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EU:ALTERNATIVAS PARA A ESQUERDA "But aren’t difficulties alone ridiculous? I see myself as in a jar of alcohol, where intellectual systems are being preserved like dead organisms." Emmanuel Lévinas, in a letter to Maurice Blanchot, Paris, May 21st 1948. Apud R.Timm Souza FB The Economist - A Social Democracia, por Roberto Mangabeira Unger THE ECONOMIST - YOUTUBE.COM :"Gostaria que o FMI tivesse uma face humana." Christine Lagarde, a diretora-gerente do FMI

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EU:ALTERNATIVAS PARA A ESQUERDA

"But aren’t difficulties alone ridiculous? I see myself as in a jar

of alcohol, where intellectual systems are being preserved like

dead organisms."

Emmanuel Lévinas, in a letter to Maurice Blanchot, Paris, May

21st 1948. Apud R.Timm Souza FB

The Economist - A Social Democracia, por Roberto Mangabeira

Unger

THE ECONOMIST - YOUTUBE.COM

:"Gostaria que o FMI tivesse uma face humana."

Christine Lagarde, a diretora-gerente do FMI

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Em Portugal, por exemplo, sempre tivemos, além do socialismo

democrático, partidos da Esquerda radical, comunista, mais fechada

hoje do que nos tempos de Cunhal (que tinha uma grande

flexibilidade tática) e a Esquerda bloquista que ficou, eleitoralmente,

entalada ente os partidos comunista e socialista. Mas afirmou-se

ainda a Esquerda não partidária, cidadã e a Esquerda dos

"indignados", com laivos anarco-populistas.

http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/mario-soares/interior/a-

esquerda-europeia-2489340.html

“Existem dois caminhos. Ou consentimos o status quo neoliberal e fingimos que a crise pode ser resolvida com as

políticas que a agravaram ou avançamos para o futuro com a única alternativa, a única esperança da Europa, a Esquerda

Europeia”,

Alexis Tsipras – 2014 -http://pt.euronews.com/2013/12/15/esquerda-europeia-promete-

resistir-a-austeridade/

APESAR DE TUDO, A VIDA É BELA

Paulo Timm – Especial A FOLHA 15 julho 2016

Aos primeiros sinais de desarmamento dos espíritos no Brasil, com

a eleição do novo Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo

Maia, graças aos votos da esquerda e PSDB ( quem diria...?),

simultânea ao declínio do Deputado Eduardo Cunha, volto-me aos

temas do mundo. Só espero que não se cumpra a profecia de

Goethe: “Foi-se o mal, a maldade continua”... Xô!!! Esperemos o

melhor, ainda que sujeitos às turbulências de agosto, quando se

definirá o destino final de Dilma Roussef. Tudo indica que, passada

a tempestade, na calmaria de planície, muitos dirigentes petistas

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dominados pela fria lógica da Política, se perguntem:” Afinal, o que

é mais importante para nós: “Dilma ou o PMDB? Pior é o Centrão...”

Volto-me para o mundo.

A Europa ainda se recupera da saída da Grâ Bretanha da União

Europeia, enquanto se debate, no seu interior -ainda! - com as

sequelas da Crise de 2008. Seu maior Banco, o Deutsch Bank, dá

sinais de que está em situação difícil, muito parecida àquela do

Lehmann Brothers, nos Estados Unidos. Pode-se dizer que se vive,

aqui, uma época de reflexões e mudanças. Acabou o sossego,

ainda que a vida, em geral, muito interiorana em toda Europa, seja

bastante tranquila. Portugal, por exemplo, é o quinto país mais

pacífico do mundo. Neste quesito, nós, brasileiros, nada

herdamos...

A primeira mudança se faz na Grã Bretanha, com a posse de nova

Primeira Ministra Thereza May, em meio a um cenário de brutal

queda do valor da libra esterlina, provocada pelo anúncio da saída

da União Europeia, e riscos de separação da Escócia - talvez

Irlanda do Norte - , para não falar da forte reação da população

londrina que chegou, até, em falar de se constituir em Cidade

Estado. (Já pensou se a moda pega no Brasil? Podíamos deflagrar

um Movimento pela República Solar de Torres...! )

Thereza May terá, entretanto, que lidar com todos os velhos e

novos problemas, começando pelos procedimentos para o retorno à

economia de um só e soberano país. Tem, ela, contudo, a seu

favor, o ter recolocado o Partido Conservador fora do alcance das

figuras apoteóticas e demagógicas, que pesaram a favor do

BREXIT (saída do país da União Europeia). Está empoderada, sem

constrangimentos aliados, no centro do Partido e do Governo.

Thereza May lembra muito sua antecessora, a Dama de Ferro,

Margareth Thatcher, também conservadora, nos anos 1980, mas

talvez se pareça mais com Angela Merkel, chanceler da Alemanha.

Os tempos mudam e moldam novas personalidades afinadas com

novos desafios. Há uma nova geração conservadora na Europa

mais aberta ao diálogo com os costumes e com as demandas

contemporâneas. Aquela era uma época de forte declínio da

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ideologia socializante no mundo inteiro, na antevéspera do fim da

União Soviética. O pacto social-democrata, vigente em toda a

Europa desde o fim da II Guerra, em 1945, inspirado numa

esquerda moderada voltada à criação de um Estado de Bem Estar,

demonstrava seus limites e abria uma era de renovação (neo)liberal

- privatizações, maior competitividade e estímulos ao livre mercado

-, a qual arrastaria em seu curso, inclusive, tradicionais figuras do

socialismo europeu, como François Mitterrand, na França, e Tony

Blair, na Inglaterra. Esta convergência ideológica, se por uma lado,

isolou a esquerda mais radical em seus respectivos países e

quebrou muitas das conquistas sociais do período anterior,

contribuiu para a unificação da Europa, acima do princípio das

antigas soberanias nacionais, altamente beligerantes, e fortes

pressões corporativas. A União Europeia, enfim, foi a realização de

um velho sonho dos espíritos mais lúcidos da região. Hoje, ao

contrário, é o neoliberalismo que está em crise, mesclado com a

persistente tensão nos mercados financeiros, altas taxas de

desemprego em vários países da União Europeia e a inusitada crise

dos refugiados. Só a Alemanha recebeu um milhão deles.

Desencanto, portanto, chegando ao pessimismo em vários caos.

Diante deste novo cenário duas reações, ambas altamente

contestadoras à estabilidade da União Europeia: 1. o

conservadorismo clássico da Europa é ameaçado, à direita, pelo

populismo xenófobo, à la Trump, fazendo com que até se louve a

sua sobrevivência em personagens como Angela Merkel e Thereza

May; 2. A esquerda reacende seus ideais igualitários redividindo-se

em três grandes grupos, todos bastante articulados em toda a

Europa, mas sem fronteiras nem ideário muito rígidos: a velha

social democracia, ligada à II Internacional Socialista, agora mais

cautelosa frente à sedução neoliberal, como é o caso do novo

Primeiro Ministro de Portugal, do Partido Socialista; uma nova

esquerda democrática e combativa, que pretende rever os rígidos

controles internos da União Europeia, como é o caso do Grupo

DIEM25, liderado pelo Syritsa, da Grécia; uma esquerda mais

radical, que retoma a inspiração das ruas no reencontro do conflito

capital/trabalho, propondo a extinção da União Europeia, á qual se

aproximam, em alguns casos, os antigos e sobreviventes – como no

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Brasil - Partidos Comunistas, como é o caso da “Nova Esquerda”,

também em Portugal.

Não se sabe bem no que estas transformações todas no cenário

europeu, acabarão dando. O tempo, senhor de todas as verdades,

o dirá.

Enquanto isso, curte-se mais um verão quente, cheio de

realizações culturais por toda a Europa, muitos jovens andando de

um lado pra outro, como se nada houvesse. Nos cafés, os mais

velhos. Vida que segue. Como sempre, até na Guerra, até que os

bombardeios cheguem aos nossos tetos. Uma coisa é atmosfera,

outra é o front, outra ainda a retaguarda, onde acalentamos sonhos

de amor e paixão eternos. A vida é bela.

NÓS NO MUNDO. O MUNDO EM NÓS?

Paulo Timm – Julho, 21 - 2016

Agora, está de moda falar em dicção, para um enunciado ou

máxima. É bonito. Antigamente, a palavra se referia apenas ao bem

ou mal falar: O fulano tem boa dicção, devia fazer teatro. Tudo

muda, se movimenta, a língua tem vida. Pois, Paulinho da Viola tem

uma “dicção” que gosto muito:

“Costumo dizer que o meu tempo é hoje. Eu não vivo no passado, o

passado vive em mim.”

Na verdade, não só o passado, como História, vive em cada um de

nós. Também a Geografia, envolta pela Ecologia. E não se trata

apenas de globalização. Trata-se da consolidação da Aldeia Global,

nesta era de conectividade total on line. Estamos mergulhados, até

o pescoço no planeta. E como se vive uma fase de grande

efervescência, há que se conviver, também, com suas tensões. O

isolamento é difícil.

A Coréia do Norte, por exemplo, insiste em se isolar, no tempo e no

espaço. Agora, tudo indica que a Turquia envereda por esse

campo, diante das reações extremadas de seu Presidente Erdogan.

Ao sufocar um suposto golpe contra a democracia, que alguns até

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dizem que foi um “autogolpe”, manda prender e arrebentar cerca de

100.000 opositores, dentre os quais militares de alta patente, juízes,

professores e servidores. Renasce na extremidade oriental da

Europa, o fantasma de Hitler. Turquia: outro país candidato ao

isolamento. À direita.

Mas, no geral, tudo segue no passo e compasso da integração. Até

a saída da Grã Bretanha da União Europeia é digerível. A indicação

de Donald Trump, pelo Partido Repubicano, à Casa Branca,

também.

Mas o que está havendo mesmo?

Nada demais. Apenas a roda do grande moinho da vida girando e

moendo seus grãos para alimentar o futuro.

O mundo contemporânea teve um momento crucial, que foi a II

Grande Guerra (1939-45), do qual saíram os Aliados vencedores

contra os países do Eixo – Alemanha, Itália e Japão - . A festa

durou pouco, porque entre estes Aliados estavam duas potências

em confronto, Estados Unidos e União Soviética, que logo

mergulharam na Guerra Fria, que só não explodiu em armas em

razão do risco nuclear à humanidade. Disputando virtudes e

resultados estes dois blocos dominaram a cena do mundo na

segunda metade do século XX. Em 1989 caiu o Muro de Berlim,

símbolo desta disputa, e em 1991, desintegrou-se a União Soviética

e todo seu bloco. Desde então, os Estados Unidos pontificaram

soberanos e ditam as regras do “Consenso de Washington”, sobre

como governar, aos quatro cantos da Terra. Foi tão forte este

processo que velhos oponentes, liberais e social-democratas, à que

se converteram até velhos Partidos Comunistas e movimentos de

esquerda como o peronismo, em vários países, se uniram nesta

síntese convergente:

1. Há uma série de princípios estratégicos principais, bem

diferenciados do pensamento da esquerda tradicional. O primeiro é:

apoderar-se do centro político. Nenhum partido social-democrata

pode hoje triunfar se pretender atrair uma determinada classe. O

importante é tratar de mover o centro da gravidade política para a

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esquerda. Nos últimos dez anos, o trabalhismo soube fazê-lo.

2. O segundo princípio é: assegurar a solidez da economia. Garantir

mais justiça social significa contar com uma economia mais sólida,

não o contrário. Os governos trabalhistas anteriores, quase sem

exceção, acabaram em crise econômica aos poucos anos de deter

o poder. 3. O terceiro princípio é o de realizar grandes

investimentos nos serviços

públicos, mas insistindo em que sejam acompanhados de reformas

destinadas a fazer com que tais serviços sejam mais eficientes e

transparentes e tenham maior capacidade de reação. Para isso são

essenciais a possibilidade de escolha e a competência.

4. O quarto princípio é o de criar um novo contrato entre o Estado e

os cidadãos, que inclua tanto direitos, quanto responsabilidades. O

governo deve proporcionar os recursos necessários para ajudar a

gente a construir sua própria vida, mas a gente deve cumprir sua

parte no pacto. Por exemplo, até agora, as indenizações por

desemprego eram um direito incondicional.

Mas agora, essa situação convida a não assumir nenhuma

responsabilidade e tem o efeito de impedir o acesso dos

trabalhadores a certos postos de trabalho. As pessoas que perdem

seus empregos devem responsabilizar-se pela

procura de trabalho e, ao mesmo tempo, devem ter a possibilidade

de atualizar sua formação quando o necessitem.

5. Por último, o princípio mais controvertido - embora crucial para o

êxito do trabalhismo - não permitir que a direita política monopolize

nenhuma questão. A direita tende a prevalecer sempre em áreas,

como a ordem pública, a imigração e o terrorismo; temos de buscar

soluções de centro esquerda para estes problemas. Dadas as

repercussões de viver num mundo mais globalizado, é preciso que

encontremos um novo equilíbrio entre as liberdades civis e a

segurança.

(A.Giddens in Trabalhistas e Conservadores- El País -25/07/2007)

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O modelo da Pax Americana começava, pois, a funcionar , a pleno

vapor, sem contestações expressivas.

Mas os americanos tropeçariam em 2008, numa crise que reeditou

a recessão dos anos 30, provocando distúrbios em cadeia ainda

sensíveis, particularmente no maior bloco associado, com 28 países

membros e alto níveis de renda e consumo, no alto de seus 500

milhões de habitantes , a União Europeia: crise sócio-econômica,

déficits fiscais recorrentes, tensões políticas e, principalmente,

ruptura da convergência ideológica em torno de uma “Terceira Via”.

Desde então, o mundo e, sobretudo a Europa, estão

convulsionados . Os ideais igualitários da esquerda reacendem. Os

conservadores se inquietam. A “Terceira Via” desmorona. Aquela

era uma época de forte declínio da ideologia socializante no mundo

inteiro, na antevéspera do fim da União Soviética. Favoreceu a

convergência. Agora mudou.

Se já estava afastada a hipótese radical de uma revolução social

como alternativa aos males do capitalismo, agora está afastada,

também, a ideia de que a História acabou. E com o fim do Fim da

História, foi-se a ideia de que só há uma maneira de governar: à la

neoliberal. É o neoliberalismo ladeira abaixo.

Tempo de mudanças.

A Europa tenta se recuperar da saída da Grâ Bretanha da União Europeia, aprovada em junho deste ano (2016), enquanto continua se debatendo , no seu interior, com as sequelas da Crise de 2008. Seu maior Banco, o Deutsch Bank, dá sinais de que está em situação difícil, muito parecida àquela do Lehmann Brothers, nos Estados Unidos. Acabou o sossego, ainda que a vida, em geral, muito interiorana em toda Europa, seja bastante tranquila. Portugal, por exemplo, é o quinto país mais pacífico do mundo. Neste quesito, nós, brasileiros, nada herdamos...

A primeira mudança se faz na Grã Bretanha, com a posse de nova Primeira Ministra Thereza May, em meio a um cenário de brutal queda do valor da libra esterlina, provocada pelo anúncio da saída da União Europeia, e riscos de separação da Escócia - talvez

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Irlanda do Norte - , para não falar da forte reação da população londrina que chegou, até, em falar de se constituir em Cidade Estado. (Já pensou se a moda pega no Brasil? Podíamos deflagrar um Movimento pela República Solar de Torres...! )

Thereza May terá, entretanto, que lidar com todos os velhos e novos problemas, começando pelos procedimentos para o retorno à economia de um só e soberano país. Tem, ela, contudo, a seu favor, o ter recolocado o Partido Conservador fora do alcance das figuras apoteóticas e demagógicas, que pesaram a favor do BREXIT (saída do país da União Europeia). Está empoderada, sem constrangimentos aliados, no centro do Partido e do Governo.

Thereza May lembra muito sua antecessora, a Dama de Ferro,

Margareth Thatcher, também conservadora, nos anos 1980, mas

talvez se pareça mais com Angela Merkel, chanceler da Alemanha.

Os tempos correm e moldam novas personalidades afinadas com

novos desafios. Há uma nova geração conservadora na Europa

mais aberta ao diálogo com os costumes e com as demandas

contemporâneas.

Alguém já disse esta é uma Era da Incerteza, pontilhada de

pessimismos, como o do ambientalista, James Lovelock, autor de

“Gaia”, para quem bilhões de pessoas deverão morrer até o final do

século em decorrência das mudanças climática. O físico S.Hwcks

diz que temos que correr em busca de refúgio em outro planeta. O

próprio FMI admite que o receituário que vem impondo para

consertar os vazamentos já não funciona adequadamente. E sua

própria Diretora , C. Lagarde exclama: - “Gostaria que o FMI tivesse

uma face mais humano...” .

Para piorar, há a crise dos refugiados vindos aos milhões das zonas

de conflitos do Oriente Médio e África.

Renasce a eterna indagação diante de momentos de indefinição:

Que fazer?

Ao colapso da razão, viva a liberdade, uma das duas pernas

sobre as quais se erigiu a modernidade.. Mas atrás da liberdade

aninham-se os irracionalismos, com sua sequência de

voluntarismos políticos. A paixão está de volta!, proclamam eles.

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Como resultado, emerge o populismo , com promessas vazias de

entregar o paraíso aqui na Terra: À direita, tipos como Donald

Trump e, à esquerda, o namoro da Nova Esquerda Europeia com o

“bolivarismo” latinoamericano. De permeio, o apelo à violência

espontaneísta, no qual o terrorismo dos lobos solitários é apenas

anúncio do que poderá vir por aí.

O centro, porém, com presença de personalidades, movimentos e

partidos de direita e de esquerda, reage e tenta se reagrupar, não

sem dificuldades, em torno de uma plataforma de defesa dos

direitos humanos, como estratégia de pacificação no século XXI. Já

não se trata da Terceira Via de Tony Blair , Clinton e FHC dos anos

90. O momento é outro: de salvaguarda da democracia ameaçada.

A plataforma não será mais a da Pax Americana com seu

“Consenso”- no alternatives-, embora não se saiba exatamente qual

seja. Neste processo a direita civilizada parece mais acossada,

embora mais unida, do que a esquerda, sempre pródiga em

alternativas divisionistas.

Hoje podemos visualizar cinco grandes núcleos ideológicos à

esquerda, na Europa: O PARTIDO SOCIALISTA EUROPEU, o

mais forte, que reúne os social-democratas, no Governo em

Portugal e outros países; O GRUPO CONFEDERAL DA

ESQUERDA UNITÁRIA EUROPEIA no qual se situa, dentre outros,

o PARTIDO DA ESQUERDA EUROPEIA, reunindo antigos

Partidos Comunistas, eurocomunistas e socialistas democráticos,

bem como o Syriza, da Grécia, único no poder, mas já com uma

dissidência em busca de uma Frente Democrática, identificada pelo

Manifesto DIEM-25, na defesa da democratização da União

Europeia ; e uma ESQUERDA ANTICAPITALISTA EUROPEIA,

informal, mais radical, de pouca representatividade, à que se

somam, na margem, os anarquistas, em franca ascensão.

Fortalece-se, contudo, um centro democrático. No esforço de

construir prescrições comuns para uma Nova Era já inscrita na

cultura do século XXI, mas ainda desarticulada de forças políticas e

sociais de suporte, ouvem-se, muitas vozes, poucas dignas de

menção, como, por exemplo, a do Sociólogo Boaventura de Souza

Santos, que preconiza a construção de um projeto hegemônico

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civilizatório a partir de novas inscrição constitucional , do Filósofo Y.

Habermas, para quem há que se reafirmar o direito da cidadania

acima dos poderes do sistema financeiro ou S. Zizek, que reclama

um retorno dos marxistas à Hegel. Não chegou a ter repercussão,

mas deve ser registrada pelo fato de que o autor é um brasileiro de

nomeado reconhecimento acadêmico, a entrevista de Mangabeira

Unger , arauto de uma “Revolução Vindoura”, à TV The Economist -

https://www.youtube.com/watch?v=llrC70C1Bl0

Neste entrevista, Mangabeira alinha alguns passos para a

reconstrução centrista da democracia e reforma do capitalismo:

revolução na Educação, ruptura com a financeirização do sistema

econômico, disseminação das economias criativas e inovadoras das

pequenas e médias empresas, re-energização da democracia de

baixo para cima , novas formas de garantias à segurança do

trabalho e rearranjo institucional para o desenvolvimento de uma

nova economia.

Tudo muito diferente, como se vê, do que se discute no Brasil.

Mergulhados na Geografia do futuro, agarramo-nos ao passado,

fruto daquilo que, de um lado, o Senador Cristovam Buarque

acredita ser o resultado do envelhecimento da esquerda, e de outro,

digo eu, de uma também velha, direita, embora de cara nova e

desajeitada no Governo do PMDB, com a mão cheia de

recomendações neoliberais caducas. Digo desajeitada porque o

Plano “Ponte para o Futuro”, que orienta o atual Pres. Temer, é o

oposto do Plano “Esperança e Mudança”, do mesmo PMDB, na

década de 80, sob a égide de Ulysses Guimaraes.

Aqui polarizamos, enfim, o presente, sem dar espaço à crítica

capaz de abrir caminhos para o futuro. Não é o passado, pois, que

parece viver em nós. Nós é que vivemos no passado....

APESAR DE TUDO, A VIDA É BELA

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Paulo Timm – Julho 2016 -

A Europa ainda se recupera da decisão da saída da Grâ Bretanha da União Europeia, enquanto se debate, no seu interior -ainda! - com as sequelas da Crise de 2008. Seu maior Banco, o Deutsch Bank, dá sinais de que está em situação difícil, muito parecida àquela do Lehmann Brothers, nos Estados Unidos. Pode-se dizer que se vive, aqui, uma época de reflexões e mudanças. Acabou o sossego, ainda que a vida, em geral, muito interiorana em toda Europa, seja bastante tranquila. Portugal, por exemplo, é o quinto país mais pacífico do mundo. Neste quesito, nós, brasileiros, nada herdamos...

A primeira mudança se faz na Grã Bretanha, com a posse de nova Primeira Ministra Thereza May, em meio a um cenário de brutal queda do valor da libra esterlina, provocada pelo anúncio da saída da União Europeia, e riscos de separação da Escócia - talvez Irlanda do Norte -, para não falar da forte reação da população londrina que chegou, até, em falar de se constituir em Cidade Estado. (Já pensou se a moda pega no Brasil? Podíamos deflagrar um Movimento pela República Solar de Torres...! )

Thereza May terá, entretanto, que lidar com todos os velhos e novos problemas, começando pelos procedimentos para o retorno à economia de um só e soberano país. Tem, ela, contudo, a seu favor, o ter recolocado o Partido Conservador fora do alcance das figuras apoteóticas e demagógicas, que pesaram a favor do BREXIT (saída do país da União Europeia). Está empoderada, sem constrangimentos aliados, no centro do Partido e do Governo.

Thereza May lembra muito sua antecessora, a Dama de Ferro, Margareth Thatcher, também conservadora, nos anos 1980, mas talvez se pareça mais com Angela Merkel, chanceler da Alemanha. Os tempos mudam e moldam novas personalidades afinadas com novos desafios. Há uma nova geração conservadora na Europa mais aberta ao diálogo com os costumes e com as demandas contemporâneas. Aquela era uma época de forte declínio da ideologia socializante no mundo inteiro, na antevéspera do fim da União Soviética. O pacto social-democrata, vigente em toda a Europa desde o fim da II Guerra, em 1945, inspirado numa esquerda moderada voltada à criação de um Estado de Bem

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Estar, demonstrava seus limites e abria uma era de renovação (neo)liberal - privatizações, maior competitividade e estímulos ao livre mercado -, a qual arrastaria em seu curso, inclusive, tradicionais figuras do socialismo europeu, como François Mitterrand, na França, e Tony Blair, na Inglaterra. Anthony Giddens foi o ideólogo desta nova postura, que acabou subdisiária do “Consenso de Washington”:

1. Há uma série de princípios estratégicos principais, bem

diferenciados do pensamento da esquerda tradicional. O primeiro

é: apoderar-se do centro político. Nenhum partido social-

democrata pode hoje triunfar se pretender atrair uma determinada

classe. O importante é tratar de mover o centro da gravidade

política para a esquerda. Nos últimos dez anos, o trabalhismo

soube fazê-lo.

2. O segundo princípio é: assegurar a solidez da economia.

Garantir mais justiça social significa contar com uma economia

mais sólida, não o contrário. Os governos trabalhistas anteriores,

quase sem exceção, acabaram em crise econômica aos poucos

anos de deter o poder. 3. O terceiro princípio é o de realizar

grandes investimentos nos serviços

públicos, mas insistindo em que sejam acompanhados de

reformas destinadas a fazer com que tais serviços sejam mais

eficientes e transparentes e tenham maior capacidade de reação.

Para isso são essenciais a possibilidade de escolha e a

competência.

4. O quarto princípio é o de criar um novo contrato entre o Estado

e os cidadãos, que inclua tanto direitos, quanto responsabilidades.

O governo deve proporcionar os recursos necessários para ajudar

a gente a construir sua própria vida, mas a gente deve cumprir sua

parte no pacto. Por exemplo, até agora, as indenizações por

desemprego eram um direito incondicional.

Mas agora, essa situação convida a não assumir nenhuma

responsabilidade e tem o efeito de impedir o acesso dos

trabalhadores a certos postos de trabalho. As pessoas que perdem

seus empregos devem responsabilizar-se pela

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procura de trabalho e, ao mesmo tempo, devem ter a possibilidade

de atualizar sua formação quando o necessitem.

5. Por último, o princípio mais controvertido - embora crucial para o

êxito do trabalhismo - não permitir que a direita política monopolize

nenhuma questão. A direita tende a prevalecer sempre em áreas,

como a ordem pública, a imigração e o terrorismo; temos de

buscar soluções de centro esquerda para estes problemas. Dadas

as repercussões de viver num mundo mais globalizado, é preciso

que encontremos um novo equilíbrio entre as liberdades civis e a

segurança.

(A.Giddens in Trabalhistas e Conservadores- El País -25/07/2007)

Contudo, se tal convergência isolou a esquerda mais radical em seus respectivos países e quebrou muitas das conquistas sociais do período anterior, contribuiu também para a unificação da Europa, acima do princípio das antigas soberanias nacionais, altamente beligerantes, e fortes pressões corporativas. A União Europeia, enfim, foi a realização de um velho sonho dos espíritos mais lúcidos da região. Hoje, ao contrário, é o neoliberalismo que está em crise, mesclado com a persistente tensão nos mercados financeiros, altas taxas de desemprego em vários países da União Europeia e a inusitada crise dos refugiados. Só a Alemanha recebeu um milhão deles. Desencanto, portanto, chegando ao pessimismo em vários caos.

Diante deste novo cenário emergem duas reações, ambas

altamente contestadoras à estabilidade da União Europeia: 1. o

conservadorismo clássico da Europa é ameaçado, à direita, pelo

populismo xenófobo, à la Trump, fazendo com que até se louve a

sua sobrevivência em personagens como Angela Merkel e

Thereza May; 2. A esquerda reacende seus ideais igualitários

redividindo-se em cinco grandes grupos, todos bastante

articulados em toda a Europa, mas sem fronteiras nem ideário

muito rígidos: O GRUPO CONFEDERAL DA ESQUERDA

UNITÁRIA EUROPEIA no qual se situa, dentre outros, o

PARTIDO DA ESQUERDA EUROPEIA, reunindo antigos Partidos

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Comunistas, eurocomunistas e socialistas democráticos, bem

como o Syriza, da Grécia, único no poder, mas já com uma

dissidência em busca de uma Frente Democrática, identificada

pelo Manifesto DIEM-25, na defesa da democratização da União

Europeia ; e uma ESQUERDA ANTICAPITALISTA EUROPEIA,

informal, mais radical, de pouca representatividade, à que se

somam, na margem, os anarquistas, em franca ascensão.

Não se sabe bem no que estas transformações todas no cenário europeu, acabarão dando. O tempo, senhor de todas as verdades, o dirá.

Enquanto isso, curte-se mais um verão quente, cheio de realizações culturais por toda a Europa, muitos jovens andando de um lado pra outro, como se nada houvesse. Nos cafés, os mais velhos. Vida que segue. Como sempre, até na Guerra, até que os as bombas estourem sobre nossas cabeças. Uma coisa é atmosfera, outra é o front, outra, ainda, a retaguarda, onde acalentamos sonhos de amor e paixão eternos. A vida é bela. E nós sempre teremos Paris...

ESQUERDA, VOLTER!

Novos caminhos para a esquerda europeia

Paulo Timm – julho 2016

:"Gostaria que o FMI tivesse uma face humana." - Christine

Lagarde, a diretora-gerente do FMI

“Globalization has been variously used in both popular and

academic literature to describe a process, a condition, a

system, a force, and an age.”

Manfred Steger

Eu gosto de usar uma expressão de Neil Smith, geógrafo

escocês: o neoliberalismo está morto, porém dominante. E o

filósofo italiano Franco Berardi acrescentou: e nós estamos

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morando dentro do cadáver. É um modelo que já provou ser

um fracasso.

Raquel Rolnik –Entrevista – P.Alegre BR -

http://www.sul21.com.br/jornal/nosso-grande-problema-nao-e-o-deficit-de-

moradia-mas-sim-o-deficit-de-cidade/

Paulo Timm

O objetivo deste artigo é discutir as tensões políticas na União Europeia, com centro na identificação e discussão das correntes de esquerda que nela atuam, evidenciando um claro renascimento de tendências radicais diante do que alguns já vêm como desintegração do projeto europeu, seja como resultado de uma ruptura violenta, seja, naturalmente, sem que ninguém se dê conta, como diz José Medeiros Ferreira, chanceler em Portugal em 1977, quando ele próprio encaminhou a adesão do país à Comunidade Europeia - https://www.publico.pt/tema-de-capa/jornal/a-uniao-europeia-pode-desaparecer-sem-darmos-por-ela-27394081. Uma coisa, porém, é certa, como afirma um dos estudiosos dos novos movimentos sociais na Europa, Paolo Gerbaudo, pesquisador do Kings College,

“Um dos resultados mais surpreendentes do estouro financeiro de 2008 e da crise econômica global que se seguiu a ele é que, na Europa, a esquerda não conseguiu capitalizar a imensa fratura

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social que se produziu. Apesar da aparição de movimentos como os Indignados na Espanha ou o Cinco Estrelas na Itália, e com a

exceção do Syriza na Grécia, não ocorreu na Europa um avanço concreto da esquerda como alternativa de governo”

O que significa ser de esquerda hoje na Europa? Entrevista com Paolo Gerbaudo

08/11/2013 - http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/O-que-significa-ser-de-esquerda-hoje-na-Europa-/4/29486

Isso não é totalmente verdade. Duas experiências demonstram um passo à frente na concretização de mudanças. Syriza, na Grécia, no poder desde 2015, e Podemos, na Espanha, com resultados eleitorais surpreendentes, embora menores nas eleições recentes de 2016, demonstram não apenas uma nova forma de organização da esquerda, fora das corporações tradicionais, que resistem à quebra de direitos sociais mas não avançam no projeto de reorganização da sociedade, como novos estilos de liderança, distante do líder sindical ou associação, inábeis para lidar com segmentos da inteligência e da classe média. Tsipras, na Grécia, é um engenheiro brilhante e carismático, Pablo Iglesias, na Espanha, um jovem professor universitário. Ambos conclamam à democracia, através do exercício positivo do voto em lugar das catilinárias tradicionais francamente negativista, numa reedição mais ampla do que ocorreu no Chile, por ocasião do plebiscito convocado pelo General Pinochet, muito bem retratado no filme “NO”: Atualização de estilo.

Para falar sobre a esquerda, porém, é mister discutir, primeiro, o que se entende por “esquerda”.

Já não é fácil, hoje, definir exatamente o que significa “ser de esquerda”. Entre a época da Convenção Nacional – 1792-1794 - , na Revolução Francesa, quando ter-se-ia originado a expressão , e o final da Guerra Fria, em 1991, identificaram-se, sempre, como esquerda, os setores da sociedade que defendiam maior justiça social. Será que houve alguma mudança neste paradigma? Tem havido...

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Na época da Revolução Francesa estes setores integravam o “Terceiro Estado” . Os jacobinos eram, então, os mais radicais nesta defesa e sentavam, com outros membros do dito Pântano ou Planície, do lado esquerdo da Assembléia.

Quase um século se passou, enquanto as tensões sociais se acentuavam com o início da industrialização na Europa, na qual pontificaram as rebeliões sem rumo que varreram o continente em 1848, até que as forças populares se reorganizassem, dando maior conteúdo à ideia mesma de “esquerda”. Mas duraria pouco esse redespertar, diante do fracasso da Comuna de Paris em 1871.

“Entre 1862 e 1863, operários britânicos e franceses começaram a debater a fundação de uma organização internacional. Esse

processo terminou com a criação de um Comitê Internacional dos Trabalhadores no dia 28 de setembro de 1864. Karl Marx foi

encarregado de escrever os estatutos e de fazer o discurso de fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT).

A primeira Internacional Socialista era uma confederação de tendências ideológicas diversas. Além dos sindicalistas havia

anarquistas prudhonianos, republicanos, democratas radicais, etc. A Internacional teve vida curta, deixando de existir após a derrota da

Comuna de Paris, em 1871. “

Fonte - http://www.pstu.org.br/node/7672

Ao final do século XIX o marxismo foi ganhando corpo junto ao movimento operário e passou e se confirmou internacionalmente hegemônico depois da Revolução Soviética, em 1917, não sem fraturas internas. Neste período constitui-se a II Internacional, que acabaria se dividindo em três tendências, duas das quais se cristalizariam como antagônicas, dando origem à III Internacional em 1919: Reformistas x Revoucionários.

III Internacional A Internacional Comunista (IC) foi fundada em março de 1919. Ela reunia os partidos comunistas criados a partir de cisões da social-democracia em diferentes países. Diferente da II Internacional, a

Internacional Comunista se constituiu como um verdadeiro partido mundial da revolução socialista, com um programa revolucionário e

guiada pelo centralismo democrático.

Fonte - http://www.pstu.org.br/node/7672

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Ser de esquerda”, depois desta última data passou a significar, então, durante meio século, a adoção do credo marxista-leninista do assalto ao Poder e de um ou outra maneira, apoiar a União Soviética, sob a justificativa de que era a vanguarda do internacionalismo proletário, no âmbito do Movimento Comunista Internacional - primeiro sob a égide do KOMINTERN, nome fantasia da III Internacional (1919/1943) e , depois, do COMINFORM - Bureau de Informação dos Partidos Comunistas e Operários (1947-1956)

É verdade que essa era uma vertente revolucionária da esquerda, guiada pela utopia do assalto ao poder e construção do socialismo sob a égide de um partido de classe ,capaz de montar e dirigir uma economia centralmente planificada, nos moldes do que ficou consagrado como princípios do marxismo-leninismo.

Tal vertente nada mais foi do que um desdobramento, no seio do que já se conhecia como social-democracia, no final do século XIX, quando os partidos já estavam nacionalmente organizados na Europa. A social democracia rejeitou o modelo soviético e reunificou-se, na década de 1920, sob a bandeira de um socialismo dito evolucionário, ou seja, reformista, logo denunciado como cor de rosa e colaboracionista do empresariado. Ainda assim, “de esquerda”, já que empenhada â causa de eliminação de desigualdades.

Ao longo do século XX, com o fracasso das expectativas revolucionárias na Europa Ocidental , a social-democracia consolidou-se como o pilar fundamental da construção do Estado de Bem Estar . Isso foi mais efetivo nos países em que teve maior sucesso eleitoral. Até hoje, contudo, continua organizada sob a II Internacional Socialista e tem influência considerável no sistema político da região.

Na primeira metade do século XX, além mar, algumas correntes políticas empenhadas na libertação nacional ou econômica de seus povos foram se organizando, também, à margem da esquerda revolucionária, de caráter comunista, ou social-democrata, de caráter reformista. Constituiram-se no calor mesmo das lutas internas destes povos, passando a ocupar um papel senão “de esquerda” , “à esquerda” das disputas políticas , como defensora da soberania de seus países e direitos sociais dos trabalhadores, nos processos em que se envolviam, nos quais, muitas vezes, tinham que se bater contra os comunistas. Este foi o caso de Perón, na Argentina e Vargas, no Brasil, cujas experiências nacional-

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desenvolvimentistas foram simplesmente identificadas como “populistas”, isto é, sem conteúdo definido de classe e, portanto, sem perspectiva revolucionária. Caso típico, a posição do Partido Comunista do Brasil na véspera do suicídio de Vargas, em agosto de 1954, denunciando-o como instrumento do imperialismo, posição que foi revertida diante da destruição das instalações do Jornal do PCB, na revolta popular que se seguiu aos acontecimentos. Ser de esquerda, portanto, nestes países periféricos, introduzia um questionamento nas fórmulas teóricas que o tempo só faria reproduzir.

Na década de 60 o cenário da esquerda, seja na sua vertente revolucionária, seja na reformista, começa a se modificar.

Isaac Deutscher, biógrafo de Trotsky, defensor de suas idéias e, ele próprio, historiador desta dissidência do marxismo soviético, já advertia no campo revolucionário três grandes tendências, além do trotskysmo: a soviética, a chinesa e a castrista. Não se trata, aqui, de aprofundar sobre as características de cada uma destas orientações. Apenas registrá-las como parte do processo de liquidação do monolitismo soviético sobre as esquerdas. Ainda assim, importa registrar o gradual abandono dos comunistas influenciados por Moscou da linha propriamente revolucionária. Na década de 1970, por exemplo, os mais expressivos Partidos Comunistas da Europa Ocidental cunham uma expressão, Eurocomunismo, para expressar o abandono do leninismo clássico. Depois da extinção da União Soviético estes mesmos Partidos acabaram se fracionando em inspirações tão reformistas quanto os velhos partidos socail-democratas, embora seus embriões ortodoxos jamais tenham deixado de existir. Em alguns casos, como o Partido Comunista Português – PCP - , não houve abertura ao dito eurocomunismo, nem, tampouco, à fragmentação depois do colapso do Muro. Sob os longos anos salarismo falava-se muito em Portugal do orgulho isolacionista. Parece que ele enraizou fundo na cultura local...

Outro importante fato, digno de menção, iniciado em meados do século XX e de grande expressão a partir dos anos 60 foi o advento da Teologia da Libertação no seio da Igreja Católica, no rastro do Concíclio Vaticano II e que viria a ter peso significativo junto aos movimentos populares, sobretudo na América Latina, alinhando católicos de esquerda juntos aos movimentos populares. Este segmento viria a ter importância decisiva na formação do Partido

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dos Trabalhadores, no Brasil, em 1980, como assinala José de Souza Martins no seu recente livro....

O final do século do XX, tem, pois, um cenário de intervenções atribuídas à pessoas, movimentos, doutrinas e partidos de esquerda, muito mais diversificado e complexo do que no início do século. “Ser de esquerda” passa a ter muito mais elasticidade. Curiosamente, declinaram as vertentes revolucionárias, com o recuo do castrismo em suas tentativas de intervenção no continente e o virtual ensimesmamento da China ao seu particular modelo de construção capitalista do socialismo. Os movimentos de libertação nacional, associados ou não às aspirações nacional- desenvolvimentistas, estas mais próprias da América Latina, refluem, também, aos seus próprios países recém libertados ou em desafios à construção de uma difícil modernidade. A exceção fica por conta do “Bolivarismo”, de inspiração justicialista pelo Presidente Hugo Chaves, desde sua ascensão ao poder na Venenuela em 1999. Num dado momento, passou, também, a se identificar “ à esquerda” do espectro político do continente, articulando distintas experiências como as da Argentina, Uruguai, Equador e mesmo Brasil

O que é bolivarianismo?

O termo provém do nome do general venezuelano do século 19 Simón Bolívar, que liderou os movimentos de independência da

Venezuela, da Colômbia, do Equador, do Peru e da Bolívia. Convencionou-se, no entanto, chamar de bolivarianos os governos de esquerda na América Latina que questionam o neoliberalismo e o Consenso de Washington (doutrina macroeconômica ditada por

economistas do FMI e do Banco Mundial).

Marsilea Gombata in Você Sabe o que é Bolivarismo -Carta Maior

http://www.contextolivre.com.br/2014/11/voce-sabe-o-que-e-o-

bolivarianismo.html

Hoje subsiste, pois, a ideia original de que “ser de esquerda” significa optar por um caminho de mudanças, graduais ou não, com vistas à ampliação de direitos sociais e melhor qualidade de vida

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para o conjunto da sociedade. Mas, salvo para os ortodoxos do velho marxismo-leninismo, presentes em vários Partidos Comunistas remanescentes, “ser de esquerda” tornou-se um arco mais flexível. Não significa ser membro de tal o qual Partido, muito menos que se adira a este ou aquele modelo internacional ou doutrinário.

A sociedade pós industrial contribui para isso, com a proliferação de grandes massas dispersas em habitats urbanos mais vastos do que os antigos bairros operários, ocupadas em atividades cada vez mais fragmentadas de serviços, paralela à ampliação de direitos ao longo do século XX. Multiplicaram-se as demandas populares numa infinidade de direções, cada uma delas ancorada em movimentos organizados com forte presença na sociedade civil. Subiste, por certo, na base da economia de mercado o conflito básico capital/trabalho, e uma configuração geral no mundo assim regulado, de um pequeno grupo de pessoas muito ricas e uma imensidão de pobres. Tornou-se conhecida a revelação de 1% da população mundial controla os ativos que controlam e condicionam o resto. No interior, porém, dessas sociedades há uma diversidade sócio-econômica muito grande. Há os países do norte, desenvolvidos, e os países do hemisferio sul, subdesenvolvidos e entre eles, situações distintas, como os países em desenvolvimento da esfera capitalista, alguns articulados em torno do acrônimo BRICS situados no hemisfério sul, como o Brasil, India e Africa do Sul;outros não necessariamente, como Argentina, Chile, México e países da Oceania; outros, como os exportadores de petróleo, são os “pobres-ricos”. No hemisfério norte, a diversidade também é grande, seja na âmbito da União Europeia, caso da Grécia e outros, seja outros países emergentes como a Turquia. Caso da Russia, nem falar. Uma grande potência em transição com veleidades de supremacia.

O mapa geopolítico do mundo enfim, já não comporta traços divisórios muito rígidos, tipo Norte-Sul, desenvolvidos-subdesenvolvidos, centro-periferia. No interior de cada uma dessas configurações, então, nem falar. Reina incrível diversidade .

De qualquer forma, pode-se dizer que as sociedade ocidentais mais desenvolvidas, nas quais se situa a Europa, detém uma característica: São complexas e detém uma vigorosa classe média, cuja definição precisa ainda se constitui em grande esforço dos sociólogos. Sabe-se, apenas , que detêm um peso muito grande como consumidoras e como formadoras de opinião.

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A Europa, com raízes diferentes, reflete e contém também todas estas particularidades da passagem do tempo: Transformações sócio-econômicas, diversidade cultural, polinucleação das demandas sociais, ambivalências ideológicas e grandes bolsões de imigrantes não integrados. (As chamadas zonas proibidas (no-go zones), habitadas pelos imigrantes, cerca de 500 espalhadas pela Europa Ocidental formam verdadeiros quistos urbanos homogêneos e desintegrados das respectivas sociedades. Pesquisa feita nestas áreas de ocupação muçulmana em Paris afirma que metade dos jovens aí residentes apoia o Estado Islâmico (Daesh)) Seu núcleo demográfico total, 742,5 milhões (2013) milhões de pessoas, incluindo a Rússia, é um poderoso estímulo ao consumo e investimento, tendo, na sua parte Ocidental, aproximadamente 80% da força de trabalho no setor se serviços, grande parte na classe média, enquanto apenas 15% como classe operária, sendo estas o núcleo duro das organizações de esquerda refletem, assim, o antigo sistema produtivo industrial.

Com o plano Marshall, a necessidade de mão de obra fez com que os

europeus estimulassem a imigração para a Europa. Os imigrantes faziam os

trabalhos que o povo europeu não se prestava a fazer (trabalho braçais e

considerados humilhantes para os europeus) e recebiam baixos salários.

Com um mundo globalizado e informatizado, a Europa prefere comprar de

outros países produtos de menor tecnologia, sendo assim, com a menor

necessidade de mão de obra, o trabalhador estrangeiro é tido como um

concorrente com os trabalhadores europeus no mercado de trabalho da

Europa. Gerando assim, uma espécie de xenofobia (aversão aos estrangeiros

imigrantes).

http://www.coladaweb.com/geografia/continentes/a-populacao-europeia

Eis como uma alma amena reparte a Europa, em suas múltiplas determinações particulares:

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No fim do século XX, a Europa Ocidental , organiza, num longo e difícil processo, a União Europeia. Foi fundada por França, Béligica, Luxemburgo, Itália, Países Baixos e Alemanha, em 1993, com sede em Bruxelas. Hoje conta , ainda com 28 países membros, mas a Grã Bretanha já tomou a decisão de se retirar do bloco, na vitória da campanha que ficou conhecida como BREXIT, vencedora do plebiscito realizado em junho de 2016. As

Mesmo dentro desta Europa unificada, na União Europeia, há muitas Europas: Países grandes, como Alemanha, países pequenos como Luxemburgo, países em franco desenvolvimento como a Espanha, países mais atrasados, como vários do leste europeu. E há o casreo especial da Grã Bretanha, sede de um antigo Império Colonial, sempre avessa ao continente.

Sobre esta União Europeia, em fase grandes reflexões e mudanças,

me detenho.

Ela ainda se recupera, nos dias que passam, do choque do

anúncio da saída da Grâ Bretanha- o BREXIT, que durará cerca de

dois anos, enquanto se debate, no seu interior com as sequelas da

Crise de 2008. Seu maior Banco, o Deutsch Bank, dá sinais de que

está em situação difícil, muito parecida àquela do Lehmann

Brothers, nos Estados Unidos. Outros países, enfrentam-se com

graves problemas de desemprego. Pode-se dizer que se vive, aqui,

uma época de reflexões e mudanças. Acabou o sossego, ainda que

a vida, em geral, muito interiorana em toda Europa, seja bastante

tranquila. Portugal, por exemplo, é o quinto país mais pacífico do

mundo. Neste quesito, nós, brasileiros, nada herdamos...

A primeira mudança se faz na Grã Bretanha, com a posse de nova

Primeira Ministra Thereza May, em meio a um cenário de brutal

queda do valor da libra esterlina, provocada pelo anúncio da saída

da União Europeia, e riscos de separação da Escócia - talvez

Irlanda do Norte - , para não falar da forte reação da população

londrina que chegou, até, em falar de se constituir em Cidade

Estado. (Já pensou se a moda pega no Brasil? Podíamos deflagrar

um Movimento pela República Solar de Torres...! )

Thereza May terá, entretanto, que lidar com todos os velhos e

novos problemas, começando pelos procedimentos para o retorno à

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economia de um só e soberano país. Tem, ela, contudo, a seu

favor, o ter recolocado o Partido Conservador fora do alcance das

figuras apoteóticas e demagógicas, que pesaram a favor do

BREXIT (saída do país da União Europeia). Está empoderada, sem

constrangimentos aliados, no centro do Partido e do Governo.

Thereza May lembra muito sua antecessora, a Dama de Ferro,

Margareth Thatcher, também conservadora, nos anos 1980, mas

talvez se pareça mais com Angela Merkel, chanceler da Alemanha.

Os tempos mudam e moldam novas personalidades afinadas com

novos desafios. Há uma nova geração conservadora na Europa

mais aberta ao diálogo com os costumes e com as demandas

contemporâneas. Aquela era uma época de forte declínio da

ideologia socializante no mundo inteiro, na antevéspera do fim da

União Soviética.

Outras mudanças vão se sucedendo no campo da esquerda

europeia, multiplicando-se a indignação frente às contorções da

crise econômica pós-2008 e a rigidez das autoridades europeias

para minorar seus impactos. Há muitos dignóstico, muitas

mobilizações e manifestos, mas a questão central é como saltar

desses sintomas para uma política socialista mais unificada que

reflita uma nova sociedade de redes numa era pós-industrial.

O pacto social-democrata, vigente em toda a Europa desde o fim da

II Guerra, em 1945, inspirado numa esquerda moderada voltada à

criação de um Estado de Bem Estar, demonstrava seus limites e

abria uma era de renovação (neo)liberal, aberta pela forte presença

de Margareth Thatcher como Primeira Ministra da Grã Bretanha

(1979-1990) - privatizações, maior competitividade e estímulos ao

livre mercado -, a qual arrastaria em seu curso, inclusive,

tradicionais figuras do socialismo europeu, como François

Mitterrand, na França, e Tony Blair, na Inglaterra. O ideólogo desta

fase de convergência entre conservadores e a esquerda na Europa

foi um sociólogo de grande influência na Inglaterra, Anthony

Giddens, que assim resumia a Agenda da Terceira Via:

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Trechos do artigo -Trabalhistas e Conservadores- no El País -

25/07/07

1. Há uma série de princípios estratégicos principais, bem

diferenciados do

pensamento da esquerda tradicional. O primeiro é: apoderar-se do

centro

político. Nenhum partido social-democrata pode hoje triunfar se

pretender

atrair uma determinada classe. O importante é tratar de mover o

centro da

gravidade política para a esquerda. Nos últimos dez anos, o

trabalhismo

soube fazê-lo.

