EXERCÍCIOS DE ESTILÍSTICA - VERSIFICAÇÃO

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1- Orestes Barbosa, Castro Alves e Tomás Antônio Gonzaga adotam em seus textos o princípio da isometria, segundo o qual todos os versos do poema devem apresentar o mesmo número de sílabas métricas. Levando este fato em consideração, indique o número de sílabas métricas que apresentam os versos de cada um dos três poemas. 2- Separados pela distância do tempo, o texto do compositor Lupicínio Rodrigues (1914-1974) mantém relações de semelhança e de dessemelhança com o poema de Olavo Bilac (1865-1918). Releia-os com atenção e, a seguir: a) Responda em que sentido o samba-canção de Lupicínio poderia representar uma continuidade ou mobilização do tema enfocado pelo poeta parnasiano. b) Do ponto de vista formal da versificação, aponte pelo menos um procedimento de Lupicínio que o distancia do poema de Bilac. 3- Relido o poema de dois quartetos e dois tercetos com versos decassílabos heróicos e esquema rimático abba - abba - cde - cde, e considerada a elaboração estética da linguagem com que é tratado o tema, assinalar a alternativa que nomeia que tipo de poema é, o seu autor e o movimento literário em que este se enquadra: a) redondilha Gil Vicente - Humanismo b) soneto - Camões - Classicismo c) soneto - Gregório de Matos - Barroco d) lira - Cláudio Manuel da Costa - Arcadismo e) lira - Camões – Maneirismo 4-

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Orestes Barbosa, Castro Alves e Tomás Antônio Gonzaga adotam em seus textos o princípio da isometria, segundo o qual todos os versos do poema devem apresentar o mesmo número de sílabas métricas. Levando este fato em consideração, indique o número de sílabas métricas que apresentam os versos de cada um dos três poemas.

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Separados pela distância do tempo, o texto do compositor Lupicínio Rodrigues (1914-1974) mantém relações de semelhança e de dessemelhança com o poema de Olavo Bilac (1865-1918). Releia-os com atenção e, a seguir:a) Responda em que sentido o samba-canção de Lupicínio poderia representar uma continuidade ou mobilização do tema enfocado pelo poeta parnasiano.b) Do ponto de vista formal da versificação, aponte pelo menos um procedimento de Lupicínio que o distancia do poema de Bilac.

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Relido o poema de dois quartetos e dois tercetos com versos decassílabos heróicos e esquema rimático abba - abba - cde - cde, e considerada a elaboração estética da linguagem com que é tratado o tema, assinalar a alternativa que nomeia que tipo de poema é, o seu autor e o movimento literário em que este se enquadra:a) redondilha Gil Vicente - Humanismob) soneto - Camões - Classicismoc) soneto - Gregório de Matos - Barrocod) lira - Cláudio Manuel da Costa - Arcadismoe) lira - Camões – Maneirismo

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Não são raros em nossa literatura os poemas que tomam por tema a própria língua em que são realizados. O poema de Olavo Bilac anteriormente citado, ganhou fama justamente por focalizar a Língua Portuguesa com profundo entusiasmo e admiração. A letra de "Língua", de Caetano Veloso, da qual se apresenta aqui um fragmento, identifica-se com o poema de Bilac na abordagem do mesmo tema. Comparando os dois textos, encontramos entre ambos, identidade e diferenças. Uma das diferenças se localiza no plano da forma poemática: estrofação e tipo de verso uttilizado. Observe estes dois aspectos em ambos os textos e comente as diferenças de composição.

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No verso "És, a um tempo, esplendor e sepultura", Bilac trabalhou a tessitura sonora pela aliteração do /p/ e do /t/: "És, a um tempo, esplendor e sepultura". Em seu texto, Caetano serve-se diversas vezes do mesmo recurso. Com base nestas informações, indique o que se pede:a) O conceito de "aliteração".b) Um verso de Caetano em que o processo é bastante evidente (não se esqueça de sublinhar aliteração no exemplo dado).

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A oitava anterior constitui a terceira estrofe de OS LUSÍADAS, de Luís de Camões, poema épico publicado em 1572, obra máxima do Classicisismo português. O tipo de verso que Camões empregou é de origem italiana e fora introduzido na Literatura Portuguesa algumas décadas antes, por Sá de Miranda. Quanto ao conteúdo, o poema OS LUSÍADAS toma como ponto de referência um episódio da História de Portugal. Baseado nestes comentários e em seus próprios conhecimentos, releia a estrofe citada e indique:a) o tipo de verso utilizado (pode mencionar simplesmente o número de sílabas métricas);b) o episódio da História de Portugal que serve de núcleo narrativo ao poema.

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No texto apresentado, Garrett se dirige mais de uma vez ao leitor, de maneira informal e descontraída, como se estivesse dialogando com ele. Baseado nesta observação, demonstre de que modo o tom de informalidade se revela também nas formas de tratamento gramatical que o escritor usa para dirigir-se ao leitor.

