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Faculdade de Engenharia da Faculdade de Engenharia da Faculdade de Engenharia da Faculdade de Engenharia da Universidade do PortoUniversidade do PortoUniversidade do PortoUniversidade do Porto
Departamento de Engenharia ElectrotécnicaDepartamento de Engenharia ElectrotécnicaDepartamento de Engenharia ElectrotécnicaDepartamento de Engenharia Electrotécnica
Soluções para Melhoria da Soluções para Melhoria da Soluções para Melhoria da Soluções para Melhoria da Segurança Dinâmica Segurança Dinâmica Segurança Dinâmica Segurança Dinâmica ddddeeee Sistemas Interligados com Grande Integração de Sistemas Interligados com Grande Integração de Sistemas Interligados com Grande Integração de Sistemas Interligados com Grande Integração de
Produção EólicaProdução EólicaProdução EólicaProdução Eólica
Pedro José Franco Marques
Mestre em Sistemas e Automação
Pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
Dissertação submetida para obtenção do grau de Doutor
em Engenharia Electrotécnica e de Computadores
(Área de especialização de Energia)
Dissertação realizada sob a supervisão de
Professor Doutor João Abel Peças Lopes
(Professor Catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)
Porto, Dezembro de 2008
(Revista em Julho de 2009)
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito da bolsa de investigação de 3 anos, concedida pelo
PRODEP III, em Outubro de 2003.
A investigação foi realizada na Unidade de Sistemas de Energia do INESC Porto – Instituto de
Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto.
A todos quantos me ajudaram na
realização deste trabalho.
Agradecimentos
Ao meu orientador Professor Doutor João Abel Peças Lopes pela disponibilidade demonstrada
desde o primeiro contacto tendo em vista a realização desta dissertação, pela sua permanente e
contagiante motivação, e ainda pela forma como me transmitiu muitos e importantes
conhecimentos técnicos e científicos. Só com a sua preciosa ajuda foi possível ultrapassar os
momentos mais difíceis que ocorreram durante a realização deste trabalho.
À REN, pela autorização da utilização de dados da rede eléctrica portuguesa.
À Doutora Ana Estanqueiro pelo fornecimento de dados referentes aos parques eólicos
existentes em Portugal.
Aos meus colegas Ângelo Mendonça e Rogério Almeida, companheiros de trabalho no
INESC Porto, pela sua ajuda na implementação dos modelos dos principais tipos de
aerogeradores no programa PSS/E. A sua colaboração foi ainda importante na discussão das
diversas matérias envolvidas nesta dissertação. Um agradecimento especial também para os
restantes colegas do INESC Porto, Miguel Seca, Carlos Moreira, Jorge Pereira, André
Madureira, Fernanda Resende, Ricardo Ferreira, Mauro Rosa, Mário Gomes, Bruno Gomes,
Nuno Gil, Rute Ferreira e Paula Castro.
Ao INESC Porto e à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto pela disponibilização
dos recursos que permitiram realizar esta dissertação.
À Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria, pela dispensa de
serviço docente, pela compatibilização do serviço docente na fase final da realização desta
dissertação e pelas condições de trabalho que me proporcionaram.
A todos os colegas da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria
pelo ânimo e apoio que sempre me transmitiram.
Finalmente, desejo prestar os mais profundos agradecimentos aos que me são queridos, em
especial à Margarida, ao João e à Catarina, pelo apoio, incentivo e compreensão demonstrados
ao longo deste trabalho e pedir-lhes desculpas pela menor atenção que, por vezes, lhes
proporcionei.
Resumo
Esta tese procura identificar soluções técnicas externas aos aerogeradores que permitam
assegurar a sua manutenção em operação no caso da ocorrência de cavas de tensão, de acordo
com os requisitos definidos pelos Grid Codes e também identificar os cenários de operação
críticos e as soluções tecnológicas de compensação mais eficazes no tratamento do problema.
De facto, o volume de produção eólica obtido através de aerogeradores que não possuem
capacidade de sobrevivência a cavas de tensão, é bastante significativo, o que em caso de
defeito pode levar à actuação das protecções de mínimo de tensão.
Na tese foi desenvolvida uma metodologia de optimização, que explora uma meta heurística, e
que inclui o dimensionamento e localização óptima de dispositivos FACTS (STATCOM). Para
este efeito foi necessário desenvolver e implementar modelos dinâmicos dos principais tipos de
aerogeradores. A metodologia desenvolvida foi aplicada com sucesso, permitindo minimizar o
volume global de potência dos equipamentos de compensação externos (STATCOM), com o
objectivo de minimizar a perda de produção eólica e evitar o colapso do sistema. Os estudos
efectuados foram desenvolvidos sobre cenários da rede Ibérica considerados como mais críticos
- vazio seco - de modo a identificar as situações mais graves e através do recurso a STATCOM
fornecer capacidade de sobrevivência a cavas de tensão aos aerogeradores de forma a estes
não serem desligados da rede, evitando-se desta forma a perda de grandes volumes de
produção eólica e a posterior perda de estabilidade do sistema.
Os resultados obtidos demonstraram que as soluções encontradas em muito podem contribuir
para a melhoria do comportamento dinâmico de grande redes interligadas com elevada
integração de produção eólica, em particular quando os aerogeradores não têm capacidade de
sobrevivência a cavas de tensão.
Abstract
This thesis tries to identify external technical solutions for maintaining wind generators in
operation following a default in the electrical network, which provokes a drop in voltage at
generator terminals such these generators may be disconnected from the grid, taking into
account, Grid Code requirements. Also an identification of the most critical system operational
scenarios is performed together with an identification of the most effective technological solutions
to deal with this problem. In fact, the amount of wind generators already installed that do not have
a ride through fault capability, is quit significative and in case of a grid default they will be
disconnected due to the actuation of their under voltage protections.
In the thesis an optimization approach was developed in order to identify the optimum placing and
to determine the optimum dimensioning for external FACTS – STATCOM. This approach exploits
an heuristic search procedure. For this purpose it was necessary to develop and implement a set
of dynamic models for the main types of the wind generators in use. The developed methodology
was successfully applied in the Portuguese system, inserted in the Iberian system, leading to the
identification of minimum capacity of external compensation devices (STATCOM) to be installed
with the aim of reducing the loss of the wind generation and to avoid the collapse of the system.
The studies performed were developed for system scenarios considered to be the most critical -
summer valley hours - in order to identify the more serious situations where with the aid of
STATCOM it was possible to avoid the disconnection of large volumes of the wind generation and
consequently to avoid the loss of the stability of the system.
The results obtained showed that the solutions obtained may also contribute for the improvement
of the global system dynamic behaviour of large interconnected systems, especially when some
of the installed wind generators have no ride through fault capability.
Résumé
Cette thèse cherche a identifier des solutions techniques externes aux aérogénérateurs qui
permettent d’assurer son opération sans interruption, en cas de creux de tension due a un court-
circuit ayant lieu sûr le réseau, en considérant les conditions définies par les Grid Codes. Dans
cette thèse on a aussi identifié les scénarios d’opérations critiques et les solutions technologiques
de compensation externes les plus efficaces pour la solution de ce problème. En effet, le volume
de production éolienne obtenu par des aérogénérateurs qui n’ont pas de capacité de survie à de
creux de tension est considérable, ce qui en cas de défaut dans le réseau peut mener à
l’actionnement des protections à minimum de tension et a la mise hors service de ces machines.
Dans la thèse se présente une méthodologie d’optimisation développé pendant cette recherche
qui explore une meta-heuristique et qui inclut le dimensionnement et la localisation optimale des
dispositifs FACTS (STATCOM). Pour cela, il a fallu développer et implémenter des modèles
dynamiques des principaux types d’aérogénérateurs. La méthodologie développée a été
appliquée avec succès, permettant de minimiser la capacité global des équipements de
compensations externes (STATCOM), avec l’objectif de minimiser la perte de production éolienne
et éviter la faillite du système. Les études réalisés ont été développés sur des scénarios du
réseau eléctrique portugais, inséré dans le réseau ibérique, considérés comme les plus critiques
– heures creuses d’été - pour identifier les situations les plus graves et en recourant à des
STATCOM, pour fournir la capacité de survie aux creux de tension aux aérogénérateurs pour
qu’ils ne soient pas débranchés du réseau, évitant de cette façon la perte de grands volumes de
production éolienne et la postérieure perte de la stabilité du système.
Les résultats obtenus ont démontrés que les solutions trouvées peuvent contribuer
significativement à l’amélioration du comportement dynamique globale de grands réseaux
interconnectés avec une intégration éolienne élevée, notamment quand les aérogénérateurs
n’ont pas de capacité de survie aux creux de tension.
i
Índice
Índice .............................................................................................................................. i
Índice de Figuras ....................................................................................................................... vii
Índice de Tabelas...................................................................................................................... xiii
Siglas e Abreviaturas ................................................................................................................ xv
CAPITULO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
1.1 Considerações Iniciais ......................................................................................................... 3
1.2 Evolução da Produção Eólica .............................................................................................. 4
1.3 Âmbito e Motivação............................................................................................................ 10
1.4 Estrutura da tese................................................................................................................ 15
CAPITULO 2 SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS
TSOs ........................................................................................................................... 17
2.1 Introdução .......................................................................................................................... 19
2.2 Sistemas dos aerogeradores ............................................................................................. 21
2.3 Comportamento dos Aerogeradores durante Curto-Circuitos ............................................ 24 2.3.1 Comportamento dos geradores de indução ........................................................... 25 2.3.2 Comportamento dos geradores de indução duplamente alimentados ................... 26 2.3.3 Comportamento dos geradores síncronos ............................................................. 26
2.4 Manuais de Procedimentos da Rede ................................................................................. 27 2.4.1 Alemanha............................................................................................................... 28
2.4.1.1 Regulação dos relés de tensão ..................................................................... 29 2.4.1.2 Gama de frequências permitida..................................................................... 29 2.4.1.3 Potência reactiva........................................................................................... 30 2.4.1.4 Limites dos valores da tensão ....................................................................... 31
2.4.2 Irlanda .................................................................................................................... 32 2.4.2.1 Low-voltage ride through ............................................................................... 33
2.4.2.1.1 Potência reactiva e controlo de tensão .................................................... 33 2.4.2.2 Gama de frequência e Controlo de Frequência............................................. 34
2.4.3 Espanha................................................................................................................. 35 2.4.3.1 Resposta a Curto-circuitos ............................................................................ 35
2.4.3.1.1 Curto-circuitos equilibrados (trifásicos) .................................................... 37 2.4.3.1.2 Curto-circuitos desequilibrados (monofásicos e bifásicos) ....................... 38
2.4.3.2 Procedimentos de verificação ....................................................................... 39 2.4.4 Portugal.................................................................................................................. 40 2.4.5 Canadá .................................................................................................................. 41
Índice
ii
2.4.5.1 Regulação de tensão..................................................................................... 42 2.4.5.1.1 Factor de potência para geradores síncronos com conversor.................. 42 2.4.5.1.2 Factor de potência para geradores assíncronos ...................................... 42
2.4.5.2 Exigências dos serviços auxiliares ................................................................ 43 2.4.5.3 Requisitos de ride through capacity............................................................... 43
2.4.5.3.1 Requisitos gerais...................................................................................... 43 2.4.5.3.2 Protecção de tensão ................................................................................ 45 2.4.5.3.3 Protecção de frequência .......................................................................... 45
2.5 FACTS ............................................................................................................................... 45 2.5.1 Controladores paralelo........................................................................................... 47 2.5.2 Custos dos FACTS ................................................................................................ 50
2.6 Trabalhos de Investigação ................................................................................................. 52
2.7 Soluções Técnicas ............................................................................................................. 54 2.7.1 Soluções Intrínsecas Propostas pelos Fabricantes................................................ 54
2.7.1.1 Enercon ......................................................................................................... 54 2.7.1.2 GE ................................................................................................................. 57 2.7.1.3 Vestas ........................................................................................................... 57 2.7.1.4 Gamesa......................................................................................................... 59
2.7.2 Soluções Externas - FACTS .................................................................................. 61
2.8 Conclusão .......................................................................................................................... 64
CAPITULO 3 MODELIZAÇÃO DO SISTEMA......................................................................... 67
3.1 Introdução .......................................................................................................................... 69
3.2 Modelo global do sistema eléctrico .................................................................................... 69
3.3 Modelos dos aerogeradores............................................................................................... 70 3.3.1 Turbina eólica......................................................................................................... 71 3.3.2 Controlo de potência das turbinas eólicas.............................................................. 73
3.3.2.1 Controlo de passo (pitch) .............................................................................. 74 3.3.2.2 Controlo Stall................................................................................................. 74
3.3.3 Geradores .............................................................................................................. 75 3.3.3.1 Gerador de indução convencional ................................................................. 75
3.3.3.1.1 Controlo de potência ................................................................................ 78 3.3.3.1.2 Modelo utilizado nas simulações.............................................................. 79 3.3.3.1.3 Comportamento do IG – Rede de Teste .................................................. 79
3.3.3.2 Gerador de Indução duplamente alimentado ................................................ 80 3.3.3.2.1 Características de controlo em geradores de indução duplamente alimentadas ................................................................................................................ 82
3.3.3.2.1.1 Controlos de velocidade angular e de tensão terminal – Conversor PWM - C1. .......................................................................................................... 83 3.3.3.2.1.2 Controlo da potência reactiva e da tensão CC – Conversor PWM - C2 .......................................................................................................... 86
3.3.3.2.1.2.1 Controlo da Tensão do Barramento CC .................................... 87 3.3.3.2.1.2.2 Correcção do Factor de Potência .............................................. 87 3.3.3.2.1.2.3 Potência total do Gerador Duplamente Alimentado................... 88
3.3.3.2.2 Modelo utilizado nas simulações.............................................................. 88 3.3.3.2.3 Comportamento do DFIG – Rede de Teste.............................................. 89
3.3.3.3 Gerador síncrono de velocidade variável ...................................................... 90
Índice
iii
3.3.3.3.1 Modelo utilizado nas simulações.............................................................. 92 3.3.3.3.2 Comportamento do SIN – Rede de Teste ................................................ 92
3.4 Modelo agregados dos aerogeradores .............................................................................. 93 3.4.1 Agregação de Aerogeradores de velocidade fixa................................................... 93 3.4.2 Agregação de Aerogeradores de velocidade variável............................................ 93
3.5 Modelos de FACTS............................................................................................................ 94 3.5.1 SVC........................................................................................................................ 94
3.5.1.1 Principio de funcionamento do SVC.............................................................. 94 3.5.1.2 Modelização do SVC..................................................................................... 95
3.5.2 STATCOM.............................................................................................................. 96 3.5.2.1 Princípio de funcionamento STATCOM......................................................... 96 3.5.2.2 Modelização do STATCOM........................................................................... 98
3.5.3 Comportamento dos FACTS perante um curto-circuito.......................................... 99
3.6 Conclusão ........................................................................................................................ 101
CAPITULO 4 CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS
SEUS EFEITOS ......................................................................................................................... 103
4.1 Introdução ........................................................................................................................ 105
4.2 Rede Estudada ................................................................................................................ 105 4.2.1 Utilização da Rede Ibérica ................................................................................... 107 4.2.2 Cenário Vazio Seco de Verão de 2009 ................................................................ 108
4.3 Simulação dinâmica ......................................................................................................... 114 4.3.1 Passo de integração e tempo de simulação......................................................... 114
4.4 Parametrização dos aerogeradores ................................................................................. 115
4.5 Análise de Estabilidade.................................................................................................... 115 4.5.1 Índice Baseado na Coerência .............................................................................. 116 4.5.2 Modelo desenvolvido ........................................................................................... 116
4.6 Simulações ...................................................................................................................... 117 4.6.1 Curto-circuito – Cenário Vazio Seco de Verão de 2009....................................... 117
4.6.1.1 Situação de estudo A1 ................................................................................ 118 4.6.1.2 Situação de estudo A2 ................................................................................ 123 4.6.1.3 Situação de estudo A3 ................................................................................ 128 4.6.1.4 Problemas da utilização de STATCOM....................................................... 134
4.7 Conclusão ........................................................................................................................ 136
CAPITULO 5 PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO
DE STATCOM ......................................................................................................................... 139
5.1 Introdução ........................................................................................................................ 141
5.2 O Problema...................................................................................................................... 141 5.2.1 Formulação geral ................................................................................................. 142 5.2.2 Formulação específica ......................................................................................... 142
5.2.2.1 Minimização do volume de perda de Produção Eólica ................................ 143 5.2.2.2 Minimização da potência dos STATCOM.................................................... 144
5.3 Simulated Annealing ........................................................................................................ 145
Índice
iv
5.3.1 S.A. - Apresentação geral .................................................................................... 145 5.3.1.1 Analogia com o processo físico ................................................................... 145 5.3.1.2 Algoritmo ..................................................................................................... 148
5.3.2 S.A. - Apresentação especifica ............................................................................ 149 5.3.2.1 Algoritmo implementado.............................................................................. 150 5.3.2.2 Função de avaliação ................................................................................... 155 5.3.2.3 Caracterização dos resultados .................................................................... 156
5.4 Definição das situações de estudo analisadas................................................................. 158
5.5 Algoritmo para identificação de uma solução robusta...................................................... 159
5.6 Conclusão ........................................................................................................................ 160
CAPITULO 6 RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES............................................................... 161
6.1 Introdução ........................................................................................................................ 163
6.2 Parametrização do Simulated Annealing ......................................................................... 163 6.2.1 Função objectivo .................................................................................................. 165
6.3 Simulações ...................................................................................................................... 165 6.3.1 Minimização da Perda de produção eólica........................................................... 165
6.3.1.1 Localização / potência dos STATCOM........................................................ 166 6.3.1.2 Trânsito nas Interligações ........................................................................... 167 6.3.1.3 Tensões nos barramentos........................................................................... 169 6.3.1.4 Conclusão ................................................................................................... 171
6.3.2 Minimização da Potência dos STATCOM ............................................................ 171 6.3.2.1 Localização / potência dos STATCOM........................................................ 171 6.3.2.2 Perda de produção eólica............................................................................ 173 6.3.2.3 Trânsito nas Interligações ........................................................................... 174 6.3.2.4 Índice de Estabilidade Transitório................................................................ 178 6.3.2.5 Tensões nos barramentos/curvas iso-tensão.............................................. 178
6.4 Análise Comparativa ........................................................................................................ 181 6.4.1 Comparação entre as situações de estudo A2, A3, Óptimo e 1600Mvar na sequência de um curto-circuito em Recarei ...................................................................... 182 6.4.2 Comparação entre as situações de estudo A2 e Óptima para um Curto-circuito em Recarei, Paraimo e Ribadave ........................................................................................... 187
6.5 Análise da robustez da solução encontrada..................................................................... 192
6.6 Comportamento da metodologia ...................................................................................... 195
6.7 Conclusões ...................................................................................................................... 195
CAPITULO 7 CONCLUSÕES ............................................................................................... 197
7.1 Introdução ........................................................................................................................ 199
7.2 Contribuição desta tese ................................................................................................... 199
7.3 Perspectivas de desenvolvimento.................................................................................... 201
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 203
APÊNDICES ......................................................................................................................... 211
A Rede de teste..................................................................................................................... 214
Índice
v
A.1 Dados da rede de teste............................................................................................... 214
B Modelos Dinâmicos Desenvolvidos.................................................................................... 221 B.1 SLOOT1...................................................................................................................... 222 B.2 ROGER1..................................................................................................................... 223 B.3 RAERO1..................................................................................................................... 224 B.4 CONV1 ....................................................................................................................... 225 B.5 RPITCH ...................................................................................................................... 226 B.6 RVOLT1...................................................................................................................... 227 B.7 RVOLT2...................................................................................................................... 228 B.8 RCOI1......................................................................................................................... 228 B.9 RTFC1 ........................................................................................................................ 229
C Modelos Dinâmicos Standard ............................................................................................ 233 C 1 Gerador Assíncrono.................................................................................................... 233
C 1.1 CIMTR3: modelo de gerador de indução............................................................. 233 C 2 Gerador Síncrono ....................................................................................................... 234
C 2.1 GENROU: modelo de gerador com rotor cilíndrico ............................................. 234 C 2.2 GENSAL: modelo de gerador com pólos salientes ............................................. 235 C 2.3 Reguladores de Tensão ...................................................................................... 236
C 2.3.1 Modelo IEEEX1............................................................................................ 236 C 2.3.2 Modelo ESDC2A: modelo de regulação IEEE tipo DC2A ............................ 237 C 2.3.3 Modelo ESDC1A: modelo de regulação IEEE tipo DC1A ............................ 238 C 2.3.4 Modelo ESAC1A: modelo de regulação IEEE tipo AC1A............................. 239 C 2.3.5 Modelo ESST1A: modelo de regulação IEEE tipo ST1A ............................. 240
C 3 Máquinas Primárias – Reguladores de velocidade..................................................... 241 C 3.1 HYGOV: modelo de regulador para turbinas hídricas ......................................... 241 C 3.2 TGOV1 - modelo de regulador de velocidade das centrais térmicas a carvão, fuelóleo e gás ............................................................................................................... 242 C 3.3 GAST - modelo de regulador de velocidade para turbinas a gás ........................ 243
C 4 FACTS........................................................................................................................ 244 C 4.1 SVC - CSVGN1................................................................................................... 244 C 4.2 STATCOM - CSTATT - Static condenser FACTS model..................................... 245
vii
Índice de Figuras
Figura 1.1 – Potência eólica instalada em todo o mundo .............................................................. 5
Figura 1.2 – Capacidade de produção eólica instalada durante o ano de 2007 ............................ 5
Figura 1.3 – Tensão aos terminais de uma máquina assíncrona após um curto-circuito............. 12
Figura 1.4 – Tensão aos terminais de uma máquina assíncrona após um curto-circuito num
cenário com STATCOM............................................................................................................... 13
Figura 2.1 – Princípio geral de funcionamento dos aerogeradores.............................................. 21
Figura 2.2 – Sistemas dos aerogeradores: Gerador de indução com rotor em curto-circuito (em
cima), Gerador de indução duplamente alimentado (ao meio), e Gerador síncrono de velocidade
variável (em baixo)[22]................................................................................................................. 22
Figura 2.3 – Aerogerador com caixa de velocidades [23]. ........................................................... 24
Figura 2.4 – Aerogerador de acoplamento directo (sem caixa de velocidades) [24].................... 24
Figura 2.5 – Áreas referentes aos diferentes TSOs existentes na Alemanha.............................. 28
Figura 2.6 – Regulação dos relés de mínimo e máxima tensão (Uc refere-se à tensão em MT e
UNS = Uc/a em que a é a relação de transformação do transformador de BT)........................... 29
Figura 2.7 – Requisitos de funcionamento – Potência activa / frequência da rede...................... 30
Figura 2.8 – Requisitos de funcionamento – Tensão da rede / frequência da rede. .................... 30
Figura 2.9 – Gama de funcionamento em função da Tensão e do Factor de Potência. .............. 31
Figura 2.10 – Limites de tensão no ponto de interligação à rede durante e após um defeito na
rede.............................................................................................................................................. 32
Figura 2.11 – Injecção de corrente reactiva pelos aerogeradores. .............................................. 32
Figura 2.12 – Curva de sobrevivência a cavas de tensão da EIRGRID....................................... 33
Figura 2.13 – Capacidade de injecção de Potencia Reactiva de um aerogerador....................... 34
Figura 2.14 – Curva de resposta Potência-Frequência................................................................ 35
Figura 2.15 – Curva de tensão-tempo que define a área da cava de tensão no ponto de ligação à
rede que deve ser suportado pela rede. Tensão fase-terra às fases com defeito [34]. ............... 36
Figura 2.16 – Área de funcionamento admissível durante os períodos de defeito e de
recuperação da tensão, em função da tensão no ponto de ligação à rede.................................. 38
Figura 2.17 – Capacidade de Suportar Cavas de Tensão da Produção Eólica na Sequência de
Curto-Circuitos Trifásicos, Bifásicos e Monofásicos. ................................................................... 40
Índice de Figuras
viii
Figura 2.18 – Curva de fornecimento de reactiva pelos centros produtores eólicos durante cavas
de tensão. .................................................................................................................................... 41
Figura 2.19 – Curva de Low Voltage Ride Through da Hydro-Québec. ....................................... 44
Figura 2.20 – Circuito electrónico do STATCOM. ........................................................................ 48
Figura 2.21 – Característica V-I do STATCOM............................................................................ 49
Figura 2.22 – Custos típicos de investimento para SVC e STATCOM [44].................................. 51
Figura 2.23 – SDBR para IG proposto em [46]. ........................................................................... 52
Figura 2.24 – Capacidade de injecção de potência reactiva dos aerogeradores ENERCON - com
e sem capacidade de STATCOM [12]. ........................................................................................ 56
Figura 2.25 – Exemplo das medições efectuadas para verificação da UVRT dos aerogeradores
da ENERCON [12]. ...................................................................................................................... 56
Figura 2.26 – Comportamento do controlo da Vestas perante duas cavas de tensão
consecutivas. ............................................................................................................................... 58
Figura 2.27 – Cava de tensão de 0,1 p.u./150ms. a) Tensão nas fases L1 e L2, b) Correntes nas
fases L1 e L2, c) Potência activa injectada e d) Potência reactiva injectada [50]. ....................... 58
Figura 2.28 – Crowbar activo da GAMESA [9]............................................................................. 59
Figura 2.29 – Esquema unifilar simplificado da ligação do WINFACT...................................... 60
Figura 2.30 – Sub-estação equipada com STATCOM [63]. ......................................................... 64
Figura 3.1 – Ângulo de pitch [67]. ................................................................................................ 72
Figura 3.2 – Coeficiente de potência, pC , em função taxa de velocidade na extremidade das
pás,λ , e do ângulo de pitch θ . .................................................................................................. 73
Figura 3.3 – Bloco de controlo do ângulo de pitch de uma turbina eólica. ................................... 74
Figura 3.4 – Potência activa injectada pelo IG – CIMTR3............................................................ 79
Figura 3.5 – Potência reactiva injectada pelo IG - CIMTR3. ........................................................ 79
Figura 3.6 – Desvio de velocidade do IG - CIMTR3..................................................................... 80
Figura 3.7 – Tensão aos terminais do IG - CIMTR3. ................................................................... 80
Figura 3.8 – Circuito equivalente para o modelo dinâmico da máquina de indução duplamente
alimentada como os conversores estáticos representados como fontes de tensão e corrente,
respectivamente........................................................................................................................... 82
Figura 3.9 – Configuração física da turbina eólica acoplada a DFIG e controlada por conversores
estáticos....................................................................................................................................... 82
Figura 3.10 – Diagrama de blocos das equações internas do gerador DFIG. ............................. 85
Figura 3.11 – Diagrama de bloco de controlo de velocidade. ...................................................... 85
Índice de Figuras
ix
Figura 3.12 – Diagrama de bloco de controlo da tensão terminal................................................ 86
Figura 3.13 – Diagrama de bloco do controlo da tensão do barramento CC. .............................. 87
Figura 3.14 – Potência activa ...................................................................................................... 89
Figura 3.15 – Potência reactiva ................................................................................................... 89
Figura 3.16 – Desvio de velocidade............................................................................................. 89
Figura 3.17 – Tensão terminal ..................................................................................................... 89
Figura 3.18 – Comparação do modelo do DFIG – PSS/E/ MatLab.............................................. 90
Figura 3.19 – Característica óptima da velocidade do rotor versus potência (tracejado) e
aproximação de primeira ordem (continua).................................................................................. 91
Figura 3.20 – Modelo simplificado do aerogerador síncrono de velocidade variável ................... 91
Figura 3.21 – Malha de controlo da tensão terminal .................................................................... 91
Figura 3.22 – Potência activa....................................................................................................... 92
Figura 3.23 – Potência reactiva. .................................................................................................. 92
Figura 3.24 – Tensão terminal. .................................................................................................... 92
Figura 3.25 – (a) Circuito básico de um SVC; (b) Característica V- I. .......................................... 95
Figura 3.26 – Diagrama de blocos do CSVGN1. ......................................................................... 96
Figura 3.27 – Diagrama do STATCOM........................................................................................ 97
Figura 3.28 – Diagrama de blocos do CSTATT [77]. ................................................................... 98
Figura 3.29 – Curva V-I do CSTATT [77]. .................................................................................... 99
Figura 3.30 – Potência reactiva injectada (sem FACTS, com SVC e com STATCOM). ............ 100
Figura 3.31 – Tensão num barramento (sem FACTS, com SVC e com STATCOM)................. 100
Figura 4.1 – Países que pertencem à Rede da UCTE [78]. ....................................................... 106
Figura 4.2 – Rede Ibérica (2006) [79]. ....................................................................................... 106
Figura 4.3 – Rede Nacional de Transporte (a 1 de Janeiro de 2007) [80]. ................................ 107
Figura 4.4 – Trânsito de potência activa nas interligações (MW) – cenário vazio seco de 2009.
................................................................................................................................................... 109
Figura 4.5 – Injecção de eólica por tecnologia em cada barramento injector. ........................... 110
Figura 4.6 – Barramentos com produção eólica na Rede Ibérica. ............................................. 113
Figura 4.7 – Perda de produção eólica na sequência de curto-circuito em Recarei – A1.......... 119
Figura 4.8 – Trânsitos de potência activa nas interligações Portugal-Espanha – A1................. 120
Figura 4.9 – Trânsitos de potência activa nas interligações Espanha-França – A1................... 121
Figura 4.10 – Total dos trânsitos de potência activa nas interligações Espanha-França – A1 .. 122
Figura 4.11 – Evolução temporal do IET – A1 ........................................................................... 122
Figura 4.12 – Curva iso-tensão – A1 ......................................................................................... 123
Índice de Figuras
x
Figura 4.13 – Perda de produção eólica na sequência de curto-circuito em Recarei – A2........ 124
Figura 4.14 – Trânsitos de potência activa nas interligações Portugal-Espanha – A2............... 125
Figura 4.15 – Trânsito de potência activa nas interligações Espanha - França – A2................. 126
Figura 4.16 – Total do trânsito de potência activa nas interligações Portugal-Espanha e Espanha-
França–A2 ................................................................................................................................. 127
Figura 4.17 – Evolução temporal do IET – A2 ......................................................................... 127
Figura 4.18 – Curva iso-tensão - A2 - Curto-circuito em Recarei (t=1,5 s) ............................... 128
Figura 4.19 – Curto-circuito em Recarei – A3............................................................................ 130
Figura 4.20 – Trânsitos de potência activa nas interligações Portugal-Espanha – A3............... 131
Figura 4.21 – Trânsito de potência activa nas interligações Espanha - França – A3................. 132
Figura 4.22 – Total do trânsito de potência activa nas interligações Portugal–Espanha e
Espanha-França–A3.................................................................................................................. 133
Figura 4.23 – Evolução temporal do IET – A3 .......................................................................... 133
Figura 4.24 – Curva iso-tensão – A3 ........................................................................................ 134
Figura 4.25 – Tensão em Ribadave – Curto-circuito em Ribadave de 500ms.......................... 135
Figura 4.26 – Tensão em Carrapatelo – Curto-circuito em Ribadave de 500ms ...................... 136
Figura 5.1 – Analogia entre o processo de optimização e o recozimento simulado................... 147
Figura 5.2 – Algoritmo genérico do Simulated Annealing .......................................................... 149
Figura 5.3 – Algoritmo detalhado do Simulated Annealing implementado para a resolução do
problema sob estudo – parte 1 .................................................................................................. 151
Figura 5.4 – Algoritmo detalhado do Simulated Annealing implementado para a resolução do
problema sob estudo – parte 2 .................................................................................................. 152
Figura 5.5 – Função de vizinhança ............................................................................................ 153
Figura 5.6 – Exemplo do ficheiro com os resultados da metodologia implementada................. 157
Figura 5.7 – Evolução da função de avaliação do SA................................................................ 158
Figura 6.1 – Resultado da optimização (Potência e localização dos STATCOM – CC em
Recarei). .................................................................................................................................... 166
Figura 6.2 – Trânsitos de potência activa nas interligações Portugal-Espanha......................... 168
Figura 6.3 – Trânsito de potência activa nas interligações Espanha – França .......................... 169
Figura 6.4 – Curva iso-tensão – CC Recarei ............................................................................. 170
Figura 6.5 – Tensões em Recarei, Batalha e Alto Lindoso (400KV) – CC Recarei.................... 170
Figura 6.6 – Resultado da optimização (Potência e localização dos STATCOM – CC em
Recarei). .................................................................................................................................... 172
Figura 6.7 – STATCOM – Perda de produção eólica................................................................. 174
Índice de Figuras
xi
Figura 6.8 – Trânsitos de potência activa nas interligações Portugal-Espanha......................... 175
Figura 6.9 – Trânsito de potência activa nas interligações Espanha – França – CC Recarei.... 176
Figura 6.10 – Total do trânsito de potência activa nas interligações (Portugal-Espanha e
Espanha-França) ....................................................................................................................... 177
Figura 6.11 – Evolução temporal do IET................................................................................... 178
Figura 6.12 – Tensão em Recarei, Paraimo, Ribadave, Batalha, Rio Maior e Alto Mira - A2
(400kV). ..................................................................................................................................... 179
Figura 6.13 – Tensão em Recarei, Paraimo, Ribadave, Batalha, Rio Maior e Alto Mira (400kV).
................................................................................................................................................... 180
Figura 6.14 – Curva iso-tensão - A2 - Curto-circuito em Recarei (t=1,5 s) .............................. 180
Figura 6.15 – Curva iso-tensão – Curto-circuito em Recarei (t=1,5 s). ..................................... 181
Figura 6.16 – Evolução temporal do IET (Curto-circuito em Recarei). ...................................... 182
Figura 6.17 – Trânsito de potência activa total nas interligações PT-ES (CC em Recarei). ..... 183
Figura 6.18 – Trânsito de potência reactiva total nas interligações PT-ES (CC em Recarei). .. 184
Figura 6.19 – Tensão em Recarei (CC em Recarei)................................................................. 185
Figura 6.20 – Tensão em Alto Lindoso (CC em Recarei)......................................................... 186
Figura 6.21 – Potência reactiva injectada pelo STATCOM em Penela (CC em Recarei). ........ 187
Figura 6.22 – Evolução temporal do IET (CC em Recarei, Paraimo e Ribadave)..................... 188
Figura 6.23 – Trânsito de potência activa nas interligações Portugal-Espanha (CC em Recarei,
Paraimo e Ribadave). ................................................................................................................ 190
Figura 6.24 – Trânsito de potência activa nas interligações Espanha-França (CC em Recarei,
Paraimo e Ribadave). ................................................................................................................ 191
Figura 6.25 – Evolução temporal do IET (CC em Recarei, Paraimo, Pego, Valdigem e
Ribadave). ................................................................................................................................. 194
Figura. A.1 – Rede de teste ....................................................................................................... 214
Figura B.1 – Modelo simplificado do aerogerador síncrono de velocidade variável................... 222
Figura B.2 – Malha de controlo da tensão terminal.................................................................... 222
Figura B.3 – Diagrama de bloco de controlo de velocidade (potência activa)............................ 225
Figura B.4 – Diagrama de bloco de controlo da tensão terminal (potência reactiva). ................ 225
Figura B.5 – Bloco de controlo do ângulo de pitch de uma turbina eólica.................................. 226
Figura C.1 – Diagrama do modelo do gerador de indução CIMTR3 .......................................... 233
Figura C.2 – Diagrama do modelo do gerador GENROU .......................................................... 234
Índice de Figuras
xii
Figura C.3 – Diagrama do modelo do gerador GENSAL ........................................................... 235
Figura C.4 – Diagrama de blocos do regulador de tensão IEEEX1 ........................................... 236
Figura C.5 – Diagrama de blocos do regulador de tensão ESDC2A ......................................... 237
Figura C.6 – Diagrama de blocos do regulador de tensão ESDC1A ......................................... 238
Figura C.7 – Diagrama de blocos do regulador de tensão ESAC1A.......................................... 239
Figura C.8 – Diagrama de blocos do regulador de tensão ESST1A .......................................... 240
Figura C.9 – Diagrama de blocos do regulador de velocidade HYGOV..................................... 241
Figura C.10 – Diagrama de blocos do regulador de velocidade TGOV1 ................................... 242
Figura C.11 – Diagrama de blocos do regulador de velocidade GAST...................................... 243
Figura C.12 – Diagrama de blocos do CSVGN1........................................................................ 244
Figura C.13 – Diagrama de blocos do CSTATT......................................................................... 245
xiii
Índice de Tabelas
Tabela 2.1 – Período mínimo de tempo durante o qual os parques eólicos devem permanecer em
serviço sem serem desligados quando ocorrem cavas de tensão............................................... 43
Tabela 2.2 - Período mínimo de tempo durante o qual os parques eólicos devem permanecer em
serviço sem serem desligados quando ocorrem variações de frequência. .................................. 44
Tabela 2.3 – Custo de instalação de FACTS [45]. ....................................................................... 51
Tabela 2.4 – Algumas aplicações de FACTS instaladas no mundo............................................. 51
Tabela 4.1 – Tecnologias utilizadas nos aerogeradores............................................................ 110
Tabela 4.2 – Potência eólica injectada em cada barramento (por tecnologia)........................... 112
Tabela 4.3 – Barramentos com STATCOM na situação de estudo A3 ...................................... 129
Tabela 5.1 – Relação entre o processo físico de optimização com SA ..................................... 146
Tabela 5.2 – Escalões de referência para os STATCOM. ......................................................... 154
Tabela 5.3 – Escalões dos STATCOM. ..................................................................................... 155
Tabela 6.1 – Parâmetros utilizados no SA................................................................................. 164
Tabela 6.2 – Potência eólica perdida - A2 (0 Mvar de STATCOM)............................................ 164
Tabela 6.3 – Potência e localização dos STATCOM ligados..................................................... 172
Tabela 6.4 – Comparação entre situações de estudo................................................................ 184
Tabela 6.5 – Robustez – Potência dos STATCOM.................................................................... 193
Tabela 6.6 – Robustez - Comparação dos cenários simulados. ................................................ 194
Tabela A.1 – Valores de base.................................................................................................... 214
Tabela A.2 – Dados da máquina de indução convencional (aerogerador)................................. 215
Tabela A.3 – Dados da máquina síncrona (aerogerador) .......................................................... 215
Tabela A.4 – Dados da máquina de indução duplamente alimentada (gerador) ....................... 216
Tabela A.5 – Dados da máquina de indução duplamente alimentada – controlador do lado do
rotor ........................................................................................................................................... 216
Tabela. A.6 – Dados da máquina de indução duplamente alimentada – controlador do lado da
rede............................................................................................................................................ 216
Tabela A.7 – Dados do controlo de pitch da DFIG com controlo de potência activa e reactiva . 216
Tabela A.8 – Dados das linhas .................................................................................................. 217
Índice de Tabelas
xiv
Tabela A.9 – Dados dos transformadores.................................................................................. 217
Tabela C.1 - Significado das variáveis (modelo CIMTR3).......................................................... 233
Tabela C.2 - Significado dos parâmetros (modelo CIMTR3)...................................................... 233
Tabela C.3 - Significado das variáveis (modelo GENROU) ....................................................... 234
Tabela C.4 - Significado dos parâmetros (modelo GENROU) ................................................... 234
Tabela C.5 - Significado das variáveis (modelo GENSAL) ........................................................ 235
Tabela C.6 - Significado dos parâmetros (modelo GENSAL) .................................................... 235
Tabela C.7 - Significado das variáveis (modelo IEEEX1) .......................................................... 236
Tabela C.8 - Significado dos parâmetros (modelo IEEEX1) ...................................................... 236
Tabela C.9 - Significado das variáveis (modelo ESDC2A)......................................................... 237
Tabela C.10 - Significado dos parâmetros (modelo ESDC2A)................................................... 237
Tabela C.11 - Significado das variáveis (modelo ESDC1A)....................................................... 238
Tabela C.12 - Significado dos parâmetros (modelo ESDC1A)................................................... 238
Tabela C.13 - Significado das variáveis (modelo ESAC1A)....................................................... 239
Tabela C.14 - Significado dos parâmetros (modelo ESAC1A)................................................... 239
Tabela C.15 - Significado das variáveis (modelo ESST1A) ....................................................... 240
Tabela C.16 - Significado dos parâmetros (modelo ESST1A) ................................................... 240
Tabela C.17 - Significado das variáveis (modelo HYGOV)........................................................ 241
Tabela C.18 - Significado dos parâmetros (modelo HYGOV).................................................... 241
Tabela C.19 - Significado das variáveis (modelo TGOV1)......................................................... 242
Tabela C.20 - Significado dos parâmetros (modelo TGOV1)..................................................... 242
Tabela C.21 - Significado das variáveis (modelo GAST) ........................................................... 243
Tabela C.22 - Significado dos parâmetros (modelo GAST) ....................................................... 243
Tabela C.23 - Significado das variáveis (modelo CSVGN1) ...................................................... 244
Tabela C.24 - Significado dos parâmetros (modelo CSVGN1) .................................................. 244
Tabela C.25 - Significado das variáveis (modelo CSTATT) ....................................................... 245
Tabela C.26 - Significado dos parâmetros (modelo CSTATT) ................................................... 245
xv
Siglas e Abreviaturas
CA - Corrente Alternada
CC - Corrente Contínua
DFIG - Double Fed Induction Generator
DSP - Digital Signal Processor
DVR - Dynamic Voltage Restorer
EPRI - Electric Power Research Institute
ESBNG - ESB National Grid
EWEA - European Wind Energy Association
FACTS - Flexible AC Transmission Systems
GC - Grid Codes
GTO - Gate Turn-Off Thyristor
IET - Índice de Estabilidade Transitória
IG - Induction Generator
IGBT - Insulated-Gate Bipolar Transistor
INEGI - Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial
INETI - Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação
LVRT - Low Voltage Ride Through
PSS/E - Power System Simulator for Engineering
PWM - Pulse Width Modulation
REE - Red Eléctrica de España
RNT - Rede Nacional de Transporte
RTU - Remote Terminal Unit
RTF (C) - Ride Through Fault (Capability)
SA - Simulated Annealing
SIN - Synchronous Generator
STATCOM - Static Synchronous Compensator
Siglas e Abreviaturas
xvi
SVC - Static Var Compensator
TCSC - Thyristor-controlled series compensator
TSO - Transmission System Operator
UCTE - Union for the Co-ordination of Transmission of Electricity
UPFC - Unified Power Flow Controller
UE - União Europeia
UPS - Uninterruptible Power Supply
VDN - Verband der Netzbetreiber
VCS - Vestas Control System
VSC - Voltage Source Converter
1
CAPITULO 1 INTRODUÇÃO
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
3
1.1 Considerações Iniciais
A crescente industrialização e a melhoria da qualidade de vida das populações tem feito
aumentar as necessidades energéticas mundiais. Como consequência, o aumento do consumo
de energia, particularmente de energia eléctrica atingiu valores nunca antes alcançados.
Este cenário coloca-nos o desafio de produzir energia eléctrica em grandes quantidades sem
contudo provocar alterações ambientais que comprometam a qualidade de vida actual e das
gerações futuras.
As fontes de energia primária que nos permitem produzir electricidade podem ter diferentes
origens, sejam elas renováveis ou não. Dentro das energias não renováveis temos como fontes
primárias o carvão, o petróleo e o gás natural. Estas através de um conjunto de processos de
conversão intermédios dão origem à energia eléctrica. A utilização do urânio em centrais
nucleares conduz também à produção de energia eléctrica.
No outro lado, temos as energias renováveis, como sejam a Biomassa, a Hídrica, a das Ondas, a
Geotérmica, a Solar e a Eólica. Estas têm registado taxas de crescimento muito elevadas nas
últimas décadas essencialmente por duas razões: em primeiro lugar os vários choques
petrolíferos colocam-nos perante a obrigação de reduzir a dependência dos combustíveis
fósseis, diversificando o mais possível as fontes energéticas, e em segundo lugar a necessidade
de redução de emissões de CO2.
A aposta para um futuro sustentado passa por procurarmos utilizar as fontes energéticas que
menor impacto tenham em termos ambientais e neste ponto a produção de electricidade a partir
de energia eólica apresenta-se, logo atrás da hidroelectricidade, como umas das opções mais
viáveis. Claro que a exploração da hidroelectricidade foi sempre a primeira opção devido aos
grandes volumes de produção que uma central deste tipo pode produzir. Contudo encontra-se
actualmente praticamente esgotada a possibilidade de construção de grandes centrais hídricas
em países desenvolvidos.
A partir da década de 80 a produção de electricidade a partir de energia eólica revelou-se uma
solução cada vez mais viável devido à evolução tecnológica impulsionada por politicas de
incentivos cada vez mais ambiciosas. A solução do problema energético não se pode contudo
limitar à utilização de fontes renováveis exigindo a adopção de medidas complementares do lado
da procura através da utilização eficiente de energia.
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
4
1.2 Evolução da Produção Eólica
Tal como referido anteriormente o aumento das preocupações ambientais fez com que a
necessidade de explorar as energias renováveis se tornasse num dos vectores de
desenvolvimento mais importantes de qualquer politica energética.
