EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO DE AGRICULTURA SUSTENTÁVEL Autor: Willian Gonçalves do Nascimento Orientador: Prof. Dr. Ivanor Nunes do Prado Tese apresentada, como parte das exigências, para obtenção do título de DOUTOR EM ZOOTECNIA, no Programa de Pós-graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá - Área de Concentração: Produção Animal. MARINGÁ Estado do Paraná dezembro – 2005

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO DE AGRICULTURA SUSTENTÁVEL

Autor: Willian Gonçalves do Nascimento

Orientador: Prof. Dr. Ivanor Nunes do Prado Tese apresentada, como parte das exigências, para obtenção do título de DOUTOR EM ZOOTECNIA, no Programa de Pós-graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá - Área de Concentração: Produção Animal.

MARINGÁ Estado do Paraná dezembro – 2005

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil)

Nascimento, Willian Gonçalves do

N244e Exploração de sistemas forrageiros em um contexto

de agricultura sustentável / Willian Gonçalves do

Nascimento. -- Maringá : [s.n.], 2005.

Xiv, 105 [5] f. : il. color.

Orientador : Prof. Dr. Ivanor Nunes do Prado.

Tese (doutorado) - Universidade Estadual de

Maringá. Programa de Pós-graduação em Zootecnia, 2005.

1. Vacas leiteiras. 2. Produção e qualidade do

leite. 3. Teor de gordura. 4. Silagem de milho. 5.

Silagem de sorgo. 6. Sorgo sacarino. 7. Composição

botânica. 8. Associações de gramineas e leguminosas.

9. Azevém perene. 10. Trevo branco.I. Universidade

Estadual de Maringá. Programa de Pós-graduação em

Zootecnia.

CDD 21.ed. 636.2142

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“Não que por nós mesmos, sejamos capazes de pensar

alguma cousa, com se partisse de nós, mas a suficiência

vem de Deus” 2 Coríntios 3.5.

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iii

Este trabalho é dedicado com amor à minha família,

em especial, à minha esposa Lorena, pela paciência,

companheirismo, carinho e estímulo constante.

DEDICO

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iv

AGRADECIMENTOS

“Em meio à tribulação, invoquei o Senhor, e o Senhor me ouviu e me deu folga. O Senhor está comigo entre os que me ajudam; ... Render-te-ei graças porque me acudiste e foste a minha salvação.” Salmo 118.5, 7,21.

A Deus pelo dom da vida.

À Universidade Estadual de Maringá, por ter-me possibilitado desenvolver este

trabalho.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES/COFECUB), pela concessão da bolsa de estudos.

Ao INRA – Institut National de la Recherche Agronomique, pela oportunidade

oferecida e por permitir o uso de suas instalações para a execução deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Ivanor Nunes do Prado, pela dedicada orientação, ensinamentos, estímulo

e amizade.

Ao Prof. Dr. Clóves Cabrera Jobim, em especial, que muito contribuiu para a realização

deste trabalho.

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Zootecnia, da UEM, pelos valiosos

ensinamentos.

Aos colegas de curso, estagiários e bolsistas, pela amizade, apoio e demonstração de

companheirismo.

Aos funcionários das Estações Experimentais (Les Verrines e UGAPF) do INRA

Lusignan - França, pelo auxílio nas realizações dos experimentos e análises

laboratoriais.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho.

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v

REMERCIEMENTS

J'aimerais tout d'abord remercier les unités de l'INRA - Lusignan, France, qui

ont permis la réalisation de ce travail.

Je remercie sincèrement tous ceux qui m'ont aidé pendant cette année et plus

spécialement: Monsieur Jean-Claude Emile, pour l'accueil dans l'Unité Expérimentale

«Les Verrines» ainsi que pour son soutien amical, aussi bien que ses précieux conseils.

Monsieur Christian Huyghe, qui m'a accueilli dans son Unité de Génétique et

d'Amélioration des Plantes Fourragères de l'INRA de Lusignan, et aussi pour ses

précieux conseils.

Tout particulièrement Fabien Surault, pour sa disponibilité constante, son aide

précieuse et son soutien amical tout au long de cette année.

L'équipe des Verrines: Anthony Martineau, Christophe Huguet, Claude Pradeau,

Fabien Bourgoin, Françoise Menneteau, Franck Chargelègue, René Perceau et Xavier

Charrier, qui ont participé avec courage à ce travail notamment.

L'équipe du laboratoire fourrage: Rodrigue Veron et Serge Baudiffier, qui ont

participé au bon déroulement technique de ce travail notamment.

L'équipe du laboratoire Chimie: Corinne Melin, Catherine Lévèque, Martial

Briand, Monique Bucher, Simone Allerit, Véronique Menanteau, pour leur aide et la

réalisation de nombreuses analyses et prédictions biochimiques.

Enfin, de nombreuses personnes des unités qui m'ont apporté leur soutien et ont

répondu à mes questions. Je les en remercie.

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BIOGRAFIA DO AUTOR

WILLIAN GONÇALVES DO NASCIMENTO, filho de Orlei Mendes do Nascimento e

Rejane Mari Gonçalves, nasceu em Telêmaco Borba, Paraná, no dia 16 de março de

1974.

Em dezembro de 1994, concluiu o curso profissionalizante de Técnico em Agropecuária

pelo Instituto Cristão, Castro – Paraná.

Em dezembro de 1999, concluiu o curso de Zootecnia pela Universidade Estadual de

Maringá.

Em fevereiro de 2002, concluiu o curso de pós-graduação em Zootecnia, área de

concentração: Produção Animal com o título de Mestre em Zootecnia.

Em março de 2002, iniciou o Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, em nível de

Doutorado, área de concentração: Produção Animal na Universidade Estadual de

Maringá, realizando estudos na área de Nutrição de Ruminantes.

No dia 08 de dezembro de 2005, submeteu-se à banca para defesa da Tese.

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ÍNDICE

Página

RESUMO................................................................................................................. ix

ABSTRACT............................................................................................................ xii

I – INTRODUÇÃO ................................................................................................. 01

A GEOGRAFIA DA EUROPA E SISTEMA FRANCÊS DE CRIAÇÃO................ 09

Referências Bibliográficas....................................................................................... 11

II - OBJETIVO GERAL.......................................................................................... 13

III - Valor Nutritivo das Silagens de Milho e de Sorgo Sobre o Desempenho e

Digestibilidade Aparente de Vacas Leiteiras............................................................ 14

Resumo .................................................................................................................. 14

Abstract .................................................................................................................. 15

Introdução .............................................................................................................. 16

Material e Métodos ................................................................................................. 18

Resultados e Discussão ........................................................................................... 27

Conclusões ............................................................................................................. 38

Referências Bibliográficas ...................................................................................... 38

IV - Composição botânica de associações interespecíficas de gramíneas e de

leguminosas conduzidas sob dois níveis de nitrogênio e dois intervalos de corte...... 41

Resumo .................................................................................................................. 41

Abstract .................................................................................................................. 42

Introdução .............................................................................................................. 43

Material e Métodos ................................................................................................. 44

Resultados e Discussão ........................................................................................... 50

Conclusões ............................................................................................................. 61

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Referências Bibliográficas ...................................................................................... 61

V – Valor Agronômico das associações interespecíficas de gramíneas e de

leguminosas conduzidas sob dois níveis de intensificação e dois intervalos de corte na

primavera ................................................................................................................ 63

Resumo .................................................................................................................. 63

Abstract .................................................................................................................. 64

Introdução .............................................................................................................. 65

Material e Métodos ................................................................................................. 67

Resultados e Discussão ........................................................................................... 73

Conclusões ............................................................................................................. 82

Referências Bibliográficas ...................................................................................... 83

VI – Produção de massa e composição química de variedades de Azevém perene

(Lolium perenne) conduzidas sob dois níveis de nitrogênio e dois intervalos de

corte ........................................................................................................................ 85

Resumo .................................................................................................................. 85

Abstract .................................................................................................................. 86

Introdução .............................................................................................................. 87

Material e Métodos ................................................................................................. 89

Resultados e Discussão ........................................................................................... 93

Conclusões ........................................................................................................... 102

Referências Bibliográficas .................................................................................... 103

VII - CONCLUSÃO GERAL ............................................................................... 105

VIII - APÊNDICE

Croqui ensaio intra-específico

Croqui ensaio interespecífico

Normas para preparação de trabalhos científicos submetidos à publicação na Revista

Brasileira de Zootecnia

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RESUMO

Os quatro experimentos reunidos neste trabalho foram conduzidos na Unidade

Experimental do Institut National de la Recherche Agronomique – INRA, Centro de

pesquisas de Poitou-Charentes, localizada em Lusignan (Vienne, França, 42°65’ Leste e

15°82’ Norte). O primeiro ensaio teve por objetivo avaliar o uso de genótipos de sorgo

ensilado, em comparação a uma silagem de milho sobre os parâmetros de ingestão,

produção leiteira, composição química do leite e da digestibilidade aparente das rações

experimentais. Foram utilizadas 24 vacas da raça Prim’Holstein (PO), divididas em três

lotes de oito vacas (Quatro primíparas e Quatro multíparas), selecionadas considerando

os seguintes critérios: peso vivo, data de parto e produção de leite durante as quatro

semanas pré-experimentais. As rações experimentais foram compostas por: 1) silagem

de milho; 2) silagem de sorgo granífero e 3) silagem de sorgo sacarino distribuídos ad

libitum, com dois concentrados comerciais: um concentrado rico em proteína (ração

base) e um concentrado rico em energia (de produção) distribuído em função do nível

de produção leiteira. A silagem de sorgo granífero apresentou maior (P<0,05) ingestão

de MS (22,98kg/dia) em comparação à silagem de milho (21,95kg) e silagem de sorgo

sacarino (19,43kg/dia). A produção de leite total, corrigida a 4% de gordura, foi

superior (P<0,05) para as vacas alimentadas com silagem de milho em relação àquelas

que receberam as silagens de sorgo. Entretanto, as vacas alimentadas com silagem de

sorgo sacarino apresentaram maior (P<0,05) percentagem de gordura do leite (4,56%)

quando comparadas às vacas do tratamento silagem de milho (4,39%) e silagem de

sorgo granífero (4,31%). Por outro lado, as vacas alimentadas com silagem de milho

apresentaram maior (P<0,05) percentagem de proteína do leite (3,25%) em comparação

aos demais tratamentos. Os coeficientes da digestibilidade aparente da MS, PB, EB,

FDN, FDA, CB e MO foram superiores (P<0,05) para a ração à base de silagem de

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sorgo sacarino em comparação às rações à base de silagem de milho e silagem de sorgo

granífero. O segundo ensaio teve por objetivo avaliar a evolução da composição

botânica e o terceiro ensaio o valor agronômico das associações interespecíficas de

gramíneas + gramíneas e de gramíneas + leguminosas. As forrageiras que compuseram

as associações (Dactylis glomerata - DG, Festuca pratensis - FP, Festuca arundinacea -

FA, Festuca rubra - FR, Phleum pratense - PP, Poa trivialis - PT, Lolium perenne - LP,

Lolium multiflorum - LM, Lotus corniculatus -LC, Medicago sativa - MS, Medicago

lupulina - ML, Trifolium repens - TR, Trifolium pratense - TP) foram cultivadas em

parcelas únicas (testemunhas). Cada associação experimental foi composta de três

blocos (repetições). Dois fatores foram atribuídos a cada associação: intervalo de

desfolhação (intervalo curto e longo) e nível de adubação nitrogenada (60 e 250kg

N/ha/ano gramíneas + gramíneas; 0 e 30kg de N/ha/ano gramíneas + leguminosas). O

LP apresentou uma maior capacidade de persistência em relação às demais espécies de

gramíneas, mantendo-se sempre acima de 50% de participação nas associações

gramíneas + gramíneas. Entretanto, quando associado a leguminosas, este índice caiu

para 30% em associações mais complexas. Nas avaliações de primavera, o TR alcançou

índices de participação de 40% em média. A qualidade da forragem, estimada pela

digestibilidade in vitro da MS, foi uniforme e alta para as associações gramíneas +

leguminosas, sendo de 71,5 a 79,7%. Os maiores teores de PB foram para as

associações gramíneas + leguminosas (18,1%) em relação às gramíneas + gramíneas

(10,7%). Da mesma forma, as associações gramíneas + leguminosas apresentaram

maior (P<0,05) rendimento de MS acumulado, no intervalo menor de desfolha (7,56ton

de MS/ha), bem como para o maior nível de nitrogênio (8,13ton de MS/ha). No quarto

ensaio, avaliou-se o valor agronômico das associações intra-especificas de gramíneas +

gramíneas. A partir de uma espécie padrão (LP) e de nove variedades, as associações

foram constituídas com duas ou três variedades de precocidade idênticas ou distantes

(precoce, ½ tardio e tardio). Estas foram cultivadas em parcelas únicas (testemunhas),

cada associação experimental foi composta de três blocos (repetições). Dois fatores

foram atribuídos a cada associação: intervalo de desfolhação (intervalo curto e longo) e

nível de adubação nitrogenada (60 e 250kg N/ha/ano). Os maiores teores de MS foram

apresentados no ciclo ½ tardio (37,83% IL60N, 34,25% IL250N, 27,57% IC60N e

24,00% IC250N) em relação aos demais ciclos. Os teores de PB apresentaram valores

variando entre 10,1% para IL a 13,3% para o IC. Teores de FDN, da ordem de 44,9% a

51,1% FDN, foram observados no IL associado ao menor nível de adubação. A DIVMS

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do LP puro apresentou os maiores coeficientes no IC independente do nível de

adubação. Entretanto, dentro do mesmo intervalo de corte, o nível de 250kg de N/ha

proporcionou maior DIVMS (80,8% a 87,7%), em relação ao menor nível de adubação

(81,4% a 86,5%). As variedades de ciclo produtivo precoce apresentaram rendimentos

da ordem de 7,4ton MS/ha para a variedade Belramo e em associações 7,18ton MS/ha

(Hamilton + Vital e Hamilton + Vital + Belramo).

Palavras-chave: azevém perene, composição botânica, desempenho zootécnico, sorgo sacarino, trevo branco, vacas leiteiras, valor agronômico.

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GENERAL ABSTRACT

The four experiments in this work were led in the Experimental Unit of Institut National

of la Recherche Agronomique - INRA, Center of researches of Poitou-Charentes,

located in Lusignan (Vienne, France, 42°65' East and 15°82' North). The first essay had

as objective to evaluate the use of genotypes of sorghum, in comparison with corn

silage on the ingestion parameters, milk production, chemical composition of the milk

and of the apparent digestibility of the experimental rations. Twenty-four cows of the

race Prim'Holstein (PB) were used, divided in three sets of eight cows (Four

primiparous and Four multiparous), selected considering the following criteria: live

weight, dates of birth and milk production during the four pre-experimental weeks. The

experimental rations were composed for: 1) corn Silage; 2) Silage of sorghum grain and

3) Silage of sweet sorghum distributed ad libitum, with two commercial concentrate: a

concentrate rich in protein (ration base) and a concentrate rich in energy (of production)

distributed in function of the milk production. The silage of sorghum grain presented

larger (P <0,05) ingestion of DM (22.98kg/day) in comparison with corn silage

(21.95kg) and silage of sweet sorghum (19.43kg/day). Still, the DM ingestion of the

corn silage was superior (P <0.05) in relation to the silage of sweet sorghum. The total

milk production, corrected to 4% of fat and the chemical composition of the milk were

superior (P <0.05) for the cows fed with corn silage in relation to those that received the

sorghum silage. However, the cows fed with silage of sweet sorghum presented larger

(P <0.05) percentage of fat of the milk (4.56%) when compared to the cows of the corn

silage treatment (4.39%) and silage of sorghum grain (4.31%). On the other hand, the

cows fed with corn silage presented larger (P <0.05) percentage of protein of the milk

(3.25%) in comparison with the other treatments. The coefficients of the apparent

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digestibility of the DM, CP, CE, NDF, ADF, CC and OM were superior (P <0.05) for

the ration the base of silage of sweet sorghum in comparison to the rations the base of

corn silage and grain silage. In relation to the other test, this had your first evaluation

accomplished in the French Autumn of 2003 (September to December) and during the

spring of 2004 (March to July). The second essay had as objective to evaluate the

evolution of the botanical composition and the agronomic value of the associations

grasses inter-specify + grasses and of grasses + legumes. The forage that composed the

associations (Dactylis glomerata - DG, Festuca pratensis - FP, Festuca arundinacea -

FA, Festuca rubra - FR, Phleum pratense - PP, Poa trivialis - PT, Lolium perenne - LP,

Lolium multiflorum - LM, Lotus corniculatus -LC, Medicago sativa - DM, Medicago

lupulina - ML, Trifolium repens - TR, Trifolium pratense - TP) were cultivated in single

plot (demonstrate). Each experimental association was composed of three blocks

(repetitions). Two factors were attributed to each association: defoliation interval (short

and long interval) and level of nitrogen fertilization (60 and 250 kg N/ha/year grasses +

grasses; 0 and 30 kg of N/ha/year grasses + legumes). LP presented a larger persistence

capacity in relation to the other grasses species, always above 50% of participation in

the associations grasses + grasses. However, when associated the legumes, this index

fell for 30% in more complex associations. In the Spring evaluations TR reached

indexes of participation of 40% on average. The quality of the forage, estimate for the in

vitro digestibility of the DM, it was uniform and high for the associations grasses +

legumes, being from 71.5 to 79.7%. The largest values of PB were to the associations

grasses + legumes (18.1%) in relation to the grasses + grasses (10.7%). In the same

way, the associations grasses + legumes presented larger (P <0.05) revenue of DM

accumulated in the smaller interval of it defoliates (7.56 ton of MS/ha) as well as for the

largest level of nitrogen (8.13 ton of MS/ha). The fourth essay was evaluated the mass

production and chemical composition of associations intra-specify of grasses + grasses.

From a species (Lolium perenne), nine varieties were associated, being constituted

associations with two or three varieties of similar or different precocity (precocious, late

and late ½). These were cultivated in single plot (demonstrate), each experimental

association was composed of three blocks (repetitions). Two factors were attributed to

each association: defoliation interval (short and long interval) and level of nitrogen

fertilization (60 and 250 kg N/ha/year). The largest values of DM were presented in the

cycle late ½ (37.83% IL60N, 34.25% IL250N, 27.57% IC60N and 24.00% IC250N) in

relation to the other cycles. The values of PB presented values varying among 10.1%

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xiv

for IL to 13.3% for IC. Values of FDN, of the order of 44.9% to 51.1% FDN, they were

observed in IL associated to the smallest fertilization level. IVDMD of pure LP

presented the largest coefficients in independent IC of the fertilization level. However,

inside of the same cut interval the level of 250 kg of N/ha provided larger IVDMD

(80.8% to 87.7%) in relation to the smallest fertilization level (81.4% to 86.5%). The

varieties of precocious productive cycle presented yield of the order of 7.4 ton MS/ha

for the variety Belramo and in associations 7.18 ton MS/ha (Hamilton + Vital and

Hamilton + Vital + Belramo).

Key-words: agronomic value, animal production, botanic composition, dairy cows, perennial rye-grass, sweet sorghum, white clover

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I - INTRODUÇÃO

No decorrer desta última década, a agricultura e a pecuária tinham uma

preocupação mais centralizada, com o objetivo de maximizar a produtividade agrícola e

animal, níveis estes proporcionados pelas novas tecnologias, mecanização, maior

utilização de defensivos agrícolas e fertilizantes químicos. No caso da pecuária, uma

otimização na produção das rações e na utilização de forragens mais produtivas com

alto valor alimentar. Estes fatores tornaram-se alvo de novas pesquisas.

Embora essas mudanças tenham efeitos positivos, como altas produções tanto na

agricultura como na pecuária, estas também geraram custos à saúde pública e causaram

impactos ambientais de proporções preocupantes. Destacando-se entre esses a

degradação da camada agricultável do solo, a contaminação dos lençóis freáticos, o

declínio das propriedades familiares, negligência contínua com as condições de trabalho

e de vida dos trabalhadores rurais, aumento do custo de produção e a desintegração das

condições econômicas e sociais das comunidades rurais (Martines et al. 2004).

Atualmente, a agricultura vem, progressivamente, atribuindo valores a outras

funções, não somente direcionados aos aspectos ambientais e sociais, mas utilizando-se

de práticas inovadoras e economicamente viáveis para o produtor, o trabalhador rural e

principalmente para o consumidor que se tem tornado cada vez mais exigente.

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Hoje, a agricultura sustentável se baseia na compreensão do impacto em longo

prazo das atividades humanas sobre o ambiente e sobre as demais espécies. Para isso,

empregam-se processos produtivos melhores adaptados às diferentes realidades sócio-

ambientais. Contudo, para atender às necessidades em uma base sustentável, os recursos

naturais da terra devem ser preservados, não apenas como objetivo único para o

desenvolvimento, mas também com o intuito de contribuir para o equilíbrio ambiental

(solo x água x vegetação x animais) (Marques, 2004; Martines et al., 2004; Instituto

Solo Vivo, 2004).

Dentro deste contexto, as culturas forrageiras perenes constituem um excelente

meio de luta contra a degradação do solo, a contaminação dos lençóis freáticos,

limitando também os fenômenos de erosão, bem como os custos de produção mais

baixos que estão ligados a alimentações obtidas via pastejo em períodos estivais e via

forragens conservadas em períodos invernais. As forragens são igualmente mais

econômicas em energia fóssil e, estas permitem reduzir gastos com adubações

nitrogenadas e com a aquisição de alimentos para a complementação das rações

(Chenais et al., 2001).

As culturas anuais, como o milho, não possuem os mesmos benefícios que as

forragens perenes em relação ao meio ambiente, mesmo que um planejamento de

adubação nitrogenada seja mais fácil para as culturas anuais, em que o nível de

produção é mais previsível. No entanto, para solucionar os problemas ambientais

ocasionados pelas culturas anuais, a adoção de práticas inovadoras e de espécies

forrageiras que permitam melhor preservar os recursos naturais durante o exercício de

sistemas de criação autônomas e protetoras do meio ambiente pode ser uma solução

viável (Giovanni, 1990).

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Balent et al. (1999) apresentaram três tipos de situações ecológicas mais

comumente encontradas em estudos sobre a durabilidade de pastagens, assim sendo: a)

situação de equilíbrio dinâmico entre vegetação e a prática de utilização deste; b) uma

situação em que a pastagem é perturbada pela prática; c) uma situação de abandono em

que a vegetação evolui sobre o efeito de fatores históricos e de paisagem. Contudo,

dentro destas três situações, onde existe um equilíbrio dinâmico entre a prática e a

vegetação, não foi possível evidenciar uma relação entre uma riqueza específica de

criação e a durabilidade. Segundo estes autores, a taxa de consumo da pastagem é uma

variável chave dentro do contexto de durabilidade.

Segundo Peeters et al. (2004), os indicadores de biodiversidade para as pastagens

são úteis para evolução da durabilidade dos sistemas de criação. Existem vários

sistemas de indicadores de biodiversidade, mas há diferentes tipos de escalas (nacional

ou em nível de propriedades, ou de parcelas, entre outros). Dentro do contexto de

biodiversidade agrícola, dos indicadores simples e de fácil medida, das diversidades

genéticas, compreende-se o número de variedades e de espécies de gramíneas e de

leguminosas semeadas no campo temporário (níveis de parcela, de propriedade e de

região) e o número de raças ou de espécies animais de criação (níveis de propriedade e

de região) (OECD, 2001). A raridade e a vulnerabilidade podem ser expressas pela

proporção de variedades ou de raças locais ameaçadas dentro do número total (níveis de

propriedade e de região) (Piveteau, 1998 citado por Peeters et al. 2004).

O número de associações forrageiras nas pastagens temporárias e sua proporção

sobre as superfícies de exploração são os indicadores de diversidade em nível de

propriedade e de região. Entre as associações, devem-se levar em conta,

particularmente, aquelas que contêm leguminosas, devido o interesse pela

“biodiversidade funcional ou intra-agrícola”, ou seja, àquela em que uma parte das

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espécies espontâneas desenvolve um papel determinante dentro do funcionamento do

ecossistema. Sendo esta composta por espécies que apresentam um efeito positivo sobre

a produção, como de organismos fotossintéticos de interesse forrageiro (plantas

forrageiras), de microrganismos decompositores ou fixadores de nitrogênio, de

polinizadores e de minhocas. Por outro lado, há espécies funcionais que apresentam um

efeito parcialmente negativo sobre a produção agrícola, como as adventícias, as doenças

e as espécies de plantas depredadoras (Peteers et al. 2004).

Outro interesse dentro do sistema de associações é a “biodiversidade extra-

agrícola” que constituem de plantas como fonte de pólen e néctar para os polinizadores,

(vespas, borboletas, libélulas entre outros) e a importância dos animais (aves e

mamíferos) que habitam a região tendo, portanto, impacto sobre a fauna selvagem

(Peteers et al. 2004).