2. O segundo princípio é: assegurar a solidez da economia. Garantir

mais

justiça social significa contar com uma economia mais sólida, não o

contrário. Os governos trabalhistas anteriores, quase sem exceção,

acabaram

em crise econômica aos poucos anos de deter o poder.

3. O terceiro princípio é o de realizar grandes investimentos nos

serviços

públicos, mas insistindo em que sejam acompanhados de reformas

destinadas a

fazer com que tais serviços sejam mais eficientes e transparentes e

tenham

maior capacidade de reação. Para isso são essenciais a

possibilidade de

escolha e a competência.

4. O quarto princípio é o de criar um novo contrato entre o Estado e

os

cidadãos, que inclua tanto direitos, quanto responsabilidades. O

governo

deve proporcionar os recursos necessários para ajudar a gente a

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construir

sua própria vida, mas a gente deve cumprir sua parte no pacto. Por

exemplo,

até agora, as indenizações por desemprego eram um direito

incondicional.

Mas agora, essa situação convida a não assumir nenhuma

responsabilidade e

tem o efeito de impedir o acesso dos trabalhadores a certos postos

de

trabalho. As pessoas que perdem seus empregos devem

responsabilizar-se pela

procura de trabalho e, ao mesmo tempo, devem ter a possibilidade

de

atualizar sua formação quando o necessitem.

5. Por último, o princípio mais controvertido - embora crucial para o

êxito

do trabalhismo - não permitir que a direita política monopolize

nenhuma

questão. A direita tende a prevalecer sempre em áreas, como a

ordem

pública, a imigração e o terrorismo; temos de buscar soluções de

centro

esquerda para estes problemas. Dadas as repercussões de viver

num mundo

mais globalizado, é preciso que encontremos um novo equilíbrio

entre as

liberdades civis e a segurança.

Esta convergência ideológica, que perdurou da década 1990 até bem pouco, se, por uma lado, isolou a esquerda mais radical em seus respectivos países e quebrou muitas das conquistas sociais do período anterior, contribuiu para a unificação da Europa, acima do princípio das antigas soberanias nacionais, altamente beligerantes, e fortes pressões corporativas. A União Europeia, enfim, foi a realização de um velho sonho dos espíritos mais lúcidos, moderados e ideologicamente convergentes da região. Mas que se consumiu ao longo da implantação da unificação e de

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desdobramentos de um sistema econômico global cada vez mais financeirizado e desregulado, que traria tensões e desequilíbrios cada vez mais insuportáveis na região.

A crise de 2008, com seus reflexos financeiros e fiscais na Irlanda, na Islândia, na Grécia, em Portugal e Espanha, todos com crises em suas dívidas soberanas, mercê de déficits sistemáticos de seus respectivos governos, submetidos aos rigorosos controles de Bruxelas, ressuscitou divergências antigas e tensões inusitadas. As fórmulas de austeridade fiscal impostas a estes países, concebidas no formato do Consenso de Washington, dentro de estritas prescrições neoliberais traziam inquietação. Acabaram literalmente contestadas como inapropriadas, sobretudo á luz das experiências positivas de alguns países dissidentes como Brasil, Índia e Russia, que surfavam em divisas graças à emergência da China no mercado internacional. Isso minou a convergência ideológica animada pelo “no alternativas” de décadas atrás fomentando discórdias inusitadas na União Europeia. Tais disputas ficam mais acirradas ainda quando o próprio FMI, uma das instituições da governança financeira do bloco, a cargo da chamada TROIKA (FMI, Banco Central Europeu e EU) dá mostras de falhas no receituário. Eis o que diz um relatório firmado pelo o vice-diretor do departamento de pesquisas Jonathan D. Ostry, o chefe divisional Prakash Loungani e o economista Davide Furceri e divulgado na primeira metade de 2016

"Em vez de gerarem crescimento, algumas políticas neoliberais têm aumentado a desigualdade e colocado em risco uma expansão

duradoura".

O estranho dia em que o FMI criticou o

neoliberalismo

http://www.bbc.com/portuguese/geral-36668582?ocid=socialflow_facebook

Ora, isso colocou não só a convergência ideológica, mas sua

própria substância neoliberal em crise, sobre um terreno minado

por persistente tensão nos mercados financeiros, altas taxas de

desemprego em vários países, e déficits fiscais recorrentes em

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outros, tudo isso acentuado pela inusitada crise dos refugiados

sírios e africanos a partir de 2014. Só a Alemanha recebeu um

milhão deles em um ano, resultado dos 4 milhões de emigrados

pela Guerra da Síria. Desencanto, portanto, chegando ao

pessimismo em vários caos.

Diante deste novo cenário o populismo reacende tanto na direita

como na esquerda, onde pontifica um Jeremy Corbyn duas reações

emergem na União Europeia, ambas desestabilizados do projeto de

unificação e até da relativa pacificação social obtida sob o pacto

social democrata, entre 1945 e 1990 e, depois, sob o império da

convergência entre social-democratas e liberais:

1. o conservadorismo clássico da Europa é cada vez mais

ameaçado, à direita, pelo populismo xenófobo, à la Trump,

fazendo com que até se louve a sua sobrevivência em personagens

como Angela Merkel e Thereza May;

2. A esquerda, reacende seus ideais igualitários redividindo-se em

quatro grandes grupos, todos bastante articulados em toda a

Europa, mas sem fronteiras nem ideário muito rígidos. Há pouco

tempo viam-se apenas duas tendências à esquerda, hoje mercê da

crise e da discussão sobre a União Europeia as coisas se

complicaram um pouco Aqui me detenho por ser o objeto maior

deste artigo.

(1)PARTIDO SOCIALISTA EUROPEU - A velha e consolidada social democracia, ligada à II Internacional Socialista, agora mais cautelosa frente à sedução neoliberal, como é o caso do novo Primeiro Ministro de Portugal, do Partido Socialista, desde novembro de 2015. Eles integram o Partido Socialista Europeu (PSE) da União Europeia , fundado em 1992 como sucessor da Confederação de Partidos Socialistas da União Europeia. com assento no Parlamento Europeu e com membros de vários países:

Partidos membros do PSE Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Socialista_Europeu

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País Nome D.Europeus D.Nacionais Status

Alemanha Partido Social-Democrata da

Alemanha

27 / 96 193 / 631 Governo

Áustria Partido Social-Democrata da Áustria 5 / 18

52 / 183

24 / 62

Governo

Bélgica

Partido Socialista 3 / 8

23 / 63

9 / 24

Oposição

Partido Socialista - Diferente 1 / 13

13 / 87

5 / 35

Oposição

Bulgária Partido Socialista Búlgaro 4 / 17 39 / 240 Oposição

Croácia Partido Social-Democrata da Croácia 2 / 11 56 / 151 Governo

Chipre Movimento pela Social-Democracia 1 / 6 5 / 56 Oposição

Dinamarca Partido Social-Democrata 3 / 13 47 / 179 Oposição

Eslováquia Direção—Social-Democracia 4 / 13 83 / 150 Governo

Eslovênia Social-Democratas 1 / 8 6 / 90 Governo

Espanha Partido Socialista Operário Espanhol 13 / 54

110 / 350

63 / 264

Oposição

Estónia Partido Social Democrata 1 / 6 15 / 101 Governo

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Finlândia Partido Social Democrata da Finlândia 2 / 13 34 / 200 Oposição

França Partido Socialista 12 / 74

295 / 577

128 / 348

Governo

Grécia Movimento Socialista Pan-helénico 2 / 21 16 / 300 Oposição

Hungria

Partido Socialista Húngaro 2 / 21 29 / 199 Oposição

Partido Social Democrata Húngaro 0 / 21 0 / 199 N/D

Irlanda Partido Trabalhista 0 / 11

33 / 166

11 / 60

Governo

Itália

Partido Democrático 29 / 73

309 / 630

114 / 315

Governo

Partido Socialista Italiano 0 / 73

4 / 630

3 / 315

Governo

Lituânia Partido Social Democrata da Lituânia 2 / 11 38 / 141 Governo

Luxemburgo Partido Socialista dos Trabalhadores

do Luxemburgo

1 / 6 13 / 60 Governo

Malta Partido Trabalhista 3 / 6 39 / 69 Governo

Noruega Partido Trabalhista Norueguês - 55 / 169 Oposição

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Países Baixos Partido do Trabalho 3 / 26

36 / 150

8 / 75

Governo

Polónia

Aliança da Esquerda Democrática 4 / 51

0 / 460

0 / 100

N/D

União do Trabalho 1 / 51

0 / 460

0 / 100

N/D

Portugal Partido Socialista 8 / 21 86 / 230 Governo

Reino Unido

Partido Trabalhista 20 / 73

232 / 650

212 / 786

Oposição

Partido Social Democrata e

Trabalhista

0 / 73

3 / 650

0 / 786

Oposição

República

Checa Partido Social-Democrata Tcheco 4 / 21 50 / 200 Governo

Romênia Partido Social-Democrata 15 / 32

145 / 412

59 / 176

Governo

Suécia Partido Operário Social-Democrata da

Suécia

5 / 20 113 / 349 Governo

Partidos associados[editar | editar código-fonte]

País Nome D.Europeus D.Nacionais Status

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Albânia Partido Socialista da Albânia - 66 / 140 Governo

Bósnia e

Herzegovina

Partido Social Democrata da

Bósnia e Herzegovina

- 3 / 42 Governo

Bulgária Partido dos Social Democratas

Búlgaros

0 / 17 1 / 240 Oposição

Islândia Aliança Social Democrática - 9 / 63 Oposição

Letônia Partido Social-Democrata

«Harmonia»

1 / 8 24 / 100 Oposição

Macedônia União Social-Democrata da

Macedónia

- 34 / 123 Oposição

Moldávia Partido Democrático da Moldávia - 19 / 101 Governo

Montenegro

Partido Democrata dos Socialistas

de Montenegro

- 31 / 81 Governo

Partido Social Democrata de

Montenegro

- 6 / 81 Governo

Sérvia Partido Democrático - 17 / 250 Oposição

Suíça Partido Social Democrata da Suíça - 46 / 200 Governo

Turquia

Partido Republicano do Povo - 134 / 550 Oposição

Partido Democrático dos Povos - 59 / 550 Oposição

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Partidos observadores[editar | editar código-fonte]

País Nome D.Europeus D.Nacionais Status

Andorra Partido Social-Democrata - 3 / 28 Oposição

Armênia Federação Revolucionária Armênia - 5 / 131 Oposição

Chipre do

Norte Partido Republicano Turco - 21 / 50 Governo

Egito Partido Social Democrata Egípcio - 0 / 567 N/D

Geórgia Sonho Georgiano - 87 / 150 Governo

Israel

Partido Trabalhista - 19 / 120 Oposição

Meretz - 5 / 120 Oposição

Letônia Partido Social Democrata Operário

Letão

0 / 8 0 / 100 N/D

Marrocos União Socialista das Forças Populares - 39 / 395 Oposição

Palestina Fatah - 45 / 132 Governo

San Marino Partido dos Socialistas e Democratas - 10 / 60 Governo

Tunísia Fórum Democrático pelo Trabalho e

Liberdades

- 0 / 217 N/D

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(2) GRUPO CONFEDERAL DA ESQUERDA UNITÁRIA EUROPEIA / Esquerda Nórdica Verde ou GUE/NGL (GUE do francês Gauche Unitaire Européene; NGL do inglês Nordic Green Left) PODEMOS, Espanha, e BLOCO DE ESQUERDA , Portugal é um grupo parlamentar socialista e comunista do Parlamento Europeu, composto pelo Partido da Esquerda Europeia e pela Esquerda Nórdica Verde, além de alguns Partidos Independentes. A origem desde grupo remonta a . 1995, quando o alargamento da União Europeia levou à criação dos grupos de partidos da Esquerda Nórdica. O Esquerda Nórdica Verde fundiu-se com o Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia (GUE) em 6 de Janeiro de 1995, formando o Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde. O sufixo NGL foi adicionado ao nome do grupo expandido sob a insistência dos eurodeputados suecos e finlandeses

Deputados por legislatura

Data Deputados % Nome

1979 44 / 410

Comunistas e Aliados

1984 41 / 434 3 Comunistas e Aliados

1989 42 / 518 1

Esquerda Unitária Europeia

Coligação de Esquerda

1994 28 / 567 14 Esquerda Unitária Europeia

1999 42 / 626 14

2004 37 / 732 5

Page 37: EU:ALTERNATIVAS PARA A ESQUERDA - paulotimm.com.br do Timm... · Em Portugal, por exemplo, sempre tivemos, além do socialismo democrático, partidos da Esquerda radical, comunista,

2009 35 / 736 2

2014 52 / 751 17

Fonte - https://pt.wikipedia.org/wiki/Esquerda_Unit%C3%A1ria_Europeia/Esquerda_N%C3%B3rdica_Verde

Trata-se de um grupo de esquerda mais impetuoso, anticapitalista e doutrinário, que retoma a inspiração das ruas para a realimentação do conflito capital/trabalho, propondo, em grande parte de seus membros, a extinção da União Europeia. Aí se encontram os antigos e sobreviventes – como no Brasil - Partidos Comunistas, todos muito bem organizados. Já o Partido da Esquerda Europeia é mais restrito. Trata-se um partido político europeu fundado em 2004, com sede na Belgica e agrupa a maior parte dos partidos comunistas europeus e seus sucessores, bem como algumas outras forças de esquerda anticapitalista..

Partido da Esquerda Europeia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Vert também site _ http://www.european-left.org/

Partido da Esquerda Europeia

Party of the European Left

Presidente Pierre Laurent

Fundação 8 de maio e 9 de maiode 2004

Sede Bruxelas, Bélgica

Ideologia Socialismo

Socialismo democrático

Eurocomunismo

Comunismo (minoria)

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Espectro político Esquerda

Ala Jovem Rede Democrática da Esquerda

Europeia Jovem

Afiliação

internacional

nenhuma

Grupo

noParlamento

Europeu

Esquerda Unitária

Europeia/Esquerda Nórdica Verde

Cores Vermelho

http://www.european-left.org

Índice

[esconder]

Partidos membros[editar |

País Nome D.Europeus D.Nacionais Status

Alemanha A Esquerda 7 / 96 64 / 631 Oposição

Áustria Partido Comunista da

Áustria

0 / 18

0 / 183

0 / 62

N/D

Bélgica Partido Comunista da

Valónia

0 / 8

0 / 62

0 / 24

N/D

Bielorrússia

Partido da Esquerda

Bielorusso "Um Mundo

Justo"

0 / 110 N/D

Bulgária Esquerda Búlgara 0 / 17 0 / 240 N/D

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Dinamarca Aliança Vermelha e

Verde

0 / 13 14 / 179 Oposição

Eslovênia Esquerda Unida 0 / 8 6 / 90 Oposição

Espanha

Esquerda Unida 5 / 54

11 / 350

2 / 264

Oposição

Partido Comunista de

Espanha

Esquerda Unida Oposição

Esquerda Unida e

Alternativa

Esquerda Unida Oposição

Estónia Partido da Esquerda da

Estónia

0 / 6 0 / 100 N/D

Finlândia

Aliança de Esquerda 1 / 13 12 / 200 Oposição

Partido Comunista da

Finlândia

0 / 13 0 / 200 N/D

França

Partido Comunista

Francês

2 / 74

7 / 577

17 / 348

Oposição

Partido de Esquerda 1 / 74

1 / 577

0 / 348

Oposição

Esquerda Unitária 0 / 74 0 / 577 N/D

Page 40: EU:ALTERNATIVAS PARA A ESQUERDA - paulotimm.com.br do Timm... · Em Portugal, por exemplo, sempre tivemos, além do socialismo democrático, partidos da Esquerda radical, comunista,

0 / 348

Grécia SYRIZA 5 / 21 145 / 300 Governo

Hungria

Partido dos

Trabalhadores da

Hungria 2006

0 / 21 0 / 199 N/D

Itália Partido da Refundação

Comunista

1 / 73

0 / 630

0 / 315

N/D

Luxemburgo A Esquerda 0 / 6 2 / 60 Oposição

Portugal Bloco de Esquerda 1 / 21 19 / 230 Apoio

Parlamentar

Moldávia

Partido dos Comunistas

da República da

Moldávia

- 21 / 100 Oposição

República

Checa

Partido do Socialismo

Democrático

0 / 21 0 / 200 N/D

Romênia Partido da Alternativa

Socialista

0 / 32

0 / 412

0 / 176

N/D

San Marino Esquerda Unida - 5 / 60 Oposição

Suíça Partido Suiço do

Trabalho

- 0 / 200 N/D

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Turquia Partido da Liberdade e

Solidariedade

- 0 / 550 N/D

Partidos observadores[editar | editar código-fonte]

País Nome D.Europeus D.Nacionais Status

Alemanha Partido Comunista Alemão 0 / 96 0 / 631 N/D

Bélgica Outra Esquerda 0 / 8

0 / 62

0 / 24

N/D

Chipre Partido Progressista do Povo

Trabalhador

2 / 6 19 / 56 Oposição

Chipre do

Norte

Partido do Novo Chipre - 0 / 50 N/D

Partido do Chipre Unido - 0 / 50 N/D

Eslováquia Partido Comunista da

0 / 13 0 / 150 N/D

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Eslováquia

Itália Partido dos Comunistas

Italianos

0 / 73

0 / 630

0 / 315

N/D

República

Checa

Partido Comunista da

Boêmia e Morávia

3 / 21 33 / 200 Oposição

(3)Uma NOVA ESQUERDA, tipo Frente, não constituída como Partido Europeu, muitos deles ligados ao grupo anterior, não doutrinária e bastante aberta aos Verdes, cada vez mais identificada como Grupo DIEM25, democrático, solidarista e combativo, que integra o PARTIDO DA ESQUERDA EUROPEIA, mas contempla uma infinidade de Movimentos Organizados não partidários como “Indignados” e intelectuais independentes, como o Filósofo S. Zizek e Boaventura de Souza Santos,dentre mais de 17.000 apoiadores- https://diem25.org/membros/ . Propõe rever os rígidos controles internos da União Europeia, nos termos do Manifesto DIEM25, nome do lançado em 2015, liderado pelo Partido Syritsa, da Grécia, vitorioso na urnas em janeiro de 2015. Em tese defendem o aumento dos impostos para os mais ricos, cortes nos gastos defesa, aumento no salário mínimo e pensões, no contexto de uma frente ampla antiausteridade, com inclusão até de segmentos da direita. Para este grupo é mister uma Carta Magna europeia, a ser referendada em toda a União Europeia em 2025 , a qual substituiria os atuais tratados vigentes no continente.

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Manifesto DIEM 25

https://diem25.org/manifesto-versao-longa/

Apesar de todas as suas preocupações com a

competitividade global, os fluxos migratórios e o

terrorismo, só uma perspectiva apavora

verdadeiramente os Poderes da Europa: a Democracia!

UM MANIFESTO PARA A DEMOCRATIZAÇÃO DA EUROPA

Apesar de todas as suas preocupações com a competitividade

global, os fluxos migratórios e o terrorismo, só uma perspectiva

apavora os Poderes da Europa: a Democracia! Eles falam em nome

da democracia mas só para a recusar, exorcizar e suprimir na

prática. Eles procuram cooptar, evitar, corromper, mistificar e

manipular a democracia, para quebrar o seu ânimo e paralisar as

suas possibilidades.

Porque o poder do povo, o governo do demos é o pesadelo

compartilhado:

pela burocracia de Bruxelas (com os seus mais de 10.000

lobistas)

pelas brigadas dos seus serviços de inspecção e da Troika

que formaram conjuntamente com tecnocratas não eleitos de

instituições europeias e internacionais

pelo poderoso Eurogrupo que não tem existência em qualquer

lei ou tratado

pelos banqueiros dos bancos salvos da falência com o

dinheiro dos contribuintes, os gestores de fundos e as

oligarquias ressurgentes perpetuamente desdenhosas da

arraia-miúda

pelos partidos políticos que fazem apelo ao liberalismo, à

democracia, à liberdade e à solidariedade para traírem os

seus princípios mais básicos quando chegam ao governo

pelos governos que alimentam uma desigualdade cruel ao

desenvolverem uma austeridade autodestrutiva

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pelos magnatas da comunicação social que transformaram a

sua propaganda do medo numa forma de arte e numa

magnífica fonte de poder e lucro

pelas empresas em conluio com agências públicas sigilosas

que investem no mesmo medo para promover o secretismo e

uma cultura de intimidação que verguem a opinião pública às

suas imposições.

A União Europeia foi uma realização excepcional, que juntou

pacificamente povos europeus que falam línguas diferentes e estão

imersos em culturas diferentes, provando que era possível criar um

quadro comum em todo um continente que ainda não há muito

tempo era um albergue do chauvinismo mortífero, do racismo e da

barbárie. A União Europeia poderia ter sido o conhecido « farol na

escarpa » que mostrasse ao mundo como é que a paz e a

solidariedade podem ser salvas das goelas de séculos de conflito e

fanatismo.

Lamentavelmente, hoje, uma burocracia comum e uma moeda

comum dividem os povos europeus que tinham começado a unir-se,

apesar das suas línguas e culturas diferentes. Uma confederação

de políticos míopes, de funcionários eivados de uma concepção

simplória da economia e de peritos financeiros incompetentes

submetem-se servilmente aos decretos dos conglomerados

industriais e financeiros, alienando os Europeus e acirrando uma

perigosa reacção antieuropeia. Povos orgulhosos estão a ser

virados uns contra os outros. O nacionalismo, o extremismo e o

racismo estão de novo a ser despertados.

No cerne da nossa União Europeia em desintegração reside um

embuste e é ele o culpado: um processo decisório opaco, altamente

político e que procede de cima para baixo é-nos apresentado como

sendo “apolítico”, “técnico”, “processual” e “neutro”. O seu propósito

é impedir que os Europeus exerçam o seu controlo democrático

sobre o seu dinheiro, as suas finanças, as suas condições de

trabalho, o seu meio ambiente.

O preço a pagar por este embuste não é apenas o fim da

democracia, são também políticas económicas medíocres.

As economias da Eurozona têm vindo a abeirar-se a passo de

marcha do abismo da austeridade competitiva cujo resultado é

uma recessão permanente nos países mais fracos e um

investimento diminuto nos países nucleares

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Os Estados membros da UE que estão fora da Eurozona

estão desorientados, procurando inspiração e parceiros em

lugares suspeitos, onde são por via de regra acolhidos

jubilosamente com tratados opacos e coercivos de comércio

livre que minam a sua soberania

Uma desigualdade sem precedentes, uma esperança em

declínio e a misantropia florescem por toda a Europa.

Duas medonhas opções dominam tudo:

o recuo para o casulo protector dos nossos Estados-nações

ou a rendição à zona imune à democracia de Bruxelas

Tem de haver outro caminho. E há!

É o caminho ao qual a Europa oficial resiste com todas as fibras da

sua mentalidade autoritária.

Um surto de democracia!

O nosso movimento, DiEM25, procura suscitar esse surto.

A força motivadora do DiEM25 é uma ideia simples e radical :

Democratizar a Europa! Porque, de duas uma: ou a UE será

democratizada, ou desintegrar-se-á!

O nosso objectivo de democratizar a Europa é realista. Não é

mais utópico do que foi a construção inicial da União Europeia. Na

verdade, é menos utópico do que a tentativa de manter viva a actual

União Europeia antidemocrática e em fragmentação.

O nosso objectivo de democratizar a Europa é extremamente

urgente, porque, sem um começo rápido, pode ser impossível

neutralizar em tempo útil a resistência institucionalizada a este

propósito, antes de a Europa chegar ao ponto de não

retorno. Damos-lhe uma década, até 2025.

Se não formos capazes de democratizar a Europa no prazo máximo

de uma década, se os poderes autocráticos da Europa conseguirem

paralisar a sua democratização, então a Europa desmonorar-se-á

sob o peso da sua [arrogância que leva aos excessos fatais],

estilhaçar-se-á e a sua queda causará inenarráveis provações em

toda a Europa − e não apenas na Europa.

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POR QUE É QUE A EUROPA ESTÁ A PERDER A SUA

INTEGRIDADE E A SUA ALMA?

O QUE É QUE TEM DE SER FEITO? O NOSSO HORIZONTE

QUEM TRARÁ A MUDANÇA?

O NOSSO COMPROMISSO

1.) NT: as iniciais EFP (european foreign policy) constituem em

inglês um acrónimo com um significado de cariz sexual.

Como o Partido Syritsa é o mais significativo deste grupo, é

interessante ler este depoimento que demonstra suas origens,

composição e práxis, similar à da Fraternidade Muçulmana, que

opera nos países árabes, e muito diferente daquela ideia de dique

corporativo, muito ao gosto da velha esquerda comunista

tradicional:

O Syriza não é uma coisa única: há no seu interior, trotskistas e lutadores de correntes comunistas diversas, por exemplo. Ouvi e li um médico grego, um

trotskista de uns 58, 60 anos, que contou como a organização dele que compõe o Syriza recuperou o trabalho de base na Grécia. Eu fico comovida

com isso, porque o que eles fizeram foi o básico e pelo básico reconquistaram as pessoas para acreditarem que há um projeto possível de transformação da sociedade. O trabalho de base era o seguinte: eles formavam brigadas, iam para as feiras livres com carrinho e conversavam com os produtores médios que estavam nas feiras, explicando que havia naquele lugar não sei quantas

pessoas passando fome. Organizavam-se por regiões, começaram a visitar as pessoas que estavam no mais brutal sofrimento — com toda essa propaganda ideológica, a pessoa vai

deprimindo, achando que ela é o problema: como o professor José Paulo Nettoescreveu lindamente, é preciso culpabilizar as pessoas, para quebrar a

estima de alguém para a luta, você tem que dizer que ela é uma nulidade, responsabilizá-la por sua triste situação de vida. Aquelas equipes, grupos, começaram a redistribuir cestas de alimentação que recolhiam nas feiras e

levavam à casa das pessoas. Não tinha Estado, a família já não podia socorrer, não havia para onde correr. Mas quando uma pessoa passa a comer porque pessoas solidárias de uma organização levavam comida, isso não tem volta. Eles não estavam ali para pedir o voto, estavam organizando a base para ela

lutar. Eles atuavam na alimentação, na saúde geral e na saúde mental. Porque o nível de depressão e suicídio era grande: em três anos, foram 6 mil suicídios. Pessoas que perderam o emprego, não tinham o que comer, não tinham mais energia em casa. Seis mil suicídios foram declarados como consequência da miséria e da desesperança na Grécia. Eles começaram a recrutar psicólogos

militantes com empregos também ruins que começaram a ajudar na abordagem que eles iam fazer às pessoas.

Como era organizado por bairro, por rua, eu conheço quais são as pessoas

que estão deprimidas, sofrendo, no meu prédio. Então, eu indico que ali tem

gente e aí vêm as brigadas, os grupos organizados. Ele dizia assim: “tirar a

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pessoa do fundo escuro da sua própria alma, porque ela foi quebrada por

uma crise econômica, é ganhar uma fidelidade que ninguém consegue

destruir”. Esse médico disse que trabalhava no seu emprego estatal, onde teve

salário reduzido, e entrou nisso — na verdade, ele liderou uma dessas linhas.

Iam para os lugares e começavam a atender as pessoas, como se fosse um

médico de família, só que não era do Estado porque o Estado se reduziu tanto

que não conseguia mais atender. Então, os médicos trabalhavam e

continuavam a trabalhar depois do horário para atender essas pessoas que

estavam doentes. Além do mais, é um país frio, que tem um inverno de cinco

meses. Já pensou tomar banho, cozinhar, se não tem água? Não tem gás, não

tem energia, não tem a dignidade de um banho. A primeira medida do Syriza

depois de eleito foi religar a energia elétrica gratuita em 400 mil casas,

perdoada a dívida. As pessoas vão ter acesso à energia sem pagar, porque

não têm como pagar.

Sara Granemann in Entrevista UNISINOS - 28 de maio de 2015

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/543038-europa-se-latinoamericaniza-e-troca-estado-de-bem-estar-por-politica-social-a-brasileira-diz-professora -

(4) ULTRA ESQUERDA - Ua esquerda ultra radical, conhecidA

como Esquerda Anticapitalista Europeia - EAE, informal, com

baixa representatividade, altamente doutrinária, que se reúne

regularmente desde março de 2000, mas sem grupo próprio

organizado no Parlamento Europeu. Dela participam alguns dos

grupos do Partido de Esquerda Europeia, como o Bloco de

Esquerda, de Portugal, a qual integra, também a Esquerda

Europeia, acima descrita, e com a qual, aliás, se confunde. Maior

parte deste grupo, como Aliança Vermelha Verde da Dinamarca, é

francamente anti - União Europeia:

Esquerda Anticapitalista Europeia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Esquerda_Anticapitalista_Europeia

Membros[editar |

Organizações que participaram no encontro da EACE em junho de 2011[2] :

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País Nome DE DN Status

Bélgica

Liga Comunista Revolucionária 0 / 12 0 / 87 Extra-

parlamentar

Liga Comunista Revolucionária 0 / 8 0 / 63 Extra-

parlamentar

Croácia Luta Operária 0 / 11 0 / 151 Extra-

parlamentar

Dinamarca Aliança Vermelha e Verde 0 / 13 14 / 179 Oposição

Espanha

Em Luta 0 / 54 0 / 350 Extra-

parlamentar

Partido Operário Revolucionário 0 / 54 0 / 350 Extra-

parlamentar

Esquerda Anticapitalista

2 / 54

[nota 1]

0 / 350

Extra-

parlamentar

França Novo Partido Anticapitalista 0 / 74 0 / 577 Extra-

parlamentar

Grécia

Grupo Político Anticapitalista 0 / 21 0 / 300 Extra-

parlamentar

Partido Socialista dos Trabalhadores da

Grécia

0 / 21 0 / 300 Extra-

parlamentar

Irlanda Aliança Pessoas Antes do Lucro 0 / 11 1 / 166 Oposição

Page 49: EU:ALTERNATIVAS PARA A ESQUERDA - paulotimm.com.br do Timm... · Em Portugal, por exemplo, sempre tivemos, além do socialismo democrático, partidos da Esquerda radical, comunista,

Partido Socialista 0 / 11 3 / 166 Oposição

Partido Socialista Operário 0 / 11 0 / 166 Extra-

parlamentar

Países

Baixos

Alternativa Socialista 0 / 26 0 / 150 Extra-

parlamentar

Socialistas Internacionalistas 0 / 26 0 / 150 Extra-

parlamentar

Polónia Partido Trabalhista Polaco 0 / 51 0 / 460 Extra-

parlamentar

Portugal Bloco de Esquerda 1 / 21 19 / 230 Apoio

parlamentar

Reino Unido

Contrafogo 0 / 73 0 / 630 Extra-

parlamentar

Resistência Socialista 0 / 73 0 / 630 Extra-

parlamentar

Partido Socialista 0 / 73 0 / 630 Extra-

parlamentar

Partido Socialista Escocês 0 / 73 0 / 630 Extra-

parlamentar

Partido Socialista Operário 0 / 73 0 / 630 Extra-

parlamentar

Suécia Partido Socialista 0 / 20 0 / 349 Extra-

parlamentar

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Notas

1. Ir para cima↑ Integrados no Podemos

Antes de finalizar, uma palavra sobre o anarquismo, movimento

integrante da esquerda nos últimos 160 anos.

O anarquismo emerge como proclamação revolucionária radical no século XIX no seio da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) , vindo a disputar com Karl Marx, afinal vencedor dessa disputa ideológica, sua influência sobre os movimentos populares e sobre a classe operária em especial, pela importância desta no início da industrialização.

Definição ANARQUISMO Anarquismo pode ser definido como uma doutrina (conjunto de princípios

políticos, sociais e culturais) que defende o fim de qualquer forma de autoridade e dominação (política, econômica, social e religiosa). Em resumo, os anarquistas defendem uma sociedade baseada na liberdade total, porém

responsável

Ideais anarquistas

O anarquismo é contrário a existência de governo, polícia, casamento, escola tradicional e qualquer tipo de instituição que envolva relação de autoridade. Defendem também o fim do sistema capitalista, da propriedade privada e do

Estado.

Os anarquistas defendem uma sociedade baseada na liberdade dos indivíduos, solidariedade (apoio mútuo), coexistência harmoniosa, propriedade coletiva, autodisciplina, responsabilidade (individual e coletiva) e forma de governo

baseada na autogestão. http://www.suapesquisa.com/o_que_e/anarquismo.htm

O anarquismo, entre 1868 e 1894, já havia se desenvolvido significativamente e também havia se difundido no mundo inteiro, exercendo sua influencia revolucionária até 1949. Pierre-Joseph Proudhon, autor de "Que é a propriedade?" (1840) ali expõe os princípios do movimento e que perduram, com pequenos retoques , fluxos e refluxos do movimento, até hoje. Mikhail Bakunin, filósofo e ativista russo também teve importância no desenvolvimento do anarquismo.

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Em 1951, depois de um longo período adormecido o anarquismo

reaparece com a rearticulação da AIT anarcossindicalista em um

congresso ao qual comparecem delegados

da Alemanha,Argentina, Áustria, Bulgária, Cuba, Dinamarca, Espan

ha, França, Inglaterra, Itália, Holanda, Noruega, Portugal e Suécia.

Outro movimento desta rearticulação foi a criação da Cruz Negra

Anarquista, no final da década de 1960. Também no final da década

de 1960, no seio da Associação Internacional dos

Trabalhadores (AIT) , é fundada a Internacional de Federações

Anarquistas (IFA) com bases na França, onde terá importante

intervenção no movimento de maio de 1968 e na Itália.

Depois disso houve outro refluxo do anarquismo, desta vez

debitado às ditaduras, tanto de direita como de esquerda.

Na década de 90 , com a alteração radical da geopolítica mundial, e

confluência ideológica da socialdemocracia com os liberais na

implementação do neoliberalismo, o anarquisma inicia a sua

chamada Quinta Onda, com nova rearticulação revolucionária com

projeções no mundo inteiro.

Além das organizações articuladas na IFA e das organizações

reunidas em torno do Anarkismo.net, todas criadas antes de 1990,

emergem muitos outros não alinhadas como a Coordination des

Groupes Anarchistes (CGA), da França, e grupos insurrecionalistas

de diversos países. Na Grécia, conflagrada pela crise da dívida

atuam em vários momentos, responsabilizando-se por 70 ataques

violentos ocorridos só em 1998, ações que continuam a ocorrer até

os dias de hoje.

Na Europa, destacam-se ainda as atividades da Confederación

General del Trabajo (CGT), da Espanha, com 60 mil membros; a

Confederação Siberiana do Trabalho (SKT), da Rússia, com 6 mil

membros; a Confédération Nationale du Travail, da França, com 5

mil membros; a Sveriges Arbetares Central (SAC), da Suécia, com

9 mil membros; entre outras iniciativas relevantes da denominada “

participação libertária”.

Também permaneceram as questões que chegaram com a

influência da Nova Esquerda[95] e diversos setores do movimento

anarquista vem enfatizando a necessidade de os anarquistas

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retomarem o protagonismo em movimentos sociais e lutas

populares.

Os anarquistas também tiveram papel relevante no movimento

antiglobalização, entre os meados da década de 1990 e o início da

década de 2000, e estiveram articulados, em grande medida,

na Ação Global dos Povos, criada em 1998. Com o foco das

mobilizações em torno da luta contra o neoliberalismo, movimento

desdobrou-se em protestos massivos em todo o mundo, contra

instituições como a Organização Mundial do Comércio (OMC),

o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e também

contra acordos como o Tratado Norte-Americano de Livre

Comércio (NAFTA) e a Área de Livre Comércio das

Américas (ALCA), além de manifestações contra as guerras

promovidas pelos Estados Unidos no Oriente Médio.[97] Durante

esses protestos, a tática black bloc ganhou popularidade.[98]

Manifestação da CGT espanhola durante o 1º de maio de 2014.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_anarquismo#Quarta

_onda_.281950_-_1989.29

O renascimento anarquista na Europa, enfim, é mais um elemento

da fermentação das forças de esquerda no continente. Sua

projeção só não é maior porque não tem presença institucional nos

respectivos sistemas políticos, nem presença no Parlamento

Europeu. Um dos grandes argumentos dos anarquistas é que neste

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início do século XIX, com o desmantelamento do Estado de Bem

Estar voltamos ao século XIX. Assinala um observador:

No fim do século XIX, isto foi também assim. As pessoas viam que

o governo só tinha para lhes dar repressão ou austeridade. E

olhavam para a indústria, e viam que os seus patrões só tinham

para lhes dar austeridade e repressão. Os patrões e o governo

tinham para lhes dar a mesma coisa, pois eram basicamente as

mesmas pessoas. Não por acaso, foi a época áurea do anarquismo,

um movimento que era socialista (contra os patrões) e libertário

(contra o governo).

Estamos hoje numa situação semelhante. Nenhum boa ideia sai

dos nossos governos. E as pessoas começam a perguntar-se para

que servem eles.

Rui Tavares - A vingança do anarquista 22 de Setembro de 2011 – Portugal - ruitavares.net/blog

Não se sabe bem no que estas transformações todas no cenário

europeu, acabarão dando. O tempo, senhor de todas as verdades,

o dirá. Mas emergem preocupações cada vez maiores com os

riscos do populismo, do confronto ideológico interno que conduza a

impasses, como assistimos em alguns países da América Latina,

que aliás, se reflete e é assimilado por alguns movimentos de

esquerda europeu e à ressurgência do nacionalismo com seus

inevitáveis choques intra e inter nações. Londres elegeu,

recentemente, um Prefeito muçulmano, fato assimilado pela

população londrina. Mas como reagiria Paris, se o mesmo viesse a

ocorrer?

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Pode-se imaginar este cenário a partir das fortes reações ao

romance de Michel Houelebecq, “Submissão”, uma das acepções

do islã, que trata de uma antecipação verossímil, segundo o autor,

da vitória na corrida presidencial de um muçulmano, em 2022, ao

fim de um segundo mandato de François Hollande. Mohammed

ben Abbes, candidato da "Fraternidade Muçulmana", derrota Marine

Le Pen, da FN, graças a uma aliança tanto com os socialistas como

com a centro-direita. O livro inflamou o debate sobre o Islã na

França, sendo acusado, da infâmia ao sublime. Por um lado de

islamofobia, ao amedrontar o país com um país liderado por um

muçulmano, mas , por outro, como um dos mais belos romances

da atualidade, misturando situações políticas previsíveis com fortes

doses de cotidiano, nas quais o narrador é um niilista que se

converteu à fé maometana por puro oportunismo, a fim de

conservar seu posto na "Universidade Islâmica de Paris-Sorbonne",

não sem ter um olhar luxuriento sobre as tentações eróticas da

poligamia.

A capa do 'Charlie Hebdo' 7 trazia charge de Houllebecq dizendo que cumpriria o Ramadã

“Em editorial, o jornal de esquerda Libération acusa o escritor de

justamente brincar com os temores anti-islâmicos e de "adubar as

ideias da Frente Nacional". Na mesma linha, o conservador Le

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Figaro enfatiza o fato de o protagonista da ficção se arranjar com

uma "visão de futuro que faz pensar num pesadelo". "Houellebecq

não sente simpatia por ninguém, antes indiferença. Essa apatia é o

reflexo do esgotamento de nossa própria sociedade."

Por sua vez, o Observatório Nacional contra a Islamofobia,

integrante do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM),

deplorou incondicionalmente a abordagem do romance: "Suscitar

pseudodebates nas mídias sobre a chegada hipotética ao poder,

num futuro próximo, de um partido muçulmano [...] só pode

favorecer a expansão dos sentimentos islamofóbicos no seio da

sociedade francesa."

Para o também autor Emmanuel Carrère, em

contrapartida, Soumission é "um livro sublime, de uma

extraordinária consistência romanesca", e as "antecipações" de

Houellebecq integrariam a "família dos romances proféticos do

século 20: 1984, de George Orwell, e Admirável mundo novo, de

Aldous Huxley".” Bertrand Guay / AFP in por Deutsche Welle —

publicado 07/01/2015, acesso a 18 de julho de 2016.

Afirmando-se "neutro", o autor repudia as críticas e reafirma seu

ofício ficcional dizendo que não conhece ninguém que tenho

mudado intenções por ter lido um livro.

A verdade é que a União Europeia é um caldeirão de processos

sociais em curso à multicultura ao tempo que os situa no vértice da

experiência sócio-econômica da globalização em fase de acentuada

financeirização da economia, que acaba retirando dos Estados

Nacionais capacidade para preservar os benefícios do Estado de

Bem Estar.

Dificil pensar o futuro. Sabe-se que é incerto.

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Enquanto isso, curte-se mais um verão quente, cheio de realizações

culturais por toda a Europa, neste ano das graças e desgraças de

2016. Muitos jovens andando de um lado pra outro, como se nada

houvesse. Nos cafés, os mais velhos conversam animadamente.

Vida que segue. Grande comoção diante de um atentado terrorista

com muitas vitimas fatais em Nice, perpetrado com um insano

supostamente ligado ao Estado Islâmico. No fim de semana

apreensão com a tentativa de Golpe Militar na Turquia, sob

suspeitas muito grandes tratar-se de um auto-golpe do próprio

Presidente Erdokan para perpetuar-se com plenos poderes no

controle do país. Como sempre, mesmo na Guerra, até que os

bombardeios cheguem aos nossos tetos ou nos colha na rua num

atentado terrorista, tudo parece normal. Uma coisa, enfim, é

atmosfera sempre evanescente, principalmente nesta época de

férias e grandes festivais , outra é o front onde já se travam

combates, outra ainda a nossa casa, para onde voltamos sempre, e

onde acalentamos sonhos de amor e paixão eternos.

A vida é bela.

E “nós sempre teremos Paris...”

A Esquerda europeia

http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/mario-soares/interior/a-esquerda-europeia-2489340.html

Mario Soares – 08 maio , 2012

1. Não sou profeta. Mas espero que a Esquerda europeia saiba aproveitar a oportunidade que a crise global, paradoxalmente, lhe

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oferece, para se refundar (socialistas, sociais-democratas, trabalhistas, verdes) e, em diálogo estreito com o movimento sindical, readquirir o lugar que teve, no passado, nos Governos europeus e que, infelizmente, para o futuro europeu, tem vindo a perder.

Também espero, embora com menor convicção, confesso, que a Democracia Cristã, a outra família política que, com o socialismo democrático, ajudou a construir e a desenvolver o projeto europeu, possa reaparecer, com força, para o progresso da Europa. Porquê menos convicção? Porque a Igreja de Bento XVI não é a mesma de Leão XIII, de João XXIII ou de Paulo VI do Concílio Vaticano II. Apesar de manter, como não podia deixar de ser, a doutrina social da Igreja - e combater a democracia liberal, em favor da democracia social - evita, creio, que se crie, como no passado, um relacionamento partidário estreito que lhe pode retirar a simpatia dos outros movimentos políticos...

De qualquer modo, tanto a social-democracia como a democracia cristã perderam importância política na Europa, nos últimos anos, em favor do populismo ultra-conservador e da ideologia neoliberal. Alguns autores falam de nacionalismo egoísta extremo e do possível regresso a uma forma de fascismo, embora de cunho diferente do passado, como no caso de Mussolini ou de Hitler...

Foi no que deu, depois do colapso do universo comunista, de se afirmar a globalização desregulada e do reaparecimento em força da ideologia neoliberal: criou-se um capitalismo sem valores éticos, dito de casino, e uma economia virtual - e não real - expressa nos paraísos fiscais, nos mercados usurários e nas empresas de 'rating', que dominam os Estados, afirmando como único valor, o dinheiro.

Foi esse economicismo que desencadeou a crise global, a qual começando nos Estados Unidos, nos anos finais de Bush, Filho, contagiou depois a União Europeia. Os partidos europeus ultraconservadores dominantes adoptaram a mesma ideologia que provocou a crise, para agora a quererem dominar, através da austeridade, obedecendo aos mercados e, para tanto, destruindo o Estado Social e continuando a favorecer os grandes interesses egoístas de sempre...

Tarefa que está a revelar-se impossível, uma vez que a crise se prolonga e agrava, todos os dias, demonstrando à evidência o erro colossal que os dirigentes europeus, por incapacidade ou medo,

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estão irresponsavelmente a cometer ou a deixar cometer. Assim, se a União, perdido o sentido da solidariedade inter-Estados europeus, não mudar de paradigma e de comportamento, cairá inevitavelmente no abismo, como já advertiram grandes europeístas como: Helmut Schmidt, Helmut Kohl, Jacques Delors, Romano Prodi, Felipe Gonzalez e muitos outros.

Nos últimos tempos, a União Europeia perdeu o Estado de bem-estar, tornou as pessoas mais desiguais, abandonou o valor da coesão social, fez reformas - ou, melhor dito, contra-reformas - que afetam gravemente idosos e doentes, cortou dinheiro ao ensino para todos e às universidades, pôs em causa o valor da dignidade no trabalho, do Serviço Nacional de Saúde, do Estado de direito e, fundamentalmente, a própria paz. Deixaram-se cair os valores éticos e permitiu-se a concentração do dinheiro - como querem os neo-liberais - cada vez mais, nas mãos dos privilegiados. Assistimos, assim, não só a um recuo civilizacional imenso, como ao aumento do desespero, provocado pelo desemprego e pelo empobrecimento da classe trabalhadora e da própria classe média. O que pode gerar muita agitação violenta, o aumento dos suicídios (como tem vindo a acontecer) e cada vez mais criminalidade organizada.

Refundar a Esquerda

2. É neste ponto que entra a necessidade da refundação da Esquerda Socialista. Não só para procurar manter o Estado Social e a sociedade de bem-estar, que nos trouxe a paz e o bom entendimento, nos últimos trinta anos, antes da crise, como terá que reduzir a austeridade, ao estritamente necessário, e diminuir drasticamente a recessão e o desemprego. Dois flagelos que temos perante nós, europeus. Na verdade, só com um novo modelo de desenvolvimento - que ponha as pessoas em primeiro lugar e não o dinheiro - poderemos esperar melhores dias e sair da crise, que tanto nos afeta. Hoje, já não se trata só de países como a Grécia, a Irlanda ou Portugal serem as vítimas da crise. É toda a União Europeia que está à beira do caos, a começar pela Itália, a Espanha, a França, o Reino Unido e a própria Alemanha, que estão a perceber - e de que maneira! - onde o neoliberalismo nos meteu...

Claro que a Esquerda é hoje diferente do passado. Precisamos de voltar aos nossos valores, sem perder de vista as novas carências sociais e políticas de uma sociedade em rapidíssima mudança.

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Estamos num momento em que a União Europeia, numa crise profunda e a querer sair dela, é ainda governada por aqueles que a provocaram. É indispensável e inevitável mudar. Porque se assim não for, assistiremos à desagregação e ao caos. Ao contrário do que se passava há um ano, o "Povo europeu" tem hoje uma percepção clara do beco sem saída em que o meteram. E quer a mudança. Mas qual? E em que sentido? Tem ainda desconfianças e dúvidas. Por isso não tem estado ainda mobilizado, a não ser para o protesto.

É, por isso, que a família socialista - se quiser subsistir ela própria - tem de aproveitar a Oposição em que se encontra, para definir, com clareza, a alternativa que se impõe à austeridade que nos livrará da crise e que pode renovar a sociedade de bem-estar. Não há dinheiro? Há sempre, desde que haja vontade política para o arranjar. Mantendo uma alternativa europeia concertada e não só nacional. Com uma democracia europeia que, de momento, está a ser, propositadamente, debilitada. Mas também aprofundar a Democracia, obrigatória em todos os Estados nacionais.

Contudo, o Socialismo Democrático, devemos reconhecê-lo, nos anos sombrios de Bush, embarcou no economicismo da "terceira via" defendido por Tony Blair.

Em Portugal, por exemplo, sempre tivemos, além do socialismo democrático, partidos da Esquerda radical, comunista, mais fechada hoje do que nos tempos de Cunhal (que tinha uma grande flexibilidade tática) e a Esquerda bloquista que ficou, eleitoralmente, entalada ente os partidos comunista e socialista. Mas afirmou-se ainda a Esquerda não partidária, cidadã e a Esquerda dos "indignados", com laivos anarco-populistas.

A refundação socialista deve afirmar-se de novo atrativa, voltando aos seus valores de sempre mas sendo capaz de dialogar em permanência com o movimento sindical, no seu conjunto, com os verdes, tão dispersos e estranhos aos partidos, e adaptar-se às novas realidades do mundo de hoje, para poder sair da crise institucional, social, económica e política, carente de valores e de dirigentes capazes. Foi assim que os próprios militantes nacionais algumas vezes se enganaram de partido, faltando-lhes a sensibilidade social e a vontade política para diminuir as desigualdades, entre as pessoas e os Estados e, acima de tudo, conservando sociedades de bem-estar.

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A Esquerda, em tempo de eleições

3. Até há poucos meses a Esquerda europeia estava bloqueada e hesitante. Nos últimos meses, por exemplo, na Península Ibérica os dois Estados peninsulares - Espanha e Portugal -, governados por partidos socialistas, perderam as eleições legislativas, em favor de partidos e coligações de Direita. Passaram alguns meses. Mas a austeridade que ambos os Governos preconizam tem vindo a provocar um profundo descontentamento nas populações, dado terem percebido que os cortes obrigados pela troika, em Portugal, ou pela ideologia neoliberal do Governo espanhol, não só não resolvem os problemas gravíssimos com que se confrontam, como os agravam, cada dia.