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Assinale a opção que melhor reestrutura - gramatical e estilisticamente - o seguinte grupo de frases:Uma tarde destas eu vinha da cidade para o Brás. Então encontrei no Metrô uma garota aqui do bairro. E eu conheço essa garota de vista e de chapéu.a) Ao vir da cidade para o Brás uma tarde destas, encontrei no Metrô uma garota aqui do bairro que conheço de vista e de chapéu.b) Uma tarde destas, quando eu vinha da cidade para o Brás de chapéu, no Metrô aqui do bairro encontrei uma garota, a qual conheço de vista.c) Ao vir da cidade para o Brás uma tarde destas, encontrei, aqui do bairro, uma garota no Metrô que conheço de vista e de chapéu.d) Eu conheço uma garota aqui do bairro, de vista e de chapéu, que encontrei no Metrô, quando vinha da cidade para o bairro.e) Uma tarde destas, vindo da cidade para o Brás, encontrei no Metrô uma garota aqui do bairro, a qual conheço de vista e de chapéu.

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Assinale a opção que melhor reestrutura - gramatical e estilisticamente - o seguinte grupo de frases:O inhame é imensamente consumido em certas regiões do Brasil (O. Principal). Dele, depois de raspar e secar obter-se a farinha que, com ela, faz-se pequeninos pães que são de muita substância e de gosto de muita agradabilidade.a) Depois de raspá-lo e secá-lo, o inhame, com o qual se obtém a farinha usada em pãezinhos muito substanciais e gostosos, é intensamente consumido em certas regiões do Brasil.b) Consome-se intensamente em certas regiões do Brasil o inhame, de cuja farinha, depois de raspá-lo e secá-lo, obtêm-se nutritivos e agradabilíssimos pãozinhos.c) Em certas regiões do Brasil onde é intensamente consumido, o inhame, depois de sua raspagem e secagem, fornece a farinha usada na confecção de substanciosos e agradáveis pequeninos pães.d) Em certas regiões do Brasil o inhame é intensamente consumido com cuja farinha, obtida depois de raspada e seca, se fazem pãezinhos de muita substância e sabor.e) O inhame, do qual se obtém, depois de raspado e seco, a farinha com que se fazem nutritivos e saborosos pãezinhos, é intensamente consumido em certas regiões do Brasil.

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Assinale a opção que melhor reestrutura - gramatical e estilisticamente - o seguinte grupo de frases:A eutanásia é uma prática (O. Principal). Pela eutanásia busca-se ou visa-se abreviar a vida de pessoas enfermas. Na eutanásia, o abreviar deve ser sem dor e sofrimento e os enfermos ter que ser incuráveis. A igreja condena essa prática.a) A eutanásia, condenada pela Igreja, é uma prática pela qual se busca abreviar - sem dor e sofrimento - a vida de enfermos reconhecidamente incuráveis.b) A eutanásia que visa abreviar a vida de enfermos, sem dor e sofrimento e desde que sejam incuráveis, é uma prática condenada pela Igreja.c) Condenada pela Igreja, a eutanásia é uma prática onde se visa abreviar, sem dor e sofrimento, a vida de enfermos reconhecidamente incuráveis.d) A eutanásia - prática pela qual se busca abreviar, sem dor e sofrimento, a vida de enfermos decididamente incuráveis - é condenada pela Igreja.e) A eutanásia, que é condenada pela Igreja, é uma prática em que, sem dor e sofrimento, se visa abreviar a vida dos enfermos que sejam definitivamente incuráveis.

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Sobre a Texto é incorreto afirmar:a) O vocabulário usado é rebuscado, estabelecendo um traço de união com a poética parnasiana.b) Este é um exemplo de poema-piada, próprio do Modernismo (1Ž fase), que desdenha das tradições e opressões.

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c) O nacionalismo exacerbado desta fase está presente no tratamento do tema da descoberta do Brasil, menosprezando a ação civilizatória do elemento europeu.d) O tom coloquial e irreverente do texto endossa uma crítica ao formalismo vigente na sociedade brasileira, até então.e) A ruptura com a poesia tradicional e com a estética acadêmica evidencia-se na ausência de métrica e de rima, e na adoção do verso livre.

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A epopéia OS LUSÍADAS (1572) tem servido de modelo aos demais poemas épicos escritos em língua portuguesa, não sendo exceções O Uraguai e Caramuru. As comparações destes com a obra-prima de Luís Vaz de Camões são inevitáveis. Releia atentamente os textos apresentados e, a seguir,a) aponte, do PONTO DE VISTA DA VERSIFICAÇÃO, em qual deles o autor revela seguir mais à risca o modelo camoniano;b) cite duas características do texto escolhido que evidenciam essa aproximação com a versificação de OS LUSÍADAS.

