Evangelicos Em Crise - Paulo Romeiro

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VANGLICOS EM CRISE PAULO ROMEIRO EDITORA MUNDO CRISTO So Paulo Copyright 1995, Associao Religiosa Editora Mundo Cristo Capa: Pedro Simo, Cassia Carrenho 1 edio brasileira: Dezembro de 1995 2 edio brasileira: Setembro de 1996 3 edio brasileira: Agosto de 1997 4 edio brasileira: Abril de 1999 Impresso: OESP Grfica S/A Publicado no Brasil com a devida autorizao e com todos os direitos reservados pela ASSOCIAO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTO Caixa Postal 21.257 CEP 04602-970 - So Paulo - SP ABEC

Agradecimentos Este livro dedicado aos mantenedores da Agncia de Informaes Religiosas - AGIR, s igrejas, aos pastores e demais irmos e irms que, com suas contribuies, tm ministrado ao mundo atravs do nosso ministrio. As palavras so insuficientes para expressar aqui a nossa gratido a esses heris annimos do Senhor. Que a Palavra de Deus fale ento por mim: "Porque Deus no injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos" (Hb 6:10). Agradeo tambm equipe da AGIR a ajuda que me prestou, principalmente ao Joaquim de Andrade, Nelson Wakai e Paul Carden. Suas sugestes foram de grande valor.Agncia de Informaes Religiosas A AGIR - Agncia de Informaes Religiosas, uma misso evanglica interdenominacional que defende e promove as verdades da f crist, e auxilia as igrejas na evangelizao de adeptos de movimentos religiosos controvertidos. OBJETIVOS DA AGIR

de sobre as manipulaes de grupos religiosos controvertidos.

evangelstico. OS DESAFIOS

O Brasil um pas mstico e obcecado pelo sobrenatural.

Esta uma das razes porque muitos movimentos religiosos questionveis crescem tanto por aqui. Seitas como Testemunhas de Jeov, Mormonismo, Igreja da Unificao do Rev. Moon, Nova Era, Espiritismo e religies orientais, tm trazido, do ponto de vista bblico, danos eternos para muitas pessoas. Infelizmente, as seitas esto, com muito sucesso, espalhando seus falsos ensinos em todas as partes do Brasil e do mundo, prejudicando igrejas e famlias. Grande parte dos brasileiros vive correndo atrs da astrologia, adivinhaes, consulta aos mortos, duendes, gurus, reencarnao, idolatria e todo o tipo de supersties. A AGIR se esfora para compartilhar Cristo de forma efetiva com toda essa multido, e ajuda outros cristos a fazer o mesmo. A Misso entende que importante promover tambm o discernimento espiritual entre o povo de Deus. Lembre-se de que enquanto voc l este informativo, almas preciosas esto em perigo. AS ATIVIDADES DA AGIR - Cruzadas evangelsticas em igrejas e demais locais pblicos. - Atravs de uma equipe de preletores especializados, a AGIR promove seminrios sobre seitas, religies mundiais, escatologia, avivamentos e famlia. Tem ministrado tambm conferncias em igrejas e instituies teolgicas de vrias denominaes, em diferentes partes do mundo. Entre em contato para saber como realizar um evento em sua igreja. - O Agir News produzido bimestralmente, e contm artigos sobre seitas e religies, estudos teolgicos, resenhas, respostas s perguntas dos leitores, testemunhos etc. Envie-nos o seu endereo, e lhe enviaremos um exemplar. - A AGIR produz tambm livros, folhetos, apostilas e fitas de udio e vdeo. - Os pesquisadores da AGIR tm participado de vrios programas de rdio e televiso, denunciando os abusos das seitas, alm de fornecer informaes para revistas e jornais, seculares ou religiosos.

- A AGIR est ligada vrias organizaes similares no exterior. Isso facilita a troca de informaes e a chegada de notcias com mais rapidez. SUA CHANCE DE AGIR Esperamos que Deus desperte em voc um interesse especial pelo trabalho da AGIR, pois precisamos contar com o seu apoio. Voc poder nos ajudar das seguintes formas: - Estamos numa luta constante em defesa da Palavra de Deus. Ore pela proteo espiritual e fsica dos pesquisadores e seus familiares. Ore tambm para que o Senhor envie os recursos financeiros para o desenvolvimento das atividades. - Doando material de diferentes grupos religiosos para a biblioteca da AGIR. - A AGIR sustentada com oraes e ofertas de amigos e irmos que acreditam e so beneficiados pelo seu trabalho. Deus poder us-lo para contribuir mensalmente. Sua ajuda far grande diferena nessa batalha espiritual. Voc poder fazer o depsito em nome da AGIR, no banco Bradesco, agncia 548-7, conta - corrente 75.280-0. AGNCIA DE INFORMAES RELIGIOSAS Rua Machado Bittencourt, 332 Vila Clementino - CEP: 04044-000 - So Paulo - SP Caixa Postal 295 - So Paulo - SP - CEP 01059-970 Telefax: (011) 570-1017 Internet Home Page: http://www.adasoft.com.br E-mail: [email protected]

Sumrio Introduo 1 A dimenso da crise 2 Depois do SuperCrentes 3 O culto personalidade 4 Milagres e seus abusos 5 O evangelho da maldio 6 Batalha espiritual 7 Em busca do poder terreno 8 Os profetas da volta de Cristo 9 Discernir preciso Bibliografia

Introduo Diante do crescimento fabuloso da Igreja evanglica no Brasil nos ltimos 40 anos, parece paradoxal falar em crise entre os evanglicos. Em 1950, havia apenas 1 milho e 700 mil crentes; hoje so 35 milhes. (Jornal O Correio Popular Campinas, SP, 29 de maro de 1995, p. 1.) Vrios missilogos apontam o Brasil como o celeiro de missionrios para o mundo. Para algumas igrejas ou para alguns lderes, no difcil encher um estdio de futebol ou colocar uma multido de milhares de pessoas marchando pelas ruas das grandes cidades, numa demonstrao de f. O crescimento dos evanglicos em solo brasileiro festejado por muitos, dentro e fora do pas, e tem despertado o interesse de vrios telogos e estudiosos da sociologia da religio. Todo cristo deve desejar e buscar ardentemente o avivamento de Deus para si e para a Igreja. Desejamos ver milhares de converses, de modo que a sociedade em geral seja atingida pelo trabalho do Esprito de Deus. Foi exatamente isso o que aconteceu nos avivamentos passados, nos dias de Joo Wesley, George Whitefield, Jonathan Edwards (durante o primeiro Grande Despertamento por volta de 1745, nos Estados Unidos), D. L. Moody Charles Finney e vrios outros. Mas a histria tem demonstrado que nenhum avivamento pode ser vivido distraidamente. Um dos exemplos vem da dcada de 1960, marcada pela "revoluo de Jesus" e pelo surgimento do movimento carismtico, um perodo de grande entusiasmo pelo Evangelho. Entretanto, foi nessa poca que surgiram seitas prejudiciais como os Meninos de Deus, conhecidos hoje como A Famlia. Os Beatles voltaram-se para a ndia em busca dos gurus da Meditao Transcendental e, devido fama que tinham, contriburam para tornar tal prtica muito popular no Ocidente. Por isso, temos de vigiar todo o tempo, pois quando o inimigo no consegue impedir um movimento de Deus, ele vai ento tentar tirar o melhor proveito dele. No se pode negar a influncia do Evangelho na sociedade

brasileira atual. Muitos jogadores de futebol e atletas de outras modalidades esportivas esto abraando a f evanglica. Vrios profissionais do mundo artstico esto se despertando para a f crist e cresce cada vez mais a representatividade poltica evanglica, tanto a nvel federal, como estadual e municipal. Uma boa parte da Igreja evanglica faz-se presente hoje na mdia por meio de programas de rdio e TV H ainda igrejas e organizaes crists que, nos ltimos anos, envolveram-se nas obras sociais, socorrendo os necessitados. Onde est ento a crise? Bem, enquanto temos motivo de sobra para comemorar o crescimento dos evanglicos em nosso pas, temos ao mesmo tempo algumas razes para estarmos preocupados. Nossa preocupao no com o crescimento numrico dos evanglicos, pois esse parece que vai bem, embora ainda haja muito o que fazer, principalmente na rea de misses e na rea social. Graas a Deus por todas as vitrias e por tudo o que ele est fazendo. Entretanto, na euforia de celebrar as bnos, alguns parecem no perceber as questes que continuam desafiando a Igreja evanglica brasileira nos dias de hoje, entre elas, a crise da integridade, ou da tica, e a crise doutrinria. A Igreja brasileira convive h tempos com prticas antiticas. A prpria CPI do Oramento em 1993 revelou o comportamento nada correto de organizaes e polticos evanglicos, mostrando claramente que muitos deles, embora possuidores de um discurso de ouro, tm os ps de barro. O envolvimento de muitos evanglicos na poltica brasileira tem trazido mais prejuzos do que benefcios para a imagem da Igreja. Isso tem gerado um clima de suspeita na sociedade em relao aos chamados "crentes". No so todos os brasileiros hoje que esto dispostos a confiar em algum s porque carrega uma Bblia ou diz ser evanglico. A minissrie Decadncia, produzida e transmitida pela Rede Globo, em setembro de 1995, despertou a fria de muitos crentes, mesmo antes de ser levada ao ar. Embora ela no retratasse a maioria da Igreja brasileira, no deixou, porm, de denunciar o aspecto doentio e mercenrio de alguns grupos evanglicos. Mas este no ser um livro sobre a tica crist. Minha

preocupao principal neste momento com outra crise que assola a Igreja evanglica no Brasil: a crise teolgica. Em mais de vinte anos de f crist, nunca vi tanta confuso doutrinria no seio do protestantismo em nosso pas como vejo hoje. O Brasil um pas mstico, obcecado pelo sobrenatural. Certamente esta uma das razes por que seitas como Testemunhas de Jeov, mormonismo, espiritismo e Nova Era crescem tanto por aqui. Muitas pessoas, por no terem alicerce bblico ou filtro teolgico, tm sido enganadas, passando a viver em escravido espiritual. Infelizmente, o perigo no vem apenas de seitas totalmente alheias ao verdadeiro cristianismo, pois aumentam cada vez mais no seio da prpria Igreja os desvios doutrinrios, na sua maioria importados dos Estados Unidos. So movimentos j analisados e cuidadosamente refutados l mesmo por pessoas capazes, muitas delas eruditas, que levam a srio o estudo da Palavra de Deus. No Brasil, todavia, tais movimentos continuam a iludir muitos crentes. Por um lado, vejo o crescimento das seitas e a infiltrao de heresias em muitas igrejas evanglicas com profunda tristeza. Por outro lado, devo reconhecer que se trata de nada mais que o cumprimento do que diz a Bblia. Quando esteve em Mileto, Paulo alertou os ancios de feso da seguinte forma: "Eu sei que, depois da minha partida, entre vs penetraro lobos vorazes que no pouparo o rebanho, e que, dentre vs mesmos, se levantaro homens falando cousas pervertidas para arrastar os discpulos atrs deles" (At 20:29, 30). Na sua primeira carta a Timteo, Paulo lembrou-lhe: "Ora, o Esprito afirma expressamente que, nos ltimos tempos, alguns apostataro da f, por obedecerem a espritos enganadores e a ensinos de demnios" (1 Tm 4:1). O apstolo comentou ainda sobre o triste estado espiritual de muitos quando escreveu pela segunda vez a Timteo: "Pois haver tempo em que no suportaro a s doutrina; pelo contrrio, cercar-se-o de mestres, segundo as suas prprias cobias, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusaro a dar ouvidos verdade, entregando-se s fbulas" (2 Tm 4:3, 4). Esperamos, pela misericrdia de Deus, que este livro seja til para