Algumas oposições socialistas europeias entenderam-se, pela primeira vez, em Roma, onde um Presidente notabilíssimo, Giorgio Napolitano, conseguiu a proeza de substituir sem dificuldade Silvio Berlusconi, por um tecnocrata conhecedor dos problemas políticos, Mário Monti. Foi então, em Roma, que se reuniram alguns dirigentes socialistas e sociais-democratas, representando os partidos: alemão, francês, austríaco, belga, português, grego e salvo erro, espanhol, para debater as novas responsabilidades da família socialista europeia.

François Hollande, que ganhou as eleições presidenciais, por uma boa maioria, no domingo passado, esteve presente na reunião de Roma e afirmou, como se sabe, uma doutrina de mudança alternativa para a União Europeia.

Houve também, mais ou menos ao mesmo tempo, eleições na Grécia, na Sérvia, no Reino Unido e na Alemanha. As eleições deram resultados diferenciados, mas todos significativos. Na Alemanha, em Schleswig-Holstein, a chanceler Merkel e a CDU, apesar de terem ganho, tiveram o resultado pior, desde 1950. O que pode abrir portas a uma coligação à esquerda. Foi um resultado importante para a Esquerda.

Na Grécia ganhou, como se esperava, a Direita e também a Esquerda radical. O PASOK - que tanto lutou, com George Papandreou, para evitar o colapso anunciado - situou-se como o terceiro partido, atrás da extrema Esquerda e da Direita, principal responsável da crise, a seguir, obviamente, à chanceler Merkel...

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Na Sérvia não tive modo de conhecer o resultado. Foi, salvo erro, um empate entre Esquerda e Direita. Mas na França, como escrevi acima, deu-se a vitória esperada do PSF, a caminho de se refundar. Foi um sinal que deve ser respeitado de que a União Europeia está a mudar, irreversivelmente. Tenhamos, pois, confiança, e mobilizemo-nos para os combates (pacíficos, creio) que aí vêm.

O discurso da vitória

4. Foi notabilíssimo o discurso de vitória do vencedor François Hollande, líder do Partido Socialista francês, humanista, socialista e republicano dos sete costados, amigo próximo de François Miterrand. Disse, no fundo, como "homem normal", que se intitula, o que o Povo de Esquerda queria ouvir: a defesa do Estado Social, a luta contra as desigualdades e o desemprego, o aprofundamento da democracia e do Estado de Direito, a defesa do ambiente, a luta contra o negocismo e os mercados usurários, a dignidade do trabalho e a defesa de uma Europa Política, Solidária e capaz de defender o euro, para nos fazer sair da crise global.

Eis a mudança esperada, que vai transformar a União Europeia e tornar um pouco melhor o mundo.

Livro de Houellebecq inflama debate

sobre o Islã Sexto romance do escritor, capa da Charlie Hebdo, suscita

tanto elogios quanto acusações de islamofobia ao retratar uma

França governada por muçulmano

por Deutsche Welle — publicado 07/01/2015 15h30, última modificação 09/01/2015 19h50

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Bertrand Guay / AFP

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A capa do 'Charlie Hebdo' desta quarta-feira 7 trazia charge de

Houllebecq dizendo que cumpriria o Ramadã

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anti-islã

O recém-lançado romance de ficção política de Michel Houellebecq

já desencadeia debates furiosos na França. Em suas 300 páginas,

o autor nacional vivo mais vendido no estrangeiro esboça o retrato

de seu país sob o governo do fictício líder de um partido islâmico.

Em 2022, ao fim de um segundo mandato de François Hollande, a

alternativa política dos franceses se restringe à Frente Nacional

(FN), de extrema direita, ou ao poder religioso. No segundo turno do

pleito presidencial, Mohammed ben Abbes, candidato da

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"Fraternidade Muçulmana", derrota Marine Le Pen, da FN, graças a

uma aliança tanto com os socialistas como com a centro-direita.

A França do romance se encontra profundamente conturbada –

assim como o narrador, o professor universitário François, um

niilista que se converteu à fé maometana. Por oportunismo, a fim de

conservar seu posto na "Universidade Islâmica de Paris-Sorbonne";

mas também atraído pelas perspectivas eróticas da poligamia.

Conexão com atentado. Soumission (Submissão) chegou às

livrarias francesas nesta quarta-feira 07, com uma tiragem inicial de

150 mil exemplares, significativa para o mercado nacional. A

publicação das traduções alemã e italiana está programada para

meados de janeiro, mas ainda não há data prevista para uma

versão em língua inglesa nem em português.

O título se refere a uma das acepções da palavra "islã": submissão

ou obediência a Alá. Pirateado antes mesmo do lançamento, o

sexto romance de Houellebecq gerou uma avalanche de

comentários sem precedentes, na imprensa e nas redes sociais,

sendo classificado desde "sublime" a "irresponsável".

Embora ainda não haja qualquer indício de uma conexão direta

entre o lançamento literário e o atentado à redação do

semanário Charlie Hebdo, em Paris, que matou pelo menos 12

pessoas, a capa da edição atual da publicação é,

justamente, Soumission. Uma caricatura mostra o autor. Ao lado

está escrito: "As previsões do mago Houellebecq: Em 2015, eu

perco os meus dentes... Em 2022, eu faço Ramadã!"

Nos últimos anos, a França vem enfrentando o desafio da

integração de sua população muçulmana, a maior da Europa,

estimada em 10% do total de habitantes. Hollande assegurou que

será um dos leitores de Soumission "porque está em debate". Ao

mesmo tempo, apelou aos franceses para que não se deixem

"devorar pelo medo".

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Houellebecq se defendeu das acusações de islamofobia e

disse que ninguém muda voto por causa de um livro

Em editorial, o jornal de esquerda Libération acusa o escritor de

justamente brincar com os temores anti-islâmicos e de "adubar as

ideias da Frente Nacional". Na mesma linha, o conservador Le

Figaro enfatiza o fato de o protagonista da ficção se arranjar com

uma "visão de futuro que faz pensar num pesadelo". "Houellebecq

não sente simpatia por ninguém, antes indiferença. Essa apatia é o

reflexo do esgotamento de nossa própria sociedade."

Por sua vez, o Observatório Nacional contra a Islamofobia,

integrante do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM),

deplorou incondicionalmente a abordagem do romance: "Suscitar

pseudodebates nas mídias sobre a chegada hipotética ao poder,

num futuro próximo, de um partido muçulmano [...] só pode

favorecer a expansão dos sentimentos islamofóbicos no seio da

sociedade francesa."

Para o também autor Emmanuel Carrère, em

contrapartida, Soumission é "um livro sublime, de uma

extraordinária consistência romanesca", e as "antecipações" de

Houellebecq integrariam a "família dos romances proféticos do

século 20: 1984, de George Orwell, e Admirável mundo novo, de

Aldous Huxley".

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O tão polêmico quanto fleumático autor de 58 anos define seu

processo de criação como uma "aceleração da história". "Eu

condenso uma evolução, na minha opinião, verossímil", o que não

seria uma provocação, "na medida em que não digo coisas que

considere fundamentalmente falsas só para irritar".

Após o lançamento, Houellebecq se defendeu das acusações de

islamofobia: "Não acho que isso seja flagrante. A parte do romance

que dá medo é sobretudo aquela antes da chegada dos

muçulmanos ao poder."

Afirmando-se "neutro", ele rechaçou que tenha "dado um presente"

a Marine Le Pen: "Não conheço ninguém que tenha mudado suas

intenções de voto depois de ter lido um romance." Na segunda-

feira, a presidente da populista FN declarara que Soumission é

"uma ficção que um dia poderá virar realidade".

O que significa ser de esquerda hoje na Europa? – Entrevista com Paolo Gerbaudo

08/11/2013 – Copyleft - http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/O-que-significa-ser-de-esquerda-hoje-na-Europa-/4/29486

A Carta Maior conversou sobre esse tema com Paolo Gerbaudo,

pesquisador do Kings College, especialista nos novos movimentos

sociais.

Marcelo Justo

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Londres - Um dos resultados mais surpreendentes do estouro

financeiro de 2008 e da crise econômica global que se seguiu a

ele é que, na Europa, a esquerda não conseguiu capitalizar a

imensa fratura social que se produziu. Apesar da aparição de

movimentos como os Indignados na Espanha ou o Cinco

Estrelas na Itália, e com a exceção do Syriza na Grécia, não

ocorreu na Europa um avanço concreto da esquerda como

alternativa de governo. Nas urnas predominou o voto castigo

para quem estava no poder: mais da metade dos governos da

União Europeia (UE) mudaram de sinal político. Além do

desgaste do exercício do poder, esta resposta do eleitorado

tem a ver com o fato de que a diferença entre direita e esquerda

se reduziu, em muitos casos, a um neoliberalismo puro ou a

um neoliberalismo com “face humana”.

A Carta Maior conversou sobre esse tema com Paolo

Gerbaudo, pesquisador do Kings College, especialista nos

novos movimentos sociais de autor de “Twits and the street”,

para analisar o que significa hoje ser de esquerda na Europa.

CM: A esquerda não soube ou não pode aproveitar a atual crise

para mudar a narrativa hegemônica neoliberal dominante

desde a queda do Muro de Berlim. Há um problema de

definição ideológica? O que significa, afinal, ser de esquerda

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hoje na Europa?

PG: Temos dois tipos de esquerda que não guardam nenhuma

relação entre si. Por um lado a esquerda movimentista com alguns

partidos muito pequenos como o Refundazione na Itália e Die Linke

na Alemanha. Por outro lado, há uma esquerda socialdemocrata

convertida ao evangelho neoliberal que tem um discurso a favor das

privatizações e do abandono da regulação da economia. Entre essa

realpolitik socialdemocrata e uma esquerda radical de caráter

doutrinário, não há nada.

CM: Mas antes da queda do muro também havia uma divisão

entre duas esquerdas, os socialdemocratas e os comunistas. A

diferença é que, naquele momento, estas divisões tinham uma

forte definição programática e ideológica. Com a queda do

muro, parece que essas definições desapareceram.

PG: Há uma confusão ideológica muito forte. Depois da crise de

2007-2008, se esperava um novo espaço para a esquerda para

responder ao neoliberalismo, mas isso nunca se concretizou em um

programa. Houve reações, a mais notável delas com o Syriza na

Grécia, que conseguiu construir uma resposta radical capaz de

legitimar-se em nível popular com uma política não só de

questionamento da economia e das multinacionais, mas também do

Estado e da estrutura política predominantes no atual marco

neoliberal. Mas em geral houve uma incapacidade da esquerda de

responder à nova estrutura de classes das sociedades pós-

industriais europeias. Na Europa, cerca de 80% dos trabalhos

estão no setor se serviços, muitos dos quais são de classe

média. Pode-se dizer que a classe operária é hoje de

aproximadamente 15%, mas as formas de organização da

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esquerda ainda refletem o sistema produtivo industrial.

CM: Isso é do lado da própria esquerda. Mas em nível de

sociedade parece haver uma mudança de época. Nos anos 60,

70 e mesmo nos 80 se discutia em termos ideológicos. Com a

crise dos grandes relatos, este eixo perdeu muito peso. A

sociedade mesma já não parece ter interesse nessas buscas

programáticas alternativas.

PG: Claramente há uma crise do espaço público e da definição

do que é político. O mito sobre a política que as gerações dos

60 e 70 tinham perdeu muita força. Agora o político está muitas

vezes na conexão com a experiência pessoal, com a identidade

social construída antes da política. Por exemplo, a maneira que o

sistema afeta a via dos trabalhadores precarizados, a insegurança

ou a preocupação frente a um Estado que controla a vida das

pessoas como estamos vendo agora no caso Snowden, algo que

expõe também a crise de legitimidade do Estado. Estamos em um

momento de transição entre o que havia antes da crise e o

posterior.

CM: Do ponto de vista ideológico, a queda dos grandes relatos

deixou todo o cenário a um relato, o neoliberal. O estouro da

bolha de 2008 foi um ponto da crise desse relato, mas na falta

de alternativas ele segue funcionando por inércia ou default.

PG: Vemos isso muito na Europa. Aqui na Inglaterra se

impulsionam medidas como a privatização dos Correios rechaçada

pela população, mas que é levada adiante porque tem uma

aparência de racionalidade. E é certo que há certa inércia em como

se segue levando adiante mais do mesmo. Mas é interessante que

mesmo em um país tão à direita como o Reino Unido, vemos o

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regresso de um discurso socialista ao espaço público e à política

eleitoral. O líder do trabalhismo, Ed Miliband, propôs um

congelamento das tarifas das empresas energéticas. É uma

proposta populista que não muda as regras do jogo, mas é sintoma

da mudança de debate público. De fato, as pesquisas dizem que a

maioria dos ingleses está a favor da nacionalização dos serviços.

CM: O caso Miliband parece sintomático. Ele precisa mudar

primeiro o eixo do debate público. E está conseguindo. Agora

se fala da “crise do nível de vida” e não da racionalidade de

uma medida. Isso parece preceder a apresentação de

alternativas programáticas.

PG: Ainda que se permaneça no marco neoliberal, ou seja, que as

empresas sigam em mãos privadas, essa mudança tem sua

validade. Mas a lógica é similar aquela adotada por Obama na área

da saúde. A lei da saúde nos Estados Unidos é um monstro que

torna obrigatória a inscrição no sistema privado ao invés de fazer

uma saúde pública. Ou seja, fica na metade do caminho. O desafio

é ir mais além e propor estruturas econômicas e direitos

fundamentais para controlar a atividade social. Syriza, na Grécia, é

o único partido que está avançando neste caminho entre o

idealismo e o pragmatismo. Além disso, não se vê nada.

A Itália é um desastre. O Partido Democrático, que é uma

convergência entre os ex-comunistas e a esquerda católica, tem um

discurso anticorrupção, antielitista, mas basicamente mantem um

critério neoliberal promovendo uma eficiência maior do Estado e

mais transparência. Na França, Hollande foi muito demagógico

porque, além do imposto para os ricos, não propôs nenhuma

mudança, não há um programa socialista. É como dizer que, com

um pouco de redistribuição de renda, solucionamos todos os

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problemas. E não é assim, Sem política econômica e industrial, sem

criar postos de trabalho, não se pode avançar.

CM: Como se pode fazer isso na Europa? Porque falamos de

países que podem pensar que não estão tão mal assim uma

vez que estão entre os ricos do mundo.

PG: Essa mudança precisa acontecer simultaneamente em nível

nacional e europeu. Com Hollande e a alta de impostos para os

ricos, ocorreu que os ricos foram para outro país, de modo que sim

uma coordenação política com outros países é muito difícil. Há

coisas que estão ocorrendo neste nível de coordenação como a

Taxa Tobin para as transações financeiras. Há muito mais o que

fazer também na luta contra os paraísos fiscais ou em termos do

imposto corporativo. Neste sentido, os movimentos sociais têm feito

muito para mudar o debate público. No Reino Unido, Tax Uncut,

que luta contra a evasão fiscal das corporações, foi uma maneira de

estabelecer regras básicas da vida pública. Os indignados e outros

movimentos têm feito o mesmo. A questão é como passar do

diagnóstico para a ação. Precisamos de uma política socialista

das redes em uma sociedade europeia pós-industrial.

CM: Tudo isso está gerando uma nova maneira de definir

programaticamente a esquerda?

PG: Trata-se de propor uma defesa dos bens comuns como os

serviços públicos, o transporte, o direito à cidade e à moradia.

Precisamos de um socialismo que possa responder a uma

necessidade de segurança em uma sociedade insegura,

garantindo uma renda básica universal. Mas como dizia o

historiador Eric Hobsbawm, estamos falando de uma economia

mista. Não queremos retornar a um estado todo poderoso,

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clientelista, corrupto, ineficiente. O setor público tem que estar

controlado pela participação cidadã para que seja transparente. Isso

é algo que começa a ser proposta em distintos lugares, seja em

nível acadêmico ou em movimentos, como pelo 5 Estrelas da Itália

com sua reivindicação da renda mínima, ou Partido X da Espanha

que defende a participação pública como forma de controle.

CM: Há algum sinal de que a sociedade europeia esteja

acompanhando estas ideias? Em muitos casos ela parece ter

se movido mais para a direita, culpando os imigrantes, por

exemplo.

PG: Há um risco muito claro para a democracia. Basta ver o que

ocorre na Grécia com o movimento fascista Aurora Dourada. O

problema é que não tem havido um consenso programático na

esquerda que não construiu pontes com os movimentos sociais.

Isso é o que precisa ser feito.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

O erro da "Nova Esquerda" européia, e as possibilidades de uma

guerra civil na Europa

http://infielatento.blogspot.pt/2016/05/nova-esquerda-europeia-

guerra-civil-Europa.html

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Neste artigo, eu uso o termo "Nova Esquerda" para os socialistas

órfãos pela queda da União Soviética e adeptos da Teoria Crítica.

(Você os identifica pelo uso de sentenças e frases que não fazem o

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menor sentido. Os socialistas clássicos eram/são mais fáceis de

entender, e também mais lógicos.)

Os socialistas europeus, órfãos desde a dissolução da URSS, e

afogados pela Teoria Crítica (marxismo cultural), vêm a Hégira, a

imigração islâmica em massa, como uma arma contra o

nacionalismo europeu. Com isso, eles arriscam a destruição

completa da sua cultura e da sua civilização, mas eles não se

preocupam com isso. Eles acham que podem usar os muçulmanos

para exterminarem, de uma vez por todas, com todo o vestígio do

nacionalismo europeu, a ser substituido por um "novo homem

europeu", que não será nem alemão, nem francês, nem sueco, nem

dinamarquês, nem portugês e nem espanhol, mas sim um "euro-

homem", que provavelmente terá uma esposa em casa que usa um

hijab. Mas, para eles, isso não importa.

O problema é que os muçulmanos nunca irão parar para agradecer

a estes "novos socialistas" por se alinharem a eles. Os muçulmanos

vão simplesmente continuar empurrando a sua agenda. Os

socialistas seculares, em geral, usam o "caminho mais fácil" (o

caminho de menor resistência), e, acabarão simplesmente se

convertendo ao islamismo. Eles não irão lutar pelo secularismo ou

pelo ateísmo contra um credo que diz para recitar a Shahada (a

profissão de fé islâmica) três vezes senão eles serão degolados.

Eles não irão resistir. Se eles não têm coragem de resistir ao islão

agora, quando a escolha entre conversão ou morte lhes for

apresentada, eles irão simplesmente se converter. É claro que eles

ainda vão se comportar dentro do padrão que eles foram educados,

mas os seus filhos (se eles tiverem algum) serão educados como

muçulmanos, então, adeus secularismo e ateísmo, bem-vindo jihad.

É difícil imaginar a Europa Ocidental resistindo a esta enorme

invasão islâmica. Se fossem, digamos, 300 mil homens armados

como um exército seria mais fácil. Mas a Europa perdeu o seu

alicerce para resistir a invasão de 300 mil homens desarmados,

armados apenas com a ideologia islâmica. E sabemos que isto irá

continuar nos próximos anos. E são muito mais do que apenas 300

mil homens em idade de serviço militar ... e doidos por sexo com as

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mulheres européias, e achando que os homens europeus são todos

homossexuais.

Dentro deste aspecto, o rumo mais provável é mesmo uma guerra

civil. Neste cenário, a Europa irá se parecer com a Síria, com o

Líbano, com a Bósnia, ou mesmo com Ruanda. Quando existem

muçulmanos suficientes para elegerem o prefeito de Londres (ele

recebeu 1,3 milhões de votos, o mesmo número de muçulmanos

residentes em Londres), então, se um conflito surgir, vai ser uma

guerra civil. As zonas proibidas (no-go zones) espalhadas pela

Europa Ocidental (e são mais de 500) já formam blocos urbanos

homogêneos, e eles não serão mais invasores, mas eles estarão

lutando no "seu ambiente."

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Nos anos 80, a cidade de Hama, na Síria, havia se tornado um

reduto da Irmandade Muçulmana, e, dela, saiam carros-bomba para

explodirem em Damasco. A situação só se acalmou depois que o

presidente Hafez al-Assad, pai do atual presidente sírio, enviou o

exército e 25 mil pessoas acabaram mortas (o Massacre de Hama)!

Você vê algum governo da Europa Ocidental fazendo isso? É mais

provável que algum tipo de acordo entre os governos os jihadistas

seja proposto. Algum tipo de acordo seria possível com jihadistas,

que apenas aceitam um resultado em qualquer conflito, a saber, a

implementação da Sharia? Afinal, eles seguem Maomé e o exemplo

de acordo com infiéis segue o Tratado de al-Hudaybiyya.

Ou seja, um cenário de luta constante até a rendição total da

Europa é o mais provável. Enquanto isso, a Europa Ocidental irá

sofrer o mesmo processo que o Líbano vem passando nos últimos

50 anos (veja vídeo).

Deve-se ressaltar que para o corporativismo globalizante, tanto faz.

Para ele, o que interessa é o lucro, independente de quem compre.

No vídeo abaixo, Brigitte Gabriel fala sobre a história recente do

Líbano. Tem gente que a acusa de ser racista, xenófoba, fdp, etc.

Mas a questão é: o que ela fala é verdade.

Brigitte Gabriel fala sobre a história recente do Líbano

A Europa desintegrada? ÁLVARO VASCONCELOS

16/07/2016 - https://www.publico.pt/mundo/noticia/a-europa-desintegrada-1738503?page=2

A derrota dos golpistas será um momento de verdade para o projecto de uma Turquia democrática. Para a União Europeia é igualmente um momento de verdade, pois terá que demonstrar

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que respeita a legitimidade democrática, mesmo que um qualquer acto eleitoral dê a vitória a um partido islamista.

A derrota dos golpistas será um momento de verdade para o projecto de uma Turquia democrática. O Presidente Erdogan tem que vencer a tentação de utilizar esta vitória sobre os golpistas para concentrar ainda mais poder, e sobretudo deve garantir um processo jurídico justo aos golpistas e evitar uma caça às bruxas. Para que a Turquia volte a ser um elemento de esperança no Médio Oriente, Erdogan deve unir o país e retomar o processo de consolidação democrática.

Para a União Europeia é igualmente um momento de verdade, pois terá que demonstrar que respeita a legitimidade democrática, mesmo que um qualquer acto eleitoral dê a vitória a um partido islamista. A União deveria não só condenar energicamente a tentativa de golpe como assumir, de uma vez por todas, que a Turquia é um país europeu. Não pode persistir qualquer dúvida em relação à posição europeia: nenhum golpe, fracassado ou bem-sucedido, encontrará compreensão ou a prossecução de uma "política realista" por parte da União, nenhum Governo militar ou que saia de um golpe poderá ser reconhecido. Este compromisso da União Europeia poderia ser afirmado com uma alteração da política conciliatória face à ditadura militar instalada no Cairo, mostrando que a luta contra o Daesh não justifica alianças com regimes que violam gravemente os direitos humanos.

A União não pode sucumbir à tentação de assumir uma política dita realista, um caminho que as imposições e ameaças a Estados membros, como Portugal ou a Grécia, ou o cínico tratamento dado dos refugiados, prenuncia. Este tipo de política põe directamente em causa a razão de ser da integração europeia. A defesa dos direitos fundamentais, na ordem interna e internacional, é condição necessária para a unidade da União e logo para a sua sobrevivência.

Antigo Director do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia

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LÍDERES DE ESQUERDA LANÇAM MOVIMENTO PARA 'REFUNDAR' UNIÃO EUROPEIA

http://www.brasil247.com/pt/247/mundo/216423/L%C3%ADderes-de-esquerda-

lan%C3%A7am-movimento-para-'refundar'-Uni%C3%A3o-Europeia.htm

Ex-ministro de Finanças da Grécia Yanis Varoufakis apresentou nesta terça-feira, 9, em Berlim, o Movimento Democracia na Europa 2025 (DiEM25), que pretende ser uma plataforma de coesão dos partidos de esquerdas do continente; DiEM25 busca atuar contra o endividamento público, o sistema bancário, o investimento insuficiente, a política migratória da UE e o aumento da pobreza; assinaram o manifesto políticos, intelectuais como o pensador americano Noam Chomsky, o político de esquerda alemão Oskar Lafontaine e a prefeita de Barcelona, Ada Colau, do partido espanhol Podemos

9 DE FEVEREIRO DE 2016 ÀS 21:35 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM Do Opera Mundi - O ex-ministro de Finanças da Grécia Yanis Varoufakis apresentou nesta terça-feira (09/02), em Berlim, o DiEM25 (Movimento Democracia na Europa 2025), que pretende ser uma plataforma de coesão dos partidos de esquerdas do continente e lutar contra "uma ditadura de tecnocratas e mais de 10 mil lobistas". Entre os políticos e intelectuais que assinam o manifesto de formação do DiEM25 estão Oskar Lafontaine (político alemão de esquerda), Jean-Luc Mélenchon (líder da Frente de Esquerda da França), Zoe Konstantopoulou (ex-presidente do Parlamento grego), Stefano Fassina (deputado da esquerda italiana), Noam Chomsky (intelectual norte-americano), Ken Loach (cineasta britânico), Gerardo Pisarello (escritor argentino e advogado), Ada Colau (prefeita de Barcelona e membro do partido-movimento espanhol Podemos) e Nacho Álvarez (da Executiva do Podemos).

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Em entrevista coletiva, Varoufakis afirmou que "o caminho de criar partidos políticos dentro de um determinado país é o caminho errado". "Se nossa análise estiver correta, então o que necessitamos é um movimento que vá além das fronteiras", acrescentou o político grego.

De acordo com Varoufakis, é preciso criar uma "mesa metafórica" onde os europeus discutam os problemas atuais e lutem contra a renacionalização da política e o que ele vê como um processo desintegrador: "a UE está se desintegrando e está fazendo isso muito rapidamente", advertiu.

"Não temos controle democrático sobre nosso dinheiro, sobre as finanças, as condições de trabalho e o meio ambiente". O DiEM25 busca atuar contra o endividamento público, o sistema bancário, o investimento insuficiente, a política migratória da UE e o aumento da pobreza que, de acordo com Varoufakis, são as cinco crises que afetam a Europa.

A origem do problema, observa Varoufakis, está em uma despolitização das decisões europeias que são deixadas nas mãos de burocratas e que são tomadas à margem dos processos democráticos.

Constituição Assim, para o político grego, a solução passa por uma democratização da Europa, objetivo principal do manifesto apresentado nos dias anteriores, no qual se desenha um processo ao término do qual deveria estar a criação de uma Constituição europeia.

"Se queremos uma unidade política, se queremos traspassar soberania a um estado federal europeu, esse estado precisa de uma Constituição", disse.

Para a formulação de uma Carta Magna europeia, a proposta do DiEM25 é realizar um referendo continental em 2025 que substituiria os atuais tratados vigentes no continente.

Para isso, em sua opinião, se requer uma coalizão à qual convidou a participar "gente de esquerda, liberais, verdes e radicais" centrada na convicção de que a democracia tem que estar no centro dos processos europeus.

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A apresentação oficial estará precedida de três debates a portas fechadas com representantes de movimentos de esquerda de diversos países europeus.

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Europa se 'latinoamericaniza' e troca Estado de bem-estar por política social à

brasileira, diz professora

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/543038-europa-se-latinoamericaniza-e-troca-estado-de-bem-estar-por-politica-social-a-brasileira-diz-professora - Quinta, 28 de maio de 2015

entre o ajuste fiscal que ameaça retirar direitos dos trabalhadores no Brasil e as medidas de austeridade que levaram milhares de gregos, espanhóis e portugueses às ruas nos últimos meses? Para Sara Granemann, professora da Escola de Serviço Social da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) que acaba de voltar de um pós-doutorado em Portugal, o que está acontecendo nos países da Europa do Sul é um processo de “latinoamericanização”. Sociedades europeias que tinham conquistado importantes direitos sociais, através de revoluções ou da experiência do Estado de Bem-Estar Social, hoje adotam uma “política de mínimos”, em que as políticas sociais se tornam um meio de transferir recursos do fundo público para o capital privado. E esse modelo, segundo Sara, tem, em grande medida, o Brasil como referência mundial. A entrevista é de Cátia Guimarães, publicada por EPSJV/Fiocruz, 26-05-2015. Nesta entrevista, além de descrever com mais detalhes a situação de Portugal, ela explica as origens históricas da política de austeridade — que no Brasil surge como contrarreforma do Estado —, analisa a “divisão de tarefas” desse processo entre os governos Fernando Henrique, Lula e Dilma Rousseff e desmistifica a ideia de que ajuste fiscal e austeridade significam menos gastos públicos. Ela também comenta a reação que tem se construído na Europa por meio de partidos como Syriza, na Grécia, e Podemos, na Espanha. Eis a entrevista. A que momento podemos nos remeter para explicar a forte política de austeridade que recai hoje sobre países como Grécia, Portugal, Espanha e Itália? A determinação de fundo, na minha compreensão, está relacionada ao fim daquele ciclo mais "virtuoso" de extraordinários lucros que possibilitaram enorme crescimento do capital no pós-2ª Guerra Mundial, quando, por essas e outras razões, foi possível o Estado de bem-estar social. Até esse momento, ainda havia lugares e setores da economia que tinham possibilidade de crescimento e de se tornarem capitalistas. Não é possível aprofundar esse tema agora, mas é preciso relacionar esse momento virtuoso em uma parte do

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mundo — a Europa — com a barbárie em curso na África e em muitos países da América Latina, que foram submetidos a ditaduras cruéis do grande capital. Outro elemento importante para garantir um certo fôlego na manutenção das estruturas dos Estados Sociais e de direitos dos trabalhadores no continente europeu foi a conversão dos países do Leste Europeu ao modo capitalista de produção a partir de 1989. Mas, uma vez esgotada a possibilidade de expansão da acumulação capitalista pela expansão territorial, a lei férrea do modo capitalista de produção impõe-se sobre aquelas áreas que antes eram ocupadas pelo Estado. Refiro-me a um fenômeno que não é original desse período, mas que ganha agora uma qualidade nova: a privatização do fundo público, que deve ser transferido aos capitais já que o Estado não deve ser tão largo. Aquela fração do mesmo fundo público que viabilizava as políticas sociais como direito dos trabalhadores passa a constituir os montantes que, por múltiplas e facetadas formas, devem ser agora transferidas aos capitais. Assim, racionalidade do Estado, enxugamento, vida acima das possibilidades, déficit, austeridade são expressões diversas para justificar a mesma política de aumento da exploração do trabalho. São austeros os capitais, são imprudentes gastadores irresponsáveis os trabalhadores. Então, austeridade tem que ser para e sobre os trabalhadores. Em Portugal, por exemplo, os políticos e os capitais, dizem que os trabalhadores viveram acima das suas possibilidades; curiosamente, essa constatação não faz referência à porção do fundo público destinada aos capitais durante suas crises e fora delas. Portugal, nisto foi emblemático: no ano de 2014, o socorro ao BES (Banco Espírito Santo) realizou-se amparado no fundo público, o mesmo fundo que não se pode utilizar para as aposentadorias (ditas reformas, naquele país) por conta de uma "gestão austera". A crise dos anos 1970, o começo do esgotamento desse ciclo de crescimento pós-guerra traz um sinal muito claro: o modo de produção capitalista está começando a ter mais uma das suas dificuldades de crescimento. Com o fim do Leste Europeu, há um leve refresco para esse crescimento, mas aí vêm Margareth Tatcher e Ronald Reagan. Eu acho que a política mais recente de austeridade tem suas raízes aí, no marco temporal que cobre dos anos 1970 ao começo dos anos 1990. Aí começam as políticas que já foram chamadas de ‘ajuste’ e agora, na Europa, se chama de austeridade. O bloco de regramento de países europeus começa com a construção da Comunidade Europeia, do Euro, de todo aquele disciplinamento imposto aos países para que pudessem participar de um bloco econômico. E para isso era preciso fazer já alguns ajustes: de produtividade, de contratação da força de trabalho, de valores de remuneração do trabalho necessário, etc. Mas ainda não era tão brutal como aquilo que se desenhou a partir de 2007/2008, com a crise. Nesse momento, o ajuste, evidente, nos países da Europa no Sul — mas que não é diferente do que acontece aqui —, significa claramente ser austero com os "muitos" direitos que os trabalhadores conquistaram por meio de uma legislação de trabalho um pouco mais protetora. Você conheceu de perto a experiência de Portugal. Como esse processo está se dando por lá? Lá os trabalhadores conseguiram, especificamente a partir da Revolução dos Cravos, de 1974, direitos que nunca tinham tido, direitos que inexistiam em

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Portugal e na Espanha, mas que já tinham vigência na Inglaterra, França, Suécia, Alemanha, Itália, como jornada de trabalho; salários decentes; a construção de uma política social universal de educação, saúde e segurança social (que é como eles chamam a previdência), e de habitação. Essas políticas básicas de emprego e políticas sociais são de construção recente em Portugal. A revolução em Portugal durou cerca de 19 meses e o que aconteceu depois foi um acordo pelo alto e uma “democratização”, que na verdade foi a reconstrução da política burguesa. Só que como tinha havido uma revolução, os direitos sociais tinham que ser garantidos. Porque a burguesia foi corrida de lá — uma parte muito importante dela veio para o Brasil —, o dinheiro no banco foi bloqueado pelos trabalhadores. Com a “reinstitucionalização democrática”, ela voltou aos poucos, recebeu indenizações — porque havia deixado suas casas e suas fábricas, muitas delas ocupadas pelos trabalhadores, num modelo de autogestão. Então, mesmo após a “redemocratização burguesa” , a burguesia não teve como retirar os direitos alcançados pela revolução dos cravos no período imediatamente posterior à sua volta ao país. O ataque aos direitos teve de ser uma medida urdida com cuidado: suas primeiras iniciativas ocorrem por volta dos anos 2000, com os socialistas. Aí começam a tirar aquelas coisas que parecem pequenas, e que não se nota no dia a dia, mas que, quando se faz um acúmulo de todas elas, a população vê que foi muito. Por exemplo, a agenda de atendimento nos hospitais e postos de saúde começa a ser mais demorada, começa a priorizar um certo tipo de doenças a serem atendidas. Mas antes não era assim. Isso foi uma desconstrução. E um povo que nunca tinha tido esses direitos passou a ter uma certa confiança cultural de que esses direitos não seriam alterados nunca. Então, deixou a política para os políticos, que é um pouco o que aconteceu em quase todos os países. E os políticos, deixados à sua própria sorte, não representam os trabalhadores; em sua maioria, representam o capital. Agora, com a crise de 2007/2008, Portugal teve que fazer um novo ajuste. Os grandes capitais, pela via da Troika, passam a exigir da periferia da Europa regramentos condizentes com a produtividade do trabalho já que ela tem uma alta produtividade do trabalho, mas não tão alta como a da Alemanha, por exemplo. Para esse conjunto de trabalhadores da Europa do Sul exigem-se reformas como, por exemplo, a oferta de saúde só para aqueles que não consigam pagar por ela – em Portugal, para ser atendido pelo sistema nacional de saúde sem pagar as tais “taxas moderadoras”, há que se provar que é pobre, que ganha até um determinado percentual do salário mínimo. As universidades públicas requerem o pagamento pelos estudantes de taxas chamadas de “propinas", que podem alcançar os 1200, 1400 euros ao ano. Essa tragédia tem empurrado uma parte importante da juventude para fora do ensino superior Todas essas mudanças se dão a partir de 2007/2008? As taxas moderadoras na saúde sim e o agravamento das propinas também. Elas já existiam na universidade desde, talvez, 2001, mas eram como uma pequena taxa de matrícula. De 2010 para cá, são outra coisa. Foi quando a Troikachegou a Portugal e impôs o “memorando do entendimento”, como fez na Grécia, que a situação de vida e de trabalho da classe trabalhadora portuguesa agravou-se perigosamente. Esse memorando diz o que tem que se fazer, diz qual política os soberanos governos devem implementar. É de 2010 e

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se renova todos os anos para garantir os empréstimos ao país que está em crise. A austeridade implica — e eu digo isso com ironia — a “democratização” das condições rebaixadas da Europa a partir de um referencial da América do Sul, uma latinoamericanização cujo modelo principal é o Brasil. Em que essa política de austeridade na Europa se parece com o Brasil? Na redução dos direitos pela reforma das políticas sociais, que são rebaixadas. Em Portugal, havia uma escola em cada aldeia, agora estão fechando e transportam as crianças e jovens de ônibus de um lugar para outro. Os direitos do que eles chamam de contrato coletivo — férias, 13º salário — começam a desaparecer ou ser reduzidos: os servidores públicos tiveram em 2011 ou 2012 uma redução que chegou a quase 30% do seu salário. Não é que não tenham recebido aumento de salário pela inflação: o Estado cortou os salários, com a justificativa de manter o emprego. O outro pilar dessa austeridade via Estado é tornar o fundo público devedor de títulos públicos, securitizar o fundo público. Para aumentar o fundo público – que é a política de austeridade – o Estado tem que vender títulos e, com isso, aumenta a dívida. Eu diria que a forma dessas sociedades está ficando muito parecida com a do Brasil por esses três caminhos. Ao par disso, tem se desenvolvido lentamente uma política de repressão na Itália, na Espanha, na França e na Alemanha, embora ainda não tão forte como aqui. Tem aumentado nesses países a violência policial sobre os mais pobres, os que vivem em bairros sociais, os trabalhadores mais precarizados e os imigrantes. A austeridade consiste nisso. A Europa tem estimulado a população a tratar os imigrantes como estranhos. Austeridade acaba dando vazão para o crescimento da xenofobia porque reduz o emprego. Como essa política tem afetado os direitos trabalhistas? Eu vou te dar um dado que eu recebi recentemente — compilado pela pesquisadora Maria da Paz Campos Lima, do grupo de estudos de que faço parte em Portugal — que ilustra as consequências dessa austeridade. Em Portugal, o número de trabalhadores abrangidos pelos contratos coletivos era de quase 2 milhões em 2008. Contratos coletivos são os contratos de uma categoria. Em 2008, eram precisamente 1.894.846. Ou seja, quase metade dos trabalhadores assalariados. Hoje, em 2015, só 246.643 trabalhadores, cerca de 5% da população ativa, são protegidos por contrato coletivo. Lá existe uma coisa que eles chamam de trabalho “a recibos verdes”, que são uma flexibilização da legislação trabalhista, do contrato coletivo. O Estado paga uma parte ou dá isenção ao empregador que contrata a recibos verdes. Quem é contratado a recibos verdes não tem direito a férias remuneradas, 13º terceiro salário e o valor do seu salário é menor. Então, é o rebaixamento do valor da força de trabalho, com um contrato individual e sem direito algum. Isso se dá com a política de austeridade da troika — que é quem impõe essa política, claro que em consonância com os burgueses de cada país —, de 2008 para 2014, que é o período que a crise bate em Portugal e a partir de 2010, 2011, com o memorando do entendimento. É brutal. Temos um êxodo gigantesco de força de trabalho. Nas décadas que se seguiram à revolução de abril de 1974, Portugal foi um dos países que alcançou, proporcionalmente a população, um dos maiores índices de doutores da Europa. Mas eles não têm onde trabalhar. Ou trabalham a recibos verdes ou migram. Eles têm migrado, e muito.

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Essa política de austeridade também recai sobre os países que não são da periferia da Europa? Claro. Especialmente na França e na Alemanha, a locomotiva da Europa, os salários estão sofrendo um rebaixamento e diminuição dos postos. A grande massa de imigrantes portugueses, espanhóis que vão para a Alemanha começa a ter dificuldade de manutenção dos seus empregos lá porque também começam a sofrer uma disputa grande com os alemães. Eles são estimulados a ir, tanto pela Alemanha e França quanto pelos países que estão em crise. O primeiro ministro disse para os trabalhadores portugueses no ano passado: imigrem, não tem emprego aqui. Só que quando eles chegam à Europa pujante, aumentam a oferta de trabalhadores dispostos a qualquer trabalho e isto faz cair o valor da força de trabalho empregada, inclusive da nativa. Quando os empregos começam a restringir, a própria classe trabalhadora começa a hostilizar os trabalhadores vindos de outros países; começam a crescer fenômenos como o da xenofobia. E no Brasil? A partir de que momento podemos identificar mais claramente a prevalência de uma política de austeridade? Eu acho muito boa a inspiração do Otavio Ianni — que ele não desenvolveu muito, mas está no livro ‘Ditadura do grande capital’ — que mostra como a dívida tem, da ditadura para cá, dois momentos muito marcados. Naquele momento a dívida foi um dos elementos para a ditadura fazer o trânsito consolidado – que já vinha acontecendo desdeJK pelo menos — da economia brasileira para a idade dos monopólios. O endividamento foi um mecanismo de “modernização” das estruturas do Estado e produtivas para o país, o que incluiu a construção das estruturas financeiras que ainda não existiam: remodelação da bolsa de valores, construção da Comissão de Valores Imobiliários, bancos nos estados, um conjunto de organismos necessários a um novo momento do desenvolvimento capitalista no Brasil. Então, a dívida era um instrumento para essa “modernização” (com muitas aspas, porque é a modernização capitalista) necessária à passagem para um novo momento. A dívida, nesse período da ditadura, é especialmente dívida externa. Houve aquele crescimento brutal, passamos por Sarney e veio a Constituição. Eu não faço parte daqueles que consideram que se instaurou aqui naquele momento um certo Estado de Bem-Estar Social porque o que houve foi muito limitado e não se deu como naquelas partes da Europa em que isso foi desenvolvido. Para ser Estado de Bem-Estar social exigiria políticas sociais e políticas de emprego combinadas, de desenvolvimento econômico. O segundo momento, que eu identificaria mesmo como o do ataque a essas políticas, começa com Fernando Henrique. É um projeto profissional, científico, organizado, muito bem construído do ponto de vista do capital de reestruturação do Estado. Aquilo que nós chamamos de contrarreforma já é a austeridade aqui. É nisso que consiste a austeridade: o Estado entregar o fundo público ao capital, gastar menos com direitos sociais, com políticas sociais e destinar esses recursos ao capital. Só que tem um limite em vender os bancos, as empresas: o limite é que elas acabam. O fundo público alocado nas políticas sociais é renovado todos os anos, todos os meses, todos os dias por meio dos impostos. Então, me parece que o capital acordou para esse

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maná de dinheiro. Existe uma divisão do trabalho com relação a essa política de austeridade. Fernando Henrique faz a contrarreforma do Estado, prepara os instrumentos para a continuidade disso, mas não consegue realizar todo o projeto. Então, continua a venda das estatais, privatiza os bancos, enxuga o Estado, põe maiores dificuldades para o alcance das políticas sociais. Lula eDilma também privatizam aeroportos, estádios, estradas, mas atuam já num segundo momento da austeridade, no uso do fundo público para os trabalhadores. E no que consiste? O Brasil é emblemático e modelo numa política social que está se desenhando especialmente na Europa do Sul, que é essa política social de mínimos, de destituição de direitos, para usar menos recursos do fundo público, e ao mesmo tempo para abrir espaço para novos negócios. Retira-se dinheiro das políticas sociais para que sobre mais dinheiro para essa nova forma do segundo momento da dívida, o que é uma manipulação do fundo público para pagar os títulos públicos. Isso é algo novo, não porque antes não existisse, mas porque ganha uma centralidade no montante do fundo público que é destinado para isso enquanto para as outras coisas tem-se uma redução brutal. Esse é o modelo brasileiro. No senso comum, a defesa da austeridade se baseia num discurso de diminuição de gastos do Estado. Hoje, vê-se claramente um grande fluxo de transferência direta de dinheiro do fundo público para empresas privadas, por exemplo, na educação, com programas como Prouni, Fies e Pronatec. Como isso convive com esse discurso de austeridade? Porque não tem diminuição geral do gasto do Estado no Brasil hoje. Nem no Brasil nem em lugar nenhum. Ajuste, austeridade são formas ideológicas de embalar uma transferência monumental de recursos públicos e um assumir cada vez mais do Estado que é um Estado de classe. Em Portugal, é desenvolvido o tempo todo o discurso de que vivemos acima das nossas possibilidades. Então, o ajuste tem que ser feito nas políticas sociais, porque os trabalhadores é que estão vivendo acima do que o Estado pode bancar. O capital entendeu o seguinte: há um limite para construir e vender carros, computadores, celulares e tudo no planeta. Além disso, não há mais espaço físico para ser integrado na acumulação capitalista — a China já está integrada, quem mais vai sobrar? A Coreia? Sim, mas isso não resolve a crise. Diante desse cenário, há que se utilizar mais do que nunca o fundo público. Nunca na história foi tão absolutamente claro pela análise do fundo público que esse é um Estado de classe. A burguesia se reapropria daqueles fundos que antes tinham alguma destinação para o trabalhador. De que forma? Reduzindo os recursos destinados à política social de modo direto: essa é condição para abrir novas frentes de acumulação, na previdência privada, na educação privada. Só que, ao mesmo tempo, esses novos campos de acumulação não têm gente que possa consumir esses serviços. Não dá para consumir essas mercadorias em quantidades de modo a garantir uma lucratividade média elevada. Você forma o maior conglomerado de ensino privado superior no Brasil, mas à custa de financiamento público para que os estudantes frequentem essas universidades. Então, o fundo público, transferido assim, parece até que é outra forma de direito. O menino que tem a bolsa, que vai lá para o Prouni, acha que isso é um direito. O fundo público está sendo transferido para a instituição e endividando o trabalhador. Sem o Estado transferindo essas quantidades amazônicas de recursos no Brasil, em Portugal,

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na França, na Alemanha e nos Estados Unidos, o capitalismo já teria colapsado. A presidente Dilma fez recentemente um discurso televisivo em que anunciava claramente medidas de austeridade. Parece um movimento de retirada de direitos mais abrupto do que se teve nos últimos 12 anos. O que está acontecendo no Brasil hoje? Eu acho que nós vivemos sob essa austeridade também nos governos Lula brutalmente, mas havia medidas que pareciam fogos de artifício, ou seja, tinham algum impacto. Em Portugal, uma importante médica, professora universitária, me disse: ‘Sara, a FAO [Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura] acaba de mostrar que a fome reduziu no Brasil e isso é inegável’. Mostrei a ela os recursos do Bolsa Família e ela não acreditava. Como nunca teve Estado de Bem-Estar Social, como nunca teve política universal de combate à fome, a miséria é tanta no Brasil que 40 euros mensais numa família com três crianças têm algum impacto. Sim, é um impacto quantitativo: farinha e feijão. Não é um impacto qualitativo, de reversão da fome, de reversão da miséria intelectual que a dieta impõe, etc. Eu diria que, do ponto de vista dos mais pobres, foi sempre austeridade, na medida em que essas políticas nunca foram para retirar os trabalhadores dessas condições. Mas vamos lá: é verdade que as camadas médias viajaram mais, que os trabalhadores moradores das grandes cidades passaram a comprar TV, geladeira, computador. Está bem: aceitamos tudo isso. Essa bolha de consumo se fez em função de crédito para o trabalhador. Uma das pernas do endividamento é feito sob o crédito consignado para os trabalhadores do serviço público e para os aposentados, que são aqueles que, como têm um ganho salarial mensal, podem financiar para a família que perdeu o emprego a compra da TV, a partir do crédito consignado que o banco dá, com a garantia da aposentadoria. Isso foi o governo Lula que fez. Eu tenho chamado esse instrumento de política social dos governos Lula e Dilma de monetarização e financeirização, que é a conversão da política social na forma dinheiro e que, portanto, entra pelos condutos da financeirização, pelas instituições bancárias, e se torna crédito. Marx, no livro 3 [do Capital], tem uma genial sacada, em que ele diz que todo o dinheiro disponível na sociedade progressivamente vai se tornar capital monetário, que é capital moeda guardado pelos bancos, e esse capital vai se transformar em capital portador de juros porque ele vai ser emprestado. O que esses caras fizeram? – é por isso que o Obama chama o Lula de ‘o cara’, né? Fizeram do fundo público destinado às políticas sociais elementos de acumulação para o capital bancário e financeiro. Transforma tudo isso em dinheiro. A Bolsa Família não é um conjunto de serviços que o pobre no Brasil pode utilizar: não é escola, não é alimentação na escola, não é o hospital de boa qualidade. É um dinheiro que ele recebe via banco e que, individualmente, é uma miséria, mas aquilo que entra no banco é, na totalidade, um montante muito considerável. Esse foi o traço mais inovador que esse conjunto de ações que nós chamamos de austeridade trouxe para as políticas sociais. Porque transferir recursos pela forma de fundos, de sustentação ao capital, existe no Brasil já há um tempo.

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Mas isso foi muito sofisticado, mais complexificado. É esse momento da política social que o Brasil está exportando como referência. Isso nasce no Brasil? O Banco Mundial já sugeria isso como medida. Hayek e Friedman já diziam que para aquele que não pode pagar, o Estado não deve ter equipamentos públicos (escola, hospital, bibliotecas), mas sim transferir em dinheiro para que a pessoa possa escolher, exercendo a sua liberdade de comprador no mercado. Eles dizem isso lá na década de 1940. Só que isso não se transforma em política social porque é implementado o Welfare State, por todas as condições do pós-guerra que tornaram isso possível. Não é mais possível isso. Eu tenho absoluta convicção de que nós temos que continuar a lutar por políticas sociais no modo de produção capitalista, mas no estágio atual, é guerra: um Estado de Bem-Estar Social não é possível mais em lugar nenhum do mundo. Porque o fundo público que estaria alocado no Welfare State é absolutamente vital para o desenvolvimento do capitalismo. Se não, ele colapsa. E aí são as políticas do Banco Mundial — especialmente os estudos desenvolvidos na segunda metade da década de 1980, mas essencialmente, nos anos 1990 — que começam a sugerir a política social como transferência de uma quantia monetarizada, em dinheiro, para os usuários, para aqueles que precisam da política social. E, embora existisse, na Bolívia e em alguns países da América do Sul e Central algumas iniciativas dessas, nunca tinha se tornado uma política de importância como se tornou sob Lula, no Brasil. Porque não é qualquer economia. A minha hipótese é que o Brasil é o padrão de referência mundial para esse novo tipo de política social, essa nova forma Estado. É por isso que eu chamo o que está ocorrendo na Europa de latinoamericanização da política social e da forma Estado. Eu estudava isso no Brasil, cheguei a Portugal — um país que teve uma revolução que, junto com a do Chile, foi a mais importante dos últimos 30 anos do século 20 —, e vejo que lá está acontecendo isso. Aí começo, na relação com os pesquisadores de Espanha e Itália, a ver que nesses países é a mesma coisa. Há pequenas diferenças de um país para o outro, mas a referência é Brasil. Claro que esses países não dizem que a referência é o Brasil, dizem que no Brasil vai tudo bem porque aqui não teve crise, foi um país que cresceu — e lá aplica-se essa política. Então, a latinoamericanização, claro, na América inteira está implementada. A novidade é lá, onde teve Welfare State. A latinoamericanização se dá nas políticas sociais, nas formas de redução dos direitos, na redução do contrato coletivo que garante direitos trabalhistas. E na dívida que passa a ser uma dívida pública, não uma dívida externa. Junto com essas modificações, tem o aumento da violência contra os pobres e os organizados. E a polícia lá, que não era violenta, começa a matar nos bairros sociais. Temos assistido, na Grécia, por exemplo, a alguma reação da população, que pede um basta nessas medidas de austeridade. Como você tem visto essa reação na Europa? Eu acho que, em dois países, Grécia e Espanha, há tentativas, mas eu não arriscaria dizer no que vai dar. O Syriza na Grécia e o Podemos na Espanha são movimentos muito fortes e acho que tem uma coisa para os partidos da esquerda tradicional se indagarem porque esse crescimento se faz por fora

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deles, em ambos os países. Em Portugal os partidos da esquerda clássica, com a sua central sindical, tem por vezes, funcionado como um dique à reorganização dos trabalhadores, porque eles controlam muito a burocracia dos pequenos trabalhadores do Estado. O Syriza não é uma coisa única: há no seu interior, trotskistas e lutadores de correntes comunistas diversas, por exemplo. Ouvi e li um médico grego, um trotskista de uns 58, 60 anos, que contou como a organização dele que compõe o Syriza recuperou o trabalho de base na Grécia. Eu fico comovida com isso, porque o que eles fizeram foi o básico e pelo básico reconquistaram as pessoas para acreditarem que há um projeto possível de transformação da sociedade. O trabalho de base era o seguinte: eles formavam brigadas, iam para as feiras livres com carrinho e conversavam com os produtores médios que estavam nas feiras, explicando que havia naquele lugar não sei quantas pessoas passando fome. Organizavam-se por regiões, começaram a visitar as pessoas que estavam no mais brutal sofrimento — com toda essa propaganda ideológica, a pessoa vai deprimindo, achando que ela é o problema: como o professor José Paulo Nettoescreveu lindamente, é preciso culpabilizar as pessoas, para quebrar a estima de alguém para a luta, você tem que dizer que ela é uma nulidade, responsabilizá-la por sua triste situação de vida. Aquelas equipes, grupos, começaram a redistribuir cestas de alimentação que recolhiam nas feiras e levavam à casa das pessoas. Não tinha Estado, a família já não podia socorrer, não havia para onde correr. Mas quando uma pessoa passa a comer porque pessoas solidárias de uma organização levavam comida, isso não tem volta. Eles não estavam ali para pedir o voto, estavam organizando a base para ela lutar. Eles atuavam na alimentação, na saúde geral e na saúde mental. Porque o nível de depressão e suicídio era grande: em três anos, foram 6 mil suicídios. Pessoas que perderam o emprego, não tinham o que comer, não tinham mais energia em casa. Seis mil suicídios foram declarados como consequência da miséria e da desesperança na Grécia. Eles começaram a recrutar psicólogos militantes com empregos também ruins que começaram a ajudar na abordagem que eles iam fazer às pessoas. Como era organizado por bairro, por rua, eu conheço quais são as pessoas que estão deprimidas, sofrendo, no meu prédio. Então, eu indico que ali tem gente e aí vêm as brigadas, os grupos organizados. Ele dizia assim: “tirar a pessoa do fundo escuro da sua própria alma, porque ela foi quebrada por uma crise econômica, é ganhar uma fidelidade que ninguém consegue destruir”. Esse médico disse que trabalhava no seu emprego estatal, onde teve salário reduzido, e entrou nisso — na verdade, ele liderou uma dessas linhas. Iam para os lugares e começavam a atender as pessoas, como se fosse um médico de família, só que não era do Estado porque o Estado se reduziu tanto que não conseguia mais atender. Então, os médicos trabalhavam e continuavam a trabalhar depois do horário para atender essas pessoas que estavam doentes. Além do mais, é um país frio, que tem um inverno de cinco meses. Já pensou tomar banho, cozinhar, se não tem água? Não tem gás, não tem energia, não tem a dignidade de um banho. A primeira medida do Syriza depois de eleito foi religar a energia elétrica gratuita em 400 mil casas, perdoada a dívida. As pessoas vão ter acesso à energia sem pagar, porque não têm como pagar. Eu não conheço direito todas as forças internas ao Syriza, mas sei que tiveram correntes lá que trabalharam desse jeito. A próxima é a Espanha. O Podemos está com mais de 28% das intenções de

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voto. A burguesia na Espanha está enlouquecida porque a Espanha não é a Grécia, né? A Espanha tem um PIB muito importante dentro da União Europeia e tem classe trabalhadora organizada, sindicatos fortes, os operários da Galícia que marcharam sobre Madri. Ali a coisa pode ser um pouquinho mais animada. Eu não sei se é para ter esperanças, mas nesses dois países, as placas estão em movimento.

PARA LER MAIS:

18/05/2015 - Austeridade com benefícios sociais: o desafio do governo Cameron

26/01/2015 - 'A troika é coisa do passado', afirma líder do Syriza 20/05/2015 - “É a vitória póstuma de Thatcher” 14/05/2015 - Grécia. A estratégia do Syriza mudará? 23/02/2015 - Em nome da austeridade. Artigo de Lena Lavinas 18/02/2015 - Economia no chão: do ajuste fiscal à recessão. Entrevista

especial com José Silvestre

A nova esquerda mostra sua força na Europa

Após a vitória do Syriza na Grécia, a esquerda radical também quer

chegar ao poder na Espanha. Apesar da onda de sucesso, o

Podemos pode perder o encanto em breve

por Deutsche Welle — publicado 03/02/2015 09h22

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Gerard Julien / AFP

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Marcha de simpatizantes do Podemos, em Madrid

http://www.cartacapital.com.br/internacional/a-nova-esquerda-

mostra-sua-forca-na-europa-5959.html

Multidão lota Madri para apoiar a mudança prometida pelo

partido Podemos

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Populismo, a nova moeda europeia TERESA DE SOUSA

23/08/2015 - https://www.publico.pt/politica/noticia/populismo-a-nova-moeda-europeia-1705730 1. A pergunta é óbvia: por que razão o Partido Socialista não consegue distanciar-se de uma coligação que aplicou um brutal regime de austeridade a um país social e economicamente tão frágil? A resposta é complexa. Comecemos pelo Governo. Passos e

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Portas estabeleceram com um profissionalismo invejável a sua lista de medidas a anunciar ao longo da pré-campanha para anular os aspectos mais controversos das suas políticas. Alguns exemplos.

O Governo sabia perfeitamente que a lei do enriquecimento “injustificado” nunca passaria no Tribunal Constitucional. Não era esse o seu objectivo. Era apenas mostrar que estava ao lado daqueles que estavam dispostos a denunciar o vizinho do BMW. A lista de pedófilos aberta à consulta popular era outra medida do género e com os mesmos objectivos. A pedofilia alimenta tal repulsa que tudo se torna justificado. Mas também não passa o crivo do Estado de direito, o que é fácil de compreender racionalmente, mesmo que difícil emocionalmente. A terceira bandeira foi a alteração à lei do aborto. Não tenho grandes dúvidas de que Passos Coelho pensa mais ou menos o mesmo que eu sobre a matéria. Mas era preciso dar alguma coisa ao CDS. Sem mudar o acesso, acrescentou a humilhação, voltando a colocar um estigma. Não há palavras. A coligação destacou dois temas para a campanha: demografia e desigualdade. Mais uma vez, o CDS foi contemplado com iniciativas que visem famílias numerosas, com a devida vénia à Igreja. O que Portugal precisa é que uma taxa de natalidade das mais baixas do mundo suba um pouco mais, pelo menos até ao segundo filho. Isso consegue-se com empregos estáveis, que não há, apoios sociais inteligentes e outra mentalidade nas empresas. Havia um problema com a imigração? Pois bem, o Governo apresentou um novo programa, o VEM, do qual já ninguém fala, para mostrar a sua vontade de ajudar imigrantes empreendedores a voltar à pátria para empreender. O populismo do Governo foi bastante mais longe, no entanto. A habilidade com que colocou os jovens contra os velhos é quase arrepiante. Nenhuma sociedade civilizada pode viver assim. Resta referir que a sua mensagem central é fácil: o mais seguro é não arriscar uma mudança. Até às eleições, o PSD portar-se-á com total disciplina. Sempre foi assim. Mas não há partido mais célere a derrubar um líder que não lhes garanta o poder.

2. Na posição oposta está hoje o Partido Socialista. As “sensibilidades” sempre existiram e deram muito trabalho aos líderes, incluindo Mário Soares. António Costa (também) ganhou esmagadoramente a Seguro nas primárias porque era o passaporte seguro para a vitória. Ora, não é isso que está a acontecer. Costa resolveu seguir o caminho das propostas realistas e, por isso mesmo, complexas, que são sempre muito mais difíceis de fazer

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passar. Muita gente reconheceu que o líder socialista colocou o debate eleitoral num outro nível, correspondendo a uma exigência crescente de acabar com as falsas promessas que descredibilizavam os partidos políticos. A própria crise acentuou essa necessidade, na medida em que muita coisa depende de Bruxelas. O problema é que, feita a constatação, esse outro nível parece estar afastado do debate quotidiano, que continua prisioneiro das mensagens primárias ou dos pequenos e grandes faits divers. Costa teria sempre um caminho muito estreito para afirmar uma alternativa dentro dos compromissos europeus. Os mesmos que exigiam medidas quantificáveis, afastam com desdém as suas contas. Os mesmos que exigiam inovação passam ao lado das propostas “revolucionárias” que Mário Centeno trouxe para o programa. Há cinco anos, entrevistei-o sobre a reforma do mercado de trabalho numa série de entrevistas sobre o futuro do país. A entrevista teve imensa repercussão, sobretudo em sectores mais à direita, porque cortava com as meias reformas, com as ideias feitas e com os interesses instalados. Quem as quer discutir agora? A crítica feita a António Costa é a falta de uma ideia mobilizadora e credível ao mesmo tempo. Não está sozinho, é esse o maior problema do centro-esquerda europeu, se quiser evitar cair num discurso populista à Jeremy Corbyn, o candidato à liderança do Labour com ideias que foi buscar aos anos 80 e que já nessa altura impediam o partido de ganhar o poder. Acresce que o primarismo da mensagem da coligação não tem estados de alma. Ouvir Marco António Costa dizer que o PS quer acabar com a segurança social seria quase divertido, se não fosse tão grave. E ouvi-lo dizer isso depois de Pedro Passos Coelho ter feito o discurso que fez quando apresentou o programa da coligação, é ainda mais extraordinário.

3. E aqui chegamos a Ferreira Leite. Numa entrevista ao Sol, Costa afirmou que se identifica com muitas das ideias da antiga líder do PSD, respondendo a uma pergunta directa. Quando Pedro Passos Coelho apresentou as linhas gerais do programa da coligação, dizendo algumas verdades a que ninguém prestou muita atenção com aquele ar de bom rapaz que é a sua arma mais eficaz (a milhas do discurso pomposo e sincopado de Portas), as críticas foram essencialmente sobre um programa vago, sem compromissos quantificáveis. O que é verdade. Mas foi Ferreira Leite quem, no seu programa habitual com Paulo Magalhães, resumiu numa frase a essência da intervenção do primeiro-ministro: admitiu que o líder do PSD apresentou escolhas muito importantes

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e legítimas sobre o futuro do modelo social, o único problema é que não eram as suas. “Sou social-democrata”. Costa já disse e repetiu que as opções da coligação nesta matéria são ideológicas e que visam uma transformação radical do Estado social. Mas ainda não o fez com a clareza de Ferreira Leite. Teme porventura que venham dizer que afinal é um perigoso despesista e que Portugal não pode dar-se a esse luxo. Não pode ter medo. Estamos a falar de uma mudança enorme. A frase mais repetida pelo primeiro-ministro foi a “liberdade de escolha” dos portugueses em matéria de saúde, de educação e de reforma. Não se preocupou em explicar o que é que isso significaria. O plafonamento das pensões é a parte mais fácil de explicar e Costa já a explicou. Na saúde e na educação, as duas coisas mais inclusivas e estruturantes de qualquer democracia, é mais difícil. No limite, como disse Ferreira Leite, é criar uma saúde e uma educação para pobres e outra para o resto. É mais ou menos o que se passa nos EUA, mesmo que o Obamacare venha atenuar muito esta desigualdade. Com uma pequena diferença que não é só cultural mas também material: o rendimento per capita dos EUA é quase três vezes superior ao nosso. Com o fraco rendimento da classe média em Portugal, ideias dessa natureza acabarão por esbarrar com a própria realidade. Não será certamente por aí que Passos vai combater as desigualdades.

4. Muita gente diz que o PS deveria reconhecer que a economia já cresce e o emprego já sobe. É verdade. Com um pequeno problema adicional. A estimativa rápida do Eurostat, divulgada há meia dúzia de dias, é um alerta para a nossa maior falha: o fraco crescimento potencial da economia. O PIB cresceu apenas 1,2% em relação ao mesmo período do ano passado na zona euro. Nada de particularmente brilhante, mas com excepções. Basta ir aos países intervencionados. A Espanha cresceu 3,1% relativamente ao mesmo trimestre do ano passado. A Irlanda ainda não tem a estimativa do segundo trimestre mas a do primeiro já chega: 6,1%. Portugal ficou-se pelos 1,5% que já seria qualquer coisinha se a Grécia, no estado em que está, não tivesse conseguido ela própria 1,4%. Dir-me-ão que nada disto interessa para ganhar eleições. Talvez não mas é isso que é lamentável. O grande drama desta crise europeia é que ela abre as portas a uma nova realidade política em que quem ganha é cada vez mais o populismo. Original ou emprestado. Como responder a isto? É difícil.

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A insurgência política abala a Europa

Por Gemma Casadevall

Na verdade, a Europa deveria estar satisfeita com o surgimento de

novas formações políticas em tempos de participação eleitoral

decrescente. Partidos como o Syriza, na Grécia, e o Podemos, na

Espanha, não estão sendo guiados por inábeis adversários do

sistema, mas por líderes jovens e bem preparados. Na Grécia,

trata-se de Alexis Tsipras, um engenheiro brilhante com sorriso

carismático; na Espanha, do professor universitário Pablo Iglesias.

Eles instam os cidadãos a fazer uso dos instrumentos democráticos

por excelência: os próprios votos.

Tsipras e Iglesias representam uma nova esquerda europeia, que

sabe como conquistar os votos dos desesperados. Por outro lado,

eles mantêm a maior distância possível do estabilishment político

dos partidos tradicionais. Isso pode ser visto na decisão de Tsipras

de formar uma coalizão com os nacionalistas conservadores do

partido Gregos Independentes e no tom que o novo primeiro-

ministro grego usa para se dirigir a Bruxelas e Berlim. O novo

governo grego se recusa a reconhecer a troica, formada pelo Banco

Central Europeu (BCE), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a

Comissão Europeia, como interlocutora.

O aliado espanhol de Tsipras, Iglesias, também aposta na

provocação ao dar entrevistas para a emissora iraniana Hispan TV,

transmitida em espanhol. Ele enfrenta agora tanto o rótulo de ter se

colocado a serviço do regime iraniano quanto o de querer importar o

modelo chavista da Venezuela para a Espanha. O jovem

movimento espanhol é visto como populista também pelos

adversários políticos e pelos meios tradicionais de comunicação.

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Isso não parece impressionar os seguidores do Podemos. No último

sábado, eles lotaram a Puerta del Sol, local onde, em 2011, o

movimento dos "indignados" ganhou forma a partir de um imenso

acampamento de barracas. O eleitorado do Podemos se alimenta

desses "indignados", grupo composto majoritariamente por jovens

acadêmicos com boa formação, num país onde o desemprego entre

os jovens é tão alto que se fala de uma "geração perdida".

Todas as tentativas de desacreditar o partido têm falhado junto a

uma geração de seguidores, que não acredita mais nem nos

políticos nem nos meios de comunicação: segundo eles, ambos

teriam se vendido aos respectivos financiadores. Algumas

"tentativas de desmascaramento" ganharam um caráter grotesco,

como os esforços de aniquilar as carreiras acadêmicas de alguns

importantes representantes do Podemos. É questionável a tentativa

de se fazer tais "revelações" num país em que foram abertos

centenas de processos de corrupção contra políticos de todas as

facções, que estão ou não no poder – em nível nacional, em regiões

autônomas e nos municípios.

A Europa deveria ter medo diante do peso dessa nova esquerda?

Em circunstâncias normais, o Syriza e suas propostas radicais

teriam fracassado nas urnas. O ponto forte do movimento não está

no sorriso de Tsipras, mas na devastação provocada pelas medidas

de austeridade econômica que a troica impôs à população. Para os

cidadãos, o ex-premiê grego [Antonis] Samaras e o atual homólogo

espanhol [Mariano] Rajoy, personificam a submissão à imposição.

Após a vitória do Syriza, representantes dos grandes partidos

espanhóis repetiram, como um mantra e em diferentes variações, a

frase: "A Espanha não é a Grécia." Nela, reflete-se a consternação

geral diante do Podemos. Mas, em certo sentido, a sentença é

verdadeira: embora a recuperação da economia espanhola não

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tenha chegado de verdade aos cidadãos, ao contrário da Grécia, o

país não está sentado sobre uma montanha de dívidas.

A Marcha da Mudança até a Puerta del Sol foi uma demonstração

de força. Mas, até as eleições parlamentares, o Podemos ainda vai

ter que passar por muitas provas, que irão mostrar qual a impressão

que os eleitores têm do partido. Entre março e setembro, estão

programadas diversas eleições regionais e municipais. Durante

esses meses, a posição de Tsipras com relação à União Europeia

pode se tornar o maior inimigo do Podemos. Um confronto radical,

que viesse a pôr em questão a permanência da Grécia na zona do

euro, teria um efeito dissuasivo sobre o eleitorado moderado que

segue agora a onda do Podemos.

Talvez venha a ser Iglesias [líder do Podemos] quem vai insistir em

dizer: "A Espanha não é a Grécia." Então, sua primeira vítima não

seria o Partido Popular do premiê Rajoy, mas desde esquerda

tradicional até os socialistas espanhóis – engolidos pela força da

onda de sucesso do Podemos, assim como aconteceu com o

partido socialista grego Pasok diante do Syriza.

Esquerda alemã vence eleição pela primeira vez desde unificação em

1990

Parlamento do estado da Turíngia escolhe Bodo Ramelow, do partido Die Link', como ministro-presidente, cargo equivalente ao de governador

por Por Rafael Targino, do Opera Mundi publicado 05/12/2014 16:11, última modificação 05/12/2014 - http://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2014/12/esquerda-vence-eleicao-pela-1o-vez-desde-unificacao-6621.html

EFE

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Bodo Ramelow foi eleito nesta sexta-feira (5) governador da Turíngia São Paulo – Pela primeira vez desde a reunificação da Alemanha, em 1990, um estado da federação será governado pela esquerda: o Parlamento da Turíngia escolheu nesta sexta-feira (5) Bodo Ramelow como novo ministro-presidente, cargo equivalente ao de governador. Ele é membro do partido Die Linke (“A Esquerda”), resultante da agremiação que governava a antiga Alemanha Oriental (RDA), o SED (sigla em alemão para Partido Socialista Unificado da Alemanha).

Ramelow substitui Christine Lieberknecht, que governou o estado por cinco anos e é do mesmo partido da chanceler Angela Merkel, a CDU (União Democrata-Cristã), de centro-direita.

A Turíngia, assim como o governo federal, funciona em um sistema parlamentarista — ou seja, o governador é escolhido pelo Legislativo local e tende a recair sobre o chefe do partido com maioria. A legenda de Lieberknecht teve, nas eleições de setembro, 33,5% dos votos, contra 28,2% do Die Linke – ou seja, ninguém conseguiu maioria absoluta.

A eleição de Ramelow só foi possível, no entanto, após quase quatro meses de duras negociações com o SPD (Partido Social-democrata da Alemanha), que é coligado com Merkel no plano federal, e com os Verdes. Os três partidos se uniram para, atingindo a maioria dos assentos no Parlamento, governar o estado.

O Die Linke costuma ir bem em eleições parlamentares no leste, em que não raramente supera o SPD, e praticamente desparece no oeste alemão. Na região oriental de Berlim — a antiga capital da Alemanha Oriental —, por exemplo, há distritos em que o partido elege representantes com folga para o Bundestag, o parlamento do

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país. A Turíngia é uma das regiões da antiga RDA, mas, mesmo com cidades importantes no território, não consegue competir economicamente com os estados ocidentais.

Na última eleição nacional, em 2013, o Die Linke foi a terceira agremiação mais votada, estabelecendo-se como a principal voz de oposição a Merkel.

Quem é Ramelow A eleição na Turíngia torna Ramelow um importante player na política alemã. Nascido na Alemanha Ocidental, o novo chefe de governo só se mudou para a região comunista depois da reunificação, mas sempre esteve ligado a movimentos de trabalhadores. Ele foi eleito pela primeira vez como deputado pelo PDS (antiga sigla do Die Linke) em 1999. Na década de 1980, ele passou a ser investigado pelo serviço de inteligência da Alemanha Ocidental por ligações com o então Partido Comunista, o DKP. Em 2006, foi descoberto que ele continuava a ser monitorado mesmo depois da eleição em 1999, quando, em tese, a investigação havia sido encerrada.

Repercussão

A escolha do novo governador foi recebida com comemoração pela esquerda alemã e com desconfiança pela direita. O chefe do Die Linke, Gregor Gysi (reeleito deputado por Berlim em 2013), afirmou que a eleição de Ramelow é um “sinal importante”. “Hoje é simplesmente um grande e bonito dia também na minha vida, devo dizer. Um dia que ainda estou vivendo”, disse ao noticiário local Tagesschau. Andreas Scheuer, secretário-geral da CSU (Unão Social-Cristã), partido conservador muito forte na Baviera e espécie de ramificação da CDU, chegou a ligar Ramelow à Stasi, antiga polícia secreta política da Alemanha Oriental. “Com Ramelow, agora um agente de uma ex-conexão da Stasi, virou chefe de governo. Este é um dia de vergonha para a Alemanha reunificada”, afirmou. Não há provas da ligação do novo governador com a organização.

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Podemos y la latinoamericanización de la política española

CarlosMalamud: América Latina España

http://www.infolatam.com/2016/07/04/podemos-y-la-

latinoamericanizacion-de-la-politica-espanola/

"... sería conveniente que Podemos comenzara a ser más crítico con aquellos partidos y movimientos latinoamericanos afines a los que lo atan sólidos lazos personales e ideológicos. Los casos de Argentina y Venezuela son los principales ejemplos, pero no los únicos"Infolatam Madrid, 4 julio 2016

Por CARLOS MALAMUD

(Infolatam).- En una reciente entrevista, Juan Carlos Monedero, ex líder de Podemos y todavía uno de sus principales referentes intelectuales, acusó al PP (Partido Popular) de estar latinoamericanizando España con la colaboración del PSOE (Partido Socialista Obrero Español). Si bien Monedero se refería a las políticas de austeridad aplicadas desde el gobierno, no deja de llamar la atención tal afirmación a la vista de las estrechas relaciones que una parte importante del equipo fundador de Podemos ha tenido y sigue teniendo con América Latina, incluyendo a Pablo Iglesias eIñigo Errejón.

Los lazos de todo tipo con los países de la órbita bolivariana son lo suficientemente conocidos como para extenderme al respecto una vez más. En este sentido, Iglesias afirmaba un par de semanas antes de las elecciones generales del 26 de junio que “Podemos tiene rasgos peronistas” y que éstos son consecuencia de la lectura

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de Ernesto Laclau. En la misma ocasión también admitió su admiración por Jorge Bergoglio, el papa argentino de notorias raíces justicialistas.

Esa constante afinidad y cercanía con la política latinoamericana se volvió a poner en evidencia durante la jornada electoral del mes pasado. Con la vista puesta en los excelentes resultados electorales que pensaban obtener, incluyendo el más que probable segundo puesto (e incluso la posibilidad de amenazar las posiciones del PP), la dirigencia del partido invitó a una nutrida delegación internacional de agrupaciones de izquierda y movimientos sociales, con una destacada presencia de políticos y activistas latinoamericanos.

Uno de los máximos referentes presentes fue Axel Kicillof, ex ministro de Economía del último gobierno kirchnerista, que estuvo acompañado por su correligionario Diego Mansilla, diputado del parlamento del Mercosur por el Frente para la Victoria (FPV). Entre los restantes participantes destacan ampliamente por su renombre Veronika Mendoza, candidata del Frente Amplio a las últimas elecciones presidenciales peruanas, y Piedad Córdoba, ex senadora colombiana de reconocidas afinidades con las FARC.

Según algunas versiones periodísticas también hubo representantes de los gobiernos de Evo Morales y Rafael Correa, muy próximos a las posiciones de Podemos, aunque no se conoce exactamente la identidad de todos los integrantes de la comitiva internacional. Otros dirigentes presentes en Madrid para tan connotada ocasión fueron Sebastián Depolo, coordinador nacional del partido chileno Revolución Democrática, y el político argentino Juan Monteverde, del partido Ciudad Futura. Al margen de los latinoamericanos destacó el eurodiputado francés Jean-Luc Mélenchon, del Partido de Izquierda, y una representación de Syriza.

Todos los observadores internacionales que acompañaron a Podemos el día de las elecciones manifestaron su respaldo al partido de Pablo Iglesias y su absoluta confianza en su triunfo electoral. De hecho, en las numerosas intervenciones que tuvieron durante el domingo 26 de junio a través de las redes sociales aparecían muy confiados en el futuro político de Podemos y se mostraban sonrientes junto a sus principales líderes.

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La peruana Veronika Mendoza apuntó que con su presencia agradecía el apoyo recibido de Pablo Iglesias durante la campaña electoral por la presidencia de su país. Un comunicado de su partido, el Frente Amplio, señalaba que el viaje le serviría para aprender de Podemos “su experiencia en la construcción de una agrupación vinculada a la gente de a pie, su proceso de confluencia político y su proyección generacional como partido renovador de la izquierda contemporánea”.

“… En estos momentos el kirchnerismo, comenzando por la propia Cristina Fernández, está sometido a sólidas acusaciones de corrupción que salpican a los más altos niveles y pueden acabar con muchos de sus principales líderes condenados por la justicia”.

Llama la atención la identidad de algunos de los invitados, como el ex ministro Kicillof. En estos momentos el kirchnerismo, comenzando por la propia Cristina Fernández, está sometido a sólidas acusaciones de corrupción que salpican a los más altos niveles y pueden acabar con muchos de sus principales líderes condenados por la justicia. El énfasis puesto por Podemos contra la corrupción durante su campaña electoral contrasta abiertamente con el respaldo que sigue ofreciendo a unos dirigentes políticos salpicados abiertamente por escándalos muy sonados de apropiación de fondos públicos. En este sentido sería conveniente que Podemos comenzara a ser más crítico con aquellos partidos y movimientos latinoamericanos afines a los que lo atan sólidos lazos personales e ideológicos. Los casos de Argentina y Venezuela son los principales ejemplos, pero no los únicos.

A medida que iba avanzando el escrutinio y se iban conociendo datos reales de la votación, las caras de los representantes

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internacionales se fueron contagiando del desánimo de los líderes de Podemos y sus seguidores, fiel reflejo de su mal desempeño electoral. Desde la perspectiva de la relación de España con América Latina hay que dejar constancia del esfuerzo que está haciendo el partido de Iglesias para sacar provecho de unos lazos estrechos y permanentes. Para obtener un buen aprovechamiento de la relación iberoamericana hay que cultivarla de forma constante como está haciendo Podemos.

Contactos, viajes, mensajes de apoyo, en definitiva una interacción permanente entre los dos lados del Océano Atlántico. La asociación con Verónika Mendoza es fiel reflejo de esta realidad. En síntesis, se observa una política clara de Podemos respecto a la región y a sus potenciales socios, algo de lo que deberían tomar buena nota los restantes partidos políticos españoles, comenzando por el PSOE, a quien le quita abiertamente potenciales aliados, pero sin olvidar al PP y a Ciudadanos.

Etiquetas: América Latina España, Bolivarianos, Carlos

Malamud, España elecciones

There is a model for the new politics we need. It’s in Spain – THE GARDIAN

Owen Jones

https://www.theguardian.com/commentisfree/2016/jun/22/politics-spain-podemos-radical-

europe-uk?CMP=oth_b-aplnews_d-2

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There are three philosophies at play right now. The first blames

migrants and people fleeing violence and poverty for the multiple

problems afflicting European society, from the lack of secure jobs

and houses to stagnating living standards to public services ravaged

by cuts. The second seeks to build a Europe with shrivelled social

protections, run ever more in the interest of major corporations, as

exemplified by the notorious but embattled Transatlantic Trade

Investment Partnership. These two visions are far from mutually

exclusive; they are frequently allied, or feed off each other. The third

vision challenges them both: holding the powerful interests

responsible for Europe’s crisis to account, and aspiring to a

democratised Europe that puts people before the needs of profit.

Last modified on Saturday 25 June 201609.22 BST

The lamps may not be going out all over Europe, but they’re

flickering. The continent is being tugged in different directions by

competing forces, and it is unclear who will succeed. Two potentially

historic events this week will help define its future.

On Thursday Britain could choose to become the first nation to leave

the European Union, the consequence of a campaign dripping in

bigotry and the scapegoating of migrants. And on Sunday Spain

goes to the polls for a re-rerun of an inconclusive election in

December. The newcomer Unidos Podemos party, standing on a

platform of opposing cuts and democratising Spain and Europe, is

attracting the support of millions of Spaniards. The votes highlight

the competing visions of Europe’s future.

There are three philosophies at play right now. The first blames

migrants and people fleeing violence and poverty for the multiple

problems afflicting European society, from the lack of secure jobs

and houses to stagnating living standards to public services ravaged

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by cuts. The second seeks to build a Europe with shrivelled social

protections, run ever more in the interest of major corporations, as

exemplified by the notorious but embattled Transatlantic Trade

Investment Partnership. These two visions are far from mutually

exclusive; they are frequently allied, or feed off each other. The third

vision challenges them both: holding the powerful interests

responsible for Europe’s crisis to account, and aspiring to a

democratised Europe that puts people before the needs of profit.

If we decide to leave, the odds of an EU collapsing amid anti-

immigrant acrimony will increase

I left Britain’s poisonous referendum campaign for a few days to

travel across northern Spain with Unidos Podemos. It didn’t feel so

much like entering another country as passing into a parallel

universe. Spain shows there is nothing inevitable about people

blaming migrants, rather than the people in charge, for their

problems. And when it comes to problems, Spain is not lacking. A

fifth of its workforce is unemployed, and nearly half of its young

people are without work. Hundreds of thousands of Spaniards have

been evicted from their homes. Child poverty has risen. Public

services have been slashed. Yet in the working-class town of

Torrelavega a crowd roared with approval when told the problems

facing Europeans are caused not by foreigners but by bankers, tax-

dodgers and poverty-paying bosses.

There is no mass anti-immigration party contesting Spain’s

elections. Mainstream parties are not trying to outdo each other with

anti-immigration vitriol. It is not as though there is a lack of people

entering the country: Spain experienced a sixfold increase in

migrants in the 2000s. Immigration is simply not the prism through

which people understand their problems.

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‘There is no mass anti-immigration party contesting Spain’s

elections’ Photograph: Vincent West/Reuters

Why? The memory of General Franco’s dictatorship adds a layer of

revulsion for the far right in the eyes of many Spaniards. Similarly, a

history of Spanish emigration because of dictatorship, poverty and

economic insecurity might mean more sympathy for people who

travel to build a new life. But senior Podemos figures dismiss the

idea that Spanish society is somehow culturally immune to anti-

immigration hostility. Instead they point to the rise of the so-

called 15-M movement in 2011.

An initial call on 15 May 2011 for Spaniards to mobilise against the

country’s political establishment attracted thousands of protesters. It

was the catalyst for a phenomenon that has transformed Spanish

politics. Over the course of many months, millions of Spaniards took

part in protests and occupations.

It was this movement that laid the political foundations for the rise of

Podemos. Its critical contribution was to ensure that the focus of

Spanish anger was the powerful, rather than

migrants. Podemos activists believe that without this movement,

Spain could also have succumbed to anti-immigration sentiment.

Concerns about immigration should be debated. But in contrast

to Spain, so many of Britain’s problems are seen through the prism

of immigration. The failure of a popular movement to organise meant

that an alternative explanation for social ills never gained traction.

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Immigration was already the catch-all explanation for grievances;

the referendum has only entrenched this view.

Across Europe, the visions represented by the rightwing Brexiters in

Britain and Podemos in Spain are locked in combat. If Britain leaves

the EU as the result of a campaign whose core message is hostility

to migrants, that will be a shot in the arm to already ascendant anti-

immigration movements across Europe.

The question isn’t whether France’s far-right leader Marine Le Pen

will celebrate Brexit, but how expensive will be the champagne she

chooses to toast it with. The odds of the EU disintegrating amid anti-

migrant and anti-refugee acrimony will increase. If Unidos Podemos

do well in Spain on Sunday – and even forms a coalition

government with the Socialists – then that will be a significant boost

to movements arguing for a Europe of public investment and

workers’ rights.

Europe has now endured years of cuts, regressive tax hikes and

stagnating or falling living standards. The xenophobic right has

feasted on the despair and grievances that have resulted. The

antidote is movements such as Podemos: those that redirect anger

at the correct targets, and propose an alternative Europe that

doesn’t breed insecurity. Greece’s Syriza government was cowed by

the EU because the bureaucrats could do so: Greece represents a

tiny sliver of the eurozone economy. Spain, by contrast, can’t be

bullied in the same way: it is “too big to fail”.

Our own government has led the attempts to drive the EU ever more

down the road of servility to the interests of the market – by vetoing

EU action to prevent Chinese steel-dumping, for example, and being

the biggest cheerleader for TTIP. That direction of travel makes the

work of movements such as Podemos even more vital.

There have been many significant postwar moments in Europe, not

least the fall of the Berlin Wall. But set against that backdrop, this

remains a defining moment. Are we to have a disintegrating Europe

characterised by widespread, destructive, anti-migrant resentment,

corporate dominance and shredded social protection, or a

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democratic Europe run in the interests of the majority? The people

of Britain and Spain can light the way.

Por qué ha fracasado Podemos

http://ctxt.es/es/20160622/Firmas/6878/26J-fracaso-Unidos-Podemos.htm

Uno de cada cinco votantes que estaba dispuesto a optar por

UP decidió quedarse en casa o dedicarse a otras actividades.

La formación no fue derrotada por nadie que no fuera ella

misma y el terremoto del domingo puede desencadenar nuevos

seísmos

EMMANUEL RODRÍGUEZ - TRIBUNA

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Pablo Iglesias, Iñigo Errejón y Alberto Garzón en la plaza del Reina

Sofía en la madrugada del 27 de junio. FLICKR / PODEMOS

27 DE JUNIO DE 2016

Fracaso es una palabra demasiado gruesa, pero seguramente

es la más apropiada para un partido que como ningún otro se

ha empeñado en la retórica de los “ganadores” y los

“perdedores”, que desde el principio insistió en que había

nacido para “ganar”. El término resulta todavía más adecuado

si se considera que ayer Unidos Podemos no fue derrotado por

nadie que no fuera él mismo. La victoria no fue obviamente del

PSOE, que perdió 100.000 votos respecto al 20D. Y a duras

penas la podemos atribuir al partido dirigido por ese gran lector

del Marca que es Mariano Rajoy. Los populares sumaron ayer

casi 700.000 votos más respecto del 20D, de los que cerca de

400.000 fueron restados a Ciudadanos y otros 300.000 fueron

provistos por otros caladeros (abstencionistas en su mayoría).

En conjunto el “bloque conservador” PP-Cs sólo obtuvo

300.000 votos más. No es gran cosa. La España de la

derechona que tan cómoda resulta como comodín explicativo a

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los izquierdistas jugó ayer un papel de minoría, exactamente

de una minoría del 23% de los 34 millones de españoles con

derecho a voto (sin contar con los inscritos en el exterior).

La verdad es que ayer Unidos Podemos recibió un millón cien

mil votos menos que lo que sumaban Podemos, las

confluencias e IU en las pasadas elecciones del 20D. Y lo

cierto es también que ese millón cien mil votos aparecía en

todas las encuestas previas, que sin variación apreciable

mostraban el sorpasso al PSOE. Pues bien, ayer Unidos

Podemos quedó por detrás del PSOE no sólo en escaños,

también en votos. Casi uno de cada cinco votantes que estaba

dispuesto a votar únicamente a Unidos Podemos decidió

quedarse en casa o dedicarse a otras actividades.

¿La razón? En esta ocasión, no pierdan el tiempo preguntando

en portería. Les dirán que la confluencia ha sido un fracaso. Si

son de la fracción “populista” de la organización (los de

Errejón), les hablarán entre bambalinas de que IU no suma,

que el liderazgo de Pablo resta, que asusta al electorado

moderado, etc. Si atienden un poco más a los datos, les

explicarán que una parte de los electores de un partido

(Izquierda Unida), que ha rozado varias veces el

extraparlamentarismo, no se sentía cómodo con la campaña

(por cierto, dirigida por Errejón), o que tanta

#sonrisadelaabuela y tanta bandera de España han acabado

dejando de lado al votante tradicional de izquierdas.

Ciertamente, aquellos que decían en las encuestas querer

votar a Unidos Podemos y ayer no tuvieron ganas de hacerlo

pueden argumentar toda clase de razones. Los hay

seguramente que no fueron a votar por pereza, cansancio de

tantas elecciones o porque hacía mucho calor. También están

los que pueden dar argumentos políticos, como que no

acudieron espantados por la prepotencia del partido que

“siempre gana”, porque para votar “socialdemocracia” mejor

dejar gobernar al original, que la confluencia no les convencía

porque era una chapuza cerrada en despachos sin primarias ni

validación democrática, que están hartos de un partido que en

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términos de la nueva sociología de la vida cotidiana sólo busca

el “voto cuñao”. Y así un largo etcétera extendido en todas

direcciones. Pero toda esta casuística, que a la postre resulta

infinita, sólo puede interesar a los aprendices de director de

campaña, a los expertos en análisis electoral y a aquellos

partidos que se interpretan a sí mismos según los marcos de la

política convencional.

Si lo que se quiere es una explicación, conviene no prestar

mucha atención a la mercadotecnia electoral y empezar a

entender el fracaso en el marco mucho más complejo del ciclo

político, de la crisis política que abrió el 15M. La “apatía del

voto a Podemos” tiene mucho menos que ver con las razones

individuales que con la falta de convencimiento colectivo con

un proyecto político de cuya construcción hemos sido testigos

privilegiados. Valga decir que Podemos ha crecido como

opción real de gobierno únicamente porque se ha sabido

montar sobre una ola de cambio hecha de una esfera pública

crítica y activa, de una multitud de movimientos salidos antes y

después del 15M y de una lógica de comunicación en red que

opera a través de canales que no dependen de los medios de

comunicación convencionales.

EL ÉXITO DE PODEMOS EN SUS PRIMEROS TIEMPOS,

CUANDO SE DECLARABA COMO UN PARTIDO

“ANTIPARTIDO”, SE DEBIÓ A QUE FUE UN CALCO POLÍTICO

DEL 15M

Ayer, y en realidad desde hace mucho tiempo, una parte

mayoritaria de ese espacio permaneció inactivo. Lo hizo por

aburrimiento con la política experta, por falta de

convencimiento en el proyecto o por simple incapacidad para

poder defenderlo. Si se quiere una sola imagen: cuando en

estos días, y en cualquier entorno familiar o laboral, había

quien anunciaba que no iría a votar a Unidos Podemos por sus

“X” razones, no había nadie con capacidad de convencerle, al

menos con argumentos, de que lo hiciera; de explicarle que a

pesar de los innumerables defectos de Podemos todavía

merecía la pena apostar por ellos.

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Para entender la derrota de Podemos, hay que atreverse a

hacer un pequeño viaje en el tiempo, al menos cinco años

atrás, cuando, tal día como hoy, el 15M estaba levantando las

acampadas de las plazas al grito de “lo llaman democracia y no

lo es”. En aquel entonces, el movimiento rehuía de la

construcción de liderazgos personales, defendía una política

horizontal yamateur, y tenía en el centro de sus

preocupaciones incluir al mayor número de gente común. El

éxito de Podemos en sus primeros tiempos, cuando se

declaraba como un partido “antipartido”, se debió a que fue un

calco político del 15M, que se expandía según el mismo patrón

de proliferación de asamblea locales (círculos) y de replicación

en redes.

Su primera crisis seria se produjo cuando Podemos empezó a

asomar como un partido más, con su dirección oligárquica y

sus infinitas trifulcas por el poder interno, y cuando su

estrategia de transversalidad se vino al traste por la irrupción

de Ciudadanos. De aquella franja del 15-18% de expectativa

voto, en la que estaban encallados desde la primavera de

2015, no le salvaron sus propios aciertos, sino el éxito de las

candidaturas municipalistas que en algunas ciudades, y de

acuerdo con formas de comunicación, implicación y

organización más próximas al 15M, volvieron a elevar el techo

electoral. El recuerdo de las mismas fue lo que empujó también

las posibilidades de Podemos, cuando el 20D obtuvo sus

mejores resultados allí donde fue en “confluencia”.

Ayer ya no quedaba mucho de ese impulso social distribuido.

Lo único que hizo la campaña electoral fue confirmar esta

ausencia. Las “rojigualdas”, la “patria”, la moderación, la

“socialdemocracia”, el triunfalismo dejaron indiferentes a los

más. Y muchos finalmente no fueron a votar. La única

diferencia significativa entre la campaña del 20D y la del 26J

ha sido de grado, en el sentido de una campaña de partido,

que sólo depende del partido y que cada vez encuentra menos

elementos de resonancia externa. No es un problema exclusivo

de la dirección de Podemos, sino de una lógica compartida por

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la “nueva política” dirigida exclusivamente a recuperar la

representación. De hecho, se perdieron votos en todas las

autonomías. Más de 200.000 en Andalucía y otro tanto en

Madrid, que juntas acumularon el 40% de ese millón cien mil

de “votos «ausentes”. Pero también se perdieron en las

“confluencias”, donde la dirección de campaña dependía

mucho menos de “Madrid” que de los activos locales: 130.000

en Valencia, 80.000 en Cataluña y más de 60.000 en Galicia,

aviso a navegantes de que el legado municipalista no es eterno

y que los pactos de despacho tampoco pasarán siempre por

“nueva política”.

Durante este último año y medio, Podemos ha prometido

esencialmente dos cosas: (uno) que podían ganar las

elecciones y (dos) que con el gobierno en su mano darían

cumplida respuesta a las exigencias de cambio. La segunda

promesa es siempre dudosa y, desde luego a tenor de algunas

de sus manifestaciones locales, como Manuela Carmena,

parece por completo desmentida. La primera ha funcionado

como un narcótico para infinidad de gente, que por puro interés

(porque querían formar parte de la industria de la

representación), por necesidad de creer o por buena fe, pensó

que este era el momento de la política profesional, de delegar

en un grupo inteligente y capaz de desencallar lo que la “gente”

no iba a ser capaz de hacer por sí misma. Ayer esa promesa

se demostró, una vez más, falsa. Sin la “gente” y sin política

que vaya más allá de los expertos y de la lengua de palo de los

políticos profesionales, no se ganan elecciones, no al menos si

lo que se pretende es empujar un proyecto de cambio real.

El terremoto de ayer puede desencadenar nuevos seísmos.

Puede abrir la guerra interna del partido, entre los partidarios

de Pablo y los de un Errejón que, a pesar de ser responsable

principal de este fracaso, considera que esta es su hora. O

puede, en el mejor de los casos, promover movimientos de

cambio y reflexión interna, que siempre que no se encallen en

soluciones mágicas (como las superficiales de un cambio de

dirección y discurso), quizás sirvan como un saludable

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revulsivo interno. Sea como sea, todo lo que no entienda que

la radicalización democrática no encaja bien en los canales de

la política institucional, en los partidos oligárquicos

convencionales, en la adhesión incuestionable a las figuras

carismáticas, volverá a recaer en las ilusiones del 26J. Sus

señorías de la “nueva política” se lo deberían hacer mirar y

empezar a pensar en otras claves. Desgraciadamente es muy

poco probable que recuperen la frescura y la mirada que hace

apenas unos años era todavía el sentido común de aquella

gigantesca ola de cambio, que un día como hoy de 2011

pensaba en ampliar y multiplicar lo que ya se había conseguido

en seis semanas de acampadas en las plazas. AUTOR

Emmanuel Rodríguez

Emmanuel Rodríguez es historiador, sociólogo y ensayista. Es editor de Traficantes de Sueños y colaborador de la Fundación de los Comunes. Su último libro es '¿Por qué fracasó la democracia en España? La Transición y el régimen de 1978'.

Esquerda Europeia promete “resistir” à austeridade

http://pt.euronews.com/2013/12/15/esquerda-europeia-promete-resistir-a-austeridade/

15/12/13 = Acesso 17 junho 2016

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Não pagar a dívida “ilegítima” dos bancos, resistir à austeridade, garantir os serviços públicos e rejeitar o tratado de comércio livre com os Estados Unidos, são algumas das propostas que a Esquerda Europeia vai levar no seu programa para as eleições europeias do próximo ano.

No congresso em Madrid, o partido deve confirmar, este domingo, o grego Alexis Tsipras como candidato à presidência da Comissão Europeia.

“Existem dois caminhos. Ou consentimos o status quo neoliberal e fingimos que a crise pode ser resolvida com as políticas que a agravaram ou avançamos para o futuro com a única alternativa, a única esperança da Europa, a Esquerda Europeia”, declarou Tsipras.

A escolha do líder do Syriza, que deve ganhar as europeias na Grécia, é altamente simbólica, segundo o presidente da Esquerda Europeia:

“É um símbolo muito forte, que o nosso candidato comum à União Europeia seja hoje Alexis Tsipras, para enviar a mensagem contra a austeridade que é a nossa bandeira nestas eleições”, referiu Pierre Laurent.

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A Esquerda Europeia tem atualmente 35 deputados no Parlamento Europeu mas espera reforçar a presença nas eleições do próximo ano. Um crescimento que muito se ficará a dever à crise que a Europa atravessa, uma crise que também promete reforçar a votação nos partidos eurocéticos e de extrema-direita.

Segundo a enviada da euronews a Madrid, Efi Koutsokosta, “com a candidatura de Alexis Tsipras, líder do mais forte dos partidos da Esquerda Europeia, o grupo procura grandes mudanças nas eleições europeias de maio. Depois de Madrid, a próxima paragem é Bruxelas. Na primavera, a Esquerda Europeia organiza uma grande conferência internacional sobre a dívida que vai estar no centro da sua campanha alternativa contra a austeridade”.

Europa: a esquerda como grande esperança para a crise

Nos países onde os eleitores tiveram uma distinção clara entre

democracia econômica de esquerda e a xenofobia da direita,

eles optaram pela esquerda

Por Conn Hallinan, em Foreign Policy in Focus | Tradução: Vinicius

Gomes - 6 de junho de 2014

http://www.revistaforum.com.br/2014/06/06/europa-esquerda-como-grande-esperanca-

para-crise/

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Agora que a poeira das recentes eleições para o Parlamento

Europeu baixou, é hora de respirar fundo e ver o que realmente

aconteceu.

Não, o Reino Unido não está prestes a jogar toda sua população

imigrante ao mar. Não, a França de Marine Le Pen não está prestes

a marchar sobre o Palácio do Elísio e, por mais repulsivos que

sejam os brutamontes do Partido Jobbik da Hungria e Aurora

Dourada da Grécia, foi para a esquerda europeia a quem os láureos

foram destinados. Os partidos que visaram o combate ao

desemprego, austeridade e a crescente desigualdade da riqueza na

Europa, foram bem. A dramática chegada dos partidos de direita

racistas e xenofóbicos na França, Reino Unido e Dinamarca tiveram

mais a ver com a inabilidade ou falta de vontade dos partidos

tradicionais desses países em oferecer uma alternativa viável a

meia década de crise econômica, do que com um levante

neonazista

De fato, se houve uma mensagem que as eleições de 25 de maio

trouxe, foi aquela que aqueles que exaltaram a austeridade como a

panaceia para a crise econômica, foram punidos. Daí o fato de a

coalizão conservadora-liberal-democrata britânica tomarem um

drible, os socialistas da situação francesa serem atropelados e os

cristãos-democratas da chanceler alemã Angela Merkel perderem

oito assentos, enquanto seus oponentes sociais-democratas

ganharam mais quatro.

Em contraste, onde ocorreu uma escolha clara entre democracia

econômica de um lado e “vamos jogar a culpa nos imigrantes e em

Roma” do outro – como na Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda, Itália

(curiosamente, os PIIGS) e grande parte da Europa central e

oriental, os eleitores foram para a esquerda. Como o filósofo croata,

Srecko Horvat, apontou, “A esquerda europeia está de volta no

jogo”.

Terremoto

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Um “terremoto” foi a metáfora usada para descrever os triunfos da

Frente Nacional de Marine Le Pen na França, do Partido da

Independência do Reino Unido (UKIP, sigla em inglês) e do Partido

do Povo, na Dinamarca.

Mas se houve um resultado que de fato mexeram com as bases da

Europa, foi a vitória do Partido Syriza na Grécia e da aparição

“vinda do nada” do Partido Podemos, na Espanha.

O Syriza emergiu da destruição imposta à economia grega pela

chamada “Troika” – a tríplice formada pelo FMI, o Banco Central

Europeu e a Comissão Europeia. Como preço pela “ajuda”, o

governo da Grécia colocou em prática massivas demissões,

enormes cortes em aposentadorias, saúde e educação, além de

privatizar propriedades do próprio governo. A taxa de desemprego

subiu para 28% – mais de 50% entre os jovens – e milhões de

gregos caíram na pobreza. Enquanto os credores da Grécia iam

muito bem obrigado, a austeridade não fez nada em troca para

contornar a depressão econômica.

O Syriza conquistou 26,5% dos votos e se tornou o maior partido da

Grécia no Parlamento Europeu. Em contraste, os dois partidos

majoritários – que participaram do programa de austeridade –

perderam 10% de votos entre eles. Grande parte da mídia se

concentrou no partido neonazista Aurora Dourada, que ganhou

9,4% dos votos, colocando três representantes do partido no

Parlamento Europeu, onde serão engolidos pelos representantes da

esquerda grega.

Enquanto o Syriza se concentrou na crise doméstica grega, eles

conscientemente também se aliaram à outros movimentos de

esquerda e antiausteridade ao redor do continente. “O que

aconteceu na Grécia não é uma história de sucesso, mas sim uma

tragédia social que não deveria ser repetida em lugar nenhum na

Europa”, disse Alexis Tsipras, o líder do partido.

Lugar nenhum na Europa

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Esse “lugar nenhum na Europa” ecoou em outros países

encurralados pela fórmula de austeridade da Troika, ou lutando

para saírem de estagnações econômicas e longos anos de

desemprego. Além da Grécia, o mais claro exemplo é o Podemos,

da Espanha.

O partido de esquerda saiu de maciços protestos de rua

antiausteridade que paralisou Madri e outras cidades espanholas

em 2011, e que levou a ações similares em outros lugares do

mundo. “O Podemos”, diz o líder Pablo Iglesias, “são cidadãos

fazendo política. Se os cidadãos não se envolverem com a política,

outros irão. E isso abre uma porta para que eles roubem sua

democracia, seus direitos e sua carteira”.

Outros partidos da esquerda espanhola também tiveram sucesso na

Catalúnia, Valência e no país Basco. Além dos votos do Partido

Verde e do Partido Socialista – o partido de situação e de direita,

Partido Popular, é agora definitivamente uma organização

minoritária.

E esse padrão se repetiu em diversos outros países.

Na Irlanda, os dois partidos que supervisionaram o programa de

austeridade econômica – Fine Gael e o Partido Trabalhista – caíram

muito, enquanto os partidos de esquerda e independentes, como

Sinn Fein, Partido Socialista e Partido o Povo Antes dos Lucros,

conquistaram juntos 45% dos votos.

O Partido Socialista Português, antiausteridade, derrotou a coalizão

centro-direita que utilizou a receita da Troika. Além do Partido

Comunista Português que conquistou 12,7% dos votos.

A Itália testemunhou o Partido Democrático de centro-esquerda

emergir como a força política número um no país com 40% dos

votos. O partido de direita do ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi,

Forza Italia, chegou apenas em terceiro lugar, com 16,8%. O

protótipo italiano do Syriza, o L´Aitra Europa (Outra Europa),

conquistou respeitáveis 4% e três assentos no Parlamento Europeu,

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após poucos meses de campanha. Em contrapartida, o muito mais

velho, conhecido e racista, Liga do Norte, perdeu quatros assentos.

A direita oportunista

Não que isso signifique que tudo está lindo e leve.

A direita conquistou assentos no Parlamento em 10 dos 28 países

da União Europeia – e aumentou sua representação em 6 desses

países – mas também perdeu assentos em outros 7. Os triunfos da

Frente Nacional na França e do UKIP no Reino Unido são

certamente preocupantes – ambos realizam discursos virulentos e

campanhas anti-imigração. A Frente, em particular, é historicamente

associada a ideologias antissemitas e anti-Roma.

Entretanto, seria um erro presumir que todos que votarem nesses

dois partidos compartilham de seus ódios étnicos. Parte do apoio

que tiveram certamente foi de racistas, mas esses partidos também

se utilizaram da raiva do eleitor quanto às políticas econômicas da

UE que deixaram ambos os países presos em condições de quase

recessão.

A “tradicional” esquerda nos dois países – o Partido Socialista na

França e o Partido Trabalhista no Reino Unido – embarcaram juntos

nas medidas de austeridade da Troika. A ausência de uma crítica

séria vinda da esquerda para com as políticas da UE deixou muitas

pessoas se renderem ao lado obscuro e comprar a fábula de que os

imigrantes inundaram o mercado de trabalho e pilharam os serviços

sociais – especialmente quando muitos partidos de direita

adotaram, de forma oportunista, o discurso antiausteridade.

Foi um padrão repetido em outros lugares, como na Dinamarca,

onde o Partido Venstre, de centro-direita, fez campanha para negar

benefícios sociais a imigrantes – uma plataforma quase idêntica ao

extrema-direita Partido do Povo Dinamarquês.

Uma solução melhor do que o ódio

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Politicamente, o continente rejeitou a estratégia da Troika, muito

semelhante à atitude da América Latina em 2000. “Nós nos opomos

à austeridade eterna como um meio para reequilíbrio fiscal, tanto

em termos pragmáticos quanto ideológicos”, disse o líder do Syriza.

“A submissão do processo democrático ao mercado foi a razão para

estarmos na crise de hoje… Nós dissemos desde o início que

políticas baseadas em austeridade iriam ser piores”.

O desafio agora será unir todas essas diversas forças de esquerda

para forçar uma alternativa às crises. O Podemos espanhol já

declarou que o partido tem a intenção de trabalhar com “outros

partidos do sul da Europa para dizer que nós não queremos ser

uma colônia da Alemanha nem da Troika”. A Syriza já propos uma

reunião europeia nos modelos da Acordo da Dívida, de 1953 em

Londres, que cancelou 50% das dívidas da Alemanha por conta da

Segunda Guerra Mundial, parcelando ainda o resto do pagamento

ao longo de 30 anos.

Quanto ao temido “terremoto” da direita: os neonazistas detratores

de imigrantes farão muito barulho, mas eles não oferecem nada

além de ódio como solução econômica. A esquerda tem uma

solução muito melhor e eles estão de volta.

Esquerda europeia procura resposta à crise

https://www.publico.pt/politica/noticia/esquerda-europeia-procura-resposta-a-crise-

1732594

SÃO JOSÉ ALMEIDA - 22/05/2016

ALESSANDRO GAROFALO/REUTERS

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Hollande abriu o Eliseu à reunião dos líderes da esquerda europeia, entre eles Renzi

A expectativa de que possa haver na União Europeia janelas de oportunidade que permitam a mudança de orientação é assumida pelo secretário-geral do PS, António Costa, para quem a origem do problema está no facto de na União Europeia se ter rompido "o consenso entre democratas cristãos e sociais-democratas".

Com o crescendo de influência dos neoliberais no centro-direita europeu nas últimas três décadas, os partidos sociais-democratas e socialistas foram influenciados por uma visão que dá prioridade ao papel dos mercados como reguladores sociais. Este movimento ficou conhecido por Terceira Via e teve como pai o antigo líder do Partido Trabalhista e primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e como ideólogo o sociólogo Anthony Giddens. Um dos líderes europeus decisivos no sucesso da Terceira Via foi também o líder do SPD e chanceler alemão, Gerhard Schroder.

Assim, ruptura entre democratas-cristãos e sociais-democratas não esteve exposta durante anos, precisamente, porque "a Terceira Via levou os sociais-democratas ao desvio social-liberal", defende António Costa, que explica que esta aproximação dos partidos sociais-democratas ao neo-liberalismo "até facilitou a dominação da direita pelas correntes neo-liberais e levou à quase extinção da democracia-cristã". É por isso que António Costa frisa que a

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presidência da Comissão por Jean-Claude Junckers "é a última oportunidade dessa democracia-cristã e é isso que tem sido o elo da aliança com Martin Schultz para a reconstrução europeia".

António Costa conclui, garantindo que "os partidos socialistas em toda a Europa aprenderam a lição e hoje é difícil encontrar vestígios da Terceira Via". Isto num momento em que é visível uma forte tendência dos partidos socialistas e sociais-democratas europeus, organizados no Partido Socialista Europeu e na Internacional Socialista, se unirem para inflectir o rumo da UE.

Nesse sentido, têm ocorrido reuniões sob a égide do presidente francês François Hollande e do primeiro-ministro italiano Matteo Renzi. E deverá caber a Renzi a tentativa de começar a pressionar oficialmente mudanças na orientação da UE nomeadamente em relação ao modo de encarar a resolução das dívidas externas de vários países do Sul da Europa, entre eles a Itália. Até porque, de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, Hollande está apostado em tutelar o movimento de redefinição da social-democracia e transformação da orientação da UE, mas é Renzi quem tem perfil e peso político para liderar o debate, já que é quem mais tem afrontado Angela Merkel nas discussões, até no decorrer das cimeiras europeias.

Esta acção conjunta para influenciar as orientações políticas na União Europeia voltaria a estar esta sexta-feira em cima da mesa na cimeira convocada para Roma e que foi adiada devido à queda do avião da EgyptAir. Presidida por Renzi, contaria com Hollande, com Costa e com vários líderes de Governo e de partidos sociais-democratas, socialistas e progressistas como o chanceler austríaco, Christian Kern, o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, o líder do PSOE, Pedro Sanchez. Estava previsto também que participassem como observadores o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, a alta representante da União Europeia para a Política Externa e de Segurança, Federica Mogherini.

Esta coordenação estratégica da social-democracia tem sido delineada desde o Congresso do Partido Socialista Europeu, em Budapeste, a 12 e 13 de Junho de 2015, e consiste numa tentativa de redefinição da social-democracia europeia pós Terceira Via. A reunião em que ganhou visibilidade internacional foi a realizada no

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Palácio do Eliseu, em Paris, presidida por Hollande, a 12 de Março, em que participaram, além de Costa, os primeiros-ministros da Suécia, Stefan Lofven, da Croácia, Zoran Milanovic, de Malta, Joseph Musca, da Roménia, Victor Ponta, além de Schultz e de Tsipras.

A Europa pode sobreviver?

http://www.esquerda.net/artigo/europa-pode-sobreviver/41833

A ideia de uma Europa integrada, com uma forte componente social, de alguma maneira era uma ideia progressista, mas a xenofobia está de regresso. Por Roberto Savio.

18 de Março, 2016 - 18:00h

Todas as probabilidades são contrárias ao sonho de uma Europa integrada.

O último ato formal da desintegração europeia foi a recente negociação entre os 28 líderes europeus e o primeiro-ministro da Turquia, Ahmet Davutoğlu.

O acordo, contrário a todos os tratados internacionais, é uma capitulação total dos valores europeus. A Europa dará à Turquia 6 mil milhões de dólares, e em troca disso, os turcos trabalharão para evitar que os refugiados cheguem à Europa. Explicando melhor, já que essa é uma mensagem clara: somente os aspirantes ao asilo político podem chegar até a Europa.

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Esta é só uma maneira de evitar uma posição comum sobre os refugiados. Aliás, trata-se de manter as pessoas fora da Europa. Como advertiu explicitamente o presidente da União Europeia, Donald Tusk: “mantenham-se fora, porque não são bem-vindos”. A absoluta inexistência de uma política europeia sobre o tema reforça esse alerta. Os 28 líderes aprovaram o plano de reassentamento de 60 mil refugiados, uma gota dentro do universo de mais de um milhão pessoas que tentam desesperadamente chegar à Europa.

Depois de sete meses, aceitou-se um total de 600 refúgios. Alguns países, como Hungria e a República Checa, anunciaram um referendo sobre a questão dos refugiados. Uma manobra claramente ilegal, já que as decisões do Conselho de Ministros, que são democraticamente adotadas, constituem um marco para todos os membros.

Entretanto, a Europa enfrenta os quatro cavalos do apocalipse, três internos e um quarto externo, o que é ainda mais sinistro. Tudo isso está em gestação e todas as probabilidades são contrárias ao sonho de uma Europa integrada.

O primeiro cavalo é a linha divisória entre o leste e o oeste de Europa, que vem depois da brecha entre o norte e o sul. O que dividiu o norte e o sul foi a doutrina de mais austeridade, que a Alemanha e outros países protestantes queriam impor ao sul católico e ortodoxo. O campo de batalha escolhido foi a Grécia, e o Sul perdeu.

O rígido ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, que chegou inclusivamente a vetar qualquer programa para o crescimento no último G-20, acaba de declarar que a Grécia, inundada de refugiados, “não deveria distrair-se da sua tarefa de reformar sua economia”. A Alemanha bloqueou todos os programas de solidariedade fiscal que pudessem significar qualquer contribuição alemã.

Nada mudou nesse assunto. A única exceção será em relação aos gastos de defesa e segurança, depois do massacre de Paris. Esses custos não se calculam no limite inflexível de não ultrapassar um défice de 3% do orçamento nacional. Contudo, essa fratura foi totalmente substituída pela divisão Leste-Oeste.

À procura apenas de benefícios

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A maré de imigrantes colocou em evidência algo ao que todo o mundo omitiu comodamente: os países do Leste Europeu ingressaram nas instituições europeias para ter benefícios, não obrigações. Consideram que a Europa Ocidental lhes deve dar os meios para eliminar a brecha económica e social criada pela cortina de ferro, apesar do desaparecimento do domínio soviético se tenha ficado a dever aos Estados Unidos e não à Europa. E, de repente, a União Europeia está-lhes a pedir que absorvam os refugiados que fogem dos conflitos na Síria ou na Líbia, com os quais esses países não têm nada a ver, que são basicamente assuntos de europeus ocidentais?

O que ninguém queria ver é a guinada do leste Europeu na direção do nacionalismo e da xenofobia, contra os valores fundamentais da integração europeia. Primeiro foi o governo húngaro, declarando sua oposição aos valores democráticos da Europa. Depois, a Polónia, o maior beneficiário dos fundos europeus da história, que votou por um partido autoritário anti-europeu, que se posicionou contra os homossexuais e os valores não cristãos da Europa.

Em toda a Europa centro-oriental, temos uma clara maré de revolta contra os considerados valores europeus: a solidariedade, a democracia, a participação, a inclusão social. A NATO é o ponto de referência, já que é uma aliança liderada pelos Estados Unidos contra uma Rússia expansionista. Ninguém percebe o absurdo de convidar Montenegro, país que tem um exército de 3 mil soldados, a fazer parte de uma Aliança.

Nos últimos anos, a cada eleição nacional os partidos de direita ganham mais consolidação. Na Eslováquia, na semana passada, um partido pró-nazi conseguiu 14 lugares no parlamento de Bratislava.

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A

Europa agora é uma simples compilação de 28 países, cada um

com a sua própria agenda nacional como prioridade.

A decadência da democracia é o segundo cavalo do apocalipse que galopa pelos céus europeus.

Não há nenhum país europeu, com a exceção de Portugal e da Espanha – onde o Partido Popular de Mariano Rajoy consegue abarcar todas as posições da direita –, onde a extrema direita e os partidos xenófobos não tenham crescido, considerando o período desde a crise de 2009 até hoje, o que marca um ponto de inflexão nos parlamentos nacionais. Nas próximas eleições, uma onda de mudanças vai passar por toda a Europa. O debate será pautado pela direita, inclusivamente nos países que eram símbolo de tolerância e inclusão, como os nórdicos e a Holanda.

A ideia progressista e a subida da extrema-direita

A Europa agora é uma simples compilação de 28 países, cada um com sua própria agenda nacional como prioridade. De forma unilateral, eles recorreram a uma série de medidas ilegais, como a construção de muros de contenção com arame farpado, sem nenhum tipo de coordenação europeia.

A Áustria chegou inclusivamente a ressuscitar o antigo Império austro-húngaro, fazendo apelo a uma aliança entre os seus velhos membros, especialmente os países dos Balcãs, excluindo a Grécia, que deveria ser o mais envolvido em qualquer debate sobre a imigração. O triste episódio dos refugiados agredidos e repelidos

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com granadas de gás lacrimogéneo na fronteira da Macedónia, foi vista pela Áustria com complacência.

E todos os países, de forma unilateral, tentam evitar o assunto dos refugiados, e ao mesmo tempo, de forma coletiva, chegaram a um acordo com a Turquia, que foi condenado pelas Nações Unidas e por todos os especialistas jurídicos em direito internacional. Esse acordo ocorreu poucos dias depois de o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ter percebido que a Europa teria como prioridade a sua comodidade, omitindo diante da última tentativa do mandatário turco de acumular o poder total no país, ao tomar o controle do Zeman, o maior diário do país – ele já tem ascendência sobre o poder judicial, legislativo, o Banco Central e a economia, num claro 'esquema de compradres'.

Não obstante, a União Europeia aceitou reabrir o processo de admissão de um país considerado distante dos valores europeus, muito antes de Erdogan adotar a via do do autoritarismo.

O terceiro cavalo é conhecido por todos. A Europa precisa contorcer as suas regras para acolher as excepções exigidas pelo primeiro-ministro britânico David Cameron, para poder convencer os cidadãos britânicos a permanecer na Europa.

Está longe de ser claro se essa manobra terá êxito e Cameron declarou que já não aceitará mais nenhum Tribunal de Justiça Europeu. Ele não reconhece que a União Europeia tenha a competência para obrigar o Reino Unido a aceitar os refugiados. Mas se o referendo para manter Londres na Europa fosse um fracasso, isso seria a perda total da legitimidade de Bruxelas, e as concessões à Grã-Bretanha abrirão um precedente para qualquer outro país europeu…

Neste panorama, existe uma ameaça externa, o quarto cavaleiro do apocalipse que está em cima dos líderes europeus e do que é a Europa no mundo. Em 1900, a Europa constituía 24% da população mundial. No final deste século, será de 4%, e esse facto é acompanhado por uma diminuição da relevância europeia no mundo.

Nos Estados Unidos, aconteceu o fenómeno sem precedentes de Donald Trump. Aqui na Europa, com o crescimento da extrema-direita, o discurso que ganha é o de um ontem melhor…

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Devemos voltar ao tempo em que fomos poderosos e ricos… Vamos eliminar todos esses tratados que reduziram nosso poder nacional e fazem-nos depender dos banqueiros, dos burocratas e dos valores externos… Falamos do Trump? Não, quem disse isso foi a primeira-ministra da Polónia, Beata Szydło…

O mundo, e especialmente a Europa, estão a entrar num período de estagnação económica, o que significa que haverá muito pouco para distribuir, tarefa que é a base da social democracia. O controle da crise está nas mãos da direita, como nos diz a história.

A ideia de uma Europa integrada, com um forte componente social, de alguma maneira era uma ideia progressista. Mas o nacionalismo e a xenofobia estão de regresso, graças à visão neoliberal, onde os mercados são os únicos atores das sociedades, com a imposição da austeridade e o fim da solidariedade dos países europeus mais ricos.

Publicado no site Carta Maior em 11 de Março de 2016. Tradução de Victor Farinelli

subtítulos da responsabilidade do esquerda.net

Roberto Savio é ítalo-argentino. Cofundador e ex diretor-geral da Inter Press Service (IPS). Nos últimos anos, também fundou a Other News, um serviço que proporciona “informação que os mercados eliminam".

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Slavoj Žižek. The great challenge of The Left. 2016

Slavoj Žižek. Public open lecture for the students of the Division of Philosophy, Art & Critical Thought at the European Graduate School

EGS,…

YOUTUBE.COM

https://www.youtube.com/watch?annotation_id=annotation_9311397

03&feature=iv&src_vid=kjGysCpdV0M&v=e2O6f2R9PZI

Slavoj Žižek. On The Left (Excerpt). 2016

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Slavoj Žižek's seminar at EGS which opens with comments on the Left's greatest challenges. Excerpt from his last seminar at The

European Graduate School. (se...

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A Esquerda do futuro: uma sociologia das emergências

http://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FPolitica%2FA-Esquerda-

do-futuro-uma-sociologia-das-emergencias-%2F4%2F35257

A máquina fatal do neoliberalismo continua a produzir medo em larga

escala. As esquerdas são a areia que pode emperrar essa engrenagem.

Boaventura de Sousa Santos

O futuro da esquerda não é mais difícil de prever que qualquer outro fato

social. A melhor maneira de o abordar é fazer o que designo por

sociologia das emergências. Consiste esta em dar atenção especial a

alguns sinais do presente por ver neles tendências ou embriões do que

pode vir a ser decisivo no futuro. Neste texto, dou especial atenção a um

facto que, por ser incomum, pode sinalizar algo de novo e importante.

Refiro-me aos pactos entre diferentes partidos de esquerda.

Os Pactos

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A família das esquerdas não tem uma forte tradição de pactos. Alguns ramos

desta família têm mais tradição de pactos com a direita do que com outros

ramos da família. Dir-se-ia que as divergências internas na família das

esquerdas são parte do seu código genético, tão constantes têm sido ao

longo dos últimos duzentos anos. Por razões óbvias, as divergências têm sido

mais extensas ou mais notórias em democracia. A polarização vai por vezes

ao ponto de um ramo da família não reconhecer sequer que o outro ramo

pertence à mesma família. Pelo contrário, em períodos de ditadura têm sido

frequentes os entendimentos, ainda que terminem mal termina o período

ditatorial. À luz desta história, merece uma reflexão o facto de em tempos

recentes termos vindo assistir a um movimento pactista entre diferentes ramos

das esquerdas em países democráticos. A Europa do Sul é um bom exemplo: a

unidade em volta do Syriza na Grécia, apesar de todas as vicissitudes e

dificuldades; o governo liderado pelo Partido Socialista em Portugal com o

apoio do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda no rescaldo das eleições

de 4 de Outubro de 2015; alguns governos autonómicos em Espanha, saídos

das eleições de 2015 e, no momento em que escrevo, a discussão sobre a

possibilidade de um pacto a nível nacional entre o Partido Socialista, o

Podemos e outros partidos de esquerda em resultado das eleições legislativas

de 6 de dezembro de 2015. Há sinais de que noutros espaços da Europa e na

América Latina possam vir a surgir num futuro próximo pactos semelhantes.

Duas questões se impõem.

Porquê este impulso pactista em democracia?

Qual a sua sustentabilidade?

A primeira pergunta tem uma resposta plausível. No caso da Europa do Sul, a

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agressividade da direita no poder nos últimos cinco anos (tanto a nacional,

como a que veste a pele das "instituições europeias") foi tão devastadora para

os direitos de cidadania e para a credibilidade do regime democrático que as

forças de esquerda começam a ficar convencidas de que as novas ditaduras do

século XXI vão surgir sob a forma de democracias de baixíssima intensidade.

Serão ditaduras que se apresentam como ditamoles ou democraduras: a

governabilidade possível ante a iminência do suposto caos nos tempos difíceis

que vivemos, o resultado técnico dos imperativos do mercado e da crise que

explica tudo sem precisar de ser, ela própria, explicada. O pacto resulta de uma

leitura política de que o que está em causa é a sobrevivência de uma

democracia digna do nome e de que as divergências sobre o que tal significa

têm agora menos premência do que salvar o que a direita ainda não conseguiu

destruir.

A segunda pergunta é mais difícil de responder. Como dizia Espinosa, as

pessoas (e eu diria, também as sociedades) regem-se por duas emoções

fundamentais: o medo e a esperança. O equilíbrio entre elas é complexo

mas precisamos das duas para sobreviver. O medo domina quando as

expectativas de futuro são negativas ("isto está mau mas o futuro pode ser

pior"); por sua vez, a esperança domina quando as expectativas de futuro

são positivas ou quando, pelo menos, o inconformismo com a suposta

fatalidade das expectativas negativas é amplamente partilhado. Trinta anos

depois do assalto global aos direitos dos trabalhadores; da promoção da

desigualdade social e do egoísmo como máximas virtudes sociais; do saque

sem precedentes dos recursos naturais e da expulsão de populações inteiras

do seus territórios e da destruição ambiental que isso significa; do fomentar da

guerra e do terrorismo para criar Estados falhados e tornar as sociedades

indefesas perante a espoliação; da imposição mais ou menos negociada de

tratados de livre comércio totalmente controlados pelos interesses das

empresas multinacionais; da supremacia total do capital financeiro sobre o

capital produtivo e sobre vida das pessoas e das comunidades – depois de

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tudo isto, combinado com a defesa hipócrita da democracia liberal, é plausível

concluir que o neoliberalismo é uma máquina imensa de produção de

expectativas negativas para que as classes populares não saibam as

verdadeiras razões do seu sofrimento, se conformem com o pouco que ainda

têm e sejam paralisadas pelo pavor de o perder.

O movimento pactista no interior das esquerdas é o produto de um

tempo, o nosso, de predomínio absoluto do medo sobre a esperança.

Significará isto que os governos saídos dos pactos serão vítimas do seu êxito?

O êxito dos governos pactados à esquerda irá traduzir-se na atenuação

do medo e no devolver de alguma esperança às classes populares, ao

mostrar, por via de uma governação pragmática e inteligente, que o

direito a ter direitos é uma conquista civilizacional irreversível. Será que,

no momento em que voltar a luzir a esperança, as divergências voltarão à

superfície e os pactos serão deitados para o lixo? Se tal acontecer, isso será

fatal para as classes populares, que rapidamente voltarão ao silenciado

desalento perante um fatalismo cruel, tão violento para as grandes maiorias

quanto benévolo para as pequeníssimas minorias. Mas será também fatal para

as esquerdas no seu conjunto, porque ficará demonstrado durante algumas

décadas que as esquerdas são boas para remendar o passado mas não

para construir o futuro. Para que tal não aconteça, dois tipos de medidas têm

de ser levadas a cabo durante a vigência dos pactos. Duas medidas que não

se impõem pela urgência da governação corrente e que, por isso, têm de

resultar de vontade política bem determinada. Chamo às duas medidas:

Constituição e hegemonia.

Constituição e Hegemonia

A Constituição é o conjunto de reformas constitucionais ou infraconstitucionais

que reestruturam o sistema político e as instituições de maneira a prepará-los

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para possíveis embates com a ditamole e o projecto de democracia de

baixíssima intensidade que ela traz consigo. Consoante os países, as reformas

serão diferentes, como serão diferentes os mecanismos utilizados. Se nalguns

casos é possível reformar a Constituição com base nos parlamentos, noutros

será necessário convocar Assembleias Constituintes originárias, dado que

os parlamentos seriam o obstáculo maior a qualquer reforma constitucional.

Pode também acontecer que, num certo contexto, a "reforma" mais

importante seja a defesa activa da Constituição existente mediante uma

renovada pedagogia constitucional em todas as áreas de governação.

Mas haverá algo comum a todas as reformas: tornar o sistema eleitoral mais

representativo e mais transparente; reforçar a democracia representativa com a

democracia participativa. Os mais influentes teóricos liberais da

democracia representativa reconheceram (e recomendaram) a

coexistência ambígua entre duas ideias (contraditórias) que garantem a

estabilidade democrática: por um lado, a crença dos cidadãos na sua

capacidade e competência para intervir e participar activamente na

política; por outro, um exercício passivo dessa competência e dessa

capacidade mediante a confiança nas elites governantes. Em tempos recentes,

e como mostram os protestos que abalaram muitos países a partir de 2011, a

confiança nas elites tem vindo a deteriorar-se sem que, no entanto, o sistema

político (pelo seu desenho ou pela sua prática) permita aos cidadãos recuperar

a sua capacidade e competência para intervir activamente na vida política.

Sistemas eleitorais enviesados, partidocracia, corrupção, crises financeiras

manipuladas – eis algumas das razões para a dupla crise de representação

("não nos representam") e de participação ("não merece a pena votar, são

todos iguais e nenhum cumpre o que promete"). As reformas constitucionais

visarão um duplo objectivo: tornar a democracia representativa mais

representativa; complementar a democracia representativa com a democracia

participativa. De tais reformas resultará que a formação da agenda política

e o controlo do desempenho das políticas públicas deixam de ser um

monopólio dos partidos e passam a ser partilhados pelos partidos e por

cidadãos independentes organizados democraticamente para o efeito.

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O segundo conjunto de reformas é o que designo por hegemonia. Hegemonia é

o conjunto de ideias sobre a sociedade e interpretações do mundo e da vida

que, por serem altamente partilhadas, inclusivamente pelos grupos sociais que

são prejudicados por elas, permitem que as elites políticas, ao apelarem para

tais ideias e interpretações, governem mais por consenso do que por coerção,

mesmo quando governam contra os interesses objetivos de grupos sociais

maioritários. A ideia de que os pobres são pobres por culpa própria é

hegemónica quando é defendida, não apenas pelos ricos, mas também pelos

pobres e pelas classes populares em geral. Nesse caso são, por exemplo,

menores os custos políticos das medidas que visam eliminar ou restringir

drasticamente o rendimento social de inserção. A luta pela hegemonia das

ideias de sociedade que sustentam o pacto entre as esquerdas é

fundamental para a sobrevivência e consistência desse pacto. Essa luta

trava-se na educação formal e na promoção da educação popular, nos mídia,

no apoio aos mídia alternativos, na investigação científica, na transformação

curricular das universidades, nas redes sociais, na actividade cultural, nas

organizações e movimentos sociais, na opinião pública e na opinião publicada.

Através dela, constroem-se novos sentidos e critérios de avaliação da

vida social e da ação política ( a imoralidade do privilégio, da

concentração da riqueza e da discriminação racial e sexual; a promoção

da solidariedade, dos bens comuns e da diversidade cultural social e

económica; a defesa da soberania e da coerência das alianças políticas; a

proteção da natureza) que tornam mais difícil a contra-reforma dos ramos

reacionários da direita, os primeiros a irromper num momento de fragilidade do

pacto. Para que esta luta tenha êxito é preciso impulsionar políticas que, a olho

nu, são menos urgentes e menos compensadoras. Se tal não ocorrer, a

esperança não sobreviverá ao medo.

As aprendizagens globais

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Se algo se pode afirmar com alguma certeza sobre as dificuldades por

que estão a passar as forças progressistas na América Latina é que elas

assentam no facto de os seus governos não terem enfrentado nem a

questão da Constituição nem a questão da hegemonia. No caso do Brasil,

este facto é particularmente dramático. Ele explica em parte que os enormes

avanços sociais dos governos da era Lula sejam agora tão facilmente

reduzidos a meros expedientes populistas e oportunistas, inclusivamente por

parte daqueles que deles beneficiaram. Explica também que os muitos erros

que cometeram ( foram muitos, a começar pela desistência da reforma política

e da regulação dos mídia, e alguns erros deixam feridas abertas em grupos

sociais importantes, tão diversos quanto os camponeses sem terra nem

reforma agrária, os jovens negros vítimas do racismo, os povos indígenas

ilegalmente expulsos dos seus territórios ancestrais, povos indígenas e

quilombolas com reservas homologadas mas engavetadas, militarização das

periferias das grandes cidades, populações rurais envenenadas por

agrotóxicos, etc) não sejam considerados erros, passem em claro e até sejam

convertidos em virtudes políticas ou, pelo menos, sejam aceites como

consequências inevitáveis de uma governação realista e desenvolvimentista.

As tarefas incumpridas da Constituição e da hegemonia explicam ainda

que a condenação da tentação capitalista por parte dos governos de

esquerda se centre na corrupção e, portanto, na imoralidade e na

ilegalidade do capitalismo e não na injustiça sistemática de um sistema

de dominação que se pode realizar em perfeito cumprimento da

legalidade e da moralidade capitalistas.

A análise das consequências da não resolução das questões da Constituição e

da hegemonia é relevante para prever e prevenir o que se pode passar nas

próximas décadas, não só na América Latina, como também na Europa e

noutras regiões do mundo. Entre as esquerdas latino-americanas e da Europa

do Sul tem havido nos últimos vinte anos canais de comunicação importantes

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que estão ainda por analisar em todas as suas dimensões. Desde o inicio do

orçamento participativo em Porto Alegre (1989), várias organizações de

esquerda na Europa, Canadá e India (são estas as de que tenho

conhecimento) começaram a dar muita atenção às inovações políticas

que emergiam no campo das esquerdas em vários países da América

Latina. A partir do final da década de 1990, com a intensificação das lutas

sociais, a subida ao poder de governos progressistas e as lutas por

Assembleias Constituintes, sobretudo no Equador e na Bolívia, tornou-se claro

que uma profunda renovação da esquerda estava em curso e da qual havia

muito que aprender. Os traços principais dessa renovação eram os

seguintes: a democracia participativa articulada com a democracia

representativa, uma articulação de que ambas saiam fortalecidas; o

intenso protagonismo de movimentos sociais de que o Forum Social

Mundial de 2001 foi uma mostra eloquente; uma nova relação entre

partidos e movimentos sociais; a entrada saliente na vida política de

grupos sociais até então considerados residuais, nomeadamente

camponeses sem terra, povos indígenas e povos afro-descendentes; a

celebração da diversidade cultural, o reconhecimento do carácter

plurinacional dos países e o propósito de enfrentar as insidiosas

heranças coloniais sempre presentes. Este elenco é suficiente para

evidenciar o quanto as duas lutas a que me tenho estado a referir (a

Constituição e a hegemonia) estavam presentes neste vasto movimento

que parecia refundar para sempre o pensamento e a prática de esquerda,

não só na América Latina, como em todo o mundo.

A crise financeira e política, sobretudo a partir de 2011, e o movimento

dos indignados foram os detonadores de novas emergências políticas de

esquerda na Europa do Sul em que as lições da América Latina estavam

bem presentes, sobretudo a nova relação partido-movimento, a nova

articulação entre democracia representativa e democracia participativa, a

reforma constitucional e, no caso da Espanha, a questão da

plurinacionalidade. O partido espanhol Podemos representa melhor do que

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qualquer outro esta aprendizagem, ainda que os seus dirigentes tenham estado

desde a primeira hora bem conscientes das diferenças substanciais entre o

contexto político e geopolítico europeu e o latino-americano.

O modo como essas aprendizagens se vão plasmar no novo ciclo político que

está a emergir na Europa do Sul é, por agora, uma incógnita. mas desde já é

possível especular o seguinte. Se é verdade que as esquerdas europeias

aprenderam com as muitas inovações das esquerdas latino-americanas, não é

menos verdade (e trágico) que estas se "esqueceram" das suas próprias

inovações e que, de uma ou de outra forma, caíram nas armadilhas da velha

política onde as forças de direita facilmente mostram a sua superioridade dada

a longa experiência histórica acumulada.

Se as linhas de comunicação se mantêm nos dias de hoje, e sempre

salvaguardando a diferenças dos contextos, talvez seja tempo de as

esquerdas latino-americanas aprenderem com as inovações que estão a

emergir entre as esquerdas da Europa do Sul. Entre elas saliento as seguintes:

manter viva a democracia participativa dentro dos próprios partidos de

esquerda como condição prévia à sua adoção no sistema politico

nacional em articulação com a democracia representativa; pactos entre

forças de esquerda (não necessariamente apenas partidos) e nunca com

forças de direita; pactos pragmáticos não clientelistas (não se discutem

pessoas ou postos de governo mas políticas e medidas de governação),

nem de rendição (articulando linhas vermelhas que não podem ser

ultrapassadas com a noção de prioridades, ou, como se dizia dantes,

distinguindo as lutas primárias das secundárias); insistência na reforma

constitucional para blindar os direitos sociais e tornar o sistema político

mais transparente, mais próximo e mais dependente de decisões cidadãs

sem ter de esperar por eleições de quatro em quatro anos (reforço do

referendum); e, no caso espanhol, tratar democraticamente a questão da

plurinacionalidade.

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A máquina fatal do neoliberalismo continua a produzir medo em larga escala e,

sempre que falta matéria prima, ceifa a esperança que pode encontrar nos

recessos mais recônditos da vida política, social das classes populares, tritura-

a, processa-a e transforma-a em medo do medo. As esquerdas são a areia

que pode emperrar essa engrenagem majestática de modo a abrir as brechas

por onde a sociologia das emergências fará o seu trabalho de formular e

amplificar as tendências, os "ainda não", que apontam para um futuro digno

para as grandes maiorias. Para isso, é preciso que as esquerdas saibam ter

medo sem ter medo do medo. Saibam furtar rebentos de esperança à

trituração neoliberal e plantá-los em terrenos férteis onde cada vez mais

cidadãos sintam que podem viver bem, protegidos, tanto do inferno do caos

iminente, como do paraíso das sirenes do consumo obsessivo. Para que isto

aconteça, a condição mínima é que as esquerdas permaneçam firmes nas

duas lutas fundamentais, a Constituição e a hegemonia.

Europa dos banqueiros. Artigo de Jürgen Habermas

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“São os cidadãos, não os banqueiros, que têm de dizer a última

palavra sobre as questões que afetam o destino europeu”.

https://radicaldemocracia.wordpress.com/2015/06/29/o-

governo-dos-banqueiros-artigo-de-jurgen-habermas/

O comentário é de Jürgen Habermas, filósofo e escritor alemão em artigo publicado no jornal no El País, 28-06-

2015. Habermas lembra que “a Alemanha deve o impulso inicial para sua decolagem econômica, do qual ainda se alimenta

hoje, à generosidade dos países credores que no Tratado de Londres, de 1954, perdoaram mais ou menos a metade de suas

dívidas”.

Segundo ele, “o acordo não está fracassando por causa de alguns

bilhões a mais ou a menos, nem por causa de um ou outro imposto, mas unicamente porque os gregos exigem que a economia e a

população explorada pelas elites corruptas tenham a possibilidade de voltar a funcionar através da quitação da dívida ou uma medida

equivalente, como, por exemplo, uma moratória dos pagamentos vinculada ao crescimento”.

Eis o artigo. A última sentença do Tribunal de Justiça Europeu [que permite

ao Banco Central Europeu (BCE) comprar dívida soberana para combater a crise do euro] lança uma luz prejudicial sobre a falida

construção de uma união monetária sem união política. No verão de 2012, todos os cidadãos tiveram que agradecer a Mario

Draghi, presidente doBCE, que com uma só frase [“farei o necessário para sustentar o euro”] salvou a moeda das desastrosas

consequências de um colapso que parecia iminente. Ele tirou do sufoco oEurogrupo ao anunciar que, caso fosse preciso, compraria

dívida pública em quantidade ilimitada. Draghi teve que dar um passo à frente porque os chefes de Governo eram incapazes de

agir pelo interesse comum da Europa; todos estavam hipnotizados, prisioneiros de seus respectivos interesses nacionais.

Naquele momento, os mercados financeiros reagiram – diminuindo a tensão – diante de uma única frase, a frase com a qual o

presidente do BCE simulou uma soberania fiscal que

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absolutamente não possuía. Porque agora, assim como antes, são

os bancos centrais dos países-membros os que aprovam os créditos, em última instância. O Tribunal Europeu não pode

referendar essa competição contrária ao texto literal dos tratados europeus; mas as consequências de sua sentença deixam implícito

que o BCE, com escassas limitações, pode cumprir o papel de credor de última instância.

O tribunal abençoou um ato salvador que não obedece em nada à Constituição, e o Tribunal Constitucional alemão apoiará essa

sentença acrescentando as sutilezas às quais estamos acostumados. Alguém poderia estar tentado a afirmar que os

guardiões do direito dos tratados europeus se veem obrigados a aplicá-lo, ainda que indiretamente, para mitigar, caso a caso, as

consequências indesejadas das falhas de construção da união monetária. Defeitos que só podem ser corrigidos mediante uma

reforma das instituições, conforme juristas, cientistas políticos e economistas vêm demonstrando há anos. A união monetária

continuará sendo instável enquanto não for complementada pela união bancária, fiscal e econômica. Mas isso significa – se não

quisermos declarar abertamente que a democracia é um mero objeto decorativo – que a união monetária deve se desenvolver

para se transformar em uma união política. Aqueles acontecimentos dramáticos de 2012 explicam por que Draghi nada contra a corrente

de uma política míope – até mesmo insensata, eu diria.

Estamos outra vez em crise com Atenas porque, já em maio de

2010, a chanceler alemã se importava mais com os interesses dos investidores do que com quitar a dívida para sanar a economia

grega. Neste momento, evidencia-se outro déficit institucional. O resultado das eleições gregas representa o voto de uma nação que

se defende com uma maioria clara contra a tão humilhante e deprimente miséria social da política de austeridade imposta ao

país. O próprio sentido do voto não se presta a especulações: a

população rejeita a continuação de uma política cujo fracasso as

pessoas já sentiram de forma drástica em suas próprias peles. De posse dessa legitimação democrática, o Governo grego tentou

induzir uma mudança de políticas na zona do euro. E tropeçou emBruxelas com os representantes de outros 18 Governos, que

justificam sua recusa remetendo friamente a seu próprio mandato democrático.

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Recordemos os primeiros encontros, quando os novatos – que se

apresentavam de maneira prepotente motivados por sua vitória arrebatadora – ofereciam um grotesco espetáculo de troca de

golpes com os residentes, que reagiam em parte de forma paternalista, em parte de forma desdenhosa e rotineira. Ambas as

partes insistiam como papagaios que tinham sido autorizadas cada uma por seu respectivo “povo”. A comicidade involuntária desse

estreito pensamento nacional-estatal expôs com grande eloquência, diante da opinião pública europeia, aquilo que realmente é

necessário: formar uma vontade política comum entre os cidadãos em relação com as transcendentais fraquezas políticas no núcleo

europeu.

As negociações para se chegar a um acordo em Bruxelas travam

porque ambas as partes culpam a esterilidade de suas conversas não às falhas de construção de procedimentos e instituições, mas

sim à má conduta de seus membros. O acordo não está fracassando por causa de alguns bilhões a mais ou a menos, nem

por causa de um ou outro imposto, mas unicamente porque os gregos exigem que a economia e a população explorada pelas

elites corruptas tenham a possibilidade de voltar a funcionar através da quitação da dívida ou uma medida equivalente, como, por

exemplo, uma moratória dos pagamentos vinculada ao crescimento. Os credores, por outro lado, não cedem no empenho para que se

reconheça uma montanha de dívidas que a economia grega jamais poderá saldar. É indiscutível que a quitação da dívida será

irremediável, a curto ou a longo prazo. No entanto, os credores insistem no reconhecimento formal de uma carga que, de fato, é

impossível de ser paga. Até pouco tempo atrás, eles mantinham inclusive a exigência, literalmente fantástica, de um superávit

primário superior a 4%. É verdade que essa demanda foi baixada para 1%, que tampouco é realista. Mas, até o momento, a tentativa

de se chegar a um acordo, do qual depende o destino da União

Europeia, fracassou por causa da exigência dos credores de

sustentar uma ficção. Naturalmente, os países doadores têm razões políticas para

sustentá-la, já que no curto prazo isso permite adiar uma decisão desagradável. Temem, por exemplo, um efeito dominó em outros

países devedores. E Angela Merkel também não está segura de sua própria maioria no Bundestag. Mas não há nenhuma dúvida

quanto à necessidade de rever uma política equivocada à luz de suas consequências contraproducentes. Por outro lado, também

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não se pode culpar apenas uma das partes pelo desastre. Não

posso julgar se há uma estratégia meditada por trás das manobras táticas do Governo grego, nem o que deve ser atribuído a

imposições políticas, à inexperiência ou à incompetência dos negociadores. Essas circunstâncias difíceis não permitem explicar

por que o Governo grego faz com que seja difícil até mesmo para seus simpatizantes discernir um rumo em seu comportamento

errático. Não se vê nenhuma tentativa razoável de construir coalizões; não

se sabe se os nacionalistas de esquerda têm uma ideia um tanto etnocêntrica da solidariedade e impulsionam a permanência na

zona do euro apenas por razões de astúcia, ou se sua perspectiva vai além do Estado-nação. A exigência de quitação da dívida não

basta para despertar na parte contrária a confiança de que o novo Governo vá ser diferente, de que atuará com mais energia e

responsabilidade do que os Executivos clientelistas aos quais substituiu. Tsipras e o Syriza poderiam ter desenvolvido o

programa reformista de um Governo de esquerda e apresentá-lo a seus parceiros de negociação em Bruxelas e Berlim.

A discutível atuação do Governo grego não ameniza nem um pouco o escândalo de que os políticos de Bruxelas eBerlim se negam a

tratar seus colegas de Atenas como políticos. Embora tenham a aparência de políticos, eles só falam em sua condição econômica

de credores. Essa transformação em zumbis visa a apresentar a prolongada situação de insolvência de um Estado como um caso

apolítico próprio do direito civil, algo que poderia levar à apresentação de ações ante um tribunal. Dessa forma, é muito mais

fácil negar uma corresponsabilidade política. Merkel fez o Fundo Monetário Internacional (FMI) embarcar

desde o início em suas duvidosas manobras de resgate. O FMI não tem competência sobre as disfunções do sistema financeiro

internacional; como terapeuta, vela por sua estabilidade e, portanto, atua no interesse conjunto dos investidores, principalmente dos

investidores institucionais. Como integrantes da troika, as instituições europeias também se fundem com esse ator, de tal

forma que os políticos, na medida em que atuem nessa função, podem se restringir ao papel de agentes que se regem estritamente

por normas e dos quais não se podem exigir responsabilidades. Essa dissolução da política na conformidade com os mercados

pode explicar a falta de vergonha com a qual os representantes do Governo federal alemão, todos eles pessoas sem mácula moral,

negam sua corresponsabilidade política nas devastadoras

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consequências sociais que aceitaram, como líderes de opinião no

Conselho Europeu, por causa da imposição de um programa neoliberal de austeridade. O escândalo dentro do escândalo é a

cegueira com que o Governo alemão percebe seu papel de liderança. AAlemanha deve o impulso inicial para sua decolagem

econômica, do qual ainda se alimenta hoje, à generosidade dos países credores que no Tratado de Londres, de 1954, perdoaram

mais ou menos a metade de suas dívidas.

Mas não se trata de um escrúpulo moral, e sim do núcleo político:

as elites políticas da Europa não podem continuar se escondendo de seus eleitores, ocultando até mesmo as alternativas ante as

quais nos coloca uma união monetária politicamente incompleta. São os cidadãos, não os banqueiros, que têm de dizer a última

palavra sobre as questões que afetam o destino europeu.

Fonte: IHU

Especialistas criticam ajudas excessivas da economia real ao setor financeiro

29/6/2016 -

HTTP://OBSERVADOR.PT/2016/06/29/ESPECIALISTAS-

CRITICAM-AJUDAS-EXCESSIVAS-DA-ECONOMIA-REAL-AO-

SETOR-FINANCEIRO/

Especialistas afirmam que a tendência se deve alterar e que "o setor financeiro devia servir a economia real". Académicos também lançaram críticas à política monetária seguida por bancos centrais.

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Especialistas afirmaram que empresas como o Google, o Facebook e a Amazon "estão a comer o almoço dos retalhistas e dos bancos"

SEDAT SUNA/EPA

Autor

Agência Lusa

devia estar ao serviço da economia real, mas o que se passa é o inverso, estando a economia real a ajudar o setor financeiro, realçaram esta quarta-feira especialistas durante as suas intervenções no Fórum do BCE.

“O setor financeiro devia servir a economia real mas o que acontece é o contrário. É a economia real que está a servir o setor financeiro”, lançou Andrew Sheng, professor da Universidade de Hong Kong, num debate moderado por Vítor Constâncio, vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE).

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No último dia de trabalhos do Fórum do BCE, que decorre em Sintra, Claudia Buch, vice-presidente do Bundesbank (banco central alemão), alinhou pelo mesmo diapasão, sublinhando que as discussões do setor financeiro “devem ser enquadradas num contexto mais alargado da economia real”.

A responsável contestou a ideia de que a quebra acentuada dos lucros dos bancos tenha sido provocada pela reforma regulatória implementada nos anos recentes, atribuindo-a à conjuntura económica.

Constâncio concordou com esta visão de Claudia Buch, admitindo que “os bancos estão sob pressão” a nível regulatório e operacional, mas que “o ambiente de baixas taxas de juro não foi ditado só pelas decisões ao nível da política monetária”.