Em relação às associações forrageiras, fatores que afetam a performance destas no

pasto, devem ser considerados na hora de selecioná-las. A planta está submissa a

competições de diversos níveis, da parte da planta da mesma espécie e de partes de

plantas de outras variedades de gramíneas e de leguminosas, de porte e ritmos de

crescimento diferentes. As condições de solo e de clima limitante para espécies que

podem ser cultivadas, as performances destas espécies são então determinadas pela

interação entre a constituição genética dessas e pelo sistema de exploração que será

sobreposto à pastagem (Rogers, 1966).

Segundo Groff et al. (2002), a associação de espécies tem sido uma alternativa

utilizada para melhorar a distribuição de produção da pastagem ao longo do ano e a

qualidade da dieta dos animais, sendo este um sistema complexo, em que fatores como

a competição entre plantas e a seleção animal atuam, dificultando a manutenção do

equilíbrio entre espécies. Para estes autores, as competições que ocorrem entre as

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plantas dependem da forma de utilização dos recursos (água, luz e nutrientes), sendo

que o equilíbrio entre espécies associadas evolui em função das necessidades de cada

espécie. Enquanto que a seleção realizada pelo animal depende entre outros fatores, das

distribuições vertical e horizontal do pasto e da preferência destes (Carvalho, 1997).

Lemaire e Chapmam (1996) e Lemaire (1999) verificaram a resposta das plantas à

desfolhação, sendo esta influenciada pela velocidade de emissão de folhas, sendo que

espécies que emitem folhas mais rapidamente adequam-se melhor a desfolhações mais

freqüentes. Sendo assim, a interação da resposta das espécies a uma desfolha e dos

componentes da desfolha (intervalo e intensidade) determinam o funcionamento do

dossel e o equilíbrio entre espécies.

De acordo com Fauconnier (1982), a vantagem de associação de gramíneas e

leguminosas consiste no interesse pelas leguminosas, pois estas são ricas em proteínas,

em matérias energéticas e em minerais, e graças a sua capacidade de fixação simbiótica

do nitrogênio, estas podem assegurar uma associação gramínea + leguminosa. Certas

doses de nitrogênio favorecem as gramíneas enquanto que determinada quantidade de

potássio favorece as leguminosas, por isso deve determinar o equilíbrio de N/K2O para

a otimização da produção forrageira.

Em um estudo realizado na Suíça, sobre a produção de forragens, o interesse pelas

associações de gramíneas e leguminosas foi relatado por Charles e Lehmann (1989),

como uma solução adequada para os métodos de produção forrageira. A fim de

assegurar uma alta produção a partir das plantas, é indispensável que estas sejam de alta

qualidade e ricas em energia para que possam ser ingeridas em grande quantidade. Por

isso, é importante considerar a proporção de gramíneas, pois estas em grandes

quantidades podem diminuir o teor em energia digestível da forragem e a quantidade

Page 21: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

6

ingerida em relação a um sistema de produção mais equilibrado de gramíneas, de

leguminosas e de diversas forrageiras.

A combinação de gramíneas + leguminosas e a associação de outras espécies,

geralmente, permite melhor colonização do solo e a emergência das plantas, bem como

uma redução da proporção de adventícias sobre a primeira brota. Outra vantagem

consiste na diminuição do uso de herbicidas, principalmente, sobre as limpezas

preliminares. A distribuição sazonal é mais equilibrada e o estado sanitário

freqüentemente melhor. As dosagens médias de nitrogênio, os rendimentos totais são

também melhores, freqüentemente superiores se as condições hídricas forem normais

(Charles e Lehmann, 1989).

Na França, a região do “Pays de la Loire”, as pastagens com multiespécies

despertam o interesse cada vez mais dos produtores, a origem do novo conceito de uma

pastagem, com flora diversificada, foi promovida pelo conceito de “Agricultura

Biológica”. Por isso, um grupo de agricultores desta região colocou em prática uma

série de associações utilizando gramíneas e leguminosas. Esse ensaio foi realizado com

o intuito de avaliar as vantagens de uma pastagem multiespécies, a fim de conhecer

melhor a distribuição de produção durante o ano, a adaptação à heterogeneidade do solo

intraparcelas, aceitabilidade e melhor equilíbrio alimentar. Para propor a associação foi

considerado o pastejo e o corte, e dentro destes dois parâmetros as espécies foram

divididas em dominantes e acompanhantes, avaliaram-se também as condições do solo

(calcário secante, ácido secante, sadio e profundo, hidromorfo e alternado-molhado no

inverno e seco no verão), onde cada associação foi submetida (Hubert, 2001).

Pelletier et al. (2002), na região do norte do “Massif Central” (França), em estudo

realizado durante dois anos, utilizando associação de gramíneas e leguminosas, sem

nitrogênio, baseado na filosofia de “Agricultura Biológica”, induzida por uma forte

Page 22: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

7

predominância das leguminosas, principalmente com trevo violeta (Trifolium pratense

L.). Sendo que a data do primeiro corte teve pouca incidência, não sendo esta

importante para a rebrota, e o corte precoce originou um teor mais elevado de proteína

bruta.

Para Vertes e Simon (1991), a nutrição por nitrogênio da pastagem está ligada à

abundância (em biomassa e em percentagem) de leguminosas fixadoras e à

homogeneidade da sua distribuição. Esses dois critérios condicionaram a perenidade da

pastagem associada à otimização do seu uso.

A percentagem de trevo é um bom indicador do equilíbrio da associação (Frame e

Newbould, 1986; Harrus, 1987 citado por Vertes e Simon, 1991).

Giovanni (1990), em estudo realizado com ovinos em Rennes na França,

utilizando associações gramíneas + leguminosas, verificou algumas vantagens

importantes, um estado ótimo da pastagem é devido a um elevado valor nutritivo do

trevo branco que contribui para corrigir o valor que é variável nas gramíneas. A

determinação da proporção do trevo branco em uma associação é necessária para

estimar os dois primeiros ciclos, o valor nutritivo previsto no campo, mas também o

futuro agronômico provável do equilíbrio da associação. A presença do trevo branco

permitiu um aumento do nível de ingestão dos carneiros de 10%.

O valor alimentar de uma associação de gramínea e leguminosa (valor nutritivo

elevado x maior quantidade ingerida) vai favorecer melhores performances,

acompanhados de uma economia de alimento concentrado. Graças ao trevo, o valor

energético das quantidades ingeridas é um efeito estabilizado durante o tempo de

exploração de uma parcela e o valor de proteína digestível (Giovanni, 1990).

Simon (1993) verificou a importância da percentagem de trevo branco utilizado

nas associações, sendo este um indicador da performance que permite julgar a

Page 23: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

8

perenidade de uma associação definida como “manutenção do tempo e de sua

capacidade de produção e da sua composição botânica”, do ponto de vista agronômico,

uma vez que os parâmetros zootécnicos, a importância dos níveis de trevo branco

refletem sobre a qualidade da forragem e devem satisfazer as necessidades do rebanho;

esta taxa deve estar entre 30 a 40% do total de massa de forragem presente.

Para Pflimlin et al. (1993), a adubação nitrogenada em pastagens ricas em trevo

branco, com mais de 20% de participação deste na primavera e mais de 40% no verão, a

adubação com nitrogênio é inútil.

Para Fougère et al. (2001), a percentagem de trevo branco para ser considerada,

ótima em uma pastagem com azevém perene, critérios como rendimentos, riscos

zootécnicos e riscos ao meio ambiente são importantes. Na ausência de fertilização com

nitrogênio, a produção forrageira aumenta com a percentagem em 50 a 60% de trevo no

verão, e depois decrescem chegando a 20 a 30% na primavera.

No estabelecimento de uma consorciação, deve-se escolher a espécie de azevém

em função do tipo do solo, forma de utilização da pastagem e tipos de animais, pois

deve associar uma variedade de trevo correspondente, evitando-se assim variações

extremas. Este conselho é valido para pastejo rotacionado e exprime grandes tendências

que devem ser moduladas de acordo com as próprias experiências dos produtores e suas

práticas (Fougère et al., 2001).

Segundo Robin et al. (1999), a escolha de cultivares melhores adaptadas às

condições climáticas locais permite otimizar a gestão das associações à base de trevo

branco para obter maior e mais regular produtividade.

Pflimlin et al. (1993) descreveram sobre alguns fatores limitantes das associações

do azevém perene + trevo branco, sendo esta associação mais sensível a solos úmidos

do que o azevém perene puro.

Page 24: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

9

De acordo com Pflimlin et al. (1993), há três aspectos que as pastagens de trevo

branco podem oferecer, são eles: a redução dos custos de produção pela diminuição da

utilização de fertilizantes nitrogenados e o aumento do pastejo estival que permite

reduzir a suplementação com outras forrageiras; a manutenção de uma boa

produtividade por animal e por hectare; e a redução dos riscos de lixiviação do nitrato

na água de drenagem em relação aos campos fortemente adubados.

Portanto, dentro do contexto, o conceito de agricultura sustentável está ganhando

cada vez mais espaço por constituir-se de um sistema de agricultura que mantém o solo

protegido e coberto, não permitindo perdas de solo e nutrientes por erosão ou lixiviação,

que estimula a policultura e a biodiversidade, que fomenta o uso racional do solo e

desconcentra naturalmente a posse e a renda, estimulando a agricultura familiar, não

utiliza agrotóxico, preservando assim o meio ambiente. Não submetem a riscos

produtores, trabalhadores e consumidores, respeitando desta maneira a preservação do

meio ambiente, minimizam o consumo de energia, desenvolvendo assim um conjunto

auto-sustentável de procedimentos (Instituto Solo Vivo, 2004).

A GEOGRAFIA DA EUROPA E SISTEMA FRANCÊS DE CRIAÇÃO

A Europa física foi modelada pelas duas cadeias de montanhas “Hercynienne” e

“Alpine” que formam uma espinha dorsal montanhosa quase contínua da Serra Nevada

do sul da Espanha até os “Carpates” da Romênia com duas ramificações, os

“Alpennins” e os “Balkans”. O lado sul desta espinha dorsal desce bruscamente sobre o

Mediterrâneo e o Adriático. Assim, no lado noroeste é mais plano e apresentam largas

planícies menos férteis. O clima evidencia esta diferenciação norte-sul que gera a

Europa mediterrânea que apresenta um longo período de seca no verão, e no resto da

Page 25: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

10

Europa um clima mais temperado. No mais, a escala dos países ou das regiões, o relevo

atenua ou acentua os efeitos climáticos: acima de 300 m para os países do norte e acima

de 700 m para os outros, onde os potenciais agrícolas são mais reduzidos (Pflimlin et al.

2001).

De acordo com Véron et al. (2001), as evoluções de 1988 a 1997 ocorridas na

França, das principais superfícies forrageiras, foram analisadas em nível nacional,

utilizando-se oito zonas de amostragens. A redução da superfície de pastagens foi

confirmada neste período, mas a diminuição da sua expansão foi significativa a partir de

1993, data da instauração da PMSEE (Prime au Maintien des Systémes d’Élevage

Extensifs) que surgiu durante o quadro da reforma Política Agrícola Comum (PAC).

A França, no ano de 1993, com o objetivo de manter a exploração da criação

extensiva e preservar as áreas de pastagens e seu potencial ecológico, promoveu

modificações no sistema de produção forrageiro que conduziu a um reforço nos tipos de

exploração dominantes no interior de cada região, como por exemplo, a exploração

intensiva em zonas de recursos naturais escassos, onde a cultura do milho é possível, e

as explorações elegíveis que satisfazem os critérios mínimos de extensividade, nas

zonas onde as condições naturais são satisfatórias (Véron et al.,2001).

Page 26: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

11

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Page 28: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

II - OBETIVOS GERAIS

O presente trabalho foi dividido em quatro ensaios:

1) o objetivo do primeiro ensaio é comparar a silagem de sorgo granífero e sorgo

sacarino em relação à silagem de milho, com vacas em lactação, sobre os parâmetros de

consumo voluntário, produção e composição química do leite e digestibilidade aparente

dos nutrientes;

2) o segundo ensaio teve por objetivo avaliar a evolução da composição botânica

das associações interespecíficas à base de gramíneas/gramíneas e de

gramíneas/leguminosas;

3) o terceiro ensaio objetivou avaliar as características agronômicas e de qualidade

(intervalo de desfolhação, nível de adubação, rendimento de matéria seca e

digestibilidade in vitro da matéria seca) das associações interespecíficas mais ou menos

complexas à base de gramíneas e de leguminosas;

4) o quarto ensaio teve como objetivo avaliar o potencial de produção de massa de

forragem e a qualidade da mistura de variedades de azevém perene, sob dois níveis de

N.

Page 29: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

III - Valor Alimentício das Silagens de Milho e de Sorgo Sobre o Desempenho e Digestibilidade Aparente de Vacas Leiteiras

RESUMO – Este trabalho teve por objetivo avaliar o uso de silagem de sorgo granífero

e sacarino, em comparação a uma silagem de milho sobre os parâmetros de ingestão, da

produção leiteira, da composição química do leite e digestibilidade aparente. O

experimento foi conduzido na Unidade Experimental do INRA, Lusignan (França).

Foram utilizadas 24 vacas da raça Prim’Holstein (PO), divididas em três lotes de oito

vacas. As rações experimentais foram compostas por: 1) silagem de milho (SM); 2)

silagem de sorgo granífero (SG) e 3) silagem de sorgo sacarino (SS) distribuídos ad

libitum, com dois concentrados comerciais, distribuído em função do nível de produção

leiteira. A SG apresentou maior (P<0,05) ingestão de MS (22,98kg/dia) em comparação

à SM (21,95kg) e SS (19,43kg/dia). A ingestão de água (litros/vaca/dia) foi semelhante

(P>0,05) para os animais alimentados com SM (71,91) e SG (76,30) e maior (P<0,05)

em relação aos animais alimentados com SS (56,95). A produção de leite total, corrigida

a 4% de gordura, foi superior (P<0,05) para as vacas alimentadas com SM em relação

àquelas que receberam as SG. Entretanto, as vacas alimentadas com SS apresentaram

maior (P<0,05) percentagem de gordura do leite (4,56%) que as vacas do tratamento

SM (4,39%) e SG (4,31%). Por outro lado, as vacas alimentadas com SM apresentaram

maior (P<0,05) percentagem de proteína do leite (3,25%) em comparação aos demais

tratamentos. Ainda, as vacas alimentadas com SS apresentaram maior (P<0,05)

percentagem de proteína no leite (3,05%) em relação às vacas alimentadas com SG

(2,97%). Os coeficientes da digestibilidade aparente da MS, PB, EB, FDN, FDA, CB e

MO foram superiores (P<0,05) para a ração à base de SS em comparação às rações à

base de SM e SG. Ainda, esses coeficientes foram superiores (P<0,05) para a ração à

base de SG em relação à ração à base de SM.

Palavras-chave: digestibilidade, desempenho zootécnico, sorgo sacarino, vacas

leiteiras.

Page 30: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

15

Nutritive value of corn and sorghum silages in the dairy cow performance and in the diet apparent digestibility

Abstract – The objective of this work was to evaluate the use of silages of genotypes of

sorghum comparing to the corn silage in the ingestion parameters, milk production,

milk composition and in the diets apparent digestibility. The experiment was conducted

in the INRA, Lusignan (French). Twenty four cows were used, Prim’Holstein (PO)

breeds, and split into three groups of eight cows each. The experimental diets were: 1)

Corn silage; 2) Sorghum grain silage and 3) Sweet sorghum silage, distributed ad

libitum, with two commercial concentrate, distributed following the milk production.

The sorghum grain silage presented higher (P<0.05) DM intake (22.98 kg/day) when

compared to corn silage (21.95 kg/day) and sweet sorghum silage (19.43 kg/day). The

corn silage DM intake was higher (P<0.05) than the sweet sorghum silage DM intake.

The water intake (l/cow/day) was similar (P>0.05) for the animals fed the corn silage

(71.91) and sorghum grain silage (76.30) and higher (P<0.05) than the water intake of

the animals fed with sweet sorghum silage (56.95). The total milk production, corrected

to 4% of fat and the milk chemical composition was higher (P<0.05) for the cows fed

with corn silage when compared to ones receiving sorghum silage. However, the cows

fed with sweet sorghum silage presented higher (P<0.05) milk fat percentage (4.56%)

when compared to the cows of the corn silage (4.39%) or sorghum grain silage (4.31%)

treatment. Meanwhile, the cows fed with corn silage presented higher (P<0.05) milk

protein percentage (3.25%) when compared to the others treatments. The cows fed with

sweet sorghum silage presented higher (P<0.05) milk protein percentage (3.05%) when

compared to the ones fed with sorghum grain silage (2.97%). The DM, CP, GE, NDF,

ADF, CB and OM apparent digestibility were higher (P<0.05) for the sweet sorghum

silage diet when compared to the corn and sorghum grain silage diets. The apparent

digestibility coefficients were higher (P<0.05) for the sorghum grain silage diet than for

the corn silage diet.

Key words: animal performance, dairy cows, digestibility, sweet sorghum.

Page 31: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

16

Introdução

Considerado como uma das alternativas para a alimentação animal, a cultura do

sorgo forrageiro desempenha um papel importante na metade sul da França. Destaca-se

a sua capacidade de adaptação a situações de seca, que é limitante à cultura do milho,

garantindo melhores resultados econômicos à atividade.

Na França, durante muito tempo, a utilização do sorgo forrageiro foi praticada

com o Sudam grass. A partir dos anos 80, com o aparecimento de novas variedades

(Sorghum bicolor) que apresentam teores reduzidos de taninos, associados a novas

tecnologias no processo de ensilagem, a cultura do sorgo teve seu mercado ampliado

(Legarto, 2000).

Dentro das novas variedades de sorgo, destacam-se duas: a primeira é o sorgo

granífero que produz panícula compacta com muitos grãos. Este tipo de sorgo é

valorizado para pequenos ruminantes, mas em contrapartida, os grandes ruminantes não

possuem a mesma eficiência de utilização, devido ao aspecto duro do grão que passa,

muitas vezes, intacto pelo rúmen (Institut de l’Élevage, 1990). A segunda é o sorgo

sacarino que se caracteriza por uma altura de planta superior a dois metros, apresenta

colmo doce e suculento, justamente por acumular suas reservas na forma de açúcares

solúveis no colmo e nas folhas (Coleman, 1970). Estas características podem lhe

proporcionar qualidade interessante para a alimentação animal.

Uma das formas de utilização desses materiais para alimentação de ruminantes é

na forma de silagem. No entanto, existem critérios para avaliar o valor nutritivo desses

alimentos conservados que, segundo Souza et al. (2003), são: consumo voluntário,

digestibilidade e eficiência da utilização de nutrientes digeridos. Bezerra et al. (2002)

relataram que para os ruminantes existem inúmeros fatores que interferem no consumo,

Page 32: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

17

com maior ou menor intensidade e de diferentes magnitudes. Estes fatores de variação

são de fundamental importância para o balanceamento das dietas.

Um desses fatores refere-se à granulometria dos alimentos que, segundo Sauvant

(2000), tem influência direta sobre a ruminação, a ingestão e, conseqüentemente, na

digestibilidade do alimento. Este autor ressalta que o tamanho da partícula de uma

forragem determina as condições ruminais e, quando é pequena pode provocar redução

do pH e redução da proporção do acetato.

Trabalhos de pesquisa do Institut d’Élevage (1990), comparando 50 variedades de

silagem de sorgo e de milho, obtidas em condições semelhantes, constataram que a

proporção de partículas finas é duas vezes maior no sorgo em relação ao milho.

Ensaios de consumo voluntário da silagem de sorgo e de milho, realizados pelo

Institut d’Élevage (1990), mostraram que não houve diferença no consumo entre estes

dois tipos de forragens com vacas leiteiras (3,3% do peso vivo). Estes resultados podem

ter sido influenciados pelos baixos teores de MS das silagens (26 a 27%), o que estaria

de acordo com os resultados observados por McDonald et al. (1991).

A digestibilidade da planta inteira do sorgo granífero é influenciada pelo seu

estado de maturidade (30 e 41% de MS). Os coeficientes da digestibilidade da matéria

orgânica e da celulose bruta caem, respectivamente, de 2,4 e 13 pontos percentuais

(Legarto, 2000).

Entretanto, Mizubuti et al. (2002) não observaram diferenças significativas da

digestibilidade aparente da MS entre as silagens de milho e sorgo, mesmo com baixos

teores de MS (29,56% e 24,94%, respectivamente).

O objetivo deste trabalho foi comparar a silagem de sorgo granífero e sorgo

sacarino em relação à silagem de milho, como volumoso para vacas em lactação sobre o

Page 33: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

18

consumo voluntário, produção e composição química do leite e digestibilidade aparente

dos nutrientes.

Material e Métodos

O presente trabalho foi conduzido na Unidade Experimental do INRA - Institut

National de la Recherche Agronomique, Centro de Pesquisas Poitou-Charentes,

localizada em Lusignan (Vienne, França - 15° Leste, 45,26° Norte).

As culturas de sorgo e milho foram implantadas na primavera de 2003. Os dados

climáticos revelam que este ano foi marcado por uma primavera amena e de poucas

chuvas, seguido de um verão excepcionalmente quente. O mês de agosto, em particular,

foi muito atípico com calor excessivo e temperatura média máxima de 31,9 ºC (Figura

1), visto que, as temperaturas habitualmente observadas, nos anos precedentes estiveram

em 26°C, 25°C e 23,2°C, respectivamente para os anos de 2000, 2001 e 2002 (Estação

Meteorológica INRA - Lusignan).

-5,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Tem

pera

tura

(°C

) -

Tem

pera

ture

(ºC

)

-5,05,015,025,035,045,055,065,075,085,095,0105,0115,0125,0

Prec

ipit

ação

(m

m)

- Pre

cip

ita

tio

n (

mm

)

TM TN PP

Figura 1. Precipitação pluviométrica média (PP), temperatura máxima (TM) e mínima (TN).

Figure 1. Monthly average precipitation (PP), temperature maximum (TM) and minimum (TN)

Page 34: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

19

As áreas cultivadas apresentam um solo classificado como argiloso (± 60% de

argila), o pH médio de 6,3 a 6,7 e o teor de matéria orgânica de 1,6 a 1,8% (Carbono

orgânico 1,72%).

O preparo do solo foi o mesmo para as três culturas: subsolagem, gradagem

(Covercrop) e nivelamento (Vibroculter flex).

A adubação orgânica constituiu de 30-35 t/ha (esterco bovino) sobre a cultura do

milho no inverno.

Em relação à adubação nitrogenada, para a cultura do milho e das variedades de

sorgos, as exigências em nitrogênio, foram determinadas utilizando-se o método dos

balanços PcAZOTE, considerando-se os seguintes parâmetros: cultura precedente,

histórico, nitrogênio remanescente e o objetivo de rendimento.

Os aportes de nitrogênio foram constituídos de 140kg/ha de adubo orgânico (fezes

líquidas de bovinos) antes da semeadura do milho, tendo como base um rendimento de

18 toneladas de MS. Para a cultura do sorgo sacarino, um aporte de 40kg/ha de

nitrogênio sobre a forma de amonitrato após emergência, sobre uma base de rendimento

estimada a 13 toneladas de MS. A cultura do sorgo granífero não recebeu nitrogênio.

Os híbridos utilizados foram: sorgo granífero Arakan e sorgo sacarino Top silo,

escolhidos em função das suas características de adaptação à seca. Bem como, suas

capacidades em produzir uma silagem de qualidade com um rendimento elevado. O

híbrido de milho utilizado como testemunha foi Cocagne.

As três silagens foram produzidas da mesma maneira de forma a não introduzir

diferenças significativas nas etapas que são: corte (altura de corte, velocidade da

máquina de corte), enchimento, compactação e fechamento do silo.

As principais características de condução das culturas estão demonstradas no

Quadro 1.

