O Direito Privacidade Sexual - O direito de deciso individual e aos comportamentos sobre intimidade desde que no interfiram nos direitos sexuais dos outros.4. O Direito Igualdade Sexual - Liberdade de todas as formas de discriminao, independentemente do sexo, gnero, orientao sexual, idade, raa, classe social, religio, deficincias mentais ou fsicas.5. O Direito ao Prazer Sexual - prazer sexual, incluindo auto-erotismo, uma fonte de bem estar fsico, psicolgico, intelectual e espiritual.6. O Direito Expresso Sexual - A expresso sexual mais que um prazer ertico ou atos sexuais. Cada indivduo tem o direito de expressar a sexualidade atravs da comunicao, toques, expresso emocional e amor.7. O Direito Livre Associao Sexual - Significa a possibilidade de casamento ou no, ao divrcio e ao estabelecimento de outros tipos de associaes sexuais responsveis.8. O Direito s Escolhas Reprodutivas Livres e Responsveis - o direito em decidir ter ou no filhos, o nmero e o tempo entre cada um, e o direito total aos mtodos de regulao da fertilidade.9. O Direito Informao Baseada no Conhecimento Cientfico - A informao sexual deve ser gerada atravs de um processo cientfico e tico e disseminado em formas apropriadas e a todos os nveis sociais.10. O Direito Educao Sexual Compreensiva - Este um processo que dura a vida toda, desde o nascimento, e deveria envolver todas as instituies sociais.11. O Direito Sade Sexual - O cuidado com a sade sexual deveria estar disponvel para a preveno e tratamento de todos os problemas sexuais, preocupaes e desordens. Campanha por uma Conveno Interamericana de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.A Campanha por uma Conveno Interamericana de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, organizada e promovida por redes e movimentos sociais da Amrica Latina e do Caribe, articulada em 9 pases da regio, trabalha h 8 anos,no sentido de construir um projeto de conveno, atravs de um amplo processo de consultas.Conveno um instrumento jurdico, um tratado internacional adotado pela OEA Organizao dos Estados Americanos, com a finalidade de proteger direitos internacionalmente reconhecidos. Os pases signatrios de uma Conveno, assumem o compromisso de promover os direitos protegidos por essa Conveno e podem ser cobrados por isso.A Campanha vem afirmando que os direitos sexuais e direitos reprodutivos so direitos humanos que devem ser respeitados; entretanto a violao desses direitos, provoca a mortalidade materna, abortos inseguros, homofobia, perseguies e prticas discriminatrias inaceitveis.A Campanha por uma Conveno pelos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos alm de articular-se a partir de grupos organizados da sociedade civil, vem buscando sensibilizar a OEA, participando como observadora de sua Assemblia anual e solicitando que um grupo de trabalho para a elaborao da Conveno seja constitudo pelos pases membros da OEA.A Carta poltica da Campanha o Manifesto, j em sua segunda verso, que prope uma luta contra-cultural, ou seja, um processo de mudanas de padres culturais que avana em direo contrria da cultura dominante. As mudanas culturais no passam s por transformaes sociais, mas tambm pelo prprio corpo. O corpo o lugar onde a dominao ou emancipao se manifestam.No corpo tornam-se visveis as diferenas tnicas, de classe, gnero, orientao sexual, identidade e expresso sexual, idade e capacidade fsica, como parte de um mesmo sistema de dominao. por isso que o nosso corpo ao mesmo tempo, pessoal e poltico. Desencadear uma luta contra-cultural que reconhea o corpo como lugar central , significa aspirar por transformaes materiais e simblicas.Neste sentido, a cultura um campo de transformao muito importante, porque nela que esto enraizadas as vises dominantes que se apresentam como universais. Na cultura e na tradio encontram-se os referentes simblicos que legitimam os fundamentalismosA Campanha tambm tem indicado necessidade de construir uma tica pblica e emancipadora, isso porque a moral pblica muitas vezes baseia-se em doutrinas religiosas repressivas que pretendem se tornar uma viso nica para todas as pessoas, independente de suas filiaes religiosas. ... preciso reconsiderar a tica das relaes humanas, reconhecendo tanto o direito igualdade como diferena. A tica pblica emancipadora sustenta-se nos direitos humanos, constri-se a partir de uma pluralidade de vises e recupera o sentido democrtico da vida.Para conseguir seus objetivos, a Campanha vem trabalhando simultaneamente em diversos pases americanos, publicando materiais didticos, realizando fruns de discusso e seminrios, participando de eventos internacionais e assim divulgando sua proposta.