Certo é que o tema da regulação, que muitos consideram excessiva, esteve em destaque ao longo esta quarta-feira de manhã, com vários académicos a lançarem críticas também à política monetária seguida pelos bancos centrais, sobretudo, devido às baixas taxas de juro que esmagam a rentabilidade da banca comercial.

“A minha crítica aos bancos centrais é que não tiveram em conta o impacto das suas medidas nos bancos comerciais”, afirmou Charles Goodhart, professor emérito da London School of Economics (LSE), apontando para a fixação das taxas de juro de referência em mínimos históricos.

Por sua vez, o economista Adair Tuner, que foi presidente da Autoridade de Serviços Financeiros do Reino Unido, defendeu que o foco não deve ser apenas como tornar os bancos – e o sistema financeiro no seu conjunto – mais resilientes, mas “na quantidade e tipo de dívida que o sistema financeiro produz”, e o potencial impacto que poderá ter na economia.

Andrew Sheng abordou também as questões ligadas à regulação, realçando que o apertar das regras só foi feito depois de anos de ‘rédea solta’ que permitiram muitos abusos no sistema financeiro, com graves repercussões a nível económico.

“Os banqueiros sentem-se hoje dirigidos pela regulação. Mas quem provocou a crise já se reformou e está a viver muito bem. Ninguém foi preso”, vincou o perito, que assinalou que o maior risco que hoje

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enfrenta o setor financeiro é a “incerteza” que resulta das alterações geopolíticas e tecnológicas.

Na linha do apelo lançado na terça-feira, em Sintra, por Mario Draghi, líder do BCE, Sheng considerou ser “necessário alinhar objetivos entre bancos centrais, reguladores e a indústria financeira, de forma a dar prioridade às áreas que precisam de reformas mais urgentes”.

Isto, porque na sua opinião “não é possível fazer todas as reformas regulatórias ao mesmo tempo”.

Sobre o impacto dos avanços tecnológicos sobre o setor financeiro, Sheng apontou para empresas como o Google, o Facebook e a Amazon que, no seu entender, “estão a comer o almoço dos retalhistas e dos bancos”.

E insistiu: “A tecnologia está a alterar a realidade”.

Também Adair Turner admitiu que “vão continuar a aparecer novas formas de risco”, mas considerou que o sistema financeiro está agora mais resiliente do que estava antes da crise de 2008.

“Antes do ‘Brexit’, muitos jornalistas internacionais perguntavam-me se teríamos um novo ‘movimento Lehman’s’. E a resposta era que não, se por esse movimento entendiam uma série de eventos em catadupa, que provocam um efeito dominó e uma crise nas entranhas do próprio sistema financeiro”, disse.

No entanto, alertou, “a economia global não está em boa forma”.

BREXIT: ESQUERDA EUROPEIA CULPA AUSTERIDADE E PEDE UE MAIS SOLIDÁRIA

http://www.brasil247.com/pt/247/mundo/240244/Brexit-esquerda-

europeia-culpa-austeridade-e-pede-UE-mais-solid%C3%A1ria.htm

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Para o primeiro-ministro da Grécia e líder do partido Syriza, Alexis Tsipras, a decisão britânica de deixar a União Europeia "confirma a profunda crise política e identitária da União Europeia", podendo ser "um despertar ou o começo de um caminho perigoso para o povo europeu"; já o líder do espanhol Podemos, Pablo Iglesias, disse que o bloco "deve mudar"; "Ninguém iria querer partir de uma Europa justa e solidária"

24 DE JUNHO DE 2016 ÀS 16:38 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM Do Opera Mundi - Diante da vitória da saída britânica da União Europeia no referendo realizado nesta quinta-feira (23/05), setores da esquerda europeia apontaram as políticas de austeridade impostas pelo bloco e a divisão social fomentada por alguns líderes como responsáveis pela rejeição da maioria da população britânica e de parte da população europeia à UE. Alexis Tsipras, primeiro-ministro da Grécia e líder do partido Syriza, ponderou que a decisão britânica "confirma a profunda crise política e identitária da União Europeia", podendo ser "um despertar ou o começo de um caminho perigoso para o povo europeu".

Para o primeiro-ministro grego, "as escolhas extremas de austeridade que aprofundaram a desigualdade entre países do norte e do sul, as cercas e as fronteiras fechadas e a recusa em dividir o fardo das crises financeiras e de refugiados indicaram uma crise maior na Europa", com "o senso de um futuro comum dando lugar para uma suposta 'segurança' do isolacionismo e fechamento nacional".

"Precisamos de uma Europa democrática e mais social", afirmou Tsipras.

Pablo Iglesias, líder do espanhol Podemos, ressoou as afirmações de Tsipras, dizendo que o bloco "deve mudar". "Ninguém iria querer

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partir de uma Europa justa e solidária", escreveu o espanhol em seu Twitter.

O triunfo dos porcos

12/07/2016 por João Mendes

https://aventar.eu/2016/07/12/o-triunfo-dos-porcos-3/

É oficial: a hecatombe governativa a que PSD/CDS-PP nos sujeitaram atingiu o zénite e foi punida no Ecofin, que acaba de

aprovar a abertura do procedimento que poderá levar às sanções defendidas pela Comissão Europeia, liderada pelo amigo da direita

incompetente que por cá temos e que, como qualquer terrorista liberal que se preze, se bate pela promoção da evasão fiscal e

outros tipos de gatunagem legal. Tenha cuidado: uma série de palermas, fundamentalistas,

terroristas financeiros e restante seita, deliberadamente ou apenas

por serem parvos, vão tentar convencê-lo de que o que está a

acontecer é fruto da acção do actual governo, o que em teoria é tão verdade como as cores do equipamento do Benfica serem o azul e

o branco. Na prática fará algum sentido na medida em que o facto do actual governo não sentar, rebolar e dar a pata aos ayatollas de

Bruxelas como o anterior teve como consequência uma manobra mediática absolutamente desonesta e demagógica, que

responsabiliza António Costa pela porcaria feita por Passos Coelho e restantes compinchas além-Troika. Contudo, importa reforçar

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para quem ainda esteja sobre o efeito da propaganda

neonacional-socialista, as sanções dizem respeito aos valores do défice de 2015, durante o qual a clique do Portugal à Frente

repetiu a façanha do incumprimento. Importa também referir que, tal como Portugal e Espanha, os dois únicos e inéditos potenciais

sancionados, também a Croácia, a Grécia, o Reino Unido e a França violaram as metas estabelecidas. Mas nesta espécie de

união com “u” minúsculo, impera a iniquidade. Dois pesos, duas medidas.

Um agradecimento especial a esse grupo de burocratas não eleito que é o Eurogrupo, que tudo fez para punir Portugal, ao

responsável pelo Mecanismo de Estabilidade Europeu, Klaus Regling, que perante o Brexit e o Deutsche Bank a falhar os testes

de stress do BCE conseguiu a proeza de eleger Portugal como o caso mais preocupante no seio da UE, ao nazi das finanças

alemão, esse verme totalitário que há uns dias decidiu prejudicar deliberadamente o nosso país por imperativos ideológicos, e, claro,

ao lacaio-chefe dos anteriores, mestre da aldrabice e incumpridor fiscal, homem que pouco mais fez na vida do que ser jota, dominar

os corredores da política subversiva, abrir portas e chegar a primeiro-ministro sem ter feito, uma vez na vida que fosse, algo de

útil ou produtivo para o país. Há dois meses, alinhado com o discurso fanático do PPE, Passos Coelho pedia “força máxima” na

aplicação de sanções contra o péssimo trabalho que liderou desde São Bento. Já era tempo de Pedro Passos Coelho atingir uma meta

a que se havia proposto. Escusava era de ser esta. A ver vamos como esta novela termina. E ainda que acabe por não

haver qualquer sanção, ou mesmo sanção zero, este episódio é revelador do estado a que a União Europeia chegou: um projecto

sem rumo e cada vez menos democrático, onde comportamentos e resultados iguais recebem tratamento diferenciado dependendo da

ideologia dominante nos diferentes governos e dos humores e frustrações daqueles que efectivamente mandam nos restantes, e

onde aos mais altos responsáveis políticos estão dispostos a promover a destruição e o caos financeiro para vergar aqueles que

não se submetem de forma absoluta ao totalitarismo burocrata de Bruxelas e da Alemanha de Wolfgang Schauble. Precisamente o

oposto daquilo a que nos propusemos. Depois admirem-se que a construção europeia esteja em risco e que a palavra referendo

esteja tão em voga. São estes fanáticos que a estão a destruir com punições contraproducentes e autodestrutivas.

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Foto: Eric Vidal/Reuters@Dinheiro Vivo

The Abdication of the Left DANI RODRIK Dani Rodrik is Professor of International Political Economy at Harvard University’s John F.

Kennedy School of Government. He is the author of The Globalization Paradox: Democracy and

the Future of the World Economyand, most recently, Economics Rules: The Rights and Wrongs of

the Dismal Science.

JUL 11, 2016 28 - https://www.project-syndicate.org/commentary/anti-globalization-

backlash-from-right-by-dani-rodrik-2016-07

RONDA, SPAIN – As the world reels from the Brexit shock, it is

dawning on economists and policymakers that they severely

underestimated the political fragility of the current form of

globalization. The popular revolt that appears to be underway is

taking diverse, overlapping forms: reassertion of local and national

identities, demand for greater democratic control and accountability,

rejection of centrist political parties, and distrust of elites and

experts.

This backlash was predictable. Some economists, including me,

did warn about the consequences of pushing economic globalization

beyond the boundaries of institutions that regulate, stabilize, and

legitimize markets. Hyper-globalization in trade and finance,

intended to create seamlessly integrated world markets, tore

domestic societies apart.

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Britain’s Long Goodbye

Brexit’s aftermath, explained through dispatches from Carmen Reinhart, Joseph Stiglitz, Adair Turner, and other Project Syndicate contributors.

The bigger surprise is the decidedly right-wing tilt the political

reaction has taken. In Europe, it is predominantly nationalists and

nativist populists that have risen to prominence, with the left

advancing only in a few places such as Greece and Spain. In the

United States, the right-wing demagogue Donald Trump has

managed to displace the Republican establishment, while the leftist

Bernie Sanders was unable to overtake the centrist Hillary Clinton.

As an emerging new establishment consensus grudgingly concedes,

globalization accentuates class divisions between those who have

the skills and resources to take advantage of global markets and

those who don’t. Income and class cleavages, in contrast to identity

cleavages based on race, ethnicity, or religion, have

traditionally strengthened the political left. So why has the left been

unable to mount a significant political challenge to globalization?

One answer is that immigration has overshadowed other

globalization “shocks.” The perceived threat of mass inflows of

migrants and refugees from poor countries with very different

cultural traditions aggravates identity cleavages that far-right

politicians are exceptionally well placed to exploit. So it is not a

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surprise that rightist politicians from Trump to Marine Le Pen lace

their message of national reassertion with a rich dose of anti-Muslim

symbolism.

Latin American democracies provide a telling contrast. These

countries experienced globalization mostly as a trade and foreign-

investment shock, rather than as an immigration shock.

Globalization became synonymous with so-called Washington

Consensus policies and financial opening. Immigration from the

Middle East or Africa remained limited and had little political

salience. So the populist backlash in Latin America – in Brazil,

Bolivia, Ecuador, and, most disastrously, Venezuela – took a left-

wing form.

The story is similar in the main two exceptions to right-wing

resurgence in Europe – Greece and Spain. In Greece, the main

political fault line has been austerity policies imposed by European

institutions and the International Monetary Fund. In Spain, most

immigrants until recently came from culturally similar Latin American

countries. In both countries, the far right lacked the breeding ground

it had elsewhere.

But the experience in Latin America and southern Europe reveals

perhaps a greater weakness of the left: the absence of a clear

program to refashion capitalism and globalization for the twenty-first

century. From Greece’s Syriza to Brazil’s Workers’ Party, the left

has failed to come up with ideas that are economically sound and

politically popular, beyond ameliorative policies such as income

transfers.

Economists and technocrats on the left bear a large part of the

blame. Instead of contributing to such a program, they abdicated too

easily to market fundamentalism and bought in to its central tenets.

Worse still, they led the hyper-globalization movement at crucial

junctures.

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The enthroning of free capital mobility – especially of the short-term

kind – as a policy norm by the European Union, the Organization for

Economic Cooperation and Development, and the IMF was arguably

the most fateful decision for the global economy in recent decades.

As Harvard Business School professor Rawi Abdelal has shown,

this effort was spearheaded in the late 1980s and early 1990s not by

free-market ideologues, but by French technocrats such as Jacques

Delors (at the European Commission) and Henri Chavranski (at the

OECD), who were closely associated with the Socialist Party in

France. Similarly, in the US, it was technocrats associated with the

more Keynesian Democratic Party, such as Lawrence Summers,

who led the charge for financial deregulation.

France’s Socialist technocrats appear to have concluded from the

failed Mitterrand experiment with Keynesianism in the early 1980s

that domestic economic management was no longer possible, and

that there was no real alternative to financial globalization. The best

that could be done was to enact Europe-wide and global rules,

instead of allowing powerful countries like Germany or the US to

impose their own.

The good news is that the intellectual vacuum on the left is being

filled, and there is no longer any reason to believe in the tyranny of

“no alternatives.” Politicians on the left have less and less reason

not to draw on “respectable” academic firepower in economics.

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Consider just a few examples: Anat Admati andSimon Johnson have

advocated radical banking reforms; Thomas Piketty and Tony

Atkinson have proposed a rich menu of policies to deal with

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inequality at the national level; Mariana Mazzucatoand Ha-Joon

Chang have written insightfully on how to deploy the public sector to

foster inclusive innovation; Joseph Stiglitz and José Antonio

Ocampohave proposed global reforms; Brad DeLong, Jeffrey Sachs,

and Lawrence Summers (the very same!) have argued for long-term

public investment in infrastructure and the green economy. There

are enough elements here for building a programmatic economic

response from the left.

A crucial difference between the right and the left is that the right

thrives on deepening divisions in society – “us” versus “them” –

while the left, when successful, overcomes these cleavages through

reforms that bridge them. Hence the paradox that earlier waves of

reforms from the left – Keynesianism, social democracy, the welfare

state – both saved capitalism from itself and effectively rendered

themselves superfluous. Absent such a response again, the field will

be left wide open for populists and far-right groups, who will lead the

world – as they always have – to deeper division and more frequent

conflict.

O estranho dia em que o FMI criticou o

neoliberalismo 30 junho 2016 - http://www.bbc.com/portuguese/geral-

36668582?ocid=socialflow_facebook

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Image copyrightAFP/IMFImage captionFMI

"Essa eu não esperava ver em vida". É o que muitos dos críticos do Fundo Monetário internacional (FMI) devem ter pensado há algumas semanas quando foi publicado um relatório no site da organização.

O texto começa dizendo: "Em vez de gerarem crescimento, algumas políticas neoliberais têm aumentado a desigualdade e colocado em risco uma expansão duradoura".

É uma declaração insólita para um organismo, que, mais do que nenhum outro, é associado no imaginário popular a uma expansão de políticas econômicas ortodoxas ou "neoliberais".

Mas ela foi feita por três de seus altos funcionários: o vice-diretor do departamento de pesquisas Jonathan D. Ostry, o chefe divisional Prakash Loungani e o economista Davide Furceri.

Mais desigualdade

Eles assinam o documento que, entre outras coisas, diz: "Há aspectos da agenda neoliberal que não têm funcionado como se esperava".

Mencionam, por exemplo, que "os custos do aumento da desigualdade são proeminentes" e que isso "prejudica o nível e a sustentabilidade do crescimento".

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A BBC Mundo fez diversos pedidos de entrevistas para os autores do artigo, entitulado "Neoliberalismo: Superestimado?", mas não obteve resposta.

Suas declarações surpreenderam por serem aparentemente uma admissão de um erro por parte de especialistas do FMI quanto às políticas impostas pelo organismo ao redor do mundo, mesmo diante da resistência a elas. E que, segundo seus críticos, foram adotadas com um elevado custo social.

Planos de ajuste

O FMI foi criado depois da Segunda Guerra Mundial para oferecer apoio financeiro temporário a países quando houvesse uma crise de divisas.

No entanto, ao longo de décadas e em especial na América Latina, o organismo ficou conhecido (e foi frequentemente criticado) pelos planos de ajuste que os países que recebiam seus créditos eram obrigados a cumprir. 'As mídias sociais estão deixando as pessoas tristes e ansiosas.

Queremos mudar isso', diz Orkut sobre sua nova rede

Image copyrightAFPImage captionA atuação do FMI na América Latina tem sido muito controversa

Na América Latina, o FMI teve uma atuação de peso durante as crises da década de 1980. Na época, a maioria dos países da

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região não conseguia mais honrar as elevadas dívidas externas que haviam adquirido nos anos de bonança.

Um após o outro, eles tiveram de pedir empréstimos emergenciais ao FMI, concedidos em troca de compromissos com planos de ajustes, que exigiam, entre outras coisas, o desmantelamento de entidades estatais, sua abertura ao livre comércio e ao investimento estrangeiro, privatizações e redução do gasto público em áreas de cunho social.

Em muitos casos, estas políticas conseguiam acabar com períodos de instabilidade macroeconômica extrema pelo qual passavam esses países, sitiados pela dívida e pela hiperinflação.

Mas também são associadas a uma disparada no desemprego e uma deterioração na qualidade de vida que levou muitos a se referir a este período como a "década perdida" da economia latino-americana.

Vantagens a longo prazo

Image copyrightAFPImage captionO FMI defendeu por anos o neoliberalismo

Na época, poucos questionavam as consequências de curto prazo das chamadas "terapias de choque", em que o Estado demitia milhares de funcionários e submetia subitamente os produtores locais à concorrência externa.

Tudo isso, garantia o FMI, aumentaria a longo prazo a eficiência da economia e permitiria aos países não só pagar suas dívidas, mas

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também incrementar o crescimento e o bem-estar de seus habitantes.

O ajuste era defendido como um remédio doloroso, mas necessário, para garantir seu sucesso econômico no futuro. Um preceito que foi colocado em dúvida pelos pesquisadores do FMI em seu recente artigo.

'Politização'

O texto provocou uma chuva de críticas ao FMI.

Vozes da esquerda o viram como uma contradição por parte do organismo que, por muito tempo, apresentou políticas ortodoxas como verdade absoluta. Mas também houve críticas intensas proferidas pela outra ponta do espectro ideológico.

Image copyrightAFPImage captionA francesa Christine Lagarde comanda o FMI

"Só o uso da palavra 'neoliberal' no título do artigo já reflete uma politização da discussão", diz Steve Hanke, economista do Instituto Cato, centro americano de pesquisa de viés conservador, e que atuou como assessor de vários governos, inclusive da Venezuela e da Indonésia durante a aplicação deste tipo de políticas.

"Na América Latina, a palavra 'neoliberal' é uma expressão politizada usada pela esquerda para desacreditar seu inimigo ideológico" sem precisar recorrer a argumentos técnicos, acrescenta ele.

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"Não há evidências para sustentar o que é dito pelos pesquisadores no artigo", insiste Hanke, reiterando que, em sua opinião, não há dúvida de que medidas como a privatização foram corretas.

Questão de fé

Em seu trabalho, os pesquisadores do FMI inclusive lançam dúvidas sobre a experiência chilena com o chamado "neoliberalismo", a mais pragmática na região, depois de sua implementação, a partir de 1973, sob o comando do então presidente Augusto Pinochet.

Image copyrightAFPImage captionO FMI tem defendido seus programas de ajuste em todo o mundo

"A experiência do Chile e de outros países sugerem que nenhuma agenda fixa produz bons resultados para todos os países sob todas as circunstâncias", dizem os especialistas do organismo.

E o artigo termina com uma frase que parece ter sido retirada dos slogans que gritavam nos anos 1980 aqueles que se opunham às políticas de ajuste do FMI, qualificando-as então como uma obsessão ideológica impulsionada por dirigentes de direita.

O artigo garante que "criadores de políticas e instituições como o Fundo Monetário Internacional devem ser guiados não pela fé, mas pela evidência do que tem funcionado".

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IZQUIERDA UNIDA EM ESPAÑA

Izquierda Unida es un movimiento político y social, compuesto por organizaciones, partidos políticos, colectivos y personas que apuestan por participar en una organización plural y participativa, que apuesta por cambiar el modelo de sistema capitalista hacia un modelo socialista.

http://www.izquierda-unida.es/organizaciones

Organizaciones, partidos y corrientes que forman parte de IU: Partido Comunista de España (PCE) Unión de Juventudes Comunistas de España (UJCE) Izquierda Abierta Izquierda Republicana Redes Colectivo de Unidad de los Trabajadores (CUT-BAI) Ecosocialistas de la Región de Murcia Izquierda Socialista Andaluza (ISA) Iniciativa por el Hierro

Historia de la composición de Izquierda

Unida

Por Antonio Tausiet

www.tausiet.com

Inicios (1986)

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La Plataforma cívica por la salida de España de la OTAN (Organización del Tratado del Atlántico Norte, alianza militar dirigida por USA), presidida por el escritor Antonio Gala, aglutinó en 1986 a casi todas las organizaciones de izquierdas del estado excepto el PSOE (Partido Socialista Obrero Español, 1879), partido socialdemócrata que defendía desde el poder la permanencia en la OTAN, muchas de las cuales se integraron después en la llamada Plataforma de la Izquierda Unida. Se celebró un referéndum el 12 de marzo de 1986, cuyo resultado fue a favor de la permanencia en la OTAN.

La primera reunión (en el despacho de la abogada Cristina Almeida) tuvo lugar el 27 de abril de 1986 y contó con la participación de PCE, PSUC, PASOC, Izquierda Republicana, Federación Progresista, Partido Humanista y Partido Carlista (ver "Composición en su fundación").

Hubo también representantes del PST (Partido Socialista de los Trabajadores), trotskista y resultado de la unión en 1979 de parte de la LCR (ver "Grupos no integrados en IU") con parte de la LSR (Liga Socialista Revolucionaria), y dividido en 1992 en PST-La Verdad Socialista y PST-Contra Corriente; y de UCE (Unificación Comunista de España, 1978), secta maoísta. PST y UCE anunciaron que no iban a participar en plataforma electoral alguna, aunque el último pidió el voto para IU hasta 2002.

Cabe destacar la existencia previa de dos partidos maoístas: el PTE (Partido del Trabajo de España, 1967) y la ORT (Organización revolucionaria de Trabajadores, 1969), que se unificaron en 1979 bajo la denominación de PT (Partido de los Trabajadores) y se disolvieron en 1980, pasando varios de sus militantes al PSOE.

Apuntar también la aportación del PCOE (Partido Comunista Obrero Español, escisión leninista del PSOE en 1921), refundado por Enrique Líster (miembro del PCE desde 1925) en 1968, cuya mayor parte se integró de nuevo en el PCE en 1986, tras la defenestración de Santiago Carrillo. El PCOE continúa existiendo en la actualidad, pese a que en 2000 se anunció su incorporación al PCPE.

Composición en su fundación

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En su fundación en 1986, IU (Izquierda Unida) incluyó pues los siguientes partidos, mayoritariamente comunistas y socialistas:

PCE (Partido Comunista de España) Creado en 1921, es el partido político más importante y cedente de la marca electoral de IU. Adscrito a la línea oficial del comunismo y sus derivas (III Internacional, comunista) es una escisión del PSOE (II Internacional, socialdemócrata). La versión catalana de este partido, el PSUC (Partido Socialista Unificado de Cataluña, 1936-1997), también se adhirió a la coalición.

PCPE (Partido Comunista de los Pueblos de España) Creado en 1984 por Ignacio Gallego al escindirse del PCE, fue reconocido por el Partido Comunista de la Unión Soviética. Abandonó la coalición en 1989, tras la reincorporación de Ignacio Gallego al PCE en 1988.

PASOC (Partido de Acción Socialista) Creado en 1972 (como PSOE Histórico) al escindirse del PSOE, mantiene un ideario marxista. Su denominación actual proviene de 1982. Abandonó la coalición en 2001. Los que decidieron quedarse constituyeron en IU de Madrid una corriente denominada Corriente Socialista (hoy denominada Izquierda Socialista a nivel federal, mismo nombre que la corriente vigente en el PSOE desde 1979) y en Andalucía lo que hoy es el partido ISI (Iniciativa Socialista de Izquierdas).

IR (Izquierda Republicana) Creado en 1934, es un partido radical (izquierda reformista) cuyo líder Manuel Azaña fue presidente de la II República española. Abandonó IU en 2002, aunque posteriormente se ha presentado con ella en coalición electoral y en 2010 se ha vuelto a integrar.

FP (Federación Progresista) Creado en 1984 por Ramón Tamames, fue una escisión del PCE, ecologista y de izquierdas. Abandonó la coalición en 1987 y desapareció en 1988. Tamames hoy es de derechas.

PC (Partido Carlista) Heredero de la rama que apoyó la sucesión de Fernando VII en 1833 por parte del que habría sido Carlos V,

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partido hoy socialista y federalista. Abandonó la coalición en 1987.

PH (Partido Humanista) Fundado en 1984 por la secta destructiva La Comunidad, abandonó la coalición en 1986 a petición del resto de socios.

CUT-BAI (Colectivo de Unidad de los Trabajadores-Bloque andaluz de Izquierdas) Fundado desde el SOC (Sindicato de Obreros del Campo, 1976) en Andalucía en 1979, es nacionalista andaluz de izquierdas. Su líder es Juan Manuel Sánchez Gordillo. Se Incorporó a IU en 1986, tras su constitución.

Independientes Grupo de personas no integrantes de ninguna de las organizaciones anteriores, que sin embargo pertenecen a Izquierda Unida. Constituyen el segundo grupo en número tras los miembros del PCE.

Grupos no integrados en IU

Los principales partidos de izquierdas que no se integraron en Izquierda Unida en 1986 fueron, además de PSOE, PST y UCE:

PCE (m-l) (Partido Comunista de España Marxista Leninista) Escisión del PCE en 1964. Seguidor del modelo albanés al abandonar el maoísmo en 1976, creador del grupo activista FRAP (Frente Revolucionario Antifascista y Patriota, 1971), disuelto en 1992 pero reconstituido en 2006.

LCR (Liga Comunista Revolucionaria) Trotskista (IV Internacional). Fundado en 1971.

MC (Movimiento Comunista)

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Escisión maoísta de ETA (País Vasco y Libertad) en 1976.

LCR y MC se unificaron en 1991 con el nombre de Izquierda Alternativa, luego Liberación. En 1998, Izquierda Alternativa se incorpora a IU.

Las organizaciones anarquistas, pese a las manifestaciones del dirigente de IU de la época Nicolás Sartorius (hoy en el PSOE), no participaron, puesto que su estrategia es sindical (anarcosindicalismo) y no de partido: CNT-AIT (Confederación Nacional del Trabajo - Asociación Internacional de los Trabajadores, I Internacional, 1910) y su escisión CGT (Confederación General del Trabajo, 1979), que apareció ligada al CSUT (Confederación de Sindicatos Unitarios de Trabajadores, 1976-1981, agrupación maoísta de sindicatos a la que perteneció el SOC y vinculada al PT) con la denominación CNT(A)CSUT.

Desde 1992. Las corrientes

Izquierda Unida se inscribió en el registro de partidos políticos en 1992 (pasando a autodenominarse "movimiento político y social"), cuando sólo contaba ya con tres grupos significativos de participantes: el PCE, IR y los independientes. Una pequeña parte de éstos constituyó la primera corriente de estas tres, ninguna de las cuales pertenece ya a IU:

Nueva Izquierda Constituida como corriente interna de Izquierda Unida en 1992, aunque ya empezaron a dar mal en 1990, acabó transformándose en un partido político socialdemócrata denominado PDNI (Partido Democrático de la Nueva Izquierda) en 1997, año en que abandonó IU. En 1999 se presentaron con el PSOE a las elecciones y en 2001 se disolvieron dentro. Sus tres cabezas visibles eran Cristina Almeida, Diego López Garrido y Nicolás Sartorius, casi únicos miembros de la escisión.

Corriente Roja Constituida en 2002, esta corriente denunciaba la desideologización de Izquierda Unida. De ideología comunista, su cabeza visible es Ángeles Maestro. Abandonó IU en 2004. En 2005, los miembros de esta corriente que formaban parte del PCE, lo abandonaron también. Buena parte de sus miembros actuales están

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relacionados con el trotskista PRT-IR (ver "Incorporaciones en 1998"), que participa en el grupo.

Espacio Alternativo Formada en 1995, proviene de la unión de los militantes de la LCR (Liga Comunista Revolucionaria) que dejaron Liberación en 1995 y de la corriente Ecosocialistas de IU. Su cabeza visible es Jaime Pastor. Abandonaron IU en 2008 para formar el partido IA (Izquierda Anticapitalista).

Incorporaciones en 1998

En 1998 hubo varias incorporaciones a Izquierda Unida:

POR (Partido Obrero Revolucionario) Fundado en 1974 como PORE (Partido Obrero Revolucionario de España, trotskista). Cambió de denominación en 1983. Sección en el estado español de la UIT-CI (Unidad Internacional de los Trabajadores - Cuarta Internacional). Se incorporó a IU en 1998 y continúa adscrito a la versión catalana, EUiA (Izquierda Unida y Alternativa, 1998).

PRT-IR (Partido Revolucionario de los Trabajadores - Izquierda Revolucionaria) Partido trotskista, resultado de la unión en 2002 de IR con PRT (1994, resultado de la fusión de PST-LVS con GPOR, Grupo por la construcción de un Partido Obrero Revolucionario). El PRT se incorporó a IU en 1998. Es la sección oficial en España de la LIT-CI (Liga Internacional de los Trabajadores - Cuarta Internacional). Abandonó la coalición en 2004 junto a Corriente Roja.

Nuevo Claridad Grupo de izquierda trotskista adscrito a la Corriente Marxista Internacional. Creador del SE (Sindicato del Estudiantes, 1986), del que surge en 1994 el SEI (Sindicato de Estudiantes de Izquierdas). Trabaja dentro de Izquierda Unida, aunque su nombre no aparece en las listas oficiales. Desde 1989 edita la revista El Militante. Algunos de sus miembros pertenecen al PCE y al PSOE, partido del que surgió como corriente en 1976. Una parte de sus integrantes abandonó IU en 2006 para fundar Clase contra Clase (adherida a la Fracción Trotskysta Cuarta Internacional).

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Izquierda Alternativa Resultado de la unión de la LCR con el MC en 1991. Ver "Grupos no integrados en IU". Su incorporación a IU en 1998 arroja hoy día una presencia difusa.

El cambio de rumbo (2008)

La sucesión de coordinadores en IU ha marcado su línea política. Gerardo Iglesias (1986-1989) dio paso a Julio Anguita (1989-2000), ambos secretarios generales del PCE. Gaspar Llamazares (2000-2008) coordinó IU apoyando al PSOE, con el enfrentamiento del secretario general del PCE, Francisco Frutos. 2008 dio paso a Cayo Lara, apoyado de nuevo por el PCE. Las tres familias enfrentadas en ese proceso fueron:

IU Abierta Corriente oficialista de Izquierda Unida que en 2008 pugnó por la presidencia. Proclives a los pactos con el PSOE. Sus cabezas visibles son Eberhard Grosske e Inés Sabanés. No tiene entidad jurídica.

Otra IU es Posible Corriente crítica de Izquierda Unida agrupada en torno al PCE que en 2008 pugnó por la presidencia. Su cabeza visible, Cayo Lara, resultó elegido coordinador general. Por lo tanto, ahora es la oficialista. Tampoco tiene entidad jurídica.

IU Alternativa También denominada Tercera Vía, aglutinaba en 2008 a los miembros de IU que no estaban situados en las dos corrientes anteriores. De carácter eminentemente efímero, por no decir oportunista, la denominación Tercera Vía (corriente oficialmente constituida dentro de IU) ha recaído en grupos de personas muy distintos a lo largo del tiempo.

Composición actual (2010)

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Hoy Izquierda Unida está constituida oficialmente por el PCE, Izquierda Socialista, la Tercera Vía, el CUT-BAI en Andalucía, el POR en Cataluña, Los Verdes en algunas federaciones (además de los miembros independientes, a título individual) e Izquierda Republicana, que se ha vuelto a integrar en 2010.

Respecto a Los Verdes, es preciso hacer constar que han participado en diferentes comicios en coalición con

el PSOE y/o con grupos nacionalistas, dependiendo del territorio de implantación.

Enlaces interesantes

Partidos políticos desaparecidos (Wikipedia) http://es.wikipedia.org/wiki/Categor%C3%ADa:Partidos_pol%C3%ADticos_de_Espa%C3%B1a_desaparecidos

Partidos de extrema izquierda (Carlestek) http://es.geocities.com/carlestek/pei.html

Área plural: la izquierda en el estado español (Archive) http://web.archive.org/web/20050308120910/www.areaplural.com/izquierda.htm

Los verdes esquizofrénicos (Palabras a la brasa) http://seronoser.free.fr/tausiet/palabras/palabras089.htm

La V Internacional (Melguencio Melchavas) http://seronoser.free.fr/discursos/mel0097.htm

...Y el muro de Berlín cayó sobre nosotros (Antonio Tausiet) http://seronoser.free.fr/comunismo/

El origen de Izquierda Unida en Aragón (1985-1987) https://sites.google.com/site/tausiet/iuaragon/

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Organización

juvenil

Área de juventud de Izquierda Unida

Afiliación

internacional

Foro de Sao Paulo2

Afiliación europea Partido de la Izquierda Europea

Grupo

parlamentario

europeo

Izquierda Unitaria Europea/Izquierda Verde

Nórdica

Concejales 3223 / 67 611

(Incluye los obtenidos en candidaturas unitarias sin siglas)3

Parlamentos

autonómicos

20 / 1268

Congreso 8 / 350

(4 dentro de Unidos Podemos, 2 dentro de En Comú Podem,

1 dentro de En Marea (Podemos-En Marea-Anova-Esquerda

Unida) y 1 dentro de Compromís-Podemos-EUPV: A la

valenciana)

Senado 1 / 266

Dentro de En Marea4

Europarlamento 4 / 54

(dentro de La Izquierda Plural)

Publicación La Izquierda

Sitio web www.izquierda-unida.es

Confederado a Esquerra Unida i Alternativa(EUiA) en Cataluña.

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Izquierda Unida (IU) es un movimiento político y social español formado en 1986 e inscrito como federación en el Registro de Partidos Políticos desde noviembre de 1992.5 Su objetivo es la transformación social hacia un sistema socialista democrático, fundamentado en los principios de justicia, igualdad y solidaridad, y organizado conforme a un Estado laico, federal y republicano.6

Es unitario en la línea política general y en el programa, organizativamente federal e ideológicamente plural, y en él participan diversas organizaciones y colectivos, como el Partido Comunista de España e Izquierda Republicana, así como personas que adscriben, aceptan y practican la política de la organización, aprobada en sus Asambleas Federales. En 2016 cuenta con 22 341 militantes y 49 720 simpatizantes (72 041 en total).7

En las elecciones generales del 26 de junio 2016 se presenta en las candidaturas de En Marea en Galicia, En Comú Podem-Guanyem el Canvi en Cataluña, Compromís-Podemos-EUPV: A la valenciana en la Comunidad Valenciana y Unidos Podemos en el resto del Estado, conjuntamente con otras fuerzas políticas como Podemos y Equo.8

Índice

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1Historia

o 1.1Primeros años

1.1.1Fundación

o 1.2Julio Anguita

1.2.1Rechazo a los pactos con el PSOE

1.2.2La teoría de las dos orillas

1.2.3Expulsión de Nueva Izquierda

1.2.4Enfermedad y sustitución por Francisco Frutos

o 1.3Gaspar Llamazares

1.3.1Acercamiento al PSOE y caída electoral

1.3.2Conflictividad interna

1.3.3Polémicas votaciones por correo

o 1.4Cayo Lara

1.4.1IX Asamblea Federal

1.4.2Anticapitalismo y pluralidad interna

1.4.3Refundación de la Izquierda

1.4.4Convocatoria Social e Izquierda Plural

1.4.5Elecciones europeas 2014 y crisis interna

o 1.5Alberto Garzón

1.5.1Depuración de responsabilidades en IUCM

1.5.2Candidaturas de "unidad popular"

1.5.3Acuerdo electoral Unidos Podemos

1.5.4Primarias de 2016

2Funcionamiento interno

o 2.1Coordinador General

o 2.2Federaciones

o 2.3Organizaciones adheridas

2.3.1Partido Comunista de España (PCE)

2.3.2Unión de Juventudes Comunistas de España (UJCE)

2.3.3Izquierda Abierta (IzAb)

2.3.4Izquierda Republicana

2.3.5Ecosocialistas de la Región de Murcia

2.3.6Iniciativa por el Hierro

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2.3.7Partido Obrero Revolucionario

2.3.8Partido Feminista de España

3Actividad institucional

o 3.1Comunidades autónomas

o 3.2Ayuntamientos

o 3.3Relaciones internacionales

4Resultados electorales

o 4.1Elecciones generales

o 4.2Elecciones municipales

o 4.3Elecciones europeas

5Véase también

6Referencias

7Enlaces externos

Historia[editar]

Primeros años[editar]

Fundación[editar]

El primer símbolo electoral de Izquierda Unida (utilizado entre 1986 y 1988) era un conjunto de los

logotipos de los partidos Comunista de España (PCE), de Acción Socialista (PASOC), Comunista de

los Pueblos de España (PCPE) y Federación Progresista (FP).

El primer antecedente de organización entre los diversos partidos de izquierda que posteriormente formarían Izquierda Unida se remonta al 13 de febrero de 1986, cuando fue presentado un acuerdo de coalición electoral con el nombre provisional de Alternativa de la Izquierda que integraban Federación Progresista y el Partido de Acción Socialista, haciendo un llamado al Partido Comunista a sumarse a la agrupación.9

Izquierda Unida (IU) fue fundada al calor de las movilizaciones para exigir la salida de España de la OTAN en 1986, cuando laPlataforma Cívica por la Salida de España de la OTAN, presidida por el escritor Antonio Gala, consiguió aglutinar a casi todas las organizaciones de izquierdas del país. Muchas de esas organizaciones se integraron después en la llamada coalición Plataforma de la Izquierda Unida.10 Se celebró un referéndum el 12 de marzo de 1986, cuyo resultado fue a favor de la permanencia en la OTAN, pero hubo casi siete millones de votos en contra.

La primera reunión (en el despacho de la abogada Cristina Almeida) tuvo lugar el 27 de abril de 1986 y contó con la participación delPartido Comunista de España (PCE), el Partit Socialista Unificat de Catalunya (PSUC), el Partido de Acción Socialista (PASOC), Izquierda Republicana (IR), Federación Progresista (FP), el Partido Humanista y el Partido Carlista. A estos partidos se les unirían, para fundar Izquierda Unida, el Partido Comunista de los Pueblos de España (PCPE) y el Colectivo de Unidad de los Trabajadores-Bloque Andaluz de Izquierdas (CUT-BAI), así como independientes. Se constituyó una Comisión Política para regirla presidida por Gerardo Iglesias, secretario

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general del PCE (partido que constituía el 80 % de la coalición). El 29 de abril fue constituida oficialmente la coalición.11

En junio de 1986, IU participó por primera vez en unas elecciones generales, obteniendo 7 escaños (3 más que el PCE en las anteriores generales) con un 4,6 % de los votos. En las municipales de 1987 sus resultados mejoraron, obteniendo el 7,18 % de los votos. Ese mismo año, el Partido Humanista era expulsado de IU, entre otras razones, por sus conexiones con la secta argentina llamada La Comunidad.12 También abandonan la coalición la Federación Progresista, que se disolvió un año después en 1988, y el Partido Carlista, por decisión de su recién elegido Secretario General Federal, Juan Francisco Martín de Aguilera.

Hasta esta fecha, IU había acudido a las elecciones con un símbolo que incluía los logos del PCE, PASOC, PCPE y FP,13 14 pero en 1988 convocó un concurso público para el diseño de un nuevo logotipo, con un presupuesto de 500 000 pesetas. El resultado fue en gris y verde con un toque de rojo, con importantes variaciones en función de la región donde se presentase la candidatura, incorporando las banderas o iconos autonómicos y cambios en las siglas o incluso imagotipos totalmente diferentes, como el de Ezker Batua en el País Vasco.15

El año siguiente, en enero de 1989, también abandona la coalición el PCPE, tras la reincorporación al PCE de su presidente y fundador, Ignacio Gallego, junto a 8000 militantes, 48 miembros del Comité Central y la mayoría de cargos públicos. En febrero de 1989 se celebra la I Asamblea General que aprueba la transformación de IU en "movimiento político y social". Concurren cerca de mil delegados, de los cuales solamente el 25 % han sido designados por los partidos integrados en la coalición, y el resto son directamente elegidos por los afiliados de las diversas Comunidades Autónomas. Se elige una Presidencia Colegiada (más tarde se denominará Presidencia Federal) que elige como coordinador federal a Gerardo Iglesias.

Izquierda Unida se había convertido ya en la tercera fuerza política más votada, llegando a 17 diputados con el 9,07 % de los votos en las elecciones generales de 1989.

Julio Anguita[editar]

Rechazo a los pactos con el PSOE[editar]

Julio Anguita en 2004 en Córdoba.

En noviembre de 1989 Gerardo Iglesias dimite como secretario general del PCE y como coordinador de IU, quien fue sustituido en este segundo cargo por Julio Anguita González,

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alcalde de Córdoba entre 1979 y 1986, y político muy reconocido por aquel entonces dentro del PCE.

En noviembre de 1990 se celebra la II Asamblea Federal de IU, que confirma a Julio Anguita como coordinador, y que supone la transferencia de soberanía desde el PCE y los demás partidos integrantes hacia los órganos de IU. En aquella asamblea, se acuerda no pactar con el PSOE por considerar que había traicionado los "ideales de la izquierda". Sin embargo, las federaciones regionales de Galicia, Cataluña y las Islas Canarias habían roto con IU y se habían constituido como autónomas, para buscar sus propios acuerdos. En el caso deIniciativa per Catalunya, su líder Rafael Ribó apostaba por buscar "la casa común de la izquierda", pactando con el PSOE.

En agosto de 1991, un grupo de dirigentes del PCE y el PASOC, apoyados por el secretario general de Comisiones Obreras, Antonio Gutiérrez, apostaron por constituir IU en partido político, disolviendo a las fuerzas que lo conformaban, confiando en que el XIII Congreso del PCE fuese el último que se celebrase, oponiéndose así a las tesis de Julio Anguita de mantener el pluralismo partidario dentro de la coalición.16 17 Tras la decisión de Esquerra Unida del País Valencià de registrarse como partido político propio, un sector mayoritario de la Presidencia de IU apostó por respaldarlo y dar plena autonomía a las federaciones territoriales, frente a lo cual Julio Anguita apostó por trasladar dicha decisión al Consejo Político Federal, llegando a dimitir ante lo que consideraba que era una vulneración de los estatutos.18Finalmente se rechazó cualquier disolución del PCE.19

Izquierda Canaria Unida (ICU), primer referente de IU en Canarias, estuvo en la coalición Iniciativa Canaria Nacionalista (ICAN) durante unos meses de 1991. La militancia, descontenta con un proyecto no federado a IU, y "derechizado" (pactos con el PP) recuperó el proyecto del PCE y de Izquierda Unida en Canarias en 1991 y 1992, respectivamente. Posteriormente, ICAN formó Coalición Canaria en 1993.

En 1992 Julio Anguita denunció la estrategia del PSOE y el PP de construir un nuevo bipartidismo, mediante una estrategia de tensión constante entre ambos partidos, a pesar de que compartirían el mismo modelo económico que generaba corrupción. Frente a ello, Julio Anguita definía lo que denominaba una "nueva forma de hacer política".20 En laIII Asamblea de IU, celebrada ese mismo año, IU debatió profundamente sobre el Tratado de Maastricht, decidiendo oponerse al proyecto europeo que representaba, tal y como defendía el coordinador general.

Anguita fue reelegido en las III, IV y V Asambleas Federales (1992, 1994 y 1997), si bien a partir de 1992 debe enfrentarse a una corriente crítica organizada denominadaNueva Izquierda, de ideología socialdemócrata y partidaria de la Tercera Vía, que aglutina a una parte de los sectores de IU ajenos al PCE. Numéricamente Nueva Izquierda era exigua, pero contaba en sus filas con cargos públicos y dirigentes como Nicolás Sartorius, Diego López Garrido o Cristina Almeida, que aparecían con frecuencia en los medios de comunicación, y mayoritariamente partidarios de consolidar IU como órgano político independiente de las formaciones que lo crearon, hasta transformarlo en un partido que colaborara estrechamente con el PSOE.

La teoría de las dos orillas[editar]

En 1993 Julio Anguita anunció la crisis del Estado, ya que consideraba que el gobierno de Felipe González (PSOE) únicamente estaba «parcheando» los problemas, apostando por el negocio «rentable y rápido», lo cual daba lugar a casos de corrupción. Rechazó la precariedad en el empleo, el cierre de empresas y la destrucción del tejido industrial y resaltó las «grandes coincidencias» de las propuestas del PSOE y del Partido Popular y lo falaz de una situación centrada en el enfrentamiento verbal entre González y José María Aznar, «que traen a la memoria el bipartidismo de Cánovas y Sagasta».21

El coordinador general de IU elabora la teoría de «las dos orillas» y el «sorpasso»: PP y PSOE se encontraban en la orilla derecha, con el neoliberalismo, e IU en la orilla izquierda, con los trabajadores. Rechazó también la filosofía de los «líderes», considerando que la política debía ser una tarea colectiva,22 así como el «pacto social» propuesto por la nueva

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dirección de CC. OO. con el Gobierno y la patronal.23 También durante esta época Izquierda Unida se convierte en la primera organización política del Estado español en tener un grupo interno LGTB, al crear en 1994 ALEAS, área destinada a la defensa de las libertades afectivo-sexuales.24

En las elecciones municipales de 1995 IU obtuvo el 11,68 % de los votos, lo que permitió a varias federaciones alcanzar pactos de gobierno con el PSOE en numerosos ayuntamientos, especialmente en el sur de Madrid o en Andalucía. Ese mismo año se incorpora Izquierda Alternativa como corriente, formada por antiguos militantes de la antigua Liga Comunista Revolucionaria, y redefiniéndose como Espacio Alternativo. En 1996 IU realizó elecciones primarias en las que salió elegido Julio Anguita como cabeza de lista de las próximas elecciones generales.25 26 En las elecciones de marzo de ese año IU superó el 10 % de los votos y un grupo parlamentario de 21 diputados, un resultado muy similar al que había obtenido el PCE en los años 70.

A partir de la llegada al Gobierno del Partido Popular, liderado por José María Aznar, en 1996, aumentan las tensiones en el seno de IU. Julio Anguita no sólo se opone al partido del gobierno sino que sigue criticando al PSOE y al ex presidente del Gobierno Felipe González, por estar enfangados en la corrupción y en políticas contrarias a sus postulados. Los medios de comunicación afines al PSOE, difundieron la imagen de que IU y PP se habían convertido en una «pinza» para acabar con el PSOE,[cita requerida]generando la impresión de que Anguita y Aznar tenían buenas relaciones.[cita requerida]

Expulsión de Nueva Izquierda[editar]

El 25 de mayo de 1997, el consejo nacional de la federación gallega, Esquerda Unida-Esquerda Galega (EU-EG), decidió, con el apoyo a nivel estatal del Partido Democrático de la Nueva Izquierda, coaligarse con el PSdG en las elecciones autonómicas.27 El acuerdo, encabezado por el coordinador general, Anxo Guerreiro, fue tomado en contra de la decisión adoptada en la conferencia nacional e EU-IU, así como del secretario general del Partido Comunista de Galicia (PCG). La dirección federal de Izquierda Unida desautorizó la coalición y sancionó a los diputados de la corriente Nueva Izquierda que la apoyaron.

El 15 de junio de 1997 se celebró la fiesta de Treball entre fuertes tensiones con Iniciativa per Catalunya (IC). Rafael Ribó, presidente de IC y secretario general del PSUC, siguió defendiendo las alianzas con el PSOE y rechazó las críticas de IU a los sindicatos CC. OO. y UGT, así como las sanciones a los diputados de Nueva Izquierda, que ya se había constituido como partido dentro de IU. También apoyó la coalición, desautorizada por la dirección de IU, de Esquerda Unida con el PSOE. En cambio, Julio Anguita defendió la unidad de la izquierda solo mediante criterios programáticos concretos y rechazando la corrupción que salpicaba al PSOE.28

En 1997 los tres diputados de IU que pertenecían a Nueva Izquierda se desmarcan del resto del grupo parlamentario y se niegan a rechazar la reforma laboral que creaba el «contrato de fomento del empleo indefinido», que abarataba el despido respecto al contrato ordinario.29 La Ejecutiva de IU expulsó a los miembros de Nueva Izquierda de la dirección y les pidió que devolviesen sus actas de diputados,30 ante lo cual sus integrantes decidieron continuar en el Congreso con el nombre de Partido Democrático de la Nueva Izquierda.