edificar os que permanecem firmes nos ensinos da f crist e para despertar outros que foram atrados para um "evangelho diferente" (2 Co 11:3, 4). Segundo a graa do Senhor, estaremos tratando neste livro de vrios desvios doutrinrios que invadiram a Igreja evanglica brasileira. No ltimo captulo, trataremos da importncia do discernimento espiritual, apresentando algumas sugestes que, esperamos, podero ajudar o leitor a fazer escolhas sbias quanto ao que crer e como crer neste final de milnio. Meu sincero desejo que este livro venha oferecer uma humilde contribuio Igreja do Senhor Jesus Cristo no Brasil. O objetivo no acusar qualquer pessoa ou ministrio. Gostaria de esclarecer ao leitor que muitas das pessoas citadas no livro so meus irmos e irms em Cristo, no estamos de relacionamento cortado e no tenho qualquer problema pessoal com elas. Apenas divergimos doutrinariamente. Portanto, nosso objetivo principal no criticar mas prover um pouco de discernimento bblico ao povo de Deus, num momento da nossa histria em que o espao para a verdade da Palavra de Deus comea a ficar cada vez mais reduzido, at mesmo no arraial dos santos. 1 - A dimenso da crise "Cousa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra." Jeremias 5:30 Passei cinco anos de minha vida dentro de um seminrio catlico (Congregao do Verbo Divino), preparando-me para o sacerdcio na igreja Catlica Romana. A idia que eu fazia dos evanglicos era a de que eles s acreditavam na Bblia, obedeciam Bblia e nada mais. Resumindo, o que eu achava que os evanglicos criam em tudo o que estava na Bblia e rejeitavam tudo o que estava fora dela. Quando me converti ao Senhor Jesus, minhas suspeitas se confirmaram. Era aquilo mesmo. Mas isso foi no incio da dcada de 70. Hoje, infelizmente, as coisas mudaram bastante. Atualmente, h muitos evanglicos que se comportam exatamente

como adeptos de seitas. Tomemos, por exemplo, uma testemunha-de-Jeov: se o Corpo Governante (a liderana da seita) diz uma coisa, muitas vezes atravs das revistas A Sentinela e Despertai!, e a Bblia diz outra, j sabemos a quem o adepto vai obedecer. Ele obedecer ao Corpo Governante e a Bblia ser relegada a um segundo plano. Para nossa surpresa, h muitos crentes fazendo o mesmo hoje em dia. Se a Bblia diz uma coisa e os pregadores da TV dizem outra (reconheo que nem todos os pregadores de TV fazem isso), j sabemos de antemo a quem muitos evanglicos vo seguir. Eles seguiro os pregadores da TV Como as coisas mudaram! A importncia do discernimento A crise aumenta medida que diminui o discernimento ou h falta dele por parte de igrejas e lderes cristos. Temos constatado a carncia de orientao e de informaes de muitos evanglicos quando viajamos para ministrar cursos em igrejas, seminrios teolgicos e em outras instituies, em diferentes partes do Brasil. Os fatos a seguir daro uma idia da dimenso da crise. Alguns deles so chocantes: H evanglicos que enviam seus dzimos para a LBV (Legio da Boa Vontade), pensando tratar-se de uma organizao evanglica. A LBV uma seita esprita. Pastores evanglicos usam as revistas Despertai! e A Sentinela das testemunhas-de-Jeov para ministrar Escola Dominical. Outros j usaram a revista Acendedor, da Seicho-No-l. Algumas igrejas do seus plpitos aos mrmons, s porque dizem ser missionrios norte-americanos. Um outro fato preocupante a facilidade com que os adventistas do Stimo Dia circulam pelos corredores evanglicos com seus conjuntos musicais como o Prisma, Prisminha, Arautos do Rei etc. lamentvel que muitas livrarias evanglicas distribuam com abundncia os seus produtos. O programa de TV Est Escrito, apresentado todo domingo de manh pela TV Bandeirantes, tem feito muito sucesso entre os evanglicos, infelizmente. Ora, o adventismo tem posies doutrinrias

inaceitveis luz das Escrituras Sagradas, tais como: Jesus o arcanjo Miguel, Jesus teve uma natureza pecaminosa, o ensino de que os nossos pecados so colocados sobre Satans, a guarda do sbado tida como prtica essencial para a salvao, o ensino do juzo investigativo (Jesus no completou a sua obra na cruz. Ele somente a completou em outubro de 1844) e a autoridade de Ellen G. White como nica intrprete da Bblia Sagrada. O envolvimento adventista com os evanglicos tem um propsito: proselitismo. A literatura adventista est cheia de testemunhos de evanglicos (e at de pastores) que se "converteram" f adventista. A Revista Adventista, de novembro de 1993, p. 16, traz uma notcia com este ttulo: "Ex-Pastor pentecostal foi batizado". A revista diz ainda:Depois de servir como pastor igreja Assemblia de Deus, durante 33 anos, foi batizado em Manaus o irmo Jos Lima, juntamente com sua esposa e sogra. Durante o perodo em que foi ministro de sua antiga igreja, o irmo Lima atuou no Brasil, na Colmbia, na Venezuela, na Bolvia e no Peru. A deciso de ser batizado foi tomada durante uma srie de conferncias evangelsticas dirigida pelos pastores Joo Alves Peixoto, departamental de Educao da MCA, e Gileno Hounsell Filho, distrital do bairro Cidade Nova. Dizendo-se "maravilhado" com o que aprendera, resolveu "no mais fugir da verdade". A cerimnia batismal foi efetuada pelo Pastor Hounsell. "Conhecer a Jesus e fazer Sua vontade, pela graa de Deus, foi o maior milagre em minha vida", disse o batizando.

Ainda em novembro de 1993, a Revista Adventista (p. 22), publicou a foto de um casal com as seguintes informaes: "Vanilda Cristino pertencia igreja Assemblia de Deus. Conheceu a verdade atravs do Est Escrito, e foi batizada em Porto Alegre, RS, no dia 21 de agosto, pelo Pastor Jonas Arrais. Seu esposo est se preparando para seguir o mesmo caminho". Reconheo que todo crente tem o direito de mudar de igreja no momento que desejar ou como o Senhor o dirigir, e isso tem acontecido constantemente. H crentes que saem da Assemblia de Deus e vo para a igreja Batista e vice-versa, outros saem da Presbiteriana e vo para a Metodista, e assim por diante. Entretanto, nunca vi um crente sair de uma igreja evanglica para outra alegando que o fez porque finalmente

encontrou a verdade. O mesmo no se passa com o adventismo. A Revista Adventista d a entender que a verdade de Deus s pode ser encontrada no adventismo e no em outra igreja evanglica. H muitas outras notcias que revelam o carter proselitista do adventismo. Do jeito que as coisas esto indo, s Deus sabe a quantidade de ensinos estranhos que passaro a fazer parte da vida de muitos dos nossos crentes. O pior que fica cada vez mais difcil defender a f crist medida que tantas seitas passam a encontrar mais e mais aliados nas prprias fileiras evanglicas. H muitos pastores por a que precisam tomar mais cuidado. A questo tica verdade que muitas vezes algum pode ter uma doutrina bblica correta mas ter um estilo de vida incorreto. Em outras palavras, possvel na doutrina estar com Deus e na prtica, com Satans. Mas interessante observar, tambm, que quando algum no leva a Bblia a srio teologicamente, a tica crist fica comprometida. Temos hoje uma necessidade urgente de mais lderes que nos sirvam como modelos de orao, piedade e integridade. claro que no so todos, mas h vrios precisando muito mais de receber ministrao do que em condies de ministrar. Larry Lea, ex-deo da Universidade Oral Roberts, e famoso nos Estados Unidos pelo seu ministrio de intercesso, um exemplo a no ser seguido. No faz muito tempo a rede de TV ABC nos Estados Unidos mostrou um videoteipe do televangelista informando a seus telespectadores que, quando sua casa foi completamente queimada, ele ficou praticamente sem teto, perdendo tudo o que ele e sua famlia tinham, exceto a roupa do corpo. Quando o programa da rede ABC mostrou a outra casa de Larry Lea - uma manso cheia de mveis e outros valores que ele no mencionara -, as coisas mudaram. As doaes caram, as igrejas cancelaram seus convites e, para muitos, Lea tornou-se persona non grata. (Christian Research Journal (outono de 1994), p. 8.)

Isso ocorre em qualquer lugar do mundo, e no apenas nos Estados Unidos. Lembro-me de que certa vez participei de uma reunio numa instituio evanglica em So Paulo, em que se discutia um plano para ampliar a construo da parte de trs do prdio da organizao. De repente, um pastor, lder de uma grande igreja na capital paulista, deu uma sugesto. Foram mais ou menos estas as suas palavras: - Ns comeamos numa sexta-feira, fazemos tudo bem depressa, no domingo j est terminado e ningum precisa ficar sabendo. Perguntei-lhe por que tudo tinha que ser feito to depressa e por que ningum poderia ficar sabendo. Ele me disse que tal modificao ou construo era ilegal. Disse-lhe ento que se era ilegal no poderia ser feita. Como ficaramos diante da Palavra de Deus e da tica crist? Ele respondeu-me com hostilidade: - Olha aqui, meu filho, no dia em que voc dirigir uma igreja como eu, vai jogar a Bblia e a tica fora. Que absurdo! A cola nos exames escolares tornou-se, infelizmente, uma prtica comum para muitos evanglicos. Quando nos referimos a isso numa igreja, a reao do auditrio de riso e zombaria, como se estivessem dizendo: no exagere, o que que tem fazer uma colinha? Deus no vai se importar com essas coisas! Geralmente, apresentam muitas outras desculpas. Que Deus nos ajude! Creio que uma das falhas do pentecostalismo (de onde tambm venho) no Brasil atravs das dcadas foi enfatizar mais o carisma do que o carter. O importante era ter o poder de Deus, poder para expulsar demnios, operar milagres, pregar e sacudir as massas. Tudo isso muito bom, mas apenas isso no basta, pois carisma sem carter leva destruio. Os puritanos do sculo passado nos Estados Unidos tinham um provrbio que resume bem este quadro: "O que voc fala to alto que eu no consigo ouvir o que voc diz". Viver a tica crist de acordo com a Palavra de Deus o caminho a ser percorrido por ns se quisermos ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5:13-16). Mas a crise no pra por aqui.

