Exercícios sobre Renascimento artístico e cultural

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Atividades sobre Renascimento História/ 3º Bimestre – Professor José Knust Estudante: _________________________________________ Turma:______ 1. Leia o texto e faça o que se pede: “Nós, pintores, queremos, pelos movimentos do corpo, mostrar os movimentos da alma (...). Convém, portanto, que os pintores tenham um conhecimento perfeito dos movimentos do corpo e os aprendam da natureza para imitar, por mais difícil que seja, os múltiplos movimentos da alma. Quem, sem o ter tentado, poderia crer quão difícil é representar um rosto que ri, sem fazê-lo triste, ao invés de alegre? E, ainda, quem poderia, sem grande estudo, exprimir rostos onde a boca, o queixo, os olhos, as faces, a testa se unem no riso ou nas lágrimas? Também é preciso aprendê-lo da natureza, procurando os mais fugitivos aspectos das coisas, e os que fazem imaginar o espectador mais do que ele vê.” Leon Battista Alberti, Sobre a Pintura, livro II. (1435) “O pintor é o amo e senhor de todas as coisas que podem passar pela imaginação do homem (...) Tudo o que está no universo em sua essência, em presença ou na imaginação, ele o tem primeiro na mente e depois nas mãos, e elas são tão excelsas que, da mesma forma que as coisas, criam ao mesmo tempo uma harmonia proporcional com um só olhar.” Leonardo Da Vinci, Tratado sobre a Pintura. (c. 1542) A partir dos textos, relacione os princípios humanistas com a pintura renascentista. 2. Leia os textos abaixo, escritos por importantes pensadores do Humanismo Renascentista, e faça o que se pede: “Consagrai-vos a dois gêneros de estudo. Em primeiro lugar adquiri um conhecimento das letras, não vulgar, mas sério e aprofundado (...) Depois familiarizai-vos com a vida e as [boas] maneiras – o que se chama os estudos humanos, pois que eles embelezam os homens. (...) Aconselho-vos a ler os autores que possam ajudar-vos não somente pelo assunto, mas também pelo esplendor do seu estilo e o seu talento literário (...) É por isso que não deve somente seguir as lições dos mestres, mas também instruir-se com os poetas, oradores e os historiadores, para adquirir um estilo elegante, eloquente (...).” Leonardo Bruni, Correspondência. (início do século XV) “No presente, o homem se faz pela posse da razão. Se as árvores e as bestas selvagens crescem, os homens, creiam-me, moldam-se. (...) E aquele que não permite que seu filho seja instruído de forma conveniente não é homem, nem seu filho se tornará um homem. A natureza, ao dar-vos um filho, vos presenteia com uma criatura rude, sem forma, a qual deveis moldar para que se converta em um homem de verdade” Erasmo de Roterdã, Elogio da Loucura. (1509)

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Atividades sobre RenascimentoHistória/ 3º Bimestre – Professor José KnustEstudante: _________________________________________ Turma:______

1. Leia o texto e faça o que se pede:

“Nós, pintores, queremos, pelos movimentos do corpo, mostrar os movimentos da alma (...). Convém, portanto, que os pintores tenham um conhecimento perfeito dos movimentos do corpo e os aprendam da natureza para imitar, por mais difícil que seja, os múltiplos movimentos da alma. Quem, sem o ter tentado, poderia crer quão difícil é representar um rosto que ri, sem fazê-lo triste, ao invés de alegre? E, ainda, quem poderia, sem grande estudo, exprimir rostos onde a boca, o queixo, os olhos, as faces, a testa se unem no riso ou nas lágrimas? Também é preciso aprendê-lo da natureza, procurando os mais fugitivos aspectos das coisas, e os que fazem imaginar o espectador mais do que ele vê.”

Leon Battista Alberti, Sobre a Pintura, livro II. (1435)

“O pintor é o amo e senhor de todas as coisas que podem passar pela imaginação do homem (...) Tudo o que está no universo em sua essência, em presença ou na imaginação, ele o tem primeiro na mente e depois nas mãos, e elas são tão excelsas que, da mesma forma que as coisas, criam ao mesmo tempo uma harmonia proporcional com um só olhar.”

Leonardo Da Vinci, Tratado sobre a Pintura. (c. 1542)

A partir dos textos, relacione os princípios humanistas com a pintura renascentista.

2. Leia os textos abaixo, escritos por importantes pensadores do Humanismo Renascentista, e faça o que se pede:

“Consagrai-vos a dois gêneros de estudo. Em primeiro lugar adquiri um conhecimento das letras, não vulgar, mas sério e aprofundado (...) Depois familiarizai-vos com a vida e as [boas] maneiras – o que se chama os estudos humanos, pois que eles embelezam os homens. (...) Aconselho-vos a ler os autores que possam ajudar-vos não somente pelo assunto, mas também pelo esplendor do seu estilo e o seu talento literário (...) É por isso que não deve somente seguir as lições dos mestres, mas também instruir-se com os poetas, oradores e os historiadores, para adquirir um estilo elegante, eloquente (...).”

Leonardo Bruni, Correspondência. (início do século XV)

“No presente, o homem se faz pela posse da razão. Se as árvores e as bestas selvagens crescem, os homens, creiam-me, moldam-se. (...) E aquele que não permite que seu filho seja instruído de forma conveniente não é homem, nem seu filho se tornará um homem. A natureza, ao dar-vos um filho, vos presenteia com uma criatura rude, sem forma, a qual deveis moldar para que se converta em um homem de verdade”

Erasmo de Roterdã, Elogio da Loucura. (1509)

A partir dos textos acima, relacione a valorização da educação no Humanismo Renascentista com sua defesa da retomada dos autores clássicos da Antiguidade Greco-Romana.

3. Leia os textos abaixo e faça o que se pede:

“Depois de longas investigações, convenci-me por fim de que o Sol é uma estrela fixa rodeada de planetas que giram em volta dela (...) Não duvido de que os matemáticos sejam da minha opinião, se quiserem dar-se ao trabalho de tomar conhecimento, não superficialmente mas duma maneira aprofundada, das demonstrações que darei nesta obra. Se alguns homens ignorantes quiserem cometer contra mim o abuso de invocar alguns passos da Escritura, a que torçam o sentido, desprezarei os seus ataques: as verdades matemáticas não devem ser julgadas senão por matemáticos”

Nicolau Copérnico, De Revolutionnibus orbium caelestium. (1543)

"Censura feita no Santo Ofício da cidade, (...) 24 de fevereiro de 1616, na presença dos Padres teólogos que a assinam: ‘O sol está no centro do mundo e completamente imóvel.’

Censura: Por unanimidade esta proposição é declarada insensata e absurda em filosofia e formalmente herética, em razão de ela se opor expressamente às sentenças da Santa Escritura a em vários momentos, seja sobre o sentido literal das palavras, seja sobre a interpretação comum dos Santos Padres e dos doutores em teologia.”

Censura à obra de Galileu Galilei, Tribunal do Santo Ofício (Inquisição). (1616)

O primeiro texto foi escrito pelo astrônomo Nicolau Copérnico, importante nome do Renascimento, enquanto o segundo é uma sentença de censura da Inquisição à obra de Galileu Galilei, outro importante astrônomo renascentista. A partir dos textos, faça o que se pede:

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a) Explique como o pensamento medieval, presente na censura da Inquisição transcrita acima, acredita que deve se dar a produção e legitimação do conhecimento.b) A partir do texto de Copérnico, identifique como os renascentistas encaravam o mesmo problema.c) Relacione esta visão renascentista sobre a produção do conhecimento com os ideais Humanistas.

Leia o texto e faça o que se pede abaixo.

A maior parte da população italiana dessa época era composta de camponeses ou trabalhadores agrícolas, mas apenas sete membros da elite criativa, em uma lista de 500 nomes, tinham, sabidamente, pais dessa classe. De fato, os artistas tendiam a ser filhos de artesãos e donos de ateliês, enquanto os escritores tendiam a ser filhos de nobres e profissionais liberais. Quanto mais próxima é uma atividade da pintura ou da escultura, maior a chance de o filho do artesão se tornar um artista. Em muitos casos o artista era filho de artista. A chance de um artista do renascimento ter parentes praticando artes era de 50%.

Qual é o significado dessas dinastias artísticas? O cientista vitoriano Francis Galton cita alguns exemplos para fundamentar sua posição sobre a importância do “gênio hereditário”. Porém uma explicação sociológica é pelo menos tão plausível quanto uma explicação biológica. Na Itália do Renascimento, a pintura e a escultura eram negócios de família, assim como uma quitanda ou uma tecelagem. Há provas a sugerir que alguns pais de artistas esperavam que seus filhos seguissem sua carreira. Os regulamentos das guildas encorajavam os negócios de família reduzindo as taxas de adesão para parentes dos mestres. O contraste entre as artes visuais de um lado e a literatura e o conhecimento de outro sustenta uma explicação mais sociológica do que biológica para as dinastias artísticas. No caso da literatura e do conhecimento, porém, que não era organizada em linhas familiares, a proporção cai para pouco mais de um quarto. A diferença entre os dois grupos indica o poder das forças sociais.

A importância desses dados sobre as origens sociais dos artistas e escritores é que eles ajudam a explicar por que as artes floresceram na Itália. É pouco provável que forças sociais possam produzir grandes artistas, mas é plausível sugerir que obstáculos sociais possam atrapalhá-los. Se for esse o caso, conclui-se que a arte e a literatura floresceram nos lugares e períodos em que homens e mulheres capazes são menos frustrados. Na Europa do começo do modernismo, incluindo a Itália, homens talentosos enfrentavam dois grandes obstáculos, colocados em pontas opostas da escala social e respectivamente discriminantes contra os filhos capazes de nobres e camponeses.

Em primeiro lugar, um filho talentoso, mas bem-nascido, podia ser impedido de se tornar pintor ou escultor porque seus pais consideravam essas ocupações manuais indignas dele. No outro extremo da escala social, era difícil para os filhos de camponeses se tornarem artistas e escritores porque não tinham facilidades para adquirir o treino necessário, se é que realmente sabiam que tais ocupações existiam.

Ao contrário dos filhos dos nobres e camponeses, os filhos de artesãos não corriam o risco tão alto de desencorajamento e frustração, e muitos deles estariam acostumados a pensar de maneira plástica desde a infância, tendo observado seus pais trabalhar. Parece impossível escapar da conclusão de que para as artes visuais floresceram nesse período, era preciso uma concentração de artesãos, em outras palavras, um ambiente urbano. Nos séculos XV e XVI, as regiões mais altamente urbanizadas da Europa estavam na Itália e nos Países Baixos, e essas foram de fato as regiões de onde veio a maioria dos artistas. O ambiente mais favorável para que artistas crescessem parece ter sido uma cidade orientada para a produção artesã-industrial, como Florença, mais do que para o comércio ou serviços, como Nápoles e Roma. A predominância de filhos de nobres e profissionais na literatura, no humanismo e na ciência não é difícil de explicar. Uma educação universitária era muito mais cara do que ser colocado como aprendiz.

Peter Burke, O Renascimento Italiano, p.61-66

4. O autor compara uma explicação biológica a uma explicação sociológica para a existência de “dinastias artísticas” (isto é, o fato de algumas famílias terem muitos artistas). Sobre isso responda:

a) Como a explicação biológica explica essas “dinastias artísticas”?b) Como a explicação sociológica explica o mesmo fato?c) Para o autor, a explicação sociológica é melhor que a explicação biológica. Qual fato ele aponta para justificar tal afirmação?

5. Segundo o autor, por que pessoas possivelmente talentosas mas nascidas entre os camponeses ou entre os nobres dificilmente iriam se tornar artistas? No caso dos filhos de artesãos, por que eles tinham mais propensão a se tornarem artistas?

6. Segundo o autor, essa análise da origem social dos artistas do renascimento ajuda a entender a proeminência da Itália no Renascimento. Explique o argumento do autor.