EXAMES CONTRASTADOS DO SISTEMA URINÁRIO E OUTROS

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EXAMES CONTRASTADOS DO SISTEMA URINÁRIO E OUTROS SISTEMA URINÁRIO FUNÇOES DO SISTEMA URINARIO A função primária do sistema urinário é a produção e a eliminação de urina. Durante a produção de urina, os rins realizam as seguintes tarefas: 1 - Remoção das escórias nitrogenadas; 2 - Regulação hídrica do organismo; 3 - Balanço hidroeletrolítico e ácido-básico do sangue. As escórias nitrogenadas como a uréia e a creatinina são formadas durante o metabolismo normal das proteínas. O aumento anormal das escórias nitrogenadas no sangue resulta na condição clínica chamada uremia. A radiografia simples do abdome, mostra muito pouco do sistema urinário. Os contornos grosseiros dos rins geralmente são mostrados devido à cápsula de

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SISTEMA URINÁRIO

FUNÇOES DO SISTEMA URINARIO

A função primária do sistema urinário é a produção e a eliminação de urina.

Durante a produção de urina, os rins realizam as seguintes tarefas:

1 - Remoção das escórias nitrogenadas;

2 - Regulação hídrica do organismo;

3 - Balanço hidroeletrolítico e ácido-básico do sangue.

As escórias nitrogenadas como a uréia e a creatinina são formadas durante

o metabolismo normal das proteínas. O aumento anormal das escórias

nitrogenadas no sangue resulta na condição clínica chamada uremia.

A radiografia simples do abdome, mostra muito pouco do sistema urinário.

Os contornos grosseiros dos rins geralmente são mostrados devido à cápsula de

gordura que os circunda.

Em geral, o sistema urinário funde-se às outras estruturas de tecidos moles

da cavidade abdominal, assim exigindo meio de contraste para sua perfeita

visualização.

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UROGRAFIA:

O exame radiológico do sistema urinário é, em geral, denominado

urografia. O prefixo uro designa uma relação com a urina ou com o trato urinário.

MEIOS DE CONTRASTES:

Os dois principais tipos de meios de contrastes usados em urologia são os

iônicos e os aniônicos ou não-iônicos.

As estruturas químicas dos dois tipos diferem-se um pouco e comportam-se de

forma distinta no organismo.

Contraste iodado iônico:

Durante muitos anos, os pacientes receberam um tipo de meio de contraste

iodado, orgânico, denominado iônico. Este agente de contraste contém iodo como

elemento opacificante, e outros componentes químicos para criar uma molécula

complexa. Esses elementos geralmente são o sódio ou meglumina, ou uma

combinação dos dois, que é um elemento de cadeia carregado que chamamos de

cátion.

O cátion é combinado a um componente negativamente carregado denominado

ânion, que são o diatrizoato e o iotamalato, que ajudam a estabilizar o meio de

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contraste.

Contraste iodado não-iônico:

No final da década de 1960, foi desenvolvida uma nova geração de meios

de contraste que também possui iodo necessário para a opacificação, mas que

não contém cátions positivamente carregados.Sendo que o cátion quando

carregado é o maior fator de reações mais pronunciadas.

Efeitos colaterais comuns:

Os efeitos colaterais ocorrem em muitos pacientes como um resultado

previsto ao meio de contraste

iodado injetado. São breves e autolimitados. Dois efeitos colaterais comuns após

a injeção intravenosa são calor temporário e gosto metálico na boca.

Tanto o primeiro, particularmente na face, quanto o segundo geralmente cessam

logo.Por isso, que ao fazermos a anamnese, devemos alertar o paciente para os

possíveis efeitos após a injeção do meio de contraste, explicando

cuidadosamente os procedimentos antes, durante e após o exame, ajudando a

reduzir a ansiedade do paciente.

Anamnese do paciente:

Uma anamnese cuidadosa pode servir para alertar a equipe médica para

uma possível reação. Pacientes com uma história de alergia possuem maior

tendência a apresentarem reações adversas ao meio de contraste que aqueles

que não são alérgicos. Além do questionário respondido

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previamente pelo paciente, o técnico em radiologia deve fazer estas perguntas

antes de iniciar o exame :

- Você é alérgico a algo?

- Já apresentou febre do feno, asma ou urticária?

- È alérgico a quaisquer drogas ou medicamentos?

- È alérgico a iodo?

- È alérgico a frutos do mar ou mexilhões?

- È alérgico a outros alimentos?

- Já foi submetido a exame radiológico que exigisse uma injeção em artéria

ou veia?

Uma resposta positiva a qualquer uma dessas perguntas nos previne para

uma maior possibilidade de reação.

Como uma reação ao meio de contraste é possível e imprevisível, na sala de

exames deve sempre haver um carrinho de emergência totalmente abastecido

facilmente disponível sempre que for feita uma injeção intravenosa de contraste.

Além do medicamento de emergência, o carrinho deve conter material para

ressuscitação cardiopulmonar , oxigênio, aparelho de aspiração, desfibrilador,

monitor, etc.