Nehemias Marien Talvez nada tenha indignado mais a opinio pblica evanglica nos ltimos tempos do que o caso Nehemias Marien, revelando que a crise apresenta-se tambm em forma de apostasia. Nehemias tem excelente formao teolgica, pois estudou no Seminrio Presbiteriano de Campinas, completando seus estudos teolgicos na Inglaterra, Frana e Estados Unidos; hoje afirma ser pastor presbiteriano da primeira igreja ecumnica do Brasil. Foi no programa de TV, O Cu o Limite, apresentado por J. Silvestre, que ele alcanou notoriedade. Por seis meses Nehemias respondeu perguntas sobre a Bblia, passando a ser conhecido como o "Pastor da Bblia". Apesar do vasto conhecimento bblico, Nehemias surpreendeu muita gente ao publicar, no incio de 1994, um livro extremamente controvertido, intitulado Jesus Luz da Nova Era. Parece impossvel ler uma s pgina desse livro sem encontrar uma aberrao doutrinria ou algo grotesco sobre a f crist. No captulo trs, o autor fornece um paralelo de identidade astrolgica entre os doze filhos de Jac e os doze discpulos de Jesus e afirma ainda: "... percebi uma estranha identidade entre eles, como se tratasse aqui de uma reencarnao". (Nehemias Marien, Jesus Luz da Nova Era - Rio de Janeiro, Editora Record,1994, p. 78.) A astrologia contradiz a Palavra de Deus em Deuteronmio 4:19 e Isaas 47:13, 14. J a reencarnao contradiz abertamente uma das doutrinas centrais da f crist, que a salvao pela graa atravs da f somente no sacrifcio de Jesus na cruz do Calvrio (veja Ef 2:8, 9). Mas Nehemias no pra por a. Observe o que ele diz sobre o espiritismo: "A doutrina esprita essencialmente crist e tem o seu fundamento nas Sagradas Escrituras. O espiritismo deve ser entendido como um dos mais caudalosos afluentes do cristianismo". Nehemias no est s em sua posio. O prprio Allan Kardec, o codificador do espiritismo, chegou a afirmar que "o espiritismo e o cristianismo ensinam a mesma coisa". (Allan

Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, em O Livro de Allan Kardec, Introduo, VII - So Paulo, SP, Editora Opus, p. 530.) Nehemias, errou novamente, pois o espiritismo nega a doutrina da Trindade, a autoridade da Bblia como nica regra de f e prtica, a divindade do Senhor Jesus, o nascimento virginal do Senhor, os milagres de Jesus, a salvao pela graa atravs da f somente no sacrifcio de Jesus na cruz, a ressurreio fsica do Senhor dentre os mortos, a existncia do diabo e dos demnios (o que Nehemias tambm nega), a existncia do cu, do inferno e a existncia dos anjos. Sobrou alguma coisa? E Nehemias ainda tenta passar a idia de que a doutrina esprita essencialmente crist! Sem chance! At a seita do Santo Daime encontrou guarida no ecletismo de Nehemias Marien. Ele conta que participou do lanamento da primeira semente do Santo Daime plantada no Estado da Paraba e relata o desenrolar da reunio:Concentrado no culto, cantei, com o mais vivo entusiasmo, todas as canes de louvor... Vi nocauteada a resistncia de muitos que se entregavam relaxados nos colchonetes e poltronas espalhados pela sala. Vi outros se transfigurarem, em xtase, os olhos vtreos e esbugalhados. Um jovem tomoume a mo, como um nufrago perdido no mar e, literalmente, urrava como leo. Muitos vomitavam, enquanto outros corriam ao banheiro. Um outro virou uma esttua vibrante, o tempo todo obediente a seus chakras, segundo disse. Ento, aps o segundo clice, comecei a sentir as mos frouxas e uma ligeira cibra nas pernas, dando-me a impresso de desmaio... Procurei cantar com mais entusiasmo, mas logo percebi ser melhor procurar um sof, no qual o meu corpo caiu pesado. Foi nesse instante que, relaxado, rendi-me ao DAIME, sem alucinaes, mas com a conscincia da purificao espiritual centrada em Jesus... Creio que, tambm, pelo Santo Daime, pode se contemplar a luz divina e alcanar a purificao do esprito e a cura interior . (Nehemias Marien,

Jesus Luz da Nova Era, p. 119-121.)

Nehemias agradeceu a Deus, considerando a experincia daimista uma contribuio marcante para o seu ministrio pastoral. De acordo com a revista Veja, o culto ao Daime uma autntica religio, possuindo templos, lderes, tem seus mortos venerveis e uma liturgia que mistura elementos do catolicismo, do judasmo e prticas semelhantes s da umbanda e do

candombl. O ponto alto da cerimnia a ingesto de um ch ou alucingeno extrado de um cip amaznico, o uasca, misturado com as folhas da chacrona, uma planta tambm da Amaznia. Aps a ingesto do Daime, as pessoas passam a ter alucinaes.(Revista Veja (9 de novembro de 1983), p. 88.) Nehemias cr que atravs do Daime pode-se alcanar a purificao do esprito, contrariando a Palavra de Deus em 1 Joo 1:7: "Se, porm, andarmos na luz, como ele est na luz, mantemos comunho uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado". Mas se algum acha que Nehemias parou por a vai se surpreender com as informaes a seguir. Em defesa de Sodoma Nehemias tambm conta que dois altos funcionrios (do mesmo sexo) do governo federal estavam se amando e desejavam receber a bno do Senhor. Ele ento se ps de joelhos, pedindo que a luz do divino Esprito o iluminasse.O fato que, embora tenha oferecido o altar da minha igreja para essa amorvel relao, o casal preferiu a discrio de um lar no Posto Seis de Copacabana. A liturgia, bastante domstica, constou de uma orao pastoral, a leitura da primeira Epstola de Paulo aos Corntios, captulo 13, sobre a qual fiz a minha homilia e aspergi em ambos gua que eu mesmo colhi no rio Jordo (...) e encerrei impetrando a bno apostlica (...) Foi uma indita experincia em minha vida pastoral e no creio que ser a ltima . (Nehemias Marien,

Jesus Luz da Nova Era, p. 142-3.)

Marien diz que "a Bblia o mais antigo e ainda hoje o mais atual manual de sexualidade" e que "na homossexualidade se pratica o amor liberto de todas as formas de preconceitos, numa entrega plena e sem restries. Por isso, mais puro e sincero (...) O homossexualismo uma prtica de amor (...). A Igreja no tem o direito de sonegar a bno divina a duas almas gmeas, no necessariamente macho e fmea, quando estas se encontram no amor". Para defender suas idias, Nehemias cita a lamentao de

Davi pela morte de Jnatas: "O meu amor por ti superior ao de muitas mulheres"; as palavras de Rute a Noemi: "Aonde tu fores irei eu (...) S a morte separar-me- de ti" e acrescenta ainda: "H sensveis paralelos entre o apstolo Paulo em relao a Lucas e a Timteo. E bem assim entre Joo e o prprio Jesus". Nehemias Marien no o primeiro a publicar tais abominaes. Posies semelhantes so defendidas por John Shelby Spong, bispo de uma igreja episcopal nos Estados Unidos (muitos episcopais no concordam com ele). Num debate pblico de TV com Walter Martin, fundador do ICP nos Estados Unidos, em 1989, Spong declarou sem hesitao: "Eu espero ser usado por Deus para introduzir o homossexualismo na Igreja evanglica".(Vdeo no arquivo da AGIR.) Davi e Jnatas no foram homossexuais. H uma declarao do ICP sobre esse assunto:Nada h em 2 Samuel 1:26 que poderia nos levar a crer que fossem. Quando Davi disse que o amor de Jnatas era maior do que o amor das mulheres, no se referia ao amor sexual, mas a uma fraternidade especial que excede qualquer forma de relao sexual. Se Davi e Jnatas fossem homossexuais, teriam sido apedrejados sob a lei levtica. O prprio fato de que Davi falou isso em 2 Samuel, tornando-o pblico, prova que nem ele nem os hebreus interpretaram essa passagem como descrevendo a sua fraternidade com Jnatas como uma relao homossexual.

A Bblia no escondeu os pecados de Davi, ao contrrio, denunciou-os com rigor, como comentam Carlos Oswaldo C. Pinto e Lus Alberto T. Sayo num artigo intitulado "A Questo do Homossexualismo":Seu adultrio e homicdio so vividamente denunciados pelo profeta (2 Sm 12) (...). Tivesse ocorrido em sua vida uma ocasio que fosse em que a lei de Moiss tivesse sido to flagrantemente desobedecida quanto num episdio homossexual, o historiador no a teria deixado passar em branco, especialmente porque, naqueles tempos, isso teria soado muito mais do que escandaloso e absurdo. (Revista Vox Scripturae - So Paulo, SP, Edies Vida

Nova, vol. 5, n.1, maro de 1995, p. 50.)

Como pode ser observado, nem o Senhor Jesus escapou da

hermenutica blasfema de Nehemias Marien. A informao da Bblia a respeito de Jesus bem diferente daquilo que pensa e escreve Marien. A Palavra de Deus afirma que Jesus o "sumo sacerdote (...) santo, inculpvel, sem mcula, separado dos pecadores, e feito mais alto do que os cus" (Hb 7:26). A Bblia apresenta ainda o Senhor Jesus como o homem aprovado por Deus (At 2:22). Veja ainda Efsios 4:13. A Palavra de Deus muito clara ao condenar o homossexualismo em muitos textos. Deus criou Ado e Eva e no Ado e Jos. Paulo foi claro sobre isso quando escreveu aos romanos: "Por causa disso os entregou Deus a paixes infames, porque at as suas mulheres mudaram o modo natural de suas relaes ntimas, por outro contrrio natureza; semelhantemente, os homens tambm, deixando o contacto natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo em si mesmos a merecida punio do seu erro" (Rm 1:26, 27).Aos corntios Paulo afirma: "Ou no sabeis que os injustos no herdaro o reino de Deus? No vos enganeis: nem impuros, nem idlatras, nem adlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladres, nem avarentos, nem bbados, nem maldizentes, nem roubadores herdaro o reino de Deus. Tais fostes alguns de vs; mas vs vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Esprito do nosso Deus" (1 Co 6:9-11). bvio que Deus, enquanto ama os homossexuais, os adlteros, os ladres, os assassinos ou qualquer pecador, odeia o homossexualismo, o adultrio, o latrocnio, o assassinato ou qualquer outro pecado. A Bblia ensina que todas as pessoas, independentemente de raa ou preferncia sexual, precisam arrepender-se de seus pecados, ter um encontro de salvao com Cristo e estabelecer um relacionamento de amor com Deus atravs de Jesus Cristo. A exemplo do que ocorreu na poca de Paulo, tambm hoje Deus abre os braos para perdoar, transformar e libertar qualquer pecador dos seus pecados, e isso inclui o homossexualismo.

Ligaes perigosas "Alguns catlicos e evanglicos buscam unio". (The New York Times (30 de maro de 1994, seo National Report), p. A8.) Esta foi a manchete de um artigo publicado no The New Yorh Times informando que um grupo de proeminentes catlicos e eruditos evanglicos assinou um documento prometendo reduzir os freqentes conflitos entre suas diferentes tradies crists. A idia de preparar um documento assim surgiu em setembro de 1992 com o Frei Richard John Neuhaus, um telogo catlico que dirige o Institute on Religion and Public Life (Instituto sobre Religio e Vida Pblica) em Manhattan, e Charles Colson, um exassessor do presidente Richard Nixon que fundou um ministrio nas prises, depois de passar algum tempo encarcerado, devido sua participao no caso Watergate. O documento, de 25 pginas, foi assinado por 39 eruditos e lderes cristos. Podem ser citados ainda, alm de Colson e Neuhaus, os seguintes: Pat Robertson, presidente do Clube 700, professor J. I. Packer, Dr. Os Guinness, Dr. Kent Hill, Dr. Richard Land, Dr. John White, Dr. Bill Bright, reverendo Avery Dulles, cardeal John O'Connor, arcebispo Francis Stafford, bispo Carlos Sevilla, George Weigel e Michael Novak. Os que assinaram a declarao confessaram: "Ns juntos, evanglicos e catlicos, confessamos nossos pecados contra a unidade que Cristo quer para seus discpulos". (Evangelicals and Catholics Together: The Christian Mission in the Third Millennium Evanglicos e Catlicos Juntos: A Misso da Igreja no Terceiro Milnio, p. 2.) O documento diz ainda: "Em muitas partes do mundo, o relacionamento entre essas comunidades marcado mais por conflito do que por cooperao, mais por animosidade do que por amor, mais por suspeita do que por confiana, mais por propaganda e ignorncia do que por respeito verdade. Isto assustadoramente o caso na Amrica Latina, crescentemente o caso na Europa Oriental e, muitas vezes, o caso em nosso prprio pas". Na seo We Witness Together (Ns Testemunhamos Juntos), o documento condenou a prtica de atrair ou ganhar membros j ativos de uma igreja para a outra. Em outras palavras, catlicos no devem evangelizar protestantes e

protestantes no devem evangelizar catlicos, com o propsito de aumentar o rol de membros das respectivas igrejas. Consta ainda na declarao que "para os catlicos, todos os que so validamente batizados so nascidos de novo e esto verdadeiramente, embora de forma imperfeita, em comunho com Cristo". Nehemias Marien vai um pouco mais alm. Ele relata que convidou o cardeal-arcebispo da cidade para a inaugurao do templo construdo por sua igreja. O convidado fez-se representar pelo Bispo Vigrio Geral, "que ocupou o plpito com ungida mensagem". (Nehemias Marien, Jesus Luz da Nova Era, p. 23.) Esta a opinio de Marien quanto Ceia do Senhor: "A celebrao eucarstica considerada por ns uma mesa aberta a quantos tm fome espiritual, inclusive todas as crianas, sendo a ela bemvindos mesmo os que no professam a f crist". Nehemias fala tambm de uma experincia que viveu numa missa ecumnica das Faculdades Notre Dame, em Ipanema. O padre celebrante, seu amigo, atrasou-se e, a pedido da madre reitora, ele mesmo deu incio santa missa. Veja como foi: O coral cantou, oramos juntos o pai-nosso de mos dadas, fiz a homilia e, quando j iniciava o procedimento sacramental, chegou o padre, esbaforido. Juntos, celebramos ento a eucaristia, compartilhando da mesma hstia consagrada e depois ministrando-a aos comungantes! A mesma semelhana j me envolvera nas igrejas do Sagrado Corao de Jesus e na Divina Providncia. Sinto-me muito vontade onde o Esprito me conduz. Benny Hinn tambm no demonstra discernimento quando se trata de promover o catolicismo romano. Em seu livro O Sangue, ele descreve, no captulo final, (Benny Hinn, O Sangue Venda Nova, MG, Editora Betnia, 1994, p.125-8.) que h cerca de dois anos, durante uma de suas cruzadas, chamou 49 freiras catlicas, vestidas em seus caractersticos hbitos negros e longos, para subirem plataforma. Elas ento entoaram com Benny o hino "Grandioso s Tu!", "dirigindo a congregao num entusistico cntico de louvor". No final do hino, as freiras "tiraram seu crucifixo de dentro dos mantos e o ergueram para o Senhor. Foi um instante de grande poder, que jamais esquecerei".

Depois, as freiras convidaram-no para visit-las em seu convento, onde, numa capela recm-construda, "elas se puseram a adorar ao Senhor 'cantando no Esprito'. Ficaram bendizendo a Deus durante meia hora". Benny diz que as irms "proferiram diversas palavras profticas que foram de grande inspirao" para ele. E segue contando:A essa altura eu me encontrava de joelhos, chorando muito, pois sentira a presena do Senhor de forma tremenda. Nunca experimentara tal uno numa celebrao da ceia do Senhor, nem mesmo em minha prpria igreja. A presena de Deus era to sensvel, to poderosa, que a nica maneira que posso descrev-la dizendo que 'Jesus entrou naquele salo'. Quando j encerravam o perodo de louvor, comecei a experimentar uma espcie de dormncia nos braos e no peito. No percebera que a madre geral tinha ido mesa e pegado o po asmo da ceia [a hstia da missa]. Eu estava ajoelhado louvando o Senhor com as mos erguidas, e a madre geral veio e colocou o po [a hstia] em minha boca. Nesse momento, tive a sensao de que um fogo atravessava todo o meu ser. Em seguida aconteceu algo maravilhoso. Senti que as pontas de meus dedos tocavam um manto, um tecido macio, como seda.

Benny passa a narrar que sentiu um corpo fsico dentro do manto, que ele afirma ter sido o corpo de Jesus e conclui: "Acredito que me encontrava literalmente ajoelhado aos ps de Jesus". difcil entender o que se passa hoje no meio evanglico. Apesar da experincia descrita acima e talvez de outras posies aberrantes que ainda venham a surgir, Benny Hinn e outros continuaro sendo considerados por muitos crentes como ungidos de Deus, revelando assim a atitude pattica de boa parte dos evanglicos nos ltimos tempos: o sucesso tem que vir a qualquer custo. Verdade ou erro, tanto faz. H uma grande diferena entre o Evangelho pregado pelo protestantismo daquele pregado pelo catolicismo romano. No h como sustentar, luz da Bblia, certos ensinos ou dogmas ensinados por Roma, tais como a crena no purgatrio, a assuno de Maria (a crena de que Maria subiu ao cu de corpo e alma), Maria como a me de Deus e a mediadora entre Deus e os homens. Isso contraria o ensino bblico em 1 Timteo 2:5: "Porquanto h um s Deus e um s Mediador entre Deus e os

homens, Cristo Jesus, homem". H ainda a idolatria, fortemente promovida em toda a Amrica Latina, algo que Deus abomina em sua Palavra, e a venerao aos santos. Quando algum reza aos santos, est tentando comunicar-se com os mortos, algo que Deus proibiu em Deuteronmio 18:10, 11: "No se achar entre ti quem (...) consulte os mortos". A esperana de perdo, de purificao, ou de se receber a vida eterna aps a morte atravs do purgatrio, de missas e de oraes pelos mortos tem levado multides de almas preciosas condenao eterna. Assim, a pessoa no sente de forma alguma a necessidade do novo nascimento, de abandonar todo o pecado, de ter um encontro e um relacionamento de salvao com Deus atravs do seu Filho Jesus Cristo. Isso traz, ao mesmo tempo, um desestmulo vida de santificao e de obedincia a Deus. A pessoa pode viver o tipo de vida que quiser, no dar a mnima ateno aos valores espirituais, envolver-se com toda a espcie de pecado, pois, aps a morte, h uma srie de provises que Roma oferece em prol de sua alma. Tais provises, por serem contrrias Palavra de Deus, acabam, portanto, no tendo qualquer valor. Um outro exemplo o de J. Gordon Melton, que tem dirigido o Institute for the Study of American Religion (Instituto para o Estudo da Religio Americana) em Santa Barbara, Califrnia, Estados Unidos. Melton participou do Congresso para o Estudo de Seitas e Religies no Brasil, realizado em Recife, na Universidade Federal de Pernambuco, de 15 a 17 de maio de 1994. Apesar de ser ministro ordenado pela igreja Metodista Unida, nos Estados Unidos, Melton compareceu ao congresso para defender A Famlia, o nome atual do grupo polmico conhecido como Os Meninos de Deus - uma seita controvertida fundada por David Berg na dcada de 60. As controvrsias surgiram devido s prticas de relacionamento sexual de crianas com crianas, adultos com crianas e ao proselitismo ou evangelismo atravs do sexo, conhecido como "pesca-coquete". Gordon Melton no defende apenas os Meninos de Deus. Ele tem defendido tambm a Igreja Local, de Witness Lee, grupo que publica no Brasil o jornal rvore da Vida. H vrias posies doutrinrias ensinadas por esse grupo que contrariam os ensinos

bblicos do cristianismo. (O jornal O Mensageiro da Paz, rgo informativo das Assemblias de Deus, publicou, no segundo semestre de 1994, uma srie de quatro artigos que analisam e refutam os erros doutrinrios do grupo rvore da Vida.) O grito da reforma protestante de Sola Scriptura, Sola Gracia, Solo Cristus e Sola Fide foi uma convocao para a volta Bblia Sagrada como a nica regra de f e prtica. Nenhuma experincia, sonho ou viso, pode estar acima do fundamento slido da Palavra de Deus. Ao contrrio, todas as experincias devem ser cuidadosamente avaliadas luz das Escrituras. Foi por questionar a legitimidade do evangelho pregado por Roma que muitos crentes no passado sofreram torturas e perderam suas vidas na fogueira e de vrias outras formas. chocante ver hoje os filhos da Reforma protestante de mos dadas com um Evangelho rejeitado pelos reformadores, muitos dos quais preferiram morrer a aceitar tais doutrinas. A decadncia da unidade Ultimamente fala-se muito em unidade nos crculos evanglicos. Unidade dos pastores, unidade das igrejas e at na unidade dos cristos em torno de um candidato poltico. Entretanto, nada talvez tenha jogado mais gua fria na caminhada dos evanglicos em direo unidade, nos ltimos anos, do que a minissrie Decadncia, levada ao ar pela Rede Globo em setembro de 1995. O trabalho produzido por Dias Gomes, autor da minissrie, no repetiu o mesmo sucesso de outros realizados anteriormente. Um articulista do jornal Folha de So Paulo, Srgio Dvila, escreveu que Decadncia uma minissrie ruim. Dvila disse ainda que este o pior trabalho de Dias Gomes . (Folha de So Paulo -16 de setembro de 1995, Ilustrada, p. 5-8.) Eu mesmo no gostei. Achei ridculo representar pastores evanglicos fazendo o sinal da cruz, como mostrou a minissrie. Essa no uma prtica dos evanglicos. Foram repugnantes tambm as cenas da mulher nua no plpito da igreja e uma calcinha de mulher sobre a Bblia.

Um tremendo mau gosto. Mas gostos parte, Decadncia conseguiu provocar desastrosos efeitos colaterais para a causa do evangelho. Aquilo que seria uma disputa entre duas emissoras de TV transformou-se num conflito dentro do Corpo de Cristo. Voaram farpas de todos os lados e acusaes foram trocadas por muitas pessoas de destaque entre os crentes. A entrevista concedida por Caio Fbio, presidente da AEVB (Associao Evanglica Brasileira), ao jornal O Globo no dia 20 de setembro e a publicao de uma declarao da AEVB assinada por vrios lderes evanglicos do Brasil, tambm no jornal O Globo, do dia 23 de setembro, irritaram muito a liderana da Igreja Universal do Reino de Deus e seus aliados. Em resposta, no dia 1 de outubro de 1995 vrios jornais publicaram um manifesto assinado por vrios pastores, de dentro e de fora da Igreja Universal. (Folha de So Paulo -1- de outubro de 1995, p 1-5.) A casa estava, ento, visivelmente dividida, o que muito perigoso para o Reino de Deus (Mt 12:25). O episdio serviu para revelar o quanto ns ainda somos vulnerveis aos ataques de Satans. Ao invs de reagir com calma e dentro dos ditames da Palavra de Deus, alguns partiram para a hostilidade, deixando perplexa a Igreja do Senhor. Um dos exemplos foi o que aconteceu na ltima reunio do Conselho de Pastores de So Paulo, realizada no dia 29 de setembro de 1995, em So Paulo. Aps o trmino da reunio, j na sada, um lder evanglico recusou-se a cumprimentar um outro porque este no estava do mesmo lado que ele em relao divergncia causada pela minissrie da Rede Globo. Lamentvel! Este lder e outros que agiram da mesma forma deveriam pelo menos lembrar-se das palavras do Senhor Jesus: "Ouvistes que foi dito: Amars o teu prximo e odiars o teu inimigo. Eu, porm, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? no fazem os publicanos tambm o mesmo? E se saudardes somente os, vossos irmos, que fazeis de mais? no fazem os gentios tambm o mesmo?" (Mt 5:43-47.)

