O Relatório Kruchev - ::: PAULO TIMM do Timm... · 19.A Esquerda do futuro: uma sociologia das...

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O Relatório Kruchev Konder: "Relatório Kruschev é fofoca" | Comunidade Josef ... comunidadestalin.blogspot.com/.../konder-relatorio-kruschev-e-fofoca.ht... 14 de nov de 2014 - há mais de um ano · http://revistacidadesol.blogspot.com.br/…/konder-relatorio-… Revista Cidade Sol: ". Stalin e culto à personalidade: o grande mito Parte 2 | Iglu ... https://iglusubversivo.wordpress.com/.../stalin-e-culto-a-personalidade-o-... 13 de jul de 2012 - (NS Kruschev:Relatório para o Comitê Central, 20 o Congresso do PCUS , Fevereiro de 1956, Londres 1956, p. 80-81). Em seu “discurso Carlos Marighella: https://books.google.com.br/books?isbn=8571392625 Cristiane Nova, Jorge Nóvoa - 1999 - Brazil O RELATÓRIO KRUSCHEV: SUA REPERCUSSÃO SOBRE O PCB E A REAÇÃO DE MARIGHELLA A "estabilidade" alcançada pelos comunistas no Brasil A Coletivização da Terra na Urss - Estante Virtual www.estantevirtual.com.br/b/fabio-bettanin/...terra-na-urss/2924631285 Indice 1. O Relatório que Assombrou o Mundo - Luis Paulo Pilla Varres - 27/03/2006 – PTSUL 2. O Relatório Krushchev 60 anos – Paulo Timm Sul21 3. O Relatório Kruchev – Mario Sérgio Conti – .2016 4. Batalhas de memória no pós-guerra soviético: A controvérsia stalinista no relatório secreto de Nikita Khruschov - Chrystian Wilson Pereira 5. O “RELATÓRIO SECRETO” DE KRUSCHEV E O PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PCB): DESESTALINIZAÇÃO E CRISE - Frederico José Falcão

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  • O Relatrio Kruchev

    Konder: "Relatrio Kruschev fofoca" | Comunidade Josef ... comunidadestalin.blogspot.com/.../konder-relatorio-kruschev-e-fofoca.ht...

    14 de nov de 2014 - h mais de um ano

    http://revistacidadesol.blogspot.com.br//konder-relatorio- Revista Cidade Sol: ".

    Stalin e culto personalidade: o grande mito Parte 2 | Iglu ... https://iglusubversivo.wordpress.com/.../stalin-e-culto-a-personalidade-o-...

    13 de jul de 2012 - (NS Kruschev:Relatrio para o Comit Central, 20 o Congresso

    do PCUS , Fevereiro de 1956, Londres 1956, p. 80-81). Em seu discurso

    Carlos Marighella: https://books.google.com.br/books?isbn=8571392625

    Cristiane Nova, Jorge Nvoa - 1999 - Brazil

    O RELATRIO KRUSCHEV: SUA REPERCUSSO SOBRE O PCB E A REAO DE

    MARIGHELLA A "estabilidade" alcanada pelos comunistas no Brasil

    A Coletivizao da Terra na Urss - Estante Virtual

    www.estantevirtual.com.br/b/fabio-bettanin/...terra-na-urss/2924631285

    Indice

    1. O Relatrio que Assombrou o Mundo - Luis Paulo

    Pilla Varres - 27/03/2006 PTSUL

    2. O Relatrio Krushchev 60 anos Paulo Timm Sul21

    3. O Relatrio Kruchev Mario Srgio Conti .2016

    4. Batalhas de memria no ps-guerra sovitico: A

    controvrsia stalinista no relatrio secreto de

    Nikita Khruschov - Chrystian Wilson Pereira

    5. O RELATRIO SECRETO DE KRUSCHEV E O PARTIDO

    COMUNISTA DO BRASIL (PCB): DESESTALINIZAO E CRISE -

    Frederico Jos Falco

    http://comunidadestalin.blogspot.com/2014/11/konder-relatorio-kruschev-e-fofoca.htmlhttps://iglusubversivo.wordpress.com/2012/07/13/stalin-e-culto-a-personalidade-o-grande-mito-parte-2/https://books.google.com.br/books?id=l82Io869YSIC&pg=PA76&lpg=PA76&dq=Relatorio+KRUSCHEV&source=bl&ots=FJqUy1i8iE&sig=0UgLTY5bin-OkOjcnDmGTvEeUAc&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwj8gLqg-YHLAhWJFZAKHUKcB4I4ChDoAQhZMA4https://www.google.com.br/search?sa=N&espv=2&biw=1366&bih=599&tbm=bks&q=inauthor:%22Cristiane+Nova%22&ved=0ahUKEwj8gLqg-YHLAhWJFZAKHUKcB4I4ChD0CAhaMA4https://www.google.com.br/search?sa=N&espv=2&biw=1366&bih=599&tbm=bks&q=inauthor:%22Jorge+N%C3%B3voa%22&ved=0ahUKEwj8gLqg-YHLAhWJFZAKHUKcB4I4ChD0CAhbMA4http://www.estantevirtual.com.br/b/fabio-bettanin/a-coletivizacao-da-terra-na-urss/2924631285

  • 6.AS DENNCIAS SOBRE OS CRIMES DE STALIN -

    Antonio Paim

    7. O Relatrio Kruchev Wikipedia

    8. A crise do movimento comunista, de Fernando

    Claudn

    9. A Coletivizao da URSS

    10. A Coletivizao da Terra na URSS

    11.Marxismo sovitico

    11.A Revoluo Brasileira, de Caio Prado Jr. Por Paulo

    Maraioli

    12 - Um Partido de Massas - Antonio Gramsci

    13. Gramsci y la izquierda en Amrica Latina - Ral Burgos

    14 - O Gramsci que conhecemos e o que ele inspirou - Alberto

    Aggio

    15.A DEMOCRACIA COMO VALOR UNIVERSAL -Carlos Nelson

    Coutinho

    16. TROTSKI (TROTSKY) - O PROFETA ARMADO - VOL. I ,

    II, iIII da TRILOGIA - ISAAC DEUTSCHER

    17-Consideraes marxistas sobre as ``iluses

    democrticas`` - Roberto Barros

    18-O Projeto Revolues uma realizao do Instituto de

    Tecnologia Social - ITS BRASIL, da Secretaria Nacional de

    Direitos Humanos da Presidncia da Repblica, do SESC-SP e

    da Boitempo Editorial

    http://www.pstu.org.br/buscar-autor?id=391

  • 19.A Esquerda do futuro: uma sociologia das emergncias -

    Boaventura de Sousa Santos

    20. preciso tratar da democracia socialista

    Tarso Genro

    Anexo -O Relatrio Krushcher 24-25 fevereiro de

    1956

    *

    1.O Relatrio que Assombrou o Mundo

    http://www.pilla.vares.nom.br/2006/relatori.htm

    Luis Paulo Pilla Varres - 27/03/2006 - PTSUL

    H exatos 50 anos ocorreu o 20 Congresso do Partido Comunista da Unio

    Sovitica. Nikita Kruschev era o secretrio geral do PC e leu , na ocasio, um

    documento que se tornou clebre por ter abalado o mundo inteiro. O relatrio

    era para ser secreto, restrito aos integrantes do comit central do PCUS. Mas

    vazou e todos os rgos da mdia internacional deram ampla divulgao ao

    documento que fazia uma reviso da poltica de Stlin na Unio Sovitica com

    denncia at ento inimaginveis na poca. As repercusses polticas foram

    imensa, no apenas na URSS, mas fora delas, principalmente nos Partidos

    Comunistas ocidentais que, de uma hora para outra, viram-se na urgncia de

    revisar suas posies. A dois plos: o Partido Comunista Italiano, que desde o

    fim da Segunda Guerra Mundial, baseado na linha poltica de Antonio Gramsci,

    construa sua poltica a partir da realidade italiana, e o Partido Comunista

    Francs que sempre se alinhou de forma incondicional aos soviticos. Eram os

    dois mais importantes PCs do Ocidente. Mas o debate estava instalado e era

    impossvel escapar dele. Os italianos mais independentes e melhor

    aparelhados teoricamente tornaram-se uma referncia para a esquerda

    mundial. Os franceses, mais duros, perderam alguns de seus intelectuais mais

    expressivos. O pequeno, mas influente, PC ingls, tambm soube tirar proveito

    http://www.pilla.vares.nom.br/2006/relatori.htm

  • do sopro de liberdade que o Relatrio de Kruschev gerou. No Brasil, o fato teve

    uma enorme repercusso, gerando a dissidncia de Agildo Barata que era o

    segundo lder em importncia no Partido, apenas depois de Luis Carlos

    Prestes.

    Entretanto, o que os meios de comunicao, com raras excees, nunca

    chegaram a mencionar na poca que muitos anos antes do clebre relatrio,

    o lder revolucionrio Leon Trotsky j havia feito o inventrio do stalinismo com

    muito mais profundidade do que o Relatrio de Kruschev. Em obras como "A

    Revoluo Desfigurada", "A Revoluo Trada", "Os Crimes de Stlin", Trotsky

    j havia feito a denncia e analisado o surgimento de um novo regime poltico

    que ele chamaria de o "termidor sovitico", uma negao dos princpios e

    propsitos da Revoluo Socialista de 1917: um regime poltico, social e

    econmico que tinha como nico fator ativo a camada burocrtica detentora

    absoluta do poder.

    Anos depois, logo ao final da Segunda Guerra, um pequeno grupo da esquerda

    francesa, animado principalmente por Cornelius Castoriadis, criou a revista

    "Socialismo ou Barbrie", que iria ainda mais longe nas crticas burocracia

    sovitica, negando que esta era uma casta parasitria, como pensava Trotsky,

    mas sim era uma nova classe social que dirigia um tipo diferente de

    capitalismo, o "capitalismo burocrtico total".

    A invaso da Hungria, em novembro de 1956, pelas tropas soviticas que

    esmagaram a revoluo dos conselhos operrios, iria comprometer seriamente

    o Relatrio de Kruschev, mas os efeitos deste foram fundamentais para a

    posterior evoluo da esquerda mundial. No podemos desprezar na histria

    da esquerda brasileira este momento crucial do Sculo XX. Ns do PT, de

    certa forma somos tambm resultado do esfacelamento parcial do regime

    stalinista em 1956, quando se abriram as perspectivas para o surgimento

    vigoroso de uma nova esquerda em escala internacional.

    ___________________________________________________

    O RELATRIO KRUSCHEV: 60 ANOS

    Paulo Timm - Porto Alegre - 25 fevereiro 2016

    ntegra deste artigo em

    http://www.paulotimm.com.br/site/downloads/lib/pastaup/Obras%20do%20Tim

    m/160225031317RELATORIO_KRUSHCHEV.pdf

    http://www.paulotimm.com.br/site/downloads/lib/pastaup/Obras%20do%20Timm/160225031317RELATORIO_KRUSHCHEV.pdfhttp://www.paulotimm.com.br/site/downloads/lib/pastaup/Obras%20do%20Timm/160225031317RELATORIO_KRUSHCHEV.pdf

  • memria de Luiz Paulo Pilla Vares, combativo jornalista portoalegrense que nos abriu os

    olhos para o marxismo crtico.

    *

    a exigncia de abandonar as iluses sobre sua condio

    a exigncia de abandonar uma condio que necessita de iluses

    (Karl Marx - 1844, em Introduo Crtica da Filosofia do Direito de Hegel)

    A fora do Estado totalitrio to grande que deixou de ser um meio,

    convertendo-se em objeto de admirao e xtase mstico , religioso.