Como vimos anteriormente às reações podem ser leves, moderadas ou

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graves. Após uma injeção intravenosa de meio de contraste nunca devemos

deixar o paciente sozinho. O médico radiologista deve ser chamado

imediatamente no caso de qualquer reação moderada ou intensa.

UROGRAFIA EXCRETORA - UROGRAFIA INTRAVENOSA (UIV)

Este é o exame radiológico mais comum do sistema

urinário, onde visualizamos os pequenos e grandes cálices,

pelves renais, ureteres e bexiga.

Objetivo:

Visualizar a porção coletora do sistema urinário. Avaliar a

capacidade funcional dos rins.

Indicações clínicas:

- Massa abdominal ou pélvica.

- Cálculos renais ou ureterais.

- Traumatismo renal.

- Dor no flanco.

- Hematúria ou sangue na urina.

- Hipertensão.

- Insuficiência renal.

- Infecções do trato urinário ( ITU ).

Contra-indicaçoes

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Embora atualmente os contrastes sejam considerados relativamente

seguros, o técnico precisa tomar cuidado extra ao fazer a anamnese do paciente.

Através da anamnese, ele pode saber de certas condições que devem fazer com

que se evite a realização do exame. As principais contra-indicações são as

seguintes:

1. Hipersensibilidade ao contraste iodado;

2. Anúria, ou ausência de excreção de urina;

3. Mieloma múltiplo;

4. Diabetes, especialmente o diabetes melito;

5. Doença renal ou hepática grave;

6. Insuficiência cardíaca congestiva;

7. Feocromocitoma;

8. Anemia falciforme;

9. Uso de Glucophage (metformin);

10.Insuficiência renal, aguda ou crônica.

Preparo do paciente:

O preparo do paciente para urografia é semelhante ao do enema opaco,

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isto é o trato intestinal deve estar livre de gases e material fecal, para a perfeita

visualização do trato urinário devidamente contrastado.

Como já foi dito antes devemos fazer a anamnese do paciente, fazer as perguntas

de praxe, pedir ao paciente que troque sua roupa por avental apropriado.

Devemos pedir ao paciente que urine antes de iniciarmos o exame, por duas

razões:

- A bexiga cheia demais poderia romper-se, principalmente se for aplicada

compressão no início do exame.

- A urina já presente na bexiga dilui o meio de contraste.

Procedimento:

Com o paciente em decúbito dorsal realizamos uma radiografia em AP

panorâmica do abdome e apresentamos ao radiologista para avaliação e

liberação para a injeção do meio de contraste.

Após 3 minutos da injeção de contraste realizaremos uma radiografia

localizada dos rins, procedendo então a compressão uretral, que é feita com

dispositivo próprio. Ainda com uso do compressor realizaremos outra radiografia

localizada dos rins após 5 minutos e após 10 minutos da injeção de contraste.

Após 15 minutos da injeção soltaremos a compressão e realizaremos uma

radiografia panorâmica do abdome. Realiza-se então uma radiografia de bexiga

cheia e outra pós-miccional. Este seria um procedimento padrão para um exame

de urografia excretora, porém depende do departamento e do médico radiologista

outras rotinas.

Incidências:

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AP – Panorâmica

AP – Loc. Rins

AP – Loc. Bexiga

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Filmes:

35 x 43

24 x 30

18 x 24

CUIDADOS BASICOS NA REAÇÃO AO CONTRASTE

Como a reação é possível e imprevisível, deve-se ter sempre à mão todo o

equipamento de emergência necessário. Além das medicações de emergência, o

carro de parada deverá conter equipamentos de reanimação cardiopulmonar,

oxigênio portátil, aparelhos de sucção (vácuo) e de pressão e, possivelmente, um

desfibrilador e um monitor. O técnico é responsável por garantir que o carro de

parada esteja completo e disponível na sala de exames. Máscaras de O2 e

cânulas, cateteres de sucção, agulhas e seringas devem estar prontamente

disponíveis. Esse equipamento deve ser verificado periodicamente antes de um

exame contrastado. Uma medicação básica, a epinefrina, deve estar disponível

em uma seringa com agulha, pronta para uso.

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Equipamentos Radiológicos e preparo da Sala de Radiologia

Os equipamentos e suprimentos necessários durante a urografia, além de

uma sala preparada para exames, são os seguintes:

1. Tipo e quantidade certos do meio de contraste, já em uma seringa

apropriada;

2. Frasco vazio do meio de contraste para mostrar ao médico ou ao

assistente que vai fazer a injeção;

3. Agulhas e escalpes tamanho 19 com circuito acoplado, todos estéreis

4. Gaze ou algodão com álcool;

5. Torniquete;

6. Toalha ou esponja para apoiar o cotovelo;

7. Escudo gonadal para os homens;

8. Bacia para vomitar;

9. Números de chumbo, cronômetro, marcadores direita/esquerda (D, E);

10.Carro de parada (emergência);

11.Epinefrina pronta para injeção;

12.Dispositivo de compressão ureteral (se usado pelo centro);

13.Compressa fria para a testa e uma quente para o sítio de punção, se

necessário;

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Esses itens devem estar preparados e prontos para uso antes de o paciente

ser levado à sala de exames.

