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FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ODONTOLOGIA DANIELA MODANESE LESÕES CERVICAIS NÃO-CARIOSAS DE ABFRAÇÃO: PREVALÊNCIA E RELAÇÃO COM BRUXISMO DO SONO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PASSO FUNDO 2015

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FACULDADE MERIDIONAL – IMED

ESCOLA DE ODONTOLOGIA

DANIELA MODANESE

LESÕES CERVICAIS NÃO-CARIOSAS DE ABFRAÇÃO: PREVALÊNCIA E RELAÇÃO COM BRUXISMO DO SONO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PASSO FUNDO

2015

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DANIELA MODANESE

LESÕES CERVICAIS NÃO-CARIOSAS DE ABFRAÇÃO: PREVALÊNCIA E RELAÇÃO COM BRUXISMO DO SONO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado pela acadêmica de Odontologia Daniela Modanese, da Faculdade Meridional - IMED, como requisito para a obtenção de grau em Odontologia.

PASSO FUNDO

2015

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DANIELA MODANESE

LESÕES CERVICAIS NÃO-CARIOSAS DE ABFRAÇÃO: PREVALÊNCIA E RELAÇÃO COM BRUXISMO DO SONO

Professor orientador:

Prof. Esp. Manuel Tomás Borges Radaelli

PASSO FUNDO

2015

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APRESENTAÇÃO

Acadêmica

Nome: Daniela Modanese

E-mail: [email protected]

Telefones: Residencial: (054)3355-1245

Celular: (054) 9684-1821

Área de Concentração: Clínica Odontológica

Linha de Pesquisa: Epidemiologia em Saúde Bucal

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me mostrar durante esta caminhada, o quanto sou protegida, guiada e

iluminada.

A minha família, essencialmente aos meus pais, Idalide Bedin Modanese e Felix

Modanese, pelo amor, apoio e compreensão. Por terem me escolhido de coração

para fazer parte dessa família abençoada. Por estarem ao meu lado, ainda que

distantes, por tornarem meus sonhos também seus e não medirem esforços para

investir na minha educação. Obrigada, sem vocês nada disso se tornaria possível.

Ao meu namorado, Pedro Ernesto Câmara Guerra, pela compreensão, amor,

respeito, companheirismo e paciência. Obrigada por acreditar na minha capacidade,

pelos momentos de conforto, alegria e força.

Ao meu orientador, Manuel Tomás Borges Radaelli, pelo equilíbrio, paciência,

maturidade e olhar crítico durante minha orientação. Agradeço pela confiança, pela

oportunidade e por me apoiar e propor novos desafios que tornaram possível a

realização desse trabalho e, além disso, engrandecem a minha formação. Obrigada

por tudo!

Aos membros da banca examinadora, pela disponibilidade e presteza em avaliar e

enriquecer meu trabalho.

A Faculdade de Odontologia IMED – Faculdade Meridional, pela oportunidade de

realizar este curso.

A todos os professores do curso de Odontologia, que fizeram parte diretamente

desta minha trajetória acadêmica. Obrigada por me levar à dúvida, à busca de novos

encantos pelo mundo adiante. Agradeço-os imensamente pela contribuição de cada

um na minha formação.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desse trabalho.

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“Por quantas estradas, entre as estrelas, precisa o homem mover-se em busca do

segredo final? A jornada é difícil, infinita. Às vezes impossível. No entanto, isto

não impede que alguns de nós a tentemos...

Poder-se-ia dizer que nos reunimos à caravana em um certo ponto; viajaremos até

onde for possível, mas não podemos, durante uma vida, ver tudo o que

gostaríamos de observar ou aprender tudo o que desejaríamos saber.”

Loren Eiseley

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RESUMO

As lesões cervicais não cariosas (LCNCs) são caracterizadas pela perda da estrutura dentária localizada na região próxima a junção cemento-esmalte. O bruxismo do sono (BS) é uma parafunção caracterizada pelo contato não-funcional dos dentes durante o sono, manifestada pelo ranger dos mesmos. Considerando que uma das possíveis etiologias das LCNCs é a sobrecarga oclusal, torna-se importante a compreensão da relação entre a prevalência destas lesões e os fatores de sobrecarga presentes no meio oral. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de LCNCs do tipo abfração e sua relação com o diagnóstico positivo de BS em uma amostra de pacientes da IMED e CEOM. Este foi um estudo clínico do tipo transversal, onde foi realizada avaliação observacional em uma amostra de 25 pacientes de ambos os sexos, com idade entre 20 e 62 anos. O diagnóstico de BS foi realizado através de um questionário e exame clínico intra-oral. O diagnóstico de abfração foi realizado por meio de exame clínico intra-oral com auxílio de sonda exploradora e milimetrada. Foram utilizados o teste exato de Fisher e Mann-Whitney para analise estatística (α=0,05). A prevalência de lesões de abração na amostra total de dentes foi de 5,64%, sendo significativamente maior em pacientes bruxômas (8,83%) do que em pacientes sem bruxismo (1,38%) (P=0,017). A presença de bruxismo foi associada à presença de abfrações (P=0,012). Conluiu-se que o diagnóstico positivo de BS é um fator de risco, aumentando em 18 vezes a chance de um paciente apresentar LCNCs do tipo abfração.

Palavras-chave: Lesões cervicais não cariosas. Abfração. Bruxismo do sono. Oclu-são.

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ABSTRACT

Non-carious cervical lesions (NCCL) are characterized by tooth structure loss located near the cement-enamel junction. Sleep bruxism (SB) is a parafunction char-acterized by non-functional contact of teeth during sleep, manifested by grinding them. Considering one of the possible etiologies of NCCL and occlusal overload, it becomes important to understand the relationship between the prevalence of these lesions and overhead factors in the oral environment. The objective of this study was to evaluate the prevalence of the abfraction type of NCCL and its relationship with the positive diagnosis of SB in a sample of patients of IMED and CEOM. This was a cross-sec-tional study, which was conducted an observational evaluation of a 25 patients sample of both genders, aged between 20 and 62 years. The diagnosis of SB was conducted through a questionnaire and intra-oral clinical examination. The diagnosis of abfraction was performed through intra-oral clinical examination with the help of exploitative and millimetric probe. It was used Fisher's exact test and Mann-Whitney test for statistical analysis (α = 0.05). The prevalence of abrasion damage to the total sample of teeth was 5.64%, being significantly higher in patients whose have bruxism (8.83%) than in patients without bruxism (1.38%) (P = 0.017). The presence of bruxism was associated with the presence of abfraction (P = 0.012). It was concluded that the positive diagnosis of SB is a risk factor, increasing by 18 times the chance of a patient presenting the abfraction type of NCCL.

Key Words: Non-carious cervical lesions. Abfraction. Sleep Bruxism. Occlusion.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 9

2 OBJETIVOS........................................................................................ 10

3 HIPÓTESE .......................................................................................... 10

4 REVISAO DE LITERATURA ……………………………………………. 11

4.1 Lesões cervicais não-cariosas........................................................... 11

4.2 Oclusão e lesões cervicais não-cariosas ......................................... 14

4.3 Lesões cervicais não-cariosas e hábitos parafuncionais................ 17

4.4 Método dos elementos finitos………………………………………… 21

5 METODOLOGIA.................................................................................. 23

6 RESULTADOS……………………………………………………………… 26

7 DISCUSSÃO ....................................................................................... 29

8 CONCLUSÃO...................................................................................... 32

REFERÊNCIAS................................................................................... 33

APÊNDICES........................................................................................ 36

ANEXOS.............................................................................................. 42

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, a média de idade das pessoas está aumentando e esse fato,

combinado com a administração de flúor sistêmico, qualidade de alimentação e

melhor acesso aos serviços dentários têm conduzido a população a menor perda de

dentes. Esses pacientes possuem um aumento da prevalência de cáries radiculares

e lesões cervicais não cariosas (MOLENA, et al., 2008).

As lesões cervicais não cariosas (LCNCs) são caracterizadas pela perda da

estrutura dentária na região cervical dos dentes próximos à junção cemento-esmalte.

A prevalência das LCNCs vem aumentando à medida que se eleva a expectativa de

vida da população, variando de 5 a 85%, independentemente da forma e da etiologia

(OLIVEIRA; DAMASCENA; SOUZA, 2010).

Neves (1999) define abfração como a perda patológica de tecido duro em

decorrência de forças biomecânicas que causam flexão dental e conseqüente fadiga

do esmalte e da dentina, em um local distante do ponto de carga oclusal. O efeito

sinérgico de fatores como o bruxismo, o trauma oclusal, a ingestão de substâncias

ácidas e distúrbios sistêmicos que provocam a regurgitação do suco gástrico

esclarecem melhor o seu aparecimento e formação (LIMA; HUMEREZ FILHO;

LOPES, 2005).

Essas lesões apresentam-se em forma de cunha, geralmente profundas e com

término cavitário nítido. As lesões por abfração surgem quando os dentes, sob forças

oclusais mal dirigidas, não suportam o esforço, levando à deflexão da estrutura

dentária e, em seqüência, a uma ruptura dos cristais ao nível cervical, formando a

lesão (MOLENA, et al., 2008).

O estresse é considerado como um evento sistêmico que pode influenciar a

função mastigatória, relacionando que níveis aumentados de estresse, vivenciados

pelo paciente, podem elevar a tonicidade muscular da cabeça e do pescoço e

aumentar o grau de atividade muscular parafuncional, através de bruxismo e

apertamento dentário (SANTOS, et al., 2009).

O bruxismo é uma parafunção caracterizada pelo contato não-funcional dos

dentes, que pode ocorrer de forma consciente ou inconsciente, manifestando-se pelo

ranger ou apertar dos mesmos. Não é uma doença, mas quando exacerbada pode

levar a um desequilíbrio fisiopatológico do sistema estomatognático. Várias

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modalidades terapêuticas têm sido sugeridas para o bruxismo, mas não há um

consenso sobre qual a mais eficiente (TAN et al., 2000). Embora o uso sistêmico de

medicamentos e a utilização de aparelhos interoclusais sejam amplamente difundidos,

a conscientização do paciente sobre o seu problema parece ser a ferramenta

terapêutica mais relevante na abordagem clínica do paciente bruxômano (PEREIRA

et al.,2006).

Considerando que as LCNCs e o bruxismo estão presentes em um número

consideravelmente significante de pacientes, atualmente, é essencial a descoberta de

suas etiologias e o correto diagnóstico, para que seja possível estabelecer um

protocolo de tratamento adequado para cada paciente. Com base nestes dados, tem-

se buscado entender como o rangimento decorrente do bruxismo pode estar

relacionado a LCNCs. Dessa forma, a elaboração de estudos in vivo avaliando tais

aspectos tem grande relevância científica, uma vez que há escassez de pesquisas

cientificas abordando os aspectos anteriormente discutidos.

2 OBJETIVOS

O objetivo do presente estudo foi realizer um levantamento quanto a

prevalência de LCNCs de abfração em uma amostra de pacientes das escolas IMED

e CEOM e correlacionar os resultados encontrados ao diagnóstico positivo de hábitos

parafuncionais.

