Fabulas - Esopo

7
 A águia e a seta Uma águia pousada num penhasco olhava com muita atenção para todos os lados procurando uma presa. Um caçador, escondido numa fenda da montanha e em busca de caça, viu a águia lá em cima e lançou uma seta. A haste da seta penetrou no peito da águia e atravessou seu coração. Pouco antes de morrer, a águia fixou os olhos na seta: - Ah, sorte ingrata! – exclamou. – Morrer desse jeito... Mas o mais triste é ver que a seta que me mata tem penas de águia! Do livro: Fábulas de Esopo Moral: As desgraças para as quais nós mesmos contribuímos são duplamente amargas. A cigarra e as formigas Num belo dia de inverno as formigas estavam tendo o maior trabalho para secar suas reservas de trigo. Depois de uma chuvarada, os grãos tinham ficado completamente molhados. De repente aparece uma cigarra: - Por favor, formiguinhas, me dêem um pouco de trigo! Estou com uma fome danada, acho que vou morrer. As formigas pararam de trabalhar, coisa que era contra os princípios delas, e perguntaram: - Mas por quê? O que você fez durante o verão? Por acaso não se lembrou de guardar comida para o inverno? - Para falar a verdade, não tive tempo – respondeu a cigarra. – Passei o verão cantando! - Bom... Se você passou o verão cantando, que tal passar o inverno dançando? – disseram as formigas, e voltaram para o trabalho dando risada. Do livro: Fábulas de Esopo Moral: Os preguiçosos colhem o que merecem. A Formiga e a Pomba Uma formiga fo i à margem do rio para beber ág ua e, se ndo ar rastada pela fo rte correnteza, estava prestes a se afogar. Uma pomba que estava numa árvore sobre a água, arrancou uma folha e a deixou cair na correnteza perto dela. A formiga subiu na folha e fl utuou em segurança até a margem. Pouco tempo depois, um caçador de pássaros veio por baixo da árvore e se preparava para colocar varas com visgo perto da pomba que repousava nos galhos alheia ao perigo.

Transcript of Fabulas - Esopo

Page 1: Fabulas - Esopo

5/9/2018 Fabulas - Esopo - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/fabulas-esopo-559bf60a32642 1/7

 

A águia e a seta

Uma águia pousada num penhasco olhava com muita atenção para todos os lados

procurando uma presa. Um caçador, escondido numa fenda da montanha e em busca de caça,

viu a águia lá em cima e lançou uma seta. A haste da seta penetrou no peito da águia e

atravessou seu coração. Pouco antes de morrer, a águia fixou os olhos na seta:

- Ah, sorte ingrata! – exclamou. – Morrer desse jeito... Mas o mais triste é ver que a seta

que me mata tem penas de águia!

Do livro: Fábulas de Esopo

Moral: As desgraças para as quais nós mesmos contribuímos são duplamente amargas.

A cigarra e as formigas

Num belo dia de inverno as formigas estavam tendo o maior trabalho para secar suasreservas de trigo. Depois de uma chuvarada, os grãos tinham ficado completamente molhados.De repente aparece uma cigarra:

- Por favor, formiguinhas, me dêem um pouco de trigo! Estou com uma fome danada, achoque vou morrer.

As formigas pararam de trabalhar, coisa que era contra os princípios delas, e perguntaram:

- Mas por quê? O que você fez durante o verão? Por acaso não se lembrou de guardar comida para o inverno?

- Para falar a verdade, não tive tempo – respondeu a cigarra. – Passei o verão cantando!

- Bom... Se você passou o verão cantando, que tal passar o inverno dançando? –disseram as formigas, e voltaram para o trabalho dando risada.

Do livro: Fábulas de Esopo

Moral: Os preguiçosos colhem o que merecem.

A Formiga e a Pomba

Uma formiga foi à margem do rio para beber água e, sendo arrastada pela fortecorrenteza, estava prestes a se afogar.

Uma pomba que estava numa árvore sobre a água, arrancou uma folha e a deixou cair nacorrenteza perto dela. A formiga subiu na folha e flutuou em segurança até a margem.

Pouco tempo depois, um caçador de pássaros veio por baixo da árvore e se preparavapara colocar varas com visgo perto da pomba que repousava nos galhos alheia ao perigo.