Por ocasio desta reunio, a liderana do Conselho de Pastores de So Paulo preparou um manifesto para ser enviado ao presidente da AEVB, Cio Fbio. Um dos pastores presentes sugeriu que uma declarao fosse enviada tambm ao lder da Igreja Universal, Edir Macedo. Uma outra coisa a lamentar nessa crise que no conseguimos manter e nem resolver a questo entre ns, e o fato de tudo isso ir a pblico aumentou ainda mais o constrangimento para a causa de Cristo. Foi chocante ver e ouvir at mesmo incrdulos tentando entender e explicar e at oferecendo solues para a crise que passara a reinar entre os crentes em decorrncia da mininovela da Globo. Uns indagavam: "O que est havendo? Mas Jesus no mandou amar uns aos outros?" E tambm: "Por que estes pastores no param de brigar e vo rezar?" Como poderiam eles entender e explicar tal coisa, se a Palavra de Deus diz que "o homem natural no aceita as cousas do Esprito de Deus, porque lhe so loucura; e no pode entend-las porque elas se discernem espiritualmente" (1 Co 2:14). Que o Senhor nos d um esprito desarmado e muito amor cristo em situaes assim, pois outros ataques de Satans certamente viro e precisamos estar preparados. O inimigo no um lder de c, ou um outro de l. No esta ou aquela igreja. O verdadeiro inimigo Satans, e contra ele, sim, devemos nos unir na salvao das almas e edificao dos santos. Unidade e s doutrina Todo cristo deve desejar a unidade do Corpo de Cristo e orar por ela, pois at mesmo o Senhor Jesus assim o fez: "A fim de que todos sejam um (...). A fim de que sejam aperfeioados na unidade" (Jo 17:21, 23). Na carta aos Filipenses, Paulo recomenda que Evdia e Sntique pensem concordemente no Senhor (Fp 4:2). Sem dvida, uma das maiores armas de Satans contra o Corpo de Cristo a desunio. Por outro lado, em nenhum lugar da Bblia a Palavra de Deus encoraja a unio dos crentes em detrimento do equilbrio doutrinrio.A nossa unio deve serem torno da verdade, e no do erro, como bem expressou o salmista:

"Companheiro sou de todos os que te temem, e dos que guardam os teus preceitos" (SI 119:63). A crise doutrinria que assola a Igreja hodierna no Brasil sria demais para ser ignorada e colocada de lado, pois heresias e ensinos aberrantes tendem a se espalhar muito rapidamente. No podemos esquecer tambm que cada crente chamado para ser um atalaia no exrcito do Senhor e soar o alarme toda vez que se fizer necessrio (Ezequiel captulos 3 e 33). Embora desagrade a muitos, os erros devem ser denunciados e a verdade da Palavra de Deus proclamada com amor e obedecida sem distores. Que o Senhor nos guarde dos ventos de doutrina (Ef 4:14), e nos d graa para sermos fiis, tanto a ele quanto sua Palavra. 2 - Depois do SuperCrentes H alguns anos, uma corrente doutrinria conhecida como Confisso Positiva ou Evangelho da Sade e da Prosperidade comeou a invadir as igrejas no Brasil. Oriunda dos Estados Unidos, liderada por Kenneth Hagin e seguida por vrios outros pregadores. Tal doutrina ensina que todo o crente deve viver endinheirado, morar em manso, desfilar em carres, ficar livre de qualquer tipo de enfermidade durante todo o tempo de sua vida e possuir a natureza divina. Alm das posies acima mencionadas, a teologia da prosperidade traz tambm em seu bojo srios desvios cristolgicos. H ensinos de Kenneth Hagin e de outros do Movimento da F que ultrapassam os limites da heresia, chegando blasfmia, como a declarao de que na cruz Jesus recebeu uma natureza satnica. Outros ensinam ainda que a morte de Cristo na cruz no tem valor. O que tem valor a sua morte espiritual no inferno. A Confisso Positiva passou a representar tambm um risco integridade fsica das pessoas e mostramos como muitas delas perderam suas vidas ao aplicar os ensinos desta teologia. Tais posies no deveriam preocupar um cristo equilibrado? Por esta

razo, lancei em 1993 o livro SuperCrentes, onde tais questes foram bem documentadas e tratadas luz da Palavra de Deus. Creio ser til, principalmente para os que leram o livro, informlos aqui sobre as reaes e alguns resultados que ele provocou. Foi uma surpresa agradvel ver a grande aceitao que o SuperCrentes teve. claro que alguns no gostaram dele, como j era esperado. Mas isso at bblico, pois nem o prprio Senhor Jesus agradou a todos. A verdade que quando algum tenta agradar a Deus fica mal com os homens. Quando tenta agradar aos homens, fica mal com Deus. preciso ento decidir de que lado ficar e a quem agradar. Neste captulo, trataremos de algumas reaes provocadas pelo livro e de alguns fatos relevantes acontecidos depois de sua publicao. Assim que o livro saiu, visitei uma livraria evanglica no centro de So Paulo e uma funcionria quis me conhecer. Depois de cumprimentar-me, foi dizendo: "Paulo, peguei o seu livro ontem, j li e quero agradecer pela grande ajuda que me prestou. Meu irmo morreu de cncer h uns 15 dias. Antes da sua morte, porm, os irmos da Confisso Positiva viviam no meu ouvido dizendo que Deus j o havia curado, que eles j tinham decretado a cura. Mas ele morreu e, depois, alm de ter que suportar a dor da separao, eu tive que suportar tambm a dor da culpa. Disseram que meu irmo morrera porque eu no tive f para ele ser curado. Graas a Deus pelo seu livro, que trouxe o esclarecimento de que tanto precisava". Um dos exemplos animadores veio da cidade de Ipatinga, Minas Gerais, onde os lderes da igreja Batista Missionria ficaram revoltados comigo aps a primeira leitura do livro. Entretanto, depois da segunda leitura, chegaram concluso de que deveriam convidar-me para ministrar entre eles. Assim, estive ali nos dias 7, 8 e 9 de abril de 1995, apresentando a perspectiva bblica sobre o Evangelho da Sade e da Prosperidade e o Senhor nos abenoou grandemente. Passei momentos inesquecveis na presena de Deus com um grupo de irmos muito preciosos. Foi realmente gratificante ver toda uma igreja renunciando os ensinos questionveis da Confisso Positiva para se firmar no equilbrio da Palavra de Deus.

Transcrevemos aqui a carta de um pastor recebida por ns em 2 de janeiro de 1995, com o seguinte teor:Prezados irmos, "Mas graas a Deus que nos d a vitria por nosso Senhor Jesus Cristo." Desejo sinceramente que as bnos do cu estejam enriquecendo o vosso ministrio e que as vitrias sejam muitas. Desejo comunicar-lhes (se ainda no do vosso conhecimento) que a Conveno Batista do Tocantins, preocupada com estes movimentos "renovacionistas" que tm prejudicado algumas igrejas, presenteou todas as igrejas da referida Conveno com um exemplar do livro intitulado SuperCrentes, de Paulo Romeiro. Acabo de ler todo o volume e estou lhes escrevendo, tambm, para parabenizar o irmo Paulo Romeiro por este excelente trabalho. A Igreja Batista do Cordeiro, a qual pastoreio, receber, nos cultos doutrinrios, o estudo deste livro (...) No amor de Cristo, Pr. Arquimedes Oliveira de Castro

Um grande nmero de irmos, entre eles, muitos pastores, nos escreveram agradecendo a publicao do livro e nos incentivando a perseverar no combate pela f crist. Graas a Deus, as vozes a favor superaram de longe as vozes contrrias. Prosperidade: sim ou no? O livro SuperCrentes levantou algumas questes que no podem ser simplesmente deixadas de lado. A primeira foi quanto prosperidade financeira. preciso ser dito que no sou de forma alguma contra a prosperidade financeira do cristo ou de qualquer outra pessoa, pois a vida crist pode trazer e sem dvida tem trazido bnos materiais para muitos. No tenho a menor pretenso de sair por ai pregando que, por onde eu passar, os irmos venham a perder suas casas e carros e que empobream. Nunca fiz uma apologia da pobreza. Por outro lado, preciso parar com esse discurso de que pobreza do diabo, que maldio. Jesus nunca disse isso, e isto nem reflete a teologia bblica. Se fssemos medir a vida espiritual de algum pelo tamanho de sua conta bancria, pelo carro que possui ou pela manso onde mora, poderamos facilmente concluir que P C. Farias e alguns "anes" do Oramento tm uma comunho com

Deus fora do comum. Estou convicto de que o caminho no por a. Creio que quando uma pessoa tem um encontro de salvao com Cristo, o que envolve paz, alegria e libertao, ela pode receber tambm sade fisica e progresso financeiro. muito gratificante ver a transformao espiritual, social e econmica de uma pessoa ou de uma famlia que foi tocada pelo Evangelho. Quando isso acontece, s nos resta agradecer a Deus o seu dom inefvel e o cuidado que ele tem com seus filhos e continuar orando para que mais e mais pessoas sejam abenoadas da mesma forma. O grande problema da Teologia da Prosperidade no a prosperidade, mas a teologia, que contm doutrinas herticas no seu bojo, chegando s raias da blasfmia. Isto no deveria preocupar um cristo sensato? Creio que ningum precisa abraar heresias a fim de viver grandes experincias com Deus. A Bblia diz que Deus, pelas mos de Paulo, fazia milagres extraordinrios (At 19:11). Nem por isso Paulo abandonou o equilbrio teolgico para que os mesmos acontecessem. Por que muitos insistem em fazer de forma diferente hoje? Algum j disse que o dinheiro pode tanto ser um timo empregado quanto um pssimo patro. Infelizmente, h aqueles que, quando enriquecem, querem tornar-se independentes de Deus. No creio que seja da vontade de Deus prover opulncia a algum incapaz de fazer bom uso dela, que no venha a ser um bom mordomo das bnos de Deus. Por que citar nomes? Uma outra questo levantada em relao ao livro SuperCrentes foi quanto citao de nomes. Eu o fiz por alguns motivos. Primeiro, porque h um precedente bblico para se citar nomes. Veja o que Paulo fez em 2 Timteo 4:10. O apstolo no escreve dizendo: "Porque algum, tendo amado o presente sculo, me desamparou (...)". No, no isso o que ele faz. Ele cita o nome de Demas que, at algum tempo atrs, tinha sido um fiel companheiro. No seu desabafo, Paulo cita ainda outro nome: "Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe

dar a paga segundo as suas obras" (2 Tm 4:14). Quando alertou sobre a importncia de conservar a f e manter uma boa conscincia na vida crist, citou nomes de alguns que assim no procederam: "mantendo f e boa conscincia, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa conscincia, vieram a naufragar na f. E dentre esses se contam Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satans, para serem castigados, a fim de no mais blasfemarem" (1 Tm 1:19, 20). Quando se tornou necessrio corrigir ensinos distorcidos, Paulo no hesitou em mencionar as pessoas. Observe a sua exortao a Timteo: "Evita igualmente os falatrios inteis e profanos, pois os que deles usam passaro a impiedade ainda maior. Alm disso, a linguagem deles corri como cncer; entre os quais se incluem Himeneu e Fileto. Estes se desviaram da verdade, asseverando que a ressurreio j se realizou, e esto pervertendo a f a alguns" (2 Tm 2:1618). Algum poder argumentar que Paulo mencionava apenas o nome de pessoas fracassadas espiritualmente ou que fossem inimigas da f crist. Entretanto, isso no verdade. Na carta aos glatas (Gl 2:9-11), Paulo apresenta o apstolo Pedro como uma das colunas da Igreja, algo que ele foi at a morte. Nem por isso Paulo deixou de cit-lo, pois Pedro mereceu ser repreendido: "Quando, porm, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensvel" (Gl 2:11). H ento um precedente bblico e uma responsabilidade ao se citar nomes. O segundo motivo que essa a responsabilidade do cristo. Imagine o leitor se h um remdio sendo comercializado, trazendo perigo de morte populao. Certamente as emissoras de rdio e TV no conseguiriam prestar um servio ao pblico levando ao ar o seguinte anncio: "Informamos que h um remdio sendo vendido nas farmcias que poder lev-lo morte. Desde que no vamos citar o nome do remdio, tente descobrir por voc mesmo". No seria isso um absurdo? Quando algum descobrisse que remdio esse, j seria tarde demais. Um outro aspecto que deve ser levado em conta que no invadimos a privacidade de qualquer pessoa. Nunca questionamos a moral de qualquer pessoa mencionada no livro

SuperCrentes.Tudo o que fizemos foi analisar luz da Palavra de Deus aquilo que os prprios pregadores da Confisso Positiva j haviam trazido a pblico, por meio de suas pregaes e suas prprias publicaes. "No toqueis nos meus ungidos" Basta algum questionar a posio doutrinria ou tica de algum lder religioso para que ele ou seus simpatizantes imediatamente lancem mo desta frase para se defenderem. Algum j disse, com sabedoria, que o poder odeia a crtica, e isto verdade tambm no meio evanglico. Ao afirmar isso, no estamos defendendo aqui a crtica barata, vingativa, mas, sim, a construtiva, feita de acordo com a Palavra de Deus. Esta expresso "no toqueis nos meus ungidos" aparece duas vezes na Bblia: em 1 Crnicas 16:22 e em Salmos 105:15; ambas as referncias so a respeito dos patriarcas, Abrao, Isaque e Jac. As duas passagens no se referem a um questionamento tico ou doutrinrio do lder, mas a algum perigo para a integridade fsica de um ungido de Deus. Observe o que aconteceu com Abrao em Gnesis 20:1-13. Estando em Gerar, mentiu ao rei Abimeleque, dizendo que Sara no era sua esposa, a fim de se proteger. Impressionado com a beleza de Sara, Abimeleque mandou busc-la para faz-la sua esposa. Deus, porm, avisou o rei em sonho durante a noite, dizendo-lhe que seria punido se tomasse Sara como esposa, o que o levou a desistir do seu plano. Embora Abimeleque tivesse sido proibido por Deus de tocar no profeta (v. 7) e ungido do Senhor, isto , de causar-lhe algum dano fsico, ele no hesitou em repreender Abrao por ter-lhe mentido. Davi tambm, quando perseguido por Saul e com oportunidade para mat-lo, limitou-se apenas a cortar-lhe a orla do manto, explicando com estas palavras o motivo de seu comportamento: "O SENHOR me guarde de que eu faa tal cousa ao meu senhor, isto , que eu estenda a mo contra ele, pois o ungido do SENHOR" (1 Sm 24:6). Vemos novamente que o que estava em questo era a vida de Saul e no sua posio

doutrinria. No Novo Testamento, a uno no privilgio apenas de alguns, mas de todos os que esto em Cristo. Na sua primeira epistola universal, Joo mesmo reconheceu isso ao escrever: "E vs possus uno que vem do Santo, e todos tendes conhecimento" (1 Jo 2:20). Joo acrescenta ainda: "Quanto a vs outros, a uno que dele recebestes permanece em vs, e no tendes necessidade de que algum vos ensine; mas, como a sua uno vos ensina a respeito de todas as cousas, e verdadeira, e no falsa, permanecei nele, como tambm ela vos ensinou" (1 Jo 2:27). verdade que Jesus disse no Sermo do Monte: "No julgueis, para que no sejais julgados" (Mt 7:1). Este um outro texto muito usado de forma seletiva e fora de seu contexto como um escudo contra qualquer tipo de questionamento. O que Jesus est censurando nesta passagem o julgamento hipcrita, algo que ele deixa bem claro nos versculos 3 a 5: "Por que vs tu o argueiro no olho de teu irmo, porm no reparas na trave que est no teu prprio? Ou como dirs a teu irmo: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipcrita, tira primeiro a trave do teu olho e ento vers claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmo". Pode-se constatar que o apstolo Paulo tinha o cuidado de obedecer s palavras do Senhor Jesus pela sua exortao aos corntios: "Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo escravido, para que, tendo pregado a outros, no venha eu mesmo a ser desqualificado" (1 Co 9:27). A Bblia no probe o questionamento, pelo contrrio, encoraja-o. Quando chegou a Beria, Paulo teve seus ensinos avaliados luz das Escrituras pelos bereanos. interessante que os bereanos no foram censurados nem tidos como carnais porque examinaram os ensinos de Paulo, mas, sim, foram elogiados e considerados mais nobres que os de Tessalnica (At 17:11). Observe a atitude de Joo. Apesar de ser conhecido como o apstolo do amor e de usar termos muito amorosos (como "filhinhos", "amados"), ele no deixou de alertar seus leitores quanto aos perigos de ensinos e profetas falsos com essas palavras: "Amados, no deis crdito a qualquer esprito: antes,

provai os espritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas tm sado pelo mundo fora" (1 Jo 4:1). O que veio depois Depois do SuperCrentes, vrias aberraes doutrinrias continuaram a fustigar as igrejas, como os desvios na rea de batalha espiritual, a quebra de maldies hereditrias e, a exemplo do que j vinha acontecendo, surgiram novas datas para a volta de Cristo. Tais aberraes esto sendo tratadas aqui neste trabalho. No se pode ignorar ainda um novo fenmeno produzido no incio de 1994 por uma igreja de Toronto, no Canad, denominado "gargalhada sagrada" e que j chegou ao Brasil (tratarei disso no captulo 4, neste livro, sobre os milagres e seus abusos). Publicaes contendo ensinos questionveis apareceram no mercado evanglico, alm de novas prticas estranhas, nada benficas para o Corpo de Cristo. Vejamos algumas delas. O enigma Benny Hinn Benny Hinn esteve novamente no Brasil no primeiro semestre de 1994 e pode-se dizer que ele continua sendo um enigma. A revista Christianity Today (Cristianismo Hoje), uma das mais importantes revistas evanglicas norte-americanas, publicou uma reportagem sobre Benny Hinn na sua edio de 16 de agosto de 1993, p. 38-9, informando que Hinn havia renunciado Teologia da Prosperidade, chamando o movimento "Palavra da F" de "Nova Era". O artigo dizia que Hinn fora exortado por dois lderes cristos. Um deles, o evangelista James Robison, disse que havia trazido a mesma mensagem a Jim Bakker, a Jimmy Swaggart e a Larry Lea, mas nenhum deles deu ateno ao aviso. Hinn, afirma Robison, reagiu de forma diferente. Robison acrescenta: "Disse a Benny que toda a vez que eu orava por ele, o Senhor me mostrava que estava descontente com o que ele fazia (...). Eu lhe disse que Deus no o havia ungido para pregar coisas erradas e

atuar de forma extravagante e teatral, derrubando as pessoas no cho, sacudindo o palet e soprando sobre o povo". A reportagem informa ainda que Hinn descreveu o quanto o ensino da f o prejudicou: "Eu estava muito influenciado por Kenneth Hagin e Kenneth Copeland. Nenhum deles fala de salvao. S de f. A mensagem da f vazia sem o Esprito". Hinn comentou tambm sobre a prosperidade: "A prpria palavra foi distorcida e tornou-se de importncia fundamental no ministrio. Dinheiro, dinheiro, dinheiro. quase como ir a um cassino jogar!" Apesar disso, s o tempo dir se Benny Hinn realmente mudou. Sempre que traz a pblico um ensino controvertido, seus amigos o alertam, e ele se arrepende e pede perdo. Dois ou trs meses depois ele faz a mesma coisa, seus amigos o admoestam, ele pede perdo novamente, e assim o ciclo se repete. lamentvel que isso parea ser uma constante na vida de Benny Hinn. Infelizmente, h outros assuntos que tambm so motivo de preocupao, como veremos a seguir. Um livro muito estranho Fiquei surpreso ao ver nas livrarias evanglicas um livro intitulado Como Compreender o Seu Potencial, a Descoberta do Verdadeiro Eu, escrito por Myles Munroe e publicado pelo ministrio de Robson Rodovalho.(Myles Munroe, Como Compreender o Seu Potencial, a Descoberta do Verdadeiro Eu Braslia, DF, Koinonia Comunidade e Edies, 1993.) De acordo com o livro, Myles Munroe professor internacional, palestrante, conferencista, evangelista, consultor, fundador e presidente do Bahamas Faith Ministries International (Ministrio Internacional de F das Bahamas), uma rede abrangente de ministrios com sede em Nassau, Bahamas. O Dr. Munroe bacharel em Educao, Belas Artes e Teologia pela Universidade Oral Roberts e mestre emAdministrao pela Universidade de Tulsa. Em 1990 recebeu o ttulo de Doutor Honoris Causa da Universidade Oral Roberts. Como pode algum com tal currculo escrever um livro assim to questionvel luz da Palavra de Deus? O livro tem

problemas doutrinrios do comeo ao fim. Muitos deles chegam a ser absurdos. Por falta de espao, sero tratados aqui apenas alguns para que sirvam de alerta a quem pensa que hoje pode entrar em qualquer livraria evanglica e comprar o que quiser sem precisar se precaver. O que voc acha dessas afirmaes? "Assim, Deus criou voc para ser onipotente" (p. 23). Resposta bblica: No encontramos em qualquer parte da Bblia que Deus tenha criado algum para ser onipotente. A onipotncia um atributo exclusivo e incomunicvel da deidade. Observe as palavras de Jesus: "Mas ele respondeu: Os impossveis dos homens so possveis para Deus" (Lc 18:27). Veja ainda J 42:2. "Acreditamos que ns no servimos para nada ou que no temos valor. Jesus disse: 'Nada disso. Eu vim para mostrar a voc que voc mais do que voc pensa que voc "' (p. 25). Resposta bblica: Algum pode at pensar que eu estou sendo chato demais ao destacar esta frase do livro para refut-la luz da Bblia. Entretanto, o autor faz algo extremamente perigoso, exegeticamente falando. Ele coloca palavras nos lbios de Jesus. De onde ele tirou estas palavras? No h qualquer lugar na Bblia onde Jesus tenha dito isto. Trata-se portanto de revelao extrabblica. Ora, se algum comea a fazer isso e no questionado, a pessoa poder ir longe demais e outros seguirem o seu mau exemplo.Aqui vemos que Myles acrescenta ao texto bblico e isto biblicamente inaceitvel. "A maioria de ns quer ser como Jesus. Isso no o que Deus quer. Deus quer que ns sejamos como Cristo. Jesus veio para nos mostrar como Cristo se parece quando ele surge em forma humana" (p. 28-9). "Jesus foi a manifestao humana do Cristo celestial" (p. 29). "Quando queremos encontrar Cristo, Deus nos mostrar a Igreja. Entretanto, ns no podemos aceitar isso, porque acreditamos que Cristo est no cu. No, ele no est. Jesus est

no cu" (p. 29).

declaraes acima. Primeiro, ele divide a pessoa do Senhor entre Cristo e Jesus. Isto est mais para os ensinos da Nova Era do que para a teologia bblica. Em Cristo h uma s pessoa com duas naturezas: a divina e a humana. A Bblia diz que Jesus o Cristo (Lc 2:11) e morreu como o Cristo (Rm 14:9 e 1 Co 15:3). Segundo, ao afirmar que Cristo no est no cu, o autor contradiz a Palavra de Deus em Romanos 8:34 e Colossenses 3:1. "O corpo de Lcifer foi criado com tubos internos para que toda a vez que ele levantasse uma asa, um som sasse na forma de msica (...). Assim que ele comeava a abanar suas asas os anjos comeavam a cantar" (p. 43). Resposta bblica: Que absurdo! Onde est isto na Bblia? Esta a falcia da revelao extra-bblica (um dos exemplos disso tem acontecido nos seminrios de batalha espiritual, onde nomes de demnios que no esto na Bblia so ensinados por revelao) ou do argumento do silncio (um exemplo aqui a especulao que alguns fazem sobre a vida de Jesus dos doze aos trinta anos de idade. Desde que a Bblia no diz qualquer coisa a esse respeito, acabam criando suas prprias histrias). Ora, todas as nossas regras de f e prtica devem estar baseadas nas Escrituras. Onde e quando a Bblia se cala, devemos nos calar tambm. "Ns sempre existimos. No estado anterior, ramos invisveis, mas mesmo assim j existamos" (p. 82). Resposta bblica: Esta mais uma declarao que contraria o ensino das Escrituras. Alis, os mrmons tambm crem na mesma coisa, na preexistncia do ser humano. Ao contrrio do que diz o autor, a Palavra de Deus declara em Zacarias 12:1: "Fala o SENHOR, o que estendeu o cu, fundou a terra e formou o esprito do homem dentro dele". Veja ainda 1 Corntios 15:46, que tambm refuta tal crena errnea: "Mas no primeiro o espiritual, e, sim, o natural; depois o espiritual". Conversei pessoalmente sobre este livro com Robson