3 HIPÓTESE

A hipótese a ser testada foi de que a prevalência de LCNCs de abfração em

pacientes bruxômas seria diferente que em pacientes não bruxômas, sendo maior no

grupo com bruxismo.

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4 REVISÃO DE LITERATURA

4.1 Lesões Cervicais Não-Cariosas

Os estudos clínicos e observações demonstram que as lesões cervicais de

desgaste são muitas vezes situadas na superfície vestibular dos dentes e raramente

em superfícies linguais e proximais. Elas também são mais comuns em incisivos,

caninos, pré-molares e mais prevalentes na maxila do que na mandíbula. Entretanto,

existem algumas sugestões de que a forma da lesão está relacionada à sua etiologia.

Um trabalho clínico sugeriu que a orientação da escovação influencia o desgaste dos

mesmos. A partir de vários estudos, a escovação horizontal foi sugerida como

causadora de 2-3 vezes mais desgaste em comparação com a escovação vertical.

Dois diferentes grupos de pesquisadores utilizando estudos in situ relataram que, se

a superfície do dente não é exposta à abrasão mecânica durante o estado amolecido,

a remineralização pode reverter o amolecimento após um período prolongado de

exposição à saliva. Além disso, sugeriu que abfração é a causa básica de todas as

LCNCs e também propuseram uma etiologia multifatorial, com uma combinação de

estresse oclusal, abrasão e corrosão (BARTLETT; SHAH, 2006).

Além disso, LCNCs envolvem a perda de tecido duro e, em alguns casos,

material restaurador do terço cervical da coroa e superfície radicular subjacente, por

meio de processos não relacionados à cárie. O conceito de que o carregamento

oclusal pode causar estresse cervical, com consequente perda de estrutura dentária

cervical, começou a evoluir no final de 1970. Tipicamente, a abfração é tida como uma

resultante de forças associadas à mastigação, deglutição e má-oclusão. No entanto,

Gibbs et al. (1981) descobriram que as forças oclusais durante a deglutição e

mastigação são apenas cerca de 40% da força de mordida máxima. Um julgamento

clínico bom e lógico sugere que estas lesões devem ser restauradas quando

consequências clínicas se desenvolverem ou estiverem propensas a se desenvolver

no futuro próximo. Finalmente, havendo suspeita de que a abfração seja um fator

dominante na etiologia de LCNCs, qualquer decisão em realizar tratamentos

irreversíveis, tais como o ajuste oclusal, devem ser considerados com muito cuidado

(MICHAEL et al., 2009).

Uma revisão de literatura a respeito da abfração cita que a mesma é a perda

patológica da substância dental, causada por forças biomecânicas de carga, que

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resultam em flexão e falha do esmalte e da dentina. O objetivo da presente revisão foi

discutir de forma abrangente o diagnóstico, tratamentos clínicos e aspectos da

abfração. Historicamente, LCNCs foram classificadas de acordo com sua aparência:

em forma de cunha, achatada, irregular e em forma de disco. McCoy (1999) propôs

que o bruxismo pode ser o motivo primário de abfração. Mais tarde Lee e Eakle (1984)

surgiram com a hipótese de que o fator etiológico primário nas lesões cervicais foram

o impacto da tensão de tração da mastigação e mal oclusão. Outros estudos têm

proposto uma combinação de estresse oclusal, parafunção, abrasão e erosão no

desenvolvimento de lesões, levando a uma conclusão de que a progressão da

abfração pode ser multifatorial. Os seguintes pontos clínicos podem ser utilizados para

diagnosticar abfração: LCNCs envolvendo um único dente, mal posicionamento dos

dentes envolvidos, restauração defeituosa de um antagonista e presença de uma

lesão cervical abaixo da margem gengival. Além disso, a determinação da atividade

de uma lesão de abfração pode ser feita usando uma lâmina de bisturi nº 12, sendo

que a perda de estrutura feita por um arranhão com a lâmina significa que a lesão está

ativa (SARODE, SARODE, 2013).

Buscando conhecer a etiologia das lesões de abfração, Antonelli, Hottel e

Garcia-Godoy (2013), informam em seu estudo que o carregamento oclusal excêntrico

e a flexão subsequente dos dentes têm sido citados como geradores de tensões e

forças resultantes da quebra de prismas de esmalte sob a forma de LCNCs. Esta

revisão de literatura fornece a base para um diagnóstico, que pode ser utilizado na

consideração das opções de tratamento. Em curto prazo, cargas oclusais verticais

intermitentes geralmente não produzem efeitos patológicos. No bruxismo, no entanto,

contatos oclusais podem ser traumáticos, pois duram mais e são mais frequentes.

Recentemente, a microscopia de varredura a laser forneceu evidências adicionais

para apoiar a teoria de que a hiperfunção, ou má oclusão, desempenha um papel na

formação de microfraturas no esmalte e dentina com a junção cemento esmalte (JCE).

Um estudo revisado encontrou que no geral, as LCNCs estão associadas a longos

períodos de escovação, a redução de inserção periodontal e maior exposição da

superfície radicular vulnerável ao ataque ácido, o que se considera estar diretamente

associado ao aumento da incidência de LCNCs com o passar da idade. Concluindo,

a maioria das evidências que apoiam a associação entre estresse oclusal e lesões

cervicais vêm da análise de elementos finitos e estudos laboratoriais. Porém, dados

que confirmam essa associação são escassos.

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Uma meta-análise foi realizada tendo como objetivo buscar evidencias

cientificas que suportem o efeito da escovação traumática na iniciação e progressão

de retrações gengivais e LCNCs. Um protocolo foi desenvolvido para desvendar as

seguintes perguntas: será que a escovação traumática, em comparação com

escovação normal, leva a um aumento da prevalência de recessão gengival não infla-

matória e LCNCs? Esta análise incluiu 159 indivíduos e demonstrou que as pessoas

que utilizavam escova de dentes manual tiveram maior recessão gengival após 12

meses, quando comparados com aqueles que utilizavam escovas elétricas. Treze

estudos transversais identificaram tais fatores e pode-se concluir que o uso correto de

escova elétrica ou escova manual pode prevenir a progressão da recessão gengival.

Além disso, os principais fatores de escovação que têm sido associados com o

desenvolvimento e progressão da retração gengival são frequência, duração e método

de escovação embora fatores secundários incluem a frequência de mudança de

escovas de dentes e dureza das cerdas. Os principais fatores associando escovação

a LCNCs são o método e frequência de escovação (HEASMAN et al., 2015).

Santos et al. (2013) elaboraram um estudo piloto que avaliou LCNCs em

adultos com o objetivo de estimar a prevalência de diferentes LCNCs entre portadores

de pelo menos uma destas lesões e identificar suas características em pacientes

adultos. Foram examinados 23 indivíduos, de ambos os sexos e na faixa etária de 18

e 65 anos, 491 dentes foram avaliados. Os participantes responderam a um

questionário em que foram abordadas perguntas relacionadas aos hábitos de

escovação e parafuncionais, dieta, ingestão de algum medicamento e saúde geral.

Dos 491 dentes examinados, um total de 121 dentes (24,64%) apresentou LCNCs.

Dentre as lesões, a abfração foi a mais prevalente (52,89%) nos pacientes. Encontrou-

se uma variação de 5 a 85% de LCNCs nos dentes. Os autores relataram haver muitas

controvérsias sobre as características e prevalências das LCNCs, mas concluiram que

o sexo feminino foi o que apresentou maior quantidade de LCNCs, os pré-molares

foram os dentes mais acometidos por LCNCs e a abfração foi o tipo mais prevalente

dentre as LCNCs.

Kumar et al. (2015) realizaram um estudo sobre prevalência e fatores de risco

para LCNCs em crianças que frequentam as escolas de necessidades especiais na

Índia. Esta pesquisa, teve como objetivo obter resultados para ajudar a identificar

fatores de risco para o desenvolvimento de tais lesões e ainda, sugerir tratamentos

que impedem o desenvolvimento e progressão de LCNCs. Este estudo transversal

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descritivo avaliou 383 crianças por meio de um questionário que colheu informações

sobre as características sociodemográficas, práticas de higiene oral e os fatores de

risco dietéticos no desenvolvimento de LCNCs. O Índice de Smith foi utilizado para

classificar as LCNCs. A prevalência geral de LCNCs foi de 22,7%. A prevalência foi

maior entre as meninas (25,4%) do que entre os meninos (19,4%). As crianças que

usaram uma escova de dentes dura tiveram uma tendência significativamente maior

para desenvolver LCNCs do que as crianças que usaram escovas macias. A maior

prevalência neste estudo pode ser devido ao fato de participarem crianças de escolas

com necessidades especiais, que podem não ter destreza manual e possuírem

conhecimento insuficiente de práticas de higiene oral. Os resultados da análise de

regressão logística mostrou que o material utilizado para a escovação, o tipo de

escova de dentes usada, a técnica de escovação, tipo de dieta consumida, e

frequência de consumo de limão eram os mais fortes preditores de desenvolvimento

de LCNCs. Os autores concluíram que para prevenir o desenvolvimento de LCNCs é

essencial que os pais e encarregados na educação de crianças em idade escolar

tenham conhecimento referente a educação em saúde com foco na dieta adequada e

prática de higiene oral correta.

4.2 Oclusão e lesões cervicais não-cariosas

Pegoraro et al. (2005) apontaram que as LCNCs são classificados em três

categorias: abrasão, atrição e erosão. Outros autores defendem a ideia de que muitas

lesões não são causadas apenas pelo processo de abrasão, atrição ou erosão, espe-

cialmente aquelas lesões que afetam um único dente. Em 1991, Grippo categorizou a

perda patológica de tecidos dentários duros causada pelas forças biomecânicas como

uma LCNC do tipo abfração.

Em seu estudo, Pegoraro et al. (2005) buscaram avaliar a prevalência de

LCNCs e sua associação aos aspectos oclusais em uma amostra de 70 pacientes de

ambos os sexos, com idade entre 25 e 45 anos. Foram realizados exames clínicos e

questionários quanto a presença e o tipo de LCNC, facetas de desgaste, contato do

dente em MIH e movimentos de protrusão e lateralidade. O número de lesões por

indivíduo no grupo com LCNC variou de 1 a 14, com uma média de 5.61 lesões por

indivíduo. A prevalência de dentes com LCNC foi de 17,23%, sendo que destes,

80,28% também apresentavam facetas de desgaste. Houve significativamente mais

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dentes com faceta de desgaste no grupo de indivíduos com LCNC (p=0,048). Não

houve associação entre a presença de LCNC e os fatores idade (p=0,213), sexo

(p>0,05), hábitos parafuncionais (p=0,934), mastigação unilateral (p=0,025), trata-

mento ortodôntico passado (p=0,698), presença de estresse (p=0,916), ingestão de

bebidas ácidas (p=0,517), problemas de regurgitação (p=0,944), ingestão de medica-

mentos por longos períodos (p=0,553) e problemas de saúde geral (p=0,803). Os au-

tores concluíram que os resultados encontrados reforçam a evidência do papel das

forças oclusais como fator etiológico para LCNCs.

