exercício físico na obesidade e síndrome metabólica · O Treinamento Resistido é um potente...

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exercício físico na obesidade e síndrome metabólica

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exercício físico na

obesidade e síndrome

metabólica

CONCEITOS

Atividade Física é qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resultam em gasto energético;

Exercício é uma atividade física planejada e estruturada com o propósito de manter ou melhorar o condicionamento físico.

Condicionamento físico, é a habilidade de realizar

atividade física de nível moderado a intenso sem

cansaço excessivo (realização de exercícios resistidos

e aeróbios, juntamente com exercícios de

flexibilidade) e ter a capacidade de manter essa

habilidade no decorrer da vida, é parte integrante da

boa qualidade de vida.

CONCEITOS

Lipídeos ou lípidos:

São biomoléculas insolúveis em água e solúveis em

solventes orgânicos, como o álcool, benzina, éter e

clorofórmio.

O lipídio, quando quebrado, nos fornece ácido graxo e

álcool.

Por ser mais difícil de ser quebrado, o organismo o

armazena sob a forma de gordura.

CONCEITOS

Tem função de reserva energética sendo armazenados

nos adipócitos.

Atua na formação das membranas celulares, podendo

ser encontrado também dentro das células (como

substância de reserva nutritiva e fonte de energia).

Os lipídeos podem formar alguns hormônios,

vitaminas e pigmentos.

CONCEITOS - lipídeos

Lípidos de reserva, Lípidos de membrana e esteróis.

•Lípidos de reserva podemos encontrar os

ácidos graxos, triacilgliceróis (triglicerídeos) e ceras.

•Lípidos de membrana encontra –se os fosfolípidos, os

esfingolípidos e esteróis.

CLASSES DE LIPÍDEOS

Constituição para fornecimento de energia

As principais Fontes de energia para o trabalho muscular são os carboidratos

e lipídios, que fornecem 4 e 9kcal/g.

Os lipídios são constituídos primariamente por moléculas de triacilglicerol

(TG), que após digestão e absorção são reconstituídos e exportados para o

plasma na forma de quilomícrons, onde são hidrolisados pela Lipase

Lipoproteica, dando origem a três ácidos graxos livres (AGL) e um glicerol.

lipídios

lipídios

lipídios

AGL

AGL

AGL

GLICEROL

Lipase Lipoproteica

Os são armazenados em grande parte no tecido adiposo e

em menor proporção no tecido muscular, mas também estão

presentes no plasma e nas lipoproteínas.

constituindo respectivamente o TG:

17500mmol - no tecido adiposo;

300mmol - intramuscular.

*O total de energia estocada como TG é 60 vezes maior que o

estoque de glicogênio.

560MJ x 9MJ

AGL

Constituição para fornecimento de energia

No músculo, os TGm são armazenados entre as fibras musculares,

principalmente as do tipo I que tem grande capacidade para oxidar AG,

disponibilizando rapidamente a energia para as mitocôndrias.

Os TGm representam de 2000 a 3000 kcal de reserva energética,

constituindo valor muito superior ao glicogênio hepático e muscular, que

contribui com cerca de 1500kcal.

Durante treinamento muito intenso ou competição, a energia dos TG pode

ser considerada suplementar àquela fornecida pelo glicogênio muscular.

O treinamento provoca maior aumento nas taxas de lipólise e oxidação do

TGm em relação ao TG estocado no tecido adiposo

A capacidade do corpo em armazenar energia é limitada para os

carboidratos, enquanto para os lipídios considera-se ilimitada.

Durante o exercício físico, a quantidade de gordura disponível não é um

fator limitante, permitindo que o exercício seja mantido por longos

períodos, já o esgotamento do glicogênio que pode levar a hipoglicemia.

A proporção de energia derivada do TG durante o exercício varia entre os

indivíduos e é influenciada por diversos fatores, como o estado

nutricional, o perfil hormonal, o tipo, a intensidade e a duração do

exercício, nível de treinamento, tipo de fibras musculares e número de

músculos envolvidos no exercício.

Utilizando os lípides como energia para

o exercício físico

A energia necessária para realizar um exercício físico provém da oxidação:

Glicogênio muscular, da glicose sangüínea, e dos ácidos graxos livres (AGL),

Provindos dos TG do tecido muscular (TGm), do tecido adiposo, do

plasma, das lipoproteínas e em menor proporção dos aminoácidos.

