FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO · 2011-08-11 · Henrique Gil Carneiro Pinto...

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1 FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Henrique Gil Carneiro Pinto Satisfação de Idosos Institucionalizados em Lar Lucrativo e Idosos a usufruirem da Prestação Informal de Apoio Domiciliário – Uma abordagem comparativa Apresentada à Faculdade de Economia da Universidade do Porto Sob a Orientação da Professora Doutora Maria da Conceição Pereira Ramos Porto, 2009

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FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

Henrique Gil Carneiro Pinto

Satisfação de Idosos Institucionalizados em Lar

Lucrativo e Idosos a usufruirem da Prestação Informal de Apoio Domiciliário – Uma abordagem comparativa

Apresentada à Faculdade de Economia da Universidade do Porto

Sob a Orientação da

Professora Doutora Maria da Conceição Pereira Ramos

Porto, 2009

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Nota Biográfica

Henrique Gil, licenciado em Serviço Social pelo Instituto de Serviço Social do Porto

no ano de 1999, exerce actualmente as funções de Técnico de Segurança Social no

Instituto de Segurança Social – Centro Distrital do Porto – Serviço Local da Maia, na

Unidade de Desenvolvimento Social, Núcleo de Qualificação Famílias e Território.

O seu percurso profissional foi desenvolvido essencialmente na área do atendimento e

acompanhamento a famílias carenciadas residentes no concelho da Maia. Em 2002

leccionou a disciplina de intervenção social, no curso de Animadores Sócio-Culturais,

na associação Morna. Nos anos lectivos de 2005/06 e 2006/07 leccionou a disciplina

de Projectos Sociais, na Licenciatura de Serviço Social na Faculdade de Ciências

Sociais da Universidade Católica, pólo de Braga. Em 2008 assumiu as funções de

representante da Segurança Social na Rede Social do concelho da Maia e a

coordenação do Gabinete de Atendimento Integrado Local da Vila do Castelo da

Maia.

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Agradecimentos Gostaria de agradecer a todos que me ensinaram a percorrer o caminho que continuo a calcorrear, em especial à minha família (que escolheu a primeira etapa desta minha viagem), amigos e colegas, que juntam todos os dias novas peças ao puzzle da minha vida. Não podia deixar de agradecer àqueles que me despertaram para pormenores do caminho que antes me passariam despercebidos, um muito obrigado a todos os professores em especial à Prof. Conceição Ramos que mais de perto me acompanhou. No caminho que percorri e continuo a percorrer aprendi que com cada pessoa que converso ou conheço armazeno novos conhecimentos, provavelmente este é o mistério da vida, a partilha e o conhecimento, assim sendo um muito obrigado a todos os que diariamente contribuem para o meu crescimento.

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Resumo

A dissertação que se apresenta enquadra-se na problemática do envelhecimento.

Pretende ser um estudo comparativo entre duas respostas disponibilizadas pela

Segurança Social, mais precisamente na Equipa de Acção Social da Maia.

O estudo pretende avaliar o nível de satisfação dos idosos que são apoiados pelo

Serviço Local da Maia, na área dos Lares Lucrativos e prestadores de Apoio

Domiciliário, procurando realizar um balanço “custo-beneficio”.

Relativamente à metodologia utilizada recorreu-se ao método comparativo e ao

método de Medida ou Análise extensiva. A técnica privilegiada foi o inquérito por

questionário, aplicado a 10 beneficiários a usufruírem de apoio económico para a

prestação de cuidados de Apoio Domiciliário e 9 beneficiários a usufruírem de apoio

económico para integração em Lar Lucrativo.

Este inquérito serviu de instrumento para a corroboração ou não das três hipóteses

levantadas. As questões colocadas no inquérito pretenderam recolher dados

demográficos relativos à amostra em estudo, assim como recolher dados que

permitissem avaliar, junto dos idosos, a satisfação com o serviço prestado. As

questões pretenderam também aferir da existência ou não de anemia nas redes de

suporte familiar e de solidariedade. Nesse sentido foram formuladas questões que

abordassem o relacionamento do idoso com a família e com os vizinhos e amigos.

Foram, igualmente, formuladas questões que abordassem a situação emocional do

idoso. Por ultimo foram inscritas questões que permitissem percepcionar os custos

dispendidos por parte da Segurança Social com as rubricas de Apoio Domiciliário e

Lar Lucrativo, assim como o custo dos serviços prestados.

Concluiu-se que os idosos a usufruírem de apoio económico para contratação de

prestadores de Apoio Domiciliário, apresentam maiores níveis de satisfação.

Concluiu-se também que a colocação dos idosos em Lar conduz a uma anemia nos

laços familiares e de solidariedade. A situação de anemia é mais notória nos laços de

solidariedade, com um afastamento significativo da rede de amigos e de vizinhança

quando o idoso é colocado em Lar Lucrativo. Por último, efectuado este balanço

“custo-beneficio”, conclui-se que é preferível privilegiar o apoio económico para a

contratação de prestadores de Apoio Domiciliário.

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Abstract The following dissertation refers to the problem of aging. It was created as a

comparative study between two possible solutions provided by Social Security,

precisely by Social Action Team of Maia.

The study intends to evaluate the satisfaction level of aged people supported by Local

Service of Maia in the area of Commercial Retirement Homes and Home Support

providers, seeking to perform a cost/benefit analysis.

In terms of methodology applied, the comparative method and Extensive Measure or

Analysis are to be mentioned. The preferential technique was the questionnaire survey

applied to ten users of economic support for Home Support care provision and nine

users of economic support for Commercial Retirement Home integration.

This survey served as a tool for confirmation or refutation of the three issues in

question. The questions put up in the survey intended to gather the demographic data

related to the studied sample, as well as to gather data that would permit to evaluate

the satisfaction of provided service among aged people. The questions also had as an

objective the inspection of family support and solidarity networks anemia. In this

sense the questions involving the relationships between aged people and their

families, neighbors and friends were formulated. The questions related to the

emotional state of the aged were formed as well. Last but not least we should mention

the questions allowing to have the notion of the Social Security expenses for Home

Support and Commercial Retirement Homes, as well as the cost of provided services.

It was concluded that the aged users of economic support for Home Support

providers’ employment present the highest levels of satisfaction. It was as well

inferred that aged people accommodating in the Retirement Homes leads to family

connection and solidarity anemia. This anemia situation is more notorious in the

sphere of solidarity connections and is accompanied by significant alienation from

friendship and neighboring relations when an aged person is accommodated in the

Commercial Retirement Home. Lastly, after the cost/benefit analysis performed, it

was concluded that economic support for Home Support providers’ employment is

preferable.

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Índice

ÍNDICE DE GRÁFICOS ................................................................................................................... 7

ÍNDICE DE TABELAS ...................................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 9

1. PROBLEMÁTICA TEÓRICA ................................................................................................ 12 1.1. Diferentes perspectivas sobre o conceito de Idoso .................................................. 13

2. CARACTERIZAÇÃO DOS IDOSOS ....................................................................................... 22 2.1. Os Idosos na Europa ................................................................................................ 22 2.2. Os Idosos em Portugal .............................................................................................. 35

3. A REALIDADE DO CONCELHO DA MAIA ............................................................................ 57

4. POLITICAS SOCIAIS DIRIGIDAS AOS IDOSOS ...................................................................... 60 4.1. Na União Europeia .................................................................................................... 60 4.2. Em Portugal............................................................................................................... 67

5. OS IDOSOS E A FAMÍLIA .................................................................................................. 74

6. A ECONOMIA SOCIAL NA RESPOSTA AOS IDOSOS ............................................................ 80

7. SEGURANÇA SOCIAL E A PRESTAÇÃO DE CUIDADOS ........................................................ 90

7.1 LAR DE IDOSOS ............................................................................................................... 97

7.2 PRESTADORA DE APOIO DOMICILIÁRIO .......................................................................... 100

10. OPÇÕES METODOLÓGICAS ........................................................................................... 103

11. APLICAÇÃO DOS INQUÉRITOS . ...................................................................................... 108

11.1. Análise dos Resultados dos Inquéritos .............................................................. 144 11.2. Avaliação da Satisfação com o serviço prestado ................................................... 145 11.3. Família ................................................................................................................... 147 11.4. Vizinhos e Amigos .................................................................................................. 149 11.5. Situação emocional do Idoso .............................................................................. 150

CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 156

BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 161

ANEXOS – PRIMEIRO ANEXO .................................................................................................... 175

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Índice de Gráficos Gráfico 1 – Mortalidade Infantil. ................................................................................................................................ 23 Gráfico 2 – Taxa de Fertilidade. ................................................................................................................................ 24 Gráfico 3 – Current and Project old age dependency ratio . ...................................................................................... 31 Gráfico 4 – Gastos Totais com a Protecção Social.................................................................................................... 32 Gráfico 5 – Em risco de pobreza após as transferências sociais. .............................................................................. 34 Gráfico 6 – Indicadores Demográficos. ..................................................................................................................... 36 Gráfico 7 – Nados-vivos fora do Casamento. ............................................................................................................ 37 Gráfico 8 – Indice de Envelhecimento segundo o sexo, Portugal 1960-2001 . .......................................................... 38 Gráfico 9 – Evolução das famílias clássicas segundo a seua composição, Portugal 1991 e 2001............................. 40 Gráfico 10 – Estrutura da População idosa inactiva, segundo o sexo, Portugal 2001. ............................................... 41 Gráfico 11 – Taxas de Pobreza entre os idosos a viver sós, segundo o sexo e por tipo de pobreza, Portugal

1994/1995l. ...................................................................................................................................................... 42 Gráfico 12 – Despesa com Pensões. ........................................................................................................................ 46 Gráfico 13 – Número de Pensionistas por tipo de Pensão . ...................................................................................... 47 Gráfico 14 – Distribuição percentual das despesas correntes de Segurança Social em 2004l. ................................. 48 Gráfico 15 – Distribuição das respostas sociais segundo as áreas de intervenção Continente 2005 . ....................... 49 Gráfico 16 – Terceira Idade número de equipamentos. ............................................................................................. 51 Gráfico 17 – Utentes em equipamentos para a terceira idade. .................................................................................. 52 Gráfico 18 – Equipamentos para idosos na Maia. ..................................................................................................... 59 Gráfico 19 – Idade vs Tipologia do Apoio . .............................................................................................................. 109 Gráfico 20– Idade vs Dependencia face a Terceiros. ............................................................................................. 109 Gráfico 21– Género vs Tipologia do Apoio . ........................................................................................................... 110 Gráfico 22 – Tipologia de Pensão .......................................................................................................................... 111 Gráfico 23 – Tipologia da Pensão vs Tipologia do Apoio ........................................................................................ 112 Gráfico 24 – Valores Reforma. ............................................................................................................................... 112 Gráfico 25 – Estado Civil . ...................................................................................................................................... 113 Gráfico 26 – Estado Civil vs Tipologia do Apoio. .................................................................................................... 114 Gráfico 27– Capitação . ......................................................................................................................................... 114 Gráfico 28– Capitação vs Tipologia do Apoio. ........................................................................................................ 115 Gráfico 29– Tem filhos. .......................................................................................................................................... 116 Gráfico 30 – Tipologia do Apoio vs Filhos . ............................................................................................................. 116 Gráfico 31 – Há quanto tempo usufrui do Apoio . ................................................................................................... 117 Gráfico 32 – Valores do Apoio . ............................................................................................................................. 118 Gráfico 33 – Valores do Apoio vs Tipologia do Apoio. ........................................................................................... 119 Gráfico 34 – Tipologia do Apoio vs Tempo do Apoio .............................................................................................. 119 Gráfico 35– Tipologia do Apoio Domiciliário . ......................................................................................................... 121 Gráfico 36– Recebe visitas . .................................................................................................................................. 123 Gráfico 37– Tipologia do Apoio vs Visitas. ............................................................................................................. 123 Gráfico 38 – Frequencia das visitas ........................................................................................................................ 124 Gráfico 39 – Frequencia das visitas vs Tipologia do Apoio . .................................................................................... 124 Gráfico 40 – Visita dos familiares. ........................................................................................................................... 125 Gráfico 41 – Frequencia das vistas dos familiares vs Tipologia do Apoio. ............................................................... 126 Gráfico 42 – Satisfação com as visitas dos familiares vs Tipologia do Apoio. ......................................................... 127 Gráfico 43– Visitas dos vizinhos . ......................................................................................................................... 128 Gráfico 44– Frequêcia das visitas dos vizinhos vs Tipologia do Apoio. .................................................................. 128 Gráfico 45– Sente-se muitas vezes só . ................................................................................................................. 129 Gráfico 46 – Sente-se muitas vezes só vs Tipologia do Apoio. ............................................................................... 130 Gráfico 47 – Acha que as pessoas não gostam de si . ............................................................................................ 130 Gráfico 48– Acha que as pessoas não gostam de si vs Tipologia do Apoio . ......................................................... 131 Gráfico 49– Morte vs Tipologia do Apoio................................................................................................................ 132 Gráfico 50– O que gostaria de receber das pessoas … . ...................................................................................... 132 Gráfico 51 – Gostaria que as pessoas … vs Tipologia do Apoio ............................................................................. 133 Gráfico 52 – Telefonemas vs Tipologia do Apoio. ................................................................................................... 134 Gráfico 53 – Quem mais lhe telefona vs Tipologia do Apoio . ................................................................................. 134 Gráfico 54 – Satisfação com os telefonemas dos familiares vs Tipologia do Apoio. ................................................ 135 Gráfico 55 – Atenção do cuidador vs Tipologia do Apoio ........................................................................................ 136 Gráfico 56– Disponibilidade dos cuidadores vs Tipologia do Apoio . ...................................................................... 136 Gráfico 57– Acompanhamento a consultas médicas vs Tipologia do Apoio. .......................................................... 137 Gráfico 58– Satisfação habitabilidade vs Tipologia do Apoio. ................................................................................ 138 Gráfico 59 – O que melhoraria vs Tipologia do Apoio. ............................................................................................ 138 Gráfico 60 – Gostaria de estar a residir com os seus familiares vs Tipologia do Apoio ........................................... 139 Gráfico 61– Tempo do Apoio vs Idade. .................................................................................................................. 140 Gráfico 62– Satisfação com a Prestação de cuidados vs Tipologia de Apoio Domiciliário ...................................... 140 Gráfico 63– Integração em Lar vs Tipologia Apoio Domiciliário. ............................................................................. 141 Gráfico 64 – Trocava de Instituição vs Satisfação com o apoio ............................................................................... 142 Gráfico 65 – Gostaria de voltar a residir na sua habitação . .................................................................................... 143

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Índice de tabelas Tabela 1 – Idade 0-14 na União Europeia ................................................................................................................. 26 Tabela 2 – Idade 65-79 na União Europeia. .............................................................................................................. 27 Tabela 3 – Idade >80 na União Europeia .................................................................................................................. 28 Tabela 4 – População Total com 65 e mais anos (%). .............................................................................................. 30 Tabela 5 – Indicadores da adequação das transferências sociais para a redução da pobreza em alguns países da

União Europeia. ............................................................................................................................................... 33 Tabela 6 – Indicadores de pobreza relevantes para a população idosa .................................................................... 44 Tabela 7 – Grupos sociais mais atingidos pela pobreza de acordo com a percepção dos actores sócio-institucionais

(distritos de Vila Real, Aveiro, Lisboa, Beja e Faro) . ........................................................................................ 45 Tabela 8 – Cenário Demográfico Base: Projecções e Hipóteses ............................................................................... 53 Tabela 9 – Taxa média anual de crescimento da população por grandes grupos etários, NUTSII e III, 2010/2050 ... 54 Tabela 10 – Estrutura da População ......................................................................................................................... 57 Tabela 11 – Tipos de Família (Maia e Grande Porto) ................................................................................................ 58 Tabela 12 – Perfil dos Idosos - Tipologia .................................................................................................................. 94 Tabela 13 – Idade ................................................................................................................................................... 108 Tabela 14 – Quem presta o Apoio DOmiciliário ....................................................................................................... 120 Tabela 15 – Salário das Prestadoras de Apoio Domiciliário .................................................................................... 122

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Introdução Este trabalho pretende ser para além de um estudo inicial e ainda incipiente, um

estudo que forneça informações relevantes ao nível do grau de satisfação dos idosos

integrados em Lares Lucrativos, ou a receber cuidados de Prestadores Informais de

Apoio Domiciliário, ser uma reflexão que permita, ao leitor, despertar as consciências

para as diversas etapas da vida de cada um de nós, com maior enfoque para a última

fase da vida.

A necessidade da realização deste estudo surgiu na sequência da minha actividade,

como Assistente Social, desenvolvida na Equipa Local de Acção Social da Maia, onde

diariamente era confrontado com pedidos de integração de idosos em Lar ou pedidos

de apoio económico para a contratação de prestadores de Apoio Domiciliário para a

população mais dependente do concelho da Maia.

No decorrer da minha intervenção profissional, sentia que os dados que obtinha

relativamente ao grau de satisfação de cada idoso apoiado por uma das duas rubricas,

ficavam aquém das minhas reais expectativas, tendo a contínua percepção de navegar

constantemente sobre dados genéricos enraizados em construções de senso comum.

Estando a trabalhar com e para as pessoas, recorrendo a fundos estatais, amealhados

por todos nós, considerei fundamental efectuar um estudo comparativo ao nível do

grau de satisfação dos idosos a usufruírem do Apoio Económico da Equipa da Acção

Social da Maia e que os dados obtidos pudessem à posteriori serem extrapolados para

a realização de uma análise custo-beneficio da aplicabilidade destas duas rubricas –

“Lares Lucrativos/ Apoio Domiciliário”.

Numa primeira fase deste trabalho procurei entender os diferentes conceitos de idoso,

recorrendo a diversas teorias que se debruçam sobre o tema em questão.

Após a apropriação do conceito procurei percepcionar a realidade demográfica da

Europa e de Portugal, com maior enfoque na problemática do envelhecimento,

procurando obter dados que demonstrassem a realidade presente. Ao mesmo tempo,

procurei obter projecções e hipóteses futuras relativamente à construção demográfica,

de forma a entender que tipo de realidade podemos esperar para desenvolver a nossa

intervenção a curto e médio prazo.

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Sendo a minha área geográfica de intervenção o concelho da Maia, seria necessário

obter dados que me permitissem entender a realidade presente do concelho, incidindo

principalmente sobre a questão do envelhecimento.

Tendo compreendido que o envelhecimento apresenta-se em Portugal, assim como

nos restantes países da Europa, como uma problemática emergente, procurei após a

caracterização demográfica, entender que tipo de respostas político-sociais estão a ser

aplicadas, na Europa e em Portugal, ao nível macro e micro para a população mais

idosa.

A instituição família é um dos maiores responsáveis nos cuidados protagonizados aos

mais idosos, sendo um dos pilares fundamentais de apoio e auxílio. Procurei desta

forma interpretar os diversos modelos familiares coexistentes, assim como as

dificuldades que demonstram nas suas dinâmicas com idosos a cargo.

Além da família, a economia social assume crescente notoriedade no apoio

preconizado junto dos idosos. A economia social com a constituição das diversas

instituições procura dar resposta às áreas a descoberto pela família e pelo Estado. Por

esse motivo, neste trabalho tornou-se importante a análise da evolução e o papel da

economia social na prestação de cuidados aos cidadãos mais idosos.

Estando a exercer actividade profissional na Segurança Social, e sendo esta o

elemento Estado que faltava na tríade de apoio aos mais idosos, não podia deixar de

reflectir sobre a instituição e a prestação de cuidados, que tipos de repostas existem

nesta área.

Entre as diversas respostas, da Segurança Social, destacam-se duas em particular, os

Lares de Idosos e as Prestadoras de Apoio Domiciliário. Entre as diversas respostas

existentes, optei por analisar estas duas, uma vez que no decorrer da minha prática

profissional, são aquelas que com maior frequência recorro para dar resposta às

necessidades da população idosa que apresenta parcos recursos económicos.

Antes de explicar e analisar os resultados obtidos, optei por reflectir sobre as opções

metodológicas. Os constrangimentos temporais e de recursos (humanos e

económicos) detiveram um papel crucial na opção metodológica, quer ao nível do

método quer ao nível das técnicas, assim como da amostragem. É nesta etapa do

trabalho que enuncio três possíveis hipóteses que poderão ou não ser corroboradas no

final do estudo. O facto é que este trabalho não tem a pretensão de ser um estudo

exaustivo sobre a realidade do concelho da Maia, mas antes um estudo reflexivo que

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possa traçar linhas orientadoras de intervenção, com vista a possíveis

aprofundamentos futuros ao nível da investigação/intervenção.

Tendo optado pela aplicação de inquéritos, efectuei o tratamento dos mesmos em

SPSS apresentando os dados recolhidos. Após a apresentação dos dados é

imprescindível reflectir sobre os mesmos, retirando as principais conclusões.

Apresentadas estas conclusões iniciais, senti a necessidade de elaborar uma reflexão

mais aprofundada sobre os dados existentes a fim de corroborar as hipóteses

levantadas inicialmente. Optei por dividir a análise em quatro níveis de reflexão, um

primeiro nível que permitisse extrapolar conclusões no que concerne à avaliação

efectuada pelos idosos a usufruir de Apoio Domiciliário e idosos institucionalizados

em Lar Lucrativo, da satisfação com o serviço prestado; numa segunda fase optei por

analisar o papel da Família na prestação de cuidados; a terceira etapa versou sobre a

análise de dados que permitissem verificar o papel dos vizinhos e amigos na prestação

de cuidados, corroborando ou não a existência de redes informais de cuidados aos

mais idosos; por último, procurei obter dados que permitissem inferir sobre a situação

emocional dos idosos a usufruírem de apoio económico da Acção Social da Maia,

para a contratação de Prestadora de Apoio Domiciliário ou integração em Lar

Lucrativo.

A última etapa deste trabalho, conclusão, será um espaço de reflexão que conduzirá a

uma análise geral de todo o trabalho elaborado, ao mesmo tempo que conduzirá a

pistas reflexivas acerca de possíveis intervenções em prol dos idosos portugueses,

com especial enfoque para a realidade do concelho da Maia.

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1. Problemática Teórica A opção pela elaboração de um estudo, na área do envelhecimento, deve-se ao facto

de este tema apresentar actualmente uma relevância crescente. É frequente a discussão

quanto à problemática do aumento do envelhecimento da população portuguesa. São

variados os estudiosos que reflectem e estudam o problema. Desse estudo resultam

diversas teorias.

Quando nos propomos a realizar um estudo sobre determinada problemática, é

imperioso conhecer algumas perspectivas teóricas, por forma, a conhecer com maior

profundidade a área em questão.

Pinto e Silva (1986) referem que a teoria ou comummente apelidada de matriz teórica,

é entendida como um conjunto organizado de conceitos e relações entre conceitos

substantivos que aludem directa ou indirectamente ao real. Os mesmos autores

acrescentam que “à teoria é conferido o papel de comando do conjunto do trabalho

científico que se traduz em articular-lhe os diversos momentos: ela define o objecto de

análise, confere à investigação, por referência a esse objecto, orientação e significado,

constrói-lhe as potencialidades explicativas e define-lhes os limites.” (p.62)

A teoria não se isola da vida quotidiana. Esta pode assumir um conjunto variado de

formas e operar em diferente níveis mas é um elemento fundamental para se entender

o mundo que habitamos. A inexistência de teoria implica a impossibilidade de

desenvolver a investigação.

De acordo com Hill (2005) uma boa teoria deve conter as seguintes características:

-Parcimónia - a teoria deve fazer poucas afirmações e explicar muitos factos;

-Precisão – a teoria deve utilizar conceitos que sejam precisos assim como efectuar

previsões que sejam precisas;

-Capacidade de ser testada.

Numa primeira fase é determinante conhecer e definir o conceito de idoso, assim

como conhecer as diferentes correntes teóricas que abordam a questão do

envelhecimento.

Numa segunda etapa, é importante a aproximação à realidade dos idosos,

caracterizando a população idosa de acordo com os principais indicadores que

poderão acrescentar informação importante ao estudo em questão, quer ao nível da

realidade na União Europeia, quer ao nível da realidade Portuguesa. Estando este

estudo focalizado nos idosos apoiados pelo Serviço Local de Acção Social da Maia, é

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imprescindível conhecer com maior acuidade a realidade do concelho, fornecendo

uma melhor base de sustentabilidade teórica ao futuro estudo.

Prosseguindo a construção das infra-estruturas teóricas, é fundamental conhecer as

políticas actuais, assim como, as preocupações legislativas a curto e médio prazo.

Por forma a adelgaçar a recolha teórica e o estudo em questão é importante conhecer a

tríade de prestação de apoio: Estado, Família e Economia Social. Estando a exercer

funções na Segurança Social, equipa da Maia, não poderia deixar de conhecer e

reflectir sobre a importância da Segurança Social na prestação de cuidados aos mais

idosos, optando por aprofundar duas respostas existentes: Lar de Idosos e Apoio

Domiciliário.

É com base nesta recolha teórica que o estudo poderá ser edificado. Só conhecendo

profundamente a problemática do envelhecimento se poderão desenhar hipóteses, e

recorrendo a metodologias de investigação procurar corroborá-las, atingindo as metas

da reflexão e produção de conhecimento.

1.1. Diferentes perspectivas sobre o conceito de id oso O conceito de idoso implica inevitavelmente a destrinça de dois fenómenos

intimamente ligados: envelhecimento e velhice.

O envelhecimento é um processo biológico que se circunscreve no tempo, inicia-se

com o nascimento e finda com a morte. É um fenómeno que percorre toda a história

da humanidade, mas apresenta características diferenciadas de acordo com a cultura,

com o tempo e o espaço.

A velhice é entendida como a última fase do ciclo de vida, com o intuito de classificar

as pessoas idosas. Para a Organização das Nações Unidas (www.un.org) a velhice

inicia-se a partir do momento em que as pessoas perfazem os 65 anos de idade, nos

países desenvolvidos, e 60 anos de idade, para os países em desenvolvimento. Definir

o fenómeno da velhice é, na realidade, uma questão complexa, uma vez que implica a

análise de múltiplas dimensões: a biológica, a cronológica, a psicológica, a

existencial, a cultural, a social, a económica, a política, entre outras.

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O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2003, p.2032) define idoso como aquele

“que tem muitos anos de vida, velho”.

Assim sendo, idoso é toda a pessoa que atravessa um processo de envelhecimento,

pressupondo maior longevidade, ou seja, um incremento positivo na esperança média

de vida.

A Organização Mundial de Saúde (www.who.int) define o conceito numa perspectiva

médica, incide com maior preponderância sobre o factor biológico, toda a pessoa está

sujeita a um envelhecimento biológico, diminuindo progressivamente as suas

capacidades físicas e mentais, evidenciando menor resistência às doenças,

aumentando gradualmente o risco de morte.

Da análise das diferentes teorias apresentadas por diversos autores, destaca-se o autor

americano Hazzard. Este estudioso dentro do estádio de vida dos idosos classifica

diferentes faixas etárias: os jovens (Young-old) de 54 a 65 anos, os adultos (middle-

old) de 66 a 74 anos, os velhos (old-old) de 75 a 84 anos e os muito velhos (very-old)

de 85 anos para cima. (www.bangor.ac.uk)

A definição do conceito de idoso acarreta dificuldades de delimitação da categoria.

Nas diversas definições de “idoso” constatam-se duas visões distintas. A primeira

representação descreve o idoso e a velhice de uma forma negativa. Nesta, o idoso que

melhor personifica a velhice, é encarado como um ser humano frágil em situação de

“pobreza, isolamento social, solidão, doença e dependência” (Mauritti 2004, p.340).

De acordo com esta perspectiva, o percurso de vida de cada um, à medida que a idade

avança, culmina fatalmente num quadro dantesco de exclusão e sofrimento. A

segunda representação vislumbra, o idoso como um potencial “segmento específico de

consumo” (Mauritti, 2004, p.340). A velhice é encarada como uma época de reflexão,

de ócio, de dedicação às actividades que maior prazer transmitem, possibilitando o

“auto-aperfeiçoamento”, procura-se efectivar o conceito de Velhice Activa. Na

sequência desta representação, poder-se-á falar de uma “terceira idade” o vulgo

“reformado”. A consequente perda de faculdades por parte dos idosos, poder-se-á

intitular como uma “quarta idade” (Fernandes, 2001, p.44).

Segundo Berger e Mailloux (1995) o fenómeno do envelhecimento foi explicado

durante um alargado período de tempo por hipóteses que conduziram à construção de

teorias biológicas, fisiológicas, psicológicas e sociais.

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No âmbito das teorias biológicas destacamos a Teoria Imunitária (Berger, 1995) que

atribui o envelhecimento a uma disfunção gradativa ou falha do sistema imunitário do

organismo. A Teoria Genética, explica o envelhecimento como a deterioração da

informação genética indispensável à formação das proteínas celulares. A Teoria do

Erro da Síntese Proteica é uma consequência da morte celular a molécula do ADN é

depositária da informação genética e que o gene, transportado pelo ADN, é um

pequeno fragmento que possui a informação necessária ao fabrico das proteínas

indispensáveis à manutenção da vida. Determinados investigadores atestam que os

erros a nível das várias etapas da síntese proteica conduzem à formação de proteínas

inábeis e incapazes de desempenhar as funções para as quais foram programadas.

Estas perturbações ou desajustamentos conduzem e são responsáveis pelo

envelhecimento. Porém, a programação genética e as transformações da molécula de

ADN não explica só por si o envelhecimento celular (Berger, 1995).

A Teoria do Desgaste (Sacher cit. in Berger, 1995), explica o envelhecimento

recorrendo a uma comparação do corpo humano a uma máquina, cujas partes se

deterioram com o tempo, sendo este desgaste imprimido por anomalias. Shock (cit. in

Berger, 1995) não é do mesmo parecer, referindo que essa comparação não é

admissível porque os organismos vivos, ao contrário das máquinas desenvolvem

mecanismos capazes de se auto-repararem.

A Teoria dos Radicais Livres, conforme Harman (cit. in Berger, 1995) defende que o

envelhecimento e a morte celular redundam dos efeitos perniciosos causados pela

formação dos Radicais Livres que podem conduzir ao envelhecimento devido à

peroxidação dos lípidos não saturados.

A Teoria Neuro-endócrina (Berger, 1995) deve-se ao fracasso ou carência do sistema

endócrino no que respeita ao planeamento das diferentes funções do corpo. Robert (in

Berger, 1995) opta por explicar o envelhecimento recorrendo à Teoria Evolucionista

defendendo que o processo de envelhecimento não se pode restringir a uma única

causa dependente de um único mecanismo biológico, aquando do desenvolvimento do

ovo fertilizado, põe-se em marcha um “programa” geneticamente determinado,

destinado a produzir o indivíduo da espécie considerada. Em suma esta teoria advoga

que os mesmos sistemas de controlo que encaminham o desenvolvimento do

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organismo, por meio do ovo fecundado, “programam” de certa forma o seu

envelhecimento e morte.

As Teorias do Envelhecimento Psicossocial, segundo Berger (1995), à semelhança

das Teorias Biológicas, procuram levantar dúvidas de forma a explicar o

envelhecimento. Entre as diferentes Teorias Psicossociais damos a conhecer a Teoria

da Actividade, a Teoria da Desinserção e a Teoria da Continuidade.

Na Teoria da Actividade, o autor Siqueira (cit. in Neri, 2001) explica o progressivo

declínio na realização das actividades físicas e mentais, associada ao processo de

envelhecimento, como sendo um factor preponderante nas doenças psicológicas dos

Idosos.

No que respeita à Teoria da Desinserção, Berger (1995) advoga que o envelhecimento

é acompanhado por uma desinserção contínua e progressiva por parte do indivíduo em

relação à sociedade, demonstrando um afastamento das actividades sociais.

A Teoria da Continuidade evidencia, de acordo com Berger (1995), uma não ruptura

com os hábitos de vida do idoso, mantendo as suas preferências, experiências e

compromissos. Ballesteros (2001) defende que o desejo de continuidade motiva as

pessoas a prepararem-se atempadamente para as futuras alterações que poderão

ocorrer como a viuvez e a incapacidade física e mental; o desejo de continuidade pode

surgir como uma meta para a adaptação à nova condição do indivíduo.

Nas Teorias Sociais do Envelhecimento, destacamos a Teoria do

Descomprometimento, a Teoria do Modelo Social do Envelhecimento, a Teoria do

Colapso de Competência, a Teoria da Troca, a Teoria da Subcultura do

Envelhecimento, a Teoria da Estratificação por Idade e a Teoria Político-Económica

do Envelhecimento.

A Teoria do Descomprometimento, segundo Berger (1995), defende que o

envelhecimento bem sucedido fundamenta-se no distanciamento gradual da vida

social. Este distanciamento para ser considerado bem sucedido terá que ser aceite pela

sociedade, com vista à preparação do descomprometimento final.

A Teoria do Modelo Social do Envelhecimento, de acordo com o mesmo autor

(Berger, 1995), centra-se na descrição das diferentes etapas da vida, perscrutando as

crises, as tarefas e os tipos de relações familiares que lhe estão intimamente

associadas.

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A Teoria do Colapso de Competência (Neri, 2001) é crucial para depreender a

aptidão social do idoso e as consequências negativas que podem acompanhar as crises

que acontecem com maior frequência à medida que a idade avança. Estas crises

podem ser desencadeadas por diversos factores como a perda de saúde do

companheiro(a) entre outras que desencadeiam um espiral de respostas negativas.

A Teoria da Troca é explicada por Neri (2001) como uma Teoria que se centra no

modelo racional de decisão comportamental, percepcionando a vida social como uma

colecção de indivíduos circundados em trocas sociais. Os indivíduos prendem-se em

interacções que são recompensadoras e afastam-se daquelas que são perniciosas, ou

seja, procuram a maximização do lucro nas suas relações.

Siqueira (cit. in Neri 2001) defende que a Teoria do Construcionismo Social, procura

analisar a forma como as realidades sociais do envelhecimento se alteram com o

tempo, enriquecendo as diversas situações de vida e papeis sociais que acrescem com

a maturidade.

A Teoria da Modernização, segundo Neri (2001), descreve a relação entre a

modernização e as mudanças nos papéis sociais e no status das pessoas idosas. A

modernização é percepcionada nesta teoria como o processo de industrialização, que

conduz a mudanças estruturais nas sociedades, que se dão de forma particular, tendo

em conta o contexto histórico e cultural.

A Teoria da Subcultura do Envelhecimento (Kart cit. in Neri, 2001) refere que os

idosos constroem uma cultura própria como o resultado das suas crenças e dos seus

proveitos comuns, da exclusão da interacção com outros grupos etários e do

crescimento da interacção dos idosos com os seus pares como fruto da política pública

segregacionista.

A Teoria da Estratificação por Idade, na perspectiva de Siqueira (cit. in Neri, 2001),

efectua uma análise da assíncronia entre as mudanças estruturais e as mudanças

individuais ao longo do tempo, isto é, a estrutura de papéis sociais por idade elabora a

sociedade hierarquicamente, o que poderá ser análogo à hierarquia de classe social.

Por último, na Teoria Político-Económica do Envelhecimento, Siqueira (cit. In Neri,

2001) defende que é a interacção de forças económicas e políticas que definem a

forma como os recursos sociais serão distribuídos e como estas forças influenciam o

status dos idosos e a forma como serão tratados. Walker (cit in Neri, 2001) com base

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nesta teoria efectua uma análise, da relação entre as políticas públicas e a construção

social do envelhecimento. Concluiu que as propostas de política pública se alicerçam

num agregado de perspectivas teóricas que conduzem à configuração do “estado de

bem-estar social” nas sociedades industriais. Salselas (1994) advoga que a

inexistência de protecção para todos, põe em causa os princípios dos direitos

enunciados e introduz, tal como os mecanismos de assistência, os métodos selectivos

de controle e acantonamento pela posição social. Segundo a autora ocorre uma

disparidade entre a enunciação universal do direito à integração social, limitado na

prática, pelas condições de acesso que definem quem pode beneficiar, após análise

individual das necessidades. Os serviços deixam de ser um meio para manter ou

prolongar a autonomia do idoso no seu domicílio, para repensar uma ajuda e assumir

um carácter subsidiário face à insuficiência da reforma e pensão social. Deste modo,

verifica-se uma lacuna entre o discurso da necessidade de uma acção global e para

todos, para contrariar a imagem negativa da velhice e a prevalência de respostas com

base no princípio do internamento. Amaro (cit in Salselas, 1994) defende que o

envelhecimento nesta perspectiva economicista (encarar os idosos apenas como

objecto de necessidades) representa um “fardo” cada vez mais pesado para os outros

que são cada vez em menor quantidade.