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O texto é um soneto, porque:a) contém 14 (catorze) versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetosb) apresenta rimas: cansada/amada; carinho/sozinhoc) as rimas todas são toantes: estrada/alvorada; ninho/caminhod) cada verso contém 12(doze) sílabas;Ó¢/ tu£/ que¤/ vens¥/ de¦/ lon§/ ge, ó¨/ tu©/ queª/ vens¢¡/ can¢¢/ sa¢£/ dae) não é um soneto

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RICA é a rima que se processa entre palavras de classe gramatical diferente, como esta:a) cansada / amadab) estrada / alvoradac) ninho / caminhod) radiosa / formosae) sozinha / minha

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Já se disse que cada verso possui doze sílabas poéticas; ou seja:a) redondilhas menoresb) redondilhas maioresc) heróicos

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d) eneassílabose) alexandrinos

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De pronto o autor intitula seu poema de "Soneto de Separação".Soneto porque:a) contém catorze versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetosb) contém rima: pranto/espanto; bruma/espuma, etc.c) em cada verso existem dez sílabas. Observe:De¢/ re£/pen¤/te¥/ do¦/ ri§/so¨/ fez©/-se oª/ pram¢¡/tod) em cada verso existem dez sílabas com pausa na sexta e décima sílabas. Observe:E¢/ do£/ mo¤/men¥/to¦ i/mó§/vel¨/ fez©/-seª o/ dra¢¡/mae) o poema apresenta, não só as rimas no final de cada verso, como também as rimas internas.Observe: pranto/branco; pressentimento/momento

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Releia com atenção a terceira estrofe:

De repente, não mais que de repenteFez-se de triste o que se fez amanteE de sozinho o que se fez contente

De repente (advérbio)contente (adjetivo)

Esta rima que se processa entre palavras de classe gramatical diferente recebe o nome de:a) internab) rarac) preciosad) pobree) rica

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Julgue os itens.

( ) Nesta poesia, o eu lírico mostra consciência de que a busca da felicidade é inútil.( ) Na última estrofe, o eu lírico desiste da busca da felicidade.( ) Em "se o sonho tecesse malhas"(v.3), há emprego de metonímia.( ) No primeiro verso da terceira estrofe, a palavra saudade significa nostalgia, tristeza.( ) Predomina, neste texto poético, o emprego de nomes concretos em lugar de abstratos.( ) Esta poesia é um soneto, pois compõe-se de quatro estrofes.

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( ) A autora, Cecília Meireles, é considerada participante do segundo momento do Modernismo brasileiro.

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Assinale a alternativa em que NÃO há quebra de paralelismo:a) gramatical: "Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia."b) rítmico: "Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se deixa acariciar sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria."c) semântico: "... ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.'d) gramatical: "Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta abraçado, fazer compra junto."e) rítmico: "Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar".

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Quantas sílabas poéticas cada verso? Vamos dividir:

a) Quan(1)/ do(2)/ a(3)/ chu(4)/ va(5)/ ces(6)/ sa(7)/ va(8)/ e(9)/ um(10)/ ven(11)/ to(12)/ fi(13)/ no(14)/b) Quan(1)/ do a(2)/ chu(3)/ va(4)/ ces(5)/ sa(6)/ va(7)/ e(8)/ um(9)/ ven(10)/ to(11)/ fi(12)/ noc) Quan(1)/ do a(2)/ chu(3)/ va(4)/ ces(5)/ sa(6)/ va e(7)/ um(8)/ ven(9)/ to(10)/ fi(11)/ nod) Quan(1)/ do a(2)/ chu(3)/ va(4)/ ces(5)/ sa(6)/ va e um(7)/ ven(8)/ to(9)/ fi(10)/ noe) Quando a(1)/ chu(2)/ va(3)/ ces(4)/ sa(5)/ va e um(6)/ ven(7)/ to(8)/ fi(9)/ no

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O poema é um soneto; porque tem:a) dois quartetos e dois tercetosb) rimac) medidad) ritmoe) sonoridade

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Quantas sílabas poéticas tem cada verso?

a) Vai-(1)/ se ou(2)/ tra(3)/ mais...(4)/ .mais(5)/ ou(6)/ tra..en(7)/ fim(8)/ de(9)/ ze(10)/ nasb) Vai(1)/ -se(2)/ ou(3)/ tra(4)/ mais...(5)/ .mais(6)/ ou(7)/ tra..(8)/ .en(9)/ fim(10)/ de(11)/ ze(12)/ nasc) Va(1)/ i-se(2)/ ou(3)/ tra(4)/ mais...(5)/ .mais(6)/ ou(7)/ tra..(8)/ .en(9)/ fim(10)/ de(11)/ ze(12)/ nasd) Va(1)/ i(2)/ -se(3)/ ou(4)/ tra(5)/ mais...(6)/ .mais(7)/ ou(8)/ tra(9)/ en(10)/ fim(11)/ de(12)/ ze(13)/ nase) Va(1)/ i(2)/ -se(3)/ ou(4)/ tra(5)/ ma(6)/ is...(7)/ ma(8)/ is(9)/ ou(10)/ tra(11)/ en(12)/ fim(13)/ de(14)/ ze(15)/ nas

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E existe um povo que a bandeira emprestaP'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!E deixa-a transformar-se nessa festaEm manto impuro de bacante fria!...Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta,Que impudente na gávea tripudia?!...Silêncio... Musa! chora, chora tantoQue o pavilhão se lave no teu pranto...

