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FACULDADE CATÓLICA DE ANÁPOLIS CURSO DE TEOLOGIA MARTINHO FAZENDA DUCAL EXPOSIÇÃO BIBLICA: UM DESAFIO À IGREJA ATUAL ANAPOLIS 2014

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FACULDADE CATÓLICA DE ANÁPOLIS

CURSO DE TEOLOGIA

MARTINHO FAZENDA DUCAL

EXPOSIÇÃO BIBLICA: UM DESAFIO À IGREJA ATUAL

ANAPOLIS

2014

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MARTINHO FAZENDA DUCAL

EXPOSIÇÃO BIBLICA: UM DESAFIO À IGREJA ATUAL

Trabalho de Conclusão de Curso para a

obtenção do diploma de Bacharelado em

Teologia da Faculdade Católica de

Anápolis - GO

Orientador: Dr. Frei Flávio Pereira Nolêto,

O.F.M.

ANAPÓLIS

2014

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FOLHA DE APROVAÇÃO

MARTINHO FAZENDA DUCAL

Exposição Bíblica: Um desafio à igreja atual

Trabalho de Conclusão de Curso para a

obtenção do diploma de Bacharelado em

Teologia da Faculdade Católica de

Anápolis – GO, apresentado em _____

janeiro de 2014 e aprovado com a nota

_____.

BANCA EXAMINADORA

1._______________________________

2._______________________________

3._______________________________

ANÁPOLIS

2014

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Minha querida Mãe M’ Nar

Nhabna, minha heroína; ao meu Pai Fazenda Ducal,

meu herói; ao meu primo Pastor Joaquim Correia e

toda a sua família, pela inspiração, apoio tanto moral

quanto espiritual e material que sempre me deram; e

aos meus irmãos Romão Fazenda Ducal; João

António Ducal; Humaro Fazenda Ducal, pelo apoio e

encorajamentos recebidos durante essa jornada

penosa, e enfim; a todos os meus amigos e colegas

que também foram decisivos nessa trajetória.

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AGRADECIMENTOS

Ao Eterno Deus, que pela sua graça e misericórdia,

me salvou e me deu o privilégio de participar na Sua

obra.

Aos meus pais Fazenda Ducal e M’ nar Nhabna,

pelo carrinho e a dedicação com que me educaram,

pelo exemplo de vida que foram, e por me amarem

intensamente;

Ao meu primo Pr. Joaquim Correia, pelo amor,

carrinho, respeito, confiança, apoio moral, Espiritual

e material, e o exemplo de vida;

Aos meus irmãos Romão Fazenda Ducal, João

António Ducal, Humaro Fazenda Ducal, pelo apoio e

encorajamento nesta jornada de estudo;

Dr. Fr.Flávio Pereira Nolêto, O.F.M. que

pacientemente orientou este trabalho;

À família Bezerra, por tudo que fizeram por mim;

Ao meu tutor Rev. Heliel Gomes de Carvalho, um

exemplo vivo da irmandade em toda e qualquer

situação, Irmão, Amigo e Pai na fé. E a quem devo

muita gratidão pelo que sou hoje academicamente;

Ao meu grandíssimo amigo Randerson Aguiar, um

verdadeiro companheiro da jornada;

À igreja Presbiteriana Antioquia de Anápolis – Go,

pela confiança depositada em mim e pela

oportunidade de crescer que me deram;

E a Faculdade Católica de Anápolis – GO, por me

proporcionar o crescimento.

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RESUMO

No imaginário de muitos, ser um bom ministro de Deus quer dizer lotar o

templo de fiéis. O numero dos fiéis tornou-se hoje a evidência de que o ministro é

bom ou não. Ser bom ministro de Deus atualmente depende da quantidade dos fiéis

que você congrega. Iludidos com essa falsa verdade, a maioria dos ministros tem

feito um esforço incalculável para lotar suas igrejas. Como consequência, o fator

espiritual, deixou de ser relevante para muitos. Poucos ministros tem se preocupado

hoje com o crescimento espiritual dos seus membros em detrimento do crescimento

numérico. Poucos ministros se preocupam hoje com o alimento espiritual dos seus

membros. O presente artigo pretende refletir sobre a pregação expositiva como o

grande desafio à igreja atual. O artigo pretende desafiar os ministros de Deus, a

olharem para a pregação expositiva, como uma das formas mais seguras de se

expor as Escrituras Sagradas com fidelidade.

PALAVRAS – CHAVE: Pregação expositiva, pregador, crescimento espiritual.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................... 07

I - A PREGAÇÃO EXPOSITIVA E O CRESCIMENTO DA IGREJA........................10

1.1. O QUE É A PREGRAÇÃO EXPOSITIVA............................................................10

1.2. A HISTÓRIA DA PREGAÇÃO EXPOSITIVA......................................................14

II -A PREGAÇÃO EXPOSITIVA E O CRESCIMENTO ESPIRITUAL DA IGREJA...21

III. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................28

IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................31

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INTRODUÇÃO

Muito mais que a atitude de fazer, deve-se pensar no por que fazer. Muito mais

que importante, a motivação para fazer o que se faz, é imprescindível. Nada do que

se faz, faz-se eficazmente e como deve ser, sem uma boa motivação. Dependendo

da motivação para fazer, o feito pode ser útil ou inútil. Principalmente, quando se

trata de fazer para Deus. Ciente de que a nossa existência deve-se a Deus e a

razão do nosso viver é o cumprimento do grande propósito de Deus tanto em nível

pessoal quanto em nível coletivo, sempre procuramos fazer ajustes em nossas

motivações antes de fazer qualquer coisa que fazemos. Principalmente, quando

vamos fazer algo que mais gostamos de fazer. Pois entendemos que o gosto

pessoal nosso sempre andou e andará de mãos dadas com o orgulho e vanglória.

Por isso, muito antes de nos preocupar em escolher este tema, preocupamos

mais com o por quê dele. O motivo e o público alvo pesaram mais na definição deste

trabalho. Primeiro, a atual conjuntura sócio eclesiástico que atravessamos. Creio

que não se trata de segredo para ninguém, que nós vivemos numa época em que os

nossos princípios e valores estão sendo fortemente questionados, tudo, por causa

do déficit existente no setor do ensino das sagradas escrituras. Os nossos Mestres

parecem perder o referencial, e como consequência disso, nós compomos uma

igreja cada dia mais distante das verdades divinas segundo os desafios que nos

aguardam no futuro. Pois a quantidade assustadora de pregadores ineficientes que

os Seminários têm gerado nestas duas últimas décadas, o reflexo dessa ineficiência

no seio eclesiástico, o crescente índice de blasfêmia contra o nome de Deus como

consequência do barulho que é feito nos púlpitos das nossas igrejas em nome de

Deus, e que nitidamente, não tem absolutamente nada haver com Deus,

simplesmente representam, grandes desafios que teremos deenfrentar futuramente.

Por acarretarem certos problemas que naturalmente, agudizarãocom o passar do

tempo e que poderão pôr muito mais em jogo a nossa identidade com igreja.

Terceiro e último, o desejo ardente posto no meu coração por Deus, de servi-lo

na área de formação e capacitação de obreiros com o chamado para o ministério

pastoral ou do ensino de medo geral. O meu grande desejo com o estudo deste

tema éme informarmelhorpara poder contribuir futuramente na formaçãoqualificada

dos futuros obreiros tanto em Guiné-Bissau como na África em geral, e auxiliar no

crescimento espiritual da igreja ali. Despertando os Ministros que ali atuam para a

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necessidade e urgência do ensino das Escrituras expositivamente na igreja,

mostrando os benefícios dele, neste caso: o crescimento espiritual e a construção

duma fé sólida, eficaz e capaz de fazer em face de qualquer tipo de corrente

doutrinária extra bíblica. Por isso, um dos primeiros desafios que abracei após a

confirmação do meu chamado para o pastorado em 2001, foi de dedicar para

capacitar-me a fim de um dia poder contribuir na formação tanto acadêmica quanto

espiritual do povo de Deus no espaço geográfico aonde Ele irá me colocar. Razão

pela qual, desde então, sempre procurei separar o tempo para ler e pesquisar sobre

alguma área em que posso atuar futuramente. E nesta jornada de leitura e pesquisa,

me apaixonei pela Homilética e Hermenêutica. Hoje, pela graça de Deus, na minha

bibliotecamais de um terço das obras são voltados a esse campo (Homilética e

Hermenêutica).

Tudo isso por entender que ser Ministro da Palavra de Deus é muito mais que

uma mera e simples responsabilidade. É um privilégio. Pois diante de uma

responsabilidade, nós agimos com reverência sob pena de não sermos penalizados

ou retirados a confiança gerencial. Agora, quando se trata de um privilégio, faz-se

necessário, reverência, temor e tremor. Por se tratar do penhor ou comprovante do

depósito da confiança de alguém (Deus) em nós, mesmo quando não merecíamos!

Pregar a Palavra é a maior evidência de admissão do Senhorio de Jesus Cristo na

nossa vida, e pregar expositivamente, é uma das vias mais eficientes que temos

para transmitir as Escrituras com lealdade. Visto que é muito incongruente dizer que

confessamos o Senhorio de Cristo na nossa vida, e sermos infiéis à Sua Palavra

enquanto Ministros! Confessar Cristo como Senhor e soberano da nossa vida, exige

também a fidelidade na transmissão da Sua Palavra. O que só é possível por

intermédio da pregação expositiva.

E, para uma geração de crentes como a nossa, inserida numa sociedade da

informação em grande volume e com extrema rapidez, e numa sociedade onde o

biblicamente sonoro é julgado à luz do socialmente falando, faz-se necessário a

aquele que se disponibiliza a ser um Ministro da Palavra, prime pela excelência. E

ser excelente na transmissão das Escrituras, exige pregar expositivamente. Visto

que para pregarmos o que a Bíblia diz, precisamos levar cativos todos os nossos

conhecimentos e ideias humanas em obediência à vontade de Deus e deixar que

Ele fale por intermédio da Sua Palavra, e que nós sejamos apenas instrumentos em

Suas mãos.

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I - A PREGAÇÃO EXPOSITIVA E O CRESCIMENTO DA IGREJA

1.1. O QUE É A PREGRAÇÃO EXPOSITIVA

Apesar de não ser a opção de muitos ministros, por ser penosa, a pregação

expositiva ainda assim, é um dos parceiros mais ideais e eficazes para aquele que

vela pela fidelidade na preparação e entrega da mensagem. Por se tratar do tipo da

pregação que ajuda o pregador a transmitir apenas a Palavra de Deus. De acordo

com LOPES, 2005, p.21-22:“a Exposição quer dizer trazer à luz o que existe. A

palavra “exposição” deriva-se do termo Latino expositio, que significa ‘divulgar’,

‘publicar’ ou ‘tornar acessível’”.O sermão expositivo é um sermão que extrai uma

mensagem da Escritura, e a torna acessível aos ouvintes contemporâneos. E que as

raízes da pregação expositiva estão firmemente arraigadas nas Escrituras.

Um conceito simplesmente, fascinante, e que precisa estar bem patente na

mente de todos os atuantes já, dessa área, e até mesmo; dos aspirantes. Pregar a

Palavra não é falar de algo novo e muito menos, inventar, como às vezes caímos na

tentação de fazer; mas sim; explicar algo já dito. O papel do pregador da Palavra

não é de complicar, e sim, de facilitar. Gostei muito da ideia de tornar acessível. A

missão do pregador é tornar acessível à Palavra aos ouvintes. Por isso, pregar

expositivamente é sempre fundamental. Porque no sermão expositivo, o desafio do

pregador não é a fidelidade com o tema escolhido, mas sim com a porção do texto

separado. Neste tipo de sermão, o pregador não insere o texto no tema, e sim o

tema no texto. Neste tipo de sermão, é o texto que gera e explica o tema.Segundo

BRAGA, 2002, p.47:

O sermão expositivo é aquele em que uma porção mais ou menos extensa da Escritura é interpretada em relação a um tema ou assunto. A maior parte do material deste tipo de sermão provém diretamente da passagem, e o esboço consiste em uma série de ideias progressivas que giram em torno de uma ideia principal.

O sermão expositivo ao contrário dos demais outros sermões existentes, nasce

e é desenvolvido dentro de uma porção das Escrituras restrita a um assunto único.

Porém, durante o seu desenvolvimento, ele lança mão dos outros textos que

abordam o mesmo assunto para a sua argumentação. É um tipo de sermão que

toma em consideração a Escritura como toda. Por isso falar dele, não é falar de algo

novo ou que nunca existiu. É apenas falar de algo que sempre esteve presente ao

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longo de toda história do cristianismo. LOPES, 2005, p.22 tem razão quando disse

que:

A pregação expositiva, segundo a literatura, não é uma inovação dos especialistas em Homilética, mas uma volta às origens bíblicas. Para aprendê-la, a pessoa precisa, antes de tudo, observá-la nas Escrituras. E que a Bíblia prescreve o conteúdo singular e o modelo supremo para a pregação.

Mastigando o conceito em si, dá para perceber que a pregação expositiva é um

tipo de pregação que não apenas convida e conduz o pregador a dizer exatamente

àquilo que o escritor ou autor da passagem está dizendo, mas que também o intima

a velar pela consideração, respeito e obediência ao texto. Prende a pessoa do

pregador dentro das ideias e das verdades que estão sendo ditas pelo texto e o

ajuda a transmiti-las sem o perigo de adicionar ou subtrair algo.

1.2. A HISTÓRIA DA PREGAÇÃO EXPOSITIVA

Para saber mais sobre a pregação expositiva, precisamos voltar às raízes

bíblicas. Precisamos fazer uma viagem de volta ao nosso passado. Segundo

LOPES, 2005, p. 21:

A maioria dos pregadores famosos da história usou a exposição bíblica. A pregação Bíblica parece ser o melhor estilo de pregar as Escrituras e o melhor meio de proclamar a Palavra de Deus de modo integral e fiel. As suas sementes podem ser vistas desde o Antigo Testamento.

É um pouco complexo falar da integridade na proclamação da palavra de

Deus, sem frisar ou enfatizar a exposição. O próprio nome parece já dizer tudo.

Exposição. Ninguém expõe algo novo. Tudo que é exposto é porque já existe. E

quando se trata das Escrituras, isso fica ainda mais fácil de compreender. Visto que

elas são a revelação de Deus, e a sua mensagem a humanidade. O que implica que

ao pregador enquanto o agente mandatário, não compete o papel de trazer a

existência algo que jamais foi dito. Simplesmente, pega e transmite aquilo que está a

seu dispor. E é nesse âmbito que a questão da exposição torna-se não apenas

importante, mas também imprescindível. A pregação da Palavra de Deus exige uma

dedicação total. Dedicação total para poder transmiti - lá ou expô-la com integridade,

que é tudo que se espera de um mensageiro. LOPES, 2005, p.28 afirma:

Os Apóstolos eram acima de tudo pregadores e dedicavam-se ao Ministério da Palavra de Deus e da oração. Decidiram: ‘E, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao Ministério da Palavra’(At 6,4). Não só liderança a da igreja primitiva cuidou da pregação, como também os que

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criam em Jesus. A pregação é uma característica do cristianismo. O povo de Deus é centrado na Bíblia. Tanto o Novo Testamento quanto o Antigo Testamento enfatizam a pregação. Estudos cuidadosos dos documentos indicam 221 referencias à pregação no Novo Testamento. O vocabulário Grego para descrever a pregação abrange 37 verbos diferentes. Por exemplo: ‘Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os Apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria [...] Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a Palavra’(At 8,1-4).

Quando lemos sobre a história do cristianismo, realmente percebemos que

desde sempre ouve altos e baixos. No entanto, não nos surpreendemos com o fato,

pois a própria Escritura já prescrevia isso desde o eterno passado, quando disse que

“Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por

aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (João 16, 33). Sempre ouve

pressões, lutas e provações. Mais, como nos assegurou o próprio Senhor da Igreja:

“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e

as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16,18). E realmente “as

portas do inferno” nunca “prevaleceram contra” a Igreja. Os Estados se levantaram,

passaram, os Reis se levantaram, passaram, e as nações se levantaram, e

passaram, no entanto; a Igreja do Senhor e a proclamação do Seu Reino

prosseguem. LOPES, 2005, p. 46-47 enfaticamente afirma:

Deus sempre teve um remanescente fiel na história. Depois de um longo período de apostasia, o Senhor Todo-poderoso levantou vários líderes no período da pré-reforma comprometido com a pregação expositiva. Entre eles achava-se John Wycliffe (1330-1384), que se preocupava profundamente com a divulgação da Palavra de Deus. Wycliffe acusou a pregação dos seus contemporâneos, declarando que todos os sermões que não tratassem das Escrituras deviam ser rejeitados. Outros, como John Huss (1373-1415) e Giloramo Savonarola (1452-1498), tornaram-se estudiosos e pregadores das Escrituras. UlrichZ winglio (1484-1531) era dedicado à pregação expositiva. Ele começava com o Evangelho de Mateus e o pregava inteiro, versículo por versículo, dia após dia, durante o ano todo. Martinho Lutero (1483-1546) foi um Gênio, e todo o seu trabalho – ensinar, pregar debater, preparar panfleto, tradução e composição de hinos – mostra essa marca. Poucas pessoas influenciaram mais a história do que Martinho Lutero. Ele demonstrou igualmente profundo compromisso coma a Escritura. Em sua famosa réplica diante da Dieta de Worms, Lutero afirmou: ‘A minha consciência é cativa da Palavra de Deus’.

Duas verdades ficaram bem explicitas aqui. Primeiro não há um verdadeiro

comprometimento com Deus sem o ensino genuíno da Palavra. Segundo, não existe

expositor da Palavra, sem um comprometimento com Deus. Apenas o compromisso

sério com Deus é capaz de despertar o desejo de expor a Sua palavra com

fidelidade. Desejo esse, que somente a exposição bíblica é capaz de estimular.

Para comprovar essa tese, Rev. Hernandes usa a figura do grande reformador João

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Calvino. Segundo LOPES, 2005, p. 50, o expositor mais importante da reforma foi

João Calvino. Como omeleta, Calvino considerava a pregação e a explicação das

Escrituras. Pois as palavras das Escrituras são fonte do conteúdo da pregação. De

acordo com a observação LAWSON, 2008, p.33:

Sempre que Calvino assumia o púlpito de Saint Pierre, isso era considerado uma ocasião momentosa. Mas o que tornava a sua proclamação das Escrituras tão distinta? Quais as particularidades que tornavam a sua pregação tão bem sucedida? Todo pregador que expõe a Palavra de Deus leva consigo, para o púlpito, valores essenciais. Estes inevitavelmente moldam a sua pregação. O seu Ministério é governado pelo o entendimento que ele tem das Escrituras, pelo lugar que ele concede a pregação e pela sua concepção de como esta deve ser conduzida. Calvino não era uma exceção. As suas crenças sobre a palavra de Deus e a centralidade das Escrituras na vida da igreja definiam a sua pregação muito antes de ele levantar-se para expor a Palavra.

Aqui fica bem claro que para ser a ‘boca de Deus’, o pregador precisa se

apropriar da Palavra de Deus e que uma boa exposição, depende muito do lugar

que o pregador concede a pregação. Tomando em consideração tudo isso, o

pregador precisa ainda lançar mão da humildade, simplicidade, e piedade. Para que

ao expor as Escrituras, a sua mente seja levada cativa à obediência a vontade de

Deus. Uma atitude bem patente tanto na vida dos reformadores quanto na dos

puritanos. Concordo com LOPES, 2005, p.53-55, quando disse que:

Os Puritanos são os herdeiros legítimos da reforma. O Puritanismo foi um movimento da reforma na igreja da Inglaterra que iniciou no século XVI e floresceu no século XVII, mas ainda se projeta até os nossos dias. Eles viveram numa era turbulenta e fortaleceram-se debaixo de terríveis opressões, perseguições e martírio.

Realmente, os puritanos merecem ser referidos como os herdeiros legítimos da

reforma. Não apenas, por se tratar de uma geração pós-reforma, mas, pelo que

fizeram. Pela revolução que causaram na pregação da Palavra, e pelo impacto que

teve as suas pregações.A geração dos puritanos é única geração após a dos

reformadores, que conseguiu influenciar e marcar tanto a sua época quanto as

épocas vindouras. É obvio que após eles, ouve grandes nomes como John Piper,

John Stott e outros que fazem a diferença. Mais tanto quanto fizeram os puritanos,

talvez, não. Até porque todos estes, foram inspirados e tiveram como referencial, os

puritanos.

1.3. A IMPORTÂNCIA DA PREGAÇÃO EXPOSITIVA

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Segundo LACHLER, 1990, p. 53: “O valor da pregação expositiva reside no

fato de que Deus falou o máximo e o pregador o mínimo”. A sua ideia parecia tão

perfeita e genial até quando ele achou que o pregador fala alguma coisa na

pregação expositiva. Porque o pregador na verdade, não fala absolutamente nada

no sermão expositivo. O que ele faz que talvez Lachler deixou escapar, é transmitir a

Palavra contextualmente. O pregador que prega expositivamente simplesmente

contextualiza e transmite a palavra. Porque se dissermos que ele fala alguma coisa,

a impressão que fica é que ele dividiu as ideias com Deus. O que jamais acontece. E

já em outras ocasiões, o próprio LACHLER, 1999, p.53, parece pegar bem no cerne

da coisa. Quando diz que:

Quando o Espírito Santo inspirou o Apóstolo Paulo a escrever ‘prega a Palavra’ (2 Timóteo 4,2), ele tinha boas razões. Afinal, Deus falou coisas dignas de serem ouvidas. Ele falou sobre assuntos de interesse de toda a humanidade com exatidão espantosa. ‘Pregue a palavra’ é uma frase que exprime a convicção e convoca à exposição. Há muitas vantagens na pregação expositiva que abrangem livros da Bíblia. Além de obedecer um mandamento claro de Deus e encontrar paz, o expositor experimenta muitas outras vantagens práticas. A pregação expositiva baseada nos livros da Bíblia nos livra da tarefa dúbia de inventar temas para a pregação a cada domingo. A invenção de temas é um trabalho que consome o tempo e devora a nossa energia. E quem pode ter certeza de que o tema selecionado é a escolha de Deus? Mesmo esta sombra de dúvida mina a nossa convicção espiritual necessária para pregarmos estes temas. A pessoa que prepara sermões a partir de um livro da Bíblia já tem um tema geral dado por Deus, ao lado de outros temas de apoio nos parágrafos da pregação. Nada disso depende da invenção humana. Com um recurso rico como este, o pregador não precisa esgotar as suas energias para provar a sua capacidade de inventar. Ele fica livre para estudar o parágrafo da pregação na qualidade de palavra de Deus. Ele tem liberdade para decifrar o tema divinamente o oposto das dúvidas incomoda que muitas vezes acompanham temas arquitetados pelo homem.

Se pararmos para pensar no tamanho esforço mental e na tamanha luta

psicológica enfrentada pelo pregador para formular temas e desenvolver assuntos

capazes de corresponder às expectativas dos ouvintes e preencher o vazio da sua

alma, certamente perceberemos algo muito maior que o consumo do tempo e da

energia realçados aqui. Perceberemos que a atitude de pregar tematicamente, não

apenas consome o nosso tempo e a nossa energia, mas também, nos conduz ao

extremismo e aos equívocos, na medida em que nos torna quase que escravos das

nossas ideias e das filosofias. Além disso, nós corremos o risco de cair numa outra

tentação, a de ser mensageiro dos homens e não de Deus. A partir do momento em

que o pregador passa a se preocupar mais com as pessoas do que com Deus; a

partir do momento em que ele começa a se preocupar mais com o que as pessoas

vão achar de si, o que vão dizer de si, ele, automaticamente, começará a preocupar-

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se menos com a sua responsabilidade diante de Deus como mensageiro d’Ele. O

seu esforço passará a ser mais em prol do público do que da própria Palavra,

passando a pensar e agir mais para agradar a platéia e ser reconhecido, do que

para agradar a Deus como dono da mensagem e fazer a Sua vontade. Gostei muito

da colocação de MARINHO, 1999, p. 201-203, quando disse:

Que a pregação expositiva é a comunicação de um conceito bíblico, derivado e transmitido por meio de um estudo histórico, gramatical e literário e uma passagem no seu contexto, que o Espírito Santo primeiro aplica à personalidade e experiência do pregador, e depois, por meio dele, aos seus ouvintes.

Pregar a Bíblia, não é achar o que ela disse, e sim, dizer o que ela diz! Por

isso, a pregação jamais pode e deve ser encarada como momento mágico. Pregar

não é trazer à existência algo novo, como muitos pensam e dizem. Pregar é explicar

aquilo que já foi dito, é aproximar o ouvinte da mensagem, e é facilitar a

compreensão do receptor! Sendo assim, antes de pregar, o pregador precisa

mergulhar plenamente no sobrenatural celestial, procurando compreender primeiro o

que ali se encontra, absorvendo o máximo para si, para depois pensar em penetrar

na mente dos seus ouvintes e fazê-los compreender e absorver a mensagem.

Nenhum sermão que visa denunciar o pecado e anunciar as verdades sagradas

deve ser preparado com a intenção de trazer algo novo e diferente. Dizer algo que

jamais foi dito, impressionar a platéia, e causar o estrondo; nunca deve ser a

motivação do pregador para subir no púlpito! Porque ao pregar, o pregador não

prega a sua palavra, e sim, a de Deus, não prega as suas ideias, e sim, as de Deus,

não prega para se apresentar, e sim, para apresentar a Deus, não prega para se

exaltar, e sim, para exaltar a Deus, e não prega para ser engrandecido, e sim, para

mostrar a grandeza de Deus. KOLLER,1999, p. 24-25, talvez para não menosprezar

os outros tipos de sermões existentes e pregados, diz:

A pregação expositiva é apenas um dos vários tipos de pregação que tem sido poderosamente utilizados e poderosamente abençoados por Deus. O estudo dos grandes sermões da literatura sacra revela tanta sobreposição entre estes tipos que torna impossível uma classificação estrita. Ela tem potencial para a benção e o enriquecimento do pastor e do povo. A prédica expositiva alimenta a alma. Familiarizando os ouvintes com a verdade bíblica, o pregador acumula recursos espirituais muito além dos objetivos imediatos do sermão. Os nutricionistas estão usando a expressão, ‘bomba-relógio nutricional’, com referencia as deficiências nutricionais particulares que podem permanecer ocultas durante anos e então, de repente, se manifestar em grave enfermidade. Essa é a experiência dos espiritualmente subnutridos que, sob a pressão de uma perda ou catástrofe, repentinamente descobrem que a alma está fraca demais para sobrepor-se à tempestade.

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EBRAGA, 2002, p.47, para enfatizar a tamanha relevância da pregação

expositiva, disse que: “o sermão expositivo é o modo mais eficaz de pregação,

porque, mais que todos os outros tipos de mensagens, ele com o tempo, produz

uma congregação cujo ensino é fundamentado na Bíblia”. Ao expor a Sagradas

Escrituras, o Ministro cumpre a função primaria da pregação, a saber, interpretar a

verdade bíblica. O que nem sempre se pode dizer dos outros tipos de sermões.

Tanto Charles W. Koller quanto James Braga, estavam certos. Porém, prefiro mais à

lógica do Braga, por questões de precaução. Visto que com o sermão expositivo,

existem menos possibilidades para a especulação e o antropocentrismo, e mais

possibilidades para o teocentrismo e a edificação da congregação. Agora, é obvio

que o agir de Deus não depende apenas do tipo do sermão pregado. Quando Ele

quer agir, age independentemente, do certo ou errado humanamente falando.

Segundo DEL PINO, 2005, p.11:“o Apóstolo Paulo, aconselhando o jovem pregador

Timóteo, diz: ‘Expondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus,

alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido’(1 Tm 4,6).

Para clarear ainda mais a questão LIEFELD, 1988, p.15, mostra que:

O aspecto mais importante da pregação expositiva é que ela combina com a revelação de Deus e a sua vontade. Considerando a subjetividade do pregador, às limitações da mente humana, os efeitos do pecado até sobre os nossos melhores pensamentos, e os danos que o subjetivismo está causando na teologia moderna. É mais provável que um sermão contenha algum erro de julgamento ou sobre um fato, do que não o tenha. Por esta razão, quanto mais perto nós ativermos da Palavra revelada por Deus, menos suscetíveis seremos ao erro. Embora com isso, não significa que a mensagem expositiva é o único tipo válido do sermão. Só está se mostrando que quanto mais próximo nos mantiver da Escritura em seu contexto, menos probabilidade terá de errar, e tanto mais certa será a declaração da verdade divina.

A pregação expositiva tem múltiplas relações com a Hermenêutica e a

Exegese. Juntos, facilitam o pregador na transmissão da mensagem com mais

profundidade e dentro de uma lógica. Pois torna fácil a compreensão do leigo. Por

isso, ela não é apenas importante na medida em que facilita a platéia ou os ouvintes

na absorvibilidade das verdades das Sagradas Escrituras, ela também exerce um

papel extremamente fundamental no âmbito da formação intelectual e espiritual dos

membros. De acordo com DEL PINO, 1988, p.11-12:

Ao se propor um Ministério Pastoral que leve a sério a exposição bíblica como a sua principal característica, toca-se na questão da formulação de um programa de exposição sistemática das Escrituras para a igreja local.

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Parafraseando o Apóstolo Paulo, se quisermos ser obreiros aprovados por

Deus e que manejam bem a Palavra (cf. II Tm 2,15), o conselho talvez não seja de

abrir mão dos outros tipos de sermões, para evitar a ideia do radicalismo extremista;

mas precisamos dar prioridade a sermão expositivo, e, formular um programa de

exposição sistemática, assim como nos aconselha Rev. Del Pino. Por ser o tipo de

sermão que mais ajuda o pregador a proferir as verdades Sagradas com tanta

profundidade, muita propriedade,sem desrespeitar o contexto em que elas foram

ditas e muito menos agredir a integridade da pregação. Para comprovar tal

verdade,LIEFELD, 1988, p.15 afirma:

Outro aspecto importante da pregação expositiva é que ela ensina a Palavra de Deus no contexto escolhido pelo Espírito Santo. Todo o estudioso da Bíblia sabe que o contexto é importante. E é difícil dar a devida atenção para o contexto, produzi-lo e reproduzi-lo para a igreja, a não ser que estejamos fazendo uma exposição detalhada. Será que isto quer dizer que temos que escolher entre uma mensagem tópica e uma expositiva? Não. As duas são certamente diferentes em seu formato básico, mas, é possível incluir uma ou mais ‘pequenas exposições’ em um esboço tópico. É claro que há certo perigo em extrair princípios ou em citar versículos fora do seu contexto para dar apoio ao nosso ponto de vista.

Não existe como pregar a Palavra com vigor e coerência sem respeitar o

contexto em que o autor escreveu. Muitos equívocos que acontecem nos nossos

púlpitos hoje são frutos de tentativas de ignorar o contexto literário. Prestar atenção

nos detalhes que norteiam o contexto em que um texto foi produzido é

extremamente fundamental para que tenhamos o sucesso na nossa interpretação.

Nenhuma Hermenêutica é bem sucedida, quando não dá valor ao contexto! E isso

exige disciplina, como sustenta CHAPELL, 2007, p. 38:

Construir uma mensagem de tal sorte que todas as suas características essenciais sustentem a ideia principal, requer disciplina. Fervilhar estranhos pensamentos e cristalizar ideias, para que a mensagem no seu todo funcione como uma unidade, tem posto à prova muitos pregadores. Alguns se rendem a pressão e administramsuas ideias com a sequência, ênfase e a estrutura que mais prontamente lhes venha à mente. Outros argumentam que não podem dizer tudo o que querem acerca de um texto, caso precisem relacionar pormenores ao todo. Sendo assim, por que então empenhar-se pela unidade?

Para KOLLER, 1999, P. 25:“a pregação expositiva faz uso do mais numeroso

material escriturístico do que de fato se dá geralmente com a pregação textual ou

pregação tópica”. Mediante o conhecimento da verdade bíblica Deus dá prontidão,

direção e capacitação para o viver cristão. Pregar a Palavra de Deus é transmitir o

que Deus disse. E transmitir o que Deus disse, exige não apenas tempo para ouvir

ao próprio Deus, assim como, exige a coerência, honestidade e transparência para

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fazer fluir a grandeza de d’Ele. Por isso, que se faz necessário a todo e qualquer

pregador cuja motivação é edificar vidas através do serviço do púlpito, pautarem

pelo caminho e o veículo que conduz a isso. E a pregação expositiva é um dos

caminhos e veículos que sem dúvida nenhuma podem conduzir a isso. A pregação

expositiva é um instrumento que pode nos auxiliar nesse processo do cumprimento

da nossa tarefa, apenas fazendo a nossa parte e deixar Deus fazer a d’Ele. Com ela

como uns parceiros podem fazer a nossa parte muito bem, sem nenhum risco de

ultrapassar o limite e nem cair na tentação do desleixo; conforme nos mostra PIPER,

2006, p. 9:

Pessoas estão morrendo famintas da grandeza de Deus, mas muitas delas não fariam este diagnóstico da sua vida perturbada. A majestade de Deus é uma cura desconhecida. Há prescrições muito mais populares no mercado, mas o beneficio de qualquer outro remédio é sumario e pouco profundo. A pregação que não contém a grandeza de Deus pode entreter por algum tempo, mas não tocará o clamor secreto da alma.

Pregar a Palavra de Deus é alimentar vida com o alimento nutritivo. É alimentar

vida com a grandeza de Deus. Todo o ministro da Palavra é um nutricionista. Os

membros e a platéia são pacientes. A responsabilidade de diagnosticar e aplicar a

medicação desses pacientes é inteiramente do ministro da palavra. Os nossos

membros estão completamente desnutridos e acomodados com esse estado,

inocentemente, pelo não exercício da responsabilidade dos ministros na qualidade

de nutricionistas. O ministério do púlpito é a autoridade que Deus conferiu aos Seus

ministros para receitar Sua grandeza desconhecida ao Seu povo.

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II - A PREGAÇÃO EXPOSITIVA E O CRESCIMENTO ESPIRITUAL DA IGREJA

Vivemos numa única época na história do cristianismo, em que o bom

pastorado é caracterizado apenas pelo crescimento numérico de membros. E para

corresponder a esse pensamento extra Bíblico, os funestos teólogos e alguns

responsáveis pelo ministério do púlpito estão desesperados atrás do que possa lhes

proporcionar tal crescimento. E nessa busca incessante por esse fenômeno capaz

de lhes proporcionar esse crescimento, cada um tem feito o que lhe convêm. E

como consequência, o próprio ministério do púlpito tem sido banalizado, e para

piorar; vivemos testemunhando a relevância da exposição bíblica sendo ignorada a

cada dia. Segundo MARINHO, 1999, p. 201-204:

A exposição é o contrario de imposição. Essa simples declaração diz quase tudo sobre o sermão expositivo. Significa que, no sermão expositivo, você não “impõe”, ou seja, não põe nada no texto nem determina nada sobre o texto. Ao contrario, você “expõe” ou extrai do texto a informação, deixando que o texto determine o conteúdo e “ponha” a mensagem na vida do pregador e dos ouvintes. É aqui que está o poder do sermão expositivo e o grande desafio do pregador, ou seja, explorar o conteúdo do texto e permitir que o poder do texto alcance o ouvinte. Apesar de ser o mais difícil de preparar, o sermão expositivo é o que penetra na alma com mais poder, porque é o que possui maior volume de conteúdo bíblico. Esse tipo de sermão extrai do texto bíblico não apenas a ideia central, as divisões e as subdivisões, mas o próprio espírito do texto, fazendo o ouvinte reviver as circunstâncias e os sentimentos que produziram aquele texto.

Se quisermos nutrir o rebanho de Deus a través dessa tarefa nobre que Ele

nos confiou, que é de pregar a Sua Palavra, se quisermos realmente difundir a Sua

supremacia acima de todas as coisas a través do ministério do púlpito, precisamos

então, optar pelas vias que nos levam até lá. E uma das vias mais seguras para

chegarmos lá, é a exposição bíblica. Deus jamais será conhecido pelo Seu povo,

como deve ser, se nós enquanto responsáveis para ensinar a Sua Palavra não

assumirmos a responsabilidade de expor essa Palavra para eles; e os nossos

membros jamais receberão suficientemente, de Deus a sua Palavra, se os Seus

arautos não tomarem a postura de ensiná-la como deve ser! Segundo LOPES, 2005,

p. 87-95:

A supremacia das Escrituras e a primazia da pregação são indispensáveis para o crescimento saudável da igreja. As Escrituras são conteúdos da pregação, e a pregação é um dos principais instrumentos para proclamar as verdades divinas. A pregação expositiva é a maneira mais eficaz de proclamar as Escrituras. Na verdade, a pregação bíblica é o fator mais importante para o crescimento sadio da igreja. A pregação é o Ministério mais elevado da igreja e a mais profunda necessidade do mundo. A pregação tem um poder como nenhum outro na igreja. A pregação alcança mais pessoas do que qualquer outro ministério que o pastor ou pregador

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possa desenvolver dentro da igreja. Quer seja ensinar, quer seja visitar quer seja administrar, e quer seja aconselhar. Se houver um crescimento sadio da igreja, deve haver uma volta à primazia da pregação. Se tiver de haver um reavivamento e um grande crescimento da igreja, a pregação deve ser prioritária. Ela deve ocupar o centro do programa.

Pregar com a intenção de difundir a supremacia das Escrituras é a mesma

coisa que ter a intenção de difundir a supremacia de Deus, por ser a Sua Palavra, as

Escrituras. Da mesma forma que ter a intenção de difundir a supremacia de Deus é

a mesma coisa que ter a intenção de dignificar as Escrituras. Por isso, se quisermos

ter uma igreja grande e saudável, precisamos velar pela grandeza e dignidade das

Escrituras! O segredo para ter uma igreja grande e saudável e uma igreja que não

seja desnutrida espiritualmente, se encontra na forma do tratamento que damos as

Escrituras e no que elas representam para nós enquanto ministros. Se realmente,

entendermos que elas representam o conteúdo da pregação e aceitarmos isso, a

mensagem transmitida por nós será cheia de vitaminas, e ao saboreá-la; os nossos

membros sentirão o gosto de Deus e desfrutarão de alimento adequado para um

crescimento nutriente e saudável espiritualmente. Ainda de acordo com LOPES,

2005, p. 97-98:

A pregação que produz o crescimento saudável da igreja é centrada em Deus e sensível ao homem. Há muitos pregadores hoje, mas parece que poucos são os que pregam com poder, resultando o crescimento espiritual da igreja. A Palavra de Deus na boca deles não é verdade (1 Reis 17,24). Eles são como Geazi. Carrega o bordão profético, entretanto, os mortos não recebem vida mediante o seu Ministério (2 Reis 4,31). Milhares pregam todos os domingos, mas com resultados insignificantes. Os perdidos não são salvos, e os crentes não são edificados. Segundo ele, a suficiência da Escritura foi abandonada para adotar outras doutrinas estranhas à Bíblia. Para agradar o mundo, muitas igrejas mudaram a mensagem e a abordagem. Para atrair pessoas, muitos Pastores não pregam o que Deus manda, mas o que as pessoas querem ouvir. As leis do mercado ditaram mensagens. Os bancos dominaram o púlpito. A mensagem é mais influenciada pelo pragmatismo do que pela teologia. Por outro lado, muitas mensagens não passam de formalismo seco, em vez ser capacitadas pelo Espírito Santo. A vontade do homem prevalece sobre a vontade de Deus, e a verdade perdeu o seu valor fundamental nesta geração humanista.

Deus é o dono da Palavra e o centro da pregação. Por isso, para que a nossa

pregação seja sólida, frutífera e capaz de gerar um crescimento espiritual saudável

dos nossos membros, precisamos nos centrar em Deus. A pregação que não é

centrada em Deus dificilmente responde o clamor da alma dos ouvintes! Deus

precisa ser o centro da nossa pregação, para que ela possa responder o clamor dos

nossos ouvintes. Infelizmente, nós somos uma geração de pregadores que destituiu

Deus do Seu trono em prol da nossa arrogância e orgulho, por isso, a maioria dos

sermões pregados nos púlpitos das nossas igrejas, são sermões descentralizados

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da pessoa de Deus. Como consequência dessa destituição e da descentralização,

muito esforço tem sido feito, porém, pouco tem sido o resultado positivo. LOPES,

2005, p. 99 ainda afirma: “Não basta expor teologia sólida e exegese fiel; o sermão

deve ser preparado pelo estudo profundo das Escrituras, molhado de lágrimas, em

Espírito de oração e entregue no poder do Espírito Santo para a glória de Deus”.

Em Espírito de oração e no poder do Espírito Santo. Palavras desconhecidas

por muitos pregadores modernos. Muito dos pregadores modernos abrem mão da

oração e da dependência do Espírito Santo no preparo dos seus sermões, por causa

do amplo conhecimento das técnicas da oratória, da homilética e da hermenêutica.

A confiança no agir de Deus por intermédio do Espírito Santo tem perdido lugar para

o intelectualismo acadêmico. Fator esse que tem acarretado mais pobreza espiritual

dentro das nossas igrejas.

As pessoas estão morrendo de fome da Palavra de Deus, por causa de

ambição tendenciosa de muitos de nós. As nossas ambições tendenciosas têm sido

motivos pelos quais, muitas vidas estão sendo ceifadas pelas correntes doutrinarias

extras bíblicas. Muitos entre nós ambicionamos tanto pela aparência e glória, que

chegam a esquecer de que esse nosso posto, é o que terá a maior cobrança no dia

do Senhor. Esqueceram que um dia, todos nós teremos que prestar contas perante

o dono da missão, com relação às vidas que fomos confiados para sustentar. Para

LOPES, 2005, p. 97-98 ainda afirma:

A Palavra de Deus não é apenas a semente divina mediante a qual nascemos de novo, como também, é o pão divino por meio do qual somos alimentos. Pregar não é apenas levar os perdidos a Jesus, como também, edificar igualmente os que receberam a salvação. Pregar é o instrumento eficaz estabelecido por Deus para abrir os olhos dos cegos, iluminar os que estão em trevas e libertar os que se acham sob o poder de Satanás.

Para relacionar-se com Deus, é necessário conhecê-lo primeiro. E para

conhecê-lo, é preciso alimentar-se da Sua Palavra. E uma das formas pelo qual se

pode conhecer a Deus e alimentar-se da sua Palavra, é por intermédio da exposição

das Sagradas Escrituras. Somente expondo as Escrituras poderemos

verdadeiramente, conhecer a pessoa de Deus e desfrutarmos da sua grandeza.

Visto que a Palavra de Deus e a sua exposição têm como a principal tarefa,

transmitir a revelação genuína da majestade do Deus supremo e sublime ao homem

decaído em pecado e consequentemente, debilitado. Por isso, ela desempenha

múltiplas funções. Alcança e restaura o perdido, alimenta o faminto Espiritual e

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edifica o debilitado. Tudo isso ela fazenquanto revelação de Deus. Segundo

LACHLER, 1990, p. 57-58:

A Palavra de Deus é o alimento para a alma, mente e espírito. Na pregação expositiva, o pregador não tem de impor categorias evangelísticas ou de edificação a seu sermão. A Palavra de Deus destina-se a ser todas as coisas para toda a humanidade. Ela traz o novo nascimento a alguns e concede a edificação moral a outros, segundo o desejo do Espírito. Não é a inteligência do pregador que provoca o crescimento, e sim, a Palavra de Deus. É a Palavra que faz com que um cristão cresça em sua salvação. A Palavra faz parte do ser de Deus. Tanto é que, quando o Espírito nos capacitar para a recebermos internamente e deixá-la fazer efeito em nossa vida, nós passamos a participamos da natureza de Deus e crescemos em expressões morais da salvação, quando somos nutridos pelo próprio Deus. Expor a Palavra é apresentar Deus por aquilo que Ele é tanto para os pecadores quanto para os santos.

Quando Deus revelou a sua Palavra aos Profetas, Apóstolos, Evangelistas e os

demais outros que escreveram os textos que compõem as Escrituras, Ele os usou

em circunstancias e momentos completamente, diferentes um do outro. Por isso, a

Bíblia é o livro mais rico que existe em conteúdo. Além de testemunhar essa grande

verdade, ela é o livro mais completo que existe. Nela existem todos os temas e os

assuntos necessários para a orientação do ser humano, independentemente da

raça, nacionalidade, cor, status social ou nível acadêmico. Ela é a Palavra de Deus

para toda a humanidade. Por isso ao pregá-la, não precisamos de nos preocupar

demasiadamente, porque tudo aquilo que constitui a nossa preocupação na hora de

montar um sermão encontra-se lá.

É só atentarmos a ela, que a nossa crise acaba. Muito esforço em vão tem sido

feito por muitos pastores e pregadores na hora de preparar um sermão.

Principalmente na hora de decidir: qual o tema atribuir ao texto? Nós sofremos

bastante! Porque quando abrimos mão de pregar a Palavra expositivamente e

sistematicamente, e através dos livros da Bíblia; a principal tentação que nos advêm

na hora do preparo de um sermão, é aquela de querer falar algo estrondoso, ou algo

que jamais foi dito. O que às vezes, acaba nos levando a percorrer por um caminho

que Deus não percorreria. Segundo LACHLER, 1990, p. 41:

A pregação expositiva através de livros da Bíblia colocará à prova as nossas ideias e convicções sobre doutrinas que podem ser mais usos e costumes do que ensinamentos bíblicos. Assim, o expositor sincero estará mais interessado na integridade e a verdade do que em idéias não bíblicas. Tanto ele como os seus ouvintes crescerão na verdade de Deus.

Lachler está certíssimo. A Bíblia existe como instrumento regulador das nossas

ideias, principalmente, as do pregador; enquanto o agente responsável para

transmitir as verdades sagradas. Sendo assim, torna-se imprescindível, que o

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pregador paute pela pregação expositiva através dos livros da Bíblia.Visto que as

suas ideias precisam ser peneiradas e ajustadas, para que ele não caia na tentação

de instituir e ensinar a forma ao invés de ensinar a Palavra. Ainda de acordo com

LACHLER, 1990, p. 4:

A exposição da Palavra de Deus através dos livros da Bíblia é uma das melhores instruções teológicas que um Pastor pode dar a si mesmo e, depois, a seu povo. Para ele, a pregação expositiva tende a reavivar toda a dinâmica da igreja. Líderes se comprometem mais com a liderança; Os que lutam em oração passam a orar mais; Almas hesitantes assumem compromissos decisivos com Cristo; Os contribuintes dão mais e os que não contribuem são libertados da avareza; Os membros participam da causa missionária, deixam de ser mornos para serem fervorosos no servir, de quantidades limitadas para uma generosidade transbordante, de um patrocínio paternalista para um envolvimento pessoal; Os que amam a Bíblia lêem e entendem a Palavra de Deus com mais inteligência e testemunham com maior coragem.

Uma das maiores crises que a igreja do Senhor enfrenta hoje, não é mais da

ordem política como em alguns tempos atrás e nem de outra ordem vigente. A crise

da igreja do século vinte e um (21) é da ordem relacional. Nós infelizmente somos

uma geração sem a identidade. Nós carecemos da identidade. O nosso

comportamento e a nossa atitude são desproporcionais aos princípios pré-

estabelecidos nas Escrituras. Nós violamos agressivamente e invertemos os

princípios morais e os valores éticos instituídos por Deus. E as consequências dessa

inversão de valores, não apenas se refletem no relacionamento homem-homem,

mas também, no relacionamento homem-Deus. Por que eu digo isso? A palavra de

Deus sempre nos foi clara com relação ao pastorado. Ela sempre nos revelou Deus

como o Pastor da sua igreja e que simplesmente, deu ao homem o privilégio de

participar nessa tarefa nobre; sendo apenas um instrumento de uso. E este na sua

insubmissão e o desejo indomável pela glória, luta incessantemente, para usurpar a

posição do Criador. O homem pós-queda, sempre procurou destaque. Ele sempre

quis falar alto e aparecer. E uma das vias como ele procurou fazer isso, foi de tentar

dividir as ideias com Deus, impondo a Sua palavra, ao invés de expô-la. Visto que a

expondo, estará submetendo a Aquele que é o dono da própria palavra. Na

pregação expositiva quem fala alto é o dono da Palavra. É Deus quem fala e quem

determina o conteúdo pregado, e nós na qualidade dos seus mensageiros, apenas o

ouvimos e transmitimos.

A pregação expositiva tem tudo haver com o pastoreio biblicamente falando.

Isso porque quando expomos as Escrituras, nós correspondemos às expectativas de

Deus para a nossa vida com relação ao pastoreio. Se quisermos manter a nossa

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posição perante Deus e preservar um ambiente saudável com Ele, precisamos

pautar pela exposição da Sua Palavra, enquanto a única forma de transmitir a

mensagem sem nenhuma interferência humana. Para ter êxito no ministério do

púlpito, a pessoa do pregador precisa fazer das ideias de Deus, as suas ideias e da

palavra d’Ele, a sua palavra. O pregador que consegue perceber isso e pô-la na

prática realiza automaticamente os sonhos de todo e qualquer pastor genuíno, que é

ver Deus proporcionando o crescimento Espiritual na sua congregação. Não existe o

crescimento espiritual onde os sermões produzidos não trazem as ideias de Deus

enquanto o Senhor e Pastor da Sua igreja. Nós não podemos esperar por um

crescimento espiritual saudável em nossas igrejas, se nós não assumirmos a nossa

responsabilidade enquanto arautos do Senhor. Só assumindo a nossa

responsabilidade enquanto arautos, poderemos esperar por umavida saudável

espiritualmente falando.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todo e qualquer pregador da Palavra que recebeu de Deus o desafio de ser o

seu mensageiro e mensageiro leal, dirige-se ao púlpito ciente de que ele é apenas

um mensageiro. E mensageiro cuja responsabilidade é pregar a Palavra e não sobre

a Palavra. Existe uma diferença bem grande entre pregar a Palavra de Deus e

pregar sobre a Palavra de Deus. Para pregar sobre a Palavra de Deus, não

necessariamente, o pregador precisa conhecer Deus ou ter a intimidade com Ele,

basta ouvir falar d’Ele. O pregador que prega sobre a Palavra de Deus não precisa

ser aquela pessoa achada por Deus, basta que ele O busque. Ele não precisa se

preocupar muito com a vida, basta conhecer as técnicas da oratória. Não precisa

amar, pois só necessita de qualidades de um bom profissional. O que é

absolutamente, impossível para o pregador que prega a Palavra. Visto que, para ele,

muito mais que ouvir falar de Deus, ele precisa conhecê-lo e ter a intimidade com

Ele. Para este, o importante não é buscar a Deus, mas sim; ser achado por Ele.

É muito fácil o pregador que prega sobre a palavra cativar os simpatizantes e

causar um crescimento numérico súbito de uma igreja. Porém, o difícil será

conseguir trazer Deus para os corações dos membros e consequentemente,

provocar o impacto capaz de gerar um crescimento saudável espiritualmente

falando! A única pregação capaz de gerar um crescimento espiritual saudável numa

igreja é a pregação da Palavra. Por ser a pregação feita como fruto de um

conhecimento profundo de Deus e de ampla intimidade com Ele. Todo ministro que

recebeu de Deus a autoridade de transmitir a Palavra, é motivado pela vontade de

difundir a Sua supremacia na pregação. Todas as vezes que abre a Bíblia para

expor, abre-a com a intenção de alimentar o povo com a Palavra e não com as

filosofias que impressionam, e muito menos com as ideologias puramente humanas.

É uma pessoa que geralmente, é ciente de que a sua responsabilidade não é cativar

a mente ou convencer o coração, e sim, denunciá-las da sua realidade pecaminosa

e anunciá-las o quão grande amor de Deus.

De acordo com a própria concepção, a pregação expositiva não se propõe a

trazer algo que jamais existiu ou que nunca foi dito. Antes, pelo contrario, ela tem

como objetivo expor o que já existe. Porém, de modo diferente. O sermão expositivo

dirige-se as Escrituras, extrai a mensagem transmitida ali,trabalha dentro do

contexto em que ela foi dita ou escrita e aplica-aaos nossos dias; respeitando a

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realidade do autor quando disse ou escreveu. Ao contrário dos outros tipos de

sermões, o sermão expositivo não traz a Palavra, ele explica a Palavra. Isso porque

ele procura respeitar a autoridade máxima da Palavra, mesmo quando o seu maior

objetivo é a clareza e a compreensão do ouvinte com relação à mensagem que está

sendo exposta. O sermão expositivo não agride a integridade da Palavra e muito

menos a sua supremacia.

No sermão expositivo quem produz as ideias para a argumentação, não é a

pessoa do pregador, e sim, a própria Palavra. As divisões e subdivisões nascem da

ideia principal do texto e são desenvolvidas a partir dela. Outro aspecto que defere

um sermão expositivo com os demais sermões, é que ele faz a questão de olhar

para toda a Palavra. Nele, o pregador fica impossibilitado de prender-se apenas num

trecho, para fazer as suas afirmações e confirmações que, às vezes, o acaba

levando a certos equívocos mesmo sem querer. Nesse tipo de pregação, o que o

pregador faz, é simplesmente, navegar no horizonte da Palavra como toda. Aqui,

por mais que o objetivo do pregador possa ser a contextualização, por mais que as

suas ideias sejam voltadas à atualidade, ainda assim, elas não deixam de ser

originadas ou baseadas na Palavra. A pregação expositiva, nunca teve como

objetivo inovar. Quando pregamos expositivamente, nós não trazemos algo novo,

simplesmente, exploramos o que já existe.

Concordo plenamente com LOPES, 2005, p. 22, quando disse que: “a

pregação expositiva, segundo a literatura, não é uma inovação dos especialistas em

Homilética, mas, uma volta às origens bíblicas”. Simplesmente uma Compreensão

fascinante com relação à supremacia das Escrituras. Entendimento como esse,

pode realmente cooperar diretamente, para o resgate de muitos princípios sagrados,

sepultados pela tamanha força das aberrações feitas nos púlpitos das nossas igrejas

atualmente. Se pudéssemos parar e perceber pela exposição bíblica ao longo de

toda a nossa história, talvez o nosso desafio deixasse de ser o de causar estrondo e

muito menos, o de tentar trazer à existência aquilo que jamais existiu. O nosso

desafio talvez fosse o de admitir que realmente, estamos extraviados e que

precisamos urgentemente, nos retornar a Palavra. Pois apesar de vivermos

cercados de tantos conceitos lindos e aparentemente necessários, o retorno às

origens bíblicasainda assim, continua sendo indispensável; mesmo quando não se

constitui a preocupação de muitos.

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Se todos os responsáveis pela transmissão da Palavra pudessem perceber a

extrema necessidade da igreja do Senhor voltar às origens do motivo da sua

existência, nesse caso, a Palavra, e todos os “refugiados” dos púlpitos com as

intenções extra difusão da magnificência de Deus na pregação da Palavra,

aceitassem retratar dos seus status, das suas posições e ideias catastróficas, e

consequentemente; parassem de confundir a pobre classe chamada leigo, talvez,

poderíamos viver aguardando os dias melhores futuramente, ao invés de mais

sufoco. Talvez, poderíamos esperar por uma geração futura mais sintonizada em

Deus do que a nossa, que vive alienada dos Seus preceitos a cada dia. A nossa

geração carece de pregadores comprometidos com as verdades divinas,

exatamente porque infelizmente, somos uma geração que desvaloriza a questão da

representatividade. Nós perdemos a noção do que nós somos e que representamos.

A questão de que pregar a Palavra implica ser mensageiro de Deus, parece deixar

de ser relevante para os pregadores dos nossos dias. Levando em consideração

essa grande e irrefutável verdade esta pesquisa visa cooperar na dinamização do

setor do ensino e da pregação da Palavra, alertando pelo perigo e o caos espiritual

que se verifica no seio evangélico, provocado pela a ausência da pregação bíblica. E

depois, demonstrar a sua extrema relevância no processo de desenvolvimento da

igreja, da sua edificação, e do seu crescimento espiritual. Por último, traçar algumas

diretrizes desafiadoras, que se acatadas e aplicadas; poderão ajudar a combater e

talvez colmotar essa situação precária.

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