Page 2: Fabulas - Esopo

5/9/2018 Fabulas - Esopo - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/fabulas-esopo-559bf60a32642 2/7

 

A formiga, percebendo sua intenção, deu-lhe uma ferroada no pé. Ele repentinamentedeixou cair sua armadilha e, isso deu chance para que a pomba voasse para longe a salvo.

Do livro: Fábulas de Esopo

Quem é grato de coração sempre encontrará oportunidades para mostrar sua gratidão.

A gansa dos ovos de ouro

Um homem e sua mulher tinham a sorte de possuir uma gansa que todo dia punha um

ovo de ouro. Mesmo com toda essa sorte, eles acharam que estavam enriquecendo muito

devagar, que assim não dava. Imaginando que a gansa devia ser de ouro por dentro, resolveram

matá-la e pegar aquela fortuna toda de uma vez. Só que, quando abriram a barriga da gansa,

viram que por dentro ela era igualzinha a todas as outras. Foi assim que os dois não ficaram ricos

de uma vez só, como tinham imaginado, nem puderam continuar recebendo o ovo de ouro quetodos os dias aumentava um pouquinho sua fortuna.

Do livro: Fábulas de Esopo

Moral: Não tente forçar demais a sorte.

A gralha vaidosa

Júpiter deu a notícia de que pretendia escolher um rei para os pássaros e marcou uma

data para que todos eles comparecessem diante de seu trono. O mais bonito seria declarado rei.

Querendo arrumar-se o melhor possível, os pássaro foram tomar banho e alisar as penas

às margens de um arroio. A gralha também estava lá no meio dos outros, só que tinha certeza de

que nunca ia ser a escolhida, porque suas penas eram muito feias.

"Vamos ter que dar um jeito", pensou ela.

Depois que os outros pássaros foram embora, muitas penas ficaram caídas pelo chão; a

gralha recolheu as mais bonitas e prendeu em volta do corpo. O resultado foi deslumbrante:

nenhum pássaro era mais vistoso que ela. Quando o dia marcado chegou, os pássaros se

reuniram diante do trono de Júpiter; Júpiter examinou todo mundo e escolheu a gralha par rei. Já

ia fazer a declaração oficial quando todos os outros pássaros avançaram para o futuro rei e

arrancaram suas penas falsa uma a uma, mostrando a gralha exatamente como ela era.

Do livro: Fábulas de Esopo

Page 3: Fabulas - Esopo

5/9/2018 Fabulas - Esopo - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/fabulas-esopo-559bf60a32642 3/7

 

Moral: Belas penas não fazem belos pássaros

A lebre e a tartaruga

Um dia uma tartaruga começou a contar vantagem dizendo que corria muito depressa, que

a lebre era muito mole, e enquanto falava, a tartaruga ria e ria da lebre. Mas a lebre ficou mesmoimpressionada foi quando a tartaruga resolveu apostar uma corrida com ela.

"Deve ser só de brincadeira!", pensou a lebre.

A raposa era o juiz e recebia as apostas. A corrida começou, e na mesma hora, claro, a

lebre passou à frente da tartaruga. O dia estava quente, por isso lá pelo meio do caminho a lebre

teve a idéia de brincar um pouco. Depois de brincar, resolveu tirar uma soneca à sombra

fresquinha de uma árvore.

"Se por acaso a tartaruga me passar, é só correr um pouco e fico na frente de novo",

pensou.

A lebre achava que não ia perder aquela corrida de jeito nenhum. Enquanto isso, lá vinha

a tartaruga com seu jeitão, arrastando os pés, sempre na mesma velocidade, sem descansar 

nem uma vez, só pensando na chegada. Ora, a lebre dormiu tanto que esqueceu de prestar 

atenção na tartaruga. Quando ela acordou, cadê a tartaruga? Bem que a lebre se levantou e saiu

zunindo, mas nem adiantava! De longe ela viu a tartaruga esperando por ela na linha de

chegada.

Do livro: Fábulas de Esopo

Moral: Devagar e sempre se chega na frente.