Compressão Ureteral

Um método utilizado para aumentar o enchimento do sistema pielocaliceal

e dos ureteres proxirnais é a compressão ureteral. Além disso, a compressão

ureteral permite que o sistema coletor renal retenha o contraste por um tempo

maior, propiciando um estudo mais completo. Um. É uma faixa em Velcro que

envolve duas câmeras pneumáticas. Essas câmeras são colocadas em posição

com um molde de plástico apropriado ou espuma. Antes da injeção do contraste,

o equipamento é colocado sobre o paciente, com as câmeras desinfladas. As

duas câmeras devem ser colocadas sobre a borda externa da pelve

bilateralmente, comprimindo-se os ureteres. As câmeras devem estar em posição,

mediais as EIASs. Sem um posicionamento apropriado, o contraste é excretado

na sua velocidade normal. Uma vez que o contraste é introduzido, as câmeras

são infladas e permanecem no lugar até que as imagens pós-descompressão já

possam ser obtidas.

Existem determinadas condições que é contra indicado o uso de

compressão uretral, que incluem:

1 – possíveis cálculos ureterais;

2 – massa abdominal;

3 – aneurisma da aorta abdominal;

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4 – cirurgia abdominal recente;

5 – traumatismo agudo do abdome.

Nesses casos, usamos a posição de Treudelemburg com alternativa, que

nos fornecerá alguns resultados que o procedimento de compressão, sem tanto

risco para o paciente.

Complemento técnica

Fase nefrográfica - Técnica de Poutasse:

-1 minuto (localizado das lojas renais, é aconselhável realizar esta radiografia com

corte medial dos rins utilizando um planigráfo)

-2 minutos (localizado das lojas renais, é aconselhável realizar esta radiografia

com corte medial dos rins utilizando um planigráfo ).

-3 minutos (localizado das lojas renais, é aconselhável realizar esta radiografia

com corte medial dos rins utilizando um planigráfo).

Fase estudo aparelho urinário panorâmico:

-5 minutos (visualizando todo o abdômen panorâmico)

-10 minutos (localizada das lojas renais e se possível com compressão na região

distal dos ureteres-compressão das lojas renais).

-15 minutos (abdômen panorâmico e com descompressão das lojas renais).

-20 minutos (abdômen panorâmico)

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radiografia pós miccional (residual), também conhecida como prova de Brasch.

A prova de Brasch é especialmente recomendada em pacientes do sexo

masculino, com idade superior a 40 anos.

Obs.: Para visualizar melhor os ureteres poderemos realizar a radiografia de 20

minutos em decúbito ventral ou solicitar ao paciente, tossir antes da exposição

radiográfica.

A prova de Wast-out consiste em administrar um agente diurético durante a

realização da Urografia Excretora, a injeção deve ser aplicada em tomo de 10

minutos, após o meio de constrate ter percorrido pelo sistema urinário do

paciente, efetuando as demais exposições radiográficas descritas acima.

UROGRAFIA RETROGRADA OU PIELOGRAFIA

Ao contrário da urografia excretora, este é um exame não-funcional do

sistema urinário. É realizado através de cateter uretral, feito previamente pelo

urologista.

Objetivo

A urografia retrógrada é um exame não-funcional do sistema urinário,

durante o qual o meio de contraste é introduzido diretamente por via retrógrada

(contra o fluxo) no sistema pielocaliceal, via cateterização, por um urologista

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durante um procedimento tipo pequena cirurgia. O exame é não-funcional porque

os processos fisiológicos normais não estão envolvidos no procedimento. Ele é

realizado, em geral, para se determinar à localização de cálculos urinários ou

outros tipos de obstrução,

Procedimento

Em ambiente cirúrgico, o paciente é colocado na mesa de cistoscopia/

radiografia, em posição de litotomia modificada, que requer que as pernas sejam

presas a suportes, o paciente deve ser sedado ou anestesiado. O urologista

insere o cistocópio pela uretra até a bexiga. Após examinar a bexiga, o urologista

insere o cateter ureteral em um ou ambos os ureteres. Idealmente, a ponta de

cada cateter é colocada na pelve renal.

Após a cateterização, uma radiografia de teste é obtida, permitindo ao

técnico checar a técnica e o posicionamento e ao urologista checar a localização

do cateter.

A segunda radiografia na urografia retrógrada é uma pielografia. O

urologista injeta 3 a 5 ml do contraste, através do cateter, diretamente na pelve

renal em um ou ambos os rins. Pede-se ao paciente para prender a respiração

após a injeção, e a exposição é feita.

A terceira e última radiografia é o ureterograma. A cabeceira da mesa é

elevada para essa última etapa. O urologista retira o cateter, e simultaneamente,

injeta o contraste em um ou ambos os ureteres, indicando quando deve se dar à

exposição. O exame serve para visualízar as estruturas internas de ambos os rins

e ureteres,

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