Auriverde pendão da minha terra,Que a brisa do Brasil beija e balança,Estandarte que a luz do sol encerra,E as promessas divinas de esperança...Tu, que da liberdade após a guerra,Foste hasteado dos heróis na lança,Antes te houvessem roto na batalha,Que servires a um povo de mortalha!...

O trecho anterior NÃO apresenta:a) linguagem condoreira.b) versos decassílabos.c) aliteração.d) versos brancos.e) características românticas.

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Sempre que me vou emboraé com silêncio maior.As solidões deste mundoConheço-as todas de cor.

(Cecília Meireles, VAGA MÚSICA)

Assinale a alternativa INCORRETA sobre a estrofe anterior.a) O pronome me, do verso 1, tem emprego enfático.b) O pronome as, do verso 4, é um objeto direto pleonástico.c) Toda a estrofe está centrada no eu que fala, o que ratifica o lirismo.d) Partidas e ausências constroem a coerência semântica.e) Em redondilha menor, marca-se o ritmo regular, pelo qual a solidão é expressa.

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A linguagem da poesia tradicional se caracteriza por processos formais, entre os quais as repetições sonoras sucessivas e coesas, em simetria e regularidade. Para configurar o poema, simetria e regularidade normalmente ocorrem no âmbito dos versos e estrofes, por meio da metrificação, do ritmo dado pelos acentos tônicos (ou acentos de intensidade), das rimas e outras formas reiterativas. Considerando que a poesia do classicismo português é altamente simétrica e regular, releia as estrofes de Camões e Jorge de Lima e, a seguir:a) Aponte, em INVENÇÃO DE ORFEU, dois processos que revelem a mesma simetria e regularidade observável no poema camoniano.b) Indique, em "Se dizem, fero Amor, que a sede tua (de Camões) e Estavas, linda Inês, aos olhos nua", (de Jorge de Lima), quais acentos de intensidade proporcionam o mesmo ritmo a esses versos.

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As estrofes de Camões apresentam quatro palavras com uma letra grafada entre colchetes: di[g]no, de[s]pois, fru[i]to e enxu[i]to. Com esse proceder, o editor chama nossa atenção para o fato de podermos ler digno ou dino, depois ou despois, fruto ou fruito, enxuto ou enxuito, variantes que coexistiram durante muito tempo. A evolução da Língua Portuguesa culta consagrou as formas digno, depois, fruto e enxuto embora, no falar de algumas regiões, ainda se conservem despois, fruito, enxuito e escuito. Com base neste comentário:a) Responda quais as variantes - fruto ou fru[i]to, enxuto ou enxu[i]to - foram efetivamente utilizadas por Camões na última estrofe.b) Justifique sua resposta apontando o procedimento versificatório que lhe permitiu chegar a essa conclusão.

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"Precisamos descobrir o Brasil!" (verso 1)

Este verso inicial é repetido do poema de Drummond cinco outras vezes, trocando-se o verbo DESCOBRIR, respectivamente, por COLONIZAR, EDUCAR, LOUVAR, ADORAR e ESQUECER. Há ainda, na última delas, a repetição da forma verbal PRECISAMOS, buscando enfatizar o apelo do poema.

Tal estrutura poética, que consiste em repetir versos inteiros com pequenas alterações vocabulares, é caracterizada como:a) recurso formal de valor expressivob) intenção crítica de finalidade socialc) paralelismo rítmico tipicamente modernistad) estribilho reiterativo das mesmas afirmativas

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Analisando o texto, é correto afirmar que uma de suas características estruturais é:a) a simetria das estrofesb) o ritmo de seus versosc) a forma fixa de sonetod) o emprego de rimas emparelhadas

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Analisando os aspectos estruturais do texto, é possível identificar as seguintes características formais:a) a presença de versos brancos e de versos livresb) a simetria das estrofes e o ritmo de seus versosc) o uso da rendondilha maior e a forma fixa de sonetod) o emprego de rimas emparelhadas e da ordem inversa

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Gosto de estar a teu lado.Sem brilho.Tua presença é uma carne de peixe,De resistência mansa e um brancoEcoando azuis profundos.

Eu tenho liberdade em ti.Anoiteço feito um bairroSem brilho algum.

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Estamos no interior duma asaQue fechou.

Mário de Andrade

I - Os versos 2 e 8 desqualificam a idéia da relação a dois, antecipando esse significado, definitivamente construído nos dois versos finais.II - A métrica retifica o desejo de liberdade, já que apresenta versos brancos e assimétricos.III - Trata-se de um hino de consagração à liberdade, cantado pela musa inspiradora do motivo erótico-amoroso.IV- A metáfora CARNE DE PEIXE resvala no cotidiano antipoético, com os traços semânticos de mau cheiro, que constituem um segundo significado subjacente.V - A metáfora CARNE DE PEIXE resgata, única e exclusivamente por si mesma, as figuras da beleza e da profundeza do mar.

Quanto a essas afirmações sobre o poema, afirma-se que:a) todas estão corretas.b) nenhuma está correta.c) apenas a II e a IV estão corretas.d) apenas a I e a III estão corretas.e) apenas a V está correta.

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Assinale a alternativa correta.a) Os versos, todos em redondilha menor, confirmam, no ritmo, o tom de tédio.b) O céu avermelhado do fim de tarde contrasta com a lua emergente e sem brilho.c) A lua, vista apenas como um satélite, é sentida e expressa de maneira grandiloqüente e com um sentimentalismo exacerbado.d) As duas negações a respeito da lua, que estão nos versos 7 e 8 , ratificam-se no verso 9 , em que a lua aparece despida de um VELHO SEGREDO.e) Os decassílabos da primeira estrofe confirmam o desejo de despojamento de sentimento e de palavras.

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Com referência ao poema, julgue os itens abaixo.

(1) Predominam os versos heptassílabos ou de redondilha maior.(2) A rima entre "mônada" e "nada" (v.9-10) é perfeita, com consoante de apoio.(3) A leitura das estrofes pode ser feita tanto na vertical quanto na horizontal.(4) Em "pilastra de ponte pênsil" (v.12), ocorre o recurso estilístico, de natureza fonológica, conhecido por ALITERAÇÃO.

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A obra literária em versos tem ritmo e metro distintos do texto em prosa. Com relação às características do texto literário e tendo por base o poema MÃOS DADAS, julgue os itens a seguir.

(0) O poema é composto por duas estrofes assimétricas.(1) Os versos não obedecem a um esquema métrico constante nem a um ritmo regular.(2) As estrofes são constituídas por versos brancos.(3) Há um paralelismo rítmico, com uma gradação semântica, em "o tempo presente, os homens presentes, a vida presente" (v.12-13).

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Uma letra de canção pode ser considerada um poema, na medida em que é uma sucessão de idéias, artisticamente estruturadas, que convergem para a compreensão de uma mensagem. A partir desse enunciado e segundo o texto de Belchior, julgue os itens adiante.

(0) É necessário o rejuvenescimento constante das pessoas, em face das mudanças que estão por vir.(1) Devido à rapidez com que os fatos ocorrem, as pessoas não sofrem nem se deixam afetar pelas mudanças.(2) O fragmento do poema de Belchior apresenta rimas ricas, toantes e dispostas de forma emparelhada.

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A forma poemática do soneto foi bastante empregada no período barroco. Gregório de Matos praticou sonetos líricos, religiosos, eróticos, laudatórios, satíricos, humorísticos. Releia o soneto que o poeta dedicou ao Conde de Ericeyra e responda:a) No primeiro verso, o poeta declara que o soneto se destina a louvar o Conde, mas acaba tratando de outro assunto, para com isso caracterizar uma atitude de desprezo e deboche. Que assunto é realmente desenvolvido pelo poeta em seu poema?b) Com base nas informações verificáveis nos dois textos dados, defina, sob o ponto de vista da versificação, as características fundamentais da forma poemática "Soneto".

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Cony cita, no quarto parágrafo da crônica, um trecho do soneto de Cardim, mas sob forma de prosa. Leia novamente o mencionado parágrafo e, a seguir,a) transcreva, sob forma de versos, o trecho citado pelo cronista e diga a que parte do soneto original deveria pertencer;b) interprete, tomando como referência o conteúdo desses versos, a expressão "Iascívia contrariada", que Cony emprega duas vezes em sua crônica.

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Chama-se "refrão" ou "estribilho" a um grupo de versos que se repete ao longo do poema.A função do "refrão", no texto III, é:a) reiterar as técnicas de exploração de rimas, para a criação de esquemas rítmicos irregularesb) dar novos valores semânticos às palavras "graça", "pássaros" e "luz", através da onomatopéiac) fundir em estrofes de proporções semelhantes elementos da mitologia indígena e da religiosidade cristãd) mesclar as várias designações que nossa terra recebeu com uma visão positiva de seus elementos constitutivos

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O número de sílabas métricas (ou poéticas) dos versos do excerto é o mesmo do seguinte provérbio:a) A bom entendedor / meia palavra basta.b) Água mole em pedra dura / tanto bate até que fura.c) Quem semeia vento / colhe tempestades.d) Quem dorme com cães / amanhece com pulgas.e) Cabeça de vadio / hospedaria do diabo.

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Um dos textos tem sua musicalidade garantida pela presença da rima em todos os finais dos versos e, ao mesmo tempo, pela repetição dessas rimas em seu interior, sem exceção. Esse texto é o:a) I.b) II.c) III.d) IV.e) V.

