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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família EXAME CITOLÓGICO – AMPLIAÇÃO DA COBERTURA NO CENTRO DE SAÚDE FELICIDADE II- BELO HORIZONTE/MG FERNANDA BELIZARIO DOS SANTOS INNECCO Belo Horizonte – Minas Gerais 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia

EXAME CITOLOacuteGICO ndash AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II- BELO HORIZONTEMG

FERNANDA BELIZARIO DOS SANTOS INNECCO

Belo Horizonte ndash Minas Gerais 2011

FERNANDA BELIZARIO DOS SANTOS INNECCO

EXAME CITOLOacuteGICO ndash AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II - BELO HORIZONTEMG

Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia da Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do certificado de Especialista Orientadora Profa Dra Suelene Coelho

Belo Horizonte ndash Minas Gerais 2011

FERNANDA BELIZARIO DOS SANTOS INNECCO

EXAME CITOLOacuteGICO ndash AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA NO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II EM BELO HORIZONTE MG

Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia da Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do certificado de Especialista Orientadora Profa Dra Suelene Coelho

Banca Examinadora

Profa Dra Suelene Coelho ndash Orientadora Profa Eulita Maria Barcelos

Aprovada em Belo Horizonte 17092011

Ao meu marido pelo amor

dedicaccedilatildeo e incentivo

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pelo dom da vida

Ao meu marido pela confianccedila amor e companheirismo nessa importante

etapa de minha vida

Aos meus pais pelo amor incondicional e incentivo

Aos professores pelos ensinamentos em especial agrave professora Suelene

pela dedicaccedilatildeo ensinamentos e sabedoria

Aos colegas pelo companheirismo durante este percurso em que estivemos

juntos

ldquoO saber a gente aprende com os mestres e os livros

A sabedoria se aprende eacute com a vida e com os humildesrdquo

Cora Coralina

RESUMO

O objetivo principal deste estudo foi elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das mulheres A metodologia utilizada se baseou na revisatildeo de literatura do tipo narrativa Ao final do estudo foi apresentado um plano de accedilatildeo pois diante dos resultados apurados percebeu-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames preventivos Sabe-se que a poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo A realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo em especial a cobertura da populaccedilatildeo feminina na prevenccedilatildeo do cacircncer cervico-uterino

Palavras-chave Sauacutede Prevenccedilatildeo Cacircncer do Colo do Uacutetero

ABSTRACT

The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome

CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero

DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel

HPV Human Papiloma Viacuterus

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INCA Instituto Nacional de Cacircncer

Km Quilometro

NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

p paacutegina

PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento

USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute

oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do

estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na

consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede

universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)

O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de

cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde

sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias

que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e

formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)

No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de

Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras

ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de

pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave

profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute

desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute

um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez

que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso

(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)

Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da

necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres

pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A

identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi

percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo

do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da

cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de

abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos

dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede

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natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que

eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe

Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente

ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008

foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que

correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de

2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de

cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do

consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano

A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59

anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000

moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do

preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade

por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade

de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor

accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem

foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de

Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da

Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede

O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do

Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de

sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de

Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura

proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o

coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma

populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta

vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco

elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da

Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro

dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)

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O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000

pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade

entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro

Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde

novembro de 2006

O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o

Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e

Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro

Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte

Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma

populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes

Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da

populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de

outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de

habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o

Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica

precaacuteria

Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em

suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900

horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade

de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda

com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades

No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como

resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou

significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de

cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de

novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar

a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede

O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)

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Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi

implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a

implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado

risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e

meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo

social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao

governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito

De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e

o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em

2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao

crescimento populacional

Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas

domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de

Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de

2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da

Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos

de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo

Horizonte (PINTO e COELHO 2011)

O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou

preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte

por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um

instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e

atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de

serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do

cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de

uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de

uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar

outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal

vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado

prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em

trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda

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mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo

ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)

Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute

nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da

mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica

geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos

serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero

Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de

sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar

a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia

integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto

agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a

agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de

exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em

especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias

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2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

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3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

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4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

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FERNANDA BELIZARIO DOS SANTOS INNECCO

EXAME CITOLOacuteGICO ndash AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II - BELO HORIZONTEMG

Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia da Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do certificado de Especialista Orientadora Profa Dra Suelene Coelho

Belo Horizonte ndash Minas Gerais 2011

FERNANDA BELIZARIO DOS SANTOS INNECCO

EXAME CITOLOacuteGICO ndash AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA NO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II EM BELO HORIZONTE MG

Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia da Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do certificado de Especialista Orientadora Profa Dra Suelene Coelho