Os tecidos aptos a captar e oxidar os AG como o fígado, rins, tecido

adiposo, coração e principalmente, os músculos esqueléticos.

Uma das etapas da produção de energia para o exercício é obtida pela hidrólise (ou lipólise) dos TG que liberam três moléculas de AG e um glicerol.

Em seguida, os AG sofrem oxidação nas mitocôndrias do músculo esquelético.

O glicerol liberado pela lipólise não é utilizado para a produção de energia no músculo, podendo ser transformado em glicose no fígado e posteriormente utilizado com fonte de energia para o cérebro.

AGL

AGL

AGL

GLICEROL

Efeito do treinamento sobre

Lípides e TG

A oxidação de lípides induzida pelo treinamento é devido ao

aumento da oxidação dos ácidos graxos (AG) do tecido adiposo.

A oxidação dos estoques de TGm, devido a adaptação

proporcionada pelo treinamento:

- aumento do números de mitocôndrias;

- capilares sangüíneos;

- fibras musculares e

- bateria de enzimas lipolíticas.

A hidrólise dos AG é controlada por hormônios e neurotransmissores (catecolaminas) que são responsáveis pelo controle do metabolismo dos adipócitos:

- Insulina inibe a lipólise e estimula o processo de lipogênese e esterificação;

- adrenalina, noradrenalina, cortisol e GH estimulam a lipólise ativando a enzima lipase hormônio sensível.

- Leptina, hormônio proteico produzido e secretado pelo tecido adiposo, participa na regulação da ingestão alimentar e no gasto de energia.

Portanto, o aumento da secreção de hormônios lipolíticos é um passo determinante para mobilização dos AG, aumentando sua concentração

plasmática e, conseqüentemente, a oxidação nos músculos esqueléticos

Intensidade e duração do exercício

no metabolismo de lípides

A utilização dos estoques corpóreos de glícides ou lípides está

relacionada com a intensidade e a duração do exercício físico.

Durante o exercício prolongado a contribuição dos lípides para

o metabolismo muscular é aumentada.

Vários estudos sugerem que durante o exercício de longa

duração são oxidados os AG do tecido adiposo, do plasma, do

TGm e das VLDL, que representam uma porção considerável

dos lípides usados durante exercício aeróbio.

A oxidação de AGL e TGm durante exercícios de intensidade moderada (60-75% do VO2max) não são suficiente para manter a energia despendida. Porque metade da energia necessária provém da oxidação do glicogênio muscular e da glicose sanguínea.

Exercícios com intensidade moderada duplicam o fluxo sanguíneo no tecido adiposo, chegando a aumentar em dez vezes este fluxo no músculo esquelético.

A mobilização e maior utilização dos AG nesta condição permitem que o glicogênio seja poupado. A utilização dos AG por músculos esqueléticos ativos representa uma grande vantagem, já que a disponibilidade de lípides é muito maior do que o glicogênio.

O estoque de glicogênio muscular é suficiente para pouco mais de uma hora de esforço de intensidade moderada, por isso os músculos dependem da captação de AG e glicose sangüínea, sendo que os AG são mobilizados e oxidados mais lentamente do que o glicogênio.

Quando o exercício aumenta de baixa para moderada intensidade, (25% para

65% do VO2max), a mobilização dos lípides do tecido adiposo para a corrente

sangüínea reduz, devido á utilização do TGm.

* Esta reação também pode ser observada em de programas de treinamento de

resistência.

O exercício de alta intensidade (>70% de VO2max) requer grande quantidade

de energia, levando ao rápido esgotamento do glicogênio muscular.

Apesar disso, a oxidação total de lípides é relativamente menor e com menor

participação do metabolismo dos AGL do que no exercício de intensidade

baixa ou moderada, onde o metabolismo dos lípides aumenta gradativamente

Porém, após um exercício de alta intensidade, as reservas energéticas

musculares ficam deficientes ou esgotadas (glicogênio e TGm),

consequente, aumenta a oxidação dos lípides no período pós-exercício.

Após uma sessão de exercício de alta intensidade, a oxidação dos lípides é

duplicada em condições basais pós-exercício comparado ao repouso.