    Vassili Grossman in Vida e Destino, pg226

    minha frente estava o fim previsvel de um caminho , um desastre de

    ressonncias apocalpticas, mas , sobretudo, a runa de uma casa, de uma

    cidade inteira, mas, sob de sonhos e vidas. (...) O pior era saber que, de

    alguma forma, o desaparecimento de Ivn era tambm o do meu mundo e de

    tanta gente que partilhou nosso espao e nosso tempo. (...) Porque o papel de

    Ivn ode representar a massa , a multido condenada ano anonimato, e seu

    personagem funciona tambm como metfora de uma gerao e como o

    prosaico resultado de uma derrota histrica. (...) Cansao histrico ou utopia

    pervertida?

    L. Padura (ultimas palavras- pg. 583-4 Mantilla, Cuba) , in O Homem que

    amava cachorros.

    Estaline demasiado rude e este defeito, que pode ser tolerada

    livremente em nosso meio e nos contatos entre ns, comunistas, se torna

    um vcio que no pode ser tolerado em um exerccio do cargo de

    Secretrio-Geral. Devido a isso, proponho que os camaradas considerem

    o mtodo pelo qual Stalin seria retirado esta posio e por outro homem,

    que seria escolhido para ele, um homem que, acima de tudo, que difira de

    Stalin, em apenas uma qualidade, ou seja, maior tolerncia, maior

    lealdade, maior gentileza e atitude, mais atencioso para com os

    camaradas, um temperamento menos caprichosa, etc

    (V.I.Lnin Testamento Poltico , transcrito no Relatrio Krushchev -1956)

    Viva o maior gnio da humanidade, o Mestre, o Chefe que nos conduziu

    vitoriosamente para o comunismo , nosso querido Stalin

    Nikita Krushchev , ao trmino de discurso em maro de 1939 apud

    J.Semprum in Um belo domingo , Ed. Nova Fronteira, 1980 apud Carlos IS.

    Azambuja em As denncias sobre os crimes de Stalin 09 .03.2006

  • Indice

    Introduo

    1. Os trs momentos da conscincia crtica no Brasil:

    Ilustrao aristocrtica Classes Mdias Mov.Populares

    2. O Relatrio Krushchev 1956

    3. Stalinismo x Anti-stalinismo: O desafio

    *

    Introduo

    Para o conjunto das foras populares, coloca-se assim uma tarefa

    de amplo alcance: a luta para inverter essa tendncia elitista ou

    prussiana" da poltica brasileira e para eliminar suas

    conseqncias nas vrias esferas do ser social brasileiro.

    Carlos Nelson Coutinho in A democracia como valor universal.

    Estivesse vivo, Luiz Paulo Pilla Vares, jornalista, ativo militante comunista,

    crtico incansvel do estalinismo, teria iniciado assim sua crnica do dia:

    H exatos 60 anos ocorreu o 20. Congresso do Partido Comunista da Unio

    Sovitica. Nikita Krushchev era o Secretrio Geral do PC e leu, na ocasio, um

    documento que se tornou clebre por ter abalado o mundo inteiro

    Assim fez , quando o que viria a ser denominado Relatrio Krushchev celebrou

    seu cinquentenrio. H dez justos anos:

    Ns do PT, de certa forma somos tambm resultado do esfacelamento parcial

    do regime stalinista em 1956, quando se abriram as perspectivas para o

    surgimento vigoroso de uma nova esquerda em escala internacional.

    Luis Paulo Pilla Varres in O Relatrio que Assombrou o Mundo -

    http://www.pilla.vares.nom.br/2006/relatori.htm - 27/03/2006

    Relembro-o e o homenageio com este pequeno estudo sobre o Stalinismo.

    http://www.pilla.vares.nom.br/2006/relatori.htm

  • A denncia dos crimes de Stalin no era indita. J tinha histria. A grande

    ciso da social democracia europeia no incio do sculo XX j prenunciava uma

    contestao severa ao modelo da revoluo bolchevique, a qual, entretanto,

    acabaria se impondo depois de 1917 como o verdadeiro caminho da esquerda

    revolucionria. Mas logo abriria suas prprias fendas ideolgicas. O Relatrio

    Kruschev, de 1956, as revelaria.

    Leon Trotsky, um dos lderes da Revoluo de 1917, ao lado de Lnin,

    assassinado no Mxico em 1940 a mando do Guia Genial dos Povos, como

    os comunistas chamavam a Stalin, j escrevera vrias obras sobre o carter

    do regime sovitico e de seu principal lder. Pagou caro: exlio e morte, numa

    trajetria muito bem reconstituda no instigante romance do cubano Leonardo

    Padura, O Homem que Amava Cachorros. Outra fico, mais original e

    sensvel, porque escrita por um russo, durante os anos do reinado de Stalin,

    Vida e Destino, tambm vinda ao pblico brasileiro no ano passado, reitera o

    horror. Foram minhas leituras inesperadas e preferidas nos ltimos tempos.

    Antes, porm, a publicao no Brasil, nos anos 60, da trilogia bio-

    historiogrfica de Isaac Deutscher sobre Trotsky j me advertira para os

    tropeos do socialismo sovitico.

    A direita anticomunista no perderia, naturalmente, diante da evidncia destes

    percalos, a oportunidade para expor as feridas do novo regime. Stephanie

    Courtois, diretor de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique

    CNRS lanou, em 1997 , uma coletnea de denncias em O Livro Negro

    do Comunismo, produzido graas abertura dos arquivos da KGB, no qual

    aparece um inventrio da represso e martrios, incluindo a grande fome na

    URSS durante a fase do Comunismo de Guerra, entre 1917 e 1921, da

    surgindo o nmero de 20 milhes de vtimas s na URSS:

    Uma lista parcial mais detalhada de alguns crimes cometidos na Unio

    Sovitica durante os regimes de Lenin e Stalin descritos no livro inclui:

    As execues de dezenas de milhares de refns e prisioneiros e de

    centenas de milhares de operrios e camponeses rebeldes

    entre 1918 e 1922.

    A grande fome russa de 1921, que causou a morte de 5 milhes de

    pessoas.

    A deportao e o extermnio dos cossacos do Rio Don em 1920.

    O extermnio de dezenas de milhares em campos de concentrao no

    perodo entre 1918 e 1930.

    O Grande Expurgo, que acabou com a vida de 690 000 pessoas.

    A deportao dos chamados "kulaks" entre 1930 e 1932.

    O genocdio de 10 milhes de ucranianos - conhecido como "Holodomor" -

    e de 2 milhes de outros durante a fome de 1932 e 1933.

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Leninhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Stalinhttps://pt.wikipedia.org/wiki/1918https://pt.wikipedia.org/wiki/1922https://pt.wikipedia.org/wiki/Fome_russa_de_1921https://pt.wikipedia.org/wiki/Cossacohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Don_(R%C3%BAssia)https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Expurgohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Kulakhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Ucranianoshttps://pt.wikipedia.org/wiki/Holodomor

  • As deportaes de polacos, ucranianos,

    blticos, moldavos e bessarbios entre 1939 e 1941 e entre 1944 e 1945.

    A deportao dos alemes do Volga.

    A deportao dos trtaros da Crimeia em 1943.

    A deportao dos chechenos em 1944.

    A deportao dos inguches em 1944.

    (O_Livro_Negro_do_Comunismo )

    Trotsky preconizava que isto tudo se devera degenerao termidoriana da

    Revoluo, reduzindo-a a uma variante de dominao burocrtica. Coisa de

    gentes, no de processos. No deu a Stalin, sequer o benefcio do

    bonapartismo. MasTrotsty era um leninista convicto, que jamais reconheceria

    os excessos da violncia revolucionria, comeando pela liquidao da Revolta

    dos marinheiros na Ilha Kronstad, em 1921. O Relatrio Krushcchev, mesmo

    sem qualquer anlise do carter do regime sovitico, convalidava as denncias

    de Trotsky e, abriria, no seio do Movimento Comunista e do marxismo, uma

    nova fase de reflexes sobre os caminhos da Revoluo. Aqui, duas posies:

    Uma, rejeitaria as denncias, justificando os malfeitos, seno pela

    necessidade, pela inevitabilidade da violncia no sendeiro do credo ortodoxo

    do leninismo stalinista. Foi o caso da China Popular, que fizera a Revoluo em

    1949, e posteriormente da Albnia, sob o regime de Enver Hoxha, e de

    correntes a eles associados como os rebeldes que sairiam do velho Partido

    no Brasil, ento sob a liderana de L.C. Prestes, para formar, em 1962, o

    PCdoB - de viva presena no cenrio poltico brasileiro atual - e o odioso

    regime de PolPot no Camboja, frente do Khmer Vermelho. A outra,

    claramente revisionista, que acabaria desembocando dentro da prpria URSS

    na Glasnost de Gorbachev, produzindo, no fim, o colapso do comunismo

    naquele pas em 1991, mas com reflexos, tambm nos Partidos Comunistas,

    na esquerda e no marxismo no mundo inteiro. Esta verso acabaria por se

    reencontrar com a renegada socialdemocracia nos anos 90. Aqui, contudo,

    logo depois do Relatrio Krushchev, houve, tambm, uma dupla atitude: De

    um lado, que seria o caso do Partido Comunista Francs (e, em parte, do

    Partido Comunista Brasileiro PCB -,) passou-se a uma reviso mitigada, sem

    ruptura com os postulados revolucionrios sintetizados na ideia da Ditadura do

    Proletariado. De outro lado, caso do Partido Comunista Italiano, que

    repercutiria sobremaneira no Brasil (e Amrica Latina) depois dos anos 70,

    vindo a iluminar as lideranas do PT fortemente alimentadas pela Teologia da

    Libertao, acendeu-se um farol para futuras revises, numa franca redefinio

    sobre a natureza do Partido - de massas e no de vanguarda -, e da conquista

    gradual do poder atravs do entendimento, embora vacilante, da democracia

    como valor universal. Na Europa Ocidental ambas vertentes acabam

    convergindo, nos anos 70, para o que viria a ser conhecido como

    eurocomunismo, uma variante leninista soft de compatibilizao da tradio

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Polacoshttps://pt.wikipedia.org/wiki/Moldavoshttps://pt.wikipedia.org/wiki/Bessar%C3%A1biohttps://pt.wikipedia.org/wiki/1939https://pt.wikipedia.org/wiki/1941https://pt.wikipedia.org/wiki/1944https://pt.wikipedia.org/wiki/1945https://pt.wikipedia.org/wiki/Alem%C3%A3es_do_Volgahttps://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A1rtaroshttps://pt.wikipedia.org/wiki/Crimeiahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Chechenoshttps://pt.wikipedia.org/wiki/Ingucheshttps://pt.wikipedia.org/wiki/O_Livro_Negro_do_Comunismo

  • comunista com as novas exigncias da presena da esquerda numa Sociedade

    de Bem Estar, com slidas instituies. Destaque-se, neste processo, a

    intensa fermentao do marxismo como filosofia crtica na Frana, desde a

    lealdade de J.P.Sartre aos ideais revolucionrios, passando pelos vrios

    grupos intelectuais de inspirao maosta, trotskista, neomarxista e at ps-

    marxista, como Cornelius Cartoriadis, para quem a crtica ao estalinismo

    avanaria na condenao absoluta da URSS, apontando para a necessidade

    de reviso crtica de todo o aparato conceitual revolucionrio acumulado no

    Sculo XX.