Banca Examinadora

Profa Dra Suelene Coelho ndash Orientadora Profa Eulita Maria Barcelos

Aprovada em Belo Horizonte 17092011

Ao meu marido pelo amor

dedicaccedilatildeo e incentivo

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pelo dom da vida

Ao meu marido pela confianccedila amor e companheirismo nessa importante

etapa de minha vida

Aos meus pais pelo amor incondicional e incentivo

Aos professores pelos ensinamentos em especial agrave professora Suelene

pela dedicaccedilatildeo ensinamentos e sabedoria

Aos colegas pelo companheirismo durante este percurso em que estivemos

juntos

ldquoO saber a gente aprende com os mestres e os livros

A sabedoria se aprende eacute com a vida e com os humildesrdquo

Cora Coralina

RESUMO

O objetivo principal deste estudo foi elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das mulheres A metodologia utilizada se baseou na revisatildeo de literatura do tipo narrativa Ao final do estudo foi apresentado um plano de accedilatildeo pois diante dos resultados apurados percebeu-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames preventivos Sabe-se que a poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo A realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo em especial a cobertura da populaccedilatildeo feminina na prevenccedilatildeo do cacircncer cervico-uterino

Palavras-chave Sauacutede Prevenccedilatildeo Cacircncer do Colo do Uacutetero

ABSTRACT

The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome

CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero

DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel

HPV Human Papiloma Viacuterus

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INCA Instituto Nacional de Cacircncer

Km Quilometro

NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

p paacutegina

PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento

USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute

oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do

estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na

consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede

universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)

O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de

cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde

sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias

que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e

formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)

No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de

Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras

ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de

pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave

profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute

desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute

um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez

que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso

(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)

Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da

necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres

pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A

identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi

percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo

do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da

cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de

abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos

dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede

11

natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que

eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe

Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente

ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008

foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que

correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de

2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de

cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do

consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano

A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59

anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000

moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do

preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade

por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade

de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor

accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem

foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de

Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da

Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede

O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do

Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de

sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de

Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura

proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o

coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma

populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta

vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco

elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da

Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro

dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)

12

O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000

pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade

entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro

Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde

novembro de 2006

O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o

Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e

Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro

Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte

Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma

populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes

Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da

populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de

outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de

habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o

Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica

precaacuteria

Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em

suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900

horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade

de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda

com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades

No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como

resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou

significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de

cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de

novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar

a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede

O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)

13

Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi

implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a

implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado

risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e

meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo

social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao

governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito

De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e

o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em

2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao

crescimento populacional

Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas

domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de

Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de

2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da

Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos

de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo

Horizonte (PINTO e COELHO 2011)

O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou

preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte

por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um

instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e

atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de

serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do

cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de

uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de

uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar

outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal

vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado

prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em

trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda

14

mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo

ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)

Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute

nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da

mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica

geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos

serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero

Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de

sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar

a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia

integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto

agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a

agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de

exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em

especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias

15

2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

16

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

17

4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 3: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

FERNANDA BELIZARIO DOS SANTOS INNECCO

EXAME CITOLOacuteGICO ndash AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA NO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II EM BELO HORIZONTE MG

Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia da Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do certificado de Especialista Orientadora Profa Dra Suelene Coelho

Banca Examinadora

Profa Dra Suelene Coelho ndash Orientadora Profa Eulita Maria Barcelos

Aprovada em Belo Horizonte 17092011

Ao meu marido pelo amor

dedicaccedilatildeo e incentivo

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pelo dom da vida

Ao meu marido pela confianccedila amor e companheirismo nessa importante

etapa de minha vida

Aos meus pais pelo amor incondicional e incentivo

Aos professores pelos ensinamentos em especial agrave professora Suelene

pela dedicaccedilatildeo ensinamentos e sabedoria

Aos colegas pelo companheirismo durante este percurso em que estivemos

juntos

ldquoO saber a gente aprende com os mestres e os livros

A sabedoria se aprende eacute com a vida e com os humildesrdquo

Cora Coralina

RESUMO

O objetivo principal deste estudo foi elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das mulheres A metodologia utilizada se baseou na revisatildeo de literatura do tipo narrativa Ao final do estudo foi apresentado um plano de accedilatildeo pois diante dos resultados apurados percebeu-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames preventivos Sabe-se que a poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo A realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo em especial a cobertura da populaccedilatildeo feminina na prevenccedilatildeo do cacircncer cervico-uterino

Palavras-chave Sauacutede Prevenccedilatildeo Cacircncer do Colo do Uacutetero

ABSTRACT

The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome

CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero

DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel

HPV Human Papiloma Viacuterus

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INCA Instituto Nacional de Cacircncer