Um estudo epidemiológico teve como objetivo investigar a etiologia multifatorial

das LCNCs de abfração em dentes utilizando descobertas médicas e odontológicas

obtidas em um estudo epidemiológico transversal. Uma amostra aleatória de 2707

indivíduos com idade entre 20 e 59 anos foi selecionada, a partir de 32 comunidades

da região. O estudo consistiu em quatro partes: um exame clínico médico e

odontológico, uma análise funcional, uma entrevista e um questionário. Oito dentistas

calibrados foram os examinadores. Os pacientes foram questionados sobre bruxismo,

frequência de escovação e ingestão de suco de frutas. 24,7% de todos os indivíduos

exibiram uma a quatro abfrações. 6,7% apresentaram mais de 4 lesões. Os dentes

dos indivíduos que escovavam duas ou três vezes ao dia tinham aproximadamente

duas vezes o risco estimado de desenvolver abfrações comparado aos dentes de

sujeitos que escovavam uma vez por dia ou menos. Com os parâmetros registrados

neste estudo, foi possível determinar vários indicadores de risco que apoiam a

hipótese de que a escovação e uma alta carga oclusal desempenham um papel na

etiologia de abfrações. Embora não seja claro se essa associação é causada pela

escova de dentes sozinha ou é baseada no efeito abrasivo do dentifrício bucal. Em

conclusão, os resultados desta análise indicaram que abfrações estão associadas a

fatores oclusais, como desgaste oclusal, restaurações amplas, posição alterada dos

dentes e técnica de escovação. Ainda, as abfrações são detectáveis em adultos

jovens, porém o risco de desenvolvimento aumenta com a idade e os pré-molares são

mais frequentemente afetados por estas lesões (BERNHARDT et al., 2006).

Takehara et al. (2008) avaliaram a correlação entre a formação de LCNCs em

forma de V e fatores oclusais. Um total de 159 oficiais do exército japonês participaram

do estudo. Todos os dentes foram avaliados por um examinador treinado quanto a

presença e o tipo de LCNCs, de acordo com o Índice de Desgaste Dentário (IDD). O

formato dos defeitos foi classificado como em forma de V ou Côncava. Outro

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examinador, que não avaliou as LCNCs, entrevistou os indivíduos quanto aos hábitos

de bruxismo e de escovação. A prevalência de dentes com LCNC em forma de V foi

de 5,73%, sendo significativamente maior na maxila que na mandíbula. Um total de

49.1% dos indivíduos tinham 1 ou mais dentes com LCNC em V. A prevalência foi

maior na faixa etária de 50 anos ou mais de idade (85,0%), enquanto apenas 18,2%

apresentaram LCNC na faixa etária de 20-29 anos. A prevalência de LCNCs em V nos

pré-molares (12,6%) foi maior do que em molares (4,7%) e dentes anteriores (1,9%).

Os autores concluíram, através de uma análise de regressão logística multivariada,

que indivíduos com mais idade (OR = 1,10), que realizam maior pressão durante a

escovação (400g, OR = 2,43) e possuem maiores áreas de contato oclusal (>23mm2,

OR = 4,15) têm maiores chances de apresentar LCNCs.

Brandini et al. (2009) avaliaram a possível relação entre forças oclusais e

ocorrência de LCNCs. Uma amostra de conveniência foi composta por 111

estudantes, empregados, e pacientes do departamento de clínica integrada da

UNESP. Os indivíduos foram divididos em 2 grupos: Controle (sem LCNCs) e

Experimental (LCNCs presentes). A prevalência de dentes com LCNC foi de 5,5%.

Um total de 41,4% dos pacientes apresentaram LCNCs. Foi encontrada associação

significativa entre a presença de LCNC e idade (P=0,008), recessão gengival

(P<0,001), trauma oclusal (P<0,001), presença e localização das facetas de desgaste

(P<0,001) e função em grupo como guia excursiva em lateralidade (P<0,001).

Segundo os autores, apesar de não ser um fator causador, a idade é um fator

importante, pois representa os efeitos cumulativos das LCNCs, influenciando na

prevalência e severidade das lesões. Concluíram ainda, que embora a etiologia de

LCNCs seja considerada multifatorial, os achados deste estudo indicam que a direção

e a intensidade das forças oclusais aplicadas sobre os dentes são colaboradores im-

portantes à ocorrência de LCNCs.

Uma pesquisa realizada através de observações clínicas sobre a abfração e

perda de inserção em dentes com contatos prematuros em relação cêntrica (CPRC)

teve como propósito determinar se existem associações entre CPRC, lesões de

abfração e perda de inserção clínica. Quarenta e seis indivíduos participaram do

estudo, com uma faixa etária entre 23 e 82 anos de idade, proporcionando uma

amostra total de 1.174 dentes. A maioria dos contatos prematuros ocorreu em pré-

molares (49,1%; 58/118) e principalmente primeiros pré-molares (29,6%), seguido de

primeiros e segundos molares (21,1%) e segundos pré-molares. Vinte e três dos 46

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17

sujeitos não apresentaram abfrações. De todos os dentes com abfração em ambos

os arcos, 45,6% eram pré-molares (57/125). Nenhuma associação foi encontrada

entre profundidades de sondagem, perda de inserção, ou altura óssea entre os dentes

com contatos oclusais normais ou anormais. No entanto, os autores observaram que

os dentes com trauma oclusal tinham menos suporte ósseo, que foi mais perceptível

como perda de inserção e sugeriu que o trauma oclusal foi positivamente relacionado

com a perda de osso em pacientes com periodontite crônica moderada a avançada.

Por fim, este estudo não encontrou uma associação entre CPRC e a presença de

lesões de abfrações ou perda de inserção (REYES et al., 2009).

4.3 Lesões cervicais não-cariosas e hábitos parafuncionais

Um estudo a cerca do bruxismo e qualidade de vida apresenta uma discussão

entre os autores desse trabalho sobre os mais relevantes aspectos relacionados à

parafunção, bem como propõem medidas importantes no controle do bruxismo.

Considera-se como bruxismo primário aquele que é idiopático, e secundário, ao que

ocorre na presença de desordem neurológica ou psiquiátrica (doença de Parkinson,

depressão, esquizofrenia) ou seguido do uso crônico de certas drogas. Evidências

suportam a visão de que o bruxismo está relacionado à ansiedade e é secundário a

movimentos transitórios do sono. Foi proposto também que pelo menos 50% da

atividade muscular durante o sono está intimamente relacionada com a deglutição de

saliva, e a maioria dessa atividade ocorre devido ao refluxo gastro-esofágico numa

posição supina. Assim, esta parafunção reflete de forma comportamental um hábito

disfuncional que conduz o indivíduo a descarregar suas tensões mesmo que lhe cause

auto-agressão. Apesar de prevenirem os efeitos danosos, os aparelhos interoclusais

não curam o paciente desse distúrbio. Na maioria dos casos, quando uma longa

terapia oclusal termina, o bruxismo retorna. Ainda é impossível estabelecer um plano

de tratamento padrão e prever a remissão total da parafunção. Em suma, parece certo

que a melhor terapêutica para o bruxôma, diante de tantas incertezas, é primar por

sua qualidade de vida (PEREIRA et al., 2006).

Ommerborn et al. (2007) avaliaram a prevalência de LCNCs e a sua associação

com a presença de bruxismo do sono (BS). A amostra (N=91) foi dividida em 2 grupos:

Grupo BS (n=58) e Grupo Controle (n=33), seguindo um exame odontológico

minucioso realizado por um único dentista treinado. Não foram encontradas

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18

diferenças significativas com relação à idade, sexo e educação. A prevalência de

dentes com LCNCs foi de 5,64%. A prevalência de indivíduos com LCNCs foi

significativamente maior no grupo BS (39,7%) que no grupo controle (12,1%)

(p=0,006). Indivíduos do grupo BS (62,1%) sofreram de hipersensibilidade com mais

frequência que os do grupo controle (36,4%)(p=0,018). Os autores concluíram que os

indivíduos do grupo BS apresentaram significativamente mais LCNCs que os do grupo

controle, assim como a presença de função em grupo não resulta em um risco

aumentado de desenvolver LCNCs.

Um estudo realizado por Tsiggos et al. (2008) buscou investigar a existência de

associação entre o auto-relato de atividade de bruxismo e a ocorrência de atrito dental,

abfração e fossas oclusais. O estudo foi realizado através de um questionário de au-

toconsciência para a presença de bruxismo em 102 indivíduos com ou sem bruxismo,

baseado no exame de modelos de diagnóstico feitos a partir do arco dental desses

102 indivíduos. A amostra foi constituída por 54 homens e 48 mulheres. Houve uma

associação significativa entre o status relatado de bruxismo e a ocorrência de 4 sinais

clínicos (lesões de abfração, fossas oclusais e desgaste dental anterior e posterior).

O grupo que relatou bruxismo demonstrou relativamente mais sinais clínicos positivos

do que o grupo não-bruxismo, considerando os sinais negativos também. A

distribuição de cada um dos 4 sinais clínicos foi significativamente diferente entre os

2 grupos de estudo (todos os 4 valores foram (p<0,05). É difícil de assegurar se o

atrito dental é uma consequência ou uma atividade de mastigação parafuncional,

porque tem uma etiologia multifatorial. Os resultados deste estudo demonstram que,

embora os 2 grupos foram significativamente diferentes de acordo com a distribuição

dos 4 sinais clínicos, as maiores diferenças ocorreram para os sinais de atrito nos

elementos anteriores e posteriores. A porcentagem de lesões de abfração foi maior

em quem relatou bruxismo, mas a diferença entre os 2 grupos não era clinicamente

significativa. É provável que as lesões de abfração tenham uma etiologia multifatorial

e que a elevada carga oclusal pode contribuir para a perda de tecido ósseo na região

cervical. A associação entre o bruxismo auto-relatado e as cavidades nas superfícies

oclusais (de pelo menos dois dentes posteriores) foi estatisticamente significativa. A

ocorrência desse sinal clínico foi principalmente no grupo que relatou bruxismo. Esse

achado sugere que, principalmente, os sinais de desgaste dental podem diferenciar

bruxismo de auto relato de bruxismo.

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19

Uma pesquisa buscou avaliar a prevalência de LCNCs em idosos,

correlacionada com hábitos de higiene, dieta ácida e hábitos parafuncionais. Foram

incluídos no estudo os indivíduos com 60 anos ou mais, de ambos os gêneros,

dentados totais ou parciais, sem comprometimento motor nos membros superiores.