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O poema está composto com versos de sete sílabas e na forma conhecida como "esparsa" que, junto com outras, constituía o estoque de formas medievais que muitos poetas clássicos de Portugal, dentre os quais Camões, continuaram usando no século XVI e que se denominavam de "medida velha". Além dessas formas, Camões usou as italianizantes ou clássicas, que se denominavam de "medida nova".

a) Cite outra forma de "medida velha" usada por Camões.

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b) Cite duas formas de "medida nova".

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Os versos da "Canção do exílio" são construídos nos moldes da redondilha maior, com predominância dos acentos de intensidade nas terceiras e sétimas sílabas métricas. Um verso que não segue esse padrão de tonicidade éa) Minha terra tem palmeiras;.b) As aves, que aqui gorjeiam,.c) Nosso céu tem mais estrelas.d) Em cismar, sozinho, à noite.e) Onde canta o Sabiá.

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Entendendo-se por rima a identidade ou semelhança de sons em lugares determinados dos versos, nota-se, nas linhas pares da segunda estrofe de "Cálice", que o único verso que frustra a expectativa de rima éa) Como beber dessa bebida amarga.b) Silêncio na cidade não se escuta.c) De que me vale ser filho da santa.d) Melhor seria ser filho da outra.e) Tanta mentira, tanta força bruta.

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O processo estilístico em que um verso se estende no outro, sintática e semanticamente, é conhecido como encavalgamento, "cavalgamento" ou, muitas vezes, pelo termo francês "enjambement". Esse recurso é freqüente na estrutura do texto poemático. As estrofes da poesia-canção de Djavan, por exemplo, têm seus versos quase que inteiramente estruturados por esse processo. Indique a alternativa em que não ocorre encavalgamento.a) Meu bem-querer / É segredo, é sagrado,b) Meu bem-querer / Tem um quê de pecadoc) E o que é o sofrer / Para mim, que estoud) Acariciado pela emoção. / Meu bem-querer, meu encanto,e) Para mim, que estou / Jurado p'ra morrer de amor?

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A tua saudade cortacomo aço de navaia...O coração fica aflitoBate uma, a outra faia...

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E os óio se enche d'águaQue até a vista se atrapaia, ai, ai...(Fragmento de "Cuitelinho", canção folclórica)

a) Nos dois primeiros versos há uma COMPARAÇÃO. Reconstrua esses versos numa frase iniciada por "Assim como (...)", preservando os elementos comparados e o sentido da comparação.b) Se a forma do verbo ATRAPALHAR estivesse flexionada de acordo com a norma-padrão, haveria prejuízo para o efeito de sonoridade explorado no final do último verso? Por quê?

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O ritmo de um poema é determinado pelo número e pela acentuação de suas sílabas poéticas; já as rimas implicam igualdade sonora, especialmente ao final dos versos.Por isso, é correto afirmar sobre "Meu sonho" que:a) o ritmo e as rimas irregulares figuram o mistério a envolver o cavaleiro dentro daquele clima sombrio.b) o ritmo regular e as rimas irregulares mostram as alternâncias entre visões da vida e da morte.c) o ritmo e as rimas regulares assemelham-se ao galope do cavaleiro na sua aventura misteriosa.d) o ritmo irregular e as rimas regulares apontam as diferenças de postura entre o "Eu" e o "Fantasma".

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Leia o texto a seguir e assinale o que for correto.

Soneto de separação

De repente do riso fez-se o prantoSilencioso e branco como a brumaE das bocas unidas fez-se a espumaE das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o ventoQue dos olhos desfez a última chamaE da paixão fez-se o pressentimentoE do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repenteFez-se de triste o que se fez amanteE de sozinho o que se fez contente.

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Fez-se do amigo próximo o distanteFez-se da vida uma aventura erranteDe repente, não mais que de repente.

(Vinícius de Moraes)