Resposta bblica: O autor comete erros gravssimos com as

Rodovalho no Rio de Janeiro, durante um encontro promovido pela AEVB (Associao Evanglica Brasileira), nos dias 17 e 18 de maro de 1994. Disse-lhe que este livro, prefaciado e publicado por ele, estava cheio de heresias do comeo ao fim. Robson tornou-se tenso com minhas observaes. Disse-lhe ento que estava ali como irmo em Cristo para ajud-lo e que, se ele quisesse, eu faria uma anlise por escrito do livro para sua apreciao. Ele gostou da idia. Sugeri ainda que publicasse algo alertando principalmente o seu pblico sobre as posies antibblicas do livro, numa tentativa de desfazer os danos causados pelo texto. Ele deu a entender que tambm isso era uma boa idia. Na ocasio, falei-lhe que no concordava com ele sobre o ensino da quebra de maldies hereditrias, por ser tambm uma doutrina sem base bblica (veja o captulo seis neste livro). Terminamos aquele encontro de forma amiga e fraterna. Coloquei-me sua disposio para ajud-lo sempre que ele quisesse. Enviei-lhe depois uma carta com a anlise do livro ainda no primeiro semestre de 1994. At hoje no ouvi qualquer reao de sua parte. Pior do que isso, o livro, cheio de heresias e aberraes, continua sendo comercializado pelo Brasil afora. Se o leitor pensa que acabou, vai se surpreender com algumas informaes sobre Jorge Tadeu, um pregador da Teologia da Prosperidade e lder das igrejas Man, que continua gerando controvrsias em Portugal e no Brasil. Eis os fatos: "Igreja Man, milagres perigosos" Esta foi a manchete de uma reportagem de capa que a revista Viso, de Portugal (10 a 16 de fevereiro de 1994, n47), fez sobre a igreja Man, liderada por Jorge Tadeu naquele pas. Tadeu um engenheiro e alguns de seus livros que promovem a Confisso Positiva circulam tambm pelo Brasil. Ele j esteve aqui vrias vezes, aparecendo em programas de TV ao lado de Valnice Milhomens e promovendo conferncias em So Paulo. No livro SuperCrentes, tratei de seus desvios doutrinrios e informei, com evidncias documentadas, como seus ensinos levaram pessoas

morte em Portugal. Pelo artigo publicado na revista Viso, pode-se ver que o ministrio Man ainda continua gerando muita controvrsia. Na pgina 58 da revista, h uma declarao de Jorge Tadeu que merece ateno: "Temos de deixar a nossa religiosidade no cho para sermos mais utilizados por Deus. Recebi isto por revelao divina: Deus me disse que hoje o Senhor permite que um homem tenha vrias mulheres, desde que com isso sirva mais a Deus" (gravao em vdeo de uma palestra de Jorge Tadeu aos pastores, em reunio realizada em junho de 1992 no Tojal, Loures). E agora, d para concordar? Se algum concordar, vai ter que pedir desculpas aos mrmons, (Joseph Fielding Smith, Doutrina de Salvao - So Paulo, SP, Centro Editorial Brasileiro, 1976, vol. 1, p. 65.) muito criticados pelos evanglicos por terem ensinado e praticado a poligamia no passado. O que no d para entender que Jorge Tadeu venha a pblico, faa uma declarao como essa e continue sendo considerado um ungido de Deus. Se algum discorda destas aberraes, considerado pelos adeptos da Confisso Positiva como carnal e provocador de divises no Corpo de Cristo. Ora, uma das grandes causas de divises no Corpo de Cristo so justamente as heresias (hairesis, no grego. O termo mencionado na lista das obras da carne em Glatas 5:1921). Mas Jorge Tadeu no pra por a. A revista portuguesa ainda informa que o dinheiro o seu objetivo principal e que para alcanar seus alvos financeiros Jorge Tadeu criou um mtodo infalvel: os pastores das igrejas de Portugal afiliadas ao seu ministrio so obrigados a preencher, de antemo e de uma vez, doze cheques, com as quantias projetadas para cada ms do ano. Se os "alvos de f" no forem alcanados, o salrio dos pastores no pago. Um ex-pastor da Igreja Man afirma:Os pastores vivem sob presso, sabem que se as ofertas no alcanarem os nmeros de Jorge Tadeu so eles prprios que no recebem. Isso faz com que se v para o plpito, no para pregar a Palavra de Deus, mas para lutar pela sobrevivncia. Outro pastor, segundo a revista Viso, conta ter

visto muitos colegas de ministrio serem humilhados por Jorge Tadeu, sendo chamados de estpidos, incompetentes e moleques e que se no tinham dinheiro porque no tinham f (p. 57).

Uma professora primria de Coimbra declara:Dei todo o dinheiro que tinha e quando j no havia dinheiro, o meu pastor trouxe um recado do pastor Tadeu: disse-me para dar o ouro e as jias. Eu dei. Fiquei sem nada, espera de uma bno financeira que nunca chegou. S hoje vejo como estava cega, completamente cega .

Seria impossvel contar hoje o nmero de pessoas que tm sido vtimas de seitas e ensinos distorcidos, algumas de forma irremedivel. O espao no permite tambm tratar de todas as aberraes doutrinrias surgidas no seio da Igreja no Brasil depois da publicao do livro SuperCrentes. Essas, porm, foram mencionadas para dirimir dvidas e responder s perguntas de muitos leitores. 3 - O culto personalidade O desenvolvimento tecnolgico das ltimas dcadas abriu largas avenidas para a pregao do Evangelho por meio da mdia, principalmente pelo rdio e pela televiso, dando assim acentuada visibilidade a um fenmeno muito antigo e nada recomendvel: o culto personalidade. Isso acontece porque o ser humano um adorador por natureza e cultuar uma de suas atividades essenciais. Entretanto, no seu af de adorar ele tomou, ao longo da histria, caminhos espiritual e socialmente tortuosos. Desde jangais da frica, desertos da Arbia, at ao frenesi das grandes metrpoles, adoradores podem ser encontrados aos bilhes, ora prostrando-se diante de uma vaca sagrada, de algum amuleto, ou altar, ora diante de algum lder religioso ou guru. O interessante que, quando o ser humano no adora em esprito e em verdade (Jo 4:23, 24), ele corre o risco de procurar ser adorado. No faz muito tempo, a revista Isto publicou um artigo sobre o comportamento dos famosos da msica e do cinema com

seus fs. Isso aconteceu durante a visita dos Rolling Stones ao Brasil:Sol inclemente ou chuva constante. Horas e horas parados diante de um edifcio. Para um f no existe limite. Vale tudo para estar perto do seu dolo. Esta a nica razo para justificar por que a publicitria Rita de Cssia Gemignani, 26 anos, e a secretria Michele Lopes, 25, abandonaram seus empregos e se entregaram empreitada de chegar o mais prximo possvel dos Rolling Stones. Acompanharam os trs shows da banda em So Paulo, os dois no Rio de Janeiro e, no satisfeitas, bandearam-se para Buenos Aires, escala seguinte da megaturn ( ....) A rotina de fs apaixonadas como Rita de Cssia e Michele, que tambm adoram os Beatles, toda organizada em funo da vida dos mitos idolatrados. Eles mergulham num mundo paralelo e, por causa disso, vezes perdem a identidade. Este culto s celebridades costuma chegar beira da irracionalidade nos Estados Unidos (...) Esta devoo no raramente se transforma em casos patolgicos, capazes de ofuscar at mesmo o senso de ridculo (...) A passagem dos Stones pelo Brasil confirmou a modernidade na adorao dos mitos. (Revista Isto -15 de fevereiro de 1995, p. 42-

3.)

Nem os mortos escapam a esse culto, como, por exemplo, Elvis Presley e Raul Seixas. O fator carisma Certamente que essa atrao, domnio e, muitas vezes, manipulao do dolo exercidos sobre o f tm muito a ver com um fator denominado carisma. O dicionrio Aurlio define carisma da seguinte maneira: "uma fora divina conferida a uma pessoa ou a atribuio a outrem de qualidades especiais de liderana, derivadas de sano divina, mgica, diablica, ou apenas de individualidade excepcional" (p. 354). Geralmente, a pessoa dotada de um forte carisma conhecida por seu magnetismo irresistvel, sua aparncia de vencedor e pelo entusiasmo com que defende uma causa, ou apresenta um produto. Tal entusiasmo pode ser visto freqentemente nos executivos ou no pessoal de liderana da Amway, uma rede internacional de distribuio de produtos que tem atrado muitos evanglicos atualmente, e ainda nos cursos de

Lair Ribeiro. Max Weber, socilogo alemo, fez uma excelente anlise, no livro Ensaios de Sociologia, sobre o papel do carisma no relacionamento do dolo com seu f:A expresso "carisma" deve ser compreendida como referindo-se a uma qualidade extraordinria de uma pessoa, quer seja tal qualidade real, pretensa ou presumida. "Autoridade carismtica", portanto, refere-se a um domnio sobre os homens, seja predominantemente externo ou interno, a que os governados se submetem devido sua crena na qualidade extraordinria da pessoa especfica. O feiticeiro mgico, o profeta... o chefe guerreiro... o chefe pessoal de um partido so desses tipos de governantes para os seus discpulos, seguidores, soldados, partidrios, etc. A legitimidade de seu domnio se baseia na crena e na devoo ao extraordinrio, desejado porque ultrapassa as qualidades humanas normais e originalmente considerado como sobrenatural. Alegitimidade do domnio carismtico baseia-se, assim, na crena nos poderes mgicos, revelaes e culto do heri. (Max Weber, Ensaios de

Sociologia, Rio de Janeiro, Editora Guanabara, 1982, 5. ed., p. 340.) O culto poltico

O culto personalidade tem-se repetido tambm ao longo da histria no relacionamento entre os senhores feudais e seus vassalos, entre polticos e povo, e entre ditadores e seus seguidores. Michael Green faz uma relevante observao quanto a esse fenmeno:Os fiis, na verdade, endeusam o lder: ele supremo e a sua vontade tem que ser obedecida. De fato, sua posio corresponde quase que exatamente quela do imperador romano que exercia completo poder poltico sobre o mundo conhecido e era adorado por seus subjugados. Da mesma forma Hitler declarou ser o emissrio do Todo-Poderoso e o fundador do reino de mil anos. Os nazistas morriam invocando o seu nome, e sua personalidade era considerada transcendente. O mesmo aconteceu com Mao. Ele no era apenas um lder; ele era divindade. Ele foi adorado. As pessoas se ajoelhavam diante dele. Elas recitavam seus pensamentos. Elas acreditavam que ele as curava atravs das mos de um cirurgio. Ele tomou o lugar de Deus .(Michael

Green, I Believe in Satan's Down fall - Creio na queda de Satans, Grand Rapids, Michigan, E.U.A., William B. Eerdmans Publishing Company, 1981, p. 158.)