Km Quilometro

NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

p paacutegina

PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento

USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute

oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do

estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na

consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede

universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)

O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de

cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde

sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias

que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e

formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)

No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de

Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras

ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de

pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave

profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute

desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute

um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez

que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso

(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)

Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da

necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres

pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A

identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi

percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo

do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da

cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de

abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos

dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede

11

natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que

eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe

Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente

ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008

foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que

correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de

2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de

cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do

consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano

A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59

anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000

moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do

preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade

por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade

de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor

accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem

foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de

Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da

Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede

O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do

Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de

sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de

Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura

proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o

coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma

populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta

vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco

elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da

Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro

dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)

12

O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000

pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade

entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro

Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde

novembro de 2006

O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o

Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e

Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro

Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte

Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma

populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes

Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da

populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de

outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de

habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o

Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica

precaacuteria

Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em

suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900

horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade

de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda

com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades

No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como

resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou

significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de

cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de

novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar

a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede

O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)

13

Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi

implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a

implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado

risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e

meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo

social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao

governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito

De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e

o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em

2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao

crescimento populacional

Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas

domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de

Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de

2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da

Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos

de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo

Horizonte (PINTO e COELHO 2011)

O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou

preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte

por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um

instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e

atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de

serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do

cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de

uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de

uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar

outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal

vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado

prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em

trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda

14

mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo

ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)

Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute

nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da

mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica

geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos

serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero

Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de

sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar

a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia

integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto

agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a

agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de

exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em

especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias

15

2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

16

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

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4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 4: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

Ao meu marido pelo amor

dedicaccedilatildeo e incentivo

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pelo dom da vida

Ao meu marido pela confianccedila amor e companheirismo nessa importante

etapa de minha vida

Aos meus pais pelo amor incondicional e incentivo

Aos professores pelos ensinamentos em especial agrave professora Suelene

pela dedicaccedilatildeo ensinamentos e sabedoria

Aos colegas pelo companheirismo durante este percurso em que estivemos

juntos

ldquoO saber a gente aprende com os mestres e os livros

A sabedoria se aprende eacute com a vida e com os humildesrdquo

Cora Coralina

RESUMO

O objetivo principal deste estudo foi elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das mulheres A metodologia utilizada se baseou na revisatildeo de literatura do tipo narrativa Ao final do estudo foi apresentado um plano de accedilatildeo pois diante dos resultados apurados percebeu-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames preventivos Sabe-se que a poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo A realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo em especial a cobertura da populaccedilatildeo feminina na prevenccedilatildeo do cacircncer cervico-uterino

Palavras-chave Sauacutede Prevenccedilatildeo Cacircncer do Colo do Uacutetero

ABSTRACT

The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome

CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero

DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel

HPV Human Papiloma Viacuterus

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INCA Instituto Nacional de Cacircncer

Km Quilometro

NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

p paacutegina

PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento

USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute

oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do

estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na

consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede

universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)

O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de

cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde

sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias

que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e

formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)

No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de

Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras

ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de

pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave

profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute

desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute

um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez

que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso

(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)

Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da

necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres

pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A

identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi

percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo

do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da

cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de

abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos

dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede

11

natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que

eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe

Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente

ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008

foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que

correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de

2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de

cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do

consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano

A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59

anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000

moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do

preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade

por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade

de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor

accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem

foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de

Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da

Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede

O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do

Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de

sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de

Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura

proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o

coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma

populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta

vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco

elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da

Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro

dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)

12

O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000

pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade

entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro

Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde

novembro de 2006

O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o

Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e

Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro

Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte

Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma

populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes

Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da

populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de

outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de

habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o

Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica

precaacuteria

Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em

suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900

horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade

de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda

com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades

No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como

resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou

significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de

cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de

novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar

a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede

O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)

13

Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi

implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a

implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado

risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e

meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo

social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao

governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito

De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e

o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em

2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao

crescimento populacional

Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas

domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de

Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de

2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da

Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos

de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo

Horizonte (PINTO e COELHO 2011)

O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou

preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte

por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um

instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e

atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de

serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do

cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de

uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de

uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar

outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal

vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado

prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em

trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda

14

mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo

ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)

Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute

nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da

mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica

geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos

serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero

Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de

sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar

a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia

integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto

agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a

agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de

exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em

especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias

15

2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

16

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

17

4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 5: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pelo dom da vida

Ao meu marido pela confianccedila amor e companheirismo nessa importante

etapa de minha vida

Aos meus pais pelo amor incondicional e incentivo

Aos professores pelos ensinamentos em especial agrave professora Suelene

pela dedicaccedilatildeo ensinamentos e sabedoria

Aos colegas pelo companheirismo durante este percurso em que estivemos

juntos

ldquoO saber a gente aprende com os mestres e os livros

A sabedoria se aprende eacute com a vida e com os humildesrdquo

Cora Coralina

RESUMO

O objetivo principal deste estudo foi elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das mulheres A metodologia utilizada se baseou na revisatildeo de literatura do tipo narrativa Ao final do estudo foi apresentado um plano de accedilatildeo pois diante dos resultados apurados percebeu-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames preventivos Sabe-se que a poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo A realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo em especial a cobertura da populaccedilatildeo feminina na prevenccedilatildeo do cacircncer cervico-uterino

Palavras-chave Sauacutede Prevenccedilatildeo Cacircncer do Colo do Uacutetero

ABSTRACT

The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome

CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero

DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel

HPV Human Papiloma Viacuterus

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INCA Instituto Nacional de Cacircncer

Km Quilometro

NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

p paacutegina

PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento

USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute

oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do

estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na

consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede

universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)

O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de

cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde

sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias

que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e

formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)

No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de

Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras

ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de

pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave

profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute

desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute

um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez

que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso

(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)

Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da

necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres

pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A

identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi

percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo

do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da

cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de

abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos

dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede

11

natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que

eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe

Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente

ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008

foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que

correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de

2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de

cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do

consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano

A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59

anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000

moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do

preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade

por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade

de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor

accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem

foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de

Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da

Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede

O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do

Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de

sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de

Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura

proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o

coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma

populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta

vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco

elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da

Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro

dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)

12

O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000

pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade

entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro

Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde

novembro de 2006

O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o

Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e

Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro

Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte

Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma

populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes

Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da

populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de

outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de

habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o

Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica

precaacuteria

Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em

suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900

horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade

de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda

com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades

No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como

resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou

significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de

cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de

novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar

a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede

O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)

13

Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi

implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a

implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado

risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e

meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo

social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao

governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito

De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e

o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em

2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao

crescimento populacional

Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas

domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de

Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de

2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da

Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos

de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo

Horizonte (PINTO e COELHO 2011)

O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou

preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte

por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um

instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e

atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de

serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do

cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de

uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de

uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar

outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal

vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado

prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em

trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda

14

mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo

ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)

Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute

nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da

mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica

geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos

serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero

Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de

sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar

a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia

integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto

agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a

agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de

exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em

especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias

15

2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

16

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

17

4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 6: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

ldquoO saber a gente aprende com os mestres e os livros

A sabedoria se aprende eacute com a vida e com os humildesrdquo

Cora Coralina

RESUMO

O objetivo principal deste estudo foi elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das mulheres A metodologia utilizada se baseou na revisatildeo de literatura do tipo narrativa Ao final do estudo foi apresentado um plano de accedilatildeo pois diante dos resultados apurados percebeu-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames preventivos Sabe-se que a poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo A realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo em especial a cobertura da populaccedilatildeo feminina na prevenccedilatildeo do cacircncer cervico-uterino

Palavras-chave Sauacutede Prevenccedilatildeo Cacircncer do Colo do Uacutetero

ABSTRACT

The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome

CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero

DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel

HPV Human Papiloma Viacuterus

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INCA Instituto Nacional de Cacircncer

Km Quilometro

NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

p paacutegina

PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento

USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute

oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do

estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na

consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede

universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)

O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de

cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde

sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias

que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e

formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)

No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de

Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras

ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de

pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave

profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute

desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute

um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez

que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso

(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)

Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da

necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres

pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A

identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi

percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo

do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da

cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de

abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos

dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede

11

natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que

eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe

Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente

ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008

foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que

correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de

2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de

cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do

consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano

A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59

anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000

moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do

preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade

por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade

de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor

accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem

foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de

Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da

Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede

O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do

Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de

sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de

Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura

proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o

coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma

populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta

vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco

elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da

Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro

dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)

12

O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000

pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade

entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro

Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde

novembro de 2006

O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o

Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e

Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro

Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte

Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma

populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes

Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da

populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de

outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de

habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o

Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica

precaacuteria

Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em

suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900

horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade

de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda

com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades

No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como

resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou

significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de

cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de

novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar

a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede

O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)

13

Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi

implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a

implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado

risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e

meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo

social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao

governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito

De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e

o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em

2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao

crescimento populacional

Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas

domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de

Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de

2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da

Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos

de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo

Horizonte (PINTO e COELHO 2011)

O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou

preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte

por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um

instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e

atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de

serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do

cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de

uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de

uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar

outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal

vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado

prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em

trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda

14

mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo

ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)

Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute

nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da

mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica

geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos

serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero

Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de

sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar

a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia

integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto

agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a

agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de

exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em

especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias

15

2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

16

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

17

4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 7: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

RESUMO

O objetivo principal deste estudo foi elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das mulheres A metodologia utilizada se baseou na revisatildeo de literatura do tipo narrativa Ao final do estudo foi apresentado um plano de accedilatildeo pois diante dos resultados apurados percebeu-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames preventivos Sabe-se que a poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo A realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo em especial a cobertura da populaccedilatildeo feminina na prevenccedilatildeo do cacircncer cervico-uterino

Palavras-chave Sauacutede Prevenccedilatildeo Cacircncer do Colo do Uacutetero

ABSTRACT

The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome

CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero

DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel

HPV Human Papiloma Viacuterus

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INCA Instituto Nacional de Cacircncer

Km Quilometro

NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

p paacutegina

PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento

USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute

oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do

estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na

consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede

universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)

O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de

cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde

sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias

que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e

formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)

No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de

Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras

ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de

pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave

profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute

desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute

um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez

que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso

(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)

Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da

necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres

pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A

identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi

percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo

do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da

cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de

abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos

dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede

11

natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que

eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe

Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente

ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008

foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que

correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de

2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de

cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do

consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano

A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59

anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000

moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do

preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade

por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade

de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor

accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem

foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de

Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da

Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede

O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do

Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de

sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de

Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura

proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o

coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma

populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta

vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco

elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da

Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro

dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)

12

O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000

pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade

entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro

Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde

novembro de 2006

O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o

Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e

Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro

Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte

Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma

populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes

Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da

populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de

outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de

habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o

Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica

precaacuteria

Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em

suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900

horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade

de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda

com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades

No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como

resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou

significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de

cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de

novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar

a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede

O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)

13

Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi

implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a

implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado

risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e

meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo

social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao

governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito

De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e

o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em

2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao

crescimento populacional

Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas

domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de

Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de

2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da

Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos

de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo

Horizonte (PINTO e COELHO 2011)

O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou

preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte

por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um

instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e

atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de

serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do

cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de

uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de

uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar

outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal

vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado

prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em

trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda

14

mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo

ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)

Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute

nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da

mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica

geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos

serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero

Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de

sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar

a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia

integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto

agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a

agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de

exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em

especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias

15

2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

16

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

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4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 8: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

ABSTRACT

The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome

CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero

DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel

HPV Human Papiloma Viacuterus

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INCA Instituto Nacional de Cacircncer

Km Quilometro

NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

p paacutegina

PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento

USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute

oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do

estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na

consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede

universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)

O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de

cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde

sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias

que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e

formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)

No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de

Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras

ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de

pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave

profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute

desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute

um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez

que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso

(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)

Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da

necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres

pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A

identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi

percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo

do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da

cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de

abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos

dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede

11

natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que

eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe

Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente

ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008

foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que

correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de

2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de

cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do

consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano

A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59

anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000

moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do

preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade

por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade

de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor

accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem

foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de

Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da

Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede

O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do

Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de

sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de

Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura

proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o

coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma

populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta

vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco

elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da

Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro

dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)

12

O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000

pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade

entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro

Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde

novembro de 2006

O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o

Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e

Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro

Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte

Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma

populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes

Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da

populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de

outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de

habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o

Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica

precaacuteria

Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em

suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900

horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade

de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda

com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades

No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como

resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou

significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de

cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de

novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar

a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede

O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)

13

Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi

implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a

implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado

risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e

meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo

social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao

governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito

De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e

o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em

2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao

crescimento populacional

Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas

domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de

Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de

2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da

Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos

de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo

Horizonte (PINTO e COELHO 2011)

O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou

preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte

por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um

instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e

atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de

serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do

cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de

uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de

uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar

outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal

vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado

prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em

trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda

14

mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo

ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)

Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute

nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da

mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica

geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos

serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero

Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de

sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar

a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia

integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto

agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a

agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de

exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em

especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias

15

2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

16

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

17

4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 9: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome

CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero

DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel

HPV Human Papiloma Viacuterus

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INCA Instituto Nacional de Cacircncer

Km Quilometro

NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

p paacutegina

PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento

USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute

oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do

estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na

consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede

universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)