Page 35: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

20

Quadro 1. Principais características de condução das culturas de milho e dos sorgos. Tableau 1. Mean characteristic of the conduction the culture of the corn and sorghum

Híbridos - Hybrid Características

Characteristic Cocagne Milho - Corn**

Arakan Sorgo granífero Sorghum Grain

Top silo

Sorgo sacarino Sweet sorghum

Cultura antecedente Culture antecedent

Trigo Wheat

Alfafa Alfafa

Azevém Ryegrass

Densidade (plantas/ha) Density (plant/ha)

100.000 375.400 200.000

Espaçamento Spacing

0,75 m 0,40 m 0,75 m

Data de semeadura Date to raise up seed

24 de abril 24 April

15 de maio 15 May

14 de maio 14 May

Herbicidas Herbicide

Atraphyt (atrazine 2,5 l/ha)

Lagon (isoxaflutole+aclonifen 0,7 l/ha) Frontière

(dimethenamide 1,3 l/ha) Pós-emergente – post-emergent

Ramrod (propachlore 6 l/ha)

Pós-semeadura Fighter

(bentazone 2,5 l/ha) Pós-emergente - post-emergent

Modo de condução Mode of the conduction

Total 152mm em 5 irrigações Total 152mm in 5 irrigation

Não irrigado Not irrigate

Ponto de corte (2003) Point of the cut (2003)

30 de agosto 30 August

26 de agosto 26 August

25 de agosto 25 August

Altura de corte* Height of the cut

10 a 15 cm 10 the 15 cm

*corte com ensiladeira automotriz para o milho e sorgo sacarino: John Deere 5730 equipada de uma plataforma de milho com quatro filas para o sorgo granífero: ensiladeira John Deere 6070 equipada de uma plataforma Kemper; **Combate biológico (Trichogramma maidis) contra a lagarta do milho foi realizado com o produto comercial TR16 da INVIVO-BIOTOP. *cut with automatic machine, to the corn and sweet sorghum: John Deere 5730 equipped of the a platform of corn

with four rang, to sorghum grain: machine John Deere 6070 equipped of the a platform Kemper; ***Combat

biological (Trichogramma maidis) against the palmer-worm of the corn was realized with the product commercial

TR16 of the INVIVO-BIOTOP

As avaliações de rendimento e composição morfológica das culturas foram

realizadas no momento do corte, uma vez que as amostragens das plantas foram

efetuadas na linha sobre um comprimento de três metros e com cinco repetições para

cada cultura.

As plantas amostradas foram separadas em duas partes e pesadas individualmente

para cada cultura, em que:

1) parte grão: sabugo e grãos para o milho e panículas do sorgo;

Page 36: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

21

2) parte não grão: nesta fração foram inclusas todas às partes aéreas das plantas,

incluindo, no caso do milho, as brácteas e as panículas.

Para a determinação do teor de matéria seca, a secagem foi realizada em estufa a

75-80ºC, por 48 horas. As amostras secas foram moídas com o auxílio de um moinho

tipo martelo, com uma peneira de um mm de crivo e armazenadas em potes plásticos,

para posteriores análises em laboratório, bem como, uma sub-amostragem da forragem

fresca foi coletada e mantida conservada em congeladores para análises bromatológicas.

Para o experimento de desempenho das vacas leiteiras, 24 animais da raça

Prim’Holstein (PO) foram utilizados e separados em três lotes de oito animais (quatro

primíparas e quatro multíparas), levando-se em consideração os seguintes critérios: o

peso vivo (médio 635,5kg), período de lactação (valor médio no início do experimento

= 65 dias) e a produção de leite durante as quatro semanas pré-experimentais (valor

médio = 30,6kg/dia/animal).

O experimento de avaliação do desempenho animal foi realizado de novembro

2003 a fevereiro 2004, durante 103 dias. Após um período de 15 dias de adaptação, em

que os animais, em estabulação livre, puderam se familiarizar com as portas

eletromagnéticas que davam acesso aos comedouros individuais e às rações

experimentais, iniciou-se o ensaio que foi dividido em quatro períodos de 22 dias cada.

Os animais foram pesados no início do experimento e no final de cada período. As

pesagens foram realizadas após a ordenha da manhã, durante dois dias consecutivos e

corrigidos, segundo o método de Chilliard et al. (1987), para as variações de conteúdo

digestivo, em que:

PVc = PV – (4*MSI)

PVc = peso vivo corrigido (kg);

PV = Peso vivo bruto (kg);

Page 37: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

22

MSI = matéria seca ingerida (kg).

As rações experimentais foram compostas de: 1) silagem de milho; 2) silagem de

sorgo granífero e 3) silagem de sorgo sacarino, distribuídos ad libitum, com dois

concentrados comerciais (Tabela 1): um concentrado de equilíbrio (2,2kg de MS/dia) e

um concentrado de produção (1,9 a 4,7kg de MS/dia), distribuído em função do nível de

produção leiteira.

O concentrado produção foi distribuído durante as duas ordenhas diárias

(07h30min h e 16h30min h). A quantidade oferecida foi de 1,0kg de concentrado para

cada 2,5kg de leite produzido, acima de uma produção de 22,5kg (ração base de

equilíbrio), para as multíparas e primíparas, 50% foram distribuídas durante a primeira

ordenha e os 50% restantes durante a segunda ordenha. Considerando-se que há redução

de 2,0 a 2,5%/semana na persistência da produção leiteira, para as primíparas e

multíparas, segundo Emile e Barrière (1992), as quantidades de concentrado foram

calculadas a partir da produção média de leite de referência de cada animal. Para as

primíparas, houve um reajuste de 2,0kg, para suprir as necessidades ligadas ao

crescimento (Jarrige, 1988). Os reajustes em concentrado foram realizados na primeira

semana de cada mês.

Para cada ração, a quantidade de silagem distribuída foi calculada diariamente,

considerando uma sobra de 10% de MS ofertada relativamente no consumo. A

quantidade de silagem ofertada cada dia foi calculada em função do ingerido no dia

anterior. As rações foram equilibradas em energia e em proteína, com a inclusão de

cevada (0,5 e 1,0kg/dia para os tratamentos sorgo granífero e sorgo sacarino,

respectivamente) e de uréia (50 gramas para o tratamento com silagem de milho), de

acordo com as recomendações preconizadas por Jarrige (1988).

Page 38: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

23

Tabela 1. Ingredientes e composição química dos concentrados comerciais utilizados nas rações experimentais.

Table 1. Ingredient, chemical composition of commercial concentrates used in the diet experiments

Ingredientes Ingredient

1PROTIVAL 2DIAPASON

Farelo de soja, % Soybean meal, %

65 10

Farelo de canola, % Rapeseed meal, %

20 12

Farelo de girassol, % Sunflower meal, %

15 7

Resíduos de trigo, cevada e milho, % Wheat, barley, corn grains, %

- 41

Resíduos de grão trigo, % Wheat issues, %

- 21

Proteínas solúveis, % Soluble proteins, %

- 3

Melaço de beterraba, % Sugar beet molasses, %

- 3

Elementos minerais, g/kg Mineral premix, g/kg

- 5

CaCO3, g/kg CaCO3, g/kg

- 20

NaCl, g/kg NaCl, g/kg

- 5

Composição química (base MS) Chemical composition (DM basis)

Matéria orgânica (MO), % Organic Matter (OM), %

92,7 93,2

Proteína bruta (PB), % Crude protein (CP), %

46,0 21,0

Amido, % Starch, %

2,5 32,0

Fibra bruta (FB), % Crude fiber (CF), %

12,9 9,2

Gordura, % Fat, %

3,4 3,8

Lisina, g/kg Lysine, g/kg

13,7 6,8

Metionina, g/kg Methionine, g/kg

3,9 2,2

Fósforo, g/kg Phosphorus, g/kg

8,3 7,4

Cálcio, g/kg Calcium, g/kg

5,7 11,5

ELL, UFL3/kg NE L, UFL

3/kg

1,09 1,05 1Concentrado rico em Proteína; 2Concentrado rico em Energia; 3UFL = unidade ENL de acordo com o modelo francês (1 UFL = 7,1 mJ/kg de MS); Dados obtidos no Centre Atlantique Aliments, Ceaux em Couhé, França. 1Protein-rich concentrate;

2Energy-rich concentrate;

3UFL = NEL unit according to the French standard

(1 UFL = 7.1 mJ/kg of DM); Data obtained from Centre Atlantique Aliments, Sceaux en Couhé, French.

Page 39: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

24

As produções leiteiras individuais foram registradas a cada ordenha (07h30min h

e 16h30min h) com auxílio de coletores volumétricos ligados a um sistema

informatizado de ordenha.

As análises dos teores de gordura e de proteína do leite foram realizadas a partir

de amostras coletadas durante quatro ordenhas consecutivas no início de cada semana.

As amostras foram enviadas ao Laboratório Interprofissional Leiteiro do Centro-oeste,

Surgères, França. A correção do leite a 4% de gordura foi calculada a partir da equação

descrita pelo NRC (2001).

Para a determinação do nível de aceitabilidade das silagens pelos animais, foi

realizado um ensaio de velocidade de ingestão, quando os animais receberam silagem

sem o concentrado por um período de uma hora, após este período, os comedouros

foram pesados para obtenção do consumo. Esta avaliação foi realizada durante três dias

consecutivos.

A granulometria das silagens foi determinada, segundo as recomendações de

Melcion (2000), com auxílio de um separador de partículas, modelo AS200 digit-

Retsch, no qual, uma amostra de 50 g de silagem seca (seca em estufa a 65ºC durante

72 horas) foi colocada no alto de um empilhamento de sete peneiras, dispostas em

ordem decrescente (19,0; 8,0; 4,0; 3,6; 2,8; 1,8 e <1,8mm), e submetidas a movimentos

vibratórios durante cinco minutos. As frações retidas para cada peneira foram pesadas

com objetivo de determinar a distribuição granulométrica. Cinco repetições foram

realizadas por amostras.

Extrações de suco das silagens foram realizadas a cada período experimental, a

partir de amostragens de silagem fresca, para determinar o pH.

Com objetivo de determinar a composição química do ingerido e das rações,

foram realizadas amostragens diárias das silagens e das sobras.

Page 40: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

25

As amostragens de fezes, por coleta direta no reto, foram realizadas uma vez ao

dia, durante cinco dias consecutivos, após a saída da sala de ordenha, para determinar a

digestibilidade aparente das rações. As fezes de cada animal foram embaladas em sacos

plásticos, armazenadas e congeladas para posterior análise.

Os coeficientes da digestibilidade aparente das rações experimentais foram

determinados segundo o método de amostragens parciais de fezes. O marcador interno

utilizado foi a cinza insolúvel em ácido clorídrico (CIA), segundo Van Keulen e Young

(1977), com as seguintes equações:

Digestibilidade aparente da MS (DMS)

DMS % = 100 – 100 * % marcador na ração % marcador nas fezes Digestibilidade aparente dos nutrientes (Dnutr)

Dnutr % = 100 – 100* % marcador na ração % nutrientes nas fezes % marcador nas fezes % nutriente na ração

As digestibilidades in vitro da matéria seca (DIVMS) das silagens foram obtidas

através do método enzimático, descrito por Aufrère (1982).

As amostras dos alimentos volumosos e fezes foram secas em estufa a 65ºC

durante 72 horas. Ao final de cada período, as amostras das silagens e das sobras foram

reagrupadas para constituir uma amostra global por período e por tratamento. As fezes

foram reagrupadas para constituir uma amostra global por animal.

As amostragens dos concentrados e dos alimentos utilizados para equilibrar as

rações foram realizadas uma vez para cada período, depois reagrupadas no final do

experimento para formar uma amostra representativa de todo o período experimental.

As amostras compostas foram moídas com o auxílio de um moinho tipo martelo, com

uma peneira de um mm de crivo e armazenadas em potes plásticos para posteriores

análises em laboratório.

X

Page 41: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

26

Os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), nitrogênio insolúvel em

ácido (NIDA), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),

celulose bruta (CB) e matéria orgânica (MO) foram determinados na forragem verde,

silagens, sobras e fezes, segundo a metodologia descrita pelo AOAC (1997). (Tabela 2)

Tabela 2. Composição química das dietas experimentais. Table 2. Chemical composition of the diet experiments

Ração de base1

Diet based1

Composição Composition

SM2

CS2

SG3

SG3

SS4

SS4

MS, % DM, %

37,12 46,08 26,45

EB**

CE**

4,30 4,35 4,31

PB, % CP, %

13,06 14,84 13,45

NIDA, % ADIN, %

2,27 3,01 2,16

FDN, % NDF, %

35,75 43,12 48,53

FDA, % ADF, %

17,6 21,75 24,15

Celulose Bruta, % Crude Cellulose, %

15,6 18,67 21,27

MO, % OM, %

92,76 92,12 91,59

CIA, % AIC, %

1,59 1,27 1,18

Silagem, % Silage, %

85,30 83,70 82,40

Concentrado, % Concentrate, %

14,70 16,30 17,60

*Dados obtidos no Laboratório de Análises da UGAPF - INRA Poitou-Charentes, França. 1Ração base: silagens (milho ou sorgo), concentrado rico em proteína (PROTIVAL, Centre Atlantique Aliments, Ceaux em Couhé, França), cevada ou uréia. 2Silagem de milho (SM); 3Silagem de sorgo granífero (SG); 4Silagem de sorgo sacarino (SS). **Megacalorias/kg de MS. *Data obtained in Laboratory of analysis of UGAPF - INRA Poitou-Charentes, French. 1Diet based: silage (corn or

sorghum),protein rich-concentrated (PROTIVAL, Centre Atlantique Aliments, Sceaux in Couhé, French), barley or urea. 2Corn

Silage (CS); 3Sorghum grain silage (SG); 4Sweet sorghum silage (SS). **Megacalories/kg.

A determinação da energia bruta (EB) foi realizada no Laboratório de Análises

Química da Estação Experimental do INRA, localizado na cidade de Magneraud -

França, com a utilização de uma bomba calorimétrica, sistema IKA® C7000.

Page 42: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

27

As médias e as análises de variância foram estimadas segundo o modelo abaixo,

através do programa SAS (1989):

Yijkl = µ + Si +Tj + Tj * Si + Tj *Ak + Eijkl

Yikl = variável observada;

µ = constante geral;

Si = efeito da semana experimental ¨i¨, com i = 1 a 13;

Tj = efeito do tratamento experimental ¨j¨, com j = 1 (silagem de milho), 2 (silagem de

sorgo granífero) e 3 (silagem de sorgo sacarino);

Tj * Si = efeito da interação tratamento*semana;

Tj *Ak = efeito do animal hierarquizado no tratamento (k);

Eijkl = erro aleatório associado a cada observação.

Os efeitos do tratamento foram estimados com o F correspondente ao produto

entre os quadrados médios do tratamento (Tj) e o do efeito animal hierarquizado no

tratamento (Tj*Ak), porque se trata de um dispositivo com avaliações repetidas, que

segundo Little e Hills (1978), uma semana não é independente dos valores da semana

anterior.

Resultados e Discussão

Na Tabela 3, encontram-se os dados qualitativos de energia bruta (EB), de

proteína bruta (PB), de nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA), de fibra em

detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HEM),

lignina, celulose bruta (CB), matéria orgânica (MO), cinza insolúvel em ácido (CIA),

digestibilidade in vitro (DIVMS) e pH das silagens e rações.

Page 43: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

28

Tabela 3. Composição química da forragem verde e das silagens. Table 3 Chemical composition of the forage green and silage.

Forragem verde Forage green

Silagem Silage

Composição Composition

SM1

CS1

SG2

SG2

SS3

SS3

SM1

CS1

SG2

SG2

SS3

SS3

MS, % DM, %

33,20 49,10 29,2 35,24 45,87 26,19

EB**

CE**

4,32 4,32 4,41 4,37 4,41 4,37

PB, % CP, %

7,89 8,56 10,67 7,69 10,98 9,83

NIDA, % ADIN, % 0,93 0,63 1,27 1,85 2,70 1,70

FDN, % NDF, %

40,62 49,38 49,20 38,19 47,40 54,58

FDA, % ADF, %

18,61 23,70 24,56 18,90 24,17 27,51

Hemicelulose, % Hemicellulose, %

22,01 25,68 24,65 19,29 23,23 27,07 Lignina, % Lignine, %

2,22 2,37 3,13 2,11 3,57 3,00

Celulose Bruta, % Crude Cellulose, %

16,52 24,45 23,15 17,48 21,42 24,89

MO, % OM, %

95,52 94,37 94,32 95,24 94,42 93,75

CIA, % AIC, %

- - - 1,59 1,24 1,14

DIVMS, %4 DMIVD, %

4

76,43 67,56 66,34 74,25 69,73 65,92

pH pH

- - - 4,02 4,59 4,08

*Dados obtidos no Laboratório de Análises da UGAPF - INRA Poitou-Charentes, França. 1Silagem de milho (SM); 2Silagem de sorgo granífero (SG); 3Silagem de sorgo sacarino (SS). 4Digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS). **Megacalorias/kg de MS. *Data obtained in Laboratory of analysis of UGAPF - INRA Poitou-Charentes, French. 1Corn Silage (CS); 2Sorghum grain silage

(SG); 3Sweet sorghum silage (SS).4 Dry matter “in vitro” digestibility (DMIVD) **Megacalories/kg.

Os valores médios obtidos para pH, nas silagens de milho e sorgo, encontram-se

dentro dos limites que caracterizam uma fermentação desejável e adequada para

preservação do material (4,02 a 4,59). Segundo Keplin (1992), uma silagem de milho

para ser considerada de boa qualidade deve apresentar de 7,1 a 8,0% de PB. Resultados

superiores ao preconizado por este autor foram observados no presente trabalho.

Corroborando com as informações de Keplin (1992), Flaresso et al. (2000) que

Page 44: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

29

trabalharam com treze cultivares de milho e oito cultivares de sorgo, obtiveram médias

para as cultivares de milho de 8,3% e sorgo 7,1% PB.

Os valores médios obtidos, apresentados na Tabela 4, demonstram que o corte do

milho e das variedades de sorgo foi realizado em estágios mais avançados (29,2% a

49,1% de MS). Nesse ponto de corte, os grãos podem ser denominados farináceos e

farináceos duros, o que, segundo Le Gall et al. (1994) resultaria em silagens de melhor

qualidade. Da mesma forma, segundo estes autores a maior participação de grãos na

massa ensilada resultaria em melhoria do valor nutritivo, fato esse observado para a

cultura do milho (48,5% no teor de grãos).

Tabela 4. Características da cultura de milho e dos sorgos no momento da ensilagem. Table 4. Culture characteristic of corn and sorghum in moment of ensilage

Itens Item

Cocagne Milho - Corn**

Arakan Sorgo granífero Sorghum Grain

Top silo

Sorgo sacarino Sweet sorghum

MS planta inteira (%) DM plant entire (%)

33,2 49,1 29,2

MS espigas (ou panícula) (%) DM spike (or stem) (%)

54,6 62,9 46,1

MS não espiga (ou não panícula) (%) DM not spike (or not stem) (%)

21,4 39,4 27,0

Teor em grãos (% MS) Tenor in grain (% DM)

48,5 33,4 10,3

Rendimento em toneladas MS/ha Yield in ton MS/ha

18,4 13,4 11,7

Contudo, o menor valor observado para o teor de grãos, na cultura do sorgo

sacarino (10,3%), é justificado pela sua fisiologia, visto que esta cultura, ao contrário da

cultura do sorgo granífero, a sua finalidade não é de produzir o máximo de grãos e sim

alto teor de carboidratos não estruturais que permanecem no caule e nas folhas na forma

de açúcares solúveis, oferecendo um alimento energético e de fácil conservação (Hale,

1970).

Page 45: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

30

A cultura do sorgo supera em alguns aspectos a cultura do milho, pois, alcança

maior produção de massa por área, principalmente quando cultivado em locais que

apresentam solos de baixa fertilidade e pouca precipitação (Zago, 1991). Esta afirmação

está de acordo com Legarto (2000) que, ao comparar os rendimentos da cultura do sorgo

em relação à cultura do milho realizado no norte de l’Aquitaine (França) pelo Institut de

l’Elevage de 1988 a 1990, demonstrou uma melhor performance do sorgo em situações

de seca, menos de 200mm de água entre o início de maio e fim de setembro. Por outro

lado, o milho tornou-se favorável com uma quantidade de água superior a 300mm de

água.

Dessa forma, os resultados demonstraram que as culturas de sorgo utilizadas neste

trabalho tiveram um bom rendimento em toneladas de MS/ha em relação ao milho, visto

que as culturas não foram irrigadas e, que do ponto de vista climático, o ano de 2003 foi

marcado por uma primavera amena e de poucas chuvas, seguido de um verão

excepcionalmente quente, como demonstrado na Figura 1.

O perfil granulométrico das silagens está demonstrado na Figura 2. A silagem de

milho apresentou maior proporção de partículas de grande tamanho em relação às

silagens de sorgo granífero e de sorgo sacarino. Entretanto, a presença de partículas

superiores a oito mm para o milho ensilado não teve influência sobre as quantidades

ingeridas pelos animais. Jarrige (1988) e Van Soest (1994) relataram que o tempo de

ruminação (partículas >5mm) limita a capacidade de ingestão.

Page 46: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

31

0

5

10

15

20

25

30

35

40

< 1,8 1,8 2,8 3,6 4,0 8,0 >19,0

Tamanho de partículas (mm) - Size particle (mm)

Dis

trib

uiç

ão

(%

) -

Dis

trib

uit

ion

(%

)

Milho - Corn Sorgo Grão - Sorghum grain Sorgo Sacarino - Sweet sorghum

Figura 2. Distribuição do tamanho de partículas das silagens de milho, sorgo granífero e sorgo sacarino (%).

Figure 2. Distribution of the size particle and corn silage, sorghum grain and sweet sorghum (%)

Os valores médios de ingestão diária das silagens e rações totais estão

apresentados na Tabela 5.

A silagem de sorgo granífero apresentou maior consumo (P<0,05) de silagem e

ração total (kg de MS/dia), em relação às silagens de milho e de sorgo sacarino. Ainda,

o consumo de MS da silagem de milho foi superior (P<0,05) em relação à silagem de

sorgo sacarino.

A silagem de sorgo sacarino, em razão da sua maior proporção de parede celular

(Tabela 3), em relação às outras silagens teve efeito negativo sobre a ingestão de MS e,

por conseqüência, uma menor ingestão de energia.

Page 47: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

32

Tabela 5. Ingestão média diária das diferentes silagens e das rações totais nos tratamentos com silagens de milho e sorgo.

Table 5. Average daily intake of the silage and of ration total in treatments with silage of

corn and sorghum.

Itens Item

SM1

CS1

SE SE

SG2

SG2

SE SE

SS3

SS3

SE SE

Ingestão de silagem, kg MS/dia Silage intake, kg DM/day

17,02b 0,24 17,64a 0,31 13,64c 0,21

Ingestão total, kg MS/dia Total intake, kg DM/day

21,95b 0,22 22,98a 0,32 19,43c 0,20

Ingestão média MS, 100kg PV corrigido DM mean intake, 100 kg LW correct

3,93b 0,07 4,22a 0,12 3,37c 0,08

Proteína Bruta (PB), kg/dia Crude protein (CP), kg/day

3,01b 0,02 3,54a 0,04 2,99b 0,02

Energia bruta (EB), Mcal/dia Crude energy (CE), Mcal/day

84,43b 0,97 87,68a 1,39 69,44c 0,85

Fibra Detergente Neutro (FDN), kg/dia Neutral detergent fiber (NDF), kg/day

7,78c 0,08 9,71a 0,15 8,87b 0,11

Ingestão de água, litros/vaca/dia Water of intake, litre/cow/day)

71,91a 2,14 76,30a 2,03 56,95b 0,98

Taxa de ingestão kg MS/1 hora Tax of intake, kg DM/1 hour

3,83a 0,26 3,05b 0,24 2,90b 0,21 a,b,cMédias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem (P<0,05) pelo teste Tukey; 1Silagem de milho (SM); 2Silagem de sorgo granífero (SG); 3Silagem de sorgo sacarino (SS); Erro-padrão (SE). a,b,c Averages followed by different letters in the same row differ (P<0,05) by the Tukey test; 1Corn Silage (CS); 2Sorghum Grain slage (SG); 3Sweet sorghum silage (SS); standard-error (SE)

Estes resultados concordam com os resultados de Dias et al. (2001) que

atribuíram esse fenômeno ao enchimento do rúmen antes que todos os nutrientes

necessários aos animais fossem ingeridos, como também pela saturação da capacidade

de ruminação, que refletirá na limitação da produção de leite.

A ingestão de PB foi superior (P<0,05) para as vacas do tratamento sorgo

granífero e semelhante entre as silagens de milho e de sorgo sacarino. A maior ingestão

de PB observada para o sorgo granífero pode ser explicada pela maior ingestão total de

MS, conseqüentemente maior participação de grãos na dieta total.

A ingestão de água foi semelhante (P>0,05) entre os tratamentos silagem de

milho (71,91 litros/ animal/dia) e silagem de sorgo granífero (76,30 litros/animal/dia) e

menor (P<0,05) para o tratamento silagem de sorgo sacarino (56,95 litros /animal/dia).

Page 48: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

33

O consumo de água observado nos diferentes tratamentos está dentro da faixa de

consumo (14,2 a 171,4 litros/animal/dia), observado por Meyer et al (2004).

Segundo estes autores, o menor valor observado para o consumo de água, pode

ser atribuído a diversos fatores, entre eles, nível de produção, presença de cio,

temperatura ambiente. Bem como, a problemas sanitários do animal e a menor ingestão

de MS, este último evidenciado no presente trabalho, visto que a menor ingestão de

água foi evidenciada no tratamento com silagem de sorgo sacarino que apresentou a

menor ingestão de MS total, em relação aos demais tratamentos.

A técnica da velocidade de ingestão é, normalmente, empregada em ensaios de

pastejo, com intuito de avaliar a preferência do animal por determinadas espécies

vegetais (Emile et al., 2001 e Mayne et al., 2001). Por meio de adaptações desta técnica

para animais estabulados, observou-se maior (P<0,05) velocidade de ingestão de MS

para os animais do tratamento com silagem de milho, em relação aos demais

tratamentos (Tabela 5). Ainda, velocidade de ingestão de MS foi semelhante (P>0,05)

entre os tratamentos silagem de sorgo granífero e silagem de sorgo sacarino. No

entanto, a utilização desta técnica, para animais confinados, deve ser aprimorada, visto

que, a partir do primeiro dia de avaliação, os animais se condicionaram a esperar pelo

concentrado que foi adicionado após uma hora de avaliação.

Os dados sobre a produção de leite total, produção de leite corrigido para 4% de

gordura, os teores de gordura e proteína (expressos em kg e em %), bem como o peso

vivo médio e o ganho médio diário (GMD) dos animais estão apresentados na Tabela 6.

Page 49: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

34

Tabela 6. Desempenho de vacas leiteiras recebendo silagem de sorgo granífero (SG), silagem de sorgo sacarino (SS) e silagem de milho (SM).

Table 6. Performance of dairy cattle received silage of sorghum grain (SG), sweet sorghum

silage (SS) and corn silage (CS)

Itens Item

SM1

CS1

SE SE

SG2

SG2

SE SE

SS3

SS3

SE SE

Produção de leite total, kg/dia Milk of production total, kg/day

28,81a 0,33 24,69b 0,37 24,14c 0,39

Produção corrigida (4% de gordura) Correct production, (4% of fat)

30,65a 0,51 25,63b 0,37 26,10b 0,46

Gordura no leite, kg/dia Fat in milk, kg/day

1,28a 0,03 1,05c 0,02 1,09b 0,02

Proteína no leite, kg/dia Protein in milk, kg/day

0,94a 0,01 0,72b 0,01 0,73b 0,01

Gordura, % Fat, %

4,39b 0,06 4,31b 0,06 4,56a 0,06

Proteína, % Protein, %

3,25a 0,02 2,97c 0,03 3,05b 0,02

Peso vivo médio bruto (PVb), kg Live wheight mean brute (LWb), kg

642,81a 11,54 609,13c 6,75 625,44b 11,97

Peso vivo médio corrigido (PVc), kg Live weight mean correct (LWc), kg

556,32a 10,94 521,78b 6,76 552,02a 11,67

Ganho médio diário corrigido, kg/dia Average daily gain correct, kg/day

0,07a 0,14 -0,02a 0,14 0,12a 0,20 a,b,cMédias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem-se (P<0,05) pelo teste Tukey; 1Silagem de milho (SM); 2Silagem de sorgo granífero (SG); 3Silage de sorgo sacarino (SS); Erro-padrão (SE) a,b,cMeans followed by different letters in the same row differ (P<0,05) by the Tukey test; 1Corn Silage (CS); 2Sorghum Grain slage (SG); 3Sweet sorghum silage (SS); standard-error (SE).

A produção total de leite (kg/dia) foi maior (P<0,05) para as vacas que

consumiram silagem de milho (28,81), em relação às vacas que consumiram silagem de

sorgo granífero (24,69) ou sorgo sacarino (24,14). Ainda, a produção de leite foi maior

(P<0,05) para as vacas que consumiram silagem de sorgo graníferos do que para as

vacas que consumiram silagem de sorgo sacarino. No entanto, a produção de leite

corrigida para 4% de gordura foi superior (P<0,05) para as vacas do tratamento com

silagem de milho, em relação aos demais tratamentos. Todavia, entre os tratamentos

silagem de sorgo granífero e de sorgo sacarino não foi observado diferença (P>0,05)

para a produção de leite corrigido para 4% de gordura. As produções leiteiras obtidas

com as silagens de sorgo, nestas condições experimentais, apresentaram valores

superiores aos encontrados na literatura com silagem de milho [Emile e Barrière,

Page 50: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

35

(1992): 22,8kg de leite bruto/dia e 24,2kg de leite a 4% de gordura/dia; Barrière e

Emile, (1995): 26,4kg de leite bruto/dia e 27,9kg de leite a 4% de gordura/dia e Moreira

et al., (2001): 24,4kg de leite bruto/dia e 25,6kg de leite a 4% de gordura/dia].

A produção de gordura (kg/dia) foi maior (P<0,05) para os animais alimentados

com silagem de milho, em comparação aos demais tratamentos. Além disso, os animais,

que receberam silagem de sorgo sacarino, apresentaram maior (P<0,05) de gordura no

leite, quando comparado ao sorgo grão. Para a produção de proteína do leite (kg/dia), os

animais que receberam a silagem de sorgo granífero e silagem de sorgo sacarino não

apresentaram diferença (P>0,05) entre si, embora tenham apresentado uma produção

menor (P<0,05) do que os animais que receberam silagem de milho.

Por outro lado, a produção absoluta de gordura e proteína bruta do leite não é a

medida mais adequada para fazer comparações entre tratamentos. Assim sendo, a

percentagem de gordura e de proteína do leite seria o parâmetro mais adequado para

comparações. Nesse contexto, a percentagem de gordura do leite foi maior (P<0,05)

para os animais que consumiram silagem de sorgo sacarino e semelhante para aqueles

que consumiram silagem de milho e silagem de sorgo granífero. No que concerne à

percentagem de proteína do leite, os animais do tratamento silagem de milho

apresentaram uma maior (P<0,05) percentagem, em relação aos que receberam sorgo

sacarino e estes animais menores que os alimentados com silagem de sorgo grão.

Bal et al. (1997), avaliando o desempenho de vacas leiteiras alimentadas com

silagens de milho colhidas em diferentes estádios de maturidade (leitoso/pastoso, ¼

pastoso, ⅔ pastoso duro e vitrificado), obtiveram melhores resultados (1,14 a 1,17kg de

gordura/dia e 1,12 a 1,17kg de proteína/dia) aos observados neste experimento com as

silagens de sorgo (1,98 a 2,18kg de gordura/dia e 1,39 a 1,45kg de proteína/dia).

Page 51: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

36

Entretanto, Dias et al. (2001) apresentaram resultados inferiores ao presente

trabalho para gordura do leite (3,55% silagem de milho, 3,43% silagem de sorgo estádio

de emborrachamento e 3,62% silagem de sorgo granífero leitoso).

Os baixos teores em proteína apresentados, na composição do leite dos animais

alimentados com silagem de sorgo granífero, estão diretamente ligados ao valor

energético da silagem. Segundo Le Gall et al. (1994), o problema reside na dificuldade

encontrada pelos microrganismos do rúmen em atacar os grãos e que acaba por gerar

um escape de energia disponível. Uma alternativa viável sugerida pelos autores seria

ensilar o sorgo granífero com estádio mais precoce (28-32% MS), que favorece o ataque

e a degradação dos grãos em um primeiro tempo, durante a fermentação da silagem, e

em um segundo tempo pelos microrganismos do rúmen.

A variação do peso corporal, durante o período de coleta de informações sobre a

produção de leite e composição do mesmo, foi próxima de zero, sem diferença (P>0,05)

entre tratamentos. Este resultado indica que houve utilização das reservas corporais para

manter o nível de produção leiteira. Resultados semelhantes foram observados por

Emile et Barrière (1992); Le Gall et al. (1994) e Barrière et Emile (1995).

A digestibilidade aparente de todos os parâmetros estudados (MS, PB, EB, FDN,

FDA, HEM, CB e MO) foi menor (P<0,05) para as dietas com silagem de milho e de

sorgo granífero (Tabela 7). Ainda, para estes mesmos parâmetros, a digestibilidade

aparente da dieta com silagem de sorgo granífero foi superior (P<0,05) à digestibilidade

aparente da dieta à base de silagem de milho.

Page 52: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

37

Tabela 7. Digestibilidade aparente (%) das rações experimentais à base de silagem de milho, silagem de sorgo granífero e silagem de sorgo sacarino em vacas.

Table 7. Apparent digestibility (%) of the rations experimental the based of corn silage,

sorghum grain silage and sweet sorghum silage and cow

Variáveis (%) Variables (%)

SM1

CS1

SE SE

SG2

SG2

SE SE

SS3

SS3

SE SE

MS, % DM, %

52,52c 0,40 54,63b 0,53 63,65a 0,45

PB, % CP, %

51,87c 0,65 57,96b 0,59 68,38a 0,51

EB**

CE**

51,23c 0,41 51,69b 0,58 60,84a 0,49

FDN, % NDF, %

25,15c 0,57 48,64b 0,73 54,93a 0,63

FDA, % ADF, %

22,50c 0,60 49,38b 0,69 52,91a 0,74

Hemicelulose, % Hemicellulose, %

27,58c 0,76 47,91b 0,84 56,84a 0,71

Celulose Bruta, % Crude Cellulose, %

28,83c 0,70 50,69b 0,97 55,09a 0,76

MO, % OM, %

53,92c 0,40 55,75b 0,53 65,09a 0,43 a,b,cMédias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem-se (P<0,05) pelo teste Tukey; 1Silagem de milho (SM); 2Silagem de sorgo granífero (SG); 3Silage de sorgo sacarino (SS); Erro-padrão (SE) a,b,cAverages followed by different letters in the same row differ (P<0,05) by the Tukey test; 1Corn Silage (CS); 2Sorghum Grain silage (SG); 3Sweet sorghum silage (SS); standard-error (SE).

A maior (P<0,05) digestibilidade aparente apresentada pela ração à base de

silagem de sorgo sacarino estaria relacionada a dois fatores: 1) menor tamanho de

partículas, que segundo Buxtonton e Kolver, (1997) citados por Bezerra et al. (2002), as

pequenas partículas alimentares são digeridas a taxas mais rápidas do que partículas

maiores, porque apresenta maior área de superfície exposta por volume de tecido; 2)

maior teor de carboidratos solúveis da silagem, em que a digestibilidade tende a

aumentar à medida que os teores de carboidratos solúveis da planta aumentam (Ferreira,

2001).

Todavia, vale salientar que a maior digestibilidade apresentada pela ração à base

de silagem de sorgo sacarino, pode também estar relacionada a uma melhor

sincronização de metabólitos ruminais (Sinclair et al., 1995), juntamente com a

Page 53: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

38

qualidade do volumoso (principal fonte de FDN e FDA), podendo proporcionar

elevados índices de digestibilidade aparente. Deste modo, uma sincronização entre

proteínas e carboidratos diminuiria as perdas de nitrogênio do rúmen. O que segundo

Nocek (1988), a utilização dos compostos da parede celular exige uma interação

dinâmica entre o animal, população microbiana e dieta.

Conclusão

Embora as silagens de sorgo tenham apresentado um potencial de produção

inferior ao milho, os principais fatores que caracterizam os sorgos continuam sendo a

sua rusticidade e capacidade de se adaptar a condições limitantes de crescimento, como

a temperaturas elevadas e a escassez de água.

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Page 56: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

IV - Composição botânica de associações interespecífica de gramíneas e de leguminosas sob dois níveis de nitrogênio e dois intervalos de corte

RESUMO: O presente trabalho, em avaliações realizadas no outono francês de 2003

(setembro a dezembro), e durante a primavera de 2004 (março a junho), teve por

objetivo caracterizar a evolução da composição botânica das associações interespecífica

de gramíneas/gramíneas e de gramíneas/leguminosas. O experimento foi conduzido na

Unidade de Genética e de Melhoramento de Plantas Forrageiras (UGAPF) do Institut

National de la Recherche Agronomique – INRA, Centro de Pesquisas de Poitou-

Charentes, localizada em Lusignan (Vienne, França, 42°65’ Leste e 15°82’ Norte).

Estas associações foram estabelecidas por Mosimann (1993), Mosimann e Charles

(1996), Mosimann et al. (2002) e por Pelletier et al. (2002). As forrageiras que

compuseram as associações (Dactylis glomerata, Festuca pratensis, Festuca

arundinacea, Festuca rubra, Phleum pratense, Poa trivialis, Lolium perenne, Lolium

multiflorum, Lotus corniculatus, Medicago sativa, Medicago lupulina, Trifolium repens,

Trifolium pratense) foram cultivadas em parcelas únicas (testemunhas) e cada

associação experimental foi composta de três blocos (repetições). Dois tipos de

associações foram realizadas: associação gramínea/gramínea e associação

gramínea/leguminosa. Além das associações preconizadas neste experimento, outras

associações forrageiras foram avaliadas como referência. Foi avaliado: intervalo de

desfolha (intervalo curto e longo) e nível de adubação nitrogenada (60 e 250kg

N/ha/ano gramíneas/gramíneas; 0 e 30kg de N/ha/ano gramíneas/leguminosas). O

Lolium perenne apresentou maior capacidade de persistência em relação às demais

espécies de gramíneas, mantendo-se sempre acima de 50% de participação nas

associações gramíneas/gramíneas. Entretanto, quando associado a leguminosas, este

índice caiu para 30% em associações mais complexas. Nas avaliações de primavera, o

Trifolium repens alcançou índices de participação de 40% em média. Espécies como:

Festuca pratensis, Medicago Lupulina, Lotus corniculatos, Poa trivialis e Phleum

pratense apresentaram baixos índices de participação, chegando a alguns casos até o

desaparecimento por completo em associações mais complexas.

Palavras-chave: Associações, Azevém perene, Trevo Branco, composição botânica

Page 57: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

42

Botanic composition of interespecific associations of grass and legumes conducted

by two nitrogen levels and two cuts intervals

Abstract: The present work, being the first evaluation done in the French 2003 Autumn

(September to December) and during the 2004 Spring (March to June), has the aim of

evaluate the botanic composition evolution of the interespecific associations of

grass/grass and of grass/legume. The experiment was conducted in the Forage Crop

Genetics and Breeding Unit UGAPF of the Institut National de la Recherche

Agronomique – INRA, Poitou-Charentes Research Center, located in Lusignan (Vienne,

French, 42°65’ East and 15°82’ North). The varieties that formed the associations

(Dactylis glomerata, Festuca pratensis, Festuca arundinacea, Festuca rubra, Phleum

pratense, Poa trivialis, Lolium perenne, Lolium multiflorum, Lotus corniculatus,

Medicago sativa, Medicago lupulina, Trifolium repens, Trifolium pratense) were

cultivated in unique parcels and represented the control group. Each experimental

association contained three blocks (repetitions). Two kinds of associations were

proposed: grass/grass association and grass/legume association. Besides the associations

done in this experiment, others forage associations were evaluated as reference. These

associations were established by Mosimann (1993), Mosimann and Charles (1996),

Mosimann et al. (2002) and by Pelletier et al. (2002). Two factors were investigated at

each association: defoliation interval (short or long interval) and nitrogen fertilization

level (60 and 250 kg N/ha/year for the grass/grass; 0 and 30 kg de N/ha/year for the

grass/legume). The Lolium perenne presented the higher persistence capacity when

compared to the others grass, kept always up them 50% of the participation in the

grass/grass associations. However, when associated with legumes, this rate was of 30%

in the more complex associations. In the spring evaluations, the Trifolium repens has a

mean of 40% of participation. Species like Festuca pratensis, Medicago Lupulina,

Lotus corniculatos, Poa trivialis and Phleum pratense, presented lower rates of

participations, and, in some cases, the completely disappearance in the most complex

associations.

Key words: associations, botanic composition, perennial ryegrass, white clover

Page 58: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

43

Introdução

Nos últimos 50 anos, na Europa, uma lista de associações de espécies forrageiras

foi regulamentada e adaptada à evolução das técnicas de exploração e de conservação

das forragens (Mosimann e Charles 1996).

Uma série de associações forrageiras é utilizada com o intuito de melhorar a

distribuição da produção da pastagem ao longo do ano, bem como, a manutenção da

qualidade da dieta dos animais. A complexidade desse sistema é determinada por

fatores como a competição entre plantas e a seleção animal, que dificultam a

manutenção do equilíbrio entre as espécies. A competição nas misturas (escolha das

espécies e variedades, quantidades de sementes), por sua vez, é determinada com o

objetivo de favorecer o equilíbrio entre gramíneas e leguminosas. Isso é feito através

dos estudos das características de desenvolvimento das espécies, principalmente, da

força de competição entre elas (Mosimann, 1993 e Groff et al., 2002).

A competição entre as plantas pode ser estabelecida por variáveis como: regime de

chuvas, luminosidade, concentração de nutrientes no solo, oscilações na temperatura,

que podem influenciar de maneira negativa o desenvolvimento de espécies com índice

de crescimento mais curto.

O conhecimento da resposta morfológica e fisiológica de espécies forrageiras

(consorciadas ou em monocultivo) é essencial para o manejo de pastagens utilizadas por

animais (Canto, 1999).

A importância do estudo da estrutura e da forma das plantas, bem como, o

funcionamento do crescimento e desenvolvimento das mesmas são aspectos inter-

relacionados de interesse para a compreensão da capacidade de rebrota após a desfolha

das gramíneas e leguminosas nas pastagens (Monteiro e Moraes, 1996).

Page 59: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

44

Após o conhecimento detalhado de como funciona e se desenvolve cada espécie

forrageira, individualmente, pode-se trabalhar com associações de plantas, a fim de

otimizar a produção destas, buscando maior rendimento da biomassa, alto valor

nutritivo e sustentabilidade de pastagens, durante o decorrer do ano.

O presente trabalho, em suas primeiras avaliações realizadas na França, no outono

de 2003 (setembro a dezembro) e durante a primavera de 2004 (março a junho), teve por

objetivo caracterizar a evolução da composição botânica das associações

interespecíficas de gramíneas/gramíneas e de gramíneas/leguminosas.

Material e Métodos

Este trabalho foi conduzido na Unidade de Genética e de Melhoramento de

Plantas Forrageiras (UGAPF) do Institut National de la Recherche Agronomique –

INRA, Centro de pesquisas de Poitou-Charentes, localizada em Lusignan (Vienne,

França, 42°65’ Leste e 15°82’ Norte).

O experimento foi implantado na primavera de 2003 (abril) e será avaliado ao

longo de cinco anos, com início das avaliações a partir do outono de 2003.

Os dados de temperaturas máximas e mínimas, assim como as precipitações,

foram obtidos na Estação Meteorológica do INRA, localizada na Unidade Experimental

«Les Verrines» (15° Leste e 45°26’ Norte) a 5 km da área experimental (Figura 1).

Page 60: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

45

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

abr-0

3mai jun ju

lag

o set

out

nov

dez

jan/0

4 fev

mar ab

rmai jun

Tem

pera

tura

(°C

) -

Tem

pera

ture

(ºC

)

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

Prec

ipit

ação

(m

m)

- Pre

cip

itati

on

(m

m)

TM TN PP

Figura 1. Precipitação pluviométrica média (PP), temperatura máxima (TM) e mínima (TN).

Figure 1. Monthly average precipitation (PP), temperature maximum (TM) and minimum (TN)

A área experimental utilizada foi de 0,63 ha, sendo subdividida em parcelas,

composta de 9,37 m2 (7,50 m de comprimento por 1,25 m de largura), divididas em 6

linhas de semeadura.

A análise química do solo apresentou as seguintes características: pH (H2O) =

6,82; matéria orgânica = 16,2 g/kg; CaO = 1,76 g/kg; P2O5 = 0,437 g/kg; K2O = 0,257

g/kg e MgO = 0,154 g/kg.

As espécies utilizadas no experimento estão apresentadas na Tabela 1.

Dois tipos de associações foram propostas:

1) associação gramínea/gramínea, em que o azevém perene é a espécie principal,

com a qual foram associadas outras espécies forrageiras, até formar a associação com

cinco espécies;

2) associação gramínea/leguminosa, em que a associação azevém perene/trevo

branco constituiu a associação base, com a qual, outras gramíneas forrageiras foram

associadas até formar a associação com seis espécies (Tabela 2).

Page 61: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

46

Tabela 1. Espécies utilizadas nas associações interespecíficas Table 1. Utilized species in the association interespecific

Nome comum (França) Usual name (French)

Nome comum (Brasil) Usual name (Brazil)

Nome científico Scientifc name

Variedades Variety

Sigla Siglum

Dactyle Capim dos Pomares Dactylis glomerata Lupré DG Fétuque des prés Capim do Prado Festuca pratensis Préval FP Fétuque élevée Festuca Festuca arundinacea Soni FA Fétuque rouge Laborinho Festuca rubra Echo FR Fléole des prés Capim Timóteo Phleum pratense Promesse PP Pâturin des prés Graminha Poa trivialis Compact PT

Hamilton (Precoce) LP Herbie (½ Tardia) LP Ray-grass anglais Azevém Perenne Lolium perenne

Ohio (Tardia) LP Ray-grass hybride Azevém Anual Lolium multiflorum Barsilo LM Lotier Cornichão Lotus corniculatus San Gabriele LC Luzerne Alfafa Medicago sativa Diane MS Minette Alfafa-Lupulina Medicago lupulina Virgo Pajberg ML Trèfle blanc Trevo Branco Trifolium repens Aran TR Trèfle Violet Trevo Vermelho Trifolium pratense Merviot TP

Tabela 2. Associações gramínea/gramínea e gramínea/leguminosa e suas respectivas densidades de sementes expressas em número de sementes puras viáveis /m2.

Table 2. Associations grass/grass and grass/legume and their respective density of seeds,

expressive in number of seeds viable pures/m2

Espécies - Species Associações*

Associations*

Inter a.b Dactylis

glomerata Festuca

pratensis Festuca

arundinacea Festuca

rubra Lolium

perenne Trifolium

repens Inter 1.1 - - - - 1250 - Inter 1.2 1475 - - - - - Inter 1.3 - - 1075 - - - Inter 1.4 - 835 - - - - Inter 1.5 - - - 2500 - - Inter 2.1 738 - - - 625 - Inter 2.2 738 - 538 - - - Inter 2.3 - - 538 - 625 - Inter 2.4 - - - - 1000 875 Inter 3.1 487 - 355 - 413 - Inter 3.2 590 - - - 500 875 Inter 4.1 369 209 269 - 313 - Inter 4.2 389 - 284 - 330 875 Inter 5.1 295 167 215 500 250 - Inter 5.2 295 167 215 - 250 875 Inter 6.1 236 134 172 400 200 875

*Inter a.b: 1ª coluna (a) – nº de espécies na associação; 2ª coluna (b) nº da associação *Inter a.b: 1ª column (a) – nº of species in association; 2ª column (b) nº of the association

Page 62: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

47

Além das associações gramíneas/gramíneas e gramíneas/leguminosas

determinadas para este estudo, outras associações forrageiras foram avaliadas como

referência (Tabelas 3 e 4). Estas associações foram estabelecidas por Mosimann (1993),

Mosimann e Charles (1996), Mosimann et al. (2002) e por Pelletier et al. (2002) e estão

sendo avaliadas na ARVALIS Institut du vegetal - França.

As variedades que compuseram as associações (Dactylis glomerata, Festuca

pratensis, Festuca arundinacea, Festuca rubra e Lolium perenne) foram cultivadas em

parcelas únicas e serviram de testemunhas, sendo cada associação experimental foi

composta de três blocos (repetições).

Cada espécie foi semeada em densidades viáveis pré-estabelecidas (Tabelas 2, 3 e

4).

Tabela 3. Associações preconizadas por Pelletier et al. (2002) expressas em número de sementes puras viáveis /m2.

Table 3. Association commend publicly by Pelletier at al. (2002), express in number of seeds

viables purês/m2

Associações* (Inter a.b) –Assoctiation* (Inter a.b) Espécies Species

Variedades Varieties Inter 5.3 Inter 5.4 Inter 5.5 Inter 7.1

Lolium perenne Herbie 852 244 244 365 Dactylis glomerata Lupré 329 548 548 877 Festuca arundinacea Soni 116 192 192 231 Trifolium pratense Merviot - 94 94 2,0 Medicago sativa Diane - 246 - - Lotus corniculatus San Gabriele - - 420 168 Trifolium repens Aran 581 - - 47 Medicago lupulina Virgo Pajberg 268 - - 134 *Inter a.b: 1ª coluna (a) – nº de espécies na associação; 2ª coluna (b) nº da associação. *Inter a.b: 1ª column (a) – nº of species in association; 2ª column (b) nº of the association

Page 63: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

48

Tabela 4. Associações utilizadas, na Suíça por Mosimann e Charles (1996), Mosimann (1993), Mosimann et al (2002), expressas em número de sementes puras viáveis /m2.

Table 4. Associations utilized in Swiss by Mosimann and Charles (1996), Mosimann (1993),

Mosimann et al (2002), express in number of seeds viables pures/m2

Associações* (Inter a.b) –Assoctiation* (Inter a.b) Espécies Species

Variedades Varieties Inter 4.3 Inter 5.6 Inter 6.2 Inter 7.2 Inter 8.1

Dactylis glomerata Lupré 548 548 Festuca pratensis Préval 376 376 Festuca rubra Echo 802 446 267 267 Phleum pratense Promesse 777 777 777 Lotus corniculatus San Gabriele 419 Poa trivialis Compact 2577 2577 2577 2577 2577 Lolium perenne Herbie 609 305 305 183 Lolium perenne Hamilton 214 214 Lolium multiflorum Barsilo 194 Trifolium repens Aran 581 581 581 581 Trifolium pratense Merviot 47 47 47 47 *Inter a.b: 1ª coluna (a) – nº de espécies na associação; 2ª coluna (b) nº da associação. *Inter a.b: 1ª column (a) – nº of species in association; 2ª column (b) nº of the association

Dois fatores foram atribuídos a cada associação e intervalo de desfolhação e nível

de adubação nitrogenada. A desfolhação, simulando pastejo contínuo ou rotacionado,

compreendeu intervalos diferentes de cortes:

a) intervalo curto (pastejo contínuo), um corte a cada 21 dias em período normal

de crescimento, mais ou menos 10 cm medidos pelo herbomètre – Herb’ITCF nos

períodos considerados fora de crescimento normal (verão e outono);

b) intervalo longo, devendo simular o pastejo rotacionado, um corte a cada 40 dias

na primavera, ou seguidos de estimação visual no verão e outono.

A adubação nitrogenada (fonte uréia) compreendeu dois níveis e diferentes

intervalos de aplicação, sendo:

1) aplicação de (250kg de N/ha/ano), às associações gramíneas/gramíneas

fracionado segundo o intervalo de desfolhação: a) intervalo curto, 50kg de N/ha no fim

do inverno (fevereiro), 40kg de N/ha após cada corte, perfazendo um total de cinco

Page 64: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

49

cortes na primavera; b) intervalo longo, 70kg de N/ha aplicado no fim do inverno e

60kg de N/há, após cada corte (total de três cortes na primavera).

Para as associações gramíneas/leguminosas, no ano de implantação (2003), não foi

utilizada adubação nitrogenada para permitir o desenvolvimento das leguminosas. No

primeiro ano de avaliação (2004), foram utilizados 30kg de N/ha no fim do inverno,

para proporcionar um desenvolvimento precoce da vegetação, contudo, sem prejudicar

as leguminosas (Kerouanton, 1993; Pflimlin, 1993 e Simon, 1993).

2) aplicação de 60kg de N/ha/ano nas associações gramíneas/gramíneas. As doses

foram fracionadas em: 20kg de N/ha no fim do inverno para os dois intervalos de

desfolhação (12/02/2004) e 20kg de N/ha na primavera no 1º e 3º corte, intervalo

freqüente (09/04 e 12/05/04), e nos dois primeiros cortes, intervalo longo (29/04 e

16/06/04).

Para as associações gramíneas/leguminosas não foi aplicado nitrogênio;

estimando-se que a fixação simbiótica realizada pelas leguminosas deve assegurar o

fornecimento em nitrogênio (Farruggia et al., 2000).

As adubações fosfatadas e potássicas foram realizadas em duas etapas, sendo:

450kg/ha da fórmula 0-22-30 em outubro de 2002 e 437kg/ha da fórmula 0-25-25 em

fevereiro de 2003, para todas as associações.

As avaliações da composição botânica das associações foram realizadas a partir de

amostragens sobre a linha em 100 cm de comprimento. Somente as quatro linhas do

meio da parcela foram amostradas, as duas linhas de bordadura foram excluídas, assim

como o primeiro metro das extremidades da parcela (Esquema 1). O corte do material

vegetal foi realizado com uma cortadora de grama manual, equipada com um regulador

de altura de três cm. Cada amostragem foi condicionada em saco plástico especial,

individualmente e armazenadas em câmara fria.

Page 65: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

50

Esquema 1. Visualização do método de amostragem utilizado para avaliação da composição botânica sobre cada parcela.

Scheme 1. Visual of the method of sample utilized to evaluation of the botanic composition

on each fragment.

Como o método de avaliação é demorado (vários dias), e para evitar que houvesse

evolução da cobertura entre os tratamentos do mesmo bloco, todas as parcelas do bloco

para um dado intervalo de desfolhação (curto ou longo) foram cortadas no mesmo

momento. Todas as amostras que não foram separadas manualmente, logo em seguida

do corte, foram armazenadas em câmara fria para posteriores triagens.

Cada espécie separada foi pesada e seca em estufa, com o objetivo de determinar a

contribuição de cada espécie à biomassa de cobertura.

Resultados e Discussão

Os resultados obtidos para a composição botânica das associações interespecíficas

propostas, no ano de implantação (primavera e outono 2003) e no primeiro ano de

produção (primavera 2004), estão apresentados nas Figuras 2 e 3. Assim como, os

resultados obtidos para as associações preconizadas por Pelletier et al. (2002)

encontram-se na Figura 4 e as associações utilizadas na Suíça, preconizadas por

Mosimann e Charles (1996); Mosimann (1993); Mosimann et al. (2002) na Figura 5.

100 cm

Excluído Excluded

Linha de bordadura – line of edge

Linha de bordadura – line of edge

100 cm

Amostra

sample 100 cm

Amostra sample 100 cm

Amostra

sample

100 cm

Amostra

sample

100 cm

Excluído

Excluded

Page 66: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

51

Na Figura 2, a associação 2.1 demonstra a facilidade do Lolium perenne (LP) em

se estabelecer em relação ao Dactylis glomerata (DG), pois, o mesmo passou de 46% de

participação na semeadura para 83% na primeira avaliação de outono. Vale ressaltar

ainda a persistência desta espécie durante todo o período de avaliação, quando

permaneceu entre 77,2% e 87,5% de participação.

Entretanto, o DG, quando associado com Festuca Arundinacea (FA), na

associação 2.2, mostrou-se melhor adaptado às condições de intervalos mais curtos de

desfolha, nas primeiras avaliações de outono, embora esta diferença não tenha sido tão

marcante (4,1%). Na primavera, o DG apresentou aumento de 16,4% na sua

participação em relação a sua semeadura, ou seja, uma participação efetiva de 74,3%

contra os 25,7% da Festuca Arundinacea no intervalo curto de desfolha. Nessa

associação, pode-se evidenciar efeito direto do maior aporte de N (250kg de N/ha) no

intervalo longo de desfolha, em que o Dactylis glomerata apresentou maior participação

em relação à Festuca Arundinacea.

Na associação 2.3, o Lolium perenne (LP) associado à Festuca Arundinacea,

atingiu 80,0% em média de participação já na primeira avaliação do outono, em que

permaneceu dentro destes patamares até a última avaliação da primavera.

Quando associado às três espécies o Lolium perenne, Festuca Arundinacea e o

Dactylis glomerata “associação 3.1”, um novo comportamento entre elas foi

evidenciado. Inicialmente, a Festuca Arundinacea e o Dactylis glomerata tiveram suas

participações reduzidas em relação à semeadura, passando de 28,3% para 14,5% e

38,8% para 12,7%, respectivamente. Nessa associação, o Lolium perenne mostrou-se

melhor adaptado às condições de competição, apresentando um acréscimo na sua

participação na composição botânica de 39,9% em relação às demais espécies.

Comportamento semelhante foi observado na associação 4.1, quando houve a inclusão

Page 67: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

52

de uma quarta espécie, Festuca pratensis (FP). Contudo, essa forrageira, mostrou-se

pouco competitiva, desaparecendo por completo na primavera.

O Lolium perenne apresentou maior agressividade na competição em relação às

demais espécies utilizadas nas associações, o que é evidenciado na associação 5.1. O

Lolium perenne foi semeado com uma participação de 17,5% e, chegou a ter

participação de 61,1% do total de produção na primavera, com nível de 250kg de N/ha,

no maior intervalo de desfolha. Esse comportamento está de acordo com a afirmação de

Lemaire e Chapman (1996) e Lemaire (1999), citados por Groff et al. (2002), em que

espécies com emissão de folhas mais rápidas são mais adaptadas a desfolhações mais

freqüentes.

Na Figura 3, as espécies de gramíneas foram associadas a uma leguminosa

(Trifolium repens), com objetivo de se aproveitar à capacidade de fixação simbiótica do

N pela leguminosa, promovendo maior rendimento de forragem, além de

proporcionarem melhor equilíbrio estacional na disponibilidade e qualidade do pasto.

Entretanto, o Lolium perenne, no primeiro corte (outono 2003), teve maior

participação nas associações 2.4, 3.2, 4.2, 5.2 e 6.1, tornando-se dominante até o fim do

outono. Já na primavera 2004, o Trifolium repens (TR) apresentou maior agressividade

e competitividade em relação às demais espécies, o que pode permitir melhora

substancial na qualidade da forragem. Esse comportamento estaria de acordo com

Giovanni (1990), que avaliando associações do tipo Lolium perenne e Trifolium repens

em comparação a uma pastagem de Lolium perenne pura, observou que a associação

com o Trifolium repens mostrou melhor valorização da pastagem pelos animais, em

função do melhor valor nutritivo, o Trifolium repens contribuiu para corrigir a

deficiência de qualidade por parte da gramínea.

Page 68: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

53

2.1

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C60 C250 L60 L250 C60 C250 L60 L250Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

DG LP invasoras

2.2

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C60 C250 L60 L250 C60 C250 L60 L250

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

DG FA invasoras

2.3

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C60 C250 L60 L250 C60 C250 L60 L250

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

LP FA invasoras

3.1

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C60 C250 L60 L250 C60 C250 L60 L250

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

DG LP FA invasoras

4.1

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C60 C250 L60 L250 C60 C250 L60 L250

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

DG LP FA FP invasoras

5.1

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C60 C250 L60 L250 C60 C250 L60 L250

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

FR DG LP FA FP invasoras

Figura 2. Composição botânica das associações interespecíficas de gramíneas em função do nível de nitrogênio e do intervalo de desfolhação: intervalo curto: 60kg N (C60) e 250kg de N (C250); intervalo longo: 60kg de N (L60) e 250kg de N (L250); Espécies: Dactylis glomerata (DG); Festuca

arundinacea (FA); Festuca pratensis (FP); Festuca rubra (FR), Lolium perenne (LP) e invasoras. Figure 2. Botanic composition of the interespecific associations of grass in function of the level of nitrogen and of the interval of defoliation: short interval: 60kg N (C60)

and 250 kg of N (C250); long interval: 60 kg N (L60) and 250 kg of N (L250); Species: Dactylis glomerata (DG); Festuca arundinacea (FA); Festuca pratensis

(FP); Festuca rubra (FR), Lolium perenne (LP) and invaders (invasoras).

Com

posi

ção

botâ

nica

- B

ota

nic

com

posi

tion

Com

posi

ção

botâ

nica

- B

ota

nic

com

po

siti

on

Page 69: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

54

As demais espécies de gramíneas utilizadas nas associações (Dactylis glomerata,

Festuca arundinacea, Festuca pratensis e Festuca rubra), demonstradas na Figura 3,

apresentaram comportamentos distintos, com exceção do Dactylis glomerata (DG) e Festuca

arundinacea (FA) que independente do número de espécies associadas, mantiveram-se

constante, associações 4.2, 5.2 e 6.1, o que demonstra a persistência dessas espécies.

Entretanto, a Festuca pratensis (FP) associada com cinco e seis espécies, mostrou-se

pouco resistente a uma associação de tal complexidade, desaparecendo por completo nas

avaliações da primavera (associações 5.2 e 6.1).

A Festuca rubra (FR), presente na associação 6.1, demonstrou ser uma espécie

persistente como citado, anteriormente, para Dactylis glomerata e Festuca arundinacea,

entretanto menos adaptada a intervalos de corte mais curtos, quando apresentou índices

percentuais mais baixos em relação às demais gramíneas.

Os resultados apresentados, na Figura 3, estão de acordo com Ido (1997), que avaliando

diferentes ofertas de forragens sobre a produção e qualidade de uma pastagem de Lolium

perenne associada com leguminosas de inverno, observou comportamento semelhante. Isso

foi atribuído a maior participação das leguminosas em função de uma competição menos

agressiva exercida pelo Lolium perenne, por este estar no final do seu ciclo (fase reprodutiva).

Da mesma forma, que a participação das leguminosas no outono, foi menor por apresentarem

baixa persistência, e por serem menos tolerante ao sombreamento exercido nessa associação.

Page 70: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

55

2.4

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C0 C30 L0 L30 C0 C30 L0 L30

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

LP TR

3.2

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C0 C30 L0 L30 C0 C30 L0 L30

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

TR DG LP

4.2

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C0 C30 L0 L30 C0 C30 L0 L30

Outono - Autmun (2003) Primavera - Spring (2004)

TR DG LP FA

5.2

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C0 C30 L0 L30 C0 C30 L0 L30

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

TR DG LP FA FP invasoras

6.1

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C0 C30 L0 L30 C0 C30 L0 L30

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

TR FR DG LP FA FP

Figura 3. Composição botânica das associações interespecíficas gramíneas/leguminosas em função do nível de nitrogênio e do intervalo de desfolhação: intervalo curto: 0kg de N (C0) e 30kg de N (C30); intervalo longo: 0kg de N (L0) e 30kg de N (L30); Espécies: Dactylis glomerata (DG); Festuca

arundinacea (FA); Festuca pratensis (FP); Festuca rubra (FR); Lolium perenne (LP); Trifolium repens (TR) e invasoras. Figure 3. Botanic composition of the interespecific association grass/legumes in function of the level of nitrogen and of the interval of desfoliation: short interval: 60kg N

(C60) and 250kg of N (C250); long interval: 60kg N (L60) and 250kg of N (L250); Species: Dactylis glomerata (DG); Festuca arundinacea (FA); Festuca

pratensis (FP); Festuca rubra (FR); Lolium perenne (LP); Trifolium repens (TR) and invaders (invasoras).

Com

posi

ção

botâ

nica

- B

ota

nic

co

mposi

tion

Com

posi

ção

botâ

nica

- B

ota

nic

com

po

siti

on

Com

posi

ção

botâ

nica

B

ota

nic

com

posi

tion

Page 71: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

56

As associações preconizadas por Pelletier (2002), apresentadas na Figura 4, tiveram o

mesmo comportamento em relação à agressividade de competição do Lolium perenne e do

Trifolium repens (TR) observados nas associações preconizadas pelo INRA (Figuras 2 e 3).

Contudo, vale ressaltar a baixa tolerância das leguminosas à competição. O Lotus corniculatus

(LC) a Medicago lupulina (ML) e o Trifolium pratense (TP) desapareceram na associação mais

complexa com sete espécies (associação 7.1). Todavia, o Trifolium pratense, quando não

consorciado com o Trifolium repens, manteve-se presente nas associações menos complexas

(associação 5.4 e 5.5), mas com baixos índices de participação.

Os resultados iniciais de dois anos de avaliação, apresentados por Pelletier et al. (2002),

mostram que a proporção de leguminosas foi elevada em todas as associações, sempre superior a

50% da MS. Os autores ressaltaram que a proporção de leguminosas não foi influenciada pela

data de primeiro corte, mas sim pela complexidade das associações, momento que uma baixa

sensível do Trifolium pratense também foi observada.

Page 72: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

57

5.3

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C0 C30 L0 L30 C0 C30 L0 L30

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

LP TR DG ML FA

5.4

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C0 C30 L0 L30 C0 C30 L0 L30

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

DG MS LP FA TP

5.5

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C0 C30 L0 L30 C0 C30 L0 L30

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

DG LC LP FA TP

7.1

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C0 C30 L0 L30 C0 C30 L0 L30

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

DG LP FA LC ML TR TP invasoras

Figura 4. Composição botânica das associações preconizadas por Pelletier et al. (2002) em função do nível de nitrogênio e do intervalo de desfolhação: intervalo curto: 0kg de N (C0) e 30kg de N (C30); intervalo longo; 0kg de N (L0) e 30kg de N (L30); Dactylis glomerata (DG); Festuca

arundinacea (FA); Lotus corniculatus (LC); Lolium perenne (LP); Medicago sativa (MS); Medicago lupulina (ML); Trifolium pratense (TP); Trifolium repens (TR) e invasoras.

Figure 4. Botanic composition of the association commend publicly by Pelletier et al. (2002) in function of the level of nitrogen and of the interval of desfoliation: short

interval: 0kg N (C0) and 30kg of N (C30); long interval: 0kg N (L0) and 30kg of N (L30); Species: Dactylis glomerata (DG); Festuca arundinacea (FA); Lotus

corniculatus (LC); Lolium perenne (LP); Medicago sativa (MS); Medicago lupulina (ML); Trifolium pratense (TP); Trifolium repens (TR) and invaders

(invasoras).

Com

posi

ção

botâ

nica

- B

ota

nic

com

po

siti

on

Com

posi

ção

botâ

nica

- B

ota

nic

com

posi

tion

Page 73: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

58

As diferenças percentuais, na produção de MS, observadas no presente trabalho (Figura

4), em relação aos intervalos de corte, entre as leguminosas e gramíneas, são causadas

principalmente pelas diferenças dos ciclos de produção. Pois, as leguminosas apresentaram de

12 a 27% a mais de MS em relação às gramíneas na primavera, para o intervalo longo de

desfolha. Entretanto, durante o outono, as leguminosas apresentaram maiores percentagens de

produção (5 a 14%) para o intervalo curto de desfolha, o que estaria de acordo com as

observações de Pelletier et al (2002).

O Dactylis glomerata apresentou comportamento semelhante às associações

preconizadas pelo INRA, na Figura 3. Entretanto, na associação 5.3 da Figura 4, o Dactylis

glomerata apresentou índices percentuais abaixo de 1,0% para intervalo de corte curto e sem

adubação nitrogenada, fato isolado, visto que nas demais associações o Dactylis glomerata,

manteve-se constante, mesmo na associação mais complexa com sete espécies.

A Festuca arundinacea mostrou-se pouco persistente quando as associações tornam-se

mais complexas, como no caso da associação 7.1, com sete espécies, visto que a Festuca

arundinacea não ultrapassou valores percentuais de 1,5% na sua participação de primavera.

Na Figura 5, estão apresentados os resultados obtidos para as associações preconizadas

por Mosimann e Charles (1996); Mosimann (1993) e Mosimann et al. (2002). Nessas

associações foi observado que a Poa trivialis (PT), apresentou baixa capacidade de

competição. A mesma desapareceu quase que por completo nas associações apresentadas na

Figura 5.

Page 74: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

59

4.3

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C0 C30 L0 L30 C0 C30 L0 L30

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

PT FR LC FP invasoras

5.6

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C0 C30 L0 L30 C0 C30 L0 L30

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

PT LP TR LM TP invasoras

6.2

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C0 C30 L0 L30 C0 C30 L0 L30

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

PT PP TR LP FR TP invasoras

7.2

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C0 C30 L0 L30 C0 C30 L0 L30

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

PT PP TR DG LP FR TP invasoras

8.1

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sem.

(2003)

C0 C30 L0 L30 C0 C30 L0 L30

Outono - Autumn (2003) Primavera - Spring (2004)

PT PP TR DG FP FR LP TP

Figura 5. Composição botânica das associações preconizadas por Mosimann et Charles, 1996; Mosimann, 1993; Mosimann et al, 2002, em função do nível de nitrogênio e do intervalo de desfolhação, intervalo curto: 0kg de N (C0) e 30kg de N (C30); intervalo longo: 0kg de N (L0) e 30 (L30); Espécies: Dactylis glomerata (DG); Festuca

pratensis (FP); Festuca rubra (FR); Lotus corniculatus (LC); Lolium multiflorum (LM); Lolium perenne (LP); Phleum pratense (PP); Poa trivialis (PT); Trifolium

pratense (TP); Trifolium repens (TR) e invasora. Figure 5. Botanic composition of the association commend publicly by Mosimann et Charles, 1996; Mosimann, 1993; Mosimann et al, 2002, in function of the level of nitrogen and of the

interval of desfoliation: short interval: 0kg N (C0) and 30kg of N (C30); long interval: 0kg N (L0) and 30kg of N (L30); Species: Dactylis glomerata (DG); Festuca pratensis (FP);

Festuca rubra (FR); Lotus corniculatus (LC); Lolium multiflorum (LM); Lolium perenne (LP); Phleum pratense (PP); Poa trivialis (PT); Trifolium pratense (TP); Trifolium repens

(TR) and invaders (invasoras).

Com

posi

ção

botâ

nica

- B

ota

nic

com

posi

tion

Com

posi

ção

botâ

nica

- B

ota

nic

com

posi

tion

Com

posi

ção

botâ

nica

B

ota

nic

com

posi

tion

Page 75: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

60

A espécie Phleum pratense (PP) esteve abaixo de 1,0% na sua participação,

durante as avaliações de outono. No entanto, no intervalo longo de desfolha, associado

com 30kg de N/ha, a espécie apresentou leve acréscimo nos seus percentuais

(associação 8.1). Esse fato, observado para a Phleum pratense, chama a atenção para as

demais espécies de gramíneas, pois, na primavera esse efeito torna-se um pouco mais

evidente, ou seja, a presença da adubação nitrogenada favoreceu o desenvolvimento por

parte das gramíneas em relação às leguminosas. Todavia, este nível de adubação não

prejudicou o desenvolvimento das leguminosas (Figura 5).

As duas espécies base dos ensaios experimentais, o Lolium perenne e o Trifolium

repens, apresentaram os mesmos comportamentos observados nas associações

preconizadas pelo INRA (Figuras 2, 3) e Pelletier et al., (2002) (Figura 4), em que no

outono houve maior predominância do Lolium perenne e na primavera do Trifolium

repens. Levando-se em consideração a participação total das leguminosas em relação às

gramíneas dentro dos intervalos de desfolha na Figura 5, verificou-se que essas

associações apresentaram os mesmos resultados encontrados nas associações

preconizadas por Pelletier et al. (2002), demonstrados na Figura 4.

Entre as duas espécies de Festuca utilizadas na Figura 5, a Festuca pratensis (FP)

apresentou-se mais tolerante a associações mais complexas que a Festuca rubra (FR).

As práticas de manejo têm um papel importante sobre a dinâmica da vegetação, o

que ressalta a importância de se conhecer as respostas morfológicas e fisiológicas das

espécies forrageiras. Segundo Schlichting (1986), descrito por Duru et al. (2001), as

gramíneas forrageiras desenvolveram, ao longo de sua evolução, uma morfologia

adaptada ao pastejo com meristemas localizados rente ao solo ao abrigo da desfolhação,

e um sistema radicular bem ancorado para evitar a retirada por completo do solo. As

Page 76: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

61

dimensões destas modificações determinam sua plasticidade fenotípica e a amplitude

desta resposta a sua adaptação individual em função da freqüência de corte ou pastejo.

Conclusão

De modo geral, os resultados obtidos, neste primeiro ano de avaliação,

demonstraram o quanto as espécies Lolium perenne e o Trifolium repens são agressivas

em competição entre espécies, independentemente, da complexidade das associações

preconizadas no presente experimento.

Espécies como Festuca pratensis, Medicago lupulina, Lotus corniculatos, Poa

trivialis e Phleum pratense apresentaram baixos índices de participação, chegando, em

alguns casos, até o desaparecimento por completo em algumas associações mais

complexas.

Os resultados demonstraram que o equilíbrio entre as espécies é difícil de

estabelecer em uma associação, visto que cada espécie apresenta maior ou menor grau

de competitividade em determinados períodos do ano, neste caso outono e primavera,

bem como, diferentes ritmos de estabelecimento e crescimento.

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62

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Page 78: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

V – Produção e qualidade das associações interespecíficas de gramíneas e de leguminosas conduzidas sob dois níveis de adubação e dois intervalos de corte na

primavera

Resumo: O presente trabalho, em suas primeiras avaliações realizadas no outono

francês de 2003 (setembro a dezembro) e durante a primavera de 2004 (março a junho),

teve como objetivo avaliar o valor agronômico das associações interespecíficas à base

de gramíneas + gramíneas e de gramíneas + leguminosas. O experimento foi conduzido

na Unidade de Genética e de Melhoramento de Plantas Forrageiras (UGAPF) do Institut

National de la Recherche Agronomique – INRA, Centro de Pesquisas de Poitou-

Charentes, localizada em Lusignan (Vienne, França, 42°65’ Leste e 15°82’ Norte). As

variedades que compuseram as associações (Capim dos Pomares, Capim do Prado,

Festuca, Laborinho, Grama Timóteo, Graminha, Azevém Perene, Azevém Anual,

Cornichão, Alfafa, Alfafa-Lupulina, Trevo Branco e Trevo Vermelho) foram cultivadas

em parcelas únicas e serviram de testemunhas. Cada associação experimental foi

composta de três blocos (repetições). Dois tipos de associações foram propostos:

associações gramíneas + gramíneas e associações gramíneas + leguminosas. Além das

associações preconizadas neste experimento, outras associações forrageiras foram

avaliadas como referência. Estas associações foram estabelecidas por Mosimann (1993),

Mosimann e Charles (1996), Mosimann et al. (2002) e por Pelletier et al. (2002). Dois

fatores foram atribuídos a cada associação: intervalo de desfolhação (intervalo curto e

longo) e nível de adubação nitrogenada (60 e 250kg N/ha/ano gramíneas + gramíneas;

00 e 30kg de N/ha/ano gramíneas + leguminosas). A qualidade da forragem, estimada

pela digestibilidade in vitro da MS, foi uniforme e alta para as associações gramíneas +

leguminosas, sendo de 71,5 a 79,7%. Os maiores teores de PB foram para as

associações gramíneas + leguminosas (18,1%) em relação às gramíneas + gramíneas

(10,7%). Da mesma forma, as associações gramíneas + leguminosas apresentaram

maior (P<0,05) rendimento de MS acumulado no intervalo menor de desfolha (7,56ton

de MS/ha) bem como para o maior nível de nitrogênio (8,13ton de MS/ha).

Palavras-chave: associações, azevém perene, interespecífica, trevo branco.

Page 79: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

64

Agronomic value of interespecif grass and legume associations conducted at two levels of intensification and two cuts intervals in the spring

Abstract: This work, in the first evaluation done in the French Autumn of 2003

(September to December) and during the 2004 French Spring (March to June), has the

aim of evaluating the agronomic value of interespecific associations of grass + grass and

of grass + legumes. The experiment was conducted in the Forage Crop Genetics and

Breeding Unit UGAPF of the Institut National de la Recherche Agronomique – INRA,

Poitou-Charentes Research Center, located in Lusignan (Vienne, French, 42°65’ East

and 15°82’ North). The species that were present in the associations (Cocksfoot,

meadow fescue, tall fescue, red fescue, timothy, rough bluegrass, perennial rye-grass,

annual rye-grass, birdsfoot trefoil, alfalfa, black medick, white clover e red clover) were

cultivated in isolated parcels and represented the control group. Each experimental

association was done in three blocs (repetitions). Two kinds of associations were

proposed: grass + grass association and grass + legume association. Besides the

associations proposed in this experiment, other forage associations were evaluated as

references. These associations were established by Mosimann (1993), Mosimann and

Charles (1996), Mosimann et al. (2002) and Pelletier et al. (2002). Two characteristics

were attributed for each association: defoliation interval (short or long interval) and

nitrogen fertilization level (60 and 250 kg N/ha/year grass + grass; 00 and 30 kg de

N/ha/year grass + legume). The forage quality, estimated by in vitro DM digestibility

was uniform and high for the grass + legume association, being of 71.5 to 79.7%. The

grass + legume association presented higher crude protein levels (18.1%) than the grass

+ grass association (10.7%). By the same way, the grass + legume associations

presented higher DM productivity (7.56 ton of DM/ha) in the shorter defoliation interval

and in the higher nitrogen level fertilization (8.13 ton of DM/ha).

Key words: associations, interespecific, perennial rye-grass, white clover

Page 80: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

65

Introdução

Dentro do contexto de agricultura durável, os métodos de produção devem ser

voltados a uma exploração autônoma a fim de assegurar os resultados econômicos.

Estes fatores têm estimulado os produtores a procurarem novas alternativas para reduzir

os custos de produção e como conseqüência novas pesquisas têm sido desenvolvidas

sobre os sistemas forrageiros sustentáveis (INRA, Institutos Técnicos, Chambres

d’Agricultura).

Os consumidores têm se tornado cada vez mais exigente, com relação à origem

dos produtos adquiridos para consumo, além de estarem atentos ao valor nutritivo, ao

controle sanitário, ao bem-estar animal e às preocupações relacionadas ao meio

ambiente. Todos estes fatores contribuem para evolução dos métodos de produção e por

conseqüência os sistemas forrageiros.

Segundo Chénais et al. (2001), assim como Pflimlin et al. (2001), os sistemas

forrageiros baseados em pastagens são, aos olhos dos consumidores, o meio natural de

alimentação dos herbívoros e que responde positivamente às principais exigências que

foram citadas anteriormente, além dos três pontos básicos: a economia, o respeito ao

meio ambiente e a imagem do produto final Mosimann e Charles (1996), ressaltam

outros fatores principais que explicam o interesse pelas pastagens ou pelas associações

entre estas, são eles: 1) alto valor alimentar da forragem (digestibilidade, ingestão e

equilíbrio nutricional); 2) regularidade e segurança de produção (rapidez de instalação e

produção, redução das oscilações sazonais e tolerância às diferentes condições de

estresse climático) e 3) freqüência de exploração (aptidão a uma utilização

diversificada: corte-pastejo, fenação ou ensilagem).

O interesse de associações do tipo azevém perene + trevo branco, em comparação

a uma pastagem pura de azevém perene, observou que a melhor fase da pastagem é

Page 81: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

66

graças ao elevado valor nutritivo do trevo branco. Este contribuiu para corrigir a baixa

qualidade da gramínea.

Da mesma forma, a presença do trevo branco em pastagens permite aumentar o

nível de ingestão de ovinos em 10%, mais particularmente após a fase ótima de

exploração, que ocorre entre 28-30 dias de crescimento do azevém perene (Giovanni,

1990). Estes resultados confirmam as afirmações de Mosimann e Charles (1996) e

evidencia os benefícios esperados de uma associação tipo gramínea + leguminosa.

Segundo Pflimlin (1993), os campos com associações de trevo branco devem ser

adaptados a cada sistema de produção, tipo de animais, sistema de pastagem, tipo de

solo e clima. Apesar de otimização da associação entre o Lolium perenne e o Trifolium

repens ser descrita por vários autores, Pflimlin et al. (1993) atentam para os limites da

associação em solos úmidos.

A redução de custos com aumento da produção e durabilidade das pastagens, bem

como a valorização da qualidade da planta, sem adição de novas questões técnicas (risco

de regressão, manutenção da perenidade do campo, valor alimentar da planta, entre

outros), constitui numa vasta área da pesquisa a ser explorada. Ainda, essas pesquisas

deveriam ser conduzidas em diferentes regiões de cada país. Ainda mais, haveria

interesse em comparar os valores referentes à produção e à qualidade das associações

em diferentes países.

O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do intervalo de desfolhação e nível de

adubação sobre o rendimento de matéria seca e digestibilidade in vitro da matéria seca

das associações interespecíficas de gramíneas e de leguminosas.

Page 82: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

67

Material e Métodos

Este trabalho foi realizado na Unidade de Genética e de Melhoramento de Plantas

Forrageiras (UGAPF) Institut National de la Recherche Agronomique - INRA, Centro

de Pesquisas de Poitou-Charentes, localizada em Lusignan (Vienne, França, 42°65’

Leste e 15°82’ Norte).

O experimento foi implantado na primavera 2003 (abril) e será avaliado ao longo

de cinco anos, com início das avaliações a partir do primeiro ano de produção (2004).

Os dados de temperaturas máximas e mínimas, assim como as precipitações foram

obtidas na Estação Meteorológica do INRA, localizada na Unidade Experimental «Les

Verrines» (15° Leste e 45°26’ Norte) a 5 km do local do experimento (Figura 1).

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

abr-0

3mai jun ju

lag

o set

out

nov

dez

jan/0

4 fev

mar ab

rmai jun

Tem

pera

tura

(°C

) -

Tem

pera

ture

(ºC

)

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

Prec

ipit

ação

(m

m)

- Pre

cip

itati

on

(m

m)

TM TN PP

Figura 1. Precipitação pluviométrica média (PP), temperatura máxima (TM) e mínima (TN).

Figure 1. Monthly average precipitation (PP), temperature maximum (TM) and minimum (TN)

Page 83: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

68

A superfície experimental utilizada foi de 0,63 ha, sendo subdividida em parcelas

composta de 9,37 m2 (7,50 m de comprimento por 1,25 m de largura) e divididas em 6

linhas de semeadura.

Antes da realização do experimento, foram coletadas amostras de solo que

apresentaram as seguintes características: pH (H2O) = 6,82; MO = 16,2 g/kg; CaO =

1,76 g/kg; P2O5 = 0,437 g/kg; K2O = 0,257 g/kg e MgO = 0,154 g/kg.

As espécies utilizadas no experimento estão demonstradas na Tabela 1.

Dois tipos de associações foram propostas:

1) associação gramínea + gramínea, onde o azevém perene é a espécie principal,

com a qual foram associadas outras espécies forrageiras, até formar a associação mais

complexa com cinco espécies;

2) associação gramínea + leguminosa, onde a associação azevém perene + trevo

branco constituiu a associação base, com a qual, outras gramíneas forrageiras foram

associadas até formar a associação com seis espécies (Tabela 2).

Tabela 1. Lista das espécies utilizadas nas associações interespecíficas. Table 1. List of the species utilized in the interespecific association

Nome comum (França) Usual name (French)

Nome comum (Brasil) Usual name (Brazil)

Nome científico Scientifc name

Variedades Variety

Sigla Siglum

Dactyle Capim dos Pomares Dactylis glomerata Lupré DG Fétuque des prés Capim do Prado Festuca pratensis Préval FP Fétuque élevée Festuca Festuca arundinacea Soni Fa Fétuque rouge Laborinho Festuca rubra Echo FR Fléole des prés Grama Timóteo Phleum pratense Promesse PP Pâturin des prés Graminha Poa trivialis Compact PT

Hamilton (Precoce) Herbie (½ Tardio) Ray-grass anglais Azevém Perene Lolium perenne

Ohio (Tardia) LP

Ray-grass hybride Azevém Anual Lolium multiflorum Barsilo LM Lotier Cornichão Lotus corniculatus San Gabriele LC Luzerne Alfafa Medicago sativa Diane MS Minette Alfafa-Lupulina Medicago lupulina Virgo Pajberg ML Trèfle blanc Trevo Branco Trifolium repens Aran TR Trèfle violet Trevo Vermelho Trifolium pratense Merviot TP

Page 84: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

69

Além das associações gramíneas + gramíneas e gramíneas + leguminosas outras

associações forrageiras foram semeadas neste experimento como testemunha (Tabela 3

e 4). Estas associações foram estabelecidas por Mosimann (1993), Mosimann e Charles

(1996), Mosimann et al. (2002) e por Pelletier et al. (2002) e estão sendo avaliadas na

ARVALIS Instituto do Vegetal (França).

As variedades que compuseram as associações (Capim dos Pomares, Capim do

Prado, Festuca, Laborinho e Azevém Perene) foram conduzidas em parcelas únicas e

serviram de testemunhas. Cada dispositivo experimental foi composto de três blocos

(repetições).

Cada espécie foi semeada em densidades viáveis pré-estabelecidas (Tabelas 2, 3 e

4) e corrigidas pelas respectivas taxas de germinação.

Tabela 2. Associações experimentais e suas respectivas densidades de sementes, expresso em número de sementes viáveis /m2.

Table 2. Experimenta associations and their respective densities of seeds, Express in

number of viables seeds/m2

Espécies - Species Associações Associations

Dactylis

glomerata Festuca

pratensis Festuca

arundinacea Festuca

rubra Lolium

perenne Trifolium

repens Inter 1.1 - - - - 1250 - Inter 1.2 1475 - - - - - Inter 1.3 - - 1075 - - - Inter 1.4 - 835 - - - - Inter 1.5 - - - 2500 - - Inter 2.1 738 - - - 625 - Inter 2.2 738 - 538 - - - Inter 2.3 - - 538 - 625 - Inter 3.1 487 - 355 - 413 - Inter 4.1 369 209 269 - 313 - Inter 5.1 295 167 215 500 250 - Inter 2.4 - - - - 1000 875 Inter 3.2 590 - - - 500 875 Inter 4.2 389 - 284 - 330 875 Inter 5.2 295 167 215 - 250 875 Inter 6.1 236 134 172 400 200 875

Page 85: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

70

Dois fatores foram atribuídos a cada associação: intensidade de desfolhação e

nível de adubação nitrogenada. As intensidades de desfolhação (pastejo contínuo ou

rotacionado) foram simuladas por intervalos diferentes de cortes:

a) intervalo curto (pastejo contínuo). Um corte a cada 21 dias em período de

crescimento normal ou a cada 10 cm medidos pelo ¨herbomètre – Herb’ITCF nos

períodos considerados fora de crescimento normal (verão e outono);

b) intervalo longo (pastejo rotacionado). Um corte a cada 40 dias na primavera e

seguido de estimação visual no verão e outono.

Os níveis de adubação nitrogenados foram dois:

1) nível mais elevado em nitrogênio (250kg/N/ha/ano), atribuído às associações

gramíneas + gramíneas e fracionadas, segundo o intervalo de desfolhação:

1.1) intervalo curto: 50kg/N/ha no final do inverno (fevereiro), 40kg/N/ha após

cada corte, perfazendo um total de cinco cortes na primavera;

1.2) intervalo longo: 70kg/N/ha final do inverno e 60kg/N/ha após cada corte

(total três cortes na primavera).

Para as associações gramíneas + leguminosas, no ano de implantação (2003), não

foi utilizada adubação nitrogenada para permitir o desenvolvimento das leguminosas.

No primeiro ano de produção (2004), foram utilizados 30kg/N/ha no final do inverno

para proporcionar melhor saída inicial da vegetação. Contudo, sem prejudicar as

leguminosas (Kerouanton, 1993; Pflimlin, 1993 e Simon, 1993);

2) nível baixo, limitado a 60kg/N/ha/ano para as associações gramíneas +

gramíneas, considerando esse como um nível básico de uma agricultura racional

(Kerguelen, 1960). As doses foram fracionadas em: 20kg/N/ha no fim do inverno para

os dois intervalos de desfolhação e 20kg/N/ha na primavera (1º e 3º cortes, intervalo

curto, e nos dois primeiros cortes, intervalo longo).

Page 86: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

71

Para as associações gramíneas + leguminosas não foi realizado o segundo nível

de nitrogênio, visto que a fixação simbiótica realizada pelas leguminosas, por si só deve

assegurar o fornecimento em nitrogênio (Farruggia et al, 2000).

Tabela 3. Associações testemunhas preconizadas por Pelletier et al. (2002), expressas em número de sementes viáveis /m2.

Table 3. Witness associations commend publicly by Pelletier et al. (2002), Express in number

of viables seeds/m2.

Associações - Associations Espécies Species

Variedades Varieties Inter 5.3 Inter 5.4 Inter 5.5 Inter 7.1

Lolium perenne Herbie 852 244 244 365 Dactylis glomerata Lupré 329 548 548 877 Festuca arundinacea Soni 116 192 192 231 Trifolium pratense Merviot - 94 94 2,0 Medicago sativa Diane - 246 - - Lotus corniculatus San Gabriele - - 420 168 Trifolium repens Aran 581 - - 47 Medicago lupulina Virgo Pajberg 268 - - 134

Tabela 4. Associações testemunhas utilizadas na Suíça por Mosimann e Charles (1996), Mosimann (1993), Mosimann et al (2002), expressas em número de sementes viáveis /m2.

Table 4. Witness associations utilized in the Swiss by Mosimann e Charles (1996), Mosimann

(1993), Mosimann et al (2002), express in number of viables seeds/m2

Espécies Species

Variedades Varieties

Inter 4.3 Inter 5.6 Inter 6.2 Inter 7.2 Inter 8.1

Dactylis glomerata Lupré 548 548 Festuca pratensis Préval 376 376 Festuca rubra Echo 802 446 267 267 Phleum pratense Promesse 777 777 777 Lotus corniculatus San Gabriele 419 Poa trivialis Compact 2577 2577 2577 2577 2577 Lolium perenne Herbie 609 305 305 183 Lolium perenne Hamilton 214 214 Lolium multiflorum Barsilo 194 Trifolium repens Aran 581 581 581 581 Trifolium pratense Merviot 47 47 47 47

As adubações fosfatadas e potássicas foram realizadas em duas etapas:

- 1ª etapa: outubro 2002, a 450kg/ha da fórmula 0-22-30 (90kg P e 135kg K);

Page 87: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

72

- 2ª etapa: fevereiro 2003, a 437kg/ha da fórmula 0-25-25 (110kg P e 110kg K),

para todas as associações.

Para determinação do rendimento acumulado da forragem foram realizados quatro

cortes no intervalo curto de desfolha (28 de abril, 15 de junho, 29 de julho e 22 de

setembro) e cinco cortes no intervalo longo de desfolha (08 de abril, 11 de maio, 08 de

junho, 29 de julho e 01 de setembro), sobre cada parcela, com auxílio de uma máquina,

especialmente, adaptada às condições experimentais (HALDRUP). A mesma efetua os

cortes, pesa e realiza a amostragem do material verde.

As amostras com cerca de 300 g de material verde foram secas em estufa a 60 ºC

por 72 horas e moídas em moinho tipo martelo com uma peneira de um mm, para

posteriores análises químicas. Os teores médios de matéria seca (MS) (Figura 2) são

oriundos dos quatro cortes obtidos no intervalo curto de desfolha e nos cinco cortes

obtidos no intervalo longo de desfolha.

As análises químicas foram realizadas com a utilização do NIRS (Near Infrared

Spectroscopy). Foram determinados os teores de fibra em detergente neutro (FDN),

digestibilidade in vitro da MS (DIVMS) e proteína bruta (PB). Os teores médios

apresentados (Figuras 3 a 5) são decorrentes dos dois primeiros cortes para o intervalo

curto de desfolha e dos três primeiros cortes para o intervalo longo de desfolha.

Paralelamente à utilização do NIRS, amostras escolhidas aleatoriamente eram

realizadas pelo método convencional para comparação aos resultados obtidos no

NIRS.

As observações utilizadas para estimação da análise de variância e comparação de

médias para o rendimento acumulado (ton MS/ha) foram calculadas com a utilização do

Sistema de Análises Estatísticas (SAS), segundo o seguinte modelo:

Yijkl = µ + Ai + Bj + Nk + IC + Ai*Nk + Ai*IC + Ai*Nk*IC + Eijkl

Page 88: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

73

Yijkl = variável observada;µ = constante geral;

Ai = efeito do tratamento (associação forrageira) ¨i¨

Bj = efeito do bloco experimental “j”

Nk = efeito do nível de adubação “k”IC = efeito do intervalo de desfolha “l”Ai*Nk =

efeito da interação Tratamento * Nível de adubaçãoAi*IC = efeito da interação

Tratamento * Intervalo de desfolha

Ai*Nk*IC = efeito da interação Tratamento * Nível de adubação * Intervalo de

desfolhaEijkl = erro aleatório associado a cada observação

Resultados e Discussão

O teor de MS foi semelhante entre as gramíneas estudadas (Lolium perenne,

Dactylis glomerata, Festuca arundinacea, Festuca pratensis e Festuca rubra),

independentemente da dose de N e do intervalo de desfolha (Figura 2A). Para as

gramíneas estudadas, o teor de MS é mais dependente do que as demais variáveis (nível

de adubação e intervalo de desfolha) do que da espécie forrageira. No entanto, pode-se

observar que as menores doses de N apresentaram teor de MS mais elevado,

independentemente da gramínea estudada. Ainda, esse efeito foi maior para o intervalo

curto de desfolha, isso deve ter ocorrido em função do crescimento mais longo

apresentado pelas gramíneas em resposta à adubação nitrogenada. Por outro lado, para o

intervalo de desfolha mais longo, o teor de MS foi maior, devendo estar associado ao

estágio de maturação da planta. As plantas foram colhidas com idade mais avançada,

portanto, mais velhas, apresentando maior teor de MS na planta.

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1.1 1.2 1.3 1.4 1.5

Gramíneas - Grass

N-IL N+IL N-IC N+IC

0

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2.1 2.2 2.3 3.1 4.1 5.1

Associações Gramíneas/Gramíneas - Associations grass/grass

N-IL N+IL N-IC N+IC

0

5

10

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2.4 3.2 4.2 5.2 6.1

Associações Gramíneas/Leguminosas - Associations grass/legume

N-IL N+IL N-IC N+IC

0

5

10

15

20

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5.3 5.4 5.5 7.1

Associações Gramíneas/Leguminosas - Associations grass/legume

N-IL N+IL N-IC N+IC

0

5

10

15

20

25

30

35

4.3 5.6 6.2 7.2 8.1

Associações Gramíneas/Leguminosas - Associations grass/legume

N-IL N+IL N-IC N+IC

Figura 2– Efeito do nível de nitrogênio e intervalo de desfolha sobre gramíneas puras (A) e as associações interespecíficas, preconizadas pelo INRA (B e C), Pelletier et al.,

2002 (D) e Mosimann e Charles, 1996, Mosimann, 1993, Mosimann et al., 2002 (E), sobre os teores MS. Níveis de nitrogênio: N- (60kg de N/ha/ano gramínea/gramínea e gramínea/leguminosa sem adubação nitrogenada) N+ (250kg de N/ha/ano gramínea/gramínea e 30kg de N gramínea/leguminosa); intervalos de desfolha: curto (IC), longo (IL).

Figure 2- Effect of the level of nitrogen and and interval of defoliation on grass purities (A) and the interespecific associations, commend publicly by INRA (B and C), Pelletier et al. 2002 ((D) and Mosimann e

Charles, 1996, Mosimann, 1993, Mosimann et al., 2002 (E), on the tenors of DM. Levels of nitrogen: N- (60kg of N’ha/Year grass/grass and grass/legume without nitrogened fertilization); N+ (250kg of

N/ha/Year grass/grass and 30kg of N grass/legume); intervals of defoliation: short (IC), long (IL).

A B

C D

E

Teo

r de

MS

(%)

– T

en

or

of

DM

(%

)

Teo

r de

MS

(%)

– T

enor

of

DM

(%

)

Teo

r de

MS

(%

) T

enor

of

DM

(%

)

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75

Na Figura 2B, resultados semelhantes foram observados, visto que as associações foram

realizadas somente entre gramíneas. Contudo, quando a associação foi composta por leguminosas

(Figura 2C, 2D e 2E), pôde-se observar que, nos níveis baixos de N no intervalo longo de desfolha,

os teores de MS foram semelhantes, porém maiores em relação ao nível alto de N no intervalo curto

de desfolha.

Houve diferença no teor de MS no intervalo curto de desfolha em função dos níveis de N. O

nível alto de nitrogênio em relação ao nível baixo de N apresentou aumento médio de 0,6% no teor

de MS. Esse aumento poderia ser atribuído ao melhor aproveitamento do N, pelas gramíneas,

aumentando a produção da mesma em relação às leguminosas, caracterizando efeito inibitório do N.

Esses resultados estariam de acordo com Fauconnier (1982), que observou aumentos na

produção do azevém perene e uma redução no trevo vermelho. Segundo este autor, isso ocorre

porque o N favorece as gramíneas; enquanto as leguminosas o potássio.

Dutil (1982) reafirma as conclusões de Fauconnier (1982) e ressalta que a adubação

nitrogenada é importante e ao mesmo tempo delicada para as associações, visto que a adubação

nitrogenada controlada promove equilíbrio entre as gramíneas e as leguminosas na associação.

Na Figura 3, estão representados os teores de Fibra em detergente neutro (FDN), onde os

teores médios obtidos para as espécies de gramíneas puras (A) foram semelhantes entre si

independente das espécies utilizadas, apresentando valores entre 39,76% e 51,07% de FDN.

Todavia, os maiores valores foram observados para o intervalo longo de desfolha, independente do

nível de N. Esses resultados são provenientes do maior tempo que a planta possui para o seu

desenvolvimento em relação ao intervalo curto de desfolha. Segundo Van Soest (1994), esse

aumento no teor de FDN está relacionado ao aumento da lignificação da planta, devido ao maior

tempo de maturação.

Quando associadas entre si (Figura 3B), as gramíneas mantiveram os mesmos

comportamentos observados na Figura 3A.