Para garantir o cumprimento das metas do protocolo de Quioto, o Parlamento Europeu elaborou
um documento destinado a promover a produção de electricidade a partir de energias renováveis
no mercado interno de electricidade. Como resultado global pretende-se que no final do ano
2010 a produção de electricidade através da produção renovável atinja um valor de 21%. Em
Portugal o objectivo é que esse valor no final de 2010 atinja os 39%. Isto foi baseado no
pressuposto que o plano nacional de electricidade poderá prosseguir a construção de nova
capacidade hidroeléctrica superior a 10 MW, e que outro tipo de capacidade renovável só será
possível mediante auxílios estatais [1].
Neste contexto, e quanto à produção de energia eólica, têm vindo a ser seguidas as orientações
estratégicas para a política energética nacional constantes na Resolução do Conselho de
Ministros n.º63/2003, na qual foi estabelecida a meta de 3750 MW de potência eólica a instalar
até 2010 [2].
Verifica-se que dentro do leque de energias renováveis, excluindo a grande produção hídrica, a
produção eólica é a que apresenta uma maior contribuição para permitir o cumprimento dos
objectivos propostos [3].
Nos últimos anos a produção de electricidade com base na energia eólica cresceu mais do que
qualquer outra fonte de energia renovável. De 4800 MW em 1995 o total mundial da potência
instalada multiplicou-se mais do que 19 vezes alcançando mais de 94000 MW no final de 2007
(Figura 1.1) [4-6].
Em vários países a porção de electricidade gerada através do vento está agora a desafiar a
produção convencional. Na Dinamarca, 20% das necessidades de energia eléctrica são de
origem eólica. Em Espanha, a contribuição da produção eólica alcançou os 8% e tem uma
tendência de subida que poderá alcançar os 15% até ao final da presente década. Isto
demonstra o quanto a produção eólica pode ser importante na redução da emissão de gases que
provocam o efeito de estufa particularmente o CO2. Em 2007 a potência eólica atingiu um novo
record anual com um total de 20076 MW de nova capacidade instalada (Figura 1.2). Isto
representa um aumento de 32% numa base anual e 27% de crescimento acumulado.
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
5
94
12
3
35
81
48
00
61
00
76
00
10
20
0
13
60
0
17
40
0
23
90
0
31
10
0
39
43
1 47
62
0 59
09
1
74
22
3
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Ano
[MW]
Figura 1.1 – Potência eólica instalada em todo o mundo
China
Espanha
EUA
Resto do Mundo
CanadáReino Unido
PortugalItália
França
AlemanhaIndia
Pais MW %EUA 5244 26,1Espanha 3522 17,5China 3449 17,2India 1730 8,6Alemanha 1667 8,3França 888 4,4Itália 603 3,0Portugal 434 2,2Reino Unido 427 2,1Canadá 386 1,9Resto do Mundo 1726 8,6Total Mundial 20076 100,0
Figura 1.2 – Capacidade de produção eólica instalada durante o ano de 2007
Actualmente a opção de produzir electricidade recorrendo à energia eólica está presente em
mais de 50 países. Os que tinham a maior potência instalada em finais do ano de 2007 eram a
Alemanha (22247 MW), os Estados Unidos da América (16818 MW), a Espanha (15145 MW), a
Índia (8000 MW), a China (6050 MW) e a Dinamarca (3125 MW). Muitos outros países, entre os
quais Itália, França, Reino Unido, Portugal e Holanda ultrapassaram já a marca dos 2000 MW.
A União Europeia (EU) continua na liderança mundial da potência eólica instalada, com mais de
56535 MW em finais do ano de 2007, representando 66% do total mundial. Este valor, que só
estava previsto ser alcançado em 2010, representa um avanço de mais de 2 anos em relação
aos objectivos inicialmente definidos.
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
6
A expansão da produção eólica na UE tem sido norteada por politicas levadas a cabo
individualmente pelos seus estados membros de forma a incentivar a instalação de centrais que
explorem energias renováveis.
A associação europeia de energia eólica (European Wind Energy Association - EWEA) prevê
para 2010, que a energia eólica só por si evitará a emissão de gases de efeito de estufa que
permitirão alcançar 1/3 das obrigações da UE perante o protocolo de Quioto
Os objectivos actuais da EWEA são de 75000 MW de produção eólica na Europa em 2010,
180000 MW em 2020 e 300000 MW em 2030 [5].
A Alemanha apresenta-se como o país líder deste tipo de produção de energia eléctrica na
Europa. Encorajada por sucessivas leis, mais recentemente em 2000 (Renewable Energy
Source Act – actualizado em 2004), os produtores têm tido ajudas, através de tarifas bonificadas,
sendo estas gradualmente reduzidas durante um período de 20 anos. Esta medida, atraiu um
vasto leque de pequenos investidores, e resultou em taxas de crescimento anual de 2 dígitos
desde 1990.
Os projectos eólicos também recebem tratamento preferencial das leis alemãs do planeamento,
com cada autoridade local a definir quais os locais onde os parques eólicos podem ser
construídos.
A produção eólica cobre cerca de 5,5% do total do consumo de energia eléctrica, sendo a
potência instalada no final do ano de 2007 de 22247 MW.
A Espanha tem aumentado rapidamente a produção eólica desde meados dos anos 90
encorajada por subsídios e tarifas vantajosas baseada na regeneração da indústria. Refira-se
que actualmente na zona de Navarra está instalada produção eólica que contribui com 69% do
consumo de electricidade na província. Nas duas províncias com maior população, Castilla la
Macha e Galicia o nível de integração de energia eólica alcançado superou os 20%.
Em 2007 foram comissionados 3522 MW de aerogeradores, correspondendo a um aumento de
200% em relação ao ano anterior. Desta forma foi possível uma redução de emissões de gases
de efeito de estufa de 20 milhões de toneladas de CO2.
O valor alcançado no final do ano de 2007 (15145 MW de potência instalada) foi suficiente para
satisfazer mais de 8,5% das necessidades de energia eléctrica em Espanha.
O governo Espanhol tem como objectivo alcançar os 20000 MW em 2010.
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
7
A Dinamarca foi pioneira na produção de aerogeradores na Europa e um dos países com uma
maior penetração de produção eólica na sua rede.
Mais de 3100 MW estavam em funcionamento nos finais de 2007. Quando os ventos são
favoráveis a produção eólica corresponde a mais de metade da electricidade consumida na
metade Ocidental do país.
Projecções do Transmission System Operator (TSO) Energet mostram que em 2010, o consumo
de electricidade na parte Ocidental da Dinamarca poderá regularmente ser composto por um mix
de produção eólica e produção explorando pequenos ciclos combinados, sem necessidade de
uma produção centralizada.
Portugal apresenta-se como um dos dez países com maior valor de potência eólica instalada
durante o ano de 2007 (434 MW). Em Dezembro de 2007 a potência instalada superou os 2150
MW.
O total de parques instalados em Portugal no final do ano de 2007 era já de mais de 180, sendo
que as potências instaladas variam de 0,5 MW (parque de menor dimensão) a 84 MW (parque
de maior dimensão) [7].
Também em Portugal a produção eólica tem sido impulsionada por tarifas atractivas.
De referir que a produção eólica representou cerca de 8% do total da energia eléctrica
consumida em Portugal continental durante o ano de 2007.
Outro dado a reter prende-se com o facto de no dia de maior produção eólica em 2007 (19 de
Dezembro) a produção eólica (37 GWh) representou 20,6% do consumo total. No dia 18 de
Dezembro, dia em que se registou o maior consumo de 2007 (183,7 GWh), a contribuição da
produção eólica foi de 13,3% (24,4 GWh) [8].
A América do Norte contribuiu com aproximadamente um quarto da potência instalada em todo o
mundo durante o ano de 2007.
Os Estados Unidos instalaram em 2007 mais 5244 MW de produção eólica alcançando uma
potência instalada de 16818 MW.
Esta evolução é também em grande parte devida ao incentivo Production Tax Credit (PTC) tendo
levado o congresso americano a estender o prazo da sua utilização até finais do ano 2007.
Prevê-se que a produção eólica possa atingir os 6% da produção de electricidade em 2030.
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
8
No Canadá, devido a uma combinação de incentivos federais e iniciativas de diversas províncias
Canadianas, foi possível alcançar no final de 2007 os 1846 MW de potência eólica instalada.
Uma importante contribuição teve origem no Wind Power Production Incentive (WPPI) do
governo federal. O sucesso desta medida levou a que o seu prazo de aplicação fosse estendido
até 2010 e com fundos capazes de suportar um investimento que proporcionará a instalação de
mais de 4000 MW. Algumas províncias criaram também os seus próprios incentivos podendo
estes alcançar os 2000 MW de novos parques eólicos.
O Continente Asiático está a tornar-se um dos principais lugares do planeta em termos de
produção eólica, com uma contribuição de 27% no crescimento da potência eólica instalada em
2007. A taxa de crescimento atingiu os 66%, ficando a potência eólica instalada num valor
superior a 16091 MW.
O maior contributo vem da Índia, com uma potência eólica instalada em 2007 de 1730 MW. A
Índia alcançou o 4º lugar na tabela dos países que mais produção eólica instalou durante o ano
de 2007. O total da potência instalada ronda os 8000 MW.
A Indian Wind Turbine Manufactures Association (IWTMA) espera que entre 1500 e 1800 MW
(por ano) sejam instalados entre 2007 e 2009.
O Governo Indiano criou também incentivos ao sector da produção eólica sob a forma de
aplicação de taxas reduzidas.
A China, com uma grande área e uma costa suficientemente longa, é rica em potencial eólico. O
Meteorology Research Institute (MRI) estima que serão possíveis explorar 230 GW de potência
eólica.
No final de 2007 o total de parques eólicos instalados na China registava uma potência de 6050
MW.
A política do governo Chinês vem no sentido de promover a localização de indústrias de
construção de equipamentos para aerogeradores, reduzindo assim os custos e aumentando a
competitividade entre a produção de energia eléctrica através do aproveitamento da energia
eólica e a produção de electricidade através da queima de combustíveis fósseis. Uma das regras
para a instalação de parques eólicos é que 70% dos componentes têm de ser fabricados na
China.
Actualmente, o objectivo Chinês passa por atingir os 50 GW de produção eólica nos finais de
2015.
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
9
Embora até à data a América Latina tenha tido um desenvolvimento pequeno, muitos são os
governos que estão a implementar medidas conducentes à instalação de produção eólica.
De acordo com o atlas dos ventos publicado pelo Ministério Brasileiro de Minas e Energia
(MBME) em 2001, o potencial global do país é de 143000 MW.
Em 2002 o governo Brasileiro introduziu o programa PROINFA para estimular a produção de
electricidade a partir da energia eólica, entre outras. Durante o ano de 2007 foram instalados
apenas 10 MW, o que permitiu alcançar um valor de potência instalada de 247 MW.
Apesar de ter apenas 2 parques eólicos em funcionamento a Mexican Wind Energy Association
prevê que o México possa chegar aos 3000 MW de capacidade instalada durante o período de
2006-2014. Uma das razões que fundamenta esta estimativa está relacionada com a aprovação
de uma lei que estabelece que até 2012, 8% da energia tem de ser de origem renovável
(excluindo a produção hídrica).
Na Austrália existe um dos melhores recursos eólicos do mundo. Contudo, o crescimento da
potência instalada no país durante 2007 foi de apenas 7 MW, chegando a um total de potência
instalada de 824 MW.
O principal incentivo para a produção eólica partiu do Mandatory Renewable Energy Target
(MRET), o qual definiu como objectivo uma produção de 9500 GWh de produção renovável em
2010 – um pouco acima de 1% das necessidades de energia eléctrica da Austrália.
O potencial de aproveitamento eólico de África encontra-se concentrado no norte e no sul do
continente, com um valor relativamente reduzido no centro.
No norte, os desenvolvimentos têm-se registado em Marrocos, com um crescimento em 2007 de
60 MW, e uma potência total instalada de 124 MW. O plano nacional de acção prevê a instalação
até 2010 de 600 MW. O país africano com maior sucesso é o Egipto onde vários parques eólicos
de grandes dimensões têm sido construídos na zona de Zafarana no Golfo do Suez.
Com 310 MW em finais de 2007, o governo Egípcio está a prever alcançar os 850 MW em 2010.
Durante o ano de 2007 foram instalados parques eólicos com uma potência total de 80 MW.
A possibilidade de instalação de aerogeradores no mar (offshore) abriu novos horizontes para a
produção eólica, especialmente nos países da Europa do norte. Para isto contribuiu a
disponibilidade de águas costeiras com baixas profundidades combinada com a facilidade de
encontrar no mar espaços para projectos muito maiores do que os que se podem encontrar em
terra.
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
10
A Dinamarca foi pioneira na instalação de parques eólicos offshore, tendo instalado o primeiro
parque eólico deste tipo no mar Báltico (Vinderby), a cerca de 2 km da costa, em 1991. A
constituição deste parque é composta por 11 aerogeradores com uma potência de 450 kW cada.
Actualmente, a Dinamarca tem instalado os dois maiores parques eólicos no mar – 160 MW em
Horns Rev no mar do norte e 158 MW em Nysted no mar Báltico.
A Alemanha tem também projectos de parques eólicos offshore para o mar do norte. Um estudo
do ministério do ambiente (BMU) estima que a produção offshore pode alcançar um valor entre
12000 e 15000 MW em 2020.
O Reino Unido está também na mesma linha, com 214 MW já instalados em 4 locais e mais
1000 MW com aprovação para mais 8 locais.
Outros parques eólicos offshore estão construídos ao longo das costas da Suécia e da Irlanda
com um total instado na Europa a alcançar os 680 MW no final de 2007. Mais parques eólicos
offshore estão em construção ou projectados para as costas de Holanda, Bélgica, França e
Espanha. Nos Estados Unidos da América estão a ser implantados alguns parques na costa
Este e no Texas.
Como perspectivas futuras, e considerando um cenário de referência [5], a instalação de parques
eólicos vai continuar a crescer a um ritmo de 15% ao ano até 2010, seguido de 10% até 2014.
Depois de 2014 existirá uma quebra, ficando o crescimento em 3% ao ano até 2031.
Como resultado, espera-se que até ao final desta década o valor acumulado da capacidade
mundial tenha alcançado os 113 GW. Em 2020, a capacidade global será superior a 230 GW e
em 2030 superior a 364 GW. No final do período do cenário, em 2050, a capacidade mundial
será maior do que 577 GW.
1.3 Âmbito e Motivação
Com base no que foi anteriormente referido fica bem patente a importância que a produção
eólica tem actualmente e que vai continuar a ter no panorama energético mundial.
Claro que volumes tão elevados de produção eólica, para além de terem inúmeras vantagens
provocam também alguns problemas técnicos.
Do ponto de vista técnico a produção de energia eléctrica explorando energia eólica apresenta
algumas dificuldades relativamente à sua integração na rede eléctrica. Entre estas podemos
destacar o facto de não ser despachável, a dificuldade da utilização dos parques eólicos para
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
11
proceder ao controlo de tensão e potência reactiva e o facto, de em geral, os conversores eólicos
não participarem no controlo de frequência. Por outro lado as tecnologias de conversão de
energia eólica são diferentes das soluções convencionais, apresentando uma menor robustez
quando ocorrem perturbações no sistema, tais como cavas de tensão. Estes problemas resultam
em parte do tipo de tecnologia utilizada nos aerogeradores.
Até há poucos anos, na grande maioria dos aerogeradores instalados, e caso surgisse um
defeito na rede eléctrica, estes teriam de ser desligados de forma a protegerem os seus
equipamentos.
Como exemplo apresenta-se na figura seguinte (Figura 1.3) o comportamento da tensão aos
terminais de um aerogerador assíncrono após a ocorrência de um curto-circuito. Pode-se
observar uma cava de tensão, permanecendo esta enquanto o curto-circuito não for eliminado.
Da Figura 1.3, pode ainda verificar-se o comportamento típico do aerogerador, sendo este
desligado devido à actuação da protecção de mínimo de tensão, saindo, desta forma, o
aerogerador de serviço. Esta situação não teria problemas significativos caso se tratassem
apenas de alguns aerogeradores, ou seja, de algumas dezenas de MW. No caso de ocorrer uma
súbita saída de serviço de grandes volumes de produção eólica vão existir claros problemas de
segurança de exploração em termos de regime estacionário e dinâmico que se materializam
fundamentalmente por aumentos dos trânsitos de potência nas linhas e em particular nas linhas
de interligação, variações de frequência e ainda abaixamento dos perfis de tensão. Todas estas
ocorrências podem levar a perdas de estabilidade e consequentemente levar ao colapso e/ou
isolamento do sistema.
Esta situação pode ser obviada através de soluções avançadas de controlo dos aerogeradores
e/ou através da injecção da potência reactiva, soluções que só agora começaram a ser
implementadas. Através da instalação de FACTS (Flexible AC Transmission Systems), por
exemplo STATCOM (Compensadores Síncronos Estáticos ou na literatura anglo-saxónica Static
Synchronous Compensator) é possível obter um comportamento da tensão aos terminais do
aerogerador conforme se apresenta na Figura 1.4, impedindo a sua saída de serviço.
Da análise da Figura 1.4, pode constatar-se que a contribuição em termos de suporte de tensão
por parte do STATCOM é significativa, evitando a actuação da protecção de mínimo de tensão.
É necessário também perceber como é que o fenómeno se propaga, como se controla, e quais
os problemas que daqui resultam, como por exemplo eventuais sobre-tensões originadas pelo
funcionamento dos STATCOM após a eliminação dos defeitos.
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
12
Figura 1.3 – Tensão aos terminais de uma máquina assíncrona após um curto-circuito.
Nos últimos anos já ocorreram incidentes, que provocaram situações particularmente críticas
com perdas de volumes significativos de produção eólica, veja-se o caso, por exemplo, da
situação que ocorreu na Alemanha em 2006. Esta situação recente reflecte bem qual o impacto
que um elevado volume de produção eólica pode ter no comportamento dinâmico de grandes
redes interligadas como é o caso da rede da Union for the Co-ordination of Transmission of
Electricity (UCTE).
Por estas razões, ultimamente tem havido uma maior preocupação por parte dos operadores do
sistema que passaram a ser mais exigentes em termos dos requisitos a impor aos
aerogeradores, nomeadamente no que se refere à capacidade de sobreviverem a cavas de
tensão.
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
13
Figura 1.4 – Tensão aos terminais de uma máquina assíncrona após um curto-circuito num cenário com STATCOM.
Foram assim definidas regras e requisitos especiais nos Manuais de Procedimentos de Rede (na
literatura anglo-saxónica Grid Codes - GC). Estas regras definem as características e os
comportamentos que os aerogeradores devem ter, por exemplo, numa situação em que surja um
curto-circuito na rede.
Veja-se o caso dos GC da Alemanha (E.ON), Irlanda (NG), Espanha (REE), Portugal (Concurso
para atribuição de capacidade de injecção de potência na rede do sistema eléctrico de serviço
público e pontos de recepção associados para energia eléctrica produzida em centrais eólicas”
promovido pela Direcção Geral de Geologia e Energia em Julho de 2005), para referir apenas
estes.
Para se conseguir dar cumprimento ao requerido pelos GC no que concerne à capacidade de
sobrevivência a cavas de tensão existem fundamentalmente duas soluções (excluindo a solução
de substituição da totalidade do aerogerador):
• Soluções intrínsecas aos aerogeradores;
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
14
• Soluções externas aos aerogeradores, para o caso dos aerogeradores já em
funcionamento e que não têm capacidade de sobrevivência a cavas de tensão.
No que diz respeito às soluções intrínsecas dos aerogeradores, os fabricantes têm procurado
que as suas máquinas apresentem comportamentos que satisfaçam os requisitos definidos pela
generalidade dos GC.
As soluções intrínsecas são soluções de controlo complexas, que envolvem a utilização da
protecção crowbar-activo, o controlo de pitch e/ou a injecção de potência reactiva, por exemplo
[9].
Em relação às soluções externas aos aerogeradores é possível optar pela tecnologia dos
FACTS, ou seja, SVC (Compensadores Estáticos ou na literatura anglo-saxónica Static Var
Compensator), STATCOM ou DVR (na literatura anglo-saxónica Dynamic Voltage Restorer), por
exemplo [10-13].
Esta solução, quando comparada com a anterior, apresenta-se como um boa solução quando
somos confrontados com a realidade da existência de inúmeros parques eólicos que foram
instalados e colocados em serviço antes de serem conhecidos os requisitos agora impostos
pelos GC.
Assim, este trabalho de investigação tem os seguintes objectivos:
• Identificar soluções técnicas externas aos aerogeradores que permitam assegurar a
sua manutenção em operação no caso da ocorrência de cavas de tensão, de acordo
com os requisitos definidos nos GC;
• Identificar os cenários de operação críticos e as soluções tecnológicas de
compensação mais eficazes no tratamento do problema;
• Desenvolver procedimentos que permitam minimizar o volume global da potência
dos equipamentos de compensação externos e a sua localização na rede, com o
objectivo de minimizar a perda de produção eólica e evitar o colapso do sistema.
Portanto, este trabalho visa analisar problemas da segurança dinâmica de exploração das redes
eléctricas interligadas, em cenários de grande volume de produção eólica.
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
15
O desenvolvimento deste trabalho implicou ainda um esforço significativo relativamente à
utilização de modelos adequados para representar o comportamento dinâmico dos principais
tipos de aerogeradores de modo a que estes permitissem incorporar as capacidades de
sobrevivência a cavas de tensão. Relativamente aos aerogeradores de velocidade variável, e
devido a estar fora do âmbito deste trabalho, não foram consideradas em detalhe as
modelizações finas dos sistemas de controlo e que lhes permitem sobreviver a cavas de tensão.
De referir que a rede utilizada para o desenvolvimento deste trabalho foi a rede interligada da
Península Ibérica (Portugal/Espanha) com as suas interligações com França e Marrocos. Com
efeito os problemas da segurança dinâmica do tipo sob análise, que ocorrem em redes com
reduzida capacidade de interligação com a rede principal, são particularmente criticas podendo
conduzir ao colapso do sistema conforme se descreve nesta tese.
Nesta tese optou-se por recorrer por vezes a designações anglo-saxónicas quando se fazem
referências a determinados dispositivos, equipamentos e sistemas de controlo, por serem essas
as designações mais correntes.
1.4 Estrutura da tese
Para além deste capítulo, onde é feita uma introdução ao trabalho realizado nesta tese, existem
mais 6 capítulos.
O CAPITULO 2 faz a caracterização do problema em estudo. No início há uma breve introdução
aos problemas associados ao comportamento dinâmico de rede com elevada integração de
produção eólica. Posteriormente é efectuado um levantamento dos principais tipos construtivos
de aerogeradores e é abordado com maior ênfase as suas qualidades/defeitos em relação aos
problemas de estabilidade sob análise. A análise de diferentes GC foi também realizada para se
avaliar o grau de exigência requerido face às redes.
As soluções técnicas que podem mitigar os problemas analisados são também abordadas. Esta
abordagem é feita de duas formas: primeiro para os casos em que a solução preconizada é
intrínseca do próprio aerogerador e em segundo lugar para o caso da solução ser externa aos
aerogeradores.
O CAPITULO 3 refere-se aos modelos dos componentes mais relevantes para o problema em
análise e que são: aerogeradores de velocidade fixa (assíncronos convencionais), aerogeradores
de velocidade variável (síncronos e de indução duplamente alimentados) e FACTS. Aborda
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
16
também a definição de cenários e situações que permitam identificar condições de insegurança
procurando identificar soluções técnicas que os permitam mitigar.
O CAPITULO 4 analisa quais os efeitos do aparecimento de um curto-circuito em redes
interligadas com uma elevada integração de produção eólica. Esta análise é efectuada para
várias situações de estudo. É dada especial ênfase á rede portuguesa, sendo no entanto
analisada num contexto ibérico.
O CAPITULO 5 aborda aos procedimentos de identificação da solução óptima e toda a
metodologia adoptada nesta tese. A utilização de uma meta-heurística como ferramenta de
optimização é abordada.
No CAPITULO 6 são apresentadas as simulações efectuadas, os respectivos resultados e sua
análise. É feita uma análise às diferentes situações de estudo e os problemas de estabilidade e
as perdas de grandes volumes de produção eólica merecem especial atenção.
Por fim no CAPITULO 7 apresentam-se as conclusões desta tese assim como as perspectivas
para o trabalho futuro.
São ainda apresentados 3 apêndices. O Apêndice A - Rede de teste, onde é feita referência aos
parâmetros utilizados nas simulações utilizando a rede de teste, o Apêndice B - Modelos
Dinâmicos Desenvolvidos, onde é feita referência aos modelos dinâmicos utilizados na
elaboração das situações de estudo e que foram especialmente desenvolvidos para este
trabalho e por último o Apêndice C – Modelos Dinâmicos Standard, onde são apresentados os
modelos dinâmicos utilizados e que fazem parte da livraria do programa de simulação utilizado o
PSS/E.
17
CAPITULO 2 SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO –
SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
19
2.1 Introdução
O problema da segurança dinâmica de grandes redes interligadas com uma elevada integração
de produção eólica apresenta-se como uma questão de extrema importância, principalmente
porque em determinadas situações pode dar-se o colapso do sistema após a ocorrência de um
curto-circuito [14-17].
Com efeito, o comportamento dinâmico dos aerogeradores perante curto-circuitos está
relacionado com a tecnologia de que estão munidos. Ao abordamos estas questões deparamo-
nos com o facto de estarem já em funcionamento diferentes tipos de tecnologias. Assim quando
nos referimos aos aerogeradores já instalados no terreno, há 3 soluções possíveis para melhorar
o seu comportamento perante defeitos na rede:
• Introduzir melhorias tecnológicas e de controlo no aerogerador;
• Substituir o aerogerador por outro de tecnologia mas recente;
• Ou ainda utilizar equipamentos externos de forma a fornecer-lhes capacidade de
sobrevivência a cavas de tensão.
A opção de introduzir melhorias tecnológicas e de controlo nos aerogeradores seria, em
principio, a solução mais racional. No entanto, como a maioria dos aerogeradores, que seriam
alvo desta alteração, ainda não atingiram o limite de vida útil e como a substituição dos sistemas
é uma tarefa algo demorada e complexa, não se pode considerar como uma opção muito
exequível. A substituição dos aerogeradores, e considerando, para além das razões
anteriormente apresentadas, o custo total dos aerogeradores, também não se pode considerar
como uma opção muito viável em termos económicos. Recorrer a soluções externas aos
aerogeradores é sem dúvida uma opção válida, até porque neste caso a instalação dos
equipamentos pode ser feita por parque ou por sub-estação e não de uma forma individual como
nas opções referidas anteriormente. Foi esta última opção norteou o trabalho efectuado.
Ocorre que os aerogeradores têm, em geral, relés de mínimo de tensão regulados para valores
de tensão relativamente altos, 0,8 a 0,85 p.u.. Este valor está relacionado com as exigências de
protecção dos equipamentos que constituem o aerogerador, uma vez que a sua permanência em
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
20
operação durante o defeito vai traduzir-se em acréscimos de fadigas térmicas e mecânicas
indesejáveis.
Este valor de regulação depende, no entanto, das características de cada equipamento, sendo
por isso definido pelo próprio fabricante [14].
Na prática, a perda de grandes volumes de produção eólica traduzir-se-á em vários
problemas[18, 19]:
• Problema da estabilidade de frequência;
• Problema de estabilidade associado à perda de sincronismo com a rede interligada;
• Problemas de sobrecargas nas linhas de interligação.
Uma vez que esta tese aborda os problemas de comportamento dinâmico da rede ibérica, é fácil
compreender que no caso de perda de um grande volume de produção eólica as duas redes, a
Portuguesa e a Espanhola, serão afectadas. Através da aplicação do teorema do valor final [20]
é possível obter as variações finais da frequência e da potência nas linhas de interligação.
Assim, e dado que o estatismo da área externa (Espanha) à área da rede eléctrica onde ocorreu
a perda de produção (Portugal) é claramente inferior devido ao grande volume de produção
convencional existente nessa área, facilmente se demonstra que essa mesma área contribui com
um maior valor de produção de energia, de modo a colmatar a perda de produção eólica que se
verificou. Aliás, a interligação das redes eléctricas tem com uma das suas principais vantagens a
colaboração entre as redes em situações de emergência nomeadamente aquando da perda de
geradores e/ou de linhas de transporte.
Os TSOs, apercebendo-se desta situação começaram assim a exigir que os aerogeradores
tivessem capacidade de sobrevivência a cavas de tensão e de injecção de potência reactiva,
impondo-lhe requisitos de dois tipos que se traduzem em curvas tipo. O primeiro destes
requisitos tem a ver com a própria sobrevivência às cavas de tensão, sendo que o outro requisito
tem a ver com a injecção de potência reactiva durante uma perturbação. Tal é solicitado porque
se os aerogeradores tiverem capacidade de injectar potência reactiva durante as perturbações
contribuem para o suporte dos perfis de tensão da rede.
Por seu lado, a comunidade científica, tem vindo trabalhar em colaboração com os TSOs e com
os fabricantes de aerogeradores/equipamentos (na implementação de estratégias que garantam
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
21
maiores níveis de robustez no sistema). Pretende-se com estas melhorias que a perda de
produção eólica seja minimizada, o que ao acontecer implicará um menor impacto no
comportamento dinâmico das redes eléctricas.
2.2 Sistemas dos aerogeradores
O princípio de funcionamento de um aerogerador abrange dois processos de conversão, os
quais são levados a cabo pelos seus principais componentes: o rotor que extrai energia cinética
do vento e a converte em binário mecânico e o gerador eléctrico que converte este binário em
electricidade e alimenta a rede eléctrica. Este princípio geral de funcionamento está
demonstrado na Figura 2.1.
Figura 2.1 – Princípio geral de funcionamento dos aerogeradores.
Embora o princípio de funcionamento de um aerogerador pareça simples, trata-se de um sistema
complexo em que o conhecimento da aerodinâmica e a engenharia mecânica, eléctrica, e de
controlo são aplicadas. Actualmente, existem três tipos principais de aerogeradores disponíveis,
os quais podemos encontrar na rede ibérica. As principais diferenças entre estes verificam-se ao
nível do gerador e ao modo como a eficiência aerodinâmica do rotor é limitada durante
velocidades do vento acima do valor nominal com o objectivo de impedir sobrecargas [21].
Quanto ao sistema do gerador utilizado, a quase globalidade dos aerogeradores instalados
utiliza um dos seguintes sistemas (Figura 2.2):
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
22
• Gerador de indução com rotor em curto-circuito (na literatura anglo-saxónica – Fixed
Speed Induction Generator – FSIG), designados nesta tese por IG;
• Gerador de indução duplamente alimentado (na literatura anglo-saxónica – Doubly Fed
Induction Generator – DFIG), designados nesta tese por DFIG;
• Gerador síncrono de velocidade variável (na literatura anglo-saxónica – Direct Drive
Synchronous Machine - DDSM) designados nesta tese por SIN.
Figura 2.2 – Sistemas dos aerogeradores: Gerador de indução com rotor em curto-circuito (em cima), Gerador de indução duplamente alimentado (ao meio), e Gerador síncrono de velocidade variável (em
baixo)[22].
O primeiro sistema é o mais antigo. Consiste num gerador de indução com rotor em curto-circuito
ligado directamente à rede. O deslizamento, e consequentemente a velocidade do rotor, dum
gerador de indução com rotor em curto-circuito varia com a potência gerada. As variações da
velocidade do rotor são no entanto pequenas, o que faz com que seja habitualmente classificado
como tendo um funcionamento com velocidade fixa. Deve-se mencionar que os geradores de
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
23
indução com rotor em curto-circuito usados em aerogeradores podem frequentemente funcionar
a duas velocidades diferentes (mas constante) mudando o número dos pólos do enrolamento do
estator.
Um gerador de indução com rotor em curto-circuito consome sempre energia reactiva sendo esta
compensada em parte ou inteiramente por baterias de condensadores com a finalidade de se
conseguir um factor de potência próximo da unidade.
Os outros dois sistemas geradores descritos na Figura 2.2 são considerados de velocidade
variável. Estes são usados em turbinas de velocidade variável.
Para permitir a operação em velocidade variável, a velocidade mecânica do rotor e a frequência
eléctrica da rede devem ser desacopladas. Para isto ser possível tem de se recorrer à
electrónica de potência. No gerador de indução duplamente alimentado o conversor back-to-back
da fonte da tensão alimenta os enrolamentos trifásicos do rotor. Desta maneira, a frequência
mecânica e eléctrica do rotor são desacoplados e a frequência eléctrica do estator e do rotor
podem mudar, independentemente da velocidade mecânica do rotor. No gerador síncrono, este
é desacoplado completamente da rede por um conversor electrónico ligado ao enrolamento do
estator. Visto da rede, este conversor é uma fonte de tensão.
O gerador síncrono de velocidade variável é excitado usando uma excitatriz ou ímanes
permanentes.
Na Figura 2.3, é apresentado um desenho técnico da cabine de um aerogerador com uma caixa
de velocidades e gerador de indução (de rotor em curto-circuito ou duplamente alimentado)
enquanto que na Figura 2.4 é apresentado um desenho técnico da cabine de um aerogerador
síncrono de velocidade variável com acoplamento directo, ou seja, sem caixa de velocidades.
À parte destes três principais tipos de aerogeradores, existem algumas outras variantes. Uma é
o sistema com velocidade semi-variável. Numa turbina com velocidade semi-variável, é utilizado
um gerador de rotor bobinado, em que as resistências do rotor podem ser comutadas através de
electrónica de potência.
Mudando a resistência do rotor, a característica binário/velocidade do gerador é deslocada e
desta forma pode ser possível ter aumentos transitórios da velocidade do rotor até 10% da sua
velocidade nominal. Neste sistema de produção, é possível ter uma capacidade limitada da
variação da velocidade alcançada a um custo relativamente baixo.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
24
1- Cabine 2- Permutador de calor 3- Gerador 4- Painel controlo 5- Main frame 6- Suportes anti-vibração
7- Travão hidráulico 8- Caixa de velocidades 9- Suportes anti-vibração 10- Mecanismo de orientação direccional (Yaw Drive) 11- Mecanismo de orientação direccional (Yaw Drive)
12- Veio do rotor 13- Radiador de óleo 14- Mecanismo de controlo do ângulo de passo (Pitch Drive) 15- Hub do rotor 16- Tampa do Hub
Figura 2.3 – Aerogerador com caixa de velocidades [23].
1- Mecanismo de orientação direccional (Yaw Drive) 2- Controlo 3- Excitação
4- Rectificador 5- Estator (Gerador) 9- Rotor (Gerador)
Figura 2.4 – Aerogerador de acoplamento directo (sem caixa de velocidades) [24].
No que diz respeito ao controlo da eficiência do rotor este pode ser do tipo stall, activo ou
passivo ou ainda do tipo pitch ou seja através da alteração do ângulo de passo.
2.3 Comportamento dos Aerogeradores durante Curto-Circuitos
O comportamento dinâmico dos aerogeradores, na sequência de um curto-circuito na rede,
apresenta-se como um dos principais pontos de interesse e análise no contexto desta tese. Com
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
25
efeito, e considerando o objectivo central deste trabalho, é necessário ter um conhecimento
detalhado da forma como cada tecnologia se comporta aquando da ocorrência de um curto-
circuito.
2.3.1 Comportamento dos geradores de indução
Os aerogeradores equipados com geradores de indução convencionais têm como principal
característica a simplicidade de construção aliada a uma grande robustez. A sua principal
desvantagem reside no facto de o seu controlo ser bastante reduzido. Este está focado na
aerodinâmica das pás que equipam o aerogerador. Para aerogeradores de potências reduzidas
(inferiores a 1 MW) é efectuado um controlo aerodinâmico denominado por stall passivo. Este
controlo serve para proteger o aerogerador sempre que a velocidade do vento atinge valores
elevados (superiores de 22 m/s). Relativamente aos aerogeradores equipados com geradores
com potências superiores a 1 MW, tipicamente é utilizado o controlo de stall activo.
Estes aerogeradores funcionam numa margem de velocidade angular muito pequena. Esta
margem é definida em função do deslizamento do gerador assíncrono, e que tipicamente tem
variações entre 1 e 2% relativamente ao deslizamento nominal.
Os aerogeradores equipados com geradores assíncronos convencionais apresentam como um
dos principais problemas de funcionamento o facto de necessitarem de um elevado valor de
potência reactiva para funcionarem [25, 26]. Este fenómeno é mais evidente na fase de
recuperação que acontece após um curto-circuito na rede eléctrica onde está ligado. Embora a
estes aerogeradores esteja sempre associada uma bateria de condensadores para efectuar a
compensação de parte da potência reactiva requerida pelo gerador em funcionamento normal,
esta não tem capacidade suficiente para atenuar o elevado valor de potência reactiva que é
necessária após a eliminação do curto-circuito e contribuir para o melhoramento dos valores dos
níveis das tensões aos terminais do gerador. Como consequência a potência reactiva necessária
terá de ser absorvida da rede eléctrica onde o aerogerador está ligado.
Devido a este comportamento os aerogeradores equipados com geradores de indução
convencionais são desligados da rede através da actuação dos relés de mínimo de tensão ou
pela actuação da protecção de máximo de velocidade. Na verdade, a queda de tensão aos
terminais do gerador assíncrono convencional provoca uma repentina redução do binário
electromagnético e como consequência um aumento da velocidade do gerador. Logo que o
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
26
defeito é eliminado o gerador absorve potência reactiva da rede eléctrica de modo a satisfazer as
necessidades dos seus circuitos magnéticos.
Portanto, quando dispomos de vários aerogeradores equipados com geradores de indução
convencional agrupados num ou vários parques eólicos, a perda da sua produção na sequência
de um defeito na rede eléctrica pode originar problemas graves de estabilidade.
2.3.2 Comportamento dos geradores de indução duplamente
alimentados
Os aerogeradores equipados com geradores assíncronos duplamente alimentados funcionam a
velocidade variável devido a recorrerem a conversores electrónicos de potência. Estes
conversores têm uma potência de aproximadamente 25% da potência nominal do gerador.
Um dos problemas mais graves que os curto-circuitos podem originar nos geradores de indução
duplamente alimentados, está relacionado com os efeitos que estes têm nos conversores
electrónicos inseridos no rotor do gerador. O condensador existente no link DC é também um
componente que pode sofrer consequências graves devidas ao aumento da tensão do link DC
provocada pelo aumento das correntes no rotor do gerador. Assim, o comportamento dos
geradores de indução duplamente alimentados durante os curto-circuitos está relacionado,
principalmente, com a necessidade de protecção dos seus equipamentos. Estes geradores
reagem também à cava de tensão brusca que se segue ao aparecimento do curto-circuito
através da actuação da malha de controlo de velocidade, que tende a seguir o balanço de
potência, mantendo a estabilidade e contribuindo para a recuperação da tensão.
Em relação à potência reactiva injectada pela máquina, esta sofre um aumento brusco no
instante do curto-circuito, voltando ao seu valor inicial alguns segundos após a eliminação do
defeito [27].
2.3.3 Comportamento dos geradores síncronos
No caso dos aerogeradores equipados com geradores síncronos de velocidade variável, o
cenário é diferente, visto que estes além de terem um princípio de funcionamento diferente têm a
“colaboração” da electrónica de potência de forma a poderem controlar o seu funcionamento. Os
conversores estáticos utilizados nestes geradores proporcionam um controlo independente da
potência reactiva e activa, uma vez que, a sua presença desacopla totalmente o gerador da rede
eléctrica a que está ligado, embora o problema dependa também das características da rede. De
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
27
salientar que o comportamento apresentado pelos aerogeradores equipados com máquinas
síncronas de velocidade variável está muito dependente das filosofias de controlo utilizadas [27].
2.4 Manuais de Procedimentos da Rede
A progressiva integração nas redes eléctricas de fontes de produção independentes e não
sujeitas a despacho, explorando energias renováveis com carácter de intermitência e utilizando
sistemas de conversão de energia não convencionais, tem vindo a exigir que se definam com
clareza as condições de acesso destes produtores às redes eléctricas e a forma de garantir os
elevados padrões de segurança de exploração que caracterizam o funcionamento do sistema
eléctrico de energia.
Neste contexto, grande número de TSO têm vindo a realizar/actualizar os GC já existentes e a
definir requisitos adicionais para as novas unidades de produção, tendo em conta a
especificidade dos novos sistemas de conversão de energia, nomeadamente no caso dos
aerogeradores.
A actualização dos GC em face desta nova realidade visa assegurar que os novos produtores
forneçam a informação necessária para caracterizar o funcionamento dos seus equipamentos de
produção, permitindo também ao TSO efectuar estudos de planeamento de exploração.
A definição das condições de ligação às redes, tendo em conta a necessidade de assegurar a
robustez de operação do sistema é também um aspecto considerado.
O estabelecimento dos requisitos técnicos que as unidades de produção devem satisfazer
quando ligadas sobre o sistema, quer em condições normais de exploração quer em condições
de perturbação é também objecto de tratamento.
As condições de funcionamento da rede no ponto de interligação referem-se ao Factor de
Potência, ao Controlo da Frequência, ao Comportamento durante um Curto-circuito e à Gama de
Frequências de operação.
Com o aumento da utilização de geradores assíncronos, essencialmente em pequenos
aproveitamentos eólicos, a realidade do sistema eléctrico foi sendo alterada. Mais recentemente,
e devido ao desenvolvimento tecnológico no domínio da energia eólica, os geradores utilizados
passaram a explorar sistemas de conversão baseados em electrónica de potência, quer
associando-se a máquinas de indução quer em conjunto com geradores síncronos de velocidade
variável. Estes sistemas apresentam algumas debilidades, nomeadamente em face de
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
28
perturbações no sistema, que resultam em parte de características intrínsecas dos dispositivos
de electrónica de potência, exigindo uma atenção especial no tratamento dos correspondentes
GC.
Nas secções seguintes descrevem-se aspectos mais relevantes relativos às condições de
operação exigidas à produção eólica, conforme definido nos procedimentos de rede de
operadores de sistema de alguns países Europeus e de outros continentes, dando especial
ênfase às características de controlo dos aerogeradores na sequência de defeitos na rede.
2.4.1 Alemanha
A Alemanha como pais pioneiro e líder mundial em produção eólica foi também um dos primeiros
países onde os seus operadores de sistema estabeleceram, ajustadas às novas realidades do
sistema eléctrico, o GC. O primeiro de todos, o GC da E.ON tem mesmo servido como referência
à elaboração de outros GC, assim como tem sido utilizado pelos fabricantes de aerogeradores
para definirem as capacidades dos seus equipamentos [28, 29].
Existem no entanto outros GC na Alemanha uma vez que existem 4 operadores do sistema
(Figura 2.5).
1- EnBW Transportnetz AG
2- E.ON Netz GmbH
3- RWE Transportnetz Strom GmbH
4- Vattenfall Europe Transmission GmbH (VE-T)
Figura 2.5 – Áreas referentes aos diferentes TSOs existentes na Alemanha.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
29
A Associação Alemã dos operadores da rede de transmissão (VDN) elaborou um documento
onde constam os principais requisitos relacionados com as energias renováveis e que se aplicam
a todos os operadores [30].
Nas secções seguintes são apresentados os principais requisitos que se encontram relacionados
com a produção eólica.
2.4.1.1 Regulação dos relés de tensão
Contrariamente ao que existia definido anteriormente, na regulamentação actual, os
aerogeradores devem estar disponíveis para permanecerem ligados à rede durante e após a
ocorrência de um defeito na rede.
O novo GC define que o valor mais baixo da tensão permitido aos terminais do gerador é de 30%
da tensão nominal. Assume ainda que as tensões no ponto de ligação à rede, neste caso,
podem chegar a valores de aproximadamente 15% da tensão nominal (Figura 2.6) [30].
Figura 2.6 – Regulação dos relés de mínimo e máxima tensão (Uc refere-se à tensão em MT e UNS = Uc/a em que a é a relação de transformação do transformador de BT)
2.4.1.2 Gama de frequências permitida
A gama de frequências na qual os aerogeradores devem de estar disponíveis para trabalhar
situa-se entre 47,5 e 51,5 Hz. Na Figura 2.7 e Figura 2.8 estão representadas a redução de
potência activa permitida (a) e a gama de valores da tensão (b) em relação à frequência.
Os aerogeradores devem também estar preparados para funcionar com diferentes factores de
potência, nos modos de sobre-exitados assim com sub-excitados.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
30
As figuras seguintes mostram a gama de funcionamento requerida em função da frequência da
rede do operador VE-T, dependendo do valor da tensão no lado da rede (Figura 2.7) e da
potência activa (Figura 2.8). Devido às diferenças, na topologia e cargas, das diferentes redes os
TSO podem definir valores com algumas diferenças.
Figura 2.7 – Requisitos de funcionamento – Potência activa / frequência da rede.
Figura 2.8 – Requisitos de funcionamento – Tensão da rede / frequência da rede.
2.4.1.3 Potência reactiva
Os aerogeradores devem ter capacidade para trabalhar com diferentes factores de potência, ou
seja, podem funcionar sobre-excitados ou sub-excitados. A Figura 2.9 mostra a gama do factor
de potência em função da tensão da rede onde o parque eólico está ligado, exigida pelo
operador VE-T. Devido às especificidades das redes os operadores podem apresentar algumas
diferenças neste requisito.
A forma como a potência reactiva é produzida não está especificada, podendo esta ser obtida
pelos próprios aerogeradores ou através de baterias de condensadores instaladas junto de cada
aerogerador ou recorrendo a bancos de condensadores situados em cada parque eólico.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
31
Os aerogeradores são apenas solicitados para fornecerem potência reactiva de uma forma
contínua entre a entrada dos vários escalões de compensação. Contudo, escalões que
provoquem um aumento de potência reactiva superior a 2,5% da capacidade de transmissão na
rede de 110kV e 5% na de 22/380kV não são permitidos.
Figura 2.9 – Gama de funcionamento em função da Tensão e do Factor de Potência.
2.4.1.4 Limites dos valores da tensão
De acordo com este GC, os aerogeradores devem ficar ligados durante a permanência de
defeitos na rede. Este requisito tornou-se fundamental para evitar a perda de milhares de MW de
produção eólica, como anteriormente foi referido. A definição deste requisito é considerada um
aspecto de grande relevância, pois o seu cumprimento vem evitar a perda de produção eólica
nas zonas de rede que não estejam muito próximas electricamente do local do defeito.
Na Figura 2.10 está representado o gráfico com os limites de tensão no ponto de interligação à
rede durante e após um defeito. Aos terminais dos aerogeradores a queda de tensão pode ser
inferior devido ao valor suportado pelo aerogerador. Esta curva é designada na literatura anglo-
saxónica de Ride Through Fault Capability (RTFC), ou seja, curva de sobrevivência a cavas de
tensão.
Para terem capacidade de suporte de tensão os aerogeradores têm de ter capacidade de
produção de potência reactiva mesmo quando as tensões aos terminais apresentam valores
muito baixos, na sequência da ocorrência de um curto-circuito na rede. Assim, os aerogeradores
devem ter capacidade de entregar corrente reactiva ao sistema de acordo com o indicado na
Figura 2.11.
.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
32
Figura 2.10 – Limites de tensão no ponto de interligação à rede durante e após um defeito na rede.
Figura 2.11 – Injecção de corrente reactiva pelos aerogeradores.
Numa pequena banda de 10% à volta do regime estacionário de tensão, não estão definidos
quaisquer requisitos. A resposta do sistema de conversão de energia eólica deverá ocorrer
dentro de um intervalo de 20ms. O regresso ao funcionamento normal é permitido passados 3s,
após a eliminação dos defeitos na rede, o que corresponde ao limite inferior da Figura 2.10.
2.4.2 Irlanda
O sistema de transporte de energia eléctrica Irlandês tem apenas um TSO, a Ireland’s National
Grid (EIRGRID). Este também já definiu um GC especificamente para a produção eólica [31].
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
33
2.4.2.1 Low-voltage ride through
A EIRGRID definiu a sua própria curva de capacidade de sobrevivência a cavas de tensão, tal
como se pode constatar na Figura 2.12 [31].
Figura 2.12 – Curva de sobrevivência a cavas de tensão da EIRGRID.
Esta curva de RTFC é bastante semelhante à curva da E.ON, diferindo no instante de tempo a
partir da qual o limite inferior deixa de ser 15%.
2.4.2.1.1 Potência reactiva e controlo de tensão
O GC (genérico) especifica as gamas de tensão do sistema, a capacidade de produção de
potência reactiva dos geradores, a regulação automática da tensão, os requisitos do
transformador, do gerador e a qualidade da tensão. Para os aerogeradores, os pontos que foram
considerados dizem respeito aos requisitos relativos à produção de potência reactiva, ao impacto
da produção eólica na potência reactiva e no controlo da tensão e ainda a necessidade de
clarificar os requisitos do transformador do aerogerador.
Assim foi adoptada a gama de factor de potência apresentado na Figura 2.13.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
34
Figura 2.13 – Capacidade de injecção de Potencia Reactiva de um aerogerador.
Tal significa que os parques eólicos deverão ser capazes de funcionar, em qualquer momento,
dentro das escalas do factor de potência ilustradas na Figura 2.13 (0,95 Cap. – 0,95 Ind. para
uma produção de 100% e 0,835 Cap. – 0,835 Ind. para uma produção de 50%), segundo a
medição feita no lado da baixa tensão do transformador ligado à rede, para qualquer valor de
tensão no ponto de entrega.
2.4.2.2 Gama de frequência e Controlo de Frequência
Todos os geradores devem ter a capacidade de permanecer sincronizados, no caso da produção
convencional e ligados no caso da produção eólica, à rede de transmissão com frequências
numa gama de 47,5 Hz a 52 Hz para períodos de pelo menos 60 minutos e 20 segundos para
frequências na gama de 47 Hz a 47,5 Hz.
O sistema necessita que os geradores tenham capacidade de participação na regulação de
frequência. Este serviço tem sido tradicionalmente desempenhado pela produção térmica
convencional. Contudo, à medida que a produção eólica vai substituindo parte da produção das
centrais térmicas, os aerogeradores devem também participar na regulação de frequência.
Os requisitos para o controlo de frequência estão definidos numa curva Potência-Frequência
(Figura 2.14).
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
35
Figura 2.14 – Curva de resposta Potência-Frequência
Cada parque eólico terá duas curvas de controlo Potência-Frequência. Os valores de regulação
destas curvas (A, B, C e D) podem variar de parque para parque, no entanto têm que ser
validadas pelo TSO. Para obter os valores de cada curva, factores como penetração da
produção eólica no sistema e a localização do parque eólico são tidos em consideração.
O comportamento da potência activa está também definido neste GC. Cada parque eólico
deverá ser capaz de aceitar um novo set-point de potência activa por parte do TSO e
implementar as necessárias mudanças para diminuir a potência activa injectada no ponto de
entrega. Caso a frequência diminua quando o parque está a reduzir a potência activa injectada,
este pode voltar a aumentar até ao valor definido na curva de resposta Potência-Frequência.
2.4.3 Espanha
Em Espanha, existe desde o dia 24 de Outubro de 2006 o Procedimento de Operação 12.3 (P.O.
12.3). Este procedimento, intitulado “Requisitos de respuesta frente a huecos de tensión de las
instalaciones eólicas” define os requisitos que os aerogeradores devem cumprir aquando do
aparecimento de cavas de tensão [32, 33].
Estes procedimentos aplicam-se a todos os parques eólicos que venham a ser instalados depois
de Janeiro de 2007 ficando os parques eólicos existentes sujeitos a procedimentos transitórios.
2.4.3.1 Resposta a Curto-circuitos
O operador do parque está obrigado a medidas de projecto e/ou controlo necessárias para que
todos os aerogeradores sob a sua responsabilidade se mantenham ligadas à rede eléctrica, sem
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
36
serem desligados devido ao aparecimento de cavas de tensão directamente associadas à
existência de curto-circuitos.
A própria instalação de produção e todos os seus componentes deverão ser capazes de
suportar, sem se desligarem, cavas de tensão, no ponto de ligação à rede, originados por curto-
circuitos trifásicos, bifásicos à terra ou monofásicos, com o perfil e amplitude indicados na Figura
2.15. Portanto, não serão desligados da instalação para cavas de tensão no ponto de ligação à
rede incluídos na área a sombreado mencionada na Figura 2.15.
U/Un
0,3
0,1
0,5
0,4
0,2
0,9
0,8
0,7
0,6
1,0
0,0 0,5 1,0 15 16 t(s)
0.95
…………….
Figura 2.15 – Curva de tensão-tempo que define a área da cava de tensão no ponto de ligação à rede que deve ser suportado pela rede. Tensão fase-terra às fases com defeito [34].
No caso da ocorrência de curto-circuitos bifásicos isolados da terra, a área a sombreado da cava
de tensão onde não deverá existir saída de serviço dos aerogeradores será semelhante à
apresentada na Figura 2.15 (a tracejado), mas o valor limite inferior da tensão será 0,6 p.u. em
vez de 0,2 p.u..
Os tempos de recuperação do sistema eléctrico representado na Figura 2.15 verificam-se,
geralmente, para uma produção eólica inferior a 5% da potência de curto-circuito no ponto de
ligação à rede. No caso de se limitar a produção eólica, a curva apresentada na Figura 2.15
deverá ser modificada de tal forma que os parques eólicos suportem cavas de tensão de maior
profundidade.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
37
2.4.3.1.1 Curto-circuitos equilibrados (trifásicos)
Durante o curto-circuito e durante o período de recuperação após a eliminação do defeito, não
poderá existir no ponto de ligação à rede, consumo de potência reactiva por parte do parque
eólico.
Não obstante o referido anteriormente, admitem-se consumos pontuais de potência reactiva
durante os 150 ms imediatamente posteriores ao início do defeito e 150 ms imediatamente após
a eliminação do defeito, e sempre que aconteçam as seguintes condições:
• Durante um período de 150 ms após o aparecimento do defeito, o consumo de
potência reactiva do parque, em cada ciclo (20 ms) não deverá ser superior a 60%
da potência nominal registada;
• Durante os primeiros 150 ms desde que se eliminou o defeito o consumo de energia
reactiva não deverá ser superior a 60% da sua potência nominal e o consumo de
corrente reactiva do parque, em cada ciclo (20 ms), não deverá ser superior a 1,5
vezes a intensidade correspondente à sua potência nominal registada.
De forma paralela, tanto durante o período de duração do defeito, como durante o período de
recuperação da tensão posterior à eliminação da mesma, não poderá existir no ponto de ligação
à rede, consumo de potência activa por parte do parque. Não obstante o anterior, neste caso
admite-se também a existência de consumos pontuais de potência activa durante os 150 ms
imediatamente posteriores ao início do defeito e dos 150 ms imediatamente posteriores à
eliminação do mesmo. Também são admitidos consumos de potência activa durante o resto do
defeito, sempre que não sejam superiores a 10% da sua potência nominal registada.
Tanto durante o período do defeito como durante o período de recuperação da tensão posterior à
eliminação do mesmo, o parque deverá fornecer ao sistema eléctrico a máxima intensidade de
corrente possível.
Esta contribuição por parte do parque ao sistema eléctrico efectuar-se-á de forma que o ponto de
funcionamento da instalação se localize dentro da área sombreada da Figura 2.16, antes de
decorridos 150 ms desde o início do defeito ou desde o instante de eliminação do defeito. Assim,
para tensões inferiores a 0,85 p.u., no ponto de ligação à rede, a instalação deverá produzir
potência reactiva, enquanto que para tensões compreendidas entre 0,85 p.u. e o valor da tensão
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
38
mínima admissível para o funcionamento normal do sistema eléctrico, a instalação não deverá
consumir potência reactiva. Para valores de tensão superiores à tensão mínima admissível em
funcionamento normal aplica-se o estabelecido nos procedimentos de operação para o dito
funcionamento normal.
Figura 2.16 – Área de funcionamento admissível durante os períodos de defeito e de recuperação da tensão, em função da tensão no ponto de ligação à rede.
2.4.3.1.2 Curto-circuitos desequilibrados (monofásicos e bifásicos)
Foram também definidos requisitos para situações de curto-circuitos desequilibrados. Assim,
tanto durante o período de duração do defeito, como durante o período de recuperação de
tensão posterior à eliminação do mesmo, não poderá existir no ponto de ligação à rede,
consumo de potência reactiva por parte do parque. Não obstante o anterior, admite-se consumos
pontuais de potência reactiva durante os 150 ms imediatamente posteriores ao início do defeito e
nos 150 ms imediatamente posteriores à eliminação do mesmo. Adicionalmente permitem-se
consumos transitórios durante o resto do defeito sempre que se cumpram as seguintes
condições:
• O consumo de energia reactiva da instalação não deverá ser superior à energia
reactiva equivalente a 40% da potência nominal registada na instalação durante um
período de 100 ms;
• O consumo de potência reactiva da instalação, em cada ciclo (20 ms), não deverá
ser superior a 40% da sua potência nominal registada.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
39
De forma paralela, tanto durante o período de duração do defeito, como durante o período de
recuperação da tensão posterior à eliminação do mesmo, não poderá existir no nó de ligação à
rede consumo de potência activa por parte da instalação. Neste caso admite-se igualmente a
existência de consumos pontuais de potência activa durante os 150 ms imediatamente
posteriores ao início do defeito e nos 150 ms imediatamente posteriores à eliminação do mesmo.
Durante o resto do período de duração do defeito, admitem-se consumos de potencia activa,
sempre e quando se cumpram as seguintes condições:
• O consumo de energia activa não deverá ser superior à energia activa equivalente a
45% da potência nominal registada na instalação durante um período de 100 ms;
• O consumo de potência activa, em cada ciclo (20 ms), não deverá ser superior a
30% da sua potência nominal registada.
2.4.3.2 Procedimentos de verificação
A Asociación Empresarial Eólica para cumprir o disposto no P.O. 12.3 (ver secção 2.4.3)
elaborou um documento intitulado “ Procedimiento de verificación, validación y certificación de
los requisitos del P.O. 12.3 sobre la respuesta de las instalaciones eólicas ante huecos de
tensión”. Este documento estabelece os procedimentos de medida e avaliação da resposta dos
parques eólicos no que diz respeito ao aparecimento de cavas de tensão. Assegura ainda a
uniformidade dos ensaios e simulações, a precisão das medidas e a evolução da resposta dos
parques eólicos perante cavas de tensão [35].
O campo de aplicação do documento compreende os seguintes principais campos:
• Processos de ensaio e medida da resposta individual de um aerogerador ou
dispositivo FACTS perante cavas de tensão;
• Processos de validação de modelos informáticos de aerogeradores ou dispositivos
FACTS com base nas medidas registadas nos ensaios de campo;
• Processos de verificação da conformidade dos parques eólicos com os requisitos de
resposta indicados no P.O. 12.3.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
40
Estes procedimentos referem também que todas as informações correspondentes a cada um
dos processos referidos anteriormente só poderão ser emitidas por laboratórios ou entidades
creditadas conforme a norma ISO/IEC 17025.
2.4.4 Portugal
Em Portugal não existe, até à data, qualquer regulamentação publicada onde sejam
especificados este tipo de requisitos para os aerogeradores. Apenas existe uma referência às
condições que os aerogeradores devem respeitar em situações de aparecimento de cavas de
tensão, referida no concurso para atribuição de capacidade de injecção de potência na rede do
sistema eléctrico de serviço público e pontos de recepção associados para energia eléctrica
produzida em centrais eólicas (art.º 10).
Assim, o referido concurso obrigava a satisfazer um conjunto de requisitos mínimos cumulativos
relativamente aos Parques Eólicos a instalar.
Os sistemas de conversão de energia eólica a instalar devem ter capacidade de permanecer em
operação perante cavas de tensão, resultantes de defeitos na rede, não devendo ser desligados
desta se o valor eficaz da tensão nos seus terminais se mantiver acima da curva definida na
Figura 2.17, durante a ocorrência de uma perturbação na rede que provoque uma cava de
tensão e após a sua eliminação, para os tempos definidos na curva referida.
Figura 2.17 – Capacidade de Suportar Cavas de Tensão da Produção Eólica na Sequência de Curto-Circuitos Trifásicos, Bifásicos e Monofásicos.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
41
Os sistemas de conversão deveriam também ter capacidade para fornecer potência reactiva
durante cavas de tensão proporcionando desta forma suporte para a tensão na rede de acordo
com a Figura 2.18.
Para a zona (1), que corresponde ao regime de funcionamento em defeito e recuperação, o
centro produtor eólico, na sequência de um defeito que provoque cavas de tensão superiores a
10%, deve cumprir a curva de produção mínima de potência reactiva com um atraso máximo de
40ms.
Na zona (2), correspondente ao regime de funcionamento normal, o funcionamento do centro
produtor eólico deve regressar ao regime normal de produção de potência reactiva que estiver
em vigor.
Figura 2.18 – Curva de fornecimento de reactiva pelos centros produtores eólicos durante cavas de tensão.
Devem ainda, os sistemas de conversão de energia eólica a instalar, ter a possibilidade de
ajustar, a pedido do operador de rede, a potência reactiva injectada para valores
correspondentes à tg variando no intervalo [0; + 0,2].
2.4.5 Canadá
Na sequência das tendências mundiais, também no Canadá (para focar outro pais de outro
continente) a introdução da produção eólica está a atingir valores nunca antes alcançados.
Assim, o TSO para o Québec, Hydro-Quebéc, definiu os requisitos para o projecto, construção e
manutenção de aerogeradores ligados à sua rede [36].
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
42
As razões principais que levaram à definição destes requisitos são, por um lado, não interferir
com os controlos automáticos utilizados no sistema, e por outro lado, ajudar no restabelecimento
ou manutenção da tensão e frequência.
Para que estes objectivos sejam alcançados, os aerogeradores têm de ser projectados,
construídos, mantidos e protegidos de modo que permaneçam em serviço sem serem desligados
durante variações de tensão e frequência.
2.4.5.1 Regulação de tensão
A regulação de tensão é exigida para assegurar a estabilidade e a fiabilidade do sistema de
transmissão. Para a regulação de tensão ser eficiente, todos os centros de produção devem
participar no processo.
O TSO requer, que o gerador participe na regulação da tensão do sistema de uma forma
continuada, dinâmica e rápida, ou seja, de forma idêntica a uma máquina síncrona.
Todas as máquinas devem ser capazes de regular a tensão (como os aerogeradores equipados
com geradores assíncronos duplamente alimentados ou outros equipados com conversor) e
devem de ser projectados para regular continuamente a tensão do sistema de transporte da
Hydro-Québec em regime transitório, dinâmico ou estacionário. Para conseguir este objectivo, as
máquinas devem ser equipadas com um sistema automático de regulação de tensão e serem
capazes de fornecer ou de absorver, em regime estacionário, potência reactiva que corresponda
ao factor de potência especificado nas secções 2.4.5.1.1 e 2.4.5.1.2.
2.4.5.1.1 Factor de potência para geradores síncronos com conversor
Para parques eólicos equipados com geradores síncronos ligados à rede de transporte através
de um conversor, o gerador deve ter capacidade de fornecer ou absorver, aos terminais do
conversor (lado da rede), a potência reactiva que corresponda a um factor de potência
sub-excitado ou sobre-excitado igual ou inferior a 0,95. A potência reactiva deve estar disponível
em toda a gama de potência activa produzida.
2.4.5.1.2 Factor de potência para geradores assíncronos
Para parques eólicos equipados com geradores assíncronos com capacidade de regulação de
tensão, o gerador deve estar preparado para fornecer ou absorver a potência reactiva que
corresponda a um factor de potência sub-excitado ou sobre-excitado igual ou inferior a 0,95. A
potência reactiva deve estar disponível em toda a gama de potência activa produzida.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
43
2.4.5.2 Exigências dos serviços auxiliares
Os serviços auxiliares requeridos para operar um parque eólico devem permanecer operacionais
e não causar, mesmo que directa ou indirectamente, a saída de qualquer aerogerador durante
uma cava de tensão ou de uma variação de frequência.
2.4.5.3 Requisitos de ride through capacity
2.4.5.3.1 Requisitos gerais
Os aerogeradores ligados à rede de transporte da Hydro-Québec devem permanecer em
serviço, sem qualquer saída de serviço, o mais tempo possível durante a ocorrência de defeitos
severos que provoquem perturbações transitórias que afectem a tensão, a potência ou a
frequência no sistema de transmissão. Os sistemas de protecção, utilizados para protegerem os
aerogeradores, devem ser suficientemente selectivos para prevenirem saídas de serviço não
desejadas durante a ocorrência dos defeitos. Assim, nenhum sistema de protecção poderá
causar, mesmo que directa ou indirectamente, nenhuma saída de serviço para as seguintes
tensões (Tabela 2.1 e Figura 2.19) e frequências (
Tabela 2.2):
Tabela 2.1 – Período mínimo de tempo durante o qual os parques eólicos devem permanecer em serviço
sem serem desligados quando ocorrem cavas de tensão.
Tensão (p.u.) Duração
V<0,60 Figura 2.19
0,60≤V<0,75 Figura 2.19
0,75≤V<0,85 Figura 2.19
0,85≤V<0,90 Figura 2.19
0,90≤V<1,10 permanentemente
1,10≤V<1,15 300 segundos
0,15≤V<1,20 30 segundos
1,20≤V<1,25 2 segundos
1,25≤V<1,40 0,10 segundos
V>1,40 0,03 segundos
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
44
Figura 2.19 – Curva de Low Voltage Ride Through da Hydro-Québec.
Tabela 2.2 - Período mínimo de tempo durante o qual os parques eólicos devem permanecer em serviço sem
serem desligados quando ocorrem variações de frequência.
Frequência (Hz) Duração
f<55,5 Instantaneamente
55,5≤f<56,5 0,35 segundos
56,5≤f<57,0 2 segundos
57,0≤f<57,5 10 segundos
57,5≤f<58,5 1,5 minutos
58,5≤f<59,4 11 minutos
59,4≤f<60,6 Permanentemente
60,6≤f<61,5 11 minutos
61,5≤f<61,7 1,5 minutos
f>61,7 Instantaneamente
A exigência a respeito da capacidade dos sistemas de protecção de suportarem as variações da frequência
referidas na
Tabela 2.2 é também aplicável a todos os parques eólicos ligados à rede de distribuição da
Hydro-Québec's.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
45
2.4.5.3.2 Protecção de tensão
A protecção de tensão inclui protecção de mínimo e de máxima tensão. Tais protecções devem
ser suficientemente selectivas para impedir funcionamentos indesejáveis durante
acontecimentos na rede principal que resultem de perturbações transitórias. A protecção de
tensão deve cumprir com o disposto na Tabela 2.1. As durações mostradas na tabela indicam as
temporizações mínimas que o sistema de protecção deve ter na zona correspondente.
2.4.5.3.3 Protecção de frequência
A protecção da frequência inclui protecção contra mínima e máxima frequência. A protecção da
frequência deve ser coordenada com os outros sistemas de protecção utilizados e desligar os
aerogeradores sempre que a gama de frequência ultrapasse os limites estabelecidos. Deve ser
ajustada para valores e temporizações que sejam suficientemente selectivos, de forma a impedir
o seu funcionamento durante fenómenos transitórios que ocorrem na rede.
Em nenhum instante os ajustes do sistema de protecção podem interferir com as medidas
executadas pelo TSO para restaurar a frequência do sistema. Os sistemas de protecção da
frequência devem assim cumprir com as exigências indicadas na
Tabela 2.2. As durações mostradas na tabela ajustam as temporizações mínimas para as quais o sistema de
protecção deve estar regulado na zona correspondente. Por exemplo, consultando a
Tabela 2.2, a protecção da frequência actuará com uma temporização de 11 minutos para
situações em que a frequência esteja entre 58,5 Hz e 59,4 Hz.
2.5 FACTS
A tecnologia dos FACTS consiste na aplicação da electrónica de potência em sistemas eléctricos
de energia visando, geralmente, uma ampliação da capacidade de transmissão e o controlo
rápido e eficiente de parâmetros tais como a impedância série, a impedância paralela, as
correntes, as tensões, os ângulos de fase e amortecimento de oscilações para frequências
abaixo da frequência nominal. Desta forma, é possível melhorar os limites de estabilidade e a
capacidade dos sistemas existentes levando-os a que operarem próximos das suas capacidades
térmicas e flexibilizando a ligação de novos centros produtores.
Os equipamentos controladores de tensão e compensadores de energia reactiva têm tido um
grande desenvolvimento ao longo dos anos. Numa fase inicial foram apenas utilizados os
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
46
equipamentos com controlo mecânico (controlados por contactores e disjuntores), como as
reactâncias e condensadores comutados [37]. Depois surgiram os equipamentos auto
controláveis, como as reactâncias saturadas, comandados por válvulas e tiristores [38].
A utilização da electrónica para o controlo dos trânsitos de potência teve as suas origens no uso
das interligações em corrente contínua e das suas estações conversoras.
Geralmente, os dispositivos FACTS podem classificar-se em quatro categorias: Controladores
séries, paralelos, combinação de controladores série, combinação de controladores série e
paralelo.
Os controladores série consistem, de forma geral, numa impedância série variável. Em princípio,
todos os controladores série injectam uma tensão controlada em série com a linha, desde que o
produto de uma impedância série variável por uma corrente que flui pela linha represente uma
tensão série injectada na linha. Se esta tensão injectada estiver em quadratura com a corrente
da linha, o controlador supre ou consome apenas potência reactiva.
Relativamente aos controladores em paralelo, estes consistem, de uma forma geral, numa
impedância paralela variável. Em princípio, todos os controladores paralelos injectam uma
corrente paralela no ponto de ligação com a rede eléctrica, desde que uma impedância paralela
variável ligada num nível de tensão do sistema represente uma fonte de corrente paralela
variável ligada ao sistema. Se esta corrente injectada estiver em quadratura com tensão da linha,
o controlador supre ou consome apenas potência reactiva.
Combinação de controladores série: considera-se como a combinação de controladores série
separados, que são controlados de forma coordenada num sistema multi-linhas ou pode ser um
controlador unificado que realiza a compensação reactiva independente das linhas, como
também realiza a transferência de potência activa entre as linhas através de um link DC, Interline
Power Flow Controller, equipamento que torna possível o balanço do trânsito de potência activa
e reactiva das linhas e maximiza a utilização do sistema de transmissão.
A combinação de controladores série e paralelo permite que controladores série e paralelo sejam
controlados de forma coordenada, Unified Flow Controller. Em princípio, a combinação de
controladores série e paralelo corresponde à injecção de uma fonte de corrente em paralelo com
o sistema e uma fonte de tensão em série com a linha.
A qualquer uma destas categorias pode ser adicionada uma fonte armazenadora de energia, tal
como baterias, núcleos magnéticos supercondutores ou qualquer outra fonte de energia pode ser
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
47
ligada em paralelo através de um interface electrónico, aumentando ainda mais a flexibilidade da
tecnologia dos FACTS.
Neste trabalho os dispositivos de interesse são os controladores paralelo SVC e STATCOM que
a seguir se descrevem com maior detalhe.
2.5.1 Controladores paralelo
De entre os controladores paralelos os de maior destaque são o Compensador estático, SVC e o
STATCOM (na literatura anglo-saxónica Static Synchronous Compensator).
Os SVC são equipamentos para compensação de energia reactiva que surgiram muito antes da
terminologia FACTS, por volta dos anos 60. Hoje, os compensadores estáticos controlados por
tiristor, acoplados em paralelo com o sistema, foram incorporados na família dos dispositivos
FACTS [39].
Os SVC são geradores ou/e consumidores estáticos de potência reactiva variável de acordo com
a necessidade do sistema. O termo estático é usado para indicar que o SVC, ao contrário do
compensador síncrono, não possui nenhum movimento rotativo.
A reactância saturada [40], a reactância controlada a tiristor, TCR (na literatura anglo-saxónica
Thyristor-Controlled Reactor), o condensador comutado a tiristor, TSC (na literatura anglo-
saxónica Thyristor-Switched Capacitor), o transformador controlado a tiristor, TCT (na literatura
anglo-saxónica Thyristor-Controlled Transformer) e a combinação de vários destes componentes
ligados em paralelo podem ser considerados como diferentes tipos de SVC.
Desde as suas primeiras aplicações, na década de 60, a credibilidade e o uso do SVC, nos
sistemas eléctricos de energia, tem vindo a aumentar devido à sua característica de contínuo e
rápido controlo da potência reactiva e dos níveis de tensão. Influenciando deste modo,
beneficamente, o controlo de sobre-tensões temporárias (na frequência fundamental), na
prevenção do colapso de tensão, na melhoria da estabilidade transitória e do amortecimento de
oscilações do sistema [39].
Segundo [41], os SVC, compostos por TCR e TSC, geralmente são ligados nos barramentos
onde existe parques eólicos ligados e programados para manter a tensão ou o factor de potência
num determinado valor. O SVC ajusta a potência reactiva de saída para regular a tensão
terminal ou resolver problemas de regime permanente. Ele pode ser projectado também para
solucionar problemas transitórios estando limitado aos seus valores nominais. Uma vez que são
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
48
baseados em condensadores, a sua capacidade de suprir energia reactiva varia com o quadrado
da tensão, facto que reduz a capacidade do SVC em situações de afundamentos de tensão.
O STATCOM, que inicialmente se denominava como STATCON, foi inicialmente proposto para
compensar a potência reactiva nos sistemas de potência, porém não usa baterias de
condensadores e indutâncias para gerar a potência reactiva. Funciona como uma fonte de
tensão síncrona controlada electronicamente, ligada à linha de transmissão através de um
transformador de inserção.
As características de funcionamento do STATCOM em regime permanente são similares à de
um compensador síncrono girante, porém sem nenhuma inércia, com tempo de resposta mais
rápido, não alterando a impedância existente no sistema.
O circuito electrónico do STATCOM corresponde a um inversor fonte de tensão, à base de
tiristores e diodos de potência em anti-paralelo, que converte uma tensão CC, fornecida aos
seus terminais de entrada por um condensador, em tensão trifásica nos terminais de saída. O
inversor pode ser do tipo multinível para reduzir o nível de harmónicos na saída ou do tipo
modulação por largura de impulsos (na literatura anglo-saxónica Pulse Width Modulation -
PWM). A Figura 2.20 apresenta um STATCOM, que, nesse caso, consiste basicamente num
inversor fonte de tensão de 6 pulsos, um condensador e um transformador de acoplamento.
Se V L = V 0 , i = 0Se V L < V 0 , i é capacitivaSe V L > V 0 , i é indutiva
Linha de TransmissãoV L
V 0i
i A i B iCT A1 T A2
T B1 T B2
T C1 T C2
D A1 D A2
D B1 D B2
D C1 D C2
V
Inversor fonte de tensão de seis pulsos
Figura 2.20 – Circuito electrónico do STATCOM.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
49
A característica V-I do STATCOM está apresentada na Figura 2.21. Nota-se através desta figura
que este dispositivo pode prover corrente reactiva nominal para uma larga faixa de tensão do
sistema, inclusive para níveis de tensão reduzida, contrariamente com o que sucede com o SVC.
Figura 2.21 – Característica V-I do STATCOM.
As aplicações típicas do STATCOM são a regulação da tensão, evitando possíveis colapsos de
tensão, melhoramento de instabilidade transitória e amortecimento das oscilações de potência.
O Electric Power Research Institute (EPRI) juntamente com a Westinghouse desenvolveu um
STATCOM para testes de 1MVA [42] e a partir desta experiência, em 1995, um STATCOM de
±100MVA, 161kV, que foi instalado no sistema da Tennesse Valley Authority (TVA), na
sub-estação de Sullivan, Estados Unidos [43].
Nas situações atrás referidas o STATCOM mostrou que é um equipamento muito versátil, com
grande capacidade dinâmica no controlo das tensões devido a sua rapidez de resposta.
O D-VAR é um tipo de STATCOM que tem algumas propriedades específicas que são altamente
eficientes para os problemas comuns nos parques eólicos. Além de injectar potência reactiva
continuamente para o controle da tensão terminal, o D-VAR pode controlar a comutação de
condensadores próximos para ajudar na regulação de tensão. Uma importante vantagem é a
capacidade do dispositivo de reduzir súbitas mudanças de tensão resultantes da comutação de
condensadores [41].
Existe ainda o “SVC light”, que não é mais do que um STATCOM produzido pela ABB e é
baseado em dispositivos constituídos por conversores estáticos de potência (na literatura anglo-
saxónica Insulated-gate bipolar transístor - IGBT).
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
50
2.5.2 Custos dos FACTS
A referência [44] indica que os custos de investimento dos dispositivos FACTS podem ser
divididos em duas categorias: Custo do equipamento e Custo das infra-estruturas necessárias à
sua instalação.
Relativamente aos custos do equipamento, estes dependem, não somente da potência dos
FACTS mas também de alguns requisitos especiais tais como:
• Redundância do controlo e das protecções;
• Dos componentes principais tais como reactâncias, condensadores ou
transformadores;
• Condições ambientes (por exemplo, temperatura e níveis de poluição);
• Comunicação com o sistema de controlo da sub-estação ou com o centro de
despacho.
Em relação aos custos com as infra-estruturas, estas dependem da localização da sub-estação
onde os FACTS deverão ser instalados. Estes custos incluem:
• Aquisição de terrenos, caso o espaço na sub-estação existente seja insuficiente;
• Modificações na instalação eléctrica da sub-estação existente;
• Trabalhos de construção civil;
• Ligação aos sistemas de comunicação existentes.
A Figura 2.22 mostra a variação dos custos dos SVC e STATCOM, em função da sua potência
nominal.
O limite inferior das áreas indicadas nas figuras refere-se apenas aos custos com os
equipamentos, e o limite superior diz respeito ao valor total do investimento incluindo os custos
com as infra-estruturas. Para valores de potência nominal muito baixos os custos por kvar
podem ser muito elevados enquanto que para valores de potência nominais altos os custos por
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
51
kvar podem ser mesmo inferiores aos indicados. O custo total dos investimentos não inclui
qualquer tipo de taxas/impostos e por isso podem variar entre -10% e +30%.
Figura 2.22 – Custos típicos de investimento para SVC e STATCOM [44].
A referência [45] apresenta os custos dos dispositivos FACTS que são ligados em paralelo com
a rede, tais como SVC e STATCOM. Os custos foram obtidos directamente dos fabricantes (ABB
e SIEMENS). A Tabela 2.3 mostra os custos dos SVC e STATCOM; estes custos não incluem os
custos referentes aos trabalhos de construção civil. Para o caso dos STATCOM, o custo diz
respeito aqueles que são controlados por GTO.
Tabela 2.3 – Custo de instalação de FACTS [45].
Dispositivo FACTS Custo (US$/Mvar) SVC 10000 STATCOM 50000-60000 (para potências de aproximadamente 100 Mvar)
35000-40000 (para potências de aproximadamente 200 Mvar)
A título de exemplo, apresenta-se na Tabela 2.4 algumas aplicações que utilizam a tecnologia
FACTS.
Tabela 2.4 – Algumas aplicações de FACTS instaladas no mundo.
Equipamento Fabricante Potência (Mvar) Ano Local Polarit STATCOM ABB ± 82 2002 Finlândia Talega STATCOM Mitsubishi ± 100 2003 EUA Evron STATCOM ABB 0 - 36 2003 França Glenbrook STATCOM Alstom 2 x (±75) 2003 EUA Holly STATCOM – SVC Light ABB ± 95 2004 EUA
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
52
2.6 Trabalhos de Investigação
Tal como foi referido na introdução deste capitulo, a contribuição da comunidade cientifica tem
sido relevante, quer no apoio à definição das características dos GC definidos por cada TSO,
quer ainda no estudo e desenvolvimento de novos conceitos que permitem a melhoria do
funcionamento dos aerogeradores, principalmente em situações de defeitos na rede eléctrica, ou
seja, na implementação de soluções que permitam dotar os aerogeradores de capacidade de
RTF. Esta secção aborda de forma resumida essas contribuições, focando alguns dos trabalhos
mais relevantes recentemente publicados.
No que se refere aos aerogeradores o contributo mais relevante tem a ver com o
desenvolvimento de novas filosofias ou formas de melhorar o comportamento do aerogerador
quando aparece uma cava de tensão. O principal objectivo destas filosofias é o de evitar que o
aerogerador seja desligado pelos relés de mínimo de tensão sem contudo comprometer a
integridade do próprio aerogerador. Seguidamente apresentam-se algumas contribuições da
comunidade científica, não se pretendendo que seja uma abordagem exaustiva mas apenas que
apresente diferentes soluções nos 3 principais tipos de aerogeradores utilizados.
Em [46] é desenvolvida uma nova abordagem no que se refere à capacidade de RTF aplicada a
aerogeradores equipados com geradores de indução convencionais (Figura 2.23). A estratégia
dos autores passa por intercalar resistências em série com o gerador(es), sempre que o valor da
tensão aos seus terminais seja inferior a um valor pré-definido. O Series Dynamic Braking
Resistor (SDBR) dissipa a potência activa em excesso aquando do aparecimento de uma cava
de tensão e desta forma pede ser dispensado o controlo de pitch ou os compensadores estáticos
de energia reactiva. Os autores optaram por considerar no seu estudo, a comutação mecânica
do interruptor de bypass em vez de comutadores estáticos devido ao seu menor custo e também
maior simplicidade.
Figura 2.23 – SDBR para IG proposto em [46].
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
53
Em condições normais de funcionamento o interruptor de bypass está fechado, ou seja, é feito
um bypass às resistências. Quando o valor da tensão for inferior ao valor pré-definido o
interruptor de bypass abre o circuito quase instantaneamente, passando a corrente a circular
através das resistências durante o período de duração do defeito e alguns instantes do período
pós-defeito. Quando a tensão volta a um valor acima de um mínimo de referência o interruptor é
fechado e o circuito volta ao seu estado de funcionamento normal. Durante um curto período de
tempo, a energia é dissipada nas resistências, aumentando-lhe a temperatura. As resistências
devem ser seleccionadas de acordo com o seu limite de temperatura e a máxima energia que é
dissipada durante o período de funcionamento das mesmas.
Portanto, o SDBR pode melhorar substancialmente a capacidade de RTF dos geradores de
indução convencionais.
Para os aerogeradores de velocidade variável equipados com geradores síncronos é proposto
em [47] um controlo não linear para controlar os conversores. Os autores propõem utilizar a
linearização por retroacção para permitir transformar um sistema não linear num sistema linear,
permitindo deste modo utilizar técnicas de controlo linear. Desta forma consegue-se assegurar
que as correntes no conversor de potência se mantêm dentro dos limites para os quais foram
dimensionados, mesmo em situações em que a cava de tensão atinge valores muito reduzidos.
Assim, esta técnica permite melhorar a capacidade de RTF dos aerogeradores equipados com
máquinas síncronas de velocidade variável.
No caso dos aerogeradores equipados com geradores de indução duplamente alimentados, em
[48] propõe-se um controlo multi-escalar modificado que melhora a capacidade de RTF baseado
na introdução de 2 circuitos de protecção, um Chopper DC e um crowbar de modo a permitir
sobre-tensões no link DC durante os curto-circuitos.
No trabalho apresentado em [49] é proposta uma solução que tem como objectivo melhorar a
capacidade dos geradores duplamente alimentados que permanecerem ligados à rede eléctrica
durante um curto-circuito, de forma que, o aerogerador seja capaz de após a eliminação do
defeito retomar a potência que estava a produzir. A técnica apresentada consiste na ligação de
resistências ao rotor da máquina através da comutação de tiristores de forma a limitar a corrente
que circula no circuito rotórico, possibilitando que os conversores electrónicos conjuntamente
com as resistências, assegurem uma melhor resposta do aerogerador durante o defeito tendo
em conta a redução da corrente do rotor.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
54
2.7 Soluções Técnicas
As soluções técnicas que permitem dotar os aerogeradores (ou os parques eólicos onde estes
se encontram) de capacidade de sobrevivência a cavas de tensão apontam claramente em dois
sentidos: soluções intrínsecas aos aerogeradores e/ou soluções externas.
Cada fabricante utiliza técnicas diferentes para dotar os seus equipamentos de capacidade de
sobrevivência a cavas de tensão, tais como: uso de resistências ligadas aos enrolamentos do
rotor; sobredimensionamento dos conversores; ou até a introdução de uma UPS para permitir
que os aerogeradores disponham de autonomia para fazer funcionar os servomotores dos seus
equipamentos auxiliares. Todas as formas descritas poder-se-ão chamar soluções intrínsecas.
Além destas existem ainda as soluções externas. Estas podem passar pela introdução de
FACTS. Dentro da gama de FACTS, nesta tese apenas foi considerado a utilização de SVC e/ou
STATCOM. Estes podem oferecer resultados muito interessantes, principalmente para os
parques eólicos em funcionamento e que não cumprem os requisitos.
2.7.1 Soluções Intrínsecas Propostas pelos Fabricantes
As soluções utilizadas pelos diferentes fabricantes para garantirem capacidade de sobrevivência
a cavas de tensão por parte dos seus aerogeradores dependem do tipo de gerador utilizado.
Com efeito é conhecida a robustez do comportamento eléctrico das máquinas de indução em
situações de defeito na rede. Os principais problemas que neste caso podem ocorrer terão lugar
em termos mecânicos, nomeadamente na caixa de velocidades do conjunto turbina – gerador.
Para as máquinas de indução duplamente alimentadas, e máquinas síncronas de velocidade
variável as soluções que garantem a característica de RTFC passam principalmente pela
adopção de soluções de controlo.
Nos pontos seguintes são apresentadas as características de algumas soluções de diferentes
fabricantes de equipamento para fazer face aos requisitos de RTFC.
2.7.1.1 Enercon
A ENERCON apresenta, no seu leque de opções, várias técnicas que permitem aos seus
equipamentos terem capacidade de sobrevivência a cavas de tensão e consequentemente
respeitarem os vários requisitos dos GC. Os seus equipamentos têm capacidade de injectar
potência reactiva e de RTF, tendo recentemente sido desenvolvidas novas soluções com o
intuito de melhorar a sua performance. Os melhoramentos são feitos à custa da introdução de
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
55
capacidades de FACTS nos conversores de electrónica de potência que equipam os
aerogeradores [12] .
Estes desenvolvimentos proporcionam um aumento da capacidade de injecção de potência
reactiva dos conversores. Também na linha dos últimos avanços tecnológicos foi possível
desenvolver os conversores de modo a estes terem capacidade de injectar potência reactiva
quando a potência activa injectada está entre os 20 e 100% da potência nominal do aerogerador.
Por defeito, o controlo dos aerogeradores da ENERCON baseia-se no controlo da potência
reactiva e não no controlo do factor de potência tal como é habitual nos sistemas convencionais
dos aerogeradores.
Quando o aerogerador injecta um valor de potência activa entre 0 - 20% da sua potência
nominal, a disponibilidade de potência reactiva é proporcional ao valor da potência activa
injectada. O set point da potência reactiva pode ser fixado localmente ou pode ser despachado.
Segundo a ENERCON, a melhor forma para tirar partido das capacidades de injecção de
potência reactiva por parte dos conversores é através do sistema designado por ENERCON
VSC. O controlo do VSC recebe o valor de referência da tensão e despacha a potência reactiva
dos vários conversores existentes no parque de forma a estes absorverem ou injectarem
potência reactiva e assim controlarem o valor da tensão.
Para além das capacidades que os aerogeradores da ENERCON têm por defeito, estes podem,
opcionalmente, ser equipados com capacidades de FACTS, ou seja, com capacidades
semelhantes às de um STATCOM. Com esta opção os aerogeradores têm capacidade de
injectar potência reactiva independentemente do valor da velocidade do vento. Assim, existe a
capacidade de injectar potência reactiva quando o aerogerador está a injectar um valor de
potência activa entre 0 MW e o valor da sua potência nominal (Figura 2.24).
Quando não existe vento ou a sua velocidade é inferior a 2,5 m/s, não é possível injectar
potência activa, o conversor funciona como um STATCOM – fonte de potência reactiva. Com
estas capacidades o sistema do aerogerador e o sistema do STATCOM podem ser integrados
num único sistema (equipamento), sendo este compacto, sem custos extra elevados e sem
necessidade de construção de outras infra-estruturas.
A ENERCON dispõe também da opção Under Voltage Ride Through (UVRT), ou seja, os seus
aerogeradores estão preparados para sobreviverem, por exemplo, a curto-circuitos na rede
eléctrica até cinco segundos, tanto para defeitos simétricos como assimétricos. O link DC
permite o desacoplamento total do gerador da rede e como consequência este não é afectado
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
56
pela cava de tensão que ocorre nos terminais do conversor, continuando a funcionar
normalmente. Durante a duração da cava de tensão a alimentação dos sistemas de controlo e
dos serviços auxiliares é assegurada por uma UPS que se encontra ligada ao link DC e desta
forma mantém-se o controlo do conversor em segurança. Assim que o defeito for eliminado o
conversor volta ao seu estado de funcionamento, ou seja, ao funcionamento que tinha antes da
ocorrência do defeito.
Figura 2.24 – Capacidade de injecção de potência reactiva dos aerogeradores ENERCON - com e sem capacidade de STATCOM [12].
Como exemplo, apresenta-se na figura seguinte (Figura 2.25) o comportamento dos
aerogeradores da ENERCON equipados com a opção de UVRT para uma simulação em que a
cava de tensão atinge os 0V no ponto de ligação à rede.
Figura 2.25 – Exemplo das medições efectuadas para verificação da UVRT dos aerogeradores da ENERCON [12].
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
57
Devido à sua grande flexibilidade no que respeita à configuração dos diferentes parâmetros de
funcionamento é possível estabelecer prioridades em relação ao funcionamento do conversor.
Assim durante a ocorrência de uma cava de tensão o conversor pode ter como prioridade a
injecção de potência activa ou reactiva.
Os aerogeradores da ENERCON com capacidade de FACTS podem, opcionalmente, participar
na eliminação do defeito no Zero Power Mode (ZPM). Neste modo de funcionamento o conversor
pára de injectar corrente na rede durante o defeito. Como nos modos de funcionamento com
UVRT, ele continua em funcionamento até um limite máximo de cinco segundos.
2.7.1.2 GE
A GE Energy´s desenvolveu o sistema Low Voltage Ride Through (LVRT). O LVRT resulta de
um melhoramento no projecto do Gerador/Controlo da GE. Segundo este fabricante o LVRT
assegura a capacidade de funcionamento da máquina DFIG com tensões até 15% da tensão
nominal da rede durante pelo menos 500ms. Para esse efeito a GE procedeu a alterações na
filosofia de controlo do sistema de pitch, incluiu uma UPS dimensionada de acordo com os
consumos dos serviços auxiliares e desenvolveu um novo sistema de controlo do conversor
electrónico [28].
2.7.1.3 Vestas
De modo a conseguir cumprir com os GC a Vestas desenvolveu um controlo denominado Vestas
Control System (VCS). Este controlo permite aos aerogeradores equipados com máquinas DFIG
conseguir tolerar correntes elevadas durante a ocorrência de um curto-circuito. Os controladores
e os contactores têm um sistema de backup baseado numa UPS para permitir que o sistema de
controlo da turbina funcione durante a ocorrência dos defeitos na rede [28, 50].
O controlo de pitch está optimizado de forma a manter a turbina dentro de valores normais de
velocidade e o gerador é acelerado de modo que este armazena energia cinética e esteja
disponível para voltar à produção normal após o defeito.
Assim os aerogeradores são projectados para seguirem os requisitos do standard E.ON. Ride
Through e funcionar a uma tensão da rede de 0,15 p.u. durante 700 ms. O aerogerador pode
inclusivamente sobreviver a cavas de tensão abaixo de 0,15 p.u. durante 200 ms. O controlo da
VESTAS pode ainda tolerar dois defeitos consecutivos na rede desde que ocorram com um
intervalo de tempo mínimo de 400 ms entre a eliminação do primeiro defeito e o início do
seguinte como ilustrado na Figura 2.26.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
58
Figura 2.26 – Comportamento do controlo da Vestas perante duas cavas de tensão consecutivas.
A Figura 2.27 apresenta o comportamento de um aerogerador VESTAS, aquando da ocorrência
de uma cava de tensão.
a)
b)
c)
d)
Figura 2.27 – Cava de tensão de 0,1 p.u./150ms. a) Tensão nas fases L1 e L2, b) Correntes nas fases L1 e L2, c) Potência activa injectada e d) Potência reactiva injectada [50].
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
59
Da análise da figura anterior é visível o efeito do sistema de controlo particularmente pela
observação do valor das correntes durante o período em que a cava de tensão se faz sentir.
2.7.1.4 Gamesa
Uma das soluções adoptadas pela Gamesa para conseguir cumprir os requisitos impostos pelos
GC passa pela utilização de um crowbar activo [9]. O sistema utilizado actualmente baseia-se
num rectificador que alimenta o dispositivo de electrónica de potência de resistência variável, o
qual curto-circuita o rotor do aerogerador, como se pode ver no diagrama apresentado na Figura
2.28.
No caso de surgirem sobre-correntes no estator, entra em funcionamento o dispositivo do
crowbar activo.
Figura 2.28 – Crowbar activo da GAMESA [9].
Este elemento o que faz é permitir um duplo comportamento do aerogerador, dependendo se
está numa velocidade do regime super-síncrono ou sub-síncrona. No caso do regime super-
síncrono, por volta das 1.500 rotações por minuto, no momento em que se activa o crowbar
activo da máquina, esta permanece ligada à rede e comporta-se como um aerogerador
assíncrono de rotor em curto-circuito, injectando portanto potência activa e um pouco de
potência reactiva na rede. Durante o tempo do defeito, no qual não esteja activo o crowbar
activo, o gerador fornece potência reactiva e portanto contribui para que seja isolado ou
eliminado o defeito, o que contribui para a estabilidade da rede. O regime sub-síncrono é mais
complicado para a tecnologia duplamente alimentada, a menos de 1.500 rotações por minuto a
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
60
entrada do crowbar activo converte a máquina num motor de indução. Esse motor de indução
estaria a absorver potência activa da rede o que é inaceitável do ponto de vista do TSO dado
que estaria a contribuir para o defeito. Para evitar isto o que se faz é que o estator da máquina é
desligado e só se volta a ligar quando a tensão tiver recuperado o seu valor evitando-se desta
forma o consumo de potência activa. Quando a máquina funciona nestas condições a produção
de potencia é muito pequena, estamos num regime sub-síncrono, ou seja, o gerador está a
funcionar em baixa rotação porque existe pouca velocidade de vento e por tanto a queda de
tensão é pequena e a saída de serviço dos aerogeradores não provoca uma perda que seja
relevante do ponto de vista da rede de transporte.
Recentemente a GAMESA apresentou uma outra solução denominada de WINDFACT[51],
que tem como alvo os geradores assíncronos duplamente alimentados. Com este equipamento
consegue-se fazer com que os aerogeradores equipados com estes geradores tenham
capacidade de cumprir com os novos requisitos de RTF. O WINDFACT não é mais do que um
dispositivo FACTS, de ligação em série entre o parque eólico/aerogerador e a rede eléctrica,
sendo que neste caso faz parte de uma solução completa proposta pela GAMESA. O seu
princípio de funcionamento baseia-se num Dynamic Voltage Restorer (DVR) [52]. Na figura
seguinte pode observar-se um esquema unifilar simplificado da ligação do WINDFACT.
Figura 2.29 – Esquema unifilar simplificado da ligação do WINFACT.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
61
O WINDFACT é formado por um transformador, um inversor DC/AC, um Chopper DC/DC,
condensadores e resistências e um interruptor estático para fazer o bypass.
O controlo do WINDFACT é feito através de um Digital Signal Processor (DSP), e permite:
• Monitorização permanente da tensão da rede e detecção, em menos de 1 ms, de
cavas de tensão;
• Medição das tensões e do ângulo de fase em cada uma das três fases;
• Funcionamento integrado do inversor, do chopper e do interruptor estático;
• Gestão da protecção electrónica e dos alarmes;
• Monitorização dos parâmetros e estados mais importantes do WINDFACT.
Quando a tensão se encontra dentro dos limites definidos, o WINDFACT funciona da seguinte
maneira: o interruptor (1) é aberto, os interruptores (2) são fechados, o bypass estático (3) é
fechado e os dispositivos de electrónica de potência situados no lado da baixa tensão (inversor e
chopper) ficam em stand-by, e prontos a funcionar.
Sempre que o circuito de detecção detecta uma cava de tensão numa das fases o WINDFACT
entra em funcionamento da seguinte forma: o interruptor estático (3) é aberto e o equilíbrio de
energia carrega e descarrega o condensador DC, o chopper funciona de modo a estabilizar a
tensão do link DC e a resistência tem como função dissipar a energia em excesso.
2.7.2 Soluções Externas - FACTS
Como foi visto anteriormente, os fabricantes de aerogeradores estão a desenvolver as suas
próprias tecnologias tendo como objectivo o cumprimento dos GC.
Ocorre, que grande parte dos aerogeradores instalados e ligados na rede, alguns há já algum
tempo (vários anos), não têm qualquer tipo de equipamento que lhe permita cumprirem os
requisitos estabelecidos nos GC.
Outros desenvolvimentos têm sido efectuados ao nível dos equipamentos de electrónica de
potência (FACTS) que podem ser utilizados como apoio aos aerogeradores de modo a que
estes, em conjunto, possam apresentar capacidades de RTF interessantes.
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
62
Na publicação [53] é analisado o comportamento dinâmico de um parque eólico perante um
curto-circuito, considerando dois cenários de simulação: a) quando são utilizadas baterias de
condensadores no ponto de ligação à rede do parque eólico; b) quando é utilizado um SVC. O
tipo de SVC utilizado e descrito pelos autores é constituído por um condensador fixo ligado em
paralelo com uma reactância cuja corrente que circula pelas reactâncias individuais é controlada
por tiristores. Tanto as baterias de condensadores como o SVC foram projectados para
regularem o perfil de tensão terminal do parque eólico a partir de injecção de potência reactiva.
Na situação em que as baterias de condensadores são dimensionadas para que o parque eólico
funcione com um factor de potência de 0,95 capacitivo ou com um factor de potência unitário,
verificou-se a ocorrência de sobre-tensões no ponto de ligação do parque eólico e também nos
barramentos vizinhos devido ao corte parcial da carga provocado pela saída de serviço de uma
das linhas da rede de teste na sequência do curto-circuito. Foi demonstrado, que este problema
pode ser ultrapassado com a utilização do SVC que a partir de um controlo específico de tensão
é capaz de regular o nível de tensão de saída do parque eólico variando a quantidade de
potência reactiva a injectar.
Estes autores verificaram que a utilização do SVC pode ser uma alternativa interessante de
controlo para ajudar o perfil de tensão de um sistema de produção eólica capacitando-o também
a suportar cavas de tensão. De realçar que a análise deste trabalho restringe-se a parques
eólicos equipados com aerogeradores de indução convencionais.
Em [54] é demonstrada a superioridade do SVC em relação aos métodos convencionais de
regulação de tensão e de cumprimento para com as necessidades de potência reactiva.
Em [55] os autores utilizam o STATCOM para melhorarem a capacidade de RTF dos parques
eólicos equipados com aerogeradores equipados com geradores de indução convencionais. O
controlo e o dimensionamento dos STATCOM são também analisados e é proposto um novo
controlo baseado na utilização em série das malhas de controlo do factor de potência e de
tensão, a qual permite uma optimização do comportamento do parque eólico em condições de
funcionamento normal e de defeito.
No trabalho referido em [10] os autores fazem uma comparação entre a utilização de SVC ou
STATCOM para integração de parques eólicos equipados com geradores de indução
convencionais, tendo em vista o cumprimento dos requisitos de RTF impostos pelos GC. Foi
concluído que, tanto o SVC como o STATCOM contribuem para uma melhoria significativa da
estabilidade do sistema eléctrico durante e após o aparecimento de defeitos na rede,
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
63
especialmente se a rede é fraca. Comparativamente com o SVC, o STATCOM tem uma muito
melhor performance dinâmica, e a sua máxima injecção de reactiva é independente da tensão no
ponto de ligação à rede. Também em [56, 57] são analisadas as diferenças entre SVC e
STATCOM, revelaram-se muito diminutas em termos dos perfis de tensão. No entanto o
STATCOM, contrariamente ao SVC, tem capacidade de resposta com tensões muito baixas
revelando-se assim como um bom “ajudante” para os requisitos de RTFC.
Em [58], é analisada a contribuição dos FACTS por estes poderem fornecer a sustentação
dinâmica necessária de potência reactiva e de regulação de tensão. Por estas razões a
aplicação de FACTS a parques eólicos torna-se num assunto de primordial interesse. Parte da
potência reactiva necessária ao funcionamento dos aerogeradores é fornecida através de
baterias de condensadores ligadas junto de cada aerogerador. Uma vez que a grande parte dos
parques se encontra em locais remotos, isto tem reflexo nos trânsitos de energia reactiva e
activa e consequentemente nos valores da tensão.
Sabe-se que o impacto destes dispositivos no comportamento da rede depende do seu
posicionamento [59]. No entanto ainda não existem critérios bem definidos para indicar a melhor
localização dos dispositivos FACTS numa rede eléctrica [60].
Muitas podem ser as vantagens da instalação destes equipamentos, sendo que estas dependem
do tipo de tecnologia que utilizam.
Na referência [61], o valor da potência dos FACTS a instalar anda na ordem dos 33-43% do
valor, não da produção eólica mas sim da potência da carga. Este artigo refere também que a
diferença de comportamento dos SVC e o STATCOM é pequena; mas é ainda menor se a
potência do SVC for superior em 30% à potência do STATCOM.
A utilização do STATCOM tem o mesmo propósito dos SVC, no entanto apresenta uma resposta
mais rápida e também uma resposta para tensões mais reduzidas o que em caso de defeito na
rede pode ser de grande importância. Além disto os STATCOM têm capacidade na redução do
efeito de flicker no ponto de ligação dos parques eólicos à rede durante o funcionamento normal
e fornecem potência reactiva aos sistemas utilizados nos aerogeradores [54-63].
Os STATCOM apresentam uma tecnologia mais recente, que por ser mais dispendiosa não tem
sido tão largamente usada. Esta tendência está no entanto a ser alterada devido aos STATCOM
apresentarem uma melhor resposta perante defeitos na rede.
Existem instaladas no mundo alguns FACTS que se têm revelado como soluções capazes de
contribuírem para o melhoramento da estabilidade da rede [62], embora a sua aplicação
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
64
associada ao comportamento dos aerogeradores em caso de defeito e como forma de
fornecerem capacidade de RTF seja ainda muito reduzida.
A Figura 2.30 apresenta uma solução do fabricante ABB denominada de “STATCOM for Wind
Farm to meet Grid Code requirements”. Esta solução recentemente introduzida no mercado e
especialmente desenvolvida para ser ligada a parques eólicos, assenta numa sub-estação
eléctrica na qual já vem integrado um STATCOM [11, 63].
Relativamente às questões relacionadas com a optimização da localização e/ou do
dimensionamento dos dispositivos FACTS em redes eléctricas tem sido alvo de alguma atenção
conforme descrito em [64, 65], sendo que estes trabalhos não abordam contudo a problemática
que é objecto de estudo desta tese.
Figura 2.30 – Sub-estação equipada com STATCOM [63].
2.8 Conclusão
Analisando o que foi anteriormente descrito é possível concluir que o cumprimento dos requisitos
dos GC é um problema real e é mais patente quando estamos perante a tecnologia das
máquinas de indução convencionais. Nas outras máquinas, a adopção de soluções de controlo
avançadas permite suprir as exigências de sobrevivência a cavas de tensão.
Foi possível constatar, também, que embora exista uma multiplicidade de GC as diferenças
existentes entre eles não são significativas. Estas diferenças devem-se sobretudo às
CAPITULO 2 - SOBREVIVÊNCIA A CAVAS DE TENSÃO – SOLUÇÕES E REQUISITOS DOS TSOs
65
especificidades das redes onde se aplicam esses GC. De realçar que os GC não são nem
podem ser vistos como documentos perfeitos e finais. As constantes alterações das redes e da
tecnologia leva a que os GC tenham de ser periodicamente revistos, como aliás já se verifica em
alguns países.
Para dar cumprimento aos requisitos definidos nos GC a comunidade científica tem participado
activamente, contribuindo com a identificação de soluções de controlo ou ainda de novas
soluções relacionadas com alterações tecnológicas conducentes ao melhoramento do
comportamento dinâmico dos aerogeradores em situações de cava de tensão. Também os
equipamentos de electrónica de potência utilizados como soluções externas, de modo a
colaborarem na minimização dos efeitos das cavas de tensão (por exemplo, os STATCOM), têm
sido alvo de atenção por parte da comunidade científica.
As soluções externas serão sempre uma forma de resolver o problema para situações que já
existem no terreno. Também para robustecer as condições de operação da rede e para mitigar
os problemas relacionados com o aparecimento de cavas de tensão, podem ser utilizadas
soluções externas e deste modo proporcionar suporte de RTFC. Com este tipo de soluções é
ainda possível melhorar o comportamento dinâmico de grandes redes interligadas, com elevada
penetração de produção eólica. É no entanto conveniente que essas soluções externas sejam
dimensionadas e localizadas de uma forma optimizada.
A contribuição relevante desta tese reside precisamente na optimização do dimensionamento e
localização de dispositivos FACTS (STATCOM) em grandes redes interligadas e com elevada
penetração de produção eólica. Com a instalação destes dispositivos será possível auxiliar os
parques eólicos, principalmente os equipados com geradores de indução convencional,
fornecendo-lhes em parte capacidade de RTF e desta forma contribuir decisivamente para o
aumento da estabilidade de toda a rede eléctrica.
De referir ainda, que no desenvolvimento desta tese se considerou que em situação de
funcionamento normal o STATCOM não injecta potência reactiva, uma vez que os parques
eólicos já têm instalados os seus mecanismos de compensação. Portanto a instalação de
STATCOM foi considerada como uma medida adicional.
67
CAPITULO 3 MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
69
3.1 Introdução
Este capítulo aborda a modelização dinâmica dos diferentes dispositivos que fazem parte do
sistema eléctrico dando especial atenção aos modelos utilizados na representação dos
aerogeradores.
Na modelização dos diferentes dispositivos que fazem parte do sistema eléctrico são, muitas
vezes, efectuadas simplificações para que as simulações a efectuar não sejam demasiado
morosas, sem no entanto comprometer o rigor e a exactidão dos resultados.
Nesta tese foram efectuadas algumas simplificações, como por exemplo no que se refere à
modelização dos fenómenos de comutação dos inversores e dos conversores de electrónica de
potência, associados aos diferentes aerogeradores, uma vez que o domínio temporal associado
à análise de comportamento dinâmico do sistema (vários segundos) não requer este detalhe de
modelizações. Aliás esta é a solução adoptada em vários trabalhos, como seja o referido em
[26]. Com efeito os fenómenos transitórios rápidos não são objecto de estudo neste trabalho de
investigação.
Um dos problemas mais difíceis de ultrapassar no que diz respeito à modelização dos novos
equipamentos de produção eólica passa pela reduzida informação que os fabricantes colocam à
disposição, nomeadamente no que concerne aos sistemas de controlo dos aerogeradores e seus
parâmetros. Tal implica a adopção de modelos simplificados, que se aproximem das
características gerais referidas pelos fabricantes, e com os quais seja possível avaliar o impacto
global no comportamento dinâmico do sistema.
Para a implementação dos modelos dos diferentes sistemas de conversão de energia eólica foi
utilizado o software PSS/E da PTI-Siemens. Os modelos foram desenvolvidos em Fortran sendo
posteriormente compilados e linkados de modo a poderem ser utilizados nas simulações
dinâmicas efectuadas com o PSS/E como modelos desenvolvidos pelo utilizador.
3.2 Modelo global do sistema eléctrico
A característica principal dos modelos matemáticos dos sistemas eléctricos de energia utilizados
na análise da estabilidade transitória consiste em desprezar os transitórios electromagnéticos
das linhas, dos transformadores e dos estatores das máquinas rotativas [39]. Esta simplificação
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
70
elimina as equações diferenciais destes componentes, que passam a representar-se através de
equações algébricas cujas variáveis são os correspondentes fasores de tensão e corrente.
O comportamento dinâmico de um sistema eléctrico pode ser descrito por um conjunto de
equações diferenciais ordinárias e outro de equações algébricas, com a seguinte forma [39]:
' ( , )x f x u= (3.1)
( , )y g x u= (3.2)
A equação (3.1) contém as equações diferenciais que regem o comportamento das turbinas,
geradores e outros dispositivos, com os seus correspondentes controlos. A equação (3.2)
contém as equações algébricas que descrevem o funcionamento do sistema eléctrico. O vector
x ’ representa a derivada em ordem ao tempo das variáveis de estado do sistema, e o vector u
representa as entradas do sistema. O vector y representa o vector das saídas e g o vector das
funções não lineares que relacionam o estado e variáveis de entrada com as variáveis de saída.
A perturbação do sistema é descrita pela sequência de alterações nas equações (3.1) e (3.2).
Existe um amplo consenso sobre os modelos dinâmicos adequados aos estudos de estabilidade
de um grande número de componentes do sistema eléctrico. Não obstante, no caso dos
aerogeradores, existem na literatura vários modelos com diferentes graus de detalhe. Na secção
3.3, são descritos os modelos utilizados nesta tese.
O cálculo das condições iniciais é efectuado antes de qualquer simulação numérica. O estado
inicial representa as condições iniciais das equações diferenciais e são obtidas através dos
resultados da resolução do trânsito de potências.
Os modelos referentes aos geradores síncronos convencionais, aos reguladores de tensão, aos
reguladores de velocidade foram modelizados recorrendo aos modelos standard do PSS/E. A
descrição destes modelos é apresentada no Apêndice C.
3.3 Modelos dos aerogeradores
Nos pontos seguintes serão descritos os modelos dos aerogeradores utilizados nesta tese.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
71
Os principais fabricantes de aerogeradores, jogam aqui uma cartada importante, dado que
“escondem” parte da forma como constroem os aerogeradores para assim conseguirem os seus
objectivos, ou seja, terem o melhor produto, sempre à frente da concorrência.
Assim, a obtenção das características detalhadas dos aerogeradores apresenta-se como uma
tarefa difícil, fazendo com que a realização de modelos que reproduzam fielmente os diferentes
tipos de aerogeradores também o seja.
Com base nos modelos disponíveis na literatura e considerando que neste trabalho a
preocupação central é de uma análise do comportamento dinâmico do sistema, sem o detalhe do
funcionamento dos sistemas dos conversores, abordaremos nos pontos seguintes os
comportamentos dinâmicos de cada um dos aerogeradores utilizados nas simulações. De referir
que na modelização adoptada para os geradores de indução não se considerou nesta tese, a
possibilidade de injecção de potência reactiva para suporte dos níveis de tensão.
Como veremos existem outras alternativas no que diz respeito às modelizações a utilizar neste
tipo de estudos mas tendo em conta que o objectivo central desta tese visa uma análise global
do comportamento do sistema no seu todo, tomaram-se algumas opções que a seguir se
descrevem.
3.3.1 Turbina eólica
A turbina eólica pode considerar-se como a máquina primária da produção de energia eléctrica
quando o recurso utilizado é o vento.
A modelização do comportamento de turbinas eólicas envolve fenómenos complexos pelo que é
difícil a obtenção de um modelo preciso que possa simular estas situações. Quando o principal
ponto de interesse dos estudos a realizar tem a ver com o comportamento eléctrico do sistema é
admissível efectuar algumas simplificações, conforme descrito em [66].
Assim a potência mecânica que uma determinada turbina eólica pode produzir a partir da energia
captada do vento, tendo em conta a coeficiente de potência ( ),pC λ θ associada a essa mesma
turbina, é dada pela equação (3.3).
( ) 3,2
1wpmec vACP ⋅⋅⋅⋅= θλρ (3.3)
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
72
Sendo mecP a potência mecânica disponível no eixo da turbina em [W]; ρ é a densidade do ar
em [kg/m3]; pC é o coeficiente de potência da turbina; λ é a taxa de velocidade na extremidade
das pás (designado por Tip Speed Ratio na literatura anglo-saxónica) definida como sendo a
razão entre a velocidade na extremidade das pás em [m/s] e a velocidade do vento ( wv ) em
[m/s]; θ é o ângulo de pitch das pás [em graus](Figura 3.1); A é definida como sendo a área
em [m2] varrida pelas pás da turbina quando em movimento.
Figura 3.1 – Ângulo de pitch [67].
Para o cálculo do coeficiente de potência pC é necessário recorrer ao uso da “teoria do
elemento da pá”. Para tal, exige-se um conhecimento profundo do projecto aerodinâmico e de
cálculos complexos, que ultrapassam o objectivo desta tese. Contudo, entre as várias funções
que exprimem o comportamento de pC em função de λ e θ , será adoptada neste trabalho a
seguinte expressão [68]:
( )12,5
116, 0,22 0,4 5 i
pi
C e λλ θ θλ
−
= × − × − ×
(3.4)
Onde,
3
1 1 0,035
0,08 1iλ λ θ θ= −
+ × + (3.5)
A equação (3.4) conduz a um conjunto de curvas características de ( ),pC λ θ versus λ para os
vários valores de θ como mostrado na Figura 3.2.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
73
Figura 3.2 – Coeficiente de potência, pC , em função taxa de velocidade na extremidade das pás,λ , e do
ângulo de pitch θ .
A taxa de velocidade na extremidade das pás é por sua vez definida como:
r
w
R
V
ωλ = (3.6)
Na equação (3.6) rω é a velocidade angular do rotor em [rad/s] R é o raio da área varrida pelas
pás da turbina eólica em [m] e V a velocidade do vento em [m/s].
3.3.2 Controlo de potência das turbinas eólicas
O controlo de potência em turbinas eólicas define-se a partir de características de construção
(pás fixas ou móveis), de características aerodinâmicas e de aspectos de protecção relacionados
com o comportamento do conjunto gerador/turbina eólica.
As turbinas eólicas são projectadas para transferirem para os geradores eléctricos a energia
mecânica que é retirada da velocidade do vento adoptando princípios de simplicidade e
robustez. Por esta razão são concebidas para operarem com uma potência máxima de saída a
velocidades de vento, geralmente, superiores a 15 m/s.
Em situações de ventos muito fortes é necessário desperdiçar o excesso de vento de forma a
evitar danos que comprometam a integridade física do sistema mecânico de conversão. Todas
as turbinas são portanto projectadas com algum tipo de controlo sobre a potência a entregar.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
74
Para se fazer isto recorre-se a duas formas: o controlo de pitch e/ou o controlo por stall. Por sua
vez o controlo de stall pode ainda ser passivo ou activo [69].
3.3.2.1 Controlo de passo (pitch)
Em turbinas com controlo tipo pitch, existe um controlador electrónico que verifica a potência de
saída da turbina diversas vezes por segundo. Quando a potência de saída se torna muito
elevada é enviada uma ordem para o mecanismo de pitch das pás que as move alterando o
ângulo de ataque da pá relativamente à direcção do vento. Inversamente, as pás são movidas de
volta à acção directa do vento sempre que há uma queda de produção. Neste tipo de controlo,
recorre-se a sofisticados mecanismos hidráulicos e electrónicos para se moverem as pás em
torno dos seus eixos longitudinais.
O projecto de um controlo de pitch requer soluções de engenharia para assegurarem que as pás
do rotor girem exactamente para a posição desejada durante as variações de vento acima da
velocidade para a qual o aerogerador produz a potência nominal. No caso de operação com
máxima potência, o sistema de controlo procura o ângulo óptimo para todas as velocidades de
vento.
A partir da equação (3.3) pode concluir-se que para se diminuir o coeficiente de potência, e
consequentemente o valor da potência mecânica, o ângulo de pitch das pás necessita ser
aumentado. Para o controlo do ângulo de pitch foi utilizado o seguinte diagrama, que se
descreve na Figura 3.3 (Apêndice B).
Figura 3.3 – Bloco de controlo do ângulo de pitch de uma turbina eólica.
3.3.2.2 Controlo Stall
O controlo stall, também designado por controlo aerodinâmico de rotação, efectua-se de forma
passiva ou activa, sendo este último muito idêntico ao controle de pitch.
Relativamente ao controlo stall passivo, este caracteriza-se por as pás terem um ângulo fixo em
relação ao rotor. Na verdade a geometria do perfil da pá é projectada aerodinamicamente de
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
75
modo que no momento em que a velocidade do vento se torne muito elevada seja criada uma
turbulência e a pá entre em “perda”. Desta forma o rotor deixa de acelerar.
Em relação ao controlo stall activo pode dizer-se que utiliza uma variação em degraus pré-
estabelecidos do ângulo das pás, não ocorrendo uma variação contínua como no controlo tipo
pitch.
3.3.3 Geradores
3.3.3.1 Gerador de indução convencional
Tendo em conta o objectivo dos estudos de comportamento dinâmico do sistema (já referidos), é
usual adoptar para a representação da máquina assíncrona um conjunto de pressupostos e
simplificações:
• A taxa de variação do fluxo magnético ( dtdλ ) no estator é desprezada;
• O rotor apresenta uma estrutura simétrica;
• A força elástica e a força resultante de torção no eixo da máquina são desprezadas;
• A saturação magnética é desprezada;
• A distribuição de fluxos é considerada como sinusoidal;
• As perdas por atrito e ventilação são desprezadas.
Estas suposições reduzem a complexidade da modelização e a quantidade de dados
necessários para a realização dos estudos, sem comprometer a qualidade dos resultados em
termos de comportamento dinâmico e de estabilidade transitória do sistema de energia.
Admite-se que as grandezas da máquina se encontram referidas ao eixo de referência síncrono
d-q (transformada de Park [39]), de forma a facilitar o manuseamento das equações, assumindo-
se também que os enrolamentos rotóricos da máquina de indução são simples.
Para o correcto estabelecimento das equações, é necessário adoptar uma convenção dos sinais
para o sentido das correntes que circulam nos enrolamentos da máquina. É habitual, para o
modo de funcionamento da máquina como motor, adoptar-se as correntes como positivas,
quando estão a entrar nos enrolamentos do estator ou nos enrolamentos do rotor. No caso do
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
76
modo de funcionamento como gerador, assume-se que as correntes estão a sair dos
enrolamentos do estator (negativas), enquanto que as correntes do rotor estão a entrar nos seus
enrolamentos (positivas). A partir destes pressupostos, o conjunto de equações resultantes para
o estator e para o rotor da máquina de indução do tipo gaiola de esquilo são as seguintes[39]:
dsds s ds s qs
qsqs s qs s ds
dv R i
dtd
v R idt
λω λ
λω λ
= − × − × + = − × + × +
(3.7)
( )
( )
0
0
drdr r dr s r qr
qrqr r qr s r dr
dv R i
dtd
v R idt
λω ω λ
λω ω λ
= = × − − × + = = × + − × +
(3.8)
Onde vé a tensão [V], Ré a resistência [Ω], i é a corrente [A], sω a frequência angular
eléctrica do estator [rad/s], rω é a frequência angular eléctrica do rotor [rad/s] e λ é o fluxo total
[Wb].
Nas equações definidas em (3.7) e (3.8), os índices “d ” e “q ” denotam o eixo directo e o eixo
de quadratura, respectivamente, representando as componentes segundo os eixos de referência
d-q a girar à velocidade síncrona, estando o eixo “q ”adiantado em 90º em relação ao eixo “d ”.
Os índices “ s” e “ r ” denotam grandezas do estator e do rotor, respectivamente.
Os fluxos de dispersão presentes nas equações apresentadas em (3.7) e em (3.8) são definidos
como:
×+×−=×+×−=
qrmqsssqs
drmdsssds
iLiL
iLiL
λλ
(3.9)
×−×=×−×=
qsmqrrrqr
dsmdrrrdr
iLiL
iLiL
λλ
(3.10)
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
77
Onde ssL representa a auto-indutância dos enrolamentos do estator, rrL a auto-indutância dos
enrolamentos do rotor e mL a indutância mútua de magnetização entre os enrolamentos do
estator e o rotor, ambas em Henry [H]. Sendo:
msss LLL += (3.11)
e
mrrr LLL += (3.12)
Sendo sL e rL as indutâncias de dispersão do estator e do rotor, respectivamente.
Em estudos de comportamento dinâmico, as equações anteriormente descritas são reduzidas de
modo a representar a máquina através de uma força electro-motriz (f.e.m.) transitória atrás de
uma reactância transitória [39]. Portanto, a partir das equações em (3.7), (3.8), (3.9) e em (3.10),
e desprezando-se dtd dsλ e dtd qsλ , nas equações definidas em (3.7), conforme as
suposições feitas em 3.3.3.1, obtém-se:
+×−×−=+×+×−=
''
''
qdsqssqs
dqsdssds
eiXiRv
eiXiRv (3.13)
( )[ ]
( )[ ]
××−×−+⋅−=
××+×−−⋅−=
''''
'
''''
'
1
1
dsdsqo
q
qsqsdo
d
esiXXeTdt
de
esiXXeTdt
de
ω
ω (3.14)
Onde 'X é a reactância transitória [Ω]; 'de e '
qe são as componentes da f.e.m. transitória [V],
segundo as componentes de eixo directo e em quadratura, respectivamente; 'oT é a constante
de tempo de circuito-aberto (transient open-circuit time constant) expressa em radianos [rad]; e
“ s” é o escorregamento. Ambas variáveis são definidas como:
qrrr
msd L
Le λω
⋅×
−=' ; drrr
msq L
Le λω
⋅×
=' ;
−×=
rr
msss L
LLX
2' ω ;
r
rr
r
mro R
L
R
LLT =
+=' ;
s
rssω
ωω −=
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
78
Geralmente todas as variáveis das equações (3.13) e (3.14) são utilizadas em p.u. Para isso, em
simulações onde as variáveis de saída são requeridas em função do tempo, geralmente em
segundos, as equações em (3.14) devem ser multiplicadas pela frequência angular base,
bassebase fπω 2= [70].
O modelo de estado é então definido pelas equações (3.14), e pela equação do movimento
definida como:
( )emr TT
Hdt
d −⋅
=2
1ω (3.15)
Onde mT e eT são os binários mecânico e electromagnético [N.m], respectivamente; e H é a
constante de inércia da máquina, expressa em segundos.
O binário electromagnético e as potências activas ( sP ) e reactivas ( sQ ) do estator, são definidas
em função da f.e.m. transitória e da corrente do estator, através de:
qsqdsde ieieT ×+×= '' (3.16)
×−×=×+×=
qsdsdsqss
qsqsdsdss
ivivQ
ivivP (3.17)
Para muitas aplicações, nomeadamente, as que envolvem máquinas de pequena capacidade
nominal, não é necessário considerar-se a dinâmica do circuito eléctrico do rotor. Nesses casos,
a dinâmica do rotor pode ser assumida como sendo muito rápida, isto é, 'oT muito pequeno, e
portanto, dtded' e dtdeq
' são estabelecidas iguais a zero nas equações definidas em (3.14).
Com esta simplificação, a representação da máquina de indução pode ser feita recorrendo a um
modelo clássico de comportamento em regime permanente [39, 71].
3.3.3.1.1 Controlo de potência
Nestes aerogeradores normalmente, os fabricantes utilizam o controlo de potência stall, activo ou
passivo. Nesta tese o modelo implementado não leva em consideração este controlo.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
79
3.3.3.1.2 Modelo utilizado nas simulações
A ferramenta de simulação utilizada, PSS/E, contém um modelo standard do gerador de indução,
CIMTR3, tendo-se adoptado este modelo para efeitos das simulações dinâmicas efectuadas
neste trabalho.
3.3.3.1.3 Comportamento do IG – Rede de Teste
No anexo A apresenta-se a rede utilizada para verificação do comportamento dinâmico do
gerador de indução convencional.
Para testar recorreu-se a um curto-circuito franco no barramento 2, com a duração de 100ms.
Os dados da rede de teste estão referidos no Apêndice A - Rede de teste, enquanto que os
dados referentes ao modelo estão referidos no Apêndice B - Modelos Dinâmicos Desenvolvidos
e Apêndice C – Modelos Dinâmicos Standard.
Na Figura 3.4 a Figura 3.7 apresentam-se os resultados obtidos na simulação com o gerador de
indução convencional, utilizando o modelo CIMTR3 da livraria do PSS/E, no que respeitas às
diferentes grandezas eléctricas em jogo.
Figura 3.4 – Potência activa injectada pelo IG – CIMTR3.
Figura 3.5 – Potência reactiva injectada pelo IG - CIMTR3.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
80
Figura 3.6 – Desvio de velocidade do IG - CIMTR3. Figura 3.7 – Tensão aos terminais do IG - CIMTR3.
3.3.3.2 Gerador de Indução duplamente alimentado
O modelo da máquina de indução duplamente alimentada (máquina tipo rotor bobinado) é similar
ao da máquina convencional apresentada na secção 3.3.3.1. A diferença básica consiste no
tratamento matemático das equações do rotor. Dado que neste caso, o rotor não se encontra
curto-circuitado, portanto, as tensões do mesmo são diferentes de zero. Mantendo-se a mesma
convenção de sinais, define-se então o conjunto de equações da máquina como [71]:
Partindo das mesmas equações de fluxos definidas em (3.9) e (3.10), e substituindo-as em (3.7)
e em (3.8), com os termos dtd dsλ e dtd qsλ desprezados em (3.7), tem-se:
+×−×−=+×+×−=
''
''
qdsqssqs
dqsdssds
eiXiRv
eiXiRv (3.18)
( )[ ]
( )[ ]
××+××−×−+⋅−=
××−××+×−−⋅−=
drrr
msdsdsq
o
q
qrrr
msqsqsd
o
d
vL
LesiXXe
Tdt
de
vL
LesiXXe
Tdt
de
ωω
ωω
''''
'
''''
'
1
1
(3.19)
As equações em (3.18) e em (3.19) são então completadas com as equações da corrente do
rotor. Assim, a partir das equações das tensões do rotor definidas em (3.8) e substituindo os
fluxos magnéticos, conforme definidos em (3.9) e (3.10), tem-se:
( )dt
diL
dt
diLiLiLsiRv ds
mdr
rrqsmqrrrsdrrdr ×−×+×−×××−×= ω (3.20)
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
81
( )dt
diL
dt
diLiLiLsiRv qs
mqr
rrdsmdrrrsqrrqr ×−×+×−×××+×= ω (3.21)
Como as variações dos fluxos do estator são desprezados ( 0=dtd dsλ e 0=dtd qsλ ),
então, a partir das equações apresentadas em (3.9) pode-se chegar à seguinte relação:
dt
di
L
L
dt
di dr
ss
mds ×= (3.22)
dt
di
L
L
dt
di qr
ss
mqs ×= (3.23)
Substituindo (3.22) e (3.23) em (3.20) e (3.21), respectivamente, obtém-se:
( ) ( )[ ]
( ) ( )[ ]
×−×××−×−××
=
×−×××+×−××
=
dsmdrrrsqrrqrrr
qr
qsmqrrrsdrrdrrr
dr
iLiLsiRvLdt
di
iLiLsiRvLdt
di
ωσ
ωσ
1
1
(3.24)
Onde
×−=
ssrr
m
LL
L2
1σ
A equação do movimento, o binário electromagnético e as potências activas e reactivas do
estator são exactamente iguais às definidas em (3.15), (3.16) e (3.17), respectivamente. Porém,
para o rotor tem-se agora que as potências activas e reactivas são definidas em função das
tensões e correntes de quadratura e de eixo directo do rotor, definidas por:
×−×=×+×=
qrdrdrqrr
qrqrdrdrr
ivivQ
ivivP (3.25)
A potência total entregue à rede eléctrica pela máquina de indução do tipo DFIG depende da
filosofia de controlo aplicada aos conversores estáticos.
É importante lembrar que as equações diferenciais que descrevem a dinâmica do rotor quando
em p.u., devem ser multiplicadas pela velocidade angular base, ωbase = 2.π.fbase.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
82
3.3.3.2.1 Características de controlo em geradores de indução duplamente
alimentadas
Nas máquinas do tipo DFIG, a possibilidade de se acoplar ao rotor um conversor CA-CC-CA
trifásico, constituído por conversores estáticos de potência (IGBT) comutados recorrendo à
modulação por largura de pulsos (PWM), determina uma das grandes vantagens que este tipo
de equipamento de conversão oferece em relação à máquina de indução com rotor em gaiola.
No caso dos geradores do tipo DFIG, o circuito equivalente da máquina adoptado para efeitos de
estudos de comportamento dinâmico é o descrito na Figura 3.8, sendo consistente com o modelo
matemático definido nos pontos anteriores.
Figura 3.8 – Circuito equivalente para o modelo dinâmico da máquina de indução duplamente alimentada como os conversores estáticos representados como fontes de tensão e corrente, respectivamente.
A ligação dos conversores estáticos do tipo PWM (C1 e C2) e dos restantes elementos de
protecção, inseridos no rotor da máquina, estão indicados na Figura 3.9.
isia
dc / ac
C2
vavr
i r
ac / dc
C1
vsig
gg + jQP
r
vdc
Protecção Crowbar
ControladorControlador
Figura 3.9 – Configuração física da turbina eólica acoplada a DFIG e controlada por conversores estáticos.
O funcionamento do conversor C1 é equivalente ao de uma fonte de tensão controlada, ligada
sobre o rotor da máquina, cujo propósito é o de controlar a potência mecânica a entregar pela
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
83
turbina, através do controlo de velocidade angular, e o controlo da tensão terminal do gerador. O
conversor C2, montado em cascata com o conversor C1, funciona como uma fonte de corrente
controlada, cujo controlo, possibilita não somente impor valores de correntes desejadas,
permitindo assim, o controlo do fluxo de potência reactiva trocado com a rede eléctrica, como
também, o controlo da tensão no barramento CC. Um crowbar é utilizado para a protecção dos
conversores quando a corrente no rotor atinge valores elevados, o que pode ter lugar durante
defeitos na rede eléctrica. Nestas situações o bloco de crowbar curto-circuita o conjunto
rectificador/inversor enquanto o defeito persistir. É assumido que a actuação do crowbar está
sincronizado como os relés de protecção dos conversores que estão ligados à rede eléctrica e
que actuam quando a tensão cai a níveis abaixo de um valor a especificar ou, em alternativa,
quando a corrente no rotor atinge valores elevados a definir de acordo com as características
dos conversores [72].
3.3.3.2.1.1 Controlos de velocidade angular e de tensão terminal – Conversor PWM - C1.
O controlo do valor de potência mecânica a entregar pela turbina e o controlo da tensão aos
terminais do gerador de indução é efectuado, através do conversor C1, recorrendo-se ao
controlo das tensões de quadratura e de eixo directo a serem injectadas no rotor da máquina,
seguidamente descrito. Uma vez que o controlo é baseado no sistema de coordenadas d-q
torna-se possível obter um desacoplamento entre as malhas de controlo, conforme é descrito em
[70].
Para se definir a estratégia de controlo para o conversor C1, assume-se que o eixo de referência
d-q está sincronizado com o fluxo do estator, cujo eixo “d ” está alinhado com o fluxo estatórico.
Esta metodologia de controlo é conhecida como “controlo do modo de corrente”. Neste
pressuposto, as tensões do estator e os fluxos, podem ser reescritas como:
×+×−==×+×−=
=
qrmqsssqs
drmdsssds
ds
iLiL
iLiL
v
0
0
λλ
×−×=×−×=
×==
qsmqrrrqr
dsmdrrrdr
dsssqs
iLiL
iLiL
Vv
λλ
λω (3.26)
A partir das equações acima definidas, o binário electromagnético pode ser reescrito como:
qrs
s
ms
me i
V
LL
LT ⋅⋅
+=
ω (3.27)
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
84
Conclui-se, então, que o binário electromagnético, e portanto, a potência activa do gerador
dependem da corrente qri do rotor.
As potências activas e reactivas do estator e os fluxos e as tensões rotóricas podem, por sua
vez, ser escritos em função das correntes do rotor como:
⋅−⋅
⋅=
⋅⋅=
sss
sdr
ss
sms
qrss
mss
L
Vi
L
VLQ
iL
LVP
ω
2
×
−=
⋅⋅
+×
−=
qrss
mrrqr
sss
smdr
ss
mrrdr
iL
LL
L
VLi
L
LL
2
2
λ
ωλ
(3.28)
⋅⋅
××+×
−+×
−××+⋅=
×
−+×
−××−⋅=
sss
sms
qr
ss
mrrdr
ss
mrrsqrrqr
dr
ss
mrrqr
ss
mrrsdrrdr
L
VLs
dt
di
L
LLi
L
LLsiRv
dt
di
L
LLi
L
LLsiRv
ωωω
ω
22
22
(3.29)
Conhecidas as equações em (3.28) e em (3.29) tornam-se possíveis as definições das malhas
de controlo para sintetizarem as tensões de eixo directo e de quadratura a serem injectadas no
rotor, e a impor pelo conversor, definindo-o como uma fonte de tensão controlada. O diagrama
de blocos que representa as equações acima definidas é mostrado na Figura 3.10.
Através do diagrama da Figura 3.10 torna-se fácil a compreensão das relações existentes entre
as potências activa e reactiva do estator com as tensões de quadratura e de eixo directo do
rotor, respectivamente. Todavia, a presença de termos de acoplamento entre as variáveis das
duas malhas de potência mostra a influencia que uma exerce sobre a outra, evidenciando
dificuldades de ordem prática na sintonização dos ganhos dos controladores.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
85
Figura 3.10 – Diagrama de blocos das equações internas do gerador DFIG.
Para se evitar trabalhar com soluções baseadas em controlo não lineares multi-variável, foram
explorados controladores tipo PI, cujos ganhos são ajustados por tentativa e erro até se obter a
resposta desejada. A partir das equações descritas em (3.28) e em (3.29) e do diagrama de
blocos da Figura 3.10, pôde-se definir as malhas de controlo de velocidade e de tensão terminal,
que geram os sinais de qrv e drv , respectivamente. Essas malhas de controlo são mostradas na
Figura 3.11 e Figura 3.12.
Figura 3.11 – Diagrama de bloco de controlo de velocidade.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
86
Figura 3.12 – Diagrama de bloco de controlo da tensão terminal.
Na prática, as tensões drv e qrv , oriundas dos controladores PI, são transformadas para as
coordenadas a-b-c (transformada inversa de Park) e adoptadas como os sinais referência para o
controlo SPWM dos conversores que, quando comparadas com as tensões triangulares com a
frequência de comutação, gerarão os sinais modulantes de comutação dos IGBTs.
3.3.3.2.1.2 Controlo da potência reactiva e da tensão CC – Conversor PWM - C2
Para se impor o valor das correntes que o conversor C2 deve trocar com a rede eléctrica a partir
de um valor de potência reactiva desejável, recorreu-se, neste caso, ao controlo baseado na
teoria da potência instantânea. Através desta estratégia, o conversor C2 é capaz de sintetizar
tanto correntes capacitivas como indutivas a partir de correntes de referências provenientes do
bloco de controlo.
Nesta metodologia de controlo, as correntes e as tensões trifásicas são transformadas para o
eixo de coordenadas α−β−ο (Transformação de Clark) cujas potência real instantânea ( )p t e a
imaginária instantânea ( )q t , são definidas como:
⋅
−=
+
=
)(
)(
)()(
)()(
)(~)(~
)(
)(
)(
)(
ti
ti
tvtv
tvtv
tq
tp
tq
tp
tq
tp
β
α
αβ
βα (3.30)
Onde os símbolos (-) e (~) em (3.30) definem as componentes de valor médio e oscilatório,
respectivamente. As componentes oscilatórias aparecem se estiverem presentes harmónicos,
sendo tal facto, todavia, desprezado na modelização descrita.