impressionante como o homo sapiens do final do sculo vinte, que vive rodeado de uma tecnologia avanada, de um saber multiplicado, ainda se comporta de forma to ingnua, permitindo que outros o explorem espiritualmente. A seguir, alguns relatos bblicos do culto personalidade. Exemplos bblicos A moda no de hoje. No Sermo da Montanha, Jesus alertou vrias vezes sobre aqueles que davam esmolas, oravam e jejuavam tocando trombeta a fim de serem vistos pelos homens. Ele chamou tais pessoas de hipcritas (Mt 6:1-18). Assim eram os escribas e fariseus, que buscavam sempre o louvor do prximo. Eram eles que praticavam todas as suas boas obras e se vestiam alargando seus filactrios e alongando a franja de suas roupas com o fim de serem vistos pelos homens. Amavam tambm o primeiro lugar nos banquetes, as primeiras cadeiras nas sinagogas, gostavam de ser saudados e chamados de mestres pelos seus semelhantes (Mt 23:5-7). Jesus no poupou adjetivos ao repreend-los por tal atitude, chamando-os de hipcritas, guias cegos, insensatos, serpentes, raa de vboras e sepulcros caiados, que por fora se mostram belos, mas por dentro esto cheios de ossos de mortos e de toda a imundcia (Mt 23:13, 16, 27, 33). O Senhor alertou ainda que, ao fazer o bem, a mo esquerda no venha a saber o que fez a direita (Mt 6:3), bastando apenas ao Pai ficar sabendo, pois ele quem vai dar a recompensa (Mt 6:4). Sem dvida, todo cristo deve se envolver em obras sociais a fim de promover o bem-estar do seu prximo. Por outro lado, foge completamente aos ensinos da Bblia quando um grupo desenvolve uma obra social, como distribuio de cestas bsicas ou qualquer outro tipo de socorro humanitrio, e fica o tempo todo mostrando isso no seu prprio canal de televiso. o comportamento dos escribas e fariseus, condenado por Jesus, repetindo-se atualmente. Por isso, admiro o Exrcito da Salvao, que tem, j por dcadas, desenvolvido o seu ministrio de

socorrer os necessitados sem chamar a mdia para alardear o que faz. Um outro exemplo de culto personalidade pode ser observado nos eventos que precederam a morte de Herodes. A Bblia diz que ele foi aclamado pelo povo e comido de vermes (At 12:21-24). O historiador Flvio Josefo relata que Herodes programou um festival na cidade de Cesaria em homenagem a Csar. No segundo dia do festival, Herodes apareceu de manh no teatro vestido de prata, refletindo um brilho intenso devido aos raios do Sol. O povo comeou ento a clamar-lhe: - Seja misericordioso para conosco; pois embora at hoje tenhamos te reverenciado apenas como homem, te consideraremos de agora em diante como superior natureza mortal. Diante disso, o rei no os repreendeu nem rejeitou tal mpia adulao. No mesmo instante, ele sentiu uma dor muito forte no abdome e foi levado para o palcio, onde morreu cinco dias depois. (Flvio Josefo, Josephus, Antiguidade dos Judeus, Grand Rapids, Michigan, E.U.A., Kregel Publications, 1960, Livro 19, captulo 8.2, p. 412.) Outro exemplo claro o de Paulo e Barnab em Listra. Ali, um homem aleijado, paraltico desde o seu nascimento, foi curado depois de ouvir a pregao de Paulo. Quando a multido viu o que aconteceu, comeou a gritar: - Os deuses, em forma de homens, baixaram at ns. A Barnab chamaram Jpiter, e a Paulo, Mercrio, deuses mitolgicos. O sacerdote de Jpiter, que tinha um templo em frente da cidade, trouxe para junto das portas da cidade touros e grinaldas para, junto com a multido, fazer um sacrifcio em homenagem aos dois apstolos (At 14:6-13). Paulo e Barnab recusaram de imediato e com veemncia a oferta ou qualquer reconhecimento quanto ao milagre que acabara de acontecer, pois eram verdadeiros homens de Deus, desprovidos de qualquer ambio. Mas fico pensando em muitos hoje que no hesitariam em receber as homenagens, e certamente iriam at mais longe. Aproveitariam o evento para manipular e explorar ainda mais a massa.

H muitos outros relatos bblicos que mostram o relacionamento doentio entre uma personalidade e aqueles que lhe prestam adorao, e o espao no nos permite expandir mais este assunto. Entretanto, vale lembrar aqui as palavras de Moiss usadas mais tarde por Jesus quando foi tentado por Satans: "Ao Senhor teu Deus adorars, e s a ele dars culto" (Dt 6:13 e Mt 4:10). Nas seitas O culto personalidade pode ser amplamente observado no relacionamento entre lderes de seitas e seus adeptos. A igreja mrmon, por exemplo, rende louvores ao seu fundador, Joseph Smith, com o hino 108 do seu hinrio oficial, intitulado: Hoje, ao profeta louvemos. Os adeptos da seita Moon carregam consigo uma foto do lder, reverendo Moon, para garantir a proteo dos anjos e do bom mundo espiritual (revista Mundo Unificado, maio/ junho de 1984, p. 8). As oraes no grupo so feitas em nome dos verdadeiros pais, isto , reverendo Moon e sua esposa. J a Palavra de Deus ensina que as oraes devem ser feitas em nome de Jesus (Jo 14:13, 14). Moon considerado dentro da seita como o Senhor do Segundo Advento, o Messias vivo na Terra. Quanta heresia! Os adeptos do Tabernculo da F seguem os ensinos de William Marrion Branham, um controvertido pregador de cura divina nos Estados Unidos, j falecido. Branham declarou ser o anjo de Apocalipse 3:14 e 10:7 e que o arrebatamento da Igreja e a destruio do mundo aconteceriam em 1977. Seus seguidores gostam de exibir uma foto de Branham tirada em Houston, Texas, em 1950, em que aparece uma aurola (que mais parece uma mancha) de luz sobre a sua cabea, enquanto falava do plpito. Depois de falecer, em 1965, seus seguidores acreditavam que ele ressuscitaria. Alguns de seus discpulos criam ser ele o prprio Deus, enquanto outros afirmavam que ele havia nascido atravs de uma virgem (nascimento virginal). Alguns oravam a ele e outros batizavam em seu nome.

Branham recebeu muito apoio da Full Gospel Business Men's Fellowship International (Associao Internacional dos

Homens de Negcios do Evangelho Pleno-Adhonep norteamericana), mas tal apoio foi se reduzindo medida que Branham se tornava cada vez mais controvertido, nos anos 60. Uma das controvrsias foi o seu ensino conhecido como "a semente da serpente", onde afirmou que Eva se envolveu sexualmente com a serpente no Jardim do den. (Patrick H.Alexander, Editor, Dictionary of Pentecostal And Charismatic Movement - Dicionrio dos Movimentos Pentecostal e Carismtico, Grand Rapids, Michigan, E.U.A., Zondervan Publishing House, 1988, p. 95-6.) (Tal ensino antibblico defendido tambm pela seita do reverendo Moon.). Diante de tudo isso, de se estranhar que alguns lderes pentecostais e carismticos, como Kenneth Hagin, Oral Roberts, Benny Hinn e Marilyn Hickey, ainda hoje considerem ter sido William Branham um grande homem de Deus s por causa dos milagres em torno de seu ministrio. O culto personalidade pode ser notado tambm na igreja Adventista do Stimo Dia, onde os ensinos giram em torno das interpretaes bblicas de sua profetisa, Ellen Gould White. Uma das provas disso que todo o candidato ao batismo deve preencher e assinar um formulrio em que declara crer no esprito de profecia e j ter lido alguns livros da senhora White. Para os adventistas, ela possui o esprito de profecia, sendo assim a nica capaz de interpretar as Escrituras de forma correta e confivel. Se algum recusar a autoridade de Ellen White no poder ser um adventista do Stimo Dia. Tanto na igreja do Tabernculo da F quanto na igreja Adventista do Stimo Dia, os livros de William Branham e de Ellen White so colocados numa posio de igualdade com a Bblia Sagrada. Um dos exemplos mais chocantes dos perigos que cercam o culto personalidade pde ser verificado no grupo chamado Ramo Davidiano, de David Koresh, em Waco, Texas, Estados Unidos. Em abril de 1993, o FBI cercou por vrios dias o rancho onde Koresh e seu grupo estavam reunidos, enquan to a sociedade acompanhava apreensiva os fatos pela mdia e aguardava com ansiedade um final feliz. Infelizmente, tal no

aconteceu. Depois de perceberem que a polcia estava prestes a fazer uma invaso, Koresh e seu grupo preferiram transformar em chamas o rancho da seita e morrer do que entregar-se ao FBI. No dia 19 de abril de 1993, entre 75 e 85 pessoas morreram, incluindo aproximadamente 25 crianas. Nove pessoas sobreviveram. Por que isso aconteceu? O que ou quais cincunstncias levaram um grupo de homens e mulheres a obedecer cegamente um lder, mesmo at a morte? Naturalmente so muitos fatores, que, por falta de espao, no sero tratados aqui. Entretanto, seria interessante conferir o relato de dois autores sobre o carter megalomanaco de Koresh, algo relacionado com o assunto do nosso captulo:No seu carto pessoal estava impresso "Messias" e ele citado como tendo declarado em inmeras ocasies: "Se a Bblia verdade, ento eu sou o Cristo". Alguns acreditaram nele. Ele foi capaz de convencer os maridos a entregar-lhe suas esposas, famlias a entregar-lhe dinheiro e filhos. Seu estilo de vida paradisaco permitiu-lhe viver da renda dos outros. Em 19 de abril de 1993, havia quase cem pessoas dispostas a morrer com ele pela promessa de uma vida no cu aps a mortes. (Tobias, L. Madeleine & Lalich, Janja,

Captive Hearts, Captive Minds - Coraes Cativos, mentes Cativas, Alameda, CA, E.U.A., Hunter House, 1994, p. 81.) As lies duras e amargas, no apenas de David Koresh e Jim Jones (que no fim de 1978 levou mais de 900 pessoas ao suicdio coletivo, na Guiana), esto a para quem delas quiser tirar proveito. E quem dera que tragdias como essas nunca mais se repetissem! Na Igreja O culto personalidade pode ser encontrado tambm onde menos se deveria: na Igreja crist. bvio que no estou insinuando que tal fenmeno acontece na Igreja com a mesma intensidade e impiedade que nas seitas, como nos exemplos citados acima. Por outro lado, mesmo com uma intensidade menor, e provavelmente sem o perigo de levar ao extermnio de

pessoas, ele no deveria ocorrer de modo algum. Estou ciente tambm de que todos os citados aqui negaro veementemente tal procedimento e afirmaro que no existe em seu grupos qualquer exaltao do ser humano, que seu alvo glorificar apenas a Deus. Lamentavelmente, as prticas de muitos grupos demonstram o contrrio. Muitos esto pegando carona no louvor e adorao a Deus. Esse o caso de Jorge Tadeu, fundador e lder das igrejas Man em Portugal e que j esteve vrias vezes no Brasil. Ele se autodenomina Apstolo e escreve cartas semanais aos seus pastores com o ttulo de "St." (So) Jorge Tadeu. Um dos pastores dissidentes garante: "Hoje, a palavra de Jorge Tadeu na igreja Man equiparada Palavra de Deus". (Revista Viso, Lisboa, Portugal, 10 de fevereiro de 1994, p. 56.) O culto personalidade aparece tambm na igreja Universal do Reino de Deus, fundada por Edir Macedo. Tenho verificado pessoalmente que quase todos os pastores da Universal, tanto os que pregam nas igrejas quanto os que aparecem na televiso, so fiis imitadores de Macedo. Os mesmos gestos, as mesmas entonaes de voz, e muitas vezes, as mesmas expresses, tais como: "Sim ou no, pessoal?", " ou no , pessoal?" e "Amm, pessoal?". Muitas vezes, o fato de ser imitado no culpa do lder. Muitos de ns gostamos de ter os nossos heris, de ter um modelo a seguir, e at um certo ponto isso bom. O apstolo Paulo at aconselhou: "Sede meus imitadores, como tambm eu sou de Cristo" (1 Co 11:1). O escritor aos Hebreus tambm admoestou: "Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a f que tiveram" (Hb 13:7). Assim, somos encorajados a imitar, principalmente, a f desses irmos, e no sua entonao de voz ou gestos. Tenho observado que muitos irmos tornam-se fs to ardorosos dos lderes evanglicos mais conhecidos que comeam a idolatr-los, passando a imitar-lhes a voz, as expresses peculiares, os mesmos chaves e os gestos. Muitas vezes, isso pode revelar o resultado de um crescimento espiritual nada

saudvel de alguns crentes. Mesmo o rev. Caio Fbio ou o Dr. Russell Shedd, que esto longe de promover tal comportamento ou buscar tal tipo de reao dos seus ouvintes, tm sido cultuados por vrios dos que os acompanham ao longo dos anos. Creio que esses homens de Deus ficariam constrangidos se chegassem a constatar tais fatos. incrvel tambm a pressa com que alguns lderes ev