En septiembre de ese año, se celebra la V Asamblea Federal de IU en medio de una grave crisis. El partido de Nueva Izquierda fue expulsado, integrándose sus miembros en el PSOE. Las federaciones controladas por dicha corriente, las de Castilla-La Mancha y Aragón, fueron disueltas. También fueron expulsados los líderes de IC y EU-EG, con sus directivas.31

Parte de EU-EG, celebró una asamblea en la que decidieron mantener la relación con Izquierda Unida a nivel federal, y concurrir a las elecciones autonómicas con el nombre de "Izquierda Unida". Posteriormente, los tribunales le concedieron a la federación gallega de IU el uso del nombre Esquerda Unida, y los partidarios del antiguo coordinador Anxo

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Guerreiro, constituyeron Esquerda de Galicia, que terminó por disolverse pocos años después. De la misma forma, los sectores de IC más próximos a la dirección federal de IU abandonan el partido y forman el PSUC viu, que crearía junto a otros partidos la coalición Esquerra Unida i Alternativa (EUiA), federada con IU.32

En diciembre de 1998 IU lideró manifestaciones en todo el país tras un año movilizándose por una jornada por las 35 horas semanales, con el apoyo de sindicatos como laConfederación General del Trabajo (CGT) o Unión Sindical Obrera (USO), así como el sector crítico de CC. OO. Las direcciones de los sindicatos mayoritarios CC. OO. y UGT no se sumaron. Era el inicio de una Iniciativa Legislativa Popular que necesitaba recoger 500 000 firmas para poder ponerse en marcha.33 Ese año hubo varias incorporaciones a Izquierda Unida: el Partido Obrero Revolucionario (POR), como la sección en el estado español de la Unidad Internacional de los Trabajadores - Cuarta Internacional (UIT-CI), el Partido Revolucionario de los Trabajadores (PRT) que era la sección oficial en España de la Liga Internacional de los Trabajadores - Cuarta Internacional (LIT-CI) y Nuevo Claridad, adscrito a la Corriente Marxista Internacional, donde algunos de sus miembros eran pertenecientes al PCE y al PSOE.

Enfermedad y sustitución por Francisco Frutos[editar]

A mediados de 1998 y tras haberlo meditado y consensuado con otros dirigentes, Julio Anguita renuncia a la Secretaría General del PCE y es sustituido por Francisco Frutos.34Anguita argumentó entonces como las razones de su salida su enfermedad, si bien reconoció años más tarde que eso sólo era un pretexto, ya que lo que había ocurrido es que se había consumado la derrota de las posiciones por él defendidas y no veía sentido seguir donde no se sentía a gusto. No estaba de acuerdo con la política de "cheque en blanco" al PSOE o a CC. OO. a nivel sindical, ya que consideraba que se debía actuar sobre la base de las ideas y el programa.35

Francisco Frutos ya había desempeñado diversos cargos en la dirección de IU, pues había sido el número dos en las elecciones generales de 1996. Aunque nunca llegó a ser coordinador federal de IU, en enero de 2000 fue designado por la organización para liderar la candidatura a la Presidencia del Gobierno en las Elecciones Generales de España de 2000.

Durante el ciclo electoral 1999-2000, EUiA e ICV actuarían por separado, presentándose ICV en coalición con el PSC-PSOE en las elecciones al Parlamento de Cataluña de 1999 en varias provincias. Ese mismo año, en Cantabria también se producía una escisión, Izquierda Democrática Cántabra (IDCAN), pasándose a esta formación los tres diputados de IU en el Parlamento de Cantabria en aquel momento; esta nueva formación en adelante se presentó coaligada al Partido Socialista de Cantabria (PCS-PSOE) desde entonces hasta su integración en éste en 2003.

IU también cambió entonces su política hacia un acercamiento al PSOE, y firmó un acuerdo pre-electoral de investidura con el PSOE para las elecciones generales de marzo de 2000. El resultado fue un espectacular fracaso de ambos partidos, y la victoria por mayoría absoluta del Partido Popular. Izquierda Unida vio reducido su apoyo a la mitad de su electorado, obteniendo únicamente ocho diputados, con el 5,45 % de los votos.

A finales de ese mismo año, Gaspar Llamazares fue elegido en la VI Asamblea Federal por un estrecho margen frente a Francisco Frutos como coordinador federal, aunando los votos de diversas corrientes de IU críticas con la dirección saliente.

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Gaspar Llamazares[editar]

Acercamiento al PSOE y caída electoral[editar]

Gaspar Llamazares, coordinador de la coalición entre el 2000 y el 2008.

Gaspar Llamazares coordinó IU apoyándose en el PSOE, con una política de enfrentamiento con el PCE, liderado por Francisco Frutos. A nivel catalán restauró las relaciones con Iniciativa per Catalunya Verds (ICV), manteniendo al mismo tiempo a Esquerra Unida i Alternativa(EUiA) como referente formal en Cataluña. Asimismo, trató de imprimir a IU una orientación más ecosocialista que comunista o libertaria.36En 2001, la entonces federación vasca de IU, Ezker Batua (IU-EB), entró a formar parte del Gobierno vasco, pactando con los conservadores Partido Nacionalista Vasco (PNV) y con Eusko Alkartasuna (EA).

En 2001, Castellano dejó la Presidencia del PASOC a Luis Aurelio Sánchez, y el PASOC abandonó IU, por discrepancias con la nueva política de Gaspar Llamazares, permaneciendo dentro la escisión posteriormente llamada Iniciativa Socialista de Izquierdas. El 2 de marzo de 2002 también abandonaría la coalición Izquierda Republicana,37 al no poder concretar un proyecto político definido dentro de Izquierda Unida, y Ángeles Maestro fundó Corriente Roja en el seno de IU, que representaría las posturas más críticas con la dirección y de acercamiento a la izquierda abertzale.

En 2003, IU se presentó a las municipales y autonómicas con Bloque por Asturies (BA), Socialistas Independientes de Extremadura (SIEX) e ICV, obteniendo unos resultados electorales muy negativos. Solo la coalición ICV-EUiA en Cataluña y la federación vasca de IU, Ezker Batua, aumentaron sus apoyos. Mantenía un electorado levemente inferior al millón de votantes, y una base histórica de apoyo en Cataluña,Asturias, Madrid, Comunidad Valenciana y Andalucía, por la tradición comunista de zonas de esas regiones. Seguía manteniendo un especial vínculo con la primera central sindical española, Comisiones Obreras (CC. OO.), de tradición comunista durante el franquismo y los primeros años de la transición, con un millón de afiliados.

En las elecciones generales de 2004, IU redujo los votos obtenidos, mientras que la participación y los votos del PSOE aumentaron considerablemente. Como consecuencia, sólo obtuvo tres diputados: Gaspar Llamazares, Ángel Pérez e Isaura Navarro). Se formó en el Congreso de los Diputados un grupo parlamentario junto a los dos diputados deIniciativa per Catalunya Verds - Esquerra Unida i Alternativa con la denominación Izquierda Verde - Izquierda Unida - Iniciativa per Catalunya Verds.

En las elecciones europeas de junio de 2004 Izquierda Unida se presentó junto a ICV, EUiA, Izquierda Republicana, Red Verde (formado principalmente por antiguos miembros de Nueva Izquierda), y otros grupos minoritarios, consiguiendo un porcentaje de votos aún menor que en las elecciones generales. De los dos eurodiputados obtenidos, uno era de

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Izquierda Unida, Willy Meyer, y otro de Iniciativa per Catalunya Verds, Raül Romeva, que una vez electo formó parte del grupo parlamentario europeo verde.

Conflictividad interna[editar]

Durante las elecciones europeas, Corriente Roja, liderada por Ángeles Maestro, salió de la coalición por fuertes discrepancias con la política de la dirección, a la que calificaba de reformista. A su vez, también lo hizo el PRT-IR. Un mes después, la federación vasca de IU aprobó unos nuevos estatutos que incluían un cambio de nombre por el de Ezker Batua-Berdeak (EB-B), y con los cuales la organización pasaba a ser un partido independiente de la dirección federal, que se asociaba con Izquierda Unida mediante un protocolo que suscribió Gaspar Llamazares. A esta decisión se opuso el PCE-EPK.38

En diciembre de 2004 se celebró con carácter extraordinario la VIII Asamblea Federal de Izquierda Unida, tras la crisis abierta por las sucesivas derrotas electorales sufridas por la coalición y por la división en su dirección. Esta Asamblea reeligió a Gaspar Llamazares como coordinador federal, frente al principal oponente, Enrique Santiago, en un proceso muy polémico que algunos sectores calificaron de irregular debido a que la candidatura de Santiago (respaldada por el PCE y las Juventudes Comunistas) y la presentada por Sebastián Martín Recio (respaldada por los sectores más a la izquierda de IU), sumaron más de un 50 % frente al 49 % de la lista oficial de Llamazares. El número de afiliados era de 70 000.39

La reelección de Gaspar Llamazares, en enero de 2005, fue muy polémica porque se debió a un sistema aprobado en una reforma de los estatutos previa a la elección y durante la misma Asamblea, consistente en que votaran no solamente la mitad del nuevo Consejo Político Federal, órgano competente hasta entonces para elegir al coordinador federal, sino también los coordinadores de las federaciones. De esta manera, consiguió un 54 % de apoyos, algo que sus oponentes también rechazaron, ya que era necesario un mínimo del 60 % para presentarse a una segunda reelección a coordinador, como disponen los estatutos. La Comisión de Garantías resolvió la cuestión a favor de Llamazares al entender que no se había agotado el segundo mandato, ya que la VIII Asamblea se había anticipado.

Durante la VIII Legislatura Izquierda Unida fue una de las formaciones que apoyaron en el Parlamento al gobierno de José Luis Rodríguez Zapatero. A inicios de 2005 hizo campaña pidiendo el voto en contra en el referéndum sobre la Constitución Europea. Al año siguiente actualizaría su logotipo, cambiándolo a uno de color rojo y enmarcado en un cuadrado inclinado hacia la izquierda. Este nuevo logotipo, además de ser un guiño a su espectro ideológico, también buscaba el abaratamiento de costes al poder imprimir la propaganda a una tinta y adaptarlo mejor a cualquier uso.15

El 25 de enero de 2007, la dirección federal y la regional de la Comunidad de Madrid, firmaron un "acuerdo político" por el que Inés Sabanés sería la candidata a la presidencia de la Comunidad en las elecciones de 2007 y Ángel Pérez candidato al ayuntamiento, hecho que suscitó críticas por parte del Consejo Político de IU en la Ciudad de Madrid, que había elegido otros candidatos en un proceso asambleario entre los militantes de la capital.40

En las Elecciones Municipales de 2007 se presentó en solitario en ocho comunidades autónomas, y en coalición en las nueve restantes así como las dos ciudades autónomas: en Asturias con el Bloque por Asturies y Los Verdes de Asturias; en Cantabria con el Bloque Regeneración; en el País Vasco con Aralar; en Cataluña con Iniciativa per Catalunya Verds; en Ceuta con la Unión Demócrata Ceutí; en la Comunidad Valenciana con el Bloc Nacionalista Valencià, Los Verdes e Izquierda Republicana; en las Islas Baleares con elPartit Socialista de Mallorca-Entesa Nacionalista, Los Verdes y Esquerra Republicana de Catalunya; en Castilla y León y en la Región de Murcia con Los Verdes; en Extremaduracon Socialistas Independientes de Extremadura; y en Melilla con Coalición por Melilla.

Perdió 256 740 votos con respecto a los anteriores comicios locales de 2003.

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Polémicas votaciones por correo[editar]

A finales de 2007, el PCE impulsa en el Consejo Político Federal de IU la celebración de elecciones primarias para designar al candidato a la Presidencia del Gobierno en laselecciones generales de 2008. Frente a Gaspar Llamazares, se presenta la secretaria general del Partit Comunista del País Valencià, Marga Sanz. El referéndum se celebra en noviembre por un sistema de correo certificado, criticado duramente por el PCE. Finalmente, con una participación de en torno al 38 %, Llamazares obtiene 13 626 votos (62,5 %) y Sanz 8169 (37,5 %).

El 17 de noviembre se celebró una Asamblea de la federación valenciana de IU, en la que se elegiría a la nueva dirección, y que se producía en medio de una profunda crisis con la corriente interna Esquerra i País, ya constituida como partido con el nombre de Iniciativa del Poble Valencià (IdPV) y que contaba con el apoyo de ICV. Entonces, algunos miembros de IdPV habían dejado de pagar sus cuotas como medida de protesta contra la dirección regional, y la dirección federal de IU envió una carta advirtiendo que se anularía la Asamblea si la dirección regional no les permitía participar.41 La asamblea se realizó y Antonio Montalbán fue elegido como cabeza de lista, con el apoyo del PCPV, los independientes y Espai Alternatiu.

IdPV impugnó la Asamblea, y aunque la petición fue desestimada por unanimidad por el órgano de control interno (la Sindicatura de Greuges d'EUPV), la dirección federal decretó unas primarias dentro de EUPV por voto postal. En las primarias impulsadas por la dirección federal de IU solo participó un 33,24 % de la militancia valenciana, que eligió a la candidata de IdPV, Isaura Navarro, con 1057 votos. Los candidatos de EUPV no participaron y la dirección no reconoció dichos resultados, ya que el proceso no se había impulsado en el órgano regional legítimo y en cualquier caso no había habido cuórum (solo 30 de los 87 miembros estaban presentes). Así, en otro referéndum organizado el 11 de enero de 2008 por el Consell Nacional de EUPV, ganó Montalbán por 1299 votos.42 En enero de 2008, tras la demanda judicial de EUPV para suspender las primarias, la dirección federal reconoció los resultados.43

Tras los peores resultados de su historia en las elecciones generales de 2008 en las que Izquierda Unida obtuvo solo dos diputados (obtenidos dentro de la coalición con ICV), perdiendo un diputado en Madrid, otro en Barcelona y el único de Valencia, Gaspar Llamazares informó de su intención de abandonar su cargo como coordinador general en la siguiente asamblea. En el Congreso de los Diputados, IU formó el Grupo Parlamentario de Esquerra Republicana-Izquierda Unida-Iniciativa per Catalunya Verds junto a ERC eICV, tras el préstamo de los dos diputados del BNG.

El 22 de abril de 2008, el ex coordinador general Julio Anguita remitió al Comité Federal del Partido Comunista de España (PCE) un documento en el que defendía la necesidad de una «refundación» de IU. En su carta, atribuyó la debacle electoral a la «falta de una línea clara», y a la inexistencia de un programa coherente. Defendió la democracia radical, la lucha por la III República y el federalismo, tanto para el modelo organizativo de la coalición como para el modelo de estado defendido. A su juicio, el debate debería abrirse en la siguiente asamblea federal de IU.44 45

En julio de 2008 IU tenía 48 318 afiliados.39

Cayo Lara[editar]

IX Asamblea Federal[editar]

Los días 15 y 16 de noviembre de 2008 se celebró la IX Asamblea Federal en Rivas-Vaciamadrid, bajo el lema Respuestas por la izquierda. La presidencia federal de IU bajó al 5 % el número de avales necesarios para poder presentar las candidaturas, que fueron finalmente cinco:

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1. La de Cayo Lara, Coordinador General de IU de Castilla-La Mancha y candidato de consenso del PCE de la lista “Otra IU es Posible”, que obtuvo un 43 % de los votos.

2. La de Inés Sabanés, de la corriente "llamazarista" conocida como IU-Abierta, y que obtuvo un 27 % de apoyos.

3. La del senador Joan Josep Nuet, candidato de la Nacional-II o tercera vía, que articulada en torno a dirigentes catalanes, madrileños y aragoneses, y que en la anterior asamblea apoyó a Gaspar Llamazares, obtuvo el 19 % de votos.

4. La de Haizea Miguela, de Ezker Batua, apoyada por sectores críticos del PCE vasco y murciano, así como una mayoría extremeña, que obtuvo un respaldo del 6 %.46

5. La de Juan Manuel Sánchez Gordillo, líder del CUT-BAI, respaldado también por Convocatoria por Andalucía, y que tuvo el apoyo de un 5 % de los presentes.47

La asamblea concluyó sin elegir a un nuevo Coordinador Federal que sustituyera a Gaspar Llamazares, ante el desacuerdo entre las distintas corrientes de la coalición. Una comisión, presidida por el candidato más votado, Cayo Lara, se encargó de preparar la convocatoria del Consejo Político completo (en la asamblea sólo se elige a la mitad, 90 miembros; los otros 90 son elegidos por las federaciones territoriales).48

Finalmente, el Consejo Político Federal, convocado el 14 de diciembre, eligió a Cayo Lara como coordinador federal de la coalición con un 55.08 % de los votos, frente al candidato de la Nacional II Joan Josep Nuet. IU Abierta había designado a Eberhard Grosske como su candidato,49 pero finalmente prefirió retirarlo y abstenerse.50

Por otro lado, el 22 de noviembre,51 Espacio Alternativo aprobó una resolución por la cual abandonaba definitivamente su integración en Izquierda Unida,52 vertebrándose como partido político con la intención de presentarse a las elecciones europeas de 2009 con el nombre de Izquierda Anticapitalista, si bien sus militantes en la Comunidad Valenciana continuaron participando mayoritariamente dentro de EUPV, destacando el economista Manolo Colomer y el responsable de movimientos sociales de EUPV, Antonio Arnau.

Anticapitalismo y pluralidad interna[editar]

Cayo Lara hablando ante el Consejo Político Federal de IU en diciembre de 2008.

Cayo Lara, pese a representar al PCE en el seno de IU, integró desde un principio en la nueva dirección de la organización a personas de todos los sectores y corrientes de la formación. En su primera intervención pública, Lara mencionó a los pobres, a los parados y a los hipotecados, e hizo un llamamiento a la huelga general, necesaria, a su juicio, e instó a su formación a abandonar sus luchas internas y a preocuparse por lo que realmente pasa en el país.53

Cayo Lara remarcó desde un primer momento la apuesta por alejar a IU del PSOE, por considerar que defiende el neoliberalismo al igual que el Partido Popular, y de refundar la izquierda anticapitalista, para converger con otras fuerzas de izquierdas y salir a la calle y presentar una alternativa a la crisis. La nueva dirección del partido reclama que tanto PP como PSOE cumplan íntegramente el contenido de la Constitución Española de 1978,

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entendiendo que no se han cumplido los derechos a la igualdad y al trabajo, entre otros, en ella recogidos.

En marzo de 2009, Javier Madrazo dimitió como coordinador general de Ezker Batua como consecuencia del mal resultado obtenido en las elecciones de 2009, siendo reemplazado por Mikel Arana. En abril, la corriente interna encabezaba por Oskar Matute se escindió de EB para crear Alternatiba, partido que se integró posteriormente en las coaliciones Bildu, Amaiur y Euskal Herria Bildu.

En las elecciones al Parlamento Europeo de 2009 IU repitió coalición con ICV, denominada La Izquierda, que aunque descendió ligeramente en sus apoyos, supuso la estabilización de la caída, al obtener prácticamente el mismo respaldo que en los anteriores comicios, un 3,71 % de los votos. Aunque IU-ICV habían llegado al acuerdo de integrarse en el mismo grupo político europeo, ICV rompió el pacto y se integró en el Grupo Parlamentario Europeo Verde, por lo que IU decidió el 27 de junio de 2009 no volver a editarlo en los mismos términos.54

En noviembre de 2009, el fiscal general del Estado Cándido Conde-Pumpido reveló que existían 730 causas abiertas por presunta corrupción contra cargos públicos de partidos políticos, correspondiendo 20 de ellas (un 2,7 %) a Izquierda Unida.55 56

Refundación de la Izquierda[editar]

Artículo principal: Refundación de la Izquierda

El 28 de noviembre de 2009, IU aprobó el proyecto de Refundación de la Izquierda que buscaba no solo refundar IU sino la refundación de toda la izquierda en una "fuerza política más fuerte, anticapitalista, transformadora y republicana", haciendo un llamamiento a todos los sectores de la izquierda alternativa en un proceso de "acumulación de fuerzas".57 58 La refundación buscaba la convergencia con la izquierda extraparlamentaria e incluso con los sectores de izquierdas desencantados con el PSOE.59

Pero este proceso no se llevó a cabo en todas las federaciones y se ejecutó de manera desigual, como es el caso de la federación asturiana, feudo de Izquierda Abierta que mantenía expulsado al Partido Comunista de Asturias y que no participó en la I Asamblea de Refundación.60 Por su parte, la dirección de la federación madrileña (IUCM) había elegido las candidaturas electorales propuestas por Ángel Pérez un mes antes de dicha asamblea,61 provocando duras críticas. Ese mismo año las diputadas regionales Inés Sabanés62 y Reyes Montiel,63 vinculadas a Izquierda Abierta, se marcharon a Equo.

El 24 de septiembre de 2010, Izquierda Unida también llegó a un acuerdo con la organización Los Verdes-Grupo Verde, que emplazaba a ambas organizaciones a avanzar en procesos de convergencia política y social. El acuerdo incluía constituir una ‘Mesa de Trabajo’ para elaborar un Nuevo Programa Político, con el que se sintiera representado el conjunto de las organizaciones políticas de izquierda y de las organizaciones ecologistas, feministas y pacifistas, destinado a superar el capitalismo.64 Este acuerdo terminó rompiéndose poco después y acabó en los tribunales por por incumplimiento de los acuerdos pactados y firmados.65

La primera federación que completó la primera fase de refundación fue la de Esquerra Unida de les Illes Balears (EUIB), que se constituyó temporalmente como Esquerra Alternativa i Verda,66 que finalmente volvió a su denominación original. En Galicia se organizaron actos en varias regiones gallegas, incluido uno en Santiago de Compostela que contó con representantes de la Real Academia Galega, y de fuerzas como CC. OO., la Frente Popular Galega, la Central Unitaria de Traballadores/as o la Marcha Mundial das Mulleres.67

El 26 de junio de 2010 se celebró la I Asamblea Federal, en la que se dio el comienzo al proceso de refundación estatal en la que participaron organizaciones sociales de todo tipo, sindicatos de diferentes sectores profesionales, asociaciones vecinales, grupos a favor de los derechos de los homosexuales y hasta el Foro por la Memoria. A ella asistieron, como observadores, Batzarre, Zutik, CC. OO., UGT, ICV, Foro Mundial de Alternativas y el Foro

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por la Memoria. Asimismo, en dicha asamblea se hizo público el apoyo de Izquierda Republicana al proceso de Refundación de la Izquierda,68 organización que finalmente volvió a integrarse en la coalición.69

Uno de los acuerdos fundamentales de este proceso de refundación fue la creación de un mecanismo de verificación de los censos de militancia en la Comisión Ejecutiva Federal, que se puso en marcha en septiembre de 2009. Con la actualización de los censos se comprobó que el número de afiliados era menor de lo que se creía.70

Fruto de este proceso se establecieron alianzas como la de Batzarre e Izquierda Unida de Navarra (IUN), que presentaron el 29 de enero de 2011 la marca electoral Izquierda-Ezkerra,71 que tras una consulta a la afiliación de ambas organizaciones, decidieron presentarse a las elecciones municipales y autonómicas para generar un movimiento político de izquierdas, abierto, que apostase por la unidad interidentitaria de las izquierdas navarras,72 con un programa electoral que se elaboró de forma participativa.73

También se reincorporó a IU el partido Izquierda Republicana, tras nuevo años de ruptura entre ambas organizaciones.74

Convocatoria Social e Izquierda Plural[editar]

Artículos principales: La Izquierda Plural y La Izquierda Plural (2014).

El 4 de julio de 2011, IU anunciaba en rueda de prensa el proceso de "Convocatoria Social", una invitación a la ciudadanía a participar en la elaboración de un programa con la convocatoria de asambleas abiertas, así como la intención de celebrar una serie de encuentros con otras fuerzas políticas de izquierda para concurrir a las elecciones generales.75

Fruto de estas reuniones Izquierda Unida concurrió a las elecciones generales en Navarra en la coalición Izquierda-Ezkerra,76 en Aragón con la Chunta Aragonesista (CHA),77en Cataluña con Iniciativa per Catalunya Verds (ICV), en Extremadura con Socialistas Independientes de Extremadura (SIEX), en Ceuta con el Partido Democrático y Social de Ceuta,78 en Canarias con Iniciativa por El Hierro (IpH), Canarias por la Izquierda (CxI) y el Partido por los Servicios y de los Empleados Públicos (PSyEP), en Melilla conCoalición por Melilla y en varias otras circunscripciones con partidos verdes como Els Verds del País Valencià (EVPV), Gira Madrid-Los Verdes (GM-LV), Els Verds - Opció Verda(EV-OP), Los Verdes de Asturias, Iniciativa Verds y Ecosocialistas de la Región de Murcia.79 80 En el caso de Euskadi, IU rompió con Ezker Batua en medio de una crisis interna, formándose Ezker Anitza como nueva federación vasca, que contaba con el apoyo del coordinador regional Mikel Arana y el PCE-EPK.

Además, para el Senado amplió la alianza en Murcia con Equo y Movimiento por Santomera81 y en Cataluña con Entesa pel Progrés de Catalunya (Acuerdo para el Progreso de Cataluña).82

Finalmente, se presentó a las elecciones generales de 2011 para el Congreso de los Diputados, con Cayo Lara como cabeza de lista,83 junto con otras 12 fuerzas políticas bajo el nombre de Izquierda Unida-Los Verdes: La Izquierda Plural,84 obteniendo 1 680 810 votos (el 6,92 % de los votos válidos), pasando a tener once parlamentarios (dos de ellos de ICV y uno de CHA, más uno de EUiA, referente en Cataluña de IU) y recuperando el grupo parlamentario; el mejor resultado de la formación desde el año 1996, con Julio Anguita al frente de la coalición.85 El diputado de CHA Chesús Yuste ocupó el escaño durante 31 meses de legislatura, pasando después su escaño a Álvaro Sanz de IU Aragón los meses restantes, tal como contemplaba el acuerdo con el que se presentaron a las elecciones.

Según el Tribunal de Cuentas, en 2011 IU fue uno de los diecisiete partidos en quiebra técnica, es decir, con patrimonio neto negativo, concretamente de 8 520 508 euros.86

El 2012 se celebraron elecciones en Asturias y Andalucía, Galicia y Cataluña, en las que IU aumentó su representación. En Andalucía, IULV-CA dobló el número de diputados respecto a 2008, de 6 a 12, obteniendo 437 445 votos, un 11,34 % del total, y teniendo la

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llave del gobierno; en Asturias fue la única fuerza que tenía representación en el Parlamento que creció respecto a las elecciones del año anterior, alcanzando los 68 827 y un escaño adicional, quedándose finalmente con cinco diputados regionales;87 en Galicia la federación gallega de IU, Esquerda Unida, se presentó dentro de la coalición Alternativa Galega de Esquerda junto a Anova-Irmandade Nacionalista, Equo y Espazo Ecosocialista Galego, superando dicha agrupación electoral al Bloque Nacionalista Galego (BNG), obteniendo el 13,99 % de los votos y 9 escaños; y en Cataluña ICV-EUiAobtuvo 13 escaños (tres para EUiA la federación catalana de IU) y 9,89 % del recuento final, posicionándose como quinta fuerza electoral.

En Madrid, aunque en las anteriores elecciones autonómicas y municipales, según declararon desde Los Verdes-Grupo Verde, habían sido elegidos un centenar de sus miembros como concejales, algunos de ellos en coalición con IU,88 el 26 de abril de 2012, su presidente Esteban Cabal, declaraba la ruptura de la coalición, asegurando que IUCM había incumplido los acuerdos, a los que acusó de comportarse como "delincuentes", mientras que Gira Madrid-Los Verdes, que no obtuvo ningún concejal, mantenía su acuerdo.89

A finales de 2012 se celebró la X Asamblea de IU, en las que salió reelegido Cayo Lara como coordinador, por unanimidad, y en la que se renovó el Consejo Político Federal con activistas de movimientos sociales y sindicalistas, así como representantes de todas las corrientes de la formación.90 En 2013 la formación contaba con 36 000 afiliados.91

En abril de 2014, el empresario sevillano José Antonio González afirmó ante la jueza Mercedes Alaya que entregó 70 000 euros a un funcionario de IU como supuesta contraprestación por contratos adjudicados.92 Desde la organización consideraron que esta afirmación carecía de rigor, por lo que pidieron que antes de darle veracidad se identificara a la persona presuntamente implicada.93

Elecciones europeas 2014 y crisis interna[editar]

De cara a las elecciones europeas de 2014 Izquierda Unida volvió a elegir por tercera vez a Willy Meyer como cabeza de lista, a pesar de las voces internas que defendían una renovación de candidatos y de los métodos de elección.94 95 Aunque la candidatura de La Izquierda Plural en la que participaba Izquierda Unida fue la tercera fuerza política con 1 575 308 votos (10,03 %) y seis escaños (de 54), suponiendo una subida de cuatro escaños respecto a los anteriores comicios europeos,96 Podemos, una fuerza política de izquierdas de reciente creación que elaboró sus listas a través de primarias abiertas, fue la cuarta más votada (7,98 %) obteniendo cinco escaños.97 Para varios medios Podemos fue «la sorpresa» de los comicios y un aviso a IU que no había logrado capitalizar el descontento social existente.98 99 100 Podemos superó a Izquierda Unida en cinco comunidades autónomas, entre ellas Madrid.101

El 25 de junio de 2014, Willy Meyer anunció su dimisión, sin haber llegado a tomar posesión de su escaño, al haberse hecho público que el fondo de pensiones para eurodiputados del que era partícipe lo gestionaba una sicav en Luxemburgo,102 por lo que fue sustituido por el siguiente puesto en la candidatura, que lo ocupaba Javier Couso.

En enero de 2015 IU organizó por primera vez en su historia unas primarias abiertas a simpatizantes, para elegir al próximo candidato de IU al Congreso de los Diputados. De las 82 177 del censo, 47 082 eran simpatizantes (más del 57 %) y 35 095 militantes al corriente de pago de la cuota.103 Finalmente fue elegido Alberto Garzón como candidato, único candidato que pudo obtener los avales suficientes para presentarse.104

Alberto Garzón[editar]

Depuración de responsabilidades en IUCM[editar]

En febrero de 2015, estalla una crisis en la federación madrileña de IU, a raíz de la negativa de la dirección regional a depurar responsibilidades políticas por el caso de las tarjetas black, de Cajamadrid, lo que provocó la salida de IU de la recién elegida candidata

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a presidir la Comunidad de Madrid Tania Sánchez, junto a un grupo de alrededor de 60 militantes105 que fundaron un nuevo partido llamado Convocatoria por Madrid.106

El resto el sector crítico de la federación de Madrid no salió de IU, aunque varias asambleas locales, el Partido Comunista de Madrid (PCM) y la Unión de Juventudes Comunistas de España (UJCE), rompieron con la dirección regional y se referenciaron únicamente en IU a nivel federal.107 108 Después de que la dirección de IUCM comunicase a Ahora Madrid su intención de presentar candidatura propia a las municipales,109 tras la celebración de un referéndum desautorizado por la dirección federal de IU,110 Mauricio Valiente se vio obligado a elegir entre la afiliación a IUCM y la presentación a las primarias de la candidatura Ahora Madrid, optando por pedir un certificado de baja formal a IU federal, alegando que IUCM le había expulsado, y presentándose as las primarias de Ahora Madrid tras una consulta a las asambleas.111

También en febrero, la Candidatura Unitaria de Trabajadores (CUT), partido político adherido a IU desde su fundación en 1986, la abandonó definitivamente debido a su desacuerdo con la «política de pactos» que a su juicio la federación andaluza estaba llevando a cabo con el PSOE.112 Esto implicaba que desde ese momento los militantes de este partido podían seguir presentándose en las listas de Izquierda Unida, pero también podrían buscar alianzas con otras formaciones políticas.

En las elecciones municipales y autonómicas de 2015, IU tuvo un fuerte descenso en los parlamentos autonómicos, obteniendo únicamente nueve diputados (cinco en Andalucía, uno en Aragón, cinco en Asturias, uno en Castilla y León y dos en Navarra). Sin embargo, a nivel municipal tuvo un ascenso al sumar los concejales obtenidos bajo sus siglas con los obtenidos en candidaturas unitarias de «unidad popular», algunas de las cuales obtuvieron la alcaldía en capitales de provincia españolas y otras ciudades.113

Candidaturas de "unidad popular"[editar]

Alberto Garzón ganó las primariasde la formación para el candidato a la presidencia del Gobierno.

Artículos principales: Ahora en Común y Unidad Popular (España).

Considerando que las candidaturas de "unidad popular" eran "el único camino" para ganar las elecciones generales de diciembre de 2015, el candidato a la presidencia del gobierno de IU, Alberto Garzón, planteó que su organización apoyase esta opción, iniciativa que apoyó el 91 % de la dirección de IU el 5 de junio, con lo que se abrió una ronda de contactos con líderes de otros partidos de izquierdas.114 Unos días después, el 14 de junio, la dirección federal se desvinculó de IUCM, cuya dirección había incumplido los acuerdos federales de depuración de responsabilidades en Bankia y sobre confluencia, anunciando la creación de una nueva federación de IU en la Comunidad de Madrid, organizada en asambleas de base territoriales y de distrito, supervisada por la dirección federal.115

En julio de 2015 se lanzó la plataforma ciudadana Ahora en Común, con el objetivo de crear una candidatura para las elecciones generales en la que confluyeran todos los partidos políticos, organizaciones sociales y personas independientes de izquierdas. A ella se sumaron entonces cargos de Podemos, Izquierda Unida, Equo y de candidaturas municipalistas.116 En septiembre IU aprobó integrarse en esta iniciativa, esperando que sirviese como espacio de encuentro entre todas las fuerzas políticas.117 La dirección de

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Podemos rechazó integrarse en esta iniciativa y únicamente se mostró partidario de llegar a acuerdos en algunas comunidades autónomas.118

Finalmente, los tres promotores de la iniciativa anunciaron su salida de Ahora en Común, llevándose la propia marca "Ahora en Común" que habían registrado tanto ante el Ministerio del Interior como la Oficina de Patentes y Marcas, dado que no se había logrado la integración de Podemos y al considerar que la plataforma se había convertido en espacio de disputas entre partidos políticos.119 Tras el anuncio de celebración de primarias a nivel estatal en Ahora en Común, el partido Equo abandonó la plataforma considerando que las primarias no ayudaban a la confluencia con Podemos.120 Los miembros de Ahora en Común que permanecieron en la plataforma siguieron adelante bajo el nombre de Unidad Popular en Común,121 constituyéndose también la coalición que aparecerá en las papeletas como «Unidad Popular: Izquierda Unida, Unidad Popular en Común (IU-UPeC)»,122 formada por Izquierda Unida y la propia Unidad Popular en Común, además de Chunta Aragonesista, Izquierda Asturiana, Batzarre-Asamblea de Izquierdas, Construyendo la Izquierda-Alternativa Socialista, Segoviemos e Izquierda Castellana.

En octubre se celebraron primarias abiertas para elegir a los candidatos de Unidad Popular, siguiendo el método Dowdall de elección proporcional de candidatos y sus puestos en las listas, anteriormente utilizado en Ahora Madrid, con ordenación de las posiciones por criterios de paridad de género.123 Alberto Garzón ganó las primarias a candidato a la presidencia del Gobierno con 23 712 (96 %) de un total de 24 615, habiéndose presentado frente a otros 13 candidatos.124

En Galicia IU se integró en la coalición En Marea, junto a las Mareas municipalistas, Anova y Podemos, acordándose que los diputados electos por dicha candidatura formarían un grupo parlamentario propio, independiente de las formaciones a nivel estatal.125 De la misma forma, en Cataluña su referente EUiA se integró en la coalición En Comú Podem, junto a Barcelona en Comú, Iniciativa per Catalunya Verds y Podem, también acordándose que sus diputados integrasen un grupo parlamentario propio.126 Además, en Navarra, la formación Izquierda-Ezkerra, en la que se integran IU y Batzarre, apoya la candidatura Cambio-Aldaketa para el Senado, junto a Geroa Bai, EH Bildu y Podemos.127

Acuerdo electoral Unidos Podemos[editar]

Artículo principal: Unidos Podemos

Logo de la coalición Unidos Podemos para las elecciones del 26 de junio de 2016.

El 20 de abril de 2016, algunos medios de comunicación informaban de que Podemos y Unidad Popular (IU-UP) estaban realizando negociaciones para presentar una lista conjunta, de cara a unas posibles nuevas elecciones generales en junio.128 129 Ese mismo mes, más de un centenar de intelectuales y artistas como El Gran Wyoming, Antonia San Juan, Carlos Bardem, Fernando Tejero o Luis Tosar, firmaron un manifiesto que en el que llamaba a Podemos, IU, las confluencias territoriales ya existentes y a otras formaciones

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de algunas autonomías a agruparse y «unir fuerzas» para las próximas elecciones.130 Hacia el 30 de abril, ambos partidos señalaron que se habían iniciado formalmente las conversaciones para una posible coalición.131

Inicialmente IU sometió a consulta con sus bases el posible acuerdo con Podemos, mediante una votación que se realizó entre el 2 y 4 de mayo.132 Los resultados fueron de 84,5 % de votantes a favor del acuerdo.133 También se comenzó a negociar un programa conjunto de mínimos, si bien IU y Podemos apostaron por mantener sus programas de máximos intactos.134 135 El 9 de mayo, Pablo Iglesias y Alberto Garzón anunciaron oficialmente que se había alcanzado un preacuerdo entre sus formaciones para presentar una lista conjunta de candidatos en las próximas elecciones generales. El pacto garantizaba que una sexta parte de los candidatos obtenidos por la coalición (según las previsiones y sin contar con las coaliciones regionales de En Comú Podem, En Marea y És el moment) pertenecerían a candidatos de Izquierda Unida; además, se preservarían las señas de identidad de cada partido.136 Podemos e Izquierda Unida celebraron sendas consultas a sus bases los días 10 y 11 de mayo para confirmar la convergencia de ambas fuerzas,137 obteniendo la de Izquierda Unida una mayor participación que en la anterior consulta y un mayor número de apoyos.138

Primarias de 2016[editar]

En los días 26 y 27 por internet y el día 29 de manera presencial en las sedes, se celebraron primarias para elegir un nuevo coordinador federal, se sustituyera a Cayo Lara. A pesar de tener una participación del 40,2 % 139 , Alberto Garzón, fue elegido coordinador federal, con un 74,4 % de los votos, frente a la eurodiputada Paloma López Bermejo, respaldada por Cayo Lara, que obtuvo un 20,8 % ,mientras que Tasio Oliver, respaldado por Gaspar Llamazares e Izquierda Abierta, logró un 4,6 % 140

Funcionamiento interno[editar]

Estructura Orgánica general de Izquierda Unida

Sus afiliados eligen cada tres años a la Asamblea Federal, máximo órgano de la federación, que elige a los órganos de dirección: el Consejo Político Federal –máximo órgano entre congresos– y la Presidencia Ejecutiva Federal, órgano ejecutivo. Ésta designa a su vez una Comisión Permanente Federal para el trabajo diario. Su responsable máximo es el Coordinador General.

Desde la IV Asamblea Federal de IU, la organización tiene limitada la permanencia en los cargos públicos y responsabilidades políticas, de forma que estos no podrán permanecer en el mismo cargo, de manera continuada, más de dos legislaturas u ocho años.

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Coordinador General[editar]

El responsable máximo de Izquierda Unida es su Coordinador General. Desde su fundación, han ostentado el cargo las siguientes personas:

1. Gerardo Iglesias (1986-1989)

2. Julio Anguita (1989-2000)

3. Gaspar Llamazares (2000-2008)

4. Cayo Lara (2008-2016)

5. Alberto Garzón (2016-presente)

Neonazismo: os fantasmas de Hitler Como a ideologia que prega o ódio renasceu na Europa, o mesmo

cenário dos crimes contra a humanidade cometidos na Segunda

Guerra – e como ela se espalha até mesmo no Brasil

TEXTO Eduardo Szklarz | 17/10/2014 14h30 http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/neonazismo-fantasmas-hitler-806550.shtml?utm_source=redesabril_nucleojovem&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_guiadoestudante O ruído era ensurdecedor. Jovens de camisas negras se aglomeravam na praça fazendo a saudaçãoHeil Hitler! e entoando a Canção de Horst Wessel, o hino nazista. Num bar perto dali, intelectuais vociferavam contra gays, culpavam os estrangeiros pelo desemprego e advertiam sobre a “conspiração judaica” que levou o país à ruína. A cena bem poderia ter ocorrido na Berlim dos anos 30. Mas aconteceu em 4 de junho passado em Atenas, berço da democracia, durante um ato do partido neonazista grego Aurora Dourada. Em toda a Europa, mas também em outros países, a chaga do nazismo renasceu e vem crescendo. Tal como ocorreu com Hitler e seus asseclas, usam-se as armas da democracia para atacá-la e destruí-la.

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Nas eleições de maio para o Parlamento Europeu (PE), o Aurora Dourada elegeu três deputados. “Somos a terceira força política do país”, disse o porta-voz Ilias Kasidiaris, que tem uma suástica tatuada no braço. Grupos de extrema direita festejaram a presença recorde em um parlamento que a maioria delas rejeita. Na Alemanha, o neonazista Partido Nacional Democrático (NPD) conseguiu pela primeira vez um assento no PE. Na Hungria, o fascista Jobbik é a segunda maior legenda. A Frente Nacional, cujo patriarca, Jean-Marie Le Pen, sugeriu o vírus ebola para solucionar o problema da imigração, teve 25% de apoio dos franceses. O que explica esse fenômeno? Qual foi o momento em que ser nazista/fascista deixou de ser vergonhoso para se tornar aceitável? É o que veremos nesta reportagem. A fagulha nacionalista A extrema direita não é um bloco monolítico. Alguns partidos são racistas, xenófobos, outros são contra muçulmanos ou gays. Muitos são tudo isso. Mas há um elemento comum a todos: o nacionalismo. “Nem todo nacionalismo é de direita e muito menos fascista, mas todo movimento nazifascista é nacionalista”, afirma o historiador Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus, superintendente da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, em São Paulo. Nacionalismos florescem em tempos de crise. Tem sido assim desde o final do século 19, quando russos massacraram milhares

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de judeus acusando-os pela morte do czar Alexandre II (1818-1881). A onda de perseguições se alastrou pelo Leste Europeu, onde judeus e outras minorias foram culpados pelas mazelas de cada país. Isso porque o nacionalismo não é um mero amor à pátria: é uma defesa ferina da identidade nacional que pressupõe a glorificação de “Nós” e a exclusão dos “Outros”. Por isso desemboca em violência.

Em 28 de junho de 1914, por exemplo, o nacionalista sérvio Gavrilo Princip disparou contra o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro da coroa austro-húngara. E deflagrou a Primeira Guerra. Durante o conflito, o nacionalismo serviu de base para a principal – e mais aterradora – invenção política do século 20: o fascismo. Era um movimento de massas autoritário e populista baseado no anticomunismo, na expansão imperialista e em um Estado policial que controlava a vida pública e privada das pessoas. O fascista (e socialista na juventude) Benito Mussolini assumiu o poder na

Itália em 1922 para logo implantar uma ditadura. “O fascismo reconfigurou as relações entre o indivíduo e o coletivo, de modo que o indivíduo não tinha direito algum fora do interesse da comunidade”, diz o historiador americano Robert Paxton no livro The Anatomy of the Fascism (“A Anatomia do Fascismo”). Em 1933, o nazismo triunfou na Alemanha agregando um novo ingrediente ao pacote fascista: a raça. Hitler quis purificar a comunidade alemã dos seres considerados “inferiores”, entre eles judeus, homossexuais, eslavos, deficientes físicos e mentais. Segundo o führer, era preciso eliminar esses “bacilos” do corpo da sociedade para assegurar a supremacia ariana. Após a Segunda Guerra, contudo, o nacionalismo deu lugar ao mundo bipolar: EUA x URSS. As superpotências fatiaram o planeta em áreas de influência do capitalismo e do comunismo. Na lógica da Guerra Fria, ser extremista era vergonhoso. Mas não por muito tempo. Cara nova “O neonazismo surgiu na Europa entre as correntes de direita mais radicais. De certa forma, foi constituído pelos velhos nazistas que sobreviveram aos expurgos do pós-guerra, principalmente na

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Alemanha Ocidental”, diz Luiz Dario Ribeiro, professor de História Contemporânea da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). De fato, muitos nazistas convictos ingressaram no serviço público alemão após a guerra e aproveitaram os novos cargos para manter vivas as suas ideias. Foi o caso de Hans Globke, um dos autores das discriminatórias Leis de Nuremberg (1935) e colaborador de Adolf Eichmann, o arquiteto da “Solução Final”. Globke virou assessor do chanceler alemão Konrad Adenauer nos anos 50. Assim, o anticomunismo da Guerra Fria criou condições para que o caráter nazista desses agentes fosse esquecido. O próximo passo deles foi criar organizações de fachada para incorporar novos membros. O alemão Partido Nacional Democrático (NPD) e o Movimento Social Italiano (MSI), por exemplo, eram agrupamentos nazifascistas que se escondiam atrás de nomes simpáticos. “Os novos membros eram jovens convencidos de que deveria haver uma luta de vida e morte contra os comunistas”, diz Ribeiro. Nos anos 60, o neonazismo ganhou adeptos com a crise do colonialismo europeu. Grupos como o Occident e o Exército Secreto Francês (OAS) atraíram nacionalistas frustrados pela derrota da França nas guerras de independência da Indochina (1946-54) e da Argélia (1954-62). O OAS perpetrou atentados contra argelinos e tentou até mesmo assassinar o presidente francês Charles de Gaulle por permitir a descolonização. Pierre Sidos, fundador do Occident, era filho de um membro da Milice – a brigada paramilitar francesa que caçou judeus e membros da Resistência durante a ocupação nazista. Sidos prosseguiu com as ideias do pai, recrutando universitários para combater os manifestantes que pediam reformas no Maio de 68. De Gaulle proibiu o Occident, mas vários de seus membros integraram a Frente Nacional, fundada por Le Pen em 1972. Os neonazistas também buscaram reabilitar a ideologia de Hitler. E para isso recorreram a uma teoria pseudocientífica, o revisionismo, que acusava os vencedores da

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guerra de contar a História à sua maneira. O pai do revisionismo foi o historiador francês Paul Rassinier. Ele havia sido prisioneiro político dos nazistas mas começou a defender o Tercero Reich depois da guerra. Ele negava o Holocausto. “Eu estive lá e não havia câmaras de gás”, dizia. De fato. Rassinier esteve em Buchenwald, um campo de concentração situado na Alemanha que realmente não tinha câmaras de gás. Os campos de extermínio ficavam na Polônia ocupada, como em Auschwitz e Treblinka, dotados de câmaras de gás e crematórios. Mas os livros delirantes de Rassinier conquistaram leitores na Europa e foram traduzidos nos EUA pelo historiador Harry Elmer Barnes – outro adepto de teorias da conspiração. Barnes dizia que os julgamentos de nazistas como Eichmann eram uma tramoia sionista e descrevia osEinsatzgruppen (esquadrões da morte da SS) como “guerrilhas”. Outro revisionista norte-americano, Francis Parker Yockey, tinha ideias ainda mais estranhas. Ele defendia uma união totalitária entre a extrema direita, a URSS e governos árabes para derrotar o “poder judaicoamericano”. Yockey foi preso pelo FBI por fraude, com três passaportes falsos, e se matou na prisão em 1960. Mas seu livroImperium se tornou objeto de culto dos neonazistas. Gangues se aliam aos partidos O nacionalismo sofreu uma metamorfose com a crise do petróleo de 1973. Em meio à recessão europeia, os extremistas adotaram um novo inimigo: o imigrante, sobretudo aquele oriundo das ex-colônias árabes. “A xenofobia atraiu jovens desempregados e sem perspectivas para a extrema direita”, diz Ribeiro. Foi o caso dos skinheads, uma tribo formada nos anos 60 na Inglaterra por jovens de classe baixa que curtiam ritmos como ska e reggae. Os skinheads originais não eram racistas (muitos eram negros jamaicanos), mas alguns deles atacavam gays e asiáticos. E, na recessão dos anos 70, uma ala do movimento se vinculou ao partido neonazista inglês National Front (NF), que promovia a “superioridade branca”. “Os partidos de extrema direita precisavam de militância e a encontraram nas gangues”, diz Nóbrega. Gritos de guerra xenófobos entraram para o repertório dos hooligans – torcedores de futebol conhecidos por deixar um rastro de vandalismo e pancadaria. O jornalista americano Bill Buford conviveu durante quatro anos com hooligans do Manchester United, na década de 80, e viu como eles eram facilmente recrutados pelo NF. Mas nem todos os brutamontes que surravam estrangeiros estavam desempregados. Muitos aderiram à violência xenófoba por pura

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sede de adrenalina. Foi o caso de Mick, o primeiro hooligan que Buford conheceu. “Ele parecia um eletricista perfeitamente feliz, com um enorme maço de dinheiro no bolso para comprar passagens e ver os jogos”, diz Buford no livro Entre os Vândalos. E, enquanto cooptavam as gangues, os partidos de extrema direita seduziam os eleitores. Em 1984, por exemplo, a Frente Nacional obteve quase 11% dos votos dos franceses e elegeu 10 membros ao Parlamento Europeu. Um deles foi Dominique Chaboche, antigo membro do grupo Occident. Para recuperar terreno, partidos de esquerda também assumiram o discurso xenófobo e racista. Entre eles o Partido Socialista (PS) francês e o Partido Comunista Italiano (PCI), que acusaram os imigrantes de macular a cultura nacional. O objetivo era frear a debandada de eleitores para a direita. O resultado foi desastroso. Judeus franceses estão arrumando malas para mudar para Israel por medo de perseguição. De janeiro a maio, 2,5 mil franceses emigraram, quatro vez mais que em 2013. No fim dos anos 80, as células extremistas já haviam erguido uma rede internacional. Ela era articulada pelo alemão Michael Kühnen, o norueguês Erik Blücher e o belga Léon Degrelle, um ex-general de Hitler que vivia na Espanha e liderava o Círculo Espanhol de Amigos da Europa (Cedade). Kühnen revelou que era gay em 1986, quando estava preso por incitar à violência. Após sua morte em decorrência da aids, em 1991, o neonazismo na Alemanha foi levado adiante por Christian Worch.