01) A teoria literária moderna reconhece três gêneros literários fundamentais - o épico, o lírico e o dramático - e, apesar de não fazer diferença de prestígio entre eles, não aceita a mistura deles em uma mesma obra literária. Podem-se subdividir esses três gêneros em espécies ou formas: o soneto é uma das formas dramáticas; a tragédia é uma das formas épicas; a balada é uma das formas líricas.02) No texto acima, predomina o gênero dramático, que tem a sua manifestação mais viva nos aspectos trágicos, procurando representar os conflitos e os dramas vivenciados pelos homens e a precariedade do mundo em que estão inseridos. Nesse caso específico, trata-se de representar o drama da separação de dois amantes.04) No texto acima, predomina o gênero lírico, caracterizado, essencialmente, por manifestar a subjetividade do eu-lírico, expressando-lhe os sentimentos, as emoções, o mundo interior. De modo geral, a musicalidade é um elemento fundamental no texto lírico. Nesse texto de Vinícius de Moraes, além das rimas, a ocorrência considerável de fonemas sibilantes /sê/ e a semelhança de som de palavras como fez, espuma, espalmadas, espanto etc. consistem nos principais recursos empregados pelo artista para alcançar a referida sonoridade.08) No texto acima, pertencente ao gênero lírico, predomina: a) a antítese como figura de linguagem; b) a referência a fatos presentes como deflagradores do conflito do eu-lírico; c) a função conativa da linguagem; d) os versos decassílabos; e) as rimas consoantes, pobres e interpoladas; f) o emprego da linguagem figurada; g) a expressão do conflito do eu-lírico decorrente da separação amorosa.16) Pode-se afirmar que: a) a antítese, figura de linguagem predominante no texto acima, exprime idéias cuja força significativa reside na oposição dos contrários. É o que acontece no verso "E do momento imóvel fez-se o drama", em que o conflito vivido pelo eu-lírico atinge seu ponto culminante; b) no texto literário, dependendo do contexto, uma mesma palavra pode ter uma significação objetiva (denotação) ou sugerir outras significações, marcadas pela subjetividade do emissor (conotação). No verso "De repente da calma fez-se o vento", as palavras estão empregadas em sentido figurado ou conotativo.32) Pode-se afirmar que: a) o soneto, composto de dois quartetos e de dois tercetos, é uma das formas poemáticas mais tradicionais e difundidas nas literaturas ocidentais e expressa, quase sempre, conteúdo lírico; b) o soneto costuma conter uma reflexão sobre um tema ligado à vida humana. No texto acima, Vinícius de Moraes, ao retomar esse modo tradicional de compor versos, presta homenagem aos grandes clássicos da literatura, reconhecendo, no presente, a herança cultural do passado.

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Compare o provérbio "Por fora bela viola, por dentro pão bolorento" com a seguinte mensagem publicitária de um empreendimento imobiliário:

Por fora as mais belas árvores. Por dentro a melhor planta.

a) Os recursos sonoros utilizados no provérbio mantêm-se na mensagem publicitária? Justifique sua resposta.b) Aponte o jogo de palavras que ocorre no texto publicitário, mas não no provérbio.

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Leia os versos abaixo, da canção "Pra Dizer Adeus", de Tony Bellotto e Paulo Miklos, da banda "Os Titãs".

"Você apareceu do nadaE você mexeu demais comigoNão quero ser mais um amigoVocê nunca me viu sozinhoE você nunca me ouviu chorarNão dá para imaginar quandoÉ cedo ou tarde demais,Pra dizer adeus, pra dizer jamais"

Em relação ao excerto acima, são feitas as seguintes afirmações.

I - A canção apresenta características típicas da poesia contemporânea, como versos livres, e não utiliza procedimentos tradicionais como rimas, paralelismos e repetições anafóricas.II - Nesses versos, que se dirigem a um alguém (você), que pode ser homem ou mulher, o poeta não define, com clareza, o tipo de sentimento que nutre por essa pessoa.III - Com exceção dos três últimos versos, que se encadeiam, os demais constituem unidades de sentido autônomas e descontínuas.

Quais estão corretas?a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas I e II.d) Apenas II e III.e) I, II e III.

Page 17: EXERCÍCIOS DE ESTILÍSTICA - VERSIFICAÇÃO

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Assinale a característica da autora que o texto NÃO apresenta.a) Imagens sensoriais.b) Versos curtos.c) Versos de conteúdo lírico.d) Musicalidade.e) Descritivismo.

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Para homenagear os cantadores, Manuel Bandeira utiliza a repetição como recurso expressivo.Do texto 2, transcreva dois exemplos de dois tipos diferentes de repetição, explicando cada um deles.

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Com base na leitura de "Flor da morte", de Henriqueta Lisboa, é INCORRETO afirmar que a linguagem poéticaa) apresenta um eu lírico reflexivo e crítico.b) recorre a metáforas retiradas da natureza.c) usa formas fixas de composição poética.d) utiliza elementos típicos do Simbolismo.

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Leia os versos abaixo, do poema "Chama e Fumo" de Manuel Bandeira.

"Amor - chama, e, depois, fumaça...Medita no que vais fazer:O fumo vem, a chama passa... Gozo cruel, ventura escassa,Dono do meu e do teu ser,Amor - chama, e, depois, fumaça...[...]A cada par que a aurora enlaça,Como é pungente o entardecer!O fumo vem, a chama passa..."

Assinale a alternativa correta sobre os versos citados.a) Através de uma linguagem concisa e metafórica, os versos abordam o tema do amor - em sua intensidade e efemeridade.

Page 18: EXERCÍCIOS DE ESTILÍSTICA - VERSIFICAÇÃO

b) Os versos se apresentam numa linguagem elaborada e explícita, contrariando a tendência à síntese inerente ao gênero lírico.c) As quadras que compõem as estrofes do poema são irregulares quanto à métrica e às rimas.d) Os versos 07 e 08 contêm imagens visuais em que o poeta descreve um par amoroso, alternadamente, ao amanhecer e ao crepúsculo.e) O poeta expressa, em versos decassílabos, o desejo de que o amor permaneça eternamente vivo.