    O Relatrio Krushchev teve, portanto, para os comunistas, uma importncia

    real e uma importncia simblica. Confrontou-os com Histria e no mais

    apenas com a Utopia. Da sua atualidade, apesar de que as novas geraes se

    sintam j muito distanciadas, seja da Revoluo de 1917, seja de seu

    significado para a construo de um mundo alternativo ao capitalismo. Ele foi o

    marco da inflexo que levaria grande crise do marxismo como inspirao

    crtica dos movimentos populares e de libertao nacional. A doutrina,

    enquanto conjunto de prescries mudana, ficou cada vez mais balcanizada

    em Partidos tradicionais de vanguarda, ditos comunistas, ou tendncias

    dentro de Partidos de Massas, como o PT, sem grande densidade intelectual e

    capacidade de avaliao de situaes especficas sobre as quais atuam. A

    Filosofia, enquanto reflexo crtica, saiu dos Partidos Comunistas para instalar-

    se academicamente nas Universidades, desdobrando-se a numa infinidade de

    tendncias, uma delas, sectria, de mera reverberao da militncia. Mas tem

    contribudo para o avano da doutrina. De qualquer forma, de se ressaltar

    que nas geraes anteriores aos anos 1980 , no Brasil, quando a classe mdia

    ilustrada ainda detinha grande relevo na cena pblica do pas, dando a

    impresso de que se tratava de uma sociedade avanada e tolerante, o cultivo

    da tradio revolucionria, quer no estudos sobre Marx, quer no culto

    Revoluo de 1917 e suas realizaes, quer na admirao Grande Marcha

    na China ou Revoluo Cubana, era muito maior do que hoje. A emergncia

    das classes populares cidadania, ao mercado e, sobretudo, ao espao

    pblico da palavra, mudou muito esse velho e simptico reinado de jovens

    rebeldes e bem educados. A esquerda perdeu em encanto o que ganhou em

    fora bruta. O texto a seguir analisa este fenmeno, traz de volta os fantasmas

    da construo do socialismo na Rssia e conclama uma problematizao

    criativa das questes do socialismo como indispensvel a abertura de

    caminhos grande crise que se se avizinha.

    Como sempre: Socialismo ou Barbrie, no mais nos moldes da tradio

    revolucionria, mas como construo de uma democracia cada vez mais

    slida entre-ns. Como? Seguindo a ltima mensagem de Karl Marx

    humanidade em seu modesto leito de morte, em Londres, nos idos de 14 de

    maro de 1883 : Sejam crticos!

  • 1.Os trs momentos da conscincia crtica no Brasil

    Tudo neste vasto mundo de Deus (e do diabo...- Vade Retro!!) datado, at o

    Universo, luz da verificao, h poucos dias, das ondas gravitacionais.

    Somos no tempo. Transitamos pela geografia. Entre este ser eterno e o estar

    efmero, a nossa ansiedade. Medo da morte? Talvez. Galeano, sempiterno,

    morreu constatando essa voracidade insana do homem diante da Histria.

    Quer tudo no seu tempo. D errado...

    H tempo, portanto, para tudo e para todos. A Bblia j sabia... Para a

    humanidade, para a civilizao ocidental, para a modernidade europeia, para

    afirmao de uma conscincia crtica no nosso pas. Destaco-o para me situar,

    antes de falar no Relatrio Krushchev, o qual, h 60 anos revelava ao mundo

    os crimes de Stalin, demarcando uma era de glorificao do Guia Genial dos

    Povos (pelo qual era designado Stalin pelos comunistas).

    Dito Relatrio, proferido secretamente, sem a presena de representantes do

    Movimento Comunista Internacional, no XIV Congresso do Partido Comunista

    da URSS, no dia 25 de fevereiro de 1956, por Nikita Krushchev, seu Secretrio

    Geral, o mesmo acima citado (sic), deu incio ao que ficou conhecido como

    desestalinizao do mundo sovitico e foi uma verdadeira comoo entre os

    comunistas do mundo inteiro. A primeira, certamente, de grandes propores,

    mundiais, desde que Lnin assumira sua liderana moldando o marxismo como

    uma Teoria da Revoluo. E que abriria a porteira para o questionamento no

    apenas de Stalin, mas do prprio leninismo e, em alguma parte, tambm do

    marxismo como filosofia crtica e instrumento de superao da ordem social

    instaurada com o capitalismo.

    Mas comecemos pelo Brasil, para compreender onde se insere este impacto e

    at para perceber porque ele perde importncia com o tempo. Quem se

    importaria, hoje, no mbito da esquerda, h 13 anos no Poder entre ns, em se

    ocupar deste fato. No obstante, h dez anos, ainda que voz solitria, Luiz

    Paulo Pilla Vares, ainda o repercutia em artigo na Zero Hora. Explica-se: Pilla

    era um vigoroso intelectual marxista, militante histrico, crtico mordaz do

    estalinismo.

    Vamos s trs levas de rebeldia poltica no Brasil.

    Percebo, desde o fim do Imprio, que sepultou a escravido e abriu caminho

    para a Repblica, trs grandes geraes que sacudiram o Brasil, cada qual

    expressando o tipo de desenvolvimento do pas e a natureza especifica de sua

    sociedade. Inspiro-me no famoso texto de Trotsky 1789, 1848, 1905 -, que j

  • no tenho em mos, mas muito me marcou. A cada momento destas geraes,

    um tipo de urbanizao, um certa composio da populao e um limite ao seu

    devir poltico. Em grandes linhas, tivemos no sculo que vai de 1889 a 1989,

    mudanas estruturais na nossa sociedade e que projetaram ondas de rebeldia

    e radicalizao correspondentes. No vou me aprofundar. S sugerir. Porque

    estou , com minha gerao dos anos 60 do sculo XX a pelo meio, mais

    precisamente na gerao do tenentismo, que expressou as aspiraes da

    classe mdia na vida pblica do pas. Estas levas nem so estanques, nem

    muito menos claramente definidas. Entremeiam-se uma na outra, confundem-

    se, mas, talvez seja ainda possvel identificar-lhes a origem social e principais

    caractersticas.

    Ao final do Imprio a grande demanda poltica era a Abolio e em torno dela

    reuniram-se os homens de conscincia da Boa Sociedade daquele tempo.

    Nossa populao era muito pequena, em torno de 10 milhes de habitantes,

    predominantemente rural, a sociedade aristocrtica, centrada no Rio de

    Janeiro, ento com menos de 1 milho de habitantes e os grandes lderes eram

    homens alguma mulher? - de extrao privilegiada, cujo maior smbolo talvez

    tenha sido Joaquim Nabuco, ou o sugestivo personagem de Lima Barreto em

    O triste fim de Policarpo Quaresma. Tendemos a desmerecer a grande

    ebulio representada pelo Movimento Abolicionista e seu significado para a

    construo da democracia no Pas. Ela, mesmo centrada na aristocracia liberal,

    recrutou, verdade, gente de toda a sociedade da poca e deixou, como

    resultado principal, o que fora seu principal objetivo: O fim da escravido.

    Lembre-se que o Manifesto Comunista era de 1848 mas a Filosofia Crtica

    ainda tinha pouco curso no Brasil. clebre uma crnica de Machado de Assis

    bastante irnica quanto s repercusses do marxismo naquelas sombras

    senhoriais e que receberia cida crtica de Octvio Brando pela ignorncia que o

    escritor teria do socialismo cientfico de Marx e Engels (KONDER, Leandro. Intelectuais

    Brasileiros e Marxismo. Belo Horizonte: Oficina de Livros, 1991, pp. 13-18). Mas ela j

    continha os grmens da nova ecloso que seria abortada pela Proclamao da

    Repblica.

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Oct%C3%A1vio_Brand%C3%A3ohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Socialismo_cient%C3%ADficohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Marxhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Engels

  • Com efeito, abre-se, ento, com o sculo XX uma era de grandes

    transformaes estruturais no Brasil. A populao urbana cresce, chegando a

    quase 40 milhes em 1930, e proporciona, graas ao caf e primeiras

    indstrias uma grande diversificao social, somando-se ao Rio a moderna

    So Paulo, o pas comea a se interligar, sendo importante registrar a

    construo da via frrea do Rio Grande do Sul at So Paulo em 1910, as

    demandas de modernizao se exaltam na dcada de 20, com a Semana de

    Arte Moderna, a criao do Partido Comunista, as manifestaes tenentistas

    que sacudiam das Areias de Copacabana s veredas do grande serto. Qual

    sua demanda? Modernizao do pas, respeito s urnas, desenvolvimento e

    afirmao cultural. Esta onda, todos os estudos o demonstram, tinha um

    carter clssico das classes mdias emergentes, que no cabiam nos moldes

    da sociedade senhorial do Bico de Pena, herdada do Imprio. Culminou a

    radicalizao com a Revoluo de 1930 e se prolongou, merc de seus

    espasmos, em 1935, 1945, 1954, 1964 at 1989, quando o pas j era muito

    diferente de um sculo atrs, bastante ver seu peso na economia mundial, sua

    populao concentrada em grandes metrpoles, sua secularizao. Cumpriu-

    se, no que pretendeu: Preencher o grande vazio do gigante adormecido. Seria

    muito difcil identificar todo este longo perodo num nome, mas foi , certamente,

    Vargas, o smbolo maior desta fase, que teve na afirmao nacional, nas

    mudanas econmicas e nas expectativas de participao popular no processo

    poltico atravs de organizao poltica prpria, no caso o velho PTB, que

    operava como esturio dos comunistas e socialista, seus pontos focais, e da a

    transferncia do protagonismo aristocrtico do personagem, tpico do Imprio,

    para o coletivo. No por acaso, Brizola, como herdeiro de Vargas, no epicentro

  • do trabalhismo, evidenciava o carter das mudanas ocorridas no Brasil. Este

    processo, por muitos identificado como nacional-desenvolvimentista, tem um

    corte poltico de 1964 a 1985, mas no de natureza social e econmica. At

    pelo colapso da resistncia armada aos militares entre os anos 1968-1970, a

    faco mais radical ao nacional-desenvolvimentismo, a grande mobilizao

    poltica do pas retorna aos cnones liberais de demanda por democracia

    depois da acachapante vitria de 18 Senadores do MDB nas eleies de 1974.

    Reafirma-se, portanto, o carter tpico da classe mdia nas mobilizaes

    sociais, muito embora j apontando para a emergncia dos movimentos

    populares de base , sobretudo em So Paulo.

    Revoluo de 30 leva Vargas ao poder, onde permaneceu por 15

    anos ...

    acervo.oglobo.globo.com620 357Pesquisa por imagem

    Getlio Vargas, ao centro, posa com o alto comando da Revoluo de 30 no Palcio do Catete Reproduo

    https://www.google.com.br/search?q=vargas+na+revolu%C3%A7%C3%A3o+de+30&biw=1366&bih=643&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjK9tiCnY_LAhWIvZAKHexXB_kQ_AUIBygC#imgrc=EpkWSArGzsrB3M%3A

    Foi neste mbito da histria do Brasil , sobretudo no ps-guerra, que se gestou

    a minha gerao militante, marcada, internamente, primeiro (1945-64) pela

    hegemonia do trabalhismo como protagonista do progresso nacional e, depois

    (1964-89), na luta pela redemocratizao; no plano internacional, pelo fascnio

    ideolgico pelo marxismo , cuja maior realizao fora a Revoluo Bolchevique

    de 1917 e a construo do socialismo naquele pas. A URSS havia tido um

    http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/revolucao-de-30-leva-vargas-ao-poder-onde-permaneceu-por-15-anos-9267655http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/revolucao-de-30-leva-vargas-ao-poder-onde-permaneceu-por-15-anos-9267655http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/revolucao-de-30-leva-vargas-ao-poder-onde-permaneceu-por-15-anos-9267655http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/revolucao-de-30-leva-vargas-ao-poder-onde-permaneceu-por-15-anos-9267655https://www.google.com.br/search?tbs=sbi%3Acs&tbnid=EpkWSArGzsrB3M%3A&docid=LUG1zuKbsCDLNMhttps://www.google.com.br/search?q=vargas+na+revolu%C3%A7%C3%A3o+de+30&biw=1366&bih=643&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjK9tiCnY_LAhWIvZAKHexXB_kQ_AUIBygC#imgrc=EpkWSArGzsrB3M%3Ahttps://www.google.com.br/search?q=vargas+na+revolu%C3%A7%C3%A3o+de+30&biw=1366&bih=643&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjK9tiCnY_LAhWIvZAKHexXB_kQ_AUIBygC#imgrc=EpkWSArGzsrB3M%3Ahttps://www.google.com.br/search?q=vargas+na+revolu%C3%A7%C3%A3o+de+30&biw=1366&bih=643&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjK9tiCnY_LAhWIvZAKHexXB_kQ_AUIBygC#imgrc=EpkWSArGzsrB3M%3A