Rosário Mauritti (2004), defende que o conceito de idoso não deve ser explicado

somente recorrendo ao factor idade. Propõem, à semelhança de Caradec e Christian

Lalive citado por Mauritti, uma reconceptualização do conceito, argumentando a

necessidade de analisar diversos factores que influenciam directamente a vida

quotidiana do idoso, determinando de uma forma mais coerente o termo. Mauritti

(2004) advoga que para definir o conceito de idoso, torna-se imprescindível analisar

os seguintes aspectos: os parâmetros de configuração dos perfis sociais das pessoas

idosas; o espaço topológico de padrões de vida na velhice; perfis-tipo dos padrões de

vida das pessoas com 55 e mais anos; e por último, as qualificações e o trabalho na

diferenciação social das pessoas idosas.

No que respeita, aos parâmetros de configuração dos perfis sociais das pessoas idosas,

a autora refere que analisados diferentes estudos, nomeadamente do Instituto Nacional

de Estatística, a idade mínima de entrada na categoria de idosos são os 65 anos,

contudo existe o intervalo dos 55-64 anos que é caracterizado, como aglutinador de

uma elevada percentagem de indivíduos em situação de inactividade, antecipando a

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idade de reforma, recorrendo à pré-reforma. A autora quando observa os dados

referentes aos intervalos de 55-65 anos em diante, constata que as habilitações

literárias vão decrescendo, à medida que a idade vai aumentando. Dentro desta

primeira análise, destaca igualmente, indicadores sócio-espaciais, observando a

repartição dos idosos pelo país, sendo as zonas com maior incidência o Alentejo, o

Algarve e o Centro de Portugal.

Analisando o espaço topológico de padrões de vida na velhice, a autora procura

conhecer os hábitos de consumo, isto é, como são gastos os rendimentos dos idosos.

Para isso definiu blocos temáticos: Alimentação básica e habitação (foi o único onde

não se registou a inexistência de consumos); Saúde (constatou-se a existência de

comportamentos heterogéneos, mas de grosso modo com um peso expressivo);

Tecnologias correntes (a maioria apresenta consumos nesta área, ex: fogão, televisão,

frigorifico, entre outros.); Vestuário e imagem pessoal, alimentação preparada,

transportes próprios, novas tecnologias e práticas culturais (reflectiu consumos

baixos/médios); Transportes públicos (a que menor expressão possui).

Dissecando os perfis-tipo dos padrões de vida das pessoas com 55 e mais anos, a

autora apresenta cinco perfis distintos: Velhice de pobreza; Velhice precária; Velhice

remediada; Velhice autónoma; e Velhice distintiva.

A primeira, Velhice de pobreza, aglomera os idosos com menores recursos, desde as

habilitações às redes familiares. Neste patamar situam-se sobretudo os “muito idosos”

com idades superiores a 75 anos, com elevada representação do sexo feminino.

A segunda, Velhice precária, concerne a situações de idosos que apresentem

consumos elementares ou de sobrevivência, pautando-se pela inexistência de consumo

de bens e serviços culturais e novas tecnologias. Neste perfil encontram-se sobretudo

indivíduos entre os 65 e 74 anos residentes em contextos de semiurbanidade, assim

como indivíduos reformados antecipadamente por invalidez.

No terceiro perfil, Velhice remediada, os indivíduos apresentam consumos de nível

médio, vislumbrando-se consumos de bens e serviços culturais e novas tecnologias.

Incidência de indivíduos entre os 55-64 anos, apresentando como habilitações o

ensino básico.

O quarto perfil, Velhice autónoma, caracteriza-se por consumos médio-altos nos

diferentes blocos temáticos, traduzindo bem-estar, conforto e alguma estabilidade.

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Por último, a Velhice distinta, apresenta menor expressão, caracterizando-se por um

elevado consumo nos diferentes blocos temáticos. Este perfil engloba os indivíduos

com maior qualificação.

Ao nível das qualificações e do trabalho na diferenciação social das pessoas idosas,

Mauritti refere que poderão ser categorizadas quatro categorias distintas. Na primeira

categoria concentram-se os indivíduos com 65 ou mais anos, pouco qualificados quer

ao nível profissional, quer ao nível escolar. Estes possivelmente localizam-se na

“velhice precária” e/ou “velhice de pobreza”. Abandonam a actividade profissional

sobretudo, devido a problemas de saúde. Nesta categoria é predominante a

inactividade na reforma. Esta é ainda caracterizada pelo elevado número de viúvos e

famílias unipessoais. A segunda categoria integra os indivíduos que enquanto activos,

eram trabalhadores por conta de outrem com maior nível de qualificações (técnicos).

Os indivíduos reformam-se nesta categoria, maioritariamente por motivos de idade.

Prevalecem os solteiros, existindo a possibilidade de enquadrar nesta categoria os

“jovens idosos”. A “velhice distinta” é perfeitamente enquadrável nesta categoria. A

terceira categoria engloba, com maior prevalência os indivíduos pertencentes à

burguesia, caracterizada pela posse de recursos económicos. Esta classe revela-se

extremamente heterogénea no que respeita à posse de recursos educacionais,

tendencialmente prevalecem os parcos recursos educacionais. Os indivíduos nesta

categoria continuam a exercer actividade laboral, são na grande parte casados, entre

os 55-64 anos, prevalecendo também um número expressivo de divorciados. Ao

associar a um perfil-tipo seria à “velhice autónoma” e/ou “velhice remediada”.

Este quadro de análise permite, de uma forma clara, desmontar a complexidade do

conceito em estudo. A classe idosa é extremamente complexa e heterogénea,

coexistindo simultaneamente diferentes grupos, quer ao nível da actividade e da

autonomia, quer ao nível cultural, social e económico. A diminuição progressiva, da

taxa de mortalidade, tem alargado o intervalo da classe de idosos. Este incremento

colide, na obrigatoriedade de destrinçar diferentes níveis de velhice. Cabem no

conceito de idoso dimensões distintas, desde a velhice activa, ao idoso em total

dependência, enquadrado na “quarta idade”.

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A dissecação dos diferentes níveis do conceito, permite prevenir a ocorrência de

preconceitos, sobre o idoso.

Esta análise revela que o envelhecimento é um processo de acumulação de sabedoria.

O idoso dotado de capacidades físicas e mentais poderá ser considerado uma mais

valia para a sociedade, continuando a participar activamente nesta, contribui

positivamente para o seu processo de envelhecimento, indo de encontro ao apelo das

diferentes Organizações que lidam directamente ou indirectamente com a população

idosa, que advogam e premeiam o envelhecimento activo.

Os idosos em situação de dependência, estimulam a imaginação da família, do sector

público e privado, procurando soluções que diminuam o sofrimento, procurando

contribuir para o acesso ao bem-estar.

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2.Caracterização dos Idosos

2.1 Os Idosos na Europa A velhice é uma das características incontornáveis da existência humana.

Consideram-se pessoas idosas os homens e mulheres com idade igual ou superior a 65

anos (OMS in www.who.int). Em Portugal a idade de 65 anos encontra-se

intimamente ligada à idade de reforma.

A presença do envelhecimento populacional nas sociedades assume as mais diversas

formas, acarretando problemáticas disformes consoante a morfologia social.

O aumento de indivíduos idosos nas sociedades modernas, advém do

desenvolvimento que as mesmas apresentam, comprovam-se as melhorias nas

condições alimentares e nos cuidados de saúde, assim como se verificam evoluções

positivas das práticas sociais (famílias tendencialmente menos numerosas). Tais

factores contribuem vectorialmente para a maior longevidade dos indivíduos,

aumentando a esperança média de vida.

O envelhecimento demográfico define-se pelo incremento acentuado da proporção de

pessoas idosas na totalidade da população. Este fenómeno resulta da diminuição de

população jovem (declínio da fecundidade) e/ou população em idade activa.

Apesar dos propagados desenvolvimentos no aumento da esperança de vida, esta

continua a ser encarada como uma preocupação generalizada quando não

acompanhada por uma taxa de natalidade sustentável. Este fenómeno caracteriza-se

pela existência negativa de jovens face ao acréscimo de população idosa.

Recorrendo à análise dos diversos períodos intercencitários apresentados pelo INE

entre o ano de 1960 e 2000 para a população mundial, constata-se que a proporção de

jovens (0-14 anos) sofreu um decréscimo, dos 37% para 30%. Estima-se que em 2050

a proporção de jovens se cifre nos 21%, segundo estimativa das Nações Unidas (INE,

2002).

Incidindo a análise sobre a população mundial com mais de 65 anos, para igual

período intercencitário, constatamos que esta evidencia uma tendência crescente, dos

5.3% em 1960 para 6.9% em 2000, estimando-se em 2050 um valor próximo dos

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15.6% (INE, 2002). Em guisa de conclusão, cifra-se o ritmo de crescimento da

população idosa quatro vezes maior ao da população jovem.

O aumento da proporção de indivíduos idosos não floresce uniformemente pelas

diversas regiões do globo terrestre. Países mais desenvolvidos estão na génese deste

fenómeno, com início na década de 50. Países menos desenvolvidos demonstram

taxas de crescimento positivas no que se refere à população jovem, apesar de serem

consideradas relativamente baixas, supõe-se que apresentarão taxas nulas a partir do

ano de 2030 (INE, 2007).

Recorrendo à análise dos dados fornecidos pelas Nações Unidas, constatamos que a

população nos países desenvolvidos em relação aos países em via de

desenvolvimento, concentra-se com maior intensidade nas regiões urbanas. (in

http://unstats.un.org/). Isto explica em parte a necessidade, nos países desenvolvidos,

da emergência da intervenção do Estado e do Terceiro Sector em áreas dirigidas aos

idosos, uma vez que as redes de vizinhança sofrem alterações significativas e o

enfraquecimento dos laços familiares e de vizinhança conduz à diminuição dos

cuidados aos mais velhos.

Por forma a percepcionar a realidade sobre a problemática das pessoas idosas na

União Europeia, torna-se premente a análise de dados diferenciados.

Nesse sentido, é importante recorrer às estatísticas relativas à mortalidade infantil,

fornecidos pelo Eurostat. Confirma-se que a média dos 15 países tem sofrido

decréscimos progressivos, de 1992 até 2003, conforme é visível no gráfico 1.

Gráfico1

Mortalidade Infantil

0

5

10

15

20

25

1992

1995

2000

2005

2008

1992 8,2 6,6 6,2 8,4 7,1 6,8 6,5 7,9 8,6 6,3 7,5 9,3 5,2 5,4 6,6 23,3 4,8 6,9 8,5

1995 5,9 5,1 5,3 8,1 5,5 4,9 6 6,2 5,6 5,5 5,4 7,5 3,9 4,1 5,7 21,2 6 5,6 6,7

2000 4,8 5,3 4,4 5,9 3,9 4,4 6,2 4,5 5,1 5,1 4,8 5,5 3,8 3,4 5,6 18,6 3 4,7 5,2

2005 3,7 4,4 3,9 3,8 3,8 3,8 4 2,6 4,9 4,2 3,5 3 2,4 5,1 15 2,3 3,9 4,3

2008 3,4 4 3,5 3,5 3,5 3,7 1,8 3,8 3,7 3,3 2,6 2,5 4,7 11 2,5

Bélgica

Dinamar

Aleman

Grecia

Espanh

França

Irlanda

ItáliaLuxembu

Holanda

Austria

Portugal

Finlandi

Suécia

Reino

Romen

Islandia

Media

Media

Fonte: http// epp.eurostat.ec.europa.eu

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24

Quando se analisam os dados referentes à média dos países da U.E. a 25, constatamos

que a taxa sobe significativamente, apesar de se constatar igualmente uma descida

evolutiva de 1992 a 2008. O país que mais se destaca pela negativa é a Roménia

registando valores em 1992 de 23.3, contrastando com os valores apresentados pela

Islândia para igual período, 4,8. Nos restantes anos os protagonistas mantêm-se,

registando a Roménia em 2008 uma taxa de 11 e a Islândia com 2,5 e o Luxemburgo

com 1,8. A Islândia e a Suécia foram, os únicos países, com dados disponíveis para o

ano de 2008 que registaram aumentos nas taxas de mortalidade infantil entre 2005 e

2008. Este último país, juntamente com a Finlândia, Reino Unido, Itália e Áustria,

apresenta um ligeiro aumento da taxa de mortalidade infantil, de 2002 para 2003.

Portugal apresenta valores inferiores à média registada nos países da U.E..

O gráfico 2, sobre a Taxa de Fertilidade, potencia a análise sobre o envelhecimento

nos diversos países que compõem a União Europeia, uma vez que demonstra de forma

efectiva a propensão e preocupação de cada país para a renovação da população.

Gráfico 2

Taxa de Fertilidade

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3 1992

1995

2000

2007

1992 1,65 1,76 1,3 2,49 1,38 1,32 1,73 1,99 1,31 1,64 1,59 1,51 1,54 1,85 2,09 1,79 1,5 2,21 1,51 1,57

1995 1,55 1,8 1,25 2,13 1,32 1,18 1,7 1,84 1,18 1,69 1,53 1,42 1,41 1,81 1,73 1,71 1,34 2,08 1,42 1,44

2000 1,66 1,77 1,38 1,64 1,29 1,24 1,88 1,9 1,24 1,76 1,72 1,36 1,55 1,73 1,54 1,64 1,31 2,08 1,5 1,48

2007 1,42 1,84 1,37 1,39 1,41 1,4 1,98 2,01 1,61 1,72 1,38 1,33 1,83 1,88 1,3 2,09

Bélgica

Dinamar

Aleman

Chipre

Grecia

Espanh

França

Irlanda

ItáliaLuxemb

Holanda

Austria

Portugal

Finlandia

Suécia

Reino

Romenia

Islandia

Media UE

Media EU

Fonte: http://epp.eurostat.ec.europa.eu/tgm/table.do?tab=table&init=1&language=en&pcode=tsdde220&plugin=0

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Entre os anos de 1992 e 2007, observamos que a maioria dos países apresenta uma

diminuição dos valores, somente a Alemanha, França e Holanda, conseguem registar

valores superiores em 2003 do que no ano de 1992. O Reino Unido, Suécia e a

Islândia foram os países que maior aumento verificaram de 2002 para 2003,

respectivamente 0.07% e 0.06%. A média dos países da U.E., sofreu um incremento

positivo de 2002 para 2003. Portugal regista valores inferiores à média da U.E.. Em

2003 o país com maior taxa de fertilidade era a Islândia com 1,99%, seguida da

Irlanda com 1,96% e França com 1,89%. O país com a menor taxa dos países da U.E.

a 15 era a Grécia, registando valores de 1.76 pontos percentuais. Analisando os países

da U.E. a 25, o que regista menor percentagem é a Republica Checa com 1,18. Dos

países em análise para o ano de 2007 a Suécia foi o que registou o maior aumento,

apesar de evidenciar uma evolução negativa de 1992 a 2000. O país que regista a taxa

de fertilidade mais elevada no ano de 2007 é a Islândia com 2,09. Portugal, apesar de

em 2000 ter apresentado uma evolução positiva na taxa de fertilidade, volta a descer

em 2007, registando uma das taxas mais baixas dos países europeus. Somente a

Roménia apresenta um valor mais reduzido, 1,30, a taxa mais baixa dos países

europeus em análise.

Para a continuidade da caracterização, torna-se imprescindível o recurso à análise dos

dados relativos às taxas da população por classe etária, permitindo visualizar a

pirâmide etária de cada país que compõe a União Europeia. Neste estudo optou-se por

recolher dados respeitantes a anos distintos, de forma a percepcionar a evolução das

taxas. Atendendo ao facto de se pretender analisar o peso do envelhecimento da

população em cada país da União Europeia, decidiu-se analisar somente a classe etária

dos 0-14 anos, 65-79 anos e maiores de 80 anos.

Analisando os dados fornecidos pelo Eurostat, no que concerne às taxas de população

por classes etárias dos 0-14 anos, entre os anos de 1993 e 2004, indicam claramente

uma diminuição progressiva do total de jovens nos países que compõem a União

Europeia, dados susceptíveis de comprovação na tabela 1.

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Tabela 1: Idade 0-14 anos na União Europeia

1994 2000 2004 1994-2004

Bélgica 18,1 17,6 17,3 0,8

Republica Checa 19,4 16,6 15,2 4,2

Dinamarca 17,1 18,4 18,9 -1,8

Alemanha 16,4 15,7 14,7 1,7

Estónia 21,2 18,3 16,6 4,6

Chipre 25,2 22,8 20 5,2

Grecia 18 15,5 14,6 3,4

Espanha 17,5 14,9 14,5 3

França 19,8 18,9 18,6 1,2

Irlanda 25,2 21,9 20,9 4,3

Itália 14,9 14,3 14,2 0,7

Letónia 21,1 18 15,4 5,7

Lituânia 22,2 20,2 17,7 4,5

Luxemburgo 18,1 18,9 18,8 -0,7

Hungria 18,6 16,9 15,9 2,7

Malta 20,4 18,2 -18,2

Holanda 18,4 18,6 18,5 -0,1

Austria 17,8 17,1 16,3 1,5

Polónia 23,7 19,6 17,2 6,5

Portugal 18,4 16,2 15,7 2,7

Eslovénia 19,1 16,1 14,6 4,5

Eslováquia 23,5 19,8 17,6 5,9

Finlandia 19,1 18,2 17,6 1,5

Suécia 18,7 18,5 17,8 0,9

Reino Unido 19,4 19 18,3 1,1

Bulgária 18,6 15,9 14,2 4,4

Croacia 19,8 0

Romenia 21,4 18,5 16,4 5

Islandia 24,8 23,3 22,6 2,2

Lichenstein 19,3 18,7 18 1,3

Noruega 19,3 20 19,9 -0,6

Média UE 15 17,7 16,8 16,3 1,4

Média UE 25 18,5 17,2 16,4 2,1 Fonte: http//epp.eurostat.cec.eu.int/ O último item da tabela concebido pelo autor

Os valores relativos aos países que compõem a U.E. a 15 têm descido de 1993 com

uma taxa de 17.9%, para 16.3% no ano de 2004. A média dos países que compõem a

U.E. a 25 desce de 1993 com 18,6%, para 16,4% no ano de 2004. Os únicos países

que apresentaram valores superiores comparando os anos de 1993 e 2004, foram: a

Dinamarca com mais 1,8 pontos percentuais; o Luxemburgo com mais 0,7%; a

Noruega com uma evolução positiva de 0,6%; e a Holanda com um valor de 0,1%. Os

países que registaram os decréscimos mais significativos foram a Polónia com 6,5

pontos percentuais e a Eslováquia com 5,9%. Portugal verifica para igual período

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comparativo, a diminuição de 2,3% de jovens com idades compreendidas entre os 0 -

14 anos.

Tabela 2: Idade 65-79 anos na União Europeia

1994 2000 2004 2004-1994

Bélgica 11,8 13,3 13 1,20

Republica Checa 10,3 11,5 11,1 0,8

Dinamarca 11,5 10,9 10,9 -0,6

Alemanha 11,2 12,7 13,8 2,6

Estónia 10,2 6 13 2,8

Chipre 8,5 14 9,3 0,8

Grécia 11,6 13,4 14,3 2,7

Espanha 11,5 13 12,7 1,2

França 10,7 12,4 12 1,3

Irlanda 9 8,7 8,5 -0,5

Itália 12,3 14,2 14,4 2,1

Letónia 10,3 12,3 13,3 3

Lituânia 9,2 11,4 12,2 3

Luxemburgo 10,5 11,2 11 0,5

Hungria 11,1 12,4 12,3 1,2

Malta 9,8 10,3 10,3

Holanda 10,1 10,4 10,4 0,3

Áustria 11,1 12 11,4 0,3

Polónia 8,6 10,1 10,6 2

Portugal 11,6 12,8 13,1 1,5

Eslovénia 9,2 11,6 12,2 3

Eslováquia 8,6 9,5 9,3 0,7

Finlândia 10,8 11,5 11,8 1

Suécia 13 12,4 11,9 -1,1

Reino Unido 11,8 11,6 11,7 -0,1

Bulgária 12,2 14 14,2 2

Croácia 10 0

Roménia 9,5 11,4 12,2 2,7

Islândia 8,4 8,9 8,8 0,4

Lichenstein 8 8,1 8,1 0,1

Noruega 12,1 11 10,2 -1,9

Média UE 15 11,4 12,6 12,8 1,4

Média UE 25 11,1 12,3 12,5 1,4 Fonte: http//epp.eurostat.cec.eu.int/ O último item da tabela concebido pelo autor

Analisando os dados relativos à população com idades compreendidas entre os 65-79

anos de idade, para o intervalo temporal 1994-2004, constata-se que a maioria dos

países apresentam crescimentos positivos. Observando os dados para os países que

compõem a U.E. a 15, destacam-se a Itália e a Alemanha, com valores em 2004 de

14,4% e 13,8%. Focalizando a análise nos países que compõem a U.E. a 25,

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destacam-se a Letónia, Lituânia e Eslovénia. Os países que apresentam em 2004, um

decréscimo acentuado no número de pessoas entre os 65-79 anos, são a Noruega com

(-)1,9 pontos percentuais, seguida da Dinamarca com (-)0,6 e a Irlanda com (-)0,5

pontos percentuais. A média da U.E. a 15 é relativamente mais elevada, contudo a

variação percentual entre 1994 e 2004 é idêntica, 1,4 pontos percentuais, demonstrado

claramente o progressivo envelhecimento da população europeia. Portugal evidencia

uma tendência para o envelhecimento da população, registando um aumento de 1,5

pontos percentuais entre os anos de 1994 e 2004.

Tabela 3: Idade > 80 anos na União Europeia

1994 2000 2004 2004-1994

Bélgica 3,7 3,5 4,1 0,4

Republica Checa 2,7 2,3 2,9 0,2

Dinamarca 3,9 3,9 4 0,1

Alemanha 4 3,6 4,2 0,2

Estónia 2,8 2,6 2,8 0

Chipre 2,6 2,6 2,6 0

Grecia 3,1 3,1 3,2 0,1

Espanha 3,3 3,8 4,1 0,8

França 4,1 3,6 4,4 0,3

Irlanda 2,4 2,5 2,6 0,2

Itália 3,7 3,9 4,8 1,1

Letónia 2,8 2,5 2,9 0,1

Lituânia 2,7 2,3 2,8 0,1

Luxemburgo 3,3 3,1 3,1 -0,2

Hungria 2,8 2,5 3,2 0,4

Malta 2,3 2,7 2,7

Holanda 3 3,2 3,4 0,4

Austria 3,7 3,4 4,1 0,4

Polónia 2,1 1,9 2,4 0,3

Portugal 2,8 3,2 3,7 0,9

Eslovénia 2,5 2,3 2,9 0,4

Eslováquia 2,1 1,8 2,3 0,2

Finlandia 3,1 3,3 3,7 0,6

Suécia 4,5 4,9 5,3 0,8

Reino Unido 3,9 4 4,3 0,4

Bulgária 2,4 2,1 2,9 0,5

Croácia 2,4 0

Roménia 2 1,7 2,2 0,2

Islândia 2,5 2,7 3 0,5

Lichenstein 2,2 2,3 2,7 0,5

Noruega 3,9 4,2 4,6 0,7

Média UE 15 3,8 3,7 4,2 0,4

Média UE 25 3,5 3,4 4 0,5 Fonte: http//epp.eurostat.cec.eu.int/ ; O último item da tabela concebido pelo autor

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A análise dos dados relativos às pessoas com idades iguais ou superiores a 80 anos,

permite constatar um aumento geral da população para esta faixa etária na globalidade

dos países da U.E. Os países que demonstram aumentos mais significativos são a

Itália com um aumento de 1,1 pontos percentuais de 1994 para 2004, seguido de

Portugal com 0,9 pontos percentuais e a Suécia com 0,8. O único país que apresenta

uma diminuição do número de pessoas para esta faixa etária é o Luxemburgo com (-)

0,2 pontos percentuais em relação ao período de 1994 – 2004. Países como a Estónia e

o Chipre mantêm os mesmos valores. Os dados relativos à média da U.E a 15 e a 25

países têm aumentado, 0,4 e 0,5 pontos percentuais, indiciando um claro aumento no

número de idosos com mais de 80 anos.

Os dados a seguir mencionados, constantes no Boletim Estatístico de Agosto e

Setembro de 2006 do MTSS (2006), estabelecem uma análise comparativa dos dados

referentes à população total entre os diferentes países que compõem a União

Europeia, com base na recolha de dados durante os anos de 1995, 2005 e a previsão

para o ano de 2050.

A análise atenta da tabela 4 permite observar que todos os países à excepção da

Irlanda, Dinamarca, Reino Unido e Suécia, apresentam acréscimos mais significativos

na percentagem de população idosa entre os anos de 1995 e 2005. Os países que mais

se evidenciam são a Alemanha e a Letónia com um crescimento de 4%, seguidos de

perto pela Itália, Grécia, Estónia, Eslovénia e Lituânia com incrementos de 3%.

Apesar dos aumentos registados, os países que em 2005 apresentavam maior

percentagem de população com mais de 65 anos era a Alemanha e a Itália com 19%,

seguidos pela Grécia com 18%, Bélgica, Espanha, Letónia, Portugal e Suécia com

17%. Efectuando a análise dos países com menores percentagem evidenciam-se os

países como a Irlanda, Chipre, Malta, Polónia e Eslováquia com valores de 11%,

seguidos por Lituânia e Eslovénia com 12%. À excepção da Irlanda, os restantes

países são recentes na União Europeia, apresentando valores relativamente baixos em

relação aos restantes países que a compõem há mais tempo.

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Tabela 4

População Total com 65 e mais anos (%)

1995 2005 2050 (previsão)

2050-2005

Bélgica 16 17 28 11 Republica Checa 13 14 31 17 Dinamarca 15 15 24 9 Alemanha 15 19 32 13 Estónia 13 16 26 10 Grécia 15 18 32 14 Espanha 15 17 36 19 França 15 16 27 11 Irlanda 11 11 26 15 Itália 16 19 35 16 Chipre 11 12 26 14 Letónia 13 17 26 9 Lituânia 12 15 27 12 Luxemburgo 14 14 22 8 Hungria 14 16 28 12 Malta 11 13 25 12 Holanda 13 14 23 9 Áustria 15 16 30 14 Polónia 11 13 29 16 Portugal 15 17 32 15 Eslovénia 12 15 31 16 Eslováquia 11 12 29 17 Finlândia 14 16 27 11 Suécia 17 17 24 7 Reino Unido 16 16 27 11 Média UE 15 15 17 30 13 Média UE 25 15 17 30 13

Fonte: Boletim Estatístico Agosto e Setembro de 2006 do MTSS; a última coluna foi criação do autor.

Alargando a análise ao período de previsão, 2050, constata-se que os países que

apresentarão as percentagens mais elevadas de população com mais de 65 anos serão

a Espanha com 36%, a Itália com 35%, Alemanha, Grécia e Portugal com 32%. Os

países com menor percentagem serão o Luxemburgo com 22%, seguido da Dinamarca

e Suécia com 24% e Malta com 25%. Estabelecendo uma análise aos países que

registarão um maior crescimento na percentagem de população com mais de 65 anos,

entre 2005 e 2050, verifica-se que a Espanha apresentará um crescimento de 19%, a

Republica Checa e a Eslováquia apresentarão um aumento de 17%. Os países com

menor aumento na população idosa, entre o ano de 2005 e 2050, serão a Suécia,

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Luxemburgo, Dinamarca, Letónia e Holanda. Curiosamente serão os países que de

acordo com as projecções registarão um menor número de idosos.

Gráfico 3 – O valor real e projecção do rácio das pessoas idosas (rácio calculado ente

o número de pessoas idosas quando economicamente inactivas e o número de pessoas

em idade de trabalho).

Current and Project old age dependency ratio

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,001995 2000 2010 2020 2050

1995 23,80 22,70 22,50 22,80 22,20 22,90 18,00 24,00 20,60 19,30 22,40 21,40 21,10 27,40 24,30 23

2000 24,40 22,10 23,30 25,50 24,40 24,30 17,40 26,50 21,50 20,10 22,60 22,50 21,90 26,80 24,00 24

2010 26,90 24,30 29,20 29,30 26,50 25,50 18,50 31,00 23,50 22,50 25,60 24,30 24,70 27,90 24,70 27

2020 32,60 30,10 31,90 32,30 29,80 32,60 24,50 35,50 27,90 29,80 28,50 37,30 35,00 0,00 29,80 31,70

2050 43,50 37,70 46,80 48,00 56,50 46,40 43,60 55,70 37,80 40,70 44,30 44,00 42,10 37,90 42,80 47,20

Bélgica

Dinamarc

a

Alemanha

Grecia

Espanha

França

Irlanda

ItáliaLuxembur

go

Holanda

Austria

Portugal

Finlandia

Suécia

Reino Unido

Media UE

15

Fonte: http//epp.eurostat.cec.eu.int/

Analisando os dados apresentados no gráfico 3, verifica-se na Dinamarca, país com o

menor rácio previsto para 2050, um aumento gradual da taxa, em 1995 – 22.7%, em

2000 – 22.1%, no ano de 2010 estima-se que o valor suba para os 24.3%, para 2020 -

30.1% e para o ano de 2050 o valor de 37.7%. A Itália registava em 1995 um valor de

24%, no ano de 2000 verificava um valor de 26.5%, estimando-se para o ano de 2020

um valor de 35.5%, em 2050 o valor previsto é de 55.7%. Portugal registava em 1995

um valor de 21.4%, em 2000 a taxa era de 22.5%, prevendo-se um aumento de 1.8%

para 2010, para o ano de 2020 calcula-se que o valor se cifre nos 27.3%, por último

em 2050 o Eurostat prevê que a taxa se fixe nos 44%

(http://epp.eurostat.ec.europa.eu). O país que regista uma taxa mais elevada é a

Espanha, em 1995 apresentava um valor de 22.2%, em 2000 o valor aumentou para os

24.4%, prevê-se que em 2010 a taxa se cifre nos 26.5%, em 2020 o valor será de

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29.8%, por último em 2050 estima-se que o valor seja de 56.5%. A média da UE a 15

países aumentou de 1995 para 2000, 0,9%, estima-se que aumentará de 2000 para

2010, 2.9%, o valor continuará a registar aumentos de 2010 para 2020 com

incrementos de 4,7%, o maior aumento prevê-se que acontecerá de 2020 para 2050,

com um acréscimo de 15.5%. (http//epp.eurostat.cec.eu.int/)

Gráfico 4

0 5 10 15 20 25 30 35

Bélgica

Dinamarca

Alemanha

Grecia

Espanha

França

Irlanda

Itália

Luxemburgo

Holanda

Austria

Portugal

Finlandia

Suécia

Reino Unido

Islandia

Noruega

Media UE 15

Gastos totais com a Protecção Social

2002

1996

1991

Fonte:

http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/living_conditions_and_social_protection/publications/social_protec

tion_sub

A análise do gráfico permite observar que o país que mais se destaca, com gastos em

protecção social, é a Suécia, apesar de ter evidenciando um decréscimo no

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investimento entre o ano de 1991 e o ano de 2002. Países como a França e a

Alemanha, têm aumentado os gastos com a protecção social entre os anos de 1991 e

2002. Estes dois países estão em segundo e terceiro lugar, ao nível dos gastos, em

2002 com protecção social. Portugal é o país que regista maior aumento com os gastos

em protecção social entre os anos em análise. A Irlanda é o país que regista o menor

gasto dos países análisados.

Tabela 5

Indicadores da adequação das transferências sociais para a redução da pobreza

em alguns países da UE

Inputs Outputs

Necessidades Recursos Resultados Impactos

Pais/Região

% famílias Pobres

% familias pobres

antes das transf.

Despesas protecçao

social em % do PIB (1993)

Eficácia das transf.

em intensidade

Eficiência líquida das

transf.

% fam.pobres antes das transf.

que saem da pobreza

% fam. que saem da

pobreza devido às transf.

Catalunha 15,1 30,8 74,8 41,4 51 15,7

Portugal 28,9 49,9 18,3 65,3 44,8 41,5 20,5

Grecia 19,9 38,1 16,3 64,3 76,3 47,8 18,3

Italia 17,9 43,2 25,8 77,9 45,4 58,6 25,3

França 15,4 46,4 30,9 83,9 47,5 66,8 31

Irlanda 17,2 46,2 21,4 83 53,7 62,8 29

Belgica 5 41,4 27,6 95,9 42,7 86,2 35,7

Luxemburgo 7,6 45,6 24,9 92,6 39,3 80,5 31,3 Fonte: Pereirinha (1999)

Através da análise do quadro 5 podemos constatar os impactos das políticas de

protecção social em alguns países europeus. A linha de pobreza foi estimada como

50% do rendimento disponível médio por adulto-equivalente. Verifica-se que os

países que afectam maior percentagem do PIB para despesas com a protecção social,

evidenciam menor percentagem de transferências sociais que contribuem para

combater o deficit de pobreza. Nestes países constata-se uma maior eficácia na

redução das transferências em termos de intensidade, correspondendo a uma maior

redução do deficit de pobreza. É visível também uma maior eficácia líquida das

transferências em termos de incidência, ou seja um maior número de famílias que

saem da situação de pobreza. À medida que o peso das transferências sociais do PIB é

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maior, verifica-se tendencialmente uma maior eficácia e uma menor eficiência das

transferências quando avaliada em termos de redução da pobreza.

Portugal é o país que apresenta a maior percentagem de famílias pobres, ao mesmo

tempo é o país que apresenta menor percentagem do PIB com despesas para protecção

social. O mesmo país evidencia uma reduzida eficácia das transferências para

combate à pobreza, muito próximo dos valores registados pela Grécia. No que

concerne à eficiência, Portugal situa-se significativamente atrás da Grécia.

Gráfico 5

Em risco de pobreza após as transferências sociais

0

5

10

15

20

25 1995 1998 2000 2002 2003

1995 17 10 15 22 19 15 19 20 12 11 13 23 20 17

1998 14 11 21 18 15 19 18 12 10 13 21 9 19 15

2000 13 10 20 18 16 20 18 12 11 12 21 11 19 15

2002 15 19 12 12 20 11 11 18

2003 15 12 15 21 19 21 10 13 19 11 18

Bélgica

Dinamarca

Alemanha

GreciaEspan

haFrança Irlanda Itália

Luxemburgo

Holanda

Austria

Portugal

Finlandia

SuéciaReino Unido

M edia UE 15

Fonte: http//epp.eurostat.cec.eu.int/

A interpretação do gráfico 5, permite retirar dados importantes quanto aos riscos de

pobreza dos países que compõem a UE dos 15. A não opção pela análise de dados

relativos à U.E. dos 25, fica a dever-se à dificuldade de obtenção de dados completos

para os diversos países em questão. A análise destes dados é pertinente uma vez que

em Portugal existe uma elevada percentagem de idosos em risco de pobreza,

atendendo ao facto que uma elevada percentagem das reformas serem baixas.

A interpretação dos dados permite perceber que em Portugal apesar do elevado risco

de pobreza, os valores têm diminuído paulatinamente de 1995 até 2003, de 23% para

os 19%. Apesar da insuficiência de dados, é possível vislumbrar que os países que

apresentam valores com maior expressividade são a Grécia e a Irlanda, ambos

aumentaram nos últimos anos. Luxemburgo, juntamente com os países nórdicos,

apresenta os valores mais baixos, revelando a forte presença durante anos do Estado

Providência.

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35

Portugal registou uma evolução no sentido do envelhecimento mais lenta do que a

generalidade dos países europeus, contudo aproxima-se para os valores registados nos

países do norte da Europa, onde o processo de envelhecimento se iniciou na década de

50. A título exemplificativo, a taxa de fecundidade em Portugal até ao final da década

de 90 manteve-se acima da média registada na União Europeia; após esse período foi

o país que constatou a maior queda, sendo dos países que menos nascimentos tem em

média.

2.2 Os idosos em Portugal À semelhança do que acontece nos países desenvolvidos, com maior similitude com

os países europeus, Portugal na análise efectuada entre censos, demonstra uma

progressiva inversão da pirâmide etária, ou seja, constata-se decididamente um

aumento da proporção de pessoas idosas e uma assumida diminuição da proporção de

jovens. Este fenómeno de envelhecimento acontece quando passamos de um modelo

demográfico de fecundidade e mortalidade elevados para um modelo em que a

fecundidade e a mortalidade apresentam valores reduzidos, sendo representado

graficamente como um estreitamento da base da pirâmide etária.

De forma a gizar a afirmação anterior, verificamos a evolução registada na proporção

da população jovem que durante o ano de 1960 representava 29.2%, no ano de 1980 o

valor cifrava-se nos 25.5%, em 1990 diminuiu para os 20%, no ano de 1998 registava-

se o valor de 16.9% e em 2001 decresceu para 16% (INE, 2007). Constata-se uma

diminuição progressiva no número de jovens: entre o ano de 1960 e 2000 a proporção

de jovens (0-14) decresceu 36%. Segundo projecções das Nações Unidas, citado pelo

INE (2007) a proporção de jovens em Portugal no ano de 2050 oscilará entre os 9% e

os 16%.

Concomitantemente a proporção da população idosa ganhou terreno, dos 8% em 1960

elevou-se para os 11.4% em 1980, registando novo aumento no ano de 1990 com um

valor aproximado dos 13.7%, nos anos de 1998 e 2001, registaram-se as percentagens

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36

de 15.2% e 16.4% (INE, 2007). As projecções das Nações Unidas prognosticam para

o ano de 2050 a existência de 30% de idosos.

Os valores calculados pela ONU (www.onu.com) relativamente ao cenário para 2050,

permite aferir que o número de idosos manter-se-à superior ao dos jovens, facto que

ajuda a perceber o aumento do Índice de Envelhecimento, onde no cenário mais

drástico poderá alcançar os 395 idosos por cada 100 jovens, quadruplicando o valor

registado em 2000.

É possível analisar e constar o aumento do envelhecimento demográfico em Portugal

recorrendo aos dados fornecidos entre 1960 e 2001 onde se verifica o decréscimo de

cerca de 36% na população jovem e um incremento de 140% da população idosa.

Um dos indicadores que contribuem para o aumento do envelhecimento é a taxa de

natalidade e a taxa de mortalidade.

Rebelo e Penalva (2004) referem que em 1941 a taxa de mortalidade para a totalidade

dos idosos cifrava-se em 89,44 por mil; no ano de 2002 passou para 48.96 por mil.

Gráfico 6

Indicadores Demográficos

0

5

10

15

1993

1998

2003

1993 11,4 10,6 8,6 1,51

1998 11,2 10,5 6 1,48

2003 10,8 10,4 4,1 1,44

Taxas de Natalidade %

Taxas de Mortalidade %

Taxas de Mortalidade Infantil %

Indice Sintético Fecundidade

Fonte: MTSS – DGSSFC/IIESS (2005)

Nos dados obtidos nos censos de 1981, ilustram taxativamente o declínio da

natalidade, facto por mais evidente nos censos de 1991 e 2001. O gráfico 6, fornece

informação relativamente a algumas taxas que permitem aferir a evolução do

envelhecimento em Portugal. A Taxa de natalidade intercensitária tem reduzido, em

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dez anos a taxa sofreu um decréscimo de quase 2%. A Taxa de Mortalidade, em dez

anos, diminuiu 0,1%. A Taxa de Mortalidade Infantil regista um decréscimo

significativo, em dez anos a taxa sofreu uma diminuição de quase 4%. Por último, o

Índice sintético de fecundidade tem evoluído de uma forma negativa, registando-se

entre o ano de 1993 e 2003, um decréscimo de 0.7.

Nos dados fornecidos pelo INE realça-se a análise da população com mais de 75 anos,

esta aumentou de 2.7% em 1960 para 6.7% em 2001. A proporção de população idosa

com mais de 85 anos aumentou de 0.4% em 1960 para 1.5% em 2001. (INE, 2007)

Gráfico 7

Nados Vivos Fora do Casamento em Portugal

23,79 25,48 26,8929,07 30,01

0

5

10

15

20

25

30

35

2001 2002 2003 2004 2005

%

Fonte: INE www.ine.pt (2007)

Observando o gráfico 7, sobre os nados vivos fora do casamento em Portugal,

constatamos que para o período em análise 2001-2005, os dados têm vindo a

aumentar paulatinamente, aumentando 6.22% entre o ano de 2001 e 2005. Tendo em

atenção o facto de a natalidade ter lentamente diminuído, estes dados assumem

especial relevo, permitindo inferir que a estrutura familiar se tem alterado.

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Gráfico 8

Indice de Envelhecimento segundo o sexo, Portugal 1 960-2001

21 2736

56

84

34 4154

82

122

0

50

100

150

Homens

Mulheres

Homens 21 27 36 56 84

Mulheres 34 41 54 82 122

1960 1970 1980 1990 2000

c

ii

Fonte: INE (2002)

Analisando o gráfico nº 8 constatamos que nos últimos quarenta anos o índice de

envelhecimento registou um aumento ininterrupto: em 1960 verificava-se a existência

de 27 idosos para 100 jovens, em 2001 o valor sofreu alteração existindo 103 idosos

para 100 jovens. Em Portugal o número de 708570 idosos registados em 1960

aumentou para 1702120 em 2001, dos quais 715073 são homens e 987047 mulheres.

O envelhecimento demográfico em Portugal acentuou-se sobretudo na população

feminina. Desde 1995 que o número de idosas (com idade igual ou superior a 65 anos)

supera o número de jovens (com idade inferior a 15 anos). No decorrer do ano de

1998 por cada 100 jovens existiam 110 idosos, em 1991 o número de idosos era de

82. De acordo com os dados fornecidos pelo INE (2008) relativos ao triénio 2004-

2006, o sexo feminino vive em média mais cinco anos que a população do sexo

masculino, 81.3 anos para as mulheres, contra 74.84 anos para os homens. Entre o ano

de 1960 e 2001 a esperança média de vida apresentou um incremento positivo na

ordem dos 11 anos para os homens e 13 anos para as mulheres.

Observando os valores fornecidos pelo INE, no que respeita aos índices de

dependência, definida como a relação existente entre o número de idosos e a

população em idade activa, esta tem aumentado para ambos os sexos. Em 1960,

registava-se o número de 10 para os homens e 15 para as mulheres, no ano de 1970 o

valor era de 13 para os homens e 18 para as mulheres, o ano de 1990 registava o valor

de 18 para o sexo masculino e 24 para o sexo feminino, em 2001 o valor para os

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homens era de 21 e para as mulheres 28. Constata-se um aumento progressivo para

ambos os sexos do índice de dependência.

O índice de sustentabilidade potencial, quociente entre o número de pessoas em idade

activa (15-64 anos) por cada indivíduo idoso (65 e mais anos), permite analisar a

implicação nos sistemas de protecção social. As conclusões após a análise dos valores

de 1960 e 2001 são que os dados diminuem para metade, em 1960 era de 8 em 2001

passou para 4.

Recorrendo ainda aos dados fornecidos pelos censos de 2001, constata-se que em

Portugal existe uma distribuição assimétrica da população idosa, localizando-se os

maiores focos na região do Alentejo interior, seguido do Algarve interior e Centro do

país. A faixa litoral e as ilhas apresentam menor incidência ao nível do

envelhecimento.

Portugal tem sido sujeito, progressivamente, a um processo de envelhecimento

demográfico, como facilmente se constata pela observação da base da pirâmide etária,

indicador da redução dos efectivos jovens, quer em consequência das baixas taxas de

natalidade, quer pelo alargamento do topo da mesma, demonstrando o crescimento de

efectivos idosos, resultado do aumento da esperança média de vida.

O envelhecimento populacional acarreta inevitavelmente consequências socio-

económicas para o país. Em Portugal, de acordo com os censos de 2001, a população

idosa inactiva era de 81% (INE, 2002). Contudo, convém realçar o facto de entre 1992

e 2001 se ter registado um crescimento de 64.1% da população activa com mais de 65

anos, com maior incidência no grupo das mulheres.

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Gráfico 9

Evolução das famílias clássicas segundo a sua compo sição, Portugal 1991 e 2001

69,2

15,8 14,9

67,5

15,1 17,5

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Sem Idosos Com Idosos e Outros Só Idosos

1991

2001

Fonte: INE (2002)

A continuidade da análise dos dados fornecidos pelo INE, censos de 2001,

demonstram que 32.5% das famílias clássicas portuguesas partilhavam a sua

habitação com pelo menos um idoso e 17.5% das famílias eram constituídas somente

por idosos. Ou seja, 50% das famílias portuguesas eram formadas por idosos ou

tinham pelo menos um idoso no seu agregado familiar. No período intercencitário

1991/2001, a proporção de famílias clássicas com idosos apresentou um aumento de

aproximadamente 23%, dos 30,8% aumentou para os 32,5%. Para o mesmo período

registou-se um aumento de 2.5% nas famílias com idosos e/ou só de idosos (a

percentagem agravou-se de 30.5% das famílias para 32.5%). No mesmo período

intercencitário de referência, de realçar que das famílias compostas somente por

idosos, 50.5% eram constituídas somente por um idoso e 48.1% por dois idosos.

Prevê-se que no ano de 2050, a proporção de jovens oscilará entre os 9% e os 16% e a

proporção de pessoas com idade superior a 65 anos duplicará, atingindo valores

próximos dos 30%. As perspectivas menos optimistas quanto ao índice de

envelhecimento, em 2050, apontam para a existência de 395 idosos para cada 100

jovens. O valor, por referência ao obtido no ano de 2000, quadruplica.

Recorrendo aos dados fornecidos pelo INE (INE, 2005), confirma-se que os idosos

são um dos grupos populacionais mais vulneráveis a situações de pobreza. Os casais

de idosos e os casais em que um dos elementos é idoso, são um dos grupos mais

atingidos pela pobreza, respectivamente 34% e 31.3%, para dados de 2001.

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Gráfico 10

0

20

40

60

80

100

%

Estrutura da População idosa Inactiva, segundo o se xo, Portugal 2001

Homens

Mulheres

Homens 97,1 0,2 2,7 0

Mulheres 76,9 19 4,1 0,1

Reformados DomésticosOutros

InactivosEstudantes

Fonte: INE (2002)

Analisando a estrutura da população idosa inactiva, os dados são claros, 97,1% dos

homens e 76,9% das mulheres são reformados. É notório igualmente que existe uma

maior percentagem de mulheres, 23,1%, que não estão protegidas por pensões de

reforma. Teoricamente, existe uma maior proporção de homens que descontaram para

a segurança social, usufruindo neste momento de pensão de reforma ou de invalidez.

As mulheres, maioritariamente, apresentavam trabalhos domésticos sem descontos

para esquemas de protecção social.

No que respeita aos idosos activos, segundo dados do INE, no ano de 2001 56,8%

eram do sexo masculino e 43,2% do sexo feminino. Entre os anos de 1992 e o ano de

2001, Portugal assistiu a um crescimento dos idosos activos de 64,1%, com maior

incidência no grupo das mulheres, valor que quase duplicou (91,8% mulheres e 47,8%

homens).

A população portuguesa nos próximos 50 anos, à semelhança dos restantes países

desenvolvidos, será uma sociedade tendente ao envelhecimento, 1/3 da população

possuirá mais de 65 anos de idade, o número de jovens será pouco significativo e o

número de pessoas em idade activa sofrerá um rude golpe em termos percentuais.

Estas alterações verificadas no tecido social acarretarão inevitavelmente modificações

da estrutura e relação familiar, assim como colocarão entraves ao nível económico,

mais precisamente nas transferências de recursos da população activa para a

população não activa.

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No que respeita à análise dos fenómenos de pobreza e exclusão social, os idosos são

um dos grupos mais susceptíveis, muito devido aos seus baixos rendimentos e ao

facto de serem um grupo socialmente marginalizado. Os idosos apresentam um

acumulado de situações conducentes a fenómenos de pobreza e exclusão, estes

possuem baixos níveis de instrução, baixos rendimentos, isolamento físico e social,

baixa participação social e cívica, e situações precárias ao nível da saúde, habitação e

conforto.

Gráfico 11

0 10 20 30 40 50 60 70

Homens

Mulheres

Taxas de Pobreza entre os Idosos a viver sós, segun do o sexo e por tipo de pobreza, Portugal 1994/95

IPR

IPCV

Fonte: INE (2002)

Neste gráfico são analisados dos tipos de pobreza: IPR – Índice de Pobreza segundo o

Rendimento e IPCV – Índice de Pobreza segundo as Condições de Vida.

Segundo o INE (2005) o IPR tem por base um “conceito de receita líquida total que

incorpora receitas monetárias e não monetárias, e sobre o qual se identifica a linha de

pobreza”. Nas receitas líquidas dos agregados são considerados os rendimentos do

trabalho, pensões e prestações sociais. Nas receitas não monetárias é considerado o

autoconsumo, autoabastecimento, autolocação, salários em espécie, entre outros.

O INE (INE, 2005) relativamente ao IPCV determina que estes “podem assumir

inúmeras formas, dependendo, entre outros factores, das fontes de dados disponíveis

ou do tipo de sociedade ou grupo social que se pretenda estudar”. Neste estudo

concreto “incorpora informação relativa à privação de condições adequadas de

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alojamento, de bens de equipamentos e meios de transporte, considerando-se neste

caso um agregado tanto mais pobre quanto maior a acumulação de privação no

conjunto dos itens considerados para a elaboração do índice”.

A observação do gráfico permite aferir que os homens a viver sós estão mais

susceptíveis à pobreza, quer no IPR, quer no IPCV, em relação às mulheres. Esta

situação agrava-se quando estamos a falar de população idosa.

O cálculo do índice de pobreza segundo o rendimento nos diferentes tipos de

agregado, permite afirmar, conforme relatam os dados constantes na fonte do INE

(2005), que os agregados com idosos apresentavam um índice mais elevado dos que

não tinham idosos. Dos agregados que tinham idosos 31% eram considerados pobres

(segundo o critério recomendado dos 60% da mediana do valor do rendimento liquido

total por adulto equivalente), nos agregados sem idosos o índice cifrava-se nos 12.8%.

De acordo com os dados fornecidos pelo INE (2005) os agregados com idosos, com

especial relevo para os idosos a viverem sós e os casais de idosos, apresentam os

valores mais baixos no que respeita às condições de alojamento, posse de bens de

equipamento, alguns deles relacionados com níveis mínimos de bem estar e conforto.

Na decomposição dos índices de desigualdade o INE constata que a população idosa

se encontra mais vulnerável à pobreza, assim como em situação de desigualdade por

relação à restante população no que respeita às condições do estado de saúde e níveis

de instrução. Assim esta franja da população apresenta os maiores índices de pobreza,

quer segundo o critério do rendimento, quer segundo o das condições de vida. As

regiões que apresentavam em 2000 maiores índices de pobreza eram as regiões

autónomas dos Açores e da Madeira. A região de Lisboa e Vale do Tejo era, das

diferentes regiões, a que apresentava os menores índices.

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Tabela 6 - Indicadores de pobreza relevantes para a população idosa

Região % de famílias pobres

% famílias em que baixas pensões de reforma é o 1º factor mais importante associado à pobreza

% familias em que a doença é o 2º factor mais

importante associado à pobreza

Norte 16,3 38,6 23,5 Centro 20,8 60,4 30,1

Lisboa e Vale Tejo 20 63,5 42,1 Alentejo 25,1 71,2 52,4 Algarve 26,6 64,6 39,2 Continente 18,3 Fonte: MQE/DE (1995)

De acordo com os dados do INE (2005) no ano de 2000, 20.2% dos agregados

domésticos privados residentes em Portugal residiam em situação de pobreza.

Contudo os dados obtidos no ano de 2000 evidenciam melhorias, uma vez que a

proporção de agregados familiares pobres diminui ligeiramente em relação aos dados

obtidos em 1994/1995 (21.1%) e de 1989/1990 (20.9%).

A análise deste quadro permite aferir que no ano de 1995 a região do Algarve e do

Alentejo eram as que apresentavam maior percentagem de famílias pobres. Nos

censos de 2001 a região Norte apresentava a menor percentagem de idosos no

continente. A região com maior número de idosos pertencia ao Alentejo, seguida do

Algarve e do Centro de Portugal. Esta constatação permite perceber os dados

constantes no quadro n.º 6, onde percepcionamos que o Alentejo é a região que

evidencia um maior número de famílias em que as baixas reformas e a situação face à

saúde se encontram directamente relacionadas com a pobreza. Em termos gerais

observamos no quadro que as baixas reformas são percepcionadas como um factor

mais importante na pobreza das famílias.

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Tabela 7 - Grupos sociais mais atingidos pela pobreza de acordo com a percepção

dos actores sócio-institucionais (distritos de Vila Real, Aveiro, Lisboa, Beja e

Faro)

Grupos Sociais A nível Nacional

Na área da Intervenção

Há 10 anos Actualmente

Há 10 anos Actualmente

Idosos 36 46 47 50

Desempregados 35 59 32 55 Famílias Numerosas 26 29 Residentes em bairros sociais 36 24

Toxicodependentes 49 42 Fonte: Pereirinha et al (1999)

O quadro permite aferir que dos diversos grupos sociais, os idosos são um dos mais

atingidos pela pobreza. Apesar dos dados não serem muito completos, conseguimos

perceber que há 10 anos os idosos se encontravam a nível nacional em equidade com

as pessoas residentes em bairros sociais, em 1999, em função dos dados existentes, os

idosos foram ultrapassados pelos desempregados e pelos toxicodependentes.

Os resultados dos estudos demonstram que é sobretudo sobre os agregados familiares

compostos por idosos a residir sós que se registam as maiores taxas de pobreza,

traduzidas em incipientes condições de habitabilidade, assim como na inacessibilidade

a bens de equipamento e conforto, maior expressão e gravidade nos homens que

residem sozinhos.

Rebelo (2004), no seu estudo, refere que a receita liquida média anual dos agregados

familiares com pessoas de 65 anos ou mais, corresponde a 2/3 da média nacional, o

que implica índices de pobreza superiores nos agregados familiares compostos por

idosos no que nos restantes. Segundo o mesmo autor, podemos inferir com base nos

dados estatísticos analisados que 1/3 dos agregados familiares de idosos é pobre.

O envelhecimento da população provoca, indeclinavelmente, um aumento progressivo

da procura de serviços de saúde, maiores encargos para a Segurança Social (pensões

de velhice e sobrevivência, complementos por dependência e algumas rubricas da

Acção Social) e diminui substancialmente o número de pessoas activas (força de

trabalho).

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46

Atendendo ao facto de neste estudo se pretender um maior aprofundamento do

impacto do envelhecimento na área da Segurança Social, apresentamos o seguinte

gráfico que representa a distribuição dos pensionistas por tipo de pensão.

Gráfico 12

Despesas Com Pensões em Euros (€)

0

2000000

4000000

6000000

8000000

10000000

12000000

1993

1998

2004

1993 885782 2629140 546834 4061755

1998 1075948 3932296 865157 5873400

2004 1335898 7050978 1491695 9878570

Invalidez Velhice Sobrevivência Total

Fonte: MTSS, DGSSFC/IIESS(2005)

A análise do gráfico permite perceber que as despesas com pensões tem aumentado

significativamente, sobretudo de 1998 para 2004. Numa observação mais atenta

reconhecemos a importância da evolução da despesa nas reformas de velhice. As

reformas de invalidez e de sobrevivência registaram um número crescente de

pensionistas, não sendo visíveis variações muito significativas. 1 303 156€ é o

montante dispendido com novos pensionistas de velhice entre 1993 e 1998, 3 118

682€ é o montante dispendido com novos pensionistas de velhice entre os anos de

1998 e de 2004. Em nove anos a despesa com as pensões mais que duplicou.

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47

Gráfico 13

0 500000 1000000 1500000 2000000 2500000 3000000

Invalidez

Velhice

Sobrevivência

Total

Nº Pensionistas por tipo de Pensão

2008

2006

2005

2004

1998

1993

2008 302538 1827052 688256 2817846

2006 314367 1753367 671047 2738781

2005 318013 1717497 661447 2696957

2004 336206 1662046 651634 2649886

1998 397797 1460445 573329 2431571

1993 428638 1416162 469862 2314662

Invalidez Velhice Sobrevivência Total

Fonte: http://195.245.197.202/left.asp?02.21.03.05.01.03 (Intranet da Segurança Social)

A análise do gráfico permite de imediato perceber que o número de pensionistas tem

aumentado de 1993 até 2008, registando-se o maior crescimento entre o ano de 1998 e

2004.

Analisando os diversos tipos de pensões, começando pela sobrevivência, constatamos

que apesar da evolução crescente, esta evidencia um crescimento muito lento de 2004

até 2008. Provavelmente o crescimento da pensão por sobrevivência a partir de 2010

estagnará ou registará crescimentos negativos, isto é, se a medida de discriminação

positiva prevista pelo Governo entrar em vigor, somente as pessoas que apresentem

baixas reformas usufruirão deste benefício.

Por sua vez, a pensão por velhice apresenta anualmente crescimentos significativos,

reflexo da entrada massiva de novos cidadãos nesta medida, quer por terem

completado os 65 anos, quer por terem requerido a reforma antecipada a partir dos 55

anos. A Lei n.º4/2007, de 16 de Janeiro, aplicada pelo Governo vem alterar as

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48

condições de acesso à Reforma Antecipada, poderão a curto/ médio prazo diminuir o

número de pensionistas e por conseguinte os valores dispendidos com a reforma por

velhice.

Analisando a pensão por invalidez constatamos que existe um crescimento negativo

de 1993 para 2008. Ao contrário dos restantes tipos de reforma, a reforma por

invalidez apresenta um decréscimo no número de cidadãos beneficiários desta

medida. Em muito se deve ao rigor protagonizado pelos diversos Governos na

aplicação das condições de acesso à mesma. A necessidade de todos os cidadãos que

recorrem a este tipo de pensão terem de ser consultados por uma junta médica,

diminui substancialmente o número de pensões ao ano, uma vez que muitos dos

cidadãos cujo processo é indeferido, não têm possibilidades económicas para solicitar

um recurso da junta médica.

Gráfico 14

Distribuição percentual das despesas correntes de S egurança Social em 2004

65,84,013,27

11,11

4,888,24 2,6

Pensões Abono de FamíliaDoença Desemprego e Apoios ao EmpregoOutras Prestações Acção SocialOutras Despesas

Fonte: MTSS, DGSSFC/IIESS(2005)

Através do gráfico podemos observar a distribuição percentual das despesas correntes

da Segurança Social durante o ano de 2004. Este vem confirmar que os valores mais

representativos são os que dizem respeito directamente com a velhice, nomeadamente

as Pensões. As Pensões absorvem 65,8% das despesas, seguidas das despesas com

Desemprego e Apoios ao Emprego com 11,11% e Acção Social com 8,24%. Em 2004

os gastos com a Acção Social ficavam em terceiro lugar nas despesas correntes da

Segurança Social.

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A consulta da Carta Social de 2005, permite recolher dados que demonstram a

supremacia dos equipamentos dirigidos a idosos em detrimento das restantes respostas

sociais. Os dados referenciam uma percentagem de 50,4% de equipamentos existentes

em Portugal para respostas aos mais idosos, seguidos de 37,5% das respostas dirigidas

à infância e juventude. Os idosos em função da sua situação face à saúde podem

igualmente ser abrangidos por equipamentos dirigidos a pessoas com deficiência (Lar

Residencial), pessoas em situação de dependência ou em equipamentos vocacionados

para a saúde mental, respostas essas que representam correspondentemente 5,2%,

1,8% e 0,4% no total de respostas existentes em Portugal no ano de 2005.

Gráfico 15

Distribuição das respostas socias segundo as áreas de intervenção Continente - 2005

50,4

37,5

5,2

0,4

1,8

0,4

0,5

3,8

População Idosa

Infancia e Juventude

Reabilitação e Integração dePessoas com Deficiência

Pessoas em Situaçáo deDependência

Pessoas Infectadas peloVIH/Sida

Pessoas em Situação deToxicodependência

Família e Comunidade

Saude Mental

Fonte: Carta Social – Rede de Serviços e Equipamentos Sociais - 2005

A Carta Social (www.cartasocial.pt), na análise efectuada entre os anos de 1998 e

2005, constata que as respostas sociais nas diferentes áreas de intervenção têm

aumentado, registando um crescimento de 32,4%, ou seja um incremento de 2900

valências. As áreas dirigidas aos idosos foram as que registaram valores de

crescimento mais significativos (41,8%), seguidas das áreas dirigidas à Reabilitação e

Integração de Pessoas com Deficiência (32,2%), e a Infância e Juventude (27,8%).

A leitura atenta da Carta Social, permite igualmente inferir que a existência de

maiores respostas sociais se encontra intimamente relacionada com as áreas

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metropolitanas. As áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto são as que maiores

respostas sociais disponibilizam aos seus habitantes.

Na área da população idosa em Portugal, segundo dados fornecidos pela Carta Social

(www.cartasocial.pt), o número de valências aumentou, contabilizando-se mais 1780

novas valências. A valência que maior registo verificou foi o Serviço de Apoio

Domiciliário (protagonizado pelas instituições particulares de solidariedade social)

com um crescimento de 68%. Os Lares e residências para Idosos têm registado um

decrescimento moderado a partir do ano de 2003, de 1998 até essa data o crescimento

foi positivo. As restantes respostas (Centro de Dia e Centro de Convívio) têm

registado crescimento positivo, com especial vantagem para os Centros de Dia.

Analisando o número de idosos beneficiados com as diferentes respostas, entre os

anos de 1998 e 2005, constatamos que o Serviço de Apoio Domiciliário assinala o

maior crescimento entre os 32600 e os 35500 utentes, quase que duplicou a sua

capacidade, indo ao “encontro do novo paradigma em acção social que privilegia o

retardar da institucionalização do idoso” (www.cartasocial.pt)

No que respeita à taxa de utilização das diferentes valências na área dos idosos, para o

período em análise, 2005, segundo a Carta Social, os Lares e as Residências são as

que evidenciam uma taxa de utilização mais elevada (97,2%), seguido do Serviço de

Apoio Domiciliário, com 85,4%, e Centros de Dia com 71%.

Cruzando a oferta de valências com a população alvo, neste caso os idosos, permite

perceber e ajustar as ofertas por relação às necessidades. O cruzamento dos dados

confere informação pertinente que permite constatar que os distritos com menor

cobertura são os de Braga, Porto, Aveiro, Lisboa, Setúbal e Faro, também eles

referenciados como os menos envelhecidos.

Continuando a analisar os dados fornecidos pela Carta Social (2007) para o período

em análise 1998/2005, em matéria de investimento público apura-se um aumento

entre os anos de 1998 e 1999, no ano de 2000 regista-se um decréscimo do

investimento, voltando a subir em 2001 para valores aproximados aos dispendidos em

1999. O ano de 2002 foi o que maior decréscimo verificou, aproximadamente 40

milhões de euros, continuando a registar-se a retracção do investimento nos anos

subsequentes até 2005.

O funcionamento da Rede de Serviços e Equipamentos é financiado através de

acordos de cooperação (negociados entre as instituições e a Segurança Social), pela

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mensalidade/comparticipação do utente ou familiar e por último as receitas das

próprias instituições. De acordo com os dados presentes na Carta Social

(www.cartasocial.pt), a despesa com os acordos de cooperação tem aumentado

significativamente, maior ênfase a partir do ano de 2002, reflectindo por um lado a

atenção por parte da Segurança Social em actualizar anualmente os valores

estabelecidos nos acordos, e por outro os dados permitem perceber a evolução

crescente no número de utentes beneficiados pelas respostas criadas. Em 2005 o

acordo de cooperação por utente da Segurança Social para com os Lares para Idosos

(IPSS´S) rondavam os 300€, para os Centros de Dia 100€ e para o Apoio Domiciliário

200€.

Os dados fornecidos pelo MTSS (2005) no que se refere ao número de equipamentos

existentes para os idosos, peca pela escassez de dados, uma vez que apresenta

somente o período de anos compreendidos entre 1990 e 1998. A analise destes

elementos permite depreender que se verificou um aumento generalizado dos

equipamentos, com maior enfoque nos Centos de Dia e Lares.

Gráfico 16

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Residências Lares Centros de Dia Total

Terceira Idade - Número de Equipamentos

1990

1994

1998

Fonte: MTSS, DGSSFC/IIESS (2005)

No que respeita aos dados referentes ao número de utentes, tendo por base o mesmo

período, verifica-se, à semelhança do número de equipamentos, um crescimento

progressivo, com maior destaque para os utentes integrados em Lar para Idosos,

conforme se destaca no gráfico que se segue.

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Gráfico 17

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

Residências Lares Centros de Dia Total

Utentes em equipamentos para a terceira idade

1990

1994

1998

Fonte: MTSS, DGSSFC/IIESS(2005)

Segundo um estudo da Comissão Europeia (in www.acime.gov.pt), Portugal em 2050

apresentará um aumento dos custos com a saúde passando dos actuais 5,4% para os

6,1%. No que respeita às despesas com as reformas poderão atingir os 13,2% do PIB

contra os actuais 9,8%. Contudo, temos que admitir que o cenário será mais grave

uma vez que assistiremos igualmente a uma diminuição da população activa, real

suporte dos custos com os mais envelhecidos.

Rebelo (2004) acredita que o grupo etário de idosos com maior incremento no futuro

próximo será a população com 75 e mais anos com um crescimento a rondar os 18%,

seguido do grupo dos menos idosos com um aumento de 17.9% e o grupo dos 70 aos

74 anos com um crescimento da ordem dos 13.5%.

Para superar as limitações cada vez mais visíveis do Estado em assegurar a qualidade

de vida da população, será inevitável a aposta na sustentabilidade do capital social

(educação, saúde, justiça, cultura) e a coesão do tecido social e económico da

sociedade portuguesa.

A tabela seguinte resume o cenário demográfico base de Portugal tendo por base

projecções e hipóteses utilizadas por Bugalho (2005, p.4):

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Tabela 8- Cenário Demográfico Base: Projecções e Hipóteses

2003 2005 2010 2020 2030 2040 2050

Populaçao

Residente

(milhares)

10.461 10.562 10.626 10.489 10.206 9.831 9.302

Saldo

migratório

(milhares)

63.5 45.8 10 10 10 10 10

Distribuição

Percentual por

Grupos Etários

0-14 15.8 15.7 15.4 13.9 12.7 12.9 13.1

15-64 67.5 67.5 66.9 65.7 63 58.5 55.1

65+ 16.7 16.9 17.7 20.4 24.2 28.6 31.8

Índice Sintético

de Fertilidade

(ISF)

1.41 1.38 1.38 1.44 1.52 1.61 1.71

Ìndice de

Envelhecimento

105.6 107.8 14.8 146.5 190.3 222 242.9

Taxa de

Natalidade %

10.5 10.2 9.6 8.3 8.3 8.3 8.3

Taxa de

Mortalidade %

10.3 10.3 10.5 11.4 12.3 13.9 15.8

Esperança de

Vida

Homens 74 74.3 75.1 76.4 77.5 78.4 79

Mulheres 80.4 80.7 81.4 82.5 83.5 84.2 84.7

Fonte: Bugalho (2005)

Tendencialmente a população portuguesa irá diminuir, à semelhança da imigração.

O grupo da população com idades compreendidas entre os 0-14 anos assistirá a uma

diminuição progressiva até ao ano de 2050, altura em que registará novo aumento. O

grupo etário dos 15-64 anos continuará a sofrer um crescimento significativo, com

maior incidência na década de 2040. A população com idade acima dos 65 anos à

semelhança do grupo anterior registará um incremento no número de indivíduos com

maior incidência na década de 2040.

Analisando o Índice Sintético de Fertilidade assiste-se a um decréscimo até ao ano de

2010, voltando a subir paulatinamente a partir de 2020 até 2050.

A Taxa de Natalidade irá registar um decréscimo contínuo até ao ano de 2020, altura

em que se projecta que se manterá fixa nos 8.3% até ao ano de 2050.

A Taxa de Mortalidade registará um aumento progressivo a partir do ano de 2010,

com valores elevados no ano de 2050, provavelmente não devido à evolução nos

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cuidados de saúde mas talvez devido ao elevado número de idosos que existirão a

partir de 2010.

Por último, a Esperança de Vida apresentará uma contínua subida, sendo sempre

maior no sexo feminino.

Todos estes indicadores conjugados alertam inevitavelmente para o perigo do

envelhecimento da população portuguesa, que não sendo contrariado acarretará danos

irreversíveis para a população.

Tabela 9 – Taxa média anual de crescimento da população por grandes grupos etários,

NUTSII e III, 2010/2050

NUTS II e III Total 0-14 anos

15-24 anos

25-64 anos

65+ anos

Portugal -0,33 -0,74 -0,74 -0,83 1,14 Minho Lima -0,55 -0,84 -1 -1,02 0,63 Ave -0,28 -0,92 -1,03 -0,88 1,96

Tâmega -0,16 -0,92 -1,07 -0,65 2,07 Douro -0,54 -0,79 -1,13 -0,97 0,61 Centro -0,58 -1,01 -1,05 -1,11 0,73 Baixo Mondego -0,64 -1,04 -0,87 -1,29 0,79 Pinhal Interior Norte -0,67 -1,03 -1,13 -1,06 0,28 Pinhal Interior Sul -0,93 -0,84 -1,3 -1,18 -0,49 Beira Interior Norte -0,73 -0,88 -1,19 -1,12 0,13 Oeste -0,17 -0,42 -0,45 -0,54 0,94 Península de Setúbal -0,17 -0,47 -0,32 -0,65 1,19 Lezíria do Tejo -0,28 -0,42 -0,39 -0,66 0,61 Alentejo Litoral -1,1 -1,53 -1,69 -1,75 0,22 Alentejo Central -0,99 -1,64 -1,61 -1,59 0,39 Algarve 0,26 -0,03 -0,01 -0,17 1,51 R. A. Madeira -0,2 -0,84 1,1 -0,64 1,77

Fonte: INE (2007) www.ine.pt

A presente tabela permite-nos constatar que as projecções relativas à distribuição dos

diversos grupos etários, com especial relevo para os idosos, não se distribuem de uma

forma simétrica no nosso país. Realça-se a constatação da continuidade de perda de

efectivos populacionais jovens, responsáveis pelo equilíbrio da base da pirâmide

etária e o crescente número de idosos que apresentam uma longevidade mais elevada.

Na distribuição da população são visíveis assimetrias regionais ao nível da perda de

efectivos jovens e envelhecimento da população, conduzindo determinadas áreas do

país a uma incapacidade quase que irreversível de substituição geracional.

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A análise, cuidada da tabela, permite observar que as projecções nas taxas para

2010/2050 apresentam quase que determinantemente uma evolução positiva na taxa

do grupo etário com mais de 65 anos, com a excepção de Pinhal Sul. Assustadores são

os registos verificados nas taxas para os restantes grupos etários, demonstrando a

grande maioria, taxas de crescimento negativo. No grupo dos 0-14 anos e dos 25-64

anos não existe nenhuma zona com taxa de crescimento positivo. No grupo dos 15-24

anos a única zona com um registo positivo é a Região Autónoma da Madeira. De

realçar que no total dos resultados a única região que demonstra um crescimento

positivo é o Algarve.

As regiões Norte e Centro assim como a região autónoma dos Açores e Madeira

serão, as que registarão os maiores decréscimos de população jovem entre o ano de

2005 e 2050. A região com maior proporção de efectivos jovens pertencerá, de acordo

com as projecções do INE (2007), à região de Lisboa e Vale do Tejo.

Segundo as projecções do INE (2007), em 2050, o Índice de Envelhecimento

ascenderá a 243 idosos por cada 100 jovens, e a proporção de pessoas idosas no total

da população será de 32%. O Local com maior Índice de dependência será nas sub

regiões do Alentejo com valores de 78 idosos para cada 100 indivíduos em idade

activa. Somente os Açores apresentarão um índice de dependência menor que 50.

O Observatório da Imigração (http://www.oi.acidi.gov.pt/) advoga que uma das

possibilidades de diminuição do impacto do envelhecimento na população portuguesa,

será a necessidade de Portugal admitir 188 mil imigrantes ao ano, quase três vezes

mais que os números registados em 2001 e 2002. Este número permitiria o equilíbrio

entre a população activa e a população idosa inactiva.

O envelhecimento da população coloca em causa o processo de substituição de

gerações uma vez que se assiste a uma quebra na natalidade, podendo contribuir para

a criação de sérios problemas nas sociedades desenvolvidas e em vias de

desenvolvimento, onde este problema adquire maior visibilidade.

As implicações mais sérias do envelhecimento no médio prazo, estão intimamente

ligadas com a progressiva diminuição da base da pirâmide etária, comprometendo

seriamente o número de activos num futuro próximo, pondo em risco a dinâmica do

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mercado laboral e da segurança social, existindo o risco de ruptura no pagamento de

pensões.

Rebelo (2004) alerta para o facto de que o aumento do número de pensionistas poderá

acarretar riscos sociais graves como “o aumento do número de inactivos e reformados,

os baixos rendimentos usufruídos por parte de alguns elementos deste grupo, o

isolamento físico e social de um numero cada vez maior, a incapacidade do sistema de

saúde para dar respostas às necessidades específicas dos idosos e sobretudo dos

grandes idosos”(p.13).

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3. A Realidade do Concelho da Maia O concelho da Maia é composto por dezassete freguesias (Aguas Santas, Avioso

Santa Maria, Avioso São Pedro, Barca, Folgosa, Gemunde, Gondim, Gueifães, Maia,

Milheiros, Moreira, Nogueira, Pedrouços, São Pedro Fins, Silva Escura, Vermoim e

Vila Nova da Telha), estendendo-se por uma área geográfica de 83,7 Km2.

Este concelho situa-se na Área Metropolitana do Porto e pertence ao Distrito do Porto.

Segundo os dados dos censos de 2001, apresenta uma população total de 120 111

habitantes. O concelho da Maia regista um aumento populacional entre os anos de

1991 e 2001, num total de 21 961 habitantes, isto é, regista um acréscimo de 18,3%.

Tabela 10

Estrutura da População

Censos Grupo Etário Espaço Geográfico

Maia Norte AMP Portugal 1991 0-14 21,30% 22% 20,90% 20%

15-64 69,80% 66,60% 70,40% 66,40% >65 8,90% 11,40% 8,70% 13,60%

2001 0-14 17,40% 17,50% 16,30% 16% 15-64 72% 61,10% 70,50% 67,50% >65 10,50% 14% 13,10% 16,40%

Fonte- Diagnostico Social da Maia (2006)

No grupo etário dos 65 anos e mais, a percentagem de idosos aumentou dos 8,9% para

os 10,50% entre o período intercencitário de 1991-2001. Os dados apresentados

indiciam que o futuro da cidade será povoado por um elevado número de idosos,

acompanhando a panorâmica do país.

É de realçar o facto de na classe etária dos 0-4 anos, comparando os dados constantes

no Diagnóstico Social (www.cm-maia.pt) sobre os períodos intercencitários 1991 e

2001, os valores serem mais elevados em 2001 do que em 1991, tanto no sexo

feminino como no masculino, podendo querer evidenciar a tentativa de renovação da

população.

No que respeita ao índice de envelhecimento o concelho da Maia apresenta, para cada

100 crianças e jovens com idades compreendidas entre os 0-14 anos, 60 idosos, dados

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estes distantes da realidade portuguesa onde para cada 100 crianças e jovens existem

103,6 idosos.

No que concerne ao rejuvenescimento da sua população activa, a Maia apresenta uma

capacidade de 171,8 contra os 143 registados na média nacional.

Analisando os dados constantes nos censos de 2001, no que respeita à Taxa de

Natalidade esta era de 12,8%, a Taxa de Mortalidade de 6,3% e a Taxa de

Crescimento Natural de 6,5%.

Tabela 11 – Tipos de Família

Tipos de Família (dados de 2001)

Maia Grande Porto N.º % N.º %

Sem Núcleo 5162 12,7 74129 17

Com 1 Núcleo

Casal sem Filhos 8943 22 92118 21,1 Casal com Filhos 21789 53,7 213417 48,9 Famílias Monoparentais 3103 7,7 39260 9 Avós, Avô(ó) com Netos 232 0,6 3076 0,7

Com 2 ou mais Núcleos 1240 3,3 14346 3,3 Fonte: Diagnostico Social da Maia (2006)

A tipologia mais representativa em 2006 era Casal com filhos, seguida de casal sem

filhos. Estes dados acompanham os valores registados para o Grande Porto.

Existiam em 2004, 3 971 beneficiários da medida de Rendimento Social de Inserção,

com um total de 1 609 famílias. O número de beneficiários de Rendimento Social de

Inserção, em 2005, por 100 residentes era de 3,5. (Diagnóstico Social da Maia, 2006

in www.cm-maia.pt)

No concelho da Maia existiam em 2001, 22 150 Pensionistas dos quais: Pensionistas

por Invalidez 3 125; Pensionistas por Velhice 13 413; e Pensionistas por

Sobrevivência 5 612.

O número de médicos por 1000 habitantes em 2001 era de 3,6; o número de médicos

de medicina geral e familiar por 1000 habitantes era de 2,4.

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Gráfico 18

Equipamentos para Idosos

SAD; 7

Centros de Dia; 10

Lares de Idosos; 7

Fonte: Diagnostico Social da Maia (2006)

Os equipamentos que apresentam maior número nas respostas aos idosos são os

centros de dia que se encontram distribuídos em 10 das 17 freguesias do concelho da

Maia.

Os números constantes como Lares de Idosos encontram-se distribuídos da seguinte

forma: 1 pertencente à Santa Casa de Misericórida da Maia, 3 são IPSS´s, sendo os

restantes 3 Lares com fins Lucrativos, sem acordo com a Segurança Social.

Existem 7 instituições do concelho que fornecem Serviço de Apoio Domiciliário ao

nível da alimentação, higiene pessoal e limpeza de roupa. Apenas dois destes serviços

funcionam durante o fim-de-semana.

A taxa de cobertura efectiva de lares e residências para idosos em 2004 era de 4,3%.

A Taxa de cobertura dos serviços de apoio domiciliário institucional em 2004 era de

6,7%.

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4. Politicas Sociais dirigidas aos Idosos

4.1. Na União Europeia A definição do conceito de política social centrava-se, tradicionalmente, em áreas

sociais como a politica social de saúde, da terceira idade, da segurança social e do

emprego. Hill (1999) defendia que nesta perspectiva o objectivo da política social, era

compensar os efeitos perversos do mercado e corrigir as disfunções sociais do

funcionamento da sociedade baseada nas desigualdades dos grupos que a compõem.

Esta definição centrada no funcionamento do mercado e satisfação das necessidades

por este criado, olvidava a questão do bem-estar e melhoramento das condições de

vida da sociedade. De acordo com Costa (1999) a política social contemporânea deve

procurar o bem-estar da sociedade, responsabilidade que o Estado deve assumir.

Alcook (2008) considera a politica social como um campo de estudo das ciências

sociais, assim sendo, procura estudar e difundir o bem-estar, construindo um campo

de análise e de acção interdisciplinar. Os métodos e técnicas utilizados permite-lhe

analisar a acção social dos criadores de políticas e a forma como estas acções

contribuem para o bem-estar.

A política social independentemente da análise dos autores referidos, apresenta um

ponto comum, a promoção do bem-estar geral, mediante a satisfação das necessidades

individuais, grupais e societais, não se cingindo somente a grupos considerados

desfavorecidos.

Na antiguidade a solidariedade social estava condicionada aos grupos de parentesco e

a algumas relações de vizinhança. Com a evolução da sociedade esse papel, durante a

Idade Média, foi igualmente representado pelas instituições religiosas. No século

XVII, o Estado é pela primeira vez chamado a intervir nesta área, dado os problemas

crescentes relacionados com a mendicidade, porém o papel representado pelo Estado

é mais opressivo do que solidário. O designado Estado-Providência, aparece na

Alemanha nos finais do século XIX, em resposta a um conjunto de problemas

derivados dos conflitos sociais resultantes de uma Europa industrializada. Porem, só

no período pós II Guerra Mundial é que podemos falar de um Estado preocupado com

as questões de universalidade da solidariedade, recorrendo a instrumentos de

protecção social. A década de 60, caracterizada pelo pleno emprego consequência do

crescimento exponencial do sector industrial, foi um terreno propício para o

desenvolvimento e consolidação do Estado como agente de protecção social. Nesta

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década passa a existir maior responsabilização do Estado em áreas como a educação,

subsídios e pensões. As décadas de 70/80 introduzem novos desenvolvimentos no

conceito de Estado-Providência, o Estado lentamente delega funções ao sector

privado. O envelhecimento da população, o aumento do desemprego, o crescimento

económico fraco, a diminuição das receitas por parte do Estado e respectivo aumento

do peso fiscal, assim como a tomada de consciência dos direitos por parte dos

cidadãos que exigem ao Estado, sem que estejam predispostas a sacrificarem-se nem a

contribuírem financeiramente, concorrem para a incapacidade do Estado assumir

todas as despesas sociais.

É neste cenário que a União Europeia e por conseguinte Portugal, intervêm

diariamente, procurando de uma forma astuta e engenhosa redefinir novas formas de

actuação em matérias de envelhecimento, garantindo a satisfação das necessidades

promovendo o bem-estar geral da população.

Os próximos parágrafos procuram ser uma síntese da legislação e medidas a serem

tomadas pelos diferentes países onde se inclui Portugal, para fazer face a esta nova

problemática emergente, os idosos e o envelhecimento populacional.

A integração de Portugal na União Europeia acarreta decisivamente obrigações de

cumprimento quanto a determinadas orientações de politicas sociais e económicas. O

incontornável problema da velhice tem suscitado elevada preocupação nos diversos

responsáveis políticos, conduzindo à emanação de diferentes diplomas e legislação

consentâneas com a realidade comum.

A nível mundial algumas organizações têm manifestado apreensão quanto à questão

do envelhecimento, são exemplo a Organização das Nações Unidas, a Organização

Mundial da Saúde e o Conselho Europeu. A preocupação sobre o tema do

envelhecimento tornou esta questão global. A Organização das Nações Unidas (ONU)

têm investido nela desde o ano de 1982, tendo realizado uma conferência subordinada

ao tema do envelhecimento da população mundial. Esta conferência deu origem ao

Plano de Acção Internacional sobre o Envelhecimento. Em 1992 a ONU reconhece

que o envelhecimento se verifica em todo o mundo com as suas preocupações

específicas. Com o aumento da esperança de vida propôs que a velhice fosse dotada

de bem estar e do máximo de qualidade. Através da resolução 45/5 a ONU decidiu

que o ano de 1999 seria o Ano Internacional dos Idosos. Em Abril de 2002, a ONU

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organizou a segunda assembleia sobre o Envelhecimento com o objectivo de

implementar um novo Plano de Acção Internacional. O problema do envelhecimento

afecta transversalmente os países desenvolvidos e os países em vias de

desenvolvimento, sendo uma questão que ganha expressão crescente a nível mundial.

Em 2002 a ONU na segunda Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, emanou

uma Declaração Política, onde os governos se comprometeram a desenvolver acções

nacionais e internacionais com vista à protecção dos idosos, promovendo a saúde e

bem-estar na terceira idade.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) no decorrer do ano de 1999 associou-se ao

ano internacional dos idosos. Lançou um projecto designado “Ajudar as pessoas a

envelhecer permanecendo activos”, e promoveu também as jornadas da saúde sob o

titulo “ Permanecer activos para bem envelhecer”. A OMS defende que o bem-estar

ao nível da saúde é o alvo do desenvolvimento económico e social. O programa Saúde

XXI (saúde para todos no século XXI) pretende adequar as políticas de saúde de cada

estado membro, tendo por base as melhores experiências recolhidas na Europa nos

últimos 10/15 anos.

Prognostica-se que ao longo dos próximos 20 anos, o número de pessoas com mais de

65 anos aumente exponencialmente. Este crescimento acarretará uma desigualdade

intergeracional colocando questões preocupantes quanto à efectiva sustentabilidade

das finanças públicas, nomeadamente ao nível da Segurança Social. Os gastos

dispendidos com a população idosa com cuidados de assistência médica, com

acompanhamento social, com pensões e suplementos como o complemento por

dependência (no caso português) acarreta desequilíbrios a longo prazo das finanças

públicas. Por estas razões é objectivo dos diferentes países que compõem a União

Europeia, a tomada premente de decisões que de uma forma profiláctica possam

minimizar o problema colocado pelo envelhecimento populacional.

Analisando as diferentes orientações políticas emanadas pela União Europeia,

constata-se que existe uma progressiva tendência na discussão para o aumento da

idade de reforma, de que é exemplo o caso português, colocando uma barreira no

acesso às pensões de velhice e ao mesmo tempo procurando encontrar estratégias que

premeiem a saída tardia do mercado de trabalho. Estas duas questões estão

paulatinamente a ganhar terreno na discussão das linhas orientadoras da Politica

Social no seio dos diferentes países.

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Concomitantemente procura-se implementar sistemas de saúde que consigam

contornar os sempre problemáticos gastos, uma das medidas é a autorização e

crescente disseminação dos medicamentos genéricos. Em simultâneo, os responsáveis

governamentais têm-se apercebido que a acção preventiva da saúde em vez da função

curativa, preconiza um envelhecimento activo e saudável evitando um crescente

número de idosos dependentes. O estado de saúde, as condições habitacionais, o bom

relacionamento familiar, o índice de recursos e a qualificação educacional, revelam-se

factores determinantes para a definição de qualidade de vida dos mais idosos.

O crescente enfraquecimento dos laços familiares e de vizinhança tem suscitado o

aparecimento de novas necessidades, obrigando a repensar os recursos existentes,

surgindo a necessidade de criação de novas respostas sociais.

Através da análise sucinta de diversas medidas tomadas conjuntamente pelos

diferentes governos que compõem a União Europeia, percepcionam-se as

preocupações que orientam a Politica Social Europeia. Entre as diferentes medidas

destaca-se a Estratégia Europeia do Emprego.

Esta Politica surge com a necessidade, de nos países membros, se aumentar a taxa de

empregabilidade. Uma situação problema, identificada ao nível da empregabilidade,

foi a existência de um baixo índice de trabalhadores idosos. Nesse sentido os Estados-

Membros procuram na sua politica de emprego, Programa Comunitário para o

Emprego e a Solidariedade – PROGRESS (2007-2013) (in

http://www.qca.pt/pac/progress.asp), incluir as seguintes preocupações:

1.- a manutenção das aptidões dos trabalhadores no mercado de emprego;

2.- a promoção da aprendizagem ao longo da vida;

3.- a adopção de modalidades de trabalho flexíveis (recurso ao tempo parcial);

4.- a revisão dos sistemas fiscais e de segurança social;

5.- a melhoria dos incentivos ao emprego e à formação.

No seguimento das orientações emanadas por esta politica, é de realçar a preocupação

com o envolvimento dos diferentes parceiros sociais, na condução e resolução das

situações problemáticas de criação e manutenção de emprego para os cidadãos, entre

os quais estão incluídos os mais idosos.

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Além das Politicas de Emprego podem ser igualmente enumeradas as Politicas de

protecção social. A União Europeia considera que é necessário um novo plano de

acção internacional que incida sobre o envelhecimento, procurando melhorar a

cooperação internacional, desenvolvendo políticas globais que permitam a construção

de uma sociedade que integre todos os cidadãos independentemente da idade. A

Comissão Europeia, em 1999, reflectiu sobre o desenvolvimento de políticas que

melhorassem a protecção social dos cidadãos. Nesse sentido, parece importante

identificar meios de inverter a tendência para a reforma.

A Comissão lançou para reflexão questões como o restringir o acesso à reforma

antecipada, repensar e criar novas formas de reforma progressiva e tornar os regimes

de pensão mais sustentáveis e flexíveis.

No 5º Programa (Quadro de Investigação Comunitária, Politicas de Saúde) a União

Europeia tem colocado maior enfoque nas questões do envelhecimento. Procura

incentivar o desenvolvimento de aspectos sanitários do envelhecimento,

incrementando instrumentos de saúde pública. Todas as medidas desenvolvidas pelos

Estados-Membros têm em consideração as especificidades de cada país membro.

No que respeita à luta contra a discriminação e a exclusão social, a União Europeia (in

www.europarl.europa.eu) no Programa de Acção Social 1998-2000, introduziu

propostas baseadas no artigo 13º do Tratado da Comunidade Europeia, procurando

atenuar a discriminação no trabalho, nomeadamente a problemática ligada com o

factor da idade. No mesmo Tratado é de evidenciar os artigos, 13º, 129º e 137º; estes

procuram garantir uma base de protecção para os idosos vítimas de discriminação, de

desemprego e de exclusão social.

No Projecto Conjunto de 27 de Janeiro de 2005 da Comissão Europeia, sobre a

protecção social e inclusão social, é reforçada a ideia de que um bom nível de

protecção social garante a coesão social, criando um ambiente favorável para o

crescimento e o emprego. Nesse sentido, o documento contempla sete chaves

prioritárias de actuação dos estados membros: expansão das políticas activas de

emprego, procurando estabelecer uma relação mais estreita entre protecção social e

formação contínua; modernizar os sistemas de protecção social tornando-os viáveis,

adequados e acessíveis para todos os cidadãos; abordar as desvantagens educativas,

com especial enfoque nos grupos mais desfavorecidos; erradicar a pobreza infantil,

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assegurando-lhes a educação, prestando maior apoio às suas famílias assim como

conceder garantias de protecção dos seus direitos; assegurar uma habitação digna aos

grupos mais vulneráveis, evitando situações de pessoas sem abrigo; melhorar o acesso

a serviços de qualidade na área da saúde, transportes e das novas tecnologias de

informação e comunicação; por último, vencer a discriminação entre homens e

mulheres, assim como aumentar a integração social das pessoas portadoras de

deficiência, minorias étnicas e imigrantes.

A União Europeia no desenvolvimento das suas acções procura incentivar a

cooperação e partilha de experiências entre os diferentes Estados – Membros, criando

um espaço de coesão que permita:

- Diminuir as situações problema que o envelhecimento da população pode acarretar

ao nível económico, promovendo e assegurando o crescimento e controlo das finanças

públicas;

- Assegurar a não ruptura da mão-de-obra, beneficiando o envelhecimento por

intermédio do envelhecimento activo retardando a entrada na reforma;

- Promover o controlo de pensões financeiramente credíveis e ajustáveis a condições

variáveis, reduzindo as probabilidades de pobreza na população mais envelhecida;

- Pugnar pela existência de uma politica de saúde, tendo em linha de conta a

viabilidade financeira do sistema de saúde, que paute pela qualidade de serviços

prestados;

- Minorar o peso que os idosos representam para as famílias, mediante a criação de

serviços de assistência e alargando a discussão sobre a problemática do

envelhecimento, com vista à criação de novas respostas.

Todas estas actuações consideradas como prioritárias, por parte da União Europeia,

serão cumpridas mediante estratégias nacionais de acordo com a realidade de cada

Estado Membro. Estas estratégias, Planos Nacionais de Acção de Inclusão,

manifestam a vontade de cada Estado potenciar a Inclusão Social. Esta forma de

actuação obedece obrigatoriamente a uma colaboração entre as autoridades nacionais,

regionais e locais, assim como com todos os interlocutores sociais e todos os

interessados.

O Plano Nacional de Apoio à Inclusão, resulta de um novo método de coordenação

utilizado pela União Europeia, MAC – Método Aberto de Coordenação, apoiado pelo

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programa de acção comunitário sobre a exclusão social, que visa favorecer a inclusão

social.

Ao nível das pensões e envelhecimento activo, a Comissão advoga a modernização

dos regimes de pensões, tendo em conta o crescente envelhecimento da população

europeia, a fim de garantir a sua viabilidade financeira, assim como a sua adequação

às mudanças sociais. Esta medida tem como fundamento travar o gasto público,

promovendo regimes de pensões privadas.

Alem das medidas enunciadas, podem ser enumeradas outras que revelam a

preocupação dos diferentes governos com a questão do envelhecimento, a título

exemplificativo (Hespanha, 1999):

- A Convenção n.º 102 aprovada pela Organização Internacional de trabalho em 1952;

- A Declaração dos Direitos das Pessoas Idosas aprovada em 1965 (Los Angeles);

- A Recomendação sobre os Trabalhadores Idosos aprovada pela Organização

Internacional de Trabalho (Rec. 162/1980);

- O Plano Internacional de Acção, aprovado na Assembleia Mundial sobre o

Envelhecimento, em 1982 (Viena de Áustria);

- A Carta Social Europeia, aprovada em 1961 pelo Conselho da Europa;

- O Código Europeu de Segurança Social aprovado em 1964 pela mesma instituição.

- A Carta Social aprovada pelo Parlamento Europeu em 1989;

- Os diversos Programas de Acção Social de médio prazo emanados pela Comissão

Europeia;

- As propostas redigidas no Livro Branco sobre a Política Social Europeia de 1994.

Todas estas medidas propostas por parte das diferentes organizações mundiais com

especial relevo para a Comissão Europeia visam a coesão social, mediante a

adequação dos diversos sistemas de protecção social às necessidades dos indivíduos,

contribuindo para a inclusão das pessoas idosas. Tendo em consideração as

especificidades de cada país procura-se homogeneizar uma política que proteja a

franja da população mais envelhecida.

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4.2. Em Portugal Em Portugal, durante o século XIX, com o desenvolvimento da industrialização, o

processo de sobrevivência dos idosos operários, sofre algumas alterações, sem

capacidade para continuarem a trabalhar e sem retaguarda familiar, restava-lhes a

esmola ou o asilo, situação autorizada pelo Estado Liberal. No Estado Novo, a

protecção social assenta no vínculo laboral, protege determinados riscos sociais,

nomeadamente a velhice. Contudo, apresenta fragilidades e limitações, como a não

universalização do acesso à pensão de velhice. A família continua a ser a grande

responsável pelo apoio prestado aos idosos. Na eventualidade do idoso se encontrar

em situação de isolamento social, a única hipótese seria a colocação em asilo. Com a

revolução de Abril de 1974, o governo português procura a construção de um sistema

de segurança social, porém somente em 1984 é aprovada a Lei-Quadro da Segurança

Social. Este novo sistema apresenta como inovação a generalização das pensões de

velhice, a pensão social de velhice permite a protecção social daqueles que nunca

contribuíram para o sistema, assim como o acesso à pensão dos trabalhadores do

regime agrícola.

Estas inovações no sistema, permitiram encarar a velhice, por parte do Estado, como

um problema social.

Entre os anos de 1976 e 1985 aparecem novas instituições (Lares) direccionadas para

a problemática da velhice, destronando o antigo conceito de asilo. Para além dos

Lares, surgem os Centros de Dia, os Centros de Convívio e o apoio domiciliário. Estes

novos conceitos procuram retardar o envelhecimento mantendo o idoso no seu

domicílio, fornecendo apoio na alimentação, higiene pessoal e habitacional do idoso,

assim como incentivando a participação activa dos idosos em actividades culturais,

recreativas e desportivas. No desenvolvimento desta política dirigida aos idosos, é

notória a desresponsabilização do Estado, sobretudo ao nível financeiro, chamando a

intervir o terceiro sector. Os maiores precursores destas medidas são as Instituições

Particulares de Solidariedade Social, que permitem um controle da despesa do Estado

nesta matéria. Esta forma de actuação, defende que o idoso deve ter um estilo de vida

activo, contudo peca no sentido de considerar este grupo como homogéneo, não

considerando a heterogeneidade ao nível económico, social e cultural.

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Entre o ano de 1985 e 1995, assiste-se em Portugal a um decréscimo do papel

protagonizado pelo Estado na área do bem-estar, evidenciando algumas situações de

privatização. A partir da década de 90, surge uma nova forma de encarar os idosos,

estes passam a ser vistos como potenciais consumidores, programas como o turismo

sénior encaram a população mais envelhecida como novos consumidores, abrindo

caminho para o alargamento deste segmento de mercado. Em 1995 a política que

promove a permanência do idoso no seu domicílio consolidou-se com a criação do

Programa de Apoio Integrado aos Idosos. A questão dos idosos ganha nova

visibilidade, a partir dos anos 90, com dois anos dedicados às pessoas mais velhas, os

mass media alertaram a sociedade civil para a problemática.

Actualmente, segundo Ferrera et. al. (2000), o Estado português apresenta, um

modelo de Estado providência fraco, caracterizado por um baixo nível de provisão

estatal nas áreas sociais, excepto na área da saúde e dos idosos. O Estado assume o

papel central na protecção social, porém reparte as responsabilidades com a família, o

terceiro sector e o mercado. Ferrera acrescenta que o modelo português tem um tipo

de cobertura mista, no plano das transferências pecuniárias é bismarkiano, com o

Serviço Nacional de Saúde, na área da saúde, assume aspectos beveridgianos. A rede

de segurança social, está desenvolvida de uma forma ainda incipiente, as garantias

sociais mínimas são recentes e incompletas. O terceiro sector apresenta um papel

destacado no desenvolvimento da protecção social. A família é fulcral no que respeita

à protecção dos seus membros dependentes, esta figura que a família assume é

sobretudo característica dos países do sul da Europa, como Portugal e Espanha.

Esping-Andersen (2000) propõe alguns ajustamentos ao sistema português, por forma

a introduzir inovações, entre elas destacam-se medidas como a expansão da indústria

dos serviços inseridos num welfare misto, através de um conjunto de incentivos e

regulações estatais, disposições colectivas, intervenção do sector terciário e iniciativa

privada, contribuindo para a oferta de novos serviços no contexto formal, perseguindo

o bem estar geral das famílias portuguesas.

O artigo 72º da Constituição da República, consagra no ponto 1 que “as pessoas

idosas têm direito à segurança económica e a condições de habitação e convívio

familiar e comunitário que respeitem a sua autonomia pessoal e evitem e superem o

isolamento ou a marginalização social”. No ponto 2 refere que “a política de terceira

idade engloba medidas de carácter económico, social e cultural tendentes a

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proporcionar às pessoas idosas oportunidades de realização pessoal, através de uma

participação activa na vida da comunidade”. Esta vontade política expressa na

Constituição é efectivada mediante politicas sociais dirigidas aos idosos, traduzida em

transferências financeiras (pensões e subsídios), benefícios fiscais, serviços sociais

(equipamentos), outros serviços públicos (saúde, habitação, entre outros), assim como

programas específicos, promovendo e assegurando o bem-estar dos mesmos.

As pensões são uma das medidas de protecção social mais notórias e resumem-se a

transferências financeiras que podem assumir a forma de pensões de velhice, pensões

de sobrevivência e invalidez. Estas enquadram-se na área do regime geral ou

contributivo. Independentemente dos bens económicos do beneficiário, o mesmo

usufrui destes benefícios uma vez que contribuiu para o sistema de protecção social.

No regime não contributivo, destinado à protecção daqueles que nunca contribuíram

para o sistema de protecção social, implementado em Portugal a partir do ano de

1974, prosseguindo a lógica da universalidade do direito à segurança social, existem

as pensões sociais de velhice e invalidez.

Para ambos os regimes, as pensões podem ser acrescidas de complementos por

dependência, nas eventualidades de incapacidade física ou mental por parte do

beneficiário, que obrigue ao acompanhamento de terceira pessoa.

No âmbito da Acção Social, os idosos e as famílias podem usufruir de protecção dos

idosos ao nível de Lares, Centros de Dia, Centros de Noite e Apoio Domiciliário. Este

assunto será alvo de maior aprofundamento, no ponto Segurança Social e prestação de

cuidados.

Além destas medidas para os idosos, existem outras mais implícitas decorrentes de

outras áreas da política social, como a isenção de taxas moderadoras, a redução do

custo dos medicamentos e ou exames complementares de diagnóstico efectuados

através da comparticipação às entidades privadas, apoios ao nível das rendas e a

criação do Rendimento Social de Inserção.

O processo de envelhecimento da população portuguesa transporta consigo

dificuldades de sustentabilidade financeira ao nível de diferentes domínios como a

saúde e segurança social. Apesar de actualmente o equilíbrio financeiro se verificar, o

governo procura delinear estratégias políticas que permitam assegurar a continuidade

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do sistema a médio/longo prazo. Nesse sentido tem sido construída a designada

terceira geração de políticas sociais. Estas medidas procuram corrigir os erros

efectuados na definição de políticas que pretendiam conferir sustentabilidade

económica, social e financeira do sistema de segurança social. Este novo modelo de

políticas, procuram promover a diferenciação positiva das prestações sociais,

obrigando os cidadãos a comparticiparem na sua protecção social, em função da sua

situação financeira e do seu agregado familiar. No caso dos idosos é solicitada a

avaliação económica do agregado familiar dos filhos. Esta nova forma de concepção

das políticas sociais, contribuem para a desresponsabilização do Estado em

determinadas situações, nomeadamente, quando se verifique que os cidadãos com

maiores níveis de riqueza não possam usufruir de determinados benefícios concedidos

anteriormente pelo Estado. Esta forma de actuação conduz igualmente para o

alargamento dos serviços privados em matéria de protecção social.

A reforma de 2001 da segurança social trouxe, já por si, a correcção ao nível dos

descontos dos trabalhadores. Anteriormente a esta reforma, eram contabilizados os

melhores 10 anos dos últimos 15 anos de carreira contributiva, situação que conduzia

a verdadeiros esquemas de fraude para com o sistema, muitos trabalhadores não

descontavam até aos 50 anos, ou descontavam sobre o salário mínimo, incrementando

nos últimos 15 anos os valores de descontos. Esta situação foi corrigida na reforma de

2001, a partir da qual é considerada toda a carreira contributiva do trabalhador para

determinação da remuneração de referência para o cálculo das pensões.

O XVII Governo Constitucional procura, a partir de 2006, a alteração e criação de

políticas que afectam directamente os mais idosos. O Governo procura com a

convergência progressiva das reformas do regime da função publica ao modelo de

cálculo do regime em vigor na Segurança Social, diminuir os gastos do Estado assim

como garantir a permanência por um maior período de tempo de cidadãos no activo.

Altera medidas como o Rendimento Social de Inserção, tornando mais fácil o acesso

dos cidadãos a esta medida. Anteriormente, os cidadãos que apresentassem

rendimentos nos últimos 12 meses, sofriam fortes penalizações. Os idosos que não

têm direito à Pensão Social de Velhice ou de Invalidez podem usufruir desta medida.

O Governo Constitucional cria, igualmente, o Complemento Solidário para Idosos,

medida que visa aumentar os valores de reforma para valores iguais à Retribuição

Mínima Mensal Garantida.

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As reformas preconizadas por este Governo prevêem a introdução de um factor de

sustentabilidade, permitindo adequar o sistema de pensões à evolução de esperança de

vida da população portuguesa. Concomitantemente, procuram introduzir um factor de

bonificação no cálculo das pensões ou aumentar os descontos para contas individuais

em regime de capitalização, para aqueles que queiram permanecer no mercado de

trabalho para além da idade que dá acesso à pensão de velhice. É de referir ainda que

as medidas vão no sentido de aumentar a penalização nas pensões antecipadas,

prevendo factores de redução por cada mês de antecipação. Por outro lado, serão

concedidos factores de bonificação a todos os trabalhadores que encontrando-se em

situação de requerer pensão antecipada sem penalização, optem por continuar

inseridos no mercado de trabalho. No que respeita ainda às pensões, prevê-se que as

mesmas sofram actualizações de forma diferenciadas, com benefícios positivos para

as pensões mais baixas. A actualização das pensões será indexada ao índice de preços

ao consumidor, índice conhecido e não estimado. Ainda no âmbito das pensões, serão

criados tectos máximos de retribuição.

A relação estabelecida entre as pensões e a esperança média de vida, fará a longo

prazo baixar o valor médio das reformas, procurando consubstanciar o “factor de

sustentabilidade” da Segurança Social. Esta medida afectará sobretudo as novas

gerações e entrou em vigor em 2008. As pensões com esta nova forma de cálculo vão

continuar a aumentar, só que mais lentamente. De acordo com o Governo citado no

Diário Económico (1/06/2007) “se nada fosse alterado, a pensão média chegaria ao

ano de 2050 ao valor de 908 euros. Com a aplicação do novo factor, a pensão média

nesse ano será de 744 euros, ou seja, menos 164 euros.” Esta medida permitirá reduzir

o PIB em 2050 em 1,5%”.

A esperança média de vida é actualmente de 78 anos e, segundo cálculos do Governo,

deverá crescer, em média, um ano por década. Na prática, significa que uma pessoa

terá de trabalhar mais cinco meses para obter a pensão por inteiro. Por exemplo, quem

tem agora 25 anos de idade terá de trabalhar até quase aos 67 anos (mais 20 meses

depois dos 65 anos). De acordo com o Banco de Portugal citado igualmente no Diário

Económico (1/06/2007), o trabalho elaborado pelo Governo permitirá a “redução do

encargo do Estado com pensões em 6,9 pontos percentuais da riqueza nacional entre

2010 e 2050”.

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Este Governo procura igualmente reforçar os mecanismos de poupança

complementar, criando um novo regime público de capitalização individual e

opcional. Pretende-se que este novo regime seja financiado pelas contribuições

voluntárias dos beneficiários da segurança social que serão capitalizadas em contas

individuais num fundo a conceber, que estará sobre a responsabilidade de

administração do Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social.

No seu programa, o Governo, tendo consciência do crescente envelhecimento da

população, pretende promover a natalidade, configurando uma rede de equipamentos

e prestações sociais que permitam maior conciliação da vida pessoal, profissional e

familiar.

A Comissão Nacional para a Politica da Terceira Idade (CNAPTI, 1994), criada em

1993 no decorrer do ano Europeu dos Idosos, concluiu no seu relatório de avaliação

que existem ainda entraves significativos à prossecução de determinadas políticas

sociais adequadas às pessoas mais idosas, nomeadamente políticas que colmatem as

situações de isolamento, solidão, dependência económica e física, acesso a cuidados

generalizados de saúde e de apoio social no domicílio. No mesmo documento, a

Comissão, acredita que a população desconhece o contributo positivo que os idosos

podem dar, refere, igualmente que em Portugal falta sensibilidade para enfrentar os

desafios que se colocam aos mais idosos e existe uma inadequação dos serviços para

promover a autonomia/recuperação e apoio domiciliário (24 horas diárias).

É comummente aceite que Portugal terá que reorganizar a política de cuidados. Se os

idosos no presente possuem melhor condição financeira que os coloca em situação de

maior independência, temos que prever que a maior longevidade imbrica na crescente

necessidade de cuidados por parte destes. Esping-Andersen (2000) defende que os

grupos de população idosos e jovens para alcançar melhores níveis de bem-estar, mais

do que transferências financeiras, necessitam de melhores acessos aos serviços. No

exemplo dos idosos mais carenciados, que apresentam baixos níveis de rendimentos,

para além da necessidade de transferências financeiras, são igualmente precisos

serviços e cuidados sociais. Atendendo às especificidades de Portugal ao nível

demográfico, financeiro e social, e percebendo as alterações futuras ao nível da

demografia e dinâmica familiar, é imprescindível um maior apoio às famílias,

traduzidas em legislação, bens e serviços. Apesar de as medidas dirigidas aos idosos

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serem aceites socialmente, o que se constata ao nível dos serviços é um enorme

esquecimento e exclusão desta franja da sociedade.

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5. Os Idosos e a Familia “Uma família é um grupo de pessoas, ou um número de grupos domésticos ligados

por descendência (demonstrada ou estipulada) a partir de um ancestral comum,

matrimónio ou adopção. Nesse sentido o termo confunde-se com clã. Membros de

uma família costumam compartilhar do mesmo sobrenome, herdado dos ascendentes

directos.”(in pt.wikipedia.org/wiki/Família). Assumimos desta feita para o estudo que

o conceito de família a reter, será o conceito mais lato, aquele que considera a ligação

entre os diferentes parentes unidos pelo sobrenome e que o idoso mantém interacção.

A estrutura familiar tem sofrido alterações morfológicas à medida que as sociedades

evoluem. A sociedade moderna, caracterizada pela disseminação do modelo

capitalista, desencadeou migrações pendulares das zonas rurais para as grandes

metrópoles. As elevadas concentrações populacionais conduziram inevitavelmente a

reestruturações arquitectónicas, foram criados novos conceitos habitacionais,

apartamentos com reduzidas dimensões. Factores como a redução das áreas

habitacionais, entrada das mulheres no mercado laboral, o aumento da taxa de

divórcio, a diminuição da taxa de fecundidade, o aumento de uniões de facto, o

crescimento dos nascimentos fora do casamento, a opção de grande parte dos jovens

viver sozinhos e o aumento da esperança de vida, condicionam substancialmente a

permanência dos idosos no agregado familiar dos descendentes.

Em muitas civilizações, principalmente as orientais, o idoso é percepcionado como

um elemento imbuído de experiência e saber acumulado, sendo tratado com respeito e

veneração. No seio da família ocidental constata-se que progressivamente, o respeito e

admiração pelo saber adquiridos dos mais velhos tem-se degenerado, tradicionalmente

as famílias honravam tratar dos seus idosos.

Actualmente, com a diminuição dos elementos do agregado familiar, onde

antigamente se encontravam famílias extensas e alargadas, predominam as famílias

nucleares constituídas por pais e filhos. Contudo, é inegável que a família é um

espaço privilegiado de relações sociais, relacionais, educativas e cuidadoras, onde os

diferentes elementos procuram proporcionar a satisfação das necessidades afectivas,

psicológicas e materiais fundamentais para o desenvolvimento pleno de todos os

elementos. Os diferentes indivíduos que compõem a família esperam que esta ofereça

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a cada um dos seus membros, crianças ou adultos, um espaço onde se sintam amados,

protegidos e onde a sua individualidade seja respeitada e reconhecida.

Segundo Paul (1997), a família é o espaço por excelência de socialização, onde as

relações intergeracionais contribuem para a assimilação e transmissão de valores e

normas sociais. A qualidade destas interacções pode ser determinante para o

fortalecimento dos níveis de saúde, sociais, profissionais e emocionais dos diferentes

elementos que compõem a família.

Os cuidados que os idosos exigem acarretam dispêndios temporais que a sociedade

moderna não tolera. À medida que a idade avança a dependência cresce de forma

proporcional, a elevada dependência de terceiros, conduz a uma sobrecarga familiar,

sobrecarga expressa na impotência sentida por parte dos membros familiares para

lidar com a dependência física e degeneração cognitiva do idoso. A quase que

inversão de papéis, sentida no seio familiar coloca novos desafios aos diferentes

elementos, uma vez que culturalmente são os pais que ajudam os filhos e não o

contrário. O papel inquestionável desempenhado pelo idoso na família até se

registarem as primeiras perturbações físicas e cognitivas, garante de perda progressiva

de autonomia, indaga novas preocupações e necessidades. A falta de tempo para a

prestação de cuidados, associada à incapacidade para lidar com os novos desafios que

os tratamentos de um dependente acarretam, podem conduzir subtilmente para a

emersão de conflitos internos na relação familiar.

As mulheres nesta relação de cuidados estão especialmente expostas, dada a história

cultural que apresenta estas como “mais predispostas” para assumirem os cuidados

que os menores e dependentes exigem. As mulheres são na maioria das ocorrências as

que mais sobrecarregadas são com a questão dos idosos. Durante anos, a filha mais

nova da fratria deveria permanecer na habitação para assumir os cuidados que os

progenitores em fase degenerativa exigiam. Com o evoluir das sociedades este habitus

foi esvanecendo, assiste-se a um maior equilíbrio entre sexos quer no plano

profissional, doméstico ou sexual. Contudo, culturalmente, permanece enraizado o

paradigma que o sexo feminino deverá assumir os cuidados com os mais velhos,

sacrificando se assim for necessário a carreira profissional. É comum percepcionar um

leque elevado de mulheres que abandonaram a carreira profissional para assumirem

novos papéis como prestadoras de cuidados a familiares.

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Os cuidados que os idosos exigem variam em função do seu grau de dependência,

permitindo à familiar gerir o seu tempo. Os idosos com baixa dependência necessitam

somente de supervisão ou vigilância, na medida em que possuem ainda alguma

autonomia, quer ao nível da mobilidade, quer ao nível da realização de determinadas

actividades da vida diária como o vestir/despir, higiene pessoal, alimentação entre

outras. Os idosos com média dependência encontram-se numa situação em que

necessitam não só de supervisão, mas também de ajuda efectiva de terceiros no

desempenho das suas actividades de vida diária. Os idosos com elevada dependência

apresentam necessidade permanente de uma terceira pessoa que os auxiliem na

execução de todas as tarefas inerentes à satisfação das suas necessidades básicas

(alimentação, higiene pessoal e do lar, vestir/despir, assistência medicamentosa, entre

outras.)

O grau de dependência no idoso origina diferentes níveis de stress na família. Quanto

maior for o grau de dependência no idoso maior será a necessidade de cuidados

proporcionados pela família. Este facto pode por si só ser condição de aumento de

níveis de stress entre os diferentes elementos que compõem o agregado familiar. A

dinâmica familiar é alterada, passam a existir novos fluxos de atenção, novas

exigências físicas, novas rotinas, novas responsabilidades, maiores dispêndios

económicos e notória diminuição da vida social.

Para além dos factos enunciados, convém referir que existem diferentes motivações

por parte dos familiares para assumirem os cuidados aos idosos. Muitos arcam com a

responsabilidade por motivações altruístas, outros por interesses económicos, criando

expectativas quanto a possíveis heranças. Estes jogos de interesses, evidenciando a

inexistência de atitudes desinteressadas na prestação de serviços, podem seguramente

desencadear conflitos familiares, com perdas notórias para o idoso. Paúl (1997)

À medida que a dependência cresce, cresce proporcionalmente a sobrecarga das

famílias, fazendo emergir conflitos no que respeita à visão dos encargos.

Juridicamente não existe uma tabela normativa que permita definir o contributo e

obrigatoriedade de prestação e de cada familiar para com o parente dependente.

Segundo Pimentel (2005), citando Coenen-Huther, famílias nucleares raramente se

organizam entre si para se ajudarem sistematicamente e de forma racional. As ajudas

são ocasionais, mas raramente é negado apoio a quem o solicita.

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Apesar de todas as dificuldades que o idoso acarreta para a família, esta continua a ser

o garante dos cuidados informais aos seus elementos mais debilitados. A família

desempenha um papel preponderante na provisão das várias necessidades. A

sociedade-providência actua de forma privilegiada através dos laços de parentesco.

Esta atitude poderá ser explicada pelo facto de, consciente ou inconscientemente, os

diferentes elementos que compõem a família interiorizarem como dever e obrigação,

adquiridos, transmitidos e monitorizados socialmente, o cuidado aos elementos com

laços de sangue, desenvolvendo-se um sentimento de pertença “nós”. As famílias, em

algumas situações, organizam-se no sentido de prestação de cuidados, desenvolvem

esquemas de rotatividade entre os diferentes elementos, com ou sem laços,

efectivando e colmatando as necessidades sentidas pelo idoso.

A assistência ao idoso, preconizada pela família, faz com que muitas vezes o assistido

se percepcione como um peso para os restantes elementos, uma vez que os elementos

familiares impõem as suas vontades esquecendo-se que o idoso deverá deter um papel

activo nesta relação de assistência.

Contudo, nas sociedades ocidentais, mais do que a obrigatoriedade de assumir os

cuidados aos elementos familiares mais idosos, prevalecem os laços de afectividade e

de parentesco, ou seja, a maior interacção afectiva entre parentes assim como a

proximidade sanguínea aumenta a probabilidade de o idoso ver satisfeitas as suas

necessidades ao nível da prestação de cuidados, promovendo de uma forma mais

eficaz as redes de solidariedade informal.

Dechaux (1996) identifica três tipos de ajuda prestados entre os diferentes membros

familiares:

-Doméstico, apoio caracterizado como efectivo e material, actividades positivas que

operam sobre as realidades tangíveis, este tipo de apoio refere-se sobretudo ao apoio a

elementos familiares que se encontram em dificuldade temporária, sendo urgente o

seu auxílio;

- Apoio efectivo da rede familiar, caracteriza-se como apoio no plano relacional,

pondo em prática a relação com o outro, mediando o indivíduo com a vida social,

protegendo os eventuais riscos da vida social, está associado a uma contra-dádiva,

resultante de uma dívida recebida anteriormente;

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- e Financeira, apoio no plano económico, coloca-se no plano da subsistência do

agregado familiar, para além das transferências protagonizadas pelo Estado, a família

assume também ela um papel fundamental, no apoio económico e nas relações de

solidariedade entre os membros familiares, com maior incidência entre pais e filhos.

Natália Ramos (2005), refere que nas famílias plurais, multigeracionais e

multiculturais de hoje, entrecruzam-se gerações e culturas, espaços e tempos,

memórias e identidades, experiências e saberes, conflitos e rupturas, mas, também,

diversas formas de altruísmo e solidariedade e múltiplas transformações.

Nos meios populares domina sobretudo o dever de solidariedade e de entreajuda

intergeracional, as famílias com menores recursos acreditam que é seu dever tratar dos

membros da família. As famílias com maiores índices de rendimento entendem este

processo como uma escolha, a troca de solidariedade entre membros depende da

vontade individual e escolha reflectida.

Assim sendo, depreende-se que nas famílias o padrão de ajuda varia em função da

posição de classe e da posição da família na divisão social do trabalho. Torre (2004)

refere que as famílias que mais precisam, são as que menos apoios têm.

Attias-Donfut (cit in Natalia Ramos 2005) defende o princípio da reciprocidade, ou

seja, as pessoas idosas que no passado tomaram conta das gerações anteriores

recebem, mais vezes do que os outros, cuidados dos seus filhos, como se o exemplo

dos pais servisse de modelo aos comportamentos futuros dos filhos em relação a si.

Parte-se do pressuposto da socialização com base na observação e na participação, o

auxílio aos mais idosos ou aos elementos mais necessitados do agregado familiar é

percepcionado como algo normal e necessário. Natália Ramos (2005) recorre ao

provérbio popular que ilustra de forma sublime esta máxima – “filho és, pai serás,

como fizeres, assim acharás”. Um estudo de Wolf (cit in Ramos 2005) elaborado na

Alemanha, defende que os netos quando ficam à guarda dos avós, enquanto os pais

trabalham, originam múltiplas formas de reciprocidade entre as três gerações. Os

netos preocupar-se-ão mais com os avós, os pais manterão relações de maior

proximidade com os seus pais quando estes forem mais idosos, uma vez que tomaram

conta dos seus filhos. De acordo com o estudo, os filhos cujos pais tomaram conta dos

netos, e se encontram numa situação de idade avançada, visitaram os pais mais 10

vezes que os restantes.

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De acordo com Moscovici (cit. In Ramos 2005) o núcleo familiar é objecto de um

“altruísmo participativo”, onde todos os elementos participam de uma forma intensa

na vida em comum, dedicando-se e vincando os vínculos de pertença a um grupo ou

comunidade com que se identifiquem. O altruísmo participativo é um altruísmo sem

outro, “o outro constitui o nós que liga os membros da família”, “um nós familiar”

altruísta e solidário para com os restantes elementos do agregado familiar.

Contudo, uma verdade é inquestionável, independentemente da posição social ou da

socialização a que cada elemento do agregado familiar foi submetido. A existência de

um idoso no agregado familiar, muitas vezes dependente, não activo, que não

contribui para além do valor da reforma com mais valias para o agregado familiar, é

percepcionado como um peso para os diferentes membros familiares, uma vez que a

forma como a sociedade se encontra estruturada não permite o dispêndio de tempo

que um idoso exige no seu acompanhamento, imprimindo novas dinâmicas familiares

com elevadas perdas económicas e sociais.

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6. A Economia Social na Resposta aos Idosos

A realidade económica e social, caracterizando-se como uma realidade mutável em

constante desenvolvimento, incorpora diferentes volubilidades organizacionais. A

procura de um funcionamento universal, justo e equitativo da sociedade coloca

diariamente desafios aos diversos sectores que a compõem.

O Estado-Providência em Portugal, à semelhança da Europa, encontra-se em crise.

Assiste-se à discussão sobre a ideia de pluralismo de bem-estar, onde o papel do

Estado é refocalizado enquanto financiador, regulador e fornecedor de bens e

serviços, em cooperação estreita com as organizações do terceiro sector.

Contudo, convém previamente reflectir e explicitar o conceito de terceiro sector ou

por vezes designado por economia social. Este sector de actividade económica

localiza-se, entre o sector privado com fins lucrativos e o sector público. O terceiro

sector apela à coexistência e articulação de duas formas de recursos, os privados e os

públicos, uma vez que este existe graças à iniciativa privada, todavia sujeita-se às

orientações e financiamentos públicos por parte do Estado.

A Comissão Científica do CIRIEC (in www.ciriec .es) em Espanha, definiu economia

social como o “conjunto das empresas privadas que operam sobre o mercado para

produzir e fornecer bens e serviços, assegurar e financiar, e nas quais a distribuição

dos benefícios e o processo de tomada de decisão não estão directamente ligados ao

capital aplicado pelos membros, os quais têm cada um direito a um voto. A economia

social compreende também os agentes económicos cuja função principal é a produção

de serviços destinados à venda, para certos grupos de agregados e cujo financiamento

se efectua através de contribuições voluntárias das famílias, enquanto consumidores.”

Desta forma, o sector da economia social, é de iniciativa privada resultante no

restabelecimento de actividades direccionadas para o âmbito público, tendo como

função a produção de bens e serviços com objectivos sociais, através da rentabilização

dos recursos existentes. O que implica, “a construção de alternativas económicas,

através do desenvolvimento de acções solidárias e democráticas entre a instância

pública e sectores da sociedade civil, que se traduzem em modalidades inovadoras, de

solidariedade, de cidadania, de promoção da justiça e da equidade na repartição dos

recursos, agindo no sentido de colmatar desigualdades sociais injustas, geradora de

pobreza e de exclusão social.” (in www.ciriec .es)

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O terceiro sector ganha terreno, à medida que o Estado procura demitir-se e

desresponsabilizar-se pela cobertura de determinadas deficiências sociais. Assiste-se,

progressivamente, à delegação de funções por parte do Estado para as organizações

sem fins lucrativos.

Ramos (2005), evidencia o facto de em Portugal o Estado Providencia apresentar

baixos níveis de desenvolvimento, por esse facto é natural que se assista ao

crescimento de uma Sociedade Providencia.

Este facto fica a dever-se à capacidade que esta tem demonstrado ao nível da gestão

com vista à melhor satisfação das necessidades com a menor aplicação de recursos. A

transferência de verbas por parte das empresas com fins lucrativos e do Estado para as

organizações sem fins lucrativos dependem, com maior afinco, da comprovação da

existência de uma gestão eficiente, pautada pela transparência.

De acordo com o Ciriec (in www.ciriec .es) “a severidade e a internacionalização da

concorrência forçaram largamente as empresas de economia social a adoptar um

comportamento económico que as aproxima bastante das empresas do sector privado

clássico”.

Ramos (2005, p.161), refere que “o agravamento das desigualdades sociais, associado

à emergência de novas formas de pobreza, não encontrando uma solução nos quadros

de intervenção anteriormente constituídas, constitui uma ameaça à coesão social e põe

à prova o Estado Social e os seus meios de acção”. O Estado, tendo como fim último a

coesão social, deverá estar consciente da emergência de novas problemáticas. O

alargamento da intervenção, em áreas até pouco tempo do âmbito restrito do Estado,

ao terceiro sector, é uma garantia de maior eficácia na intervenção junto da população

e possíveis problemáticas emergentes. Ramos (2005, p.174), acentua essa pretensão

referindo que “um dos objectivos da Comissão do Livro Branco da Segurança Social

(Janeiro de 1998) foi a promoção do terceiro sector ou economia social, criar

condições para novas parcerias entre o Estado e a Sociedade Civil, consentâneas com

o Modelo Social Europeu e no sentido de o aprofundar”.

Pressupor a existência do terceiro sector, implica a consciencialização do

funcionamento autónomo da organização social, onde os cidadãos de forma

participativa se organizam com vista à supressão de lacunas detectadas na intervenção

estatal e do mercado. Existem determinadas actividades/necessidades que o Estado e o

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Mercado não cobrem, acautelam ou simplesmente não estão inscritos na sua natureza,

como é o exemplo da promoção da inclusão social.

Ao referirmo-nos ao terceiro sector, contabilizamos inevitavelmente um conjunto de

instituições e organizações que procuram satisfazer as necessidades dos cidadãos, auto

mobilizando-se, tendo por base uma lógica contrária ao lucro e à dependência dos

poderes públicos. A sociedade civil movimenta-se para a satisfação de determinada

necessidade, mediante a organização dos próprios interessados, sem fins lucrativos.

O que distingue uma organização localizada no terceiro sector é o facto de prestar

serviços com intuito não lucrativo, procurando a satisfação de necessidades sentidas

na sociedade civil.

Recorrer ao conceito de terceiro sector implica sobretudo distinguir lógicas de

funcionamento: “o primeiro sistema, o do Estado, funciona com a lógica

proteccionista ou providencial, o segundo sistema, caracterizar-se-á pela lógica

concorrencial, o terceiro sistema pela lógica associativista solidária” (Jacob, 2001).

Procurando gizar o conceito, depreendemos que uma organização pertencente ao

terceiro sector apresentará algumas características: criação associativa de raiz, a

sociedade civil auto mobiliza-se em torno de objectivos comuns de supressão de

determinadas necessidades; gestão democrática, fundamental para a permanência no

tempo da organização; convergência tendencial utente/agente, pressupondo a

coexistência entre utentes e associados; reintegração social dos lucros, situação bem

diferente do não ter lucro.

No decorrer desta visão, o terceiro sector, abarcaria diversos domínios de actividade,

entre eles destacaria a Economia Social, o Empreendedorismo Social e o

Associativismo Civilista.

Na vertente da Economia Social, a organização existiria de forma a colmatar as

necessidades em áreas a descoberto, criadas pelo mau funcionamento do mercado ou

do Estado (ex: a acção social tradicional e os serviços de proximidade).

As organizações, localizadas no Empreendorismo Social, seriam aquelas que

forneceriam os mesmos serviços que o mercado, mas evidenciando a preocupação

principal na satisfação das necessidades (ex: as associações de micro-crédito e as

cooperativas).

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Por último, as organizações situadas no Associativismo Civilista, que procuram

garantir determinadas componentes da qualidade de vida (ex: as associações culturais,

desportivas e ambientalistas).

O terceiro sector, com a crise do Estado-Providência, aumentando exponencialmente

as necessidades sociais, tem conquistado terreno desenvolvendo-se de forma

progressiva e madura, contra-argumentando as políticas neo-liberais.

É a própria Comissão Europeia a considerar e a reconhecer o importante papel que a

economia social poderá desempenhar no equilíbrio e respectiva diminuição do

desemprego na Europa, considerando-a como um dos principais baluartes na criação

de emprego, “prevendo a criação de 140.000 a 400.000 postos de trabalho por ano

com base nas necessidades locais não cobertas” (Jacob, 2001, p.17).

A criação de emprego, por parte do terceiro sector, propiciará a migração dos

beneficiários da acção social para o desempenho de uma actividade profissional,

ultrapassando a situação de inactividade. O terceiro sector poderá ser visto como um

mercado intermédio, uma mais valia na criação de emprego ou de uma actividade.

As áreas onde a economia social denota maior criação de serviços são nas áreas

relacionadas com os serviços de proximidade e da comunidade: serviços sociais

(acolhimento de crianças, jovens e idosos, serviços ao domicílio, apoio aos

desfavorecidos, tratamento de roupa); serviços de melhoria da vida (reparos

habitacionais, segurança, comércio de proximidade); serviços culturais e de lazer

(turismo, desporto, valorização do património cultural e artístico, ensino); serviços de

ambiente (gestão dos lixos e das águas, protecção de zonas naturais).

Como elementos fundamentais no sucesso da economia social encontram-se as

instituições sem fins lucrativos, uma vez que contribuem para a expansão da

actividade e o aumento do mercado social de emprego.

Portugal tem demonstrado nos últimos anos, um interesse crescente na constituição

das empresas sociais como um aliado social para o Estado, para a prossecução da

satisfação das necessidades sentidas pelos cidadãos, na tríade: Estado – Mercado -

Sociedade Civil.

Entre as diversas organizações existentes em Portugal, destacam-se as Cooperativas

(de habitação, agrícolas e de ensino) e as IPSS´s (respostas ao nível dos idosos,

crianças, família, deficientes, entre outras).

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Muitas destas organizações procuram, mediante a criação de empresas de inserção,

contornar a lógica assistencialista de apoio aos grupos desfavorecidos, gerando novas

oportunidades de emprego. Concomitantemente, procuram abandonar a lógica do

lucro como fim supremo, agenciando o investimento do lucro nas actividades não-

lucrativas, em favor dos beneficiários e associados.

O bom funcionamento das organizações sedeadas no terceiro sector, para além da

rentabilidade económica, deverão apostar na rentabilidade social, promovendo o

desenvolvimento local, contribuindo, determinantemente, para a participação dos

cidadãos e o aumento das taxas de emprego. O funcionamento sadio destas

organizações contribuirá, eficazmente, para o incremento da qualidade de vida e bem-

estar das populações.

A maioria dos líderes, destas organizações, são cidadãos que exercem funções no

âmbito do voluntariado, não auferindo qualquer recompensa económica, mas

auferindo prestígio social e público, satisfação pessoal, status, assim como potenciam

a sua rede de contactos, ou seja, são beneficiados com recompensas intrínsecas. O

voluntário pode ser considerado como um elemento fundamental e imprescindível no

terceiro sector, ele partilha com as restantes pessoas o seu saber. Este é visto como um

empreendedor, generoso e sonhador que deverá contribuir positivamente para o

desenvolvimento da organização.

O desenvolvimento científico e tecnológico contribuiu, significativamente para a

transformação deste sector, nunca perdendo de vista os fundamentos humanistas. As

associações são obrigadas a implementar estratégias e técnicas inovadoras imbuídas

da lógica de gerência empresarial. Pode-se distinguir três tipos de empresas (Jacob,

2001): a empresa que pauta a sua actividade por valores éticos e humanitários; a

empresa que pauta a sua actividade com base no marketing; e a empresa que absorve

as duas lógicas de funcionamento. Ambas as situações são dignas de aplausos, uma

vez que permitem o desenvolvimento e viabilidade de projectos educacionais, sociais,

culturais, desportivos e artísticos, com o fim último da promoção humana.

Participar numa organização sem fins lucrativos, permitirá ao cidadão contornar

diversas situações de isolamento e marginalização resultantes da exclusão. Estas

organizações preenchem lacunas existentes ao nível da prevenção primária de

diferentes riscos, contribuem para a formação, motivação e acompanhamento dos

cidadãos, contribuem igualmente para situações de negociação, mediação, parcerias,

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entre outros aspectos. Uma outra vertente de destaque destas organizações é a

capacidade que estas possuem, de permitir elevar as vozes daqueles que são mais

vulneráveis e excluídos dos mecanismos de representação.

Em Portugal, o mercado social de emprego é um dos grandes responsáveis pelo

incentivo à criação de empresas de inserção. Mercado Social de Emprego é um

imperativo de solidariedade que se estende a toda a sociedade e que só faz sentido

desse modo, implicando os diversos actores sociais na sua construção. Ele é, em parte,

suportado e catalisado por agências públicas diversas, e em particular pelas instâncias

que participam hoje na Comissão do Mercado Social de Emprego e pelos seus

interlocutores regionais. Mas é, também, uma realização que não se baseia nem

depende apenas das dinâmicas das instituições públicas. Ou seja, o Mercado Social de

Emprego baseia-se nos princípios da solidariedade, da parceria, e da criação de

oportunidades de emprego que promovam a coesão social. Ele possui, por assim dizer,

uma homeostaticidade formal resultante das dinâmicas de distribuição de capitais,

mas esta característica no plano formal - obedecendo, no essencial, às leis da oferta e

da procura.

Tendo o mercado provado, desde sempre, ser mais eficaz a produzir riqueza do que a

garantir a sua distribuição equilibrada, torna-se necessário encontrar vias de regulação

social alternativas para corrigir as assimetrias e as insuficiências que o seu

funcionamento, homeostático apenas no que concerne à lógica puramente interna da

circulação de recursos, provoca para os agentes.

O Mercado Social de Emprego, medida de carácter comunitário, permite às

Instituições Particulares de Solidariedade Social e aos organismos públicos, a dotação

de recursos humanos em domínios de actuação de cariz social, como o apoio a idosos,

a crianças, o desenvolvimento de actividades tradicionais, entre outros. No âmbito do

funcionamento do Mercado Social de Emprego, têm sido conseguidos muitos

sucessos no plano da obtenção de respostas de inserção no emprego para os grupos

desfavorecidos e, em particular, para os beneficiários do actual Rendimento Social de

Inserção, os mais desfavorecidos entre os desfavorecidos.

A finalidade do bem comum e do provimento de serviços sociais é o bem que une

todas as organizações que se localizam no terceiro sector. A “utopia” da Economia

Social é o que se mantém como orientador da acção e das opções realizadas pelas

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diversas organizações e agentes sem fins lucrativos. A finalidade é investir os recursos

na construção do bem social, mediante uma ética orientada para a causa pública e a

cidadania activa em que os fins e os meios se definem pelos direitos humanos e a

pluralidade optativa e cultural.

A actividade das mutualidades, misericórdias e demais organizações que actuam no

terceiro sector deve ser sustentável no longo prazo. Por isso, o mercado enquadra e

orienta as opções que cada uma assume. Assim, existe a necessidade de desenvolver

competências de afinação entre as necessidades (a procura) e as propostas (a oferta)

para construir um sistema equilibrado e continuamente renovado em função das

necessidades, dos desejos e das expectativas das populações, bem como das ofertas

disponíveis no campo do Estado e do sector privado com fins lucrativos.

Na actualidade, o serviço social é a natureza de acção de muitas das organizações.

Nele, encontram as respostas possíveis, as que conseguem fornecer com as

competências que conseguem juntar e os recursos de conhecimento que têm. Num

contexto de mudança global e integral, as respostas têm de ser inovadoras, mas

eficientes ou competentes, pelo que será possível equacionar a realização de outras

actividades, procurando novas soluções e desafios e o alargamento do campo de

intervenção da Economia e do Serviço Social. Deste modo, o serviço social deve

assentar numa base de intervenção pragmática e por processos simplificadores

sustentados por uma aprendizagem conjunta e dinâmica. Neste campo, a Valorização

dos recursos humanos, partindo das suas experiências e conhecimentos práticos para

chegar à qualificação das suas competências e ao consequente aumento da eficiência

da organização, é o caminho a seguir.

O Modelo de Gestão destas assentará, acima de tudo, num processo de formação na

acção que promove a qualificação da competência e o desenvolvimento de um

Conhecimento Operativo essencial ao nível dos dirigentes (gestão estratégica) e dos

trabalhadores (gestão operacional) e de todo o leque de Recursos Humanos que por

modos voluntários ou de prestação de serviços, se integram nos processos de cada

organização.

A comunicação, ou falta dela, é factor condicionante e problema real das organizações

– incapazes de convencer o Estado a apoiar mais, legitimar o seu trabalho e construir

redes de parceria. Apesar de ser um tema pouco caro aos parceiros do terceiro sector,

o marketing (sistema de análise de problemas centrado na percepção das

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necessidades, a construção de desejos e a moldagem de expectativa) e a comunicação

(modo de utilizar ou manipular a informação comum) são ferramentas essenciais na

intervenção humana e das organizações às quais deverão recorrer – com base em

nobres princípios éticos – para aumentar a sustentabilidade e eficácia das

organizações e a capacidade de intervenção. A comunicação é um pilar estrutural do

desenvolvimento interno das organizações, da sua democraticidade, da sua

competência e do desenvolvimento do sistema de aprendizagem e vinculação. Do

mesmo modo, é essencial na gestão da relação cooperativa com os parceiros, na

motivação dos financiadores, na informação dos destinatários e na relação sempre

essencial com o Estado, ou seja na vertente da comunicação externa com os públicos

com que se relacionam as organizações da Economia Social.

As parcerias estão no centro das atenções por tudo o que podem trazer (conjugação de

recursos, troca e construção de conhecimento e inovação) na solução dos problemas e

pelas dificuldades que existem nas suas concretizações produtivas. Todavia há uma

carência evidente ao nível dos recursos humanos e dos processos das organizações na

construção de redes qualificadas e parcerias autênticas e duradouras, que se prendem

muitas vezes com a incompetência na criação e gestão de sistemas de negociação e de

cooperação pragmáticos e funcionais. Nesta área, a tónica situa-se na necessidade de

formar as pessoas e as organizações como os indutores e os construtores

(respectivamente) de uma grande rede de aprendizagem, experimentação e

concretização nas competências relacionais e na negociação.

Em Portugal, é por mais evidente o crescimento económico deste sector,

movimentando milhares de euros, empregando cada vez mais um maior número de

pessoas, com tendências para a continuidade positiva. Comparando os resultados

obtidos em Portugal com os dados dos restantes países europeus, mais desenvolvidos,

constata-se que este é um sector com um elevado exponencial de desenvolvimento

(www.ciarisportugal.org).

Gerando novas áreas de intervenção, o terceiro sector, promove a criação de postos de

trabalho, induz maior circulação de moeda, melhorando a saúde económica.

As organizações inseridas no terceiro sector detêm várias potencialidades e

virtualidades. Estas, facilmente podem ser identificadas como potenciais

empregadores, uma vez que este sector encontra-se em franca expansão, contribuindo

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para a criação de emprego. Atendendo às características das actividades

desempenhadas, estas organizações poderão criar eminentemente trabalho intensivo.

Permitem igualmente a criação de emprego local, onde as necessidades locais são

identificadas e satisfeitas localmente, contribuindo positivamente para o

desenvolvimento local. Estas organizações funcionam como catalisadores no mercado

de trabalho, uma vez que fornecem serviços de apoio à família, facilitando a

integração feminina no mercado de trabalho e facilitam, ao mesmo tempo, a

integração no mercado de trabalho de grupos desfavorecidos. Contribuem

positivamente para a coesão social, uma vez que associam a economia social às

comunidades desfavorecidas, criando emprego. Outra vantagem, que não pode ser

esquecida, concerne ao partenariado, pois a sua actuação baseia-se na metodologia de

actuação em parcerias inter-institucionais e com o Estado.

A criação de emprego à luz dos programas ocupacionais para carenciados, pode

arrastar efeitos negativos no mercado de trabalho, nomeadamente pela inibição à

criação de novos postos de trabalho por parte das entidades que participam na oferta

deste tipo de medidas. Contudo, são inquestionáveis as vantagens objectivas para os

desempregados, decorrentes das acções de ocupação.

A criação de emprego deverá ter presente a qualidade do emprego, assim como a

sustentabilidade das actividades, dos empregos criados e a sua dependência face aos

apoios públicos.

Em suma, as actividades situadas no terceiro sector em Portugal definem-se, grosso

modo, pelas seguintes características: procura de serviços de apoio à terceira idade,

devido ao crescente envelhecimento populacional, associado às baixas reformas;

procura de serviços de apoio à infância, uma vez que a elevada integração feminina no

mercado de trabalho, ligada com os baixos salários praticados, coloca dificuldades na

conciliação entre maternidade e vida profissional; e outras actividades não valorizadas

do domínio do mercado, como as actividades ligadas à preservação e conservação de

recursos naturais e paisagísticos, dos quais decorrem externalidades positivas, mas

não valorizadas em termos de mercado.

Além do capital económico, é produzido capital social resultante das relações de

solidariedade que se estabelecem, sendo demasiado importante para ser esquecido.

Este pode perfeitamente manifestar-se como uma mais valia para incrementar os

resultados das combinações produtivas.

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Ramos (2005), defende que “às organizações da Economia Social, atribui-se uma

tripla função:

- Promover a coesão social, combatendo as diferentes formas de exclusão social,

estimulando a criação de emprego e melhorando as condições de empregabilidade;

- Promover a coesão económica, combatendo as diferentes formas de marginalidade

económica e estimulando a criação de riqueza;

-Promover uma cultura de participação cívica, combatendo as consequências

negativas do recuo dos programas sociais universais características do Estado

Providência e de contextos macroeconómicos de crescimento e de pleno emprego e

estimulando novas formas de governabilidade ao nível das comunidades locais”.

O sucesso da economia social pode residir na implementação de “políticas

económicas e sociais inclusivas e estimular comportamentos empresariais de

responsabilidade social. Assistimos em Portugal a um número crescente de empresas

que entram em parcerias no âmbito de programas de luta contra a exclusão social e de

iniciativas de desenvolvimento local, contribuindo para uma economia mais

inclusiva” (Ramos, 2005).

O terceiro sector, gerador de emprego, através da criação de novas actividades

disseminadas pelas diversas regiões do país e por diversos intervenientes sociais,

contribuem positivamente para a diminuição das desigualdades territoriais e das

desigualdades entre os diversos grupos sociais, manifestando-se como um forte

instrumento de coesão.

O futuro do terceiro sector reside na capacidade deste demonstrar a longo prazo

imaginação na criação de projectos, que poderão passar pelo estabelecer de redes de

parceria, abrindo novas oportunidades de emprego, procurando soluções originais

para balancear o desequilíbrio entre utilizadores e prestadores, dando respostas em

áreas a descoberto por parte do mercado e do Estado.

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7. A Segurança Social e a Prestação de Cuidados A criação de um sistema de Segurança Social foi um dos garantes para a efectivação

dos direitos sociais. A lógica que presidiu à sua construção foi a protecção social por

parte do Estado a todos aqueles que de forma individual, por motivos de doença,

desemprego ou idade, não conseguiam satisfazer as suas necessidades.

No que respeita às prestações sociais, a Segurança Social encontra-se dividida, em

duas grande áreas, regime contributivo e regime não contributivo.

No âmbito do regime contributivo, os idosos podem usufruir dos apoios como o

complemento por cônjuge a cargo, a pensão de sobrevivência, a pensão de velhice, o

complemento por dependência, o subsídio de funeral e o subsídio por morte.

No âmbito do regime não contributivo, os idosos podem usufruir da pensão social de

velhice, complemento por dependência, subsídio de funeral e subsídio por morte.

O Complemento Solidário para Idosos pode ser atribuído a beneficiários de ambos os

regimes desde que não ultrapassem as reformas o valor estipulado por Lei e que não

sejam confirmados outros rendimentos ou que os filhos não apresentem rendimentos

superiores aos previstos na Lei. É um complemento de um rendimento base existente

(pensão mais outros rendimentos), que procura recorrendo à discriminação positiva

concentrar recursos em quem mais precisa. Este preconiza uma nova estratégia de

definir mínimos sociais para os idosos.

O Rendimento Social de Inserção pode igualmente ser requerido por ambos os

beneficiários desde que os montantes da reforma não ultrapassem os valores

estipulados por Lei e que não sejam confirmados outros rendimentos ou sinais

exteriores de riqueza.

Na área da Acção Social são diversos os apoios existentes para protecção aos idosos.

Entre as diferentes formas de apoio destacam-se: o Acolhimento Familiar de Idosos, o

Apoio Domiciliário, Centros de Convívio, Centros de Dia, Colónias de Férias, Rede

Nacional de Cuidados Continuados Integrados, Lares, Ajudas Técnicas, Subsídios de

combate à precariedade económica e a Rede Social.

O Acolhimento Familiar pode ser temporário ou definitivo. Esta forma de apoio

consiste no acolhimento de idosos em famílias consideradas idóneas, pagas pela

Segurança Social para acolher pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, sem

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retaguarda familiar ou com família mas que não consiga assegurar as necessidades

básicas dos idosos.

O Apoio Domiciliário consiste na prestação de serviços por ajudantes familiares no

domicílio dos idosos que demonstrem dificuldade em executar as actividades da vida

diária. Estes serviços podem assumir diferentes formas como os cuidados de higiene e

conforto, trabalhos de limpeza e arrumação da habitação, confecção de refeições,

tratamento de roupas, administração de alguma medicação, assim como ajudas

diversas como acompanhamento em consultas, tratamentos, compras entre outras.

Os Centros de Convívio promovem actividades de convívio, recreio, animação e

ocupação, tendo em conta a participação activa dos idosos no desenvolvimento dessas

mesmas actividades.

Os Centros de Dia desenvolvem apoio social mediante um conjunto de actividades

como: convívio/recreio/animação/ocupação; alimentação; cuidados de higiene e

conforto; e tratamento de roupas.

As Colónias de Férias promovem o apoio social, temporário, através de actividades

que visam o convívio, recreio, animação, melhoria das condições de saúde física e

psíquica, integração social através do relacionamento dos idosos entre si ou com

outros grupos etários.

A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI - Decreto-Lei nº

101/2006 de 6 de Junho de 2006) são uma medida de intervenção conjunta do

Ministério da Segurança Social e do Trabalho e do Ministério da Saúde, com o apoio

das IPSS´s e entidades privadas, visando o apoio aos cidadãos que necessitem de

cuidados paliativos após internamento hospitalar, com vista ao seu restabelecimento.

Esta medida procura assegurar de futuro a mudança dos padrões epidemiológicos e

demográficos que se prevê na população portuguesa. Atendendo que as doenças

crónicas serão nas próximas décadas a principal causa de incapacidade da população

em Portugal existe a necessidade de reorientar o papel dos dispositivos de saúde e

sociais. A RNCCI tem como principais objectivos: actuar sobre o estado de saúde dos

cidadãos com perda de autonomia; promover o envolvimento dos cuidadores nos

cuidados; e dinamizar a formação dos cuidadores. A RNCCI procura que o doente e a

família “funcionem” como uma Unidade de Cuidados.

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A RNCCI tem como grupos alvo as pessoas idosas com dependência funcional;

pessoas com doenças crónicas evolutivas e dependência funcional grave por doença

física ou psíquica, progressiva ou permanente; pessoas que sofrem de uma doença em

situação terminal; pessoas que sofrem de um síndrome de demência; pessoas com

situações transitórias de dependência.

Esta política é única ao nível da articulação entre os dois Ministérios, uma vez que

existe uma estratégia única, procura-se a integração de políticas, a coordenação das

actividades é realizada em conjunto, e por fim o financiamento e a avaliação é

conjunta. Actualmente existem ao nível da RNCCI as seguintes Unidades: a Unidade

de Convalescença (sempre que o doente necessite de acompanhamento ao nível da

reabilitação de cuidados de enfermagem e apoio médico 24h, mas não exista a

necessidade de internamento em hospital); Unidade de Média Duração e Reabilitação

(sempre que o doente se encontre estável mas com indicação para reabilitação e

cuidados de enfermagem que devem ser prestados por 24h, mas sem necessidade de

recurso a apoio médico permanente); Unidade de Longa Duração e Manutenção

(sempre que o doente necessite de ajuda para a realização das actividades de vida

diária e de cuidados médicos planeados, mas não diários, e de enfermagem

permanentes e não existam condições que permitam a permanência no domicilio);

Unidade de Cuidados Paliativos (cuidados holísticos para indivíduos com doença

progressiva prolongada, incluindo a dor, com suporte psicológico, social e espiritual);

Unidades de Dia e Promoção da Autonomia (visa a prestação de cuidados integrados

de suporte, de promoção de autonomia e apoio social em regime ambulatório, a

pessoas com diferentes níveis de dependência que não reúnam condições para ser

cuidadas no domicilio).

A RNCCI constitui-se como a primeira politica plena de financiamento directo à

família, isto é, a Segurança Social atribui uma comparticipação, via prestador do

serviço, ao utente em função dos rendimentos do agregado familiar.

Os Lares visam o apoio residencial colectivo dirigido a idosos que não reúnam

condições de permanência no seu domicílio ou no seio familiar. Este apoio traduz-se

em alojamento, alimentação, cuidados de saúde, higiene, conforto, convívio, recreio,

animação e ocupação.

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As Ajudas Técnicas são apoios económicos dirigidos às pessoas idosas ou

dependentes que necessitem de fraldas, camas articuladas, colchões anti-escaras,

cadeiras de rodas ou outro material protésico.

Apoios económicos na área da precariedade são verbas atribuídas pela Acção Social,

com vista à melhoria da qualidade de vida dos idosos. Esta atribuição obedece a um

diagnóstico e pré-estudo de cada indivíduo e família, sendo necessário facultar todos

os elementos de prova quanto à situação de precariedade.

Alem dos apoio directos por parte da Segurança Social, podemos enumerar outros

indirectos que contam com o contributo desta juntamente com outras instituições, no

caso do Apoio Domiciliário Integrado e nos Cuidados Continuados, a Segurança

Social trabalha em parceria com a Saúde, com as Santas Casas de Misericórdia, outras

Instituições Particulares de Solidariedade Social e algumas entidades privadas.

A Rede Social tem como grande objectivo promover o desenvolvimento social local,

procurando construir redes de apoio social, envolvendo toda a comunidade de forma a

resolver, eficaz e eficientemente, os problemas sociais de cada localidade. Pretende-se

criar parcerias efectivas entre várias entidades, nomeadamente, autarquias, entidades

públicas e privadas sem e com fins lucrativos, de modo a criar novas formas de

conjugação de esforços, garantindo uma maior eficácia das respostas sociais. Para a

consecução deste objectivo, deverá ser realizado numa primeira fase um bom

diagnóstico do concelho onde se encontra implementada, com vista à maior eficiência

e eficácia dos recursos sociais utilizados, onde se incluem as respostas à população

mais idosa.

No quadro que se segue adaptado de Por uma “Idade Nova” – Redes de Suporte

Institucional para a População Idosa e Cenários Prospectivos no Concelho de Cascais

(Garcia, 1999) podemos estabelecer um paralelo sobre quais as medidas mais

adequadas a cada tipo de idoso em função da sua dependência.

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Tabela 12 - Perfil dos Idosos - Tipologia

Tipologia Redes de Suporte Formal/Institucional

Tipo. 1 – Idosos com Enquadramento

Aqui se integram os indivíduos com 65 ou mais anos,

que não se consideram dependentes e que frequentam

e participam em actividades organizadas por

instituições/ equipamentos de apoio

- Frequentam e integram-se, sobretudo, em Centros de

Convívio e Centros de Dia.

- Grande maioria mantém uma frequência muito regular.

- Principais motivos: para a maioria é por necessidade

de convivência; para cerca de metade qualidade do

pessoal e para um pouco mais de 1/3 é a qualidade dos

serviços prestados.

- Em maioria estão satisfeitos, mas indicam algumas

limitações institucionais.

Tipo. 2 – Idosos “Por Conta Propria”

Engloba os indivíduos com 65 e mais anos que não se

consideram dependentes e que não participam e/ou não

frequentam nem participam em actividades de cariz

institucional.

- Não frequentam e não se integram em actividades

organizadas por este tipo de instituição.

- A grande maioria considera que a oferta de

equipamentos e serviços são insuficientes e que os

preços do existente são elevados face aos seus

recursos disponíveis.

Tipo. 3 – Idosos Dependentes e/ou com assistência

complementar regular

Este tipo integra os indivíduos com 65 e mais anos que

se consideram dependentes (fisica, mental e/ou

psicologicamente), necessitando e possuindo serviços

de apoio extra-familiar ou inserindo-se em

Equipamentos de Apoio especializados.

- Vivem em Lares e/ou recorrem aos Serviços de Apoio

Domiciliário.

Apoio Domiciliário

- Maioria sente necessidade de apoio regular no

quotidiano.

- Apoios mais solicitados são higiene pessoal (para

mais de metade), refeições, higiene habitacional e

tratamento de roupas (pouco menos de ¼ en cada

caso).

- Estão globalmente satisfeitos

Lares

- Cerca de 1/3 vivem e Lar há 6 ou mais anos; ¼ vivem

em Lar entre 3 a 5 anos e ¼ entre 1 e 2 anos.

- A maioria destaca como razões de satisfação a

qualidade dos serviços; um pouco mais de 1/3

destacam a qualidade das instalações e as boas

relações entre os utentes.

- Contudo, destacam algumas insatisfações (cerca de

½): falam das más relações entre os utentes e da má

qualidade das instalações; 1/3 destes referem ainda a

falta de qualidade dos serviços.

Fonte: Garcia (1999)

Assiste-se ao nível das políticas de Acção Social, mais concretamente ao nível da

intervenção na área dos idosos, a uma maior diversificação das respostas. A

elaboração deste estudo, no âmbito do mestrado em Desenvolvimento e Inserção

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Social, pretende sobretudo analisar dois tipos de resposta da Segurança Social na área

da Acção Social, nomeadamente Apoio Domiciliário e Lares Lucrativos.

O conceito cuidado a idosos no domicílio é em Portugal relativamente recente;

segundo Maria Irene Carvalho (in www.cpihts.com ), esta nova forma de apoio surge

a partir dos anos 70 do século XX. O aumento do número de pessoas com mais de 65

anos, ou seja o incremento da esperança de vida, associado a alterações de hábitos e

estilos de vida cria esta nova necessidade. Anteriormente a resposta para estas

situações era dada pelas famílias, ou na impossibilidade destas os idosos eram

colocados em asilos ou lares.

O crescente número de idosos tem colocado barreiras ao nível das respostas. Os Lares

e outros equipamentos dirigidos aos idosos apresentam listas de espera enormes, não

se adequando com as necessidades dos mesmos e das famílias. A existência de

equipamentos privados coloca uma nova dificuldade, uma vez que os preços por estes

praticados são muitas vezes impeditivos para a grande maioria da população idosa

portuguesa, caracterizada como possuidora de baixas reformas.

No decorrer do trabalho exercido na Equipa Local de Acção Social da Maia, torna-se

perceptível que um elevado número de idosos recusa a integração em lar,

privilegiando a possibilidade de receberem cuidados nas suas habitações, mesmo que

se encontrem em situação de isolamento social, sem qualquer retaguarda familiar.

As transferências financeiras por parte do Estado para os cuidados com os idosos, ao

nível de equipamentos e serviços de apoio domiciliário têm engrossado, segundo os

dados da Carta Social do Ministério do Trabalho e da Solidariedade (in

www.cartasocial.pt, 2000).

Alem da prestação de cuidados formais, prestados pelas instituições, tem crescido o

número de cuidadores informais, prestado pelas redes de solidariedade e vizinhança.

Contudo, este trabalho de acompanhamento diário do idoso por parte do prestador de

cuidados exige disponibilidade de tempo. A maior parte, com a crescente procura de

cuidados por parte dos idosos, vê este trabalho como uma potencial área de negócio.

Em contexto urbano como o concelho da Maia, a prestação de serviços por parte de

um prestador de apoio domiciliário, exige a disponibilidade financeira por parte do

idoso alvo da intervenção. No decorrer do nosso exercício profissional é possível

constatar o crescente recurso a prestadores informais remunerados, uma vez que

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diariamente deparamo-nos com dificuldades em conseguir angariar voluntários nas

redes de vizinhança ou de amigos dos idosos necessitados de cuidados.

A prestação de cuidados ao idoso, inserida no modelo capitalista, obriga à

disponibilidade financeira, dada a forma como se encontra estruturado o mercado

laboral, não permite a libertação do funcionário por longos períodos de tempo para

assistência a dependentes a cargo. Paralelamente, as pessoas desempregadas, não

beneficiárias de subsídio de desemprego, necessitam de meios de subsistência, assim

sendo, esta área de prestação de cuidados pode ser encarada como uma potencial

ocupação remunerada.

Um exemplo, da crescente importância que esta área tem assumido, é o facto do

Instituto de Emprego e Formação Profissional, inserir recentemente no seu cardápio

formativo o curso de Auxiliares de Apoio Familiar e Comunitário, onde é ministrada

formação ao nível dos cuidados específicos na área da saúde, higiene, alimentação,

acompanhamento e relação interpessoal para com as pessoas necessitadas de

cuidados.

Segundo dados da OCDE, Portugal era dos países que apresentava menores taxas de

provisão quer ao nível do Apoio Domiciliário, quer ao nível dos Lares (OCDE, 1998).

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7.1. Lar de Idosos

O Ministério do Trabalho e da Solidariedade (MTS, 2000, p.12) definia Lar como

“um estabelecimento em que são desenvolvidas actividades de apoio social a pessoas

idosas através de alojamento colectivo, de utilização temporária ou permanente,

fornecimento de alimentação, cuidados de saúde, higiene e conforto, fomentando o

convívio e propiciando a animação social e a ocupação do tempo livre dos utentes”. O

Lar é considerado desta forma como uma entidade que providencia a protecção que os

mais idosos necessitam, mediante a concessão de bens e a prestação de serviços. O

acolhimento em Lar deverá acontecer quando as necessidades que os cidadãos

apresentem não consigam ser satisfeitas pela família ou comunidade, nomeadamente a

companhia, a segurança, a alimentação, a higiene e os cuidados de saúde.

A entrada do cidadão em Lar inicia uma relação entre cliente (cidadão ou família) e o

Lar que se encontra regulamentada por um conjunto de requisitos legais que facultam

ao cidadão direitos como o (MTS, 2000):

- direito a dar entrada no Lar por vontade própria;

- direito à satisfação das necessidades básicas;

- direito à individualidade;

- direito à intimidade e privacidade;

- direito à confidencialidade.

Porém muitos dos cidadãos colocados em Lar, devido à sua situação de fragilidade e

dependência não se encontram capazes para tomar consciência dos seus direitos,

nestas situações sugere-se que exista um elemento capaz e da confiança do idoso, que

assegure a salvaguarda dos seus direitos, pugnando pelo bem estar do mesmo.

A entrada em Lar poderá acarretar algumas expectativas por parte dos idosos:

- ter entrada no Lar escolhido por si e na data desejada;

- ter garantidas as condições para uma boa adaptação ao Lar;

- ter assegurado que lhe sejam devidamente prestados os serviços contratualmente

acordados e os cuidados de que necessita, por pessoal em número suficiente,

qualificado e permanentemente actualizado;

- ter garantidas condições facilitadoras de relações e contactos com familiares e

amigos;

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- ver promovida e garantida a autonomia desejada/possível;

- ter possibilidade de participar na gestão do Lar e de realizar actividades de carácter

cultural, lúdico e artístico;

- ver respeitadas as suas necessidades e vontades relacional e afectiva;

- ter garantida a expressão livre das suas convicções, designadamente religiosas,

políticas e culturais;

- ver respeitado o seu passado;

- viver o Lar como a sua própria habitação.

A integração em Lar pressupõe o cumprimento de determinados serviços por parte do

estabelecimento, como o fornecimento de uma alimentação cuidada, a realização da

higiene e cuidados de imagem do idoso, apoio psicossocial, apoio espiritual, cuidados

ao nível da saúde por intermédio da assistência médica, de enfermagem e

medicamentosa, e por último o cuidado de planear actividades lúdicas.

Actualmente em Portugal existem diferentes tipos de Lares: os estabelecimentos

oficiais geridos por organismos da Administração Pública, central, regional e local; os

estabelecimentos de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS); por

último, os estabelecimentos pertencentes a pessoas singulares ou colectivas, que não

se enquadrem nos dois tipos mencionados.

Este estudo irá recair nestes últimos, os designados Lares Lucrativos.

A criação de Lar está obrigado ao cumprimento de determinados requisitos ao nível

de licenciamento e fiscalização de prestação de serviços, no caso dos Lares

Lucrativos, estes devem-se reger pelo:

- Decreto-Lei n.º 133 – A/97, de 30 de Maio – Define o regime de licenciamento e de

fiscalização dos estabelecimentos e serviços de apoio social do âmbito da Segurança

Social;

- Despacho Normativo n.º 12/98, de 25 de Fevereiro – Estabelece as normas

reguladoras das condições de instalação e funcionamento dos Lares de Idosos;

- Despacho Normativo n.º 52/98, de 3 de Agosto – Altera o prazo para entrega do

plano de adequação;

- Despacho Normativo n.º 818/98 (2ª série), de 26 de Maio – Estabelece o modelo de

alvará de licenciamento e o modelo de autorização provisória de funcionamento;

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- Decreto – Lei n.º 268/99, de 15 de Julho – Estabelece a obrigatoriedade de uso de

livro de reclamações pelos estabelecimentos incluídos no âmbito de aplicação do

Decreto-Lei n.º 133/97.

Apesar da oferta de equipamentos de Lar ter aumentado nos últimos anos, sobretudo

devido à iniciativa dos privados e do terceiro sector (privado não lucrativo), a procura

continua a exceder a oferta.

No que respeita à qualidade dos serviços prestados pelos Lares, muitos dos relatórios,

fruto de inspecções sistemáticas, demonstravam que a grande parte deles pecavam por

défices elevados ao nível da qualidade, porem este cenário tem-se alterado nas últimas

décadas. Vistorias recentes aos equipamentos, vem demonstrar que os Lares têm

desenvolvido um elevado esforço no sentido de protagonizar aos seus clientes os

melhores níveis de qualidade.

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7.2. Prestadores de Apoio Domiciliário Ao contrário do que acontece com os Lares, o exercício profissional dos prestadores

de apoio domiciliário, não se encontra regulamentado.

A génese desta profissão encontra-se enraizada nas redes informais de apoio, a

sociedade civil organiza-se de forma a suprir as lacunas existentes na cobertura

Estatal às necessidades sentidas pela população.

A insipiência de equipamentos que consigam dar resposta às solicitações ao nível dos

cuidados dos idosos, aliado à fraca criatividade de respostas por parte do Estado, das

IPSS´s e dos privados, no que respeita aos cuidados com os idosos, obrigou à criação

de uma resposta anteriormente prestada pela família e pelas redes de vizinhança,

sempre com carácter de voluntariado.

O apoio domiciliário recorrendo a um prestador, tem sido uma das respostas mais

recorrentes por parte dos idosos que iniciam um percurso de dependência.

Esta situação acontece uma vez que muitos dos idosos apresentam uma imagem muito

negativa dos Lares, associando a entrada em Lar somente a pessoas que não têm

família, estabelecendo relação directa com os antigos asilos. A incapacidade de

prestação de cuidados por parte da família, quando existe, associada ao

enfraquecimento das redes de vizinhança que, quando existem, na maior parte das

vezes, limitam-se a apoio pontual que raramente ultrapassam as tarefas práticas (como

compras, transporte, acesso ao telefone, visitas ao idoso, companhia, substituição por

uma ou duas horas) conduz à necessidade de uma nova forma de intervenção, a

contratação de uma prestadora de apoio domiciliário.

O prestador ou o cuidador, conforme Zimerman (2000, p.85) refere citando Vieira,

“são pessoas que se dedicam à tarefa de cuidador de um idoso, sejam eles membros da

família que, voluntariamente ou não, assumem esta actividade, sejam pessoas

contratadas pela família para esse fim. Diz-se que o cuidador é o ego auxiliar e a

função do idoso”. Zimerman, vem reforçar o papel fundamental que o prestador

apresenta junto do idoso e da respectiva família. É este que zela pelo bem estar dos

que dele necessitam. O autor, acrescenta que é necessário o cuidador ter

conhecimento da situação do acolhido, e da sua família, tendo liberdade para falar

com os familiares e técnicos, informando e sendo informado sobre o estado do

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paciente. Deste modo, bem preparado, o prestador de cuidados, sente-se valorizado,

fazendo com que a tarefa junto do acolhido seja da melhor forma possível.

Em que consiste este tipo de resposta? Fundamentalmente o prestador procura

colmatar as necessidades sentidas pelos idosos nas suas actividades da vida diária,

principalmente na confecção da alimentação, higiene pessoal e do lar,

acompanhamento a consultas e tratamentos, compra de bens e assistência

medicamentosa. Este tipo de fornecimento de serviços é efectuado no domicílio dos

idosos.

O início da prestação deste tipo de serviços obriga o idoso a aceitar a intervenção de

intervenientes externos, tendo que ceder “o seu território”, consentindo a intrusão de

um estranho no seu domicílio.

Ocorrem por diversas vezes resistências à aceitação da ajuda por parte de um dos

idosos do agregado familiar, devido a desconfiança no profissional, pudor, orgulho,

receio de ver o seu território invadido, ou receio de ficarem dependentes de terceiros.

O serviço de apoio domiciliário pode ser encarado como uma forma de substituição da

família ou como um serviço supletivo da família. Na primeira situação o prestador

substitui a família quando este se encontra em situação de dependência e isolamento

social, ou quando exista família mas os laços estejam cortados. Nesta situação o

prestador é percepcionado como um elo de inclusão social do idoso, prestando todo o

apoio necessário, quando possível, ao exercício da cidadania. Na segunda situação, o

prestador é visto como um elemento de complementaridade para a família na

prestação de cuidados ao idoso. Geralmente esta condição acontece quando a família

se sente impotente para sozinha responder a todos os cuidados que o idoso ou

dependente exige. Assim sendo, a família delega alguns cuidados ao prestador por

forma ao agregado familiar não entrar em estado de ruptura.

À semelhança dos idosos que são colocados em Lar, os idosos que recebem o apoio

da prestadora desenvolvem expectativas:

- que a pessoa estranha que passará a frequentar a sua habitação seja idónea;

- que os serviços prestados sejam efectuados com qualidade;

- que o contrato (na maior parte das vezes oral) seja cumprido;

- que seja respeitada a sua vontade e auto-determinação.

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Natália Ramos (2005) refere que muitos dos estudos efectuados demonstram que os

idosos manifestam preferência pelo apoio e cuidados prestados no seu domicílio à

institucionalização/colocação em Lar, representando esta última, muitas vezes uma

experiência dolorosa e traumatizante para o idoso e culpabilizante para a família. A

mesma autora acrescenta que na Europa tem-se assistido a uma crescente

desvalorização dos Lares, mesmo quando estes assegurem uma elevada qualidade de

serviços. A opção de integração do idoso em Lar só acontece em última instância

quando as outras soluções não resultam.

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8 – Opções Metodológicas

A realização deste estudo pressupõe a tomada de decisões relativamente às opções

metodológicas a fim de o concretizar.

No projecto de elaboração deste estudo, uma das principais questões a ter em

consideração foi a necessidade de afunilar a problemática em questão, de forma a

tornar exequível a proposta de investigação.

A problemática dos idosos é uma das problemáticas emergentes na actualidade. Face à

constatação do progressivo envelhecimento da população portuguesa, muitos são os

problemas levantados e estudados. Seria impossível efectuar um estudo alargado

sobre o envelhecimento. Face às limitações temporais e constrangimentos logísticos

resultantes da ausência de determinados recursos, evidentes num estudo

protagonizado no âmbito de um Mestrado e por uma só pessoa, tiveram que ser

efectuadas algumas opções metodológicas.

Surgiu o interesse por, dentro da problemática do envelhecimento, estudar com maior

acuidade os idosos integrados em Lar ou a usufruírem dos serviços de uma prestadora

de apoio domiciliário. Apesar de ter afunilado o tema, a amostra em questão deveria

ser consentânea com a disponibilidade existente por parte do pseudo investigador.

Estando a desenvolver actividade profissional na Equipa de Acção Social da Maia,

uma das oportunidades de delimitar o estudo em questão, seria restringir o universo

relativo a Portugal continental ao número de beneficiários a usufruírem de apoio

económico para Lar Lucrativo e de apoio económico para contratação de Prestadora

de Apoio Domiciliário no Concelho da Maia.

Segundo Deslandes (1999), a metodologia é “o caminho do pensamento e a prática

exercida na abordagem da realidade. Neste sentido, a metodologia ocupa um lugar

central no interior das teorias e está sempre referida a elas”. Deste modo “não só

contempla a fase de exploração de campo (escolha do espaço de pesquisa, escolha do

grupo de pesquisa, estabelecimento dos critérios de amostragem e construção de

estratégias para entrada em campo) como a definição de instrumentos e

procedimentos para a análise dos dados”. ( p.16)

Delimitado o objecto de estudo é imprescindível a formulação de hipóteses. Para

Quivy (1998), “a organização de uma investigação em torno de hipóteses de trabalho

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constitui a melhor forma de a conduzir com ordem e rigor (…). Além disso, um

trabalho não pode ser considerado uma verdadeira investigação se não se estrutura em

torno de uma ou de várias hipóteses”. (p.119) Saliente-se que uma hipótese se

apresenta sempre como uma resposta provisória a uma pergunta ou a um problema e

deve ser sempre verificada.

Deste modo, consideramos nesta investigação as seguintes hipóteses que passarão a

orientar o estudo:

1 - Os idosos do concelho da Maia a usufruírem de apoio económico para a

contratação de Prestador de Apoio Domiciliário, pela Equipa de Acção Social Local

(Segurança Social), apresentam maiores índices de satisfação no apoio prestado por

terceiros (emocional e físico) do que os idosos, apoiados economicamente pela

mesma equipa, institucionalizados em Lar Lucrativo.

2 – A institucionalização de idosos em Lar poderá contribuir para a anemia dos laços

familiares e de solidariedade.

3 - Efectuando um estudo de custo benefício, será preferível à Equipa de Acção Social

da Maia privilegiar a resposta de Apoio Domiciliário em detrimento do apoio para

institucionalização em Lar Lucrativo.

Sendo impossível, pelos factos descritos anteriormente, estudar todos os casos do

Universo do concelho da Maia, optou-se pelo estudo de uma parte do universo, ou

seja de uma amostra. O investigador propõe-se a estudar os dados da amostra, chegar

a conclusões, e extrapolar as conclusões. Contudo para que a extrapolação possa

ocorrer com sucesso existe a necessidade que a amostra seja representativa. Maroco

(2003, p.29) defende que “o processo de inferência estatística é apenas válido quando

as amostras estudadas são representativas da população teórica em estudo a partir da

qual foram obtidas”. A obtenção de uma amostra que seja representativa, é um

processo complexo, sendo, conforme defende este autor, mais difícil conseguir uma

amostra representativa, do que analisar as observações realizadas nessa amostra.

Neste estudo a amostragem é não-probabilística ou não aleatória. Este tipo de

amostragem a “probabilidade de um determinado elemento pertencer à amostra não é

igual à dos restantes elementos” (Maroco, 2003, p.30).

Este tipo de amostragem pode ou não ser representativa, porém na investigação social

é muitas vezes um recurso importante devido a constrangimentos temporais ou de

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custos. A opção por este tipo de amostragem, conduz à obrigatoriedade de escolha de

métodos não aleatórios de amostragem.

A opção recaiu sobre a Amostragem Acidental, Casual ou Conveniente. Neste tipo de

amostragem os elementos podem ser escolhidos pela sua conveniência. No caso deste

estudo foram escolhidos idosos que recebem apoio económico da Acção Social da

Maia, para contratação de prestador de apoio domiciliário ou para comparticipação na

mensalidade de Lar Lucrativo.

O estudo em questão parte de um universo de 186 idosos beneficiários de ambas as

respostas (98 Apoio Domiciliário/88 Lar Lucrativo). Para que a amostra fosse

representativa deveriam ser estudados 10% dos 98 idosos a usufruir de apoio

económico para contratação de Prestador de Apoio Domiciliário, 10 indivíduos,

correspondendo a 10,20% do universo. No caso dos idosos a usufruir de apoio

económico para comparticipação na mensalidade de Lar Lucrativo, num total de 88

indivíduos, foram estudados 9, correspondendo a 10,22% do universo.

Segundo Guerra (2002), a metodologia concede, em simultâneo, a produção de

conhecimentos sobre a realidade, a inovação no sentido da particularidade de cada

caso, a produção de mudanças sociais e, ainda a formação de competências dos

intervenientes, assim o seu objectivo não é apenas o aumento do conhecimento sobre

a realidade, mas a resolução de problemas e produção da mudança.

Para a realização de qualquer investigação é necessário que se definam os métodos e

as técnicas mais apropriados para que se alcance o sucesso da investigação e para que

se compreenda melhor a problemática abordada.

Neste estudo foram privilegiados dois tipos de método: Método Comparativo e o

Método de Medida ou Análise extensiva (permitindo, uma análise quantitativa).

O método comparativo permite a realização de correlações tanto restritas como gerais,

estabelecendo comparações entre diversos tipos de grupos e fenómenos sociais com o

fim de descobrir diferenças e semelhanças. A aplicação do método comparativo

pressupõe que quando se comparam dois fenómenos, é preciso recorrer à

interpretação para se chegar à causa comum de ambos, estabelecendo uma relação de

causalidade. Segundo Durkeim “O necessário é comparar…as variações de um

fenómeno não permite chegar a uma lei, a não ser que exprimam claramente a

maneira pela qual ela se desenvolve em circunstâncias dadas” (Durkeim, 1985,

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p.118). O método comparativo implica: a selecção de duas ou mais séries de

fenómenos que sejam efectivamente comparáveis; a definição dos elementos a serem

comparados; e a Generalização.

O método de Medida ou Análise extensiva implica a observação, por meio de

amostragens, ou seja, através de perguntas directas (entrevistas) ou indirectas

(inquéritos), de populações relativamente numerosas, colocadas em situações reais, a

fim de obter respostas susceptíveis de serem manejadas, mediante uma análise

qualitativa. Este método tem duas fases de aplicação, sendo a primeira, a

quantificação dos dados, através de estatísticas estandardizadas. A segunda fase,

refere-se à interpretação, segundo a técnica estatística, que por sua vez pressupõe três

sub-fases, sendo elas, a colheita de dados sociológicos (amostragem), a verificação

dos dados (validade) e, a interpretação dos dados (conclusão).

Impostas as barreiras temporais e logísticas, a opção por este método pareceu ser o

mais adequando ao estudo da problemática em questão, onde se pretende após a

obtenção da recolha de determinados dados proceder a um estudo comparativo entre

os diferentes beneficiários, com vista a uma análise final do nível de satisfação por

relação ao tipo de resposta e ao custo benefício para a Segurança Social, tendo em

conta as verbas dispendidas mensalmente nas rubricas de Lar Lucrativo e Apoio

Domiciliário.

Neste método torna-se importante trabalhar com uma amostra representativa, cujas

características se generalizam à população em estudo. Os objectos a estudar devem ser

extremamente bem definidos e operacionalizáveis.

No que concerne às técnicas, as opções, face ao método escolhido, recaíram na

pesquisa documental e no inquérito por questionário.

A pesquisa documental é crucial, apresentando-se como uma técnica de recolha e

verificação de dados, tendo em vista o acesso às fontes, escritas ou não, mais

pertinentes, dando abertura à utilização de outras técnicas de investigação. A pesquisa

documental é fundamental para recolher dados no que concerne a informações

contidas nos processos individuais dos beneficiários inquiridos, no que respeita a

valores de comparticipação por parte da Segurança Social e valores actualizados das

pensões e complementos por dependência.

O inquérito por questionário, não dispensa a presença do investigador, assim como

obriga a uma boa preparação metodológica, incutindo no investigador o

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distanciamento necessário com vista à objectividade da análise. O inquérito por

questionário visa a colocação, a um conjunto de indivíduos que compõem a amostra,

de determinadas perguntas com vista à validação de hipóteses teóricas e possíveis

correlações que possam suscitar interesse. Esta técnica recorre ao método quantitativo

para tratamento da informação. Neste estudo foi aplicado um inquérito por

questionário composto, na sua grande maioria por perguntas fechadas.

As perguntas que compõem o questionário foram, elaboradas tendo por base uma

matriz de análise, de forma a recolher dados que permitissem retirar conclusões

comparativas, respondendo às hipóteses formuladas. A formulação das questões,

tiveram o cuidado de abordar indicadores que permitissem recolher dados relativos à

demografia da população idosa, satisfação dos idosos com os cuidados prestados,

redes familiares e de solidariedade, situação emocional dos idosos, custos dos serviços

e valores dos apoios económicos com as duas rubricas em análise.

Numa primeira fase, foi aplicado um pré-teste (em anexo) do inquérito a quatro

beneficiários. “É importante que as perguntas sejam claras e precisas, isto é,

formuladas de tal forma que todas as pessoas interrogadas as interpretem da mesma

maneira” (Quivy, 1988, p.183). É importante aplicar um pré-teste para assegurarmos

que as perguntas estão bem formuladas e são bem compreendidas pelos inquiridos.

Depois de aplicado o pré-teste, optou-se por alterar algumas questões, recorrendo à

utilização de escalas que permitissem de uma forma mais eficaz analisar os graus de

satisfação. Esta alteração foi necessária uma vez que os idosos sentiam dificuldade em

responder às questões quando não existisse um medidor de satisfação.

O SPSS foi o instrumento utilizado pelo investigador para proceder ao tratamento dos

inquéritos e análise dos mesmos. A opção pelo SPSS deveu-se ao facto de ser o

programa mais consensual para o tratamento dos dados, para além de ser o programa

com o qual me sinto mais familiarizado. O tratamento dos dados foram efectuados

tendo por base duas matrizes de análise, uma para os Lares Lucrativos e outro para o

Apoio Domiciliário.

Tratando-se de uma amostra pequena, a análise recaiu sobretudo na comparação de

médias e frequências. Não foi sentida a necessidade de recorrer a outras medidas de

análise devido à dimensão da amostra.

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9 - Aplicação dos Inquéritos

O Serviço Local da Maia (Acção Social) contabilizou durante o ano de 2008, no

âmbito do acompanhamento de idosos integrados em Lar e idosos a usufruir dos

cuidados de prestadora de apoio domiciliário, 186 casos repartidos da seguinte forma:

98 situações de Apoio Domiciliário e 88 de Lar Lucrativo.

Os inquéritos foram aplicados presencialmente. Nos beneficiários a usufruírem de

apoio domiciliário o inquérito foi aplicado nas respectivas habitações, nos

beneficiários integrados em Lares Lucrativos foram os inquéritos aplicados nas

instituições de acolhimento.

Foram aplicados 19 inquéritos, dos quais 10 a beneficiários a usufruírem de apoio

domiciliário e 9 a beneficiários integrados em Lar. Estes valores correspondem em

termos de amostragem representativa, a 10,20% no apoio domiciliário e 10,22% em

relação aos Lares Lucrativos.

Tabela 13

Idade dos Inquiridos

Anos

Frequency Percent Valid Percent

Cumulative

Percent

Valid 65-70 2 10,5 10,5 10,5

71-80 8 42,1 42,1 52,6

81-90 8 42,1 42,1 94,7

91-95 1 5,3 5,3 100,0

Total 19 100,0 100,0

Analisando a idade dos inquiridos (tabela 13), constata-se que a maioria dos idosos se

situa nos intervalos 71-80 anos e 81-90 anos, demonstrando que o pedido de apoio à

Segurança Social acontece sobretudo em idades mais avançadas.

Ao estabelecer uma linha comparativa entre a idade e o tipo de apoio prestado

(gráfico 19), verifica-se que a maioria dos idosos que usufruem de apoio domiciliário

se encontram no intervalo dos 71-80 anos.

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Gráfico 19

No que respeita aos idosos integrados em Lar, regista-se um maior número entre os

81-90 anos de idade. Curiosamente, os idosos com mais de 91 anos apenas registam

presença em Lar. A idade avançada na maioria das situações coloca dificuldades

acrescidas na prestação de cuidados, necessitando de vigilância quase que 24h, sendo

a resposta mais indicada a integração em Lar.

Gráfico 20

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Estabelecendo um paralelo entre a idade e a dependência, dos inquiridos, verifica-se

que todos eles são portadores de dependência. A grande maioria beneficia de

complemento de dependência 1º grau, existindo somente um portador de dependência

2º grau no intervalo dos 65-70 anos e dois no intervalo dos 81-90 anos.

Gráfico 21

Analisando o género dos inquiridos, constata-se que a maioria são do sexo feminino.

Estabelecendo uma relação comparativa entre o género e a tipologia do apoio

(gráfico21), verificamos que o número de idosos, do sexo masculino, a receber apoio

domiciliário e institucionalizados em Lar Lucrativo é equitativo. No que respeita ao

sexo feminino o número de idosas institucionalizadas é superior ao número de idosas

a usufruírem de Apoio Domiciliário de Prestadora informal.