O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de

cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde

sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias

que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e

formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)

No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de

Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras

ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de

pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave

profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute

desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute

um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez

que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso

(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)

Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da

necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres

pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A

identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi

percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo

do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da

cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de

abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos

dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede

11

natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que

eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe

Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente

ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008

foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que

correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de

2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de

cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do

consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano

A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59

anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000

moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do

preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade

por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade

de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor

accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem

foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de

Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da

Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede

O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do

Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de

sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de

Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura

proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o

coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma

populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta

vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco

elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da

Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro

dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)

12

O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000

pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade

entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro

Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde

novembro de 2006

O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o

Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e

Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro

Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte

Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma

populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes

Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da

populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de

outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de

habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o

Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica

precaacuteria

Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em

suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900

horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade

de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda

com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades

No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como

resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou

significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de

cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de

novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar

a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede

O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)

13

Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi

implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a

implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado

risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e

meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo

social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao

governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito

De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e

o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em

2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao

crescimento populacional

Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas

domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de

Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de

2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da

Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos

de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo

Horizonte (PINTO e COELHO 2011)

O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou

preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte

por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um

instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e

atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de

serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do

cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de

uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de

uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar

outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal

vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado

prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em

trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda

14

mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo

ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)

Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute

nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da

mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica

geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos

serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero

Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de

sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar

a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia

integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto

agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a

agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de

exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em

especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias

15

2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

16

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

17

4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 10: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute

oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do

estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na

consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede

universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)

O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de

cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde

sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias

que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e

formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)

No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de

Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras

ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de

pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave

profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute

desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute

um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez

que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso

(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)

Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da

necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres

pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A

identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi

percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo

do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da

cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de

abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos

dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede

11

natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que

eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe

Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente

ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008

foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que

correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de

2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de

cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do

consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano

A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59

anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000

moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do

preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade

por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade

de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor

accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem

foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de

Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da

Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede

O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do

Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de

sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de

Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura

proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o

coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma

populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta

vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco

elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da

Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro

dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)

12

O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000

pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade

entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro

Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde

novembro de 2006

O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o

Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e

Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro

Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte

Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma

populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes

Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da

populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de

outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de

habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o

Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica

precaacuteria

Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em

suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900

horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade

de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda

com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades

No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como

resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou

significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de

cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de

novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar

a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede

O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)

13

Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi

implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a

implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado

risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e

meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo

social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao

governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito

De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e

o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em

2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao

crescimento populacional

Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas

domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de

Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de

2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da

Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos

de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo

Horizonte (PINTO e COELHO 2011)

O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou

preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte

por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um

instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e

atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de

serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do

cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de

uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de

uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar

outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal

vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado

prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em

trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda

14

mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo

ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)

Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute

nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da

mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica

geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos

serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero

Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de

sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar

a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia

integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto

agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a

agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de

exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em

especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias

15

2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

16

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

17

4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

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neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

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voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

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desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

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meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

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De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 11: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute

oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do

estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na

consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede

universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)

O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de

cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde

sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias

que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e

formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)

No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de

Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras

ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de

pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave

profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute

desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute

um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez

que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso

(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)

Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da

necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres

pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A

identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi

percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo

do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da

cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de

abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos

dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede

11

natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que

eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe

Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente

ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008

foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que

correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de

2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de

cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do

consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano

A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59

anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000

moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do

preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade

por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade

de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor

accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem

foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de

Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da

Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede

O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do

Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de

sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de

Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura

proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o

coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma

populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta

vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco

elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da

Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro

dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)

12

O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000

pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade

entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro

Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde

novembro de 2006

O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o

Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e

Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro

Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte

Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma

populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes

Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da

populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de

outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de

habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o

Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica

precaacuteria

Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em

suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900

horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade

de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda

com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades

No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como

resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou

significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de

cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de

novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar

a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede

O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)

13

Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi

implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a

implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado

risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e

meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo

social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao

governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito

De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e

o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em

2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao

crescimento populacional

Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas

domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de

Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de

2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da

Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos

de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo

Horizonte (PINTO e COELHO 2011)

O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou

preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte

por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um

instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e

atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de

serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do

cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de

uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de

uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar

outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal

vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado

prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em

trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda

14

mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo

ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)

Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute

nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da

mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica

geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos

serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero

Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de

sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar

a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia

integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto

agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a

agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de

exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em

especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias

15

2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

16

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

17

4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

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meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 12: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