  • papel importante, seno decisivo, na luta contra o nazi-fascismo, muitos

    considerando que a vitria em Stalingrado, em 1943, fora seu ponto de

    inflexo. Outras correntes, claro, sobretudo catlica, comeavam, tambm, a

    participar de conscincia crtica neste processo, mas no meu objetivo

    aprofundar sobre isso. Desejo, apenas, mostrar que o Relatrio Krushchev

    bateu de frente com uma gerao ilustrada por bancos escolares ainda

    preclaros, extrada primordialmente das classes mdias, moldada criticamente

    pelos Manuais da Academia de Cincias da URSS. Foi um choque. Ningum

    queria acreditar na veracidade do que este Relatrio dizia, chegando ao ponto

    de Valrio Konder, um dos respeitados quadros do Partido afirmar que era

    tudo fofoca, enquanto a imprensa do Partido o classificava de provocao do

    imperialismo. E quando, enfim, foi confirmado, com o retorno do observador

    brasileiro em Moscou, Digenes Arruda, no ms de agosto, fez-se verdadeiro

    pnico, como assinala Frederico Jos Falco:

    Os lderes partidrios esperariam o retorno da delegao brasileira enviada ao

    XX Congresso para um pronunciamento sobre os acontecimentos. O nico

    dirigente que sara do Brasil com esse fim, Digenes Arruda, s retornaria ao

    Brasil em agosto, quando, ento, reunir-se-ia o Pleno Ampliado do Comit

    Central (C.C.) do PCB, tendo sido a confirmado o contedo do Relatrio

    Kruschev. Arruda, naquele momento, tentaria passar-se por crtico do

    stalinismo, mas sofreria uma saraivada de crticas. O Pleno acabaria suspenso,

    dado seu clima emocional, sendo convocada nova reunio para dois meses

    depois.

    O RELATRIO SECRETO DE KRUSCHEV E O PARTIDO COMUNISTA DO

    BRASIL (PCB): DESESTALINIZAO E CRISE

    http://www.rj.anpuh.org/resources/rj/Anais/2006/conferencias/Frederico%20Jose%20Falcao.

    pdf

    Depois de intensos debates e controvrsias imps-se como necessria uma

    denominada Carta Rolha, de Luiz Carlos Prestes, lder inconteste do Partido,

    para estancar o que parecia um derradeiro liquidacionismo. Estes teriam sido

    dias, segundo Cristiane Nova e Jorge Nvoa, seus bigrafos (1999), que at o

    endurecido Carlos Marighela chorou... Deste imbrglio todo acabaram se

    retirando do movimento comunista importantes quadros como Osvaldo Peralva,

    autor de O Retrato, um libelo no s contra o estalinismo, mas contra o

    comunismo. Outros, acompanhar-lhe-iam, seja na autocrtica ou no ataque

    frontal Velha Toupeira, designao carinhosa dos comunas Revoluo. A

    sangria perduraria at 1962 quando, enfim, se consolida a lealdade de Prestes

    com a URSS e do Partido com Prestes, mediante mudana nos Estatutos e

    alterao do nome para Partido Comunista Brasileiro, PCB, mais conhecido

    como Partido, pelo peso que viria a ter na vida poltica do pas, levando

    ruptura dos rebeldes, que preferiram a lealdade com Stalin e que criariam em

    http://www.rj.anpuh.org/resources/rj/Anais/2006/conferencias/Frederico%20Jose%20Falcao.pdfhttp://www.rj.anpuh.org/resources/rj/Anais/2006/conferencias/Frederico%20Jose%20Falcao.pdf

  • 18 de fevereiro de 1962 ,quando da V Conferncia Nacional Extraordinria, a

    ruptura com a URSS atravs da restaurao do nome original Partido

    Comunista do Brasil, sob a sigla PCdoB.. Dividia-se, pois, aqui, diante do

    Relatrio Krushchev , irremediavelmente , o movimento comunista, tal como

    em outras partes do mundo, no como linha oficial versus dissidncias, o que

    j ocorrera com a defeco de Trotsky, mas como caminhos distintos no

    processo revolucionrio. A Revoluo Cubana, em 1959, s acentuaria esta

    diviso, criando mais uma via revolucionria para o socialismo. Isaac

    Deutscher, historiador marxista, ressalta na dcada de 60 as trs grandes

    inspiraes Revoluo: Sovitica, Chinesa e Cubana, todas soit-disantes

    marxistas-leninistas.

    Desde o seu surgimento, o PCdoB seguiu diversas linhas polticas baseadas

    em distintas experincias comunistas pelo mundo. Surgiu sendo contrrio a

    linha adotada por Nikita Khrushchov na antiga Unio Sovitica e reivindicando

    o legado de Josef Stalin[12] . Nos anos 1960 adota a linha maosta (alinhando-

    se com o Partido Comunista Chins) e passa a praticar a ttica de guerrilhas (o

    PCdoB famoso pela atuao na Guerrilha do Araguaia). Em 1978 passa a

    reivindicar o comunismo na Albnia (Hoxhasmo). Atualmente, o PCdoB

    defende o desenvolvimento do capitalismo, como explica o governador do

    Maranho Flvio Dino, primeiro governador pelo partido e cujo vice

    do PSDB.[13]

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Comunista_do_Brasil

    Das dissidncias do marxismo, uma j havia derivado na social-democracia,

    que viria a ter significativa importncia na construo do Estado de Bem Estar

    na Europa Ocidental e que se consubstanciava na linha reformista, no

    leninista, que via o Estado como um instrumento virtualmente disponvel para

    transformaes sociais; outra importante dissidncia do marxismo, esta

    proclamando-se como verdadeira herdeira de seu ramo leninista, o trotskismo,

    viria a crescer enormemente diante da confirmao dos crimes de Stalin no

    Relatrio Krushchev, principalmente na Frana, com repercusses no Brasil.

    No vem ao caso, agora, explor-las, apenas salientar que na Frana, cujo

    Partido Comunista era mais ortodoxo, abrir-se- uma dissidncia cada vez

    mais revisionista URSS, extensiva aos postulados do marxismo-leninismo,

    em grupos como Socialismo e Barbrie, sob a liderana do Filsofo Cornelius

    Castoriadis, autor de Encruzilhado do Labirinto 1, 2 e 3, Paz e Terra, que

    acaba ultrapassando a crtica burocracia sovitica para uma crtica ao

    capitalismo burocrtico total, lindeiro do totalitarismo. J na Itlia, a influncia

    de A.Gramsci, bastante crtico ao leninismo original, permite ao grande Partido

    Comunista Italiano uma maior capacidade de absoro das dissidncias e

    melhor sobrevivncia ao impacto do Relatrio Krushchev. Substitui a ideia do

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Nikita_Khrushchovhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9ticahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Josef_Stalinhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Josef_Stalinhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Anos_1960https://pt.wikipedia.org/wiki/Mao%C3%ADsmohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Comunista_Chin%C3%AAshttps://pt.wikipedia.org/wiki/Guerrilha_do_Araguaiahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Alb%C3%A2niahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Enver_Hoxhahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Fl%C3%A1vio_Dinohttps://pt.wikipedia.org/wiki/PSDBhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Comunista_do_Brasil#cite_note-13https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Comunista_do_Brasil

  • Partido de Vanguarda pelo Partido de Classe mas com carter de Massas e a

    estratgia do assalto ao poder pela de construo da hegemonia, de carter

    muito mais amplo, pedaggico e permevel lenta transformao do Estado e

    da Sociedade:

    "Para o Partido Comunista, o problema de se converter no partido das grandes

    massas e, por conseguinte, partido do governo revolucionrio, no consiste

    somente em resolver a questo de interpretar fielmente as aspiraes

    populares, significa tambm resolver a questo de substituir os funcionrios

    contra revolucionrios por funcionrios comunistas; significa por conseqncia,

    criar um corpo de funcionrios comunistas, que sem impedimento, a diferena

    dos socialistas, sejam extremamente disciplinados e subordinados ao

    Congresso e ao Comit Central do Partido. Desta verdade, pouco simptica

    aparentemente, devemos convencer nossos jovens; a realidade como , algo

    rebelde, e deve ser dominado com os meios adequados, ainda que pareamos

    pouco revolucionrios e pouco simpticos. "

    (Antonio Gramsci - Um Partido de Massas 25 de Setembro de 1921 1a Edio:

    LOrdine Nuovo de 05 de outubro de 1921.

    No obstante, tanto o PCF como o PCI e mais ainda o Partido Comunista

    Espanhol acabam na dcada de 1970 configuram-se em torno do que

    denominaram euro-comunismo, um agiornamento destes Partidos s

    exigncias das democracias ocidentais onde operavam, j claramente

    desvencilhados dos imperativos do leninismo.

    Importa, sim, registrar que, ao longo dos anos 1930 at 1989, o Brasil mudou

    muito, econmica, social, espacial e politicamente, com a emergncia de fortes

    movimentos sociais urbanos autnomos. Isso, contudo, isso no retirou do

    cenrio onde se desenrolavam novos captulos da nossa histria seu carter

    pequeno burgus, mesmo quando o radicalismo se expressava atravs de

    confisses manifestamente comunistas. Muito contribuiu, para tanto, o

    congelamento da vida pblica, com sua sequela de exlio, prises, mortes

    seletivas, realizada pelo regime militar depois de 1964. Quando a

    efervescncia social assomou, sob o abrigo do Governo Joo Goulart (1961-

    64), foi castrada pelo golpe militar. Os quadros da resistncia, que se

    seguiram, viriam a ser majoritariamente de classe mdia, com todos os defeitos

    e vcios que isso implicava, mas que, hoje, segunda dcada do sculo XX,

    provoca reaes como a da atriz Marieta Severo, que estranha o fato de que,

    antes, tinha-se a impresso de que a sociedade brasileira estava mais

    vanguarda do que nos dias atuais. Ora, isso no seno o resultado de que o

    pas mudou muito nos ltimos 20 ou 30 anos. Somos uma sociedade de

    massas, superior a 200 milhes de pessoas, concentradas em nove grandes

    regies metropolitanas, merc de um novo protagonismo das classes at ento

  • subordinadas, cujo silncio abria caminho para o cenrio do uma conscincia

    crtica elitizada.

    Aqui, pois, o terceiro momento da vida pblica brasileira: o ps- 89, j implcito nas grandes greves do ABC dez anos antes e que impulsionaria, no bojo do protagonismo crtico das grandes massas o jovem Lula.

    1979/90 ABC da Greve Leon Hirzman - YouTube

    1:25:44

    https://www.youtube.com/watch?v=2hhFk0cml6Y

    10 de dez de 2011 - Vdeo enviado por caovidaloca

    Documentrio de longa metragem sobre a primeira greve brasileira fora da

    fbrica.Cobrindo os .