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Gráfico 22

A análise do gráfico, permite visualizar que a maioria dos idosos inquiridos são

beneficiários de duas pensões, pensão acumulada de velhice com sobrevivência,

salientando a situação de viuvez. Somente um inquirido apresenta unicamente pensão

de sobrevivência, transparecendo que durante a sua vida não efectuou contribuições

para o sistema de Segurança Social, usufruindo da pensão de sobrevivência resultante

do falecimento do cônjuge. Uma outra idosa não beneficia de nenhuma protecção

social, uma vez que nunca efectuou descontos para a segurança social nem nunca

casou, e apresenta rendimentos de casas arrendadas, o que automaticamente a exclui

de usufruir de pensão social de velhice.

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Gráfico 23

O gráfico permite constatar que os inquiridos que usufruem da pensão acumulada de

velhice e sobrevivência, apresentam uma representatividade mais elevada na

frequência de Lar. No que respeita à pensão de velhice os dados são equitativos. O

apoio domiciliário ultrapassa somente a frequência em Lar nos inquiridos que

usufruem de pensão de invalidez e pensão acumulada de invalidez com sobrevivência.

Gráfico 24

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Analisando o gráfico 24, a maior parte dos inquiridos auferem valores de reforma

entre os 374.37€ e os 561.54€. Estes valores são na grande maioria provenientes da

acumulação de duas reformas (velhice e sobrevivência). Aproximadamente 2/3 dos

inquiridos apresentam valores de reforma inferiores ao Salário Mínimo Nacional. Um

dos inquiridos tem como único rendimento o valor da pensão social, 187.18€, valor

estipulado como mínimo de sobrevivência. No lado extremo temos igualmente um

beneficiário que apresenta valores de reforma superiores a 748.73€, cinco vezes o

valor da pensão social.

Gráfico 25

O gráfico reflecte que a maioria dos pedidos recebidos na Equipa de Acção Social da

Maia, são de idosos em situação de isolamento, sendo a maioria viúvos, solteiros e

divorciados. O número de inquiridos casados não é significativo.

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Gráfico 26

A análise do estado civil vs tipologia do apoio (gráfico 26) permite observar que o

maior número dos inquiridos a usufruir de apoio domiciliário e lar são viúvos. De

salientar o número de divorciados que estão representados somente em Lar. É

igualmente expressivo o número de idosos solteiros a usufruir de apoio domiciliário.

Este último dado reflecte que em determinadas situações onde o nível de dependência

não é significativamente grave e apesar do isolamento familiar, as pessoas optam por

se manterem em casa privilegiando os laços de solidariedade.

Gráfico 27

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A análise deste gráfico 27 demonstra de forma clara que a maioria dos inquiridos

apresenta uma capitação negativa. A capitação é calculada da seguinte forma:

(Rendimentos – Despesas) /nº de elementos do agregado familiar. Quando a capitação

apresenta forma negativa, pressupomos que os rendimentos que o agregado familiar

aufere mensalmente são manifestamente insuficientes para fazer face às despesas,

existindo necessidade premente de apoio da Acção Social. Preocupante é igualmente

o facto de os restantes elementos que não apresentam capitação negativa, terem uma

capitação extremamente baixa entre os 0€ e o valor estipulado como limite do limiar

da pobreza, os 187.18€.

Gráfico 28

Este gráfico permite entender a distribuição dos idosos em função da sua capitação.

Tendo em conta que para o cálculo da capitação entram os valores das mensalidades

dos Lares Lucrativos que variam entre os 800€ e os 1400€, percebe-se que a

totalidade dos idosos integrados em Lar Lucrativo estejam referenciados como

portadores de capitação negativa, uma vez que apresentam reformas substancialmente

mais reduzidas do que o valor da mensalidade dos Lares. É importante analisar,

igualmente, a percentagem de idosos a usufruírem de Apoio Domiciliário que

apresentam capitação negativa. No calculo da capitação dos beneficiários de apoio

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domiciliário estão inscritas todas as despesas que o agregado familiar apresenta,

nomeadamente as relativas ao custo mensal com os serviços da Prestadora de Apoio

Domiciliário que no caso dos inquiridos vai dos 150€ até aos 600€, dependendo dos

serviços prestados e duração dos mesmos.

Gráfico 29

A maior parte dos idosos inquiridos têm filhos, 73.7% contra 26.3%. O que não

significa que o apoio prestado por estes seja efectivo, existe na grande maioria ruptura

dos laços familiares, como se poderá constatar mais à frente.

Gráfico 30

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Estabelecendo um grau comparativo entre os idosos integrados em lar e a receber

apoio domiciliário com filhos, constata-se que o número é menor nos

institucionalizados em Lar, 26.3% contra os 47.4% dos idosos com prestadora de

apoio domiciliário. Os idosos institucionalizados em Lar evidenciam um maior

percentual quanto ao número de idosos sem filhos. Estes dados vêm confirmar que é

privilegiada a integração de idosos em lar que apresentem reduzida protecção

familiar.

Gráfico 31

A intervenção efectuada por parte dos serviços da Acção Social pressupõe, no caso

dos idosos, acompanhamento das situações ao longo do tempo. O gráfico 31 permite

observar que a maioria dos idosos recebem apoio dos serviços há 3 anos. Atendendo à

crescente longevidade dos idosos, muitos deles com elevados sinais de dependência,

torna-se inevitável o aumento do tempo de acompanhamento das situações,

aumentando significativamente as despesas mensais da Acção Social, como podemos

constatar no gráfico 32.

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Gráfico 32

Observando o gráfico, conclui-se que os valores mensais de apoio aos idosos a

usufruírem de apoio de Prestadora de Apoio Domiciliário e apoio para pagamento das

mensalidades de Lar são significativos. A média dos valores do apoio situa-se nos

317.50€ mensais. O intervalo com maior expressão é dos 187€-374.36€. De realçar a

representatividade do intervalo 748.73€-935.9€. A análise dos gastos mensais permite

constatar que os gastos anuais com as rubricas de Apoio Domiciliário e Lares

Lucrativos são extremamente elevados, com tendência a aumentar anualmente. O

reforço orçamental destas rubricas deveria ter em linha de conta o aumento anual da

longevidade dos idosos com dependência de terceiros, com baixas reformas, assim

como os valores praticados no mercado na área dos Lares Lucrativos e Prestadoras de

Apoio Domiciliário. O Estado poderá também representar um papel preponderante na

regulação do mercado, influenciando os preços praticados. Partindo do pressuposto

que não existe resposta suficiente ao nível do Estado, havendo a necessidade de

recorrer aos serviços de privados, poderão ser negociados valores mensais que se

tornem mais atractivos para as famílias e menos dispendiosos para o orçamento da

Acção Social.

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Gráfico 33

A análise deste gráfico permite corroborar as observações efectuadas no gráfico

anterior. Constata-se efectivamente uma separação entre os valores pagos pela Acção

Social no Apoio Domiciliário e em Lar. O valor mais elevado ao nível do Apoio

Domiciliário é de 187.19€ a 374.36€. A maior representatividade dos valores no apoio

em Lar cifra-se no intervalo dos 748.73€ a 935.9€. Podemos concluir que em termos

de gastos para a Acção Social a diferença entre os dois tipos de apoio é significativa.

Gráfico 34

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No gráfico 34, constata-se que o maior número de inquiridos a usufruir de apoio da

Acção Social respeitam aos que beneficiam de apoio domiciliário há 3 anos. O

inquirido que usufrui há mais tempo de apoio da Acção Social encontra-se a receber

Apoio Domiciliário de Prestadora há 7 anos. Em relação aos inquiridos a beneficiarem

de apoio para institucionalização em Lar, por um período mais alargado, encontra-se

um há 5 anos.

Nesta fase da análise dos inquéritos, optamos por aprofundar algumas questões

relacionadas com os beneficiários a usufruírem de Apoio Domiciliário de Prestadora.

À questão relativa a quem presta o apoio domiciliário, os inquiridos responderam da

seguinte forma (tabela 14):

Tabela 14 Quem presta o Apoio Domiciliário

Valid Percent

Cumulative

Percent

Valid Prestadora 30,0 30,0

Instituição/Familiares/Pre

stadora

10,0 40,0

Instituição/Prestadora 30,0 70,0

Familiares/Prestadora 30,0 100,0

Total 100,0

A análise dos dados apresentados permite verificar que na realidade, 30% dos

inquiridos usufruem somente de apoio de Prestadora, enquanto 30% têm o apoio de

prestadora e de familiares que garantem apoio pontual. Outros 30% usufruem de

apoio de Prestadora e de Instituição. As instituições que prestam apoio ao nível do

apoio domiciliário na área da Maia são: Santa Casa de Misericórdia da Maia, Lar

Santo António, Cruz Vermelha, O Amanha da Criança, Centro Social e Paroquial de

Aguas Santas, Lar Nossa Srª da Natividade e Junta Freguesia de Vermoim (só

alimentação).

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À excepção da Junta de Freguesia de Vermoim, todas as outras instituições são

Instituições Particulares de Solidariedade Social, que prestam apoio ao nível da

higiene e alimentação. Contudo, em muitas situações, os idosos necessitam de

cuidados específicos, exigindo a presença de uma Prestadora que complemente os

serviços prestados pelas instituições, nomeadamente quando não existam familiares.

Em nenhum dos casos inquiridos existe a prestação de cuidados por parte da

Prestadora de Apoio Domiciliário/Instituição/Familiares.

Gráfico 35

É visível, neste gráfico, que a percentagem mais elevada dos inquiridos necessita dos

cuidados da Prestadora de Apoio Domiciliário para a realização da higiene pessoal e

habitacional, 90%, contra os 10% que necessitam dos serviços da Prestadora para a

realização da higiene pessoal, habitacional e alimentação.

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Tabela15

Salário da Prestadora de Apoio Domiciliário

Valid Percent Cumulative Percent

Valid 150,00 10,0 10,0

250,00 20,0 30,0

300,00 10,0 40,0

450,00 30,0 70,0

500,00 10,0 80,0

600,00 20,0 100,0

Total 100,0

Total

A tabela 15 permite visualizar os valores mensais cobrados pelas prestadoras de apoio

domiciliário. 30% das prestadoras auferem salários de 450€. O valor mais reduzido é

de 150€ sendo o mais elevado de 600€. Não existe uma tabela que regule a prestação

de serviços. Durante a contratação dos serviços, inexistindo familiares, cabe aos

Técnicos a negociação do valor de prestação hora ou mês.

Existindo família, essa função é delegada nos parentes mais próximos, incentivando-

os a negociar os valores ao mês e não à hora, uma vez que o montante diminui.

Os valores variam em função da necessidade de serviços que os idosos carecem. Os

valores de 150€ correspondem a idosos que precisam de apoio ao nível da higiene

domiciliária. Valores de 250€ a 450€ englobam, por norma, higiene pessoal e

habitacional. Montantes acima dos 450€ pressupõem cuidados ao nível da higiene

pessoal e habitacional, assim como confecção de alimentação, e por vezes cuidados de

saúde.

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Gráfico 36

A análise do gráfico, permite aferir o número de visitas que os inquiridos recebem. A

maior parte dos idosos mantém os laços com a família. É visível a elevada

percentagem das visitas dos familiares. De realçar igualmente o elevado número de

inquiridos que durante o ano de 2008 não receberam visitas.

Gráfico 37

Na observação do gráfico 37, sobressai o facto de, em ambas as tipologias de apoio,

os idosos receberem visitas em maior número dos familiares. Dos inquiridos somente

alguns institucionalizados em Lar não recebem visita. Constata-se que os idosos a

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usufruírem de apoio domiciliário, receberam um maior número de visitas. Destacam-

se alem das visitas dos familiares o número de visitas de Amigos/Familiares/Vizinhos.

Gráfico 38

O gráfico permite perceber a frequência das visitas que os inquiridos receberam

durante o ano de 2008. O número de inquiridos que nunca receberam visitas durante o

ano de 2008 é extremamente elevado por relação aos restantes. Dos inquiridos que

receberam visitas, o valor mais expressivo é daqueles que receberam visitas

diariamente. O valor com menor número diz respeito aos idosos que receberam visitas

uma vez por mês. De realçar o facto de a maioria dos inquiridos terem uma frequência

de visitas bastante reduzida, uma vez por mês, raramente e nunca.

Gráfico 39

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Analisando a frequência das visitas em ambas as tipologias de apoio, constata-se que

o valor mais significativo é a de idosos que durante o ano de 2008 não receberam

visitas. Nos idosos a usufruírem de Apoio Domiciliário verifica-se que a regularidade

das visitas é maior do que nos inquiridos integrados em Lar, a maioria recebeu visitas

diariamente ou de 15 em 15 dias. Nos inquiridos integrados em Lar constatamos que

existe um número equiparado de idosos a receber visitas diariamente e aqueles que

raramente usufruem de visitas. Nos idosos integrados em Lar, se juntarmos os que

receberam visitas uma vez por semana, raramente e nunca, constatamos que é a maior

percentagem, evidenciando uma frequência muito reduzida de visitas. A frequência de

visitas é maior nos inquiridos a usufruírem de Apoio Domiciliário.

Gráfico 40

A análise das visitas de familiares permite observar que os que visitaram os idosos

“diariamente” e “nunca” é igual, sendo estes os valores mais representativos no

gráfico. A seguir, as visitas mais expressivas são de idosos que receberam “uma vez

por semana” e “uma vez por mês”. O valor com menor representatividade foram as

visitas “3 vezes ou mais por semana”.

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Gráfico 41

Os valores mais elevados representados no gráfico são, no Apoio Domiciliário as

visitas “diariamente”, e no Lar as visitas “uma vez por mês”. Em ambos os apoios é

significativo a inexistência de visitas por parte dos familiares durante o ano de 2008.

A regularidade das visitas de familiares no Apoio Domiciliário é mais elevada. É

expressivo o número de idosos que verbalizaram não receberem visitas dos familiares

durante o ano de 2008. A maioria dos idosos revelam resiliência quanto à

impossibilidade de visitas dos familiares ou simples abandono: “sabe eles trabalham

muito e por isso não podem vir visitar”, “os meus filhos ganham pouco dinheiro e as

deslocações para vir aqui ao lar são caras”, “eu falo com eles ao telefone, não

precisam gastar dinheiro para cá vir”. Dos idosos inquiridos, poucos assumiram a

ruptura nos laços com os familiares.

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Gráfico 42

Quando confrontados com os níveis de satisfação das visitas dos familiares, os idosos

que, curiosamente, demonstram maior satisfação são os beneficiários integrados em

Lar, onde a frequência das visitas é menor. No Apoio Domiciliário o valor mais

elevado é o que corresponde aos inquiridos que estão “satisfeitos”, seguidos dos

“razoavelmente satisfeitos” e “nada satisfeitos”. Este último valor é igual nos

inquiridos que usufruem de apoio em Lar. Os que responderam “razoavelmente

satisfeitos” encontram-se no mesmo patamar. O valor mais baixo é o que apresenta

satisfação com as visitas. No Apoio Domiciliário o valor menor é o de “bastante

satisfeito”, apesar da frequência das visitas. Este dado evidencia que apesar das visitas

ocorrerem com frequência, são na maioria das vezes pontuais e rápidas. Os idosos

durante a aplicação dos inquéritos desabafaram que gostariam de estar mais tempo

com os familiares, não obstante compreendiam que devido ao ritmo da vida actual a

família não tenha tempo para eles.

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Gráfico 43

A análise do gráfico permite constatar que a visita de vizinhos na maioria das

situações não ocorre. Todavia existe um número significativo de vizinhos que

visitaram os idosos “diariamente” e “uma vez por semana”. Estes dados reforçam a

ideia da existência no Concelho da Maia de uma rede de vizinhança e de solidariedade

com algum significado.

No próximo gráfico poderá ser avaliada a distribuição da frequência das visitas de

vizinhos por relação à tipologia de apoio.

Gráfico 44

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As visitas ocorreram com maior frequência nas habitações dos idosos a beneficiarem

de Apoio Domiciliário. No apoio em Lar a grande maioria diz respeito a vizinhos que

deixaram de efectuar visitas, alguns continuaram a estabelecer contactos. No Apoio

Domiciliário o valor mais expressivo diz respeito às visitas semanais, “uma vez por

semana”. Podemos concluir que o afastamento do local de residência conduziu à

redução do contacto com os vizinhos. Todos os idosos inquiridos, foram

institucionalizados fora da sua área de residência, o que conduziu à ruptura dos laços

de vizinhança e amizade.

Gráfico 45

Quando questionado com o facto de se sentirem muito sós, a resposta “não” é superior

ao “sim”. O não representa uma percentagem de 57,9% contra os 42,1% do sim. Ao

contrário do que numa primeira análise se podia pressupor, uma percentagem elevada

de idosos verbaliza não se sentir só. Contudo esta análise poderá ficar mais nítida

quando comparada com a tipologia de apoio.

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Gráfico 46

A análise comparativa entre os dois tipos de apoio evidencia uma leitura

completamente díspar. Os idosos a usufruírem de Apoio Domiciliário apresentam um

maior número de inquiridos que se sentem sós. Nos idosos integrados em Lar, o

número de indagados que se sentem sós cai significativamente, subindo o número

daqueles que se sentem acompanhados. Nos Lares, os idosos interagem diariamente

com pessoas diferentes, situação mais rara nos idosos a usufruírem de Apoio

Domiciliário, principalmente quando começam a evidenciar elevados níveis de

dependência.

Gráfico 47

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Quando se coloca a questão se “as pessoas não gostam de si?” a maioria dos idosos

inquiridos responderam não (têm consciência que as pessoas gostam deles),

demonstrando uma elevada consciência da sua capacidade de bom relacionamento

com os outros.

Gráfico 48

A observação do gráfico demonstra alguma semelhança, na resposta “não”, em ambas

as tipologias. O número de idosos que têm a percepção de que as pessoas não gostam

deles é maior no Apoio Domiciliário.

Gráfico 49

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A análise dos dados relativamente ao que os idosos pensam quando se fala em morte,

e a relação que têm com este pensamento, demonstra que a maioria não reflecte muito

sobre essa questão. Sabem que um dia vão morrer mas não pensam muito neste

aspecto. Curiosamente são aqueles que estão a usufruir de Apoio Domiciliário que

demonstram uma maior diversidade nas respostas dadas, existe um número

significativo de idosos que lidam mal com a questão da morte. Uma elevada

percentagem de idosos refere não ter medo da morte e outros relativizam a questão

dando por resposta que não pensam e não gostam de pensar nesta questão.

Gráfico 50

Quando questionado com o que gostava de receber mais das pessoas, um elevado

número respondeu “carinhos”, a seguir o valor mais representativo foi “passear”

seguido de “mais nada”.

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Gráfico 51

Comparadas as tipologias de apoio, registadas no gráfico 51, os idosos

institucionalizados em Lar, responderam esmagadoramente que sentem falta de

“carinhos”. É expressivo o número de idosos que referiram não quererem “mais

nada”, estando completamente satisfeitos com o acompanhamento dado pelas pessoas

(funcionários, beneficiários e visitas) no Lar. Nos idosos a receberem Apoio

Domiciliário o valor mais elevado diz respeito à necessidade sentida em “passear”

com maior regularidade. No Apoio Domiciliário o número de idosos que referem que

gostavam de receber todos os itens referidos nas alíneas anteriores é significativo,

evidenciando um elevado mau estar com o relacionamento interpessoal com as

pessoas que estão mais próximas e com as actividades desenvolvidas durante o dia.

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Gráfico 52

Comparando a frequência dos telefonemas recebidos entre as tipologias de apoio

constatamos que o valor que mais se destaca no Apoio Domiciliário é o “raramente”

seguido do “duas vezes por semana” e do “diariamente”. No Lar existem duas

respostas mais elevadas: “diariamente” e “uma vez por semana”. Verifica-se que no

Apoio Domiciliário existem dois grupos que se destacam, aqueles que raramente

recebem telefonemas e aqueles que recebem telefonemas com alguma regularidade

durante a semana, sugerindo regularidade nos contactos com terceiros.

Gráfico 53

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Elaborada a questão sobre quem mais telefonava, conclui-se que em ambas tipologias

de apoio, os familiares são aqueles que com maior regularidade telefonam. No Apoio

Domiciliário o segundo valor mais expressivo corresponde aos telefonemas dos

vizinhos. No Lar o segundo valor mais representativo é dos amigos. Constata-se que

em ambas as tipologias, existe uma presença elevada de contactos familiares. Estes

contactos poderão favorecer a manutenção ou o reforço dos laços existentes.

Gráfico 54

Analisando o gráfico, que retrata os níveis de satisfação quanto aos telefonemas

recebidos pelos familiares, as respostas são extremamente diversificadas. No Apoio

Domiciliário as mais significativas foram o “bastante satisfeito”, seguida do “nada

satisfeito”. Nos inquiridos apoiados em Lar as duas mais representativas foram o

“nada satisfeito” e o “razoavelmente satisfeito”. Os idosos integrados em Lar

mostram-se menos satisfeitos com a frequência dos telefonemas dos familiares. De

realçar o facto que somente no apoio em Lar foi referido o “muito satisfeito” com os

telefonemas recebidos pelos familiares.

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Gráfico 55

Quando questionados com a atenção dos prestadores para com eles, sobretudo quando

se sentem mais tristes, o “sim” foi unânime nos inquiridos a usufruírem de Apoio

Domiciliário. Nos idosos em Lar só uma pequena percentagem referiu que “não”. Esta

questão é importante para aferir da sensibilidade dos prestadores de cuidados para a

necessidade de afectos. Contudo torna-se interessante analisar que a grande maioria

responde que os cuidadores estão atentos, mas não invalida a necessidade de receber

mais carinhos.

Gráfico 56

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A análise da disponibilidade dos cuidadores para com os idosos, é igualmente

esclarecedora. Nos beneficiários institucionalizados em Lar é opinião unânime que os

cuidadores estão sempre disponíveis. No Apoio Domiciliário somente um número

reduzido de inquiridos refere que o prestador não está disponível. De alguma forma

estes resultados permitem contribuir para a aferição do grau de satisfação dos idosos

para com os Cuidadores.

Gráfico 57

O gráfico permite confirmar que os idosos integrados em Lar, são acompanhados às

consultas médicas, exclusivamente pelos auxiliares do lar. Nos beneficiários de Apoio

Domiciliário esse acompanhamento é repartido pelo Prestador, valor mais elevado,

pelos familiares e em último pelos vizinhos. Estes dois últimos itens, permitem aferir

a importância da rede familiar e de vizinhança para o acompanhamento e bem-estar

do idoso. Remetendo este conceito para o que Boaventura Sousa Santos (1993, p.46)

defende como Sociedade Providência, entendendo como as “redes de relações de

interconhecimento, de reconhecimento mútuo e de entreajuda baseadas em laços de

parentesco e de vizinhança, através das quais pequenos grupos sociais trocam bens e

serviços numa base não mercantil e com uma lógica de reciprocidade”.

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Gráfico 58

Analisando o gráfico verifica-se que em ambas as tipologias os valores mais elevados

correspondem a níveis de satisfação bastante elevados. No Apoio Domiciliário, o

segundo valor mais expressivo é o nível “satisfeito”. No Lar, o segundo mais

expressivo é o “muito satisfeito”. Nenhum inquirido demonstrou níveis de pouca

satisfação. De forma geral todos mostraram um nível de satisfação acima do satisfaz.

Gráfico 59

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À questão colocada sobre o que melhoraria na sua estadia, em Lar ou na sua própria

habitação, as respostas foram diversificadas, contudo a mais expressiva foi a vontade

de não melhorar “nada”, uma vez que consideram que tudo está ao seu agrado. Os

inquiridos que residem nas suas habitações referem também que gostariam de

melhorar as condições habitacionais, mediante a “realização de obras”. Os idosos

colocados em Lar referem que gostariam de ver melhorados determinados aspectos

relacionados com o funcionamento do Lar, nomeadamente “comida” ao seu gosto e

possibilidade de “beber vinho”. Um dos inquiridos fez alusão à necessidade de maior

atenção, “carinho”.

Gráfico 60

Analisando o gráfico observa-se que as respostas negativas são mais elevadas no

Apoio Domiciliário. Os idosos institucionalizados em Lar manifestam a sua vontade

de estar a residir com os familiares, contudo a maior parte refere que estão conscientes

da impossibilidade destes porque não têm condições para os acolher.

Efectuada a análise comparativa entre as duas tipologias de Apoio, na próxima fase do

tratamento/análise dos inquéritos serão analisadas, com maior acuidade, alguns itens

significativos ao nível de cada uma das tipologias, Apoio Domiciliário e Lar.

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Gráfico 61

A observação do gráfico permite inferir que os valores mais elevados ao nível da

duração do apoio nos inquiridos respeitam à classe dos 81-90 anos com 3 anos de

apoio. Os idosos entre os 65-70 anos são os que evidenciam menor tempo de

prestação de apoio. Existe, igualmente, um número elevado de idosos que na classe

dos 71-80 anos e 81-90 anos encontram-se a usufruir do apoio há um ano.

Gráfico 62

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Quando comparado o nível de satisfação e a tipologia de apoio domiciliário constata-

se a existência de um equilíbrio na distribuição das respostas. Nenhum dos inquiridos

se mostrou não satisfeito com o serviço prestado.

Questionados com a possibilidade de trocar de prestadora de Apoio Domiciliário,

todas as respostas foram unânimes, não trocariam estão satisfeitos com a prestação de

cuidados.

Gráfico 63

Analisando as questões relacionadas com a vontade dos inquiridos serem integrados

em Lar, comprova-se que a maioria rejeita esta hipótese, optando por permanecer na

sua habitação. Apenas um número diminuto de idosos demonstra interesse em ser

integrado em Lar.

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Gráfico 64

A análise dos inquiridos integrados em Lar, quando questionados com a possibilidade

de trocar de instituição, a maioria rejeita essa possibilidade. Efectuada a comparação

entre os que trocam de instituição e o nível da satisfação, percebe-se uma aparente

contradição. Nenhum dos inquiridos respondeu que não gostava do apoio prestado

pela instituição em que se encontrava, um dos inquiridos que queria trocar de

instituição respondeu que estava satisfeito com os serviços prestados e o outro

inquirido que respondeu que queria trocar de instituição afirmou que estava muito

satisfeito. A verbalização de querer trocar de instituição deve-se ao facto da distância

em que se encontram da antiga casa. Os Lares em que se encontram

institucionalizados situam-se em concelhos diferentes do da ex-residência. A maioria

dos inquiridos que não trocariam de instituição sentem-se “bastante satisfeitos” com o

apoio prestado.

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Gráfico 65

Quando os idosos integrados em Lar foram confrontados com a possibilidade de

regressarem ao seu domicílio, a reposta mais frequente foi o “Sim”. Todavia, apesar

de gostarem de regressar à sua habitação, têm noção que não seria possível uma vez

que a situação de saúde em que se encontram exigiria um apoio a tempo inteiro, tendo

consciência que a melhor reposta é a integração em Lar.

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11.1 – Análise dos Resultados dos Inquéritos

A análise dos resultados recolhidos, mediante aplicação dos inquéritos, aos

beneficiários idosos que usufruem de apoio da Acção Social – Serviço Local da Maia,

procurará corroborar ou não as hipóteses levantadas.

Em termos gerais caracteriza-se a população inquirida da seguinte forma: a maioria

dos idosos que usufruem do apoio de Prestadora de Apoio Domiciliário apresenta

idade entre os 71-80 anos. A percentagem mais elevada dos inquiridos integrados em

Lar Lucrativo respeita a idosos com idade compreendida entre os 81-90 anos. Todos

os idosos apoiados usufruem complemento por dependência, evidenciando

dependência face a terceiros para a execução de algumas actividades da vida diária. A

grande parte dos idosos beneficia de complemento por dependência 1º grau,

demonstrando uma autonomia relativa para a execução de algumas tarefas. Ao nível

dos rendimentos a maior fatia de idosos auferem cumulativamente a pensão de velhice

e de sobrevivência, espelhando o estado civil dos mesmos, sendo a maioria viúvo. O

estado civil de viúvos indica na maioria das situações isolamento social, solicitando

apoio junto da Segurança Social para serem institucionalizados em Lar ou receberem

apoio de Prestadora no Domicílio.

A grande percentagem dos idosos auferem reformas entre os 374.37€-561.54€, isto é

2 a 3 vezes o valor da pensão social, porem constata-se um elevado número de idosos

a receberem mensalmente valores entre os 187.18€-374.36€, valores extremamente

reduzidos para fazerem face às despesas que diariamente apresentam. Esse facto pode

ser facilmente constatado quando se verifica que 69% dos idosos apoiados pela Acção

Social da Maia apresentam capitação negativa e 31% capitação entre os 0-187.18€. Os

valores negativos indicam que as despesas são mais elevadas que os rendimentos,

catapultando este grupo da população para a franja dos mais carenciados.

Relativamente à existência de retaguarda familiar, comprova-se que 73.7% tem filhos,

todavia a maioria apresenta ruptura familiar. O apoio da Acção Social é fornecido na

maior parte dos idosos há 3 anos. Os valores pecuniários dos apoios mais frequentes

cifram-se entre os 187.18€-374.36€ e 748.73€-935€-935.9€. Os valores mais

reduzidos ocorrem com maior frequência nos montantes apoiados na contratação de

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Prestadoras de Apoio Domiciliário e os mais elevados respeitam à comparticipação

nas mensalidades de Lar Lucrativo.

No ano de 2008, a Equipa de Acção Social da Maia apresentou gastos com o Apoio

Domiciliário no montante de 140 756.00€ e com o apoio para a integração de idosos

em Lar Lucrativo valores de 382 851.50€. Sendo as respostas ao nível do Apoio

Domiciliário em maior número, os gastos globais são menores do que em Lar

Lucrativo. O aumento de idosos no concelho da Maia, acompanhando a evolução do

resto do país, irá colocar novos desafios no controle de gastos por parte da Acção

Social. A inexistência de respostas suficientes no concelho ao nível de equipamentos

para fornecimento de apoio domiciliário e institucionalização em Lar com acordo com

a Segurança Social, irá acarretar a curto/médio prazo um aumento significativo nas

despesas com estas duas rubricas específicas.

No que se refere à tipologia de Apoio Domiciliário somente 30% dos idosos

apresentam cuidados prestados só pela prestadora, os restantes acumulam o esteio

fornecido pela prestadora, com os serviços das IPSS´s do concelho ao nível do Apoio

Domiciliário e família.

A maioria dos idosos a usufruir de Apoio Domiciliário, beneficia de cuidados ao nível

da higiene pessoal e habitacional, esta questão fica a dever-se a duas situações

distintas, uma delas demonstra alguma autonomia ao nível da confecção da

alimentação, outra demonstra que muitos idosos optam por receber a alimentação

através das IPSS´s concelhias.

O valor da prestação cobrado pelas prestadoras é na maioria dos casos o salário

mínimo, este valor implica o cumprimento de 7 horas diárias de segunda-feira a sexta-

feira, ou 4 horas diárias de segunda-feira a domingo.

11.2 -Avaliação da satisfação com o serviço prestado

No que respeita à satisfação com os cuidados prestados pela Prestadora de Apoio

Domiciliário, os idosos mostram-se extremamente satisfeitos com os mesmos. Esta

constatação pode ser confirmada pelas respostas dadas pelos inquiridos, 90% das

prestadoras estão atentas quando os beneficiários necessitam de mais atenção. Outro

dado relevante é o facto de 70% das Prestadoras de Apoio Domiciliário demonstrarem

grande disponibilidade quando os idosos necessitam. Nenhum inquirido referiu estar

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“nada satisfeito” com os cuidados das Prestadoras, 40% mencionaram estar “bastante

satisfeitos”, 30% está “satisfeito” com o apoio prestado e os restantes 30% “muito

satisfeitos”. Conclui-se que 70% apresentam elevada satisfação com o apoio prestado.

À questão se trocava de prestadora unanimemente responderam “não”.

A maioria dos idosos rejeita a integração em Lar, associado às antigas instituições que

acolhiam idosos sem família

Confrontados com a situação de habitabilidade 50% dos idosos a receberem Apoio

Domiciliário sentem-se “bastante satisfeitos” e 20% “muito satisfeitos”. Apesar das

condições de habitabilidade em algumas situações precárias, os idosos manifestam

elevada satisfação com as condições em que habitam, um dos factos que contribui

para esta situação é a inexistência de referências comparativas, residiram toda a vida

naquele espaço.

No que respeita aos idosos integrados em Lar os mesmos evidenciam elevada

satisfação com os cuidados prestados pelos auxiliares de Lar. Os dados confirmam

que 100% das auxiliares estão atentas às necessidades dos idosos. A mesma

percentagem, 100%, no que respeita à disponibilidade das auxiliares para a prestação

de cuidados. Não existe nenhum inquirido insatisfeito com o apoio prestado pelos

Lares, 33,3% “muito satisfeitos” e 34,3% “bastante satisfeitos”, pode-se concluir que

66,6% dos idosos demonstram elevada satisfação com os cuidados prestados (bastante

e muito satisfeitos). Quando analisados os dados relativos às condições de

habitabilidade, 44,4% estão “bastante satisfeitos” e 33,3% sentem-se “muito

satisfeitos”. Este último valor, “muito satisfeitos”, é mais elevado nos idosos

institucionalizados. Os mesmos verbalizaram que gostavam muito da sua casa mas o

Lar tem melhores condições para residir. Somente 22,2% demonstraram vontade de

mudar de instituição devido à distância.

A análise dos dados relativos à vontade de os idosos institucionalizados em Lar

Lucrativo regressarem à sua habitação, reflectem que 55,5% dos idosos gostariam de

voltar a habitar o seu domicílio. Contudo verbalizaram que estão conscientes que tal

não é possível uma vez que a sua situação de dependência e as condições

habitacionais tornam impossível a concretização desse desejo. Realce-se o facto de

44,5% dos idosos rejeitarem o regresso às suas habitações.

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Na elaboração dos inquéritos foram colocados itens para avaliar as redes de suporte

familiar e de solidariedade (vizinhos e amigos) dos idosos a usufruírem de ambas as

tipologias de apoio. A família aparece como a rede principal de suporte, respondendo

a algumas necessidades que os idosos necessitam, todavia em muitas situações nem

sempre se encontram disponíveis. A aplicação e respectiva análise dos inquéritos,

permitiu confirmar a forte presença das redes de solidariedade no concelho. Os idosos

mantêm na maior parte das situações contactos com os vizinhos e amigos.

11.3 - Família

60% dos idosos que usufruem, de apoio económico por parte da Acção Social para

contratação de Prestadora de Apoio Domiciliário, receberam visitas de familiares.

66% dos idosos institucionalizados em Lar Lucrativo receberam visitas de familiares.

Apesar de ser veiculado, nos serviços da Acção Social, a existência de um

afastamento gradual e global da família quando apresentam idosos com dependência,

constata-se nas respostas fornecidas algum interesse e acompanhamento por parte dos

familiares, não existindo uma desresponsabilização completa.

Este dado pode ser facilmente corroborado pela frequência das visitas dos familiares.

Em termos globais, 40% dos idosos, referiram que receberam visitas diárias dos

familiares, outros 40% mencionaram que nenhum familiar os visitou, os restantes

receberam vistas mais espaçadas dos familiares, evidenciando algum contacto ainda

que ténue com a família. Podemos concluir que 60% dos idosos mantêm laços

familiares, dos quais 40% registam visitas diárias de familiares.

Analisando a frequência das visitas por tipologia, constatamos que nos idosos a

usufruírem de Apoio Domiciliário o valor mais expressivo são as visitas diárias dos

familiares, 30%, seguido de 20% que menciona nunca ter recebido visitas de

familiares. Nos idosos institucionalizados em Lar Lucrativo o valor mais

representativo é 35% de inquiridos que receberam visitas de familiares uma vez por

semana, o valor imediatamente a seguir é de 22% respeitante a idosos que nunca

receberam visitas de familiares, os restantes 55% estão distribuídos por visitas diárias,

dois dias por semana, uma vez por semana e de quinze em quinze dias. Estes dados

confirmam a fragilidade verificada nas visita dos familiares aos idosos

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institucionalizados, demonstrando quase que uma desresponsabilização, sabendo que

estão a ser tratados 24h por dia, a maioria dos familiares espaça as vistas, ou

simplesmente deixa de as efectuar, privilegiando o contacto telefónico.