11

natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que

eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe

Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente

ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008

foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que

correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de

2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de

cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do

consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano

A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59

anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000

moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do

preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade

por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade

de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor

accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem

foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de

Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da

Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede

O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do

Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de

sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de

Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura

proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o

coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma

populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta

vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco

elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da

Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro

dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)

12

O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000

pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade

entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro

Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde

novembro de 2006

O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o

Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e

Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro

Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte

Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma

populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes

Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da

populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de

outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de

habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o

Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica

precaacuteria

Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em

suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900

horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade

de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda

com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades

No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como

resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou

significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de

cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de

novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar

a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede

O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)

13

Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi

implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a

implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado

risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e

meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo

social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao

governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito

De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e

o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em

2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao

crescimento populacional

Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas

domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de

Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de

2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da

Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos

de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo

Horizonte (PINTO e COELHO 2011)

O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou

preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte

por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um

instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e

atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de

serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do

cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de

uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de

uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar

outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal

vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado

prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em

trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda

14

mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo

ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)

Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute

nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da

mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica

geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos

serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero

Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de

sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar

a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia

integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto

agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a

agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de

exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em

especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias

15

2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

16

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

17

4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 13: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

12

O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000

pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade

entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro

Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde

novembro de 2006

O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o

Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e

Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro

Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte

Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma

populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes

Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da

populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de

outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de

habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o

Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica

precaacuteria

Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em

suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900

horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade

de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda

com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades

No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como

resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou

significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de

cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de

novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar

a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede

O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)

13

Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi

implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a

implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado

risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e

meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo

social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao

governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito

De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e

o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em

2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao

crescimento populacional

Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas

domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de

Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de

2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da

Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos

de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo

Horizonte (PINTO e COELHO 2011)

O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou

preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte

por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um

instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e

atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de

serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do

cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de

uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de

uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar

outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal

vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado

prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em

trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda

14

mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo

ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)

Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute

nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da

mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica

geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos

serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero

Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de

sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar

a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia

integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto

agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a

agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de

exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em

especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias

15

2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

16

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

17

4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 14: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

13

Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi

implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a

implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado

risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e

meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo

social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao

governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito

De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e

o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em

2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao

crescimento populacional

Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas

domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de

Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de

2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da

Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos

de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo

Horizonte (PINTO e COELHO 2011)

O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou

preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte

por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um

instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e

atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de

serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do

cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)

A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de

uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de

uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar

outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal

vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado

prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em

trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda

14

mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo

ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)

Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute

nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da

mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica

geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos

serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero

Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de

sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar

a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia

integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto

agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a

agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de

exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em

especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias

15

2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

16

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

17

4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 15: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

14

mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo

ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)

Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute

nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da

mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica

geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos

serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero

Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de

sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar

a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia

integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto

agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a

agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de

exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em

especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias

15

2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

16

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

17

4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 16: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

15

2 OBJETIVOS

21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico

no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo

Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das

mulheres

22 Especiacutefico

Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o

plano de accedilatildeo

16

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

17

4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

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avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 17: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

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3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza

compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos

em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido

de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade

II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou

A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic

Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -

Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-

americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede

das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e

ldquoprevenccedilatildeordquo

17

4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

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17

4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS

41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres

Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX

que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas

nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que

natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como

uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher

Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)

Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede

caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees

precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e

incidecircnciardquo

Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)

42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer

ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na

forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 19: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

18

evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser

feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer

Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo

primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as

relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute

presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do

exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila

Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem

como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma

a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a

cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois

exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59

anos ou que jaacute tenham atividade sexual

Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)

Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus

HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George

Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila

o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou

De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa

Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que

Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

19

Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

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Page 20: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

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Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada

de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus

outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados

Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)

Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer

ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio

precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem

disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos

epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral

as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o

tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno

Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)

Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem

reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais

acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o

papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)

O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 21: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

20

neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)

Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a

prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco

com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino

haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo

aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos

serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um

contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo

familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves

poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos

programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude

dos fatores intervenientes

De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de

grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e

com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio

ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas

estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as

quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de

temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST

planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre

outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para

o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo

de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no

estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo

a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de

sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e

FERNANDES 2007)

Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser

realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir

grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de

sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas

21

voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

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avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

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Page 22: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

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voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer

ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos

aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento

possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o

autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e

ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o

nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa

Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e

capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e

abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)