Os pacientes foram instruídos a responder um questionário com os hábitos de

escovação, dieta ácida e hábitos parafuncionais e posterior exame clínico. A amostra

foi constituída de 100 indivíduos idosos, 53% do gênero feminino e 47% do masculino,

com idades entre 60 a 93 anos. Em relação ao número ou porcentagem de dentes

comprometidos com LCNCs, não foi encontrada relação com a idade dos

participantes. A ocorrência de apertamento dentário foi observada em 25% da

amostra, a informação de ranger dentes foi positiva em 18% dos idosos e a mordedura

ocorreu em 31% dos participantes. Não foram observadas correlações entre a

presença de hábitos parafuncionais e o número de dentes com abfração. Dos 100

pacientes analisados nessa pesquisa, 42% apresentaram lesões de abfração, dado

relativamente alto comparado a 53% da amostra estudada não ter nenhum hábito

parafuncional. Os indivíduos pesquisados mostraram 77% com pelo menos uma

LCNC, mas sem qualquer correlação com os fatores etiológico de cada lesão

específica; 12% da amostra apresentaram erosão dentária, mas sem correlação com

a dieta ácida; 42% da amostra apresentaram abfração dentária mas sem correlação

com hábitos parafuncionais; e 63% da amostra apresentaram abrasão dentária, mas

sem correlações significativas com hábitos de higiene (MOLENA et al., 2008).

Ahmed, Sadaf e Rahman (2009) relataram que abfração é a perda de estrutura

dentária que ocorre quando a área de fulcro na cervical de um dente é sujeita a um

torque em momentos de função oclusal, bruxismo ou atividade parafuncional. Em seu

estudo, buscaram determinar os fatores associados às LCNCs e quais os dentes mais

frequentemente afetados. Este estudo transversal examinou uma amostra total de 95

pacientes (671 dentes observados). Considerou-se que as LCNCs são mais

prevalentes em pacientes com idade avançada. O desenvolvimento de LCNC tende a

ser um processo lento, crônico e que ocorre sobre um período prolongado, por isso,

esclerose pulpar e falta de sensibilidade foi evidente na maioria dos pacientes. Não

houve associação significativa entre LCNC e bruxismo, classificação de Angle ou tipo

de guia excursiva. Os autores concluíram que a maioria das LCNCs não possuem

sensibilidade e que houve uma associação (fraca) com o fator idade. A oclusão tendeu

a ser do tipo Classe I com guia canina, onde a minoria dos pacientes possuíam facetas

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20

de desgaste e a maioria com pouca ou nenhuma mobilidade dentária, deixando

evidências indiretas de uma etiologia relacionada a estresse oclusal/flexão dentária.

Os dentes mais frequentemente afetados foram os primeiros pré-molares.

Em seu estudo, Oliveira, Damascena e Souza (2010) realizaram análise clínica

de pacientes buscando verificar a relação de LCNCs com hábitos alimentares,

parafuncionais e de higiene. A amostra foi composta aleatoriamente por 100 pacientes

do Departamento de Odontologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Cada

indivíduo foi submetido a um exame clínico para verificar a presença de LCNCs e suas

características. Para coleta de dados aplicou-se um questionário que constituiu-se de

identificação do paciente e de perguntas pertinentes aos hábitos de escovação, dieta

ácida e hábitos parafuncionais. Foram determinados dois grupos de pacientes: um

sem presença de LCNCs (56 pacientes – 56%) e outro com presença de pelo menos

um dente com LCNC (44 pacientes – 44%). O grupo de pacientes com lesão

apresentou 148 dentes com a ocorrência dela. No que se refere à arcada dentária

mais acometida, nesta pesquisa houve pequena diferença, mas a mandíbula foi a

mais afetada pela lesão. Os pré-molares foram os mais acometidos e em menor

freqüência estavam os incisivos e caninos. Quanto à arcada dentária, a mandíbula foi

a mais afetada pela lesão. Referente ao grupo de hábitos parafuncionais, não houve

correlação entre relato de apertamento, bruxismo e mastigação com a presença da

lesão. Porém, os resultados mostraram que a mastigação unilateral influencia signifi-

cativamente a presença das lesões. Dos pacientes com lesão, 70,45% apresentaram

pelo menos um contato prematuro, seja este na máxima intercuspidação habitual ou

nos movimentos de lateralidade e de protrusão. Esse resultado indica que existe uma

frequência alta de carga oclusal exagerada entre os pacientes com LCNCs. Concluiu-

se que cada vez mais a combinação de fatores etiológicos e a permanência destes na

boca por mais tempo acarretará LCNCs mais severas, sendo estas prejudiciais a

saúde oral dos pacientes.

Sadaf e Ahmad (2014), avaliaram a relação entre forças oclusais e escovação

dentária com as LCNCs. Este estudo transversal examinou um total de 90 pacientes.

A presença de LCNCs, de restaurações quebradas, de cúspides fraturadas, de facetas

de desgaste oclusal, os hábitos de escovação e os hábitos parafuncionais foram

avaliados. Um total de 38,9% dos indivíduos apresentaram LCNC. A presença de

LCNC teve uma associação significativa com sensibilidade dentária (P=0,002). A

associação entre o uso de escova dura e LCNCs foi significante (P<0.001). Porém,

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houve associação insignificante entre LCNCs e cúspides fraturadas, restaurações

quebradas, rangimento, apartamento e frequência de escovaçao.

4.4 Método dos Elementos Finitos

O objetivo do estudo de Jakupovic et al. (2014), relativo a análise do

mecanismo de formação das lesões de abfração pelo MEF, foi realizar uma análise

de tensão do pré-molar inferior sob várias cargas estáticas. Um primeiro pré-molar

inferior intacto foi examinado por um scanner, e foram obtidos dois modelos 3D sólidos

de esmalte e dentina, que estão em contato mútuo ao longo de toda a junção esmalte-

dentina. Os resultados desta pesquisa mostraram que os valores de tensão calcula-

dos sobre modelos testados são mais elevados com as forças excêntricas em todos

os tecidos dentários. Os módulos de elasticidade do esmalte e dentina são diferentes,

de modo que a carga oclusal é transferida predominantemente através do esmalte,

devido a uma dureza muito maior. O ligamento periodontal é um tecido extremamente

importante na avaliação da movimentação dentária. Os valores máximos de tensão

no ligamento periodontal são vistos ao longo do bordo superior do ligamento, na parte

cervical do dente, para ambos os tipos de carga. Valores de tensão na camada sub-

superficial do esmalte cervical são quase 5 vezes maior em relação ao esmalte

superficial. Portanto, esta pesquisa nos dá uma imagem clara da distribuição de ten-

sões em um momento de esforço do dente, e representa uma boa base para

observação e conclusão de ligações de causa e efeito durante a formação de lesões.

Um estudo buscou investigar a biomecânica das lesões de abfração em

caninos superiores sob condições de carga axial e lateral utilizando uma análise

tridimensional de elementos finitos. Um canino superior humano, que foi extraído por

motivos ortodônticos, foi digitalizado em um scanner e foi realizada uma reconstrução

3D com otimização das superfícies geométricas. A carga não-axial apresentada em

atividades parafuncionais é mais prejudicial do que o carregamento oclusal fisiológico

em iniciar rachaduras ou fraturas do esmalte marginal na junção cemento-esmalte

(JCE). Sabe-se que pacientes bruxômas são mais propensos a lesões de abfração do

que outros indivíduos, desse modo, este grupo de pacientes necessita de uma

monitorização clínica e intervenção quando necessário. Apesar das limitações desta

análise, as seguintes conclusões puderam ser tiradas: tensões máximas e

deslocamentos da coroa gerados pela carga lateral eram geralmente mais elevados

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do que pela carga vertical. Além do mais, os maiores níveis de stress gerados dentro

do esmalte e dentina foram localizados na JCE quando cargas axiais e não-axiais

foram aplicadas simultaneamente (ROMEED; MALIK; DUNNE, 2012).

Outro trabalho objetivou investigar a influência da presença, forma e

profundidade de LCNCs na mecânica a resposta de um segundo pré-molar superior

submetida a cargas oclusais funcionais e não funcionais utilizando análise 3D de

elementos finitos (MEF). Para a criação dos modelos tridimensionais, uma secção

anatômica da maxila contendo um segundo pré-molar superior foi utilizado.

Separadamente, tanto dente e osso foram incluídos em resina epóxi e cortados

perpendicularmente no seu longo eixo, em 1.0 mm. As variações do modelo

geométrico do dente foram criadas apresentando diferentes tamanhos de LCNCs com

forma de V ou U. Para simular a condição anatômica encontrada clinicamente, foram

utilizados três locais diferentes de carga, sendo um funcional e dois não-funconais,

todos com um total de 0.8mm². A carga funcional (F1) foi orientada axialmente e tinha

dois pontos de contato, um na ponta da cúspide palatina e outro sobre a crista

marginal mesial. Considerando a força cortante máxima média de um segundo pré-

molar superior como 291N e a força média de mascar como 36,2% da força máxima

de morder, a força aplicada durante a simulação foi definida como 105N. Para o

carregamento funcional F1, a baixa magnitude e natureza das tensões na região

cervical indicou que não havia desvios de dente e que todo o estresse foi distribuído

no longo eixo do dente. Para concluir, lesões superficiais tendo formas de “U” ou “V”

têm sido clinicamente identificadas e a geometria do defeito pode indicar a severidade

de estados clínicos relacionados com a carga funcional aplicada e servir como critério

para intervenção precoce (GUIMARÃES et al., 2014).

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5 METODOLOGIA

Este é um estudo do tipo transversal observacional onde, após aprovação do

projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) nº 977.828 da

Faculdade Meridional (IMED) (Anexo 1), foi realizada uma avaliação observacional

em uma amostra de pacientes atendidos nas clínicas do Centro de Estudos

Odontológicos Meridional (CEOM) e da IMED, na cidade de Passo Fundo, Rio Grande

do Sul.

Para serem incluídos na amostra inicial, os indivíduos deveriam ter

disponibilidade de comparecer a atendimento nas clínicas do CEOM ou IMED em dias

pré-determinados, assinar o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)

(Apêndice A) e, além disso, deveriam apresentar estabilidade oclusal. O uso de pró-

tese total e presença de coroa em todos os elementos foi considerado critério de ex-

clusão. A coleta de dados foi realizada no período compreendido entre os meses de

Junho e Setembro de 2015. Para tal, um único examinador atendeu aos pacientes,

que responderam a um questionário de dados sócio-demográficos (Apêndice B),

exame anamnésico (Apêndice C), foram submetidos a realização de odontograma e

diagnóstico de bruxismo por meio de questionário (Anexo 2) e exame clínico.

A partir de uma amostra de conveniencia, foram inicialmente examinados 29

indivíduos de ambos os gêneros e idade entre 20 e 62 anos. Desta amostra inicial,

quatro indivíduos foram excluídos, um por fazer uso de prótese total, outro por possuir

coroa em todos os elementos dentais e dois por serem considerados “outliers", ou

seja, possuiam um número atípico de LCNCs. Os 25 indivíduos que permaneceram

incluídos na amostra do estudo foram separados em dois grupos: pacientes sem

bruxismo do sono (n=11) e pacientes com bruxismo do sono (n=14). Os pacientes de

ambos os grupos foram submetidos a um diagnóstico para levantamento da

prevalência de LCNCs do tipo abfração e posterior classificação das lesões.