    H 35 anos, uma greve

    www.correiodobrasil.com.br635 357Pesquisa por imagem

    O Sindicato dos Metalrgicos sofreu interveno, Lula e outros dirigentes sindicais foram presos

    https://www.google.com.br/search?q=greves+abc+1979&biw=1366&bih=643&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwifvIWFnI_LAhXETJAKHfoUBrIQ_AUIBygC#imgrc=JersyIDHj0XHoM%3A

    .

    https://www.youtube.com/watch?v=2hhFk0cml6Yhttps://www.youtube.com/watch?v=2hhFk0cml6Yhttp://www.correiodobrasil.com.br/ha-35-anos-uma-greve/http://www.correiodobrasil.com.br/ha-35-anos-uma-greve/http://www.correiodobrasil.com.br/ha-35-anos-uma-greve/https://www.google.com.br/search?tbs=sbi%3Acs&tbnid=JersyIDHj0XHoM%3A&docid=EJX3l3ZUPWutPMhttps://www.google.com.br/search?q=greves+abc+1979&biw=1366&bih=643&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwifvIWFnI_LAhXETJAKHfoUBrIQ_AUIBygC#imgrc=JersyIDHj0XHoM%3Ahttps://www.google.com.br/search?q=greves+abc+1979&biw=1366&bih=643&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwifvIWFnI_LAhXETJAKHfoUBrIQ_AUIBygC#imgrc=JersyIDHj0XHoM%3Ahttps://www.google.com.br/search?q=greves+abc+1979&biw=1366&bih=643&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwifvIWFnI_LAhXETJAKHfoUBrIQ_AUIBygC#imgrc=JersyIDHj0XHoM%3A

  • Nesta fase, inaugurada simbolicamente em 1989, pela importncia das

    primeiras eleies diretas Presidncia da Repblica depois de 1959, ou seja ,

    um interregno de 40 anos, sendo notvel o fato de que Lula, candidato,

    ultrapassaria no pleito Leonel Brizola, a sociedade brasileira alcanava seu

    apogeu moderno: Concentrao urbana, estrutura diversificada de classes com

    forte eixo no proletariado industrial, secularizao, instituies democrticas.

    Isso tudo, acabaria mudando, tambm, o perfil da prpria conscincia crtica, a

    qual se deslocou das classes mdias iluminadas pelo marxismo para o os

    movimentos populares fortemente influenciados pela Igreja e por correntes

    reformistas. No por acaso, o PT, como expresso poltica destas mudanas,

    vai assumindo cada vez mais influncia sobre as esquerdas, acabando por

    impor-se hegemonicamente depois de vitria de Lula Presidncia, em 2002.

    Paradoxalmente, este deslocamento da conscincia crtica para as classes

    populares no representou uma radicalizao poltica, mas seu fortalecimento

    em termos de ao e representao. O PT, por exemplo, com todos seus

    vcios, sobretudo economicistas, foi, realmente, o primeiro partido poltico de

    quadros eminentes populares, muitos oriundos de lutas sindicais ou populares

    de bairros e movimentos sociais, nacionalmente organizado. Indito. Isto no

    s um patrimnio do conjunto da nao brasileira, mas um fator de

    institucionalizao que dificulta aventuras e golpes institucionais.

    Coincidiu este momento de emergncia social no Brasil, que teria no PT e nos

    seus governos instantes importantes, a falncia do dito socialismo real, na

    extino da URSS, em 1991, ltimo captulo no rastro do Relatrio Krushchev,

    de 1956, e a perda cada vez maior de importncia do marxismo, sub-dividido

    numa infinidade de correntes, organizadas ou no, mas cada vez mais,

    academizadas em disciplinas universitrias ou reduzidas por fiis crentes em

    cartilhas dogmticas, sem qualquer peso na mobilizao e aglutinao da

    resistncia popular. Ambos fatores se combinaram para a desatualizao do

    tema da Revoluo, mesmo concebida com Mudana, nos moldes em que

    ficou conhecida no grande debate sobre a Revoluo Brasileira entre os anos

    1950 e 1960, vindo at a intitular vrios livros, dentre eles o mais famoso e de

    maiores consequncias, de autoria de Caio Prado Jr. Nesse contexto, o 60.

    Aniversrio do dito Relatrio, acompanhado de uma discusso mais profunda

    sobre os fundamentos do estalinismo, passa , naturalmente, despercebido.

    Quem tem interesse nesse debate...? Poucos, talvez, como eu, alguns

    remanescentes desta era, que lemos sofregamente os dois grandes

    romances lanados em 2015 Vida e Destino, de Vassili Grossman e O

    Homem que amava cachorros, de L. Padura - , ambos, com enredo principal na

    questo, justamente, do estalinismo...

  • 2. O Relatrio Kruschev Moscou, 25 fevereiro 1956

    Necessrio dizer e pensar que s o ser [...] Jamais se conseguir

    provar que o no-ser ; afasta, portanto, o teu pensamento desta via de

    investigao, nem te deixes arrastar a ela pela mltipla experincia do

    hbito.

    (PARMENIDES apud BUZZI, 1998, p. 35)

    (Integra: http://www.midiaindependente.org/pt/red/2009/11/459652.shtml )

    A histria, nesse nterim, torna-se estratgica e operacional, funcionando como instrumento do reformismo moderado de Kruschov,

    de carter leninista. Era a hora de tomar as rdeas da histria das revolues russas. Ao tirar seu foco de um lder criminoso, inverter-se-

    iam seus plos de ao novamente para uma direo a vrias mos. Em posio de inrcia, as contradies que celebravam seu irreformvel

    carter de inflexibilidade, juntamente com o autoritarismo, seriam mantidas sob reformulaes pontuais e importantes ainda que

    insuficientes a longo prazo para a imediata crise que se abatia no campo do antigo Imprio Russo. Stalin, contudo, no morrera. Seu

    fantasma sobreviveria com o tempo, tornando-o exemplo mximo do paradoxal socialismo sovitico cujas evidncias de seu futuro colapso j

    se apresentavam.

    (Chrystian Wilson Pereira- Batalhas de memria no ps-guerra sovitico: A controvrsia stalinista no relatrio secreto de Nikita Khruschov

    http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=alunos&id=420)

    As Revolues Francesa de 1789 e a Bolchevique de 1917, que pretendeu

    complet-la, em suas ltimas consequncias sociais e polticas, esto cada vez

    distantes da juventude contempornea. Para ns, nascidos durante a guerra, a

    Revoluo Russa, sobretudo para os que iam se inclinando ao ganhar

    maturidade poltica esquerda, era muito presente tanto como uma realidade

    palpvel como mito: A Ptria Socialista! Na verdade, ambas Revoluo,

    Francesa e Russa, elas moldaram os sculos XIX e XX e projetam suas

    influncias at hoje. Os que achavam que a Histria havia acabado, como

    sugeriu Fukuyama em O Fim da Histria, sobrando-lhe, apenas o destino de

    escolher entre os 50 tons de cinza, distante de polarizaes, devem ficar

    espantados ao descobrir que as eleies americanas esto irremediavelmente

    polarizadas entre candidatos de direita e de esquerda, talvez at, entre o

    ultraconservador Donald Trump e o abertamente socialista E. Sanders. Somos

    sempre muito do que fomos no passado. Aquelas revolues, impulsionadas

    por ideais iluministas de razo e liberdade , abriram a humanidade para os

    tempos modernos. Nos seus desdobramentos influenciaram correntes que

    http://www.midiaindependente.org/pt/red/2009/11/459652.shtmlhttp://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=alunos&id=420

  • priorizaram, ora a razo, em busca de uma sociedade mais igualitria,

    desembocando nas correntes de esquerda, ora a liberdade, em busca de uma

    sociedade conservadora, menos igual, mas com mais liberdade de movimentos

    individuais. Ambas correntes, embora divergentes, at antagnicas na Guerra

    Fria (1947-1991) contriburam para fazer do Sculo XX o sculo dos direitos,

    mediante os quais os membros de um Pacto Social garantem, em direitos civis,

    polticos e sociais, a contrapartida de seus deveres para com o Estado. Isso

    pode parecer um trusmo, hoje, mas Norberto Bobbio destaca como uma

    particularidade do contemporneo.

    A Revoluo Sovitica filha deste processo e teve na filosofia marxista, filha

    rebelde do Iluminismo, sua inspirao terica e em Lnin, lder do Partido

    Bolchevique, faco do Partido Social Democrata Russo, que teria no

    menchevique Leon Trotsky seu brao direito (e militar), o principal protagonista.

    Na Rssia miservel e rural, mas com vasto contingente proletrio em torno de

    grandes fbricas nas suas principais cidades, devastada pela I Guerra

    Mundial, no foi difcil fazer a Revoluo. O pas estava destrudo, a economia

    em frangalhos, o regime e o sistema de dominao em crise visvel. O difcil foi

    garanti-la, tendo em vista seu significado revolucionrio para o mundo inteiro: A

    eliminao fsica da Famlia Real e a eliminao social do Capital como forma

    de dominao. Um novo mundo proletrio...

    Lnin morreu em 1924 e, da em diante, seguiu-se uma encarniada luta pelo

    poder interno, afinal vencida por Stalin, um georgiano rude, identificado com

    Rssia interior e com incrvel capacidade de controle poltico ao redor,

    comeando pelo prprio Partido Comunista, denominao dada ainda por

    Lnin e que se estenderia aos adeptos do modelo russo em escala

    internacional, primeiro no COMINTERN, depois da Guerra no COMINFORM,

    este encerrado em 1957, ambos rigidamente controlados pelos russos. Conta

    Isaac Deutscher, historiador marxista, bigrafo de Trotsky, que em 1934, Stalin

    teria dado ao Congresso do PCUS naquele ano, o nome de Congresso dos

    Vitoriosos, eis que assumira o controle da mquina liquidando todas as

    oposies internas, sobretudo Trotsky, para o que fora necessrio fuzilar a

    quase totalidade dos membros do Comit Central que havia feito a Revoluo

    de 1917. Trotsky escapara, exilando-se na Turquia, depois no Mxico, onde

    viria a ser assassinado em 1940 por Ramon Mercador, a servio de Stalin.

    Uma alma pode sofrer por muito tempo, anos e anos, at dcadas, antes que

    lentamente, pedra por pedra, construa sua prpria sepultura, chegando por s

    prpria ao sentimento de perda eterna, e curvando-se prpria realidade.

    (Vassili Grossman in Vida e Destino , pg. 165)

    Stalin governar at sua morte, em 1953, em circunstncias ainda sombrias.

    Nos anos em que implantou o socialismo na Rssia foi um implacvel tirano,

    no s com os inimigos, mas com os prprios companheiros que o cercavam

  • no Partido. Mas no seu Governo, de grandes feitos, ele mudou a face da

    Rssia e conseguiu, na Luta Patritica contra a invaso nazi, reverter o que

    parecia uma vitria fcil de Hitler , em derrota: Os russos chegam a Berlim

    antes dos Aliados.

    Coincidia com a gesto de Stalin a vitria dos sovietes na Grande Guerra

    Patritica contra a Alemanha Nazista (1941-1945) e um indiscutvel

    desenvolvimento econmico que consolidara Moscou na posio de centro de

    uma emergente potncia mundial, quase quatro dcadas aps a insurreio

    bolchevique e a subseqente instalao revolucionria de um indito governo

    socialista e antiburgus. Os ndices de crescimento atingiram impressionantes

    safras, impulsionados pela industrializao forada e a eficcia do aparelho de

    controle e planejamento estatal que estrangulava as possveis resistncias ao

    modelo autoritrio de modernizao.