Nos EUA, a rede cresceu graças a Willis Carto, fundador do Instituto para a Revisão Histórica (IHR) e do extinto Liberty Lobby –

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que publicava o jornal antissemita Spotlight. Timothy McVeigh, o terrorista que em 1995 detonou um caminhão-bomba em frente a um edifício em Oklahoma City, deixando 168 mortos e 700 feridos, era leitor assíduo do Spotlight. McVeigh colocou anúncios no jornal para vender munição. Fascismo maquiado O grande salto da extrema direita veio após o fim da URSS, em 1991. Grupos nacionalistas até então sufocados pelo regime soviético despontaram no Leste Europeu. Com o fim do comunismo e a social-democracia desmoralizada, os extremistas europeus capitalizaram nas urnas. Na Dinamarca, por exemplo, o Partido Popular obteve 13 cadeiras no Parlamento em 1998. “O ressurgimento do fascismo na Europa pós-Guerra Fria não é orquestrado por um ditador seguido por homens com camisas pardas e braçadeiras com suásticas”, diz o jornalista norteamericano Martin A. Lee no livro The Beast Reawakens (“A Besta Desperta”). “Uma nova geração de extremistas de direita, sintetizada pelo führer do Partido da Liberdade austríaco, Jörg Haider, adapta sua mensagem e seus modos aos novos tempos.” Haider foi duas vezes governador do estado da Caríntia, na Áustria, e só não foi mais longe porque morreu num acidente de carro em 2008. Mas outros líderes como ele têm chegado lá. O búlgaro Volen Siderov ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais em 2006. Seu partido, Ataka (“Ataque”), é hoje o quarto maior da Bulgária, com 23 cadeiras no Congresso. Graças à internet, os extremistas propagam sua animosidade de forma simples e barata. Um dos primeiros sites de ódio foi o Stormfront, criado em 1995 por Don Black, ex-líder da Ku Klux Klan. Hoje o site conta com 250 mil membros e um fórum online com mais de 9 milhões de posts. A nebulosa virtual inclui o site Radio Islam, que dissemina propaganda antissemita em 23 idiomas. Esses portais seguem a tática de Hitler: usar a democracia para propagar mensagens antidemocráticas. “Como a liberdade de expressão é um dos bens mais apreciados em qualquer democracia, ela não pode ser regulada de antemão. Cada caso tem que ser analisado”, diz Sergio Widder, representante do Centro Simon Wiesenthal para a América Latina. E nenhum país preza a liberdade de expressão mais do que os EUA. Isso explica por que muitos neonazistas hospedam seus sites em território norte-americano.

ELES ESTÃO ENTRE NÓS

Cresce o número de brasileiros envolvidos com o

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neonazismo

O neonazismo também se prolifera no Brasil, porém de forma mais clandestina do que na Europa. Os adeptos dificilmente mostram a cara em manifestações públicas, mas estão bem organizados e encontraram na internet o meio ideal para disseminar ideias antissemitas e racistas. Aproximadamente 150 mil brasileiros baixam mensalmente mais de 100 páginas com esse tipo de conteúdo, de acordo com a antropóloga Adriana Dias, que estuda o tema há 12 anos. A pesquisadora mapeou o neonazismo no país e monitora o movimento na internet. Entre 2002 e 2009, o número de sites específicos saltou de 7,6 mil para 20,5 mil, um aumento de 170%. Nos últimos nove anos, o número de blogs cresceu mais de 550%. A internet é hoje o meio de comunicação usado para expressar os mais variados tipos de intolerância. Em novembro de 2010, na eleição de Dilma Rousseff – a candidata mais votada no Nordeste –, 3 mil denúncias de manifestações preconceituosas nas redes sociais foram feitas na SaferNet Brasil, entidade de combate a crimes e violação aos direitos humanos na internet. Com uma grande população de origem alemã, o Sul é a região de maior concentração de neonazistas. Em São Paulo e Distrito Federal, o movimento também vem crescendo, de acordo com o estudo. Não existe um pensamento único entre os neonazistas brasileiros. Em 2009, o estudante de arquitetura Bernardo Dayrell Pedroso, de 24 anos, uma liderança nacional de extrema direita que estava criando uma dissidência entre mineiros e paulistas, foi assassinado. Ele e a namorada, Renata Waeschter Ferreira, de 21 anos, foram mortos a tiros na volta de uma festa de comemoração dos 120 anos de Adolf Hitler. "Precisamos estar alertas para combater esse tipo de crime”, diz Anita Novinsky, professora da Faculdade de História da Universidade de São Paulo, ao se referir às manifestações racistas que proliferam na internet e ao crescimento de grupos radicais no país. “Não podemos esquecer que o nazismo ganhou corpo e criouuma política de extermínio em apenas seis anos na Alemanha.” Anita veio da Cracóvia, Polônia, pouco antes da Segunda Guerra, com os pais, para escapar do massacre que estava

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por vir. Mas a maioria dos parentes dela foi parar em campos de concentração. “A mídia é capaz de transformar qualquer país em qualquer coisa. É muito perigoso, principalmente se houver apoio do governo. Por sorte, o Brasil é um país democrata, com leis rígidas para coibir a intolerância racial, de classes ou de gêneros”, afirma a professora.

Por suas leis permissivas, os países escandinavos se

transformaram em refúgio de extremistas. Não é à toa que o

marroquino Ahmed Rami, fundador da Radio Islam, reside na

Suécia. Redes de skinheads, como Combat 18 e Blood & Honour,

também difundem sua mensagem através de DVDs, CDs e shows

ao redor da Europa sob o olhar complacente da polícia.

“Precisamos encontrar respostas que se adaptem aos novos desafios. Não podemos confrontar o nazismo do século 21 da mesma forma que nos anos 80”, diz Widder. Em 2010, por exemplo, a Rússia proibiu a publicação de Minha Luta, a autobiografia de Hitler, para tentar conter o extremismo. Mas o livro está disponível na web, virou best-seller entre os ebooks e tem mais de 100 versões à venda na Amazon. “A obra de Hitler é uma fonte para quem estuda o nazismo. Não sei se proibir o livro é a melhor resposta. Vamos censurar o acesso à internet?”, diz Widder. Encontrar respostas é difícil numa era em que a xenofobia existe até em governos democráticos – a França expulsou mais de 20 mil ciganos nos últimos anos. E o nazismo volta a assombrar quase sete décadas após a derrota alemã na guerra. Segundo estudo da Universidade de Leipzig, um em cada seis alemães orientais tendem à extrema direita. Em 2002, era só um em cada doze. Na Espanha, 18 mil tweets “#putosjudios” (putos judeus) foram postados após a vitória do Maccabi Tel Aviv sobre o Real Madrid, em maio passado, na Euroliga de Basquete – e houve comentários racistas durante a Copa do Mundo contra torcedores brasileiros. “A História é cíclica: tende a se repetir. E ela nos mostra que esse tipo de ideologia é nocivo. Começa pequeno e vai crescendo por meio da demagogia, muitas vezes com um discurso maquiado”, diz Carlos Reiss, coordenador-geral do Museu do Holocausto de Curitiba, único do gênero no Brasil. Aqui, aliás, páginas do Facebook cultuam a supremacia branca com ofensas a negros e índios. “Não somos racistas, somos orgulhosos”, proclama uma delas, que tem mais de 8 mil likes.

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O PERFIL DO INTOLERANTE

• Há 300 grupos neonazistas, 90% deles se

concentram em São Paulo, Rio Grande do Sul,

Paraná e Santa Catarina.

• Os integrantes são brancos, homens e jovens. A

maioria com ensino superior.

• Para se inserir nas células, é necessário enfrentar

um ritual de iniciação. Geralmente, espancar um

negro ou judeu na rua.

• Se aceito no movimento, o novato recebe senha

para acessar um manual, que lhe dirá, entre outras

coisas, como reconhecer um útero branco – a

mulher perfeita para procriação de um neonazista.

• Mulheres não são muito ativas no movimento.

• A maioria tem dificuldade de socialização.

• Acham que os brancos perderam o poder desde a

eleição de Lula. Isso tem a ver com o preconceito

contra nordestinos e à ascensão da nova classe

média.

• São fundamentalistas religiosos – o que ajuda a

confundir liberdade religiosa com crimes de ódio.*

* Fonte: Pesquisa Adriana Dias

SAIBA MAIS

Livros

The Anatomy of the Fascism, Robert Paxton, Vintage, 2005

Entre os Vândalos, Bill Buford, Companhia de Bolso, 2010

The Beast Reawakens, Martin A. Lee, Routledge, 1999

Antissemitismo e Nacionalismo, Negacionismo e Memória, Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus,

Unesp, 2006

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A decadência ética da UE e dos seus dirigentes

http://ponteeuropa.blogspot.pt/2016/06/a-decadencia-etica-da-

ue-e-dos-seus.html

O projeto europeu foi a mais aliciante ambição da minha geração, o fim do isolamento a que o fascismo condenou Portugal, da política do «orgulhosamente sós» e do espaço concentracionário aberto a um continente integrado, económica, social e politicamente, onde os nacionalismos dariam lugar à solidariedade, ao progresso e à paz, e o espírito provinciano ao cosmopolitismo. A moeda única acentuou o sonho de países que recusam ser satélites e exigem tornar-se parceiros federados numa comunhão de interesses, cultura e projetos, mas não há moeda que resista às rivalidades políticas, económicas, fiscais e à geometria variável dos níveis de progresso e bem-estar dentro do mesmo espaço geográfico que lhe serve de suporte. Nem sequer na política externa e segurança a União Europeia encontrou o cimento para a sua unidade. Goste-se ou não – e eu gostaria –, o espaço europeu devia ser paradigma civilizacional da Humanidade. Não custa partilhar a soberania, rebaixa prescindir dela a troco de precárias ajudas financeiras e de perpétuas humilhações políticas. Quando olho para os atuais dirigentes políticos da UE e para a multidão de funcionários cuja capacidade de decisão não tem legitimidade política e lhes falta em dimensão ética o que lhes sobra em poder de facto, lembro-me de uma grande figura – Jacques Delors –, que daria lugar aos últimos pigmeus. Quando o cúmplice da invasão do Iraque, mitómano compulsivo, foi a Londres ‘ver’ as armas de destruição maciça de Saddam Hussein, e acabou premiado como presidente da CE durante dois mandatos, preparou-nos para o sucessor, Jean-Claude Juncker, ex-PM do Luxemburgo que isentou as empresas multinacionais do pagamento de impostos e para o presidente do Eurogrupo, Jeroen

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Dijsselbloem, capaz de ornamentar o currículo com um mestrado que não possuía. Não sei se é a decadência ética da Europa que promove estes dirigentes ou se são estes que conduzem a UE ao pântano em que se encontra. Ou uma coisa e a outra.

posted by Carlos Esperança @ 5:06 da tarde 3 comments

3 Comments:

At quarta jun 08, 10:00:00 da tarde, e-pá! said...

O 'presidente do Eurogrupo', Jeroen Dijsselbloem, é - em termos da orgânica da UE - um fantasma, como o mestrado que figurou no seu curriculum até ser desmentido pela University College Cork. Todavia, este personagem exibe-se nos antros europeus e internacionais como um membro do partido do Trabalho que se posiciona no espectro político neerlandês como pertencendo ao 'centro-esquerda'. É uma espécie de António Barreto dessas paragens...

At quarta jun 08, 11:23:00 da tarde, Carlos Esperança said...

Boa comparação. O António Barreto europeu. O AB é o Jeroen Dijsselbloem de Vila Real, com mais habilitações.

At quinta jun 09, 12:01:00 da manhã, Jorge Carvalheira said...

É uma coisa e a outra, amigo! Porque uma desgraça nunca vem sozinha. É uma pescadinha de rabo na boca, com mercúrio dentro. Uma espécie de Ouroboros, esse cão.

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Uma lição dolorosa do Brexit: O motivo pelo qual o DiEM25

necessita de uma mensagem mais simples

https://diem25.org/uma-licao-dolorosa-do-brexit-o-motivo-pelo-qual-

o-diem25-necessita-de-uma-mensagem-mais-simples/

DiEM25 Team - Jul 4, 2016,

Há anos que se via o que ia acontecer. O Tea Party nos Estados

Unidos. O Golden Dawn na Grécia. O Alternatif für Deutschland. O

crescimento irreversível do UKIP na Grã-Bretanha. Etc. etc. Nós

víamos estes sinais. Analisámos as suas perspetivas históricas e

politicas. Desenvolvemos uma narrativa cosmopolita de como

“outra” Europa, “outro” mundo era possível.

Contudo, imperdoavelmente, não nos apercebemos da coisa mais

importante disto tudo: que aqueles que estão em baixo na escala

social estão consumidos por um “Grande Descontentamento” que

os deixa desinteressados em temas complexos – não têm tempo

para análises sofisticadas e complexas ou para agendas políticas

de alto gabarito.

Onde nós falhámos, a Direita teve sucesso: os de direita

encontraram uma maneira de aproveitar o “Grande

Descontentamento”. E a solução deles foi simples:

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Simplicidade! O que a Direita nationalista e nativista oferece é

exatamente isto: SIMPLICIDADE

Milhões de trabalhadores norte-americanos sentem-se destinados à

sucata, descartados, desprezados, negligenciados. Nós vimos

como eles precisam apenas de um grande aceno Trumpiano para

imaginar que é possível livrarem-se de tudo o que os oprime e uma

vez mais ganhar esperança no futuro. É completamente lógico que

eles queiram esperança, e sejam seduzidos por qualquer um que

lhes diga que a vão conseguir recuperar com uma simples frase:

CONTROLAREMOS O NOSSO PAÍS OUTRA VEZ!

FAREMOS A AMÉRICA GRANDE OUTRA VEZ!

Numa era saturada pelos média, esse tipo de sound-bite agarra-se

como merda a um sapato … enquanto toda a retórica de nós os

liberais, democratas, Marxistas, utópicos, etc. é simplesmente

demasiado vaga e com demasiadas nuances.

As coisas ficaram tão más para a parte mais baixa da sociedade

que eles se sentem livres no sentido da Janis Joplin e do Nikos

Kazantzakis: Liberdade como palavra alternativa para quem não

tem nada a perder. Aliás, eles estão preparados para perder tudo o

que lhes resta, se nesse processo, expressarem a sua raiva

votando por alguém que irritará aqueles que eles consideram

responsáveis pela sua perda de controlo.

É realmente uma revolução, mas não como a que conhecemos, a

que desejávamos ou imaginávamos ou com a qual sabemos como

lidar.

Os factos são simples mas nunca foram postos de forma simples:

Nas últimas três décadas, 80% das pessoas são ludibriadas em

95% do tempo pelo top 20% da sociedade. Desde a metade dos

anos 70, quando a primeira fase capitalista do pós-guerra acabou

(com o colapso do sistema de Bretton Woods inspirado no New

Deal), que aqueles que necessitam de um salário para viver caíram

da escada rolante. A maior parte dos ganhos em tecnologia,

produtividade, globalização, foram para o top 1% e nada para os

80% mais a baixo. As pessoas podem aguentar a pobreza, mas não

a humilhação – quando os seus narizes são esfregados na sua

própria pobreza por pessoas em iates, clubes de golfe e Mercedes,

que lhes dizem que a sua pobreza é por culpa própria.

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Pior ainda, todos os partidos convencionais oferecem pequenas

variantes de um sistema que falhou para 80% das pessoas. Temos

de ser muito mais radicais do que isso, para os atrair de volta, para

longe das sereias da Direita xenófoba.

O que é que podemos fazer para alcançar essas pessoas? Eles são

soldados e nós precisamos da sua energia e raiva. Mas eles foram

encurralados pelos letais palhaços da Direita, como o Boris

Johnson, a Marine Le Pen, o Nigel Farage e o Donald Trump, que

dirigem a sua raiva na direção dos alvos errados.

Como e que NÓS reconectamos com essas pessoas?

Por agora, isto é uma pergunta aberta que não pode ser respondida

de maneira ligeira ou com pressa. Temos de dedicar tempo a

pensar sobre o Brexit.

Uma coisa que é clara é que o DiEM25 é mais importante agora

que nunca. A nossa mensagem era simples desde o princípio: A

Europa será democratizada ou desintegrar-se-á! O Brexit

confirmou o que nós dizíamos.

Mas a nossa mensagem tem de ser simplificada ainda mais.

Temos de explicar exatamente o que queremos dizer com

democratizar.

Temos de explicar àqueles atraídos pela simplicidade

Trumpista/Brexitista porque democratizar a Europa é importante

para eles.

Temos de contrariar a simplicidade Trumpista/Brexitista com uma

mensagem própria simplificada (mas não demasiado simplificada).

Em resumo, temos de promover simplicidade progressista em

vez de simplificação retrógrada.

Contudo, como todos sabemos, a simplicidade requer muito

trabalho (frequentemente complicado).

Vamos a isso.

Brian Eno & Yanis Varoufakis

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Sabe aquela história que a Suécia é o

“socialismo que deu certo”? Então, é

mentira. http://spotniks.com/sabe-aquela-historia-que-a-suecia-e-o-

socialismo-que-deu-certo-entao-e-mentira/

FELIPE HERMES - 13 DE JULHO DE 2016

Pense um instante e responda: qual o melhor exemplo de país socialista que você conhece? Cuba? Venezuela? Pode parecer improvável, mas uma monarquia de sete séculos com uma religião oficial de Estado tornou-se a resposta mais provável pra muita gente. A Suécia e seu pesado Estado de Bem-Estar, com saúde e educação gratuitas, por anos foi fonte de inspiração para boa parte das reformas constitucionais mundo afora. Só há um problema com essa história: nem nós brasileiros, nem boa parte do mundo, entendemos o tal “modelo sueco” que desejamos replicar. Com um olhar mais atento, não é difícil perceber por que o socialismo passa longe das bases de sustentação da economia do país. Muito mais do que um Estado que cobra pesados impostos sobre a renda dos mais ricos para pagar generosos benefícios (na Suécia, em média, o imposto de renda abocanha 44% da renda, podendo chegar até a 59% na maior alíquota), a

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Suécia é uma economia complexa e dinâmica, com elevado grau de produtividade, e características fundamentais de uma sociedade de mercado, como respeito à propriedade privada, burocracia reduzida, poucas dificuldades para se abrir ou manter um negócio e facilidade para se comercializar. Esta combinação quase única torna o modelo sueco bastante distinto de outros países, como França ou Bélgica, também conhecidos pelo tamanho das atribuições estatais. Ao contrário destes países, a Suécia preserva um vigoroso crescimento econômico e mantém-se bem posicionada quando o assunto é inovação. Algo que nem sempre foi assim. Durante pouco mais de quatro décadas, entre 1950 e 1990, a Suécia mergulhou de cabeça na criação do seu Estado de Bem Estar Social, e em planos que poderiam hoje ser chamados de socialistas. Neste período, que caracteriza a Suécia que você, seu professor de história, e boa parte das pessoas conhece, o imposto de renda chegou a 102% e os sindicatos planejaram com o governo uma forma de tomar o controle da economia e das empresas por meio de uma “mudança gradual”. Sob a liderança do economista judeu e socialista, Rudolf Meidner, e do SAP, o Partido Social Democrata Sueco, a Suécia pôs em prática um plano chamado de “Löntagarfonderna”, cujo propósito não era outro se não o de uma “transição pacífica rumo ao socialismo”. Na prática, o governo sueco passou a determinar como se daria a divisão de lucro nas empresas. Parte dela seria ainda destinada ao capitalista, mas parte significativa ficaria retida em um fundo, sob controle dos sindicatos, que passaria a ser convertido em participação acionária nas empresas. Em pouco mais de 20 anos, os empregados de cada empresa deteriam 52% do seu capital, e os sindicatos o controle de cada empresa sueca com mais de 50 funcionários. Os planos de Meidner e dos líderes suecos acabou, no entanto, não se concretizando. A chamada “Grande Depressão Sueca”, que atingiu o país no início dos anos 90, ocasionou uma forte mudança nos rumos de sua economia, e fez da Suécia um exemplo quase oposto daquilo que continua a ser difundido mundo afora, com muito atraso. Ao contrário do que pensam os nossos socialistas, dividir a riqueza não é sinônimo de criá-la. Como bem demonstra a última tentativa de política econômica Made in Brazil, liderada por Guido Mantega, ninguém fica rico gastando. E isso é o que a Suécia tem de mais valioso a nos ensinar.

COMO A SUÉCIA ENRIQUECEU, AFINAL?

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Falar da história econômica da Suécia significa quase sempre falar em exportações. Com vastas reservas minerais e florestais, o país foi durante séculos um fornecedor para o crescente mercado europeu e suas revoluções industriais. Para aproveitar esta onda, o governo sueco tomou uma decisão “radical”: a de reduzir e abolir boa parte de suas barreiras comerciais. O resultado da queda das barreiras, em 1850, foi fazer do país um dos destinos mais favoráveis ao capital estrangeiro em toda a Europa. Nas duas décadas que sucederam tais medidas, o país viu seus investimentos crescerem 10 vezes mais rápido, saindo de uma taxa de 0.3% a.a. para 3% ao ano, além de uma explosão no comércio exterior, que passou a crescer 4,6% ao ano, contra 0,7% a.a. anteriormente. A exemplo do que se tentou realizar no Brasil e na Argentina, investidores ingleses inundaram o país com financiamento para a construção de ferrovias e meios de comunicação. Foram os ingleses também os responsáveis por financiar a eletrificação do país. Em 1856, a primeira linha ferroviária do país, ligando as cidades de Orebro e Nora, foi inaugurada com capital privado e financiamento inglês. Nas três décadas seguintes, o país construiu nada menos do que 13 mil quilômetros de ferrovias. Número semelhante ao de ferrovias aptas ao transporte no Brasil, país 19 vezes maior. Com uma densidade demográfica considerada “baixa”, as distâncias na Suécia tornaram-se mais curtas neste período. Sua economia teve melhores incentivos para comercializar e grandes empresas começaram a surgir no país. Como resultado, o país naturalmente viu nascer a sua própria bolsa de valores pouco tempo depois, em 1866.

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A consequência disso tudo foi um crescimento total da economia sueca de 2,4% ao ano, durante as seis décadas que antecederam a Primeira Guerra Mundial, uma taxa maior até mesmo do que a americana. Neste período, o pequeno país nórdico igualou o PIB per capita inglês, então o maior do mundo na época. Uma análise mais detalhada do crescimento sueco mostra a força da indústria no país, que por seis décadas ostentou uma taxa de crescimento de 5% ao ano. O serviço público por sua vez, cresceu 1% ao ano, pouco menos da metade dos serviços privados. Ao governo, coube editar em 1848 a Lei de Sociedades Abertas (que regula as empresas de capital aberto), cerca de 128 anos antes do Brasil pretender fazer o mesmo. Em 1897, o governo atuou novamente para entregar ao Banco Central, o poder de prover liquidez na economia. A consequência era inevitável: a Suécia atravessou o final do século dezenove com uma explosão de pequenos bancos privados, responsáveis por financiar a abertura de novas empresas. Durante todo o período, inúmeras reformas institucionais foram estabelecidas. Foi em 1850, por exemplo, que o governo reduziu drasticamente impostos sobre livros e jornais. Complementando a introdução de um dos primeiros sistemas de ensino compulsório do mundo, criado em 1842. Sob forte influência da igreja sueca (que ainda hoje é ligada ao Estado), a educação se tornou parte do cotidiano do país. O controle da taxa de juros pelo governo foi abolido em 1860. A abolição completa de boa parte das tarifas alfandegárias veio logo em seguida, em 1864. Como consequência, nenhum país do mundo teve tantos ganhos de produtividade quanto a Suécia durante este período. Entre 1870 e 1970, quando o país decidiu entrar de vez na social democracia, a taxa de produtividade de um trabalhador sueco cresceu 17 vezes, contra 10 vezes de um americano e 5 vezes de um britânico. O resultado mais claro pode ser presenciado no PIB per capita sueco em 1950, quando o país começou a promover mudanças, no pós-guerra. Durante este período, quando a “era do livre comércio” acabou na Suécia, o país era o 4º do mundo nesse quesito. Os ganhos na área social na sua grande era liberal não foram menores. Entre 1850 e 1950, a expectativa de vida cresceu 28 anos no país, enquanto a mortalidade infantil declinou de 15 para 2%. A Suécia era exemplo pro mundo.

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COMO A SUÉCIA MERGULHOU DE CABEÇA

EM SUA EXPERIÊNCIA SOCIALISTA. E COMO

ELA FRACASSOU.

Vinda de um período de 100 anos em que cresceu quase 60% mais do que a média européia (1,64% contra 1,01%) e quase duas vezes a média da economia mundial, a Suécia começou a mudar suas perspectivas com um aprofundamento das visões do SAP, o Partido Social Democrata Sueco, que governou o país durante 69 dos 110 anos em que a Suécia foi um reino em separado da Noruega. Entre 1936 e 1976, por exemplo, o SAP pôde governar de maneira ininterrupta, conseguindo reduzir drasticamente as oposições políticas que antes impediam a implementação completa de suas ideias sobre a economia do país. Em uma sociedade rica, com forte tradição em caridade privada, a ideia de um Estado que passasse a gerir e prover serviços básicos não encontrou grande oposição na Suécia. Mesmo famílias ricas se sentiam na época compelidas a apoiar um crescimento das atribuições estatais. País de forte tradição sindical, com cerca de 2 em cada 3 trabalhadores filiados a um sindicato (contra uma média de 1 em 8 nos Estados Unidos, por exemplo), a Suécia viu sua conjuntura mudar justamente por meio de um deles. Foi em 1951 que dois economistas, Gosta Rehn e Rudolf Meidner, propuseram o chamado modelo de “Rehn-Meidner”, que acabou ficando mais conhecido como o “modelo sueco”. Com ênfase no pleno emprego e na redistribuição de renda, a ideia era uma porta de entrada para a criação de um robusto Estado de bem-estar social.

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O modelo teve boa aceitação em um período especialmente complicado para a história do país. Em 1950, a Suécia enfrentava – como toda Europa, aliás – um crescimento da inflação e chegou a praticar até mesmo congelamento de salários em 1949 e 1950, como forma de conter o surto inflacionário. De fato, ainda que não tenha sido plenamente adotado, o modelo consolidou no país a visão de um Estado assistencialista, o que permitiu reformas ainda mais ousadas alguns anos depois. Durante as duas décadas seguintes, o país passou a centralizar as discussões sobre salários. Negociações antes feitas entre empresas e sindicatos passaram a ter o governo como parte interessada. Em 1970, a Suécia ainda vivia o auge do período pós-guerra, com crescimento agora 15% menor que a média europeia, quando foi atingido pelo choque do petróleo. A crise de 1973, que levou países ricos a passarem por uma experiência de “estagflação”, gerou baixo crescimento e inflação elevada. Para solucionar o problema, o governo buscou aprofundar seu modelo de intervencionismo, criando inúmeros benefícios que, ao menos em tese, amenizariam os problemas das camadas mais pobres. Com o crescente número de pessoas que dependiam do governo para sobreviver, não é difícil perceber como o aumento progressivo da taxação teve forte apoio popular.

102% DE IMPOSTO DE RENDA. ACONTECEU

POR LÁ. E NÃO DEU CERTO.

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Entre 1970 e 1990, a carga tributária sueca saltou de 31,4% para 50%. Em 1975, o país aprovou uma alíquota limite de 102% no imposto de renda (o que na prática obrigava a população a comprar imóveis e realizar outros investimentos que permitiam a dedução no imposto de renda). A saga do imposto de renda de 102% pode ser conferida no livro “Pomperina no mundo do dinheiro”, escrito pela sueca Astrid Lindgren, que narra a saga de uma escritora que descobre ter de pagar impostos maiores do que sua renda. Por que a obra é importante? O livro de Astrid provocou reações políticas acaloradas na época, e muitos consideram que ele foi um dos principais motivos para a derrota do Partido Social Democrata, já há quatro décadas no poder.

O MODELO SUECO COM ESTADO PROVENDO

SERVIÇOS “DO BERÇO AO TÚMULO”.

Com o aprofundamento da crise do petróleo, o governo sueco passou a adotar uma política progressivamente mais intervencionista. Por meio de recursos públicos, pretendia-se na época manter quatro pilares: crescimento, pleno emprego, igualdade e estabilidade de preços. O aumento crescente da carga tributária seria, segundo essa tese, o pilar de sustentação do modelo sueco, resumido por Meidner como uma união entre o livre mercado e a propriedade privada, amplamente aceitos, e o socialismo trabalhista dos sindicatos. Como consequência da crise e do amadurecimento da primeira geração nascida já sob a gestão de Meidner, os suecos continuaram apostando no aumento das atribuições estatais. O resultado? Nas duas décadas que sucederam a crise do choque do petróleo, o país criou uma ampla gama de benefícios previdenciários e assistencialistas, implementou seu sistema de saúde universal e elevou os gastos sociais para quase 29% do PIB.

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Data deste período também o aumento do funcionalismo público, que passou para quase 40% do total de trabalhadores, contra 12,5% de 1960. Para sustentar seu modelo, o governo sueco apoiou-se ainda em amplas desvalorizações cambiais e em uma alta da inflação, que chegou a 16% ao ano durante a década de 80.

A GRANDE DEPRESSÃO… SUECA.

Duas décadas de aumentos de gastos públicos fizeram da Suécia um dos países com maior gama de serviços públicos do mundo, e ao mesmo tempo um dos mais endividados. Sem conseguir suprir todos os seus gastos com receita de impostos, o governo naturalmente elevou seu endividamento. Em 1984-85, por exemplo, 29% dos gastos públicos eram destinados ao pagamento de juros, número similar ao dos gastos com previdência. Para garantir meios de se financiar, o governo aumentou o nível de crédito na economia, aprovando uma desregulamentação do setor bancário que serviria para financiar o crescimento econômico e seus próprios gastos. Entre 1985 e 1989, com forte apoio do Banco Central do país, o crédito cresceu em média 21% ao ano – algo não muito diferente das taxas registradas no Brasil nos últimos 5 anos. No mesmo período, o Riskbank, o banco central sueco, aumentou em 975% seus empréstimos ao setor bancário. A tentativa de inundar o mercado com crédito e assim suprir as demandas do governo e do setor privado, no entanto, falharam, e o país entrou em uma recessão que se estendeu entre 1990 e 1994.

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Em termos per capita, a Suécia, que entrou de cabeça no modelo socialista de Meidner, ocupava a posição de 4ª economia mais rica da OCDE, contra a 14ª em 1997, após duas décadas de fortes políticas sociais democratas. Em 2012, o país voltou a ocupar um posto melhor: o 9º lugar. Mas não sem motivo.

COMO A SUÉCIA ESCAPOU DA RECESSÃO

REDUZINDO DRASTICAMENTE O TAMANHO

DO ESTADO.

Escapar da maior recessão econômica em mais de 2 séculos não foi uma tarefa simples, e muito menos consensual. Jogar a culpa no sistema financeiro foi, como era de se esperar, a primeira alternativa. Na prática, porém, a Suécia decidiu dar a volta e buscar um equilíbrio em seu modelo, reforçando práticas de livre mercado e reduzindo o dirigismo estatal na economia. Controles de salários foram abolidos, por exemplo, e o setor privado ganhou espaço. Como retrata o Le Monde, em um artigo publicado em 2011, a Suécia criou de fato um modelo a ser adotado em todo o mundo, mas não o modelo de Estado grande e provedor – o modelo de Estado que soube se reinventar. Hoje o país é o que mais reduz impostos em todo o mundo. A taxa de impostos sobre grandes empresas na Suécia, por exemplo, é quase metade da americana (22% contra 40%), e o número de funcionários no setor público cai ano a ano. Em 1990, quando iniciou suas reformas, a Suécia possuía 1,7 milhão de funcionários públicos, contra os 1,3 milhão atuais. No setor privado, o total era de 2,8 milhões contra os 3,25 milhões atuais. Em outras palavras, o país reduziu de 40% para 28,57% o número de trabalhadores no serviço público. A taxa ainda é maior que a brasileira, de 12%, mas com o pequeno diferencial de que na Suécia, ao contrário daqui, um servidor público não ganha 3 vezes mais do que a média. Privilégios aos servidores públicos são relativamente menores. Em cargos mais altos, como no legislativo ou judiciário, eles são extremamente controlados. Políticos que vivem no interior por exemplo, podem utilizar apenas apartamentos funcionais divididos com outros políticos. Auxílios moradias, auxílio terno e tudo o mais – e todo resto que você vê por aqui – é uma realidade que passa longe da Suécia.

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O governo por sua vez, possui um orçamento equilibrado. Não há déficits públicos. Gasta-se apenas o que arrecada e a dívida pública sueca é menor que a brasileira. O governo sueco deve apenas 40,6% do PIB, contra 67% do governo brasileiro. Em 1995, após sair da sua depressão, a dívida pública sueca era de 72,8% do PIB, uma queda garantida por orçamentos desequilibrados. Para competir em um mundo cada vez mais globalizado, o país reduz drasticamente impostos. Apenas nos últimos 15 anos os impostos sobre grandes empresas caíram quatro vezes e a carga tributária geral saiu de 49,5% para 42,8%. O gasto público por sua vez caiu de 70,5% em 1993 para 51% em 2015. E as reformas liberais vieram pra ficar.

COMO AS PRIVATIZAÇÕES ENTRARAM NA

MODA NA SUÉCIA

2008 é um ano histórico para os suecos. Pela primeira vez um governo de direita conseguiu reeleger-se por lá. A contragosto dos sociais democratas, o primeiro-ministro Fredrik Reinfeltd levou a cabo a privatização de bens públicos, como as farmácias (até 2011 a Suécia era, junto a Cuba e Coréia do Norte, o único país do mundo a ter farmácias estatais), a privatização de empresas de bebidas, ferrovias, empresas áreas, bancos e outras estatais.

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O Partido Social Democrata, por outro lado, apoiou boa parte das privatizações no período, opondo-se eventualmente ao modelo, mas não à ideia. No caso das farmácias, por exemplo, quase metade delas foi vendida aos seus próprios funcionários. Como medida mais extrema, o governo do Partido Moderado, de cunho conservador, levou adiante um plano para elevar o número de crianças matriculadas em escolas privadas, mas financiadas com dinheiro público. As chamadas charter schools ocupam hoje 1 em cada 8 vagas de ensino. No setor de saúde, quase 30% dos atendimentos são realizados por empresas privadas responsáveis por gerir os hospitais públicos. O número, que está aumentando, permite à Suécia ter ,por exemplo, a maior empresa de saúde privada da Europa, a Capio. Segundo o The Guardian, a experiência com a gestão privada tem tido resultados relevantes na parte de atendimento ao público. No maior hospital da capital sueca, gerido pela Cápio, a espera média de pacientes é de meia hora, contra 4h na média do HNS, o sistema público de saúde do Reino Unido.

VOCÊ TALVEZ NÃO AINDA SAIBA DISSO, MAS

É MAIS FÁCIL FAZER NEGÓCIOS NA SUÉCIA

DO QUE NA ALEMANHA.

Elaborado pelo Banco Mundial, o ranking “Doing Business” lista uma série de fatores fundamentais para investimentos. Dentre os países avaliados, a Suécia destaca-se por sua alta flexibilidade trabalhista e facilidades de importação e exportação. No país nórdico, cada empregado custa em média 44% entre taxas e outros custos trabalhistas. No Brasil, a média é de R$ 1,03 em impostos, taxas e benefícios trabalhistas, para cada R$ 1 em salários. Dentre os destaques da nova economia sueca está a ênfase aos acordos de livre-comércio. O país é o 4º no mundo que mais realiza acordos comerciais. A Suécia ocupa o 8º lugar no ranking do Banco Mundial, entre os países mais fáceis de fazer negócios no mundo, contra um 7º lugar dos Estados Unidos, 26º da Suiça, 15º da Alemanha e 116º do Brasil. A transformação da Suécia de uma utopia de esquerda em um dos países mais culturalmente e economicamente abertos da Europa tem sido uma experiência notável, com certo destaque para a importância de suas instituições. O tal

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socialismo sueco convive mais na mentalidade apaixonada de pessoas incapazes de correlacionar fatos e eventos do que na prática. O país, ao contrário do que se pensa, não adquiriu sua riqueza graças à distribuição de renda – em suma, os suecos aprenderam na prática algo que os brasileiros ainda relutam em aceitar: a criação de riqueza é um passo fundamental para aqueles que sonham em dividi-la. Se você está disposto a apostar no sonho sueco por aqui também, não tem como escapar: chegou a hora de começar a abraçar mais liberdade de mercado, privatizações, diminuição dos custos trabalhistas, acordos de livre comércio e racionalidade nos gastos públicos.

A vingança do anarquista

22 de Setembro de 2011

ruitavares.net/blog

Se as pessoas sentem que dão — trabalho, estudo, impostos

— e não recebem nada em troca, o governo está a trabalhar

para a sua deslegitimação.

Aqui há tempos havia um enigma. Como podiam os mercados

deixar a Bélgica em paz quando este país tinha um défice

considerável, uma dívida pública maior do que a portuguesa e,

ainda por cima, estava sem governo? Entretanto os mercados

abocanharam a Irlanda e Portugal, deixaram a Itália em apuros,

ameaçaram a Espanha e mostram-se capazes de rebaixar a

França. E continuaram a não incomodar a Bélgica. Porquê? Bem,

— como explica John Lanchester num artigo da última London

Review of Books — a economia belga é das que mais cresceu na

zona euro nos últimos tempos, sete vezes mais do que a economia

alemã. E isto apesar de estar há dezasseis meses sem governo.

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Ou melhor, corrijam essa frase. Não é “apesar” de estar sem

governo. É graças — note-se, graças — a estar sem governo. Sem

governo, nos tempos que correm, significa sem austeridade. Não há

ninguém para implementar cortes na Bélgica, pois o governo de

gestão não o pode fazer. Logo, o orçamento de há dois anos

continua a aplicar-se automaticamente, o que dá uma almofada de

ar à economia belga. Sem o choque contracionário que tem atacado

as nossas economias da austeridade, a economia belga cresce de

forma mais saudável, e ajudará a diminuir o défice e a pagar a

dívida.

A Bélgica tornou-se assim num inesperado caso de estudo para a

teoria anarquista. Começou por provar que era possível um país

desenvolvido sobreviver sem governo. Agora sugere que é possível

viver melhor sem ele.

Isto é mais do que uma curiosidade.

Vejamos a coisa sob outro prisma. Há quanto tempo não se ouve

um governo ocidental — europeu ou norte-americano — dar uma

boa notícia? Se olharmos para os últimos dez anos, os governos

têm servido essencialmente para duas coisas: dizer-nos que

devemos ter medo do terrorismo, na primeira metade da década; e,

na segunda, dizer-nos que vão cortar nos apoios sociais.

Isto não foi sempre assim. A seguir à IIa. Guerra Mundial o governo

dos EUA abriu as portas da Universidade a centenas de milhares de

soldados — além de ter feito o Plano Marshall na Europa onde, nos

anos 60, os governos inventaram o modelo social europeu. Até os

governos portugueses, a seguir ao 25 de abril, levaram a cabo um

processo de expansão social e inclusão política inédita no país.

No nosso século XXI isto acabou. Enquanto o Brasil fez os

programas “Bolsa-Família” e “Fome Zero”, e a China investe em

ciência e nas universidades mais do que todo o orçamento da UE,

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os nossos governos competem para ver quem é mais austero, e

nem sequer pensam em ter uma visão mobilizadora para oferecer

às suas populações.

Ora, os governos não “oferecem” desenvolvimento às pessoas; os

governos, no seu melhor, reorganizam e devolvem às pessoas a

força que a sociedade já tem. Se as pessoas sentem que dão —

trabalho, estudo, impostos — e não recebem nada em troca, o

governo está a trabalhar para a sua deslegitimação.

No fim do século XIX, isto foi também assim. As pessoas viam que

o governo só tinha para lhes dar repressão ou austeridade. E

olhavam para a indústria, e viam que os seus patrões só tinham

para lhes dar austeridade e repressão. Os patrões e o governo

tinham para lhes dar a mesma coisa, pois eram basicamente as

mesmas pessoas. Não por acaso, foi a época áurea do anarquismo,

um movimento que era socialista (contra os patrões) e libertário

(contra o governo).

Estamos hoje numa situação semelhante. Nenhum boa ideia sai

dos nossos governos. E as pessoas começam a perguntar-se para

que servem eles.

Como se muda o que parecia

imutável 19 de julho de 2016 - https://www.leituras.eu/como-se-muda-o-que-parecia-

imutavel/?utm_medium=feed&utm_source=facebook.com&utm_campaign=Feed%3A+As-Minhas-

Leituras

(Nicolau Santos, in Expresso, 10/06/2016)

O Governo PSD/CDS nunca bateu o pé à troika. Pelo contrário, o

seu lema foi fazer mais do que a troika impunha, como forma de

ganhar as boas graças dos credores e alguma benevolência

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quando as metas não fossem alcançadas. E isso, pelo menos,

conseguiu. As metas dos défice para cada um dos anos 2011-2014

nunca foram as que estavam nos orçamentos iniciais, houve oito

orçamentos retificativos durante esses quatro anos (dois por cada

ano), mas a troika foi sempre magnânima com essas derrapagens.

É bom lembrar esta atitude da Comissão Europeia, do BCE e do

FMI agora que há um encarniçamento por parte de quase metade

dos comissários europeus e do Eurogrupo, com o presidente Jeroen

Dijsselbloem à cabeça, a exigirem a aplicação de sanções a

Portugal e Espanha por não terem saído do Procedimento por

Défice Excessivo em 2015. Como é evidente, trata-se de uma

enorme injustiça para com Portugal, não só devido à trajetória

descendente do défice desde 2011, como porque todas as

previsões internacionais, inclusive da Comissão, consideram que o

nosso défice ficará este ano abaixo dos 3%.

Ao lutar contra as sanções e pelo aumento de capital da CGD,

António Costa está a defender os interesses do país. Foi isso que

não foi feito nos últimos quatro anos

Ora em política o que parece é. E o que parece é que houve toda a

benevolência para com um Governo que falhou todas a metas do

défice, porque fazia tudo o que lhe era imposto e ainda batia

palmas; agora parece haver uma enorme raiva e uma desmesurada

vontade de criar dificuldades a um Governo que ainda não teve

tempo sequer de falhar uma execução orçamental, mas que

manifestamente não compartilha a cartilha económica que vigora no

núcleo duro das instituições europeias. Além de mais, António

Costa bate-se em Bruxelas e Berlim pela defesa dos interesses do

país, seja contra as sanções seja para que o aumento de capital da

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CGD não seja considerado uma ajuda de Estado. Foi isso que não

foi feito nos últimos quatro anos. E é isso que incomoda e irrita

parte dos comissários, o Eurogrupo e Berlim. Para mais, o dr. Costa

já passou várias provas de fogo e começa a tornar-se claro que

também vai vencer a das sanções e do aumento de capital da CGD.

É isso que dói a quem não gosta da atual solução governativa

portuguesa e é isso que mete medo a Bruxelas e ao Eurogrupo. Se

o “mau” exemplo se propaga, ainda se conclui que, além da TINA,

afinal havia outra — e que era bem melhor.

É claro que o campo maior dessa batalha está na Europa. Sem que

o Tratado Orçamental seja alterado ou mesmo rasgado não será

possível conduzir outra política económica diferente da que é

preconizada pelos fundamentalistas neoliberais, nem batalhar pela

redução das desigualdades sociais através da prossecução de

políticas públicas na saúde, na educação e na segurança social.

Mas essa é uma guerra que, embora esteja já a ser travada, vai

demorar tempo até ser vencida.

20 economistas estrangeiros contra

sanções a Portugal e Espanha

NEGÓCIOS | [email protected] | 19 Julho 2016, 11:00

http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/20_economistas_estrangeiros_contra_sancoes_a_portu

gal_e_espanha.html

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REUTERS

O El País recolheu a opinião de duas dezenas de economistas internacionais, de diversas correntes de pensamento, que convergem na falta de sentido ou de oportunidade na aplicação de sanções. Veja o que dizem.

Numa altura em que Portugal e Espanha esgrimem os últimos

argumentos para tentar evitar sanções por causa da violação das

regras do Paco de Estabilidade, o jornal El País recolheu a opinião

de 20 economistas de renome. Apesar das diversas correntes de

pensamento económico, todos tendem a convergir na ideia de que

as sanções ou não se justificam de todo, ou são inoportunas. Veja

quem diz o quê.

Peter Bofinger, do Conselho Alemão de Peritos Económicos

"A austeridade orçamental severa aplicada entre 2011 e 2013

conduziu a uma recessão em Portugal e Espanha. Violar o Pacto era

o adequado, a par com as medidas de estímulo do BCE". "Os

défices de Portugal e Espanha não são muito maiores do que os de

economias avançadas como os EUA, o Reino Unido, Japão ou

França".

Charles Wyplosz, Graduate Institute

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"As sanções são o equivalente a uma bomba atómica: uma arma de

dissuasão que nunca se deve usar. O problema é que na Comissão

Europeia já não há economistas. Esperemos que a plêiade de

advogados e diplomatas de Bruxelas encontre uma forma inteligente

de se esquivar deste absurdo".

Carmen Reinhart, Harvard

"Não consigo imaginar um timing mais errado. O Brexit é um sinal

global de divisão dentro da UE. As sanções seriam o segundo".

Paul De Grauwe, London School

"Não me lembro de um grau de estupidez económica semelhante. A

Comissão aplica uma e outra vez regras que deixaram marcas em

milhões de pessoas".

Wolfgang Münchau, Eurointelligence

"A única razão pela qual continuamos com esta charada é porque a

Comissão perdeu a credibilidade e não sabe como recuperá-la. E

encontrou dois pobres diabos, Portugal e Espanha".

Alberto Alesina, Harvard

"Eu não imporia sanções. A recessão teria sido menos intensa com o

ajustamento da despesa [mas] para isso teria sido necessário

reformar a governação económica de forma fulminante".

Bary Eichengreen, Berkeley

"Forçar subidas de impostos e cortes de despesa condena Portugal

e Espanha a um período de baixo crescimento e, por conseguinte, o

défice é mais difícil de baixar".

Mark Blyth, Brown

"Cuidado com os efeitos secundários, o eurocepticismo e as

agitações económico-financeiras. O superavite alemão está em

máximos e viola todas as regras. Porque não há multas a Berlim?"

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Ángel Gurría, OCDE

A última coisa de que a Europa precisa neste momento é de

sanções, que criariam mais divisões".

Alessandro Leipold, ex-FMI

"O PE deve aplicar-se de forma inteligente. As sanções nunca são

inteligentes, muito menos na actual situação económica".

Philippe Legrain, ex-assessor da Comissão Europeia

"Politicamente é incendiário, e não há justificação económica para a

multa nem para maior ajustamento orçamental: num momento de

taxas de juro negativas, elevado desemprego e défice de procura, os

governos deviam investir. Mas os que querem não podem, e os que

podem não querem. Esperemos que Berlim pense duas vezes."

Kevin O’Rourke, Oxford

"A Comissão está sequestrada por interesses anti-europeus. Não há

outra explicação racional para um movimento tão estúpido".

Guntram Wolff, Bruegel

Espanha e Portugal fizeram esforços substanciais: a multa enviaria

sinais errados".

Desmond Lachman, American Enterprise Institute

"Com a incerteza actual, não faz sentido aplicar as regras

cegamente. (…) Não estou seguro de que Bruxelas esteja

consciente do grave risco de desintegração da UE".

Jacob Kirkegaard, Peterson Institute

"Apesar do elevado desemprego, o ajustamento espanhol conta uma

história de relativo sucesso na zona euro. Não merece sanções."

Simon Tilford, Center for European Reform

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"Bruxelas gostava de poder dizer que Espanha é um aluno modelo,

mas, se cresce, é justamente porque resistiu com sensatez às

pressões para aprovar uma nova ronda de austeridade".

Francesco Papadia, ex-director do BCE

"A Comissão trata de equilibrar necessidades contraditórias: é

preciso de respeitar as regras, mas é preciso interpretá-las de forma

mais flexível. Não sei como se pode tomar uma decisão assim".

Jorg Bibow, Skidmore

"Bruxelas parece disposta a arriscar uma vez mais para fazer

cumprir a loucura de Maastricht falido. Espanha e Portugal são as

vítimas expiatórias. Decisões assim levam o projecto europeu ao

naufrágio".

Lorenzo Codogno, ex-director do Tesouro de Itália

"A Comissão tem a obrigação de aplicar estritamente as regras. Mas

os líderes políticos [o Conselho Europeu] tem obrigação de encontrar

forma de que Espanha goze de certo tempo extra para se ajustar".

Federico Santi, Eurasia

"As sanções podem elevar os riscos políticos em ambos os países".