O diagnóstico de bruxismo foi realizado através de um questionário e exame

clínico, seguindo metodologia proposta por Lavigne, Rompré e Montplaisir (1996) e

confirmada por Rompré et al. (2007) através de exames polissonográficos. Esta me-

todologia é atualmente adotada como critério para diagnóstico de bruxismo pela Aca-

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demia Americana de Medicina do Sono (AASM, 2014) e consiste em sons de rangi-

mento durante a noite nos últimos 6 meses, relatados por um parceiro de sono, acres-

cido de 1 dos seguintes sintomas:

- Hipertrofia do músculo masseter (LAVIGNE, ROMPRÉ, MONTPLAISIR, 1996;

ROMPRÉ et al., 2007). Foi considerado também como hipertrofia do músculo

masseter, quando o mesmo triplicou de volume durante a oclusão voluntária em

Máxima Intercuspidação Habitual (MIH);

- Presença de desgaste dentário ou restaurações de forma anormal (LAVIGNE,

ROMPRÉ, MONTPLAISIR, 1996; ROMPRÉ et al., 2007). Foi considerado desgaste

anormal quando 1 (um) ou mais sextantes apresentaram desgaste de esmalte ou

redução no tamanho da coroa de acordo com a classificação 1 ou 2 de Johansson et.

al. (1993);

- Relato de fadiga ou dor nos músculos mastigatórios pela manhã

(HOLMGREN, SHEIKHOLESLAM, RIISE, 1993; LAVIGNE, ROMPRÉ,

MONTPLAISIR, 1996; ROMPRÉ et al., 2007).

O diagnóstico e classificação das LCNCs foi realizado através de inspeção

clínica com auxílio de uma sonda periodontal milimetrada (Duflex, S. S. White, Rio de

Janeiro, Brasil) para mensuração da perda de tecido dental duro em região próxima a

junção cemento-esmalte (JCE). A sonda era posicionada paralelamente ao longo eixo

do dente, dentro do sulco gengival. Para registro da profundidade, posicionou-se a

sonda periodontal milimetrada perpendicular ao longo eixo do dente, no centro da

lesão.

O diagnóstico diferencial para abfração seguiu o proposto por Sarode & Sarode

(2013):

- LCNCs envolvendo um único dente (abrasão por escovação envolve múltiplos

dentes);

Fonte: Pignatti, J. A (2015)

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- Elementos dentários mal-posicionados que apresentem a lesão;

- Restauração defeituosa no antagonista;

- Presença de lesão cervical abaixo da margem gengival, área que normal-

mente é protegida de ação abrasiva;

- Histórico de bruxismo ou hábitos parafuncionais.

No mesmo momento foi realizado o Índice de Desgaste Dentário proposto por

Smith e Knight (1984) para classificação do desgaste dentário cervical. A classificação

do índice proposto pelo estudo segue a seguinte escala:

0= Sem alteração de contorno

1= Mínima perda de contorno

2= Defeito com profundidade <1mm

3= Defeito com profundidade entre 1 e 2 mm

4= Defeito com profundidade >2mm ou polpa exposta ou exposição de dentina

secundária.

Após a coleta dos dados, os mesmos foram tabulados no Excel (Microsoft Of-

fice, Microsoft; USA), onde foi realizada a análise descritiva dos dados. Utilizou-se o

programa SigmaStat (Systat Software Inc.; CA, USA) para análise estatística dos da-

dos. Como o tamanho da amostra foi reduzido e apresentava dados não-paramétri-

cos, optou-se por realizar o teste exato de Fisher para comparações a nível de inví-

duos e teste de Mann-Whitney para comparações a nível de dentes. Foi adotado um

valor de α = 0,05.

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6 RESULTADOS

A análise descritiva dos dados relativos aos indivíduos examinados está apre-

sentada na Tabela 1. Dos 25 pacientes avaliados a idade mínima e a máxima foram

20 e 62 anos, respectivamente, com média de 37,5 anos (DP±13,17). Quanto ao nú-

mero de abfrações por indivíduo, 60% (15 indivíduos) não apresentou nenhuma lesão

de abfração, 28% (7 indivíduos) apresentaram de 1 a 4 lesões de abfração e apenas

12 % (3 indivíduos) possuíam mais do que 4 lesões de abfração. Dentre os indivíduos

que apresentaram abfração, houve uma média de 3,8 lesões de abfração por indiví-

duo.

Tabela 1: Frequências das características apresentadas pelos indivíduos examinados (n = 25).

Frequência Total

Idade n %

20-30 10 40

30-40 3 12

40-50 6 24

+50 6 24

Sexo

Feminino 14 56

Masculino 11 44

Bruxismo

Não 11 44

Sim 14 56

Nº Dentes com Abfração

0 15 60

1-4 7 28

>4 3 12

Severidade das Abfrações

0 15 60

1 5 20

2 3 12

3 2 8

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Tabela 1: Frequências das características apresentadas pelos indivíduos examinados (n = 25).

Escovação diária

2x ao dia 6 24

3x ao dia 19 76

Tipo de escova

Macia 19 76

Média 5 20

Dura 1 4

Força na escovação

Leve 10 40

Moderada 6 24

Forte 9 36

Conforme o apresentado na Tabela 2, a presença de abfrações está associada

à presença de bruxismo (P = 0,012). O diagnóstico positivo de bruxismo demonstrou

ser um fator de risco, aumentando em 18 vezes a chance de um paciente apresentar

alguma abfração.

Tabela 2: Relação entre diagnóstico de abfração e diagnóstico de bruxismo, na amostra de indivíduos.

Com Abfração Sem Abfração TOTAL

Com Bruxismo 9 (36%) 5 (20%) 14 (56%)

Sem Bruxismo 1 (4%) 10 (40%) 11 (44%)

TOTAL (%) 10 (40%) 14 (60%) 25 (100%)

Teste exato de Fisher (P = 0,012)

A relação de dentes conforme a presença de lesões de abfração e o diagnóstico

de bruxismo é apresentada na tabela 3, onde o número de lesões de abfração foi

significativamente maior em pacientes bruxômas (8,83%) do que em pacientes sem

bruxismo (1,38%)(P = 0,017). A prevalência de lesões de abração na amostra total de

dentes foi de 5,64%.

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Tabela 3: Relação entre diagnóstico de abfração e diagnóstico de bruxismo, na amostra de dentes.

Com Abfração Sem Abfração TOTAL

Com Bruxismo 34a 351 385

Sem Bruxismo 4b 284 288

TOTAL 38 635 673

* Letras diferentes destacam diferenças estatisticamente significativas entre as células (P = 0,017).

A Tabela 4 apresenta a relação de pacientes com abfração conforme a

frequência de escovação diária. A frequência de escovação não teve influência

significativa na presença de abfrações (P = 0,053).

Tabela 4: Prevalência de pacientes com abfração conforme escovação diária.

Com abfração Sem Abfração TOTAL

Escova 3x ao dia 10 9 19

Escova 2x ao dia 0 6 6

TOTAL 10 15 25

Teste exato de Fisher (P = 0,053)

No entanto, é importante destacar que 80% dos pacientes analisados neste

estudo possuiam idade superior a 40 anos e apresentaram mais LCNCs, o que nos

indica que quanto maior a idade mais prevalentes são as LCNCs.

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7 DISCUSSÃO

Conforme os resultados encontrados na análise dos dados, rejeitou-se a

hipótese de que a prevalência de abfração em pacientes com e sem bruxismo é a

mesma, pois a prevalência de lesões de abfração em pacientes bruxômas foi

significativamente maior do que em pacientes sem bruxismo.

Apesar de possuir uma metodologia muito semelhante ao presente estudo,

resultados elevados foram encontrados no estudo piloto realizado por Santos et al.

(2013), que diagnosticou 121 dentes (24,64%) com LCNC. Este estudo foi realizado

em uma amotra de 23 indivíduos, de ambos os sexos, na faixa etária de 18 a 65 anos,

atendidos na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão, no

total 491 dentes foram examinados e, dentre as lesões, a abfração foi a mais

prevalente (52,89%). Outra análise semelhante, realizada por Pegoraro et al. (2005)

avaliou uma amostragem de 70 pessoas, tendo como resultado uma prevalência de

17,23% de LCNCs na amostra total de dentes. Por outro lado, prevalências de 5,25%

(BERNHARDT et al., 2006), 5,5% (BRANDINI et al., 2009), 5,64% (OMMERBORN et

al., 2007) e 5,73% (TAKEHARA et al., 2008) foram relatadas na literatura, dados estes

muito semelhantes aos encontrados pelo presente estudo. Estes mesmos estudos

apresentaram, ainda, uma prevalência de indivíduos com LCNC muito semelhante ao

presente estudo, com valores de 29,67% (OMMERBORN et al., 2007), 31,4%

(BERNHARDT et al., 2006), 41,4% (BRANDINI et al., 2009) e 49,3% (TAKEHARA et

al., 2008), respectivamente.

A literatura revisada apresentou grande quantidade de estudos que não

apontam relação significativa entre hábitos parafuncionais e LCNCs, tais como o

estudo realizado por Pegoraro et al. (2005). Outra pesquisa que buscou determinar

os fatores associados às LCNCs, após examinar 95 pacientes (671 dentes

observados), não encontrou associação significativa entre LCNC e bruxismo

(AHMED; SADAF; RAHMAN; 2009). Outra investigação que procurou identificar a

presença de LCNCs e correlacioná-las com a presença de hábitos parafuncionais em

seu desenvolvimento, não encontrou correlação entre relato de apertamento,

bruxismo e mastigação com a presença da lesão. (OLIVEIRA; DAMASCENA; SOUZA,

2010). Ainda, um estudo transversal que avaliou a relação entre as forças oclusais e

escovação dentária com as LCNCs encontrou associação insignificante entre LCNCs

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e cúspides fraturadas, restaurações quebradas, rangimento, apertamento e

frequência de escovação. (SADAF; AHMAD, 2014).

Porém, mesmo que poucos, há estudos que apontam a existência desta

relação. Dentre eles, está o estudo de Ommerborn et al. (2007), onde o grupo de

pacientes com bruxismo apresentou significativamente mais LCNCs que os pacientes

do grupo controle. Para Brandini et al. (2009), embora a etiologia de LCNCs seja

considerada multifatorial, os autores indicam que a direção e a intensidade das forças

oclusais aplicadas sobre os dentes são colaboradores importantes à ocorrência de

LCNCs.

O estudo realizado por Takehara et al. (2008), ao buscar correlacionar a

formação de LCNCs em forma de V a fatores oclusais encontrou prevalência de LCNC

maior na faixa etária de 50 anos ou mais de idade (85,0%), enquanto apenas 18,2%

apresentaram LCNC na faixa etária de 20-29 anos. Resultados semelhantes foram

encontrados nesta pesquisa, onde houve prevalência maior na faixa etária de 40 anos

ou mais de idade (80%). Segundo Santos et al. (2013), o desgaste dentário faz parte

do processo normal de envelhecimento, sendo que a quantidade de dentes com

desgaste cervical em pessoas com 65 anos ou mais é três vezes maior do que nos

indivíduos com idade entre 26-35 anos. Para Bernhardt et al. (2006), as abfrações são

detectáveis em adultos jovens, porém o risco de desenvolvimento aumenta com a

idade e os pré-molares são mais frequentemente afetados por estas lesões.

Ainda, é importante ressaltar que, segundo a literatura, os elementos mais

afetados pelas LCNCs são os pré molares (SANTOS et al. 2013; GONÇALVES;

DEUSDARÁ, 2011; OLIVEIRA; DAMASCENA; SOUZA, 2009; REYES et al. 2009;

BRANDINI et al. 2009; AHMED; RAHMAN, 2009) seguidos pelos molares (OLIVEIRA;

DAMASCENA; SOUZA, 2009) e caninos (REYES et al. 2009);

A presente investigação apresentou algumas limitações que precisam ser

consideradas com cautela quando os dados são interpretados. Os participantes foram

classificados como pacientes bruxômas com base em uma metodologia referenciada

na literatura, no entanto é sabido que atualmente o diagnóstico de bruxismo

apresentaria melhor sensibilidade e efetividade se realizado por meio de

polissonografias. Porém, devido às dificuldades de acesso, realização e custo destes

exames, os mesmos não se tornaram viáveis para este estudo. Assim, uma amostra

de conveniência foi obtida em pacientes atendidos na IMED e no CEOM, onde os

pacientes foram separados em grupos diagnosticados com e sem BS, o que pode ter

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levado a um viés de seleção. Dessa forma, novos estudos se fazem necessários para

melhor avaliar a relação existente entre LCNCs de abfração e bruxismo do sono.

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8 CONCLUSÃO

Na amostra de pacientes avaliada, 40% apresentou ao menos uma lesão de

abfração. A prevalência de lesões de abração encontrada na amostra total de dentes

foi de 5,64%. Os indivíduos examinados apresentaram um número de lesões de

abfração significativamente maior quando bruxômas (8,83%) do que sem bruxismo

(1,38%), podendo-se concluir que o diagnóstico positivo de BS é um fator de risco,

aumentando em 18 vezes a chance de um paciente apresentar uma lesão abfração.

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APÊNDICES

Apêndice A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Prezado(a) Sr. (Sra.)______________,

Estamos desenvolvendo um estudo entitulado “Lesões cervicais não-cariosas

de abfração: prevalência e relação com bruxismo do sono ”, tendo como objetivo

avaliar a prevalência de lesões cervicais não cariosas em pacientes com hábitos

parafuncionais, . Você está sendo convidado a participar deste estudo.

Esclareço que durante o trabalho não haverá riscos ou desconfortos, nem

tampouco custos ou forma de pagamento pela sua participação no estudo.

Eu, Daniela Modanese e a minha equipe, estaremos sempre à disposição para

qualquer esclarecimento acerca dos assuntos relacionados ao estudo, no momento

em que desejar, através do telefone (54)9684-1821 e do endereço Rua Aníbal Bilhar

– Lucas Araújo, nº 800, apt 302.

É importante que você saiba que a sua participação neste estudo é voluntária

e que você pode recusar-se a participar ou interromper a sua participação a qualquer

momento sem penalidades ou perda de benefícios aos quais você tem direito.

Pedimos a sua assinatura neste consentimento, para confirmar a sua

compreensão em relação a este convite, e sua disposição a contribuir na realização

deste trabalho, em concordância com a Resolução CNS n° 466/12 que regulamenta

a realização de pesquisas envolvendo seres humanos.

Desde já agradecemos a sua atenção.

Orientador:

Prof. Esp. Manuel Tomás Borges Radaelli – CRORS 19514. Endereço: Rua Senador

Pinheiro, 224. CEP 99070-220 - Bairro Rodrigues Passo Fundo – RS. Fone: (54)

3313-0807

Pesquisadora: Daniela Modanese. Aluna de graduação de odontologia da

Faculdade Meridional (IMED). Endereço: Rua Anibal Bilhar, Bairro Rodrigues, 800,

apt 302. Passo Fundo – RS. Fone: (54) 9684-1821

_________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável

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Eu, _________________________________, após a leitura deste

consentimento, declaro que compreendi o objetivo deste estudo e confirmo o meu

interesse em participar desta pesquisa.

_________________________________

Assinatura do Participante.

Passo Fundo, ____ de ___________ de _____.

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Apêndice B - Questionários sobre os dados sócio-demográficos

Nome:______________________________________________________________ Endereço:___________________________________________________________ Bairro:______________________________________________CEP:____________ Tel. residencial:__________________________Celular:_______________________ Data de nascimento:______________________Idade:________________________ EstadoCivil:__________________________________________________________ Profissão:___________________________________________________________ RG:__________________________________CPF:__________________________ Escolaridade:________________________ Renda Individual Mensal:_____________________________________________

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Apêndice C – Ficha de Anamnese

Queixa principal:____________________________________________________ __________________________________________________________________

HISTÓRIA MÉDICA

Está em tratamento médico?.........................................................( ) sim ( ) não Caso afirmativo, que doença(s)?____________________________________ Está tomando algum medicamento?.............................................( ) sim ( ) não Quais?_________________________________________________________ Já esteve hospitalizado alguma vez?............................................( ) sim ( ) não Qual motivo?____________________________________________________ Já fez cirurgia odontológica?.........................................................( ) sim ( ) não Qual (is):________________________________________________________ Tem ou teve alguma das seguintes enfermidades? ( ) Hepatite?______ ( ) Herpes Simples ( ) Herpes Zoster ( ) Epilepsia ( ) Glaucoma ( ) Diabetes ( ) Doenças pulmonares ( ) Doenças cardiovasculares ( ) Doenças do estômago ( ) Doenças do fígado ( ) Doenças da pele ( ) Pressão alta ( ) Prolapso de válvula ( ) Válvula cardíaca Protética ( ) Marca-passo cardíaco ( ) Transplantado ( ) Febre Reumática ( ) Doença cardíaca congênita ( ) AIDS ( ) Transtorno Depressivo ( ) Problemas Renais ( ) Disfunções da Tireóide ( ) Doenças sexualmente transmissíveis ( ) Doenças respiratórias Outras enfermidades:___________________________________________________ __________________________________________________________________ Tem tendência a desmaiar?..............................................................( ) sim ( ) não

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Tem náusea ou vômito com frequência?..........................................( ) sim ( ) não Tem com frequência dor de cabeça ou enxaqueca?........................( ) sim ( ) não Quando se corta a ferida sangra muito?...........................................( ) sim ( ) não Seu peso tem se mantido constante?...............................................( ) sim ( ) não Está fazendo regime alimentar?........................................................( ) sim ( ) não Faz alguma atividade física?.............................................................( ) sim ( ) não Você fuma?........................................................................................( ) sim ( ) não Quantos cigarros por dia?___________________________________________ Você bebe?........................................................................................( ) sim ( ) não Com que frequência?_______________________________________________ Faz uso de drogas ilícitas?.................................................................( ) sim ( ) não Qual (is)?________________________________________________________ Alergias: ( ) Asma ( ) Renite Alérgica ( ) Alimentos______________________ ( ) Animais_______________________ ( ) Anestésico dental ( ) Medicamentos. Qual (is):___________________________________________ Sinais vitais: Pressão arterial: Máxima:________________ Mínima:______________________ Frequência cardíaca:__________/min. Frequência respiratória:___________/min. Dieta alimentar: Qual a frequência diária de ingestão dos seguintes itens: ( ) Cafezinho____________ vezes/dia ( ) Frutas cítricas_________ vezes/dia ( ) Doces (balas e gomas de mascar)____________ vezes/dia ( ) Chá________ vezes/dia ( ) Suco________ vezes/dia ( ) Chimarrão ( ) Refrigerante________vezes/dia Para mulheres: a) Período menstrual normal?............................................................( ) sim ( ) não b) Toma Anticoncepcional?................................................................( ) sim ( ) não c) Distúrbio hormonal?.......................................................................( ) sim ( ) não

Reposição?_____________________________________________________ d) Está grávida?.................................................................................( ) sim ( ) não

Quantos meses:_________________________________________________

História Odontológica Já realizou tratamento odontológico?.............................................( ) sim ( ) não Sua experiência foi: ( ) excelente ( ) boa ( ) regular ( ) ruim Já realizou tratamento de gengiva..................................................( ) sim ( ) não Que tipo?________________________________________________________ Já teve hemorragia na boca?..........................................................( ) sim ( ) não Range ou aperta os dentes durante o dia ou à noite?.....................( ) sim ( ) não Mastiga nos dois lados da cavidade bucal?.....................................( ) sim ( ) não Sente dores na ATM (região próxima do ouvido)?...........................( ) sim ( ) não

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Sente que seus dentes se encaixam bem?......................................( ) sim ( ) não Já sofreu algum traumatismo na face, pescoço ou mandíbula........( ) sim ( ) não Rói unhas?........................................................................................( ) sim ( ) não Tem hábito de morder ou colocar objetos na boca (ex.: caneta) ..........................................................................................................( ) sim ( ) não Higiene bucal: Quantas vezes por dia escova os dentes? Nenhuma ( ) 1x ( ) 2x ( ) 3x ( ) +3x ( ) Que tipo de escova usa? ( ) dura ( ) média ( ) macia Escova os dentes: ( ) com força ( ) força média ( ) levemente ( ) não sabe Nome e marca comercial da pasta de dentes que geralmente utiliza: _________________________________________________________ Qual o movimento de escovação geralmente utiliza nos dentes da frente? Vertical ( ) Horizontal ( ) Circular ( ) Qual o movimento de escovação geralmente utiliza nos dentes de trás? Vertical ( ) Horizontal ( ) Circular ( ) Você usa: ( ) escova interdental ( ) fio dental ( ) passa fio ( ) palito dental Faz algum tipo de bochecho?__________ Qual?_________________________ Outros meios:_____________________________________________________

“Declaro que as afirmações acima são verdadeiras e de minha inteira responsabilidade” Passo Fundo,_________de_________________de 20______.

____________________________________

Assinatura do paciente ou responsável

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ANEXOS

Anexo 1 – Parecer do Comitê

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Anexo 2 – Questionário para o diagnóstico de bruxismo: Há relato de apertamento ou rangimento dos dentes enquanto dorme, pelo menos 3 vezes por semana, nos últimos 6 meses? Confirmado pelo(a) companheiro(a): ______________________ ( ) Sim ( ) Não Faz algum som relacionado a bruxismo, durante o período em que dorme? ( ) Sim ( ) Não Apresenta cansaço, dor ou desconforto nos músculos mastigatórios pela manhã ou quando acorda? ( ) Sim ( ) Não Apresenta hipertrofia do músculo masseter? ( ) Sim ( ) Não Apresenta algum desgaste anormal nos dentes ou restaurações? ( ) Sim ( ) Não Grau (Johansson): ____________________

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Lesões Cervicais Não-Cariosas de Abfração: Prevalência e Relação com Bruxismo do Sono

Non-Carious Cervical Lesions of Abfraction: Prevalence and Relationship with Sleep

Bruxism

Daniela MODANESE1, Manuel Tomás Borges RADAELLI2.

1Faculdade de Odontologia, Faculdade Meridional (IMED), Passo Fundo, RS, Brasil

2Professor, Faculdade de Odontologia, Faculdade Meridional (IMED), Passo Fundo,

RS, Brasil

1Daniela Modanese, Rua Anibal Bilhar, nº 800, apt. 302, (54)96841821, [email protected]

RESUMO

As lesões cervicais não cariosas (LCNCs) são caracterizadas pela perda da estrutura dentária localizada na região próxima a junção cemento-esmalte. O bruxismo do sono (BS) é uma parafunção caracterizada pelo contato não-funcional dos dentes durante o sono, manifestada pelo ranger dos mesmos. Considerando que uma das possíveis etiologias das LCNCs é a sobrecarga oclusal, torna-se importante a compreensão da relação entre a prevalência destas lesões e os fatores de sobrecarga presentes no meio oral. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de LCNCs do tipo abfração e sua relação com o diagnóstico positivo de BS em uma amostra de pacientes da IMED e CEOM. Este foi um estudo clínico do tipo transversal, onde foi realizada avaliação observacional em uma amostra de 25 pacientes de ambos os sexos, com idade entre 20 e 62 anos. O diagnóstico de BS foi realizado através de um questionário e exame clínico intra-oral. O diagnóstico de abfração foi realizado por meio de exame clínico intra-oral com auxílio de sonda exploradora e milimetrada. Foram utilizados o teste exato de Fisher e Mann-Whitney para analise estatística (α=0,05). A prevalência de lesões de abração na amostra total de dentes foi de 5,64%, sendo significativamente maior em pacientes bruxômas (8,83%) do que em pacientes sem bruxismo (1,38%) (P=0,017). A presença de bruxismo foi associada à presença de abfrações (P=0,012). Conluiu-se que o diagnóstico positivo de BS é um fator de risco, aumentando em 18 vezes a chance de um paciente apresentar LCNCs do tipo abfração.

Descritores: Lesões cervicais não cariosas. Abfração. Bruxismo do sono. Oclusão.

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ABSTRACT

Non-carious cervical lesions (NCCL) are characterized by tooth structure loss located near the cement-enamel junction. Sleep bruxism (SB) is a parafunction char-acterized by non-functional contact of teeth during sleep, manifested by grinding them. Considering one of the possible etiologies of NCCL and occlusal overload, it becomes important to understand the relationship between the prevalence of these lesions and overhead factors in the oral environment. The objective of this study was to evaluate the prevalence of the abfraction type of NCCL and its relationship with the positive diagnosis of SB in a sample of patients of IMED and CEOM. This was a clinical cross-sectional study, which was conducted an observational evaluation of a 25 patients sample of both genders, aged between 20 and 62 years. The diagnosis of SB was conducted through a questionnaire and intra-oral clinical examination. The diagnosis of abfraction was performed through intra-oral clinical examination with the help of ex-ploitative and millimetric probe. It was used Fisher's exact test and Mann-Whitney test for statistical analysis (α = 0.05). The prevalence of abrasion damage to the total sam-ple of teeth was 5.64%, being significantly higher in patients whose have bruxism (8.83%) than in patients without bruxism (1.38%) (P = 0.017). The presence of bruxism was associated with the presence of abfraction (P = 0.012). It was concluded that the positive diagnosis of SB is a risk factor, increasing by 18 times the chance of a patient presenting the abfraction type of NCCL.

Key Words: Non-carious cervical lesions. Abfraction. Sleep Bruxism. Occlusion. INTRODUÇÃO

Atualmente, a média de idade das pessoas está aumentando e esse fato,

combinado com a administração de flúor sistêmico, qualidade de alimentação e

melhor acesso aos serviços dentários têm conduzido a população a menor perda de

dentes. Esses pacientes possuem um aumento da prevalência de cáries radiculares

e lesões cervicais não cariosas1.

As lesões cervicais não cariosas (LCNCs) são caracterizadas pela perda da

estrutura dentária na região cervical dos dentes próximos à junção cemento-esmalte.

A prevalência das LCNCs vem aumentando à medida que se eleva a expectativa de

vida da população, variando de 5 a 85%, independentemente da forma e da etiologia2.

Neves3 define abfração como a perda patológica de tecido duro em decorrência

de forças biomecânicas que causam flexão dental e conseqüente fadiga do esmalte e

da dentina, em um local distante do ponto de carga oclusal. O efeito sinérgico de

fatores como o bruxismo, o trauma oclusal, a ingestão de substâncias ácidas e

distúrbios sistêmicos que provocam a regurgitação do suco gástrico parecem

esclarecer melhor o seu aparecimento e formação4.

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Essas lesões apresentam-se em forma de cunha, geralmente profundas e com

término cavitário nítido. As lesões por abfração surgem quando os dentes, sob forças

oclusais mal dirigidas, não suportam o esforço, levando à deflexão da estrutura

dentária e, em seqüência, a uma ruptura dos cristais ao nível cervical, formando a

lesão1.

O estresse é considerado como um evento sistêmico que pode influenciar a

função mastigatória, relacionando que níveis aumentados de estresse, vivenciados

pelo paciente, podem elevar a tonicidade muscular da cabeça e do pescoço e

aumentar o grau de atividade muscular parafuncional através de bruxismo e

apertamento dentário5.

O bruxismo é uma parafunção caracterizada pelo contato não-funcional dos

dentes, que pode ocorrer de forma consciente ou inconsciente, manifestando-se pelo

ranger ou apertar dos mesmos. Não é uma doença, mas quando exacerbada pode

levar a um desequilíbrio fisiopatológico do sistema estomatognático. Várias

modalidades terapêuticas têm sido sugeridas para o bruxismo, mas não há um

consenso sobre qual a mais eficiente6. Embora o uso sistêmico de medicamentos e a

utilização de aparelhos interoclusais sejam amplamente difundidos, a conscientização

do paciente sobre o seu problema parece ser a ferramenta terapêutica mais relevante

na abordagem clínica do paciente bruxômano7.

Considerando que as LCNCs e o bruxismo estão presentes em um número

consideravelmente significante de pacientes atualmente, é essencial a descoberta de

suas etiologias e o correto diagnóstico, para que seja possível estabelecer um

protocolo de tratamento adequado para cada paciente. Com base nestes dados, tem-

se buscado entender como o rangimento decorrente do bruxismo pode estar

relacionado a LCNCs. Dessa forma, a elaboração de estudos in vivo avaliando tais

aspectos tem grande relevância científica, uma vez que há escassez de pesquisas

cientificas abordando os aspectos aqui discutidos.

O objetivo do presente estudo foi realizer um levantamento quanto a

prevalência de LCNCs de abfração em uma amostra de pacientes das escolas IMED

e CEOM e correlacionar os resultados encontrados ao diagnóstico positivo de hábitos

parafuncionais.

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METODOLOGIA

Este é um estudo do tipo transversal observacional onde, após aprovação do

projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) nº 977.828 da

Faculdade Meridional (IMED) (Anexo 1), foi realizada uma avaliação observacional

em uma amostra de pacientes atendidos nas clínicas do Centro de Estudos

Odontológicos Meridional (CEOM) e da IMED, na cidade de Passo Fundo, Rio Grande

do Sul.

Para serem incluídos na amostra inicial, os indivíduos deveriam ter

disponibilidade de comparecer a atendimento nas clínicas do CEOM ou IMED em dias

pré-determinados, assinar o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)

(Apêndice A) e, além disso, deveriam apresentar estabilidade oclusal. O uso de pró-

tese total e presença de coroa em todos os elementos foi considerado critério de ex-

clusão. A coleta de dados foi realizada no período compreendido entre os meses de

Junho e Setembro de 2015. Para tal, um único examinador atendeu aos pacientes,

que responderam a um questionário de dados sócio-demográficos (Apêndice B),

exame anamnésico (Apêndice C), foram submetidos a realização de odontograma e

diagnóstico de bruxismo por meio de questionário (Anexo 2) e exame clínico.

A partir de uma amostra de conveniencia, foram inicialmente examinados 29

indivíduos de ambos os gêneros e idade entre 20 e 62 anos. Desta amostra inicial,

quatro indivíduos foram excluídos, um por fazer uso de prótese total, outro por possuir

coroa em todos os elementos dentais e dois por serem considerados “outliers", ou

seja, possuiam um número atípico de LCNCs. Os 25 indivíduos que permaneceram

incluídos na amostra do estudo foram separados em dois grupos: pacientes sem

bruxismo do sono (n=11) e pacientes com bruxismo do sono (n=14). Os pacientes de

ambos os grupos foram submetidos a um diagnóstico para levantamento da

prevalência de LCNCs do tipo abfração e posterior classificação das lesões.

O diagnóstico de bruxismo foi realizado através de um questionário e exame

clínico, seguindo metodologia proposta por Lavigne, Rompré e Montplaisir (1996) e

confirmada por Rompré et al. (2007) através de exames polissonográficos. Esta me-

todologia é atualmente adotada como critério para diagnóstico de bruxismo pela Aca-

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demia Americana de Medicina do Sono (AASM, 2014) e consiste em sons de rangi-

mento durante a noite nos últimos 6 meses, relatados por um parceiro de sono, acres-

cido de 1 dos seguintes sintomas:

- Hipertrofia do músculo masseter (LAVIGNE, ROMPRÉ, MONTPLAISIR, 1996;

ROMPRÉ et al., 2007). Foi considerado também como hipertrofia do músculo

masseter, quando o mesmo triplicou de volume durante a oclusão voluntária em

Máxima Intercuspidação Habitual (MIH);

- Presença de desgaste dentário ou restaurações de forma anormal (LAVIGNE,

ROMPRÉ, MONTPLAISIR, 1996; ROMPRÉ et al., 2007). Foi considerado desgaste

anormal quando 1 (um) ou mais sextantes apresentaram desgaste de esmalte ou

redução no tamanho da coroa de acordo com a classificação 1 ou 2 de Johansson et.

al. (1993);

- Relato de fadiga ou dor nos músculos mastigatórios pela manhã

(HOLMGREN, SHEIKHOLESLAM, RIISE, 1993; LAVIGNE, ROMPRÉ,

MONTPLAISIR, 1996; ROMPRÉ et al., 2007).

O diagnóstico e classificação das LCNCs foi realizado através de inspeção

clínica com auxílio de uma sonda periodontal milimetrada (Duflex, S. S. White, Rio de

Janeiro, Brasil) para mensuração da perda de tecido dental duro em região próxima a

junção cemento-esmalte (JCE). A sonda era posicionada paralelamente ao longo eixo

do dente, dentro do sulco gengival. Para registro da profundidade, posicionou-se a

sonda periodontal milimetrada perpendicular ao longo eixo do dente, no centro da

lesão.

O diagnóstico diferencial para abfração seguiu o proposto por Sarode & Sarode

(2013):

- LCNCs envolvendo um único dente (abrasão por escovação envolve múltiplos

dentes);

- Elementos dentários mal-posicionados que apresentem a lesão;

- Restauração defeituosa no antagonista;

- Presença de lesão cervical abaixo da margem gengival, área que normal-

mente é protegida de ação abrasiva;

- Histórico de bruxismo ou hábitos parafuncionais.

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No mesmo momento foi realizado o Índice de Desgaste Dentário proposto por

Smith e Knight (1984) para classificação do desgaste dentário cervical. A classificação

do índice proposto pelo estudo segue a seguinte escala:

0= Sem alteração de contorno

1= Mínima perda de contorno

2= Defeito com profundidade <1mm

3= Defeito com profundidade entre 1 e 2 mm

4= Defeito com profundidade >2mm ou polpa exposta ou exposição de dentina

secundária.

Após a coleta dos dados, os mesmos foram tabulados no Excel (Microsoft Of-

fice, Microsoft; USA), onde foi realizada a análise descritiva dos dados. Utilizou-se o

programa SigmaStat (Systat Software Inc.; CA, USA) para análise estatística dos da-

dos. Como o tamanho da amostra foi reduzido e apresentava dados não-paramétri-

cos, optou-se por realizar o teste exato de Fisher para comparações a nível de inví-

duos e teste de Mann-Whitney para comparações a nível de dentes. Foi adotado um

valor de α = 0,05.

RESULTADOS

A análise descritiva dos dados relativos aos indivíduos examinados está apre-

sentada na Tabela 1. Dos 25 pacientes avaliados a idade mínima e a máxima foram

20 e 62 anos, respectivamente, com média de 37,5 anos (DP±13,17). Quanto ao nú-

mero de abfrações por indivíduo, 60% (15 indivíduos) não apresentou nenhuma lesão

de abfração, 28% (7 indivíduos) apresentaram de 1 a 4 lesões de abfração e apenas

12 % (3 indivíduos) possuíam mais do que 4 lesões de abfração. Dentre os indivíduos

que apresentaram abfração, houve uma média de 3,8 lesões de abfração por indiví-

duo.

Tabela 1: Frequências das características apresentadas pelos indivíduos examinados (n = 25).

Frequência Total

Idade n %

20-30 10 40

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Tabela 1: Frequências das características apresentadas pelos indivíduos examinados (n = 25).

30-40 3 12

40-50 6 24

+50 6 24

Sexo

Feminino 14 56

Masculino 11 44

Bruxismo

Não 11 44

Sim 14 56

Nº Dentes com Abfração

0 15 60

1-4 7 28

>4 3 12

Severidade das Abfrações

0 15 60

1 5 20

2 3 12

3 2 8

Escovação diária

2x ao dia 6 24

3x ao dia 19 76

Tipo de escova

Macia 19 76

Média 5 20

Dura 1 4

Força na escovação

Leve 10 40

Moderada 6 24

Forte 9 36

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Conforme o apresentado na Tabela 2, a presença de bruxismo está associada à

presença de abfrações (P = 0,012). O diagnóstico positivo de bruxismo demonstrou

ser um fator de risco, aumentando em 18 vezes a chance de um paciente apresentar

alguma abfração.

Tabela 2: Relação entre diagnóstico de abfração e diagnóstico de bruxismo, na amostra de indivíduos.

Com Abfração Sem Abfração TOTAL

Com Bruxismo 9 5 14

Sem Bruxismo 1 10 11

TOTAL 10 14 25

Teste exato de Fisher (P = 0,012)

A relação de dentes conforme a presença de lesões de abfração e o diagnóstico

de bruxismo é apresentada na tabela 3, onde o número de lesões de abfração foi

significativamente maior em pacientes bruxômas (8,83%) do que em pacientes sem

bruxismo (1,38%)(P = 0,017). A prevalência de lesões de abração na amostra total de

dentes foi de 5,64%.

Tabela 3: Relação entre diagnóstico de abfração e diagnóstico de bruxismo, na amostra de dentes.

Com Abfração Sem Abfração TOTAL

Com Bruxismo 34a 351 385

Sem Bruxismo 4b 284 288

TOTAL 38 635 673

* Letras diferentes destacam diferenças estatisticamente significativas entre as células (P = 0,017).

A Tabela 4 apresenta a relação de pacientes com abfração conforme a

frequência de escovação diária. A frequência de escovação não teve influência

significativa na presença de abfrações (P = 0,053).

Tabela 4: Prevalência de pacientes com abfração conforme escovação diária

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Com abfração Sem Abfração TOTAL

Escova 3x ao dia 10 9 19

Escova 2x ao dia 0 6 6

TOTAL 10 15 25

Teste exato de Fisher (P = 0,053)

No entanto, é importante destacar que 80% dos pacientes analisados neste

estudo possuiam idade superior a 40 anos e apresentaram mais LCNCs, o que nos

indica que quanto maior a idade mais prevalentes são as LCNCs.

DISCUSSÃO

Conforme os resultados encontrados na análise dos dados, rejeitou-se a

hipótese de que a prevalência de abfração em pacientes com e sem bruxismo é a

mesma, pois a prevalência de lesões de abfração em pacientes bruxômas foi

significativamente maior do que em pacientes sem bruxismo.

Apesar de possuir uma metodologia muito semelhante ao presente estudo,

resultados elevados foram encontrados no estudo piloto realizado por Santos et al.

(2013), que diagnosticou 121 dentes (24,64%) com LCNC. Este estudo foi realizado

em uma amotra de 23 indivíduos, de ambos os sexos, na faixa etária de 18 a 65 anos,

atendidos na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão, no

total 491 dentes foram examinados e, dentre as lesões, a abfração foi a mais

prevalente (52,89%). Outra análise semelhante, realizada por Pegoraro et al. (2005)

avaliou uma amostragem de 70 pessoas, tendo como resultado uma prevalência de

17,23% de LCNCs na amostra total de dentes. Por outro lado, prevalências de 5,25%

(BERNHARDT et al., 2006), 5,5% (BRANDINI et al., 2009), 5,64% (OMMERBORN et

al., 2007) e 5,73% (TAKEHARA et al., 2008) foram relatadas na literatura, dados estes

muito semelhantes aos encontrados pelo presente estudo. Estes mesmos estudos

apresentaram, ainda, uma prevalência de indivíduos com LCNC muito semelhante ao

presente estudo, com valores de 29,67% (OMMERBORN et al., 2007), 31,4%

(BERNHARDT et al., 2006), 41,4% (BRANDINI et al., 2009) e 49,3% (TAKEHARA et

al., 2008), respectivamente.

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A literatura revisada apresentou grande quantidade de estudos que não

apontam relação significativa entre hábitos parafuncionais e LCNCs, tais como o

estudo realizado por Pegoraro et al. (2005). Outra pesquisa que buscou determinar

os fatores associados às LCNCs, após examinar 95 pacientes (671 dentes

observados), não encontrou associação significativa entre LCNC e bruxismo

(AHMED; SADAF; RAHMAN; 2009). Outra investigação que procurou identificar a

presença de LCNCs e correlacioná-las com a presença de hábitos parafuncionais em

seu desenvolvimento, não encontrou correlação entre relato de apertamento,

bruxismo e mastigação com a presença da lesão. (OLIVEIRA; DAMASCENA; SOUZA,

2010). Ainda, um estudo transversal que avaliou a relação entre as forças oclusais e

escovação dentária com as LCNCs encontrou associação insignificante entre LCNCs

e cúspides fraturadas, restaurações quebradas, rangimento, apertamento e

frequência de escovação. (SADAF; AHMAD, 2014).

Porém, mesmo que poucos, há estudos que apontam a existência desta

relação. Dentre eles, está o estudo de Ommerborn et al. (2007), onde o grupo de

pacientes com bruxismo apresentou significativamente mais LCNCs que os pacientes

do grupo controle. Para Brandini et al. (2009), embora a etiologia de LCNCs seja

considerada multifatorial, os autores indicam que a direção e a intensidade das forças

oclusais aplicadas sobre os dentes são colaboradores importantes à ocorrência de

LCNCs.

O estudo realizado por Takehara et al. (2008), ao buscar correlacionar a

formação de LCNCs em forma de V a fatores oclusais encontrou prevalência de LCNC

maior na faixa etária de 50 anos ou mais de idade (85,0%), enquanto apenas 18,2%

apresentaram LCNC na faixa etária de 20-29 anos. Resultados semelhantes foram

encontrados nesta pesquisa, onde houve prevalência maior na faixa etária de 40 anos

ou mais de idade (80%). Segundo Santos et al. (2013), o desgaste dentário faz parte

do processo normal de envelhecimento, sendo que a quantidade de dentes com

desgaste cervical em pessoas com 65 anos ou mais é três vezes maior do que nos

indivíduos com idade entre 26-35 anos. Para Bernhardt et al. (2006), as abfrações são

detectáveis em adultos jovens, porém o risco de desenvolvimento aumenta com a

idade e os pré-molares são mais frequentemente afetados por estas lesões.

Ainda, é importante ressaltar que, segundo a literatura, os elementos mais

afetados pelas LCNCs são os pré molares (SANTOS et al. 2013; GONÇALVES;

DEUSDARÁ, 2011; OLIVEIRA; DAMASCENA; SOUZA, 2009; REYES et al. 2009;

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BRANDINI et al. 2009; AHMED; RAHMAN, 2009) seguidos pelos molares (OLIVEIRA;

DAMASCENA; SOUZA, 2009) e caninos (REYES et al. 2009);

A presente investigação apresentou algumas limitações que precisam ser

consideradas com cautela quando os dados são interpretados. Os participantes foram

classificados como pacientes bruxômas com base em uma metodologia referenciada

na literatura, no entanto é sabido que atualmente o diagnóstico de bruxismo

apresentaria melhor sensibilidade e efetividade se realizado por meio de

polissonografias. Porém, devido às dificuldades de acesso, realização e custo destes

exames, os mesmos não se tornaram viáveis para este estudo. Assim, uma amostra

de conveniência foi obtida em pacientes atendidos na IMED e no CEOM, onde os

pacientes foram separados em grupos diagnosticados com e sem BS, o que pode ter

levado a um viés de seleção. Dessa forma, novos estudos se fazem necessários para

melhor avaliar a relação existente entre LCNCs de abfração e bruxismo do sono.

CONCLUSÃO

Na amostra de pacientes avaliada, 40% apresentou ao menos uma lesão de

abfração. A prevalência de lesões de abração encontrada na amostra total de dentes

foi de 5,64%. Os indivíduos examinados apresentaram um número de lesões de

abfração significativamente maior quando bruxômas (8,83%) do que sem bruxismo

(1,38%), podendo-se concluir que o diagnóstico positivo de BS é um fator de risco,

aumentando em 18 vezes a chance de um paciente apresentar uma lesão abfração.

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