Sexo, casamento, anticoncepo, maternidadeA noo de sexo como algo ruim e que, por isso, deve ser evitado, veio da combinao de concepes dos esticos e do gnsticos, entre outros. A herana platnica tambm colaborou na criao dos dualismos hierarquizados,como, por exemplo, celibato em contraposio ao sexo (o celibato sendo superior ao sexo).Os esticos gregos consideravam que a expresso de sentimentos e emoes era uma fraqueza a ser abolida.A atividade sexual era vista como uma parte da fraqueza humana, pois responder ao desejo sexual era encarado como uma forma de ceder s emoes.A filosofia gnstica considerava o casamento e o sexo como intrinsecamente ruins, pois era ligados ao mundo material. Para eles, at mesmo a procriao era mal vista, pois significava que os seres humanos continuavam trazendo o mal para a Terra.A filosofia de Plato, com seu dualismo alma/corpo, trouxe outras distines: homem definido pela sua mente, a razo; a mulher, que tem capacidade de parir, ligada ao mundo fsico (por isso, irracional). Como o mundo fsico e a natureza devem ser subordinados ao controle da razo, a mulher deve ser controlada pelo homem.Os neoplatnicos, com esse dualismo, e a filosofia maniquesta - que via o mundo em conflito csmico entre a luz e as trevas, o mal e o bem, o esprito e a matria - tiveram forte influncia sobre santo Agostinho, talvez o autor cristo mais influente nas questes relacionadas ao sexo e sexualidade.Agostinho escreveu que, depois da Queda, Ado e Eva se cobriram porque tiveram vergonha. Tambm ensinou que todos os atos sexuais so, em certa medida, pecaminosos porque pelo menos alguma luxria est virtualmente implicada em cada um deles. Para Agostinho, o pecado de Ado e Eva foi transmitido atravs das geraes por meio da unio sexual.(RYAN, 1999, p. 115-116)Para ele, o amor conjugal era considerado um dever a ser cumprido apenas pela sua finalidade natural: a procriao. At mesmo nesse caso, pelo pecado original de Ado e Eva, o sexo tinha em si uma mancha de pecado. Como o sexo s poderia ser praticado para procriao, nenhuma tentativa de evitar a concepo, ou seja uma gravidez, era moralmente aceitvel.Nos sculos X e XI, os monges medievais escreveram guias para orientar os padres nas confisses, relacionando o pecado com sua respectiva punio. Todos os pecados foram relacionados, do mais banal ao mais grave. Esses guias cristalizaram a idia de que o pecado era um ato individual. Os pecados sexuais possuam vrios itens e punies muito severas.Nesta lista, poderamos encontrar: sexo fora do casamento, adultrio, masturbao, prostituio, coito interrompido, homossexualidade, sexo com mulher grvida e sexo com mulher que j no pode engravidar todos partiam da mesma fundamentao, pois eram atos de luxria, j que no tinham finalidade de procriar.Toms de Aquino e o pensamento escolstico trouxeram a idia de pecado contra a natureza, pois toda ao deve se dirigir sua finalidade natural. Assim, como o fim natural do sexo a concepo, impedi-la mau e o ato, pecaminoso.Todos esses pensamentos levaram idia de que o casamento tinha uma finalidade primria, que era a concepo e, conseqentemente, a procriao de filhos. Somente muito mais tarde, sculos depois, que se considerou uma finalidade secundria para o casamento - o bem-estar dos cnjuges e o amor - mas antigamente ela no era enfatizada nos ensinamentos cristos.Em defesa da vida - a questo do abortoNo Brasil, o aborto crime, mas em dois casos no h punio: se a mulher grvida correr risco de morte ou se a gravidez for resultante de estupro. Nesses casos, a mulher pode recorrer ao servio pblico e realizar o aborto. Em algunscasos de m formao fetal, como, por exemplo, nos casos em que o feto no tem crebro (anencefalia) e no tem chance de sobrevida aps o nascimento, decises judiciais tm permitido que a mulher interrompa a gravidez.H quem afirme que um novo ser humano passa a existir depois da nidao, que a implantao do vulo fecundado no tero. Outros afirmam ainda que s se pode considerar a existncia de um ser humano a partir do momento em que o feto comea a fazer sinapses (coneces entre os neurnios), ou seja, a vida s iniciada quando o sistema nervoso central est formado, o que no ocorre antes das 18 primeiras semanas de gestao.Somente nesse momento o feto apresenta vida de relao e pode expressar sofrimento. No fosse assim, cientista nenhum consideraria uma pessoa morta quando as atividades cerebrais terminaram, mesmo que o corao continue batendo essa a chamada morte cerebral, que permite a retirada de rgos para transplantes que salvam outras vidas.Se a vida humana acaba quando a atividade cerebral pra de acontecer, ento ela ainda no comeou se a atividade cerebral ainda no possvel: o critrio cientfico tem de ser o mesmo.DIVERSIDADE SEXUALQuando falamos sobre homossexualidade, para a maioria das pessoas o que vem mente, e de forma quase automtica, so tipos bem conhecidos: a bicha afetada, a travesti exagerada, a lsbica masculinizada. Na verdade, talvez essas sejam as faces mais visveis da diversidade sexual: pessoas que, por sua forma de se vestir e se expressar, tornam-se facilmente associadas homossexualidade.No entanto, a diversidade de tipos e personalidades e na forma de se vestir e de se comportar enorme entre os/as LGBTTI (lsbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersex), assim como acontece entre os heterossexuais. Outra idia estereotipada que emerge quase imediatamente que as pessoas LGBTTI, de forma genrica, s pensam em sexo o tempo todo. O termo homossexualidade talvez tenha alguma relao com essa fantasia, pois exclui todas as outras esferas da vida.E todos/as so percebidos por uma tica distorcida, que os/as reduz a uma sexualidade exacerbada, fora de contexto e, portanto, considerada imoral. muito difcil imaginar que homossexuais trabalham, pagam contas, estabelecem relacionamentos afetivos, casam-se, criam filhos, possuem animais de estimao, tm amigos e, como todo mundo, selecionam seus parceiros com critrios que esto alm da obteno imediata de prazer?BUSIN, Valria Melki. Juventude: religio e tica sexual. Catlicos pelo direito de decidir: So Paulo.