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Nesse poema, Manuel Bandeira cita, direta ou indiretamente, obras de outros autores.a) Identifique o nome de uma dessas obras e o de seu autor.b) O poema de Bandeira está escrito em versos livres? Por quê?

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Com base na leitura de "Patativa do Assaré: uma voz do Nordeste", de Patativa do Assaré, é INCORRETO afirmar que a linguagem empregada na obra apresentaa) rimas em todas as estrofes.b) elementos de poesia visual.c) vocativos dirigidos ao leitor.d) recursos de cunho intertextual.

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Leia o poema que segue:

ROMANCE XXXV OU DO SUSPIROSO ALFERES

Terra de tantas lagoas!Terra de tantas colinas!No fundo das águas podres,o turvo reino das febres..."Ah! se eu me apanhasse em Minas..."

Nos palácios, vãos fidalgos.Santos vãos, pelas esquinas.Pelas portas e janelas,as bocas murmuradoras..."Ah! se eu me apanhasse em Minas..."

Rios inchados de chuva,

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serra fusca de neblinas...Quem tivera uma canoa,quem correra, quem remara..."Ah! se eu me apanhasse em Minas..."

(Que vens tu fazer, Alferes,com tuas loucas doutrinas?Todos querem liberdade,mas quem por ela trabalha?)"Ah! se eu me apanhasse em Minas..."

(O humano resgate custapesadas carnificinas!Quem morre, para dar vida?Quem quer arriscar seu sangue?)"Ah! se eu me apanhasse em Minas..."

Minas das altas montanhas,das infinitas campinas...Quem galopara essas léguas!Quem batera àquelas portas!"Ah! se eu me apanhasse em Minas..."

Mas os traidores labutamnas funestas oficinas:vão e vêm as sentinelas,passam cartas de denúncia..."Ah! se eu me apanhasse em Minas..."

(E tudo é tão diferentedo que em saudade imaginas!Onde estão os teus amigos?Quem te ampara? Quem te salva,mesmo em Minas? mesmo em Minas?)

MEIRELES, Cecília. "Romanceiro da Inconfidência". Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p. 135-136.

Com base no poema "Romance XXXV ou do Suspiroso Alferes":a) Explique a ironia presente no poema.b) Identifique o momento histórico que esse poema retoma e explicite duas características da linguagem usada pela poetisa para transformar o documental em lírico.c) Esclareça a divergência entre a voz do narrador e a do Alferes.

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TEXTO

VERSOS A UM COVEIROAugusto dos Anjos

Numerar sepulturas e carneiros,Reduzir carnes podres a algarismos,Tal é, sem complicados silogismos,A aritmética hedionda dos coveiros!

Um, dois, três, quatro, cinco... EsoterismosDa Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros,Na progressão dos números inteirosA gênese de todos os abismos!

Oh! Pitágoras da última aritmética,Continua a contar na paz ascéticaDos tábidos carneiros sepulcrais

Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros,Porque, infinita como os próprios números,A tua conta não acaba mais!

(ANJOS, Augusto dos. "Toda a poesia". Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978)

a) Os versos de Augusto dos Anjos (1884 - 1914) já foram considerados "exatos como fórmulas matemáticas".

(ROSENFELD, Anatol. "A costeleta de prata de A. dos Anjos". Texto/contexto, São Paulo: Perspectiva, 1969, p. 268).

Justifique essa afirmativa, destacando aspectos formais do texto.b) Transcreva de "Versos a um coveiro" palavras e expressões científicas, estabelecendo um contraste entre o poema de Augusto dos Anjos e a tradição romântica, no que se refere à abordagem da temática da morte.

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Leia o excerto a seguir, da canção "Vou Deixar", de Samuel Rosa e Chico Amaral, interpretada pela banda Skank.

"Vou deixar a vida me levarPra onde ela quiserEstou no meu lugarVocê já sabe onde é

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Não conte o tempo por nós doisPois qualquer hora posso estar de voltaDepois que a noite terminar

Vou deixar a vida me levarPor onde ela quiserSeguir a direçãoDe uma estrela qualquer

[...]"

Com base nos versos dessa canção, assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do comentário a seguir, na ordem em que aparecem.

Os versos de "Vou Deixar" expressam ............... , inerente aos jovens, e ............... de quem quer se deixar levar ............... . Embora se trate de um rock contemporâneo, são visíveis os procedimentos do gênero lírico, como ............... .

a) um desejo de liberdade - a vontade - pela amizade - os versos heptassílabosb) uma necessidade de fugir - o descompromisso - pelos ideais políticos - a repetição de versos e as rimas externasc) a contestação - a vontade - pelos ideais políticos - a forma do sonetod) um desejo de liberdade - o descompromisso - pelo acaso - a repetição de versos e as rimas externase) a contestação - a firme convicção - pelo acaso - os paralelismos de sons

RESPOSTA

D