    (Chrystian Wilson Pereira citado)

    Isto deu ao grande Timoneiro e Genial Guia dos Povos, como era chamado

    Stalin, imensa credibilidade tanto interna, como externa, junto aos crculos do

    Movimento Comunista Internacional. J no incio da guerra, na verdade, em

    1941, quando a Alemanha invadiu a URSS, Stalin detinha em suas mos o

    Partido, o Exrcito Vermelho e todo o sistema sovitico sob estrito controle,

    depois de duas levas de perseguies: Entre 1927 e 34, quando Trotsky foi

    expelido e, depois, no Grande Expurgo, entre 1937-38.. Externamente, porm,

    pouco se sabia do que ocorria na URSS at o Relatrio Krushchev, de 1956, a

    despeito das obras de Trotsky A Revoluo Desfigurada, A Revoluo

    Trada e Os crimes de Stalin. O grande romance Arquiplago Gulag, de

    Soljenitzin, altamente crtico do regime sovitico e que lhe daria o Prmio Nobel

    de Literatura em 1970, alm de estigmatizado pela esquerda por ser seu autor

    um mstico anti-comunista, s viria a ser difundido no Ocidente depois desta

    data - Arquiplago Gulag (ttulo no Brasil) ou Arquiplago de Gulag (ttulo em Portugal) (19731978).

    Contribua para a glorificao de Stalin, um dos princpios da doutrina

    comunista, consagrada nos Partidos Comunistas do mundo inteiro, como

    Internacionalismo Proletrio. Este apontava para a defesa intransigente da

    Unio Sovitica anteposta qualquer outra questo, mesmo nacional. Ora, a

    Unio Sovitica era o Partido Comunista da Unio Sovitica PCUS - , e este

    era Stalin, numa rplica extempornea de Luiz XVI que afirmava : L Etat c est

    moi . Portanto, Ele era o Grande Guia.

    Stalin era o Estado, e o Estado no tinha impulsos nem caprichos.

    Vassili Grossman in Vida e Destino , pg.849.

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Arquip%C3%A9lago_Gulaghttps://pt.wikipedia.org/wiki/Brasilhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Arquip%C3%A9lago_de_Gulaghttps://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal

  • Com a derrota do nazismo, em 1945, tendo Stalin ao lado de Truman

    (Roosevelt morrera um pouco antes), e Churchill na reconstruo da

    democracia no mundo, o Movimento Comunista Internacional cresceu

    vertiginosamente. Os Partidos Comunistas da Europa, Amrica Latina e

    Oriente explodiram em filiaes. Cifras relevantes so apresentadas no livro do

    espanhol Fernando Claudin , A Crise do Movimento Comunista O Apogeu

    do Stalinismo Volume 2, Ed. Global, 2015:

    A Crise do Movimento Comunista- Vol. 2: o Apogeu do Stalinismo

    Fernando Claudn - Editora: Global Ano: 1986

    Este volume corresponde segunda parte de A Crise do Movimento Comunista ("O Apogeu do Stalinismo"), onde Claudn analisa o perodo que marca a absoluta dominao da poltica

    stalinista em todo o movimento comunista internacional, desde os anos imediatamente anteriores ecloso da Segunda Guerra Mundial, com o pacto germano-sovitico, passando

    por todos os acontecimentos da resistncia ao nazi-fascismo, o "cisma iugoslavo", e culminando com o perodo do ps-guerra, com o abandono e o fechamento do Kommintern e

    sua transformao no Komminform, no auge da guerra fria.

    http://baixar-livro-gratis.com/?p=228375

    Em 1953, por ocasio da morte de Stalin e mesmo at final da dcada,

    quando, ento, o Relatrio Krushchev de 1956 tornou-se bastante conhecido, ,

    vivia-se um verdadeiro auge da nobre causa da emancipao da humanidade,

    sob a gide dos Partidos Comunistas, que lutavam pela paz e pela

    prosperidade dos povos de todo o mundo. Foi neste clmax que sobreveio a

    tempestade das denncias dos crimes de Stalin no XX Congresso do PCUS.

    Fez-se, subitamente, muita luz e comearam a evidenciar-se os problemas

    internos da URSS, muitos deles decorrentes da personalidade de Stalin,

    outros, da prpria construo do socialismo: a coletivizao forada da terra, os

    gulags, a censura cultural, o terror usado como instrumento de postos, valores

    e mesmo gratificaes na estrutura burocrtica, etc.

    O cenrio da proclamao a portas fechadas de Krushchev foi imaginado por

    Semprum (cit.):

    http://www.estantevirtual.com.br/autor/fernando-claudinhttp://www.estantevirtual.com.br/editora/globalhttp://baixar-livro-gratis.com/?p=228375

  • Podemos imaginar a cena, sem dvida.

    Nikita Kruschev j estava na tribuna. Martelava suas frases. Gritava, por

    momentos, e sua voz tremia nos agudos. Despejava verdades monstruosas

    umas depois das outras. Mas essa voz aterrorizante que descobria a nusea

    da memria de todos, no era, desta vez, a voz didtica e montona de um Pai

    todo-poderoso e remoto, inacessvel. Era a prpria voz de todos ali. Nikita

    Sergheievitch era um deles e as centenas de homens e mulheres reunidos

    nessa ocasio sinistra e solene podiam identificar-se com ele. Como ele,

    haviam contribudo para derrotar todas as oposies.

    Como ele, haviam derrotado o prprio partido. Como ele, haviam cantado

    louvores a Stalin. Muitos deles, sem dvida, haviam assistido ao XVII

    Congresso do PCUS, em maro de 1939. Lembravam-se, talvez, de que

    Kruschev j havia subido tribuna, no dia 13 de maro de 1939, para falar nos

    sucessos do comunismo na Ucrnia Talvez se lembrassem das palavras de

    Nikita Sergheievitch, naquele dia longnquo de 1939, no momento exato em

    que a guerra na Espanha terminava em sangue, derrota e confuso, por causa,

    principalmente, da nefasta poltica de Stalin, cegamente posta em prtica pelos

    conselheiros do Komintern e pelo grupo dirigente do Partido Comunista

    Espanhol. Esses sucessos no se produziram espontaneamente, declarara

    Kruschev no XVIII Congresso, foram conquistados no combate contra os

    inimigos da classe operria e dos camponeses, contra os inimigos de todo o

    nosso povo, na luta contra os agentes dos servios de espionagem fascistas,

    contra os trotskistas, os bukharinistas e os nacionalistas burgueses.

    Lembravam-se, talvez, pelo menos alguns deles, da concluso do discurso de

    Kruschev em maro de 1939: Viva o maior gnio da humanidade, o Mestre, o

    Chefe que nos conduziu vitoriosamente para o comunismo, nosso querido

    Stalin!

    Eles se lembravam do querido Stalin, sem dvida. Tremiam, ainda,

    retrospectivamente, com um horror respeitoso e tmido.

    Semprum tem razo no seu cenrio recriado do Beau Dimanche. L estavam

    sentados no jovens renovadores do sistema sovitico, mas velhos cmplices

    de Stalin. Segundo relato de Aristov, citado por Seprum na obra acima citada,

    79,7% dos delegados presentes tinha mais de 40 anos, dos quais 55,7% , ou

    seja, a maioria, tinha entre 40 e 50 anos, e 24% mais de 50% , deixando

    patente que apenas uns poucos tinham em torno de 20 anos quando do

    Grande Expurgo de 1937-38, a grande parte o vivenciou em plena maturidade.

    De todos os delegados, 70% havia aderido ao Partido depois de 1931. Foram,

    pois, cmplices da chacina sobre seus prprios camaradas. Como ele prprio,

    Semprum, diz, o terror no era para eles algo pr-histrico, mas palpvel,

    doendo-lhes, por certo, na conscincia.

  • Estavam l, portanto, na grande sala do Kremlin, silenciosos, abatidos, alguns

    perdendo os sentidos, outros chorando lgrimas de sangue ao escutar o

    relatrio atribudo a Kruschev.

    Estavam l os homens e as mulheres que haviam aderido ao partido de Stalin,

    para preencher os vazios abertos por ele com o ferro em brasa da represso.

    Estavam l os homens e as mulheres que haviam ajudado Stalin a estabelecer

    o seu poder absoluto, no sentido literal do termo, isto , absolutamente

    independente de toda determinao, mesmo em ltima instncia (oh, ntegros

    doutores da f marxista), pela economia, pelas estruturas de classe da nova

    sociedade russa.

    Pois poder pessoal de Stalin foi, sem dvida, um dos instrumentos dados

    nova classe dominante para instaurar o seu domnio se me perdoarem esta

    expresso contempornea, cortando rente os tecidos sociais, na multiplicidade

    heterognea dos fatores histricos, pois evidente que a classe um conceito

    mais ou menos operacional, e que os conceitos, mesmo os mais operacionais,

    no se apossam de nenhum instrumento e no instauram nenhuma dominao

    a no ser para a necessria, no preciso dizer, reconstruo histrica, pelos

    homens, de sua prpria histria mas, tendo dito isso, repitamos que o poder

    pessoal de Stalin, instrumento da nova classe dominante, tornou-o

    relativamente autnomo no final dos anos 30.

    E o sinal mais evidente dessa autonomia foi a capacidade de desencadear

    contra essa burocracia, da qual ele mesmo se originou e a qual representou

    durante um perodo histrico, a represso pelo sistema de ondas sucessivas e

    ininterruptas de terror, no somente a submisso devota da burocracia mas

    tambm a mobilidade social no interior da mesma, pela destruio e

    reconstituio permanentes e disfuncionais da elite.

    (J.Semprum, cit)

    O Relatrio era imenso, mais de 70 pginas e s seria conhecido na ntegra

    pelos russos em 1989, em tempo da Glasnost de Gorbachev. . Fora antecedido

    por um estudo da Comisso Chvernik, criada pelo Partido em 31 de janeiro de

    1955 com o objetivo de investigar a represso contra os delegados ao

    Congresso do Partido em 1934. Este estudo mostrou que no Grande Expurgo

    de 1938-9 mais de um milho de militantes do PCUS haviam sido acusados de

    atividades anti-soviticas , dos quais, em torno de 600.000 haviam sido

    executados. Um horror! Genocdio de comunistas por comunistas...

    O Relatrio Krushchev, que era para ser secreto, acabou vazando para o

    Ocidente por John Rettie, da Reuters, numa sequncia rocambolesca de

    traslados e traies. Em 13 de maio do mesmo ano chegou a Israel que o

    repassou aos Estados Unidos sendo, ento, publicado pelo New York Times e

  • pelo The Guardian. Pouco antes, em 05 de maro de 1956 o Presidium do

    PCUS ordenou que o Relatrio fosse lido em todos os nveis partidrios e nas

    instncias do Konsomol. Logo depois, ainda em 1956, foi distribudo aos

    Partidos Comunistas do Pacto de Varsvia , estendendo-se da para os demais

    membros do Movimento Comunista Internacional. Quando encerrou-se o ano

    de 1956, o Relatrio era fartamente conhecido.

    A estrutura do Relatrio era didtica, comeando pela reverberao das

    mximas do marxismo-leninismo aos quais enaltece e se filia, com breves

    menes ao testamento de Lnin e de sua mulher Krupskaia sobre o carter

    ameaador de Stalin. Centra-se na questo do culto personalidade de Stalin.

    No momento, estamos preocupados com uma questo que tem imensa

    importncia para o partido agora e no futuro - a forma como o culto da pessoa

    de Stalin foi crescendo gradualmente, o culto que se transformou em um

    determinado estgio especfico, a fonte de um conjunto de perverses

    extremamente srias e graves dos princpios do Partido, da democracia

    partidria, da legalidade revolucionria.

    (Relatrio, 1956)

    A partir da vai mostrando como se alastrou o uso de seu nome Stalin- em

    todos os campos, desde nomes de cidades at a arte, e do abuso da violncia,

    em detrimento do mtodo leninista de convencer e educar, citando como

    exemplos:

    -criao de provas falsas para acusar seus inimigos

    -exagero de seu papel durante a Grande Guerra Patritica

    -Deportao das nacionalidade

    -Compl dos mdicos

    Stalin descartou o mtodo leninista de convencer e educar, ele

    abandonou o mtodo de luta ideolgica em favor da violncia,

    represses em massa e terror.

    ... claro que Stalin mostrou em toda uma srie de casos sua

    intolerncia, sua brutalidade e seu abuso de poder. Em vez de

    provar sua correo poltica e mobilizar as massas, muitas vezes

    ele escolheu o caminho da represso e aniquilao fsica, no s

    contra os inimigos reais, mas tambm contra as pessoas que no

    tinham cometido qualquer crime contra o partido e o governo

    sovitico. Aqui vemos nenhuma sabedoria, mas apenas uma

  • demonstrao da fora brutal que outrora to alarmou Lenin.

    (Trechos do Relatrio Kruschev)

    O resultado imediato do Relatrio Krushchev na URSS foi um rpido processo

    de desestalinizao, atravs do qual todos os signos e vestgios do Grande

    Timoneiro passaram a ser apagados. Seus restos mortais, inclusive, foram

    removidos da Praa Vermelha. Do ponto de vista poltico, a retrica sempre foi

    mais presente do que aquilo que pretendia, prioritariamente, (re)criar, na

    esteira do leninismo: Maior presena coletiva no processo decisrio interno do

    Partido e do Estado. Prestes, alis, na discusso interna do Partido, quando

    da deflagrao do debate em torno do Relatrio Krushchev advertia que isso j

    vinha ocorrendo na URSS desde um ano antes, embora num ritmo lento. Na

    verdade, apesar de algum arejamento interno URSS, o Estado burocrtico e

    policial subsistiria ainda por mais algumas dcadas.

    A denncia poltica e ideolgica: a reformulao histrica

    pretende tornar protagonistas da construo do socialismo sovitico o povo, as

    lideranas plurais, intelectuais e atores do Partido; o coletivo (re)habilita-se

    como grande responsvel pelo processo revolucionrio. A histria, nesse

    nterim, torna-se estratgica e operacional, funcionando como instrumento do

    reformismo moderado de Khruschov, de carter leninista. Era a hora de tomar

    as rdeas da histria das revolues russas. Ao tirar seu foco de um lder

    criminoso, inverter-se-iam seus plos de ao novamente para uma direo a

    vrias mos. Em posio de inrcia, as contradies que celebravam seu

    irreformvel carter de inflexibilidade, juntamente com o autoritarismo, seriam

    mantidas sob reformulaes pontuais e importantes ainda que insuficientes a

    longo prazo para a imediata crise que se abatia no campo do antigo Imprio

    Russo. Stalin, contudo, no morrera. Seu fantasma sobreviveria com o tempo,

    tornando-o exemplo mximo do paradoxal socialismo sovitico cujas

    evidncias de seu futuro colapso j se apresentavam.

    (Chrystian Wilson Pereira, citado)

    Lentamente, porm, depois do Relatrio Krushchev a URSS, sem perder

    totalmente seu papel na sustentao geopoltica mundial, no contexto da

    Guerra Fria, atravs do apoio aos Movimentos de Libertao Nacional, em

    vrias partes do mundo, desloca este papel de coordenadora da Revoluo

    em escala mundial para o de competidora com o Ocidente, no qual a colocao

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Lenin

  • do Sputnik no ar, em 1957, e a corrida espacial cumpriria importante papel. Da

    o fechamento oficial do Kominform:

    O Cominform ou Kominform (em russo: , abreviatura de

    P

    , transl. Informacionnoe Bjuro Kommunistieskich i Raboich Partij; em

    portugus: "Escritrio de Informao dos Partidos Comunistas e Operrios")

    o acrnimo usual para designar a organizao internacional liderada

    pelo PCUS e cujo objetivo era promover o intercmbio de informaes e

    coordenar as aes dos vrios partidos comunistas da Europa. De fato, o

    Cominform serviria como instrumento de poltica externa da URSS. Possua

    seu prprio jornal (cujo ttulo, em portugus, significava: Pela Paz Duradoura,

    pela Democracia Popular!) e encorajava a unidade dos partidos comunistas do

    mundo.

    A criao da organizao foi anunciada em 5 de

    outubro de 1947,[1] [2] [3] poucos dias depois da conferncia dos partidos

    comunistas europeus, realizada entre 22 e 27 de setembro, em Szklarska

    Porba, na Baixa Silsia polonesa. O encontro havia sido convocado por Stalin,

    para resolver divergncias entre os governos do Leste Europeu quanto a

    comparecer ou no conferncia do Plano Marshall, em Paris, em julho de

    1947. Na poca, a maioria dos observadores ocidentais considerou a nova

    organizao como a sucessora da Comintern, a Terceira Internacional ou

    Internacional Comunista , criada em 1919 e dissolvida pela URSS em 1943, em

    um esforo dos soviticos para tranquilizar seus aliados ocasionais na Guerra -

    os Estados Unidos e a Gr-Bretanha.[4]

    Inicialmente, o Cominform estabeleceu-se em Belgrado. Mas, aps a excluso

    da Iugoslvia da esfera sovitica, em junho de 1948, a sede da organizao foi

    transferida paraBucareste. A expulso da Iugoslvia por acusao

    de titosmo iniciou o perodo do Informbiro na histria iugoslava.

    O Cominform entrou em decnio depois de 1948, medida que outros partidos

    comunistas, como o PCI, passaram tambm a questionar o controle do PCUS.

    Afinal, a organizao foi oficialmente dissolvida em 1956, j no perodo

    da desestalinizao promovida por Khrushchov, quando a URSS voltou a se

    aproximar da Iugoslvia.

    (https://pt.wikipedia.org/wiki/Cominform)

    Perdia, portanto, a URSS, vigor ideolgico, na luta poltica, reflexo da crise

    moral derivada da publicidade das atrocidades stalinistas, mas fortalecia-se

    como um realidade sensvel, capaz de oferecer um horizonte de progresso

    continuado e redistribudo para a humanidade. Isto impediu, em parte, o

    esfacelamento total do movimento comunista internacional. J.P. Sartre, na

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Transl.https://pt.wikipedia.org/wiki/Acr%C3%B4nimohttps://pt.wikipedia.org/wiki/PCUShttps://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_comunistahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica_externahttps://pt.wikipedia.org/wiki/URSShttps://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalhttps://pt.wikipedia.org/wiki/5_de_outubrohttps://pt.wikipedia.org/wiki/5_de_outubrohttps://pt.wikipedia.org/wiki/1947https://pt.wikipedia.org/wiki/Cominform#cite_note-1https://pt.wikipedia.org/wiki/Cominform#cite_note-2https://pt.wikipedia.org/wiki/Cominform#cite_note-3https://pt.wikipedia.org/wiki/Szklarska_Por%C4%99bahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Szklarska_Por%C4%99bahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Baixa_Sil%C3%A9siahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%B4niahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Stalinhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Leste_Europeuhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_Marshallhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Parishttps://pt.wikipedia.org/wiki/Terceira_Internacionalhttps://pt.wikipedia.org/wiki/1943https://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Mundialhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Cominform#cite_note-Hist-4https://pt.wikipedia.org/wiki/Belgradohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Iugosl%C3%A1viahttps://pt.wikipedia.org/wiki/1948https://pt.wikipedia.org/wiki/Bucarestehttps://pt.wikipedia.org/wiki/Tito%C3%ADsmohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Informbirohttps://pt.wikipedia.org/wiki/PCIhttps://pt.wikipedia.org/wiki/1956https://pt.wikipedia.org/wiki/Desestaliniza%C3%A7%C3%A3ohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Khrushchovhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Cominform

  • Frana e Eric Hobsbawn, na Inglaterra, que classificaria os anos posteriores ao

    Relatrio como Anos Dourados, ficaram como expresses dessa resistncia

    crtica, porm leal ao socialismo real. Ou, como sentenciou, certa vez, Herbert

    Marcuse no seu opsculo Sobre o Carter Afirmativo da Cultura , Ed. Paz e

    Terra, Coleo Leitura, 2001, pg. 41:

    Onde o esprito precisa condenar, a alma ainda pode compreender...

    3. Stalinismo x Anti-stalinismo: O desafio

    Do ponto de vista das mudanas, em

    certa medida, ocorreu um processo tanto paralelo

    como inverso ao ocorrido no ps-Lenin da dcada de

    1920. Assumiu o poder um setor da estatocracia mais

    inclinado abertura, preocupado com as

    necessidades sociais do povo, com uma certa

    inclinao populista. [...] Mas as bases do sistema do

    ordeno e mando monoltico e monopolista no

    foram colocados em xeque por N. Khruschov ao

    longo do processo de desestalinizao. Por algum

    motivo, a maior parte da estatocracia apoiara o

    processo da dcada de 1950. O sistema possua uma

    desmedida fora de inrcia, em grande medida devida

    aos xitos obtidos na poca da centralizao

    necessria dos recursos, da industrializao, da

    reconstruo e obteno do equilbrio militar, e um

    poderoso corpo de defensores. [...] Confrontada com

    estas mltiplas variantes, a estatocracia escolheu e

    imps o pior: prosseguir sem mudar.

    (Kiva Maidanik p. 24, 1998 apud

    Chrystian Wilson Pereira in Batalhas de memria no

    ps-guerra sovitico: A controvrsia stalinista no relatrio

    secreto de Nikita Khruschov

  • http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm

    ?tb=alunos&id=420 )

    J falei um pouco sobre as repercusses do Relatrio Krushchev sobre o

    Movimento Comunista Internacional. Trata-se, agora, de tentar problematizar

    estas repercusses, ou seja, compreend-las mais alm de uma srie de

    deslizes e crimes, mas como resultado de processos que os envolvem. Vale

    dizer: situ-los. O crime pode at ser natural, mas no o seu culto. Para impedi-

    lo, o cultivo da virtude. O mal anunciado no Relatrio Krushchev, enfim,

    ganhou um rosto, humano, chamado Stalin, mas nunca o mal apenas de um

    homem s. Roma no foram seus Imperadores, ainda que eles assim se

    imaginassem. O nazismo no foi apenas Hitler. O mal histrico coletivo e,

    neste sentido, poltico e em o sendo, tem suas origens em antecedentes

    morais e intelectuais que a inspiraram. a desordem intelectual que conduz `a

    catstrofe moral. Estaria no leninismo? Ou no marxismo? Ou nas distores

    do marxismo sovitico militante positivado em cartilhas da Academia de

    Cincias da URSS? A inocncia do sonho socialista no morreu, na verdade e

    apenas, com Stalin. Vrios assassinatos o foram vitimando desde a tomada do

    Poder em 1917. A primeira morte foi o massacre em massa, em 1921, num

    nmero incerto entre 1.500 e 10 mil marinheiros da Fortaleza da Ilha

    Kronstadt. Eles se revoltaram contra o Governo de Lnin, exigindo o

    cumprimento da consigna de Po e Liberdade. Da, outras e sucessivas

    mortes...

    As exigncias de Kronstadt

    http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=alunos&id=420http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=alunos&id=420

  • As exigncias aprovadas na reunio dos marinheiros de Kronstadt no dia 28 de

    fevereiro, semelhantes em alguns pontos s exigncias feitas pelos

    mencheviques em Petrogrado,[56] foram as seguintes:[57] [58] [59]

    1. Novas eleies imediatas para os sovietes. Os presentes sovietes no

    mais expressam os desejos dos trabalhadores e camponeses. As novas

    eleies devem ocorrer sob voto secreto, e devem ser precedidas de

    livre propaganda eleitoral;

    2. Liberdade de expresso e de imprensa para trabalhadores e

    camponeses, para os anarquistas, e para partidos socialistas de

    esquerda;

    3. Direito reunio, e liberdade para sindicatos e organizaes

    camponesas;

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Kronstadt#cite_note-getzler213-56https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Kronstadt#cite_note-avrich74-57https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Kronstadt#cite_note-avrich75-58https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Kronstadt#cite_note-getzler214-59

  • 4. A organizao, no mais tardar at o dia 10 de maro de 1921, de uma

    conferncia de trabalhadores, soldados e marinheiros de Petrogrado,

    Kronstadt e do distrito de Petrogrado no militantes do Partido;

    5. A libertao de todos os presos polticos anarquistas e dos partidos

    socialistas, e de todos os trabalhadores, camponeses, soldados e

    marinheiros militantes de organizaes operrias e camponesas ento

    presos;

    6. A eleio de uma comisso para estudar os dossis de todos os detidos

    em prises e campos de concentrao;

    7. A abolio de todas as sees polticas dentro das foras armadas.

    Nenhum partido poltico deve ter privilgios para a propagao de suas

    ideias, ou receber subsdios do Estado para este fim. No lugar de

    sees polticas vrios grupos culturais devem ser criados, tomando

    recursos do Estado;

    8. A abolio imediata das barreiras militares criadas entre as cidades e o

    campo;

    9. A isonomia de raes para todos os trabalhadores, exceto para os que

    executam funes perigosas ou insalubres;

    10. A abolio dos destacamentos de combate do Partido em todos os

    grupos militares. A abolio dos guardas do Partido nas fbricas e

    empresas. Se guardas fazem-se necessrios, eles devem ser

    nomeados, levando-se em considerao as opinies dos trabalhadores;

    11. A concesso aos camponeses de liberdade de ao sobre seu prprio

    solo, e do direito de possuir gado, contanto que sejam diretamente

    responsveis por aqueles e que no utilizem mo de obra assalariada;

    12. Ns pedimos que todas as unidades militares e grupos de cadetes

    aspirantes se juntem a esta resoluo;

    13. Ns exigimos que a imprensa d publicidade adequada a esta

    resoluo;

    14. Ns exigimos a instituio de grupos de controle operrio mveis;

    15. Ns exigimos que a produo artesanal seja autorizada desde que no

    utilize mo de obra assalariada.

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Kronstadt

    A Revolta do Kronstadt foi esmagada, fato que consumiria explicaes e

    justificaes de Trotsky, ento no comando do implacvel Exrcito Vermelho,

    at sua morte, em 1940. Continuou acreditando que agira certo, mas a verdade

    fez-se filha do tempo e o condenou: "Estas boas pessoas no tm a mnima

    compreenso do critrio e os mtodos de investigao cientfica. Citam os

    programas dos insurgentes como pregadores devotos citando as sagradas

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Kronstadt

  • escrituras. Se queixam de que no tomamos em considerao os

    'documentos', quer dizer, o evangelho de Makhno e os outros apstolos.

    'Considerar' documentos no significa tomar-los ao p da letra. Marx disse que

    impossvel julgar partidos ou povos pelo que eles dizem de si mesmos. As

    caractersticas de um partido se determinam consideravelmente mais por sua

    composio social, seu passado, sua relao com as diferentes classes e

    estamentos que por suas declaraes orais e escritas, especialmente durante

    um momento crtico de guerra civil. Se por exemplo, comearmos a tomar

    como ouro puro os inumerveis programas de Negrn, Companys, Garca

    Oliver e cia., teriamos que reconhecer a estes cavalheiros como amigos

    fervorosos do socialismo. Porm, na realidade so seus prfidos inimigos."

    (Trotsky, 'Muito barulho por Kronstadt' -

    http://www.midiaindependente.org/pt/red/2003/09/262322.shtml)

    Os revoltosos foram liquidados, mas ficou a ferida narcsica da promessa de

    felicidade , apoiada numa razo dialtica positiva, incapaz de passar pelo

    sentimento de justia. Esta questo Sentimento! - advertida como

    problemtica, j no Sec.XVIII por um filsofo pouco conhecido, mas certeiro,

    que iria se confrontar com o grande Emmanuel Kant persistiu na Filosofia:

    Friedrich Heinrich Jacobi 1743 1819 - Alemanha. Acreditava que o

    pensamento e a deduo seriam maus caminhos para a verdade, preferindo a

    intuio e o sentimento. A comeava a pista que viria a contestar um dos

    pilares da filosofia ocidental fundado na supremacia de um sujeito consciente

    capaz de legislar sobre seu destino. Veio a instruir as correntes espiritualistas

    posteriores, e foi retomada com firmeza no sculo XX por Filsofos crticos

    como Teodor Adorno, Franz Rosenzweig e, sobretudo, Emmanuel Levinas, no

    rastro da decepo com uma razo instrumentalizada, j percebida desde

    Nietzche at chegar a estes novos filsofos do sculo XX, passando pela

    Escola de Frankfurt :

    Assim, desvelar o sentido da poltica pr s claras que a poltica visa

    sempre a um fim que, na verdade seu fim. Ora , o fim da poltica o fim da

    ao do sujeito tico na presena de um sentido que se d Alteridade como o

    seu princpio e fundamento.

    (Jos Andr da Costa in tica e Poltica em Levinas Ed. Fibe, P.Fundo, 2013,

    pg. 127)

    Esta positivao do marxismo, que se converteria no credo do Marxismo

    Sovitico, ttulo de um importante livro de H.Marcuse (Ed. Saga 1969), foi

    uma verdadeira catstrofe para o prprio marxismo. A obra de T. Adorno em

    seu livro Dialtica Negativa procura revert-la para o leito original, para da,

    pensa-la criticamente.

    http://www.midiaindependente.org/pt/red/2003/09/262322.shtmlhttps://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=643&q=D%C3%BCsseldorf+Alemanha&stick=H4sIAAAAAAAAAOPgE-LUz9U3MEyusjBV4gAxM9LMc7TEspOt9AtS8wtyUoFUUXF-nlVSflEeADeMPRkvAAAA&sa=X&ved=0ahUKEwjL6rf46I3LAhUHF5AKHTzCAb4QmxMIhgEoATAO

  • Marxismo sovitico

    http://marxrevisitado.blogspot.com.br/2011/05/marxismo-sovietico.html

    Leandro Konder, em seu ltimo livro Em torno de Marx comenta a irritao

    dos militantes comunistas com o livro de Marcuse que levantava a tese que o

    marxismo ao invs de transformar a URSS fora transformado por ela. Algo

    semelhante ao marxismo chins de nossos dias. Tudo leva a crer que a

    reflexo de Moishe Postone de que as tentativas de substituir o capitalismo

    pelo socialismo sucumbiram graas manuteno do sistema de produo

    capitalista. Tai a China para validar a tese. Vale a pena a leitura do texto de

    Konder.

    O marxismo oficialmente adotado pelos partidos comunistas e pela Unio

    Sovitica encastelava-se em Formulas ideolgicas desgastadas, envelhecidas.

    No livro O marxismo sovitico, Marcuse dizia que o marxismo, em vez de

    transformar a realidade socioeconmica existente na URSS, fora transformado

    por ela e se tornara uma ideologia de legitimao de uma vasta organizao

    estatal e de uma complexa mquina poltico-partidria. Por sua falta de vigor

    critico, tornava-se cmplice do sistema capitalista contra o qual havia sido

    criado.

    Tal como o Positivismo de Comte, o marxismo ortodoxo, de inspirao

    sovitica, acabou abandonando o idealismo racional, original, de Hegel.

    http://marxrevisitado.blogspot.com.br/2011/05/marxismo-sovietico.html

  • O certo que, alm da liquidao dos revoltosos, o prprio Lnin, depois disso,

    endureceu o regime proibindo a existncia de outros Partidos e fazendo a

    clebre afirmao de que os socialistas que no o seguissem abandonassem o

    pas. No obstante, teve a clara percepo, com a revolta, de que a Poltica do

    Comunismo de Guerra se esgotara, dando a grande virada em direo Nova

    Poltica Econmica NEP -, de forma a reconstituir minimamente a economia

    nacional abalada pela desorganizao, desabastecimento e fome

    generalizados.

    O advir, enfim, nunca uma deduo fria da Lei ou fatal dos acontecimentos,

    mesmo numa Revoluo. Para tanto, alis, importante conceituar

    acontecimento como irrupo de uma singularidade nica e aguda no lugar e

    no momento de sua produo(Foucault, 1972:79) e perceber o advir como

    uma possibilidade do sujeito, aberta criao histrica e cuja recriao

    podemos e devemos , sempre, avaliar. Tal foi o Kronstadt.

    Esse sujeito, a subjetividade humana, caracterizado pela reflexividade , algo

    distante do mero esprito, deduo ou pensamento, e pela vontade ou

    capacidade de ao deliberada. Sem este sujeito, claro, a moralidade se esvai.

    Ele, o sujeito, em sociedade e sem esta sociedade, nem teria sentido falar

    em moralidade. Como existia a sociedade russa, o imperativo moral era

    indispensvel construo do socialismo. Mas os dirigentes soviticos

    preferiram obviar estas consideraes, assassinando, neste processo no

    apenas inimigos internos ou externos ao processo revolucionrio, mas as

    prprias bases filosficas que os sustentavam na reduo do marxismo crtico

    ao positivismo: A Derrota de Dialtica, como afirmou Leandro Konder, em

    livro com este ttulo Ed.Campus, 1988, RJ.

    EM MEMRIA DA INSURREIO DE KRONSTADT

    Nestor Makhno

    http://www.nestormakhno.info/portuguese/kronstadt.htm

    O dia 7 de Maro uma jornada de pesar para os trabalhadores da dita "Unio das Repblicas Soviticas e Socialistas", que participaram de uma ou de outra

    forma nos acontecimentos desse dia em Kronstadt. A sua comemorao igualmente dolorosa para os trabalhadores de todos os pases, pois recorda o

    que os operrios e marinheiros livres de Kronstadt exigiram do carrasco vermelho, o "Partido Comunista Russo" e do seu instrumento, o governo

    sovitico, que estavam assassinando a revoluo russa.

    http://www.nestormakhno.info/portuguese/kronstadt.htm

  • Kronstadt exigiu destes bandidos estatistas a restituio de tudo o que pertencia aos trabalhadores das cidades e dos campos, tendo sido eles a fazer

    a revoluo. Os proletrios de Kronstadt exigiram que fossem postos em prtica os princpios da revoluo de Outubro: "Eleio livre dos sovietes,

    liberdade de expresso e de imprensa para operrios e camponeses, para anarquistas e socialistas revolucionrios de esquerda".

    O Partido Comunista Russo viu nisto um atentado inadmissvel ao seu monoplio no pas e, escondendo cobardemente a imagem de carrasco atrs da mscara de revolucionrio e de amigo dos trabalhadores, declarou contra-revolucionrios os operrios e marinheiros livres de Kronstadt e depois lanou contra eles dezenas de bufos e de escravos submissos: tchekistas , koursantis,

    membros do Partido... empenhados em massacrar estes honestos combatentes revolucionrios, cujo nico erro tinha sido de se indignarem diante

    da mentira e da cobardia do Partido Comunista Russo que espezinhava os direitos dos trabalhadores e da revoluo.

    A 7 de Maro de 1921, s 18h45, um furaco de fogo de artilharia foi desencadeado contra Krondstadt. Era natural e inevitvel que a Krondstadt revolucionria se defendesse. Foi o que fez, no apenas em nome das suas exigncias, mas tambm dos outros trabalhadores do pas que lutavam pelos

    seus direitos revolucionrios, arbitrariamente esmagados pelo poder bolchevique.

    A sua defesa teve repercusses em toda a Rssia amordaada, disposta a secundar o seu combate justo e herico, mas infelizmente impotente, pois ento j estava desarmada, constantemente explorada e agrilhoada pelos

    destacamentos repressivos do Exrcito Vermelho e da Tcheka, especialmente formados para esmagar a livre vontade e esprito do pas.

    difcil avaliar as baixas dos defensores de Kronstadt e da massa cega do Exrcito Vermelho, mas certamente foram mais de