A degradação do glicogênio e do TGm ocasionada pelo exercício intenso,

aumenta a oxidação dos lípides após o exercício, para que ocorra a

reposição das reservas energéticas musculares (glicogênio e TGm)

Por este fato que a maioria das pessoas consegue gerar taxas metabólicas

que são 10 vezes maiores que os seus valores em repouso durante

exercícios com participação de grandes grupos musculares, como

caminhadas rápidas, corridas e natação. E porque não pensar no

treinamento resistido.

Atletas que treinam de três a quatro horas diárias podem aumentar o

gasto energético diário em quase 100%.

Em circunstâncias normais, a atividade física é responsável por entre 15 e

30% do gasto energético diário.

Treinamento Resistido X Obesidade

Embora a maioria dos estudos tenha examinado o efeito do exercício aeróbio

sobre o emagrecimento, a inclusão do exercício resistido (musculação) mostra

vantagens.

O Treinamento Resistido é um potente estímulo para aumentar a massa, força e

potência muscular, podendo ajudar a preservar a musculatura, que tende a

diminuir devido à dieta, maximizando a redução de gordura corporal. E a melhora

da força e resistência muscular pode ser especialmente benéfico para as tarefas do

cotidiano, facilitando para que os em indivíduos obesos sedentários adotem um

estilo de vida mais ativo.

A recomendação tradicional de no mínimo 30 min. diários de AF, leve a moderada, que é

baseada primariamente nos efeitos da atividade física sobre a doença cardiovascular e outras

doenças crônicas, como o diabetes mellitus, demonstra não ser suficiente para programas

que priorizem a redução de peso.

O ideal é que programas de exercício para obesos comecem com o mínimo de 30 min diários

em intensidade moderada e progridam gradativamente para 40 a 60 min na mesma

intensidade.

Entretanto, se por algum motivo o obeso não puder atingir essa meta de exercícios, ele deve

ser incentivado a realizar pelo menos a recomendação mínima, pois mesmo não havendo

redução de peso haverá benefícios para a saúde.

Treinamento Resistido X Obesidade

PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO

Para a prescrição de treinamento físico com o objetivo de obter algum efeito fisiológico de

treinamento, seja ele a melhora do condicionamento físico ou a prevenção e tratamento de

doenças, devem-se levar em consideração quatro princípios básicos.

1- SOBRECARGA, para haver uma resposta fisiológica ao treinamento físico, é necessário que

esse seja realizado numa sobrecarga maior do que a que se está habituado, a qual pode ser

controlada pela intensidade, duração e freqüência do exercício.

2- ESPECIFICIDADE, modalidades específicas de exercício desencadeiam adaptações específicas

que promovem respostas fisiológicas específicas.

3- INDIVIDUALIDADE, cada indivíduo é único.

4- REVERSIBILIDADE, as adaptações fisiológicas promovidas pela realização de exercício físico

retornam ao estado original de pré-treinamento quando o indivíduo retorna ao estilo de vida

sedentário.

Exercício

X

Obesidade e Síndrome

Metabólica

A SÍNDROME METABÓLICA (SM)

Também conhecida como síndrome de resistência à insulina

(SRI). A SM é a mais comum doença metabólica da atualidade

e também a maior responsável por eventos cardiovasculares .

Associação, num mesmo indivíduo, de dislipidemia, diabetes

mellitus do tipo 2 ou intolerância à glicose, hipertensão

arterial e obesidade.

Interligando estas alterações metabólicas está a resistência à

insulina (hiperinsulinemia), daí a denominação SRI

Exercício

X

Obesidade e Síndrome Metabólica

Grande são os números de pesquisas sobre os efeitos dos

exercícios aeróbios no metabolismo em comparação com as que

envolvem o treinamento resistido.

Entretanto, um bom programa de AF, focalizado na prevenção e

tratamento da síndrome metabólica, deve incluir componentes

que melhorem o condicionamento cardiorrespiratório, força e

resistência muscular.

A realização desses exercícios baseia-se nos seguintes

motivos:

Tanto o exercício resistido quanto o aeróbio promovem

benefícios substanciais em fatores relacionados à saúde e

ao condicionamento físico, incluindo a maioria dos fatores

de risco da síndrome metabólica.

Os mecanismos pelos quais o treinamento resistido e o aeróbio afetam algumas

variáveis da síndrome metabólica, como a resistência à insulina, a intolerância à

glicose e a obesidade, parecem ser diferentes, podendo haver somatório dos

efeitos das duas atividades.