A raposa e a cegonha

Um dia a raposa convidou a cegonha para jantar. Querendo pregar uma peça na outra,

serviu sopa num prato raso. Claro que a raposa tomou toda a sua sopa sem o menor problema,

mas a pobre da cegonha com seu bico comprido mas pode tomar uma gota. O resultado foi que acegonha voltou para casa morrendo de fome. A raposa fingiu que estava preocupada, perguntou

se a sopa não estava do gosto da cegonha, mas a cegonha não disse nada. Quando foi embora,

Page 4: Fabulas - Esopo

5/9/2018 Fabulas - Esopo - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/fabulas-esopo-559bf60a32642 4/7

 

agradeceu muito a gentileza da raposa e disse que fazia questão de retribuir o jantar no dia

seguinte.

Assim que chegou, a raposa se sentou lambendo os beiços de fome, curiosa para ver as

delícias que a outra ia servir. O jantar veio para a mesa numa jarra alta, de gargalo estreito, onde

a cegonha podia beber sem o menor problema. A raposa, amoladíssima, só teve uma saída:

lamber as gotinhas de sopa que escorriam pelo lado de fora da jarra. Ela aprendeu muito bem a

lição. Enquanto ia andando para casa, faminta, pensava: "Não posso reclamar da cegonha. Ela

me tratou mal, mas fui grosseira com ela primeiro".

Do livro: Fábulas de Esopo

Moral: Trate os outros tal como deseja ser tratado.

A raposa e a máscara

Um dia uma raposa entrou na casa de um ator e encontrou uma linda máscara no meio

de uma pilha de objetos usados no teatro. Encostando a pata na máscara, disse:- Que belo rosto temos aqui! Pena que não tenha cérebro.

Moral: Uma bela aparência não substitui o valor do espírito.

A raposa e as uvas

Morta de fome, uma raposa foi até um vinhedo sabendo que ia encontrar muita uva. A

safra tinha sido excelente. Ao ver a parreira carregada de cachos enormes, a raposa lambeu osbeiços. Só que sua alegria durou pouco: por mais que tentasse, não conseguia alcançar as uvas.Por fim, cansada de tantos esforços inúteis, resolveu ir embora, dizendo:

- Por mim, quem quiser essas uvas pode levar. Estão verdes, estão azedas, não meservem. Se alguém me desse essas uvas eu não comeria.

Do livro: Fábulas de Esopo

Moral: Desprezar o que não se consegue conquistar é fácil

A raposa e o corvo

Page 5: Fabulas - Esopo

5/9/2018 Fabulas - Esopo - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/fabulas-esopo-559bf60a32642 5/7

 

Um dia um corvo estava pousado no galho de uma árvore com um pedaço de queijo no

bico quando passou uma raposa. Vendo o corvo com o queijo, a raposa logo começou a matutar 

um jeito de se apoderar do queijo. Com esta idéia na cabeça, foi para debaixo da árvore, olhou

para cima e disse:

-Que pássaro magnífico avisto nessa árvore! Que beleza estonteante! Que cores

maravilhosas! Será que ele tem uma voz suave para combinar com tanta beleza! Se tiver, não há

dúvida de que deve ser proclamado rei dos pássaros.

Ouvindo aquilo o corvo ficou que era pura vaidade. Para mostrar à raposa que sabia

cantar, abriu o bico e soltou um sonoro "Cróóó!" . O queijo veio abaixo, claro, e a raposa

abocanhou ligeiro aquela delícia, dizendo:

-Olhe, meu senhor, estou vendo que voz o senhor tem. O que não tem é inteligência!

Do livro: Fábulas de Esopo

Moral: cuidado com quem muito elogia.

A raposa e o leão

Uma raposa muito jovem, que nunca tinha visto um leão, estava andando pela florestae deu de cara com um deles. Ela não precisou olhar muito para sair correndo desesperada nadireção do primeiro esconderijo que encontrou. Quando viu o leão pela segunda vez, a raposaficou atrás de uma árvore a fim de poder olhar para ele antes de fugir. Mas na terceira vez a

raposa foi direto até o leão e começou a dar tapinhas nas costas dele, dizendo:

- Oi, gatão! Tudo bem aí?

Do livro: Fábulas de Esopo

Moral: Da familiaridade nasce o abuso.

A reunião geral dos ratos

Page 6: Fabulas - Esopo

5/9/2018 Fabulas - Esopo - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/fabulas-esopo-559bf60a32642 6/7

 

Uma vez os ratos, que viviam com medo de um gato, resolveram fazer uma reunião

para encontrar um jeito de acabar com aquele eterno transtorno. Muitos planos foram discutidos e

abandonados. No fim um rato jovem levantou-se e deu a idéia de pendurar uma sineta no

pescoço do gato; assim, sempre que o gato chegasse perto eles ouviriam a sineta e poderiam

fugir correndo. Todo mundo bateu palmas: o problema estava resolvido. Vendo aquilo, um rato

velho que tinha ficado o tempo todo calado levantou-se de seu canto. O rato falou que o plano

era muito inteligente, que com toda certeza as preocupações deles tinham chegado ao fim. Só

faltava uma coisa: quem ia pendurar a sineta no pescoço do gato?

Do livro: Fábulas de Esopo

Moral: Inventar é uma coisa, fazer é outra.

A rosa e a borboleta

Uma vez uma borboleta se apaixonou por uma linda rosa. A rosa ficou comovida,

pois o pó das asas da borboleta formava um maravilhoso desenho em ouro e prata. Assim,

quando a borboleta se aproximou voando da rosa e disse que a amava, a rosa ficou coradinha e

aceitou o namoro. Depois de um longo noivado e muitas promessas de fidelidade, a borboleta

deixou sua amada rosa. Mas ó desgraça! A borboleta só voltou muito tempo depois.

- É isso que você chama fidelidade? – choramingou a rosa. – Faz séculos que você

partiu, e além disso você passa o tempo de namoro com todos os tipos de flores. Vi quando você

beijou dona Gerânio, vi quando você deu voltinhas na dona Margarida até que dona Abelha

chegou e expulsou você... Pena que ela não lhe deu uma boa ferroada!

- Fidelidade!? – riu a borboleta. – Assim que me afastei, vi o senhor Vento beijando

você. Depois você deu o maior escândalo com o senhor Zangão e ficou dando trela para todo

besourinho que passava por aqui. E ainda vem me falar em fidelidade!

Do livro: Fábulas de Esopo

Moral: Não espere fidelidade dos outros se não for fiel também.

A velha e suas criadas

Uma viúva econômica e zelosa tinha duas empregadas. As empregadas da viúva

trabalhavam, trabalhavam e trabalhavam. De manhã bem cedo tinham que pular da cama, pois

Page 7: Fabulas - Esopo

5/9/2018 Fabulas - Esopo - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/fabulas-esopo-559bf60a32642 7/7

 

sua velha patroa queria que começassem a trabalhar assim que o galo cantasse. As duas

detestavam ter que levantar tão cedo, especialmente no inverno, e achavam que se o galo não

acordasse a patroa tão cedo talvez pudessem dormir mais um pouco. Por isso pegaram o galo e

torceram seu pescoço. Mas não estavam preparadas para as conseqüências do que fizeram.

Porque o resultado foi que a patroa, sem o despertador do galo, passou a acordar as criadas

ainda mais cedo e punha as duas para trabalhar no meio da noite.

Do livro: Fábulas de Esopo

Moral: Muita esperteza nem sempre dá certo.

As árvores e o machado

Um lenhador foi até a floresta pedir às árvores que lhe dessem um cabo para seumachado. As árvores acharam que não custava nada atender ao pedido do lenhador e na mesma

hora resolveram fazer o que ele queria. Ficou decidido que o freixo, que era uma árvore comum e

modesta, daria o que era necessário. Mas, assim que recebeu o que tinha pedido, o lenhador 

começou a atacar com seu machado tudo o que encontrava pela frente na floresta, derrubando

as mais belas árvores. O carvalho, que só se deu conta da tragédia quando já era tarde demais

para fazer alguma coisa, cochichou para o cedro:

- Foi um erro atender ao primeiro pedido que ele fez. Por que fomos sacrificar nosso

humilde vizinho? Se não tivéssemos feito isso, quem sabe viveríamos muitos e muitos anos!

Do livro: Fábulas de Esopo

Moral: Quem trai os amigos pode estar cavando a própria cova.