O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta

de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o

acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de

retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de

aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta

No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi

Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico

para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis

e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer

em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o

que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca

do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido

utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo

(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-

invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o

programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e

na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento

adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na

mortalidade por essa patologia

Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-

uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a

80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa

doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 23: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

22

desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades

da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de

intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo

das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela

doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica

epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees

em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza

da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo

atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os

equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras

vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres

para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que

perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional

Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo

contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos

serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social

dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a

realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais

emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade

individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as

autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave

realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A

vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a

real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a

reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade

individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no

momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da

ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em

relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher

para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo

de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 24: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

23

No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas

relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua

acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e

ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a

forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem

pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI

JANICAS e FERNANDES 2007)

Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa

adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a

violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode

ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e

despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao

resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer

terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia

medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo

primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)

De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede

puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do

uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo

da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute

considerada incipiente

43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica

Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia

ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os

ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se

preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade

diagnoacutestica

Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928

que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o

diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que

descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 25: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

24

meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George

Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de

Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em

1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque

Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que

Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)

Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um

meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter

raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e

eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala

(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame

citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer

do colo do uacutetero em 1941

Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada

como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de

mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O

qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que

identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de

carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo

os autores

Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 26: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

25

realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer

Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido

como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero

tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino

(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma

lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das

ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo

diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-

neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame

citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado

em todo o mundo

De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um

meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer

do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em

significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer

45 O cacircncer do colo do uacutetero

Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a

sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que

se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do

tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes

(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por

eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade

cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de

morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em

desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado

ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau

de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

26

De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 27: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

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De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do

colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores

Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)

Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel

reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo

uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em

desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al

(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo

uterino ocorrem nos paiacuteses pobres

Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma

doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total

Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo

forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores

Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)

Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem

sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das

mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos

de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15

milhotildees de casos novosrdquo Para os autores

O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

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De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

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5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

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QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

Page 28: Exame Citológico - Ampliação da Cobertura no C.S ... · fernanda belizario dos santos innecco. exame citolÓgico – ampliaÇÃo da cobertura no centro de saude felicidade ii,

27

representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)

Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al

(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade

sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos

parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os

induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al

(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da

sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo

493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo

ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091

mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297

ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al

2007 p 1)

Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais

frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se

da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de

mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes

com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a

cacircncer em mulheres De acordo com o autor

Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)

Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil

o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o

terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres

malignos em mulheresrdquo

28

De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

29

5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

30

QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

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De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma

viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer

de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de

parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa

condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes

para o desenvolvimento dessa neoplasia

Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem

sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para

um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja

oferecido tratamento

Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por

fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de

prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos

sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a

mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da

doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos

das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto

conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os

exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo

um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de

oacutebito como pode ser verificado a seguir

No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)

Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a

elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute

aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro

de Sauacutede Felicidade II

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5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

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QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

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avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

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5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II

De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram

constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no

Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir

daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de

cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste

sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando

ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados

Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o

Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe

alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da

instituiccedilatildeo

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QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

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avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

36

Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

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QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II

PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO

As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento

Educaccedilatildeo em Sauacutede

Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico

Nivelar o conhecimento dos membros da equipe

Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede

Outubro2011

Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou

Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro

Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material

Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista

Outubro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo

Visita domiciliar

Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS

ACS Novembro2011 Dezembro2011

Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico

Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos

Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica

Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame

ACS Meacutedico e enfermeira

Janeiro2012

31

O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

32

avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

35

REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

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O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila

Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia

Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada

Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas

ACS Novembro2011

Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame

Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame

Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta

Orientar todas usuaacuterias

Enfermeiro ACS

Janeiro2011

Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos

Entrega do resultado do exame

Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro

Orientar as usuaacuterias

Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios

Dezembro2011

Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias

Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria

Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica

Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees

Meacutedico e enfermeira Janeiro2012

Monitoramento e acompanhamento

- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e

- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para

Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela

Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem

Novembro2011

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avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

33

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

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REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

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avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede

displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas

equipe

Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo

Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos

Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame

Equipe de Sauacutede Fevereiro2012

Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino

Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel

Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem

Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino

Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame

Dezembro2011

Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde

Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios

Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde

Enfermeira e meacutedico Janeiro2012

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

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REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito

de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse

estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de

Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames

preventivos

Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o

desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees

alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a

consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo

Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do

cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para

orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a

falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou

consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se

esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os

cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher

diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais

flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde

A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees

metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das

mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi

muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de

usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como

parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na

promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos

agrave populaccedilatildeo

Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a

capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das

equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da

saude conforme abordado neste estudo

34

Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

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REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

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Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo

promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas

palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas

para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame

preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela

Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher

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REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

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REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010

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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006

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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006