Utilizando as equações definidas em (3.30) e explorando os conceitos da teoria da potência
instantânea, torna-se possível obter os sinais de referência das correntes desejadas para a
comutação dos IGBTs do conversor C2. Se um PWM-VSI é controlado para compensar uma
dada potência real ( )cp t e uma dada potência imaginária ( )cq t , e assumindo que o sistema é
equilibrado, as correntes de referência devem ser dadas por:
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
87
×
−×
−−
−×=
−
)(
)(
)()(
)()(
23
21
23
21
01
2
31
*
*
*
tq
tp
tvtv
tvtv
i
i
i
c
c
cc
cb
ca
αβ
βα (3.31)
onde ( )v tα e ( )v tβ são as tensões do estator em coordenadas α−β−ο.
Neste modelo recorreu-se a um controlador ideal de corrente por histerese para controlar o
conversor C2, cujas correntes de compensação *cai , *
cbi e *cci são calculadas instantaneamente
sem qualquer tempo de atraso, usando as tensões e correntes instantâneas do lado da rede
eléctrica.
3.3.3.2.1.2.1 Controlo da Tensão do Barramento CC
A energia activa gerada ou absorvida pelo rotor e trocada com a rede eléctrica depende do
correcto controlo da tensão CC, uma vez que esta energia circulará entre ambos conversores
passando, obviamente, pelo barramento CC. A potência real instantânea ( )cp t presente na
equação (3.31) é definida a partir deste controlo de tensão e deve ser igual à potência activa do
rotor.
Na Figura 3.13 apresenta-se o diagrama de blocos do esquema de controlo proposto para
controlar a tensão CC e, por conseguinte, o valor de ( )cp t . Neste esquema, a tensão CC (Vcc)
é obtida através de um controlador PI a partir do cálculo do erro entre a potência real instantânea
( )cp t e a potência activa do rotor ( )rap t . Este valor medido de Vccé então comparado ao valor
de referência ( _Vcc ref ). Uma vez atingido o valor da tensão CC de referência obtêm-se a
potência real instantânea que deve ser igual a potência activa do rotor. A tensão _Vcc ref deve
ser definida a partir das características de carga da rede eléctrica e das características de
funcionamento do controlador de corrente por histerese.
Figura 3.13 – Diagrama de bloco do controlo da tensão do barramento CC.
3.3.3.2.1.2.2 Correcção do Factor de Potência
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
88
Para um dado factor de potência, para o qual o conversor C2 deve procurar mantê-lo fixo, a
potência imaginária ( )cq t deve ser igual a um valor de potência reactiva pré-estabelecida capaz
de produzir o factor de potência desejado.
Nesta estratégia de controlo, parte da potência reactiva que é injectada pelo conversor C2 é
também absorvida pela máquina através do estator. Portanto, este facto deve ser considerado
quanto à definição do valor de potência reactiva que o conversor deve trocar com a rede
eléctrica.
3.3.3.2.1.2.3 Potência total do Gerador Duplamente Alimentado
As energias activas e reactivas totais ( gP e gQ , respectivamente) que a máquina duplamente
alimentada pode trocar com a rede eléctrica são definidas como:
+=+=
csg
csg
QQQ
PPP (3.32)
Onde sP e sQ são as potências activas e reactivas do estator, respectivamente, definidas em
(3.17); cP e cQ são as potências activas e reactivas, respectivamente, proveniente do conversor
C2 e definidas como:
×−×=×+×=
qcdsdcqsc
qcqsdcdsc
ivivQ
ivivP (3.33)
onde dsv e qsv são as tensões de eixo directo e de quadratura do estator, respectivamente; e dci
e qci são as correntes *aci , *
bci , *cci impostas pelo conversor C2 em coordenadas d-q e obtidas
através da filosofia de controlo.
3.3.3.2.2 Modelo utilizado nas simulações
A ferramenta de simulação utilizada, o PSS/E, não contém um modelo standard do gerador de
indução duplamente alimentado. Assim o modelo descrito foi implementado em linguagem
FORTRAN, compilado e linkado, e utilizado como modelo do utilizador na realização das
simulações.
Fazem parte deste modelo, para além do modelo do gerador (ROGER1), o modelo aerodinâmico
(RAERO1), o modelo dos conversores (RCONV1) e o modelo do controlo de pitch (RPITCH1)
conforme descrito anteriormente.
A descrição destes modelos é feita no Apêndice B - Modelos Dinâmicos Desenvolvidos.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
89
3.3.3.2.3 Comportamento do DFIG – Rede de Teste
As figuras seguintes mostram o comportamento dinâmico de algumas grandezas eléctricas de
uma máquina duplamente alimentada na sequência de um curto-circuito (100ms de duração)
realizado no barramento 2 da rede de teste, descrita no anexo A.
Os dados da rede de teste estão referidos no Apêndice A - Rede de teste.
Figura 3.14 – Potência activa Figura 3.15 – Potência reactiva
Figura 3.16 – Desvio de velocidade Figura 3.17 – Tensão terminal
De modo a validar o modelo desenvolvido no PSS/E foi efectuada a comparação dos resultados
com os resultados obtidos da simulação do mesmo modelo efectuada no MatLab.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
90
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1.6
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (s)
P(M
W)
PELEC(PSSE) PELEC(MatLab)
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (s)
Q(M
VA
r)
QELEC(PSSE) QELEC(MatLab)
1.03
1.035
1.04
1.045
1.05
1.055
1.06
1.065
1.07
1.075
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (s)
Des
v. V
eloc
idad
e (p
.u.)
Desv. Velocidade(PSSE) Desv. Velocidade(MatLab)
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (s)
Vt(p
.u.)
Vt(PSSE) Vt(MatLab)
Figura 3.18 – Comparação do modelo do DFIG – PSS/E/ MatLab
Como se pode verificar através da análise aos gráficos apresentados na Figura 3.18 os
resultados simulados com o modelo desenvolvido no PSS/E não apresentam diferenças
assinaláveis quando comparados com os resultados obtidos através do modelo desenvolvido em
Matlab.
3.3.3.3 Gerador síncrono de velocidade variável
Para representar o gerador síncrono de velocidade variável de uma forma detalhada é
necessário recorrer a um modelo bastante complexo [66].
É no entanto possível desenvolver um modelo simplificado deste aerogerador, fazendo algumas
simplificações, conforme descrito em [16].
Quando se assume que ( ),pC λ θ é sempre igual ao seu valor máximo, a característica de
( ),pC λ θ representada na Figura 3.2 pode ser omitida do modelo e ser substituída por um valor
constante igual ao valor máximo de ( ),pC λ θ .
A característica, velocidade do rotor versus potência activa (a tracejado), é então substituída por
uma aproximação de primeira ordem, tal como demonstra a Figura 3.19.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
91
Figura 3.19 – Característica óptima da velocidade do rotor versus potência (tracejado) e aproximação de primeira ordem (continua)
O modelo simplificado que resulta do que atrás foi referido está representado na Figura 3.20.
Figura 3.20 – Modelo simplificado do aerogerador síncrono de velocidade variável
Quando o integrador, no qual a velocidade do rotor está armazenada, está limitado a 1,1 p.u., o
controlador do ângulo de pitch pode ser desprezado pelo modelo porque não é mais necessário
para limitar a velocidade do rotor.
O controlo da tensão terminal do aerogerador equipado com gerador síncrono de velocidade
variável pode ser modelizada de forma simplificada conforme propõe [16]. O controlo de tensão
está representado na Figura 3.21.
Figura 3.21 – Malha de controlo da tensão terminal
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
92
3.3.3.3.1 Modelo utilizado nas simulações
Foi desenvolvido em FORTRAN um modelo, o qual se designou por SLOOT1. Este modelo
baseou-se nas simplificações propostas para a máquina síncrona de velocidade variável
referidos anteriormente.
No Apêndice B são descritos os parâmetros utilizados na implementação deste modelo.
3.3.3.3.2 Comportamento do SIN – Rede de Teste
O modelo simplificado do gerador síncrono de velocidade variável apresenta um comportamento
dinâmico na sequência de um curto-circuito franco com a duração de 100ms conforme se pode
verificar nas figuras seguintes.
Figura 3.22 – Potência activa. Figura 3.23 – Potência reactiva.
Figura 3.24 – Tensão terminal.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
93
Com esta modelização é possível injectar potência reactiva durante o defeito o que permite obter
uma aproximação razoável do comportamento pretendido para estas máquinas tendo em conta o
solicitado pelos requisitos de RTF.
3.4 Modelo agregados dos aerogeradores
Para simular o comportamento de um grupo de aerogeradores assíncronos, com as mesmas
características técnicas sob as mesmas condições de vento, definiram-se geradores
equivalentes, cujos parâmetros para “n” máquinas são definidos como[73, 74]:
.1
n
Eq ii
HH=
=∑ ' '. 0EqT T= .Eq
RR
n= .Eq
XX
n=
''
.Eq
XX
n= (3.34)
3.4.1 Agregação de Aerogeradores de velocidade fixa
A forma como os aerogeradores de velocidade fixa podem ser agregados tem sido discutida em
vários artigos[74-76].
Neste trabalho assume-se que cada parque eólico pode ser representado por um único
aerogerador de velocidade fixa.
As características dos aerogeradores podem ser calculadas utilizando as seguintes equações:
.1
n
Eq ii
SS=
=∑ .1
n
Eq ii
CC=
=∑ . . ,1
n
mec Eq mec ii
PP=
=∑ (3.35)
onde Sé a potência em MVA e C a capacidade da bateria de condensadores. O índice
.Eq refere-se ao modelo agregado, .mec significa mecânica e i indica um aerogerador no
parque eólico.
3.4.2 Agregação de Aerogeradores de velocidade variável
A potência instantânea gerada por um aerogerador de velocidade variável depende do valor da
velocidade do rotor em vez da velocidade do vento. Portanto, somando a potência mecânica de
cada aerogerador, como se faz para o caso dos aerogeradores de velocidade fixa e tal como se
pode verificar na equação (3.35), poderá introduzir-se um erro. Isto pode ser assumido desde
que exista uma relação instantânea entre a velocidade do vento e a potência do aerogerador, o
que contudo não é verdade. Assim, no modelo agregado de um parque eólico constituído por
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
94
máquinas de velocidade fixa a potência total é a soma da potência eléctrica de todos os
aerogeradores em vez da soma da potência mecânica [16].
3.5 Modelos de FACTS
Existem no mercado diferentes tipos de FACTS, tendo constituições e características de
controlo/funcionamento diferentes. Nesta tese, e como já foi referido, o interesse residiu nas
aplicações de SVC e STATCOM com o objectivo de fornecer suporte de tensão a redes com
elevada integração de produção eólica e onde uma grande parte dos aerogeradores instalados
não têm capacidade de injecção de potência reactiva e consequentemente de controlo de
tensão. Assim, nas secções seguintes apenas serão abordados os modelos do SVC e do
STATCOM.
3.5.1 SVC
3.5.1.1 Principio de funcionamento do SVC
A Figura 3.25-a) mostra o diagrama unifilar equivalente de um SVC. Na figura, uma reactância
controlada a tiristor é ligada em paralelo com a bateria de condensadores, que pode ser fixa ou
ligada com tiristores. A capacidade do compensador estático é calculada de maneira a gerar a
máxima potência reactiva que o compensador deve fornecer para o sistema. Quando este
compensador tem a função de controlar a tensão é chamado de SVC.
Este dispositivo inclui uma reactância indutiva, continuamente variável, que é implementada
através do controlo dos ângulos de disparo de tiristores. O TCR é a base do compensador de
potência reactiva estático convencional. Devido ao controle usado para comutar os tiristores são
geradas correntes harmónicas de baixa ordem. Para reduzir os harmónicos são utilizados
transformadores ligados em estrela-triângulo, assim como filtros passivos. Desta forma
consegue-se reduzir os harmónicos para níveis aceitáveis [61].
O SVC inclui um componente capacitivo, designado por TSC. No caso do TSC o condensador é
ligado através de um tiristor. Por sua vez os tiristores são disparados apenas quando uma
condição de comutação com tensão zero é alcançada para a comutação dos tiristores (Zero
Voltage Switching - ZVS). Portanto, devido à sua característica de comutação, os tiristores
podem apenas ligar ou desligar a bateria de condensadores da rede eléctrica, ou seja o controlo
da potência reactiva gerada pela ligação dos diferentes escalões é feito de forma descontínua.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
95
O uso de um dos compensadores TCR ou TSC possibilita, apenas um tipo de compensação,
capacitiva ou indutiva. Entretanto, na maioria das aplicações, é desejável ter a possibilidade de
ambas as características de compensação. O SVC é em geral projectado para operar nestas
condições.
O circuito mostrado na Figura 3.25(a) é referente apenas a uma fase e não mostra os filtros
passivos, normalmente necessários por causa dos harmónicos de corrente gerados pela
comutação dos tiristores. A Figura 3.25(b) mostra a característica tensão-corrente do SVC.
a) b)
Figura 3.25 – (a) Circuito básico de um SVC; (b) Característica V- I.
Quando a tensão terminal diminui a capacidade de corrente do compensador também é reduzida
proporcionalmente[60].
3.5.1.2 Modelização do SVC
Para simular o comportamento dinâmico do SVC foi utilizado o modelo CSVGN1, do PSS/E. Este
modelo tem a possibilidade de simular um compensador constituído por um TCR e um TSC
(Figura 3.26) [77]. A tensão de referência é definida por VRef, sendo possível adicionar um
conjunto de sinais auxiliares VOTHSG, exactamente da mesma forma como se se tratasse de
uma máquina síncrona.
O valor da reactância é especificado por MBASE. Relativamente ao valor da capacidade do
condensador, esta é introduzida através de um dos parâmetros do modelo, CBASE.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
96
Figura 3.26 – Diagrama de blocos do CSVGN1.
Os limites VMAX e VMIN especificam os limites da malha de controlo de tensão. RMIN especifica o
valor mínimo da admitância quando o controlo do TCR é desligado.
A constante de tempo, T5, proporciona uma aproximação aos atrasos da resposta da reactância
aos sinais de controlo, enquanto que as constantes T1 a T4 permitem uma redução do ganho
transitório na malha de controlo permitindo assim um elevado valor do ganho da tensão de
controlo em regime estacionário, K.
3.5.2 STATCOM
3.5.2.1 Princípio de funcionamento STATCOM
O STATCOM, tal como referido no capítulo anterior é um dispositivo FACTS que é ligado em
paralelo com a rede eléctrica e utiliza as potencialidades da electrónica de potência para
controlar o trânsito de potência e melhorar deste modo a estabilidade transitória das redes
eléctricas. O STATCOM regula a tensão aos seus terminais através do controlo da potência
reactiva injectada ou absorvida da rede eléctrica. Quando a tensão na rede eléctrica é baixa, o
STATCOM produz potência reactiva (capacitiva). Quando a tensão na rede é alta ele absorve
potência reactiva (indutiva)
A variação da potência reactiva é conseguida através de um conversor fonte de tensão (na
literatura anglo-saxónica Voltage-Sourced Converter - VSC) ligado ao secundário do
transformador de inserção. O VSC utiliza dispositivos de electrónica de potência que são
comutados (GTOs, IGBTs ou IGCTs) para sintetizar uma tensão contínua que tem origem numa
fonte de tensão. O princípio de funcionamento do STATCOM pode ser explicado com base na
Figura 3.27. A figura mostra a transferência de potência activa e reactiva entre a fonte 1V e a
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
97
fonte 2V . 1V representa a tensão da rede eléctrica que é controlada e 2V representa a tensão
produzida pelo VSC.
Rede Eléctrica
Transformador
V1
V2 VSC
Rede Eléctrica V1
V2
Vcc
Q
P, QX
VSC
Figura 3.27 – Diagrama do STATCOM.
A potência activa e reactiva injectada pelo STATCOM pode ser calculada através das seguintes
expressões:
1 2 sinVVP
X
δ= (3.36)
1 1 2( cos )V V VQ
X
δ−= (3.37)
Onde 1V representa a tensão da rede eléctrica, 2V a tensão sintetizada pelo VSC, X a
reactância do transformador de inserção e δ o ângulo entre 1V e 2V .
Quando em funcionamento em regime estacionário, a tensão 2V gerada pelo VSC está em fase
com 1V (δ =0º), logo só existe fluxo de potência reactiva (P =0). Se 2V for menor do que 1V , o
fluxo de potência reactiva, Q, flui de 1V para 2V (o STATCOM está a absorver potência
reactiva). Se 2V for maior do que 1V , Q flui de 2V para 1V (o STATCOM está a produzir
potência reactiva).
O valor da potência reactiva pode ser obtida através da expressão seguinte:
1 1 2( )V V VQ
X
−= (3.38)
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
98
O condensador ligado no lado CC do VSC funciona como uma fonte de tensão. Em regime
estacionário a tensão V2 tem de estar ligeiramente desfasada de V1 de modo a compensar as
perdas do VSC e do transformador e manter o condensador carregado.
3.5.2.2 Modelização do STATCOM
O modelo do STATCOM utilizado nas simulações efectuadas nesta tese pertence à biblioteca do
PSS/E e tem a designação de CSTATT (Figura 3.28) [77].
Este modelo assume que a injecção de potência activa é desprezável e por isso apenas a
potência reactiva injectada é modelizada.
Os sinais de entrada do modelo CSTATT são a tensão de referência (VRef) e a tensão terminal
(V). A saída do modelo é a corrente reactiva do STATCOM (ISTATC). O modelo baseia-se num
regulador de tensão, com um ganho transitório determinado por várias constantes de tempo (T1
a T4) e pelo ganho integral (K). A saída do modelo está sujeita aos limites da tensão interna
(VMAX e VMIN) e também os valores limites de corrente do conversor (Limit Max e Limit Min –
Apêndice C).
Figura 3.28 – Diagrama de blocos do CSTATT [77].
Nesta tese foi utilizado o modo de regulação da tensão do STATCOM, sendo que o modelo
utilizado pode funcionar em dois modos diferentes:
• Modo de regulação de tensão (a tensão aos terminais do STATCOM é mantida
dentro de valores limites);
• Modo de controlo de potência reactiva (a potência reactiva injectada pelo
STATCOM é mantida constante).
Quando o STATCOM funciona em modo de regulação de tensão, o seu funcionamento depende
da curva V-I, tal como se pode ver na Figura 3.29.
Dentro dos limites de corrente reactiva impostos pelo conversor, a tensão é regulada para o valor
de tensão definido por VRef. O parâmetro Droop utilizado é função do valor máximo de potência
reactiva na saída do conversor.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
99
Figura 3.29 – Curva V-I do CSTATT [77].
3.5.3 Comportamento dos FACTS perante um curto-circuito
Na figura seguinte (Figura 3.30 e Figura 3.31) apresenta-se, como exemplo, o comportamento
dinâmico da potência reactiva injectada assim como a tensão aos terminais do barramento onde
os FACTS foram ligados.
A simulação refere-se a um curto-circuito franco com a duração de 300ms. É notória a
contribuição dos FACTS, principalmente do STATCOM. Uma vez que este tem um
comportamento superior ao SVC, ou seja, mesmo para tensões mais baixas consegue contribuir
com injecção de potência reactiva de modo a evitar que o valor da tensão atinja valores não
desejados.
É esta diferença para valores de tensão menores aquando da ocorrência de um curto-circuito
que pode levar a que um menor volume de produção eólica seja desligado devido à actuação
dos relés de mínimo de tensão dos aerogeradores.
De forma a focalizarmos a atenção deste trabalho no comportamento global do sistema e devido
ao STATCOM apresentar um melhor resultado (quando comparado com o SVC), optou-se nesta
tese por efectuar todos os estudos apenas com STATCOM. De salientar que não passa pelo
objectivo desta tese o teste de todos os dispositivos FACTS disponíveis tendo antes optado por
um sistema que apresente um comportamento mais favorável no que diz respeito à colaboração
na injecção de potência reactiva e na consequente melhoria do perfil de tensão e do
comportamento dinâmico da rede.
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
100
Figura 3.30 – Potência reactiva injectada (sem FACTS, com SVC e com STATCOM).
Figura 3.31 – Tensão num barramento (sem FACTS, com SVC e com STATCOM).
De referir ainda, que a definição dos valores dos vários parâmetros que constituem cada modelo
de FACTS podem ter influência no comportamento do SVC / STATCOM e no seu efeito de
estabilização do comportamento do sistema no período pós-perturbação. Contudo a afinação
CAPITULO 3 - MODELIZAÇÃO DO SISTEMA
101
dos parâmetros dos STATCOM está fora do âmbito desta tese tendo sido por isso utilizados os
valores de defeito propostos nos manuais do PSS/E.
3.6 Conclusão
Neste capítulo foram apresentados os modelos matemáticos dos diferentes tipos de
aerogeradores utilizados na realização desta tese e também os modelos dos FACTS que
permitem descrever o seu comportamento dinâmico.
No que respeita aos modelos desenvolvidos, foi feita a sua descrição e referidas todas as
considerações e simplificações usadas, de forma a tornar possível a sua utilização na realização
das muitas simulações efectuadas.
Os modelos apresentados foram implementados no âmbito da ferramenta de simulação PSS/E.
Os modelos que fazem parte da livraria do PSS/E e que serviram de base à modelização de
todos os restantes componentes do sistema foram também referenciados.
Por fim foi efectuada a comparação das respostas apresentadas por duas soluções externas:
SVC e STATCOM. Verificou-se que para os objectivos pretendidos, os STATCOM apresentam
resultados mais interessantes. Por esta razão, optou-se por utilizar apenas STATCOM como
elementos externos de apoio para permitir a sobrevivência dos aerogeradores a cavas de
tensão.
103
CAPITULO 4 CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E
FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
105
4.1 Introdução
As perturbações que podem surgir num sistema eléctrico de energia podem ser de diferentes
tipos, tendo por isso sido necessário definir qual, ou quais, seriam utilizadas no desenvolvimento
deste trabalho de investigação. Sendo o curto-circuito a perturbação mais critica para a
instabilidade do sistema, optou-se por utilizá-lo na realização das diferentes análises e
simulações. De facto as máquinas eléctricas são extremamente sensíveis, e particularmente os
aerogeradores a este tipo de perturbações. Os aerogeradores, na sequência de curto-circuitos
podem ser desligados através da actuação das protecções de mínimo de tensão com o objectivo
de assegurar a integridade dos seus equipamentos, levando a que um grande volume de
produção eólica possa ser desligada. Ora tal sequência de eventos pode trazer consequências
mais ou menos graves dependendo da situação em causa.
Numa situação de saída de serviço de um grande volume de produção eólica, e tal como já foi
referido (secção 2.1), grande parte dessa perda vai ser compensada através da importação de
potência, e caso as linhas de interligação estejam próximo do seu limite, um acréscimo nos
trânsitos de potência poderá levar a que algumas das linhas de interligação entrem em
sobrecarga. Caso isto aconteça, poderá, no limite ocorrer o disparo das protecções de
sobrecarga das linhas e levar ao colapso parcial ou total do sistema.
Nas secções seguintes descrevem-se os resultados referentes ao comportamento dinâmico da
rede portuguesa, num contexto ibérico, para diferentes situações de estudo quando ocorre um
curto-circuito num nó importante da rede. Estes estudos permitiram identificar os aspectos
críticos do problema sob análise e ainda identificar formas de o mitigar, conduzindo à definição
da solução de princípio adoptada neste trabalho.
4.2 Rede Estudada
No desenvolvimento deste trabalho foi utilizada a Rede Ibérica para demonstrar o interesse e
viabilidade das soluções preconizadas. Esta rede faz parte da rede da UCTE e como se pode
verificar na Figura 4.1, são abrangidos a quase totalidade dos países da Europa.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
106
Figura 4.1 – Países que pertencem à Rede da UCTE [78].
De forma a proceder aos estudos pretendidos, admitiu-se que a rede ibérica (Figura 4.2), se
encontrava interligada a dois equivalentes. Um deles representa a interligação de Espanha com
França (e restante rede da UCTE) e o outro representa a ligação entre Espanha e Marrocos.
Figura 4.2 – Rede Ibérica (2006) [79].
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
107
4.2.1 Utilização da Rede Ibérica
Com o objectivo de retirar a maior utilidade possível deste trabalho, transportando para o terreno
os resultados que daqui resultassem, foi definido que este estudo seria realizado sobre a rede
ibérica levando em linha de conta, tal como já foi referido, os equivalentes de França (e restante
rede da UCTE) e Marrocos. Para tal definiram-se também valores elevados de integração de
produção eólica no sistema.
É importante referir contudo, que os volumes de integração da produção eólica adoptados
podem não corresponder aos valores que virão efectivamente a estar no terreno no futuro. Os
dados utilizados na construção dos cenários/situações de estudo da rede analisada são os
correspondentes à rede de 2009, tendo-se explorado informação do Plano de Investimentos da
Rede 2004-2009 [3] e informação que a REN aceitou disponibilizar em momento oportuno.
Figura 4.3 – Rede Nacional de Transporte (a 1 de Janeiro de 2007) [80].
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
108
Os dados referentes aos parâmetros dinâmicos dos diferentes equipamentos que constituem a
rede não são descritos nesta tese dado que estes se revestem de alguma confidencialidade.
Contudo, os dados aqui utilizados, foram os que serviram de base à realização de outros
trabalhos de investigação, no mesmo domínio [81].
4.2.2 Cenário Vazio Seco de Verão de 2009
O cenário utilizado nas simulações que se apresentam nas secções seguintes foi o cenário vazio
seco de verão de 2009. A utilização deste cenário está relacionada com o facto deste trabalho
ter sido orientado para estudar cenários mais próximos do vazio e com baixos regimes de carga.
Este cenário é caracterizado por uma maior participação das máquinas térmicas apresentando
uma resposta mais lenta na sequência da perda de produção subsequente à ocorrência de
defeitos na rede, ou seja, este cenário corresponde a uma situação de exploração mais
desfavorável.
O PIR 2006-2009 prevê que em 2009 a potência eólica instalada em Portugal Continental seja
de 3750 MW, mas uma vez que tudo aponta para que esse valor seja ultrapassado, nesta tese
considerou-se que o valor de potência eólica instalada em finais de 2009 será de
aproximadamente 4000 MW. Assim assumiu-se que para os diferentes estudos a efectuar neste
trabalho o valor total da potência eólica efectivamente injectada terá um valor aproximado de
3200 MW, ou seja, 80% do valor da potência eólica instalada.
Na Figura 4.4 está indicado o trânsito de potência activa entre os diferentes países que
constituem o cenário estudado. O cenário considerado apresenta um total de 750 MW de
importação da rede de Espanha. Por seu lado, Espanha está a importar cerca de 706 MW da
rede Francesa (equivalente da rede da UCTE). Em relação ao trânsito de potência activa entre
Espanha e Marrocos, este apresenta um valor de 300 MW.
Relativamente às principais tecnologias consideradas para a rede de Portugal Continental, no
que diz respeito a aerogeradores, estes podem ser divididos em três grupos: máquinas de
indução duplamente alimentadas (DFIG); máquinas de indução convencionais (IG); e máquinas
síncronas de velocidade variável (SIN).
Tendo em conta a diversidade de parques eólicos existentes no nosso pais, alguns dos quais
com apenas um aerogerador houve necessidade de, para cada barramento de injecção de
produção eólica, estabelecer uma relação entre as diferentes tecnologias.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
109
750
300
706
Com base em dados do INETI/INEGI [82, 83] foram definidos os pesos relativos para cada uma
das tecnologias utilizadas. Assim, e em função dos parques que já se encontravam em
funcionamento em 2005, foi possível saber qual o fabricante dos aerogeradores instalados e
consequentemente a tecnologia utilizada. Chegou-se a um valor aproximado de 50% para as
máquinas de indução duplamente alimentadas, 30% para as máquinas síncronas de velocidade
variável e 20% para as máquinas de indução convencionais. Esta relação entre as diferentes
tecnologias foi posteriormente utilizada, com os mesmos valores, na construção das situações
de estudo baseadas no cenário de 2009 (Tabela 4.1 e Tabela 4.2). Para que fosse possível
considerar diferentes valores de regulação dos relés de mínimo de tensão, a potência injectada
foi dividida em duas parcelas. A parcela 1 diz respeito ao volume de produção eólica injectada na
rede que tem a regulação dos relés de mínimo de tensão regulados para 0,8 p.u., enquanto que
a parcela 2 refere-se ao volume de produção eólica injectada na rede que tem a regulação dos
relés de mínimo de tensão segundo o estabelecido na secção 2.4.4.. De modo a permitir uma
mais fácil interpretação dos resultados, cada parcela tem uma figura geométrica associada
(Figura 4.5).
Figura 4.4 – Trânsito de potência activa nas interligações (MW) – cenário vazio seco de 2009.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
110
Tabela 4.1 – Tecnologias utilizadas nos aerogeradores.
Potência eólica
injectada
Parcela 1* Parcela 2**
Tecnologia
% (MW) P (MW) P (MW)
IG 20% 640 640 ----
SIN 30% 960 384 576
DFIG 50% 1600 640 960
Totais 100% 3200 1664 1536
* Regulação dos relés de mínimo de tensão igual a 0,8 p.u..
** Regulação dos relés de mínimo de tensão segundo os valores definidos na secção 2.4.4.
Máquinas Assíncronas Convencionais (IG)
Máquinas Síncronas de Vel. Variável (SIN)
Máquinas Assíncronas Duplamente Alimentadas
(DFIG)
Barramento de injecção de eólica
Rede
FACTS
67xxx
87xxx
37xxx
97xxx
77xxx
Figura 4.5 – Injecção de eólica por tecnologia em cada barramento injector.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
111
O autor está ciente de que esta distribuição poderá, em 2009, não representar exactamente o
que vier a existir no terreno uma vez que a tecnologia utilizada depende do fabricante do
aerogerador que por sua vez está dependente das opções de compra tomadas pelos vários
promotores dos parques. Trata-se, no entanto, de uma boa aproximação e que permitirá analisar
o comportamento dinâmico da rede para o problema sob estudo.
O barramento designado por “Barramento de injecção de produção eólica” na Figura 4.5
representa o barramento receptor de produção eólica da Rede Nacional de Transporte (RNT). É
também neste barramento que serão ligados os equipamentos FACTS (STATCOM) nas
diferentes situações de estudo realizadas nesta tese.
Para a realização das simulações foram utilizados diferentes situações de estudo baseadas no
cenário de vazio seco de verão de 2009. Assim teremos:
• Situação de estudo A1 – tem como base o cenário vazio seco de verão de 2009 em que
todos os aerogeradores não têm capacidade de sobrevivência a cavas de tensão, ou
seja, as protecções de mínimo de tensão estão reguladas para 0,8 p.u..
• Situação de estudo A2 - tem como base o cenário vazio seco de verão de 2009 em que
dos 3200MW de potência eólica injectada na rede, 1536 MW (Tabela 4.1) têm
capacidade de suportar cavas de tensão, estando os relés de mínimo de tensão
regulados segundo a curva portuguesa de sobrevivência a cavas de tensão (secção
2.4.4). Os restantes aerogeradores têm a regulações dos relés efectuada para 0,8 p.u..
• Situação de estudo A3 - tem como base o cenário vazio seco de verão de 2009
conforme estabelecido para a situação de estudo A2 mas com a introdução de
STATCOM nos barramentos da rede onde o valor da potência eólica injectada é superior
a 140 MW (5 barramentos). A potência dos STATCOM (potência total de 435 Mvar) foi
definida para um valor de 50% do valor total da potência eólica injectada em cada um
dos 5 barramentos.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
112
Tabela 4.2 – Potência eólica injectada em cada barramento (por tecnologia).
n.º do Barramento
Nome do Barramento Tensão (kV)
P. Eólica Total
Injectada
(MW)
Pot. Injectada DFIG
(MW)
Pot. Injectada IG
(MW)
Pot. Injectada SIN
MW)
1 67017 ZEZERE 63 20,9 10,4 4,1 6,2 2 67067 PEREIROS 63 70,0 35,0 14,0 21,0 3 67077 POCINHO 63 78,9 39,4 15,8 23,7 4 67107 V.CHÃ 63 28,9 14,4 5,8 8,7 5 67117 A.MIRA 63 54,1 27,1 10,8 16,2 6 67127 ESTARREJA 63 64,4 32,2 12,9 19,3 7 67147 BATALHA 63 91,0 45,5 18,2 27,3 8 67167 R.MAIOR 63 124,4 62,2 24,9 37,3 9 67187 CARREGADO 63 50,6 25,3 10,1 15,2 10 67197 SINES 63 20,8 10,4 4,2 6,2 11 67203 VALDIGEM 220 68,1 34,1 13,6 20,4 12 67207 VALDIGEM 63 123,5 61,7 24,7 37,0 13 67217 FRADES 63 89,5 44,7 17,9 26,8 14 67223 RIBADAVE 150 75,0 37,5 15,0 22,5 15 67227 RIBADAVE 63 59,3 29,6 11,9 17,8 16 67237 MOURISCA 63 8,5 4,3 1,7 2,6 17 67247 CANELAS 63 11,9 5,9 2,4 3,6 18 67257 FANHÕES 63 59,5 29,8 11,9 17,9 19 67287 MOGOFOR 63 6,0 3,0 1,2 1,8 20 67307 POMBAL 63 26,0 13,0 5,2 7,8 21 67317 V.FRIA 63 50,0 25,0 10,0 15,0 22 67333 ESPARIZ* 220 180,0 90,0 36,0 54,0 23 67337 ESPARIZ 63 40,3 20,1 8,1 12,1 24 67357 TRAJOUCE 63 10,8 5,4 2,2 3,2 25 67437 PRACANA 150 47,5 23,8 9,5 14,3 26 67467 TORRÃO 63 101,0 50,5 20,2 30,3 27 67473 PEDRALVA* 150 204,2 102,1 40,8 61,3 28 67527 PENELA 63 104,6 52,3 20,9 31,4 29 67543 CARRAPATELO 220 71,7 35,9 14,3 21,5 30 67547 CARRAPA 63 40,3 20,1 8,1 12,1 31 67557 CHAVES 63 40,1 20,1 8,0 12,0 32 67573 FALAGUEIRA 150 120,7 60,4 24,1 36,2 33 67617 OLEIROS 63 15,1 7,6 3,0 4,5 34 67623 FERRO (Vila Chã)* 220 144,6 72,3 28,9 43,4 35 67627 FERRO (Vila Chã) 63 12,8 6,4 2,6 3,8 36 67647 MOGADOU 63 29,9 14,9 6,0 9,0 36 67667 CHAFARIZ 63 89,5 44,7 17,9 26,8 38 67707 T.VEDRAS 63 112,0 56,0 22,4 33,6 39 67733 C.BRANCO 150 125,4 62,7 25,1 37,6 40 67747 M.CAVALEIROS 63 67,1 33,6 13,4 20,1 41 67777 PORTIMÃO* 63 165,2 82,6 33,0 49,6 42 67787 BODIOSA* 63 175,2 87,6 35,0 52,6 43 67797 V.P.AGUIAR 63 121,0 60,5 24,2 36,3
TOTAIS 3200,0 1600,0 640,0 960,0
* Barramentos onde foram ligados STATCOM na situação de estudo A3
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
113
A distribuição da produção eólica utilizada nesta tese, assim como o valor relativo de produção
em cada um dos 43 barramentos são apresentados na Figura 4.6. A área de cada circunferência
é directamente proporcional ao valor da potência eólica injectada. A regulação dos relés de
mínimo de tensão depende da situação de estudo simulada.
Figura 4.6 – Barramentos com produção eólica na Rede Ibérica.
Em relação à rede espanhola, foram considerados 57 barramentos onde é injectada produção
eólica. Em cada barramento com produção eólica foi considerado que aproximadamente 60% da
potência é injectada por máquinas de indução duplamente alimentadas (DFIG) e que 40% é
injectada por máquinas de indução convencionais (IG) [84]. O total de produção eólica injectada
em Espanha foi de 6000 MW. Os relés de mínimo de tensão das máquinas de indução foram
considerados regulados para 0,85 p.u. Para as máquinas DFIG os relés de mínimo de tensão
respeitam a curva de sobrevivência a cavas de tensão de Espanha (secção 2.4.3).
O cenário vazio seco de verão de 2009 caracteriza-se por ter uma produção em Portugal de
5078 MW / 295 Mvar sendo este valor alcançado com uma contribuição de 3200 MW de
produção eólica e os restantes 1878 MW têm origem nas centrais térmicas convencionais. A
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
114
potência total das cargas em Portugal tem um valor de 5704 MW / 1813 Mvar. Os valores da
importação estão definidos na Figura 4.4.
Devido ao tipo de cenário adoptado, considerou-se neste estudo que a produção hídrica não
apresenta qualquer contribuição para a satisfação do consumo registado em Portugal
continental.
Em Espanha, a produção de energia eléctrica considerada tem um valor de
35901 MW / 3798 Mvar enquanto que o consumo foi de 34190 MW / 9547 Mvar.
4.3 Simulação dinâmica
Para a realização das simulações dinâmicas foi utilizado o software da SIEMENS-PTI – PSS/E.
Este software utiliza um método que permite resolver as equações diferencias, que definem o
comportamento dinâmico dos diferentes equipamentos que constituem um sistema eléctrico de
energia. Trata-se do método de Euler de 2ª ordem, que com base nas condições iniciais permite
a resolução das equações diferenciais. As condições iniciais são obtidas com a resolução do
trânsito de potência realizado através do método de Newton-Raphson.
4.3.1 Passo de integração e tempo de simulação
Uma das principais dificuldades da ferramenta utilizada reside na definição do passo de
integração, pois este não sofre qualquer alteração no decorrer da simulação. O passo de
integração a utilizar está relacionado com o valor das constantes de tempo dos fenómenos que
têm lugar ao longo da análise, ou seja, de forma a não existirem problemas numéricos este
deverá ser inferior ao valor da menor constante de tempo utilizada nos modelos dinâmicos.
Recomenda-se nomeadamente que o passo de integração seja aproximadamente 5 vezes
menor do que o valor da menor constante de tempo [85]. Daqui resulta que o passo de
integração pode variar de sistema para sistema dependendo dos modelos utilizados. No caso da
rede ibérica, foram avaliados os valores das constantes de tempo a partir da análise dos
modelos dos componentes e efectuadas algumas simulações iniciais tendo em vista encontrar o
passo de integração que mais se adequava a esta rede.
Com base no que anteriormente foi referido, optou-se por utilizar um passo de integração de
0,001 s.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
115
Uma análise dos trânsitos de potência nas interligações Portugal-Espanha permitiu verificar que,
e embora as simulações fossem efectuadas até aos 30 segundos, aos 20 segundos os trânsitos
de potência activa estabilizavam. Neste capítulo serão mostrados gráficos com evoluções de
algumas grandezas no domínio do tempo que permitem concluir o que atrás foi referido.
4.4 Parametrização dos aerogeradores
A parametrização dos modelos dos aerogeradores revelou-se uma das principais dificuldades
encontradas na realização deste trabalho. Desde logo o facto dos aerogeradores serem oriundos
de diferentes fabricantes constitui o primeiro problema que determina parâmetros diferentes para
os modelos adoptados. As potências de cada aerogerador são também elas diferentes obrigando
a uma especial atenção na obtenção das máquinas equivalentes.
Assim foram utilizados valores típicos, sendo estes baseados numa máquina com uma potência
de 660kW. A quantidade de aerogeradores por cada ponto injector foi estabelecida com base no
valor da potência eólica a injectar em cada barramento (
Tabela 4.2).
4.5 Análise de Estabilidade
A estabilidade de um sistema eléctrico de energia pode ser definida como a sua capacidade de
voltar a um estado de funcionamento normal, após ter sido sujeito a uma perturbação,
tipicamente um curto-circuito [20].
Para que fosse possível avaliar a estabilidade do sistema quando sujeito a uma perturbação foi
necessário encontrar um índice que reflectisse o estado do sistema no que respeita à
estabilidade transitória. Existem estudos onde são apresentados diferentes índices, e que
avaliam esses índices quando utilizados individualmente e também quando se utilizam
combinações de vários [86, 87].
Foi considerado fora do âmbito desta tese a procura do melhor ou da melhor combinação de
índices que permite avaliar a estabilidade do sistema. Procurou-se encontrar um índice que
permitisse saber se o sistema tinha ou não capacidade de voltar ao estado em que se
encontrava antes da perturbação. Optou-se por um índice denominado de Índice Baseado na
Coerência (na literatura anglo-saxónica - Indice Based on Coherency).
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
116
4.5.1 Índice Baseado na Coerência
Os índices baseados no conceito de coerência são considerados como bastante promissores na
classificação de contingências na análise de segurança dinâmica. A coerência é a medida de
proximidade de todos os ângulos do rotor dos geradores (em relação ao centro de inércia) após
a extinção do defeito [86]. Obviamente, casos estáveis apresentam mais geradores coerentes
que casos instáveis.
O índice de estabilidade transitória (IET) que foi adoptado neste estudo baseia-se na diferença
entre o Centro de Inércia e o maior ângulo de entre as máquinas síncronas em funcionamento na
rede, calculado em cada instante após a ocorrência do defeito como mostrado em (4.1).
(max ( ) ( ))IET t COI ti
θ= − (4.1)
Sendo que:
1,2,...,i n=
n - número de máquinas síncronas equivalentes no sistema.
e
1
1
( )n
i ii
n
ii
HCOI
H
θ=
=
×=∑
∑ (4.2)
Onde iH e iθ são a constante de inércia e o ângulo da máquina síncrona i , respectivamente.
Sendo n é o número total de máquinas síncronas em funcionamento na rede. Caso o índice IET
ultrapasse 180º no final do processo de simulação então o sistema é considerado como instável.
4.5.2 Modelo desenvolvido
Para permitir a análise da estabilidade do sistema eléctrico ibérico foi desenvolvido um modelo –
RCOI1 - e posteriormente adicionado à livraria do PSS/E como modelo desenvolvido pelo
utilizador. Este modelo permite uma visualização temporal da diferença entre o maior ângulo de
entre os ângulos de todas as máquinas síncronas em funcionamento e o Centro de Inércia, ou
seja, o IET. No Apêndice B - Modelos Dinâmicos Desenvolvidos, encontra-se a descrição deste
modelo.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
117
4.6 Simulações
Para tornar possível a realização de um tão elevado número de simulações foi necessário
recorrer à automatização das mesmas, tendo sido utilizado o programa IPLAN. O IPLAN é uma
linguagem de programação que faz parte do PSS/E e permite efectuar, com recurso a opções
idênticas a uma qualquer linguagem estruturada (a declaração de variáveis, a realização de
ciclos, a implementação de funções lógicas, etc) a automatização das simulações. Permite
também “comunicar” com os arrays de dados do PSS/E conseguindo-se assim obter valores que
são utilizados no decorrer da simulação.
4.6.1 Curto-circuito – Cenário Vazio Seco de Verão de 2009
As consequências que um curto-circuito pode trazer para uma rede, podem numa situação limite,
ser catastróficas na medida em que pode originar o colapso do sistema.
Importa portanto analisar o comportamento da rede, na sua globalidade, de modo a serem
identificadas situações críticas. Nas secções seguintes são apresentados resultados de diversas
simulações com o objectivo de: identificar situações que podem causar um impacto negativo no
comportamento dinâmico da rede após a ocorrência de um defeito.
Nestes estudos deu-se especial atenção aos trânsitos de potência activa nas interligações, às
tensões nos barramentos onde existe injecção de potência eólica, à contribuição dos diferentes
equipamentos colocados na rede e também ao valor da perda de produção eólica causada pelo
disparo dos relés de mínimo de tensão dos aerogeradores.
A análise do comportamento da rede (cenário de 2009) teve por isso um elevado interesse uma
vez que permitiu verificar como a mesma se comporta perante diferentes situações. As
informações assim recolhidas permitiram entender melhor a dinâmica do efeito do curto-circuito e
todas as suas consequências.
O elevado número de barramentos onde podem existir defeitos e por conseguinte o elevado
número de simulações que é necessário levar a cabo para se obter resultados completos obrigou
a tomar algumas decisões. Desde logo, verificou-se ser impraticável a realização de um tão
elevado número de simulações/cenários/situações de estudo, sendo por isso necessário optar
por critérios que permitissem reduzir o volume de trabalho, sem contudo comprometer o
objectivo central desta investigação.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
118
Tirando partido do IPLAN foi efectuado um programa que simulou um curto-circuito em todos os
barramentos da rede portuguesa. Da utilização desse programa foi obtida uma relação entre o
local do defeito e o valor do volume de produção eólica retirada de serviço na sequência do
defeito. O cenário utilizado foi o vazio seco de verão 2009 com uma potência eólica injectada de
3200 MW, não tendo sido inserido na rede qualquer STATCOM (A2). A situação mais gravosa
verificou-se quando o defeito ocorria no barramento de 400 kV da sub-estação de Recarei uma
vez que a potência eólica total perdida é neste caso a mais elevada (1634 MW). Portanto é neste
barramento que será simulado o curto-circuito para as diferentes situações de estudo
consideradas neste trabalho.
É importante clarificar que nesta tese, quando se considerou que os aerogeradores têm
capacidade de RTF tal significa fundamentalmente que estes não são desligados da rede no
caso de se verificar que a tensão aos seus terminais é superior aos limites definidos pela curva
de sobrevivência a cavas de tensão. Tal aplica-se exclusivamente aos geradores síncronos de
velocidade variável e de indução duplamente alimentados para os quais se especifica que
cumpram este requisito.
4.6.1.1 Situação de estudo A1
A Situação de estudo A1, refere-se a um cenário de vazio seco de verão, em que os
aerogeradores têm as protecções de mínimo de tensão reguladas para 0,8 p.u.. Embora esta
situação de estudo seja pouco provável de acontecer, ajuda a perceber o que aconteceria caso
todos os aerogeradores fossem desligados para valores de tensão terminal inferiores a 0,8 p.u..
O defeito provocado, curto-circuito franco próximo do barramento de 400 kV de Recarei para
t=1 s com a duração de 500ms, origina a perda de um grande volume de produção eólica, cerca
de 2900 MW. Na figura seguinte (Figura 4.7) pode verificar-se que a quase totalidade dos
parques seriam desligados, sobrevivendo apenas os que se encontram muito afastados do local
do curto-circuito, como é o caso dos parques situados a sul do território português.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
119
Máq. Sincronas Desligadas [MW], 873.0, 90.9%
Máq. Sincronas a Funcionar [MW], 87.0, 9.1%
Máq. Assíncronas Desligadas [MW], 581.4, 90.9%
Máq. Assíncronas a Funcionar [MW], 58.6, 9.1%
Máq. DFIG Desligadas [MW], 1454.0, 90.9%
Máq. DFIG a Funcionar [MW], 146.0, 9.1%
a) Máquinas Síncronas b) Máquinas Assíncronas c) Máquinas DFIG
Figura 4.7 – Perda de produção eólica na sequência de curto-circuito em Recarei – A1
Os trânsitos de energia activa nas interligações constituem um primeiro indicador sobre se o
sistema ficou ou não estável após uma perturbação deste tipo. Como se pode verificar da análise
dos trânsitos das diferentes interligações entre Portugal e Espanha, um curto-circuito franco em
Recarei com a duração de 500 ms provoca instabilidades no sistema (Figura 4.8). Esta situação
é consequência do elevado volume de produção eólica que foi retirada de serviço por as tensões
aos terminais dos aerogeradores serem inferiores aos valores de regulação dos relés de mínimo
de tensão (0,8 p.u.) durante a permanência do defeito. Analisando os perfis dos diferentes
trânsitos de potência activa, é visível que a rede fica instável após a ocorrência do defeito.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
120
Alto Lindoso – Cartelle (400kV), (1 linha) Pocinho - Saucelle (220kV)
Douro Internacional – Aldeadavila 1 ( 220kV) Douro Internacional – Aldeidavila 2 (220kV)
Falagueira – Cedillo (400kV) Alqueva - Balboa (400kV)
Figura 4.8 – Trânsitos de potência activa nas interligações Portugal-Espanha – A1
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
121
Os trânsitos de potência activa entre Espanha e França reflectem também a instabilidade na
sequência do curto-circuito que ocorreu na rede portuguesa (Figura 4.9).
Hernâni( – Cante (400kV) Arkale - Mougo (220kV)
Victória - Baixa (400kV) Biesca - Pragn (220kV)
Figura 4.9 – Trânsitos de potência activa nas interligações Espanha-França – A1
Os trânsitos de potência activa (totais) nas interligações entre Portugal-Espanha e entre
Espanha-França encontram-se na Figura 4.10. Pode verificar-se que o fenómeno de
instabilidade ocorre na rede portuguesa e propaga-se à restante rede, provocando a separação
do sistema ibérico do sistema europeu por posterior actuação das protecções das linhas de
interligação, conduzindo seguidamente o sistema para uma situação de colapso.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
122
Portugal – Espanha Espanha - França
Figura 4.10 – Total dos trânsitos de potência activa nas interligações Espanha-França – A1
Como referido anteriormente, foi utilizado um índice de estabilidade transitória (IET) de modo a
poder ser confirmado analiticamente o que pode ser concluído através da sua análise gráfica.
O IET indica claramente que o sistema ficou instável, uma vez que ultrapassou o limite de
estabilidade definido, ou seja, os 180º (Figura 4.11)
Figura 4.11 – Evolução temporal do IET – A1
De modo a abreviar a quantidade de gráficos que poderiam ser mostrados com os perfis de
tensão nos diferentes barramentos, optou-se por apresentar curvas iso-tensão. Estas curvas
permitem ter uma visão alargada dos valores das tensões na rede ibérica num determinado
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
123
instante. Para demonstrar isto, apresentam-se na Figura 4.12 as curvas iso-tensão para o
instante imediatamente antes do defeito ser eliminado.
Figura 4.12 – Curva iso-tensão – A1
Como esperado, os valores mais baixos da tensão verificam-se nas zonas mais próximas do
defeito (norte de Portugal). De notar que nesta situação de estudo é visível o “afundamento”
generalizado das tensões tendo como consequência a perda de elevado volume de produção
eólica. Os locais assinalados com elipses indicam áreas da rede portuguesa onde os efeitos da
instalação dos STATCOM serão mais visíveis, como se poderá verificar nas secções seguintes.
4.6.1.2 Situação de estudo A2
A Situação de estudo A2, refere-se a um cenário de vazio seco de verão de 2009,
caracterizando-se por apresentar 1536 MW de potência injectada por aerogeradores com
capacidade de RTF estando os relés de mínimo de tensão regulados segundo a curva
portuguesa (secção 2.4.4). Os restantes aerogeradores têm a regulações dos relés para 0,8 p.u.
Considerou-se que em Espanha os aerogeradores equipados com máquinas DFIG estariam
sujeitos à curva de capacidade de RTF de Espanha (secção 2.4.3), enquanto que os
aerogeradores equipados com máquinas de indução convencionais teriam a regulação dos relés
de mínimo de tensão regulada para 0,85 p.u..
O curto-circuito em Recarei (para t=1s) com a duração de 500ms origina a perda de 1634 MW de
produção eólica, sendo que esta perda de produção é inferior ao valor que se verificou na
situação de estudo A1 (2900 MW). Esta situação confirma o esperado, ou seja, a possibilidade
dos aerogeradores terem capacidade de suportar aos seus terminais tensões mais baixas, não
sendo portanto desligados da rede, o que é uma característica fundamental e que tem
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
124
repercussões no que respeita ao comportamento dinâmico da rede onde os aerogeradores se
encontram ligados.
Na figura seguinte (Figura 4.13) pode verificar-se que os parques eólicos mais próximos do local
do curto-circuito são os mais afectados com o defeito. A quase totalidade dos parques eólicos,
com as protecções reguladas para 0,8 p.u., foram desligados na sequência do afundamento dos
valores da tensão nos vários barramentos da rede.
a) Máquinas Síncrona b) Máquinas Assíncronas c) Máquinas DFIG
Figura 4.13 – Perda de produção eólica na sequência de curto-circuito em Recarei – A2
As simulações efectuadas com esta situação de estudo permitem confirmar a influência que a
regulação das protecções, aliadas ao facto dos aerogeradores poderem suportar níveis de
tensão mais baixos, tem na perda de produção eólica e no comportamento dinâmico de toda a
rede.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
125
Alto Lindoso – Cartelle (400kV), (1 linha) Pocinho - Saucelle (220kV)
Douro Internacional – Aldeadavila 1 ( 220kV) Douro Internacional – Aldeidavila 2 (220kV)
Falagueira – Cedillo (400kV) Alqueva - Balboa (400kV)
Figura 4.14 – Trânsitos de potência activa nas interligações Portugal-Espanha – A2
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
126
É visível (Figura 4.14) que nesta situação de estudo o comportamento dinâmico dos trânsitos de
potência activa em algumas das interligações existentes entre Portugal e Espanha apresentam
um comportamento melhor (menores oscilações) sendo que ainda apresentam grandes
variações em amplitude e frequência.
Nas interligações Espanha – França (Figura 4.15) o fenómeno de instabilidade é visível embora
seja menos acentuado quando comparado com a situação de estudo A1, o que se deve ao
menor volume de produção eólica que se perdeu na sequência do curto-circuito em Recarei.
Hernâni (400kV) – Cante (400kV) Arkale (220kV) - Mougo (220kV)
Victória ( 400 kV) - Baixa 400kV) Biesca (220kV) - Pragn (220kV)
Figura 4.15 – Trânsito de potência activa nas interligações Espanha - França – A2
Na globalidade, o total dos trânsitos nas interligações entre Portugal-Espanha e Espanha-França
indicam uma menor instabilidade (Figura 4.16).
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
127
Portugal – Espanha Espanha - França
Figura 4.16 – Total do trânsito de potência activa nas interligações Portugal-Espanha e Espanha-França–A2
Da análise do IET (Figura 4.17) pode concluir-se que o sistema ficou instável sendo no entanto
de assinalar que o aumento significativo da diferença do maior ângulo de entre os ângulos da
máquinas síncronas e o centro de inércia ocorre num instante de tempo mais tarde quando
comparado com a situação de estudo A1. Portanto, quando o sistema perde um menor volume
de produção eólica verifica-se uma maior capacidade para se manter estável.
Figura 4.17 – Evolução temporal do IET – A2
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
128
As curvas iso-tensão confirmam o esperado. Para demonstrar isto apresentam-se na Figura 4.18
as curvas iso-tensão para o instante imediatamente antes do defeito ser eliminado.
Nesta situação de estudo, também os valores mais baixos da tensão se verificam nas zonas
mais próximas do defeito. Ao comparar o local assinalado com a elipse na Figura 4.18 e o
mesmo local mas no cenário A1 (Figura 4.12) verifica-se que o facto de existirem aerogeradores
que cumpram os requisitos de RTF tem um impacto positivo nos valores das tensões da rede.
Isto deve-se à potência reactiva injectada pelas máquinas síncronas de velocidade variável,
levando a que as mesmas permaneçam ligadas à rede durante o defeito, desde que se cumpram
os requisitos de RTF.
Figura 4.18 – Curva iso-tensão - A2 - Curto-circuito em Recarei (t=1,5 s)
Resumindo, pode dizer-se que a perda de um tão elevado volume de produção eólica faz com
que o sistema fique instável. Assim, e considerando que grande parte dos actuais parques
eólicos não têm capacidade de RTF só com o recurso a equipamentos externos aos
aerogeradores que permitam mitigar este impacto será possível melhorar, ou mesmo evitar
situações indesejáveis.
A situação de estudo seguinte, A3, tem como objectivo analisar a introdução na rede de
STATCOM de modo a que estes contribuam para melhorar o comportamento da rede em caso
de defeito.
4.6.1.3 Situação de estudo A3
Na sequência da análise das duas situações de estudo anteriores, fica bem patente que a
necessidade de recorrer a equipamentos que permitam reduzir o impacto do curto-circuito na
rede é grande. Os FACTS apresentam características que nos podem ajudar a reduzir tais
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
129
impactos. Como já referido, optou-se por utilizar o STATCOM para ajudar a mitigar as
consequências originadas pelos defeitos, nomeadamente o afundamento de tensão que ocorre
enquanto o defeito permanece.
A situação de estudo A3 tem como base o cenário vazio seco de verão de 2009, conforme
estabelecido para a situação de estudo A2, mas com a introdução de STATCOM apenas nos 5
barramentos com maior potência eólica injectada. Para este caso considerou-se que a potência
dos STATCOM teria um valor aproximado de 50% do valor total da potência eólica injectada em
cada barramento.
O defeito provocado, curto-circuito na sub-estação de Recarei (400kV) com a duração de 500ms,
origina neste caso a perda de 1517 MW. Verifica-se portanto, uma menor perda de produção
eólica em relação às situações de estudo anteriores, consequência da injecção de potência
reactiva por parte dos STATCOM, sendo que a diferença para a situação de estudo A2 não é
muito significativa. No entanto, e como veremos mais à frente, esta diferença apresenta-se como
bastante relevante, uma vez que, o sistema não entra em instabilidade. A potência total dos
STATCOM que se considerou foi de 435 Mvar. Os STATCOM foram considerados ligados nos
barramentos apresentados na tabela seguinte (Tabela 4.3).
Tabela 4.3 – Barramentos com STATCOM na situação de estudo A3
n.º do Barramento kV Nome do Barramento Pot. Eólica Injectada (MW)
27 67473 150 PEDRALVA 204,2
22 67333 220 ESPARIZ 180,0
42 67787 63 BODIOSA 175,2
41 67777 63 PORTIMÃO 165,2
34 67623 220 FERRO (Vila Chã) 144,6
Total 880
Na figura seguinte (Figura 4.19) é possível verificar a acção dos STATCOM ligados na rede, uma
vez que estes ao contribuírem com injecção de potência reactiva evitam a saída de alguns
aerogeradores quando comparamos esta situação com a situação de estudo anterior (A2). A
melhoria generalizada do comportamento das tensões nos barramentos é suficiente para manter
em funcionamento mais alguns parques. Mesmo nos parques que são desligados, os valores de
tensão não atingem valores tão baixos como os verificados na situação de estudo A2.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
130
a) Máquinas Síncronas b) Máquinas Assíncronas c) Máquinas DFIG
Figura 4.19 – Curto-circuito em Recarei – A3
O contributo mais significativo dos STATCOM, para além da melhoria do perfil de tensão,
verifica-se na melhoria substancial do perfil dos trânsitos de energia nas linhas de interligação de
Portugal-Espanha e também de Espanha-França. A Figura 4.20 e Figura 4.21 mostram os
trânsitos de potência activa nas interligações Portugal-Espanha, Espanha-França. É aqui notório
o contributo indirecto dos STATCOM no sentido de melhorar a estabilidade de toda a rede
quando esta é sujeita a um defeito muito severo.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
131
Alto Lindoso – Cartelle (400kV), (1 linha) Pocinho - Saucelle (220kV)
Douro Internacional – Aldeadavila 1 ( 220kV) Douro Internacional – Aldeidavila 2 (220kV)
Falagueira – Cedillo (400kV) Alqueva-Balboa (400kV)
Figura 4.20 – Trânsitos de potência activa nas interligações Portugal-Espanha – A3
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
132
Hernâni – Cante (400kV) Arkale - Mougo (220kV)
Victória - Baixa (400kV) Biesca - Pragn (220kV)
Figura 4.21 – Trânsito de potência activa nas interligações Espanha - França – A3
Os totais dos trânsitos de potência activa nas interligações Portugal-Espanha e Espanha-França
revelam que a rede ibérica tende para uma situação de estabilidade, como consequência da
presença dos STATCOM (Figura 4.22).
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
133
Portugal – Espanha Espanha - França
Figura 4.22 – Total do trânsito de potência activa nas interligações Portugal–Espanha e Espanha-França–A3
Para além dos trânsitos nas interligações, e através do recurso ao IET pode constar-se que,
contrariamente ao que aconteceu nas duas situações de estudo anteriores, o sistema não fica
instável. Analisando a Figura 4.23, podemos verificar que a diferença entre o maior ângulo de
entre as máquinas síncronas em funcionamento e o centro de inércia não ultrapassou os 180º e
é bem visível a diminuição da amplitude e frequência das oscilações.
Figura 4.23 – Evolução temporal do IET – A3
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
134
As curvas iso-tensão possibilitam uma visão alargada dos valores residuais das tensões na rede
ibérica (Figura 4.24), como consequência do defeito.
Muito embora os valores das tensões nos barramentos que se situam junto do local do curto-
circuito apresentem valores bastantes reduzidos (situação inevitável) a contribuição dos
STATCOM permite uma melhoria generalizada dos valores das tensões em toda a rede.
Figura 4.24 – Curva iso-tensão – A3
Compara-se agora as áreas assinalada na Figura 4.18 com as elipses (situação de estudo A2)
com a mesma área na Figura 4.24 (situação de estudo A3). Estas áreas correspondem às zonas
dos parques do Pinhal Interior, Serra da Estrela e Caramulo/Lousã, sendo que alguns dos
parques não foram desligados (117 MW) na sequência do curto-circuito. Tal facto deve-se ao
contributo dos STATCOM uma vez que estes proporcionaram suporte de tensão e assim
evitaram que as protecções dos parques actuassem.
De referir que nestes casos a injecção de potência reactiva evita também que a tensão terminal
dos aerogeradores com RTF seja inferior a 0,2 p.u., evitando a sua saída de serviço.
4.6.1.4 Problemas da utilização de STATCOM
A contribuição dos STATCOM pode, contudo, originar fenómenos indesejáveis relativamente aos
valores das tensões nos barramentos da rede. Estes fenómenos consistem em sobre-tensões
mais ou menos elevadas dependendo se o STATCOM está ligado em barramentos com potência
de curto-circuito reduzida ou elevada. De forma a analisar esta possibilidade foram efectuadas
simulações, que tiveram como base a situação de estudo A2 mas com introdução de STATCOM
nos barramentos com as 5 maiores e 5 menores potências de curto-circuito.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
135
Para as simulações efectuadas com STATCOM ligados nos barramentos com produção eólica e
que têm as maiores correntes de curto-circuito não foi verificada qualquer sobre-tensão (traço a
cheio nos gráficos), como se pode observar na figura seguinte (Umáx.<1%Un). Relativamente ao
caso das simulações efectuadas com STATCOM ligados nos barramentos com produção eólica
e que têm as menores correntes de curto-circuito (a tracejado nos gráficos) verifica-se a
possibilidade de ocorrência de pequenas sobre-tensões (Umax. ≈ 4 % Un) nos instantes após a
eliminação do defeito. Isto deve-se ao grande volume de energia reactiva que é injectada na
rede aquando da recuperação das tensões e após a eliminação do defeito (Figura 4.25 e Figura
4.26), uma vez que os STATCOM têm um tempo de atraso na resposta à eliminação do defeito.
Figura 4.25 – Tensão em Ribadave – Curto-circuito em Ribadave de 500ms
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
136
Figura 4.26 – Tensão em Carrapatelo – Curto-circuito em Ribadave de 500ms
Com base nas situações simuladas pode referir-se que a ocorrência de sobre-tensões não
devem ser ignoradas, podendo estas existir em locais da rede onde a corrente de curto-circuito
atinge valores mais baixos. No entanto, e caso a potência máxima dos STATCOM não
ultrapasse os 50% da potência eólica injectada num barramento da rede, o valor da sobre-tensão
atingirá valores reduzidos, não levando, em principio, à actuação das protecções de máximo de
tensão dos aerogeradores, ou da protecção das interligações dos parques.
4.7 Conclusão
Neste capítulo foram efectuadas diversas simulações, que tiveram como principal objectivo a
verificação do comportamento dinâmico da rede utilizada na sequência de um defeito. As
situação de estudo utilizadas permitiram identificar quais os principais problemas aquando do
aparecimento de um curto-circuito franco, neste caso, quando este ocorre no barramento que
originou a maior perda de produção eólica.
Caso todos os aerogeradores tivessem as suas protecções reguladas para 0,8 p.u. (A1), as
consequências seriam bastante gravosas uma vez que um elevado volume de produção eólica
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
137
seria desligado originando um quadro de instabilidade na rede. Como foi referido, esta situação
de estudo não é realista, no entanto serviu para verificar o comportamento da rede numa
situação extrema.
No caso da situação de estudo A2, a perda de produção eólica é bastante menor do que a que
se verificou na situação de estudo A1, mas no que respeita à instabilidade a situação é idêntica,
ou seja, o sistema fica instável na sequência de um curto-circuito franco.
Portanto, fica claro que a principal consequência da saída de serviço da produção eólica no
seguimento de um curto-circuito é a instabilidade do sistema.
De forma a diminuir estas consequências recorremos a dispositivos que na sequência de um
curto-circuito dão suporte ao plano de tensão da rede de modo a que os perfis de tensão não
sejam tão afectados. Os dispositivos FACTS podem dar um contributo importante, uma vez que
têm a capacidade de injectar potência reactiva na rede de uma forma rápida. Para avaliar esta
contribuição foi utilizado a situação de estudo A3. Como resultado, e tendo em conta que nesta
situação de estudo foram instados STATCOM nos 5 maiores barramentos injectores de potência
eólica do sistema, verificou-se uma menor perda de produção eólica relativamente às situações
de estudo anteriores, sendo que a principal vantagem advém do facto do sistema não ficar
instável após a eliminação do defeito.
Com base nos resultados obtidos pode-se assim afirmar que a contribuição dos STATCOM para
a melhoria das condições do sistema se faz sentir de duas formas:
• Os aerogeradores sem requisitos de RTF podem não vir a ser desligados porque a
tensão aos seus terminais permanece com um valor superior ao limiar de actuação das
protecções de mínimo de tensão (0,8 p.u.);
• Os aerogeradores com capacidade de RTF podem não ser desligados por a tensão aos
seus terminais permanecer com um valor superior a 0,2 p.u. durante o defeito.
No entanto, a inclusão dos STATCOM pode trazer alguns problemas de exploração. Estes
problemas estão relacionados com o possível aparecimento de sobre-tensões nos barramentos
onde as potências de curto-circuito sejam reduzidas e são causadas pelo aparecimento de um
transitório resultante de um excesso de injecção de potência reactiva na rede. Por esta razão
adoptou-se a regra de limitar a potência dos STATCOM a 50% do valor da potência eólica
injectada em cada barramento.
CAPITULO 4 - CONSEQUÊNCIAS DE CURTO-CIRCUITOS E FORMAS DE MITIGAR OS SEUS EFEITOS
138
Resumindo, fica provada a importância que pode ter a introdução de STATCOM numa rede com
elevada integração de potência eólica. É por isto importante desenvolver e aplicar metodologias
que permitam a localização e o dimensionamento óptimo dos STATCOM nos diferentes
barramentos da rede.
139
CAPITULO 5 PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO
E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
141
5.1 Introdução
Conforme tem vindo a ser referido, o trabalho desenvolvido nesta tese foi orientado para avaliar
a segurança dinâmica de redes interligadas com elevada penetração de produção eólica,
procurando identificar soluções técnicas externas aos aerogeradores que permitissem assegurar
a sua manutenção em operação na sequência de cavas de tensão resultantes de curto-circuitos
ocorridos na rede. As soluções externas preconizadas neste trabalho consistem na instalação de
compensadores estáticos, tipo STATCOM, que injectam potência reactiva na rede e suportam o
perfil de tensão de forma a evitar a saída de serviço dos aerogeradores aquando da presença de
cavas de tensão nos nós onde este tipo de produção se encontra ligada.
Dada a necessidade de localizar na rede estes equipamentos de compensação e de os
dimensionar adequadamente, descreve-se neste capítulo a metodologia adoptada para este
efeito. Numa primeira fase, a metodologia procurou minimizar a perda de produção eólica e
numa segunda fase minimizar a potência total dos STATCOM a instalar na rede, de forma a
garantir a estabilidade do sistema na sequência de um curto-circuito situado em pontos críticos
da rede eléctrica.
Tendo em consideração as características de não linearidade do problema de optimização, foi
necessário recorrer a ferramentas matemáticas denominadas de meta-heurísticas para a sua
solução. De entre as várias meta-heurísticas disponíveis (Tabu Search, Algoritmos Genéticos,
entre outras) optou-se por utilizar uma que não motivasse um esforço numérico exagerado, e
que fosse capaz de conduzir a resultados satisfatórios. Neste contexto a meta-heurística
utilizada foi o Simulated Annealing (SA).
5.2 O Problema
Uma grande dificuldade encontrada na realização deste trabalho prendeu-se com o tipo de
problema encontrado, por se tratar de um problema não linear, combinatório e de grande
dimensão. Na verdade muitas podem ser as combinações associadas à localização dos
STATCOM (podem ser ligados em vários barramentos) e também da sua potência.
Nas secções seguintes descrevem-se os passos efectuados na definição da metodologia
utilizada para a realização dos diferentes estudos.
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
142
5.2.1 Formulação geral
Num problema de optimização são definidas a função objectivo e um conjunto de restrições, em
que ambos estão relacionados com as variáveis de decisão. Podemos ter um problema de
minimização ou de maximização da função objectivo. A resposta para o problema em causa, ou
seja, o óptimo global, será o menor (ou maior) valor possível para a função objectivo para o qual
o valor atribuído às variáveis não viole nenhuma das restrições definidas.
Assim, a formulação dos problemas de optimização pode ser realizada tendo como base a
formulação geral que se apresenta a seguir:
minimizar ( )f x
Sujeito a:
( )g x ≤ 0
( )h x = 0
Onde:
- x representa as variáveis de decisão;
- ( )f x a função objectivo;
- ( )g x e ( )h x as restrições de desigualdade e igualdade, respectivamente.
A natureza das funções ( )f x , ( )g x e ( )h x indicam a natureza do problema, ou seja, se este
é linear ou não linear.
5.2.2 Formulação específica
Uma vez que se pretendeu neste trabalho encontrar soluções de suporte aos requisitos de RTF,
recorrendo a soluções externas aos aerogeradores – STATCOM, a formulação adoptada
conduziu a abordagens diferentes que nos conduziram a duas funções objectivo distintas:
• Minimização do volume de perda de produção eólica; • Minimização das potências dos diferentes STATCOM a instalar.
A razão para a definição de duas funções objectivo esteve relacionada com o tipo de resultados
obtidos relativamente à aplicação da função objectivo que minimiza a perda de produção eólica.
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
143
Com efeito, a definição do problema com base na minimização da perda de produção eólica
conduzia a uma potência de STATCOM excessivamente elevada, o que inviabilizaria a aplicação
prática dos seus resultados.
Assim, procurou-se uma alternativa que consistia na utilização de uma função objectivo que
minimizasse a potência dos STATCOM a instalar, tendo a garantia de que o valor encontrado
corresponde a um cenário de estabilidade.
Admitiu-se também que os STATCOM a instalar seriam ligados nos barramentos das
sub-estações receptoras de potência eólica da RNT. Tal barramento corresponde ao
“barramento de injecção de produção eólica” apresentado na Figura 4.5 (Capitulo 4). Esta
solução é uma solução de compromisso entre instalar STATCOM à saída de cada parque eólico
e a possibilidade de instalar STATCOM em qualquer barramento da rede. Esta opção permite
limitar a dimensão do espaço de pesquisa visando a redução do esforço computacional no
processo de localização e dimensionamento dos STATCOM.
5.2.2.1 Minimização do volume de perda de Produção Eólica
Neste caso a minimização do volume de perda de produção eólica nos diferentes barramentos
injectores de produção eólica do sistema foi definido como o objectivo a ser alcançado.
A função objectivo definida consistiu em minimizar a perda de produção eólica originada pela
actuação das protecções de mínimo de tensão associadas aos diferentes aerogeradores
interligados na rede. Como restrição foi definido que a potência máxima dos STATCOM em cada
barramento deveria ser, no máximo, 50% do valor da potência eólica injectada nesse mesmo
barramento. A estabilidade da rede é verificada através da análise da diferença entre o ângulo
do centro de inércia e o maior ângulo de entre as máquinas síncronas convencionais em
funcionamento (IET), que não deve ultrapassar os 180º. A função objectivo foi assim definida
como:
Fobj= 1
minn
i
idesligadaP
=∑
Suj. a:
0,5i iSTATCOM eólicaQ P≤
max 180ºCOIθ − ≤
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
144
Onde:
idesligadaP é a potência eólica desligada no barramento i ;
iSTATCOMQ é a potência dos STATCOM ligado no barramento i ;
ieólicaP é a potência eólica injectada no barramento i ;
n representa o número total de barramentos com produção eólica;
maxθ é o maior ângulo de entre as máquinas síncronas em funcionamento;
e COI é o ângulo do centro de inércia ( maxIET COIθ= − ).
5.2.2.2 Minimização da potência dos STATCOM
Uma vez que a função objectivo apresentada anteriormente se mostrou desadequada na procura
de uma solução economicamente viável, foi adoptada outra função objectivo. Esta formulação
pretendeu dar uma resposta que tivesse em consideração a minimização da potência dos
STATCOM e que também tivesse em consideração os critérios de estabilidade da rede [88, 89].
Como restrição foi definido que a potência máxima dos STATCOM em cada barramento pode
ser, no máximo, 50% do valor da potência eólica injectada nesse mesmo barramento. A
estabilidade da rede foi verificada através da análise da diferença entre o ângulo do centro de
inércia e o maior ângulo de entre as máquinas síncronas convencionais em funcionamento (IET),
que não deve ultrapassar os 180º. A função objectivo foi assim definida como:
Fobj = 1
minn
i
iSTATCOMQ
=∑
Suj. a:
0,5i iSTATCOM eólicaQ P≤
max 180ºCOIθ − ≤
Onde:
iSTATCOMQ é a potência do STATCOM ligado no barramento i ;
ieólicaP é a potência eólica injectada no barramento i ;
n representa o número total de barramentos com produção eólica;
maxθ é o maior ângulo de entre as máquinas síncronas em funcionamento;
e COI é o ângulo do centro de inércia ( maxIET COIθ= − ).
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
145
Deve aqui ser realçado que a não inclusão de uma restrição que considere a perda de produção
eólica justifica-se pelo facto de na função de avaliação (definida na secção seguinte) a mesma já
se encontrar embebida no índice de estabilidade transitória utilizado. Com efeito, numa situação
de perda de um grande volume de produção eólica a diferença entre o maior ângulo de entre os
ângulos de todas as máquinas síncronas em funcionamento e o ângulo do centro de inércia já
reflecte o volume de produção eólica perdida.
5.3 Simulated Annealing
5.3.1 S.A. - Apresentação geral
O SA é uma técnica heurística utilizada em problemas de optimização combinatória e pode
funcionar como um algoritmo de minimização, que arranca com uma solução inicial, gerando
outras soluções vizinhas, e calcula, por exemplo, os custos de todas elas. Se o custo for menor,
então esta nova solução é aceite, caso contrário a solução é descartada. O processo é repetido
até que não se verifiquem melhorias. Por vezes, o óptimo obtido tem carácter local (não global) e
para o evitar recorre-se a esta técnica utilizando várias soluções iniciais diferentes, sendo a
solução final escolhida a melhor de todas as soluções mínimas locais obtidas.
A técnica do SA permite a aceitação de configurações que forneçam um “pior” valor para a
função objectivo evitando, assim, a convergência para um mínimo local. Essa aceitação, como
veremos nas próximas secções, é determinada por um número aleatório e é controlada através
de uma probabilidade.
5.3.1.1 Analogia com o processo físico
A heurística do Simulated Annealing pode ser compreendida através de uma analogia com o
processo físico de formação de cristais.
Quando um metal é aquecido até ao seu ponto de fusão, a sua energia interna é elevada e
assim as suas moléculas movem-se rapidamente. Por outro lado, se a temperatura baixa, as
moléculas vão gradualmente diminuindo a sua velocidade de movimentação, à medida que a
energia interna também diminui. Próximo do ponto de congelamento, o metal torna-se sólido, e o
estado final das moléculas do metal é determinado pelo seu comportamento ou pela velocidade
de arrefecimento. O metal pode resultar numa forma amorfa, sem uma forma definida, como o
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
146
vidro ou como um cristal com muitos defeitos na sua estrutura, quando o arrefecimento for
realizado de forma rápida, o que é chamado de processo quenching (arrefecimento rápido). Ou,
ainda, pode resultar num cristal, onde todas as moléculas estão alinhadas e correspondem a
uma configuração de mínima energia do sistema, quando o arrefecimento é executado
lentamente e ao qual chamamos de annealing (recozimento para uma recristalização).
Analogamente a este processo natural, onde se pode chegar à menor energia interna de sólidos,
pode-se trabalhar com problemas de optimização combinatória. Aos diferentes estados do sólido
correspondem as diferentes soluções do problema, e a energia do sistema corresponde à função
objectivo a ser minimizada.
O algoritmo de Metropolis simula o processo de um grupo de átomos a uma dada temperatura, à
procura do equilíbrio térmico. A cada iteração é calculada a diferença da energia do sistema
E∆ , onde um átomo é aleatoriamente substituído. Se 0E∆ ≤ , a substituição é aceite, porém,
se 0E∆ > , a mudança é aceite com a probabilidade
.( ) b
E
k TP E e −∆ ∆ = (5.1)
onde T é a temperatura e bk uma constante física chamada de constante de Boltzmann.
Aplicando-se o algoritmo de Metropolis várias vezes, para cada temperatura são executadas
várias iterações, e o sistema encontra o equilíbrio térmico para cada temperatura.
Assim, os diferentes estados do metal correspondem as diferentes soluções viáveis de um
problema de optimização combinatória, sendo que a energia do sistema corresponde a função
objectivo a ser minimizada. O primeiro a utilizar este algoritmo para optimização foi Kirkpatrik, em
1983, tendo-o denominado de algoritmo Simulated Annealing [90].
Na Tabela 5.1 é apresentado o relacionamento entre o processo físico e o processo de
optimização funcional.
Tabela 5.1 – Relação entre o processo físico de optimização com SA
Processo Físico Processo de Optimização Estado Solução Energia Função Avaliação
Estado de Transição Soluções Vizinhas Temperatura Parâmetro de Controlo
Ponto de Congelamento Solução Heurística
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
147
Ao iniciar o processo com uma temperatura relativamente alta, e com decréscimo gradual,
espera-se que no final, o sistema estacione num estado de energia globalmente mínima, por
analogia com a física.
Uma característica importante do SA é a aceitação de configurações intermédias que
apresentam maior energia, o que pode parecer pior para o processo, porém permite que o
método não convirja até para um mínimo local, podendo convergir para um melhor resultado
(talvez o mínimo global).
Por exemplo, na Figura 5.1, encontra-se o gráfico de uma função ( )f x . Supondo que se deseja
determinar o mínimo global B de ( )f x a partir do ponto 0x , o SA pode convergir de 0x para
1x e depois de 1x para B (mínimo global).
Entretanto é possível que o processo de optimização convirja para 2x e, assim, para A , ou seja,
para um mínimo local.
( )y f x=y
x
0x
1x 2x
BA
Figura 5.1 – Analogia entre o processo de optimização e o recozimento simulado
Inicialmente, com uma temperatura T alta, é aceite qualquer tipo de configuração e, à medida
que o valor da temperatura decresce, as configurações que possuem uma maior energia vêem
diminuídas a sua probabilidade de aceitação.
Assim o processo, inicialmente, trabalha com uma enorme aceitação sem limitar as
configurações. Portanto, não tende a caminhar apenas para um mínimo local.
A temperatura T diminui segundo a equação 1 .k kT Tα+ = , onde α assume valores, tipicamente
entre 0,80 a 0,99, até alcançar o ponto de congelamento, quando o algoritmo pára. Este ponto
de congelamento não implica necessariamente uma temperatura igual a zero, podendo ser
considerada uma temperatura muito baixa pré-determinada.
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
148
5.3.1.2 Algoritmo
O algoritmo do SA pode ser implementado de diferentes formas, sendo que essas diferenças
não são significativas. Um possível pseudo-código para implementação do algoritmo geral do SA
pode ser descrito da seguinte forma:
inicio (i,energia(i),T, α)
enquanto (critério de paragem)
para k=1:L (nº de iterações por nível de temperatura)
gerar vizinhança(j de i)
calcular energia(j)
T = α.T
se (energia(j) < energia(i))
então i = j
energia(i) = energia(j)
senão
calcular p = e[energia(i)-energia( j)] T
se (p>numero_aleatório[0,1])
então i = j
energia(i) = energia(j)
senão rejeitar j
fim (se)
fim (se)
fim (para)
fim (enquanto)
fim
Na Figura 5.2 é apresentado o fluxograma correspondente ao pseudo-código do algoritmo do
S.A. referido anteriormente e que pode ser utilizado para a resolução de problemas de
optimização, sendo para isso necessário fazer adaptações. As adaptações que são necessárias
efectuar prendem-se com a especificidade da optimização a implementar. Trata-se de um
algoritmo genérico, o qual serviu de base à elaboração do algoritmo que se apresenta na secção
seguinte.
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
149
( )r P E< ∆
.( ) b
E
k TP E e −∆ ∆ =
Figura 5.2 – Algoritmo genérico do Simulated Annealing
5.3.2 S.A. - Apresentação especifica
Na secção anterior foi apresentada a descrição geral do algoritmo do SA. Pretende-se agora
descrever de uma forma detalhada todo o seu processo de implementação, aplicado à
optimização do dimensionamento e localização dos STATCOM nos barramentos do sistema
onde é injectada a produção eólica.
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
150
5.3.2.1 Algoritmo implementado
Na sequência da descrição geral do algoritmo do SA, apresenta-se o fluxograma detalhado
(Figura 5.3) da metodologia implementada. O algoritmo foi implementado em linguagem IPLAN e
teve em consideração a especificidade dos problemas envolvidos.
Na primeira etapa do algoritmo são carregados todos os dados necessários, ou seja, os dados
referentes à parametrização do SA, os dados referentes aos ficheiros da rede utilizada (ficheiro
com os dados de regime estacionário e ficheiro com os dados dos modelos dinâmicos), ficheiro
com os dados referentes aos barramentos onde é injectada potência eólica (número dos
barramentos e potência eólica injectada em cada barramento) e o ficheiro com os dados
referentes aos escalões dos STATCOM e respectivas potências. Os parâmetros do defeito a
simular (curto-circuito), a duração do mesmo e as variáveis a serem monitorizadas são
introduzidas na simulação através de um ficheiro auxiliar previamente construído no PSS/E.
Nas etapas que antecedem o início do processo de optimização é obtida de uma forma aleatória
uma função de vizinhança inicial e após a avaliação são atribuídos os valores óptimos e actuais
da função assim como os valores óptimos e actuais da vizinhança.
Seguidamente inicia-se o processo de optimização com a obtenção de uma nova vizinhança.
Com esta nova vizinhança é efectuada a simulação, trânsito de potências e simulação dinâmica
(com uma duração de 20 s), recorrendo ao software utilizado (PSS/E). Com o resultado obtido é
feita a verificação se o valor da função (F_viz) é menor do que o valor óptimo (F_optm) e caso
isso aconteça o novo valor óptimo será igual ao valor de da função (F_viz). Caso contrário, ou
seja, se a função (F_viz) for maior do que o valor óptimo da função (F_optm) ou menor do que o
valor actual da actual (F_act), o que na prática significa que estamos a aceitar uma solução pior,
esse valor é aceite caso um número aleatório (x), uniformemente distribuído, gerado no intervalo
[0,1] seja menor do que a probabilidade P(∆E). Se P(∆E) for maior ou igual a configuração é
aceite.
Quando os critérios de paragem da simulação forem alcançados, ou seja, o número total de
simulações (Sann_iter) for igual ao número máximo de iterações definido (Sann_iter_max) ou o
contador do número de iterações de cada patamar (contadorW) for igual ao valor máximo de
iterações por patamar (cont_maxW), ou ainda se o valor da temperatura (Temperatura) for
inferior ao valor da temperatura mínima (Temp_min) a simulação chega ao fim do ciclo principal.
Com base no que foi descrito anteriormente, todos os dados e resultados do processo de
simulação são arquivados, permitindo posteriormente a sua consulta (Figura 5.6).
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
151
Abrir ficheiros com os dados:
- Simulated annealing
- Barramentos
- STATCOMs
Inicío
Imprime cabeçalhos do relatório
F_optm = F_viz ; F_act = F_viz
X_opt = X_viz ; X_act = X_viz
Inicialização:
X_viz = RANDOM
Função de avaliação (executa pss/e)
Função Vizinhança
Função Avaliação (executa pss/e)
SAnn_iter = SAnn_iter +1
contadorW = contadorW + 1
iter_patamar = iter_patamar + 1
iter_patamar >= compr_patamar
Sim
cont_patamar = cont_patmar + 1
iter_patamar = 0
Não
TTpatamarconta
0
_
.
A B
Figura 5.3 – Algoritmo detalhado do Simulated Annealing implementado para a resolução do problema sob estudo – parte 1
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
152
Figura 5.4 – Algoritmo detalhado do Simulated Annealing implementado para a resolução do problema sob estudo – parte 2
Como se pode verificar (Figura 5.3), uma das etapas do algoritmo consiste na obtenção da
função de vizinhança e uma vez que se trata de uma etapa específica é apresentada
separadamente (Figura 5.5).
No problema em causa, a função de vizinhança tem como finalidade a obtenção da posição do
escalão do STATCOM, para cada um dos STATCOM ligados na rede. Considera-se,
inicialmente, que a posição do escalão e consequentemente o valor da potência dos STATCOM
em todos os barramentos (X_viz) é igual ao valor actual (X_act) sendo este obtido de uma forma
aleatória. Posteriormente é sorteado em qual dos 43 barramentos (número de barramentos onde
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
153
existe injecção de potência eólica) vai ser alterada a potência do STATCOM (pos_bus_viz),
definindo-se assim a sua localização. Seguidamente, e também de uma forma aleatória obtém-
se o valor do desvio da vizinhança (desv_viz), valor este que pertence ao intervalo [0,1]. Caso
este valor seja inferior a 0,5 e a posição do escalão actual seja superior a 1 então é
decrementado a posição do escalão (pos_escalão_viz=pos_escalao_viz-1). Caso o desvio de
vizinhança (desv_viz) seja superior ou igual a 0,5 e a posição do escalão actual inferior ao maior
escalão, então é incrementado a posição do escalão (pos_escalão_viz = pos_escalao_viz + 1).
No final do algoritmo, é verificado se o valor total actual das potências dos STATCOM é diferente
do valor da vizinhança para assim se evitar soluções repetidas.
Figura 5.5 – Função de vizinhança
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
154
Na Tabela 5.2 estão representados os diferentes escalões de referência para a potência dos
STATCOM considerados. Estes são função da potência eólica injectada em cada um dos
barramentos.
Tabela 5.2 – Escalões de referência para os STATCOM.
N.º do escalão (pos_escalao)
% da Pot. dos escalões em função da pot.
injectada
(pos_escalao_viz) 1 0% 2 33% 3 50%
Os valores de referência referidos na tabela anterior, e que são variáveis de entrada do método
de optimização, servem de base ao cálculo da potência que na realidade é utilizada em cada
escalão. A necessidade de proceder desta forma, prende-se com o facto de se querer utilizar
valores de potência dos STATCOM em função da potência eólica injectada em cada barramento.
Assim a potência de cada escalão de STATCOM é calculada da seguinte forma:
.% _STATCOM injectada EscalãoQ P= (5.2)
Onde
- STATCOMQ é a potência do escalão do STATCOM;
- injectadaP é a potência eólica injectada em cada barramento;
- % _ Escalão é a percentagem da potência do STATCOM em relação à potência eólica injectada;
O mínimo de escalões a considerar não é sujeito a limitações, sendo que neste trabalho foram
considerados apenas 2 de modo a reduzir o volume de combinações possíveis e
consequentemente a duração das simulações. A potência do maior escalão deverá ter um valor
igual a 50% da potência eólica injectada em cada barramento. Para o outro escalão definiu-se
um valor de potência de 1 3 (33%) da potência eólica injectada no barramento.
Por exemplo, e como se pode verificar na Tabela 5.3, inicialmente o escalão seleccionado para
todos os STATCOM é o 2.
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
155
Tabela 5.3 – Escalões dos STATCOM.
Escalão 2 2 2 2 ……………………… 2
Barramento 1 2 3 4 ……………………... 43
Considerando que o barramento 1 tem uma potência injectada de 50 MW, o valor do escalão 2 é
de
2º 50.0,33 16,7escalãoQ Mvar= =
Admitindo que o barramento sorteado, e no qual vai ser alterada a potência do STATCOM, é o
barramento 1, e partindo do principio que do algoritmo da função de vizinhança resultava o
incremento de 1 escalão, ou seja, passava do escalão 2 (33%) para 3 (50%), o valor da potência
do STATCOM seria de
3º 50.0,50% 25escalãoQ Mvar= =
De realçar que, e embora existam vários escalões, só se admite a instalação de um dispositivo
em cada parque, tendo esse a potência resultante da implementação do algoritmo de
optimização.
5.3.2.2 Função de avaliação
A definição da função de avaliação reveste-se de especial interesse para o problema em causa,
uma vez que dela depende a aceitação ou recusa dos resultados obtidos pelo programa. No SA
pode utilizar-se o valor de uma função objectivo penalizada ( _Fobj p) como função de
avaliação (Faval ) para guiar o processo de busca de novas soluções. Esta solução permite
que soluções inviáveis sejam aceites, sendo estas penalizadas. Assim, a função objectivo
penalizada ( _Fobj p) assume o valor da função objectivo não penalizada (Fobj ) adicionada
da penalidade. A função objectivo penalizada é obtida através da modificação da função
objectivo (descartando desta forma as soluções que violam as restrições estabelecidas) da
seguinte forma:
_Faval Fobj p Fobj Fpenalização= = +
onde:
- _Fobj p é a função objectivo penalizada;
- Fobj é a função objectivo original;
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
156
- Fpenalizaçãoé a função de penalização.
Portanto, foi definida a função de penalização para o problema de minimização em causa, sendo
que pode ser escrita da seguinte forma:
Fpenalização =δ [k(IET-180)2]
onde:
- δ = 1, se a restrição 180ºIET ≤ é violada;
- δ = 0, se a restrição 180ºIET ≤ é satisfeita;
- k representa uma constante de penalização (1000);
- IET representa o índice de estabilidade transitória.
Esta função penaliza todos os resultados da função de avaliação que tenham um IET superior a
180º.
5.3.2.3 Caracterização dos resultados
Relativamente à caracterização dos resultados, apresenta-se na Figura 5.6 um exemplo
resumido. De modo a ser possível mostrar tão elevada quantidade de resultados, foram retiradas
algumas linhas e colunas ao relatório efectuado pelo algoritmo. Cada linha que foi retirada
corresponde a uma iteração do método de optimização. Por outro lado, as colunas retiradas
referem-se aos valores da potência dos STATCOM para cada um dos 43 barramentos onde
existia a possibilidade de instalar STATCOM (apenas se mostra na Figura 5.6 4 dos 43
barramentos). Assim na parte superior da figura encontra-se o registo de todos os dados de
entrada da simulação, ou seja, o nome do ficheiro utilizado na realização do trânsito de potência
(cenário_vazio_seco2009.sav), o nome do ficheiro com os dados dos modelos dinâmicos
utilizados (reg_cen_2009_COI.dyr), o nome do ficheiro com a definição dos passos a efectuar na
simulação dinâmica e onde consta, para além da localização, tipo e duração do defeito todos os
dados a serem monitorizados na simulação (temp.idv), o ângulo utilizado como limite de
estabilidade (180º) e ainda todos os valores necessários ao funcionamento do algoritmo de
Simulated Annealing.
Na parte inferior da Figura 5.6, podem observar-se todos os dados obtidos em cada iteração,
entre os quais estão o número da iteração (Num_da_iteração); o valor do contador que
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
157
contabiliza quantas vezes a solução não melhorou (Contador W); o resultado da melhor solução
(Função optm); o valor da função de vizinhança obtida em cada iteração (Função viz.); o valor
total da potência desligada em cada iteração (Potencia Desligada [MW]); o valor total da potência
dos STATCOM ligados (Pot_Total STATCOM [Mvar]); o menor e o maior ângulo (no final de
cada iteração) de entre todas as máquinas síncronas em funcionamento (Ang. Min e Ang MAX) e
o correspondente barramento onde se verificaram estes ângulos (Barr. Min e Barr. MAX); o valor
do ângulo do centro de inércia (COI - no final de cada iteração); o valor do Índice de Estabilidade
Transitória (Diferença – IET - no final de cada iteração) e por último os valores da potência dos
STATCOM em cada um dos barramentos onde existe injecção de potência reactiva.
Dados de entrada da simulação
Resultados
381.9 MVAr (solução óptima)
Barr. 1 Barr.2 ……..………..Barr.43
Figura 5.6 – Exemplo do ficheiro com os resultados da metodologia implementada.
A título de exemplo mostra-se na figura seguinte (Figura 5.7) a evolução da função de avaliação
ao longo do processo iterativo do algoritmo do SA e que corresponde aos resultados
apresentados na Figura 5.7.
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
158
0
200
400
600
800
1000
1200
0 50 100 150 200 250
n.ª de iterações
Fun
ção
de a
valia
ção
Figura 5.7 – Evolução da função de avaliação do SA.
5.4 Definição das situações de estudo analisadas
Em redes como as analisadas, neste caso o sistema eléctrico Ibérico, os cenários têm de
considerar a hidraulicidade (no Inverno), temperatura ambiente (limites térmicos das linhas), a
disponibilidade do recurso, diferentes níveis de produção eólica e diferentes níveis de carga.
Existe ainda outra dimensão do problema e que tem a ver com o valor da produção distribuída,
que pode não ser eólica, mas que, contudo, pode ter um contributo significativo e por sua vez
não ter também ela capacidade de sobrevivência a cavas de tensão, porque os seus sistemas de
protecção são exigentes, obrigando à saída de serviço desta produção o que complica ainda
mais este problema.
Para avaliar o impacto da ocorrência de defeitos na rede foi assim necessário definir várias
situações de estudo.
O trabalho foi orientado para estudar cenários mais secos, mais próximos do vazio, com baixos
regimes de carga. Para identificar os cenários críticos seguiu-se uma lógica de identificar
cenários de vazio ou quase vazio, secos, devido a terem uma maior participação térmica e uma
menor produção hídrica. A razão para tal procedimento deve-se em primeiro lugar ao facto de o
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
159
recurso hídrico não estar disponível e em segundo lugar porque sendo um cenário de vazio a
produção hídrica está reservada para as pontas.
Conforme já referido, esta situação é pior porque em principio as máquinas hídricas têm
respostas mais rápidas e portanto com máquinas térmicas o sistema responde mais lentamente
em caso de defeitos na rede.
A duração dos curto-circuitos simulados foi de 500ms, sendo estes curto-circuitos francos. A
duração do defeito está relacionada com a forma da curva de sobrevivência a cavas de tensão
que tem vindo a ser preconizada em Portugal.
5.5 Algoritmo para identificação de uma solução robusta
Como referido anteriormente, a implementação do algoritmo do SA conduz-nos a uma solução
para cada situação de estudo simulado, ou seja, para cada local onde se simula o curto-circuito
obtém-se o menor valor de potência dos STATCOM (somatório da potência de todos os
STATCOM) que faz com que a rede cumpra o critério de estabilidade definido. Esse critério,
como já foi visto, é o da diferença angular entre o centro de inércia do sistema e o maior ângulo
de entre as máquinas síncronas em funcionamento não ultrapassa os 180º (IET).
No entanto, e com base no que até agora foi descrito, não temos garantia que a solução
encontrada para a que foi considerada de pior situação tem robustez suficiente, ao ponto de
garantir que os valores encontrados sejam capazes de originar uma solução de boa qualidade
quando utilizada para garantir a sobrevivência do sistema para defeitos que ocorrem em outros
barramentos.
Assim o resultado obtido através da aplicação do algoritmo do SA conduz-nos a uma solução do
tipo:
43
min1
STATCOMi jij
Q Q=
=∑
Onde
minjiQ é a potência em STATCOM instalados no barramento j , que corresponde à
solução óptima (minimização) para a perturbação i .
CAPITULO 5 - PROCEDIMENTO INTEGRADO DE LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE STATCOM
160
Para assegurar a robustez pretendida recorreu-se à utilização de uma abordagem baseada na
selecção da solução de potência reactiva máxima de entre as soluções individuais obtidas pelo
algoritmo de minimização. Trata-se assim de uma solução do tipo Maxmin que se pode
descrever formalmente como:
( ) ( ) ( )1, min , min 43, min1,..., .º . 1,..., .º . 1,..., .º .
,..., ,...,robusta i j i ii n pert i n pert i n pert
S Q Q QMáx Máx Máx= = =
=
Onde j representa o número do barramento ( j =1,…,43) e i representa o número da
perturbação ( i =1,…,n.º de pert.).
Deste modo obtêm-se soluções que nos dão alguma garantia de sucesso relativamente à
sobrevivência do sistema para várias perturbações, situadas em diferentes pontos da rede.
5.6 Conclusão
Neste capítulo descreveu-se uma nova abordagem para identificação da localização e
dimensionamento óptimo da potência de STATCOM, de forma a assegurar a estabilidade do
sistema em redes com elevada integração de produção eólica, na sequência de defeitos que
provocam a saída de serviço de aerogeradores sem capacidade de sobrevivência a cavas de
tensão.
A metodologia desenvolvida teve como base um procedimento de optimização, tendo-se
recorrido a uma meta-heurística - Simulated Annealing – para a sua solução. Neste processo foi
atribuído a cada um dos barramentos definidos como injectores de potência eólica um
STATCOM com uma determinada potência.
Para a solução do problema foram consideradas duas funções objectivo. A primeira em que o
objectivo era a minimização da potência eólica desligada em consequência da actuação dos
relés de mínimo tensão devido a um curto-circuito e tendo em vista o cumprimento dos critérios
de estabilidade definidos. A segunda que minimiza a potência total dos STATCOM a serem
ligados na rede tendo em vista a manutenção da estabilidade do sistema.
Para que a solução encontrada tivesse robustez suficiente para várias perturbações adoptou-se
uma abordagem do tipo Maxmin na selecção da solução final.
No capítulo seguinte são discutidos os resultados da aplicação desta metodologia em diferentes
casos de estudo da rede ibérica.
161
CAPITULO 6 RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
163
6.1 Introdução
Neste capítulo procede-se à apresentação e análise dos resultados obtidos através da aplicação
da metodologia desenvolvida e descrita no capítulo anterior aplicada sobre a rede Portuguesa
interligada a Espanha e à rede Europeia. Pretende-se aqui, em primeiro lugar, observar os
comportamentos dinâmicos das diferentes variáveis de modo a encontrar limites de potência de
STATCOM a instalar e em segundo lugar analisar os resultados obtidos da aplicação das
soluções externas e da metodologia desenvolvida no CAPITULO 5 .
Como referido no CAPITULO 4 , o cenário que origina a situação mais desfavorável é o cenário
de vazio seco de verão, uma vez que este não conta com a contribuição da produção das
centrais hídricas, ou seja, a totalidade da produção está assente na produção eólica e nas
centrais térmicas. Assim as situações de estudo basearam-se num cenário desfavorável de vazio
seco de verão para o ano de 2009.
6.2 Parametrização do Simulated Annealing
Os parâmetros utilizados na configuração do algoritmo do Simulated Annealing, tendo em conta
a metodologia apresentada no capítulo anterior, foram obtidos através da realização de
diferentes testes.
Como referido anteriormente o algoritmo do SA encontra-se implementado em linguagem IPLAN
(PSS/E) e a introdução dos dados foi realizada com recurso a ficheiros auxiliares, como por
exemplo o ficheiro com a indicação dos barramentos com produção eólica e onde podem ser
instalados STATCOM, o ficheiro com as informações relativas aos parâmetros do SA (alfa,
temperatura inicial, temperatura final, número máximo de iterações, número de iterações em
cada patamar, etc.). Na Tabela 6.1 apresentam-se os valores utilizados na parametrização do
SA.
Para efeitos da realização das simulações, foi considerado a existência de apenas 3 escalões de
STATCOM (Tabela 5.2), sendo que a utilização do maior escalão em cada local de instalação
dos STATCOM respeitará uma das restrições, ou seja, a potência dos STATCOM não poderá
ser superior a 50% da potência eólica injectada em cada barramento.
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
164
De modo a ser possível avaliar os resultados obtidos com a metodologia de optimização
proposta no CAPITULO 5 , foram simulados defeitos (curto-circuitos) em diferentes locais da
rede Portuguesa. Como a rede em estudo tem uma dimensão apreciável e consequentemente
uma quantidade de barramentos muito elevada ouve necessidade de se proceder à selecção dos
barramentos que seriam utilizados nas simulações. Assim, com base no cenário A2 (cenário em
que não existe qualquer STATCOM ligado na rede) foram efectuados curto-circuitos francos com
a duração de 500 ms em todos os barramentos da rede portuguesa e deste modo obteve-se uma
listagem com o valor de perda de produção eólica em função do local do curto-circuito.
Tabela 6.1 – Parâmetros utilizados no SA
Parâmetro Valor Temperatura inicial 1,0
Temperatura 1,0 Temperatura mínima 0,05
Alfa 0,99 Número máximo de iterações 100000 Número inicial das iterações 0
Número máximo de iterações sem melhorar 75 Comprimento do patamar em nº de iterações 50
Limite da potência do STATCOM em relação ao valor máximo da potência eólica injectada 50%
Na tabela 6.2 encontram-se os dez barramentos onde a ocorrência do curto-circuito originou os
dez maiores valores de perda de produção eólica.
Tabela 6.2 – Potência eólica perdida - A2 (0 Mvar de STATCOM).
N.º Barramento Nome do Barramento Tensão (KV) Pout (MW) IET>180º 30437 RECAREI 400 1634 Sim 30422 RIBADAVE 400 1505 Sim 30476 PARAIMO 400 1450 Não 30414 BATALHA 400 1408 Não 37203 SEI-VALDIGEM 220 1369 Sim 30460 C. PEGO 400 1357 Sim 80460 PEGO_REN 400 1357 Sim 81460 PEGO_REN 400 1357 Sim 30416 R.MAIOR 400 1356 Não 30220 VALDIGEM 220 1348 Não
Com base nos resultados anteriormente apresentados, seleccionou-se um curto-circuito em
Recarei por ser este o barramento onde o impacto em termos de perda de produção eólica é
maior.
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
165
6.2.1 Função objectivo
Tal como referido no CAPITULO 5 foram consideradas duas funções objectivo. Assim numa
primeira fase foram efectuadas simulações com a função objectivo em que se pretendia
encontrar uma solução com o menor valor de perda de potência eólica. Posteriormente utilizou-
se a função objectivo que tinha como finalidade encontrar uma solução com o menor valor de
potência dos STATCOM. Para ambas as funções objectivo foram respeitadas as restrições
definidas, ou seja, por um lado a diferença do ângulo entre o COI e o maior ângulo de entre
todas as máquinas síncronas em funcionamento (IET) não pode ultrapassar 180º, e por outro a
potência máxima dos STATCOM, como já foi referido, só pode ser igual a 50% da potência
eólica injectada em cada barramento.
6.3 Simulações
Os estudos efectuados investigaram a simulação de um curto-circuito franco no barramento de
Recarei de 400KV, pelas razões já apresentadas.
Para além do curto-circuito em Recarei foram também efectuadas simulações em outros
barramentos com a finalidade de analisar de uma forma mais abrangente o benefício que se
obteria com a aplicação da metodologia proposta.
6.3.1 Minimização da Perda de produção eólica
Na sequência da aplicação da metodologia definida no CAPITULO 5 , apresentam-se nesta
secção os resultados obtidos para o caso em que a função objectivo foi definida para minimizar a
perda de produção eólica na sequência de um defeito na rede.
Esta primeira abordagem serviu para se obter uma primeira indicação de como o sistema se
comportava em condições de funcionamento adversas.
O principal interesse residia no facto de saber se o algoritmo implementado conduziria a uma
solução final com qualidade. Desde logo foi estabelecido que esta análise seria apenas tratada
para o cenário associado à ocorrência de um curto-circuito nas proximidades da sub-estação de
Recarei, já que era nesta zona que um curto-circuito levava à maior perda de produção eólica.
Como o referido no CAPITULO 5 a aplicação da função objectivo de minimização da perda de
produção eólica conduziu-nos a uma solução com um valor muito elevado da potência dos
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
166
STATCOM, e como consequência a sua aplicação prática é economicamente inviável. Por este
motivo os resultados que seguidamente se apresentam não são analisados de uma forma
detalhada.
6.3.1.1 Localização / potência dos STATCOM
Como resultado da utilização da função de minimização da potência eólica perdida, chegou-se à
distribuição óptima para a localização dos STATCOM apresentada na figura seguinte. O valor
total identificado para a potência dos STATCOM foi de 1309 Mvar distribuídos por diferentes
localizações, conforme indicado na Figura 6.1.
Figura 6.1 – Resultado da optimização (Potência e localização dos STATCOM – CC em Recarei).
O valor obtido aproximou-se do valor máximo permitido pela restrição, ou seja, 1600Mvar. Com
base neste resultado foi possível constatar que para a obtenção de um valor reduzido de
potência eólica perdida é necessário recorrer a um valor elevado de potência de STATCOM,
para além destes dispositivos estarem localizados em praticamente todos os 43 barramentos
com produção eólica (35 barramentos).
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
167
Tendo em conta o elevado custo associado à implementação desta solução, podemos dizer que
o resultado da optimização com base na função objectivo de minimização da potência perdida
levar-nos-ia a um volume de investimento muito significativo.
O resultado obtido na sequência da implementação do algoritmo de optimização conduziu-nos a
um valor de 1216 MW de potência eólica perdida em consequência do curto-circuito, traduzindo-
se portanto numa redução de perda de produção eólica para este caso em 418 MW (a perda na
situação de estudo A2 foi de 1634 MW).
6.3.1.2 Trânsito nas Interligações
A instalação deste volume de potência de STATCOM conduz a um menor volume de perda de
produção eólica, quando comparado com a situação de estudo em que não existe ligado à rede
qualquer STATCOM (situação de estudo A2), sendo consequentemente os trânsitos de potência
activa nas interligações entre Portugal-Espanha e também Espanha-França menos afectados.
Na Figura 6.2 encontram-se representados os trânsitos de potência activa nas interligações entre
Portugal e Espanha, sendo possível constatar que após a eliminação do defeito na rede as
oscilações dos trânsitos nas interligações tendem a diminuir, em amplitude e frequência o que é
um indicador que a rede não ficou instável.
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
168
Alto Lindoso – Cartelle (400kV), (1 linha) Pocinho - Saucelle (220kV)
Douro Internacional – Aldeadavila 1 ( 220kV) Douro Internacional – Aldeidavila 2 (220kV)
Falagueira – Cedillo (400kV) Alqueva-Balboa (400kV)
Figura 6.2 – Trânsitos de potência activa nas interligações Portugal-Espanha
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
169
Os trânsitos de potência activa nas interligações entre Espanha e França são mostrados na
figura seguinte (Figura 6.3). Também aqui se verifica que a rede ficou estável após a eliminação
do defeito.
Hernâni – Cante (400kV) Arkale - Mougo (220kV)
Victória – (Baixa 400kV) Biesca - Pragn (220kV)
Figura 6.3 – Trânsito de potência activa nas interligações Espanha – França
Portanto, a presença dos STATCOM torna-se fundamental para manter a estabilidade da rede
após a eliminação do defeito.
6.3.1.3 Tensões nos barramentos
Relativamente às tensões nos barramentos, o resultado obtido tendo como referência a situação
de estudo em que não existem STATCOM na rede (A2 - Figura 4.18), é visivelmente melhor
(Figura 6.4). A diferença é mais notória nas áreas assinaladas (elipses). Este resultado era
esperado na medida em que um elevado volume de potência reactiva é injectada pelos
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
170
STATCOM durante a perturbação fornecendo deste modo suporte de tensão a toda a rede e
assim evitando a actuação das protecções de mínimo de tensão de alguns dos parques.
Figura 6.4 – Curva iso-tensão – CC Recarei
A título de exemplo mostra-se agora na Figura 6.5 a evolução temporal dos valores das tensões
nos barramentos de 400 kV de Recarei, Batalha e Alto Lindoso. É visível que nos barramentos
electricamente mais afastados do local do curto-circuito as tensões são menos afectadas.
Figura 6.5 – Tensões em Recarei, Batalha e Alto Lindoso (400KV) – CC Recarei
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
171
É também nestes locais que se pode notar mais o impacto dos STATCOM pois a sua
contribuição é suficiente para evitar o disparo dos relés de mínimo de tensão de alguns parques.
6.3.1.4 Conclusão
Os resultados obtidos através da minimização da potência eólica perdida na sequência de um
curto-circuito em Recarei indicam que os valores de potência dos STATCOM obtidos pelo
algoritmo conduziriam a uma solução extremamente cara. No entanto, esta análise serviu de
linha de orientação e culminou com a decisão de optar pela função objectivo que minimiza a
potência dos STATCOM, sem pôr em risco a estabilidade da rede. Esta análise é feita na secção
seguinte.
6.3.2 Minimização da Potência dos STATCOM
6.3.2.1 Localização / potência dos STATCOM
A simulação do curto-circuito em Recarei revela que a localização e dimensionamento óptimo
dos STATCOM é extremamente importante.
Tal como foi já demonstrado (secção 4.6.1.1) verifica-se que a não existência de quaisquer
equipamento que tenha capacidade para melhorar o perfil de tensão do sistema durante o curto-
circuito dá origem a um quadro de instabilidade.
A instalação de STATCOM, de uma forma optimizada no que respeita à sua potência e
localização, revelou-se uma solução bastante interessante. Desta forma foi possível reduzir, não
só a perda de produção eólica mas também melhorar significativamente a evolução dos trânsitos
de potência nas interligações com Espanha e também os perfis das tensões em todos os
barramentos, assegurando a estabilidade do sistema.
Na figura seguinte (Figura 6.6) encontra-se a distribuição dos STATCOM pelos diferentes
barramentos como resultado da aplicação do algoritmo de optimização.
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
172
Figura 6.6 – Resultado da optimização (Potência e localização dos STATCOM – CC em Recarei).
A potência total de STATCOM que resultou da aplicação da metodologia desenvolvida, foi de
382 Mvar, distribuídos pelos pontos de injecção de produção eólica conforme se apresenta na
tabela seguinte (Tabela 6.3).
Tabela 6.3 – Potência e localização dos STATCOM ligados.
N.º do barramento Barramento Tensão (kV) Potência dos STATCOM (Mvar) 6 67127 ESTARREJA 63 21,5 7 67147 BATALHA 63 30,3 8 67167 R.MAIOR 63 41,5 14 67223 RIBADAVE 150 25 15 67227 RIBADAVE 63 19,8 16 67237 MOURISCA 63 2,8 18 67257 FANHÕES 63 19,8 22 67333 ESPARIZ 220 60 28 67527 PENELA 63 34,9 29 67543 CARRAPATELO 220 23,9 31 67557 CHAVES 63 13,4 36 67647 MOGADOURO 63 10 38 67707 T.VEDRAS 63 37,3 39 67733 C.BRANCO 150 41,8
TOTAL 382
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
173
6.3.2.2 Perda de produção eólica
A perda de produção eólica registada foi de 1532MW. Verifica-se assim uma diminuição do valor
de perda de produção eólica, quando comparado com a situação de não existência de
STATCOM (1634MW – situação de estudo A2). Convém realçar que o valor de perda de
produção eólica da situação A2 refere-se ao valor perdido até ao final da simulação (t=20s), ou
seja, como pode ser verificado no CAPITULO 4 nas condições da situação de estudo A2 a perda
de toda a produção eólica (3200MW) originaria que a rede ficasse instável e consequentemente
verificar-se-ia o colapso do sistema.
Portanto pode-se dizer que a contribuição dos STATCOM permite reduzir a perda de produção
eólica e contribuir de uma forma decisiva para a estabilidade da rede, evitando que esta entre
em colapso.
A Figura 6.7 mostra a produção eólica perdida para a situação em causa, indicando o valor da
potência eólica perdida para cada uma das três tecnologias existentes na rede. Claramente, o
maior impacto, em termos de perda de produção, verifica-se para as às máquinas assíncronas
convencionais uma vez que estas têm a regulação dos relés de mínimo de tensão para 0,8 p.u..
A excepção tem lugar para as máquinas que se encontram electricamente muito afastadas do
local da ocorrência do curto-circuito.
No que se refere às máquinas síncronas de velocidade variável e às máquinas de indução
duplamente alimentadas, a quase totalidade destas que têm a regulação em 0,8 p.u. (ou seja,
não têm capacidade de RTF) saem de serviço, exceptuando-se também as que estão a grande
distância do local do curto-circuito.
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
174
Máq. Sincronas Desligadas [MW], 288.54, 30.1%
Máq. Sincronas a Funcionar
[MW], 671.46, 69.9%
Máq. Assíncronas Desligadas [MW], 581.45, 90.9%
Máq. Assíncronas a Funcionar [MW], 58.55, 9.1%
Máq. DFIG Desligadas [MW], 662.57, 41.4%
Máq. DFIG a Funcionar [MW], 937.43, 58.6%
a) Máquinas Síncrona b) Máquinas Assíncronas c) Máquinas DFIG
Figura 6.7 – STATCOM – Perda de produção eólica
Neste cenário saíram de serviço 288,5 MW (30,1%) das máquinas síncronas de velocidade
variável, 581 MW (90,9%) das máquinas assíncronas convencionais e 662,5 MW (41,4%) das
máquinas assíncronas duplamente alimentadas.
6.3.2.3 Trânsito nas Interligações
As evoluções temporais dos trânsitos de potência activa são indicadoras do “grau” de
estabilidade da rede. A Figura 6.8 representa os trânsitos de potência activa em cada uma das
interligações entre Portugal e Espanha.
Verifica-se que em todas as interligações os trânsitos de potência activa reflectem a tendência
do sistema para voltar à estabilidade, uma vez que estas oscilações se vão amortecendo
progressivamente.
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
175
Alto Lindoso – Cartelle (400kV), (1 linha) Pocinho - Saucelle (220kV)
Douro Internacional – Aldeadavila 1 ( 220kV) Douro Internacional – Aldeidavila 2 (220kV)
Falagueira – Cedillo (400kV) Alqueva-Balboa (400kV)
Figura 6.8 – Trânsitos de potência activa nas interligações Portugal-Espanha
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
176
Os trânsitos de potência activa nas interligações entre Espanha e França são mostrados na
figura seguinte (Figura 6.9).
Hernâni – Cante (400kV) Arkale - Mougo (220kV)
Victória - Baixa 400kV) Biesca - Pragn (220kV)
Figura 6.9 – Trânsito de potência activa nas interligações Espanha – França – CC Recarei
A evolução temporal dos trânsitos nas interligações Espanha-França demonstram bem o impacto
positivo dos STATCOM, uma vez que o comportamento dinâmico apresenta uma tendência de
amortecimento quando comparado com a situação de ausência de STATCOM (situação A2),
descrito no CAPITULO 4 . Desta forma evita-se uma situação de colapso do sistema, sendo que
os valores das tensões apresentam um valor superior durante a permanência do defeito,
comparativamente com a situação de não existir qualquer STATCOM instalado.
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
177
Na figura seguinte (Figura 6.10) pode verificar-se o trânsito total nas interligações
Portugal-Espanha e Espanha-França, e as conclusões que se podem tirar são idênticas às
anteriormente referidas.
a) Portugal – Espanha
b) Espanha - França
Figura 6.10 – Total do trânsito de potência activa nas interligações (Portugal-Espanha e Espanha-França)
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
178
Resumindo, a solução adoptada conduz a que o sistema ibérico não entre em instabilidade após
a ocorrência de um curto-circuito na região de Recarei.
6.3.2.4 Índice de Estabilidade Transitório
Como foi referido no capítulo anterior o índice de estabilidade transitório (IET) utilizado baseia-se
na diferença entre o COI e o maior ângulo de entre todas as máquinas síncronas em
funcionamento. Para a situação em análise (curto-circuito em Recarei) o resultado da adopção
da solução de optimização proposta revela que o IET não apresenta um valor superior ao que foi
definido como limite de estabilidade, ou seja, a 180º. Pela análise do gráfico representado na
Figura 6.11, no instante t=20s, o IET tende mesmo para um valor próximo do inicial, significando
isto que a rede caminha para um regime estável.
Figura 6.11 – Evolução temporal do IET.
6.3.2.5 Tensões nos barramentos/curvas iso-tensão
De modo a ser efectuada mais facilmente a comparação dos resultados, apresenta-se na Figura
6.12 o comportamento no domínio do tempo das tensões em alguns dos principais barramentos
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
179
da rede Portuguesa na situação A2 (CAPITULO 4 ). Como se pode verificar através da análise
dos perfis de tensão, a rede caminha para um cenário de instabilidade.
Figura 6.12 – Tensão em Recarei, Paraimo, Ribadave, Batalha, Rio Maior e Alto Mira - A2 (400kV).
Na simulação efectuada com a contribuição dos STATCOM o valor das tensões (Figura 6.13),
verificadas em alguns dos principais barramentos da rede portuguesa revelam o impacto que o
curto-circuito em Recarei tem no comportamento das tensões. Estas apresentam valores tanto
mais reduzidos quanto mais próximo estiverem do local do defeito. Como se pode ver, através
da comparação com a situação A2 (Figura 6.12) este impacto revela-se menos intenso do que
quando não existe o contributo dos STATCOM.
Para se poder observar o ganho que resulta da utilização dos STATCOM face aos resultados
sem STATCOM apresenta-se na Figura 6.14 (igual à Figura 4.18) os valores das tensões na
situação em que não existe a contribuição dos STATCOM (A2).
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
180
Figura 6.13 – Tensão em Recarei, Paraimo, Ribadave, Batalha, Rio Maior e Alto Mira (400kV).
Figura 6.14 – Curva iso-tensão - A2 - Curto-circuito em Recarei (t=1,5 s)
Na Figura 6.15 pode verificar-se o impacto do curto-circuito nos valores das tensões nos
barramentos onde existe injecção de produção eólica (tensões no instante imediatamente
anterior à eliminação do defeito).
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
181
Figura 6.15 – Curva iso-tensão – Curto-circuito em Recarei (t=1,5 s).
É notório o “afundamento” das tensões na área circundante ao local da ocorrência do curto-
circuito. Relativamente à situação de estudo de ausência da contribuição dos STATCOM pode
verificar-se uma melhoria generalizada dos valores da tensão. Esta situação só não é mais grave
porque neste caso temos o contributo dos STATCOM que colaboram no melhoramento do valor
e dos perfis de tensão nos diferentes barramentos.
A contribuição dos STATCOM instalados é bem visível na área sinalizada na figura, sendo que
se trata da zona do Pinhal Interior / Serra da Gardunha. Esta zona caracteriza-se pela presença
de uma produção eólica assinalável e dado que a sua distância ao local do curto-circuito é
grande, a ajuda dos STATCOM leva a que alguns dos parques não sejam desligados e por
conseguinte o seu contributo é muito relevante para a manutenção da estabilidade da rede
eléctrica portuguesa.
6.4 Análise Comparativa
A análise dos resultados apresentada seguidamente refere-se ao cenário de vazio seco de verão
de 2009 em que a função objectivo minimiza a potência dos STATCOM, por esta ser a que
melhores resultados apresentou.
Foram consideradas várias situações de estudo para o cenário em causa. Assim a situação A2 e
A3 foram definidas anteriormente (secção 4.2.2) como as situações em que não existia qualquer
STATCOM na rede (A2 - ausência de STATCOM – 0Mvar) e a situação onde apenas existiam
STATCOM em 5 barramentos (435 Mvar ligados nos 5 barramentos com maior de produção
eólica), respectivamente. Nas secções seguintes serão analisadas mais duas situações de
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
182
estudo. A situação chamada de Óptimo (382 Mvar), que diz respeito aos resultados obtidos com
a utilização da melhor solução encontrada pela metodologia (secção 6.3.2) e a situação
1600Mvar que se refere à situação de estudo onde em cada barramento está instalado um
STATCOM com um valor de 50% da potência eólica injectada nesse mesmo barramento
(definido como o valor máximo permitido).
6.4.1 Comparação entre as situações de estudo A2, A3, Óptimo e
1600Mvar na sequência de um curto-circuito em Recarei
De modo a ser mais perceptível a contribuição do trabalho desenvolvido nesta tese foi realizada
a comparação, considerando o curto-circuito na zona de Recarei, para o caso das diferentes
situações estudadas, ou seja, A2, A3, Óptimo e por último a situação 1600Mvar (limite máximo
da potência reactiva dos STATCOM definida – 50% de 3200Mvar).
Como se pode verificar pela análise da Figura 6.16, apenas na situação de estudo em que se
considera não existir qualquer STATCOM instalado na rede (A2), se verifica o colapso do
sistema após a ocorrência do curto-circuito.
Figura 6.16 – Evolução temporal do IET (Curto-circuito em Recarei).
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
183
O resultado mais favorável ocorre com a situação 1600Mvar de STATCOM, no entanto com
apenas 382 Mvar de STATCOM (resultado Óptimo) consegue-se também um bom resultado, ou
seja, o comportamento da rede mantém-se estável após a eliminação do defeito.
Pode verificar-se na Figura 6.17, que a situação A2 apresenta um quadro de instabilidade
acentuada nos trânsitos de potência activa nas interligações entre Portugal e Espanha. Isto é
consequência da actuação das protecções de mínimo de tensão dos aerogeradores e
naturalmente da perda da sua produção. A saída de um tão elevado volume de produção eólica
(ver Tabela 6.4) origina uma situação de instabilidade e consequentemente a rede entrará em
colapso.
Através da análise da Tabela 6.4 pode verificar-se que a solução óptima tem uma perda de
produção eólica superior à situação A3 de apenas 15 MW mas apresenta uma potência de
STATCOM inferior em 52 Mvar.
Na situação em que o valor dos STATCOM é de 1600Mvar (maior valor “permitido”) a perda de
produção eólica é menor, atingindo um valor de apenas 1193 MW, não se verificando
instabilidade na rede.
Situação A2
Situação 1600MVAr
Situação Óptimo
Situação A3
Figura 6.17 – Trânsito de potência activa total nas interligações PT-ES (CC em Recarei).
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
184
Uma vez que o principal objectivo consistia em encontrar soluções que evitem que o sistema
entre em instabilidade e que o valor dos STATCOM a instalar seja o menor possível, a solução
óptima fornece-nos o melhor dos resultados.
Situação Pot. STATCOM
(Mvar) Perda de Pot. Eólica (MW)
IET > 180º
A2 0 1634 Sim A3 435 1517 Não
Óptimo 382 1532 Não 1600 Mvar 1600 1193 Não
Tabela 6.4 – Comparação entre situações de estudo.
De referir que os valores apresentados referem-se ao instante t=20 s. No caso da situação A2 e
dado que a ocorrência da perturbação provoca uma situação instável, poder-se-ia considerar que
a perda de produção eólica seria total.
Também os trânsitos de potência reactiva revelam que o impacto do curto-circuito na rede
origina diferentes comportamentos, tal como se pode verificar na figura seguinte (Figura 6.18).
A tensão em Recarei, para as diferentes situações de estudo, está apresentada a seguir (Figura
6.19) e revela o impacto do curto-circuito para as diferentes situações.
Situação Óptimo
Situação A3Situação A2
Situação 1600MVAr
Figura 6.18 – Trânsito de potência reactiva total nas interligações PT-ES (CC em Recarei).
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
185
Figura 6.19 – Tensão em Recarei (CC em Recarei).
Em todas as situações de estudo, o valor da tensão no barramento durante o período de duração
do curto-circuito atinge o valor de 0 p.u.. Com a eliminação do curto-circuito a tensão volta para
valores próximos de 1p.u. . A situação A2 revela um quadro de instabilidade e do lado oposto a
situação de 1600Mvar revela o melhor dos resultados. No entanto, a situação de estudo
resultante da adopção da solução óptima apresenta uma melhor relação entre a potência total
dos STATCOM e a potência eólica perdida, o mesmo se verificando no que concerne ao
comportamento dos perfis de tensão.
A análise da tensão num dos barramentos onde existe interligação com Espanha (Alto Lindoso)
confirma o cenário de instabilidade para a situação de estudo A2 e mostra que a solução
encontrada através da aplicação do algoritmo de optimização é na realidade uma boa solução. A
Figura 6.20 apresenta estes comportamentos.
A título de exemplo apresenta-se na Figura 6.21 a potência reactiva injectada pelo STATCOM no
barramento de Penela em cada uma das situações de estudo simuladas. Nas situações de
estudo A2 e A3 não existe qualquer STATCOM ligado ao barramento de Penela, razão pela qual
o valor da potência reactiva é nulo.
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
186
Figura 6.20 – Tensão em Alto Lindoso (CC em Recarei).
Relativamente à situação de estudo onde é injectada uma potência reactiva total com um valor
de 1600 Mvar é visível a injecção de potência reactiva durante a ocorrência do curto-circuito no
barramento de Penela. O mesmo acontece, embora com um valor mais reduzido, para o caso do
cenário óptimo. O resultado da situação de estudo óptimo em relação às oscilações é
caracterizado por ser menor amortecido mas no final do período da simulação os valores
aproximam-se. Assim pode afirmar-se que o STATCOM tem um efeito muito positivo na medida
que evita a perda de produção eólica.
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
187
Figura 6.21 – Potência reactiva injectada pelo STATCOM em Penela (CC em Recarei).
6.4.2 Comparação entre as situações de estudo A2 e Óptima para
um Curto-circuito em Recarei, Paraimo e Ribadave
É também de interesse comparar os resultados obtidos com a simulação de um curto-circuito,
com a duração de 500ms, em Recarei, Paraimo e Ribadave. Assim é possível constatar as
diferenças de impacto no comportamento dinâmico da rede, em função da localização do curto-
circuito.
Como foi referido anteriormente, de entre os 43 pontos injectores de eólica aquele em que a
ocorrência de um curto-circuito, na sua proximidade, causa mais efeitos negativos no que
respeita à perda de produção eólica, é o Barramento de 400kV de Recarei.
Na Figura 6.22 apresenta-se o comportamento do IET para cada uma das 3 situações de estudo.
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
188
a) Situação de estudo A2 (0Mvar de STATCOM)
b) Situação de estudo Óptima (382 Mvar- secção 6.3.2)
Figura 6.22 – Evolução temporal do IET (CC em Recarei, Paraimo e Ribadave).
Para a situação de ausência de STATCOM (Figura 6.22 a) ) a situação mais critica, e que origina
a perda de estabilidade da rede, corresponde à ocorrência de um curto-circuito nas proximidades
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
189
da sub-estação de Recarei. No entanto, e devido ao contributo dos STATCOM esta situação já
não tem lugar na situação óptima encontrada pelo algoritmo de minimização da potência dos
STATCOM (Figura 6.22 b) ).
Relativamente aos trânsitos nas interligações entre Portugal e Espanha pode-se verificar através
da análise da Figura 6.23 que também se confirma que o curto-circuito em Recarei é o que mais
impacto tem na estabilidade da rede, sendo que com a solução óptima encontrada o sistema não
fica instável.
Nas interligações de Espanha com França reflectem-se os efeitos do curto-circuito nos trânsitos
de energia activa, conforme se pode ver da análise da Figura 6.24.
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
190
a) Situação de estudo A2 (0Mvar de STATCOM)
b) Situação de estudo Óptima (382 Mvar- secção 6.3.2)
Figura 6.23 – Trânsito de potência activa nas interligações Portugal-Espanha (CC em Recarei, Paraimo e Ribadave).
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
191
a) Situação de estudo A2 (0Mvar de STATCOM)
b) Situação de estudo Óptima (382 Mvar- secção 6.3.2)
Figura 6.24 – Trânsito de potência activa nas interligações Espanha-França (CC em Recarei, Paraimo e Ribadave).
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
192
6.5 Análise da robustez da solução encontrada
Com o objectivo de testar a metodologia desenvolvida para tratar o problema da robustez das
diferentes soluções, descritas no capítulo anterior, apresentam-se seguidamente os resultados
obtidos com esta abordagem.
Antes de mais é oportuno dizer que apenas se apresenta a análise da robustez para as cinco
situações de estudo, com base nos critérios estabelecidos, relativamente ao maior impacto no
que à perda de produção eólica diz respeito e à perda de estabilidade no sistema.
Analisando a Tabela 6.2, identificam-se as situações e perturbações que são mais críticas para o
sistema. A definição da solução robusta é estabelecida para assegurar a estabilidade simultânea
para os casos anteriormente identificados e que correspondem a perturbações nos barramentos
de Recarei, Valdigem, Pego e Ribadave.
Com o objectivo de avaliar o efeito da solução robusta no comportamento do sistema, considera-
se ainda o caso de Paraimo, onde a ocorrência de uma perturbação, apesar de conduzir a uma
perda significativa de produção eólica, não conduz a perda de estabilidade.
A Tabela 6.5 apresenta os resultados obtidos pela metodologia de optimização proposta para a
simulação de um curto-circuito com a duração de 500ms nos barramentos atrás referidos.
A coluna mais à direita desta tabela (Sol. Robusta – MAXmin) diz respeito ao valor mais elevado
da potência dos STATCOM a ligar em cada um dos 43 barramentos onde é possível a ligação de
STATCOM. A potência total da solução robusta perfaz um valor de 625 Mvar.
Como se pode verificar através da análise dos resultados apresentados na Tabela 6.5 para as
situações de estudo consideradas, apenas para o curto-circuito em Paraimo foi identificada uma
solução em que com total ausência de STATCOM o sistema permanece estável. Em todas as
outras situações de estudo consideradas este cenário não se verifica, ou seja, a contribuição da
potência reactiva injectada pelos STATCOM é fundamental para que o limite de estabilidade
definido para o IET, 180º, não seja ultrapassado.
Na Tabela 6.6 apresenta-se um resumo dos resultados obtidos, potência total dos STATCOM
(Qstatcom) e potência eólica total perdida na sequência do curto-circuito (Pout), com a aplicação
do algoritmo de optimização e também os resultados obtidos com a utilização da potência e
localização dos STATCOM obtidos através da aplicação do critério de MAXmin.
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
193
Tabela 6.5 – Robustez – Potência dos STATCOM.
Localização do curto-circuito / potência dos STATCOM (Mvar) Barramento com
injecção de
eólica Paraimo (Mvar)
Ribadave (Mvar)
Recarei (Mvar)
Pego (Mvar)
Valdigem (Mvar)
Sol. Robusta - MAXmin
(Mvar)
1 67017 0 0 0 0 0 0
2 67067 0 0 0 0 0 0
3 67077 0 0 0 0 0 0
4 67107 0 0 0 0 0 0
5 67117 0 0 0 0 0 0
6 67127 0 0 21,5 0 21,5 21,5
7 67147 0 0 30,3 0 0 30,3
8 67167 0 0 41,5 0 0 41,5
9 67187 0 0 0 0 0 0
10 67197 0 0 0 0 0 0
11 67203 0 0 0 0 0 0
12 67207 0 61,7 0 0 0 61,7
13 67217 0 29,8 0 0 0 29,8
14 67223 0 0 25 0 25 25
15 67227 0 29,6 19,8 0 0 29,6
16 67237 0 0 2,8 0 0 2,8
17 67247 0 0 0 0 0 0
18 67257 0 0 19.8 0 0 19,8
19 67287 0 0 0 0 0 0
20 67307 0 0 0 0 0 0
21 67317 0 25 0 0 0 25
22 67333 0 0 60 0 60 60
23 67337 0 13,4 0 0 0 13,4
24 67357 0 0 0 0 0 0
25 67437 0 0 0 0 0 0
26 67467 0 0 0 0 0 0
27 67473 0 0 0 0 0 0
28 67527 0 52,3 34,9 0 0 52,3
29 67543 0 0 23,9 0 0 23,9
30 67547 0 20,1 0 0 0 20,1
31 67557 0 0 13,4 0 13,4 13,4
32 67573 0 0 0 0 0 0
33 67617 0 7,6 0 0 0 7,6
34 67623 0 0 0 0 0 0
35 67627 0 0 0 0 0 0
36 67647 0 0 10 0 0 10
36 67667 0 0 0 0 0 0
38 67707 0 0 37,3 0 0 37,3
39 67733 0 0 41,8 41,8 0 41,8
40 67747 0 0 0 0 0 0
41 67777 0 0 0 0 0 0
42 67787 0 0 0 58,4 0 58,4
43 67797 0 0 0 0 0 0
Totais 0 240 382 100 120 625
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
194
Naturalmente, e uma vez que a potência total dos STATCOM identificada pela solução robusta é
superior aos valores obtidos com o algoritmo de optimização, a perda de produção eólica é
inferior em todas as situações de estudo apresentadas. Salienta-se o facto de esta diferença ser
mais reduzida sempre que o defeito simulado ocorre nos principais barramentos da rede, como
seja, por exemplo, o barramento de Recarei.
Tabela 6.6 – Robustez - Comparação dos cenários simulados.
Solução óptima Solução Robusta Localização do Curto-Circuito Qstatcom
(Mvar) Pout (MW)
Qstatcom (Mvar)
Pout (MW)
Recarei 382 1532 625 1511 Ribadave 239 1435 625 1289 Paraimo 0 1450 625 1368 Pego 100 1248 625 875 Valdigem 120 1260 625 930
Na Figura 6.25 apresenta-se a evolução temporal do IET relativamente às situações de estudo
anteriormente referidas, sendo possível verificar que em todas elas a rede caminha para um
cenário de estabilidade devido ao contributo da potência reactiva injectada pelos STATCOM.
Figura 6.25 – Evolução temporal do IET (CC em Recarei, Paraimo, Pego, Valdigem e Ribadave).
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
195
Com base nos resultados, apresentados para estes 5 barramentos, pode afirmar-se que a
solução encontrada pode ser considerada robusta uma vez que nos conduz a uma solução
dentro dos limites estabelecidos, não havendo perda de estabilidade no sistema para qualquer
uma das perturbações.
6.6 Comportamento da metodologia
A aplicação da metodologia de optimização desenvolvida revelou-se bastante eficaz tendo sido
possível identificar e localizar os STATCOM a instalar na rede para garantir a estabilidade do
sistema. De referir que dada a natureza e dimensão do problema não poderia obter-se uma
solução sem o auxílio de ferramentas do tipo meta-heurísticas.
Existem no entanto algumas questões que devem ser realçadas, devido a terem uma elevada
interferência com a performance da utilização do método. Entre elas refere-se o facto do
problema ser altamente não linear e combinatório, sendo que a identificação de uma solução
“óptima” para a rede ibérica pode demorar aproximadamente 10 horas de cálculo num
computador pessoal equipado com um processador Intel® Core™ 6600@ 2,40GHz e 1 Gb de
RAM, considerando um período de análise do comportamento dinâmico de apenas 20 s. De
referir que a maioria do esforço de cálculo está na simulação numérica da dinâmica do sistema
realizada com recurso ao PSS/E.