Avaliando os dados referentes ao nível de satisfação com as visitas dos familiares,

40% dos idosos a usufruírem de Apoio Domiciliário mostram-se “satisfeitos”, 30%

“razoavelmente satisfeitos”, 20% “nada satisfeitos”. Estes dados demonstram que

50% dos beneficiários evidenciam desagrado (nada satisfeitos/razoavelmente

satisfeitos) com a frequência das visitas. 45% dos idosos integrados em Lar Lucrativo

mostram-se “bastante satisfeitos” com a visita dos familiares, 22% “nada satisfeitos”,

22% “razoavelmente satisfeitos” e 11% “satisfeitos”. 44% dos inquiridos evidencia

desagrado com a frequência das visitas por parte dos familiares. Os idosos que

permanecem no seu domicílio são os que exprimem maior desagrado com a

frequência das visitas dos familiares. Durante a aplicação dos inquéritos os idosos

integrados em Lar foram verbalizando que o facto de estarem institucionalizados em

Lar, realizando diversas actividades de ocupação e terem companhia de outras pessoas

24h por dia, relativizam a questão das visitas, mentalizando-se da impossibilidade de

os familiares as efectuarem.

Relativamente à questão dos telefonemas são os familiares que mais telefonam aos

idosos. Nos idosos a usufruírem de Apoio Domiciliário 50% das chamadas são de

familiares. Nos beneficiários institucionalizados 66% das chamadas recebidas são de

familiares.

Quando avaliado o nível de satisfação com os telefonemas dos familiares, os idosos a

usufruir de Apoio Domiciliário revelam que 30% destes estão “bastante satisfeitos”,

20% “nada satisfeitos”. Estes valores vão de encontro com as opiniões expressas ao

nível da satisfação com as visitas dos familiares, existindo uma percentagem elevada

de idosos desagradados com a frequência dos telefonemas. Os dados relativos aos

idosos a beneficiarem de apoio económico para pagamento das mensalidades em Lar

Lucrativo, revelam que 33% revela estar “nada satisfeito” com os telefonemas, 33%

“razoavelmente satisfeito” e 20% “muito satisfeito”. Pode concluir-se que 66% dos

idosos evidenciam desagrado com a frequência dos telefonemas, uma percentagem

extremamente elevada por relação aos idosos que permanecem no seu domicílio.

Durante a aplicação dos inquéritos foi perceptível que se por um lado os idosos

compreendem a inexistência ou fraca frequência das visitas, não perdoam o facto de

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não existirem telefonemas ou a reduzida frequência destes, assumem-no como um

factor de rejeição de afectos.

11.4 - Vizinhos e Amigos

Dos dados analisados constata-se que 40% dos idosos a usufruírem de Apoio

Domiciliário, recebem visitas dos vizinhos, e 11% dos idosos institucionalizados em

Lar Lucrativo recebem vistas de vizinhos. Os dados evidenciam que efectivamente a

rede de suporte ao nível da solidariedade é mais representativo nos idosos que

permanecem no seu domicílio. A deslocação geográfica da nova residência, quando

institucionalizados em Lar, conduz a um afastamento da rede de solidariedade. Os

vizinhos e amigos afastam-se gradualmente. Numa primeira fase podem manter as

visitas mas com o prolongamento da institucionalização vão espaçando as visitas, até

que abandonam por completo o ritual da vista.

Analisando as visitas, constatamos que todos os idosos a usufruir de Apoio

Domiciliário receberam visitas durante o ano de 2008, 22% dos idosos

institucionalizados não receberam visitas durante o ano em referência. Este facto vem

corroborar a afirmação anterior indiciando o afastamento progressivo da família,

amigos e vizinhos aquando da colocação em Lar.

Na continuidade da análise das visitas, no que respeita à frequência das visitas,

podemos constatar que existe uma contradição nos dados fornecidos pelos idosos do

Apoio Domiciliário. Estes verbalizaram que em 2008, 40% das visitas que receberam

foram exclusivamente dos vizinhos. Contudo, este dado acaba por não ser uma

contradição, uma vez que a grande maioria das prestadoras são vizinhas dos idosos.

Além de vizinhas estas são prestadoras, mas para todos os efeitos os idosos continuam

a assumi-las como vizinhas que os auxiliam. Na Acção Social procura-se encontrar

uma prestadora que goste e tenha experiência no tratamento de idosos, privilegia-se a

relação que possa existir com o idoso e a proximidade com a habitação deste. Numa

grande parte das situações as prestadoras são vizinhas que iam dando apoio pontual e

aceitaram assumir a responsabilidade de apoio ao idoso de uma forma efectiva, sedo

remuneradas pelo serviço. Esta situação poderá contribuir para o enfraquecimento das

redes de solidariedade espontâneas e com carácter de voluntariado.

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Continuando a analisar os dados relativos às visitas, verifica-se que 80% dos idosos

não receberem visitas dos vizinhos, durante o ano de 2008, 40% receberam visitas

diariamente e outros 40% uma vez por semana. Analisando as visitas por tipologia de

apoio verificamos que 40% dos idosos a usufruírem de Apoio Domiciliário, recebem

vistas dos vizinhos uma vez por semana, 20% não recebem visitas. Os idosos

institucionalizados referem que 22% recebe visitas diárias de vizinhos e 66% não

recebem visitas. Neste item é notório a importância da proximidade para não efectivar

a ruptura com os laços de vizinhança.

Analisando a frequência dos telefonemas, confirma-se a forte representatividade dos

telefonemas dos vizinhos aos idosos que usufruem de Apoio Domiciliário, este facto

evidencia a forte rede de solidariedade. Ao contrário, os telefonemas de vizinhos para

idosos institucionalizados em Lar, não tem qualquer representatividade, confirmando

a ruptura com os laços de solidariedade.

11.5 - Situação emocional do Idoso

A análise de algumas questões que são indiciadoras sobre o posicionamento do idoso

ao nível emocional podem ser importantes indicadores da satisfação ao nível da

prestação de cuidados.

A maioria dos idosos (58%), não se sentem sozinhos, os que menos se sentem sós são

os que estão integrados em Lar, 77%. Dos que beneficiam de Apoio Domiciliário,

60% sentem-se sós. A rejeição à integração em Centro de Dia, aliado à pouca

frequência de visitas ou existindo visitas, serem extremamente rápidas, e ao facto de

grande parte dos idosos evidenciarem medo em permanecer sozinhos nas suas

habitações, condicionam as repostas dos idosos. A integração em Lar pode colmatar

este tipo de sentimento.

A continuidade da análise dos dados revela que 73,65% dos idosos se sentem amados

e queridos pelos outros, evidenciando elevada consciência ao nível da auto-estima.

Esta percentagem distribui-se de igual forma no Apoio Domiciliário e Lar Lucrativo.

Os idosos integrados em Lar encaram com maior naturalidade (77%) a morte

relativizando-a, 23% referem que não têm medo. No Apoio Domiciliário 20% dos

idosos referem que vão morrer amanhã. Durante esta questão, um número elevado de

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idosos verbalizaram que por eles já deviam ter morrido, “porque Deus não se lembra

deles”. Este dado pode evidenciar algum grau depressivo.

A análise dos dados relativa ao que mais gostariam, 31% dos idosos revela que

gostariam de receber mais carinhos, 15% estão satisfeitos com o que recebem dos

outros. Analisando por tipologia, verifica-se que no Apoio Domiciliário, 30%

gostariam de passear, 10% não querem mais nada, sentem-se satisfeitos. Nos idosos

institucionalizados, 55% gostariam de receber mais carinho e 22% sentem-se

satisfeitos com o que recebem. A relação institucional dos Lares Lucrativos com os

trabalhadores, mudando frequentemente de auxiliares, pode afectar os laços criados

com os idosos, este facto pode ser agravado com o rácio idosos por prestadora. Numa

grande parte das situações a auxiliar de Lar não consegue dar o carinho exigido por

cada idoso, uma vez que deve repartir a sua atenção por diferentes tarefas e por

diferentes clientes institucionalizados.

Poderão ser corroboradas as hipóteses levantadas? A relembrar:

1 - Os idosos do concelho da Maia a usufruírem de apoio económico para a

contratação de Prestadora de Apoio Domiciliário, pela Equipa de Acção Social Local

(Segurança Social), apresentam maiores índices de satisfação no apoio prestado por

terceiros (emocional e físico) do que os idosos, apoiados economicamente pela

mesma equipa, institucionalizados em Lar Lucrativo.

2 – A institucionalização de idosos em Lar poderá contribuir para a anemia dos laços

familiares e de solidariedade.

3 - Efectuando um estudo de custo benefício, será preferível à Equipa de Acção Social

da Maia privilegiar a resposta de Apoio Domiciliário em detrimento do apoio para

institucionalização em Lar Lucrativo.

A resposta à primeira hipótese, analisando a parte física e alguns aspectos emocionais

da questão tem por base a análise dos níveis de satisfação ao nível do apoio que os

idosos usufruem. No apoio domiciliário 70% das respostas dos idosos coloca a

satisfação num nível elevado (40% ”bastante satisfeito” e 30% “muito satisfeito”).

Nos idosos institucionalizados a resposta ronda os 66% (34,3% “muito satisfeitos” e

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33,3% “bastante satisfeitos”). Podemos concluir, numa primeira análise, que os idosos

a usufruírem de Apoio Domiciliário se sentem mais satisfeitos, apesar da diferença

mínima. Corroboramos numa primeira fase a hipótese levantada.

Prosseguindo a análise dos níveis de satisfação, percebe-se que as auxiliares de Lar

estão mais atentas (100% contra 90% no Apoio Domiciliário) e disponíveis (100%

contra 70% no Apoio Domiciliário) para o apoio aos idosos. Neste segundo item de

avaliação podemos concluir que não se corrobora a hipótese.

Continuando a análise dos dados obtidos, 100% dos idosos rejeita troca de Prestadora

de Apoio Domiciliário. 80% dos idosos demonstra pouca abertura para serem

colocados em Lar. Analisando os idosos integrados em Lar, 55,5 % gostariam de

regressar ao domicílio. Quando questionados se gostariam de trocar de Lar Lucrativo

somente 22,2% demonstraram esse desejo. A análise destes dados permite corroborar

a hipótese levantada.

Ao nível das questões mais emocionais constata-se que 23% dos idosos integrados em

Lar se sentem sós e 40% dos idosos a usufruírem de Apoio Domiciliário sentem-se

sós. Esta análise permite não corroborar a hipótese em estudo.

Analisando os dados relativos ao sentimento de se sentirem amados, os idosos

integrados em Lar ou em Apoio Domiciliário respondem de igual modo, verificando-

se uma regularidade nas respostas. Assim sendo não é possível corroborar a hipótese.

Relativamente à comparação dos dados quanto à forma como os idosos encaram a

morte, é possível verificar que os idosos integrados em Lar relativizam o conceito de

morte com maior facilidade. Este item refuta a hipótese em estudo.

Por último, a análise dos dados relativos a que tipo de necessidades os idosos sentem,

55% dos beneficiários integrados em Lar solicitam mais carinhos contra 31% dos

beneficiários a usufruírem de Apoio Domiciliário. Esta última análise permite

corroborar a hipótese.

A análise dos dados permite corroborar a hipótese ao nível físico, o mesmo não

acontece quando analisamos os dados ao nível emocional, onde constatamos que os

idosos integrados em Lar se sentem mais equilibrados, porem este ultimo item

necessitaria de um estudo mais aprofundado.

Assim em função da análise dos dados que permitem inferir sobre os níveis de

satisfação dos idosos, concluímos que os idosos a usufruírem de apoio económico

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para contratação de Prestador de Apoio Domiciliário, apresentam maiores níveis de

satisfação.

De forma a corroborar a segunda hipótese levantada (A institucionalização de idosos

em Lar poderá contribuir para a anemia dos laços familiares e de solidariedade),

torna-se necessário a análise de diversos itens recolhidos. Para a primeira parte da

questão, relativamente aos laços familiares, é premente analisar quanto às visitas que

os idosos recebem, frequência das visitas, nível de satisfação quanto à frequência das

visitas, quem mais telefona para os idosos e nível de satisfação quanto ao número de

telefonemas recebidos. Relativamente à segunda parte da questão, laços de

solidariedade é necessário recorrer à analise dos dados recolhidos relativamente ao

número de visitas dos vizinhos, frequência dessas visitas, satisfação com o número de

visitas, frequência dos telefonemas dos vizinhos e satisfação com os telefonemas.

Analisando o primeiro item percebe-se que entre as visitas que recebem, as visitas de

familiares são as mais representativas, sendo muito idênticos os dados recolhidos

entre as duas tipologias em análise. Este primeiro item não permite corroborar esta

hipótese.

Ao nível da frequência das visitas, no Apoio Domiciliário, 30% das visitas dos

familiares é diária, 20% nunca receberam visitas. Nos idosos institucionalizados em

Lar Lucrativo, 35% das vistas ocorrem uma vez por semana, 22% refere não ter

recebido vistas de familiares. Este item permite corroborar a hipótese colocada, uma

vez que a frequência dos contactos de familiares é menor nos idosos colocados em

Lar Lucrativo.

Ao nível da satisfação dos idosos com as vistas dos familiares, constata-se que 40%

dos idosos a usufruírem de Apoio Domiciliário sentem-se “satisfeitos”, 20% “nada

satisfeitos”. Dos idosos inquiridos a beneficiarem de Apoio Domiciliário, 50%

mostrou um nível de satisfação de desagrado quanto à frequência das visitas. Nos

idosos colocados em Lar, 45% evidencia “bastante satisfação” com a frequência das

visitas dos familiares, 22% “nada satisfeitos”. Dos idosos inquiridos a frequenta Lar

Lucrativo, 44% mostram desagrado quanto à frequência das visitas. Os dados obtidos

não permitem, numa primeira análise corroborar a hipótese, contudo convém realçar

que os idosos em Lar, durante a aplicação dos inquéritos, verbalizaram conformismo

com a frequência de visitas dos familiares, justificando a baixa frequência das visitas,

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por esse motivo o volume de respostas de “bastante satisfeito”. Efectuada a análise

desta forma a hipótese poderá ser corroborada.

Os telefonemas são uma forma de manter os contactos com os familiares fortalecendo

os laços. São os familiares que mais contactam os idosos quer estejam a receber

Apoio Domiciliário (50% dos telefonemas) ou estejam integrados em Lar (66%). Dos

idosos a usufruírem de Apoio Domiciliário, 30% mostra-se “bastante satisfeito” com a

frequência dos telefonemas, 20% revela-se “nada satisfeito”. Dos idosos em Lar

Lucrativo, 33% verbaliza estar “nada satisfeito” e 20% “muito satisfeito”. A

observação dos dados permite corroborar a hipótese em estudo.

A fim de corroborar a segunda parte da questão, laços de solidariedade, é necessário

analisar os dados recolhidos relativos aos vizinhos e amigos.

A visita de vizinhos a idosos a usufruir de Apoio Domiciliário é de 40%, nos idosos

colocados em Lar é de 11%. De realçar a maior diversidade de visitas (vizinhos,

amigos e família) por parte dos idosos que permanecem no seu domicilio. Podemos

concluir que corroboramos a hipótese.

No que respeita à frequência das visitas dos vizinhos, constata-se que nos idosos a

usufruir de Apoio Domiciliário, 40% dos vizinhos realizam visitas uma vez por

semana e 20% dos idosos referiram não receberem visitas dos vizinhos. Somente 22%

dos idosos em Lar receberam visitas diárias de vizinhos, 66% referem não terem

recebido qualquer visita. Este último item é suficiente para corroborar a hipótese

colocada.

No que respeita aos telefonemas existe uma forte representatividade de telefonemas

de vizinhos para os idosos no Domicilio. O contrário verifica-se nos idosos colocados

em Lar, onde a frequência dos telefonemas de vizinhos não tem qualquer expressão.

Este item permite corroborar a segunda hipótese.

Analisados os diferentes itens, corrobora-se a hipótese de que de facto a colocação

dos idosos em Lar, conduz a uma anemia nos laços familiares e de solidariedade.

Por último, analisando os dados recolhidos será possível corroborar a terceira hipótese

“Efectuando um estudo de custo benefício, será preferível à Equipa de Acção Social

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da Maia privilegiar a resposta de Apoio Domiciliário em detrimento do apoio para

institucionalização em Lar Lucrativo” ?.

Os dados recolhidos ao nível dos gastos com as duas rubricas durante o ano de 2008,

verifica-se um dispêndio mais elevado na rubrica de Lar Lucrativo apesar de contar

com menos beneficiários apoiados, para 88 idosos apoiados foram gastos

382.851,50€, contra os 140.756,00€ dispendidos para 98 idosos a usufruir de Apoio

Domiciliário. O rácio por pessoa calculado para o Lar Lucrativo é de 4350,58€. No

Apoio Domiciliário o rácio é de 1436,28€. É visível a diferença entre montantes

dispendidos em média por idoso, com claro benefício para o Apoio Domiciliário.

Atendendo à corroboração das hipótese anteriores e em função dos resultados da

análise dos dados por relação a esta última hipótese, é também esta hipótese

corroborada.

Contudo, deverá ser realçado o facto de nem todas as situações atendidas poderem ser

encaminhadas para Apoio Domiciliário, situações existem em que o estado de saúde

do idoso é extremamente debilitado necessitando de acompanhamento permanente.

Neste caso terá um acompanhamento mais eficaz num Lar que esteja devidamente

equipado e com pessoal especializado para o receber.

Seria importante apostar na formação com vista à qualificação das Prestadoras de

Apoio Domiciliário. Qualificando o seu trabalho poderiam responder de forma mais

satisfatória às necessidades sentidas pelos idosos.

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12 – Conclusão

Esta última fase, do trabalho de investigação, tem como objectivo a reflexão sobre

todos os indicadores recolhidos durante as diferentes etapas do estudo em questão.

Observados os vários indicadores, conclui-se que o aumento da esperança de vida da

população mundial pressupõe a necessidade de existir um maior número de respostas

ao nível da prestação de cuidados aos mais idosos. O aumento da esperança de vida

acarreta igualmente um maior número de idosos “activos” que optam manter a sua

actividade profissional, na mesma área ou numa outra diferente, após a situação de

reformados. Assistimos a duas realidade distintas, por um lado idosos com maior

nível de necessidades e mais dependentes de terceiros, e um grupo de idosos com

maior nível de autonomia, contribuindo positivamente para o equilíbrio do orçamento

dos diversos Estados. Constata-se na maioria dos países desenvolvidos, um aumento

progressivo do número de idosos por relação ao número de jovens.

Na Europa, estima-se um ritmo de crescimento quatro vezes maior no número de

idosos por relação ao número de jovens. Este facto é notório nos países europeus que

apresentam maior índice de desenvolvimento.

Comparando os diferentes países que compõem a União Europeia, constatamos que

países como a Grécia, Alemanha e Itália registam um aumento significativo no

número de idosos. Prevê-se que em 2050 países como Espanha, Itália, Alemanha,

Grécia e Portugal, serão, entre os países europeus, aqueles que registarão maior

número de idosos. Entre os países europeus, Portugal, regista a maior queda ao nível

dos nascimentos.

A queda nos nascimentos e o aumento progressivo da esperança de vida, tem

contribuído para a inversão da pirâmide estaria. Em 2050 estima-se que 30% da

população portuguesa seja idosa.

Em 2001 a população idosa portuguesa em situação de inactividade era de 81%,

embora se tenha registado, entre 1992 e 2001, um aumento em 64.1% da população

idosa activa. Assiste-se em Portugal à continuidade do decréscimo das famílias com

idosos a cargo.

Os idosos em Portugal são um dos grupos mais vulneráveis às situações de pobreza.

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A Segurança Social regista um aumento progressivo nas despesas com Pensões, em

nove anos o valor mais que duplicou. Nas despesas correntes da Segurança Social em

2004, as Pensões representavam 65.8%, a Acção Social 8.24%.

Analisando os valores das respostas sociais em 2005, 50.4% eram destinados aos

idosos, 37.5% direccionados para a infância e juventude. Registou-se um crescimento

nos equipamentos de Apoio Domiciliário institucional para a população dependente.

Entre os diferentes distritos, o Porto é um dos que apresenta menor cobertura ao nível

de equipamentos para os mais idosos.

Esta breve análise reflecte o aumento do número de idosos, assim como as despesas e

necessidades que este facto acarreta. O aumento dos pensionistas poderá conduzir a

um cenário social grave, a associação de diferentes situações problemáticas como a

subida do número de inactivos, a grande maioria com baixos rendimentos (pensões

reduzidas), aumento do numero de idosos em situação de isolamento físico e social, e

insuficiência das respostas, conduzirá inevitavelmente a um novo contexto social que

obrigatoriamente exigirá o redesenhar da intervenção junto dos mais idosos, sobretudo

os mais carenciados.

Podemos comprovar que o envelhecimento se distribui de forma diferenciada nos

diferentes concelhos. A Maia tem-se mantido acima da média dos valores registados

no Distrito do Porto, no que respeita ao número de crianças entre os 0-14 anos e

população entre os 15-64 anos. Regista, igualmente, um valor inferior no que

concerne à população maior de 65 anos. Este facto evidencia uma pirâmide etária

relativamente equilibrada. Contudo, constatamos que as respostas para a população

mais idosa são parcas e insuficientes, nomeadamente Lares e Apoio Domiciliário

institucional. A taxa de cobertura em 2004 em Lar era de 4.3% e em Apoio

Domiciliário 6.7%. Estes dados são reveladores da insuficiência de respostas

existentes no concelho para a população mais idosa.

Esta última constatação pode ser generalizada a Portugal onde o número de idosos

tem crescido, demonstrando que a oferta dos serviços e equipamentos são incipientes

para fazer face à procura. Atendendo às baixas reformas dos idosos, seria necessário

aumentar o número de equipamentos sociais públicos para dar respostas a esta franja

populacional, sobretudo àqueles que se encontram dependentes.

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À medida que estudamos o grupo dos idosos percebemos que existe uma elevada

heterogeneidade e diversidade, sobretudo no seu modus vivendi, práticas e

expectativas sociais. Face a esta constatação os grandes desafios que se colocam à

Politica Social, são efectivamente, a capacidade de idealizar e inventar novas

respostas que consigam solucionar as novas exigências que este grupo exige,

sobretudo protegendo os indivíduos que se encontram em maior fragilidade social.

Perante os sinais graves de envelhecimento, urge mobilizar a sociedade civil, no

sentido de inventar e reinventar respostas a fim de satisfazer as necessidades

específicas dos mais idosos.

Apesar de a família ser a maior instituição mundial de prestação de cuidados a

dependentes, no domicílio, o Estado demonstra reduzida atenção. É impensável o

Estado tentar substituir-se à família. Contudo este detém um papel preponderante na

criação e mediação de respostas sociais para os grupos populacionais mais

vulneráveis, contribuindo para a coesão social.

O Estado deveria prestar maior atenção às pessoas que assumem os cuidados aos

idosos, no sentido de serem devidamente reconhecidas, imprimindo desta forma uma

maior qualidade nos serviços prestados.

Nesta continuidade torna-se urgente a intervenção do Estado no domínio dos cuidados

aos idosos, com especial relevo para os familiares, que devido a problemas

económicos, geográficos ou familiares, se debatem com uma elevada restrição de

recursos que lhes permita conciliar o exercício de uma actividade profissional com os

cuidados que um idoso dependente em casa necessita.

Promovendo os cuidados da família aos seus idosos, seria de todo o interesse criar

legislação que equipare os trabalhadores que prestam cuidados a ascendentes, aos

trabalhadores que prestam cuidados a familiares descendentes. A Lei 4/84 de 5 de

Maio, confere a todos os trabalhadores o direito a faltar ao trabalho, até 30 dias por

ano, para assistência a filhos doentes menores de 10 anos ou a filhos deficientes de

qualquer idade. Para prestar apoio a cônjuge, filhos com mais de 10 anos ou

familiares em linha ascendente a mesma Lei prevê somente um período de faltas de

15 dias por ano. Acresce ainda o facto de somente as faltas para assistência a filhos

menores serem pagas pela Segurança Social no valor de 65% da remuneração. Ou

seja, seria necessário equiparar o número máximo de dias por ano que o trabalhador

tem direito a faltar ao trabalho, assim como o devido pagamento por parte da

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Segurança Social, uma vez que as faltas para auxílio a ascendentes não são

remuneradas.

Outra medida que poderia efectivamente ajudar os familiares seria, a possibilidade de

optarem por regimes de trabalho como a jornada contínua ou regime de horário

flexível de trabalho.

Ao mesmo tempo seria importante regulamentar a acção das prestadoras de apoio

domiciliário, que exercem a sua actividade despojadas de qualquer tipo de direitos e

deveres devidamente legislados.

Paralelamente, existiria a necessidade de aumentar os equipamentos que fornecessem

uma cobertura efectiva para idosos dependentes, estimulando o sector público e

privado não lucrativo, conforme as directrizes do PNAI, no âmbito das respostas de

apoio domiciliário a tempo inteiro que funcionem ao fim de semana e no período de

férias.

A criação de Residências Seniores públicas, poderia apresentar-se como uma resposta

mais económica para o Estado, nos cuidados aos idosos dependentes sem retaguarda

familiar e com baixos recursos económicos. A contratação de prestadoras e a criação

de serviços comunitários (confecção de alimentação, lavagem de roupas e higiene

habitacional) que dessem uma resposta cabal às necessidades dos idosos que

permanecem nas suas residências, 24h por dia. Esta apresentar-se-ia como uma

resposta inovadora e privilegiaria a qualidade de serviço prestado, contribuindo para

um menor gasto ao nível da Acção Social.

As diferentes Redes Sociais concelhias, detêm um papel fulcral na orientação das

políticas locais, podendo ser catalisadoras de sinergias positivas para o envolvimento

de diferentes parceiros, na prossecução dos cuidados aos mais idosos.

Somente uma atitude consertada entre os diferentes agentes sociais, com

responsabilidade na área dos idosos, permitirá encarar o futuro com maior optimismo.

A atenção que os idosos merecem deverá ser ensinada, bem cedo, nas escolas,

promovendo a intergeracionalidade. Aprender a valorizar e a respeitar os mais velhos,

conduzirá para uma sociedade mais solidária. As crianças de hoje serão os idosos de

amanhã. Incutindo saberes nos mais novos, torná-los-ão adultos, mais responsáveis e

atentos, para com os que lhes estão mais próximos, auxiliando na procura de novas e

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melhores práticas profissionais e pessoais, incrementando políticas de discriminação

positiva para com os mais idosos.

“O caminho faz-se caminhando” e a verdade constrói-se com o erro. É importante

reflectir seriamente sobre a questão do envelhecimento em Portugal, políticas sociais

e formas de apoio, envolvendo toda a sociedade, uma vez que nós somos a sociedade

e os idosos de amanhã.

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Projecto Viver: www.viver.org

Saúde - informações e outros Sites: www.healthfinder.gov

Segurança Social: www.seg-social.pt

Social Security: http://www.washingtonpost.com/wp-

srv/politics/special/security/security.htm

Social Web - Portugal: www.social.web.pt

Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia: www.sbgg.org.br

Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência -SBPC: www.sbpcnet.org.br

Tratado da Comunidade Europeia: www.eur-lex.europa.eu/

Universidades - Geral: www.all.com.br/univ-cp.html

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Anexo 1 – Primeiro anexo Questionário - Teste

1. Idade73____

2. Masculino x� Feminino�

3. Reformado por Velhice �x Invalidez �x Sobrevivência �, Usufrui de

Complemento por Dependência�: 1º Grau � 2º Grau �

4. Valores da(s) reforma(s) 413’86_____,___ €

5. Capitação do Agregado Familiar: ______, ___€

6. Casado� Solteiro� Viúvo x� Divorciado �

7. Rendimento Mensal _________, ____€

8. Tem filhos? Simx�Não�

9. Se sim quantos __3____

10. Dependência face a terceiros: Autónomo � 1ºGrau x� 2º Grau�

11. Gastos mensais com medicação: _70_______, ___ € confirmadox�

declarado�

12. Que tipo de apoio usufrui: Apoio Domiciliáriox� Lar �

13. Há quanto tempo usufrui do apoio: ___7 anos_________

14. Está satisfeito com o apoio prestado: sim x� não�

15. Usufrui de algum apoio económico da Acção Social: simx� não�

16. Valores do apoio: ________, ___€

Se é beneficiário de Apoio Domiciliário, deverá responder às questões que se

seguem; sendo beneficiário institucionalizado em Lar deverá responder a

partir da questão número 25.

17. O apoio domiciliário está a ser prestado por: instituiçãox� familiares�

prestadorax �

18. Sendo uma instituição a prestar o apoio, qual o nome desta: _Centro Social

Milheiros____________________

19. O apoio que recebe é ao nível da: higiene pessoal� higiene habitacionalx�

alimentaçãox� enfermagem �

20. Valor da prestação: ________, ___€

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21. Está satisfeito com a prestação: Sim X� Não � com a alimentação não está

satisfeito

22. Trocava de Prestadora Domiciliária: Sim � Não x�

23. Se sim, Porquê?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

__________________

24. Gostaria de ser integrado em Lar: Sim X� Não �

25. Porquê? Falta de apoio familiar e isolamento

26. Encontra-se institucionalizado em: IPSS � Lar Lucrativo �

27. Qual o nome desta Instituição:

_______________________________________________

28. Está satisfeito com o apoio prestado: Sim � Não �

29. Trocava de Instituição: Sim � Não �

30. Se sim, Porquê?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

__________________

31. Gostaria de voltar para a sua habitação: Sim � Não �

Questões para ambas as situações

32. No caso de ter familiares, gostaria de estar a residir com eles: Sim X� Não �

33. Porquê? Relação familiar ________________________________

34. Costuma receber visitas dos seus: amigos � familiaresX � vizinhos �

35. Com que frequência os amigos o (a) visitam: diariamente � 3 vezes ou

mais por semana � 2 vezes por semana � 1 vez por semana � 15 em

15 dias � uma vez por mês � nunca

36. Com que frequência os familiares o (a) visitam: diariamente� 3 vezes ou

mais por semana X� 2 vezes por semana � 1 vez por semana � 15 em

15 dias � uma vez por mês �

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37. Com que frequência os vizinhos o (a) visitam: diariamente � 3 vezes ou mais

por semana � 2 vezes por semana � 1 vez por semana � 15 em 15 dias �

uma vez por mês �

38. Sente-se muitas vezes sozinho: Sim X� Não �

39. Acha que as pessoas não gostam de si: Sim � NãoX �

40. Quando se fala de morte o que pensa: um dia vou morrer � amanhã vou

morrer � não tenho medo � para o ano já não devo ser vivoX �quer se matar

sente-se sozinho

41. Gostava que as pessoas: lhe dessem mais carinhos X� conversassem mais

consigoX � passeassem mais consigo X�

42. Com que frequência recebe telefonemas: todos os dias �3 vezes ou mais por

semanaX � 2 vezes por semana � 1 vez por semana � 15 em 15 dias � uma

vez por mês �

43. Quem mais vezes lhe telefona: amigos � familiares X� vizinhos �

44. Quando se sente mais nervosa (o) ou mais triste, o prestador ou auxiliar do lar

é mais compreensivo e consegue entender isso e ajuda-a (o): Sim X� Não �

45. Sempre que necessita, os prestadores domiciliários ou auxiliares do lar estão

disponíveis para si:

Sim � Não X�

46. Quem o acompanha a consultas médicas: amigos � vizinhos � familiares �

auxiliar de lar/ prestador � sozinho

47. Está satisfeito com as condições habitacionais onde se encontra: Sim � NãoX

� falta casa de banho completa

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Questionário Aplicado

1. 1 . Idade ____

2. Masculino � Feminino�

3. Reformado por Velhice � Invalidez � Sobrevivência �, Usufrui de Complemento por Dependência�: 1º Grau � 2º Grau �

4. Valores da(s) reforma(s) _____,___ €

5. Capitação do Agregado Familiar: ______, ___€

6. 5. Casado� Solteiro� Viúvo � Divorciado �

7. Rendimento Mensal _________, ____€

8. Tem filhos? Sim�Não�

9. Se sim quantos ______

10. Dependência face a terceiros: Autónomo � 1ºGrau � 2º Grau�

11. Gastos mensais com medicação: ________, ___ € confirmado� declarado�

12. Que tipo de apoio usufrui: Apoio Domiciliário� Lar �

13. Há quanto tempo usufrui do apoio: ____________

14. Usufrui de algum apoio económico da Acção Social: sim� não�

15. Valores do apoio: ________, ___€

Se é beneficiário de Apoio Domiciliário, deverá responder às questões que se seguem; sendo beneficiário institucionalizado em Lar deverá responder a partir da questão número 25.

16.O apoio domiciliário está a ser prestado por: instituição� familiares� prestadora �

17. Sendo uma instituição a prestar o apoio, qual o nome desta: _____________________

18. O apoio que recebe é ao nível da: higiene pessoal� higiene habitacional� alimentação� enfermagem �

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19. Valor da prestação: ________, ___€

20. Está satisfeito com a prestação: 1 Nada satisfeito 5 Muito satisfeito : ___

21. Trocava de Prestadora Domiciliária: Sim � Não �

22. Se sim, Porquê? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

23. Gostaria de ser integrado em Lar: Sim � Não �

24. Porquê? __________________________________________

25. Encontra-se institucionalizado em: IPSS � Lar Lucrativo �

26. Qual o nome desta Instituição: ____________________________________________________

27. Está satisfeito com o apoio prestado: 1 Nada satisfeito 5 Muito satisfeito : ____

28. Trocava de Instituição: Sim � Não �

29. Se sim, Porquê? ______________________________________________________________________________

30. Gostaria de voltar para a sua habitação: Sim � Não �

Questões para ambas as situações

31. No caso de ter familiares, gostaria de estar a residir com eles: Sim � Não �

32. Porquê? __________________________________________

33. Costuma receber visitas dos seus: amigos � familiares � vizinhos �

34. Com que frequência os amigos o (a) visitam: diariamente � 3 vezes ou mais por semana � 2 vezes por semana � 1 vez por semana � 15 em 15 dias � uma vez por mês � raramente � nunca �

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35. Com que frequência os familiares o (a) visitam: diariamente� 3 vezes ou mais por semana � 2 vezes por semana � 1 vez por semana � 15 em 15 dias � uma vez por mês � raramente � nunca �

36. Com que frequência os vizinhos o (a) visitam: diariamente � 3 vezes ou mais por semana � 2 vezes por semana � 1 vez por semana � 15 em 15 dias � uma vez por mês � raramente � nunca �

37. Sente-se muitas vezes sozinho: Sim � Não �

38. Acha que as pessoas não gostam de si: Sim � Não �

39. Quando se fala de morte o que pensa: um dia vou morrer � amanhã vou morrer � não tenho medo � para o ano já não devo ser vivo �

40. Gostava que as pessoas: lhe dessem mais carinhos � conversassem mais consigo � passeassem mais consigo �

41. Com que frequência recebe telefonemas: todos os dias �3 vezes ou mais por semana � 2 vezes por semana � 1 vez por semana � 15 em 15 dias � uma vez por mês �

42. Quem mais vezes lhe telefona: amigos � familiares � vizinhos � ninguém �

43. Quando se sente mais nervosa (o) ou mais triste, o prestador ou auxiliar do lar é mais compreensivo e consegue entender isso e ajuda-a (o): Sim � Não �

44. Sempre que necessita, os prestadores domiciliários ou auxiliares do lar estão disponíveis para si:

Sim � Não �

45. Quem o acompanha a consultas médicas: amigos � vizinhos � familiares � auxiliar de lar/ prestador � ninguém �

46. Está satisfeito com as condições habitacionais onde se encontra: 1 Nada satisfeito 5 Muito satisfeito : ______

47. O que melhoraria?

_________________________________________________________________________________

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48. Está satisfeito com o número de visitas dos seus familiares? 1 Nada satisfeito 5 Muito satisfeito : _____

49. Está satisfeito com o número de telefonemas dos seus familiares?

1 Nada satisfeito 5 Muito satisfeito : _____