Embora a dose mínima de exercício necessária para alcançar muitos dos benefícios

à saúde seja conhecida, a dose ótima para a prevenção e tratamento da maioria

das desordens ainda é desconhecida.

Em relação aos exercícios aeróbios, tem sido recomendado que eles sejam

realizados de três a seis vezes por semana, com intensidade de 40 a 85% da FCR*

(40 a 85% do VO2máx, ou 55 a 90% da FCmáx ou nível 12 a 16 na escala de Borg),

e duração de 20 a 60 minutos.

Recomendações para e prescrição dos exercícios

Pelo fato de que maiores intensidades de exercício estão

associadas a maior risco cardiovascular e lesão ortopédica e à

menor aderência a programas de AF;

Recomenda-se que programas direcionados para indivíduos

sedentários e com fatores de risco para doença cardiovascular

enfatizem intensidade moderada (50 a 70% da FCR e níveis 12

a 13 na escala de Borg) e prolongada duração (30 a 60 min)

Recomendações para e prescrição dos exercícios

A recomendação atual para a prática de exercício resistido é de 1 série de

8 a 12 repetições (10 a 15 para indivíduos acima de 50/60 anos),

intensidade de 50 a 70% da carga máxima (13 a 15na escala de Borg),

realizadas com 8 a 10 exercícios que trabalhem todos os grandes grupos

musculares, duas a três vezes por semana.

No entanto, esta recomendação são apenas os melhoramentos na força e resistência muscular. A realização de maior número de séries elevará o gasto energético da sessão de exercício, podendo aumentar o benefício

da atividade para indivíduos com síndrome metabólica.

Com isso, indivíduos com síndrome metabólica podem iniciar com uma série e, após adaptação, aumentem para 2 e posteriormente 3 séries.

Recomendações para e prescrição dos exercícios

Todas as sessões de exercícios, aeróbio e resistido, devem incluir aquecimento e

volta à calma, com a utilização de exercícios de flexibilidade no início e no final de

cada sessão.

PRECAUÇÕES PARA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA

Antes de iniciar um programa de atividade física, qualquer indivíduo deve passar

por uma avaliação da história clínica recente.

Em indivíduos com síndrome metabólica recomenda-se a realização de teste

ergométrico para avaliação cardiovascular. Caso o teste ergométrico não apresente

anormalidades, nenhuma outra avaliação é necessária, com exceção dos

indivíduos com diabetes do tipo 2.

Porém, se o teste apresentar alguma anormalidade, o indivíduo deve realizar

outros exames de acordo com a necessidade e a prescrição do exercício será de

acordo com as recomendações de exercício para indivíduos com doença

cardiovascular.

Aos indivíduos com diabetes do tipo 2, além de avaliação cardiovascular,

recomenda-se avaliar a presença de doença arterial periférica (sinais e

sintomas de claudicação intermitente, diminuição ou ausência de pulsos,

atrofia de tecidos subcutâneos, etc.), retinopatia, doença renal e

neuropatia autonômica.

É importante salientar que nenhuma dessas doenças impede a

participação do paciente em programas de AF, porém elas influenciam na

modalidade e intensidade do exercício a ser prescrito.

PRECAUÇÕES PARA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA

- Durante a prática de AF, utilizar vestimenta adequada.

- Quando caminhada ou corrida é realizada, recomenda-se a utilização de

calçados confortáveis, com solado macio e boa absorção de impacto.

- Monitorar a PA em indivíduos hipertensos.

- Acompanhar possíveis eventos de desconfortos ou dores durante os

exercícios.

- Dar atenção para o controle da hidratação antes de iniciar e durante a

sessão de exercício, principalmente em indivíduos diabéticos

PRECAUÇÕES PARA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA

- Para os diabéticos, atenção especial aos pés e ao controle glicêmico. O uso

de palmilhas macias, bem como o uso de meias de algodão para manter o

pé seco, é importante para minimizar traumas.

- Educar o aluno a verificar constantemente o possível aparecimento de

bolhas e qualquer outro tipo de ferimento, antes e ao final de cada sessão

de exercício.

- Em pacientes em uso de insulina ou outro medicamento para controle da

glicemia sanguínea, deve-se prestar atenção no horário dos medicamentos

PRECAUÇÕES PARA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA