Exigências de aminoácidos para poedeiras -...

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  • 29 Reunio do CBNA Congresso sobre Nutrio de Aves e Sunos 2015 De 02 a 04 de dezembro de 2015 Hotel Fonte Colina Verde So Pedro, SP

    Exigncias de aminocidos para poedeiras

    Fernando Guilherme Perazzo Costa1, Sarah Gomes Pinheiro1, Matheus

    Ramalho de Lima1

    Introduo

    A produo de ovos comerciais uma atividade muito dinmica que requer

    estratgias eficientes na criao e produo dessas aves.

    As aves poedeiras atuais possuem objetivos metablicos especficos diferentes

    das aves de tempos atrs, especialmente pelo melhoramento gentico, que evoluiu muito

    nestes animais. Atualmente, as poedeiras so menores e mais leves, possuem maior

    produo de ovos e persistncia de postura, melhor converso alimentar, menor

    consumo de rao e maturidade sexual precoce.

    Alm disso, pesquisas em gentica, nutrio, bioclimatologia e sanidade passam

    informaes importantes para que a produo de galinhas poedeiras seja otimizada a

    cada ano, melhorando ndices produtivos e possibilitando retornos econmicos mais

    atrativos aos produtores.

    A alimentao das galinhas poedeiras complexa e necessrio que seja

    atendido com preciso aos requerimentos nutricionais destas aves e as mesmas possam

    expressar o mximo do potencial que a gentica permite.

    As deficincias ou desbalanos nutricionais, especialmente na fase de cria e

    recria podem influenciar em problemas nutricionais ou produtivos nas aves na fase

    produtiva ou reprodutiva. Assim, o manejo geral adequado nas fases que antecedem a

    postura corresponde com preciso o potencial produtivo desses animais na fase onde h

    retorno econmico da criao.

    As exigncias nutricionais das galinhas poedeiras so influenciadas por diversos

    fatores, entre eles podemos citar a linhagem, a produo em massa de ovos, o nvel de

    energia da dieta, a quantidade de rao consumida e seus ajustes nutricionais de acordo

    com a ambincia, a composio e digestibilidade das raes, temperatura do ambiente

    de criao, instalaes, densidade de alojamento, espao no comedouro e mtodo de

    determinao das exigncias nutricionais.

    1 Professor do Departamento de Zootecnia/UFPB , Centro de Cincias Agrrias, Areia, Paraba.

    [email protected]

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    Como dito antes, a complexidade da alimentao das galinhas poedeiras ainda

    testada no momento da formulao das raes. Com raes formuladas com base na

    protena bruta, as margens de segurana nos nveis nutricionais garantiam o bom

    desempenho das aves, entretanto, os excessos geravam problemas, muitas vezes, no

    vistos pelos produtores, como um maior acmulo de gordura abdominal, maior excreo

    de nitrognio, antagonismo entre aminocidos, que, sem dvida, possibilitavam em

    prejuzos aos produtores, sem que esses tomassem conhecimento.

    As raes para galinhas poedeiras podem ser formuladas base de milho e de

    farelo de soja para atender as demandas nutricionais destas aves, contudo, com o avano

    das linhagens comerciais de poedeiras, raes baseadas na protena bruta e sem a

    suplementao de aminocidos industriais se tornaram inviveis produo eficiente de

    ovos atualmente. Assim, podemos dizer que as recomendaes nutricionais das aves se

    baseiam pontos importantes, de modo a serem criadas interaes entre os nutrientes, por

    exemplo, energia e nutrientes da rao, da protena com os aminocidos, e dos

    aminocidos com outros aminocidos, tal como antagonismo, sinergismo, etc.

    Dessa maneira, hoje tm-se dietas formuladas com base no conceito da protena

    ideal, onde temos a necessidade de atender no limiar do requerimento nutricional

    aminoacdico da ave para expressar o mximo esse potencial produtivo, minimizando

    perdas desses nutrientes para o meio ambiente e fazendo com que o organismo da ave

    trabalhe com eficincia na utilizao desses nutrientes.

    Precisa ficar claro que uma rao eficiente aquela que atende s necessidades

    nutricionais das aves dentro de cada fase de criao proposta, possibilitando o mximo

    de eficincia produtiva e que gere maior retorno econmico ao produtor.

    Considerando esses pontos, para se ter uma ideia da complexidade, uma ave

    ingerindo uma rao com 2900 kcal/kg, em um consumo de 100g/dia, uma ave necessita

    de 70kcal para a produo do ovo (Leesson& Summers, 2005), muito embora, muito

    mais com a mantena fisiolgica, de modo que esses dois processos geram incremento

    calrico, o que nos faz perceber a importncia desse incremento na fisiologia da ave.

    Do mesmo modo, para que ocorra a deposio de um aminocido na molcula

    de protena, 4 mol de ATP so necessrios, de modo que h um gasto de 6 mol de ATP

    por cada N excretado aps o catabolismo do aminocido em excesso, logo, primordial

    tornar o aminocido mais disponvel ave nas raes, pois h uma melhoria na

    eficincia no aproveitamento energtico e proteico da rao, otimizando o processo

    fisiolgico da produo de ovos.

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    As raes atuais de poedeiras so formuladas com o uso de aminocidos

    industriais, pois eles possibilitam uma valorizao da dieta em aminocidos especficos,

    o que possibilita uma reduo da protena bruta, aumentando a eficincia fisiolgica

    dessas aves, pois h uma reduo na excreo dos excessos, o que reduz o incremento

    calrico j comentado, melhorando a eficincia do processo, alm claro, de promover

    melhor estrutura de aminocidos para a sntese proteica.

    Muito embora, alguns aspectos precisem ser sempre considerados, tais como a

    matriz nutricional dos alimentos usados na formulao da rao, os requerimentos

    nutricionais, o atendimento dos aminocidos essenciais bem como a relao desses com

    os no essenciais, o antagonismo de aminocidos e ainda os nveis de potssio que

    podem ser reduzidos em funo da tendncia de menores incrementos de farelo de soja.

    Iremos abordar a formulao de raes com base no conceito de protena ideal,

    ou seja, raes formuladas para atender aos nveis recomendados em aminocidos

    digestveis e no somente da protena bruta, de forma que, para isso, a suplementao de

    aminocidos industriais se torne necessria e assim discutir acerca das recomendaes

    de aminocidos para poedeiras, da fase inicial postura, contemplando trabalhos de

    exigncia de aminocidos para estas fases.

    Aminocidos Industriais

    Com o aumento crescente na produo de aminocidos industriais no mercado

    (dcada de 50), os nutricionistas foram capazes de formular dietas com a finalidade de

    satisfazer as necessidades reais de aminocidos essenciais nas dietas para as aves, e no

    somente atender a protena para que a mesma disponibilize esses aminocidos no

    organismo da ave, o que gera um gasto metablico intenso.

    Nos ltimos 20 anos, com a disponibilidade de aminocidos industriais para uso

    na alimentao animal, muitas pesquisas foram realizadas com o objetivo de definir as

    exigncias de aminocidos essenciais na nutrio de aves e sunos. Diante disso,

    passou- se a discutir o conceito de protena ideal.

    A protena ideal pode ser definida como o balano exato, sem excesso ou

    deficincias, de todos os aminocidos necessrios para manuteno animal e mxima

    deposio proteica. Isso reduz o uso de aminocidos como fonte de energia e diminui a

    excreo de nitrognio.

    O aminocido lisina foi eleito pelos pesquisadores como referncia (Standard

    =100) pelas seguintes razes: a lisina o primeiro aminocido limitante na maioria das

    dietas para sunos e o segundo, depois dos aminocidos sulfurosos, na maioria das

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    dietas para aves. Este aminocido encontra-se economicamente disponvel na forma

    cristalina para ser utilizado nas raes prticas dos animais. Diferentemente dos

    aminocidos sulfurosos, sua anlise laboratorial simples e direta e tambm possui

    metabolismo orientado principalmente para deposio de protena corporal. E, por fim,

    existe grande quantidade de publicaes referentes aos requerimentos de lisina em aves

    e sunos sob diferentes condies nutricionais, ambientais e de composio corporal.

    Os aminocidos quando correlacionados entre si denominado de relaes

    aminoacdicas, de modo que a lisina considerada o aminocido referncia. Na tabela 1,

    so apresentadas as relaes aminoacdicas recomendadas de acordo com diversos

    autores.

    Tabela 1. Relaes aminoacdicas recomendadas para as galinhas poedeiras leves e

    semipesadas em postura

    Aminocido NRC

    (1994)

    CVB

    (1996)

    Coon

    (1999)

    Leeson

    (2005)

    Rostagno

    (2005)

    Bregendahl

    (2008)

    Rostagno

    (2011)

    Hy-

    Line

    (2015)

    Lisina 100 100 100 100 100 100 100 100

    Arginina 101 - 130 103 100 - 100 104

    Isoleucina 94 79 86 79 83 79 76 78

    Metionina 43 50 49 51 50 47 50 49

    Met+Cis 84 93 81 88 91 94 91 84

    Treonina 68 66 73 80 66 77 76 70

    Triptofano 23 19 20 21 23 22 23 21

    Valina 101 86 102 89 90 93 95 88

    Desta forma, o nvel de lisina exigido pelas aves fator primordial para obter os

    nveis dos demais aminocidos, haja vista que se pode estim-los atravs de relaes

    aminoacdicas existentes. Entretanto, qualquer equvoco nestas determinaes iniciais

    dos nveis de lisina da dieta de galinhas poedeiras pode comprometer os demais

    aminocidos, alterando o balano ideal de aminocidos da dieta e gerando,

    consequentemente, perdas em desempenho e em eficincia da dieta.

    Muitas vezes as recomendaes no fornecem as recomendaes para aves em

    todas as situaes de peso vivo, o que faz com que os produtores formulem dietas que

    no atendam ou que ultrapassem os nveis dietticos necessrios para as galinhas

    poedeiras leves e semipesadas. Contudo, para resolver este problema, aps diversos

    experimentos, uma relao entre o peso vivo, massa de ovos, ganho de peso dirio foi

    estabelecida por Rostagno et al, (2005) e, atravs de uma equao matemtica, foi

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    possvel estimar o consumo dirio de lisina digestvel, e que, a partir do consumo mdio

    de rao das aves, obtm-se o nvel de lisina digestvel diettico para atender s

    necessidades nutricionais destas aves.

    Os valores de aminocidos devem ser expressos em termos de aminocidos

    digestveis e no mais em aminocidos totais, portanto, a exigncia no de protena e

    sim de aminocidos especficos e nitrognio no especfico para a sntese de

    aminocidos no essenciais. O mnimo excesso de aminocidos na dieta uma das

    maneiras de reduzir a excreo excessiva de nitrognio, que est se tornando um

    problema srio em pases com produo animal intensiva.

    Conforme a protena diettica reduzida com a suplementao de aminocidos

    industriais, o ajuste da tima relao ideal desses componentes se torna cada vez mais

    importante. Os aminocidos limitantes na dieta de poedeiras so, na sequncia,

    metionina, lisina, treonina, triptofano, valina, isoleucina, arginina. Essa ordem de

    limitao pode ser alterada de acordo com os ingredientes que o nutricionista

    disponibilize para formulao destas dietas, bem como ajustes dentro de cada fase de

    criao.

    Na formulao das raes para galinhas poedeiras utilizando a suplementao de

    aminocidos industriais, um dos principais objetivos a suplementao dos

    aminocidos essenciais. Dessa maneira, deve ocorrer o atendimento destes aminocidos

    com a suplementao naturalmente, no momento dos ajustes na formulao das raes,

    pois se houver uma reduo do nvel de protena bruta, a rao se adequa corretamente

    ao perfil de aminocidos necessrios ao bom desempenho das aves, o que gera um

    efeito significativo na melhoria da eficincia de utilizao da protena, reduo dos

    custos de alimentao e ameniza o impacto ambiental gerado pela menor excreo de

    nitrognio para o meio ambiente, em funo da reduo do nvel da protena bruta na

    rao.

    Fase de crescimento

    Considerado um aminocido essencial para a mantena e crescimento das aves, a

    lisina tem sua principal funo sntese muscular, e o aminocido utilizado como

    referncia para a formulao de raes com base no conceito de protena ideal, pois, tem

    sua principal funo a sntese de tecido proteico, sendo utilizado pelo organismo animal

    quase que em sua totalidade para o crescimento.

    Na fase de cria e recria, as aves esto em desenvolvimento do corpo e com

    sucessivas alteraes como desenvolvimento do sistema imune e digestrio, sistema

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    musculas, do ovrio e sistema reprodutor, alm das clulas de gordura, nessa sequncia.

    Alm disso, os ossos vm, desde o nascimento, desenvolvendo e tornando uma estrutura

    forte e de grande importncia para a ave na fase de postura. Assim, a franga tem o seu

    ciclo de formao estrutural finalizado por volta da 13 semana, com incio da

    maturidade sexual iniciando por volta da 15 semana, enquanto sua maturidade fsica s

    atingida por volta da 30 semana. Logo, percebe-se que a fase de cria e recria

    fundamental para a poedeira, especialmente em relao relao entre a maturidade

    sexual e fsica.

    Nesse contexto, os aminocidos surgem como um importante fator, pois as aves

    precisam ter um desenvolvimento da musculatura, especialmente a peitoral, pois ela

    possibilita uma maior capacidade de manter alta a produo de ovos na fase de postura.

    Assim, para esse melhor ganho de peso e converso alimentar, se faz necessrio uma

    dieta com nveis adequados em aminocidos.

    Araujo et al. (2014) avaliando de modelos de estimativa de exigncias

    nutricionais de lisina, brokenline e equao quadrtica, concluram que a associao das

    duas otimiza e possibilita uma melhor recomendao para um mais eficiente

    desempenho. Os autores recomendaram que, para melhor ganho de peso e converso

    alimentar, o consumo de aves Dekalb leves deve ser de 202, 300 e 146, 312, e

    259mg/dia de lisina nas fases de 2 a 6, de 8 a 12 e de 14 a 18 semanas de idade,

    respectivamente. O manual da linhagem W-36 (Hy-Line, 2015), recomenda um nvel de

    lisina digestvel de 1,05, 0,98, 0,88, 0,76 e 0,78% nas fases de 1 a 3, 3 a 6, 6 a 12, 12 a

    15 e 15 a 17 semanas de idade. Vale salientar, que esses nveis so regulados no

    exlusivamente pela idade, mas especialmente pelo peso corporal e consumo de rao,

    logo, o acompanhamento dessas variveis fundamental para manter as aves em

    crescimento ideal e uniforme.

    Em sua tese de doutorado, Figueiredo Jr (2014, in press) recomendou uma rao

    para aves leves com 0,732% de M+C (0,876% Lys) de 1 a 6 semanas, 0,530% de M+C

    (0,621% Lys) de 7 a 12 semanas, e 0,475% de M+C (0,483% Lys) de 13 a 18 semanas.

    Nessas mesas fases, Rostagnoet al (2011) recomendavam, respectivamente, 0,640%,

    0,497% e 0,396% de Metionina + Cistina. Enquanto isso, o Manual Hy-Line (W-36,

    2015), recomenda raes com 0,74%, 0,67, 0,59% (13 a 15 semanas) e0,66% (16 a 17

    semanas) de metionina + cistina digestvel.

    Cristina Lima, em sua Tese de doutorado (dados no publicados, 2015), avaliouo

    requerimento de valina digestvel de frangas leves nas fases de cria, recria e postura. Na

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    fase at3 semanas, o nvel recomendado foi de 0,76% de valina digestvel, enquanto o

    Manual recomenda 0,79%. Na fase de 4 a 6 semanas, a autora recomendou 0,72%,

    valor similar ao do Manual (0,73%dVal), enquanto que Rostagno et al. (2011)

    recomendam 0,67%, mas na fase at as 6 semanas de idade.

    Na fase de 7 a 12 semanas, a recomendao foi de 0,70dVal, enquanto o Manual

    recomenda 0,69%dVal e Rostagno et al. (2011) recomendam 0,50%dVal. Na fase

    seguinte, 13 a 15 semanas, a recomendao foi de 0,68%dVal, acima dos 0,61%dVal do

    Manual, entretanto, na fase de 16 a 17 semanas, a recomendao foi de 0,54%dVal,

    sendo inferior ao do Manual (0,66%dVal), muito embora, acima dos 0,40%dVal de

    Rostagno et al. (2011) que recomendam esse nvel para a fase completa de 13 a 18

    semanas.

    Considerando os dados aqui apresentados, percebe-se que os nveis so

    crescentes cronologicamente e que nos manuais das linhagens no consideram a idade

    como fator principal de determinao dos nveis nutricionais, mas como fator de

    acompanhamento prtico. Alm disso, a fase pr-postura, no considerada nas

    recomendaes de Rostagno et al. (2011) e outros trabalhos, vem sendo estudado

    recentemente, de modo a contribuir para que as aves tenham melhor escore corporal

    para a entrada na fase de postura, contribuindo para uma maior e mais persistente

    produo de ovos. Assim, o desmembramento das fases importante para reduzir os

    excessos e atender as recomendaes de modo mais eficiente possvel.

    Fase de produo

    As recomendaes de aminocidos para poedeiras vem sendo constantemente

    atualizadas, contudo, percebe uma variao no muito acentuada nos nveis

    recomendados. Por exemplo, Rostagnoet al. (2005 e 2011), comparando-se as duas

    recomendaes, alguns aminocidos tiveram uma demanda maior, como a Met+Cis

    (0,724 para 0,731%), lisina (0,796 para 0,803%), triptofano (0,183 para 0,185%),

    treonina (0,525 para 0,610%), valina (0,716 para 0,763%) e arginina (0,796 para

    0,803%), mas a isoleucina apresentou uma menor recomendao, passando de 0,661%

    em 2005 para 0,610% em 2011.

    Para facilitar o entendimento, mostraremos a seguir algumas formulaes de

    raes para galinhas poedeiras mostrando a suplementao de aminocidos industriais.

    Na Tabela 2, as dietas foram formuladas para atender as recomendaes sugeridas por

    Rostagno et al. (2011) para galinhas poedeiras na fase de produo.

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    Tabela 2. Exemplo de formulao de raes com suplementao de aminocidos

    industriais para galinhas poedeiras de acordo com as recomendaes

    sugeridas por Rostagno et al (2011)

    Protena Bruta 17,8 17,5 17 16,96 16,13 14,26

    Ingredientes +Met +Thr + Val + Lis +Trip + Ile

    DL-Met (91) 0,243 0,25 0,263 0,264 0,286 0,336

    L-Thr(76) 0,011 0,031 0,032 0,067 0,146

    L-Val (95) 0,024 0,026 0,07 0,169

    L-Lis (100) 0,004 0,086 0,269

    L-Trip (23) 0,014 0,047

    L-Ile (76) 0,102

    Milho 55,67 56,69 58,45 58,58 61,68 68,54

    Farelo de Soja 29,34 28,47 26,96 26,85 24,11 18,01

    leo de Soja 3,69 3,51 3,2 3,17 2,59 1,24

    Outros 11,06 11,07 11,07 11,07 11,1 11,15

    Total 100 100 100 100 100 100

    Podemos destacar que h um limite na reduo da protena bruta das raes de

    galinhas poedeiras em postura sob diversos aspectos, como uma alterao no balano

    eletroltico, causado pela deficincia de potssio gerada pela reduo do farelo de soja

    das raes, possibilitando em alteraes no consumo de rao e gua; possvel alterao

    na relao aminocidos essenciais: no essenciais, em virtude da no suficincia de

    nitrognio disponvel sntese dos aminocidos no essenciais, levando,

    consequentemente, a uma deficincia dos aminocidos essenciais, o que pode gerar

    alguns antagonismos entre aminocidos.

    Ainda no se sabe qual o real limite de reduo do nvel proteico da dieta de

    galinhas poedeiras a fim de reduzir o custo de produo com a alimentao atravs da

    suplementao dos aminocidos industriais nas raes. Contudo, os efeitos adversos

    desta prtica sem o conhecimento tcnico suficiente passvel de perdas irreparveis ao

    desenvolvimento normal das aves e, porque no dizer, do empreendimento avcola

    produtor de ovos.

    possvel que entre os aminocidos essenciais e no-essenciais exista uma inter-

    relao: se estes ltimos no forem fornecidos em quantidades adequadas, tero que ser

    sintetizados no organismo a partir de outros aminocidos ou outros nutrientes presentes

    na rao de forma que, sua deficincia afetaria o desempenho animal.

    Exemplos dessa influncia mtua pode ser observada atravs da interconverso de

    aminocidos. A princpio, foi suposto que a cistina fosse um aminocido essencial, mas

    pesquisas comprovaram que possvel retir-la de uma dieta contendo metionina em

    quantidade alm da exigncia animal, podendo converter-se em cistina. A tirosina,

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    aminocido no essencial pode ser obtido a partir da fenilalanina. Esta capaz de

    substituir aquela, mas o contrrio no ocorre. Semelhante inter-relao tambm ocorre

    entre a glicina e serina.

    Na Tabela 3 tem-se o impacto que a suplementao de aminocidos industriais

    pode gerar nas formulaes de dietas para poedeiras na fase de produo.

    Alm dessas interaes entre aminocidos, devemos levar em considerao as

    interaes com os demais nutrientes das dietas, bem como com a energia

    disponibilizada na mesma, que ser fator limitante para o consumo de rao pela ave.

    No entanto, essas relaes podem ser alteradas e ajustadas de acordo com ambincia,

    fase de criao, gentica, e demais fatores externos nutrio ou a formulao das

    dietas.

    Esses impactos gerados ocasionam diferenas significativas na produo e peso

    dos ovos que alteram a eficincia de produo do lote, portanto deve-se buscar um

    atendimento especfico as condies de criao e manejo dessas aves, como melhor

    horrio de fornecimento da rao, controle da quantidade consumida para saber se esto

    ingerindo o que realmente necessitam nutricionalmente, se as condies de bem-estar

    esto sendo atendidas, pois tem impacto direto no consumo e produo dessas aves,

    sistema de produo que est sendo utilizado.

    Tabela 3. Impacto da utilizao de aminocidos industriais sobre a formulao de uma

    rao comercial para poedeiras semipesadas em postura de acordo com as

    recomendaes sugeridaspor Rostagno et al (2011)

    Ingredientes

    Raes Impacto, %

    Met Met,Lys Met, Lys e Trp Met, Lys, Trp e Thr Lys Trp Thr

    Milho 570,34 581,68 649,82 683,49

    Farelo de Soja 263,96 253,89 193,22 162,85 -3,8 -26,8 -38,3

    leo de Soja 25,55 23,8 13,1 7,78 -6,8 -48,7 -69,5

    Farinha de Penas Hidrolisada 20 20 20 20

    DL-Metionina 2,25 2,33 2,8 3,03

    L-Lisina

    0,3 2,1 3,01

    L-Triptofano

    0,33 0,5

    L-Treonina

    0,39

    Outros 137,9 138 138,63 138,95

    Total 1000 1000 1000 1000

  • 29 Reunio do CBNA Congresso sobre Nutrio de Aves e Sunos 2015 De 02 a 04 de dezembro de 2015 Hotel Fonte Colina Verde So Pedro, SP

    Custo por Tonelada (U$$) 294,42 292,47 289,13 288,47 -0,7 -1,8 -2,1

    Protena Bruta, % 18,7 18,4 16,5 15,5 -1,8 -12,2 -17,2

    Lisina dig, % 0,846 0,846 0,846 0,846

    Met + Cist. dig, % 0,77 0,77 0,77 0,77

    Triptofanodig., % 0,191 0,195 0,185 0,195

    Treonina dig.,% 0,627 0,615 0,643 0,5643

    Figueiredo Jr (2014, in press) em tese anteriormente citada, concluiu que

    raes de poedeiras leves na fase produtiva devem conter 0,680% de metionina + cistina

    digestveis, com 0,736% de lisina digestivel, ou seja, um nvel acima dos 0,670%

    recomendados por Rostagno et al (2011), mas abaixo dos 0,81% recomendado pelo

    manual Hy-Line (W-36, 2015) para a fase de pico (do 1 ovo at 2% abaixo do pico de

    postura), e superior da fase seguinte informada pelo manual Hy-Line, que recomenda

    0,66% (at os 90% de postura).

    Em relao as recomendaes de treonina digestvel, Ramalho Lima et al.

    (2015) recomendaram um nvel de 0,597% desse aminocido para poedeiras leves em

    primeiro ciclo de postura, com relaes Thr:Lys variando de 56 a 81. Enquanto isso,

    Cardoso et al. (2014) recomendaram uma relao Thr:Lys de 75 para aves leves de

    segundo ciclo de postura. Enquanto isso, o manual Hy-Line (2015) recomendam um

    nvel, respectivamente para essas aves, nveis de 0,55% e 0,51%.

    Em relao aos requerimentos nutricionais de valina digestivel, Cristina Lima

    em seu trabalho de Tese, avaliaram nveis de 0,59 a 0,89%dVal e recomendaram um

    nvel de 0,78%dVal, ou um consumo dirio de 713mg/ave. Rostagno et al (2011)

    recomentam 0,763%dVal para aves leves com 1,5kg de peso vivo, enquanto que o

    manual Hy-Line (2015) recomenda um consumo dirio de 708mg/ave.

    Consideraes finais

    A cadeia avcola brasileira uma das mais eficientes, portanto as buscas por

    ndices ainda mais eficientes so incessantes e dessa maneira, o custo de produo com

    a alimentao das galinhas poedeiras ainda o maior gargalo da atividade.

    Com o avano das pesquisas na rea, utilizando de prticas de formulao de

    rao no conceito de protena ideal e com a correta suplementao de aminocidos

    industriais para a maior produo de ovos se torna a cada dia mais vivel.

  • 29 Reunio do CBNA Congresso sobre Nutrio de Aves e Sunos 2015 De 02 a 04 de dezembro de 2015 Hotel Fonte Colina Verde So Pedro, SP

    Com tais prticas, possibilita alm dessa produo mais vivel, uma condio de

    adequao s normas vigentes internacionalmente sobre controle de poluentes e

    degradao ambiental.

    Referncias

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