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1.1 1.2 1.3 1.4 1.5

Gramíneas - Grass

N-IL N+IL N-IC N+IC

05

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2.1 2.2 2.3 3.1 4.1 5.1

Associações Gramíneas/Gramíneas - Associations grass/grass

N-IL N+IL N-IC N+IC

05

10152025303540455055

2.4 3.2 4.2 5.2 6.1

Associações Gramíneas/Leguminosas - Associations grass/legume

N-IL N+IL N-IC N+IC

05

10152025303540455055

5.3 5.4 5.5 7.1

Associações Gramíneas/Leguminosas - Associations grass/legume

N-IL N+IL N-IC N+IC

05

10152025303540455055

4.3 5.6 6.2 7.2 8.1

Associações Gramíneas/Leguminosas - Associations grass/legume

N-IL N+IL N-IC N+IC

Figura 3– Efeito do nível de nitrogênio e intervalo de desfolha sobre gramíneas puras (A) e as associações interespecíficas, preconizadas pelo INRA (B e C), Pelletier et al.,

2002 (D) e Mosimann e Charles, 1996, Mosimann, 1993, Mosimann et al., 2002 (E), sobre os teores de FDN. Níveis de nitrogênio: N- (60kg de N/ha/ano gramínea/gramínea e gramínea/leguminosa sem adubação nitrogenada), N+ (250kg de N/ha/ano gramínea/gramínea e 30kg de N gramínea/leguminosa); intervalos de desfolha: curto (IC), longo (IL).

Figure3- Effect of the level of nitrogen and and interval of defoliation on grass purities (A) and the interespecific associations, commend publicly by INRA (B and C), Pelletier et al. 2002 ((D) and Mosimann e

Charles, 1996, Mosimann, 1993, Mosimann et al., 2002 (E), on the tenors of NDF. Levels of nitrogen: N- (60kg of N’ha/Year grass/grass and grass/legume without nitrogened fertilization); N+ (250kg of

N/ha/Year grass/grass and 30kg of N grass/legume); intervals of defoliation: short (IC), long (IL).

Teo

r de

FD

N (

%)

– T

eno

r of

ND

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Teo

r de

FD

N (

%)

Tenor

of

ND

F (

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A B

C D

E

Teo

r de

FD

N (

%)

– T

eno

r of

ND

F (

%)

Page 92: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

77

Entretanto, nas associações gramíneas/leguminosas preconizadas tanto pelo INRA (C), como

por Pelletier et al., 2002 (D) e Mosimann e Charles, 1996, Mosimann, 1993, Mosimann et al., 2002

(E), os maiores teores de FDN foram observados para o nível alto de N, independente do intervalo

de desfolha, contudo esse é ainda maior para o intervalo longo. Esses resultados confirmam a

melhor utilização do N e o maior tempo de maturação da planta, já citados anteriormente.

Jeangros et al. (1999), avaliando a composição química de pastagens na Suíça, observaram

que as gramíneas apresentam mais constituintes, de parede celular (exceto a lignina) do que as

leguminosas.

Segundo Nelson e Moser (1994), a maturidade das espécies forrageiras é o principal fator que

afeta a morfologia dessas plantas, exercendo grande influência na qualidade da forragem.

Os resultados da Digestibilidade in vitro da MS (DIVMS) estão apresentados na Figura 4,

sendo na Figura 4A, os resultados obtidos para as gramíneas puras, variando entre 66,7% e 82,7%.

Os maiores resultados da DIVMS observados estão no intervalo curto de desfolha (69,0% a 82,7%)

em relação ao intervalo longo de desfolha (66,7% a 77,9%). Resultados semelhantes foram

observados para associação entre as gramíneas na Figura 4B, com resultados variando entre 71,7%

e 81,8% DIVMS.

Os menores valores observados da DIVMS, para o intervalo longo de desfolha, estão

associados à maturidade da forragem, havendo redução progressiva dos teores de digestibilidade à

medida que as espécies avançam em seu estádio de crescimento.

Nas Figuras 4C, D e E, estão representadas as DIVMS das associações entre gramíneas e

leguminosas, em que foram observadas pequenas diferenças entre os intervalos de corte na DIVMS,

essa redução é devido à presença das leguminosas nas associações, as quais podem melhorar a

DIVMS e devido as suas características, os coeficientes de digestibilidade de todas as associações

estudadas foram de 71,5-77,3% e 73,5-79,7%, respectivamente, para os intervalos longo e curto de

Page 93: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

78

desfolha, apresentando em média 76,7% de DIVMS, indicando a capacidade das leguminosas em

manter uma dieta de qualidade, ao longo da estação de crescimento.

Resultados semelhantes foram observados por Moojen e Saibro (1981), que avaliado o efeito

de regimes de corte sobre o rendimento e qualidade de misturas forrageiras de estação fria,

encontraram teores da DIVMS entre 68-75% no regime de seis semanas entre corte e 71-76% para o

regime de corte de quatro semanas.

Na Figura 5, estão representados os teores de Proteína Bruta das associações preconizadas

pelo INRA, Pelletier et al., 2002, Mosimann e Charles, 1996, Mosimann, 1993, Mosimann et al.,

2002. As gramíneas puras apresentaram os maiores teores de PB (12,7%), no intervalo curto de

desfolha, associados a maior quantidade de nitrogênio. Entretanto, a menor quantidade de

nitrogênio dentro do intervalo curto de desfolha apresentou teores de PB (11,8%) semelhantes ao

intervalo longo de desfolha com maior aporte de N (11,7% PB), este efeito está intimamente ligado

à presença de folhas jovens e ao melhor aproveitamento do N aplicado. Resultados semelhantes

foram evidenciados na Figura 5 B, com associações entre as espécies de gramíneas.

Quando associadas entre si, gramíneas e leguminosas, os teores de PB variaram entre 13,5-

20,6% PB, desde a associação mais simples com duas espécies a mais complexa com oito espécies.

Comparando os teores de PB médios obtidos para as associações gramíneas/gramíneas (10,7%) em

relação às gramíneas/leguminosas (18,1%), este aumento de oito pontos percentuais é proveniente

da melhor qualidade apresentada pelas leguminosas.

Confirmados pelos trabalhos de pesquisa que ressaltam essa contribuição significativa das

leguminosas em associação com as gramíneas, entre eles podemos destacar os de: Moojen e Saibro

(1981), Fauconnier (1982), Giovanni (1990), Fontaneli e Freire Junior (1991), Lambert et al. (1993)

e Chénais et al. (2001).

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1.1 1.2 1.3 1.4 1.5

Gramíneas - Grass

N-IL N+IL N-IC N+IC

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2.1 2.2 2.3 3.1 4.1 5.1

Associações Gramíneas/Gramíneas - Associations grass/grass

N-IL N+IL N-IC N+IC

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2.4 3.2 4.2 5.2 6.1

Associações Gramíneas/Leguminosas - Associations grass/legume

N-IL N+IL N-IC N+IC

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5.3 5.4 5.5 7.1

Associações Gramíneas/Leguminosas - Associations grass/legume

N-IL N+IL N-IC N+IC

0

10

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40

50

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4.3 5.6 6.2 7.2 8.1

Associações Gramíneas/Leguminosas - Associations grass/legume

N-IL N+IL N-IC N+IC

Figura 4– Efeito do nível de nitrogênio e intervalo de desfolha sobre gramíneas puras (A) e as associações interespecíficas, preconizadas pelo INRA (B e C), Pelletier et al.,

2002 (D) e Mosimann e Charles, 1996, Mosimann, 1993, Mosimann et al., 2002 (E), sobre a digestibilidade in vitro da MS. Níveis de nitrogênio: N- (60kg de N/ha/ano gramínea/gramínea e gramínea/leguminosa sem adubação nitrogenada), N+ (250kg de N/ha/ano gramínea/gramínea e 30kg de N gramínea/leguminosa); intervalos de desfolha: curto (IC), longo (IL).

Figure 4- Effect of the level of nitrogen and and interval of defoliation on grass purities (A) and the interespecific associations, commend publicly by INRA (B and C), Pelletier et al. 2002 ((D)

and Mosimann e Charles, 1996, Mosimann, 1993, Mosimann et al., 2002 (E), on digestibility in vitro of the DM. Levels of nitrogen: N- (60kg of N’ha/Year grass/grass and

grass/legume without nitrogened fertilization); N+ (250kg of N/ha/Year grass/grass and 30 kg of N grass/legume); intervals of defoliation: short (IC), long (IL).

A B

C D

E

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Associações Gramíneas/Gramíneas - Associations grass/grass

N-IL N+IL N-IC N+IC

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2.4 3.2 4.2 5.2 6.1

Associações Gramíneas/Leguminosas - Associations grass/legume

N-IL N+IL N-IC N+IC

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Associações Gramíneas/Leguminosas - Associations grass/legume

N-IL N+IL N-IC N+IC

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4.3 5.6 6.2 7.2 8.1

Associações Gramíneas/Leguminosas - Associations grass/legume

N-IL N+IL N-IC N+IC

Figura 5– Efeito do nível de nitrogênio e intervalo de desfolha sobre gramíneas puras (A) e as associações interespecíficas, preconizadas pelo INRA (B e C), por Pelletier et

al., 2002 (D) e por Mosimann e Charles, 1996, Mosimann, 1993, Mosimann et al., 2002 (E), sobre os teores de PB. Níveis de nitrogênio: N- (60kg de N/ha/ano gramínea/gramínea e gramínea/leguminosa sem adubação nitrogenada), N+ (250kg de N/ha/ano gramínea/gramínea e 30kg de N gramínea/leguminosa); intervalos de desfolha: curto (IC), longo (IL).

Figure 5- Effect of the level of nitrogen and and interval of defoliation on grass purities (A) and the interespecific associations, commend publicly by INRA (B and C), Pelletier et al. 2002 ((D)

and Mosimann e Charles, 1996, Mosimann, 1993, Mosimann et al., 2002 (E), on the tenors of the CP. Levels of nitrogen: N- (60kg of N’ha/Year grass/grass and grass/legume

without nitrogened fertilization); N+ (250kg of N/ha/Year grass/grass and 30 kg of N grass/legume); intervals of defoliation: short (IC), long (IL).

A B

C D

E

Pro

téin

a B

ruta

(%

) – C

rude

Pro

tein

(%

)

Prot

éina

Bru

ta (

%)

– C

rude

Pro

tein

(%

)

Prot

éina

Bru

ta (

%)

Cru

de

Pro

tein

(%

)

Page 96: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

81

Os dados apresentados na Tabela 5 mostram o rendimento acumulado (MS/ha) das

gramíneas puras e as associações. O intervalo curto de desfolha apresentou maior

rendimento acumulado (P<0,05) em relação ao intervalo longo (7,56 e 6,60 MS/ha,

respectivamente), da mesma forma que a maior quantidade de N (8,13 MS/ha)

apresentou rendimentos superiores (P<0,05) ao menor aporte de N (6,03 MS/ha).

A presença das leguminosas propiciou rendimentos em 6,47%, maior (P<0,05)

que o observado para a associação 5.2 (Dactylis glomerata, Festuca pratensis, Festuca

arundinacea, Lolium perenne e Trifolium repens) 8,23 de MS/ha. Entretanto, a

associação 2.2 (Dactylis glomerata e Festuca arundinacea) não diferiu (P>0,05) da

associação 5.2. Contudo, vale salientar que embora não houvesse diferença estatística

para o rendimento, a qualidade nutricional entre as duas associações teve

comportamentos diferenciados, sendo que a associação 5.2 contendo leguminosa,

apresentou qualidade superior à associação 2.2, ficando evidenciado pelos dados

apresentados nas Figuras 3, 4 e 5.

Segundo Fontaneli e Freire Junior (1991), consorciações de aveia + azevém +

trevo branco, aveia + azevém + trevo vermelho e aveia + azevém + ervilhaca

apresentaram os maiores rendimentos de MS, em relação à associação de gramíneas,

além do aumento quantitativo, misturas contendo leguminosas apresentaram melhor

distribuição estacional na disponibilidade e qualidade da forragem. Entretanto, Moojen

e Saibro (1981) relataram maior rendimento de MS para um maior intervalo (seis

semanas) entre cortes, em relação ao menor intervalo (quatro semanas), o que difere dos

resultados obtidos no presente trabalho.

Page 97: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

82

Tabela 5. Médias e erro-padrão (EP) para o rendimento acumulado (MS/ha) para as variedades de gramíneas puras e em associações com outras espécies de gramíneas e ou leguminosas.

Table 5. Means and standard-error (SE) to the accumulate yield (DM/ha) to the varieties the

grass purities and in associations with others species of grass and/or legume.

Associações* Associated*

ICN- ILN- ICN+ ILN+ IC IL Média Means

EP SE

1.1 4,34 3,84 9,37 7,57 6,85 5,71 6,28jlik 0,70 1.2 5,50 4,93 10,05 8,74 7,77 6,84 7,30ebdhgcf 0,67 1.3 5,88 4,95 9,67 8,18 7,77 6,56 7,17edhgf 0,60 1.4 5,06 4,83 9,47 8,05 7,26 6,44 6,85higf 0,63 1.5 4,58 4,22 7,99 7,14 6,29 5,68 5,98jlk 0,52 2.1 4,78 4,58 9,43 7,66 7,11 6,12 6,61jhik 0,63 2.2 5,98 4,59 10,49 8,50 8,24 6,54 7,39ebdhagcf 0,73 2.3 4,86 4,34 9,58 8,21 7,22 6,28 6,75jhig 0,69 3.1 5,29 4,55 10,01 7,97 7,65 6,26 6,95ehigf 0,69 4.1 5,52 4,79 9,91 8,05 7,72 6,42 7,07edhigf 0,66 G

ram

ínea

s +

Gra

mín

eas

Gra

ss +

Gra

ss

5.1 5,15 4,28 9,76 7,99 7,46 6,14 6,80jhig 0,69 2.4 7,36 7,09 8,01 7,77 7,69 7,43 7,56ebdagcf 0,14 3.2 8,04 7,68 8,67 8,07 8,36 7,88 8,12ba 0,18 4.2 7,77 7,67 8,63 8,09 8,20 7,88 8,04bac 0,20 4.3 6,65 4,76 6,87 4,90 6,76 4,83 5,80lk 0,32 5.2 7,91 7,86 8,67 8,47 8,29 8,16 8,23ª 0,15 5.3 7,19 6,56 7,98 7,10 7,59 6,83 7,21edhgcf 0,20 5.4 5,20 3,81 5,94 4,74 5,57 4,28 4,92m 0,31 5.5 5,77 4,21 6,66 5,20 6,21 4,70 5,46lm 0,30 5.6 6,97 6,82 8,27 7,70 7,62 7,26 7,44ebdhagcf 0,21 6.1 7,82 7,71 8,72 7,83 8,27 7,77 8,02bac 0,16 6.2 7,93 6,89 8,83 7,48 8,38 7,18 7,78ebdac 0,28 7.1 7,55 7,19 8,64 7,63 8,10 7,41 7,75ebdac 0,18 7.2 7,81 6,76 8,97 7,12 8,39 6,94 7,66ebdacf 0,31

Gra

mín

eas

+ L

egu

min

osa

s G

rass

+ L

egu

me

8.1 8,27 7,35 8,23 7,60 8,25 7,48 7,86bdac 0,18 6,03b 8,13a 7,56a 6,60b Médias seguidas de letras na coluna e nas linhas diferem significativamente (P<0,05) pelo teste de Tukey.*Associações (Tabela 2,3 e 4). Níveis de nitrogênio: N- (60kg de N/ha/ano gramínea/gramínea e gramínea/leguminosa sem adubação nitrogenada), N+ (250kg de N/ha/ano gramínea/gramínea e 30kg de N gramínea/leguminosa); intervalos de desfolha: curto (IC), longo (IL) Means followed by different letters in the column and same row differ (P<0,05) by the Tukey test. *Associations

(Table 2,3 and 4). . Levels of nitrogen: N- (60kg of N’ha/Year grass/grass and grass/legume without nitrogened

fertilization); N+ (250kg of N/ha/Year grass/grass and 30 kg of N grass/legume); intervals of defoliation: short (IC),

long (IL).

Conclusões

As associações entre gramíneas e leguminosas foram as mais adequadas,

principalmente por melhorarem a qualidade da forragem, em que os teores médios de

Page 98: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

83

proteína bruta apresentaram valores variando entre 13,5 e 20,6% e uma DIVMS de 71,5

a 79,7% e ainda por apresentarem os maiores rendimentos de MS. Em todas as

associações, houve vantagem do menor intervalo de desfolha, em relação ao maior

intervalo.

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Page 100: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

VI – Produção de massa e composição química de variedades de Azevém perene

(Lolium perenne) conduzidas sob dois níveis de nitrogênio e dois intervalos de corte

Resumo: Este trabalho foi realizado no outono francês de 2003 (setembro a dezembro)

e durante a primavera de 2004 (março a junho) com objetivo de avaliar a produção e

qualidade de associações de variedades de ciclos produtivos diferentes. O experimento

foi conduzido na Unidade de Genética e de Melhoramento de Plantas Forrageiras

(UGAPF) do Institut National de la Recherche Agronomique (Vienne, França, 42°65’

Leste e 15°82’ Norte). A partir de uma espécie (Lolium perenne), nove variedades

foram associadas, constituindo associações com duas ou três variedades de precocidade

semelhantes ou diferentes (precoce, ½ tardio e tardio) e foram cultivadas em parcelas

únicas e serviram de testemunhas, cada associação experimental foi composta de três

blocos (repetições). Dois fatores foram atribuídos a cada associação: intervalo de

desfolhação (intervalo curto-IC e longo -IL) e nível de adubação nitrogenada (60 e 250

kg N/ha/ano). Os maiores teores de MS foram apresentados no ciclo ½ tardio (37,83%

IL60N, 34,25% IL250N, 27,57% IC60N e 24,00% IC250N) em relação aos demais

ciclos. Os teores de PB apresentaram valores variando entre 10,1% para IL a 13,3%

para o IC. Teores de FDN, da ordem de 44,9% a 51,1% FDN, foram observados no IL

associado ao menor nível de adubação. A DIVMS do Azevém perene puro apresentou

os maiores coeficientes no IC independente do nível de adubação, entretanto, dentro do

mesmo intervalo de corte, o nível de 250kg de N/ha proporcionou maior DIVMS

(80,8% a 87,7%) em relação ao menor nível de adubação (81,4% a 86,5%). As

variedades de ciclo produtivo precoce apresentaram rendimentos da ordem de 7,4ton

MS/ha para a variedade Belramo e em associações 7,18ton MS/ha (Hamilton + Vital e

Hamilton + Vital + Belramo).

Palavras-chave: associações, Azevém perene, intra-específicas, valor agronômico.

Page 101: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

86

Mass production and chemical composition of varieties of rye-grass (Lolium

perenne) led under two levels of nitrogen and two cut intervals

Abstract: This work was carried out in the French Autumn of 2003 (September to

December), and during the Spring of 2004 (March to June) with the objective of

evaluate the production and quality of associations among varieties with different

productive cycles. The experiment was conducted in the Forage Crop Genetics and

Breeding Unit UGAPF of the Institut National of la Recherche Agronomique - INRA,

Poitou-Charentes Research Center, located in Lusignan (Vienne, French, 42°65' East

and 15°82' North). From a species (Lolium perenne), nine varieties were associated,

constituting associations with two or three varieties of precocity similar or different

(precocious, late and late ½) and they were cultivated in single plot and they served as

demonstrate, each experimental association was composed of three blocks (repetitions).

Two factors were attributed to each association: defoliation interval (interval short-IC

and long -IL) and level of nitrogen fertilization (60 and 250 kg N/ha/year). The largest

values of DM were presented in the cycle late ½ (37,83% IL60N, 34,25% IL250N,

27,57% IC60N and 24,00% IC250N) in relation to the other cycles. The values of PB

presented values varying among 10,1% for IL to 13,3% for IC. Values of NDF, of the

order of 44,9% to 51,1% NDF, they were observed in IL associated to the smallest

fertilization level. IVDMD of the perennial rye-grass pure, it presented the largest

coefficients in independent IC of the fertilization level, however inside of the same cut

interval the level of 250 kg of N/ha provided larger IVDMD (80,8% to 87,7%) in

relation to the smallest fertilization level (81,4% to 86,5%). The varieties of precocious

productive cycle presented yield of the order of 7,4 ton MS/ha for the variety Belramo

and in associations 7,18 ton MS/ha (Hamilton + Vital and Hamilton + Vital + Belramo).

Key-words: Agronomic value, associations, perennial rye-grass, intra-specifics

Page 102: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

87

Introdução

Atualmente, um dos desafios para os produtores rurais é manter uma pastagem de

boa qualidade por um período longo e conciliar o máximo de ingestão com a

performance do animal.

Segundo Leconte (2002), para produzir uma melhor pastagem é necessário

conhecer os efeitos da altura e do intervalo de exploração sobre a rebrota e a

composição morfológica da cobertura.

Em pastagens, a regularidade e a segurança (rapidez de estabelecimento e

produção, redução das oscilações sazonais e tolerância as diferentes condições de

estresses climáticos) são características relevantes dentro da concepção de base das

associações forrageiras (Mosimann e Charles, 1996). Segundo estes autores, para a

utilização e a manutenção das pastagens, é necessário seguir algumas regras básicas que

incluem: uma correta semeadura das misturas de sementes; densidade dessas que devem

apresentar condições de concorrência interespecífica; tratos culturais, para enfraquecer

as plantas invasoras e estimular o crescimento e desenvolvimento das gramíneas; a

fertilização; a altura de corte. Todos esses fatores influenciam a produção e a

composição das forragens.

Segundo Groff et al. (2002), a associação de espécies tem sido uma alternativa

utilizada para melhorar a distribuição de produção da pastagem ao longo do ano e a

qualidade da dieta dos animais, sendo este um sistema complexo, em que fatores como:

a competição entre plantas e a seleção animal atuam e dificultam a manutenção do

equilíbrio entre espécies. Para estes autores, as competições que ocorrem entre as

plantas dependem da forma de utilização dos recursos (água, luz e nutrientes), sendo

que o equilíbrio entre espécies associadas evolui em função das necessidades de cada

espécie.

Page 103: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

88

Em relação à fertilização, o nitrogênio (N) está entre os principais nutrientes, pois

proporciona maior perfilhamento e produção, e na maioria das vezes, conduz a melhora

na qualidade da forragem produzida (Mesquita e Pinto, 2000). Entretanto, níveis

adequados de N devem ser bem estabelecidos, a fim de promover balanço entre os

nutrientes, caso contrário a produção de forragem pode decrescer.

Segundo Burton (1976), Humpherys (1991) e Jarvis et al (1995), o efeito

favorável do N, sobre os rendimentos de forragens e a produção animal, é o fator de

manejo mais efetivo para a manipulação das produções que podem ser obtidas em

pastagens, pois os fluxos de N e carbono atuam em muitos dos processos de

crescimento e desenvolvimento das plantas (Lemaire e Chepman, 1996; Lemaire, 1999).

Gastal e Nelson (1994) demonstraram que o efeito principal do N é sobre a

produção celular. Quanto aos efeitos do N, na composição botânica das pastagens, as

mudanças observadas são usualmente atribuídas às competições entre plantas e estas

envolvem alterações mais complexas.

De acordo com Duru e Ducrocq (2000), as regras que caracterizam a morfologia

dos perfilhos das gramíneas durante seu crescimento dependem de alterações da

temperatura ambiente, umidade, disponibilidade de N e intensidade de desfolha.

Entre os vários efeitos da utilização de N sobre as pastagens de gramíneas, pode-

se destacar: pastos que apresentam altas densidades de populações de plantas ou mesmo

aquelas com plantas mais espaçadas e de baixa densidade populacional de perfilhos, o N

só apresentará efeito significativo sobre a taxa de aparecimento foliar (TAF) quando

houver uma deficiência acentuada desse nutriente (Whitehead, 1995).

Considerando que para este experimento foram realizados dois intervalos de corte,

sendo um longo que simula o pastejo rotacionado, e outro curto representando o pastejo

contínuo, o objetivo deste trabalho foi de avaliar o valor potencial de produção de massa

Page 104: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

89

de forragem e a qualidade da mistura de variedades de azevém perene sob dois níveis de

N.

Material e Métodos

Este trabalho foi conduzido na Unidade de Genética e de Melhoramento de

Plantas Forrageiras (UGAPF) INRA – Institut National de la Recherche Agronomique,

Centro de Pesquisas de Poitou-Charentes, localizada em Lusignan (Vienne, França,

42°65’ Leste e 15°82’ Norte).

O experimento foi implantado na primavera 2003 (abril) e será avaliado ao longo

de cinco anos, com início das avaliações a partir do primeiro ano de produção 2004.

Os dados de temperaturas máximas e mínimas, assim como as precipitações,

foram obtidos na Estação Meteorológica do INRA, localizada na Unidade Experimental

«Les Verrines» (15° Leste e 45°26’ Norte) a 5 km do local do experimento (Figura 1).

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

abr-0

3mai jun ju

lag

o set

out

nov

dez

jan/0

4 fev

mar ab

rmai jun

Tem

pera

tura

(°C

) -

Tem

pera

ture

(ºC

)

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

Prec

ipit

ação

(m

m)

- Pre

cip

itati

on

(m

m)

TM TN PP

Figura 1. Precipitação pluviométrica média (PP), temperatura máxima (TM) e mínima (TN).

Figure 1. Monthly average precipitation (PP), temperature maximum (TM) and minimum (TN)

Page 105: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

90

A área experimental utilizada foi de 0,63 ha, subdividida em parcelas, composta

de 9,37 m2 (7,50 m de comprimento por 1,25 m de largura), divididas em 6 linhas de

semeadura.

A análise química do solo apresentou as seguintes características: pH (H2O) =

6,82; MO = 16,2 g/kg; CaO = 1,76 g/kg; P2O5 = 0,437 g/kg; K2O = 0,257 g/kg e MgO =

0,154 g/kg.

A partir de uma espécie (Lolium perenne), nove variedades de ciclos diferentes

foram associadas, constituindo associações com duas ou três variedades de precocidade

semelhantes ou diferentes (precoce, ½ tardio e tardio). As variedades foram escolhidas a

partir dos seguintes critérios, oriundos dos resultados do CTPS (Comité Technique

Permanent de la Sélection): alto nível de rendimento, boa resistência a doenças, boa

adaptação ao intervalo de desfolha e boa perenidade. Cada espécie foi semeada a uma

densidade de sementes viáveis pré-estabelecidas e corrigidas pelas respectivas taxas de

germinação (Tabela 1).

As variedades que compuseram as associações foram manejadas em parcelas

únicas e serviram de testemunhas, cada dispositivo experimental foi composto de três

blocos (repetições).

Dois fatores importantes foram atribuídos a cada associação, desfolha e nível de

adubação, em que as desfolhas (pastejo contínuo e rotacionado) foram simuladas por

intervalos diferentes de cortes:

a) intervalo curto (IC), que simula o pastejo contínuo, um corte a cada 21 dias em

período de crescimento normal ou a 10 cm medidos pelo ¨herbomètre – Herb’ITCF

nos períodos considerados fora de crescimento normal (verão e outono);

b) intervalo longo (IL), que deve simular o pastejo rotacionado, um corte a cada

40 dias na primavera ou seguidos de estimação visual no verão e outono.

Page 106: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

91

Tabela 1. Associações intra-especificas e densidade de sementes, expressas em número de sementes viáveis /m2

Table 1. Associations intra-especific and density of seeds, Express in number of viables

seeds/m2

Variedades de Lolium perene – Varieties of Lolium perenne Associações* Associations* Hamilton1 Belramo1 Vital2 Herbie3 Brest3 Milca3 Ohio4 Kerval4 Barlatan4

1.1 1250 - - - - - - - - 1.2 - - 1250 - - - - - - 1.3 - 1250 - - - - - - - 1.4 - - - 1250 - - - - - 1.5 - - - - 1250 - - - - 1.6 - - - - - 1250 - - - 1.7 - - - - - - 1250 - - 1.8 - - - - - - - 1250 - 1.9 - - - - - - - - 1250 2.1 625 - 625 - - - - - - 2.2 - - - 625 625 - - - - 2.3 - - - - - - 625 625 - 2.4 625 - - 625 - - - - - 2.5 625 - - - - - 625 - - 2.6 - - - 625 - - 625 - - 3.1 412,5 - - 412,5 - - 412,5 - - 3.2 412,5 412,5 412,5 - - - - - - 3.3 - - - 412,5 412,5 412,5 - - - 3.4 - - - - - - 412,5 412,5 412,5

1Precoce; 2 ½ precoce; 3 ½ Tardio; 4 Tardio. *Associações (a.b): 1ª coluna (a) – nº de espécies na associação; 2ª coluna (b) nº da associação. 1Precocious; 2 ½ precocious; 3 ½ late; 4 late. *Associations (a.b): 1ª column (a) – nº of species in associations; 2ª

column (b) nº of association.

Os níveis de adubação nitrogenada foram caracterizados em dois níveis:

1) nível alto em nitrogênio (250kg/ha/ano) fracionado, segundo o intervalo de

desfolha:

1.1) intervalo curto (IC): 50kg/ha no final do inverno (fevereiro), 40kg/ha após

cada corte, que perfaz um total de cinco cortes na primavera;

1.2) intervalo longo (IL): 70kg/ha no final do inverno e 60kg/ha após cada corte

(total 3 cortes na primavera).

2) nível baixo (60kg/ha/ano), considerando este como um nível básico de uma

agricultura racional (Kerguelen, 1960). Os aportes foram fracionados: 20kg/ha no fim

Page 107: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

92

do inverno para os dois intervalos de desfolha e 20kg/ha na primavera (1º e 3º corte,

intervalo curto, e nos dois primeiros cortes, intervalo longo).

As adubações fosfatadas e potássicas foram realizadas em duas etapas:

1) outubro 2002, a 450kg/ha da fórmula 0-22-30 (90kg P e 135kg K);

2) fevereiro 2003, a 437kg/ha da fórmula 0-25-25 (110kg P e 110kg K), para

todas as associações.

Para determinação do rendimento acumulado da forragem, foram realizados três

cortes para o intervalo longo (28/04, 15/06 e 22/07/04) e quatro cortes para o intervalo

curto (08/04, 11/05, 08/06 e 01/07/04) em cada parcela, com auxílio de uma máquina

segadora (HALDRUP) adaptada às condições experimentais, onde a mesma efetua os

cortes, pesa e realiza a amostragem do material verde.

As amostras com cerca de 300 g de material verde foram secas em estufa a 60 ºC

por 72 horas e moídas em moinho tipo martelo com uma peneira de crivo de um mm,

para posteriores análises químicas.

As análises químicas foram realizadas com a utilização do NIRS (Near Infrared

Spectroscopy) e foram determinados: os teores de proteína bruta, fibra em detergente

neutro e a solubilidade enzimática (Lila e Furstoss, 2000), nos dois primeiros cortes do

intervalo longo e nos três primeiros cortes do intervalo curto.

As observações utilizadas para estimação da análise de variância e comparação de

médias foram calculadas com a utilização do Sistema de Análises Estatísticas (SAS),

segundo o seguinte modelo:

Yijkl = µ + Ai + Bj + Nk + Rl + Ai*Nk + Ai*Rl + Ai*Nk*Rl + Eijkl

Yijkl = variável observada;µ = constante geral;

Ai = efeito do tratamento (associação forrageira) ¨i¨

Bj = efeito do bloco experimental ¨j

Page 108: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

93

Nk = efeito do nível de nitrogênio ¨k¨Rl = efeito do intervalo de corte ¨l¨Ai*Nk = efeito

da interação Tratamento * Nível de nitrogênio Ai*Rl = efeito da interação Tratamento *

Intervalo de corte

Ai*Nk*Rl = efeito da interação Tratamento * Nível de nitrogênio * Intervalo de

corteEijkl = erro aleatório associado a cada observação

Resultados e Discussões

Nas Figuras 2 a 6, estão apresentados os teores médios de MS, PB, FDN e da

digestibilidade in vitro.

Os teores de MS das variedades de Azevém perene puro (Figura 2A) apresentaram

comportamentos semelhantes, independentemente dos ciclos produtivos (precoce, ½

precoce, ½ tardio e tardio). No entanto, os maiores percentuais de MS foram observados

no intervalo longo (IL) de desfolha (média 35,0%), em relação ao intervalo curto - IC

(média 24,9%). Independente do intervalo de desfolha, o menor nível de nitrogênio,

apresentou um teor de MS mais elevado (36,4% IL e 26,3% IC em média) em relação

ao maior nível de nitrogênio (33,6% IL e 23,4% IC).

Estes resultados estão de acordo com a afirmação de Lazemby e Rogers (1965),

citados por Canto et al. (1999), em que a aplicação de N em pastagens, pode determinar

redução na percentagem de MS na forragem da ordem de até 7%.

Analisando-se os ciclos produtivos, pode-se observar que os maiores teores de MS

foram apresentados no ciclo ½ tardio (1.4, 1.5 e 1.6) com (37,83% IL60N, 34,25%

IL250N, 27,57% IC60N e 24,00% IC250N) em relação aos demais ciclos.

Observa-se na Figura 2(B) que as associações entre os ciclos produtivos: 2(A)

(P+½P), 2.2 (½T+½T), 2.3 (T+T), 2.4 (P+½T), 2.5 (P+T) e 2.6 (½T+T) apresentaram

comportamentos semelhantes aos ciclos cultivados isoladamente (Figura 2(A)), tanto

para intervalos de desfolha, quanto para nível de adubação nitrogenada. Entretanto, as

Page 109: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

94

variedades de Azevém perene do ciclo tardio (associações 2.3 e 2.6) apresentaram os

teores de MS mais elevados em relação aos demais ciclos (38,09-37,38% IL60N, 36,12-

35,36% IL250N, 27,37-26,96% IC60N, 24,16-23,92% IC250N, respectivamente).

Segundo Nelson e Moser (1994), a maturidade das espécies forrageiras (ciclo

produtivo) é o principal fator que afeta a morfologia das plantas, exercendo grande

influência na qualidade da forragem.

Combinando-se os ciclos produtivos (P, ½P, ½T e T), com, no máximo, três

variedades (Figura 2(C)), os teores de MS apresentaram as mesmas tendências que as

Figuras 2(B) e 2(C), sendo os maiores teores identificados nas associações 3.3 e 3.4

(36,6-37,9% IL e 24,5-25,47% IC), composto de variedades do ciclo ½ tardio e tardio.

Os teores de PB (Figura 3) apresentaram comportamento inverso aos observados

na MS, o que pode ser atribuído ao maior aporte de nitrogênio (250kg N/ha),

independente do intervalo de desfolha. Os teores de PB mais elevados (variando entre

10,1% a 13,3% PB para o IC) foram observados nas variedades de ciclo produtivo

tardio (1.7, 1.8 e 1.9), cultivadas isoladamente (Figura 3(A)) ou em associações (Figura

3(B) - 2.3 e 2.6 e Figura 3(C) – 3.4).

Da mesma forma que as variedades de ciclo tardio associados aos demais ciclos

apresentaram aumento médio de 1,3 pontos percentuais, principalmente, com o ciclo

precoce, sendo que quando associado ao ciclo ½ tardio esta diferença não foi tão

evidente.

Alguns autores (Alvim e Moojem, 1984 e Gomide et al., 1984) constataram o

incremento no teor de PB das gramíneas, com aplicação de doses mais elevadas de

nitrogênio.

Segundo Van Soest (1994), a adubação nitrogenada tem grande efeito sobre a

composição da planta. Cecato et al. (1994) atribuíram o maior teor de PB, ao

Page 110: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

95

incremento da produção de matéria seca de folhas, conseqüentemente uma melhor

qualidade da forragem disponível, oriunda da maior adubação nitrogenada.

Os maiores valores nos teores de FDN, demonstrados na Figura 4(A), foram

observadas no intervalo longo de desfolha associado ao menor nível de adubação

nitrogenada.

Variedades de azevém perene associadas, mesmo de ciclos produtivos diferentes

(Figura 4(B) e (C)), apresentaram o mesmo comportamento para os teores de FDN,

quando cultivadas isoladamente.

As pequenas variações observadas no intervalo curto, entre os níveis de N, estão

relacionadas com a característica individual de cada variedade do Azevém perene.

Resultados semelhantes foram obtidos por Zhang et al. (1995), avaliando a

influência da fertilização nitrogenada e da freqüência de desfolhação sob os

constituintes nitrogenados e valor alimentar do Azevém anual, em que os menores

teores de FDN foram observados para a maior dose de N (38,6%) e para o menor

intervalo de desfolha (39,6 %).

Avaliando-se a digestibilidade in vitro da MS (DIVMS) das diferentes variedades

do azevém perenes semeadas isoladamente (Figura 5(A)), pode-se observar que os

maiores valores de DIVMS encontraram-se no intervalo curto de desfolha independente

do nível de adubação. Entretanto, dentro do mesmo intervalo de corte, o nível de 250kg

de N/ha proporcionou maiores valores de DIVMS (80,8% a 87,7%) em relação ao

menor nível de adubação (81,4% a 86,5%). Resultados semelhantes foram observados

no intervalo longo de desfolha em que o nível maior de adubação apresentou maiores

coeficientes de DIVMS (77,0% a 82,3%) comparados ao menor nível de adubação

(71,2% a 79,8%).

Page 111: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

96

Vale salientar que as variedades de ciclo produtivo tardio (Figura 5(A): 1.7, 1.8 e

1.9) apresentaram os maiores coeficientes de DIVMS (média 83,6%) em relação aos

ciclos precoce (1.1, 1.2 e 1.3, média 79,8%) e ½ tardio (1.4, 1.5 e 1.6, média 80,5%).

Na Figura 5(B), resultados semelhantes foram observados, mesmo quando os

ciclos produtivos foram combinados entre si, em uma associação simples (duas

variedades). Contudo, na associação 2.4 (precoce + ½ tardio), o menor nível de N no

intervalo curto de desfolha apresentou maior coeficiente de DIVMS (83,9%) em relação

ao maior nível de N (82,3%).

Associando-se os três ciclos produtivos (precoce, ½ tardio e tardio), Figura 5(C)

associação 3.1, pode-se observar um coeficiente de DIVMS médio de 80,7%, em

relação ao ciclo precoce (79,2%) associação 3.2 (P+P+P), ½ tardio (80,7%) associação

3.3 (½T+½T+½T) e tardio (82,9%) associação 3.4 (T+T+T), sendo os maiores

coeficientes observados no intervalo curto de desfolha com 250kg de N/ha.

Blaser (1964), em sua revisão, constatou que a maioria dos trabalhos mostra que a

fertilização nitrogenada nas pastagens proporciona melhorias na digestibilidade e no

teor de proteína bruta da forragem.

Segundo Brâncio et al. (2002), a adubação nitrogenada influencia o valor nutritivo

da forragem. Como os açúcares são utilizados na síntese de aminoácidos e proteínas,

aumentando o suprimento de nitrogênio para as plantas reduz-se o conteúdo de

açúcares. As proteínas são acumuladas no conteúdo celular e têm efeito de diluição dos

componentes da parede celular, que aumenta a digestibilidade.

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0

5

10

15

20

25

30

35

40

1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9

Gramíneas - Grass (A)

Teo

r de

MS

(%

)T

en

or

of

DM

(%

)

IL60N IL250N IC60N IC250N

0

5

10

15

20

25

30

35

40

2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6

Associações - Assoctions (B)

Teo

r de

MS (%

)Tenor

of D

M (%

)

IL60N IL250N IC60N IC250N

0

5

10

15

20

25

30

35

40

3.1 3.2 3.3 3.4

Associações - Assoctions (C)

Teo

r de

MS (%

)Tenor

of D

M (%

)

IL60N IL250N IC60N IC250N Figura 2 – Efeito do nível de nitrogênio (60 e 250kg de N/ha/ano) e intervalo de desfolha (IL- intervalo longo e IC- intervalo curto) sobre as

gramíneas puras (A) e as associações preconizadas pelo INRA (B) e (C), sobre os teores de MS. Associações ver Tabela 1 Figure 2 – Effect of the level of nitrigen (60 and 250kg of N/ha/Year) and interval of desfoliation (IL – long interval and IC - short interval) on the purities

grass (A) and the associations commend publicly by INRA (B) e (C), on the tenors of DM. Associations look Table 1.

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0

2

4

6

8

10

12

14

1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9

Gramíneas - Grass (A)

Teo

r de

PB

(%

)T

en

or

of

CP

(%

)

IL60N IL250N IC60N IC250N

0

2

4

6

8

10

12

14

2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6

Associações - Associations (B)

Teo

r de

PB

(%

)Tenor

of C

P (%

)

IL60N IL250N IC60N IC250N

0

2

4

6

8

10

12

14

3.1 3.2 3.3 3.4

Associações - Associations (C)

Teo

r de

PB

(%

)Tenor

of C

P (%

)

IL60N IL250N IC60N IC250N Figura 3 – Efeito do nível de nitrogênio (60 e 250kg de N/ha/ano) e intervalo de desfolha (IL- intervalo longo e IC- intervalo curto) sobre as

gramíneas puras (A) e as associações preconizadas pelo INRA (B) e (C), sobre os teores de PB. Associações ver Tabela 1. Figure 3 – Effect of the level of nitrigen (60 and 250 kg of N/ha/Year) and interval of desfoliation (IL – long interval and IC - short interval) on the purities

grass (A) and the associations commend publicly by INRA (B) e (C), on the tenors of CP. Associations look Table 1.

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0

10

20

30

40

50

60

1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9

Gramíneas - Grass (A)

Teo

r de

FD

N (

%)

Ten

or

of

ND

F (

%)

IL60N IL250N IC60N IC250N

0

10

20

30

40

50

60

2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6

Associações - Associations (B)

Teo

r de

FD

N (%

)Tenor

of N

DF

(%

)

IL60N IL250N IC60N IC250N

0

10

20

30

40

50

60

3.1 3.2 3.3 3.4

Associações - Associations (C)

Teo

r de

FD

N (%

)Tenor

of N

DF

(%

)

IL60N IL250N IC60N IC250N Figura 4 – Efeito do nível de nitrogênio (60 e 250kg de N/ha/ano) e intervalo de desfolha (IL- intervalo longo e IC- intervalo curto) sobre as

gramíneas puras (A) e as associações preconizadas pelo INRA (B) e (C), sobre os teores de FDN. Associações ver Tabela 1. Figure 4 – Effect of the level of nitrigen (60 and 250 kg of N/ha/Year) and interval of desfoliation (IL – long interval and IC - short interval) on the purities

grass (A) and the associations commend publicly by INRA (B) e (C), on the tenors of NDF. Associations look Table 1.

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100

0102030405060708090

100

1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9

Gramíneas - Grass (A)

Dig

estib

ilida

de "

in v

itro"

(%

)D

igest

ibil

iy "

in v

itre

" (

%)

IL60N IL250N IC60N IC250N

0102030405060708090

100

2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6

Associações - Associations (B)

Dig

estib

ilida

de "

in v

itro"

(%

)

Dig

estibiliy

"in

vitre

" (%

)

IL60N IL250N IC60N IC250N

0102030

40506070

8090

100

3.1 3.2 3.3 3.4

Associações - Associations (C)

Dig

estib

ilida

de "

in v

itro"

(%

)

Dig

estibiliy

"in

vitre

" (%

)

IL60N IL250N IC60N IC250N Figura 5 – Efeito do nível de nitrogênio (60 e 250kg de N/ha/ano) e intervalo de desfolha (IL- intervalo longo e IC- intervalo curto) sobre as

gramíneas puras (A) e as associações preconizadas pelo INRA (B) e (C), sobre a digestibilidade in vitro. Associações ver Tabela 1. Figure 5 – Effect of the level of nitrigen (60 and 250kg of N/ha/Year) and interval of desfoliation (IL – long interval and IC - short interval) on the purities

grass (A) and the associations commend publicly by INRA (B) e (C), on digestibility “in vitre”. Associations look Table 1.

Page 116: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

101

Na Tabela 2, estão representados os rendimentos acumulados (MS/ha) das

variedades de Azevém perene semeadas isoladamente ou em associações duplas ou

triplas, levando em consideração o ciclo produtivo (precoce, ½ tardio ou tardio).

Tabela 2. Médias e erro-padrão (EP) para o rendimento acumulado (MS/ha) para as

variedades de Lolium perenne puras e em associações nos dois modos de desfolha, intervalo longo (IL) e curto (IC) de corte, como nos dois níveis de nitrogênio, baixo e alto nitrogênio (60 e 250kg de N/ha/ano)

Table 2. Means and Standard-error (SE) to the accumulate yield (DM/ha) to the varieties of purities

Lolium perenne and in associations in the two form of desfolition, long interval (IL) and

short (IC) of cut, like your two levels of nitrogen, down and height nitrogen (60 and 250kg

of N/ha/year)

Associações* Associated*

IL60N IC60N IL250N IC250N IL IC Média Means

EP SE

1.1 4,70 4,78 10,59 8,72 7,64 6,75 7,20BA 0,78 1.2 4,32 4,64 9,95 8,61 7,14 6,63 6,88BAC 0,75 1.3 5,08 4,97 10,55 8,93 7,82 6,95 7,38A 0,75 1.4 3,92 3,43 9,73 7,80 6,83 5,62 6,22FGDEC 0,80 1.5 4,08 4,47 10,52 8,08 7,30 6,28 6,79BDAC 0,81 1.6 4,84 4,57 9,82 7,88 7,33 6,22 6,78BDAC 0,67 1.7 3,26 3,47 9,24 7,14 6,25 5,30 5,78FGEH 0,77 1.8 3,15 2,91 9,15 6,91 6,15 4,91 5,53GIH 0,80 1.9 2,92 2,65 7,87 6,34 5,40 4,50 4,95I 0,69 2.1 4,76 5,14 10,11 8,70 7,44 6,92 7,18BA 0,72 2.2 4,19 4,11 9,98 7,09 7,08 5,60 6,34FGDEC 0,75 2.3 3,39 3,53 8,91 6,81 6,15 5,17 5,66FGIH 0,72 2.4 4,55 4,35 10,21 8,03 7,38 6,19 6,78BDAC 0,75 2.5 4,08 4,63 9,89 8,48 6,99 6,55 6,77BDAC 0,75 2.6 3,72 4,14 8,86 7,51 6,29 5,83 6,06FGDEH 0,69 3.1 4,51 4,16 9,86 7,62 7,19 5,89 6,54BDEC 0,72 3.2 4,45 5,66 9,73 8,84 7,09 7,25 7,17BA 0,70 3.3 4,19 3,99 10,08 7,40 7,14 5,69 6,41FBDEC 0,77 3.4 3,38 2,81 8,67 6,63 6,02 4,72 5,37IH 0,75

4,10b 8,72a 6,87a 5,94b Médias seguidas de letras maiúsculas na coluna e letras minúsculas na linha diferem significativamente (P<0,05) pelo teste Tukey.*Associações (Tabela 1). Means followed by different letters in the column and same row differ (P<0,05) by the Tukey test. *Associations

(Table1).

Analisando-se os intervalos de desfolha, independentemente, dos níveis de

adubação, o intervalo longo apresentou maior (P<0,05) rendimento acumulado (6,87

MS/ha) em relação ao intervalo curto de desfolha (5,94 MS/ha).

Page 117: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

102

Da mesma forma que, analisando somente os níveis de adubação, o maior nível de

N (250kg de N/ha) propiciou maior (P<0,05) rendimento acumulado (8,72 MS/ha) em

comparação ao menor nível (4,10 MS/ha), que evidencia o melhor efeito do N nas

plantas forrageiras.

O incremento na produção da matéria seca, em decorrência da aplicação de

nitrogênio, foi relatado por vários autores (Caielli et al., 1991; Costa, 1995; Guerrero et

al., 1970; Monteiro e Werner, 1977).

Os maiores rendimentos acumulados foram observados nas variedades de azevém

perene de ciclo produtivo precoce, com 7,4 MS/ha para a variedade Belramo cultivada

isoladamente, e nas associações 2.1 e 3.2, média de 7,18 MS/ha (Hamilton + Vital e

Hamilton + Vital + Belramo).

Rendimentos acumulados em torno de 10 MS/ha foram observados em variedades

de ciclo precoce e ½ tardio dentro do intervalo longo de desfolha associado ao nível alto

de N (250kg de N/ha).

Conclusões

No primeiro ano de avaliação, os resultados encontrados demonstraram que as

variedades de ciclo tardio, associadas aos demais ciclos melhoraram a qualidade da

forragem. Entretanto, os maiores rendimentos acumulados foram observados nas

variedades de azevém perene de ciclo produtivo precoce (7,4ton MS/ha). O maior nível

da adubação nitrogenada contribui para o aumento nos teores de PB das gramíneas

puras e em associações, da mesma forma que o intervalo de corte teve influencia sobre o

conteúdo de parede celular, sendo os maiores teores observados no intervalo longo de

desfolha.

Page 118: EXPLORAÇÃO DE SISTEMAS FORRAGEIROS EM UM CONTEXTO …

103

Referências Bibliográficas

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VII - CONCLUSÃO GERAL

Os resultados obtidos nestes experimentos, acerca do valor nutritivo da silagem de

milho e das silagens de sorgo sobre o desempenho e digestibilidade aparente de vacas

leiteiras, ressaltam a importância da utilização do sorgo sobre o milho, quando se tem

uma condição menos favorável de solo e clima, que favorece a rusticidade e a

capacidade do sorgo em se adaptar a condições limitantes.

Para os demais ensaios realizados com associações de gramíneas e leguminosas, e

mesmo para uma cobertura vegetal composta de variedades de azevém perene, os

resultados obtidos dessas complexas associações constituíram um primeiro passo para a

otimização da utilização dessas nos sistemas de pastagens, a fim de contribuir para uma

melhora na qualidade, na durabilidade, no custo, no equilíbrio ambiental, no

desempenho animal e principalmente na qualidade do produto final para o consumidor.

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VIII - APÊNDICE