6.7 Conclusões
Ao longo deste capítulo foram apresentados os resultados da aplicação da metodologia
desenvolvida no capítulo anterior ao cenário de vazio seco de verão referente ao ano de 2009. O
cenário escolhido corresponde a uma situação onde na ausência de STATCOM, o valor da perda
de produção eólica é muito elevado. Foram feitas simulações com a função objectivo a minimizar
a perda de produção eólica e também a minimizar a potência de STATCOM necessária para que
o sistema não ficasse instável, ou seja, em que o IET não fosse superior a 180º.
Foi implementada a metodologia de optimização desenvolvida no CAPITULO 5 , onde se
recorre à utilização de uma meta heurística, Simulated Annealing, com vista a permitir a
optimização da localização e o dimensionamento de STATCOM na rede.
A solução que se baseia na minimização da perda de produção eólica revelou-se uma solução
em que os custos com a instalação destes equipamentos seriam elevados. Desta forma foi
CAPITULO 6 - RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
196
utilizada uma nova função objectivo em que se procurou minimizar o valor da potência dos
STATCOM a instalar, assegurando ao mesmo tempo que o colapso do sistema não teria lugar.
Esta alternativa provou ser bastante eficaz.
A solução encontrada pelo algoritmo evidenciou claramente que pode ser decisiva a contribuição
dos STATCOM, ou seja, a injecção rápida de potência reactiva evitou a perda de produção
eólica na sequência de um curto-circuito, contribuindo assim para o aumento da estabilidade da
rede.
A localização e dimensionamento optimizado provou ser uma ferramenta de bastante utilidade,
levando a que a rede apresente um comportamento estável na sequência de um defeito. Como
principal vantagem da inclusão destes dispositivos na rede Portuguesa pode referir-se a redução
significativa de perda de produção eólica devido à não actuação das protecções de mínimo
tensão dos aerogeradores.
Para as situações estudadas, a solução que se revelou como melhor resultou num valor de
STATCOM de 382 Mvar (através da minimização da potência dos STATCOM) a instalar em
vários barramentos da rede portuguesa.
A análise de robustez efectuada permitiu verificar que as potências e localizações dos
STATCOM determinados recorrendo à aplicação da metodologia desenvolvida neste trabalho
garantem a estabilidade do sistema, mesmo quando a localização dos curto-circuitos é diferente.
Neste caso o volume de STATCOM a instalar é consideravelmente maior.
197
CAPITULO 7 CONCLUSÕES
CAPITULO 7 - CONCLUSÕES
199
7.1 Introdução
O trabalho desenvolvido nesta tese teve como domínio de investigação a análise do
comportamento dinâmico de grandes redes interligadas com elevada integração de produção
eólica, na sequência de defeitos na rede eléctrica. O principal objectivo focou-se, no entanto, na
identificação dos problemas e na procura de soluções, externas aos aerogeradores, que
permitissem fornecer capacidade de sobrevivência a cavas de tensão aos aerogeradores que se
encontrem já instalados numa rede e que não estejam dotados dessa capacidade. A
investigação desenvolvida foi aplicada ao caso da rede eléctrica portuguesa num cenário de
grande volume de integração de produção eólica e num contexto Ibérico.
Na sequência dos estudos efectuados no decorrer deste trabalho, enunciam-se seguidamente as
principais contribuições do mesmo.
7.2 Contribuição desta tese
Nesta tese procuraram-se identificar soluções que melhorem o comportamento dinâmico de
redes eléctricas em cenários com um elevado volume de produção eólica, na sequência de
curto-circuitos que podem conduzir à perda deste tipo de produção e consequentemente a
situações de perda de estabilidade. Para proceder a este tipo de estudos foram analisados e
implementados os principais modelos de aerogeradores de modo a permitir a sua integração e
utilização no software de simulação dinâmica PSS/E.
A principal contribuição deste trabalho consistiu no desenvolvimento de uma metodologia que
permite localizar e dimensionar de uma forma óptima STATCOM de modo a melhorar o
comportamento dinâmico de toda uma rede eléctrica. Assumiu-se que a localização dos
STATCOM apenas seria possível nos barramentos da rede onde existisse produção eólica.
Como o caso de estudo se centrou sobre a rede portuguesa num cenário vazio seco de 2009,
admitiu-se a possibilidade de instalação deste tipo de dispositivos nos barramentos onde se
prevê a injecção de potência eólica, ou seja em 43 barramentos. Relativamente à potência
máxima que cada STATCOM poderia injectar na rede foi assumido que esta seria no máximo de
50% da potência eólica injectada em cada barramento. Esta metodologia de optimização
envolveu a utilização de uma meta heurística, Simulated Annealing, tendo sido implementada em
linguagem IPLAN / PSS/E e embebida no programa global de simulação.
CAPITULO 7 - CONCLUSÕES
200
Assim esta tese apresenta os seguintes principais contributos:
• Foi proposta uma solução externa, baseada em compensadores estáticos do
tipo STATCOM com vista a permitir minimizar a perda de produção eólica na
sequência de curto-circuitos, tendo em conta a existência numa rede de grande
volumes de produção eólica sem capacidade de sobrevivência a cavas de
tensão;
• Foi desenvolvida uma metodologia de optimização baseada numa
meta-heurística (Simulated Annealing) que visa dimensionar e localizar
simultaneamente os STATCOM, minimizando a potência total dos STATCOM a
instalar com o objectivo de garantir a estabilidade do sistema após um defeito na
rede na sequência do qual ocorre perda de produção eólica;
• A metodologia de optimização, anteriormente referida, foi estendida a várias
localizações da perturbação e assim foi possível garantir a identificação de uma
solução robusta, e ao mesmo tempo garantir a estabilidade da rede, na
sequência de um conjunto pré-definido de perturbações consideradas como
mais críticas;
• Dos estudos efectuados foi possível compreender a dinâmica dos fenómenos
envolvidos e que têm a ver com:
o Perda de estabilidade na rede por perda de produção eólica, com
oscilações de potência nas linhas de interligação;
o Suporte de tensão generalizado à rede devido à presença dos
STATCOM evitando a saída de serviço dos aerogeradores.
A contribuição dos STATCOM é particularmente importante para os aerogeradores que não
estão equipados com capacidade de RTF na medida em que permitem que os valores das
CAPITULO 7 - CONCLUSÕES
201
tensões terminais dos aerogeradores fiquem acima do limiar de actuação dos relés de mínimo de
tensão, geralmente 0,8 p.u., e deste modo os aerogeradores permanecem em funcionamento.
Também para os aerogeradores que têm capacidade de RTF o contributo dos STATCOM se faz
sentir, sendo que nestes casos a sua presença conduz a que os valores das tensões terminais
dos aerogeradores fiquem acima do limiar da actuação da curva de sobrevivência a cavas de
tensão (0,2 p.u.) e por esta razão estes continuam em funcionamento.
Resumindo, pode afirmar-se que o dimensionamento e localização de STATCOM de uma forma
optimizada na rede Portuguesa, contribuem de uma forma muito significativa para a manutenção
da estabilidade da rede eléctrica na sequência do aparecimento de um defeito.
7.3 Perspectivas de desenvolvimento
As perspectivas de desenvolvimento que se vislumbram na sequência deste trabalho estão
relacionadas com os assuntos que nele foram tratados assim como com questões que lhe são
próximas. Estas encontram-se na linha do desenvolvimento tecnológico, ou seja, o aumento das
capacidades e robustez dos aerogeradores levará a que todo o sistema tenha também uma
elevada fiabilidade de funcionamento, particularmente após a ocorrência de um curto-circuito na
rede.
Neste contexto podem-se considerar as seguintes principais perspectivas de desenvolvimento:
• Desenvolver modelos standardizados de aerogeradores, de forma a poderem
ser efectuados os mais diversos estudos acerca do comportamento dinâmico de
redes eléctricas com grande volume de produção eólica;
• Identificar, para cada um dos modelos de aerogeradores utilizados, o grupo de
parâmetros mais adequados;
• Estender o espectro de soluções possíveis de pesquisa para além dos
barramentos onde existe injecção da produção eólica, o que pode conduzir a
uma ainda maior minimização do volume de potência dos STATCOM a instalar;
CAPITULO 7 - CONCLUSÕES
202
• Avaliar a viabilidade da utilização de outros dispositivos, como por exemplo,
Dynamic Voltage Restores;
• Estender o conceito de robustez a vários cenários de operação, como por
exemplo no caso da rede estudada - cenários de exploração onde a produção
convencional hídrica tenha uma maior participação;
• Estender e adaptar a metodologia desenvolvida e implementada nesta tese ao
caso de defeitos assimétricos.
[91-93] [94-101]
203
BIBLIOGRAFIA
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211
APÊNDICES
213
Apêndice A - Rede de teste
Apêndice A - Rede de teste
214
A Rede de teste
Este apêndice apresenta a rede eléctrica e os respectivos dados utilizados que permitiram
verificar e validar os modelos implementados no desenvolvimento deste trabalho. O
comportamento dos diferentes modelos de aerogeradores, dos modelos dos relés de mínimo de
tensão (entre outros) utilizados/desenvolvidos foram testados numa pequena rede de
barramento infinito, sendo que a configuração da rede está representada na figura seguinte
(Figura A.1). O parque eólico é constituído por aerogeradores equipados com máquinas
assíncronas convencionais, assíncronas duplamente alimentadas ou máquinas síncronas de
velocidade variável, dependendo do modelo a testar.
Figura. A.1 – Rede de teste
A.1 Dados da rede de teste
Os valores de base, utilizados na rede de teste encontram-se referidos na tabela seguinte.
Tabela A.1 – Valores de base
Valores de base
Potência de base (Sb) Tensão de Base (Vb) 100 MVA 63 kV
Apêndice A - Rede de teste
215
Os dados referentes aos geradores utilizados na implementação da rede de teste estão
apresentados nas tabelas seguintes:
Tabela A.2 – Dados da máquina de indução convencional (aerogerador)
Gerador Indução convencional*
Pn(kW) Vn(kV) Rs(ohm) Xs(ohm) Rr(ohm) Xr(ohm) 660 0,69 0,0067 0,03 0,0058 0,0506
Xm(ohm) Nº polos
2,3161 4
Turbina eólica
N.º de pás Raio (m) Vel. Vento (Cut in) (m/s)
Vel. Vento (Cut off) (m/s)
Hturbina+gerador(S) Caixa velocidades
3 22 4 25 4 55
Transformador ligação à rede
Sn(kVA) Vn(kV) Xt(%) 750 0,69/30 5
* Os valores referem-se a apenas um aerogerador e as grandezas do rotor estão referidas ao estator.
Tabela A.3 – Dados da máquina síncrona (aerogerador)
Gerador Síncrono de Velocidade Variável*
Pn(kW) Vn(kV) 660 0,69
Turbina eólica
N.º de pás Raio (m) Vel. Vento (Cut in) (m/s)
Vel. Vento (Cut off) (m/s)
Hturbina+gerador Caixa velocidades
3 22 4 25 4 55
Transformador ligação à rede
Sn(kVA) Vn(kV) Xt(%) 750 0,69/30 5
* Os valores em p.u. estão na base da máquina
Apêndice A - Rede de teste
216
Tabela A.4 – Dados da máquina de indução duplamente alimentada (gerador)
Gerador de indução duplamente alimentado*
Pn(kW) Vn(kV) Rs(ohm) Xs(ohm) Rr(ohm) Xr(ohm) 660 0,69 0,0067 0,095 0,0058 0,0506
Xm(ohm) Nº polos 2,3161 4
Turbina eólica
N.º de pás Raio (m)
Vel. Vento (Cut in) (m/s)
Vel. Vento (Cut off) (m/s)
Hturbina+gerdaor Caixa velocidades
3 22 4 25 4 64,1
Transformador de ligação à rede
Sn(kVA) Vn(kV) Xt(%) 750 0,69/30 5
Transformador de ligação à rede dos conversores CA-CC-CA à rede
Sn(kVA) Vn(kV) Xt(%) 100 0,20/0,69 9,5
Barramento CC
C(µµµµf) Vcc
284 360
* Apenas para um aerogerador. As grandezas do rotor estão referidas ao estator.
Tabela A.5 – Dados da máquina de indução duplamente alimentada – controlador do lado do rotor
Conversor ligados ao rotor
Malha de controlo de potência activa Kp1 Ki1 Kp2 Ki2 0,5 5,0 0,5 5,0
Malha de controlo de potência reactiva Kp3 Ki3 Kp4 Ki4
0,5 5,0 0,5 5,0
Tabela. A.6 – Dados da máquina de indução duplamente alimentada – controlador do lado da rede
Conversor ligados à rede
Malha de controlo da tensão CC k bc Kp Ki 1,0 0,05 4,5 50
Tabela A.7 – Dados do controlo de pitch da DFIG com controlo de potência activa e reactiva
Controlo de pitch
Controlador PI Atraso kp ki T(s) K 150 50 0,01 1,0
Apêndice A - Rede de teste
217
Tabela A.8 – Dados das linhas
Rede Eléctrica – Linhas *
Barramento inicial
Barramento final
R(p.u.) X(p.u.) b/2(p.u.)
2 3 0,2132 0,5525 0,0
2 5 0,0 0,001 0,0
* Os valores em p.u. estão na base da 100MVA
Tabela A.9 – Dados dos transformadores
Rede Eléctrica – Transformadores *
Barramento inicial Barramento final R(p.u.) X(p.u.) b/2(p.u.) Tap. Tapmax Tapmin 1 2 0,0 0,666 0,0 1,0 1,0 1,0
3 4 0,0 0,3922 0,0 1,0 1,0 1,0
* Os valores em p.u. estão na base da 100MVA
219
Apêndice B - Modelos Dinâmicos Desenvolvidos
Apêndice B – Modelos Dinâmicos Desenvolvidos
221
B Modelos Dinâmicos Desenvolvidos
Este apêndice apresenta as informações relativas aos modelos utilizados no PSS/E que foram
desenvolvidos pelo utilizador (user model).
Os modelos implementados têm a seguinte configuração no que diz respeito à organização das
diferentes dados necessários:
BUSID, ‘USRMDL’, IM, ‘model name’, IC, IT, NI, NC, NS, NV data list /
onde ,
BUSID – Identificador do barramento;
‘USRMDL’ – designação definida para os modelos desenvolvidos pelo utilizador;
‘model name’ – Nome atribuído ao modelo;
IC – Código do tipo de modelo de utilizador (0 – Model called from subroutine CONET);
IT - Código da rede do modelo de utilizador (2 – Metering model);
NI – nº de ICONs ;
NC – nº de CONs;
NS – nº de estados;
NV – nº de VARs;
Apêndice B – Modelos Dinâmicos Desenvolvidos
222
B.1 SLOOT1
Modelo simplificado da máquina síncrona de velocidade variável desenvolvido por Slootweg [16]
Figura B.1 – Modelo simplificado do aerogerador síncrono de velocidade variável
Figura B.2 – Malha de controlo da tensão terminal
CON Descrição
J J+1 J+2
H Kv Tq
Constante de inércia (pu) Ganho da malha de reactiva Constante da malha de reactiva
STATE Descrição
K K+1
Pelec Qelec
Potência activa [pu] Potência reactiva [pu]
VAR Descrição
ICON Descrição
IBUS, 'USRMDL', ‘ID’, 'SLOOT1', 1, 1, 0, 3, 2, 0, H, Kv, Tq /
Apêndice B – Modelos Dinâmicos Desenvolvidos
223
B.2 ROGER1
Modelo do gerador de indução duplamente alimentado (descrito no Cap. 3).
CON Descrição
J J+1 J+2 J+3 J+4 J+5
H Re Xe Rr Xr Xm
Constante de inércia [s] Resistência do estator [pu] Reactância do estator [pu] Resistência do rotor [pu] Reactância do rotor [pu] Reactância mútua [pu]
STATE Descrição
K K+1 K+2
∆w Ed’ Eq’
Desvio de velocidade [pu] Componente d da f.e.m. [pu] Componente q da f.e.m. [pu]
VAR Descrição
L L+1 L+2 L+3
Vdr Vqr Idr Iqr
Tensão do rotor sem acoplamento vdr [pu] Tensão do rotor sem acoplamento vqr [pu] Corrente do rotor idr [pu] Corrente do rotor iqr [pu]
ICON Descrição
Vectores de variáveis com significado global Descrição
SPEED Desvio de velocidade do gerador [pu] ETERM Tensão aos terminais do gerador [pu] PELEC Potência eléctrica [pu referido a SBASE] QELEC Potência reactiva [pu referido a SBASE] PMECH Potência mecânica [pu referido a MBASE] EFD Velocidade do vento [m/s] VREF Ângulo de pitch [graus] XADIFD Referência da potência activa [pu referido a MBASE] VOTHSG Referência da tensão / potência reactiva [pu]
IBUS, 'USRMDL', ID, 'ROGER1', 1, 1, 0, 6, 3, 5, H, Re, Xe, Rr, Xr, Xm /
ELECSg
g PKdt
dH −= θ
ω2
Apêndice B – Modelos Dinâmicos Desenvolvidos
224
B.3 RAERO1
Modelo com as características aerodinâmicas do aerogerador (descrito no Cap. 3).
CON Descrição
J J+1 J+2 J+3 J+4
Vwind Rho Rad Rtr Ptn
Velocidade do vento [m/s] Densidade do ar Raio das pás Caixa de transmissão Potência nominal de uma turbina
STATE Descrição
VAR Descrição
ICON Descrição
I I+1
IBUS ID
Número do barramento Identificação da máquina
0, 'USRMDL', ' 0', 'RAERO1', 8, 0, 3, 5, 0, 0, IBUS, ID, 0, Vwind, Rho, Rad, Rtr, Ptn /
Apêndice B – Modelos Dinâmicos Desenvolvidos
225
B.4 CONV1
O modelo RCONV1 modeliza o conversor do lado do rotor dos aerogeradores equipados com
máquinas assíncronas duplamente alimentadas.
Figura B.3 – Diagrama de bloco de controlo de velocidade (potência activa).
Figura B.4 – Diagrama de bloco de controlo da tensão terminal (potência reactiva).
CON Descrição
J J+1 J+2 J+3 J+4 J+5 J+6 J+7
Kp1 Ki1 Kp2 Ki2 Kp3 Ki3 Kp4 Ki4
Ganho proporcional 1 Ganho integral 1 Ganho proporcional 2 Ganho integral 2 Ganho proporcional 3 Ganho integral 3 Ganho proporcional 4 Ganho integral4
STATE Descrição
K K+1 K+2 K+3
Iqr Vqr Idr Vdr
Corrente no rotor segundo o eixo q Tensão no rotor segundo o eixo q Corrente no rotor segundo o eixo d Tensão no rotor segundo o eixo d
VAR Descrição
ICON Descrição
I I+1
IBUS ID
Número do barramento Identificação da máquina
0, 'USRMDL', '0', 'RCONV1', 8, 0, 3, 8, 4, 0, IBUS, ID, 0, Kp1, Ki1, Kp2, Ki2, Kp3, Ki3, Kp4, Ki4 /
Apêndice B – Modelos Dinâmicos Desenvolvidos
226
B.5 RPITCH
O modelo RPITCH controla o ângulo de pitch dos aerogeradores equipados com máquinas de
indução duplamente alimentadas.
Figura B.5 – Bloco de controlo do ângulo de pitch de uma turbina eólica.
COM Descrição
J J+1 J+2 J+3 J+4 J+5 J+6
Kp Ki Td Kd Bmax Bmin Bopt
Ganho proporcional Ganho integral Constante de tempo do controlador Ganho derivativo Ângulo máximo de pitch Ângulo mínimo de pitch Ângulo de pitch de referência
STATE Descrição
K Bopt Ângulo de pitch VAR Descrição
ICON Descrição
I I+1
IBUS ID
Número do barramento Identificação da máquina
0, 'USRMDL', ' 0', 'RPITCH', 8, 0, 3, 7, 3, 0, IBUS, ID, 0, Kp, Ki, Td, Kd, Bmax, Bmin, Bopt /
Apêndice B – Modelos Dinâmicos Desenvolvidos
227
B.6 RVOLT1
Modelo do relé de protecção de mínimo de tensão. Sempre que o valor da tensão aos terminais
da máquina for inferior ao valor da curva do gráfico a máquina é desligada.
CON Descrição
J J+1 J+2 J+3 J+4 J+5 J+6 J+7
VL1 VL2 VL3 TP1 TP2 TP3 TP4 TB1
STATE Descrição
VAR Descrição
L L+1 L+2 L+3
Timer1 Timer2 LIMITE
Temporizador para controlo da actuação da protecção Temporizador para controlo da curva de limite Valores limite da curva Variável auxiliar
ICON Descrição
I I+1 I+2 I+3 I+4
IBUS ID TRIPMAC1 TRIPMAC2
Número do barramento Identificação da máquina Gráfico RTFC Flag ordenar a saída de serviço da máquina Flag para definir o funcionamento da protecção (0 – monitorização; 1 – protecção)
0, USRMDL', '0', 'RVOLT1', 0, 2, 5, 8, 0, 4, IBUS, ID, 0, TRIPMAC1, TRIPMAC1, VL1, VL2, VL3, TP1, TP2, TP3, TP4, TB /
Apêndice B – Modelos Dinâmicos Desenvolvidos
228
B.7 RVOLT2
Idem do RVOLT1, mas neste caso desliga o barramento onde a máquina está ligada.
B.8 RCOI1
Este modelo tem como finalidade possibilitar a visualização do ângulo do centro de inércia (COI)
e/ou do ângulo da diferença entre o Centro de Inércia do sistema e o maior ângulo de entre
todas as máquinas síncronas em funcionamento, ou seja o índice de estabilidade transitória
(IET).
A versão implementada apenas considera, para efeitos do cálculo do centro de inércia, as
máquinas modelizadas com os modelos “GENROU” e “GENSAL”.
CON Descrição
J Não Utilizado STATE Descrição
VAR Descrição
L L+1
Timer1 Timer2
Gráfico do COI Gráfico da diferença entre o COI e o maior ângulo em cada instante
ICON Descrição
I I+1 I+2
IBUS ID
Número do barramento Identificação da máquina Não utilizado ( 0 por defeito)
0,'USRMDL','0', 'RCOI1',0,2,3,1, 0,2,1090,'1',0,25/
Apêndice B – Modelos Dinâmicos Desenvolvidos
229
B.9 RTFC1
O modelo RTFC1 foi implementado com base no modelo RVOLT1. Tem como função permitir,
apenas, visualizar qualquer curva de capacidade de RTF, bastando para isso que se introduzam
os valores correspondentes a VL1-VL3, de TP1 a TP4. O valor COM(J+7) não tem qualquer
função neste modelo (valor por defeito 0.0)
CON Descrição
J+1 J+2 J+3 J+4 J+5 J+6 J+7
VL1 VL2 VL3 TP1 TP2 TP3 TP4
STATE Descrição
VAR Descrição
L L+1 L+2 L+3
Timer1 Timer2 LIMITE
Temporizador para controlo da actuação da protecção (Não utilizado) Temporizador para controlo da curva de limite (Não utilizado) Valores limite da curva Variável auxiliar
ICON Descrição
I I+1 I+2 I+3 I+4
IBUS ID 0 0
Número do barramento Identificação da máquina Não utilizada Não utilizada Não utilizada
0, USRMDL', '0', 'RTFC1', 0, 2, 5, 8, 0, 4, IBUS, ID, 0, 0, 0, VL1, VL2, VL3, TP1, TP2, TP3, TP4, 0.0 /
231
Apêndice C - Modelos Dinâmicos Standard
Apêndice C - C Modelos Dinâmicos Standard
233
C Modelos Dinâmicos Standard
Este apêndice apresenta as informações relativas aos principais modelos dinâmicos utilizados na
modelização da rede eléctrica utilizada nas simulações e que fazem parte da livraria standard do
PSS/E.
C 1 Gerador Assíncrono
C 1.1 CIMTR3: modelo de gerador de indução
O modelo CIMTR3, modeliza o gerador de indução convencional incluindo os transitórios do rotor.
Figura C.1 – Diagrama do modelo do gerador de indução CIMTR3
Tabela C.1 - Significado das variáveis (modelo CIMTR3)
Variável Significado
Pload potência da carga Volt tensão medida aos terminais da máquina
Speed velocidade
Pelect potência eléctrica
Angle ângulo
Tabela C.2 - Significado dos parâmetros (modelo CIMTR3)
Parâmetro Significado
T’ constante de tempo do transitório em circuito aberto T" constante de tempo do sub-transitório em circuito aberto
H Inércia
X reactância síncrona
X’ reactância transitória
X" reactância sub-transitória
X1 reactância de ligação do rotor
E1 (>0.)
S(E1)
E2
S(E2)
factores de saturação
0. switch
SYN-POW potência mecânica à velocidade de sincronismo
Nota: X, X', X'', Xl, e H estão em pu, na base da máquina (MVA).
Apêndice C - Modelos Dinâmicos Standard
234
IBUS, ’CIMTR3’, I, T’, T", H, X, X’, X", Xl, E1, S(E1), E2, S(E2), 0., SYN-POW/
C 2 Gerador Síncrono
C 2.1 GENROU: modelo de gerador com rotor cilíndrico
Figura C.2 – Diagrama do modelo do gerador GENROU
Tabela C.3 - Significado das variáveis (modelo GENROU)
Variável Significado
Pmech Potência mecânica
EFD Força electromotriz à saída da excitatriz
Volt Tensão medida aos terminais da máquina
Speed Velocidade
Isource Corrente
Eterm Tensão aos terminais da máquina
Angle Ângulo
Tabela C.4 - Significado dos parâmetros (modelo GENROU)
Parâmetro Significado
T’d0 constante de tempo transitória longitudinal em circuito aberto
T’’d0 constante de tempo sub-transitória longitudinal em circuito aberto
T’q0 constante de tempo transitória transversal em circuito aberto
T’’q0 constante de tempo sub-transitória transversal em circuito aberto
H constante de inércia
D amortecimento do gerador
Xd reactância síncrona longitudinal
Xq reactância síncrona transversal
X’d reactância transitória longitudinal
X’q reactância transitória transversal
X’’d reactância sub-transitória longitudinal
Xl reactância de dispersão do estator
S(1.0) factor 1 de saturação
S(2.0) factor 2 de saturação
Nota: Xd, Xq, X’d, X’q, X"d, X"q, Xl, H, e D em pu, na base da máquina (MVA).
X"q deve ser igual a X"d.
IBUS, ’GENROU’, I, T’do, T"do, T’qo, T"qo, H, D, Xd, Xq, X’d, X’q, X"d, Xl, S(1.0), S(1.2)/
Apêndice C - Modelos Dinâmicos Standard
235
C 2.2 GENSAL: modelo de gerador com pólos salientes
Figura C.3 – Diagrama do modelo do gerador GENSAL
Tabela C.5 - Significado das variáveis (modelo GENSAL)
Variável Significado
Pmech potência mecânica
EFD força electromotriz à saída da excitatriz
Volt tensão medida aos terminais da máquina
Speed velocidade
Isource
Eterm tensão aos terminais da máquina
Angle ângulo
Tabela C.6 - Significado dos parâmetros (modelo GENSAL)
Parâmetro Significado
T’d0 constante de tempo transitória longitudinal em circuito aberto
T’’d0 constante de tempo sub-transitória longitudinal em circuito aberto
T’q0 constante de tempo transitória transversal em circuito aberto
T’’q0 constante de tempo sub-transitória transversal em circuito aberto
H constante de inércia
D amortecimento do gerador
Xd reactância síncrona longitudinal
Xq reactância síncrona transversal
X’d reactância transitória longitudinal
X’q reactância transitória transversal
X’’d reactância sub-transitória longitudinal
Xl reactância de dispersão do estator
S(1.0) factor 1 de saturação
S(2.0) factor 2 de saturação
Nota: Xd, Xq, X’d, X"d, X"q, Xl, H, e D em pu, na base da máquina (MVA).
X"q deve ser igual a X"d.
IBUS, ’GENSAL’, I, T’do, T"do, T"qo, H, D, Xd, Xq, X’d, X"d, Xl, S(1.0), S(1.2)/
Apêndice C - Modelos Dinâmicos Standard
236
C 2.3 Reguladores de Tensão
C 2.3.1 Modelo IEEEX1
EFD
VOTHSG
VRMAX
B
C
sT1
sT1
++
A
A
sT1
K
+ EE sTK
1
+
1F
F
sT1
sK
+
VS
ΣVERR
Σ
VREF
+
+ +-
RsT1
1
+ECE'C
Aparelhagemde Medição
PSS
-
lead-lag Excitatriz
VRMIN
Estabilizador
Σ+
VUEL+VOEL
SE
Σ
Saturação
-
+
+ Amplificador
CREFERR EVV −= , OELUELOTHSGS VVVV ++= , IEEEX1: modelo de regulador IEEE tipo 1
Figura C.4 – Diagrama de blocos do regulador de tensão IEEEX1
Tabela C.7 - Significado das variáveis (modelo IEEEX1)
Variável Significado
EFD força electromotriz à saída da excitatriz
VREF tensão de referência do regulador
EC tensão medida aos terminais da máquina
VOTHSG sinal de saída do PSS
VUEL sinal limitador de mínimo de excitação
VOEL sinal limitador de máximo de excitação
Tabela C.8 - Significado dos parâmetros (modelo IEEEX1)
Parâmetro Significado
TR constante de tempo da aparelhagem de medição
KA ganho do amplificador
TA constante de tempo do amplificador
TB constante de tempo de atraso de fase do bloco de lead-lag
TC constante de tempo de avanço de fase do bloco de lead-lag
VRMAX limite de tensão máximo do regulador
VRMIN limite de tensão mínimo do regulador
KE parâmetro da excitatriz
TE parâmetro da excitatriz
KF ganho do estabilizador
TF1 constante de tempo do estabilizador
E1 valor de EFD do ponto 1 da função de saturação
SE(E1) factor de saturação relativo ao ponto EFD = E1
E2 valor de EFD do ponto 2 da função de saturação
SE(E2) factor de saturação relativo ao ponto EFD = E2
IBUS, ’IEEEX1’, I, TR, KA, TA, TB, TC, VRMAX, VRMIN, KE, TE, KF, TF1, 0., E1, SE(E1), E2, SE(E2)/
Apêndice C - Modelos Dinâmicos Standard
237
C 2.3.2 Modelo ESDC2A: modelo de regulação IEEE tipo DC2A
EFD
VOTHSG
VTVRMAX
B
C
sT1
sT1
++
A
A
sT1
K
+ EsT
1
1F
F
sT1
sK
+
VS
Σ
VREF
+
+-
RsT1
1
+ECE'C
Aparelhagemde Medição
PSS
-
lead-lagExcitatriz
VTVRMIN
Estabilizador
Σ+
VOEL
KE
Σ
-
+
+ Amplificador
Σ
Vx=EFD SE(EFD)
HVGate
+
+
VUEL
Figura C.5 – Diagrama de blocos do regulador de tensão ESDC2A
Tabela C.9 - Significado das variáveis (modelo ESDC2A)
Variável Significado
EFD força electromotriz à saída da excitatriz
VREF tensão de referência do regulador
EC tensão medida aos terminais da máquina
VOTHSG sinal de saída do PSS
VUEL sinal limitador de mínimo de excitação
VOEL sinal limitador de máximo de excitação
Tabela C.10 - Significado dos parâmetros (modelo ESDC2A)
Parâmetro Significado
TR constante de tempo da aparelhagem de medição
KA ganho do amplificador
TA constante de tempo do amplificador
TB constante de tempo de atraso de fase do bloco de lead-lag
TC constante de tempo de avanço de fase do bloco de lead-lag
VRMAX limite de tensão máximo do regulador
VRMIN limite de tensão mínimo do regulador
KE parâmetro da excitatriz
TE (>0) parâmetro da excitatriz
KF ganho do estabilizador
TF1 (>0) constante de tempo do estabilizador
E1 valor de EFD do ponto 1 da função de saturação
SE(E1) factor de saturação relativo ao ponto EFD = E1
E2 valor de EFD do ponto 2 da função de saturação
SE(E2) factor de saturação relativo ao ponto EFD = E2
IBUS, ’ESDC2A’, I, TR, KA, TA, TB, TC, VRMAX, VRMIN, KE, TE, KF, TF1, 0., E1, SE(E1), E2, SE(E2)/
Apêndice C - Modelos Dinâmicos Standard
238
C 2.3.3 Modelo ESDC1A: modelo de regulação IEEE tipo DC1A
EFD
VOTHSG
VRMAX
B
C
sT1
sT1
++
A
A
sT1
K
+ EsT
1
1F
F
sT1
sK
+
VS
Σ
VREF
+
+-
RsT1
1
+ECE'C
Aparelhagemde Medição
PSS
-
lead-lagExcitatriz
VRMIN
Estabilizador
Σ+
VOEL
KE
Σ
-
+
+ Amplificador
Σ
Vx=EFD SE(EFD)
HVGate
0.+
+
VUEL
Figura C.6 – Diagrama de blocos do regulador de tensão ESDC1A
Tabela C.11 - Significado das variáveis (modelo ESDC1A)
Variável Significado
EFD força electromotriz à saída da excitatriz VREF tensão de referência do regulador
EC tensão medida aos terminais da máquina
VOTHSG sinal de saída do PSS
VUEL sinal limitador de mínimo de excitação
VOEL sinal limitador de máximo de excitação
Tabela C.12 - Significado dos parâmetros (modelo ESDC1A)
Parâmetro Significado
TR constante de tempo da aparelhagem de medição
KA ganho do amplificador
TA constante de tempo do amplificador
TB constante de tempo de atraso de fase do bloco de lead-lag
TC constante de tempo de avanço de fase do bloco de lead-lag
VRMAX limite de tensão máximo do regulador
VRMIN limite de tensão mínimo do regulador
KE parâmetro da excitatriz
TE (>0) parâmetro da excitatriz
KF ganho do estabilizador
TF1 (>0) constante de tempo do estabilizador
E1 valor de EFD do ponto 1 da função de saturação
SE(E1) factor de saturação relativo ao ponto EFD = E1
E2 valor de EFD do ponto 2 da função de saturação
SE(E2) factor de saturação relativo ao ponto EFD = E2
IBUS, ’ESDC1A’, I, TR, KA, TA, TB, TC, VRMAX, VRMIN, KE, TE, KF, TF1, 0., E1, SE(E1), E2, SE(E2)/
Apêndice C - Modelos Dinâmicos Standard
239
C 2.3.4 Modelo ESAC1A: modelo de regulação IEEE tipo AC1A
VE
B
C
sT1
sT1
++
EsT
1
F
F
sT1
sK
+
Σ
VREF
+
+
RsT1
1
+E'C
Aparelhagemde Medição
-
lead-lagExcitatriz
Estabilizador
KE
Σ
-
+
Σ
Vx=VE SE(VE)
+ +
VOTHSG
PSS
+
VAMAX
A
A
sT1
K
+
VAMIN
Amplificador
HVGate
VUEL
VOEL
LVGate
VRMAX
VRMIN0.
π
FEX=f(IN)
E
FDCN V
IKI =
KD
Σ
EFD
IFD+
+
EC
Figura C.7 – Diagrama de blocos do regulador de tensão ESAC1A
Tabela C.13 - Significado das variáveis (modelo ESAC1A)
Variável Significado
EFD força electromotriz à saída da excitatriz
VREF tensão de referência do regulador
EC tensão medida aos terminais da máquina
VOTHSG sinal de saída do PSS
VUEL sinal limitador de mínimo de excitação
VOEL sinal limitador de máximo de excitação
IFD corrente de excitação
Tabela C.14 - Significado dos parâmetros (modelo ESAC1A)
Parâmetro Significado
TR constante de tempo da aparelhagem de medição
TB constante de tempo de atraso de fase do bloco de lead-lag
TC constante de tempo de avanço de fase do bloco de lead-lag
KA ganho do amplificador
TA constante de tempo do amplificador
VAMAX limite máximo do amplificador
VAMIN limite mínimo do amplificador
TE (>0) parâmetro da excitatriz
KF ganho do estabilizador
TF (>0) constante de tempo do estabilizador
KC parâmetro da queda de tensão à saída da excitatriz
KD parâmetro da desmagnetização da corrente
KE parâmetro da excitatriz
E1 valor de EFD do ponto 1 da função de saturação
SE(E1) factor de saturação relativo ao ponto EFD = E1
E2 valor de EFD do ponto 2 da função de saturação
SE(E2) factor de saturação relativo ao ponto EFD = E2
VRMAX parâmetro do limite máximo à saída do regulador
VRMIN parâmetro do limite mínimo à saída do regulador
IBUS, ’ESAC1A’, I, TR, TB, TC, KA, TA, VAMAX, VAMIN, TE, KF, TF, KC, KD, KE, E1, SE(E1), E2, SE(E2),VRMAX, VRMIN/
Apêndice C - Modelos Dinâmicos Standard
240
C 2.3.5 Modelo ESST1A: modelo de regulação IEEE tipo ST1A
-
PSSVAMAX
A
A
sT1
K
+
F
F
sT1
sK
+
ΣVERRΣ
VREF
++
+-
RsT1
1
+EC
E'C
-
VAMIN
EFD
VUEL
(se UEL = 1)
+
HVGate
B
C
sT1
sT1
++
1B
1C
sT1
sT1
++ HV
GateLVGate
VOEL
Σ
LRK
Σ+
ILR
IFD
-+
VTVRMIN
VTVRMAX - KCIFD
VOTHSG
(se VOS = 1)
VIMIN
VIMAX
Blocos delead-lag
Estabilizador
Aparelhagemde medição
Limitadorde IFD
Figura C.8 – Diagrama de blocos do regulador de tensão ESST1A
Tabela C.15 - Significado das variáveis (modelo ESST1A)
Variável Significado
EFD força electromotriz à saída da excitatriz
VREF tensão de referência do regulador
EC tensão medida aos terminais da máquina
VOTHSG sinal de saída do PSS
VUEL sinal limitador de mínimo de excitação
VOEL sinal limitador de máximo de excitação
IFD corrente de excitação
Tabela C.16 - Significado dos parâmetros (modelo ESST1A)
Parâmetro Significado
UEL parâmetro que define a posição de entrada da variável VUEL
VOS parâmetro que define a posição de entrada da variável VOTHSG
TR constante de tempo da aparelhagem de medição
VIMAX limite máximo à entrada do regulador
VIMIN limite mínimo à entrada do regulador
TC constante de tempo de avanço de fase do primeiro bloco de lead-lag
TB constante de tempo de atraso de fase do primeiro bloco de lead-lag
TC1 constante de tempo de avanço de fase do segundo bloco de lead-lag
TB1 constante de tempo de atraso de fase do segundo bloco de lead-lag
KA ganho do regulador
TA constante de tempo da excitatriz
VAMAX limite máximo do amplificador
VAMIN limite mínimo do amplificador
VRMAX parâmetro do limite máximo à saída do regulador
VRMIN parâmetro do limite mínimo à saída do regulador
KC parâmetro do limite máximo à saída do regulador
KF ganho do estabilizador
TF constante de tempo do estabilizador
KLR ganho do limitador da corrente de excitação
ILR parâmetro de inicialização do limitador da corrente de excitação
IBUS, ’ESST1A’, I, UEL, VOS, TR, VIMAX, VIMIN, TC, TB, TC1, TB1, KA, TA, VAMAX, VAMIN, VRMAX, VRMIN, KC, KF, TF,
KLR, ILR /
Apêndice C - Modelos Dinâmicos Standard
241
C 3 Máquinas Primárias – Reguladores de velocidade
C 3.1 HYGOV: modelo de regulador para turbinas hídricas
PMECHg
Limites deVelocidade e de
Posição
nrefΣ
+
Σ
-SPEED
R
+
+
fsT1
1
+ r.sT
sT1
r
r+gsT1
1
+
Σ At
Dturb
wsT
1Σ Σ
q 1.+
- +
-qNL
+
x
xx
SPEED
e c
-÷
Figura C.9 – Diagrama de blocos do regulador de velocidade HYGOV
Tabela C.17 - Significado das variáveis (modelo HYGOV)
Variável Significado
SPEED desvio da velocidade da máquina relativamente ao valor nominal
nref referência da velocidade
PMECH Potência mecânica na turbina
e saída do filtro
c gate desejada
g Abertura da gate
q fluxo da turbina
Tabela C.18 - Significado dos parâmetros (modelo HYGOV)
Parâmetro Significado
R permanent droop
r temporary droop
Tr constante de tempo do regulador
Tf constante de tempo do filtro
Tg constante de tempo da gate
VELM limite de velocidade da gate
GMAX limite máximo da gate
GMIN limite mínimo da gate
TW constante de tempo da turbina
At ganho da turbina
Dturb amortecimento da turbina
qNL fluxo em vazio
IBUS, ’HYGOV2’, I, Kp, Ki, KA, T1, T2, T3, T4, T5, T6, TR, r, R, VGMAX, GMAX, GMIN, PMAX/
Apêndice C - Modelos Dinâmicos Standard
242
C 3.2 TGOV1 - modelo de regulador de velocidade das centrais térmicas a
carvão, fuelóleo e gás
R
1
1sT1
1
+ 3
2
sT1
sT1
++
Σ
Dt
Σ
SPEED
Reference
VMAX
VMIN
PMECH+
-
+
-
Figura C.10 – Diagrama de blocos do regulador de velocidade TGOV1
Tabela C.19 - Significado das variáveis (modelo TGOV1)
Variável Significado
SPEED desvio da velocidade da máquina relativamente ao valor nominal
Reference referência da velocidade
PMECH potência mecânica na turbina
Tabela C.20 - Significado dos parâmetros (modelo TGOV1)
Parâmetro Significado
R Permanent droop
T1 constante de tempo do regulador
T2/T3 fracção de potência desenvolvida pela turbina de alta pressão
T3 constante de tempo de reaquecimento
Dt amortecimento da turbina
VMAX limite máximo do regulador
VMIN limite mínimo do regulador
IBUS, ’TGOV1’, I, R, T1, VMAX, VMIN, T2, T3, Dt/
Apêndice C - Modelos Dinâmicos Standard
243
C 3.3 GAST - modelo de regulador de velocidade para turbinas a gás
LoadRef.
VMAX
1sT1
1
+ 2sT1
1
+Σ
+ -
Dturb
R
1
SPEED
VMIN
Load Limit 3sT1
1
+KT
LowValueGate
Σ+
-
Σ-
Σ+
+ +
PMECH
Figura C.11 – Diagrama de blocos do regulador de velocidade GAST
Tabela C.21 - Significado das variáveis (modelo GAST)
Variável Significado
SPEED desvio da velocidade da máquina relativamente ao valor nominal
PMECH potência mecânica na turbina
Load Ref. referência de PMECH
Tabela C.22 - Significado dos parâmetros (modelo GAST)
Parâmetro Significado
R permanent droop
T1 constante de tempo do regulador
T2 constante de tempo da câmara de combustão
T3 constante de tempo do sistema de medição da exaustão do gás
AT limite de carga de temperatura ambiente
KT ajuste de ganho do caminho de realimentação limitador de carga
VMAX abertura máxima da válvula do combustível
VMIN abertura mínima da válvula do combustível
Dturb amortecimento da turbina
IBUS, ’GAST’, I, R, T1, T2, T3, AT, KT, VMAX, VMIN, Dturb/
Apêndice C - Modelos Dinâmicos Standard
244
C 4 FACTS
C 4.1 SVC - CSVGN1
Figura C.12 – Diagrama de blocos do CSVGN1
Tabela C.23 - Significado das variáveis (modelo CSVGN1)
Variável Significado
Y Saída do modelo
Tabela C.24 - Significado dos parâmetros (modelo CSVGN1)
Parâmetro Significado
K ganho
T1 Constante de tempo 1
T2 Constante de tempo 2
T3 Constante de tempo 3
T4 Constante de tempo 4
T5 Constante de tempo 5
RMIN Reactância mínima (Mvar)
VMAX Limite máximo da tensão
VMIN Limite mínimo da tensão
CMAX CBASE (capacidade em Mvar)
IBUS, ’CSVGN1’, I, K, T1, T2, T3, T4, T5, RMIN, VMAX, VMIN, CBASE/
Apêndice C - Modelos Dinâmicos Standard
245
C 4.2 STATCOM - CSTATT - Static condenser FACTS model
Figura C.13 – Diagrama de blocos do CSTATT
Tabela C.25 - Significado das variáveis (modelo CSTATT)
Variável Significado
Ei Tensão interna
ISTATC Corrente do STATCOM
Tabela C.26 - Significado dos parâmetros (modelo CSTATT)
Parâmetro Significado
T1 Constante de tempo T1
T2 Constante de tempo T2
T3 Constante de tempo T3
T4 Constante de tempo T4
K Ganho integral
DROOP droop
VMAX Limite máximo da tensão
VMIN Limite mínimo da tensão
ICMAX Corrente máxima na indutância
IILMAX Corrente máxima no condensador
VCUTOUT Tensão
Elimit Tensão limite
XT Reactância do transformador
ACC Factor de aceleração
Onde
Limit. .CMAX T
T TCUTOUT
I VMax V X
V
= +
, e
Limit. .LMAX T
T TCUTOUT
I VMax V X
V
= −
.
IBUS, ’CSTATT’, I, T1, T2, T3, T4, K, DROOP, VMAX, VMIN, ICMAX, ILMAX, VCUTOUT, Elimit, XT, ACC/